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Palavras-chave: reenvio prejudicial; TJUE; Tribunal de Justiça; artigo 267.º do TFUE; artigo
94.º do Regulamento de Processo do Tribunal de Justiça; diálogo jurisdicional; parecer consultivo;
Tribunal EFTA.
INTRODUÇÃO*
* A autora é referendária no Tribunal EFTA, Luxemburgo. As opiniões emitidas neste artigo são
pessoais e não vinculam senão a autora.
1
Ao longo do texto, usaremos TJUE ou Tribunal de Justiça para designar a mesma jurisdição.
2
Protocolo (n.º 3) relativo ao Estatuto do Tribunal de Justiça da União Europeia, anexo aos
Tratados, conforme alterado pelo Regulamento (UE, Euratom) n.º 741/2012 do Parlamento
5
Ver, entre outros, o acórdão C-344/04, IATA e ELFAA, EU:C:2006:10, parágrafo 28 e
jurisprudência citada, bem como o acórdão C-137/08, Schneider, EU:C:2010:659, também no
parágrafo 28 e jurisprudência citada. O caráter fundamental deste diálogo foi sublinhado no
Parecer 1/09, como a afirmação de que “as funções atribuídas, respetivamente, aos órgãos
jurisdicionais nacionais e ao Tribunal de Justiça são essenciais à preservação da própria
natureza do direito instituído pelos Tratados” (ver Parecer 1/09 sobre o Projeto de Acordo
sobre o Tribunal de Patentes Europeias e Comunitárias, EU:C:2011:123, parágrafo 85).
6
Recomendações à atenção dos órgãos jurisdicionais nacionais, relativas à apresentação de
processos prejudiciais, supra, nota 4.
7
Guia Prático do Reenvio Prejudicial, Carla Câmara, com colaboração científica de Maria
Rangel de Mesquita, Centro de Estudos Judiciários, disponível em “http://www.cej.mj.pt/cej/
recursos/ebooks/GuiaReenvioPrejudicial/guia.pratico.reenvio.prejudicial.pdf” (consultado a 12
Fevereiro 2018).
8
Ver o acórdão C-136/12, Consiglio nazionale dei geologi e Autorità garante della concorrenza
e del mercato, EU:C:2013:489, parágrafo 32 e jurisprudência citada, bem como o acórdão
C-689/13, PFE, EU:C:2016:199, parágrafos 34 e 35.
9
Ver, sobre o reenvio prejudicial em geral, Fenger, N. et Broberg, M., Le renvoi préjudiciel à la
Cour de justice de l’Union européenne, Larcier, 2013, Bruxelles, Nâomé, C., Le renvoi préjudiciel
en droit européen — Guide pratique, 2éme édition, Larcier, 2010, Bruxelles, e Mota de Campos,
J., Pinto Pereira, A., Mota de Campos J.L., O Direito Processual da União Europeia — O
Contencioso Comunitário, Fundação Calouste Gulbenkian, 2014, especialmente pp. 349-509.
10
Compete apenas ao tribunal nacional a resolução do litígio, ver acórdão C-162/06, International
Mail Spain, EU:C:2007:681, parágrafo 24.
11
Pereira Coutinho, F., “Os Juízes Portugueses e o Reenvio Prejudicial”, in Duarte, M.L.,
Fernandes, L., e Pereira Coutinho, F. (coord.), 20 Anos de Jurisprudência da União sobre
Casos Portugueses: o que fica do diálogo entre os juízes portugueses e o Tribunal de Justiça
da União Europeia, Instituto Diplomático, Lisboa, 2011, pp. 13-52, p.15.
12
Ver, entre outros, o acórdão C-284/06, Burda, EU:C:2008:365, parágrafo 39.
13
Contrariamente aos pareceres consultivos do Tribunal EFTA, como será visto infra. Neste
aspeto, o Parecer 1/91 sobre o Acordo EEE afirma que, na proposta inicial deste acordo,
Tipos de reenvio
“não há garantia de que as respostas, que o Tribunal de Justiça assim seja chamado a dar,
tenham efeito obrigatório para as jurisdições que a ele recorreram. Este processo é
fundamentalmente diferente do previsto no artigo 177.º do Tratado CEE”. Ver, igualmente, o
despacho do TJUE no processo C-69/85, Wünsche/Alemanha, EU:C:1986:104, parágrafo 13,
assim como o acórdão PFE, cit. supra, nota 8, parágrafos 38 a 41.
14
Neste aspeto, ver o acórdão nos processos apensos C-31/86 e 35/86, LAISA/Conselho,
EU:C:1988:211, parágrafo 12, no qual, a respeito do ato de adesão de Espanha e Portugal
à União Europeia, o TJUE sublinhou que as “disposições de direito primário (...) só podem
ser suspensas, alteradas ou revogadas de acordo com os processos previstos nos tratados
originários”.
15
Acórdão C-314/85, Foto-Frost/Hauptzollamt Lübeck-Ost, EU:C:1987:452, parágrafos 13-17.
16
Acórdão C-72/15, Rosneft, EU:C:2017:236, parágrafos 78 e ss.
17
Ibid, parágrafos 78-80.
18
Ver, entre outros, o acórdão C-104/81, Hauptzollamt Mainz/Kupferberg & Cie, EU:C:1982:362,
parágrafos 13 e 14, bem como o acórdão C-386/08, Brita, EU:C:2010:91, parágrafo 39 e
jurisprudência citada.
19
Ver o despacho Wünsche/Alemanha, supra, nota 13, parágrafo 16.
20
Acórdão C-166/73, Rheinmühlen Düsseldorf/Einfuhr- und Vorratsstelle für Getreide und
Futtermittel, EU:C:1974:3, parágrafo 2.
21
Ibid, parágrafo 3.
22
Ver supra, nota 8. Neste sentido, também o acórdão C-210/06, Cartesio, EU:C:2008:723,
parágrafo 54 e ss, bem como as conclusões do Advogado-Geral Poiares Maduro, de 22 de
Maio de 2008 (EU:C:2008:294) neste processo. Ver igualmente Silveira, A. e Perez Fernandez,
S., “O Porteiro e a Lei — A Propósito da Possibilidade de Interposição de Recurso do
Despacho de Reenvio Prejudicial à Luz do Direito da União Europeia”, Revista JULGAR, n.º
14, Coimbra Ed., 2011, 113-133, pp. 114-115.
23
Ibid, parágrafo 55. Já em 1966 havia o TJUE estabelecido tais critérios: ver acórdão C-61/65,
Vaassen-Goebbels/Beambtenfonds voor het Mijnbedrijf, EU:C:1966:39, p. 404.
24
Acórdão Cartesio, supra, nota 22, parágrafos 57 a 62.
25
Ver acórdão C-200/97, Ecotrade, EU:C:1998:579, parágrafo 25.
26
Ver acórdão 166/73, Rheinmühlen Düsseldorf/Einfuhr- und Vorratsstelle für Getreide und
Futtermittel, supra, nota 20, parágrafos 4 e 5.
27
Acórdão 283/81, CILFIT/Ministero della Sanità, EU:C:1982:335, parágrafos 10 e ss.
28
Ibid, parágrafos 14 e 15. Ver também acórdão nos processos apensos C-58/13 e 59/13,
Torresi, EU:C:2014:2088, parágrafo 32.
29
Acórdão CILFIT, supra, nota 27, parágrafos 16 e 17.
30
Deve notar-se, todavia, que a doutrina CILFIT se aplica às questões de interpretação, mas
não de validade de atos das instituições da União. Neste aspeto, diz-nos o acórdão C-461/03,
Gaston Schul Douane-expediteur, EU:C:2005:742, parágrafo 25, que “o artigo 234.º, terceiro
parágrafo, do CE impõe ao órgão jurisdicional nacional cujas decisões não sejam suscetíveis
de recurso judicial previsto no direito interno que submeta ao Tribunal de Justiça uma questão
relativa à validade de disposições de um regulamento, mesmo quando a invalidade de
disposições coincidentes de outro regulamento análogo já foi declarada pelo Tribunal de
Justiça”.
31
Acórdão C-160/04, Ferreira da Silva e Brito e o., EU:C:2015:565, parágrafos 36 a 45.
32
Ibid, parágrafos 40 a 42.
33
Ibid, parágrafos 43 e 44.
34
No acórdão C-503/10, Evroetil, EU:C:2011:872, o TJUE afirma efetivamente que “a alegada
clareza das respostas às questões submetidas de maneira nenhuma impede um órgão
jurisdicional nacional de submeter ao Tribunal de Justiça questões prejudiciais nem tem como
efeito tornar incompetente o Tribunal de Justiça para decidir sobre tais questões” (parágrafo
36 e jurisprudência citada).
35
Acórdão C-224/01, Köbler, EU:C:2003:513, parágrafos 25 a 55 e 59, e jurisprudência citada.
O Tribunal de Justiça precisou que “a responsabilidade do Estado por danos causados aos
particulares devido a uma violação do direito comunitário imputável a um órgão jurisdicional
nacional decidindo em última instância podia ser efetivada no caso excecional de esse órgão
jurisdicional ter ignorado de forma manifesta o direito aplicável”, sendo um dos critérios “o
não cumprimento, pelo órgão jurisdicional em causa, da sua obrigação de reenvio prejudicial”
(acórdão C-173/03, Traghetti del Mediterraneo, EU:C:2006:391, parágrafos 42 e 43).
36
Ver Rosas, A., “The Content of Requests for Preliminary Rulings to the European Court of
Justice and the EFTA Court — What are the minimum requirements?”, in The EEA and the
EFTA Court: Decentred Integration, EFTA Court, Hart Publishing, 2015, p. 85.
37
Ver, entre outros, os acórdãos C-37/92, Vanacker e Lesage, EU:C:1993:836, parágrafo 7, e
C-309/96, Annibaldi/Sindaco del Comune di Guidonia e Presidente Regione Lazio,
EU:C:1997:631, parágrafo 13.
38
Ver, entre outros, o acórdão C-370/12, Pringle, EU:C:2012:756, parágrafo 33: “nos termos do
artigo 267.º, primeiro parágrafo, alínea a), do TFUE, o exame da validade do direito primário
não é da competência do Tribunal de Justiça”.
39
Acórdão C-297/88, Dzodzi/Estado belga, EU:C:1990:360, parágrafo 39.
40
Acórdão C-5/12, Betriu Montull, EU:C:2013:571, parágrafo 69 e jurisprudência citada. Ver,
também, o acórdão 12/86, Demirel, EU:C:1987:400, parágrafo 28, onde a legislação nacional
“não tinha que dar cumprimento a uma disposição de direito comunitário”.
41
Acórdão C-268/15, Ullens de Schooten, EU:C:2016:874.
42
Ibid, parágrafo 50, com referência ao acórdão nos processos apensos C-570/07 e C-571/07,
Blanco Pérez e Chao Gómez, EU:C:2010:300, parágrafo 40, entre outros.
43
Ibid, parágrafo 51, com referência ao acórdão nos processos apensos C-197/11 e C-203/11,
Libert e o., EU:C:2013:288, parágrafo 35.
44
Ibid, parágrafo 52, com referência ao acórdão C-448/98, Guimont, EU:C:2000:663, parágrafo
23, entre outros.
45
Ibid, parágrafo 53, com referência ao acórdão Dzodzi/Estado belga, supra, nota 39, parágrafos
36, 37 e 41, entre outros.
46
Ibid, parágrafos 54 e 55.
47
Acórdão C-34/09, Ruiz Zambrano, EU:C:2011:124, parágrafos 41 e 42.
48
Ver o acórdão C-256/11, Dereci, parágrafos 60 e 61, e jurisprudência citada.
49
Neste aspeto, ver, entre outros, Kronenberger, V., “Actualité du Renvoi Préjudiciel, de la
Procédure Préjudicielle d’Urgence et de la Procédure Accélérée — Quo Vadis? ”, in Mathieu,
S. (coord), Contentieux de l’Union européenne — Questions Choisies, Larcier, 2014, Bruxelles,
pp. 397-428, 406 ss.
50
Ver, neste aspeto, Silveira, A., “Do Âmbito de Aplicação da Carta dos Direitos Fundamentais
da União Europeia: Recai ou Não Recai? — Eis a Questão!”, Revista JULGAR, n.º 22, Coimbra
Ed., 2014, pp. 179-209.
51
Ver, entre outros, o despacho no processo C-333/17, Caixa Económica Montepio Geral,
EU:C:2017:810, parágrafos 12 a 19, especialmente parágrafo 18.
52
O número 4 do artigo 267.º do TFUE prevê expressamente que tal procedimento seja adotado
em casos nos quais o processo pendente perante o órgão jurisdicional nacional seja relativo
a uma pessoa que se encontre detida.
53
Ver, neste aspeto, Sarmiento, D., “Amending the Preliminary Reference Procedure for the
Administrative Judge”, in Review of European Administrative Law, Vol. 2, nr. 1, pp. 29-44,
Europe Law Publishing, 2009, que aborda a questão da perspetiva do “Report of the
Association of the Councils of State and Supreme Administrative Jurisdictions of the EU”
(Junho 2008), especialmente pp. 31-40.
54
Ver Notice 1/99, Note For Guidance On Requests By National Courts For Advisory Opinions,
disponível em “http://www.eftacourt.int/fileadmin/user_upload/Files/Note_for_Guidance_on_
Requests/Notice_1_99_English.pdf”.
55
Neste aspeto, ver Rosas, A., “The Content of Requests for Preliminary Rulings”, cit. supra,
nota 36, pp. 90-93, bem como Baur, G., Preliminary rulings in the EEA — Bridging (institutional)
Homogeneity and Procedural Autonomy by exchange of information, in The EEA and the EFTA
Court: Decentred Integration, cit. supra, nota 36, pp. 169-185, 177-180.
CONCLUSÃO
56
O Tribunal EFTA consagrou a responsabilidade do Estados-Membros por violação do Acordo
EEE nos acórdãos E-9/97, Erla María Sveinbjörnsdóttir v Iceland, [1998] EFTA Ct. Rep. 95,
e E-4/01, Karl K. Karlsson hf. v The Icelandic State, [2002] EFTA Ct. Rep. 240.
57
Acórdão E-18/11, Irish Bank Resolution Corporation Ltd v Kaupþing hf, [2012] EFTA Ct. Rep.
592, parágrafos 89 e 122.