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ARAKEN DE ASSIS

Doutor em Direito pela PUC-SP. Mestre e Especialista em Direito pela


PUC-RS. Membro efetivo do Instituto Brasileiro de Direito Processual, do
Instituto de Direito Privado, do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), do
Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul (IARGS) e do Instituto Ibero-
Americano de Direito Processual. Diretor da Revista Forense (Rio de Janeiro).
Integra o Conselho Editorial da Revista de Processo (São Paulo), da Revista
da Ajuris (Porto Alegre), Revista Jurídica e de outras publicações
especializadas. Foi Conselheiro, Corregedor e Secretário da OAB-RS, antes
de ingressar no extinto TA-RS. Ex-Diretor da Escola Superior da Advocacia da
OAB-RS. Desembargador (aposentado) do TJRS e Professor Titular
(aposentado) da PUC-RS, instituição na qual lecionou nos cursos de
Graduação e de Pós-Graduação em Direito (Mestrado e Doutorado).
Comendador - “Jurista Eminente” - pelo Instituto dos Advogados do Rio
Grande do Sul. Advogado em Porto Alegre, São Paulo e Brasília.

ESTRUTURA DA OBRA
VOLUME I

PARTE GERAL: FUNDAMENTOS E DISTRIBUIÇÃO DE CONFLITOS

LIVRO 1 – PARTE GERAL DO PROCESSO CIVIL

TÍTULO I – Direito Processual Civil

TÍTULO II – Fundamentos Constitucionais do Processo Civil

TÍTULO III – Institutos Fundamentais do Processo Civil

TÍTULO IV – Distribuição dos Conflitos

VOLUME II

PARTE GERAL: INSTITUTOS FUNDAMENTAIS

TÍTULO V – Das Partes

TÍTULO VI – Dos Terceiros

TÍTULO VII – Do Juiz

TÍTULO VIII – Das Funções Essenciais à Administração da Justiça

TÍTULO IX – Dos Atos Processuais

TÍTULO X – Provas em Geral

TÍTULO XI – Instrução Antecipada


TÍTULO XII – Tutela da Urgência e Tutela da Evidência

TÍTULO XIII – Da Formação do Processo

TÍTULO XIV – Da Suspensão do Processo

TÍTULO XV – Da Extinção do Processo

VOLUME III

PARTE ESPECIAL: PROCEDIMENTO COMUM (DA DEMANDA À


COISA JULGADA)

LIVRO 2 – PROCEDIMENTO COMUM

TÍTULO I – Etapa Postulatória

TÍTULO II – Etapa do Saneamento

TÍTULO III – Etapa da Instrução

TÍTULO IV – Etapa Decisória

NOTA PRÉVIA
A promulgação da Lei 13.105, de 16.03.2015, ou do Novo Código de
Processo Civil, representa, sobretudo, esperança de uma justiça civil bem
melhor do que a realizada presentemente. Em torno desse diploma, também
conhecido como “Código Fux”, sem pejo da valiosa contribuição de outros
juristas ao conjunto do texto, manifestou-se grande e compreensível
interesse, parecendo justificar-se, a esse título, a edição da obra que culmina
e sintetiza nossos estudos nessa área específica do direito – o Processo Civil
Brasileiro.

Impõe-se esclarecer, de saída, alguns pontos. A organização dos


assuntos deve-se antes ao sistema do autor do que a distribuição das
matérias no NCPC. Assim, em diversos capítulos cuida-se tanto da função de
conhecimento, quanto da função executiva e cautelar, como seria de se
esperar no âmbito da teoria geral do processo. Porém, inexistem
incompatibilidades: há mais informações úteis ao leitor, e, não, menos
subsídios para seus estudos e trabalhos.

Buscou-se resgatar o sentido histórico de regras e institutos do NCPC.


Apresentadas como inovações revolucionárias, determinadas soluções
técnicas já eram conhecidas, embora abandonadas na legislação posterior, ou
são muito antigas. A inquirição da testemunha diretamente pelos advogados
das partes (art. 459, caput, do NCPC), a revelar surpreendentes pendores
liberais, era o regime do Regulamento 737/1850, e, na sua vigência,
apresentou o grave defeito de o juiz não comparecer à audiência,
encarregando o escrivão de policiar a atividade. A tão gabada improcedência
liminar do pedido (art. 332 do NCPC) originou-se de reforma da legislação
processual portuguesa há quase um século. Parece inútil filiá-la a instituto
similar da Common Law. Ocioso frisar que nada disso resolveu a profunda
crise da justiça civil e é duvidoso que apresentará frutos apreciáveis.

Em todo o caso, valendo-se de todos os recursos concebíveis da


farmacopeia brasileira, senão universal, o NCPC aposta na liquidação, a
médio prazo, do único e grande problema enfrentado na correta aplicação da
lei processual – o número excessivo de litígios. Para essa finalidade, propõe-
se a reduzir, drasticamente, a independência jurídica dos órgãos judiciários
inferiores, doravante vinculados às teses jurídicas fixadas pelos tribunais
superiores. Em outras palavras, o juiz de primeiro grau até pode ignorar a lei
material ou deixar de aplicá-la confessadamente; porém, abstendo-se de
observar na solução do litígio o precedente haurido do julgamento de casos
repetitivos, sujeitar-se-á ao ignominioso remédio da reclamação (art. 988, IV,
do NCPC), cujo acolhimento implicará a cassação da “decisão exorbitante”
(art. 992 do NCPC). A função proeminente dos precedentes no direito
brasileiro promoverá – permita-se a metáfora – o insólito acasalamento de
jacaré e de cobra d’água. Em ordenamento filiado ao sistema da Civil Law, ou
seja, dotado de regras gerais e abstratas supostamente tendentes à
universalidade, portanto abrangendo situações futuras, eis que a regra jurídica
concreta formulada pelos tribunais adquire eficácia vinculante de cima para
baixo, e, não, através do consenso da conveniência em aplicar a tese jurídica
em casos similares. É preciso aguardar os resultados do acasalamento.
Porém, aplicado rigidamente o sistema, não se abstendo os tribunais
superiores de conhecer e de acolher as inevitáveis reclamações, talvez o
número prodigioso dos litígios seja contido e minorado.

Fitando essa possibilidade, o procedimento comum aumentou os deveres


do órgão judiciário de primeiro grau, pretendendo aprimorar a qualidade das
decisões. Realmente, a atividade dos juízes e das juízas, sobrecarregados
por dezenas de milhares de processos (o número não é hipotético), deixa a
desejar nesse último aspecto. Embora seja muito realçado o dever de
motivação (art. 489, § 1.º, do NCPC), tecnicamente correto, mas impraticável
nos termos delineados na regra se a pessoa investida na função judicante
usufruir de vagares para analisar os atos postulatórios das partes e redigir o
ato, o âmago do procedimento comum avulta no art. 357 do NCPC, ou seja,
na decisão de saneamento e de organização do processo. Do órgão judiciário,
revelando-se útil e necessário o prosseguimento do feito, aguarda-se a
resolução das questões processuais pendentes; a fixação do tema da prova,
ou seja, a delimitação das questões de fato objeto da instrução, deferindo ou
ordenando a produção dos meios de prova pertinentes; a distribuição do ônus
da prova (quem deve provar o que); a delimitação das questões de direito,
visando a não surpreender as partes no futuro julgamento, malgrado a
máxima iura novit curia; e a designação da audiência de instrução, se for o
caso. O desempenho dessa complexa e delicada atividade exigirá, outra vez,
profícua reflexão. É necessário ler e, principalmente, entender os atos
postulatórios das partes e o teor da controvérsia. Se, mais uma vez, é
praticável (ou não) essa magna tarefa, constitui outro problema. Por óbvio,
exploradas todas as potencialidades da regra de “condensação”, o juiz terá o
processo, por assim dizer, “na mão”. E, sem dúvida, o NCPC redefiniu o
domínio das partes no processo civil, valendo citar, a esse propósito, o
procedimento convencional do art. 190.
Só o tempo revelará todas as potencialidades do NCPC. Essa obra não
poderia esgotá-las desde logo. Não deixou de apresentá-las, sempre que
possível, a exemplo de aspectos surpreendentes: a menção a “relação
processual” (art. 238, in fine, do NCPC), desvelando a natureza jurídica do
processo, e aos “fatos processuais” (art. 771 do NCPC), importante categoria
na construção dos atos processuais. Progressivamente, incorporar-se-ão ao
texto as contribuições da doutrina e da jurisprudência surgidas após a
vigência do NCPC, se a acolhida do livro permitir novas edições. Vai a lume a
obra com o que se escreveu no direito anterior.

A nota prévia já se alongou demasiado, cabendo encerrá-la com breve


crítica à redação da lei. Não só a escassez de artigos e a profusão de
parágrafos e incisos (por exemplo, no art. 85 do NCPC) dificultará a
interpretação e a aplicação das normas processuais. Também o legislador
teve imensa dificuldade em exprimir seu pensamento em muitos casos e, não
raro, empregou linguagem vulgar: art. 437, § 1.º, do NCPC, permite à parte
adotar “posturas”, qual expressão corporal, na manifestação sobre a juntada
de documentos. Não se compreende facilmente o escasso apreço ao
vernáculo em código eminentemente técnico.

Essas e outras imperfeições convivem, como destacado no início, com a


fundada esperança de uma justiça melhor para as partes.

O autor dedica o livro aos entusiasmados companheiros do início da


jornada: Antonio Dall’Agnol, Fábio Gomes, Gérson Fischmann, Maria
Berenice Dias e Sérgio Gilberto Porto. Ao novo companheiro de estudos,
Eduardo Arruda Alvim. A Fernando Krieg da Fonseca, meu primeiro mentor na
advocacia. Recorda carinhosamente os saudosos professores Galeno
Lacerda e Ovídio Araújo Baptista da Silva, responsáveis pela formação do
autor como processualista, e, ainda, o atuante e atento José Maria Rosa
Tesheiner, professor na graduação e colega no TJRS e no PPGD da PUCRS.

E, naturalmente, dedica o livro à esposa, Desembargadora Mara Larsen


Chechi, e aos nossos filhos, Cássio Chechi de Assis e Bóris Chechi de Assis,
agradecendo-lhes o desmedido amor e a generosa compreensão pelo tempo
subtraído à convivência familiar.

O autor agradece o enérgico apoio da Dr.ª Marisa Harms ao projeto.


Também agradece à equipe de revisão técnica da RT, liderada pelo Dr.
George Silva Melo. Eventuais erros materiais, se houverem, são imputáveis
ao autor.

O AUTOR

LISTA DE ABREVIATURAS
Ac. – Acórdão

Adin – Ação Direta de Inconstitucionalidade

Ag. – Agravo
AgRg – Agravo Regimental

Ajuris – Revista da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Porto


Alegre)

Ap. – Apelação

AR – Ação Rescisória

Câm. – Câmara

CC – Código Civil

CoC – Conflito de Competência

CF – Constituição Federal

Cív. – Cível

CJF – Conselho da Justiça Federal

CNJ – Conselho Nacional de Justiça

Cód. – Código

CPB – Código Penal Brasileiro

CPC – Código de Processo Civil

CPP – Código de Processo Penal

CTN – Código Tributário Nacional

DP – Digesto de Processo (Rio de Janeiro)

ED – Enciclopedia del Diritto (Milão)

Edecl – Embargos Declaratórios

Ediv – Embargos de Divergência

EI – Embargos Infringentes

EJ – Estudos Jurídicos (São Leopoldo)

EJD – Encyclopédie Dalloz (Paris)

EJSTF – Ementário de Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal


(Brasília)

EJSTJ – Ementário de Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça


(Brasília)

ESD – Enciclopédia Saraiva de Direito (São Paulo)


GÊNESIS – Gênesis – Revista de Direito Processual Civil (Curitiba)

HC – Habeas Corpus

IARGS – Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul (Porto Alegre)

JCCTJRS – Jurisprudência das Câmaras Cíveis do Tribunal de Justiça do


Rio Grande do Sul (Porto Alegre)

JTASP – Julgados dos Tribunais de Alçada de São Paulo (São Paulo)

Julg. – Julgado

MC – Medida Cautelar

MP – Medida Provisória

NDI – Novissimo Digesto Italiano (Turim)

RAMP – Revista da Associação dos Magistrados do Paraná (Curitiba)

RDC – Rivista di Diritto Civile (Milão)

RDCo – Rivista di Diritto Commerciale (Milão)

RDDT – Revista Dialética de Direito Tributário (São Paulo)

RDDP – Revista Dialética de Direito Processual (São Paulo)

RDirPen – Rivista di Diritto Penale (Milão)

RDM – Revista de Direito Mercantil (São Paulo)

RDP – Rivista di Diritto Processuale (Pádua)

RDPC – Rivista di Diritto Processuale Civile (Pádua)

RE – Recurso Extraordinário

Recl – Reclamação

ReDirPen – Revista de Direito Penal (Rio de Janeiro)

RePro – Revista de Processo (São Paulo)

REsp. – Recurso Especial

RF – Revista Forense (Rio de Janeiro)

RFDPA – Revista da Faculdade de Direito de Porto Alegre (Porto Alegre)

RHC – Recurso em Habeas Corpus

RIARGS – Revista do Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul


(Porto Alegre)
RISG – Rivista Italiana per le Scienze Giuridiche (Milão)

RJSTJ – Revista de Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça


(Brasília)

RJTJRS – Revista de Jurisprudência do Tribunal de Justiça do Rio Grande


do Sul (Porto Alegre)

RJTRF – Revista de Jurisprudência do Tribunal Regional Federal …


Região

RMS – Recurso em Mandado de Segurança

ROMS – Recurso Ordinário em Mandado de Segurança

RP – Rivista Penale (Roma)

RT – Revista dos Tribunais (São Paulo)

RTB – Revista dos Tribunais da Bahia (Bahia)

RTDP – Revista Trimestral de Direito Público (São Paulo)

RTDPC – Rivista Trimestrale di Diritto e Procedura Civile (Milão)

RTJ – Revista Trimestral de Jurisprudência

RTJSTF – Revista Trimestral de Jurisprudência do Supremo Tribunal


Federal (Brasília)

SE – Sentença Estrangeira

STF – Supremo Tribunal Federal

STJ – Superior Tribunal de Justiça

T. – Tomo

TJDF – Tribunal de Justiça do Distrito Federal (Rio de Janeiro)

TJRS – Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul

TJSP – Tribunal de Justiça de São Paulo

V. – Volume

LIVRO 2
Título I - Etapa postulatória

Capítulo 74. DEMANDA DO AUTOR


SUMÁRIO: § 338.º Conteúdo da petição inicial – 1.665. Demanda do autor
– 1.666. Endereçamento da demanda – 1.667. Partes na demanda – § 339.º
Razões da demanda – 1.668. Razões de fato e razões de direito da demanda
– 1.669. Causa de pedir passiva da demanda – 1.670. Causa de pedir ativa
na demanda – 1.671. Cumulação de causas de pedir na demanda – 1.672
Direito de defesa e razões de fato –1.673. Razões de direito da demanda – §
340.º Pedido do autor – 1.674. Força e efeitos da ação no pedido – 1.675.
Efeitos do pedido – 1.676. Espécies de pedido – 1.677. Cumulação de
pedidos – 1.678. Especificações do pedido – 1.679. Modificações do pedido –
§ 341.º Elementos complementares da demanda – 1.680. Valor da causa –
1.681. Prova das razões de fato – § 342.º Requerimentos da petição inicial –
1.682. Requerimento de citação do réu – 1.683. Requerimento de tutela de
urgência – 1.684. Requerimento de citação ou de intimação de terceiro –
1.685. Requerimento do benefício da gratuidade – § 343.º Instrução da
petição inicial – 1.686. Documentação da demanda – 1.687. Duplicação da
petição inicial – § 344.º Distribuição da petição inicial – 1.688. Entrega da
demanda – 1.688.1 Espécies de distribuição – 1.688.2 Correção da
distribuição – 1.688.3 Modificação da distribuição – 1.689. Pagamento das
despesas iniciais.

§ 338.º Conteúdo da petição inicial

1.665. Demanda do autor

Chama-se demanda o ato pelo qual o sujeito dotado de personalidade


processual (retro, 507) – as pessoas naturais e jurídicas, bem como
entendidas sem personificação –, ou autor, (a) veicula pretensão à tutela
jurídica do Estado, arrancando o órgão judiciário da sua natural, básica e
necessária inércia (art. 2.º),1 e (b) pede certa providência (a declaração
positiva ou negativa; a constituição positiva ou negativa; a condenação; a
execução; ou a ordem) perante outro sujeito, ou réu, eventualmente o próprio
Estado e seus órgãos. Por intermédio do pedido, o autor pleiteia certo bem da
vida, vantagem, proveito ou utilidade – certeza, estado jurídico novo, título,
intercâmbio patrimonial ou o cumprimento da ordem (retro, 230). Não se
utiliza, aqui, a noção restrita, tomando “demanda” como ato de iniciação do
processo.2 E não convém tomar pedido (elemento) como equivalente à
demanda, olvidando os demais elementos identificadores da pretensão
processual.

O princípio da demanda (retro, 1.468) integra o processo civil “social”. O


órgão judicial exercerá a jurisdição, em todo o território nacional, conforme as
disposições do art. 16 do NCPC, e a diretriz política quanto à formação do
processo civil localiza-se no art. 2.º, segundo o qual o processo civil começa
por iniciativa da parte. Em relação ao modelo liberal, não é só o particular
quem acode ao órgão judicial, provocando a atividade jurisdicional, razão por
que o art. 2.º alude à “parte”. Órgãos do Estado, a exemplo do Ministério
Público e da Defensoria Pública, empolgaram o protagonismo na função de
desencadear o processo.

O princípio da demanda descansa na autonomia privada. O titular do


direito subjetivo dispõe do respectivo exercício. Esse impulso inicial forma a
relação jurídica processual, criando o instrumento hábil à resolução
(autoritária) dos conflitos, através da participação dos litigantes, expressa o
princípio da oportunidade, uma das facetas da autodeterminação da pessoa
no âmbito privado.3 Por óbvio, tratando-se de órgãos do Estado, a exemplo do
Ministério Público, vigora o princípio oposto da obrigatoriedade (retro,
1.070.2).

O instrumento da demanda chama-se de petição inicial. Existem certas


variações terminológicas admissíveis (v.g., o art. 14, caput, da Lei 9.099/1995
menciona “pedido, escrito ou oral”) e as que se mostram reprováveis pela
crassa impropriedade (v.g., “peça ovo”). Linguagem apurada em direito, urge
realçar, é a linguagem acessível e técnica, sem rebuscamentos, porque
turvam a clareza das ideias, e temor à repetição segura e precisa.

A partir do venerando Regulamento 737/1850, o direito processual pátrio


abandonou a antiga separação entre duas figuras: (a) petição inicial, na qual o
autor requeria a citação do réu para comparecer a juízo; e (b) o libelo, em que
articuladamente apresentava a pretensão processual, inteirando-se o réu
desta na audiência designada para o comparecimento das partes,
oportunidade em que o demandado acusaria a citação.4

A entrega da petição inicial no ofício judicial constitui a relação processual.


O primeiro ato processual é o protocolo (art. 312, primeira parte). Fenômeno
complexo e delicado, a partir daí o processo ingressa no mundo jurídico,
vinculando, linearmente, o autor e o Estado (retro, 91). O órgão judiciário
ficará constrangido a responder à demanda, nem que seja para rejeitá-la de
plano, porque inadmissível – provimento liminar negativo que, por definição,
extingue o processo (art. 485, I, art. 316). Em tal hipótese, sempre que
possível, ensejará ao autor oportunidade para corrigir o vício (art. 317),
propiciando ao processo alcançar seus elevados objetivos e os fins que lhes
são próprios. O conteúdo do provimento liminar positivo, determinando o
prosseguimento da demanda, afigura-se bem amplo e variado.

A demanda exerce duas funções fundamentais: (a) constitui da relação


processual (art. 312); (b) individualiza o objeto litigioso (retro, 236).5 O ato tem
importância singular no processo civil. A individualização do objeto litigioso
permitirá distinguir um processo do outro.6 O réu contribuirá na ampliação do
objeto do litígio, adstrito a determinadas condições e em área delimitada, mas
é certo cingir-se, salvo modificação posterior do pedido, a resposta do órgão
judiciário à postulação do autor aos limites da demanda, segundo o princípio
da congruência.

Formalmente, o ato postulatório veiculando a demanda (petição inicial) há


de ser redigido no idioma nacional (art. 192, caput), ainda hoje em suporte
físico (papel), em progressiva transformação para o virtual (processo
exclusivamente eletrônico) e estruturar-se segundo o intuitivo modelo do art.
319. A demanda deve ser incorporada a um suporte físico (papel) ou
eletrônico estável (art. 195), ou seja, a um documento, a fim de evitar
adulterações.7 Em certos procedimentos especiais, por exceção, prevê-se a
postulação oral; porém, o ato verbal é reduzido, incontinenti, à forma escrita
na secretaria do órgão judiciário (art. 14, § 3.º, da Lei 9.099/1995), mediante o
uso de formulário próprio e projetado para reduzir a formulação moral leiga
aos elementos e requisitos do art. 319.
A estrutura da petição inicial, em sentido lato, compreende quatro partes
(retro, 1.472): (a) preâmbulo, abrangendo o endereçamento da demanda, a
identificação das partes e, via de regra, a designação do remédio processual;
(b) narração, em que o autor expõe o litígio; (c) conclusão, na qual o autor
pleiteia a providência que lhe trará o bem da vida almejado perante o réu; e
(d) indicações suplementares.

O art. 319 explicita os elementos da petição inicial. A disposição legal


estabelece o itinerário, mas não equaciona todas as potenciais dificuldades
técnicas na correta elaboração do ato postulatório principal do autor. Por
exemplo, a correta indicação do réu não é item desprezível ou secundário,
suscitando fundada dúvida, conforme a hipótese, no espírito de calejados
profissionais do direito (retro, 1.474.1). Os pontos mais sensíveis, porém,
radicam na causa de pedir (art. 319, III) – razões de fato e razões de direito
(mencionadas, quanto ao réu, no art. 336) – e no pedido (art. 319, IV). Os
elementos objetivos do processo (causa petendi e pedido) individualizam o
objeto litigioso ou mérito, oferecendo os parâmetros do julgamento (art. 141
c/c art. 490).

Esses elementos e requisitos da petição inicial não interessam apenas ao


procedimento comum. Eles integram a teoria geral do processo. Receberam
análise em capítulo próprio. É preciso rememorar que os subsídios então
colhidos e cotejá-los com o procedimento comum.

A demanda antecede a contestação do réu (art. 335, caput). São atos


postulatórios sucessivos, intercalados pela citação e, inexistindo vontade
convergente das partes em contrário, pela audiência de conciliação e de
mediação (art. 334). Em outros ordenamentos da mesma cepa, passou-se a
admitir o comum acordo de autor e réu, recaindo o litígio sobre questi juris e
visando emprestar ao litígio rápida solução, apresentando conjuntamente
inicial e resposta.8 Não é de se desprezar a possibilidade no procedimento
convencional do art. 190.

1.666. Endereçamento da demanda

O desafio na preparação da petição inicial apta começa no endereçamento


do ato postulatório ao “juízo” (art. 319, I). O autor indica esse dado na primeira
linha da petição inicial. Chama-se a tal parágrafo de exortação.9

O endereçamento da petição inicial é problema exclusivo do autor. Os atos


postulatórios posteriores, inclusive a modalidade de resposta do réu voltada a
impugnar a escolha do autor, posto que disponível – exceção de
incompetência relativa (art. 337, II) – terão endereço certo: o juízo no qual a
causa já tramita. O endereçamento é ao juízo, e, não, nominalmente à pessoa
investida no órgão.10 Nas comarcas (Justiça Comum) e nas subseções
judiciárias (Justiça Federal) de menor movimento, a permanência do homem e
da mulher ocupante do órgão judiciário – fenômeno em grande parte devido à
remuneração vantajosa – estimula a designação nominal, posto que
desnecessária.

É ônus que incumbe ao autor o de resolver o delicado problema de


competência. Tal significa localizar o órgão judiciário competente na autêntica
constelação de juízos de primeiro grau, integrantes da estrutura da Justiça
Comum e da Justiça Federal, no que tange à área civil, ou o tribunal inferior
ou superior por exceção competente para processar e julgar originariamente a
causa. Em geral, empregando o confiável mapa aberto e exposto alhures
(retro, 378), o autor chegará a resultado tão preciso que lhe permitirá, a mais
das vezes, apontar nominalmente o ocupante do órgão judiciário competente.
As orientações normativas orientam o autor pelo labirinto da organização
estrutural do Poder Judiciário, cujo ponto de partida situa-se no degrau mais
elevado e com descendente abstração chega a certa solução. Como já
explicado, formulam-se perguntas que suscitam, respectivamente, a
competência de “jurisdição”; a competência originária dos tribunais; a
competência territorial; a competência de juízo; a competência de foro; e a
competência recursal. Para determinar a competência, “todos os critérios hão
de sersempre e simultaneamente utilizados”.11 As respostas a tais perguntas
envolvem três parâmetros concorrentes: (a) a identificação dos órgãos
jurisdicionais (retro, 378.1); (b) identificação dos dados de afetação da
competência (retro, 378.2); (c) identificação das fontes legislativas da
competência (retro, 378.3).

A estrutura judiciária complexa não encoraja a realização do percurso


sugerido, mas apresenta benefício notável ao processo constitucionalmente
justo e equilibrado. As disposições constitucionais – a CF/1988 estabelece a
competência originária dos tribunais de segundo grau (no caso do TJ,
indiretamente) e dos tribunais superiores, bem como a competência de
“jurisdição” – e legais instrumentalizam a pré-constituição do órgão judiciário.
São regras genéricas, abstratas e impessoais que asseguram o direito
fundamental ou processual ao juízo natural (retro, 149). A observância dessas
normas impede o processamento e o julgamento da demanda do autor por
juízo de exceção ou juízo em comissão (v.g., a atribuição da causa a
determinado juiz ou juíza, supostamente especialista na matéria).12

O raciocínio dedutivo do autor ao término do itinerário descrito no mapa


alcançará dois resultados concebíveis: (a) deverá endereçar a petição inicial
para determinado juízo, no primeiro grau, da Justiça Comum ou da Justiça
Federal, em certa comarca ou circunscrição judiciária, seção ou subseção
judiciária, pois a regra é que as causas iniciem na base da estrutura judiciária;
(b) deverá endereçar a petição inicial, por exceção, a determinado tribunal de
segundo grau (TJ e TRF) e tribunal superior (STF e STJ). É a razão de o art.
319, I, exigir a indicação do “juízo a que é dirigida” a inicial. No procedimento
comum, contudo, é muito rara a competência originária do tribunal de
segundo grau (TJ e TRF) e, ainda mais, a dos tribunais superiores. A título de
exceção, recorde-se a demanda prevista no art. 102, I, n, da CF/1988,
economicamente do interesse de todos os integrantes da magistratura do
Estado-membro (v.g., ação coletiva de cobrança de diferenças de subsídios).

Em qualquer hipótese, o endereçamento visa ao órgão (v.g., 1.ª Vara Cível


da comarca X; Desembargador Federal do TRF da X Região), e, não, à
pessoa ocupante do cargo (v.g., Dr. João da Silva, Juiz de Direito Titular, ou
Substituto, da 1.ª Vara Cível da comarca X). O endereçamento é impessoal.13

Eventual erro no endereçamento da petição inicial, tratando-se de


competência absoluta, implicará a remessa dos autos ao juízo competente, ex
officio, compensando-se automaticamente a distribuição alternada e equitativa
entre os órgãos judiciários, exceto: (a) nos juizados especiais, a teor do art.
51, III, da Lei 9.099/1995; (b) na causa ajuizada no STF, a teor da
interpretação prevalecente do art. 21, § 1.º, do RISTF.14 Esta exceção recebeu
explicação no item próprio (retro, 490.3) No caso de competência relativa,
dependerá da defesa do réu: abstendo-se o réu de excepcionar a
incompetência, o juízo incompetente transformar-se-á em juízo competente
(prorrogação da competência), salvo na hipótese excepcional do art. 63, § 3.º,
em que cabe ao órgão judicial, ex officio, controlar a validade da cláusula de
eleição de foro; excepcionada a incompetência relativa, dependerá da
resolução do juiz, passando a limpo o raciocínio dedutivo do autor e, acolhida
a exceção, remeterá o processo ao juízo competente.

1.667. Partes na demanda

Chama-se de parte a quem figura como sujeito da relação processual: o


autor pede a tutela jurídica do Estado, constituindo o processo; réu é quem o
autor indica como tal na demanda, habilitando-o a reagir contra a pretensão,
impedindo que o juiz outorgue ao autor o bem da vida, proveito, utilidade,
benefício ou vantagem pleiteada. São as partes principais. A condição de
autor e de réu decorre da petição inicial, tout court, mas não significa que uma
e outra pessoa sejam (a) figurante da relação material narrada ao juiz e (b)
habilitado a conduzir o processo (retro, 552). Essas questões envolvem o
relevante problema da legitimidade, eventualmente suscitado, debatido e
resolvido no curso do processo.

O art. 319, II, erige o ônus de o autor especificar na petição inicial “os
nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão,
o número de inscrição no CPF ou no CNPJ, o endereço eletrônico, o domicílio
e a residência do autor e do réu”.

Figurando vários autores e réus (litisconsórcio ativo, passivo ou recíproco)


na petição inicial, o ônus abrange (a) a especificação e (b) a qualificação de
todos os autores e réus. Não é adequado e suficiente, ante a necessidade de
registro e de distribuição (autônoma ou por dependência), atos que
assinalarão do nome completo de todas as partes, a indicação dos demais
autores ou réus com o pronome “e outros”. A única concessão tolerável
consiste no uso de relação anexa com os dados imprescindíveis.

Ao rol de dados exigidos nessa rubrica, o art. 15 da Lei 11.419/2006


acrescentara, na qualificação da parte, o requisito suplementar da indicação
do “número no cadastro de pessoas físicas ou jurídicas, conforme o caso,
perante a Secretaria da Receita Federal”, salvo desconhecendo o autor o
dado e, por essa razão, deparando-se com óbice no acesso à Justiça. O art.
319, II, acrescentou esse dado ao roteiro geral, prevendo o art. 319, § 3.º, a
exceção enunciada na regra precursora. O número da inscrição fiscal ostenta
duplo objetivo: (a) auxilia a providência do art. 854 em futura execução; (b)
facilita a retenção de tributos sobre o proveito econômico pago ou recebido
por uma das partes. E há outro dado pouco lembrado: a indicação do
endereço profissional do advogado do autor, eletrônico e não eletrônico,
conforme exige o art. 287, caput, e sendo o autor pessoa dotada de
capacidade postulatória, o art. 105 (retro, 1.490).

Não há maior dificuldade de o autor desincumbir-se do ônus instituído no


art. 319, II, em relação à própria pessoa. Apresentar-se-á ao juiz como a si
mesmo. Por exceção, empregando o advogado a faculdade prevista no art.
104, ou seja, postulando em juízo em nome da parte, sem procuração, a fim
de evitar decadência do direito, preclusão ou prescrição da pretensão e
praticar atos urgentes, talvez ignore (a) o nome completo do futuro
constituinte e (b) um ou mais dados da qualificação (v.g., o número da
inscrição na Receita Federal). Fica subentendido que, posteriormente,
apresentada a procuração, o juiz exigirá a complementação da identificação
ou da qualificação. Fora dessa hipótese, erro na identificação do autor só
acontece no caso dos absolutamente incapazes. É preciso deixar claro que
parte é o incapaz, assistido por seu represente legal, e, não, este último.

Não é ociosa a identificação em nome próprio do autor. Ela tem relevo (a)
para o juiz, a fim de verificar a existência de causas (v.g., relação de
parentesco) de impedimento e de suspeição, e (b) para o réu, porque ficará
ciente contra quem se defenderá (v.g., opondo exceção substancial particular)
e, se for este o caso, contra-atacará mediante reconvenção (infra, 1.744.3).15

É mais evidente a importância da correta identificação do réu. A omissão,


por todos os títulos, afigura-se inadmissível. Devendo-se a flagrante lapso
material, ou não, há de ser corrigida no prazo do art. 321, caput, sob a pena
de indeferimento da petição inicial – juízo de inadmissibilidade por defeito
formal. Por igual, a ilegitimidade passiva (errônea identificação do réu) enseja
providência análoga.

Literalmente, o art. 319, II, exige primeiro o nome (v.g., Silva) e, depois, o
prenome (v.g., João da), disposição própria da língua francesa, mas a fórmula
correta é a indicação do nome por inteiro. A palavra nome abrange, no
tocante às pessoas jurídicas, o nome empresarial, firma ou razão social.

Pode haver réus incertos e desconhecidos e, nesse caso, releva-se o ônus


da identificação. Não há como traçar distinção nítida entre réu “incerto” e réu
“desconhecido”. O que importa é a necessidade de procedimento por edital
(art. 256, I, c/c art. 259, III), convocando tais pessoas a juízo. Por exemplo, (a)
o devedor almeja solver a dívida incorporada em título a portador, sabe que
semelhante título circulou, mas ignora quem seja o seu possuidor, e, portanto,
o credor (art. 259, II); (b) o possuidor ingressa com usucapião, mas ignora
quem sejam os descendentes do proprietário da área e pré-morto (art. 259, I).
Evidentemente, em casos tais o autor não poderá desincumbir-se a contento
do ônus de identificar o réu. É bastante, para os fins do art. 256, I, a menção
genérica à posição jurídica da pessoa desconhecida (v.g., o portador do título
ao portador tal). Fica dispensado o autor de ministrar os dados relativos à
qualificação, porque exigência impraticável.

É mais comum a identificação do réu errado. Em tal hipótese, ocorrerá


juízo de admissibilidade negativo, incidindo o art. 330, II, e autorizada a
emissão de sentença terminativa. No entanto, há que propiciar ao autor
oportunidade de correção, no prazo do art. 321, caput, admitindo o juiz a pura
e simples troca de réu (art. 317). E há erros escusáveis, ensejando oportuna
correção no curso do processo, sempre velando o juiz e assegurando a ampla
defesa: (a) modificações do nome empresarial por cisão, fusão e
incorporação; (b) identificação da empresa errada (v.g., o banco comercial em
lugar da seguradora) dentre as integrantes do mesmo grupo ou
conglomerado; (c) imprecisão no nome da pessoa jurídica de direito público
(v.g., Prefeitura X, em vez de Município X); (d) homonímia da pessoa natural.
Equívocos evidentes são corrigidos por serventuário mais diligente ou
operoso no ato do registro.

Problema técnico mais delicado surge na construção do polo passivo das


ações mandamentais. Tal assunto é comum no mandado de segurança,
todavia pretensão submetida a procedimento especial e regulada em lei
extravagante, e já recebeu análise (retro, 502). Por outro lado, embora evento
incomum, a assunção ilícita da identidade alheia é concebível. Por
exemplo, A move ação contra B, mas em lugar de B é citado C, que assume a
identidade de B. Ora, “a pessoa que tomou parte no processo, usando de
outro nome, acarreta com tudo que, em virtude da sentença, atue
negativamente na sua esfera jurídica”.16 Em outras palavras, restaurando o
império da verdade, vencido é C (falso réu) e, não, B (verdadeiro réu).

Por fim, a qualificação do réu serve precipuamente à citação (pessoal)


válida. Erros e omissões são releváveis, esclarece o art. 319, § 2.º, se
possível a citação do réu. Em casos mais difíceis, o autor pode requerer ao
juiz a requisição de informações a órgãos públicos (v.g., a concessionária de
energia elétrica, a teor do art. 319, § 1.º. Esse escopo parece evidente na
identificação do domicílio ou residência. O endereço profissional importa à
citação postal. De ordinário, é mais fácil o carteiro localizar e colher recibo
(art. 248, § 1.º) do réu neste lugar do que na residência. A qualificação
também se presta a fornecer indícios quanto às condições econômicas da
parte. A despeito de a lei contentar-se com a mera alegação da pessoa
natural (art. 99, § 3.º), não raro o órgão judiciário presume a necessidade ou
não da gratuidade da profissão, excluindo do círculo dos beneficiados os
profissionais liberais (v.g., médicos e advogados), salvo prova em contrário,
conforme lhe autoriza o art. 99, § 2.º. Lapsos, erros e omissões na
qualificação constituem irregularidades, devendo o juiz admitir correções a
qualquer tempo.

§ 339.º Razões da demanda

1.668. Razões de fato e razões de direito da demanda

Ao pretender certo bem da vida, efeito, proveito, vantagem, utilidade ou


benefício perante outra pessoa, por intermédio do processo, o autor tem o
ônus de dizer por que. Então, incumbe-lhe narrar fato ou conjunto de fatos
que compõem os elementos de incidência da norma porventura aplicável à
espécie e que lhe aproveita. Essa narrativa forma o chamado episódio da vida
na petição inicial (Lebensachverhalt).17

Costuma-se distinguir duas facetas no episódio da vida: (a) causa de pedir


ativa; e a (b) causa de pedir passiva. Essas são as razões de fato da
demanda.

Por outro lado, também incumbe ao autor justificar a relação entre as


razões de fato e o efeito jurídico pretendido. São as razões de direito.

1.669. Causa de pedir passiva da demanda


O autor descreve o fato constitutivo do interesse processual na causa de
pedir passiva (retro, 247.3). Exemplos: (a) na ação em que A pede a
separação de B, porque este quebrou o dever de fidelidade encontrando-se
com C no motel X no dia Y, o interesse processual resulta da impossibilidade
da subsistência da comunhão de vidas; (b) na ação em que A pede o
pagamento da dívida X de B, vencida no dia Y do mês Z, emprestada no
dia T, o interesse processual resulta da mera indicação do inadimplemento
(necessidade de recomposição do patrimônio do credor).

Em casos mais dramáticos, a causa de pedir passiva transforma-se em


receio de dano (retro, 1.407.2), subsidiando o requerimento de medida de
urgência cautelar ou não (infra, 1.693).

1.670. Causa de pedir ativa na demanda

O capítulo decisivo das razões de fato consiste na causa de pedir ativa. O


autor expõe duas espécies de fatos: (a) principais (retro, 247.1); e (b)
secundários ou simples (retro, 247.2).

Os fatos principais integram o(s) elemento(s) de incidência da norma


porventura aplicável ao litígio. E os fatos secundários ou simples
individualizam o episódio da vida.

Volvendo aos exemplos ministrados, (a) na ação em que A pede a


separação de B, fato principal é o colóquio amoroso de B e C, e fatos
secundários são o lugar (motel X) e a data do encontro (dia Y); (b) na ação
em que A pede o pagamento da dívida X de B, fato principal é a alegação da
dívida X de B, fato secundário é a data T, na qual ocorreu o mútuo. Fatos
simples têm importância menor e comportam largo grau de variações
admissíveis, sem infração ao princípio da estabilização da demanda (infra,
1.718). Por exemplo, não se considera modificada causa petendi, nem o juiz
fica impedido de acolher o pedido da autora, a circunstância de o colóquio
entre B e C ter ocorrido, na realidade, em outro motel ou em dia distinto.

À semelhança de outras narrativas históricas, a causa petendi ativa põe à


prova as virtudes da prosa do redator da inicial. É mais aparente do que real a
dificuldade em narrar episódios da vida. Em primeiro lugar, a linguagem
constitui sistema aberto e maleável, apesar do jargão profissional.
Relativamente aos fatos que interessam ao mundo jurídico, ou fatos
jurídicos lato sensu (retro, 1.086), porque previstos abstratamente nas
normas, a sintaxe é amplamente convencional e conhecida. Ademais, as
normas contemporâneas usam e abusam de conceitos juridicamente
indeterminados, a fim de impedir a rápida obsolescência da provisão
normativa e conferir flexibilidade à incidência. Em outras palavras, as normas
contemporâneas são redigidas visando ao momento da aplicação, dilatando o
da incidência, e, assim, tornando vagos os limites do comportamento das
pessoas na vida social. A técnica legislativa alterou profundamente a tarefa do
aplicador, passando-a da subsunção à concretização (retro, 1.122). Seja
como for, tais normas facilitam sobremodo a descrição do episódio da vida: na
prática, as narrativas pobres, imprecisas e sofríveis na ortografia e no estilo,
atingem a finalidade do art. 319, III, descrevendo suficientemente o fato ou
conjunto de fatos do qual decorre o efeito pretendido pelo autor.
1.671. Cumulação de causas de pedir na demanda

A cada fato constitutivo, ou conjunto de fatos principais idôneos a


preencher os elementos de incidência da norma jurídica, produzindo o efeito
jurídico pretendido perante o réu, corresponde uma causa petendi ativa. Lícito
se afigura ao autor, todavia, a alegação de mais de uma causae petendi, na
petição inicial, invocando dois ou mais conjuntos de fatos principais.

A cumulação objetiva de causas de pedir verifica-se nos seguintes casos


(retro, 273): (a) alegação de vários fatos heterogêneos (v.g., a inicial imputa
ao cônjuge ter mantido relações sexuais com C – adultério – e ter contado o
fato a D e a E, colegas do marido, chamando-o de corno – injúria grave); (b)
alegação de vários fatos homogêneos (v.g., a inicial imputa ao cônjuge ter
mantido relações sexuais com C e F); (c) a alegação de vários fundamentos
jurídicos (v.g., os encontros reservados do cônjuge, senão adúlteros, ao
menos implicam injúria grave); (d) a alegação de que o mesmo conjunto de
fatos incidiu em duas ou mais regras, produzindo efeitos jurídicos distintos
(v.g., o contato íntimo do cônjuge com C, além de ensejar a separação ou o
divórcio, também produziu dano moral, porque se trata de fato contrário ao
direito ou ilícito).18

1.672. Direito de defesa e razões de fato

As razões de fato mostram-se essenciais à defesa. O réu se defende


contra os fatos narrados na petição inicial e sem descrição hábil, completa,
precisa e coerente da causa de pedir ativa a defesa ficará prejudicada ou
inviável.

Um exemplo demonstra a importância das razões de fato do ponto de vista


da defesa. Almejando a autora A separar-se do réu B, porque este é adúltero,
não basta imputações genéricas e vagas, incumbindo à autora A descrever
em que circunstâncias ocorreu a quebra do dever de fidelidade. Do
contrário, B não poderá negar precisamente (art. 341, caput, primeira parte) o
ilícito conjugal que lhe é atribuído.19

1.673. Razões de direito da demanda

O art. 319, III, contempla o ônus de o autor expor os fundamentos jurídicos


do pedido. Entende-se por tal a alegação de que o fato ou o conjunto de fatos
incidiram no esquema normativo abstrato e ensejam o feito jurídico
pretendido. Os fundamentos jurídicos representam o nexo de congruência
entre a causa petendi e o pedido. Essa natureza avulta na hipótese de o art.
330, § 1.º, III, indicar como vício da petição inicial o fato de o pedido não
decorrer logicamente da narração dos fatos. Assim, (a) na ação em
que A pede a separação (ou o divórcio) de B, porque B encontrou-se
com C no motel X, no dia Y, fundamento jurídico consiste no fato de o
adultério ensejar a dissolução da sociedade conjugal e, se for este o caso, do
vínculo entre os cônjuges; (b) na ação em que A pede o pagamento da
dívida X de B, fundamento jurídico reside no dever de o obrigado restituir a
quantia recebida por mútuo.

Os fundamentos jurídicos exigem correta qualificação do material de fato


apresentado ao órgão judiciário no episódio da vida (Lebensachverhalt). É
avaliação provisória, porém, em virtude do velho aforismo iura novit curia. O
juiz fixará as questões de direito na decisão de saneamento e de organização
do processo (art. 357, VI), norteando o debate das partes.

A muitos profissionais, escassamente inclinados ao cansativo exercício de


compreensão do material de fato e análise da prova documental, a exposição
larga dos fundamentos jurídicos parece mais atrativa, razão por que
conduzem seus melhores esforços nesse sentido, induzidos pela falta de
limites teóricos e práticos à erudição. A rigor, nenhuma citação da doutrina e
dos precedentes mostra-se realmente necessária na petição inicial. E, mais
das vezes, erudição jurídica é contraproducente, pois o juiz tende a passar
adiante os processos mais trabalhosos (a ordem cronológica dos julgamentos,
prevista no art. 12, combate essa tendência natural), na suposição de os atos
postulatórios profusamente ornamentados por citações indicarem
complexidade. Revelando-se singular a causa, concede-se uma ou duas
citações congruentes, no máximo, hauridas de fontes conhecidas e acessíveis
ao órgão judiciário, e o precedente justo. Nada mais. Em geral, o fundamento
jurídico é tão flagrante que dispensa maiores comentários.

§ 340.º Pedido do autor

1.674. Força e efeitos da ação no pedido

Por intermédio do pedido, previsto no art. 319, IV, “com as suas


especificações”, o autor veicula perante o réu a ação material que o veto à
autotutela proibiu-lhe de exercitar no âmbito privado.

O pedido corresponde às forças da ação. É preciso compreender perfeita


e integralmente a classificação das ações pela força e efeitos (retro, 230) para
formular o pedido.

Segundo a classificação da ação pelas forças e efeitos, aqui adotada,


porque explica o fenômeno, o autor A pleiteará ao órgão judiciário: (a)
declaração (v.g., a da existência ou inexistência da união estável com B); (b) a
constituição positiva ou negativa, no todo ou em parte (v.g., a separação de B;
a modificação do valor da retribuição pecuniária mensal na locação mantida
com B); (c) condenação (v.g., de B ao pagamento da dívida X); (d) execução
(v.g., o despejo de B do imóvel locadoX); e (e) mandamento (v.g., a ordem
para o réu B não usar a denominação social da empresa cujo controle
alienara ao autor).

A cada uma dessas forças corresponde um efeito jurídico, proveito,


vantagem, benefício ou utilidade, no plano do direito material,
respectivamente: (a) certeza; (b) estado jurídico novo; (c) título para a
pretensão a executar; (d) intercâmbio patrimonial; ou (e) ordem.

Nenhuma das forças opera isoladamente na demanda. Na realidade, a


ação é um conjunto de eficácias (e de efeitos), em que uma delas desponta
como principal (força), subsistindo as demais em segundo plano (efeitos),
correspondendo força ao bem da vida. Exemplo: na ação em que A pede a
separação de B, o bem da vida consiste na dissolução da sociedade conjugal,
motivo por que a força dessa ação e da respectiva sentença definitiva será
constitutiva negativa; porém, o juiz declara o direito à separação; manda
averbar e inscrever a sentença no registro civil; e condena o réu a prestar
alimentos.

A relação entre força e efeitos impõe duas dimensões à postulação: (a)


pedido imediato, ou força, que consiste na providência reclamada do órgão
judiciário; (b) pedido mediato, ou efeito, que é o bem da vida almejado perante
o réu.

1.675. Efeitos do pedido

O pedido produz os seguintes efeitos: (a) define o valor da causa; (b)


individualiza juntamente com a causa petendi o objeto litigioso, demarcando o
âmbito do futuro julgamento; (c) delimita o alcance máximo da eventual
satisfação antecipada do autor (execução para segurança). Ao invés, o pedido
não delimita ou condiciona as medidas cautelares assecuratórias do objeto
litigioso contra os riscos do seu desaparecimento prematuro.

São três os requisitos da inserção do pedido no processo (retro, 258): (a)


certeza; (b) determinação; (c) congruência.

1.676. Espécies de pedido

Existem seis espécies de pedidos: (a) pedido único (v.g., A pede a


condenação de B ao pagamento da dívida x) e múltiplo (v.g., A pede a
condenação de B ao pagamento da dívida x, oriunda de mútuo, e da dívida y,
originária do preço de compra e venda); (b) pedido determinado (v.g., a
condenação do réu na quantia x) e genérico (nos casos do art. 324, § 1.º, I a
III; v.g., a condenação do réu ao pagamento da quantia que vier a ser
apurada); (c) pedido certo (v.g., A pede a condenação de B ao pagamento da
dívida x) e implícito (v.g., os juros moratórios da dívida x, na verdade pedido
desnecessário, ou inexistente, porque legalmente acrescentado à pretensão);
(d) pedido fixo (v.g., A pede a condenação de B a entregar-lhe o quadro x) e
alternativo (v.g., A pede a condenação de B a entregar-lhe o quadro x ou o
equivalente pecuniário y); (e) pedido simples (v.g., A pede a condenação
de B a entregar-lhe o quadro x) e cominatório (v.g., A pede a condenação
de B a entregar-lhe o quadro x, no prazo x, sob a pena de pagar a multa
de y por dia de atraso); (f) pedido divisível (v.g., A pede a resolução do
negócio x com B, abrangendo as prestações y e z, mas o juiz acolhe em
parte, dissolvendo o negócio quanto à y, mas não quanto à z) e indivisível
(v.g. A pede a separação de B).

Tais espécies apresentam as suas peculiaridades e já receberam análise


no capítulo do objeto litigioso.

1.677. Cumulação de pedidos

Lícito se afigura ao autor, em vez de formular um único pedido, deduzir


vários pedidos perante o réu, sob certas condições (cumulação de pedidos).

O objetivo do autor consistirá no acolhimento de todos conjuntamente ou


no acolhimento de um dentre os pedidos formulados (retro, 278). Existem,
destarte, duas espécies genéricas de cumulação: (a) cumulação em sentido
estrito, ou cumulação própria, abrangendo as hipóteses em que os pedidos,
de ordinário, admitem a procedência simultânea; e (b) a cumulação em
sentido amplo, ou cumulação “imprópria”. No último caso, os riscos
intrínsecos ao uso da via judicial para realizar o alegado direito e obter o bem
da vida, preside a necessidade de o autor indicar vários caminhos para atingir
o resultado almejado, oferecendo termos de alternativa ao órgão judiciário.

A cumulação em sentido estrito, ou cumulação própria, divide-se em duas


classes: (a) cumulação simples (retro, 279.1), em que cada pedido é apto a
constituir objeto litigioso autônomo (v.g., o autor cobra a dívida originária de
um mútuo e a criada por compra e venda), e, assim, “o acolhimento de um
pedido não depende do acolhimento ou da rejeição do outro”;20 (b) cumulação
sucessiva (retro, 279.2), em que a apreciação do segundo pedido subordina-
se ao acolhimento do primeiro pedido (v.g., o autor pede reintegração na
posse de imóvel e, em decorrência do esbulho, perdas e danos pelo período
de privação).

É bem distinto o esquema oferecido ao órgão judiciário na cumulação


imprópria, ou eventual (retro, 279.3). O juiz somente apreciará o segundo
pedido se rejeitar o primeiro (art. 326, caput). Por exemplo, o autor pleiteia a
restituição do bem depositado ou, caso impossível, o equivalente pecuniário.
Os dois pedidos mostram-se incompatíveis entre si, formulados
autonomamente, mas há uma forma de harmonizá-los, in simultaneo
processu, ou na cumulação eventual. O juiz proverá sobre ambos alternativa e
sucessivamente, e, não, simultaneamente. Em última análise, portanto, a
cumulação presta-se para harmonizar pedidos incompatíveis, porque um
exclui o outro (concurso de pretensões).

1.678. Especificações do pedido

O art. 319, IV, aduz a formulação do pedido “com as suas especificações”.


Essa especificação envolve o pedido mediato.

Os efeitos derivados da pretensão do autor perante o réu encontram-se


disciplinados na lei material. Ora, ao autor é lícito pedi-los no todo ou em parte
e, por esse motivo, respeitando a congruência entre o fato ou o conjunto de
fatos e o pedido, cumpre especificá-los.

É o ônus de o autor, portanto, pedir expressamente tudo quanto pretenda


do réu. Exemplo: na ação de A para obter o pagamento da dívida X de B, o
contrato de mútuo prevê juros compensatórios, juros moratórios e cláusula
penal moratória, inexistindo o adimplemento no termo convencionado. Ao
autor cumpre pleitear, explicitamente, o principal e os acessórios (juros
compensatórios e cláusula penal); do contrário, por força do princípio da
congruência, ao juiz não será admissível conceder-lhe esses proveitos.

Por exceção, não se mostra necessário o autor pedir (a) juros moratórios,
ditos juros legais no art. 322, § 1.º; (b) correção monetária; e (c) sucumbência,
incluindo honorários advocatícios, cuja titularidade é do advogado do
vencedor (art. 85, caput, e § 14). São os pedidos ditos implícitos (retro, 262);
na verdade, pedidos inexistentes, mas passíveis de concessão ex officio,
porque acessórios do principal.

1.679. Modificações do pedido


O pedido comporta (a) ampliação; (b) redução; e (c) alteração.21

É lícito ao autor ampliar o pedido originário, acrescentando-lhe outro, mas


antes da citação do réu (art. 329), correndo por sua conta o eventual
acréscimo de despesas (v.g., a expedição do novo mandado de citação do
réu). Os limites do chamado aditamento do pedido são os gerais: antes da
citação, independerá o aditamento do consentimento do réu (art. 329, I), mas,
ao nosso ver, o autor arcará pessoalmente com o encargo das despesas
acrescidas (v.g., expedição de outro mandado de citação); após a citação,
mediante o consentimento do réu (art. 329, II), assegurado o debate em
quinze dias e a produção suplementar de prova; e, após, a decisão de
saneamento, veda-se o aditamento.22 O pedido omitido pode ou não ser
objeto de ação autônoma (infra, 2.150).

A redução do pedido decorre de negócios jurídicos unilaterais (v.g.,


renúncia à parte do pedido) ou bilaterais (v.g., transação parcial) e de outros
eventos (v.g., interposição de apelação parcial).

A alteração do pedido – substituição do pedido originário – pode ocorrer


unilateralmente, antes da citação do réu (art. 329, I), e bilateralmente, após a
citação do réu, mas antes do saneamento do processo (art. 329, II),
assegurando-se ao réu, todavia, a reabertura do prazo de defesa.

§ 341.º Elementos complementares da demanda

1.680. Valor da causa

O bem da vida, proveito, vantagem, benefício ou utilidade (pedido


imediato) tem valor econômico (retro, 1.287). O autor indicará na petição
inicial o valor da causa ou a quantia em dinheiro que expressa semelhante
conteúdo (art. 319, V).

O art. 291 declara que a toda causa corresponderá um valor certo,


independentemente da inexistência de conteúdo econômico imediatamente
mensurável. À luz dessa diretriz, o juiz não admitirá (a) a falta de fixação do
valor da causa e (b) a declaração do autor de que o valor é inestimável.23 No
entanto, a tese de toda pretensão ter conteúdo econômico, ao menos
mediato, revela-se incorreta. Do contrário, o art. 85, § 8.º, não indicaria a
apreciação equitativa do juiz como o caminho da fixação dos honorários nas
causas de “valor inestimável”.24 Logo, o art. 291 torna obrigatório o valor da
causa. A falta de indicação ou a declaração de que o valor é inestimável
tornam a petição inicial defeituosa.

Valor da causa é o do pedido mediato. Os incisos do art. 292 e seus


parágrafos relacionam-se diretamente com as modalidades do pedido, e em
mais de uma hipótese transparece essa equivalência.

O autor indicará o valor da causa em moeda corrente nacional.25 Assim,


impróprio indicar o valor “de alçada”. Este é apenas o valor mínimo sobre o
qual será calculada a taxa judiciária. O autor indicará quantia em dinheiro
superior ou inferior a “alçada”. O uso de escala móvel (v.g., o salário mínimo)
generalizou-se para outras finalidades, a exemplo da determinação da
competência do juizado especial (art. 3.º, I, da Lei 9.099/1995). Não tem
aplicação, entretanto, no art. 22. E a retirada da expressão “em moeda
nacional” do artigo equivalente ao art. 292, no curso do processo legislativo do
CPC de 1973, deveu-se a outro motivo. Suspeitou-se de redundância, porque
forçado o curso da moeda nacional, e outra forma de expressão do valor
econômico jamais poderia ser admitida. Obrigações em moeda de conta (v.g.,
a corrente nos negócios imobiliários, relativa ao custo básico do metro
quadrado na construção civil) ou moeda estrangeira serão convertidas em
moeda nacional do dia do ajuizamento.26 Não há que temer a assunção dos
riscos da valorização posterior, porque incidirá a correção monetária (art. 322,
§ 1.º).

O valor da causa produz vários efeitos processuais, cujo resumo é o


seguinte: (a) base de cálculo da taxa judiciária e das custas iniciais da
distribuição e supervenientes; (b) elemento de determinação da competência
(art. 44); (c) requisito de admissibilidade dos recursos (summa gravaminis), a
teor do art. 34 da Lei 6.830/1980; (d) base de cálculo para sanções
processuais (v.g., art. 77, § 2.º); (e) base de cálculo dos honorários
advocatícios fixados mediante juízo de equidade (art. 85, § 8.º). Tais assuntos
mereceram tópico específico (retro, 1.288).

A ausência e o erro na indicação do valor da causa constituem defeitos


passíveis de correção. No entanto, o controle desse tópico submete-se a
regime heterogêneo. Em princípio, ao juiz incumbe corrigir o valor da
causa, ex officio, nas hipóteses de atribuição legal (art. 292, § 3.º); nos demais
casos, o controle dependerá da iniciativa do réu, na contestação (art. 337, III).
A jurisprudência do STJ inclina-se pela possibilidade de o juiz, ao primeiro
contato com a inicial, determinar a devida correção no item,27 orientação
plenamente aplicável ao NCPC.

O valor atribuído à causa, passando por semelhante crivo, permanece


imutável até a realização do direito consagrado no provimento final. Não
importa que, por força do julgamento, o conteúdo econômico da causa sofra
modificações para maior – e, fatalmente, o valor originário aumentará por
força do acolhimento dos pedidos implícitos (juros, correção e sucumbência).

1.681. Prova das razões de fato

O art. 319, VI, determina ao autor especificar as provas com as quais


pretenderá “demonstrar a verdade dos fatos alegados”.

Por um lado, o inciso institui ônus inútil. A falta de indicação do meio de


prova não inibirá o autor de empregá-lo posteriormente, e a omissão de
qualquer referência a respeito tampouco elimina o direito de provar. Em geral,
a proposição dos meios de prova acontecerá em momento anterior ao do
saneamento do processo (infra, 1.827). Problema distinto, e já solucionado,
consiste na especificação e ulterior omissão da proposição (retro, 1.332).

E, por outro lado, o inciso revela-se flagrantemente incompleto. O autor


tem ônus de produzir a prova documental, desde logo, por força do art.
434, caput. Esse ônus assume particular relevo nos casos em que a função
da prova documental é ad substantiam (v.g., a escritura pública na compra e
venda de imóvel, a teor do art. 108 do CC). Então, o documento é
indispensável (art. 320), exigindo a incidência do art. 321, caput. A falta desta
espécie de documento obsta a presunção de veracidade no caso de o réu não
acudir ao chamamento a juízo (art. 345, III), tornando-se revel, ou abster-se
de impugnar precisamente os fatos articulados na petição inicial (art. 342, II).
E avulta que, em lugar do documento ad substantiam, nenhuma outra prova é
admissível (art. 406). O ônus de o autor produzir a prova documental na etapa
postulatória se deve ao conteúdo ético do processo civil “social”. As partes
têm o dever de dizer a verdade (art. 77, I) e, como se infere do art. 434, caput,
de apresentar a prova mais robusta e persuasiva no ato postulatório principal.

À luz do art. 435, caput, ocorreria preclusão da faculdade de juntar


documentos preexistentes, linha sustentada em outras épocas,28 e, ainda, em
outros ordenamentos.29 Atualmente, o poder de iniciativa concorrente do juiz e
das partes tende a abrandar essa consequência rígida e perniciosa ao
esclarecimento da verdade e à formação idônea da convicção do julgador
(infra, 1.942).

§ 342.º Requerimentos da petição inicial

1.682. Requerimento de citação do réu

Citação é o ato de comunicação através do qual a autoridade judiciária


chama o réu, o executado ou o interessado a juízo, a fim de integrar a relação
processual (art. 238) – menção reveladora da natureza jurídica do processo.

O art. 319 eliminou o ônus de o autor requerer obrigatoriamente a citação


do réu na petição inicial, na consideração de o processo desenvolver-se sob o
impulso oficial (art. 2.º). Assim, o juiz ordenará a citação, ex officio, por uma
das modalidades admissíveis (art. 246), sobrelevando-se a citação eletrônica
das pessoas jurídicas privadas e as de direito público (art. 246, § 1.º),
ressalvada feita às microempresas e empresas de pequeno porte.

Porém, nada impede o autor de requerer a citação e, tratando-se de


pessoa natural, requerer a citação por oficial de justiça, não desejando,
justificadamente, a citação postal (art. 247, V).

Ao processo civil justo e constitucionalmente equilibrado a citação se


afigura essencial. Esse ato visa a dois objetivos: do ponto de vista do autor, a
pretensão processual alcança a esfera jurídica do réu, propiciando a obtenção
do bem da vida validamente; na perspectiva do réu, ensejar-lhe-á o direito
fundamental processual da defesa, tão inerente à pessoa humana que, no
relato bíblico, antecedeu a expulsão do paraíso.

O requerimento eventual da citação do réu agasalha dois ônus


concorrentes a cargo do autor: (a) o ônus de indicar a espécie de citação; e
(b) o ônus de indicar o destinatário da citação.

O art. 246 contempla as modalidades de citação: (a) postal; (b) por oficial
de justiça; (c) pelo escrivão (in faciem); (d) por edital; (e) eletrônica. O regime
não é uniforme.

A citação por edital é modalidade de citação ficta e só cabe nos casos


expressos em lei, avultando as situações previstas no art. 246, I a III, e art.
259, I a III (procedimento edital). Os incs. I e II do art. 246 contemplam duas
hipóteses distintas: (a) citando de identificação impossível (retro, 1.212.1); e
(b) citando de localização impossível (retro, 1.212.2). Ao autor incumbe o
ônus de afirmar que o réu é (a) desconhecido (v.g., o portador atual do título
de crédito transmitido manualmente, a teor do art. 259, II) ou (b) incerto (v.g.,
a identidade dos ocupantes de área invadida na pretensão à reivindicação, a
teor do art. 259, III), na hipótese do art. 246, I; e que o réu se encontra em
lugar desconhecido, incerto ou inacessível (v.g., o réu mudou-se para
endereço desconhecido na cidade de São Paulo). Responderá o autor pela
eventual falsidade dessas afirmativas (art. 258, caput). O juiz verificará os
pressupostos da citação por edital e, se for este o caso, deferirá o
chamamento por essa via.

A citação eletrônica, a citação pelos correios e a citação por oficial de


justiça tornaram-se vias relativamente concorrentes. A citação das pessoas
jurídicas privadas, exceto a das microempresas e das empresas de pequeno
porte (art. 246, § 1.º), e das pessoas jurídicas de direito público (art. 246, §
2.º) realizam-se por via eletrônica, pois essas pessoas têm o ônus de
cadastrarem-se para essa finalidade (arts. 1.050 e 1.051). Em princípio, a
citação pelos correios visa a pessoas naturais, salvo nas hipóteses do art.
247, I a V. Em determinados casos (art. 247, I a IV), o requerimento em
sentido contrário do autor mostrar-se-á supérfluo ou ineficaz, devendo o juiz
ordenar e o escrivão (ou chefe de secretaria) expedir o mandado de citação,
entregando-o ao oficial de justiça. E ao autor se revela lícito, em qualquer
hipótese, optar pela citação por oficial de justiça (art. 247, V).

O poder de direção formal do juiz (art. 139, caput) permite-lhe indeferir a


escolha legítima do autor pela citação por oficial de justiça (art. 247, V), em
detrimento da citação pelos correios, nos casos em que a opção é admissível.
Razões práticas ensejam esse controle. São motivos de indeferimento: a
carência permanente (v.g., os cargos de oficial de justiça encontram-se vagos,
dependendo de concurso) ou eventual (v.g., férias de dois ou mais oficiais de
justiça) de recursos humanos do juízo; o fornecimento do endereço
profissional do citando, porque semelhante dado assegura máximo
rendimento à via postal. Dependerá de decisão expressa e motivada o
indeferimento da opção do autor. Não cabe ao escrivão, ignorando o
requerimento da petição inicial e omisso o juízo de admissibilidade positivo da
petição inicial, por sua conta expedir a carta de citação independentemente do
requerimento do autor.

A citação por meio eletrônico tende a substituir todas as demais com a


progressiva universalização do processo digital – a última fronteira da
“efetividade” do processo civil. Por exemplo, a citação por edital também
ocorrerá no mundo virtual, publicando-se o chamamento nos sítios do TJ ou
do TRF e do CNJ (art. 257, III). Não é impossível o autor dispor do endereço
eletrônico do réu pessoa natural, indicando-o na petição inicial (art. 319,
II), ipso fato, possibilitando essa via. A citação endereçada ao endereço
eletrônico do citando é, todavia, citação real, haja vista a teoria da recepção.

Requerida ou não a citação pelo meio admissível, sem dúvida ao autor


incumbe a indicação do destinatário do ato de chamamento a juízo. Cuidando-
se de pessoa natural, a identificação nominal do réu satisfaz semelhante
ônus; porém, figurando incapaz como parte passiva, toca ao autor identificar a
ele e ao seu representante legal, assinalando o endereço residencial ou
profissional deste, para os efeitos do art. 242, caput. E, no caso da pessoa
jurídica, o autor tem o ônus de identificar e qualificar a pessoa natural que
ocupa o respectivo órgão de representação, segundo a última versão
registrada do contrato e dos estatutos sociais.30

A falta de iniciativa do autor em demandar o réu, executado ou interessado


não pode ser suprida por iniciativa do órgão judiciário, embora geralmente o
seja sem impugnação. O art. 115, parágrafo único, confirma essa diretriz de
política legislativa. Verificando a preterição de litisconsorte obrigatório, ao juiz
só cabe ordenar ao autor requerer a citação do terceiro, sob pena de extinção
do processo. Requerer a citação do terceiro implica o ônus de arcar com as
despesas para a realização das diligências, proclamou o STJ.31 Assim,
desistindo o autor da citação, o juiz extinguirá o processo sem resolução do
mérito.32

1.683. Requerimento de tutela de urgência

A entrega do bem da vida ao autor que tem razão o mais cedo possível, e
do modo mais cabal e completo, constitui aspiração universal. Essa
proposição cativante apresenta dificuldade invencível: só o processo,
queimadas as etapas de postulação e de instrução, permite aquilatar se o
autor tem ou não razão. Seja como for, a diretriz política imprimiu radical
mudança na distribuição do fator temporal intrínseco ao processo. E,
realmente, a própria natureza das coisas impele o autor a alterar a realidade
social, por menor que seja, e ao réu nutrir a esperança de preservar o estado
de fato e o estado de direito. Segundo o modelo constitucional, o impasse
resolver-se-á pela investigação das razões de fato e pela análise percuciente
das razões de direito apresentadas, com participação direta e intensa das
partes, na contradição dialética do processo, e sem restrições à cognição do
juiz. Ocorre que, a par das deficiências profundamente humanas do terceiro
encarregado de formular a regra jurídica concreta no final dessa empresa, o
esquema debita o custo do fator tempo unicamente ao autor. Era preciso
buscar outro ponto de equilíbrio.

A possibilidade de o juiz antecipar os efeitos do pedido, a requerimento do


autor, objeto do art. 273, caput, do CPC de 1973, patrocinou autêntica
revolução no processo civil. O ponto já recebeu análise alhures (retro, 1.401).
Impende apenas assinalar que a tutela de urgência abriga duas espécies de
providências distintas na abertura do procedimento comum (retro, 1.406): (a)
medidas que satisfazem antecipadamente o autor (v.g., o fornecimento de
medicamentos para a pessoa que alega doença e a falta de recursos
financeiros), chamadas de execução para segurança; e (b) medidas que
asseguram a integridade do objeto litigioso (v.g., o sequestro da coisa objeto
de disputa judicial, evitando que sofra danos), chamadas de segurança para
execução. O juiz não se mostrará totalmente diferente à diversidade de
alcance dessas medidas de urgência, e, de resto, postuladas ante causam há
variações do procedimento. Importa muito ao juiz consciencioso sopesar os
efeitos da resolução tomada (v.g., a ordem de demolição do prédio que
ameaça ruína é mais radical do que a ordem de interdição do uso desse
prédio). No entanto, a diferença não condiciona a decisão neste ou naquele
sentido, em virtude da fungibilidade das espécies (retro, 1.412).
Também é possível distribuir os riscos do fator tempo conforme a atitude
do réu na defesa (tutela da evidência). Embora existam casos em que a razão
do autor seja mais do que evidente, ao exame perfunctório da petição inicial,
para efeitos práticos esses casos se afeiçoam à tutela de urgência.

As medidas de urgência, independentemente da espécie, subordinam-se a


dois requisitos comuns, a saber: (a) prognóstico favorável ao acolhimento
do(s) pedido(s); (b) receio de dano ao objeto litigioso (retro, 1.421), e,
conseguintemente, ao resultado útil do processo. É digno de registro o fato de
que os conceitos juridicamente indeterminados empregados em regras
específicas a esse respeito variam um pouco. Substancialmente, todavia,
expressam noções unívocas e aplicáveis à execução para segurança e à
segurança para execução, uniformizadas no art. 300, caput. Essa é a base
comum do princípio da fungibilidade das medidas de urgência.

Entende-se por prognóstico favorável à pretensão processual do autor o


juízo, prima facie, de que será mais plausível acolher o pedido do que rejeitá-
lo, segundo regra de experiência judicial (v.g., a prevalência da tese jurídica
do autor nos tribunais superiores).

Não há necessidade de o autor produzir prova inequívoca idônea a


convencer o juiz da verossimilhança – a certeza, derivada da alegação de
direito evidente, representará excesso e, de resto, constitui meta inalcançável
no processo, em que toda certeza é relativa (art. 504, II) – da alegação do
autor é toda prova (pré-constituída, porque só a ulterior instrução disciplinará
a prova constituenda) suficiente ou hábil para trazer conhecimento a respeito
das alegações de fato.33 Em geral, porém, o autor ministra prova pré-
constituída,34 na forma documental, o que se traduzirá em probabilidade, ou
seja, à preponderância dos motivos convergentes à aceitação de certa
proposição sobre os motivos divergentes.35 Essa probabilidade é que gera o
prognóstico favorável, a ampla possibilidade de prover o mérito a favor do
autor.36 Por exemplo, na ação em que o autor A pede do Estado-
membro B suportar o custo financeiro da cirurgia de alto risco no hospital
privado X, há cópias de exames e de laudos dos médicos assistentes do
autor, demonstrando, quantum satis, o caráter imperioso da intervenção.

A função da prova consiste em trazer conhecimento ao juiz. É o caso da


prova documental no clássico exemplo ministrado nesses domínios: o
promissário comprador pretende, exibindo instrumento particular de promessa
de compra e venda de imóvel, a emissão na posse do objeto do negócio, vez
que despejado do imóvel alugado.

Por outro lado, o receio de dano, apresentado nas regras secundado por
adjetivação dramática – dano irreparável ou de difícil reparação – decorre da
alegação de risco concreto, grave e atual (retro, 1.407.2). É concreto o dano
que não seja hipotético ou subjetivo. Por exemplo, e volvendo ao exemplo da
pretensão do compromissário comprador à emissão na posse do objeto do
pré-contrato, impõe-se a fluência do prazo de desocupação do imóvel
alugado, e, não, a simples possibilidade – inerente à locação dos prédios
urbanos – de o locador pleitear a retomada a qualquer tempo. A notificação do
locador endereçada ao locatário também serve a tal fim. É atual o dano que
se apresenta iminente. Por exemplo, no exemplo em tela, o juiz ordenará a
expedição do mandado de evacuando, não havendo desocupação voluntária.
É grave o dano que retira no todo ou em parte a utilidade do bem da vida. Por
exemplo, o promissário e sua família precisarão acomodar-se,
emergencialmente, na casa de parentes.

Esses dados sumários já permitem divisar que o requerimento das


medidas de urgência impõe ao autor o ônus de alegar e, a mais das vezes,
produzir prova hábil dos respectivos pressupostos. Em geral, o autor abre
capítulo específico para tratar do assunto, compilando razões de fato e razões
de direito; no entanto, algumas frases bem postas já satisfazem o ônus em
muitas situações.

Não há prova pré-constituída em muitas situações. Por exemplo, a


autora A pede o afastamento do réu B, porque sofre ameaças de morte,
todavia não documentadas (v.g., mensagem eletrônica) ou assistidas por
terceiros, salvo por ouvir dizer (testemunha ex auditu) da própria autora. O
caso exige muita sensibilidade do órgão judicial e, na dúvida, parece melhor
afastar o réu B do que assumir o risco.

1.684. Requerimento de citação ou de intimação de terceiro

Em determinados casos, incumbe ao autor requerer a citação ou a


intimação de terceiro na petição inicial, provocando, ou não, a respectiva
intervenção.

Forrando-se ao receio de sucumbir perante o adversário, e visando a


resguardar direito regressivo, legitima-se o autor a postular o chamamento em
garantia de terceiro na petição inicial. É o que dispõe o art. 126, primeira
parte.37 O requerimento da citação do chamado em garantia, ou denunciado
da lide, considerado terceiro, é eventual. A petição inicial constitui o momento
propício para o autor deduzir – de acordo com a tese prevalecente – a
pretensão, in eventum, contra o garante, mas na verdade poderá fazê-lo
posteriormente, ao menos antes da citação do réu (art. 329, I).

A rigor, o chamado em garantia é tão réu quanto o demandado na


pretensão principal. Não há justificativa plausível para tratá-lo como “terceiro”
e o réu como “réu”. O juiz controlará em igual medida a pretensão principal e
a pretensão in eventum, proferindo juízo de admissibilidade positivo ou
negativo. Seja como for, o tratamento de terceiro desaparecerá quando o
chamado em garantia assumir posição definitiva no processo.

Segundo a lógica do entendimento prevalecente, divisando o exercício de


pretensão regressiva pelo chamante, in eventum, e cumulação objetiva de
pretensões por força do chamamento em garantia (retro, 873.1), o conteúdo
da petição inicial atenderá ao exercício simultâneo de duas pretensões contra
pessoas diferentes, in simultaneo processu.

Em razão disso, incumbe ao autor expor a causa de pedir perante o


chamado (v.g., os fatos relativos à transmissão do domínio de C para A) e o
respectivo pedido (v.g., o de que C seja condenado a indenizar A no caso de
êxito do réu B), seguindo o roteiro do art. 329, atendendo o exemplo à
clássica hipótese da responsabilidade por evicção (art. 125, I). Faltando
conteúdo próprio, cumpre ao juiz abrir o prazo de quinze dias (art. 321, caput)
para correções da petição inicial. E, por óbvio, o juiz examinará a
admissibilidade dessa cumulação in eventum, concebendo-se o indeferimento
parcial do ato postulatório do autor.

Em tema de intimação, em primeiro lugar o autor atentará às hipóteses de


intervenção da parte coadjuvante (art. 178). O dever de ordenar a intimação
do Ministério Público é do órgão judiciário, a teor do art. 271, mas nada
impede e, ao contrário, tudo recomenda o autor requerer a intimação,
prevenindo-se contra desatenções. De acordo com a qualidade da parte (v.g.,
o réu não desfruta de capacidade processual plena, hipótese prevista no art.
178, II), ou a natureza do litígio, o ônus caberá ao autor na petição inicial
(retro, 1.048). Em outros ordenamentos, a iniciativa oficial é a regra.38

Em decorrência da eventual execução da medida de urgência porventura


requerida, recaindo constrição patrimonial sobre bens de terceiro, ao autor
incumbe o ônus de requerer a intimação dos titulares de direito real de
garantia (penhor, hipoteca e anticrese), e do usufrutuário, antevendo futura
constrição de bens gravados, a par de outras situações antevistas no art. 799.

1.685. Requerimento do benefício da gratuidade

Do interessado em acudir à via judiciária, o Estado reclama duas ordens


de gastos, porque presta um serviço público oneroso e remunerado, em parte,
por quem participa do processo: (a) necessitará contratar interlocutor
abalizado para dialogar com a autoridade judiciária, que é o advogado, típico
profissional liberal e único titular do monopólio da capacidade postulatória
(retro, 1.016); (b) adiantará as despesas intrínsecas à atividade processual,
pagando, desde logo, os atos de registro e de distribuição, uma das
finalidades da indicação do valor da causa.

Em tese, ponderada análise fixou o princípio que a exigência de


retribuição pecuniária direta e indireta pela atividade processual afigura-se
constitucionalmente equilibrada. Não caberia à sociedade, em especial aos
não litigantes, suportar os custos financeiros dos litígios e demandas alheias.39

Ora, as duas ordens de despesas obrigam ao interessado, antes de


ingressar em juízo para resolver o litígio, avaliar o custo do processo,
chamado sugestivamente de “preço do litígio”,40 e as possibilidades de êxito.
Esse prognóstico evita-lhe, a mais não seja, a irresponsável dissipação dos
recursos necessários à própria sobrevivência e, ainda, gastos acrescidos na
hipótese de insucesso. Eventual sucumbência expõe a parte vencida a
pesados encargos financeiros. Essas despesas defluem da regra da
sucumbência previstas nos arts. 82 e 85. O fato de o Estado taxar (ou poder
taxar) cada ato processual, isoladamente, e exigir pagamento antecipado,
salvo disposição em contrário (v.g., o art. 303, § 1.º) torna a existência de
recursos financeiros suficientes, afinal, expressivo e delicado pressuposto do
acesso à Justiça.41

Parece natural a mitigação ou derrubada desses entraves, a fim de não


tornar a tutela jurídica do Estado inútil à maioria da população – ao menos
para a parcela que interessa: os desprovidos de fortuna e recursos –,
estabelecendo-se mecanismos de apoio e socorro aos menos favorecidos.
Antes de colocar os necessitados em situação material de igualdade no curso
da relação processual, urge lhes fornecer meios mínimos para ingressar na
Justiça, sem embargo da ulterior necessidade de armas técnicas (v.g.,
emprego do melhor experto na sua área de saber na prova pericial),
promovendo o equilíbrio concreto das partes em juízo. Neste sentido, a
gratuidade para os vulneráveis mostra-se inerente à garantia do acesso à
Justiça.42

Em linhas gerais, há duas vias principais para litigar sem gastos: (a) a
assistência judiciária prestada diretamente por órgão estatal de advocacia
pública,43 órgão especialmente instituído para essa finalidade – Defensoria
Pública – e encarregado de aquilatar, interna corporis, os pressupostos
materiais da concessão desse benefício; e (b) o benefício da gratuidade,
concedido individualmente na causa, isentando o beneficiário do dever de
antecipar as despesas processuais e do pagamento do próprio advogado –
em termos, porque admissível o pacto de quota litis (retro, 670.1.2) –, todavia
da sua escolha e integrante da advocacia privada.

Por sua natureza, à petição inicial no procedimento comum importa só o


benefício da gratuidade. A representação técnica do vulnerável pelo órgão da
Defensoria Pública constitui assunto estranho ao controle judiciário no curso
do processo.

O benefício da gratuidade será concedido a pessoa que alegar a falta de


recursos financeiros (art. 99), presumindo-se a vulnerabilidade da pessoa
natural (art. 99, § 3.º). Far-se-á essa postulação em petição escrita,
endereçada ao órgão judiciário competente para processar a causa, na
primeira oportunidade. Almejando o autor litigar sem gastos, realizará a
alegação e requererá o benefício em capítulo autônomo e destacado da
petição inicial.

A jurisprudência do STJ reafirmou a subsistência do benefício da


gratuidade após a organização da Defensoria Pública, assentando o seguinte:
“a simples declaração firmada pela parte que requer o benefício da
assistência judiciária, dizendo-se ‘pobre nos termos da lei’, desprovida de
recursos para arcar com as despesas do processo e com o pagamento de
honorários de advogado, é, na medida em que dotada de presunção iuris
tantum de veracidade, suficiente à concessão do benefício legal”.44

À luz da inequívoca distinção entre assistência judiciária, contemplada no


art. 5.º, LXXIV, da CF/1988, e o benefício da gratuidade, este independerá de
prova da impossibilidade de a parte arcar com as despesas do processo sem
prejuízo do sustento próprio e da família.45 A regra constitucional apresenta
sentido unívoco: o Estado prestará assistência jurídica somente aos que
comprovarem a necessidade desse serviço estatal. Talvez seja possível, no
âmbito administrativo, relevar tal prova e acreditar nas alegações dos
interessados.46 Os miseráveis evidentes procuram, diariamente, os órgãos da
Defensoria Pública e seu estado geral de penúria constitui prova bastante.
Porém, jamais padeceria de inconstitucionalidade a lei que, regulando a
assistência jurídica, indicasse as provas necessárias à verificação desse
estado.

A evolução legislativa clareia o fundamento da desnecessidade de prova


pré-constituída da equação: receita – menos despesa = impossibilidade de
arcar com as despesas do processo. O art. 72 do CPC de 1939 exigia do
requerente do benefício menção ao “rendimento ou vencimentos que percebe
e os seus encargos pessoais e de família”, acompanhada de atestado de
pobreza expedido pelo serviço de assistência social (art. 74 do CPC de 1939).
Não era diferente a redação primitiva do art. 4.º da Lei 1.060/1950. O art. 2.º,
§ 1.º, da Lei 5.478/1968 estabeleceu a necessidade de simples afirmativa do
autor, quanto à impossibilidade de suportar as despesas do processo,
defluindo a redação neste sentido da Lei 7.510/1986.

Por conseguinte, o autor não necessita ministrar qualquer prova da sua


alegação (v.g., atestado de pobreza; declaração de rendimentos apresentada
à Receita Federal) e, à vista do art. 99, caput, muito menos a declaração de
hipossuficiência, para a qual o art. 105, caput, reclama a outorga de poderes
especiais (art. 105,caput). Presume-se verdadeira a alegação nesse sentido
proveniente da pessoa natural (art. 99, § 3.º). À semelhança de outras
presunções relativas, entretanto, esta também traduz regra especial de
distribuição do ônus da prova: à parte contrária revela-se lícito produzir prova
da existência de recursos suficientes.

Esse ponto já suscitava controvérsia no regime anterior ao da mera


alegação. Por um lado, tomava-se a disposição ao pé da letra, asseverando
que nada impediria ao requerente juntar “documentos comprobatórios do que
alegar, a fim de evitar que as declarações sejam havidas como graciosas,
obrigando a delonga de provas em caso de impugnação ou dúvida”.47 Em
sentido contrário, argumentava-se que a simples alegação da parte ensejaria
abusos, razão pela qual a parte deveria “atestar por documento ou prova em
que se mencione a soma de seus rendimentos, para que, com confronto com
os encargos alegados, se verifique a realidade da situação”.48 Nessa linha de
raciocínio, o antigo atestado de pobreza confirmaria os fatos expostos na
petição, não dispensando esclarecimentos adicionais, e, de qualquer modo,
seu alcance é limitado, pois, repelindo a lei a miserabilidade, “o atestado que
surgir será meramente gracioso”.49

O (revogado pelo art. 1.072, III, do NCPC) art. 4.º, caput, da Lei
1.060/1950 presentou “autêntico processo evolutivo, no sentido de facilitar as
coisas para o interessado na concessão do benefício”.50 Verdade que o
sistema apresenta sério inconveniente. O réu ficará em situação deveras
aflitiva, porque é muito difícil, a mais das vezes, e na imensa maioria dos
litígios civis, a parte contrária reunir prova hábil da equação entre receita e
despesa que gera a figura do “necessitado”. Enfraqueceu-se, em suma, o
controle judiciário a tal respeito, e, no NCPC, baseia-se em indícios (art. 99, §
2.º). A rigor, a concessão do benefício é automática, e, na prática,
simultaneamente irreversível, vedada apenas a iniciativa oficial. Assim,
compete ao autor requerer o benefício da gratuidade na petição inicial,
destacando a alegação pertinente.

Tal não significa que a matéria seja naturalmente imune ao controle


judiciário. Lícito se afigura ao juiz, cônscio dos deveres e das
responsabilidades do cargo, intuindo desarrazoada a postulação, em virtude
de regra de experiência comum (art. 375), investigar mais detidamente a
situação do autor (art. 99, § 2.º). Não parece possível admitir sem reflexão o
requerimento de gratuidade de próspero profissional liberal, ostentando
elevado padrão de vida, revelado pela prática notória de esportes
dispendiosos (v.g., equitação), pelo círculo social cultivado e no qual a esposa
desponta de forma proeminente, e pela contratação de renomado advogado
na área, escassamente propenso a trabalhar gratuitamente para vulneráveis.
Nessa situação, “havendo dúvida da veracidade das alegações do
beneficiário, nada impede que o magistrado ordene a comprovação do estado
de miserabilidade, a fim de avaliar as condições para o deferimento ou não da
assistência judiciária”.51

Também as pessoas jurídicas podem valer-se do benefício da gratuidade.


No entanto, presumindo-se a vulnerabilidade só das pessoas naturais (art. 99,
§ 3.º), incumbirá ao autor ministrar prova hábil.

§ 343.º Instrução da petição inicial

1.688. Documentação da demanda

A petição inicial constitui ato postulatório privativo do autor, subordinando-


se, porque ato processual como qualquer outro, aos requisitos formais
comuns. É documento escrito, independentemente do suporte físico (papel)
ou virtual – imperativo que seja estável e perene (art. 195) –, redigido no
idioma nacional (retro, 1.105), propiciando a formação dos autos pelo escrivão
ou chefe de secretaria (retro, 1.130), devendo ser datado (retro, 1.488) e
autenticado (retro, 1.489) pela assinatura do(s) advogado(s)
signatário(s).52 Esta subscrição será eletrônica ou física. A assinatura
empresta certeza à autoria da petição inicial (art. 410, I) e, havendo
certificação digital, fé pública (art. 411, II). Em alguns casos, a delicadeza da
matéria do litígio e a dúvida do advogado quanto à veracidade das alegações
feitas, segundo as informações do cliente, recomendam a coleta da assinatura
da parte no fecho da inicial, pressupondo-se, então, assentimento do
representado com os respectivos dizeres.

A entrega da petição inicial transforma documento inicialmente privado


(projeto de petição inicial) em documento público.53 É o momento em que a
petição inicial enquanto tal, e tecnicamente ato processual em sentido estrito
(retro, 1.088), ingressa no mundo jurídico.

Não há limites à extensão, a priori, do documento. Os recursos da era da


informática aumentaram a extensão (e a limpeza: desapareceram os borrões
e as rasuras) do texto dos atos postulatórios das partes. Não custa recortar e
copiar trechos de outros trabalhos. Por vezes, vozes influentes alteiam-se na
exortação da advocacia pública e privada, convidando ao comedimento,
senão à franca contenção da verborreia. É preocupação antiga e, no direito
francês do início do século XX, “requêtes trop volumineuses” eram
financeiramente onerosas.54

Tais medidas são inúteis no processo predominantemente escrito e


deveriam ser esquecidas. Traduzem esforços fadados ao insucesso: (a) o
estilo é a pessoa e há advogados prolixos; (b) nem sempre a concisão
esclarece o complexo ou a prolixidade obscurece o correto. E mais interessa
ao órgão judiciário, facilitando-lhe a leitura e a compreensão das postulações,
que à defesa das partes em juízo. O controle a priori só funciona no modelo
oral (v.g., o tempo de debates, fixado no art. 364, caput).
O autor tem o ônus de documentar eficientemente a petição inicial. Assim,
o art. 320 determina ao autor instruir a petição inicial com os documentos
indispensáveis à propositura da ação. A interpretação do dispositivo
equivalente, no direito anterior, recebeu a influência deletéria do art.
159, caput, do CPC de 1939, inculcada no inconsciente, cuja redação era
completamente diferente, exigindo a apresentação dos documentos “em que o
autor fundar o pedido”. A rubrica abrangeria duas espécies de documentos:
(a) fundamentais, destinados à prova das alegações de fato; (b) substanciais,
relativos ao exercício da ação.55

Ora, o ônus de produzir a prova documental juntamente com a petição


deriva do art. 434, caput. Esta disposição abrange documentos cuja função
seja ad substantiam, hipótese em que nenhum outro meio de prova revela-se
admissível, a teor do art. 306, exceto para demonstrar a perda do instrumento
preexistente (infra, 1.921). O sistema da lei processual brasileira onera o autor
com o ônus de inaugurar o processo produzindo prova documental e, por
assim dizer, exibindo suas cartas desde logo. Essa abertura épica
desestimula o réu a negar fatos provados documentalmente. Ao réu
incumbirá, desejando afastar o julgamento antecipado do mérito (art. 355, I),
abstraído o caso de inadmissibilidade da prova documental (art. 435, I), por
ilicitude, contestar a autenticidade, arguindo-lhe, ou não, a falsidade, e
manifestar-se sobre contexto (art. 436, II a IV). Assumirá, a mais das vezes, o
ônus de produzir contraprova, único meio eficiente de obstar o julgamento
antecipado previsto no art. 355, I. A impugnação de fato direta (retro, 330) –
conteúdo mínimo eficiente da contestação – transforma os pontos de fato em
questões de fato, mas a prova documental produzida, não sendo contestada
de forma hábil, normalmente ensejará o acolhimento do pedido.

Não parece plausível supor redundância no art. 320. Os documentos


indispensáveis à propositura da ação, objeto de disposição situada no
conjunto dos requisitos formais da petição inicial, são unicamente os que
importam à formação do processo ou – a fórmula suscita reparos, mas é
sugestiva – cuja falta impede o juízo de mérito.56 A disposição corresponde ao
art. 264 da Ley de Enjuiciamiento Civil espanhola, de 2002, que contempla:
(a) a procuração por instrumento público, salvo se os poderes são
conferidos apud acta; (b) os documentos comprobatórios da representação
que o litigante se atribui ou atribuiu ao adversário (v.g., cópia do ato de
investidura do síndico, figurando como parte Massa Falida); e (c) os
documentos e os laudos que comprovem o valor da coisa litigiosa, para efeito
de procedimento e de competência.57 Dos documentos que demonstram as
“condiciones de fondo” ocupa-se o art. 265 da Ley de Enjuiciamiento Civil.58

São numerosos os documentos integrantes da rubrica legal. Reunidos


pelo advogado do autor, raramente chegam aos autos os originais. A difusão
das técnicas de reprodução por imagens (reprografia), dispensada a
conferência do escrivão (art. 425) e presumindo-se a autenticidade, salvo
impugnação motivada e prova em contrário, propicia a produção de cópias.
Respeitam (a) à representação técnica (v.g., procuração);59 (b) à capacidade
processual (v.g., certidão de casamento ou de óbito);60 e (c) aos pressupostos
processuais objetivos extrínsecos.

Documento indispensável à “propositura da ação” é, inicialmente, a


procuração outorgada pelo autor, sem a qual o advogado não pode postular
em juízo, salvo nos casos de urgência, e, ainda assim, com o ônus de exibi-la
no prazo automático de quinze dias (art. 104), prorrogável, ope judicis, por
mais quinze dias (art. 104, § 1.º). Esse documento respeita à regularidade da
representação técnica.

A capacidade processual também exige a produção de documentos.


Tratando-se, por exemplo, de pessoa jurídica, cumpre ao autor provar,
documentalmente, a outorga dos poderes de representação técnica (art. 105)
pelo órgão adequado da empresa (representação orgânica). Daí o ônus de
juntar os estatutos ou o contrato social, bem como a ata de eleição das
pessoas naturais investidas nesses órgãos. E, figurando como réu pessoa
jurídica, o autor tem ônus de indicar o órgão de representação orgânica
legitimado a receber a citação inicial, produzindo com a inicial os documentos
hábeis a esclarecer esse ponto, salvo no caso da citação eletrônica (art. 246,
§ 1.º). As pessoas naturais absoluta ou relativamente incapazes,
representadas e assistidas em juízo, anexarão à inicial prova documental da
habilitação do representante (v.g., investidura do tutor ou do curador), e, por
sua vez, figurando tais pessoas na posição de réu, cabe ao autor indicar
esses representantes. E, por fim, cuidando-se de entes despersonalizados, a
exemplo do condomínio, comprovar-se-á a capacidade processual pelo ato de
investidura da pessoa natural indicada para representar o condomínio em
juízo (v.g., a prova da convenção, registrada ou não, e da ata de eleição do
síndico).

Em alguns casos, conforme a classificação já explicada (retro, 81), há


pressupostos objetivos extrínsecos à admissibilidade da demanda, exigindo
que o autor preste caução ou realize outra prestação em proveito do réu ou do
juízo. Por exemplo: (a) a cautio pro litis expensis, prevista no art. 83; (b) o
prévio pagamento das despesas processuais e dos honorários advocatícios
do processo anterior, pretendendo o autor renovar a pretensão extinta sem
resolução do mérito (art. 486, § 2.º, c/c art. 92); (c) o depósito prévio, a título
de multa eventual, na hipótese de a ação rescisória ser julgada improcedente
ou inadmissível, imposto pelo art. 968, II, cuja ausência importa o
indeferimento da petição inicial, a teor do art. 968, § 3.º.

Essas prestações preparatórias da propositura da ação já receberam


análise (retro, 326). O art. 337, XII, alude à falta desses pressupostos, objeto
de preliminar na contestação do réu. Importa sublinhar, aqui, o ônus de
documentar eficientemente a petição inicial com a prova do pagamento
dessas prestações.

A falta de documentação da petição inicial, no concernente à produção


desses documentos indispensáveis ao desenvolvimento válido do processo,
ensejará pronta intervenção do juiz, mandando completar a petição inicial, no
prazo do art. 321, caput. O art. 320 é objeto de remissão explícita no art.
321, caput, para essa finalidade. As consequências do descumprimento do
prazo são as do art. 76, § 1.º, I, c/c art. 330, IV, in fine. A falta de
documentação é vício suprível. Se o autor ainda não depositou o valor da
sucumbência anterior (art. 486, § 2.º), por exemplo, poderá fazê-lo na
quinzena, evitando a extinção prematura do processo.

1.687. Duplicação da petição inicial


Das regras atinentes à citação entende-se que toca ao autor o ônus de
entregar a petição inicial no ofício competente em tantas cópias quantas
forem os réus. Essas vias suplementares, chamadas no direito português de
duplicados legais,61 acompanharão o mandado de citação (art. 250, V) e a
carta de citação (art. 248,caput: “(…) remeterá ao citando cópias da petição
inicial (…)”). Não está claro se, além da petição em si, os duplicados
abrangem os anexos da inicial, mas esse é o costume.

A exigência de outro duplicado para a formação dos autos suplementares


caiu em desuso (retro, 1.111).

Os duplicados legais não integram os autos. Ficam provisoriamente


presos ao volume inicial até a emissão do juízo positivo de admissibilidade.

A omissão da providência inviabiliza a citação pelos correios e por oficial


de justiça. Em tal contingência, ou o escrivão certifica o fato e o juiz manda o
autor duplicar a petição inicial, ou o escrivão convoca o autor, por sua
iniciativa, independentemente de despacho (art. 203, § 4.º). Se o autor
desfruta da gratuidade da justiça, as cópias são tiradas pelo setor competente
e por conta do órgão judiciário.

§ 344.º Distribuição da petição inicial

1.688. Entrega da demanda

A demanda ingressa no mundo jurídico com a respectiva entrega no ofício


judicial. A esse ato chama-se protocolo (art. 312). O interessado necessita
localizar a sede do juízo, dirigir-se a semelhante local, ou a outro em que seja
possível praticar o ato material, em muitas seções judiciárias da Justiça
Federal e comarcas da Justiça Comum descentralizados, basicamente
postando-se no balcão do ofício da distribuição.

O feito será registrado (retro, 1.268) e, onde houver pluralidade de órgãos


judiciários, vinculados ao mesmo ou a diferentes escrivães, previamente
distribuído (art. 284), paritária e alternadamente (art. 285). Dependendo da
organização judiciária, como se infere do art. 150, podem existir mais de um
ofício, na mesma vara, ocupados por dois ou mais escrivães, ou dois ou mais
juízos, atendidos por um só escrivão, ou, simplesmente, pluralidade de varas,
cada qual com o seu juízo e escrivão. É comum, explorando de maneira
intensa a lotação da vara, levando os servidores ao máximo, atribuir dois
órgãos judiciários a cada escrivão.

À distribuição paritária, aleatória e alternada afigura-se indispensável a


pluralidade de juízos com unidade de atribuições.62 Reparte-se a massa de
lides entre iguais. Se há diferenças na atribuição de cada juízo – por exemplo,
na mesma comarca há dois juízos, cada qual com o seu escrivão, mas a
competência do primeiro é cível e a do segundo, criminal –, não se reparte e
atribui, como sugere o étimo da palavra “distribuição”.63 Em tal hipótese,
encaminhar-se-á o feito, com a anotação necessária, ao único juízo
competente em razão da matéria.

A distribuição revela-se obrigatória no caso de pluralidade de juízos ou de


ofícios judiciais com dois ou mais juízos. A distribuição impossibilita a parte de
escolher o juiz. É ilegal e abusivo despachar “com o juiz que se quer, e levar-
se ao distribuidor, pondo esse os autos em ordem tal que satisfaça às partes
e aos advogados”.64

O ato do juiz que, não se configurando os casos de dependência (art.


286), ordenar para si a distribuição de determinado feito, comportará
correção, nos termos do art. 286, a qualquer tempo, ex officio ou a
requerimento do réu, eventualmente através de reclamação aos órgãos
correcionais da magistratura.

A distribuição é ato do auxiliar do juiz (distribuidor). Em virtude da sua


superlativa importância, tal ato é fiscalizado por um juiz predeterminado, em
geral o diretor do foro, que tem os poderes de corrigir o erro e suprir a falta de
distribuição.65 Também poderá o ato ser fiscalizado pela parte ou por seu
procurador, razão por que a inicial será acompanhada da procuração,
proibindo-se a distribuição na sua falta (art. 287, caput), salvo as exceções
legais (art. 287, parágrafo único). Conforme já se assinalou no item próprio
(retro, 900), a fiscalização é impossível na prática, porque processa-se a
distribuição eletronicamente, constituindo o mecanismo insondável caixa
preta. Resta confiar cegamente na ausência de manipulação do sistema
fechado aos olhos dos profanos e jamais auditado de forma independente.

1.688.1. Espécies de distribuição – Existem duas espécies de distribuição:


(a) autônoma; e (b) por dependência.

A distribuição autônoma implica escolha aleatória do juízo competente


dentre os de competência concorrente. A distribuição por dependência pré-
exclui o sorteio, havendo predeterminação legal do juízo competente (art.
286). Logo, nesse caso inexiste autêntica distribuição. Registrado o feito,
encaminha-se a petição inicial e seus anexos ao escrivão, que passará a
autuá-la e, se for este o caso, submetê-la ao juiz. A distribuição por
dependência há de ser excepcional, conforme decidiu o STJ: “A distribuição
da causa por dependência somente se dá nos casos autorizados por lei, sob
pena de agressão ao princípio do juiz natural, um dos pilares do due process
of law, devendo ser coibida com rigor qualquer praxe viciosa em contrário”.66

São casos implícitos de distribuição por dependência no procedimento


comum: (a) da ação acessória (art. 61); (b) da reconvenção, da intervenção
de terceiros (v.g., o incidente de desconsideração da personalidade jurídica,
caso em que a instauração do incidente será “imediatamente comunicada ao
distribuidor para as anotações devidas”, reza o art. 134, § 1.º). Tal assunto
recebeu análise no capítulo da competência.

Explicitamente, o art. 286, I a III, prevê as seguintes hipóteses: (a) por


força de conexão ou de continência (retro, 302); (b) por força do direito
fundamental processual ao juízo natural (retro, 1.278.2.2); (c) por força da
possibilidade de pronunciamentos divergentes e contraditórios, inclusive no
caso de litispendência (retro, 1.278.2.3). É indispensável consultar os itens
referidos. O registro complementar pertinente consiste em recordar que a
conexão (ou vínculo entre pretensões processuais diferentes) tem
abrangência larga e não se limita às enumeradas no art. 55, caput.67
1.688.2. Correção da distribuição – Às partes se afigura lícito reclamar
contra dois defeitos típicos da distribuição: (a) o erro, em geral mais visível na
infração à regra da dependência (art. 286, I a III), mas igualmente concebível
no caso de infração à alternância (retro, 1.274.2); e (b) a falta, consistente na
avocação ilegal de certo feito por um juiz.

Em princípio, a iniciativa incumbe ao réu (infra, 1.688.2), surpreendido com


a afetação do processo a um juízo que, pela ordem legal, jamais receberia o
processo. É meio de defesa. Nada obsta ao autor, havendo anotado motivo
de prevenção, de seu turno apresente reclamação. Cuida-se de incidente
típico (retro, 1.284), previsto no art. 288, cujo prazo de suscitação é de cinco
dias (art. 218, § 3.º), e cuja resolução compete ao juiz diretor do foro –
existindo mais de um juízo, ou não, há um diretor com as atribuições fixadas
na lei de organização judiciária. A decisão do incidente não rende, porém,
agravo, devendo ser objeto de reclamação administrativa ao órgão ad quem,
na forma prescrita na lei de organização judiciária.

O erro e a falta de distribuição corrigem-se através da compensação (art.


288). O processo ingressou em determinado juízo, confiado ao respectivo
escrivão ou chefe de secretaria, mas transferir-se-á a outro juízo ou ofício
judicial prejudicado, uma vez realizados os devidos registros. O expediente
rende homenagem ao princípio do juiz natural. Por exemplo, havendo excesso
(v.g., o juízo A recebeu dois processos, em lugar de um, beneficiando o
juízo B), retira-se o juízo prejudicado da próxima distribuição, a fim de obter a
equivalência. O processo erroneamente distribuído não vai para juízo que,
originalmente, deveria receber o processo.68

Essa medida não comporta maiores generalizações. Nos casos em que


ocorreu violação à distribuição por dependência (art. 286), de rigor remeter-se
o processo ao juízo prevento – e, nos tribunais, a fortiori, ao relator vinculado
–, passando outro a tomar-lhe o lugar. É o único modo de evitar as
consequências indesejáveis eliminadas através da junção do processo
posterior ao processo pendente. Por exemplo, a reunião da segunda causa
idêntica à primeira no juízo prevento (art. 286, III) evita a emissão de
provimentos contraditórios, ensejando a extinção do segundo processo por
força da litispendência. E, sobretudo, atentar-se-á ao princípio do juiz natural:
a parte tem o direito de ver processada e julgada a causa pelo juiz a quem
caberia jurisdicionar por força de regras gerais previamente fixadas.69 Por
exceção, como no caso do excesso de distribuição, e porque à parte se
mostra indiferente ver julgada pelo juízo A ou pelo juízo B, há compensação
sem saída do processo mal distribuído.

Tecnicamente, as operações de compensação, cuidando-se de número


expressivo de processos, mostram-se complexas e demoradas. É preciso
respeitar as classes e subclasses do(s) processo(s) subtraído(s) a
determinado juízo, até que se atinja a igualdade.

1.688.3. Modificação da distribuição – A distribuição não é imune a


eventos posteriores, exigindo-lhe modificações. Caso evidente é o da
supressão do órgão judiciário por lei superveniente. Além dessa hipótese, o
ingresso do sujeito federal na causa pendente na Justiça Comum implica o
automático deslocamento da competência para órgão da Justiça Federal (art.
45, caput), competindo a este privativamente aquilatar a admissibilidade da
intervenção. Indeferido o ingresso do sujeito federal, ou se houver exclusão
do processo, por qualquer motivo, restituir-se-á os autos ao juízo original, sem
a suscitação de conflito (art. 45, § 3.º).

1.689. Pagamento das despesas iniciais

O registro e a distribuição da petição inicial estabelecem o ônus de o autor


pagar as despesas iniciais do processo, ressalva feita ao caso de o autor
desfrutar da assistência judiciária, sendo representado por Defensor Público,
ou requerer o benefício da gratuidade (retro, 744 e 1.247).

A atividade jurisdicional onera financeiramente o usuário. E o Estado não


se dispõe a prestá-la sem adiantamento parcial, e em espécie, das despesas
iniciais. É comum cobrar um valor variável, chamado de taxa judiciária –
natureza controversa na perspectiva tributária –, mas submetido a piso e teto
fixos, e custas dos próprios atos de registro e de distribuição.

Esse pagamento, entretanto, não precisa ser imediato. Dispõe o art. 290
que, deixando o autor de atender ao custo financeiro inicial do processo, a
parte será intimada na pessoa do advogado (no endereço eletrônico
constante da procuração, conforme o art. 287, caput), para o pagamento das
custas e despesas de ingresso em juízo no prazo de quinze dias. A insípida
regra suscitava controvérsias surpreendentes no direito anterior.

O registro e a distribuição, em si, não dependem de preparo imediato.


Recebida a petição inicial, cumpre ao distribuidor desincumbir-se dos atos do
seu ofício. Por definição, o cancelamento pressupõe que a distribuição haja
sido feita. O direito anterior autorizava o distribuidor a abster-se dos atos de
registro e de distribuição, apresentando-se a petição inicial desacompanhada
de procuração, fora das hipóteses legais, atualmente previstas no art. 287,
parágrafo único. Em outros ordenamentos, como o português, a secretaria do
órgão judiciário pode rejeitar petições desprovidas, à primeira vista, dos
caracteres formais; por conseguinte, a disposição anterior não era insólita. O
caráter compulsório da distribuição, haja ou não o pagamento prévio das
despesas iniciais, resulta enfatizado através do contraste com o art. 51 do
CPC de 1939. Tal disposição impedia, realmente, a distribuição, e, ainda,
responsabilizava o distribuidor administrativamente em casos tais, inexistindo
prova do pagamento, no mínimo, da metade da taxa judiciária, salvo o
benefício da gratuidade.70 O art. 290 harmoniza-se melhor com o direito
fundamental processual de acesso à Justiça (retro, 120).

O mais comum é o preparo realizar-se imediatamente, no ato material de


entrega da petição inicial na sede do juízo, ou mesmo antes disso, através de
pagamento eletrônico. Elimina-se, então, a incidência do art. 290.

Ficou sem solução o caso de a petição inicial chegar ao distribuidor


desacompanhada de procuração, inviabilizando a intimação eletrônica. Em tal
conjuntura, o distribuidor localizará o endereço do advogado no cadastro da
OAB, se outro não constar da petição, e providenciará a intimação por um dos
meios legalmente admissíveis.

O art. 290 aplica-se, ordinariamente, em situações mais triviais. Por


exemplo, o distribuidor recebe a petição pelos correios, ou, simplesmente, o
interessado entrega a peça no distribuidor e, antes que seja cobrado, retira-se
da sede do juízo. Embora não seja impossível o distribuidor devolver a petição
inicial, por via postal, endereçando a carta com aviso de recebimento para o
endereço do autor declinado na inicial, quer o art. 290 que faça, a despeito da
falta de pagamento, o registro e a distribuição.

Realizados os atos de registro e de distribuição, providenciar-se-á a


intimação do advogado, inexistindo fluência automática do prazo como no
direito anterior.71Não se aplica à espécie o art. 485, § 1.º, conforme decidiu o
STJ.72

Decorrido o prazo de quinze dias, naturalmente anterior a qualquer


movimentação do processo, o juiz ordenará o cancelamento da distribuição e
o arquivamento dos autos. Tal ato significa a extinção do processo sem
julgamento do mérito.73 Vale a diretriz para a reconvenção.74 O pagamento
dentro do prazo, mas comprovado posteriormente, não importa o
cancelamento da distribuição.75

Ocorrendo deslocamento de competência (v.g., da Justiça Comum para a


Justiça Federal), e, conseguintemente, modificação na distribuição (retro,
1.688.3), eventuais diferenças devem ser recolhidas após a intimação da
parte.76 Na hipótese, inexiste ausência de preparo, mas insuficiência.

A despeito da falta de preparo inicial, se a demanda tramitar normalmente


ficará pré-excluído o cancelamento da distribuição. O estágio adiantado do
processo não recomenda semelhante desfecho radical. Decidiu o STJ: “Se o
processo está na fase de réplica, a distribuição já não pode ser cancelada por
falta de preparo, porque essa providência, de natureza administrativa, só pode
ser tomada quando caracterizado o abandono antes do seu
processamento”.77 Por óbvio, recusando a parte antecipar as despesas do
processo, conforme estabelece o art. 82, e não desfrutando do benefício da
gratuidade, o processo não continuará normalmente. Chegará determinado
ponto que, não promovendo o autor os atos e as diligências que lhe
incumbem, caracterizar-se-á o abandono previsto no art. 485, III. Em tal
contingência, a extinção ocorrerá após a intimação pessoal, consoante o art.
485, § 1.º. Não soa razoável, na conjuntura, dar por superada a questão
relativa ao pagamento da taxa judiciária e das custas, remetendo os credores,
respectivamente a Fazenda Pública e o servidor, à via executiva, aquela
inscrevendo a dívida, este valendo-se do art. 515, V.

Capítulo 75. PROVIMENTO LIMINAR


SUMÁRIO: § 345.º Objeto do provimento liminar – 1.690. Fundamento do
provimento liminar – 1.691. Objeto do provimento liminar – 1.692. Natureza do
provimento liminar – § 346.º Provimento liminar preparatório – 1.693.
Correção da petição inicial – 1.693.1. Petição inicial incompleta – 1.693.2.
Petição inicial defeituosa – 1.694. Adaptação da petição inicial – § 347.º
Provimento liminar positivo – 1.695. Conteúdo do provimento liminar positivo –
1.696. Vinculação ao provimento liminar positivo – 1.697. Efeitos do
provimento liminar positivo – § 348.º Provimento liminar negativo – 1.698.
Indeferimento da petição inicial – 1.698.1. Condições do indeferimento da
petição inicial – 1.698.2. Casos de indeferimento da petição inicial – 1.698.3.
Efeitos do indeferimento da petição inicial – 1.699. Improcedência liminar do
pedido – 1.699.1 Condições da improcedência liminar do pedido – 1.699.2
Efeitos da improcedência liminar do pedido.

§ 345.º Objeto do provimento liminar

1.690. Fundamento do provimento liminar

Distribuída a petição inicial, por intermédio da entrega da demanda e do


protocolo no ofício judicial, forma-se a relação processual. O escrivão autuará
a petição inicial (art. 206) e, em seguida, fará os autos conclusos ao juiz.

O juiz tem o dever de despachar a petição inicial que lhe é apresentada


pela parte na sede do juízo (retro, 1.140) e durante o expediente forense
(retro, 1.135.1).1

Fora desse lugar e desse horário, o dever de despachar exige um requisito


suplementar: a urgência do provimento. Em todo o juízo no território brasileiro
há serviço de plantão para esses casos (retro, 1.136.3).

Em tal primeiro contato, o juiz exercerá controle da regularidade da petição


inicial e, mais amplamente, juízo sobre a admissibilidade da pretensão
processual. Razões de economia determinam essa atividade inicial de
controle. Não convém dar curso à ação manifestamente inviável, ou cuja
inicial apresente defeitos capazes de impedir ou de dificultar o futuro juízo
sobre o mérito.

O objeto desse provimento liminar envolve basicamente as questões


dadas ao juiz conhecer por dever do seu ofício. O sentido do provimento
liminar era duplo na versão originária do CPC de 1973: ou (a) o deferimento
da petição inicial, ordenando o juiz a citação do réu; ou (b) o indeferimento da
petição inicial, mediante a emissão de sentença terminativa (art. 330 c/c art.
485, I). Esse esquema já abrigava notória exceção: a pronúncia da
decadência e da prescrição, resolução do mérito, por exceção admitido o
decreto, ex officio, da prescrição. Posteriormente, a prescrição passou a
comportar conhecimento, ex officio, por razões de conveniência. Tal
possibilidade ultrapassa o juízo de admissibilidade, implicando autêntico juízo
de mérito em desfavor do autor. E, por fim, ainda no direito anterior, dilatou-se
a hipótese restrita para outras situações, contemplando, portanto, o que aqui
se chama de julgamento prévio do mérito – oficialmente, improcedência
liminar do pedido.

O primeiro contato do juiz com a petição inicial não lhe abre só a radical
alternativa do (a) deferimento (provimento positivo) ou (b) do indeferimento
(provimento negativo), nesse último caso através de (ba) juízo de
inadmissibilidade ou de (bb) juízo de mérito desfavorável ao autor. Uma
posição intermediária permite ensejar ao autor as correções necessárias ao
deferimento ou juízo liminar positivo de admissibilidade. São duas as
providências concebíveis com semelhante finalidade: (a) a correção da inicial;
e (b) a adaptação da inicial (ou a conversão da pretensão processual do
procedimento impróprio ao próprio).

O óbvio fundamento das providências aglutinadas no provimento liminar


consiste na economia de atividade (tempo e recursos). Não convém dar
seguimento às demandas inadmissíveis, encerrando o processo que jamais
alcançará seus fins próprios ou, então, corrigindo imediatamente a petição
inicial para realizar semelhante escopo. Esta orientação é antiga e, mais
recentemente, idêntico tratamento passou a receber as demandas
manifestamente infundadas (julgamento prévio do mérito)

1.691. Objeto do provimento liminar

O objeto do provimento liminar comporta variações conforme os


respectivos objetivos, abrangendo juízo de admissibilidade positivo, mas
provisório, e negativo, e juízo de mérito desfavorável ao autor.

A finalidade principal consiste em impedir o prosseguimento do processo


fadado à extinção. Ao órgão judiciário compete, na medida do possível, tornar
a petição inicial apta. Cumpre-lhe, então, assinar o autor prazo para a
correção ou a adaptação do ato postulatório, se a inicial apresentar
defeitos, prima facie, aptos a tornar difícil ou impossível o julgamento do
mérito (art. 321, caput). Essa é providência de largo alcance, marcando o
início da atividade de saneamento. Antes de o réu arguir tais defeitos, a
exemplo da inépcia da petição inicial (art. 337, IV) e da manifesta ilegitimidade
passiva da pessoa arrolada como ré (art. 330, II), indicando ou não o
verdadeiro legitimado (arts. 338 e 339), a oportuna intervenção do juiz
permitirá ao autor corrigir os rumos do processo. Não lhe caberá, todavia,
atuar ex officio(v.g., se A demandou B, mas o legitimado passivo é C, o juiz
não pode ordenar a citação de C, em lugar de B, sem requerimento nesse
sentido de A), corrigindo o endereçamento da demanda contra o réu apontado
na petição inicial. Essa é área reservada à iniciativa exclusiva da parte por
força do princípio da demanda (retro, 1.468). O processo civil brasileiro segue
o modelo autoritário (retro, 80), mas não o totalitário (retro, 79), inconciliável
com o fundamento político do Estado Constitucional Democrático.

Em casos extremos, a petição inicial não comporta emenda ou remédio


hábil. Por exemplo, no caso de ilegitimidade ativa manifesta do autor e, então,
ao juiz caberá o indeferimento da petição inicial. Não há como, consoante
recomenda o art. 317, corrigir o vício. E, naturalmente, não atendendo o autor
à determinação do juiz, na quinzena do art. 321, caput, o indeferimento da
petição inicial torna-se viável, por inércia do autor (art. 330, IV, c/c art. 321,
parágrafo único). O juiz emitirá sentença terminativa (art. 485, I).

Por razões de economia, o provimento liminar abrange casos em que o


juiz aprecia e resolve questões de mérito. É o caso do indeferimento da
petição inicial no caso de o juiz verificar, ex officio, o vencimento do prazo de
decadência ou de prescrição (art. 332, § 1.º). O ato do juiz assume a feição de
sentença definitiva (art. 487, II).

E nos casos em que inexistir necessidade de instrução,


independentemente da citação do réu – dispensa-se o contraditório prévio,
mas o escrivão ou chefe de secretaria intimará o réu do trânsito em julgado,
conforme o art. 241 c/c art. 332, § 2.º –, o art. 332 autoriza o juiz, sem maiores
tergiversações, a rejeição imediata do pedido (art. 487, I). A fórmula do art.
332, caput, corrigiu o direito anterior, pois dificilmente se conceberia matéria
unicamente de direito. Quer a lei, na verdade, dizer que, abstraída a questão
de fato (= desnecessidade de instrução), o juiz não dará seguimento à
pretensão processual, desde logo fadada à improcedência (v.g., a tese
jurídica do autor afronta Súmula do STJ, a teor do art. 332, I). O juiz emitirá,
nessa contingência, sentença definitiva. Se o autor apelar, diz o art. 332, § 3.º,
abre-se ao juiz a opção de retratar, ou não, a sentença proferida e, retratando-
se, prosseguirá o processo; porém, mantido o ato decisório, o réu será
chamado para responder à apelação (art. 332, 4.º), no prazo de quinze dias.

A essas hipóteses designa-se de julgamento prévio do mérito. A


expressão é algo equívoca, preferindo o art. 332 rejeição liminar do mérito. O
julgamento sempre desfavorecerá o autor, jamais o réu. O reparo
terminológico não lhe desmerece a vantagem de obstar o prosseguimento de
pretensão processual inviável.

1.692. Natureza do provimento liminar

Em virtude do seu conteúdo variável, a natureza do provimento liminar não


é uniforme na tipologia do art. 203. É preciso distinguir as hipóteses.

Ao estimular e permitir ao autor emendar ou completar a petição inicial,


expungindo quaisquer imperfeições, o ato do juiz não produz gravame. Então,
nesse caso o provimento liminar afeiçoa-se ao gabarito de despacho (art. 203,
§ 3.º). Eventual gravame surgirá quando e se, conforme o teor da
manifestação do autor (v.g., o autor reluta em admitir o defeito da petição
inicial apontado pelo juiz, recusando-se a corrigi-la), o órgão judiciário extrair
consequências desfavoráveis – indeferindo a petição inicial (art. 330, IV).

Não entende assim a jurisprudência do STJ.2 Em determinados casos,


concebíveis no procedimento comum, o despacho do juiz implica alteração
gravosa ou desnecessária da petição inicial, refletindo orientação muito
pessoal do magistrado perante o litígio (v.g., a exigência que, na ação de
separação de A contra B, haja inventário do patrimônio comum e proposta de
partilha), em desacordo com a intenção do autor. Em vez de aguardar a
emissão da sentença terminativa (art. 330, IV, c/c 321, parágrafo único, e art.
485, I), ao autor admitia-se a impugnação do ato do juiz. Essa possibilidade
encontra-se pré-excluída no procedimento comum do processo com função
de conhecimento, pois hipótese alheia ao catálogo do art. 1.015, quanto ao
cabimento do agravo de instrumento. Valer-se-á o autor, em caso de
ilegalidade, do mandado de segurança.

Reconhecendo aptidão aparente da petição inicial – ao réu se afigura


legítimo suscitar, na contestação, as questões preliminares do art. 337, ou
seja, defesa processual dilatória ou peremptória –, e ordenando a citação do
réu, o ato não exibe conteúdo decisório. Não há resolução de questão. O juiz
nada decidiu, porque lhe passaram despercebidos, eventualmente, os
defeitos da petição inicial. A ordem de citação é mero ato de impulso. Em
particular, não há como acatar lição de invulgar autoridade que “o controle da
regularidade formal e dos requisitos de admissibilidade entra no conceito
amplo de saneamento”,3 envolvendo resolução de questões incidentes, razão
bastante para aproximar o ato do feito da interlocutória (art. 203, § 2.º). E o
motivo para essa rejeição é que semelhante controle não chega a exteriorizar-
se, inexistindo decisão implícita que seja recorrível diretamente. Em tese, as
omissões do juiz rendem embargos de declaração, jamais agravo de
instrumento. A questão não é nova – discutiu-se problema semelhante na
vigência do CPC português de 1876, alterado pelo Decreto 21.287, de
26.05.1932 –,4 mas a solução aqui defendida sobreleva-se à posição oposta.

É diferente a situação se, no deferimento da inicial, o juiz defere medida


de urgência, requerida obrigatoriamente pelo autor no caso de execução para
segurança, mas passível de ordem ex officio, cuidando-se de segurança para
execução (cautelar), caso em que emite autêntica decisão interlocutória (art.
204, § 2.º). O art. 298 exige a indicação do “convencimento de modo claro e
preciso”, repelindo a alusão genérica e inexpressiva aos requisitos comuns
das medidas de urgência – prognóstico favorável ao autor e receio de dano –
e, indiretamente, acentuando a natureza do ato. Tal aspecto do provimento
liminar comportará agravo de instrumento (art. 1.015, II). Em geral, o
deferimento da petição inicial consiste na simples ordem de citação,
prescindindo de motivação; no caso do deferimento simultâneo da medida de
urgência, às vezes postergado para momento ulterior à defesa prévia,
figurando como ré pessoa jurídica de direito público, haverá necessidade de
motivação positiva, propiciando a interposição de agravo de instrumento.

O indeferimento da petição inicial (art. 330 c/c art. 485, I) e o julgamento


prévio do mérito (art. 332) constituem sentença terminativa e sentença
definitiva, respectivamente, e desses provimentos liminares cabe apelação. O
art. 331, caput (“Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar…”), e o art.
332, § 3.º (“Interposta a apelação…”) são expressos a esse respeito,
inexistindo a possibilidade de surgir dúvida objetiva no espírito do advogado
do autor quanto ao recurso cabível.

É incomum o ato do juiz, ordenando a citação do réu e designando


audiência de conciliação e de mediação (art. 334, caput), salvo não admitindo
a causa autocomposição (art. 334, § 4.º, II), e nesses termos exibir conteúdo
decisório relevante. O juiz não resolve, explicitamente, questão alguma idônea
a produzir gravame ao autor ou ao réu. A ordem de citação, em si mesma,
representa simples ato de impulso ou consequência inexorável da demanda,
bem como a designação da audiência, conquanto o autor haja declinado
dessa possibilidade (art. 319, VII, c/c art. 334, § 5.º, primeira parte). A não
realização da audiência dependerá da vontade do réu (art. 334, § 5.º,
segunda parte). E contra o que o juiz não decidiu, porque lhe passou
despercebido, ou seja, os eventuais defeitos da petição inicial, mostra-se
imune a impugnação: das omissões do juiz não cabe recurso. Resta ao réu
suscitar a questão na contestação – a inépcia da inicial constitui matéria
preliminar ao mérito, a teor do art. 337, IV – e aguardar a decisão do juiz a
respeito.

Eventualmente, além desse juízo implícito de admissibilidade da petição


inicial, o juiz deliberará a respeito de questões que lhe incumbem resolver por
dever de ofício. Por exemplo: (a) o juiz concede tutela provisória (art.
300, caput); (b) o art. 827 determina ao juiz, “ao despachar a inicial”, fixar os
honorários advocatícios de dez por cento a serem pagos pelo executado, na
execução de prestação pecuniária, reduzidos pela metade no caso de pronto
pagamento (art. 827, § 1.º); (c) o art. 919, § 1.º, e o art. 525, § 6.º, autorizam o
juiz, sob certas condições, a outorgar efeito suspensivo aos embargos e à
impugnação, modalidades de oposição do executado contra a execução
injusta ou ilegal.
Em todas essas hipóteses, o ato inicial do juiz adquire caráter especial e
vai além do simples despacho, configurando decisão interlocutória, no sentido
técnico do art. 203, § 2.º, devidamente motivada (art. 489, § 1.º), e, portanto,
passível de agravo de instrumento nas hipóteses legais, previstas no art.
1.015, I (tutela provisória) e X (embargos), e parágrafo único (impugnação). A
invalidade da decisão, porque desprovida de motivação suficiente, é mais um
motivo de impugnação, e, não, óbice à interposição do agravo. O emprego de
conceitos juridicamente indeterminados nas disposições do art. 300, caput, do
art. 919, § 1.º, e do art. 525, § 6.º, tornam a motivação mais exigente, e, não,
menos.

§ 346.º Provimento liminar preparatório

1.693. Correção da petição inicial

O instrumento criado e desenvolvido para resolver conflitos individuais e


transindividuais, através da aplicação do direito objetivo e a concretização dos
direitos fundamentais, apresenta notórias desvantagens. Ele tem alto custo e
exige tempo e esforços para atingir os fins próprios. A sociedade paga
indiretamente pelo serviço judiciário. É custeado pelo erário. E, a despeito de
quaisquer simplificações e do aumento da eficiência operacional (a
informática constitui o fator decisivo no último quartel do século XX), as
infrutuosidades jamais serão cabalmente eliminadas, porque inconcebível a
Justiça Pública instantânea.

Um dos meios de aprimorar o mecanismo nobre consiste em potencializar


seus efeitos sociais ao máximo. Processo encerrado sem resolução de mérito,
entregando, nada obstante, a única resposta jurisdicional cabível na espécie,
decerto não atingiu os fins que lhe são próprios. Mas, decorrendo o obstáculo
da atividade desenvolvida pelo próprio autor, o processo civil garantista (retro,
81) exige do órgão judiciário a única resposta concebível no Estado
Constitucional Democrático: a extinção do processo. Não é possível trocar a
precedência lógica do juízo de admissibilidade pelo desejável juízo de mérito
se o processo não preencheu o conjunto dos requisitos (pressupostos
processuais e condições da ação) que possibilitam a emissão da sentença
definitiva.5 Essa inversão revela profunda aversão – chamada francamente de
ódio por venerado processualista – ao réu.6

A atividade de saneamento a cargo do órgão judiciário desempenha papel


fundamental na consecução do desejável equilíbrio entre as partes. E tal
tarefa, no modelo brasileiro (infra, 1.765), começa ao primeiro contato com a
inicial. Ao juiz operoso e vigilante, cônscio da respectiva responsabilidade
profissional e, sobretudo, social, cumpre tomar as iniciativas que, sem violar a
diretriz política do sistema processual – iniciativa exclusiva das
partes versus iniciativa concorrente do órgão judiciário – na prática preparem
o futuro julgamento do mérito tanto quanto possível. O art. 321, caput,
determina ao órgão judiciário, ao receber a petição inicial, atentar para: (a) a
falta de observância dos requisitos gerais e formais dos arts. 319 e 320; e (b)
a existência de outros defeitos “capazes de dificultar o julgamento de mérito”.
Essa disposição integra o dever de esclarecimento do órgão judiciário (retro,
955.1), parte integrante do processo constitucionalmente justo e
equilibrado,7uma das múltiplas facetas da cooperação do art. 6.º do NCPC.
O caráter imperativo da fórmula verbal do art. 321, caput, pede atenção. A
abertura do prazo de quinze dias para o autor corrigir e adaptar a petição
inicial constitui dever do órgão judiciário. Tal não significa que não seja
possível o juiz indeferir a petição inicial desde logo.8 Existem defeitos (v.g., a
manifesta ilegitimidade ativa) que, por sua natureza, revelam-se insupríveis.
Não é inexorável a abertura do prazo do art. 321, caput.

No início da vigência do CPC de 1973, regra similar representou inovação


salutar e poderosa investida contra o formalismo, convocando o juiz ao
exercício ativo da função judicante. Evidenciaram-se, na progressiva
aplicação da disposição, os benefícios da atividade de saneamento no
proêmio do processo. Problemas agudos, geralmente sentidos no momento
da emissão da sentença definitiva, ficavam atenuados ou desapareceriam
com a verificação que a causa petendi obedeceu aos predicados do art. 319,
III, e o pedido apresentava todas as especificações necessárias (art. 319, IV).
A exposição completa dos fatos que, ao ver do autor, produzem o efeito
jurídico pretendido, mostra-se indispensável à defesa do réu – a causa de
pedir aberta só pode ser tolerada no processo objetivo (retro, 252), a exemplo
do controle concentrado de constitucionalidade –, norteia a instrução e enseja
a emissão de sentença justa. Não se deve subestimar a utilidade do ato de
controle inicial.

Nem todo exame da petição inicial mostrar-se-á necessariamente frutífero.


Em primeiro lugar, há defeitos extrínsecos que escapam à leitura mais atenta
(v.g., a pendência de outra demanda idêntica, a teor do art. 337, § 2.º);
ademais, não cabe ao juiz incutir no elaborador da petição inicial as regras
básicas do vernáculo. Os erros ortográficos e o estilo atravessado e obscuro
incorporam-se, definitivamente, ao ato postulatório.

Em épocas mais recentes, o aumento vertiginoso do número de


processos, estimulado através da visão messiânica atribuindo à autoridade
judiciária poder de resolver quaisquer mazelas sociais, modificou radicalmente
o panorama. O juiz e a juíza encontram-se tão sobrecarregados de atividades,
redigindo decisões relativas às medidas de urgência e atendendo advogados
ansiosos, que não têm mais condições de ler atentamente a petição inicial. Os
mais organizados elaboraram roteiro de controle e confiam a tarefa ao vasto
número de assessores entrementes agregados ao ofício judicial – não raro,
infelizmente, aos estagiários novatos. A delegação dessa atividade trivial não
é a solução adequada, provocando ulteriores dissabores. As dificuldades de
intelecção dos fatos narrados na causa de pedir e, assim, salvar o processo
da extinção sem resolução de mérito, exigirá esforço ainda maior no futuro,
necessitando o juiz, a mais das vezes, os dotes de prestidigitador para
acolher o pedido no todo ou em parte.

O art. 321, caput, parte final, acentuou, sobremodo, a atividade do juiz


nesse contato inicial. Não bastará a determinação genérica. O juiz indicará
“com precisão” o que deva ser corrigido e completado. Do ponto de vista
técnico, a regra mostra-se incensurável; na prática, entretanto, atribui à
pessoa investida na função judicante uma sobrecarga de trabalho, poderoso
estímulo à omissão.

Os defeitos apresentados no ato postulatório do autor se dividem em duas


espécies: (a) petição inicial incompleta; e (b) petição inicial defeituosa. À
teoria geral do processo interessa a visão sistemática do assunto, mas é
necessário rememorar os subsídios aí reunidos.

1.693.1. Petição inicial incompleta – Determinará o juiz a complementação


da petição inicial na hipótese de constatar a falta de observância dos
requisitos do art. 319 e da produção dos documentos indispensáveis à
“propositura da ação” (art. 320). É questão técnica a redação da petição inicial
e respectiva documentação (retro, 1.686). Descumpridos os requisitos gerais
e formais – os requisitos especiais, porque de natureza eventual, tem regime
distinto –, a petição inicial é incompleta e precisa ser corrigida. Vale recordar o
útil princípio, todavia verberado pelos ineptos: o desprezo às formas
processuais só “carreia a desordem, a confusão e a incerteza”.9

A referência genérica aos requisitos da inicial é, a um só tempo,


insuficiente e excessiva. Insuficiente porque constitui ônus do autor satisfazer,
por igual, os requisitos dos atos processuais – requisitos formais – para
produzir petição inicial apta ao desenvolvimento válido do processo. Inicial
redigida em inglês, por exemplo, há de ser vertida para o vernáculo, e falta de
indicação do endereço do advogado em causa própria é motivo expresso de
indeferimento da inicial (art. 330, IV, c/c art. 106). Excessiva porque ao menos
a falta de observância de alguns requisitos do art. 319 não atrai a incidência
do art. 321, caput.

Equivocando-se o autor no endereçamento da petição inicial, há dois


termos de alternativa: (a) ou o defeito é irrelevante (v.g., o autor dirigiu a inicial
a uma das varas cíveis da comarca, embora se trate de causa de família e, no
lugar, haja vara especializada), cabendo à distribuição corrigir a
impropriedade; (b) ou o defeito não possibilita qualquer correção: verificando a
incompetência absoluta, o juiz declarará a própria incompetência, ex officio,
remetendo o processo ao juízo competente (art. 64, § 1.º c/c § 3.º), hipótese
também verificada no caso de incompetência relativa contemplada no art. 64,
§ 3.º, in fine. Por outro lado, cuidando-se de incompetência relativa, e apesar
do defeito da petição inicial, o controle dependerá da iniciativa do réu,
prorrogando a competência perante a inércia (art. 65,caput), não acudindo ao
assunto o Ministério Público, pois terá vista dos autos, nos casos de
intervenção do art. 178, após a contestação do réu (art. 179, I).

O segundo defeito relativamente inócuo perante o art. 321, caput, consiste


na falta de indicação dos meios de prova (v.g., o autor omitiu referência à
prova testemunhal, o único meio de provar a veracidade dos fatos afirmados,
havendo controvérsia). Essa omissão não implica preclusão do direito de
propor e de produzir o meio de prova, posteriormente, delimitando o juiz as
questões de fato na decisão de saneamento e de organização do processo
(art. 357, II), geralmente precedida de despacho ordenando a especificação
dos meios de prova, pois um ou alguns podem tornar-se superveniente
desnecessários, em virtude do teor da controvérsia promovida pelo réu.

Do cotejo dos requisitos gerais e formais da inicial com os motivos de


indeferimento da petição inicial resulta o campo propício à incidência do art.
321, caput, no procedimento comum.

O art. 330, § 1.º, considera inepta a petição inicial quando (a) faltar-lhe
pedido e causa de pedir (inc. I); (b) o pedido indeterminado fora das hipóteses
legais (inc. II); (c) o pedido não decorrer logicamente da narração dos fatos
(inc. III); (d) a inicial contiver pedidos incompatíveis entre si (inc. IV).

Em casos tais, a visão mais apegada ao regime do CPC de 1939 repeliu a


incidência da regra equivalente ao art. 321, caput, estimando insanáveis tais
defeitos e não abrangidos no campo de incidência do dispositivo de
saneamento. Do contrário, diz essa corrente, a inépcia (art. 330, I) não
representaria causa autônoma de indeferimento da petição inicial
relativamente à hipótese hoje prevista art. 330, IV.10

Na realidade, porém, os defeitos da petição inicial inepta admitem


suprimento por iniciativa do autor – e o saneamento convém à economia de
juízos. A falta de pedido ou de causa de pedir (art. 330, § 1.º, I) é vício de
suma gravidade. Ninguém o contesta. O réu não desconhecerá contra o que
se defenderá, nem o juiz saberá o que julgar futuramente. Nada obstante,
assinado o prazo de quinze dias, mostrar-se-á possível ao autor acrescentar a
causa e o pedido à petição inicial.

Esses defeitos radicais, a falta de um ou de outro elemento objetivo na


inicial, amiúde logra explicação singela; impressa a petição inicial, o(a)
inexperiente estagiário(a) encarregado de organizar os papéis, o original e
a(s) cópia(s) indispensável(is) à citação do(s) réu(s), olvidou a penúltima
folha, justamente a que continha a formulação do pedido. Forçoso admitir que
a junção da folha esquecida, desde o início pressuposta na continuidade
redacional – a última palavra da página anterior se conecta com a primeira da
página subtraída, a última desta com a primeira palavra da página
subsequente –, atende ao superior princípio da economia. A punição imposta
ao autor desatento e negligente, indeferindo o juiz a petição inicial, de plano,
impondo-lhe, na prática, a perda das despesas de distribuição (taxa judiciária
e custas inicial), afigura-se desproporcional ao efeito “pedagógico” do
indeferimento limitar. Esse ato estigmatiza o redator da peça sem propósito
social. É bem mais equilibrado e consentâneo com o princípio do
contraditório, e o dever de cooperação, obrigando o juiz a dialogar com as
partes, abrir a quinzena do art. 321, caput.11 E, nesse sentido, o STJ já decidiu
possível a emenda da petição inicial a que faltou a formulação do pedido com
as suas especificações.12

A correta interpretação do art. 321, caput, revela o juiz só indeferirá a


petição inicial, desde logo, apresentando defeito concernente às matérias que
compõem o juízo de admissibilidade – pressupostos processuais e condições
da ação –, quanto aos vícios insanáveis no âmbito da iniciativa do autor. Por
exemplo, o art. 330, II, autoriza o juiz a indeferir a inicial quando “a parte for
manifestamente ilegítima”. O autor pode trocar de réu, abrindo-se a
oportunidade do art. 321, caput, mas não pode deixar de ser quem é
realmente. Assim, verificando o juiz que o autor se afigura parte
manifestamente ilegítima (v.g., pleiteia direito de terceiro em nome próprio,
sem a autorização legal a que alude o art. 18), cabe-lhe indeferir de plano a
petição inicial.

O descumprimento do art. 320 suscita problemas análogos, mas


indiretamente. O alcance dessa disposição já recebeu exame em mais de
uma oportunidade (retro, 1.491 e 1.686). Os documentos indispensáveis à
“propositura da ação”, consoante declara o art. 320, são os que respeitam ao
juízo de admissibilidade. Assim, figurando como autor pessoa absolutamente
incapaz, mas abstendo-se o represente legal de provar a respectiva condição
(v.g., juntando a certidão de nascimento, na qual constam os nomes dos
titulares do poder familiar), o juiz abrirá o prazo do art. 321, caput. Os
documentos destinados à prova das alegações de fato, avultando o
instrumento público com função ad substantiam, também ensejam a
incidência do art. 321, caput; porém, não se revelam tão imprescindíveis no
acompanhamento da petição inicial, pois o art. 341, II, cogitando da ausência
de impugnação direta de fato específica, e o art. 345, III, pré-excluindo o efeito
material da revelia (art. 344), pressupõem petição inicial que, superado o crivo
do juiz, habilitou o juiz a mandar citar o réu.

1.693.2. Petição inicial defeituosa – O art. 321, caput, alude a defeitos e


irregularidades “capazes de dificultar o julgamento de mérito”, vícios que só
podem ser alheios à falta de observância dos requisitos gerais e formais da
petição inicial. Impende definir o alcance dessa proposição legislativa mais
enigmática.

Na realidade, a primeira proposição do art. 321, caput – “… a petição


inicial não preenche os requisitos…” – abrange o descumprimento total do
requisito (v.g., a falta de pedido), enquanto a segunda fórmula visa ao
preenchimento deficiente desses requisitos. Essa espécie de vício pode
interferir na exata individualização da demanda. Entende-se por tal, assim, o
defeito que “se prende ao modo de enunciar e a irregularidade ao modo de
dispor”.13 Localiza-se o “defeito” na exposição da causa de pedir. Faltariam à
narrativa, todavia existente, os predicados da clareza e da precisão,
dificultando a compreensão do órgão judiciário a respeito da “mecânica do
fato”. E a “irregularidade” situar-se-ia no pedido, porque redigido
impropriamente, e, assim, dificultando ou impedindo o seu acolhimento.

Em casos tais, configurados o defeito ou a irregularidade, incidirá o art.


321, caput. Lícito se afigura ao juiz exigir que o redator da petição inicial
aperfeiçoe o trabalho, tornando a peça inteligível à média das pessoas.

O art. 321, caput, fixa o prazo de quinze dias para as providências do


autor, sanando a petição inicial incompleta ou defeituosa. Porém, o prazo não
é peremptório,14 cabendo ao juiz prorrogá-lo, quando necessário às
finalidades da regra (v.g., o representante legal do incapaz não logrou obter a
certidão de nascimento, feito o assento em lugar longínquo, no tempo hábil).
O autor será intimado na pessoa do respectivo advogado por um dos meios
hábeis (v.g., pela via eletrônica, utilizando-se o endereço da procuração, a
teor do art. 287, caput). Não há necessidade de intimação pessoal (art. 485, §
1.º).15

A jurisprudência do STJ, a despeito hesitação inicial (retro, 288),16 inclinou-


se no sentido da inadmissibilidade da correção tardia, ou seja, após a
estabilização da demanda (retro, 1.718).17 Invocou o persuasivo argumento de
que, do contrário, o réu forneceria subsídios contra si próprio.18 Desse modo,
suscitado o defeito na contestação do réu, ao juiz incumbira extrair as
consequências cabíveis e, se for o caso, extinguir o processo. E, com efeito, a
correção tardia provoca compreensível mal estar no réu, confiante em vitória
tática, subtraída pela intervenção do juiz, em flagrante desequilíbrio das
regras da contenda. Essa impressão profundamente humana não se
harmoniza com o modelo constitucional do processo civil. O objetivo maior do
processo consiste em resolver a lide exposta na petição inicial, através de
julgamento do mérito, meio de concretizar os direitos individuais e
transindividuais, e as mazelas da demanda não podem obstar a realização
dessa finalidade pública. Assim, defeitos sanáveis podem e devem ser
corrigidos após a contestação – o art. 352 tem esse salutar alcance, e,
ademais, o art. 317 recomenda a erradicação dos vícios antes da emissão de
sentença terminativa.

É importante assinalar que o despacho protocolar e neutro, assinando o


autor o quindênio do art. 321, caput, não satisfaz plenamente as finalidades
da regra. Se o juiz verificou certo defeito, cumpre-lhe indicá-lo precisamente
ao autor. Decisão sem conteúdo específico é inútil. Pode acontecer de o autor
emendar tópico da petição inicial que não padeça de vício real. Em mais de
um ordenamento, com efeito, sem pejo da equidistância, o juiz tem o dever de
esclarecer as partes, a respeito das alegações de fato, habilitando-se a
proferir a sentença justa à espécie, orientação prevista na redação vigente do
§ 139 da ZPO alemã.19 O dever de esclarecimento do órgão judiciário rende
excelentes frutos – na suposição que o juiz e a juíza desfrutem do tempo
necessário para essa tarefa suplementar. O art. 321, caput, parte final, exige
provimento de conteúdo preciso a respeito do suposto defeito.

Descumprida a determinação do juiz, nos exatos termos preconizados no


despacho, calha o indeferimento da petição inicial (art. 321, parágrafo único,
c/c art. 330, IV, e art. 485, I). Não raro o juiz reabre a oportunidade para o
autor emendar ou completar a inicial. Esse ato se harmoniza com os
fundamentos do art. 319, caput, e insere-se nos poderes de direção do
processo do órgão judiciário. Segundo o art. 139, parágrafo único, a dilatação
dos prazos (art. 139, VI) só tem cabimento antes do vencimento do interregno,
mas regra comporta essa exceção.

1.694. Adaptação da petição inicial

Concebe-se a petição inicial apta, mas o autor escolheu procedimento


impróprio, necessitando o ato postulatório de adaptação para prosseguir no
procedimento próprio.

Do art. 283, caput, infere-se a possibilidade de o órgão judiciário adaptar o


procedimento impróprio escolhido pelo autor ao procedimento legalmente
aplicável à pretensão deduzida, excluída a extinção do processo. A regra
indica a adoção do princípio da conversão do procedimento. Segundo o art.
283, o erro de forma do processo, ou seja, a escolha errônea do
procedimento, não importará, fatalmente, a anulação dos atos já praticados,
salvo os que prejudiquem à defesa (art. 280, parágrafo único). Os atos
praticados no procedimento impróprio devem ser aproveitados na medida do
possível. O juiz ordenará a prática dos atos necessários ao aproveitamento,
quando necessário, ou simplesmente declarará realizado o ato. Por exemplo,
se A demandou B, deduzindo pretensão adequada a rito especial, mas
imprimindo o procedimento comum, o juiz abrirá o prazo do art. 321, caput,
para o autor realizar as adaptações porventura necessárias.
As condições para a conversão do procedimento impróprio em próprio já
mereceram exame (retro, 111 e 1.694). Impõe-se breve recapitulação dos
subsídios aí coligidos.

Raras são as pretensões que, adstritas ao procedimento especial, não se


acomodam ao procedimento comum. Por exemplo, a pretensão de
reintegração e de manutenção na posse destacou-se, historicamente, do
procedimento comum em razão da necessidade de tutela de urgência, initio
litis, mas providência desse teor pode ser tomada em qualquer rito. Não é por
outra razão que, havendo cumulação de pedidos, e correspondendo a cada
pedido “tipo diverso de procedimento”, a cumulação tornar-se-á admissível
empregando o autor o procedimento ordinário (art. 327, § 2.º), sem embargo
das técnicas do procedimento diferenciado. O juiz confrontará “o fim
concreto para que o processo foi empregado com o fim abstrato designado
pela lei”.20

Veiculando pretensão processual inadaptável ao procedimento impróprio,


a adaptação da petição inicial ao procedimento próprio enfrenta a primeira
barreira. Ao juiz não é dado adaptar o procedimento impróprio ao próprio, ex
officio, implicando modificação na função instrumental do processo. Em tal
hipótese, o ato do juiz modificaria o objeto litigioso, ingressando em área de
iniciativa exclusiva do autor. Assim, verificando o juiz que o autor não dispõe
de título executivo, conquanto haja prova pré-constituída do crédito, não pode
transformar o procedimento da execução por expropriação (impróprio) no
procedimento monitório (próprio). Flagrantemente, ocorrida alteração no
objeto litigioso – especificamente, no pedido formulado pelo autor. O pedido
da pretensão a executar não é idêntico ao da pretensão para constituir título
executivo, liminarmente, através da injunção do art. 701. E o inverso é
plenamente cabível, pois existindo dúvida quanto à prova pré-constituída, o
juiz mandará intimar o autor para adaptar a pretensão ao procedimento
comum, reza o art. 700, § 5.º. O juiz não pode, ex officio, suprir ou corrigir o
pedido do autor, conforme demonstra a última disposição.

Tal não obsta, todavia, que o juiz invoque o art. 321, caput, ordenando ao
autor a adaptação da petição inicial ao procedimento comum. Ao autor se
afigura lícito, inexistindo prova pré-constituída do crédito, formular pedido
condenatório. E, no exemplo ministrado, avulta o dever de cooperação do
órgão judiciário (art. 6.º), devendo a decisão que abrir o prazo do art.
321, caput, indicar qual o procedimento próprio, problema relativo ao
conteúdo do ato (retro, 1.510.5). É a orientação consentânea com o
garantismo (retro, 81). A modificação prematura em nada afeta o réu, cujo
chamamento ocorrerá posteriormente. A petição inicial pode ser livremente
emendada no quindênio (ou quinzena) previsto no art. 321, caput, e nada,
absolutamente nada impede que sejam alterados o pedido e a causa de
pedir.21

A visão liberal aqui adotada não se afigura unânime. Segundo


entendimento distinto, a troca de função instrumental do processo ofereceria
obstáculo intransponível, implicando alteração no próprio pedido
mediato;22 por isso, deduzida a pretensão a executar, supondo o autor dispor
de título executivo, mas entendendo o juiz não se encontrar o documento
apresentado no catálogo legal (art. 784), nenhuma conversão se revelaria
admissível.23 Ora, formado o processo, através do protocolo e distribuição da
petição inicial, nada impede seja reformada com maior ou menor extensão.
Problema completamente diverso é o da conversão em fase mais adiantada,
quando já apresentada defesa e praticados atos processuais incompatíveis
com os previstos, em tese, no procedimento próprio. Em tal caso, incidirá o
art. 283 – o juiz aproveitará os atos praticados que não provoquem prejuízo à
defesa.

§ 347.º Provimento liminar positivo

1.695. Conteúdo do provimento liminar positivo

A petição reconhecida como apta pelo juiz, porque preenchidos os


requisitos dos arts. 319 e 320, e não ocorrendo as hipóteses dos arts. 330 e
332, superado, ou não, o prazo de correção ou de adaptação (art. 321, caput),
o juiz emitirá provimento liminar positivo, deferindo a petição inicial (art.
334, caput).

O juízo de admissibilidade positivo tem conteúdo essencial e eventual. O


conteúdo típico e mínimo do juízo positivo de admissibilidade da petição inicial
avulta na ordem de citação do réu pelo meio legalmente admissível (art.
246).24 Convém recordar a dispensa do requerimento de citação, salvo na
hipótese do art. 247, V, incumbindo a ordem ao juiz. E o conteúdo eventual
surge para determinadas pretensões adstritas a procedimento especial, em
que o juiz realizará cognição sumária a respeito da veracidade das alegações
de fato do autor e, no procedimento comum, a designação da audiência de
conciliação e de mediação. A decretação de medidas de urgência é conteúdo
eventual de alto relevo para o réu.

A designação de audiência de conciliação e de mediação é eventual,


porque o órgão judiciário talvez apure, prima facie, não admitir a causa
autocomposição (art. 334, § 4.º, II). Por exemplo, na ação de anulação de
casamento movida por A contra B, não há como obter consenso quanto à
dissolução do vínculo, objetivo pré-excluído pela lei material.

Ao juiz cumprirá, antes de mais nada, apreciar a própria competência. Em


caso de competência absoluta, concebe-se a remessa, incontinenti, para o
juízo competente, dando-se baixa na distribuição. E examinará o juiz a
validade da cláusula de eleição de foro, “antes da citação”, conforme estipula
o art. 63, § 3.º, parte inicial, remetendo o processo ao juízo do domicílio do
réu, caso entenda inválida a convenção das partes.

1.696. Vinculação ao provimento liminar positivo

O provimento liminar positivo não vincula o órgão judiciário. É verdade que


há reconhecimento implícito da aptidão da petição inicial. No entanto, o art.
337, IV, autoriza ao réu alegar a defesa processual peremptória da inépcia da
petição inicial, matéria que, de resto, ao juiz se afigura lícito conhecer, ex
officio, a qualquer tempo e grau de jurisdição. Ora, o art. 337, IV, não
contemplaria tal hipótese genérica, a rigor abrangente de outras questões
(v.g., o defeito de representação, aludido no art. 337, IX), existindo preclusão.
O art. 507 só proíbe à parte discutir, no curso do processo, as questões já
decididas. A possibilidade de o réu arguir a inépcia da inicial indica, a
contrario sensu, a inexistência de decisão explícita a respeito da aptidão da
inicial no provimento liminar positivo.

Essas razões reafirmam a diretriz proclamada. O juízo de admissibilidade


liminar é precário e provisório. O provimento do juiz ordenando a citação, com
ou sem a abertura de prazo para correção ou adaptação da petição inicial,
não condiciona juízo ulterior em sentido contrário.25

Também acontece de a defesa do réu, malgrado o defeito inicial, suprir o


vício. Por exemplo, o autor grafou erroneamente o nome do réu, mas a
citação ocorreu normalmente e o ponto recebeu esclarecimentos na
contestação. Ao juiz restará mandar o distribuidor realizar as retificações no
registro da distribuição, eliminando o vício.

1.697. Efeitos do provimento liminar positivo

Distribuída a petição inicial, onde houver dois ou mais juízos ou ofícios


judiciais de competência concorrente, ou simplesmente registrada no
protocolo, o art. 312, primeira parte, considera proposta a ação. Formou-se,
portanto, o processo – relação jurídica linear, envolvendo o órgão do Estado,
de um lado, e o autor, de outro. Tal é o marco inicial de efeitos previstos
quanto à transmissão do objeto litigioso aos herdeiros do autor. A regra
consiste na transmissibilidade da pretensão processual (v.g., o direito à
reparação do dano, a teor do art. 943 do CC). Por exceção, a pretensão
processual é intransmissível, porque direito personalíssimo (v.g., o direito à
investidura em cargo público) ou pela própria natureza das coisas (v.g., o
direito à dissolução da sociedade conjugal). Mas, há casos em que, exercido
o direito em vida, a pretensão processual transmite-se aos herdeiros (retro,
448),26 a saber: (a) o direito a negar a paternidade (art. 1.601, parágrafo único,
do CC); (b) o direito à invalidação da confissão (art. 393, parágrafo único).

Nos casos em que há transmissão, e falecendo o autor após a entrega da


petição inicial em juízo, incide o art. 313, I. Cumpre ao juiz suspender o
processo, propiciando a habilitação dos sucessores do falecido (retro, 567),
antes de proferir o provimento liminar. O falecimento do réu antes do
chamamento a juízo, fato eventualmente certificado pelo oficial de justiça
(retro, 1.222), não suspende propriamente o processo. O autor providenciará
a correção do polo passivo da demanda, eventualmente no prazo para
emenda (art. 321, caput), ou outro que lhe venha a ser assinalado, consoante
o momento em que esse fato chega ao conhecimento do juízo.

O art. 312, segunda parte, declara que os efeitos arrolados no art. 240
produzir-se-ão perante o réu após a citação válida. Não é integralmente exata
a proposição legislativa.

Por um lado, há efeitos produzidos, ao menos para o autor, desde a


propositura da ação; por exemplo, a proibição da renovação de demanda
idêntica (art. 337, § 3.º), efeito tão característico da litispendência que se
confunde ao fluxo da demanda em juízo.

E, apesar de subordinados à condição legal suspensiva da oportuna


realização da citação válida, os efeitos não se reportam à propositura da ação
propriamente dita, como sugere a literalidade do art. 312, segunda parte. O
efeito interruptivo da prescrição e da decadência (retro, 1.507), a teor do art.
202, I, do CC, retroage à data do ato que ordena a citação do réu, sob a
condição de o autor diligenciar o que lhe compete para citação no prazo de
dez dias (art. 240, § 2.º).

Embora sob condição legal suspensiva, a interrupção dos prazos de


prescrição, preclusão e de decadência constitui efeito típico do provimento
liminar positivo. Existem outros – por exemplo, a prevenção do juízo (retro,
1.500) – decorrentes do registro ou da distribuição (art. 59). E não é demais
realçar, outra vez, a superlativa importância de o autor apresentar petição
inicial apta e diligenciar, avizinhando-se da propositura da ação o prazo de
prescrição ou de decadência, o despacho do juiz.

A disposição do art. 202, I, do CC, revela-se decisiva nesse aspecto.


Determina que a prescrição interromper-se-á, e uma só vez, “por despacho do
juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a
promover no prazo e na forma da lei processual”. O direito anterior à lei civil
reportava-se à propositura da ação, momento anterior e independente do
provimento liminar positivo, mas o art. 240, § 1.º, ajustou-se à regra civil. A
decadência entra no âmbito do art. 202, I, do CC, por força do art. 240, § 4.º,
do NCPC.

Figure-se a seguinte situação. Pretendendo A haver de B os juros do


contrato x, cujo prazo de prescrição era de cinco anos (art. 178, § 10, III, do
CC de 1916), e vencia em 15.02, ingressa em juízo em 05.02, o juiz admite a
inicial, ordenando a citação, em 20.02 (após o vencimento do prazo),
realizando-se a citação dentro do prazo de noventa dias (art. 219, § 3.º, do
CPC de 1973), em 20.03. Fictamente, o efeito que é próprio da citação em si
(interrupção da prescrição), realizada posteriormente ao vencimento do prazo
prescricional (15.02), retroagiria à data da propositura da ação, em 05.02, nos
termos do art. 219, § 1.º, do CPC de 1973, entendendo-se, por isso,
interrompida a prescrição nesta dada (05.02) e, não, na data da efetiva
citação (20.03).

Segundo o regime do art. 240, § 1.º, do NCPC, ao invés, o efeito próprio


da citação perante o réu – interrupção do prazo de prescrição e de
decadência –, retroagirá para 20.02, quando já se vencera o prazo de
prescrição (em 15.02). Se entre a propositura (em 05.02) e o provimento
liminar positivo, por qualquer motivo, interpor-se o ato do juiz mandando
corrigir ou adaptar a petição inicial, a atividade subsequente (expedição da
intimação, publicação do ato no órgão oficial e fluência do quindênio do art.
321, caput) exigirá semanas (ou, na visão mais pessimista, meses…), não se
concebendo (salvo vigilância cerrada do advogado do autor, obstaculizada, de
resto, pela ordem cronológica de publicação e cumprimento prevista no art.
153) a emissão do provimento liminar em 15.02.

A ênfase nesse regime objetiva o induzimento, de lege lata, da propositura


da ação com a antecedência cabível para eliminar as vicissitudes do feito em
juízos abarrotados de processos.

§ 348.º Provimento liminar negativo

1.698. Indeferimento da petição inicial


É lícito ao juiz indeferir a petição inicial liminarmente. O ato do juiz –
sentença terminativa (art. 485) – nega seguimento a demanda inadmissível, e,
não, à demanda infundada. A petição inicial contém o pedido de provimento
favorável ao autor e o requerimento (implícito) para que o juiz, admitindo a
petição inicial, dê prosseguimento ao processo, para que tal ocorra
oportunamente. O movimento subsequente fica subentendido na ordem, ex
officio, da citação do réu. Esse esquema básico comporta variações. E a mais
expressiva consiste na postulação de tutela provisória (art. 294). O
indeferimento da petição inicial situa-se, logicamente, no degrau anterior,
colhendo o autor, em lugar de juízo de verossimilhança favorável, juízo de
inadmissibilidade imediato.

Aos fins públicos do processo civil convém o poder de o juiz liquidar


pretensões inviáveis no nascedouro, faltando-lhes as necessárias condições
de admissibilidade.27 Provimento dessa natureza evitará o desperdício de
preciosa atividade jurisdicional e, para as partes, de tempo e de dinheiro.
Esse também é o propósito, afinal, da condição geral de admissibilidade do
indeferimento: a prévia correção da petição inicial, cuidando-se de vício
suprível pelo autor.

O indeferimento da petição inicial é ato do juiz intrínseco à etapa


postulatória e, nesta, na fase de controle. Essa particularidade sugere que,
verificado posteriormente um dos defeitos que ensejam o provimento dessa
natureza, não se cuidará do indeferimento propriamente dito.28 Não se deve
radicalizar esse ponto de vista. Passando defeito insuprível por essa fase, e
alegando-o o réu, como lhe faculta o art. 337, IV, o acolhimento da defesa
processual peremptória produzirá a extinção do processo com base no art.
485, I, e, neste caso, a própria lei designa a causa como de indeferimento da
inicial.

1.698.1. Condições do indeferimento da petição inicial – O verdadeiro


alcance do preceito do art. 321, caput, não recebera compreensão imediata
no direito anterior. Em vez de entrever autorização para reforma radical do ato
postulatório, em prol da economia, defendeu-se tese restritiva, postulando o
indeferimentoincontinenti da petição inicial inepta.

Dois exemplos triviais ilustram a interpretação aqui encampada,


explorando as potencialidades do art. 321, caput, além da ilusória barreira da
inépcia. Não há dúvida de que petição inicial desprovida de pedido (art. 330, §
1.º, I, primeira parte), impede o julgamento favorável, ao autor. O juiz ignora a
providência reclamada pelo autor e o bem da vida pretendido. Assim, faltaria
conteúdo à sentença. Por outro lado, a petição inicial sem causa de pedir (art.
330, § 1.º, I, segunda parte) impossibilita a defesa eficaz do réu, porque este
se defende contra fatos, efeito intrínseco da teoria da substancialização (retro,
244). Ora, na ausência de causa de pedir o autor desconhecerá contra quais
fatos necessita defender-se e quais as provas hábeis para negar-lhes a
veracidade. No entanto, a gravidade e o constrangimento desses defeitos não
os tornam definitivos e insanáveis. O motivo por que a petição inicial não
expôs a causa ou formulou o pedido talvez seja trivial e nada tem a ver com a
imperícia do autor. Simplesmente, o estagiário encarregado da arrumação da
inicial e dos documentos anexos olvidou as páginas que agasalhavam esses
elementos da pretensão processual. E nem sequer a numeração ao pé das
páginas, adotada para facilitar a ulterior autuação (art. 206), eliminou o
cochilo. Em casos tais, portanto, muito melhor se conduz o juiz ao aplicar o
art. 321, caput, em vez do art. 330, I, e § 1.º.

O indeferimento liminar da petição inicial justifica-se nos casos em que o


defeito se afigura insanável e, portanto, irremovível. Assim, o art. 330, II,
autoriza o indeferimento quando “a parte for manifestamente ilegítima”. Pode
acontecer que, ao elaborar a petição inicial (v.g., da ação “revisional” do
contrato bancário), o advogado utilize modelo já existente em seus arquivos,
troque o nome do autor de A para B, mas em lugar de demandar a instituição
financeira X, que contrata com B, permaneça indicando a instituição
financeira Y, que só mantivera relação com A. Não há maiores dificuldades na
correção da inicial: o instrumento do contrato esclarece que o outro figurante
no contrato bancário envolvendo B é X, e, não, Y. Em matéria de legitimidade,
ou capacidade para conduzir o processo, só não pode ser corrigida a
indicação do autor. Ninguém deixa de ser quem é ao demandar em juízo.

Essa interpretação harmoniza-se com o dever de o juiz encetar diálogo


profícuo com as partes,29 objeto da cooperação do art. 6.º, mas apresenta a
desvantagem de tornar inoperantes, no todo ou em parte, os incs. I, II, e IV,
primeira parte, do art. 330. Em tais hipóteses, antecedendo-lhes a
oportunidade de correção, ulterior indeferimento da petição inicial fundar-se-
ia, por óbvio, no lacônico art. 330, IV, segunda parte. Supera-se o
inconveniente mínimo com a perspectiva constitucional do processo civil e,
salvo engano, a correta aplicação do art. 317.

Por outro lado, verificada a condição legal, cumpre ao juiz indeferir a


petição inicial (art. 321, parágrafo único). A regularidade do processo
antecede qualquer provisão sobre o mérito, inexistindo base para relevar as
questões processuais em favor de futuro julgamento, de meritis, favorável ao
réu.30 Em comentário à disposição autorizando o juiz a postergar questões
preliminares para após a instrução, realçou-se a natureza autoritária do
ato.31 O processo civil garantista veta ao juiz a inversão da ordem natural de
resolução das questões, passando o juízo de mérito à frente do juízo de
admissibilidade. A defesa processual peremptória (retro, 313.1.1) confere ao
réu direito à extinção. E, de resto, a disposição do art. 488 não tem maior
utilização, constrangendo o órgão judiciário a desperdiçar atividade melhor
aproveitada nas demandas admissíveis. Por exemplo, o segurado A ingressa
em juízo contra o estipulante C, pretendendo a prestação do seguro devida
pela seguradora B. Eventual declaração da inexistência do direito
de A perante B é inútil para C, não afetando a possibilidade de A demandar B,
porque diferentes as partes (art. 337, § 2.º).

1.698.2. Casos de indeferimento da petição inicial – Existem dois grupos


de casos em que a petição inicial comporta indeferimento liminar: (a) típicos; e
(b) atípicos. Tal assunto interessa precipuamente à teoria geral do processo.
As hipóteses legais ocorrem, indiferentemente, no procedimento comum e nos
procedimentos especiais.

Os casos típicos, conforme a visão global do art. 330 evidencia, reduzem-


se, ao fim e ao cabo, às duas matérias que compõem o juízo de
admissibilidade: (a) falta de pressuposto processual, incluindo-se, aí, a
aptidão da petição inicial; e (b) a falta de condição da ação.
Receberá o autor a única resposta jurisdicional cabível em casos tais. O
juiz só passa ao juízo de mérito vencido o juízo de admissibilidade. Faltando
elementos de existência, requisitos de validade e fatores de eficácia da
relação processual, ou o juízo de mérito é impossível ou é inútil. Não é a
situação ideal, pois o processo visa à composição da lide; porém, o autor não
tem direito, no caso, a julgamento mais qualificado. Por esse motivo, o direito
à tutela jurídica do Estado é abstrato e autônomo (retro, 223) e há muito o
paradigma processual abandonou a concepção que a ação retrataria direito a
provimento sobre o mérito. Nem sequer os defensores da errônea teoria
eclética da ação dispensam o “filtro” das condições da ação como requisito de
julgamento do mérito (retro, 222.4). Seja como for, o autor exerceu pretensão
à tutela jurídica do Estado (ação); a ele assegurou-se o acesso à Justiça,
segundo as diretrizes constitucionais; o juiz prestou-lhe jurisdição, mediante a
aplicação do direito subjetivo, respondendo da única maneira possível à
postulação. Formou-se processo, na sua feição linear, por força da “ação” que
corresponde ao direito à tutela jurídica, e desenvolveu-se a atividade
jurisdicional legitimamente. A esta conclusão adere-se em outros sistemas
jurídicos: “La ausencia de algunas condiciones llamadas ‘de fondo’
determinará el rechazo de la demanda en la sentencia pero, entretanto, la
acción se habrá ejercitado, y producido sus efectos dentro del proceso”.32

Os casos típicos de indeferimento da petição inicial são os seguintes: (a)


inépcia da petição inicial (art. 330, I), entendendo-se por tal a aptidão do ato
postulatório para propiciar o juízo de mérito (retro, 1.514.1), por sua vez
expressa nos graves defeitos explicitados no art. 330, § 1.º, I a IV, a saber:
(aa) falta de pedido ou de causa de pedir (retro, 1.514.1.1); (ab)
indeterminação do pedido fora das hipóteses legais; (ac) falta de congruência
entre os fatos articulados e a conclusão, a exemplo do pedido de rescisão da
sentença de mérito em que o autor renunciou ao direito, a teor do art. 487,
III, c, fundada na inconstitucionalidade da regra que lhe outorgaria esse direito
(retro, 1.514.1.2); (ad) formulação de pedidos incompatíveis (v.g., o autor
pleiteia a dissolução do contrato, por vício do objeto, e o abatimento do preço,
pretensões concorrentes que somente se harmonizam na cumulação
eventual), problema atinente ao cúmulo de pedidos (retro, 1.514.1.4); (b) a
manifesta ilegitimidade de parte (v.g., o autor pleiteia o pagamento do seguro
contra o estipulante, e, não, contra a seguradora), a teor do art. 330, II (retro,
1.514.2); (c) a falta de interesse processual (art. 330, III), a exemplo de o
autor pretender a condenação do réu ao pagamento de dívida ainda não
vencida (retro, 1.514.3); (d) a falta de indicação do endereço do advogado
postulando em causa própria, a teor do art. 106 c/c art. 330, IV (retro,
1.514.5); (e) falta de correção oportuna da petição inicial, a teor do art. 330, IV
(retro, 1.514.6).

E constituem casos atípicos de indeferimento da petição inicial: (a) falta de


produção dos documentos indispensáveis, a teor do art. 320 c/c art. 321,
parágrafo único, e art. 330, IV (retro, 1.515.1); (b) falta de apresentação de
duplicados (retro, 1.515.2 e 1.687); (c) falta de pagamento das despesas de
distribuição, a teor do art. 290 (retro, 1.515.3); (d) falta de pagamento de
sucumbência anterior, a teor do art. 486, § 2.º, c/c art. 92 (retro, 1.515.4); (e)
falta de depósito prévio na rescisória, a teor do art. 968, § 3.º (retro, 1.515.5).

1.698.3. Efeitos do indeferimento da petição inicial – O indeferimento da


petição inicial pode ser (a) total ou (b) parcial.
Cumulados dois ou mais pedidos, talvez ocorra o indeferimento parcial da
petição inicial, porque admissível a formulação de certo pedido ou a presença
de determinada parte no processo. O processo não se extingue, mas
prosseguirá objetiva ou subjetivamente limitado em parte. O ato do juiz
constitui decisão interlocutória, passível de agravo de instrumento em ambos
os casos (art. 1.015, II, e VII).33

O indeferimento total da petição implica a emissão de sentença terminativa


(art. 203, § 1.º, c/c art. 485, I) e, como tal, desafia o recurso de apelação (art.
1.009,caput). O juiz encerra a relação processual e presta a jurisdição cabível
no caso. O processo não reuniu as condições necessárias para prosseguir em
seus trâmites ulteriores. Não há dúvida quanto ao recurso próprio (apelação).
Representará erro grosseiro interpor agravo de instrumento.34

A sentença terminativa não se reveste da autoridade de coisa julgada. Por


definição, o juiz não emitiu juízo de mérito. Não é o caso, por óbvio, da
improcedência imediata do pedido no caso de decretação da prescrição e da
decadência (art. 332, § 1.º), anteriormente mal localizada, porque se cuidará,
então, de sentença definitiva, a teor do art. 487, II, nada importando a
emissão em fase tão prematura do processo.

Em princípio, conforme reza o art. 486, caput, o autor poderá renovar a


demanda, pagando ou depositando as despesas processuais e os honorários
advocatícios (art. 486, § 2.º). No entanto, o art. 486, § 1.º, exige a correção do
vício que deu causa à anterior extinção, fitando as hipóteses de indeferimento
da petição inicial (inc. I do art. 485), ausência de pressuposto processual (inc.
IV do art. 485), ausência de interesse processual e de legitimidade (inc. VI do
art. 485) e convenção de arbitragem ou assunção da competência pelo
tribunal arbitral (inc. VII do art. 485). Nem sempre mostrar-se-á possível
arredar o obstáculo (v.g., a sentença anterior fundou-se na ilegitimidade
ativa); porém, nada disso impede a renovação da demanda, colhendo o autor
juízo idêntico ao anterior, somado à pena por litigância de má-fé.

O indeferimento comporta apelação, no prazo de quinze dias, fluindo a


contagem desse prazo, sem embargo de eventual dilatação, da intimação
feita ao advogado do autor através do meio legal (v.g., intimação eletrônica, a
teor do art. 270, caput, valendo-se do endereço da procuração, a teor do art.
287, caput).

A interposição da apelação prolongará o processo. O art. 331, caput,


autoriza o juiz a retratar a sentença, no prazo de cinco dias. Dilatou-se o
prazo, porque o anterior interregno de quarenta e oito horas era exíguo e
impraticável, a mais das vezes, e, de resto, prazo impróprio. Eventual
descumprimento não gera quaisquer consequências, máxime a possibilidade
de o juiz se retratar posteriormente.

O juiz de primeiro grau julga a apelação na retratação do art. 331, caput.


E, convencendo-se do desacerto ou da invalidade (v.g., o juiz não abriu o
prazo do art. 321, caput) da sentença terminativa proferida, retrata o ato
decisório proferido. A retratação torna o pronunciamento inexistente. Cuida-
se, porém, de retração parcial, pois significa tão só que, desde logo admitida a
petição inicial, ou aberto o prazo do art. 321, caput, o processo seguirá os
seus ulteriores e normais trâmites. Não fica excluída, a priori, a hipótese de o
juiz indeferir, outra vez, a petição inicial (v.g., o autor não a corrigiu
adequadamente ou fez a emenda no quindênio (quinzena) que lhe fora
assinado).

A remessa dos autos ao tribunal, sem qualquer manifestação explícita,


importa manutenção do decidido.35

O art. 331 incide na hipótese de o juiz indeferir a petição inicial com


fundamento no art. 330. Se, ao invés, o órgão judiciário deferiu a petição
inicial, não percebendo o respectivo defeito, ordena a citação do réu e,
posteriormente, acolhe a preliminar de inépcia (art. 337, IV) arguida na
contestação, também profere sentença terminativa (art. 485, I). O ato não
admitirá a retratação com fundamento no art. 331, caput,36 mas no art. 485, §
7.º.

Não havendo retratação, o juiz ordenará a citação do réu para responder o


recurso (art. 331, § 1.º). Então, reformada a sentença, retoma-se o processo
seu itinerário normal, como se depreende do art. 331, § 2.º, porque o prazo de
contestação fluirá com respeito ao art. 334. Logo, o juiz designará a audiência
de conciliação e de mediação, aplicando-se, quanto ao prazo de contestação,
um dos termos iniciais previstos no art. 335.

A ausência de convocação do réu cria problema singular, no direito


anterior, concebendo-se duas hipóteses: (a) o órgão ad quem mantinha o
indeferimento da petição inicial, caso em que, beneficiado o réu, o
pronunciamento do segundo grau em nada lhe prejudicava, ressalvando-se ao
autor, por outro lado, o direito de renovar a demanda, presumivelmente após
a correção do defeito, quando cabível; (b) o órgão ad quem reformava ou
invalidada (v.g., o juiz não abriu para correção da petição inicial) o
pronunciamento de primeiro grau e, prosseguindo o processo, corrigido o
vício, o réu poderia arguir o defeito originário que ensejara o indeferimento da
petição inicial, não havendo sido corrigido a contento. Este último efeito era
inexorável, porque tudo se passara sem a partição do réu; porém, as
perspectivas de sucesso não se mostram, à primeira vista, muito promissoras,
pois o órgão ad quem já se manifestou em sentido contrário. Seja como for, o
direito anterior preferia não integrar o réu imediatamente ao processo,
fazendo-o participar do procedimento da apelação, baseado no princípio da
economia e, sobretudo, fiando-se no quod plerumque fit. Em geral, o
indeferimento da petição inicial, medida verdadeiramente excepcional, é ato
bem fundado.

O regime atual inverteu a sistemática, vinculando o réu ao pronunciamento


do tribunal. Logo, reformada a sentença (v.g., o órgão ad quem entendeu o
autor legitimado ativo), tal assunto não poderá ser arguido na contestação,
porque haverá preclusão hierárquica (art. 507).

Abstendo-se o autor de apelar, o escrivão ou chefe de secretaria intimará


o réu do trânsito em julgado, reza o art. 331, § 3.º. A comunicação é, em
tese, pro forma. O réu não realizou despesas no processo. Não tem direito a
qualquer ressarcimento a esse título. E, como não participou do processo,
constituindo advogado, inexistirá condenação em honorários do advogado.
Logo, não haverá capítulo acessório da sucumbência a ser executado pelo
réu. A única utilidade dessa comunicação consiste na arguição, renovando o
autor a demanda, do vício anterior,37 subsistindo o defeito.

O registro da distribuição do processo já provoca efeitos restritivos ao


crédito do réu. Eventualmente, o dano gerado por essa litispendência
encerrada prematuramente poderá ser postulado em ação própria, servindo a
comunicação do art. 331, § 3.º, para o réu localizar os autos e instruir a
respectiva petição inicial com elementos daí extraídos.

Ocorrendo a extinção do processo, por força do indeferimento da petição


inicial (art. 330), sem a participação do réu, não cabe a condenação do autor
ao pagamento de honorários advocatícios.38 A condenação do réu só terá
lugar se o juiz mandou citar o réu e, a seu requerimento, houve o ulterior
indeferimento da inicial. É o que se infere da parte inicial do art. 92, corrigida a
remissão equivocada do direito anterior.39 Todavia, intervindo o réu para
responder à apelação, os honorários se mostram devidos,40 cabendo ao
órgão ad quem fixá-los. O órgão a quo não poderia fazê-lo, porque ausente o
réu representado por advogado, e, de toda sorte, jamais se mostraria legítima
a condenação eventual do autor, antevendo a interposição da apelação.

1.699. Improcedência liminar do pedido

Em outros sistemas jurídicos, ao juiz é dado rejeitar o pedido desde logo.


Exemplificam essa técnica de abreviação do procedimento: (a) o summary
judgment do moderno Civil Procedure Rules inglês;41 e (b) o indeferimento
liminar da petição inicial em caso de pedido manifestamente improcedente,
prevista no art. 234-A, n.º 1, do CPC português de 1961,42 e, hoje, no art. 590,
n.º 1, do NCPC português de 2013. Esta possibilidade importa a análise do
mérito integralmente, e, não, em virtude de questões que, no direito brasileiro,
acomodam-se às “condições” da ação, e, portanto, ao indeferimento da inicial.
Da análise dos exemplos ministrados no direito espanhol vigente chega-se à
conclusão de que o juízo de inadmissibilidade por “questões de fundo”
envolve a possibilidade jurídica do pedido.43

O indeferimento da petição inicial no caso manifesta improcedência do


pedido, introduzido no direito anterior, recebeu louvores, qual vanguarda da
pós-modernidade, porque fator de estímulo à eficiência do aparato judiciário.44

Ora, na verdade, a técnica de rejeição imediata do pedido é quase secular.


Originou-se do art. 2.º, n.º 4, do Decreto 12.353, de 19.09.1926, que reformou
o CPC português de 1876. Tal disposição previu o indeferimento, in limine, da
petição inicial “quando a inviabilidade da pretensão do autor for de tal modo
evidente que se torne inútil qualquer instrução ou discussão posterior”.45

À semelhança de outras reformas parciais do segundo estatuto unitário, a


improcedência liminar prevista no art. 285-A do CPC de 1973, e abstraída a
controvérsia da constitucionalidade, pouco contribuiu ao aperfeiçoamento
conjunto da atividade jurisdicional. Abrange causas limitadas e específicas
(v.g., tributárias e previdenciárias),46 distribuídas a órgãos judiciários
especializados, sem maior generalidade. O mecanismo diminui o volume dos
feitos em setores predeterminados, sem influência decisiva e positiva no
conjunto dos feitos em tramitação e na qualidade da prestação jurisdicional.
A técnica do juízo de mérito imediato em favor do autor não afeta ou
infringe o processo constitucionalmente justo e equilibrado.47 Essa questão se
colocou de forma mais evidente após o aparecimento do art. 285-A do CPC
de 1973. A técnica processual harmoniza-se com a necessidade de garantir
razoável duração ao processo.48 Se o autor falece do direito ao julgamento de
mérito, nos casos em que a respectiva pretensão processual não supera o
juízo de admissibilidade, tampouco tem direito ao procedimento comum
completo e pleno. Não é razoável perturbar a paz jurídica do réu, além do
estritamente indispensável, veiculando contra ele pedido manifestamente
improcedente. E, de resto, o réu “não precisa ser ouvido para sair vitorioso”.49

O CPC de 1973 revelava-se avançado para sua época. A versão original


do segundo código processual unitário já autorizava o indeferimento da
petição inicial no caso de o juiz verificar o vencimento do prazo de prescrição
ou de decadência. Era previsão de largo alcance, em parte camuflada dentre
as hipóteses de sentença terminativa para evitar resistências mais
contundentes. O dispositivo abrangia prazos de variada índole (v.g., o prazo
decadencial da rescisória), fora e além do procedimento comum (retro, 1.517),
campo de aplicação decorrente da própria localização da regra predecessora
do art. 330.

A localização do assunto relativo à prescrição e à decadência no âmbito


do indeferimento da petição inicial revela-se formalmente imprópria.50 O juiz
julgará o mérito.51 Entretanto, na ocasião em que o CPC de 1973 entrou em
vigor, dispositivo autônomo e destacado suscitaria melindres e oposição tenaz
e, seja como for, o legislador não se atreveu ao passo ousado.

No tocante às hipóteses mais gerais, confinadas na órbita do art. 332, I a


IV, o reconhecimento da prescrição e da decadência também apresenta
escassas dificuldades de aplicação. O processo não deve prosseguir, porque
inútil prima facie. A subsunção (jamais concretização!) exigida do órgão
judiciário, a mais das vezes, mostra-se simples, direta e segura nessa
matéria.52 O juiz cotejará elementos expostos na petição inicial (v.g., a data do
vencimento da dívida) e a data do ato do juiz ordenando a citação – exercido
o direito a tempo, as vicissitudes ulteriores, decorrentes da demora na citação,
não prejudicarão o autor, inclusive tratando-se de decadência –,53 e a
respectiva regra que contempla o prazo de prescrição. É bem de ver que cabe
ao juiz conhecer, ex officio, da prescrição e da decadência em qualquer
hipótese.

Em relação ao direito anterior, porém, os casos do art. 332, I a IV, são


completamente distintos. A improcedência liminar do pedido era simples
faculdade do órgão judiciário, porque as peculiaridades do caso concreto, a
possibilidade de mudança na jurisprudência dos tribunais superiores e as
dúvidas no espírito do próprio julgador talvez recomendassem o
prosseguimento normal da demanda.54 Ora, um dos apanágios do NCPC é a
submissão dos órgãos judiciários de primeiro grau às teses jurídicas firmadas
nos tribunais superiores e nos tribunais de segundo grau, consubstanciadas
na súmula de jurisprudência predominante e no precedente haurido (a) do
incidente de julgamento de casos repetitivos e (b) no incidente de assunção
de competência, em proveito da igualdade e da segurança jurídica. Essa
verticalização reduz, drasticamente, a independência jurídica da pessoa
investida na função judicante. A violação da lei, tout court, na sentença de
mérito não expõe o órgão judicante à reclamação do art. 988, cujo
acolhimento implicará, segundo o art. 992, a invalidação – o texto usa o rude
verbo “cassar” – ou a determinação da “medida adequada à solução da
controvérsia”.

A submissão do órgão judicial de primeiro grau começa bem cedo, ao


primeiro contato com a petição inicial, verificada uma das hipóteses do art.
332, I a IV.

1.699.1. Condições da improcedência liminar do pedido – O art. 332


estipula quatro hipóteses de incidência da rejeição liminar do pedido,
contrariando: (a) enunciado de súmula do STF e do STJ (inc. I); (b) acórdão
do STF e do STJ no julgamento de recurso extraordinário ou de recurso
especial repetitivo (inc. II); (c) tese jurídica firmada no incidente de resolução
de demandas repetitivas ou no incidente de assunção de competência (inc.
III); (d) enunciado de súmula do TJ sobre direito local (inc. IV). Esses
assuntos receberam exame anterior (retro, 1.518).

As teses jurídicas fixadas pelos tribunais superiores (STJ e STF) convidam


particularmente à incidência do art. 332. Por exemplo, o autor A pleiteia da
empresa de banco B a redução da taxa de juros de X para X – j, mas a
jurisprudência prevalecente do STJ nega tal direito ao obrigado em contrato
bancário.

À incidência dessas hipóteses, podem variar as partes (v.g., no


precedente, a causa envolvia o correntista A e o banco Y; no segundo, o
correntista B e o banco X) e os fatos constitutivos (o contrato
entre A e Y jamais será idêntico ao contrato entre B e X, haja ou não
similaridade entre as cláusulas contratuais predispostas), ou seja, as razões
de fato. Porém, entre o precedente e a causa pendente há identidade de tese
jurídica (razões de direito), e, conseguintemente, do efeito jurídico pretendido
pelo autor e consubstanciado no pedido. Por exemplo, na demanda
entre A e Y o autor controverteu a estipulação da taxa de juros, porque
excessivamente onerosa para o consumidor, pleiteando a decretação da
invalidade parcial, limitando os juros ao dobro da taxa legal (art. 1.º, caput, do
Dec. 22.626/1933), tese rejeitada pelo STJ no julgamento de recurso
repetitivo (art. 332, II; na subsequente demanda entre B e X o autor converte
a estipulação da taxa de juros, porque não pode ser superior a vinte e cinco
por cento da taxa paga pelo banco na captação do dinheiro (art. 4.º, b, da Lei
1.521/1951), pleiteando a invalidação parcial, limitando os juros a esta taxa.
Não há identidade de teses jurídicas entre esses processos, não incidindo o
art. 332.

A aplicação do art. 332 reclama fundamentação baseada no art. 489, § 1.º,


V. Importa à regra, porque desnecessária a instrução, os fundamentos
jurídicos. Cuida-se de aplicar a tese jurídica haurida dos tribunais superiores e
do TJ, soberano na interpretação do direito local, ressalva feita à
constitucionalidade perante a CF/1988.

1.699.2. Efeitos da improcedência liminar do pedido – Verificadas as


condições de admissibilidade, o juiz emitirá sentença definitiva (art. 487, I).
Esta sentença revestir-se-á dos requisitos do art. 489. A motivação do ato
revela-se imprescindível à respectiva validade: o órgão judicial necessitará
demonstrar a adequação entre a tese jurídica verbete da súmula ou do
precedente e a causa posta. Como se sublinhou, a identidade descansa nos
fundamentos jurídicos, pois as razões de fato serão diferentes.

Dessa sentença caberá apelação, no prazo de quinze dias. O interregno


fluirá da intimação ao advogado do autor por um dos meios legalmente
admissíveis, em geral a intimação eletrônica (art. 270, caput) ou a publicação
do ato no órgão oficial (art. 272, caput). Legitima-se a recorrer unicamente o
autor. Não se mostra necessário intimar o réu da prolação da sentença.55

Interposta a apelação, o art. 332, § 3.º, autoriza o juiz a retratar a sentença


proferida, excepcionando o art. 494. Esta regra cede ao eventual trânsito de
situações peculiares.56 A retratação faz desaparecer a sentença de mérito e,
inexistindo motivo para barrar o prosseguimento da demanda através do
indeferimento da petição inicial, o juiz ordenará a citação do réu e designará a
audiência do art. 334, conforme o art. 332, § 4.º, primeira parte.

O chamamento do réu ocorrerá, de toda sorte, mantida a sentença e


admitido recurso do vencido (apelação), com o fito de responder ao recurso
(art. 332, § 4.º, segunda parte).

O procedimento da apelação é o comum. No entanto, o caráter liminar do


juízo de mérito pré-exclui a possibilidade de o órgão ad quem emitir sentença
definitiva favorável ao autor.57 O art. 1.013, § 3.º, só contempla essa
possibilidade no caso de sentença terminativa (inc. I). O órgão ad
quem reformará a sentença liminar, porque inexistentes os pressupostos
legais da respectiva emissão, e ordenará a baixa dos autos à origem,
prosseguindo o processo com a intimação do réu para comparecer à
audiência do art. 334 e apresentar contestação no prazo do art. 335.

Em particular, não convence o argumento de que, madura a causa nos


termos do art. 355, I, o tribunal pode entender “que não há mais nada a fazer
além de aplicar o direito ao caso concreto”.58 Não é admissível, realmente,
ignorar os efeitos da contestação do réu, cujos termos, em virtude do princípio
da eventualidade (convém precaver-se contra o furor extintivo das causas no
órgão ad quem), talvez sejam antecipados na resposta à apelação (não, é
claro, em termos definitivos). Em primeiro lugar, só surgem questões de fato,
passíveis de prova, por força da controvérsia encetada pelo réu na
contestação, objeto de impugnação de fato. Se o órgão ad quem reforma a
sentença desfavorável ao autor, divisou falta de identidade da tese jurídica,
abrindo espaço para questões de fato. Ademais, ao réu pesa o ônus,
produzida prova documental pelo autor (documentos públicos ou documentos
particular), a teor do art. 434, caput, de contestar a autenticidade (impugnação
da autoria: autenticação é certeza da autoria) e impugnar a veracidade das
declarações que lhe formam o conteúdo e, conforme o teor dessa alegação,
arguir a falsidade do documento. Ora, essa atividade defensiva assegura ao
réu direito à contraprova, repelindo o cabimento do art. 355, I, não cabendo ao
órgão ad quem julgar a causa favoravelmente ao autor sem infringir o direito
fundamental processual à produção de prova por meio lícito. Um exemplo
ilustra a situação. Na ação de A contraB, fundada em instrumento público
(escritura pública de compra e venda), na qual o vendedor A pleiteia a
diferença de correção monetária X, alegando que ela não lhe foi paga,
conforme registrado pelo tabelião, segundo declaração feita na sua presença,
ao réu B se afigura lícito, a despeito da fé pública do documento público
notarial (art. 405) e da natureza de “prova plena” da escritura pública (art.
215, caput, do CC), alegar pagamento, porque só não admite prova em
contrário (ressalva feita à arguição de falsidade, a teor do art. 430) as
declarações dos figurantes que se reportam aos fatos percebidos de visu et
de auditu pelo tabelião (infra, 1.921.1.1). Em tal hipótese, o próprio
instrumento público, objeto de impugnação simples (infra, 1.941.2), não
produz prova cabal a favor do autor e ao órgão ad quemnão se mostra lícito
suprimir a tramitação do feito em primeiro grau. E, ainda quando defesa desse
teor não seja apresentada em termos tão inequívocos, desde logo, na
resposta do réu, a suposição do órgão ad quem no sentido que, retornados os
autos à origem e intimado para responder, o réu não a ofereceria ou, caso
apresentada, mostrar-se-ia irrelevante, não tem o menor cabimento.

A análise e o juízo feito a respeito das razões da apelação no órgão ad


quem não vinculam, ademais, a defesa ulterior do réu, retornados os autos ao
juízo a quo. Assim decidiu o STF, em enfrentando a mesma questão
constitucional, suscitada perante o antigo regime do art. 296, parágrafo único,
do CPC de 1973, mandando o juiz citar o réu para responder a apelação
contra a sentença de indeferimento da petição inicial.59

O desprovimento da apelação no segundo grau implicará o dever de o


órgão ad quem condenar o apelante ao pagamento das despesas e de
honorários advocatícios a favor do advogado do apelado, a teor do art.
85, caput. O réu interveio no processo, contratou advogado para responder à
apelação, e, por isso, à sentença originária acrescentar-se-á o capítulo
acessório da sucumbência. Cuida-se de importante fator de desestímulo à
interposição de apelação fadada ao insucesso.

Por fim, conformando o autor com a rejeição liminar do pedido, o réu será
intimado do trânsito em julgado (art. 332, § 2.º c/c art. 241). Esse ato vincula o
réu ao teor da sentença, aproveitando-lhe a autoridade de coisa julgada.

Capítulo 76. CITAÇÃO DO RÉU E AUDIÊNCIA DE


CONCILIAÇÃO E DE MEDIAÇÃO
SUMÁRIO: § 349.º Modalidades da citação – 1.700. Importância da
citação do réu – 1.701. Funções da citação do réu – 1.702. Dispensa da
citação do réu – 1.703. Comparecimento espontâneo do réu – § 350.º Citação
real do réu – 1.704. Forma de citação real do réu – 1.705. Importância da
citação real do réu – 1.706. Citação pelo correio – 1.707. Citação por oficial de
justiça – 1.708. Citação por meio eletrônico – 1.709. Citação pelo escrivão ou
chefe de secretaria – § 351.º Citação ficta do réu – 1.710. Procedimento edital
no processo civil – 1.711. Caráter residual da citação ficta – § 352.º
Impedimentos à citação – 1.712. Impedimento em razão do lugar – 1.713.
Impedimento em razão do tempo – 1.714. Impedimento em razão do estado –
§ 353.º Efeitos da citação – 1.715. Destinatário dos efeitos da citação – 1.716.
Efeitos processuais da citação – 1.717. Efeitos materiais da citação – 1.718.
Estabilização da demanda – 1.719. Ineficácia da citação – § 354.º Renovação
da citação – 1.720. Repetição da citação – 1.721. Segunda citação – § 355.º
Audiência de conciliação e de mediação – 1.722. Designação da audiência de
conciliação e de mediação – 1.723. Obrigatoriedade da audiência de
conciliação e de mediação – 1.724. Participantes da audiência de conciliação
e de mediação – 1.724.1. Participação do órgão judiciário – 1.724.2.
Participação do conciliador ou do mediador – 1.724.3. Participação das partes
– 1.724.4. Participação do representante técnico – 1.725. Estrutura da
audiência de conciliação e de mediação – 1.726. Desistência da audiência de
conciliação e de mediação – 1.727. Falta de comparecimento na audiência de
conciliação e de mediação – 1.728. Resultados da audiência de conciliação e
de mediação.

§ 349.º Modalidades da citação

1.700. Importância da citação do réu

Reconhecendo aptidão à petição inicial, e excluído o julgamento prévio do


mérito, o juiz (a) designará a audiência de conciliação e de mediação e (b)
ordenará a citação do réu, devendo ocorrer com vinte dias de antecedência
(art. 334, caput). A rigor, a ordem dos atos é inversa: o juiz ordenará a citação
e a intimação do réu para comparecer na audiência de conciliação e de
mediação, desde logo designada, primeiro convocando o réu a juízo. O art.
334, caput, enfatiza a designação da audiência ante a importância
consagrada, de lege lata, à sua realização.

O ato decisório do juiz ordenando a citação do réu, diz o art. 238, convoca
“o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual”. A
parte final do dispositivo evidencia a adoção da teoria da relação jurídica
(retro, 83), relativamente à natureza do processo. Comparativamente ao
direito anterior, preferiu-se convocação em lugar de chamamento a juízo, sem
expressiva alteração de sentido. É fórmula palatável para quaisquer funções
instrumentais do processo, mais do que a indicação do destinatário – o réu, o
executado e o interessado. Deduzida a pretensão a executar, a citação não
convoca a parte para se defender, propriamente, embora o ato haja de
assinalar o prazo de citação (no mandado de citação, a teor art. 250, II), mas
para satisfazer a prestação ou o direito contemplado no título, e, não,
apresentar defesa. Parece mais correto, como já se entendia no direito
anterior, entender a citação como ato que integra o réu à relação processual.1

O ato judicial que ordena a citação decorre do provimento liminar positivo,


cujo objeto recai sobre a admissibilidade da pretensão processual (retro,
1.502), de ordinário juízo implícito – portanto, em princípio irrecorrível, exceto
apresentando conteúdo mais denso (retro, 1.244) – e imune à preclusão, por
impulso do órgão judicial, inexistindo requerimento do autor, todavia
concebível no caso do art. 247, V.

Literalmente, a definição do art. 238 afigura-se incompleta em mais de um


sentido. Em particular, no procedimento comum, o ato ultrapassa o simples
chamamento ou convocação do réu a juízo. A citação também faz conhecer
ao réu o conteúdo da pretensão processual.2

O art. 238 alude a réu, executado e interessado de olhar fito,


respectivamente, na jurisdição contenciosa e voluntária.3

A citação é ato submetido à iniciativa oficial.4 Não necessita o autor


requerê-la, mas subsistem dois ônus complementares: (a) o de identificação
do réu (retro, 1.474.1) e (b) o de qualificação do réu (retro, 1.474.2).
Problemas específicos, cuidando-se de pessoa natural ou de pessoa jurídica,
permitem divisar duas espécies de destinatários: (a) o citando propriamente
dito; ou (b) o representante habilitado (v.g., o advogado provido de poderes
especiais, a teor do art. 242, caput) ou presumido (v.g., o administrador do
imóvel, a teor do art. 242, § 2.º).

Remarca a necessidade de iniciativa exclusiva da parte o regime do


chamamento do litisconsorte necessário porventura preterido na petição
inicial. Verificando a preterição da parte obrigatória, art. 115, parágrafo único,
autoriza o juiz só a determinar ao autor que “requeira a citação” no prazo
assinado (retro, 589). Tal significa que o autor precisa endereçar a demanda
também quanto à(s) pessoa(s) inicialmente ignorada(s), requerendo-lhe(s) a
citação.

A citação constitui ato essencial à validade do processo (art. 239, caput,


parte inicial). Esse ato pode ser inexistente, inválido e ineficaz. A inexistência
e a nulidade da citação são vícios de imensa gravidade, porém sanáveis.5 A
falta (inexistência) e a invalidade da citação provocam a nulidade dos atos
posteriores do procedimento no que for prejudicial à defesa do réu.6 A
ineficácia (parcial) da citação inválida receberá análise adiante (infra, 1.719).

O processo sem a citação do réu existe, posto que inválido. A citação não
é, absolutamente não é, elemento de existência da relação
processual.7 Entendeu-se em outros tempos depender o ingresso em juízo da
citação do réu (assignation).8 Cuida-se de noção superada. Várias disposições
apontam nesse sentido. Em primeiro lugar, o art. 239, caput, estima
indispensável citação para a “validade do processo”.9 E, ademais, o
provimento originado do processo contaminado por tais vícios existe e surte
efeitos, produzindo a premente necessidade de o vencido reagir para subtrair-
se à sua eficácia, impedindo o prosseguimento da execução. Esse assunto já
recebeu análise anteriormente (retro, 1.222).

Um dos motivos da flagrante impossibilidade de a citação constituir


elemento de existência do processo avulta na circunstância de a relação
processual preexistir ao chamamento do réu a juízo. Deduzida a pretensão
processual, mediante o protocolo da petição inicial no ofício judicial,
competente ou não, forma-se o processo, na configuração de relação linear
entre o autor e o órgão do Estado (retro, 91), e, por definição, o provimento do
juiz repelindo a iniciativa do autor exibe aptidão para extinguir o processo (art.
330 c/c art. 485, I, e art. 316). Ora, o juiz extinguirá a relação processual
preexistente ao ato idôneo a produzir a extinção. Conforme se infere do art.
238, a citação integra alguém à relação processual já formada.

E mais avulta a importância da citação no fato de propiciar o exercício do


direito fundamental processual à ampla defesa. Fundado nesse valor supremo
o art. 280 comina de nulidade a citação realizada sem a estrita observância
das formalidades legais. Também o direito italiano ocupou-se em arrolar
minuciosamente os vícios da citazione.10 O art. 280 pressupõe (causa da
cominação da nulidade) prejuízo grave em caso de descumprimento do(s)
gabarito(s) legais da citação real e da citação ficta. Se há ato de forma rígida,
perante o qual nenhum temperamento afigura-se admissível e tolerável, este
é a citação, haja vista o liame com o direito fundamental processual à ampla
defesa. O relato bíblico enraizado na cultura do mundo ocidental recorda a
todos nós a necessidade de pedir explicações acerca do seu ato a quem
infringiu a lei antes de aplicar-lhe sanções. Eis o motivo por que a flexibilidade
da forma (v.g., entrega da carta de citação a qualquer pessoa no local de
residência do citando), perfeitamente identificada com valor inferior (a
finalidade), contribui decisivamente à má qualidade da atividade processual.11

A citação completa a relação processual.12 Antes da citação há relação


linear, vinculando autor e o órgão do Estado; depois, assume a configuração
definitiva e angular (retro, 91). Logo, a citação não constitui a relação
processual (elemento de existência) ou, como se dizia na vigência do CPC de
1939, instaura a instância.13Não se deve importar a noções correntes na
literatura processual italiana, segundo a qual o réu necessita constituir-se,
comparecendo a juízo, e torna-se réu com a citação.14 O réu assume essa
qualidade no momento em que é arrolado como tal na demanda (retro, 500).
A citação é pressuposto de validade, como dito e exaustivamente repetido, e,
não de existência do processo.15

Não é muito firme a designação do ato no NCPC. Recebidos os embargos,


o “exequente será ouvido”, reza o art. 920, I, realçando o fim (bilateralidade da
audiência) em detrimento do meio (citado). Ao prever a intimação do autor
(reconvindo) na pessoa do advogado, o art. 343, § 1.º, prevê ato que ostenta
“a natureza e os efeitos de uma citação”.16

1.701. Funções da citação do réu

A citação desempenha duas funções independentes no procedimento


comum. Em primeiro lugar, e conforme proclama o art. 238, a citação convoca
(ou chama) o réu, o executado e o interessado a juízo (ius vocatio).
Entretanto, a citação não é ato vazio de conteúdo. Também cientifica o réu o
conteúdo da pretensão (editio actionis).17 Esta última função decorre da
exposição da causa petendi e do pedido, ou individualização do objeto
litigioso, e, não, da eventual denominação conferida à pretensão.18

A comunicação de conhecimento encontra-se prevista no art. 250, II,


generalizável aos demais meios técnicos (v.g., na citação postal, o envio dos
duplicados da petição inicial, a teor do art. 248, caput), ressalva feita às ações
de família (art. 695, § 1.º). Do mandado de citação constarão as
especificações da petição inicial. Para esse efeito, há os duplicados (retro,
1.514 e 1.700). Essa comunicação plena constitui parte integrante do direito
fundamental processual à ampla defesa.19 É inválida citação
desacompanhada da edictio actionis.

A legislação processual brasileira há muito aglutinou na citação as duas


funções. Era diferente no direito reinol e em alguns códigos estaduais. Por
exemplo, o art. 514 do CPC/RS (Lei 65/1908-RS) convocava o réu para
comparecer em juízo (função da petição inicial) e, na audiência designada
para acusar a citação, então a ele se dava a conhecer o conteúdo da
pretensão do autor (constante do libelo). Em termos, o antiquado regime
vigora no direito italiano.20 A citação exibe o elemento específico de instar o
réu a constituir-se em juízo, advertindo-lhe das consequências da rebeldia.21 É
nitidamente superior a sistemática da lei pátria. A reunião de duas funções no
mesmo ato imprimiu notável simplicidade e economia à forma da citação real.
Não tem cabimento a figura do emplazamiento (convocação do réu para
comparecer e defender-se) do direito espanhol.22 O prazo de defesa decorre
da lei (art. 335). Em lugar disso, adverte-se o réu dos efeitos da inatividade
(art. 250, II). Não é diferente nas formas de introdução da demanda no direito
francês: (a) a citation par assignation;23 (b) a déclaration au secrétariat.24

1.702. Dispensa da citação do réu

O destinatário da citação é o réu, pessoalmente, ou o procurador


voluntária (v.g., o advogado que recebeu o poder especial de receber citação,
a teor do art. 105,caput) ou legalmente habilitado (v.g., o advogado do
reconvindo, a teor do art. 343, § 1.º),25 ou o representante legal (art.
242, caput).26 Essa diferença no destinatário sugeriu a divisão em duas
espécies: (a) citação direta; e (b) citação indireta.27

A vítima principal dos “arautos da celeridade, efetividade, deformalização e


tudo o mais”, objeto de ódio mal dissimulado e sacrificado em prol de
“relatórios judiciais reveladores de altos índices de produtividade, mortalhas
com que são envolvidos os cadáveres das garantias do devido processo
legal”,28 indubitavelmente é o réu. Ao resistir à pretensão do autor, tanto que
chamado a juízo através da citação – ato complexo e custoso –, ao impugnar
as decisões desfavoráveis e desenvolver atividade (lícita) destinada a
prolongar o processo, o réu assume a desconfortável posição de inimigo
figadal da efetividade. É preciso contê-lo, reduzindo-o a simples figura
decorativa e neutra, na medida em que exterminá-lo parece impossível, a
mais não seja porque prejudicaria a apresentação das estatísticas judiciais no
Estado Constitucional Democrático.

A dispensa de citação do réu, havendo juízo de inadmissibilidade liminar


da petição inicial, interpondo o autor apelação, segundo a redação do art. 296,
parágrafo único, do CPC de 1973, suscitou essa veemente contestação. E,
sem dúvida, mantendo-se a relação processual linear no processamento da
causa por dois graus de jurisdição, impõe-se hercúlea adaptação de outros
dispositivos, harmonizando-se regras inconciliáveis, a exemplo da preclusão
hierárquica (retro, 1.148.4). E, com efeito, a questão objeto da sentença
terminativa ou da sentença definitiva que decreta a prescrição e a decadência,
reformada pelo órgão ad quem, permanecia passível de arguição pelo réu na
contestação, conforme decidiu o STF.29 A ineficácia dos atos decisórios
perante o réu, presumível beneficiário do juízo de admissibilidade negativo,
não era isenta de efeitos extravagantes. O fundamento da sentença, ficando
imune à preclusão hierárquica, poderia ser objeto de vários e sobrepostos
pronunciamentos (v.g., indeferimento da petição inicial; retração desse ato,
pronunciamento do órgão ad quem a respeito, instado por agravo de
instrumento do réu; nova decisão em primeiro grau, acolhendo a preliminar do
réu; e, por fim, novo julgado do tribunal, apreciando a apelação do autor) no
idêntico ou de diferente teor.30 Não havia maior economia de atividade
processual na dispensa de citação do réu.

Eis a razão por que, no NCPC, o réu é citado para responder à apelação
do autor vencido, quer no juízo de admissibilidade negativo (art. 331, § 1.º),
quer na rejeição liminar do pedido (art. 332, § 4.º, segunda parte), e,
abstendo-se o autor de impugnar a sentença, intimado do trânsito em julgado
(art. 331, § 3.º, e art. 332, § 2.º, c/c art. 241). É mudança altamente
significativa. Desapareceu o ódio mal dissimulado ao réu nesse particular.

1.703. Comparecimento espontâneo do réu

Em mais de uma oportunidade (retro, 316.3 e 1.223), o comparecimento


espontâneo do réu recebeu análise, assinalando os respectivos efeitos.
Todavia, convém reapresentá-lo nos seus aspectos principais.

Parte-se do princípio que ao réu faltam meios práticos de conhecer a


litispendência e, a fortiori, a condição de parte passiva. Necessita de
chamamento formal para reagir contra a demanda. Nada impede, entretanto,
o comparecimento voluntário do réu, antes ou depois de o juiz ordenar a
citação, tomando a atitude adequada à preservação do próprio interesse.
Chama-se de comparecimento espontâneo ao ato do réu que, consumindo a
fase do chamamento, ingressa no processo, praticando ou não o ato
postulatório, suprindo a falta de citação (art. 239, § 1.º).

A precipitação dos acontecimentos sugerida no art. 239, § 1.º, objetiva, às


vezes, oferecer reação rápida e incisiva à demanda. O réu confia no êxito
fulminante da contestação, porque inadmissível ou porque manifestamente
infundada a pretensão deduzida pelo autor, que constitui demanda fruto
maduro na espera da messe. Da conjugação deste parágrafo com o seguinte
resulta outro propósito. O comparecimento espontâneo saneia o vício da
citação, ou supre-lhe a falta, mediante oportuna alegação de um e de outra.

A falta e a nulidade da citação representam hipóteses distintas e


inconfundíveis. Em caso de citação nula, houve a prática do ato em
desacordo com o gabarito legal, ingressando deficientemente no mundo
jurídico, mas surtiu os efeitos que lhe são próprios, alcançando a finalidade
precípua de chamar o réu a juízo; faltando a citação do réu, o ato nem sequer
ingressou no mundo jurídico, mas é – ou, ao menos, o réu entende que o juiz
assim entenderá – como se tivesse ocorrido o que, na realidade, não ocorreu.

O comparecimento espontâneo do réu sobrepõe-se às regras que, a bem


da segurança e abstraindo a efetiva ciência do réu, estipulam a
documentação no processo das várias modalidades de citação (na verdade,
havendo pluralidade de réus, de todas as citações) como o termo inicial do
prazo de defesa (art. 231), e antecipa o início do prazo. A rigor, o
comparecimento espontâneo antecipa os efeitos que são próprios da citação
em processamento, cuja consumação posterior mostrar-se-á irrelevante. Por
exemplo, o réu toma conhecimento da demanda pela imprensa, constitui
advogado e ingressa no processo, juntando a procuração, oportunidade em
que o juiz já ordenara a citação e o escrivão expedira carta com aviso de
recebimento, todavia entregue ao réu pelo carteiro em data posterior à da
juntada da procuração. O prazo de contestação, abstraída a audiência do art.
334, fluirá da data da juntada da procuração ou da prática de outro ato
inequívoco de ciência do conteúdo da pretensão (v.g., requerimento de vista
dos autos, para os fins do art. 107, II).31

Essas formas de comparecimento espontâneo conferem a devida


amplitude ao comportamento subentendido no art. 239, § 1.º. Não se exige do
réu a prática efetiva de ato postulatório (v.g., a alegação da nulidade ou da
inexistência; a apresentação de contestação), mas a chamada ciência
inequívoca do conteúdo da pretensão (edictio actionis).

Ao réu cabem três atitudes possíveis nas hipóteses de falta ou de nulidade


da citação: (a) o réu comparece, espontaneamente, e somente alega a
nulidade; (b) o réu comparece, alega a nulidade, preliminarmente (art. 337, I),
e apresenta contestação ou reconvenção, não se vinculando uma atitude à
outra, conforme o art. 337, § 6.º; (c) o réu comparece, nada alega a respeito
do vício verificado na citação, e responde à demanda. Embora não seja
frequente, na prática, concebe-se que o réu compareça espontaneamente
para reconhecer o pedido (art. 487, III, a), ensejando a emissão de sentença
definitiva, nesse estágio do processo (art. 354), baseada neste negócio
jurídico unilateral. Ao invés, revelia pressupõe o chamamento formal do réu
(retro, 346).

Nas duas primeiras situações arroladas, a segunda prevista no art. 337, I,


o órgão judiciário examinará a ocorrência, ou não, do vício, e do seu
pronunciamento. Então, surgem dois termos de alternativa: (a) o juiz decreta o
vício do chamamento; (b) o juiz rejeita o vício no chamamento.

Se reconhecer a existência do vício, o juiz invalidará o ato e intimará o réu,


na sequência, para responder, se este já não o fez por conta do princípio da
eventualidade. O prazo de defesa fluirá da data do comparecimento
espontâneo (art. 239, § 1.º, parte final). Não há a necessidade de renovar o
ato, propriamente, porque o réu compareceu em juízo. No entanto,
determinada a renovação da citação, por algum motivo, o prazo fluirá
conforme o disposto o art. 231.32

Rejeitando a existência do vício e dando o juiz a citação por válida, a


condição do réu dependerá do momento do comparecimento. Havendo feito
fora do prazo aberto com a citação declarada válida, produzem-se os efeitos
materiais da revelia (art. 239, § 2.º, I). O processo prosseguirá com a
presença do réu, mas revel.33 É por esse motivo, evitando as nefastas
consequências da presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor
(art. 344), situar-se matéria como defesa processual (objeção) dilatória (art.
337), sugerindo que o réu, atendo ao princípio da eventualidade (art. 336),
defenda-se no momento em que ingressar no processo. Era a útil e prudente
recomendação que se faz ao réu no âmbito doutrinário,34 tornada quase
compulsória, pois inexistirá tempo hábil para o réu arguir a invalidade ou a
inexistência, aguardar a decisão do juiz e, ainda no prazo contado da data do
comparecimento espontâneo, apresentar contestação ou reconvenção.

Na atual sistemática do agravo de instrumento, do ato declarando válida a


citação (art. 239, § 2.º caput), não cabe recurso imediato. No direito anterior,
ao contrário, interposto o recurso e invalidada a citação pelo órgão ad quem,
retornaram os autos à origem e o prazo fluía da intimação do réu.35

A terceira situação – o réu comparece, dentro do prazo, e nada alega


quanto ao vício da citação; ao invés, apresenta resposta – afigura-se mais
simples. Nenhum pronunciamento específico se exige do órgão judiciário,
estimando-se sanado o vício.
Na espécie do art. 337, I, mostra-se irrelevante o fato de o
comparecimento do réu ocorrer antes ou após o término do prazo de resposta
aberto com a citação nula. Ingressando o réu no processo dentro desse
prazo, a alegação da nulidade revelar-se-á supérflua.36 O ato não provocou
prejuízo à defesa. É comum, então, o silêncio do réu a esse respeito.
Entretanto, nada o impede de arguir o vício, esgotando a matéria de defesa.
Ingressando, posteriormente a esse prazo, para arguir o vício, respondendo
ou não, “o prazo de resposta só será devolvido se a alegada nulidade for
acolhida”.37 Rejeitada a nulidade, ocorreu preclusão e os meios de resposta
porventura apresentados ficam sem efeito, no que tange à matéria disponível
e subordinada à iniciativa da parte.

A alegação de nulidade, e, a fortiori, a da inexistência, mostram-se


meramente supletivas. Decidiu o STJ: “O exame da anomalia na citação
independe de provocação da parte, uma vez que ao Judiciário incumbe
apreciar de ofício os pressupostos processuais e as condições da ação”.38

§ 350.º Citação real do réu

1.704. Forma da citação real do réu

Das espécies de citação arroladas no art. 246, integram a classe das


citações feitas realmente ao réu, por si ou através de terceiro, as seguintes
modalidades: (a) a citação pelos correios; (b) a citação por oficial de justiça;
(c) a citação pelo escrivão ou chefe de secretaria; (d) a citação por meio
eletrônico.

O rol caracteriza-se pelo acanhamento. Em ordenamentos próximos ao


brasileiro, há outros meios (v.g., a ata notarial; o telegrama),39 igualmente
satisfatórios perante os postulados do processo civil garantista.

Comparativamente às modalidades herdadas das Ordenações Filipinas,


inexistem diferenças de forma, mas de meio – por exemplo, a citação pelo
correio. Desapareceram, entretanto, as seguintes variantes: (a) a citação por
“licença”: o juiz autorizava o próprio autor, ou terceiro, a citar o réu na
presença de uma testemunha;40 (b) a citação por despacho, em que o oficial
lia a petição inicial e o despacho do juiz ao citando, forma cabível quando este
residia na própria cidade sede do juízo, e na cabeça da comarca (abrangendo
várias cidades),41 proscrita da lei geral pelo perigo de perderem-se inicial e
documentos.42

O art. 246, III, admitiu, residualmente, outra modalidade de citação real


anteriormente implícita no sistema: a citação feita pelo escrivão (in faciem).

1.705. Importância da citação real do réu

Em matéria de comunicação dos atos processuais, desenvolveram-se


duas teorias:43 (a) a da recepção, segundo a qual é preciso certeza de que o
chamamento a juízo chegue ao citando (v.g., a entrega da carta de citação ao
“citando”, a teor do art. 248, § 1.º), obtida graças à estrita observância das
formas legais;44 e (b) a do conhecimento, sobrelevando a ciência do citando à
recepção do ato (v.g., a entrega da carta de citação no endereço do réu, mas
ao “funcionário da portaria responsável pelo recebimento da
correspondência”, a teor do art. 248, § 4.º).

A única teoria aceitável e em harmonia com o direito fundamental


processual da (ampla) defesa é a teoria da recepção. Ocioso frisar a
superlativa importância da oportunidade de defesa do réu. A citação propicia
essa oportunidade e, na dúvida, o direito fundamental processual exige a
renovação do ato, assegurando-se a entrega dos duplicados da petição inicial
ao citando, e, não, a outra pessoa qualquer no seu domicílio. O preço da
civilização é alto.

Infelizmente, o NCPC inclinou-se, tratando-se de pessoa jurídica (art. 248,


§ 2.º) ou de pessoa natural (art. 248, § 4.º), pela teoria da ciência na citação
pelo correio. Preferiu o modo mais cômodo ao serviço do processo em
detrimento da finalidade transcendental do ato. Aos que pregam a efetividade,
nada mais simpático; aos que já viveram as experiências calamitosas do
processo trabalhista, resta colocar-se de sobreaviso, embora os riscos sejam
reduzidos através da difusão da citação eletrônica.

O procedimento dessas modalidades de citação já recebeu análise,


porque assunto próprio à teoria geral do processo, cabendo reproduzir as
respectivas hipóteses de cabimento, fitando ao procedimento comum.

1.706. Citação pelo correio

Ao situar em primeiro lugar na seriação do art. 246 a citação pelo correio,


perdeu-se a valiosa oportunidade de realçar a citação por meio eletrônico,
mas realçou-se a forma de citação real de maior emprego.

Em que pesem as fragilidades quanto à efetiva ciência do réu, expostas no


item anterior, pondo o meio em flagrante e lastimável contraste com o direito
fundamental processual da ampla defesa, a citação postal constitui
prestimoso mecanismo da efetividade da Justiça brasileira. É uma das
modalidades do chamadoconstructive service norte-americano, compatível
com o direito de o réu receber adequada comunicação (adequate notice) da
demanda para se defender.45

Em síntese larga, o art. 246, I, terceirizou o chamamento do réu (e dos


interessados), sem recorrer à figura mais exótica do particular em colaboração
com a Justiça do direito português (“agente de execução”), valendo-se de
serviço estatal há muito organizado e de eficiência e rapidez incontestes. Os
correios constituem monopólio da União. A quebra do caráter estatal,
mediante a delegação do serviço a particulares, não prejudicou essa
tradicional modalidade de comunicação no direito alemão.46

Objeto de previsão fugidia nas Ordenações Filipinas (Livro III, Título I, §


3.º),47 quanto à citação das pessoas egrégias,48 tanto o art. 610 do CPC/RS
(Lei 65, de 16.01.1908), em determinados casos, quanto o art. 76 do CPC/BA
(Lei 1.121, de 21.08.1915), este com amplitude, previam essa modalidade,
ignorada no CPC de 1939, mas empregada desde 1943 no processo do
trabalho.
Fundavam-se os críticos da citação postal em argumentos insubsistentes
e irrealistas. “Especialmente”, assinalou comentário ao código baiano,
“anteviam os adversários os abusos cometidos por indivíduos sem
escrúpulos, obtendo da complacência criminosa de agentes da distribuição
postal falsos recibos, como se dos citandos fossem, correndo contra estes o
processo com inteira ignorância de sua existência. Mas, a necessidade do
recibo, firmado pelo réu que se vai citar, constitui forte garantia, sendo muito
mais fácil provar a falsidade da citação do que se procedesse duma certidão
do oficial de justiça”.49

Do art. 247, V, resulta lícito, tanto que não seja por outro motivo – quer
dizer, nos casos do art. 247, I a IV – obrigatória a citação por oficial de justiça,
ao autor a opção por este meio em detrimento da citação postal. Em item
anterior, já se defendeu o entendimento de que, em virtude de relevantes
razões práticas (v.g., falta de oficial de justiça, porque em férias o ocupante do
cargo), admite-se o indeferimento do meio escolhido, embora admissível.

Em determinados casos, a citação postal é pré-excluída legalmente, a teor


do art. 247, I a IV, agrupando duas espécies de razões: (a) objetivas (retro,
1.201.1); e (b) subjetivas (retro, 1.201.2).

Objetivamente, o art. 247 proíbe a citação postal: (a) nas ações de estado,
demandas que tramitam em segredo de justiça, envolvendo o estado da
pessoa, v.g., o divórcio, a separação e a filiação, e outros estados (v.g., o de
liberdade; o de cidadania),50 hipótese em que citação será pessoal (art. 695, §
3.º) e não explicitará o conteúdo da pretensão (art. 695, 1.º), a teor do art.
247, I; (b) nos lugares em que inexiste entrega domiciliar da correspondência,
a teor do art. 247, IV, razão sem dúvida objetiva e pragmática, mas
subsistente só nas regiões mais remotas do território nacional.

E, subjetivamente, o art. 247 proíbe a citação postal: (a) nas ações em que
figurar como réu pessoa relativa ou absolutamente incapaz, a teor do art. 247,
II; e (b) figurando como ré as pessoas jurídicas de direito público (interno e
externo), entendendo-se por tal a União, os Estados-membros, o Distrito
Federal, os Municípios, as respectivas autarquias e fundações públicas,
excetuadas as empresas públicas e as sociedades de economia
mista,51 segundo o art. 247, III.

Essa última exclusão parece deslocada perante a admissibilidade da


citação por meio eletrônico (art. 246, § 2.º). Não se visualiza óbice maior em
endereçar a correspondência para o escritório da Advocacia Pública, pois a
recepção, entregando o carteiro a carta de citação a pessoa específica, é tão
ou mais segura que a recepção da mensagem eletrônica pelo destinatário. E
não se justifica, ademais, o tratamento desigual das empresas privadas,
igualmente submetidas à citação por meio eletrônico (art. 246, § 1.º), e todavia
maltratadas no art. 248, § 2.º, mediante entrega da carta de citação ao
“funcionário responsável pelo recebimento da correspondências”.

Os demais aspectos já receberam análise no capítulo da comunicação dos


atos processuais.

1.707. Citação por oficial de justiça


A citação por oficial de justiça era o meio comum de chamamento do réu a
juízo até o auspicioso desenvolvimento da citação pelo correio. Era o “meio
normal” no primeiro código unitário,52 passando à segunda plana. Dos
requisitos do art. 251 se depreende que é a forma real de citação por
excelência. No entanto, assumindo a variante da hora certa, transforma-se em
citação presumida, por intermédio da entrega da contrafé ao familiar ou ao
vizinho do citando. E, subsidiariamente, tem lugar quando “frustrada a citação
pelo correio” (art. 249, in fine).

Ao contrário do que rezava o art. 161, III, do CPC de 1939, aludindo como
meio autônomo a citação por carta precatória ou rogatória, e, a fortiori, de
ordem – esquecida no dispositivo –, não há exceção nesse caso. As cartas
constituem simples meio para um juízo requisitar de outro a citação inicial por
oficial de justiça.53

A citação por oficial de justiça demonstra que o processo civil brasileiro


adota, relativamente ao ato da citação, o sistema da mediação: o autor
requer, o juiz ordena e o oficial de justiça cumpre o ato pessoalmente (art.
154, I).

É inteiramente fora de propósito o autor, por si, por intermédio do


advogado, ou através de particular especialmente encarregado desse mister,
citar diretamente o adversário a comparecer a juízo. A imediação afigura-se
mais intensa nos atos de comunicação no processo civil norte-americano no
tocante ao chamamento do réu, do executado ou do interessado a juízo.
O personal service implica a entrega em mão da citação ou da intimação
através do “sheriff, marshal or someone similarly authorized by law”.54 Existem
outros meios, chamados de substituted service (v.g., a citação através da
pessoa de idade respeitável e discrição) e de constructive service (v.g.,
publicação na imprensa; o uso dos correios). Em França, a citation – termo
que substituiu a assignation ou ajournement, hoje reservado à convocação
das testemunhas – é ato do oficial de justiça (huisser),55 e, inclusive, tende a
desaparecer a intimação de advogado a advogado (ou de avoué a avoué no
tribunal de apelação), chamados de actes du Palais, porque ordinariamente
ocorriam no próprio foro, onde se encontravam os procuradores das partes. E,
de fato, o processo civil de modelo social e público, hoje largamente difundido
e vigorante entre nós, não abria semelhante espaço às partes, salvo no
tocante à intimação (art. 269, § 1.º). A introdução dessa espécie pretende
conferir ares de modernidade ao processo brasileiro.

1.708. Citação por meio eletrônico

O art. 246, V, autoriza a citação por meio eletrônico. É natural que, no


processo integralmente eletrônico, o chamamento se realize pelo envio de
correspondência ao endereço eletrônico do réu (e-mail). Por exceção, e em
virtude unicamente de motivos técnicos (art. 9.º, § 2.º, da Lei 11.419/2006), a
exemplo da inexistência desse endereço, o juiz valer-se-á dos meios
ordinários, “digitalizando-se o documento físico, que deverá ser
posteriormente destruído”.

A consagração dessa modalidade autônoma de chamamento, regra outros


sistemas jurídicos,56 recebe impulso com o dever de as pessoas jurídicas
privadas e as pessoas jurídicas de direito público cadastrarem-se nos prazos
dos arts. 1.050 e 1.051. Realizado esse cadastro, a citação dar-se-á por via
eletrônica, a teor do art. 246, §§ 1.º e 2.º, preferindo a qualquer outro.

Embora simples, problema distinto consiste na segurança desse meio. É


duvidoso que seja alcançado estágio ideal de segurança, mas o processo civil
brasileiro não poderia abdicar desse meio técnico contemporâneo.

A citação por meio eletrônico é real.57 Desaparecerá, entretanto, a


mediação do oficial de justiça.

1.709. Citação pelo escrivão ou chefe de secretaria

O art. 221 do CPC de 1973 não contemplava nas atribuições funcionais do


escrivão ou chefe de secretaria a realização da citação,58 comparecendo o réu
em cartório, chamada de citação in faciem. Duas ponderáveis razões eram
invocadas: (a) os meios de chamamento do réu eram previstos,
exaustivamente, não se incluindo semelhante modalidade no catálogo
legal;59 (b) ao escrivão ou chefe de secretaria incumbia promover citações e
intimações e, nesse contexto, “promover” significava diligenciar a realização
do ato (v.g., expedindo o mandado de citação; elaborando a nota de
expediente que o órgão oficial eletrônico publicará; e assim por diante).60 Nem
sequer as leis de organização judiciária, impropriamente que seja, incluíam
dentre as atribuições do escrivão realizar a citação.

Essa rejeição era paradoxal, pois o escrivão ou chefe de secretaria já


realizava intimações in faciem, e, de toda sorte, comparecendo o réu
espontaneamente em cartório, suprindo a falta de citação, cumpria-lhe
elaborar termo desse teor.

O art. 246, III, autoriza, explicitamente, o escrivão ou chefe de secretaria


realizar a citação, “se o citando comparecer em cartório”. Por óbvio, nessa
hipótese deveras excepcional caberá ao escrivão: (a) oferecer ao citando
cópia da petição inicial e do pronunciamento do juiz, seja que for o respectivo
teor; (b) esclarecê-lo da finalidade da citação, mencionando o prazo para
contestar, sob pena de revelia; (c) indicar a existência de cominação para o
caso de descumprimento de ordem, se houver; (d) intimar o citando da
designação da audiência de conciliação e de mediação, advertindo-o quanto
às consequências da falta de comparecimento ou do comparecimento
desacompanhado de advogado ou de defensor público; (e) colher a
assinatura do citando no termo ou emprestar fé ao cumprimento dos
requisitos da citação e, se for o caso, certificar a recusa do citando em assinar
o termo. Essas operações equivalem às prescritas ao oficial de justiça no art.
251.

§ 351.º Citação ficta do réu

1.710. Procedimento edital no processo civil

Em determinadas demandas, há réus incertos e desconhecidos de


antemão e, ainda, titulares de interesses incompatíveis com a pretensão
deduzida. Chama-se de procedimento edital à convocação dessas pessoas a
juízo. Nem sempre o chamamento visa a integrar a pessoa à relação
processual. Pode ser para deduzir pretensão (provocatio ad agendum). Dessa
diferença de objetivos resulta duas espécies de citação ficta, através de
proclamas ou éditos: (a) a citação eventual, porque se ignora quem seja o
citando; (b) a citação essencial, porque são todos os demandados (sujeito
passivo total) ou não se sabe quem seja o demandado, dentre todos.

O NCPC aboliu o procedimento especial da pretensão de aquisição de


domínio mediante prescrição aquisitiva. A especialidade do rito expressa-se
em duas disposições: (a) a obrigatoriedade da demanda contra os confinantes
(art. 246, § 3.º), modalidade de litisconsórcio necessário simples, exceto
quando o objeto é unidade autônoma de prédio em condomínio; (b) a
obrigatoriedade da citação de todos (art. 259, I), provocando quaisquer
interessados a opor seu direito à declaração do domínio.

É necessário o procedimento edital, ademais, na pretensão de


recuperação ou substituição de título ao portador, porque o título circula
manualmente e não se sabe quem, dentre todos, possui a cártula (art. 259, II).

Por fim, o procedimento especial é indispensável em outras situações,


previstas em lei (art. 259, III), em que há interessados incertos e
desconhecidos, a exemplo da ação discriminatória (art. 20, § 2.º, da Lei
6.383/1976).

A falta de atendimento à citação por edital, nessas hipóteses, implicará a


perda do eventual direito do titular desconhecido. Assim, o autor da pretensão
de declaração do domínio por força da prescrição aquisitiva, ou usucapião,
adquire o domínio em detrimento de qualquer outra pessoa (v.g., os herdeiros
do titular do domínio no álbum imobiliário).

1.711. Caráter residual da citação ficta

A citação por edital é citação ficta, porque fundada na presunção que a


notícia da propositura da ação chegue ao réu através da divulgação do edital
na forma prescrita em lei (retro, 1.216). Tal modalidade de citação só cabe
nos casos expressos em lei, avultando as situações previstas no art. 256, I a
III, e, a mais das vezes, assumirá caráter subsidiário.61 O ideal é que réu seja
citado pessoalmente.

Os incisos I e II do art. 256 contemplam duas hipóteses distintas: (a)


citando de identificação impossível (retro, 1.212.1); e (b) citando de
localização impossível (retro, 1.212.2). Ao autor incumbe o ônus de afirmar
que o réu é (a) desconhecido (v.g., o portador atual do título de crédito
transmitido manualmente) ou (b) incerto (v.g., a identidade dos ocupantes de
área invadida na pretensão à reivindicação), na hipótese do art. 256, I; e que
o réu se encontra em lugar desconhecido, incerto ou inacessível (v.g., o réu
mudou-se para endereço desconhecido na cidade de São Paulo). Responderá
o autor pela eventual falsidade dessas afirmativas (art. 258,caput).

O juiz verificará os pressupostos da citação edital e, se for este o caso,


deferirá o chamamento por essa via.

Variante de citação ficta é a citação com hora certa (art. 252). Não
logrando êxito em localizar o réu no seu domicílio, em duas ocasiões distintas,
e suspeitando da voluntária ocultação do citando, o oficial de justiça intimará
qualquer pessoa da sua família e, na falta desta, vizinho capaz de transmitir
aviso ao citando, que voltará no dia útil imediato, ou em outro dia próximo, na
hora fixada, com o fito de realizar a citação. Em tal oportunidade, o oficial de
justiça retorna ao domicílio ou residência do citando, concebendo-se dois
termos de alternativa: (a) localizado o réu, efetuará a citação, com as
formalidades de estilo; (b) não localizado o réu, e inexistindo motivo justo para
a ausência eventual (v.g., viagem a negócios), o oficial de justiça dará por
feita a citação (art. 253, § 2.º), independentemente do deslocamento do
citando para outra comarca, seção ou subseção judiciária (art. 253, § 1.º),
deixando contrafé da ocorrência com familiar ou vizinho (art. 253, § 3.º). Ainda
advertirá o terceiro que, sobrevindo revelia, ao réu o juiz dará curador especial
(art. 253, § 4.º, c/c art. 72, II).

Recebido o mandado com semelhante certidão em cartório, o escrivão


enviará ao réu, no prazo de dez dias, carta, telegrama ou mensagem
eletrônica, dando-lhe ciência da citação (art. 254).

Este procedimento já recebeu exame em seus múltiplos pormenores


(retro, 1.210).

§ 352.º Impedimentos à citação

1.712. Impedimento em razão do lugar

A citação é ato processual realizado em dia hábil à prática dos atos


processuais (retro, 1.135). Também é realizado fora da sede do juízo na
citação real. O oficial de justiça costumava deixar nota impressa, noticiando a
visita ao domicílio do réu e solicitando-lhe o comparecimento na sala própria,
no foro, prática de escassos resultados e já esquecida. O carteiro entrega a
carta de citação, colhendo recibo, no endereço indicado. O oficial de justiça
prescinde de autorização prévia e expressa do órgão judiciário para realizar o
ato em dias não úteis, ou fora do horário hábil, e nas férias ou recesso, nos
casos em que houver risco de “perecimento do direito” (art. 212, § 2.º). Tal
significa o vencimento dos prazos assinados à produção do efeito retroativo
da citação para impedir a consumação da prescrição ou a extinção do direito
(decadência). Respeitará, todavia, a inviolabilidade do domicílio (art. 5.º, XI,
da CF/1988), ou seja, não poderá o oficial de justiça ingressar na morada do
citando sem o seu consentimento.

O art. 244 proíbe a citação, transitoriamente, em algumas situações,


cogitando do lugar o inciso I, que venda a citação “de quem esteja assistindo
culto religioso”. O ponto já recebeu exame anteriormente (retro, 1.198).

É regra antiga no direito pátrio, originária das Ordenações Filipinas (Livro


III, Título IX, § 7.º), e abrange o(s) participante(s) e o(s) oficiante(s) do culto. É
o que se entende, por igual, na interpretação da regra vigente.62

O objeto da tutela regra é o direito fundamental do livre exercício dos


cultos religiosos. Esse bem jurídico é tão caro ao direito que constitui fato
típico penal “impedir ou perturbar cerimônia ou prática religiosa” (art. 208 do
CPB). As formalidades da citação, em especial as providências do art. 251,
atentariam contra a fluência normal do culto religioso. Desapareceria a
contrição do citando e dos assistentes alheios ao litígio.
Os cultos religiosos são públicos, mas realizam-se, via de regra, em locais
fechados. Existem exceções notáveis. Rezou-se a primeira missa em território
pátrio em lugar aberto. Eventuais procissões e romarias, que percorrem
logradouros públicos, ou a missa campal, também se acham abrigados na
regra. Há cultos reservados aos iniciados, e proibidos aos profanos, ou de
frequência limitada aos familiares, como acontece com algumas pompas
fúnebres. Essas cerimônias restritas, sem nenhuma ofensa à ordem pública e
aos bons costumes, impedem o ato de citação.

O impedimento do art. 244, I, inicia com a entrega no fiel no culto e


cessará com a respectiva saída do templo. Admite-se a citação na entrada e
na saída do templo, ainda não iniciado ou já encerrado o culto interno, ou do
fiel que se afastou da cerimônia externa, tomando caminho diferente.63

O art. 243, parágrafo único, autoriza a citação do servidor militar em


serviço ativo na respectiva unidade, desconhecendo-se a respectiva
residência ou domicílio em outro lugar, porque há os que residem no
perímetro da base militar.

1.713. Impedimento em razão do tempo

A citação realizar-se-á no horário da prática dos atos processuais (art.


212, caput) e, porque ato externo, independentemente do horário do
expediente forense. Vale, aqui, a observação feita no item anterior quanto ao
risco de perecimento do direito (retro, 1.712), objeto de menção no art. no art.
244, caput.

Os incisos I e II do art. 244 proíbem, nada obstante, a realização da


citação em determinado espaço de tempo, respeitando o período de nojo e o
período de gala.

O art. 244, II, veda a citação das pessoas mais chegadas ao morto no
período de nojo, fixado em oito dias – o dia do falecimento e os sete dias
subsequentes. É possível a citação no mesmo dia da morte, mas antes do
óbito, pois o impedimento surge com este evento.64 O ato realizado em
infração à regra proibitiva é inválido. E citação efetivada sem a observação
das prescrições legais é nulidade cominada (art. 280), presumindo-se,
portanto, o prejuízo do citando.

A disposição presume a transitória perda do discernimento por quem sofre


desgosto, o pesar e a tristeza decorrente do falecimento do ente querido. Fica
impedido de tomar as providências práticas exigidas em razão do ato de
chamamento a juízo. Por isso, a citação do procurador de alguma das
pessoas protegidas pelo período de nojo não encontra óbice.65

O art. 244, II, arrola as pessoas presumidamente perturbadas


emocionalmente com o falecimento. Em primeiro lugar, protege o cônjuge e
companheiro(a). Entende-se por tal o viúvo ou a viúva, sem embargo da
natureza do vínculo – casamento ou união estável. Eventual dissolução da
sociedade conjugal não afasta a incidência da regra, que abriga o(a) ex-
cônjuge ou o(a) ex-companheiro(a), pois não se pode eliminar, a priori, a
subsistência dos sentimentos de solidariedade humana em tais
circunstâncias,66 havendo ou não filhos comuns. A ruptura do vínculo,
mediante divórcio, tampouco afasta a incidência do dispositivo por identidade
de razões.

Em seguida, a regra proíbe a citação de “qualquer parente” do morto,


“consanguíneo ou afim, em linha, ou na linha colateral em segundo grau”. Na
verdade, a lei impede o ato relativamente aos pais, avós, bisavós, trisavós e
tetravós; filhos, netos, bisnetos, e assim por diante; ou sogros, ou genros; ou,
na linha colateral, os irmãos e cunhados. Ficam de fora primos, tios, sobrinhos
e afins correspondentes.

Logo, a dicção do art. 244, II, incorre em flagrante exagero. Nem todos os
parentes ficam imunes à citação por certo período. E não basta a intensidade
do se de pesar, ressalva feita à caracterização da impossibilidade
momentânea a que alude o art. 245, caput, parte final, ou a inexistência do
luto, porque a lei enumerou, taxativamente, as pessoas presumivelmente
atingidas pela morte, fato inelutável na vida.

Não se admite a citação qualquer dos noivos no chamado período de gala,


fixado “nos três primeiros dias seguintes ao casamento” (art. 244 III). Inclui-se
o próprio dia do casamento.

A regra adveio das Ordenações Filipinas (Livro III, Título IX, § 8.º) e,
originariamente, abrangia familiares e convidados, envolvidos com as núpcias.
Funda-se na legítima presunção de que, ante o auspicioso evento, os
cônjuges teriam “sérias dificuldades para preparar e apresentar defesa
consentânea”.67 Em contrapartida, semelhante finalidade pré-exclui a
incidência da regra na ação movida por um cônjuge contra o outro (v.g., a
anulatória do casamento).

Ao contrário do que acontece no período de nojo, o dia do casamento


encontra-se determinado, e, portanto, mostrar-se-á nula a citação realizada
neste dia, antes ou depois do ato. Impedimento algum há na citação do
procurador, convidado ou não para a cerimônia, com as cautelas de não
realizá-la com estrépito e perturbação à gala.

As bodas mencionadas no art. 244, III, se referem ao casamento religioso


ou civil. Legitimamente, atendendo à finalidade da regra, estender-se-á o
impedimento para quaisquer cerimônias destinadas a festejar ou consagrar a
união livre de duas pessoas e sem discriminação de gênero.

1.714. Impedimento em razão do estado

Representando ato indispensável à validade dos atos subsequentes do


procedimento, ensejando a realização do direito fundamental à defesa, impõe-
se que a citação recaia sobre pessoa viva– a citação de pessoa já falecida
receberá exame no item dedicado aos vícios da citação (retro, 1.222) –, e,
ainda, capacidade plena do citando constitua elementar requisito de validade
da citação a plena capacidade do citando para entender, avaliar e sopesar a
natureza e efeitos do ato processual. Esse tema já recebeu exame (retro,
1.199), valendo reproduzir, no contexto do procedimento comum, os subsídios
então recolhidos.
Tratando-se de pessoa absoluta ou relativamente incapaz, a lei civil
encarrega-se de apontar os representantes legais. Essas pessoas têm o
discernimento reclamado na lei, recebendo a citação em nome do
representado isolada ou conjuntamente (art. 242, caput). O menor sob poder
familiar pode ser citado na pessoa de qualquer dos pais. Idêntico raciocínio
preside a citação na pessoa do representante voluntário (v.g., advogado com
poderes especiais, a teor do art. 105, caput).

Às vezes, entretanto, o oficial de justiça, no curso das diligências para


realizar o ato, verifica que ao citando, presumivelmente maior e capaz, falta a
capacidade necessária, porque acometido de alguma doença.

Fato comum da vida, o estado de saúde do citando impede a realização


do ato (art. 245, caput), definitiva ou transitoriamente. Em casos tais, o oficial
de justiça não realizará a citação, aguardando a recuperação do citando ou,
desde logo, certificando o fato para ulterior investigação a mando do juiz, a
teor do art. 245, § 1.º.

O art. 244, IV, versa a hipótese de enfermidade ocasional,


impossibilitando-lhe de reagir ao chamado a juízo, vetando a citação
“enquanto grave seu estado”. Por exemplo, o réu sofreu enfarto, ou alguma
cirurgia, eletiva ou não, e encontra-se hospitalizado. Essa espécie de
impossibilidade manifesta (mental ou física) não depende de ulterior parecer
de experto. Fora daí, o oficial de justiça obterá auxílio na opinião de médico,
especialista ou não na doença, certificando o fato no mandado de citação.

É bem de ver que as informações dos familiares, relativas ao estado de


saúde do citando, provadas ou não por atestado ou laudo técnico,
definitivamente mostram-se insuficientes. Os familiares tendem a manifestar
preocupação excessiva. E os laudos particulares não retratam, por vezes, o
estado real e atual do citando. Aliás, o impedimento atinge o doente, e, não,
os respectivos familiares, inclusive os mais próximos (v.g., o cônjuge).68 Por
óbvio, o oficial de justiça, aqui repetidamente mencionado, porque tal regra
dificilmente se aplica às demais modalidades de citação (v.g., na citação
postal, o carteiro simplesmente não entregará a carta de citação), agirá com a
sensibilidade e a prudência reclamada no caso. Evitará citar a esposa
transtornada ou sensível, também parte na causa, até a recomposição
emocional ou recuperação do enfermo.

Indispensável à incidência da regra a verificação, icto oculi, acompanhado


ou não do médico da sua confiança, do verdadeiro estado do paciente e
citando pelo oficial de justiça. Em casos particularmente difíceis, em que o
citando encontra-se segregado, impedida a visita por ordem médica, o auxiliar
do juízo socorrer-se-á do art. 245, § 1.º, certificando o fato, a fim de que o juiz
designe médico para atestar o estado do citando.

O impedimento do art. 244, IV, revela-se essencialmente transitório.


Recuperando-se o citando, no sentido de que se encontra apto a receber a
citação e tomar as providências a seu cargo, o oficial de justiça realizará a
citação; ao invés, ocorrendo o óbito, o oficial de justiça certificará o fato e
restituirá o mandado ao cartório, a fim de que se decida acerca da
transmissibilidade da pretensão e, em caso positivo, o autor requeira a citação
dos sucessores. Em caso de morte, incidirá o art. 244, II, relativamente aos
parentes do citando.

Das doenças de maior gravidade, consoante diagnóstico médico ou a


experiência comum, tornando impossível ou improvável recuperação do
paciente, ocupa-se o art. 245. É proibida a citação do réu demente ou sem
discernimento para reagir ao ato processual. O art. 245 rejeitou a tese de que,
presumindo-se a capacidade, cabível a citação,69 adotando a tutela da
aparência.

Considera-se mentalmente incapaz, para os fins do art. 245, caput, a


pessoa acometida de enfermidade ou deficiência mental aparente e grave. A
lei estima nessa situação réu portador de “estado de desagregação mental de
tal ordem, revelador de anomalia psíquica tão intensa”,70 que o torna
impossibilitado de receber a citação, apreendendo a natureza e os efeitos do
ato, e, conseguinte, de providenciar a defesa. Faltará ao réu discernimento
para a prática do ato da vida civil (art. 3.º, II, do CC). Encontrando-se
interditado o citando, em razão dessa enfermidade ou deficiência, às vezes
congênita, cumpre ao oficial de justiça citar o respectivo representante legal.

A pessoa, enferma ou não, em razão de causa transitória, ou não,


impossibilitada de exprimir a sua vontade (art. 3.º, III, do CC), não será citada.
Para essa finalidade, a idade não constitui fator relevante. Ressalva feita à
incapacidade de fato, igualmente apurada pelo oficial de justiça, seguindo-se
a providência do art. 245, § 2.º, o fato de o citando ter mais de sessenta anos
não significa que ele seja incapaz, no todo ou em parte.

O art. 245, caput, versa assunto eminentemente técnico. O oficial de


justiça é leigo nesta matéria. Não tem formação para avaliar estado psíquico
do citando. Por esse motivo, a lei cinge a verificação à aparência. Pode
acontecer que a própria doença mental atribua ao citando, em determinados
momentos, plena consciência, retirando-a em outras ocasiões. Dependerá a
validade do ato, nessas condições, da ulterior prova da incapacidade no
momento do recebimento do ato.

Aparentando o citando a anormalidade psíquica, e não existindo


possibilidade de recuperação próxima (v.g., o citando sofreu enfarto, mas
receberá alta em breve; a incapacidade mental é momentânea, em razão de
concussão sofrida em acidente de trânsito), o oficial de justiça descreverá
minuciosamente a ocorrência, reza o art. 245, § 1.º. Diante da certidão, e sem
colher a manifestação do autor, o juiz designará médico, a fim de “examinar o
citando” (art. 245, § 2.º). Esse exame pode ser dispensado perante o laudo do
médico assistente do citando (art. 245, § 3.º).71 À vista da própria certidão
dotada de fé pública, o juiz pode concluir seguramente a incapacidade do
citando e, abstraído o exame, dar-lhe curador de imediato.72

Apresentará o médico laudo no prazo de cinco dias (art. 245, § 2.º).


Declarada a capacidade do citando, malgrado as aparências, o juiz mandará o
oficial de justiça citá-lo, na forma do art. 243. Ao invés, apurada a
impossibilidade, o juiz dará ao citando um curador especial, restrita a
nomeação à causa (art. 218, § 4.º). O juiz observará a preferência da lei civil,
prevista no art. 1.775 do CC: cônjuge (ou companheiro), pai, mãe e
descendente “que se demonstrar mais apto”. Em tal hipótese, o juiz
necessitará dos subsídios fornecidos pelo autor, porque não lhe cabe
adivinhar os integrantes da família do citando.

Escolhido e compromissado o curador especial, receberá a citação,


gravando-lhe o ônus de apresentar defesa e representar o citando no
processo. Incide, ainda, o art. 178, II, sendo caso de intervenção obrigatória
do Ministério Público, sob a pena de nulidade (art. 279).

A citação do incapaz que, todavia, aparentou capacidade para o oficial de


justiça, revela-se nula. A invalidade há de ser demonstrada no processo ou no
remédio porventura cabível (retro, 1.122).

§ 353.º Efeitos da citação

1.715. Destinatário dos efeitos da citação

Os efeitos da litispendência, ou seja, da formação do processo, chamada


de propositura da ação no art. 312, operam perante o réu por intermédio da
citação válida.

É imperfeita a cláusula “quanto ao réu”, inserida no art. 312, segunda


parte. Em primeiro lugar, há efeitos produzidos desde logo, a exemplo da
proibição da renovação de demanda idêntica (art. 337, § 3.º), atingindo o
autor. Desde a propositura o autor já não pode propor outra demanda idêntica
sem incidir no veto à renovação, incidindo, portanto, o art. 485, V. E há efeitos
no rol do art. 219, a exemplo da constituição em mora, que só respeitam
realmente ao réu. Essa diferença demonstra que, relativamente ao termo
inicial da eficácia, existem efeitos da formação do processo e efeitos da
citação do réu.73

Como quer que seja, quaisquer efeitos porventura agregados à citação


produzem-se perante o réu. Logo, os efeitos da citação se destinam ao réu.
Não importa se, relativamente ao autor ou aos terceiros, o conjunto dos
efeitos, ou parte deles, produzam-se em outros momentos, e, ainda, existam
efeitos alheios à citação (v.g., a prevenção).

O art. 240 estipula os efeitos que decorrem da citação válida perante o


réu: (a) litispendência; (b) litigiosidade da coisa; (c) constituição em mora do
devedor; (d) interrupção da prescrição. Para fins didáticos, classificam-se
esses efeitos em duas espécies: (a) efeitos materiais, respeitando o efeito
fundamentalmente ao objeto litigioso ou res in iudiciam deduta (v.g., a
interrupção da prescrição, e, a fortiori, da decadência e da preclusão, a teor
do art. 240, § 4.º); (b) efeitos processuais, respeitando a fenômenos
unicamente ocorridos nesta esfera (v.g., a proibição de renovar a demanda).

Se tais efeitos, no todo ou em parte, realmente defluem da citação, em


especial perante o réu propriamente dito, é outro problema, já examinado
alhures (retro, 1.219) e aqui reexaminado nos dois itens subsequentes.
Importa recordar que a enumeração é incompleta. Existem outros efeitos da
litispendência – por exemplo, a perpetuação do valor ou perpetuatio
valoris (retro, 1.501) e a proibição de alterar o estado de fato (retro, 1.502),
alhures examinados.
Equívoco comum consiste em considerar a litispendência efeito autônomo.
A litispendência é, na realidade, a causa remota de quaisquer efeitos, no
plano processual e no plano material, sendo que o efeito previsto no art. 337,
§ 3.º, c/c art. 485, V, ou proibição de renovação da demanda, constitui apenas
uma das consequências processuais da litispendência.

Convém registrar que a citação surte efeitos no momento em que é


realizada, inclusive no caso da citação pelo correio,74 e, não, na oportunidade
fixada como termo inicial do prazo (art. 231).75 A intercalação da audiência de
conciliação e de mediação (art. 334) e o início da fluência do prazo de
resposta (art. 335) ajusta a diferenciar os fenômenos. As regras respeitantes à
data da documentação da citação no processo (v.g., a juntada do mandado de
citação, a teor do art. 231, II) têm por fito assegurar a ampla defesa. Os
efeitos da litispendência, quaisquer que sejam, produzem-se da ciência
inequívoca do réu do conteúdo da pretensão (v.g., na data do recebimento da
contrafé, a teor do art. 251, I; na data do comparecimento espontâneo, a teor
do art. 239, § 1.º); na data da retirada dos autos em carga pelo advogado, a
teor do art. 231, VIII).

1.716. Efeitos processuais da citação

São efeitos processuais da formação do processo: (a) a “litispendência”,


ou seja, a proibição da renovação da demanda; (b) a prorrogação da
competência; e (c) a prevenção da competência.

Desses efeitos, a prorrogação da competência surge com a propositura


(art. 312), e, não, da citação válida do réu (art. 312, segunda parte, c/c art.
240, caput). Esse efeito é conhecido na expressão latina muito empregada,
mas imprópria de perpetuatio jurisdictionis (retro, 466). Segundo o art. 43, a
competência se determina no momento da propositura da ação, ou seja, do
registro ou da distribuição. A partir desse momento, cronologicamente anterior
ao da citação, a competência do juízo ficará imunizada às modificações
supervenientes de fato e de direito. Por exemplo, proposta a demanda no foro
do domicílio do réu (art. 46, caput), a mudança de domicílio posterior não
afetará a competência fixada inicialmente.

Em tese, sobram dois efeitos: a “litispendência” e a prevenção da


competência. O primeiro tem sentido distinto do usual perante o réu e o
segundo desvinculou-se, no NCPC, totalmente da citação.

A citação válida induz a litispendência (art. 240, caput). Por sua vez, o art.
337, § 3.º, declara existir “litispendência… quando se repete ação que está
em curso”. Nenhum dos dispositivos se revela integralmente exato.

Litispendência é o estado de fato e de direito decorrente da pendência do


processo, ou seja, a fluência da causa em juízo.76 Esse estado produz-se com
a formação do processo. E o processo forma-se, no direito brasileiro, com o
simples ingresso do autor em juízo, independentemente da citação do réu (art.
312, primeira parte). O ato do juiz, rejeitando a petição inicial (art. 330) – juízo
de admissibilidade negativo –, por definição extinguirá o processo (art. 485, I).
Extinguiu a relação linear preexistente. Assim, a propositura da ação já induz
perante o autor o efeito mais expressivo (em geral, confunde-se o instituto
com esse efeito) da litispendência: a proibição da renovação da demanda.
A proibição do art. 337, § 3.º, tem como destinatário o autor. Ao réu não é
dado, embora trabalhando com os mesmos materiais de fato, reproduzir a
demanda do auto, porque a simples inversão de partes (A versus B; B versus
A) já elimina a identidade subjetiva e, de toda a sorte, a versão dos fatos se
mostraria diferente. Por exemplo, a autora A propõe ação de separação
contra B, alegando o adultério de B com C, no dormitório do casal; por sua
vez, o réu B alega que, bem ao contrário, flagrou A com C nesse local. São
duas versões antagônicas para o mesmo episódio da vida.

A renovação da demanda não constitui hipótese improvável ou retórica. É


possível a parte, por inadvertência ou por desinformação, constituir dois
advogados diferentes para a mesma causa e cada qual se desincumba de
seus misteres, ajuizando demandas idênticas. Tão comum é o fenômeno,
aumentado pelo interesse prático na obtenção de resolução de tutela
provisória, realizando o direito – ocorre de o juiz da 1.ª vara não adotar a tese
do autor, ao contrário do juiz da 2.ª vara, na mesma comarca, pretendendo o
autor eliminar os azares da distribuição propondo duas ações idênticas –, que
o art. 286, III, determina a distribuição da segunda no juízo da primeira, ou
das duas demandas idênticas e simultâneas no mesmo juízo, porque
passíveis de produzir decisões contraditórias ou conflitantes. A regra de
distribuição por dependência, posto que mais ampla, facilita o conhecimento
do juiz da litispendência e a extração do inexorável efeito que lhe é próprio – a
extinção,ex officio, da demanda repetida (art. 485, V, c/c art. 337, § 3.º).

Feita a ressalva, entende-se a dicção do art. 240, caput, sob novas luzes.
A citação ensejará ao réu, perante o fenômeno versado no art. 337, § 3.º, a
defesa processual do art. 337, VI, chamada de objeção de litispendência.
Antes disso, nada obstante, distribuída a ação idêntica nos termos do art. 286,
III, o órgão judicial já pode conhecer da matéria e extinguir o segundo
processo ex officio (art. 485, V). É por essa razão, dentre outras, que a
pessoa indicada como ré na petição inicial é ré desde a formação do
processo.77

Chama-se prevenção da competência, tema versado anteriormente (retro,


465 e 1.500), a indicação de qual juízo dentre dois ou mais juízos
abstratamente competentes será competente para processar, julgar e
executar causas conexas. Não se trata de fator de determinação da
competência. A competência (no caso, de um dos juízos) já se encontra
previamente determinada e substituirá íntegra. Tampouco se cuida de
modificação da competência. Nenhum dos juízos concorrentes é
originalmente incompetente e, por qualquer razão, tornou-se competente
posteriormente. Em realidade, dentre vários juízos igualmente competentes, a
prevenção aponta um deles como o único competente. É o critério de seleção
entre dois ou mais juízos,78 um dos quais assumirá as ações conexas,
conforme declara, expressis verbis, o art. 58.79

Abstraindo o fato de a função original da prevenção ter-se ampliado no


processo brasileiro – a hipótese do art. 286, II, destina-se a assegurar o
princípio do juiz natural, impedindo a escolha do juízo mais favorável –, a
competência de dois ou mais juízos, abstratamente considerada, talvez
envolva juízos de circunscrições territoriais diferentes ou não. Por exemplo,
tratando-se de ação pessoal, e dispondo o réu de um ou mais domicílios (v.g.,
São Paulo e Rio de Janeiro), lícito se afigura ao autor propor a demanda em
qualquer deles. Em tal hipótese, a distribuição torna prevento o juízo de São
Paulo, e, não o do Rio de Janeiro. É o previsto no art. 59, dispondo o
seguinte: “O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo”.

Existindo dois ou mais juízos de competência concorrentes na mesma


comarca, seção ou subseção judiciária (v.g., há duas varas dotadas de
competência comum, e, portanto, habilitadas à distribuição), no direito anterior
considerava-se prevento o juízo que despachou em primeiro lugar, em virtude
de regra especial. Então, a regra predecessora do art. 240, caput, na verdade
declarava a citação válida tornar prevento o juízo, “exceto se se tratar de
órgãos com a mesma competência territorial, hipótese em que a prevenção se
regerá pela data do despacho aposto na inicial”.80 Em boa hora, ignorando,
aliás, a contradictio in terminis – a prevenção decorreria do despacho do juiz,
e, não, da citação – eliminou essa hipótese especial.

Logo, a prevenção decorre para as partes com o protocolo da petição


inicial (art. 312), inclusive para o réu.81 Volvendo ao exemplo anteriormente
ministrado, prevento o juízo de São Paulo, um dos domicílios do réu, nos
termos do art. 46, caput, nele o réu há de ingressar com a ação conexa. Se
propor sua demanda no Rio de Janeiro, em São Paulo reunir-se-ão as ações
propostas em separado (art. 58).

1.717. Efeitos materiais da citação

São efeitos materiais da citação: (a) a litigiosidade; e (b) a constituição em


mora; (c) a interrupção da prescrição, da decadência e, de um modo geral,
dos prazos preclusivos.

Litigiosa, no processo, não é a coisa, segundo expressão tornada célebre,


mas o objeto do processo, mais propriamente chamado de objeto litigioso.82 O
art. 240,caput, alude à coisa litigiosa (res litigiosa) derivação de sentido da
nomenclatura romana para objeto do processo (res in iudicium deducta).
Caracteriza o objeto litigioso a incerteza. O direito alegado pelo autor perante
o réu poderá existir, ou não, conforme o desfecho do processo. Por
conseguinte, trata-se de direito tendente a ser declarado pela
sentença.83 Objeto da sucessão subjetiva, prevista no art. 109, caput, é a
precária e incerta alegação do autor, aguardando o provimento do juiz. Nesse
sentido, a litigiosidade é efeito da litispendência tal como a proibição da
renovação da demanda. Na realidade, a litigiosidade ostenta natureza mista,
porque surte efeitos no plano processual e no material.84 Ao processo
interessa, naturalmente, eventual câmbio de partes ou a habilitação para o
adquirente coadjuvar o alienante, mas predominam os efeitos substanciais.

Fitando o processo com função de conhecimento, do qual o procedimento


comum é o arquétipo, relativamente ao autor a litigiosidade não decorre da
citação válida do réu, mas da formação do processo (art. 312, primeira parte).
Flagrantemente, ocorrendo a alienação do direito posto em causa após a
formação do processo, mas antes da citação do réu, o autor não aliena direito
incontroverso, mas direito litigioso, incidindo, pois, o art. 109 e seus
parágrafos.85

No tocante ao réu, entretanto, os efeitos da litigiosidade surgem com a


citação.86 Não é por outro motivo, a despeito da fórmula ainda equívoca do art.
792, IV (“… tramitava contra o devedor ação…”), a fraude contra a execução
– ineficácia relativa dos negócios de disposição do patrimônio – exige a prévia
citação do réu (retro, 870.2.1) e aprova da má fé do terceiro (Súmula do STJ,
n.º 375). Assim, na ação de A contra B, em que A reivindica a coisa imóvel X,
a alienação de B para C, antes da citação, não constitui (ainda) alienação de
coisa litigiosa, subtraindo o negócio do regime do art. 240. Deduzida a
pretensão contra B, urge corrigir o polo passivo da demanda, pois legitimado
após a aquisição do domínio é C.

Figurando vários réus no processo, o termo inicial da litigiosidade é a data


de citação de cada um deles.87 O art. 231, § 1.º, disciplina só o termo inicial do
prazo de resposta, não se olvidando, no procedimento comum, a intercalação
da audiência de conciliação e de mediação (art. 334), incidindo o art. 335.

Uma das maneiras de o autor invocar, posteriormente, presunção jure et


de jure de fraude, e, desse modo, sujeitar o terceiro adquirente à força da
sentença (art. 109, § 3.º), consiste em registrar a citação no álbum imobiliário
(art. 167, I, n.º 21, da Lei 6.015/1973). A generalização desse efeito, previsto
no inconstitucional (inadmissível legislar sobre direito processual através de
medida provisória) art. 54 da Lei 13.097, de 19.01.2015, há de ser revisto
perante o art. 792 do NCPC. É outra prova que, em relação ao réu e aos
terceiros, o termo inicial da litigiosidade é a data da citação.

A litigiosidade cessará com o término da relação processual.88 A esse


propósito, não importa a natureza do ato decisório (sentença definitiva ou
sentença terminativa). O termo final é a data da preclusão das vias de
impugnação.

A constituição em mora é típico efeito substancial. Respeita unicamente ao


réu. E decorre da citação propriamente dita. O assunto já recebeu análise no
plano do direito material em item anterior (retro, 1.506).

Existem duas espécies de retardamento do adimplemento imputável ao


obrigado: (a) automática, ou ex re, havendo termo (dies interpellat pro
homine); ou (b) mediante prévia interpelação, ou ex personae. Os figurantes
do negócio jurídico, no âmbito da autonomia privada, podem tornar a mora
automática na outra espécie (art. 397, parágrafo único), mas há casos em que
semelhante exigência decorre de disposição legal (v.g., o crédito decorrente
da falta de pagamento do preço após a entrega da coisa alienada, a teor art.
492, § 2.º, do CC.89

Essas considerações relativas ao regime do direito material permitem


compreender as dificuldades na interpretação do art. 240, caput, do NCPC,
segundo o qual a citação constituirá o réu em mora, observando-se os artigos
397 e 398 do CC.

A citação jamais suprirá a necessidade de mora preexistente. Os


elementos de incidência das regras disciplinando o inadimplemento absoluto
ou relativo do obrigado integram a causa de pedir passiva (retro, 250 e 1.669).
Realmente, na condição de fatos constitutivos do interesse processual, ou a
mora preexiste à demanda, ou não, e, neste último caso, há falta de interesse
em demandar a prestação em juízo. A pretensão surge quando violado o
direito, reza o art. 189 do CC, e desde tal oportunidade, paralelamente, flui o
respectivo prazo de prescrição.

É particularmente frisante a necessidade de o inadimplemento anteceder


ao ajuizamento da pretensão a executar (art. 786). Entretanto, o fato de o
credor optar pelas vias ordinárias, opção admitida pelo art. 785,90 ou o crédito
não se incorporou em título com eficácia executiva (art. 784) e, portanto, o
credor necessita do processo com função de conhecimento, não altera a
conclusão: a demanda é precipitada. Figure-se o caso de o autor demandar a
condenação do réu ao pagamento da quantia x, mas o vencimento da
obrigação ocorrerá em data futura à da propositura. Em tal hipótese, a citação
não constituirá em mora o devedor, antecipando o vencimento, nem a
invocação de causa legal de vencimento antecipado confere essa função à
citação – no caso, a mora ocorreu, ou não, antes da propositura.

E a citação tampouco supre a falta de interpelação prévia, mediante ato


extrajudicial (v.g., o protesto do título) ou judicial. Nesses casos, bem ao
contrário, surgirá o ônus de provar o inadimplemento relativo.

Não escapam desse regime as tão comuns ações de reparação de dano


extracontratual. O réu se encontra em mora desde a data do ilícito (art. 398 do
CC).

Em suma, faltam exemplos convincentes que a citação – segundo


eloquentemente se diz a mais enérgica das interpelações –,91 à luz do direito
material, preste-se a constituir o réu em mora. Verdade que o art. 405 do CC
conta os juros moratórios da citação. É regra supletiva: os juros fluem da
citação, inexistindo mora anterior, comentada mais adiante. Assim, no direito
brasileiro o efeito sob foco não tem o relevo exponencial indicado no direito
francês.92

Nas obrigações sem prazo,93 o suprimento da prévia interpelação pela


citação mostra-se muito pouco razoável.94 Ressalva feita à incômoda (e
insuperável) contradição de o credor deduzir pretensão em juízo sem que haja
surgido semelhante pretensão, há um problema adicional: o obrigado pode
cumprir tempestivamente logo que interpelado. Ora, em tal hipótese, segundo
o entendimento prevalecente no direito material, “não terá que arcar com as
custas da demanda iniciada”, pois “a sua inação não traduzia falta”.95 O
impasse torna-se absoluto: de um lado, o juiz não poderia condenar o réu nos
ônus da sucumbência; de outro, e igualmente, não poderia condenar o autor:
nenhum deles agiu em desconformidade com direito (material), e, assim, deu
causa ao processo (princípio da causalidade).

Da citação, segundo o art. 405 do CC, contam-se os juros de mora. Em


síntese, o dispositivo separa o termo inicial da fluência dos juros moratórios,
pleiteando o credor a prestação em juízo, da existência da própria mora.96 Não
é difícil antever que a jurisprudência temperará a regra, aplicando-a somente
às obrigações ilíquidas (in illiquidis mora non fit). Na pior das hipóteses, a
mora preexiste e o art. 405 do CC difere apenas a contagem dos juros.

Efeito da citação, como já examinado alhures (retro, 1.121.4 e 1.507),


consiste na interrupção da prescrição, e, a fortiori, da decadência e dos
prazos extintivos (art. 240, § 4.º). O importante tema exige, preliminarmente, a
fixação do conceito de prescrição. Mas, desde logo, cumpre atentar ao fato de
efeito ocorrer ainda no caso de a citação ser ordenada por juiz incompetente.
É o que se designa de redução dos efeitos do ato.97

O art. 312, segunda parte, c/c art. 240, § 1.º, fixa o momento do efeito
interruptivo à data do despacho ordenando a citação (art. 334, caput)
retroagindo à data da propositura da ação. O sistema se harmoniza com o art.
202, I, do CC, que exige a realização do ato “no prazo e na forma da lei
processual”. E harmoniza-se, ainda, com o art. 240, § 1.º, segundo o qual,
fictamente, o efeito interruptivo intrínseco à citação retroagirá à data da
propositura, ou seja, à data da formação do processo (art. 312, primeira
parte), mediante a entrega da petição inicial no ofício judicial, mas defluirá da
data em que o juiz ordena a citação. Esse ponto já recebeu análise (retro,
1.121.4.2 e 1.507). O efeito fica na dependência da condição suspensiva legal
da realização do ato se o autor tomar as providências que lhe tocam no prazo
de dez dias (v.g., antecipando as despesas de condução do oficial de justiça).
Também já se examinou o problema da prescrição intercorrente (retro,
1.121.4.3), da decretação, ex officio (retro, 1.121.4.4) e da interrupção da
decadência (retro, 1.121.4.5).

Vale acrescentar, apesar de pretensão adstrita ao rito especial da ação


civil pública (art. 21 da Lei 12.846/2013), a possibilidade de regra expressa
desvincular o efeito interruptivo da prescrição da ulterior citação do réu,
fixando-o, irretorquível e definitivamente, na formação do processo. É o que
dispõe o art. 25, parágrafo único, da Lei 12.846/2013, ao declarar que “a
prescrição será interrompida com a instauração do processo que tenha por
objeto a apuração da infração”. Essa norma, porque excepcional, (a) aplica-se
apenas às pretensões (de qualquer natureza) que envolvem o ilícito praticado
por pessoa jurídica contra a Administra Pública nacional e estrangeira e (b)
revela, dramaticamente, a importância do momento da propositura da ação
(entrega no ofício judicial, a teor do art. 312, primeira parte).

1.718. Estabilização da demanda

Em processo civil, a citação do réu constitui termo final da admissibilidade


de modificações unilaterais dos elementos objetivos da demanda (causa
petendi e pedido). Até a decisão de saneamento, proferida na audiência
preliminar (art. 357, § 3.º), oralmente, ou em gabinete, por escrito, ainda
revela-se possível empreender quaisquer modificações – simples ou
cumulativa (retro, 287.1) – bilateralmente, ou seja, mediante o consentimento
do réu. A partir da decisão de saneamento, entretanto, cessará a influência da
vontade das partes na delimitação do objeto litigioso, fixado definitivamente e,
ademais, adstrito o juiz ao princípio da congruência (retro, 1.571).

É assaz lacônica a fórmula do art. 329, I (“Até a citação….”), permitindo


duas interpretações concebíveis, a saber: (a) a data do ato em si (v.g., a data
da “entrega ao citando” da carta registrada, na citação postal, a teor do art.
248, § 1.º; a data do ciente ou da certidão a que alude o art. 251, III, na
citação por oficial de justiça; a data da primeira publicação, na citação por
edital); (b) a data em que ato de chamamento produz seu efeito típico –
fluência do prazo de resposta –, demarcada no art. 231, relativamente às
diferentes espécies de citação. Entre esses termos transcorrerá tempo
variável (v.g., o prazo de aperfeiçoamento, na citação por edital) e, no
interregno, talvez o autor postule a modificação da demanda.

Ora, a limitação ad tempus à modificação unilateral do objeto litigioso


assenta na preservação do direito fundamental processual da (ampla) defesa,
conforme revela o exame mais detido do art. 329, II (retro, 373). Assim, quis o
art. 329, I, dizer o que expressamente preceitua: a data em que a citação se
efetivar por um dos meios legalmente admissíveis (v.g., a entrega da carta de
citação, nos termos do art. 248, § 1.º) encerra a possibilidade de modificação
unilateral da demanda. Nessa oportunidade, salvo a exceção do art. 695, §
1.º, e ainda nessa hipótese, o réu toma conhecimento do teor da pretensão do
autor (edictio aciotionis) e prepara sua defesa.

Evidencia conjugação dessas disposições a inequívoca circunstância de o


exercício do direito fundamental processual da defesa subordinar-se ao cabal
conhecimento do inteiro teor da pretensão trazido com o próprio ato de
citação. E tal ocorre nas datas em que o réu toma (citação real) ou poderia
tomar (citação ficta) ciência do inteiro teor da pretensão processual. Do
contrário, modificada a demanda entre a data da citação e o termo inicial de
fluência do prazo, haveria de se reabrir o prazo de defesa, perdendo-se tempo
e atividade processual. Não se revela razoável olvidar na obrigar o réu a
retirar os autos em carga para responder, inteirando-se da modificação
entrementes introduzida, hipóteses que tampouco traria certeza de o ato
postulatório do autor se encontrar juntado aos autos. Tal o entendimento do
STJ no direito anterior, aplicável ao NCPC: “… a alteração do pedido, mesmo
após a confecção do mandado de citação, mas antes da citação, tem validade
e deve ser observada pelo juiz”.98 Recolher-se-á, por óbvio, o mandado
expedido e, se cumprido no interregno, renovar-se-á a citação. Em caso de
litisconsórcio passivo, tolera-se a modificação antes do último chamamento.99

A estabilização da demanda é mal vista atualmente.100 Os ordenamentos


jurídicos não adotam solução uniforme, variando entre sistemas flexíveis e
rígidos.101 Ora, razões de ordem prática e técnica apontam a necessidade de
limites temporais nas alegações das partes.

Ao propósito, a posição assimétrica das partes na preparação dos meios


de ataque e de defesa influencia a questão. Emprega o autor largo espaço de
tempo para refletir e sopesar as razões de fato que apresentará ao órgão
judiciário – teoricamente, o único limite é o prazo de prescrição e de
decadência –, preparando seus meios de ataque cuidadosamente. Por força
do princípio da oportunidade, o autor ingressa em juízo no momento mais
favorável ao próprio interesse, por exemplo, existindo dissídio da
jurisprudência, o autor usufrui da prerrogativa de aguardar a consolidação do
entendimento que lhe beneficia nos tribunais superiores.

É muito distinto o tempo de preparação do réu. Recebendo o chamamento


a juízo (art. 238), pesa-lhe o ônus de participar do processo, ainda que não o
queira, independentemente da oportunidade do litígio, e dispõe de interregno
fixo e limitado (quinze dias, a teor do art. 335) para reunir o material
indispensável e elaborar a defesa. Parece altamente inconveniente e injusto
agravar esse pesado ônus, que nenhuma técnica processual consegue
dissipar integralmente, constrangendo-o a se defender contra ondas
sucessivas de postulações distintas do autor nas etapas posteriores do
processo.

Por óbvio, ao autor interessará a modificação da demanda sempre que


possível. Percebendo quão infundada é a demanda inicialmente proposta,
acolherá de bom grado a oportunidade de corrigi-la, aproveitando o acervo
probatório. Esta modificação oportunista tem o efeito colateral de produzir no
réu a sensação de injustiça e de quebra das regras do jogo. Existe o risco
intenso e grave de a decisão autoritária da lide perder legitimidade social.

Objeta-se a essas persuasivas considerações o onipresente princípio da


economia.102 Por óbvio, economia no invólucro da visão autoritária do
processo: importa a economia da atividade do órgão judiciário, aliviando-o da
carta de trabalho, superiores aos objetivos sociais do processo.

Não é difícil a identificação da ideologia intrínseca à modificação


temporalmente ilimitada. Os argumentos são conhecidos. Residindo o escopo
público do processo na restauração da paz social, compondo a lide de forma
rápida, econômica e justa, tanto melhor que esse objetivo seja alcançado no
processo pendente em vez de outro posterior. O objeto litigioso não é algo
sacrossanto que, estabilizado desde o início do processo, seja tecnicamente
imune a modificações posteriores.103 Eis o cenário para admitir ulteriores
modificações do objeto litigioso. Em mais de um ordenamento, rejeitado o
ponto de equilíbrio posto no art. 329, surgiram mais dúvidas do que
aplicações práticas.104 Em contrário, sustenta-se a estabilização do litígio
como manifestação da autonomia da pessoa humana, recorrendo-se à
expressiva analogia com as relações familiares, para repelir a visão
autoritária: ninguém ignora que os pais sabem o que é melhor para os filhos,
mas é preciso escutá-los para que possam adquirir autonomia e tornarem-se
adultos.105

Em vão se buscaria proibir, tout court, a modificação da demanda. A regra


da proibição já comporta inúmeras exceções.106 Talvez seja necessário
apenas retratar de forma mais realista o quadro vigente. Seja como for, o art.
329 alcançou, salvo engano, o ponto médio desejável. Ele não agrava o ônus
de defesa do réu. Fica o autor autorizado a empreender modificação unilateral
da demanda até a citação e, com o assentimento do réu, ou seja,
bilateralmente, até o saneamento do processo. O aditamento do pedido, que é
modalidade de modificação, segue essa diretriz. Nenhuma modificação, em
que pese vontade convergente das partes, admitir-se-á após o término da
fase de saneamento, porque aí já se encontra fixado o tema da prova. O juiz
obedecerá, pretendendo o autor desfigurar a demanda originária ou
acrescentar-lhe outra distinta, ao princípio da congruência (infra, 1.571).

Curiosamente, o objeto litigioso não se encontra imunizado totalmente, de


iure conditio, aos fatos supervenientes. O art. 493, autoriza o juiz a conhecê-
los ex officio. Esse fenômeno se reflete principalmente no interesse
processual (retro, 1.596); porém, alude o art. 493, caput, aos fatos
constitutivos, extintivos, impeditivos e modificativos, ou seja, aos fatos que
compõem os meios de ataque e de defesa das partes principais, tornando o
processo sensível ao fluxo inexorável da vida. Esse notável regime imprime
flexibilidade à imutabilidade do objeto litigioso no direito pátrio. Assim, na ação
em que A pede a condenação de B antes do vencimento da dívida, a
ocorrência do termo e da condição no curso do processo supre a falta de
interesse. E, na ação em que A pede a separação de B, fundada no encontro
deste com C no motel X, o contato íntimo de B com D, superveniente à
demanda, pode ser considerado pelo órgão judicial, respeitado o contraditório,
atingindo, portanto, a causa de pedir remota.107 Nesse sentido, não se
compreende a impossibilidade de modificação da causa petendi, mediante
interpretação restritiva ao art. 493.108 Não se admite, porém, o conhecimento
de fatos preexistentes não alegados nos atos postulatórios principais (petição
inicial e contestação). O conhecimento dos fatos supervenientes subordinar-
se-á, todavia, ao prévio debate das partes (art. 493, parágrafo único).

A cumulação superveniente de pretensões mediante a modificação do


objeto litigioso originário recebeu análise anteriormente (retro, 285). A
estabilização da demanda não deixa de constituir efeito de per si da citação
do réu no procedimento comum.

Enfim, de lege ferenda, ponto máximo a que se pode chegar quanto ao


termo final é o término da etapa de saneamento. Após essa fase, a
modificação do pedido ou da causa petendi, unilateralmente, implicaria a
renovação de etapas já ultrapassadas e grave desperdício de atividade
processual, a fim de respeitar o direito fundamental do contraditório. Não
parece desvantagem superada pela absorção de futuros litígios, apesar das
opiniões em contrário.109 Tolerável que seja a mudança até a fase de
saneamento, a perda de tempo e de atividade estampa-se na possibilidade de
manifestação no prazo de quinze dias, admitida prova suplementar (art. 329,
I).

1.719. Ineficácia da citação

Segundo o art. 240, caput, a citação do réu, ainda que ordenada por juízo
incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe o prazo de
prescrição e, a fortiori, o prazo de decadência. Em relação aos efeitos
substanciais perante o réu, portanto, o vício da ordem da citação – a citação
em si é efeito desse pronunciamento – enseja o fenômeno da redução dos
efeitos do ato viciado.110

Distinto é o regime dos efeitos da formação do processo perante juízo


incompetente e, por extensão, o dos efeitos da citação perante o réu. À luz da
cláusula de abertura do art. 240, a citação só surte os efeitos que lhe são
próprios se obedeceu estritamente ao respectivo gabarito do meio adotado
(art. 246), valendo recordar a cominação de invalidade do art. 280,
presumindo prejuízo do réu (rectius: à defesa) no caso de descumprimento
das formalidades legais. Ora, citação ordenada por juízo incompetente é
inválida por derivação.

À ineficácia da citação não importa a natureza da regra de incompetência


infringida pelo autor.111 Na incompetência absoluta, os atos decisórios
encontram-se viciados, salvo disposição em contrário (art. 64, § 4.º), e parece
lícito inferir que o juízo de admissibilidade positivo tem, relativamente a tal
aspecto, conteúdo decisório mínimo. No tocante à incompetência relativa, o
problema é temporal: o juízo incompetente somente se transformará em juízo
competente posteriormente à fluência do prazo de resposta, abstendo-se o
réu de oferecer a exceção de incompetência relativa (art. 65 c/c art. 337, II).
Desse modo, o art. 240, caput, c/c art. 64, § 4.º, não distingue as duas
espécies de competência. E, ademais, os atos decisórios proferidos por juízo
relativamente incompetente mostram-se válidos nos casos de urgência (retro,
489.3), preconiza a máxima quando est periculum in mora incompetentia non
attenditur.

Em termos mais concretos, a citação ordenada por juízo incompetente


revela-se ineficaz, mas o processo existe – em princípio, nem sequer
extinguir-se-á no caso de incompetência absoluta (retro, 490.3) – e é, salvo
quanto aos atos decisórios, válido. Concretamente, a ineficácia implica o
seguinte: (a) quanto à prevenção, o registro ou a distribuição ao juízo
incompetente não o torna prevento (retro, 465.1.2), e, de resto, o efeito
decorre da propositura, e, não, da citação; (b) quanto à litispendência, não
autoriza a extinção do processo formado posteriormente, nos termos do art.
485, V, a requerimento da parte ou ex officio, mas a do primeiro, salvo
ocorrendo antes da citação no segundo a prorrogação da competência (art.
65, caput);112 (c) quanto à litigiosidade, a alienação (e aquisição do domínio)
feita pelo réu a terceiro escapará da incidência do art. 109 e parágrafos.

A ineficácia da citação cessará quando houver prorrogação tácita da


competência (retro, 465.2) ou, caso absoluta a incompetência, assunção do
processo no juízo competente (retro, 490.3). Não há necessidade de segunda
citação, convalidando-se o ato.

Problema da maior importância avulta no desfazimento do efeito


interruptivo da prescrição e da decadência em virtude da ulterior extinção do
processo. Apesar de se defender a subsistência do art. 175 do CC de 1916,
desfazendo-se o efeito interruptivo no caso extinção do processo com
fundamento nos incisos II e III do art. 485,113 parece preferível, considerando o
disposto no art. 202, parágrafo único, do vigente CC, entender que a
prescrição recomeçará a fluir após a extinção.

§ 354.º Renovação da citação

1.720. Repetição da citação

Repete-se a citação, realizando-se outra em lugar da primitiva,114 nas


seguintes hipóteses: (a) anulada a citação já feita, ex officio, sem o
comparecimento espontâneo do réu para alegar o vício, hipótese em que não
há convalidação do ato nulo; (b) ordenada citação por juiz impedido, ao qual
se revela defeso atuar no processo (art. 144, caput), cumprindo-lhe o dever de
abstenção, o réu ficou revel e o juiz, ex officio, declarou-se impedido
posteriormente ao ato, remetendo o processo ao substituto legal.

1.721. Segunda citação

Realizada a citação, nenhuma outra ocorrerá no mesmo processo.


Deduzida posteriormente a pretensão a executar, in simultaneo processu,
hipótese de cumulação objetiva superveniente, basta preexistência da citação
do art. 239. Por óbvio, fundada que seja essa pretensão a executar em título
judicial, mas formando-se relação processual autônoma (v.g., na execução
fundada na sentença penal condenatória, a teor do art. 515, VI), realizar-se-á
a citação do executado (art. 515, § 1.º). Esta será a primeira citação do
executado no processo civil.

Alterados os elementos objetivos com o consentimento do réu, nada


obstante revel, caso em que se subentende representação tardia (art. 346,
parágrafo único), reabrir-se-á o prazo de defesa de quinze dias, promovendo
debate das partes, mas inexiste a necessidade de nova citação

Apelando o réu da improcedência liminar do pedido (art. 332, caput), o art.


332, § 4.º, segunda parte, exige a citação do réu, integrando-o na relação
processual e facultando-lhe responder à apelação. Em tal hipótese, provendo
o órgão ad quem a apelação, a fim de desconstituir o juízo de improcedência
liminar, porque incabível na espécie, inexistirá a necessidade de segunda
citação do réu.115 O réu será apenas intimado para apresentar, ou não,
resposta segundo o roteiro do procedimento comum (art. 334 c/c art. 335).116

§ 355.º Audiência de conciliação e de mediação

1.722. Designação da audiência de conciliação e de mediação

Recebida a petição inicial, devidamente autuada (art. 206), e não sendo o


caso de juízo de admissibilidade negativo ou de juízo de mérito liminar
desfavorável ao autor, o juiz designará audiência de conciliação e de
mediação, não antes de trinta dias (art. 334, caput).

O poder de agenda é do órgão judicial. Assim, a audiência realizar-se-á na


data mais próxima possível, respeitada a dilação de trinta dias, respeitado o
intervalo de vinte minutos entre uma sessão e outra (art. 334, § 12). O
interregno é exíguo. A sessão de mediação, em especial, reclama muito
empenho e indiferença a horário predeterminado. Conforme a disponibilidade
de dois ou mais mediadores, participante obrigatório (art. 334, § 1.º), provido o
juízo de número suficiente ao movimento da vara, a extensão por mais de
vinte minutos não prejudicará a sessão marcada para outro processo.

O ato do juiz previsto no art. 334 não comporta impugnação autônoma,


porque alheio ao catálogo do art. 1.015, embora não seja caso de
autocomposição (art. 334, § 4.º, II).

Designada a audiência, intimar-se-á o autor do lugar, data e horário na


pessoa do respectivo advogado (art. 334, § 3.º), preferencialmente por meio
eletrônico, utilizando o endereço da procuração (art. 287, caput).

As etapas da audiência de conciliação e de mediação equivalem, grosso


modo, às da audiência de instrução, ressalva feita, naturalmente, ao núcleo
da atividade, devendo ser examinado o capítulo respectivo.

1.723. Obrigatoriedade da audiência de conciliação e de mediação

A audiência de conciliação e de mediação constitui etapa obrigatória do


procedimento comum e, respeitadas as peculiaridades, dos ritos especiais.
Uma das apostas do NCPC consiste em eliminar litígios no nascedouro,
promovendo a autocomposição.
Entre nós, o contato pessoal das partes com o órgão judiciário, cuja
participação nas atividades tendentes a reconciliar os litigantes revela-se
imperativa, a rigor dos princípios, não é bem visto. Os atos postulatórios
principais das partes são basicamente escritos e, na vigência do CPC de
1973, a existência de questões de fato jamais impediu, realmente, o
julgamento per saltum, sob o pretexto de o convencimento do órgão judiciário
encontrar-se formado. Seguramente, a falta de impugnação mais qualificada à
prova documental, desfazendo a fé ou força probante do documento público
ou particular produzido pelo autor, predetermina essa atitude usual dos juízes
e das juízas assoberbados com milhares de feitos. Além disso, a audiência
aumenta o custo financeiro do processo e consome muito tempo, em especial
nas regiões metropolitanas, das partes e de seus procuradores. É uma
incógnita, portanto, o êxito da conciliação obrigatória dos desavindos; não se
trata, absolutamente, de aposta certeira. O art. 167, § 4.º, prevê o
recolhimento de dados estatísticos quanto o número de processos em que
atuou a câmara, o conciliador ou o mediador, o sucesso ou insucesso da
atividade e a matéria versada, para fins estatísticos de avaliação. Não está
clara a reação à manifesta improdutividade da conciliação e da mediação em
determinados casos, recomendando o bom senso que seja dispensada em
casos tais.

Não resta dúvida, entretanto, quanto à diretriz legislativa. Em comparação


ao direito anterior, o alvitre da inviabilidade da autocomposição, a priori,
figurando num dos polos do processo litigante habitual (v.g., seguradoras), e a
experiência colhida em feitos anteriores da mesma espécie, não enseja a
abstração da audiência do art. 334. Se uma das partes não deseja a
autocomposição, todavia ficará obrigada a comparecimento, sob pena da
incidência da multa de até dois por cento sobre o valor da causa, a teor do art.
334, § 8.º (infra, 1.727), não manifestando a contraparte desinteresse no ato.

A audiência de conciliação e de mediação equipara-se, relativamente à


etapa da preparação e à etapa de abertura, à audiência de instrução, bem
como no tocante aos incidentes. Comporta adiamento nos casos gerais (art.
362) e no caso particular do art. 340, § 3.º, no caso de oferecimento da
contestação em outro juízo (infra, 1.733).

1.724. Participantes da audiência de conciliação e de mediação

Participarão obrigatoriamente da audiência de conciliação e de mediação:


(a) o órgão judiciário; (b) o conciliador ou o mediador, conforme o caso (art.
165, § 2.º e § 3.º); (c) as partes; (d) os advogados das partes.

1.724.1. Participação do órgão judiciário – O art. 334 não é claro quanto à


participação do juiz, mas a assistência da pessoa investida na função
judicante é inelutável. Logrando êxito a atividade dos auxiliares, cumprir-lhe-á
examinar a validade do negócio jurídico bilateral e homologar o termo
mediante sentença (art. 334, § 11). Ao menos, há de ficar disponível para
essa atividade exclusiva. O que se admite, consoante as técnicas de
conciliação e de mediação, é a saída transitória da sala de audiências,
propiciando o contato pessoal do mediador ou do conciliador com as partes
ou com uma delas.
1.724.2. Participação do conciliador ou do mediador – O art. 334, § 1.º,
declara a atuação do conciliador e do mediador necessário, havendo essa
espécie de auxiliar agregado ao juízo. Acrescenta a regra, superfluamente,
observar essa atividade as disposições do NCPC e da lei de organização
judiciária. Os poderes, os direitos e os deveres do auxiliar do juízo já
receberam exame (retro, 1.015).

O cadastro prévio das câmaras e das pessoas naturais dedicadas


profissionalmente à atividade assegura, em princípio, cobertura a todos os
juízos na esfera de competência territorial do TJ ou do TRF. A ausência desse
auxiliar não impede a designação da audiência, fixando a atividade a cargo do
órgão judiciário.

1.724.3. Participação das partes – Sem a presença das partes, inexiste


possibilidade de êxito na conciliação e da mediação. Logo, a presença das
partes é obrigatória, induzindo o comparecimento pela multa do art. 334, § 8.º.
Se, malgrado a sanção, uma das partes não comparece à sessão, ficará
prejudicada atividade, fluindo daí o prazo de defesa (art. 335, I).

Em qualquer hipótese, a parte poderá substituir-se por preposto, habilitado


por procuração com poderes específicos, dotando-o de poderes expressos
para negociar e transigir (art. 334, § 10). Nada obsta que seja o advogado,
não bastando, nessa contingência, os poderes gerais do art. 105, caput.
Comparecendo o preposto, devidamente habilitado, não incidirá a parte
pessoalmente ausente na sanção do art. 334, § 8.º. Concebe-se, ainda, a
presença da parte e do negociador, talvez pessoa com formação específica
nessa área, e, portanto, em melhor posição para obter acordo vantajoso.

Considera-se preposto a pessoa que representa a outra por força de


vínculo preexistente,117 mas distinto do mandato (v.g., relação de emprego, de
agência, e assim por diante). O mais comum é preposição decorrente da
relação de emprego, na qual figuram, de um lado, a empresa e, de outro, o
empregado. Esse vínculo especial, chamado de “contrato de
preposição”,118 constitui forma de representação voluntária (art. 115 do CC),
transladada para a tentativa de conciliação em juízo. O preposto habilitar-se-á
a comparecer em lugar da parte mediante a apresentação de “carta
preposição”.

Qualquer pessoa, maior de dezesseis anos (art. 666 do CC), pode


constituir-se em preposto de outra, inclusive o advogado – a vedação ética,
instituída para o processo do trabalho, não apresenta repercussões no plano
processual. Com o título de preposto, munido da habilitação pertinente e com
a desenvoltura própria do ofício, talvez se apresente ao juiz o negociador
profissional,119 pessoa com amplo domínio das técnicas de negociação no
mundo empresarial. A pessoa natural pode constituir preposto. Duas razões
respaldam convincentemente tal conclusão: (a) as pessoas naturais também
formam vínculos de representação voluntária, que não é figura exclusiva do
mundo empresarial; (b) o princípio da igualdade tem inteira aplicação na
espécie, não sendo legítimo tratar desigualmente pessoas naturais e jurídicas
no terreno da preposição, defrontando-se com as dificuldades naturais de
negociação em demanda singular, teoricamente mais necessita dos supostos
dotes de negociador profissional.120
O preposto se habilita a participar ativamente da tentativa de conciliação
nos limites da carta de preposição. Tal documento escrito conterá os
seguintes elementos: (a) poderes para transigir (art. 661, § 1.º, do CC); (b) a
indicação precisa do processo (v.g., na ação registrada sob tal número
correndo na vara tal), subentendendo-se, salvo disposição, abrangido todo o
objeto litigioso disponível nos poderes, ou seja, os interesses principais (v.g.,
o crédito ou a dívida x) e os interesses secundários (despesas e honorários
do próprio advogado e os da contraparte); (c) a assinatura do preponente,
sendo desnecessário o reconhecimento de firma. Documento desse teor
satisfaz o art. 118 do CC. Ao invés, apresentando-se a pessoa sem a carta de
preposição, não há como reconhecer-lhe o status, salvo se parte, igualmente
presente, habilita-a apud acta. Fica prejudicada a tentativa de conciliado se o
preposto não exibe a carta de preposição ou os poderes específicos para
transigir.

À semelhança do procurador, o preposto prescinde do consentimento do


advogado da parte (a preposição pode ter sido constituída à sua revelia ou
contrariando seu conselho) para participar da audiência e compor.

A participação do réu só é obrigatória realizando a citação com


antecedência de vinte dias da data designada (art. 334, caput). Cuida-se de
regra excepcionando o art. 218, § 2.º. Nesse interregno de vinte dias o réu
preparar-se-á para o evento. Não se obedecida a antecedência mínima, outra
data deverá ser designada, intimando-se pessoalmente a parte e, se for o
caso, o respectivo advogado. O comparecimento à audiência, de toda sorte,
supre o vício da antecedência mínima, salvo alegação em contrário, fundada,
justamente, na falta de tempo para preparar-se para a negociação.

1.724.4. Participação do representante técnico – As partes far-se-ão


acompanhar, reza o art. 334, § 9.º, dos advogados ou, se foro o caso, dos
respectivos defensores públicos. Não há impedimento de a Defensoria
Pública, por diferentes integrantes, representar ambas as partes.

A presença do representante técnico, orientando o constituinte quanto às


vantagens e desvantagens da solução alvitrada, representa expressivo
proveito, relativamente à parte desassistida. Logo se percebe a inviabilidade
de o auxiliar do juízo impedir as manifestações do advogado, contrário a
qualquer composição, recordando-se a circunstância de os interesses
secundários constituírem um dos fatores a serem levados na devida conta na
resolução do conflito, em termos antevisto no art. 90, § 2.º.

Em matéria de interesses disponíveis, entretanto, a ausência e, a fortiori, a


eventual oposição do representante técnico, não constitui óbice definitivo à
homologação do termo de conciliação ou de mediação. A autocomposição
dependerá unicamente da vontade convergente das partes, assegurada pela
autonomia privada. Esse assunto já recebeu análise na transação (retro,
1.613). Logo, a presença do advogado não é imperiosa, incluindo a hipótese
de figurar como parte vulnerável assistido pela Defensoria Pública. O juiz dará
a palavra final quanto à viabilidade do ajuste.

1.725. Estrutura da audiência de conciliação e de mediação


A estrutura da audiência de conciliação e de mediação, quanto ao seu
âmago, é matéria estranha ao processo civil. Ressalva feita à abertura (art.
358), apregoados os participantes, a etapa posterior dependerá do auxiliar do
juízo. O art. 334, § 2.º, prevê a realização de mais de uma sessão, não
podendo exceder de dois meses o espaço de tempo entre uma e outra,
interregno largo para as partes ponderarem melhor a respeito dos seus
interesses. E o art. 334, § 7.º, autoriza a realização dessas sessões por meio
eletrônico.

Realizar-se-á a audiência do art. 334, em geral na sede do juízo.


Idealmente, deveria ocorrer lugar distinto da sede do juízo, a fim de não
perturbar as sensibilidades à flor da pele, o que é possível encarregando-se
câmara especializada. Fatores como o vestuário do mediador, a disposição
espacial das partes, o mobiliário da sala e o modo pelo qual nesse espaço o
mediador ou o conciliador introduzirá individualmente ou coletivamente os
participantes da reunião contribuem para o sucesso ou o insucesso da
empreitada. Convocar os desavindos para acomodações acanhadas ou pouco
propícias ao entendimento revela-se contraproducente à primeira vista.
Impõem-se cogitar da exata localização das pessoas na sala, propiciando-
lhes comodidades de luz e temperatura, e da facilitação do contato visual e
auditivo, e da atitude positiva do mediador ou do conciliador, como meios para
gerar o clima favorável à interação. Ora, nem sequer o órgão judiciário dispõe
desses espaços; porém, sem investimento em tais recursos físicos e humanos
não se logrará resolver o conflito.

As técnicas de conciliação e de mediação compõem a essência da


atividade do auxiliar do juízo. Se realizará sessão conjunta, inicialmente, ou se
ouvirá separadamente os litigantes, e por quanto tempo, representam
problemas que não se equacionam intuitivamente. Existem programas de
formação e de adestramento nesses misteres. E a experiência acumulada
sugerirá outros caminhos. Avaliar o desempenho do mediador ou do
conciliador, quantitativa – remunerá-los conforme o êxito parece política fatal
à boa conciliação ou mediação – e qualitativamente, aquilatando a satisfação
dos desavindos, permitirá a correção de rumos e a obtenção de melhores
resultados no futuro.

Em oportunidade anterior (retro, 13), já se definiu as etapas ideais da


mediação, aplicáveis à conciliação.

1.726. Desistência da audiência de conciliação e de mediação

Ao autor cabe manifestar seu interesse ou desinteresse na realização do


art. 334 na petição inicial (art. 319, VII). Desnecessária essa manifestação, ou
ineficaz a porventura realizada, quanto aos litígios insuscetíveis de
autocomposição (art. 334, § 4.º, II). Do ponto de vista do autor, almejando
modificar o estado de fato e o estado de direito, perece fora de dúvida o maior
interesse em compor com o adversário, sejam quais forem as perspectivas.
No mínimo, obrigando o réu a comparecer na audiência de conciliação e de
mediação, constrange o adversário e obriga-o a pagar, desde logo, alto preço
pelo litígio. A possibilidade de o réu constituir preposto (art. 334, § 10) suaviza
esse aspecto negativo.
Entretanto, concebe-se a manifestação de desinteresse na petição inicial,
condição necessária, porém insuficiente para eliminar a audiência. Caberá ao
réu, com antecedência de dez dias, manifestar idêntico desinteresse (art. 334,
§ 5.º, segunda parte). Existindo litisconsortes passivos o desinteresse há de
ser manifestado por todos os litisconsortes (art. 334, § 6.º). Basta a omissão
de uma das partes passivas para obrigar os restantes desinteressados ao
comparecimento. Porém, havendo convergência de vontades, não se
realizará a audiência (art. 334, § 4.º).

O art. 334, § 4.º, II, pré-exclui a audiência de conciliação e de mediação na


hipótese de a causa “não admitir autocomposição”. Ora, em princípio só o
objeto litigioso disponível é passível de transação. Disponíveis são, conforme
o art. 841 do CC, os direitos patrimoniais de caráter privado. Essa limitação é
inadequada para as finalidades da conciliação, e, principalmente da
mediação, cabendo interpretar diferentemente o art. 334, § 4.º, II.

Por óbvio, os direitos relativos ao estado e à capacidade das pessoas, os


direitos relativos à personalidade humana, são insuscetíveis de concessões
pelo respectivo particular. Ninguém pode invalidar o casamento, por exemplo,
consensualmente. O que pode ser objeto de transação, em casos tais, são os
aspectos patrimoniais desses direitos.

Na verdade, nada obsta que se realize conciliação (v.g., o valor dos


direitos autorais) ou mediação (v.g., o valor dos alimentos) em assuntos desse
naipe. É evidente que o valor da prestação alimentar, ou do direito autoral, a
partilha de bens dos cônjuges e dos companheiros, a própria conversão da
separação judicial em consensual, e o regime da guarda dos filhos comuns ou
da visita de um dos cônjuges, podem e devem ser estabelecidos mediante a
promoção do diálogo das partes.

Fora desses casos, a exemplo da pretensão à anulação do casamento, o


art. 334, § 4.º, permite o juiz abster-se da designação da audiência. Deferida a
petição inicial, ordenará a citação do réu, fluindo o prazo de defesa na forma
do art. 231.

1.727. Falta de comparecimento na audiência de conciliação e de


mediação

Faltando uma das partes à audiência de conciliação e de mediação, ou


todas, sem motivo justificado – aplicar-se-á, por analogia, o art. 362, II (infra,
2.094.5), frustrar-se-á autocomposição. Os elevados propósitos do art. 334
não poderiam ficar desguarnecidos por essa atitude. Logo, o ausente
suportará a multa de dois por cento sobre o valor da causa, sanção revertida
em proveito da União ou do Estado-membro (art. 334, § 8.º), sem embargo da
remuneração do auxiliar do juízo, naturalmente devida em tal caso, a cargo do
vencido. É ocioso o rótulo de atentado à dignidade da justiça a tal sanção,
mas revela a importância destacada do ato.

Não há qualquer sanção à ausência do advogado da parte. Embora


conveniente sua participação, os termos imperativos do art. 334, § 9.º, não
tornam essa presença inelutável, realizando-se a sessão normalmente. Por
sinal, o prazo de contestação flui no caso de ausência da parte (art. 335, I), e,
não, da falta do advogado.
1.728. Resultados da audiência de conciliação e de mediação

Realizadas as sessões de mediação e de conciliação, no número


recomendado ao caso, concebem-se: (a) a autocomposição dos desavindos,
razão por que lavrar-se o respectivo termo, submetido de imediato à
homologação do juiz; (b) a frustração da autocomposição, caso em que fluirá
o prazo de defesa (art. 335, I), independente do motivo da falta de êxito (v.g.,
ausência de uma das partes).

Retomará o procedimento, então, o itinerário programado. Cuidando-se do


procedimento comum, as etapas subsequentes, a começar pela defesa do
réu, não diferem substancialmente do antigo rito ordinário.

Capítulo 77. RESPOSTA DO RÉU


SUMÁRIO: § 356.º Reação do réu – 1.729. Conceito de resposta – 1.730.
Espécies de resposta – 1.731. Prazo da resposta – 1.732. Forma da resposta
– 1.733. Destinatário da resposta – 1.733.1. Pressupostos da mudança de
destinatário da resposta – 1.733.2. Efeitos da mudança de destinatário da
resposta – 1.733.3. Resolução antecipada do problema de competência –
1.734. Lugar da resposta – § 357.º Contestação – 1.735. Conceito de
contestação – 1.736. Conteúdo da contestação – 1.737. Requisitos gerais da
contestação – 1.737.1. Endereçamento da contestação – 1.737.2.
Identificação e qualificação do contestante – 1.737.3. Exposição das razões
de fato e das razões de direito da defesa – 1.737.4 Especificação dos meios
de prova na contestação – 1.737.5 Requerimentos da contestação – 1.738
Requisitos formais da contestação – 1.738.1 Forma da contestação – 1.738.2
Datação da contestação – 1.738.3 Autenticação da contestação – 1.738.4
Instrução da contestação – 1.738.5 Endereço de intimações – 1.739. Efeitos
da contestação – 1.740. Aditamento da contestação – 1.740.1. Fatos
conhecíveis ex officio – 1.740.2. Fatos supervenientes – 1.740.3. Fatos
alegáveis a qualquer tempo – 1.741. Desentranhamento da contestação – §
358.º Reconvenção – 1.742. Conceito da reconvenção – 1.743. Natureza da
reconvenção – 1.744. Requisitos genéricos da reconvenção – 1.744.1.
Competência do juízo na reconvenção – 1.744.2 Interesse processual na
reconvenção – 1.744.3 Legitimidade ativa e passiva na reconvenção – 1.745.
Requisitos específicos da reconvenção – 1.745.1. Pendência do processo –
1.745.2. Compatibilidade do procedimento – 1.745.3. Conexão de causas –
1.746. Oportunidade da reconvenção – 1.747. Efeitos da reconvenção –
1.748. Procedimento da reconvenção – 1.748.1. Forma da reconvenção –
1.748.2. Controle da reconvenção – 1.748.3. Chamamento do reconvindo –
1.748.4. Resposta do reconvindo – 1.748.5. Providências preliminares na
reconvenção – 1.749. Julgamento da reconvenção – § 359.º Exceções –
1.750. Natureza das exceções autônomas – 1.751. Oportunidade das
exceções autônomas – 1.752. Efeitos das exceções autônomas – 1.752.1.
Efeito suspensivo da exceção de incompetência – 1.752.2. Efeitos da exceção
de parcialidade – 1.753. Exceção de incompetência – 1.753.1 Objeto da
exceção de incompetência – 1.753.2 Legitimidade na exceção de
incompetência – 1.753.3 Procedimento da exceção de incompetência –
1.753.4 Efeitos do julgamento da exceção de incompetência – 1.754. Exceção
de parcialidade – 1.754.1. Objeto da exceção de parcialidade – 1.754.2
Legitimidade na exceção de parcialidade – 1.754.3. Procedimento da exceção
de parcialidade – 1.754.4. Efeitos do julgamento da exceção de parcialidade –
§ 360.º Variantes da resposta – 1.755. Correção da legitimidade passiva –
1.756. Chamamento de terceiro – 1.757. Suscitação de incidentes autônomos
– 1.757.1 Impugnação da distribuição – 1.757.2 Arguição de falsidade –
1.757.3 Impugnação ao número de litisconsortes ativos – 1.758. Declaração
incidente – § 361.º Revelia do réu – 1.759. Inatividade do réu – 1.760. Efeitos
da revelia – 1.761. Eliminação da revelia – § 362.º Reconhecimento do pedido
– 1.762. Adesão do réu – 1.763. Requisitos da adesão – 1.764. Efeitos da
adesão.

§ 356.º Reação do réu

1.729. Conceito de resposta

Completando-se a relação processual, na forma angular (retro, 91),


vinculando, num dos lados, o autor ao Estado, e, no outro lado, o Estado ao
réu, porque o juiz visualizou a admissibilidade da pretensão do autor e
chamou o réu a juízo, através da citação, o direito fundamental processual
constrange a lei processual a assegurar prazo para defesa.

É preciso recordar o fato trivial, mas inexorável de o réu submeter-se à


pretensão do autor compulsoriamente, atenda ou não à convocação do órgão
judiciário, malgrado relutância, desconforto ou franca rebeldia. A qualidade de
réu preexiste ao chamamento a juízo e decorre da simples indicação na
petição inicial.

À diferença de outros sistemas processuais, entre nós inexiste a


necessidade de mútuo comparecimento em juízo, reminiscência
da litiscontestatio romana, a exemplo do modelo italiano.1 As partes não
comparecerem pessoalmente no ofício judicial. A demanda do autor já traduz
comparecimento perante a autoridade judiciária. Ela é entregue no ofício
judicial, revestida ou não dos requisitos legais, por qualquer pessoa – o autor,
porque recebeu a incumbência de pagar as despesas; o advogado do autor,
porque a ida à sede do juízo propicia essa ocasião e já recebeu o
adiantamento de recursos financeiros do cliente; e, comumente, um dos
estagiários do escritório do autor, supostamente habilitado a praticar o ato. E
a relação processual constitui-se perante o réu, consumando-se a respectiva
citação, haja ou não a audiência de conciliação e de mediação (art. 334) na
sequência, não importando a entrega de resposta (contestação ou
reconvenção) comparecimento propriamente dito. A sumária descrição desses
atos da etapa postulatória revela o acerto do diagnóstico, feito à luz do CPC
de 1939, quanto à irremovível natureza escrita do procedimento comum
brasileiro: “Nossos atos postulatórios são escritos; sua apresentação em juízo
e a produção da prova documental, tantas vezes a única a existir, não se
fazem em audiência; nossas discussões orais são renunciáveis; nossas
sentenças, salva a publicação independem de audiência”.2 A esse problema
se retornará no âmbito da audiência preliminar, mas antes se impõe
concentrar a atenção na resposta.

A convocação a juízo é a função da citação nos termos do art. 238. Esse


ato ensejava, no direito anterior, a abertura do prazo de defesa; no itinerário
do procedimento comum do NCPC, todavia, entre uma coisa e outra intercala-
se a audiência do art. 334. Importa outro aspecto. Seja qual for o interstício
previsto na lei para semelhante atividade, jamais eliminará, por inteiro, a
irreversível assimetria existente entre quem toma a iniciativa de demandar e
quem fica compelido, ainda que não queira, a responder. O autor preparou os
meios de ataque, pesquisando material de fato (v.g., reunindo pareceres
técnicos, para os fins do art. 472) e aperfeiçoando, à saciedade, a redação
das razões de direito (v.g., contratando parecer jurídico de especialista na
matéria, inibindo-o de atuar ou de opinar a favor do futuro adversário), por
tempo indeterminado, teoricamente subordinado apenas aos prazos de
extinção do direito (decadência) ou de encobrimento da eficácia da pretensão
(prescrição). E, principalmente, o autor escolhe o momento da demanda – por
exemplo, após a tese jurídica consolidar-se no tribunal superior. O réu não
desfruta dessas vantagens. Resta-lhe preparar os meios de defesa no prazo
de resposta.

A assimetria natural das partes repele a potencialização desse


desequilíbrio natural fatalmente derivado da abstração das formalidades do
chamamento a juízo – nulidade cominada no art. 280, presumindo-se a
existência de prejuízo (retro, 1.255.2) –, e de modo algum diminui o
transcendente relevo da resposta.

Dá-se o nome de resposta aos meios típicos de defesa do réu. Essa era a
terminologia do direito anterior. Alguns dispositivos do NCPC (v.g., arts. 113, §
2.º, 248,caput, e 335, § 2.º) ainda a utilizam e há razão plausível. Embora haja
concentrado, formalmente, os meios típicos de defesa em ato postulatório
único, a reação do réu pode ser veiculada através da contestação e de
reconvenção, na mesma peça, mas esta última independe da primeira (art.
343, § 6.º). Logo, aqui se adota a palavra resposta, englobando os dois
meios.

A defesa corresponde a um imperativo da pessoa humana. O instinto


humano leva à reação contra a ação alheia, protegendo a própria
sobrevivência. Do ponto de vista jurídico, e no processo civil, a defesa retrata
a legítima reação do demandado à pretensão do autor.3 O réu submete-se aos
efeitos do processo compulsoriamente, mas reage pelos meios legalmente
admissíveis, defendendo-se por intermédio da resposta. Essa reação imprime
ao procedimento caráter contraditório (audiatur et altera parte). É inegável o
paralelo entre ação e defesa. O ataque do autor, decorrente da demanda, tem
como contrapartida a defesa do réu.4 E os meios de defesa compõem a
resposta do réu. Esses meios asseguram a plenitude do exercício do direito
fundamental à defesa (retro, 313).

Existem dois meios de resposta: (a) a contestação; (b) a reconvenção.


Existem outras vias de defesa – barreiras que o réu erige, a fim de elidir a
pretensão do autor ou dificultar seu acolhimento. Lícito chamar a esses meios
de resposta típica.

O réu tem o ônus, e, não, o dever de defender-se contra a pretensão,


respondendo ao autor.5 O normal é que se defenda.6 A autonomia privada
autoriza a abstenção: “o processo civil social deve resguardar o direito de
defesa, mas respeita a liberdade do querer da parte, até mesmo se não
desejar apresentar defesa”.7Asseguram-se, destarte, outras atitudes do
réu:8 (a) a inatividade ou revelia (infra, 1.759); (b) a adesão à pretensão ou
reconhecimento do pedido (infra, 1.762).
Antes de examinar as espécies de resposta em seus pormenores, cumpre
apresentar os meios de defesa típica.

Por intermédio da contestação, o réu contraria a pretensão do autor.9 É o


meio de defesa principal, estruturalmente complexo, pelo qual o réu apresenta
suas razões de fato e de direito.

Dependendo o autor da superação de duas barreiras, porque só logrará


êxito se a pretensão for admissível e fundada, a contestação mira dois alvos
simultâneos e concorrentes.

Em primeiro lugar, o réu questionará a admissibilidade, arguindo questões


de processo. A defesa processual envolve objeções e exceções. Essa matéria
ou retarda o desfecho do processo (defesa dilatória) ou, mais vantajosamente
na perspectiva do réu, provoca-lhe a extinção (defesa peremptória). Em
seguida, e eventualmente, o réu demonstrará ao juiz o quanto é infundada a
pretensão do autor (defesa de mérito).

Para essa última finalidade, o réu articula razões de fato e razões de


direito. No plano das alegações de fato, ao réu incumbe o ônus de negar
precisamente os alegados pelo autor (impugnação direta), mas tem a
possibilidade valiosa de apresentá-los segundo versão própria (impugnação
indireta). É importante assinalar que autor e réu submetem-se ao dever de
expor fatos de acordo com a verdade (art. 77, I). Logo, nesse último caso um
dos litigantes desatendeu semelhante dever, no todo ou em parte,
consequência minorada pelo reconhecimento que, muitas vezes, têm
convicção de exporem os fatos verdadeiramente (verdade subjetiva). O
problema defensivo do réu aumenta no caso de o autor produzir prova
documental das alegações de fato (art. 434, caput). Então, cabe-lhe impugná-
las direta ou indiretamente de modo a inibir a fé, força probante ou eficácia do
documento público ou particular, não raro recorrendo, porque o único meio
eficaz, à arguição de falsidade (art. 430 c/c art. 427). Já no tocante à
impugnação de direito, o réu apresentará teses jurídicas, pré-excluindo o
efeito jurídico pretendido, cuja previsão em precedente haurido do julgamento
de casos repetitivos terá êxito fulminante.

Sem embargo do enfrentamento direto da pretensão, o réu pode alegar


fatos novos (exceções ou objeções substanciais), opondo efeito extintivo,
impeditivo ou modificativo à pretensão do autor (defesa de mérito indireta). O
efeito da alegação do novo material de fato consiste na ampliação do objeto
litigioso (retro, 339).

Esses aspectos receberam análise na teoria geral do processo (retro,


314). Aqui se rememora o tema para comprovar a complexidade estrutural da
contestação eficiente e completa, explorando exaustivamente os meios de
defesa em sentido estrito. Nem sempre o réu dispõe de subsídios idôneos
para amparar simultaneamente todas as linhas de defesa cabíveis na
contestação.

Das antigas exceções processuais, deduzidas autonomamente, sobrou a


exceção de parcialidade (art. 146), integrante da defesa processual do réu,
embora também caiba ao autor questionar a imparcialidade da pessoa
investida no juízo da causa. Do ponto de vista do réu, essa barreia exibirá
natureza dilatória. Eventual acolhimento não provocará juízo de
inadmissibilidade: a exceção de parcialidade afasta a pessoa investida no
órgão judiciário competente, passando a causa para o substituto legal no
mesmo juízo.

A reconvenção é meio de defesa – ativa – altamente qualificada do réu.


Ela torna complexo o objeto litigioso, ampliando-o: haverá duas pretensões
sob o julgamento do juiz, a do autor e a do réu, e, por isso, o art. 490 situa o
julgamento do mérito como o acolhimento e a rejeição, no todo ou em parte,
dos “pedidos formulados pelas partes”. Por intermédio da reconvenção, autor
se transforma em réu, o réu em autor. A contraposição real ou virtual dessa
iniciativa do réu transforma a reconvenção em modalidade de defesa, no
sentido elástico, mas indireta: o contra-ataque do réu exibe, às vezes,
potencial idôneo a eliminar o ataque inicial do autor.

1.730. Espécies de resposta

A contestação, a exceção de parcialidade e a reconvenção não eram os


únicos meios de resposta do réu. A falsa impressão desfazia-se na leitura de
outras disposições esparsas no corpo legislativo.10

Esses meios paralelos concentraram-se na contestação, porque o NCPC


reluta em admitir incidentes autônomos, a exemplo da (a) impugnação ao
valor da causa (art. 337, III) e da (b) impugnação à concessão do benefício da
gratuidade ao autor (art. 337, XIII). Porém, há iniciativas que, por sua
natureza, aí localizam-se apenas formalmente, como a reconvenção, a saber:
(a) o chamamento em garantia do terceiro (art. 126); (b) o chamamento ao
processo do terceiro (art. 131); (c) na própria contestação, o réu suscitará
arguição de falsidade (art. 430), deduzindo ou não pretensão autônoma (art.
430, parágrafo único); (d) no prazo de resposta, que ficará suspenso até o a
decisão do incidente (art. 113, § 2.º), o réu requererá ao juiz a limitação do
número de litisconsortes ativos, havendo comprometimento ao direito de
defesa ou ao rápido andamento do processo; (e) ao réu toca reclamar da falta
ou do erro da distribuição (art. 288), presumindo-se que seja do seu interesse
suscitar o incidente o quanto antes, ou seja, no prazo de resposta; (f) em
qualquer fase do procedimento, o réu também se legitima para suscitar o
incidente de desconsideração da personalidade jurídica, embora o interesse
primordial seja do autor, requerendo-a na petição inicial (art. 134, § 2.º).

Nenhuma dessas iniciativas assegura o êxito do réu, necessariamente, de


meritis, ou enseja vitória tática, provisória e efêmera da extinção do processo
(art. 485), exceção feita, nesse último caso, à correção da legitimidade
passiva, todavia matéria inserida na contestação, objeto do regime dos arts.
338 e 339.

O objetivo geral do réu consiste em tornar mais árduo o percurso do autor,


predispondo obstáculos diversos. Ao erigir linhas em profundidades
diferentes, e de dificuldade heterogênea, o réu emprega a chamada defesa
flexível. Por exemplo, na intervenção provocada de terceiros – chamamento
em garantia e chamamento ao processo –, o réu atrai um aliado, quiçá
poderoso e influente (no sentido processual, bem entendido: o chamado ao
processo pode dispor de exceção pessoal contra o adversário do chamante),
dilatando os prazos processuais, por força do art. 229. A aliança do terceiro é
certa e fatal no chamamento ao processo, porque o chamado será
litisconsorte passivo (retro, 868), e corresponde ao entendimento alternativo
do art. 128, I (retro, 912.2), mas não se deve negligenciar a configuração
prevalente, na qual o chamado em garantia assume o papel de assistente nas
relações com o adversário do chamante (retro, 912.1). Em tal sentido, as
iniciativas arroladas revelam-se assaz eficientes, havendo possibilidade de
empregá-las em conjunto ou isoladamente. A reclamação contra a falta ou o
erro de distribuição (art. 288), por exemplo, parece inócua e secundária;
porém, a troca de juízo talvez seja decisiva – o juízo X, ao qual tocaria
processar e julgar a causa, em casos anteriores adotou tese jurídica favorável
ao réu B, enquanto o juízo Y, para o qual o feito chegou por erro, entende
exatamente o contrário.

Essas peculiaridades agrupam os meios de defesa em duas categorias:


(a) meios típicos; e (b) meios atípicos. Nesse último caso, o meio de defesa é
indireto. Já não parece tão exato o enquadramento da reconvenção e da
intervenção provocada de terceiros como meios “não defensivos”.11 A rigor, a
categoria abrangeria as hipóteses de ampliação do objeto litigioso, mediante
pretensão incidental, verificada no (a) pedido de declaração incidente pelo réu
e (b) na arguição de falsidade.

Não há dúvida de que a reconvenção agasalha o contra-ataque do réu.


Essa iniciativa obriga o autor a passar à defesa, no todo ou em parte,
retardando o progresso do procedimento, haja vista a variante procedimental
imprimida. Ora, a defesa elástica – o jargão militar é intencional –, distribuída
em pontos diferentes e explorando os elementos fracos do movimento do
adversário, através de contra-ataques parciais, manobrando nas linhas
interiores, constitui a tática preferida dos maiores generais da história,
segundo a literatura especializada.

Assim, a resistência atípica (v.g., o chamamento em garantia) traduz meio


de defesa indireto, mas meio de defesa.

1.731. Prazo da resposta

A petição inicial e a resposta são atos postulatórios diferentes e, na


tradição dos sistemas filiados à Civil Law, ocorrem em momentos sucessivos,
intercalados pela citação e, no roteiro do procedimento comum brasileiro,
geralmente pela audiência do art. 334. O réu conhecerá antecipadamente as
alegações do autor – informalmente, é comum inteirar-se do conteúdo da
inicial antes da própria citação, consultando os autos em cartório, sem registro
do comparecimento espontâneo –, pois constitui função paralela ao
chamamento a juízo (ius vocatio) a comunicação de ciência intrínseca à
citação (editio actionis), salvo no caso das ações de família (art. 695, § 1.º).
Em outros ordenamentos da mesma cepa, passou-se a admitir o comum
acordo de autor e réu, recaindo o litígio sobre questi juris e visando emprestar
ao litígio rápida solução, apresentando conjuntamente inicial e resposta.12 Não
é de se desprezar a possibilidade na convenção processual do art. 190.

O art. 335, caput, do NCPC, fixa o prazo de resposta em quinze dias. Era
menor o prazo para contestar (art. 292, caput, do CPC de 1939) e reconvir
(art. 190 do CPC de 1939) no primeiro diploma unitário, estipulado em dez
dias, bem como o prazo das exceções, então em número mais dilatado,
oferecidas nos três primeiros dias do prazo de contestação (art. 182, caput, do
CPC de 1939). O CPC de 1973 ampliou de dez para quinze dias o prazo,
uniformizando-o, ademais, para as respostas típicas o réu.13 O NCPC
manteve o interregno e estendeu-o aos procedimentos especiais. O prazo de
cinco dias é assinado apenas para o réu se defender contra a pretensão à
segurança antecedente (art. 306). À assinação de prazo para o réu
comparecer em juízo, no antigo direito espanhol e ordenamentos da sua
órbita, chamava-se emplaziamento.14 Esse conteúdo é irrelevante à citação.

Por simetria, os meios de defesa atípicos, ou seja, as escaramuças em


que o réu desafia e testa a obstinação do autor, em geral se subordinam ao
mesmo prazo, porque concentradas na contestação, ou antes do término
desse prazo (v.g., o pedido de limitação do número de litisconsortes ativos, a
teor do art. 113, § 2.º).

Os incs. I a III e os parágrafos do art. 335 disciplinam o variável termo


inicial do prazo de resposta, conforme haja, ou não, a audiência do art. 334, a
saber: (a) da audiência do art. 334, ou da última sessão designada para a
tentativa de conciliação e de mediação, quando qualquer das partes não
compareçam ou, conquanto haja o comparecimento, inexista autocomposição
(inc. I); (b) do protocolo da manifestação de desinteresse do réu (inc. II),
manifestado com a antecedência mínima de dez dias (art. 334, 5.º),
relativamente à audiência do art. 334, havendo convergência com a vontade
do autor manifestada na petição inicial, a teor do art. 334, § 4.º, I, caso em
que, havendo litisconsórcio, o prazo fluirá individualmente da data da
respectiva manifestação (art. 335, § 1.º); (c) inexistindo a audiência do art.
334, na forma do art. 231 (inc. III); (d) havendo desistência da pretensão
contra um dos réus, antes da citação, da intimação da desistência
homologatória (art. 335, § 2.º), havendo remissão aparentemente errônea ao
art. 334, § 4.º, II (a causa não admite autocomposição), porque essa situação
se ajusta antes à hipótese dos “demais casos” do art. 335, III.

Da conjugação dessas regras extraem-se dois princípios fundamentais: (a)


o princípio da juntada: termo inicial do prazo, inexistindo a audiência do art.
334, fluirá da juntada aos autos da documentação da citação (v.g., do aviso
de recebimento, na citação postal, a teor do art. 231, I), salvo no caso da
citação por edital, hipótese em que ciência ficta exige prazo de
aperfeiçoamento (retro, 1.214.2), coincidindo o termo final deste com o termo
inicial do prazo de resposta (art. 231, IV), da citação por via eletrônica (art.
231, V) e da data da carga dos autos (art. 231, VIII, c/c art. 239, § 1.º); (b) o
princípio da simultaneidade: havendo pluralidade de réus, o prazo inicia ao
mesmo tempo para todos os litisconsortes passivos, independentemente da
modalidade de citação de cada qual (art. 231, § 1.º),15 mas o termo final pode
variar conforme a qualidade das partes e, de resto, havendo manifestação de
desinteresse quanto à audiência do art. 334, o termo inicial do prazo será
individual, contado da data de cada pedido de cancelamento (art. 335, § 1.º).
Era mais simples prever prazo conjunto e fixar o termo inicial no décimo dia
anterior à data da audiência do art. 334.

O termo final do prazo de resposta comporta dilatação nas hipóteses dos


arts. 180, caput, 183, caput, e art. 186, caput. Os litigantes beneficiados são,
respectivamente, o Ministério Público – por exceção, pode figurar como réu
(v.g., na rescisória movida por condenado em ação civil pública), e os
vulneráveis representados por órgão da Defensoria Pública e a Fazenda
Pública.

Figurando vários réus, o prazo de resposta ser-lhes-á comum, ressalvado


o art. 335, § 1.º, mas pode ser dobrado (art. 229), exceto no processo
eletrônico (art. 229, § 2.º). O benefício subsiste no caso de ficar um dos réus
inerte, pois o colitigante não pode adivinhar a futura revelia, precavendo-se
contra esse evento.16 O benefício desfaz-se posteriormente, desaparecendo a
representação por advogados distintos, não se representando o revel no
processo (art. 229, § 1.º).17 Essa disposição não incidirá, ademais, nos casos
em que terceiro seja chamado ao processo. Em tal hipótese, outro será o
prazo de resposta, comum ou simples, conforme o número de colitigantes.

Por sua vez, o art. 335, § 2.º, conjura a hipótese especial de o autor
desistir da pretensão contra um dos litisconsortes passivos antes da citação,
havendo a designação da audiência do art. 334, embora art. 485, § 4.º, exija o
consentimento do réu só depois da contestação. Por óbvio, só no
litisconsórcio facultativo o autor pode abdicar de mover a pretensão contra um
dos réus.18 O prazo de resposta do único réu fluirá individualmente, após a
intimação da decisão que admitiu a desistência (art. 200, parágrafo único).
Claro está que, movida a ação contra três ou mais réus, a desistência em
relação a um deles preserva o benefício comum dos réus remanescentes. Por
exemplo, A demanda B, C e D, mas, citados B e C, A desiste da ação
perante D: então, o prazo dos litisconsortes passivos remanescentes (B e C)
subsistirá comum, nos termos do art. 231, § 1.º.

O réu tomará ciência do prazo de resposta no ato de citação (v.g., no


mandado de citação, o art. 250, II). Eventual equívoco, a exemplo da
assinação do prazo ordinário do art. 335, em lugar de prazo menor (v.g., o do
art. 306), não prejudicará o réu, apresentando resposta no prazo fixado.19 E,
não apresentando, porque não se lhe deu ciência do prazo de resposta, há
vício no ato de citação, passível de decretação para restituição do prazo
legal,20 eliminando a revelia (infra, 1.761). Não serve aos propósitos da lei a
menção genérica ao “prazo da lei” ou fórmula da lei. Cumpre assinalar o
quantitativo temporal em número de dias.21

1.732. Forma da resposta

O réu apresentará os meios de resposta por petição (art. 335, caput). Não
importa o suporte. Pode ser (a) físico ou (b) virtual. O art. 10 da Lei
11.419/2006 admite explicitamente o “formato digital”, cuidando-se de
processo eletrônico, e, naturalmente, comportando o sistema a entrega do
arquivo de texto.

Em meio físico, a petição será digitada, datilografada ou manuscrita e


devidamente subscrita (autenticação) pelo(s) represente(s) técnico(s) do(s)
réu(s)

A contestação e a reconvenção constituem atos postulatórios do réu.


Essas peças devem atender aos requisitos gerais dos atos processuais (v.g.,
a escrita será no vernáculo, a teor do art. 192, caput) e aos requisitos
especiais de cada meio de defesa (v.g., a contestação se organiza segundo
estrutura peculiar; a reconvenção, na forma da petição inicial, a teor do art.
319).

O réu apresentará a contestação e a reconvenção, simultaneamente, em


peça única. No direito anterior, incorporadas em peças autônomas, exigia-se
simultaneidade. Representaria excessivo emprestar à dicção da lei sentido
literal – entrega no mesmo dia do prazo. Este último era, entretanto, o
entendimento prevalecente.22 E a jurisprudência do STJ, após hesitação
inicial,23 firmou-se no sentido da simultaneamente, divisando preclusão
consumativa, praticado um dos atos postulatórios (contestação ou
reconvenção), vedando o outro.24 Em virtude do ônus de deduzir a
reconvenção na contestação (art. 343, caput), consagrou-se, enfim, essa
orientação. Reconvenção desacompanhada da simultânea contestação, como
autoriza o art. 343, § 6.º, ou vice-versa, impede a prática do outro ato,
consumado o prazo.

O propósito da regra anterior consistia em autorizar a emissão de imediato


juízo de admissibilidade, ou não, da reconvenção, sopesando o juiz o requisito
especial da conexão com o “fundamento da defesa”. Embora elogiável,
melhores argumentos sustentavam o contrário: (a) o juízo de admissibilidade
não se afigura tão lesto, inexistindo perda de tempo ao aguardar o término do
prazo de resposta, de toda sorte em curso e computado como legítimo na
“duração razoável” do processo; (b) o impedimento apenas constrangeria o
réu a propor a ação separadamente, reunindo os processos por conexão,
assim se perdendo as vantagens da inserção da pretensão processual, in
simultaneo processu, em benefício da via mais custosa, demorada e
trabalhosa.

Como quer que seja, o oferecimento da contestação e da reconvenção em


peça única retorna ao regime preconizado pelo art. 190, segunda parte, do
CPC de 1939. Porém, na vigência do primeiro diploma unitário, sustentou-se a
necessidade de separação formal, mediante argumentos persuasivos: “As
condições de admissibilidade da reconvenção, por sujeitarem-se a uma
apreciação preliminar do juiz recomendam essa causa, que, não satisfeita,
dificultará por vezes a tomada de certas deliberações a fim de não prejudicar
a contestação. Basta considerar que, não se achando separadas a
contestação e a reconvenção, o indeferimento desta, no caso de sua inépcia,
forçará, não obstante, a sua juntada aos autos, para não tolher a defesa do
réu”.25

Ponderadas as razões, oportuna emenda legislativa, sugerida pela


Comissão de Revisão do anteprojeto de CPC de 1973, adotou a separação
formal. E, outra vez, feriu-se o ponto: “A apresentação da reconvenção em
separado tem fim prático, pois dá-lhe destaque e evita passe ela – como já
tem acontecido – despercebida do julgador, que, muitas vezes, por isso
mesmo, deixa de mandar intimar o autor para contestá-la, ensejando, em
decorrência, a anulação do processo”.26

A reconvenção talvez passe despercebida no primeiro momento, mas as


providências preliminares tomadas pelo juiz, relativamente à contestação,
asseguram o contraditório previsto no art. 343, § 1.º, afastando a possibilidade
de error in procedendo (vício de atividade).
1.733. Destinatário da resposta

Em princípio, o réu dirigirá no juízo da causa. Não importa que seja


absoluta ou relativamente incompetente. O réu arguirá a incompetência do
juízo da causa na contestação, a teor do art. 337, II, e tomada a providência
preliminar do art. 351, o autor replicará no prazo de quinze dias.

Fundamenta-se essa regra no princípio de competência ou – segundo a


fórmula alemã – Kompetenzkompetenz -,27 pelo qual o juízo incompetente tem
competência para examinar a própria competência. Em outras palavras,
qualquer juiz usufrui a competência para determinar a competência.

O erro no endereçamento da petição inicial não é inócuo. Em


determinados casos, pode ser fatal, entendendo-se intempestiva a
contestação entregue no cartórioX (v.g., na 14.ª Vara Cível) em vez do
cartório Y (v.g., na 4.ª Vara Cível). No caso de o réu valer-se do art. 340, a
seguir examinado, deverá indicar a escolha do juízo na contestação, sob pena
de intempestividade do protocolo no cartório X em lugar do cartório Y. Ao
nosso ver, porém, entregue a contestação no protocolo unificado, em que
pese endereçada a peça a outro juízo, por simples equívoco, a parte praticou
o ato no prazo, não sendo possível considerar o réu revel.

O antigo costume de entregar a resposta no juízo deprecado, antes da


restituição da carta precatória ou da carta de ordem ao juízo deprecante,
considerando que o prazo fluirá da juntada da carta neste (art. 231, VI,
segunda parte), todavia admissível,28 tendia a desaparecer, haja vista a
implantação do protocolo integrado. E, de resto, não era muito seguro.
Desenvolveu-se, em matéria de recursos, a curiosa e malsã tese da
intempestividade do ato praticado ante tempus, ou seja, antes do termo inicial
do prazo, entendimento agora refutado pelo art. 218, § 4.º. A atitude cautelosa
e natural do advogado do réu consiste em protocolar a resposta dentro do
prazo e no juízo da causa.

No entanto, o art. 340, § 1.º, chancela a prática, prevendo a remessa da


carta ao juízo da causa, precedida de imediata comunicação,
preferencialmente por meio eletrônico, a fim de evitar (a) a frustração da
audiência do art. 334, adiada até a resolução da questão (art. 340, § 3.º), e (b)
a subsequente revelia. Realmente, o art. 340 excepciona a regra do
destinatário da contestação.

Por exceção, o art. 340 autoriza o réu, alegando a incompetência relativa


ou absoluta, protocolar a resposta (contestação e reconvenção) no foro do
seu domicílio. Essa inovação merece análise mais atenta.

1.733.1. Pressupostos da mudança de destinatário da resposta – É


condição necessária, optando o réu por apresentar a resposta no foro do seu
domicílio, a invocação da defesa processual dilatória prevista no art. 337, II.
Se o réu apresentar a contestação em outro juízo sem tal alegação corre o
risco de revelia, chegando a peça posteriormente ao juízo da causa,
entendimento já refutado – a parte praticou o ato no prazo –, mas plausível.
Avulta que, cuidando-se de incompetência relativa, a omissão do réu importa
a prorrogação da competência (art. 65, caput).
Essa possibilidade inspirou-se, flagrantemente, no art. 305, parágrafo
único, do CPC de 1973. E não é isenta de consequências, revelando a
sobrevivência residual da exceção de incompetência autônoma. Porém, há
uma ressalva: o princípio da concentração (art. 336) da defesa impõe ao réu,
ao valer-se do art. 340, contestação completa. Não é possível alegar,
isoladamente, a incompetência relativa, e, a fortiori, a incompetência absoluta
no juízo do seu domicílio, reservando a possibilidade de opor outros meios de
defesa após a audiência de conciliação e de mediação (art. 334), no juízo
competente. Por sinal, a decisão do art. 340, § 4.º, talvez entenda competir a
causa ao juízo originário. Logo, a desvantagem do réu, empregando o art.
340, consiste em ir para a audiência do art. 334 com as cartas na mesa.

O art. 340, caput, permite o réu apresentar a defesa no foro do seu


domicílio. Fitou o quod plerumque fit, porque o foro do domicílio do réu é o
competente para processar, julgar e executar as ações fundadas em direito
pessoal ou em direito real sobre móveis (art. 46, caput) e, controvertida a
validade cláusula de eleição de foro, o art. 63, § 3.º, prevê a remessa do
processo a esse foro. Nem sempre, todavia, a causa competirá ao foro do
domicílio do réu. Por exemplo, a pretensão de reparação de danos ocorridos
em acidente de veículos, inclusive aeronaves, pode ser proposta no foro do
domicílio do autor ou no foro do local do fato (art. 53, V); as pretensões
fundadas em direito real sobre imóvel processam-se no foro da situação, a
teor do art. 47; e assim por diante.

Vinculando-se o endereçamento da resposta a outro juízo perante a


alegação de incompetência relativa e absoluta (art. 340, caput), abrem-se dois
termos de alternativa: (a) o réu endereçará a resposta ao juízo do seu
domicílio por simples comodidade, apontando na defesa processual dilatória
(art. 337, II), terceiro juízo; (b) embora citado por carta no seu domicílio, o réu
endereçará a resposta ao juízo competente, não sendo este o juízo da causa
e, tampouco, o do próprio domicílio. Convém não complicar em demasia as
coisas, optando pela primeira possibilidade. Se o juízo da causa, decidindo a
questão da competência, verificar a incompetência do foro do domicílio do
réu, remeterá a causa para o juízo competente (v.g., o foro da situação da
coisa). Entende-se a prevenção do juízo em que ocorreu a distribuição da
resposta ou da carta de citação como exemplificativa (art. 340, § 2.º).

1.733.2. Efeitos da mudança de destinatário da resposta – Apresentada a


resposta no domicílio do réu, seguem-se os seguintes efeitos: (a) a resposta
será distribuída a um dos juízos competentes ou juntada aos autos da carta
precatória (art. 340, § 1.º); (b) o juízo ao qual distribuiu-se a defesa, ou o juízo
que já recebera a carta de citação, comunicará ao juízo da causa o protocolo
da defesa, preferencialmente por meio eletrônico (art. 340, caput, parte final);
(c) remeter-se-á a contestação ou restituir-se-á a carta de
citação, incontinenti, ao juízo da causa (art. 340, § 1.º, in fine).

Recebida a comunicação do art. 340, caput, parte final, o juízo da causa


suspenderá a audiência de conciliação e de mediação do art. 334.

E, ademais, reconhecida a competência do foro do domicílio do réu, como


alegado na contestação (art. 337, II), pelo juízo da causa, haverá prevenção
do juízo no qual distribui-se a resposta ou a carta de citação (art. 340, § 2.º).
1.733.3. Resolução antecipada do problema de competência – Em
princípio, a alegação de incompetência absoluta ou relativa é resolvida na
decisão de saneamento e de organização do processo (art. 357, I). Porém, no
caso de o réu dirigir a resposta ao juízo do seu domicílio (art. 340, caput),
obriga o juiz da causa a decidir, antecipadamente, acerca da própria
competência. Competirá ao juízo escolhido pelo autor, com efeito, a resolução
a esse respeito, e, para semelhante finalidade, o art. 340, § 1.º, prevê a
restituição da carta de citação, juntada a resposta, ou a remessa da própria
contestação, devidamente registrada e autuada pelo escrivão ou chefe de
secretaria (art. 206).

A decisão do juízo da causa não comporta impugnação imediata, porque o


ato não se encontra previsto no art. 1.015, exceto na liquidação, no
cumprimento de sentença e na execução de título extrajudicial, a teor do art.
1.015, parágrafo único. O reexame da questão ficará postergado para futura
apelação (art. 1.009, § 1.º). É particularmente grave a ausência de
impugnação imediata nos casos de incompetência absoluta, constrangendo o
órgão ad quem a invalidar a sentença e remeter o processo ao juízo
competente. Talvez a parte utilize sucedâneo recursal (correição parcial) ou
mandado de segurança.

Decidida a questão da competência, em qualquer sentido, o procedimento


retomará seu curso, no juízo competente, designando-se audiência de
conciliação e de mediação (art. 340, § 4.º). Como o réu já respondeu,
seguem-se as providências preliminares, quando cabíveis, inexistindo
autocomposição. O juízo para o qual distribuiu-se a resposta ou a carta de
citação, caso o juízo da causa reconheça sua competência, encontra-se
prevento (art. 340, § 2.º).

1.734. Lugar da resposta

O réu entregará a resposta no protocolo da sede do juízo (retro, 1.701),


salvo valendo-se do art. 340. O lugar da prática deste ato postulatório é, de
ordinário, o juízo da causa.29

Em épocas mais recentes, o protocolo descentralizou-se, mediante


convênio do Poder Judiciário com os correios, assumindo a forma de
protocolo integrado. Desse modo, inexiste a necessidade de ir até a sede do
juízo. O réu entregará a(s) petição(ões) na agência de correios próxima,
mediante recibo. É preciso atentar para a data registrada na(s) petição(ões).
Os órgãos judiciários têm o mau vezo de debitar à parte eventuais falhas do
serviço, prendendo-se a pormenores (v.g., a legibilidade do carimbo posto
pelo servidor dos correios no original) que escapam, na realidade, a qualquer
controle mais efetivo do advogado. Impende evitar incidentes estéreis e de
resultados incertos.

§ 357.º Contestação

1.735. Conceito de contestação

A contestação é o meio de defesa mais poderoso, eficaz e flexível.


Recorrendo à metáfora vagamente militar, e sem embargo de a imagem
desagradar os que rejeitam a realidade e almejam transformar o processo na
liça do fair play, ou seja, em território fictício, a contestação constitui sólida
plataforma de armas, comportando meios de defesa heterogêneos.

Por intermédio da contestação, o réu distribui meios de defesa


escalonados. A primeira barreira opõe-se à admissibilidade da pretensão
(defesa processual). Ela assume feição de simples obstáculo, retardando o
progresso da atividade processual, na forma de defesa processual dilatória
(v.g., a arguição da incompetência absoluta do juízo, a teor do art. 337, II), ou
imobiliza definitivamente o adversário, através da vitória tática e, a mais das
vezes, provisória da extinção do processo (art. 485), na forma de defesa
processual peremptória (v.g., o defeito de representação, a teor do art. 337,
IX). Em seguida, o réu resiste ao acolhimento do pedido, na defesa de mérito
direta, suscitando questões de fato (impugnação de fato direta ou indireta) e
questões de direito (v.g., a inconstitucionalidade da norma na qual o autor
baseia a pretensão), e valendo-se da defesa de mérito indireta (exceções e
objeções substanciais).

A palavra contestação não exprime a integralidade desse conteúdo. E a


semântica não ajuda, pois o verbo contestar tem dois significados
antagônicos, o de confirmar e o de negar. No primeiro sentido, deriva
de contestari, ou de cum-testari (cotestemunhar), representando o ato pelo
qual os litigantes, na fase de jure do processo romano clássico, formavam
a litisconstestatio, prometendo submeter-se à decisão, invocando
cotestemunhas desse negócio. E, no segundo, exprimiria a resposta
(contradictio adjecta) do réu à pretensão do autor (narratio proposita) no
processo romano da extraordinaria cognitio.30

Não parece correto generalizar ou restringir o conceito de contestação no


direito pátrio. Excede a natureza do ato postulatório do réu chamar de
contestação à exposição de qualquer defesa e a adoção de qualquer
comportamento.31 E diminui-lhe a estatura limitá-lo aos meios de defesa cuja
oposição confronte pretensão, porque infundada.32 Assumindo a contestação
contraste com a pretensão processual no plano do mérito (Verteidigung in der
Sache), outros sistemas jurídicos emprestam efeitos próprios a semelhante
atitude, outorgando-lhe significado e designação típica
(Einlassung). Equivale esse peculiar conteúdo ao ônus da impugnação
33

específica dos fatos (art. 341, caput, primeira parte) atribuído ao réu no direito
pátrio. Ora, o conteúdo da contestação é mais amplo e flexível.

Existe meio termo aceitável e ajustado ao conteúdo do ato. A contestação


é o ato processual principal do réu que opõe resistência (ou seja, contraria) à
admissibilidade, não sendo objeto exclusivo de outro instrumento, e à
procedência da pretensão processual.34 A ressalva conjura a circunstância de
certas matérias acomodarem-se indiferentemente a mais de um meio de
resposta (v.g., o impedimento do juiz, objeto de exceção ou de contestação).35

Desafiado pela demanda, ao réu cabem diferentes atitudes no processo.


Algumas não denotam ânimo de defesa. Ao contrário, a adesão ao efeito
jurídico pretendido pelo autor, ou reconhecimento do pedido, traduz a
rendição do réu, a subordinação do próprio interesse ao interesse alheio, e é
o oposto da defesa. Seja como for, o réu não tem o dever de contestar, mas o
ônus de se defender.36 Do contrário, a acreditar-se na proposição literal do art.
344 (“Se o réu não contestar a ação…”), torna-se revel e, de ordinário,
presumem-se verdadeiros os fatos alegados pelo autor (efeito material da
revelia).

1.736. Conteúdo da contestação

O princípio da concentração da contestação encontra-se enunciado no art.


336 (retro, 311.1). Ao réu compete, na contestação, alegar toda a matéria de
defesa. O conjunto das alegações não é isento de contradições lógicas. Essa
notável particularidade funda-se no princípio da eventualidade para o réu
(retro, 311.2). Em qualquer hipótese, e paradoxalmente ao empregar o
expediente da eventualidade (v.g., nega o recebimento da quantia mutuada,
nas circunstâncias narradas, e, em seguida, alega pagamento), o réu não
apresentará a matéria da contestação aleatoriamente. A contestação
obedecerá a certa ordem lógica.

As alegações de fato do autor delineiam o objeto litigioso. E as partes


fazem afirmações nos atos postulatórios, contradizendo, ou não, as alegações
do adversário, mas havendo essa contrariedade surge dúvida no espírito do
juiz. E a dúvida transforma as razões de fato em questões de
fato.37 Fenômeno similar acontece com as razões de direito. A contradição
gera autênticas questões de direito.

Ora, na perspectiva do órgão judiciário, raciocinando para chegar à


resolução racional do litígio, as questões de fato e as questões de direito
organizam-se em determinada ordem. Não raro, mas nem sempre, essas
questões mantêm entre si liames lógicos. Dá-se o nome de questões prévias
às que devem ser decididas antes das outras.38 O vínculo atua de várias
maneiras, exigindo distinções ulteriores.

Conforme o sentido da resolução da questão antecedente, a resolução


cria e remove obstáculo à apreciação da questão subsequente. Por isso, as
questões antecedentes chamam-se de questões preliminares. No que tange
ao mérito, a defesa processual, subdividida em peremptória e em
dilatória,39 assumirá inequívoco caráter preliminar. E assim são tratadas as
respectivas questões no art. 337, caput. É intuitivo que, antes de apreciar o
objeto litigioso, deve o órgão judiciário avaliar e resolver as questões relativas
aos pressupostos processuais e às condições da ação. Essa precedência
lógica atrai irresistivelmente a defesa do réu. Eventual resolução negativa,
neste plano, obsta o julgamento do mérito, oferecendo ao réu vitória tática da
extinção do processo (art. 485), a mais das vezes provisória (art. 486, caput),
porque lícito ao autor renovar a demanda. A resolução positiva nesse assunto
permite ou autoriza a etapa seguinte. O vínculo existente entre o juízo de
admissibilidade do recurso e o juízo de mérito ostenta natureza similar.
Embora vencido no juízo de admissibilidade, o réu dificultou o progresso do
autor no rumo dos seus objetivos.

Em ponderação crítica, sustenta-se que, encarando a perspectiva do


desfecho, ao réu interessa mais o juízo de mérito desfavorável ao autor que o
juízo de inadmissibilidade.40 Neste último caso, o art. 486, caput, autoriza o
autor renovar a demanda, em determinados casos removendo a causa de
emissão da sentença terminativa (art. 486, § 1.º). E, pretendendo o réu
persuadir o juiz, a abertura altissonante e magna da defesa de mérito direta
talvez produza impressão decisiva no espírito da pessoa investida na função
judicante. E, com efeito, as táticas defensivas são variadas e flexíveis, não se
descartando tal enfrentamento da postulação do autor. Por sinal, a ordem aqui
apresentada não se afigura obrigatória. No entanto, a orientação concreta da
defesa não desfaz a ordem lógica das matérias: a admissibilidade antecede o
mérito. Se a pretensão é inadmissível, não cabe o juízo de mérito, ou seja, o
juiz não se pronunciará a seu respeito, porque atividade supérflua e inútil,
apesar de o art. 488 autorizar semelhante juízo hipotético.

Também no âmbito do mérito há questões autorizando o juiz a encerrar o


julgamento, em razão da sua natureza, e conforme o teor da resolução. Em
casos tais, mostrar-se-ia inútil prosseguir o trabalho intelectual, passando às
questões subsequentes, pois o juiz chegou a uma solução para a causa. Por
exemplo, a prescrição é questão prévia, cujo acolhimento dispensa o julgador
de examinar a veracidade dos fatos alegados pelo autor e que lhe
constituiriam o direito.

E, por outro lado, existem questões que, antecedendo logicamente as


demais, ao invés de impedirem ou autorizarem a resolução seguinte,
predeterminam seu conteúdo. A estas se dá, tecnicamente, o nome de
questões prejudiciais. É a condição assumida, por exemplo, pela
incapacidade do figurante B, quando controvertida, na ação em que A pleiteie
a anulação do negócio jurídico; pela existência de casamento, na ação em
que A pede de B a separação; e assim por diante.

A análise dos vínculos lógicos das questões de fato e de direito em dois


planos – juízo de admissibilidade e juízo de mérito – esclarece o conteúdo da
contestação. A “matéria de defesa” tem ordem natural, intuitivamente seguida
no ato postulatório principal do réu.

Em primeiro lugar, o réu suscita (a) as objeções processuais. Essas


questões nem sempre conduzem à extinção do processo. Assim, o réu suscita
primeiro (aa) as objeções dilatórias (v.g., a incompetência absoluta) e, em
seguida, (ab) as objeções peremptórias (v.g., a inépcia da petição inicial).
Essas questões são preliminares no sentido técnico (art. 337, caput).

E, passando ao juízo de mérito, em seguida o réu suscita (b) as questões


prejudiciais, porque predeterminarão a resolução a ser tomada quanto à
pretensão processual. Depois, e antes de se manifestar acerca das alegações
de fato, o réu suscita (c) as exceções substanciais (v.g., a prescrição) e (d) as
objeções substanciais (v.g., a compensação), porque são questões prévias e,
nesta condição, preliminares da causa. Essa matéria – defesa de mérito
indireta – agrupa-se na alegação de fatos extintivos, modificativos e
impedidos, mas traduzem resistência, e, não, pretensão própria do réu contra
o autor.41

Feitas tais alegações, ao réu cumpre apresentar (e) a impugnação dos


fatos, direta ou indireta, conforme a opção do réu de apenas negar
precisamente os fatos principais narrados pelo autor ou oferecer sua versão
desses fatos, conforme o dever de veracidade (art. 77, I). O conteúdo mínimo
eficiente da contestação descansa na impugnação de fato. Se o réu não se
manifestar precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial,
desincumbindo-se do ônus que lhe impôs o art. 341,caput, primeira parte
(retro, 330), assume o grave risco de deixar o material de fato incontroverso,
por definição insuscetível de prova (art. 374, III). E, nessa hipótese,
presumem-se verdadeiros os fatos alegados pelo autor (art. 341, caput,
segunda parte), salvo exceções subjetivas (retro, 332) e objetivas (retro, 333).

A (ea) impugnação de fato direta afigura essencial à contestação


minimamente eficiente. Reclama ulterior distinção entre os fatos principais (ou
constitutivos) e os fatos secundários ou simples (retro, 247) na composição
da causa petendi. Por exemplo, na ação de separação movida por A contra B,
fundada no adultério do marido, a autora alega que o encontro proibido deu-
se com C, no motel y, em dia e hora indicados; o réu se defende, dizendo que
jamais esteve em tal repugnante lugar, nem sequer conhece C. Por sua vez,
(eb) a impugnação de fato indireta confere outra explicação aos fatos
narrados, variando os pormenores: B alega que visitou o motel y, no dia e
hora indicados, acompanhado por C, mas esta é figurinista da fábrica de
roupas de cama D, e a dupla visava angariar pedido de fornecimento das
roupas desenhadas por C, entrevistando-se com o E, o comprador da rede de
motéis.

Por fim, o réu suscita (f) a impugnação de direito, graduada em diferentes


níveis, a saber: (fa) a inconstitucionalidade da norma jurídica invocada pelo
autor; (fb) o erro na qualificação jurídica atribuída pelo autor aos fatos; (fc)
erro na interpretação da norma jurídica; (fd) erro na aplicação da norma
jurídica. A questão de constitucionalidade assume caráter de questão
prejudicial em relação às demais questões de direito. A declaração da
inconstitucionalidade da norma porventura aplicável ao litígio, do ponto de
vista do autor, dispensa o juiz de (a) emitir juízo de fato, necessitando ou não
de meios de prova distintos da prova documental, (b) emitir juízo de
legalidade, respeitante à qualificação dos fatos, à interpretação e à aplicação
da norma aos fatos. A impugnação de direito recebeu exame no capítulo da
defesa (retro, 337).

Cumpre acrescentar que ao juiz brasileiro só é dado decidir por equidade


nos casos previstos em lei (art. 140, parágrafo único). Em tais hipóteses
excepcionais, a impugnação de direito ou perde o sentido ou tem alcance
diverso. Por igual, a controvérsia a respeito de normas de conteúdo elástico,
redigidas com conceitos juridicamente indeterminados, aproxima-se do juízo
de equidade, em que se sobreleva a concretização em lugar da subsunção
(retro, 1.122). Por exemplo, na ação em que A busca regular as visitas aos
filhos C e D, todavia na guarda exclusiva de B, inexistem proposições
legislativas rígidas, cabendo ao juiz decidir equanimemente, invocando
valores.

Eventualmente, quando cabível, o réu deduzirá (g) o contrapedido. Esta


pretensão contrária subordina-se à apresentação de impugnação indireta dos
fatos.42 É o que acontece na possessória (art. 556): desafiado pelo autor, o
réu contra-ataca alegando que sofreu molestamento na posse por ato do
demandante.

O esquema básico agora exposto comporta algumas variações. Essa


ordem de matérias não constitui requisito formal da contestação. As
circunstâncias da causa, o estilo do procurador da parte e outros fatores
imprimem marcas particulares na peça. Assim, como medida de prudência o
réu impugna precisamente os fatos constitutivos principais (retro, 247.1) da
pretensão do autor, assegurando conteúdo mínimo eficiente da contestação.
O desatendimento da sequência numérica do art. 337 não exibirá
consequências desfavoráveis ao réu.43

Embora sutil a diferença, há variações que infringem o dever de probidade


(art. 5.º). Por exemplo, discorrendo o réu ampla e fastidiosamente na
apresentação das suas razões de fato e razões de direito – o estilo é livre,
inexistindo limitação, a priori, na extensão da contestação –, sem maior
destaque físico e ênfase no argumento, em duas ou três linhas, suscita a
exceção substancial de prescrição, talvez induzindo o juiz a ignorá-la no
julgamento, propiciando embargos de declaração. São situações extremas e
ao juiz caberá sopesá-las com a experiência intrínseca ao exercício do ofício.

O conteúdo mínimo eficiente da contestação do réu avulta na


manifestação precisa dos fatos alegados pelo autor (art. 341, caput, primeira
parte). Em tema de eficiência, a impugnação direta é condição necessária,
mas insuficientemente, produzida a prova documental. É que, conforme a
espécie do documento produzido pelo autor e a respectiva fé, o réu obrigar-
se-á a impugnar tal prova, evitando a precipitação do julgamento, na forma do
art. 355, I.

Em princípio, no atinente à valoração da prova, predomina o regime da


livre apreciação (retro, 1.335.1.3), previsto no art. 371. Esta é apenas a regra
geral. O princípio submete-se a várias exceções ou limitações. Entre nós,
como acontece no direito germânico, a fé da prova documental pré-exclui a
livre apreciação, vinculando – limitadamente – o órgão judiciário.44 Por óbvio,
há ressalva à declaração judicial em contrário à fé que é própria ao
documento (art. 427, caput). Eis a tranca da porta do julgamento antecipado –
e o ônus de o réu, além de contestar precisamente os fatos articulados pelo
autor na petição inicial, contraditar a prova documental produzida (art.
434, caput) e, se for este o caso, produzir contraprova da mesma natureza.

A eficácia vinculativa da prova documental era incompatível, na verdade,


com o sistema da audiência de instrução obrigatória do procedimento
“ordinário” do CPC de 1939. Implicitamente que seja, portanto, o sutil e sagaz
arranjo legislativo do CPC de 1973, quanto à fé dos documentos públicos e
privados, forneceu base sólida ao julgamento antecipado. Esse esquema é o
do NCPC. Consoante a espécie do documento produzido pelo autor, ao réu
incumbirá impugnar as alegações de fato do autor, desincumbindo-se do ônus
do art. 341, caput, primeira parte, e – eis o ponto – impugnar o documento, de
forma simples ou qualificada (arguição de falsidade). Por exemplo, cuidando-
se de declaração de ciência constante de documento particular, a impugnação
a essa parte do conteúdo obrigará o interessado provar a veracidade (art.
408, parágrafo único). Abstendo-se o réu de impugnar a prova documental, a
contestação mostrar-se-á ineficiente para garantir-lhe a oportunidade de
produzir contraprova e obter êxito perante o autor. prova documental (infra,
1.798).

1.737. Requisitos gerais da contestação

O art. 319 arrola os elementos da petição inicial. O ato postulatório do réu


equivalente, no campo oposto – contestação –, recebeu breves e escassas
referências aos requisitos desse ato de singular relevo no Capítulo VI – Da
Contestação – do Título I – Do Procedimento Comum – do Livro I da Parte
Especial do NCPC. O art. 335, caput, esclarece que a contestação será
veiculada em petição escrita, omitindo o endereçamento, porque o réu não a
entregará necessariamente no juízo da causa, conforme prevê o art. 340. Os
incisos e os parágrafos do art. 335 versam o prazo. O art. 336 exige a
exposição das razões de fato e de direito na contestação,
equivalente, mutantis mutandis, ao fato e aos fundamentos jurídicos previstos
no art. 319, III, e a especificação dos meios de prova, espelhando o art. 319,
VI. E outros dispositivos esparsos (v.g., art. 99, caput, permite ao réu pleitear
o benefício da gratuidade na contestação) contemplam elementos
fragmentados.

As lacônicas disposições concernentes à estrutura do principal meio de


defesa do réu comportam duas interpretações opostas. À primeira vista, o
rígido modelo impingido à petição inicial retrataria as desvantagens do autor,
usualmente mais sacrificado por ônus e imposições que o réu, encarado de
maneira condescendente. Em sentido contrário, a falta de orientações
explícitas à arquitetura ideal da contestação revelaria descaso e indiferença
com o direito fundamental processual de defesa, logo acudindo à mente a
ênfase desmedida do estudo da ação do autor (ponto de partida da
processualística do século XIX) em detrimento da reação do réu. Esse último
diagnóstico parece mais consentâneo à realidade. Razões históricas
confinaram aos domínios do processo penal a construção da defesa e a
visualização do processo na perspectiva do réu, deixando ao processo civil
explorar as vias de ataque. Essa inclinação legislativa não obsta o
enquadramento sistemático da contestação. A analogia entre petição inicial
(ação) e contestação (reação) é evidente.

Compreensivelmente, inexiste uniformidade na arrumação dos requisitos


da contestação. Organiza-se o tema distinguindo (a) requisitos externos (v.g.,
a autenticação da peça pelo advogado) e (b) requisitos internos (v.g., a
exposição das razões de direito).45 A simetria com a petição inicial recomenda
outra sistemática: (a) requisitos gerais; e (b) requisitos formais.

1.737.1. Endereçamento da contestação – O réu endereçará a


contestação, em princípio, ao juízo da causa. Este é o órgão judiciário que,
admitida a petição inicial, convocou o réu a juízo, ordenando-lhe a citação (art.
238). Por exceção, entendendo incompetente o juízo da causa, o réu
protocolará a contestação no juízo porventura competente no foro do seu
domicílio (art. 340), ponto já explorado em item anterior (retro, 1.733).

O oferecimento da contestação ao juízo da causa não significa,


absolutamente, aceitação da competência do órgão e da pessoa nele
investida para processar, julgar a causa e, se for este o caso, executar o
capítulo principal ou o capítulo acessório da sentença. O ato postulatório do
réu não impede outras iniciativas defensivas: (a) a reclamação contra a falta
ou o erro da distribuição (infra, 1.757.1), alterando, portanto, o juízo da causa;
(b) a arguição da incompetência relativa ou absoluta do juízo da causa (art.
337, II); e (c) a arguição do impedimento ou da suspeição da pessoa investida
na função judicante, episodicamente inabilitada.
Formalmente, o endereçamento da contestação encima a peça autônoma
a que alude o art. 335, caput. O réu costuma acrescentar por cautela o
número do registro, geralmente o número universal disciplinado pelo CNJ.

Equívocos no endereçamento da contestação, senão fatais, no mínimo


produzem contratempos e preocupações ao mais zeloso dos advogados.
Examinou-se, no item próprio (retro, 1.187.1), o problema atinente ao controle
da tempestividade dos atos processuais das partes. Em tema de recursos, há
disposição específica (art. 1.003, § 3.º), prevendo duas modalidades: (a) o
protocolo “em cartório”; e (b) o protocolo “conforme as normas de organização
judiciária”. É que, em louvável descentralização dos serviços forenses, os
correios se transformaram no protocolo geral de todas as varas judiciárias.

Tal facilidade contemporânea não é isenta de problemas quanto ao horário


da prática do ato, havendo divergência entre o horário hábil dos atos
processuais (retro, 1.134) e o horário do expediente forense (retro, 1.135.1),
cotejados com o horário de funcionamento da agência postal. Todavia,
abstraindo-se essa questão, o endereçamento errôneo da contestação pode
produzir o protocolo na peça no cartório impróprio (v.g., 4.ª Vara Cível da
comarca X), chegando ao cartório próprio após o vencimento do prazo (v.g.,
4.ª Vara Cível da comarca Y).

É evento pouco comum a declaração de intempestividade das


contestações, entendendo-se irrelevante a entrega no cartório errado. Porém,
recursos não desfrutam de idêntica e magnânima tolerância: protocolado o
recurso no cartório errado, dentro do prazo, mas somente após seu
vencimento chegado o recurso ao cartório certo, entendeu o STJ em declarar
a intempestividade.46 O precedente serve de advertência aos descuidados.

1.737.2. Identificação e qualificação do contestante – Legitima-se a


contestar – o requisito é bilateral, a teor do art. 17 – quem a petição inicial
indica como réu da demanda. Esta pessoa natural ou jurídica, ou ente sem
personificação, legitima-se a arguir a própria ilegitimidade passiva.

Essa aparente simplicidade desvanece-se ao se considerar gravado o réu


com o ônus da identificação e o ônus da qualificação em termos similares aos
do autor. Variam, todavia, os efeitos do descumprimento.

A identificação do contestante é natural na contestação. Defeito nesse


tópico – ausência de identificação de quem, afinal, opõe resistência à
pretensão – jamais é visto. Tal não lhe diminui o relevo. Formalmente,
identificar-se-á o réu através do nome por inteiro, ou seja, todos os prenomes
e todos os sobrenomes (v.g., José João Silveira da Silva), repelindo o risco de
homonímia. Relativamente às pessoas jurídicas, o nome próprio constará dos
atos constitutivos (estatuto e contrato social atualizado) e da prática cotidiana
quanto aos entes sem personificação (v.g., Condomínio do Edifício X). Não
convém à incidência do art. 286 (distribuição por dependência) a identificação
abreviada ou truncada (v.g., José João Silveira da Silva e outros).

Essa manifestação trivial produz efeitos significativos. A identificação


(prenome e sobrenome) permitirá ao juiz verificar quem reagiu à pretensão
processual e quem permaneceu inerte e revel, existindo dois ou mais réus, e,
ainda, verificar a observância da dobra do prazo, contestando todos os réus
com procuradores diferentes (art. 229). Importa a diversidade de advogados e
não de peças para esse efeito: a contestação de dois ou mais réus, cada qual
representados por advogados diferentes, mas em peça autônoma única,
satisfaz os elementos de incidência do art. 229. Não poucos escritórios
timbram o papel com as designações de ambas as sociedades para deixar
inequívoca a postulação conjunta. É opção delicada e séria, todavia, devendo
ser precedida de requerimento dos réus de aplicação da regra benévola
(retro, 1.179). A identificação do contestante também permite o controle dos
pressupostos processuais relativos às partes: (a) capacidade para conduzir o
processo; (b) capacidade processual; e (c) capacidade postulatória.

Como já assinalado na abertura do item, a legitimidade para contestar


decorre da nomeação do contestante na desconfortável posição de réu na
petição inicial. O juiz apurará esse requisito, nada obstante o contestante
declare-se parte passiva ilegítima, cotejando os dizeres da petição inicial e a
identificação voluntária, pois ninguém mais, a par do(s) réu(s) arrolado(s)
pelo(s) autor(s), ostentará legitimidade para contestar, por mais óbvia que
seja a respectiva legitimidade passiva. Assim, na ação de A contra B, pedindo
reparação do dano provocado pelo veículo conduzido por C, legitima-se B a
contestar, alegando que alienara antes do evento o veículo, e, não, C. Poderá
valer-se do expediente dos arts. 338 e 339, pondo o autor A na alternativa de
corrigir, ou não, o polo passivo, quiçá demandando B e C (art. 339, § 2.º).
Eventual contestação de C à pretensão de A constitui forma de intervenção
(inadmissível) de terceiro no processo alheio, valendo como provocação ao
autor para corrigir o polo passivo. No entanto, persistindo A em demandar B,
e, não, a C, assumirá o risco do acolhimento da defesa, devendo o juiz
manter C alheio ao processo.

A identificação do réu presta-se ao controle da capacidade processual à


luz dos arts. 71 e 75. Interessa, em particular, a regularidade da
representação legal do incapaz e o da representação orgânica das pessoas
jurídicas.

E, por fim, a identificação serve para o juiz controlar a concessão de


poderes pelo contestante ao advogado (o ato é privativo) signatário da
contestação.

Em relação à qualificação, do contestante exige-se cabal explicitação,


entendendo-se como aquiescência tácita aos dados da petição inicial, do (a)
estado civil; (b) profissão; e (c) do endereço físico e eletrônico.

Esses dados singelos permitem ao juiz: (a) sopesar a necessidade de


integração da capacidade processual, para os efeitos do art. 73, § 1.º (retro,
542); (b) inferir ou não as condições financeiras de o réu suportar as
despesas do processo sem prejuízo da subsistência própria ou da família
(retro, 746); (c) realizar intimações pessoais (v.g., para prestar depoimento
pessoal, a teor do art. 485, § 1.º), se o réu acabou citado em lugar distinto do
declinado na inicial, inclusive pela via eletrônica. É incomum o réu fornecer
voluntariamente o número no cadastro das pessoas físicas ou jurídicas
perante a Secretaria da Receita Federal, precavendo-se contra
eventual discovery dos seus ativos financeiros; entretanto, o dado costuma
surgir na prova documental produzida (v.g., o contrato social da pessoa
jurídica empresária ou não).
Defeitos em tais requisitos relativos ao autor, quando percebidos na
petição inicial pelo órgão judiciário, suscitam a incidência do art. 321, caput,
assinando-se ao autor quinze dias para correções, sob a pena de
indeferimento e emissão de sentença terminativa (art. 330, I, c/c art. 485, IV),
salvo quando tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça
(art. 319, § 3.º). Não é o que acontece com o réu. Em tal aspecto, há
inobscurecível privilégio. Os defeitos formais e substanciais da contestação
não produzem “indeferimento” da resposta e, conseguintemente, revelia; ao
invés, toleram-se as omissões, entendendo-se que os riscos do vencimento
na causa e as sanções por improbidade processual desestimulam a
ineficiência e a falta de apuro técnico. Em termos, naturalmente: a ausência
de indicação do domicílio e da residência (na contestação e na procuração),
procedendo-se às atualizações posteriores (art. 77, V), impede a intimação a
que alude o art. 385, § 1.º, sobrecarregando o autor.

1.737.3. Exposição das razões de fato e das razões de direito da defesa –


O art. 336 exige que, ao alegar toda a matéria de defesa na contestação, o
réu exponha (a) razões de fato e (b) razões de direito. É evidente a analogia
desse requisito com o art. 319, III, e o ônus de o autor expor os fatos
constitutivos (principais, auxiliares e relativos ao interesse processual) e os
fundamentos jurídicos na petição inicial.

A exposição dessas razões constitui o núcleo da contestação. Expressa o


conteúdo da defesa. As razões abrangem várias linhas defensivas,
escalonadas em profundidade, a saber: (a) defesa processual, dividida em
duas espécies: (aa) dilatória (v.g., a incompetência absoluta, a teor do art.
337, II); e (ab) peremptória (v.g., a coisa julgada, a teor do art. 337, VII); (b) a
defesa de mérito, dividida em duas classes: (ba) defesa de mérito direta,
compreendendo as subespécies: (baa) impugnação de fato direta
(manifestação precisa quanto aos fatos narrados na petição inicial); (bab)
impugnação de fato indireta (nova versão dos fatos narrados na petição
inicial); (bac) impugnação de direito; e (bb) defesa de mérito direta,
abrangendo exceções (v.g., exceção de inadimplemento) e objeções
substanciais (v.g., pagamento). À teoria geral do processo importa a análise
de cada espécie, objeto de vários itens (retro, 313), bem como a ordenação
lógica dessas matérias (retro, 314).

Não há limites prévios e fixos à exposição das razões da defesa.


Representaria excesso autoritário pretender limitá-las a um número máximo
de páginas ou de dígitos. Limitações desse tomo, a priori, negligenciariam as
exceções, os casos complexos e difíceis, a exigir análise profícua de uma
dezena ou mais de questões. E o estilo pessoal do redator interfere na forma
e no conteúdo.

Seja como for, nas razões da defesa cumpre não olvidar a finalidade
precípua da contestação: persuadir o juiz que o réu tem razão. Para esse
efeito, a melhor fórmula consiste na precisão e na concisão “e, naturalmente,
não se adota o estilo poético”.47 A contestação excessivamente ornamentada
de citações doutrinárias de autores nacionais e estrangeiros (o juiz talvez não
domine o idioma natal do jurista do outro país, profusamente transcrito na
peça sem tradução livre) e de copiosos precedentes convida à desatenção e à
leitura rápida. O ideal é, considerando alguma singularidade, a citação
congruente, haurida de fonte conhecida e acessível, oferecendo ao juiz
operoso e culto a pista para ulteriores pesquisas, e o precedente justo. Nada
mais é necessário.

1.737.4. Especificação dos meios de prova na contestação – A posição do


réu é mais desconfortável que a do autor no caso da especificação das
provas. O art. 336, in fine, exige que a contestação especifique “as provas que
pretende produzir”. Outra vez há simetria com o art. 319, VI, visualizando-se,
aí, manifestação da igualdade formal das partes.48

Na realidade, inexiste igualdade material. O réu suscita as questões de


fato, conforme o teor da contestação, e, portanto, situa-se em posição
privilegiada: especificará o meio de prova adequado para mostrar a
veracidade das suas alegações. Por exemplo, na ação de separação judicial
movida por A contra B, alegando a autora o adultério do réu, que frequentou o
motel X com C, no dia y, o que tornou intolerável a comunhão de vida, bem
pode acontecer de o réu apresentar impugnação indireta. Assim, admite B a
visita ao motel X, mas explica que, na condição de representante comercial da
tecelagem D, visitou o motel para vender roupas de cama e de banho, sendo
que C é a responsável pelo desenho das peças. Por óbvio, além de juntar
documentos, comprovando o pedido tirado naquela oportunidade, desde logo
antevê-se a pertinência e o cabimento da prova testemunhal. O depoimento
do representante legal do motel X e da própria C esclarecerão os fatos. Essa
vantagem – a visualização do desafio probatório do alto da colina –
subentende a responsabilidade de não errar o alvo, olvidando de propor o
meio de prova hábil, mas sobrepuja a do autor, que só poderia prognosticar o
conteúdo da defesa e, conseguintemente, os meios de prova hábeis.

Remarcada a diferença, o réu recebe tratamento análogo ao do autor no


procedimento probatório comum. Omitida a especificação dos meios de prova
na forma do art. 336, in fine, inexistirá preclusão, promovendo juiz, antes da
decisão de saneamento e de organização do processo (art. 357, II),
oportunidade para proposição mais concreta. Em tema de prova, ao réu cabe
produzir a prova documental na contestação, a teor do art. 434, caput,
inclusive, se for o caso, o parecer técnico aludido no art. 472. Em tal hipótese,
ao juiz cumprirá, conquanto não se verifiquem as hipóteses dos arts. 350
(alegação de exceções e de objeções substanciais) e 351 (alegação da
defesa processual), ao menos dar vista dos documentos ao autor, propiciando
a réplica (art. 437, caput). Volvendo ao exemplo ministrado, se na ação
movida por A contra B, o réu apresenta nova versão para a visita ao motel X,
alegando que C era a figurinista da tecelagem D, produzindo prova
documental desse vínculo e do pedido angariado, o juiz abrirá prazo para
réplica, fundado no art. 437, caput, posto que não incidam os arts. 350 e 351.

1.737.5. Requerimentos da contestação – A apresentação da defesa


denota exercício da pretensão à tutela jurídica do Estado por intermédio da
defesa direta de mérito. O réu não age, mas reage à pretensão do autor.
Nada pede o réu ao órgão judiciário.49 O bem da vida, que o autor pede e o
réu nega-lhe, continua o mesmo. A contestação na forma mais simples, e que
consiste na impugnação precisa do fato constitutivo (retro, 330), já atribui ao
réu, sem qualquer pedido especial na contestação, o que toda contestação
almeja: impedir o êxito do autor sem julgamento favorável. O juiz tem o dever
de extinguir o processo ou desestimar o pedido ainda que o réu seja revel ou
não alegue defesa que ao juiz seja dado conhecer de ofício.50 A afirmativa que
o réu pede a improcedência é errônea.51

Nada obstante, o réu costuma encerrar a contestação pleiteando ao juiz a


improcedência da ação. Essa manifestação de vontade mostra-se supérflua.
Ela nada acrescenta de concreto ao decorrente dos termos intrínsecos da
defesa. O réu nem sequer precisa pedir a condenação do autor nos ônus da
sucumbência.52

1.738. Requisitos formais da contestação

A contestação constitui ato postulatório do réu. Em tal condição,


subordina-se a requisitos formais, a saber: (a) forma; (b) datação; (c)
autenticação; (d) instrução; (e) indicação do endereço de intimações.

1.738.1. Forma da contestação – A forma da contestação obedecerá aos


requisitos genéricos dos atos processuais. É peça escrita, redigida no idioma
nacional (retro, 1.105), inserida nos autos pelo escrivão ou chefe de secretaria
(retro, 1.131).

O réu apresentará a contestação em petição autônoma. Costuma-se


dividi-la em duas partes: (a) na primeira, o contestante identifica-se,
apresentando a respectiva qualificação, indica o número do registro do
processo, e nome do autor e, afinal, requer a juntada; (b) na segunda, expõe
as razões de fato e as razões de direito, findando por formular os
requerimentos pertinentes (retro, 1.737.5). São várias laudas, numeradas ou
não, impressas mecanicamente. O papel timbrado, em que há o nome dos
advogados, revela-se comum. Rara são as folhas em branco. Não tem relevo
a densidade (v.g., 75kg/m2 ou 90kg/m2) e o tipo (v.g., sulfite ou vegetal) do
papel. Importa mais a dimensão da folha: A4 (na classificação ISO) ou 210mm
x 297mm. Existem papéis de muita densidade que tornam difícil o manuseio
dos autos físicos. Esses problemas desaparecem no processo eletrônico.

O progresso tecnológico sepultou os documentos manuscritos,


substituídos por documentos impressos em papel – primeiro, a máquina
datilográfica mecânica; depois a máquina elétrica, com ou sem mecanismo de
correção (progresso notável, em termos de limpeza do texto); e, por fim, o
computador pessoal e aparatos de impressão matriciais e a laser. Porém, a
forma manuscrita continua admissível nos autos físicos. Por exceção, também
se admitem as cotas manuscritas, quando legalmente autorizadas: o art. 44,
IX, da LC 80/1994 permitiu ao Defensor Público manifestar-se através de
cotas, praticando atos de conteúdo mais simples. Dificilmente a cota
agasalhará de modo satisfatório o conteúdo virtual da contestação (retro,
1.736). A próxima evolução consistirá na prática do ato por via eletrônica e, na
pior das hipóteses, como já acontece nos tribunais superiores, petições
escritas em papel transformar-se-ão em arquivo digital por obra dos auxiliares
do ofício judicial.

O uso obrigatório do vernáculo implica o dos caracteres do alfabeto oficial.


Não se admitirá contestação redigida com o emprego de caracteres
abreviados especiais (v.g., estenografia). À semelhança do problema
suscitados pela inicial redigida dessa forma, eventual obstáculo para o réu
contestar eficientemente, porque nada assegura que ele ou o seu advogado
conheça a técnica de escrita alternativa, inverte-se aqui a perspectiva: a
contestação estenografada impediria o autor de oferecer réplica. A
simplificação formal dos atos processuais, autorizando o registro dos atos por
taquigrafia, estenotipia ou “outro método idôneo” (art. 210), objetiva a
apreensão dos atos orais (v.g., o depoimento da testemunha), reproduzindo
depoimentos de modo mais fidedigno e natural do que a versão ditada pelo
juiz, e, não, os atos postulatórios das partes. E, mesmo nesse caso, salvo
havendo armazenagem eletrônica (art. 209, § 2.º), o escrivão trasladará para
os autos, posteriormente, a transcrição.

Obrigatório que seja o vernáculo, a redação de trechos breves, em geral


máximas de uso corrente, e de excertos doutrinários em língua estrangeira,
são tolerados em termos. Por um lado, o processo não é o veículo próprio das
mostras de erudição dos advogados; de outro, talvez a pessoa investida na
função judicante desconheça o latim – língua morta em desuso até no meio
forense – ou a língua estrangeira, tornando inútil a transcrição. Não é
incomum que essas passagens sejam acompanhadas de tradução livre.

Revelando-se rigorosamente indispensável cimentar as razões de direito


(retro, 1.691) em leis e em autores estrangeiros, porque o objeto do litígio
exigirá a aplicação do direito alienígena, a tradução livre é imperiosa e,
eventualmente, tradução oficial. O art. 152, I, visa precipuamente à prova
documental (retro, 1.108), conforme esclarece o art. 192, parágrafo único;
porém, estende-se às normas estrangeiras e às interpretações destas
oriundas de fontes autênticas.

A necessidade de o redator da contestação produzir peça acessível e


inteligível têm sérias repercussões. A natureza do ato reclama máxima
objetividade. Não interessa à difícil tarefa de persuadir o juiz atulhar a
contestação com citações doutrinárias e precedentes de duvidosa pertinência,
dificultando-lhe a leitura. E, na medida do possível, a contestação empregará
a linguagem mais simples possível, escoimada de palavras requintadas e em
desuso.

À semelhança da petição inicial, a contestação é em prosa. Nada obsta o


uso total ou parcial de versos. Dependerá dos pendores e da aptidão criativa
do redator, mas dificilmente os atos processuais complexos logram melhor
expressão do que a prosa comum. Versos são ornamentos dispensáveis.

Não há como estabelecer limite máximo para o número de páginas da


contestação. Nenhuma lei, a priori, apreenderia a extensão desejável no caso
concreto. Existem causas mais ou menos complexas, algumas realmente
equívocas, pré-excluindo resumos truncados. Fatores técnicos – o
processador de textos e a facilidade da pesquisa de precedentes nos bancos
de dados – aumentaram a extensão natural dos atos das partes,
comparativamente ao passado, e de modo paradoxal a linguagem comum
empobreceu-se na mesma medida. Seja como for, as campanhas
institucionais em prol da concisão constituem simples exortação. As restrições
revelam-se inadmissíveis. Ao juiz não cabe cortar partes a seu ver ociosas da
contestação. O remédio é não ler o que considera inútil.

É possível transmitir a contestação por fax. A parte ficará responsável pela


qualidade e pela fidelidade do material transmitido (art. 4.º, caput, da Lei
9.800/1999). A transmissão compreenderá todas as laudas da contestação e
os seus anexos (procuração, contrato social e outros documentos
indispensáveis), devendo o réu protocolar os originais, no ofício judicial
competente, cinco dias da data da recepção do material (art. 2.º, parágrafo
único, da Lei 9.800/1999). Esse meio deve ser utilizado com muito
comedimento. O sistema de transmissão sofre colapsos, interrupções
momentâneas que exigem o reinício, ou, simplesmente, fica sobrecarregado e
inoperante, não havendo meio seguro de a parte provar a falha no serviço.

1.738.2. Datação da contestação – A contestação será datada e, ademais,


usualmente indicará o lugar da redação (v.g., de São Paulo, SP, para
Fortaleza, CE). O lugar é secundário. Importa o local de tramitação do
processo (ou, no caso do art. 340, o foro do domicílio do réu), e, não, o que o
ato da parte é redigido.

Equívocos na data (e, a fortiori, de lugar) decorrem do aproveitamento de


peças similares. E constituem simples irregularidades, infringindo requisito útil.
O controle do prazo vale-se da data do protocolo, sendo irrelevante a data da
petição. A responsabilidade pela eficiência do protocolo (v.g., data ilegível) é
da Administração da Justiça, e, não da parte. A razão é trivial e incontestável:
a parte não tem ingerência nesse serviço. Figure-se o caso de o protocolo
empregar chancela mecânica, cuja tinta é de má qualidade (hipótese muito
provável), tornando a impressão obscura, indecifrável à inspeção ocular. O
juiz deverá se entender com os serviços auxiliares.

1.738.3. Autenticação da contestação – Chama-se de autenticação ao ato


que atribui certeza à autoria do documento. A contestação necessita da
assinatura do advogado do réu, tornando certa a data e a respectiva autoria
(art. 409, caput, c/c art. 410, I e II).

O agente da autenticação é unicamente o advogado. Cuida-se de ato


privativo, segundo o art. 1.º, I, da Lei 8.906/1994. Logo, não compete ao
estagiário subscrever a petição, exceto como homenagem à autoria intelectual
e acompanhada pela assinatura do titular da capacidade postulatória.

O nome do signatário da contestação deve coincidir com uma das pessoas


inscritas no quadro dos advogados da OAB que recebeu poderes gerais para
o foro ou que, como no caso da advocacia pública, a habilitação decorre da
investidura no cargo. Não há maiores possibilidades de conferência, exceto
na assinatura eletrônica. De ordinário, na subscrição manual, bastará o
número da inscrição no quadro dos advogados ao lado ou embaixo da
assinatura no nome profissional do advogado (v.g., João da Silva), por inteiro
(v.g., João Silveira da Silva) ou não. Por esse motivo, a presunção de
autenticidade é relativa. A assinatura ilegível, simples rabisco ou garatuja,
impedido o escrivão de verificar se há correspondência teórica entre o
signatário e quem recebeu poderes da parte, revela-se inadmissível. O juiz
mandará suprir o vício.

Em tema de autenticação, sobreleva-se a forma, pois há dois modos de


subscrição: (a) de próprio punho; (b) eletronicamente, por intermédio de
senha pessoal e intransferível, quando produzida a peça por meio eletrônico.
Faculta-se, no primeiro caso, a rubrica de todas as páginas (art. 207,
parágrafo único). Em geral, a numeração impressa no rodapé, facilitando a
ordenação das folhas e impedindo supressão, esquecimento ou desordem na
ordenação, suprime a necessidade da rubrica. E, na forma eletrônica, todas
as laudas são automática e igualmente assinadas.

Em caso de assinatura eletrônica, surge outro problema: a coincidência


entre o procurador constituído (v.g., o Advogado João da Silva), e signatário
da contestação, e o titular da assinatura digital informada (v.g., o Advogado
José da Silva). Se o titular da assinatura digital não é advogado constituído na
causa, o defeito na representação do réu (a contestação existe, porque
ingressou no mundo jurídico, e produz efeitos, mas ingressou
deficientemente) ostenta-se flagrante, cabendo ao juiz assinar prazo para
suprimento. O STJ já estimou inexistente recurso em que se apurou essa falta
de correspondência.53 O rigoroso (e discutível) efeito não tem a menor
aplicação no primeiro grau. O juiz mandará suprir o vício na representação
segundo a regra geral (retro, 1.036).

1.738.4. Instrução da contestação – O art. 434, caput, declara que a


contestação será instruída com os documentos destinados a provar-lhe as
alegações. Não há, relativamente à contestação, regra equiparada à do art.
320, cuja inteligência já recebeu análise (retro, 1.578 e 1.686), mas tal não
significa a instrução da contestação limitar-se à prova das alegações de fato
integrantes do mérito.

Na verdade, a contestação será acompanhada por documentos que


satisfaçam os pressupostos processuais subjetivos, a saber: (a) prova
documental da personificação da pessoa jurídica; (b) prova documental da
capacidade processual (v.g., ata de eleição da diretoria, indicando a pessoa
que, segundo os estatutos ou o contrato, exercitará a representação orgânica;
certidão de nascimento, identificado os titulares do poder familiar, figurando
menor como réu); (c) a procuração outorgada pelo réu, sem a qual o
advogado não pode postular em juízo.

Eventuais defeitos, no concernente à produção desses documentos


indispensáveis ao desenvolvimento válido do processo, ensejam a
intervenção imediata do juiz, mandando suprir o vício em prazo razoável. As
consequências do descumprimento do prazo são as do art. 76, § 1.º, II.

1.738.5. Endereço de intimações – O art. 77, V, exige das partes, e o art.


105, § 2.º, do advogado, postulando em nome alheio ou em causa própria,
declare na contestação o endereço para futuras intimações. Eventuais
mudanças, no curso do processo, também devem ser comunicadas ao juízo.
Essas disposições valem para o advogado em causa própria (art. 106, I e II).

O requisito da declinação do endereço físico e eletrônico não contempla


exceções subjetivas. Abrange o órgão do Ministério Público, como parte
principal, o órgão da Defensoria Pública, como parte ou representante da
parte vulnerável, e os advogados públicos, em geral. Essas pessoas indicarão
o endereço dos respectivos escritórios na comarca, seção ou subseção
judiciária. Não há, porém, necessidade que esse local situa-se na esfera de
competência territorial do juízo da causa. Suprimiu-se a exigência nesse
sentido, constante no art. 111, caput, do CPC de 1939, antevendo-se, ainda
na vigência do CPC de 1939, a generalização da intimação postal, caso em
que a distância geográfica não mais constitui empecilho relevante à prática do
ato de intimação pessoal.

Objetivamente, o cumprimento desses requisitos prescinde de declaração


formal, no fecho da contestação. Basta que haja o endereço indicado nos
autos; por exemplo, no timbre do papel e do arquivo digital, ou na procuração.

O relevo do art. 77, V, decorre da presunção instituída no art. 274,


parágrafo único. Presumem-se válidas as comunicações e intimações
“dirigidas ao endereço constante dos autos, ainda que não recebidas
pessoalmente pelo interessado”. Então, cumpre às partes (rectius: ao
advogado) atualizar o respectivo endereço “sempre que ocorrer qualquer
modificação temporária ou definitiva”. Assim, abstendo-se o advogado de
noticiar a mudança de endereço, reputa-se válida a intimação feita no
endereço anterior, regra aplicada de ânimo leve pela jurisprudência pátria.54

As modalidades de intimação (postal ou pelo oficial de justiça)


pressupostas nessas regras drásticas ficaram parcialmente superadas por
força da intimação ficta do art. 272. Por sinal, feita no diário oficial eletrônica,
abolida a via impressa, porque custosa. Readquirem inusitada importância no
NCPC, porque as intimações “realizam-se, sempre que possível, por meio
eletrônico” (art. 270, caput). Logo, incumbe informar ao juízo a mudança de
endereço eletrônico, sob pena de jamais ocorrer a possibilidade de consulta,
nos termos do art. 231, V (retro, 1.159.6).

1.739. Efeitos da contestação

A contestação produz efeitos processuais relevantes. O ato postulatório do


réu contrapõe-se à petição inicial sob dois aspectos: (a) manifesta vontade
contrária à obtenção do efeito jurídico pretendido pelo autor; (b) contraria as
razões de fato e as razões de direito do autor.55

A contestação pré-exclui a revelia, seja qual for o conteúdo da resistência,


conforme se infere do art. 344, caput, c/c art. 345. A contestação desprovida
do conteúdo mínimo eficiente produz efeitos similares aos da revelia,
avultando a presunção de veracidade a respeito das alegações de fato do
autor (art. 341, caput, segunda parte), não se verificando as exceções
objetivas (retro, 332) e subjetivas (retro, 333), previstas no art. 341, I a III, e
parágrafo único, e a precipitação do julgamento, esta fundada no art. 355, I.
Porém, jamais se cogitará da fluência dos prazos através da publicação dos
pronunciamentos no órgão oficial (art. 346, caput), como na revelia, porque
advogado representará o contestante e, quando previsto, será pessoalmente
intimado, preferencialmente por via eletrônica (art. 270, caput). E mesmo no
caso de ausência de poderes para tal ou de defeito nessa representação, o
juiz suspenderá o processo (art. 76, caput), assinando prazo razoável para
erradicar o vício, seguindo-se outros efeitos dissociados da revelia.

Desacompanhada de reconvenção, e nada obstante o oferecimento


simultâneo exceção de parcialidade, ou não, a contestação encerra a fase
postulatória.56Resolvido o incidente autônomo da exceção de parcialidade, se
for este o caso, a contestação abre a etapa de saneamento, tomando o juiz as
providências preliminares cabíveis ao caso.
A contestação provida de conteúdo mínimo eficiente transforma as razões
de fato do autor em questões de fato.57 Em princípio, existindo questões de
fato, o procedimento necessita da etapa de instrução, presidindo o juiz a
produção da prova, proferida a decisão de saneamento e de organização do
processo. Nesta decisão, após resolução negativa de eventuais questões
prévias (preliminares ou não), o juiz fixará o tema da prova (infra, 1.812).
Então, o autor assume o ônus de provar os fatos constitutivos, segundo a
regra de distribuição estática (retro, 1.339) do art. 373, I, salvo se outra for
adotada (art. 357, III). Tal não exclui contestação mais complexa. Conforme
assinalou-se anteriormente, o réu dispõe de autêntico arsenal de objeções
(defesa processual dilatória ou peremptória), dificultando o progresso do
autor, e eventualmente alegará fatos que compõem os elementos de
incidência de exceções ou de objeções substanciais (defesa de mérito
indireta), caso em que assumirá o ônus da prova (art. 373, II), ressalva feita a
outra forma de atribuição do ônus da prova em determinados litígios (retro,
1.340).

Por outro lado, incumbindo ao autor produzir prova documental na petição


inicial (art. 434, caput), a mera suscitação das questões de fato (art.
341, caput, primeira parte), a mais das vezes, não obstará o julgamento
antecipado com fundamento no art. 355, I. É indispensável reação mais
qualificada e conteúdo mais denso na resistência à pretensão processual. De
acordo com a espécie do documento produzido, e o objeto da fé (ou força
probante) dos enunciados de fato do documento (declarações de
conhecimento e manifestações de ciência), ao réu tocará realizar: (a)
impugnação simples do documento (v.g., contestação da assinatura do
documento particular); ou, cumulativamente ou não, (b) impugnação
qualificada do documento – exatamente a arguição de falsidade (v.g.,
contestação da assinatura do documento público, a teor do art. 427, caput, e
parágrafo único).

Desincumbindo-se o réu desse ônus suplementar de contradizer a prova


documental, adquirirá o réu direito à prova, cabendo-lhe, ou não, o ônus
respectivo, segundo o art. 429, e trancará a precipitação do julgamento do art.
355, I.

Controverte-se o alcance da defesa de mérito indireta (exceção ou


objeção substancial) no objeto litigioso. Não há dúvida de que a alegação de
fatos extintivos, impeditivos ou modificativos integra o domínio do
mérito.58 Entendendo-se que tal iniciativa dilata o objeto litigioso, tem-se aí
outro efeito assaz relevante, mas eventual da contestação.

É largamente prevalecente a tese de o autor fixar, por sua exclusiva


iniciativa, o mérito, recaindo este unicamente sobre o pedido. E acrescenta-
se: “A atitude do réu é para efeito sem consequências. O máximo que ele
pode fazer é contestar o pedido do autor, sem alterar-lhe os limites; e, por
outro lado, a alegação de fatos e questões novas, embora estenda a matéria
lógica a ser examinada, não modifica a identidade e os limites do pedido”.59

Ora, o mérito não se cinge ao pedido. Envolve a causa de pedir em


igualdade de condições (retro, 236). Esses dois elementos da ação
subordinam-se à iniciativa do autor. E, da mesma forma, a exceção
substancial depende da iniciativa exclusiva do réu. Se o juiz, ao acolher ou
rejeitar a exceção substancial, julga o mérito e, para esse efeito, encontra-se
adstrito à iniciativa do réu em alegar semelhante exceção, pois do contrário
não conheceria da matéria, forçoso admitir que o mérito alargou-se além dos
limites originais. Passou a integrá-lo, a partir da alegação do réu, questão que
era estranha à proposta da inicial. Por óbvio, a eventual repercussão desses
novos limites do mérito na coisa julgada é outro problema, a ser examinado
oportunamente, embora haja pouca dúvida de que se trata de “questão
principal” para os efeitos do art. 503, caput, talvez a única resolvida (no caso
da prescrição e da decadência, a teor do art. 487, II) O que não se pode
negar, desde logo, e sem ofensa à realidade e razoabilidade mínima, é o
alargamento não da cognitio do órgão judiciário, mas do
próprio iudicium (retro, 340).

1.740. Aditamento da contestação

O dever de o réu alegar simultânea e cumulativamente toda a matéria de


defesa, conforme determina o princípio da concentração (art. 336), comporta
exceções. Logo, a contestação admite aditamento em determinadas
hipóteses.

1.740.1. Fatos conhecíveis ex officio – O primeiro grupo de questões


abrigadas nessas exceções se refere às objeções processuais, porque
passíveis de conhecimento ex officio (art. 342, II). Podem ser alegadas a
qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em
julgado (art. 337, § 5.º, c/c art. 485, § 3.º). A cláusula final do art. 485, § 3.º
(“… enquanto não ocorrer o trânsito em julgado”) liquida a possibilidade de o
vencido alegar “vícios transrescisórios”.

O motivo pelo qual o réu abstém-se de alegar a objeção processual, desde


logo, varia muito. Às vezes, repousa em cálculo sutil da oportunidade da
alegação; mas, em geral, o problema passou-lhe despercebido. Como quer
que seja, sendo inviável perquirir a intenção do réu, a alegação tardia apenas
interessa do ponto de vista da lealdade processual. Por exemplo, na ação
movida por A contra B o réu não arguiu o defeito de representação do autor e,
sem embargo, o juiz deferiu a realização de perícia, requerida pelo autor,
verificando-se posteriormente o caráter irremovível do vício na representação.
A sentença definitiva condenará o réu B ao pagamento da multa por má-fé
processual, a despeito de vitorioso, porque não alegou a preliminar a
contestação. A sanção aplica-se às objeções dilatórias.

Não há dúvida de que o art. 342, II, levou em conta fundamentalmente as


objeções processuais. Porém, há questões relativas ao mérito passíveis de
conhecimentoex officio, e, portanto, objeto de aditamento da contestação, a
exemplo da prescrição (art. 487, II) e da decadência ope legis (art. 210 do
CC).

1.740.2. Fatos supervenientes – Na seriação do art. 342, em primeiro lugar


situa-se a alegação pelo réu de fato superveniente (inc. I). Na verdade, o fato
e o direito supervenientes são alegáveis bilateralmente. O processo civil
brasileiro, em virtude da revolucionária disposição do art. 493, mostra-se
flexível ao fluxo da vida, tornando relativo o princípio da estabilização da
demanda. A possibilidade de o autor alegar fatos novos descansa na
inequívoca alusão do art. 493 aos fatos constitutivos (art. 319, III). E, ademais,
a rigor a hipótese versada se reduz a precedente: o art. 493 abre inequívoca e
flagrante exceção ao princípio que o material de fato depende da iniciativa das
partes, possibilitando ao juiz conhecer, ex officio, dos fatos supervenientes.

O art. 342, I, alude expressamente ao direito superveniente. A literalidade


da regra provoca a impressão de que, no tocante ao direito vigente na
oportunidade da defesa, caberia ao réu alegá-lo, ficando vedada a arguição
ulterior do direito posto. Ocorreria, conseguintemente, preclusão da
impugnação de direito.

Na verdade, (a) os fatos velhos, mas de conhecimento novo, podem ser


alegados posteriormente, na apelação (art. 1.014) ou no primeiro grau,
invocado motivo de força maior; e, por outro lado, (b) os fatos supervenientes
ao prazo de resposta, ou seja, ainda não ocorridos nessa ocasião, mas
surgidos ulteriormente podem ser alegados (por ambas as partes) e
conhecidos até de ofício, a teor do art. 493. Em consequência, relativamente
às exceções materiais surgidas após o prazo de defesa, inexiste preclusão.60

Fato superveniente, para os efeitos do art. 342, I, c/c art. 493, é o fato
surgido após o momento hábil assinado para o réu contestar. Não é
superveniente, conforme avisou o STJ, “a circunstância já existente, ainda
que só apurada no curso do processo”.61

Também o direito que surgiu posteriormente admite alegação a qualquer


tempo (v.g., a lei que revogou o fundamento legal invocado e a que repristinou
norma revogada à época da propositura ou da contestação) e, ante o
princípio iura novit curia, prescinde do art. 342, I (porém, reclamará debate
prévio). Assim, a regra contempla os fatos supervenientes, porque o direito
surge dos fatos. Nada obsta, portanto, “novas colocações de ordem
doutrinária ou jurisprudencial” – por exemplo, pronunciamento do STJ
favorável à tese do autor – “em torno dos fatos jurídicos ou das
consequências jurídicas deduzíveis dos fatos já postos em juízo; nem se
prende a raciocínios ou deduções construídos sobre os fatos simples ou
jurídicos provados na causa”.62 E, de resto, eventual veto à alegação da parte,
posto que inexistente no art. 342, I, jamais atingiria os poderes do órgão
judiciário nesses domínios.

Fatos supervenientes podem e dever ser alegados pela parte, e


conhecidos ex officio, em qualquer grau de jurisdição, independentemente do
regime mais restrito imposto às novas questões de fato no art. 1.014.63 Se a
sentença proferida na ação de separação movida por A contra B rejeita o
pedido, porque não houve prova do adultério, nada impede que o tribunal,
julgando a apelação, instado pelo vigor jurídico das respectivas razões,
decrete a separação com fundamento na injúria grave, atendendo aos fatos
alegados e provados.

Em qualquer hipótese, ao juiz é vedado proferir decisão surpresa,


conhecendo do fato superveniente. Percebendo a superveniência do fato,
constante dos autos, ainda que não alegado, cumpre-lhe promover o debate
das partes a respeito. Feita a alegação pelo interessado, não é menor a
necessidade de contraditório.64 O juiz deverá colher a manifestação da parte
contrária, e, se for o caso, admitir a produção de prova.65
1.740.3. Fatos alegáveis a qualquer tempo – O art. 342, III, admite o
aditamento da contestação, mediante a formulação de novas alegações,
quando expressa autorização legal autorizá-las “em qualquer tempo e juízo”.
São hipóteses excepcionais e raras.66 Enquadram-se nessa rubrica: (a) a
prescrição (art. 193 do CC); (b) a decadência convencional (art. 211 do CC).

A prescrição era exceção substancial, subordinada à iniciativa da parte,


mas transformou-se em objeção substancial, ao menos do ponto de vista
didático, em virtude da regra oportunista permitindo ao juiz conhecê-la ex
officio, atualmente camuflada no art. 487, II, c/c parágrafo único. Porém, o art.
342, III, não parte do sujeito de quem toca a iniciativa, em especial a da parte.
Esta se afigura imprescindível. O que interessa é a inexistência de preclusão.
Esse ponto fica evidente no caso da decadência convencional: “a parte a
quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição”, reza o art. 211
do CC, “mas o juiz não pode suprir a alegação”. Logo, a decadência
convencional situa-se na classe das exceções substanciais, ou seja,
subordinada à iniciativa da parte, mas pode ser alegada a qualquer tempo,
porque insuscetível à preclusão.

As alegações do art. 342, III, respeitam fundamentalmente ao réu.

1.741. Desentranhamento da contestação

Pode acontecer de o réu oferecer contestação intempestiva. O ponto de


vista mais equilibrado visualiza esse fenômeno temporal como a prática do
ato após o termo final do prazo. A contestação ante tempus, protocolada no
juízo competente antes do termo inicial do prazo, não se afigura intempestiva,
embora açodada. O único efeito é a consumação do ato processual. O art.
218, § 4.º, pretende encerrar o entendimento contrário.

Apresentada a contestação após o prazo, não raro o órgão judicial ordena


o desentranhamento da contestação. No direito anterior, aplicação de regra
expressa, hoje eliminada, exigia a conjugação de dois requisitos: preclusão
temporal e devolução tardia dos autos. Daí por que, (a) protocolada a
resposta no prazo, o réu praticou o ato tempestivamente, e, por
consequência, nenhum relevo existiria no momento em que os autos chegam
a cartório; (b) ao invés, restituídos tempestivamente os autos, mas
protocolada a resposta fora do prazo, haverá revelia, mas inexistia base legal
para o juiz ordenar o desentranhamento da resposta.67Em ambas as
hipóteses, a contestação remanescerá nos autos. Razões do maior relevo
indicam essa solução, em que pese revel o réu.

Das matérias que incumbe ao réu alegar na contestação, o juiz só não


aproveitará, ocorrendo revelia, a impugnação de fato (direta ou indireta). Em
princípio, operará a presunção do art. 344. No entanto, as objeções
processuais não se sujeitam a preclusão, conquanto a alegação serôdia
talvez implique sanção financeira ao réu, e, portanto, a arguição de defesa
processual dilatória ou peremptória, na contestação intempestiva, auxilia a
atividade do juiz, lembrando-lhe da existência do problema. E, por óbvio,
quaisquer razões de direito devem ser acolhidas como subsídios à
concretização ou a subsunção da norma porventura aplicável ao esquema de
fato presumidamente verdadeiro: iura novit curia. A contestação protocolada
tardiamente serve a esse propósito legítimo tão bem quanto outra peça
qualquer.68

Tampouco se revela admissível desentranhar os documentos que


instruíram a contestação intempestiva. Em primeiro lugar, a procuração
outorgada pelo revel há de permanecer, porque é lícito ao réu ingressar no
processo a qualquer tempo, e, portanto, em seguida à preclusão do prazo de
resposta (art. 346, parágrafo único). O revel tem direito a habilitar-se no
processo nessa oportunidade. E, então, desaparece o efeito do art.
346, caput. Por esse motivo, da própria decisão ordenando o
desentranhamento da contestação, o revel deverá ser intimado na pessoa do
seu procurador.69 E, ademais, mostrando-se admissível ao revel suscitar
perante o juiz, supletivamente, as matérias de ordem pública (art. 337), em
geral questões passíveis de prova documental, nenhum dos documentos
produzidos a esse título admite desentranhamento. Por exemplo, a trivial
objeção de coisa julgada, a teor do art. 337, VII, necessitará de cópias da
petição inicial, do provimento final e a certidão do trânsito em julgado, a fim de
o juiz aquilatar a identidade dos três elementos (art. 337, § 2.º).

E o revel tem o direito de produzir prova, influenciando a formação do juízo


de fato do juiz, direito que independe da apresentação de resposta (art.
349),70 havendo simples coincidência temporal no respectivo exercício.71 A
contestação extemporânea serve, outra vez, ao propósito de produzir prova
documental. E nada impediria, de resto, de o juiz ordenar a produção desses
documentos, a teor do art. 370, caput. Assim, a extração dos documentos que
acompanharam a contestação extemporânea representaria excesso ritual
manifesto.72

§ 358.º Reconvenção

1.742. Conceito da reconvenção

Das atitudes concebíveis no prazo aberto pela citação, a resposta mais


enérgica e radical do réu consiste em passar à ofensiva, formulando, por sua
vez, pedido perante o autor. A iniciativa traduz autêntico contra-ataque
(Gegenangriff) do réu.73 Por intermédio dessa pretensão e conforme à
natureza do bem da vida pleiteado, eventual sucesso garantirá ao réu proveito
maior que o do autor. As posições recíprocas das partes invertem-se
radicalmente: o réu originário assume a condição de autor e o autor primitivo a
de réu, recebendo as partes, nessa nova qualidade, a denominação peculiar
de reconvinte e de reconvindo.

O reconvindo necessita defender-se contra a pretensão do reconvinte de


forma análoga à que impôs ao réu. Logo, a disciplina própria de autor e de réu
aplica-se integralmente às novas posições das partes. Por um lado, o pedido
do reconvinte há de revestir-se dos requisitos do art. 319; de outro, a defesa
do reconvindo tem os ônus e os poderes inerentes a esse polo da relação
processual.

A reconvenção é, em síntese larga, a pretensão processual deduzida


facultativamente pelo réu, ou reconvinte, contra o autor, ou reconvindo,
processada e julgadain simultaneo processu.74 Não há maiores discrepâncias
quanto a esta noção universal e os efeitos da apresentação do contrapedido.
O objeto litigioso originário do processo pendente torna-se
supervenientemente cumulado. Se já existia cumulação originária, porque o
autor formulara dois ou mais pedidos perante o réu, o advento da
reconvenção aumenta o cúmulo inicial. O reconvinte introduz novo material de
fato e de direito sobre o qual recairá a cognição e, conseguintemente, o
julgamento.

A admissibilidade da reconvenção funda-se em razões de economia da


atividade processual.75 Evita a tramitação autônoma das ações contrapostas,
dissipando atividade processual que pode ser comum no mesmo processo, e
objetiva harmonizar pronunciamentos judiciais. À maior parte dos
ordenamentos jurídicos parece preferível admitir o contra-ataque do réu, in
simultaneo processu, em vez de processá-lo em demanda paralela, reunindo
posteriormente as ações propostas em separado para julgamento conjunto,
como determina o art. 58.

A possibilidade de o réu demandar ao autor era conhecida no direito


romano. No processo clássico, caracterizado pelo rigor da fórmula,
constituíram manifestações expressivas as mutae petitiones e as actiones
contrariae.76 O embrião da figura contemporânea da reconvenção surgiu
através da concessão de fórmula única para as ações contrapostas. E
considera-se fora de dúvida o cabimento da reconvenção no processo extra
ordinem.77 No entanto, configuração atual do instituto proveio do direito
canônico, inclusive a nomenclatura célebre (reconventio),78 fomentada pela
reação política aos entraves impostos pelos senhores feudais ao pedido do
réu, interessados em dilatar o processo.79 Duas características frisantes
presidiram semelhante regime: (a) o forum reconvenctionis, explicitando-se a
admissibilidade do pedido perante o juízo da causa; e (b) a apresentação do
pedido antes da litiscontestatio, a fim de as pretensões tramitarem
em simultaneo processu.80

O direito português recepcionou dessa fonte conspícua a reconvenção,


prevendo as Ordenações Filipinas (Livro 3, Título 33) a proposição do pedido
do réu perante o juízo da causa pendente, processado conjuntamente com a
ação originária, a fim de permitir o julgamento simultâneo, e daí passou para
os arts. 103 a 110 do Regulamento 737/1850.81

A fisionomia da reconvenção no Regulamento 737/1850 não discrepa das


linhas mestras posteriormente traçadas nas leis processuais supervenientes,
culminando no NCPC e suas inovações. Se o réu quisesse reconvir, rezava o
art. 103 do diploma nacional sobre o processo comercial (oportunamente
estendido às causas civis), ofereceria a reconvenção simultaneamente com a
contestação no mesmo prazo para ela assinado – o advérbio assumirá
importância no CPC de 1973 –, respondendo o réu no prazo de quinze dias
de réplica (art. 104 do Regulamento 737/1850), seguindo-se réplica do réu e
tréplica do autor (art. 105). A reconvenção prorrogava a competência do juízo
da causa “principal” (art. 110), exceto no caso de ação real tipicamente civil –
o diploma regulava precipuamente o processo comercial –, e o juiz julgava as
pretensões contrapostas na mesma sentença (art. 109). Logo se percebe a
extrema elasticidade do cabimento da reconvenção no Regulamento
737/1850. Rejeitava o pedido contraposto no único caso da pretensão de
cobrança de crédito proveniente de depósito, porque inadmissível a
compensação, remetendo o art. 108 do Regulamento 737/1850 ao art. 440 da
Lei 556, de 15.06.1850 (Código Comercial brasileiro).

A regra geral de admissibilidade da reconvenção alterou-se


profundamente no CPC de 1939. O primeiro estatuto processual unitário
rejeitou o viés liberal.

Segundo o art. 190 do CPC de 1939, o réu poderia reconvir ao autor


“quando tiver ação que vise modificar ou excluir o pedido”. A regra restritiva
derivou do art. 1.690, § 1.º, do Código Canônico de 1917, mas antecedeu-lhe
o art. 350, c, do CPC do Rio Grande do Sul (Lei 65-RS, de 16.01.1908). Esse
dispositivo excluía o pedido do réu “nos casos em que não tem lugar a
compensação, ou a reconvenção não tem por fim elidir ou restringir o pedido
da ação principal”. Disposições análogas constaram, na ordem cronológica:
do art. 1.276 do Código da Organização Judiciária e do Processo Penal, Civil
e Comercial do (antigo) Estado do Rio de Janeiro (Lei 1.580-RJ, de
20.01.1919); do art. 175 do Código de Processo Civil e Comercial do (antigo)
Distrito Federal (Decreto 16.752, de 31.12.1924), então situado na cidade do
Rio de Janeiro; e do art. 209 do CPC de Minas Gerais (Lei 830-MG, de
07.07.1922).82

Ressalva feita à troca dos verbos, o propósito restritivo é unívoco, mas


equívoca a fórmula do art. 190 do CPC de 1939. Eis motivo plausível para
rejeição escancarada ao preceito na doutrina contemporânea ao primeiro
código unitário.83 E, de resto, há de entender-se corretamente a regra nesse
contexto. A reconvenção não modifica ou exclui o pedido, porquanto
inconcebível atribuir ao réu semelhante poder; na verdade, buscava-se realçar
a necessidade de o pedido formulado pelo réu alterar o resultado prático
almejado pelo autor.84 Por exemplo, na ação em que A pede a condenação do
réu B em 300, reconvindo o réu para obter o contracrédito de 200, eventual
acolhimento de ambos os pedidos reduziria a vantagem do autor A para 100.
Eis a situação visada pelo art. 190 do CPC de 1939.

O exemplo revela estreito vínculo entre reconvenção e compensação. E,


realmente, já se notou que os velhos autores se compraziam em aproximar
compensação e reconvenção.85 Os contemporâneos, ao invés, mourejam por
diferenciá-las.86 A análise da natureza jurídica da reconvenção enfrenta esse
tópico.

1.743. Natureza da reconvenção

A reconvenção integra a resposta do réu à pretensão processual deduzida


pelo autor. Não se cuida de ataque preventivo (v.g., a ação “revisional” do
contrato bancário, proposta pelo devedor antes de o credor exercer a
pretensão a executar), e, portanto, o fator surpresa afigura-se secundário na
iniciativa do réu. Supõe-se que o autor não ignore, nas circunstâncias
concretas do litígio, a virtual possibilidade de o réu também lhe pedir algum
proveito, vantagem, utilidade ou bem da vida. A reconvenção é autêntico
contra-ataque, revide agressivo, atitude previsível do réu bilioso e
intransigente.

E o contra-ataque do réu, aqui como alhures, constitui resposta à iniciativa


do autor, mediante desforra. É uma forma de resistência,87 dificultando o
progresso autor para obter o bem da vida ou, conforme a natureza do pedido
do reconvinte – o caso da compensação ilustra tal efeito –, diminuindo-lhe da
importância, por intermédio de revide imediato. Em determinadas hipóteses,
consoante o teor das alegações de fato do reconvinte, a reconvenção por si
mesma pré-exclui a presunção de veracidade (art. 344) decorrente da revelia
(retro, 347), optando o réu por reconvir sem contestar (art. 343, § 6.º). Não é,
entretanto, meio de defesa em sentido estrito.88 O contra-ataque representa
agressão paralela, juntando-se à defesa com a energia da ação e, em algum
ponto no itinerário do processo, a ação e a reconvenção se tocam.89

Os objetivos do réu ao reconvir variam muito. Uma das leis da estratégia é


a ofensiva e, por intermédio da reconvenção, o réu toma iniciativa, a mais das
vezes, com o propósito de enfraquecer o autor e buscar transação mais
favorável.90

A reconvenção introduz a pretensão processual do reconvinte perante o


reconvindo. Essa particularidade permite distingui-la das objeções
substanciais (v.g., compensação) e das exceções substanciais (v.g., exceção
de inadimplemento), integrantes da defesa de mérito indireta.91

Em síntese, a defesa de mérito indireta dilata o objeto litigioso (retro,


313.1.3), influencia no teor da sentença, restringindo ou excluindo o bem da
vida pleiteado pelo autor, e a resolução tomada pelo juiz sobre ela, recaindo a
autoridade de coisa julgada sobre questão principal “expressamente decidida”
(art. 503, caput), tornar-se-á indiscutível no presente e no futuro. Não alcança
ao réu, todavia, proveito, vantagem ou utilidade. A consequência de o juiz
acolher a objeção substancial e a exceção substancial implica a rejeição, no
todo ou em parte, do que o autor postulara na inicial.92

Pretendendo o réu algo melhor que impedir os resultados práticos


perseguidos pelo autor, toca-lhe reconvir e, outra vez, o caso da
compensação ilustra o ponto.93Se A pede a condenação de B em 100, mas o
réu é titular de contracrédito no valor de 50, a B bastará alegar a
compensação como defesa de mérito indireta: acolhida a objeção substancial
– a questão do conhecimento ex officio, ou não, dessa matéria subordina-se
aos dados do ius positum -,94 o juiz condenará o réu B em apenas 50. O réu
não necessita reconvir. Porém, se o réu B julga-se credor do contracrédito no
valor de 250 perante o autor A, o quadro muda de figura: necessitará reconvir,
com o fito de obter a diferença a seu favor (150).95 Outro exemplo é o do
crédito ilíquido. O credor necessitará da via judicial e, se for este o caso, da
reconvenção, nesse último caso, acolhido o pedido reconvencional, tornando
certa e líquida a dívida, propiciando a compensação.96

Fora desse caso, a compensação integra a defesa de mérito indireta do


réu. Não é apropriado designá-la de “eccezione riconvenzionale”.97 Essa
expressão reúne termos antagônicos. O objetivo é o de ensejar a dilatação do
objeto do processo e, conseguintemente, da coisa julgada.98 Desnecessário o
artifício no direito brasileiro. A decisão sobre a compensação alegada como
defesa reveste-se da autoridade de coisa julgada por força do art. 503, caput,
porque o juiz resolveu a questão a seu respeito.

A reconvenção distingue-se da declaração incidente sobre questão


prejudicial ventilada pelo réu. O objetivo do réu não é o de obter proveito,
vantagem, utilidade, benefício direto, mas o de impedir o êxito do autor,
retirando-lhe o alegado fundamento da pretensão. Ora, nem sempre a relação
entre reconvenção e a pretensão pendente é de prejudicialidade, o que
confere à iniciativa do réu caráter autônomo relativamente à declaração
incidente.99

Essas considerações, ao propósito de distinguir a reconvenção das figuras


afins, em particular da compensação (objeção substancial), trazem à tona o
problema do interesse e, de arrasto, a natureza do contrapedido.

Em sua versão originária, o procedimento comum do CPC de 1973 se


divida em dois ritos: (a) ordinário; e (b) sumaríssimo, nomenclatura substituída
por “sumário”. O art. 315, 2.º, do CPC de 1973 (revogado pela Lei 9.245/1995)
declarava: “Não se admitirá reconvenção nas causas de procedimento
sumaríssimo”. O objetivo era o de impedir mais um dos muitos obstáculos à
celeridade do rito,100 rito que pejorativamente rotulou-se de “péssimo e
tumultuado procedimento ordinário”.101 Em troca, o art. 278, § 1.º, do CPC de
1973, na versão reformada do rito sumário, autorizou o réu a formular, na
contestação, “pedido em seu favor, desde que fundado nos mesmos fatos
referidos na inicial”. Fórmula encampada pelo art. 31, caput, da Lei
9.099/1995. Não emprega a lei a terminologia “pedido contraposto”. No plural,
como “pedidos contrapostos”, aparece no art. 17 da Lei 9.099/1995. Aqui se
utiliza a palavra “contrapedido”.

O contrapedido do art. 278, § 1.º, do CPC de 1973 era reconvenção com


requisito de admissibilidade mais estreito.102 Fundava-se – e a inteligência da
fórmula virá a seu tempo – nos “mesmos fatos” alegados na petição inicial. A
regra não transformou, absolutamente, a ação adstrita ao procedimento
sumário (em razão do valor ou em razão da matéria) em actio duplex.103 Do
ponto de vista substancial, o iudicium duplex já outorga ao réu o bem da vida,
independentemente de pedido a seu favor. Em geral, o autor pede (ou age) e
o réu impede (ou reage); na actio duplex, o ato de impedir (contestação)
implica pedido contrário ao do autor.104 Essa frisante característica deriva do
direito material posto em causa, ou seja, do objeto litigioso. Nenhuma regra de
processo, nem sequer similar à do (revogado) art. 278, § 1.º, do CPC de 1973,
é capaz de tornar simples ou dupla a ação material.105

Exemplo de actio duplex é a pretensão declaratória da inexistência.


Se A pede ao juiz que declara a existência do contato X, em que o outro
figurante é o réu B, a contestação do réu, rejeitando o vínculo entre as partes,
basta à concessão do bem da vida a um dos litigantes. Por óbvio, em sentido
oposto: acolhido o pedido de A, o juiz declarará a existência do contrato X;
rejeitado o pedido de A, o juiz declarará a inexistência do contrato X. Este
último juízo outorga valioso bem da vida ao réuB: a certeza da inexistência do
contrato X. É mecanismo similar ao do art. 556: defendendo-se contra a
pretensão possessória do autor, o réu ofendido na sua posse – portanto, réu
que oferece defesa de mérito direta, mediante impugnação de fato indireta
(retro, 331) –, demandará na própria contestação (a) proteção possessória e
(b) perdas e danos. A rigor, o emprego do verbo demandar indica a existência
de contrapedido (ou reconvenção); na verdade, só a pretensão possessória
é duplex, as perdas e danos necessitam de pedido do autor.
O contrapedido do art. 278, § 1.º, do CPC de 1973 era pedido formulado
pelo réu contra o autor, in simultaneo processu, reduzido o campo de
atuação.106Enquanto o campo reservado à reconvenção, no que tange ao
liame entre os pedidos contrapostos, ultrapassa a noção estrita de conexão
do art. 55, caput, como no direito anterior,107 admitindo o art. 343, caput, laços
mais tênues e remotos, beneficiando a atividade de instrução comum, o
contrapedido no antigo rito sumário pré-excluía a ampliação da área de
debate e cognição.108

Não é difícil localizar a fonte de inspiração do legislador. Uma das


pretensões mais comuns, na via do antigo procedimento sumário, avulta na
de reparação de dano originário de acidente de veículos na via terrestre e, em
casos tais, não raro aparecem versões contraditórias do evento: por um lado,
o autor alega que o veículo do réu desrespeitou o semáforo; de outro, o réu
imputa ao autor tal infração. Por óbvio, os fatos não se ostentam
rigorosamente idênticos. O que se verifica, na realidade, é identidade de
episódio da vida com versões antagônicas. Pouco realista se mostraria a
exigência literal que autor e réu fundassem as respectivas pretensões “nos
mesmos fatos” ou conjunto de fatos. A identidade parcial e versões
antagônicas satisfaziam plenamente o requisito.109

À semelhança da reconvenção, da qual se distingue pelo epíteto e a pela


admissibilidade estrita e abreviada, o contrapedido ampliava o objeto litigioso,
formando cumulação ulterior ou superveniente de pretensões processuais,
reclamando julgamento conjunto na mesma sentença. Eventual omissão do
julgamento contrapedido violará o princípio da congruência (retro, 1.571),
implicando o insuprível vício citra petita (retro, 1.575.3).

Por fim, urge assinalar que a reconvenção constitui ação (de direito
material, ou pretensão processual) inserida na relação processual pendente.
Não é a “ação” que corresponde ao direito à tutela jurídica do Estado. O autor
exerceu a esta para formar o processo. Feita a distinção, a enfática rejeição
da natureza de “ação” da reconvenção esvazia-se.110 Em última análise, volve-
se à necessidade de explicitação nítida das premissas do raciocínio, aos
fundamentos do processo civil, superando equívoco conceito de ação e, para
essa finalidade, impende separar o plano processual do plano material. O
autor e o réu tem pretensão à tutela jurídica do Estado. O autor age, o réu
reage. E o réu reage à investida do autor defendendo-se (contestação) ou
contra-atacando (reconvenção e, no caso do art. 31, caput, da Lei 9.099/1995,
contrapedido). Por intermédio dos meios de ataque e meios de defesa
predispostos, o réu exerce a (sua) pretensão à tutela jurídica do Estado,
dirigindo-se ao órgão instituído para jurisdicionar, esquivando-se do efeito
jurídico pretendido pelo autor. A simplicidade dessa construção supera
quaisquer outras.

1.744. Requisitos genéricos da reconvenção

Os requisitos genéricos de inserção de nova pretensão processual no


processo pendente são os que disciplinam essa modalidade de processo
cumulativo. É óbvio que para chegar ao julgamento do mérito, na mesma
sentença (art. 487, I), ação e reconvenção devem preencher isoladamente o
conjunto dos pressupostos processuais e das condições da ação. As
vicissitudes da ação do autor não contaminam a reconvenção e vice-versa.
Existe unidade de relação processual e autonomia de pretensões
processuais.111 Tal o princípio consagrado no art. 343, § 2.º, abrangendo a
desistência da pretensão originária, a par dos efeitos que levam à “extinção”
sem resolução do mérito. Não importa, para esse efeito, o momento da
desistência ou a bilateralidade do negócio jurídico processual.112 O juiz se
encontra vinculado à vontade das partes de encerrar parte do litígio.
Prosseguirá o processo pendente com a pretensão introduzida, opportuno
tempore, na resposta do réu.113 O princípio aplica-se à actio
duplex (possessória).114

Desse grupo heterogêneo de questões destacam-se três: (a) a


competência; (b) o interesse processual; e (c) a capacidade para conduzir o
processo.

1.744.1. Competência do juízo na reconvenção – O juiz da causa principal


é competente para processar, julgar e executar a reconvenção. É hipótese de
prorrogação legal de competência (retro, 463) nos mesmos termos do art.
55, caput. Por sinal, a exigência de conexão entre a causa principal e a
reconvenção (art. 343, caput) conduziria a hipótese, fatalmente, aos domínios
do art. 55, caput, ao menos na interpretação elástica preconizada na
respectiva incidência e, no NCPC, consagrada no art. 55, § 3.º (retro, 302).
Não importa que, inexistisse a demanda do autor, o órgão judiciário não se
mostrasse competente. Por exemplo, o autor Adomiciliado na
comarca X demanda o réu B, domiciliado na comarca Y, atendendo ao
disposto no art. 46, caput, e neste mesmo juízo B reconvirá perante A, nada
obstante o domicílio deste na comarca X, na qual o reconvinte deveria
demandar o reconvindo originariamente.

A prorrogação da competência do juízo da causa para processar e julgar a


pretensão do réu perante o autor tem lugar nas hipóteses de competência
relativa.115 As competências em razão da matéria, da função e da pessoa não
comportam prorrogação. Se A demanda B, reclamando reparação do dano
provocado pelo réu, que atirou pedras no seu automóvel, haja vista a
inimizade das partes, ao réu B não é lícito reconvir pleiteando a declaração da
existência de relação de emprego e a condenação do reconvindo nas verbas
daí decorrentes, explicando que atirou as pedras em retaliação às ofensas do
suposto empregador A.116

A competência em razão do valor prorroga-se do mais para o menos. Não


é inconcebível que, no mesmo órgão judiciário, figurem dois ou mais juízes
(v.g., juiz de direito e pretor), e, por força da reconvenção, a competência
originária do pretor seja deslocada para o juiz de direito.

1.744.2. Interesse processual na reconvenção – O réu não tem interesse


processual em reconvir no iudicium duplex. É o caso típico da pretensão à
declaração positiva ou negativa (v.g., a da inexistência da dívida proveniente
do contrato X). Parece evidente que, almejando o réu algo distinto da
declaração da existência da dívida originada pelo contrato X, toca-lhe
reconvir; por exemplo, pleiteando o reconhecimento do montante da dívida.
Mas, se o autor pretende a declaração da inexistência da dívida proveniente
do contra X e a pretensão é rejeitada, fica reconhecida a existência e, por
isso, o réu não tem interesse em reconvir para obter efeito jurídico que o juízo
de improcedência outorga-lhe naturalmente.117
Tampouco há interesse processual em reconvir na hipótese de a defesa
de mérito produzir resultados idênticos ao do hipotético pedido
reconvencional.118Volvendo ao exemplo anteriormente ministrado, se A pede a
condenação de B em 100, mas o réu é titular de contracrédito no valor de 50,
a B bastará alegar a compensação como defesa de mérito indireta: acolhida a
objeção substancial, o juiz condenará o réu B em apenas 50. Não há
interesse processual em reconvir. Porém, se o réu B julga-se credor do
contracrédito no valor de 250 perante o autor A, o quadro muda de figura:
necessitará reconvir, com o fito de obter a diferença a seu favor (150).119

Dessas hipóteses discrepam os casos em que se afigura lícito o réu


formular pedido a seu favor na contestação. É óbvia a necessidade de pedir
explicitamente: (a) as perdas e danos do autor, havendo turbação ou esbulho
cometido pelo autor (art. 556, in fine), porque a pretensão à condenação
fundada em ilícito não integra oiudicium duplex, apenas a possessória;120 (b)
na pretensão à revisão do aluguel, em que o locatário pretende reduzir o
aluguel e o locador almeja aumentá-lo, na contestação, respectivamente em
valores aquém e além do contratado.

Essa última hipótese merece explicitação. O art. 68, IV, da Lei 8.245/1991
autoriza o réu, na contestação, formular contraproposta. No entanto, o limite
para essa contraposta é o valor do aluguel vigente nessa oportunidade, que
funcionará como teto ou piso, conforme a posição relativa das partes. Assim,
se o locador Apretende aumentar o aluguel de 10 para 15, lícito o
réu B contrapor 12, porque valor inferior ao teto (15) e superior ao piso (10);
ao invés, pretendendo o réu B reduzir o aluguel de 10 (piso) para 8, na ação
em que o locador A pretende aumentá-lo para 12, necessitará reconvir para
atingir a esse resultado.121

1.744.3 Legitimidade ativa e passiva na reconvenção – Em virtude da


própria natureza das coisas, a legitimidade (ou capacidade para conduzir o
processo) na reconvenção é cruzada: no processo em que A figura como
autor e B como réu, legitimado ativo é o réu B, passivo o autor A. A inversão
das posições processuais evidencia-se na denominação própria de reconvinte
e reconvindo às partes originárias. Tais são os legitimados naturais na
reconvenção. O STJ negou legitimidade ativa de terceiro para reconvir contra
o autor em litisconsórcio facultativo com o réu.122 E, na mesma medida, um réu
não pode reconvir contra o outro.123 A posição do terceiro constrangido a
intervir receberá análise mais adiante.

Essas restrições desapareceram no NCPC em parte. É lícito ao réu


reconvir contra o autor e terceiro (art. 343, § 3.º). E o réu poderá reconvir em
litisconsórcio com terceiro contra o autor (art. 343, § 4.º).

Embora simples a regra geral, a legitimação extraordinária (substituição


processual) provoca o seguinte problema: se substituto processual A (v.g., o
Ministério Público) demanda em juízo pleiteando o direito do
substituído B (v.g., o menor vulnerável) ao fornecimento do
medicamento X perante o Município C, pode acontecer de o réu C reconvir,
pleiteando indenização pelo medicamento Y, antes fornecido, porque
inexistente a alegada doença. Do assunto ocupava-se o art. 315, parágrafo
único, do CPC de 1973, resolvendo-o da seguinte forma: não pode o réu
reconvir em seu próprio nome contra quem postula em nome de outrem. Era
regra tradicional no direito pátrio.124

Reproduziu o art. 315, parágrafo único, do CPC de 1973, estranhamente,


a redação canhestra do art. 191 do CPC de 1939, defeito que não impede a
intuitiva compreensão do preceito: “as partes, na reconvenção, têm de figurar
na mesma qualidade jurídica em que figuram na ação originária”.125 Nada tem
a ver o dispositivo com os casos de representação legal (art. 71). O
representante legal não figura como parte na causa pendente, e, sim, o
representado, razão por que jamais se cogitaria de reconvenção do réu contra
quem não é autor no processo, esbarrando na proposição inicial do art.
343, caput.126

Por sua vez, o art. 343, § 5.º, permite ao réu, alegando ter direito contra o
substituído, reconvir perante o autor, “também na qualidade de substituto
processual”. Logo, no exemplo ministrado, o Município C poderá reconvir
contra o Ministério Público, em que pese a qualidade de substituto processual
do substituído B. Não há qualquer impossibilidade técnica de o Ministério
Público figurar como réu. Não há outro réu concebível na rescisória movido
pelo condenado na ação civil pública em razão de impropriedade
administrativa…

A legitimação extraordinária do autor não erigia obstáculo absoluto à


reconvenção ainda no direito anterior. Admitir-se-ia a reconvenção, “desde
que para tal ação, é claro, subsista a legitimação extraordinária do
substituído”.127 E, sendo passiva a legitimação extraordinária, o substituto só
reconviria fundado no hipotético direito do substituído perante o reconvindo.
Por exemplo, a companhia A pede a anulação das debêntures X, porque
supostamente falsas, movendo a demanda contra o agente fiduciário B, que
deduz pretensão de cobrança em nome dos debenturistas credores de tais
debêntures (art. 68, § 3.º, da Lei 6.404/1976, in verbis: “O agente fiduciário
pode usar de qualquer ação para… defender interesses dos
debenturistas…”).

Fez bem o NCPC, portanto, em dilatar a legitimidade na reconvenção.

Figurando vários autores e vários réus, qualquer dos réus legitima-se a


demandar, ativamente, a qualquer dos autores. Não há, absolutamente,
necessidade de os réus conjuntamente demandar o(s) autor(es),128 hipótese
que criaria inconcebível litisconsórcio ativo e (ou) passivo necessário. No
entanto, pretendendo dois ou mais réus reconvir perante um ou mais autores,
a demanda conjunta, in simultaneo processu, mostrar-se-á admissível nas
hipóteses do art. 113, I a III (retro, 582).

Vozes respeitáveis já admitiam ampliação subjetiva dos legitimados por


força da reconvenção. Em caso de litisconsórcio necessário, o exemplo
revela-se persuasivo: A e B venderam a coisa X a C, porque condôminos, e o
autor A cobra em juízo a quota que lhe cabe do preço do réu C, mas este
pretende enjeitá-la, alegando vício, hipótese em que hão de figurar
obrigatoriamente como réus A e B.129 Os termos da alternativa se mostram
flagrantes: ou se admite a reconvenção, processando-se a pretensão à
redibição, in simultaneo processu, ou o réu C demandará em separado os
vendedores A e B, reunindo-se os processos, por força da conexão e da
possibilidade de decisões contraditórias, ex officio ou a requerimento de uma
das partes. O aproveitamento dos atos de instrução recomenda
energicamente o primeiro entendimento.

Evoluiu-se no sentido de admitir orientação análoga em outras hipóteses,


formando-se litisconsórcio facultativo sucessivo.130 Por exemplo: o
autor A demanda reparação dos danos supostamente provocados por B,
pretendendo o réu B indenização dos danos a ele provocados por A, em
virtude do mesmo evento, e no qual se afigura decisiva a participação de C,
reconvindo contra A e C.131 E, realmente, preferível tolerar a reconvenção que
promover a ulterior reunião dos processos, desperdiçando a atividade de
instrução, obviamente única para esclarecer se A ou B provocou
culposamente o dano e se C participou do ilícito. A ampliação subjetiva do
processo por efeito da reconvenção (Drittwiderklage) é admitida, por exceção,
no direito germânico132 e português.133

O fundamento geralmente empregado para justificar essa ampliação


subjetiva é que suscita reservas. Importa a economia e, não, a suposta
tendência de resolver duas ou mais lides no mesmo processo.134 Esta
orientação inspirou a desastrada concepção prevalecente do chamamento em
garantia (retro, 873.1). No caso da ampliação subjetiva do processo por força
da reconvenção, inexiste prejuízo para o autor. E a inadmissibilidade da
reconvenção fatalmente arrastaria o réu a demandar paralelamente o terceiro,
reunindo os processos por força da conexão em termos elásticos.

Razoável que seja o réu deduzir pretensão contra o terceiro, prevista no


art. 343, § 3.º, também se afigura necessário estabelecer e enunciar a
condição apropriada desse cúmulo. E a condição consiste em justificar a
demanda contra o terceiro segundo as regras do litisconsórcio. Não há dúvida
no caso da pretensão ao desfazimento do negócio, por força do vício da
coisa, e tampouco na segunda hipótese elucubrada, porquanto haverá
litisconsórcio eventual (retro, 581.3).

Não se legitima ativamente o assistente simples para reconvir. É parte


auxiliar e só a parte principal tem essa legitimidade. Poderá formar
litisconsórcio com o réu assistido (v.g., na ação de despejo de A contra B, o
assistente C demanda junto com B a declaração da existência da sublocação,
porque consentida). Admitida a figura da assistência litisconsorcial como
englobando a intervenção voluntária do legitimado ordinário no processo
conduzido pelo legitimado extraordinário (retro, 775.2), eventual pretensão do
litisconsorte qualificado acomoda-se ao art. 343, § 5.º.

O chamado em garantia legitima-se a reconvir contra o chamante,


segundo a configuração prevalente, fundado na relação de garantia. Tal não
acontece na configura alternativa, em que semelhante controvérsia
permanece alheia ao processo. Então, intervindo o chamado em garantia
como litisconsorte do chamante, poderá reconvir unicamente contra o
adversário deste.135 O chamado ao processo é colegitimado passivo e tem
legitimidade para reconvir nas condições assinadas ao réu originário. Porém,
não lhe cabe reconvir contra o outro réu. A intervenção principal propicia aos
opostos, autor(es) e réu(s) nas causas pendentes, oportunidade para reconvir,
respeitada a necessidade de interesse processual. O exemplo trivial da
disputa de A, B e C acerca de domínio, sendo C o interveniente principal, não
enseja reconvenção de A ou de B, porque desnecessária: há iudicium
duplex nessa disputa dominial.

1.745. Requisitos específicos da reconvenção

Além dos requisitos genéricos, intrínsecos à inserção de nova pretensão


processual, in simultaneo processu, por iniciativa do réu, a reconvenção
“subordina-se a condições particulares, que se relacionam com a sua índole
singular de ação proposta pelo réu contra o autor, no mesmo processo em
que por este é demandado”,136sublinhou quem escreve em estilo superior e
jamais igualado.

1.745.1. Pendência do processo – Por definição, reconvenção ou


contrapedido é o contra-ataque do réu no mesmo processo, forma de defesa
elástica. É preciso, portanto, que haja processo pendente. Forma-se o
processo, nos termos do art. 312, primeira parte, mediante a entrega da
petição inicial no ofício judicial. A partir daí, por conseguinte, passa a admitir-
se reconvenção (ou contrapedido) de quem o autor arrolou como réu. As
vicissitudes da petição inicial, barrada por defeito formal não corrigido no
prazo do art. 321, caput, ou da própria demanda, porque inadmissível, não
mais importam. O art. 343, § 2.º, consagra o princípio da autonomia das
pretensões. Deduzida a reconvenção antes do indeferimento da petição inicial
(art. 330 c/c art. 485, I), prosseguirá o processo, desde que a pretensão do
reconvinte contra o reconvindo, por sua vez, preencha o conjunto dos
requisitos que compõem o juízo de admissibilidade (v.g., legitimidade ativa
para reconvir).

A autonomia do pedido formulado pelo réu contra o autor é relativa. Em


princípio, a desistência ou o juízo de inadmissibilidade da pretensão do autor
não afeta o pedido do réu, segundo proclama o art. 343, § 2.º. Mas, há casos
em que a pretensão do réu depende do êxito do autor; por exemplo, na ação
de despejo de A contraB, o réu B pede indenização por benfeitorias
necessárias, caso haja a dissolução do vínculo, hipótese em que, mantida a
locação, a pretensão do réu é inútil.137

1.745.2. Compatibilidade do procedimento – O proveito no julgamento de


duas ou mais pretensões, no mesmo processo, subordina-se à curial
observância do mesmo procedimento para todas. Desse requisito não cogitou
a disciplina do art. 343. Ele deflui do art. 327, § 1.º, III, aqui aplicável,138 nos
devidos termos, e já examinado no âmbito da cumulação originária (retro,
280.4).

Em relação às ações adstritas ao procedimento comum, das duas uma: (a)


ou reconvenção também se subordina a este procedimento, porque pretensão
inespecífica ou atípica; (b) ou a pretensão exercida na via reconvencional
subordina-se a rito especial. No primeiro caso, a reconvenção mostra-se
admissível; no segundo, impõe-se a possibilidade de se harmonizar o rito
especial no procedimento comum – solução prevista no art. 327, § 2.º,
relativamente ao cúmulo originário.

Existem pretensões adstritas ao rito especial por força da estrutura e da


função do direito posto em causa. Exemplo emblemático é da consignação
em pagamento. Por força da estrutura do direito de o obrigado solver a dívida
contra a vontade do devedor, a especialidade do rito consiste no depósito da
prestação devida (art. 542, I), citando-se o réu para levantá-lo ou contestar
(art. 542, II). A despeito desse aspecto tão característico, inexiste obstáculo
intransponível derivado do depósito inicial. A estrutura e as etapas de
desenvolvimento do procedimento comum comportam a realização do
depósito inicial. Por outro lado, há procedimentos especiais que se convertem
ao comum após a etapa inicial, fechada com a resposta (v.g., os embargos de
terceiro, a teor do art. 679). É admissível a reconvenção. Quis expressar essa
linha de raciocínio, o art. 327, § 2.º, segundo o qual admite-se a cumulação
sob o procedimento comum do pedido a que “corresponder tipo diverso de
procedimento”, mantido o “emprego das técnicas processuais diferenciadas
previstas nos procedimentos especiais”. Ficam ressalvados os procedimentos
integral e irredutivelmente especiais (v.g., a ação para pedir contas; a
demarcação), nos quais o procedimento estrutura-se em etapas distintas do
procedimento comum.

Os problemas da compatibilidade de procedimentos e da conversão do


procedimento impróprio no próprio não se esgotam nesse ponto. Dos quatro
cenários concebíveis nesta condição específica da reconvenção,139 o mais
complexo consiste na hipótese de a pretensão originária e da pretensão
reconvencional subordinarem-se a procedimentos especiais distintos, ponto,
todavia, estranho ao estudo do procedimento comum. É pertinente, todavia,
uma breve palavra acerca da reconvenção na ação rescisória.

Os arts. 968 a 973 disciplinam o procedimento da ação rescisória,


declarando o art. 970 que, findo o prazo de resposta, “com ou sem
contestação, observar-se-á, no que couber, o procedimento comum”. A
disposição intenta assimilar, na medida do possível, o procedimento da
rescisória de competência originária do tribunal ao procedimento padrão no
primeiro grau. Era incompleta a remissão anterior, pois não só o capítulo das
providências preliminares e do julgamento conforme o estado do processo
aplica-se rescisória, mas, por igual, o da instrução. Embora eventual a
atividade de instrução, casos há em que é inelutável produzir prova (v.g., a
prevaricação, a concussão ou a corrupção do juiz, a teor do art. 966, I,
inexistindo prévio processo criminal contra o julgador), conjuntura aventada no
art. 972, autorizando o relator a delegar a prática dos atos de instrução ao
juízo competente de primeiro grau. Antecederá a essa delegação, por óbvio, a
decisão de saneamento e de organização do processo (art. 357). Pois bem. À
luz do art. 343, caput, nada impede a reconvenção na rescisória, deduzindo o
réu, de seu turno, pretensão rescisória autônoma. É a doutrina dominante.140

Ficou expresso na regra geral de admissibilidade (art. 966, § 3.º), que, a


mais das vezes, o julgado rescindindo exibirá capítulos autônomos, cada qual
desfavorável, no principal ou no acessório, a uma das partes originárias. Por
exemplo, ocorrida a recíproca sucumbência dos litigantes, um deles pode
pleitear a rescisão da parte que o desfavoreceu e o adversário contra-atacar
com o pedido de rescisão da outra parte.141

E, às vezes, o capítulo principal do julgado rescindendo desagrada a


ambas as partes. O STJ admitiu reconvenção na rescisória em que ambas as
partes pleiteavam novo julgamento de desapropriação.142
1.745.3. Conexão de causas – O art. 343, caput, erige a condição
específica da admissibilidade da reconvenção. É imperioso que a pretensão
deduzida pelo réu contra o autor seja “conexa com a ação principal ou com o
fundamento da defesa”. À primeira vista, a regra merece reparo: a pretensão
do autor contra o réu não é a “principal”, mas originária. Não se pode
qualificar de secundária ou dependente – o art. 343, § 2.º consagra a oposta
diretriz da autonomia – a pretensão do reconvinte contra o reconvindo.

A tônica da admissibilidade da reconvenção localiza-se na exigência de


algum liame entre a ação do autor e a reconvenção do réu. A esse propósito,
formaram-se duas correntes: (a) ou o pedido formulado pelo réu minuere vel
submovere a pretensão do autor, tal como pretendia o art. 190 do CPC de
1939; (b) ou o contrapedido do réu é sempre admissível (in omnibus causis
permissa est), seguindo a primitiva concepção do direito canônico.143

A nenhuma dessas linhas filiou-se o art. 343, caput. O NCPC seguiu a


linha aberta no direito anterior e preferiu apostar em vereda menos conhecida,
porém mais promissora. A inspiração proveio do último diploma vindo a lume
no período da dualidade legislativa em matéria processual – o CPC de São
Paulo (Lei 2.421-SP, de 14.01.1930) –,144 haurida de opinião doutrinária,
declarando assente na doutrina moderna “que a ação reconvencional tem
como pressuposto a conexão de causas”.145

Não é isento de graves dificuldades requisito de tão magna


transcendência na reconvenção.146 O conceito de conexão constitui assunto
equívoco e controverso no processo civil (retro, 302). O art. 55, caput,
ministrou definição explícita – “Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações
quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir” –, todavia insuficiente,
porque não abrange a integralidade do fenômeno. Como quer que seja, o
dispositivo arranca do princípio correto. A conexão é um vínculo entre os
elementos objetivos de duas ou mais demandas. E tais elementos são (em pé
de igualdade) a causa de pedir e o pedido (art. 337, § 2.º). O dado escolhido
como relevante é ponto comum.147

A proposição do art. 55, caput, revela-se insatisfatória, posto que correta


na parte formulada – há conexão, realmente, quando houver identidade
de causa petendiou de pedido –, haja vista a existência de laços remotos e
tênues, alheios aos elementos de individualização do objeto litigioso,
suficientemente relevantes para autorizar e até mesmo exigir a cumulação
originária ou, in extremis, a reunião de duas ou mais ações propostas
separadamente (art. 58). Pesquisando justamente os liames que abonam a
admissibilidade da reconvenção, chegou-se à conclusão, na vigência do CPC
de 1973, a lei não usar “sempre no mesmo sentido a palavra ‘conexão’”.148 O
art. 55, § 3.º, ladeou a dificuldade, permitindo a reunião de ações propostas
em separado, embora inexista conexão entre elas – a alusão é ao caso típico
do art. 55, caput -, perante o risco da emissão de decisões conflitantes e
contraditórias. Patente o maior alcance literal do art. 343, caput, em confronto
com o art. 55, caput, pois admite a conexão com os fundamentos da defesa. A
jurisprudência percebeu o alcance maior daquela regra, proclamando: “A
conexão referida no art. 315 do CPC [de 1973]possui maior abrangência que
a definida no art. 103 {de 1973}”.149
Exemplos colhidos em copiosa jurisprudência e, ainda, a valoração dos
interesses relativizaram a exigência posta no art. 343, caput. Assim, (a) na
compra e venda entre A e B, o comprador B reclama a entrega da coisa do
vencedor A, reconvindo o réu A para pedir o pagamento do preço do autor B,
defendendo com a alegação que já entregara a coisa; (b) o inquilino C pleiteia
do locador D a reparação dos danos provados por agressão física imputável
ao réu, mas este contesta, dizendo que resultaram de tumulto na assembleia
ordinária do condomínio, sem identificação positiva do agressor, e ingressa
com reconvenção, alegando que o comportamento deC no tumulto infringiu o
regulamento interno e constitui infração ao contrato, pleiteando despejo. No
primeiro caso, inexiste conexão entre as causas de pedir, porque os fatos
constitutivos do inadimplemento de A jamais se mostrarão idênticos aos de B,
e conexão com os fundamentos da defesa só existiria no caso de o réu
invocar a exceção de inadimplemento, dizendo-se desobrigado de entregar a
coisa enquanto não for pago o preço.150 E, no segundo exemplo, nenhuma
relação se divisa entre os elementos da ação originária e da
reconvenção.151 Em ambos, afigura-se assaz razoável dar seguimento à
reconvenção. A atividade de instrução será necessariamente comum e, de
toda sorte, solucionar-se-á de modo global e harmoniosa os litígios.

A essa configuração elástica e flexível, fundada em laços tênues, dá-se o


nome expressivo de “conexão instrumental”.152 É terminologia utilizada há
muito tempo,153adotada na jurisprudência,154 calhando ao figurino do art. 55, §
3.º, do NCPC. Não significa a inexistência de liame; ao invés, pressupõe-se
certo vínculo, mas tênue. É inadmissível a reconvenção que introduza
questões sem nenhuma relação com o objeto litigioso.155

Fora daí inexistem restrições ao cabimento da reconvenção em razão da


matéria. Em particular, a força da ação originária – declarativa, constitutiva,
condenatória, executiva e mandamental –,156 não restringe a admissibilidade
da reconvenção nos casos em que se processam pelo procedimento comum.

1.746. Oportunidade da reconvenção

Formado o processo mediante a entrega da demanda no ofício judicial


competente, nada pré-exclui a retorsão imediata do réu, contra-atacando o
autor, porque aguardava e preparava-se para conter a iniciativa do autor. De
ordinário, o chamamento a juízo, abrindo o prazo de resposta, assinala a
oportunidade propícia à formulação do pedido reconvencional. As
peculiaridades do prazo de quinze dias (art. 335) já receberam análise (retro,
1.731).

O art. 299 do CPC de 1973 estabelecia o ônus de o réu apresentar a


contestação e a reconvenção “simultaneamente”. O art. 190, segunda parte,
do CPC de 1939, adotava fórmula diferente – “A reconvenção será formulada
com a contestação” –, mas de sentido convergente. O advérbio originou-se do
art. 103 do Regulamento 737/1850 (retro, 1.742). Compreende-se a
sistemática no regime do primeiro código unitário, em que se admitia a
formulação do pedido na própria contestação, contanto que de forma clara e
inequívoca, recomendando-se, a bem da clareza, a separação formal para
atingir esse objetivo.157 Ora, no regime contrário do CPC de 1973, em princípio
previsto o oferecimento da contestação e da reconvenção “em peças
autônomas” (art. 299, primeira parte, in fine), a fim de a reconvenção não
passar despercebida à atenção do juiz,158 o advérbio provocou divergência,
tomando-se ao pé da letra a exigência da simultaneidade dos atos
postulatórios distintos.

Antes de tomar partido de uma das correntes, convém rememorar a


finalidade da disposição, relacionada ao requisito fundamental da
admissibilidade da reconvenção. Ao admitir pedido reconvencional conexo
com o fundamento da defesa. Sem a contemporânea oferta da contestação,
aparecendo a reconvenção isolada, faltaria semelhante elemento para o juiz
sopesar o cabimento do pedido do réu e, se for este o caso, rejeitá-lo
prontamente. A dificuldade desaparece na mesma medida em que se dilata o
requisito (retro, 1.745.3). Era correta, todavia, a opinião no sentido da
possibilidade da prática dos dois atos antes do vencimento do prazo de
defesa,159 apesar de alvitre contrário,160 secundado pela jurisprudência do
STJ.161

O NCPC encerra a questão: contestação e reconvenção veiculam-se,


formalmente, na mesma peça (art. 343, caput: “Na contestação…”).

O prazo da reconvenção é o prazo da resposta do réu (retro, 1.731). Em


relação à dilatação legal, beneficiando o Ministério Público, a Defensoria
Pública e a Advocacia Pública, a despeito de reclamarem a mais estrita das
interpretações (retro, 1.177.2),162 entendia-se, no direito anterior, cabível a
dilatação,163 mediante argumento pouco persuasivo. Seja como for, o STF
admitiu a dilatação legal reconvenção.164

No procedimento comum, marcado pela consumação de etapas,


inadmissível o réu reconvir após o prazo da contestação. Em estágio mais
adiantado, desapareceriam quaisquer vantagens no tratamento conjunto dos
pedidos contrapostos, inexistindo no direito brasileiro tratamento que privilegie
a reconvenção em contraste com a ação. Porém, como justamente se
observa no direito germânico, a reconvenção é mais ataque que meio de
defesa (Verteidigungsmitteln), este passível de preclusão,165 restando aberta
ao réu a possibilidade de propor autonomamente a pretensão que omitiu na
resposta. Idêntica noção se defende sob o título de facultatividade da
reconvenção.166

1.747. Efeitos da reconvenção

A reconvenção produz efeitos processuais e materiais. A pretensão


deduzida pelo réu torna o objeto do processo complexo. Eventualmente,
porque o autor já formulou mais de um pedido ou expôs mais de uma causa
petendi (cumulação originária), a reconvenção acentuará a complexidade
primitiva. À diferença do que sucede na cumulação originária, o cúmulo
derivado da reconvenção caracteriza-se pela contraposição de pedidos. É o
traço mais significativo da reconvenção, e, a fortiori, do contrapedido.

Em determinadas situações, conforme o teor das alegações do reconvinte,


a reconvenção pré-exclui o efeito material da revelia (art. 344), abstendo-se o
réu de contestar (infra, 1.748.4).

Deduzida a reconvenção, operam-se os efeitos processuais (a) da


proibição da renovação da demanda (retro, 1.498), (b) da perpetuação do
valor (retro, 1.501) e (c) da proibição de inovar o estado de fato (retro, 1.502).
O juízo da causa originária já está prevento e é o único competente. O
deferimento do pedido reconvencional é irrelevante nesse âmbito.167

Os efeitos característicos da proposição da ação no plano substancial


produzem-se normalmente.168 A interrupção da prescrição e da decadência,
relativamente ao objeto litigioso da reconvenção, é o mais significativo (retro,
1.507).

1.748. Procedimento da reconvenção

O procedimento da reconvenção é o comum. Reproduzirá as etapas da


pretensão processual originária, segundo o roteiro aqui em exame, e o
paralelismo suscita o curioso problema da reconventio reconventionis. O
órgão judiciário deve exercer o controle de admissibilidade da reconvenção,
incluindo os aspectos formais da petição, abrir prazo de resposta ao
reconvindo, e assim por diante.

Esse reflexo tardio ou autêntica verberação da demanda originária


evidencia a desvantagem patente do pedido reconvencional. Reiniciará a
etapa postulatória e, conseguintemente, aumentará a atividade processual no
mesmo processo, pois as pretensões cumuladas só caminharão
rigorosamente juntas a partir da decisão de saneamento. O enxerto da
reconvenção presta-se para retardar e desviar o curso do processo.169

1.748.1. Forma da reconvenção – O art. 343, caput, disciplina a


oportunidade e a forma da reconvenção. Em princípio, o réu deduzirá pedido
próprio na contestação. O objetivo da separação formal de peças, no CPC de
1973, relativamente ao art. 190, segunda parte, do CPC de 1939, consistiu em
destacar a reconvenção, erradicando o risco de passar despercebida aos
olhos do juiz.170 Reunida a contestação e a reconvenção na mesma peça, a
teor do art. 343, caput, o risco aumenta, haja vista a quantidade de feitos. Lida
a peça, como se espera, o juiz mandará o distribuidor registrá-la (art. 286,
parágrafo único). É objetivo menor. O antigo direito espanhol permitia a
reconvenção como parte do escrito da contestação.171

Apresentado o pedido reconvencional como capítulo destacado da


contestação, possibilidade admitida no direito anterior,172 porque o pedido há
de ser explícito, ou até em petição autônoma – nada o impede, respeitada a
simultaneidade dos atos –, o reconvinte há de observar os requisitos formais e
materiais do art. 319,173anteriormente explicados, ressalva feita à prestação de
caução (art. 83).174 O escrivão ou chefe de secretaria juntará a reconvenção
aos autos da causa originária.175 A prática de autuação em separado,
encetada nos albores da vigência do CPC de 1973, logo caiu em desuso,
constrangida pelo argumento de que tal autuação própria afrontaria a própria
natureza da reconvenção.176 Não tem o menor sentido à luz do art. 343, caput.

O pedido na reconvenção não discrepa do modelo geral. E nada impede


que o reconvinte cumule dois ou mais pedidos reconvencionalmente, e, a
fortiori, duas ou mais causas de pedir, nas mesmas condições do cúmulo
originário (retro, 280 e 275). Na literatura alemã, cogita-se de reconvenção
eventual (Eventualwiderklage),177reconvindo o réu para se forrar à eventual
rejeição da defesa de mérito. Por exemplo, na ação em que A pede a
condenação de B ao pagamento da dívida de X, decorrente da compra e
venda do bem Y, o réu B alega a inexistência da dívida, porque jamais
comprou o bem Y, e deduz reconvenção, almejando compensar o crédito Z,
no que resultará a condenação do autor A na diferença superior a X, só na
hipótese de rejeição da defesa. Inexistem motivos reais para rejeitar tal
modalidade de reação do réu. É situação similar à do litisconsórcio eventual
(retro, 581.3).

O réu não necessita contestar para reconvir (art. 343, § 6.º).178 Na


realidade, independentemente de qualquer outra atitude defensiva.179 Nada
obsta ao réu formular reconhecimento da pretensão do autor e, escudado por
este ato de boa-fé, deduza reconvenção, pleiteando bem da vida. À luz do art.
343, caput, na interpretação elástica preconizada (retro, 1.745.3), o requisito
da conexão nenhum empecilho erige à reconvenção desacompanhada de
contestação, e, portanto, sem liame com o fundamento da defesa.

1.748.2. Controle da reconvenção – Deduzida a reconvenção, o órgão


judiciário depara-se com outra demanda a reclamar análise no prisma da
admissibilidade. A iniciativa do réu, vencido que esteja o controle da petição
inicial, impõe ao juiz atividade análoga.

A tônica do juízo de admissibilidade recairá sobre a conexão (art.


343, caput). No entanto, há outros requisitos (v.g., o prazo) e condições (v.g.,
a legitimidade), passíveis de exame. A oportunidade e conveniência de o réu
demandar o autor, in simultaneo processu, em vez de demandá-lo
autonomamente, escapa ao controle oficial, ao contrário do direito italiano.180

Aqui também se concebem três conteúdos ao provimento liminar do juiz


quanto à reconvenção: (a) a abertura de prazo para emenda, aplicando-se o
art. 321,caput; (b) o deferimento liminar da reconvenção, dando-lhe
seguimento com a abertura de prazo para resposta (art. 343, § 1.º); e (c) o
indeferimento liminar da reconvenção, nas hipóteses legais (art. 330),181 bem
como julgamento prévio de mérito (art. 332).

É pouco razoável vedar o pronunciamento de mérito, em virtude do dever


de o juiz julgar simultaneamente os pedidos contrapostos do autor e do réu, e,
ainda menos, indeferir a reconvenção, porque o reconvinte decaiu do alegado
direito ou prescreveu a respectiva pretensão (art. 332, § 1.º).182 A regra do
julgamento conjunto pressupõe a possibilidade de o juiz examinar o mérito
das pretensões por inteiro e após dilação probatória. A par do princípio da
autonomia, consagrado no art. 343, § 2.º, o art. 354, parágrafo único, permite
o julgamento conforme o estado do processo versando “parcela do processo”,
esclarecendo a possibilidade de impugnação do pronunciamento através de
agravo de instrumento. Não tem o menor sentido dar seguimento à
reconvenção fadada ao insucesso

Seja qual for o conteúdo do provimento liminar negativo, devendo


prosseguir o processo seu curso normal no que tange à pretensão processual
do autor, o recurso cabível é o agravo de instrumento.183

Não é de excluir a possibilidade de o juiz decretar medida de urgência em


favor do reconvinte. Por exemplo, compra e venda entre A e B, o
vendedor A pede a condenação do comprador B ao pagamento do preço,
reconvindo o réu B para pleitear a entrega da coisa, alegando na defesa que
não se encontra obrigado ao adimplemento antes da tradição. Consoante a
interpretação da prova documental das partes, havendo cláusula explícita no
sentido de obrigar o vendedor à entrega da coisa antes de receber o preço, no
todo ou em parte, perfeitamente concebível a decretação de medida de
urgência, inaudita altera parte, a favor do reconvindo, existindo receio de dano
(retro, 1.444).

1.748.3. Chamamento do reconvindo – Passando a reconvenção pelo


juízo positivo de admissibilidade, o juiz ordenará a intimação do reconvindo,
na pessoa do respectivo advogado, para contestá-la, segundo a literalidade
do art. 343, § 1.º.

O chamamento do reconvindo antecederá as providências preliminares


que o juiz tomaria, nos casos dos arts. 348 (o reconvinte pode optar por não
contestar a pretensão originária), 350 e 351, reservando-se este ato para
momento ulterior ao da resposta do reconvindo, aglutinando, pois, as
providências relativas às duas pretensões. Esse entendimento baseia-se na
economia e na celeridade imprimida ao procedimento comum. Convém
exaurir e concentrar completamente a fase postulatória antes de dar passo à
frente.

O art. 343, § 1.º, suscita vários reparos relevantes, como já ocorria no


direito anterior. O juiz não abrirá prazo para o reconvindo simplesmente
porque oferecida a reconvenção como determina a regra. Abrirá o prazo
quando e se admitir, em termos, a demanda do réu.184 E, de resto, o aceno à
resposta, no art. 343, § 1.º, recorda não se esgotarem as variantes defensivas
do reconvindo na contestação. O contra-ataque do réu põe o autor
instantaneamente em posição de defesa. Desse ponto em diante, por tanto,
acodem-lhe, por força do princípio da igualdade, todos os meios de defesa
concebíveis, típicos ou não, no grupo dos atípicos da correção da
legitimidade, examinados mais adiante, fora as impossibilidades óbvias (v.g.,
a exceção de incompetência relativa).

O chamamento do reconvindo para responder na pessoa do advogado


recebeu a designação de “intimação”. Escusado dizer que, ressalva feita à
denominação diferente, cuida-se de citação,185 produzindo os efeitos que são
próprios desse ato (v.g., a interrupção da prescrição). A esta altura, já não
parece razoável confundir a natureza do ato com o respectivo destinatário –
no caso, o advogado do autor, haja recebido, ou não, poderes especiais para
receber citação (art. 105, caput).186 A regra aplica-se à advocacia privada e
pública (v.g., o procurador federal). Problema distinto, no caso do autor
representado por órgão da Defensoria Pública, consiste na incidência do art.
341, parágrafo único; porém, esse pormenor não interfere com a forma do
chamamento do reconvindo.187 E o argumento de que não se impõe chamar
quem já se acha em juízo,188 haurido de alvitre da doutrina peninsular,189 olvida
outra função da citação: a ciência do conteúdo da pretensão ou editio
actionis(retro, 1.701). Essa técnica recebeu ulteriores desenvolvimentos nas
reformas legislativas sem desvantagens dignas de nota. Em contrapartida, o
advogado do réu tampouco necessitará de poderes especiais para reconvir.190

A intimação do autor na pessoa do advogado realizar-se-á,


preferencialmente, por via eletrônica (art. 270, caput). Nada exclui, entretanto,
as demais modalidades de intimação (v.g., feita pelo escrivão, in faciem,
comparecendo o advogado do autor em cartório).

Ficando o autor sem representação técnica, no interregno entre a


propositura da ação originária e a resposta do réu, e nos casos excepcionais
em que o autor postula em nome próprio (art. 106), realizar-se-á a citação (e,
não, intimação) por um dos meios legais (art. 246), sem embargo das
providências tendentes, na primeira hipótese, ao suprimento da falta de
representação (retro, 1.036). O seguimento da reconvenção não pode ficar
atado à iniciativa do autor em constituir advogado.

Excepcionalmente, a reconvenção importará a ampliação subjetiva de um


dos polos da relação processual (art. 343, § 3.º). Em tal hipótese, o terceiro –
a pessoa que ainda não figura como parte – será citado (art. 246).191

1.748.4. Resposta do reconvindo – O prazo de resposta do reconvindo é


de quinze dias (art. 343, § 1.º). O interregno equivale ao da resposta do
reconvinte, pois não se conceberia tratamento desigual a partes em idêntica
posição.192

O prazo de resposta do reconvindo fluirá ordinariamente (art. 219 c/c art.


224). Existindo litisconsórcio passivo, incidirá o art. 229 no caso de os
reconvindos exibirem procuradores diferentes. É altamente recomendável
pressupor a dilatação do prazo no caso de chamamento a juízo de terceiro.
Também incidirá a dilatação, figurando como reconvindos a Fazenda Pública,
parte representada pela Defensoria Pública ou o Ministério Público.

A defesa do reconvindo há de exibir estatura e alcance similares à do


réu.193 Os meios de resposta são os comuns.

Ao autor não cabe opor exceção de incompetência relativa à pretensão


reconvencional (art. 337, II), porque o juízo da causa principal tem sua
competência prorrogada.194 A exceção de parcialidade talvez seja oportuna,
no prazo de resposta do reconvindo, considerando mudanças supervenientes
na lotação do órgão judiciário (v.g., o provimento da vara anteriormente
ocupada por juiz substituto).

A respeito da contestação do reconvindo, valem as considerações já


expendidas.

E a reconvenção da reconvenção (reconventio reconventionis) revela-se


cabível.195 Não se afiguraria admissível, ademais, tolher a reação do
reconvindo. O autor assumirá condição de réu de ação autônoma e, nessa
posição, há de desfrutar de todos os meios de defesa porventura conferidos
aos réus em geral. No princípio da igualdade formal das partes – paridade de
armas – descansa o argumento decisivo em prol da admissibilidade da
figura.196

A reconvenção da reconvenção (Wider-Widerklage) é admissível nas


mesmas condições da reconvenção originária, ou seja, havendo
conexão.197 Entre nós, porém, a conexão (Zusammenhang) tem sentido largo
e abriga simples afinidade de pontos de fato. Por exemplo, contra a demanda
que lhe move A, pleiteando o pagamento do preço da compra e venda, o
réu B deduz reconvenção, a fim de compensar crédito originário de negócio
paralelo entre as partes, e o autor A, por sua vez, pleiteia a invalidação do
crédito de B, alegando coação.198

A reconvenção da reconvenção renovará a etapa postulatória do


processo. Essa perda de tempo e a possibilidade de verdadeira espiral de
reconvenções são as desvantagens patentes e o fundamento usual, v.g., da
jurisprudência espanhola contra essa figura.199

Lícito se afigura ao réu optar por (a) permanecer iniciativo ou revel (infra,
1.758);200 e (b) aderir ao pedido (infra, 1.762). Essas atitudes não interferem
na admissibilidade e no seguimento da reconvenção. Nada obstante a
ausência de impugnação direta às alegações de fato do autor, realizadas na
petição inicial, por decorrência da revelia, a presunção de veracidade (art.
344) não se afigura inelutável, ensejando-se, destarte, a providência
preliminar do art. 348. Em tese, as alegações do reconvinte podem
contradizer, no todo ou em parte, as do reconvindo. Exemplo clássico é o da
ação em que A pede a condenação do réu B ao pagamento do preço da
compra e venda, e o réu B deduz reconvenção, pleiteando a invalidação do
negócio jurídico.201 Reconhecendo a incidência do art. 344 no caso de
ausência de contestação à reconvenção, no direito anterior o STJ admitiu
relativa a presunção, “cedendo passo a outras circunstâncias constantes dos
autos”, e, portanto, “a falta de resposta à reconvenção não conduz,
necessariamente, à procedência do pedido reconvencional”.202

1.748.5. Providências preliminares na reconvenção – A resposta do


reconvindo enseja, por si, e independentemente do conteúdo da contestação,
as providências preliminares dos arts. 348, 350 e 351. Pode acontecer de o
réu tornar-se revel, a despeito de reconvir, e os fatos alegados na
reconvenção repelirem a presunção de veracidade (art. 344) dos fatos
alegados pelo reconvindo na petição inicial, a reclamar, portanto, a incidência
do art. 348.

Em matéria de providências preliminares, à boa marcha da cumulação


superveniente de pretensões processuais contrapostas convém abrir prazo
para o autor responder à reconvenção, antes de o juiz abrir o prazo de réplica,
porque não se exclui a possibilidade da reconventio reconventionis do
reconvindo. Essa aglutinação economizará tempo e atividade processual. Em
tal hipótese, o juiz assegurará a ulterior abertura de prazo para
réplica, expressis verbis, a fim de não deixar em dúvida o reconvindo e
constrangê-lo à prática do ato precocemente.

É intrínseco à reconvenção o aparente desajuste na etapa postulatória. As


discrepâncias cessam na decisão de saneamento e de organização do
processo (art. 357). A partir daí as vantagens da cumulação superveniente
evidenciam-se. O juiz examinará globalmente a controvérsia, fixando o tema
da prova, realizando instrução e julgamento conjuntos. Não há peculiaridades
dignas de registro na tramitação ulterior das demandas. Por óbvio, as ações
contrapostas prosseguem, conjuntamente, inexistindo qualquer motivo de
paralisia ou de extinção.203

1.749. Julgamento da reconvenção


O julgamento simultâneo da ação e da reconvenção é efeito natural da
acumulação superveniente de pretensões.204 Segundo o art. 490, o juiz
resolverá o mérito, “acolhendo ou rejeitando, no todo ou em parte, os pedidos
formulados pelas partes”, e o art. 487, I, declara haver resolução do mérito
quando o juiz “acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na
reconvenção”. E, realmente, vencidas as etapas anteriores, principalmente a
instrução das causas, formalmente o juiz emitirá sentença única. Este ato
decisório dividir-se-á substancialmente, no mínimo, em dois capítulos
principais.205 O STJ já admitiu que, impugnada a rejeição do pedido originário,
a apelação do autor vencido não devolve ao órgão ad quem a apreciação do
pedido reconvencional.206 Eventual omissão do pedido formulado na
reconvenção importará julgamento citra petita. Em tal hipótese, ao órgão ad
quem socorrem dois caminhos: (a) julgar diretamente o mérito da
reconvenção (art. 1.013, § 3.º);207 (b) ordenar o suprimento do vício em
primeiro grau, completando a sentença viciada. Em nenhuma hipótese,
entretanto, considerará implicitamente julgada a reconvenção, em virtude do
acolhimento do pedido originário.208

O julgamento conjunto dos pedidos contrapostos não é inexorável. O art.


343, § 2.º consagrou o princípio da autonomia das pretensões. Logo, o
reconhecimento do pedido, formulado pelo reconvindo no prazo de resposta,
ensejará a precipitação do julgamento, na forma do art. 354, caput, e
parágrafo único, c/c art. 487, III, a. O recurso cabível será o de agravo de
instrumento. O processo prosseguirá com os trâmites da pretensão
processual originária. Não há, absolutamente, obrigatoriedade no julgamento
conjunto do mérito. A concentração do juízo de mérito vale para cada
pretensão isolada. E da unidade da relação processual, apesar de complexo o
objeto do processo, retira-se argumento favorável ao julgamento separado,
quando possível, das pretensões contrapostas. Percebeu o essencial julgado
do STJ, ferindo o ponto: “A regra geral, a teor do disposto no art. 318 do CPC
{de 1973}, é a de que a ação e a reconvenção devem ser julgadas na mesma
sentença. Julgada extinta a primeira, contudo, nada obsta que prossiga a
segunda, porquanto subsiste a relação processual, com o conteúdo de ação,
do reconvinte contra o autor”.209

O entendimento aqui rejeitado, hostil à precipitação do julgamento de uma


das pretensões, no todo (art. 355) ou em parte (art. 356), e que postula o
exame integral do mérito na mesma oportunidade,210 incorre em excesso. A
tese toma o desejável como inevitável. Verdade que se harmoniza com a
tradição do direito pátrio.211 A generalização parte de equívoco de origem
conspícua: a impossibilidade de o juiz, no antigo despacho saneador, apreciar
e rejeitar questões prévias atinentes ao mérito, em particular a prescrição.
Então, era entendimento persuasivo. O art. 294 do CPC de 1939 enumerava o
que caberia ao juiz conhecer no saneamento e no catálogo não se incluía o
mérito ou partes do mérito.212 Ora, o regime do CPC de 1973, que omitiu rol
equivalente, revelava-se assaz diverso. E o NCPC seguiu essa linha. E, como
quer que seja, o STF admitiu a análise da prescrição e da decadência no
saneador na vigência do CPC de 1939.213

É antieconômico e injusto uma das partes, madura a respectiva pretensão


para julgamento imediato, preenchidos os pressupostos do art. 356,
permanecer aguardando a instrução da pretensão oposta pelo adversário. E
há que considerar o cenário do ponto de vista do autor. O pedido
reconvencional funda-se em laços tão distantes e ligeiros que nem sempre a
instrução trará maiores subsídios à formação do convencimento do juiz
quanto ao material de fato. Em tal contingência, o contra-ataque do réu
prestar-se-ia a objeto ilícito, paralisando indevidamente a pretensão
processual do autor, flagrantemente procedente, por tempo indeterminado.

Por outro lado, as vicissitudes ulteriores da pretensão do autor não obstam


o prosseguimento e a apreciação, de meritis, do pedido reconvencional, haja
vista o princípio da autonomia previsto no art. 343, § 2.º, salvo exceções (v.g.,
vínculo de dependência entre as pretensões).

Cabível que seja o julgamento único, a sentença conterá dois capítulos


acessórios relativos à sucumbência. O art. 85, § 1.º, manda aplicar à
reconvenção as regras gerais concernentes aos custos financeiros do
processo, incidindo, pois, os arts. 82, 85 e 86.

§ 359.º Exceções

1.750. Natureza das exceções autônomas

Deduzida a pretensão processual, mediante a entrega da petição inicial


em juízo (retro, 1.708), entre o autor e o Estado estabelece-se relação jurídica
chamada,brevitatis causa, de processo. A relação assumirá feição completa
com o chamamento do réu, vencido o juízo de admissibilidade provisório,
acuda, ou não, à citação. Essa relação se desenvolve progressivamente por
intermédio da cooperação das partes (art. 6.º). Os sujeitos da relação (autor,
Estado e réu) ficam subordinados aos resultados da atividade comum.214 À
semelhança de qualquer outra, a relação jurídica processual tem seus
elementos de existência, requisitos de validade e fatores de eficácia,
agrupados sob o rótulo equívoco de pressupostos processuais (retro, 97). O
processo distingue-se da pretensão processual, porque o efeito jurídico
pretendido pelo autor perante o réu, objeto do pedido e fundado na causa
petendi, indica só o respectivo conteúdo, ou mérito (objeto litigioso), resultante
das alegações contraditórias das partes.215

O esquema de continente (processo) e de conteúdo (mérito) condiciona os


rumos da atividade do órgão judiciário. Em primeiro lugar, o juiz enfrentará e,
se for este o caso, resolverá as questões atinentes ao próprio processo;
vencida essa primeira etapa (juízo de admissibilidade), encontra-se
inexoravelmente obrigado a deliberar acerca do objeto litigioso, ou mérito (res
in iudicium deducta), resolvendo as questões respectivas (juízo de mérito). O
juiz desenvolverá a atividade própria do seu ofício em dois planos
diferentes.216 Emitirá dois juízos distintos, o primeiro logicamente precedente
ao primeiro: (a) o juízo de admissibilidade, envolvendo as questões de
processo; e (b) o juízo de mérito, abrangendo as questões suscitadas na
defesa.

A identificação desses dois juízos expõe a árdua caminhada do autor para


alcançar seus objetivos no processo civil. Cumpre-lhe vencer a barreira da
admissibilidade, preenchendo todos os pressupostos processuais, assim
propiciando o julgamento do mérito, e persuadir o juiz que tem razão,
logrando sentença de procedência. Por sua vez, a barreira dupla atrai a
defesa do réu para dois alvos, mas concorrentes: atingido um deles, o réu
alcançará o sucesso, livrando-se do processo, variando só os efeitos da
decisão. É lícito ao réu atacar, simultaneamente, a regularidade do próprio
processo, suscitando as mal afamadas questões processuais – a
problemática dos pressupostos processuais e condições da ação –, sob o
ângulo que lhe favoreça, e, na sequência, o mérito.

A defesa contra o processo chama-se de defesa processual (retro, 313).


Ela se divide em duas espécies: (a) peremptória (v.g., a alegação de coisa
julgada, a teor do art. 337, VII), cujo acolhimento leva à extinção do processo
(art. 485, V); e (b) dilatória (v.g., a conexão, a teor do art. 337, VIII),
modificando ou desviando os rumos originais do processo (v.g., a reunião dos
processos conexos para julgamento conjunto). As matérias objeto de defesa
processual peremptória são chamadas de objeções. É importante recordar
que não se emprega essa palavra em sentido unívoco no direito brasileiro
(retro, 313.1.3). Também se utiliza objeção no sentido da alegação de fatos
impeditivos ou extintivos relativos ao mérito.217 Seja como for, o critério da
distinção repousa nos reflexos da defesa processual no desfecho do
processo.

O CPC de 1973 admitia, dentre os meios de defesa, duas exceções


autônomas: a de incompetência relativa e a de parcialidade. Essas exceções
integram os meios de defesa típicos no conjunto da defesa do réu. Por essa
via, o réu deduzia defesa processual dilatória.218 O acolhimento não conduzirá
à extinção do processo, produzindo efeitos diferentes: no caso da
incompetência (relativa), a remessa do processo ao juízo competente; no
caso do impedimento e da suspeição, a troca da pessoa investida no órgão
judiciário competente.

Evoluiu o CPC de 1973, depurando o alcance da exceção,219 por dois


motivos: (a) o processo civil moderno arrancou dos esforços tendentes a
separar com maior nitidez a defesa processual da defesa substancial, e
palavra “exceção” se harmoniza mais com a defesa de mérito indireta (retro,
339); (b) o conceito de exceção era dos mais equívocos no CPC de
1939.220 No anteprojeto do segundo estatuto, usava-se a palavra no sentido
de defesa indireta, quer de mérito (exceção substancial), quer processual
(objeções). O processo legislativo substituiu-a por defesa.221 Em contrapartida,
as exceções substantivas abrigaram-se nas categorias de fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor, que reparte o ônus da prova
consoante a parte que alega o fato,222 e recebiam menção no art. 462 do CPC
de 1973, equivalente ao art. 493, caput, do NCPC.

Por via de exceção, na sistemática do CPC de 1973, o réu suscitava


questões concernentes à competência relativa e à parcialidade do juiz
(suspeição e impedimento). Eram meios de defesa processual. A explicação
para o destaque dessa matéria do veio comum das questões prévias, hoje
previstas no art. 337, consistia no fato de se processarem de forma autônoma
e implicarem a suspensão do processo. E, por outro lado, a restrição das
exceções processuais ao número de três – incompetência relativa, suspeição
e impedimento, a rigor duas, considerando o objetivo comum da alegação do
impedimento e da suspeição – evitava os estorvos existentes no direito
processual pré-unitário, marcado pelas Ordenações Filipinas (Livro 3, Título
49, § 2.º), no qual o regime das exceções esgotava a paciência e os recursos
das partes.223 A conclusão geral é que o CPC de 1973 lograra melhor
estrutura.224 Não atingira, entretanto, a perfeição.

O objeto das exceções processuais, no sistema do art. 304 do CPC de


1973, envolvia pressupostos processuais subjetivos do órgão judiciário –
competência relativa e imparcialidade (retro, 313.1.3).

Não era a iniciativa exclusiva das partes o denominador comum dessa


peculiar espécie de defesa. O conhecimento dessa matéria subordina-se à
iniciativa das partes, mas o juiz tem o dever de declarar-se impedido ou
suspeito (retro, 963). E, ademais, a iniciativa das partes não se afigura
uniforme. A exceção de parcialidade pode ser empregada pelo autor (v.g.,
para arguir o impedimento do juiz, logo após a distribuição da causa, ou em
virtude das movimentações supervenientes e naturais do pessoal judiciário). A
incompetência relativa subordina-se só à iniciativa do réu (infra, 1.753.2), pré-
excluída a do autor.

Na realidade, existiam dois elementos comuns ao grupo das exceções


“processuais”.225 As exceções processuais processavam-se como incidentes
autônomos, em autos apartados. E o recebimento pelo juiz implicava a
suspensão do processo. Pode-se dizer que a lei acertou na designação –
exceção processual – apenas no caso da incompetência relativa.226

O arranjo legislativo do NCPC é completamente distinto nessa matéria.


Nada obstante a possibilidade de chamar de exceção à incompetência
relativa, porque defesa processual dilatória subordinada à iniciativa do réu, o
terceiro código unitário manifesta peculiar ojeriza aos incidentes autônomos e
aglutinou, na contestação, a alegação da incompetência relativa (art. 337, II).

Porém, há um caso deveras peculiar em que, de certa maneira,


sobreviveu a exceção autônoma e, senão o efeito suspensivo em sentido
próprio, porque taxativas as hipóteses do art. 313, o análogo fenômeno da
imobilização: a apresentação pelo réu da contestação no foro do seu domicílio
(art. 340), alegando a incompetência relativa. Nessa hipótese, com efeito,
caberá ao juízo da causa, eventualmente incompetente, suspender a
audiência de conciliação e de mediação (art. 334), e apreciar,
preliminarmente, a questão de competência. O art. 340 inspirou-se no art.
305, parágrafo único, do CPC de 1973, atinentes apenas à incompetência
relativa. E, sem dúvida, nesse caso é maior a utilidade da iniciativa do réu,
porque ao juiz cumpre examinar a competência absoluta ao despachar a
inicial, devendo declará-la,ex officio, de imediato (art. 64, § 1.º). Embora
alegada na contestação (e, portanto, respeitado o princípio da concentração,
previsto no art. 336), a exceção de incompetência relativa adquire certa
autonomia, devendo ser analisada na perspectiva do art. 340 (infra, 1.753).

Por outro lado, sobreviveu a exceção de parcialidade autônoma no art.


146, eventualmente dotada de efeito suspensivo ope judicis (art. 146, § 2.º, II).
Três circunstâncias distintas preservaram essa autonomia: (a) a impugnação
à imparcialidade da pessoa investida na função judicante também toca ao
autor; (b) a necessidade de instrução do incidente acerca de fatos distintos
dos que integram o mérito, inclusive através da prova testemunhal (art.
146, caput, parte final, e art. 146, § 1.º); (c) competir ao tribunal processar e
julgar o incidente, não admitindo o juiz ou a juíza o motivo de impedimento ou
de suspeição alegado pela parte. Impende, pois, examinar esse meio de
defesa posto à disposição do réu (infra, 1.574)

1.751. Oportunidade das exceções autônomas

O prazo hábil para o réu oferecer excepcionar a incompetência relativa é o


da resposta (art. 335). Porém, talvez o réu antecipe essa alegação,
oferecendo a contestação antes da audiência de conciliação e de mediação
(art. 334), no foro do seu domicílio (art. 340).

Por sua vez, o art. 146, caput, assinala o prazo de quinze dias para a parte
(autor e réu) arguirem o impedimento ou a suspeição contato do
“conhecimento do fato”. A causa do impedimento e da suspeição (e o
respectivo conhecimento), inabilitando certa pessoa a processar, julgar e
executar a causa, talvez apareça posteriormente à fase postulatória (v.g., a
movimentação, em virtude das injunções da carreira, da pessoa no órgão
judicial) ou seja conhecida em estágio mais adiantado do procedimento

Por esse relevante motivo, a exceção de parcialidade do juiz pode ser


oferecida em ambos os graus de jurisdição, e por qualquer das partes, da
ciência desse fato.227 A quebra da equidistância surge em estágios diferentes
do processo, conforme circunstâncias aleatórias, em virtude da movimentação
natural na carreira dos magistrados de primeiro grau e da lotação dos juízes
dos tribunais. Talvez o órgão judiciário seja inicialmente ocupado por juiz
desimpedido e insuspeito. E no curso do processo, a morte, a promoção, a
aposentadoria ou a remoção extinguiu a investidura da pessoa (morte e
aposentadoria) ou a transferiu do órgão, passando este a ser ocupado por juiz
ou juíza impedida ou suspeita.

1.752. Efeitos das exceções autônomas

O efeito mais expressivo das exceções, na configuração antes


preconizada, consiste da paralisação do processo parcial (ou
imprópria).228 Não cessará por inteiro a atividade processual. O procedimento
principal fica sobrestado, mas abre-se uma variante para processar e julgar a
exceção, praticando-se os atos processuais pertinentes.

No que tange à exceção de incompetência, inspirando-se o art. 340 do


NCPC no art. 305, parágrafo único, do CPC de 1973, a suspensão do
processo, nesses termos, avulta no art. 340, § 3.º, segundo o qual o juiz da
causa suspenderá a audiência de conciliação e de mediação designada no
provimento liminar positivo (art. 334, caput).

Não se mostram idênticos os termos iniciais da suspensão do


processo, ope legis, conforme a natureza da exceção oposta.

1.752.1. Efeito suspensivo da exceção de incompetência – Apresentada a


contestação no juízo do seu domicílio, sob o pretexto da incompetência
relativa ou absoluta do juízo da causa, a iniciativa do réu imprime variante ao
procedimento comum, porque a audiência de conciliação e de mediação já
designada (art. 334) será suspensa (art. 340, § 3.º). Esse efeito produzir-se-
á, ope judicis, tão logo recebida a comunicação do art. 340, caput, parte final.
Embora seja lícito ao réu alegar a incompetência absoluta, a própria
escolha do foro do seu domicílio já releva cuidar-se de exceção de
incompetência (relativa) e, não, tecnicamente, de objeção de incompetência
(absoluta). Ao juiz incumbe, ao primeiro contato com a petição inicial, apreciar
a sua própria competência e, nos casos de incompetência absoluta, declará-
la, ex officio, de imediato (art. 64, § 1.º), remetendo o processo ao juízo
competente (art. 64, § 3.º). Lícito presumir que, a mais das vezes, o réu
alegará a incompetência relativa ao abrigo do art. 340. É o que se infere,
ademais, do art. 340, § 2.º: “Reconhecida a competência do foro indicado pelo
réu…”.

Encerra-se a imobilização do processo uma vez definida a competência


pelo juízo da causa. Então, concebem-se duas hipóteses: (a) ou reconheceu a
própria competência; ou (b) declinou da competência para outro juízo,
eventualmente o do domicílio do réu, havendo prevenção do juízo no qual o
réu distribuiu a contestação ou ocorreu a distribuição da carta de citação (art.
340, § 2.º).

Desse pronunciamento, no procedimento comum do processo com função


de conhecimento, não cabe recurso autônomo, porque ato alheio ao catálogo
do art. 1.015.

Desapareceu o antigo e instigante problema do termo final do prazo de


suspensão no direito anterior, pois o art. 306, parte final, do CPC de 1973
subordinava-o ao julgamento definitivo da questão de competência,
permanecendo o processo no mesmo juízo ou remetido ao juízo porventura
competente.229 O advérbio “definitivamente” não equivalia a “decisão
irrecorrível”.230 Era a interpretação prevalecente na doutrina231 e na
jurisprudência.232

O reinício do procedimento comum, suspenso em virtude do oferecimento


da exceção, dependerá da intimação feita às partes do teor do provimento no
caso de rejeição.

Acolhida a exceção de incompetência (art. 340, § 2.º), o efeito principal do


provimento consiste na remessa do processo ao juízo competente. O juízo
que acolheu a exceção deixou de ser competente para processar, julgar e
executar a causa, e não haveria sentido que o prazo reiniciasse com a
intimação das partes da emissão do provimento. Inicialmente, imaginou-se
que o prazo recomeçaria a fluir a partir da chegada dos autos no juízo
competente.233 Ora, a chegada dos autos é mero fato material, sem efeitos
jurídicos. As partes deverão ser intimadas da designação da audiência de
conciliação e de mediação (art. 334). A partir daí o procedimento comum
retomará seu itinerário.

1.752.2. Efeitos da exceção de parcialidade – Oposta exceção de


parcialidade, suspendia-se incontinenti o processo.234 Não existia necessidade
de recebimento da exceção e declaração dos respectivos efeitos.

O art. 146, § 2.º, alterou esse efeito automático. Apresentada a exceção


de parcialidade, concebem-se dois termos de alternativa: (a) a pessoa
investida na função judicante reconhece a causa de impedimento ou de
suspeição, ordenando a remessa do processo ao substituto legal, previsto na
tabela própria; (b) ou recusa a causa alegada e, autuada a exceção em
apartado, apresentará suas razões no prazo de quinze dias, “ordenando a
remessa do incidente ao tribunal” (art. 146, § 1.º).

Recebido o incidente e distribuído no tribunal, cumpre ao relator


suspender, ou não, o processamento da causa (art. 146, § 2.º).

De suspensão em sentido próprio (paralisa nos trâmites da causa


principal) não se cogita, salvo engano, se o juiz reconhecer de plano o
impedimento ou a suspeição, como lhe faculta o art. 146, § 1.º, primeira parte.
Em tal hipótese, acrescenta o dispositivo, “ordenará imediatamente a remessa
dos autos a seu substituto legal”. Tal decisão não desafia recurso. É verdade
que, nessa hipótese, o reinício do procedimento dependerá da assunção do
processo pelo substituto legal – o qual, de seu turno, também poderá
declarar-se impedido ou suspeito por motivo de foro íntimo – e da intimação
que porventura se faça às partes, especialmente à parte (e não só ao réu
nesse caso) que se beneficiava de qualquer prazo pendente. É uma variante
procedimental suspensiva do processo, de toda sorte, por pouco tempo.

Em relação ao termo final da suspensão, cumpre assinalar que, não


reconhecendo o juiz o alegado motivo de suspensão e de impedimento (art.
146, § 1.º, segunda parte), tocará ao tribunal julgar a exceção de
imparcialidade e, suspendendo o relator a tramitação da causa na origem,
assim permanecerá até o julgamento do incidente (art. 146, § 2.º, II, in fine).
As medidas de urgência serão pleiteadas perante o substituto legal (art. 146,
§ 3.º) enquanto não declarado o efeito suspensivo e caso seja concedido.

Em tal hipótese, a suspensão na pendência da exceção de parcialidade


prolongar-se-á por tempo indeterminado. O regimento interno do tribunal
contempla a distribuição do incidente a um relator e a audiência do Ministério
Público. A instrução desse incidente, em algumas das hipóteses dos arts. 144
e 145 (v.g., no caso de alegação de amizade íntima ou de inimizade capital), e
a coleta de prova testemunhal, é natural e inevitável.

1.753. Exceção de incompetência

Antes de mais nada impõe-se justificar o título e a pertinência da rubrica.


Em primeiro lugar, o problema terminológico. Embora a incompetência relativa
seja contemplada como questão preliminar no art. 337, II, não se alterou a
respectiva natureza, cuidando-se de defesa processual dilatória, não cabendo
ao órgão judicial conhecer do tema ex officio. Logo, calha ao tema o rótulo de
exceção (retro, 313.1.3). Como assinalado anterior, o art. 340 do NCPC
inspirou-se no art. 305, parágrafo único, do CPC de 1973, regra
escassamente utilizada no direito anterior, autorizando o réu a apresentar a
contestação no foro do seu domicílio, alegando a incompetência absoluta ou
relativa do juízo da causa, objeto da escolha do autor ao resolver o problema
de competência. Ora, a maior utilidade do expediente do art. 340 reside,
justamente, na incompetência relativa, como revela a redação do art. 340, §
2.º, in verbis: “Reconhecida a competência do foro indicado pelo réu…”. O
juízo da causa é provocado a resolver o problema de competência o quanto
antes, respeitado o contraditório. Em última análise, sobreviveu a exceção de
incompetência autônoma, justificando-se, destarte, o exame da iniciativa do
réu prevista no art. 340 nesse item.
1.753.1. Objeto da exceção de incompetência – A entrega da contestação
no foro do domicílio do réu tem especial utilidade nos casos de incompetência
relativa.

A competência relativa abrange as seguintes classes de competência: (a)


a competência territorial, a qual considera, principalmente, o domicílio, a
natureza do bem e o lugar da situação; (b) a competência em razão do valor,
estabelecida nas leis de organização judiciária, mas só no sentido que a
competência do juiz de direito abrange a do pretor, ou seja, “do mais para o
menos”;235 e (c) a competência da situação do imóvel, nas hipóteses não
mencionadas no art. 47, § 1.º.

O errôneo endereçamento da petição inicial geralmente envolve o


desrespeito à regra de competência territorial porventura aplicável à causa.
Razões diversas conduzem a esse resultado: erro casual na disposição e
resolução do problema de competência (retro, 378); escolha proposital do
juízo impróprio, por cálculo ou por conveniência (v.g., o autor vulnerável
propõe a ação no lugar do domicílio profissional do advogado…), apostando
na inércia do réu; e assim por diante. Demonstrada a má-fé no
endereçamento da petição inicial, caracteriza-se infração ao dever de
probidade (art. 5.º), respondendo o autor perante o adversário nos termos do
art. 81.

Em tema de competência territorial, instituída em proveito do interesse das


partes, porque em harmonia com o interesse público geral e prevalecente da
boa Administração da Justiça, o art. 63, § 3.º, excepciona a iniciativa exclusiva
da parte e, a fortiori, o ônus de o réu excepcionar a incompetência na
contestação, autorizando o controle da validade da cláusula de eleição de foro
nos contratos de adesão, ex officio, e o subsequente deslocamento do
processo para o juízo próprio. Entende-se por tal o juízo que processaria,
julgaria e executaria a cláusula se inexistisse eleição de outro foro. Este
assunto já recebeu análise em outro item (retro, 464.1.3) Em decorrência do
cabimento do controle ex officio, a qualquer tempo, inexiste preclusão, em
virtude da admissão (provisória) da inicial e da inércia do réu no prazo de
resposta.236

1.753.2. Legitimidade na exceção de incompetência – A arguição da


incompetência relativa subordina-se à iniciativa da parte legitimada. Não cabe
ao juiz pronunciá-la, ex officio, a teor da diretriz encampada na Súmula do
STJ, n. 33, salvo no caso do art. 63, § 3.º, e por decorrência da decretação
incidental da invalidade da cláusula de eleição de foro inserida em contrato de
adesão.

A incompetência relativa é matéria de defesa do réu. Ao autor não cabe


opor exceção de incompetência.237 Coube-lhe a escolha do juízo, resolvendo o
problema de competência, e na hipótese de erro casual ou intencional a
suscitação da exceção provocaria tumulto, “tanto mais quanto se trata de
matéria a ele igualmente disponível”.238 Fundamenta-se o veto na preclusão
lógica.239

A parte coadjuvante, intervindo no feito na forma do art. 178, legitima-se


excepcionar a incompetência relativa, sobrepondo-se à esfera de disposição
das partes (retro, 1.067), a teor do art. 65, parágrafo único. Não era unívoca a
jurisprudência do STJ a esse propósito, existindo precedentes no sentido da
legitimidade do Ministério Público.240 Ora, se os poderes da parte coadjuvante
não excedem os do juiz, e o art. 65, caput, declara que ficará prorrogada a
competência, não a declinando o juiz, na hipótese do art. 63, § 3.º, “ou o réu
não opuser exceção declinatória nos casos e prazos legais”, a rigor não
caberia ao Ministério Público impedir prorrogação da competência.241 Fatores
ideológicos influenciam os entendimentos nesse terreno. O interesse público
(art. 178, I) oferece o pretexto desejável para a intervenção de órgão do
Estado (o Ministério Público integra o aparato estatal) na autonomia privada.
Em princípio, todavia, só as partes passivas principais legitimam-se a
excepcionar a competência e apenas o réu tem a faculdade de distribuir a
contestação no foro do seu domicílio.

Os meios de defesa do assistente encontram-se limitados por força da


qualidade de parte auxiliar. É controvertido o direito de o assistente alegar a
incompetência relativa, obstando ao juiz incompetente se transforme em
competente. Este entendimento descansa nos poderes dispositivos da parte
principal, ou seja, do réu. Ao do autor não cabe arguir a incompetência
relativa, porque semelhante direito também não socorre o assistido. E,
optando o réu por litigar no juízo impróprio escolhido pelo autor,242 ao
assistente resta conformar-se. É razoável o alvitre, posto que não seja
unânime.243

O assistente litisconsorcial discrepa desse modelo. Reduzido que seja o


espaço reservado a tal interveniente, ele é titular (ou cotitular) do direito posto
em causa, legitimando-se a alegar a incompetência relativa.244

Os terceiros intervenientes tornam-se partes principais após o juízo


positivo quanto à respectiva admissão no feito pendente. As hipóteses do
chamamento em garantia e do chamamento ao processo não têm solução
unívoca.

Em relação ao chamamento em garantia realizado pelo réu, o


processamento da pretensão regressiva (na concepção prevalecente do
instituto) compete ao juízo da causa principal, mas o chamado também figura
como litisconsorte do chamante, contestando a pretensão do adversário
comum, como antevê o art. 128, I. Se a condição do chamado for a de
assistente simples, em vez de litisconsorte, valem as considerações já feitas;
ao invés, na posição de litisconsorte (única possibilidade de intervenção,
segundo a concepção alternativa do instituto), parece lícito cogitar da
possibilidade de o chamado em garantia excepcionar a incompetência
relativa. Dependerá da oportunidade do chamamento. O processo não
retrocede por força do ingresso do terceiro em litisconsórcio ulterior. Uma vez
prorrogada a competência, por inércia do chamante, nos termos do art.
65, caput, a preclusão, porque omisso o réu, não atingirá o chamado.
Segundo a construção alternativa, a exceção de incompetência é privativa do
denunciante.245 O chamado pelo autor é litisconsorte e não tem legitimidade
negada ao próprio chamante.

É mais simples a posição do chamado ao processo, haja vista a qualidade


de réu. O chamado ao processo apresentará resposta, contestando o pedido
do autor com as exceções comuns e pessoais (v.g., prescrição) porventura
cabíveis, e naturalmente não se lhe recusarão os demais meios de defesa,
incluindo a reconvenção e a exceção de incompetência,246 inclusive o uso da
faculdade do art. 340 do NCPC.

O interveniente principal (ou opoente) há de litigar no juízo da causa


principal. Permanece terceiro em relação a esta e, portanto, inabilitado a
controverter as regras de competência do litígio originário.

1.753.3. Procedimento da exceção de incompetência – Segundo o art. 64,


§ 2.º, não cabe ao órgão judiciário decidir a questão de competência sem
audiência da parte contrária.

Formalmente, o contestará a pretensão do autor, alegando a


incompetência do juízo da causa, e, para esse efeito, nos termos do art. 340:
(a) o réu endereçará a petição ao juízo competente no foro do seu domicílio;
(b) o réu identificará e qualificará as partes na contestação; (c) o réu invocará
a regra de competência aplicável à espécie, ministrando prova hábil dos
respectivos elementos de incidência; (d) o réu indicará o juízo para o qual
declina a causa, presumivelmente o foro do seu domicílio, haja vista a
incidência da regra invocada; e (e) o réu requererá a suspensão do feito,
embora o efeito do art. 340, § 3.º, seja ope legis, a remessa da contestação
ao juízo da causa a intimação do(s) autor(es) e o acolhimento da exceção.247

Não há a menor possibilidade de o réu alegar a incompetência do juízo da


causa, reservando-se o direito de complementar a contestação no prazo do
art. 335. Eis a principal desvantagem da faculdade do art. 340: o réu, por
assim dizer, põe suas cartas na mesa, antes da audiência de conciliação e de
mediação (art. 334), comparecendo a essa audiência, posteriormente, em
posição incômoda para negociar, principalmente se a não apresentar defesa
robusta.

A jurisprudência do STJ já a alegação no corpo da contestação.248 O


fundamento não descansava da instrumentalidade das formas,249 porque
cuidava-se, no direito anterior, de ato de forma vinculada (retro, 1.099.3), e,
não, livre ou consentida. O fundamento hábil consistia na inexistência de
prejuízo. Invertida a proposição legislativa, lícito admitir petição autônoma,
para os fins do art. 340, caput, mas o réu deverá contestar a pretensão do
autor, simultaneamente, sob pena de tornar-se revel.

Em geral, a questão relativa à competência é questio juris; entretanto,


talvez seja imperioso produzir prova documental (v.g., do verdadeiro domicílio
do réu em outra comarca, para os efeitos do art. 46, através de ata notarial).
O art. 340 não prevê a produção de prova para resolver o problema de
competência. Essa questão ficou em aberto, aglutinada a exceção de
incompetência na contestação (art. 337, II), mas há casos em que a prova
testemunhal mostrar-se-á inelutável.

A apresentação da contestação no juízo do próprio domicílio já indica qual


o foro competente no alvitre do réu. É comum o réu formular requerimento
nesse sentido. Impende alegar os motivos pelos quais o autor resolveu
erroneamente o problema de competência, servindo o requerimento de
conclusão ao raciocínio. Basta indicar o lugar. Conforme o caso, a
competência é em outro Estado-membro, e o advogado do excipiente talvez
não conheça em pormenores a organização judiciária local.250 Resta definir se
o juiz encontra-se adstrito, ou não, a semelhante requerimento.251 Concorrem,
a esse respeito, visões diferentes, a autoritária e a liberal. Segundo a primeira
vertente, o juiz não está adstrito ao foro declinado;252 na segunda, recorda-se
o caráter disponível da competência relativa. O art. 340, § 2.º, declara
prevento o juízo no qual distribuiu-se a contestação ou para o qual distribuiu-
se a carta precatória, optando pela adstrição do juízo da causa. Porém,
tratando-se de competência absoluta, outro pode ser o juízo competente e
nada impede o juiz de rejeitar a exceção e remeter o processo ao juízo
competente segundo as regras gerais.

O juízo que receber a contestação por distribuição, ou o juízo que


processou a carta de citação, comunicará imediatamente ao juízo da causa,
“preferencialmente por meio eletrônico” (art. 340, caput), seguindo-se a
remessa da contestação (e, se for o caso, a carta cumprida) ao juízo da
causa.

Ao receber a contestação, ao juiz da causa caberá: (a) indeferir a exceção


liminarmente, porque manifestamente infundada; (b) mandar ouvir o autor,
porque obrigatório o contraditório (art. 64, § 2.º: “Após manifestação da parte
contrária…”), no prazo de cinco dias (art. 218, § 3.º) ou, entendendo-se
aplicável o art. 351, por analogia (a manifestação recairá unicamente na
questão de competência), no prazo de quinze dias. O prazo flui
ordinariamente (art. 219 e 224).

Entende-se por exceção manifestamente improcedente a que se revela,


por força das razões de direito invocadas (v.g., o réu na ação da ação de
alimentos pretende ser demandado em seu domicílio, em detrimento da regra
especial do art. 53, II), e dos seus termos,253 não receberá acolhimento. A
alegação de fato obsta esse juízo abrupto. Assim, alegando o réu na ação de
alimentos, demandado em lugar distinto do próprio domicílio, que a autora não
reside no foro escolhido, o juiz necessitará de prova para esclarecer a
questão.

A audição do autor afigura-se obrigatória e, preterida, inválida a resolução


da questão (art. 64, § 4.º). O órgão ad quem não decretará a invalidade no
caso de a decisão favorecer o excepto, porque inexistirá, então,
prejuízo.254 Não cabendo agravo de instrumento, a teor do art. 1.015, o
reexame desse aspecto ficará postergado, devendo ser ventilado nas razões
ou nas contrarrazões da futura apelação.

Do autor concebem-se três atitudes no prazo: (a) reconhecer o erro no


problema de competência, hipótese em que o juiz acolherá a exceção; (b)
impugnar a exceção, controvertendo, ou não, os fatos alegados (v.g., o réu
alegou que a autora da ação de alimentos reside em outro local, mas o
respectivo advogado impugna tal alegação); (c) permanecer inerte, deixando
escoar, in albis, o prazo legal, caso em que o juiz acolherá a exceção.

A controvérsia acerca da alegação de fato ensejará, conforme a hipótese,


a designação de audiência especial. Era a solução do direito anterior e, em
casos especiais, o único possível. O procedimento probatório é o comum ao
da instrução da própria causa. A prova testemunhal será admissível
consoante às regras gerais de semelhante meio de prova. No caso versado,
em que a controvérsia recai sobre o lugar exato da residência da autora, na
oportunidade em que ajuizou a demanda, não ministrando as partes prova
documental hábil (v.g., conta de luz), a prova oral é admissível. Dependerá da
pauta do juízo a data da audiência.

1.753.4. Efeitos do julgamento da exceção de incompetência – Rejeitada a


questão de incompetência suscitada pelo réu, o juízo da causa declarar-se-á
competente, designando nova audiência de conciliação e de mediação (art.
340, § 4.º). Ao invés, acolhida a exceção, remeter-se-á o processo ao juízo
prevento no domicílio do réu (art. 340, § 2.º), a este incumbindo a designação
da audiência do art. 334.

Em qualquer hipótese, não cabe agravo de instrumento, porque o ato não


se encontra previsto no catálogo do art. 1.015.

Os atos decisórios proferidos no juízo incompetente seguem a regra


geral. No caso dos atos decisórios proferidos por juízo relativamente
incompetente, invoca-se antigo brocardo – quando est periculum in mora
incompetentia non attenditur. O receio de dano ampara a validade e a eficácia
de provimentos urgentes, mas proferidos por juízo incompetente, antes ou
depois do reconhecimento da incompetência relativa. O provimento
sobreviverá incólume ao deslocamento para o juízo competente, subsistindo
íntegros seus efeitos. É o que decorre do art. 314.

1.754. Exceção de parcialidade

O exercício da função judicante exige do homem e da mulher investidos


no órgão judiciário certa equidistância do litígio. Do juiz e da juíza a sociedade
espera serenidade e frieza, atributos dificilmente alcançáveis por quem se
envolva emocionalmente com os litigantes (v.g., por amizade íntima com uma
das partes, a teor do art. 145, I, ou por laços de parentesco, a teor do art. 144,
IV) ou com os interesses concretos disputados, direta (art. 145, IV) ou
indiretamente (v.g., o juiz é credor do réu, motivo por que o acolhimento da
pretensão do autor refletir-se-á na garantia patrimonial, a teor do art. 145, II).

O juiz e a juíza têm o dever de abster-se de oficiar no processo nos casos


legais. Pode acontecer que desconheçam o motivo do impedimento ou da
suspeição (v.g., o parentesco a que alude o art. 144, IV, consanguíneo ou
afim, em linha reta ou colateral até o terceiro grau, conforme a intensidade
dos vínculos da família) ou, simplesmente, não atentem ao fato de figurar
como parte no processo o seu empregado doméstico (art. 144, VI),
identificado pelo nome completo, mas conhecido pelo cognome. Em tais
hipóteses, violado o dever de abstenção, cabe à parte recusar o juiz ou a
juíza. Entende-se por violação do dever de abstenção a assunção, ao menos
implícita, do ofício de juiz no processo.

O art. 146 assegura às partes, em qualquer estágio do processo, mas no


prazo de quinze dias contados da ciência do fato, a oposição da exceção de
parcialidade do juiz.

E não só a pessoa investida no órgão judiciário tem o dever de abstenção.


O art. 148, caput, manda aplicar às pessoas investidas no órgão do Ministério
Público que oficiará no processo, aos órgãos auxiliares do juízo e aos sujeitos
imparciais do processo – expressão equívoca, abrangendo os colaboradores
da justiça – os motivos de impedimento e de suspeição. Essa fórmula autoriza
a ilação que essas pessoas têm idêntico dever de abstenção (v.g., quanto ao
perito, o art. 157, § 1.º). Os parágrafos do art. 148 estabelecem o cabimento,
a legitimidade, a forma, os requisitos, a tempestividade e o procedimento da
arguição de parcialidade do Ministério Público e dos auxiliares do juízo,
incluindo a onipresente, onipotente e invisível figura do assessor, a mais das
vezes juiz de fato. Esse tema já recebeu exame (retro, 976).

O art. 146 consagra, indubitavelmente, um incidente autônomo. Não


encontrou o legislador solução técnica melhor. Em primeiro lugar, porque nem
sempre o motivo do impedimento ou da suspeição preexistem à fase
postulatória; ademais, não incumbe somente ao réu, embora seja a iniciativa
mais comum, e, de toda sorte, competindo a resolução do incidente ao
tribunal, in extremis, ou seja, não admitindo o juiz o motivo alegado, a
transladação do processo ao órgão ad quem, por tempo indeterminado,
mostrar-se-ia desvantajosa. Seja como for, do pondo de vista do réu essa
alegação insere-se na classe da defesa processual dilatória, e, portanto, calha
o rótulo de exceção.

1.754.1. Objeto da exceção de parcialidade – Os motivos de impedimento


(art. 144) e de suspeição (art. 145) revelam-se taxativos (retro, 975). No
entanto, a lei emprega conceitos juridicamente indeterminados (v.g., a noção
de amizade íntima, a teor do art. 145, I), reclamando interpretação teleológica,
alargando o espaço da valoração judicial. Valores são coextensivos aos
conceitos juridicamente indeterminados.

Fora dessa trivial observação, as hipóteses receberam análise no capítulo


próprio (retro, 967 e 969).

1.754.2. Legitimidade na exceção de parcialidade – Em matéria de


imparcialidade do juiz, impera o interesse público. Logo, nenhuma das
distinções feitas no caso da incompetência relativa aplica-se à exceção de
parcialidade. O art. 146, caput, legitima “a parte” a excepcionar o impedimento
ou a suspeição. Não distingue, e nem poderia fazê-lo, entre parte principal
(autor e réu), parte auxiliar (assistente) e parte coadjuvante (Ministério
Público). Desse modo, o assistente simples ou litisconsorcial pode e deve
excepcionar o impedimento (art. 144) e a suspeição (art. 145), porque aos fins
públicos do processo interessa que a causa seja julgada por juiz imparcial. O
único requisito é que utilize o prazo do assistido.255

Diz-se que o interesse se relaciona com a causa invocada na petição da


exceção.256 É preciso recepcionar a prestigiosa lição nos seus devidos termos.
As causas de impedimento constituem vício tão grave que após o trânsito em
julgado se transformam em causa de rescisão da sentença de mérito (art.
966, II). Assim, o próprio parente do juiz, consanguíneo ou afim, em linha reta,
ou na linha colateral até o terceiro grau (art. 144, IV) – em determinados
casos, parentesco desconhecido do juiz – pode e deve arguir a incapacidade
subjetiva. E, nos casos de suspeição, não se pode negar, absolutamente, ao
litigante unido à pessoa do magistrado por laços afeição de extrema e
intimidade (v.g., compadrio) o direito de recusá-lo, visando a assegurar a
aparência de lisura do julgamento, a despeito da objetividade moral do
julgador.
O art. 144 ampliou as hipóteses de impedimento para apanhar os vínculos
entre a pessoa investida na função judicante e o advogado da causa. O juiz
encontrar-se-á impedido não só quando postular, como advogado público
(incluindo Defensor Público) ou privado e membro do Ministério Público, seu
cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou
colateral, até terceiro grau (art. 144, IV), bem como figure como parte cliente
de escritório de advocacia da qual seja sócio uma dessas pessoas, ainda que
patrocinado por advogado de outro cliente (art. 144, VIII). Literalmente
interpretada, a última disposição afastará o juízo e a juíza de quase todos os
litigantes institucionais (v.g., empresas de banco), pois a boa técnica gerencial
obriga-os a contratar, em algum momento, todos os grandes escritórios de
advocacia, não se esquecendo a extensão do parentesco gerador do
impedimento.

Interessa, entretanto, outro aspecto: a legitimidade do escritório de


advogado, ou do seu integrante, para arguir em nome próprio o impedimento.
Por óbvio, nada impede e, ao contrário, tudo recomenda a introdução dessa
notícia desencorajadora no processo, recordando ao juiz ou à juíza o motivo
do impedimento, passado despercebida na leitura do papel timbrado ou na
procuração (poucos juízes atêm-se a percorrer a nominata dos integrantes do
escritório de advocacia nesses documentos); porém, o art. 146, caput,
legitima apenas a parte para suscitar o incidente autônomo.

1.754.3. Procedimento da exceção de parcialidade – Segundo o art.


146, caput, a arguição de parcialidade expressa-se através de petição. O
destinatário é o juiz da causa ou, nos tribunais, o relator. A petição será
autuada em apartado (não em apenso). A suspensão do processo é ope
judicis, a teor do art. 146, § 2.º (retro, 1.752.2).

A parte exporá os fundamentos do impedimento ou da suspeição. Para


essa finalidade, indicará um dos motivos arrolados nos arts. 144 e 145 (o art.
146 versa caso particular dos órgãos colegiados), apontando os fatos
específicos idôneos a caracterizar o tipo legal. Não há, porém, necessidade
de invocar inciso determinado. O pedido consiste no afastamento do arguido.
Aqui se considera o impedimento e a suspeição preexistentes ao prazo de
defesa do art. 335, cumprindo assinalar, todavia, fluir o prazo de quinze dias
da data do conhecimento do motivo, e, portanto, contado do recebimento da
citação e na forma do art. 231.

A par de expor os fatos, a parte instruirá a petição com a prova


documental cabível e, se for o caso, com o rol de testemunhas. Em
determinadas situações, só essa última espécie de prova revelar-se-á, em
tese, apta à demonstração dos fatos (v.g., a amizade íntima entre o excepto e
a contraparte).

Em que pese opinião em contrário no direito anterior,257 inexiste a


exigência de poderes especiais do procurador da parte.258 O art. 105, caput,
não reclama poder especial do advogado para a prática do ato. E a
jurisprudência do STJ dispensa a formalidade.259

Recebida a petição pelo excepto, conforme esclarece o art. 146, caput (“…
em petição específica dirigida ao juiz do processo…”), há dois termos de
alternativa: (a) o juiz reconhece o motivo de impedimento ou de suspeição,
caso em que ordenará a remessa dos autos ao substituto legal, encerrando-
se o incidente; (b) o juiz não reconhece a existência de motivo incapacitante
para processar, julgar e executar a causa, e, nesse caso, dispõe do prazo de
quinze dias para expor suas razões de fato e razões de direito, instruídas com
os documentos cabíveis e, existindo pessoas habilitadas a depor,
acompanhada do rol de testemunhas, ordenando dos autos ao órgão ad
quem.

Não incumbe ao excepto, por conseguinte, indeferir liminarmente a


exceção de parcialidade.260 O STJ já admitiu mandado de segurança contra
ato de semelhante teor.261 Não cabendo agravo de instrumento contra esse
ato, retoma-se a admissibilidade do mandado de segurança, admitida por bom
alvitre doutrinário ainda no direito anterior.262 Duas razões pré-excluem a
competência do excepto: (a) compete ao órgão ad quem processar e julgar a
exceção; (b) o sujeito passivo é o próprio juiz, e a ninguém a lei permite oficiar
como juiz em causa própria (art. 144, IV). Por liberalidade, há quem admita a
possibilidade de o juiz ordenar a correção da petição,263 mas esse ato
competirá ao relator no tribunal.

O art. 146, § 1.º, prevê a remessa dos autos ao tribunal. Ora, o incidente é
autuado em apartado, aludindo essa disposição aos autos da exceção.264 Os
autos principais ficam na origem. Pode haver necessidade da prática de atos
urgentes e, nesse caso, o art. 146, § 3.º, encarrega o substituto legal do juiz
de apreciar a postulação e fazê-la cumprir na forma da lei. O ato material da
remessa toca ao escrivão ou chefe de secretaria do juízo.

O processamento, a instrução e o julgamento da exceção de parcialidade


integram a competência privativa e originária do órgão fracionário do tribunal
para o qual caberia recurso na causa.265 Esse último pormenor tem relevo no
exercício de competência federal delegada (retro, 392 e 398).

Atendendo ao disposto no art. 187, II, do CPC de 1939, o STF estimava


necessário o pronunciamento do plenário do tribunal, sem embargo do sorteio
de relator.266É omisso o art. 146, limitando-se a prever a distribuição do
incidente a um relator (art. 146, § 2.º) e inexiste razão para atribuir
competência ao órgão especial ou ao pleno.267 A competência interna
corporis dependerá do disposto na lei de organização judiciária ou o
regimento interno.268 O juiz comunicará o motivo de foro íntimo (art. 145, § 1.º)
ao Conselho da Magistratura, que mandará arquivar o ofício (sem divulgá-lo).
No entanto, a exceção de parcialidade constitui incidente da causa e a
decisão assumirá natureza jurisdicional, razão por que um dos órgãos
fracionários dessa espécie encarregar-se-á de processá-lo e julgá-lo. Nada
impede, mas também não parece recomendável, levar o incidente ao plenário,
por força de norma regimental.

Ao relator cumprirá instruir o incidente, produzindo a prova oral porventura


imprescindível ao esclarecimento dos fatos articulados pelo excipiente e pelo
excepto. Talvez haja necessidade de expedir carta de ordem para ouvir
testemunha domiciliada em lugar distinto da sede do tribunal. Claro está que o
excepto não presidirá a coleta dessa prova, e, sim, o respectivo substituto
legal. E convém notar a desnecessidade de ouvir a contraparte do
excipient.269 Falta-lhe interesse em sustentar a inexistência da causa de
parcialidade.
O julgamento da exceção de parcialidade pode ser feito por decisão
singular, assegurado recurso ao órgão fracionário, ou pronunciamento
colegiado. Variam os respectivos efeitos.

1.754.4. Efeitos do julgamento da exceção de parcialidade – Existem dois


resultados concebíveis do julgamento da exceção de parcialidade do juiz:
acolhimento ou rejeição.

Rejeitada a exceção por ausência de fundamento legal para afastar a


pessoa investida na função judicante, ou seja, não sendo provado o motivo
alegado pelo recusante, o órgão competente emitiria juízo de improcedência
(art. 146, § 4.º) confirmando a competência do juiz. A suspensão porventura
imposta pelo relator, a teor do art. 146, § 2.º, II, cessará na oportunidade em
que, baixados os autos ao órgão a quo, “for o réu intimado do despacho que
ordenar o cumprimento do acórdão”.270

Ao invés, acolhendo a exceção, o órgão fracionário competente do tribunal


para julgá-la, segundo as normas regimentais, além de condenar o juiz nas
despesas do incidente (retro, 977),271 remeterá “os autos ao seu substituto
legal” (art. 146, § 5.º). A suspensão do processo encerrar-se-á, então,
remetidos os autos ao substituto legal do juiz impedido ou suspeito, na data
em que as partes forem intimadas da assunção do processo pelo substituto.
Antes disso, o tribunal determinará o momento a partir do qual o juiz impedido
ou suspeito não poderia atuar (art. 146, § 6.º) e, conseguintemente, deliberará
sobre a condição jurídica dos atos decisórios proferidos no entretempo (art.
146, § 7.º). Parece óbvia a necessidade de invalidar a tutela provisória
porventura concedida.

O ato do órgão ad quem é passível, em tese, de aperfeiçoamento através


de embargos de declaração e de recurso especial por infração ao art. 144 ou
ao art. 145. Esta última via de impugnação enfrentará a natural dificuldade de
reexame da questão de fato.272

§ 360.º Variantes da resposta

1.755. Correção da legitimidade passiva

Segundo a concepção prevalecente no direito pátrio, legitimidade é


“condição” da ação. Eventual ausência de semelhante “condição” impede o
julgamento do mérito. Em tal caso, inexistiria “ação” – direito ao processo –, e
conseguintemente, o julgamento dessa matéria não tem natureza jurisdicional
(retro, 222.4).

Nenhuma das proposições intrínsecas à errônea qualidade de “condição”


da ação, em geral apresentadas de maneira encalistrada, mostra-se
verdadeira e harmoniza-se com a realidade: houve ação (pretensão à tutela
jurídica); formou-se o processo (com seu objeto litigioso, mera hipótese de
trabalho); e o juiz, ao repelir a pretensão processual, prestará autêntica
jurisdição, ministrando a única resposta do Estado concebível e conforme ao
direito. Na realidade, a legitimidade representa questão integrante do itinerário
que o juiz percorrerá para chegar ao julgamento do mérito.
Legitimidade é qualidade particular da parte – do figurante do processo
(retro, 552). Para considerar alguém legitimado, ativa ou passivamente,
impõe-se que haja correspondência entre o figurante no processo e a pessoa
que, segundo a previsão legal, tem capacidade para conduzir o processo
(Prozessfürungsbefugnis).273Chega-se a esse resultado mediante a
comparação entre as pessoas que ocupam a posição de parte, em
determinado processo, e as pessoas que, consoante os esquemas abstratos
traçados na lei, revelam-se habilitadas a reclamar ou a defender em juízo o
direito substancial,274 transformado em objeto do processo. Eventualmente, o
legitimado não é titular dessa relação material. A lei habilita pessoa diversa a
postular em juízo, nos casos de “substituição” processual (retro, 555). Essa
pessoa exerce a sua própria “ação”,275 ou direito de acesso à Justiça, mas traz
à apreciação do juiz, legitimamente, o direito alheio.

O art. 17 estipula que postular em juízo as partes necessitam de interesse


e de legitimidade. Ora, pretendeu-se enunciar nessa proposição, sem muita
clareza, a bilateralidade da legitimidade.276 Parece óbvio que ao réu jamais
recusar-se-á a legitimidade para contestar a ação, alegando a própria
ilegitimidade. O desenvolvimento ulterior do processo formado por iniciativa
do autor, máxime o juízo de mérito, exigirá que tanto este, quanto o réu
exibam capacidade para conduzir o processo,277 em posições invertidas, e
sofrer as consequências do julgamento desfavorável. Raramente forma-se
processo em que ambas as partes sejam ilegítimas, configurando a chamada
ilegitimidade recíproca,278 mas o resultado será unívoco, recaindo o defeito no
autor, no réu ou nos dos litigantes, cabendo ao juiz extinguir o processo sem
resolução do mérito.

Em tema de resposta do réu, interessa visualizar a falta de legitimidade


passiva.

Deduzindo o autor pretensão contra pessoa sem capacidade para


conduzir o processo, não há como prosseguir, porque eventual julgamento
não alcançará seus fins próprios. Comporta o problema, em tese, mais de
uma solução: (a) a emissão de juízo de inadmissibilidade imediato; (b) a
correção do polo passivo da demanda, antes do provimento liminar positivo, e,
desse modo, sem (presumíveis) repercussões negativas na esfera jurídica da
pessoa erroneamente apontada como ré na petição inicial; (c) o câmbio
ulterior da parte passiva, por determinação do juiz, ex officio, ou por iniciativa
do réu, disciplinando-se a respectiva saída e o ingresso do novo réu.

À primeira vista, o art. 330, II, parece aderir ao juízo de inadmissibilidade


imediato, autorizando o juiz a emitir provimento liminar negativo, hipótese de
indeferimento da petição inicial quando a parte for manifestamente ilegítima.
Tal é o defeito flagrante, isento de maiores dúvidas e independente da futura
atividade de instrução.279É a ilegitimidade prima facie. O advérbio
“manifestamente” inserido no art. 330, II, originou-se da lição que autorizava o
juiz a postergar a análise das condições da ação, na decisão de saneamento,
havendo necessidade de prova.280

Porém, há que ressalvar a aplicação da regra, nesses termos, unicamente


no caso de ilegitimidade ativa prima facie. O STJ enfatizou o seguinte: “O
reconhecimento da ilegitimidade ativa não pode ser concebido como simples
erro da petição inicial, passível de correção. Iniciado o processo sob uma
titularidade, a alteração do polo ativo, por meio de emenda, corresponderia a
uma substituição processual, mormente quando é determinada após a
citação, hipótese expressamente vedada, salvo exceções não presentes no
caso, a teor do art. 264” [do CPC de 1973].281

E, de fato, na abertura da etapa postulatória, a ilegitimidade do réu pode e


deve ser corrigida na emenda à inicial (art. 321, caput). Nada impede ao autor
simplesmente trocar de réu, indicando a pessoa correta para figurar no polo
passivo da demanda. Por exemplo, o autor A pede a condenação do banco B,
todavia contratado com a seguradora BS, integrante do mesmo grupo
econômico, abrindo o juiz prazo para o autor corrigir a identificação do réu. O
que não se admite é o juiz, sem requerimento formal do autor A, mandar citar
a seguradora BS em vez do banco B. É a solução rigorosamente técnica e
conforme ao princípio da demanda que resulta do art. 115, parágrafo único.
Verificando o juiz a preterição de um ou mais litisconsortes necessários,
ordenará ao autor a correção do polo passivo, requerendo a citação dos
demandados preteridos.282

O direito brasileiro jamais rejeitou a última e mais satisfatória solução: a


saída do réu errado e o ingresso do réu correto em fase mais adiantada do
procedimento comum. O CPC de 1973 consagrava o antigo instituto da
nomeação à autoria (laudatio actoris). Era o incidente pelo qual o réu,
erroneamente demandado, em nome próprio, por coisa que detém em nome
alheio, ou quando lhe reclamam indenização por danos produzidos em coisa
alheia, por ordem ou instruções de terceiro, instiga o autor a corrigir o polo
passivo da relação processual, apontando-lhe o verdadeiro legitimado
(intromissão) e, simultaneamente, aceita a correção, visando excluir-se da
relação processual (extromissão).283 Por intermédio da nomeação à autoria,
ou laudatio actoris, o réu oferece ao autor a possibilidade de corrigir a
legitimidade passiva na causa.

Em realidade, há duas espécies de extromissão:284 (a) a própria, resultado


de incidente específico, classe que inclui a sucessão da parte, em razão da
alienação do objeto litigioso; e (b) a imprópria, resultado acidental do
provimento do juiz ao apreciar a legitimidade, existindo dois ou mais réus.

A rigor, inexistia a necessidade de disciplina autônoma dessa figura nos


casos dos arts. 62 e 63 do CPC de 1973, afigurando-se assaz discutível a
responsabilização do réu que não nomeia o réu correto ao autor. O risco de o
autor demandar pessoa errada é inerente a qualquer processo. Se for esse o
caso, o juiz extinguirá o processo, nada impedindo o autor em demandar a
pessoa correta (art. 486, caput). E o réu errado, ademais, arcará com o risco
de sucumbir, a mais não seja porque o juiz, após longa e custosa tramitação
processual, achará injusto perder o trabalho feito e submeter o autor à
prescrição da respectiva pretensão contra o réu correto. Enfim, o escasso
emprego da laudatio actoris não indicava futuro promissor ao instituto.

Porém, a técnica de substituição do réu errôneo afigura-se assaz atraente


para o processo civil de resultados… favoráveis ao autor. Antes de extinguir o
processo sem resolução do mérito, recomenda o art. 317, o juiz ensejará ao
autor “oportunidade para, se possível, corrigir o vício”. Logo, convinha criar
incidente específico para corrigir o polo passivo da demanda após a
contestação.
Segundo o art. 338, alegando o réu ausência de legitimidade passiva na
contestação (art. 337, XI), o juiz facultará ao autor, no prazo de quinze dias, a
alteração da petição inicial, promovendo o câmbio de réu. O prazo é o do art.
351, pois a contestação pode conter outras preliminares. Requerido o câmbio
de réu, o juiz (a) excluirá o réu originário, condenando o autor a reembolsar as
despesas processuais (art. 82, § 2.º) e a pagar honorários ao advogado do
réu, fixados entre três e cinco por cento sobre o valor da causa – portanto,
abaixo do piso do art. 85, § 2.º, estimulando a troca de réu – ou, sendo este
irrisório, na forma do art. 85, § 8.º; (b) ordenará a citação do novo réu,
designando a audiência do art. 334. O art. 338, parágrafo único, prevê apenas
a primeira providência, mas a segunda é inelutável, implicando o reinício da
etapa postulatória do procedimento comum.

O art. 339, caput, estabelece o ônus de o réu originário indicar o


legitimado passivo, sob pena de arcar com as despesas processuais e
indenizar o autor dos prejuízos. É pouco razoável a responsabilidade do réu,
herdada da laudatio actoris. Incumbe o autor escolher o réu correto e, para
esse fim, desfruta de prazo indeterminado, preparando os meios de ataque.
Feita essa indicação, abrem-se dois termos de alternativa: (a) o autor
endereça a pretensão contra o terceiro, trocando-se de réu no prazo de
quinze dias (art. 351), aplicando-se, destarte, o art. 338, parágrafo único (art.
339, § 1.º); (b) o autor permanece em dúvida e inclui na petição inicial o
terceiro indicado pelo réu, no mesmo prazo de quinze dias, formando-se
litisconsórcio passivo (art. 339, § 2.º). Essa última possibilidade mira o
chamado litisconsórcio eventual (retro, 581.3); por exemplo, na ação em que o
autor A pleiteia indenização dos danos resultantes de acidente de trânsito na
via terrestre contra B, o réu alega que o causador do evento é C, porque seu
veículo funcionou como corpo neutro, impelido a atingir o veículo do autor A
pelo caminhão de propriedade de C. Se o veículo de B funcionou, ou não,
como corpo neutro, e semelhante condição isenta-o de responsabilidade,
constituem questão de fato e questão de direito, respectivamente, e talvez
assuma o autor A o risco de demandar em conjunto B e C, nada obstante
venha a sucumbir perante um dos réus.

A correção da legitimidade passiva pode ser (a) total ou (b) parcial.


Acontece de o autor A demandar dois réus (B e C) e um deles apontar
terceiro (C) como parte legítima. Então, ocorrerá câmbio de parte parcial. Se
um dos litisconsortes passivos (B ou C) aponta o outro como o único
legitimado, concebe-se a aplicação do art. 338 a um dos réus, permanecendo
o outro no processo, provendo o juiz na forma do art. 338, parágrafo único. É
hipótese inversa à do art. 339, § 2.º, mas igualmente admissível.

1.756. Chamamento de terceiro

A litispendência, no primeiro momento, e o eventual julgamento do mérito


produzem efeitos perante as partes e terceiros. Em relação aos terceiros, por
definição pessoas estranhas ao processo, os efeitos (mais do processo do
que da sentença propriamente dita) exibem intensidade variável (retro, 759).
Às vezes, os efeitos do provimento de mérito atingem o terceiro reflexamente,
desfazendo relação jurídica derivada e incompatível com o objeto do processo
(v.g., na assistência simples, a posição do sublocatário C em razão do
despejo de B decretado em favor de A); outras vezes contraria as
expectativas de número expressivo de pessoas, sem atingir relação jurídica
de que o terceiro seja propriamente titular (v.g., a posição do amicus curiae).
Não se mostrando indiferente a esses fenômenos, surtidos no plano do direito
material, o NCPC contempla modalidades de intervenção de terceiros: a
transformação de terceiros (= pessoas estranhas à relação processual) em
partes (= pessoas participantes da relação processual).

Existem várias modalidades de intervenção de terceiros (retro, 763). As


principais são as seguintes: (a) intervenção voluntária (v.g., a assistência) e
intervenção compulsória (v.g., o chamamento em garantia); (b) intervenção
por inserção (v.g., a assistência) e intervenção por acumulação (v.g.,
chamamento ao processo). Ora, ao réu se afigura muito animador dificultar o
percurso do autor, provocando a intervenção de terceiro como meio de
resposta, particularmente na forma compulsória (verificados os respectivos
pressupostos, o ingresso do terceiro é inexorável) e por acumulação
(ampliação do objeto litigioso), porque adquirirá – eis o ponto – aliado na luta
contra a pretensão processual. Das formas de intervenção ao alcance do réu,
o chamamento ao processo e o chamamento em garantia atingem esses
objetivos (lícitos).

O chamamento em garantia e o chamamento ao processo já receberam


análise no capítulo da intervenção forçada, incluindo – o que interessa – a
forma de o réu suscitá-los (retro, 864 e 902). Convém esclarecer os objetivos
táticos do réu

O chamamento ao processo é intervenção provocada de uso exclusivo do


réu. Por intermédio do chamamento, no mesmo processo, o réu amplia o polo
passivo originário, nele incluindo obrigados pela dívida reclamada que o autor
preteriu, ou seja, conforme o caso, o devedor principal e os coobrigados.
Essas pessoas se encontram, perante o autor, na mesma situação do
chamador, e, nada obstante, esta optou por não demandá-los.285 Razões
pragmáticas motivaram a omissão do autor: o obrigado preterido não dispõe
de patrimônio (princípio da responsabilidade patrimonial) ou, ao invés, dispõe
de exceção pessoal e exclusiva contraposta à pretensão do autor. Se ao autor
não interessa demandá-los, quaisquer que sejam suas razões, já ao réu
chamá-los só produz vantagens. De saída, suscita o incidente de admissão e
posterga a etapa de saneamento para momento posterior ao da apresentação
da defesa do chamado. Consumada a intervenção, o réu obtém valioso aliado
na luta comum. E, por fim, se for o caso de satisfazer o direito do autor,
adquire o direito de obter do chamado (art. 132), no mesmo processo, o
ressarcimento do que pagou, no todo (v.g., o fiador que paga a dívida do
afiançado) ou em parte (v.g., o devedor comum que paga a dívida por inteiro).

Não é nada desprezível à resposta robusta, consistente, mas flexível, o


emprego do chamamento ao processo.

O chamamento em garantia (ou denunciação da lide) é de uso bilateral.


Segundo o entendimento prevalecente, aqui admitido para argumentar, o
autor ou o réu, aproveitando-se da lide pendente, deduzem direito próprio
contra terceiro, obrigado regressivamente a indenizar-lhe o insucesso perante
o adversário, pleiteando a condenação desse terceiro, a fim de obter título
executivo (art. 129, caput). Essa pretensão regressiva será julgada
procedente se o denunciante vier a sucumbir na ação principal.286 Eis o
fundamento subjacente às hipóteses do art. 125. A parte insere no processo
pendente outra pretensão, de natureza regressiva (crédito de reembolso)
perante o terceiro. E o terceiro, por sua vez, tem interesse no sucesso do
denunciante perante o adversário, porque semelhante desfecho implicará o
seu próprio êxito perante a parte que lhe fez a denúncia; por outro lado, a
sucumbência do chamante implicará sua responsabilidade perante o
adversário comum, segundo os limites da pretensão regressiva (art. 128,
parágrafo único). Assim, do ponto de vista do réu (retro, 873.2), o chamado
em garantia assumirá a posição de litisconsorte do réu contra o autor (art.
128, I).

É mais simples, mas eventualmente com efeito similar, o chamamento em


garantia do réu na visão alternativa desse instituto. Feito o chamamento,
concebem-se três atitudes do chamado: (a) inércia; (b) recusa da
responsabilidade que lhe é atribuída pelo chamador; e (c) aceitação da
responsabilidade. Nos dois primeiros casos, o processo prosseguirá
unicamente entre as partes originárias, ficando ressalvado, todavia, o direito
de regresso; no segundo caso (retro, 912.2), porém, o chamado em garantia
assume a posição de litisconsorte do réu, sem embargo do risco de a
sentença que julgar procedente a ação condenar a ambos perante o autor e
ao chamado perante o chamador, nos termos do art. 128, parágrafo único
(retro, 916.1).

Facilmente se notam as vantagens desfrutadas pelo réu com essa barreira


à pretensão do autor.

1.757. Suscitação de incidentes autônomos

É objeto de larga controvérsia e incerteza a noção de incidente. Em geral,


os incidentes têm por conteúdo questões incidentais, controvérsia surgida no
curso do processo,287 de ordinário alheia ao direito posto em causa, mas
objeto de resolução especial.288 Existem incidentes de várias espécies: (a)
suspensivos (v.g., o incidente de resolução de demandas repetitivas) e não
suspensivos; (b) nominados, porque a lei traça os respectivos trâmites, no
todo ou em parte (v.g., a exceção de parcialidade) e inominados (v.g., a
reclamação contra a distribuição).289

O NCPC manifesta expressiva aversão contra os incidentes suspensivos e


autônomos. Em particular, inseriu a impugnação ao valor da causa (art. 337,
III) e à concessão do benefício da gratuidade ao autor (art. 337, XIII) na
contestação.

A suscitação de incidentes integra as táticas de defesa do réu. O art. 80,


VI, mira esse alvo ao tipificar a provocação de “incidente manifestamente
infundado” como ato de improbidade processual (retro, 607.6). A mais das
vezes, há justificativa plausível para a provocação do incidente, erigindo
barreira indireta ao acolhimento da pretensão do autor. É nessa perspectiva
que aqui têm análise os incidentes que, nominados ou não, e suspensivos ou
não, escapam ao âmbito das questões preliminares do art. 337.

1.757.1. Impugnação da distribuição – Existem duas espécies de


distribuição: (a) autônoma; e (b) por dependência (retro, 1.275). Em ambas as
hipóteses, acontecem erros no ato ou a simples falta de distribuição. O art.
288 assegura às partes, e ao órgão judiciário, ex officio, corrigir equívocos do
distribuidor. Esse incidente já recebeu exame no capítulo próprio (retro,
1.284). Aqui interessa precisar o móvel da atividade defensiva do réu.

Em princípio, a iniciativa de suscitar o incidente de impugnação da


distribuição incumbe ao réu. A afetação do processo a um juízo ou a um
escrivão que, pela ordem legal, jamais receberia o processo, oferece ao réu
oportunidade para resistir à pretensão do autor indireta, mas licitamente. O
motivo da inconformidade varia muito. Às vezes, prende-se ao fato de que há
juízo prevento, mas a distribuição ignorou a dependência do art. 286; em
outras oportunidades, o processo não cai na vara de competência privativa,
como deveria, e acaba em vara de competência comum por equívoco da
distribuição eletrônica. Nada exclui, naturalmente, a iniciativa do autor, a
quem incumbe endereçar a petição inicial (art. 319, I). A estrita observância
desse requisito não se exaure na divisão territorial, ingressando na
organização dos juízos dentro da comarca e da seção ou subseção judiciária.
Assim, indicando a inicial vara cível como a competente, mas remetida a
causa à vara de família, o autor tem interesse em impugnar a distribuição
errônea.

Raramente as partes têm acesso a elementos concretos para embasar a


impugnação. O sistema eletrônico de distribuição encerra mistérios insolúveis
para os profanos. A distribuição se passa sem controle visível das partes e
dos procuradores (art. 289). Ao ensejo de apontar o princípio da publicidade
da distribuição (retro, 1.274.1), realçou-se o inescrutável véu que recobre os
sistemas de informática dos órgãos judiciários, alheios a qualquer controle
externo ou auditoria independente e facilmente manipuláveis. Se o processo
do autor A deveria cair na vara X, ante a alternância igualitária da classe e da
subclasse correspondente, ou na vara Y, ambas dotadas de competência
concorrente em razão da matéria, não há como saber ou descobrir. Não há
auditoria independente. Resta depositar irrestrita confiança na lisura do
sistema.

Como já assinalado alhures (retro, 1.283), há duas causas gerais e


teóricas que ensejam o incidente de impugnação: (a) erro na distribuição; e
(b) falta de distribuição. Além dos casos de infração à regra da dependência,
prevista no art. 286, o equívoco consiste em ofender o princípio da
alternância. Em vez do primeiro processo para o juízo A, e o segundo para o
juízo B, ambos são distribuídos para o juízo A. Também se concebe ofensa
ao princípio da igualdade: em lugar de atribuir um processo para o juízo A e
um para o juízo B, o juízo A recebe os dois processos, e o juízo B, nenhum.

A segunda causa mencionada no art. 288, a falta de distribuição, mostra-


se de difícil configuração. A distribuição é obrigatória, havendo dois ou mais
juízos com idêntica competência e o processo sempre chega a um ou outro.
Do contrário, o processo simplesmente não tramitará perante algum juízo. O
pulo de um juízo, que fica com um processo a menos,290 sobrecarregando
outro, constitui erro na distribuição, e, não, falta de distribuição. Tal hipótese
caracteriza infração ao princípio da alternância, visado pelo sorteio, e ao
princípio da igualdade. Nessa linha de raciocínio, a falta decorreria da
ausência material do ato da distribuição e o único exemplo recordado,
pertinentemente, é o da avocação de certo processo por despacho do juiz.291
O art. 288 assegura o direito de o réu impugnar o erro ou a falta de
distribuição, mas omite disciplina mais nítida quanto à forma, prazo,
procedimento e efeitos do incidente. Os regimentos regulam a matéria nos
tribunais e, no primeiro grau, a “reclamação” – designação conferida à
impugnação do interessado – recebe previsão nas disposições da lei de
organização judiciária. E há problema de maior transcendência: a
identificação do juízo competente suscita questão da maior delicadeza. Em
determinados aspectos, a distribuição constitui assunto administrativo, a cargo
do juiz diretor do foro. O STJ admitiu a impetração de mandado de segurança
contra o ato de distribuição, porque ato “pré-processual”.292 Do ponto de vista
das partes, entretanto, a opção entre o juízo A ou o juízo B assume estatura
jurisdicional. Este parece ser o rumo correto.

A competência administrativa incumbe ao juiz diretor do foro. Esta


autoridade judiciária preside e fiscaliza a distribuição na comarca ou seção
judiciária, exaurindo-se com o ato. Por sua vez, a correção há de ser pleiteada
ao juiz que recebeu a causa e que, nessa condição, assumiu competência
sobre o processo. Nenhum outro, nem sequer o juiz diretor do foro, tem o
poder de retirar o processo de um juiz, após a distribuição equivocada, e
atribuí-lo a outro, adotando a compensação como medida de saneamento. O
diretor do foro pode e deve, a requerimento ou ex officio, corrigir a distribuição
ao escrivão; porém, a distribuição errônea a determinado juízo transforma-se,
salvo engano, em questão estritamente jurisdicional. Basta considerar a
hipótese versada no art. 286, II. A constatação se há, ou não, identidade entre
a demanda subsequente, extinta a demanda precedente, não raro enseja a
suscitação de conflito de competência (retro, 471).293 É tema jurisdicional. E o
distribuidor só por si não pode corrigir, compensando: “pulou algum juízo ou
cartório, distribuiu-lhe em dobro ou mais de dobro os processos, quebrando a
igualdade e a alternatividade, ou simplesmente errou, como se escreveu duas
vezes o mesmo processo – tem de prosseguir, até que o ‘juiz’ decida”.294

Não há prazo estipulado e, portanto, há que se observar a regra da


primeira oportunidade, a saber: (a) para o autor, no prazo de cinco dias (art.
218, § 3.º), contado da data em que tiver ciência inequívoca da distribuição;
(b) para o réu, no prazo da contestação. O STJ já decidiu que a “eventual
anomalia na distribuição deve ser impugnada pelas vias hábeis, pena de
preclusão, salvo em se tratando de competência absoluta”.295 O ato do juiz
acolhendo ou rejeitando o incidente não comporta agravo de instrumento,
porque ato fora do catálogo do art. 1.015.

Essas considerações esclarecem o móvel da atividade defensiva do réu. A


impugnação à distribuição não suspende o curso do processo, porque inexiste
disposição nesse sentido, mas a escolha do juízo assume função crucial nas
táticas de defesa. Em vez do juiz A, escassamente propenso a aceitar a tese
jurídica do réu, talvez haja interesse em passar a causa ao juiz B, porque este
pensa diferentemente. Eis o motivo por que, nada obstante as dificuldades
práticas em apontar erros na distribuição, ao réu interessará suscitá-lo sempre
que possível.

O art. 288 indica a compensação como medida hábil para corrigir o erro ou
a falta de distribuição. Em princípio, o processo que ingressou em
determinado juízo, ou ficou sob a responsabilidade de certo escrivão,
permanece no respectivo ofício, e outro vai para o juízo ou o escrivão
prejudicado. Presumivelmente, o expediente rende homenagem ao princípio
do juiz natural. Por exemplo, havendo excesso (v.g., o juízo A recebeu dois
processo, em lugar de um, beneficiando o juízo B, que nenhum recebeu),
retira-se o juízo prejudicado da próxima distribuição, a fim de obter a
equivalência. O processo erroneamente distribuição não vai para juízo que,
originalmente, deveria receber o processo.296

No entanto, a medida não comporta maiores generalizações. Nos casos


em que ocorreu violação à distribuição por dependência (art. 286), de rigor
remeter-se o processo ao juízo prevento – e, nos tribunais, a fortiori, ao relator
vinculado –, passando outro a tomar-lhe o lugar. É o único modo de evitar as
consequências indesejáveis eliminadas através da junção do processo
posterior ao processo pendente. Por exemplo, a reunião da segunda causa
idêntica à primeira no juízo prevento (art. 286, III) evita a emissão de
provimentos contraditórios, ensejando a extinção do segundo processo por
força da litispendência. Além disso, impõe-se considerar nessa equação o
princípio do juiz natural: a parte tem o direito de ver processada e julgada a
causa pelo juiz que, consoante regras gerais previamente fixadas, caberia
conhecê-la.297 Excepcionalmente, como no caso do excesso de distribuição, e
porque à parte se mostra indiferente ver julgada pelo juízo A ou pelo juízo B,
há compensação sem saída do processo mal distribuído.

Tecnicamente, as operações de compensação, cuidando-se de número


expressivo de processos, mostram-se complexas e demoradas. É preciso
respeitar as classes e subclasses do(s) processo(s) subtraído(s) a
determinado juízo, até que se atinja a igualdade.

1.757.2. Arguição de falsidade – O art. 341, caput, reclama a impugnação


direta (ou específica) dos fatos articulados na petição inicial (retro, 330). Não
se desincumbindo o réu a contento desse ônus, cuja finalidade consiste em
criar controvérsia, transformando pontos de fato em autênticas questões
passíveis de prova, a segunda parte da regra estabelece a presunção de
veracidade das alegações de fato do autor. Os fatos não impugnados
especificamente não integram o tema da prova (art. 374, III). Por conseguinte,
o juiz abstrairá a etapa de instrução, precipitando o julgamento de mérito, nos
termos do art. 355, I, de ordinário favorável ao autor, salvo resolução distinta
das eventuais questões de direito.

Nem sempre o conteúdo mínimo eficiente da contestação erige barreira


hábil à precipitação do julgamento. Ao autor, na petição inicial, e ao réu, na
contestação, incumbe produzir a prova documental (art. 434, caput). Ora, não
dispondo o réu de contraprova documental (v.g., na ação em que A pede o
pagamento do preço da compra e venda do bem X, provada por instrumento,
alegando inadimplemento, o réu B junta quitação passada por A), necessitará
de reação mais robusta, controvertendo a prova documental do adversário.

No processo civil contemporâneo, firmado desde o processo comum a


ênfase na prova documental – predominância combatida no terreno da livre
apreciação absoluta –,298 representada pelo adágio lettres passent
témoins (infra, 1.958), a produção dessa espécie de prova na petição inicial
gera para o réu problema suplementar e ônus defensivo de outra espécie. O
art. 355, I, deixa bem claro na fórmula indireta adotada (“… não houver
necessidade de produção de outras provas”), considerando que, nesse
estágio do processo, a única prova é a documental ou sob tal forma (v.g., o
parecer do art. 472), nada obstante a existência de questões de fato, ou
controvérsia suscitada na impugnação direta do réu, a prova documental pode
e deve ser considerada bastante à formação do convencimento do juiz.
Outros meios de prova, produzidos em audiência, em especial a prova
testemunhal, talvez não sejam admissíveis justamente por força da prova
documental (art. 443, I, primeira parte). Assim, no exemplo trivial mencionado,
além de alegar que não deve ou que já pagou, na contestação cabe ao réu
admitir, ou não, a veracidade das declarações que lhe são atribuídas (v.g., o
instrumento da compra e venda do bem X contém a declaração do
comprador B que pagará Y ao vendedor A no dia Z).

Partindo da hipótese mais simples, pois sempre há de se considerar


outras variáveis (v.g., as questões de direito e a admissibilidade da prova
testemunhal, por exceção, a teor do art. 444), os documentos dividem-se em
duas categorias fundamentais: (a) documentos públicos; e (b) documentos
particulares. Varia a fé, eficácia ou força probante de cada espécie.

Os documentos públicos fazem prova da respectiva formação (v.g., data e


autoria) e dos fatos que o oficial público (escrivão, no documento público
judicial; tabelião, no documento público notarial; e servidor público civil ou
militar, no documento público administrativo), de visu et de auditu, declara
passados na sua presença (art. 405). Por definição, os documentos públicos
são autênticos, ou seja, atribuem autoria às declarações de vontade e às
declarações de conhecimento dos figurantes. Na prova documental, chama-se
de autenticidade à certeza quanto à autoria do documento.299 E, para esse fim,
o oficial público subscreve o documento (v.g., assinatura da sentença pelo
juiz).300

Cuidando-se do documento público notarial mais expressivo, que é o


instrumento público, chamado de escritura pública nos casos em que outorga
forma ad substantiam aos atos e negócios jurídicos, a assinatura do tabelião
secunda a das partes demais participantes (art. 215, VII, do CC). É ainda mais
rigorosa a fé da escritura pública, culminando notável evolução
histórica:301 art. 215, caput, do CC, atribui-lhe fé de prova plena, ou seja, as
declarações do tabelião de fatos por ele percebidos, de visu et de oculi, não
comportam contraprova. Por exemplo, se na compra e venda do bem
imóvel X, o tabelião declara que o comprador B pagou o preço na sua
presença ao vendedor A, em espécie, o vendedor A obriga-se a desconstituir
a força probante desse instrumento público através da pretensão à declaração
de falsidade (art. 19, II); ao invés, se o tabelião declarou que o
comprador B pagará a quantia de Y ao vendedor A no dia Z, na ação em que
o vendedor pleiteia o pagamento do preço do comprador, alegando
inadimplemento, a esta caberá (a) alegar pagamento ou (b) alegar a falsidade
da escritura pública, no todo ou nesta parte.

É diferente a fé dos documentos particulares. Dizem-se autênticos tais


documentos quando a respectiva autoria revela-se certa, ministrando o art.
410 regras para apurá-la, existindo dúvida, considerando que há documentos
particulares assinados e não assinados (v.g., a nota do credor no título de
crédito, a teor do art. 416). Reconhecida a firma dos signatários por
autenticidade (art. 411, I), o documento particular considera-se autêntico,
revestindo-se nesta parte da fé pública do ato notarial, ou seja, já não bastará
a simples contestação da autenticidade (art. 428, I). Admitida a autenticidade
do documento particular, a força probante varia conforme a natureza da
declaração: (a) as manifestações de vontade (v.g., o comprador A declara que
pagará a quantia de Y ao vencedor A no dia Z no instrumento particular de
compra e venda do automóvel X), presumem-se verdadeiras em relação aos
signatários (art. 428, caput, e art. 219, caput, do CC), incumbindo à
contraparte o ônus de produzir contraprova; (b) declarações de ciência, sem
relação direta com as manifestações de vontade, não fazem prova a favor de
quem as alega, hipótese em que o autor da alegação assume o ônus da prova
(art. 408, parágrafo único, c/c 219, parágrafo único).

Em virtude desse sofisticado esquema de presunções, apto a subtrair as


questões de fato do tema da prova (art. 374, IV), não basta a suscitação de
controvérsia sobre as alegações de fato do autor, objeto da impugnação
direta, segundo o art. 341, caput. O juiz consideraria os fatos controvertidos
documentalmente provados, precipitando o julgamento na forma do art. 355 I.
Por óbvio, diretriz idêntica vale para a prova documental produzida pelo réu
na contestação (art. 336, in fine), conforme o teor da defesa (arts. 350 e 351).

Fitando as atitudes do réu, a reação que lhe impõe a prova documental


produzida pelo autor, talvez indispensável ao exercício da pretensão (art.
320), há de ser particularmente qualificada para inibir a fé dos documentos
públicos: a arguição de falsidade, na forma do art. 427, caput, e parágrafo
único, I e II.

Em relação aos documentos particulares, conforme o art. 436, caput, a par


da respectiva inadmissibilidade (v.g., prova ilícita), o réu necessitará tomar
duas atitudes: (a) negar-lhe a autenticidade, ou seja, impugnar a assinatura,
casos em que cessa automaticamente a fé do documento “enquanto não se
comprovar sua veracidade” (art. 428, I); (b) negar-lhe a veracidade do
conteúdo ou contexto, ou seja, negar a veracidade das manifestações de
vontade, eventualmente invocando vício da vontade, e das declarações de
ciência. No caso especial da alegação que o autor preencheu abusivamente o
documento autêntico, mas assinado em branco, também cessará a fé do
documento particular, incontinenti, como preconiza o art. 428, II, e parágrafo
único.

O art. 436, caput, institui o ônus de o réu oferecer impugnação simples ou


impugnação qualificada à prova documental, assinando-lhe o prazo da
contestação (infra, 1.941.1), nesse último caso, para arguir a falsidade (art.
430).

A arguição de falsidade é subseção da seção relativa à prova documental,


comportando análise no capítulo dedicado a este meio de prova.

Não poderia faltar uma nota final quanto à natureza da arguição de


falsidade. Esse ponto repercute nas variantes do procedimento comum. E,
como se reexaminará no item próprio (infra, 1.943), a falsidade documental é
fato jurídico que incide em norma civil e em norma penal incriminadora. No
direito brasileiro, ao contrário do que sucede em outros sistemas jurídicos,302 a
coordenação entre o juízo penal e o civil é a comum (retro, 34). Existem duas
vias para reconhecer a falsidade documental antes do trânsito em julgado da
causa em que se produziu o documento: (a) principal, mediante declaração
autônoma (art. 19, II); (b) incidental, disciplinada nos art. 430. Depois de
transitada em julgado a sentença civil, através de ação rescisória (art. 966,
VI), apurada a falsidade em processo criminal, cuja sentença transitou em
julgado,303 ou na própria ação rescisória.

O incidente de falsidade previsto no art. 430, ou via incidente da


declaração de falsidade do documento, constitui subespécie de declaração
incidente, e, por isso, em princípio o juiz a julgará como questão prejudicial.
Porém, o art. 430, parágrafo único, autoriza a parte a deduzir pretensão na
forma do art. 19, II. Deduzida pretensão à declaração da falsidade do
documento, in simultaneo processu, amplia-se o objeto litigioso, mediante
cumulação sucessiva de pedidos conexos,304alterando, por decorrência, o
alcance objetivo da coisa julgada.305 É declaração a respeito de fato jurídico,
mas declaração.306

Os fins próprios da arguição de falsidade, controle incidente do falso,


consistem em declarar a falsidade, ou não, do documento público e do
documento privado produzido por uma das partes como prova das suas
alegações de fato. Decidiu o STJ: “No incidente de falsidade, reconhece-se
que o documento é falso ou não”.307Assim, o provimento não se limita a repelir
a eficácia probatória do documento, declarando-o imprestável como prova na
causa pendente, sugestão de lege ferenda,308e, vai além, exigindo julgamento
conjunto do objeto litigioso ampliado. Do contrário, haverá infração ao
princípio da congruência (infra, 1.592.4).

Essas considerações, apresentada sumariamente a fé (ou força probante)


dos documentos públicos e particulares, demonstra a importância crucial da
arguição de falsidade no contexto dos mecanismos de defesa. Em primeiro
lugar, trava a marcha da causa principal. Ademais, a inércia do réu talvez
provoque fatal e imediato julgamento desfavorável, subsistindo a fé dos
documentos produzidos pelo autor.

1.757.3. Impugnação ao número de litisconsortes ativos – A demanda


conjunta forma-se obrigatória (litisconsórcio necessário) ou voluntariamente
(litisconsórcio facultativo). Razões de política judiciária e a influência do direito
fundamental de acesso à justiça (retro, 583) pré-excluem o litisconsórcio ativo
necessário. Em lugar de constranger alguém a demandar, expedientes de
oportunidade legitimam um dos cofigurantes a postular em nome da
coletividade; por exemplo, havendo solidariedade ativa, cada um dos credores
tem o direito de exigir do(s) obrigado(s) comum prestação por inteiro, reza o
art. 267 do CC. Fundando-se o litisconsórcio ativo na conveniência dos
autores, o número excessivo de litisconsortes talvez dificulte o exercício pleno
do direito fundamental processual à ampla defesa e, ademais, o
processamento da causa pelo órgão judiciário.

Era omissa a versão originária do CPC de 1973 a respeito de qualquer


forma de controle do litisconsórcio ativo. Chegou-se a afirmar que o
litisconsórcio facultativo e ativo ostentar-se-ia irrecusável. Evidencia-se a
necessidade de regime diferente no chamado litisconsórcio “multitudinário”. A
relação tênue das posições subjetivas, segundo a previsão elástica do inc. III
do art. 113, na prática torna os fatos alegados por cada litigante diferentes uns
dos outros.
E concebe-se que, formando-se o litisconsórcio posteriormente à
propositura da ação (art. 312, primeira parte), embora na fase postulatória, o
ingresso tardio da parte no processo pendente baseie-se em intenções
oportunistas, a fim de desfrutar de situação vantajosa já conquistada pela
parte originária. Por esse motivo, a simples concordância das partes não se
revela suficiente para admitir o ingresso tardio.309

Fundamentos distintos impedem, conforme a hipótese, a formação do


litisconsórcio ativo facultativo, autorizando o réu a suscitar incidente
específico, que importará a interrupção (restituição por inteiro) do prazo de
resposta, a teor do art. 113, § 2.º.

No que tange ao litisconsórcio ulterior, entendendo-se por tal o que não se


delineia na petição inicial, militam a seu favor as razões gerais de
admissibilidade da demanda conjunta, não convindo à boa e eficiente
administração da Justiça a multiplicação de demandas. À primeira vista,
pouco razoável pré-excluir o ingresso tardio, máxime porque inexiste regra
proibitiva.310 Todavia, postulação desse teor apresenta objetivos mais
concretos. Ela visa a desfrutar situação de vantagem (v.g., a concessão de
liminar satisfativa ou cautelar ao autor originário) ou manifestar adesão à
demanda em trâmite no juízo cujo ocupante adota, supostamente ou não, tese
jurídica favorável ao autor, infringindo o direito fundamental processual do juiz
natural.311 O STJ adotou semelhante entendimento,312 e, de resto, neste
sentido veio a dispor o art. 10, § 2.º, da Lei 12.016/2009. O veto descansa
antes no contraditório do que nesta ofensa, como já explicado (retro, 583.1),
mas por um motivo ou outro não cabe o litisconsórcio em casos tais.

O litisconsórcio ativo fundado na afinidade (art. 113, II) mostrava-se


admissível, segundo o art. 88 do CPC de 1939, mediante a concordância
expressa ou tácita do(s) réu(s). A cláusula sugeria natureza convencional à
demanda conjunta,313 inspirando-se em influente excerto
doutrinário,314 segundo o qual a simples afinidade não bastaria à
admissibilidade do litisconsórcio em casos tais. Este alvitre não é razoável,
pois a versão originária do art. 46, IV, do CPC de 1973, antes do acréscimo
do parágrafo único na mesma regra, equivalente ao art. 113, § 1.º, do NCPC,
autorizava semelhante litisconsórcio sem restrições, sendo irrelevante
manifestação de vontade do réu em qualquer sentido.315

Não é menos verdadeira, entretanto, a inviabilização da defesa do réu


perante o litisconsórcio multitudinário. Em determinado caso, figuraram como
autores mais de cem pessoas, formulando idêntico pedido,316 mas ao réu é
dado prazo único e peremptório de quinze dias, impossibilitando a conferência
responsável das alegações de fato e a reunião do material de instrução em
registros e arquivos, quiçá de difícil localização ou exame. Essa situação já
ofende o princípio da igualdade das partes (art. 139, I) e oferece razão
bastante para desfazer o litisconsórcio ativo.

Admitida semelhante possibilidade de controle, em casos tais,317 o art. 113,


§ 1.º, autoriza o órgão judiciário a reduzir o número de colitigantes, ex officio,
em quaisquer espécies de litisconsórcio,318 havendo comprometimento à
rápida solução do litígio ou à defesa do réu.
Ao réu é dado, e assim acontece pela natureza das coisas, suscitar o
problema da limitação perante a autoridade jurídica, passando o tema sem
reparos no provimento liminar preparatório (retro, 1.706), no prazo de
resposta, apresentando motivação hábil, sob a pena de preclusão.319 Nessa
hipótese, interromper-se-á o prazo para resposta, que recomeçará por inteiro
a partir da intimação da decisão tomada pelo juiz, qualquer que seja seu teor.
Não é caso, portanto, de suspensão do prazo, que implicaria a restituição
apenas do interregno faltante, contado do momento do pedido de limitação.

Limitação fundada na “rápida solução do litígio” aplica-se igualmente ao


litisconsórcio passivo. O número excessivo de réus retardará, em alguns
casos, o desfecho da demanda, multiplicando a atividade processual no
mesmo processo (v.g., dez contestações) e dificultando o julgamento. Assim,
o controle do litisconsórcio multitudinário nem sempre dependerá da iniciativa
do réu, cabendo ao juiz, ex officio, reduzir o número de réus ao cômodo às
finalidades do processo. Por óbvio, no contexto das táticas de defesa não
interessa essa perspectiva, todavia analisada no item próprio (retro, 583.2).

O controle do número de litisconsortes por iniciativa do réu depara-se com


duas barreiras. Em primeiro lugar, não se afigura cabível nas hipóteses de
litisconsórcio necessário, porque, nesses casos excepcionais, a eficácia da
sentença subordina-se à participação de todos os legitimados no
processo.320 Ademais, os dois comprometimentos aventados no art. 113, § 1.º,
pressupõem a complexidade das questões de fato. Se a resolução do litígio
depender predominantemente da questão de direito, sem controvérsia quanto
aos fatos, desaparecerá o fundamento da limitação.321 Por exemplo, a
pretensão de um grande número de autores de anular multas de trânsito,
porque infringindo o direito à defesa prévia, nenhuma dificuldade suscita para
a resposta do réu, porque se cuida de questão exclusivamente de direito.

O móvel do réu ao impugnar o número excessivo de litisconsortes ativos


reside na criação de óbice ao acolhimento dos pedidos formulados pelos
futuros excluídos. Ao acolher o pedido de limitação, cuja simples
apresentação interrompe o prazo de resposta, o ato do juiz, impugnável
através de agravo de instrumento, não impede a renovação da demanda e, a
fortiori, a reunião dos processos conexos.322 Em tal sentido, a defesa do réu
produzirá efeitos temporalmente limitados, mas vantajosos.

1.758. Declaração incidente

Duas ou mais questões respeitantes ao mérito podem se relacionar em


virtude do nexo de dependência lógica. Cria-se, assim, uma questão
subordinante, outra subordina a resolução da precedente. Define-se questão
prejudicial como a questão cuja resolução predeterminará o sentido da
resolução subsequente da questão prejudicada (retro, 293). Por exemplo, na
ação de despejo por falta de pagamento, o juiz conhecerá da existência da
locação, talvez controvertida pelo réu. A solução que o órgão judiciário
porventura outorgue ao problema condiciona, logicamente, o acolhimento do
pedido do hipotético locador. Reconhecendo relação jurídica distinta da
locação entre as partes (v.g., comodato), fatalmente desestimará o pedido do
autor.
Em princípio, a resolução do juiz a respeito da natureza da relação jurídica
– questão subordinante, alegando o autor locação, o réu comodato –, lógica e
cronologicamente precedente à análise do fundamento da retomada do bem
locado, revestir-se-á da autoridade de coisa julgada, uma vez decidida
expressamente, nas condições do art. 503, §§ 1.º e 2.º. Esse assunto já
recebeu análise (retro, 292).

O CPC de 1973 previa, a esse respeito, a necessidade da formulação do


pedido incidental, introduzindo no direito pátrio o sofisticado instituto da ação
declaratória incidental. O pedido de declaração incidente implicava a
introdução de pretensão nova, in simultaneo processu, tornando complexo o
objeto litigioso, se inicialmente simples, ou mais complexo que
originariamente (retro, 294).

Não logrou pleno sucesso a iniciativa do legislador, pois não lhe


emprestou disciplina mais nítida e destacada, fixando claramente a
oportunidade e os requisitos de admissibilidade da ampliação do objeto
litigioso. O único proveito real do instituto consistiu em delimitar perfeitamente
os limites objetivos da coisa julgada perante questões prejudiciais, dissipando
as dúvidas, em grande parte já superadas através de profícuo labor
doutrinário,323 suscitadas pelo notório art. 287, parágrafo único, do CPC de
1939 (retro, 292). Exemplifica a coleta do fruto maduro o julgado do STJ, ao
proclamar: “limites objetivos da coisa julgada não abrangem os motivos da
decisão nem questões prejudiciais, salvo, quanto a estas, a propositura da
ação declaratória incidental”.324

Seja como for, ao réu interessa controverter o ponto prejudicial integrante


da pretensão do autor, transformando-o em questão prejudicial passível de
prova, e, em determinadas situações, pedir a declaração incidente, revestindo
a decisão do juiz da autoridade de coisa julgada. O objetivo dessa barreira é
intuitivo. A introdução de pretensão nova, in simultaneo processu, arrasta o
autor para posição defensiva, nesse aspecto, obrigando-o a empreender
maiores esforços e não se descuidar de produzir prova convincente acerca da
questão prejudicial, elevada às alturas de questão “principal”.

Faltava à disciplina da declaração incidente regra específica apontando a


oportunidade de o réu pleitear a declaração incidente. Razões ponderáveis
exigiam que seja no prazo de resposta,325 e, no direito vigente, não há dúvida
quanto à suscitação dessa questão na contestação.

Fora desse aspecto, e do realce aos propósitos defensivos do réu nessa


iniciativa, a declaração incidente não repercute significativamente no foro
brasileiro.

§ 361.º Revelia do réu

1.759. Inatividade do réu

Em vez de responder à demanda, diretamente ou não, o réu pode ignorar


o chamamento a juízo, permanecendo inativo e indiferente à sorte dos
próprios interesses. À inatividade do réu, no prazo de resposta, chama-se
revelia.
Nenhum texto legal obriga o réu a responder. O réu tem o ônus, jamais o
dever de comparecer em juízo, e independentemente do caráter involuntário
da abstenção, subsistirão invariáveis e constantes as consequências
atribuídas à omissão.326 O revel adota atitude contrária ao próprio interesse,
mas não é rebelde ou insubmisso à autoridade judiciária. Venceu-se o antigo
preconceito, haurido do processo romano pós-clássico, em que a recusa em
submeter-se à autoridade judiciária era autêntico ilícito imputável ao réu (retro,
346).327

Não se localizará nas disposições respeitantes ao instituto da revelia


definição inequívoca dessa figura. Parece seguro tratar-se de comportamento
exclusivo do réu, retratando a revelia a falta de defesa.328 Fora daí, o elemento
mais promissor avulta do art. 344, segundo o qual a presunção de veracidade
dos fatos alegados na petição inicial, o mais duro dos efeitos da revelia,
ocorrerá “se o réu não contestar a ação”. A acreditar-se na regra, revelia é a
condição do réu que, havendo sido citado, absteve-se de contestar. Entre nós,
prevalece o entendimento: revel é o réu que não contestou.329

Ora, a contestação é um dos meios típicos da resposta, mais é muito


pouco razoável extrair da respectiva ausência a condição do réu. Existem
atitudes do réu que, sem embargo da falta de contestação, contrapõem-se ao
menos à presunção de veracidade prevista no art. 344. Por exemplo, A pede
a condenação de B ao pagamento da prestação do contrato X, e o réu B, sem
contestar, pede através de reconvenção a invalidade do contrato X, porque o
respectivo objeto é ilícito. Esta alegação do réu B implicitamente pré-exclui a
do autor A e, obrigado o juiz a julgar em conjunto ação e reconvenção, o nexo
de prejudicialidade impede o acolhimento simultâneo das pretensões.

Revelia não se confunde com a falta de contestação. Tampouco tem a ver


com a falta de impugnação precisa aos fatos afirmados na inicial (art.
341, caput, primeira parte). Ao descumprir o ônus de impugnação, suscitando
questões de fato, o réu arcará com as repercussões da incontrovérsia, mas
nada além.

A revelia consiste no descumprimento do ônus de responder à pretensão


processual por uma das modalidades previstas na lei (contestação,
reconvenção e contrapedido). É inatividade total do réu no prazo de
resposta,330 ou seja, a falta de comparecimento no processo.331 Neste sentido,
constitui ato-fato processual.332Definição similar encontrava-se no direito
anterior: “A revelia é consequência do que no processo se denomina
de omissão total, visto que resulta do descumprimento do ônus de defender-
se imposto ao réu”.333

Em outra oportunidade, ministrando noção geral de revelia no terreno da


teoria geral do processo, a qual ela pertence por natureza e função, evocou-
se a disciplina do instituto no caso da falta de comparecimento do réu na
audiência de conciliação do procedimento sumário, hipótese que confirma a
definição exposta (retro, 347).

1.760. Efeitos da revelia

A inatividade total do réu, deixando escoar o prazo de resposta, in albis,


produz duas espécies de efeitos: (a) material (retro, 362); e (b) processuais
(retro, 370). A terminologia não é rigorosamente exata. O chamado efeito
material consiste na presunção de veracidade dos fatos afirmados pelo autor,
excluindo-os do tema da prova (art. 374, IV). Assim, verossímeis que sejam
as alegações de fato da petição inicial, a presunção habilita o juiz a precipitar
julgamento de mérito favorável ao autor (art. 355, II). Diz-se “material” o efeito,
porque influencia a formação do juízo de fato e, conseguintemente, o
julgamento do mérito, mas tudo se passa e esgota no plano processual. Por
sua vez, chamam-se de processuais os efeitos que reverberam no
procedimento, sem autonomia para caracterizar procedimento contumacial.
Não é separação muito clara ou rígida.

Os efeitos da revelia receberam menção ligeira e fragmentária no texto


legal, porque indistinguíveis, por vezes, do próprio instituto. Porém, cada um
deles assume função peculiar.

Em virtude da revelia do réu, decorrente da falta de contestação, reputar-


se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo autor, reza o art. 344. A fórmula
verbal sugere a existência de presunção de veracidade. Por conseguinte,
inexistindo controvérsia (art. 374, III) e excluídos do tema da prova (art. 374,
IV), desonera-se o autor do ônus de prová-los e, salvo exceções objetivas e
subjetivas, habilita o juiz a julgar favoravelmente ao autor (art. 355, II).

O drástico regime do art. 344 inspirou-se no direito germânico,


incorporando-se ao CPC de 1973. Em relação ao desenvolvimento ulterior do
processo, verificada revelia, há duas possibilidades: ou a omissão é
irrelevante, cumprindo ao autor provar os fatos constitutivos alegados, como
sucedia no direito comum e ocorre no direito italiano;334 ou a inatividade do réu
induz admissão tácita dos fatos alegados pela contraparte, solução
preconizada no velho direito prussiano.335 A primeira causa gravame ao autor,
estimando-se neutro o comportamento do réu,336 embora fique subentendido
que nada de relevante se opõe à pretensão do autor; a segunda, perfilhada no
CPC de 1939, e preferível por essa última razão, desfavorece o ausente.337 É
um problema de política legislativa optar por uma delas. Porém, a objeção que
o réu passa de ausente a delinquente num país em que grassa a ignorância e
há dificuldades de comunicação, nessa situação, jamais persuadiu
inteiramente. E o motivo é simples: até o ignaro dá importância às
convocações da autoridade judiciária.

Seja como for, cumpre rememorar: (a) objeto da presunção recai sobre os
fatos (principais, simples ou relativos ao interesse processual), e, não, as
razões de direito, estas porque iura novit curia (retro, 363); (b) a natureza da
presunção é relativa, ou seja, o juiz pode entender que do fato conhecido
(falta de impugnação) não decorre o fato desconhecido (fato constitutivo do
pedido), porque inverossímil ou divergente de outras provas (retro, 364); (c)
existem hipóteses em que a presunção não opera (art. 345), a saber: (ca)
existindo contestação de um dos colitigantes, pois não é conveniente
(litisconsórcio simples) ou possível (litisconsórcio unitário) cindir o julgamento
em dois (retro, 365.1); (cb) envolvendo o objeto litigioso direitos indisponíveis
(v.g., na anulação do casamento), porque a presunção se prestaria a obter
resultado consensual ilegítimo perante o direito material (retro, 365.2); (cc)
existindo a necessidade de prova documental dos fatos, mais precisamente
instrumento público (v.g., a compra e venda de imóvel, nos termos do art. 108
do CC), hipótese em que nenhuma outra prova supre-lhe a falta (art. 406), e
instrumento particular (v.g., a promessa de compra e venda de imóvel, a teor
do art. 1.417 do CC), porque o ato ou fato subordinam-se à forma ad
substantiam(retro, 365.3); (cd) o contestante (v.g., o curador especial, a teor
do art. 72, II, in fine) não conhece os fatos alegados pelo autor (retro, 365.4);
(ce) os fatos alegados na petição inicial são inverossímeis (v.g., na ação de
reparação de dano de A contra B, a extensão dos danos não é compatível
com o acidente de trânsito narrado), impossíveis ou improváveis (retro,
365.5). Em tais hipóteses, nada obstante a revelia, ao autor incumbirá
demonstrar a veracidade das alegações de fato (art. 348), assegurando-se,
destarte, direito de contraprova ao revel, incorporando o art. 349 a Súmula do
STF, n.º 231.

São efeitos processuais da revelia: (a) a precipitação do julgamento, a teor


do art. 355, II (retro, 371), obviamente excluído nos casos em que não opera a
presunção do art. 344; (b) a comunicação dos atos processuais através de
publicação no órgão oficial, a teor do art. 346, caput (retro, 372.1). Ao revel o
art. 346, parágrafo único, assegura intervenção no processo pendente,
recebendo-o no estado em que se encontra, ou seja, vencidas as etapas
preclusas.

1.761. Eliminação da revelia

A disciplina positiva da revelia não institui remédio específico para o revel


eliminar os efeitos da contumácia. Em geral, segue-se julgamento favorável
ao autor (art. 355, II). Nada obstante, resta uma medida extrema: o pedido de
restituição do prazo de resposta, porque o réu deixou-o escoar, in albis, por
justa causa (art. 223,caput, parte final).

Em outra oportunidade (retro, 374), examinou-se o alcance do conceito


juridicamente indeterminado “justa causa”, nos termos do art. 223, § 1.º. Em
síntese larga, “o evento alheio à vontade da parte e que a impediu de praticar
o ato por si ou por mandatário”, a disposição recebe interpretação rígida; por
exemplo, é justa causa a doença súbita que impossibilitou o advogado de
praticar o ato e de substabelecer a procuração (v.g., o enfarto), recusando-se
a extensão a eventos triviais (v.g., o engarrafamento de trânsito). O prazo
para alegar e provar a justa causa é de cinco dias (art. 218, § 3.º), contado do
desaparecimento do impedimento (v.g., da data da alta do nosocômio),
cabendo ao réu o ônus de provar o evento e a data do desimpedimento (retro,
376). Acolhida a alegação, o juiz restituirá o prazo ao réu, conforme o art. 223,
§ 2.º (retro, 377), eliminando-se a contumácia e os seus efeitos e, ainda,
desfazendo-se os atos processuais porventura praticados.

O objeto da restituição é o prazo legalmente previsto, nem maior ou


menor.338 No caso da resposta, o prazo é de quinze dias (art. 335, caput).
Inexiste motivo plausível, haja vista o desaparecimento do evento, para
atribuir ao revel um prazo maior que o legal.339

§ 362.º Reconhecimento do pedido

1.762. Adesão do réu

Em vez de responder à demanda, objetivando repelir a pretensão


processual com todos os meios de defesa, ou de permanecer inativo no prazo
de resposta, tornando-se revel, ao réu reconhece o art. 487, III, a, ao erigir o
“reconhecimento (…) do pedido” como causa hábil à emissão de sentença
definitiva, um terceiro comportamento determinante: a adesão à pretensão do
autor. Resposta e adesão constituem atitudes contrapostas. Na adesão,
quaisquer que sejam os motivos, a exemplo da falta de meios probatórios e
da vontade para enfrentar os incômodos do processo, o réu escolhe a via fácil
da “rendição sem luta”.340

Ao reconhecer o pedido, o réu adere à pretensão do autor.341 Este é o


regime – reconhecimento, no todo ou em parte, da pretensão do autor – do §
307 daZivilprozessordenung alemã (“Erkennt eine Partei den gegen sie
geltend gemachten ganz oder zum Teil an…”),342 e, por igual, do § 395
da Zivilprozessordnungaustríaca.343

O reconhecimento do pedido correspondia à confessio in iure do processo


romano clássico, enquanto a confissão, ou admissão de fato contrário ao
próprio interesse no depoimento da parte, à confessio in iudicio.344 A despeito
da imprecisão terminológica, as duas figuras se distinguem em mais de um
aspecto: (a) o reconhecimento do pedido incumbe privativamente ao réu, mas
a confissão a ambas as partes; (b) o reconhecimento do pedido, vinculando o
órgão judiciário, abstrai juízo de fato, mas a confissão constitui elemento de
prova e parte integrante desse juízo.

Representou mérito do CPC de 1973 a consagração definitiva do


reconhecimento do pedido no direito pátrio. O primeiro código unitário previa
uma das espécies de reconhecimento do pedido na disciplina da consignação
em pagamento (art. 317, caput, do CPC de 1939) e menção mais geral no
contexto da sucumbência (art. 55 do CPC de 1939). Entretanto, neste último
chamou à figura de “confissão”. No entanto, o mérito do segundo código
unitário é parcial, pois se absteve de conferir ao reconhecimento disciplina
homogênea. E o NCPC encampou a figura sem a necessária uniformidade de
nomenclatura, chamando de “reconhecimento do pedido” à atitude do réu no
art. 90, mas a ela se referindo, no art. 487, III, a, como o ato de reconhecer a
“procedência do pedido”.

No tocante à natureza, o reconhecimento do pedido constitui negócio


jurídico processual (art. 200).345 Por óbvio, negócio unilateral. Ele é anulável
pelos defeitos (v.g., erro, coação) inerentes aos negócios jurídicos em geral.346

Aqui importam os requisitos da adesão no prazo da resposta e os


respectivos efeitos, porque já examinados outros aspectos no capítulo das
sentenças definitivas.

1.763. Requisitos da adesão

Formado o processo, mediante a entrega da petição inicial no ofício


competente (retro, 1.701), ao réu já se mostra admissível aderir ao pedido do
autor. De regra, o negócio unilateral surge no prazo de resposta, razão por
que o art. 354, caput, cogita da extinção do processo por esse motivo,
podendo ser parcial (art. 354, parágrafo único); todavia, concebe-se que
ocorra em outras etapas do processo, inclusive no segundo grau, concorrendo
com outras figuras (v.g., aquiescência à decisão desfavorável) próprias da
sistemática recursal. Representará acontecimento contrário ao quod
pluremque accidit o reconhecimento pelo réu vitorioso, mas o ato processual é
admissível, salvo outro motivo (v.g., objetivo ilegal, a teor do art. 142).

Legitima-se a reconhecer o pedido o réu. Cuida-se de ato privativo de


quem ocupa a posição de parte principal. Deduzida reconvenção, o autor
passa a réu e, nessa posição, admite-se que reconheça o pedido. A parte
auxiliar não pode reconhecer o pedido (art. 122), porque os respectivos
poderes processuais não alcançam os negócios de disposição do objeto
litigioso, e irrelevante eventual oposição à atitude do assistido. Por identidade
de razões, (a) o parecer da parte coadjuvante (Ministério Público) não obsta à
vinculação do órgão judiciário, admitindo-se apenas o controle da legalidade
do negócio jurídico (v.g., capacidade de exercício civil do réu); e (b) ao
substituto processual veda-se a prática do ato processual, porque só usufrui
capacidade de conduzir o processo, não lhe sendo permitido dispor do objeto
litigioso.347

A incapacidade da pessoa natural que figura como parte não obsta a


prática do ato processual, mediante a assistência ou representação do
respectivo representante legal (v.g., figurando menor como réu, pelo titular do
poder familiar) e do representante técnico, este em qualquer hipótese dotado
de poderes especiais (art. 105, caput). O negócio jurídico processual do
incapaz passará sob o crivo do juiz.348

Figurando mais de um réu no processo, a eficácia do reconhecimento por


um deles dependerá do regime simples ou unitário do litisconsórcio passivo.
No caso do litisconsórcio passivo simples, total ou parcial o reconhecimento, o
negócio jurídico se mostrará eficaz, vinculando autor e réu, a teor do art. 117,
mas ineficaz perante o colitigante; no litisconsórcio passivo necessário, o
negócio jurídico praticado por apenas um dos réus é totalmente ineficaz.

O reconhecimento pode ser feito por escrito, através de petição


endereçada ao juiz, firmada por advogado com poderes especiais (art.
105, caput) ou de próprio punho, ou oralmente, na audiência de conciliação ou
de mediação (art. 334), na audiência preliminar (art. 357, § 3.º) e na audiência
principal (art. 359).

De ordinário, o ato processual há de ser expresso, resultando de


manifestação de vontade inequívoca de aderir à pretensão do autor.
Reconhecimento tácito, não acudindo o réu à citação, consubstancia revelia,
cuja natureza já mereceu consideração (retro, 346). O reconhecimento tácito
só ocorre “nas hipóteses expressamente contempladas na lei”.349 Por
exemplo, na consignação em pagamento, comparecendo o réu para receber o
depósito e passar quitação ao autor (art. 546, parágrafo único), ocorre
reconhecimento tácito do pedido,350 impondo ao juiz a emissão de sentença
acolhendo o pedido (art. 487, III, a). É inadmissível, entretanto, o
reconhecimento condicional (v.g., adesão ao pedido principal, condicionada à
absolvição das despesas da sucumbência), porque impede o ato de surtir os
efeitos que lhe são próprios. Se o autor assentir com a condição, inexiste
adesão do réu ao pedido, mas negócio jurídico bilateral, ou seja, transação
entre as partes.

O objeto do reconhecimento é a pretensão processual deduzida pelo


autor. O réu adere aos efeitos jurídicos pretendidos pelo autor no todo ou em
parte. O reconhecimento em caso de cumulação objetiva já recebeu análise
no item próprio (retro, 1.630). Em qualquer hipótese, impõe-se que o objeto
litigioso (rectius: o objeto do reconhecimento, no todo ou em parte) seja
disponível.351

1.764. Efeitos da adesão

Abstraindo a intensidade do vínculo produzido pelo negócio jurídico


unilateral do réu perante a autoridade judiciária (retro, 1.631), todavia passível
de controle da legalidade, o reconhecimento total do pedido praticado no
prazo de resposta constitui causa hábil à emissão da sentença definitiva do
art. 487, II, a. Tal não significa que a relação processual será extinta.
Conforme a natureza da pretensão processual, salvo havendo ulterior
cumprimento voluntário, o processo prosseguirá para realizar o capítulo
principal (v.g., o réu reconheceu a dívida x reclamada pelo autor) ou o capítulo
acessório da sucumbência (v.g., o réu reconheceu a existência da relação
jurídica y).

Razões sistemáticas – (a) o juiz não “julga” propriamente, emitindo juízo


de fato, porque vinculado ao negócio jurídico; (b) e ocorrendo em outra
oportunidade não há “salto” da etapa de instrução – localizaram o
reconhecimento como hipótese de “extinção do processo”, mediante remissão
expressa do art. 354, caput, ao art. 487, III. Em que pese localização nessa
rubrica neutra, o juiz emitirá sentença definitiva, resolvendo o mérito, e
distribuirá os ônus da sucumbência conforme o art. 90 (retro, 1.638). É
sentença passível de ação anulatória (art. 966, § 4.º). Inspira-se essa regra na
tese de que o juiz profere a sentença de mérito com abstração de causa

Reconhecimento objetiva ou subjetivamente parcial implicará a emissão


de interlocutória mista, passível de agravo de instrumento, e, não, a “sentença
parcial de mérito” – exceto se a este título enquadra-se ato recorrível por
agravo de instrumento –, provocando mais transtornos do que vantagens.

Título II - Etapa do saneamento

Capítulo 78. PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES


SUMÁRIO: § 363.º Estrutura da etapa de saneamento – 1.765.
Concentração do saneamento do processo – 1.766. Enumeração das
providências preliminares – 1.766.1. Providências típicas – 1.766.2.
Providências atípicas – 1.766.2.1. Intervenção do Ministério Público –
1.766.2.2. Intervenção de terceiros – 1.766.2.3. Integração de litisconsorte –
1.766.2.4. Contradição à prova documental – 1.766.2.5. Arguição de falsidade
– 1.767. Função das providências preliminares – 1.768. Oportunidade das
providências preliminares – 1.769. Desnecessidade das providências
preliminares – § 364.º Especificação de provas na revelia – 1.770.
Denominação da providência preliminar na revelia – 1.771. Requisitos da
especificação de provas – 1.771.1. Existência e validade da citação do revel –
1.771.2. Revelia desprovida da presunção de veracidade – 1.771.2.1.
Presunção de veracidade perante litisconsórcio passivo – 1.771.2.2.
Presunção de veracidade perante direitos indisponíveis – 1.771.2.3.
Presunção de veracidade perante falta de prova documental indispensável –
1.771.3. Impossibilidade de extinção do processo – 1.771.2.4. Presunção de
veracidade perante fatos inverossímeis, impossíveis e improváveis ou
contrariados pela prova documental – 1.772. Determinação da especificação
de provas – 1.773. Atitudes do autor na especificação de provas – 1.773.1.
Proposição de provas na revelia – 1.773.2. Omissão de provas na revelia –
1.774. Admissão das provas na revelia – 1.775. Aquisição do direito de provar
pelo réu – § 365.º Réplica do autor – 1.776. Conceito e natureza da réplica –
1.777. Funções da réplica – 1.778. Réplica à defesa processual – 1.778.1
Pressupostos da réplica à defesa processual – 1.778.2 Prazo da réplica à
defesa processual – 1.778.3 Conteúdo da réplica à defesa processual –
1.778.4 Efeitos da réplica à defesa processual – 1.779. Réplica à defesa de
mérito indireta – 1.780. Réplica à prova documental – 1.781. Tréplica do réu –
§ 366.º Pedido de declaração incidental – 1.782. Suscitação de questão
prejudicial na contestação – 1.783. Prazo do pedido de declaração incidental
– 1.784. Efeitos do pedido de declaração incidental – 1.785. Procedimento do
pedido de declaração incidental – 1.785.1. Petição inicial do pedido de
declaração incidental – 1.785.2. Chamamento do réu no pedido de declaração
incidental – 1.785.3. Resposta do réu ao pedido de declaração incidental –
1.785.4. Processamento e julgamento do pedido de declaração incidental – §
367.º Suprimento dos vícios do processo – 1.786. Suprimento (da
inexistência) e saneamento (dos vícios) do processo – 1.787. Iniciativa da
atividade de saneamento – 1.788. Prazo da atividade de saneamento.

§ 363.º Estrutura da etapa de saneamento

1.765. Concentração do saneamento do processo

Objetiva o procedimento comum, no qual predomina a função de


conhecimento, a formulação da regra jurídica concreta através da sentença,
solucionando o litígio das partes, e, na medida do possível, a imediata entrega
do bem da vida ao autor.

Em geral, as postulações contraditórias de autor e réu, quando vencido o


primeiro controle de admissibilidade da demanda, no qual inclusive pode
ocorrer o julgamento prévio do mérito (art. 332), apresentam ao juiz questões
de fato e questões de direito. Cabe ao juiz resolvê-las, a contento, a fim de
alcançar a meta prevista e emitir a sentença. Porém, a apuração da
veracidade das alegações de fato controvertidas, possibilitando a resolução
das questões da mesma natureza e, a partir dessa base sólida, igualmente
das questões de direito, de ordinário dependerá da produção de prova distinta
da documental. A prova documental as partes trazem ao processo juntamente
com os atos postulatórios (art. 319, VI, e 336, in fine). Eventual atividade
probatória suplementar realiza-se na audiência, salvo disposição em contrário,
mas esse encontro das partes com o juiz que consome tempo e energias,
valendo a pena evitá-lo tanto quanto possível.

Ora, antes de o processo ingressar na etapa de instrução, surgem


questões prévias (de fato e de direito, ou exclusivamente de direito),
logicamente anteriores ao mérito, respeitantes aos elementos de existência,
aos requisitos de validade e fatores de eficácia do próprio processo. Ao juiz,
nessa contingência, oferecem-se dois termos de alternativa: ou (a) o
obstáculo daí advindo se mostra superável, bastando ao juiz mandar suprir o
vício ou, invalidando o ato viciado, renová-lo na forma legal e com a estrita
observância dos direitos fundamentais processuais (art. 352); ou (b) o
obstáculo afigura-se insuperável, provocando a extinção prematura do
processo (art. 354, caput, c/c arts. 485 e 487). O controle desses elementos,
requisitos e fatores, rotulados genericamente de pressupostos processuais e
de condições da ação, caracteriza etapa do procedimento comum, intercalada
entre o término da fase postulatória e o início da instrutória. O objetivo da
etapa intermediária consiste em racionalizar o sistema processual:
prosseguirá o processo que tem aptidão para atingir seus fins.1

Não há uniformidade no tratamento legislativo desse problema comum e


universal – o expurgo dos vícios do processo, preparando o julgamento do
mérito, ou o encerramento dos processos que não têm aptidão para recebê-lo
–, havendo ordenamentos que pulverizam a resolução das questões
processuais em momentos diferentes. Parece largamente preferível que
essas questões sejam resolvidas o quanto antes e em bloco. Um provimento
único, em momento predeterminado, liberará o espírito do juiz, na etapa de
instrução, para concentrar a respectiva atenção no objeto litigioso, ou
abreviará o procedimento vantajosamente, nos casos em que a demanda
jamais chegará à resolução de mérito. É o modelo dito “concentrado”, em
contraposição ao modelo “difuso”,2 e que consiste no exame oficial, prévio e
compulsório da regularidade do processo no encerramento da fase
postulatória. Por sua vez, a concentração agasalha duas “técnicas” diferentes:
(a) a preparação escrita, na forma do tradicional “despacho saneador” (infra,
1.815) e (b) a preparação oral, na forma de audiência preliminar (art. 357, §
3.º), entre nós vista com desconfiança e escassamente aplicada (infra, 1.803),
razão por que até a designação desapareceu na regra.

Não é absoluta a concentração da etapa de saneamento no direito pátrio.


Existem questões relativas ao processo resolvidas em incidentes específicos
– a incompetência relativa, no caso do art. 340; o impedimento e a suspeição
do juiz, a teor do art. 146 –, cujo momento hábil pode ou não coincidir com a
etapa de saneamento, ostentando denominador comum flagrante: o
acolhimento dessas questões deslocará o processo, de um juízo a outro
(incompetência relativa) ou de um juiz a outro (impedimento e suspeição),
jamais implicando a extinção (art. 485), no julgamento conforme o processo
(art. 354, caput). E, conforme o estágio do processo – as exceções de
impedimento e de suspeição podem ser opostas a qualquer tempo e,
portanto, após o saneamento –, no momento da resolução dessas questões,
suspenso ou não o processo (art. 146, § 2.º, II, no caso da exceção de
parcialidade), ao novo juízo ou ao novo juiz reservar-se-á o saneamento.

Antes de o juiz debruçar-se sobre as questões processuais, repelindo-as e


mandando o processo à prova ou, alternativamente, extinguindo o processo, o
direito fundamental processual ao contraditório interpõe-se no roteiro da
atividade do juiz. Conforme o conteúdo da contestação do réu, que (a) alegou
defesa de mérito indireta (exceções e objeções substantivas), introduzindo
matéria nova, ou (b) alegou defesa processual dilatória (retro, 315) ou
peremptória (retro, 319), ou (c) alegou questão prejudicial (retro, 293), cumpre
ao juiz assegurar réplica ao autor. Dessas providências preliminares ocupam-
se, respectivamente, os arts. 347, 350 e 351. Logo se percebe que a ordem
legal das causas que inspiram as providências preliminares, principalmente a
localização da Seção III, não é lógica.
Ocorrendo revelia do réu, ao juiz cumprirá verificar a presença dos
pressupostos processuais e das condições da ação e, não sendo o caso de
extinção do processo (art. 354, caput, c/c art. 485), a inatividade do réu
ensejadora, ou não, do efeito material da revelia. Em geral, a inércia do réu no
prazo de resposta implicará revelia acompanhada de efeito material, ou seja,
da presunção de veracidade dos fatos articulados pelo autor. Esse efeito
possibilita ao juiz ingressar no mérito da causa, independentemente da
instrução, a teor do art. 355, II, hipótese de julgamento antecipado do mérito
(infra, 1.798.2). Evidentemente, o julgamento, de meritis, não favorecerá
necessariamente autor, embora seja usual o juízo de procedência, e
descansará em juízo de admissibilidade positivo. Por exceção, nos termos do
art. 345, não opera a referida presunção de veracidade. Nessa contingência, o
juiz toma outra providência preliminar, mandando o autor especificar os meios
de prova (art. 348), antes de sanear o processo.

Cumpridas as providências preliminares previstas nos arts. 348, primeira


parte, 350 e 351, a etapa de saneamento defrontará encruzilhada decisiva. O
prosseguimento ulterior do feito somente se justifica quando útil e necessária
atividade processual suplementar.3

É inútil o prosseguimento do processo se à demanda faltam condições de


ultrapassar o juízo de admissibilidade e o vício não comporta saneamento
(art. 317). Assim, verificando o juiz a ausência insuprível de pressuposto
processual (v.g., o autor repetiu demanda em curso, incidindo na proibição do
art. 337, § 3.º) ou de condição da ação (v.g., a ilegitimidade ativa; a
legitimidade passiva é passível de correção) o juiz extinguirá o processo (art.
354, caput).

E é desnecessário passar-se à etapa da instrução se causa estiver


madura para julgamento imediato. Em linhas gerais, a situação se verificará
quando (a) os fatos que originaram o litígio são incontroversos, em virtude
(aa) da falta de impugnação específica (art. 341, caput, primeira parte) ou da
revelia do réu, acompanhada de efeito material (art. 344); (b) o juízo de mérito
respeita unicamente às questões de direito debatidas (v.g., causas
tributárias); (c) a prova documental, produzida com os atos postulatórios
fundamentais (art. 434, caput), e a prova pericial, produzida sob a forma de
parecer técnico (art. 472), esclareceram suficientemente as questões de fato,
bastando à formação do convencimento do juiz. Em tais situações,
desnecessária a instrução em audiência. Então, o juiz julgará
antecipadamente o mérito (art. 355, I e II), talvez em parte (art. 356). E, de
ordinário, a pronúncia da prescrição e da decadência, subtipo de rejeição do
pedido, tampouco exige atividade instrutória; porém, a lei localiza essa
hipótese de abreviação do procedimento no art. 354, caput, e, não, no inciso I
do art. 355.

Também pode acontecer que o réu, em vez de contestar a demanda do


autor, reconheça o pedido ou, entrementes, o autor renuncie ao direito posto
em causa e as partes transijam objeto litigioso disponível, cabendo ao juiz,
nessas situações, emitir sentença definitiva, a teor do art. 487, III, c/c art. 354.

Essas hipóteses agrupam-se no Capítulo X do Título correspondente ao


procedimento comum, sob a designação de “julgamento conforme o Estado
do Processo”, herdada do CPC de 1973 e, por sua vez, inspirada na
terminologia alemã algo semelhante – Entscheidung nach Lage der Akten -
,4 mas distinta no que tange ao âmbito de incidência. A Seção I – Da Extinção
do Processo – contempla as hipóteses do art. 485 e 487, II e III, de
abreviação do procedimento na etapa de saneamento. Já se destacou a
impropriedade de reunir hipóteses de sentença definitiva (art. 487, II e III) com
a sentença terminativa do art. 485. E a Seção II – Do Julgamento Antecipado
do Mérito –, formada pelo art. 355, prevê a abreviação do procedimento nos
casos de (a) causa madura e de (b) revelia acompanhada de efeito material,
proferindo o juiz sentença definitiva subsumida no art. 487, I. A rigor, a Seção
III – Do Julgamento Antecipado Parcial do Mérito – constitui mera
complementação do art. 355, motivo por que receberá tratamento conjunto.

A enumeração das variantes assumidas pelo procedimento comum, finda


a fase postulatória, demonstra o equívoco da anterior e clássica denominação
de “despacho saneador” ao conjunto dessas atividades. Recolheu o autor do
anteprojeto do CPC de 1973 a crítica exposta em ensaio clássico, segundo o
qual, a rigor, “despacho saneador… é só aquele que, declarando saneado o
processo, {o juiz} providencia seu regular prosseguimento”; do contrário,
extinguido o processo, proferirá sentença terminativa, e conhecendo
diretamente do pedido, sentença definitiva.5 São provimentos de natureza
heterogênea. Em sentido contrário, mas sem abalar a convicção formada
nesse tópico, ponderou-se que o fim desses provimentos é idêntico: a
economia processual; assim, pouco importa o saneamento implicar, por
vezes, a inutilidade do prosseguimento do processo.6 Faltaria explicar a
desnecessidade de prosseguimento, hoje consagrada no art. 355 c/c art. 356;
porém, no regime do CPC de 1939 era defeso ao juiz tomar “antecipada
decisão do mérito”,7 devendo restringir-se às matérias do respectivo art. 294.

A estruturação do Capítulo IX – Das Providências Preliminares e do


Saneamento – e do Capítulo X – Do Julgamento Conforme o Estado do
Processo – do Título I – Do Procedimento Comum – do Livro I da Parte
Especial do NCPC, similar à do CPC de 1973, na primeira leitura sugeriu o
encadeamento dos arts. 293 a 296 do CPC de 1939.8 Na realidade,
introduziu-se o julgamento antecipado do mérito, prescindindo-se da
audiência de instrução obrigatória para o julgar o mérito, mas a isso e à
melhor reorganização das providências tendentes a assegurar o contraditório
se limitaram as inovações. Em diversos aspectos, a etapa de saneamento se
ressente de maior clareza. Além dos já aventados, o principal defeito consiste
na previsão da decisão de saneamento e organização do processo no mesmo
capítulo do julgamento conforme o estado do processo, como se o ato do juiz,
declarando saneado processo e preparando a instrução, de algum modo
equipara-se à sentença terminativa (art. 485 c/c art. 354, caput) e à sentença
definitiva (art. 487, I, c/c art. 355, I e II, e art. 356; art. 487, II e III, c/c art.
354, caput).

Fora daí, há outro pormenor. Formalmente, o saneamento propriamente


dito dividir-se-á em dois atos distintos: o primeiro, previsto no art. 352, assina
prazo para suprir vícios e renovar atos; o segundo, mencionado no art. 357, II,
declarará superados os obstáculos ao prosseguimento necessário e útil do
processo.9

1.766. Enumeração das providências preliminares


Das providências preliminares ocupam-se os arts. 347 a 353, primeira
parte. Segundo o art. 347, in fine, o juiz determinará tais providências,
conforme o caso, mas há claro denominador comum nas situações aventadas
nessas regras. As providências preliminares implicam a audiência do autor em
certo prazo. O pormenor não só indica a função das providências
preliminares, na etapa de saneamento, como expõe o respectivo fundamento.
As situações que ensejam essas medidas variam pressupõem: (a) revelia do
réu, no caso do art. 348; (b) o conteúdo da defesa do réu, nas hipóteses dos
arts. 350 e 351.

Além das providências explícitas, ou típicas, arroladas nos arts. 348 a 353,
há outras providências implícitas no roteiro do procedimento comum. Por
exemplo, cingindo-se a contestação do réu à defesa de mérito, ou seja, sem
levantar questões prévias (preliminares ou não), mas produzindo prova
documental (art. 434,caput), ao juiz caberá colher a manifestação do autor
(art. 437, caput), facultando-lhe, conforme o fundamento da impugnação, a
contraprova hábil, inclusive a testemunhal (v.g., no caso de alegação de vício
do consentimento).

1.766.1. Providências típicas – Os arts. 348 a 351 contemplam as


seguintes providências preparatórias do saneamento:

(a) determinação para o autor especificar as provas com as quais pretende


provar as alegações de fato na inicial, no caso de revelia do réu
desacompanhada de efeito material, a teor do art. 348, por força da incidência
do art. 345, no prazo de quinze dias, por analogia, embora haja interregno
assinado;

(b) abertura de prazo para o autor manifestar-se sobre a questão


prejudicial, suscitada na contestação do réu, hipótese não reduzida
claramente ao art. 350;

(c) abertura de prova para o autor replicar a arguição das objeções e


exceções substanciais, ou seja, a alegação pelo réu de fato extintivo,
modificativo ou impeditivo (retro, 339), a teor do art. 350, no prazo de quinze
dias;

(d) abertura de prazo para o autor replicar a arguição das objeções


processuais do art. 337, a teor do art. 351, no prazo de quinze dias.

Duas observações calham à singela enumeração dos casos em que, finda


a fase postulatória, o juiz estabelecerá o contraditório, ouvindo o autor.

As situações originárias do conteúdo da contestação do réu para provocar


o contraditório amiúde combinam-se em dado processo. Por exemplo, na
ação de Acontra B, pleiteando a prestação x do contrato firmado entre B e C,
em que A se declara sucessor de C, concebe-se que o réu alegue na
contestação: (a) a ilegitimidade ativa de A, assunto que atrairia a incidência do
art. 351; (b) o vencimento do prazo prescricional e, ainda, compensação,
assuntos próprios da órbita do art. 350; e (c) e produza prova documental,
pretendendo demonstrar que D sucedeu a A, bem como a existência do
contracrédito que anteriormente extinguira a prestação x, a reclamar a
aplicação do direito fundamental do contraditório. O prazo de quinze dias é
único,10 e deve ser aplicado ao art. 348, por analogia, embora não seja
excluída a incidência do art. 218, § 3.º.

As consequências do comportamento do autor variam conforme a


hipótese. Assim, inexistindo possibilidade de declaração incidente, o único
efeito discernível consiste na exclusão da questão prejudicial do âmbito da
futura autoridade do julgado, a teor do art. 503, § 1.º; a falta de impugnação
(específica) do fato extintivo (v.g., a prescrição), modificativo (v.g., a revisão
do valor do aluguel) ou impeditivo (v.g., a exceção de inadimplemento, a teor
do art. 476 do CC), em princípio os torna incontroversos (art. 341, caput,
segunda parte), excluindo-os do tema da prova, objeto da decisão de
saneamento sob a rubrica da fixação dos pontos controvertidos (art. 357, II),
quando não ensejar o julgamento antecipado (art. 355, I), porque madura a
causa.

1.766.2. Providências atípicas – À margem das providências típicas, ao


receber os autos no momento traçado no art. 347 o juiz verificará outras
situações que determinam medidas de impulso, ordenando o processo. O
esquema formal das providências preliminares mostra-se
insuficiente.11 Desconsiderou o art. 348, polarizado entre contestação (ou
reconvenção, talvez hábil para controverter as alegações de fato do autor) e
revelia, outras possíveis modalidades de reação do réu e vicissitudes do
processo.

Em parte, a omissão justifica-se na relatividade da concentração do


saneamento do processo. A exceção de parcialidade (art. 146), em virtudes
de motivos preexistentes à apresentação da defesa, gera incidente autônomo
que, a par da suspensão do processo (art. 146, § 2.º, II), resolvem-se
oportunamente e, presumivelmente, antes da réplica do autor. E outro tanto
se pode dizer do incidente de falsidade da prova documental produzida pelo
autor (art. 430), e dos incidentes que, sem influência mais intensa e decisiva
na meta da sentença de mérito (objetivo fundamental do procedimento
comum), não suspendem o fluxo dos atos processuais, a exemplo da
reclamação contra a distribuição. A reconvenção precisa ser respondida antes
das providências preliminares típicas (art. 343, § 1.º). Embora o direito
português sirva-se da réplica para essa finalidade (acompanhada da proibição
da reconventio reconventionis), a teor do art. 584, n.º 1, do NCPC de 2013, o
direito nacional preferiu separar as atividades, conforme a posição no
processo: contestação do reconvindo, réplica do autor.

E, noutra boa parte, as omissões não têm explicação nítida. O art. 347
deveria contemplar os eventos suspensivos, deixando expresso que as
providências preliminares são retardadas pela pendência de incidentes
suspensivos (v.g., a exceção de parcialidade). Em virtude do alcance
heterogêneo das providências preliminares, insere-se no âmbito da análise do
juiz nessa oportunidade: (a) a intervenção do Ministério Público; (b) a
contradição do autor a respeito da prova documental; e (c) a integração do
processo do litisconsorte necessário preterido.

1.766.2.1. Intervenção do Ministério Público – Após o vencimento do prazo


de resposta do réu, o juiz avaliará a necessidade de intervenção, ou não, do
órgão do Ministério Público, preexistente hipótese subsumida ao art. 178.
Claro está que a hipótese de intervenção pode ocorrer posteriormente; no
caso do art. 178, II, a incapacidade da parte talvez se verifique em fase mais
adiantada do procedimento. De toda sorte, a intervenção do Ministério Público
constitui assunto passível de controle do juiz, ex officio, embora os atos
postulatórios principais das partes (inicial e contestação) podem tê-la
requerido, e na quinzena do art. 347 o juiz promover-lhe a intervenção como
providência preliminar, ordenando a respectiva intimação (art. 271).

A manifestação do Ministério Público ocorrerá antes da réplica do autor,


quando esta for necessária, conforme os arts. 347 a 351. A despeito de o art.
179, I, assegurar ao Ministério Público a prerrogativa de ter “vista dos autos
depois das partes”, este é o momento propício, inclusive para o fito de a parte
coadjuvante sugerir ao juiz a abertura de prazo de réplica ou arguir a
incompetência relativa (art. 65, parágrafo único). Mas, a razão fundamental é
outra, prendendo-se à economia.12 À parte coadjuvante, nessa ocasião e se
for este o caso, tocará levantar toda a matéria que compete ao juiz apreciar
de ofício – as questões preliminares previstas no art. 337. E sobre tal matéria
cumpre colher a réplica do autor (art. 351). Não convém, portanto, sobrestar a
primeira manifestação do Ministério Público para qualquer momento ulterior.

Tal não exclui que, posteriormente à réplica do autor, outra manifestação


do Ministério Púbico não se mostre imprescindível. Assim, exposta defesa de
mérito indireta pelo réu, o Ministério Público manifestar-se-á antes da réplica
e, havendo ou não impugnação do autor, na forma do art. 350, após o
escoamento da quinzena, para sugerir ao juiz o caminho a seguir –
prosseguimento do processo, preparando a futura instrução (art. 357), porque
há questões dependentes de prova distinta da documental, ou abreviação do
procedimento, mediante julgamento antecipado do mérito, no todo (art. 355, I)
ou em parte (art. 356).

A segunda manifestação do Ministério Público ocorrerá em momento


posterior no caso de o autor pleitear declaração incidente, que insere
pretensão, in simultaneo processu.

1.766.2.2. Intervenção de terceiros – A provocação da intervenção de


terceiro interfere e repercute na fase postulatória do procedimento. Feita a
antiga nomeação à autoria (laudatio actoris), criava-se incidente que corrigirá,
ou não, a legitimidade passiva. Essa possibilidade generalizou-se no NCPC.
O juiz tomará a providência do art. 338, complementada no art. 339, cuja
ultimação talvez implique a renovação da fase postulatória, inclusive a
designação de nova audiência de conciliação e de mediação (art. 334).

Feito o chamamento em garantia pelo réu, ou o chamamento ao processo,


decisão que, avaliando os respectivos pressupostos, admite o chamamento
do terceiro, imprimirá variante ao procedimento comum. O encerramento da
fase postulatória dependerá de eventos sucessivos e já examinados no
capítulo relativo a essas modalidades de intervenções de terceiro.

Importa sublinhar, aqui, o travamento momentâneo do procedimento,


afastando a incidência imediata das providências preliminares típicas, e a
natureza atípica da providência que o órgão judiciário toma em todos esses
casos, ordenando a citação do terceiro.
1.766.2.3. Integração de litisconsorte – No prazo das providências
preliminares, o juiz verificará a necessidade de integrar ao processo
litisconsorte necessário preterido, ordenando ao autor requerer a citação do
preterido, nos termos do art. 115, parágrafo único, tema já examinado em
tópico específico (retro, 589).

1.766.2.4. Contradição da prova documental – Em que pesem


desnecessárias as providências anteriores típicas ou atípicas, remanesce a
hipótese de fechamento do sistema. Limitando-se o réu, na contestação, à
defesa de mérito direta, mediante impugnação de fato (retro, 329) ou
impugnação de direito (retro, 335), produzindo documental (art. 434, caput) –
na verdade, contraprova –, o juiz obrigar-se-á a dar vista do processo ao autor
para réplica, no prazo de quinze dias, a teor do art. 437,caput.13 O fundamento
não se localiza no art. 437, § 1.º. Esta disposição tem função residual,
atinente à produção de documentos novos (art. 435). Funda-se a audiência do
autor, abstraindo a possibilidade de o réu impugnar a prova documental
produzida com a petição inicial, arguindo-lhe, ou não, a falsidade, no direito
fundamental processual do contraditório.

1.766.2.5. Arguição de falsidade – Pode acontecer de o réu, ao ensejo de


impugnar a prova documental produzida pelo autor (art. 437, caput), suscite o
incidente de falsidade do art. 430. A arguição de falsidade obriga o juiz a ouvir
o autor no prazo de dez dias (art. 432, caput), processando o incidente até
emitir o pronunciamento do art. 433, declarando falso ou autêntico o
documento particular ou o documento público. Em se tratando de incidente
autônomo, a arguição de falsidade, uma das variantes defensivas do réu
(retro, 1.757.2), receberá análise no capítulo da prova documental.

1.767. Função das providências preliminares

Em todos os casos expressos e implícitos, as providências preliminares


prestam contrita submissão ao direito fundamental ao contraditório e ao
caráter dialético do processo. Eis o fundamento comum das providências
arroladas nos arts. 347 a 353.

O título do Capítulo IX – Das Providências Preliminares e do Saneamento


– do Título I do Livro I da Parte Especial do NCPC não é próprio. As medidas
aí previstas são, sobretudo, preparatórias. Elas preparam (a) o julgamento
conforme o estado do processo, forma de abreviação do procedimento
comum, nos termos dos arts. 354, 355 e 356; e (b) o saneamento do
processo, mediante as técnicas alternativas (ba) oral (art. 357, § 3.º) e (bb)
escrita (art. 357). Eis as funções desempenhadas no conjunto do
procedimento comum. Figurem-se os seguintes casos exemplificativos, e mais
simples, dessas variantes, que não excluem outras (v.g., no caso de
reconvenção).

(A) Na ação em que A pede a condenação de B ao pagamento de x, com


base no contrato y, o réu alega coisa julgada, porque transitou em julgado
sentença de mérito anterior que repeliu idêntico pedido entre as mesmas
partes. Colhida a manifestação do autor, em obediência ao art. 351, produzida
ou não prova documental, o juiz apura a cabal tríplice identidade (art. 337, §
2.º) entre o processo julgado e o em curso, extinguindo a este com
fundamento no art. 354, caput, c/c art. 485, V.
(B) Na ação em que A pede a condenação de B ao pagamento de x, com
base no contrato y, o réu alega prescrição. Colhida a manifestação do autor,
nos termos do art. 350, o juiz acolhe a exceção substancial, emitindo
sentença definitiva, a teor do art. 354, caput, c/c art. 487, II.

(C) Na ação em que A pede a condenação de B ao pagamento de x, com


base no contrato y, o réu alega a inexistência do contrato, razão por que não
deve x e as prestações x e z seguintes, e produz prova documental. O juiz
colhe a manifestação do autor A que, almejando tornar indiscutível a
existência do contrato y, evitando a renovação dessa controvérsia nas ações
em que pleiteará x e z, pede a declaração incidente. Em tal hipótese, o
contraditório exige nova manifestação do réu, assegurando-lhe o direito de
responder em quinze dias. Findo esse prazo e, nada aduzindo o réu de novo,
porque suscitou a questão prejudicial através impugnação de fato direta, e
não produzindo prova documental – do contrário, renovar-se-iam, mutatis
mutandis, as providências preliminares –, o juiz ou designará audiência
preliminar ou proferirá a decisão do art. 357.

(D) Na ação em que A pede a condenação de B ao pagamento de x, com


base no contrato y, o réu alega defeito na representação técnica do autor (art.
337, IX), vez que o advogado C encontra-se suspenso do quadro respectivo,
e nega a existência do contrato y. Após abrir a quinzena para o autor se
manifestar, na forma do art. 351, o juiz verifica o juiz a inabilitação perdurará
por tempo indeterminado, assinando, portanto, o prazo de quinze dias para o
autor constituir novo procurador, intimando-o pessoalmente. Findo
semelhante prazo, há dois termos de alternativa: suprido o vício da
representação técnica, o juiz declarará saneado o prazo e mandará produzir a
prova pertinente; subsistindo o vício, o juiz extinguirá o processo (art.
354, caput, c/c art. 485, IV).

Não se afigura correto o entendimento de que as providências


preliminares preparem unicamente as duas modalidades de julgamento
conforme o estado do processo.14 Entre as três seções que compõem o
capítulo, reunidas sob tal designação, há diferença frisante: nas duas
primeiras, respectivamente, a da “extinção do processo” e a do “julgamento
antecipado do mérito”, o juiz emitirá sentença (terminativa ou definitiva); na
terceira, a decisão de saneamento prepara a instrução, abrindo caminho ao
futuro julgamento do mérito.

A função preparatória das providências preliminares ressalta inequívoca


no art. 348. A especificação de provas prepara a fase de instrução. Por
exceção, revelia do réu não abrevia o procedimento, na forma do art. 355, II.
Porém, essa medida só tem cabimento no caso de o juiz não verificar a
inexistência de pressuposto processual (v.g., coisa julgada) ou de condição de
ação (v.g., legitimidade ativa), cuja falta seja insuprível: o objeto geral de
economia recomenda, em casos tais, a emissão da sentença terminativa (art.
485, V ou VI), porque mostrar-se-ia inútil mandar o autor especificar seus
meios de prova e, depois, extinguir o processo com fundamento no art.
354, caput.

1.768. Oportunidade das providências preliminares


As providências preliminares têm lugar após o encerramento da fase
postulatória. Segundo declara o art. 347, findo o prazo de respostado réu, o
juiz tomará as providências preliminares, uma vez recebidos os autos em
conclusão feita pelo escrivão ou chefe de secretaria. Dada a inevitável
incidência da preclusão consumativa, segundo a qual, praticado o ato,
defeituosamente ou não, de imediato produzir-se-á “a constituição,
modificação ou extinção de direitos processuais” (art. 200), revela-se
desnecessário aguardar o término do interstício originário de quinze dias (art.
335). Logo que o réu responder, contestando ou reconvindo, o escrivão fará a
conclusão ao juiz; ao menos no caso do art. 340, tal acontecerá logo após a
audiência do art. 334. Porém, nem sempre o juiz tomará, desde logo, as
medidas dos arts. 348 a 351. E isso, porque se concebem duas variantes: (a)
oferecida reconvenção, e entendendo o juiz que não é caso de indeferimento
da respectiva petição inicial, antes de adotar as providências preliminares
cabíveis, o juiz mandará intimar o autor, na pessoa do seu procurador, para
contestá-la no prazo de quinze dias, a teor do art. 343, § 1.º, sublinhando-se o
uso do verbo responder na regra, indicativo da possibilidade da reconventio
reconventionis; (b) oferecida exceção (de impedimento ou de suspeição), ao
juiz cumprirá a providência do art. 146, § 1.º, inviabilizando, entrementes,
qualquer providência preliminar.

A fase postulatória encerrar-se-á, na realidade, após a contestação da


reconvenção, ou o escoamento, in albis, do prazo do art. 343, § 1.º,15 e do
julgamento da exceção da parcialidade porventura oferecida. O art. 293 do
CPC de 1939 sofria de imprecisão similar, aludindo ao decurso do “prazo para
contestação ou reconvenção”, e recebeu idêntico reparo: somente após a
contestação, ou não, da reconvenção os autos subiriam ao juiz.16

Literalmente, o art. 347 aplica-se à hipótese de revelia. Nesse caso,


aguardar-se-á o término do prazo de resposta e, verificando o juiz a existência
e a validade da citação, além da presença dos pressupostos processuais e
das condições da ação, ordenará ao autor a especificação de provas (art.
348) ou julgará antecipadamente o mérito (art. 355, I), conforme surta o efeito
que lhe é próprio (presunção de veracidade) o art. 344.

O prazo para o juiz tomar as providências preliminares é de cinco dias (art.


226, I), porque se cuida de despacho (art. 203, § 3.º), pronunciamento sem
maior conteúdo decisório. Cuida-se de prazo impróprio. O único remédio
avulta na representação contra o excesso de prazo (retro, 1.189).

1.769. Desnecessidade das providências preliminares

Pouca atenção se deu, no direito anterior, à cláusula intermediária da


regra equivalente ao art. 353. Segundo a regra, cumpridas as providências
preliminares, inclusive o suprimento mencionado no art. 352 – atividade
saneadora em sentido estrito –, “ou não havendo necessidade delas”, o juiz
passará ao julgamento conforme o estado do processo. A palavra julgamento
que encima as três seções do capítulo tratando desse assunto não ilude a
ninguém. De julgamento propriamente dito, abreviando o procedimento,
cogitar-se-á apenas no art. 354, caput, e no art. 355 c/c art. 356. No art. 357,
embora resolvidas “as questões processuais pendentes” (inciso I), inexistirá a
emissão de sentença terminativa ou definitiva. O juiz declara saneado o
processo e adota providências tendentes a regular a fatura instrução.
Ao contrário do que se poderia supor, casos há em que nenhuma das
medidas dos arts. 348 a 351, bem como a do art. 437, caput, antecederá
declaração de saneamento e de organização do processo. Não é despida de
interesse prático e teórico essa hipótese. E por mais de um motivo.

Não há como relacionar a desnecessidade de medidas preliminares o


procedimento comum, fatal e simplesmente, à falta de complexidade da
causa. A razão de ser da ausência dessas medidas preparatórias repousa no
conteúdo da contestação do réu. Acontece de o réu, sem produzir prova
documental, apresentar contestação com conteúdo mínimo eficiente,
realizando impugnação de fato direta (retro, 329), como lhe faculta o art.
341, caput, primeira parte, ou limitar a contrariedade à impugnação do direito
(retro, 335). Nessas condições, e inexistindo outros defeitos, conhecíveis ex
officio, no rol do art. 337, o juiz julgará antecipadamente a lide (art. 355, I) ou
saneará o processo (art. 357), sem que haja a necessidade de contraditório
anterior a este ou àquele caminho a ser percorrido.

A impugnação do direito, visualizada isoladamente, propicia o julgamento


antecipado (art. 355, I: “não houver necessidade de produção de outras
provas”) e, conforme o objeto do litígio (v.g., causa tributária), talvez pré-
exclua a audiência preliminar (art. 357, § 3.º). Porém, não alivia o juiz do
árduo trabalho de resolvê-la em pronunciamento dotado de motivação
suficiente. Depara-se o juiz, portanto, com autêntico hard case e, sem o
paliativo do contraditório prévio para outorgar-lhe maior tempo de reflexão,
decidirá em dez dias (art. 226, II) ou, conforme o caso, sentenciará em trinta
dias (art. 226, III). Só não precisa seguir a ordem cronológica de conclusão no
caso da sentença terminativa (art. 12, § 2.º, IV).

Explicadas as causas que dispensam quaisquer providências preliminares


típicas ou atípicas já se percebe a réplica constituir ato postulatório eventual e
facultativo. Fora dos casos legais, transforma-se em prática viciosa e
deformada, sintoma do mal do século: a falta de leitura da inicial e da
resposta. A automática abertura do prazo de réplica não colabora com a
eficiência do procedimento,17 implicando perda de tempo e de energia, e deve
ser evitada a todo transe.

§ 364.º Especificação de provas na revelia

1.770. Denominação da providência preliminar na revelia

A Seção I do Capítulo IX – Das Providências Preliminares e Do


Saneamento – do Título Ido Livro I da Parte Especial do NCPC recebeu a
designação: “Da não Incidência dos Efeitos da Revelia”.

Do seu único art. 348 se extrai que o juiz, “verificando a inocorrência do


efeito da revelia previsto no art. 344” – entenda-se: a presunção de
veracidade dos fatos articulados pelo autor, ou efeito material da revelia –,
“ordenará que o autor especifique as provas que pretenda produzir, se ainda
não as tiver indicado” (art. 348, in fine).

Em relação ao direito anterior, em que encimava a seção o título mais


impróprio – do efeito da revelia –, corrigiu-se a falha mais gritante, mas a
seção não corresponde ao conteúdo. O art. 348 cuida da inexistência de um
dos efeitos da revelia, a presunção do art. 344, e, não, “dos efeitos”, pois o
réu talvez haja se representado nos autos, embora a falta de apresentação da
contestação ou da reconvenção. É melhor designar a providência, em casos
tais, de “especificação de provas”.18

1.771. Requisitos da especificação de provas na revelia

A especificação de provas do art. 348 subordina-se à verificação dos


seguintes pressupostos: (a) existência e validade da citação do réu; (b) a
ocorrência de revelia, desacompanhada da presunção de veracidade (art.
344); (c) a impossibilidade de emissão de sentença terminativa; (d) a falta ou
a desatualização da proposição de meios de prova (infra, 1.772).

1.771.1. Existência e validade da citação do revel – Antes de cogitar da


aplicação do art. 348, o juiz apreciará, ex officio, a existência e a validade da
citação inicial do réu.19 Parece óbvio que a ocorrência de revelia pressupõe
citação válida do réu. A esse propósito, decidiu o STJ: “A ausência de
citação… impede a abertura do debate a respeito da decretação dos efeitos
da revelia”.20

O exame do órgão judicial deter-se-á nos requisitos das diferentes


modalidades de citação (art. 246). No que tange à citação postal, por
exemplo, avultam dois aspectos: (a) a entrega da carta ao citando, na forma
do art. 248, § 1.º; e (b) a advertência quanto ao prazo de resposta (art. 250,
II).

Em relação ao primeiro aspecto, não se desconhece a flexibilidade dos


tribunais brasileiros, tolerando a entrega da carta de citação para qualquer
pessoa no endereço indicado. Fita-se a descarga imediata de mais um
processo, pois a revelia abrevia o procedimento, permitindo o julgamento
antecipado (art. 355, II). Ocorre que inexiste processo constitucionalmente
justo e equilibrado sem citação realizada na estrita forma legal, porque o
direito fundamental processual à defesa é absoluta. Em tal matéria, “o
rigoroso cumprimento de todo o formalismo da lei não denota fervor
burocrático, mas equilíbrio, bom senso”.21 Também vale a ponderação para os
casos de entrega da carta de citação para o “funcionário responsável pelo
recebimento de correspondência”, cuidando-se de citação postal de pessoa
jurídica (art. 248, § 2.º), ou ao funcionário da portaria, tratando-se de citação
postal da pessoa natural (art. 248, § 4.º). Se o réu é microempresa ou pessoa
jurídica de pequeno porte, como revela a razão social, ou se o endereço da
pessoa natural é residência unifamiliar, urge aplicar o art. 248, § 1.º.

E, quanto à advertência do art. 250, II, também exigida na carta de citação


(art. 248, § 3.º), há que se atentar aos fins da regra, suavizando o regime da
revelia no processo civil pátrio. A falta dessa advertência não invalida o
chamamento do réu, mas impede o efeito do art. 344;22 logo, o juiz aplicará o
art. 348. O uso de formulários adrede preparados na prática impede o
descumprimento do art. 250, II.

1.771.2. Revelia desprovida da presunção de veracidade – Da cláusula


inicial do art. 348 – “Se o réu não contestar a ação…” –, bem de acordo com a
concepção tradicional de revelia (= falta de contestação), verifica-se que a
providência preliminar só tem cabimento ocorrendo revelia do réu. E revelia
desacompanhada da presunção do art. 344.

Objeto de veemente crítica por seu rigor excessivo, o regime da revelia


não abraçou, no art. 344, presunção absoluta de veracidade dos fatos
articulados pelo autor na petição inicial (retro, 364). Em primeiro lugar,
ocorrendo revelia e incidindo o art. 344, o juiz verificará se a pretensão do
autor vence o juízo de admissibilidade; do contrário, abreviará o
procedimento, extinguindo o processo (art. 354, caput) ou, na melhor das
hipóteses, propiciará ao autor a correção do vício (art. 317 c/c 352); em
seguida, o juiz passará ao domínio do art. 355, II; entretanto, tal não significa
que fatalmente acolherá o pedido: incumbe-lhe examinar a prova documental
e, com ou sem esta, a verossimilhança das alegações de fato que tem de
admitir como verdadeiras, pois não é obrigado a julgar contra a prova
produzida pelo autor (que pertence ao processo, por força do princípio da
aquisição),23 apesar da revelia, ou admitir como verdadeiros fatos impossíveis
ou inverossímeis (art. 345, IV); então, inexistindo fundamento hábil para
rejeitar o pedido, julgará favoravelmente ao autor.

Relativa que seja a presunção do art. 344, o art. 345 ajunta-lhe casos em
que o juiz não presumirá verdadeiros os fatos articulados pelo autor, a
despeito da revelia. A esses casos remete implicitamente o art. 348.
Determina que, constatando o juiz a inocorrência da presunção do art. 344,
ordenará o autor propor os meios de prova pertinentes à apuração da
veracidade das suas alegações.

A revelia não surte o efeito do art. 344 nos seguintes casos: (a) havendo
litisconsórcio passivo, um dos réus contestar a ação (art. 345, I); (b) versando
a causa sobre direitos indisponíveis (art. 345, II); (c) desacompanhada a
petição inicial de documento indispensável (art. 345, III); (d) as alegações de
fato do autor mostram-se inverossímeis ou contrariam a prova documental
(art. 345, IV).

O acréscimo do inciso IV ao art. 345 é salutar, mas não esgota as


possibilidades. Existem situações em que, por esta ou aquela razão, revelia
não induz presunção de veracidade. Logo acode à mente o caso de o réu,
citado por edital ou por hora certa, receber curador especial. Não é razoável
que conheça os fatos alegados pelo autor na petição inicial e desincumba-se
do ônus da impugnação específica. Por isso, o fato de Defensor Público
representar o réu tecnicamente já afasta a presunção do art. 345. Também
não surte seus efeitos próprios se, malgrado a revelia, o autor narra fatos (a)
inverossímeis (v.g., o réu ministrou-lhe aspira, provocando o acidente vascular
cerebral do autor); (b) impossíveis (v.g., o modesto VW sedã do réu
desenvolveria, na oportunidade do acidente, a inalcançável velocidade de
duzentos quilômetros horários em terreno plano); e (c) improváveis (v.g., o
renomado médico cometeu erro crasso e elementar no procedimento de
cirurgia rotineira). Não parece razoável constranger o juiz a julgar sobre bases
tão frágeis e inconsistentes sem possibilitar-lhe o direito de esclarecer-se
melhor (retro, 365). Em tais casos, portanto, o juiz mandará o autor especificar
os meios de prova.
Fora desses casos anômalos, o campo de incidência do art. 324
subordina-se à incidência do art. 345, cabendo rememorar os dados mais
triviais desse assunto já versado (retro, 366).

1.771.2.1. Presunção de veracidade perante litisconsórcio passivo – O art.


345, I, incidirá qualquer que seja o regime do litisconsórcio. Cuidando-se do
litisconsórcio em regime especial, ou litisconsórcio unitário, a solução do
dispositivo é intuitiva. O juiz necessita decidir a lide uniformemente perante os
litisconsortes (art. 115, I); por exemplo, o inquilino A demanda a renovação do
contrato contra os locadores B e C: ou o juiz acolherá o pedido
contra B e C ou rejeitará perante ambos. Em tal caso, revelia de B ou
de C não pode quebrar a homogeneidade do futuro julgamento. Os
comportamentos determinantes (no caso, omissivo de B ou C) só produzem
“seus efeitos típicos quando manifestados pela totalidade dos litisconsortes”
(art. 117, segunda parte).24 Desse modo, quedando-se inerte um dos
litisconsortes, mas contestando o outro, ao juiz não é dado dar ganho de
causa ao autor (art. 355, I). Se a questão não for unicamente de direito, ou
resolvida pela prova documental, há que haver instrução, valorando o juiz a
prova uniformemente para acolher ou rejeitar o pedido.

É menos evidente a incidência do art. 345, I, no caso de litisconsórcio


passivo comum. Prende-se a orientação, como já afirmado (retro, 365.1), à
inconveniência da cisão do julgamento. Realmente, na ação em que A pede
de B a quantia x, em virtude de acidente de trânsito na via terrestre, no qual o
automóvel de B atingiu a traseira, e de C a quantia y, porque no mesmo
acidente o automóvel deste réu colidiu com a lateral do veículo do autor, nada
impede que o juiz acolha o pedido de Aperante B e rejeite o pedido contra C,
e vice-versa. A revelia de C não interfere com os ônus de B (v.g., contestação
com conteúdo mínimo eficiente), razão por que, cuidando-se de objeto
litigioso disponível (patrimonial e privado), opera a presunção do art. 344,
mostrando-se cabível o julgamento antecipado parcial do art. 356. Tal não
obstaria o prosseguimento do processo contra B, talvez a instrução
demonstrando que o autor inventara o acidente.

1.771.2.2. Presunção de veracidade perante direitos indisponíveis –


Indisponível o objeto litigioso, inexiste o ônus da impugnação específica (art.
341, I), pois direitos indisponíveis não comportam confissão, e revelia não
produz presunção de veracidade do art. 344, pois importaria disposição em
área insuscetível a esses efeitos. Direitos disponíveis são os que admitem
transação (retro, 1.617). Exemplo de litígio em que inviável a presunção do
art. 344: na ação em que A através de curador pede a invalidação do
casamento com B, alegando que o réu sofria de enfermidade mental que lhe
tolhia o discernimento para os atos da vida civil, no momento da celebração
das bodas, o silêncio obsequioso de B não induz presunção de veracidade.
Por isso mesmo, não é advertido das consequências desse silêncio no
mandado de citação, nem conhecerá sem consulta aos autos o conteúdo da
pretensão (art. 695, § 1.º).

1.771.2.3. Presunção de veracidade perante falta de prova documental


indispensável – Os documentos que acompanham a petição inicial
necessariamente, a teor do art. 320, e cuja omissão não induz a presunção de
veracidade, quer no caso de contestação deficiente (art. 341, II), quer na
revelia (art. 345, III), são os que integram a substância do negócio jurídico.
Por exemplo: (a) a escritura pública de compra e venda de imóvel (art.
108, caput, do CC), na ação em que A, declarando-se adquirente derivado,
reivindica a propriedade perante B; (b) o contrato escrito de depósito (art. 902
do CC), na ação em que A reclama a restituição da coisa depositada de B,
cuja existência autoriza tutela da evidência (art. 311, III) – a tanto se reduziu,
afinal, o antigo procedimento especial da ação de depósito.

Faltando documentos que integram a forma especial do negócio jurídico,


incidirá o art. 348; na verdade, o juiz ensejará ao autor a produção da prova
documental faltante, pois inadmissível outro meio – tais negócios “só por
documento”, como reza o art. 443, II, para excluir a prova testemunhal, podem
ser provados. Produzida essa prova, presume que ao juiz seja lícito julgar
antecipadamente (art. 355, II).

1.771.2.4. Presunção de veracidade perante fatos inverossímeis,


impossíveis e improváveis ou contrariados pela prova documental – Acontece
de a prova documental produzida pelo autor, a teor do art. 434, caput,
contradizer, no todo ou em parte, as alegações da petição inicial. Por
exemplo, o autor A alega que o veículo do réu B colidiu na traseira, mas o
boletim de ocorrência, assinado pelo autor, apresenta versão diferente do
evento. Também ocorre de o autor alegar fatos (a) inverossímeis (v.g., o réu
ministrou-lhe aspira, provocando o acidente vascular cerebral do autor); (b)
impossíveis (v.g., o modesto VW sedã do réu desenvolveria, na oportunidade
do acidente, a inalcançável velocidade de duzentos quilômetros horários em
terreno plano); e (c) improváveis (v.g., o renomado médico cometeu erro
crasso e elementar no procedimento de cirurgia rotineira). O art. 345, IV,
alude apenas aos fatos inverossímeis, mas cumpre distinguir outras espécies
com idêntico efeito.

Parece evidente, nessas hipóteses, a impossibilidade de o juiz retirar a


presunção do art. 344 da inércia do réu, cumprindo-lhe aplicar o art. 348.

1.771.3. Impossibilidade de extinção do processo – O art. 348 prepara a


instrução do processo. Do ponto de vista da economia, não tem sentido
aplicá-lo no caso de inutilidade da instrução, porque a demanda jamais
logrará juízo de mérito, favorável ou não ao autor. Por esse motivo, na
hipótese do art. 348 precederá à determinação para que o autor especifique
as provas que almeja produzir em audiência, se já não o fez na inicial, a
emissão de juízo de admissibilidade implícito. Em outras palavras, verificando
causa bastante para extinguir o processo (art. 354, caput, c/c art. 485), porque
faltam pressupostos processuais ou condições da ação, e o defeito se afigura
insuprível (art. 317), cumpre ao juiz emitir a sentença terminativa
correspondente.

1.772. Determinação da especificação de provas

Configurados os pressupostos arrolados no item anterior, o juiz


determinará que o autor especifique as provas que pretenda produzir, se
ainda não as tiver indicado” (art. 348, in fine). Parece evidente que tal
disposição concluirá raciocínio fundado na verificação dos pressupostos
examinados no item anterior, cabendo ao juiz declarar, expressis verbis, a
razão por que não ocorreu o efeito material da revelia.25
Esse provimento constitui decisão interlocutória (art. 203, § 2.º), mas não é
passível de agravo de instrumento, a despeito do gravame, porque ausente
do rol do art. 1.015. É evidente o gravame suportado pelo autor: o seu
interesse em recorrer consubstancia-se no fato que, aliviado do ônus de
provar os fatos constitutivos do pedido, propiciará a abreviação do
procedimento, através do julgamento antecipado (art. 355, II),
presumivelmente colhendo êxito. Porém, a questão ficará relegada para a
futura apelação e, nesse âmbito, na prática superada, pois o acervo
probatório decidirá a contenda.

Em relação ao direito anterior, o art. 348 eliminou a referência à prova


produzida em audiência, presumivelmente porque não é, em tese, a prova
testemunhal a única admissível. Porém, acrescentou a cláusula “se ainda não
as tiver indicado”, porque constitui ônus do autor especificar na petição inicial
os meios hábeis à prova das suas alegações de fato (art. 319, VI). Ora, se a
petição inicial não fizer essa indicação padecerá de vício formal e não é lícito
presumir semelhante defeito na incidência do art. 348, in fine. Na realidade, a
finalidade da regra é outra: o autor não costuma especificar, realmente, os
meios de prova, acenando com todos e, verificada revelia do réu, talvez
apenas um seja suficiente. Logo, o art. 348, in fine, pressupõe a
desatualização ou a generalização excessiva do art. 319, VI. E como este é o
costume, parece acréscimo inútil.

Cumpre ao juiz indicar os motivos do seu convencimento no ato do art.


348. Relativamente aos pressupostos processuais e às condições,
subentende-se que o exame seja implícito, bem como quanto à existência e
validade da citação. No entanto, o juiz especificará concisamente os motivos
pelos quais, na espécie, a inércia do réu não surtirá a presunção de
veracidade do art. 344.

Nenhum prazo específico assinala o art. 348 para o autor desincumbir-se


do renovado ônus de especificar os meios hábeis à comprovação dos fatos
narrados na inicial. Recorrerá o juiz à analogia, assinando o prazo próprio da
réplica (quinze dias), ou valer-se-á do art. 218, § 3.º, assinando o prazo de
cinco dias.26 É bom que o fixe na própria decisão para evitar a dúvida do
destinatário

O prazo fluirá ordinariamente (art. 219 c/c art. 244), mas não se mostra
infenso às dobras legais, incluindo a do art. 229.

Se o juiz não indicar o quinquídio na decisão, ao autor cumpre observá-lo,


em atenção ao art. 218, § 3.º; assinado prazo distinto (v.g., quinze dias), não
se concebe a declaração da preclusão no quinto dia, prejudicando o autor.

1.773. Atitudes do autor na especificação de provas

Impende considerar as atitudes do autor à intimação de que trata o art.


348, realizada na pessoa do advogado, por fia eletrônica (art. 271) mediante
publicação no órgão oficial (art. 272). Em tese, concebem-se dois
comportamentos fundamentais: (a) omissivo, quedando-se inerte o autor; (b)
comissivo, reiterando o autor, no todo ou em parte, as provas já requeridas na
petição inicial (art. 319, VI). Esta última é a atitude mais natural e comum.
1.773.1. Proposição de provas na revelia – Acudindo o autor à intimação
do juiz, conformado, ou não, com o teor da decisão, dirigir-se-á à autoridade
judiciária, indicando os meios que entende pertinentes e adequados à
comprovação da veracidade das alegações de fato feita na petição inicial.

Dessa decisão subentende-se que a prova documental, produzida com a


petição inicial (art. 434, caput), não ministra os subsídios suficientes para
formar o convencimento do juiz. Por esse motivo, o art. 348, in fine, manda o
autor especificar as provas que pretende produzir, em geral na audiência. É
na audiência de instrução que se produzem as provas orais, salvo disposição
em contrário. Tal é o caso em duas hipóteses: no litisconsórcio passivo (art.
345, I) e nos direitos indisponíveis (art. 345, II). Porém, no caso de a petição
inicial não se encontrar acompanhada de instrumento público (art. 345, III),
acontece o contrário. A falta da prova documental não permite ao juiz extrair a
presunção de que trata o art. 344 e abreviar o procedimento, julgando
antecipadamente (art. 355, II).

Partindo da premissa que o autor haja elaborado petição inicial apta, tanto
venceu pelo controle inicial do órgão judiciário, exceto no caso do art. 345, III,
do ato postulatório há de constar a indicação das “provas com que o autor
pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados” (art. 319, VI). Segundo
certa opinião, havendo feito o autor a proposição das provas na inicial,
supérfluo o juiz tomar a providência preparatória do art. 348.27 Ora, a regra
inspira-se em outra diretriz, de resto bem razoável: o estado do processo, na
falta de defesa do réu, autoriza o autor a reavaliar o quadro. Pode acontecer
que nem todas as provas indicadas na inicial se mostrem indispensáveis,
nesta conjuntura, ou que outras, inicialmente negligenciadas, apresentem-se
como úteis ou mais convenientes ao bom êxito da causa. Dependerá, assim,
da nova situação, criada pela ausência do réu, a proposição do autor.
Ademais, a ausência de prova documental indispensável (art. 345, III) bem
revela que, perante revelia do réu, a razão de ser do art. 348 consiste em
apagar preclusões e encarar com plenitude a proposição de provas nessa
fase.

Restringiu-se o alcance do art. 348 também na perspectiva contrária. Não


tendo o autor indicado na inicial a prova pericial e a testemunhal, ulterior
revelia do réu não lhe restauraria o direito de indicá-las, descabendo,
igualmente, a própria providência da regra.28 Ora, o caso do art. 345, III – o
autor não juntou instrumento público indispensável, mas poderá fazê-lo no
prazo aberto com base no art. 348, ou pretender suprir a destruição do
documento público, a despeito do art. 406 – demonstra que, na sistemática do
procedimento comum, a regra em foco constitui exceção à regra do art. 319,
VI, e aos princípios diretores da petição inicial.29 O autor não se encontra
adstrito a reiterar os meios já indicados, nem as omissões da petição inicial
importaram preclusão. Beneficiar-se-á o autor da nova oportunidade aberta
pelo art. 348.

É preciso entender em termos mais largos a parte final do art. 348. O juiz
presidirá a produção da chamada prova oral, inquirindo partes, testemunhas,
perito e assistentes, mostrando-se duvidosa a propriedade do adjetivo oral
para os esclarecimentos do perito e do assistente técnica, complemento da
prova pericial. Flagrantemente, interessa a prova testemunhal; o depoimento
pessoal do réu parece ocioso, porque já não atendeu ao chamamento em
juízo e nada assegura que comparecerá à audiência, e também se afigura
redundante em caso de ficta confessio (art. 385, § 1.º); mas, nada exclui a
prova pericial, produzida basicamente fora da audiência, e a inspeção judicial,
a rigor audiência que acontece fora da sede do juízo.

1.773.2. Omissão de provas na revelia – Omitindo o autor manifestação no


prazo assinado pelo juiz, não há renúncia tácita aos meios de prova já
indicados,30 nem sequer preclusão. O máximo que se infere do
comportamento omissivo do autor é a sua satisfação com os meios
propostos opportuno tempore (art. 319, VI). E omissa a petição inicial, na qual
nenhum meio suplementar figurou na petição inicial, subentende-se que o
autor se satisfaz, temerariamente, com a prova documental produzida (art.
434, caput).

O autor arrosta imensos perigos ao não especificar meios de prova no


prazo assinado pelo juiz. O STJ já entendeu que preclui o direito à prova
(entenda-se: à qualquer prova, exceto a documental), não as especificando a
parte nessa oportunidade.31 E a prova documental produzida com a inicial
talvez não baste à formação do convencimento do juiz. Assim, na ação em
que A pede indenização de B, alegando que se submeteu a cirurgia estética
que lhe deformou a fisionomia e pleiteando reparação do dano, juntou a
demandante o prontuário médico e cópia de exames; B torna-se revel,
mas A não acode à intimação do art. 348. Dificilmente a prova documental
esclarecerá a existência e a causa da alegada deformidade.

Nessa contingência, hesitando o órgão judiciário em rejeitar o pedido, há o


recurso da determinação ex officio da produção de provas.

1.774. Admissão das provas na revelia

Feita a proposição de provas, ou mesmo que o autor haja se omitido no


prazo assinado com base no art. 348, mas tenha indicado meios de prova na
petição inicial, cumpre ao juiz admiti-los ou não. O juiz proferirá decisão de
saneamento e de organização do processo (art. 357, II). Fixará o tema da
prova e, ato contínuo, admitirá a produção da prova que entende necessária
ao seu convencimento, sem embargo da delimitação das questões de direito e
da designação de audiência.

Da audiência preliminar (art. 357, § 3.º) o juiz não cogitará, em princípio,


por duas razões: (a) a sessão nada acrescentaria de útil à cooperação das
partes, vez que há revelia; (b) o réu não atendeu a citação, presumindo-se
relutância à convocação para comparecer à audiência preliminar, tornando
improvável o êxito das atividades aí programadas.

A audiência preliminar tem melhores perspectivas na revelia desprovida do


efeito material por força do art. 345, I, e sendo simples o regime do
litisconsórcio passivo. Em processos cujo objeto litigioso admita transação, o
juiz talvez entreveja utilidade na integração e nos esclarecimentos das
alegações (art. 357, § 3.º).

E há outra possibilidade: na hipótese do art. 345, III, a juntada do


documento indispensável, ad substantia, geralmente precipitará o
procedimento, mediante a emissão da sentença do art. 355, II, desaparecido o
obstáculo à que a revelia produza o efeito que lhe é mais típico da presunção
de veracidade.

Deferindo ou não as provas especificadas, na decisão de saneamento e


de organização do processo, oral ou escrita, o provimento do juiz constitui
decisão interlocutória, mas não cabe agravo de instrumento, exceto quanto à
distribuição dinâmica do ônus da prova (art. 1.015, XI), totalmente inútil pois o
autor é a parte onerada, porque revel o réu.

É lícito ao juiz, omisso ou não o autor em atender à determinação do art.


348, invocar seus poderes de instrução e, ex officio, ordenar a produção da
prova que entenda útil e necessária ao cabal esclarecimento dos fatos. O uso
dos poderes do art. 370, caput, também cabe na revelia secundada pela
presunção de veracidade (art. 344). O juiz tanto não precisa curvar-se à
inação do réu, e decidir em consonância com a presunção de veracidade,
tanto necessita aquiescer à inércia do autor no prazo do art. 348.

1.775. Aquisição do direito de provar pelo réu

O art. 346, parágrafo único, assegura ao revel o direito de intervir no


processo, em qualquer fase, recebendo-o “no estado em que se encontrar”.
Esse comparecimento tardio não lhe subtrai: (a) o direito fundamental de
propor meios de prova;32 e (b) o direito influir na produção das provas
eventualmente deferidas, participando do procedimento probatório (v.g.,
formulando os quesitos do art. 465, § 1.º, III).

Em geral, a precipitação do procedimento comum, na forma do art. 355, II,


não oferece oportunidade hábil a essa intervenção tardia. A experiência
demonstra que, correndo o processo à revelia, o trânsito em julgado da
sentença favorável ao autor acontece com rapidez fulminante. Altera-se esse
quadro hostil não se produzindo o efeito material da revelia. A abertura de
prazo para o autor especificar provas propiciará ao revel, constituindo
advogado para intervir no processo, a oportunidade adequada para indicar
provas.33 É intuitivo o direito de o réu, deferida ou determinada a perícia, ou
designada audiência de instrução e julgamento, respectivamente formular
quesitos e arrolar testemunhas. Em tal sentido já se manifestara, na vigência
do CPC de 1939, o STF, cristalizando o entendimento na Súmula, n.º 231, in
verbis: “O revel, em processo cível, pode produzir provas, desde que
compareça em tempo oportuno”. A visão liberal exibia inteira justificativa no
CPC de 1973, perante o qual decidiu o STJ: “Admite-se que o réu revel
produza contraprovas aos fatos narrados pelo autor, na tentativa de elidir a
presunção relativa de veracidade, desde que intervenha no processo antes de
encerrada a fase instrutória”.34 E, no NCPC, o art. 349 assegura direito do réu
à contraprova, subordinando-o à intervenção em tempo hábil (v.g., antes de o
juiz proferir a decisão do art. 357, II).

§ 365.º Réplica do autor

1.776. Conceito e natureza da réplica

Muito embora seja generalizado o uso da palavra réplica para rotular a


manifestação do autor em resposta a determinado conteúdo da contestação
nos arrazoados forenses e em trabalhos doutrinários,35 o CPC de 1973 não a
utilizava. Era ato postulatório integrante da ordem do juízo ordinário no antigo
direito português.36 As Ordenações Filipinas (Livro 3, Título 2, § 27) previam a
réplica como ato essencial. Suprimida transitoriamente pelo art. 14 da Lei de
09.11.1832, diploma de caráter liberal (retro, 72), restaurou o ato o art. 120 da
contrarreforma reacionária da Lei 261, de 03.12.1841, mantido pelo art. 101
do Regulamento 737/1850 e daí nos códigos estaduais.

Entendia-se por réplica a refutação da contrariedade do réu.37 A esse ato,


entretanto, reconhecia-se então amplitude exagerada, permitindo a
modificação dacausa petendi e do pedido, ou seja, a variação da demanda.
Não sendo possível introduzir modificações no objeto litigioso após a
contestação, provocando a necessidade da tréplica do réu, todavia prevista
por esse motivo, porque a defesa do réu estabiliza a demanda nesse
momento, restaria à réplica a função residual de esclarecimento e reforço das
razões de direito e de fato. Ora, já sob o influxo da oralidade, a tal propósito
serve muito melhor o debate oral ou escrito.38

Não escapou à percepção mais atilada que, depurando a réplica dessas


funções extravagantes e anômalas, conforme o conteúdo da defesa do réu
este “se constitui, pela obrigação de provar a matéria de defesa, na posição
de autor”.39 Nessa hipótese, em que o réu traz matéria nova – preliminares do
art. 337, ou objeções processuais; as objeções e exceções substanciais –, o
direito fundamental ao contraditório exige que se complete o circuito, abrindo
vista ao autor.40 Por sinal, no caso das objeções e exceções substanciais os
mesmos ônus que pesam sobre o réu na contestação passam ao autor.

O NCPC resgatou a palavra réplica nos arts. 100, 430 e 437, caput,
referindo-se à manifestação do autor quanto às providências preliminares
tomadas pelo juiz na forma do ar. 347.

Remanesce a réplica, portanto, como ato postulatório essencial quanto o


réu opor defesa processual (dilatória ou peremptória) ou apresentar defesa de
mérito indireta. A natureza e o regime da réplica equivale, tout court, ao da
contestação.41

1.777. Funções da réplica

À réplica se reconheceu, na vigência do CPC português de 1939, três


funções: (a) principal; (b) secundárias; e (c) excepcional.42

A função principal da réplica consiste em responder à contestação. O


autor encontrar-se-ia, diante da contestação, nas seguintes situações: (a)
verifica que as razões de fato e de direito, ou o pedido, não foram bem
compreendidos e interpretados, e a defesa sugere desvios que podem levar à
rejeição da pretensão processual; (b) as razões de direito ou de fato do réu
precisam ser corrigidas ou refutadas; e (c) a defesa do réu expôs matéria
nova a exigir cabal reposta. A esta necessidade, por força do direito
fundamental processual do contraditório, respondem os arts. 350 e 351, e, em
termos, a manifestação do autor acerca da questão prejudicial; entretanto,
nada obsta que, ao ensejo de replicar a matéria nova, o autor aproveite a
oportunidade para recolocar o objeto litigioso na perspectiva correta.
Fenômeno análogo se verifica no direito português.43
Funções secundárias da réplica seriam: (a) explicação e desenvolvimento
da petição; e (b) a modificação da causa. Por identidade de motivos, entre nós
o autor pode trazer novos subsídios na réplica, ampliando suas razões de
direito, mas não lhe é lícito modificar a causa petendi primitiva (e, portanto,
pré-excluída a alegação novos fatos constitutivos para o pedido originário) e o
pedido, já estabilizados (art. 329). E a função excepcional recairia na defesa à
reconvenção, entre nós objeto de contestação (art. 343, § 1.º).

O art. 502 do CPC português de 1961, na versão reformada, reservava à


réplica as funções de (a) resposta às exceções do réu, (b) resposta à
reconvenção e (c) na pretensão à declaração, refutação dos fatos alegados
pelo réu e alegação de fatos novos.44 É mais transparente a influência do
contraditório. O art. 584, n.º 1, do NCPC português de 2013 restringiu às duas
últimas atividades as funções da réplica

À luz dos arts. 350 e 351, a réplica funciona como resposta genérica do
autor à contestação do réu, mas só tem lugar nas hipóteses específicas
traçadas na lei, e, não, porque o réu contestou a pretensão processual.

1.778. Réplica à defesa processual

Do exercício da pretensão à tutela jurídica do Estado forma-se entre o


autor e o Estado a peculiar relação jurídica processual, em geral completada
pelo chamamento do réu a juízo, por intermédio da qual o autor veicula
determinada pretensão processual, que é o objeto litigioso. Nessa ordem de
ideias, a relação processual é o continente, a pretensão processual, o
conteúdo, exibindo aquela seus elementos de existência, requisitos de
validade e fatores de eficácia próprios.

O duplo enfoque imprime duas linhas distintas à defesa do réu, dirigida


contra dois alvos diferentes, simultaneamente ou não: processo e mérito. A
defesa contra o processo, em tal sentido estrito – toda defesa, a rigor, volta-se
contra o processo –, envolve duas classes de questões no direito brasileiro:
(a) pressupostos processuais (retro, 97); e (b) condições da ação (retro, 225).

Defesa dessa ordem provocará a extinção do processo ou seu


deslocamento de juízo. No que concerne aos efeitos, pois, divide-se a defesa
processual do réu em duas espécies: (a) defesa processual peremptória
(retro, 319), a exemplo da coisa julgada (art. 337, VII); e (b) defesa processual
dilatória (retro, 315), a exemplo da incompetência absoluta e relativa (art. 337,
II).

Apresentada defesa desse teor, simultaneamente ou não com a defesa de


mérito direta ou indireta, cumpre ao juiz assegurar o contraditório ao autor,
ouvindo-o no prazo de quinze dias, a teor do art. 351.

1.778.1. Pressupostos da réplica à defesa processual – Segundo a


cláusula inicial do art. 351, o juiz mandará ouvir o autor “se o réu alegar
qualquer das matérias enumeradas no art. 337”.

Dessa regra deflui, em primeiro lugar, a obrigatoriedade de o juiz realizar o


contraditório seja qual for a questão suscitada concretamente na contestação
do réu dentre as previstas no catálogo do art. 337. Não se concebem
exceções que induzam o juiz a preterir o contraditório. Por óbvio, se o juiz
rejeitar a preliminar do réu, de plano, sem colher a manifestação do autor, a
inexistência de prejuízo impede a invalidação do ato; ao invés, o acolhimento
da preliminar (v.g., de incompetência absoluta, a teor do art. 337, II), posto
que flagrante a procedência, vicia o ato decisório. O art. 64, § 2.º, exige a
“manifestação da parte contrária” a respeito da questão de competência. É o
(alto) preço a pagar pela obediência aos direitos processuais fundamentais e
pelo processo civil justo e equilibrado. O STJ admitiu que, alegada a
ilegitimidade passiva ad causam (art. 337, XI), mas tratando-se de questão
unicamente de direito, lícito se afigura ao juiz “julgar, desde logo, sem a
audiência prévia do autor”.45 O julgado revela quão superficial ainda é a
cultura dos direitos fundamentais processuais no direito brasileiro.

Por outro lado, o catálogo do art. 337 não se afigura exaustivo. Existem
questões que, em tese, integram a declaração de saneamento – ato pelo qual
o juiz rejeita a defesa processual, ou as questões dessa índole que lhe é dado
conhecer ex officio, e verifica que o processo necessita de instrução para
preparar-lhe o julgamentode meritis -, e não figuram no art. 337. Do cotejo
com o art. 485 e outras disposições resulta que ao réu cabe alegar, e ao juiz
mandar ouvir o autor, a respeito das seguintes questões:

(a) os requisitos de admissibilidade do litisconsórcio ativo ou passivo (art.


113, § 1.º);

(b) a necessidade de integração do litisconsorte necessário ativo ou


passivo (art. 115, parágrafo único);

(c) os requisitos de admissibilidade da cumulação de pedidos (art. 327);

(d) a transmissibilidade da pretensão processual (art. 485, IX);

(e) a confusão entre autor e réu;

(f) a existência de causa prejudicial (art. 313, IV, c/c art. 315).

Existem preliminares aí não expressamente mencionadas, mas que se


reduzem a categorias mais gerais. Por exemplo: (a) a falta de juntada dos
atos constitutivos da pessoa jurídica, demonstrando os poderes da pessoa
que outorgou procuração ao advogado, acomoda-se ao art. 337, IX; (b) o erro
na transcrição do nome do réu, que não obstou a citação, insere-se na rubrica
da inépcia da inicial (art. 337, IV); e assim por diante.

Cautelosamente, o art. 351 não relaciona o exame das questões


aventadas no art. 337 à apresentação de contestação, nem essa exigência
decorre do art. 347. Feita citação válida, ao réu toca o ônus de responder no
prazo legal (art. 335), e é natural que preliminares apareçam na contestação,
assumindo o caráter de autênticas questões processuais. No entanto, há o
caso da inexistência ou da invalidade da citação, por sinal o primeiro assunto
indicado no catálogo legal (art. 337, I).

E, com efeito, a nulidade da citação pode ser sanada, e a inexistência da


citação suprida, mediante o comparecimento espontâneo do réu (art. 239, §
1.º). Diz-se que, no primeiro caso, o ato processual ingressou deficientemente
no mundo jurídico, mas produziu seus efeitos típicos, atingindo a finalidade de
chamar o réu a juízo. E, no segundo caso, é como se tivesse ocorrido ato que,
na realidade, não ocorreu.

Ora, entre as atitudes que se concebem do réu nessa situação,


anteriormente examinadas (retro, 316.3), situa-se a mais simples e direta: o
comparecimento do réu para unicamente alegar a nulidade. Nessa
contingência, ao juiz abrem-se dois termos de alternativa: (a) reconhecendo o
vício, decreta a invalidade, mas o prazo de contestação fluirá da data do
comparecimento; (b) rejeitando o vício, o réu tornar-se-á revel (art. 239, § 2.º,
I). Para evitar essa nefasta consequência, a sistemática legal induz o réu a
arguir o vício e contestar ao mesmo tempo, ocorrendo o ingresso no prazo de
defesa.

Como quer que seja, não é possível excluir, a priori, o comportamento


mais audaz do réu, fiado na consistência do vício que identificou na citação,
limitando-se a ingressar no feito para alegá-lo; e, nada obstante, o juiz deverá
mandar ouvir o autor, antes de proferir a decisão, restituindo ou não o prazo
de resposta para o réu. Eis o motivo por que o art. 352, não vincula a arguição
das preliminares do art. 337 à contestação do réu. E há outra possibilidade
mais eloquente: o art. 340 permite ao réu, uma vez citado, arguir a questão de
competência antes da audiência do art. 334, apresentando contestação no
foro do seu domicílio. Em tal caso, o contraditório limitar-se-á a essa questão,
pois ainda realizar-se, no juízo reconhecido como competente, a audiência do
art. 334.

E, por fim, a derradeira e mais relevante observação nesses domínios: as


questões processuais são conhecíveis de ofício (art. 337, § 5.º). Não há, pois,
necessidade de alegação do réu para determinar a abertura do prazo do art.
351. Percebendo o juiz defeito insuprível (v.g., a ilegitimidade ativa), embora a
questão não seja suscitada pelo réu, abrirá vista ao autor para se manifestar
sobre o assunto. O objetivo é o de evitar a decisão “surpresa” (art. 9.º do
CPC).

1.778.2. Prazo da réplica à defesa processual – O art. 327 estipula o prazo


de quinze dias para o autor replicar as preliminares do réu. Era de dez dias o
interregno conferido à replicatio no direito imperial (art. 101 do Regulamento
737/1850) e no CPC de 1973. A quinzena (ou quindênio) fluirá da intimação
por publicação no órgão oficial (art. 272) ou por meio eletrônico (art. 271) e
contar-se-á ordinariamente (art. 229 c/c art. 224).

Não altera o quantitativo do prazo a conjugação do art. 351 de outra


providência preliminar (v.g., a do art. 350). O prazo é único – quinze dias –
,46 mas sujeitar-se-á à dobra do art. 229, existindo litisconsortes ativos com
procuradores distintos e às demais ampliações legais.

1.778.3. Conteúdo da réplica à defesa processual – Deduzindo pretensão


processual, ao autor interessa vê-la julgada de meritis. De seu turno, o réu
dispõe de dois caminhos simultâneos e sucessivos para obstar o êxito do
autor, pleiteando que o juiz declare inadmissível ou infundada a pretensão.

O comportamento fundamental do autor, no prazo do art. 351, consiste na


reação à defesa processual do réu e a qualquer obstáculo (v.g., a alegação de
invalidade da citação, desacompanhada de contestação) desviando o juiz do
julgamento do mérito. Assim, a réplica conterá, normalmente, razões de fato e
razões de direito para repelir a preliminar. Por exemplo, A pede da
concessionária de energia elétrica B indenização pela servidão de passagem,
mas B declara que as linhas de energia foram estendidas pela antiga
concessionária da sociedade de economia mista C, que realizou cisão e,
posteriormente, transferiu ações para B, inexistindo responsabilidade de B por
dívidas anteriores à cisão, que subsistem com C, motivo por que há
ilegitimidade passiva.47 É óbvio que ao autor interessa concentrar todos os
seus esforços em repelir a preliminar.

Essa atitude radical do autor tem justificativa no caso de defesa


processual peremptória. Horizontes mais largos se abrem na hipótese de
defesa processual dilatória. Talvez não interesse ao autor empreender
controvérsia que desencaminhe a atividade processual do seu alvo primário
que é a sentença de mérito. Por exemplo, a declaração da incompetência
absoluta (art. 337, II) nem sempre desfavorece o autor. Figure-se o caso de o
representante comercial autônomo, emprestando interpretação estrita ao art.
114 da CF/1988, deduz sua pretensão na Justiça Comum, porque inexiste
relação de emprego, mas o réu alega a incompetência material, defendendo a
competência da Justiça do Trabalho. A remessa do processo à Justiça do
Trabalho (art. 64, § 3.º) em nada prejudica o autor.

Claro está que generalizações não se mostram admissíveis no assunto. E,


muito menos, supõe-se proveitosa tática que cede no acessório para ganhar o
principal em toda defesa processual dilatória. Assim, pleiteando o réu a
invalidade da citação, ao autor interessará unicamente o reconhecimento da
validade do ato, da consequente revelia e do direito à abreviação do
procedimento, na forma do art. 355, II. O acolhimento da preliminar ensejará
ao réu a apresentação da defesa e, em princípio, a iteração do procedimento.

O art. 351, in fine, faculta ao autor, expressis verbis, “a produção de


prova”. Ora, como há o ônus de o autor produzir a prova documental
juntamente com a inicial (art. 434, caput), e a juntada de novos documentos
admite-se somente para fazer prova de fatos supervenientes e contraprova
(art. 435), a permissão do art. 351 refere-se às preliminares.

Nada pré-exclui que as questões relativas aos pressupostos processuais e


às condições da ação sejam de direito e de fato. O ônus da prova incumbe a
quem alega, mas o art. 351, in fine, admite contraprova e, de toda sorte, o réu
pode não ter produzido documental. Volvendo ao exemplo da ação em
que A pede indenização de B pela servidão de passagem, e a ré B alega
ilegitimidade passiva, porque a responsabilidade pela dívida anterior à cisão é
da antiga concessionáriaC, eventualmente a juntada da ata X da assembleia
geral de C esclarece o assunto, pois ela complementa a ata Y juntada por B.
E a hipótese recordada no item específico dedicado ao problema do ônus da
prova da ausência de pressuposto processual tem aqui frisante aplicação
(retro, 101.2). Na ação em que A pede indenização de B dos danos sofridos
pela inserção de notícia falsa em certa rede social, B alega que A é
relativamente incapaz, competindo ao réu provar esse fato, juntando a
certidão de nascimento do autor. Dificilmente, porém, o réu conhecerá o ofício
do registro civil em se lavrou o assento de nascimento do adversário. Se ao
autor, na réplica, juntar a certidão respectiva, esclarecerá o ponto, ensejando,
se for este o caso, a assinação de prazo para sanar o defeito na
representação (art. 352). Tais as situações antevistas no art. 357, in fine, em
parte cobertas pelo art. 435.

Limitada que seja a contraprova à juntada de documentos, acontece de


autor não lograr a satisfação desse ônus, desde logo, em diversas e variadas
hipóteses. Assim, não dispondo o autor da ata da assembleia Y que esclarece
a legitimidade passiva de B, resta-lhe pleitear a exibição desse documento
perante C, através da medida própria (infra, 1.891).

Pode acontecer de só o autor encontrar-se na posição de produzir a prova


hábil ao esclarecimento da preliminar. No caso de o réu alegar a incapacidade
relativa do autor, porque menor de dezoito anos, normalmente ignorará o
ofício em que se lavrou o assento de nascimento; ao invés, o autor dispõe
desse documento. Ficando inerte na réplica, impõe-se a intervenção judicial,
quiçá – hipótese admitida ad argumentandum – atribuindo-lhe o ônus da
prova, consoante a diretriz da distribuição dinâmica (retro, 1.340); assim,
persistindo a inércia e permanecendo obscura a questão da capacidade do
autor, o juiz poderá extinguir o processo com fundamento no art. 485, IV, c/c
art. 76, § 1.º, I.

Convém deixar bem claro que o art. 351, in fine, não se esgota nessa
proposição parcialmente redundante e, a fortiori, limita a atividade probatória à
prova documental. Nos casos em que a prova documental não esclarece
suficientemente os fatos, à preliminar precisa-se entender a cláusula do
dispositivo como obrigando o autor a produzir a contraprova, desde logo, e,
alternativamente, propor os demais meios de prova. Por exemplo, ação em
que A pede indenização de B pela servidão de passagem, e a ré B alega
ilegitimidade passiva, porque a responsabilidade pela dívida anterior à cisão é
da antiga concessionária C, talvez seja necessária a prova pericial para
determinar a data em que a concessionária instituiu a servidão, dado que
determinará se a responsabilidade é de B ou de C.

1.778.4. Efeitos da réplica à defesa processual – Produzida prova


documental com a réplica, como faculta o art. 351, in fine, e antes de qualquer
outra providência, o juiz cumprirá o art. 437, § 1.º, ou seja, abrirá vista ao réu
dos documentos juntados pelo prazo de quinze dias.48 A possibilidade de o
réu, de seu turno, produzir documentos, invocando o art. 435, caput, em tese
torna infinito o contraditório. Porém, das partes a lei espera o cumprimento do
ônus de produzir todos os documentos, limitando indiretamente essa
produção cíclica.

Conforme a natureza da preliminar e a atitude do autor, repelindo-a ou


não, o juiz adotará uma das seguintes variantes, abstraindo a concorrência de
outra situação (v.g., a superveniente controvérsia sobre a questão prejudicial):
(a) acolherá a preliminar, extinguindo o processo (art. 354, caput, c/c art. 485)
ou não (v.g., remetendo o processo ao juízo competente, no caso da
incompetência, a teor do art. 64, § 3.º); (b) rejeitará a preliminar e, conforme o
estado dos autos, (ba) designará audiência preliminar (art. 357, § 3.º) ou (bb)
proferirá a decisão do art. 357, saneando o processo e preparando a
instrução; ou julgará antecipadamente o mérito, no todo (art. 355, I) ou em
parte (art. 356); (c) ordenará à parte sanar (defeitos) ou suprir (ausências) dos
atos que entender sanáveis e supríveis, a teor do art. 352, “em prazo nunca
superior a 30 (trinta) dias”.

É bem de ver que nem sempre tocará à parte tomar essas providências.
Por exemplo, no caso de erro na designação do réu, apesar de realizar-se a
citação na pessoa certa, tal vício sanável, conforme acentuou julgado do
STJ,49 pode ser corrigido por iniciativa do órgão judiciário, mandando retificar
o registro da causa na distribuição e a autuação do processo.

1.779. Réplica à defesa de mérito indireta

O conteúdo possível da contestação do réu abrange a defesa de mérito


indireta. Ao fato constitutivo alegado pelo autor, o réu opõe outro fato que
produz efeito extintivo, impeditivo ou modificativo no tocante à pretensão
processual. Essa classificação recebeu a devida análise (retro, 312) e tem
expressivo proveito em organizar e clarificar o material de fato posto em
causa. Os fatos extintivos, modificativos ou impeditivos compõem os
elementos de incidência de contradireitos que o réu alegar ser titular. É direito
de sinal contrário – Einredenrecht -, ao que a ele se opõe, e a este paralisa a
eficácia no todo ou em parte.50 No plano material, há duas espécies: (a)
exceções (v.g., exceção de inadimplemento); e (b) objeções (v.g.,
compensação). É muito provável que o arranjo das exceções e objeções
substanciais no âmbito dos fatos extintivos, modificativos e impeditivos
corresponda à consciência clara e global que, nessa área, o casuísmo muito
pouco contribuiria em clareza na fixação do tema da prova, distribuição do
ônus da prova e julgamento do mérito.

A defesa do mérito repercute no objeto litigioso. Segundo o entendimento


prevalecente, a defesa de mérito indireta apresentada pelo réu amplia a área
lógica do julgado,51 mas não modifica o mérito, porque o autor receberá ou
deixará de receber o mesmo bem da vida como ou sem a alegação das
exceções substanciais. Ora, para acolher ou rejeitar a exceção substancial, no
julgamento do mérito – aí se situam, inapelavelmente, os fatos extintivos,
modificativos e impeditivos –, o órgão judiciário subordina-se à iniciativa do
réu em alegá-la, pois do contrário não poderia conhecê-la, forçoso reconhecer
que o mérito se alargou além dos limites originais. Passou a integrar-se, a
partir da alegação do réu, questão que era estranha à proposta da inicial.
Eventual repercussão desses novos limites do mérito na coisa julgada é outro
problema, a ser examinado oportunamente; porém, não parece razoável que,
rejeitando o pedido por força da prescrição (art. 487, II), entenda-se alheia tal
questão da autoridade de coisa julgada. Fato sem contestação é que, ao
conhecer da matéria, por iniciativa da parte ou ex officio, ampliou-se não
a cognitiodo órgão judiciário, mas o próprio iudicium.

E há outra repercussão menos transcendente, talvez trivial, mas de


importância. A defesa de mérito indireta introduz matéria nova e exige do
órgão judiciário providência preliminar tendente a preservar o contraditório.
Verificando o juiz, mediante a leitura atenta da contestação, que o réu fez
alegações ampliativas do objeto litigioso, cumpre-lhe mandar ouvir o autor
(art. 350).
1.779.1. Pressupostos da réplica à defesa de mérito indireta – Segundo o
art. 350, se o réu, “alegar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito”,
o juiz abrirá vista para o autor oferecer réplica.

Flagrantemente, a redação do art. 350 aprimorou a redação da regra


equivalente do CPC de 1973. Nem sempre o réu, ao oferecer a exceção
substancial, reconhecerá “o fato em que se fundou a ação”, como reza o art.
326 do CPC de 1973. Em virtude do princípio da eventualidade (retro, 311.2),
bem outro é o panorama comum: o réu oferece defesa direta (impugnação de
fato e impugnação de direito), a par da defesa de mérito indireta, deduzindo
exceção substancial. As contradições são implícitas no âmbito do caráter
eventual da defesa do réu. A esse propósito, pretendendo o réu concentrar a
defesa e evitar preclusões, apresentou-se como sátira a contestação do réu à
pretensão do autor de cobrar o valor do mútuo articulada nos seguintes
termos: primeiro, não é verdade que recebi dinheiro proveniente do mútuo;
segundo, já devolvi o dinheiro; terceiro, recebi o valor a título de doação;
quarto, já prescreveu e, assim, não preciso devolver o valor.52

O art. 350 nada aduz quanto à manifestação do réu quanto aos fatos
constitutivos e não compromete o sentido geral do art. 350, assegurando a
manifestação do autor para impugnar a matéria nova.

É menos desculpável no art. 326, entretanto, outro aspecto: a necessidade


de iniciativa da parte (“Se o réu alegar…”). Determinadas exceções
substanciais, a exemplo da prescrição (art. 487, II) e da decadência (art. 210
do CC), o juiz conhecerá ex officio. Também nesses casos, não tendo o juiz
verificado, “desde logo”, a prescrição e a decadência e proferido o julgamento
prévio de mérito (retro, 1.539), cumpre evitar a decisão “surpresa”.
Percebendo o juiz que se venceu o prazo de prescrição ou de decadência,
colherá a manifestação do autor sobre o ponto (art. 487, parágrafo único),
antes de emitir a sentença do art. 487, II.

1.779.2. Prazo da réplica à defesa de mérito indireta – O prazo estipulado


para o autor replicar a defesa de mérito indireta é de quinze dias.

Fluirá da intimação do autor pelos meios comuns, em geral através da


publicação do ato do juiz, abrindo o prazo, no órgão oficial (art. 272), ou por
fia eletrônica (art. 271). O prazo é único, não se ampliando automaticamente,
porque incidiram os arts. 350 e 351, mas sujeitar-se-á à sobra do art. 229 e às
demais ampliações legais (v.g., art. 186, caput).

1.779.3. Conteúdo da réplica à defesa de mérito indireta – Concebem-se


três atitudes do réu no prazo do art. 350: (a) omissão; (b) reconhecimento do
fato extintivo, modificativo ou extintivo; e (c) impugnação de fato ou de direito.

Escoando o prazo de quinze dias, in albis, subentende-se admissão tácita


pelo autor quanto à veracidade do fato extintivo, modificativo ou extintivo
alegado pelo réu.

Tal não significa, porém, a possibilidade de o juiz abreviar o procedimento,


precipitando julgamento favorável ao réu, a teor do art. 355, I, vez que,
presumida a veracidade do fato, segue-se a procedência do contradireito
invocado pelo réu. O ônus de o réu provar os fatos impeditivos, modificativos
e extintivos em que baseia a exceção, segundo o art. 373, II, subsiste à
concordância tácita do autor subentendida da omissão.

Dois motivos autônomos respaldam a conclusão: (a) a presunção de


veracidade, prevista no art. 344, tem como objeto o fato constitutivo, e como
sujeito o réu, e, não, o autor; (b) as presunções, tal como a de veracidade do
art. 344, merecem interpretação estrita.53

Na realidade, a viabilização do julgamento antecipado do art. 355,


respalda-se em outro pormenor: a suficiência da prova documental. Volvendo
ao exemplo ministrado como pilhéria, em que A pede a condenação de B ao
pagamento da quantia mutuada, e B alega prescrição ou pagamento,
dificilmente há necessidade de instrução: de um lado, o juiz apurará o
vencimento do prazo prescricional, ou não, mediante simples cotejo dos
elementos dos autos (data do deferimento da inicial) e da regra jurídica
pertinente; de outro, produzida prova documental do pagamento, pré-
excluem-se outros meios (v.g., a prova testemunhal, a teor do art. 443, I).

Reconhecendo o autor o contraditório alegado pelo réu, porque inevitável,


o réu ficará aliviado do ônus de provar os fatos (relevatio ab onus probandi) e
o juiz adstrito a julgar conforme o estado do processo, tal como acontece com
o reconhecimento do pedido manifestado pelo réu (art. 354, caput, c/c art.
487, III, a).

A mais complexa atitude do autor reside oferecimento de contrariedade ao


fato extintivo, modificativo ou impeditivo alegado pelo réu. Equivale, para
todos os efeitos, à contestação do réu ao fato constitutivo. E, nessa
contingência, parece e é natural que assuma estrutura equivalente,
disciplinada por idênticos princípios, dentre os quais avulta o da
eventualidade. Concebe-se a articulação dessa contrariedade na forma de
defesa de mérito direta, nas duas modalidades: impugnação de fato (direta ou
indireta) e impugnação de direito.

Na ação em que A pede a condenação de B ao pagamento do valor


mutuado x, B opõe à pretensão do autor a exceção de prescrição (fato
extintivo); no prazo do art. 350, o autor A redargue ao réu B, afirmando: (a) o
réu B contou erroneamente o prazo da prescrição (impugnação de fato);
(b) B contou o prazo da data da distribuição, em lugar da data da ordem de
citação, como é correto à luz do art. 240, § 1.º, ou que à espécie se aplica a
regra X e, não, a regra Y (impugnações de direito).

Complica-se o quadro alegando o autor, em contraposição aos fatos


impeditivos, modificativos ou extintivos expostos pelo réu na contestação,
exceção oposta à objeção ou à exceção do réu. Assim, na ação em
que A pede a condenação de B ao pagamento do valor mutuado x, B opõe à
pretensão do autor a objeção substancial de compensação (fato extintivo); no
prazo do art. 350, o autor A redargue, alegando a prescrição do contracrédito.
As próprias exceções prescrevem no prazo da pretensão (art. 190 do CC). A
esse respeito, calha distinguir as exceções autônomas (v.g., a prescrição) e
as exceções dependentes (v.g., o inadimplemento), porque só às últimas
aplica-se o art. 190 do CC. E, de fato, se a exceção de prescrição
desaparecesse antes de o excepto deduzir a sua pretensão, cujo exercício
após o prazo provoca o surgimento da exceção, retirar-se-ia do excepiente o
direito de excepcionar antes da oportunidade hábil para alegá-lo.54 É diferente
o caso da exceção de inadimplemento. A prescrição da pretensão à
condenação decorrente do crédito importará o encobrimento da eficácia da
exceção do art. 476 do CC.55

Como quer que seja, a defesa indireta do autor introduz fato impeditivo
novo (v.g., exceção de prescrição do contracrédito). O juiz obsequioso aos
direitos fundamentais processuais assegurará ao réu o direito de contrariá-lo,
aplicando-se, por analogia, o mesmo prazo do art. 350.

Em qualquer hipótese, o art. 350 faculta ao autor a produção da prova.


Valem, aqui, as considerações já desenvolvidas no concernente às
preliminares do art. 337 (retro, 1.778). O art. 350, in fine, autoriza contraprova,
mas acontece de o réu não produzir prova documental alguma na contestação
relativamente à defesa de mérito indireta. De ordinário, é o caso da
prescrição: o réu indica dados que já constam no processo (v.g., a data da
distribuição e da citação), postulando a incidência desta ou daquela regra
jurídica aos fatos assentes. Lícito se afigura ao autor produzir prova
documental para negar a veracidade dos fatos extintivos, modificativos ou
impeditivos ou repelir a incidência da regra jurídica; por exemplo, juntando os
autos de protesto interruptivo da prescrição (art. 202, II, do CC).

Dessa prova documental o juiz dará vista ao réu pelo prazo de quinze dias
(art. 437, § 1.º).

E, por outro lado, cumpre ao juiz facultar ao autor a produção da prova


adequada às alegações de fato controversa. A menção à prova documental
na regra anterior baseava-se ao quod plerumque fit. Exceções numerosas
desmentiam a suposta restrição; por exemplo, na ação em que A pode de B a
prestação x, a título de alimentos objeto de ajuste verbal entre os antigos
cônjuges, o réu B alega pagamento (fato extintivo), mas não produz prova
documental, pois entregou o valor correspondente à prestação na presença
da mãe de B e não pediu recibo para não turbar o ambiente com
recriminações e ofensas. Por exceção, na forma do art. 445, essa questão de
fato comporta prova testemunhal, devendo o juiz facultá-la às partes. Se o
próprio réu não a requereu, legitima-se o autor a requerê-la ao abrigo do art.
350, in fine.

1.779.4. Efeitos da réplica à defesa de mérito indireta – Admitindo-se que


o autor haja contrariado a alegação do fato extintivo, modificativo ou
impeditivo feita pela réu na contestação, surgem questões de fato e questões
de direito. Logicamente, as questões relativas às exceções e às objeções
substanciais são prévias – figure-se o caso da prescrição – no itinerário que o
juiz percorrerá para julgar o mérito. Logo, para decidir qual o caminho a tomar,
após a contrariedade do autor, o juiz considerará a suficiência da prova e
contraprova documental ministrada pelas partes e o resultado (acolhimento ou
rejeição) do fato extintivo, modificativo ou impeditivo.

Ao juiz, abrem-se dois termos de alternativa: (a) se a prova documental


serve e basta à formação do seu convencimento, ou cuida-se de questão de
direito, máxime tendo procedência a exceção ou a objeção substancial,
abreviará o procedimento, no todo (art. 355, I) ou em parte (art. 356); (b) se
não tem procedência a exceção ou a objeção substancial, que constituem
questões prévias, ou dependem de prova distinta da documental, o juiz
preparará a instrução, declarando saneado o processo, mas fixando o tema
da prova (art. 357, II). Por óbvio, a alegação pelo réu da defesa de mérito
indireta e da observância do contraditório, não pré-exclui a extinção do
processo por outro motivo (art. 354, caput, c/c art. 485).

1.780. Réplica à prova documental

Competindo ao autor produzir a prova documental dos fatos articulados


juntamente com a petição inicial (art. 320 c/c art. 434, caput), e ao réu com a
defesa (art. 336, in fine, c/c art. 434, caput), em tal oportunidade também
tecerá a impugnação porventura cabível aos documentos juntados pelo autor.
Envolverá tal impugnação, abstraindo a arguição de falsidade (art. 430 c/c art.
436, III), os seguintes aspectos: (a) a inadmissibilidade da prova, porque ilícita
(art. 436, I); (b) a impertinência e irrelevância do documento, relativamente
aos fatos constitutivos do pedido; (c) a autenticidade do documento (art. 436,
II); (d) o alcance, o significado e a interpretação do documento (art. 436, IV).
Em termos mais gerais, o réu impugnará a produção da prova documental e
sua apreciação.

Em relação aos documentos produzidos na defesa, todavia, o direito


fundamental processual do contraditório impõe providência preparatória
atípica e implícita no roteiro do procedimento comum. Ela cabe por exclusão,
ou seja, não se configurando as hipóteses típicas que ensejam as
providências preliminares (arts. 350 e 351), e, conseguintemente, a réplica do
autor, oportunidade que absorve a contrariedade aos documentos.

Essa hipótese ocorrerá, concretamente, se o réu oferecer defesa de mérito


direta, mediante impugnação de fato (retro, 329) e impugnação de direito
(retro, 335), produzindo contraprova documental aos fatos articulados na
inicial. Por exemplo: (a) na ação em que A pede a separação de B, porque o
réu manteve relações sexuais com C no motel X no dia Y, o réu B nega a
presença no motel X no dia Y (impugnação de fato direta), apresentando
prova – cartão de embarque na aeronave que, no dia Y, tirou-o da cidade,
bem como fatura do hotel Z em outra localidade – que se encontrava em outro
lugar; (b) em tal ação, o réu B admite a estadia com Cno motel X no dia Y,
mas alega que C é figurinista da fabricante de roupas de cama D, da qual é
representante comercial, e a visita se deveu à venda desses produtos ao
motel X (impugnação de fato indireta), produzindo prova documental da
condição de C e da venda dos produtos.

Cumpre ao juiz abrir ao réu oportunidade para se manifestar sobre a prova


documental. É o que exige o art. 437, caput, e o prazo só pode ser o da
réplica dos arts. 350 e 351: quinze dias. É o prazo, ademais, para a parte se
manifestar sobre a juntada de documentos (art. 437, § 1.º), por sinal passível
de dilatação (art. 437, § 2.º), conforme a quantidade e a complexidade dos
documentos.

O conteúdo da manifestação sobre os documentos é o que já se explicou,


envolvendo dois aspectos complementares e sucessivos: (a) o cabimento da
prova documental; (b) a apreciação da prova documental. E, nesse ensejo,
raramente o autor refreia a tendência de contrariar as razões de fato e de
direito do réu, replicando a contestação.
Findo o quindênio do art. 437, caput, e não se valendo o autor da
faculdade do art. 435, caput, encerrar-se-á a fase postulatória. Ao juiz, abrem-
se os seguintes termos de alternativa: (a) o julgamento conforme o estado do
processo (art. 353), nas duas modalidades: (aa) extinção do processo, porque
verificou a ausência de pressuposto processual ou de condição da ação, ex
officio, a teor do art. 354, caput, c/c art. 485; e (ab) julgamento antecipado do
mérito, porque a causa se encontra madura, bastando a prova documental;
(b) a decisão de saneamento e de organização do processo (art. 357),
orientando a produção da prova para o julgamento do mérito, por escrito ou
oralmente (art. 357, § 3.º), caso em que, ante a complexidade da causa, o juiz
convidará as partes a integrar e a esclarecer suas alegações.

1.781. Tréplica do réu

O direito português já admitiu o ato postulatório chamado tréplica (CPC de


1961, arts. 502 a 505), através do qual o réu respondia à réplica do autor,
admissível em duas hipóteses: (a) o autor modificara a causa petendi ou o
pedido na réplica, caso em que a tréplica era meio hábil para o réu responder
a essa alteração; (b) autor aduzira exceção ou objeção substancial na
contestação à reconvenção.56

É relativamente fácil perceber a pertinência dessas situações no


procedimento comum brasileiro e a necessidade de assegurar a audiência do
réu. Em relação à modificação da demanda, regulada no art. 329, caput, já se
assinalou que ela pode ser expressa, incorporando-se a ato postulatório
revestido dos requisitos do art. 319, máxime na modificação complexa (retro,
287), ou tácita, valendo-se o autor da réplica para introduzir dissimuladamente
modificações significativas na causa petendi ou no pedido, justamente para
viabilizar o êxito da pretensão eficazmente contestada pelo réu (retro, 288).
Imperioso o juiz, em qualquer hipótese, colher a manifestação do réu, vez que
a modificação subordinar-se-á ao seu consentimento, assegurando o art. 329,
II, o prazo de quinze dias. E, na reconvenção, é pacífico que o juiz abrirá
“oportunidade para réplica do reconvinte, quando necessário (arts. 326 e 327
{do CPC de 1973}), a exemplo do que faz após a contestação do réu diante
da demanda inicial”.57

Por óbvio, há outras situações que, por força mesma da réplica do autor,
urge ao juiz assegurar o contraditório do réu: (a) formulando o autor pedido de
declaração incidente (infra, 1.785.3), hipótese admitida pela regra transitória
do art. 1.054, objeto de ulterior justificação neste capítulo; (b) deduzindo o
autor exceção ou objeção substancial à defesa de mérito indireta do réu (v.g.,
a prescrição da exceção); (c) juntando o autor prova documental para se
contrapor à prova dessa natureza produzida com a defesa, a teor do art.
437, caput;58 (d) arguindo o autor defeitos formais do ato postulatório do réu
(v.g., contestação fora do prazo) ou defeitos atinentes à respectiva
capacidade processual ou postulatória (v.g., falta de procuração).59

Da mesma fonte que inspirou o legislador lusitano (Ordenações Filipinas,


Livro 3, Título 20, § 5.º), o art. 101 do Regulamento 737/1850 previa a tréplica
como meio de o réu se opor à réplica do autor.60 Desapareceu a tréplica no
CPC de 1939,61 acompanhando a orientação encampada em determinados
códigos estaduais,62quando a feição constitucional do contraditório ainda não
influenciava as construções legislativas. O nome importa menos que a função.
Verificadas as hipóteses arroladas, a regularidade do procedimento comum
exige a manifestação do réu, como na hipótese do art. 329, II, e chamá-la de
tréplica, designação aqui adotada em homenagem à tradição, ou não,
constitui simples questão terminológica.

O prazo da tréplica há de ser de quinze dias nas diversas hipóteses: (a)


nos casos de (aa) impugnação à modificação da demanda (art. 329, II) e de
(ab) manifestação sobre a prova documental, aplicando-se, geralmente, o art.
437, § 1.º; (b) no caso de (ba) reconvenção e cabendo as providências
preliminares dos arts. 350 e 351, ou (bb) para o réu replicar a exceção e
objeção substancial deduzida pelo autor contra a sua própria defesa de mérito
indireta e (bc) replicar defeitos da contestação, nos termos do art. 351; (c) no
caso de contestação do pedido de declaração incidente, admissível consoante
a regra transitória do art. 1.054, e de eventual reconventio reconvencionis.

§ 366.º Pedido de declaração incidental

1.782. Suscitação de questão prejudicial na contestação

A defesa direta de mérito do réu suscita, às vezes, questão prejudicial.


Define-se como prejudicial questão cuja solução predetermina o sentido da
resolução da questão prejudicada.63 Logo, a principal característica da
prejudicialidade avulta no nexo de dependência lógica entre duas questões
(retro, 292). Por exemplo, A pede alimentos de B, alegando sua condição de
filho, e B contesta a pretensão, impugnando, a par de suscitar questões
relativas às necessidades do autor e às possibilidades do réu, a sua qualidade
de pai. A relação de filiação é questão prejudicial à pretensão alimentar de A,
porque necessita de algum título jurídico para demandar B, pleiteando-lhe
alimentos, e a resolução negativa do juiz, a esse respeito, pré-exclui o
acolhimento do pedido.

A extensão da auctorictas rei iudicate às questões prejudiciais era tema


assaz polêmico perante o art. 287, parágrafo único, do CPC de 1939. À
semelhança do que aconteceu em outras ocasiões, o CPC de 1973 deu cabo
do problema. Só o pronunciamento judicial sobre o pedido, formalmente
inserido no dispositivo do provimento de mérito (retro, 1.123.4), adquire
eficácia de coisa julgada e, para eliminar dúvida, o art. 469, III, do CPC de
1973, pré-exclui semelhante autoridade. Este dispositivo rejeita a autoridade
de coisa julgada sobre “a apreciação da questão prejudicial, decidida
incidentalmente no processo”.

Em contrapartida, instituiu mecanismo teoricamente simpático e


engenhoso, mas de pouca aplicação prática. O art. 470 do CPC de 1973
autoriza a parte requerer a declaração incidente da questão prejudicial,
revestindo-a da indiscutibilidade inerente à coisa julgada, realizando remissão
aos arts. 5.º e 325 do CPC de 1973. O art. 5.º do CPC de 1973 é a fonte
direta da pretensão à declaração incidente, declarando: “Se, no curso do
processo, se tornar litigiosa relação jurídica de cuja existência ou inexistência
depender o julgamento da lide”, qualquer das partes legitima-se a pedir a
declaração incidental. Facilmente se compreende o objetivo da pretensão à
declaração incidente: a extensão da autoridade do caso julgado em área
(questão prejudicial) que inicialmente não se recobriria dessa eficácia.
O art. 503, § 1.º, adotou solução diferente. Reveste da autoridade de coisa
julgada a resolução sobre a questão prejudicial, instituindo as seguintes
condições: (a) da resolução sobre a prejudicial depender o julgamento do
mérito (inciso I); (b) a respeito da prejudicial houver contraditório pleno e efeito
(razão para o órgão judicial abrir o prazo de réplica, embora não haja previsão
no rol das providências preliminares), não se aplicando no caso de revelia
(inciso II); e (c) o juízo for competente em razão da matéria e da pessoa
(inciso III). E, complementa o art. 503, § 2.º, inexistirem restrições probatórias
(v.g., no mandado de segurança) ou limitações à cognição, impedindo “o
aprofundamento da análise da questão prejudicial”.

À luz desse regime, o sítio adequado para analisar a questão prejudicial é


o capítulo relativo à coisa julgada (infra, 2.143). Porém, há uma razão para
examinar o regime do CPC de 1973 neste item: o art. 1.054 do NCPC mantém
sua sobrevivência nos processos iniciados anteriormente à vigência do
terceiro código unitário. Regra de transição, a declaração incidente, enquanto
tal, desaparecerá nos feitos futuros, mas tem pertinência nos feitos
pendentes.

A questão prejudicial suscetível à declaração incidente reclama três


elementos: (a) a anterioridade lógica; (b) a necessariedade; e (c) a
autonomia.64 Voltando ao exemplo anteriormente ministrado: (a) antes de
apreciar se A tem necessidade de alimentos e B pode prestá-los, e em que
medida, explicitamente ou implicitamente o juiz examinará a relação jurídica
que legitima A pleitear alimentos de B, motivo por que a prejudicial é uma
questão prévia ou anterior no âmbito do mérito; (b) a análise da relação
jurídica que legitima, em tese, A pleitear alimentos de B constitui etapa
imprescindível do raciocínio do juiz de meritis; (c) a relação jurídica
entre A e Bpode ser objeto principal de outro processo (v.g., negatória de
paternidade), funcionando, então, como causa (e, não, questão) prejudicial à
demanda em que A pede alimentos de B, implicando a respectiva suspensão,
a teor do art. 313, V, a.

Essas características distinguem a questão prejudicial das questões


preliminares (art. 337). Estas integram o gênero das questões prévias –
problemas que se antepõem ao raciocínio judicial para seguir adiante no
julgamento –, mas diferem no que tange aos efeitos. A resolução de questão
preliminar torna dispensável ou impossível solução das questões
subsequentes.65 A questão prejudicial condiciona o teor da resolução quanto à
questão (principal) subordinada.

Em item anterior (retro, 297), examinou-se o regime geral da cumulação


sucessiva de pretensões resultantes do pedido de declaração incidental.
Resta examinar, no contexto das providências preliminares, o prazo e os
efeitos do pedido de declaração incidente formulado pelo autor.

É preciso notar que semelhante pedido se viabiliza, porque há questão


prejudicial (e, não, simples ponto prejudicial), ou seja, controvérsia suscitada
pelo réu (art. 325 do CPC de 1973: “Contestando o réu o direito que constitui
fundamento do pedido…”). A revelia não enseja o pedido de declaração
incidente (retro, 298).

1.783. Prazo do pedido do autor de declaração incidental


O instrumento criado para revestir a resolução porventura tomada pelo
quanto à questão prejudicial ressente-se de disciplina lacunosa e obscura. Um
dos pontos esclarecidos é o momento que, surgindo questão prejudicial por
força da controvérsia instaurada pelo réu, o autor pleiteará a declaração
incidente que o art. 5.º do CPC de 1973 faculta a ambas as partes. Limita o
art. 325 do CPC de 1973, peremptoriamente, o pedido do autor de declaração
incidental, fixando o interregno de dez dias.

O decêndio fluirá da intimação que porventura se faça na pessoa do


respectivo advogado, em geral através de publicação no órgão oficial. O prazo
admite as ampliações legais.66

A oportunidade escolhida no art. 325 do CPC de 1973 convém à boa


marcha do procedimento comum. Findo esse interstício, sem o pedido de
declaração incidente, o juiz passará ao julgamento conforme ao estado do
processo ou ao saneamento. E também se harmoniza com os pressupostos
da declaração incidental, pois suscitada a questão prejudicial na contestação.
Antes desse momento, supondo o autor que o réu controverterá a relação
jurídica (v.g., a filiação) da qual decorre o pedido formulado (v.g., os
alimentos), e existindo realmente interesse atual na pretensão à declaração, a
iniciativa jamais assumiria caráter incidente. Ao autor cabe cumular a
pretensão à declaração e a pretensão subordinada, in simultaneo processu,
hipótese em que a prejudicialidade predetermina cumulação sucessiva (retro,
293); por exemplo, A pleiteia contra B investigação de paternidade cumulada
com ação de alimentos. O juiz somente apreciará o pedido de alimentos se
favorável o julgamento do pedido de reconhecimento da paternidade.

E, inversamente, após o momento assinalado no art. 325 do CPC de 1973


somente alegações supervenientes do réu, quando admissíveis, viabilizariam
o surgimento de questão prejudicial.67 Exemplo convincente explica a
suscitação de prejudicial em momento ulterior à contestação:68 na ação em
que A pede a condenação de B ao pagamento dos juros da prestação x do
contrato y, lícito ao réu alegar as nulidades do art. 166 do CC, posteriormente,
porque pronunciáveis ex officio pelo juiz (art. 168, parágrafo único, do CC):
omitida a questão na contestação, mas inquinando o autor mais tarde de nulo
o contrato, na réplica que o juiz assegurará ao autor também se afigura
cabível o pedido de declaração incidental.

1.784. Efeitos do pedido do autor de declaração incidental

Deduzida a pretensão à declaração incidente, o autor promoverá


cumulação sucessiva de pretensões, in simultaneo processu, tornando o
objeto litigioso complexo.

Em outras palavras, a questão subordinada (v.g., a pretensão de A de


condenar B a prestar-lhe alimentos) e a questão subordinante (v.g., a relação
de filiação entre A e B) passam a formar o objeto litigioso do processo,
processando-se nos autos originais. Essas pretensões serão julgadas
conjuntamente. Revestir-se– ambos os capítulos da auctoritas rei iudicate (art.
470 do CPC de 1973). Não é muito própria a expressão utilizada no art. 325
do CPC de 1973, aludindo a “sentença incidente”; daí, porém, não se infira
que haja a possibilidade de cisão do julgamento. O adjetivo incidente
respeitante antes à oportunidade (eventual) do pedido de declaração do que à
separação de julgamentos.69

Dentre os efeitos do pedido formulado pelo autor situam-se, destarte, os


aspectos fundamentais da variante procedimental imprimida pela cumulação
superveniente até se retornar ao ponto de partida das providências
preliminares.

1.785. Procedimento do pedido de declaração incidental

Ao reagir contra a controvérsia empreendida pelo réu quanto à prejudicial,


pedindo a declaração incidental, o autor imprime variante ritual ao
procedimento comum, cujos aspectos principais envolve a forma do pedido.

1.785.1. Forma do pedido de declaração incidental – A pretensão à


declaração incidente deverá ser veiculada através de petição inicial
guarnecida dos requisitos da petição inicial e acompanhada, desde logo, a
prova documental. Compete ao juízo da causa pendente processar e julgar a
declaração incidente, o que resolve, a priori, o problema de competência, bem
como a legitimidade passiva se afigura intuitiva: o(s) réu(s) que suscitou a
questão prejudicial.

Ao receber esta petição inicial, concebem-se os termos de alternativa


naturais: a abertura de prazo para emenda da petição, o indeferimento da
petição e o despacho liminar positivo. Do indeferimento caberá, como sói
ocorrer nos casos de cumulação superveniente (v.g., reconvenção), in
simultaneo processu, o agravo de instrumento. É mais difícil conceber o
julgamento antecipado de mérito; porém, deduzida a pretensão à declaração
incidental além do decêndio do art. 325 do CPC de 1973, o juiz indeferirá. a
petição inicial, porque verificada a decadência, por definição parte do
julgamento de meritis.

1.785.2. Chamamento do réu no pedido de declaração incidental – O


deferimento da petição inicial implicará a realização de nova citação ao réu. É
o que expressamente exige o art. 321 do CPC de 1973 ao pedido de
declaração incidente formulado pelo autor, existindo revelia, e, a fortiori,
inexistindo revelia do réu.

Ressalva feita à hipótese de o réu ter outorgado poder especial para seu
advogado recebê-la, realizar-se-á a citação pessoalmente, não cabendo a
citação na pessoa do advogado, como acontece na reconvenção, regra
excepcional de interpretação estrita.70

O prazo de resposta é de quinze dias e contar-se-á ordinariamente.

1.785.3. Resposta do réu ao pedido de declaração incidental – A citação


do réu abre-lhe, outra vez, o prazo de resposta. É ao “direito de responder” e
ao prazo próprio da resposta, de quinze dias, que alude o art. 321 do CPC de
1973. Assim, a disciplina da resposta a esse pedido superveniente é, em
princípio, idêntica à da resposta ao pedido originário.71

No entanto, há particularidades dignas de registro, relativamente às


modalidades de resposta.
Não cabe exceção de incompetência relativa, porque a prorrogação da
competência do juízo da causa originária é automática. Desse modo, ou o
juízo já era absoluta ou relativamente incompetente, e tais assuntos
encontram-se ventilados pelos meios hábeis (a omissão do réu importou a
prorrogação, tornando o juízo incompetente em juízo competente), ou não é o
pedido de declaração incidente que gerou semelhante incompetência.
Exceções de impedimento e de suspeição são admissíveis, porque no entrego
entre a resposta à pretensão originária e da resposta ao pedido de declaração
incidental podem ter ocorrido movimentações no órgão judiciário (v.g., o
juiz A, e desimpedido, foi promovido e assumiu a vara o juiz B, marido da
advogada do autor), e, na teoria, a hipótese de interesse da pessoa investida
na função judicante talvez se verifique no caso do objeto litigioso ampliado.72

A reconvenção do réu é admissível, em tese, verificados os pressupostos


cabíveis, unicamente em relação ao pedido de relação incidente.

E a contestação nenhum traço distintivo apresenta da estrutura normal: (a)


defesa processual, dilatória (v.g., nulidade da citação feita no pedido de
declaração incidente) ou peremptória (v.g., litispendência, porque “o direito
que constitui objeto do pedido” original, a teor do art. 325 do CPC de 1973, já
é objeto principal de outro processo, dita causa prejudicial); e (b) defesa de
mérito, direta (impugnação de fato e impugnação de direito) e indireta. É claro
que a citação do art. 321 do CPC de 1973, aplicável ao assunto, não reabre o
prazo para o revel se opor à pretensão originária, mas sempre calha a
iniciativa (subsidiária) relativamente às preliminares, conhecíveis pelo juiz ex
officio, e cuja extensão via de regra atingirá todo o objeto litigioso.

1.785.4. Processamento e julgamento do pedido de declaração


incidental – Formado superveniente o processo cumulativo, após a resposta
do réu ao pedido de declaração incidente, há pouco examinada em suas
variantes, ou da revelia do réu, o procedimento comum retorna ao ponto de
partida: a etapa do saneamento. Não há, a partir daí, qualquer diferença
procedimental distinguível e, ainda menos, concebível por força unicamente
do pedido de declaração incidental.

Da menção à “sentença incidente”, no art. 325 do CPC de 1973, e à


possibilidade que, relativamente ao pedido de declaração da questão
prejudicial, talvez haja a possibilidade de o juiz julgar antecipadamente
semelhante pedido, arrolando-se as possíveis variantes.73 Por óbvio, a
hipótese contrária é inadmissível: a questão subordinada, intrínseca ao pedido
originalmente formulado, não pode ser julgada antes da questão
subordinante, objeto do pedido de declaração.74 Não há possibilidade de
inversão cronológica em ferir a ordem lógica de apreciação dessas questões.
Ora, a noção mesma de simultaneo processu repele a cisão no
processamento e no julgamento das demandas.75 E, como sói na cumulação
originária, ao juiz não é dado separar o pedido x, porque maduro para o
julgamento antecipado, e reservar o pedido y para instrução; ao contrário,
aguardará que todos se encontrem prontos para proferir sentença única.76

A principal vantagem da cisão no julgamento resultaria na presumível


economia de tempo. Por um lado, rejeitado o pedido de declaração, ipso
facto prejudicado o pedido subsequente, implicando tal ato a emissão de
sentença apelável. O benefício resultante do julgamento incontinenti, de
meritis, do pedido de declaração incidente, nas hipóteses de julgamento per
saltum, ficaria comprometido no caso de acolhimento do pedido subordinante,
sem que ao juiz seja dado apreciar também o pedido subordinado. Flagrante
é a impossibilidade de interpor o recurso próprio de apelação e processá-lo
nos autos originais, razão por que o recurso cabível é o agravo de
instrumento, por sinal cabível, na sistemática do NCPC, versando o mérito
(art. 1.015, II) ou a parte deste (art. 1.054, parágrafo único, do NCPC). Levada
a questão prejudicial – transformada em principal no pedido de declaração –,
imediatamente ao conhecimento do órgão ad quem, a interposição do agravo
de instrumento redefine a prejudicial de interna para externa e, destarte,
impõe tratamento próprio dessa última espécie. Conviria aguardar a resolução
definitiva da questão prejudicial, suspendendo o processo originário até
julgamento definitivo do agravo de instrumento, a fim de evitar o desperdício
de atividade processual no caso de provimento e, conseguintemente, rejeição
do pedido de declaração incidente, prejudicando o pedido subordinado.

Essas complicações adicionais mostram-se facilmente superáveis na


sistemática natural do procedimento comum. Findo o prazo de resposta do
réu ao pedido de declaração incidental, com ou sem resposta efetiva, o rito
segue o curso programado para a cumulação de pedidos originária,
retornando, outra vez, à oportunidade das providência das preliminares com
todas as consequências daí advindas e aqui anteriormente examinadas,
porque a disciplina do NCPC não discrepa do segundo código unitário nesse
particular.

§ 367.º Suprimento dos vícios processuais

1.786. Suprimento (da inexistência) e saneamento (dos vícios) do


processo

De acordo com lição essencial à compreensão do fenômeno jurídico, os


eventos e condutas que preenchem suficientemente os elementos de
incidência da norma ingressam no mundo jurídico (plano da existência),
tornando-se fatos jurídicos em sentido amplo. Os atos e os negócios jurídicos
são os fatos jurídicos que verdadeiramente importam no processo.
Preenchidos deficientemente os elementos, porque descumprido certo
requisito, o ato jurídico (ou o negócio) existe, porque ingressou no mundo
jurídico, mas padece de vício. É ato inválido. Os requisitos compõem o plano
da validade. Todos os requisitos são obrigatórios, mas a respectiva função
varia de intensidade, de modo que uns são mais importantes que os outros.
Diz-se, então, que há requisitos úteis e necessários. Os requisitos
necessários são imprescindíveis à finalidade prática do fato. Por exemplo,
constitui requisito do edital de citação, apesar da omissão do art. 257 do
NCPC a esse propósito, a menção do prenome e nome do réu; do contrário,
dificilmente o ato de convocação a juízo atingirá sua finalidade. Por sua vez,
os requisitos úteis atendem a outros aspectos de menor relevo. Por exemplo,
o edital de citação há de ser datado, porque todos os atos processuais
precisam ser datados pelos seus agentes e, no caso particular do edital
expedido pelo escrivão ou chefe de secretaria, incidirá a norma expressa do
art. 208. Ausente a data, a falta do requisito macula o edital, mas não impede
o ato de atingir os fins que lhe são próprios. Descumprido requisito útil, o vício
do ato é a irregularidade; requisito necessário, a nulidade.
Essas noções básicas, reproduzindo o que se expôs em itens anteriores
(retro, 1.244 e 1.245), preparam o caminho para localizar a exata inteligência
do art. 352 do NCPC. Segundo declara a regra, verificando o juiz a existência
de (a) irregularidades e (b) vícios sanáveis, o juiz mandará supri-las. O
emprego do verbo “suprir” é altamente impróprio. Nulidades sanam-se; supre-
se a inexistência. Na realidade, o que tem em vista o art. 352, é a correção
dos atos processuais viciados.

Descumprimento de requisito útil provoca defeito de escassa significação,


mas corrigível: “ato processual irregular” – escreveu-se com exatidão – “é
aquele afetado por pequenos vícios de forma que em absoluto afetam a sua
validade”.77 Essa espécie de infração em nada compromete a estrutura e os
efeitos do ato.78 Em geral, a sanção consiste na eventual responsabilidade do
agente.79 Por exemplo, constitui irregularidade a falta de rubrica e numeração
nas folhas do processo (art. 207, caput). Em épocas passadas, em que os
sentidos do juiz não eram obnubilados pela quantidade, havia tempo para
essas admoestações ao escrivão, que hoje causariam perplexidades e
dúvidas quanto à sanidade do magistrado. É mais natural o juiz mandar
corrigir o prenome de uma das partes (v.g., Demerson em vez de Emérson;
Araquém em vez de Araken; e assim por diante) no registro e na autuação,
apesar da designação correta nos atos processuais das partes, que também
representa irregularidade.

O vício decorrente do descumprimento de requisito necessário adquire


maior transcendência. O ato viciado não é (ainda) inválido. No processo,
observou-se com razão, ninguém observará atos inválidos, mas atos
viciados.80 A invalidação (ou nulidade) é o estado resultante do ato constitutivo
negativo do juiz que pronuncia a invalidade. Ao desfazer o ato viciado, o juiz o
suprime e aos seus efeitos, no todo ou em parte. Em que pese o relevo
emprestado ao requisito necessário, há ulterior distinção: consoante o caráter
da norma (imperativa ou dispositiva) e o interesse predominante nela tutelado
(particular ou público), mostra-se concebível identificar duas classes de
nulidades: (a) absoluta; e (b) relativa (retro, 885). Nulidades absolutas são,
por definição, insanáveis (v.g., a incompetência absoluta). Firme a tradição
brasileira nesse sentido.81 Ao invés, nulidades relativas são sanáveis; por
exemplo, a citação realizada nos momentos proscritos no art. 244. É a essa
espécie de defeitos a que alude a expressão “vícios sanáveis” do art. 352.

Defeitos dessa natureza não faltam na oportunidade em que, encerradas


as providências preliminares, o órgão judiciário ordena a atividade
saneadora.82 É verdade que, desde o primeiro contato com a petição inicial, o
juiz realizará a depuração dos vícios, mas há os que escapam a esse crivo, e,
de toda sorte, antes de emitir sentença terminativa, o juiz ensejará a correção
de quaisquer vícios (art. 317), parte integrante do poder de direção (art. 139,
IX). Por exemplo, a alegação do defeito de representação na contestação do
réu (art. 337, IX), mas rechaçado pelo autor, deverá ser emendado na
oportunidade prevista no art. 327, segunda parte.

O dispositivo em análise contempla a atividade de saneamento em sentido


estrito e propriamente dita. Retificados os atos irregularidades, saneados os
atos contaminados por nulidades sanáveis, o juiz prepara a declaração de
saneamento e assoalha o caminho tendente ao julgamento do mérito,
antecipadamente ou não.
1.787. Iniciativa da atividade de saneamento

Como se infere da letra do art. 352, o destinatário da ordem para corrigir


os defeitos dos atos processuais é a parte. E tal corresponde, realmente,
ao quod plerumque fit. Vale reprisar o exemplo do defeito de representação
do autor, alegado pelo réu (art. 337, IX). É ao autor que o juiz dirigirá a ordem
para praticar o ato adequado à espécie (v.g., havendo dúvida quanto à
representação orgânica da companhia, através da juntada dos estatutos e da
ata da assembleia que elegeu a diretoria).

Pode acontece que existam defeitos passíveis de correção por ambos


litigantes: no polo ativo, a companhia não se acha legitimamente representada
em juízo; no polo ativo, a representante técnico do réu não se encontra
habilitado.

E, por fim, concebe-se que a correção esteja a cargo do escrivão (v.g., a


numeração das folhas do processo) ou de outro auxiliar (v.g., do distribuidor).

1.788. Prazo da atividade de saneamento

O art. 352 estipula prazo impróprio para o suprimento (v.g. a ratificação da


parte aos atos praticados pelo advogado em seu nome) ou o saneamento das
irregularidades e saneamento das nulidades relativas. Fixou o termo máximo
(trinta dias), mas omitiu o mínimo.

Ora, até mesmo o prazo máximo, em princípio largo e generoso, pode se


revelar insuficiente e impróprio. Por exemplo, no terreno da capacidade
processual a superação de defeitos se atrela a circunstâncias objetivas e
subjetivas variáveis:83 a distância que se encontra o representante do
absolutamente incapaz e o estado de saúde do figurante do processo. É
preciso que o juiz estipule o prazo útil e cômodo à emenda do vício. Existe
previsão, no art. 218, § 1.º, para o juiz determinar os prazos “tendo em conta a
complexidade do ato”,84 apesar de prever omissão da lei e, mais
genericamente, o art. 139, VI, c/c § 1.º, autoriza o juiz a dilatar os prazos
antes do vencimento. Segundo recorrente lição da doutrina
nacional, criticando o direito anterior, realmente importa é a complexidade do
85

ato a ser realizado. Não convém destarte, fixar o prazo máximo de trinta
dias,86 porque talvez não seja suficiente. É preciso reconhecer nessa área a
discrição judicial.

Capítulo 79. PRECIPITAÇÃO DO JULGAMENTO


SUMÁRIO: § 368.º Estrutura do julgamento conforme o estado do
processo – 1.789. Natureza do julgamento conforme o estado do processo –
1.790. Esquema do julgamento conforme o estado do processo – 1.791.
Iniciativa da parte no julgamento conforme o estado do processo – 1.792.
Ordem do julgamento conforme o estado do processo – § 369.º Extinção do
processo – 1.793. Antecedentes das causas extintivas com ou sem resolução
do mérito – 1.794. Causas de extinção do processo sem resolução do mérito
– 1.795. Causas de extinção do processo com resolução do mérito – 1.795.1.
Julgamento fundado no reconhecimento do pedido – 1.795.2. Julgamento
fundado na transação – 1.795.3. Julgamento fundado na decadência e na
prescrição – 1.795.4. Julgamento fundado na renúncia – 1.796.
Obrigatoriedade da extinção no julgamento conforme o estado do processo –
§ 370.º Julgamento antecipado do mérito – 1.797. Conceito e natureza do
julgamento antecipado do mérito – 1.798. Admissibilidade do julgamento
antecipado do mérito – 1.798.1. Julgamento antecipado no caso da existência
de defesa – 1.798.1.1. Inexistência de controvérsia sobre alegação de fato –
1.798.1.2. Existência de controvérsia sobre alegação de fato – 1.798.1.3.
Julgamento antecipado no caso de pedido incontroverso – 1.798.2.
Julgamento antecipado no caso de inexistência de defesa – 1.799.
Obrigatoriedade do julgamento antecipado do mérito – 1.800. Efeitos do
julgamento antecipado do mérito – 1.801. Nulidade do julgamento antecipado
do mérito – 1.802. Controle do julgamento antecipado do mérito.

§ 368.º Estrutura do julgamento conforme o estado do processo

1.789. Natureza do julgamento conforme o estado do processo

À boa marcha do procedimento comum interessa a existência de momento


ou de fase especialmente voltada à depuração dos eventuais vícios dos atos
processuais, suprindo-os ou sanando-os na medida do possível, e,
igualmente, verificando o juiz a inaptidão do instrumento tendente à
composição do litígio das partes, à rejeição das demandas inviáveis. Essa
atividade altamente complexa há de ser confiada à iniciativa preponderante do
órgão judiciário. São as funções clássicas do notável instituto de autêntica
cepa portuguesa chamado de despacho saneador.1

As funções do despacho saneador português introduziram-se no direito


processual civil brasileiro através dos arts. 19 e 20 do Dec.-lei 960/1938, a
velha lei do executivo fiscal, e, posteriormente, passaram aos arts. 293 a 296
do CPC de 1939. A elas se acrescentou o julgamento do mérito, em virtude
dessa mesma influência lusitana, haurida da elástica interpretação conferida
pelos magistrados portugueses a texto da reforma do CPC de 1876, quando
desnecessário ingressar na fase de instrução.

A abreviação do procedimento comum, porque inútil (a demanda não


vence o juízo de admissibilidade) ou desnecessário (a demanda já pode ser
julgada) o prosseguimento do processo, recebeu o título “julgamento
conforme o estado do processo” no Capítulo V do Título VIII – Do
Procedimento Ordinário – do Livro I do CPC de 1973, também integrado pela
declaração de saneamento.

Esse esquema manteve-se no NCPC. O Capítulo X – Do Julgamento


Conforme o Estado do Processo – do Título I – Do Procedimento Comum – do
Livro I da Parte Geral do NCPC compõe-se de quatro seções: a extinção do
processo (art. 354), o julgamento antecipado do mérito (art. 355), o
julgamento antecipado parcial do mérito (art. 356) e a decisão de saneamento
e da organização do processo (art. 357). Em relação ao direito anterior,
todavia, o Capítulo X promoveu importantes modificações de forma e de
conteúdo. Em primeiro lugar, trocou “lide” por mérito, livrando-se dos
resquícios da poderosa doutrina que identificava o conflito real ou virtual de
interesses como a melhor concepção quanto ao objeto litigioso. Por outro
lado, introduziu o julgamento parcial do mérito, a rigor subespécie de
julgamentoper saltum. E, por fim, institui o núcleo do procedimento comum no
art. 357, pois a decisão de saneamento e de organização do processo –
terminologia aqui adotada – exigirá hercúleos esforços do órgão judiciário.
Desse modo, o julgamento conforme o estado do processo, que o juiz
“proferirá” (art. 353), como já ocorria no segundo código unitário, compreende
“dar a este uma solução ou encaminhamento segundo a situação que se
apresentar diante do juiz ao cabo das providências preliminares”.2

Finda a etapa das providências preliminares, ou sendo esta


desnecessária, porque mais simples o litígio, ao órgão judiciário abrem-se
dois termos de alternativa: ou prepara o processo para a instrução,
declarando-o saneado, ou precipita o julgamento, proferindo sentença
terminativa ou definitiva. O julgamento adquire, no contexto aqui tratado, o
sentido autorizado pela teoria abstrata da ação (retro, 222.3), segundo a qual
à iniciativa do autor corresponde o dever de o juiz dar resposta qualquer
conforme ao direito, incluindo o juízo de admissibilidade negativo, sempre que
impossível a correção do vício (art. 317).

É incomum relacionar a imediata emissão da sentença terminativa ou da


sentença definitiva, inserida no saneamento, e a precipitação do julgamento,
preferindo-se aludir à “abreviação do procedimento”, porque desapareceria a
“fase especificamente instrutória”.3

A abreviação do procedimento nas hipóteses traçadas nos arts. 354 a 356


representa relevante consequência da conjugação dos pressupostos que
obrigam o juiz, desde logo, a emitir sentença. Os pressupostos do julgamento
resultantes em sentença nessa fase devem sobressair aos efeitos. Ocorrerá
julgamento (conforme o estado do processo) precipitado, abreviando o
procedimento. A palavra “precipitação” retrata não só o momento em que tal
julgamento ocorre, porque a demanda venceu o controle inicial, mas não
percorrerá todo o itinerário do procedimento comum, mas – infelizmente – a
ligeireza, superficialidade e recorrência à técnica do julgamento antecipado
verificada na prática. Afinal, precipitação significa tanto resolução imediata,
quanto irreflexão…

Segundo certo arranjo, o gênero julgamento conforme o estado do


processo, do ponto de vista da precipitação do julgamento, compreenderia
duas espécies: (a) julgamento segundo o estado dos autos; (b) julgamento
antecipado do mérito,4 agora no todo ou em parte. A vantagem dessa
arrumação consistiria em explicar o conteúdo heterogêneo do art. 354. Sem
prejuízo do seu elevado merecimento, não logrou a simpatia dos expositores,
presumivelmente ante a inexpressividade do rótulo da primeira espécie.

O esquema do julgamento conforme o estado do processo merece


maiores considerações.

1.790. Esquema do julgamento conforme o estado do processo

O regime da fase de saneamento, entendida em termos largos, fundado


na economia (no processo e no juízo), pré-excluía o julgamento do mérito no
CPC de 1939. E, de fato, a característica primacial do procedimento ordinário
era a concentração da instrução, da discussão da causa e do julgamento na
audiência, segundo os postulados do sistema da oralidade (retro, 104.1). A
tese da impossibilidade de o juiz conhecer diretamente do pedido,
prescindindo da audiência de instrução e julgamento, emitindo o que se
chamava de “sentença temporã”,5 prevaleceu na jurisprudência do STF.6

O direito português já contemplara, no art. 2.º do Decreto 12.353, de


29.09.1926, reforma do CPC luso de 1876, o julgamento do mérito ao primeiro
contato da inicial. Essa disposição inspirou julgamentos de mérito na
oportunidade do saneador. Assim, a jurisprudência portuguesa ampliou as
funções da fase de saneamento, antes de chegar ao texto legislativo (art. 514,
§ 3.º, do CPC português de 1939).7 O antecedente remoto dessa abreviação
do rito ordinário localizava-se nas Ordenações Filipinas (Livro 3, Título 46, §
9.º): confessando o réu “em juízo as dívidas ou cousas por que fosse
demandado”, o juiz conheceria diretamente do pedido, emitindo sentença que
se rotulava de “preceito de solvendo”. Essa espécie singular de sentença de
mérito fundava-se, na verdade, no reconhecimento do pedido, tal como hoje
previa o CPC de 1973 e hoje contempla o art. 354, caput, c/c art. 487, III, a,
do NCPC.8 É mais significativa, porém, a possibilidade de o juiz “conhecer do
mérito da causa se o réu for revel ou a defesa tiver sido apresentada fora do
prazo legal”, conforme o art. 19, IV, do Dec.-lei 960/1938.

O CPC de 1973 remodelou radicalmente a fase de saneamento e na


mesma linha seguiu o NCPC. Essa etapa do procedimento comum inicia com
as providências preliminares do Capítulo IX, tendentes a assegurar o
contraditório, consoante a matéria alegada na contestação (arts. 350 e 351), e
preparam a instrução, ocorrendo revelia do réu (art. 348), mas
desacompanhada da presunção de veracidade dos fatos afirmados na petição
inicial (art. 344), passando-se em seguida para momento de autêntica
condensação (art. 357), resolvidas quaisquer questões processuais. A
atividade de saneamento em sentido estrito, suprindo a inexistência de atos
ou repetindo atos viciados, ocorre nesse contexto (art. 352).

As providências preliminares revelam-se mais amplas do que as seções


do mencionado Capítulo IX deixam entrever. Elas abrangem, no caso de
impugnação de fato direta, a manifestação do autor a respeito da prova
documental produzida com a contestação, a teor do art. 437, caput, e,
conforme o conteúdo da réplica do autor, a tréplica do réu em diversas
hipóteses (retro, 1.781).

Em seguida a tais providências preliminares, o Capítulo X do Título I – Do


Procedimento Comum –, prevê o “julgamento conforme o estado do processo”
(art. 353). Essa designação inspira-se vagamente na Entscheidung nach Lage
der Akten (julgamento conforme o estado dos autos) germânica,9 cuja
essência residiria em “considerar-se, ou não, como amadurecida para decisão
a causa, tidos como suficientes os elementos aportados para os autos, pelas
partes, e obstado seu inútil prolongamento, quer por audiência, quer por
debate oral”.10 Os pressupostos, contudo, mostram-se completamente
diferentes.

O julgamento conforme o estado do processo divide-se, formalmente, em


quatro seções: (a) a extinção do processo (art. 354), sem resolução de mérito,
nos casos do art. 485, e com resolução do mérito, nas hipóteses do art. 487, II
e III; (b) o julgamento antecipado do mérito, nos casos dos incisos I e II do art.
355; (c) o julgamento antecipado parcial do mérito (art. 356); e (d) a decisão
do saneamento e da organização do processo, incluindo a audiência
preliminar (art. 357, § 3.º), se complexas as questões de fato e de direito, na
qual o juiz (ca) resolverá as questões processuais pendentes (art. 357, I); (cb)
fixará o tema da prova (art. 357, II); e (cc) ordenará a produção das provas
hábeis à formação do seu convencimento (art. 370, caput) ou deferirá os
meios de prova propostos pelas partes (art. 357, II); (cd) distribuirá o ônus da
prova (art. 357, III); (ce) delimitará as questões de direito relevantes no
julgamento do mérito (art. 357, IV); e (cf) designará, ou não, desde logo a
audiência principal.

O esquema comporta algumas ressalvas. Em primeiro lugar, não se


afiguram homogêneos os resultados da extinção e do julgamento antecipado
do mérito, precipitando o encerramento do procedimento comum, com ou sem
resolução do mérito, e os da decisão de saneamento, proferida oralmente, na
audiência preliminar, ou por escrito, cuja consequência, em princípio – não se
exclui, absolutamente, que melhor esclarecido acerca das questões
processuais pendentes no debate com os advogados das partes, o juiz opte
por extinguir o processo –,11 consistirá no prosseguimento do processo.
Ademais, as hipóteses de emissão da sentença, previstas no art. 487, II e III,
agrupadas no art. 354, caput, juntamente com causas hábeis à emissão de
sentença terminativa, têm maior afinidade como o julgamento antecipado do
mérito.12 Revestir-se-ão, uma vez esgotados os meios de impugnação, da
autoridade de coisa julgada.13 O meio de impugnação após o trânsito em
julgado não é decisivo nesse ponto.

É inaceitável o entendimento de que se obstina em negar ao provimento


fundado no reconhecimento do pedido, na transação e na renúncia a natureza
de pronunciamento acerca do mérito,14 e, conseguintemente, de sentença
definitiva. A localização da matéria no art. 354, caput, justifica-se por outra
circunstância. O negócio jurídico unilateral (reconhecimento do pedido,
renúncia) ou bilateral (transação) verificar-se-á, a rigor, a qualquer tempo, e
grau de jurisdição, inclusive após o encerramento da fase de instrução. Não
têm nada a ver com a dispensa da fase em que predomina a atividade
instrutória. Nessa contingência, soaria impróprio localizar tais causa de
emissão da sentença definitiva no art. 355, cuja tônica consiste em prescindir
da instrução.

Em relação à pronúncia da prescrição e da decadência (art. 487, II), a


explicação não é idêntica. Outra é a razão para destacá-la do julgamento
antecipado do mérito (art. 355). Fixada a premissa que tais questões integram
o mérito, em virtude da já mencionada localização no art. 487, não perdem,
entretanto, o caráter de questões prévias, ou seja, cuja resolução,
logicamente, antecederá a análise das demais questões controvertidas
incluídas nessa órbita. A inclusão dessa matéria na rubrica da “extinção do
processo” justifica-se pela intenção de obrigar o órgão judiciário a apreciá-la,
em qualquer sentido, antes da declaração de saneamento. O juiz chegará à
etapa do saneamento, segundo estipula o art. 357, caput, “não ocorrendo
nenhuma das hipóteses” anteriores. Ora, inexistindo semelhante destaque no
art. 354, caput, o exame da prescrição e da decadência, porque partes do
mérito, ficaria subordinado aos pressupostos do art. 355, I, o juiz somente se
pronunciaria sobre elas no caso de acolhê-las. Assim, conforme notou-se no
direito anterior, “destacando-a, a lei obrigou o juiz a pronunciar-se sobre a
questão prévia, se alegada ou se apreciável de ofício. Se não pronunciar a
decadência ou a prescrição (nos termos do art. 269, IV {do CPC de 1973}),
embora tenha havido requerimento do réu a respeito, tê-lo-á, implicitamente,
rejeitado”.15 Feita ressalva ao cabimento do julgamento implícito – os
embargos de declaração prestam-se para corrigir a omissão –, não há dúvida
de que ao órgão judiciário cumpre rejeitar as questões prévias relativas à
prescrição (da pretensão) ou à decadência (do direito), ambas pronunciáveis
de ofício (art. 487, II), na decisão de saneamento, desde que sobre elas
recaia prévio debate das partes (art. 487, parágrafo único), ressalva feita ao
art. 332, § 1.º, todavia superado pelos trâmites posteriores da causa.

À diferença do art. 294 do CPC de 1939, a versão originária do art. 331 do


CPC de 1973 não estipulara explicitamente as matérias sobre as quais se
debruçaria o juiz no saneamento do processo. Tal omissão forniu
entendimento de que o juiz não era obrigado a decidir as questões prévias
suscitadas, ou apreciáveis ex officio, e debatidas precedentemente.16 O
argumento perdeu consistência perante reforma anterior da regra e não tem o
menor sentido perante o denso art. 357. Empregou-se, aí, verbo em caráter
imperativo (art. 357, caput: “… deverá o juiz…”). Não resta dúvida, portanto,
que se consagrou autêntico dever ao órgão judiciário. O adjetivo ligado às
questões que incumbe ao juiz resolver nessa oportunidade, obrigatoriamente,
não permite a excessiva ilação que não seja admissível rejeitar preliminares
de mérito na decisão de saneamento. Se ao juiz é lícito examiná-las em
determinado sentido, emitindo sentença definitiva (art. 354, caput, c/c art. 487,
II), forçoso admitir que a análise resulte no juízo oposto. O STJ admitiu a
hipótese no direito anterior, entendimento aplicável ao NCPC: “A prescrição,
como preliminar de mérito de caráter prejudicial, pode e deve ser examinada
na fase de saneamento do processo, a qual tem início com o exame, pelo juiz,
da petição inicial”.17

Por fim, a estruturação do julgamento conforme o processo comporta um


derradeiro reparo. Os casos predeterminados emissão da sentença
terminativa (art. 354,caput, c/c art. 485) ou de sentença definitiva, no todo (art.
355, I e II) ou em parte (art. 356), com o acréscimo da prescrição e da
decadência, preexistem a tal pronunciamento, ou seja, verificam-se ou não,
objetivamente, conforme as condições da causa após as providências
preliminares. Ao invés, o negócio jurídico unilateral (reconhecimento do
pedido e renúncia) e bilateral (transação) que, por igual, enseja o julgamento
do mérito “conforme o estado do processo”, ao juiz apresenta-se como
simples – e, nos casos do reconhecimento e da renúncia, a prática não o
registra com frequência – eventualidade nessa ocasião. É curiosa, mas real
assimetria das causas de precipitação do julgamento arroladas nos arts. 354,
355 e 356. Parece evidente, vencida essa etapa do procedimento comum,
mas sobrevindo o reconhecimento do pedido, a renúncia ou – principalmente
– a transação, em qualquer grau de jurisdição, ao juiz não restar outro termo
de alternativa senão o de apreciar o negócio jurídico e, restrita o exame aos
limites admissíveis, homologá-lo ou não.18

1.791. Iniciativa da parte no julgamento conforme o estado do


processo

É comum autor e o réu, cada qual na sua perspectiva, requererem


formalmente ao juiz o julgamento conforme ao estado do processo, porque
inútil (art. 354, caput) ou desnecessário (arts. 355 e 356) o ingresso deste na
fase de instrução. Como o réu logra sucesso tanto na hipótese de o juiz
declarar a pretensão inadmissível, quanto infundada (retro, 1.584), geralmente
inclina-se a realçar, a esse respeito, certa questão prévia suscitada na
contestação (art. 337), a seu ver bastante para a emissão da sentença
terminativa. Em contrapartida, à medida que o autor obtém êxito quando, além
de admissível, revelar-se fundada a pretensão processual, a este litigante
interessa, sobretudo, o julgamento antecipado do mérito. Mas, não se exclui,
absolutamente, a vontade convergente dos litigantes, fundada em motivos
distintos, no sentido de precipitar o julgamento da causa.

Essa iniciativa não se afigura imprescindível, de regra, à atuação do órgão


judiciário, preexistente causa para emissão da sentença terminativa ou
definitiva, e havendo convergência nas postulações das partes no sentido da
precipitação do julgamento (arts. 354, 355 e 356), tampouco a vontade
conjunta dos litigantes vinculará o juiz.

Descansa a solução em vários fundamentos técnicos. Relativamente à


extinção do processo, o art. 354, caput, utiliza o verbo proferir
imperativamente e, ademais, os arts. 485, § 3.º, e 337, § 5.º, submetem as
questões relativas aos pressupostos processuais e às condições da ação ao
conhecimento ex officio do juiz, ressalva feita à convenção de arbitragem (art.
337, X) e à incompetência relativa (art. 337, II).

Fica subentendido, postulando o autor matéria confiada à arbitragem


mediante compromisso ou cláusula compromissória, ao réu caberá invocar o
negócio jurídico na contestação (retro, 324), iniciativa exclusiva do
demandado que precipitará a emissão de sentença terminativa (art. 485, VII,
c/c art. 354, caput), aí incluindo-se o reconhecimento da própria competência
pelo tribunal arbitral. A omissão do réu em arguir a convenção de
arbitragem, opportuno tempore, implicará renúncia tácita, porque assunto
eminentemente disponível.19 A alegação intempestiva enfrentará a barreira da
preclusão e, da mesma maneira, o juiz não conhecerá de questão submetida
unicamente à iniciativa do réu (art. 141).

Ao se repassar as causas de emissão de sentença terminativa,


contempladas no art. 485, verifica-se que os demais casos, não se reduzindo
ao inciso IV (v.g., art. 485, IX, c/c art. 115, parágrafo único), geralmente
prescindem da iniciativa de qualquer das partes. Em determinadas hipóteses,
a causa da sentença (v.g., a desistência da ação, a teor do art. 485, VIII)
subordina-se à declaração de vontade da parte; porém, emitida esta, haja ou
não a necessidade de consentimento do réu (art. 485, § 4.º), o impulso toca
ao órgão judiciário (art. 2.º, in fine).

Em outras situações, a parte se encontrará em posição mais vantajosa


para comunicar ao juízo os fatos pertinentes e, assim, precipitar o julgamento;
por exemplo, a morte da contraparte, intransmissível o objeto litigioso, a teor
do art. 485, IX; a formação de negócio jurídico que implicou confusão entre as
partes (v.g., fusão de empresas). No entanto, nada impede o juiz de conhecer
dessa matéria ex officio; por exemplo, a assessora do juiz leu o obituário da
parte no jornal de grande circulação local e o juiz, invocando o art. 370, caput,
requisita a certidão de óbito ao ofício do registro civil. A hipótese traçada no
art. 485, II, ou abandono bilateral, jamais teria aplicação, fora dos feitos em
que houvesse de intervir o Ministério Público, não houvesse iniciativa oficial.20
Exceção à iniciativa oficial, nesse contexto, localiza-se no art. 485, III, ou
seja, no abandono unilateral. Passado o interregno de trinta dias do
vencimento do prazo assinado à prática do ato pelo autor, a iniciativa do réu
para o juiz mandar intimar o negligente para os efeitos do art. 485, § 1.º,
conforme exige o art. 92.21 Em sentido contrário, pondera-se que a razão de
ser da extinção fundada no abandono repousa no interesse público, que dita a
eliminação dos processos desinteressantes ao próprio autor; e, ademais, há
situações enquadráveis no art. 485, III, que ocorrem antes da citação do réu
(v.g., a inércia do autor em arcar com as despesas da citação), caso em que
inconcebível sua iniciativa.22 O argumento do interesse público não tem o
alcance pretendido, pois existem áreas reservadas à iniciativa da parte no
instrumento concebido pelo Estado para resolver os litígios. E a situação
aventada, na melhor das hipóteses, representaria exceção à diretriz do art.
92. Seja como for, a Súmula do STJ, n.º 240, estabeleceu o seguinte: “A
extinção do processo, por abandono da causa pelo autor, depende de
requerimento do réu”. O art. 485, § 6.º, encampou a diretriz da súmula de
jurisprudência dominante. Assim, abstendo-se o réu, impende aguardar o
vencimento do prazo de um ano, caso em que o abandono transforma-se em
bilateral, ensejando, destarte, a atuação oficial do juiz, mandando intimar as
partes para os efeitos do art. 485, § 1.º.

Além dessas hipóteses, em que a sentença terminativa fundar-se-á na


iniciativa da parte (art. 485, III, VII e VIII), parece óbvio que, por identidade de
motivos, fundando-se a sentença definitiva em negócio jurídico unilateral
(reconhecimento do pedido, renúncia) e bilateral (transação), a iniciativa de
postular a homologação do juiz cabe ao(s) figurante(s) do negócio. Dizer que,
feita a declaração de vontade, o órgão judicial procederá de ofício, salvo
engano representa meia verdade.

O juiz atuará de ofício nos demais casos do art. 487, I e II, c/c art.
354, caput, e 355, I, c/c art. 356. A prescrição e a decadência comportam
pronúncia ex officio(art. 485, II), mas exigem prévio debate das partes (art.
487, parágrafo único). E ao juiz, como é curial, compete verificar a
desnecessidade da instrução, porque a causa se encontra madura para
julgamento, nos termos do art. 355, I e II.

1.792. Ordem do julgamento conforme o estado do processo

Da cláusula inicial do art. 357, caput (“Não ocorrendo nenhuma das


hipóteses deste Capítulo…”), apesar da redação equívoca, pois o
saneamento é uma dessas hipóteses, extrai-se a correta ilação que o órgão
judiciário declarará saneado o processo após pré-excluir tanto a extinção do
processo (art. 354, caput), quanto o julgamento antecipado do mérito, no todo
(art. 355) ou em parte (art. 356). Cumpre ao juiz examinar o processo atenta e
percucientemente, descartando a ocorrência das hipóteses versadas no art.
354, 355 e 356. A mais das vezes, pronunciar-se-á implicitamente,
designando audiência preliminar (art. 357, § 3.º) ou proferindo decisão de
saneamento e de organização do processo em gabinete. Ao juiz cabe
pronunciar-se, expressa e obrigatoriamente, a respeito das questões
suscitadas, ou apreciáveis de ofício, mas debatidas previamente. Nenhuma
palavra lançará quanto a ponto inexistente ou que (ainda) não se verificou
(v.g., a morte de uma das partes, sendo intransmissível o objeto litigioso; o
reconhecimento do pedido; e assim por diante). Chega-se ao saneamento por
exclusão.

A ordem de apreciação das hipóteses subsumidas aos arts. 354, 355 e


356, inclusive levando em consideração que as situações versadas no art.
487, II e III, integram o mérito, já não se afigura tão nítida. A sequência
ressente-se de cláusula análoga à da abertura do art. 357, caput. É evidente,
entretanto, a existência de ordem por assim dizer natural. O juiz examinará
em primeiro lugar se a pretensão processual se revela admissível, superada a
possibilidade de correção dos vícios (art. 352); vencida semelhante etapa,
passará ao juízo de mérito, pois este não tem o menor cabimento se o
instrumento, a priori, não tem aptidão para recebê-lo e já se destacou a
impropriedade de o art. 488 exigir exame hipotético do mérito. Divisando
causa hábil para a emissão de sentença terminativa, o juiz apura a existência
de obstáculo incontornável para apreciar o objeto litigioso.23

Pode acontecer de o juiz deparar-se com mais de um fundamento para


precipitar o julgamento. Essa multiplicidade de fundamentos pode ser (a)
heterogênea e (b) homogênea.

É a primeira que suscita as questões mais delicadas. Por exemplo, o juiz


verifica que o réu é parte ilegítima e, de toda sorte, ocorreu prescrição. Não
há dúvida de que a sentença não precisa basear-se em mais de um motivo
legal e, sendo heterogêneos, decididamente “não pode basear-se senão em
um deles: absurdo extinguir o processo, ao mesmo tempo, com julgamento do
mérito e sem tal julgamento”.24 Resta definir em qual deles necessariamente
fundar-se-á a sentença – na ilegitimidade (art. 485, VI) ou na prescrição (art.
487, II) –, predeterminando seu conteúdo e alcance.

Fitando o desfecho presumível da pretensão processual, de meritis, não é


incomum que o juiz abstraia o defeito irremovível da relação processual, e (a)
postergue a resolução da questão prévia para momento posterior à instrução,
a fim de (b) julgar preferencialmente o mérito. Na sistemática da fase de
saneamento, não é dado ao juiz relegar a apreciação das questões que lhe
tocam decidir nessa fase, encontrando-se superada a Súmula do STF, n.º
424; em outras palavras, mostra-se obrigatório o saneamento do processo. O
filtro impede as pretensões inadmissíveis de seguir em frente e alcance a fase
de instrução. E, seja como for, a regularidade do processo representa
condição necessária para qualquer provisão acerca do mérito da causa.25 Em
particular, inexiste motivo para relevar as questões processuais em favor do
julgamento, de meritis, favorável ao réu.26 Disposição desse teor denotaria
inaudito caráter autoritário.27 O processo civil garantista (retro, 81) não
autoriza o juiz inverter a ordem natural de resolução das questões, passando
o mérito à frente das questões processuais que, por sua influência,
predeterminam a impossibilidade de examiná-lo a favor e contra o autor. O
art. 488 inclinou-se, entretanto, nesse sentido.

Em primeiro lugar, o art. 488 impõe ao órgão judiciário atividade


suplementar muito pouco condizente com sua sobrecarga de trabalho.
Ademais, o excesso mostrar-se-ia inútil. Por exemplo, na ação em que o
segurado A pretende a prestação do seguro do estipulante B, após o
vencimento do prazo de prescrição, a sentença fundada no art. 487, II, é
irrelevante para B e não vincula o autor A na pretensão contra a
seguradora C, porque inexiste a identidade de partes (art. 337, § 2.º). A
autoridade de coisa julgada é bilateral, e, no caso, vinculados ficariam A e B.
Provimento desse teor talvez desestimule o segurado; porém, essa eventual
utilidade não compensa a atividade do órgão judiciário.

A extinção do processo sem resolução do mérito (art. 354, caput, c/c art.
485) precederá, portanto, o julgamento de mérito, antecipado ou não.28 O
mérito só admitirá exame, mediante sentença definitiva, inclusive por força de
negócio jurídico unilateral (reconhecimento do pedido, renúncia) ou bilateral
(transação), “depois de ultrapassados os outros planos cognitivos e rejeitadas
(ou superadas) as questões estranhas ao mérito”.29

Voltando ao exemplo ministrado, o juiz declarará extinto o processo, em


virtude da ilegitimidade do réu, e nenhuma palavra – o ponto merece
destaque – acrescentará quanto à prescrição.30 Disposição desse teor,
deduzindo A pretensão perante B para haver a prestação x, erroneamente,
mostrar-se-ia impertinente e supérflua: além de não atingir o suposto
legitimado, porque não figurou como parte e, de toda sorte, não lhe alcançaria
a autoridade de coisa julgada, bem como acontecer que, corretamente
endereçada a pretensão de A contra C, que é a parte legítima, em relação a
esta se verificou causa suspensiva ou interruptiva da prescrição. Em algumas
situações, ocioso frisar, não há como o juiz pronunciar-se sobre o mérito,
embora ineficazmente. Assim, falecendo o réu na ação de separação movida
por A contra B, porque a morte constitui causa de extinção do vínculo (art.
1.571, I, do CC), perderia tempo o juiz em motivar a sentença, externando seu
juízo de fato, para acolher o pedido de A.

Essas considerações comportam, a rigor, ressalva tendente a justificar a


inclusão do art. 485, III, na esfera de incidência do art. 354, caput. O
raciocínio desenvolvido aplica-se, de regra, à solução autoritária do conflito. O
juiz homologará o negócio jurídico unilateral (reconhecimento do pedido,
renúncia) e bilateral (transação) independentemente dos defeitos da relação
processual, exceção feita à incompetência absoluta. Realmente,
se A demanda B pela dívida de C, mas Breconhece o pedido, ou transaciona
com A, inexiste razão plausível para recusar-se o juiz a emitir a sentença
definitiva. Esses negócios jurídicos entram na órbita da autonomia privada dos
litigantes e B pode assumir ou aderir à dívida de C. Até os efeitos de
provimento anterior transitado em julgado (art. 485, V) são passíveis de
negócios jurídicos dispositivos, vez que modificáveis; em processo anterior,
reconheceu-se a inexistência da dívida de B perante A, mas demandado outra
vez por Anada impede que B transacione com A, obrigando-se a pagar a
dívida x.

Fixada a solução no caso de multiplicidade de causas heterogêneas,


assoalha-se o terreno para o passo seguinte.

Em relação ao mérito, o julgamento fundado em questões prévias (a


prescrição e a decadência, a teor do art. 487, II) prefere o julgamento
antecipado do (restante) do mérito, em virtude da sua própria natureza
preliminar. O princípio da economia recomenda que, pronunciada a prescrição
ou a decadência, o juiz cesse o raciocínio, abstendo-se de outras
manifestações. E, por outro lado, o negócio jurídico unilateral (reconhecimento
do pedido e renúncia) e bilateral (transação) prefere à resolução autoritária da
lide, inclusive fundada em questão prévia, porque vincula o órgão judiciário
(retro, 1.609).

É mais complexa a homogeneidade de causas que conduzem à extinção


do processo sem resolução do mérito (art. 354, caput, c/c art. 485). Aqui
também, entretanto, há ordem discernível. Em primeiro lugar, o negócio
jurídico unilateral (desistência: art. 485, VIII, antes da anuência do réu) ou
bilateral (convenção de arbitragem: art. 485, VII) prefere a qualquer outro
motivo legal, inclusive os concernentes aos pressupostos processuais e as
condições da ação, porque a declaração de vontade das partes vincula o
órgão judiciário. Ademais, os pressupostos processuais (art. 485, IV, V e IX)
antecedem, logicamente, as condições da ação (art. 485, VI), dentre outras
razões porque estas, logicamente, integram o mérito, apesar de receberem
tratamento distinto na lei processual. Nesse ponto, há que se admitir certa
largueza, porque sempre há entendimentos discrepantes na qualificação
deste ou daquele ponto, devendo o juiz preferir a solução que lhe exija
menores esforços.

E, concorrendo motivos da mesma classe (v.g., no âmbito dos


pressupostos processuais), não se pode dizer que os aspectos práticos
saltem à frente.31 Embora seja mais vantajoso acolher a objeção de coisa
julgada (art. 485, V), vez que este prenunciado pré-exclui a renovação da
demanda (art. 486, caput, e § 1.º), a extinção do processo nos casos de
incompetência absoluta do juízo, quando admissível (retro, 490), sobreleva-se
a qualquer outro.

§ 369.º Extinção do processo

1.793. Antecedentes das causas extintivas com ou sem resolução do


mérito

A rubrica da Seção I – Da Extinção do Processo – do Capítulo X – Do


Julgamento conforme o Estado do Processo – do Título I do Livro I da Parte
Geral do NCPC agasalha, em termos, impropriedade. Não há, propriamente,
“extinção do processo”, inclusive nos casos em que, ao aplicar o art. 485 nas
hipóteses admissíveis, o juiz profere sentença terminativa. Em que pese o
pronunciamento exibir força declaratória predominante, declarando o órgão
judiciário inadmissível o julgamento do objeto litigioso, sem autoridade de
coisa julgada (art. 486, caput), caso em que nenhum desdobramento futuro
haverá quanto a essa disposição do capítulo principal da sentença
terminativa, o capítulo acessório da sucumbência tem força condenatória e,
eventualmente, comportará execução. Nesse último caso, o réu vencedor
deduzirá pretensão a executar, in simultaneo processu, e, a rigor, o processo
não se “extingue”. Fenômeno idêntico ocorrerá no caso de “extinção” com
resolução do mérito, ocorrendo renúncia do autor nos termos do art. 487,
III, c: o capítulo acessório da sucumbência (art. 90) ensejará, inexistindo
cumprimento voluntário, execução do vencedor.

A impropriedade da rubrica revela manifesta no caso de reconhecimento


do pedido (art. 487, III, a, c/c art. 354, caput). Conforme a força da ação
(v.g., A pede a condenação de B ao pagamento de x, e B reconhece o
pedido), o próprio capítulo principal – apesar de vinculado ao negócio jurídico
unilateral do réu, o juiz emitirá sentença definitiva para acolher, no todo ou em
parte, o(s) pedido(s) do autor –, ensejará execução, cumulativamente, ou não,
com o capítulo acessório da sucumbência.

E, no caso de transação (art. 487, III, b), conforme o teor das estipulações
das partes, concebendo-se que uma se obrigue a prestar a outra, o
inadimplemento superveniente obrigará o figurante, por igual, a deduzir
pretensão a executar in simultaneo processu. A sentença homologatória de
transação constitui título executivo (art. 515, II). A “extinção” do processo é
aparente.

Feitas essas considerações sistemáticas, a rubrica da Seção I do Capítulo


X do Título I da Parte Geral do NCPC remonta ao CPC de 1939. A remissão
do art. 354,caput, aos arts. 485 e 487, II e III, agrupa na mesma hipótese
casos que, no primeiro estatuto unitário, ensejavam a extinção do processo
por dois meios distintos: (a) a absolvição de instância (art. 201 do CPC de
1939); e (b) a cessação da instância (art. 206 do CPC de 1939).

Dessa coincidência parcial não se retira muita coisa na sistematização do


instituto da “extinção” prevista no art. 354. As discrepâncias entre os dois
estatutos são maiores que as acidentais afinidades. Assim, no tocante à
matéria do art. 487, II a III, o art. 206 do CPC de 1939 somente contemplava a
transação e a desistência, nesta compreendendo-se a desistência
propriamente dita e a renúncia,32 mas não mencionava o reconhecimento do
pedido, admitido como tal só no CPC de 1973. O comportamento ativo do réu
em aderir sem luta à pretensão do autor recebeu chancela indireta no art. 55
do CPC de 1939, impropriamente chamado de confissão, e em outros
dispositivos esparsos.33 Da prescrição e da decadência o juiz não se ocupava
no saneamento. Era assunto estranho ao catálogo do art. 294 do CPC de
1939.34 Mas, o STF acabou por admitir resolução a respeito nessa etapa do
procedimento.35 E a absolvição de instância (absolutio ad instantia),
basicamente “o encerramento da relação processual em virtude da
inadmissibilidade do julgamento do mérito por faltar algum pressuposto
processual”,36 subordinava-se à iniciativa do réu (art. 201, caput, do CPC de
1939).

Razão maior para a diferença inconciliável entre os dois estatutos avulta


na indistinção entre “absolvição” e “cessação” da instância. A noção de
instância se mostrava dúbio já no direito reinol, e infecundo,37 provocando
equívocos que o CPC de 1939 não logrou desfazer totalmente. Assim,
cessação da instância importava o término da “relação processual por falta de
objeto para o processo, ou da impossibilidade em continuar a situação de
litispendência”, ou seja, o processo cessava de fluir;38 ao invés, a absolvição
de instância desconstituiria o processo, subsistindo somente o ato
extintivo.39 Bem se compreende, pois, o diagnóstico que, no terreno da
instância, “tudo é confuso e contraditório”.40

Analisados os antecedentes remotos do art. 354, a única conclusão


valiosa é a de que a precipitação do julgamento nos casos do art. 485 e 487,
II e III, não constitui novidade no direito processual brasileiro,41 e o NCPC
seguiu a orientação superior do CPC de 1973.

1.794. Causas de extinção do processo sem resolução do mérito


A remissão do art. 354, caput, ao art. 485 não importa correspondência
rígida entre as causas de emissão de sentença terminativa (retro, 1.584) e a
fase propícia para o julgamento conforme ao estado do processo. Por um
lado, há causas que, chegado o processo a essa oportunidade, ficaram
irremediavelmente vencidas; de outro, há as que sobrevêm a essa etapa do
procedimento comum e, todavia, ensejam a mesma providência no seu devido
tempo.

Dentre outros motivos que, por sua natureza, verificam-se a qualquer


momento, não se acomodando estaticamente à oportunidade do julgamento
conforme o estado do processo, os seguintes avultam: (a) a convenção de
arbitragem (art. 485, VII), pois as partes podem celebrá-la a qualquer
momento; (b) a desistência (art. 485, VIII), guardada a restrição da anuência
do réu (art. 485, § 4.º); (c) a morte do figurante de objeto litigioso
intransmissível (art. 485, IX), pois se cuida de evento temporalmente indevido;
(d) a confusão entre autor e réu em razão das vicissitudes da vida
empresarial, dentre outros casos.

A primeira inadequação flagrante consiste na incidência do art. 485, I. O


dispositivo autoriza o juiz a indeferir a petição inicial, nos casos do art. 330.

À primeira vista, o motivo da impropriedade da remissão é singelo,


enunciado com invulgar elegância: “Se o feito chegou até aí, é porque a inicial
já foi deferida; logo, não pode agora ser indeferida”.42 Visto o problema na
perspectiva do art. 330, a solução não se afigura tão simples. Flagrantemente,
há casos de sobreposição de causas de emissão de sentença terminativa ou
definitiva, a exemplo da ilegitimidade manifesta e da falta de interesse
processual (art. 330, II e III), agrupadas sob o rótulo de condições da ação e
quadradas no art. 485, VI; E há casos que, ignorados no primeiro momento,
mas suscitados pelo réu, conduzem fatalmente ao juízo de inadmissibilidade:
a inépcia (art. 330, I, c/c § 1.º) e outros defeitos formais, a esta altura
dificilmente remomíveis.

Das hipóteses de indeferimento da petição inicial não tem o menor


cabimento, nessa fase adiantada do processo, aplicar o art. 330, IV, c/c art.
321. E a razão, relevadas as dificuldades em enquadrar a hipótese no art.
485, IV, reside na impossibilidade de o juiz determinar a correção da inicial
após o réu arguir-lhe defeitos materiais e formais. Esses defeitos que passam
despercebidos ao primeiro controle, ensejando juízo positivo quanto à
admissibilidade da petição inicial (retro, 1.696), já não podem ser removidos.
Inicialmente hesitante, firmou-se a jurisprudência do STJ no sentido de repelir
a correção tardia da petição inicial, ou seja, após a estabilização da
demanda,43 sob o persuasivo argumento que, do contrário, o réu forneceria
subsídios contra si próprio.44

Enfim, a remissão do art. 354, caput, ao art. 485, observou-se no direito


anterior, “no que concerne ao inciso I deste, há de entender-se no sentido de
que o juiz extinguirá o feito, no momento de que se cogita, se verificar a
existência da falha ou irregularidade que justificaria, caso percebida de
imediato, o indeferimento da inicial”,45 ressalva feita à hipótese de resistência
ou omissão em corrigir a petição inicial (art. 321).

1.795. Causas de extinção do processo com resolução do mérito


O art. 354 realiza remissão às hipóteses do art. 487, II e III. Esse arranjo,
reservando o julgamento antecipado do mérito à hipótese de acolhimento ou
de rejeição do pedido (art. 487, I), naturalmente observados os pressupostos
da antecipação dos arts. 355 e 356, induziu duas ilações no direito anterior,
perfeitamente aplicáveis no NCPC.

Em primeiro lugar, assevera-se que só no julgamento de mérito há


“julgamento propriamente dito”.46 Ademais, apenas o acolhimento ou a
rejeição do pedido (art. 487, I), nos casos do julgamento antecipado,
representa o efetivo julgamento do mérito,47 chegando-se ao extremo de
reputar as sentenças calcadas no art. 487, III, de “falsas” sentenças de
mérito.48

Nenhuma dessas proposições revela-se exata. Embora haja notável


diferença na intensidade da atividade do órgão judiciário ao apreciar o
negócio jurídico unilateral (reconhecimento do pedido, renúncia) e bilateral
(transação) das partes, comparativamente à que desenvolverá para apreciar
o(s) pedido(s) formulado(s) pelo autor, e, no último caso, também seja notado
que o raciocínio judicial permanece incompleto na pronúncia da prescrição e
da decadência, cessando nessa matéria prévia, uma coisa é segura: haverá,
em todas essas hipóteses, resolução do mérito.49 O juiz fixará a regra jurídica
concreta para os litigantes.

Dois motivos autônomos conduzem a essa conclusão. Primeiro, na forma


e nos efeitos, considerando a localização do inciso III do art. 487, os
pronunciamentos constituem sentenças definitivas. Segundo, atendendo ao
respectivo conteúdo, o litígio acabará mediante a formulação de regra jurídica
concreta, não importando a causa e o regime da ulterior impugnação após o
trânsito julgado.

É digno de registro, ainda, que no reconhecimento (art. 487, III, a) e na


renúncia (art. 487, III, c) haverá, respectivamente, acolhimento e rejeição do
pedido, a despeito de julgamento baseado em negócio jurídico unilateral. A
inclusão do art. 487, III, no catálogo do “falso” julgamento do mérito não tem
justificativa plausível, pois se trata de subespécie do art. 487, I (retro, 1.623).
E cumpre não olvidar, quanto ao âmbito do julgamento do mérito, que a lei
processual brasileira adota a teoria binária (Zweigliedriger Streitgegenstand)
do objeto litigioso – causa de pedir + pedido –,50 rejeitando a unitária
(Eingliedriger Streitgegenstand),51 que o limita ao pedido, eventualmente
interpretado ou esclarecido pela causa. Essa última concepção obteve
escassa repercussão fora do país de origem.52

A inclusão das hipóteses versadas no art. 487, III, na rubrica da “extinção


do processo” relaciona-se com o estado dos autos no momento em que,
vencidas as providências preliminares, ou desnecessárias estas, o juiz recebe
os autos na forma do art. 353.

Antes de examiná-las nessa perspectiva, calha recordar a impropriedade


da rubrica da Seção I do Capítulo X, que alude à “extinção” do processo. Nos
casos do inciso II do art. 487 (decadência e prescrição) e de renúncia (art.
487, III, c) o processo prosseguirá, eventualmente, para realizar o crédito
favorável ao réu vencedor contemplado no capítulo acessório da
sucumbência; no caso do art. 487, III, a (reconhecimento do pedido),
conforme a força da ação (v.g., A pediu a condenação deB ao pagamento
de x, e o réu reconheceu o pedido), o próprio capítulo principal da sentença
definitiva comportará execução, acrescendo-se ao capítulo acessório da
sucumbência (arts. 82, § 2.º, e 85); e, por fim, no caso do art. 487,
III, b (transação), sobrevindo inadimplemento por um dos figurantes do
negócio jurídico bilateral, surgirá pretensão a executar, razão bastante para o
art. 515, II, conferir a qualidade de título executivo à sentença homologatória
da autocomposição, incluindo, ou não, conforme as estipulações das partes,
disposição acerca das despesas processuais e dos honorários advocatícios
(retro, 650 e 713).

1.795.1. Julgamento fundado no reconhecimento do pedido – Chamado a


juízo, o réu dispõe de três atitudes fundamentais: (a) a inércia, que o tornará
revel e, produzindo a presunção do art. 344, ensejará o julgamento previsto
no art. 355, II; (b) a resposta à pretensão do réu, defendendo-se direta e
indiretamente por uma das modalidades legais (contestação, reconvenção ou
contrapedido); ou (c) o reconhecimento do pedido. Esta última atitude
consubstancia autêntica “rendição sem luta”.53 Pode ser visualizado também
na perspectiva do autor transformado em réu pela reconvenção.

O reconhecimento do pedido traduz a adesão do réu à pretensão do


autor.54 É o tratamento que lhe confere o § 307
da Zivilprozessordenung alemã (“Erkennt eine Partei den gegen sie geltend
gemachten ganz oder zum Teil an…”),55 e, por igual, no § 395
da Zivilprozessordnung austríaca.56 Não inteiramente estranho à sistemática
do CPC de 1939, que se referia à figura, impropriamente chamada de
“confissão”, junto com a desistência no art. 55, visando à disciplina das
despesas processuais.57 Foi o art. 269, II, do CPC de 1973 que lhe outorgou a
função de causa de emissão de sentença definitiva, atualmente prevista no
art. 487, III, a.

A natureza, as espécies, os legitimados, a forma, o objeto e os efeitos do


reconhecimento do pedido integram a teoria geral do processo e já
mereceram exame. Aqui interessa sublinhar os aspectos pertinentes à
precipitação do julgamento por força do reconhecimento do pedido do réu (art.
354 c/c art. 487, III, a).

Logo avulta a circunstância de o reconhecimento não se circunscrever


temporalmente ao prazo de resposta. A rigor, formado o processo, mediante a
entrega da petição inicial do ofício competente (retro, 1.470), antes mesmo da
sua citação válida, e enquanto perdurar a litispendência, ou seja, antes do
trânsito em julgado de eventual sentença, lícito se afigura ao réu anuir com a
pretensão do autor (retro, 1.762). O reconhecimento do pedido pode ser
formulado na audiência de conciliação e de mediação (art. 334), restando ao
juiz homologá-lo, amparado no art. 334, § 11. E não se limita tal possibilidade,
por óbvio, ao primeiro grau. Pendendo recurso contra o provimento
desfavorável, e não se socorrendo de outras figuras impeditivas ou extintivas
do poder de recorrer – a desistência (art. 998), a renúncia (art. 999) ou a
aquiescência (art. 1.000) –, nada obsta ao réu reconhecer a procedência do
pedido. Aliás, nenhum óbice existe ao reconhecimento do direito do autor
formulado após julgamento favorável ao réu; porém, o comportamento insólito
e contrário ao próprio interesse exige redobrado controle do órgão judiciário,
sendo passível de indeferimento com fundamento no art. 142.
É meramente circunstancial indicação do julgamento fundado no
reconhecimento na fase de saneamento. O negócio jurídico unilateral do réu
pode acontecer antes e depois, inclusive após o encerramento da fase de
instrução. Sobrevindo o reconhecimento do pedido nessa fase tardia, quiçá no
curso da discussão escrita (art. 364, § 2.º), não resta ao juiz senão o dever de
extrair os efeitos próprios do negócio jurídico unilateral, que lhe vinculam
plenamente (retro, 1.609).

Feito o reconhecimento no prazo de resposta (art. 335), não há dúvida de


que inexiste a necessidade das providências preliminares, conforme antevê o
art. 347, precipitando-se julgamento favorável ao autor, mediante o
acolhimento no todo ou em parte do(s) pedido(s), conforme o objeto do
reconhecimento (retro, 1.608).

Ao implicar o acolhimento do pedido, além de dispensar a instrução da


causa, a causa de emissão da sentença definitiva guarda maior similitude com
o julgamentoper saltum do art. 355, I. No entanto, o legislador deslocou a
hipótese para o art. 354, caput, por duas razões: (a) a atividade do juiz,
vinculado à declaração de vontade, discrepa da empregada no caso estrito do
art. 487, I, com ou sem a atividade de instrução; (b) concebendo-se o
reconhecimento em qualquer tempo e grau de jurisdição, subsistindo a
litispendência, inclusive após o encerramento da instrução, quiçá tendo por
móvel seus resultados desoladores, inexiste qualquer vinculação com o “salto”
da fase instrutória, todavia elemento comum do julgamento do mérito
previstos os arts. 355 e 356.

O reconhecimento precipitará o julgamento, na forma do art. 354, caput,


c/c art. 487, II, quando objetiva e subjetivamente total (retro, 1.604). Fora
desse caso, o processo prosseguirá caso não incida o art. 354, caput, ou o
art. 355 por outra razão. Do reconhecimento parcial cogita o art. 354,
parágrafo único, inclusive prevendo o cabimento do agravo de instrumento.

1.795.2. Julgamento fundado na transação – As considerações realizadas


no item precedente aplicam-se, mutatis mutantis, à precipitação do julgamento
por força da transação (art. 354, caput, c/c art. 487, III, b). Chama-se
transação ao negócio jurídico bilateral em que seus figurantes, mediante
concessões recíprocas, previnem ou encerram litígio a respeito de relação
jurídica, seu conteúdo, extensão, validade e eficácia (retro, 1.610).58 Os
aspectos gerais já foram aventados no capítulo dedicado às espécies de
sentenças definitivas.

Essa modalidade de autocomposição da lide recebe generosos estímulos


nos sistemas processuais contemporâneos. E a razão é simples. Encontram-
se os órgãos judiciários asfixiados por imensa quantidade de feitos, bem além
da capacidade média de trabalho do juiz ou da juíza, principalmente em
virtude do contínuo e espetaculoso convite de acesso incondicional e irrestrito
à Justiça Pública. Esqueceu-se o fato de a estrutura e a organização dos
órgãos judiciários não comportarem essa demanda artificial. E jamais se
mostrará suficiente para resolver todos os mais ínfimos litígios que ocorrem
na vida social, servindo o convite, portanto, unicamente para inviabilizar a
administração da Justiça Pública e acentuar as contradições intrínsecas ao
sistema capitalista.
Em decorrência desse cenário, a autocomposição adquiriu estatura e
condição de válvula de escape socialmente eficiente, embora insuficiente para
resolver o magno problema do exceto de feitos. A transação é o mais atraente
dos meios de encerrar o litígio e, para essa finalidade, o procedimento comum
remarca oportunidades para estimular o contato das partes, sob o patrocínio
do órgão judiciário (retro, 961) – finalidade perseguida na audiência de
conciliação e de mediação (art. 334). A espinhosa tarefa não se afigura
natural em formação profissional do juiz ou da juíza e, a mais das vezes,
faltam-lhes os predicados básicos para desempenhá-la a contento.

É lícito às partes transigirem em qualquer tempo e grau de jurisdição.


Como se infere do art. 515, III, e § 2.º, nem sequer se mostra necessária
pendência do processo: o dispositivo autoriza o juiz a homologar transação
extrajudicial, emprestando-lhe a autoridade de coisa julgada, versando
relação jurídica estranha ao processo e nem sequer “deduzida” em juízo.
Nada obstante, os momentos naturais para as partes conciliarem-se, através
de concessões mútuas, são os marcados no procedimento comum: (a) na
audiência de conciliação e de mediação (art. 334); (b) na etapa de conciliação
da audiência principal (art. 359). Nada a impede, outrossim, na audiência
preliminar do art. 357, § 3.º, antes ou depois da integração e esclarecimento
das alegações das partes. E, ainda, nada obsta transação em oportunidade
posterior, encerrada a instrução, na pendência do recurso e, por fim, até
mesmo depois do trânsito em julgado. E, com efeito, os efeitos da sentença
de mérito mostram-se passíveis de alteração mediante os negócios jurídicos
dispositivos das partes. O que faltará, nessas oportunidades tardias, é o
interesse do vencedor de realizar alguma concessão ao vencido.

O motivo para localizar sentença definitiva fundada na transação no


âmbito do art. 354 é o mesmo identificado, quanto ao reconhecimento do
pedido, no item anterior. Concebendo a feitura da transação em qualquer
momento e grau de jurisdição, inclusive após completarem-se as atividades
de instrução, não conviria vinculá-la ao “salto” da fase de instrução, que é o
pressuposto comum das hipóteses do art. 355. É evento acidental e
contingente que, chegado o processo à fase de saneamento, as partes
transijam e o juiz reduza a termo e, em seguida, homologue o negócio jurídico
bilateral.

A transação precipitará o julgamento, consoante a previsão do art.


354, caput, c/c art. 487, III, b, quando versar integralmente o objeto do litígio
(retro, 1.617). A transação parcial não autoriza a emissão da sentença
definitiva total (o juiz emitirá decisão homologatória, passível de agravo, a teor
do art. 354, parágrafo único) e o encerramento das atividades de cognição na
causa, salvo a configuração simultânea de outra hipótese inserida nos arts.
354, 355 e 356, relativamente à parte remanescente.

1.795.3. Julgamento fundado na prescrição e na decadência – A previsão


que haverá resolução do mérito quando o juiz “decidir, de ofício ou a
requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição” (art. 487, II)
parece supérflua. O acolhimento dessa matéria ensejará a rejeição do pedido
formulado pelo autor, inserindo-se, pois, no âmbito de incidência natural do
art. 487, I. A circunstância de o juiz não julgar todo o mérito, fixando-se em
questão prévia e cessando, a partir daí, o raciocínio empreendido na
resolução das questões suscitadas e debatidas na causa, representa dado
flagrantemente insuficiente para negar à decadência e à prescrição a natureza
(questão de mérito) e o efeito.

O destaque no art. 487, II, e a localização da objeção (decadência) e


exceção (prescrição) substancial no art. 354, têm razões que arrancam da
controvérsia acerca do objeto do despacho saneador no art. 294 do CPC de
1939. Em tal regime, ou (a) o juiz declarava saneado o processo, expungindo
os respectivos defeitos e preparando-o para a instrução, obrigatoriamente
realizada na audiência de instrução e julgamento: ou (b) o juiz emitiria
sentença terminativa,59 no que então se chamava de absolvição de instância.
A fase de saneamento não admitia deliberação sobre o mérito, no todo ou em
parte, e, muito menos, a precipitação do seu julgamento. Segundo opinião
que influenciaria, decisivamente, as construções do CPC de 1973, a
decadência e a prescrição “atingem o mérito, consolidam definitivamente uma
situação de direito substancial e tornam improcedente o pedido que foi
formulado pelo autor” e, destarte, não podem ser apreciadas na oportunidade
do saneamento.60

Acolhendo a sugestão que só regra explícita facultaria ao juiz o exame da


decadência e da prescrição antecipadamente, e cedendo à inclinação do
órgão judiciário em resolver o assunto imediatamente, tese vitoriosa na
jurisprudência do STF – então competente para uniformizar a aplicação do
direito federal –,61 em nome da economia, o CPC de 1973 adotou outra
sistemática, acompanhada no NCPC. Ao juiz cabe pronunciar a decadência
ou a prescrição ao primeiro contato com a inicial (art. 332, § 1.º), proferindo
julgamento liminar de mérito, e no saneamento a “extinção” baseada em tais
questões, objetivo colimado pela remissão do art. 354 ao art. 487, II. Essas
disposições encerram a polêmica e permitem a precipitação do
julgamento.62 Não discrepa a lei brasileira de outros modelos legislativos; por
exemplo, o art. 279, II, n.º 2, do CPC italiano, autoriza o colégio a pronunciar
sentença definitiva “quando definisce il giudizio decidendo questioni
preliminari di merito”.63

Realçando o dever de o juiz examinar essas questões na fase de


saneamento, a localização da decadência e da prescrição no art. 354 em
outra função, subtraindo-as dos pressupostos gerais do julgamento
antecipado do mérito.64 Apenas na hipótese de o juiz se pronunciar, expressis
verbis, a respeito dessas questões, em qualquer sentido, uma vez suscitadas
e debatidas, desincumbir-se-á do dever que lhe corresponde no trato da
matéria. Não se concebe rejeição implícita. O réu dispõe de embargos de
declaração contra a decisão de saneamento e de organização – nesse
sentido há de se entender o pedido de esclarecimentos e de ajustes do art.
357, § 1.º –, e, subsistindo a omissão, o cabimento do agravo de instrumento
respalda-se no art. 1.015, II.

A decadência e a prescrição preexistem, ou não, ao ajuizamento da


demanda. A veiculação tempestiva do direito suscetível a uma ou a outra
causa extintiva, ordenando o juiz que o réu seja citado antes do vencimento
do prazo (art. 202, I, do CC), basta à existência do efeito interruptivo, não
prejudicando o autor a demora imputável unicamente ao serviço judiciário (art.
240, § 3.º), consoante a Súmula do STJ, n.º 106. Logo, a hipótese do art. 354
c/c art. 487, II, não se confunde com as dos inciso III do art. 487, que podem
se verificar posteriormente. É questão que naturalmente se impõe ao controle
do juiz na fase de saneamento. E pode acontecer prescrição parcial (v.g.,
relativamente às prestações anteriores a determinado interregno, subsistindo
o fundo do direito), aplicando-se o art. 354, parágrafo único.

1.795.4. Julgamento fundado na renúncia – Por intermédio do negócio


jurídico unilateral da renúncia, que é a atitude o simetricamente oposta ao
reconhecimento do réu, o autor admite que a pretensão processual é
desconforme ao direito e submete-se à resistência expressa ou não do
réu.65 É hipótese diferente da desistência da ação (art. 485, VIII), em que o
autor apenas retrata a demanda, caso em que o processo extinguir-se-á sem
resolução de mérito, possibilitando a renovação da demanda (art. 486).66 A
distinção reside no objeto: a renúncia aventada no art. 487, III, c, recairá sobre
o direito (pretensão e ação) que fundou a ação.

O art. 487, III, c, corretamente enquadra a figura como “renúncia à


pretensão formulada na ação ou na reconvenção”. Logo, na contestação o réu
apenas reage ou impede, mas não formula pretensão, como aqui
reiteradamente se afirma. Porém, a terminologia não se afigura unívoca: o art.
105, caput, exige poderes especiais para o advogado “renunciar ao direito
sobre o qual se funda a ação”, expressão utilizada no CPC de 1973, sem
prejuízo do sentido da regra.

Em certo julgado, o STJ extremou a renúncia da desistência, precisando-


lhe o alcance, in verbis: “A renúncia é ato privativo do autor, que pode ser
exercido em qualquer tempo ou grau de jurisdição, independentemente da
anuência da parte contrária, ensejando a extinção do feito com julgamento do
mérito, o que impede a propositura de qualquer outra ação sobre o mesmo
direito. É instituto de direito material, cujos efeitos equivalem aos da
improcedência da ação e, às avessas, do reconhecimento do pedido pelo
réu”.67

Embora haja previsto a renúncia como causa de precipitação do


julgamento no art. 354 c/c art. 487, III, c, o autor poderá renunciar desde a
formação do processo, antes da citação do réu – e, portanto, em tal caso o
processo jamais chegará à fase do saneamento –, em qualquer tempo e grau
de jurisdição,68 enquanto perdurar a litispendência (retro, 1.496). Formulada a
renúncia na pendência da apelação, o ato provocará julgamento favorável ao
réu, desaparecendo o ato impugnado retroativamente, carreando as despesas
ao autor. Segundo o STJ, o direito comporta renúncia “uma vez ainda não
constituída a coisa julgada”;69 todavia, a autoridade de coisa julgada não
constitui obstáculo incontornável à renúncia, ao contrário: os efeitos da
sentença de mérito comportam alteração através de negócios jurídicos
dispositivos.

Claro está que, confrontado pela convincente defesa do réu, haja ou não a
necessidade das providências preliminares (art. 347), pode acontecer – o
evento não é, absolutamente, rotineiro no foro –, de o autor formular a
renúncia à pretensão processual. Esse ato postulatório de frisante
transcendência e radical consequências submete-se a forma rígida,
reclamando interpretação estrita (retro, 1.631). No entanto, vincula o órgão
judiciário aos seus termos, implicando a rejeição do pedido.70
A renúncia hábil à precipitação do julgamento, conforme preconiza o art.
354 c/c art. 487, III, c, há de abranger a integralidade do objeto litigioso. A
renúncia parcial não produz o efeito de precipitar o julgamento. Ela limita,
objetiva ou subjetivamente, o objeto litigioso, restringindo na mesma extensão
o futuro julgamento do mérito. Renúncia parcial impede a extinção do o
processo, cabendo agravo de instrumento (art. 354, parágrafo único), salvo
concorrendo uma das situações versadas nos arts. 354, 355 e 356 quanto à
parte remanescente.

1.796. Obrigatoriedade da extinção do processo

As hipóteses de precipitação do julgamento previstas no art. 354 são


obrigatórias. É lícito ao juiz emitir a sentença terminativa ou a sentença
definitiva, conforme o caso, apenas nessas hipóteses, “mas tampouco pode
ele, nesses casos, deixar a seu talante” não as proferir ou emiti-las
posteriormente.71

§ 370.º Julgamento antecipado do mérito

1.797. Conceito e natureza do julgamento antecipado do mérito

A estrutura do julgamento conforme o estado do processo abrange quatro


resoluções distintas, consoante se verifica dos arts. 354 a 357, a saber: (a) a
extinção do processo, por sua vez cabível em duas hipóteses: (aa) porque
inútil o prosseguimento, inviabilizado por dificuldade intransponível o
julgamento da pretensão processual (art. 354 c/c art. 485); (ab) porque
negócio jurídico bilateral (transação) ou unilateral (reconhecimento do pedido
e renúncia) e a pronúncia da prescrição e da decadência (art. 487, II e II)
autorizam o juiz a emitir resolução do mérito, revelando-se mais aparente do
que real, em qualquer hipótese, a “extinção” (eventualmente, prosseguirá o
processo para executar, na pior das hipóteses, o capítulo acessório da
sucumbência); (b) o julgamento antecipado total do mérito (art. 355, I e II); (c)
o julgamento antecipado parcial do mérito (art. 356); e (d) a declaração de
saneamento e de organização do processo (art. 357), eventualmente em
audiência preliminar (art. 357, § 3.º). À luz do critério classificatório dos atos
decisórios de primeiro grau, o Capítulo X do Título I do Livro I da Parte Geral
do NCPC, autoriza a emissão de sentença terminativa ou definitiva, conforme
o caso, e de decisão interlocutória – esta, na declaração de saneamento e de
organização do processo –, o que tem importância para definir a via de
impugnação cabível.

A mais expressiva inovação do CPC de 1973 residiu no “julgamento


antecipado da lide” nos casos ainda previstos, com pequenos ajustes, no art.
355, I e II, do NCPC. A fase de saneamento não era momento propício para o
juiz conhecer diretamente o pedido no regime do CPC de 1939. A realização
da audiência de instrução e julgamento afigurava-se evento imprescindível ao
procedimento comum do primeiro código unitário. Não importava a
desnecessidade de instruir a causa, e, portanto, coletar prova na audiência
principal. Em qualquer hipótese, ao juiz incumbia manter contato pessoal com
as partes e seus advogados, evidenciando exagerado apego à fantasia da
oralidade acima de tudo e principalmente da razão prática.
Formalidade vazia de utilidade, o contato do juiz com os advogados, em
casos tais, chamava-se pejorativamente de “audiências de reportagem”.
Aberta a sessão, a atividade processual se reduzia a debate protocolar, em
que os advogados se reportavam às anteriores manifestações escritas,
comportamento que originou o apelido. A obrigatória realização de audiência
representava “pura perda de tempo e de atividade jurisdicional, mobilizando,
para um ato vazio de conteúdo, juiz, escrivão, oficial de justiça e advogados,
afora as despesas que a audiência acarreta para o autor”.72

Nada obstante a impossibilidade de o juiz apreciar o pedido incontinenti,


proferindo sentença temporã,73 vicejou semelhante prática, afinal repelida na
jurisprudência do STF.74 Cabe registrar o art. 19, IV, do Dec.-lei 960/1938.
Apontado como o primeiro diploma processual verdadeiramente nacional da
República,75com inegável exagero – a Lei 191/1936 regulava o mandado de
segurança e precedeu-lhe cronologicamente –, o Dec.-lei 960/1938
disciplinava o procedimento “cobrança judicial da dívida pública da Fazenda
Pública, em todo o território nacional”, segundo a respectiva epígrafe. O
mencionado art. 19, IV, previa a precipitação do julgamento do mérito;
precisamente, autorizava o juiz “conhecer do mérito da causa si o réu for revel
ou a defesa tiver sido apresentada fora do prazo legal”. Essa disposição
coexistiu com o CPC de 1939, entendendo-se que “as disposições da lei
processual comum não o revogaram, mas se aplicavam
subsidiariamente”,76conforme se observa na Súmula do STF, n.º 276, 277,
278, 507 e 519. E vigorou por trinta e cinco anos, até as disposições
processuais serem absorvidas pelo CPC de 1973.77

A lei processual comum brasileira apresentava-se atrasada, nesse tópico,


relativamente à sua fonte de inspiração.

Com efeito, o art. 2.º do Decreto 12.353, de 29.09.1926, diploma que


reformou o procedimento comum do CPC luso de 1876, contemplara o
julgamento do mérito ao primeiro contato da inicial. Essa disposição inspirou
julgamentos de mérito na oportunidade do saneador, registrando-se dois
notáveis precedentes nesse sentido, razão por que a ampliação das funções
do “despacho saneador” foi obra da jurisprudência portuguesa.78 Recolheu a
promissora experiência o art. 10 do Decreto 18.552, de 03.07.1930,
acrescendo à função saneadora a função julgadora, precipitando a emissão
de sentença definitiva, consolidando-se a orientação no art. 514, § 3.º, do
CPC português de 1939. O objetivo dessa técnica de precipitação do
julgamento avulta na economia processual. Retoricamente, indagou o maior
patrono dessas reformas legislativas no processo português: “Se o fruto
está maduro, porque não há de recolher-se imediatamente, em vez de o
deixar apodrecer? Se a causa se encontra em estado de maturação, isto é,
convenientemente instruída e preparada, para que protelar a decisão?”.79

Essa passagem de ilustre fonte inspirou o costume de chamar o processo


que permite essa precipitação do julgamento de “maduro”.80 E, por igual, a
“teoria da causa madura”,81 muito desenvolvida posteriormente à introdução
da possibilidade de o órgão ad quem, na apelação, ir além do itinerário
percorrido pelo órgão a quo, conhecendo diretamente do mérito, todavia não
apreciado em primeiro grau, sem “supressão” de instância. Inovação, de
resto, restrita ao processo civil. O processo trabalhista permaneceu imune a
esse progresso técnico por algum tempo (v.g., reconhecida a relação de
emprego no recurso ordinário, equivalente à apelação, o órgão ad
quem remete o processo ao primeiro grau, a fim de que conheça
originariamente dos pedidos), mas a Súmula do TST, n.º 393, parece indicar
reviravolta nesses domínios.

A precipitação do julgamento do mérito recebeu designação equívoca no


CPC de 1973. A expressão “julgamento antecipado da lide” se atrela à
controvérsia a respeito do objeto do despacho saneador no CPC de 1939. A
esse propósito, o autor do anteprojeto de que se originou o CPC de 1973
assinalou que “essaantecipada decisão do mérito” contrariava o sistema da
oralidade consagrado no primeiro estatuto unitário.82 Eis a origem da
adjetivação do julgamento. E o uso da palavra “lide”, em lugar de “mérito” e
seus congêneres, tem a mesma origem, mas inspiração distinta. Partiu-se da
premissa que o vocábulo presta-se “de modo fecundo a caracterizar o mérito
da causa”.83 Entende-se por lide não como a causa remota do processo, mas
“o conflito efetivo ou virtual de pedidos contraditórios, sobre o qual o juiz é
convidado a decidir”, significando que “julgar a lide e julgar o mérito são
expressões sinônimas”.84

Dois reparos se realizam à equívoca denominação “julgamento antecipado


da lide”. De um lado, a adjetivação sugere julgamento prematuro, açodado,
fora do momento devido e oportuno;85 todavia, o julgamento imediato ocorrerá
no único momento adequado para realizá-lo.86 E, por outro lado, não se
afigura estritamente correta a correspondência entre julgamento da lide e
julgamento do mérito.87 É preciso rótulo mais adequado à precipitação do
julgamento do mérito. Aos casos previstos no art. 332, em que o órgão
judiciário repele a pretensão processual incontinenti, chamou o NCPC de
“improcedência liminar do pedido”. À hipótese do art. 355, I e II, cabia outra
terminologia, retratando o que realmente ocorre: “julgamento imediato do
mérito”. Embora a nomenclatura anterior se encontrasse suficientemente
assimilada no uso,88 a mudança no título da Seção II do Capítulo X é
saudável.

E, à semelhança da “extinção” parcial, nos casos do art. 485 e 487, II e III,


prevista no art. 354, parágrafo único, o art. 356 autorizou o julgamento
antecipado parcial do mérito, no caso de um dos pedidos formulados não
receber contestação eficiente do réu.

Em sua configuração estrita, e no plano teórico, o julgamento antecipado


do mérito representa técnica alvissareira e positiva.89 Eliminou atividade
processual desnecessária. Na prática, porém, como se anteviu no primeiro
momento, constitui “perigosa arma em mãos de juízes apressados”.90

Faltou ao legislador brasileiro a prudente exortação do modelo português,


hoje desaparecida (art. 510, n.º 1, b, do CPC português de 1961; art. 595, n.º
1, b, do NCPC português de 2013), segundo a qual, “sendo a questão de
direito e de fato, ou só de fato, o processo contiver todos os elementos
necessários para uma decisão conscienciosa” (art. 514, n.º 3, do CPC
português de 1939). A omissão desse convite à prudência não tem
relevo,91 porque corresponde à boa técnica.

Dois fatores distorcem a prática do julgamento antecipado do mérito, na


vigência do CPC de 1973, tirando-o dos trilhos da legalidade. Em primeiro
lugar, o acúmulo de feitos em cada juízo constitui poderoso motivo para julgar
o maior número possível de processos, abstraindo particularidades e
fazendo tabula rasa das questões de fato (e da eventual contradição da prova
documental produzida pelo autor). As metas quantitativas do CNJ não
contribuem para desanuviar o ambiente, criando, bem ao contrário, pressão
por desempenho numérico, e, não, qualitativo. Ademais, há notória aversão
desse juiz sobrecarregado e acossado por medidas de urgência de relevo em
designar a audiência de instrução, propiciando contato com os advogados das
partes, sem dúvida atividade custosa e trabalhosa. O emprego distorcido e
impróprio do julgamento antecipado do mérito ampara-se, ainda, no poder de
instrução do juiz típico do modelo autoritário de processo civil. O poder de
instrução autoriza o juiz a ordenar a produção de prova, ex officio, a fim de
esclarecer-se convenientemente, mas – o outro lado da moeda ignorado pelos
adeptos do processo civil autoritário – também a indeferir os meios de prova
tempestiva e pertinentemente propostos pelas partes, precipitando o
julgamento do mérito. Enfim, olvidou-se a tese da jurisprudência portuguesa:
“Se a justiça precisa, para sua eficiência, de ser rápida, muito mais precisa,
para seu acerto e prestígio, de ser convincente e bem fundada”.92

Não procede a observação de não se fazer uso mais intensivo dessa


técnica de abreviação do procedimento por força da “orientação conservadora
de alguns tribunais”, que desencorajariam o juiz singular a precipitar o
julgamento “ao fixarem orientação dominante pelo reconhecimento de
preliminar de cerceamento de defesa”.93 Por óbvio, a invalidade do julgamento
antecipado do mérito, especialmente na hipótese da causa madura, hoje
prevista no art. 335, I, dependerá da análise da ocorrência, ou não, dos
respectivos pressupostos em cada caso, não comportando, a priori, juízo
neste ou naquele sentido. Dispondo o juiz de poderes instrutórios, que
legitimam o indeferimento das provas inúteis (art. 370, parágrafo único),
seguramente o julgamento antecipado, por si mesmo, não caracteriza
cerceamento de defesa.94

Excessiva se afigura a crítica à invalidação dos julgamentos antecipados


de primeiro grau pelo tribunal ad quem. Em particular, não é integralmente
exato que, formado o convencimento do juiz em primeiro grau, admitir-se-á o
julgamento antecipado, porquanto “é o juiz – e só ele – o destinatário da
prova”.95 Essa afirmativa comporta duas importantes ressalvas.

O juiz de primeiro grau não é o único destinatário da prova, pois incumbe


ao tribunal reexaminar as questões de fato, haja vista a amplitude do efeito
devolutivo da apelação. Convencido que esteja em qualquer sentido, convém
a causa, chegando ao tribunal, apresentar instrução completa.96

E, de resto, a formação do convencimento não constitui, absolutamente,


pressuposto do julgamento antecipado. É bem possível que o juiz não esteja
convencido e, nada obstante, inexistindo meios hábeis de produzir a prova
pertinente (v.g., a testemunha presencial dos fatos que originaram o litígio
faleceu precedentemente ao saneamento), caberá ao juiz decidir,
recorrendo, in extremis, à regra de julgamento estática do art. 373.

O julgamento antecipado do mérito significa que o juiz decidirá o(s)


pedido(s) formulado(s) pelo autor prescindindo da fase em que predomina a
atividade de instrução. E essa atividade realiza-se, predominantemente, na
audiência de instrução. Diz-se “antecipado” (rectius: imediato) o julgamento,
porque ocorrerá “antes da oportunidade em que normalmente se proferiria
sentença (na audiência de instrumento e julgamento ou depois dela)”.97

Ressalva feita a esse aspecto, a sentença definitiva se afigura estrutural e


funcionalmente idêntica à prevista no art. 366.98

1.798. Admissibilidade do julgamento antecipado do mérito

O art. 355 aponta duas situações básicas que propiciam o julgamento


imediato do mérito: (a) apresentada contestação, “não houver necessidade de
produção de outras provas” (inciso I); (b) ocorrendo revelia, produziu-se o
efeito material do art. 344 e o réu não se fez representar a tempo (art. 346,
parágrafo único) de requerer a produção de contraprova (art. 349) – hipótese
assaz provável, haja vista a precipitação dos acontecimentos (inciso II). Por
sinal, nesse último caso, o elastério natural da prolação da sentença definitiva
imposto pela estrita observância da ordem cronológica de conclusão (art. 12)
favorece a intervenção tempestiva do revel. O denominador comum dessas
situações avulta na desnecessidade de o processo ingressar na fase em que
predominará a atividade de instrução. Ora, a simples indicação das situações
em que o juiz proferirá sentença definitiva, desde logo, não revela o essencial,
ou seja, os motivos por que a instrução se mostra dispensável. A essa
indicação, destarte, há que se acrescentar a análise dos pressupostos do
julgamento imediato.

A atitude do réu afigura-se decisiva na definição dos pressupostos do


julgamento antecipado, ou seja, do preenchimento do elemento de incidência
da (des)”necessidade de produzir outras provas”. Também dependerá da
eficiência da contestação do réu deixar um dos pedidos incontroversos,
ensejando o julgamento antecipado parcial (art. 356, I).

Defendendo-se o réu, e a despeito da especiosa redação do inciso I do


art. 355, conforme a natureza e a extensão da resistência à pretensão
processual, ao juiz apresentar-se o seguinte: (a) os fatos são admitidos, no
processo, como incontroversos, hipótese em que dispensam qualquer espécie
de prova (art. 374, III), incumbindo ao juiz apenas resolver a questio juris; (b)
os fatos são controversos, mas (ba) dispensam prova, porque (baa) notórios
(art. 374, I), (bab) confessados pela contraparte (art. 374, II) e (bac) objeto de
presunção legal de existência ou de veracidade (art. 374, IV); ou (bb) os
demais meios de prova, produzam-se unicamente em audiência (depoimento
pessoal e prova testemunhal) ou nela se complementam (prova pericial,
através da inquirição do perito e dos assistentes) não se ostentam, in casu,
admissíveis; (c) formulados dois ou mais pedidos, o réu não deixou um deles
incontroverso (art. 356, I).

Impõe-se atentar, ainda, para o ônus da contradição da prova documental,


previsto no art. 436, caput. Variam a natureza da reação e os respectivos
efeitos conforme o autor produza documentos públicos ou documentos
particulares, no original ou por cópias, na petição inicial. Se o réu impugnar a
autenticidade dos documentos particulares produzidos pelo autor, desfaz-se a
presunção de veracidade das manifestações de vontade em relação aos
signatários (art. 408, caput), assumindo o autor o ônus de provar a
autenticidade (art. 429, I); impugnado o contexto (ou o conteúdo), a
veracidade da declaração de ciência deverá ser provada pelo autor (art. 408,
parágrafo único). É mais exigente a reação contra o documento público, no
que realmente interessa – formação do documento e fatos declarados pelo
oficial público que ocorreram na sua presença, a teor do art. 405 –, pois o réu
deverá arguir-lhe a falsidade (art. 427, caput, e parágrafo único, I e II). Ora,
essas reações do réu, respectivamente designadas de impugnação simples e
impugnação qualificada (arguição de falsidade), impedem o juiz de precipitar o
julgamento na forma do art. 355, I, pois – sublinhe-se bem – haverá
necessidade de produzir prova. Adquire o réu direito de provar. Realmente,
(a) a autenticidade do documento particular (art. 408, caput, c/c art.
428, caput, e inciso I); (b) a veracidade das declarações de ciência do
documento particular (art. 408, parágrafo único); e (c) a arguição de falsidade
do documento público; admitem todos os meios de prova – por exemplo, a
perícia caligráfica (art. 432, parágrafo único, c/c art. 478) e a audição das
testemunhas instrumentárias.

Não se defendendo o réu, o julgamento imediato torna-se possível no caso


de se presumirem verdadeiros os fatos afirmados na petição inicial, na forma
do art. 344, salvo havendo intervenção oportuna (art. 346, parágrafo único),
requerendo contraprova (art. 349), quiçá enquanto o processo aguarda na fila
do art. 12.

É de ver que, disponível que seja o objeto litigioso, o cabimento do


julgamento imediato do mérito pré-exclui a decisão de saneamento e de
organização do processo (art. 357), incluindo a audiência preliminar, na qual é
dado ao juiz tentar conciliar as partes,99 sem prejuízo da falta de êxito anterior.
O STJ admitiu, no direito anterior a inexistência de nulidade decorrente da
falta de tentativa de conciliação na audiência preliminar em tal caso.100

O julgamento imediato do mérito é variante ope legis do procedimento


comum. Não se mostra necessário o juiz, em nome do dever de cooperação,
advertir as previamente que a causa se ajusta às hipóteses do art. 355.101 O
circuito do debate fecha-se com as providências preliminares. A “surpresa” da
decisão respeitará ao conteúdo do provimento, tendo por fundamento
resolução eventual de questão não debatida – e, nesse caso, haverá infração
ao art. 10 –, e, não, a oportunidade do conhecimento imediato do mérito.

1.798.1. Julgamento antecipado no caso da existência de defesa – Na


petição inicial, o autor expõe os fatos que, a seu ver, produzem o(s) efeito(s)
jurídico(s) pretendido(s) perante o réu. Essa narrativa indica os fatos
constitutivos do pedido, subdivididos em fatos principais, fatos secundários e
fatos relativos ao interesse processual (retro, 247). Por exemplo: (a) A pede a
condenação de B a pagar-lhe a quantia x, porque o veículo de B, manobrando
desastradamente, atingiu o portão basculante da garagem de A, impedindo
sua movimentação normal, o que constitui conduta desconforme ao direito e o
montante do dano alcançou a quantia reclamada; (b) A pede separação de B,
alegando que este manteve relações sexuais com C no motel X, o que tornou
a vida em comum insuportável. Formam-se, assim, as razões de fato.

As alegações de fato feitas na petição inicial necessitam de prova da


veracidade para persuadir o juiz a acolher o pedido. O órgão judiciário é o
terceiro, encarregado de apreciar o litígio, mas ignora o evento ou a conduta
narrada na inicial, sendo-lhe vedado invocar, nas razões do seu
convencimento, o conhecimento pessoal dos fatos (retro, 1.353). Desconhece
o juiz, no caso (a), se o veículo de B atingiu o portão basculante da residência
de A; e, em (b), se B ingressou com motelX com C e, nesse lugar, manteve
relações sexuais.

Também justifica o autor, na petição inicial, os motivos pelos quais os


fatos narrados produzem o efeito jurídico consubstanciado no pedido (retro,
248). Por exceção, tais alegações também reclamam prova (retro, 1.306).
Independentemente dessa circunstância, esses motivos formam as razões de
direito do autor.

A estruturação da iniciativa do autor em juízo atrai a defesa do réu para


dois objetivos concorrentes. Interessa-lhe realizar por um dos meios da
resposta (a) impugnação de fato (retro, 329) e (b) impugnação de direito
(retro, 335). Logrando êxito em qualquer delas, ensejará a rejeição do(s)
pedido(s).

Por definição, para a incidência do art. 355, I, e, a fortiori, à do art. 356, I


importa apenas a defesa de mérito (retro, 313.2). A defesa processual ou é
totalmente rejeitada, caso em que viabiliza a aplicação do julgamento imediato
do mérito; ou é acolhida, mas neste último caso cumpre distinguir duas
situações: cuidando-se de defesa peremptória (retro, 313.1.1), o acolhimento
produzirá a “extinção” do processo, incidindo o art. 354, caput c/c art. 485; ao
invés, tratando-se de defesa dilatória (retro, 313.1.2), o acolhimento
antecederá, logicamente, a verificação dos pressupostos do art. 355, I (v.g.,
acolhida a preliminar de incompetência absoluta, de regra o juízo
incompetente remeterá os autos ao juízo competente, a teor do art. 64, § 3.º,
competindo a este, declarando-se competente, aplicar o art. 355, I ou o art.
356).

A impugnação de fato divide-se em duas espécies: (a) direta; e (b)


indireta. Impugnação de fato direta é a que o réu manifesta-se “precisamente
sobre as alegações de fato constantes da petição inicial” (art. 341, caput,
primeira parte), a fim de negá-los. Por exemplo: (a) B nega que tenha sido seu
veículo que, no dia e horário indicados, atingiu o portão de A; (b) B nega que
tenha ingressado no motel X com C. Por sua vez, na impugnação de fato
indireta o réu apresenta outra versão para os fatos afirmados na inicial; por
exemplo, (a) B alega que seu veículo atingiu o portão de A, porque este
realiza o movimento para fora da calçada, em vez para dentro do pátio de A, e
nesse movimento atingiu o veículo que passava na rua; (b) B admitindo o
ingresso no motel X com C, mas alega que a visita objetiva vender roupas de
cama ao estabelecimento, pois C é a figurinista da fábrica D.

Revelam as hipóteses aventadas que, ao julgar esses litígios, ao juiz


cumprirá esclarecer alegações de fato controversas. No primeiro caso, se o
veículo de Batingiu, ou não, o portão da residência de A, e se este portão se
movimenta para fora e tem altura suficiente para atingir veículos que trafegam
na rua; no segundo, seB esteve ou não no motel X com C, ou se a visita
deveu-se, realmente, à atividade profissional de B, representante comercial
de D ou se a versão do réu é insubsistente e ocorreram relações sexuais
entre B e C. A controvérsia sobre alegações de fato transforma-as,
tecnicamente, em questões de fato.
Em determinados casos, apresentando ou não impugnação de fato (direta
ou indireta), a defesa do réu apresenta impugnação de direito. A impugnação
do direito reveste-se de um de quatro aspectos: (a) a inconstitucionalidade da
norma jurídica invocada pelo autor; (b) o erro na qualificação jurídica atribuída
pelo autor aos fatos; (c) erro na interpretação da norma jurídica; (d) erro na
aplicação da norma jurídica (retro, 337).

Não ficaria completo o panorama das possibilidades abertas com a defesa


de mérito do réu sem recordar que, a par da defesa direta dessa natureza,
também se concebe que deduza defesa de mérito indireta (retro, 313.2.2). Em
tal hipótese, o réu realiza a alegação de fatos extintivos, impeditivos e
modificativos, ou seja, de exceções ou de objeções substanciais. Nessa
contingência, o juiz adotará a providência preliminar do art. 350, invertendo-se
a posição das partes, mas com consequências análogas às que se examinam
na perspectiva do réu.

Fixados esses dados sumários, as proposições do art. 355, I, e 356 se


tornam mais nítidas.

1.798.1.1. Inexistência de controvérsia sobre alegação de fato – Se a


defesa do réu não oferecer impugnação de fato (direta ou indireta), os fatos
articulados pelo autor presumem-se verdadeiros, porque incontroversos. E,
nessa qualidade, prescindem de prova (art. 374, IV). Apresentada
impugnação de direito, numa das suas modalidades (retro, 337), ao juiz
caberá resolver apenas a questio juris.102 A natureza da discussão travada
pelas partes (v.g., A alega que não deve o tributo x a B, porque a norma y é
inconstitucional) releva dúvida quanto à veracidade dos fatos.

É a essa hipótese – ausência de questões de fato – que inicialmente


aplicar-se-á o art. 355, I. A fórmula do direito anterior (“quando a questão de
mérito for unicamente de direito”) era justamente criticada. A rigor, inexiste
questão puramente de direito – ex facto ius oritur.103 O que há, em
determinados casos, são alegações de fato incontroversas. E, inexistindo
controvérsia, por óbvio não há necessidade de produzir outras provas – aliás,
de produzir qualquer prova.

A esse propósito, manifestou-se o STF, ao justificar o julgamento imediato


de ação civil originária: “É dispensável a audiência de instrução quanto os
fatos são incontroversos, vez que esses independem de prova (art. 334, III, do
CPC {de 1973})”.104

1.798.1.2. Existência de controvérsia sobre alegação de fato –


Apresentando a defesa do réu impugnação de fato direta ou indireta, antes de
cogitar da resolução da questio iuris, o juiz necessitará esclarecer a
veracidade das alegações controversas. Não importa que também haja
questões de direito a ser resolvida.105 Por sinal, a defesa de mérito indireta do
réu (exceção e objeção substancial), acerca da qual o autor manifestar-se-á
no prazo de quinze dias (art. 350), suscita idêntico problema, invertidas as
posições das partes.

Em caso de controvérsia sobre a veracidade das alegações de fato,


concebem-se duas hipóteses: (a) os fatos prescindem de prova, porque
notórios (art. 374, I), confessados pela contraparte (art. 374, II) ou objeto de
presunção legal (presumptio iuris) de existência ou de veracidade (art. 374,
IV),106 caso em que o juiz chegará ao fato probando mediante raciocínio
inferencial; (b) os fatos necessitam de prova, mas não se mostram
admissíveis quaisquer outros meios de provas.

É mais por exclusão do que pela força probante dos documentos


produzidos na inicial e na defesa (art. 434, caput) que incidirá o art. 355, I,
existindo questões de fato passíveis de prova. Importa o cabimento, ou não,
da designação da audiência principal, na qual se produz – releve-se a
expressão – a prova oral (art. 361, caput), ou o da prova pericial e da
inspeção judicial, a par dos meios atípicos (v.g., a requisição de informações).
Em que pese o autor propor a prova testemunhal, verificando o juiz que tal
meio se mostra inadmissível, porque a veracidade da alegação de fato só
pode ser provada por documento (art. 443, II), a exemplo dos negócios
jurídicos jungidos a forma especial (art. 406), não tem cabimento a realização
da audiência. Conseguintemente, ao juiz resta proferir o julgamento imediato
da causa. Prescindindo os fatos de prova, tampouco cabem outros meios de
prova. E nenhum dos litigantes pode reclamar que teve seu direito de provar
subtraído ou negado ilegalmente.

Nenhum dos casos apresentados para explicar as variantes da defesa de


mérito do réu (pretensão de reparar o dano e pretensão a separação)
comporta julgamento imediato à luz desses critérios, porque admissível a
prova oral.

E há que atentar, outra vez, à contradição da prova documental produzida


pelo autor (ou da contraprova do réu). Em relação à autenticidade do
documento particular (ou autoria), bem como a impugnação do contexto, a
impugnação simples no prazo de contestação (art. 436), já cria controvérsia e
atribui o ônus da prova ao autor (art. 428, II e art. 408, parágrafo único). No
tocante ao documento público, e no que interessa – formação e fatos
declarados percebidos de visu et de auditu, a teor do art. 405 –, surge a
necessidade de reação mais qualificada: a arguição de falsidade do art. 430,
abrangendo falsidades material e ideológica (art. 427, parágrafo único, I e II).
Não se exclui, ademais, a arguição de falsidade dos documentos particulares
(art. 427, caput). Ora, a contradição da prova documental já enseja a
necessidade de produzir prova, repelindo a incidência do art. 355, I.

Volvendo aos exemplos ministrados, figure-se o seguinte: (a) na ação em


que A pede a condenação de B a pagar-lhe a quantia x, porque o veículo
de B, manobrando desastradamente, atingiu o portão basculante da garagem
de A, impedindo sua movimentação normal, o autor pretende provar o
montante do dano através de orçamento emitido pela oficina autorizada X,
mas o réu, negando a responsabilidade, alega que o orçamento não se
originou da oficina autorizada, tendo sido redigido pelo próprio autor A em
documento em branco; (b) na ação em que A pede separação de B, alegando
que este manteve relações sexuais com C no motel X, o que tornou a vida em
comum insuportável, a autora A produz fotografias que mostram o veículo
de B, acompanhado de C, no motel X, aparentando intimidade, mas o réu
alega que a visita se deveu a outros propósitos e a imagem não revela o
contexto: C está debruçada sobre o motorista, porque caíra da sua mão o
telemóvel. A contradição do réu à prova documental nas duas hipóteses
propicia a produção de prova oral.
Essa interpretação do art. 355, I, reconduz a técnica de abreviação do
procedimento à sua feição originária e explica outras situações.

O julgamento antecipado é admissível no caso de o juiz deferir a prova


pericial proposta por uma das partes ou ele próprio ordenar, ex officio, a
realização da prova pericial.107 Em casos tais (v.g., nos casos de falsidade do
documento, de lesão corporal, de apuração do valor do bem desapropriado),
não requerendo as partes esclarecimentos do perito e dos assistentes, ou
prestados tais esclarecimentos por escrito, que é o costume salutar, a questão
de fato se encontrará dirimida, aplicando-se, literalmente, a parte final do art.
355, I, porque inexistirá “necessidade de produção de outras provas”. Esse
julgamento imediato após a decisão de saneamento, a fixação do tema da
prova e a produção da perícia – em princípio, atos desnecessários no
“autêntico” julgamento antecipado –, mas representaria culto excessivo à
rigidez do itinerário traçado no procedimento comum realizar a audiência
“quando não haja prova oral a produzir”.108 Julgado antigo do STJ repele esse
entendimento: “Não há julgamento antecipado após deferimento e produção
de prova pericial, que conduz a audiência em que, eventualmente, haverá
oportunidade de esclarecimentos do laudo e debate oral sobre questões
suscitadas no processo”.109 A realidade se impôs e, ressalva feita ao
desatendimento do pedido de esclarecimentos do art. 477, § 3.º, ninguém
reclama do julgamento per saltum nessa hipótese.

Idêntico raciocínio permitirá ao órgão judiciário julgar de imediato a causa,


dispensando a audiência principal, apurada a veracidade da alegação de fato
mediante a inspeção judicial (art. 481). Em princípio, a inspeção realiza-se em
audiência. Tem essa natureza a apresentação da coisa em juízo, sem
consideráveis despesas e graves dificuldades (art. 483, II), e, a fortiori, da
pessoa, inclusive nos casos em que não lhe é possível comparecer à sede do
juízo e o juiz a inspeciona em outro lugar. No entanto, deslocando-se o juiz
até o lugar em que se encontra a pessoa ou a coisa, a teor do art. 483, I a III,
acompanhado ou não do séquito previsto nos arts. 482 e 483, parágrafo
único, a diligência se exaurirá na lavratura do “auto circunstanciado” a que
alude o art. 484, caput. Em seguida, o juiz apreciará diretamente o pedido,
relevando a designação de “outra” audiência.

É despropositado incluir no âmbito do art. 355, I, a formação do


convencimento do juiz. Determinados julgados enfatizam esse aspecto:
“sempre que constatar que o acervo documental é suficiente para nortear e
instruir seu entendimento, assiste-lhe o poder-dever de julgar a lide
antecipadamente, sendo forçoso concluir que o seu livre convencimento é a
bússola norteadora da necessidade ou não de produção de quaisquer provas
que entender pertinentes”.110

Ora, a prova também se destina ao órgão ad quem. O juiz de primeiro


grau não é soberano, absolutamente, nessa avaliação altamente mutiladora
do direito de provar. Aqui se expressam os piores temores dos que combatem
os poderes instrutórios do juiz. Raramente são utilizados para produzir provas
tendentes a esclarecer as questões de fato, prestando-se para cercear o
direito de provar e, em nome da meta inalcançável da celeridade, julgar
processos sem a mínima preocupação com a justiça do veredito.
Razões mais consistentes e técnicas também acentuam o erro grave
dessa concepção. Consoante aqui se procurou demonstrar, o art. 355, I,
aplica-se em duas situações muito precisas, existindo controvérsia sobre as
alegações de fato, ou seja, questões de fato: (a) os fatos controvertidos não
comportam prova; (b) os meios de prova concebíveis, propostos ou não pelas
partes, mostram-se inadmissíveis – basicamente, os meios que se produzem
na audiência principal (depoimento pessoal e prova testemunhal). E, nesse
último caso, basta a contradição da prova documental produzida pelo autor
para obrigá-lo a produzir prova (prova sobre prova: da autenticidade do
documento ou da veracidade das declarações de ciência) na audiência.

A aplicação do art. 355, I, não tem nada a ver com o convencimento do


juiz e a suficiência da prova documental. O juiz necessitará avaliar, existindo
questões de fato, se os fatos admitem prova e se os meios de prova são
cabíveis. Fatos já provados por documentos, naturalmente, pré-excluem a
prova testemunhal (art. 443, I); porém, somente na hipótese de o réu não os
contraditar eficientemente. É possível, além disso, a prova documental bastar
para formar sólido convencimento no juiz; do contrário, de resto, apelará à
regra de julgamento do art. 373, pois a dúvida no espírito do juiz não torna a
prova testemunhal cabível. Ocorre que, em muitos casos, a prova documental
– sem contrariedade – interessa à parte dos fatos principais, deixando outros
fatos integrantes do tema da prova em aberto.

E, realmente, no exemplo tantas vezes repetido, em que A pede a


separação de B, alegando que o réu manteve relações sexuais no
motel X com C, bem pode acontecer que A apresente prova documental do
pagamento do pernoite no estabelecimento, obtido na fatura do cartão de
crédito de B, o juiz seja tentado a raciocinar inferencialmente, julgando com
base em presunção simples – motel é local de encontros clandestinos e, se
homem casado hospeda-se nesse lugar desacompanhado da esposa,
presumivelmente aí manteve as relações sexuais alegadas na inicial,
descumprindo o dever de fidelidade; mas, se B alegou na contestação
(impugnação de fato indireta) que C é a figurinista das roupas de cama da
empresa D, e que a visita conjunta visava a promover a venda dos produtos,
havendo se hospedado no motel X por falta de outra acomodação na cidade e
desacompanhado de C, o quadro muda: o juiz não poderá julgar
antecipadamente, propondo-se B a provar sua versão através de
testemunhas.

Impende não olvidar os fatos só provados através de prova pericial, pois


exigem conhecimentos técnicos, científicos e artísticos. Em tal hipótese, o juiz
não pode formar seu convencimento através da prova documental – ressalva
feita à hipótese de as partes produzirem os pareceres do art. 472 ou de
recorrer a meios atípicos (v.g., a ata notarial e a prova emprestada).

E, muito menos, o juiz poderá julgar de imediato a causa na suposição de


a prova a ser coletada em audiência confirmar suas impressões iniciais.111 O
poder de instrução do juiz jamais se convolará no poder de adivinhação dos
sacerdotes romanos…

A complexidade das proposições do art. 355, I, não inibiu o abundante


emprego da técnica do julgamento antecipado no direito anterior. Em parte,
má aplicação, favorecida por juízos genéricos de que tudo fica ao alvedrio do
órgão judiciário;112 todavia, visualizado o problema no âmago da controvérsia,
reforça-se a tese de o julgamento imediato harmonizar-se com os direitos
fundamentais processuais.

1.798.2. Julgamento antecipado no caso de inexistência de defesa –


Abstendo-se o réu de acudir o chamamento a juízo e deixando fluir, in albis,
do prazo de resposta (art. 335), tornar-se-á revel. Em princípio, incidirá o art.
344, presumindo-se a veracidade das alegações de fato do autor. E, portanto,
aplicar-se-á o art. 374, IV, ante a presunção legal instituída no art. 344.

Desse modo, o regime da revelia vigente no processo civil brasileiro desde


o CPC de 1973, à semelhança do seu modelo germânico,113 ensejará o
imediato julgamento do mérito, a teor do art. 355, II.

Era outro o sistema do primeiro código unitário, representando tradição


longeva no direito brasileiro. A revelia não alterava a estrutura do
procedimento ordinário, que continuava a “desenvolver-se normalmente,
através de suas várias fases”,114 inclusive com a obrigatória e inútil – naquela
conjuntura – designação de audiência de instrução. Não resta dúvida de que a
economia, à custa do réu, encontrou terreno propício ao seu florescimento na
abreviação do procedimento (art. 355, II).

Não há necessidade de qualquer requerimento do autor no sentido de


precipitar o julgamento. Escoado o prazo de resposta, sem o comparecimento
do réu, os autos irão conclusos ao juiz. Abrem-se quatro variantes ao órgão
judiciário, em evidente graduação:115 (a) identificando razão para extinguir o
processo, sem resolução do mérito, cumpre-lhe proferir sentença desse teor
(art. 354 c/c art. 485);116 (b) ocorrendo irregularidades ou nulidades supríveis,
assinará prazo ao autor para supri-las (art. 352); (c) verificando a revelia, mas
desacompanhada do efeito substancial, proferirá decisão, nos termos do art.
348; (d) e, finalmente, reconhecendo a produção do efeito substancial da
revelia, julgará antecipadamente a lide (art. 355, II), proferindo sentença de
acolhimento ou rejeição do pedido (art. 487, I) e, excepcionalmente, se for o
caso e não tendo feito ao primeiro contato com a inicial, pronunciando a
prescrição e a decadência (art. 487, II). Nesse último caso, todavia, incidirá o
art. 487, parágrafo único, obrigando o juiz a colher prévia manifestação do
autor sobre essa questão, no prazo de cinco dias (art. 218, § 3.º); porém,
antevendo o autor esse problema, e expondo os argumentos tendentes a
demonstrar a inocorrência da decadência e da prescrição na petição inicial,
desnecessária a audiência prévia.

Porém, o art. 355, II, erigiu outra condição à precipitação do julgamento do


mérito. Talvez o réu se represente no processo (art. 346, parágrafo
único), oportuno tempore, valendo do interstício fatalmente imprimido pelo art.
12, porque o juiz encontra-se adstrito a respeitar a ordem cronológica de
conclusão, e requeira contraprova (art. 349). Então, restará ao juiz proferir a
decisão de saneamento e de organização do processo (art. 357), delimitando
o tema da prova e deferindo os meios propostos pelas partes ou
ordenando, ex officio, o que lhe pareça mais útil ao esclarecimento dos fatos,
sem embargo das demais providências contempladas nesse ato central do
procedimento comum.
Em geral, o presumível desfecho do julgamento imediato consiste no
acolhimento do pedido. Dependendo a sorte do litígio, usualmente, da
resolução das questões de fato, profundamente subordinadas à prova, a
presunção de veracidade do art. 344 favorecerá o autor. A revelia enseja o
julgamento antecipado baseado na simples credibilidade das afirmativas do
autor, prescindindo da demorada e custosa fase de instrução. Esse é o efeito
benéfico do regime. Embora o juiz não fique adstrito à verdade formal,117 a
presunção de veracidade dispensa outras investigações – salvo,
naturalmente, as restrições do art. 345 –, convidando o juiz a conhecer
diretamente do pedido. Se nos processos em que há questões de fato, às
vezes intricadas, as partes e o juiz, tacitamente, evitam a audiência de
instrução, precipitando o julgamento, na revelia a atitude usual consiste em
proferir sentença a favor do autor. E há de se convir que esse provimento, a
mais das vezes, mostrar-se-á de acordo com a verdadeira justiça do caso
concreto.

É claro que, não se convencendo o juiz das afirmativas do autor, lícito se


afigura imprimir rumo diverso, ordenando as provas que entender necessárias
ao próprio esclarecimento. Daí não se extrai que, independentemente da
presunção de veracidade, ao autor cabe ministrar prova hábil na petição
inicial, sem a qual o juiz não acolherá o pedido.118 A função da presunção de
veracidade consiste, justamente, em dispensar qualquer prova dos fatos que
originaram o litígio (art. 374, IV). Assim, se A pede a condenação de B a
pagar-lhe a quantia x, porque o veículo de B, manobrando desastradamente,
atingiu o portão basculante da garagem de A, impedindo sua movimentação
normal, o que constitui conduta desconforme ao direito e o montante do dano
alcançou a importância, ocorrendo revelia o juiz poderá acolher o pedido
integralmente, embora desacompanhado de qualquer subsídio documental.
Ocorre que a presunção versada no art. 344 é relativa (retro, 364). Não opera
em terminadas hipóteses, mas quadra-se no exemplo ministrado. Seja como
for o acolhimento do pedido não é automático no caso do art. 355, II.

Relativa que seja a presunção de veracidade do art. 344, o juiz não se


encontra autorizado a rejeitar o pedido do autor, fundando-se na falta de
prova; não se convencendo da veracidade das alegações de fato, incidirá o
art. 348, cabendo-lhe ordenar que o autor especifique os meios de prova.119

Nos casos em que não opera o efeito material da revelia (art. 345), não se
pré-exclui o julgamento imediato, por força do art. 355, I.120 Exemplo
significativo se encontra nas pretensões endereçadas contra as pessoas
jurídicas de direito público, em que não opera o efeito material da revelia, a
teor do art. 345, II, mas o julgamento imediato tem cabimento, conforme a
natureza da controvérsia. Assim, na hipótese de A pretender do Estado-
membro indenização pela morte de C, posto sob a custódia estatal, a teoria
do risco administrativo dispensa atividade de instrução a respeito das
circunstâncias da morte, acrescentando o STJ que tal precipitação do
julgamento “não implica presumir verdadeiros os fatos em face da Fazenda
Pública em contravenção ao disposto no art. 320, II {do CPC de
1973}”,121equivalente ao art. 345, II.

1.798.2.1. Julgamento antecipado no caso de pedido incontroverso – Lícito


se afigura ao autor formular dois ou mais pedidos perante o réu no mesmo
processo, possibilidade também aberta ao réu na reconvenção. Esse cumula
assume três modalidades: (a) simples; (b) sucessiva; (c) eventual. O art. 356
autoriza ao juiz o julgamento antecipado parcial do mérito, existindo cúmulo
na ação ou na reconvenção, sob duas condições: (a) o pedido mostrar-se
incontroverso (inciso I); (b) preenchidas as condições do art. 355, ou seja, não
houver necessidade de outras provas (inciso II), porque a revelia significa
inatividade total do réu e o art. 356 supõe que ao menos um dos pedidos seja
eficientemente contestado.

Em relação à incidência do art. 355, I, nada se acrescenta ao já explicado


(retro, 1.798.1). Porém, a hipótese do art. 356, I, necessita de compreensão à
luz das modalidades de cumulação de pedidos.

O art. 356, I, aplica-se fundamentalmente à cumulação simples. Por


exemplo, o autor A pede a condenação do réu B ao pagamento da dívida X,
oriunda de mútuo, e da dívida Y, proveniente de compra e venda, e o
réu B não contesta a dívida X.

É mais duvidosa a incidência do art. 356, I, na cumulação sucessiva. Por


exemplo, o autor A pede a resolução do contrato firmado com B, fundando no
inadimplemento, e pede perdas e danos, abstendo-se o réu de contestar essa
última pretensão. Na cumulação sucessiva, o juiz só apreciará o pedido
subsequente (perdas e danos) se acolher o pedido antecedente (resolução),
e, portanto, eventual procedência do pedido subsequente, porque
incontroverso, permaneceria sub conditione do futuro acolhimento do pedido
antecedente. Representaria o julgamento antecipado parcial, portanto, a
emissão de sentença condicional (retro, 1.566.2.1). Embora o sistema não
seja hostil à resolução dos provimentos, como sucede no caso de o vencedor
iniciar a execução provisória e o recurso pendente reformar ou invalidar, no
todo ou em parte, a sentença exequenda, o julgamento antecipado, no caso,
mostrar-se-ia intrinsecamente condicional, e, não, pronunciamento sobre
relação jurídica condicional (art. 493, parágrafo único).

E, decididamente, o art. 356, I, não se aplica no caso de o réu não


contestar o pedido subsequente na cumulação eventual. Em tal hipótese de
cúmulo, o juiz passa à apreciação do pedido subsequente no caso de rejeitar
o pedido antecedente – hipótese inversa da cumulação sucessiva – e, não
podendo julgar a este, em qualquer sentido, porque contestado pelo réu,
tampouco lhe cabe julgar o pedido antecedente na oportunidade do
julgamento conforme o estado do processo. Se o réu não contesta o pedido
antecedente, incidirá, verificadas as respectivas condições, o art. 355, I.

Não importa a existência de cumulação de causas ao art. 356, I. Fundado


o pedido em duas ou mais causas, a falta de contestação dos fatos
constitutivo do pedido em relação a uma implicará o êxito completo do autor.

Os parágrafos do art. 356 cuidam da exequibilidade do provimento. Em


princípio, conforme a diretriz do art. 491, sempre que possível o juiz proferirá
decisão líquida, mas o momento do julgamento talvez não o permita, por falta
de maiores subsídios. Logo, a decisão pode ser líquida ou ilíquida (art. 356, §
1.º). Esse provimento comporta liquidação e, a fortiori, execução provisória,
mas independente de caução, nada obstante a pendência do recurso próprio
(art. 356, § 2.º), transformando-se em definitiva após o trânsito em julgado
(art. 356, § 3.º). Em geral, as atividades executivas não se harmonizam com o
prosseguimento comum, e, portanto, processar-se-ão em autos
suplementares – reminiscência dos antigos autos formados simultaneamente
aos autos principais, significando, na verdade, a formação de autor próprios
para liquidação e execução –, a requerimento da parte e a critério do juiz (art.
356, § 4.º).

E, por fim, do julgamento antecipado parcial do mérito caberá agravo de


instrumento (art. 356, § 5.º, c/c art. 1.015, II). Não seria viável processar a
apelação nos autos originais.

1.799. Obrigatoriedade do julgamento antecipado do mérito

Ao juiz não se concede qualquer discrição no tocante ao julgamento


antecipado do mérito. É autêntico dever, e, não, simples faculdade.122 Assim,
verificando-se os pressupostos da incidência de uma das hipóteses do art.
355, I e II, das quais o art. 356 é subespécie, cumpre-lhe julgar
antecipadamente, proferindo sentença definitiva em gabinete; ao invés, não
preenchidos tais pressupostos, cabe-lhe preparar o processo para a fase de
instrução, fixando o tema da prova e deferindo, ou ordenando, os meios de
prova pertinentes. Abstendo-se de julgar de imediato a causa, nos casos
legais, o juiz descumprirá o dever de velar pela rápida solução do litígio (art.
139, II).

A jurisprudência do STJ proclamou: “Presentes as condições que ensejam


o julgamento antecipado da causa, é dever do juiz, e não mera faculdade,
assim proceder”.123

Problema distinto, e alheio a obrigatória aplicação do art. 355, é a errônea


aplicação da técnica de precipitação do julgamento do mérito (infra, 1.801).

1.800. Efeitos do julgamento antecipado do mérito

O julgamento antecipado do mérito implicará a emissão de sentença


definitiva. O juiz emitirá juízo de procedência – em princípio, fatal no caso de
revelia do réu (art. 355, II) – ou de improcedência da pretensão processual.

O fato de o juiz acolher ou rejeitar o pedido, no todo ou em parte, ao


proferir o julgamento imediato, proferindo sentença fundada no art. 487, I, não
é exclusividade dos arts. 355 e 356. Bem examinada a natureza dos atos
decisórios inseridos na rubrica do julgamento conforme o estado do processo,
não passará despercebida relevante circunstância: sucedendo
reconhecimento (art. 485, III, a) e renúncia (art. 485, III, c), formalmente na
órbita do art. 354, o juiz acolherá e rejeitará o pedido, respectivamente,
conquanto vinculado ao negócio jurídico unilateral do autor e do réu.124 E, por
outro lado, o destaque à sentença definitiva fundada na decadência e na
prescrição, ou seja, em questões prévias de mérito, tem razões históricas e
pedagógicas, mas não elimina o essencial – trata-se de subespécie do art.
487, I (retro, 1.623).

Da sentença definitiva proferida após a instrução da causa, o provimento


do art. 355 se distingue por dois pormenores: (a) a oportunidade em que é
proferida, antes do momento usual previsto no art. 366; (b) a configuração dos
pressupostos do conhecimento imediato do mérito.
Fora desses aspectos, sentença do art. 355, e, a fortiori, a do art. 356, “na
forma e efeitos, estruturação de conteúdo e eficácia”,125 é sentença definitiva
como qualquer outra.126 Não sobrevindo impugnação do vencido, mediante a
interposição do recurso próprio de apelação (art. 1.009), a sentença adquirirá
a eficácia de coisa julgada (art. 502).

1.801. Nulidade do julgamento antecipado do mérito

Realizado com a estrita observância dos pressupostos traçados nos arts.


355 e 356, o julgamento imediato do mérito revela-se constitucional. Nenhuma
violação há ao direito de provar, intrínseco ao direito fundamental processual
à ampla defesa, porque inexistem meios de prova cabíveis nessas hipóteses.
É desnecessária a fase do procedimento em que predominará a atividade de
instrução.127 Os motivos dessa desnecessidade são os seguintes: (a) as
alegações de fato não se transformaram em autênticas questões, vez que o
comportamento das partes tornou os fatos incontroversos, e, portanto,
independentes de prova (art. 374, III); (b) existem alegações de fato
controversas, ou questões de fato, mas (ba) os fatos são notórios, não
dependendo de prova (art. 374, I); (bb) milita a favor dos fatos alegados
presunção legal de veracidade (art. 374, IV); (bc) não cabem outros meios de
prova a par do documental, particularmente a prova testemunhal (art. 443, I:
“já provados por documento…”) e a pericial. Em tais hipóteses, “a instrução
será realmente dispensável”.

Diante dos pressupostos erigidos ao julgamento antecipado do mérito, e


as injunções do direito fundamental processual à ampla defesa, a invalidade
do ato decisório caracteriza-se em hipótese também estrita. Impende
considerar a extensão do poder instrutório do juiz. O art. 370, caput, habilita o
juiz a ordenar a produção de prova, ex officio, e, por igual, a indeferir as
diligências probatórias inúteis e meramente protelatórias (art. 370, parágrafo
único). Esse último viés serve de pretexto para, abstraindo as questões de
fato, o juiz concentrar seus esforços intelectuais na tese jurídica do autor e do
réu, rejeitando a abertura da fase instrutória. Eventualmente, ao motivar a
sentença definitiva (art. 489, § 1.º), proferida com a invocação do art. 355, I, o
juiz incorre em contradição, acolhendo ou rejeitando fundado em falta de
prova ou recorrendo à regra de julgamento do art. 373. A técnica do
julgamento antecipado não autoriza o juiz a decidir contra a parte que
requereu e especificou os meios de prova hábeis para demonstrar a
veracidade das alegações de fato.128

O cerceamento de defesa como vício típico do julgamento antecipado


surge nessa hipótese de flagrante error in iudicando. E bem cedo o STF,
então competente para uniformizar a aplicação do direito federal, no âmbito
do antigo recurso extraordinário, fixou a linha correta, decidindo o seguinte: “O
julgamento antecipado da lide, pela improcedência da ação, sob o argumento
de não comprovação de requisitos do mérito, importa cerceamento de defesa,
negando vigência ao art. 330, I, do CPC {de 1973}, se oportunamente
requerida pelo sucumbente a produção de provas”.129 Encampou essa linha o
STJ: “Caracteriza-se o cerceamento de defesa quando a parte pugna pela
produção de prova necessária ao deslinde da controvérsia, mas o julgador
antecipa o julgamento da lide e julga improcedente um dos pedidos da inicial,
ao fundamento de ausência de comprovação dos fatos
alegados”. Igualmente o réu pode invocar a invalidade: “Embora seja
130
permitido o indeferimento do pedido de produção de prova para se julgar
antecipadamente a lide, não é aceitável que a condenação assente-se
exatamente na falta de comprovação do direito que se pretendia provar, sob
pena de contrariedade ao direito de defesa e ao art. 330 do CPC {de
1973}”.131 O vício não é exclusivo do julgamento imediato do mérito,
aplicando-se, nas mesmas condições, à sentença proferida na oportunidade
assinalada no art. 366,132 obviamente após instrução incompleta.

Pode acontecer de o juiz julgar antecipadamente o mérito e, interposta a


apelação, o órgão judiciário ad quem não localizar subsídios suficientes no
acervo probatório para emitir idêntico juízo de fato. Em tal hipótese, o risco
latente no uso prematuro do julgamento imediato se verifica na sua
intensidade máxima. É impossível ao órgão fracionário do tribunal
simplesmente inverter o desfecho do processo, mas invalidar a sentença. Ao
propósito, decidiu o STF: “Se o juiz dispensou a prova e julgou
antecipadamente a lide, reconhecendo a pretensão da autora, não podia tal
decisão ser invertida em favor da outra parte ao fundamento da ausência de
prova. Cabia, sim, assar a decisão e mandar que se abrisse a dilação
probatória, para elucidação dos fatos alegados pelas partes”.133 Admite-se a
possibilidade de o órgão ad quem, reconhecendo a suficiência das provas já
produzidas (v.g., da prova emprestada), inverter o resultado do juízo de fato,
provendo a apelação.134 O vício decretável sempre consistirá na contradição
em acolher ou rejeitar o pedido baseado na falta de prova e,
conseguintemente, na aplicação da regra de julgamento estática do art. 373.

A nulidade do julgamento antecipado é absoluta, porque obrigatória a


observância dos pressupostos dos arts. 355 e 356, tutelando interesse
predominantemente público do processo constitucionalmente justo e
equilibrado.135

1.802. Controle do julgamento antecipado do mérito

Da sentença definitiva proferida com fundamento nos arts. 355 e 356


caberá, em primeiro lugar, embargos de declaração, indicando o vencido o
defeito da contradição (art. 1.022, I) no provimento, vício que caracteriza, nos
termos explicados no item precedente, o julgamento imediato inválido. É bem
de ver que, ocorrendo a intimação das partes do ato do juiz que manda os
autos virem conclusos para julgar antecipadamente, formalidade não prevista
no art. 353, a omissão das partes não implica preclusão do direito de o
vencido impugnar o provimento.136 Nenhuma delas tem aptidão para prever o
futuro Não corrigido o vício no julgamento dos embargos de declaração, ou
preferindo o vencido provocar diretamente o órgão ad quem, dessa sentença
caberá apelação (art. 1.009). E aí, no segundo grau, cessam as possibilidades
de o vencido invalidar a sentença e restaurar o direito fundamental da ampla
defesa.

Em princípio, nenhum dos recursos para os tribunais superiores mostrar-


se-á admissível, proferido o julgamento sem instrução completa. Por um lado,
o STF entende que a violação ao art. 5.º, LV, da CF/1988 é indireta, não
admitindo recurso extraordinário.137 Essa construção inviabiliza a imposição
dos direitos fundamentais processuais em casos concretos e torna
parcialmente inútil o controle difuso de constitucionalidade. E, de outra banda,
o STJ estima que a revisão da suficiência dos subsídios probatórios que
ensejaram o julgamento antecipado do mérito, confirmado em segundo grau,
importaria reexame da prova, incidindo a Súmula do STJ, n.º 7.138

Capítulo 80. SANEAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO


PROCESSO
SUMÁRIO: § 371.º Audiência preliminar – 1.803. Conceito e natureza da
audiência preliminar – 1.804. Estrutura da audiência da audiência preliminar –
1.805. Etapas da audiência preliminar – 1.806. Cabimento da audiência
preliminar – 1.807. Facultatividade da audiência preliminar – 1.808.
Designação da audiência preliminar – 1.808.1. Prazo de designação da
audiência preliminar – 1.808.2. Conteúdo da designação da audiência
preliminar – 1.809. Participantes da audiência preliminar – 1.810. Etapa da
tentativa de conciliação na audiência preliminar – 1.811. Etapa do
saneamento na audiência preliminar – 1.811.1. Objeto do saneamento do
processo – 1.811.2. Obrigatoriedade do saneamento do processo – 1.811.3.
Efeitos do saneamento do processo – 1.811.3.1. Estabilização da decisão de
saneamento do processo – 1.811.3.2. Integração e esclarecimento das
alegações das partes – 1.811.4. Recorribilidade do saneamento do processo
– 1.811.5. Correção do saneamento do processo – 1.812. Etapa da
preparação da instrução e do julgamento na audiência preliminar – 1.812.1.
Fixação do tema da prova – 1.812.2. Admissão dos meios de prova – 1.812.3.
Distribuição do ônus da prova – 1.812.4. Delimitação das questões de direito
– 1.812.5. Preparação consensual da instrução e do julgamento – 1.813.
Etapa da designação da audiência principal – 1.814. Documentação da
audiência preliminar – § 372.º Decisão de saneamento e organização do
processo – 1.815. Conceito e natureza da decisão de saneamento – 1.816.
Fundamento da decisão de saneamento – 1.817. Pressupostos da decisão de
saneamento – 1.818. Prazo da decisão de saneamento –1.819. Objeto da
decisão de saneamento – 1.819.1. Questões prévias eventuais no
saneamento – 1.819.2. Questões prévias obrigatórias no saneamento –
1.819.3. Saneamento explícito e saneamento implícito – 1.820.
Obrigatoriedade da decisão de saneamento – 1.821. Efeitos da decisão de
saneamento – 1.821.1. Prosseguimento do processo – 1.821.2. Estabilização
do objeto litigioso – 1.821.3. Preclusão das questões prévias de mérito –
1.822. Recorribilidade da decisão de saneamento.

§ 371.º Audiência preliminar

1.803. Conceito e natureza da audiência preliminar

À sessão pública em que o juiz, pessoalmente, entra em contato com


partes, advogados e outras pessoas, recebe a designação de audiência. É
evento singular em cada processo – e, no caso da audiência “principal” (arts.
358 a 368), autêntica fase do procedimento comum (infra, 2.059) –
,1 designado especialmente pelo juiz, nas estritas hipóteses legais.

O tratamento desse contato era muito diverso no direito reinol. Entendia-se


por audiência o tempo fixo e predeterminado em que o juiz ficava à disposição
do público, atendendo partes e advogados, praticando atos processuais em
diversos processos, ex officio ou a requerimento dos interessados, e
publicando as sentenças terminativa e definitiva.2 Esse longevo e
desconcertante modelo subsistiu em diversas leis estaduais (v.g., art. 217 do
CPC/RS, Lei 65-RS, de 14.01.1908) até o advento do primeiro CPC unitário,
em 1939.

A audiência transformou-se em momento culminante do rito comum do


CPC de 1939, aglutinando atividades heterogêneas (tentativa de conciliação;
produção da prova; debates; e o julgamento), e, segundo os áulicos da
oralidade, viabiliza os princípios da concentração (infra, 2.064) e da imediação
(retro, 1.357). Também apresentava a singular característica de constituir o
único (fictamente, sem prejuízo do desdobramento em sessões diferentes),
obrigatório e final momento de contato do juiz e das partes, cuja supressão
significaria nada menos que o banimento da própria oralidade.3 Daí passou ao
CPC de 1973, desapareceu essa ilusória exclusividade com a instituição da
audiência preliminar pela Lei 8.952, de 13.12.1994, que alterou o art. 331,
cabendo recordar a coexistência em todo período da congênere audiência de
justificação (infra, 2.063).

A localização da tentativa de conciliação suscitou reparos da algo inócua


(sem desdouro para seus valiosos integrantes: as sugestões pertinentes e
benéficas por ela apresentadas jamais ecoaram no espírito inflexível do autor
do anteprojeto) Comissão Revisora do projeto posteriormente transformado
em CPC de 1973. Pareceu-lhe conveniente, para essa e outras finalidades, a
criação de uma audiência preliminar no itinerário do rito “ordinário”.4

Revolucionária quanto à natureza, mas conservadora quanto à função, a


mencionada proposta só frutificou na Lei 8.952/1994, que previu “audiência de
conciliação”, nas causas versando “direitos disponíveis”, a realizar-se no
prazo máximo de trinta dias após o cumprimento das providências
preliminares (arts. 324 a 327 do CPC de 1973), findas as quais ou o juiz
julgaria conforme o estado do processo (arts. 329 e 330 do CPC de 1973) ou
designaria a audiência “principal” (de instrução e julgamento). À semelhança
de outros textos produzidos pelo movimento reformista, a redação do art. 331
do CPC de 1973 padecia de imperfeição lamentável. Não orientava o
procedimento do juiz no caso de objeto litigioso indisponível. Em doutrina,
predominava o entendimento que, nada obstante, a audiência constituía fase
obrigatória, sendo suficiente, entretanto, apenas a presença dos advogados,
prejudicada a conciliação.5 Assim, sob o signo da incerteza, iniciou-se no
direito brasileiro a técnica oral de controle do juízo de admissibilidade e
variantes posteriores do procedimento então chamado de “ordinário”.

Inovação desse porte, ao mesmo tempo ruptura da técnica de saneamento


escrito e desafio ao comodismo, instilou desconfiança logo transmudada em
decepção. Passados poucos meses, a novidade se desprestigiou perante o
homem e a mulher do foro. E há razões para tanto. Na época em que surgiu o
CPC de 1973, determinados aspectos – acode à mente a revolucionária
citação postal – eram-lhe censurados pela falta de realismo, havidos como
incompatíveis com um País de dimensão continental e precárias vias de
comunicação; mas, no final do século XX, o legislador correu o enorme risco
do erro oposto.

Conforme o horário marcado, o deslocamento até a sede do juízo constitui


verdadeiro tormento nas médias e grandes cidades brasileiras; para os
advogados, significa a perda de um turno de trabalho numa cidade como São
Paulo. E, na perspectiva do órgão judiciário, acossado por medidas de
urgência de sumo relevo e asfixiado por vertiginosa torrente de processos, o
tempo gasto em audiências improdutivas e enfadonhas seria mais valioso
alhures.

Variável conjunto de razões, sobressaindo nítida preferência pela técnica


escrita de preparação do processo para o julgamento do mérito, reservou
destino ignominioso à audiência de “conciliação”: a indiferença. O juiz
ignorava o dever de designar semelhante audiência, proferindo o juiz o
“despacho” saneador, não sendo o caso de abreviação do procedimento; na
melhor das hipóteses, consultava as partes a respeito da conveniência da
designação dessa audiência, cujo silêncio cúmplice aliviava-lhe dos
derradeiros escrúpulos.

As dificuldades aconselharam mudanças no art. 331 do CPC de 1973. A


Lei 10.444, de 07.05.2002, manteve a equívoca “conquista” do procedimento
“ordinário”, mas ajustou-a a preferência nacional. No que concerne ao tema
sob o foco: (a) a já agora designada audiência “preliminar” – o nome originário
retratava apenas uma das funções do ato,6 induzindo, erroneamente, a
interpretação restritiva das respectivas funções –,7 tornou-se facultativa,
quando “as circunstâncias da causa evidenciarem” improvável a conciliação;
(b) neste caso, e, ainda, no de o objeto litigioso não comportar transação, ou
seja, sendo indisponível, o juiz “poderá, desde logo, sanear o processo e
ordenar a produção da prova” (art. 331, § 3.º, do CPC de 1973).

Fontes celebradas e de invulgar estatura inspiraram legislador brasileiro.


No entanto, de lá para cá muitos desses textos legislativos sofreram
alterações extensas e heterogêneas. Desaparecidos os regramentos originais,
o respectivo inventário mostrar-se-ia inútil. O estatuto processual italiano,
amiúde reproduzido pelo legislador brasileiro, em 1995 adotou duas
audiências: a “udienza de prima comparizione”, na qual o juiz instrutor cuidava
da observância regular do contraditório, a par de outras providências, não raro
chamada de “udienza preliminare”,8 e a “prima udienza de trattazione”, mais
ampla, posteriormente (em 2005) reunidas na “udienza de trattazione” (art.
183), todavia distinta da “udienza di assunzione dei mezzi di prova”.9 E para
não deixar dúvida quanto à oralidade, o art. 180 declara: “La trattazione della
causa è orale”.

Os ordenamentos que mais se aproximam do art. 331 do CPC de 1973,


mas discrepando em parte, são os seguintes: (a) os arts. 414 a 430 da Ley de
Enjuiciamiento Civil espanhola, de 2002, e a sua “audiencia previa al
juicio”;10 (b) o art. 591 do NCPC português de 2013, herdeiro de dispositivos
anterior de 1999.11

Dos modelos então vigentes, e que seguramente entraram nas cogitações


do legislador, o austríaco merece realce. Os §§ 239 a 242 da ZPO austríaca,
de 1895, disciplinavam o que se chamava de primeira audiência (erste
Tagsatzung), fascínio dos incansáveis pregoeiros da oralidade. Realizada
antes mesmo da defesa do réu, a primeira audiência servia a duplo objetivo:
(a) determinar como se procederia a seguir; ou, alternativamente, (b)
examinar a problemática dos pressupostos processuais, ex officio ou não, e
condensar o mérito da causa.12 O conteúdo da primeira audiência era
amplíssimo.13 Em 1983, essa sistemática sofreu radical mudança, autorizando
o juiz a dispensar a erste Tagsatzung, consoante os termos da petição inicial
e dos documentos produzidos pelo autor;14 em 2002, substituiu-se a primeira
audiência pela audiência preliminar (vorbereitende Tagsatzung), parte inicial e
obrigatória da discussão oral da causa.15

Rememorando a gênese e as provações do art. 331 do CPC de 1973,


passou-se ao largo o essencial, a saber: a espécie de problema que a
audiência preliminar, bem ou mal, propõe-se a equacionar no plano da política
legislativa. A esse problema fundamental, há que se acrescentar a meta
implícita ou explícita da oralidade, sempre atuante no imaginário das
construções legislativas, mas movimento reacionário (pretende retornar a
estágio primitivo e ideal do processo), como já se destacou (retro, 104.1). Pois
bem. No procedimento comum, predominando a função instrumental de
cognição no processo, o objetivo básico consiste em formular a regra jurídica
concreta, entregando, através da sentença, e sempre que possível, o bem da
vida almejado pelo autor. Ora, para chegar à emissão da sentença definitiva,
o órgão judiciário necessita resolver as questões de fato, apurando a
veracidade das alegações das partes e as questões de direito; em geral,
porém, antes de ingressar na etapa de instrução, surgem questões prévias,
logicamente anteriores e que respeitam aos elementos de existência, aos
requisitos de validade e aos fatores de eficácia do próprio processo. É
extremamente conveniente que sejam resolvidas o quanto antes, e em bloco,
numa fase nitidamente delimitada, a fim de que o juiz, ao passar à etapa da
instrução, encontre-se “liberado de dificuldades desse gênero e apto a
concentrar sua atenção, por inteiro, no exame da lide”.16 E, ao ensejo, talvez
seja possível na mesma assentada delimitar perfeitamente as questões de
fato (issues) que serão resolvidas pela produção de prova em audiência, à
semelhança do que ocorria na Common Law.17

A tramitação ulterior do feito somente só tem justificativa plausível, haja


vista o futuro dispêndio de energias e de dinheiro, quando útil e necessária
atividade processual suplementar.18 Ela é inútil na hipótese de a demanda não
vencer o juízo de admissibilidade. Logo que verificar a falta insuprível de
pressuposto processual ou de condição da ação o juiz extinguirá o processo.
E é desnecessária a instrução apresentando-se a causa madura para
julgamento imediato, o que se verifica nas seguintes hipóteses: (a) os fatos
que originaram o litígio são incontroversos, em virtude (aa) da falta de
impugnação específica (art. 341, caput, primeira parte) ou da revelia do réu,
acompanhada de efeito material (art. 344); (b) o juízo de mérito respeita
unicamente às questões de direito debatidas (v.g., causas tributárias); (c) a
prova produzida antes da audiência esclarece suficientemente as questões de
fato, bastando à formação do convencimento do juiz. A prova que instrui o juiz
é a documental, produzida com os atos postulatórios fundamentais (art.
434, caput), e, em certa medida, a prova pericial, impondo o juiz ao perito e
aos assistentes a prestação de esclarecimentos por escrito, e, não, oralmente
na audiência de instrução.

Em estudo do mais alto merecimento, lembrou-se a existência de dois


métodos para resolver o problema: (a) o concentrado; (b) o difuso.19 Fixara-se
o direito brasileiro, por marcante influência portuguesa, no modelo
concentrado, copiando o chamado “despacho saneador” (retro, 1.765), que é
o exame oficial, prévio e compulsório da regularidade do processo, no
encerramento da fase postulatória.20 O art. 19, caput, do Dec.-lei 960, de
17.12.1938, diploma que regulou a cobrança executiva dos créditos da
Fazenda Pública, é apontado como precursor desse modelo,21 mas os arts.
293 e 294 do CPC de 1939 instituíram o celebrado provimento, no alvitre da
necessidade de separar a análise das questões prévias do mérito
propriamente dito.22

Duas técnicas concorrentes presidem o modelo concentrado: (a) escrita;


(b) oral.23 O despacho saneador corresponde à primeira técnica. Entre nós,
reinou inconteste até a reforma de 1994, mas a técnica escrita recebeu
vigorosa defesa, sublinhando o caráter fundamentalmente escrito do processo
civil brasileiro: “Nossos atos postulatórios são escritos; sua apresentação em
juízo e a produção da prova documental, tantas vezes a única a existir, não se
fazem em audiência; nossas discussões orais são renunciáveis; nossas
sentenças, salva a publicação independem de audiência”.24 E ao rol caberia
ajuntar a prova pericial, realizada fora da audiência (infra, 2.033); e a
desnecessidade de audiência específica para publicação da sentença (infra,
2.096). Já a audiência preliminar, inspirada no direito austríaco, e tardio tributo
à oralidade, corresponde à segunda técnica.

Chega-se, finalmente, à terceira codificação unitária do processo civil


brasileiro: a Lei 13.105/2015. O ponto alto do procedimento comum
concentra-se na novel decisão “do saneamento e da organização do
processo”, concentrada no art. 357, e na qual o órgão judicial, após ler (e
compreender!) os atos postulatórios principais das partes, tomadas as
providências preliminares, condensará o processo mediante os seguintes
atos: (a) resolverá as questões processuais pendentes, se houver (inc. I); (b)
delimitará as questões de fato, deferindo ou ordenando os meios de prova
(inc. II); (c) definirá a distribuição do ônus da prova (inc. III); (d) delimitará as
questões de direito relevantes no futuro julgamento do mérito (inc. IV); (e)
designará, se necessário, audiência de instrução e julgamento (inc. V).

Nem sempre, porém, o debate prévio das partes, estimulado através das
providências preliminares, permitirá ao juiz desempenhar essa atividade a
contento. Forma-se no processo, por sua própria natureza, autêntica
comunidade de trabalho, na qual as partes e o órgão judiciário, praticando os
atos que lhes competem consoante o roteiro legal, cooperam entre si para o
processo alcançar os fins que lhes são próprios. Frise-se bem o ponto: a
cooperação prevista no art. 6.º, visando à obtenção de decisão de mérito justa
e efetiva em tempo razoável, não descansa em comportamentos
concordantes das partes, mas, bem ao contrário, divergentes e contraditórios,
sem embargo do dever de probidade (art. 5.º) e, quanto às alegações de fato,
do dever de veracidade (art. 77, I). Ora, bem pode acontecer que as razões
de fato e as razões de direito não sejam tão nítidas, necessitando o órgão
judiciário de ulteriores esclarecimentos. Assim, apresentando a causa
questões de direito e questões de fato complexas, o NCPC autoriza o órgão
judiciário a designar audiência, a fim de o saneamento, ou seja, os atos do art.
357, I a V, seja realizado “em cooperação com as partes, oportunidade em
que o juiz, se for o caso, convidará as partes a integrar ou esclarecer suas
alegações” (art. 357, § 3.º).

Evitou o NCPC a designação dessa audiência pelo nome próprio:


audiência preliminar. Concentrou-se, ao invés, no conteúdo – dever de
cooperação (retro, 955) – e nos fins da audiência.
À luz do art. 357, o direito processual brasileiro, nesse ponto similar ao
CPC português de 1961 nos termos de alternativa,25 ressalva feita ao
cabimento da audiência preliminar, encampou técnica mista no modelo
concentrado: (a) oral (art. 357, § 3.º) ou (b) escrita. Inexistem dados
estatísticos completos que permitam aquilatar qual das vias logra uso mais
constante e o desempenho da audiência preliminar no direito anterior.26 A voz
corrente do homem e da mulher do foro nega-lhe qualquer transcendência e
uso relevante. No plano ideal, sem prejuízo da ojeriza da pessoa investida na
função judicante ao contato com os advogados das partes, as atividades do
art. 357, I a V, só realizar-se-ão de modo satisfatório na audiência preliminar.
É o contato do juiz com os advogados, a troca de opiniões acerca do debate
prévio, a única maneira de fixar o tema da prova e delimitar as questões de
direito sem desvios e surpresas ulteriores.

Eis o motivo por que, aqui, dá-se à audiência do art. 357, § 3.º, o nome
próprio que lhe cabe – audiência preliminar – e, ao invés de analisar a técnica
escrita da decisão de saneamento e de organização do processo em caráter
principal, relegando a audiência a plano secundário, realça-se o saneamento
na ótica da técnica oral. As vantagens serão apresentadas logo a seguir.

A audiência preliminar é a sessão pública na qual se aglutinam,


preparando a instrução e o julgamento, as seguintes atividades do juiz e das
partes: (a) tentativa de conciliação, sem embargo da frustração da audiência
específica para essa finalidade (art. 334); (b) discussão oral e resolução das
questões processuais; (c) fixação do tema da prova; (d) admissão dos meios
de prova, ex officio ou a requerimento das partes; (e) delimitação das
questões de direito; (f) designação da audiência de instrução e julgamento. É
digno de nota que, ante a cláusula inicial do art. 357, caput (“Não ocorrendo
nenhuma das hipóteses previstas deste Capítulo…”), em princípio ao juiz não
é dado abreviar o procedimento, julgando conforme o estado do processo,
pois deveria tê-lo feito anteriormente. Porém, mostrar-se-ia irreal impedir esse
ato tardio, propiciado pela integração e pelos esclarecimentos ministrados
pelas partes.

Na teoria, ou no plano etéreo da pura técnica processual, o saneamento


oral do processo apresenta vantagens inexistentes na modalidade escrita. Em
primeiro lugar, ao permitir a discussão das questões prévias oralmente, inibe
a alegação de questões frívolas, desprovidas de consistência e seriedade,
porque nenhum advogado expõe-se de bom grado ao “risco de uma refutação
arrasadora in faciem”.27 Ademais, presta-se melhor ao esclarecimento dos
pontos obscuros nas postulações das partes, facilmente dissimuladas nas
peças escritas. Pode-se até mesmo dizer que o dever de esclarecimento
(retro, 698.1) só viceja plenamente na audiência preliminar.

Em contrapartida, esbarra em obstáculos invencíveis: (a) a intensidade do


movimento forense, que congestiona as pautas; (b) a falta de conhecimento
prévio do debate escrito pelo juiz e pelos advogados, sem tempo para
preparar-se para o ato; (c) a perda de tempo no deslocamento das partes e
dos advogados à sede do juízo; (d) o açodamento nas atividades
programadas, premidas pela adversidade dos fatos anteriores, a que se soma
a notória inaptidão do pessoal forense para o debate oral.28
A título de resumo, não se mostra impróprio ou demasiado comparar a
audiência preliminar, a rigor aspiração acadêmica, quiçá impraticável na
realidade brasileira, ao piano de cauda que ornamenta a sala de estar e no
qual um dos cônjuges, ou ambos, nos saraus domésticos executam sofríveis
dotes musicais adquiridos na juventude: estimula o imaginário, mas ocupa
muito espaço físico, surte efeitos modestos, e o uso acontece em ocasiões
especiais. Não é um problema de resistência ao novo, como muitos
entendem,29 mas a uma fórmula antiga, embora superior, e difícil de aplicar
em juízos sobrecarregados por dezenas de milhares de processos.

O NCPC institui mecanismos que, em médio prazo e corretamente


aplicados, reduzirão o movimento forense. A obrigatoriedade de os órgãos
judiciários inferiores aplicar súmulas e precedentes dos órgãos judiciários
superiores (art. 927), sob pena de reclamação (art. 988), ao nosso ver pode
produzir frutos apreciáveis do ponto de vista quantitativo, além do proveito à
segurança e à igualdade. Existe um preço a pagar: (a) a independência dos
órgãos judiciários inferiores, especialmente os de primeiro grau, reduzir-se-á
drasticamente; (b) os tribunais superiores receberão, inicialmente, grande
volume de reclamações, tendendo a diminuir com a natural acomodação (ou
submissão) dos órgãos de primeiro grau aos enunciados da súmula e aos
precedentes hauridos do julgamento de casos repetitivos (art. 928). Só o
tempo revelará se o prognóstico é bem fundado, decidindo, colateralmente, o
uso profícuo da audiência preliminar, senão da própria decisão de
saneamento e de organização do processo.

1.804. Estrutura da audiência preliminar

Das etapas da audiência preliminar intrínsecas ao saneamento e à


organização do processo deduz-se a estrutura da sessão. Ela comporta
variações, porque nem todos os atos idealizados nela se realizam
obrigatoriamente. A estrutura completa abrange o seguinte: (a) preparação da
audiência; (b) abertura; (c) tentativa de conciliação; (d) declaração de
saneamento; (e) preparação da instrução e do julgamento, delimitando
questões de fato e de direito; e (f) designação da audiência principal. Do
conjunto das atividades programadas são eventuais: (a) a declaração de
saneamento; (b) a designação da audiência de instrução e julgamento.

No tocante ao saneamento, concebe-se que não se apresentem quaisquer


questões processuais pendentes ao exame do órgão judiciário. O fato de a
defesa, via de regra, esmerar-se em deduzir a matéria preliminar do art. 337,
erguendo o máximo de barreiras, no plano da admissibilidade, ao julgamento
do objeto litigioso, não exclui o processo escorreito, livre dessas questões. Em
tal hipótese, supérflua se afigura a formal declaração de saneamento. Mas,
existindo questões dessa ordem, é obrigatório resolvê-las desde logo,
ressalva feita aos casos excepcionais em que a prova documental, facultada
ao autor na réplica (art. 437, caput), não ofereceu subsídios suficientes (infra,
1.812).

De outra banda, nem sempre o juiz designa imediatamente a audiência de


instrução e julgamento. Antevendo ocorrências de difícil previsão temporal,
como a solicitação de esclarecimentos ao(s) perito(s), a teor do art. 477, § 2.º,
mandadas prestar por escrito, o juiz que deferiu ou ordenou a prova pericial
abstém-se dessa designação, evitando que percalços frustrem a audiência na
data marcada.

O art. 357, I, localiza, corretamente, a resolução das “questões


processuais pendentes” antes da fixação do tema da prova e da admissão
dos meios de prova (art. 357, II). Essas duas últimas atividades integram a
etapa da preparação da instrução, enquanto a aquela a declaração de
saneamento as precede logicamente.

No curso das atividades arroladas, surgem incidentes de natureza


heterogênea. Por exemplo, uma das partes, apesar de previamente advertida,
insiste em comportar-se de modo inconveniente, lançando ofensas ao
adversário. Cumpre ao juiz advertir o recalcitrante da sala de sessões (art. 78,
§ 1.º), in extremisexpulsando-o do recinto (art. 360, II) requisitando a força
policial (art. 360, III), se necessário. Ficam ressalvados os incidentes que
respeitarem à preparação da audiência (v.g., a falta de intimação de uma das
partes, não localizada no endereço fornecido), equacionados
precedentemente, havendo tempo disponível.

A preparação da audiência (infra, 2.068), exceto quanto aos participantes;


a declaração de abertura (infra, 2.072); e a tentativa de conciliação (infra,
2.077) são etapas em tudo idênticas às da audiência principal. Receberão
análise oportunamente.

1.805. Etapas da audiência preliminar

Da previsão das atividades do juiz no art. 357, I a V, não obtendo êxito a


tentativa de conciliação, possível na audiência preliminar (art. 139, V),
positivamente extrai-se as etapas da audiência preliminar: (a) conciliação; (b)
declaração de saneamento do processo; (c) preparação da instrução e do
julgamento, delimitando questões de fato e de direito; (d) designação da
audiência principal. São as etapas em que se desdobra a audiência
preliminar.

Entretanto, há que considerar proposição negativa, pré-excluindo a


designação da audiência preliminar perante a ocorrência das hipóteses das
seções precedentes, ou seja, verificando o juiz a possibilidade de julgamento
conforme o estado do processo: (a) a pretensão do autor não vence o juízo de
admissibilidade (art. 330), porque (aa) a petição inicial contém defeito formal
insanável, a despeito do controle inicial (art. 321), (ab) ou não se acham
reunidos o conjunto dos pressupostos processuais (retro, 97) e das condições
da ação (retro, 225), casos de sentença terminativa (art. 485); (b) sobreveio
negócio jurídico dispositivo unilateral (reconhecimento do pedido ou renúncia)
ou bilateral (transação), vinculando o órgão judiciário a emitir sentença
definitiva (respectivamente, os incs. II e III do art. 487, c/c art. 354); (c) a
pretensão do autor pode ser julgada, de meritis, porque (ca) a causa se
encontra madura, no todo ou em parte (arts. 355, I e 356), inexistindo
necessidade de abrir a fase de instrução, ou (cb) o réu é revel e contra ele
opera o efeito material da revelia (art. 355, II, c/c art. 344), casos de sentença
definitiva, a teor do art. 487, I.

A abreviação do procedimento, em casos tais, e independentemente de


audiência para o juiz proferir o julgamento do mérito, harmoniza-se
perfeitamente à índole escrita do processo brasileiro. A obrigatória designação
da audiência de instrução e julgamento, no primeiro estatuto unitário, produzia
a pitorescamente chamada “audiência de reportagem”, cujo termo assinalava
remissão dos advogados ao processado.30 Essa solenidade inútil sobrevive no
processo trabalhista sob o rótulo de “audiência de encerramento”.
Desapareceu, no processo civil, a pura perda de tempo e de energias nessa
atividade inócua. Por identidade de razões, inteiramente supérfluo o juiz
designar audiência preliminar para extinguir o processo, nos casos de
sentença terminativa (art. 485), ou da superveniência de negócio jurídico
unilateral ou bilateral (art. 487, II e III).

Tal não significa, entretanto, seja vedado ao juiz em termos categóricos e


definitivos, na audiência preliminar, a emissão de sentença terminativa (art.
485) ou definitiva (art. 487, I).

Quando a lei alude às “questões processuais pendentes” no art. 357, I,


subentende que a resolução porventura tomada saneará o processo,
preparando-o para a instrução; em outras palavras, o juiz indica que resolverá
favoravelmente ao autor, rejeitando as preliminares do art. 337, quer as
peremptórias (v.g., a coisa julgada, a teor do art. 337, VII), quer as dilatórias
(v.g., a incompetência absoluta, a teor do art. 337, II). Do contrário, não faz
sentido a preparação da instrução e do julgamento. O juiz não designaria a
audiência preliminar, atendo-se, desde logo, a abreviar o procedimento. Nas
hipóteses aventadas, emitiria a sentença terminativa (art. 485, V) ou
declararia a incompetência, remetendo o processo ao juízo competente (art.
64, § 3.º). Mas, não lhe ficam preclusas, absolutamente, essas variantes na
própria audiência preliminar. O fundamento técnico descansa na inexistência
de preclusão quanto às questões de ordem pública, haja ou não resolução
anterior a seu respeito (retro, 1.149). Decidiu o STJ, no direito anterior,
prescindir a extinção do processo, em virtude da ilegitimidade passiva, da
audiência preliminar, ajuntando: “Todavia, se o juiz se convencer da
ilegitimidade da parte no curso da audiência, deve desde logo extinguir o
processo em julgamento do mérito, tornando desnecessária a designação de
audiência de instrução e julgamento”.31

E ainda pode suceder que o contato do juiz com os advogados das partes,
esclarecendo-lhe o exato teor da pretensão e da defesa ou apontando-lhe a
existência de prova documental hábil, desanuvie a controvérsia acerca das
alegações de fato. Chega o juiz à conclusão de que a causa se encontra
madura para o julgamento antecipado do art. 355, I. Por
exemplo, A demanda B o pagamento dos serviços Y, prestados por força do
contrato X, propondo-se a prová-los mediante prova testemunhal. Designada
a audiência preliminar, o advogado do réu invoca a cláusula Z do contrato,
que inclui o pagamento reclamado nas contraprestações já pagas, ou a figura
da surrectio, assinalando que a inércia do autor por longo tempo imbuiu o réu
da legítima confiança que não reclamaria pagamentos suplementares.

Convencendo-se o juiz que a interpretação do contrato, objeto da prova


documental, permite-lhe julgar a causa,32 aplicará o art. 355, I, proferindo
sentença da própria audiência ou determinando a conclusão para prolatá-la
no prazo de trinta dias (art. 226, III). Também nesse sentido se pronunciou o
STJ.33
A designação da audiência preliminar não afasta, portanto, o ulterior
julgamento conforme o estado do processo.34 Por óbvio, aqui não entra a
hipótese implícita de a tentativa de conciliação resultar na autocomposição
judicial. Reduzido o conteúdo do negócio jurídico ao termo de conciliação,
homologado como acontece na audiência de conciliação e de mediação (art.
334, § 11), incidirá o art. 354 c/c art. 487, III, b. O que se admite,
residualmente, é coisa diferente: a abreviação do procedimento por outras
razões, subsumidas nos arts. 485 e 487, II e III.

1.806. Cabimento da audiência preliminar

A designação da audiência preliminar subordina-se a pressuposto positivo.

Em primeiro lugar, a impossibilidade da tentativa de conciliação, todavia


possível nessa audiência, não constitui pressuposto da sua designação, pois
há a audiência do art. 334 para essa finalidade e, chegando o processo a
esse estágio, frustrou-se a atividade a cargo do conciliador e do mediador.

Nada impede, entretanto, renove-se a tentativa de autocomposição


judicial. A tentativa de conciliação admite-se nas causas de outra natureza
sob certas condições e limites predeterminados. Nas causas de família, o art.
696 antevê a conciliação para os fins autorizados em lei. Assim, as demandas
relativas ao estado (v.g., a filiação) e à capacidade das pessoas (v.g., a
interdição), aos direitos relativos à personalidade humana, não admitem
negócios jurídicos dispositivos. Entretanto, do contexto da indisponibilidade
destacam-se (a) os aspectos patrimoniais (v.g., o valor da prestação de
alimentos que decorreria do reconhecimento da paternidade; a partilha dos
bens na separação), naturalmente transacionáveis;35 e o (b) reconhecimento
do pedido, quando admissível por negócio jurídico no plano do direito material
(v.g., o reconhecimento voluntário da paternidade, concebível na tentativa de
conciliação). Os direitos concernentes à personalidade (v.g., a privacidade; o
direito autoral), cujas espécies receberam análise (retro, 365.2), admitem
transação quanto ao interesse patrimonial (v.g., o valor do dano moral).36 E,
na separação judicial, os arts. 5.º e 6.º da Lei 968/1949 contemplam a
composição dos cônjuges desavindos

Os interesses patrimoniais da Fazenda Pública comportam, por igual,


transação nos termos da lei.37 Leis especiais estipularam alçadas (art. 1.º da
Lei 9.469/1997), e autorização expressa em casos especiais, relativamente a
transação dos direitos dos sujeitos federais (União, autarquias, fundações
públicas e empresas públicas), mas a burocracia prevalece e desestimula os
procuradores federais.38 Essas disposições tornam temerária a firmação que
esses interesses são infensos a transação.39

Em relação aos direitos transindividuais, os difusos e coletivos são


indisponíveis, mas os individuais homogêneos comportam transação.40 Mas,
na demanda coletiva promovida por legitimado extraordinário, o óbice decorre
da ineficácia do negócio jurídico dispositivo, que não vinculará os titulares do
direito transacionado. Eis o motivo por que se assinalou que a conciliação
exige a participação de legitimados ordinários.

É patrimonial e privado, portanto transacionável, o chamado interesse


secundário: os honorários sucumbenciais e contratuais. Nesse último caso,
para o negócio dispositivo vinculá-lo eficazmente, o advogado precisa figurar
no termo de conciliação. O juiz atento buscará compor também essa verba
para chegar a resultado frutífero na tentativa de conciliação.

Em contrapartida, há direitos patrimoniais que, por expressa disposição


legal, não admitem transação. Por exemplo, o art. 17, § 1.º, da Lei 8.429/1992
veta transação, acordo ou conciliação na ações de impropriedade
administrativa.41

Não basta que o objeto litigioso seja transacionável. Também é preciso


que haja razoável probabilidade de alcançar a autocomposição judicial. Ao
processo importa que os atos abstratamente previstos no roteiro do
procedimento comum se mostrem aptos, a priori, aos escopos que lhes são
intrínsecos. Do contrário, inexiste motivo para praticá-los.

Fatores distintos pré-excluem o êxito da futura tentativa de conciliação, a


exemplo dos seguintes: (a) a declaração em contrário da parte, na petição
inicial e na defesa, ou ilação desse teor, extraída das suas petições
anteriores;42 (b) a qualidade da parte; (c) a natureza do litígio. Embora se
rejeitem conjecturas sem base concreta,43 o juiz sempre tirará ilação, atendo-
se ao quod plerumque fit.

A declaração expressa da parte que rejeita conciliação dispensa


comentários. Não é assim quanto aos indícios recolhidos de petições, da
qualidade da parte ou dos elementos da ação. É razoável supor que o litigante
institucional (v.g., a empresa de banco e o segurador), beneficiando-se do
elastério natural do processo, jamais conciliam, e nem sequer habilitam
alguém para conciliar, hipótese em que avulta a qualidade da parte. Partes,
cujo controle acionário se localiza no exterior, e tampouco se inclinam a
conciliar com os nativos, exceto nas causas de pequeno valor. Por outro lado,
quanto à natureza do litígio, as causas repetitivas oferecem subsídios seguros
para o juiz da vara especializada: da frustração de certo número de tentativas
em processos similares o juiz retirará a ilação (presunção judicial) que é inútil
tentá-lo novamente. Não se pode olvidar a grandeza do litígio. Por exemplo, a
seguradora A, que pagou as vítimas de acidente aeroviário, pleiteia a
contribuição do fabricante B, pois a peça x apresentava defeito que se inseriu
relevantemente da cadeia causal. Não é lícito supor que B se incline a
conciliar e a participar nas indenizações, expondo-se a retaliação de C, que
montou a aeronave.

Em todos esses casos, portanto, a tentativa de conciliação não se


realizará na audiência preliminar. Não há vício na decisão proferida, apesar
do dever do art. 139, V, se o juiz simplesmente ignorou essa etapa.

O art. 357, § 3.º, subordina a audiência preliminar à complexidade da


matéria de fato e da matéria de direito. Como já assinalado, só o contato do
juiz com os advogados permite-lhe a resolução satisfatória do quanto previsto
no art. 357, I a V. O que seja matéria complexa dependerá da natureza do
litígio e, haja ou não complexidade, o mais provável é que o juiz profira
decisão de saneamento e de organização do processo por escrito.

Como quer que seja, a complexidade não se resume ao mérito. Talvez


haja a necessidade de o juiz esclarecer-se melhor acerca da causa de
emissão da sentença terminativa (v.g., no caso de litisconsórcio alternativo),
mediante contato pessoal com os advogados. Na hipótese de A pleitear a
reparação do dano sofrido em acidente de trânsito na via terrestre
perante B e C, alegando que, parado seu veículo no semáforo que lhe
interditava a passagem, foi atingido pelo veículo de B, por sua vez
impulsionado pelo veículo de C, e, na dúvida quanto à condição de corpo
neutro de B, demanda ambos. O litisconsórcio passivo alternativo agasalha
sério problema de legitimidade, mas é figura admitida. Ocorre que, melhor
examinada a petição inicial, o juiz identifica passagens contraditórias,
restando duvidosa a alternatividade do litisconsórcio. A audiência preliminar
propiciará o esclarecimento desse problema e, se for o caso, a exclusão de
um dos litisconsortes.

1.807. Facultatividade da audiência preliminar

Não era difícil prever onde acabaria a obrigatoriedade da audiência


preliminar no direito anterior. Formalmente imprescindível nas causas
transacionáveis (e, portanto, conciliáveis), o excesso de otimismo nas virtudes
terapêuticas do encontro com o juiz sustentou, na primeira hora, extensão às
causas em que indisponível o objeto litigioso.44 Logo surgiu a primeira fissura
na barreira à preparação oral da instrução, entendendo-se facultativa a
audiência preliminar no caso de a causa versar sobre direitos
indisponíveis.45 Em seguida, o art. 331, § 3.º, do CPC de 1973 oficializou esse
último termo de alternativa e o legislador tentou reencontrar a realidade,
acrescentando outra hipótese genérica de dispensa: a improbabilidade da
transação, haurida pelo juiz das “circunstâncias da causa”. Cuidava-se de
conceito juridicamente indeterminado, mas redigido em termos tão elásticos
que, em vez de domar a relutância do juiz e dos advogados, persuadindo-os
das vantagens da oralidade, surtir o efeito oposto e inconscientemente
acalentado: a exceção se tornou regra e o saneamento ocorria por escrito.

O emprego de conceito juridicamente indeterminado, técnica legislativa


costumeira nos ordenamentos contemporâneos (e muito promissora na
cultura brasileira, propícia às acomodações), não implicava poder
“discricionário” (retro, 1.096).46 O juiz haveria de colher de dados objetivos a
falta de propensão das partes à conciliação.

Recaindo a ênfase da audiência preliminar no contato direto das partes e


respectivos advogados com o juiz, era altamente estranhável erigir a tentativa
de conciliação como pretexto para marcá-la ou superá-la no itinerário do
procedimento comum.47 As circunstâncias antevistas no direito anterior – (a)
impossibilidade ou (b) improbabilidade da autocomposição judicial – ofereciam
parca justificativa à dispensa da audiência e não se harmonizam com o
ideário da oralidade. Era mais direto o direito português anterior ao NCPC de
2013. O art. 508-B, n.º 1, b, do reformado CPC luso de 1961 previa a
dispensa da audiência preliminar quando houvesse “manifesta simplicidade”
das questões pendentes.48

A diversidade no regime revela que o saneamento compartilhado, em que


a preparação da instrução surge da participação ativa e efetiva das partes, na
comunidade de trabalho formada com o juiz, e o meio de obter tutela justa e
equilibrada,49 constitui quimera entre nós. Contra essa concepção, além da
mentalidade dos profissionais envolvidos, há o plausível argumento da
duração razoável do processo. O órgão judiciário que designa audiência
preliminar em todos os processos em que tal sessão se mostrasse viável, fica
irremediavelmente atrasado na tarefa de cumprir as metas quantitativas do
CNJ, retardando o desfecho do processo. Razão bastante para, no
essencialmente oral procedimento das causas trabalhistas, inspirar forte
movimento no sentido de proscrever a primeira audiência, simples ritual em
que as partes se recusam a conciliar, o réu entrega a contestação escrita e o
juiz defere perícia ou, assinando prazo para o autor se manifestar acerca da
prova documental, designar outra audiência em data mais ou menos
longínqua.

Essas razões preparam a solução para o problema da facultatividade, ou


não, da audiência preliminar no caso de a causa apresentar matéria de fato e
matéria de direito complexa, necessitando de integração e de esclarecimentos
das partes. A rigor, o contato é obrigatório, pois o juiz não desempenharia a
contento as atividades do art. 357, I a V, sem a cooperação das partes; na
prática, a audiência será preterida em proveito da decisão escrita. Resta
evidenciar essa preterição traduzirá error in procedendo.

A opção pelo saneamento escrito, em princípio reclamará, à explicitação


dos respectivos motivos, existindo os pressupostos do art. 357, § 3.º. O juiz
deverá motivar sua opção no preâmbulo da decisão. Fórmulas de estilo (v.g.,
não existindo complexidade) não atendem, aqui como alhures, o dever de o
juiz motivar decisão tomada a partir de norma aberta, o que aumenta, e, não,
diminui a exigência de motivação suficiente, segundo as diretrizes do art. 489,
§ 1.º, II. Por óbvio, o cabimento de recurso contra esse ato é dado
considerável. Eventual omissão dos fundamentos, abstendo-se o juiz de
realizar a audiência preliminar, enseja embargos de declaração, mas, ao
contrário do direito anterior, não cabe agravo de instrumento contra o ato.50

A jurisprudência do STJ não identificava vício na preterição da audiência


preliminar, em nome da celeridade.51 É o lôbrego epitáfio inscrito na sepultura
da audiência preliminar. A ausência de impugnação imediata tornará o vício
de atividade inócuo.

1.808. Designação da audiência preliminar

A designação da audiência preliminar suscita problemas análogos aos da


audiência principal. Receberão análise oportunamente, mas convém
sublinhar, por ora, os aspectos fundamentais.

É ato privativo e indelegável do juiz a designação da audiência, porque


somente a pessoa investida da função judicante habilita-se a avaliar os
pressupostos do seu cabimento. A audiência preliminar designada pelo
assessor do juiz mostrar-se-á, por definição, absolutamente nula, porquanto
ato decisório proveniente de agente incapaz.

O ato do juiz constitui despacho, insuscetível de impugnação por via de


agravo. Erros materiais (v.g., por lapso, o juiz marcou a audiência em dia
inábil ou fora do expediente forense) podem ser corrigidos por intermédio de
embargos de declaração e, in extremis, por correição parcial.
É preciso que o dia escolhido seja hábil (de segunda à sexta-feira).
Normas de organização judiciária combatem, sem sucesso, o vezo de
reservar a segunda-feira e a sexta-feira para outras atividades. O horário da
audiência preliminar só pode ser durante o expediente forense (retro,
1.135.1). Recomenda-se o máximo de bom senso: cedo ou tarde demais
arranca partes e advogados da rotina e aliena estes do convívio que a sessão
propicia e deveria ser encarado como o ponto alto da profissão. Intervalo
excessivamente reduzido entre a audiência antecedente e a seguinte – há
juízos que marcam as audiências de cinco em cinco minutos – revela o
caráter protocolar e irrelevante do ato, indicando que o juiz não se esforçará
em persuadir as partes dos benefícios da conciliação.

O despacho do juiz necessita constar na agenda (física ou eletrônica) do


magistrado. Nada mais desconcertante que a ausência e o atraso da pessoa
que dirigirá os trabalhos. O atraso superior a trinta minutos implicará o
adiamento (art. 362, III).

A par desses aspectos genéricos, a designação da audiência envolve dois


específicos: (a) o prazo; (b) o conteúdo do ato.

1.808.1. Prazo de designação da audiência preliminar – O prazo da


audiência do art. 357, § 3.º, não se encontra delimitado, ao contrário do que
sucede na audiência de conciliação e de mediação (art. 334, caput).
Dependerá da agenda do juízo. Nenhum dos prazos reguladores da atividade
dos órgãos judiciários, no passado e no presente, inspirados na preocupação
de estimular a celeridade, funcionou satisfatoriamente. É mais uma
recomendação: a audiência preliminar prefere à audiência principal e,
trabalhando-se no juízo todos os dias da semana, ainda assim dependerá do
número de processos em tramitação a designação. E antes de debitar à má
vontade (existente) do juiz, registre-se que, no invejado sistema judiciário
norte-americano, há prazos de espera de… quatro anos.52

Nos juízos em que, a despeito das condições adversas, o estrito


cumprimento dos prazos legais e da duração razoável do processo constituem
metas rotineiras, o juiz designará a data mais próxima possível.

1.808.2. Conteúdo da designação da audiência preliminar – Ao designar a


audiência preliminar, o despacho do juiz (a) indicará o dia e a hora escolhida e
(b) ordenará ao escrivão que providencie os atos preparatórios, intimando os
participantes (as partes, pessoalmente; os advogados, fictamente, na forma
do art. 272, ou por via eletrônica) e reservando a sala de audiências; e,
eventualmente, (c) ordenará que a partes que especifiquem as provas que
realmente pretendam produzir, justificando sua pertinência.53

Essa última determinação é ociosa como ato de preparação da audiência


preliminar. Não se desconhece o costume, originário dos albores da vigência
do CPC de 1973, de o juiz ordenar às partes semelhante especificação. No
entanto, o despacho se afigura inútil. Às partes incumbe indicar os meios de
prova tendentes à certificação dos fatos articulados na petição inicial (art. 319,
VI) e na defesa (art. 336, in fine) e ao juiz, sem ulterior reiteração, estabelecer
quais os fatos incontroversos e qual o tema da prova (fatos controversos) e,
nesse último caso, simplesmente cotejar a alegação controvertida com o meio
de prova anteriormente proposto. Em outras palavras, o autor especificará os
meios de prova já tendo em mente que a alegação do fato x, caso seja
controvertida, dependerá da prova pericial, e a alegação do fato y, de prova
testemunhal. Essa elucubração só difere parcialmente na perspectiva do réu,
a quem cabe controverter as alegações do autor, no mínimo (impugnação
direta), e, quando muito, abala-se a pensar na contraprova; mas,
apresentando impugnação indireta (retro, 331), o raciocínio é idêntico ao do
autor. Logo, os elementos para subsidiar o juiz na admissão dos meios de
prova – matéria própria da audiência preliminar (infra, 1.812.2) – já existem.
Mas, almejando maior firmeza, o ato que ordena a especificação terá algum
cabimento no saneamento escrito, jamais na audiência preliminar. Nesta, o
juiz consultará diretamente aos advogados, pois a utilidade do evento custoso
e incômodo consiste, justamente, no diálogo entre o juiz e os advogados a
respeito das questões processuais, do tema da prova e – last, but not the
least – da admissão dos meios da prova.

Do silêncio das partes, omitindo postulação no prazo assinado pelo juiz


(cinco dias, a teor do art. 218, § 3.º), não se afigura lícito extrair
consequências desfavoráveis. Do mesmo modo que a parte não adquire
direito a produzir prova por determinado meio através desse requerimento
tardio, tampouco perde o direito adquirido no momento processual oportuno.

1.809. Participantes da audiência preliminar

Em comparação à audiência principal (infra, 2.073), a audiência preliminar


envolve número menor de pessoas: (a) o juiz, sem o qual não se realizará a
sessão; (b) o escrivão ou chefe de secretaria, encarregado da documentação
do ato; (c) o porteiro (ou oficial de justiça), que efetua os pregões, conduz o
participante ao lugar que lhe compete na sala de audiências, acompanha-lhe
a saída e, se for o caso, cumprirá as ordens do juiz; (d) as partes, intimadas
pessoalmente, entendendo o juiz necessária sua participação; (e) os
advogados das partes, intimados por publicação no órgão oficial; (f) o órgão
do Ministério Público, intervindo no feito (art. 178). Essas intimações, a
inserção da audiência na pauta do juízo e a reserva da sala de audiências,
geralmente compartilhada com outro juízo ou juiz, em sistema de rodízio de
turnos, integram a preparação da audiência.

O comparecimento das partes não se mostra essencial à realização da


audiência preliminar.54 A rigor dos princípios, o conteúdo dos assuntos
versados é essencialmente técnico, competindo aos advogados, e, não,
propriamente, às partes, a integração e o esclarecimento das alegações. Mas
não é impossível que o juiz anteveja especial utilidade na participação das
partes, inclusive para inquiri-las mediante interrogatório livre (art. 139, VIII), e
tentar, ainda uma vez, a reconciliação. Seja como for, prejudicado que esteja
o debate unilateral ou bilateral a respeito das questões processuais
pendentes, do tema da prova, da admissão dos meios de prova pertinentes e
da delimitação das questões de direito – objetivo do saneamento
compartilhado –, essas atividades incumbem ao juiz, que as realizará
normalmente. A principal consequência desfavorável suportada pela parte,
cujo advogado não compareceu injustificadamente, reponta na
impossibilidade de influenciar o teor da decisão.

Em relação às ausências justificadas, relativamente às partes e aos


respectivos advogados, aplica-se o restritivo regime do art. 362, II, c/c § 1.º. O
juiz avaliará a alegação e a prova do impedimento, apresentadas até a
abertura da audiência, e entendo justificada a falta, adiará a audiência para
data próxima, se possível em data próxima.

E, por fim, cumpre aos advogados atentar ao disposto no art. 357, § 5.º,
levando o rol de testemunhas, caso o órgão judiciário considere necessária a
prova testemunhal e assim decida para os efeitos do art. 357, II, parte final.
Perderá a parte o direito de produzir essa espécie de prova descurando-se do
ônus instituído no art. 357, § 5.º, salvo a iniciativa subsidiária do órgão
judiciário, fundada no art. 370, caput.

1.810. Etapa da tentativa de conciliação na audiência preliminar

Em processo civil de índole social, provendo o juiz de imenso arsenal de


poderes e da direção material do processo, a conciliação ocupa lugar
expressivo. O art. 139, V, impõe ao juiz o dever de tentar a conciliação dos
litigantes a qualquer tempo. E para não transformar o preceito em exortação
retórica assinala duas oportunidades específicas: na audiência de conciliação
e mediação (art. 334), dispensada só no caso de as vontades dos litigantes
convergirem nesse sentido, e na audiência de instrução e julgamento (art.
359), em qualquer hipótese quando a causa comportar autocomposição – ou
seja, na ampla maioria dos litígios. Por óbvio, o juiz pode fazê-lo em quer
outro momento, independentemente do estágio do processo, prevendo o art.
221, parágrafo único, a suspensão dos prazos no curso da execução de
programa institucional para essa finalidade.

O cabimento da tentativa de conciliação não constitui motivo hábil à


designação da audiência preliminar, porque já frustrada a possibilidade na
audiência do art. 334. Porém, nada impede de renovar a tentativa. Logrando
êxito os esforços do juiz tendentes a conciliar as partes, incidirá o art. 334, §
11. O juiz mandará o escrivão ou chefe de secretaria lavrar o termo de
conciliação, proferindo, a seguir, sentença homologatória do ajuste (infra,
2.081).

Visando a audiência preliminar a outros fins, distribuídos em várias etapas


concatenadas, a frustração da tentativa de conciliação não é obrigatória, nem
a ausência provocará vício de atividade. É claro que, à semelhança da
audiência principal, eventos heterogêneos impedem o prosseguimento, a
exemplo do adiantado da hora, do mal súbito que acometeu o advogado, e
assim por diante. Inexistindo, entretanto, impedimentos dessa ordem, o juiz
passará à etapa subsequente. Presume-se que, tendo estudado os autos,
esteja habilitado a resolver as questões processuais pendentes, em que pese
a complexidade da causa e a necessidade de esclarecimentos. Declarando
finda a audiência e determinando a conclusão dos autos para essa finalidade,
evidentemente o juiz se divorcia da boa ordem do juízo,55 frustrando um dos
objetivos da audiência – a discussão oral das questões.

Em outras palavras, para o juiz abster-se de ingressar na etapa seguinte,


há que existir motivo relevante; por exemplo, decorrendo justamente do
debate com os advogados pontos que ainda não examinara, no estudo prévio
dos autos, não cabe censura à postergação momentânea do saneamento. É
preferível assegurar ao juiz a tranquilidade do tempo e a reflexão em gabinete
do que exigir decisão improvisada e inconsistente. Tal não significa que seja
facultativa a resolução dessas questões antes da audiência principal (infra,
1.820). E, de resto, mostrar-se-ia mais custoso retomar a audiência preliminar
em outra oportunidade, preparando-se devidamente o juiz, do que autorizar
semelhante cisão e o saneamento em gabinete.

1.811. Etapa do saneamento na audiência preliminar

Frustrando-se a tentativa de conciliação, cumpre ao juiz resolver as


“questões processuais pendentes”. Essa fórmula abrange, em princípio, as
questões que, integrando o objeto processual do processo (retro,
92),56 compõem o juízo de admissibilidade. O objetivo dessa resolução,
adotadas as providências preliminares que se mostraram pertinentes e
cabíveis na espécie, é o de possibilitar ao juiz declarar saneado o processo –
apto e sadio para o julgamento do mérito. A principal vantagem que tal
aconteça na audiência preliminar reside no diálogo do juiz com as partes.57

A respeito dessa finalidade subentendida da resolução das “questões


processuais pendentes”, vale o assentado no item precedente, relativamente
à cláusula de abertura do art. 357, caput.

Verificadas as hipóteses de julgamento conforme ao estado do processo,


o juiz abreviará o procedimento, ou extinguindo o processo (art. 354), ou
julgando antecipadamente o mérito, no todo ou em parte (arts. 355 e 356). Em
casos tais, abstrairá a designação da própria audiência preliminar, porque
mais cômodo publicar a sentença em cartório. E, na hipótese de aplicação do
art. 485, conforme a remissão do art. 354, o juiz claramente resolverá questão
processual, mas no sentido de proferir juízo de admissibilidade negativo. Por
exceção, juiz designará a audiência preliminar para esclarecer-se a respeito
(a) das questões processuais pendentes e (b) do teor das alegações das
partes antes de julgar conforme o estado do processo. Não sendo este o
caso, seguramente excepcional – o juiz brasileiro mostra-se muito pouco
propenso à designação de audiência –, cogitação quase acadêmica por sua
raridade, o sentido da resolução das “questões processuais pendentes” só
pode ser o de proferir juízo de admissibilidade positivo.

Importa sublinhar que, no processo civil pátrio, não se afigura absoluta a


concentração da atividade de preparação da instrução e do julgamento do
mérito. Existem questões processuais que, pendentes ou não no
encerramento da fase postulatória, o juiz não resolverá na oportunidade que a
lei lhe designa para declarar saneado o processo. Os impedimentos
processuais, ou questões de processo dependentes da iniciativa da parte,
precisamente as exceções de incompetência relativa, de impedimento e de
suspeição, normalmente resolvem-se antes da audiência preliminar. Por
óbvio, no tocante à suspeição e ao impedimento, baseada a alegação da
parte em motivos contemporâneos à formação do processo. Podem versar
acontecimentos posteriores e, nesse caso, facilmente sobrevêm ao próprio
saneamento. É o caso de a pessoa investida no órgão judiciário, insuspeita e
desimpedida para processar, julgar a causa, todavia movimentar-se na
carreira (v.g., promoção, aposentadoria ou remoção), mas a parte impugnar a
isenção do seu sucessor ou substituto. Essa possibilidade já demonstra que
inexiste momento único para resolver questões processuais.
Feitas as exclusões próprias ao modelo adotado, interessa precisar o
objeto e definir a obrigatoriedade da declaração de saneamento na audiência
preliminar, seus efeitos e recorribilidade.

1.811.1. Objeto do saneamento do processo – O prosseguimento do


processo, abrindo a fase de instrução, tem cabimento se admissível o
julgamento do mérito e, ainda, dependendo este da produção de prova. Para
alcançar semelhante estágio, a demanda necessita vencer o juízo de
admissibilidade, ou seja, o juiz reconhecer o preenchimento de todos os
pressupostos processuais (retro, 97) e as condições da ação (retro, 225).

O objeto da declaração de saneamento versará o conjunto das questões


englobadas nessas rubricas. Presume-se o juiz inclinar-se a solucionar as
questões de processo favoravelmente ao autor (rectius: ao menos, não
extinguindo o processo) e, declarado saneado o processo, orientar a instrução
que propiciará o julgamento do mérito. Tal se infere da designação da
audiência preliminar, vez que, incidindo hipóteses de precipitação do
julgamento, têm elas precedência no itinerário do procedimento comum,
dispensando a etapa da tentativa de conciliação em causas que versem
direitos disponíveis (retro, 1.798). As questões que o juiz resolverá a favor do
autor, em princípio, constituem tecnicamente questões preliminares. Reserva-
se essa terminologia para questões “de cuja solução vá depender a de outras
não no seu modo de ser, mas no seu próprio ser; isto é, para aquelas que,
conforme o sentido em que sejam resolvidas, oponham ou, ao contrário,
removam um impedimento a solução de outras, sem influírem, no segundo
caso, sobre o sentido que estas outras hão de ser resolvidas”.58 O objetivo de
o juiz levar o processo à audiência preliminar com “questões processuais
pendentes” consiste em remover os obstáculos.

Decidindo pela extinção do processo na forma do art. 354 c/c art. 485, na
audiência preliminar, porque obteve melhores esclarecimentos a respeito das
questões processuais, e, assim, alterou sua predisposição inicial, inexistirá
saneamento em sentido estrito, mas precipitação do julgamento. E pode ainda
acontecer de a resolução porventura tomada na questão processual implicar a
remessa dos autos a outro juízo, por força do acolhimento da defesa
processual dilatória (v.g., incompetência absoluta). Em tal hipótese, haverá
saneamento, desacompanhado as etapas seguintes.

É natural que, ao examinar a regularidade do processo e a possibilidade


de julgar o mérito, o juiz enfrente as questões preliminares do art. 337 e as
hipóteses de extinção do art. 485, ex officio ou a requerimento das partes. Por
sinal, para evitar decisão surpresa, promoverá o debate a respeito das
questões não alegadas, mas que lhe acudiram ao espírito Desse modo, o juiz
examinará as seguintes matérias:59

(a) a existência de defeitos formais na petição inicial (v.g., a falta de


congruência entre a causa petendi e o pedido), a teor art. 337, IV;

(b) a falta ou inexistência de citação (art. 337, I);

(c) a incompetência absoluta e relativa (art. 337, II);

(d) a perempção (art. 337, V, c/c art. 486, § 3.º);


(e) a litispendência (art. 337, VI, c/c § 3.º);

(f) a coisa julgada (art. 337, VII, c/c § 4.º);

(g) a conexão (art. 337, VIII);

(h) a admissibilidade do litisconsórcio ativo ou passivo (art. 113, § 1.º);

(i) a incapacidade da parte; (art. 301, IX);

(j) a representação técnica das partes (art. 337, IX, c/c arts. 103 e 105);

(k) a falta de autorização legal (art. 337, IX, c/c art. 73);

(l) a representação das pessoas jurídicas e demais entes dotados de


personalidade processual (art. 337, IX, c/c art. 76);

(m) a existência de convenção de arbitragem (art. 337, X);

(n) a falta de caução (art. 337, XII c/c art. 83);

(o) a falta de prestação prévia (art. 337, XII, c/c art. 486, § 2.º);

(p) a falta de interesse, legitimidade (e a possibilidade jurídica do pedido,


todavia remanescente), ou condições da ação, assuntos outrora agrupados
sob a equívoca expressão “carência de ação” (art. 337, XI, c/c art. 485, VI);

(q) a transmissibilidade da pretensão (art. 485, IX);

(r) a confusão entre autor e réu, em razão das transformações das


pessoas jurídicas empresárias e outras razões;

(s) o valor da causa (art. 337, III);

(t) a intervenção do Ministério Público e a oportunidade da sua intimação;

(u) a existência de causa prejudicial (art. 313, V, a, c/c art. 315);

(v) a preterição de litisconsorte necessário (art. 115, parágrafo único);60

(x) a admissibilidade da cumulação de pedidos (art. 327);

(z) a concessão ao benefício da gratuidade suscitado pelo réu ou pelo


autor (art. 100).

Não recebe adesão geral a possibilidade de o juiz resolver,


negativamente, questões relativas à prescrição e à decadência no
saneamento do processo. Essas questões integram o mérito e as objeções
ecoam a conhecida tese de que, categoricamente, rejeitava o julgamento do
mérito no antigo saneador do CPC de 1939. Era entendimento persuasivo,
pois o art. 294 do CPC de 1939 enumerava o que caberia ao juiz conhecer no
saneamento e no catálogo não se incluía o mérito.61 Ora, o regime atual
revela-se assaz diverso. E, como quer que seja, o STF admitiu a análise da
prescrição e da decadência no antigo despacho saneador.62
A prescrição e a decadência, atualmente, comportam análise, ex officio, a
teor do art. 487, II. De seu turno, segundo a communis opinio, a decadência
sempre foi declarável ex officio,63 e hoje assim preceitua o art. 210 do CC.

Visão sistemática, sem recorrer ao direito posto, já apontava para o


conhecimento oficial da prescrição dos direitos patrimoniais e, a fortiori, a
análise desta e da decadência no saneamento.

Em primeiro lugar, ao juiz cabe julgar liminarmente o mérito com esse


fundamento, a teor do art. 332, § 1.º, obviamente conhecendo diretamente da
matéria, pois nem sequer abre-se oportunidade para o réu se defender contra
a pretensão, nesta modalidade de julgamento prévio do mérito (retro, 1.539),
e nem sequer o autor debaterá o assunto, a teor do art. 487, parágrafo único.
Ademais, passando o juiz à etapa de saneamento e de organização do
processo, consoante a cláusula de abertura do art. 357, caput, não se
verificando as hipóteses das seções precedentes, e referindo o art. 354 como
hipótese de extinção o art. 487, II, a colocação legal tem motivo elementar:
“sendo preliminares do mérito, quer o Código sejam apreciadas
prejudicialmente à declaração de saneamento; esta só ocorrerá se o juiz não
reconhecer a decadência ou a prescrição”.64

Nessas condições, a audiência preliminar constitui momento propício tanto


à emissão da sentença definitiva (retro, 1.622), fundada no art. 354 c/c art.
487, II, quanto – no que aqui mais importa – para rejeitar preliminares de
mérito, relativas à decadência e à prescrição, suscitadas pelo réu, ou
apreciadas ex officio, após debate prévio.

É verdade que, ao pé da letra, o art. 357, II, restringe a resolução do juiz


às “questões processuais”. Mas, sobrepõem-se a essa aparente restrição a
dever de o juiz conhecer dessa matéria a qualquer tempo e, se for o caso,
proferir julgamento conforme o estado do processo baseado no acolhimento
da prescrição da pretensão ou na decadência do direito. Cabendo-lhe proferir
decisão em determinado sentido, apreciando a matéria, forço que se
reconheça o dever de proferir a decisão em sentido contrário.

O STJ chancelou esse entendimento. “A prescrição, como preliminar de


mérito de caráter prejudicial, pode e deve ser examinada na fase de
saneamento do processo, a qual tem início com o exame, pelo juiz, da petição
inicial”.65 E, consoante orientação haurida da mesma fonte, haverá
preclusão;66 quer dizer, não impugnando o réu a resolução do juiz mediante o
recurso próprio – agravo de instrumento (infra, 1.822) –, “não pode o tribunal,
em sede de apelação, sob pena de ofensa ao instituto da preclusão, proferir
nova decisão sobre a matéria”.67

A resolução das questões que, suscitadas e debatidas pelas partes,


integram o objeto da declaração de saneamento, para fins de impugnação
constitui decisão interlocutória (art. 203, § 2.º), mas não é passível de agravo
de instrumento em todos os casos, ante o cabimento estrito desse recurso. É
assaz relevante a questão da respectiva eficácia preclusiva (infra, 1.821.3).

1.811.2. Obrigatoriedade do saneamento do processo – No modelo


relativamente concentrado de saneamento do processo, ao juiz se mostra
obrigatório resolver todas e de uma só vez as questões processuais
pendentes na decisão de saneamento e de organização do processo. Ficam
ressalvadas apenas as questões que criam incidentes autônomos e neles são
resolvidas separadamente (v.g., a impugnação ao benefício da gratuidade
concedido ao réu), em geral, e idealmente, antes que o processo chegue à
fase de saneamento.

Essa desejável concentração do saneamento evitará a inutilidade da


ulterior instrução do processo. Empenhar-se-á muito tempo, envolvendo
terceiros (v.g., o perito e a testemunhas) e dissipar-se-á ainda maior atividade
processual na instrução para, no momento de julgar, o juiz surpreender-se
com a inadmissibilidade da pretensão processual, porque há litispendência
(art. 337, VI), cumprindo-lhe extinguir o processo (art. 485, V). Razões
superiores de economia indicam que não é dado ao juiz postergar a solução
das “questões processuais pendentes”.68 É claro que a obrigatoriedade
respeita às questões preexistentes (suscitadas e apreciáveis de ofício, mas
debatidas). Não abrange as questões processuais supervenientes (v.g., a
transmissibilidade da pretensão, sobrevindo o falecimento do autor), porque
ao juiz (ainda) faltam dons premonitórios.

Linha distinta preconiza a Súmula do STF, n.º 424, cuidando da eficácia


preclusiva do saneamento. Dispõe o seguinte: “Transita em julgado o
despacho saneador de que não houve recurso, excluídas as questões
deixadas, explícita ou implicitamente, para a sentença”. Editado na vigência
do CPC de 1939, o verbete recebeu a influência de duas teses
complementares: em razão da complexidade, ao juiz mostrar-se-ia lícito
proferir duas ou mais decisões saneadoras;69 relativamente à análise das
condições da ação, possível remetê-la à oportunidade da sentença, salvo nos
casos em que a existência ou inexistência da condição se afigurasse
evidente.70Exemplificou-se o último aspecto com a questão relativa à
legitimidade, a depender de maior e melhor exame dos títulos de domínio.
Tese que, ao prosperar no verbete, tornou-se fonte provável do advérbio
“manifestamente” empregado no art. 330, II (retro, 1.514.2). E nesse sentido
se pronunciou, ao menos num caso, o STJ.71

O STJ adota, em geral, a tese contrária: “Antes de determinar a realização


de provas, o juiz haverá de decidir quanto ao saneamento do processo, só
ordenando sejam produzidas após afastar questões processuais que possam
impedir o julgamento da lide”.72 Em outro precedente, o STJ proclamou a
extrema importância da decisão, aduzindo: “Sendo assim, não há como o
julgador deixar de proceder ao despacho saneador, deixando, in albis, as
preliminares suscitadas e passando diretamente para a fase de instrução e
julgamento, presumindo-se, assim, que o processo encontra-se sanado, sob
pena de nulidade absoluta do feito”.73

Razoável que seja adiar a questão processual pendente nos casos em


que sua resolução exata dependerá, no todo ou em parte, da atividade de
instrução, a qual ostenta ocasião própria, e a economia recomenda a
investigação do assunto juntamente com o mérito, o risco latente na Súmula
do STF, n.º 424, afigura-se manifesto e é intolerável. A aplicação da lei do
menor esforço induziria o órgão judiciário a entrever matéria de alta indagação
em questão que, na verdade, apresenta-se líquida e certa. É costume
arraigado essa atitude.74 Em vez de estudar o processo, o juiz remeteria a
resolução de todas as questões prévias para momento em que recebesse a
causa para julgamento do mérito. Então, surgiria outro risco, tão grave quanto
o primeiro: o de desprezar as questões processuais, julgando o mérito a favor
de quem aproveitaria desfecho nelas fundado.

Não é cabível, portanto, o órgão judiciário deixar de resolver as questões


processuais pendentes no saneamento e, apresentando-se complexas, na
audiência preliminar.

Abstendo-se o órgão judiciário de resolver as objeções dilatórias (v.g., a


conexão) ou peremptórias (v.g., a litispendência) arguidas na defesa
processual do réu, por ocasião da audiência preliminar, do ato que proferir,
passando para etapa seguinte (v.g., deferindo a prova testemunhal e, por
isso, designando audiência de instrução), cabem embargos de declaração. O
objetivo desse recurso, fundada na omissão (art. 1.022, II), insta ao juiz
motivar a decisão, explicando por que não apreciou a preliminar x ou y.
Concebem-se, no julgamento desse recurso, dois termos de alternativa: o juiz
recusa-se a examinar o assunto, explicitando a decisão originária; ou o juiz
supre a omissão. Em qualquer hipótese, o cabimento do agravo de
instrumento dependerá da matéria decidida. São limitadas as possibilidades
de o réu agravar, porque geralmente é o vencido, mas convém recordar: (a) a
rejeição da alegação de convenção de arbitragem (art. 1.015, III); (b) a
rejeição ou a revogação do benefício da gratuidade (art. 1.015, V); (c) a
exclusão de litisconsorte (art. 1.015, VII); (d) a rejeição do pedido de limitação
do litisconsórcio (art. 1.015, VIII).

Embora a orientação geral seja nítida e segura – resolução imediata das


questões processuais –, às vezes a questão integrante do objeto da decisão
de saneamento e de organização do processo dependerá de prova;75 por
conseguinte, ainda que seja sadia intenção do juiz cumprir a lei, faltam-lhe
condições de resolvê-la prontamente.

O litisconsórcio alternativo (retro, 581.3) exemplifica essa exceção, que


reclama interpretação estrita: A demanda de B e C a reparação do dano
sofrido em acidente de trânsito na via terrestre, no qual o automóvel de A,
parado no semáforo, foi atingido pelo veículo de B, situado atrás, por sua vez
impulsionado pelo veículo de C, alegando A que está em dúvida se o
automóvel de B é ou não corpo neutro, e, nessa contingência demanda os
réus, fiando-se se B ou C agiram culposamente. Flagrantemente, nos termos
da pretensão deduzida, B ou C é parte ilegítima, matéria que o juiz conhecerá
de ofício (art. 485, § 3.º), mas só a prova esclarecerá essa questão. Por essa
razão, o STJ admitiu que, ligando-se “fortemente” a matéria preliminar ao
mérito, há que haver julgamento simultâneo.76

1.811.3. Efeitos do saneamento do processo – A decisão de saneamento


do processo, na audiência preliminar, suscita um problema geral, atinente à
sua eficácia (art. 357, § 1.º), e um problema específico, respeitante à
integração e esclarecimento das alegações das partes (art. 357, § 3.º, in fine).
Impende examiná-las separadamente.

1.811.3.1. Estabilização da decisão de saneamento do processo –


Segundo o roteiro do procedimento comum, o juiz preparará o julgamento do
mérito, através de sentença, resolvendo e decidindo na decisão de
saneamento e de organização do processo, designada a audiência preliminar
para esclarecimentos, as questões que, por sua natureza, mostram-se
idôneas a impedir-lhe o acesso ao acolhimento ou a rejeição do pedido (art.
487, I). Essas questões envolvem os pressupostos processuais e as
condições da ação (legitimidade e interesse processual). São questões de
ordem pública, e, portanto, passíveis de exame ex officio a qualquer tempo e
grau de jurisdição. Por exceção, como assinalado no item precedente, lícito se
afigura ao juiz examinar a prescrição e a decadência, porque igualmente
comportam pronúncia ex officio (art. 487, II), promovendo debate prévio (art.
487, parágrafo único), salvo se desnecessário porque assunto já discutido
desde a petição inicial, contestação, réplica e tréplica.

Declarando saneado o processo, o juiz profere juízo de admissibilidade


positivo. Esse juízo envolve dois aspectos:77 (a) a admissibilidade da
pretensão processual, em tese apta ao julgamento de meritis; (b) a validade
do processo, porque (ba) originariamente isento de vícios; (bb) os vícios
inicialmente existentes restaram sanados, no prazo previsto no art. 352; (bc)
os vícios que remanesceram constituem irregularidades, não impedindo o
prosseguimento do processo. A decisão de saneamento não tem a natureza
alterada no caso de o juiz nada prover. É saneamento porque nela tem a
oportunidade de decretar as “medidas saneadoras, ou reguladoras”.78

A decisão de saneamento exibe eficácia declaratória predominante.79

No terreno da eficácia, surge o problema da preclusão ou, como quer o


art. 357, § 1.º, in fine, da estabilidade do ato. Após resolver questão integrante
do objeto da declaração de saneamento (v.g., rejeitando a preliminar de
ilegitimidade ativa; rejeitando a formação de litisconsórcio obrigatório), feitos
ou não ajustes e esclarecimentos a pedido das partes, no prazo comum de
cinco dias (art. 357, § 1.º), e chegando-lhe o processo para sentença
definitiva, finda a instrução, lícito se afigura ao juiz rever sua própria decisão,
porque distinta a conclusão que amadureceu nesse entretempo. Entenda-se
bem: preclusão tendo por objeto os poderes do juiz. Em relação às partes,
aplicar-se-á o art. 507.

A lei processual reclama atenção do juiz no tocante à regularidade do seu


método de trabalho, que é o processo, desde o primeiro contato com a inicial
e enquanto não encerrar o seu ofício. Parece dispensável frisar o caráter
necessário do duplo aspecto do juízo de admissibilidade – a idoneidade da
pretensão processual para o julgamento, de meritis, e a validade do processo
– à plena eficácia da sentença que acolhe ou rejeita o pedido (art. 487, I).
Assim, preterido litisconsorte necessário (art. 114), inulitider data a sentença
porventura transitada em julgado (retro, 588).

Ao propósito, cumpre separar duas hipóteses: (a) o juiz não se pronunciou


a respeito da questão, que lhe passou despercebida; (b) o juiz resolveu a
questão, negativamente.

Em relação às questões não decididas, suscitadas e debatidas, ou não, o


problema simplifica-se muito. Apesar das opiniões em contrário, ou porque
haveria julgamento implícito,80 ou porque “daí em diante já não é possível
apreciá-las,81 a inexistência de decisão importa a da preclusão.82 Jamais se
poderia considerar estável (art. 357, § 1.º) o não decidido, ou seja, o
inexistente.
No tocante às questões porventura decididas, quer as suscitadas pelas
partes, quer as apreciáveis de ofício, e todas necessariamente debatidas –
proibição da emissão de decisão “surpresa” –, tudo dependerá do
entendimento a respeito da extensão do fenômeno preclusivo e,
principalmente, da estabilidade preconizada no art. 357, § 1.º.

De preclusão não se cogitará,83 exceto a hierárquica (retro, 1.148.3), a


respeito das questões de processo, ou seja, relativas às condições da ação,
aos pressupostos processuais e às nulidades de qualquer natureza. E
preclusão hierárquica, quanto à resolução das questões processuais, muito
menos, considerando as limitadas possibilidades de impugnação através de
agravo de instrumento da decisão de saneamento e de organização do
processo, proferida ou não em audiência preliminar. Pode acontecer de o juiz,
todavia, entender inexistente o litisconsórcio necessário, excluindo o
litisconsorte, a parte interessada interpor o agravo de instrumento, por
exceção cabível (art. 1.015, VII), e o órgão ad quem confirmar a decisão.
Então, haverá preclusão hierárquica e, dando-se conta o juiz posteriormente
da obrigatoriedade da demanda conjunta, a rigor dos princípios cumpre-lhe
emitir sentença nula ou ineficaz (art. 115). O valor do exemplo consiste em
demonstrar quão frágil é a base da preclusão nessas matérias.

De preclusão quanto aos meios de prova admitidos tampouco se pode


cogitar com seriedade.84 É atitude manifestamente contrária à economia e,
sobretudo, e à eficácia do julgamento do mérito, tolher o juiz de alterar o seu
entendimento inicial.85 Era o que se sustentava na vigência do primeiro
estatuto unitário, relativamente às condições da ação,86 referendado por
substancioso estudo do regime do CPC de 1973,87 apesar de opinião
contrária.88

Na vigência do CPC de 1939, a Súmula do STF, n.º 424, estabeleceu o


seguinte: “Transita em julgado o despacho saneador de que não houve
recurso, excluídas as questões deixadas, explícita ou implicitamente, para a
sentença”. Mas, o STF adaptou-se à disciplina do CPC de 1973 e à corrente
majoritária, declarando que a eficácia preclusiva não atinge as matérias
enunciadas no art. 485, § 3.º, registrando-se precedente relatado pelo próprio
autor do anteprojeto do CPC de 1973: “acerca dos pressupostos processuais
e das condições da ação, não há preclusão para o juiz, enquanto não acabar
o seu ofício jurisdicional na causa pela prolação da decisão definitiva”.89

É insuscetível à preclusão o ato do juiz que, fixando o tema da prova,


admite determinado meio de prova proposto pelas partes, opportuno tempore,
ou a prova ordenada ex officio. O fundamento é o mesmo das questões de
ordem pública. Tal matéria integra os poderes do órgão judiciário e é imune à
preclusão, exceto a hierárquica. Decidiu o STJ: “… não há preclusão absoluta
em matéria de prova, até por se tratar de questão de ordem pública. Mesmo
proferido o despacho saneador, o juiz pode, mais tarde, determinar a
realização de outras provas, caso entenda que essa providência é necessária
à instrução do processo”.90

Essa questão adquire maior gravidade na hipótese contrária: o


indeferimento ulterior da prova admitida. Dir-se-á que a situação processual
adquirida pela parte seria profundamente afetada, ao se admitir a
reviravolta;91 entretanto, a possibilidade de o juiz voltar atrás localiza-se no art.
370, parágrafo único, e, geralmente, resulta do fato de o juiz ter formado
suficientemente sua convicção; por exemplo, deferiu perícia e a oitiva de
testemunhas, mas o laudo pericial dissipou qualquer dúvida. Em sentido
contrário, todavia, julgado do STJ rejeitou a reconsideração do ato que deferiu
a perícia.92

O entendimento largamente majoritário do direito anterior, utilizando regras


reproduzidas no NCPC, assenta-se em duas premissas ainda cabíveis: (a) o
art. 485, § 3.º, autoriza o órgão judiciário a examinar as questões objeto da
decisão de saneamento a qualquer tempo;93 e (b) o art. 505, caput, não
abrange as resoluções do juiz a respeito dessas questões, mas as questões
de mérito.94 Em sentido contrário, obtempera-se que, ao se reconhecer
preclusão quanto às questões de mérito (v.g., prescrição) e negar-se quanto
às questões do processo, revela-se a intenção implícita de armar o juiz de
argumentos para evitar o julgamento do mérito, bem como surgiriam situações
absurdas, qual a renovação do impedimento do juiz sem fato novo.95 Ora, o
art. 505, caput, explica o tratamento diferenciado, pois a prescrição e a
decadência são questões da “lide”, e parece bem mais absurdo exigir o
julgamento do mérito em processo que, por este ou aquele motivo, não reúne
todas as condições que possibilitam a emissão da sentença definitiva.96

Legitimar-se-á a revisão, todavia, através do contraditório


prévio,97 indicando às partes que a resolução sofrerá mudança, especialmente
a quem o eventual pronunciamento anterior beneficiava, no todo ou em parte.
Ao juiz não cabe proferir decisão “surpresa”.

Eis a correta interpretação da estabilidade prevista no art. 357, § 1.º. O


conteúdo da decisão de saneamento e de organização do processo, proferida
corretamente nos termos do art. 357, I a V, não fica cristalizada e imune a
acontecimentos supervenientes (v.g., a inutilidade da produção da prova
testemunhal, ante prova pericial conclusiva). Porém, a retratação parcial do
ato, incluindo a delimitação das questões de direito (art. 357, IV), subordina-se
ao prévio debate das partes, a fim de evitar a surpresa do interessado (art.
10).

Interposto o recurso de agravo da decisão de saneamento e de


organização do processo, nos casos cabíveis e já arrolados, a preclusão
opera de cima para baixo, ou seja, existirá preclusão hierárquica: só o
tribunal, como revela os limites do efeito devolutivo da apelação,98 legitima-se
a reexaminar a questão decidida definitivamente nesse grau de jurisdição. Foi
o que proclamou, com invulgar acerto, a 3.ª Turma do STJ: “A questão sobre
legitimidade de parte, decidida em acórdão com trânsito em julgado, não mais
pode ser discutida no mesmo processo, por força da preclusão”.99

Ressalvam-se as questões da prescrição e da decadência que, segundo a


jurisprudência do STJ, uma vez decididas, não podem mais ser
modificadas.100 Essa orientação não é aceitável. A prescrição e a decadência
são matérias apreciáveis ex officio (art. 487, II) promovido o debate prévio
(art. 487, parágrafo único). Vale para elas o mesmo regime aplicável às
condições da ação e aos pressupostos processuais ou não vale para
nenhuma dessas questões. Enfim, o art. 357, § 1.º, in fine, não restaurou a
proposição originária da Súmula do STF, n.º 424, embora haja se considerar o
trânsito em julgado aí mencionado como preclusão.
Não ficaria completo o quadro traçado sem uma palavra quanto a outro
aspecto de sumo relevo. Embora alheio à resolução de questões processuais
(ou de mérito), ao juiz toca, na forma do art. 357, III, distribuir o ônus da prova.
A diretriz ostenta dupla função: por um lado, orienta as partes, estabelecendo
quem deve provar o que; de outro, fixa regra de julgamento, caso a instrução
não ofereça subsídios para o juiz formular o juízo de fato. Nesse último caso,
a decisão ficará estável, não se concebendo troca da regra estabelecida na
decisão de saneamento e de organização do processo por outra qualquer no
momento do julgamento. O tema merecerá considerações mais adiante (infra,
1.812.3).

1.811.3.2. Integração e esclarecimento das alegações das partes – Por


fim, há outro efeito da decisão de saneamento: a estabilização definitiva do
objeto litigioso.101 Com efeito, do art. 329, II, infere-se que, após a decisão de
saneamento não é possível alterar o objeto litigioso. O assunto receberá
análise em item próprio (infra, 1.821.2).

Se a complexidade da matéria de fato e da matéria de direito constitui o


pressuposto positivo da designação da audiência preliminar (retro, 1.806), o
traço distintivo da audiência preliminar, relativamente à decisão de
saneamento e de organização do processo escrita, avulta na possibilidade de
o juiz convidar as partes a integrar e a esclarecer suas postulações.

Essa possibilidade envolve dois graus diferentes. Em primeiro lugar, a


integração e o esclarecimento presta-se a resumir e complementar as razões
de fato e as razões de direito, eventualmente embaraçadas e prolixas,
garantindo (a) a resolução da questão processual (v.g., a objeção de coisa
julgada) e (b) a precisão da etapa seguinte, na qual o juiz fixará o tema da
prova (art. 357, II), deferirá os meios de prova hábeis propostos, ou ordenará
a produção de prova, ex officio, e delimitará as questões de direito decisivas
ao julgamento do mérito (art. 357, IV). Cuida-se, nesse sentido, de autêntica
depuração. Talvez envolva alguma questão processual particularmente
obscura, mas o proveito maior da integração e do esclarecimento prestado
oralmente consiste em destrinçar o mérito. Ademais, como a integração e o
esclarecimento antecederá o saneamento propriamente dito, também é a
última oportunidade para as partes alterarem consensualmente a causa
petendi e o pedido, sem ofensa ao art. 329, II. Em tal hipótese, o juiz abrirá ao
réu o prazo de quinze dias desta última regra para realizar alegações mais
completas, defendendo-se melhor, se já não o fez e nesse sentido
convergiram as partes.

O valor da audiência preliminar, ou da técnica oral de saneamento e de


organização do processo, sobressai-se nesse particular. Em princípio, a
decisão escrita presta-se a enquadrar as causas simples, enquanto a
audiência preliminar, permitindo a alteração do objeto litigioso, senão a
simples condensação das alegações, descartando os excessos (v.g., uma das
causas de pedir não tem como prosperar e o autor abre mão) e as inutilidades
(v.g., uma das questões de direito encontra-se superada ou é pacífica),
aplaina as causas difíceis.

É outra justificativa para tratar a decisão de saneamento e de organização


do processo na perspectiva da audiência preliminar, como aqui defendido,
sem prejuízo da aparente excepcionalidade do art. 357, § 3.º.
1.811.4. Recorribilidade do saneamento do processo – A declaração de
saneamento constitui decisão interlocutória (art. 203, § 2.º), sem embargo da
designação consagrada de “despacho” saneador, mas não desafia agravo de
instrumento em qualquer hipótese, ao contrário do direito anterior.102

Do confronto entre o virtual conteúdo da decisão de saneamento e de


organização do processo, no que tange à matéria do art. 357, I, aqui
examinada, e das hipóteses de cabimento do agravo de instrumento, no
pertinente ao procedimento comum, caberá recurso imediato, envolvendo o
ato: (a) a rejeição da alegação de convenção de arbitragem (art. 1.015, III); (b)
a rejeição ou a revogação do benefício da gratuidade (art. 1.015, V); (c) a
exclusão de litisconsorte (art. 1.015, VII); (d) a rejeição do pedido de limitação
do litisconsórcio (art. 1.015, VIII).

Não há como esquecer a distribuição do ônus da prova (art. 357, III),


passível de agravo de instrumento (art. 1.015, XI), quando houver a
redistribuição do art. 373, § 1.º. Porém, esse é assunto da etapa seguinte
(infra, 1.012).

Em caso de cabimento do agravo de instrumento, não importará a


intensidade do gravame, porque a subida imediata é a única modalidade do
recurso.103 Porém, o prazo não se suspende ou interrompe perante o pedido
de esclarecimentos ou de ajustes (infra, 1.811.5).

1.811.5. Correção do saneamento do processo – O art. 357, § 1.º, assina


às partes o prazo comum de cinco dias, contado ordinariamente (art. 229 c/c
art. 224), para as partes (a) pedirem esclarecimentos e (b) solicitarem ajustes
acerca da decisão de saneamento e de organização do processo. O prazo é
idêntico aos embargos de declaração e, de um modo geral, os vícios
divisados pelas partes nesse ato de importância capital se acomodam ao art.
1.022. Porém, o objetivo da regra específica do art. 357, § 1.º, consiste em
desvincular a iniciativa das partes de qualquer motivação vinculada.

Dois exemplos ilustram essa flexibilidade. Em primeiro lugar, talvez haja o


órgão judiciário limitado o número de testemunhas e convenha à parte
ponderar, perante determinada questão de fato ou a soma das questões
passíveis de prova, a inconveniência do número concreto. Ademais, a data
designada para a audiência de instrução e julgamento, sem dúvida derivada
do poder de agenda, aspecto dificilmente impugnável através de embargos
declaração, coincidindo com outra audiência já designada e de
responsabilidade do advogado da causa, pode recair em outro dia sem maior
dilação ao processo.

À iniciativa das partes, no prazo comum de cinco dias, num sentido ou


noutro, calha o epíteto de correção do saneamento do processo, fitando o
resultado da decisão do juiz a seu respeito.

A postulação de correções não suspende ou interrompe o prazo de


agravamento de instrumento, eventualmente cabível conforme o conteúdo da
decisão (retro, 1.814). Equivale, substancialmente, ao tradicional pedido de
reconsideração. E logrou previsão específica, porque nos aspectos mais
decisivos – fixação do tema da prova (art. 357, II) e delimitação das questões
de direito (art. 357, III) – a decisão de saneamento e de organização do
processo não comportará recurso imediato, ficando seu reexame postergado
à futura apelação, hipótese em que o órgão ad quem tenderá a superar
quaisquer errores in procedendo anteriores.

1.812. Etapa da preparação da instrução e do julgamento na


audiência preliminar

A resolução das questões processuais pendentes abre caminho à etapa


seguinte no itinerário das atividades idealizadas para a decisão de
saneamento e de organização do processo: a preparação da instrução e do
julgamento. Por definição, no processo há questões de fato e prova
documental já produzida não se afigura bastante. O juiz realizará na etapa de
preparação da instrução três atividades autônomas, mas complementares. E
findará, recolhidos os subsídios probatórios que lhe permitam formular o juízo
de fato, por delimitar as questões de direito a serem julgadas na sentença
definitiva (art. 357, IV). Em caso de complexidade, a audiência preliminar é
particularmente frutífera para essas finalidades.

1.812.1. Fixação do tema da prova – Literalmente, na audiência preliminar,


em contato com as partes, ou na decisão de saneamento e de organização do
processo proferida em gabinete, cumpre ao juiz “delimitar as questões de fato
sobre as quais recairá a atividade probatória”. A fórmula analítica e solene do
art. 357, II, primeira parte, não obnubila o essencial no conteúdo do ato. O juiz
fixará o tema da prova (retro, 1.309).

Por força da contradição recíproca das partes, e da dúvida no espírito do


juiz, as alegações de fato tornam-se controvertidas. A controvérsia
transforma-as, tecnicamente, em questões de fato.104 O art. 357, II, exige que
o órgão judiciário identifique as questões de fato pertinentes e relevantes –
por exceção, alegações de direito (retro, 1.310) –, cuja prova o habilitará a
formar seu convencimento e emitir juízo a seu respeito.

Um exemplo ilustra a atividade do juiz nesse tópico. A pede separação


de B, alegando aquela que este manteve relações sexuais com C no motel X,
mas o réu, admitindo a estadia no motel com X, alega que a visita tencionava
vender roupas de cama ao estabelecimento, pois C é a figurinista da
fábrica D. Ao juiz cumpre esclarecer se a visita de B e C ao motel X se deveu,
realmente, à atividade profissional do réu, representante comercial de D ou se
a versão do réu é insubsistente e ocorrem relações sexuais entre B e C.

Esse ato tem por finalidade transcendente, permitindo ao juiz sopesar os


meios de prova propostos pelas partes. À luz do tema da prova, o juiz deferirá
os meios de prova que se mostram potencialmente idôneos ao esclarecimento
das questões e indeferirá os inúteis ou meramente protelatórios (art. 370,
parágrafo único). No exemplo ministrado, a prova testemunhal afigura-se, em
tese, idônea os fins da visita de B e C ao motel X, cabendo ao juiz ordenar, ex
officio, a sua produção – nesse aspecto capital, a fixação constitui
pressuposto do emprego correto do poder de instrução do juiz –,105 ou deferir
a audição das testemunhas já acenadas pelas partes, geralmente atitude
comum nesses casos. E, de outro lado, a fixação do tema da prova orientará
a inquirição das partes e das testemunhas pelos advogados, no exame
cruzado do art. 459 e pelo órgão judicial, e, se for o caso, o indeferimento das
perguntas fora dos limites, mas feitas pelos advogados aos depoentes quando
no uso da palavra.

Dependendo a elucidação da questão de fato de conhecimento científico,


técnico ou artístico – por exemplo, A pede de B indenização por dano ao
prédio X, em decorrência da obra nova no terreno vizinho, mas B nega que a
edificação em seu imóvel seja a causa das fissuras no prédio de A -, o que o
juiz avalia nessa oportunidade, ordenará a produção da prova testemunhal.

Destinatário que seja da prova, que serve à formação do seu


convencimento (art. 371) e à emissão do juízo de fato indispensável à
resolução do mérito, o ato previsto no art. 357, II, alcançará máximo
rendimento através do debate com os advogados das partes. Esse aspecto
cristaliza a principal vantagem da técnica oral do modelo concentrado de
saneamento. Em outras palavras, o tema da prova resultará da cooperação
do juiz com as partes mediante diálogo no seio da comunidade de trabalho.106

Antes de fixar o tema da prova, o juiz concederá a palavra aos advogados


e ao órgão do Ministério Público, nos casos de intervenção da parte
coadjuvante, na devida ordem, colhendo as respectivas manifestações. Esse
diálogo é intrínseco à audiência preliminar. Revela o empenho do sistema em
abrir a discussão entre os sujeitos do processo, convidados a interagir nesse
ponto decisivo, porque a maioria das causas complexas resolve-se, ao fim e
ao cabo, por intermédio da prova.

O ato do juiz revela-se passível do ulterior pedido de esclarecimentos ou


de ajustes previstos no art. 357, § 1.º.

Realmente, segundo o tema da prova definido nesse provimento, incluindo


o juiz no seu âmbito fatos não alegados (v.g., na ação de separação
de A contra B, alegando aquela que este manteve relações sexuais, o juiz
quer esclarecer se o réu estava embriagado) e incontroversos (v.g., a vista
de B e C ao motel X), ou, inversamente, excluindo fatos controversos (v.g., a
relação de B com D), haverá irreversível cerceamento ao direito fundamental
processual à ampla defesa. O pedido do art. 357, § 1.º, impedirá o fato
consumado.

O ato do juiz não é simples sugestão.107 Independentemente dos termos


mais ou menos enfáticos lançados no provimento, ao menos quanto à prova
pericial e, se for o caso, à inspeção judicial, a orientação traçada na decisão
de saneamento norteará a produção dessas provas, produzindo efeitos mais
ou menos definitivos na coleta do material relevante à formação do
convencimento. Assim, na demanda em que A pede de B indenização por
dano ao prédio X, em decorrência da obra nova no terreno vizinho, em virtude
da ineficiência da berma deixada no corte do talude, mas B nega que a
edificação em seu imóvel seja a causa das fissuras no prédio deA, atribuindo-
a às fundações do prédio Y do próprio B, a decisão do juiz que considera
controvertida apenas a eficiência do elemento de contenção condicionará a
prova pericial, excluindo-se, ao menos, a investigação de concausa do evento
danoso.

1.812.2. Admissão dos meios de prova – Razões lógicas impõem o passo


seguinte na preparação da instrução. Em seguida à fixação do tema da prova,
conforme o art. 357, II, o juiz especifica os “meios de prova admitidos”. Não é
muito expressiva a fórmula legal; na realidade, o juiz deferirá a prova proposta
pelas partes ou ordenará, ex officio, a produção da prova que lhe parece
oportuna e necessária, valendo-se do art. 370, caput.

É costume, ignorando o ônus de as partes indicarem as provas na inicial


(art. 319, VI) e na contestação (art. 336, in fine), o juiz proferir despacho
prévio ao saneamento, ordenando que as partes proponham as provas que,
realmente, pretendam produzir (retro, 1.332). Essa prática desenvolveu-se, ao
que consta, em certo juízo no antigo Estado da Guanabara.108 Designada
audiência preliminar, inexiste necessidade desse despacho prévio: as partes
indicarão as provas oralmente, em contato pessoal e direto com o juiz, e
nesse ato justificarão a respectiva admissibilidade. Fixados os pontos
controvertidos, ou tema da prova, o juiz ordenará a produção das provas
cabíveis na espécie e, ainda, as providências que possibilitam essa produção.

Dos meios de prova arrolados no Capítulo XII – Das Provas – Do Título I –


Do Procedimento Comum – do Livro I da Parte Especial do NCPC (retro,
1.343), na verdade integrante da parte geral, cogitam-se: (a) do depoimento
pessoal das partes, hipótese em que o juiz ordenará a respectiva intimação,
com as cautelas do art. 385, § 1.º; (b) da exibição de documento ou de coisa
em poder da parte (art. 396), controvertendo-se a possibilidade de o juiz, ex
officio, ordenar a exibição de documento ou de coisa em poder de terceiro; (c)
da prova testemunhal, caso em que o deferimento envolverá as pessoas
desde logo arroladas, conforme o art. 357, § 5.º, e, ainda, da(s) testemunha(s)
referida(s) nos atos postulatórios, cuja oitiva o juiz entende cabível, ex officio;
(d) da prova pericial, hipótese em que o juiz nomeará perito(s), desde logo, e
fixará prazo para entrega do laudo (art. 465, caput), a teor do art. 357, § 8.º,
facultando às partes a indicação de assistente técnico e a formulação de
quesitos (art. 465, § 1.º), a par de arguir exceção de parcialidade quanto à
pessoa designada; (e) da inspeção judicial, caso em que o juiz marcará data,
e, se for o caso, indicará um ou mais peritos para acompanhá-lo na diligência
(art. 481), intimando as partes.

Esse é a oportunidade de o juiz, examinando os meios de prova


propostos, controlar a legalidade da prova documental ministrada (art. 436, I).
Essa questão – legalidade da prova – assume destaque singular no sistema
jurídico da Common Law, mas não é, absolutamente, negligenciável no
processo brasileiro.

1.812.3. Distribuição do ônus da prova – Também recordava-se dever o


juiz, supletivamente, orientar as partes quanto ao ônus da prova no direito
anterior.109 O art. 357, III, resolveu, corretamente, explicitar esse dever. A
decisão de saneamento e de organização do processo indicará, de forma
expressa, mediante remissão ao art. 373 – distribuição estática e distribuição
dinâmica –, a regra de conduta e a regra de julgamento, caso a atividade
probatória, ao fim e ao cabo, revele-se infrutífera, a despeito de todos os
meios de prova típicos e atípicos.

As regras concernentes ao ônus da prova funcionam, simultaneamente,


como regra de julgamento (Entscheidungsnormen),110 falhada a instrução,
caso em que se destinam ao juiz, e como regra de conduta, precisamente
indicando às partes quem deve provar o que (retro, 1.338). Embora a
distribuição do ônus da prova seja preponderantemente estática (ou rígida) no
direito brasileiro (retro, 1.339), conforme a natureza do fato alegado
(constitutivo, extintivo, modificativo ou impeditivo) e a posição ocupada pela
parte na relação processual, e conhecendo as partes o disposto no art. 373,
não parece excessivo, em decorrência do dever de cooperação, na
subespécie do dever de esclarecimento (retro, 955.1), o juiz ministrar essa
orientação em contato direto com as partes.

E, com efeito, o critério adotado no art. 373 para distribuir fixamente o


ônus da prova padece de algumas dificuldades. Em primeiro lugar, não se
mostra fácil e intuitiva a classificação de certo fato como constitutivo, extintivo,
impeditivo ou modificativo.111 À parte falta, e com excruciante frequência,
maior clareza quanto à função do fato que alegou na petição inicial ou na
defesa. Ademais, os fatos assumem funções distintas conforme a posição
processual parte.112 Por exemplo: na ação de A contra B, pretendendo cobrar
as prestações do contrato X, incapacidade do figurante no negócio jurídico é
fato impeditivo, alegado pelo réu para repelir a pretensão; porém, na ação em
que B pleiteia a invalidação do contrato firmado com A, tal fato funciona como
constitutivo do pedido.

Por outro lado, nessa oportunidade surgirá, outra vez, o recorrente


problema da a prova dos fatos negativos. Essa espécie de fatos não se
encontra explicitamente previsto na distribuição estática do art. 373, I e II. De
ordinário, alegando o autor fatos negativos – v.g., na ação de extinção de
servidão, um dos fatos constitutivos é o não uso por dez anos (art. 1.389, III,
do CC); e nas ações declaratórias negativas, em geral –,113 inexistem motivos
para isentá-lo do ônus da prova e, por igual, das consequências desfavoráveis
da falta de prova; porém, em outros casos, incumbir o autor de provar fatos
negativos acarreta-lhe verdadeira probatio diabolica.114 Seja como for, aqui
entra o dever de esclarecimento do juiz, indicando ao autor que, malgrado a
natureza negativa do fato (v.g., na ação que A pleiteia de B a declaração da
inexistência de união estável), integra o tema de prova e compete-lhe o ônus
de prová-lo.

Nos casos em que a lei autoriza ao juiz a chamada distribuição dinâmica


do ônus da prova (retro, 1.340), a exemplo do art. 6.º, VIII, da Lei 8.078/1990,
nas relações de consumo, a audiência preliminar é o momento oportuno para
a distribuição, ope judicis, do encargo das partes. O juiz não se cinge a
orientar as partes, mas estipula, tout court, a futura regra de julgamento. Por
óbvio, não poderá fazê-lo posteriormente, em especial no próprio julgamento,
porque (a) atribuiria à parte risco que ela, confiada na regra do art. 373,
desconhecia de antemão; (b) retiraria da parte, ilegitimamente, a oportunidade
de produzir prova em favor do seu próprio interesse.

É o entendimento do STJ, que assinala o seguinte: “Se o modo como


distribuído o ônus da prova influi no comportamento processual das partes
(ônus subjetivo), não pode a inversão ope judicis ocorrer quando do
julgamento da causa pelo juiz (sentença) ou pelo tribunal (acórdão)”. Em
decorrência, indicou o saneamento como a ocasião adequada para o ato do
juiz “ou, pelo menos, assegurando à parte a quem não incumbia inicialmente
o encargo a abertura de oportunidade para apresentação de provas”.115
Distribuído o ônus da prova, por um dos critérios admissíveis – e, de resto,
não se exclui a vinculação do juiz à convenção das partes (art. 373, § 3.º) a
esse respeito, inclusive no âmbito do negócio processual mais amplo do art.
357, § 2.º –, e vencido o prazo comum de cinco dias previsto no art. 357, §
1.º, ou seja, superado o interregno propício ao pedido de esclarecimentos e
de ajustes, a distribuição do ônus da prova tornar-se-á instável e vinculada
para o órgão judiciário. Não é possível, na sentença, e constando a falta de
elementos de prova, julgar a causa em desacordo com a distribuição prévia
do art. 357, III. Por exemplo, se na designação de saneamento e de
organização do processo, em contato com as partes, considerou que atribuir a
prova de que o autor A contraiu a infecção enquanto hospitalizado no
nosocômio B implicava probatio diabolica para o réu, não cabe ao juiz, não
logrando sucesso o autor em produzir prova da natureza da infecção, julgar
desfavoravelmente ao réu.

A alteração da distribuição do ônus da prova, recusando-se o juiz a retirar


as inevitáveis consequências da falta de prova, dependerá da renovação da
instrução, propiciando ao réu a produção da prova (retro, 1.811.3.1).

1.812.4. Delimitação das questões de direito – A qualificação do material


de fato alegado e debatido pelas partes integra o ofício do órgão judiciário.
Exprime-se essa atividade, todavia mais complexa, porque a seleção e
interpretação da norma porventura aplicável ao litígio envolve operações
mentais delicadas e, em boa medida, inescrutáveis, no velho adágio iura novit
curia. Eventualmente, no momento de proferir a sentença definitiva, após a
formulação do juízo de fato, a motivação do pronunciamento surpreendia as
partes, embora o deleite do vencedor, apresentando questão de direito inédita
e, nessa perspectiva, decidindo o litígio. Aos formuladores do NCPC essa
dimensão dos poderes do órgão judicial pareceu pouco harmonizável com a
melhor interpretação do direito fundamental ao contraditório. Portanto, o art.
357, IV, impõe ao órgão judiciário, em contato direto com os procuradores das
partes, na audiência preliminar, ou na decisão de saneamento e de
organização do processo, explicitar claramente os rumos do seu pensamento,
na hipótese desta ou daquela questão de fato, anteriormente delimitada,
confirmar-se à luz da produção da prova.

Assim, na ação em que a autora A pede a separação do réu B, sob a


alegação de que o réu compareceu no motel X, no dia Y, acompanhado de C,
aí mantendo relações sexuais e, ainda não sendo este o caso, a simples visita
a estabelecimento dessa natureza por si já constitui injúria grave, cumpre ao
juiz, em primeiro lugar, enunciar como hipótese probanda a visita de B e C ao
motel X. Em seguida, apresentar ao debate das partes a caracterização desse
fato, sendo outro o propósito do comparecimento da dupla ao local, como
suficiente ao preenchimento dos elementos de incidência da norma a respeito
das causas hábeis à dissolução da sociedade conjugal, a fim de não
surpreender a autora com a rejeição do pedido sob este fundamento.

Logo se percebe a antecipação do trabalho mental da pessoa investida na


função judicante, em geral relegado à oportunidade da decisão da causa, para
o momento da decisão de saneamento e de organização do processo. Eis o
motivo por que na decisão do art. 357 localiza-se o núcleo do procedimento
comum, exigindo profundas mudanças no método de trabalho do juiz,
atualmente inclinado a ignorar até mesmo a fixação do tema da prova (infra,
1.819.3). É preciso aguardar a aplicação do NCPC, por algum tempo, para
verificar se os propósitos legislativos se concretizarão na prática. Porém, não
é possível averbar de incoerente ou de despropositado o art. 357, IV, em
perfeita harmoniza com a dimensão real do direito fundamental processual do
contraditório.

Em geral, o debate prévio das partes, nos atos postulatórios principais


(petição inicial, contestação e réplica) assentam o caminham e definem, mais
ou menos precisamente, as questões de direito pendentes, uma vez
certificadas, ou não, as alegações de fato. Em contato direto com as partes,
na audiência preliminar, o órgão judiciário limita-se a enunciá-las e consigná-
las na decisão de saneamento e de organização do processo.

Feita a delimitação das questões de direito, na forma do art. 357, IV, ao


juiz não é dado conhecer de questão distinta, ex officio, na sentença sem
renovar o debate das partes. Dando-se conta do equívoco anterior, ou do
caráter incompleto da delimitação feita, em lugar de aplicar o direito à espécie,
como hoje acontece (v.g., verificando o vencimento do prazo de decadência,
por este ou aquele motivo, emite a sentença do art. 487, II), tocar-lhe-á o
dever de renovar o debate sobre a questão anteriormente omitida. Em relação
à prescrição e à decadência, o art. 487, parágrafo único, apenas enuncia a
regra geral.

1.812.5. Preparação consensual da instrução e do julgamento – O NCPC


redefiniu o domínio das partes no processo civil. Lícito se afigura, a par de
estabelecer procedimento específico para determinada causa (art. 190),
chegado o procedimento comum ao estágio do art. 357, delimitar
consensualmente as questões passíveis de prova na fase de instrução e as
questões de direito objeto do futuro julgamento, confirmando-se, ou não, as
hipóteses de fato (art. 357, § 2.º). Essa delimitação consensual vinculará
partes e órgão judiciário.

Essa importante inovação, cuja repercussão prática representa uma das


incógnitas do NCPC, permite às partes descartar o que seja irrelevante ou
secundário, concentrando-se no cerne do litígio. É perfeitamente concebível,
ao abrigo do art. 357, § 2.º, alterar os elementos objetivos do processo (causa
petendi e pedido), com ou sem prazo suplementar para o debate, conforme
exige o art. 329, II. E, nesse caso, a vinculação impedirá quaisquer
retrocessos posteriores.

1.813. Etapa da designação da audiência principal

A última etapa da audiência preliminar consiste na designação da


audiência principal (art. 357, V).

Ressentindo-se as questões de fato de prova distinta da documental, o


esclarecimento da veracidade das alegações, aberta a fase da instrução,
subentende-se, substancialmente, a necessidade da produção de prova “oral”:
depoimento das partes e das testemunhas. A complementação oral da prova
pericial, mediante os esclarecimentos do art. 477, § 3.º, também entrarão no
cálculo do órgão judiciário.
O ato de designação da audiência preliminar é ato indelegável do juiz. Não
comporta transferência para o assessor ou o escrivão. Envolverá basicamente
a escolha do dia e da hora. Esses assuntos receberão análise em item próprio
(infra, 2.068.1).

Em geral, deferida somente a prova pericial, o juiz não designa


imediatamente a audiência de instrução. Embora obrigatória semelhante
designação, existindo prova oral a ser produzida, faculta-se ao juiz marcá-la
em ato ulterior.116

Duas razões levam o juiz a adotar essa prudente medida de economia. É


difícil medir corretamente o interregno entre a data fixada para a entrega do
laudo e a data possível para realizar a audiência. Esse empecilho não se
revela decisivo: de toda sorte, as datas disponíveis na pauta do juiz situam-se
bem no futuro. O que importa é a possibilidade de substituir os
esclarecimentos orais por esclarecimentos escritos do perito e dos
assistentes, evitando, a todo custo, a designação de audiência principal. A
atitude revela imensa e generalizada ojeriza à audiência de instrução e
julgamento. O ato mostra-se assaz penoso para partes e juízo. Não
representa o momento culminante do rito comum, posição que lhe reservava o
primeiro estatuto unitário,117 propiciando o contato do juiz com a prova –
objetivo primário do princípio da imediação –, o debate oral dos advogados e,
enfim, o julgamento da causa.

E, de resto, dando-se as partes satisfeitas com o laudo e os pareceres,


sem pleitearem os esclarecimentos do art. 477, § 3.º, prescindível a audiência,
conforme proclamou o STJ: “Produzida a prova e encerrada a instrução e não
havendo necessidade de esclarecimentos do perito, não caracteriza
cerceamento de defesa o julgamento antecipado” – rectius:
independentemente de audiência, porque a hipótese discrepa dos
pressupostos do art. 355, I –, “porque a realização da audiência de julgamento
seria uma inutilidade”.118

1.814. Documentação da audiência preliminar

Do que foi dito nos itens precedentes resulta evidente a necessidade de


documentar as atividades realizadas na audiência preliminar. Lavrará o
escrivão, sob o ditado do juiz, o termo de audiência, aplicando-se, por
analogia, o art. 367.119 Não importa o meio técnico de registro da palavra. O
escrivão consigna no termo o que o juiz lhe determina, ou seja, as ocorrências
principais (v.g., frustrou-se a tentativa de conciliação; o juiz concedeu a
palavra aos advogados, que debateram a questão xou a controvérsia y e o
meio de apurar-lhe a veracidade), por resumo, e as decisões tomadas, por
extenso.

Elementos do termo de audiência preliminar são os seguintes: (a) o dia, a


hora e o lugar da audiência; (b) o juízo em que se realiza a audiência,
designando, nominalmente, o diretor do proceso, e a sua condição de titular
ou substituto na vara; (c) a identificação do processo, inclusive com o número
de registro; (d) a declaração de abertura da audiência, bem como a da
efetivação dos pregões; (e) a identificação e a qualificação das partes e dos
advogados, estes com a indicação no número de registro no quadro
respectivo, e do órgão do Ministério Público, havendo de intervir como parte
coadjuvante; (f) a identificação e a qualificação do procurador, bem como
remissão à juntada da procuração; (g) a tentativa de conciliação (possível na
audiência preliminar): no caso de insucesso, o juiz não consignará o teor dos
debates, pois o conteúdo das propostas e contrapropostas, implicitamente
que seja, revela parcial reconhecimento do direito alheio;120 e, no caso de
êxito, remissão ao termo de autocomposição (art. 334, § 11), inclusive as
objeções ou o assentimento do órgão do Ministério Público, seguindo a
homologação do juiz, o que constitui sentença para os efeitos do art. 487,
III, b; (h) a identificação das questões processuais pendentes, a realização de
debate oral, ou não, a decisão tomada a seu respeito, concisamente
motivada, mas transcrita por inteiro no tempo; (i) a fixação do tema da prova,
precedida, ou não, de discussão oral; (j) o deferimento ou não dos meios de
prova, devendo o juiz motivar de modo conciso o ato decisório, e das
providências tendentes a produzi-los (v.g., a designação de perito e a fixação
de prazo para entrega do laudo); (k) o esclarecimento do juiz sobre a regra de
conduta aplicável ao caso, quer se tratando de distribuição estática, quer
distribuição dinâmica; (i) a delimitação das questões de direito; (l) a
designação da audiência principal, respeitando o interstício de uma hora entre
uma audiência e outra (art. 357, § 9.º).

Em caso de incidência do art. 357, § 2.º, o termo de audiência consignará


o inteiro teor da convenção das partes.

Elemento eventual será o rol de testemunhas, pois incumbe às partes


levá-lo na audiência preliminar (art. 357, § 5.º), bem como a limitação do
número de testemunhas, a teor do art. 357, § 7.º (infra, 1.971).

O meio de correção das imperfeições, omissões e erros do termo de


audiência preliminar é o usual (infra, 2.100).

§ 372.º Decisão de saneamento e organização do processo

1.815. Conceito e natureza da decisão de saneamento

À boa marcha do procedimento comum, barrando o caminho das


pretensões inadmissíveis ou viabilizando o julgamento das pretensões
admissíveis, mediante a expulsão dos vícios processuais que dificultem e
comprometam este objetivo primacial do processo (art. 317), impende que
haja oportunidade definida e nítida para essa tarefa.121 O itinerário do
procedimento comum deve contemplar momento ou fase para uma e outra
atividade. É a proposição fundamental do modelo concentrado de
saneamento, haurido do vetusto “despacho saneador” português, e adotado
no direito brasileiro originalmente segundo a técnica escrita.

Essa designação clássica – sobreviveu, no ius positum, até a Lei 11.280,


de 16.02.2006, alterar a redação do art. 338 do CPC de 1973 – retrata “a
decisão proferida logo após a fase postulatória, na qual o juiz, examinando a
legitimidade da relação processual, nega ou admite a continuação do
processo ou da ação, dispondo, se necessário, sobre a correção de vícios
sanáveis”.122 A simplificação imprimida ao procedimento pelo uso correto
desse remédio é tão estupenda que “ninguém pode deixar de reconhecer nele
o mais hábil instrumento técnico nas mãos do juiz moderno, para uma
realização mais apta da justiça civil”.123
A origem do despacho saneador é genuinamente portuguesa.124 Talvez os
doutores do direito comum houvessem intuído a necessidade premente do
saneamento. Força demais a mão, todavia, remontar a origem do despacho
saneador aos preparatoria iudicii medievais, como pretendeu o autor do
anteprojeto de CPC de 1939.125 Segundo valioso estudo do instituto, o
antecedente próximo deriva da recomendação feita aos magistrados
portugueses do Ministério Público, em 1841, que cuidassem de evitar ou de
suprir nulidades, sob pena de responsabilidade, antes de o Procurador Régio,
oficiando na apelação, delas tomasse conhecimento.126 O Decreto n.º 3, de
19.05.1907, adotou o então chamado “despacho regulador” no processo
sumário português.127 Posteriormente, o art. 24 do Decreto n.º 12.353, de
22.09.1926, introduziu a novidade no procedimento comum. Esses diplomas
alteraram o CPC português de 1876 – o movimento reformista é tão antigo,
quanto retardada a respectiva eficácia –, e seus frutos foram considerados
suficiente maduros para consagrar a figura definitivamente no art. 514 do CPC
luso de 1939.128Outros ordenamentos adotaram providências de idêntico
alcance e a doutrina alude ao ato como “despacho saneador”.129

No plano nacional, sem a designação que o notabilizou – despacho


saneador –,130 o pioneirismo deve-se ao art. 19, caput, do Dec.-lei 960, de
17.12.1938.131 Este diploma disciplinou a cobrança dos créditos da Fazenda
Pública e o dispositivo citado previa que, produzidas a defesa e a réplica, o
escrivão providenciasse a conclusão dos autos ao juiz, “o qual, ordenando o
processo, e depois de verificar se as partes são legítimas e estão legalmente
representadas”, emitisse despacho no prazo de dez dias para: “I – Mandar
suprir as irregularidades ou nulidades, dentre estas decretando as que forem
insanáveis; II – Decidir qualquer matéria estranha ao mérito da causa, mas
cujo conhecimento ponha termo ao processo; III – Ordenar, de ofício ou a
requerimento das partes, os exames, vistorias, diligências e outras provas
indispensáveis à instrução da causa; IV – Conhecer do mérito da causa se o
réu for revel ou a defesa tiver sido apresentada fora do prazo legal”.
Complementava a regra o art. 20 do mesmo Dec.-lei 960/1938, acrescentando
a ordem de comparecimento do réu, testemunhas e peritos na audiência de
instrução e julgamento (inc. I); ordenar a produção ou o exame de
documentos em poder do réu ou de terceiros (inc. II); e requisitar
esclarecimentos e informações de repartições públicas ou particulares (inc.
III).

Em termos similares, o art. 293 do CPC de 1939 mandava que, decorrido


o prazo da contestação e da reconvenção, o juiz em dez dias proferisse o
despacho senador. Sem lançar a barra tão longe como o art. 19, IV, do Dec.-
lei 960/1938, que previu o julgamento per saltum no caso de revelia, o art. 294
do CPC de 1939 estipulava que, nesse provimento, o juiz: “I – decidirá sobre a
legitimidade das partes e de sua representação, ordenando, quando for o
caso, a citação dos litisconsortes necessários e do órgão do Ministério
Público; II – mandará ouvir o autor, dentro de três dias, permitindo-lhe que
junte prova contrária, quando na contestação, reconhecido o fato em que se
fundou, outro se lhe opuser, extintivo do pedido; III – examinará se concorre o
requisito do legítimo interesse econômico ou moral; IV – pronunciará as
nulidades insanáveis, ou mandará suprir as sanáveis, bem como as
irregularidades; V – determinará exames, vistorias e quaisquer outras
diligências, na forma do art. 295”. E o parágrafo único esclarecia que as duas
primeiras providências seriam tomadas nos três primeiros dias do prazo de
dez dias previsto no art. 293 do CPC de 1939. Fundamentava-se esse exame
preliminar na imperiosa necessidade, nos “processos de tipo oral-
concentrado”, o tratamento das questões prévias e do mérito propriamente em
oportunidades distintas e cronologicamente separadas.132

O despacho saneador não constituía momento propício para o juiz


conhecer diretamente o pedido, proferindo o que se chamou de sentença
temporã,133 no regime do CPC de 1939. Essa tese prevaleceu na
jurisprudência do STF.134 No direito português, o art. 2.º do Decreto 12.353, de
29.09.1926, reformando o CPC luso de 1876, já contemplara o julgamento do
mérito ao primeiro contato da inicial, disposição que inspirou julgamentos de
mérito na oportunidade do saneador. A ampliação das funções do saneador
foi obra da jurisprudência portuguesa antes de chegar ao texto legislativo (art.
10 do Decreto 18.522, de 03.07.1930; art. 514, § 3.º, do CPC português de
1939).135

O atraso da legislação brasileira em relação à portuguesa só ficou


superado, em termos, pelo advento do CPC de 1973. Em seguida à fluência
do prazo de resposta, com ou sem o comparecimento do réu, o juiz adotará
certas providências preliminares e, cumpridas ou desnecessárias estas
medidas, o juiz proferirá o julgamento conforme o estado do processo,
abrangendo: (a) a extinção do processo (art. 329 do CPC de 1973); (b) o
julgamento antecipado “da lide” (art. 330 do CPC de 1973); e (c) declarando
saneado o processo, examinará os meios de prova propostos designando ou
não audiência principal, atividades posteriormente ampliadas (art. 331 do CPC
de 1973). A rigor, pois, neste último caso é que se aludirá à decisão de
saneamento propriamente dita.136

O art. 357 do NCPC remodelou o antigo despacho saneador, chamando-


se, de forma assaz apropriada, de saneamento e de organização do
processo. Em tal ato, eventualmente proferido em contado com as partes (art.
357, § 3.º), na audiência preliminar antes analisada, o juiz desincumbir-se-á
de várias atividades, igualmente objeto de exame no contexto da audiência
preliminar.

A atividade saneadora em sentido estrito (suprimento da inexistência e


saneamento dos vícios) realiza-se, como deflui do art. 352, em oportunidade
anterior, sendo objeto de decisão específica e prévia à declaração de o
processo encontrar-se apto a receber o julgamento de meritis. Findo o prazo
assinado para essa finalidade, surgem dois termos de alternativa: ou o juiz
abreviará o procedimento, porque o vício não pode ser removido (art. 354); ou
saneará o processo (art. 357), sendo útil e necessário o prosseguimento do
feito (art. 353).

A decisão de saneamento estrita constitui, nessa sistemática, simples


declaração da aptidão do processo, em virtude da resolução das “questões
processuais pendentes” de forma compatível ao prosseguimento, e
preparação do processo para a fase de instrução.

1.816. Fundamento da decisão de saneamento

É flagrante a meta perseguida pelas providências preliminares que


culminam na abreviação do procedimento ou na preparação da causa para a
fase de instrução. Como se assinalou, “sentia-se, de longa data, a
conveniência de separar e concentrar a apreciação de certas questões não
atinentes ao mérito da causa, antes de se haverem empregado no processo
esforço e tempo (princípio da economia processual)”.137

Visto o problema do ângulo da economia, o modelo de saneamento surte


efeitos em duas órbitas distintas. Em relação ao juízo, ou seja, globalmente,
permite o descarte dos processos sem aptidão para prosseguir utilmente. E,
individualmente, no próprio processo, “o ‘expurgo’ das matérias estranhas ao
mérito, para que neste se concentre, de maneira desembaraçada, a atenção
do órgão judicial”.138 A obtenção do máximo de rendimento com o mínimo de
atividade é atingida com o saneamento do processo.

1.817. Pressupostos da decisão de saneamento

O ato escrito de preparação da causa para a fase de instrução pressupõe:


(a) a desnecessidade de audiência preliminar; (b) a impossibilidade do
julgamento imediato.

A designação de audiência preliminar se subordina a pressupostos


flexíveis. Formalmente, realizar-se-á apresentando a causa questões
complexas ou que reclamem integração ou esclarecimento. Fatores diversos,
a começar que pelo custo intrínseco à atividade do juízo e das partes na
consecução dessa audiência, conspiram com êxito contra a realização da
sessão em causas que a comportaria nas comarcas, seções ou subseções
judiciárias de maior porte e movimento forense.

E, ademais, o juiz declarará saneado o processo, abrindo a fase de


instrução, não se configurando outras possibilidades de julgamento conforme
o estado do processo, segundo o previsto nos arts. 354, 355 e 356.

O juiz considera em dado processo, por um lado, útil o seu


prosseguimento, porque o instrumento de composição do litígio revela-se
idôneo a obter o julgamento do mérito; e, de outro, acredita necessário o
prosseguimento, porque a lide ainda não pode ser julgada satisfatoriamente,
em virtude da pendência de questões de fato a serem esclarecidas na
instrução. Cumpre ao juiz, então, resolver as “questões processuais
pendentes” no sentido de que o processo prossiga no seu ou em outro juízo.

1.818. Prazo da decisão de saneamento

Em sua versão originária, o art. 331 do CPC de 1973 previa que, ao


declarar saneado o processo, o juiz deferiria, ou não, a perícia, nomeando o
perito e facultando às partes a formulação de quesitos e a indicação de
assistentes (inc. I), e designaria a audiência principal, deferindo as provas a
serem realizadas (inc. II). Nada estipulava quanto ao prazo do provimento.
Pareceu-lhe suficiente a regra geral quanto ao prazo impróprio assinado às
resoluções do órgão judiciário. Era mais realista e minucioso o art. 293 do
CPC de 1939, marcando interregno de dez dias, passível de redução em
determinados casos, segundo o art. 294, parágrafo único, do CPC de 1939.

A remodelação do art. 331 do CPC de 1973 fixou o prazo de trinta dias


para realização, quando cabível, da audiência preliminar. Todavia, omitiu
qualquer referência ao prazo dessa designação. Entende-se que, cuidando-se
de ato vinculado, não constituiria o pronunciamento despacho de expediente,
mas de autêntica decisão interlocutória. Portanto, no direito anterior, era de
dez dias o prazo para designar audiência preliminar ou proferir a decisão de
saneamento.

O art. 357 não marcou prazo para a designação da audiência preliminar ou


a prolação da decisão de saneamento e de organização do processo em
gabinete. Por se tratar de decisão, em muitos aspectos agravável, incidirá o
art. 226, II, ou seja, o antigo e consagrado (no art. 293 do CPC de 1939)
prazo de dez dias.

1.819. Objeto da decisão de saneamento

O objeto virtual da decisão de saneamento encontra-se expresso no art.


357, I a V. Relembrando o que se assentou alhures, o juiz chega à decisão de
saneamento após tomar as providências preliminares porventura pertinentes
na espécie, dentre as quais avulta medidas tendentes a suprir (inexistência) e
sanear (validade) eventuais vícios, a teor do art. 352, e descartar a abreviação
do procedimento com fundamento nos arts. 354, 355 e 356. Então, o juiz
resolverá as “questões processuais pendentes”, como etapa prévia e
essencial ao prosseguimento do processo.

Entende-se por questões processuais pendentes as questões incidentes,


aludidas no art. 203, § 2.º, devendo ser analisadas quanto ao objeto e aos
efeitos.139 O modelo do processo civil brasileiro vai além e abrange as
preliminares de mérito. Assim, integra o objeto do saneamento as questões
prévias.

A decisão de saneamento, senão favorável ao autor (v.g., o juiz indefere a


objeção de litispendência, arguida pelo réu na contestação, a teor do art. 337,
VI), ao menos não implicará a extinção do processo (v.g., o juiz remeterá o
processo ao juízo competente, a teor do art. 64, § 3.º). Do contrário, o juiz não
proferiria a decisão de saneamento em sentido estrito, mas extinguiria o
processo, emitindo sentença terminativa (art. 354 c/c art. 485).

Definem-se essas questões prévias ao mérito, e preexistentes à


oportunidade do saneamento, por dois critérios: (a) negativo; (b) positivo.

1.819.1. Questões prévias eventuais no saneamento – As questões


integrantes de incidentes autônomos (incompetência relativa alegada na
forma do art. 340, impedimento, suspeição, distribuição e impugnação ao
benefício da gratuidade concedido ao réu) têm trâmites próprios e só por
coincidência temporal – a tramitação do incidente revela-se decisiva – o juiz
as equacionará na própria decisão de saneamento, sendo digno de registro,
declarando-se desimpedido e insuspeito, não lhe competir julgar a exceção de
parcialidade, eventualmente ainda em tramitação, pois o relator não lhe
atribuiu efeito suspensivo (art. 146, § 2.º, I). Embora nada impeça apreciação
simultânea de todas, ou de algumas, cuida-se de simples eventualidade.
Assim, o critério negativo aponta quais matérias não se mostram naturais no
objeto da decisão prevista no art. 357, I. O modelo concentrado de
saneamento adotado na lei brasileira comporta algumas exceções
significativas.
1.819.2. Questões prévias obrigatórias no saneamento – A decisão de
saneamento insere-se, no âmbito do julgamento conforme o estado do
processo, como nítida alternativa à extinção do processo. O saneamento
proclama a aptidão do processo para receber julgamento de mérito. Para essa
finalidade, o juiz há de enfrentar as questões preliminares do art. 337 e as
hipóteses de extinção do art. 485, ex officio ou a requerimento das partes,
mas debatidas previamente. Essas matérias compõem conjunto de questões
conhecidos, respectivamente, como pressupostos processuais (retro, 97) e
condições da ação (retro, 225). A enumeração das questões já foi feita na
audiência preliminar (retro, 1.811.1).

À exceção da convenção de arbitragem (art. 337, X, c/c § 5.º) e da


incompetência relativa, ao juiz compete conhecer essas questões de ofício.
Nem todas, entretanto, têm cabimento e pertinência individualmente em
determinada causa. Assim, o juiz examinará as questões suscitadas pelas
partes, ou apreciáveis ex officio, mas debatidas – tal a finalidade da
providência preliminar do art. 351 (retro, 1.786) –, pois não é lícito ao juiz
surpreender as partes e examinar, originariamente, questão englobada nos
arts. 337 e 485, conquanto para rejeitá-la, sem oferecer o problema ao debate
prévio.

O juiz também declarará, na oportunidade em que examina as questões


debatidas, a validade dos atos até então praticados no processo,
independentemente da origem – das partes (v.g., a capacidade postulatória),
do próprio juiz (v.g., a competência) e dos auxiliares (v.g., a citação). Existem
três hipóteses: (a) o processo desde o início estava isento de vícios; (b) os
vícios inicialmente existentes restaram sanados, no prazo previsto no art. 352;
(c) os vícios que remanesceram constituem irregularidades, e, desse modo,
não impedem o prosseguimento útil do processo.

Disso resulta que a decisão de saneamento expressa dois juízos positivos:


(a) admissibilidade da pretensão processual; (b) validade do processo.140

1.819.3. Saneamento explícito e saneamento implícito – Não se pré-exclui


a emissão de um desses juízos, ou de ambos, no todo ou em parte, de forma
implícita, expressa na fórmula – o presságio é bom para os fins próprios do
processo – “nada a sanear”. E, ato contínuo, o juiz fixa o tema da prova,
defere os meios de prova especificados, ou ordena a produção de prova ex
officio, distribuiu o ônus da prova e delimita as questões de direito,
designando, ou não, audiência de instrução. O processo segue avante no
itinerário completo do procedimento comum.

Excepcionalmente, portanto, a decisão de saneamento e de organização


do processo pode (e, tanto melhor, costuma) ser implícita. O saneamento
explícito é decisão como as outras e não oferece maiores dificuldades.

O saneamento implícito, para fins de impugnação, assente a premissa que


o agravo previsto para combater a solução das questões incidentes
recorríveis (nem todas o são na sistemática do NCPC), cabe somente das
decisões do órgão judiciário, jamais das omissões, não desafia recurso. Se o
juiz, ao proferir decisão desse teor, omitiu o exame de certa questão passível
de agravo de instrumento (v.g., a integração de litisconsorte necessário), o
recurso cabível é os embargos de declaração, a fim de suprir a omissão (art.
1.022, II). Nada havendo a sanear, realmente, o ato não desafia recurso,
exceto quanto às etapas subsequentes, consoante o regime do agravo de
instrumento – a redistribuição do ônus da prova (art. 1.015, XI).

Do saneamento implícito, porque o diálogo travado no processo entre


partes e órgão judiciário não versou questão prévia ao mérito, distingue-se a
postergação da análise de alguma dessas questões, porque dependente de
prova. Essa possibilidade é admitida na Súmula do STF, n.º 424.

Em determinada ocasião, o STJ estimou impossível de declarar parte


ilegítima empresa de previdência privada, na demanda movida por titular de
benefício, em parte pago pela antiga empregadora, noutra parte satisfeito pela
empresa de previdência, e que pleiteava o pagamento integral do
benefício.141 A rigor, inexiste necessidade da produção de prova distinta da
documental, bastando ler o contrato e definir quem responde pelo que, a fim
de concluir se o autor dirigiu bem ou mal a demanda. O precedente
materializa o risco, em tese admitida a postergação da imediata resolução das
questões prévias ao mérito nessas bases frágeis e inconsistentes, de a
decisão de saneamento transformar-se em simulacro da verdadeira
preparação do processo para instrução e julgamento. O objetivo do
saneamento consiste em eliminar, desde logo, pretensões processuais
inadmissíveis e processos irremediavelmente viciados. Frustrar-se-ia essa
finalidade no caso de o juiz remeter para momento futuro e indeterminado as
questões prévias.

Como quer que seja, acontecendo postergação, o juiz há de motivar a


decisão, tornando explícita a deliberação a esse respeito, e deixando de fazê-
lo, cabem embargos de declaração. Suprida, ou não, a omissão, problema
distinto consiste em admitir o cabimento do agravo de instrumento, à luz do
art. 1.015, para constranger o juiz a fazê-lo.

E, nesse aspecto, flagra-se grosseira imprevisão legislativa. A rigor,


caberia prever agravo de instrumento contra a decisão do art. 357, nos seus
múltiplos aspectos, vez que constitui o núcleo do procedimento comum do
NCPC. Os benefícios de o juiz prover na forma do art. 357 são flagrantes,
ficando o processo preparado, conforme o resultado da instrução, ao futuro
julgamento. Ora, não sendo previsto qualquer recurso imediato, não é difícil
prever a abstenção geral do órgão judiciário, infelizmente sobrecarregado pela
numerosidade e pouco propenso à árdua atividade aí prevista, frustrando-se
os elevados propósitos da decisão de saneamento e de organização do
processo. Dificilmente o órgão ad quem, na futura apelação, pilhando a
omissão do órgão judiciário, retrocederá à etapa de saneamento, preferindo
aproveitar a sentença definitiva e avaliar se encontra bem ou mal fundada.

Não se almeja, aqui, agourar a decisão de saneamento e de organização


do processo, mas apresentar o problema na sua verdadeira extensão.

1.820. Obrigatoriedade da decisão de saneamento

O modelo concentrado de saneamento e de organização do processo


obriga o juiz a resolver todas as questões debatidas, agrupadas ou não, nas
classes dos pressupostos processuais e condições da ação, e que assumem
caráter prévio ao julgamento do mérito. Ficam ressalvadas as questões (a)
autônomas (v.g., a impugnação à concessão do benefício da gratuidade em
fase ulterior do processo) e (b) supervenientes (v.g., o desaparecimento do
interesse processual).

Não se compadece com a sistemática vigente, “tão sensível ao princípio


da economia processual”,142 o adiamento dessa análise. O prosseguimento do
processo sem aptidão para receber julgamento do mérito demandará tempo,
envolverá terceiros (v.g., o perito), e acarretará custo financeiro expressivo.

O saneamento em sentido estrito, ao separar os processos que


prosseguem e liquidar os que não apresentam condições, assume
importância superior à do processo individualmente objeto da provisão. Essa
particularidade recebeu incisivo juízo do STJ: “Sendo assim, não há como o
julgador deixar de proceder ao despacho saneador, deixando, in albis, as
preliminares suscitadas e passando diretamente para a fase de instrução e
julgamento, presumindo-se, assim, que o processo encontra-se sanado, sob
pena nulidade absoluta do feito”.143

Em item anterior, ministrando o exemplo da pretensão do titular de


benefício previdenciário em recebê-lo integralmente, deduzida contra a
empresa de previdência privada, mas que respeita à parte do antigo
empregador,144 já se assinalou a impertinência do adiamento nos casos em
que, segundo prática preexistente e recorrente,145 o juiz relega a análise da
matéria objeto do saneamento para a sentença (infra, 1.821.1). A lei do menor
esforço transformaria a exceção em regra e o saneamento em simulacro,
desatendendo a finalidade precípua de o juiz só levar avante processos aptos.

1.821. Efeitos da decisão de saneamento

A decisão de saneamento surte três efeitos: (a) o prosseguimento do


processo; (b) a estabilização definitiva do objeto litigioso; e (c) a preclusão das
questões prévias de mérito porventura decididas.

1.821.1. Prosseguimento do processo – Declarando saneado o processo,


porque apto ao julgamento do mérito, todavia ainda não cabível, porque
pendem questões de fato a reclamar prova distinta da documental, o juiz
abrirá a fase de instrução do processo. Provas se produzem em audiência,
salvo a perícia, nela só completada; por essa razão, após a fixação do tema
da prova, a distribuição, ope judicis, do ônus da prova e a determinação de
quais provas serão produzidas, e a delimitação das questões de direito, o juiz
designará audiência de instrução e julgamento, “se necessário”.

Fórmula ambígua, a cláusula intermediária do art. 357, V, reclama


explicações. Na verdade, a designação da audiência principal, existindo prova
oral a ser produzida, revela-se obrigatória; porém, o deferimento da prova
pericial, realizada antes – o art. 477, caput, determina que o perito apresente
o laudo, no prazo fixado pelo juiz, “pelo menos 20 (vinte) dias antes da
audiência de instrução e julgamento” – recomenda, a mais das vezes, o juiz
abster-se desse ato desde logo. Faculta-se ao juiz, em suma, marcá-la
posteriormente.146 Era o uso na vigência do CPC de 1939.147 Relevantes
razões práticas contraindicam a imediata designação da audiência principal:
(a) a incerteza quanto à data da efetiva entrega do laudo, sujeita a atrasos e
postergações; (b) a falta de controle do tempo necessário à prestação de
esclarecimentos pelo perito e pelos assistentes, geralmente por escrito e em
oportunidades sucessivas, porque as respostas não satisfazem as partes; (c)
a real necessidade da prova testemunhal, em decorrência dos resultados da
perícia e a incidência do art. 443, II, segunda parte.

A cláusula intermediária do art. 357, V – “se necessário” – não é muito


clara quanto ao caráter facultativo da designação da audiência principal.
Comporta entendimento diverso, calcado no seguinte raciocínio: inexistindo
prova oral a produzir-se, nenhuma audiência o juiz designaria no caso
concreto, única conjuntura da proposição legislativa. É mais útil e vigorosa a
interpretação facultando ao juiz semelhante designação no caso oposto:
deferida a prova testemunhal ou o(s) depoimento(s) pessoal(is), as
vicissitudes da perícia impedem o juiz de marcar a data da audiência principal.

O art. 357, § 8.º, parte final, antevê essa dificuldade, autorizando o juiz a
fixar calendário para a perícia. Todavia, imprevistos acontecem, nessa seara,
e nada assegura a estrita observância de prazos rígidos. Aparentemente,
parece mais consentâneo à realidade deixar para depois o art. 357, V.

Seja como for, designada a audiência de instrução e julgamento, ou não,


mas determinada a realização da prova testemunhal, da intimação das partes
por via eletrônica (art. 270) ou através de publicação no órgão oficial (art.
272), fluirá o prazo de quinze dias para as partes arrolarem as testemunhas
(art. 357, § 4.º), providenciando os advogados a respectiva intimação (art.
455, caput, e § 1.º), salvo os casos legais (v.g., art. 454), oportunidade em
que a parte também requererá a intimação pelo juízo (art. 455, § 4.º, II). Esse
rol deverá de ser apresentado na audiência preliminar (art. 357, § 5.º). Então,
se o juiz já não o fez, realizar-se-á o controle ope judicis do número de
testemunhas (infra, 1.971.2).

1.821.2. Estabilização do objeto litigioso – A emissão do provimento de


que cuida o art. 357 marca o termo final para o autor modificar a(s) causa(s)
de pedir ou o(s) pedido(s) originários, mediante o consentimento do réu (art.
329, II).

Em princípio, as modificações no objeto litigioso tendem a torná-lo


objetivamente complexo, mediante (a) a exposição de mais uma causa
(mutatio), subsidiando pedido já formulado ou amparando pedido novo; e (b) a
introdução de pedido não contemplado na petição inicial, todavia congruente
à causa petendi anteriormente exposta. Eis o motivo por que do assunto
cuidou-se no âmbito da cumulação sucessiva (retro, 285). Por
exemplo, A pede a separação de B, alegando adultério de Bcom C, no
motel X, que tornou a vida em comum insuportável; mas, na
contestação, B impugna o contato íntimo com C, ministrando prova hábil que
se tratava de D e o encontro teve propósito inocente; na réplica de A,
manifestando-se sobre a prova documental, surge alegação que, antes do
encontro no motel, B embriagou-se e espancou A. Essa modificação introduz
nova causa petendi. O objetivo de A é evidente: enfraquecida a razão de fato
originária, apresenta outra ao juiz, mas persuasiva e contundente.

Talvez o autor modestamente intente trocar a causa petendi, o pedido, ou


ambos os elementos objetivos, emprestando nova feição à pretensão
processual, que permanece única. O assunto continua regulado no art. 329, II,
com o importante acréscimo do art. 357, § 2.º (retro, 1.812.5).

Delicado problema de individualização dos elementos objetivos surge na


modificação da demanda.148 No que tange à causa, retorna-se à grave e
infindável problemática da cabal identificação do fato constitutivo, e,
conseguintemente, da causa de pedir. Assim, na separação movida
por A contra B, em que A alega que o réu encontrou C no motel X, a autora
pretende que colóquio entretido com D nesse local, e, não, C, não implica
mudança, devendo ser acolhido o pedido, mas simples especificação da
causa de pedir originária. A modificação (mutatio) não se confunde com a
explicitação (emendatio) da causa de pedir e do pedido. A diferença descansa
na circunstancia que, no esclarecimento da causa ou do pedido
(emendatio),149 inexiste alteração na alegação dos fatos principais ou do bem
da vida. A importância dessa distinção, de seu turno, respeita à adstrição do
órgão judiciário. A futura sentença definitiva obedecerá ao princípio da
congruência (retro, 1.571), diretriz obrigatória no processo
constitucionalmente justo e equilibrado. O provimento de mérito não pode
fundar-se em causa de pedir não alegada ou alegada extemporaneamente.

Nem sempre se mostrará fácil e evidente, no calor dos debates, constatar


e apurar a alteração. É verdade que itinerário do procedimento comum indica
o momento dos atos postulatórios. Fatos e pedidos novos só podem ocorrer
em tais oportunidades, diluindo-se em outro contexto – por exemplo, na
réplica do autor (retro, 1.777), ou incorporam-se em petição formal, dirigida ao
órgão judiciário, e guarnecida dos requisitos do art. 319. Representaria
suprema ingenuidade, todavia, não imaginar a preferência por modificações
sutis, diluídas e insinuadas, por exemplo, na especificação da prova, e, ao fim
ao cabo, ressurgentes na ocasião do julgamento. O problema fundamental
implicado nessa última possibilidade consiste na infração aos direitos
fundamentais processuais da defesa e do contraditório. O réu se defende
contra fatos e uma coisa é negar o ingresso no motel X com C, o que
significaria adultério, e outra bem, bem diversa, é o ingresso no
motel X com D, fato que tem explicação plausível e inocente. Em certo julgado
do STJ, esse aspecto recebeu a seguinte e esclarecedora consideração: “O
réu, ao ser citado, ocupar-se-á de apresentar a sua contestação aos fatos
narrados pelo autor na peça vestibular, especialmente em virtude da
estabilização da demanda prevista no art. 329 c/c art. 357, § 1.º. Não lhe
cumpre exercer em juízo de futurologia para rebater fatos que, embora não
tenham sido alegados pelo autor na exordial, poderiam vir a ser ventilados
pelo autor ou pelo julgador. Tal conjectura, realmente, atentaria contra os
primados da segurança jurídica, do contraditório e da ampla defesa”.150

O objeto litigioso se estabiliza, no processo civil brasileiro,


progressivamente. O art. 329 e 357, § 2.º, parte final, traçam as seguintes
regras: (a) lícita modificação unilateral da causa e do pedido até a citação do
réu; (b) feita a citação, as mudanças na causa e no pedido subordinam-se ao
consentimento do réu, e, portanto, adquirem caráter bilateral; e (c) após o
saneamento do processo, ou seja, da resolução das questões prévias
favoravelmente ao autor, permitida a delimitação consensual do art. 357, § 2.º,
nem sequer o ulterior consenso das partes pode alterar os elementos
objetivos.
O termo final para a alteração convencional da causa petendi e do pedido
é a emissão da decisão do art. 357, na audiência preliminar ou não. Antes
disso, não se esgotou, ainda, a oportunidade traçada no art. 357, § 2.º. Por
inferência, no curso das providências preliminares dos arts. 350 a 352 as
partes podem alterar os elementos objetivos da demanda.151

A revelia do réu não altera esse regime substancialmente. O réu talvez se


represente no processo (art. 346, parágrafo único) e consinta com a
modificação, usufruindo, então, o prazo de quinze dias do art. 329, II.

O art. 329, II, c/c art. 357, § 2.º, marcam a última ocasião propícia à
modificação da demanda. Por intermédio da decisão de saneamento, com
efeito, o juiz fixa o tema da prova e admite os meios tendentes a provar as
alegações de fato controvertidas. Eventual modificação posterior, ultimada a
fase de instrução, não só infringiria o princípio dispositivo (retro, 326), e o
correlato princípio da congruência (retro, 1.571), integrante do núcleo do
processo constitucionalmente justo e equilibrado, a revelar opção autoritária,
como não realiza ponderação equilibrada dos valores em jogo. Com efeito,
após ou no curso da fase de instrução, ou o réu enfrentaria fato consumado,
que a abertura de prazo formal de defesa não mitigaria, ou a instrução seria
refeita no todo ou em parte. Nenhuma dessas consequências se afigura
razoável. No tocante à primeira, figure-se o seguinte caso: na demanda em
que A pleiteia a separação de B, a prova revela que o réu não entreteve
relações sexuais com C (fato alegado), mas injuriou gravemente a
autora A (fato não alegado), que se apressa em pedir o acolhimento do
pedido por este fundamento no debate oral ou escrito (art. 364); então, o juiz
abre prazo para o réu apresentar defesa. Forçoso admitir a possibilidade de o
réu produzir contraprova.

A insistência em imprimir limites mais flexíveis à modificação da demanda,


vez que os princípios da eventualidade – todavia, inexistente para o autor, que
não é obrigado a expor todas as causas de pedir existentes na petição inicial
– e da congruência, bem como a preclusão, “visam a assegurar a amplitude
da defesa e o normal desenvolvimento do processo”,152 não esclarece a
essencial: a harmonização do direito fundamental processual de defesa com a
modificação serôdia da demanda originária. E o exemplo ministrado –
sentença incongruente no mandado de segurança, em virtude da introdução
sub-reptícia de causa de pedir acolhida pelo juiz – não se ajusta à maioria dos
litígios, em que há questões de fato passíveis de prova distinta da
documental.

É claro que, preconizando-se a modificação na hipótese de anuência de


todos os sujeitos do processo (partes e órgão judiciário),153 o problema
simplesmente desaparecerá, descontentando os arautos do objetivo oculto:
beneficiar o autor. O réu tem interesse normalmente antagônico à modificação
temporalmente ilimitada. Em geral, senão invariavelmente, intenta realizar
modificação unilateral o autor, confrontado com defesa vigorosa do réu. Eis o
sentido da nova relação entre a articulação da demanda e decisão “justa”,
alegadamente de acordo com a moderna hermenêutica jurídica.154 A
invocação do valor justiça deixa claro as coisas. Eventual decisão no estado
da causa mostrar-se-ia injusta. Pois bem. Fundando-se a modificação
ilimitada avulta na presumível economia de atividades processuais, ponto de
partida que subentende a necessidade de outra demanda, abrigando as
alegações omitidas, desconhecidas ou não (v.g., na separação pleiteada
por Acontra B, fundada no adultério de B com C, a prova revela que B,
embora fiel, injuria gravemente a consorte –, logo se percebe que o objetivo
de alcançar a decisão “justa” interessa ao autor e – legítimo admiti-lo – para o
Estado, eventualmente desobrigado de prestar jurisdição em outro processo.
Não interesse ao réu. A vitória que o estado da causa esboça para o réu ser-
lhe-á surrupiada pela ulterior modificação da demanda.

1.821.3. Preclusão das questões prévias de mérito – Ao proferir a decisão


de saneamento, o juiz emite duplo juízo positivo: (a) de admissibilidade da
pretensão processual, apta ao julgamento de mérito; (b) de validade do
processo em que se insere essa mesma pretensão. E tal implica resolver as
questões prévias no sentido de permitir o prosseguimento do processo (v.g.,
rejeitar a preliminar de litispendência; rejeitar a exceção de prescrição) e,
antes disso, adotar as providências tendentes, a cargo da parte ou não, para
suprir a inexistência (v.g., a falta de citação do réu) e sanear as invalidades
porventura constatadas (v.g., o defeito na representação técnica do autor). A
decisão de saneamento tem força declarativa respeitante às questões
suscitadas, debatidas e decididas no âmbito desses juízos. As questões que,
nada obstante não terem sido suscitadas, e, portanto, debatidas, mas ao juiz
é dado conhecer, ex officio, eventualmente ficarão submetidas ao órgão ad
quem por força da apelação do vencido, conforme sejam ou não suscitadas.

A muitos parece altamente desejável que, chegado esse estágio, a aptidão


da pretensão processual e a validade do processo tornem-se insuscetíveis de
revisão perante o mesmo órgão ou em órgão superior, tese que vicejou ao
tempo do primeiro código unitário,155 sob forte inspiração italiana.156 A
resolução do juiz só pode ser revista mediante a interposição do recurso
próprio – entre nós, ante as razões explicadas no item seguinte, o insuficiente
(quanto à extensão) agravo de instrumento (infra, 1.822). Rejeitado
definitivamente tal recurso, ou não impugnada a decisão de saneamento,
verificar-se-ia preclusão para as partes e para o órgão judiciário.157Ora, é bem
pouco razoável que, rejeitada a preliminar de coisa julgada, não seja lícito
rever o juízo equivocado, confiando que futura rescisória liquide o incômodo
fenômeno da colisão de coisas julgadas. E, de toda sorte, remanesceriam em
aberto questões prévias suscitadas ou, simplesmente, suscitáveis e
apreciáveis ex oficioque, por desatenção ou inexplicável inércia, a respeito
das quais o juiz nada decidisse. Na visão mais radical, há preclusão, porque
“daí em diante já não é possível apreciá-las”.158

Dependerá do sentido e do alcance do instituto da preclusão a cabal


resolução desse problema. A Súmula do STF, n.º 424, consagrou meio termo:
“Transita em julgado o despacho saneador de que não houve recurso,
excluídas as questões deixadas, explícita ou implicitamente, para a sentença”.
Incorreu o verbete no defeito de aludir ao trânsito julgado, em vez de
preclusão, escusável no sentido que, proferida a decisão de saneamento, já
não se pode renovar a questão resolvida; porém, a dicção do verbete revela-
se perigosíssima “quando da impropriedade verbal se passa à imprópria
aplicação das normas e dos princípios sobre a ‘coisa julgada’”.159E acertou o
verbete quanto às questões não resolvidas, deixadas ou não para serem
resolvidas junto com a sentença: imunes à impugnação mediante o agravo de
instrumento, jamais precluem. Não era, de toda sorte, a opinião do autor do
anteprojeto que resultou no CPC de 1939, segundo o qual a resolução das
questões incidentes pode ser revogada pelo juiz, ex officio.160

À medida que o art. 485, § 3.º, declara a matéria atinente à


admissibilidade (pressupostos processuais e condições da ação), e, a fortiori,
à validade do processo (relativamente ao juiz) passível de apreciação a
qualquer tempo e grau de jurisdição, conforme estipulava regra equivalente no
CPC de 1973, o STF ressalvou o entendimento cristalizado na Súmula,
admitindo a revisão dessas questões,161 acompanhado pelo STJ – nas
instâncias ordinárias.162 Esse entendimento é o correto, como já se defendia
na vigência do primeiro código unitário.163

Ao estado atual da questão, cumpre acrescentar a devida ressalva:


preclusão hierárquica (retro, 1.148.4). Decisão do primeiro grau, confirmada
(rectius: substituída) pelo pronunciamento do órgão ad quem, não pode ser
revista, salvo no próprio órgão ad quem.

Em aberto, a exigir maiores esclarecimentos quanto ao objeto da


preclusão, subsiste o problema relativo à preclusão das questões prévias de
mérito. À negativa de o juiz resolvê-las negativamente, na decisão de
saneamento, porque integrantes do mérito,164 vantajosamente responde o
argumento sistemático. O sistema compele o juiz, ao primeiro contato com a
inicial, examinar a prescrição e a decadência (art. 332, § 1.º), e, de resto, a
restrição não persuadiu intérpretes do primeiro código unitário.165 Admita a
possibilidade, segue-se o desconcertante entendimento de que as questões
da prescrição e da decadência, uma vez decididas, não podem mais ser
modificadas.166 Ora, tais questões são apreciáveis ex officio (art. 487, II).
Valem, pois, as mesmas razões invocadas para repelir a preclusão do
pronunciamento acerca das condições da ação e dos pressupostos
processuais. O ponto merece urgente reexame na jurisprudência. É bem de
ver que muitos visualizam, aí, sentença “parcial” de mérito. Mas, não era esse
o melhor entendimento após uma das muitas reformas do direito italiano.167

1.822. Recorribilidade da decisão de saneamento

A explícita declaração de saneamento, proferida nos termos do art. 357


constitui decisão interlocutória (art. 203, § 2.º). Porém, não desafia por si
mesma o recurso de agravo de instrumento (art. 1.015), ao contrário do direito
anterior.168 A terminologia tradicional – despacho saneador – não tem relevo.
Ao cabimento do recurso próprio contra determinado ato decisório, no direito
brasileiro, afigura-se irrelevante o nome conferido pelo juiz ou a forma do
provimento, importando apenas sua natureza.

A decisão de saneamento determina o prosseguimento do processo e


predetermina o futuro andamento. Assim, conforme o meio de prova admitido
(v.g., o juiz ordena a realização de perícia, pré-excluindo, baseado no art. 443,
II, segunda parte, a prova testemunhal), haverá ou não audiência de
instrução. Parece imperioso, nesse cenário, propiciar o reexame imediato da
resolução. Em outra oportunidade, ilustrou-se a necessidade da subida
imediata do agravo no caso da rejeição da questão prévia relativa à
incompetência absoluta (art. 337, II), caso em que o ato é de capital
importância para os atos decisórios supervenientes, inclusive a própria
sentença definitiva, por força da nulidade cominada (art. 64, § 4.º). O vício é
tão grave que, após o trânsito em julgado, transmuda-se em motivo de
rescisão do provimento de mérito (art. 966, II, in fine). Não é questão passível
de relegação para o julgamento da apelação, embora, no direito anterior, o
STJ reconhecera a admissibilidade da conversão do recurso no então agravo
retido, postergando o reexame para futura apelação.169 E, nessa mesma linha,
absteve-se de reexaminar imediatamente as questões prévias, porque
inexistente mal irreparável.170 Essa orientação respaldava-se na doutrina.171

Eis a fonte próxima de o art. 1.015 não prever recurso de agravo contra a
decisão de saneamento enquanto tal. Logo, nada assegura o cabal
cumprimento do art. 357 pelo órgão judiciário, como anteriormente explicado
(retro, 1.819.3).

Capítulo 81. PROCEDIMENTO PROBATÓRIO


SUMÁRIO: § 373.º Fase da instrução – 1.823. Natureza da instrução –
1.824. Composição da instrução – 1.825. Etapas da instrução – 1.826. Ordem
da instrução – § 374.º – 1.827. Momento da proposição da prova – 1.828.
Forma da proposição da prova – 1.829. Efeitos da proposição da prova – §
375.º Etapa da admissão da prova – 1.830. Momento da admissão da prova –
1.831. Forma da admissão da prova – 1.832. Conteúdo da admissão da prova
– 1.833. Efeitos da admissão da prova – § 376.º Etapa da produção da prova
– 1.834. Momento da produção da prova – 1.834.1. Produção da prova em
primeiro grau – 1.834.2. Produção da prova em segundo grau – 1.834.3.
Produção antecipada da prova – 1.835. Forma da produção da prova – 1.836.
Princípios da produção da prova – 1.836.1. Princípio da concentração dos
atos de instrução – 1.836.2. Princípio da imediação nos atos de instrução –
1.836.3. Princípio do contraditório nos atos de instrução – 1.837. Recepção da
prova – § 377.º Etapa da apreciação da prova – 1.838. Momento da
apreciação da prova – 1.839. Sistema da apreciação da prova – 1.840.
Revisão da apreciação da prova – § 378.º Meios de prova atípicos – 1.841.
Conceito de prova atípica – 1.842. Requisitos de admissão da prova atípica –
1.842.1. Legalidade da prova atípica – 1.842.2. Moralidade da prova atípica –
1.842.3. Contradição na prova atípica – 1.842.4. Subsidiariedade da prova
atípica – 1.843. Espécies de provas atípicas – 1.844. Prova emprestada –
1.844.1. Admissibilidade da prova emprestada – 1.844.2. Requisitos da prova
emprestada – 1.844.3. Efeitos da invalidade da prova emprestada – 1.845.
Depoimento escrito – 1.846. Requisição de informações – 1.846.1. Natureza
da requisição de informações – 1.846.2. Requisitos da requisição de
informações – 1.846.3. Procedimento da requisição de informações – 1.847.
Comportamento processual – 1.848. Juramento – 1.849. Depoimento técnico
– 1.850. Constatação oficial – 1.851. Ata notarial.

§ 373.º Fase da instrução

1.823. Natureza da instrução

O juiz desempenha várias atividades e pratica atos de natureza


heterogênea no curso do processo. Os atos decisórios destacam-se
naturalmente por seu vulto e transcendência perante as partes. O realce
excessivo a tal espécie tende a obscurecer os atos materiais do órgão
judiciário. Esses atos já receberam análise geral (retro, 1.120). Dividem-se em
duas classes fundamentais: (a) atos de instrução; (b) atos de
documentação.1 E o exemplo mais expressivo, quiçá excêntrico, reside no art.
740, § 4.º, no contexto da arrecadação da herança jacente, cumprindo ao juiz
examinar, reservadamente, “os papéis, as cartas missivas e os livros
domésticos”, e, apurando que não apresentam interesse, “mandará
empacotá-los e lacrá-los para serem assim entregues aos sucessores do
falecido”, ou queimados, inexistindo sucessores e maior interesse na
respectiva preservação. Entende-se por queima a destruição física, pois o
fogo é fonte de poluição ambiental e constitui a última opção. O redator dessa
parte do NCPC não se atualizou suficientemente.

Os atos de instrução representam a classe mais proeminente e numerosa


dos atos materiais. Exemplo conspícuo reside na direção da audiência, na
qual se produzirá, salvo disposição em contrário, as provas; a coleta direta e
pessoal da prova. Esses atos concentram-se, sem exclusividade, ou seja,
predominantemente, na fase (ou etapa) de instrução.2 E, no modelo da Civil
Law, sobreleva-se o papel do órgão judiciário, haja vista o poder de instrução.3

A etapa de instrução engloba atividade iniciada com a decisão de


saneamento, em que há admissão da prova (art. 357, II), e encerrada no ato
que, segundo o art. 364, caput, dá por “finda a instrução”. A par dos atos
materiais, o juiz emite vários atos decisórios, preparando a instrução e
resolvendo os respectivos incidentes, no que convém chamar de
procedimento probatório.

1.824. Composição da instrução

A tradição do direito pátrio consagra a expressão “momentos da prova” em


lugar de procedimento probatório.4 Essa última sistematização, versando
regras gerais, mostra-se comum na literatura hispânica,5 tendo contribuído
para seu desaparecimento a fragmentação da antiga “dilação probatória”.

Segundo alvitre acertado, o procedimento probatório consiste no


“encadeamento de todas as atividades levadas a efeito, no processo, para a
prática das provas”.6Tal noção abrange os momentos da especificação, da
produção, da admissão e da apreciação, etapas da atividade de instrução e a
seguir examinadas. Responde à singela e decisiva pergunta que ao litigante,
mais que o juiz acostumado aos ritos judiciais, interessa responder com
nitidez, que é a de como se prova.7 Eis o motivo para abrir capítulo a esse
propósito: o assunto interessa às partes. Não é atitude isolada, porém. Outras
obras de vulto usam “procedimento probatório” em vez de “momentos da
prova”.8

Seja qual for a nomenclatura empregada, no procedimento comum prevê-


se para a finalidade de provar, ou de esclarecer o terceiro imparcial (por
definição, alguém que desconhece os fatos e encontra-se impedido de utilizar
seu conhecimento privado) acerca da veracidade das alegações de fato,
prevê-se fase específica no processo: a etapa de instrução. A instrução
envolve as partes, o órgão judiciário e os auxiliares do juízo, no seio da
comunidade de trabalho processual, na convergência esforços para
esclarecer a veracidade das alegações de fato controvertidas. Não é,
decididamente não é a fase eventual que se segue à invalidação da sentença
definitiva proferida sem a coleta de prova, como ironicamente a encaram no
foro, mas etapa obrigatória, conforme o teor da defesa do réu e da
controvérsia assim suscitada.

A cooperação recíproca dos sujeitos da relação processual, incluindo


figurantes eventuais (v.g., o perito), recebe realce nos estudos
contemporâneos sobre a teoria geral do processo. Não é novidade. Logo no
início da vigência do CPC italiano, antes da metade do século XX, já se
assinalava que a instrução denota atividade combinada e conjunta das partes,
do juiz e de seus auxiliares.9

O procedimento probatório envolve aspectos comuns a todos os meios de


prova. São regras mais ou menos comuns aplicadas na fase da instrução e
que envolvem a prática de atos jungidos à disciplina geral. O funcionamento
particular das diferentes espécies de meios de prova constitui, na mesma
linha raciocínio, assunto alheio ao procedimento em sentido estrito.10

Da parte geral extraiu-se, sem prejuízo da referência apropriada no


momento da produção da prova (infra, 1.834), a disciplina da antecipação da
prova, embora o arranjo legislativo vigente haja situado a matéria no capítulo
das provas. É enfrentada sob o título de “instrução antecipada”.

1.825. Etapas da instrução

Respeitável entendimento situa fora da fase de instrução os atos de (a)


proposição e de (b) admissão da prova, aí incluindo o indeferimento do meio
proposto e a determinação, ex officio, da realização de provas.11 Não para
lícito, entretanto, excluí-los do procedimento probatório, do qual são partes
integrantes. Assim, teleologicamente a proposição e a admissão integram os
“momentos” da prova.

São etapas do procedimento probatório: (a) proposição; (b) admissão; (c)


produção; e (d) apreciação. Aqui reuniu-se, brevitatis causa, especificação e
proposição na mesma etapa, explicando-as conjuntamente. Limitar-se a
exposição às diretrizes gerais, ficando reservada aos meios de prova em
espécie as particularizações devidas.

1.826. Ordem da instrução

A ordem na realização das provas revela-se flexível. Existe ordem


discernível e natural na instrução. Essa ordem comporta alteração ope
judicis (art. 139, VI).

As partes produzem a prova documental, desde logo, na petição inicial e


na contestação (art. 434, caput). É lícito o juiz, a qualquer tempo, requisitar
documentos (prova típica) e realizar constatações (prova atípica).
Documentos supervenientes são produzidos nos termos estritos do art. 435;
na prática, a junção ocorre a qualquer tempo. Ao mesmo e uniforme regime
submetem-se provas típicas (v.g., a confissão extrajudicial) e atípicas (v.g., a
prova emprestada), adquiridas pelo processo na forma documental.

Deferidos os meios de prova propostos, ou determinada a produção da


prova, ex officio, a exibição e a perícia precedem, lógica e cronologicamente,
a coleta dos depoimentos das partes e das testemunhas, a realizar-se na
audiência (art. 361, caput).

Às vezes, fitando os percalços da perícia, o juiz nem sequer designa a


audiência, como lhe recomenda art. 357, V, ou programa as atividades no
calendário previsto no art. 357, § 8.º, aguardando os acontecimentos.
Relativamente à prova oral, a precedência da perícia justifica-se no fato de os
depoimentos do perito e dos assistentes, a título de esclarecimentos orais (art.
477, § 3.º, c/c 361, I), ocorrem na audiência principal. A prática preterira os
esclarecimentos orais pelos esclarecimentos escritos. Recolheu-a, em termos,
o art. 477, § 2.º, mas o parágrafo seguinte do dispositivo ainda consagra
esclarecimentos orais, presumivelmente excepcionais.

A antecedência da exibição ampara-se em outra circunstância. O objeto


da exibição, a mais das vezes, constitui fonte de prova imprescindível à
atuação do experto (v.g., a exibição do original do documento particular, na
perícia do art. 478). Logo, não adquirindo o juiz conhecimento do objeto
(documento ou coisa) em si, a exibição antecederá a própria perícia.

A inspeção judicial ocorre no curso da audiência de instrução, após o


depoimento do perito, das partes ou das testemunhas, esclarecendo-se o juiz
melhor acerca do que lhe relataram essas pessoas, ou antes da sessão,
estimando o julgador colher subsídios que auxiliem a compreensão de futuros
depoimentos.

E, por fim, a prova oral seguirá a ordem estabelecida no art. 361 (infra,
1.835).

§ 374.º Etapa da proposição da prova

1.827. Momento da proposição da prova

Em princípio, às partes principais caberia propor os meios hábeis a provar


as respectivas alegações nos atos postulatórios da petição inicial (art. 319, VI)
e da defesa (art. 336, in fine). É certo que, desde logo, produzem a prova
documental (art. 434, caput), e, por exceção, apresentam na audiência a
prova cinematográfica e fonográfica (art. 434, parágrafo único). Essa abertura
magnânima e leal apresenta séria dificuldade do ponto de vista do autor: os
meios acenados talvez não se mostrem necessários ou úteis, no todo ou em
parte, haja vista o teor da controvérsia, todavia futuro (dependerá da atitude
do réu) e imprevisível.

Por esse motivo, a prática de certo juízo do então Estado da


Guanabara,12 determinando às partes antes da decisão de saneamento, a
verdadeira proposição, no que se chamou de forma equívoca de “despacho
de especificação”, propagou-se no país.

A rigor, a providência só tem cabimento na hipótese de revelia


desacompanhada da presunção de veracidade. O art. 348 estipula que,
verificando o juiz que não ocorreu o efeito do art. 344, “ordenará que o autor
especifique as provas que pretenda produzir, se ainda não as tiver indicado”.
Essa é a fonte formal do despacho de especificação, a verdadeira proposição
dos meios de prova no procedimento comum. Eventualmente, representando-
se o revel posteriormente, urge assegurar-lhe contraprova (art. 349).

Ora, a lei não marca o momento propício para o juiz exarar semelhante
despacho – tecnicamente irrecorrível (art. 1.001), pois o juiz nada decidiu,
apenas impulsiona o processo. Intuitivamente, porém, percebe-se que o ato
antecederá a decisão de saneamento e de organização do processo (art.
357). A decisão de saneamento, resolvidas as questões antecedentes,
comporta a fixação do tema da prova (art. 357, II) e, feito isso, o cotejo das
alegações de fato controvertidas (e dependentes de prova) e as regras de
admissibilidade dos meios propostos. O juiz também poderá suprir a inércia
das partes nesse tópico.

Por conseguinte, o momento da proposição da prova, em geral, é o que


antecede à decisão de saneamento, derivando de impulso expresso do órgão
judiciário. Se o juiz designou audiência preliminar (art. 357, § 3.º), inexiste
necessidade do despacho prévio: as partes indicarão as provas oralmente,
em contato pessoal e direto com o juiz, justificando a respectiva
admissibilidade.

Essa disciplina já elástica dilata-se no caso de a lei estipular outra


oportunidade para requerer a prova, devido às circunstâncias, a exemplo da
acareação, da audição de testemunha referida e da inspeção judicial.13

1.828. Forma da proposição da prova

Estimuladas por despacho específico do juiz, as partes propõem os meios


de prova, de ordinário, através de petição endereçada ao órgão judiciário,
precisando-lhes os pressupostos de admissibilidade. Por exemplo, (a)
havendo controvérsia sobre o pagamento da pensão alimentícia, mas
desguarnecida a alegação de recibo (prova documental), o réu tentará provar
a veracidade dessa alegação, que é objeção substancial, invocando o art.
445; (b) requerida a perícia, a parte indicará que o conhecimento a respeito do
fato requer saber técnico, científico, artístico ou prático inacessível ao juiz,
porque impraticável o uso das regras de experiência comum (art. 375),
exigindo a participação de experto (art. 443, II). O ato de proposição há de ser
motivado.

Pode acontecer de o juiz abster-se de mandar as partes proporem os


meios já especificados na petição inicial e na defesa, considerando dois
fatores (a) a previsibilidade da controvérsia instaurada entre as partes; (b) a
pertinência dos meios acenados inicialmente. Nessa contingência, conquanto
imprescindível a abertura da fase de instrução, ante o teor das alegações
controvertidas, há duas possibilidades: ou o juiz profere a decisão de
saneamento, por escrito, ou designa audiência preliminar (art. 357, § 3.º), a
fim de manter contato e auscultar as partes antes de proferi-la. No primeiro
caso, a especificação da prova transformou-se em autêntica proposição,
atingindo os fins que lhe são próprios; no segundo, o diálogo na audiência
preliminar talvez propicie ajustamentos, propondo as partes outros meios, e
descartando algum dos especificados, hipótese em que a proposição
assumirá forma oral. Claro está que o órgão judiciário, à luz do art. 370, caput,
não ficará adstrito aos meios propostos, podendo ordenar a produção de
qualquer prova. Esse regime filia-se ao modelo autoritário do processo. Em
outros sistemas jurídicos, limita-se o poder de instrução do juiz à expedição
de instruções e de orientações quanto ao estágio da instrução, chamado de
“faculdade judicial de integração probatória”,14 a teor do art. 429, I a III, da Ley
de Enjuiciamiento Civil espanhola de 2002.

1.829. Efeitos da proposição da prova

O peculiar regime da proposição da prova no procedimento comum, ato


postulatório antecedido da teórica especificação dos meios de prova na
petição inicial (art. 319, VI) e na defesa (art. 336, in fine), suscita problema
particular.

Nada obstante as partes hajam especificado os meios cabíveis na petição


inicial e na contestação, uma das partes pode não acudir à determinação do
juiz anterior à decisão de saneamento, renovando, ou não, a especificação
original. Existem divergências quanto às consequências de eventual omissão.

Na concepção mais restrita, a parte que se absteve de especificar o meio


de prova na inicial ou na defesa não adquirirá, por força do despacho do juiz,
o direito de provar.15 Em contrapartida, parece justo que, havendo
especificado os meios de prova hábeis e pertinentes, tampouco o direito à
prova desapareça no caso de não atender à determinação do juiz para
renovar a iniciativa, alterando-a ou não. A perda do direito à prova constitui
efeito assaz radical para a falta da anódina especificação na inicial ou na
contestação. Ficando inertes as partes, caberia ao órgão judiciário, que é
órgão de controle, produção e destinatário da prova, lançar mão do art.
370, caput, e ordenar a prova que entender cabível, pois havendo questões
de fato passíveis de outras provas não lhe cabe precipitar o julgamento na
forma do art. 355, II. Por sinal, o art. 348 antevê o regime: o juiz mandará o
autor especificar as provas, “se ainda não as tiver indicado”, subentendo o art.
319, VI. No direito anterior, a jurisprudência do STJ inclinara-se no sentido da
perda do direito à prova em caso de inércia da(s) parte(s) ao estímulo do
juiz.16 Em outras palavras, não haverá nulidade – cerceamento de defesa – na
hipótese de a parte interessada permanecer omissa, e, em seguida, a
sentença resolver o mérito em seu desfavor com base nas regras a respeito
do ônus da prova (art. 373). Tal discrepância recomenda atitude conservadora
e prudente no atendimento ao despacho, prontamente, representando essa a
única saída para o litigante que necessita da prova para obter ou repelir o
efeito jurídico pretendido na pretensão processual.

Por outro lado, da proposição do meio de prova antes da decisão de


saneamento, senão da própria especificação opportuno tempore, decorre
efeito específico. Realizando-se a coleta da prova através de carta
(precatória, rogatória ou de ordem), há que ser requerida “antes da decisão de
saneamento”, a teor do art. 377, para suspender o processo na forma do art.
313, V, b. Cuida-se de condição necessária, mas insuficiente à obtenção do
efeito suspensivo, pois a prova também há de se mostrar imprescindível ao
esclarecimento dos fatos (retro, 1.563.1.1).

§ 375.º Etapa da admissão da prova

1.830. Momento da admissão da prova


Resolvidas as questões pendentes, e não sendo o caso de precipitação do
julgamento, o juiz fixará o tema da prova (retro, 1.309) e, em seguida, admitirá
os meios propostos pelas partes, ou ordenará a produção de certa prova, ex
officio. Assim, o momento da admissão da prova, no procedimento comum, é
o da emissão da decisão de saneamento, proferida na audiência preliminar
(art. 357, § 3.º) ou por escrito (art. 357, II). Eis uma exigência alvissareira do
NCPC em prol do processo civil garantista.

Razões lógicas impõem que ao passo seguinte na preparação da


instrução preceda o tema da prova. Eis o motivo por que o art. 357, exige a
delimitação das questões de fato antes do deferimento dos meios de prova
propostos ou da ordem de produzir determinada prova ex officio. E vai
adiante, ao exigir a delimitação das questões de direito (art. 357, IV), para os
fins do art. 10.

O pressuposto da admissão dos meios de prova propostos é claro. Por


definição, existem questões de fato e prova documental já produzida não é
bastante; do contrário, o juiz passaria ao julgamento do mérito (art. 355, I).

Em relação à prova documental, em que proposição e produção se


conjugam na inicial (art. 319, VI) e na defesa (art. 336, in fine), a admissão
realiza-se, ordinariamente, a contrario sensu, decidindo o juiz se mandará
desentranhar, ou não, os documentos juntados.

Dos meios de prova arrolados no Capítulo XII – Das Provas – do Título


correspondente ao procedimento comum do NCPC (retro, 1.343), na verdade
assunto mais adequado na parte geral do estatuto, e, não, na parte especial,
cogitam-se: (a) do depoimento pessoal das partes, hipótese em que o juiz
ordenará a respectiva intimação, com as cautelas do art. 385, § 1.º; (b) da
exibição de documento ou de coisa em poder da parte (art. 396),
controvertendo-se a possibilidade de o juiz, ex officio, ordenar a exibição de
documento ou de coisa em poder de terceiro; (c) da prova testemunhal, caso
em que o deferimento é genérico, exceto quando dos comemorativos do
processo consta testemunha referida, cuja oitiva o juiz entende cabível, ex
officio; (d) da prova pericial, hipótese em que o juiz nomeará perito(s), desde
logo, e fixará prazo para entrega do laudo (art. 357, § 8.º, c/c art. 465),
facultando às partes a recusa do perito, a indicação de assistente técnico e a
formulação de quesitos (art. 465, § 1.º), admitindo-se, ainda, e
alternativamente, a escolha conjunta do art. 471; (e) da inspeção judicial, caso
em que o juiz marcará data, e, se for o caso, indicará um ou mais peritos para
acompanhá-lo na diligência (art. 482), intimando as partes.

1.831. Forma da admissão da prova

O juiz admitirá a prova propostas pelas partes, ou ordenará a produção de


prova, ex officio, através de ato específico. A forma varia conforme haja sido
designada, ou não, audiência preliminar (art. 357, § 3.º). No primeiro caso,
após consulta aos advogados, o juiz deliberará oralmente, consignando o
termo de audiência o teor da manifestação; do contrário, proferirá decisão em
gabinete (art. 357, II), designando, ou não, no mesmo ato, a audiência de
instrução e julgamento (art. 357, V). Em ambas as modalidades, a admissão
da prova é parte de provimento mais complexo (retro, 1.812.2), rotulado
antigamente de despacho saneador (retro, 1.815), hoje decisão – a decisão
de saneamento e organização do processo.

A decisão do art. 357 não desafia recurso autônomo, porque ausente do


rol do art. 1.015, exceto quanto à distribuição do ônus da prova (art. 357, III,
c/c art. 1.015, XI). É uma grave fraqueza na sistemática da nova lei
processual. Haverá a tendência – como já existia no direito anterior quanto às
questões processuais (v.g., o problema da legitimidade) – de postergar o
assunto, ou de tergiversar com fórmulas de estilo, de o juiz postergar o
assunto para a sentença definitiva. Não há necessidade de preocupar-se com
a prova oral: o exame cruzado (art. 459, caput) alivia do leve constrangimento
anterior de chegar à audiência sem conhecer o processado.

Em matéria de forma da admissão da prova, sobreleva-se a necessidade


de motivação suficiente do ato. Além disso, conforme o sentido do ato,
também se evidenciará latente, mas real gravame irreversível para a parte. O
receio de dano de difícil reparação ulterior consiste no processo chegar ao
órgão ad quem nutrido por prova ilegal ou desprovido de prova essencial à
resolução do mérito. Essa consideração não abalou o legislador, postergando
o reexame nas razoes ou contrarrazões da futura apelação, mas questão
introduz o problema do conteúdo do ato de admissão.

1.832. Conteúdo da admissão da prova

O conteúdo do ato de admissão da prova contempla juízos complexos,


heterogêneos e, técnica e idealmente, trabalhosos.

Em sua feição mínima, o ato de admissão reclama o cotejo entre dois


termos bem nítidos: (a) as alegações de fato controvertidas; (b) a
admissibilidade do meio de prova proposto pelas partes ou, na sua falta, a
seleção do meio hábil, a fim de o juiz ordená-lo ex officio. E, para fixar o tema
da prova, o juiz empreenderá minucioso e atento exame do processado,
definindo os pontos de fato convergentes e os divergentes. O resultado do
cotejo implicará a emissão de juízo de pertinência entre o tema e o meio da
prova, operações logicamente distribuídas no art. 357, II. Por exemplo, (a)
deferindo a prova testemunhal, porque as partes controvertem a veracidade
da alegação de pagamento feita pelo réu B na ação proposta por A, o juiz
declarará admissível o meio de prova, porque nas relações de família nem
sempre o devedor obtém prova escrita do pagamento e, conjurando a
dificuldade, o art. 445, admitem o uso de testemunhas; (b) indeferindo a
perícia, a despeito da existência de questão de fato cuja resolução dependa
de conhecimento técnico, científico, artístico ou prático, o juiz declarará
desnecessário este meio de prova, embora admissível, porque dispõe dessa
espécie de conhecimento, em virtude da sua formação pretérita, e os termos
imperativos do art. 156, caput, não o constrangem a socorrer-se de experto; e
assim por diante.

Também integra esse capítulo da decisão de saneamento, concernente à


admissão da prova, e ao menos por exclusão, as alegações que prescindem
de prova. Por exemplo, o juiz declarará quais os fatos notórios (art. 374, I),
alegados e debatidos pelas partes, independentes de prova.17 Fatos notórios
são alegados pelas partes e, em geral, são fatos principais (constitutivos,
extintivos, modificativos ou impeditivos). Assim, na ação de reparação de
dano movida por A contra B, reclamando indenização pela morte de C,
incluindo no pedido o ressarcimento das despesas de funeral, o STJ
considerou, com razão, fato notório a realização e a onerosidade do
sepultamento do morto, portanto independente de prova.18 O juiz só pode
conhecer, ex officio, da notoriedade dos fatos simples ou secundários (v.g., o
motel é local propício às relações sexuais de pessoas casadas ou não).19

Eventualmente, o juiz examinará, no ato de admissão da prova, a


ilegalidade da prova documental,20 uma das atitudes (a palavra posturas é
inadequada) concebíveis da parte na impugnação dessa espécie de prova
(art. 436, I). A respeito da prova documental, o réu manifestou-se na defesa; e
o autor, na réplica (art. 437, caput), que é o prazo aberto pelo juiz para o autor
contraditar a defesa, por razões diversas, uma das quais, talvez exclusiva, a
de colher semelhante manifestação (retro, 1.780). Pode acontecer, no debate
das partes, semelhante questão esteja posta (v.g., o autor juntou gravações
de áudio de diálogos entre as partes, que o réu entende obtidas ilegalmente,
vez que as conversas ocorreram via telefone) ou o juiz suscite-a ex officio.

Admitidos os meios de prova cabíveis e excluída a prova ilegal, o juiz


enfrentará a questão relativa à distribuição do ônus da prova. Haverá
manifestação quando houver necessidade de disposição em contrário à regra
de conduta “estática” do art. 373, I e II, conforme se infere do art. 357, III.

1.833. Efeitos da admissão da prova

Formalmente, como já se assinalou no item precedente, o ato do juiz que,


na decisão de saneamento, admite o meio de prova, ou ordena, ex officio, a
produção da prova, constitui decisão do maior relevo. Porém, só no caso da
distribuição do ônus da prova (art. 357, III) cabe impugnação imediata, através
de agravo de instrumento (art. 1.015, XI).

Deferido o meio de prova, a parte adquire o direito à produção,


acompanhada das garantias da concentração, da imediação e do
contraditório. Existe, porém, outro aspecto mais importante, que a admissão
projeta adiante, predeterminando o curso da dilação probatória.

Razões lógicas obrigam o juiz, antes de deferir ou indeferir o meio de


prova, a fixar o tema da prova (art. 357, II). A delimitação “das questões de
fato sobre as quais recairá a atividade probatória” é a fórmula analítica para
retratar o tema da prova (retro, 1.309). As alegações de fato controvertidas
tornaram-se, em virtude da controvérsia, questões de fato.21 Assim, a
disposição legal reclama do órgão judiciário a cabal identificação das
questões de fato passíveis de prova. Ficam excluídos das ulteriores atividades
de instrução os fatos que prescindem de prova (art. 374, I a IV). Era muito
raro que o juiz brasileiro ocupar-se desse pormenor, doravante, no estrito
regime do art. 357 (omissões são presumíveis, haja vista a inexistência de
recurso imediato), obrigatório.

A fixação do tema da prova esclarece-se através do seguinte


exemplo: A pede separação de B, alegando aquela que este manteve
relações sexuais com C no motel X, mas o réu, admitindo a estadia no motel
com X, alega que a visita tencionava vender roupas de cama ao
estabelecimento, pois C é a figurinista da fábrica D. Ao juiz cumpre esclarecer
se a visita de B e C ao motel X se deveu, realmente, à atividade profissional
do réu, representante comercial de D ou se a versão do réu é insubsistente e
ocorrem relações sexuais entre B e C.

Esse ato tem por finalidade permitir ao juiz sopesar os meios de prova
propostos pelas partes. À luz do tema da prova, o juiz deferirá os meios de
prova que se mostram potencialmente idôneos ao esclarecimento das
questões e indeferirá os inúteis ou meramente protelatórios (art. 370,
parágrafo único). No exemplo ministrado, a prova testemunhal afigura-se, em
tese, hábil ao esclarecimento da natureza da visita de B e C ao motel X. Em
tal contingência, caberá ao juiz ordenar, ex officio, a audição das
testemunhas, ou deferir a proposta das partes nesse sentido.

Não é efeito da admissão da prova propriamente dito, mas derivado desse


ato, o programa intrínseco que o tema da prova projeta na atividade de
instrução. Às partes competirá, havendo tema da prova nitidamente fixado,
arrolar as testemunhas, indicando a alegação de fato a respeito da qual
prestarão depoimento, e a futura inquirição das partes e das testemunhas
pelo juiz orientar-se-á por essa guia. É o tema da prova que permite ao juiz (a)
avaliar a pertinência e (b) indeferir as perguntas fora dos limites, mas feitas
pelos advogados aos depoentes quando o juiz lhe conceder a palavra (art.
459). É também o tema da prova que governará o objeto da perícia, vedando-
se ao experto opinar em matéria alheia (art. 473, § 2.º).

Em virtude da premissa adotada, o ato de admissão surte variados efeitos


na produção da prova. Ressalva feita ao reexame do tema da prova, ao
menos quanto à prova pericial e, se for o caso, à inspeção judicial, a
orientação traçada na decisão de saneamento norteará a produção dessas
provas, produzindo efeitos mais ou menos definitivos na coleta do material
relevante à formação do convencimento do juiz. Assim, na demanda em
que A pede de B indenização por dano ao prédio X, em decorrência da obra
nova no terreno vizinho, em virtude da ineficiência da berma deixada no corte
do talude, mas B nega que a edificação em seu imóvel seja a causa das
fissuras no prédio de A, atribuindo-a às fundações do prédio Y do próprio B, a
decisão do juiz que considera controvertida apenas a eficiência do elemento
de contenção condicionará a prova pericial, excluindo-se, ao menos, a
investigação de concausa do evento danoso.

E, ainda, conforme os termos da admissão da prova, o juiz igualmente


deliberará quanto ao ônus da prova.22 As regras concernentes ao ônus da
prova funcionam como (a) regra de julgamento
(Entscheidungsnormen),23 resultando infrutífera a instrução, caso em que se
destinam ao juiz, e como (b) regra de conduta, precisamente indicando às
partes quem deve provar o que (retro, 1.338). Nenhuma dessas funções
sobreleva à outra. Em princípio, a distribuição do ônus da prova é estática (ou
rígida), repartindo-se conforme a natureza do fato alegado (constitutivo,
extintivo, modificativo ou impeditivo) e a posição ocupada pela parte na
relação processual, mas há duas outras possibilidades: (a) distribuição
convencional (art. 373, § 3.º), em que as partes pactuam regra diferente em
negócio jurídico processual; e (b) distribuição dinâmica, na qual o juiz facilita a
prova a uma das partes, invertendo, no todo ou em parte, a regra estática (art.
373, § 2.º), tomando o cuidado de não tornar impossível a posição da parte
gravada (art. 374, § 2.º).
Disposição nesses dois últimos sentidos surtirá efeitos a partir da
admissão do meio de prova. Por sinal, o juiz não poderá fazê-lo
posteriormente, em especial no próprio julgamento, porque (a) atribuiria à
parte risco que ela, confiada na regra do art. 373, I e II, desconhecia; (b)
retiraria da parte, ilegitimamente, a oportunidade de produzir prova em favor
do seu próprio interesse.

É o entendimento do STJ, que assinala o seguinte: “Se o modo como


distribuído o ônus da prova influi no comportamento processual das partes
(ônus subjetivo), não pode a inversão ope judicis ocorrer quando do
julgamento da causa pelo juiz (sentença) ou pelo tribunal (acórdão)”. Em
decorrência, indicou o saneamento como a ocasião adequada para o ato do
juiz “ou, pelo menos, assegurando à parte a quem não incumbia inicialmente
o encargo a abertura de oportunidade para apresentação de provas”.24

§ 376.º Etapa da produção da prova

1.834. Momento da produção da prova

A prova se produz em várias etapas do procedimento. Cumpre distinguir a


produção (a) em primeiro grau e (b) no segundo grau de jurisdição.

1.834.1. Produção da prova em primeiro grau – A etapa da produção da


prova no primeiro grau do procedimento comum começa oficialmente com a
admissão da prova na decisão de saneamento e organização do processo
(art. 357, II), haja ou não contato do juiz com as partes e os advogados (art.
357, § 3.º), o que, salvo engano, ocorrerá em casos excepcionais. Este é o
marco de abertura de um momento particularmente propício à atividade de
instrução. Esta atividade concentra-se na audiência de instrução e julgamento
ou audiência principal (art. 361, caput). Não é impróprio localizar no interregno
que vai da decisão de saneamento até os debates do art. 364 a antiga (e
esquecida) dilação probatória.

A compactação original da dilação probatória enfraqueceu-se no processo


contemporâneo. É na prova documental, produzida pelas partes na petição
inicial e na contestação (art. 434, caput), que mais avulta a flexibilidade. Em
virtude da oportunidade, as partes conjugam proposição e produção no
mesmo ato, eclipsando a admissão, tornada implícita, mas suscetível de
controvérsia mediante impugnação (art. 436, I). Importará, sobretudo, a
inadmissão do documento. Chama-se a tal ato de desentranhamento. O art.
195, parte final, do CPC de 1973 previa ordem do juiz para “desentranhar as
alegações e documentos que apresentar”, riscando os escritos, havendo
restituição dos autos além do prazo legal, medida constitucionalmente
ilegítima em determinadas situações (retro, 372.5). Ressalva feita à hipótese
do incidente de falsidade, relativamente à prova documental não se pode
divisar etapas distintas ou verdadeiro procedimento probatório.

A prova pericial se desenvolve fora da sede do juízo, mas o experto


apresentará o laudo antes da audiência (art. 477, caput), seguido dos
assistentes técnicos. Eventualmente, o depoimento do perito dos assistentes
na audiência completa a prova. A produção dessa prova integra a dilação
probatória, mas só por exceção a audiência principal (art. 361, caput). A
inspeção judicial ocorre a qualquer tempo e, por si mesma, é audiência
especial ou incidente da audiência principal. A confissão extrajudicial e a
confissão judicial voluntária também ocorrem a qualquer tempo. A parte
interessada produzirá a confissão extrajudicial preexistente ao ato postulatório
como prova documental (art. 434, caput). Assim, para os efeitos do art.
361, caput, a prova testemunhal, o depoimento pessoal da parte, os
depoimentos do perito e dos assistentes técnicos, em nome do princípio da
concentração, na verdade são os meios que obrigatoriamente se produzem
na audiência de instrução (e julgamento).

Essas particularidades revelam o momento da produção da prova no


primeiro grau e a relatividade da dilação probatória.

1.834.2. Produção da prova em segundo grau – Falta regra expressa a


respeito da junção de documentos nos recursos.25 O art. 435 consagra duas
hipóteses que não se aplicam, integralmente, ao problema posto, a saber: a
prova dos fatos supervenientes e a contraprova. Diversamente, o art. 425 do
NCPC português de 2013 só admite a juntada dos documentos cuja
apresentação não tenha sido possível até o momento da interposição do
recurso.

Tal óbice jamais impediu, em qualquer recurso, o recorrente e o recorrido


produzirem prova documental. Embora a redação do art. 1.019, II (“… a
documentação que entender necessária…”), não se revele tão sugestiva
quanto a da versão originária do art. 524, in fine, do CPC de 1973,
autorizando o agravado, tout court, a “juntar documentos novos”, o agravo de
subida imediata presta-se à produção da prova documental. Não se limita
essa faculdade aos recursos cabíveis contra as resoluções emitidas no
primeiro grau. Assim, lícito ao recorrente provar a existência de feriado local
decisivo para demonstrar a tempestividade do recurso extraordinário e do
recurso especial, mediante prova documental, no ato da interposição do
recurso (art. 1.003, § 6.º). A jurisprudência anterior, na falta de disposição
específica, era mais generosa, admitindo a produção dessa prova em
momento tão tardio quanto o da interposição de agravo interno contra a
decisão do relator no STF e no STJ que não conheceu do recurso.26 No
entanto, é na apelação que, existindo força maior, lícito à parte suscitar
questão de fato nova, passível de prova pelo meio hábil.

Existem alegações de fato desconhecidas da parte, mas preexistentes ao


momento traçado à prática dos atos postulatórios principais (inicial e
resposta).27 Os fatos são antigos, mas de conhecimento recente. Por essa
razão, distinguem-se dos fatos supervenientes, conforme notou a 3.ª Turma
do STJ.28 A alegação dessa classe de fatos, na apelação e na resposta do
apelado, encontra-se prevista no art. 1.014. É preciso que a parte alegue e
prove a ocorrência de força maior. Esse evento impediu a parte interessada
de inteirar-se do acontecimento. E entram no campo de atuação do art. 1.014
os fatos que, apesar de conhecidos, a força maior impediu de trazê-los ao
conhecimento do advogado ou ao próprio advogado de alegá-los opportuno
tempore.29

O art. 1.014 abrange as alegações de fato que deveriam ser alegadas na


inicial e na contestação, mas são suscitadas originariamente na apelação, em
virtude da força maior. Assim, o art. 1.014 suscita dois problemas probatórios:
o da prova do impedimento e, vencida semelhante barreira, o da prova da
alegação de fato nova em si mesma.

Força maior, para os efeitos do art. 1.014, é o acontecimento definido no


art. 223, § 1.º, quer dizer, o evento imprevisível e alheio à vontade da parte.
Equivale à justa causa. A restrição impede à parte corrigir, no recurso, as
deficiências do próprio comportamento perante o órgão a quo.30

Incumbe à parte alegar a força maior na petição de interposição do apelo


ou na respectiva resposta. Eventualmente, o impedimento ainda não cessou,
nessa oportunidade, o que só ocorre no curso do procedimento em segundo
grau. Nesta contingência, o interessado alegará o fato perante o órgão ad
quem; naturalmente, até o início do julgamento. Deverá a alegação vir
acompanhada de prova hábil ou de requerimento fundamentado para produzi-
la perante o órgão ad quem. Logo acode à mente a produção da prova
documental. E, de fato, a parte produzirá desde logo a prova documental
pertinente.

Ora, a exigência de prova pré-constituída da força maior revelar-se-á, a


priori, excessiva e descabida em muitos casos. Existem alegações de fato, a
exemplo da coação, que só a prova testemunhal esclarece.31 Nada pré-exclui,
portanto, a designação de audiência para semelhante finalidade. É preciso
respeitar o contraditório e colher, previamente, a manifestação da parte
contrária, quanto ao cabimento da prova.

Admitida a ocorrência da força maior pelo órgão competente do tribunal


(relator ou órgão fracionário), talvez haja necessidade de provar a questão de
fato alegada. Não há procedimento específico traçado para essa finalidade.
Impende recordar que, no direito pátrio, o segundo grau funciona como
instância revisora. O procedimento recursal não reproduz as fases e as
etapas do primeiro grau. Em tal contingência, incumbirá ao relator a função de
admitir os meios de prova propostos pelas partes, avaliando o respectivo
cabimento, fixado o tema da prova. Os poderes do órgão judiciário singular,
quanto à produção de provas, estendem-se ao tribunal.32 Não há, pois,
novidade alguma no deferimento da prova em segundo grau. Aliás, a prova
documental do fato que a parte deixou de alegar, em decorrência da força
maior, acompanhará as razões ou a resposta ao recurso, por aplicação
analógica do art. 434, caput.

No entanto, controvertia-se a competência do relator, por si só, para


deferir a produção de prova do fato caracterizador da força maior, se
necessária, e, ainda, reconhecendo de plano tal fato, autorizar a produção de
prova relativamente ao próprio fato novo.33 Semelhante competência decorre
da notória atribuição do relator para preparar o recurso para julgamento no
colegiado. Por óbvio, a palavra final compete ao órgão fracionário. No entanto,
parecia contraproducente levar o recurso em mesa para deliberar acerca dos
dois aspectos. É bem mais simples confiar a tarefa ao relator e, no julgamento
do recurso, o órgão fracionário do tribunal deliberará acerca do assunto,
examinando primeiro a alegação de força maior. Tal o regime em vigor, pois o
art. 932, I, declara incumbir ao relator “dirigir e ordenar o processo no tribunal,
inclusive em relação à produção da prova”, regra atinente também aos
recursos.
A falta de procedimento específico, traçado na lei, para o incidente da
produção da prova diversa da documental representava problema de fácil
solução no direito anterior. Aplicar-se-ia, por analogia, regra equivalente ao
atual art. 972, nada obstante referir-se à ação rescisória: deferida a realização
da prova, o relator delegará a competência para produzi-la ao juízo que
proferiu a decisão rescindenda, remetendo-lhe os autos, e fixará prazo de um
a três meses para cumprir a diligência.34

1.834.3. Produção antecipada da prova – Razões diversas compelem a


parte, ante causam, a antecipar a “produção” da prova.

Controverte-se a existência, ou não, da verdadeira produção “antecipada”


de prova.35 A prova necessita ser proposta e admitida no futuro processo
principal antes de realmente produzir-se, enquanto meio hábil a formar o
convencimento do juiz, no sentido próprio da palavra. A rigor, inexiste
“produção” em sentido técnico, embora o procedimento probatório seja
respeitado no essencial (v.g., a testemunha é inquirida na forma do art. 459):
se juiz da causa principal não admitir a prova não haverá produção em
sentido técnico (retro, 1.375.1).

Ressalva feita a esse aspecto, anteriormente resolvida, parece seguro que


(a) a enfermidade da testemunha, cuja doença letal e incurável ameaça a
tomada do respectivo depoimento, e (b) a progressiva, mas constante
mudança no canteiro de obras da empreiteira, desfazendo o cenário que
produziu o acidente do trabalhador, acontecimentos corriqueiros da vida, não
podem deixar a parte desamparada de prova imprescindível. O direito
brasileiro prevê remédios específicos – a produção antecipada e a justificação
–, bem como, no âmbito de primeiro, três pretensões diferentes (asseguração,
produção antecipada e constituição de prova) para erradicar esse legítimo
receio, atingindo prova de futura memória.

O momento propício à produção da prova, no procedimento comum de


primeiro grau, talvez não seja adequado por idênticos motivos. Pendendo a
causa, o art. 449, parágrafo único, estipula que, impossibilitada a parte ou a
testemunha de comparecer à audiência (rectius: aguardar a respectiva
realização), mas não de prestar depoimento, em virtude de enfermidade ou
motivo relevante, o juiz designará dia, hora e lugar para ouvir a pessoa.

1.835. Forma da produção da prova

Em termos gerais, a prova se produz em audiência, salvo disposição em


contrário, e, portanto, oralmente (art. 361, caput). O juiz se encarrega de
dirigir a produção prova, ato estritamente pessoal, e, portanto, indelegável ao
escrivão ou ao assessor. Posteriormente, a prova oral se reduz à forma
escrita, a fim de documentá-la e, se for o caso, permitir a revisão do juízo de
fato por órgão judiciário de hierarquia superior. Exceções à regra são a prova
documental, a exibição das fontes de prova e a prova pericial. Esta admite
complementação através de esclarecimentos orais do perito e dos assistentes
(art. 477, § 3.º, c/c 361, I); porém, na prática, a agenda apertada e o excesso
de trabalho substituiu a audição dos expertos por esclarecimentos escritos,
hoje expressamente previsto, sob certas condições, no art. 477, § 2.º.
Ao invés de particularizar a forma de cada meio de prova, esses dados
bastam ao propósito de enunciar o panorama geral, acrescentando-se
pormenores na análise dos meios de prova em espécie.

1.836. Princípios da produção da prova

O processo constitucionalmente justo e equilibrado cerca a produção da


prova com determinadas garantias. A aquisição do conhecimento pelo juiz,
habilitando-o à emissão do juízo de fato, revela-se de singular importância.
Repousando em bases falsas, divorciada da realidade, a resolução autoritária
do conflito, promovida pelo órgão judiciário, passará impressão de injustiça
flagrante à sociedade, em flagrante desprestígio à Justiça Pública. Não é por
outra razão que o STF, nas causas de repercussão social, designa audiências
públicas e promove o debate. A participação dos segmentos contrastantes da
sociedade, como direito à voz no processo objetivo, aumenta o grau de
confiança na futura decisão. Idêntico efeito é obtido, nos processos
individuais, através dos princípios da produção da prova, a saber: (a)
concentração; (b) imediação; (c) contraditório.

1.836.1. Princípio da concentração dos atos de instrução – Este princípio é


mais restrito que o seu congênere princípio da concentração da audiência
(infra, 2.064).

O princípio da concentração da audiência significa que a audiência


principal reunirá três atividades distintas: (a) instrução; (b) debate; e (c)
julgamento. A rigor, só a primeira ocorrerá fatalmente na audiência, sem
embargo das exceções a seguir expostas. Debate oral constitui exceção.
Despreparados para semelhante exercício retórico, desprovidos da habilidade
adequada, em grau individual variável, os advogados das partes almejam
substituir o debate oral por memoriais escritos, e a falta de tempo, indulgência
e serenidade do órgão judiciário assoalham a admissão dessa variante. Ela é
superior à protocolar e inócua remissão aos comemorativos do processo. O
juiz não leu com atenção os atos postulatórios e a prova documental, ou não
os recorda integralmente, razão por que, de regra, não julga imediatamente a
causa. Assim, o princípio da concentração da audiência não opera
plenamente.

O princípio da concentração dos atos de instrução assume maior


consistência. Assenta em duas diretrizes complementares: (a) os atos de
instrução realizam-se predominantemente na audiência (art. 361, caput); (b) a
audiência é una e contínua (art. 365, caput) e, não sendo possível completar
as atividades programadas na mesma oportunidade, prosseguirá na data mais
próxima possível (art. 365, parágrafo único). Nenhuma é absoluta.

A prova documental se produz fora da audiência. As partes juntam


documentos nos atos postulatórios principais (petição inicial e defesa), bem
anteriores à audiência, e, de resto, a etapa da admissão ou é implícita ou é
postergada para o momento da impugnação (art. 436, I) nesse meio de prova.
A esse regime submetem-se outras provas que se produzem na forma
documental, típicas (v.g., a confissão extrajudicial; os pareceres técnicos do
art. 472) e atípicas (v.g., a prova emprestada; a ata notarial).
A prova pericial, culminando com a apresentação do laudo do perito e dos
pareceres dos assistentes, complementar-se-á apenas com a audição do
perito (art. 361, I), esta sim na própria da audiência. Essa complementação
oral da perícia, respondendo o experto e os assistentes aos quesitos prévios
(art. 477, § 3.º), tornou-se rara, porque muito custosa e demorada. O juiz
manda o perito e os assistentes, se for este o caso, esclarecerem as partes
por escrito, providência consagrada no art. 477, § 2.º.

A exibição da fonte de prova (documento ou coisa) ocorre


independentemente da audiência principal. Por exceção, haverá audiência
especial (art. 398, parágrafo único, e art. 402, este com menção específica),
propiciando a coleta de prova oral, porém no tocante às questões de fato
deste próprio meio de prova.

Em audiência produzir-se-ão, realmente, os depoimentos das partes e a


prova testemunhal, todavia com exceções (art. 449, parágrafo único). E a
inspeção judicial, por si mesma, é audiência especial, salvo quando ocorre no
curso da audiência de instrução, movimentando o juiz (art. 482), partes e
advogados (art. 483, parágrafo único) e o experto para fora da sede do juízo.

A unidade da audiência proclamada no art. 365, primeira parte, dependerá


do sensato exercício do poder de agenda do juiz e da juíza. Dependendo do
movimento intrínseco ao ofício judicial onde tramita a causa, desvanece-se
em mera exortação: a nova data é tão longínqua que os benefícios da
concentração, relacionados à imediação, tendem a desaparecer
progressivamente.

1.836.2. Princípio da imediação nos atos de instrução – O ideário da


oralidade tem ponto forte no princípio da imediação (retro, 1.357). Esse
princípio se divide em duas espécies: (a) imediação subjetiva, ou formal, que
exige o controle dos meios de prova que servirão para emitir o juízo de fato
pelo próprio juiz; (b) imediação objetiva, ou material, que recomenda máxima
aproximação do juiz com a fonte da prova.

A imediação subjetiva implica a identidade física do juiz, particularmente


enfraquecida no direito pátrio, e tratada no âmbito da audiência (infra, 2.066),
mas o juiz dirigirá a audiência, resolvendo incidentes no seu curso.

A imediação objetiva orienta o juiz a adquirir conhecimento da própria


fonte primária da prova, evitando que, diluído na cadeia de transmissões, as
informações necessárias à elucidação dos fatos timbrem pela incerteza, haja
vista imprecisões sucessivas de uma fonte para outra. O ideal seria o juiz
utilizar uma improvável máquina que lhe permitisse reproduzir em tempo real
os fatos que, no passado, originaram o litígio. Não sendo isso atualmente
concebível, aproxima-se da fonte de conhecimento, dispensando
intermediários.

Esses dois aspectos da imediação se encontram implicados na prática. É


o juiz quem inquirirá partes, testemunhas, peritos e assistentes, pessoalmente
(art. 456,caput). Em princípio, os advogados das partes interrogarão a
testemunha diretamente, em exame cruzado (art. 459, caput), mas o juiz
poderá iniciar a inquirição (art. 459, § 1.º). E, de toda sorte, cumpre ao juiz
assistir o depoimento e controlar a admissibilidade das perguntas feitas pelos
advogados à testemunha. Presumivelmente, remanescerão no espírito do juiz
as impressões deixadas pelo tom categórico ou hesitante das respostas, as
reações faciais e corporais do depoente, dados relevantes na exposição dos
motivos do seu conhecimento (art. 371). Por tal razão, complementa a
imediação a identidade física do juiz: a pessoa que colheu a prova há de
julgar a causa. Flagrantemente, abandonou-se essa sadia diretriz entre nós.
Além de eventos inelutáveis, como a morte e a aposentadoria do magistrado,
os regimes de exceção, arbitrariamente instituídos sob o pretexto que
sentença ruim é melhor que sentença nenhuma, suprimiu o princípio da
identidade física.

A inquirição das partes, testemunhas, perito e assistentes ocorrerá, salvo


disposição em contrário, na audiência de instrução e julgamento (art.
361, caput). É o momento particularmente adequado para se formar a prova
constituenda, segundo o princípio da imediação.36 A formação da prova se
realiza mediante atividade conjunta das partes e do juiz. A presença das
partes garante a observância do princípio da contradição.

A incidência do princípio da imediação na coleta da prova parece tão


natural que, sem embargo das distorções, eliminou práticas em contrário,
anteriormente aceitas.

O art. 297, caput, do CPC do Estado de São Paulo (Lei 2.421-SP, de


14.01.1930), acompanhando a orientação prevalecente nos demais códigos
estaduais, contemplava a inquirição da testemunha na presença do juiz,
admitindo o exame cruzado, ao dispor: “A testemunha será inquirida pela
parte que a produziu, e depois reinquirida pela contrária, podendo o juiz afinal
fazer as perguntas que entender convenientes”. Fórmula adotada no art.
459, caput.

As desvantagens da sistemática derivam, basicamente, dos


condicionamentos das perguntas anteriores nas respostas subsequentes da
testemunha. A tendência natural é a pessoa não se contradizer. Assim, a
habilidade maior ou menor do advogado da parte que arrolou a testemunha,
abstendo-se, todavia, de perguntas sugestivas ou implicativas, produzirá
certos resultados que, na sequência, só a agressividade que caracteriza
a cross-examination abalará ou destruirá.37 E acresce que o ambiente
hierático da sala de audiências não contribui à espontaneidade.

O art. 513, n.º 2, do NCPC português de 2013, volveu ao sistema antigo.


Os advogados interrogam testemunha “é feito pelo advogado da parte que a
ofereceu, podendo o advogado da outra parte fazer-lhe, quanto aos fatos
sobre que tiver deposto, as instâncias indispensáveis para esclarecer ou
completar o depoimento”, embora sob a fiscalização do órgão judiciário, que
assumirá o interrogatório quando necessário para garantir a tranquilidade.
Ora, a inquirição pelo advogado desvirtua imediação, em geral provocado
pela ausência de leitura prévia do processo e a consequente falta de preparo
para conduzir a contento o interrogatório.

Razões inelutáveis excepcionam a coleta da audiência no momento (e


lugar) propício. Por um lado, há a instrução antecipada –produção antecipada
de prova e justificação, por sua vez dividida em três espécies distintas
(asseguração, constituição e produção stricto sensu) –, no curso do processo,
caso em preservam-se as vantagens da imediação, ou antecedentemente. E,
por outro, único, há pessoas que são inquiridas em outro juízo (art. 453, II); no
lugar em que se encontram, porque impossibilitadas de comparecer na sede
do juízo, em razão de doença ou de outro motivo (art. 449, parágrafo único),
em dia e horário especialmente designados; ou na sua residência e lugar
onde exercem a função (art. 454, caput).

1.836.3. Princípio do contraditório nos atos de instrução – O direito


fundamental processual ao contraditório assegura às partes participação e
controle da produção da prova. O contraditório permeia os meios de prova
típicos e atípicos, emprestando-lhes legitimidade constitucional. A relevância
do contraditório se mede pelo fato de o art. 415 do NCPC português de 2013,
proclamá-lo, expressis verbis, não olvidando a posição do revel. O juiz não
proferirá decisão contra uma das partes, no processo civil brasileiro, sem
antes ouvi-la, salvo em caso de urgência e de evidência (art. 9.º, caput, e
parágrafo único). E não conhecerá diretamente das questões, ex officio, sem
promover prévio debate (art. 10). Aqui, no procedimento probatório, interessa
evidenciar a influência intrínseca do contraditório.

Em relação à prova emprestada, por exemplo, a participação da parte na


respectiva coleta, a fim de que subsista a eficácia original da prova, merecerá
item específico (infra, 1.844.2). Esse exemplo revela que aprova atípica,
chegando ao processo, inclusive no caso de importação de outro processo,
submete-se à contradição das partes típica da prova documental.

Na prova documental, o contraditório realiza-se de dois modos: (a)


produzindo o autor prova documental na petição inicial, o réu manifestar-se-á
na contestação; (b) produzindo o réu prova documental, o juiz abrir-lhe-á
prazo de réplica (art. 437, caput). Este dispositivo aplica-se à produção ulterior
de documentos por uma das partes e assegura o contraditório.

O art. 474 determina que o juiz esclareça partes e advogados da data do


início das diligências o perito. O art. 466, § 2.º, assegura aos assistentes a
participação nas operações periciais. As partes terão vista do laudo e dos
pareceres no prazo de quinze dias (art. 477, § 1.º). Eis motivo bastante para o
juiz fixar a data de entrega do laudo com a maior antecedência possível,
senão designando a audiência principal após a cabal ultimação da perícia e
seus incidentes.

O art. 483, parágrafo único, declara que “as partes têm sempre direito a
assistir à inspeção”.

Na prova oral, os advogados das partes interrogam diretamente as


testemunhas, mediante instâncias e exame cruzado, o que assegura o
contraditório na audição das testemunhas, da parte contrária, e, a fortiori, do
perito e dos assistentes.

Na exibição compulsória da fonte da prova (documento ou coisa), o


requerido contradiz a pretensão do adversário, e partes e terceiros têm direito
à prova (art. 398, parágrafo único, e art. 402).

1.837. Recepção da prova


A produção da prova envolve atividade assaz complexa. As partes e os
órgãos auxiliares do juízo participam ativamente da instrução. Em síntese
larguíssima, a comunidade de trabalho encarrega os participantes do
processo de tarefas mutuamente complementares, a saber: (a) as partes
produzem a prova documental na petição inicial e na contestação; participam
da inquirição do adversário, das testemunhas, do perito e dos assistentes; (b)
o experto atua como órgão de percepção e de dedução, transmitindo
conhecimento ao juiz, basicamente através do laudo; e (c) o escrivão reduz à
forma escrita os depoimentos coletados em audiência. Ao juiz incumbe
presidir e controlar o conjunto das atividades de instrução, resolvendo
incidentes.

Em nosso sistema processual, influenciado pelo modelo autoritário de


processo, o juiz é o diretor da prova. Os atributos reclamados da pessoa
investida na função judicante, no processo penal como no civil, preparam o
surgimento da figura do juiz imparcial, estranho à atividade probatória,
confiada às partes, mas presente para garantir a validade dos atos e dotado
de poder de iniciativa subsidiário.38 Esse é o modelo garantista de processo
(retro, 81).

Chama-se de recepção da prova (Beweisserhebung) ao ato pessoal e


direto do juiz de coleta a prova.39 Esta noção revela-se decisiva para entender
a questão da “produção” antecipada da prova (retro, 1.375.1). Considera-se
produzida a prova recepcionada pelo juiz da causa. Eis o motivo por que o art.
382, § 2.º, pré-exclui, na produção antecipada, juízo de fato. Feita a recepção,
o juiz passará à etapa da apreciação.

O órgão judiciário encarregado da produção e da recepção da prova é,


ordinariamente, o do primeiro grau. Os procedimentos no primeiro grau de
jurisdição demarcam, mais ou menos nitidamente, o ciclo da atividade
probatória, iniciado com a admissão da prova. O momento culminante –
apreciação da prova – encerra essa atividade. Em determinados casos, não
se revelará plenamente frutífera, ministrando elementos de prova hábeis à
formação do convencimento, mas ao juiz sempre restará como tábua de
salvação o julgamento segundo as regras de ônus da prova.

Os órgãos judiciários de segundo grau, chamados de tribunais no direito


brasileiro, ressalva feita às causas da sua competência originária (v.g., a
rescisória do art. 966), funcionam como órgãos de (a) controle da legalidade
da instrução e (b) revisão do juízo de fato. Também são os destinatários da
prova produzida em primeiro grau. Em vista disso, a admissão dos meios de
prova deve ser encarada com largueza pelo juiz, abstendo-se de sonegar
subsídios à revisão do órgão ad quem. O juiz de primeiro grau não é,
absolutamente, o único destinatário da prova.

E, no segundo grau, as partes desfrutam e arrogam-se o direito de


produzir prova documental em quaisquer recursos.40 Por sinal, o art. 1.017, III,
ao permitir que a facultativa juntada de “outras peças” abre essa
possibilidade, registrando-se que a redação original do art. 524 do CPC de
1973 era explícita ao permitir a juntada de documentos novos nos traslados
do agravo.
O exercício judicioso do poder de revisão do juízo de fato, nos marcos da
prova produzida no primeiro grau, suscita peculiar dificuldade para os
integrantes do órgão fracionário do tribunal em certas ocasiões. Não é
incomum a sensação de desamparo, faltando-lhes determinado elemento
para reconstituir o raciocínio da motivação do ato decisório de primeiro grau e
chegar à mesma ou a distinta conclusão. Não ficam eles impedidos de
recorrer ao poder geral de instrução consagrado no art. 370, caput.41 Para
essa finalidade, o relator ou, se for o caso, o órgão judiciário, converterá o
julgamento em diligência, encarregando, ou não, o órgão judiciário a quo de
produzir a prova hábil. Esse poder não se sujeita a preclusão, nem depende
de impugnação específica da parte.

Assinalou o STJ que cabe ao segundo grau determinar a produção de


prova, verbis: “Os juízos de primeiro e segundo graus, sem violação ao
princípio da demanda, podem determinar as provas que lhes aprouverem, a
fim de firmar seu juízo de livre convicção motivado, diante do que expõe o art.
130 do CPC [de 1973].42

É diferente a função dos tribunais superiores (STF e STJ) no julgamento


dos recursos extraordinário e especial (retro, 1.340.3).

§ 377.º Etapa da apreciação da prova

1.838. Momento da apreciação da prova

O momento propício à valoração da prova, cotejando o juiz os elementos


de prova, independentemente da origem da iniciativa (princípio da comunhão),
e as alegações de fato, a fim de equacionar as questi facti, descansa na
oportunidade da emissão da sentença definitiva nos casos do art. 487, I e II. É
digno de registro que a sentença que pronuncia a prescrição e a decadência
constitui subespécie do provimento final contemplado no art. 487, I, realçada
por razões pragmáticas (retro, 1.645).

O juiz não emite juízo de fato, desempenhando atividade similar, nas


hipóteses do art. 487, III, a, b e c. Fica adstrito ao negócio jurídico bilateral
(transação) ou unilateral (reconhecimento do pedido e renúncia do direito
sobre o qual o autor fundou a ação). Ora, o autor pode ter alegado fatos
imprecisos, impossíveis ou inverossímeis e, nada obstante, o réu reconhecer
o pedido, hipótese em que, para obviar o vínculo do juiz a tais fatos e explicar
a emissão de sentença definitiva nessas bases, diz-se que o órgão judiciário
julgará com abstração de causa. Em outras palavras, o réu reconhece o
pedido com ressalva à versão dos fatos apresentada na petição inicial.43 É
muito mais simples e direta outra explicação. Ressalva feita à peremptória
rejeição do domínio das partes na estruturação da base de fato da resolução,
há, aí, vinculação do juiz a julgar de acordo com os fatos alegados. Fenômeno
idêntico sucede quando as alegações de fato se tornam incontroversas pelo
consenso expresso ou tácito das partes, trancando a averiguação da
veracidade, nos termos do art. 374, II e III (retro, 1.317.5).

Fitando-se o momento essencial, que é da sentença definitiva nas


hipóteses dos incs. I e II do art. 487, não se negligencia o fato que, a rigor, o
juiz aprecia a prova – disponível – na emissão de quaisquer atos decisórios.
Por exemplo, alegado o defeito de representação da parte, o juiz apreciará a
prova documental, antes de mandar suprir o vício. Reconhecendo que o réu
não é parte legítima, porque não figurou no contrato que originou o litígio, e
precipitando a emissão da sentença terminativa do art. 485, VI, o juiz apreciou
livremente a prova que lhe conduziu a essa conclusão. Exemplos do mesmo
naipe se multiplicariam infinitamente.

1.839. Sistema da apreciação da prova

Rejeitados os sistemas da íntima convicção e da apreciação legal, o


processo civil brasileiro, no art. 118 do CPC de 1939, adotou o princípio da
livre apreciação (ou do livre convencimento), reproduzido no art. 131 do CPC
de 1973 e no art. 371 do NCPC (retro, 1.335.1.3).

Entende-se por tal o sistema que, de regra, não vincula o juiz à força
probante de certa prova, permitindo-lhe liberdade para formar a respectiva
convicção sobre a veracidade, ou não, das alegações de fato controvertidas.
Esse método, por si só, colocou o órgão judiciário no ápice dos agentes
políticos do Estado Constitucional Democrático.

Ora, a livre apreciação afigura-se relativa, porque limitada.44 Existem


disposições legais que subordinam o juiz a reconhecer a veracidade de certas
alegações de fato. Aliás, verifica-se tendência similar em outros
ordenamentos igualmente democráticos: livre apreciação temperada por
prova legal.45 É no campo da apreciação que a predeterminação legal da força
probante tem sentido.46 Assim, se A reclama de B o preço da compra e venda,
mas o tabelião certificou que o vendedor Arecebeu o preço de B, em moeda
corrente nacional na sua presunção, o art. 215, caput, do CC, declara o
instrumento prova “plena” desse fato, não cabendo ao juiz admitir prova em
contrário, especialmente a testemunhal, a teor do art. 443, I, do NCPC (infra,
1.921.2 e 1.959.2).

À primeira vista, essas disposições – de forma mais sutil, a confissão pré-


exclui a contraprova, a teor do art. 443, I, in fine – mostram-se constitucionais.
Legitimado constitucionalmente, o legislador também é agente político e,
porque muitíssimo mais próximo do povo, assiste-lhe o direito de valorizar, a
priori, determinada prova. Aqui não se aceita a radical opinião que admite só
restrições relativas.47

1.840. Revisão da apreciação da prova

É falsa e inaceitável a difundida ideia que a apreciação da prova compete


só ao juiz singular de primeiro grau. Entre nós, como já amplamente
demonstrado (retro, 1.335.3), a sistemática da apelação limitada, ou revisio
prioris instantae, divorciado da veneranda tradição do velho direito português
(Ordenações Filipinas, Livro 3, Título 83, § 1.º), atribuiu aos tribunais de
segundo grau (TJ e TRF) a sobressalente função de revisar o juízo de fato e,
conseguintemente, a apreciação da prova. Ao demitir-se dessa função,
abstendo-se de reformar os atos que indeferem a admissão de certo meio de
prova, os tribunais de segundo grau aumentam o risco de arbitrariedade e de
irracionalidade das decisões oriundas do grau inferior, em desfavor do
conjunto da Justiça Pública.
Os recursos originários do primeiro grau de jurisdição (apelação e agravo
de instrumento), e os recursos aviados no próprio tribunal (agravo interno e
embargos de declaração), ensejam a revisão do juízo de fato. A régua da
revisão é a mesma: livre apreciação. Em princípio, o mesmo acervo probatório
serve para confirmar ou reformar o ato de primeiro grau e, no agravo interno,
o agravo interno.

A possibilidade de emitir juízo de fato esgota-se nas instâncias ordinárias.


Ao julgar a questão federal e a questão constitucional, o STJ e o STF
exercem funções inteiramente distintas, não cabendo, de regra, aos tribunais
superiores ordenar a produção de prova, ressalva feita se esta for a questão
objeto do recurso especial ou, mais remotamente, porque ofensa indireta ou
oblíqua ao texto constitucional, do recurso extraordinário. Em outras palavras,
os tribunais superiores julgam de acordo com o material de fato já produzido
(fatos assentes). E se tal acervo é inconsistente, ou incompleto, não lhes
incumbe mandar completá-lo exclusivamente para esclarecer-se a contento.

Em particular, o STJ rejeita a possibilidade de declarar existentes ou


inexistentes os fatos assentados no acórdão recorrido.48 É entendimento
correto, por sinal objeto da Súmula do STJ, n. 5 e n. 7, rotineiramente
invocadas e, em medida quase similar, desrespeitadas por razões de
oportunidade. O valor da prova (v.g., das presunções hominis e legais
relativas) e a legalidade na produção da prova constituem, para o STJ,
questões de direito.

§ 378.º Meios de prova atípicos

1.841. Conceito de prova atípica

Em oportunidade anterior (retro, 1.349), ministrou-se a noção de prova


atípica, obtida por exclusão, segundo a proposição do art. 369.

Formalmente disciplinados no CPC, e por esse critério são típicos os


seguintes meios de prova: (a) a ata notarial (Seção III); (b) o depoimento
pessoal (Seção IV); (b) a confissão (Seção V); (c) a exibição de documento ou
coisa (Seção VI); (d) a prova documental (Seções VII e VIII); (e) a prova
testemunhal (Seção IX); (f) a prova pericial (Seção X); e (g) a inspeção judicial
(Seção XI). A rigor, porém, a ata notarial não se tornou integralmente típica e,
ademais, os documentos eletrônicos, objeto da Seção VIII, representam
subespécie de prova documental.

Seja como for, esses são os instrumentos constitucionalmente legítimos e


típicos para o juiz adquirir conhecimento através dos seus sentidos (retro,
1.347).

Por oposição a tais instrumentos, o art. 369 declara todos os meios de


prova, posto que “não especificados neste Código”, todavia hábeis “para
provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa”. Assim,
diferentemente de outros ordenamentos, como o italiano,49 o direito brasileiro
admite provas atípicas: a enumeração legal das provas (retro, 1.343) e dos
meios de prova é exemplificativa. E, de qualquer maneira, o caráter taxativo
ou exemplificativo do repertório legal não tem maior importância nessa
questão.50
Essa oposição entre tipicidade e atipicidade, considerando a noção aqui
adotada de fonte de prova (retro, 1.346), jamais se situará nesse âmbito.51 O
juiz adquire conhecimento de três fontes distintas: das pessoas, das coisas e
dos fenômenos naturais e artificiais. Este rol é exaustivo, porque inexistem
outras possibilidades.52Por exemplo, as leis do Estado laico dificilmente
admitiriam revelações como fontes de prova (v.g., a audição de testemunha
falecida por intermediação de médium).

Em decorrência dessas premissas, estabelece-se contraste entre a


tipicidade e a atipicidade na prova no concernente ao meio emprego pelo juiz
para adquirir o conhecimento necessário à emissão do juízo de fato.53 Os
problemas não cessam nesse contraste, mas aqui ele é ponto de chegada:
provas atípicas são os meios não especificados integralmente na seção “Das
Provas”.

1.842. Requisitos de admissão da prova atípica

São três os requisitos que devem ser simultaneamente preenchidos para


admitirem-se provas atípicas no processo: (a) a legalidade e moralidade da
aquisição do conhecimento; (b) a contradição das partes; (c) a produção
subsidiária.

1.842.1. Legalidade da prova atípica – O art. 369 reclama que o meio de


prova, embora não especificado, seja legal e moralmente legítimo. O requisito
extrínseco da legalidade já recebeu análise em item anterior. A prova ilegal é
inadmissível no processo civil.

1.842.2. Moralidade da prova atípica – A moralidade reclamada no art. 369


é a do padrão ético usual na sociedade, fundado no respeito à dignidade da
pessoa humana, razão por que não se afiguram admissíveis provas que
violem a fé da pessoa; por exemplo, o juramento compulsório.

1.842.3. Contradição na prova atípica – A prova atípica submeter-se-á ao


prévio contraditório das partes. Não se mostraria legítimo o juiz introduzir
prova atípica e, na sua apreciação, surpreender as partes. Tome-se como
exemplo a prova casual tomada de empréstimo de outro processo (art. 372).
Essa importação somente se justifica quando houver impossibilidade de
reproduzi-la (v.g., o falecimento ou o desaparecimento da testemunha) ou o
caráter técnico tornar essa reiteração desnecessária. Feita a importação, ex
officio, o juiz submeterá a prova importada à crítica das partes, admitindo
contraprova. Por exemplo, se o juiz determinou a juntada de perícia realizada
em outro processo, mas abarcando os fatos controvertidos no processo, as
partes têm o direito de provar que, na hipótese específica, as conclusões do
perito não se aplicam ou não se mostram corretas. No caso da prova
trasladada de outro processo, há um requisito suplementar: a parte
desfavorecida pelo seu resultado deve ter participado da respectiva colheita.

1.842.4. Subsidiariedade da prova atípica – De um modo geral, provas


atípicas são subsidiárias, aproveitando-se “na razão inversa da possibilidade
de sua reprodução”:54 tanto mais possível a produção da prova pelos meios
legais, menos admissível a prova atípica. O princípio é a “preferência pela
forma típica”.55Apresentando-se terceiro perante o juiz, porque dispõe de
informações relevantes sobre os fatos e as circunstâncias do litígio (art. 380,
I), por mais improvável que seja a colaboração espontânea de terceiros, o juiz
deverá tomar por termo as declarações (v.g., na ação de A contra o
condômino B, alegando o autor que seu automóvel foi abalroado na garagem
do edifício pelo veículo de B, o porteiro C procura do juiz, pois sabe que os
danos se verificaram em outro lugar e oportunidade), e mandar ouvi-lo como
testemunha (art. 370, caput). Se, posteriormente à declaração espontânea, o
porteiro mudou-se para lugar desconhecido (v.g., A é o síndico e, tomando
conhecimento da iniciativa de C, despediu-o sumariamente), nada obsta que o
termo lavrado seja considerado para rejeitar o pedido do autor.

1.843. Espécies de provas atípicas

Também os meios não especificados na lei para o juiz adquirir


conhecimento não se mostram infinitos. Essa particularidade se infere da
enumeração feita em outros ordenamentos.56 Na rubrica das provas atípicas
localizam-se as seguintes espécies: (a) a prova emprestada; (b) depoimento
escrito; (c) requisição de documentos em poder de particulares; (d)
comportamento processual; (e) juramento; (f) depoimento técnico; (g) as
constatações oficiais, (h) a ata notarial. É difícil encontrar outros meios na
seara da atipicidade. O direito brasileiro há muito abstraíra o problema do
suporte e do mecanismo de reprodução de imagens e de sons, tratando-os
juntamente com a prova documental, não se justificando, pois, o destaque da
Seção VIII. Quanto à ata notarial, bem lembrada na Seção III, a atipicidade é
parcial, exigindo a conjugação de outras disposições.

Tampouco a requisição de informações afigura-se inteiramente atípica.57 O


art. 438 disciplina-a em parte, e com minúcias, quanto aos documentos
existentes em repartições públicas. No que tange aos documentos e coisas
em poder de particulares, o art. 401 disciplinou indiretamente a requisição; no
caso da exibição da escrituração empresarial por inteiro, submeteu o juiz,
explicitamente, à iniciativa da parte (art. 420).

Nada obstante, outras disposições afiançam a existência de meio de


prova, predominando a iniciativa conjunta das partes e do órgão judiciário,
senão a exclusividade deste, em razão da autoridade de que é investido. Por
exemplo, o art. 5.º, § 7.º, da Lei 5.478/1968, autoriza o juiz a requisitar de
informações sobre o salário (rectius: retribuição pecuniária ou não) ao
empregador privado do réu na ação de alimentos. A relativa incerteza indica a
oportunidade de examinar esse meio de prova no contexto.

A prova atípica mais importante é o traslado das provas produzidas em


outro processo findo ou em curso.

Não há razão bastante para limitar a força probante da prova atípica.


Respeitados os requisitos anteriormente expostos (retro, 1.842), a maior ou
menor força probante dependerá da livre apreciação do juiz.58

1.844. Prova emprestada

Entende-se por prova emprestada o traslado no todo ou em parte da


atividade probatória de outro processo em curso, ou já findo, com a força
probante do processo originário (art. 372).59
O valor da prova importada é o originário.60 O juiz do processo importador
há de reconhecer à prova emprestada de outro a mesma fé que teve ou teria
no processo exportador, no qual procedeu-se a colheita respectiva. Essa
característica não recebe acolhimento assaz caloroso, nem o art. 372 a
favorece particularmente (“… atribuindo-lhe o valor que considerar
adequado…”), incutindo-se o preconceito que a prova importada é “fraca” ou
inferior.61 Ora, parece óbvio que o depoimento da testemunha importado não
se transformará em prova documental. A documentação do depoimento da
testemunha (art. 460) não transmuda suas declarações em prova documental.
Do contrário, o depoimento da testemunha importado e transformado em
prova documental se prestaria à oblíqua violação da proibição de prova
documental exclusiva (art. 406). O absurdo da consequência desfaz a
seriedade da premissa. Assim, o precedente do STJ, segundo o qual, “a prova
pericial trasladada para outros autos, como prova emprestada, passa à
categoria de prova documental”,62 revela-se errôneo e mal fundado.

Importação dessa natureza, trazendo a prova produzida alhures, e ainda


com sua força probante originária, não é acolhida sem resistências, avultando
a respectiva admissibilidade.

1.844.1. Admissibilidade da prova emprestada – Falta ao direito pátrio


disposição expressa quanto à admissibilidade da prova emprestada, todavia
existente no direito uruguaio (art. 145 do Codigo General del Proceso).63 Para
afirmar a admissibilidade da prova emprestada perante eventual confronto
com os direitos fundamentais processuais, a distinção entre a prova
preconstituída e a prova casual (retro, 1.346) tem papel fundamental.64

A prova emprestada ingressa no processo alheio sob a forma de


documento. A atividade probatória (v.g., o depoimento da testemunha A) é
sempre documentada por um dos meios legalmente admissíveis (art.
460, caput). Fora de dúvida de que seja esse ponto, a forma da produção da
prova importada não a transforma, tout court, em prova documental no
processo importador, influindo como tal no convencimento do juiz. Ao
contrário, importado o depoimento da testemunha X ou a perícia sobre o
fato Y, subsistirá a força probante originária de um e de outra. É preciso
rejeitar a afirmativa que “a prova pericial trasladada para outros autos, como
prova emprestada passa à categoria de prova documental”, feita em certo
julgado do STJ.65 Essa esdrúxula metamorfose alteraria o regime probatório.
Antes de passar ao exame da importação da prova casual, impende focalizar
a prova pré-constituída produzida no processo exportador, o que pode
dissipar esse mal-entendido.

No processo exportador, as partes ou o órgão judiciário, ex officio, através


da figura da requisição, podem ter produzido documentos de qualquer
natureza. Ora, nenhum óbice legítimo se erige à ulterior requisição (produção
compulsória) ou a juntada (produção espontânea) desses documentos por
empréstimo. Em tal hipótese, os documentos introduzem-se nos autos, sob a
forma de certidões ou simples cópia, segundo o meio de prova próprio (v.g.,
na inicial ou na contestação). A força probante da prova documental é sempre
a mesma.66 O art. 136, II, do CC de 1916 aludia aos “atos processados em
juízo” como meio de prova e a reprodução da prova documental, ao lado dos
atos postulatórios e materiais,67 enquadra-se nessa hipótese, que a lei civil
não reproduziu, porque supérflua, abrangida na referência a documento (art.
212, II, do CC). A essa atividade probatória, a rigor, o rótulo de empréstimo de
outro processo; tratar-se-á da mesma fonte de prova produzida duas vezes.68

É diverso o regime da prova constituenda, mas constituída no outro


processo: o depoimento da parte, o depoimento das testemunhas, a perícia e
a inspeção judicial. À primeira vista, importar essas provas e, principalmente,
emprestar-lhes o valor probatório original representaria séria afronta à
imediação e ao contraditório, princípios que legitimam constitucionalmente a
livre apreciação (retro, 1.335.1.3.1).69 Esses princípios não têm, todavia, valor
absoluto. Não obstam a importação, embora a condicionem, em certa medida.

A prova colhida fora da terra, através de carta (art. 377); a prova


assegurada antecipadamente (art. 453, I); e a apreciação que os integrantes
do órgão fracionário do tribunal efetuam, na apelação, sem terem participado
ativamente da coleta da prova, demonstram cabalmente a relatividade do
princípio da imediação. E num sistema processual que despreza a imediação,
na prática, ou sacrifica seus valores em proveito de julgamento de massa
(v.g., nos chamados regimes de “exceção”, perigosamente próximos de se
tornarem a regra, flagrante quebra do princípio da identidade), representaria
manifesto excesso apresentar semelhante princípio como ferrolho à
importação da prova.

A observância do contraditório exige que o juiz avalie a prova emprestada


após abrir oportunidade para as partes contradizê-la. Importa muito, aí, o
disposto no art. 504, II. Uma das partes (v.g., o lesado por ilícito causador de
dano em várias pessoas, evento objeto de múltiplas ações individuais de
reparação) pode trazer, além de toda a prova casual (v.g., o depoimento das
testemunhas A e B), cópia da sentença proferida em outro processo. O juízo
de fato nela emitido não vincula o órgão judiciário do processo em curso, vez
que, a teor do art. 504, II, não se tornará indiscutível em processos
subsequentes. Por essa razão, a parte contra a qual se produziu a prova pode
rebatê-lo, demonstrando que constitui autêntico error in iudicando, ou seja,
controvertendo a apreciação feita pelo juiz do processo exportador do
elemento de prova.70 Decidiu corretamente o STJ: “a verdade dos fatos a que
chegou uma decisão através da interpretação da prova não pode ser
estabelecida como premissa em outro processo”.71

Não é o contraditório postergado que alenta a objeção à importação da


prova, mas o traduzido na efetiva participação do juiz e das partes na coleta
da prova. Embora o órgão judiciário interrogue a testemunha, por exemplo,
têm direito a formular perguntas diretamente à testemunha (art. 459, caput).
Essa relevante atividade, essencial à validade da prova (e, não, à sua
eficácia),72 exaure-se no processo exportador. Eventual repetição dessa
atividade no processo importador não implicará empréstimo da prova, mas
algo bem diverso: a renovação da prova. Renovada a prova, desaparecerá o
problema da importação da prova casual. Todavia, nem sempre mostrar-se-á
possível a renovação (v.g., no caso de falecimento da testemunha ou na
mudança do estado da coisa objeto de vistoria) e, toda sorte, semelhante
entrave atentaria contra o princípio da economia.

Não se pode perder de vista, aqui como alhures, a função dos direitos
fundamentais processuais na conformação da atividade processual. Eles
tendem a assegurar processo constitucionalmente justo e equilibrado para
todas as partes e têm função instrumental da boa e tempestiva prestação
jurisdicional. Impedir o empréstimo do depoimento da testemunha que já
faleceu, ou enfermidade superveniente impossibilita-lhe de prestar
depoimento de forma inteligível, importaria inaceitável restrição à apuração da
verdade.

É preciso buscar um ponto de equilíbrio. A tanto basta, resolvendo


satisfatoriamente o problema, que a parte contra a qual se produz prova
emprestada haja tido a efetiva oportunidade de participar da sua coleta na
origem (infra, 1.844.2). De modo algum se afigura indispensável que a parte
haja participado ativamente da coleta da prova. Abstendo-se a parte de
apresentar quesitos e de reclamar esclarecimentos do perito em audiência, ou
permanecendo revel, nos casos em que a revelia não produz a presunção de
veracidade (art. 348), a prova colhida subsiste válida e eficaz para efeitos de
importação. Por exemplo, A provocou acidente que atingiu B e C, os quais
movem ações individuais de reparação de dano; na ação de B contra A ouviu-
se a testemunha presencial D, infelizmente falecida antes da abertura da
dilação probatória na ação movida por C contra A. Nada impede que o
depoimento seja trasladado para esse último processo: o advogado de A teve
oportunidade de formular perguntas à testemunha. É a solução preferível, em
vez de rejeitar a importação do testemunho de D,73 porque o advogado
formularia, caso houvesse nova inquirição, perguntas de outro teor e
propriedade.

E, por outro lado, entre as mesmas partes o intercâmbio probatório é


pleno. Não há dúvida de que a importação da prova casual de um processo
para outro, entre as mesmas partes, conservará o seu valor originário.74 Por
exemplo: o Ministério Público ingressa com ação civil contra B, visando a
coibir as emissões eletrônicas provenientes da estação X, e neste processo
se produz prova pericial, demonstrando a inexistência de risco à saúde ou das
próprias emissões do equipamento; nada impede que, em outra ação civil
pública, cujo objeto é a estação Y, na mesma ou em outra cidade, a prova
seja aproveitada com a força probante intrínseca à prova técnica.

Essas considerações demonstram que a exigência do contraditório é mais


profunda que a simples oportunidade de debater, v.g., o depoimento da
testemunha X, produzido no processo em que litigam A e B, no processo em
que figuram como partes principais C e D. O julgado do STJ que admitiu a
importação da prova produzida entre partes diferentes – ao menos, sem a
participação da parte presumivelmente desfavorecida –, sem restrições,75 há
de ser encarado com reservas à luz do processo constitucionalmente justo e
equilibrado.

A intensidade do contraditório originário também interessa à


admissibilidade da importação da prova com idêntica eficácia. Por exemplo, a
importação de prova realizada procedimento de jurisdição voluntária, mas
traslada para processo contencioso,76 deve ser recebida segundo o teor do
debate originário.

O direito fundamental processual do juiz natural condiciona a legitimidade


do empréstimo da prova. É preciso que a prova se produza perante
autoridade judiciária.77 Porém, não se mostra indispensável que a prova
importada produza-se perante o mesmo juízo ou no juízo competente. Em
particular, a incompetência absoluta do juízo – são casos de competência
absoluta: (a) a competência em razão da matéria; (b) a competência em razão
da pessoa; (c) a competência em razão da função (ou hierárquica); e (d) a
competência da situação do imóvel, na maioria dos casos, a exemplo da ação
reivindicatória (retro, 426) –, oportunamente decretada no processo
exportador, por esse motivo não torna nula a prova entrementes colhida pelo
juízo absolutamente incompetente. Foi o que se apontou no item sobre os
efeitos da decretação da incompetência absoluta, em virtude do princípio da
redução do nulo (retro, 490.3).

O fundamento da eficácia, em caso tal, afigura-se simples. Não tem


cabimento reputar válida e eficaz a prova na retomada do processo perante o
juízo competente, ou seja, no mesmo processo, mas negar-lhe vaidade para
fins de exportação para outro processo.78 Os atos processuais ou se mostram
válidos ou se mostram inválidos para ambos os efeitos.

Em contrapartida, o direito fundamental processual do juiz natural exige


que a prova importada haja se produzido perante órgão dotado de jurisdição.
É inadmissível importar prova do processo administrativo (v.g., do inquérito
civil, instaurado para investigar situação e subsidiar futura ação civil pública),
haja ou não contradição obrigatória (art. 5.º, LV, da CF/1988), não sendo
prova emprestada, tecnicamente, o traslado do inquérito policial;79 do juízo
arbitral; e de órgão judiciário estrangeiro, exceção feita às hipóteses em que
semelhante prova não se passível de realizar-se no território brasileiro (v.g., o
depoimento de testemunha residente no estrangeiro).80

Respeitados requisitos da importação, nesses termos, inexistem


impedimentos decorrentes dos direitos fundamentais processuais à
importação de prova.

Não há razão bastante para discriminar quaisquer meios de prova típicos


(v.g., o depoimento pessoal, inclusive eventual confissão provocada) ou
atípicos (v.g., o depoimento escrito). A produção de documentos também
produzidos em outro processo não constitui, a rigor, prova emprestada. A
análise em espécie dos demais meios de prova casual confirma essa diretriz.
A prova pericial realizada em causa repetitiva pode e deve ser aproveitada
nas congêneres. Figure-se o caso de a lei local atribuir a determinadas
classes de servidores vantagens pecuniárias, mas o Estado-membro, por
qualquer motivo, não as pagou na época própria. Eventual perícia que, classe
por classe e padrão por padrão da categoria, indique as diferenças no
vencimento, tem caráter geral e, em nome da economia, trazida em outro
processo, pode subsidiar o julgamento com proveito e sem prejuízo à defesa
de qualquer das partes. Como se realçou agudamente, “essa visão prática,
esse enfoque pragmático, essa perspectiva inspirada no desejo de julgar
melhor acaba por predominar sobre certos escrúpulos de ordem lógica, ou
mesmo de ordem dogmática”.81

A inspeção judicial merece referência à parte. Embora a prova emprestada


ingresse no processo que a tomou sob a forma documental, subsistirá a força
probante originária. Ora, a inspeção judicial vale, sobretudo, pela percepção
direta e individual da fonte da prova (pessoa, coisa e fenômeno natural ou
artificial) pelo juiz da causa. É verdade que os resultados são reproduzidos
em auto circunstanciado (art. 484, caput), acompanhado ou não de desenho,
gráfico ou fotografia (art. 484, parágrafo único), mas a percepção de um juiz
não é idêntica à de outro. Segundo abalizado alvitre, a inspeção judicial
emprestada não tem valor igual a que o juiz da causa realizaria em análogas
circunstâncias.82 O argumento não se afigura decisivo no regime da livre
apreciação da prova. As graduações da força probante, exceto as legalmente
impostas, não coalham bem ao sistema. O órgão fracionário do tribunal
encarregado de revisar o juízo de fato emitido no primeiro grau, no âmbito da
apelação, também considerará a inspeção judicial em segunda mão e nem
por isso emprestar-lhe valor menor. Ao contrário, o segundo juiz sempre
tomará os resultados da percepção direta do juiz originário como forte
elemento de convicção.

1.844.2. Requisitos da prova emprestada – A importação da prova


submete-se a requisitos gerais de admissibilidade. A interferência dos direitos
fundamentais processuais recebeu exame no item anterior, mas há requisitos
suplementares.

Em primeiro lugar, impõe-se que tenha sido validamente produzida no


juízo originário. A invalidade do procedimento probatório na causa original
(v.g., a coleta do depoimento de pessoa impedida; a designação de perito
sem qualificação técnica) impede o seu traslado. É por essa razão que o
procedimento de produção da prova deverá ser importado integralmente. Por
exemplo, cuidando-se de perícia, a parte ou o juízo, ex officio, trará cópia da
designação do perito; da formulação dos quesitos e da indicação dos
assistentes técnicos; do laudo; dos esclarecimentos escritos ou prestados em
audiência.83 Os documentos permitirão ao juiz da causa aquilatar a validade
da prova.

Um caso particular consiste no da importação da prova em processo que


tramita em segredo de justiça. Em qualquer hipótese, não cabe às partes
desse trasladar a prova sem violar o sigilo, nos litígios perante terceiros, nem
ao juiz requisitar as cópias pertinentes com base no art. 370, caput. Essa
prova se mostraria ilícita, porque a importação infringiria a intimidade de uma
das partes, por óbvio a que não promoveu o intercâmbio.84 A esse regime se
submetem as provas que, por expressa autorização judicial, produziram-se
em determinado processo (v.g., a intercepção telefônica), a despeito do
sacrifício da intimidade de uma das partes.85 A validade dessa prova se limita
à causa originária.

E, por outro lado, a prova emprestada observará as exigências da


atividade probatória do próprio processo importador.86 Não é admissível, por
exemplo, a importação da prova testemunhal nos casos em que ela é
inadmissível, a teor do art. 443, I e II. E, naturalmente, como toda prova, a
emprestada respeitará o tema da prova. Além disso, ingressando a prova
emprestada no processo sob a forma documental, também se mostra
necessário que preencha os requisitos dessa espécie de prova, avultando a
produção no momento oportuno, ou seja, na petição inicial ou na contestação
(art. 434, caput), exceto nas estritas hipóteses do art. 435, e a observância do
contraditório (art. 437, § 1.º).87

1.844.3. Efeitos da invalidade da prova emprestada – Os efeitos da


importação de prova inválida variam conforme a natureza da norma infringida.
Cuidando-se de infração a direito fundamental processual, não importa
que semelhante ofensa seja direta ou indireta: a prova não pode ser
produzida, porque ilícita; sendo produzida, deverá ser desentranhada, a fim
de não contaminar o espírito do julgador;88 permanecendo nos autos, não
pode ser invocada como motivos do convencimento (art. 371), sob pena de
invalidade do pronunciamento.

Em se tratando de infração às normas legais, cumpre distinguir duas


situações: (a) os vícios ocorridos na causa em que se produziu a prova
originariamente não podem ser supridos por sua importação, aplicando-se,
destarte, o regime das provas ilícitas, tout court; (b) os vícios verificados no
processo importador, quer em relação à admissibilidade da prova, quer no
tocante à produção – não tem cabimento distinguir os momentos da prova
nessa seara –, regulam-se pela disciplina geral das invalidades processuais –
em particular, a da convalidação do ato viciado.

1.845. Depoimento escrito

Não desconhece a prática judiciária brasileira o depoimento escrito,


declaração que terceiro realiza quanto aos fatos que originaram o litígio ou
que abona a pessoa do litigante.

O depoimento escrito se distingue da prova testemunhal tomada


emprestada de outro juízo pelo seu caráter espontâneo e informal. E da prova
testemunhal propriamente dita, produzida no curso da causa, em virtude de
duas circunstâncias: (a) a testemunha é convocada a depor em juízo; (b) a
inquirição da testemunha é feita pelos sujeitos do processo (art. 459, caput, e
§ 1.º). O depoimento escrito é prestado voluntariamente pelo terceiro, sob a
forma de relato livre (não há questionário), e por solicitação da parte
interessada. Essas duas características induzem emprestam-lhe ares
tendenciosos, impressão alheia à realidade, pois tudo dependerá da
integridade do declarante. Claro está que o juiz levará em conta o caráter
mediato da transmissão de conhecimento.

Em geral, o depoimento escrito é mal visto, porquanto “testemunho


irregular sem compromisso, coleta pelo juiz e garantia do contraditório”.89 Essa
forma de testemunho apresenta vantagens e desvantagens. É mais flexível e
econômica (especialmente para o terceiro, dispensado de comparecer no
juízo e aguardar a sua vez de ser chamado para depor, o que pode demorar
muito), mas possivelmente menos sincera e espontânea.90 É preciso encará-lo
sem preconceitos retrógrados ou entusiasmos excessivos. Na vigência do
CPC de 1939, prevendo, expressis verbis, a oralidade da declaração da
testemunha no art. 245, recolhiam-se orientações divergentes, ora
reclamando o desentranhamento expedito e enérgico,91 ora admitindo a
juntada e a livre apreciação do juiz.92

As informações por escrito de terceiro são admitidas no direito francês (art.


200 do CPC), sob a designação de attestation, por intermédio que é o escrito
espontâneo ou mandado redigir pelo juiz.93 O direito português, na vigência do
CPC de 1961, admitiu o depoimento por escrito,94 regra hoje constante do art.
518 do NCPC português, de 2013, mas unicamente nos casos de
impossibilidade ou de grave dificuldade de a testemunha comparecer na
audiência. O art. 257-bis do CPC italiano, segundo a reforma de 2009, seguiu
a linha. Nos julgamentos sumários, no direito norte-americano, surge
o affidavit, prestado sob juramento – portanto, o declarante arrisca-se a
cometer o sério crime de perjúrio – e submetido pela Rule 56(c) aos seguintes
requisitos: (a) ciência própria do declarante; (b) fatos passíveis de prova; (c)
qualificação do declarante na matéria.95 Esses dados legislativos permite
antever expressiva tendência de tolerar o contato direto (imediação) entre o
juiz e testemunha.

Embora não seja especificado como meio de prova típico, o depoimento


escrito mostra-se admissível. E não equivale à prova documental, mas à
prova testemunhal.96 O depoimento escrito desempenha função de sucedâneo
da prova testemunhal. Duas razões presidem esta prova atípica: em primeiro
lugar, a economia de esforços, porque o declarante não necessitaria deslocar-
se até à sede do juízo, perdendo tempo e dinheiro; ademais, a escassa
relevância do(s) fato(s) atestado(s), em geral apreciação pessoal dos
costumes e da integridade de outra pessoa. No direito italiano, essa
modalidade prova testemunhal, uma vez admitida previamente e respondendo
a perguntas específicas e predeterminadas, exibe força probante idêntica à da
prova testemunhal clássica.97

A jurisprudência do STJ nega-lhe efeito para os efeitos do art. 55, § 3.º, da


Lei 8.213/1991, declarando que o depoimento escrito do empregador não
constitui início de prova material, in verbis: “A simples declaração do
empregador, sem guardar contemporaneidade com o fato declarado, carece
da condição material, exteriorizando, apenas, simples testemunho escrito que,
legalmente, não se mostra apto a comprovar a atividade laborativa para fins
previdenciários”.98

1.846. Requisição de informações

O art. 438 regula a requisição das repartições públicas de (a) certidões e


de (b) procedimentos administrativos. Prevalece o entendimento de que o juiz
exercerá esse poder de forma subsidiária.99 À parte incumbiria, no âmbito da
autonomia privada, obter as certidões pertinentes (v.g., da escritura pública de
compra e venda; do testamento público). Não logrando êxito (v.g., o agente
público alegou sigilo ou opôs dificuldades burocráticas), dirigir-se-á ao juiz,
fornecendo dados para a autoridade judiciária vencer as barreiras ilegais da
Administração. E ao juiz, decerto, cabe romper o sigilo na forma da lei.

É comum a existência de disposições desse mesmo conteúdo em outros


diplomas.100

A par dessa espécie de requisição, tratada como simples forma de


produção da prova documental, há outra possibilidade, não regulada
explicitamente, senão de modo fragmentário: a requisição de informes a
particulares. Exemplo dessa espécie avulta no art. 5.º, § 7.º, da Lei
5.478/1968, que autoriza o juiz a requisitar ao empregador do réu informações
sobre o respectivo salário, valioso subsídio para a fixação dos alimentos
provisórios ou definitivos.

Entende-se por requisição de informações o meio de prova que, por


determinação judicial, terceiros trazem compulsoriamente ao processo dados
concretos sobre eventos e condutas que constam dos seus arquivos físicos
ou eletrônicos.101

Da prática forense derivou, no direito uruguaio, a chamada prueba por


informes, disciplinada nos arts. 190 a 192 do Codigo General del
Processo.102 Empregando exemplo aí invocado, ao juiz brasileiro também se
revela possível requisitar informações a uma imobiliária sobre a locação
mantida pelo executado, que alega a impenhorabilidade do imóvel residencial
que não habita, mas cujo aluguel aproveita para pagar o de outro imóvel em
lugar distinto, a respeito do valor do aluguel e do tempo de duração do
vínculo, a fim de apurar a veracidade da alegação do fato. É mais ampla do
que a requisição do art. 438, porque o destinatário pode ser pessoa jurídica
privada ou natural. Largamente utilizada na prática, o STJ legitima o Ministério
Público103 e os órgãos de defesa do consumidor104 a requisitar informações
úteis ao exercício das respectivas funções.

Em definição clássica, a prueba de informes consiste na “incorporação ao


processo por escrito de dados de fato extraídos de documentos previamente
constituídos e constantes de arquivos, livros e registros de pessoas jurídicas
públicas e privadas”.105

Fundamenta-se a requisição no dever de todos colaborarem com o órgão


judiciário (art. 378).

1.846.1. Natureza da requisição de informações – A requisição de


informações guarda similitude com a produção forçada da prova documental
(exibição ou requisição de documentos públicos). É nesta forma – prova
documental – que se produz no processo. Porém, apresenta características
que a tornam atípica.

A principal diferença com a prova documental consiste no fato de o


requisitado preparar o documento que traz as informações relevantes ao litígio
especialmente com essa finalidade. Assim, quando o empregador fornece ao
órgão judiciário a evolução da retribuição pecuniária ao seu empregado, para
os fins do art. 5.º, § 7.º, da Lei 5.478/1968, utiliza os dados que constam no
seu arquivo, mas cria documento novo e específico.

Do testemunho as informações se distinguem nos seguintes aspectos: (a)


o informante pode ser pessoa jurídica; (b) o informante geralmente adquire
conhecimento no momento em que elabora o informe, embora sobre fatos
passados; e (c) o informante se atém aos dados dos seus arquivos físicos ou
eletrônicos, enquanto a testemunha transmite ao juiz a sua percepção pessoal
do que ouviu, viu, apalpou, degustou ou cheirou, ou seja da sua atividade
sensorial guardada na memória.

Por outro lado, as informações não se confundem com a perícia, porque


só por exceção exigem conhecimentos técnicos na sua preparação e
expedição (v.g., a análise dos medicamentos utilizados por paciente que
esteve internado em casa de saúde privada).106

Essas considerações conferem à prueba de informes natureza


autônoma.107
1.846.2. Requisitos da requisição de informações – A requisição de
informações subordina-se a requisitos subjetivos e objetivos.

Do ponto de vista ativo, a requisição é ato do órgão judiciário ou de outra


autoridade legitimada (v.g., o Ministério Público). É lícito à parte propor esse
meio de prova atípico; por definição, entretanto, escapa da respectiva esfera
de atuação a prática do ato processual. E, passivamente, sujeitam-se à
requisição, a par das “repartições públicas” aludidas no art. 438, caput, os
particulares em geral, pessoas jurídicas e naturais, inclusive os particulares
em colaboração com o Poder Público, a exemplo de notários e registradores.

Objetivamente, a requisição deve se restringir ao tema da prova e,


naturalmente, aos dados dos arquivos físicos ou eletrônicos do terceiro.

1.846.3. Procedimento da requisição de informações – As partem podem


propor a requisição de informações, mas se trata de ato do juiz. É apenas por
força da sua autoridade que o terceiro obriga-se a prestá-la. E o juiz poderá
ordená-la, ex officio, com fundamento no art. 370, caput, não se aplicando à
requisição a exigência de iniciativa exclusiva da parte contemplada no art.
420.

Ao requisitar as informações mediante ofício, o juiz indicará os dados que


interessam ao seu esclarecimento.108 Concebem-se do requisitado três
atitudes: (a) atender à requisição, porque dispõe dos dados; (b) recusar-se a
informar ao juízo, porque não dispõe dos dados necessários ou pertinentes à
elaboração do informe ou fundado num dos motivos do art. 404 (infra, 1.902),
a exemplo da empresa de banco, que alega sigilo quanto ao endereço do seu
cliente; e (c) permanecer inerte.

Nada se dispõe claramente sobre as consequências das duas últimas


atitudes. No caso de recusa sob a invocação do art. 404 (v.g., a divulgação
das informações comprometeria o planejamento dos investimentos da
empresa), o juiz deliberará a respeito; nos demais, e por analogia, aplicar-se-á
o procedimento da exibição de documento ou de coisa perante terceiro (arts.
401 a 403), sem prejuízo da eventual sanção penal ao recalcitrante que, sem
motivo justo, recusa atendimento à ordem judicial. Essa sanção é objeto de
remissão, expressivis verbis, no art. 5.º, § 7.º da Lei 5.478/1968 ao art. 22 do
mesmo diploma.

A atividade exigida do terceiro tem custo específico. Às vezes, o custo é


relevante para a empresa destinatária da requisição: encarregam-se pessoas,
desviadas de suas funções habituais, para vasculhar velhos e empoeirados
arquivos, ou técnicos convocados para decifrar dados armazenados
eletronicamente de modo incompatível com os sistemas modernos em uso.
Não raro surgem resistências e amargas controvérsias a esse propósito; por
exemplo, notários e registradores relutam a atender às requisições, entretanto
subsumida no art. 438, I, sem receber a retribuição pecuniária a que fazem jus
na qualidade de particulares em colaboração com o Poder Público. Há juízes
que intimidam notários e registradores com ordem de prisão.

Não é justo que o custo financeiro intrínseco à atividade de preparar o


informe não seja compensado, à semelhança do que acontece com a
testemunha (art. 462),109 em que pese revestir-se o depoimento da condição
de serviço público. Por esse motivo, o requisitado indicará o valor da
compensação, ficando a cargo do juiz fixar o montante e ordenar à parte que
requereu a prova, ou ao autor, depositar a quantia devida no prazo de três
dias, por analogia com o art. 462.

Nada assegura que as informações prestadas sejam fidedignas. O juiz


deverá submeter o informe à crítica das partes, na forma do art. 434, caput, e
admitir que o interessado produza prova em contrário. Por exemplo, arrole o
autor das informações como testemunha, solução adotada no direito
espanhol.110

1.847. Comportamento processual

As circunstâncias que o juiz utiliza para inferir a veracidade das alegações


de fato, empregando regra de experiência, referem-se tanto (a) a fatos
externos ao processo, mas nele introduzidos através da iniciativa concorrente
das partes e do juízo, quanto (b) a fatos internos ao processo, produzidos
independentemente qualquer iniciativa probatória, os quais ao juiz é dado
conhecer, ex officio, porque registrados na documentação da atividade
processual.111

Fonte valiosa de fatos internos recai nos atos e omissões praticados pelas
partes no curso do processo. A atuação das partes, no respectivo conjunto, ou
a de uma delas encarada isoladamente, produzem impressão indelével no
espírito do julgador. Esse comportamento processual gera indícios que,
mediante regras de experiência, permitem ao juiz tomar chegar a conclusões
sobre a veracidade das alegações da contraparte. Em outras palavras, “o
comportamento processual da parte, e até de seus patronos, tem significação
probatória indiciária”.112 Recorda-se, muito convincentemente, passagem
bíblica em que o Rei Salomão atribuiu à maternidade à mulher que preferiu
entregar a criança à rival do que sacrificá-la.113

O comportamento processual assume duas funções distintas: (a) elemento


de prova; (b) meio de prova.114

No direito italiano, regra expressa (art. 116, in fine, do CPC peninsular)


autoriza o juiz a retirar argumentos de prova do comportamento processual
das partes. O art. 163, n.º 5, do Codigo de Proceso Civil y Comercial de la
Nación argentino admite a apreciação do comportamento para confirmar o
sentido das provas produzidas, função subsidiária assaz criticada.115 Entre
nós, inexiste disposição de igual teor; entretanto, permitindo o art. 371 ao juiz
atentar à prova constante nos autos, independentemente de quem a haja
produzido, chega-se a idêntico resultado. Na realidade, a eficácia probatória
do comportamento das partes no processo independe de previsão legislativa,
bastando a possibilidade de o juiz empregar as presunções comuns.116 Tem-
se, aí, outra espécie de prova atípica.

Às vezes, o legislador transforma o comportamento processual da parte,


originalmente presunção comum, em presunção legal relativa. Não há
exemplo melhor do que a recusa da parte em consentir na coleta do material
orgânico que, mediante exame, definirá a paternidade ou a maternidade
biológica. Segundo os arts. 231 e 232 do CC, eventual recusa não aproveitará
ao recalcitrante, e, ademais, poderá suprir “a prova que se pretendia obter
com o exame”. Era o que já ensaiam os julgados, mas sob a forma de
presunção comum, antes da vigência do no estatuto civil. O comportamento
processual funciona como indício do factum probandum(parentesco
biológico).117 Não se cuida, absolutamente, de caso isolado. Recusando-se
ilegitimamente a parte a exibir documento ou coisa, o art. 400 autoriza o juiz
reconhecer a veracidade do fato que a contraparte pretendia provar através
dessas fontes. E as presunções instituídas no art. 344, no caso de revelia do
réu,118 e no art. 341, caput, segunda parte, têm a mesma base: a omissão da
parte.

Também atos comissivos podem gerar indício bastante para o juiz inferir
o factum probandum. Por exemplo, uma das partes – como no célebre e real
caso da deglutição da nota promissória que instruía pretensão a executar –
destrua documento produzido pela outra. É lícito ao juiz inferir que o fato
reproduzido no documento e invocado pela contraparte é verídico.119

Em todas essas situações, o comportamento comissivo ou omissivo hábil


a influir no convencimento do juiz, inserindo legitimamente na motivação do
ato decisório (art. 371), origina-se da própria parte e, não, do seu advogado. É
duvidoso que a atividade deste, de per si, possa constituir indício, apesar da
admissão dessa possibilidade.120 Nenhum juiz sensato extrairá das
intervenções intempestivas do advogado na coleta da prova com o intuito de
intimidar a testemunha, impedindo-a de fazer declarações desfavoráveis ao
seu cliente, plausível “argumento de prova”. Dir-se-á que, sendo assim, reduz-
se o campo da prova atípica, porque escassos os atos praticados
pessoalmente pela parte no processo civil; ademais, as consequências da
errônea ou da má escolha do representante técnico recaem sobre a parte
(v.g., a redação imperfeita da petição inicial; a perda do prazo para
recorrer),121 inexistindo razão para tratar o caso diferentemente. Os
argumentos não convencem. Primeiro, a prova atípica é, por definição,
excepcional; segundo, falta congruência subjetiva entre o criador da
circunstância e a pessoa na qual repercutirá a presunção de veracidade
do factum probandum, o que é incompatível com a estrutura natural da prova
crítica ou circunstancial.

E há outro pormenor digno de relevo. O rígido complexo de deveres


processuais impostos às partes, cujo descumprimento criaria a “atmosfera”
positiva ou negativa no espírito do juiz, relativamente a uma das
partes,122 respeita antes ao processo – relação das partes com o órgão
judiciário – do que com as alegações de fato concernentes ao mérito.

Esgota-se na esfera restrita dos atos praticados ou omitidos pela própria


parte a utilidade do comportamento processual como prova atípica ou fonte de
indícios. Claro está que a atividade processual das partes não tende por si
mesma a produzir indícios e a subsidiar as inferências do órgão judiciário. O
indício surgirá, ou não, malgrado a intenção da parte. Não fica claro como
essa conduta se transformaria, enquanto tal, em meio de prova no sentido
técnico, segundo a exposição consagrada ao tópico.123

1.848. Juramento

O juramento é declaração solene e formal da parte (ou de procurador com


poderes especiais),124 invocando Deus como testemunha, na qual afirma
verdadeiros os fatos que a beneficiam, e, não, os fatos que a prejudicam.
Nesse sentido, o juramento constitui o reverso da confissão.125 Pode haver
conflito entre os dois meios de prova.126 O objeto do juramento (os fatos
jurados como verdadeiros) é uma declaração de ciência.127 É um meio de
prova.128

Em virtude da falta de base social, senão da inequívoca contradição da


sua origem religiosa com a atual esfera pública, predominantemente laica, tal
meio de prova insere-se como exótico artefato arqueológico nos
ordenamentos que ainda o consagram.129 O depoimento em causa própria
supre a ausência do juramento.130E, convém acrescentar, ornamento
extravagante de ambiente cada vez mais eletrônico.

O direito brasileiro admitiu três espécies de juramento: (a) decisório; (b)


supletório; (c) in litem. Monografia hoje raríssima e pouco consultada dividia o
juramento em (a) assertório, relativo a fatos alheios e que compete à
testemunha; e (b) promissório, feito pela parte no tocante aos fatos próprios,
por sua vez dividido em (ba) judicial e (bb) extrajudicial. O juramento judicial
exibia duas espécies: (baa) voluntário e (bab) necessário. O juramento
necessário se repartia em (baba) supletório, visando a completar prova
semiplena; e (babb) purgatório, dado ao juiz ao réu, e que incluía o in litem,
seguindo-se outras subdivisões.131

Por iniciativa do autor, no juramento decisório, previsto nas Ordenações


Filipinas (Livro 3, Título 52, § 3.º, e Título 59, § 7.º),132 o réu ficava obrigado a
prestá-lo ou repeli-lo, sujeitando, destarte, a sorte da demanda a prova daí
proveniente: ou o réu admitia o fato contrário ao próprio interesse,
precipitando sentença favorável ao autor; ou jurava a seu favor, provocando a
sucumbência do autor; recusando-se a jurar, ou permanente inerte, o juiz
mandava o autor jurar e, com base nesse juramento a favor do próprio
interesse, decidia a causa favoravelmente ao autor.133 Uma das características
desse juramento é a irretratabilidade.134 O juramento supletório supria a falta
de prova da alegação de fato favorável à parte que o prestava. O juramento in
litem supria a falta de prova do valor da coisa demandada.135

O art. 138, § 5.º e § 6.º, do Regulamento 737/1850, inicialmente aplicável


às causas comerciais, previa duas espécies: o juramento supletório e o
juramento in litem. Estimou-se revogado o juramento decisório por força do
Decreto 763, de 19.09.1890, mandando aplicar o referido regulamento às
causas cíveis em geral.136Dizer que o Decreto 3.084, de 05.11.1899, também
eliminou o juramento supletório e o juramento in litem nas causas cíveis não
se afigurava correto;137 ao contrário, os arts. 305 a 314 disciplinavam,
explicitamente, essas duas formas. Tampouco se extrai da falta de referência
a esses meios de prova no art. 136 do CC de 1916 qualquer argumento
favorável ao banimento dessas modalidades remanescentes, nas causas
cíveis,138 pois a respectiva enumeração era meramente exemplificativa. Como
quer que seja, na vigência do CPC de 1939, entendeu-se admissível o
juramento supletório e o juramento in litem nos litígios entre
empresários.139 Não se localizou, entre nós, disposição tão categórica como a
do art. 580 do CPC português do mesmo ano: “É abolido o juramento como
meio de prova, tanto o decisório como o supletório”.140
O juramento como meio de prova sobreviveu, portanto, à República.
Perdeu a conotação religiosa através de sutil transformação semântica.
Função arrebatada pelo compromisso laico de cumprir as obrigações do cargo
no caso da investidura dos agentes públicos. E pelo compromisso de a
testemunha dizer a verdade do que souber e lhe for perguntado (art.
458, caput), sob as penas da lei, fórmula mais tíbia.141 A terminologia distinta
não salva a figura dos seus defeitos.142 Em especial, inexiste entre nós
repressão penal mais intensa aos perjuros.

A título de provocação, considera-se admissível convidar certa pessoa,


notadamente adepta de crença firme, sincera e ardorosa, seja ela qual for, a
jurar sobre seus livros sagrados.143 Cada qual jura segundo a exigências do
seu culto.144 É ideia antiga, aproveitando o temor de Deus, conforme a
confissão de cada pessoa ou o valor abstrato da honra, cuidando-se de
pessoa incrédula, forma habilidosa de conciliar a tradição religiosa com o
caráter laico do Estado.145 Talvez seja tolerável essa prática como reforço ao
compromisso da testemunha previsto no art. 458, caput. Nada mais. Embora
a enumeração do art. 212 do CC seja exemplificativa, e nada haja de contrário
à moral no juramento, nenhuma é a força probante da parte que empenha a
própria palavra em nome da honra ou de Deus.

Razões sistemáticas revelam que, admitida confissão, presumivelmente


feita porque a parte rende-se à força moral superior da verdade e reconhece
fato contrário ao seu próprio interesse, sistema processual submisso aos
direitos fundamentais não pode abrigar o juramento e sua variante civil. A
frágil natureza humana produz nas pessoas, ordinariamente, a crença oposta
à que a domina na confissão, em geral entendendo eventos e condutas sob o
ângulo que mais as favoreçam.146 Assim, convidar alguém a jurar em nome da
sua fé tende a estimular o perjúrio e a comprometer os fundamentos da
crença, infringindo ao princípio da dignidade da pessoa humana.

Esse fundamento parece mais razoável a suposta perplexidade gerada


pelo fato de o juramento limitar o livre convencimento do juiz.147 Em certas
condições, no direito brasileiro, o juiz se vincula à veracidade das alegações
de fato, bastando recordar os casos do reconhecimento do pedido e da
renúncia (art. 487, III, a e b).

1.849. Depoimento técnico

O perito (ou entendido de fato) manifesta opinião técnica, científica ou


artística através do laudo (art. 473, caput) ou do parecer produzido pelas
partes (art. 472). Mas, “quando o ponto de fato for de menor complexidade”, o
juiz poderá dispensar o laudo, inquirindo diretamente especialista em
audiência (art. 464, § 2.º).

Essa flexível modalidade da introdução do conhecimento científico, técnico


ou artístico no processo sugere que, a par da designação do entendido pelo
juiz, conforme as necessidades do caso concreto – e, na hipótese do art. 464,
§ 2.º, há nomeação de experto, mas o laudo e a resposta às perguntas
ocorrem oralmente –, há outros meios de produzir conhecimento especial no
processo. Entende-se por conhecimento especial o que extrapola as regras
de experiência comuns (art. 375).
O perito desenvolve atividade dupla, substituindo o juiz, cuja falta de
conhecimento o impede de realizar ambas a contento, na percepção dos fatos
e na emissão de juízo (dedução ou, mais propriamente, raciocínio inferencial).
O grau de veracidade varia nessas atividades, conforme o perito produza
comprovação científica (v.g., o exame genético) ou manifeste opinião (v.g., a
avaliação de imóvel). Ora, nesse último caso, a economia sugere que tal
manifestação seja feita oralmente, sem pejo de o entendido de fato também
depor sobre as experiências realizadas para comprovar determinada hipótese
de fato (v.g., a trajetória e a velocidade dos veículos envolvidos no acidente
de trânsito).

As partes ou o juiz, ex officio, podem pretender ouvir o testemunho de


pessoas habilitadas a esclarecer o juiz sobre assunto técnico, científico ou
artístico. Essa prática comum da Common Law chama-se de expert witness.
Representa autêntico sucedâneo da prova pericial. Conjuga-se a aquisição de
conhecimento dessa natureza, em que a percepção e dedução se combinam,
com o meio da prova testemunhal.148 A prova testemunhal, nos sistemas
da Civil Law, em princípio limita-se à reprodução das percepções. Mas há
muito se sabe que a diferença entre o perito, ou entendido de fato, e a
testemunha não reside na qualidade do fato sobre o qual recai o depoimento
na experiência técnica do depoente, e, sim, na atribuição, ou não, de encargo
específico pelo juiz, que é a característica da perícia.149 É o sistema adotado
no direito brasileiro: o perito é um particular em colaboração eventual com a
Justiça, auxiliar do juiz (art. 149), em princípio da sua livre escolha, no âmbito
do cadastro do art. 156, § 1.º, e irrestrita confiança. O expert witness amplia a
área do testemunho. Em idêntica medida, todavia, suscita problemas de
confiabilidade, como revela a Federal Rule of Evidence.150

Em sentido contrário à admissibilidade do depoimento técnico no direito


brasileiro, assim como no italiano,151 fora dos casos em que a lei
explicitamente o admite (v.g., art. 35, caput, da Lei 9.099/1995), o argumento
plausível consiste no objeto do testemunho. O interrogatório da testemunha
recairá sobre as questões de fato. À testemunha, em princípio, veda-se emitir
juízo de valor sobre a experiência sensorial. Ora, semelhante limite é muito
frágil, porque o conhecimento do passado, que a testemunha transmite ao
juiz, sempre se baseará em raciocínio inferencial.152

Não é inteiramente desconhecido o expert witness no direito pátrio. O art.


35, caput, da Lei 9.099/1995 autoriza o juiz a inquirir “técnicos de sua
confiança”, facultando às partes a produção de pareceres técnicos, a título de
contraprova ou não. A cláusula da “confiança” aproxima o testemunho da
perícia. Por sua vez, o art. 464, § 2.º, menciona a inquirição de especialista,
designado pelo juiz. Ora, o expert witness consiste em as partes trazerem
livremente entendidos da sua própria confiança ao processo. E justamente aí
que surge o problema de confiabilidade. À falta de diretriz expressa, o órgão
judiciário deve receber o depoimento técnico com a devida cautela,
examinando-lhe a relevância e a confiabilidade, requisitos de
admissibilidade.153 Funcionará o juiz, segundo a construção da Suprema Corte
dos Estados Unidos, como gatekeeper.154 O juiz desempenhará a função
declarando válida ou não a prova científica pretendida com o expert witness.
O entendido de fato deverá manifestar-se sobre os fatos da causa (v.g., sobre
o acidente de trânsito que originou o litígio), a eles aplicando princípios e
métodos conhecidos e geralmente aceitos pela comunidade científica.
Essas salvaguardas amenizam o principal: o especialista não se apresenta
voluntária e gratuitamente, mas é selecionado e pago pela parte interessada.
A retribuição pecuniária deve ser encarada sem preconceitos. Afinal, o perito
também é remunerado indiretamente pela parte sobre a quem pesa o ônus da
prova.

Seja como for, o art. 369 chancela o depoimento técnico. Nada impede as
partes, por conta própria, arrolar esses técnicos como testemunhas fora das
causas jungidas ao rito do Juizado Especial Comum.

As vantagens desse meio atípico são flagrantes. À economia de atividade


processual necessária à produção do laudo pericial, acresce a qualificação do
depoimento, em virtude dos saberes da testemunha.

1.850. Constatação oficial

O meio de prova típico para o juiz adquirir conhecimento diretamente das


fontes de prova (as pessoas, as coisas e os fenômenos naturais ou artificiais)
é a inspeção judicial (art. 481). O objeto desse meio de prova, apesar da
referência às pessoas e às coisas, abrange tudo quanto for passível de
percepção pelo juiz.155 E, ainda assim, o conhecimento proveniente das fontes
da prova deve ser de tal ordem que não possa ser adquirido no processo por
outro meio de prova. Assim, o documento é uma coisa móvel, mas as
declarações nele lançadas são produzidas por meio da prova documental;
residualmente, documentos comportam observação (v.g., quando à rasura,
que a testemunha alegou existir na peça).

A título de simplificação da custosa prova pericial, o direito francês


contemporâneo conhece a figura constatation, ou seja, a atestação de
determinado fato, mas produzida por experto. Em casos mais simples,
entretanto, o agente de constatation é o oficial de justiça (huisser), ele próprio,
ao seu modo, especialista em determinadas áreas.156 Não é inteiramente
desconhecida essa modalidade de prova atípica entre nós. Ao executar o
mandado de citação, por exemplo, o oficial de justiça constata que o estado
mental do citando o impede de compreender a finalidade do ato, não se
realizando a citação (art. 245, caput), hipótese em que, reza o art. 245, § 1.º,
lavrará o oficial de justiça certidão, “certificará minuciosamente a ocorrência”.
Equivale o “diagnóstico” do oficial, nesses domínios, ao do juiz no
interrogatório a que submeterá o interditando, a teor do art. 751. Em contato
direto com a pessoa, o oficial de justiça faz o processo adquirir conhecimento
sobre as condições psíquicas do réu, a denunciar que se trata de prova
atípica. Desse mesmo teor era o “auto circunstanciado” lavrado pelo oficial de
justiça ao embargar obra nova, cabendo-lhe descrever “o estado em que se
encontra a obra” (art. 938, primeira parte, do CPC de 1973 – regra sem
equivalente no NCPC).

Calha recordar, ainda, a reiterada prática de o oficial de justiça realizar a


constatação que o imóvel objeto da ação de despejo se encontra desocupado,
a fim de imitir o autor na posse.157 As possibilidades de o juiz utilizar o oficial
de justiça em tarefa análoga lançam interessantes perspectivas quanto à
diminuição dos custos intrínsecos da perícia e seus variantes (arts. 464, § 2.º,
e 472).
Em todos esses casos, inexiste inspeção judicial em termos técnicos. Tal
meio de prova caracteriza-se pela atuação pessoal do juiz em exercitar seus
próprios sentidos (visão, audição, olfato, paladar e tato) com as fontes de
prova.

1.851. Ata notarial

O art. 7.º, III, da Lei 8.935/1994 atribuiu ao tabelião de notas competência


exclusiva para “lavrar atas notariais”. A ata notarial é a narração de fatos
percebidos pelo tabelião. Tem longeva tradição no direito pátrio.158 No direito
espanhol, originou-se na prática antes de se consolidar
legislativamente. Segundo noção mais completa, ata notarial é “o
159

instrumento público através do qual o notário capta, por seus sentidos, uma
determinada situação, um determinado fato, e o translada para seus livros de
notas ou outro documento”.160 O art. 384, caput, aponta o objeto como a
“existência e o modo de existir de algum fato”, admitindo o registro de imagem
ou de som gravados em arquivos eletrônicos (art. 384, parágrafo único). Tal
documento notarial tem estrutura similar ao da escritura pública, mas esta
respeita a atos e a negócios jurídicos, enquanto a ata tem por objeto fatos
(jurídicos ou não).

É flagrante a função probatória da ata notarial, mas não se afigura cabível


estender-lhe a eficácia de prova plena. O art. 215, caput, do CC menciona
apenas a “escritura pública”. Como quer que seja, a parte produzirá a ata
notarial na oportunidade da produção da prova documental, prestando-se,
maravilhosamente, para provar certos fatos. Por exemplo, o caráter
residencial, ou não, do imóvel objeto da impenhorabilidade do art. 1.º da Lei
8.009/1990.

Em obra exaustiva acerca desse tema, surgiram onze espécies de ata


notarial, arrolando-se, ainda, quarenta e sete fatos passíveis de ata notarial, a
saber: (a) ata de notoriedade (v.g., a constatação que a pessoa A está viva,
curioso sucedâneo do já obsoleto “atestado de vida”); (b) a ata de declaração,
na qual o tabelião narra declarações de ciência do solicitante ou de terceiros
(v.g., o imóvel X serviu de morada a A, segundo declarações do próprio A e
de C); (c) ata de constatação externa (v.g., a abertura de cofre no banco X);
(d) ata de inspeção (v.g., a descrição do estado do imóvel X, abandonado
pelo locatário D); (e) ata de verificação de mensagem publicitária (v.g., a
localização do cartaz X na rua Y); (f) ata de notificação (v.g., a interpelação
feita por A em relação a B, na presença do tabelião); (g) ata de autenticação
eletrônica (v.g., a do conteúdo do DVD); (h) ata de gravação de diálogo
telefônico (v.g., a gravação do diálogo telefônico de A com B, reproduzindo as
declarações de A); (i) ata da internet (v.g., o conteúdo do site X relativo a A);
(j) ata de verificação de mensagem eletrônica (v.g., a preservação do teor da
mensagem enviada eletronicamente de A para B); (k) ata de subsanação, em
que o tabelião verifica a existência de erro em documento.161 Esses fatos
quadram-se perfeitamente ao objeto definido no art. 384, caput.

A ata notarial suscita delicado problema de política judiciária. A divulgação


desse instrumento flexível de produção de prova, em especial da ata de
declaração, na qual o tabelião reproduz declarações de pessoas, aumentará a
tendência já excessiva de o juiz, assoberbado por quantidade invencível de
feitos, sublimar a necessidade da prova oral, e, destarte, abster-se de
designar audiência de instrução. Em outras palavras, submetendo-se a ata
notarial ao regime comum da prova documental, tout court, a juntada desse
documento de conteúdo heterogêneo e dotado do prestígio do tabelião,
ensejará o julgamento antecipado do mérito (art. 355, I). A ata notarial
substituirá, na prática, a prova oral. É preciso conferir função residual ao meio
de prova do art. 384. Do contrário, o juízo de fato passaria do órgão judiciário
para o tabelião em muitas situações controversas.

Capítulo 82. DEPOIMENTO PESSOAL


SUMÁRIO: § 379.º Depoimento da parte em geral – 1.852. Conceito e
natureza do depoimento da parte – 1.853. Espécies de depoimento da parte –
1.854. Funções do depoimento da parte – 1.855. Princípios do depoimento da
parte – 1.855.1. Princípio da pessoalidade – 1.855.2. Princípio da
informalidade – 1.855.3. Princípio da publicidade – § 380.º Requisitos do
depoimento da parte – 1.856. Aptidão para depor – 1.856.1. Depoimento do
revel – 1.856.2. Depoimento dos litisconsortes – 1.856.3. Depoimento dos
terceiros – 1.856.3.1. Depoimento do assistente – 1.856.3.2. Depoimento do
amicus curiae – 1.856.3.3. Depoimento do Ministério Público – 1.856.4.
Depoimento do substituto processual – 1.857. Capacidade para depor –
1.857.1. Depoimento das pessoas naturais – 1.857.1.1. Depoimento dos
incapazes – 1.857.1.2. Depoimento dos necessitados especiais – 1.857.2.
Depoimento das pessoas jurídicas – 1.858. Objeto do depoimento da parte –
§ 381.º Procedimento do depoimento da parte – 1.859. Admissão do
depoimento da parte – 1.859.1. Caráter principal do depoimento da parte –
1.859.2. Depoimento em causa própria (in re sua) da parte – 1.859.3.
Interesse no depoimento da parte – 1.860. Intimação prévia da parte –
1.860.1. Destinatário da intimação para depoimento – 1.860.2. Modalidades
da intimação para depoimento – 1.860.3. Antecedência da intimação para
depoimento – 1.860.4. Consequência da falta de cominação da confissão –
1.861. Momento do depoimento da parte – 1.862. Local do depoimento da
parte – 1.863. Forma do depoimento da parte – 1.863.1. Etapa preparatória do
depoimento – 1.863.1.1. Identificação do depoente – 1.863.1.2. Movimentação
do depoente – 1.863.1.3. Compromisso do depoente – 1.863.2. Etapa do
interrogatório do depoente – 1.863.2.1. Interrogatório pelo juiz – 1.863.2.2.
Interrogatório pelo advogado – 1.863.3. Etapa da documentação do
depoimento – 1.864. Escusas no depoimento da parte – 1.864.1. Natureza do
direito de calar – 1.864.2. Casos do direito de calar – 1.864.2.1. Escusa em
caso de ilícito – 1.864.2.2. Escusa em caso de sigilo – 1.864.2.3. Escusa em
caso de desonra – 1.864.2.4. Escusa em caso de perigo – 1.864.3. Efeitos do
direito de calar – 1.865. Recusa de depor – 1.865.1. Recusa motivada –
1.865.1.1. Fatos desconhecidos – 1.865.1.2. Fatos esquecidos – 1.865.2.
Recusa desmotivada – 1.865.3. Momento da apreciação da recusa – 1.866.
Renovação do depoimento da parte – § 382.º Força probante do depoimento
da parte – 1.867. Confissão provocada expressa e ficta no depoimento da
parte – 1.868. Apreciação do depoimento da parte.

§ 379.º Depoimento da parte em geral

1.852. Conceito e natureza do depoimento da parte

O art. 212 do CC não arrola o depoimento da parte como prova, mas o inc.
I alude à confissão. A enumeração das provas nesse dispositivo da lei civil,
excepcional no direito estrangeiro, revela-se imperfeita por várias e relevantes
razões. Uma delas, particularmente grave e de importância no contexto aqui
versado, reside no critério heterogêneo adotado no catálogo, em particular no
tocante à confissão (art. 202, I, do CC) em contraste com a testemunha (art.
212, III, do CC).

Em tese, as fontes de prova são apenas três: as pessoas (v.g., a


testemunha), as coisas (v.g., o documento) e os fenômenos naturais ou
artificiais. Ora, a confissão não se enquadra em nenhuma categoria. A
confissão pode ser extrajudicial, hipótese em que geralmente ocorre por
escrito (art. 394, in fine), ou judicial e, neste último caso, subdivide-se em
espontânea (v.g., por termo nos autos), a teor do art. 390, § 1.º, e provocada
no depoimento da parte (art. 390, § 2.º). A respeitar esse esquema, a
confissão não é fonte de prova. Este reponta no documento (confissão
extrajudicial e confissão judicial espontânea) ou na parte (confissão judicial
provocada), ou seja, “meio de prova (pelo qual a fonte se comunica com o
órgão judicial) é o depoimento do confitente ou do documento que contém a
confissão”.1

O escorreito raciocínio ao acompanhado, in totum, patenteia as falhas


clamorosas da lei civil. Felizmente, o vício não se transformou em calamidade
coletiva, porque a opinião geral aceita o caráter meramente exemplificativo do
art. 212 do CC, haja vista a atipicidade dos meios de prova,2 consagrada
atualmente no art. 369. Não é isento de repercussões, todavia, na correta
construção das duas espécies de modalidades do depoimento da parte no
processo civil.

A Seção IV do Capítulo XII – Das Provas – do Livro dedicado ao


Procedimento Comum do NCPC designa como “Depoimento Pessoal” a
audição da parte pelo juiz no processo civil. A terminologia é, aqui também,
defeituosa.3 O depoimento da testemunha é igualmente “pessoal”. A
deplorável redundância passou incólume e sólida graças à consagração do
uso.

Preferível que seja a designação “depoimento da parte” (ou depoimento


“de parte”, como no art. 452 no NCPC português, de 2013), a nomenclatura
legal não induz a equívocos lesivos à boa aplicação do contato entre juiz e
parte. Aqui como alhures inexiste uniformidade terminológica. O art. 185 do
CPP chama ao instrumento de interrogatório. Essa mesma palavra é
frutiferamente utilizada nos direitos italiano, alemão (Vernehmung), no art.
415 Codigo de Proceso Civil y Comercial de La Nación – para o depoimento
livre, pois a sistemática do capítulo e a doutrina emprega o nome exótico
haurido da Ley de Enjuiciamiento Civil espanhola de 1881: absolución de
posiciones –,4 no art. 301 da Ley de Enjuiciamiento Civil espanhola de 2002.
Absteve-se o NCPC de empregar essa designação. O direito francês, por lei
de 23.05.1942, muito avançada no seu tempo,5 substituiu interrogatoire (sur
fait et articles) pela comparution personnelle des parties, hoje regulamentada
nos arts. 184 a 198 do NCPC francês em vigor. E o direito uruguaio, sob a
rubrica genérica de “declaración de parte”, disciplina a vetusta absolución de
posiciones, o interrogatório e o comparecimento pessoal para
esclarecimentos.6 Importa afirmar, considerando as tendências evolutivas
nessa matéria,7 a extraordinária atualidade do depoimento da parte brasileiro,
herdado do direito reinol, avantajando-se a outros sistemas ibero-americanos.
O nome do instituto é muito heterogêneo para conclusões firmes quanto à
sua natureza. Passemos a encará-lo quanto à essência, empregando a teoria
geral da prova.

No depoimento “pessoal”, fonte da prova é pessoa bem individualizada: a


parte. Nenhuma lei com propensões à racionalidade prática dispensaria, em
tese, o domínio das partes acerca do material de fato da lide. Que as
declarações das partes não se mostram confiáveis – a lúcida e exata
ponderação provém de autor germânico –,8 supérfluo enfatizar,
correspondendo ao senso comum. As partes são profundamente interessadas
no desfecho do processo. Atrás da barreira do próprio interesse, situa-se
prêmio valioso: o cabal conhecimento dos fatos que originaram o litígio. Vale a
pena contornar as travas psicológicas e conquistá-lo, e nessa singela e exata
consideração desenvolveu-se o depoimento da parte. Não há, de resto,
diferença substancial entre o depoimento da parte e o depoimento do terceiro
desinteressado (testemunha).9

A audição da parte pelo juiz apresenta vantagens e desvantagens. O


depoimento da parte é prova muito popular no processo civil norte-
americano.10 Na seara das vantagens, o depoimento abriga potencial para
oferecer prova decisiva, em sentido desfavorável ao depoente; na das
desvantagens, abstraído o custo financeiro tão relevante na prova oral
da Common Law,11 avultam os resultados imprecisos, improfícuos e eventuais
dessa penosa atividade para o juiz.

O depoimento da parte constitui o meio de prova para o juiz extorquir


declarações da parte, ou extrair consequências negativas do silêncio tácito ou
expresso. Encontra-se regulado nos arts. 385 a 388 e chama-se – admitidas
variações – “depoimento pessoal”.

Esse mecanismo ressente-se da falta de menção no art. 212 do CC,


porque a opinião predominante reconhece-lhe a única e exclusiva função de
provocar a confissão da parte. Em obra clássica acerca da prova, definiu-se o
depoimento como “o meio do qual se socorre a parte, ou o juiz, para a
produção da confissão em juízo”.12 Ora, enunciar a essência pelo efeito, de
resto acidental, evidentemente se mostra pouco promissor. E a confusão
aumenta quanto se nega ao depoimento “livre” e previsto no art. 139, VIII,
prestado sem a cominação do art. 385, § 1.º, inaptidão para produzir
confissão. A prudência subsiste no reconhecimento que, prestando
esclarecimentos contrários ao próprio interesse, mas favoráveis ao
adversário, e prova daí resultante não deixará de influenciar a convicção do
juiz.

Razões históricas e duas linhas separadas de desenvolvimento presidem


essa errônea avaliação do depoimento da parte. No processo romano
formulário, havia perguntas e respostas anteriores e antecedentes
à litiscontestatio, ou instauração do processo, de uma parte para outra, ou
formulados pelo juiz, chamadas deinterrogationes in jure.13 Posteriormente, no
processo da cognitio extraorinaria, convolou-se o inquisitório na interrogatio in
judicium, porque feita no curso do processo, mas ainda em caráter
preliminar.14 Por influência germânica, surgiu no processo comum
as positiones – origem da curiosa expressão absolución de posiciones –, que
se distinguia da interrogatio por dois aspectos básicos: (a) quanto à iniciativa,
pois a interrogatio também competia ao juiz, a positione só às partes; (b)
quanto à forma, porque a interrogatio era oral, a positione escrita.15

Esse esquema chegou às Ordenações Filipinas, prevendo duas maneiras


de o juiz abeberar-se diretamente com a parte em relação à matéria de fato:
(a) o inusual e desusado interrogatório (Livro 3, Título 20, § 4.º),16 feito initio
litis para o juiz esclarecer-se melhor, determinado ex officio; (b) o depoimento
da parte (Livro 3, Título 53, § 1.º), confiado à soberana iniciativa do
litigante.17 E, no século XIX, na interpretação dos arts. 162 e 230 do
Regulamento 737/1850, o juiz poderia interrogar a parte finda a dilação
probatória e já conclusos os autos para sentença.

À luz da diferença quanto à iniciativa, e bem de acordo com o espírito do


processo liberal, o destino do depoimento da parte atrelou-se à finalidade de
provocar a confissão, o que era impossível no interrogatório. Tal não significa
que duas espécies de depoimento não exibam função probatória própria e
independente da confissão. As declarações das partes provam contra e a
favor, trazem conhecimento que o juiz necessita para reconstituir
mentalmente o evento e a conduta alegada, influenciam a sua convicção.
Dizer o contrário nega a realidade. Assim, a função probatória do depoimento
consiste em obter declarações da parte.18 E a confissão não é a declaração da
parte em si. A ela não se aplicam as regras sobre declarações de vontade.19 É
prova que chega ao juiz através de duas fontes distintas – a parte e o
documento.

Essa visão resgata a função do ainda inusual e desusado depoimento livre


do art. 139, VIII.

1.853. Espécies de depoimento da parte

Existem duas espécies de depoimento da parte no processo civil


brasileiro: (a) o depoimento cominatório (art. 385); (b) o depoimento livre (art.
139, VIII).

Eles se distinguem em vários aspectos, mas o principal é o que o


depoimento livre não enseja a confissão ficta, no caso de a parte convocada
descumprir o ônus de responder, não comparecendo ou permanecendo quieta
indevidamente, enquanto o depoimento cominatório se caracteriza por essa
possibilidade. O juiz apreciará livremente eventual admissão de fato contrário
ao próprio interesse no depoimento livre (art. 389).20 A falta de cominação (art.
385, § 1.º) no depoimento do art. 139, VIII, impede que o juiz atribua natureza
de confissão às declarações da parte depoente como se sustenta no direito
italiano na interpretação de regra diferente.21

O art. 139, VIII, no direito anterior, tomara como modelo o art. 117 do CPC
italiano e a figura do interrogatório livre aí consagrada, cuja fonte de
inspiração, incluindo o direito alemão,22 é austríaca.23 Não se equipara ao
presumível modelo totalmente, pois o direito pátrio desconhece – por
enquanto – a função assistencial do juiz.24 Ao contrário, o juiz que aconselha
uma das partes “acerca do objeto da causa” é suspeito (art. 145, II). Este
problema funcional não é agudo e grave por outros motivos. O juiz brasileiro,
sobrecarregado de trabalho, exibe pouca disposição para realizar audiências
e, muito menos, promover a audiência informal ou solene das partes.25 E, de
resto, também no direito peninsular o interrogatório livre “in pratica costituisce
un vero e proprio mezzo instruttorio”.26 O direito pátrio nutre sólida linha
autoritária para se preocupar com instituto típico do processo civil inquisitório.

O juiz tem iniciativa para ordenar o depoimento cominatório (art.


385, caput, parte final: “… sem prejuízo do poder do juiz de ordená-lo de
ofício”) e o depoimento livre (art. 139, VIII). Essa iniciativa afigura-se
exclusiva, neste caso, mas concorrente com as partes no art. 385.

A parte requer o depoimento cominatório (art. 385, § 1.º) tendo em conta a


regra de conduta resultante do ônus de provar suas alegações de fato e na
consideração que o depoimento lhe favoreça (e desfavoreça o adversário). O
depoimento livre aparta-se finalidade, desvinculando-se, por inteiro, da
distribuição do ônus da prova.27

O depoimento livre constitui simples faculdade do juiz. O depoimento


cominatório requerido pela parte obriga o juiz a admiti-lo, salvo a
inadmissibilidade por intempestividade da proposição e impropriedade de a
parte requerer o depoimento in re sua.

O depoimento livre timbra pela informalidade, pois tende a esclarecer o


juiz (ad clarificandum), e as perguntas e respostas não necessitam ser
documentadas. Mas, é público e realiza-se na presença dos advogados.28 O
depoimento cominatório tem formalidades intrínsecas a obter o máximo
rendimento probatório das declarações das partes (infra, 1.860.4). A parte
presta o compromisso de dizer a verdade, tem o ônus de responder, sob a
pena de confissão ficta, submete-se à inquirição do juiz e dos advogados,
acabando toda essa atividade documentada por um dos meios admissíveis.

E, por fim, o depoimento livre ocorre em qualquer fase do processo,


inclusive após o encerramento formal da instrução. O depoimento cominatório
realiza-se, preferencialmente, na audiência de instrução.

1.854. Funções do depoimento da parte

O depoimento da parte tem função probatória particular. Por intermédio


das declarações da parte, o juiz adquire conhecimento e forma sua convicção.
Eventualmente, o depoimento realizado com a cominação do art. 385, § 1.º,
ensejará confissão ficta, em virtude da ausência, e confissão espontânea,
mas provocada do depoente. Essa função tem caráter residual, pois o juiz
visa a adquirir conhecimento através das declarações da parte.

O depoimento livre (art. 139, VIII) realiza-se, a qualquer momento, ad


clarificandum. Esses esclarecimentos respeitam a três aspectos
concorrentes.29 Em primeiro lugar, presta-se ao juiz para conferir o verdadeiro
o teor das declarações prestadas pela própria parte no processo. Ao ler a
documentação dos atos probatórios, o juiz depara-se com depoimento
lacunoso, em que há o emprego da palavra x em sentido diverso do habitual e
consagrado nos dicionários, ou o efetiva proposição da declaração y, que na
gravação do depoimento lhe soou negativa, mas tudo indica que seja positiva,
e assim por diante. Também serve para o juiz apurar o sentido das alegações
de fato do ponto de vista da própria parte, depurada da redação do
representante técnico.30 E, finalmente, o juiz apurará o sentido real da prova
produzida pela parte.

Encarada positivamente a novidade do depoimento livre, porque “um dos


males do processo é o distanciamento entre o julgador e os litigantes”,31 não
logrou debelar a distância ou comover juízes e advogados do seu proveito. O
brilho técnico do instituto se desvanece ao mergulhar no mar proceloso dos
milhares (e dezenas de milhares) de processos distribuídos a cada órgão
judiciário brasileiro. Localiza-se, atualmente, no dispositivo que arrola os
poderes materiais do órgão judicial.

1.855. Princípios do depoimento da parte

O depoimento da parte se rege por dois princípios: (a) princípio da


pessoalidade; (b) princípio da informalidade.

1.855.1. Princípio da pessoalidade – O depoimento pessoal é ato


personalíssimo da própria parte.32

Essa característica significa que a parte principal e a parte auxiliar,


dotadas de aptidão para depor, e encontrando-se fisicamente aptas – as
pessoas portadoras de necessidades especiais necessitarão de intérprete –,
prestam depoimento de forma oral, na sede do juízo ou fora dela,
impossibilitadas de se fazerem representar por terceiro. O depoimento da
parte é indelegável e intransferível. Não pode ser prestado por mandatário.33

A pessoa jurídica e os entes despersonalizados (v.g., o condomínio e


comunidades de fato), cuja existência é virtual, depõem através dos seus
órgãos de representação, ou seja, através da pessoa natural investida da
representação orgânica ou do comando. E, igualmente, tal pessoa não pode
ser substituída por outrem (infra, 1.857.2). O juiz ouvirá, em caso de
necessidade, a pessoa ligada à pessoa jurídica, mas desprovida de
representação, e conhecedora dos fatos que originaram o litígio, no todo ou
em parte, como informante.

1.855.2 Princípio da informalidade – Em suas duas espécies, previstas nos


arts. 385 e 139, VIII, o depoimento da parte revela-se essencialmente
informal.

O regime da coleta do depoimento é o da audição da testemunha, haja ou


não remissão expressa, e implicará a tomada do compromisso de dizer a
verdade, a inquirição pelo juiz, de regra seguida pela dos advogados das
partes, e, por fim, o registro integral das perguntas e respostas.

Nada obstante, o roteiro não toca na essência do depoimento. O


interrogatório timbra pela informalidade em virtude de duas características
primordiais: (a) a única pauta prévia das perguntas é o tema da prova, ou
seja, as alegações de fato controvertidas passíveis de prova por declarações
da própria parte, presumivelmente leigo em assuntos técnicos e científicos,
inexistindo catálogo de perguntas obrigatórias ou recomendáveis,
diversamente do processo penal (sobre os fatos, art. 187, § 2.º, do CPP, na
redação da Lei 10.792/2003);34 (b) o juiz (e os advogados quando o juiz lhes
conceder a palavra) não é obrigado a perguntar, positiva ou negativamente,
sendo lícito e conveniente estimular a peroração franca, espontânea e
coloquial do depoente, na expectativa de melhor rendimento e consecução
dos escopos do meio de prova.

1.855.3. Princípio da publicidade – O depoimento da parte é ato


processual público, submetido ao contraditório, e retrata audiência do juiz com
a(s) parte(s) e respectivos advogados, seja qual for o lugar (na sala de
audiências ou no campo), o momento (na audiência principal ou em audiência
especial) e o meio (presencial ou por qualquer meio de transmissão de sons e
de imagens). O advogado da contraparte há de comparecer para legitimar o
contato do juiz com a fonte da prova.

Restrições à publicidade seguem as regras gerais: o juiz poderá limitar à


assistência às partes, ressalvado o disposto no art. 385, § 1.º, relativo à
movimentação física (infra, 2.074) e aos advogados.

Encontro do juiz com uma das partes, sem prévia intimação da outra, em
sua casa de veraneio ou residência habitual, é clandestino, ilegal e ilegítimo, a
demonstrar profundo desamor aos direitos fundamentais processuais e ao
processo verdadeiramente democrático. No direito pátrio, em que os
julgamentos são públicos e motivados, e feitos oralmente (v.g., na sessão do
tribunal) reduzidos, opportuno tempore, à forma escrita, revelar-se-ia
inconstitucional e intolerável regra similar ao art. 188 do CPC francês,
autorizando audiência reservada (em chambre du conseil).35 As razões
aventadas no antigo direito francês, a exemplo da falta de embaraço do
depoente, na presença do seu antagonista, e o sereno cálculo do teor das
respostas,36 não se mostram convincentes.

§ 380.º Requisitos do depoimento da parte

1.856. Aptidão para depor

A regra geral da aptidão subjetiva para depor revela-se intuitiva. Decorre


da própria designação desse meio de prova. O depoimento compete a quem
figura como parte no processo civil.37

Parte é o sujeito designado nominalmente na relação processual (retro,


500). O direito pátrio consagração noção assaz abrangente de personalidade
processual (retro, 507). Podem figurar como partes pessoas naturais e
pessoas jurídicas, nacionais e estrangeiras, e entes despersonalizados (v.g.,
o Movimento dos Trabalhadores sem Terra ou MST). Os terceiros após a
intervenção voluntária ou provocada tornam-se partes.

Existem três espécies de partes: (a) partes principais; (b) partes auxiliares;
(c) parte coadjuvante. O assistente do autor(es) e do(s) réu(s) é parte auxiliar.
E o Ministério Público, intervindo na forma do art. 178, é a parte coadjuvante.
A posição do amicus curiae é singular.

Essas considerações gerais permitem visualizar várias questões no que


tange à aptidão para depor.

1.856.1. Depoimento do revel – Dos sujeitos da relação processual


angular (retro, 91), participam do processo necessariamente o autor e o órgão
judiciário; porém, o réu nem sempre participa, nem sequer é formalmente
chamado. Assim, na hipótese de o juiz indeferir liminarmente a petição inicial,
mas o autor interpor o recurso próprio, a relação processual se desenvolve
sem a integração, e, a fortiori, a participação do réu – simples figurante inativo
e insciente da litispendência. No direito norte-americano, recentemente surgiu
a interessante questão da nominal party em ações coletivas, ou seja, pessoas
que são identificadas como autores sem formal consentimento, e até
conhecimento prévio, situação equivalente, no direito brasileiro, à postulação
sem mandato do art. 104, caput, divergindo se ficam submetidas, ou não,
ao discovery.38 O exemplo insólito evidencia quão ingênuo é ignorar a posição
de parte de quem não participa do processo, mas nele consta nominalmente.

E, chamado o réu ao processo, acontece de o réu permanecer


completamente inerte, tornando-se revel.

Em processo civil, revelia torna as alegações de fato incontroversas (art.


344), no que se designa de efeito material (retro, 362), salvo exceções (art.
345). Nessa contingência, as alegações de fato mostram-se insuscetíveis de
integrar o tema da prova (art. 374, III), permitindo o julgamento per saltum (art.
355, II). Nada obstante, tal efeito é relativo e, havendo oportunidade, o réu
pode intervir em qualquer estado do processo (art. 346, parágrafo único),
adquirindo direito à prova, consoante a Súmula do STF, n. 231.39 O art. 349
consagra a hipótese. Por óbvio, o revel pode pedir o depoimento pessoal do
autor e o juiz, não se convencendo da veracidade das alegações de fato,
apesar da presunção do art. 344, deferir a prova. É de notar que a
especificação do art. 336, in fine, não provoca preclusão, porque a proposição
da prova ocorrerá, geralmente, antes do saneamento (retro, 1.332). Esse
aspecto já mereceu análise no capítulo da revelia (retro, 367).

Ocorra, ou não, o efeito material da revelia, e principalmente no caso de o


juiz ordenar que produza prova (art. 348), o autor tem direito à prova. O efeito
material da revelia (art. 344) e a técnica do julgamento antecipado (art. 355, II)
aproveitam o autor e, em geral, não tem interesse em produzir outras provas
além da documental. Em determinados casos, o autor propõe meios de prova,
a fim de certificar a veracidade dos fatos afirmados na inicial, forrando-se do
receio de o réu apelar e, por qualquer razão, o órgão judiciário ad
quem mudar o sentido da sentença de primeiro grau. E, dentre esses meios
de prova, situa-se o depoimento pessoal.

Em tese, o revel tem capacidade para depor.40 O STJ já anteviu essa


possibilidade.41 É claro que, não acudindo à citação, nada assegura que o réu,
recebida a intimação do art. 385, § 1.º, compareça em juízo para ser ouvido.
Eventual confissão ficta nada acrescentaria à presunção do art. 344.
Tampouco auxiliará nos casos do art. 341, vez que as alegações de fato do
autor, por uma e outra razão, inclusive a impossibilidade de confissão (art.
341, I), são insuscetíveis de presunção. Feitas essas ressalvas, e
destacando-se o caráter invulgar de proposição do autor nesse sentido,
inexiste dúvida de que o revel pode depor e oferecer subsídios à formação do
vencimento do juiz.

1.856.2. Depoimento dos litisconsortes – Em caso de pluralidade de


partes, o regime comum ou especial do litisconsórcio (retro, 580.3) influencia
o regime do depoimento pessoal.
No regime comum, facultativo ou obrigatório o litisconsórcio, o conjunto
dos litisconsortes ostenta aptidão para depor. As partes têm ampla liberdade
de movimentos na instrução, incluindo a proposição das provas. O art. 118
considera os litisconsortes litigantes distintos para todos os efeitos.

Em determinada ocasião, o STF considerou que aos litisconsortes do


mesmo lado faltaria interesse em colher o depoimento de seus parceiros.42 A
nosso ver, a tese não comporta tal indevida generalização, no entanto
frequente,43 devendo ser considerado o caráter comum ou individual da
pretensão e da defesa. É certo que o litisconsórcio facultativo instaura-se com
laços heterogêneos entre os litigantes. O art. 113, I a III, parte da comunhão
até simples ponto comum de fato ou de direito. Só nos casos de defesa
comum, havendo comunhão (art. 113, I), não cabe ao litisconsorte pleitear o
depoimento do parceiro, e mesmo nesse caso há situações em que o
depoimento parece perfeitamente admissível. Por exemplo, no caso
de A pleitear de B e C obrigação solidária e um dos litisconsortes alegar
pagamento feito pelo outro, que silencia a respeito. O interesse em esclarecer
a questão no proveito comum é flagrante. E, adiante logo, pois o exemplo virá
a calhar mais adiante, o interesse mais se acentua se B, demandado por A,
chamar ao processo C.

O litisconsórcio obrigatório, mas facultativo, e que não é unitário por sua


própria natureza, porque imposto ex vi legis, não oferece maiores
dificuldades. Existe objeto litigioso único. Os litisconsortes depõem
individualmente.

O depoimento de vários litisconsortes ensejará, conforme o número de


pessoas envolvidas, no mínimo incômoda movimentação de pessoas na sala
de audiências, a fim de assegurar o cumprimento do art. 385, § 2.º (infra,
2.074), obstando que um assista o depoimento do outro e, assistindo após
depoimento próprio, não interfira na ordem dos trabalhos. O juiz necessitará
impor férrea disciplina nos litígios submetidos a paixões mais intensas. E a
possibilidade em si de grande número de pessoas prestarem depoimento
suscita questão interessante.

O art. 113, § 1.º, limita o número de litisconsortes ativos, preservando o


direito fundamental da ampla defesa do(s) réu(s), eventualmente
impossibilitado(s) de examinar a situação (de fato ou de direito) individual de
número excessivo de autores e de réus. Se o fundamento dessa restrição
reside na efetividade direito de defesa do(s) réu(s), o número de réus é
indiferente, pois dez ou cem réus podem se defender eficazmente contra a
pretensão de um só autor; porém, o art. 113, § 1.º, também se preocupa com
o direito fundamental à rápida solução do litígio e número excessivo de
litisconsortes passivos prejudica o desenvolvimento do processo, exigindo a
prática de atos repetitivos (v.g., cem contestações, cem recursos, e assim por
diante), simultaneamente supérfluos e dispendiosos (retro, 583.2). Formando-
se litisconsórcio ativo, passivo ou recíproco numeroso, sendo comum o
regime do litisconsórcio, ou facultativo, mas sem o devido controle do órgão
judiciário, surge séria dificuldade para ouvir a todos os autores, bem como a
vários réus. Adotou-se curiosa solução para evitar a inútil e monótona
repetição dos depoimentos, reiterando perguntas idênticas e obtendo
respostas estereotipadas, no direito espanhol: o sorteio de doze dentre mais
de cem autores.44 O § 449 da ZPO confere discrição (Ermessen) ao órgão
judiciário para decidir quais e quantos litisconsortes prestarão
depoimento.45 Tal solução se mostra admissível no direito brasileiro, de
acordo como art. 370, parágrafo único, limitando o número de depoimentos,
por analogia do art. 357, § 6.º, ao organizar a instrução, ao máximo de dez
partes, sendo três para cada fato. Em caso de defesa comum, no
litisconsórcio passivo facultativo, há outra cautela suplementar, pois o autor
pode ter interesse no o depoimento de todos os réus que apresentaram
defesa comum, intentando provocar a respectiva confissão de um deles.

O litisconsórcio unitário não suscita questões particulares no que tange ao


depoimento que não tenham já sido apresentadas. O problema, aí, avulta na
apreciação da prova. Ora, separada a função probatória do depoimento da
parte da confissão, produto acidental e contingente do descumprimento do
ônus de responder (confissão ficta) ou da resposta contrária ao próprio
interesse (confissão provocada), desde logo interessa fixar o regime da
apreciação dos resultados do depoimento como tal. O elemento de prova
resultante do depoimento de um dos litisconsortes unitários não autoriza o juiz
estendê-lo ao(s) demais,46 como resulta do art. 117, segunda parte, e ocorre
na confissão (art. 391, caput), tornando supérflua a produção do depoimento
de um dos litisconsortes e hipotético o depoimento conjunto. Só apresentaria
utilidade no caso de declarações convergentes e uniformes do conjunto dos
litisconsortes unitários.

1.856.3. Depoimento dos terceiros – Os terceiros se tornam partes após a


intervenção voluntária ou provocada no processo pendente (retro, 761). Os
terceiros têm aptidão para depor: o chamado ao processo, o chamado em
garantia e o interveniente principal (ou opoente). Por sinal, há pouco se
aventou exemplo de interesse do chamante em colher o depoimento do
chamado. Merece tratamento específico a eventual aptidão para depor do
assistente e, por analogia, do amicus curiae, bem como da parte coadjuvante
(do Ministério Público).

1.856.3.1. Depoimento do assistente – A coleta do material necessário ao


esclarecimento cabal do juiz constitui área propensa a receber os préstimos
do assistente. É claro que tem o direito de requerer o depoimento do
adversário do assistido,47 mas aqui importa mais a perspectiva oposta.

De ordinário, rejeita-se o ônus de o assistente prestar depoimento pessoal,


porque eventual confissão não produzirá efeitos perante o assistido,48 nem
sequer serve como testemunha. Que a confissão não surtirá efeitos, afetando
o assistido, inexiste dúvida,49 mas parece altamente duvidoso que essa razão,
isoladamente, torne defeso o depoimento pessoal do assistente. O art.
121, caput, declara que o assistente sujeitar-se-á aos mesmos ônus do
assistido. Ademais, a admissibilidade dos meios de prova atípicos impregna o
processo civil brasileiro (art. 369). São dois persuasivos motivos para admitir o
depoimento do assistente (retro, 791.3). A Ley de Enjuiciamiento
Civil espanhola, de 2000, admite o depoimento.50

Do depoimento do assistente resultarão elementos de prova que o juiz


apreciará livremente. Em princípio, atendendo à diretriz que impede
comportamento desfavorável à posição jurídica do assistente, a influência das
declarações do assistente mostrar-se-á mais psicológica (e, nessa medida,
irrelevantes) do que decisória, mas não podem ser negligenciadas.
1.856.3.2. Depoimento do amicus curiae – Em linhas gerais, o
entendimento esposado há pouco, relativamente ao assistente, aplica-se
ao amicus curiae. Figura ainda em elaboração, a atuação processual
do amicus curiae mais semelha a do Ministério Público, do que a do
assistente. A ênfase do auxílio prestado por esse interveniente respeita mais
ao material jurídico do que ao material de fato e, por essa razão, desenvolveu-
se notavelmente no controle concentrado de constitucionalidade. Esse
aspecto não pré-exclui o firme interesse do amicus curiae em ser ouvido na
forma do art. 139, VIII. Assim, no mínimo caberá o depoimento livre,
oportunidade única para o amicus curiae explorar a perspectiva jurídica que
almeja ver reconhecida ao interesse político pelo qual propugna
veementemente. Não há, porém, função probatória neste depoimento.

1.856.3.3. Depoimento do Ministério Público – Na qualidade de parte


coadjuvante, o Ministério Público não presta depoimento. Falta-lhe aptidão,
pois não realiza alegações de fato, nem as partes articulam fatos contra o
órgão, e, conseguintemente, nada tem a esclarecer quanto ao material de
fato. Participará, todavia, da inquirição, falando por último (art. 179, I), porque
tem o direito de produzir prova em audiência (art. 179, II).

O notável desenvolvimento da função de parte principal do Ministério


Público não exclui, nessa posição, o depoimento. Integra o rol dos
preconceitos vigentes negá-lo.51 Por qualquer critério adotado, o depoimento
livre é admissível (art. 139, VIII). Ninguém negará que, ouvindo o agente do
Ministério Público, informalmente, o juiz obterá esclarecimentos úteis acerca
dos atos postulatórios e do sentido da prova. Ocorre que, a mais das vezes, o
Ministério Público tutela direitos sociais indisponíveis. Ora, em tal hipótese
ficam pré-excluídos os efeitos da confissão (ficta ou provocada),
desaparecendo o interesse no depoimento com função cominatória, previsto
no art. 385. Por exceção, promovendo o Ministério Público, em demanda
coletiva, direitos individuais homogêneos – e, por anomalia, um só direito
individual (v.g., pleiteando prestação positiva em matéria de saúde a favor de
um só vulnerável) –, altera-se o quadro. Este ponto reclama análise no
depoimento do legitimado extraordinário.

1.856.4. Depoimento do substituto processual – Em algumas situações,


expressa disposição legal confere a quem não é titular do direito posto em
causa (art. 18,caput), e chamado de forma algo equívoca de substituto
processual, a capacidade de conduzir o processo em nome próprio, mas
proveito do verdadeiro titular, chamado de substituído. A legitimação
extraordinária geralmente é concorrente, pois o legitimado ordinário, ou
hipotético titular do direito, também pode ingressar em juízo. Por óbvio, as
duas pretensões processuais não podem conviver simultaneamente, pois a
segunda demanda atrairia a objeção processual do art. 337, VI.
Excepcionalmente, a legitimação extraordinária é exclusiva, impedida a
iniciativa judicial do titular do direito, como no caso do debenturista,
obrigatoriamente substituído pelo agente fiduciário. A legitimidade do
Ministério Público, ao promover demanda coletiva em prol de direitos
individuais homogêneos, assume a nítida qualificação de substituição
processual (legitimidade extraordinária concorrente).

Ao substituto processual, posto que legitimado a conduzir o processo e a


praticar atos postulatórios, realizando alegações de fato, não é dado dispor do
objeto litigioso. A razão do impedimento afigura-se curial: o objeto litigioso
toca ao substituído. Por esse motivo, não tem aptidão para confessar.52 Tal
não obsta que, convocado à presença do juiz, tenha o dever de comparecer
(art. 380, I) e o ônus de prestar esclarecimentos. Entretanto, ressalva feita no
caso em que haja participado pessoalmente nos assuntos do substituído – e o
agente fiduciário intervém nas assembleias de debenturistas –, não lhe cabe
depor sob a cominação do art. 385, § 1.º. Depõe como parte em qualquer
circunstância.53 E, outra vez, vem à tona a função probatória das declarações
do substituto processual nesse depoimento. Elas não se mostram destituídas,
absolutamente, da força de convencimento que há em todo depoimento da
parte, independentemente da confissão.

1.857. Capacidade para depor

A capacidade para depor abrange duas ordens de questões: (a) pessoa


natural; (b) pessoas jurídicas. Esta última ainda permite ulterior subdivisão,
distinguindo as pessoas jurídicas de direito privado e de direito público,
ademais dos entes despersonalizados (v.g., o condomínio).

1.857.1. Depoimento das pessoas naturais – O depoimento da parte é ato


personalíssimo e estritamente “pessoal” – adjetivo que, a despeito da
redundância, designa esse meio de prova.

A natureza personalíssima do ato exclui, categoricamente, a pessoa


natural depor através de representante – do advogado que promove os atos
processuais, em seu nome, ou, ainda, de procurador especialmente
constituído para o ato. Disposição em contrário haveria de ser expressa. Em
outros procedimentos (v.g., nos juizados especiais, a teor do art. 9.º, § 4.º, da
Lei 9.099/1999), há a figura do preposto, mas para as pessoas jurídicas. O
STJ já reconheceu a impossibilidade de procurador prestar depoimento.54 No
entanto, o procurador (incluindo o advogado) pode confessar judicialmente,
uma vez provido do poder especial respectivo (art. 105, caput).

1.857.1.1 Depoimento dos incapazes – Admitida a premissa que o


depoimento da parte previsto no art. 385 visa à confissão, e excepciona o
direito fundamental de não produzir prova contra o próprio interesse, todavia
mencionado no art. 379, caput, facilmente se compreende que só deponha
quem tiver capacidade processual plena (retro, 514),55 porque este é o
pressuposto para dispor do objeto litigioso. Nessa linha de raciocínio, a
pessoa absoluta e relativamente incapaz, em razão disso representada e
assistida legalmente no processo, não pode depor na audiência. As duas
modalidades de depoimento (livre ou não) se tornariam impossíveis.56 Essa
solução radical não granjeou a preferência no direito estrangeiro.

O art. 213, caput, do CC, declarando ineficaz a confissão proveniente “de


quem não é capaz de dispor do direito a que se referem os fatos
confessados”, proposição reproduzida no art. 392, § 1.º, do NCPC, e
especificando que a eficácia da confissão feita pelo representante cinge-se
aos limites em que este vincula o representado, como já se deduziria do art.
116 do CC, também reproduzida no art. 392, § 2.º, sugere a substituição da
parte incapaz pelo seu representante. Cuidando a representação voluntária
em juízo, o art. 105, caput, reclama poder especial para confessar do
advogado da parte.
Ora, os incapazes depõem no processo.57 O acontecimento é rotineiro.
Figurando como partes principais (v.g., na ação de alimentos contra o pai),
prestam depoimento de parte. Parte não pode depor como testemunha e
representa exagero visualizar exceção no caso do incapaz.58

As declarações feitas pelo incapaz nessa singular audição assumem


expressivo, senão decisivo relevo para formar a convicção do juiz, em contato
direto com a fonte da prova – por assim dizer – autêntica, desprovida da
malícia dos que têm ou adquiriram capacidade cognitiva integral. Ou, como no
caso da pessoa que se presume desprovida da capacidade cognitiva
“normal”, e passível de interdição, o contato direto do juiz presta-se para a
finalidade contrária (art. 751).59 Seguramente os incapazes, ao depor, não o
fazem na qualidade de testemunhas ou informantes.

Demonstra essa perturbadora realidade, outra vez, a nítida separação


entre depoimento pessoal, incluindo o cominatório (art. 385), e a confissão,
que é seu produto contingente. Parece mais honesto aceitar e explicar
francamente a audição do incapaz como ela é – depoimento de parte – do
que negar a existência desse acontecimento tão trivial da realidade em muitos
processos.

O representante legal (v.g., os pais, figurando na relação processual o


filho) e o representante voluntário (v.g., o advogado) da parte não depõem no
processo em lugar dos representados. Nenhum desses representantes é a
parte principal com aptidão para depor. São apenas as pessoas habilitadas a
suprir a incapacidade parcial ou total da parte principal no processo. Por
definição, o depoimento é ato personalíssimo, insuscetível de ser praticado
por outrem. Se o depoimento não é causa necessária da confissão, inexiste a
necessidade do frágil recurso à ficção de considerar “parte” o representante
para fins de interrogatório e, nessa qualidade, passível de inquirição, como se
sustentava no direito italiano anterior ao vigente CPC peninsular.60

Nada disso impede a tomada do depoimento desses representantes, mas


não como partes. Eles são fontes de prova assaz valiosa e, talvez, única.
Participaram – e normalmente assim acontece no concernente ao
representante legal – do ato ou do negócio do representado que se tornou
litigioso e, portanto, têm ciência própria dos eventos e das condutas alegadas.
Segundo entendimento lançado na vigência do CPC de 1939, os
representantes depõem como informantes; dessa maneira, não podem
confessar, porque o ato convocatório não contemplaria a cominação do art.
385, § 1.º, resultando das suas declarações apenas elementos de prova.61 O
interesse ao menos indireto no litígio os impede de testemunhar. Em outros
sistemas, admite-se, tout court, o depoimento do representante como
depoimento da parte e, relativamente aos eventos nos quais atuou e às
condutas que praticou, em nome do representado, confissão.62 O art. 453, n.º
2, do NCPC português, de 2013, autoriza o depoimento dos inabilitados e dos
representantes legais; porém, deve ser interpretado consoante seus
antecedentes legislativos, a exemplo do art. 563 do CPC português de 1939,
que admitia o depoimento do maior de quatorze anos e do interdito por
prodigalidade, porque esses praticavam negócios jurídicos validamente,
segundo o regime do direito material, e rejeitava o do menor de quatorze anos
e o interdito por demência.63 E, ademais, sublinhava-se a diferença entre a
existência da confissão e a respectiva eficácia – esta reduzida aos limites em
que o representante pode vincular o representado.64 A condição de informante
é a solução mais plausível.

O art. 213, parágrafo único, do CC não outorga aptidão para o


representante legal ou voluntário depor em lugar da parte. O dispositivo se
harmoniza com a confissão extrajudicial e a confissão judicial espontânea. Por
isso, o art. 392, § 2.º, reproduziu-a na seção dedicada ao meio de prova da
confissão. Esta última é feita por termo nos autos e pode ter como agente
ativo o procurador com o poder especial de confessar (art. 105, caput).

1.857.1.2 Depoimento dos necessitados especiais – À pessoa portadora


de necessidades especiais, segundo o fraseado politicamente correto, a
exemplo do surdo e do mudo, o juiz fornecerá intérprete (art. 162, III),
encarregando-o, no caso do surdo, de reproduzir as perguntas na língua
brasileira de sinais (LIBRAS) e, respondendo a pessoa na mesma linguagem,
verter a resposta para o vernáculo. Por óbvio, as respostas orais da parte ou
do perito é que são passíveis de registro, salvo se houver gravação da
imagem. Desconhecendo a parte a linguagem de sinais, por mais implausível
que seja essa hipótese, o juiz fará as respostas por escrito e da mesma forma
a parte elaborará as respostas.

O estrangeiro que não se expressa corretamente na língua portuguesa


também apresenta necessidade especial suprida por intermédio de
intérprete.65

1.857.2 Depoimento das pessoas jurídicas – As pessoas jurídicas depõem


através de seus representantes. E as representam as pessoas naturais
investidas nos órgãos de representação. A representação orgânica da pessoa
jurídica equipara-se, na prática, à representação legal, mas há uma diferença:
“a pessoa jurídica mesma atua através do seu órgão”,66 o que é algo distinto
do que se verifica na representação legal (v.g., do tutor).

O art. 75 arrola os representantes das pessoas jurídicas de direito público


e de direito privado, e dos entes despersonalizados (v.g., da massa falida, no
inc. V; da sociedade sem personificação, dita “irregular”, no inc. IX, e assim
por diante).

A realidade das grandes empresas é mais complexa, porque o


representante orgânico desconhece os fatos que originaram o litígio, e quem
os conhece talvez não seja o representante orgânico.67

Realmente, o representante orgânico, a mais das vezes, carece de aptidão


para conhecer determinados fatos, independentemente de ser pessoa ligada
à área jurídica. Por exemplo, no caso incomum do acidente ocorrido no alto-
forno da siderúrgica, mas real, e que originou litígio com a seguradora, o
representante orgânico dificilmente exibirá, conquanto se esforce em adquiri-
lo nos setores competentes, o conhecimento imprescindível para responder
às perguntas do juiz. Exemplo corriqueiro é o do representante orgânico da
empresa de banco, a quem falta conhecimento suficiente para explicar ao juiz
operações financeiras mais complexas e minudenciar sua sequência virtual.

Tais situações geram para o juiz equilibrado e consciencioso grave dilema,


cujos termos de alternativa são claros: ou admite a legítima ignorância do
representante orgânico, no todo ou em parte, isentando-o do risco de tomar a
alegação de desconhecimento como recusa (art. 386), alternativamente
ouvindo quem conheça efetivamente os fatos; ou toma a ignorância como
recusa sem motivo justo, porque obrigado o representante a informar-se cabal
e suficientemente. O STJ já confirmou acórdão em rescisória que admitira
como válida confissão de diretor da empresa credenciado.68 Essa solução é
muito radical para ser aceita sem ressalvas ou temperamentos.

Resolver-se-ia o impasse, salvo engano, por duas vias: (a) admitindo-se o


depoimento de preposto, ou seja, procurador com poderes especiais –
hipótese referenda da pelo STF, em tese, porque houve desistência do
recurso antes de findo o julgado;69 ou (b) aceitando-se a prerrogativa expressa
de o juiz chamar pessoa natural distinta do órgão de representação. Um
passo nesse sentido, mas em litígios de menor importância econômica,
encontra-se no art. 9.º, § 4.º, da Lei 9.099/1999, mas não é passível de
generalização, ante o princípio da pessoalidade do depoimento (retro,
1.855.1).

O processo norte-americano prima pelo pragmatismo e, ignorando a


disciplina da representação orgânica da Civil Law, inclina-se a identificar na
estrutura da empresa a pessoa habilitada a prestar esclarecimentos e
informações relevantes à solução da lide.70 Por igual, o art. 197, n.º 3, do
NCPC francês autoriza ao juiz convocar o colaborador da empresa que
conhece os fatos que lhe respeitam pessoalmente ou são conhecidos em
virtude da sua qualidade.71

À falta de melhor solução, o juiz ouvirá a pessoa que conhece os fatos


como informante ou, entendendo possível o compromisso, sem embargo da
relação de trabalho (empregado ou autônomo) mantida com a parte
empresarial, como testemunha.

Não é de excluir, ademais, a audição de duas ou mais pessoas integrantes


do órgão de representação da pessoa jurídica. Por exemplo, na ação
de A contra o hospital B, alegando o autor dano por força de infecção
hospitalar, concebe-se que sejam ouvidos tanto o diretor administrativo,
quanto o diretor médico, cada qual no âmbito das respectivas competências.

Não é diferente o regime das pessoas jurídicas de direito público. Já se


sustentou que semelhante depoimento traduziria providência juridicamente
inadmissível, porque a indisponibilidade do objeto litigioso torna ineficaz a
confissão dos órgãos das pessoas jurídicas de direito público.72 Na
perspectiva aqui adotada, não se pode tomar os efeitos como causa. O
depoimento pessoal serve a outros propósitos e, precipuamente, à formação
da convicção do juiz. E, nesse sentido, as declarações desses órgãos são tão
boas ou más como as de qualquer outra pessoa.

1.858. Objeto do depoimento da parte

Na perspectiva mais geral, o objeto do depoimento da parte quadra-se no


âmbito do tema da prova. O depoimento livre é mais amplo, versando,
indistintamente, o sentido das declarações escritas das partes, feitas pelo
representante técnico, e o da prova colhida, a fim de esclarecer o juiz (ad
clarificandum).
É inteiramente desvinculada a forma da inquirição. Ao contrário do
processo penal, nenhum roteiro prévio, predeterminando as perguntas, orienta
o juiz, e, a fortiori, aos advogados, a quem o juiz por comodidade entrega a
palavra desde logo, e nem sequer no depoimento pessoal requerido pela
parte contrária – a parte tem o ônus de responder, mas não o direito de ser
interrogada (infra, 1.859) – há o ônus de indicar genericamente as alegações
de fato sobre as quais será o interrogando questionado (art. 452, n.º 2, do
NCPC português, de 2013). O objetivo da informalidade é obter declarações
espontâneas e francas. Existem técnicas especificas para interrogar pessoas,
transmitidas ao futuro juiz nos cursos preparatórios e ensinadas durante o
estágio, para obter máximo rendimento dessa atividade processual. O juiz não
pode prescindir do seu uso.

Na vigência do CPC de 1939, em regime similar, invocam-se disposições


do direito reinol para exigir dos fatos objeto das perguntas os seguintes e
cumulativos predicados: (a) pertinência; (b) influência; (c) precisão; (d)
positividade.73 Ora, a medida do depoimento é o da alegação de fato
controvertida. Se a parte alegou fato inverossímil, segundo a experiência
comum, bem pode ocorrer que seja verdadeiro,74 e, de toda sorte, não parece
adequado impedir a contraparte de questioná-la a esse respeito. Fatos
negativos são passíveis de se tornarem fatos constitutivos e, articulados no
processo, de prova por qualquer meio. Claro está que a pergunta hábil
assumirá caráter positivo, mas não é imperioso que assim seja, muito menos
no caso de o juiz adotar o costume de autorizar a parte a dissertar sem peais,
atalhando-a com perguntas oportunas (infra, 1.863.2).

O conhecimento da parte abrange os fatos que originaram o litígio, mas


fatos passados,75 por ela percebidos sensorialmente (a visão e a audição são
os sentidos mais importantes), ou transmitidos à parte por outrem (ex auditu)
e, nessa condição, por ela alegados.

§ 381.º Procedimento do depoimento da parte

1.859. Admissão do depoimento da parte

No tocante à especificação (na petição inicial e na contestação) e à


proposição (na oportunidade ordenada pelo juiz) do depoimento da parte, não
há nada para assinalar de relevo, seguindo-se o procedimento probatório
comum. O proponente da prova não necessita explicitar a cominação do art.
385, § 1.º.76 O juiz velará pela validade e eficácia integral da intimação da
forma rígida prevista na lei.77

A decisão de saneamento oral ou escrita é o momento da admissão do


meio de prova, ou de o juiz ordená-lo, ex officio, estimando-o adequado à
apuração da veracidade das alegações de fato controvertidas.

O depoimento pessoal tem cabimento irrestrito no direito brasileiro.


Nenhuma questão de fato mostra-se imune à prova colhida através do
depoimento pessoal. Não se aplica a restrição à prova testemunhal.78 Produto
eventual do depoimento, a confissão é inadmissível no litígio que versar
direitos indisponíveis (art. 392,caput), nem as alegações de fato se tornam,
em tal caso, incontroversas (art. 341, I). Daí se afigura lícito inferir que o
depoimento pessoal seja inadmissível nesse caso e que, abstraída a
confissão, não produza prova bastante. O depoimento é meio para produzir
declarações da parte com finalidade de prova.79 E ostenta função probatória
independente da confissão em si (infra, 1.867).

1.859.1. Caráter principal do depoimento da parte – O depoimento da


parte tem natureza principal e autônoma no direito brasileiro. Não é próprio
considerá-lo meio de prova subsidiário ou auxiliar.80 Essa feição emprestou-
lhe a reforma de 1933 no processo alemão.81 Embora passível refutação por
outras provas mais consistentes e substanciais, o depoimento pessoal pode
ser a única prova ou a prova de maior importância na convicção do juiz.

Desse modo, frustrando-se o depoimento por motivo alheio à vontade da


parte que o requereu (v.g., a intimação prévia não se realizou com a devida
antecedência), representará flagrante cerceamento do direito de provar sua
dispensa pelo juiz, que anteriormente o considerou útil e não protelatório (art.
370, parágrafo único). A dispensa pela ausência injustificada do futuro
depoente só tem cabimento “quando a realização haja sido determinada pelo
próprio órgão judicial” ou por força de outra disposição legal expressa (v.g., a
ausência do advogado do requerente, a teor do art. 361, § 2.º).82

1.859.2. Depoimento em causa própria (in re sua) da parte – A questão


mais interessante no terreno da admissibilidade respeita à possibilidade de
parte requerer seu próprio depoimento. Constitui ilusão para os que militam no
foro a rejeição categórica da forte influência das declarações coerentes,
honestas e convincentes do depoente exercidas no espírito do juiz. No
entanto, o depoimento só pode ser requerido pela contraparte ou ordenado
pelo juiz.83 A parte tem o ônus de depor, não o direito de depor. É o que se
infere, de resto, do art. 385, caput, segundo o qual cabe a uma das partes
requerer o depoimento da outra.

Objeto de erudita e elogiada tese no direito italiano, que aguarda melhor


acolhimento legislativo, o direito de a parte depor em causa própria, a
despeito da regra elementar da experiência comum indicar a escassa
credibilidade de semelhante depoimento, esbarra na máxima nemo testis
auditur in re sua, impedindo,84 entre nós, ao menos o requerimento para depor
causa própria.85 No processo civil pátrio, aberto às provas atípicas, de iure
conditio é inegável a força probante do depoimento in re sua.86 E o juiz
sempre poderá ordenar à parte depor, ex officio, na forma do art. 385, caput,
parte final, apesar da inércia do adversário. A apreciação (favorável) do
depoimento da parte será analisada adiante (infra, 1.868).

Por outro lado, é inegável a rejeição largamente dominante do depoimento


em causa própria da parte. Ao comércio jurídico, assinalou-se no direito
alemão, interessa que as partes, conscientes do impedimento, mourejem em
produzir documentos com força probatória, em vez de facilitar o depoimento in
re sua.87

1.859.3. Interesse no depoimento da parte – O STF decidiu que, havendo


litisconsórcio, um dos réus não tem legitimidade para requerer o depoimento
de outro réu, cabendo o requerimento ao autor, “a quem poderia interessar o
seu depoimento para o esclarecimento da verdade”.88
O julgado incorreu em certo exagero, conquanto venerável:89 o
chamamento ao processo demonstra que a posição de litisconsorte é
involuntária, em determinados casos, e um dos litisconsortes pode explorar
vantajosamente o parceiro de polo, a bem da verdade. O juiz aquilatará o
interesse na audição de outra parte perante o caso concreto.

1.860. Intimação prévia da parte

Designada a audiência em que o juiz tomará o depoimento da(s) parte(s),


deferido nos termos anteriores, cumpre intimá-la pessoalmente, conforme o
art. 385, § 1.º. Esta intimação se realizará por essa via no depoimento pessoal
e no depoimento livre.

O art. 385, § 1.º, acrescenta à intimação prévia para prestar depoimento


pessoal a grave e intimidante advertência quanto à confissão ficta. Esse aviso
respeita mais ao ônus de responder que ao dever de comparecer
propriamente dito, abrangendo dois conteúdos distintos: a consequência da
falta de comparecimento e a da recusa de depor. Não há pena em sentido
próprio. Tecnicamente, a regra contempla cominação.90

Entendeu o parágrafo supérflua menção a outras sanções de índole


processual (multa) – daí a relação com o ônus de responder –, todavia
decorrentes do descumprimento da ordem convocatória do juiz. Elas se
aplicam, sem embargo, ao ausente sem motivo justo. Em caso de ausência, o
juiz apreciará o motivo porventura apresentado, relevando-a quando legítimo
ou, ao invés, punindo quando não existir ou entendê-lo ilegítimo. Incidirá o art.
77, IV, e § 2.º.

A despeito de omisso, a intimação do art. 385, § 1.º, também indicará o


dia, a hora e o lugar (inclusive com o número da sala ou do anexo do
foro),91 orientando o futuro depoente para o local próprio, que é a sala de
audiências.

1.860.1. Destinatário da intimação para depoimento – O destinatário da


intimação é o futuro depoente. Examinou-se anteriormente quem exibe, ou
não, capacidade para depor.

Cuidando-se de pessoa jurídica, a intimação recairá no respectivo


representante (art. 75), sendo desnecessário, todavia, a designação nominal
desta pessoa. Por sinal, o depoimento é da parte, por intermédio do seu
representante orgânico, e, não, de qualquer pessoa idônea a prestar
informações relevantes – em particular, o intimando não tem o poder de
escolher a pessoa melhor habilitada em termos de conhecimento e de fluência
verbal.92 Enviará quem de direito. A designação de preposto solucionaria
impasse típico das grandes empresas: geralmente, o representante orgânico
desconhece os fatos, e quem conhece os fatos não é representante
orgânico.93

As pessoas ligadas à empresa que dispõem de conhecimento relevante e


de interesse essencial à apuração da veracidade das alegações de fato
controvertidas, a exemplo do vigilante que tratou com o proprietário do
automóvel furtado no estacionamento do supermercado, podem ser
relacionadas como testemunhas. A identificação dessas pessoas tão
decisivas ao esclarecimento dos fatos dependerá da iniciativa do interessado,
passando-se no âmbito da autonomia privada.

1.860.2. Modalidades da intimação para depoimento – O art. 385, § 1.º,


exige que a intimação da parte seja pessoal. Por conseguinte, jamais caberá
a intimação ficta para prestar depoimento. Superou-se antiga e improdutiva
controvérsia alimentada pela omissão do CPC de 1939,94 resgatando linha
que se originara no direito português.95 É obrigatória intimação real (retro,
1.226). Em pese opinião adversa,96 nada obsta a intimação postal mediante a
entrega da correspondência em mão própria do intimando.97 Esta forma de
intimação é real.

A objeção a esta modalidade descansa em outro aspecto. Transformou-


se, progressivamente, a intimação postal em ficta, admitindo a entrega da
correspondência na “esfera de influência” do destinatário – no endereço que
consta nos autos ou em mãos de outra pessoa. O art. 77, V, institui o ônus de
declinação do endereço residencial ou profissional para repelir alegações
dessa espécie de vício. Revela a condescendente interpretação da regra no
direito anterior, e o disposto no art. 246, § 2.º, autorizando a entrega da carta
ao encarregado da recepção da correspondência na pessoa jurídica, maior
preocupação com o serviço do processo, conquanto deficiente e precário, do
que com a tutela dos direitos fundamentais processuais das partes. Essa
exceção, ao nosso ver, não tem cabimento na intimação do art. 385, § 1.º.
Deixando de se entregar a correspondência ao intimando, devidamente
identificado pelo carteiro – e o serviço dos correios se afigura exemplar nesse
tópico –, o juiz consciencioso não retirará efeitos desfavoráveis da ausência,
presumivelmente involuntária.

1.860.3. Antecedência da intimação para depoimento – A intimação válida


para prestar depoimento pessoal subordina-se a fator de eficácia, impondo-se
que seja feita com a antecedência mínima de quarenta e oito horas, a teor do
art. 218, § 2.º. Ampliado em relação ao direito anterior, supõe-se suficiente o
interregno para o destinatário organizar sua agenda e adiar compromissos
pessoais e profissionais. Feita a intimação aquém desse prazo, contado
regressivamente (retro, 1.165), inexiste o dever de comparecer e,
conseguintemente, o ônus de responder.

1.860.4. Consequência da falta de cominação da confissão– Ao


reconhecimento da confissão ficta, no caso de ausência sem justificativa
prévia, antecederá obrigatoriamente intimação válida do futuro depoente, por
um dos meios admissíveis. O STJ considerou pressuposto da confissão ficta a
prévia intimação para prestar depoimento pessoal.98 Se a parte comparece
voluntariamente à audiência de instrução, sem esta convocação específica e
cominatória, e o juiz resolve ouvi-la informalmente, declarações contrárias ao
próprio interesse, e favoráveis ao adversário, talvez iluminem a apreciação da
prova, colocando-a sob nova perspectiva, mas não importam confissão
provocada.

A importância da cominação explícita, e nos termos literais do art. 385, §


1.º, mede-se por julgado do STJ, relatado por eminente processualista, que
assinalou o seguinte: “A pena de confissão – meio de prova, aliás, que conduz
a uma presunção relativa, e não absoluta –, somente poderá ser aplicada se
no mandado intimatório constar expressamente, para ciência inequívoca do
intimado, que se o mesmo não comparecer ou se recusar a depor, se
presumirão verdadeiros os fatos contra ele alegados. Não é bastante a
sucinta menção a ‘pena de confesso’”.99

Realizada a intimação defeituosamente, na parte que versaria a


cominação, o ato é viciado, mas aproveitável.100 O dever de comparecer
subsiste, mas não o ônus de depor. Assim, a recusa desmotivada em depor,
nessas circunstâncias, não permite ao juiz reconhecer confissão ficta.

1.861. Momento do depoimento da parte

O art. 385, caput, parte final, declina a oportunidade ideal do depoimento


da parte, ao mencionar que será tomado na audiência principal, aí designada
pelo nome completo de audiência de instrução e julgamento. É nesta
audiência que, salvo disposição em contrário, produzem-se as provas orais
(art. 361, caput).

O depoimento livre ocorrerá “a qualquer tempo”, a teor da expressão literal


do art. 139, VIII, em harmonia com sua suposta natureza. Realiza-se em
qualquer momento do procedimento comum, inclusive após o debate escrito
previsto no art. 364, § 2.º, especialmente na fase do processo em que
predominará a atividade de instrução,101 iniciada com a decisão de
saneamento (oral ou escrita) e finda com os debates (orais ou escritos). É
também a regra na comparution personelle des parties (art.144 do CPC
francês).102

Excepcionalmente, a parte requererá o depoimento pessoal antecipado,


antes da instauração do processo principal (ante causam).

O direito estrangeiro raramente consagra a possibilidade do depoimento


da parte antecipado, excluída, por exemplo, no direito germânico (§ 485,
primeira parte, da ZPO).103 Talvez por essa razão o art. 381, I, não é tão claro
quanto o desejado, comparativamente ao direito anterior, aludindo à
impossibilidade ou à dificuldade na verificação dos fatos. Porém, quaisquer
meios de prova comportam antecipação, por força dos termos genéricos do
art. 381.

O depoimento livre, ou ad clarificandum, produzido antecipadamente,


representaria dispendiosa inutilidade, pois só ao juiz da causa principal, nem
sequer instaurada, avaliando o teor do debate, importaria esclarecer o
conteúdo das declarações escritas ou orais das partes no processo, ou o
sentido dos elementos de prova. Logo, o art. 381 autoriza o depoimento
pessoal propriamente dito. Tal o correto entendimento prevalecente no direito
brasileiro,104 haurido de sólida e antiga tradição portuguesa.105 O art. 419 do
NCPC português, de 2013, alude genericamente à antecipação do
“depoimento de certas pessoas”, reproduzindo, contudo, as palavras do
dispositivo anterior, perante o qual os intérpretes do texto não tinham dúvida
em admitir o depoimento da parte antecipado, alvitre que indica a inexistência
de mudança substancial nesse ponto decisivo.

Esse depoimento antecipado sofrerá as limitações intrínsecas à sua


condição. Competirá ao juiz da causa principal, e somente a este juízo, avaliar
a existência de motivo legítimo de escusa (art. 229, I a III, do CC), bem como
a ocorrência, ou não, da recusa em depor (art. 386), vez que uma e outra se
apreciam na oportunidade do julgamento, considerando o conjunto da prova.
Por conseguinte, eventual admissão de fato contrário ao próprio interesse, e
favorável ao adversário, objeto da pergunta do juiz, não tem o mesmo valor da
confissão provocada. No direito alemão,106 tal é o motivo para repelir o
depoimento antecipado, mas constitui exagero negar toda e qualquer força
probante às declarações ante causam da parte. Representarão, destarte,
subsídio valioso à formação do convencimento do juiz no sistema que tolera e
estimula provas atípicas.

Excepciona o art. 449, parágrafo único, o momento da tomada no curso do


processo. Impossibilitada o comparecimento da parte na audiência principal,
por enfermidade ou “outro motivo relevante”, mas não de prestar depoimento,
o juiz designará, atendendo às circunstâncias do caso, o dia, a hora e o lugar
para inquiri-la. Visualizando o problema na perspectiva do momento, aqui
também o depoimento livre escapa à incidência da regra. Por definição, o
depoimento livre pode ser determinado a qualquer tempo. Ao invés, a
audiência principal realizar-se-á, havendo necessidade, após o saneamento
do processo, e o transcurso do tempo indispensável para consumar as etapas
anteriores e fixação de data oportuna na agenda do juiz talvez não se
coadune com a condição pessoal da parte.

O art. 449, parágrafo único, cogita de enfermidade (v.g., a parte corre o


risco de vida, mas pode se deslocar até a sede do juízo) e de “outro motivo
relevante” (v.g., a demorada, iminente e inadiável, haja vista a bolsa obtida
após árdua disputa, viagem de estudos para o exterior). Essas triviais
situações, amiúde citadas,107não excluem outras de igual importância.

Realizando o depoimento fora do momento propício e adequado, porque já


fixado o tema da prova (retro, 1.309), haverá o risco de relativa
indeterminação do objeto da inquirição, cujos reflexos mais sentidos ocorrem
na caracterização da recusa, especialmente em nosso sistema em que se
estimou desnecessário o depósito prévio do questionário que incumbirá à
parte responder. O art. 452, n.º 2, do NCPC português, de 2013, exige que a
parte indique, desde logo, sobre quais fatos recairá a inquirição do adversário.
O art. 382, caput, ecoa a exigência, reclamando menção precisa dos fatos
sobre os quais a prova há de recair. Não elimina totalmente áreas de
indeterminação. Em tal apuro (v.g., antecipou o depoimento do réu, em virtude
de alto risco de vida, para momento simultâneo à fluência do prazo de
contesta), o juiz improvisará ou confiará ao advogado da parte contrária a
inquirição direta.

1.862. Local do depoimento da parte

A parte depõe ordinariamente na audiência principal. Esta audiência


realiza-se, de regra, na sede do juízo (art. 449, caput) e em sala
especialmente concebida e arranjada para essa finalidade. Por exceção, nos
termos do art. 449, parágrafo único, a impossibilidade de a parte comparecer
à sede do juízo determina a realização da audiência para tomar-lhe o
depoimento em outro lugar. Na realidade, em qualquer outro lugar; por
exemplo, enferma a parte, deporá no leito hospitalar, havendo grave risco de
vida, ou na residência, existindo mera impossibilidade física de locomoção
cômoda, dispensáveis o apoio técnico ao depoente e aparato de
sobrevivência.

Razões outras levam à audiência para qualquer lugar apropriado e


necessário, consoante faculta o art. 217, segunda parte. Em deferência ao
cargo (a), a audiência acontecerá na residência ou no lugar em que
determinadas autoridades exercem função pública (v.g., a ouvida das
autoridades mencionadas no art. 454); ou em qualquer lugar; impossibilitado o
juiz de ir até a sede do juízo, por razões físicas (v.g., o juiz quebrou a perna
em acidente desportivo). O motivo relevante de que cogita o art. 449,
parágrafo único abrange todas essas hipóteses.

Dúvida recorrente da parte e do respectivo advogado consiste na


obrigatoriedade do comparecimento à sede do juízo situada em lugar distinto
do domicílio da pessoa. Aliás, a dúvida abrange o dever de comparecer (art.
379, I, primeira parte). Ressalva feita à convocação específica, baseada
nesse dispositivo, nenhum dever há de a parte acompanhar pessoalmente as
audiências (retro, 1.363). No tocante ao depoimento pessoal, o STJ já admitiu
a inexistência da obrigação de a parte se deslocar, quiçá para comarca
longínqua, situada ou não em outro Estado-membro, porque aí tramita a
causa e realizar-se-á a audiência principal.108 A produção da prova efetuar-se-
á mediante dois meios concorrentes: (a) uma das modalidades de cooperação
nacional (v.g., carta precatória);109 (b) videoconferência ou outro recurso
tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real (art. 385, § 3.º).
Essa última modalidade, conforme a progressiva atualização material dos
órgãos judiciários no país, acabará tornando-se a regra.

Proposta a prova antes da decisão de saneamento, a expedição de carta


suspenderá o julgamento até seu retorno tempestivo (art. 377, caput). Nada
exclui que, domiciliada a parte no exterior, o depoimento será tomado através
de carta rogatória, salvo o comparecimento voluntário na sede do
juízo.110 Nesse último caso, à diferença do direito alemão,111 porque se trata de
ato voluntário e no próprio interesse, entre nós não tem a parte viajante
pretensão a reembolsar-se das despesas de deslocamento perante o Estado.

1.863. Forma do depoimento da parte

O processo civil brasileiro rejeita, por vezes, a segurança das formas


temerária e irrefletidamente. Convocada a prestar depoimento em juízo, a
parte tem vaga ideia do conteúdo e dos rumos do interrogatório, exceto no
depoimento antecipado, conforme a maior ou menor precisão dos fatos
indicados pelo requerente (art. 382,caput). Nenhuma diretriz concreta e direta
localizará no estatuto, salvo duas ligeiras menções: (a) a vedação de quem
ainda não depôs assistir o interrogatório da outra parte (art. 385, § 2.º); (b)
responderá sobre os fatos articulados (art. 387), de resto fórmula ambígua,
pois a contraparte não apresenta fatos articulados nos atos postulatórios
principais (petição inicial ou contestação), nem sequer formula quesitos
prévios sobre os quais deva recair o depoimento.

Discrepa essa sistemática radicalmente do modelo das posiciones, comum


no direito ibero-americano,112 mas abandonado na Ley de Enjuiciamiento
Civilespanhola de 2000.113 No antigo direito espanhol, e na qualidade de
espécie do gênero integrado pelas interrogationes do processo
romano,114 as posiciones eram perguntas formuladas por escrito, formando o
conjunto o interrogatório, feitas previamente (e, às vezes, lacradas), cujo
objetivo consistia em obter a confissão do adversário com o máximo de
certeza.115 Considerado anacrônico tal mecanismo, porquanto subordinado ao
juramento,116 e precária a respectiva utilidade, sustentou-se veementemente
sua substituição pelo interrogatório livre.117 Este é informal por natureza. A
parte não carece de conhecimento prévio do assunto sobre o qual
responderá, pois eventual desconhecimento, no todo ou em parte, não lhe
trará consequências desfavoráveis, em particular confissão.

Apesar da crítica, a vantagem de conhecer de antemão as alegações de


fato sobre as quais recairá o depoimento mostra-se flagrante. Ao conhecer
antecipadamente os pontos do interrogatório, atende-se a duplo objetivo: (a)
informar a parte do ato do qual irá participar ativamente; e (b) permitir à parte,
refletindo sobre o assunto com vagar e atenção, a tomada de posição
responsável nas respostas, respeitando o dever de veracidade (art. 77, I).
Essa última é a justificativa principal do regime introduzido no direito
português pelo Dec. 12.353, de 19.09.1929, que reformou o CPC luso de
1876, repelindo a especificação genérica de a parte falar sobre os fatos
articulados,118 e que chegou ao art. 452, n.º 2, do NCPC português, de
2013, in verbis: “Quando o depoimento seja requerido por alguma das partes,
devem indicar-se logo, de forma discriminada, os fatos sobre que há de
recair”. Tal o meio termo desejável nesse ponto.

A falta de determinação prévia do conteúdo do futuro depoimento cria


grave dificuldade. Tomando-se o depoimento da parte, em virtude de um dos
motivos arrolados no art. 449, parágrafo único, fora do momento adequado e
próprio desse ato, que é a audiência principal, realizada após a fixação do
tema da prova na decisão de saneamento (retro, 1.812.1), o depoente
ignorará completamente os rumos da inquirição. Assim, ficará impossibilitado
de preparar-se adequadamente, reunindo as breves notas mencionadas no
art. 387, tão necessárias nos casos em que é difícil ou memorizar nomes,
datas e dados.

Fora dessa inquietante hipótese, ocorrendo o depoimento no momento


azado, as perguntas versarão sobre o tema da prova. Exagera o art. 387,
insinuando que a parte será inquirida acerca “fatos articulados”. Na verdade,
objeto de depoimento são as alegações de fato controversas. Fatos
incontroversos (art. 374) não necessitam de esclarecimentos suplementares.

Essas considerações preliminares preparam o terreno para dissecar a


forma do depoimento da parte. Conforme feliz síntese do procedimento,
lançada no direito anterior, no qual ocorria remissão à forma do depoimento
do terceiro, a parte não depõe como testemunha, mas na forma da
testemunha.119 A qualificação da pessoa natureza como representante da
pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, ou dos entes
despersonalizados, há de ser apurada na abertura da audiência.

O depoimento livre (art. 139, VIII), presidido pela informalidade, não


precisa seguir rigorosamente o modelo aqui descrito, mas não divergirá em
pontos essenciais.
São três as etapas concebíveis: (a) etapa preparatória do depoimento; (b)
etapa do interrogatório do depoente; e (c) etapa da documentação do
depoimento.

1.863.1. Etapa preparatória do depoimento – O auxiliar do juiz encarregar-


se-á de apregoar as partes e os advogados na abertura da sessão. E, desde
logo, identificará o futuro depoente.

1.863.1.1. Identificação do depoente – A identificação do depoente é


imprescindível, porque se cuida de ato personalíssimo (art. 385); portanto,
indelegável (retro, 1.855.1).

Em geral, o termo de audiência consigna o número e o tipo da cédula de


identidade, dados colhidos nesse momento. Ao depoimento pessoal não se
aplicará, destarte, o disposto no art. 457, caput, na parte da qualificação. Os
dados qualificadores da parte já constam do processo, e, convém recordar,
constitui ônus do litigante assinalar no primeiro ato postulatório o endereço
residencial ou profissional, nos termos do art. 77, V.

A identificação também abrange a exibição e juntado das credenciais de


quem for representante orgânico ou, quando admissível, preposto da pessoa
jurídica, assunto versado no item da capacidade para depor (retro, 1.857).

1.863.1.2. Movimentação do depoente – A prova em audiência realizar-se-


á na ordem preferencial do art. 361. Segundo o respectivo inc. II, o juiz tomará
os depoimentos pessoais, primeiro do autor e depois do réu. Logo, começará
pelo autor, havendo ordenado ou deferido prova neste sentido, e neste caso
de imediato o juiz promoverá a retirada do réu, impedido de assistir o
depoimento da contraparte, a teor do art. 385, § 2.º.

Entenda-se bem: o juiz ordenará que se retirem as partes (as principais e


as auxiliares) que ainda não foram interrogadas. Havendo litisconsortes ativos
e passivos, e assistentes de ambos os lados, o juiz esvaziará a sala, ficando
um dos autores e os advogados porventura presentes, e assim
sucessivamente, chamando-se, em primeiro lugar, os autores, um por um;
após, o(s) assistentes(s) do polo ativo; na sequência, os réus, um por um; e,
por fim, o(s) assistente(s) do polo passivo. Quem já depôs poderá retirar-se
da sessão, devidamente autorizado pelo juiz, ou permanecer na sala de
audiências,120 acompanhando os acontecimentos.

Participando do processo como parte coadjuvante, o Ministério Público


não presta depoimento. Não realiza alegações de fato, nem as partes
articulam fatos contra o órgão, e, conseguintemente, nada tem a esclarecer
quanto ao material de fato. Participará, todavia, da inquirição, falando por
último (art. 179, I), porque tem o direito de produzir prova em audiência (art.
179, II), e assistirá a todos os depoimentos.

A disposição do art. 385, § 2.º, que torna defeso a quem ainda depôs
assistir o interrogatório da contraparte, suscita curioso e delicado problema,
concernente ao advogado que atua em causa própria e na qualidade de réu.
Os termos de alternativa são claros: ou advogado e réu não participa da
inquirição do autor; ou o juiz não atenderá à reserva imposta na lei, pois o réu
que ainda não depôs assistirá (e intervirá) o depoimento do autor.
Esta última e extrema situação tem aptidão para gerar incidentes sérios e
desagradáveis. Figure-se o litígio entre o antigo cliente, de um lado, e o
advogado, de outro, tendo por objeto obrigações do mandato. Parece claro
que, dada a palavra ao réu, na sua condição de advogado, contestará as
respostas já dadas direta ou indiretamente, com maior ou menor urbanidade,
empregando seus imensos recursos profissionais para levar o adversário a
contradições invencíveis e decisivas. Flagrantemente, há disparidade no
tratamento conferido às partes (art. 139, I), rompendo o princípio da paridade
de armas.

Duas são as soluções concebíveis para resolver o impasse: em primeiro


lugar, o juiz pode abster-se de tomar o depoimento do autor;121 ademais, o réu
pode ficar sem representação técnica em parte da audiência, até o momento
em que deva depor na ordem já explicada de tomada dos
depoimentos.122 Esta é a solução correta,123 impedindo que o direito
fundamental de ampla defesa represente abuso de direito.

A movimentação física do(s) futuro(s) depoente(s) ainda provoca


constrangimentos pela falta de adaptação das salas de audiência às pessoas
portadoras de necessidades especiais. O juiz improvisará nesse apuro.

1.863.1.3. Compromisso do depoente – A etapa preliminar encerra-se com


o solene compromisso de a parte “dizer a verdade do que souber e lhe for
perguntado” (art. 458).

É verdade que a parte não incorre em sanção penal faltando com a


verdade – e, assim, já no início do século XX repelia-se o regime da positio do
direito comum –,124 mas atrai sanção processual por dolo (art. 80, II). E,
antigamente, na esteira da superada polêmica quanto à instituição do dever
de veracidade na esfera civil, consagrado, expressis verbis, no direito anterior,
e hoje, no art. 77,125 rejeitava-se o compromisso civil da parte, hoje aceito
pelos que versam o tema.126 A parte presta juramento no processo norte-
americano:127 pois as pessoas que depõem em juízo prestam semelhante
compromisso, valorizado pela possibilidade de incorrerem no gravíssimo
crime de perjúrio; em outros sistemas, o juramento é acessório do
depoimento.

Assim, o depoente prestará o compromisso de dizer a verdade. O dever


previsto no art. 77, I, é ainda mais intenso e útil no depoimento pessoal que
nos atos postulatórios, em geral, estes praticados pelo advogado em nome da
parte. Em litígios cabulosos, envolvendo fatos criminosos e torpes, os
advogados experientes têm a cautela de colher a rubrica do cliente nas peças
processuais. Ora, no depoimento a parte declara de viva voz e olho no olho
da autoridade judiciária. Deverá observar ao dever de veracidade. Tal implica
dizer a verdade por inteiro e sem omissões.128

Compete ao juiz, pessoalmente, tomar o compromisso e advertir a parte.


Lícito que seja ao assessor identificar o depoente (v.g., registrando o número
da respectiva cédula de identidade), não pode substituir ao juiz na atividade
própria da função judicante.

Reinando dúvida no espírito de juízes e de advogados quanto à


necessidade (rectius: obrigatoriedade) do compromisso da parte, na prática
nenhuma menção no termo de audiência (art. 367, caput), forma de
documentação do depoimento (infra, 1.863.3). A falta de menção do
compromisso no termo de interrogatório não macula a prova produzida e a
eventual confissão aí obtida.

Funcionará o compromisso como singela exortação para a parte declarar a


verdade.129 Desapareceu o constrangimento religioso, que é típico do
juramento, e o acompanhamento da sanção processual, na forma de multa,
tampouco é eficaz. A advertência soa muito distante e etérea para persuadir o
depoente a manter-se fiel à verdade que lhe contraria o interesse.

Por isso, esquecendo o juiz de tomar o compromisso, ou recusando-se o


depoente a prestá-lo, ou entendendo (indevidamente, ao nosso ver) o juiz
dispensável o compromisso, o depoimento subsiste íntegro. Idêntico
tratamento recebe o ponto nos casos em que, afinal, há o juramento.130 A
recusa de o depoente se comprometer não tem relevância maior. Não importa
confissão ficta, mas levanta fundadas dúvidas em tudo quanto dirá o
depoente.

Prestado, ou não, o compromisso civil de dizer a verdade, passa-se ao


interrogatório propriamente dito.

1.863.2. Etapa do interrogatório do depoente – Em princípio, incumbe ao


juiz interrogar a parte, pois a prova se destina à formação do seu
convencimento. Embora ressalvando o direito de o juiz perguntar antes ou
depois dos advogados das partes (art. 459, § 1.º), o art. 459, caput, restaurou
o regime do Regulamento 737/1850, autorizando às partes (rectius: os
respectivos advogados) perguntar diretamente à testemunha. Seja como for, é
o juiz quem dirige os trabalhos na audiência, exercendo o poder de polícia
(art. 360) e tomando deliberações, razão por que é grosseiramente ilegal a
delegação no todo ou em parte desse ato de instrução ao assessor.

1.863.2.1. Interrogatório pelo juiz – No processo civil brasileiro, o


interrogatório da parte é formalmente livre, inexistindo perguntas
predeterminadas. A inquirição atém-se unicamente ao tema da prova (retro,
1.309). Envolve todas as alegações de fato, incluindo as que se refiram a
sentimentos de amor e de ódio,131 objeto de afirmações feitas no curso do
depoimento.

A indeterminação do teor do depoimento não significa que inexistam


técnicas apropriadas, ou que delas o juiz prescinda nesse ponto crucial do
meio de prova, a começar pela formulação de perguntas diretas e específicas
(v.g., “Estava no local X?”), em vez de genéricas (v.g., “Onde estava no dia do
fato?”).

Por sua vez, o depoente declarará seu conhecimento pessoal acerca dos
fatos, mediante relato coerente e preciso. Responderá positiva ou
negativamente quanto às perguntas pessoais.132 Problema de difícil e
improvável solução segura respeita à alegação (verdadeira ou falsa) de
completo desconhecimento ou falta de lembrança. Reclama análise no âmbito
da recusa de depor (infra, 1.865). Entre nós, inexiste a previsão para o juiz
ordenar que a parte deponha, como no direito norte-americano.133 Efeito
hipotético do indevido silêncio da parte presente à audiência, mas calado,
consiste na confissão ficta.

O convite à exposição geral do depoente é ponto de partida muito utilizado


e popular. O juiz não leu o processo, em razão do excesso de feitos na mesa,
e ignora o tema da prova. Mantém as aparências instigando o depoente a
falar genericamente. Apresenta vantagens e desvantagens esta técnica. E,
com efeito, após relato amplo, às vezes incoerente e prolixo, registrado na
linguagem coloquial por gravação (art. 460, caput), uma ou das perguntas
liquidam as dúvidas remanescentes, ou para confirmar a alegação de fato ou
para desmenti-la, apontando a incoerência e a mendacidade do depoente. A
despeito desse proveito, a desvantagem revela-se expressiva, pois há
considerável perda de tempo com pormenores irrelevantes e confusos.

O juiz tem o dever de velar pela correção das respostas e observância do


dever de veracidade (art. 77, I). A verdade da parte é subjetiva (retro, 606),
mas ela não se encontra autorizada a negar por capricho e teimosia. Por
exemplo, alegar que não assinou o documento y, no qual aparece sua
assinatura e constante dos autos. Se a parte declara que a assinatura é falsa,
ou se declara que não recorda ter assinado o documento y, respondeu de
maneira aceitável, talvez mentirosamente, o dependerá de ulterior verificação.

O depoimento da parte é ato essencialmente oral. Não se admite


depoimento por escrito, na audiência ou juntado aos autos. Impera o
improviso e almeja-se à naturalidade. O art. 387 proíbe o uso de escritos
anteriormente (a regra baniu o advérbio “adrede”, exorcizando a linguagem
culta) preparados, mas autoriza a consulta a “notas breves”, acatando
sugestão feita na vigência do CPC de 1939.134 Esses apontamentos não
substituem, no todo ou em parte, as declarações orais da parte. E não se
juntam aos autos.

Entende-se por “notas breves” os dados (técnicos ou não) de difícil


memória ou pronúncia.135 Podem ser apontamentos especialmente
preparados para o interrogatório (v.g., o rol dos passageiros do ônibus), por
vezes desenhados, ou agendas, calendários, cadernos e outras anotações da
época dos fatos. Rejeitar as anotações feitas para essa ocasião,136 arrolando
os dados, pretextando a garantia de espontaneidade, divorcia-se da realidade,
porque o advogado instruiu o cliente (e, além de escapar de controle,
inexistem óbices éticos que o inibam), e briga com os fins da permissão.
Ninguém é tão avisado que, conjecturando litígio futuro e possível
depoimento, desde logo se municie de apontamentos úteis. É fato indisputado
que datas, metragens, pesos e volumes escapam à memória ou a parte os
informa imprecisamente. Para essa finalidade, ou seja, a de esclarecimento
(próprio e do juiz), o art. 387, in fine, permite semelhante consulta.

Costumam os juízes advertir a parte dos males que advirão da mentira


grosseira ou ingênua, estimulando-a a dizer a verdade, em humana reação à
impostura. Não podem, nem devem tratá-la grosseiramente, admoestando a
parte mentirosa aos gritos ou com o uso de palavras de calão, infringindo o
dever de urbanidade previsto no art. 360, IV.
1.863.2.2. Interrogatório pelo advogado – Dando-se o juiz por satisfeito, se
tomou a si a inquirição inicial, passará a palavra aos advogados, primeiro ao
da contraparte, depois ao do próprio depoente.

O direito de o advogado da própria parte inquirir o constituinte, assegurado


suscita controvérsias e,137 na realidade, não representa prática generalizada.

Segundo visão tradicional, a função do advogado da parte consiste em


“fiscalizar a inquirição e a redação do depoimento, fazendo as reclamações
que julgar oportunas, não sendo lícito intervir senão nisso e para isso durante
o interrogatório”.138 E, ainda, argumenta-se que representaria absurdo lógico
permitir que o procurador pergunte para si próprio,139 como se as pessoas da
parte e do advogado não se distinguissem. O argumento só é válido para o
advogado que figura como parte em causa própria; mas, a este só o juiz e
o ex adverso questionam… Respeitável que seja o alvitre, não se harmoniza
com a concepção contemporânea de depoimento pessoal, nem retrata a
prática dos sistemas estrangeiros.140

Por óbvio, não é dado ao advogado da parte, percebendo o rumo


desfavorável das respostas, intervir ou apartear, vez que o art. 361, parágrafo
único, torna defeso fazê-lo; todavia, chegado o momento prescrito no art.
459, caput, as reperguntas do advogado da própria parte tem muita utilidade
para o juiz. Desfazem imprecisões e ambiguidades do depoimento em
benefício da verdade. O advogado conhece o cliente, já o entrevistou
informalmente, e explorou todos os aspectos do evento e da conduta, e esta
ciência prévia o auxilia nas perguntas. Inspira-se a indevida restrição, aqui
rejeitada, no incompleto e ultrapassado entendimento de que o depoimento da
parte objetiva unicamente a confissão, e só as perguntas do juiz e do
advogado do antagonista são capazes de arrancá-la. Não se pode olvidar a
influência da máxima cooperação recíproca das partes na descoberta da
verdade.

Ao permitir a formulação direta de perguntas pelo advogado da parte, não


só o art. 459, caput, deixou-se influenciar pelas virtudes do discovery norte-
americano, supondo, ao mesmo tempo, obter maiores frutos na deposição,
em virtude de o advogado conhecer as alegações de fato feitas no ato
postulatório por ele subscrito (petição inicial ou contestação). Esqueceu-se da
advocacia organizada em grandes escritórios, fitando o artesão atento e
laborioso. Ressalva feita, nada assegura que o subscritor do ato postulatório
seja o encarregado de coletar a prova. Bem ao contrário, há advogados de
gabinete, exímios articuladores de peças processuais, e advogados de
campo, habituados ao ambiente tenso da audiência principal e, a exemplo do
juiz, providos de informações superficiais sobre o processado e o teor das
próprias alegações. O risco de imprecisões, do estímulo ao relato livre do
depoente, em vez de perguntas precisas e decisivas, não diminuiu e, talvez,
haja aumentado…

Por fim, tem aplicação no depoimento da parte o dever de urbanidade no


tratamento (art. 459, § 2.º), a cargo do juiz e dos advogados, bem como o
registro obrigatório das perguntas indeferidas, e, a fortiori, das que o depoente
não respondeu ou recusou-se a responder (art. 459, § 3.º).
1.863.3. Etapa da documentação do depoimento – Encerrado o
interrogatório, lavrar-se-á o termo a que alude o art. 460, assinado pelos
participantes do ato material – o depoente, as demais partes, advogados, juiz
e escrivão. Faculta-se às partes gravar o depoimento. A forma oral se
recupera na forma escrita em toda parte, inclusive no processo civil norte-
americano,141 a bem da futura memória.

Registrado por taquigrafia, estenotipia ou gravado em qualquer suporte, a


requerimento do interessado, ou ex officio, havendo recurso o juiz ordenará a
transcrição “quando for impossível o envio de sua documentação eletrônica”
(art. 460, § 2.º). Relevado o truísmo, o órgão judiciário que colheu a prova não
é seu destinatário exclusivo. Os tribunais de segundo grau reapreciam
livremente as questões de fato nos recursos de agravo de instrumento e de
apelação. Poucos magistrados, no grau superior, têm a inclinação, disciplina e
a resignação de dissipar seu tempo ouvindo infindáveis dissertações orais das
partes e das testemunhas – arengas cansativas –, objeto de gravações
juntadas ao processo, mas há os que se entusiasmam e deliciam com a tarefa
insípida para a maioria.

É obrigatório, por essa relevante razão, transcrever o depoimento na


hipótese de o vencido recorrer para o segundo grau, como
determina, expressis verbis, o art. 460, § 2.º, formalidade escassamente
observada.

Em princípio, o interrogatório livre não necessita de qualquer


documentação. O juiz se limitará a registrar sua ocorrência. Renderá
melhores frutos sob a forma de conversão descontraída, no gabinete de
trabalho, sem a parte sentar-se na cadeira própria da sala de audiências,
situada na frente do juiz, por sua vez colocado em posição mais elevada.
Essa configuração destaca a autoridade do juiz e não é muito propícia a obter
confissões. Disposição nesse sentido, obrigando o juiz a sentar-se em
posição sobranceira, encontra-se na lei de organização judiciária. Os
magistrados de espírito populista, mas indiferentes à inteireza do patrimônio
público, aventuraram-se a mandar serrar a base do móvel… Volvendo ao
ponto, a desnecessidade de registro se funda em outro pormenor de relevo.
Às vezes, o esclarecimento é breve e nada acrescenta ao acervo probatório: o
sentido de certa palavra, usada no depoimento, ou a compreensão da parte
quanto à cláusula x do contrato, dão certeza ao juiz que compreendera bem
um e outro ponto.

Seja como for, impõe-se o registro do evento. O advogado depoente há de


estar presente, prestando-lhe assistência, bem como o da contraparte,
garantindo o direito à representação técnica e o direito ao contraditório
simultaneamente. É impróprio, censurável disciplinarmente, o juiz receber a
própria parte às escondidas, quiçá em lugar diverso da sede do juízo, para
colher impressões informações.

1.864. Escusas no depoimento da parte

Em certas hipóteses, a parte tem o direito de calar (e até mesmo o dever)


no seu depoimento. O art. 379, I, institui o dever de comparecer à audiência
(preliminar ou principal), mas somente o ônus de a parte responder “ao que
lhe for interrogado”. Como se explicou anteriormente (retro, 610.2 e 1.364), a
despeito da literalidade da regra a parte final do art. 379, I, estabelece
simplesmente o ônus de responder. Recusando-se a parte a responder às
perguntas do juiz sem motivo legítimo (art. 386), o silêncio obstinado não lhe
acarreta sanções específicas; em particular, inexiste infração ao dever de
veracidade (art. 77, I), cuja sanção só cabe no caso de respostas mentirosas.
A única consequência desfavorável (e relativa) do silêncio pertinaz consiste
na eventual confissão ficta (infra, 1.865.3). E, mesmo aí, a concepção
prevalecente pré-exclui tal elemento de prova no depoimento livre do art. 139,
VIII (retro, 1.853).

É preciso investigar a fundo a natureza, as hipóteses e os efeitos do direito


de permanecer em silêncio.

1.864.1. Natureza do direito de calar – O direito de calar (ou de


permanecer em silêncio) nas causas civis é muito antigo no direito brasileiro.
Encontrava-se previsto nas Ordenações Filipinas (Livro 3, Título 53, § 11),
relativamente aos fatos que constituam ilícito penal, chamados de “fatos
criminosos”, advertindo a própria regra que o litigante não poderia ser
obrigado a depor a seu respeito, “porque sendo constrangido para a eles
depor, sempre negaria o crime de que fosse acusado, e seria causa de cair
em perjúrio, por escusar a pena, que por o tal malefício mereceria, se o
confessasse”. A interpretação desse texto ampliou-se para os fatos
difamatórios.

Ora, a máxima proibitiva acarretou divergências, preconizando o espírito


liberal seu banimento. Os atos ilícitos relevantes no âmbito penal também
constituem acausa petendi da ação reparatória, parecendo contrassenso
rejeitá-la categoricamente. E, nesse caso, a doutrina brasileira do início do
século XX entrevia exceção,142afinal acolhida pelo STF.143 A razão usualmente
invocada descansava no desparecimento do juramento. Desse modo, livre o
depoente do “constrangimento moral do juramento”, não teria “diante de si
senão a própria consciência”,144 nada o impedindo de dizer a verdade e sofrer
as drásticas consequências de eventual recusa. É muito citada, nesse
contexto, lição que rechaçava a imoralidade da exigência de a parte depor
sobre fatos criminosos e torpes ponderando o seguinte: “A imoralidade reside
na ação torpe ou desonesta e quem, depois de executá-la, recusa-se a
reconhecê-la, na verdade junta outro mal ao que já praticou”.145

Enfim, o CPC de 1939 absteve-se de reproduzir a regra que do art. 208, §


1.º, do Regulamento 737/1850 passara aos estatutos estaduais de processo.

O direito fundamental da dignidade da pessoa humana alterou


substancialmente semelhante ponto de vista. E, outra vez, a influência norte-
americana revela-se expressiva, porque o privilege against self-incrimination,
cuja base (no processo penal) remonta ao caso Miranda versus Arizona, de
1966, aplica-se a quaisquer procedimentos civis.146 A redação do art. 5.º, LXIII,
da CF/1988 sugere que o âmbito de incidência do direito fundamental
restringe-se ao processo penal, mas o Pacto de São José (art. 8.º, § 2.º, g),
que obriga o Brasil, não realiza essa distinção. Por esse motivo, o art. 347, I,
do CPC de 1973 adiantou-se à sua época, resgatando a regra proibitiva, que
tende a se universalizar ao processo,147 em geral, e contemplou o dever de
sigilo, equiparando-o ao direito de permanecer calado. Esses privilégios
acabaram ampliados pelo art. 229 do CC, hoje revogado pelo NCPC. E o art.
388, caput, acolheu-o no processo civil.

O direito de permanecer em silêncio é parte relevante do conjunto de


direitos fundamentais processuais que tutelam as partes contra o arbítrio do
Estado.

Em que pese subordinar-se à apreciação do juiz a adequação do motivo


alegado às hipóteses, não há dúvida de que se trata direito da parte, que a
exime de quaisquer consequências desfavoráveis, bastando a simples
alegação.

1.864.2. Casos do direito de calar – O art. 386 prevê que, abstendo-se a


parte de responder “sem motivo justificado” às perguntas do juiz, este
apreciará, segundo as circunstâncias e os elementos de prova, a ocorrência,
ou não, da recusa de depor. Entendeu-se que tais motivos são também outros
estranhos ao art. 386.148

Essa interpretação elástica e ampliativa não tem mais cabimento. Da


conjugação dos incs. I a IV do art. 388 resultam matérias privilegiadas amplas
e abrangentes, necessitando, bem ao contrário, de interpretação restritiva e
adequada aos objetivos estruturantes da dignidade da pessoa humana.

A esse propósito, recordou-se o dever de não expor segredos militares


(v.g., os planos defensivos do País contra agressões externas, defendendo
pontos sensíveis do território e seus recursos naturais) ou políticos (v.g., o
contrato de fornecimento de armas e outros pactos similares), cuja revelação
comprometeria a segurança nacional, objeto do art. 5.º, n.º 4, da Lei
1.079/1950,149 e, ainda, de tutela penal no art. 13 da Lei 7.170/1983 (Lei de
Segurança Nacional), quanto à espionagem; porém, tais casos se reduzem,
afinal, à regra genérica do sigilo (art. 388, II).

Problema completamente distinto reponta no confronto do teor da


resposta, ou a razão da sua ausência (v.g., a parte alega que desconhece o
fato), e o ônus de responder. É nesse âmbito que o juiz aprecia se cabe, ou
não extrair confissão da eventual recusa, e, não, da análise do motivo de
escusa, que é quase vinculante.

1.864.2.1. Escusa em caso de ilícito – O art. 388, I, isenta a parte de


responder sobre fatos “criminosos ou torpes, que lhe forem imputados”. O art.
454, n.º 2, do NCPC português, de 2013, estipula no mesmo sentido.

Os fatos previstos no art. 388, I, integram a causa petendi, narrada na


petição inicial pelo autor, ou a impugnação de fato indireta apresentada pelo
réu na contestação, na qualidade de fatos principais ou de fatos simples.

Fatos criminosos são as condutas que, em tese, constituam objeto de


norma incriminadora. Essa fórmula abrangente não olvida que, a par dos
crimes e das contravenções propriamente ditas, ilícitos tipificados na
legislação geral e extravagante específica, há as condutas previstas nos arts.
9.º a 11 da Lei 8.429/1992, que representam ilícito civil que também ensejam
a aplicação de penas de suma gravidade. Estão amparados pela escusa aqui
examinada.
A cláusula final do art. 388, I, in fine, alude à imputação fora do âmbito
criminal. Literalmente, isentaria apenas quem praticou a conduta reprovável e
figura como parte no processo civil. A limitação seria arbitrária. A regra
abrange também a vítima do ilícito, que merece ainda maior proteção
constitucional;150 por exemplo, a pessoa estuprada pode se recusar a depor a
este respeito, se o assunto vier à baila na causa civil.

É mais difícil caracterizar a torpeza, a infâmia, a baixeza e a vilania,


todavia fraquezas humanas recorrentes. Exemplo típico é o ilícito civil da
ingratidão (v.g., o donatário que escarnece da generosidade e da honestidade
do doador), que não tem relevo criminal, mas é infamante para quem o
pratica.

O direito de calar previsto no art. 388, I, incidirá também quando os fatos


reprováveis se relacionem a terceiro. O art. 229, II, do CC, revogado pelo
NCPC, já ampliara esse dispositivo para fatos que implique desonra do
cônjuge, parente em grau sucessível e amigo íntimo, disposição reproduzida
no art. 388, III, salvo quanto ao amigo íntimo, talvez se excedendo na tutela
da intimidade, apropriadamente restrita às relações entre cônjuges e
companheiros – estas reconhecidas no direito norte-americano.151 Realmente,
não é fácil constranger a parte a responder perguntas indiscretas acerca de
terceiros, expondo-se, conforme a natureza da informação prestada, ao perigo
de demanda (infra, 1.864.2.1). Não é, todavia, motivo legítimo para calar
acerca das questões de fato.

1.864.2.2. Escusa em caso de sigilo – O conhecimento da parte a respeito


dos fatos que originaram o litígio pode ter-lhe chegado por intermédio de
terceiro. A parte adquire tal saber através de dois meios: (a) ou o terceiro lhe
transmite diretamente certa informação; (b) ou a parte recolhe essa
informação diretamente, usando o terceiro como fonte (v.g., exame
corporal).152 Conforme o estado ou a profissão da parte, cabe-lhe o dever de
sigilo, ou seja, fica impedido por regra jurídica ou moral de transmitir seu
conhecimento a outras pessoas, incluindo o órgão judiciário. O direito de a
parte resguardar as informações privilegiadas encontra-se consagrado no art.
388, II.

O sigilo envolve dois aspectos concorrentes: (a) o desconhecimento por


um número indeterminado de pessoas; e (b) a vontade preservar o
conhecimento de terceiros.153 O objetivo geral dessa preservação do
conhecimento consiste na preservação de valores caros à sociedade, a
exemplo da intimidade, os quais podem, ou não, ostentar conteúdo
econômico intrínseco.

O dever de sigilo recai sobre as seguintes pessoas: (a) o banqueiro, no


concernente aos negócios do seu cliente; (b) o médico, no tocante ao
prontuário do seu paciente; (c) o sacerdote católico, quanto aos fatos que
chegaram ao seu conhecimento em confissão verbal, acompanhada de
documento; (d) o advogado, relativamente aos documentos do seu arquivo e
às confidências do cliente; (e) o hospital, relativamente aos seus ficheiros; (f)
o jornalista e congêneres, quanto à pessoa (“fonte”) que lhe passou
informações.
O regime jurídico do sigilo não se mostra uniforme, relativamente a todas
essas categorias profissionais, porque se ancora em diretrizes éticas
heterogêneas, variadamente disciplinadas em estatutos específicos.154 E nem
sempre há fundamento claro e inequívoco instituindo o privilégio do sigilo. Em
relação ao sacerdote católico, por exemplo, pode-se dizer que desde a
separação republicana do Estado e da Igreja Católica inexiste regra, pois só
esforço inaudito visualizará no art. 5.º, XIV, da CF/1988, concebido para
tutelar o direito (universal) do jornalista, alcança os sacerdotes, todavia
incluídos no rol das pessoas privilegiadas pelo sigilo. Por sinal, relativamente
ao jornalista e ao radialista, era convenientemente explícito o art. 71 da Lei
5.250, de 09.02.1967, que rezava: “Nenhum jornalista ou radialista, ou, em
geral, as pessoas referidas no art. 25, poderão ser compelidos ou coagidos a
indicar o nome de seu informante ou a fonte de suas informações, não
podendo seu silêncio, a respeito, sofrer qualquer sanção, direta ou indireta,
nem qualquer espécie de penalidade”. O STF entendeu incompatível com a
ordem constitucional o conjunto da Lei 5.250/1967, eliminando, destarte,
aspectos notoriamente aproveitáveis e do maior interesse público.155

Importa assinalar que o privilégio se estende aos auxiliares desses


profissionais. Por exemplo, a auxiliar de enfermagem que lançou no
prontuário do paciente o diagnóstico feito pelo médico assistente; o estagiário
do advogado, que arquivou o documento recebido do mentor em confiança,
mas deitou-lhe olhar curioso, inteirando-se do conteúdo, e assim por diante.
Todos têm o direito de invocar o sigilo no depoimento de parte.

Em oportunidade anterior, já se frisou o interesse público na preservação


do sigilo, invocando julgado do STJ, in verbis: “O interesse público do sigilo
profissional decorre do fato de se constituir em um elemento essencial à
existência e à dignidade de certas categorias, e à necessidade de se tutelar a
confiança nelas depositada, sem o que seria inviável o desempenho de suas
funções, bem como por se revelar em uma exigência da vida e da paz social.
Hipótese em que se exigiu da recorrente – ela que tem notória especialização
em serviços contábeis e de auditoria e não é parte na causa – a revelação de
segredos profissionais obtidos quando anterior prestou serviços à ré na
ação”.156

O entendimento de que o sigilo tem caráter relativo é


predominante.157 Mas, o art. 388, II, não comporta o entendimento que,
tornando-o disponível, transformou o dever em questão de foro íntimo. O
sigilo deve ser rompido, a critério de quem conhece fatos relevantes, a fim de
evitar mal maior, sem prejuízo das sanções porventura aplicáveis à revelação
as esferas penal e administrativa. Assim, o médico que diagnosticou moléstia
infectocontagiosa não pode, nem sequer deve guardar sigilo a seu respeito. O
contágio a partir do paciente zero talvez se torne fatal para outra(s) pessoa(s),
gerando, nos casos mais extremos, epidemia incontrolável.

É preciso ter em vista, ainda, a finalidade social do sigilo. Por esse ângulo,
(a) o sigilo do banqueiro acerca das suas operações e dos clientes não é
suficiente para obstar o conhecimento do órgão judiciário dos ativos
financeiros do executado; (b) o sigilo médico tutela a relação com o paciente e
já se mostra difícil de ser preservado, nesse âmbito (v.g., o do homem casado
que contraiu doença sexualmente transmissível e que colocará em risco a
saúde da mulher), seguramente desparece em outras situações (v.g., no litígio
entre a seguradora e o hospital),158 e, ademais, inexiste nos litígios entre o
médico e o próprio paciente;159 (c) o sigilo empresarial pode ser rompido nos
casos do art. 1.191, caput, do CC, pois neles há o dever legal de exibição da
escrituração,160 dando a conhecer todos os fatos ao juiz no depoimento como
parte.

1.864.2.3. Escusa em caso de desonra – O art. 388, III, consagra o direito


de calar no caso de a resposta à pergunta do juiz acarretar desonra ao
depoente, ao seu cônjuge, ao parente em grau sucessível – ascendentes
(pais, avós e bisavós) e descendentes (filhos, netos e bisnetos) de qualquer
grau e colaterais até o quarto grau (irmãos; tios e sobrinhos; primos, tios-avós
e sobrinhos-netos), a teor do art. 1.839 do CC.161 Não abrange, derrogada a
lei civil anterior, o amigo íntimo.

A honra representa bem de valor inestimável. Cultivado como princípio


moral rígido, não tolera temperamentos e exceções. Compreende-se, para
quem zela pela honra, o silêncio obsequioso em seu proveito. Também se
entende o apreço análogo do depoente pela honra do cônjuge e do(a)
companheiro(a) e que não queira denegri-la. Não é muito diversa a atitude
dos pais em relação aos filhos e vice-versa. Ninguém ignora a relutância da
mãe em admitir atos seriamente desabonadores praticados pelo filho. A
extensão do dever moral de honrar os “parente em grau sucessível”, ou seja,
além dos ascendentes e dos descendentes de qualquer grau, também os
colaterais, que descendem de um só tronco, sem descenderem uns dos
outros (art. 1.592 do CC), ainda se harmoniza com a família nuclear moderna.

Era menos razoável a amizade íntima agigantar-se ao escopo de descobrir


a veracidade, ou não, da alegação de fato controvertida, propiciando o
julgamento justo. Fez bem o art. 388, III, em banir essa hipótese. Seja como
for, a noção de amizade íntima supera as raias do conhecimento ligeiro e
cordial do convívio em sociedade; assim, a aquisição do conhecimento pelo
depoente deveu-se a confidências especiais e constrangedoras, quiçá na
alcova, e nessas hipóteses tampouco convém enfraquecer laços de amizade
fraterna e o contato pessoal de homens e de mulheres.

A previsão legislativa retrata, ao fim e ao cabo, a amplitude subjetiva do


sigilo. Ele abrange as relações familiares.

1.864.2.4. Escusa em caso de perigo – Lícito se afigura a parte escusar-se


de depor em caso de perigo de vida, perigo respeitante a si ou às pessoas
mencionadas no inc. III do art. 388 – a saber; o cônjuge; os parentes em grau
sucessível –, segundo a previsão do art. 388, IV. A regra suscita várias
dificuldades de interpretação. Tal se deve à reunião de elementos subjetivos e
objetivos discrepantes.

À primeira vista, compreende-se a finalidade da regra. O reconhecimento


de alguém como autor de determinada conduta (lícita ou não) provoca a
possibilidade de retaliações físicas e patrimoniais; por exemplo, na demanda
em que A pede a reparação do dano ocorrido no seu veículo e imputado a B,
na contestação o réu impugnou a autoria; mas, inquirido em
depoimento, B não pode identificar C, o verdadeiro autor do dano, e chefe do
tráfico de drogas ilícitas na região, sem temer pela própria vida, a vida dos
seus familiares e a integridade dos respectivos patrimônios. É pouco razoável
exigir da parte o imenso sacrifício e a coragem de arrostar tais perigos.

Por breve interregno, através de remissão ao inciso anterior, à fórmula do


art. 241, I, do CPC de 1939, incluiu-se o amigo íntimo no círculo das pessoas
cujo risco pessoal afetaria a integridade do depoimento. Se, por um lado, a
menção ao cônjuge (extensível ao companheiro, independentemente do
gênero e da espécie da relação) e aos parentes em grau sucessível afigura-se
mais estrita, a referência aos amigos íntimos ampliava excessivamente o
alcance subjetivo da regra. Em princípio, abrangia qualquer pessoa das
relações afetivas ou familiares da parte (v.g., o afilhado). Como já ressaltado
quanto ao art. 388, IV, a lei processual derrogou essa referência, bem como
ao risco patrimonial.

Desapareceu a anterior amplitude dos bens protegidos e objeto do risco


temido pela parte, mediante a eliminação do perigo de demanda e do perigo
de dano patrimonial imediato. Relativamente ao primeiro, sempre será injusto,
a exemplo do caso de o réu sequestrar a mãe do autor para intimidá-lo, e não
importa que a ameaça concreta seja de lesão corporal (v.g., a ablação da
língua, peculiar sanção aplicada pelas sociedades criminosas aos delatores).
Nessa mesma ordem de ideias, então, o perigo de demanda civil ou criminal
(v.g., o pedido de explicações) e o perigo ao patrimônio (v.g., a depredação
do automóvel) também assentavam na hipotética injustiça. O revogado art.
229, III, do CC copia a fórmula austríaca ao exigir dano patrimonial imediato,
pré-excluindo o dano extrapatrimonial e, assim, admitindo que as declarações
melindrem o adversário, porque a lei penal só pune o excesso, sem que tal
fato exima o depoente, e que o dano patrimonial decorra diretamente da
declaração (v.g., se a parte alegar o fato x, perderá o bem y).

No tocante ao perigo de demanda, fitara-se o quod plerumque fit: a


resposta da parte que a expõe, ou aos seus parentes, às demandas alheias,
nada obstante a legitimidade intrínseca ao ato de postular certo bem da vida
em juízo, dificilmente retrataria a realidade. É atitude humana deplorável, mas
comum. Tal disposição realizou, de toda sorte, má ponderação dos valores
em jogo. Livrou o depoente da consequência desfavorável usual da recusa
em responder, ou da confissão ficta, ou das sanções pela resposta mendaz,
em proveito do egoísmo e em prejuízo do terceiro que se beneficiaria com a
revelação.

O art. 388, IV, prudentemente excluiu o perigo de demanda e o perigo de


dano como motivo de escusa.

1.864.3. Efeitos do direito de calar – Ao ser inquirido pelo juiz, e havendo


motivo legítimo para permanecer em silêncio, cumpre à parte declarar o
motivo da recusa.162 Às vezes, porém, as versões conflitantes das partes, ou a
natureza da alegação de fato controvertida, já deixa entrever ao juiz os
elementos de incidência do art. 388. Por exemplo, A demanda a empresa
jornalística Z e a jornalista B, porque B publicou em sua coluna política
que A contraíra doença venérea em viagem ao exterior, paga pelo erário; a
simples ausência de resposta de B à pergunta quanto à fonte, ou o uso de
evasivas, já permitirá ao juiz verificar que incidiu o art. 388, II. Não cabe ao
advogado da parte ou ao juiz, conforme o caso, omitir a pergunta, porque
dissociada do tema da prova, entendendo-a importante e necessária ao seu
próprio esclarecimento. O direito ao silêncio revela-se disponível e, sem
embargo de outras consequências alheias à causa, eventual resposta é
legítima, devendo ser consignada no termo respectivo.

Em princípio, o juiz sopesará, meditará e avaliará o motivo alegado pelo


depoente (v.g., a natureza criminosa ou torpe do fato). O art. 386 declara que
o juiz apreciará as circunstâncias e os elementos de prova, declarando, na
sentença, se houve ou não recusa de depor. Porém, não sendo possível
constranger o depoente a narrar o fato ou a entrar em pormenores para
avaliar a legitimidade da recusa, o pretexto invocado genericamente pela
parte acabará se impondo, não lhe acarretando efeitos desfavoráveis na
causa. E, mesmo que a apreciação do juiz o convença da inexistência de
motivo legítimo (v.g., do perigo de vida, a teor do art. 388, IV), o efeito máximo
da recusa é a confissão.163

Não parece possível negligenciar a circunstância de o advogado da parte


instruí-la acerca dos seus temores. Assim, existindo o dever legal de sigilo
(v.g., dos agentes estatais, em sentido largo, relativamente aos segredos
militares e aos negócios políticos de Estado, a exemplo do ajuste entre o
emissário brasileiro e o grupo paramilitar estrangeiro para libertar refém), o
depoente simplesmente o invocará, declarando que nada tem a dizer (v.g.,
“não responderei, porque há sigilo”). O mesmo raciocínio vale para as demais
situações legais (v.g., “não responderei, porque tenho medo, ou em respeito à
família”). Em tais casos, a alegação do motivo é, na prática, vinculante.

Embora preexista e se configure motivo legítimo, a resposta inverídica


constitui ilícito processual (art. 77, I), mas inexiste o crime de perjúrio no
direito pátrio.164

1.865. Recusa de depor

Ao depoente que, previamente intimado (retro, 1.860), compareceu na


audiência (art. 380, I, primeira parte) para prestar depoimento pessoal,
incumbe responder de forma clara, precisa e inteligível as perguntas que lhe
são formuladas pelos advogados e o juiz no interrogatório. A pergunta bem
posta e elaborada conterá, em geral, determinada proposição concernente à
alegação de fato. O depoente responderá positiva ou negativamente, mas de
forma categórica e precisa.165 Relatará o que conhece sobre os fatos que
originaram o litígio de forma coerente,166 mas na medida das suas condições
intelectuais.

Recusando-se a parte a responder às perguntas do juiz, inicialmente


concebem-se duas situações fundamentais: (a) o depoente nega-se,
explicitamente, a responder ao juiz, através de palavras (v.g., “não
responderei” e formas equivalentes) ou de gestos (v.g., movimento lateral de
cabeça, universalmente aceito como negativa); ou (b) o depoente permanece
mudo, não respondendo, nem se recusando a responder.167

Os dois modos de rejeição à pergunta traduzem duas espécies de recusa,


equivalentes quanto aos efeitos: (a) recusa expressa; (b) recusa implícita.

A recusa implícita, o silêncio impassível do depoente é evento


relativamente incomum. Por um lado, o juiz insiste, reitera a pergunta, formula
a indagação invertendo a proposição básica e exige explicações para o
silêncio, intimidando o depoente com sua natural autoridade, até provocar
reação. E, de outro lado, o advogado do depoente já o instruiu a recusar
expressamente a resposta e, a mais das vezes, só espíritos indômitos
resistem à incessante reiteração do interrogatório, afinal desculpando-se em
qualquer sentido.

Ao contrário da primeira (e má) impressão, na hipótese de o depoente


permanecer simplesmente calado, ou recusa implícita, o juiz não reconhecerá
necessariamente confissão (art. 385, § 1.º). Não vale, pois, o vetusto princípio
de quem cala consente (qui tacete consentire videtur), e por duas boas
razões: em primeiro lugar, haverá casos em que a preexistência de razão
para permanecer em silêncio, que o juiz deduz da natureza do fato (v.g., na
ação de A perante B, pleiteando reparação do dano sofrido no automóvel X,
imputado na contestação a terceiro, o local de residência do réu e outros
indícios permitem ao juiz inferir que o réu tem medo de revelar a identidade
de C, o verdadeiro autor do dano); ademais, a admissão do fato contrário ao
próprio interesse e favorável ao adversário, decorrente da recusa, receberá
apreciação unicamente no julgamento da causa (art. 386, in fine).

No que concerne à recusa expressa, há que considerar duas subespécies,


a vazia e a cheia, mais precisamente a recusa (expressa) motivada e a recusa
desmotivada.

A bem da clareza, é mister enfrentar a recusa motivada e a desmotivada


separadamente.

1.865.1. Recusa motivada – O motivo “legítimo” alegado pela parte


sujeitar-se-á, a teor do art. 386, à oportuna apreciação do juiz.

Essa apreciação dependerá da natureza do motivo alegado ou insinuado.


Os motivos adequados às escusas do ônus de depor, previstas no art. 388, I a
IV, na prática vincula o juiz, pré-excluindo a ilação que o depoente confessou
fictamente, no todo ou em parte, a matéria objeto da inquirição. Ao invés, o
motivo que não se ajusta, absolutamente, às causas legais, eventualmente
ensejará a confissão do art. 385, § 1.º, persistindo a recusa do depoente. O
juiz geralmente adverte a parte, no ato, que não aceitará o motivo e insiste na
resposta imediata.

Porém, há outras possibilidades, abstraindo, por enquanto, as respostas


evasivas, a rigor recusas desmotivadas: (a) a declaração do depoente que
desconhece o a conduta ou o evento alegados; (b) a declaração do depoente
de que não recorda a conduta ou o evento alegados; Aqui entra, sobretudo, a
apreciação do órgão judiciário a respeito da legitimidade da negativa.

1.865.1.1. Fatos desconhecidos – Acontece de a parte alegar que


desconhece os fatos por ela própria articulados nos atos postulatórios do
processo.

As pessoas investidas nos órgãos de representação das pessoas


jurídicas, e chamadas a depor em juízo, usualmente declaram desconhecer
os fatos que originaram o litígio. Tal atitude não significa, absolutamente, a
inverdade dos fatos. Tampouco traduz insinceridade do depoente. A complexa
organização empresarial dos tempos atuais; a pulverização das atividades em
setores distintos, mas coordenados da empresa; a separação das etapas
decisórias em órgãos heterogêneos; e a progressiva especialização das
pessoas, em áreas específicas e estanques, explicam o fato de o principal
gestor da empresa desconhecer certos pormenores e, ademais, só ter ideia
geral e aproximada do que aconteceu na empresa. Representada a pessoa
jurídica por alguém afeto às pugnas judiciais, a exemplo do diretor jurídico, ou
função equivalente, o problema acentua-se, na medida em que o programa
operacional, administrativo, financeiro, e assim por diante, geralmente lhe é
distante e ininteligível.

Em relação às pessoas naturais, o desconhecimento é eventual, mas


verificado em determinadas circunstâncias. No trivial acidente de trânsito na
via terrestre, o proprietário do veículo que não o conduzia na oportunidade do
evento, ou que dormia no banco traseiro, nada tem a dizer acerca da colisão,
exceto quanto aos acontecimentos posteriores (v.g., a natureza e extensão
dos danos materiais; o estado de saúde dos motoristas e passageiros, e
assim por diante).

Admitido como verdadeiro o desconhecimento, que é fato da vida banal e


inocente, também se concebe que o depoente utilize tal artifício para abster-
se de resposta conclusiva à pergunta do juiz. Se o propalado
desconhecimento é inverídico, “corresponde à mentira, ou não é mesmo
senão mentira”.168 Ora, o descumprimento do dever de veracidade é conduta
altamente censurável, mas punida com sanção processual (art. 80, II), não
ensejando a confissão do art. 385, § 1.º. Convém não pecar por excesso de
moralismo e rigor, e, de toda sorte, a confissão ficta necessitará da
convergência substancial de outros elementos para provar contra o depoente
(art. 386, in fine).

Em princípio, a ignorância falsa ou real não configura a recusa prevista no


art. 385, § 1.º, mais impõe-se enfrentar a premissa da tese, que reside na
aceitação implícita do fato de o depoente ignorar, no todo ou em parte, a
veracidade dos fatos alegados por ele próprio, respondendo “não sei” às
perguntas do juiz. Não é a única visão do problema. Segundo outro ponto de
vista, a alegação de desconhecimento mostra-se inadmissível, cabendo à
parte inteirar-se do teor dos atos postulatórios e, identificando a própria
ignorância, empreender todas as investigações cabíveis, no âmbito da
respectiva autonomia privada, apurando as condutas e os eventos
acontecidos. É a prática usual do direito norte-americano.169 Naturalmente, a
investigação recairá sobre atos próprios e de terceiros, e, nesse caso,
informará ao juiz por ouvir dizer (ex auditu). Responderia o depoente, então,
as perguntas do juiz a contento, comportando-se segundo os ditames da boa
fé. Em contrapartida, ao órgão judiciário, caberia relevar a ignorância que
subsistiu a essas diligências.170

À rejeição do desconhecimento há muito aderiu a jurisprudência


trabalhista, outorgando à insciência do preposto do empregador – por
exemplo, quanto às condições de trabalho do empregado –, declarada
francamente no depoimento, valor idêntico à “confissão real”.171

O irrealismo desse entendimento, bem como a inflexibilidade do efeito daí


extraído de forma brusca e radical, não o recomenda, absolutamente, na
esfera civil. É mais consentâneo e equilibrado o juiz exigir que o depoente
esclareça-se previamente acerca dos fatos que lhe serão questionados e,
mesmo aí, releve as hipóteses em que há motivo plausível (v.g., os dados
que, sem a consulta das notas breves aludidas no art. 387; não se mostram
acessíveis ou não constam dos arquivos e registros usuais) para o depoente
desconhecer os fatos.

Por mais correta e sensata que seja esta última linha, a tentação
radicalista sempre será intensa e latente no espírito do juiz. Decretando a
confissão ficta da parte, desde logo, sem consideração ao momento oportuno
para semelhante juízo (infra, 1.865.3), e interpretando de forma elástica o art.
362, § 2.º, que só faculta (!) a dispensa das provas deferidas no caso de
ausência do advogado da parte, a confissão autoriza o juiz a encerrar abrupta
e prematuramente os trabalhos programados na audiência, precipitando o
julgamento.

1.865.1.2. Fatos esquecidos – Quanto mais recuado no tempo o evento ou


a conduta, mais provável se torna a falta de memória do depoente, no todo ou
em parte. É outro fato da vida incontestável. Existem pessoas muito atentas,
outras bem menos, e nem todas são capazes de fixar a percepção sensorial e
recordar-se de todos os seus pormenores. À medida que o tempo passa, os
registros tendem a se dissipar, remanescendo, na melhor das hipóteses,
impressões vagas, indistintas e genéricas.

Também acontece de o depoente declarar no depoimento que não recorda


o assunto versado na pergunta do juiz. A falta de memória pode ser real ou
não, mas justificativa desse teor não constitui, a rigor, recusa de depor. O
depoente dá resposta (verdadeira ou mentirosa) à pergunta do juiz, mas
insatisfatória. Tampouco há necessariamente tergiversação, ou seja, resposta
evasiva.

Em tal situação, o entendimento prevalecente encarrega o juiz de aquilatar


a verossimilhança, ou não, do esquecimento.172 Reconhecerá confissão ficta,
oportunamente – jamais antes da sentença –, na hipótese de a alegação se
patentear implausível, segundo as regras de experiência comum.

Valem, aqui, as considerações feitas no item imediatamente precedente:


rejeita-se a solução autoritária de decretar a confissão, dispensar as demais
provas, encerrando a audiência, e emitir sentença definitiva desfavorável ao
suposto confitente.

1.865.2. Recusa desmotivada – O silêncio inabalável, ou recusa implícita,


e a recusa categórica, mas desprovida de explicação crível, ou vazia,
produzem idêntico efeito. Importam confissão ficta, a teor do art. 385, § 1.º,
segundo a livre apreciação do juiz no julgamento da causa, salvo se o juiz
inferir do acervo probatório a preexistência de alguma escusa legal para esse
comportamento.

Equivale à recusa expressa a resposta evasiva à pergunta do juiz. É mais


fácil distinguir a evasiva, na qual o depoente se limita a explicar ou a narrar
fatos que não permitam conclusão positiva ou negativa, do que a recusa
expressa vazia.173 Nesse último caso, o juiz não dispõe de nenhum elemento,
exceto a regra de experiência porventura aplicável à pergunta e a observação
das reações físicas do depoente, para verificar se há, ou não, recusa; no
primeiro, ao invés, a resposta vaga e indecisa, traduzida no dúbio “talvez”,
oferece registro seguro para essa avaliação. Considera-se evasiva a resposta
que, aparentemente replicando ao juiz, na verdade nada esclarece de
concreto.174 Em tal caso, há recusa desmotivada, e, não, frustração do
depoimento,175 aplicando-se a parte final do art. 386: o juiz decidirá se houve,
ou não, admissão do fato (objeto da pergunta) contrário ao próprio interesse.
Recorde-se, aqui como alhures, a importância da pergunta precisa (v.g., se o
depoente encontrava-se no lugar X no dia Y).

1.865.3. Momento da apreciação da recusa – O art. 386, in fine, demarca


nitidamente o momento no qual o juiz verificará se houve ou não recusa: no
julgamento da causa. O depoimento em si é contínuo, pois o depoente talvez
responda a certas perguntas, a outras não, implícita ou expressamente.

O juiz jamais declarará a confissão ficta, desde logo, limitando-se a


registrar a ocorrência no termo a que alude o art. 460.

Em virtude do seu efeito relativo, o momento único e apropriado para


reconhecer a confissão ficta é na apreciação do conjunto da prova
produzida.176 E tal verifica-se quando o juiz emite a sentença definitiva prevista
no art. 487, I. Pode ocorrer, entretanto, que esse estágio não seja alcançado,
porque surgiu causa para extinção do processo (v.g., a morte de uma das
partes, sendo a pretensão intransmissível) ou as partes transigiram
supervenientemente.

O STJ já teve oportunidade de proclamar, no caso de ausência da parte,


prematuro o encerramento da instrução, dispensadas as demais provas,
porque caracterizada a confissão ficta do ausente.177

1.866. Renovação do depoimento da parte

Em suas duas modalidades, lícito ao juiz, invocando o poder oficial de


instrução, renovar o depoimento pessoal.178 Existem casos em que o juiz,
sempre insatisfeito, ouviu a mesma parte mais de duas vezes. E, realmente,
estipulado o depoimento em segundo lugar, na ordem do art. 361, ocorre de a
prova testemunhal lançar dúvidas sob certos aspectos nebulosos ou delicados
das alegações de fato, em nítido contraste com as declarações da parte,
exigindo do juiz a iniciativa de inquirir, outra vez, o depoente ainda presente à
sessão. E nada obsta que, encerrada a instrução, o juiz ainda se veja na
contingência de empreender ulteriores investigações para melhor esclarecer-
se.

§ 382.º Força probante do depoimento da parte

1.867. Confissão provocada expressa e ficta no depoimento da parte

O advogado da parte pratica atos processuais em nome alheio, centrado


no objetivo de obter resultado favorável aos interesses do seu constituinte.
Esta atrativa meta monopoliza o advogado por variáveis razões e valores, a
exemplo do proveito econômico (v.g. o cliente lhe pagará parcela dos
honorários contratuais na sentença), do pundonor profissional, da vaidade
(v.g., o advogado do adversário é amável rival desde os bancos acadêmicos),
da sensibilidade social (v.g., a ideologia do advogado o torna cativo do
interesse do cliente), e assim por diante. Pois bem: o advogado da parte
sempre se inquieta profundamente na iminência do depoimento do próprio
cliente, a requerimento do adversário ou ordenado ex officio pelo juiz (art.
385, caput).

Determinado o depoimento da parte, havendo tempo hábil, nas ocupações


rotineiras do advogado, ou se este é cuidadoso por natureza, o procurador se
reúne com o cliente no dia imediatamente anterior à audiência, entretendo
conversa séria, particular e demorada, com o fito de instruir a parte, na
medida do possível, acerca das alegações de fato controvertidas, na causa
em curso, e do que não é, absolutamente, favorável ao próprio interesse. Às
vezes, o entrelaçamento natural dos eventos e das condutas em jogo gera
opções difíceis: há o que interessa revelar (v.g., o mau uso do equipamento
objeto da controvérsia), mas há o que muito interessa ao adversário (v.g., o
defeito de projeto ou as limitações operacionais do equipamento). Na dúvida,
dominando o imaginário forense que o depoimento desfavorece, mas jamais
beneficiará ao depoente, melhor não depor.

Por mais censurável e errônea que seja semelhante inclinação, descansa


em imperativos psicológicos reais e demonstra, colateralmente, o idealismo
dos que pregam o direito de a própria parte depor (retro, 1.859.2). Essa
concepção teórica absteve-se da consulta ao advogado do depoente, porque
intuíram a resposta negativa: ele é, decididamente, contrário e, salvo caso
particularíssimo (v.g., a desenvoltura verbal, a inteligência superior e os dotes
de persuasão do cliente compensam todos os riscos), jamais lhe passará pela
cabeça o requerimento temerário nesse sentido.

A experiência do foro registra casos em que, convocada a parte a depor,


com a cominação do art. 385, § 1.º, ou não, o litigante não resiste ao
compromisso de dizer a verdade, à autoridade do juiz, à saraivada de
perguntas e à própria consciência, passando a prestar declarações contrárias
ao próprio interesse, mas favorável ao interesse do adversário. Dá-se
universalmente o epíteto de confissão a tal declaração. E, prestada em juízo,
cuida-se de confissão judicial. Decorrendo do depoimento da parte, diz-se
provocada esta confissão, por sua vez subdividida em duas categorias: (a) no
caso do art. 385, § 1.º, c/c art. 386, ou seja, deixando a parte de comparecer à
audiência, ou recusando-se ilegitimamente a responder as perguntas do juiz
ou do advogado da contraparte, confissão ficta; (b) admitindo o fato em
resposta às perguntas do juiz ou do advogado da parte contrária, ou
espontaneamente, no curso do relato que o juiz determinou que fizesse (retro,
1.863.2), confissão expressa.179 É bem de ver que, nesse último caso, a
confissão agasalhada na arenga da parte apresenta traços de
espontaneidade, mas não é confissão judicial “espontânea”, consoante
definição do art. 390, § 1.º. Por outro lado, a recusa expressa ou tácita em
responder à inquirição não oferece, no sistema pátrio, começo de prova
escrita,180 como no direito francês, mas prova de confissão.

Não é, ainda, a oportunidade adequada para explicar a força probante da


confissão, em particular da confissão judicial provocada expressa, que
resíduos históricos emprestam eficácia de prova “plena”, cuja noção já se
examinou alhures (retro, 1.348). Determinados ordenamentos
contemporâneos, a exemplo do italiano, ainda a admitem, mas impõem-lhe
rígidas condições.181 Entre nós, salta à vista a fragilidade da confissão ficta é
frágil, como se infere da parte final do art. 386. O juiz apreciará a recusa do
depoente conforme “as demais circunstâncias e os elementos de prova”,
podendo chegar à conclusão de que inexistiu recusa ou, se existiu, não se
harmoniza com a realidade. Também a confissão extrajudicial – inteiramente
estranha ao depoimento pessoal – feita ao terceiro, ou contida em testamento,
será apreciada livremente pelo juiz. Resta descobrir e enunciar o sentido real
e efetivo da cláusula inicial do art. 391, ao declarar que a “confissão judicial
faz prova contra o confitente”, porquanto a confissão obtida no depoimento é
judicial e da espécie provoca.182

Esses assuntos ficam reservados para o capítulo da confissão. No


entretempo, convém realçar a conclusão geral para dissipar apreensões. Em
nosso sistema, a confissão não vincula o juiz, como se afirma, por exemplo,
no direito italiano,183 A antiga rainha das provas acabou destronada e, após
passar pelo constrangimento dos vilipêndios populares, aviltada ao mais baixo
degrau no apreço judicial. O valor da confissão é sempre relativo.184

A questão que se deve examinar, por ora, consiste na força probante das
declarações das partes, independentemente da confissão.

1.868. Apreciação do depoimento da parte

A função probatória do depoimento da parte, nas duas espécies


(cominatório e livre) é a de trazer conhecimento para o juiz formar sua
convicção. Em tal perspectiva, as declarações da parte fornecem prova
favorável ou desfavorável ao declarante, valorizada segundo o regime do art.
371,185 no caso verdadeira e integralmente livre, pois inexiste regra limitadora
da respectiva eficácia ou força probante.

Acompanhando as diretrizes do processo civil justo e equilibrado,


desenvolvido dentro da legalidade estrita, eventual admissão de fato contrário
ao próprio interesse, mas favorável ao adversário, não assumirá jamais a
qualidade e a eficácia da confissão provocada. É persuasivo o argumento
apresentado na doutrina peninsular que “parece formalismo estéril negar
eficácia a declaração que, feita pela parte em plena consciência, leva à
composição da lide”;186 porém, no direito brasileiro, faltaria a cominação
prevista no art. 385, § 1.º, condição para da declaração resultar confissão. E
não se nega valor à declaração da parte. Ao contrário, mantendo fidelidade ao
sistema geral da apreciação da prova, que é livre, mas condicionado, e a
admissibilidade das provas atípicas, vai-se além do que normalmente se
sustenta no direito pátrio. Sempre nos pareceu inconsequente negar função
probatória ao depoimento livre. Ocorre que a prova daí decorrente (a
declaração da parte) não discrepa da confissão, embora distinta, no seu valor
probatório.

Destacou-se, oportunamente, o valor do depoimento em causa própria (in


re sua), proposição generalizada para quaisquer declarações favoráveis ao
próprio depoente e, vez por outra, a tese recebe apoio.187 A sinceridade
desconcertante e brutal do depoimento exibe força persuasiva considerável
na mente juiz – eis o ponto – para basear-se nesse único elemento de prova o
juízo de fato. Ninguém ignora o valor da palavra da vítima no processo
penal.188 Não é muito diverso no juízo civil perante interesses sensíveis (v.g.,
menores).

Capítulo 83. DA CONFISSÃO


SUMÁRIO: § 383.º Confissão em geral – 1.869. Conceito de confissão –
1.870. Natureza da confissão – 1.871. Espécies de confissão – 1.871.1.
Confissão judicial – 1.871.1.1. Confissão judicial expressa e confissão judicial
ficta – 1.871.1.2. Confissão judicial espontânea e confissão judicial provocada
– 1.871.2. Confissão extrajudicial – 1.871.2.1. Confissão extrajudicial escrita e
confissão extrajudicial oral – 1.871.2.2. Confissão extrajudicial feita à parte e
confissão extrajudicial feita a terceiro – 1.871.3. Confissão pura e confissão
qualificada – 1.871.4 Confissão divisível e confissão indivisível – 1.872.
Confissão e institutos afins – § 384.º Elementos da confissão – 1.873.
Enumeração dos elementos da confissão – 1.874. Aptidão para confessar –
1.874.1. Confissão do revel – 1.874.2. Confissão do litisconsorte – 1.874.3.
Confissão dos terceiros – 1.874.3.1. Confissão do chamado ao processo –
1.874.3.2. Confissão do chamado em garantia – 1.874.4. Confissão do
substituto processual – 1.875. Capacidade para confessar – 1.875.1.
Confissão das pessoas naturais – 1.875.1.1. Confissão do representante
voluntário – 1.875.1.2. Confissão do incapaz – 1.875.1.3. Confissão do
representante legal – 1.875.1.4. Confissão de necessitado especial –
1.875.1.5. Confissão da pessoa casada – 1.875.1.6. Confissão do falido –
1.875.2. Confissão das pessoas jurídicas – 1.876. Vontade de declarar –
1.876.1. Consciência do agente da confissão – 1.876.2. Voluntariedade do
agente da confissão – 1.877. Objeto da confissão – 1.878. Indivisibilidade da
confissão – § 385.º Confissão extrajudicial – 1.879. Momento da confissão
extrajudicial – 1.880. Forma da confissão extrajudicial – 1.880.1. Confissão
extrajudicial escrita – 1.880.2. Confissão extrajudicial oral – 1.881. Produção
da confissão extrajudicial – § 386.º Confissão judicial – 1.882. Momento da
confissão judicial – 1.882.1. Momento da confissão judicial espontânea –
1.882.2. Momento da confissão judicial provocada – 1.883. Forma da
confissão judicial – 1.883.1. Confissão judicial espontânea – 1.883.2.
Confissão judicial provocada – § 387.º Invalidação da confissão – 1.884.
Causas de anulação da confissão – 1.884.1. Anulação por erro de fato –
1.884.2. Anulação por coação – 1.885. Meios de invalidação da confissão –
1.886. Anulação da confissão antes do trânsito em julgado – 1.887. Anulação
da confissão após o trânsito em julgado – 1.888. Transmissibilidade da
pretensão à invalidação – § 388.º Força probante da confissão – 1.889.
Apreciação da confissão judicial – 1.890. Apreciação da confissão
extrajudicial.

§ 383.º Confissão em geral

1.869. Conceito de confissão

A confissão situa-se em primeiro lugar no catálogo das provas (art. 212, I,


do CC). E, inovando quanto à lei civil anterior, mereceu dois dispositivos no
diploma civil em vigor (arts. 213 e 214 do CC), cujos reflexos na lei processual
serão analisados neste capítulo. Por sua vez, o art. 348 do CPC de 1973 já
ministrara conceito formalmente correto da confissão, reproduzido no art. 389
com redação aperfeiçoada: admissão pela parte da “verdade de fato”,
contrário ao próprio interesse, mas favorável ao adversário. Essa proposição
legal dispensa a compilação e a crítica de explicações menos aperfeiçoadas e
felizes, mas adotadas e reproduzidas, entre nós, na doutrina mais antiga.1

O art. 348 do CPC de 1973 inspirara-se direta e inequivocamente,


impressão reforçada pela classificação acenada na segunda parte da regra –
“A confissão é judicial ou extrajudicial” –, no art. 2.730, primeira parte, do CC
italiano de 1942.2 Do modelo divergiu no emprego do verbo “admitir” ao invés
de “declarar”. O original acautelou-se em diferenciar a confissão da admissão
com o uso deste último verbo (infra, 1.872).

O art. 389 enuncia os elementos de existência da confissão corretamente.


Embora item específico seja dedicado, mas adiante, à separação da confissão
dos institutos afins, em particular da ampla e genérica “admissão”, é inevitável
que se parta de breve retrospecto histórico, abrindo as perspectivas da exata
definição da prova de confissão.

O processo romano clássico abrigava duas figuras conceptualmente


distintas sob o título de confessio. Em primeiro lugar, a confessio in
iure realizava-se perante o pretor e implicava a rendição do réu à pretensão
do autor. Assim, tornava supérflua a instauração do processo em si. E, no
caso de reconhecimento de determinada quantia (confessio certae
pecuniae),3 desse ato passava a fluir “o prazo legal para solvê-la, sujeito
à manus injectio por parte do credor”.4 Por outro lado, havia aconfessio in
iudicio, feita perante o judex, mas após a litiscontestatio. Esta espécie não
trancava a tramitação do processo já instaurado, ensejando, contudo,
julgamento baseado nesta prova.5 Parece claro na visão contemporânea que,
no primeiro caso, há reconhecimento do pedido (art. 485, III, a); no segundo,
confissão propriamente dita e meio de prova (art. 389).

O direito comum rotulou essas duas figuras indistintamente de “confissão”.


E nesse estado de imprecisão terminológica chegaram tais espécies ao direito
português até época bem adiantada (art. 298, segunda parte, do CPC luso de
1939). No entanto, a bem informada e articulada doutrina portuguesa
distinguia, na vigência da regra, a “confissão do pedido”, proveniente do réu, e
a “confissão dos fatos”, atribuível tanto ao autor, quanto ao réu.6

Entre nós, herdeiros das nobres tradições legislativas lusitanas, somente o


CPC de 1939 rompeu a linha da promiscuidade terminológica, banindo,
todavia, qualquer menção mais direta à “confissão do pedido”. Verdade que o
art. 55 do CPC de 1939 insinuava hipótese de terminação do processo que a
ela se referia, por exclusão, e outros dispositivos esparsos admitiam o
comportamento ativo do réu em submeter-se à pretensão do autor.7

Foi a ZPO alemã, de 1877, sobrevivente a diferentes alterações


legislativas e regimes políticos heterogêneos, que realçou a herança romana
na sua versão original. Indicava duas figuras diferentes: o reconhecimento do
pedido (Anerkenntnis), previsto no § 307, e a confissão (Geständnis), no art.
288. Esta é meio de prova, aquela submissão (submittiert, na expressão de
autor austríaco),8 cuja ZPO acompanhou o País vizinho) do réu à pretensão
do autor.

Finalmente, o CPC brasileiro de 1973 consagrou o reconhecimento do


pedido (art. 269, II) e a confissão (art. 348) como institutos diferentes.
Disposições similares localizam-se nos arts. 487, III, a, e 389 do NCPC. E já
não há mais razão plausível para confundir dois comportamentos muito
distintos quanto ao objeto e os efeitos.

Do reconhecimento do pedido distingue-se a confissão por traços


expressivos. O reconhecimento é comportamento processual privativo do réu.
Esta atitude torna desnecessário o juízo; quer dizer, quando admissível o
reconhecimento do pedido (retro, 1.630), o órgão judiciário não julgará as
razões (de fato e de direito) apresentadas pelo autor, e muito menos, as do
réu, que se absteve de apresentá-las, porque vinculado (retro, 1.631) ao
negócio jurídico unilateral. A confissão é bilateral, tanto o réu, quanto o autor
podem admitir fatos desfavoráveis ao próprio interesse, mas favoráveis ao
adversário. Esse ato reduz a atividade probatória, e até pré-exclui a prova
testemunhal (art. 443, I), mas não vincula o órgão judiciário, exigindo,
destarte, a emissão do juízo acerca da razão das partes. Esse juízo poderá
desfavorecer o beneficiado pela confissão.9 A confissão é meio de prova
sujeito à livre apreciação do juiz.

O emprego do verbo “admitir” utilizado no art. 389 antes esclarece que


obscurece o valor da proposição normativa. O reconhecimento do pedido é
bem mais que admissão; trata-se de autêntica submissão do réu à pretensão
processual.

Em matéria de reconhecimento de fatos desfavoráveis, no direito italiano a


admissão representa gênero, do qual a confissão constitui espécie.10 Em
comum, produzem o efeito de dispensar a produção de prova. O art. 374
separa o gênero (inciso III) da espécie (inciso II), atribuindo-lhes, entretanto,
consequência idêntica e uniforme (“Não dependem de prova…”). A diferença
radica no comportamento típico reclamado da confissão propriamente dita. Ao
propósito, sintetizou-se a admissão: “Em todos os casos em que uma
afirmação de fato deduzida por alguma das partes em seu próprio benefício
não seja negada (contradita), explícita ou implicitamente pelo adversário a
quem prejudica, ou seja, franca e expressamente reconhecida pelo simples
procurador ad lites, estamos ante o fenômeno da admissão”.11

Essa tese recebeu irrestrita adesão na doutrina pátria, acentuando-se que


“não merece crítica a lei brasileira por ter identificado na confissão a
admissão, que no caso será sempre expressa; quando se verificar a admissão
não expressa, tácita, tratar-se-á de admissão pura e simples, não de
confissão”.12 É preciso certa cautela em juízo tão categórico: a confissão
cominada (art. 385, § 1.º), ou confissão ficta, obviamente tácita, excepciona
essa construção. Relevado tal aspecto, que o verbo declarar (manifestação
expressa) abreviaria parcialmente, porquanto não conjuraria, por igual, a
admissão implícita da veracidade do fato alegado pelo autor na contestação,
não haverá maiores impedimentos em adotar semelhante entendimento.

O art. 389 pede atenção também quanto aos polos do prejuízo (do
confitente) e do benefício (da contraparte). Supõe-se processo com partes
contrapostas, restringindo-se a eficácia da confissão perante terceiros.13 São
dois lados da mesma moeda e um só não basta à declaração confessória. Por
exemplo, na ação em que A pede a reparação do dano sofrido pela imperícia
de B, que colidiu na contramão, a declaração do réu B que já se envolvera em
evento análogo com C, mas por desatenção, não é confissão, porque falta o
benefício para A. Se é, ou não, indício de culpa de B, já é outro problema.

O valor da confissão como prova corresponde à notória regra de


experiência comum que o reconhecimento de fato desfavorável ao próprio
interesse é verdadeiro,14 posto que não se pré-excluam circunstâncias
subjetivas (v.g., a moral do confitente) e objetivas, bem como de vícios na
emissão da declaração (v.g., o erro de fato, a coação), a falsear o enunciado
de fato.15 Ressalva feita, de ordinário só a efetiva veracidade do fato pode
induzir a parte a reconhecê-lo (contra s e pronuntiatio).16

1.870. Natureza da confissão

Em torno da natureza jurídica da confissão desenvolveram várias


teorias.17 O tema suscitou divergências candentes no final do século XIX e na
primeira metade do século XX, hoje adormecidas.18 Levantamento exaustivo
arrolou nove teorias:19 (a) confissão como declaração bilateral de vontade,
negocial e privada;20 (b) confissão como declaração unilateral de vontade,
negocial e privada;21 (c) confissão como ato de vontade e negócio jurídico
processual, sem constituir meio de prova;22 (d) confissão como ato de vontade
ou negócio processual e meio de prova;23 (e) confissão como ato de direito
privado, sem constituir meio de prova; (f) confissão como ato de direito
privado e meio de prova;24 (g) confissão como ato processual, sem constituir
meio de prova;25 (h) confissão como ato processual, cujo conteúdo é
declaração de verdade, e meio de prova;26 (i) confissão como ato processual,
cujo conteúdo é declaração de conhecimento ou de ciência, e meio de prova.
Essa asfixiante enumeração é, infelizmente, incompleta. A processualística
alemã não se furtou de formular suas próprias teorias. Antes, porém, de
adiantar assunto tão controvertido, impende fixar as premissas adequadas
para aprestar a solução.

Para chegar-se a bons resultados no terreno lavrado por viva polêmica, é


indispensável enunciar com a maior clareza concebível as premissas do
raciocínio. O objetivo da teoria que se arvora a explicação consistente, porque
(ainda) imune às falsificações provenientes das conjecturas do intérprete,
compreenderá o instituto globalmente, abrangendo as duas espécies
mencionadas no art. 389 (a confissão judicial e a confissão extrajudicial),
salvo no ponto que as distingue e é irremovível, desde logo adiantado: a
primeira é intraprocessual, a segunda extraprocessual.

Em item anterior (retro, 1.807), admitiu-se a existência dos negócios


jurídicos processuais – posição controversa –, porquanto claramente aceitos
no art. 198, e sublinhou-se que os fatos jurídicos originados da pessoa
humana, ou condutas, chamam-se de atos jurídicos em sentido lato (lato
sensu).27

Os atos jurídicos lato sensu comportam ulterior subdivisão: (a) originando-


se o ato da ação ou omissão humana, sem o propósito específico de produzir
efeito jurídico, e considerando a conduta em si mesma idônea a surtir os
efeitos necessários e predeterminados “pelas normas jurídicas respectivas, e
invariáveis”, haverá ato jurídico em sentido estrito (stricto sensu);28 (b)
verificando-se a positiva intenção de produzir efeito jurídico predeterminado,
por intermédio de manifestação ou declaração consciente da vontade – “em
relação à qual o sistema jurídico faculta às pessoas, dentro de limites
predeterminados e de amplitude vária, o poder de escolha de categoria
jurídica e de estruturação do conteúdo eficacial das relações jurídicas
respectivas” –,29 haverá negócio jurídico.

O reconhecimento do pedido (art. 487, III, a), ao qual o direito comum


emprestou a designação de confessio, é negócio jurídico, por óbvio unilateral.
O réu emite vontade no sentido de submeter-se à pretensão processual do
autor (retro, 1.625). Portanto, o réu declara a vontade de produzir tal efeito
jurídico predeterminado, razão bastante para conferir-lhe natureza de negócio
jurídico.

A identidade terminológica entre duas figuras conceptualmente distintas (o


reconhecimento do pedido e a confissão) pesou muito na atribuição à
confissão da natureza de negócio jurídico.30 A confissão extrajudicial, e a
flagrante confusão entre o documento, elemento externo, e a admissão de
fato contrário ao próprio interesse, que é o seu conteúdo,31 sem falar no
caráter receptício, presidiu singular e inexplicável “ofuscação” doutrinária.32

A teoria do negócio jurídico baseia-se na exigência de capacidade do


confitente (art. 213, caput, do CC); na restrição ao objeto da confissão (art.
392, caput); no caráter irretratável da confissão (art. 393) e na sua
indivisibilidade (art. 395); entretanto, tais características explicam-se
alternativamente.33 Por exemplo, a capacidade para reconhecer fato contrário
ao próprio interesse, prevista no art. 213, caput, do CC, justifica-se pela
situação de desvantagem que o confitente suportará no processo.34 E, de toda
sorte, entre nós o regime da invalidação já não mais serve de argumento. O
art. 185 do CC estende aos atos jurídicos stricto sensu as causas de
invalidação dos negócios jurídicos.35 Não há motivo, entre nós, para
reconhecer natureza jurídica ambivalente.36

Ao confessar, a parte manifesta a vontade de declarar (e, não,


necessariamente a de confessar). O efeito previsto no art. 389 – admissão de
fato desfavorável ao próprio interesse, mas favorável ao adversário –
prescinde da vontade confitente. “Produzem-se os efeitos, quer a parte tenha
querido, ou não, produzi-los”.37 Pode acontecer de a parte querer o efeito
desfavorável. Este dado é até previsto na confissão extrajudicial dirigida à
parte; porém, não é essencial à figura, nem sequer, ao fim e ao cabo, à
respectiva força probante.

Por conseguinte, a confissão é ato jurídico em sentido estrito, da espécie


enunciativa, e no caso da confissão judicial tratar-se-á de ato jurídico
processual, e, não, de negócio jurídico.

Os atos jurídicos exigem aptidão e capacidade da pessoa para praticá-


lo.38 O animus confitendi (= intenção de produzir o efeito jurídico dúplice do
art. 389) descansa sobre falsa noção alheia à tradição e aos textos
legais.39 Pode haver, ou não, consciência do efeito da confissão.40 Tal
eventualidade elimina o ânimo do confitente das notas essenciais da
confissão.

A confissão é ato processual (ato jurídico stricto sensu) da parte.41 O


conteúdo típico é uma declaração de ciência. Quem confessa declara que é
verdade, e, não, o que seja verdade.42 A declaração de quem confessa
tampouco manifesta vontade em sentido técnico.43 Não é, absolutamente,
declaração de verdade. Ficariam sem explicação os casos em que a
declaração confessória na realidade não correspondesse à verdade.44 Nada
obsta que a confissão da parte seja inverídica. A maior ou menor veracidade
da confissão não lhe retira ou diminuiu o caráter probatório.45

Entendida a natureza jurídica da confissão, nesses termos, porque


incorretas rejeitam-se aqui: (a) a teoria do negócio jurídico processual; a (b)
teoria da renúncia do direito de provar,46 e (c) a teoria que visualiza a
confissão ora como ato de disposição, existindo a vontade de declarar os
fatos verdadeiros, ou argumento de prova para o juiz.47 Quem confessa não
exonera a outra parte do ônus da prova (relevatio adonere probatio),
insinuação do art. 288, n.º 1, da ZPO,48 ou desobriga-se de comparecer em
juízo, mas produz prova contra si, prova “que partiu da própria parte”.49 Essas
teorias equívocas repercutem, todavia, na doutrina brasileira.50

A teoria da confissão como declaração de ciência é largamente


predominante no direito pátrio.51 Mas, a teoria do negócio jurídico granjeou
adeptos na vigência do CPC de 1939.52 E subsistiu, residualmente, no CPC de
1973.53

1.871. Espécies de confissão

O art. 389 reproduz o art. 2.730 do CC italiano de 1942, declarando judicial


ou extrajudicial a confissão. Não é o único critério classificatório da
confissão.54

A confissão judicial subdivide-se, quanto à forma da declaração, em (a)


expressa ou (b) ficta (ou tácita). Esta última é a pena pela falta de
comparecimento ou a recusa em responder (art. 385, § 1.º). E, conforme o
estímulo, a confissão judicial pode ser (a) espontânea, que é sempre escrita,
e (b) provocada, que é oral, decorrente do conteúdo da resposta do depoente
ao juiz no interrogatório.55 A declaração assume, pois, a forma (a) escrita e (b)
oral.56

A confissão extrajudicial também pode ser (a) escrita e (b) oral, mas nesse
último caso sofrerá as restrições próprias da forma dos atos jurídicos, e,
sendo escrita, subdivide-se em duas espécies: (aa) por instrumento público e
(ab) por instrumento particular. Mas as classes de maior relevo repontam na
(a) confissão extrajudicial feita à parte (ou a quem a represente) e na (b)
confissão extrajudicial feita a terceiro.

Relativamente ao conteúdo, e por outro critério completamente distinto dos


anteriores, a confissão pode ser (a) simples e (b) qualificada. Por sua vez, a
confissão qualificada pode ser (ba) divisível ou (bb) indivisível.

Essas espécies esclarecem o cabimento, a extensão, o regime e os


efeitos da confissão.

1.871.1. Confissão judicial – A confissão judicial é a declaração da parte


desfavorável ao próprio interesse, e favorável ao do adversário, feita perante
o órgão judiciário no exercício da função judicante. Declaração desse teor
feita perante o tribunal arbitral, ou árbitro único, é confissão – valha o
neologismo – “arbitral”. Não é confissão, entretanto, a declaração
desfavorável perante o conciliador e o mediador.57

A declaração revestida dessas características, mas obtida por intermédio


do interrogatório antecipado suscita controvérsias. É assente a possibilidade
dessa espécie de antecipação, consoante longeva tradição do direito
brasileiro (retro, 1.378.1.1), recaindo o dissídio sobre a eficácia do
depoimento.

Em sentido contrário ao reconhecimento de força probante análoga à


confissão provocada pelo juízo da causa principal, defende-se resolutamente
o caráter cautelar da produção antecipada de prova.58 A natureza da
pretensão à asseguração da prova pré-exclui a etapa da avaliação ou
apreciação. Evidentemente, não se tratará de confissão extrajudicial.59 O
depoente declara perante autoridade judiciária no exercício da função
judicante. O sistema processual brasileiro admite provas atípicas (art. 369),
não lhe faltando espécies, e em tal sistema liberal não se pode negar eficácia
à declaração da (futura) parte. Na antecipação só produzir-se-á declaração
desfavorável, competindo ao juiz da causa principal avaliar se é, ou não,
confissão. Avulta que a confissão não exibe força de prova plena, vinculando
o juiz, relativizando problema agudo em outros ordenamentos. Assim, nada
obsta a confissão antecipada, todavia apreciada pelo juiz da causa principal.60

1.871.1.1. Confissão judicial expressa e confissão judicial ficta – A


confissão judicial expressa é a que resulta da declaração da parte no
depoimento pessoal (confissão provocada), a teor do art. 390, § 2.º, ou por
postulação da parte, por si ou através de advogado com poderes especiais,
lavrando-se termo para documentá-la (confissão espontânea).

Entende-se por confissão ficta, ou presumida, a inferência feita pelo juiz na


hipótese de a parte não comparecer para prestar depoimento pessoal, sem a
alegação e prova de evento imprevisível, e na de a parte recusar-se expressa
ou tacitamente (silêncio) em responder às perguntas, caso compareça à
audiência designada para tomar-lhe o depoimento (art. 385, § 1.º), sem o
respaldo de escusa legítima prevista no art. 388 e em outras disposições
(retro, 1.864). Também se designa a confissão ficta de confissão cominada,
porque a parte há de ser intimada com a cominação do art. 385, § 1.º

1.871.1.2. Confissão judicial espontânea e confissão judicial provocada –


Essas duas espécies encontram-se previstas no art. 390, caput. A confissão
judicial espontânea, por isso expressa, é a requerida pela parte, por si ou
através de procurador com poderes especiais (art. 390, § 1.º). A confissão
judicial provocada resulta do depoimento pessoal da parte (art. 390, § 2.º). É
expressa quando resulta das respostas do depoente às perguntas do juiz ou
de um dos advogados; ficta, quando a parte não comparecer na audiência,
sem motivo legítimo, ou recusar-se a responder, sem amparo em escusa
legal.

1.871.2. Confissão extrajudicial – A confissão extrajudicial é feita fora do


processo, mas a respeito de alegação de fato controvertida na causa. Ela só
adquire relevo, atingindo seu escopo específico, uma vez proposta pela parte,
ou ordenada sua produção ex officio, no momento oportuno. Da confissão
judicial, a extrajudicial distingue-se quanto: (a) ao lugar (a judicial é feita no
processo); (b) ao tempo (a judicial ocorre no curso da litispendência); e (c) ao
modo ou fonte da prova (a judicial provém diretamente da declaração da parte
no processo; a extrajudicial, do documento ou das pessoas que escutaram a
declaração), jamais em relação à natureza jurídica e a função probatória.61

Esta espécie de confissão suscita vários problemas específicos e que


repercutem nas respectivas subespécies: (a) a forma da declaração da parte
(oral ou escrita); e (b) o destinatário da declaração da parte contrária ao
próprio interesse, mas favorável ao adversário.

Maior interesse se reveste a natureza da confissão extrajudicial. A


confissão judicial é declaração de conhecimento que se manifesta em ato
processual, geralmente expresso (confissão provocada ou espontânea) e, por
exceção, tácito (ausência sem motivo legítimo à audiência ou recusa em
responder à pergunta do juiz). Ora, a confissão extrajudicial não constitui ato
processual. Só os atos (comissivos ou omissivos) praticados no processo
podem e devem ser considerados atos processuais.62 Ao ocorrer fora do
processo, não integrando ato programado no itinerário traçado pela lei para o
desenvolvimento do processo, a confissão extrajudicial continua declaração
de conhecimento e, a fortiori, ato jurídico stricto sensu. Ao propósito, invoca-
se o documento público exigido como da substância do ato. Tampouco se
cuida de ato processual, embora produza efeitos no processo e, neste
produzido, constitua prova. Por exclusão, a confissão extrajudicial é ato
jurídico no plano do direito material,63 não bastando declará-la, simplesmente,
ato extraprocessual.

As duas principais espécies de confissão, a judicial e a extrajudicial,


reduzem-se ao denominador comum de ato jurídico.

1.871.2.1. Confissão extrajudicial escrita e confissão extrajudicial oral –


Em relação à forma, a confissão extrajudicial subdivide-se em (a) escrita; e (b)
oral.

O art. 394 limita a eficácia da confissão extrajudicial oral aos casos em


que a lei não exija prova literal. Entende-se por prova literal (retro, 1.345.3) a
que incorpora ou reproduz o fato jurídico documentalmente.64 Assim, a prova
literal é representativa e pré-constituída.

Por sua vez, a confissão extrajudicial escrita pode ser feita em (a)
documento particular ou em (b) documento público.

A confissão extrajudicial é produzida no processo através de testemunhas


(confissão oral) ou documento (confissão escrita). Na primeira espécie,
demonstra a admissibilidade da testemunha ex auditu, porque a pessoa
arrolada reproduzirá para o juiz a declaração feita pela parte, através de
palavras e de gestos (v.g., movimento vertical da cabeça, universalmente
aceito como sinal de anuência); na segunda, como pode ocorrer a qualquer
momento, o instrumento particular ou público poderá ser juntado fora da
oportunidade traçada para a prova documental (art. 434). Em qualquer
hipótese, porém, a força probante, em que pese atenuada na confissão oral
ao terceiro no direito anterior, quando eficaz, é de confissão, e, não, do seu
instrumento (testemunha ou documento).
1.871.2.2. Confissão extrajudicial feita à parte e confissão extrajudicial
feita a terceiro – O direito anterior considerava relevante o destinatário da
declaração que admite fato contrário ao próprio interesse, mas favorável a
outro litigante. O juiz é o destinatário final de toda prova. O órgão judiciário as
utiliza para formar convencimento a respeito das questões de fato e resolvê-
las, emitindo juízo de fato. O art. 353, caput, do CPC de 1973 valorizava o
destinatário da declaração no âmbito do processo formativo da prova de
confissão. Nesta perspectiva, a confissão judicial divide-se em duas espécies:
(a) confissão feita à parte, pessoalmente, ou seu representante; e (b)
confissão feita ao terceiro. Essa última possibilidade permanece admissível
(art. 369).

O terceiro a quem a parte declara fato contrário ao próprio interesse é


indeterminado. Dependerá das circunstâncias em que se produz a declaração
da parte. Assim, no testamento é o herdeiro ou o legatário.

Caso interessante é o da confissão feita por carta endereçada ao juiz da


causa. É confissão extrajudicial, porque se formou fora do processo, não
integrando os atos do procedimento, mas dirigida a um terceiro.65 Por
definição, a pessoa investida no ofício judiciário é terceiro imparcial.

1.871.3. Confissão pura e confissão qualificada – A confissão pura decorre


da admissão direta, rasa e plena do fato contrário ao próprio interesse, mas
favorável ao adversário.

A confissão pura abriga duas subespécies: (a) confissão simples, em que


a declaração da parte tem por objeto um só dos fatos alegados pela
contraparte: (b) confissão complexa, em que a declaração da parte tem por
objeto mais de um fato, e cada qual é, individualmente considerado, apto a
confirmar a alegação expendida pelo adversário.66 É pura a confissão em que
a parte “se limita a dizer sim ao fato alegado pelo antagonista”.67 Um “sim”
basta e torna simples a confissão pura; vários “sim”, conferem à confissão a
natureza de complexa. Não é esta a única concepção de confissão complexo.
Segundo outro entendimento, a confissão complexa abrange conjunto
inseparável de afirmações (v.g., o réu B declara que recebeu a quantia x do
autor A, a título de doação).68 O primeiro critério (pluralidade de fatos) é mais
sugestivo.

A confissão qualificada verifica-se no caso de a declaração do confitente


admitir a alegação de fato da parte contrária, acrescentando-lhe expressa ou
virtualmente a oportuna conjunção “mas”. Essa forma de expressão corta,
restringe ou esteriliza a declaração confessória antecedente.

As reservas na declaração da parte compreendem várias espécies. Em


arranjo extremamente feliz, indicaram-se quatro classes: (a) adições
esclarecedoras, ou manifestações de sentimentos próprios ou que o
confitente presume atingir o espírito da contraparte, sem efeitos jurídicos
apreciáveis (v.g., a parte declara que o adversário sentirá prazer com a
confissão); (b) adições restringentes, em que o confitente admite fato(s)
contrário(s) ao próprio interesse, mas aduz restrição (v.g., a parte declara que
recebeu a quantia reclamada, mas o autor já lhe devia importância idêntica);
(c) adição de exceção, em que o confitente admite o(s) fato(s) contrário(s) ao
próprio interesse, mas adiciona outro que lhe é benéfico e objeto de exceção
substancial (v.g., a parte declara que recebeu a quantia reclamada, mas o
autor perdoou-lhe a dívida); (d) adição excludente, em que o confitente admite
a alegação do(s) fato(s) contrário ao próprio interesse, mas na prática o pré-
exclui (v.g., a parte declara que adquiriu a coisa do autor, mas não é a que o
autor reclama o preço).69

A confissão qualificada compõe-se de dois elementos: (a) a admissão do


fato contrário ao próprio interesse, que é o elemento confessório genuíno; e
(b) a alegação de fato novo e autônomo,70 que é o elemento cortante ou
restringente. Em torno dessa característica, criou-se o falso problema da
divisibilidade da confissão. Ora, o benefício do primeiro elemento pouco
adiantará sem contraprova da inexistência do segundo; porém, é menos certo
que caiba à contraparte prová-lo.71 Passa-se a apresentá-lo em subitem
específico.

1.871.4. Confissão divisível e confissão indivisível – A confissão pura,


ainda que complexa, é indivisível por sua natureza. Cumpre ao juiz considerá-
la em cada unidade e extrair daí as consequências devidas, formando ou não
seu convencimento unicamente com tal prova. A confissão pura opera no que
se confessou e, relativamente a tal aspecto, não se pode reparti-la.

O art. 395, primeira parte, declara a confissão indivisível, “não podendo a


parte que a quiser invocar como prova aceitá-la no tópico que a beneficiar e
rejeitá-la no que lhe for desfavorável”. Por óbvio, a regra só tem pertinência no
âmbito da confissão qualificada, em que há elemento cortante e restringente,
abrangido na cláusula “no que lhe for desfavorável”. E, em seguida, o art. 395,
segunda parte, admite a cisão da declaração confessória, “quando o
confitente a ela aduzir fatos novos”.

Abstraindo o fato de, a rigor, à contraparte não cabe aceitar ou recusar a


confissão, como impropriamente sugere o art. 395 (resquício da natureza
negocial da confissão), inexiste, aí, exceção ao princípio da indivisibilidade da
declaração contrária ao próprio interesse. O ônus de alegar e ônus de provar
esclarece o ponto. Se a adição integra a alegação de fato da contraparte, há
confissão: a parte acrescida não tem relevo (v.g., a parte declara que o
adversário sentirá prazer com a confissão); se, ao invés, a adição integra o
campo das alegações do confitente (v.g., a parte declara que recebeu a
quantia reclamada, mas o autor já lhe devia tal valor, ou que o autor lhe
perdoou a dívida, ou que a quantia recebida não respeitava ao negócio
jurídico alegado), simplesmente inexiste confissão nessa parte.72 E,
justamente a tal parte, à afirmação pelo confitente de fato novo e autônomo
na confissão é que alude o art. 395, segunda parte. Se houve, ou não, defesa
processual de mérito direta ou indireta, alegando tal fato oportunamente,
constitui problema distinto.

Por essas razões, o velho aforismo confessio qualificata non est dividenda,
sed vel tota reicienda, vel tota aceptanda é tautológica. Logo se percebe que
não é admissível encarar o princípio da indivisibilidade no plano da eficácia,
ou seja, “dizer que a parte das declarações do confitente contrária a ele não
terá eficácia de prova… sem que concomitantemente se atribua à parte que
lhe é favorável igual eficácia”.73 Tal proposição não se harmoniza com a tese
que nega valor às declarações da parte in re sua, mas o principal defeito é a
falta de lógica em subverter a regra de que o ônus da prova incumbe a quem
alega, salvo distribuição em contrário, ope iudicis, na decisão de saneamento
(retro, 1.812.3).

1.872. Confissão e institutos afins

Se é exato o que se afirmou no item dedicado ao conceito de confissão


(retro, 1.869), a figura confessional insere-se no quadro mais amplo da
admissão das alegações de fato.

De todas as formas de admissão, conforme os resultados coligidos,


claramente distingue-se o reconhecimento pelo objeto e pelos efeitos.74 O
objeto do reconhecimento é a pretensão processual do autor. Representa a
subserviente capitulação do réu ao efeito jurídico pretendido na demanda. A
sua natureza é de negócio jurídico unilateral, porque o réu almeja produzir o
efeito jurídico de aquiescer à pretensão do autor. E, segundo a opinião
prevalecente, externada com o cuidado de preservar os poderes do órgão
judiciário (de qualificação jurídica, de acordo com o princípio iura novit curia, e
de investigação da veracidade das alegações de fato),75 abstrairá a própria
veracidade das alegações de fato (retro, 1.631). E, por igual, o
reconhecimento se caracteriza pela vinculação do juiz à respectiva
eficácia,76 cabendo-lhe inexoravelmente acolher o pedido do autor.

O objeto da admissão recai sobre a veracidade da alegação de fato feita


pela contraparte. Logo, a admissão pressupõe a alegação do fato
(constitutivo, extintivo, impeditivo ou modificativo) pela parte a quem
aproveita, e nesse sentido a alegação vincula o juiz em dois sentidos: o órgão
judiciário só pode considerar os fatos alegados (na petição inicial e na defesa)
e deve apreciar todas as alegações das partes.77 E nesse ponto já se mostra
possível destacar a confissão, porque a prévia alegação de fato do outro
litigante não se afigura imprescindível na confissão, seja porque não existe na
confissão extrajudicial, seja porque a confissão talvez respeite aos fatos
secundários, que dispensam essa alegação.78

A admissão da alegação de fato pode ser: (a) expressa (v.g., o


réu B admite a estadia no motel acompanhado de C, como alega a autora A,
mas explica a visita como exercício da profissão de representante comercial,
sendo C a figurinista da fábrica de roupas de cama); ou (b) tácita. Esta última
se verifica na (ba) falta de impugnação específica dos fatos articulados pelo
autor (art. 338, caput, segunda parte) e na (bb) revelia acompanhada de efeito
material (art. 344). Feliz síntese precisou a admissão: “Em todos os casos em
que uma afirmação de fato deduzida por alguma das partes em seu próprio
benefício não seja negada (contradita), explícita ou implicitamente pelo
adversário a quem prejudica, ou seja, franca e expressamente reconhecida
pelo simples procurador ad lites, estamos ante o fenômeno da admissão”.79

Efeito constante, mas não necessário da admissão expressa ou tácito da


alegação de fato da contraparte, é o de excluí-la do tema da prova (art. 374,
III). Fatos admitidos no processo se tornam incontroversos, em princípio – há
que atentar para as exceções dos arts. 341, I a III – e prescindem de prova.
No caso da revelia, por sinal, uma das maiores críticas feitas ao regime
encampado no CPC de 1973 consista na precipitação do julgamento (art. 330,
II), abdicando o juiz de qualquer juízo crítico acerca da veracidade da
alegação de fato e do exercício firme do poder de instrução. O art. 355, II,
ecoou a crítica, admitindo o requerimento, opportuno tempore, de contraprova
pelo revel (art. 349).

A confissão é espécie do gênero mais amplo da admissão.80 O


denominador comum se localiza no fato de ambas retirarem a alegação de
fato do tema da prova. Existem, todavia, diferenças expressivas. Elas
individualizam o instituto da confissão.

Fundamentalmente, a admissão ocorre no momento que preside o


nascimento da questão de fato (ponto de fato controvertido); ao invés, a
confissão pressupõe a questão de fato, ou seja, o contraste de alegações de
fato.81 Ademais, a admissão é sempre espontânea, enquanto a confissão
pode ser provocada no depoimento pessoal; a admissão resulta de
comportamento relevante no processo (comissivo ou omissivo), mas
confissão também ocorre no plano do direito material, na forma ato
jurídico stricto sensu.82 E, por fim, no direito pátrio a admissão não exige
poderes especiais do advogado, reclamados apenas para confessar, a teor do
art. 105 (retro, 1.022.2).

§ 384.º Elementos da confissão

1.873. Enumeração dos elementos da confissão

Costuma-se decompor a confissão em três elementos, envolvendo: (a) o


sujeito ou confitente; (b) o objeto da respectiva declaração; e (c) a intenção
que o anima a confessar.83 Em relação ao elemento subjetivo, em geral
começa-se pela aptidão do confitente. O arranjo incorre em perdoável
liberdade metodológica. A rigor, caberia organizar o assunto através dos
elementos de existência, dos requisitos de validade e dos fatores de eficácia
da confissão.

No entanto, como acontece com os pressupostos processuais, há certa


tradição em encarar a confissão subjetiva e objetivamente, sem pejo da
distinção dos planos da existência, da validade e da eficácia. Aqui se
acompanhará a exposição comum.

Em relação aos sujeitos, cumpre examinar: (a) a aptidão para confessar;


(b) a capacidade para confessar; (c) a vontade de confessar (e,
conseguintemente, se há necessidade, ou, não, de animus confitendi). O
objeto da confissão envolve o conteúdo da declaração confessória. Por fim, o
destaque legal reclama item destacado no problema da indivisibilidade da
declaração.

1.874. Aptidão para confessar

A confissão incumbe a quem figura como parte no processo pendente ou


já foi parte em outro processo (confissão emprestada).

Chama-se de parte ao sujeito (personalidade processual) designado


nominalmente na relação processual (retro, 500). O direito pátrio adota noção
elástica de personalidade processual (retro, 507), e, assim, não se pode falar
em pessoa stricto sensu. Habilitam-se como partes, sem a menor dúvida, as
pessoas naturais e as pessoas jurídicas, nacionais e estrangeiras, mas
igualmente os entes despersonalizados (v.g., o Movimento dos Trabalhadores
sem Terra ou MST).

São terceiros os que não se encontram designados nominalmente no


processo pendente. Esses terceiros se dividem em dois grupos: (a)
indiferentes; (b) interessados. Na medida do interesse dos integrantes do
segundo grupo, a lei processual prevê modalidades de intervenção voluntária
(v.g., a assistência) ou provocada (v.g., o chamamento em garantia). Vencido
o incidente de admissão do terceiro, o interveniente se torna parte. É peculiar
no quadro geral a posição do Ministério Público, ao intervir nas causas
arroladas no art. 178, e a do amicus curiae, na verdade amigo do próprio
interesse político.

Seja como for, certo é que a sumária apresentação das partes no


processo civil autoriza a seguinte e explicativa classificação: (a) partes
principais: o(s) autor(es), o(s) réu(s) e o(s) terceiro(s), em geral, após a
intervenção no próprio processo; (b) partes auxiliares (v.g., o assistente); (c)
parte coadjuvante (Ministério Público).

A essas considerações, antecipando a necessidade de precisar se todas


as partes são aptas a confessar (e, à primeira vista, não é este o caso do
assistente, mas uma das atitudes do chamado em garantia é a de “confessar
os fatos alegados pelo autor na ação principal”, a teor do art. 128, III) impõe-
se enfrentar vários problemas, atinentes à revelia, à legitimação (v.g., a
confissão do substituto processual) e o da confissão de um dos litisconsortes,
assunto versado no art. 341, caput, parte final.

1.874.1. Confissão do revel – Dos sujeitos da relação processual angular


(retro, 91), participam do processo necessariamente o autor e o órgão
judiciário. Não é obrigatória para a constituição válida da relação processual a
participação do réu. Apelando o autor do indeferimento da petição inicial, o
réu só é chamado após o juiz não retratar a sentença terminativa (art. 331, §
1.º). O réu virtual é simples figurante inativo e insciente da litispendência.

Interessante questão surgiu recentemente no direito norte-americano,


relativa à nominal party em ações coletivas, ou seja, a da pessoa que é
identificada como postulante da providência judicial sem formal consentimento
e até conhecimento prévio da demanda. Esta situação equivale, no direito
pátrio, à da postulação sem mandato do art. 104, caput. A controvérsia recai
sobre a submissão, ou não, do autor virtual, ao discovery.84 O exemplo insólito
evidencia quão ingênuo é ignorar a posição de parte de quem não participa do
processo, mas nele consta nominalmente.

Pode acontecer de o réu, chamado o réu ao processo, permanecer


completamente inerte, tornando-se revel.

De ordinário, a revelia importará a admissão tácita dos fatos articulados


pelo autor. É o efeito material da revelia (art. 344), no que se designa de efeito
material (retro, 362), salvo exceções (art. 345), uma das quais – a
indisponibilidade do objeto litigioso – toca diretamente à confissão. As
alegações de fato do autor não necessitam de prova (art. 374, III), permitindo
o julgamento per saltum (art. 355, II), salvo pedido de contraprova (art. 349).
O efeito material da revelia é essencialmente relativo. Talvez não haja
oportunidade para o réu intervir, conforme o movimento do juízo, pois tudo se
passará celeremente, mas é preciso atentar que o julgamento na ordem
cronológica da conclusão dos autos (art. 12), atualmente, abre esse termo de
alternativa para o requerimento do art. 349. Nada impede, pois, a intervenção
do revel em qualquer estado do processo (art. 346, parágrafo único), e, nesse
caso, adquirirá o direito à prova, consoante a Súmula do STF, n.º 231.85 Por
outro lado, o autor tem direito à prova, e o ônus de produzir a confissão
extrajudicial escrita, feita a ele próprio ou a um terceiro.

Assim, ocorrendo, ou não, o efeito material da revelia, e principalmente no


caso de o juiz ordenar que o autor produza prova (art. 348), tem o direito de
requerer o depoimento pessoal, buscando provocar a confissão do réu. Não
há necessidade de o revel ter-se feito representar nos autos.86 O efeito
material da revelia (art. 344) e a técnica do julgamento antecipado (art. 355, II)
aproveitam o autor e, em geral, não tem interesse em produzir outras provas
além da documental. Em determinados casos, o autor propõe meios de prova,
a fim de certificar a veracidade dos fatos afirmados na inicial, forrando-se do
receio de o réu apelar e, por qualquer razão, o órgão judiciário ad
quem mudar o sentido da sentença de primeiro grau. E, dentre hábeis à
demonstração da veracidade das alegações de fato, situa-se o depoimento
pessoal tendente a obter a confissão do réu.

O revel tem capacidade para depor e para confessar.87 O STJ já anteviu


essa possibilidade.88 É claro que, já não tendo o réu acudido à citação,
abstendo-se de intervir no processo pendente, recebendo no estado em que
se encontra (art. 346, parágrafo único), parece pouco provável que o réu
compareça em juízo para ser interrogado. Eventual confissão ficta nada
acrescentaria à presunção do art. 344. Tampouco auxiliará nos casos do art.
341 e nos do art. 345, vez que as alegações de fato do autor, por uma e outra
razão, inclusive a da ineficácia de eventual confissão expressa, provocada ou
espontânea (art. 341, I, e art. 345, II), não produzem a força probante
suficiente para amparar o juízo de procedência.

Feitas todas as ressalvas concebíveis, e destacando-se o caráter invulgar


da confissão do revel, nada obsta que, versando a causa direitos disponíveis,
ao efeito material da revelia acrescente-se a confissão extrajudicial ou judicial
(provocada ou espontânea) do revel. Não há dúvida de que prova desse teor
robustecerá a convicção do juiz apaziguará a consciência do julgador.

1.874.2. Confissão do litisconsorte – Em caso de pluralidade de partes, o


regime comum ou especial do litisconsórcio (retro, 580.3) não influencia a
eficácia da confissão. O art. 391, caput, parte final, declara que a declaração
do confitente não prejudicará os litisconsortes, proposição muito pouco
esclarecedora.

Independentemente do regime comum ou especial, e do caráter


obrigatório ou facultativo do litisconsórcio, o conjunto dos litigantes tem
aptidão para confessar. O art. 117, primeira parte, considera os litisconsortes
litigantes distintos para todos os efeitos.

À diferença do depoimento pessoal, e apesar de o STF já ter decidido que


aos litisconsortes do mesmo lado faltaria interesse em colher o depoimento de
seus parceiros,89 pois eventual confissão fatalmente prejudicaria o proponente
desse meio de prova, e jamais o beneficiaria, a tese não comporta
semelhante generalização – relativamente ao depoimento pessoal, bem
entendido. O art. 391, caput, parte final, e o art. 117, primeira parte, não
deixam dúvida que, abstraindo o regime comum ou especial do litisconsórcio
– e, neste último caso, a ineficácia acentua-se pela necessidade de
julgamento uniforme para os litisconsortes –, a confissão de um dos
litisconsortes não afeta a posição das partes do mesmo lado.

Essas disposições disciplinam unicamente a relação dos litisconsortes


com a parte adversa. Pouco importa a natureza comum ou não da alegação
de fato. Impende que todos os litisconsortes hajam confessado para o juiz
estimar verdadeira a alegação de fato assacada pela contraparte. A confissão
individual do litisconsorte não interfere com os demais no ponto capital, qual
seja, o da motivação da sentença. Por mais convencido que esteja da
veracidade da alegação de fato, não é lícito ao juiz motivar a sentença na
confissão para julgar desfavoravelmente aos litisconsortes que não
confessaram.

Rejeitando lição haurida do direito italiano, segundo o qual se um dos


litisconsortes confessa, mas seu parceiro contesta a alegação de fato, o juiz
deve considerar provada a alegação de fato quanto ao confitente e decidi-la
perante o outro conforme o êxito da instrução,90 entendeu-se correto “negar
qualquer eficácia probatória à confissão que não seja de todos os
litisconsortes”.91 A solução não é exclusiva do litisconsórcio unitário (art. 117,
segunda parte), obrigatório ou não, mas todas as espécies de demanda
conjunta.

Por conseguinte, aberta a fase da instrução e, provocada a confissão do


litisconsorte no depoimento pessoal, produzir-se-á prova contra o confitente,
mas não é dado ao juiz dispensar por este motivo ao depoimento dos demais
litisconsortes.92 O raciocínio se aplica à confissão extrajudicial ou à confissão
judicial espontânea. Tal não significa que a confissão não vincula, em termos,
o confitente. Perderá o interesse em produzir outras provas (v.g., o juiz
dispensará testemunhas arroladas pelo confitente, a teor do art. 443, I, in
fine).93 A contraparte, e presumível beneficiária da confissão, também pode
perder o interesse em produzir prova a seu favor, mas a cautela recomenda
que insista em trazer outros subsídios, ante a força probante relativa da
confissão.

O problema da confissão muda de figura no caso de a parte confessar a


alegação de fato feita por um dos litisconsortes (A e B demanda C, que
confessa ter colidido com o carro de B, mas não de A). Não é a hipótese
aventada no art. 391, caput, parte final, que se ocupa da confissão de um dos
litisconsortes perante a contraparte, e, não, desta em relação a um dos
litisconsortes. Existindo, ou não, a necessidade de o juiz decidir a lide
uniformemente para os litisconsortes, o juiz extrairá dessa prova o juízo que
lhe aprouver, resolvendo a questio facti em qualquer sentido, relativamente ao
destinatário da confissão ou a todos os colitigantes.

1.874.3. Confissão dos terceiros – Os terceiros se tornam partes após a


intervenção voluntária ou provocada no processo pendente (retro, 761).
Não têm aptidão para confessar, a despeito da condição de partes: (a) o
assistente;94 (b) o amicus curiae; e (c) o Ministério Público nos casos do art.
178. O assistente e o amicus curiae depõem, mas não confessam
eficazmente, porquanto lhes falta poder de disposição no tocante ao objeto
litigioso. A parte coadjuvante apenas opina e, desconhecendo os fatos
afirmados, não exibe aptidão para confessar, além de faltar o já mencionado
poder de disposição.

O interveniente principal (oponente), o chamado ao processo e o chamado


em garantia exibem aptidão para depor. Merecem análise a confissão dos
chamados.

1.874.3.1. Confissão do chamado ao processo – Admitido o chamamento


ao processo, o chamado torna-se litisconsorte passivo do réu. O litisconsórcio
formado por iniciativa exclusiva do réu apresenta as seguintes características:
(a) passivo, (b) ulterior, (c) facultativo e (d) simples; (e) irrecusável (retro,
868).

É simples o litisconsórcio formado ulteriormente pela intervenção do


chamado na causa pendente por motivo de fácil entendimento. A par das
defesas comuns, cada coobrigado dispõe contra o adversário de suas defesas
pessoais. Por exemplo, na demanda em que A pleiteia o pagamento de certa
quantia derivada do contrato x de B, e o réu chama a C, pode acontecer de o
chamado C alegar a falsidade da sua assinatura. A simples possibilidade de o
juiz acolher a defesa pessoal de C, condenando a B, afasta a exigência de
julgamento uniforme e,95 conseguintemente, a natureza unitária desse
litisconsórcio.

No tocante à confissão, o regime simples não assume qualquer relevo. A


confissão de um dos litisconsortes não prejudicará aos demais, conforme
proclama o art. 391, caput, parte final.

1.874.3.2. Confissão do chamado em garantia – Segundo o entendimento


largamente prevalecente, e aceito nos tribunais brasileiros, o chamamento em
garantia implica a dedução, in simultaneo processu, de pretensão de uma das
partes originárias (autor ou réu) contra o terceiro, obrigado a indenizá-lo no
caso de vencimento perante o adversário. O processo pendente tornar-se-á
(ou já nascerá, ocorrendo o chamamento na petição inicial) objetivamente
complexo. Embora a lei trate o chamado em garantia como litisconsorte do
chamante, nas relações com o adversário comum, na verdade a posição
assumida, ao contestar o pedido formulado, é a de assistente (retro, 912.1.2).

Uma das atitudes concebíveis do chamado em garantia consiste em


“confessar os fatos alegados pelo autor da ação principal”, hipótese em que
(a) o “denunciante poderá prosseguir com sua defesa” (art. 128, III) ou (b)
“aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a procedência da ação de
regresso”. Anteviu a regra com grande realismo, visualizada no antigo direito
português no caso de evicção, em que se considerava o chamado “melhor
instruído”, a real possibilidade de o denunciado ir além da recatada aceitação
da responsabilidade que lhe é atribuída pelo chamante e admitir como
verdadeiros os fatos alegados pelo adversário. Por exemplo, A ingressa com
usucapião contra B, que adquiriu o imóvel de C, e, portanto, a este chamou
em garantia; C ingressa no processo e, aceitando a responsabilidade, admite
não ignorar a posse ad usucapionem de A. O realismo com que o art. 128, III,
tratou o comportamento do chamado reponta na circunstância de ser
impossível impedir que o chamado tomasse atitude diretamente contrária ao
seu próprio interesse, e, indiretamente, contrária ao interesse do chamante,
ao comparecer em juízo.

Por óbvio, não se trata de confissão, mas de admissão das alegações de


fato do adversário do chamante. O problema reside no conteúdo da
contestação do chamado. Não ocorrerá contradita às alegações (v.g., a
existência de vício jurídico, como a posse ad usucapionem do terceiro) da
petição inicial, e, conseguintemente, para o chamado os fatos escapam do
tema da prova (art. 374, III), porque incontroversos. O art. 128, III, não se
ocupa da confissão judicial, pois conjura o comportamento do chamado no
momento em que acode à citação, aceitando a responsabilidade que lhe
atribuiu o chamante.

Em tal árdua hipótese, em que o chamante convocou responsável no


mínimo inconveniente, o art. 128, III, admite, em primeiro lugar, a ineficácia do
ato perante o chamador,96 permitindo-lhe que prossiga com defesa assaz
enfraquecida, porque solapada pela admissão. Aplicar-se-ia, por analogia, o
art. 341, caput, parte final, sem embargo da impropriedade de tratar o
chamado como litisconsorte, porque é assistente. Parece inútil, de resto,
distinguir o ato do chamado à luz da existência, no caso concreto de garantia
formal ou de garantia simples.97 Em ambos os casos, o regime da atitude do
chamado produzirá idêntico efeito.

Evitando essa posição desconfortável, o art. 128, III, abriu a possibilidade


de o chamante, dando-se por vencido perante o adversário, prosseguir
unicamente com a ação regressiva. Em relação à ação principal, o juiz
proferirá julgamento parcial de mérito (art. 356, I).

Resta decidir se, aberta a fase de instrução, o chamado em garantia


poderá confessar no depoimento pessoal. E a resposta é negativa: o
assistente não tem poder de disposição da relação jurídica entre o chamador
e seu adversário. O regime não se altera no caso de litisconsórcio (art.
391, caput, parte final).

1.874.4. Confissão do substituto processual – Em casos excepcionais,


regra expressa confere a quem não é titular do direito posto em causa (art.
18, caput) a capacidade de conduzir o processo (legitimidade extraordinária)
em nome próprio. Essa pessoa é designada (de forma algo equívoca) de
substituto processual.

A legitimação extraordinária geralmente é concorrente. O legitimado


ordinário, ou hipotético titular do direito, também pode ingressar em juízo. Por
óbvio, as duas pretensões processuais não podem conviver simultaneamente,
pois a segunda demanda atrairia a objeção processual do art. 337, VI, e § 5.º.
A legitimação extraordinária é exclusiva em hipóteses muito restritas,
impedindo a iniciativa judicial do titular do direito, como no caso do
debenturista, obrigatoriamente substituído pelo agente fiduciário nas suas
pretensões contra a companhia. A legitimidade do Ministério Público, ao
promover demanda coletiva em prol de direitos individuais homogêneos,
assume a nítida qualificação de substituição processual (legitimidade
extraordinária concorrente).

Posto que legitimado a praticar atos postulatórios e a realizar alegações


de fato, ao substituto processual não é dado confessar.98 O motivo é trivial: o
poder de disposição toca ao substituído, a quem pertence o direito posto em
causa. O substituto tem o dever de comparecer e de responder às perguntas
do juiz. Mas, ressalva feita aos casos em que haja participado pessoalmente
nos assuntos do substituído – e calha recordar o agente fiduciário,
interveniente nas assembleias de debenturistas –, desconhece os fatos que
originaram o litígio. É certo que depõe como parte, em qualquer
circunstância,99 mas eventual confissão revelar-se-á ineficaz.

A confissão do substituído, provinda de quem usufruiu do poder de


disposição, e necessariamente extrajudicial, porque não sendo parte não
depõe como tal, afigura-se oponível no processo conduzido pelo substituto.
Na doutrina portuguesa, nega-se a oponibilidade da confissão do substituído,
a fim de não frustrar, no todo ou em parte, o interesse deste.100 A conclusão é
altamente duvidosa. Não parece legítimo excluir a possibilidade, na demanda
movida pelo Ministério Público em prol de direitos individuais homogêneos, de
a o titular do direito transigir ou confessar livremente. Esses atos de
disposição não ferem nenhum interesse juridicamente relevante do Ministério
Público.

1.875. Capacidade para confessar

Em tema de capacidade para confessar, interessa examinar problemas


específicos das pessoas naturais e das pessoas jurídicas, relacionados à
capacidade processual e à integração desta capacidade (v.g., nas ações reais
imobiliárias).

1.875.1. Confissão das pessoas naturais – A confissão é ato praticado em


nome próprio, pessoalmente na confissão judicial provocada, porque
personalíssimo o depoimento pessoal (retro, 1.855.1), salvo nos juizados
especiais, ou por representante “nos limites em que este pode vincular o
representado” (art. 392, § 2.º).

Tal matéria suscita quatro situações dignas de maior atenção: (a) a


confissão do procurador; (b) a confissão do incapaz; (c) a confissão do
representante do incapaz; (d) a confissão do portador de necessidade
especial.

1.875.1.1. Confissão do representante voluntário – O representante


poderá confessar eficazmente nos limites em que lhe é lícito vincular o
representado (art. 392, § 2.º). Este representante pode ser (a) o advogado
(art. 105, caput), que recebeu procura judicial e exerce a representação
técnica da parte no processo; ou (b) outra pessoa, v.g. mandatário que
recebeu a incumbência e o poder específico de confessar, autorizando-o à
prática do ato processual. Essa última possibilidade demonstra que não se
trata de ato privativo do advogado.
A confissão extrajudicial, necessariamente espontânea, mas ato
jurídico stricto sensu, também poderá ser feita por mandatário com poderes
especiais.

Os poderes gerais para o foro outorgados pela parte habilita o advogado a


praticar atos processuais, salvo os que exijam poderes especiais e expressos.
O art. 105, caput, enumera essas exceções. Dentre elas, figura o poder de
confessar. A cláusula vaga e genérica, outorgando este poder ao advogado,
e, a fortiori, a qualquer outra pessoa, não satisfaz completamente a
disposição. Impõe-se que o objeto da confissão seja explicitado em todos os
seus pormenores.101 É antigo e firme o entendimento a esse respeito.102

O art. 213, parágrafo único, do CC, reproduzido no art. 392, § 2.º,


proclama que a confissão do representante, expressão que abrange a
representação legal (v.g., o pai na ação em que o filho é autor ou réu) e a
representação técnica (advocacia privada e pública) “somente é eficaz nos
limites em que este pode vincular o representado”. Deixando à parte a
hipótese da representação legal, a regra reforça a necessidade de poderes
especiais e expressos para o advogado confessar em lugar do cliente.

O reconhecimento do pedido recebe tratamento idêntico: o poder especial


e expresso indicará qual o pedido a ser reconhecido, a qual a pessoa
favorecida (pode existir pluralidade de autores), e qual o processo (número do
protocolo) em que se formulou o pedido a ser reconhecido (retro, 1.022.2).

À admissão do fato alegado pela parte contrária, ao invés, bastam os


poderes gerais para o foro, que habilitam o advogado a contestar a pretensão
processual ou, na réplica, a exceção substancial da defesa.

1.875.1.2. Confissão do incapaz – A confissão reclama capacidade plena


da parte (retro, 514).103

Figurando incapaz na relação processual, assistido ou representado na


forma da lei, todavia tem o dever de prestar depoimento pessoal. E,
ordinariamente, incapazes depõem em litígios de família.104 Por óbvio,
depõem como partes, salvo impossibilidade absoluta (v.g., a pessoa que, por
força de acidente vascular cerebral, permanece em estado vegetativo; a
pessoa que sofre de doença mental).

O art. 213, caput, do CC, declara ineficaz a confissão proveniente “de


quem não é capaz de dispor do direito a que se referem os fatos
confessados”. O art. 392, § 1.º, objetivando uniformização, explicitou a
disposição. Assim, seja qual for o grau e a natureza da incapacidade, a
declaração contrária ao próprio interesse do incapaz não tem força probante.
Desaparecem nessa orientação radical as distinções anteriores e a
possibilidade de o menor púbere, autorizado por um dos titulares do poder
familiar, confessar nas causas mobiliárias.105

Resta decidir se o representante do incapaz pode confessar em seu lugar.

1.875.1.3. Confissão do representante legal – O representante legal da


parte presta depoimento pessoal (art. 385) e submeter-se-á, se for este o
caso, ao interrogatório livre do art. 139, VIII. Frágil e inconsistente é a ficção
de considerar “parte” o representante para fins de interrogatório e, nessa
qualidade, passível de inquirição, tese defendida no direito italiano anterior ao
vigente CPC peninsular.106

Os representantes constituem fonte de prova valiosa, às vezes


imprescindível à formação do convencimento do juiz, e a respectiva audição
muito convém à boa administração da justiça. Ficou assentado, em item
anterior (retro, 1.857.2) que não depõem como testemunhas, porque
interessadas no litígio, e não sendo partes, posição ocupada pelo
representado, depõem como informantes.107

Essa modalidade pré-exclui a confissão judicial provocada, que constará


do depoimento da parte (art. 390, § 2.º), e a confissão ficta, pois o
representante não é convocado à presença do juiz com a cominação do art.
385, § 1.º. Mas, não necessariamente, elimina a hipótese de o representante
legal confessar extrajudicialmente, praticando ato jurídico com as
características do art. 394, e judicialmente na forma do art. 390, § 1.º,
endereçando petição ao juiz e pleiteando que seja lavrado o termo de
confissão. O art. 213, parágrafo único, do CC, sugere, indiretamente, a
admissibilidade da confissão espontânea do representante legal, quiçá nos
limites traçados na lei, como em outros sistemas.108 O dispositivo alude à
representação, sem especificar se a legal ou a voluntária.

Rejeitar a confissão do incapaz, em termos absolutos, sem distinguir entre


a incapacidade absoluta e relativa, e a do respectivo representante legal,
inclusive quanto aos atos por ele praticados, excede a razoabilidade. A
proteção do incapaz não pode ignorar que, em muitos casos, praticou atos
jurídicos lato sensu, conscientemente, e a contraparte, obrando de boa-fé, há
de ser tratada em igualdade de condições e paridade de armas. E, de resto, o
representante legal do incapaz dispõe do poder de disposição em
determinadas situações, mas sem restrições, reduzindo-se o caso à regra
geral do art. 213, caput, do CC.109 Entretanto, a interpretação prevalecente
limita o poder de vincular o representado, previsto no art. 213, parágrafo
único, do CC, à representação voluntária.110 O representante voluntário (v.g., o
advogado da parte) receberá poder especial, expresso e especificado para
confessar, vinculando o representado nesta rígida medida (art. 390, § 1.º, in
fine). Forte é o argumento de que ao representante legal não é lícito obrar
contra os interesses do representado (art. 119 do CC).111 Assim, não pode
confessar eficazmente, inclusive quanto aos negócios de que participou em
nome do representado.

Em outros sistemas, todavia, passou-se a admitir a confissão do


representante, relativamente aos eventos nos quais atuou e às condutas que
praticou em nome do representado.112 E, realmente, havendo consciência do
confitente – exclui-se, portanto, os absolutamente incapazes –,113 nada
impede a eficácia da declaração do incapaz. O art. 453, n.º 2, do NCPC
português, de 2013, autoriza o depoimento dos inabilitados e dos
representantes legais. Essa disposição merece interpretação de acordo com
os seus antecedentes legislativos.114 O art. 563 do CPC português de 1939
admitia o depoimento do maior de quatorze anos e do interdito por
prodigalidade – ao contrário, entre nós sustentava a invalidade da confissão
do pródigo –,115 porque esses praticavam negócios jurídicos validamente,
segundo o regime do direito material, e rejeitava o do menor de quatorze anos
e o interdito em virtude de demência.116 E, ademais, sublinhava-se a diferença
entre a existência da confissão e a respectiva eficácia – reduzida aos limites
em que o representante pode vincular o representado.117

Em que pesem os subsídios do direito estrangeiro, no direito pátrio o


representante legal não pode confessar fatos contrários ao interesse do
representado.

1.875.1.4. Confissão de necessitado especial – Depõem com o auxílio de


intérprete (art. 162, III) as pessoas portadoras de necessidades especiais,
segundo o fraseado politicamente correto, a exemplo do surdo e do mudo.

O estrangeiro que não se expressa no vernáculo também depõe com o


auxílio de intérprete (art. 162, II).

Ressalva feita, portanto, à mediação do intérprete, tais pessoas


confessam extrajudicial e judicialmente segundo a disciplina comum, porque
pessoas capazes de dispor do direito objeto da confissão.118

1.875.1.5. Confissão da pessoa casada – A pessoa casada sofre


restrições mais ou menos profundas e intensas na capacidade de exercício na
vida civil. É notória a limitação na capacidade de dispor de bens imóveis sem
a outorga conjugal. Não se cuida de incapacidade, mas de capacidade
reduzida.119 Em juízo, a pessoa casada necessitará de vênia conjugal para
ingressar em juízo, quando a causa versar direitos reais imobiliários (art.
73, caput), salvo quando o regime for da separação absoluta, e ambos os
cônjuges serão obrigatoriamente em causas imobiliárias (art. 73, § 1.º).

Dessa maneira, nas causas que versarem bens imóveis ou direitos sobre
imóveis alheios, havendo integração da capacidade processual da pessoa
casada (retro, 539), a confissão de um cônjuge não “não valerá” em relação
ao outro, salvo quando o regime for da separação absoluta de bens (art. 391,
parágrafo único). Entenda-se bem: não terá eficácia. A disposição reflete a
restrição da capacidade de exercício do direito material.120 E, sendo assim, o
direito processual anterior já merecia interpretação consentânea com o art.
1.647, caput, do CC, dispensando-se a vênia conjugal nos atos aí arrolados
no regime de separação absoluta de bens. Em outras palavras, a capacidade
das pessoas casadas por este regime patrimonial é imune às restrições
ordinárias.121 E nenhuma limitação há para a pessoa casada confessar nas
causas mobiliárias.122

O juiz não fica impedido de apreciar livremente a confissão de um dos


cônjuges.123 Em princípio, todavia, não poderá estendê-la ao outro, por força
do art. 391, parágrafo único. Necessitará de outros elementos de prova que
levem à idêntica conclusão do confessado. A anuência do outro cônjuge à
declaração do consorte pode ser expressa ou tácita. Na vigência do CPC de
1939, considerou-se confissão do casal a declaração de um dos cônjuges que
nada sabia de ciência própria do fato confessado pelo outro, que praticara o
ato ou o negócio jurídico.124 Fora daí, a coincidência de ambas as declarações
é que ensejará confissão eficaz.

Esse regime aplica-se à pessoa que mantém união estável (art. 73, § 3.º,
c/c art. 391, parágrafo único).125
1.875.1.6. Confissão do falido – O falido e o insolvente civil perdem o
poder de disposição e, nos termos do art. 213, caput, do CC, não podem
confessar em causas que envolvam bens, interesses, direitos e obrigações da
massa.126 Não perde a capacidade processual plena fora desse âmbito.
Assim, revelar-se-á eficaz a confissão em outras causas (v.g., a demanda do
advogado pleiteando-lhe honorários profissionais).

O administrador da massa representa o interesse dos credores. Tampouco


tem poder de disposição e, assim, eventual confissão é ineficaz.127

1.875.2. Confissão das pessoas jurídicas – As pessoas jurídicas


confessam através de seus representantes. São as pessoas naturais
investidas nos órgãos de representação. A representação orgânica da pessoa
jurídica equipara-se, na prática, à representação legal, mas “a pessoa jurídica
mesma atua através do seu órgão”,128 o que é algo distinto do que se verifica
na representação legal (v.g., do tutor). O art. 75 arrola os representantes das
pessoas jurídicas de direito público e de direito privado, e dos entes
despersonalizados (v.g., da massa falida, no inciso V; da sociedade sem
personificação, no inciso IX, e assim por diante). É este representante
orgânico a pessoa que tem capacidade para confessar extrajudicialmente
(v.g., mediante correspondência enviada ao litigante ou declaração verbal a
um terceiro) e judicialmente, na confissão espontânea (art. 390, § 1.º) e no
depoimento pessoal (confissão provocada).129

O depoimento pessoal das sociedades empresárias de médio e grande


porte apresenta séria dificuldade prática. Em geral, o representante orgânico
desconhece os fatos que originaram o litígio, mas quem os conhece não
representa a sociedade empresária.130

Essa situação gera delicadíssimo problema para o juiz excessivamente


escrupuloso na confissão judicial provocada. Os termos de alternativa são
claros: ou admite a legítima ignorância do orgânico, no todo ou em parte,
isentando-o do risco de tomar a alegação de desconhecimento como recusa
(art. 386) e, alternativamente, ouvindo quem conheça efetivamente os fatos;
ou toma a alegação de ignorância como recusa sem motivo justo, porque
obrigado o representante a informar-se cabal e suficientemente.

O problema não comporta solução indubitável. Não se desconhece que,


no processo trabalhista, o juiz retirará a consequência inexorável do
desconhecimento do representante orgânico e do preposto, aplicando a pena
de confissão e dispensando a produção das demais provas. Parece
recomendável ao processo civil, nada obstante a confissão do representante
orgânico (salvo nos juizados especiais, não há preposição no depoimento
pessoal, e, portanto, na confissão provocada) desconhecedor dos fatos, o juiz
não retirar-lhe imediatamente os efeitos desfavoráveis (v.g., a dispensa da
produção da prova testemunhal requerida pela pessoa jurídica), prosseguindo
na instrução. Não há dúvida que, legítima ou não a alegada ignorância,
haverá confissão: o representante orgânico é quem confessa extrajudicial e
não se pode negar idêntico regime na confissão provocada.

Os representantes das pessoas jurídicas de direito público (União,


Estados-membros, Distrito Federal e Municípios), bem como os respectivos
órgãos, porque dotados de personalidade processual (v.g., a Câmara de
Vereadores), não têm capacidade para confessar. Os interesses de que
curam são públicos e indisponíveis. Portanto, incidirá em todas as espécies
de confissão judicial e extrajudicial o art. 213, caput, do CC, c/c art.
392, caput. Descentralizada a administração pública, e existindo a
administração direta e indireta, cumpre distinguir as pessoas jurídicas daí
derivadas. Os representantes orgânicos das autarquias e das fundações de
direito público não têm capacidade para confessar. Ao invés, os
representantes orgânicos das empresas públicas e das sociedades de
economia mista que explorem diretamente atividade econômica porque o
regime dos seus negócios é privado (art. 173, § 1.º, II, da CF/1988), e, a
fortiori, das fundações organizadas pelo Poder Público com personalidade de
direito privado, usufruem de plena capacidade confessória.

A República separou a Igreja Católica do Estado. Assim, as religiões e


seitas organizam-se sob a forma de pessoas jurídicas de direito privado, cujos
representantes orgânicos têm capacidade para confessar. O juiz
consciencioso velará pela pessoalidade da confissão, ou seja, só admitirá
como tal a declaração do representante orgânico, e, não, de qualquer
integrante da religião (v.g., o vigário da paróquia). Tal é um dos problemas na
confissão das pessoas jurídicas.131 Ora, se a confissão de força probante
relativa, basta não abreviar a instrução, prosseguindo na coleta da prova
proposta pela parte confitente, para eliminar todos os inconvenientes.

1.876. Vontade de declarar

Tem-se discutido muito a medida da vontade do confitente na


caracterização da confissão. A esse respeito, paralelamente à controvérsia
acerca da natureza jurídica da figura, variaram as teorias expostas, cuja
recensão, definida esta última questão, em parte perdeu atualidade e
interesse, a saber:132 (a) animus confitendicomo renúncia ao direito material;
(b) animus confitendi como renúncia ao direito de produzir prova contra o
adversário; (c) animus confitendi como intenção de produzir prova em favor do
adversário; (d) animus confitendi como a intenção de reconhecer a verdade
do fato; (e) animus confitendi como a consciência do caráter desfavorável do
fato;133 (f) a inexistência de qualquer ânimo específico do confitente, porque
nenhum texto legal o exige para a existência, validade e eficácia da confissão.
Aliás, não fica claro, absolutamente, em que plano (da existência, da validade
ou da eficácia) situar-se-ia o animus confitendi. Tampouco ajuda à clareza a
alusão à consciência ou à intenção do ato confessório.134 O que se cogita, na
verdade, é da medida da vontade do agente da confissão.

Ora, a confissão apresenta a natureza de ato jurídico em sentido estrito,


cuidando-se de confissão extrajudicial, e de ato processual, no caso da
confissão judicial expressa ou ficta, e, portanto, a compreensão abrangente
dessa prova pré-exclui qualquer ânimo específico em confessar, inclusive a
ciência da natureza desfavorável e da veracidade (os sentidos traem o
confitente como a qualquer testemunha) do fato reconhecido. Assim, basta a
vontade de declarar do confitente,135produzindo-se o efeito jurídico ope legis.
É marginal a função reservada ao animus confitendi e, seguramente, a
vontade do agente da confissão jamais exprimirá vontade negocial.136

No entanto, revelando-se o ato passível de anulação por erro de fato ou


por coação (art. 214 do CC e art. 393, caput, do NCPC), infere-se que a
vontade em declarar revestir-se-á de duas características primordiais: (a)
consciência; (b) voluntariedade.

1.876.1. Consciência do agente da confissão – A confissão ingressa no


mundo jurídico, e na qualidade de ato em sentido estrito, produzindo seus
efeitos típicos, sejam quais forem em determinado ordenamento processual,
emanada de pessoa em plena consciência de que presta declaração de
ciência.

Esse elemento pré-exclui a confissão das pessoas incapazes em razão de


enfermidade; nos demais casos, o incapaz é fonte de prova, mas suas
declarações desfavoráveis não têm a natureza confessional e não produzem
os respectivos efeitos. E a consciência elimina do rol das confissões eventuais
declarações prestadas sob o efeito de substâncias químicas.137 Não importa
se terceiro ministrou o estupefaciente ou se o torpor decorreu de
automedicação: no primeiro caso, há prova ilegal; no segundo, prova
moralmente ilegítima.

É mais delicado o caso da hipnose induzida por terceiro, consentida ou


não, e que levará o confitente a revelações jamais realizadas
espontaneamente. A inconsciência do agente da declaração no curso da
sessão de hipnose, o que se demonstra no fato de não recordar o que disse,
elimina a natureza confessional da declaração prestada.

1.876.2. Voluntariedade do agente da confissão – As declarações do


confitente necessitam do elemento da voluntariedade. A parte exime-se de
produzir prova contra si própria (art. 379, caput). Por óbvio, as confissões
obtidas por meios ilegais e imorais constituem prova ilícita. Ninguém
emprestará valor à confissão obtida mediante tortura física, inclusive sob o
pretexto de evitar mal maior, nem sequer o juiz e a juíza autorizariam tais
práticas malsãs. Existem, todavia, nuances a considerar nessa matéria,
separando a confissão judicial da extrajudicial.

A confissão provocada no depoimento pessoal é tão voluntária como a


confissão dita espontânea. O juiz convoca o depoente a comparecer em juízo,
toma-lhe o compromisso de dizer a verdade (retro, 1.863.1.3), instiga-o a
prestar declarações verdadeiras, advertindo-o, ou não, dos efeitos negativos
da mentira deslavada e inconsistente, providências que diminuem o grau da
espontaneidade do ato. O peso da autoridade da presidência da sessão, sem
dúvida, pressiona a parte psicologicamente. Há pessoas muito sensíveis.
Tomadas por sentimentos contraditórios, culpas afloram e vertem-se lágrimas
abundantes. E, de resto, a maior ou menor habilidade em formular as
perguntas, cercando e cortando respostas incoerentes ou contrárias à prova
já colhida, gera confissões inesperadas. Essa tensão corriqueira, o temor
reverencial nutrido pela parte, sentada à frente do juiz em lugar incômodo e
inferior, mas na presença do respectivo advogado, não equivale à coação
viciante da declaração, defeito cogitado no art. 151, caput, c/c art. 214, ambos
do CC. A habilidade do juiz em extrair declarações comprometedoras da
parte, vergando-a ao peso da autoridade, é antes benéfica ao julgamento
conforme aos direitos fundamentais processuais do que infração à nota da
voluntariedade.
Por sua vez, a ausência da parte na audiência, devidamente intimada com
a advertência do art. 385, § 1.º, há de ser voluntária. O juiz relevará a falta
justificada, bem como a recusa em responder nos casos de escusa legal.

É a confissão extrajudicial escrita que, eventualmente, resulta de coação.


O vício receberá análise no item aberto para as causas de invalidação da
confissão.

1.877. Objeto da confissão

O art. 389 indica o objeto material da confissão. Na verdade, são as


alegações de fato que integram o tema da prova, e, por exceção, as
alegações de direito (consuetudinário, estadual, distrital, municipal ou
estrangeiro) passíveis de confissão. E, no âmbito das alegações de fato,
importa o reconhecimento de eventos e de condutas passíveis de incidência.
Logo, não integram o objeto da confissão a qualificação jurídica dos fatos, a
incidência e aplicação (subsunção e concretização),138e juízos técnicos,
científicos ou artísticos que não sejam traduzidos em máximas da experiência
comum.

O conhecimento da parte a respeito do evento ou da conduta sempre será


próprio ou pessoal. Encontra-se depositado na consciência da pessoa.
Resultará da percepção ou da vontade, embora seja inverídico, porque os
sentidos amiúde traem o convencimento. A aquisição deste conhecimento
ocorrerá de duas formas: (a) direta; (b) indireta.

É direto o conhecimento adquirido pela parte nas seguintes situações: (a)


prática do ato; (b) o ato praticado por terceiro, mas por ela sensorialmente
percebido, em especial mediante a audição e a visão; (c) eventos ocorridos na
sua presença.139 É claro que a alegação de fato há de ser controvertida; do
contrário, a confissão se mostraria supérflua e redundante, em virtude do
caráter incontroverso do fato. Por exemplo, pleiteando A separação de B,
porque o réu esteve no motel X com C, e a defesa de B alega que a visita se
deveu à sua profissão de representante comercial, objetivando angariar
pedido de roupas de cama, sendo C figurinista da fábrica D, a ulterior
confirmação de B que esteve com C no motel X é irrelevante. A visita
de B e C ao motel X é fato incontroverso, portanto alheio ao tema da prova.

Pode a confissão basear-se em conhecimento adquirido de


terceiro,140 ou ex auditu, ao confirmar a veracidade da alegação de fato feita
pela contraparte. É preciso encarar com certa cautela a alegação que,
respeitando a terceiro, a admissão do fato pela parte não caracteriza a
autêntica confissão.141 Assim, pretendendoA reparação do dano sofrido pelo
veículo de B, todavia na oportunidade conduzido por C, sob o fundamento de
que C ultrapassou o sinal vermelho, a admissão de B, no depoimento pessoal,
que C lhe confidenciara não ter visto o semáforo existe, vale e tem efeitos de
confissão. Evidentemente, a declaração de B não atinge C, mas o problema
da extensão subjetiva da confissão nada tem a ver com a forma (indireta) pela
qual B tomou conhecimento do fato que é contrário ao seu próprio interesse,
mas favorável ao adversário. O conhecimento do confitente é pessoal, ou
próprio, mas adquirido de terceiro.142
Fatos transeuntes e permanentes são passíveis de confissão. No que
tange aos fatos permanentes, há outros meios mais confiáveis para o juiz
adquirir conhecimento a seu respeito, mas nada exclui a confissão na
formação do convencimento do juiz.143 Fatos contrários ao direito, ou seja,
fatos ilícitos em sentido amplo, incluindo os que são objeto de normas
incriminadoras, comportam confissão. Não importa que os fatos sejam
constitutivos, impeditivos, extintivos ou modificativos.144

Segundo o art. 389, admissão do confitente há de ser prejudicial ao


próprio interesse, mas favorável ao adversário, e sem tal dupla relevância
jurídica inexistirá confissão. Por exemplo, pretendendo A e B receberem a
quantia x e y de C, não sendo credores solidários, mas confessando C que
deve mais a A (x + z) do que a B(y – z), inexiste confissão, porque a
declaração, embora substancialmente contrária a C, não favorece a B.145

Respeita à eficácia da confissão a admissão de eventos e de condutas a


cujo respeito reclama-se forma ad substantia ou originem direitos
indisponíveis.146

1.878. Indivisibilidade da confissão

Consoante o objeto, a confissão se divide em (a) pura; e (b) qualificada. É


pura a confissão que, tout court, admite um ou mais fatos com as
características do art. 389.

Diz-se qualificada a confissão em que a parte, a par de reconhecer fato


contrário ao próprio interesse, mas favorável ao adversário (v.g., o réu admite
o recebimento da quantia reclamada pelo autor), acrescenta-lhe outro, que
restringe, corta ou modifica a primeira parte da declaração (v.g., o réu declara
ter recebido a quantia a título de doação, e, não, de mútuo), alterando-lhe o
sentido. Essa noção prescinde de outra espécie, a confissão complexa, que
turvaria o assunto. Chama-se de complexa a confissão em que o acréscimo à
admissão do fato contrário ao próprio interesse tem por objeto fato impeditivo,
modificativo ou impeditivo (v.g., o réu declara que recebeu a quantia x do
autor, mas já pagou), enquanto a qualificada envolve conjunto inseparável de
afirmações (v.g., o réu declara que recebeu a quantia x do autor, mas a título
de doação).147

Dois elementos compõem a confissão qualificada: (a) a declaração


confessória propriamente dita; (b) a afirmação de novo fato jurídico, cujo efeito
restringe, corta ou mutila a confissão (art. 395, caput). É nessa estrutura
elementar que se há de buscar a solução para o falso problema da
divisibilidade da confissão.

O passo decisivo rumo ao deslinde da matéria consiste formular-se


corretamente o problema. A nota da indivisibilidade, ou não, respeita à
declaração da parte.148Em termos precisos e claros, a indivisibilidade consiste
em atribuir à parte favorável da declaração (v.g., a existência de doação, e,
não, de mútuo) eficácia idêntica à da parte desfavorável (v.g., o recebimento
da quantia).149 Não se trata de aceitá-la ou de rejeitá-la, in totum, mas de
admiti-la globalmente, porque o confitente confessou o conjunto, e, não, uma
das partes isoladas.150 No fundo, o princípio da indivisibilidade da declaração
traduz regra de interpretação estrita.151
Essa questão adquire singular importância nos sistemas jurídicos que
reconhecem eficácia de prova plena à confissão, a exemplo do italiano (art.
2.733, n.º 2, do CC peninsular de 1942); entre nós, a despeito de o art. 395,
segunda parte, ocupar-se do assunto, ministrando-se solução flexível, o
problema revela-se secundário. E não só porque a confissão constitui prova
assaz invulgar na prática. Não se reconheceu, no direito anterior (era diferente
a redação do anteprojeto do CPC de 1973) à confissão eficácia de prova
plena.152 Desse modo o juiz apreciará livremente tanto a declaração favorável
– e, aqui (retro, 1.859.2), expressamente admitiu-se a eficácia do depoimento
em causa própria (in re sua) –, quanto a desfavorável.

Em linhas gerais, concebem-se quatro soluções quanto à avaliação da


confissão qualificada: (a) o sistema da divisibilidade absoluta, que separa a
declaração em duas partes;153 (b) o sistema da indivisibilidade absoluta,
perante o qual ambas as partes fazem prova plena; (c) o sistema da
divisibilidade relativa, acompanhado do critério da cisão da declaração e,
conforme a este, de vinculação do juiz à prova; (d) o sistema da liberdade
ampla de apreciação do juiz, quanto à divisibilidade e à apreciação da
prova.154

O art. 395 acolheu duas influências distintas e heterogêneas. Por um lado,


na sua primeira parte, declara indivisível a confissão (rectius: a declaração da
parte), cabendo à parte que invocá-la aceitá-la no tópico que também lhe é
desfavorável, mas para que tal aconteça há que existir alguma espécie de
relação entre as partes favorável e desfavorável.155 É digno de registro que,
nos termos do art. 2.733, última parte do CC italiano, entende-se não se
estender a eficácia de prova plena à parte favorável se a contraparte
contestar a afirmação nesse tópico, hipótese em que o conjunto da
declaração submete-se à livre apreciação do juiz.156

Ora, por mais de um motivo a redação do art. 395, primeira parte, não
prima pela clareza: (a) a confissão constitui ato jurídico stricto sensu, cujo
efeito se produz por força de lei, e, não, negócio jurídico bilateral em que haja
declaração de vontade (aceitação ou recusa da parte); (b) não curou da
hipótese (ao contrário da lei civil italiana) de a contraparte contestar o tópico
que favorece ao confitente; (c) a confissão judicial expressa (provocada ou
espontânea) e ficta (art. 385, § 1.º) não é propriamente “invocada”, limitando-
se a iniciativa da parte, de resto prescindível, a propor o depoimento pessoal
do adversário. Essa fórmula legislativa induz a impressão que fitou a
confissão extrajudicial: uma das partes “invoca” a prova confessional,
requerendo a juntada do documento público ou particular e arrola as
testemunhas que ouviram a declaração da contraparte.

E, por outro lado, o art. 395, segunda parte, manteve o alvitre da doutrina
germânica mais antiga,157 acompanhando genericamente o § 289, n.º 1, da
ZPO, declarando que a dedução de fatos novos suscetíveis de constituir
fundamento de defesa de direito material ou de reconvenção permite a cisão
da declaração. Então, nessa parte essencial, o problema respeita à regra de
distribuição do ônus da prova. Os fatos favoráveis ao confitente são os fatos
extintivos, modificativos e impeditivos (art. 373, II).

Também aqui há imprecisões que turvam a correta aplicação da regra.


Faltou completar ponto da maior importância: se os “fatos novos” não
integraram a defesa,opportuno tempore, evidentemente o juiz não os
considerará na sentença, surtindo a eficácia que lhe é própria a declaração na
parte desfavorável ao confitente.158Ficam ressalvados, por óbvio, as defesas
que ao juiz é dado conhecer ex officio (v.g., a prescrição). E, ainda, há outro
ponto omitido. O ônus da prova incumbe ao confitente quanto aos fatos
extintivos, impeditivos e modificativos objeto da declaração.

Volvendo ao que se afirmou no item dedicado à classificação da confissão,


ao fim e ao cabo o art. 395, segunda parte, ocupou-se de falso problema. A
exata compreensão do ônus de alegar e do ônus de provar esclareceria
suficientemente a disciplina natural da confissão qualificada pelo “mas”. Em
tese, concebem-se duas hipóteses: (a) a adição feita pelo confitente integra a
alegação de fato da contraparte: há confissão e a parte acrescida não tem
relevo (v.g., a parte declara que o adversário sentirá prazer com a confissão);
(b) a adição integra o campo das alegações do confitente (v.g., a parte
declara que recebeu a quantia reclamada, mas o autor já lhe devia tal valor,
ou que o autor lhe perdoou a dívida, ou que a quantia recebida não respeitava
ao negócio jurídico alegado): simplesmente inexiste confissão nessa parte.159

E cumpre remarcar que tanto a confissão pura (ou simples), quanto a


confissão qualificada, no direito brasileiro são avaliadas livremente pelo juiz. O
art. 391,caput, declara que a confissão faz prova contra o confitente e, de
prático, autoriza o juiz a dispensar a prova testemunhal proposta pelo
confitente (art. 443, I). Em caso de dúvida, portanto, o juiz prosseguirá na
instrução, deixando para avaliar o conjunto do acervo probatório no momento
da emissão do juízo de fato – na sentença.

§ 385.º Confissão extrajudicial

1.879. Momento da confissão extrajudicial

Em matéria de forma, e deixando à parte os demais aspectos disciplinados


no art. 394, a declaração da parte contrária ao próprio interesse, mas
favorável ao do adversário, realizada fora do processo pode duas formas: (a)
escrita; ou (b) oral. Na forma escrita, e abstraindo o destinatário, a declaração
feita antes da instauração do processo em que, consoante o teor do debate
travado, a declaração exibirá contornos confessórios, porque enquadrada no
art. 389, diz-se pré-constituída. A confissão extrajudicial e oral, emitida nessa
oportunidade, assume a condição de prova constituenda. Entretanto, a nota
característica da confissão extrajudicial descansa no caráter extraprocessual
da declaração. Extrajudicial é a declaração confessória que não resulta do
depoimento da parte (confissão judicial provocada) ou é prestada,
pessoalmente ou através de procurador com poderes especiais (confissão
judicial espontânea), por termo nos autos (art. 390, § 1.º).

Essa característica fundamental alarga a oportunidade da confissão


extrajudicial. A rigor, ocorrerá a qualquer tempo: antes ou no curso do
processo, mas sem pejo da sua nota específica de declaração feita fora do
processo.160 Seja qual for o momento escolhido pela parte para declarar o fato
contrário ao próprio interesse, confissão extrajudicial haverá e, conforme a
forma da declaração, como prova pré-constituída ou não. A oportunidade da
confissão extrajudicial importa, sobretudo, mais à sua (re)produção no
processo, cujo regime é o comum.161 Assim, a contraparte produzirá a
confissão extrajudicial e escrita como a prova documental, em geral, e a
confissão extrajudicial e oral através da prova testemunhal.

Portanto, impõe-se distinguir a confissão enquanto prova, pré-constituída


ou não, e a ulterior prova dessa confissão.162 O ônus de produzir essa última
prova compete à parte a quem a declaração favorece, no todo ou em parte.
Tal dado demonstra que, na construção unitária do instituto da confissão, não
é exato estimá-larelevatio ad onere probandi.163

1.880. Forma da confissão extrajudicial

O art. 394 regula a força probante da confissão extrajudicial,


subentendendo a forma (escrita ou oral), mas abstraindo, ao contrário do
direito anterior, o destinatário da declaração (a parte, ou quem a represente, e
terceiro). Desses parcos dados legislativos impõe-se construir a figura da
confissão extrajudicial.

Do art. 394 infere-se que à declaração confessória feita fora do processo,


mas por escrito, não importa o destinatário. Poderá dirigir-se-á tanto à parte,
ou a quem a represente, quanto a algum terceiro. O art. 394 não pré-exclui
endereço análogo da confissão oral. Resultam desse quadro quatro possíveis
combinações na confissão extrajudicial: (a) confissão extrajudicial escrita e
dirigida à parte ou a quem a represente; (b) confissão extrajudicial escrita e
dirigida ao terceiro; (c) confissão extrajudicial oral e dirigida à parte ou a quem
a represente; (d) confissão extrajudicial oral e dirigida ao terceiro.

Esses dados revelam a origem heterogênea da confissão extrajudicial. Os


reflexos dessa origem sentiram-se agudamente na natureza jurídica da
confissão. A teoria adequada – confissão como declaração de ciência, mas
não necessariamente declaração de conhecimento, porque o fato confessado
pode não ser real – supera essa dubiedade. O problema já parece muito
extenso e intricado, prescindindo de perturbações desnecessárias na seara
da própria natureza dessa espécie confessória. A análise dos antecedentes
do CC italiano de 1942, cujo art. 2.735 inspirou o art. 353 do CPC brasileiro de
1973, demonstrou que a confissão extrajudicial tem a mesma natureza (e,
não, força probante) da judicial.164

À noção de confissão extrajudicial, apesar das críticas lançadas contra


semelhante critério,165 chega-se por exclusão: extrajudicial é a confissão que
não é produzida no processo em que o juiz a apreciará livremente. Por sua
vez, confissão judicial é a que decorre do interrogatório da parte, em dado
processo (confissão provocada), ou nele requerida e prestada formalmente
(confissão espontânea). Ambas a espécies são atos jurídicos stricto sensu,
mas a confissão judicial forma-se como ato processual, enquanto a confissão
extrajudicial, não.

Assim, a importação da confissão de outro processo, no qual se produziu


regularmente como ato processual, chamada “confissão emprestada”, não a
transforma em confissão extrajudicial. Considerava-se emprestada a prova
que, exportada de outro processo, preserva a mesma eficácia original no
processo importador.166 O art. 371 só reafirmou a livre apreciação, autorizando
o juiz a atribuir-lhe o valor adequado. A prova tomada de empréstimo de outro
processo, procedida sua coleta sob a direção do órgão judiciário, não é prova
“fraca”,167 tíbia ou degenerada, porque transformada em outra no processo de
importação. A confissão judicial jamais se convolará no documento que a
registrou, subsistindo a qualidade de declaração de ciência emanada da
parte, revestida, entretanto, de força probante renovada, conforme a natureza
do documento (público ou particular).

Da confissão extrajudicial distinguir-se-á, entretanto, o negócio jurídico que


vai além do enunciado de fato.168 Por exemplo, a confissão de dívida
incorporada em documento público ou particular, a que a lei confere eficácia
executiva. O negócio jurídico de reconhecimento (ou, na expressão italiana,
de “acertamento”) é mais do que confissão extrajudicial. O figurante almeja
efeito jurídico (v.g., a consolidação da dívida, o parcelamento e a estipulação
de novos encargos). O motivo dessa distinção afigura-se simples: “Os efeitos
da confissão extrajudicial são, portanto, independentes da vontade do
confitente, ou da recepção, ou, a fortiori, da aceitação da outra pessoa, a
quem aproveite”.169

A declaração de ciência do figurante de negócio jurídico tendente a


produzir certos efeitos jurídicos (v.g., o reconhecimento do montante da dívida
tem a contrapartida o parcelamento e encargos reduzidos), portanto vontade
negocial típica, ultrapassando o simples enunciado de fato, não elimina o
valor probatório deste no plano processual. A par do efeito primário da
declaração, no plano substancial, formando o negócio jurídico, conforme a
respectiva natureza haverá efeito secundário, no plano processual,
eminentemente probatório.170 Essa construção explica o fato de a confissão
extrajudicial e escrita, incorporada em escrita pública, produz eficácia de
“prova plena” (art. 215, caput, do CC), respeitadas as limitações inerentes a
este meio (infra, 1.890).

A confissão judicial e a confissão extrajudicial têm a mesma natureza: ato


jurídico stricto sensu. A qualidade de ato processual praticado em ambiente
governado pelos direitos fundamentais processuais distingue uma espécie da
outra. Esta é nota diferencial básica.

A confissão extrajudicial não é, absolutamente, exteriorização de


conhecimento receptícia.171 Das diferentes pessoas (parte ou terceiro) que da
declaração confessória tomam conhecimento não se extrai semelhante ilação.
A confissão não deixa de ser o que é consoante o destinatário da declaração.
O caráter receptício importaria natureza negocial, o que seria erro, todavia
praticado por observador arguto.172 E há outro pormenor: o uso futuro da
declaração. Eventual declaração de ciência de quem se tornará parte
assumirá, ou não, feitio de confissão se e quando houver alegação de fato
controvertida em processo futuro ou no processo pendente. A controvérsia
simplesmente pode não se instalar, porque o conhecimento prévio do teor da
declaração induz a contraparte à admissão, figura completamente distinta
(retro, 1.872). Logo, o que mais importa é a forma da confissão (escrita ou
oral), determinante na ulterior produção da declaração de ciência na causa
pendente.

Na realidade, cumpre separar com a máxima nitidez o destinatário da


confissão e o destinatário da declaração confessória. A confissão se destina
como toda prova à formação do convencimento do juiz. Não há a menor
dúvida quanto à confissão judicial. É na confissão extrajudicial que o problema
do destinatário da declaração surge com maior clareza. Tal não confere
caráter receptício da confissão.

A confissão extrajudicial feita à própria parte, ou a quem a represente, tem


a mesma eficácia da confissão judicial, haja vista a maior probabilidade da
veracidade da declaração, aí claramente dirigida.173 Por sua vez, a confissão
feita a terceiro abrange, por igual, a que não se dirige especificamente a
pessoa alguma.174

1.880.1 Confissão extrajudicial escrita – A declaração de ciência da parte


assume, a mais das vezes, forma documental. Encontra-se incorporada em
documento público ou em documento particular.

A natureza do documento identifica duas espécies de confissão escrita: (a)


autêntica ou (b) particular.

A forma escrita se contrapõe aos modos contemporâneos de registro da


palavra por imagem e som. A confissão gravada e filmada, quiçá sem o
conhecimento prévio do confitente, não é escrita, mas oral.175

A confissão extrajudicial escrita há de ser produzida no processo como


qualquer outro documento. Por esse motivo, interessa precisar se a confissão
extrajudicial se encontrava pré-constituída na oportunidade da prática dos
atos postulatórios principais (art. 434, caput).

A força probante da confissão extrajudicial escrita e feita à parte é a


mesma da confissão judicial. Na realidade, a forma sobreleva-se ao conteúdo.
O art. 164 do Regulamento 737/1850 já declarava que a confissão
extrajudicial e escrita “terá a mesma fé, que compete ao instrumento em que
for ela feita”. E, aí, surge a única hipótese de a confissão assumir a eficácia
típica da prova legal.

O enunciado de fato (declaração de ciência) constante em escritura


pública, lavrada por tabelião, fará prova plena (art. 215, caput, do CC).
Entende-se por prova plena (probatio plena) a que pré-exclui a livre
apreciação da veracidade da alegação de fato pelo juiz (retro, 1.348.2), em
especial o juízo em contrário, fundado ou não no acervo probatório. Esse
dispositivo comporta dois temperamentos aceitáveis, relativamente às
declarações de ciência.

Fará prova plena, portanto insuscetível de apreciação em contrário e, por


consequência, de proposição de contraprova, tudo quanto o tabelião certifica
ter-se passado em sua presença. Ao invés, admitirá contraprova: (a) a
reprodução pelo notário das declarações que as partes lhe fizeram no
ato,176 quanto a acontecimentos passados, embora relativos ao conteúdo do
negócio; (b) a reprodução pelo notário das declarações enunciativas que não
se aludam ao conteúdo do negócio ou à legitimidade das partes (art. 219,
parágrafo único, in fine, do CC). Exemplos: (a) o tabelião certifica
que A pagou x a B, em moeda corrente nacional, a título de preço,
presenciando a contagem das cédulas; (b) o tabelião certifica que A declarou
que pagou x, e B que recebeu x, a título de preço; (c) o tabelião certifica
que B declarou-lhe que A já havia lhe comprado outro imóvel e pago o preço.
Só a primeira declaração se reveste de fé pública e não admite prova em
contrário, as outras, não. Não parece lícito negar esse regime ao documento
público, porque o art. 408, parágrafo único, declara, relativamente ao
documento particular, que a declaração de ciência prova a declaração, mas
não a verdade do fato declarado, “competindo ao interessado em sua
veracidade o ônus de provas o fato”. Este dispositivo demonstra que (a) a
confissão jamais constitui relevatio ad onere probandum e (b) o princípio
comum, em toda a declaração, é que o confitente declara verdadeiro o fato, e,
não, que o fato seja realmente verdadeiro.

Ocioso frisar que, no caso, o notário não representa nenhum dos


figurantes do negócio jurídico, e, portanto, as declarações de ciência são
feitas a terceiro. É o que se notou, apesar se encarar-se flexivelmente a
“representação” do alvo da representação.177 Eventual livre apreciação do juiz
as confissões feitas ao terceiro, independente da forma da declaração (oral ou
escrita), não a distingue da confissão feita à parte ou em juízo.

1.880.2 Confissão extrajudicial oral – É muito pouco comum no direito


estrangeiro que haja regra expressa na linha do art. 394, admitindo a
confissão extrajudicial oral. Esta espécie difere da confissão extrajudicial
escrita unicamente mediante o meio pelo qual a contraparte a introduz no
processo. Embora o art. 394 aparentemente menoscabe a respectiva força
probante, na prática as duas figuras se equivalem nesse tópico, mas avulta
dificuldade em pormenor do maior relevo: a reprodução da declaração de
ciência em juízo, porquanto verba volant.

Parece óbvio que a contraparte necessitará tomar conhecimento da


declaração do adversário; eventualmente, a contraparte precisará identificar,
localizar e, ainda, persuadir o detentor do registro probatório da declaração
(v.g., o arquivo de som ou de imagem) a fornecer-lhe cópia fiel e integral; e,
por fim, introduzirá a confissão no processo através do meio probatório hábil.
Impende esclarecer que a confissão extrajudicial pode ser feita tanto à parte,
ou a quem a represente – segundo o entendimento prevalecente no direito
italiano,178 em sentido amplíssimo –, e ao terceiro. A inclusão do testamento
no âmbito das confissões feitas ao terceiro deve-se ao quod plerumque fit: em
geral, disposições de última vontade têm destinatários indeterminados,
dirigindo-se a todos.179 No entanto, o testamento assume forma escrita
(autêntica ou particular).

A transmissão indireta do conhecimento enfraquece, sobremodo, o real


conteúdo da declaração contrária ao próprio interesse. Ao juiz incumbirá
avaliar as circunstâncias da declaração, especialmente a seriedade do
confitente,180 não emprestando maior valor à jactância e aos arroubos do
boquirroto.

O art. 394, limita a eficácia da declaração confessória aos casos em que a


lei não exija prova literal. É a prova documental que incorpora ou reproduz o
fato jurídico documentalmente (retro, 1.345.3).181 E, de fato, o requisito da
forma ad solenitatem tornar-se-ia pura ilusão se a preterição da forma ficasse
superada pela declaração verbal da parte.182 Exemplos de atos lato
sensu submetidos à forma especial: (a) negócios jurídicos que visem à
constituição, transferência, modificação ou renúncia sobre bens imóveis acima
do teto legal (art. 108, caput, do CC), que exigem escritura pública, a qual
produzirá prova plena; (b) e a certidão pública de casado nas ações de
dissolução do vínculo.183 Nenhuma outra prova pode suprir-lhes a falta (art.
403). Na mesma linha do art. 394, o art. 341, II, pré-exclui a admissão
expressa ou implícita (descumprimento do ônus de impugnação específica)
dos fatos relativos a tais atos e, conseguintemente, o efeito do art. 374, III.
Também aí a omissão do réu não supre a falta de documento substancial.

Em outras palavras, e para resumir, a confissão somente ostentará a


eficácia que lhe é própria nos casos em que também o for a prova
testemunhal. Limita-se, portanto, ad valorem (art. 227, caput, do CC, c/c art.
444, parte inicial: “Nos casos em que a lei exigir prova escrita da
obrigação…”), provando negócios jurídicos cujo valor não exceda o décuplo
do maior salário mínimo, mas pode ter função subsidiária ou complementar à
prova escrita (art. 227, parágrafo único, do CC c/c arts. 444 a 447 do NCPC).

Fora da limitação imposta no art. 394, a força probante da confissão


extrajudicial será livremente apreciada pelo juiz. Também a confissão judicial
(espontânea ou provocada) submeter-se-á à livre apreciação. Nada assegura
que a declaração da parte corresponda à verdade. Quem confessa declara
que é verdade, mas não que conhece a verdade.184 O art. 408, parágrafo
único, proclama o princípio correto: a “declaração de ciência de determinado
fato”, constante de documento particular, prova a declaração, e, não, a
veracidade do fato alegado, “incumbindo o ônus de prová-lo ao interessado
em sua veracidade”.

1.881. Produção da confissão extrajudicial

A contraparte a quem aproveita a confissão extrajudicial tem o ônus de


produzi-la por um dos meios de prova legalmente admissíveis. Legitimam-se,
por igual, a parte auxiliar e a parte coadjuvante. Nada excluir que, chegando
notícia da confissão ao órgão judiciário, ex officio ordene a produção do meio
hábil.

A forma escrita ou oral da confissão extrajudicial, e a oportunidade da


declaração contrária ao próprio interesse, influenciam a respectiva produção.
O meio de prova hábil para o juiz adquirir conhecimento a respeito é o
comum.

A confissão extrajudicial pré-constituída, formada antes da instauração do


processo, haverá de ser produzida no momento propício da prova
documental: na petição inicial e na contestação (art. 434), exceto no caso de
constar de arquivos de sons e de imagens, caso em que a exposição será
realizada na audiência principal. Surgindo a confissão extrajudicial
posteriormente (v.g., o réu remete missiva ao autor, admitindo o fato contrário
ao próprio interesse), incidirá o art. 435,caput, e parágrafo único, cabendo à
parte produzi-la “em qualquer tempo”. É o regime que se aplicará, igualmente,
à confissão extrajudicial e oral registrada em arquivo de imagem e de som,
aplicável, destarte, o art. 434, parágrafo único.

A confissão extrajudicial, mas oral, feita à parte, ou a quem a represente,


ou a terceiro, prova-se ordinariamente mediante testemunhas. Feita à parte,
ou a quem a represente, mas sem testemunhas ou registro autônomo (v.g.,
gravação), a declaração é inútil. Feita a terceiro, ou perante testemunhas,
cumpre convocar os que ouviram ou assistiram à declaração (v.g., através do
movimento vertical da cabeça, gesto universal de concordância), arrolando-os
no prazo legal. Somente a confissão extrajudicial e oral, mas que precede ao
início da fase em que predominará a atividade de instrução, na audiência
principal, comportará semelhante procedimento. A confissão extrajudicial
posterior à etapa de instrução e à própria decisão da causa dependerá do
oportuno exercício da pretensão à antecipação de prova (retro, 1.375.2), no
caso, e curiosamente, temporã em vez de adiantada.

§ 386.º Confissão judicial

1.882. Momento da confissão judicial

Os parágrafos do art. 390 identificam duas espécies de confissão judicial:


(a) espontânea e (b) provocada. A confissão judicial espontânea constitui
evento incomum, a despeito de imperativo da consciência hígida, mas a lei
não se absteve de prevê-la, comparecendo a parte no processo,
pessoalmente ou através de procurador habilitado com poderes especiais,
com o fito de declarar a veracidade de alegação de fato controvertida
contrária ao próprio interesse, mas favorável ao adversário. A confissão
judicial provocada resulta do depoimento pessoal da parte, dividindo-se em
duas subespécies: (a) ficta e (b) expressa. A convocação da parte para depor
perante o órgão judiciário jamais traduzirá comportamento autenticamente
espontâneo, “porque a sua contumácia implica a presunção de veracidade
das alegações contrárias”,185 razão bastante para rotular de “provocada” a
confissão decorrente do comportamento omissivo ou comissivo subsequente.

Esses dados se mostram indispensáveis à fixação do momento oportuno


da confissão judicial.

1.882.1. Momento da confissão judicial espontânea – A confissão judicial


espontânea pode ocorrer a qualquer momento e grau de jurisdição, lavrando-
se o termo, formalidade geralmente ignorada em nome da liberdade de
formas.

A influência concreta que a confissão judicial espontânea exercerá na


formação do convencimento do juiz dependerá do estágio do processo na
oportunidade em que a declaração chega aos autos.

Em princípio, no primeiro grau, sucedendo antes da fixação do tema de


prova, o ato processual provocará a incidência do art. 374, III, e, por
conseguinte, norteará a decisão de saneamento, quiçá ensejando a
precipitação do julgamento na forma do art. 355, I. Ocorrendo antes da data
da audiência principal, tornará inútil a prova testemunhal (art. 443, I, in fine), e,
conforme as circunstâncias, quaisquer outras provas. Por exemplo,
pleiteando A o reconhecimento da paternidade perante B, e deferido o exame
de DNA, a confissão espontânea antes da data aprazada para o início das
diligências, ou seja, para a coleta do material orgânico, torna desnecessária a
perícia. O ponto de importância: o exame tem custo elevado e, apesar da
prova científica apresentar alto grau de certeza (probata probatissima),
apaziguando o juiz excessivamente escrupuloso, não há a menor
necessidade de realizá-la. A confissão espontânea significa reconhecimento
voluntário da paternidade. E, enfim, feita após o término da instrução, porque
a consciência da parte não a deixou em paz (hipótese mais teórica do que
real na sociedade dominada pelo individualismo egoísta), mas antes da
sentença, o juiz não deixará de apreciá-la na sentença definitiva.

Não se revela impossível que, remetido o processo para o segundo grau


por força da apelação do vencido, sobrevenha confissão judicial espontânea
de uma das partes. Conforme o objeto da apelação pendente, o relator ou
órgão fracionário do tribunal podem transformá-la em elemento de convicção
decisivo, renovando ou reformando o juízo de fato emitido pelo órgão
judiciário de primeiro grau sem tal prova. O segundo grau de jurisdição, no
processo civil brasileiro, não reproduz todas as etapas do procedimento de
primeiro grau, mas não é infenso à livre apreciação das questões de fato. No
entanto, impõe-se que essas questões, debatidas e resolvidas, sejam
devolvidas pela apelação. Não se contendo, no todo ou em parte, no objeto
do apelo, a confissão judicial espontânea não poderá ser utilizada pelo relator
ou pelo órgão fracionário ad quem. Assim, apelando o vencido do capítulo
acessório da sucumbência, a superveniência de confissão judicial espontânea
se afigura irrelevante, podendo ensejar rescisória com fundamento no art.
966, VII, ou, conforme a interpretação do art. 966, § 4.º, ação anulatória.

Pendendo o processo em tribunal superior, cuja missão constitucional não


envolve a emissão de juízo de fato, eventual confissão espontânea
superveniente revelar-se-á inócua, salvo em futura rescisória.

1.882.2. Momento da confissão judicial provocada – Resultando a


confissão judicial provocada da convocação da parte para depor em juízo,
acompanhada da cominação do art. 385, § 1.º, a requerimento de um dos
legitimados a propor prova, ou ex officio, o momento em que ocorre é mais
preciso e definido: (a) a confissão ficta defluirá da falta de comparecimento da
parte na audiência, sem motivo legítimo, ou da recusa e da evasiva na
resposta, sem a invocação de motivo legal de escusa (art. 388); (b) confissão
expressa, da lhana admissão de fato contrário ao próprio interesse, mas
favorável ao adversário, ao responder pergunta feita pelo juiz ou pelos
advogados presentes na sessão. Em qualquer hipótese, o juiz de primeiro
grau apreciará a confissão, havendo emissão de sentença definitiva com
fundamento no art. 487, I. Eventual transação, entabulada e ultimada
posteriormente, talvez inspirada no cenário desfavorável aí descortinado,
impede o juiz de apreciá-la no julgamento da causa. Resta-lhe homologar o
negócio jurídico (art. 487, III, b). Claro está que a confissão judicial provocada
não tem lugar em outros graus de jurisdição.

O interrogatório livre do art. 139, VIII, ordenado a qualquer tempo e grau


de jurisdição, pode propiciar a formação do convencimento do juiz, mas as
declarações porventura feitas nessa ocasião não exibem eficácia de
confissão, vez que não precede ao comparecimento das partes a cominação
do art. 385, § 1.º.

1.883. Forma da confissão judicial

As duas espécies de confissão judicial têm forma predeterminada no art.


390. Neste caso, a forma absorve a produção de declaração confessória no
processo.
1.883.1. Confissão judicial espontânea – A confissão judicial espontânea
surgiu e desenvolveu-se na prática e, segundo depoimento antigo,
“largamente aplicada na vida judiciária do país”.186

Dessa modalidade ocupa-se o art. 390, § 1.º, subentendendo ato


postulatório do confitente; do contrário, não se apresentaria, realmente, como
ato espontâneo da pessoa apta e capaz para confessar. Tal requisito não
significa que a parte deva postular a confissão espontânea perante o órgão
judiciário. Lícito à parte lançar a declaração nos autos, por escrito, inclusive
no processo eletrônico – os sistemas em vigor necessitam admitir atos da
própria parte, avaliando-se, ulteriormente, a respectiva validade e eficácia –,
apresentando-a ao magistrado ou em cartório.187 A declaração assinada da
parte também pode vir aos autos por intermédio de petição subscrita pelo
respectivo advogado, caso em que não se exige poderes especiais (art.
105, caput), nem sequer forma ad substantia para a declaração em si.
Convém frisar que o representante técnico é dispensável: a parte pode
praticar em nome próprio o ato processual de confissão.188

O art. 390, § 1.º, retornou ao regime do CPC de 1939,189 dispensando a


lavratura de termo de confissão. Essa documentação é indispensável, todavia,
na hipótese de a parte comparecer em juízo para confessar oralmente.190 É
sugestão muito razoável e equilibrada, mas cumpre acrescer a hipótese de a
parte pretender depositar em cartório, pessoalmente, declaração escrita por
ela firmada.

O fato de a confissão prevista no art. 390, § 1.º, resultar de declaração


espontânea da parte não importa que seja imune aos vícios do erro de fato e
da coação (art. 214 do CC). É espontânea a confissão, porque não é
provocada.191

O fato de a confissão espontânea surgir nos autos mediante petição


subscrita pelo representante técnico sugeriu a abstração da assinatura da
parte. É eficaz a confissão de mandatário munido de poderes especiais.
Evidentemente, há o pressuposto geral da aptidão e da capacidade da própria
parte para confessar e, a fortiori, outorga poderes para outra pessoa fazê-lo
em seu nome. Assim, confissão do procurador do incapaz é privada de
eficácia nas mesmas condições em que o próprio incapaz a manifestasse em
juízo ou não. No entanto, não é menos exato que declaração desse teor não
vale como testemunho: o mandatário, em geral, não testemunha. Ao invés, o
representante orgânico da pessoa jurídica confessará nos limites da
respectiva representação.

A rigor, a parte pode constituir qualquer pessoa para confessar em seu


nome, pessoa provida, ou não, da capacidade postulatória; todavia, a mais
das vezes, a parte preferirá o próprio advogado, salvo nos casos em que o
representante constituído resiste à prática do ato de consciência ou, ainda,
desaconselha sua prática veemente e terminantemente. Seja qual for o
escolhido, haverá a necessidade de outorga do poder especial de confessar
e, ademais, da cabal especificação do objeto da confissão (v.g., o fato x) na
procuração.192 Este objeto corresponderá, no todo ou em parte, à alegação de
fato controvertida, portanto integrante do tema da prova. Fica claro, pois, que
a juntada da declaração escrita e subscrita da própria parte através de petição
assinada pelo advogado não exige poderes especiais, originando-se a
confissão da própria parte.

1.883.2. Confissão judicial provocada – A confissão judicial provocada,


mas ficta, deflui da falta de comparecimento da parte, ou da recusa ou da
evasiva na resposta, assuntos já amplamente examinados no capítulo do
depoimento pessoal. Impende recordar que, ao contrário do direito francês, a
confissão ficta não fornece começo de prova de prova escrita.193 E a confissão
judicial provocada, mas expressa, decorre da resposta à pergunta do juiz,
revestindo-se dos elementos característicos do art. 389.

O depoente é persuadido a confessar por várias razões insuscetíveis de


viciar essa declaração. Deslocando-se até a sede do juízo e, aí, sentando-se
na frente de magistrado austero e sereno, ornamentado, ou não, com a veste
talar preta própria do cargo, mas em posição de inferioridade espacial (a
cadeira do juiz sobreleva-se às demais, segundo disposição das leis de
organização judiciária) e psicológica, a solenidade do depoimento já constitui
fator de persuasão poderosíssimo. E, completando a pressão, o juiz toma do
depoente o compromisso de dizer a verdade (retro, 1.863.1.3) e, para muitas
pessoas, o compromisso civil traduz obrigação moral irrefreável. Segue-se a
inquirição. A maior ou a menor habilidade na formulação e concatenação das
perguntas, inexistindo questionário prévio definido, propiciando a preparação
da parte, ensejará a confissão.

A declaração confessória da parte constará do registro do depoimento –


datilografia, estenotipia, taquigrafia ou gravação em fita magnética ou
eletrônica (art. 460). O juiz, o depoente e os procuradores, a par do Ministério
Público, assinarão o termo de depoimento.

§ 387.º Invalidação da confissão

1.884. Causas de anulação da confissão

A confissão judicial ou extrajudicial é irretratável.194 Feita a declaração de


ciência, a seu critério o confitente não pode desdizer-se. Em redação inexata
e imprópria, o art. 393, caput, declara-a “irrevogável”. Nada mais falso. A
confissão não é declaração de vontade da qual o confitente retire-lhe
retroativamente a vox,195 dissipando os efeitos que lhe são próprios.196 O art.
214 do CC espancou a má influência semântica e sistemática do art. 2.732 do
CC italiano de 1942, igualmente censurada pela doutrina peninsular.197 Esta
disposição invoca o mecanismo próprio para o caso: a anulação. Discrepando
da linha inaugurada pelo art. 1.356, n.º 4, do CC francês, acatou a sugestão
que a expressão “revogada” devia ser entendida como “anulada”, fórmula
repetida na segunda parte do art. 393.198

A lei civil introduziu relevantes inovações no catálogo das causas de


anulação da confissão. Atos jurídicos stricto sensu comportam anulação,
conforme o art. 185 do CC, mas só alguns vícios invalidam a confissão. O art.
214 do CC eliminou o dolo, previsto art. 352, II, do CPC de 1973, e precisou o
erro de fato, e, não, o erro,tout court, como defeito relevante da confissão.

Em relação ao erro, o art. 231 do CPC de 1939 (que aludia à retratação, e,


não, à anulação) já limitava a invalidação unicamente ao erro de fato. Duas
razões pré-excluíam a invocação do erro de direito, a juízo do autor do
anteprojeto: (a) a velha máxima ignorantia legis neminem excusat; e (b) a
circunstância de a confissão não recair sobre razões de direito.199 Este último
fundamento não é integralmente exato: por exceção, o objeto da prova
abrange normas jurídicas (art. 376). O art. 352,caput, do CPC de 1973, previu
genericamente o erro. Ora, não se cuidou de lapso, mas de inequívoca
tomada de posição.200 O § 290 da ZPO alemã, à semelhança dos códigos do
século XIX e ao contrário dos diplomas surgidos no século XX,201 contemplou
o erro, tout court, como vício idôneo a provocar a invalidação da confissão, e
a doutrina germânica admitiu tanto o erro de direito, quanto o erro de fato.202

O art. 214 do CC corrigiu este ponto e retornou ao entendimento


consagrado no primeiro código unitário. Adaptou-se a ele o art. 393, caput,
Não importa que a confissão resulte da errônea apreciação da situação
jurídica do confitente, ou dos efeitos jurídicos ex lege do ato, interessando
apenas a declaração de ciência a respeito do fato em si.203 A confissão jamais
emprestará veracidade à alegação de fato controvertida. O confitente
confessa que o fato é verdadeiro, e, não, que conhece a verdade. E, ao pela
mesma razão, juízo equivocado do confitente no tocante às consequências
jurídicas da própria declaração não a torna inverídica.204 A astúcia da
contraparte ou de terceiro podem induzir o confitente a erro, mas nesse caso
invalidar-se-á a confissão com fundamento neste vício, e, não, no motivo da
declaração.205 E, de outra banda, a invocação do erro de direito não vale muito
moralmente: o confitente mentiu, objetivando lucrar com a inverdade, mas
posteriormente, confrontado pelo prejuízo, “volta-se para o lado da verdade,
que ofendera”.206

O banimento do dolo tem outra explicação. Não há a menor dúvida que,


em razão da incompatibilidade da lei superveniente, o art. 352, caput, do CPC
de 1973, encontrava-se revogado nesse tópico.207 E com razão: o dolo
(essencial ou principal, ou seja, ardil que deu causa à declaração) não torna o
fato confessado inverídico, não importando, destarte, o motivo da
confissão.208 É a conclusão que se chega nos ordenamentos que não rejeitam
a invalidação por esta causa.209 O art. 393, caput, repetiu a regra anterior
nesse tópico.

Assim, anula-se a confissão em decorrência dos vícios arrolados no art.


214 do CC e no art. 393, caput: (a) erro de fato; (b) coação. É na lei civil que
se há de buscar a configuração desses defeitos.210 Eles se aplicam,
indistintamente, à confissão judicial e à confissão extrajudicial.

Escusado notar que a enumeração é incompleta. Abstraído os esforços


em separar com a devida nitidez e correção os planos da validade e da
eficácia, não os confundido a esse propósito – por exemplo, o art. 391,
parágrafo único, proclama que “a confissão de um cônjuge ou companheiro
não valerá sem a do outro”, nos litígios imobiliários –, seguramente há outras
causas para invalidar a confissão: a falta de aptidão ou de capacidade para
confessar, por exemplo. Não há como excluir a admissibilidade do meio de
reação da pessoa prejudicada inclusive no paradigmático caso do art. 391,
parágrafo único, mas relevada a força da sentença – marcadamente
declaratória, visando declarar a ineficácia.
Pode-se afirmar, então, que o art. 214 do CC pré-excluiu anulação do ato
jurídico da confissão perante os vícios previstos no art. 171, II, do CC. As
exceções (erro de fato e coação) encontram-se previstas na primeira
regra.211 Não comportam dilatação. Em particular, não se invalida a confissão
por fraude ou por simulação.212 Por sinal, nesse mesmo sentido se entende no
direito português: a aplicação do regime do negócio jurídico tem lugar na
medida do possível.213

1.884.1. Anulação por erro de fato – Erro de fato é a errônea percepção do


confitente que o induz a admitir como verídica alegação da contraparte na
realidade falsa ou, inversamente, como falsa alegação verídica. Este erro vicia
a confissão, porque o ato da parte “não tem o dom de transformar em verdade
a inverdade, máxime quando esta é e pode ser apurada”.214

Nada obstante a singeleza da noção, haurida da lei civil, ministrada, ela


tampouco basta à compreensão da regra. É preciso que a confissão errônea
haja influenciado a formação do convencimento do juiz, no caso de já ter sido
emitida a sentença, transitada em julgado ou não, ou que esta prova já
produzida afete a posição jurídica da parte (v.g., o juiz considerou a confissão
causa hábil para dispensar a prova testemunhal, na decisão de saneamento,
a teor do art. 443, I, in fine). Não se exige mais que a confissão apresente-se
como o “único fundamento” do ato decisório. O entendimento prevalecente
tendia a relativizar semelhante exigência, propondo limites mais largos ao
emprego da rescisória fundada no art. 485, VIII, do CPC de 1973.215 Não
deixava, entretanto, de demarcar o território. Não há interesse em
desconstituir a declaração errônea, mas ineficaz por outra razão (v.g., a que
atinge objeto litigioso indisponível). Em outras palavras, o raciocínio no juízo
de fato há de ser tal que, decretada a invalidade da confissão, a conclusão
previsível à luz do acervo probatório seria outra.

A verificação do erro de fato idôneo a invalidar a confissão e que, ante a


força probante deste meio de prova, ensejou ou ensejará o error in
iudicando do órgão judiciário e, por conseguinte, a dolorida aparição do
temível fantasma da sentença injusta, que toca exorcizar prontamente, nessa
linha de raciocínio necessita ser apurada. Ela evidenciar-se-á no teor dos atos
processuais ocorridos após a regular produção da confissão: (a) a dispensa
da prova testemunhal (art. 443, I, in fine) e (b) a motivação da sentença
definitiva.

Segundo a jurisprudência italiana, a falsidade do fato confessado é


condição necessária, mas insuficiente ao acolhimento do pedido de
invalidação. É preciso que o confitente produza prova hábil do erro.216 O ônus
de provar o erro é do próprio confitente.217 Esta prova se afigura
imprescindível, porque o erro atua simultaneamente “no plano da motivação
da vontade de fazer uma declaração como aquele conteúdo e no próprio
conteúdo da declaração”.218

O erro que vicia a confissão (non fatetur qui errat) é o substancial: a


declaração do depoente que, por engano, narra fatos de modo diverso por
que se passaram.219 O erro em aspectos secundários (v.g., a data do evento)
não invalida a confissão, porque não é dele que decorre o gravame para o
confitente.220 A declaração prestada com animus jocandi pode ser ou não
inverídica. Comportará invalidação no caso de falsidade, em razão do erro de
fato, e, não, da falta de seriedade do ato.221

1.884.2. Anulação por coação – É mais fácil o tratamento da coação como


vício hábil a invalidar a confissão. Aplica-se, in totum, a disciplina constante
dos arts. 151 a 155 do CC. A emissão da declaração confessória da parte há
de basear-se no fundado temor de dano iminente e considerável à pessoa do
confitente ou à sua família ou seus bens. Não se concebe temor dessa
natureza na confissão judicial. É a confissão extrajudicial que exprime
declaração não querida, mas feita em virtude desse temor. A prova dessa
violência há de ser produzida com elementos hauridos fora dos autos.

À diferença da invalidação por erro de fato, o objeto da pretensão à


invalidação reclama prova distinta da prova da falsidade da declaração de
ciência. O fato objeto da alegação pode ser verdadeiro, malgrado a violência
que induziu a parte a confessá-lo, mas o processo constitucionalmente justo e
equilibrado não deve admitir prova ilegalmente obtida. Tal não impede que o
juiz reconheça a veracidade da alegação de fato controvertida por força de
outra prova.222

Nuvens espessas toldarão o espírito do juiz no momento de julgar


pretensão à invalidação de confissão, cujo objeto é fato verdadeiro, mas
revelado forçadamente (v.g., tortura física). Pode acontecer que, eliminada
essa prova crucial, nenhuma outra lhe permita julgar conforme à justiça. O
problema do caráter absoluto ou relativo da proibição de o juiz empregar
prova ilegal na formação do seu convencimento já recebeu análise
anteriormente (retro, 160). E não há solução satisfatória na magna questão.
Fatalmente, o espírito do juiz deixar-se-á contaminar pela prova, conquanto a
motivação da sentença proclame o contrário, limitando-se as possibilidades
de controle à exteriorização do convencimento, e, não, ao seu insondável
âmago.

1.885. Meios de invalidação da confissão

O art. 352 do CPC já corrigira a fórmula inexata do art. 231 do CPC de


1939, legitimando o confitente a “retratar” a confissão “em qualquer tempo,
por ação direta”. A cláusula de tempo vaga ensejava a dúbia interpretação de
se tratar de pretensão imprescritível.223 Tampouco ficava nítida a natureza da
citada “ação direta”. Esses problemas desapareceram na disciplina vigente.

Eliminada a cláusula “em qualquer tempo”, ainda no direito anterior, não


resta dúvida de que incidirão, respectivamente, o art. 178, I (coação) e II
(erro), do CC, bem como os respectivos termos iniciais dos prazos: (a) é de
quatro anos o prazo de decadência pretensão à invalidação da confissão, em
virtude da coação, e fixado o termo inicial na data em que cessar o
constrangimento (físico ou moral); (b) é de quatro anos o prazo de decadência
para invalidar a confissão por erro, fixado o termo inicial na data do ato
jurídico stricto sensu.

A repetição da indubitável natureza fatal desses prazos (decadência) não


deve impressionar tanto. O exercício da pretensão antes do termo fatal atrai a
incidência do art. 240, § 1.º, por força do parágrafo quarto do mesmo
dispositivo.
E, ainda, ao eliminar a diversidade de remédios previstos, o art.
393, caput, e parágrafo único, deixa claro que cuidar-se-á de ação de
invalidade, proposta antes ou depois do trânsito em julgado.

Em qualquer hipótese, como já se pretendida com a menção à “ação


direta” do CPC de 1939, a declaração confessória, a despeito de ato
processual, mostrar-se-á imune à invalidação incidental, ou interna corporis, a
requerimento da parte ou ex officio. É imperioso que o confitente, legitimado
exclusivo como se infere do art. 393, parágrafo único, deduza a pretensão à
invalidação no prazo legal, ao menos quanto aos vícios previstos na lei
material. Uma exceção é a confissão judicial ficta. Deixando a parte de
comparecer à audiência, recusando-se a responder no todo ou em parte o
questionário e empregando evasivas nas respostas, eventualmente o juiz
aplicará a pena de confissão, mas contraprova já repele os efeitos da
presunção relativa.224 Erro não há nesses casos, nem sequer coação, exceto
se constrangida a parte a não comparecer por ameaça de terceiro.

Explica-se semelhante regime como resíduo histórico da natureza negocial


da confissão.225 Não é isento de dificuldades.

1.886. Anulação da confissão antes do trânsito em julgado

Antes do trânsito em julgado, o confitente pleiteará a anulação da própria


confissão em pretensão necessariamente autônoma. Formar-se-á relação
processual independente e paralela à do processo em que ocorreu confissão,
mas os respectivos objetos litigiosos guardam relação de prejudicialidade,
uma das modalidades de conexão (retro, 303).

A litispendência do processo em que a confissão viciada servirá como


prova perdura por tempo indefinido. Nada obstante, há que atentar para o
prazo decadencial previsto no art. 178, I e II, do CC, que é de quatro anos e
cujo termo inicial, conforme o fundamento da pretensão à invalidação (erro de
fato ou coação) varia consideravelmente. A oportunidade em que o confitente
exercerá semelhante pretensão assume singular importância em outra
perspectiva: a das relações entre ambos os processos antes e depois do
julgamento da pretensão à invalidação.

Deduzida a pretensão à invalidação na pendência do processo, mas


distribuída a ação anulatória ao juízo em que este tramita, por dependência
(art. 286, I), haverá reunião de processos para julgamento in simultaneo
processu, porque as causas são conexas.226 Essa reunião assegura a
coerência dos julgados. Por óbvio, precederá o julgamento da validade da
confissão.

Distribuída a ação anulatória da confissão em outro juízo, mas antes da


sentença de primeiro grau, desenha-se causa de suspensão, vez que a
validade da confissão constituirá questão prejudicial externa (art. 313, V, a),
incumbindo ao juiz da causa prejudicada reconhecê-la, ou não,227 conforme a
hipotética influência da confissão em seu futuro julgamento.

Em princípio, o confitente abala-se em promover a anulação quando a


confissão já lhe prejudicou concretamente. Eis razão bastante para a reunião
dos processos revelar-se escassamente provável: “as ações em regra não
podem emparelhar-se em seu curso normal”,228 quer antes, quer depois do
trânsito em julgado da causa prejudicada.

Pendendo em segundo grau o processo em que se produziu a confissão,


como normalmente acontecerá por força do interesse do confitente,
concebem-se duas situações: (a) ou a confissão é o único, ou o principal
fundamento do julgamento desfavorável ao confitente; (b) ou a confissão é
uma das tantas provas livremente apreciadas que formaram a convicção do
juiz, segundo a motivação expressa no ato.229 É imperiosa a suspensão da
causa prejudicada na primeira hipótese (art. 313, V, a), facultativa na outra.230

Naturalmente, julgada a causa prejudicada, e posteriormente invalidada a


confissão – importa o ajuizamento da pretensão à invalidação antes do
trânsito em julgado, cuja superveniência não prejudica a demanda –
,231 subsiste a pretensão à invalidação da sentença transitada em julgado. É
verdade que a redação do anteprojeto do CPC de 1973 contemplava as duas
hipóteses como passíveis de rescisão, incluindo a que já se tivesse invalidado
a confissão em ação autônoma.232Suprimida esta referência, porque a regra
se ateve ao quod plerumque fit, não se infere a inadmissibilidade da
invalidação.

É bem de ver que, em nosso sistema, a suspensão da causa prejudicada,


por força de prejudicialidade externa, limita-se temporalmente ao prazo
máximo de um ano, a teor do art. 313, § 4.º, primeira parte, findo o qual, e de
toda sorte, cumpriria ao tribunal julgar a apelação de meritis.

Anulada a confissão ainda a tempo de o órgão ad quem aproveitar tal


provimento no julgamento na apelação da causa prejudicada ou, ainda,
propiciando-se o julgamento simultâneo de ambas as causas no órgão ad
quem, outra vez interessa distinguir se a confissão é o fundamento único ou
principal do juízo de fato emitido no primeiro grau.

Fundando-se a sentença de primeiro grau proferida na causa prejudicada


única ou principalmente na confissão, ulterior invalidação da prova elimina a
base para a conclusão. O julgamento da causa prejudicada segundo a
distribuição do ônus da prova, nessa contingência, a muitos pareceu
altamente insatisfatório.233 Sustenta-se a possibilidade de o órgão ad
quem invalidar a sentença e reabrir a instrução. É o entendimento correto no
caso de o juiz retirar da confissão o efeito previsto no art. 443, I, in fine,
dispensando a produção da prova proposta pelo antigo confitente, porque a
invalidação do ato antecedente (confissão) implica o do ato subsequente
(dispensa da prova). Se, ao invés, o juiz realizou instrução completa,
atendendo à proposição das partes, ingressa-se no segundo termo de
alternativa.

E, realmente, baseada a sentença em outras provas para emitir o juízo de


fato, no todo ou em parte, não há motivo bastante a impedir a subsistência
deste, sem embargo da invalidação ulterior da confissão. O tribunal
prosseguirá no julgamento, aplicando o direito à espécie.

O raciocínio desenvolvido se aplica unicamente à revisio pro instantiae do


segundo grau provocada pela pendência de apelação contra a sentença
desfavor Pendendo outro recurso (v.g., recurso especial), o quadro muda de
figura: a recepção do provimento proferido na causa prejudicial dependerá do
objeto da impugnação. Em tese, o STJ não revisa juízos de fato, mas pode
encontrar-se em causa, justamente, a força probante da confissão, que é
típica questio juris.

1.887. Anulação da confissão após o trânsito em julgado

No tocante à pretensão à invalidação da confissão deduzida após o


trânsito em julgado, impende considerar que o art. 966 do NCPC não
reproduziu o art. 485, VIII, do CPC de 1973, que previa a rescisão da
sentença de mérito havendo fundamento para invalidar a confissão, e
conseguintemente, o art. 393 já não contempla duplicidade de vias, conforme
a oportunidade do exercício da pretensão à invalidação. É cabível a ação
anulatória, porquanto a confissão é ato de disposição (art. 966, § 4.º).

O direito anterior exigia que a confissão consistisse no “único fundamento”


a amparar o juízo de fato na sentença definitiva. E, com efeito, tal a hipótese
mais comum, no direito vigente, extraindo o juiz os efeitos que são próprios da
confissão; por exemplo, dispensando a prova proposta pelo confitente, vez
que a este faltaria interesse do confitente em produzir contraprova.

Embora esta seja a regra, pesando muito o excesso de trabalho afeto a


cada órgão judiciário individualmente e a irrefreável tendência a simplificar,
não se pré-exclui a invalidação em termos categóricos. É muito difícil aquilatar
a influência da confissão no espírito do juiz. Nem sempre a análise da
motivação explícita do ato decisório, ou seja, a reconstituição do caminho
percorrido pelo juiz na formação do seu convencimento motivado, bastará
para sopesar o grau desta influência. O requisito, de lege
ferenda injustificável,234 há de ser encarado com largueza. Esta flexibilidade
importa raciocínio hipotético, cabendo ao órgão encarregado de julgar a ação
indagar se, desconstituída a confissão, o juízo de fato permaneceria o
mesmo.235 E avulta que a força probante da confissão, ressalva feita à
confissão extrajudicial autêntica, afigura-se relativa, geralmente motivando o
juiz em outros elementos de convicção. Não é improvável que, valendo-se de
indícios na presunção judicial, o desaparecimento da confissão talvez torne
inverossímil o fato confessado.

A rescindibilidade do provimento de mérito em decorrência da invalidade


da confissão após o trânsito em julgado aparentemente constitui exceção à
diretriz que retira do campo da indiscutibilidade inerente à coisa julgada “a
verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença” (art. 504, II).
À rejeição radical, argumentando-se que fora do processo em que ocorreu a
confissão pode ser controvertida, não responde integralmente à
questão.236 Restaria explicar por que o vício da prova que levou o juiz a
estabelecer certa “verdade dos fatos” errônea enseja a rescisão desta
sentença de mérito, pois a rescisória, ao fim e ao cabo, presta-se a
desconstituir a autoridade de coisa julgada. Ora, a resposta mais simples,
direta e intuitiva é que há exceção parcial ao art. 504, II, ou seja, a confissão
viciada provocou manifesto error in iudicando.

A discrepância do prazo de decadência do art. 178, caput, do CC e o da


rescisória contra a sentença fundada na confissão (art. 972, caput) determina
o surgimento de agudo problema. Em caso da obtenção de prova nova, o art.
975, § 2.º, manda contar o prazo da descoberta da prova nova – questão de
fato de difícil demonstração –, limitando-o, todavia, a cinco anos contados da
última decisão proferida no processo. Ora, a procedência da ação de
invalidade não implica o surgimento de prova nova, mas o desaparecimento
da prova que, eventualmente, baseou o juízo de fato.

Anteviu a solução a esse problema, no direito anterior, mente analítica


assaz prodigiosa, fitando os efeitos do julgamento da então cabível rescisória.
Rescindida a decisão de mérito, não mais subsistirá o provimento atacado,
entendendo-se implicitamente cumulados os pedidos de invalidação do ato
jurídico stricto sensu e o de rescisão.237 O tribunal passaria a julgar a
causa, de meritis, como de direito.238 É a linha aqui seguida, máxime ante o
fato de o regime da invalidação da confissão não depender de ação rescisória
(art. 966, § 4.º).

A par da responsabilidade pelo vício da confissão, da contraparte e do


terceiro, e devidamente proclamada e sancionada no julgamento da pretensão
à invalidação, surgem duas possibilidades: (a) o conjunto da prova autoriza o
tribunal, no iudicium resissorium, julgar desde logo, favoravelmente ou não ao
autor da rescisória; (b) o conjunto da prova, desconstituída a confissão,
revela-se insuficiente, devendo ser reaberta a instrução na origem e, aí,
emitida nova sentença definitiva.239

1.888. Transmissibilidade da pretensão à invalidação

O art. 393, parágrafo único, legitima o confitente para pleitear a


invalidação da confissão. Essa pretensão, uma vez deduzida, transmitir-se-á
aos sucessores,mortis causa ou não. Não há causa de extinção do processo
cujo objeto é a invalidação, a teor do art. 485, IX, mas de suspensão, na
forma do art. 313, I.

Essa legitimidade exclusiva, relativamente transmissível aos sucessores,


funda-se no alcance subjetivo da coisa julgada, vinculativo para partes e
sucessores (art. 504). Chegou-se a cogitar da inconstitucionalidade da regra,
e do cabimento da ação sub-rogatória pelo terceiro prejudicado,240 mas sem
razão: a confissão não atinge terceiros, inclusive os litisconsortes do processo
em que ela ocorra, a teor do art. 391, in fine.241

§ 388.º Força probante da confissão

1.889. Apreciação da confissão judicial

Em determinados sistemas jurídicos, a confissão tem eficácia de prova


plena, a exemplo do italiano (art. 2.733, n.º 2, do CC peninsular de 1942), e
vincula o juiz a entender verdadeira a alegação de fato.242 A vinculação do juiz
a julgar conforme certo esquema de fato definido pelas partes, e cuja
veracidade não pode ser contestada, não é desconhecida entre nós,
ocorrendo no reconhecimento do pedido (retro, 1.631). Não é este, de
ordinário, o regime da confissão no direito processual civil brasileiro,
substituindo a certeza moral do juiz pela certeza formal da lei.243 E há
ordenamentos que, atribuindo a qualidade de prova plena à confissão, abrem
exceções tão amplas que não excluem, na prática, a apreciação do juiz.244
O art. 391, caput, parte inicial, ocupa-se do assunto e declara,
simplesmente, que “a confissão judicial faz prova contra o confitente”. Era
diferente a redação do anteprojeto do CPC de 1973, outorgando à confissão
eficácia de prova plena.245 Livre é a apreciação de ambas as espécies de
confissão,246 salvo no caso de a declaração constar de escritura pública.

Da redação lacônica do art. 391, caput, parte inicial, expressando


autêntico truísmo, retira-se segura ilação. O alcance subjetivo da confissão
cinge-se ao autor da declaração. Os terceiros, intervenientes ou não,
permanecem imunes aos respectivos feitos.247 E, a contrario sensu, a
declaração da parte favorável a si poderá ser valorada pelo juiz. Fica
subentendido, ainda, que a declaração probatória contra o confitente revestir-
se-á da dupla característica de contrariar o próprio interesse e favorecer ao do
adversário na causa.

A força probante da confissão judicial exibe flagrantes paradoxos. É de ver


que o art. 391 não distingue entre a confissão judicial expressa e a confissão
judicial ficta. Em tese, o regime legal é o seguinte. Sobrevindo confissão
judicial (v.g., no depoimento pessoal), desaparece o interesse de as partes
produzirem outras provas,248 por que o fato confessado sai do tema da prova
(art. 374, II); em particular, a confissão importará a inadmissibilidade originária
ou superveniente da prova testemunhal já admitida (art. 443, I, in fine).249 É
pouco dizer que a confissão será apreciada livremente pelo juiz. Da
declaração contrária ao próprio interesse, mas favorável ao adversário,
expressa ou presumida, decorrem consequências drásticas para o confitente.
Não é implausível o juiz considerar a confissão prova bastante no julgamento
desfavorável.

Esses efeitos radicais são até mais nítidos na confissão ficta. No caso de a
parte não comparecer à audiência principal sem apresentar justificativa hábil
(art. 385, § 1.º): o juiz precipitará o julgamento desfavorável ao ausente,
dispensando as demais provas das partes. Elemento psicológico de vulto
insinua-se no julgamento: a ausência soa como contumácia e a sobrecarga de
processos não induz o juiz à tolerância e à moderação.

Em resumo, a confissão judicial não vincula o juiz a julgar consoante


determinado esquema de fato. Seria realmente absurdo obrigá-lo a julgar
erroneamente. Ocorre que a eficácia intrínseca da confissão sobressai aos
demais meios de prova, em atenção à conspícua fonte conspícua (a parte)
dessa prova.250

Também se configura confissão ficta no caso do art. 386, mas a


equiparação não é total ou plena. Cumpre ao juiz atentar às circunstâncias do
caso e aos elementos de prova carreados, e concluir se houve, ou não,
recusa ilegítima e resposta evasiva, mas só no ato de julgamento. Eis o traço
distintivo. Respondendo afirmativamente, todavia incidirá o art. 391: há
confissão judicial, mas ficta, provando contra o confitente. Entendeu-se
sempre no direito pátrio que a confissão ficta importa presunção relativa (juris
tantum) de veracidade das alegações assacadas pelo adversário.251 Ora, não
é diferente a confissão judicial expressa. Assim, não é exato que só da
confissão ficta resulte presunção relativa de veracidade do fato,252 pois ambas
têm nenhuma ou a mesma eficácia. De lege lata, não se pode afirmar que a
confissão judicial vale mais que a extrajudicial, porque supostamente a
declaração é prestada com maior seriedade.253

A confissão judicial provocada, mas expressa, não surte efeitos nos litígios
imobiliários, a teor do art. 391, parágrafo único, e só abrange objeto litigioso
disponível, conforme o art. 392, caput. Esta última regra espelha a fórmula
similar do art. 213, caput, do CC, todavia aperfeiçoada; por exemplo, admite-
se a confissão do réu na investigação de paternidade, pois há o poder de
disposição, ventilado no reconhecimento voluntário. E, por igual, a confissão
do procurador só vincula o representado nos limites dos poderes (legais e
contratuais) da representação, conforme o art. 392, § 2.º, c/c art. 213,
parágrafo único, do CC.

Dessas limitações à eficácia da confissão, a mais problemática avulta no


art. 392, caput. É difícil demarcar a indisponibilidade do objeto litigioso. Em
caso patrimonial, qual o da repetição de indébito tributário, o STJ firmou que
os fatos da causa não comportam confissão da Fazenda Pública ou à
presunção de veracidade da revelia, a teor do art. 345, II, com a
invocação, expressis verbis, da disposição do direito anterior equivalente à do
art. 392, caput.254 Preferível resolver o ponto mediante singela troca de
ângulo.

Em oportunidade anterior (retro, 333.1), curando do art. 341, I, fixaram-se


as seguintes diretrizes: de regra, são disponíveis os direitos patrimoniais, a
cujo respeito se permite transação (art. 841 do CC). Os direitos de
personalidade, ao revés, timbram pelo ferrete da indisponibilidade (art. 11 do
CC). Litígios envolvendo o estado e a capacidade da pessoa exibem objeto
litigioso indisponível, salvo quanto aos aspectos patrimoniais (v.g., a
prestação alimentar) e aos atos de disposição que, segundo o direito material,
mostrar-se-iam admissíveis na esfera da autonomia privada (v.g., o
reconhecimento voluntário da paternidade). A natureza pública da relação
entre a Administração e os particulares, inserida na competência da jurisdição
ordinária brasileira, pré-exclui a disponibilidade. A Fazenda Pública não pode
confessar, transigir e, a fortiori, não se submete à presunção de veracidade do
art. 341, caput, primeira parte.255 Exemplos: (a) na ação de nulidade do
casamento o cônjuge réu não pode confessar, porque a seu nuto não pode
dissolver o vínculo, consequência direta, a fortiori, também da falta de
impugnação específica dos fatos alegados pelo outro cônjuge autor; (b) na
ação de repetição de indébito tributário, o fato constitutivo (pagamento do
tributo) não pode ser objeto de confissão pela Fazenda Pública.

A confissão judicial submete-se, nos limites da eficácia que lhe é própria, à


livre apreciação motivada do juiz (art. 371), geralmente cedendo à valorização
dos demais elementos de prova em sentido contrário. Por exemplo, na ação
de A contra B, em que o autor imputa ao réu a colisão na traseira do seu
veículo, provocando-lhe a amputação do pé, o réu confessa que conduzia o
veículo e atingiu o do autor, mas a perícia esclarece que as marcas de tinta
na carroceria e nas roupas estraçalhadas de A não se originaram do
automóvel de B, mas sim de outro modelo de veículo. Representaria violência
inaudita obrigar o juiz a acatar a confissão do réu.

1.890. Apreciação da confissão extrajudicial


É significativa a tendência de valorar distintamente a confissão
extrajudicial da judicial nas legislações antigas e
contemporâneas. Enquanto à confissão judicial confere-se eficácia de prova
256

plena, ou seja, de prova que não admitirá contraprova do confitente e


vinculará o juiz, a confissão extrajudicial insere-se, de ordinário, na órbita da
livre apreciação.

O art. 353 do CPC de 1973 ocupara-se precipuamente da força probante


da confissão extrajudicial. Não incorreu em incertezas e imprecisões.
Segundo dispôs, feita a declaração confessória à parte, ou a quem a
represente, assumirá “a mesma eficácia probatória da judicial”. Regra de
remissão, portanto, e parcialmente inexata. Diferentemente, realizada a
declaração confessória ao terceiro, ou contida em testamento, seria
“livremente apreciada pelo juiz”. Em ambas as hipóteses, não supre a falta de
instrumento público ou particular nos negócios jurídicos adstritos à forma ad
solenitatem (art. 394 do NCPC).

A confissão extrajudicial feita à parte, ou a quem a represente, não tem o


mesmo valor da confissão judicial, entendendo-se como tal a provocada, mas
expressa. A confissão ficta (art. 385, § 1.º, e art. 386), a despeito de
provocada pela convocação do juiz, tecnicamente não equivale à expressa.
Por sinal, no caso de recusa ou do emprego de evasivas, a fórmula do art.
383, in fine, permite entrever que, por si mesma, a confissão ficta emanada do
silêncio e das tergiversações da parte presente à audiência principal não
apresenta maior valor probatório, exigindo a corroboração de outros
elementos de prova.

E, paradoxalmente, a confissão extrajudicial feita ao tabelião, que é


terceiro, desde que respeitadas limitações anteriormente postas, ou seja,
abrangendo as declarações a respeito de fatos que se passaram na presença
do notário, produzirá prova plena, a teor do art. 215, caput, do CC. Entende-
se por prova plena (probatio plena) a que pré-exclui a livre apreciação da
veracidade da alegação de fato pelo juiz (retro, 1.348), em especial o juízo em
contrário, fundado ou não no acervo probatório, ressalva feita aos casos de
falsidade.257

A consciência contemporânea não é muito favorável ao reconhecimento


de vínculos para o órgão judiciário.258 Os arts. 215 e 225 do CC resultariam de
cópia irrefletida de textos estrangeiros, cabendo ao juiz aquilatar se aplicará,
ou não, tais regras.259 É uma questão ideológica, quase declaração de fé
irrestrita na onipotência do homem e da mulher investidos pelo Estado em
função judicante, mas não há dúvida de que essas pessoas devem fidelidade
ao direito e o processo constitucionalmente justo e equilibrado reclama a
aplicação das normas legais.

A eficácia probatória da confissão extrajudicial feita em escritura pública


admite contraprova nos seguintes casos: (a) a reprodução pelo notário das
declarações que as partes lhe fizeram no ato,260 quanto a acontecimentos
passados, embora relativos ao conteúdo do negócio; (b) a reprodução pelo
notário das declarações enunciativas que não se aludam ao conteúdo do
negócio ou à legitimidade das partes (art. 219, parágrafo único, in fine).
Exemplos esclarecem esses aspectos na apreciação da confissão: (a) o
tabelião certifica que A pagou x a B, em moeda corrente nacional, a título de
preço, presenciando a contagem das cédulas; (b) o tabelião certifica
que A declarou que pagou x, e B que recebeu x, a título de preço; (c) o
tabelião certifica que B declarou-lhe que A já havia lhe comprado outro imóvel
e pago o preço. Só a primeira declaração se reveste de fé pública e não
admite prova em contrário, as outras, não. Embora constante de escritura
pública, o art. 443 autoriza a prova testemunhal da divergência entre a
vontade real e a vontade declarada, na simulação (inciso I), e os vícios de
consentido (inciso II)

É diverso o regime do documento particular. O art. 408, parágrafo único,


esclarece que a declaração de ciência feita no instrumento particular prova a
realização da própria declaração, mas não a verdade do fato declarado,
incumbindo o ônus da prova ao interessado na veracidade. Este dispositivo
demonstra que (a) a confissão jamais constitui relevatio ad onere
probandum e (b) o princípio comum, em toda a declaração, é que o confitente
declara verdadeiro o fato, e, não, que o fato seja realmente verdadeiro.

O critério encampado no art. 353, caput, do CPC de 1973 distinguindo a


força probante da confissão extrajudicial consoante o destinatário da
declaração de ciência (contraparte ou terceiro), revelava-se infeliz. E o motivo
é trivial: o destinatário não agrega ou retira credibilidade à declaração.261 No
direito alemão, a confissão extrajudicial representa indício, no caso concreto,
porquanto pois a experiência comum demonstra que ninguém admite fato
contrário ao próprio interesse senão quando verdadeiro.262 Essa máxima é o
fundamento psicológico da confissão.263 Fez bem o NCPC em não a tratar
diferentemente no terreno da apreciação.

Fora do campo de incidência do art. 215, caput, do CC, a confissão


extrajudicial sujeitar-se-á à livre apreciação do juiz (art. 389).

Capítulo 84. EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA


SUMÁRIO: § 389.º Exibição incidental de documento e de coisa – 1.891.
Conceito da exibição incidental – 1.892. Fundamento da exibição incidental –
1.893. Natureza da exibição incidental – § 390.º Objeto da exibição incidental
– 1.894. Objeto genérico da exibição incidental – 1.895. Exibição incidental de
coisas móveis – 1.896 Exibição incidental de documentos – 1.897 Exibição
incidental da escrituração empresarial – 1.897.1. Caráter exemplificativo dos
casos de exibição integral – 1.897.2. Iniciativa da parte na exibição integral –
1.897.3. Âmbito subjetivo da exibição integral – 1.897.4. Forma da exibição
integral – 1.897.5. Casos de exibição integral – 1.897.5.1. Exibição incidental
em caso de sociedade – 1.897.5.2. Exibição incidental em caso de sucessão
– 1.897.5.3. Exibição incidental em caso de comunhão – 1.897.5.4. Exibição
incidental em caso de administração – 1.897.5.5. Exibição incidental em caso
de gestão à conta de outrem – 1.897.5.6. Exibição incidental em caso de
falência ou concordata – § 391.º Procedimento da exibição perante a
contraparte – 1.898. Momento da exibição incidental perante a contraparte –
1.899. Pedido de exibição incidental perante contraparte – 1.899.1.
Legitimidade ativa e passiva no pedido de exibição incidental entre partes –
1.899.1.1. Legitimidade ativa na exibição incidental entre partes – 1.899.1.2.
Legitimidade passiva na exibição incidental entre partes – 1.899.2
Competência no pedido de exibição incidental – 1.899.3. Requisitos gerais do
pedido de exibição incidental – 1.899.4. Requisitos especiais do pedido de
exibição incidental – 1.899.4.1. Individualização do objeto da exibição –
1.899.4.2. Interesse na exibição do documento ou da coisa – 1.899.4.3.
Indicação da existência e da posse do documento ou da coisa – 1.899.5.
Controle do requerimento de exibição incidental – 1.900. Forma de
chamamento da contraparte na exibição incidental – 1.901. Prazo de resposta
da contraparte na exibição incidental – 1.902. Conteúdo da resposta ao
pedido de exibição incidental – 1.902.1. Escusa fundada na preservação da
vida privada – 1.902.2. Escusa fundada no sigilo profissional – 1.902.3.
Escusa fundada no receio de dano – 1.902.4 Escusa fundada em disposição
legal – 1.903. Forma da exibição incidental pela contraparte – 1.904. Lugar da
exibição incidental pela contraparte – 1.905. Efeitos do julgamento da exibição
incidental entre partes – 1.905.1. Capítulo principal do julgamento da
pretensão à exibição entre partes – 1.905.2. Natureza do julgamento da
exibição incidental entre partes – 1.905.3. Capítulo acessório no julgamento
da exibição incidental entre partes – § 392.º Procedimento da exibição contra
terceiro – 1.906. Momento da exibição incidental contra terceiro – 1.907.
Pedido de exibição incidental contra terceiro – 1.907.1. Competência no
pedido de exibição incidental contra terceiro – 1.907.2. Requisitos do pedido
de exibição incidental contra terceiro – 1.907.3. Controle da petição inicial na
exibição incidental contra terceiro – 1.908. Forma do chamamento do terceiro
na exibição incidental – 1.909. Prazo de resposta do terceiro na exibição
incidental – 1.910. Conteúdo da resposta do terceiro na exibição incidental –
1.911. Liminar na exibição incidental contra terceiro – 1.912. Efeitos do
julgamento da exibição incidental contra terceiro – 1.912.1. Capítulo principal
da exibição incidente contra terceiro – 1.912.2. Natureza do julgamento da
exibição incidente contra terceiro – 1.912.3. Capítulo acessório da exibição
incidente contra terceiro – § 393.º Força probante da exibição incidental –
1.913. Apreciação do objeto da exibição incidental.

§ 389.º Exibição incidental de documento e de coisa

1.891. Conceito da exibição incidental

O meio de prova da exibição de documento e de coisa, disciplinado nos


arts. 396 a 404, complementados nos arts. 420 e 421, intenta resolver
problema probatório específico. Tal objetivo esclarece, senão o regime
fragmentado, no mínimo a instituição de meio de prova autônomo e o motivo
por que o objetivo geral consiste em compelir as partes e os terceiros a
apresentarem documentos e coisas na causa pendente.

Ao juiz incumbe, na decisão do litígio que as partes lhe submetem,


resolver as questões de fato antes de realizar a subsunção ou a concretização
da norma porventura aplicável à causa. No desempenho dessa atividade,
realizando semelhante tarefa, o juiz necessita adquirir conhecimento em
contato com as fontes de prova. São fontes de prova: (a) as pessoas,
inclusive as partes; (b) as coisas; e (c) os fenômenos naturais e artificiais. O
juiz adquirirá conhecimento, na medida do humanamente possível,
proporcionado por tais fontes, através dos meios predeterminados legalmente.

Fenômenos naturais e artificiais, bem como as coisas, em geral, mas


especialmente os imóveis, e também pessoas são fontes observáveis
diretamente pelo juiz. As pessoas (partes e terceiros) são convocadas à
presença do juiz para depor. As coisas ou são trazidas ao processo ou,
conforme as circunstâncias, o juiz vai até elas, o que acontece amiúde no
caso dos imóveis. E os documentos (subespécie de coisas móveis) são
juntados voluntariamente ao processo por iniciativa das partes, e já na petição
inicial e na contestação, segundo a ortodoxia do art. 434, ressalva feita às
reproduções de imagens e de sons exibidas em audiência (art. 434, parágrafo
único).

Pode acontecer – eis o problema específico há pouco mencionado – de as


partes e os terceiros não apresentem ao juiz coisas móveis, em geral, e
documentos, em particular, voluntariamente. Esses elementos representam
valiosas fontes de fato. Revelam-se indispensáveis à aquisição do
conhecimento que habilitará o juiz na resolução da questio facti. Em tal
contingência, o legislador pátrio instituiu o procedimento dos arts. 396 a 404,
complementados pelas disposições especiais dos arts. 420 e 421 no tocante à
escrituração empresarial, e o incidente destinado a compelir o possuidor do
documento ou da coisa a desvelar em juízo o respectivo conteúdo. Essas
disposições equivalem, substancialmente, às do direito anterior, com
pequenas alterações (v.g., a escusa fundada em disposição legal, a teor do
art. 404, VI). É, pois, um meio de prova e como tal situado na lei.1

À semelhança do diagnóstico feito no direito italiano,2 a solução é


engenhosa e nitidamente superior à discovery e à disclosure do direito norte-
americano, cujos defeitos, assumindo a primeira facilmente feição de devassa
– rica palavra da língua portuguesa, melhor do que a pernóstica
expressão fishing expedition do agrado dos cultores da arbitragem – e
elevados custos financeiros.3 A individualização do objeto, requisito previsto
no art. 397, I, e o interesse na exibição (art. 397, II), arredam as principais
dificuldades. No direito norte-americano, a individualização do thema
decidendum ocorre no pleading, descambando a discovery, no pre-trial etage,
em ação e reação ilimitada.4

Essa pretensão não agasalha qualquer nota cautelar de ordinário. E


distingue-se nitidamente de outros remédios assemelhados no propósito.

A pretensão à exibição de documento ou de coisa originou-se, no


processo formulário romano, da actio ad exhibendum, cujo objeto recaia sobre
coisas para ver e tocar (logo, corpóreas), e da actio ad edendo, que se
fundava no direito material do autor, pretensões posteriormente desenvolvidas
no interdito tabulis exhibendis.5Em ambos os casos de exibição, visto e tocado
o objeto, exauria-se a operação, seguindo-se a restituição da coisa à pessoa
excepcionalmente submetida ao dever de exibir.

O interesse nessa antiga e peculiar pretensão é objeto de controvérsia.


Predomina a tese de que, na actio exhibendum preparatória à futura
reivindicatória, o direito romano (na visão da glosa) exigia interesse legítimo
(peculiariet interest) do reclamante.6 Seja como for, desde as origens a
pretensão recebeu tratamento heterogêneo e variável. Os estudos posteriores
não lograram dissipar por inteiro as incoerências e dúvidas.

Reflexos da diversidade repercutiam, marcadamente, na disciplina do CPC


de 1973. Da pretensão à exibição, no corpo do CPC de 1973, ocupavam-se
as seguintes disposições: (a) os arts. 355 a 363, que compõem a Seção IV –
Da Exibição de Documento ou Coisa – do Capítulo VI – Das Provas – do
Título VIII – Do Procedimento Ordinário – do Livro I, cuja localização no seio
do procedimento básico do processo com função predominante de
conhecimento não lhe retira vocação universalista, aplicando-se, destarte, a
quaisquer procedimentos especiais; (b) os arts. 381 e 382, que cuidam da
exibição total dos livros mercantis e de outros documentos, inseridos na
Seção V – Da Prova Documental – do mesmo capítulo e título antes referidos;
(c) os arts. 844 e 845, que integram a Seção V – Da Exibição – do Capítulo II
– Dos Procedimentos Cautelares Específicos – do Livro III.

O arranjo alterou-se, em parte, no NCPC. A Seção VI – Da Exibição de


Documento ou Coisa – do Capítulo XII – Das Provas – do Título I – Do
Procedimento Comum – do Livro I da Parte Especial, englobando os arts. 396
a 404, equivale à anterior, bem como a inserção dos arts. 420 e 421 no
âmbito da Seção VII – Da Prova Documental. A pretensão à produção
antecipada de prova, prevista no art. 381, não especifica o respectivo objeto,
mas não se pode duvidar que se estenda à produção forçada do documento e
da coisa.

O meio de prova regido nos arts. 396 a 404 e 420 e 421 é incidente, ou
seja, deduzido, in simultaneo processu, na causa pendente. As pretensões do
art. 381 são antecedentes e, no caso do inc. I deste artigo, preparatória. O
dado cronológico, quer dizer, o caráter incidente ou antecedente, não toca o
essencial: no plano dos efeitos, a rigor distinguem-se pretensões
heterogêneas, em que pese o objetivo geral de desvelar conteúdo e conferir
conhecimento. Aqui interessa só o meio de prova chamado de exibição. Em
geral, inexistirá urgência – por exemplo, o risco de desaparecimento ou de
destruição do documento, a priori, não pode ser descartado –, e o debate das
partes já definiu a finalidade probatória na perspectiva do promovente da
medida.

Formulado o pedido de exibição, pendente a causa, o órgão judiciário


avaliará a necessidade do meio de prova. O respectivo cabimento, ou não,
dependerá de dois fatores: (a) da existência de alegações de fato cuja
resolução basear-se-á no conhecimento porventura haurido imediata ou
mediatamente através do documento ou da coisa; e (b) da pertinência do
meio proposto para essa finalidade, independentemente da pessoa (parte ou
terceiros) em cuja posse encontre-se a fonte da prova.

Em nenhum momento antes do deferimento da prova caberá ao juiz


aquilatar os pressupostos materiais genéricos das medidas de urgência – a
verossimilhança do direito à exibição e o perigo de dano iminente e
irreparável. Ao contrário: um e outro são irrelevantes. Eventualmente, o perigo
de desaparecimento da coisa ou do documento representará mero acréscimo
aventado na proposição do meio de prova, a emprestar-lhe colorido especial
destinado a persuadir o órgão judiciário a admitir a postulação. Tampouco o
juiz examinará, de ordinário, se a parte tem ou não direito próprio ao
documento ou à coisa na posse da contraparte ou do terceiro, bastando-lhe
que seja útil à formação da convicção e pertinente com o teor da alegação de
fato controvertida.
Em relação à prova documental, a pretensão à exibição caracteriza-se
pelo caráter compulsório, e, a fortiori, pelas consequências da não exibição –
a presunção de veracidade prevista no art. 400, caput. É presunção legal,
mas relativa: o juiz talvez entenda diversamente o fato probando, na
apreciação (livre) das demais provas, e o próprio conteúdo do documento ou
a coisa, todavia não exibidos, poderiam provar o contrário.

A exibição incidental é meio probatório autônomo, no direito brasileiro, em


virtude do já mencionado caráter compulsório da produção do documento e
da coisa. Dispondo as partes da fonte de prova indispensável à prova das
suas alegações de fato, ou dela se apropriando no âmbito da autonomia
privada, as coisas em geral, e os documentos em particular, são adquiridos
pelo processo por iniciativa voluntária de quem participa do processo. Ao
invés, encontrando-se a fonte da prova, particularmente os documentos, na
posse da contraparte, compreensivelmente relutante em cooperar com o
adversário, e de terceiro, por qualquer motivo reticente, há que existir
mecanismo de produção compulsória. A prova que surgirá da exibição
compulsória da fonte consiste no conhecimento adquirido pelo juiz do
conteúdo do documento ou da coisa. À semelhança de qualquer outro
mecanismo concebido para adquirir conhecimento, a exibição é passível de
falhas operacionais (v.g., o desaparecimento da fonte de prova). Em relação à
contraparte, a recusa sem motivo legítimo gera presunção de veracidade
desfavorável, mas relativa, prevista no art. 400, caput. Cuida-se de sucedâneo
do conhecimento direto do juiz em contato com a fonte da prova.

Não se mostraria correto ignorar que, em determinados casos, a exibição


compulsória do documento ou da coisa não permite ao juiz adquirir
imediatamente o conhecimento imprescindível para resolver a questio facti. É
muito comum que constitua etapa preliminar no emprego de outro meio de
prova. Assim, no caso de a parte controverter a autenticidade da assinatura
na escritura pública de compra e venda, lançada por hábil falsificador, ou o
suposto pintor contestar a autenticidade da pintura que lhe é atribuída, a
exibição do original afigura-se indispensável para a realização dos exames
(prova científica) que dirimirão a contenda. Em casos tais, a exibição assume
natureza instrumental, visando à aquisição de prova pré-constituída.7 Ela
propicia conhecimento mediato ao juiz. Porém, representaria flagrante
excesso limitar a exibição a esta finalidade e, ademais, situar a exibição no
contexto da prova documental.8 Às vezes, e comumente, a prova resulta do
conteúdo intelectual do documento (conhecimento imediato).

A localização dos arts. 420 e 421, como ocorria no direito anterior, revela
pouca firmeza na diretriz legislativa. Fitando o direito estrangeiro, a exibição
ou é tratada no âmbito da prova documental (v.g., os arts. 328 a 330 da Ley
de Enjuiciamiento Civil) ou recebe disciplina autônoma (v.g., os arts. 210 a
212 do Codice di Procedura Civile italiano). O direito pátrio tendeu a esta
última solução, mas abriu exceção no tocante à escrituração empresarial. Não
há justificativa plausível para tratar a exibição de livros comerciais na seção
dedicada à prova documental, porque se trata de simples caso particular da
pretensão incidental dos arts. 396 a 404.

Embora jamais assuma a natureza de medida cautelar, havendo urgência


(v.g., o termo final para preservar documentos fiscais aproxima-se, mas a
contraparte não os produz, abstendo-se de fornecê-los), a exibição incidente
representará modalidade de produção antecipada de prova, postulada e
processada fora da fase do procedimento comum em que predomina a
atividade de instrução (art. 381, I). Essa urgência não lhe retira,
absolutamente, a natureza satisfativa: a exibição satisfaz o direito à prova da
parte. E, além disso, a medida tramitará perante o órgão judiciário competente
para admitir a prova. Importa realçar que, com ou sem o elemento da
urgência, a parte tem pretensão à exibição, em determinados casos, perante
a contraparte, compelindo a esta a produzir prova contra seu próprio
interesse, e perante terceiro.

É a exibição de documento e de coisa o meio de prova adequado para o


juiz entrar em contato com a fonte de prova e adquirir conhecimento para
dirimir as questões de fato ou, subsidiariamente, dependendo a percepção e a
dedução de conhecimento especial, propiciar o uso de outro meio de prova
(perícia ou inspeção).

1.892. Fundamento da exibição incidental

Obra clássica aventou três problemas fundamentais da exibição,


respectivamente: (a) casos e condições em que a contraparte fica obrigada a
exibir documento para provar a alegação de fato do adversário; (b) casos e
condições em que o terceiro fica obrigado a exibir documento necessário à
prova das alegações de fato controvertidas em processo alheio; e (c) quais os
efeitos, para parte e terceiro, da falta de exibição.9 Os dois problemas iniciais
ferem, na realidade, o fundamento do dever de exibição.

Filiou-se o direito brasileiro à diretriz política inerente ao Estado autoritário


(aspirações dessa índole sempre marcaram a vida política do país) e
intervencionista na esfera privada, atribuindo a todos, genericamente, o dever
de colaborar ou de cooperar com o órgão judiciário na descoberta da verdade
(art. 378). O preceito seria acolhido como natural em regimes autoritários de
qualquer tendência política.

Fitando o dever de o terceiro “exibir coisa ou documento que esteja em


seu poder”, conforme estabelece o art. 380, II, a regra a instituição instituiu
“dever processual, geral (tanto para os sujeitos, quanto para os objetos),
público, correspondendo perfeitamente ao dever de testemunhar, e
prescindindo totalmente de relação direta e específica, de direito privado,
entre a pessoa que pede a exibição e o sujeito ou o objeto do pedido” (retro,
1.367).10 Ocioso frisar que com maiores e superiores razões a contraparte tem
dever idêntico, apesar da falta de menção específica no art. 379, porque
desdobramento do dever de obediência (retro, 1.366).

O dever geral da contraparte e do terceiro de facultar o acesso do órgão


judiciário à fonte de prova na sua posse é dado decisivo na interpretação
do ius positum. Existem limitações da lei material (v.g., quanto à escrituração
das empresas), mas a correta interpretação dos art. 399, I, c/c art. 402, levará
na devida conta a diretriz política geral. Ninguém se exime de cooperar na
descoberta da verdade e, salvo nos casos do art. 404, todos têm o dever de
exibir a fonte de prova, independentemente do fato de ter a ela aludido (art.
399, II) ou da natureza comum do documento (art. 399, III). No direito
argentino, por exemplo, a falta de disposição expressa fomentou
jurisprudência contrária, invocando o velho princípio de que ninguém é
obrigado a produzir prova contrária ao seu interesse (nemo tenetur edere
contra se).11

Embora o direito de exigir a entrega ou a apresentação do documento


formalmente aparentemente subordinar-se à previsão no direito substancial, a
teor do § 422 da ZPO (“… wenn der Beweisführer nach den Vorschriften des
bürgelichen Rechts die Herausgabe oder die Vorlegung der Unkunde
verlangen kann”), o sistema germânico tende à enunciação de análogo dever
genérico.12

Os poderes do órgão judiciário sofrem importante restrição no caso da


escrituração mercantil “integral” (art. 420). Verdade que discurso
ideologicamente tendencioso, fundado em princípios, ao fim e ao cabo rejeita
a limitação, mas a regra revela a admissibilidade da predeterminação de
limites, tutelando os direitos fundamentais.

1.893. Natureza da exibição incidental

Por intermédio do cotejo dos dados legislativos, conforme a pretensão à


exibição seja dirigida contra o adversário ou contra terceiro, visualiza-se
nitidamente a natureza conferida à exibição incidente de documento e de
coisa. Não há homogeneidade e as discrepâncias não se cingem aos efeitos
do acolhimento da pretensão.

Em relação à contraparte, o interessado em produzir prova para atestar a


veracidade das suas alegações formulará pedido (art. 397, caput; art.
400, caput), hipótese em que o juiz ordenará a intimação do “requerido” para
responder em cinco dias; no tocante ao terceiro, o juiz mandará citá-lo para
responder em quinze dias (art. 401) e proferirá decisão. Parece significativa a
modalidade da comunicação (intimação e citação). Assim, trata-se de
incidente – ou melhor, procedimento probatório –,13 no caso de exibição contra
a parte, e de pretensão autônoma (“ação”) contra o terceiro.14 A exibição
contra terceiro é “pequena demanda, a ação ad exhibendum, dentro da outra,
mas autônoma”.15 Não é aceitável atribuir natureza idêntica aos dois casos.16

Esse esquema derivou do CPC de 1973, revelando inspiração no direito


germânico: contra a parte, o interessado (Beweisführer) formula pedido de
exibição (Vorlegungsantrag ou Editionsantrag);17 contra o terceiro, tal pedido é
veiculado mediante ação (Klage).18 Segundo desdobramento defendido no
direito pátrio, na primeira hipótese ocorrerá cumulação de pedidos, in
simultaneo processu, sem “ação”.19 Resultado paradoxal e inexato: o que
pode ser pedido autonomamente, mas é pedido no processo pendente, não
muda de natureza por força desse dado acidental.

No direito espanhol, a exibição é objeto das diligências preliminares, mas


a tendência prevalecente nega a existência de processo.20

§ 390.º Objeto da exibição incidental

1.894. Objeto genérico da exibição incidental

Os arts. 396 e 401 declaram convergentemente que a exibição terá como


objeto documento ou coisa. E, realmente, a exibição visa à aquisição da fonte
da prova na sua consistência corpórea,21 propiciando conhecimento imediato
ou mediato ao juiz.

Os bens imóveis e as pessoas não constituem objetos idôneos no meio de


prova disciplinado na Seção VI do capítulo relativo às provas.

Consideram-se imóveis, conforme o art. 79 do CC, o solo e tudo quanto se


lhe incorporar natural ou artificialmente. Em princípio, imóveis por natureza
não podem ser ocultados eficazmente, bastando que sejam vistoriados para
conhecer-lhes a situação e o estado geral. Em lugar da exibição, portanto, a
parte interessada proporá perícia ou inspeção judicial para propiciar ao juiz o
conhecimento suficiente para dirimir as alegações de fato a partir desta fonte
de prova. Situações haverá que a vistoria, o meio pericial próprio dos imóveis,
revelar-se-á demorada ou custosa, bastando a simples inspeção, como nos
casos em que terceiro se obriga a pagar dívida através da dação do imóvel ou
o testador lega um imóvel, cabendo, todavia, ao legatário escolher um dentre
os vários que compõem o acervo hereditário (art. 1.929 do CC).22 Por
exceção, na pretensão prevista no art. 381, I, e havendo urgência, admitir-se-
á a exibição de imóveis, fundada no princípio da economia;23 na exibição
incidental, todavia, a inspeção satisfaz quaisquer necessidades probatórias.

A exibição de pessoa é impossível no sentido técnico e geralmente aceito


– para ver, conhecer e tocar. Em relação a menores e a incapazes, há outras
medidas de instrução idôneas para haurir conhecimento, inclusive a inspectio
corporis; entretanto, aí não se cuida de exibição, mas de perícia ou de
inspeção.

Feitas as exclusões intrínsecas ao objeto virtual da inspeção, passa-se ao


exame mais atendo do que cabe nesse meio de prova, realçando a disciplina
peculiar da escrituração mercantil, evidentemente simples espécie de
documento.

1.895. Exibição incidental de coisas móveis

Em relação às coisas móveis, incluindo semoventes de qualquer espécie e


porte (v.g., o cachorro feroz agressivo, que mordeu o autor da ação de
reparação de dano),24 as razões pelas quais a parte pleiteia-lhes a exibição
revelam-se facilmente compreensíveis. Se A reivindica de B o quadro do
pintor X, a exibição do quadro ensejará o deferimento de perícia, com o fito de
apurar tanto a autenticidade, quanto correspondência da pintura e as
fotografias do quadro fixado na parede da residência do autor A durante sarau
doméstico e da qual fora furtada por um dos convidados. Por igual, na
demanda em que A pede de B o reforço do penhor dado em garantia da
dívida Y, pode haver interesse em verificar-lhes o estado.

A exibição de coisa móvel talvez não forneça ao órgão judiciário


conhecimento direto que o habilite a resolver a questio facti. A ferocidade do
animal, o seu aspecto geral e outras características da espécie podem ser
objeto de juízo inferencial do juiz, valendo-se do quod plerumque fit;
entretanto, relativamente à autenticidade do quadro Y ou ao estado do objeto
do penhor, não valem as regras da experiência comum (art. 375), exigindo-se,
ao invés, conhecimento especial, o que implicará a realização da perícia.
1.896. Exibição incidental de documentos

Os arts. 396 e 401 cogitaram de documentos escritos. Ora, os documentos


são coisas móveis, descansando a explicitação no fato que estará em causa o
conteúdo intelectual do documento, e, não, ele próprio.25 Assim, pleiteada a
exibição do original da escritura pública na qual A vendeu a B o imóvel X, a
fim de apurar a falsidade da assinatura de A, exibir-se-á coisa, e, não,
documento.

Em sentido estrito,26 documento é o suporte (tábuas de barro ou de pedra,


metal, couro, palimpsestos, papel e qualquer material perene) que contém
signos gráficos em linguagem convencional, mas capazes de representar de
modo permanente fato que é externo ao seu próprio conteúdo.27 Não se
afigura imprescindível que a linguagem seja compreensível, pois há as que já
existiram, mas desapareceram da inteligência humana, e há as que nunca
foram compreendidas e têm origem desconhecida.

A fórmula do art. 396 é suficientemente elástica para abranger outras


espécies.28 Por exemplo, desenhos, plantas, gráficos, pinturas, e estátuas –
os chamados documentos monumentais – podem ser objeto de exibição.

Comporta exibição a base que reproduz som ou imagens, haja


necessidade ou não do uso de meios técnicos para conhecer esse conteúdo
(v.g., em video cassette recorder, ou VHS, que usa fita magnética, e no
atual digital versatile disc, ou DVD), e signos gráficos cuja revelação dependa
desses meios. Fotografias sobre base de papel ou armazenadas digitalmente
são documentos. Por esse motivo, a exibição dos arquivos do computador
pessoal (inspeção do hard drive) do réu é exibição de documento, e, não de
coisa móvel.

Os documentos escritos exigem ulterior distinção. Dá-se o nome de


instrumento ao documento escrito que exterioriza negócio jurídico. Dividem-se
em duas espécies: (a) instrumento particular; e (b) instrumento público.29

O instrumento público por excelência é a escritura pública. Esse


instrumento é produto da atividade notarial, cujos elementos, requisitos e
fatores se encontram disciplinados no art. 215 do CC, e integra a forma ad
substantia dos negócios jurídicos, salvo disposição em contrário (v.g.,
intervindo agente financeiro do sistema financeiro da habitação), que visem à
constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre
imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no
País. O original fica depositado no arquivo do notário. Chama-se “traslado” à
primeira cópia desse instrumento público. E os traslados e as certidões
textuais têm a mesma força probante do original (art. 217 do CC).

A característica primordial dos instrumentos lavrados pelo notário é o


caráter público. São acessíveis a todos, indistintamente, e passíveis de cópia
com força probante idêntica à do original, inexistindo necessidade de compelir
quem quer que seja à exibição. O tabelião e, a fortiori, a autoridade
administrativa têm o dever de fornecer certidão aos interessados. É um direito
fundamental previsto no art. 5.º, XXXIII, da CF/1988. Não há relutância do
lado dos notários. Ao contrário, o notário presta cooperação, empreendendo
buscas em seus livros, porque sua atividade é remunerada pelo interessado,
que arrecadará a prova que lhe aprouver sem recurso à autoridade judiciária.
É um pouco diferente perante a Administração Pública. A falta endêmica de
pessoal, impossibilitando buscas mais demoradas, a desconfiança que os
servidores civis e militares tributam aos particulares, e indevida invocação de
sigilo dos negócios públicos, inviabiliza a obtenção das cópias.

Seja como for, revelando-se necessário documento público na instrução


do processo, aplica-se a requisição do art. 438, e, não, o meio disciplinado
nos arts. 396 a 404.

Fora desse caso, há remédios processuais e outros mecanismos: (a)


o habeas data (retro, 44); (b) o art. 1.º, § 4.º, da Lei 4.717/1965 habilita o autor
da futura ação popular, bastando indicar essa finalidade, a requerer certidões
e informações das autoridades administrativas, que deverão ser fornecidas no
prazo de quinze dias, e utilizadas unicamente na instrução da ação popular
(art. 1.º, § 5.º, da Lei 4.717/1965), salvo a imposição de sigilo, em razão de
interesse público devidamente justificado (art. 1.º, § 6.º, da Lei 4.717/1965);
(c) o art. 6.º, § 1.º, da Lei 12.016/2009 autoriza o juiz, vindo a petição inicial
desacompanhada dos documentos públicos que a autoridade administrativa
recusou-se a fornecer, requisitá-los, marcando o prazo de dez dias, extraindo-
lhes cópia o escrivão. Esforço marcante buscou inverter a lógica perversa: o
art. 10 da Lei 12.527/2011 habilitou todo interessado a requer quaisquer
informações, e, ainda, obrigou os órgãos da Administração a tornar pública
em sítios destacados na internet a sua atividade, salvo o caso de sigilo.

Em princípio, o terceiro sujeito passivo do dever de exibição traçado no


art. 380, II, será o particular.30 É contra a pessoa natural ou a pessoa jurídica
com personalidade de direito privado que a parte deduzirá a pretensão do art.
396.

Razões diversas recomendam a abertura de exceções a esta diretriz


natural no tocante ao sujeito passivo da exibição.

Em primeiro lugar, parece flagrante que a escrituração das empresas


públicas será objeto de exibição nas mesmas hipóteses e condições das
empresas versadas, segundo o regime traçado nos arts. 420 e 421, a par de
outras disposições legais aplicáveis. Ademais, cópia e o traslado do
documento público talvez não bastem para os fins pretendidos pela parte a
quem incumbe o ônus da prova: controvertendo-se a autenticidade (ou a
própria identidade do subscritor) da assinatura, a exibição do original da
escritura pública é de rigor.

Essas exceções indicam que há de se admitir subsidiariamente a exibição


de instrumentos e documentos públicos, sem embargo da persecução penal
por desobediência à ordem judicial.31

1.897. Exibição incidental da escrituração empresarial

Das hipóteses de exibição da escrituração empresarial, e documentos do


arquivo do empresário, no todo ou em parte, ocupam-se os arts. 420 e 421.
Explica-se o destaque do assunto, todavia reconhecendo que o procedimento
é o traçado nos arts. 396 a 404, em virtude de os arts. 420 e 421 agasalharem
preceitos de direito substancial.32
A divulgação irrestrita dos registros contábeis e operacionais (na fórmula
clássica, “escrituração por inteiro”) das empresas suscita problema delicado e
contraria aspirações e práticas do mercado. O desenvolvimento dos negócios
depende e alimenta-se do segredo – por exemplo, há mais de um século o
titular da patente oculta a exata composição química de certo produto de
elevado consumo popular, e com êxito, protegendo-a com mecanismos
sofisticados e constantemente atualizados com a melhor tecnologia de
segurança. Eventual empresa concorrente balancearia os componentes em
graus distintos, promovendo a venda de similar, assim afetando as vendas do
rival mais antigo, bem como os participantes do mesmo segmento de
mercado haveriam de se comprazer com a divulgação dos pormenores dos
dados financeiros, a projeção de negócios, os investimentos programados, os
parceiros externos, os métodos de inserção no mercado estrangeiro, e assim
por diante.

Eis a razão por que, já na fase incipiente do capitalismo, o sigilo a respeito


dos negócios recaiu sobre a escrituração mercantil, ou seja, no tocante aos
livros obrigatórios ou facultativos nos quais o empresário registra as
operações sociais. Encampou a diretriz o art. 17 do CCo (Lei 556, de
25.06.1850),33 acompanhando o art. 14 do CCo francês, restringida
a communication dos livros obrigatórios.34 O art. 1.190 do CC declara que
nenhuma autoridade, juiz ou tribunal devassará tais livros para verificar se se
acham bem arrumados, ou seja, para verificar se observaram, ou não, as
formalidades legais e as técnicas contábeis recomendadas, salvo em proveito
do interesse coletivo ou fazendário.35

Não é por outro motivo senão o da tutela desse interesse empresarial que,
conforme exorta a Súmula do STF, n.º 260, eventual exibição de dados
limitar-se-á ao negócio litigioso (“O exame de livros comerciais, em ação
judicial, fica limitado às transações entre os litigantes”). É a fonte direta, já no
direito anterior, do atual art. 421.

Esses dados já permitem avaliar a dimensão do problema. No processo


civil, o art. 370, caput, atribui ao órgão judiciário poderes de instrução, em
princípio ilimitados, mas o respeito aos direitos fundamentais delimita o
respectivo exercício. Desse modo, a regra processual esbarra no art. 1.190 do
CC. Ora, segundo o art. 420, III, o juiz ordenará a exibição “quando e como
determinar a lei”. Essa norma de fechamento é, na verdade, norma de
abertura, como se entendia no direito anterior, abrangendo os dois primeiros
incisos do art. 381 e “qualquer outra disposição legal que enuncie caso de
exibição”.36 A inclinação nacional à transigência transparece na conjugação
dos dispositivos.

E há outra possibilidade digna de registro: a obrigação de o empresário


facultar ao terceiro, parceiro de negócios ou credor, o exame da escrituração
por inteiro.37

Exemplos dessa espécie de obrigação: (a) o empresário A segurou as


mercadorias armazenadas no depósito x com a seguradora B, e obrigou-se
em cláusula expressa a deixar o segurador inspecionar as mercadorias e os
livros; (b) ajuste preliminar para a aquisição da companhia X pela
companhia Y impõe à primeira desvelar sua real situação financeira e o
montante das operações, diligência que permitirá às partes pactuarem o preço
do controle acionário; (c) a empresa A locou a loja X no shopping
center administrado por B, estipulando o aluguel mensal em parte fixa e em
parte variável, esta calculada sobre o faturamento da filial em cotejo com o
resultado global da empresa.

Levanta-se em casos tais o sigilo que beneficia o empresário segundo a


velha máxima: invito non datur beneficium. Recusa em cumprir a obrigação
ensejará a pretensão à exibição incidental ou não.

Por outro lado, a vista da escrituração por inteiro pode decorrer do


exercício do poder de fiscalização conferido às agências reguladoras
governamentais e à Fazenda Pública. São hipóteses legais subsumidas ao
art. 420, III, as seguintes: (a) o art. 36, h, do Dec.-lei 73, de 21.11.1966,
submeteu a escrituração das seguradoras à fiscalização do órgão regulador;
(b) o art. 4.º da Lei 4.728, de 14.07.1965, submeteu os livros das empresas de
banco ao crivo do Banco Central; (c) o art. 7.º, IX, da Lei 8.884/1994 autoriza
ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE a requisitar
informações e outros dados, preservando-lhes o sigilo, com o propósito de
subsidiar suas investigações.38 Em todas essas hipóteses, medra o interesso
público: o regular funcionamento de bancos, seguradoras e a manutenção da
livre concorrência interessam à sociedade. A previsão legal desestimula, a
priori, a resistência do empresário, evitando ingresso na via judicial.

Também o interesse patrimonial da Fazenda Pública desvela o sigilo


natural às operações empresariais. A abertura dos livros e da escrita pelos
agentes fiscais das pessoas jurídicas de direito público é rotina na vida das
empresas. Assim, (a) o art. 185 do CTN, secundado pela Súmula do STF, n.º
439 – “Estão sujeitos à fiscalização tributária ou previdenciária quaisquer
livros comerciais, limitado o exame aos pontos objeto da investigação” –
submete ao exame dos fiscais os livros dos comerciantes, industriais,
produtores e contribuintes de um modo geral; (b) o art. 33, § 1.º, da Lei 8.212,
de 24.07.1991, submete ao exame do Instituto Nacional de Previdência Social
(INSS) e da Receita Federal a contabilidade da empresa. Não há, pois,
necessidade de postular em juízo da inspeção da escrituração por inteiro.

Fora dessas hipóteses de exame administrativo compulsório, o art.


1.191, caput, do CC autoriza o juiz a abrir os livros e papéis da empresa,
integralmente, para fins probatórios, versando a causa: (a) sucessão; (b)
comunhão ou sociedade; (c) administração; (d) gestão à conta de outrem, e
(e) falência.

Impende, entretanto, preliminarmente esclarecer, e desde logo, as


seguintes questões: (a) a natureza exemplificativa, ou taxativa, do art. 420, I e
II, c/c art. 1.191 do CC; (b) o âmbito do litígio; e (c) o aspecto material da
exibição.

1.897.1 Caráter exemplificativo dos casos de exibição integral – É corrente


a interpretação do caráter taxativo do catálogo do art. 1.191, caput, do
CC.39 Recai completo sigilo, como regra, sobre os livros obrigatórios mantidos
e arrumados pelo empresário, sendo as exceções estipuladas
expressamente. Na prática, a concentração de poderes do órgão judiciário
ignora semelhante diretriz legislativa. Assim, julgado do STJ declarou que o
sigilo comercial “não é absoluto a ponto de impedir uma investigação judicial
quando a prova, como no caso, tem que ser esgotada para atender a uma
justa e convincente pretensão posta em juízo, necessária para esclarecer o
juiz em todos os pontos”.40

É preferível a orientação contrária, sem embargo da interpretação


adequada das hipóteses de admissibilidade da exibição dos livros por inteiro,
emprestando-lhes maior ou menor campo de incidência.41

1.897.2. Iniciativa da parte na exibição integral – À semelhança do direito


anterior, o confronto do art. 420 e do art. 421, este prevendo a exibição
parcial ex officio, aquele não, indica que a exibição integral subordina-se à
iniciativa da parte.42 Os dados do processo legislativo do CPC de 1973
reforçam o entendimento. Emenda legislativa, incluindo cláusula similar
quanto à iniciativa oficial, acabou rejeitada.43

Esse entendimento abstrai os poderes de instrução do juiz, apanágio do


viés social do processo civil (art. 370, caput), na perspectiva da direção
material do processo. A possibilidade de o juiz ordenar a exibição integral, ex
officio, era aceita perante regra similar (art. 117 do CPC de 1939) do primeiro
código unitário.44 A orientação hoje adotada, correta e incensurável na
ponderação dos interesses em jogo, tende a ceder ao ativismo judicial.

1.897.3. Âmbito subjetivo da exibição integral – Em relação à exibição


parcial, a Súmula do STF, n.º 260, limita a vista dos livros relativamente às
“transações entre os litigantes”, sem dúvida fiel à lição que “a qualidade de
litigante no dono dos livros é indispensável para a exibição parcial”.45 Por esta
fórmula, e exceção feita aos corretores que são depositários de documentos
comuns, o credor do sócio não pode pleitear a exibição (parcial) dos livros da
sociedade, operando o dever de exibição entre os figurantes do negócio.46

Dessa limitação não se ocupou o art. 421, razão por que ficou superada.
Em certa oportunidade, na ação de reparação de dano movida por A contra B,
o autor pleiteou a exibição parcial dos livros da empresa de
telecomunicações, visando a produzir prova que a inserção de sua imagem na
propaganda solicitada por C gerou lucro à emissora, e o STJ admitiu tal
pretensão “civil e específica”.47

Esta restrição subjetiva já superada pelo art. 421 não se aplica, de


qualquer modo, na exibição integral. Vários fundamentos autônomos e
distintos apontam em tal sentido: (a) o art. 19 do CCo aludia, expressis verbis,
aos “livros, ou de qualquer ou de ambos os litigantes”, fórmula reproduzida no
art. 1.191, § 1.º, do CC no mesmo contexto, registrando-se que a cláusula
quanto à iniciativa oficial respeita à presença do dono do livro; (b) o art. 380,
II, atribuiu aos terceiros, em geral, o dever de exibição; (c) o procedimento
contra o terceiro (arts. 401 a 403) também incidirá perante o empresário não
litigante.48 E, sobretudo, é da natureza das coisas que a empresa seja terceiro
em determinadas causas, a exemplo dos litígios envolvendo sucessão causa
mortis. Foi o que decidiu o STJ, em hipótese em que os litigantes ajustaram
questões relativas aos bens deixados pelo falecido, pleiteando a exibição dos
livros.49

1.897.4. Forma da exibição integral – Apresentados os livros, registros e


outros documentos da empresa, digitalizados ou não, faltarão conhecimentos
técnicos às partes e ao próprio juiz para examiná-los, exceto em casos mais
simples. A arrumação dos livros do empresário obedece a técnicas seculares
e privativas dos iniciados. Ler o balanço da empresa, por exemplo, reclama
conhecimentos especiais, nem sequer advogados dominam o tema. Por
conseguinte, a mais das vezes a exibição da escrituração mercantil, inclusive
com a cautela do art. 1.191, § 1.º, do CC, servirá de meio para realizar perícia,
competindo ao experto explicar aos profanos “o que observou na escrita e o
que conseguiu apurar relativamente à controvérsia”.50

O empresário não se encontra adstrito a transportar os livros à sede do


juízo, devendo a exibição processar-se “onde os livros e documentos de
arquivo estão sob sua guarda”,51 sem depósito em cartório. Dispõe o art.
1.191, § 2.º, do CC: “Achando-se os livros em outra jurisdição, nela se fará o
exame, perante o respectivo juiz”.

Compreende-se que assim seja intuitivamente. Os livros são atualizados


diariamente e, além disso, submetem-se à fiscalização compulsória dos
agentes fiscais, não podendo o juiz despojar o empresário dos seus livros,
precipitando virtual paralisação da empresa. Além disso, como sublinhado, o
exame em si da escrituração é feito por perito, o qual extrairá deles cópia dos
itens que interessar ao litígio.

1.897.5. Casos de exibição integral – Da articulação do art. 420, I a III, e


do art. 1.191, caput, do CC, depreende-se que a exibição incidental da
escrituração empresarial por inteiro acontecerá nos litígios que versarem: (a)
sociedade; (b) sucessão; (c) comunhão; (d) administração; (e) gestão à conta
alheia; (f) falência ou recuperação.

1.897.5.1. Exibição incidental em caso de sociedade – No que tange à


enumeração do art. 1.191, caput, do CC, logicamente precede o direito de o
sócio inteirar-se do andamento dos negócios sociais (art. 1.021 do CC) e,
havendo recusa do administrador, requerer a exibição integral em juízo.

Não importa para essa finalidade o tipo social (v.g., sociedade em nome
coletivo, em conta de participação, por quotas de responsabilidade limitada,
em comandita simples). Cuidando-se de sociedade por ações, o art. 105 da
Lei 6.404/1976 subordina a exibição a dois requisitos: (a) pedido de acionistas
que representem cinco por cento do capital, percentual que, nas companhias
abertas, a Comissão de Valores Mobiliários poderá reduzir em função do
capital social, a teor do art. 291 da mesma lei; (b) indicação no pedido dos
atos violadores da lei e dos estatutos, ou “suspeita fundada” da prática de
irregularidades graves pelos órgãos da companhia, dispensada, pois,
prova prima facie dessas irregularidades.52

1.897.5.2. Exibição incidental em caso de sucessão – A sucessão


compreende a transmissão de bens a título singular, por negócio jurídico, ou a
título universal,mortis causa, envolvendo tanto pessoas naturais, quanto
pessoas jurídicas.

Tem direito à exibição da escrituração por inteiro o sucessor a título


universal. Proceder-se-á à apuração de haveres, no caso de morte do sócio,
no processo de inventário, e para esse fim talvez seja imprescindível a
exibição integral dos livros, salvo no caso das companhias. O sucessor a título
singular tem direito à exibição parcial, no que concerne à parte que interessa
à solução do litígio, salvo no caso de legatário, abrangendo o legado a própria
empresa.53

1.897.5.3. Exibição incidental em caso de comunhão – A participação


societária pode ser objeto de comunhão, a título singular – a sucessão
universal por morte já recebeu análise no item precedente –, ou por força de
casamento, conforme o regime patrimonial, e de união estável entre o sócio e
outra pessoa.

Em casos de dissolução forçada do casamento ou da união estável,


banalizou a pretensão do cônjuge e do companheiro almejando a apuração do
quinhão do parceiro na sociedade (por óbvio, não é o caso das companhias
abertas, em que a avaliação realiza-se pelo valor de mercado de cada ação),
inteirando-se da totalidade da escrituração.

Do ponto de vista da empresa, semelhante pretensão traduzirá flagrante


intromissão em seus negócios, fonte de perturbações e de perigos perante os
concorrentes. Não raro este é o objetivo oculto do autor da medida: pressão
indireta sobre o antigo parceiro, visando acordo patrimonialmente vantajoso.
Tirante a distorção, que o juiz consciencioso saberá controlar, inexiste dúvida
de que eventual medida antecedente assegurará prova e, pendendo a causa,
a exibição incidente tem cabimento. No entanto, o juiz determinará as
cautelas do art. 1.191, § 1.º, do CC, c/c art. 421 do NCPC, designando
experto para examinar os livros e deles extrair o que interessar à prova das
questões de fato controvertidas (v.g., o valor das retiradas mensais do sócio-
gerente).

A comunhão pode se caracterizar em outras situações. Lembra-se, ao


propósito, o direito de o empregado participar dos lucros da empresa,
reconhecendo-se seu direito de exibição integrar para apurar o que lhe é
devido a esse título.54

1.897.5.4. Exibição incidental em caso de administração – O mandatário é


o principal interessado na exibição da escrituração por inteiro no caso de
“administração” previsto no art. 1.191, caput, do CC. Em geral, essa
pretensão é incidente da demanda em curso (v.g., a prestação de contas).55

1.897.5.5. Exibição incidental em caso de gestão à conta de outrem –


Encarregando-se o empresário da gestão do negócio alheio, desprovido de
representação, em geral conferida por mandato, tem cabimento a exibição por
inteiro. A providência não tem finalidade prática, na forma antecedente,56 de
ordinário processando-se incidentalmente à demanda em curso (v.g.,
prestação de contas).

1.897.5.6. Exibição incidental em caso de falência ou concordata – É


dever do administrador judicial, na recuperação e na falência, “dar extratos
dos livros do devedor, que merecerão fé de ofício, a fim de servirem de
fundamento nas habilitações e impugnações de crédito” (art. 22, I, c, da Lei
11.101/2005), ademais de juntar à sua manifestação na impugnação à
habilitação de crédito “todas as informações existentes nos livros fiscais e
demais documentos do devedor acerca do crédito” (art. 12, parágrafo único,
da Lei 11.101/2005). Descurando esse dever, o credor poderá reclamar ao
juiz, que ordenará o suprimento da falta. Não há, pois, necessidade de
pleitear a exibição de parte da escrituração mediante demanda incidente.

§ 391.º Procedimento da exibição perante contraparte

1.898. Momento da exibição incidental perante contraparte

O procedimento probatório divide-se em várias fases propícias à


formulação do pedido de exibição incidental contra o adversário. E, como sói
ocorrer em casos análogos, interessa fixar, em primeiro lugar, o termo final.

Ressalva feita à iniciativa oficial, cabível em decorrência dos termos


inequívocos do art. 396 (“O juiz pode ordenar que a parte exiba documento ou
coisa…”), e a qualquer momento e grau de jurisdição, o termo final da
iniciativa da parte é o momento da proposição dos meios de prova. Em geral,
o juiz ordena às partes a proposição antes de proferir a decisão de
saneamento, na audiência preliminar (art. 357, § 3.º) ou por escrito (art. 357,
II), reforçando a especificação da petição inicial (art. 319, VI) e da contestação
(art. 336, in fine). Razões louváveis recomendam semelhante prática: um ou
mais de um meio de prova, inicialmente antevistos como imprescindíveis à
produtiva atuação de acordo com a regra de conduta do art. 373, I a II – a
decisão de saneamento e organização do processo é o momento propício
para alterá-la –, talvez haja se tornado supérfluo após o ato postulatório da
contraparte. Problema diverso consiste na eventual preclusão do meio de
prova no caso de as partes não acudirem a esta oportuna e econômica
determinação do juiz (retro, 1.332).

A iniciativa oficial não se subordina a qualquer interregno predeterminado.


Pode acontecer de o juiz, encerrada a instrução e realizado o debate das
partes – oralmente ou por escrito –, entenda insuficiente o conjunto das
provas, e ordene a exibição com base no art. 196. Essa faculdade estende-se,
interposta a apelação, ao órgão ad quem, por decisão do relator ou do colégio
julgador. Tem idêntico cabimento nas ações de competência originária do
tribunal.

Fica subentendido, relativamente à iniciativa das partes, o cabimento do


pedido de exibição incidental desde o momento dos atos postulatórios
principais. Em se tratando de terceiro interveniente, a exemplo do assistente
(intervenção espontânea) e do chamado em garantia (intervenção provocada),
a iniciativa afigura-se admissível, tocando ao juiz examinar-lhe a pertinência, a
partir do momento em que admitido o meio de intervenção. Por exemplo, na
ação em que A reivindica de B o imóvel alienado a este por C, e feito o
chamamento em garantia de C, o chamado nega a responsabilidade
decorrente de eventual evicção, porque assim pactuado em documento na
posse de B. É manifestamente cabível o pedido de exibição de C perante B,
segundo o entendimento prevalente que visualiza a inserção, in simultaneo
processu, da pretensão regressiva.

O pedido de exibição formulado perante uma das partes na causa


pendente pode (e deve) ser feito na oportunidade da especificação das provas
e, formalmente, no respectivo ato postulatório, ou seja, na petição inicial (art.
319, VI) e na contestação (art. 336, in fine). É claro que, havendo urgência, ou
almejando a futura parte conhecer a prova, a fim de orientar-se conforme ao
direito, caberá postulação ante causam, mediante o exercício de pretensão
autônoma e a formação de autos próprios. Não é esta, porém, a questão
aventada, mas a da forma e do seu reflexo no momento do pedido.

No tocante à exibição incidental perante a contraparte, entretanto, o


pedido cria apenas incidente processado nos autos principais e resolvido
mediante decisão, conforme revela o emprego do verbo “decidir” no art. 400,
parte inicial. Nada impede que, observados os requisitos formais, adiante
analisados, a exibição seja proposta, através de pedido específico, na petição
inicial e na contestação, e, a fortiori, no ato em que o terceiro intervém no
processo, tornando-se parte. A opinião em contrário baseia-se na
inconveniência dessa espécie de cumulação imprópria.57 Ora, os incidentes
autônomos são objeto de disposição explícita e o NCPC a eles tributou
ojeriza; e, de resto, a exibição produzir-se-á na fase em que predominará a
atividade de instrução, quiçá antes da audiência de instrução. Não há
qualquer entrave à marcha do processo. A autuação apartada mostra-se
conveniente no exercício da pretensão contra terceiro.58 Admite-se o pedido
de exibição contra uma das partes (aliter, quanto ao terceiro) no ato
postulatório principal (petição inicial e contestação).

1.899. Pedido de exibição incidental perante contraparte

O art. 397, caput, disciplina o pedido formulado pela parte contra o


adversário. Em tal regra, “pedido” assume sentido genérico, traduzida como
petição ou requerimento,59 pois a exibição perante a contraparte é meio de
prova que, gerando incidente típico, culminará com a emissão de decisão (art.
400, caput). A fonte de inspiração da terminologia é o § 421 da ZPO alemã,
que alude a pedido (Antrag), chamado de Vorlegungsantrag ou
de Editionsantrag.60 Esse pedido suscita problemas específicos: legitimidade,
competência, forma e conteúdo da petição.

1.899.1. Legitimidade ativa e passiva no pedido de exibição incidental


entre partes – Legitimam-se a pleitear a exibição incidental de documento ou
de coisa, e responder ao pedido, quem figura como parte na causa pendente.
A legitimidade ativa e a passiva exigem distinções relevantes em tema de
exibição.

1.899.1.1. Legitimidade ativa na exibição incidental entre partes – Em


virtude do princípio da comunhão (retro, 1.356), segundo o qual o processo
adquire a prova (art. 371), abstraído o sujeito que a produz e
independentemente da iniciativa concorrente das partes e do órgão judiciário,
assim formando-se acervo comum, a legitimidade ativa na exibição mostra-se
amplíssima. Legitimam-se, ativamente, as partes principais (autor e réu), as
partes auxiliares e a parte coadjuvante.61

Em relação à parte coadjuvante, calha observar que o art. 179, II, parte
inicial, autoriza o Ministério Público a produzir provas, fórmula que contempla
a exibição. A posição do amicus curiae equipara-se, nesse aspecto, à do
assistente. A parte auxiliar “exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos
mesmos ônus” do assistido. O assistente e o amicus curiae não afirmam fatos
ou, se os alegam, tais fatos não integram o objeto litigioso, mas usufruem de
irrestrita iniciativa na proposição de meios de prova. Logo, legitimam-se,
ativamente, a pleitear a exibição.
É excessivamente óbvio que o interesse na exibição e, conseguintemente,
a legitimidade ordinária recai sobre “quem tiver de produzir prova”.62 Daí não
se infere óbice demais participantes do processo, gravados ou não com o
ônus de provar a alegação de fato controvertida, não se legitimem a requerer
a exibição. A todos interessa, sem exceção, que a resolução da questio
facti corresponda à verdade nos limites do humanamente possível.

1.899.1.2. Legitimidade passiva na exibição incidental entre partes – A


legitimidade passiva descansa em dois universos distintos: (a) a posição de
parte; (b) a posse ou detenção da fonte da prova. O primeiro determina, em
abstrato, quem figurará como requerido na exibição. O segundo indica, em
concreto, quem será o requerido.

Em primeiro lugar, a legitimidade passiva espelha a ativa. Inexistindo


correspondência entre a origem da alegação de fato controvertida e o autor do
pedido de exibição, tampouco o possuidor do documento ou da coisa a ser
exibida há de ser a pessoa perante a qual o requerente almeja produzir
determinado efeito jurídico subordinado à resolução da questão de fato
beneficiada pela prova. É arbitrário pré-excluir o pedido de exibição perante
litisconsortes63 e os assistentes (que se tornam pela intervenção
partes).64 Essas hipóteses se transformariam em pretensões contra terceiros
procedimentalmente, porque, entre nós, partes e terceiros têm o dever de
exibição, e tal formalismo revela-se supérfluo e contraproducente: por
exemplo, em lugar da simples intimação de quem já figura como parte, na
pessoa do advogado, a tese implica na realização de citação (art. 401) por um
dos meios admissíveis (art. 246). Razão bastante para entender legitimado
passivo no pedido de exibição, disciplinado nos arts. 396 a 400, quem figura
como parte no processo.

Objeção digna de registro avulta no principal efeito decorrente do


acolhimento da exibição – a presunção de veracidade do art. 400. Deduzida a
pretensão à exibição pelo autor A, na ação de despejo movida contra B, mas
contra C, o sublocatário que ingressou no processo como assistente do réu,
visando à apresentação do instrumento contratual em que C obrigara-se a
desfazer benfeitorias necessárias, a presunção de veracidade, em
decorrência da inércia ou da recusa injustificada de C não beneficiaria em
qualquer sentido ao autor. Conquanto real o problema, e inoperante a
presunção de veracidade, inexiste motivo para deslegitimar o assistente,
submetido à medida sub-rogatória do art. 403, igualmente aplicável às partes.

O Ministério Público, como parte principal e parte coadjuvante, usufrui dos


mesmos poderes das partes no processo. Não é possível pré-excluir a
legitimação passiva do Ministério Público. Figurando como parte principal na
ação civil pública movida contra B, concebe-se que o réu pleiteie a exibição
do inquérito formado perante C, e no qual houve a apuração da inexistência
de dano ambiental na mesma atividade exercida por B. É mais difícil arquitetar
situação prática em que o Ministério Público seja obrigado a produzir
compulsoriamente prova em processo no qual figura como parte coadjuvante,
mas inexiste impedimento teórico.

A exceção previsível, no caso do Ministério Público e, genericamente, das


pessoas jurídicas de direito público, repousa no meio de prova atípico: a
requisição de informações (retro, 1.846). Em lugar da exibição, figurando
como parte a Administração Pública, em geral, e, a fortiori, como terceiro,
relativamente ao litígio, o juiz requisitará, na forma do art. 438, as certidões
cabíveis e eventuais procedimentos administrativos de interesse, facultando
às partes as reproduções adequadas, na forma do art. 438, § 1.º. Por sinal, as
partes têm o direito fundamental à certidão, convolado em direito geral à
informação (art. 10 da Lei 12.527/2011). A exibição tem cabimento,
supletivamente, havendo recusa de a pessoa jurídica de direito público
fornecer certidões às partes (v.g., sob a alegação de sigilo).65

Ademais, concretamente a legitimidade passiva na exibição incidente


define-se pela posse ou detenção da fonte de prova.66 A alegação do
requerido que não detém a fonte de prova é uma das defesas admissíveis na
exibição perante a contraparte (art. 398, parágrafo único, in verbis: “Se o
requerido afirmar que não possui o documento ou a coisa…”) e, a fortiori,
contra o terceiro (art. 402, in verbis: “Se o terceiro negar… a posse do
documento ou da coisa, o juiz…”).

1.899.2. Competência no pedido de exibição incidental – A parte


endereçará o pedido de exibição incidental ao juízo da causa. É a este juízo
que incumbe admitir ou não os meios de prova propostos ou ordenar, ex
officio, a produção de provas. Deferida a exibição, localizando-se o
documento ou a coisa em outra comarca ou seção judiciária, o juiz da causa
valer-se-á da modalidade cabível de cooperação nacional, precatando,
ordenando ou rogando o cumprimento da medida.67

1.899.3. Requisitos gerais do pedido de exibição incidental – O


requerimento a que alude o art. 397, caput, atenderá aos requisitos gerais do
art. 319. É admissível a parte requer a exibição oralmente, na audiência
preliminar, ou por escrito, através do seu advogado.68 A procuração geral para
o foro é suficiente (art. 105). O legitimado ativo endereçará o requerimento ao
juiz da causa, identificando o requerido dentre os legitimados passivos e,
principalmente, formulando o pedido de exibição, mediante a cominação de
produzir-se o efeito previsto no art. 400, caput ou, subsidiariamente, a busca e
apreensão e demais medidas do art. 403, parágrafo único. A parte instruirá o
requerimento com a prova documental que indique a existência e a posse do
objeto da exibição. Fora daí, o art. 397 institui requisitos especiais.

1.899.4. Requisitos especiais do pedido de exibição incidental – O art.


397, I a III, estipula os requisitos especiais do pedido de exibição incidental de
documento ou de coisa. Esses requisitos individualizam a pretensão à
exibição e, ao menos no caso da finalidade da prova pretendida com a
exibição, tem importância capital para o juiz realizar a inferência cogitada no
art. 400, caput, presumindo a veracidade da alegação de fato controvertida.
São os seguintes (art. 397): (a) a individualização, tão completa quanto
possível, do objeto da exibição (inc. I); (b) a finalidade da prova, relativamente
às alegações de fato (inc. II); e (c) as circunstâncias do convencimento do
autor de que o objeto da exibição existe e encontra-se na posse do réu (inc.
III).

Não importa a posição da parte (autor ou réu). É possível que a iniciativa


seja do réu, visando à prova de exceção ou de objeção substancial (v.g., o
recibo de pagamento), e até a irregularidade da representação orgânica (v.g.,
a última ata da companhia X, que outorgou poderes de representação ao
diretor A, e, não, ao diretor B).

1.899.4.1. Individualização do objeto da exibição – A individualização


cabal do documento ou da coisa, prevista no do art. 397, I, prende-se à
intuitiva necessidade de precisar o objeto mediato do pedido. Impede a
devassa e com tal objetivo também é exigida no discovery de physical
objects.69 Eventualmente, o requerido acudirá à intimação, desde logo
exibindo o documento ou a coisa, porque entende que resultará elemento de
prova a favor das suas alegações, e para essa finalidade impõe-se que
conheça, prévia e precisamente, o que deverá exibir em juízo. O requerido
empregará esse conhecimento que a petição lhe trará para apresentar defesa,
alegando, por exemplo, que não se trata do documento que deve exibir por
imposição legal (art. 399, I), cuida-se de outro, e, não, o mencionado em ato
postulatório anterior (art. 399, II), e não é documento comum às partes (art.
399, III).

O requerente se desincumbe do ônus previsto no art. 397, I,


individualizando a coisa (v.g., a escultura x) e o documento (v.g., o
instrumento particular da promessa de compra e venda do imóvel X,
entre A e B). As coisas genéricas também necessitam de individualização. A
finalidade primacial da exigência é esta: individualizar para tornar certo o
objeto que incumbe ao réu exibir.70

O juiz nortear-se-á pelos fins do art. 397, I, no controle da do


requerimento. Nem sempre o requerente encontra-se habilitado a
individualizar plenamente o objeto da exibição.71 A indicação genérica (v.g., a
conta de poupança de B na empresa de banco C) deve ser encarada com
largueza, sem perder de vista o objetivo maior de conhecer o objeto.

O requerente indicará elementos internos e externos que individualizem o


objeto da exibição.72 O art. 217, I, do CPC de 1939 aludia à “designação do
documento”, o que é um traço externo distintivo dos mais relevantes, mas
insuficiente. Exemplos: (a) a promessa de compra e venda do imóvel x; (b) a
estátua de bronze de um cavalo, assinada por C. Esses dados triviais já
permitem separar o objeto da exibição de outros instrumentos particulares e
de outras esculturas em poder do réu.

Os elementos internos complementam a individualização e, sendo


possível indicá-los, dissipam quaisquer dúvidas. Exemplos: (a) a promessa de
compra e venda do imóvel x, firmada entre A e B, na data tal; (b) a estátua de
bronze de um cavalo, assinada pelo escultor A, em tal data. Por vezes, não há
necessidade de indicação tão precisa, valendo-se o requerente de dados
aproximativos. Por exemplo, almejando a exibição parcial da escrituração da
empresa, basta-lhe indicar que lhe interessa a aquisição do bem x em
determinado ano. Esses dados já permitem ao contador localizar o registro do
negócio.

Essas considerações deixam visualizar a importância de o proponente do


meio de prova produzir início de prova documental na exibição. Dispondo de
fotografia da estátua, ou havendo a contraparte aludido ao documento em
manifestação anterior na imprensa, embora sem o intuito de produzir prova
(art. 399, II), cumpre reunir prova desses fatos auxiliares da individualização.
À semelhança do que ocorre na exibição antecedente e cautelar, a
exigência do art. 397, I, revela-se assaz relevante. Figure-se a hipótese de o
antigo correntista pleitear a exibição de extratos bancários correspondentes
ao ano de 1990 e relativas à conta de poupança mantida na instituição.
Faltando indicações mais precisas, como o número da conta e o presumível
saldo dessa conta corrente, em determinada data, acompanhada de início de
prova (v.g., extrato parcial), o juiz não logrará extrair consequências úteis ao
requerente da pura e simples falta de apresentação do documento. E não se
pode presumir má fé do requerido. Esses documentos são guardados por
interregnos pequenos – últimos cinco anos – e os registros de base virtual
desaparecem facilmente ou são infensos à leitura do programa
contemporâneo.

À falta de individualização, o juiz não poderá aplicar a presunção cogitada


no art. 400, caput, e, havendo omissão completa, mandará o requerente
completar o pedido, indeferindo-o caso persista a omissão voluntária ou não.

1.899.4.2. Interesse na exibição do documento ou da coisa – É ônus do


proponente do meio de prova mencionar a finalidade probatória, “indicando os
fatos que se relacionam com o documento ou com a coisa” (art. 397, II).

Não é difícil, na exibição incidente, o requerente se desincumbir desse


ônus. Basta-lhe arrolar as alegações de fato controversas, em razão do
debate travado na causa, e a pertinência do documento ou da coisa para o
convencimento do órgão judiciário. A admissibilidade da exibição, nessa
hipótese, prende-se à existência de questões de fato passíveis de prova.73 Do
contrário, a exibição é inútil ou – pior – procrastinatória, incumbindo ao juiz
indeferi-la de plano (art. 370, parágrafo único). É aí que avulta o chamado
interesse na exibição.74

A finalidade probatória é intrínseca à exibição incidente, dispensando


indicações explícitas; por exemplo, o réu B pretende a exibição do recibo x,
em poder do autor A, a fim de provar o pagamento. A exibição já implica a
prova pretendida ou, não ocorrendo exibição voluntária – hipótese antevista
no art. 400, I (se “o requerido não efetuar a exibição …”) –, a presunção de
veracidade da alegação de pagamento.

Ocioso frisar a capital importância de o requerente explicitar a alegação de


fato que pretende provar por intermédio do documento ou da coisa,
diretamente (v.g., o recibo de pagamento) ou indiretamente (v.g., a falsidade
da assinatura da declaração). É pressuposto de incidência da presunção de
veracidade prevista no art. 400,caput.

Não é necessário que a fonte de prova perseguida na exibição seja


decisiva, ou seja, prova que determinará a sorte da demanda. Essa exigência
é comum em outros ordenamentos.75 Entre nós, basta que o documento seja
útil.

1.899.4.3. Indicação da existência e da posse do documento ou da coisa –


Por fim, o art. 397, III, reclama a exposição das circunstâncias que induzem o
requerente a afirmar que o objeto da exibição existe e encontra-se em poder
do requerido. É imperativo alegar e, desde logo, ministrar elementos
probatórios em ambos os sentidos. O pedido de exibição desguarnecido
desse início de prova corre o grave risco de não produzir resultados frutíferos,
ante a alegação do requerido que o objeto não existe ou não se encontra na
sua posse E avulta a circunstância que o art. 398, parágrafo único, grava o
requerente com o ônus de provar a posse do requerido, e, a fortiori, a
existência do objeto. Essa regra é, todavia, passível de modificação (art. 373,
§ 1.º).

Figure-se a hipótese de o autor A pretender que a instituição financeira B a


exibição dos extratos da conta de poupança x no período compreendido entre
1996 e 1997, alegação desacompanhada de qualquer prova da existência e
da abertura da conta no banco B. O ônus da prova desses fatos incumbe ao
autor, a teor do art. 398, parágrafo único, regra redundante, mas útil. Faltando
essa disposição, o juiz inclinar-se-ia a inverter o ônus da prova, demonizando
a instituição financeira, e, assim, gravando o réu com prova impossível – a de
que o autor jamais integrou o rol dos seus clientes, incidindo tal decisão no
veto do art. 373, § 2.º. A apresentação do rol dos correntistas, ou de cópia da
declaração de imposto de renda do autor, em que informou ao Fisco o saldo
da conta em 1996, resolverá satisfatoriamente o problema. Se o autor não
dispõe de qualquer elemento probatório, mostrar-se-ia precipitado o
indeferimento liminar da exibição, pois o réu talvez apresente os documentos.
Porém, sobrevindo negativa do banco B, e nenhuma prova sendo produzida
por A, cabe ao juiz julgar improcedente não a exibição incidente em si, mas o
pedido de A perante B (v.g., pagamento de diferenças de remuneração).

1.899.5. Controle do requerimento de exibição incidental – O pedido de


exibição submete-se ao controle do juiz da causa. Ressentindo-se o
requerimento de defeito formal, a exemplo da omissão de um dos requisitos
especiais do art. 397, I a III, o juiz assinará o prazo de quinze dias, antes de
indeferi-lo.76 Em termos tais, o juiz admitirá, ou não, o meio de prova. Não se
cuida, absolutamente, de ato discricionário, como defendido no direito
italiano,77 mas vinculado ao preenchimento dos pressupostos legais (v.g.,
legitimidade e interesse) e à correlação entre a eficácia do meio e a resolução
da questio facti, ou seja, ao tema da prova. É nesse aspecto que recairá a
ênfase da decisão. Em certa oportunidade, o STJ afirmou que a quantidade
dos documentos pretendidos não constitui óbice à sua exibição,
sobrelevando-se o fato de encontrarem-se indicados por natureza e por
período.78

O ato decisório que admite ou rejeita o pedido de exibição constitui


decisão interlocutória e é passível de agravo de instrumento (art. 1.015, VI),
vez que o provimento produzirá prejuízo irremediável sendo revisto
posteriormente (v.g., a destruição do documento no interregno). É bom
recordar que ao órgão ad quem, no sistema recursal pátrio, incumbe revisar o
juízo de fato do órgão a quo na futura apelação, representando falácia grave a
alegação que a prova se destina preponderantemente à convicção do julgador
de primeiro grau.

1.900. Forma de chamamento da contraparte na exibição incidental

O art. 398, caput, alude à “intimação” do requerido para dar sua resposta.
É a modalidade de comunicação cabível para quem já figura como parte
(principal ou não) no processo. Se o pedido se dirige contra quem poderia ser
parte, mas não é ainda, incluindo quem necessariamente deveria ser parte,
embora não figure como parte no processo, então se cuida de terceiro. E,
nesse caso, a forma de chamamento é a citação prevista no art. 401.

O destinatário da intimação é a parte, pessoalmente, e não o


representante técnico habilitado no processo.79 É a parte que deve praticar o
ato ordenado – a exibição do documento ou da coisa – e sofrer as
consequências da inércia ou da recusa ilegítima. Os advogados das partes
são intimados da decisão, no caso do deferimento do meio de prova,
ensejando a interposição do recurso próprio.

O substantivo resposta, inserido no art. 398, caput, não é o mais


adequado. O veículo da resistência do requerido é a contestação (art. 335).

1.901. Prazo de defesa da contraparte na exibição incidental

O prazo assinado ao requerido para tomar uma das atitudes concebíveis


no incidente é de cinco dias. O quinquídio fluirá ordinariamente, ou seja, o
termo inicial é o comum,80 dependendo da modalidade de intimação, e a
contagem do prazo obedecerá as regras comuns (art. 219 e 224).

1.902. Conteúdo da resposta ao pedido de exibição incidental

O art. 398, caput, prevê “resposta” do requerido no quinquídio que lhe é


assinado pelo juiz. Ora, na sistemática do CPC de 1973 a resposta abrangia
três modalidades de reação do réu: a contestação, a exceção e a
reconvenção. Essas matérias integram – exceção do impedimento e da
suspeição – contestação (v.g., quanto à reconvenção, o art. 343: “Na
contestação…”). É preciso entender o que a lei anteviu como resposta ao
pedido de exibição incidente.

À primeira vista, excluem-se a alegação de incompetência e a


reconvenção. Razões diversas baseiam semelhante conclusão. A
incompetência relativa ou já foi alegada, fitando o pedido de exibição feito
pelo autor perante o réu e considerando a oportunidade em que o juiz
examina e determina o pedido de exibição (retro, 1.898), ou já ocorreu
prorrogação da competência. Um pouco diferente é o caso da exceção de
impedimento ou de suspeição do juiz ou da juíza. Talvez a contraparte
localize motivo para arguir a suspeição ou o impedimento do juiz ou da juíza
na ocasião em que é intimada para responder ao pedido de exibição. Em
geral, o motivo sobrevém ao saneamento e deflui das movimentações
naturais na carreira das pessoas que ocupam o órgão judiciário. É apenas
coincidência infeliz tal sobreposição. A fluência do prazo do art. 146 decorre
antes desta movimentação do ocupante do órgão que do pedido de exibição.
Em outras palavras, não cabe exceção de imparcialidade em decorrência do
processamento da exibição, e, sim, porque o órgão judiciário passou a ser
ocupado por pessoa impedida ou suspeita no alvitre da contraparte. E
reconvenção simplesmente não cabe, porque já superado o momento de a
contraparte retorquir à iniciativa do adversário, por sua vez pleiteando
exibição de documento ou de coisa. É completamente diverso o regime da
“resposta” na exibição antecedente (retro, 1.403).

No art. 398, caput, resposta do requerido equivale à contestação do


pedido de exibição incidental de documento ou de coisa. Não é, entretanto, a
única atitude concebível da contraparte. Reconhecimento do pedido expresso
ou tácito e inércia são nitidamente possíveis e, na verdade, concebem-se
quatro situações distintas: (a) o atendimento espontâneo à solicitação de
exibição; (b) a inércia do requerido, hipótese em que o juiz decidirá o incidente
favoravelmente ao requerendo, aplicando ao requerido a presunção do art.
400, I; (c) o requerido admite a posse do objeto, mas recusa-lhe a exibição,
invocando uma das hipóteses do art. 404; e (d) o requerido nega a posse do
documento, incidindo o art. 398, parágrafo único.81

Em vez de resistir à pretensão do adversário, a contraparte pode


simplesmente exibir o documento ou a coisa em juízo, na forma adequada
(infra, 1.903), ou exibi-la acompanhada de declaração de assentimento com a
iniciativa, respectivamente reconhecimento tácito e expresso. Finda o
incidente com a produção da prova pretendida.

Deixando o requerido escoar, in albis, o quinquídio legal, incidirá o art.


400, I, parte inicial. Dessa disposição extrai-se que admissão tácita
subentendida na inércia importará a presunção de veracidade dos fatos que o
requerente pretendia provar com o documento ou a coisa. Por um lado, esse
efeito aumenta exponencialmente a importância de o requerente desincumbir-
se do ônus do art. 397, II, pois do contrário ao juiz não se mostrará possível
retirar qualquer ilação da omissão do requerido. E, de outro, não se há de
perder de vista que a presunção de veracidade é relativa. O juiz apreciará
livremente as circunstâncias do caso e, entendendo de valorizar outras provas
em detrimento dessa presunção, a motivação não se ressentirá de qualquer
defeito. Tal não torna inócua a presunção do art. 400, caput. Ela também
propiciará motivação suficiente e hábil na sentença definitiva desfavorável à
parte que descumpriu o dever de exibir.

É mais comum o requerido apresentar contestação, estruturando-a na boa


ordem desejável a esse ato postulatório (retro, 314). Admite-se que oriente a
defesa em duas linhas simultâneas e concorrentes, fitando a inadmissibilidade
e a rejeição do pedido, a saber: (a) defesa processual, dilatória ou
peremptória (v.g., controvertendo o interesse do requerente); (b) defesa de
mérito, mediante impugnação de fato, direta ou indireta, e impugnação de
direito. É bem de ver que o requerido sujeitar-se-á ao ônus da impugnação
específica (art. 341, caput, primeira parte).82

O art. 398, parágrafo único, aventa a óbvia alegação de o requisito não se


encontrar na posse do documento e da coisa. Tal negativa pode descansar
sobre impugnação indireta (v.g., o documento encontra-se na posse de outra
pessoa, por esta ou aquela razão). Em tal hipótese, acrescenta o art. 398,
parágrafo único, o juiz facultará ao requerente provar, “por qualquer meio, que
a declaração não corresponde à verdade”, ou seja, abrirá a fase de instrução
do incidente, em princípio segundo a diretriz do art. 373 – o requerente alegou
as circunstâncias que o fazem supor que o documento ou a coisa se acha na
posse da contraparte, a teor do art. 397, III –, salvo outra distribuição, ope
judicis, do ônus da prova. Também se concebe o requerido (a) alegar que o
documento ou a coisa não mais exista ou (b) recusar-se a exibi-lo, invocando
o direito de não produzir prova contra o seu próprio interesse (art. 379, caput).
A matéria que mais importa avulta na invocação dos motivos legais de escusa
(art. 363). Trata-se de alegações de fato inovadoras – e, portanto, o ônus de
prová-las recai sobre o requerido, a teor do art. 373, II – comuns à parte e ao
terceiro.

Os motivos de escusa previstos no art. 404 se interpretam à luz do art. 399


e, conforme revela o último inciso do primeiro dispositivo, compõem conjunto
aberto e meramente exemplificativo.83

A técnica legislativa do art. 404 vale-se de conceitos juridicamente


indeterminados (v.g., dever de honra, no art. 404, II). O juiz não desfruta de
poder discricionário, no sentido próprio, na concreção – não se trata, aí, de
subsunção: os elementos de incidência são flexíveis – das hipóteses
legais.84 Não há duas soluções concebíveis ou legítimas no concernente, v.g.,
à violação do dever de honra: ou o juiz reconhece semelhante dever, ou não,
perante o caso concreto. Por exemplo, o marido A reclama a exibição da carta
remetida pela mulher B ao antigo namorado C, confessando que é o único
amor de sua vida, mas pedindo-lhe que não revele o fato a ninguém,
segundo A injúria grave que o habilita a pleitear a separação. É elementar
que C escusar-se-á fundado no art. 404, II, restando ao juiz acatar a recusa.

Os motivos de escusa contemplados no art. 404 atendem precipuamente


aos interesses das pessoas naturais. Por óbvio, lícito é às pessoas jurídicas
invocá-los em determinadas situações, a exemplo do sigilo profissional:85 tanto
advogado, quando a sociedade advocatícia da qual é sócio, tem direito ao
sigilo. É irrecusável que os bens objeto de especial tutela no art. 5.º, X, da
CF/1988 integram a esfera jurídica de pessoas naturais e jurídicas.

1.902.1. Escusa fundada na preservação da vida privada – O art. 5.º, X, da


CF/1988, expressamente, declara invioláveis “a intimidade, a vida privada, a
honra e a imagem das pessoas”. Esse direito fundamental se dirige contra
ações e omissões do Estado, legislativas ou não, e as dos particulares.

Esses bens jurídicos são muito caros à sociedade aberta, democrática e


pluralista, motivo por que art. 404, I, afasta a exibição do documento ou da
coisa se “concernente a negócios da própria vida da família”, ou se a
respectiva apresentação “puder violar dever de honra” (inc. II), ou se a
publicidade do documento “redundar em desonra à parte ou ao terceiro, bem
como a seus parentes consanguíneos ou afins até o terceiro grau” (inc. III,
primeira parte). Os três primeiros incisos do art. 404 estão intimamente
conexos. Tutelam-se, aí, a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem da
pessoa. Exemplos: (a) o valor do mútuo que permitiu ao marido adquirir a
residência familiar; (b) o livro com dedicatória amorosa, ou de teor
comprometedor, porque obscena, presenteado à antiga namorada; (c) a
fotografia em que um dos parentes da parte ou do terceiro aparece em
posição aviltante, mas que a provaria a presença de uma das partes em
determinado lugar ou oportunidade.

Não é razoável a invocação desse motivo de escusa na hipótese de o


litígio envolve o documento e a coisa. Por exemplo, o quadro que retrata a
esposa nua, na juventude, mas é reivindicada por terceiro, que se diz legítimo
proprietário, e pretende reivindicá-la, pleiteando-lhe a exibição com o fito de
fazer prova da anotação gravada na própria tela, que indicaria o lugar, a data
e a quantia de aquisição.
Ressalvas essa espécie exigem muito cuidado no manejo das situações.
Em geral, os documentos servem de meio de prova, interessando o respectivo
conteúdo intelectual; às vezes, porém, constituem o objeto do litígio. Se a
caricatura de alguém, feita por pintor famoso, é reivindicação, o juiz não
aceitará a restrição do art. 404, II. Porém, incide na regra no caso de A pedir a
separação de B e, para provar a injúria grave, postula a exibição do vídeo em
que a mulher e C são filmados em festa íntima com a presença de outras
pessoas, também casadas e, todavia, entregues a folguedos amorosos. Os
participantes da orgia podem ser convocados a depor como testemunhas,
mas ninguém, inclusive B, que guardou cópia, obriga-se a exibir o vídeo, sem
provocar a desonra própria e alheia. Imagens são eloquentes, comportam
reprodução fácil – apesar de confiada a guarda dos autos ao escrivão (art.
152, IV) –, e propiciam a bisbilhotice forense. Também aqui o juiz há de
ponderar os interesses em jogo e deferir o meio de prova menos custoso.

1.902.2. Escusa fundada no sigilo profissional – Há documentos e coisas a


cujo respeito o possuidor tem o dever de guardar sigilo em razão de profissão
ou de estado. O conhecimento derivado da coisa ou do documento chegou a
certa pessoa em razão do seu ofício, com o fito de desempenhá-lo a contento,
e envolve dois aspectos concorrentes: (a) o desconhecimento por um número
indeterminado de pessoas; e (b) a vontade preservar o conhecimento de
terceiros.86 O objetivo do sigilo consiste na preservação de valores caros à
sociedade, a exemplo da intimidade, valores dotados, ou não, de expressão
econômica.

Em situação de guardar sigilo dos fatos que lhe chegaram ao


conhecimento através de terceiros colocam-se, amiúde, as seguintes
pessoas: (a) o banqueiro, no concernente aos negócios do seu cliente; (b) o
médico, no tocante ao prontuário do seu paciente; (c) o sacerdote católico,
quanto aos fatos que chegaram ao seu conhecimento em confissão verbal,
acompanhada documento; (d) o advogado, relativamente aos documentos do
seu arquivo; (e) o hospital, relativamente aos seus ficheiros; (f) o jornalista,
quanto à fonte da informação; (g) o servidor público federal (e regras
semelhantes localizam-se em outros estatutos do pessoal civil da
Administração Pública), relativamente a “assunto da repartição” (art. 116, VIII,
da Lei 8.112/1990).

O regime não se mostra uniforme nesses casos. O sigilo tem relação com
a ética da profissão. Comporta inúmeras variáveis, disciplinadas em estatutos
específicos.87 E estende-se aos auxiliares desses profissionais. Por exemplo,
a auxiliar de enfermagem que lançou no prontuário do paciente o diagnóstico
feito pelo médico assistente; o estagiário do advogado, que arquivou o
documento recebido do mentor em confiança, mas deitou-lhe olhar curioso,
inteirando-se do conteúdo, e assim por diante. Todos têm o direito de invocar
o sigilo.

O art. 404, IV, do CC, assegura à pessoa que detém o documento ou a


coisa o direito de não exibir em virtude do sigilo decorrente de profissão ou
estado.

Esse dispositivo integra a ordem pública, e, portanto, é passível de


conhecimento ex officio. Em determinada ocasião, o STJ proclamou o
princípio, estendendo a prerrogativa, ademais, ao auditor e ao contador, in
verbis: “O interesse público do sigilo profissional decorre do fato de se
constituir em um elemento essencial à existência e à dignidade de certas
categorias, e à necessidade de se tutelar a confiança nelas depositada, sem o
que seria inviável o desempenho de suas funções, bem como por se revelar
em uma exigência da vida e da paz social. Hipótese em que se exigiu da
recorrente – ela que tem notória especialização em serviços contábeis e de
auditoria e não é parte na causa – a revelação de segredos profissionais
obtidos quando anterior prestou serviços à ré na ação”.88

Controverte-se o caráter absoluto ou relativo do sigilo em casos tais. O


bem comum e a finalidade do sigilo indicam valor relativo.89 O sigilo pode (e
deve) ser rompido, a critério de quem conhece o fato, para evitar mal maior.
Assim, o médico que diagnosticou moléstia infectocontagiosa não pode
guardar sigilo do grave risco à saúde pública. Eventual contágio pode ser fatal
a uma ou mais pessoas e gerar epidemia incontrolável. Ao propósito, cumpre
realizar distinções, conforme a natureza da atividade.

O sigilo bancário opera nas relações da empresa de banco com seus


clientes e outras instituições financeiras. Porém, revela-se essencialmente
relativo perante a autoridade judiciária. Com efeito, art. 3.º da LC 105/2001
permite à autoridade judicial requisitar os dados ao banco, preservando-lhe o
caráter sigiloso através do acesso dos documentos restrito às partes. Nos
casos do art. 404, não raro o juiz deve impor segredo de justiça (art. 189). Por
identidade de motivos, nem sempre observados com rigor, o juiz restringirá às
partes os dados bancários do executado.

O sigilo profissional do médico se destina a preservar a relação com


paciente (v.g., homem casado contraiu doença venérea). Assim, o STJ
reconheceu a quebra do sigilo na ordem endereçada ao médico para
apresentar à seguradora, responsável pelo pagamento de despesas médicas
e hospitalares, o prontuário do seu cliente.90 O marido não tem acesso ao
prontuário médico da mulher com objetivo de provar a alegação de adultério
ou de doença mental. Recorrerá à perícia, ao menos para obter presunção
judicial da recusa do cônjuge em deixar-se examinar. Esse motivo não se
aplica aos litígios entre médico e paciente.91 Em tal hipótese, o médico tem o
dever de exibi-lo, arcando com as consequências de eventual recusa. O STF
já proclamou, em matéria penal, que o sigilo médico não tem caráter absoluto,
permitindo o exame do prontuário hospitalar para permitir a investigação de
possível aborto.92

O advogado se encontra em posição similar à do médico. Os documentos


entregues em confiança pelo cliente, a fim de inteirá-lo de certos fatos,
norteando a atuação em juízo ou fora dele, posteriormente arquivados no
escritório, revestem-se do sigilo profissional. (art. 7.º, XIX, da Lei 8.906/1994).
O terceiro, em litígio com o antigo cliente, nem tem direito de inspecioná-los e
extrair cópia do que lhe aproveita. O STJ admitiu o direito de o advogado
recusar-se a depor como testemunha “em processo no qual funcionou ou
deva funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi
advogado, mesmo quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem
como sobre fato que constitua sigilo profissional”.93 É admissível a escusa do
advogado em exibir documento ou coisa nessas mesmas condições. E, como
os advogados cada vez mais se agrupam em sociedade, e cada sócio
responde subsidiária e ilimitadamente pelo dano causado ao cliente, o sigilo
há de ser guardado por todos, embora só um deles haja recebido a
informação ou guardado o documento ou a coisa.94

O sigilo não pode ser invocado nos litígios entre cliente e profissional,
porque o documento objeto da exibição é comum às partes, incidindo, pois, o
art. 399, III.

Decidiu o STJ que a publicidade é a regra, o sigilo constitui a exceção, e


só tem lugar “quando interesses mais caros à sociedade e ao indivíduo
estiverem em confronto com a liberdade de informar”, admitindo a divulgação,
em rede nacional de televisão, dos chamados “segredos do
ilusionismo”.95 Ora, tampouco o direito à informação se revela absoluta e há
de se pautar pelo conhecido princípio de não causar dano a outrem por
proveito econômico, o que leva ao item subsequente.

Em princípio, a escrituração da empresa é sigilosa. O art. 404, IV, não


pode ser invocado nos litígios previstos no art. 1.191, caput, do CC, pois neles
há o dever legal de exibição, incidindo o art. 399, I.96

1.902.3. Escusa fundada no receio de dano – O art. 404, V, agasalha uma


cláusula geral, que permite o juiz acolher a escusa na hipótese de o requerido
apresentar “motivos graves”, subentendendo-se que conhecimento possa
provocar grave dano. Nessa rubrica, recorda-se o caso do documento
histórico, que não pode ser levado a juízo, nem sequer manuseado em grave
risco à sua integridade e originalidade. O possuidor deverá facilitar o
exame, in locu, e a reprodução do documento.97

Uma subespécie desses casos localiza-se no art. 404, III, quando a


divulgação provoque o perigo iminente e atual de ação penal. Figure-se o
caso da carta que, sem embargo de interessar como prova no litígio
entre A e B, contém confissão de C da prática do crime de estupro, cuja
autoria não é conhecida. O veto à autoincriminação elide o dever de exibir.
Fora desse caso especial, o prejuízo deve ser alheio às vicissitudes da
instrução processual. É claro que, exibido o documento ou a coisa, a prova
daí decorrente pode desfavorecer a uma das partes. O sentido do
convencimento do juiz, em contato com a prova, não constitui motivo de
recusa ou de escusa na exibição.

1.902.4. Escusa fundada em disposição legal – O art. 404, VI, segundo o


qual a escusa pode se basear em disposição legal específica isentando da
exibição, representa hipótese inversa à do art. 399, I. Em princípio, tais casos
já se encontram abrigados no art. 404, IV. Vale recordar, entretanto, as
informações sigilosas previstas no art. 23 da Lei 12.527, de 18.11.2011,
exceto no caso de o litígio envolver direito fundamental (art. 21 da Lei
12.527/2011), em alguns casos classificadas como “ultrassecretas”, a teor do
art. 27, I, da mesma lei (v.g., as informações concernentes aos Chefes de
Missões Diplomáticas ou Consulares permanentes no exterior).

1.903. Forma da exibição incidental pela contraparte

A exibição do documento e da coisa é ato material da parte. Não há forma


rigidamente traçada ao ato que, no quinquídio previsto no art. 398, caput,
traduzirá a rendição do requerido à pretensão, mas considera-se produzido o
documento e apresentada a coisa quando adquiridas pelo processo e possam
ser usadas como fonte de prova.98 Esse ato satisfaz a pretensão. O juiz
emitirá decisão de acolhimento do pedido (art. 400, caput) e encerrará o
incidente.99 Fica subentendido que o réu apresentará o documento ou a coisa
em cartório, na sede do juízo, ou em outro lugar designado para essa
finalidade pelo o juiz (infra, 1.904). Assim, a estátua de difícil locomoção,
todavia zelosamente guardada pelo requerido em lugar fechado, pode ser
exibida onde se encontra.

Esse ato material, a cargo do “requerido”, permitirá ao autor inspecionar o


objeto da exibição pelo prazo indispensável, também assinado pelo juiz, com
ou sem o auxílio de perito. E, se for o caso, nesse interregno reproduzirá o
objeto em todos os seus aspectos, valendo dos meios técnicos adequados,
produzindo-o no processo como prova.

É o que se infere do disposto no art. 404, parágrafo único, admitindo o juiz


motivo legal de escusa quanto à parte do conteúdo do documento, do restante
extrair-se-á “uma suma para ser apresentada em juízo”. Segundo abalizada
opinião, “essa suma se obterá mediante a sua exibição pelo requerido,
acompanhada do documento, ao juiz, que a aprovará ou determinará as
retificações que couberem”.100 Não comporta generalizações a hipótese:
recaindo sigilo sobre parte do documento (v.g., violação da intimidade, pois
terceiro aparece desnudo na fotografia), é óbvio que essa parte não comporta
reprodução e, a fortiori, exibição.

A exibição incidental não implica depósito indefinido do respectivo objeto


em juízo. Em princípio, conhecido o documento e extraídas as cópias
necessárias do documento ou, mais amplamente, reproduzido no que
interessar (v.g., através de fotografias) e empregado para o escopo probatório
definido no requerimento (v.g., coleta de material genético do semovente, a
fim de averiguar sua estirpe), retornará à posse da contraparte. É bem o caso
da escrituração da empresa. Pela natureza das coisas, copiados os livros
obrigatórios, no todo ou em parte, retornam ao lugar de costume, ficando à
disposição dos órgãos de fiscalização fazendária.

Não raro a parte se desinteressa do destino ulterior do documento exibido.


Em tal hipótese, houve produção de prova documental.

A apresentação do documento ou da coisa em juízo, propiciando o


conhecimento apropriado ao órgão judiciário, implica resolução favorável ao
requerente do meio de prova.

Se o objetivo inicial da exibição era o de preparar o emprego de outro


meio de prova, a exemplo da perícia (v.g., a alegação de fato controversa é a
falsidade da assinatura de A na escritura pública lavrada pelo tabelião B,
requerida a exibição do original), tal assunto escapa do âmbito da exibição. A
esse propósito, decidiu o STJ com acerto: “Exibido o documento, exaure-se o
objetivo do processo, não havendo lugar para, em seu bojo, suscitar incidente
de falsidade, o que poderá ser feito pela via adequada”.101 Na asseguração de
prova, versada nesse precedente, a diretriz é natural, mas aplica-se
igualmente à exibição incidente.

1.904. Lugar da exibição incidental pela contraparte


O lugar da exibição do documento ou da coisa dependerá de dois fatores
concorrentes: (a) a natureza do objeto; (b) a finalidade probatória.

Em relação às coisas móveis, há as que são de difícil remoção e


deslocamento até a sede do juízo, sendo impossível juntá-las aos autos. Em
tal hipótese, o requerido exibirá a coisa móvel no lugar em que se encontra,
deslocando-se o órgão judiciário até este lugar para inspecioná-la ou, se for o
caso de prova pericial, colocará a coisa à disposição do(s) experto(s) – por
exemplo, tratando-se de investigar a extirpe do semovente, para fins de
registro no órgão competente, o animal deverá ser cabalmente
individualizado; e, em seguida, facultada ao especialista a coleta do material
necessário ao exame (v.g., colocando-o, por seus próprios meios, na
dependência apropriada). Conforme o lugar de situação da coisa móvel, a
diligência há de ser realizada por um dos meios de cooperação entre os
órgãos judiciários (v.g., a expedição de carta precatória). É possível que,
segundo a finalidade da prova, a reprodução da coisa móvel, por meio técnico
hábil, e a ulterior juntada desse material, satisfaça integralmente o requerente.

Os documentos são juntados geralmente aos autos. O objetivo da exibição


é o de produzir prova documental. Se não for este o caso, como na já
recordada hipótese do original da escritura pública, para fins de exame da
autenticidade, ou não, da assinatura, valem as regras atinentes à exibição de
coisa móvel. Embora o conteúdo intelectual do documento seja o objetivo
visado pelo requerente, nem sempre a juntada aos autos mostrar-se-á
fisicamente possível. Assim, se o documento “ficou colado à gaveta ou ao
escaninho do cofre”,102 a apropriação do conhecimento dar-se-á por
reprodução ou, in extremis, o órgão judiciário deslocar-se-á até este lugar,
registrando o conteúdo através de recurso tecnológico de registro de imagens
e de sons.

1.905. Efeitos do julgamento da exibição incidental entre partes

O art. 400, caput, ocupa-se dos efeitos da decisão que, repelindo a


contestação do requerido, ou enfrentando o problema gerado pelo silêncio
(art. 400, I, parte final, in verbis “… nem fizer nenhuma declaração no prazo
do art. 398”), acolhe o pedido de exibição. Este é um dos graves problemas
do âmbito da exibição de documento e de coisa.103 E deu-lhe a solução
possível, cumprindo examinar o capítulo principal e o capítulo acessório do
ato decisório, bem como a respectiva natureza.

1.905.1. Capítulo principal do julgamento da pretensão à exibição entre


partes – O art. 400, caput, declara que, acolhido o pedido de exibição, nos
casos em que o réu (a) não exibir o objeto do pedido, a despeito de obrigado
a tal (art. 399, I a III); (b) declarar não tê-lo em sua posse, mas a instrução do
incidente demonstrou o contrário; ou (c) apresentar recusa ilegítima à luz do
art. 404 do CC – em suma: rejeitada a defesa processual ou de mérito –, o
juiz “admitirá como verdadeiros os fatos” que a parte pretendia provar
mediante a exibição (art. 400).

É preciso avaliar, medir e sopesar com extremo cuidado o comportamento


da parte que inviabiliza o acesso à fonte da prova, no caso documentos e
coisas, porque antiga e respeitável lição admitia, impedido o trabalho do
experto por semelhante conduta, o juiz presumiria verídicas as alegações do
adversário, ressalva feita à prova em contrário.104 Essa solução técnica –
presunção de veracidade – os arts. 231 e 232 do CC adotaram para conjurar
a hipótese de recusa da pessoa em fornecer material orgânico para o exame
de DNA (prova científica).

Por óbvio, a presunção de veracidade só tem lugar se o autor se


desincumbiu, a contento, do ônus do art. 397, II. Se o autor deixou de indicar
o saldo da conta corrente, a admissão que existiu o vínculo contratual, no
período controvertido, revela-se inútil. Não é dado ao órgão judiciário,
simplesmente, arbitrar valor hipotético em favor do autor, à falta de outros
elementos.

A presunção do art. 400, caput, quanto cabível, exibirá efeitos


relativos.105 No exemplo ministrado, talvez posteriormente apareça o extrato
da conta corrente, dissipando a dúvida e fazendo prova em contrário. Em tal
contingência, o juiz atenderá ao fato superveniente, evitando que a presunção
de veracidade obrigue o réu realizar atribuição patrimonial indevida ao autor.

A presunção cogitada no art. 400, caput, só tem sentido perante a


contraparte. No caso de pretensão incidental contra terceiro, o problema
resolve-se, in extremis, e à falta de melhor solução, na busca e apreensão e
demais medidas previstas no art. 403, parágrafo único. Seja como for, a
consequência imposta no art. 400, caput, à parte recalcitrante, supostamente
porque o conhecimento daí extraído lhe desfavorecerá no julgamento,
pressupõe controvérsia precisa acerca de alegação de fato controvertida,
passível de prova através da exibição. Tal pressuposto verifica-se apenas na
pendência da causa principal.

O provimento que acolher a pretensão à exibição incidental prescinde da


aplicação ou da cominação, desde logo, da presunção de veracidade prevista
no art. 400,caput. O juiz empregará a presunção, ou não, no julgamento da
causa. Tal não significa omissão no provimento. O juiz resolverá as questões
de fato (v.g., definindo se o documento encontra-se, ou não, na posse da
contraparte) e as questões de direito (v.g., se existe, ou não, sigilo a ser
preservado) porventura suscitadas e debatidas, declarando que o vencido
submeter-se-á, opportuno tempore, ao efeito traçado no art. 400, caput.

A muitos,106 embalados pelo ideário da efetividade e impressionados com


o tratamento mais favorável da contraparte, em contraste com o terceiro, no
direito anterior parecera insuficiente e insatisfatória a presunção de
veracidade, sustentando o cabimento da busca e apreensão hoje prevista no
art. 403, parágrafo único. Não há razão plausível para repelir a medida em
termos categóricos. Existem julgados que admitem semelhante medida na
exibição incidental.107 É verdade que, em outra conjuntura legislativa, reputou-
se a execução específica da exibição estranha às tradições.108 E, ainda hoje,
rejeita-se execução coativa do provimento que ordena a exibição.109 Esse
juízo não se harmoniza com o processo civil de cunho social, que dota o
órgão judiciário de amplos poderes de instrução (retro, 944.4). De resto, a
circunstância de o objeto da exibição mostrar-se frágil, podendo sofrer danos
no caso de constrição, ou tal objeto ser facilmente ocultável, não soam
convincentes para, a priori, afastar a atuação do órgão judiciário.110 A rigor,
porém, a presunção de veracidade é a solução preferível. Nada assegura o
êxito da busca e apreensão da coisa e do documento, cuja exibição foi
ordenada pelo juiz: os atos executivos dessa índole sofrem com limitações
práticas e técnicas.

Convém recordar que a jurisprudência dominante do direito anterior repelia


a imposição de multa pecuniária ao recalcitrante (Súmula do STJ, n.º 372).

O art. 404, parágrafo único, conjura o acolhimento em parte da pretensão


da parte, vez que a escusa invocada abrange apenas parte do documento ou
da coisa. Em tal hipótese, a parte final da regra autoriza o possuidor da fonte
de prova extrair “uma suma para ser apresentada em juízo”, cabendo ao juiz o
controle do que pode ou não ser desvendado no processo. É indispensável
que a parte apresente voluntariamente o documento à verificação do juiz.111

1.905.2. Natureza do julgamento da exibição incidental entre partes – O


ato pelo qual o juiz, haja ou não defesa do requerido, e independentemente
do seu teor, julga a pretensão à exibição, declarando-a inadmissível,
infundada ou acolhendo-a, no todo ou em parte, constitui decisão
interlocutória, passível de agravo de instrumento (art. 1.015, VI).

1.905.3. Capítulo acessório no julgamento da exibição incidenal entre


partes – A decisão que acolher ou rejeitar o pedido de exibição condenará o
vencido nas despesas processuais (art. 82, § 2.º). Não cabem honorários
advocatícios, pois se cuida de incidente da causa.

O autor ordinariamente adiantará as despesas processuais (art. 82, caput,


c/c § 1.º). O art. 403, in fine, na inibição incidental movida contra terceiro,
determina ao requerente ressarcir as despesas do vencido. Evidentemente, a
mesma regra governa a exibição voluntária ou coercitiva contra a parte. Essas
despesas compreendem o eventual deslocamento da coisa ou do documento
até a sede do juízo, e, principalmente, o custo da reprodução das cópias
autênticas e demais exames. Não há, de regra, antecipação em sentido
próprio: o autor paga as despesas diretamente ao terceiro encarregado de
extrair cópias (v.g., o fotógrafo, o encarregado da fotocópia, e assim por
diante).112

§ 392.º Procedimento da exibição contra terceiro

1.906. Momento da exibição incidental contra terceiro

Não discrepa o momento da proposição da exibição contra o terceiro da


iniciativa perante a contraparte. É cabível desde a petição inicial, caso em que
haverá cumulação de pretensões, e da contestação, estipulando-se o termo
final no encerramento da instrução.

Descoberta a existência da fonte de prova e o respectivo possuidor em


momento posterior ao da proposição das provas, ou seja, antes da decisão de
saneamento, e já tramitando a causa em grau superior, subsiste a pretensão
à exibição. Em tal hipótese, incumbe à parte alegar e provar a força maior. O
real ou virtual encerramento da instrução não constitui obstáculo relevante à
pretensão incidente de exibição contra terceiro.

1.907. Petição inicial da exibição incidental contra terceiro


A exibição de documento ou de coisa importa a dedução, in simultaneo
processu, de pretensão autônoma.113 É natural consubstanciar-se a iniciativa
da parte em petição inicial. Não há mais necessidade de formarem-se autos
próprios. Do provimento que acolher ou rejeitar o pedido, segundo a correta
menção do art. 402, in fine, caberá agravo de instrumento (art. 1.015, VI). Ora,
os trâmites desse recurso, não inviabilizariam a tramitação da causa.114

Em oportunidade anterior, já se adiantou que a iniciativa da parte afigura-


se imprescindível na exibição da escrituração mercantil por inteiro, porque o
art. 420,expressis verbis, exige o “requerimento da parte” para essa
finalidade.115 Nos demais casos, entretanto, o juiz invocará o art. 370, caput,
c/c art. 380, II, para ordenar,ex officio, a exibição ao terceiro.116 O ponto é de
extrema importância para se definir a estrutura e a função da exibição em
dado ordenamento jurídico.117 Limita decisivamente a defesa do terceiro. E
fica repelido o antigo entendimento de que o terceiro só tem obrigação de
exibir documentos comuns.118 As disposições invocadas instituem dever
processual público de cooperação do terceiro com o órgão judiciário.119

1.907.1. Competência no pedido de exibição incidental contra terceiro – É


competente para processar e julgar o pedido de exibição incidental formulado
por uma das partes contra terceiro o juiz da causa.

Excepciona tal regra a competência absoluta ratione personae. Assim,


almejando B na ação que lhe move A, pleiteando a complementação do valor
da aposentadoria por invalidez, a exibição do laudo em que a autarquia
previdenciária federal C baseou-se para aposentar A, a medida deverá ser
postulada autonomamente perante a Justiça Federal, respeitando a
competência estabelecida no art. 109, I, da CF/1988.

O art. 286, I, determina a distribuição por dependência quando houver


conexão entre a causa pendente e a pretensão superveniente. O vínculo entre
a alegação de fato controvertida, integrante do tema da prova, e o
conhecimento advindo do documento e da coisa, que auxiliará imediata ou
imediatamente o juiz a apurar-lhe a veracidade, revela-se suficiente para
caracterizar a conexão acessória (retro, 303).

1.907.2. Requisitos do pedido de exibição incidental contra terceiro – A


petição inicial da pretensão à exibição incidente ater-se-á aos requisitos
gerais do art. 319 e os especiais do art. 397, I a III. É imperioso destacar a
individualização do objeto, impedindo a devassa, e a finalidade da prova, que
equilibra os interesses em jogo, pois a esfera jurídica do terceiro sofrerá com
o dever de cooperar com o órgão judiciário.

Legitima-se, ativamente, qualquer das partes principais, as partes


auxiliares e, havendo causa de intervenção (art. 178), a parte coadjuvante;
passivamente, legitima-se o possuidor lato sensu de coisas móveis, em geral,
de interesse probatório. Chega-se à noção de terceiro por exclusão. É quem
não figura como parte na causa pendente. Esse critério simples substitui
vantajosamente outras formulações complexas e ininteligíveis sem reflexão.
Já se afirmou o seguinte, invocando o direito anterior: “Nenhuma pessoa que
possa sofrer, ou ganhar com a prova, no convencimento do juiz, tendo direito
de requerer provas e falar sobre elas, ou tendo alguém a cuja sorte
processual esteja ligado, não é terceiro, no sentido do art. 360 [do CPC de
1973]”.120 Fórmula correta, mas desnecessariamente rebuscada, para
enunciar a mesma diretriz. Como já se sublinhou, em item anterior (retro,
1.896), os documentos públicos, armazenados em órgãos da Administração
Pública, em geral não se prestam à exibição compulsória. Os particulares têm
o direito fundamental à certidão e, modernamente, à informação (art. 10 da
Lei 12.527/2011), obtendo a prova documental no âmbito da autonomia
privada. E para os casos mais difíceis ou nebulosos, basta invocar o meio de
prova (atípico) da requisição, previsto no art. 348.

O pedido de exibição de documento ou coisa contra terceiro só tem


cabimento na hipótese de a parte não lograr obter, no âmbito da autonomia
privada, cópia hábil do objeto.121 Em geral, as partes têm o direito de obter
certidões de documentos públicos; entretanto, sobrevindo recusa,
supletivamente admitir-se-á o sucedâneo da requisição prevista no art. 348.
Eis a razão por que a parte interessada não necessita pleitear a exibição
contra pessoas jurídicas de direito público. O juiz apreciará eventual recusa,
fundada em sigilo (art. 404, IV), incidentemente.

À semelhança de qualquer petição inicial, incumbirá ao legitimado ativo:


(a) identificar e qualificar as partes da pretensão incidente; (b) expor a causa
petendi, enfatizando os motivos pelos quais o objeto da exibição, uma vez
individualizado, presumivelmente existe e encontra-se na posse do réu; e (c)
formular o pedido cabível. A busca e apreensão prevista no art. 403,
parágrafo único, constitui meio executório, tipicamente sub-rogatório,
prescindindo de requerimento ou de cominação na petição inicial. Também
prescindem de especificação, a priori, as medidas indutivas, coercitivas,
mandamentais e sub-rogatórias não especificadas no art. 403, parágrafo
único. É ônus do autor, todavia, instruir a petição inicial com a prova
documental disponível, tornando verossímeis as alegações de existência e
posse do objeto da exibição. Requererá a citação do réu por um dos meios
legalmente admissíveis (art. 246), destacando a citação eletrônica.

O valor da causa é inestimável, a priori, porque a finalidade probatória em


si mesma não comporta mensuração mais precisa. É caso de livre atribuição
do autor.

Em relação à causa petendi, há outro pormenor expressivo. O art. 402


arrola como defesa do réu a negativa da “obrigação de exibir”, pressupondo
que o dever do terceiro decorra do direito material ou, a contrario sensu, do
art. 399, II e III.122 Ora, semelhante suposição contraria o dever geral do art.
380, II. É a concepção autoritária do ius positum: ninguém se exime do dever
de cooperar com o órgão judiciário, a teor do art. 378, exibindo documento ou
coisa. O dever que ninguém excepciona torna a incidência do art. 380, I,
inflexível e fatal, inoperantes as demais disposições da regra. E, por outro
lado, dispensa o autor de individualizar a obrigação de exibir atribuída ao réu,
exigindo apenas a do interesse na exibição, ou seja, a pertinência da
revelação do conteúdo intelectual do documento ou da coisa ou da sua
apresentação para emprego em futuro meio de prova (v.g., perícia).123

Não é indispensável que o objeto da exibição seja essencial à correta


resolução da questão de fato. Tal exigência se encontra em outros
ordenamentos;124 porém, o direito pátrio se contenta com a utilidade da prova.
Em certa ocasião, litigando os cônjuges A e B acerca da partilha dos bens,
o STJ admitiu o dever de a empresa C, da qual B era sócio juntamente com
seus irmãos, exibir a escrituração da empresa independentemente dos
interesses em jogo.125

1.907.3. Controle da petição inicial na exibição incidental contra terceiro –


O juiz controlará a aptidão da petição inicial da pretensão à exibição incidente
contra terceiro. Essa atividade de saneamento recairá predominantemente
sobre o preenchimento dos requisitos gerais do art. 319 e dos especiais do
art. 397, cuja importância futura é crucial ao resultado probatório. Ao verificar
defeito suprível, assinará o prazo do art. 321 para eventuais correções. Este
dispositivo incide diretamente, porque a parte inseriu pretensão incidental, in
simultaneo processu, através de petição inicial.

A petição inicial pode ser indeferida pelo juiz nos casos legais. Por
exemplo, entendendo o juiz ausente o interesse na exibição, porque a
alegação de fato já se encontra suficientemente provada no processo por
outro meio.

Estando em termos da petição inicial, o juiz ordenará a citação do terceiro


por um dos meios legalmente admissíveis (art. 246).

1.908. Forma do chamamento do terceiro na exibição incidental

Vencido o controle da petição inicial, o juiz ordenará a citação do réu para


responder ao pedido de exibição incidente, consoante o art. 401, in fine. Essa
modalidade de chamamento se harmoniza com a natureza de pretensão
incidente, processada in simultaneo processu, mas em autos autônomos, e
subordinada à iniciativa da parte (retro, 1.893).

A citação ocorrerá por um dos meios legalmente admissíveis (art. 246).


Não haverá a necessidade de simetria entre a forma da citação do réu e a do
terceiro. Assim, inadmissível a citação postal do réu, porque
reconhecidamente incapaz (art. 247, II), nada obsta que, dotado o terceiro de
capacidade processual plena, esta seja a forma de chamamento na exibição.

1.909. Prazo de resposta do terceiro na exibição incidental

O prazo assinado ao réu, no art. 401, in fine, formalmente para responder,


na realidade para adotar uma das atitudes concebíveis é de quinze dias.
Fluirá ordinariamente, não se excluindo a audiência do art. 334. O termo
inicial se regula pelo art. 335. A contagem do prazo obedecerá ao regime
comum (arts. 219 e 224).

1.910. Conteúdo da resposta do terceiro na exibição incidental

Do réu na exibição incidente concebem-se quatro atitudes no prazo de


resposta: (a) a exibição do objeto, ato que significa o reconhecimento tácito do
pedido, implicando emissão de sentença favorável ao autor; (b) a inércia,
deixando escoar, in albis, o decêndio, hipótese em que haverá revelia e, em
princípio, a precipitação do julgamento da exibição favoravelmente ao autor
(art. 355, II); (c) a contestação, admitindo a posse do objeto, mas recusando-
lhe a exibição, porque entende inexistir obrigação legal ou ampara em escusa
legal (art. 404); (d) a contestação, negando a posse do objeto.

O art. 401 manda o juiz citar o réu para responder, mas as modalidades de
resposta do terceiro não se mostram distintas das que tocam à contraparte: o
veículo da resistência é a contestação. E a contestação não se limita,
rigorosamente, à negativa da posse ou do dever de exibir e à invocação de
escusa legal, estruturando-se nas duas linhas defensivas usuais:
inadmissibilidade e improcedência da pretensão (juízo de admissibilidade e
juízo de mérito).

Realce à parte merece a problemática do dever legal de exibição do


terceiro. Já se destacou a opção autoritária do direito brasileiro, instituindo o
dever de exibição (art. 380, II), tributário do dever de cooperação (art. 378), e
a flagrante exposição da privacidade do terceiro ao poder de instrução do juiz.
À luz desse dever geral, assume escassa repercussão prática a alegação de
inexistência do dever legal de exibição, todavia prevista no art. 399, I, c/c art.
402, ou o caráter comum da fonte de prova. Por óbvio, há documentos cujo
conteúdo é comum (v.g., o contrato de locação, no qual o requerente prestou
fiança, mas não ficou com cópia) e, nos últimos tempos, tornou-se comum
cláusula contratual atribuindo a propriedade de futuros documentos a um dos
parceiros ou a ambos, situações em que a defesa do réu revelar-se-á inútil.
Importa destacar que, fora dessas situações, o terceiro permanece obrigado a
cooperar no descobrimento da verdade e a desvelar seus arquivos. Assim, no
caso em que A pretende indenização da agência de propaganda B, que
veiculou sua imagem sem autorização na rede de televisão C, o STJ
reconheceu o dever de exibição dos registros contábeis em caso similar.126

A contestação do réu compreendendo a negativa de posse e a invocação


de escusa legal (art. 404) revela-se mais promissora. Essa impugnação de
fato indireta e defesa de mérito indireta suscitam questões de fato. Por esse
motivo, o art. 402 prevê a designação de audiência “especial”, a fim de o juiz
colher o depoimento pessoal das partes e, se for o caso, ouvir as
testemunhas arroladas, antes de decidir o pedido.

A enumeração dos meios de prova no art. 402 é exemplificativa. Não se


excluem a perícia e a inspeção judicial.

O reconhecimento tácito do pedido, acompanhado da disposição de o réu


depositar o objeto da exibição, suscita o problema do lugar em que o réu
praticará o ato material. O art. 403 deixa entrever a solução: o réu depositará
“em cartório ou em outro lugar designado”. Essa fórmula mostra-se
insatisfatória. Na verdade, os documentos são juntados aos autos,
independentemente da quantidade e do volume, e, destarte, produzidos como
prova. Existem exceções que obstam a entrega dos documentos “em
cartório”, a exemplo do original colado no fundo da gaveta e que não
comporta remoção sem riscos. Nesse caso, o réu facultará a extração de
cópia por meio técnico hábil. O juiz designará o lugar em que as coisas
móveis serão postas à disposição da parte, conforme sejam deslocadas sem
maiores despesas e consumo de energia, e se for o caso realizará inspeção
ou ordenará perícia, facultado, em qualquer hipótese, outras formas de
documentação (v.g., fotografias).
1.911. Liminar na exibição contra terceiro

Embora a exibição incidente, de ordinário, não apresente natureza


cautelar, veiculando pretensão satisfativa do direito de provar do litigante, o
elemento urgência surge, às vezes, em situações predeterminadas. Por
exemplo, na ação em que A pretende que B exiba documento contábil,
notoriamente armazenado durante cinco anos, que é o prazo de prescrição
tributária, a proximidade do terminal final desse interregno torna urgente a
produção compulsória do documento.

Em tal hipótese, caberá a antecipação, no todo ou em parte, dos efeitos do


pedido, observados os requisitos materiais comuns das medidas de urgência
– verossimilhança da alegação e receio de dano. Liminar na exibição movida
contra terceiro implicará a expedição de mandado de busca e apreensão,
meio executivo por excelência da execução sub-rogatória cujo alvo seja coisa
móvel. Dependerá dos notórios limites práticos da atividade executiva o êxito
da medida. Se for o caso, apreendido o objeto da exibição, o juiz aguardará o
prazo de resposta e a eventual alegação de escusa legal (art. 404), antes de
facultar à parte o conhecimento do conteúdo do documento. É o meio de
preservar os direitos do terceiro.

1.912. Efeitos do julgamento da exibição incidental contra terceiro

O art. 403 autoriza o juiz, acolhendo o pedido, ordenar ao réu o depósito


do objeto da exibição “em cartório ou em outro lugar designado”, cujo sentido
recebeu análise anteriormente (retro, 1.904), na hipótese de o réu, “sem justo
motivo, se recusar a efetuar a exibição”. Na realidade, o juiz acolherá o pedido
no caso de rejeição da defesa, que versa outras matérias, incluindo a
inadmissibilidade da medida.127

O julgamento, de meritis, da exibição perante terceiro suscita três


problemas: (a) o conteúdo típico do dispositivo do ato decisório; (b) a natureza
do ato decisório, incluindo o recurso cabível; e (c) a atribuição das despesas
da exibição, fixando-se, ou não, honorários a favor do vitorioso.

1.912.1. Capítulo principal da exibição incidente contra terceiro – O


conteúdo típico do provimento que acolhe o pedido de exibição perante
terceiro é a ordem de depósito do objeto, fixando o juiz, simultaneamente, o
lugar da exibição. Como já se assinalou, a fórmula “em cartório” é imprópria,
pois documentos são produzidos mediante a respectiva junção aos autos,
mas seu real sentido é palmar. Omisso que seja o pronunciamento, quanto a
este aspecto decisivo, qualquer das partes poderá corrigi-lo por intermédio de
embargos de declaração.

Decretada a ordem de exibição do objeto, sobrelevando-se a força


mandamental,128 concebem-se do vencido duas atitudes fundamentais, cujas
variantes a elas se reduzem, a saber: (a) o cumprimento espontâneo; (b)
omissão. O art. 403, parágrafo único, conjura esta última e desafiante
hipótese, empregando redação claramente intimidadora: o juiz expedirá
mandado de busca e apreensão, que é meio executivo sub-rogatório
efetivamente aplicável às coisas móveis, sem embargo de outras medidas
indutivas (v.g., multa pecuniária), coercitivas (v.g., afastamento forçado do
terceiro), mandamentais ou sub-rogatórias, bem como da requisição de força
policial e encaminhamento de peças ao Ministério Público, acenando com
futura persecução penal. O uso do mecanismo apropriado de sub-rogação
remarca importante diferença com o direito italiano, que pré-exclui a
execução in natura.129 Faz o possível o art. 403, parágrafo único, mas não
elimina o imponderável: o mecanismo busca e apreensão sofre as injunções
da realidade e, ao fim e ao cabo, o objeto da exibição pode não vir a ser
adquirido pelo processo, frustrando-se a iniciativa probatória. Em termos de
prova, subsistindo o desconhecimento do conteúdo do documento ou da
coisa, fonte direta ou indireta de prova, a parte gravada com ônus da prova
suportará esse risco natural, sem embargo de intentar ação de
responsabilidade conta o terceiro que lhe ensejou este dano.130

O acolhimento parcial do pedido, porque uma das escusas legais do art.


404 atinge só parte(s) do(s) documento(s), atrai a incidência do art. 404,
parágrafo único. Ocorrendo a exibição voluntária, porque o réu reconheceu o
pedido ou o pronunciamento destacou a parte sigilosa, o juiz fiscalizará a
extração da suma a ser apresentada em juízo.

O depósito cogitado no art. 403 é pro tempore. Reproduzido por meio


hábil, extraída a suma cabível e pertinente, o original será restituído ao
terceiro.

1.912.2. Natureza do julgamento da exibição incidente contra terceiro – O


art. 360 do CPC de 1973 designava de sentença o ato pelo qual o juiz acolhe
ou rejeita a exibição contra terceiro. O art. 402, in fine, menciona decisão, da
qual caberá agravo de instrumento (art. 1.015, VI).

1.912.3. Capítulo acessório da exibição incidente contra terceiro – O


julgamento da exibição incidente conterá capítulo acessório distribuindo as
despesas processuais, geralmente adiantadas pelo autor (art. 82, caput, c/c §
1.º). Não há previsão para honorários advocatícios. Porém, cuidando-se de
pretensão incidente essa condenação parece iniludível, apesar de o art. 85
prever essa disposição unicamente na “sentença” (e o ato decisório, aqui, é
decisão, a teor do art. 402, in fine). Não é possível forrar o vencido dessa
despesa. Os honorários correm por conta do vencido: o juiz o
condenará, expressis verbis, ao pagamento das despesas adiantadas,
arbitrando honorários, em geral de acordo com o art. 85, § 8.º.

No tocante às despesas da exibição, e significativamente na hipótese de


rejeição da defesa e acolhimento do pedido, o art. 403, in fine, impõe ao autor
o ônus de reembolsar o réu vencido das “despesas que tiver”. Essa
disposição excepcional não inverte totalmente a diretriz basilar de o vencido
responder pelas despesas processuais e pelos honorários
advocatícios. Refere-se unicamente às despesas do ato material de
131

depósito. É preciso que haja disposição expressa nesse sentido, instituindo


reciprocidade de prestações; no entanto, eventuais simplificações, a exemplo
da eliminação da execução por quantia certa do réu contra o autor para
realizar tal crédito,132 não resolve integralmente o problema. A regra
pressupõe a natural inclinação do requerente em produzir prova e,
conseguintemente, o adiantamento das despesas do terceiro (v.g., o
pagamento do transporte da coisa móvel até a sede do juízo). Nada se dispõe
acerca da exibição determinada ex officio, incidindo, então, o art. 82, § 2.º, ou
seja, o autor arcará com as despesas do terceiro, ressarcindo-se o vitorioso
do vencido por força do provimento final, embora não se trate de “sentença”.

§ 393.º Força probante da exibição incidental

1.913. Apreciação do objeto da exibição incidental

O objeto da exibição constitui fonte direta ou indireta de conhecimento


para o juiz. É fonte direta quando em jogo o conteúdo intelectual; indireta,
prestando-se a aquisição da fonte de prova pelo processo ao emprego ulterior
da perícia (v.g., a apuração da autenticidade, ou não, da assinatura lançada
no documento particular) e da inspeção (v.g., o paladar do juiz apreciará a
qualidade do vinho, cuja aptidão para uso de mesa é contestada).

Em qualquer hipótese, a apreciação submete-se às regras comuns; por


exemplo, a autenticidade da assinatura do documento particular, sobrevindo o
silêncio do signatário, é a do art. 408 c/c o art. 436.

Capítulo 85. PROVA DOCUMENTAL


SUMÁRIO: § 394.º Documentos em geral – 1.914. Conceito de documento
– 1.915. Elementos do documento – 1.915.1 Autoria do documento – 1.915.2.
Suporte do documento – 1.915.3. Conteúdo do documento – 1.916. Espécies
de documento – 1.916.1. Documentos públicos e documentos particulares –
1.916.2. Instrumento público e instrumento privado – 1.916.2.1 Instrumento
público – 1.916.2.2 Instrumento particular – 1.916.3. Documentos autógrafos e
documentos eterógrafos – 1.916.4. Documentos diretos e documentos
indiretos – 1.916.5. Documentos gráficos e documentos estampados –
1.916.6. Documentos dispositivos e documentos narrativos – 1.916.7.
Documentos pré-constituídos e documentos casuais – 1.916.8. Documentos
originais e documentos reproduzidos – 1.196.9. Documentos assinados e
documentos não assinados – 1.196.10. Documentos físicos e documentos
eletrônicos – 1.917. Defeitos materiais do documento – 1.917.1. Espécies de
defeitos materiais dos documentos – 1.917.2. Correção dos defeitos materiais
dos documentos – 1.917.3. Eficácia probatória do documento defeituoso –
1.918. Perda do documento original – 1.919. Produção do documento
estrangeiro – § 395.º Documentos públicos – 1.920. Espécies de documentos
públicos – 1.920.1. Documento público judicial – 1.920.2. Documento público
notarial – 1.920.3. Documento público administrativo – 1.921. Eficácia
probatória dos documentos públicos – 1.921.1. Eficácia probatória dos
documentos públicos em geral – 1.921.1.1. Eficácia probatória das
declarações dispositivas – 1.921.1.2. Eficácia probatória das declarações
narrativas – 1.921.2. Eficácia probatória da escritura pública – 1.922.
Reproduções dos documentos públicos – 1.922.1. Espécies de reproduções –
1.922.1.1. Certidão – 1.922.1.2. Traslado – 1.922.1.3. Extrato – 1.922.1.4.
Pública forma – 1.922.1.5. Cópia – 1.922.2. Reproduções dos documentos
judiciais – 1.922.3. Reproduções dos documentos notariais – 1.922.4
Reproduções dos documentos administrativos – 1.922.5. Reproduções dos
documentos eletrônicos – 1.923. Desconsideração do documento público –
1.923.1. Natureza da desconsideração do instrumento público – 1.923.2.
Requisitos da desconsideração do instrumento público – 1.923.2.1.
Relatividade da forma especial do documento público – 1.923.2.2. Vício
exclusivo do documento público – 1.923.2.3. Observância das formalidades
do documento particular – 1.923.3. Efeitos da desconsideração do
instrumento público – § 396.º Documentos particulares – 1.924. Espécies de
documentos particulares – 1.925. Eficácia probatória dos documentos
particulares – 1.925.1. Eficácia das declarações dispositivas do documento
particular – 1.925.2. Eficácia probatória das declarações enunciativas do
documento particular – 1.925.3. Âmbito subjetivo da eficácia probatória do
documento particular – 1.925.4. Indivisibilidade do documento particular –
1.926. Autoria do documento particular – 1.926.1. Forma da assinatura –
1.926.2. Espécies de assinatura – 1.926.3. Reconhecimento notarial da
assinatura – 1.926.4. Reconhecimento judicial da assinatura – 1.926.5. Efeitos
da assinatura – 1.927. Data dos documentos particulares – 1.927.1. Eficácia
da data entre os figurantes – 1.927.2. Eficácia da data perante terceiros –
1.928. Reproduções dos documentos particulares – 1.928.1 Reproduções
autenticadas do documento particular – 1.928.2. Reproduções simples do
documento particular – 397.º Documentos particulares especiais – 1.929.
Documentos transmitidos – 1.929.1. Autoria do documento transmitido –
1.929.2. Correspondência do documento transmitido – 1.930. Documentos
domésticos – 1.930.1. Prova do recebimento de crédito – 1.930.2. Prova da
existência de dívida – 1.930.3. Prova dos fatos em geral – 1.931. Documentos
anotados – 1.932. Documentos empresariais – 1.932.1. Espécies dos
documentos empresariais – 1.932.2. Eficácia dos documentos empresariais –
1.932.2.1. Prova contrária ao empresário – 1.932.2.1.1. Natureza da prova
contrária ao empresário – 1.932.2.1.2. Alcance subjetivo da prova contrária ao
empresário – 19.2.1.3. Alcance objetivo da prova contrária ao empresário –
1.932.2.2. Prova favorável ao empresário – 1.932.3. Princípio da
indivisibilidade dos documentos empresariais – 1.933. Documentos diretos –
1.933.1. Requisitos da produção da prova direta – 1.933.2. Oportunidade da
impugnação da prova direta – 1.933.3. Forma e conteúdo da impugnação da
prova direta – 1.933.4. Efeitos da impugnação da prova direta – § 398.º
Documentos eletrônicos – 1.934. Conceito de documento eletrônico – 1.935.
Eficácia probatória do documento eletrônico – 1.936. Reproduções do
documento eletrônico – § 399.º Produção da prova documental – 1.937.
Formas de produção da prova documental – 1.938. Produção espontânea da
prova documental – 1.938.1. Controle da produção espontânea de
documentos – 1.938.2. Objeto da produção espontânea de documentos –
1.938.3. Efeitos da produção espontânea de documentos – 1.939. Produção
forçada da prova documental – 1.939.1. Exibição de documento particular –
1.939.2. Requisição de documentos públicos – 1.939.2.1. Requisitos da
requisição de documentos públicos – 1.939.2.2. Procedimento da requisição
de documentos públicos – 1.939.2.2.1. Forma da requisição dos documentos
públicos – 1.939.2.2.2. Prazo da requisição dos documentos públicos –
1.939.2.2.3. Efeitos da pendência da requisição dos documentos públicos –
1.939.2.2.4. Atitudes da autoridade administrativa requisitada – 1.939.2.2.5.
Despesas na requisição de documentos públicos – 1.939.2.2.6. Extração de
cópias dos documentos públicos – 1.939.2.3. Efeitos da requisição de
documentos públicos – 1.940. Momento da produção da prova documental –
1.940.1. Momento da produção espontânea da prova documental – 1.940.2.
Momento da produção forçada da prova documental – 1.941. Contradição da
prova documental – 1.941.1. Momento da contradição da prova documental –
1.941.2 Formas de contradição da prova documental – 1.941.3. Legitimados
na contradição da prova documental – 1.941.4. Objeto da contradição da
prova documental – 1.941.5. Efeitos da contradição da prova documental –
1.941.5.1. Efeitos da contradição do documento público – 1.941.5.2. Efeitos
da contradição do documento particular – 1.942. Produção de documentos
novos – 1.942.1. Prova dos fatos supervenientes – 1.942.2. Contraprova dos
fatos articulados – 1.942.3. Documentos formados posteriormente – 1.942.4.
Documentos desconhecidos, inacessíveis e indisponíveis – § 400.º Arguição
de falsidade – 1.943. Espécies de falsidade documental – 1.944. Objeto da
arguição de falsidade – 1.945. Natureza da arguição de falsidade – 1.946.
Oportunidade da arguição de falsidade – 1.946.1. Prazo da arguição de
falsidade – 1.946.2. Quantitativo do prazo da arguição de falsidade – 1.946.3.
Contagem do prazo da arguição de falsidade – 1.947. Iniciativa da arguição
de falsidade – 1.947.1. Legitimidade ativa na arguição de falsidade – 1.947.2.
Legitimidade passiva na arguição de falsidade – 1.948. Suscitação da
arguição de falsidade – 1.948.1. Suscitação da falsidade no primeiro grau –
1.948.1.1. Competência na arguição de falsidade – 1.948.1.2. Forma da
arguição de falsidade – 1.948.1.3. Controle da admissibilidade da arguição de
falsidade – 1.948.1.4. Intervenção do Ministério Público na arguição de
falsidade – 1.948.2. Suscitação da falsidade no segundo grau – 1.948.2.1.
Autos da arguição de falsidade tardia – 1.948.2.2. Objeto da arguição de
falsidade tardia – 1.948.2.3. Competência do tribunal na arguição de falsidade
tardia – 1.948.2.4. Processamento da arguição de falsidade tardia – 1.949.
Efeitos da arguição de falsidade – 1.950. Defesa na arguição de falsidade –
1.950.1. Prazo de resposta na arguição de falsidade – 1.950.2. Modalidades
de resposta na arguição de falsidade – 1.950.3. Atitudes do suscitado na
arguição de falsidade – 1.951. Instrução da arguição de falsidade – 1.952.
Decisão da arguição de falsidade – 1.952.1. Momento da decisão da arguição
de falsidade – 1.952.2. Regra de julgamento da arguição de falsidade –
1.951.3. Recurso próprio da decisão da arguição de falsidade – 1.952.4.
Efeitos da decisão da arguição de falsidade – 1.952.5. Autoridade da decisão
da arguição de falsidade – § 401.º Apreciação da prova documental – 1.953.
Sistemática da apreciação da prova documental – 1.954. Interpretação da
prova documental.

§ 394.º Documentos em geral

1.914. Conceito de documento

O art. 212, II, do CC situa o documento (no singular) em segundo lugar no


catálogo das provas. Em vão, todavia, buscar-se-á no título que corresponde
às provas da lei civil ulterior indicação quanto ao conceito preciso de
documento ou de prova documental.1 Nem sequer o benefício da uniformidade
terminológica orienta a lei civil nessa área. Emprega o CC simultaneamente e
no mesmo sentido palavras distintas, adjetivando-as ou não: (a) a documento
(v.g., no art. 219 do CC); (b) a documento público (art. 217 do CC); (c) a
escrito particular (art. 226, parágrafo único, do CC); (d) a instrumento (v.g.,
art. 133 do CC); (e) a instrumento público (v.g., art. 5.º, parágrafo único, I, do
CC); (f) instrumento particular (v.g. art. 167, III, do CC); e (g) a escritura
pública (v.g., art. 215, caput, do CC).

Supera-se a imprecisão através da análise das disposições legais


inseridas nas leis civil e processual. Em primeiro lugar, documento há de ter
compreensão elástica, entendido como bem criado (e, não, coisa ou bem
corpóreo) pelo homem sobre base estável, geralmente representativa da fonte
da prova – pessoas, coisas e fenômenos naturais e artificiais –, contendo
representações em signos gráficos, visíveis (e, portanto, perceptíveis pelo
tato, como na linguagem braile) ou sonoros. O documento exprime por sinais
estáveis (v.g., arquivos de imagens) e convencionais o pensamento humano
de forma escrita ou figurativa. É o conteúdo intelectual intrínseco ao bem
chamado de “documento” que o define como fonte de prova e,
conseguintemente, disciplina o meio de prova previsto nos arts. 405 a 438 ao
NCPC.2 A separação formal do documento eletrônico, objeto de outra seção
do capítulo das provas (arts. 439 a 441), não se justifica. O documento não é
unicamente objeto material.3

O documento representa os fatos relevantes em sentido lato ao mundo


jurídico.4 Tal a noção estrita de prova documental. O processo adquire
documentos por iniciativa concorrente das partes ou do juiz e de forma
espontânea ou forçada. A noção estrita de documento autoriza a separação
em categoria à parte dos monumentos (v.g., os marcos, mencionados no art.
572 e outras disposições), integrantes da prova real.

Segundo outro entendimento, a prova real decorre da atividade humana,


subdividindo-se em duas espécies: (a) representativa (documento); e (b) não
representativa (monumento).5 A objeção sistemática a essa visão reside na
dificuldade de incorporar os meios contemporâneos de expressão do
pensamento, a exemplo do notável documento eletrônico, razão por que é
preferível dissociar o documento da base material ou corpórea. Assim, há
base para a distinção das figuras afins.

Ao conceito de documento não importam: (a) a natureza do suporte físico


(v.g., papel, tela, madeira, metal, pedra, cerâmica) ou virtual (v.g., DVD); (b) a
natureza dos signos (escritos ou não) e a respectiva compreensão (v.g.,
pensamento expresso em língua extinta, como a trácia); (c) a natureza da
representação dos signos, seja a impressão mecânica (v.g., máquina de
escrever) ou manuscrita por instrumento próprio (v.g., caneta a tinta, lapiseira,
estilete, pincel, pena); (d) a autoria, geralmente decorrente da autoria, embora
este elemento seja relevante no plano da eficácia.6

Não se confunde a prova literal com a prova documental.7 Prova literal


advém do latim litera (letra) e resulta da escrita. Ora, a prova documental
geralmente é escrita, mas não se cinge aos documentos escritos, como
sugere a célebre expressão francesa lettres passent témoins. O
desenvolvimento tecnológico cunhou outros meios de expressão do
pensamento (v.g., arquivos de imagens e de sons).

Da prova documental discrepa a prova real. Entende-se por prova real a


que exprime o pensamento sem incorporar-se ao processo. Tem por objeto os
móveis, os imóveis e os semoventes. As coisas são periciadas (vistoria,
exame e avaliação) ou inspecionadas pelo juiz in locu. A prova real engloba
os monumentos. Também são chamados de testemunhos,8 provindos, ou não,
da ação humana, tais como já mencionados marcos (v.g., art. 572), por sua
vez subdivididos em privados e públicos: (a) estações; (b) construções.9 Já
não se alude às estacas e aos sinais, depurada a linguagem processual, mas
tal não implica o desaparecimento desses testemunhos. As características
físicas dessas coisas obstam que, via de regra, sejam adquiridas pelo
processo na forma de prova documental.10 Porém, podem ser documentadas
por imagens (v.g., prova fotográfica ou videográfica), ata notarial (retro, 1.851)
ou constatação oficial (retro, 1.850), chamada, nesse caso particular, de “auto
descritivo”.

A prova documental tem função predominante no processo civil. Produzida


conjuntamente com os atos postulatórios principais das partes (petição inicial
e defesa), enseja a precipitação do julgamento, na forma do art. 355, I, e
semelhante técnica de abreviação do procedimento parece tão atrativa que a
lei encontrou meio de traduzir documentalmente o conhecimento técnico,
científico, artístico ou prático, mediante o expediente da juntada de pareceres
(art. 472).

Em vários ordenamentos jurídicos, destacando-se o norte-americano,


tradicionalmente marcado pelo culto à oralidade, verifica-se tendência
análoga. Os depoimentos escritos, chamados de affidavits, representam a
mola que impulsiona o summary judgment.11 A prova documental é
subespécie de prova pré-constituída, pois há os depoimentos escritos, a ata
notarial e os pareceres técnicos (art. 472), que também se constituem fora do
processo.12

A prova documental restringe a admissibilidade da prova testemunhal


(lettres passent témoins),13 como se infere do art. 443, I, e, ademais, e tem
particular relevo em matéria de negócios jurídicos formais.

Os documentos escritos têm duas finalidades ou funções: (a) ad


substantia (v.g., o negócio jurídico celebrado com a cláusula de valer
mediante instrumento público); e (b) ad probationem.14

1.915. Elementos do documento

Sempre que se cogita da prova documental aflora o tópico da eficácia ou


força probatória. Este constitui o aspecto mais sensível e sobressalente dessa
peculiar fonte de prova. Não é por outro motivo que, a seção da prova
documental inicia com subseção dedicada à força probante. Se seguramente
apropriado retirar os arts. 420 e 421, respeitantes à exibição dos livros
empresariais, enxerto injustificável e nem todas as disposições encontram-se
bem situadas no contexto da subseção.

Em matéria da prova, o documento prevalece desde a consolidação do


princípio lettres passent témoins, enunciado na Ordennance de Moulins, de
1566,15consagrado no art. 1.341 do CC francês, e, daí, transladado aos países
latinos, obrigando à análise atenta da eficácia probatória. Fatos jurídicos
transitórios – escreveu-se na literatura italiana antiga – preservam-se através
da escritura.16 Afigura-se imprescindível para entender a excelência técnica do
processo civil brasileiro em tais domínios, o refinamento e a justeza das
soluções empregadas no direito anterior, e reproduzidas no vigente,
preliminarmente identificar os elementos dos documentos em adstrição à
respectiva espécie.

À primeira vista, o documento se compõe de dois elementos: (a)


extrínseco; e (b) intrínseco. Na doutrina italiana, considera-se mais
problemático o elemento extrínseco. Entende-se por tal o suporte que contém
os signos convencionais (v.g., papel, tela, metal ou pedra), memória de
manifestações orais e figurativas (v.g., desenhos), indireta ou diretamente
(v.g., arquivos de imagens e de sons).17 O elemento intrínseco, ou conteúdo,
comportaria declarações de natureza heterogênea. Falta acrescentar um
elemento a esse catálogo, porque tanto extrínseco (v.g., assinatura), quanto
intrínseco (v.g., o conteúdo contém a declaração que o documento surgiu por
conta de alguém, a teor do art. 410, II): a autoria. Passa-se à análise
individual dos três elementos.

1.915.1. Autoria do documento – O autor do documento é a pessoa a


quem se atribui a formação do documento. Esta pessoa pode ser o executor
material do documento, ou seja, quem o fez (art. 410, I, primeira parte) ou a
pessoa “por conta de quem foi feito” (art. 410, II e III).18

Essa diferença de proveniência enseja a distinção entre duas espécies de


documentos: (a) documento autógrafo, em que há coincidência entre o autor
material e o autor intelectual; e (b) documento eterógrafo.19 O documento
eterógrafo subdivide-se em subespécies, conforme o conteúdo, no que tange
à proveniência da declaração: (ba) a declaração origina-se da parte (v.g., a
declaração do vendedor que recebeu o preço, constante de instrumento
público redigido por oficial incompetente, previsto no art. 407, cuja eficácia é a
do documento particular; o comprovante do estacionamento do veículo; o
cartão de ingresso no quarto do hotel); (bb) a declaração origina-se de
terceiro (v.g., a prova testemunhal emprestada).20 Por definição, a escritura
pública é documento eterógrafo, porque lavrada pelo tabelião.

E, conforme a posição do executor material do documento, as duas


espécies mais relevantes de documento são discernidas: (a) documento
público, que é lavrado por oficial público no exercício da competência
atribuída por lei; e (b) o documento particular, formando no âmbito da
autonomia privada.21

Autor do documento é quem, executor material ou não, emite as


declarações que lhe compõem o conteúdo. Em geral, a assinatura define
autoria ao documento, havendo correspondência entre quem declara e quem
assina (logo, não basta qualquer assinatura, cujo alcance pode ser diverso,
indicando, v.g., a propriedade atual). Porém, há documentos (a) assinados
(v.g., a nota promissória) e (b) documentos não assinados (v.g., os livros
empresariais, a teor do art. 410, III). Essa distinção tem singular relevo no
âmbito dos documentos particulares (art. 410).

Dá-se o nome de autenticidade à certeza da autoria.22 Logo, documento


autêntico tem a eficácia de atribuir a autoria a alguém.23 Em nosso sistema, o
art. 410 atribui autoria, conforme o documento particular esteja assinado ou
não, e compete à contraparte, uma vez produzida a prova documental,
impugnar a assinatura (art. 411, III), mediante o incidente do art. 430. Nesse
caso, a eficácia probatória do documento particular ficará suspensa até a
apuração da autenticidade (art. 428, I). Documentos públicos também podem
ser falsos (art. 427, caput, e parágrafo único, c/c I e II). A diferença consiste
em que a respectiva eficácia probatória subsistirá até declaração judicial em
contrário (art. 427, caput).

1.915.2. Suporte do documento – O documento escrito é a espécie de


maior relevo na prova documental. Varia, entretanto, o suporte da escrita. Em
geral, o autor do documento escreve sobre papel, mas concebem-se outros
suportes materiais: papel, tela, madeira, metal, pedra, cerâmica. O
instrumento da escrita e as cores dos signos (letras e congêneres) não têm
importância particular: admitem-se, ressalva feita a disposição em contrário,
documento escrito à tinta ou a lápis, a cores ou não. Embora sobre suporte
virtual, armazenado e transmitido por imagem, o documento eletrônico é
geralmente escrito, mas comporta outras representações (v.g., imagens de
pessoas e de coisas). No início do século XX, mente privilegiada distinguiu (a)
documento direto e (b) documento indireto. Funda-se esse critério tanto que a
percepção sensorial esteja dentro (v.g., documento gráfico) ou fora da mente
(v.g., documento fotográfico).24

O documento não escrito, a exemplo dos arquivos de som e de imagens


que não sejam gráficas, é prova documental,25 mas crítica.26 Por exemplo, na
ação de Acontra B, em que A alega que B encontrou-se com C no motel X, e
o réu obtempera que visitou o local para vender roupas de cama à rede, a
fotografia de B e Ccarregando os mostruários na entrada do estabelecimento
oferece prova dessa espécie.

1.915.3. Conteúdo do documento – O elemento intrínseco do documento


abrange: (a) declarações de ciência, ou seja, declaração do que se sabe
acerca de fato;27(b) declarações de verdade; (c) declarações de vontade. Em
razão a predominância de uma das espécies de declaração, os documentos
repartem em duas espécies: (a) documentos dispositivos (ou constitutivos);
(b) documentos informativos (ou declarativos).28

Os documentos dispositivos são os instrumentos: (a) públicos,


geralmente ad substantia (v.g., art. 109 do CC); e (b) particulares, ad
probationem ou não.

Os documentos dispositivos, ou instrumentos, reúnem duas espécies de


declarações dos figurantes: (a) declarações de vontade; e (b) declarações de
ciência.

Essa distinção tem relevo no tocante aos documentos, segundo o art.


219, caput, do CC, e ao “documento particular” por força do art. 408, caput,
prevalecendo esta superveniente disposição, a saber: (a) as declarações de
vontade presumem-se verdadeiras, relativamente ao autor do documento (art.
408, caput); (b) as declarações de ciência, ou enunciativas de fatos jurídicos,
em sentido lato, mas alheios aos elementos do ato jurídico em sentido estrito
ou do negócio jurídico bilateral ou unilateral, não eximem o interessado do
ônus de prová-las pelo meio de prova cabível (art. 408, parágrafo único).

Exemplo clássico é o seguinte: no contrato de locação entre A e B, a


declaração de vontade do locador, respeitante ao objeto X e ao preço mensal
de Y, e a declaração de ciência que os três primeiros meses (Y – 3)
encontram-se antecipadamente pagos, pois C emprestou tal quantia ao
locatário.29 São declarações de ciência (a) o pagamento de três meses de
aluguel e (b) a origem dessa quantia. Porém, há uma diferença: a primeira
declaração de ciência, relativa ao ato-fato do pagamento, relaciona-se
diretamente com a declaração de vontade, ou seja, com um dos elementos do
negócio (preço), enquanto a relação da segunda é indireta.30
Essa diferença explica o campo de incidência do art. 219, parágrafo único,
do CC: a primeira presumir-se-ia verdadeira em relação ao autor da
declaração, relevando o ônus da prova, mas a segunda dependerá de prova.
Ao nosso ver, inexiste incompatibilidade entre o superveniente art. 408,
parágrafo único, do NCPC, reproduzindo o art. 368, parágrafo único, do CPC
de 1973. Há que distinguir-se o objeto da declaração de ciência.

Os documentos narrativos subdividem-se em duas subespécies: (a)


documentos testemunhais; e (b) documentos confessórios. O depoimento
escrito, o affidavit do processo da Common Law, é documento testemunhal; a
confissão extrajudicial espontânea, subordinada à forma de instrumento
público, representa a subespécie do documento confessório. Os documentos
testemunhais enunciam fatos externos (v.g., o acidente de trânsito
entre A e B) e fatos internos (v.g., o estado de ânimo de Aapós o acidente).31

Os instrumentos públicos agasalham três espécies de manifestações: (a)


as manifestações do próprio oficial público, decorrentes dos cumprimentos
dos atos do seu ofício (v.g., verificação da identidade); (b) as manifestações
de vontade dos figurantes, percebidas de visu et de auditu; e (c) as
declarações de ciência dos figurantes.32 O art. 405 menciona as duas
primeiras, emprestando fé pública à formação do documento – portanto, aos
atos de ofício – e ao que o oficial público declara ter percebido diretamente.
Essas distinções importam muito à eficácia probatória dos documentos
públicos.

1.916. Espécies de documento

O itinerário percorrido na análise dos elementos do documento (a autoria,


o suporte e o conteúdo) apresentou de forma sumária e abrupta variadas
espécies de documentos. Chegado a esse estágio, não seria fora de propósito
reorganizar os dados já ministrados nas categorias pertinentes, atualizando os
antigos esquemas para incorporar os documentos eletrônicos ou, porque
baseados valores binários, os documentos digitais. Os critérios empregados
para arrumar as espécies em classes variam, mas distinguem-se com clareza:
(a) origem ou proveniência; (b) suporte; (c) conteúdo; (c) forma.

1.916.1. Documentos públicos e documentos particulares – Os


documentos públicos formam-se por obra de oficial público no exercício da
competência que a lei lhe atribui.33 Por exclusão, todos os demais documentos
são particulares.

A distinção entre documentos públicos e documentos particulares constitui


a base da disciplina da prova documental. Dos documentos públicos ocupam-
se os arts. 405 a 405. E dos particulares tratam os arts. 408 a 416; 423 e 424.
O art. 425, v.g., engloba ambas as espécies.

Os documentos públicos formam-se através do escrivão ou do chefe de


secretaria, do tabelião e do servidor público (civil e militar), a teor do art. 405.
Daí, as três subespécies de documentos públicos: (a) judicial; (b) notarial; e
(c) administrativo.34

Em determinados casos, a competência da autoridade pública ou do


particular em colaboração com a Administração consiste em tomar as
declarações dos particulares, em especial as declarações de vontade,
emprestando-lhes forma adequada – a de instrumento. Assim, surge categoria
especial de documentos: os instrumentos.

1.916.2. Instrumento público e instrumento privado – Razões de ordem


prática, condensadas na velha máxima verba volant, scripta manet, nem
sempre uniformes e unívocas, impõem como requisito de validade dos
negócios jurídicos, e, a fortiori, forma especial (art. 107 c/c art. 166, V, do CC).
Em princípio, a forma dos negócios jurídicos é livre; por exemplo, o mandato
pode ser verbal (art. 656 do CC), mas sujeitar-se-á à forma exigida por lei
para o ato a ser praticado pelo mandatário (art. 657, caput, primeira parte, do
CC); por exceção, a lei não tolera a formação do negócio jurídico sem forma
especial: a fiança “dar-se-á por escrito”, peremptoriamente estabelece o art.
819 do CC. Forma especial comum ordinariamente reclamada é a escrita, “por
mais fácil e mais barata”.35 À forma escrita dos negócios chama-se
instrumento,36 espécie do gênero documento, e igualmente subdivido em (a)
público; e (b) privado.

O instrumento integra a forma do negócio jurídico, mas não exaure as


formalidades; por exemplo, as duas testemunhas no instrumento do contrato
de prestação de serviços assinado a rogo integram a forma desse negócio
(art. 595 do CC). E cumpre não confundir a invalidade do negócio e a
invalidade do instrumento. Às vezes, o negócio é nulo, a despeito de
rigorosamente válida a escritura pública de compra e venda de imóvel de
valor superior ao teto do art. 108 do CC (v.g., houve coação do alienante), e
outras vezes o negócio é válido, mas inserido em escritura pública inválida
(v.g., subscrita por quem não é tabelião).37

O NCPC preferiu a dicotomia terminológica entre documento particular e


documento público. Não emprega a expressão “instrumento particular” e
menciona, de olhar fito ao que se passa no direito material, ao instrumento
público, v.g., no art. 657. E à escritura pública alude, v.g., o art. 784, II.

A menção à escritura pública reclama digressão a respeito dessas


espécies de instrumento.

1.916.2.1. Instrumento público – Segundo a melhor definição até agora


concebida, cujo mérito é a simplicidade, instrumento público é o que o oficial
público, tomando as declarações das partes, dá forma por dever de
ofício,38 ou porque os figurantes escolheram essa forma ou porque a lei
obriga-lhes à instrumentação pública. Os instrumentos públicos também são
chamados de autênticos.

Os instrumentos autênticos lato sensu compreendem: (a) a certidão do


leiloeiro, a que alude o art. 35 do Decreto 21.981/1932; (b) o registro do
nascimento ou do óbito por autoridade consular (art. 18 do Dec.-lei
4.657/1942), em que o nascimento e o óbito são fatos jurídicos e a
comunicação do conhecimento desses fatos é ato jurídico em sentido estrito,
bem como divórcio e separação consensual (art. 18, § 1.º, do Dec.-lei
4.657/1942), caso em que é obrigatória a participação de advogado (art. 18, §
2.º do Dec.-lei 4.657/1942); (c) o registro e o instrumento de protesto (art. 20
da Lei 9.402/1997).
Em sentido estrito, instrumento autêntico chama-se, no direito brasileiro,
de escritura pública (art. 215 do CC),39 feita pelo tabelião, “de acordo com as
regras jurídicas de competência e de pressupostos formais, para efeitos de
existência, validade e eficácia dos atos jurídicos” e negócios jurídicos.40 A
escritura pública é documento dispositivo por excelência. O tabelião registra a
própria percepção sensorial (de visu et auditu). À escritura pública aludem as
seguintes disposições do CC: arts. 62, caput; 108; 215; 226, parágrafo único;
292; 541, caput; 807; 842; 1.128, parágrafo único; 1.334, § 1.º; 1.369, caput;
1.609, II; 1.640, parágrafo único; 1.653; 1.711, caput; 1.793, caput; 2.015. E
notável é a sua eficácia probatória, fazendo “prova plena” (art. 215, caput, do
CC).

1.916.2.2. Instrumento particular – É instrumento particular o documento


que não se formou por oficial público, escrito ou assinado, ou somente
assinado, por quem se acha na livre disposição ou administração de seus
bens, provando “obrigações convencionais” de qualquer valor (art. 221, caput,
do CC).41

Os instrumentos particulares se dividem em (a) quirógrafos, feito de mão


própria, e (b) epístolas, por sua vez subdividas em narrativas, exortatórias,
laudatórias, suasórias, recomendatórias, petitórias, e assim por
diante,42 subespécies ainda hoje identificadas nas cartas missivas do art.
415, caput. E há designações especiais para certos instrumentos: (a) cédula,
abrangendo (aa) títulos de crédito impressos (v.g., a cédula de crédito rural, a
teor do art. 1.438, parágrafo único, do CC) e (ab) o testamento particular (art.
1.879 do CC); (b) conta (art. 1.468 do CC), que classifica débitos e créditos;
(c) recibo (art. 1.890 do CC), como prova documental do adimplemento ou da
entrega; (d) livros (v.g., art. 226 do CC) em que se registram operações de
conta; (e) fichas (v.g., art. 226 do CC).43 Ao rol urge acrescentar os títulos que
incorporam crédito, também chamados de cártulas (v.g., a duplicata sacada
da fatura da compra e venda mercantil, contendo os elementos do art. 2.º, §
1.º, da Lei 5.474/1968).

As classes relevantes em tema de prova documental são as seguintes: (a)


instrumentos assinados; (b) instrumentos não assinados.44

1.916.3. Documentos autógrafos e documentos eterógrafos – Os


documentos particulares podem ser feitos e assinados por seu autor, que
também é o executor material, ou são feitos por conta de outrem, pessoa que
lhe assume a paternidade, dissociando elaboração e autoria.45 Assim, o autor
do documento é a pessoa a quem a lei atribui a formação do documento,
assunto regulado no art. 410. Essa diferença enseja a distinção entre duas
espécies de documentos: (a) documento autógrafo, em que há coincidência
entre o autor material e o autor intelectual; e (b) documento eterógrafo.46

Lavrada pelo tabelião, mas predominando no seu conteúdo as


declarações das partes, a escritura pública é documento eterógrafo. O
documento particular é geralmente autógrafo.

1.916.4. Documentos diretos e documentos indiretos – Conforme a


mediação intrínseca da mente humana, os documentos se dividem em (a)
diretos; e (b) indiretos. Os desenhos, os projetos, as pinturas são documentos
executado pela mente humana, e, portanto, documentos indiretos. As
fotografias e, de modo geral, os arquivos de imagens e de sons são
documentos diretos.47

1.916.5. Documentos gráficos e documentos estampados – São gráficos


os documentos escritos públicos e privados, os desenhos, as pinturas. E
estampados os arquivos de imagens e de som que o processo adquire
mediante impressão física (v.g., a fotografia, a desgravação do depoimento de
pessoas, e assim por diante). O art. 225 do CC atribui eficácia de prova plena
às reproduções fotográficas e cinematográficas, bem como aos registros
fonográficos, salvo impugnação da exatidão.

1.916.6. Documentos dispositivos e documentos narrativos – O


predomínio das declarações de vontade torna o documento dispositivo.
Exemplo dessa espécie é a escritura pública (art. 215 do CC). Os documentos
narrativos são as cartas (art. 415), ou missivas, ou epístolas, ou bilhetes. As
epístolas são narrativas, exortatórias, laudatórias, suasórias,
recomendatórias, petitórias, e assim por diante.48

1.916.7. Documentos pré-constituídos e documentos casuais – As partes


formam documentos, porque a lei impõe forma especial, ad substantiam, ao
ato jurídico em sentido estrito ou ao negócio jurídico unilateral ou bilateral, ou
para constituir prova em eventual processo futuro (ad probationem). Os
instrumentos públicos e privados integram a classe dos documentos pré-
constituídos. Os documentos casuais são os que se formam sem nenhum
desses propósitos (v.g., as cartas, os registros domésticos, as anotações).49

1.916.8. Documentos originais e documentos reproduzidos – Original é o


documento formado pelo seu autor, assinado ou não, ou pelo oficial público
encarregado de dar forma às declarações dos figurantes. Os documentos
públicos não comportam aquisição direta pelo processo e, de ordinário, são
requisitados pelo juiz (art. 438). Em vista dessa circunstância, o art. 425
ocupa-se das cópias, ou reproduções, dos documentos públicos e dos
documentos eletrônicos. Os arts. 216 a 218 do CC também disciplinam o
assunto. O art. 424 trata das cópias dos documentos particulares, bem como
o art. 223 do CC.

1.916.9. Documentos assinados e documentos não assinados – Os


instrumentos particulares se dividem em duas espécies: (a) assinados; (b) ou
não assinados. Essa última modalidade evidencia-se na imputabilidade do
documento que, segundo regra de experiência (v.g., os registros domésticos),
a teor do art. 415, caput, não costuma ser assinado, objeto de previsão no art.
410, III.

Formalidade da escritura pública, a teor do art. 215, VII, do CC, reside na


assinatura das partes, e outros participantes, bem como a do tabelião ou do
respectivo substituto legal, requisito propagado a quaisquer instrumentos
públicos. A autoria é essencial ao documento particular, originando-se da
assinatura (art. 410, I e II), independentemente de quem materialmente
confeccionou o documento, lançando no suporte físico ou virtual signos, sons
e imagens.
Os instrumentos particulares não assinados são os seguintes: (a) livros
(v.g., art. 417); (b) registros domésticos (art. 415); (c) epístolas ou cartas
missivas (art. 415); (c) anotações (art. 416).

Os documentos particulares assinados dividem-se em duas subespécies:


(a) formais, os documentos que, a par de assinados, submetem-se à forma
especial, contemplando obrigatoriamente outros requisitos, a exemplo do
cheque, que há de exibir o lugar do pagamento, o valor por extenso e o lugar
e a data da emissão, dentre outros (art. 1.º da Lei 7.357/1985); (b) ordinários,
os documentos imputáveis a alguém mediante a assinatura.

1.916.10. Documentos físicos e documentos eletrônicos – O suporte dos


documentos é tanto físico, quanto eletrônico. Os arquivos eletrônicos são
digitais e abrangem (a) escritos; (b) imagens; (c) sons; (d) gráficos; (e)
desenhos; (f) animações.50 Entende-se por documento eletrônico o documento
formado através de programa de software, arquivado na memória fixa de certo
equipamento (hardware), ou separadamente (v.g., no CD ou compact
disc).51 Documentos físicos se transformam em digitais mediante conversão.
O art. 1.º, parágrafo único, da Lei 12.682/2012 define a digitalização como
“conversão da fiel imagem de um documento para o código digital”. Dos
documentos eletrônicos, no processo escrito, ocuparam-se os arts. 439 a 441,
sem qualquer inovação particular.

Em relação ao documento em suporte físico, o documento eletrônico exibe


expressivas diferenças, conforme explica o autor da noção apresentada: (a)
em vez de signos impressos, o registro dos signos, imagens e sons, ou
composição do documento eletrônico, provém de impulsos elétricos e
magnéticos, depositados num aparato físico; (b) os signos, as imagens e os
sons do documento eletrônico não se percebem diretamente pela mente
humana, dependendo de certo aparato para serem decodificados, então se
tornando – eis o ponto – ostensivos e inteligíveis à mente humana pelos
próprios sentidos da pessoa (v.g., a versão datilográfica do depoimento da
testemunha gravado).

Dessas características peculiares derivam duas questões sistemáticas.

Em primeiro lugar, a prova documental é pré-constituída. A formação do


documento antecede à produção no processo. Ora, abstraída a questão
relativa à genuinidade, o documento eletrônico, decerto forma-se
anteriormente à produção no processo, mas a percepção do juiz dependerá
da mediação do aparato de leitura ou de decodificação dos impulsos
registrados no arquivo. Esta mediação inexiste no documento em suporte
físico. O juiz o perceberá imediatamente. Em outras palavras, no documento
eletrônico, percebido mediatamente, haverá necessidade de uma atividade de
instrução suplementar na produção do documento eletrônico no ambiente
comum.52 É o objeto do art. 439, segundo qual o uso do documento eletrônico,
no processo convencional (ou escrito), dependerá (a) da sua conversão à
forma impressa; e (b) à verificação da sua autenticidade.

Ademais, a diferença entre o original e a cópia no documento eletrônico


desvanece-se, desaparecendo totalmente no processo integralmente
eletrônico, porque todas as reproduções são originais e armazenadas
conjunta e virtualmente. É pouco significativo que o documento eletrônico
contenha palavras, números ou dados, importando, sobretudo, a necessidade
da reprodução obrigatória no processo. Não discrepam os elementos
eletrônicos, desse sentido, dos documentos públicos, cujos originais ficam sob
a guarda e vigilância do escrivão, do tabelião e do registrador ou do oficial
público (servidor público civil ou militar).

O art. 10, caput, da MP 2.200/2001 considera documento público ou


particular, “para todos os efeitos legais”, os documentos eletrônicos
acompanhados de certificação digital da autoria, por sua vez emitidos pela
chamada Autoridade Certificadora (AC), e distribuídos pelas Autoridades de
Registro (AR), cadeia de autoridades que compõem o ICP-Brasil ou Infra-
Estrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP – Brasil. Os pronunciamentos
do órgão judiciário (decisões, sentenças e acórdãos), assinados digitalmente,
são documentos públicos judiciais e eletrônicos enquadrados na regra.

Em sua versão estrita, imposta no art. 10, caput, da MP 2.200/2001, o


documento eletrônico torna certa a autoria, imputando o conteúdo ao
respectivo autor. Este é o fundamento da presunção de veracidade das
declarações, objeto de previsão do art. 10, § 1.º, da MP 2.200/2001.
Disposição assaz genérica, não distinguindo as espécies de declaração (de
vontade e de ciência) no conteúdo, e a pessoa que as emitiu no documento
eterógrafo (oficial público ou figurante do ato jurídico em sentido lato),
necessitará de harmonização com a fé do documento público ou particular
escrito atribuída por outras normas. É manifesto, além disso, que o processo
adquire documentos desacompanhados de certificado digital, impondo-se
estabelecer a respectiva eficácia (ou fé, ou força probante) à margem da
regra.

1.917. Defeitos materiais do documento

Às vezes, o original do documento contém defeitos materiais, perceptíveis


sensorialmente, de maior ou de menor gravidade de acordo com a natureza
do suporte (v.g., o rasgão na tela), geralmente o papel. Tais defeitos
independem da classe do documento. No entanto, mostram-se mais comuns
nos documentos privados. E também afetam as cópias.

Os defeitos materiais perceptíveis à primeira vista são (a) congênitos, ou


originários, e (b) supervenientes. Nos documentos escritos sobre papel, que
correspondem ao plerumque quod accidit, o instrumento da impressão
mecânica (v.g., a máquina de escrever, mediante troca de letras e de
algarismos) ou manuscrita (v.g., caneta a tinta, lapiseira, estilete, pincel,
pena), os defeitos originários defluem de (a) erro intelectual (v.g., a troca de
letras na digitação), (b) mecânico (v.g., o travamento da tecla, na máquina de
escrever; o esgotamento do depósito de tinta, na caneta) ou (c) físico (v.g., o
excesso de pressão no estilete). O rasgão, o dilaceramento parcial e a
consumpção por insetos constituem defeitos supervenientes.

Os documentos viciados já eram postos sob suspeita nas Ordenações


Filipinas (Livro 3, Título 60, § 6.º), apresentando imperfeições materiais,53 na
época bastante comuns, haja vista a natureza rudimentar dos instrumentos de
pressão e a imperícia da escrita das pessoas parcamente alfabetizadas. A
hostilidade à força probatória dos documentos defeituosos predominava nesta
conjuntura. Os arts. 145 e 146 do Regulamento 737/1850 rejeitavam a
eficácia probatória dos documentos viciados, salvo havendo oportuna
ressalva das emendas e das entrelinhas. Por óbvio, a ressalva elimina
virtualmente o defeito. Em sentido oposto, o art. 227 do CPC de 1939 adotou,
a esse respeito, a orientação germânica de autorizar a livre apreciação do
documento viciado, independentemente da extensão e da intensidade do
vício, mas não da natureza – o documento falso não é admissível. Reproduziu
semelhante diretriz o art. 386 do CPC de 1973, transcrevendo-o, em parte, o
art. 426 do NCPC. A regra aponta como defeitos a entrelinha, a emenda, o
borrão e o cancelamento.

1.917.1. Espécies de defeitos materiais dos documentos – O que


caracteriza os defeitos arrolados no art. 426 é a flagrância.54 Uma simples
passada de vista revela a existência do vício externo. Entende-se como: (a)
entrelinha o acréscimo no espaço entre duas linhas horizontais; (b) emenda é
a junção e a supressão de letra, algarismo, palavra, número ou oração,
alterando o texto e o contexto do documento; (c) borrão é mancha de tinta; (d)
cancelamento é supressão física, por carimbo ou outro meio, e o escrito de
tornar sem efeito letra, algarismo, palavra ou oração do texto.

Em relação à especificação do art. 227 do CPC de 1939, a regra vigente


omitiu a (e) rasura (ou litura), que é o risco ou raspagem de letra, algarismo,
palavra, número ou oração, tornando ilegível a parte riscada ou raspada. Não
tem maior relevo a falta de coincidência parcial dos textos. O catálogo é
exemplificativo, produzindo defeitos inseridos nessa disciplina:55 (f) a
obliteração de letra, algarismo, palavra ou oração pela umidade (v.g., pingou
café sobre o documento) ou pelo fogo (v.g., do cachimbo aceso caiu fumo
incandescente sobre o documento); (g) a consumpção de partes do
documento pelas traças ou agentes externos; (h) o dilaceramento do suporte,
no todo ou em parte. É possível que o texto desapareça, no todo ou em parte,
por ato doloso.56

Os vícios materiais afetam o conteúdo do documento no todo ou em parte.


E originam-se de causas diversas. Em geral, decorrem de acidente (v.g., a
água derramada sobre o documento), da conservação descuidada (v.g.,
guardados em cofre suscetível à umidade), do próprio instrumento da escrita
(v.g., o redator usou duas canetas diferentes, porque faltou tinta na primeira, e
a descontinuidade de cores salta à vista e de erro intelectual do redator (v.g.,
a grafia incorreta da quantia por extenso); porém, os defeitos podem ter sido
intencionalmente criados, inclusive para inutilizar o documento como fonte de
prova.

Os defeitos materiais são objeto de regras proibitivas da existência nas


seguintes hipóteses: (a) na escrituração dos negócios da empresa (art.
1.183, in fine, do CC); (b) no testamento particular (art. 1.876, § 2.º, do CC).
Nesses casos, há invalidade e o documento revela-se imprestável por vício de
forma.

Em virtude da diversidade de causas, e da improbabilidade de a apuração


das circunstâncias da causalidade, a mais das vezes investigação infrutífera e
lateral no debate da causa, o art. 426 abstrai a causa provável. O documento
materialmente viciado é admitido como prova documental e, de ordinário, sem
restrições.
1.917.2. Correção dos defeitos materiais dos documentos – O art. 426
admite a perfeição do documento viciado por entrelinha, emenda, borrão ou
cancelamento que contenha a devida ressalva.

Entende-se por tal a anotação, no corpo e nas margens do documento, ou


em anexo, a anotação do ocorrido e a declaração da higidez do conteúdo. Se
há mais de um defeito, todos devem ser ressalvados,57 sendo comum o uso
de “em tempo”, no final, ou da autocorreção por intermédio da palavra “digo”
ou equivalente.

1.917.3. Eficácia probatória do documento defeituoso – Defeitos que não


recaiam sobre “ponto substancial” do documento apenas lhe comprometem a
estética, jamais a eficácia probatória. O documento defeituoso é admitido, via
de regra, como prova documental sem maiores restrições, exceto recaindo o
vício em ponto substancial.

Ora, a noção de parte substancial não se relaciona obrigatoriamente com


nenhum dos elementos (autoria, data e conteúdo) ou com a virtual aptidão de
produzir efeitos jurídicos, versando a espécie, a modalidade, e consequências
dos direitos e deveres do(s) figurante(s).58 Dependerá do teor da alegação de
fato controvertida e integrante do tema da prova. Assim, documento de
adesão à dívida em que o valor do crédito foi borrado – ponto substancial por
qualquer critério –,59 emendado, rasurado ou obliterado, inexistindo
controvérsia a esse propósito considera-se perfeito e indene.

É o que preceitua, afinal, o art. 426, declarando que o juiz apreciará


fundamentadamente a eficácia probatória do documento. Ou a regra é
truísmo, mera reprodução do art. 371, ou ela pré-exclui o documento que, em
virtude do defeito, e embora não seja falso, nada prova de concreto. O defeito
é tão grave e irrecuperável (v.g., a parte dilacerada continha, segundo a
versão do autor, a assinatura do réu, negada categoricamente por este),
malgrado os milagrosos avanços científicos e tecnológicos da nossa era, que
perdeu inteiramente o valor probatório. Nessa linha de raciocínio, ociosa a
investigação da causa e da autoria do defeito – exceto no plano repressivo – e
a restauração da originalidade da parte danificada.

1.918. Perda do documento original

Pode acontecer de o documento ter-se formado para fins ad


solenitatem e ad probationem, mas ter-se perdido ou extraviado, sem que
haja cópia hábil, com ou sem culpa do respectivo possuidor. Em algumas
situações, como a dos títulos de crédito, o problema assume graves
proporções: a falta da cártula inviabiliza o exercício dos direitos cambiais.

Os créditos mostram-se transmissíveis, em geral, variando a forma solene


ou informal prevista na lei para o negócio jurídico de transmissão. Existem
títulos que documentam e incorporam o crédito, ensejando a circulação dos
valores mobiliários na economia capitalista, e transmitem-se através de
tradição manual. O proprietário do título é quem o possui e quem o possui é o
titular do crédito. Os títulos ao portador legitimam o possuidor somente pela
posse a receber o crédito. O obrigado na cártula, por sua vez, obriga-se a
prestar a quem quer que se lhe apresente detentor do mesmo título (art. 905
do CC). Às vezes, forma-se título nominativo, no qual o credor (ou
beneficiário) é nominalmente designado, mas transforma-se em título ao
portador mediante o “endosso em branco” – a assinatura do credor, lançada
no verso da cártula, sem a indicação de pessoa ou beneficiário, e passa a
circular manualmente.

Ora, a regra da titularidade do crédito pela posse torna a perda do título


(v.g., o roubo do carro forte, oportunidade em que a quadrilha recolhe as
cédulas de dinheiro e, para não deixar pistas, incendeia o veículo,
consumindo o título) e o desapossamento injusto (v.g., o título guardado em
malote é subtraído do carro forte e desparece nas mãos da quadrilha) eventos
que inviabilizam as pretensões cambiais. A noção de perda é amplíssima. Ela
abrange tanto a destruição física (v.g., o título é picotado e não pode ser
reconstituído), quanto o extravio (v.g., a instituição bancária, após receber o
título em cobrança, não consegue localizá-lo, quiçá por tê-lo remetido ao
próprio obrigado ou a terceiro, segundo a prática das duplicatas sem aceite).
Em tais casos, não se manifestando vontade do possuidor em transmitir o
crédito, acodem-lhe duas pretensões: (a) a reivindicação de coisa móvel; (b) a
anulação da cártula originária e substituição por outra), ambas adstritas ao
procedimento comum. Esse sentido largo de “perda” e de “desapossamento
injusto” encontra-se retratado, por exemplo, no art. 24, parágrafo único, da Lei
7.357/1985, relativamente ao cheque, in verbis: “Sem prejuízo do disposto
neste artigo, serão observadas, nos casos de perda, extravio, furto, roubo ou
apropriação indébita do cheque, as disposições legais relativas à anulação e
substituição de títulos ao portador, no que for aplicável”.

No que tange à duplicata, título emitido a partir da fatura da compra e


venda mercantil, o art. 23 da Lei 5.474/1968 é mais flexível, autorizando o
vendedor a extrair triplicada, surtindo a nova via os mesmos efeitos do
original.

Desse âmbito ficam alheios dos títulos da dívida pública ao portador. Eles
são, nos termos do art. 71, § 1.º, da Lei 4.728/1965, irrecuperáveis.

Fora desses casos, ainda há os chamados títulos de legitimação: (a) os


bilhetes de ingresso em espetáculos públicos, alguns de expressivo valor e
mercados com larga antecedência; (b) os bilhetes de loteria pública. Não
constituem títulos de crédito, mas legitimam o portador a receber a prestação,
e, portanto, configurados os pressupostos (perda e desapossamento injusto),
há que haver remédio processual hábil para reivindicá-los e substituí-los.
Também se inserem nessa órbita as ações das sociedades anônimas, ao
portador ou nominativas, como se infere do art. 38, § 1.º, da Lei 6.404/1976 e
art. 37 da Lei 4.728/1965.

Os documentos públicos particulares que documentam créditos e outros


direitos e, eventualmente, legitimam o titular do direito (v.g., o título de
domínio habilita o dono a reivindicar o imóvel e é documento indispensável na
petição inicial) submetem-se às vicissitudes da perda e do extravio. Evento
mais comum quanto aos documentos particulares (v.g., o promissário
comprador confia a segunda via da promessa ao advogado, que lhe dá
sumiço), não é implausível aventar-se (a) o calamitoso e anormal
desaparecimento de instrumento público, ad solenitatem, ocorrendo incêndio
na sede do ofício, destruindo os livros físicos do tabelião antes da entrega dos
traslados da escritura pública; ou, aposentado ou morto o titular do
tabelionato, (b) o extravio arquivos do antigo notário, no todo ou em parte.

Em casos tais, põe-se o problema de produzir-se prova substitutiva do


documento perdido ou extraviado sem recorrer às pretensões antes
mencionadas, porque desnecessário reivindicar ou anular o título originário e
substituí-lo por outro. À semelhança dessas pretensões, perdendo-se ou
extraviando-se documento público ou particular, o autor alegará e provará,
incidentalmente: (a) a existência do documento; (b) o conteúdo, no todo ou
em parte, do negócio jurídico subordinado à forma ad solenitatem ou
constituído por escrito ad probationem; e (c) a perda ou o extravio do original
sem cópia.60 O ordenamento brasileiro não cogita da culpa no evento. Assim,
não se admitiria a orientação de julgado da Corte de Cassação italiana que
confirmou a inadmissibilidade da prova substitutiva da existência do contrato
preliminar de compra e venda, porque a parte interessada não demonstrara
suficientemente diligência na conservação do documento.61

É bem de ver que, vencendo a barreira do art. 444 quanto ao cabimento


da prova testemunhal exclusiva, o depoimento das testemunhas tem por
objetivo suprir a falta superveniente do instrumento público ou particular,
jamais suprir a preterição originária da forma ad solenitatem.62 Em outras
palavras, admite-se prova testemunhal exclusiva para provar: (a) a existência
de promessa de compra e venda do imóvel X entre A e B, pelo preço Y,
dividido em Z prestações, instrumento destruído no incêndio da imobiliária
antes de ser entregue às partes; ou (b) a mais improvável hipótese
que A vendeu a B o imóvel X, pelo preço Y, lavrada a escritura pública no
cartório do tabelião C, todavia aposentado compulsoriamente no dia seguinte,
antes da entrega dos traslados aos figurantes, razão por que deu sumiço no
livro respectivo.

1.919. Produção do documento estrangeiro

O art. 13, caput, da CF/1988 erige a língua portuguesa como o idioma


oficial da República. Por sua vez, o art. 192, caput, torna obrigatório o uso do
vernáculo em todos os atos processuais das partes, do órgão judiciário e dos
auxiliares do juízo. E o art. 192, parágrafo único, exige que documento
redigido em língua estrangeira seja produzido, no processo, acompanhado de
versão em vernáculo feita por tradutor juramentado ou “tramitada por via
diplomática ou pela autoridade central”. Essa disposição alcança
precipuamente os documentos de qualquer natureza, ou seja, públicos e
privados, mas produzidos no estrangeiro. Exemplo conspícuo avulta no título
executivo extrajudicial alienígena que indique o Brasil como lugar do
pagamento (art. 784, § 3.º). Nada obstante, admite-se a formação de
documentos particulares, no território nacional e por brasileiros – distanciando
o regime vigorante da tradição nessa matéria, pois o art. 147 do Regulamento
737/1850, só admitia “escritos comerciais” vertidos ao idioma nacional,
figurando estrangeiros no negócio –,63 redigidos em língua estrangeira,
hipótese admitida, expressis verbis, na hipótese do testamento particular e,
por extensão, do codicilo (arts. 1.871 e 1.880 do CC).64 O dever de empregar
a língua portuguesa recai sobre os oficiais públicos e, portanto, documentos
públicos utilizarão obrigatoriamente a língua portuguesa – ou a “língua
nacional”, como preceitua, relativamente à escritura pública, o art. 215, § 3.º,
do CC.
O art. 224 do CC ampliara a regra hoje prevista no art. 192, caput,
exigindo que o documento redigido em língua estrangeira seja traduzido para
o português “para ter efeitos legais”. O art. 224 do CC não se harmoniza com
o art. 130, § 6.º, da Lei 6.015/1973, segundo o qual para os documentos de
procedência estrangeira surtirem efeitos “em repartições da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, ou em qualquer
instância, juízo ou tribunal”, deverão ser traduzidos e registrados no ofício de
títulos e documentos. O art. 149 da Lei 6.015/1973 esclarece semelhante
disposição. Por um lado, para fins de conservação ou perpetuidade, títulos,
documentos e papéis escritos em língua estrangeira podem ser registrados no
original; por outro, a segunda parte do referido art. 149 reza o seguinte: “Para
produzirem efeitos legais no País e para valerem contra terceiros, deverão,
entretanto, ser vertidos em vernáculo e registrada a tradução, o que, também,
se observará em relação às procurações lavradas em língua estrangeira”.

À luz dessa última proposição, que inicia com a fórmula “para produzirem
efeitos legais”, sem distinção, parece muito pouco acertado dispensar o
registro para surtir efeitos entre as partes,65 exigindo perante terceiros. E, de
fato, perante terceiros e na instância administrativa, o art. 130, § 6.º, da Lei
6.015/1973, exige o registro, bem como o art. 149, segunda parte, do mesmo
diploma, regra simplesmente aditiva (“… e para valerem contra terceiros…”): a
cláusula inicial da oração (“Para produzirem efeitos legais no País…”), similar
à do art. 224, in fine, do CC, quanto à tradução, opera entre as partes. Em
perfeita harmonia com o art. 18 do Dec.-lei 4.657/1942, que atribui funções de
registro às autoridades consulares brasileiras no exterior, a Súmula do STF,
n.º 259, dispensa o registro local dos documentos alienígenas já autenticados
por cônsul para produção em juízo. Não há, pois, exceção ao registro,
variando apenas o oficial (registrador ou cônsul) que praticará o ato.

O art. 149, caput, segunda parte, c/c art. 130, § 6.º, da Lei 6.015/1973,
estabeleceu formalidade duramente estigmatizada como “protetora de
cartórios”.66 E o STJ já estimou consistir o registro fator de eficácia das
obrigações objeto do documento estrangeiro, não impedindo a produção do
documento como prova.67 Não há concessões no requisito tradução, porém: a
procuração passada em língua espanhola exige tradução,68 porque o
espanhol é idioma dotado de idiossincrasias que o torna traiçoeiro para o
leigo,69 não se tolerando, ademais, tradução parcial.70

Os documentos de origem estrangeira necessitam, ainda, de providências


tendentes à autenticação: reconhecimento de firma e legalização consular,
salvo no caso do art. 216 da Lei 9.279/1996.71

§ 395.º Documentos públicos

1.920. Espécies de documentos públicos

Do art. 405 inferem-se três espécies de documento público:72 (a) o


documento público judicial, feito pelo escrivão ou chefe de secretaria (retro,
985); (b) o documento público notarial, lavrado pelo tabelião, cuja subespécie
principal é a escritura pública prevista no art. 215 do CC, sem embargo da ata
notarial (retro, 1.851) e de outros atos do seu ofício (v.g., reconhecimento de
firma); (c) o documento público administrativo, formados por servidor público
civil ou militar no exercício da competência do seu cargo, função ou emprego
público, incluindo as certidões dos assentos públicos, objeto de menção
específica no art. 438, I. Em tais hipóteses, a obra do oficial público no
exercício da competência que a lei lhe atribui forma documento público.

Os documentos criados pelas autoridades eclesiásticas eram


considerados públicos até o advento da República.73 É razoável qualificar de
documento público administrativo o assento do casamento religioso, cujo
efeito civil é proclamado no art. 226, § 2.º, da CF/1988, realizado com ou sem
habilitação prévia dos nubentes (art. 4.º da Lei 1.110/1950 c/c arts. 1.515 e
1.516 do CC).

1.920.1. Documento público judicial – O escrivão ou chefe de secretaria


pratica atos próprios do seu ofício, a exemplo do termo de vista (art. 208), que
assumem a forma de documento público. E, principalmente, a este auxiliar do
juízo, outrora o mais importante, hoje obnubilado pelo onipotente e invisível
assessor, incumbe dar certidão de qualquer ato ou termo do processo cujos
autos se encontram sob sua guarda, independentemente de despacho, mas
observado eventual segredo de justiça (art. 152, V). As certidões constituem
cópias autênticas do original (art. 425, I). São extraídas pelo próprio escrivão,
ou sob a sua percuciente vigilância, e por ele ou por seu substituto legal
subscrita.74 A chamada prova emprestada (retro, 1.844) é o conjunto de
certidões retratando os atos de produção da prova (v.g., o termo de
depoimento, a teor do art. 460) exportados por certo processo com idêntica
eficácia probatória para o processo importador.

1.920.2. Documento público notarial – O art. 5.º da Lei 8.935/1994 arrola


os particulares que prestam serviços notariais e de registro em colaboração
com a Administração Pública, mas em caráter privado. Existem duas classes:
(a) os tabeliães; e (b) os registradores. Tais particulares têm competência
para dar forma às declarações dos particulares em documentos públicos. Na
verdade, documento privado reconhecido como público pela autenticação da
fé peculiar ao notário.75

Figura emblemática, o “tabelião de notas”, ou notário, é o mais expressivo


desses particulares. As respectivas atribuições consistem no seguinte,
segundo o art. 7.º, I a V, da Lei 8.935/1994: (a) lavrar escrituras e procurações
públicas; (b) lavrar testamentos públicos e aprovar os testamentos cerrados;
(c) lavrar atas notariais; (d) reconhecer firmas; (e) autenticar cópias. Desses
documentos, dois assumem peculiar importância: (a) escritura pública –
gênero que engloba a procuração (art. 7.º, I, in fine, da Lei 8.935/1994) e o
testamento público (art. 7.º, II, Lei 8.935/1994; (b) a ata notarial, espécie de
prova atípica (retro, 1.851). No entanto, há flagrante imperfeição entre os incs.
I e II do dispositivo da lei especial, mencionando gênero (escritura pública) e
espécies de negócios jurídicos (procuração e testamento) objeto de escritura
pública, olvidando que outros negócios submetidos à idêntica forma
especial.76 Dispositivos da lei civil erigem a escritura pública como forma
especial obrigatória (ad solenitatem ou ad substantiam) ou facultativa (ad
probationem).

É obrigatória a escritura pública: (a) nos negócios de constituição,


transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor
superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no país (art. 108, caput,
do CC); (b) constituição de renda (art. 807 do CC); (c) a transação, nos casos
do art. 108, caput, do CC, e havendo contestação do direito em juízo (art. 842
do CC); (d) direito de superfície (art. 1.369, caput, do CC); (e) reconhecimento
de filho (art. 1.609, II, do CC); (f) pacto antenupcial para regime distinto da
comunhão parcial (art. 1.640, parágrafo único, c/c art. 1.653 do CC); (g)
cessão do direito à sucessão aberta (art. 1.793,caput, do CC).

E, facultativamente, a par do instrumento particular, caberá escritura


pública: (a) na instituição de fundação (art. 62, caput, do CC); (b) na doação
(art. 541, caput, do CC); (c) na constituição de sociedade (art. 1.218 do CC);
(d) na convenção de condomínio (art. 1.334, § 1.º, do CC); (e) na constituição
do bem de família (art. 1.711 do CC); (f) na partilha amigável entre herdeiros
capazes (art. 2.015 do CC).

Existem casos em que, em vez da expressão “escritura pública”, a lei civil


alude a instrumento público, subentendendo o documento notarial, a saber:
(a) na emancipação (art. 5.º, parágrafo único, I, do CC); (b) na prescrição de
dívida (art. 206, § 5.º, I, do CC); (c) na cessão de crédito (art. 288 do CC); (d)
na procuração (art. 655 do CC); (e) na constituição da propriedade fiduciária
(art. 1.361, § 1.º, do CC); (f) na promessa de compra e venda de imóvel (art.
1.417 do CC); (g) na constituição de diversas modalidades de penhor (arts.
1.438, caput; 1.448; 1.458; 1.462, caput, do CC); (h) na outorga de mandato
para contrair matrimônio, bem como na respectiva revogação (art.
1.542, caput, e § 4.º, do CC); (i) na vênia conjugal (art. 1.649, parágrafo
único); (j) na renúncia à herança (art. 1.806 do CC). Embora copioso, o
catálogo não tem vocação para esgotar a matéria.

Dá-se o nome de traslado à primeira cópia da escritura pública,77 cuja


matriz tem por objeto as notas lavradas pelo notário, bem como incumbe ao
tabelião extrair certidão (traslado de traslado) dos seus livros e pública-forma
ou cópia de papel avulso, que é apresentado ao notário, com eventuais
reconhecimentos de firma.78

Equivalem à escritura pública os instrumentos públicos lavrados pelas


autoridades consulares brasileiras (art. 18 do Dec.-lei 4.657/1942).

Da escritura pública, ou instrumento público por excelência, ocupa-se o


art. 215 do CC. Os elementos de existência, requisitos de validade e fatores
de eficácia, aí previstos, integram os domínios do direito material e aqui não
tem cabimento examiná-los em pormenores, exceto quanto à autoria. A
ênfase recairá na respectiva força probatória: o art. 215, caput, do CC declara
que a escritura faz prova legal.

O tabelião de protestos lavra o instrumento de protesto facultativo ou


obrigatório e acata a desistência do credor (art. 3.º da Lei 9.492/1997).

E aos registradores, conforme a respectiva especialização (art. 1.º, § 1.º, I


a IV, da Lei 6.015/1973), compete realizar os assentamentos alusivos: (a) ao
registro civil das pessoas naturais (v.g., registro de nascimento, a teor do art.
29, I, da Lei 6.015/1973); (b) ao registro civil das pessoas jurídicas (v.g.,
registro dos contratos, dos atos constitutivos, dos estatutos ou dos
compromissos de sociedades civis, religiosas, pias, morais, científicas, ou
literárias, bem como o das fundações e das associações de utilidade pública,
a teor do art. 115, I, da Lei 6.105/1973); (c) ao registro de títulos e
documentos (v.g., registro do penhor comum sobre coisas móveis, a teor do
art. 128, II, da Lei 6.015/1973); e (d) ao registro de imóveis (v.g., o registro da
instituição do bem de família, a teor do art. 167, I, n.º 1, da Lei 6.015/1973).
Desses atos o registrador e os “encarregados das repartições” (art. 16 da Lei
6.015/1973) lavram três espécies de certidão: (a) em inteiro teor, ou verbum
ad verbum;79 (b) em resumo; e (c) em relatório, conforme quesitos (art.
19, caput, da Lei 6.015/1973). O cancelamento do ato não impede a extração
da certidão.80 Esses documentos podem ser lavrados pelas autoridades
consulares brasileiras no exterior (art. 18 do Dec.-lei 4.657/1942). No tocante
ao casamento, o art. 1.544 do CC confere aos nubentes opção entre casar
perante a autoridade consular brasileira, caso em que o processo de
habilitação e a forma do ato seguem o modelo da lei nacional, excepcionando
a regra da lex loci celebrationis,81 ou perante a autoridade estrangeira
competente.

Existem outros registros específicos: (a) o registro de empresas mercantis


e de atividades afins, incumbindo às Juntas Comerciais dos Estados-
membros (art. 3.º, II, da Lei 8.934/1994), registrar os atos das firmas
individuais mercantis e das sociedades mercantis (rectius: empresárias), a
teor do art. 2.º, caput, da Lei 8.934/1994); (b) o registro da propriedade
industrial (patentes, desenho e marcas, a teor do art. 2.º da Lei 9.279/1996), a
cargo do INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial); (c) o registro dos
títulos minerários (art. 92 do Dec.-lei 227/1967), abrangendo os regimes de
concessão, autorização, licença, permissão e monopólio estatal (art. 2.º, I a V,
do Dec.-lei 227/1967), a cargo do Departamento Nacional de Produção
Mineral (DNPM).

1.920.3. Documento público administrativo – Os órgãos públicos da


Administração Direta ou Indireta, através de servidores públicos civis e
militares, formam documentos de natureza heterogênea, tirando certidões de
seus livros e arquivos, em qualquer suporte. Também integram a categoria os
documentos formados por particulares em colaboração com a Administração;
por exemplo, os livros obrigatórios do leiloeiro, previstos nos arts. 31 e 32 do
Decreto 21.981/1932, a saber: diária de entrada; diário de saída; contas
correntes; protocolo; diário de leilões; e talão. Documentos públicos
administrativos são todos os que não se incluam nas classes dos documentos
judiciais e notariais.

1.921. Eficácia probatória dos documentos públicos

O documento público faz prova bastante da própria (a) existência, ou seja,


a formação derivada dos atos praticados pelo oficial público em razão do seu
ofício, e dos (b) fatos ocorridos na presença do escrivão, do tabelião ou do
funcionário (rectius: o servidor ou empregado público civil ou militar), mas
provenientes de outras pessoas, e assim declarados. São essas as duas
proposições do art. 405. Entendê-las exige, outra vez, a explicitação de
premissas.

Estabeleceu-se anteriormente a diferença entre a prova legal, ou seja, a


prova que a lei predetermina o modo da sua valoração,82 e a prova livre, na
qual o juiz outorga valor à fonte segundo o próprio juízo (retro, 1.348), assunto
que interessa na apreciação (emissão do juízo de fato) e concerne à eficácia
da prova. A livre apreciação introduziu liberdade relativa nessa esfera da
atividade judicial, mas sujeitar-se-á, ainda, a determinadas limitações,
intrínsecas do princípio dispositivo, próprias da função judiciária
contemporânea, mas condicionantes da avaliação da prova. A apreciação
judicial da prova cingir-se-á (a) ao material de fato alegado unicamente pelas
partes e (b) aos fatos e circunstâncias, posto que não alegadas, constantes
dos autos – v.g., na verificação da tempestividade do recurso, seja qual for o
grau de jurisdição, o órgão judiciário cotejará o termo inicial e o final do prazo
com as certidões do escrivão e do chefe de secretaria.

A rigor, conforme se notou na vigência do CPC português de 1939,


diploma ideologicamente similar ao CPC de 1973 na confiante adesão ao
modelo autoritário de processo civil, a prova legal apresenta duas facetas: (a)
positiva, em que a regra tarifa o meio de prova (v.g., a célebre e derrogada
máxima: testis unus, testis nullus), técnica legislativa escassamente utilizada;
e (b) negativa, hipótese em que a regra pré-exclui certo meio de prova (v.g., a
proibição de prova testemunhal exclusiva da obrigação, havendo imposição
de forma escrita, a teor do art. 444, parte inicial, do NCPC). E, ainda, há três
diferentes maneiras de a prova legal surtir efeitos no momento da apreciação:
(a) determinante, impondo decisão ao juiz, e, assim, excluindo a força
probante de outras provas (v.g., o art. 621 do CPC português de 1939,in
verbis: “É inadmissível a prova de testemunhas em contrário ou além do
conteúdo de documentos autênticos, na parte em que estes têm força
probatória plena…”); (b) excludente, impondo a admissibilidade do meio de
prova único (v.g., o art. 655, in fine, do CPC português de 1939, que proíbe a
dispensa da forma ad solenitatemdos negócios jurídicos); e (c)
autonomamente, em que há exclusão genérica de meio de prova (v.g., a
abolição do juramento, segundo o art. 580 do CPC português de 1939).83

Essas diretrizes genéricas auxiliam no esclarecimento do sentido geral da


eficácia probatória do documento público no direito pátrio.

1.921.1. Eficácia probatória dos documentos públicos em geral – Visto o


art. 405 isoladamente, e considerando a supressão da referência à “prova
plena” emanada dos documentos públicos, tout court, a primeira (e assaz
importante orientação) consiste em distinguir “o que o oficial declara e o que
ao oficial é declarado”.84

Rememorando a distinção entre documentos dispositivos e documentos


narrativos ou enunciativos (retro, 1.916.6), a eficácia probatória (fé, força ou
valor probante) estabelecida no art. 405 c/c art. 219, parágrafo único, do CC,
envolve dois ângulos distintos, desde logo apartando-se a subespécie da
escritura pública, pois esta exibirá eficácia peculiar e redobrada.

Porém, há uma questão prévia. O art. 10, caput, da MP 2.200/2001,


considera documento público eletrônico o que é acompanhado de certificado
digital, tornando certa a autoria, mediante identificação originária de chave
criptográfica, e documento formado dessa forma, no âmbito da ICP-Brasil,
presumem-se verdadeiros em relação aos signatários, a teor do art. 10, § 1.º,
da mesmo diploma. Não se distingue, aí, o que o oficial público declara ou ao
oficial público é declarado, conforme o art. 405. Fica subentendida a
subsistência dessa distinção no documento público eterógrafo (v.g., boletim
de ocorrência de acidente de trânsito confeccionado digitalmente). De outro
lado, a possibilidade de provar a autoria e o conteúdo por outro meio de prova
(art. 10, § 2.º, da MP 2.200/2001) não se aplica aos documentos públicos,
mas aos documentos eletrônicos particulares.

1.921.1.1. Eficácia probatória das declarações dispositivas – O documento


público (salvo falsificação) nenhuma dúvida, a priori, oferece acerca da
autoria, incluindo a identidade dos figurantes, da data e do lugar em que
lavrado. A formação do documento, segundo as atribuições do oficial público
que lhe empresta forma, ressalva feita à óbvia hipótese de falsidade (material
e ideológica), reveste-se de fé pública. O documento faz prova de per si da
própria autenticidade.85

E, relativamente ao conteúdo, incluindo as modalidades de exteriorização


da vontade dos figurantes – manifestações e declarações –,86 documento
público torna indubitável o que oficial público presenciou e certifica de visu et
de auditu.87 Fatos em sentido amplo percebidos pelo oficial, ocorridos na sua
presença, são declarados por força do exercício das suas
funções.88 Revestem-se de fé pública: a lei deposita singular confiança nas
declarações do oficial público.89 O documento público prova a formação das
declarações de vontade e de ciência dos figurantes, e, conseguintemente, a
formação do próprio negócio jurídico.90 Exemplos: (a) no termo de depoimento
(art. 460), que é documento público judicial, o escrivão registrou que o juiz
ditou-lhe ter a testemunha C respondido “não” à pergunta do juiz se o
réu B participou do evento que vitimou o marido da autora A, prova exportada
para a demanda de D contra B com fundamento no mesmo fato; (b) no
assento de nascimento, o registrador assinala que identificou
positivamente A e este declarou ser pai do menor C, filho seu com B.

As declarações do escrivão (que o juiz ditou-lhe “não”, a título de resposta


da testemunha C) e do registrador (o reconhecimento da paternidade feita
por B), em razão do exercício de suas funções, emprestando forma às
manifestações de vontade e de ciência, surtem efeito específico: “Prova
plena, ou inteira fé, ou plena fé, ou simplesmente, e no mesmo
sentido, fé”.91 Tais fatos encontram-se provados suficientemente. A
contraparte necessitará pleitear a declaração da falsidade (v.g., o escrivão
registrou erroneamente a resposta; o declarante iludiu o registrador,
empregando cédula de identidade falsa). É que, segundo o art. 427, caput, a
cessação da fé do documento público e do documento particular dependerá
da declaração judicial da falsidade. Os casos de falsidade são os do art. 427,
parágrafo único, I e II. E o meio hábil para desconstituir a eficácia probatória,
eliminando a fé própria do documento público, é a arguição de falsidade do
art. 430. Esse mecanismo é imprescindível quanto ao documento público,
entre nós como alhures (v.g., no direito uruguaio).92

Por outro lado, as declarações registradas pelo escrivão e pelo registrador,


e originárias dos figurantes do ato ou do negócio jurídico que o oficial público
emprestou forma, respectivamente, (a) se B participou, ou não, do evento que
vitimou o marido da autora A, e (b) se o menor C é realmente filho de A, ou
não, constituem declarações passíveis de contraprova e, ademais, submetem-
se à livre apreciação do juiz. A verdade das declarações de ciência admite
contraprova por qualquer meio e independentemente da arguição de
falsidade.93 Eis o motivo por que o art. 446, II, autoriza a prova testemunhal
para provar os vícios de consentimento.94
Percebe-se, pois, a armação de esquema inteligente e equilibrado,
vinculando parcialmente o juiz. É preciso reação mais qualificada da
contraparte – a arguição de falsidade – para desconstituir a eficácia probatória
do documento público, no tocante à formação e às declarações do oficial
público competente, mas abre possibilidade de investigar a veracidade da
alegação de fato controvertida: (a) se o réu B participou do evento que vitimou
o marido de A, respondendo pelo dano; (b) se o declarante B reconheceu a
paternidade de C, erroneamente, não lhe devendo alimentos. E nesse
sentido, e somente nele, que se pode aceitar a afirmativa que a fé do
documento público respeita ao extrínseco, deixando o intrínseco à livre
apreciação do juiz.95

Formula-se a regra fundamental da eficácia probatória do documento


público, tão decisiva na correta aplicação do art. 355, I, ou seja, à
possibilidade de o juiz precipitar o julgamento, porque há questões de direito e
questões de fato que prescindem da produção de prova em audiência, nos
seguintes termos: (a) em relação aos fatos que o oficial público declara,
percebidos de visu et de auditu – por exemplo, o pagamento feito no ato,
mediante a entrega de moeda corrente –,96 a parte necessitará promover a
declaração judicial da falsidade, alegando uma das hipóteses do art. 427,
parágrafo único, I e II, não admitindo o juiz, simplesmente, prova em contrário;
(b) em relação às declarações de conhecimento e de vontade emitidas pelas
partes, presumem-se verdadeiras, mas as partes podem lhes impugnar a
veracidade, expressamente, e produzir contraprova.

A engenhosa construção revela-se satisfatória na ponderação dos


interesses em jogo. E aplica-se aos documentos públicos das três classes – a
judicial, a notarial e a administrativa (retro, 1.920). Excepciona tal eficácia,
mas só nas aparências, o art. 215, caput, do CC. Este dispositivo reveste a
escritura pública, subespécie de documento público notarial, da eficácia de
prova plena, na prática análoga à regra explicada. Explica o fenômeno o
sistema de impugnação da prova documental (arts. 424, 425, 436 c/c arts. 427
a 430). Em realidade, podou-se do art. 405 a alusão à prova plena, olvidando
de alterar a sistemática de impugnação, particularmente o art. 427, caput,
parágrafo único, cuja incidência predetermina os resultados aqui expostos e
defendidos.

1.921.1.2. Eficácia probatória das declarações narrativas – Segundo o art.


219, caput, do CC, presumem-se verdadeiras as declarações feitas nos
documentos assinados. Ora, o oficial público subscreverá o documento e, de
ordinário, também é assinado pelo figurante do ato ou do negócio jurídico.
Essa disposição aplica-se aos documentos públicos e aos documentos
particulares.97

Distinção da maior importância localiza-se no art. 219, parágrafo único, do


CC. Em qualquer documento, existem declarações respeitantes aos
elementos de existência, aos requisitos de validade e aos fatores de eficácia
do ato ou do negócio jurídico, e, conseguintemente, partes integrantes das
“disposições principais”. Ao lado dessas declarações, as partes acrescentam
enunciados de fato: ninguém vende “alguma coisa sem dizer o que é que se
vende, qualidade ou quantidade”.98Essas declarações circunstanciais, alheias
ao conteúdo do negócio, cuja supressão em nada modificaria o alcance do
documento, chamam-se de declarações enunciativas.99 O art. 408, parágrafo
único, relativo aos documentos particulares, chama-as de “declaração de
ciência”, expressão sinônima.100 Ao interessado em demonstrar a veracidade
desses enunciados, ou seja, à parte que fez a declaração de fato
controvertida, o art. 219, parágrafo único, do CC, atribui o ônus da prova,
desde que não guardem relação direta com as declarações dispositivas e com
a capacidade das partes. Exemplos de enunciados de fato passíveis de prova
por qualquer meio: (a) no contrato entre A e B, em que se estipulou a locação
do imóvel X, pelo prazo de Y anos, e avençou-se a contraprestação mensal Z,
o locador Adeclara ter recebido quatro meses de aluguel e o locatário B que
pagou com dinheiro emprestado por C, sendo declaração enunciativa,
indiretamente relacionada com negócio jurídico, o mútuo de C a B;101 (b) no
contrato pela qual A emprestou a quantia X a B, este declara que empregará
o dinheiro para solver a dívida da sogra C, mas a dívida é da cunhada D. A
relação desses enunciados como o negócio jurídico é indireta e, havendo
declaração nesse sentido, ou não, a estrutura e os efeitos não se modificam.

No entanto, se (a) no contrato entre A e B, em que se estipulou a locação


do imóvel X, pelo prazo de Y anos, e avençou-se a contraprestação mensal Z,
e o locador A declara ter recebido quatro meses de aluguel antecipadamente,
essa declaração tem relação direta com o negócio, e se (b) no contrato em
que A emprestou a quantia X a B, qualificando-se este como casado e
acrescentando a destinação do dinheiro para solver dívidas intrínsecas à
economia doméstica, o enunciado respeita à capacidade dos figurantes e
guarda relação direta com a declaração principal (eventualmente, a
responsabilidade patrimonial do cônjuge de B). Posto que enunciativas, tais
declarações têm eficácia probatória idêntica à das declarações principais
entre as partes e seus sucessores, ou seja, presumem-se verdadeiras,102salvo
prova em contrário.

1.921.2. Eficácia probatória da escritura pública – O art. 215, caput, do CC


outorga eficácia de prova plena da escritura pública. Restaura a proposição
normativa do art. 134, § 1.º, do CC de 1916, na redação da Lei 6.952/1981 (“A
escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento dotado de fé
pública, fazendo prova plena…”). Este diploma inspirou-se em notável e
controverso julgado do STF que, confrontado pela validade de escritura
pública sem a firma do tabelião, decidiu a controvérsia posta em julgamento,
buscando nas Ordenações Filipinas regra supostamente ainda vigente no
então direito brasileiro.103

A escritura pública constitui subespécie da categoria dos documentos


públicos notariais. Limita-se a ela, pois, a peculiar eficácia probatória do art.
215, caput, do CC.

A probatio plena nas Ordenações Filipinas era a prova por si bastante.104 É


prova legal na função excludente: a força probante da escritura pública, ou
elemento da prova, repele apreciação em contrário do juiz quanto à autoria, à
data e ao conteúdo do documento. Em particular, tais elementos de prova
tirados da escritura pública rejeitam, a priori, contraprova que as coisas não
se passaram como descrito na prova, cuja eficácia a lei estipula rígida e
inflexivelmente. Regra desse teor e objetivos elimina a livre apreciação do
juiz.
Um complemento natural da eficácia robustecida da escritura pública
localiza-se, ademais, no art. 406: cuidando-se de forma ad substantiam do ato
ou do negócio jurídico por instrumento público (rectius: escritura pública),
“nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta”.
Por esse motivo, a revelia não produz efeito material (art. 341) se a petição
inicial não vier acompanhada do instrumento público, “que a lei considere
indispensável à prova do ato” (v.g., a escritura pública de compra e venda de
imóvel cujo valor supere o piso legal, a teor do art. 108 do CC), a teor do art.
345, III (retro, 365.3). E art. 341, caput, segunda parte, e inc. II, exclui a
presunção de veracidade das alegações de fato não impugnadas
precisamente na contestação – conteúdo mínimo eficiente da defesa – “se a
petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar
da substância do ato”. Por conseguinte, trata-se de documento indispensável
à instrução da petição inicial.

O art. 406 não se aplica, entretanto, ao caso de perda superveniente do


instrumento público (retro, 1.918).

Em que pese semelhante eficácia de prova plena da escritura pública, a


opinião prevalecente tende a encarar a eficácia probatória em outra
perspectiva, aderindo à livre apreciação e ignorando a fé da escritura pública.
A título de ilustração dessa contrariedade com a dicção legal, assevera-se: “…
a presunção de veracidade que decorre da fé pública do oficial público é
sempre relativa, podendo ser elidida mediante prova contrária… e nem
mesmo seria admissível sustentar o contrário, diante do sistema da convicção
motivada que preside a valoração da prova no regime brasileiro”.105 Não é o
regime legal brasileiro. Em outros países, também se verifica o desprestígio
da fé pública, admitindo-se a refutação do documento público notarial com
outros elementos de prova.106 No mínimo, é preciso atentar que a fé
documento notarial decorre dele próprio, mas a do documento particular exige
corroboração, havendo impugnação.107

À semelhança do que estabelece o art. 405, na escritura pública passa-se


a distinguir declarações principais de duas espécies: (a) o que o notário
certifica ter-se passado em sua presença, objeto da percepção de visu et de
auditu; e (b) o que o notário certifica no instrumento público, porque as partes
declararam-lhe no ato.108As declarações do primeiro grupo fazem prova plena,
entre as partes e perante terceiros, vinculando o órgão judiciário.109 A
veracidade das declarações (de vontade e de ciência) do segundo grupo
restringe-se às partes e aos seus sucessores,110 admitindo contraprova e
apreciação livre do juiz. Nesse sentido, o STJ entende que a eficácia de prova
plena não atinge as declarações feitas pelos figurantes ao tabelião,111 e, de
toda sorte, cede aos termos de outra que lhe reconhece a falsidade.112

Exemplos simples ilustram essa eficácia probatória diminuída: (a) o


tabelião certifica que A pagou x a B, em moeda corrente nacional, a título de
preço, na sua presença, tendo visto o vendedor receber as cédulas, conferi-
las e contá-las; (b) o tabelião certifica que A declarou que pagou x, e B que
recebeu x, a título de preço, mas em ocasião anterior. A primeira declaração
reveste-se de fé pública. E, a crer-se na preposição do art. 215, caput, do CC,
não admite prova em contrário. A segunda declaração comportaria
contraprova. No entanto, a declaração que a dívida se encontra quitada
sobrepõe-se à presunção decorrente da posse de títulos cambiais pelo
vencedor na compra e venda.113 E, ainda, consoante excepciona o art. 219,
parágrafo único, do CC, revela-se admissível a contraprova das declarações
enunciativas alheias ao conteúdo do negócio submetido à forma ad
solenitatem e à legitimidade dos seus figurantes.

Limitação desse alcance reduz dramaticamente o problema dos adeptos


da livre apreciação, apaziguando quaisquer obstinações ideológica. Mas,
subsistirá o essencial, ou seja, vínculo parcial incompatível com a liberdade
absoluta: a convicção do juiz ficará subordinada à prova
que A pagou X a B na presença do tabelião, havendo controvérsia a tal
propósito na causa, não sendo admissível admitir contraprova, haja vista a
negativa de B. Os termos de alternativa, nessa conjuntura, apresentam-se
muito claros: ou o juiz admitirá a declaração como verdadeira e extreme de
dúvida ou o documento público notarial é falso. Por esse motivo, se Bpleiteia
o pagamento do preço X de A, contrariando a declaração do tabelião, deverá
pleitear a declaração da falsidade da escritura pública, a teor do art.
427, caput, e parágrafo único, I, autônoma ou incidentalmente (arts. 427 a
430).

O órgão judiciário exibe poder de instrução (art. 370), mas vincula-se à


iniciativa da parte nesse típico, em virtude do princípio da demanda.

Essa construção reduz a eficácia probatória da escritura pública,


subespécie de documento público notarial, dita “prova plena”, à regra geral
dos documentos públicos. É que, como já se ponderou no item precedente, do
art. 405 eliminou-se a referência à prova plena, no curso dos trâmites
legislativos, olvidando a correlativa alteração da sistemática de contradição da
prova documental. A subsistência dos arts. 424, 425, 426 e 433 é que levam a
esse resultado.

Cuida-se de exceção à livre apreciação da prova, todavia decorrente de


regra jurídica sem vício de inconstitucionalidade: o princípio da fidelidade do
juiz à ordem constitucional democrática obriga-o a respeitá-la. Convém repetir
o truísmo: a livre apreciação não é axioma.

O fundamento do vínculo do juiz à prova descansa na premissa que a


veracidade das alegações de fato em casos tais prescinde de qualquer
prova.114

Existem outras possibilidades de interpretação sistemática. O art. 225 do


CC atribui eficácia de prova plena às reproduções mecânicas ou eletrônicas
de imagens e de sons (prova direta), salvo impugnação da contraparte. E, daí,
arma-se o seguinte raciocínio: empregando as duas regras (arts. 215, caput, e
225 do CC) a mesma expressão – prova plena –, ambas comportariam
contraprova, bastando a impugnação da contraparte para onerar quem
produziu a prova (Beweisführer) com a necessidade de corroborar o
conteúdo, apesar de o art. 215, caput, não trazer exceção similar à da parte
final do art. 225.

A bem da verdade, nas Ordenações Filipinas a prova plena admitia


contraprova.115 Assim, no direito pátrio, asseverava-se o seguinte: “O
instrumento público e autêntico faz prova provada, prova pleníssima; mas, por
mais solene, e autêntico que seja, não deixa de admitir prova em
contrário”.116 E tal é concepção moderna de prova plena, equiparando-se,
assim, a outra espécie: a prova semiplena.117

1.922. Reproduções dos documentos públicos

Das reproduções (ou cópias) dos documentos públicos ocupa-se


originariamente o art. 425. Esse dispositivo manteve o campo de incidência
ampliado do art. 365 do CPC de 1973 na redação da Lei 11.419/2006.

No que tange à origem ou à genuinidade,118 os documentos dividem-se em


duas espécies: (a) originais; e (b) cópias.

O original da escritura pública são as notas lançadas no livro próprio do


tabelião em suporte físico ou virtual. Original do documento público
judicial, v.g., é, o termo de audiência lavrado no livro próprio, igualmente
armazenado em arquivo físico ou digital; o do documento público
administrativo, o assentamento do registrador, o lançamento da autoridade
tributária, e assim por diante.119

Caracterizam os documentos públicos judiciais, notariais e administrativos


a frisante circunstância de se encontrarem confiados à guarda do oficial
público. São passíveis de exibição em juízo, mas por tempo determinado,
limitação assinalada na fixação do prazo de retenção dos autos do
procedimento administrativo requisitado pela autoridade judiciária (art. 438, §
1.º). Seja como for, a guarda dos originais repercute na forma da produção da
prova documental. Os documentos públicos chegam ao processo
espontaneamente e, no caso do art. 438, II, c/c § 1.º, permanecem no
processo mediante cópias.

Segundo definição clássica, a cópia é o documento do documento.120 Em


outras palavras, a cópia reproduz o documento.121

Os incisos do art. 425 organizaram-se consoante a origem do documento


público, respectivamente judicial (inc. I), notarial (inc. II) e administrativo (inc.
III), e consideraram, ainda, o autor da cópia (inc. IV) e a natureza do suporte
(incs. V e VI). A identificação das espécies de reproduções auxilia a
compreensão do art. 425.

1.922.1. Espécies de reproduções – O art. 425 arrola as seguintes


espécies de reproduções, adjetivando-as ou não: (a) certidões; (b) traslados;
(c) reproduções; (d) cópias; (e) extratos. Não é unívoca a terminologia. Lição
clássica entende por cópia “a reprodução do documento original”.122 Esse
gênero – cópia ou reprodução – compreende as seguintes categorias: (a)
certidão; (b) traslado; (c) extrato; (d) pública forma; (e) cópia em sentido
estrito.123

1.922.1.1. Certidão – A certidão é a cópia do documento público extraída


dos livros, arquivos, registros ou autos judiciais e administrativos, em suporte
físico ou virtual, por tabelião, escrivão ou servidor público civil (v.g. a
autoridade consular revestida de atribuição registral e notarial, nos casos do
art. 18 do Dec.-lei 4.657/1942) ou militar.
Compete ao oficial público na guarda do livro, do arquivo, do registro ou
dos autos (judiciais ou administrativos) por força da atribuição do cargo, do
emprego e da função pública, ou da delegação de serviço público, extrair a
certidão.

Em tema de registros públicos, conjunto que constitui a memória oficial da


sociedade, organizada para outorgar publicidade a certos fatos jurídicos em
sentido lato (v.g., o nascimento da pessoa natural), dentre outros efeitos, e a
fonte das matrizes de documentos públicos administrativos, armazenados em
livros físicos ou virtuais, o art. 16 da Lei 6.015/1973 autoriza ao registrador e
aos “encarregados das repartições” lavrar três espécies de certidão: (a) em
inteiro teor, ou verbum ad verbum;124(b) em resumo; e (c) em relatório,
conforme quesitos (art. 19, caput, da Lei 6.015/1973). Essas espécies se
estendem aos documentos públicos em geral. Por outro lado, a certidão pode
ser (a) total; ou (b) parcial. Nesse último caso, a pedido do interessado, o
oficial público certifica apenas um dado do documento público (v.g., a data em
que lavrou o ato).

O art. 216 do CC e o art. 425, I, alude à “certidões textuais dos


documentos judiciais. Entende-se por tal a reprodução (total ou parcial, em
inteiro teor, resumo ou relatório) do que efetivamente consta registrado nos
autos ou nos livros (e arquivos e fichas) sob a guarda do escrivão (art. 152,
IV).125 Tal não significa que o escrivão não possa ser instado a certificar fatos
de seu conhecimento pessoal (v.g., o horário do expediente do juiz na sede
do juiz).

O léxico assinala que a palavra certidão revela-se polissêmica,


abrangendo tanto a reprodução total (verbum ad verbum ou de inteiro teor) ou
parcial, quanto asseveração, afirmação ou, enfim, o ato de dar ciência de
evento ou de conduta constante no arquivo. No último sentido, a certidão
assume características de documento público original. Essa genuinidade
transparece na certidão em relatório, na qual o oficial público responderá aos
quesitos – modalidade criada para receber informações positivas e claras do
oficial público – e, em certa medida, na certidão em resumo. Nada obscurece,
aí, o trabalho intelectual e a inovação intrínseca, em grau variável, na
elaboração de resumos de livros e de arquivos, ou seja, a extração da suma
que satisfaz o interessado, retendo o principal e descartando o supérfluo. Na
requisição de informações à autoridade pública, na forma do art. 438, I, a
relativa originalidade se mostra flagrante: o agente encarregado necessita
consultar mais de um arquivo, ou simplesmente certificar o que conhece,
construindo intelectualmente o que não existe arquivo em tais termos. Não se
cuidará, pois, de certidão textual.

A certidão tem forma peculiar: (a) cabeçalho, contendo as armas da


República, do Estado-membro, do Distrito Federal ou do Município e a
identificação do oficial público; (b) a identificação do ato e a localização do
original; (c) a reprodução em inteiro teor, em resumo ou em relatório, no todo
ou em parte, do registro, arquivo ou livro; (d) a declaração da fé pública; (e) a
subscrição pelo oficial público competente (titular do ofício ou substituto
legal).126

1.922.1.2. Traslado – À primeira cópia do instrumento público, chama-se


traslado.127
Da certidão que ao notário igualmente incumbe extrair da matriz ou notas,
mencionada no art. 217 do CC e no art. 425, II, o traslado distingue-se pela
frisante característica de ser o espelho ou duplicata do instrumento público ou
da escritura, “e cuja feição material, copiava, divergindo apenas por trazer a
observação” que era traslado tal folha ou tais folhas do livro
tal,128 posteriormente, graças à reprodução mecânica, ou datilográfica,
simultaneamente extraída do original.

Aos traslados as Ordenações Filipinas (Livro 1, Título 78, n.º 18)


chamavam de escritura, ou seja, a cópia da matriz ou das notas do
tabelião.129 Eram os traslados tirados em várias vias, em geral de acordo com
o número de figurantes (v.g., na compra e venda de imóvel, uma via para o
vendedor e outra para o comprador).130 A importância dos traslados naqueles
tempos mede-se pela necessidade de autorização judicial para extrair a
segunda cópia da escritura pública – traslado de traslado ou segundos
traslados. E, conforme o art. 378 do Decreto 370, de 02.05.1890, ainda nos
primórdios da República a petição inicial da pretensão a executar hipoteca
deveria ser instruída obrigatoriamente por traslado.

A forma também distinguia o traslado da certidão ou cópia ulterior. O


traslado prescindia do cabeçalho, da asseveração do que consta no original,
da conferência e do concerto, vez que espelho do original, e pelo fato de levar
o sinal do tabelião ou do escrivão.131

Na versão haurida do antigo direito português, onde se criou como meio


prático de impugnação autônoma das decisões interlocutórias, formava-se o
instrumento do agravo mediante traslado das peças dos autos principais,
incumbindo ao escrivão extrair, conferir e concertar as cópias. Eram
operações diferentes: a conferência consistia no cotejo entre o original e a
cópia; o concerto importava a correção dos erros da cópia (v.g., a obliteração
de linha, a omissão de palavra ou a grafia errônea do vocábulo).132

O movimento forense já impedia ao escrivão relegar outras atribuições


para encarregar-se pessoalmente da fastidiosa tarefa de extração das cópias.
Delegava a reprodução mecânica – inicialmente manual; depois, datilográfica
– a particulares dispostos a fazê-lo. Essas pessoas cobravam seu serviço por
quantidade de linhas transcritas, ou por rasa, originando o epíteto de “rasista”
por derivação de sentido. O art. 216 do CC, não olvidou completamente essa
modalidade antiquada de traslado, contemplando a extração de cópias pelo
escrivão, “ou sob a sua vigilância”, e, superfluamente, o ulterior concerto por
outro escrivão (a versão oficial menciona “conserto”). Não se justifica a última
exigência, vez que as técnicas contemporâneas de reprografia reproduzem
fielmente a matriz.133 A extração sob a vigilância e responsabilidade do
escrivão explica-se pela usual terceirização dos serviços de cópia
reprográfica, mas reproduções providenciadas pelos advogados das litigantes,
na forma do art. 425, IV, tornam também a essa parte obsoleta.

Realmente, a vulgarização das técnicas de reprografia, precisamente da


fotocópia, incorporando-se ao léxico da língua portuguesa o nome da máquina
(Xerox) de reprodução por imagem, tornou o traslado obsoleto. O art. 425, IV,
substitui o traslado, e as reproduções “oficiais” (art. 425, III) – autenticadas e
conferidas pelo escrivão – por cópias tiradas pelas partes e “declaradas
autênticas pelo advogado, sob sua responsabilidade pessoal”, todavia
passíveis de impugnação.

1.922.1.3. Extrato – Dá-se o nome de extrato à cópia parcial dos


documentos públicos ou particulares.134 A essa modalidade de cópia, tida por
avulsa e mencionada no art. 225 do CPC de 1939,135 e, justamente porque
parcial, aludiu o art. 425, V, relativamente aos documentos digitais constantes
de bancos de dados públicos e privados, acompanhados do atestado do
emitente.

1.922.1.4. Pública forma – O art. 225 do CPC de 1939 aludia à pública


forma, cópia de documento avulso (particular ou público, mas alheio aos livros
confiados ao oficial público autenticador da cópia) sujeita à conferência do
escrivão,136 espécie essa omitida no rol do art. 425 e hoje em desuso. A
primeira referência a essa modalidade de reprodução localiza-se no art. 152
do Regulamento 737/1850. O desuso já era latente na vigência do primeiro
código unitário, porque se disseminavam então as cópias fotostáticas, ou seja,
a reprodução fotográfica dos documentos, no mesmo ou distinto tamanho,
tornando obsoleta a reprodução mecânica, manual ou datilográfica.

O art. 423 preferiu tratar da reprodução fotográfica ou “por outros


processos de repetição”, dos documentos particulares, nessa última condição.
A sobreposição à regra do art. 424, caput, existente no direito anterior,
mostra-se flagrante e não mereceu reparo no NCPC. Portanto, no art. 423 há
alusão implícita à pública forma. Avulta que nenhum dos incisos do art. 425
contempla a cópia de documento particular avulso por oficial público.

O tabelião era o oficial público mais procurado para dar pública forma. O
art. 564, VI, do Provimento 13/2013, da Corregedoria-Geral da Justiça/RS,
prevê a competência do tabelião para confeccionar, conferir e concertar
públicas-formas; na realidade, por dois notários: o primeiro passa a pública-
forma, o segundo confere e concerta (art. 565 do referido diploma).

A designação de pública forma revela o hibridismo da reprodução. A


matriz é documento particular, excepcionalmente público alheio aos livros
(v.g., a certidão de nascimento, extraída de livro de registrador de município
nos confins de longínquo Estado-Membro), e a cópia extraída ou, no mínimo,
conferida por oficial público, portando por fé a coincidência entre a matriz e a
cópia.

A eficácia probatória da pública forma conferida e concertada é a do


documento original, ou seja, do documento público ou particular, conforme a
hipótese, nem mais, nem menos.137

1.922.1.5. Cópia – Reproduzem-se documentos públicos e documentos


particulares (escritos, desenhos e gráficos) no suporte de papel, sem maiores
dificuldades, através de meios variados – da fotografia à leitura ótica. As
técnicas contemporâneas de reprografia, em especial a xerografia, têm baixo
custo e demoram pouco para produzir a cópia. Os equipamentos de
reprografia encontram-se disponíveis na sede do juízo das pequenas e
grandes comarcas, nos escritórios de advocacia e nas repartições públicas de
todo o país. Não raro os ofícios e os gabinetes judiciais utilizam mais de um
equipamento próprio.
Essas técnicas apresentam, ainda, segurança de conformidade, porque o
equipamento capta o original como imagem. Por esse motivo, desnecessária
dispensar a conferência da cópia, prevista no art. 424, bastando ao art. 425,
IV, a declaração de autenticidade pelo autor da reprodução. Claro está que a
cópia não é imune a falsificações, por sinal facilmente realizáveis. Assim, a
presunção de conformidade é relativa.

O art. 425, IV, contempla “cópias reprográficas” em substituição aos


traslados dos autos. Representaria excesso, todavia, impedir que as
“reproduções” dos documentos administrativos, os traslados dos documentos
notariais ou judiciais utilizassem a xerografia, como geralmente acontece. O
art. 438, § 1.º, emprega a expressão “reproduções fotográficas” com idêntico
sentido. E, por igual, tal é o sentido das cópias tiradas de microfilmes (art. 1.º,
§ 1.º, da Lei 5.433/1968).

O que caracteriza as cópias comuns ou simples, distinguindo-as das


classes precedentes, é o autor da extração: particulares no seu próprio
interesse. Entre nós, afigura-se inútil distinguir entre cópia em sentido estrito,
em que há reprodução fiel, e fotocópia ou cópia simples, obtida mediante
técnicas de reprodução de imagens,138 típica do direito espanhol.139

1.922.2. Reproduções dos documentos judiciais – O art. 425, I, e o art. 216


do CC declaram que faz a mesma prova do original as certidões textuais,
indicando-lhes como matriz os autos, o “protocolo das audiências” – do art.
367, § 1.º, fica subentendido que haverá livro de audiências, encadernado
“em volume próprio”, impressão reforçada pela menção a “outro livro” – e
“outro livro a cargo do escrivão ou do chefe de secretaria” (v.g., livro carga,
livro pauta de audiências, e assim por diante). Na realidade, segundo as
normas de organização judiciária, o escrivão tem sob a sua guarda livros,
arquivos e fichários físicos e eletrônicos. Essa é a matriz das certidões
textuais. Entende-se por certidão textual a que se reporta a elemento
constante dos autos, dos livros, dos arquivos e das fichas, mas tal não impede
o escrivão passar certidão de outros fatos ocorridos na sua presença ou do
seu conhecimento (v.g., a ausência do juiz da sede do juízo no dia X).

O art. 425, I, não obsta o escrivão tirar cópias reprográficas dos


documentos originais, ou mandar tirá-las “sob sua vigilância”, e subscrevê-las,
mas os tradicionais traslados dos autos desapareceram, na prática, pois o
movimento forense impede a extração de certidões, exceto em casos
excepcionais, e a subscrição das cópias pelo titular da escrivaninha ou por
seu substituto legal, ao menos quando se trata de assinatura de mão própria.

Em lugar dos traslados oficiais, surgiram as cópias simples, previstas no


art. 425, IV, vantajosamente extraídas dos autos pelos particulares
(advogados, estagiários e partes), a fim de formarem autos próprios (v.g.,
instrumento do agravo; execução provisória). É por essa forma que, ademais,
a prova emprestada chega aos autos do processo importador (retro, 1.844.2).
A eficácia probatória intrínseca ao original se produzirá mediante a declaração
que as cópias são autênticas, no ato de produção, pelo advogado que pratica
o ato postulatório. A presunção de conformidade é relativa, como se infere do
art. 425, IV, cabendo à contraparte arguir a falsidade. A importância dessa
sistemática mede-se pelo entendimento anterior que as cópias tiradas pelos
particulares não têm fé, nem sequer servindo para começo de prova por
escrito.140

Nessa conjuntura, subsistem as certidões textuais dos livros, dos arquivos


e dos fichários a que as partes não têm acesso direto e as certidões de outros
fatos e atos de ciência própria do escrivão.

O art. 216, in fine, do CC introduziu o requisito do concerto dos traslados,


ou duplicatas do documento judicial matriz, por outro escrivão. Cuida-se de
autêntico anacronismo na era da informática, reprodução por leitura ótica e
assinatura digital, bastando utilizar a palavra certidão em lugar de traslado
para renegar a desnecessária exigência.

As reproduções (certidões, traslados e cópias simples) dos documentos


judiciais têm idêntica eficácia probatória do original (art. 425, caput). Tal
eficácia dependerá da autenticação do escrivão ou chefe de secretaria,
resultado da subscrição (art. 425, I, in fine). O art. 218 do CC almeja a
alteração da natureza das coisas, declarando que traslados e certidões
“considerar-se-ão instrumentos públicos, se os originais se houverem
produzido em juízo como prova de algum ato”. Figure-se a certidão passada
pelo registrador da transcrição de confissão de dívida em instrumento
particular para os efeitos do art. 128, I, da Lei 6.015/1973. Por óbvio, a
certidão em si é documento público, independentemente da proclamação do
art. 218 do CC, mas o contrato de confissão de dívida permanece instrumento
particular.141 O objetivo do art. 218 do CC é do emprestar natureza de
instrumento público aos atos e negócios jurídicos bilaterais realizados no
processo (v.g., a confissão judicial espontânea; a transação) e às certidões e
traslados em si, embora sejam cópias de outros documentos particulares ou
públicos.

1.922.3. Reproduções dos documentos notariais – O art. 425, II, outorga a


eficácia probatória do original aos traslados e certidões extraídas pelo tabelião
dos seus livros de notas. Valem, pois, as considerações já feitas
anteriormente sobre a natureza dos traslados (retro, 1.922.1.2), ou primeira
cópia da escritura pública,142 e demais certidões do notário (retro, 1.922.1.1).

O art. 425, II, alude como matriz o livro de notas, ou livro próprio do
tabelião, sugerindo que seu campo de incidência cinge-se aos documentos
públicos notariais. É preferível tomar a referência em sentido genérico,
abrangendo as certidões dos registradores (v.g., a certidão de nascimento ou
a certidão de óbito, cuja primeira via é gratuita, a teor do art. 30 da Lei
6.015/1973, na redação da Lei 9.534/1997), caminho seguido pelo art. 217 do
CC, complementado no art. 425, II.

Os documentos particulares transcritos no registro de títulos e


documentos, obrigatória ou facultativamente, a teor do art. 128, I a VI, e
parágrafo único, da Lei 6.015/1973), bem como para surtir efeitos perante
terceiros (art. 130, n.º 1 a 9, da Lei 6.015/1973), também podem ser objeto de
certidão do registrador. Esta certidão faz prova plena do registro, mas não
altera a eficácia probatória intrínseca ao documento particular,143 conforme
estabelece, aliás, o art. 425, caput.
1.922.4. Reproduções dos documentos administrativos – As reproduções
dos documentos públicos administrativos fazem a mesma prova dos originais
quando: (a) autenticadas pelo servidor público ou militar; e (b) conferidas “em
cartório com os respectivos originais” (art. 425, III). Essa conferência visa à
autenticação, a exemplo do que acontece com os documentos particulares, a
teor do art. 424, e aplica-se, por exemplo, às cópias dos autos do
procedimento administrativo (art. 438, 1.º), tiradas particularmente pela parte e
submetidas à conferência do escrivão ou chefe de secretaria.

1.922.5. Reproduções dos documentos eletrônicos – O documento


eletrônico, em sentido lato, é arquivo ou registro de sons, de imagens, de
escritos e de desenhos, criado por impulsos eletromagnéticos de programa
específico (software) e por essa mesma forma armazenado em banco de
dados públicos ou privados e nos discos rígidos (hardward) dos computadores
das pessoas naturais e jurídicas. Estritamente, documento eletrônico é o
formado por pessoa identificada e cadastrada por Autoridade de Registro
(AR), a teor do art. 7.º da MP 2.200/2001, e, portanto, documento
acompanhado de certificado digital mantido pela AC (Autoridade
Certificadora), conforme o art. 6.º da MP 2.200/2001. A garantia do
documento eletrônico em sentido estrito, na definição do art. 10, caput, da MP
2.200/2001, é a certeza da autoria, originária da chave criptográfica criada e
preservada pela AC (Autoridade Certificadora).

Os documentos em suporte físico podem ser armazenados digitalmente e,


posteriormente, copiados da mesma forma. O art. 1.º, parágrafo único, da Lei
12.682/2012 define a digitalização como “conversão da fiel imagem de um
documento para código digital”.

Outros ordenamentos contemporâneos são genéricos. O art. 292.2 c/c art.


384 da Ley de Enjuiciamiento Civil espanhola menciona os instrumentos que
permitem arquivar e dar a conhecer palavras, dados, cifras e operações
contábeis.144

É original o documento inicialmente criado em ambiente eletrônico,


independentemente da natureza do registro e do lugar de armazenamento.
Por outro lado, consideram-se cópias do documento original: (a) arquivo
idêntico ao original, ou seja, arquivo eletrônico (v.g., CD, ou compact disc, e
em DVD, ou digital versatile disc, e similares); (b) a impressão em suporte de
papel. Em geral, o documento eletrônico chega ao processo através de cópia.
Ora, os documentos públicos também aportam na forma de certidões,
traslados e cópias, pois os originais permanecem sob a guarda do escrivão,
do tabelião ou do oficial público (servidor público civil ou militar).

O problema da autenticidade da cópia é assaz grave. O progresso


tecnológico nos meios de proteção dos arquivos eletrônicos, incluindo a
identificação do agente, mediante senhas numéricas e chaves criptográficas –
documento eletrônico em sentido estrito, a teor do art. 10, caput, da MP
2.200/2001 –, não imuniza o documento contra a manipulação e a fraude.145 A
verdade é que inexiste segurança (e privacidade) no mundo virtual. Exemplo
eloquente é a apropriação dos dados militares secretos da maior potência
militar e econômica mundial por piratas eletrônicos (hackers) de países
periféricos ou inimigos, cujo aparato tecnológico é, teoricamente, muito
inferior. Seja como for, a produção dos documentos eletrônicos integra a
realidade inevitável, e o art. 365, V e VI, emprestou-lhe solução razoável.

Segundo o critério da autoria, o documento eletrônico divide-se nas duas


espécies clássicas: (a) público (v.g., os livros judiciais e os livros dos registros
públicos, a teor do art. 16 da Lei 11.419/2006); e (b) privado. A essas
espécies alude o art. 10, caput, da MP 2.200/2001.

O documento eletrônico público não comporta a conferência que o art.


216, in fine, do CC exige dos documentos judiciais (“… traslados de autos,
quando por outro escrivão consertados”) e o art. 424 dos documentos
particulares (“… cabendo ao escrivão, intimadas as partes, proceder à
conferência e certificar a conformidade entre a cópia e o original”). Dependerá
de perícia a apuração da autenticidade (da autoria, da data e do conteúdo),
bem como a correspondência da cópia e do original, cujos resultados são
altamente inseguros. E há outro dado a considerar nesse assunto. A extensão
do documento eletrônico é ilimitada. Assim, convém que só seja produzida a
suma do documento.

O art. 425, V, formula a regra fundamental da cópia do documento


eletrônico público ou privado: a parte interessada juntará ao processo
reprodução parcial – extrato – digital (v.g., no CD ou compact disc) ou físico,
acompanhado da declaração da pessoa natural ou jurídica que mantém o
banco de dados público ou privado de que a reprodução confere “com o que
consta na origem”, ou seja, com o original ou a cópia aí armazenada. O art.
11, caput, da Lei 11.419/2006 declara que as reproduções serão
consideradas “originais para todos os efeitos legais”. Quer dizer, a
impugnação deverá vir sob a forma de arguição de falsidade, sendo
indispensável, salvo engano, prova pericial, embora haja desaparecido
referência expressa. Por esse motivo, os originais serão preservados até o
término do prazo da rescisória, segundo o art. 425, § 1.º.

Responderá o autor da cópia, acrescenta o art. 425, V, na forma da lei. A


legislação penal brasileira respondeu energicamente através da Lei
12.737/2012, que tipificou a invasão de dispositivo informático (arts. 154-A e
154-B do CPB), a interrupção ou perturbação de serviço informático ou
telemático (art. 266, § 1.º do CPB) e a falsificação de cartão de crédito ou de
débito (art. 298, parágrafo único, do CPB), aproveitando-se da comoção pela
divulgação de fotos íntimas de atriz na rede mundial de computadores.

O juiz poderá determinar o depósito do título executivo extrajudicial (v.g., a


duplicata eletrônica) ou de qualquer documento relevante à instrução em
cartório ou secretaria (art. 425, § 2.º). Essa disposição é inócua
eletronicamente, pois a circulação dos documentos eletrônicos é incontrolável,
na prática, mas inibirá a produção de efeitos jurídicos de eventual circulação
(v.g., a transmissão eletrônica da posse da duplicata). O objetivo é propiciar
controle a posteriori.

O art. 425, VI, preserva o critério original do dispositivo, adaptando-o às


reproduções digitais, mas abrange, indiferentemente, documentos públicos e
particulares. Em síntese, as reproduções digitais produzidas no processo pela
parte principal, auxiliar e coadjuvante, bem como pelos respectivos
advogados públicos e privados, e, ainda, pelo Ministério Público, pelos órgãos
judiciais e seus auxiliares, pela Defensoria Pública e seus auxiliares, e pelas
repartições públicas em geral, ou seja, os órgãos da Administração Pública
direta ou indireta, provarão tanto quanto os originais (art. 425, caput).

A fé da cópia pode ser impugnada mediante “a alegação motivada e


fundamentada de adulteração” (art. 425, VI, in fine). A cláusula final desse
inciso não prima pelo rigor técnico, no tocante à redundância da motivação e
fundamentação, mas esclarece o fundamental. O documento criado
fisicamente, mas convertido ao código (art. 1.º, parágrafo único, da Lei
12.682/2012), talvez haja sido falsificado antes da digitalização (v.g., o
reconhecimento da firma do signatário é falso) ou no próprio ambiente
eletrônico. Em casos tais, revela-se indispensável, para desconstituir a fé da
cópia ou do original, a arguição de falsidade (art. 430), no prazo aí previsto, e
a realização de perícia.

1.923. Desconsideração do documento público

Chama-se de conversão à possibilidade de o juiz atribuir força probante de


documento privado ao documento público viciado. Desse tema ocupa-se o art.
407, mas a terminologia usual – conversão – não retrata a regra de eficácia
da prova documental. Impende esclarecer a natureza da possibilidade de o
juiz, viciado o instrumento público, emprestar-lhe força probante de
documento privado.

Não é difícil perceber que o instrumento público, especialmente a escritura


pública, tem requisitos próprios de validade, disciplinados por normas de
direito público. Daí por que se concebe a distinção entre a validade do
instrumento e a validade do negócio. A importância “reside em dois pontos
principais (a) a nulidade do instrumento nem sempre afeta a validade do ato
jurídico respectivo; (b) a nulidade do instrumento pode requerer ação
específica regida por normas de direito público diferentes das relativas à
nulidade do ato jurídico”.146 E, realmente, no caso do art. 407 o interessado
não precisará se valer da arguição de falsidade (art. 430) para desconstituir a
eficácia probatória do documento público.147

1.923.1. Natureza da desconsideração do instrumento público – O art. 407


não se ocupa, absolutamente, da conversão do negócio jurídico nulo, assunto
disciplinado no art. 170 do CC. Por intermédio da conversão do negócio
jurídico, ajeita-se ou arruma-se o concerto das declarações de vontade dos
figurantes em categoria negocial distinta e que prescinda da observância do
requisito de validade preterida. A essa mudança de natureza designa-se de
conversão material. Também se concebe da conversão formal: aproveita-se o
negócio feito, mas deficiente, em virtude da preterição da forma especial (v.g.,
a nota promissória), como negócio de forma livre (v.g., em vez de nota
promissória, o documento produz efeitos de recibo). Em casos tais,
entretanto, ponderou-se que conversão dessa espécie “dificilmente, poderia
ocorrer entre negócios jurídicos formais e aformal”.148

Ora, o propósito da conversão do documento público em documento


particular é bem modesto e passa-se no plano da eficácia probatória. Não
chega a trocar o negócio formalmente viciado por outro informal. Na realidade,
a despeito do vício formal do documento, a fé ou força probante subsiste
íntegra, porque o conteúdo do documento não se submete, por força da lei ou
pela vontade dos figurantes, à forma especial.

Exemplo expressivo de conversão documental avulta na promessa de


compra e venda de imóvel. O art. 462 do CC adotou o princípio da autonomia
da forma do pré-contrato relativamente ao contrato definitivo.149 Assim, se o
preço do imóvel compromissado superar o piso legal (art. 108 do CC), embora
a forma do contrato prometido seja da escritura pública, nada obsta aos
figurantes contratarem em instrumento particular. Em outras palavras, “a
promessa de contratar não é sujeita a outras exigências de forma que as
exigências de forma das obrigações em geral”.150 Conforme proclamou o STJ,
“a promessa de compra e venda gera efeitos obrigacionais, não dependendo,
para sua eficácia e validade, de ser formalizada em instrumento
público”.151 Nada obstante, nada impede aos figurantes adotarem a escritura
pública para formar a promessa, por razões de segurança e de conveniência,
conforme insinua o art. 1.417 do CC, aludindo à promessa celebrada “por
instrumento público ou particular”. Não podem os figurantes estabelecer,
entretanto, cláusula que o pré-contrato não exiba validade senão na forma
pública (art. 109 do CC). E feito o negócio por escrita pública, vício próprio e
exclusivo da escritura (v.g., a subscrição por tabelião já aposentado), não
impede a existência, validade e eficácia do negócio, porque documentado (por
exclusão, particularmente). Em realidade, inexiste modificação substancial ou
formal do negócio de promessa de compra e venda de imóvel; por isso, não
há conversão (material ou formal). Em outras palavras, “essencial é,
certamente, que o ato instrumentado seja de natureza a poder formar-se por
instrumento público ou particular, indiferentemente”.152

Fixada a natureza da conversão, percebe-se que o art. 407 encontra-se


bem localizado na arquitetura da lei processual. Não se cuidando de norma
substancial.153Mas, antes de dilucidar o art. 407, vale recordar que norma do
mesmo teor já era subentendida no direito brasileiro anterior, a despeito da
falta de regra expressa, precisamente formulada: “O instrumento, não sendo
solene e autêntico, não merece fé pública: e mesmo só faz prova como escrito
particular, estando assinado pelas partes”.154

Fundamenta-se esse entendimento em máxima proveniente do direito


romano: utile per inutile non vitiatur (não seja o útil viciado pelo inútil).155

Em todo caso, a imprópria palavra “conversão” pode ser substituída,


vantajosamente, por desconsideração. O juiz abstrai a forma pública, em
razão do vício, ou seja, desconsidera-a ou releva-a, encarando o suporte
apresentado em juízo como instrumento particular, emprestando-lhe a eficácia
(fé ou força probante) apropriada.

1.923.2. Requisitos da desconsideração do instrumento público – A


desconsideração do instrumento público, todavia documentado, requer o
concurso simultâneo de três requisitos: (a) informalidade relativa do ato ou do
negócio jurídico consubstanciado no instrumento; (b) vício exclusivo e próprio
do instrumento público; e (c) observância dos requisitos próprios do
instrumento particular.

1.923.2.1. Relatividade da forma especial do documento público –


Eventual prova do negócio jurídico subordinado à forma especial da escritura
pública (v.g., a compra e venda de bem imóvel de valor superior ao do piso
legal, a teor do art. 108 do CC), porque formado em instrumento particular,
não supre a falta do instrumento público, conforme dispõe o art. 406. O
instrumento público ad substantia é documento indispensável na instrução da
petição inicial, cabendo ao juiz, como determina o art. 319, abrir prazo para o
autor suprir a ausência. Desacompanhada a petição inicial do instrumento
público, a superveniente revelia do réu não produz a presunção de veracidade
das alegações de fato (art. 341), porque tal significaria suprir indiretamente a
preterição da forma ad substantia, a teor do art. 342, III, (retro, 365.3), nem
sequer a falta de impugnação direta dessas alegações – contestação
eficiente, porque dotada de conteúdo mínimo – importará análoga presunção,
na forma do art. 341, caput, segunda parte, e inciso II (retro, 333.2).

Por conseguinte, a incidência do art. 407 pressupõe, em primeiro lugar, a


relativa informalidade do ato ou do negócio jurídico consubstanciado no
instrumento público. Na realidade, do negócio integrante do conteúdo da
escritura pública: o dispositivo, ao fim e ao cabo, aplica-se unicamente ao
documento eterógrafo lavrado pelo tabelião (retro, 1.916.3).156 Essa
peculiaridade evidencia-se na exigência de assinatura do(s) figurante(s).

Diz-se negócio relativamente informal, porque talvez haja imposição de


forma escrita. É o caso da promessa de compra e venda de bem imóvel,
necessariamente contratada por escrito – instrumento público ou particular, de
acordo com o art. 1.417 do CC. Nessas condições, existindo vício que torne
imprestável a escritura pública (v.g., a inaptidão do notário, porque afastado
da delegação, ou já aposentado, compulsoriamente ou não), subsiste a
documentação da promessa, encarada como instrumento particular. O art.
407 aplica-se às hipóteses em que a forma pública não seja da substância do
negócio.157 É o caso da transação perante o art. 842 do CC.158

Em valioso precedente, o STJ entendeu que a cessão do direito à


sucessão aberta exige a forma pública, nos termos do art. 1.793 do CC, mas
era questão controvertida na vigência da primeira lei civil, reconhecendo a
validade do negócio objeto de instrumento particular.159

1.923.2.2. Vício exclusivo do documento público – É preciso que o vício,


consoante a proclamação do art. 407, atinja unicamente o próprio instrumento
público. A disposição circunscreve os defeitos a duas órbitas muito bem
definidas: (a) incompetência do oficial público; e (b) falta de observância das
“formalidades legais”.160

Em relação ao primeiro grupo de vícios, a inaptidão da pessoa que


subscreve o documento aí tem lugar, porquanto hipótese radical de
incompetência. Não é difícil conceber o vício de investidura do tabelião, ou do
substituto legal, originária ou supervenientemente: (a) provimento judicial
desconstituindo a lotação do particular em determinado ofício, em virtude de
vício no concurso de ingresso ou de remoção que lhe assegurou o lugar; (b) a
subscrição da escritura pública por tabelião já aposentado.

As transformações da função notarial tornaram a primeira hipótese


corriqueira. Em vários Estados-membros, interesses econômicos animaram
ajudantes, contratados em regime privado pelo titular e, via de regra, em
virtude de relações de parentesco, a reviver o disposto no art. 208 da CF/1969
(EC 22/1982), postulando a extensão da regra que assegurou aos substitutos
das serventias extrajudiciais e do foro judicial que contassem com cinco anos
de exercício, na função e no ofício até 31.12.1983, às vagas ocorridas já na
vigência da CF/1988, litígios que, julgados improcedentes,161 ainda perduram
residualmente, permanecendo a vacância. Esses interesses econômicos
devem ser vistos com naturalidade e realismo. Eles estimularam substitutos
legais, respondendo pelo ofício vago, mas concorrendo no concurso de
ingresso ou de remoção, a impugnarem judicialmente o certame, apostando
no impasse e na subsistência indefinida da posição precária e do recebimento
dos emolumentos cartorários. O provimento judicial que lhes for favorável
retroagirá, desconstituindo a investidura.

A escritura pública nesse interregno subscritas por tabelião ilegalmente


investido não é nula. Em contrário, há precedente do STJ,162 rezando
seguinte: “Os defeitos de forma da escritura pública são insanáveis e, por
isso, é nulo o instrumento lavrado por escrevente não juramentado”. Porém,
os princípios da confiança e da continuidade dos serviços públicos imunizam
a invalidade em casos tais. Era o entendimento mais antigo: “Mas, por
equidade são tidos por firmes, e valiosos os instrumentos feitos por oficial que
na opinião geral é tido por legitimamente constituído”.163 Na pior das
hipóteses, sem prejuízo do concurso dos demais requisitos aqui analisados,
subsistirá o negócio jurídico mediante a desconsideração do documento
público.164 Por sinal, a doutrina francesa do século XIX admitia a
desconsideração da escritura pública lavrada por notário suspenso, destituído
ou substituído e que praticou o ato ciente da falta de investidura.165

Em tema de inaptidão, portanto, a moldura do art. 407 apanha as


hipóteses insólitas da fraude, em que quadrilha de estelionatários cria
documento público, aproveitando-se do costume de o oficial público, ou
substituto autorizado, deslocar-se até o domicílio de um dos figurantes para
lavrar a escritura pública, viciando o próprio negócio.

A incompetência em razão do lugar, relativamente ao documento público


notarial, tem pouca relevância: o art. 8.º da Lei 8.935/1994 tornou livre a
escolha do notário, independentemente do domicílio das partes e do lugar de
situação dos bens objeto do negócio jurídico,166 proibindo-lhes o art. 9.º do
mesmo diploma a prática dos atos próprios do ofício “fora do Município para o
qual recebeu delegação”. Seja como for, semelhante defeito não vicia o
documento, bem como a incompetência em razão da matéria, consoante o
entendimento tradicional no direito pátrio.167 A essa linha filia-se a
admissibilidade da notificação por intermédio de cartório de títulos e
documentos de lugar distinto do domicílio do devedor.168

O conflito de interesses vicia o documento (v.g., o tabelião lavra a escritura


em que aparece como figurante), mas não impede a desconsideração.169

As formalidades legais mencionadas no art. 407 são os requisitos dos


parágrafos do art. 215 do CC, descumpridos no todo ou em parte em
determinada escritura pública. Vícios dessa natureza não tornam imprestável
o documento público como tal.170

1.923.2.3. Observância das formalidades do documento particular – A


desconsideração da escritura pública reclama, segundo expressamente exige
o art. 407, a subscrição dos figurantes. Parece evidente que realçou o quod
plerumque accidit, visando aos negócios jurídicos bilaterais. Cuidando-se de
negócio unilateral, como a renúncia, basta a assinatura do único figurante.

A assinatura do(s) figurante(s) do negócio jurídico é a exigência explícita


do art. 407 para o instrumento público desconsiderado surtir eficácia de
instrumento particular. É a regra geral, mas representará exagero considerá-la
única e suficiente,171 à luz do direito posto, pois para determinados efeitos
talvez existam requisitos suplementares, a exemplo da subscrição por duas
testemunhas, indispensável para conferir ao instrumento particular de
confissão de dívida a eficácia de título executivo, a teor do art. 784, II.172

A falta de assinatura do(s) figurante(s) elimina a eficácia probatória do


documento, mas pode representar começo de prova por escrito, conforme o
caso, para os efeitos do art. 444.173

1.923.3. Efeitos da desconsideração do instrumento público –


Desconsiderada a forma pública, o art. 407 atribui ao documento a eficácia
inerente ao documento particular,174 cuja regra fundamental, vez que
autenticidade é requisito da desconsideração, localiza-se no art. 408.
Presumir-se-ão verdadeiras as manifestações de vontade em relação ao(s)
signatário(s). E também incidirá a exceção do art. 408, parágrafo único,
onerando o interessado em provar a veracidade da declaração de ciência
(infra, 1.925.2). Não há necessidade de arguição de falsidade (art. 430) para
repelir a eficácia probatória do documento.

§ 396.º Documentos particulares

1.924. Espécies de documentos particulares

Chama-se documento particular, por exclusão da natureza pública, ao


documento autógrafo ou eterógrafo formado no âmbito da autonomia privada
independentemente da intervenção e subscrição de oficial público (escrivão,
tabelião ou registrador, e servidor público civil ou militar).

A par das classificações comuns às duas categorias fundamentais –


documento público e documento particular –, a exemplo de (a) documento
dispositivo (v.g., o instrumento particular, exigido na promessa de compra e
venda de imóvel, a teor do art. 1.417 do CC) e de (b) documento narrativo
(v.g., a epístola), importa separar duas classes de documentos particulares:
(a) documentos feitos e assinados, ou apenas assinados; e (b) documentos
não assinados. O relevo da separação radica na eficácia probatória.

Os documentos particulares não assinados têm eficácia probatória


peculiar, segundo a espécie (v.g., telegrama e fotografia), e tal diversidade
sugere agrupá-los em parágrafo próprio, identificando-se, aí, os seguintes: (a)
documentos transmitidos (arts. 413 e 414); (b) documentos domésticos (art.
415); (c) documentos anotados (art. 416); (d) documentos empresariais (arts.
417 e 418); (e) documentos diretos (art. 422).

Os documentos feitos e assinados, ou apenas assinados pelo(s)


figurante(s) do ato ou do negócio jurídico, chamam-se de instrumentos
particulares.175 Reputa-se autêntico o documento cuja autoria é certa.176 A
autoria revela-se elemento importante na eficácia probatória da prova
documental e, para dissipar dúvida, o art. 410 indica como autor: (a) o
executor material do documento, ou seja, quem o fez (art. 410, I, primeira
parte), estando assinado; ou (b) a pessoa “por conta de quem ele foi feito”,
estando este assinado (art. 410, II) ou, não assinado, (c) a pessoa que
mandou fazê-lo, mas regra de experiência indica que não é costume assiná-lo
(art. 410, III).177 Essa diferença entre o autor material e o autor intelectual
(subscritor) leva à separação dos documentos em (a) autógrafos e (b)
eterógrafos.178 A autenticidade do documento particular ocorrerá nos casos do
art. 411.

O documento particular não tem forma especial ou rígida. Os documentos


particulares são bilaterais (v.g., o pré-contrato particular de compra e venda
de imóvel) ou unilaterais (v.g., a missiva).179 Não há, entre nós, necessidade
de número de vias correspondentes ao número de figurantes com interesses
distintos. É irrelevante, ainda, o suporte (físico ou eletrônico), a natureza dos
signos (letras ou números) e, sendo escrito, a linguagem convencional
utilizada na redação. Por exceção, o instrumento particular tem forma
especial, inclusive sob a forma de formulário; por exemplo, o art. 124, III, da
Lei 9.503/1997 autoriza o órgão de trânsito a fixar “modelo” para o negócio
jurídico de compra e venda de veículos, solenemente chamado de ATPV
(Autorização para Transferência de Propriedade de Veículo). A linguagem não
precisa ser corrente, nem sequer exige-se o uso do vernáculo. Admite-se
documento redigido em língua estrangeira (art. 192, caput) ou em linguagem
secreta.180 Evidentemente, nesses casos põe-se a necessidade de tradução e
de decifração, a fim de o conteúdo ser compreendido pelo órgão judicial.

O elemento fundamental à produção da eficácia probatória, nos


documentos particulares, avulta no conteúdo e na autoria – a(s) assinatura(s)
do(s) figurante(s) do ato ou do negócio jurídico. A autoria torna autêntico o
documento. Por exceção, para surtir efeitos, exige-se o reconhecimento de
firma por tabelião (art. 411, I). Por exemplo, o anexo da Resolução 310, de
06.03.2009, do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN), fitando a
segurança do negócio, exige o reconhecimento da firma do alienante por
autenticidade.

Elementos distintos da autoria são geralmente acessórios ou supérfluos.


Por exemplo, a subscrição por testemunhas, prevista em caráter geral no art.
135 do CC de 1916 para provar “obrigações convencionais”, não aparece no
art. 221 do CC vigente. As testemunhas instrumentárias ou têm outra função
(v.g., no art. 595 do CC, em que manifestam vontade e assim a rogo; na
confissão de dívida, para os efeitos do art. 784, II, do CC) ou tornaram-se
residuais (v.g., no testamento por instrumento particular, a teor do art. 1.876, §
1.º, do CC). O espaço reservado à assinatura das testemunhas nos
instrumentos particulares – nome completo, número da cédula de identidade e
do cadastro na Receita Federal – subsiste apenas costume de longeva
memória (v.g., nos contratos de locação).

A despeito da informalidade, o costume imprime feição característica aos


instrumentos particulares, organizando-os nos seguintes itens: (a) preâmbulo,
local da identificação e da qualificação do(s) figurante(s), aplicando-se, por
analogia, o art. 215, § 1.º, III, do CC; (b) conteúdo, expressando as
manifestações de vontade e manifestações de ciência do(s) figurante(s); (c)
fecho, indicando local e data; e (d) a(s) assinatura(s).

Feitas essas considerações, e abstraindo a questão da autenticidade (arts.


407 e 408), objeto do item subsequente, impõe-se precisar a eficácia
probatória do documento particular assinado.

1.925. Eficácia probatória dos documentos particulares

A regra fundamental relativa à fé dos documentos particulares localiza-se


no art. 408 c/c art. 219 do CC. Impende distinguir, como nos documentos
públicos em geral, as declarações dispositivas e as declarações enunciativas
do conteúdo. A autoria constitui problema autônomo no documento particular.

O art. 221, parágrafo único, do CC autoriza o suprimento do documento


particular por outro meio de prova. Essa disposição opõe-se à rígida disciplina
do documento público, cuja ausência é insuprível, a teor do art. 406. Em
relação aos documentos públicos, outro meio de prova pode ser empregado
tão só para provar a preexistência e ulterior perda do documento (retro,
1.918). O art. 221, parágrafo único, do CC não se aplica aos negócios
jurídicos formais objeto de documento particular. Por exemplo, não se admite
suprir a falta do instrumento particular do pré-contrato de imóvel (art. 1.417 do
CC), salvo a perda ulterior do instrumento.

O documento particular eletrônico suscita questão análoga ao do público


formado ou reproduzido por essa forma. O art. 10, caput, da MP 2.200/2001,
considera documento particular eletrônico estrito senso o que é acompanhado
de certificado digital, tornando certa a autoria, mediante identificação
originária de chave criptográfica, formado dessa forma no âmbito da ICP-
Brasil. Nessas condições, presumem-se verdadeiros em relação aos
signatários, reza o art. 10, § 1.º, da MP 2.200/2001. Não se distingue, aí, a
natureza das espécies de declarações do conteúdo, mas subentende-se que
não seja diferente pela própria natureza das coisas. E o art. 10, § 2.º, da MP
2.200/2001, permite a prova por outro meio de comprovação da autoria e do
conteúdo, além de admitir a verificação tácita (“… desde que admitido pelas
partes como válido ou aceito pela pessoa a quem for oposto o documento…”).
Por óbvio, o problema não se situa no plano da validade, mas no da eficácia.

1.925.1. Eficácia das declarações dispositivas do documento particular –


Segundo reza o art. 408, caput, presumem-se verdadeiras as declarações de
vontade em relação ao(s) signatário(s). É de idêntico teor e alcance o art.
219, caput, do CC. E, ademais, consoante o art. 412, caput, não sendo
duvidosa a autenticidade, ou seja, inexistindo impugnação da autoria, prova a
manifestação de vontade em si. Por exemplo, o contrato de locação
entre A e B, tendo por objeto o imóvel X, mediante a contraprestação do
aluguel mensal Y, e no qual o locador declara que entregou a posse do
imóvel, através da entrega das chaves, e o inquilino declara tê-la recebido, e
vistoriado o imóvel em oportunidade anterior, encontrando-o em perfeitas
condições de uso e de conservação. Presumem-se verdadeiras as
declarações atinentes (a) à posse do imóvel (declaração de vontade) e (b) ao
estado do imóvel (declaração de ciência).
A presunção de veracidade abrange a emissão (art. 412, caput) das
declarações dispositivas, ou principais, e das declarações de ciência (estado
do imóvel) diretamente relacionadas às primeiras. Não se presume que o
locador declarou ter alugado, o inquilino recebeu as chaves,181 mas que
alugou e recebeu, respectivamente.

Funda-se a presunção do art. 408, caput, na necessidade do comércio


jurídico. Formado na forma documental o ato ou o negócio – e o art.
408, caput, alude ao documento particular “escrito e assinado ou somente
assinado” –, presume-se que o seja por vontade isenta de vícios do(s)
figurante(s) e negar-lhe essa eficácia implicaria o desconhecimento da
“necessidade de assegurar-se garantia à vida em sociedade e às relações
jurídicas, uma e outra coisa insustentáveis sem a garantia à boa-fé das partes
que com sua assinatura firmam seus pactos e convenções”.182

Tal presunção de veracidade mostra-se relativa. É lícito ao inquilino


impugná-las, porque inexatas ou inverídicas, a teor do art. 436, II e III,
arguindo a falsidade ideológica ou material do documento (infra, 1.943) ou
atribuindo-as a vício de vontade, a exemplo do erro ou da coação. Em tal
hipótese, a parte que alega contra a declaração dispositiva presumidamente
verdadeira – e, não, necessariamente quem produziu o documento –
assumirá o ônus de produzir contraprova – justamente o que prevê o art. 429,
I, no tocante à arguição de falsidade. Por exemplo, alegando que não recebeu
a posse do imóvel, motivo por que a vindica de A, B assume o ônus de
demonstrar a falsidade da declaração expressa no contrato de locação,
sendo-lhe vedado, porém, contestar a emissão da declaração em si.

Costuma-se registrar por extenso as quantias objeto de declaração nos


documentos particulares. O costume originou-se da imposição da subscrição
manual desse importante elemento nos documentos privados antes da
difusão dos meios mecânicos de impressão.183 Não é obrigatório, entretanto,
assinalar a quantia em números e por extenso, nem sequer rubricar ao lado
dessa declaração para emprestar-lhe autenticidade. Não há norma
equiparável no direito pátrio ao art. 1.326 do CC francês, exigindo fórmula
sacramental para enunciar quantias em dinheiro.184

1.925.2. Eficácia probatória das declarações enunciativas do documento


particular – As declarações de ciência sem relação direta com (a) as
disposições principais do ato ou do negócio jurídico e (b) a aptidão ou a
capacidade do(s) figurante(s) não se presumem verdadeiras.

O art. 408, parágrafo único, do NCPC, e o art. 219, parágrafo único, do CC


estabelecem essa diretriz convergentemente. A redação dos dispositivos
processual e civil discrepa em pormenores terminológicos: o primeiro
emprega a expressão “declaração de ciência”; o segundo, “declarações
enunciativas”. Perdeu-se a oportunidade de uniformizar a terminologia.
Porém, no sentido geral e, principalmente, na atribuição do ônus da prova à
parte que produziu o documento (e, não, à parte que impugnar a veracidade
da declaração de ciência), ou seja, nos aspectos essenciais há decisiva
uniformidade. Os dispositivos diferem no ponto secundário da presunção de
veracidade da emissão da declaração, prevista no art. 408, parágrafo único, e
omitida no art. 219, parágrafo único, do CC, sem maiores consequências,
porém: implicitamente que seja, a impugnação da declaração de ciência
pressupõe que esta tenha sido emitida – o art. 412, caput, justamente, cobre
tal ângulo do problema.

Convém rememorar o objeto das exceções do art. 408, parágrafo único, e


art. 219, parágrafo único, do CC. As declarações principais respeitam aos
elementos de existência, aos requisitos de validade e aos fatores de eficácia
do ato ou do negócio jurídico. Por exemplo, no contrato de locação
entre A e B, o valor do aluguel, a data do vencimento, o lugar do pagamento,
o acréscimo dos encargos, a entrega da posse, e assim por diante.
Comumente, os figurantes acrescentam às declarações principais certos
enunciados de fato, como o estado do imóvel. Essas declarações
circunstanciais, alheias ao conteúdo do negócio, cuja supressão em nada
modificaria o alcance do documento, chamam-se de declarações
enunciativas.185 Cumpre ao interessado na declaração de ciência (v.g., ao
locador A, perante a reclamação do inquilino B que o imóvel não tem
banheiro) demonstrar-lhe a veracidade – no caso, a existência e, a fortiori, o
funcionamento das instalações sanitárias. Em outro exemplo, no contrato
entre A e B, em que se estipulou a locação do imóvel X, pelo prazo de Y anos,
e avençou-se a contraprestação mensal Z, o locador A declara ter recebido
quatro meses de aluguel e o locatário B que pagou com dinheiro emprestado
por C. Esta última declaração de ciência só tem relação indireta com a
locação e respeita ao negócio de mútuo de C a B.186

Pois bem. Se no contrato entre A e B, em que se estipulou a locação do


imóvel X, pelo prazo de Y anos, e avençou-se a contraprestação mensal Z, e
o locador Adeclara ter recebido quatro meses de aluguel antecipadamente,
essa declaração tem relação direta com o negócio. Posto que enunciativas, a
declaração do locador A que recebeu quatro meses de aluguel
antecipadamente têm eficácia probatória idêntica à das declarações principais
entre as partes e seus sucessores, ou seja, presumem-se
verdadeiras,187 salvo prova em contrário, assumida pelo locador.

1.925.3. Âmbito subjetivo da eficácia probatória do documento particular –


A presunção de veracidade das manifestações de ciência e de vontade que
derivam do documento particular, determinando a regra de conduta das partes
no curso do processo, e, conseguintemente, a futura regra de julgamento
(retro, 1.338.2), opera entre as partes. Em linhas gerais, as declarações
dispositivas presumem-se verdadeiras (art. 408, caput), assumindo a parte
que as nega, porque inverídicas ou viciadas, o ônus de provar o contrário,
mas as declarações de ciência devem ser provadas, não sendo admitidas
tacitamente (art. 436, caput), por quem as alega (art. 408, parágrafo único).
Essa eficácia opera, unicamente, no tocante ao(s) signatário(s), rezam os
arts. 408, caput, do NCPC, e 219, caput, do CC. Os sucessores do figurante,
por negócio inter vivos, ou causa mortis, ocupam idêntica posição como
titulares dos direitos e dos deveres.188

Em relação aos terceiros, o documento particular não surte efeitos senão


depois de registrado no ofício de título e documentos (art. 221, caput, do CC).
O art. 221 do CC declara que o documento particular prova as obrigações
convencionais de qualquer valor, sobrepondo-se à disposição mais larga do
art. 219, caput, do CC, nessa parte específica. Eliminada a exigência de
simultânea subscrição de duas testemunhas, constante do art. 135 do CC de
1916, a reprodução da regra quanto ao valor da obrigação mostra-se
supérflua, exceto na parte final: os efeitos do instrumento particular,189 bem
como da sua cessão, não operam perante terceiros senão após a transcrição
prevista no art. 128, I, da Lei 6.015/1973. A função do registro avulta na
eficácia erga omnes.190 Na ausência de registro, o instrumento particular não
surte efeitos, em especial a cessão de créditos.

O STJ apreciou o caso em que A recebeu de B mandato in re suam,


propiciando-lhe a aquisição do título de operador na bolsa de valores, e, no
entanto, B alienou o título a C, e declarou que, não sendo oponível o
instrumento particular a C, cabia só a pretensão de perdas e danos
de A contra B.191

Em sentido contrário, a Súmula do STJ, n.º 132, esclareceu que o


alienante do veículo não responde perante terceiros, em caso de acidente,
independentemente do registro do instrumento particular de transferência.

1.925.4. Indivisibilidade do documento particular – O art. 412, parágrafo


único, assume o falso problema da indivisibilidade das declarações feitas no
documento autêntico, reconhecida a autoria expressa ou tacitamente, a teor
do art. 436, caput, e veta à parte que dele pretenda se utilizar “aceitar os fatos
que lhe são favoráveis e recusar os que são contrários ao seu interesse”. A
estrutura do conteúdo do documento é muito diferente da confissão
qualificada. Nesta espécie de confissão, o confitente admite fato desfavorável
ao próprio interesse, mas acrescenta-lhe outro, que lhe é favorável, pré-
excluindo a eficácia da primeira assertiva (retro, 1.873.1). Ora, não se trata de
aceitar ou de rejeitar as declarações de vontade ou as declarações de
ciência, in totum, mas de apreciá-las tal como feitas, presumindo-as
verdadeiras, salvo prova em contrário – hipótese aventada na parte final do
parágrafo.

Um exemplo ilustra a pretendida indivisibilidade. No contrato de locação


entre A e B, o inquilino declara ter vistoriado o imóvel, assinalando os
defeitos x e y, pelos quais não se responsabilizará, e, posteriormente, finda a
locação, alega que o defeito apontado era z, e, não y. Presume-se verdadeira
a declaração inicial, daí a responsabilidade de reparar z, pouco importando se
existia, ou não, o defeito y, salvo prova em contrário: y não existia no imóvel,
só poderia existir defeito em z, cuidando-se de mal-entendido ou erro
de lapsus linguae. Se o locador A deduziu pretensão contra B, pleiteando a
reparação de z, a prova em contrário – o defeito preexistia à posse do
inquilino – eximirá o inquilino.

1.926. Autoria do documento particular

O documento particular produz efeitos perante o(s) respectivo(s) autor


(es). E a autoria, chamada de autenticação, deflui da assinatura, firma ou
subscrição – palavras sinônimas para tal efeito.192 Letra, na linguagem
notarial, equivale à assinatura autógrafa (do próprio punho).193 O art. 410, I e
II, identifica o autor material e o autor intelectual dos documentos. É base da
distinção dos documentos autógrafos e dos eterógrafos (retro, 1.916.3) Esta
separação transparece na escritura pública, mas ocorre em documentos
particulares.
A subscrição é o elemento determinante da autoria. Esta é a condição
especial do documento particular.194 A confecção material tem interesse
secundário (qui subscribit scribit). Nos negócios jurídicos em massa,
empregando formulários, o autor material permanece desconhecido, a mais
das vezes, e a identidade dessa pessoa, ou conjunto de pessoas, raramente
tem importância.

A subscrição não empresta veracidade do conteúdo. Daí por que o art.


408, caput, apenas presume a veracidade das relações em relação ao
signatário nos documentos particulares subscritos. E a falsidade da
subscrição não impede que a declaração seja verdadeira.195

A assinatura constitui a expressão da identidade ou da personalidade da


pessoa.196 Não é a simples reprodução gráfica do nome da pessoa natural ou
jurídica, mas expressão do nome ou da razão social de modo habitual e
característico. A subscrição nominal é criação relativamente recente.197

Do art. 410 resulta a necessidade de assinatura para o documento provar


a emissão das declarações que lhe formam o conteúdo, ressalva feita à
hipótese do inc. III, porque não é costume a subscrição (v.g., a escrita
empresarial). Assim, a minuta do negócio prova as tratativas ou punctuações
e, conforme o caso, serve de prova desse fato. A falta de subscrição pré-
exclui o ingresso do ato ou do negócio no mundo jurídico. É nesse sentido
que a assinatura constitui elemento de existência.198

1.926.1. Forma da assinatura – A assinatura é ato pessoal e singular da


pessoa natural. Pode ser feita por procurador munido de poderes para o ato.
Em suas diferentes espécies, cuja admissibilidade varia conforme a natureza
do ato ou do negócio jurídico, a assinatura envolve dois aspectos formais: (a)
o uso de sinal; e (b) o uso de pseudônimo.

Em épocas recuadas, grassando o analfabetismo, o uso da cruz, de timbre


ou de sinete – monograma ou divisa em alto ou baixo relevo, impressa em
lacre, a mais das vezes da cor vermelha – era usual.199 Não há dúvida que a
subscrição nominal se afigura superior no que tange à identificação da
pessoa.200 Ocorre que inexiste proibição inequívoca. Por exemplo, admite-se a
chancela mecânica, que é uma forma de sinete (v.g., no cheque, a teor do art.
1.º, parágrafo único, da Lei 7.357/1985), tornando discutível a rejeição
peremptória ao uso de sinais.201 A lei uniforme sobre títulos de crédito autoriza
aos países signatários o uso de sinais, respeitando o costume de certos
países, e a assinatura em cruz, nesse caso, não é admitida entre nós por falta
de disposição legal.202 A única exigência é que o sinal identifique cabal e
habitualmente a pessoa.

Em lugar do próprio nome, nada impede o uso corrente do


pseudônimo.203 Por exemplo, o jogador de futebol, o literato (nom de plume), o
militar, não sendo utilizado criptônimo para ocultar a identidade – prática só
justificável em tempos de guerra –, usam e assinam o pseudônimo que os
notabilizou nas respectivas profissões. O francês Marechal Leclerc chamava-
se, na verdade, Philippe François Marie de Hauteclocque.

1.926.2. Espécies de assinatura – Existem várias espécies de assinatura:


(a) completa ou por extenso: abrange o prenome, composto (v.g., João Paulo)
ou singular (v.g., João), e o nome de família, singular (v.g., Silva) ou composto
(v.g., Silva da Silva), no todo ou em parte;204 (b) abreviada ou rubrica: ao
contrário da assinatura completa, limita-se a um dos elementos do nome da
pessoa, quer o prenome, quer o nome de família; ou abrange apenas a inicial
de um (v.g., J ou JP) e de outro (v.g, S ou SS); ou a pessoa utiliza-se de sinal
indecifrável, mas pessoal e costumeiro; (c) a rogo: feita por uma pessoa,
chamada de testemunha, a pedido de outra, porque não sabe ler e escrever,
como acontece nos contratos de prestação de serviço, a teor do art. 595 do
CC; (d) eletrônica: identificação inequívoca da pessoa natural ou jurídica,
definida no art. 1.º, § 2.º, III, da Lei 11.419/2006, mediante código, cujo
acesso ocorre através de senha pessoal e intransferível, compreendendo o
nome completo da pessoa; (e) autógrafa ou de próprio punho: feita pela mão
do assinante com o instrumento de escrita apropriado (lápis, caneta, estilete,
e assim por diante); (f) digital: feita mediante a impressão a tinta do polegar
direito; (g) sinal público: assinatura característica do tabelião, acompanhada
de arabescos e dísticos;205 e (h) chancela: modalidade de assinatura através
de impressão mecânica e repetitiva, permitida na emissão de títulos de
crédito, como acontece com o cheque (art. 1.º, parágrafo único, da Lei
7.357/1985).206

Varia muito a admissibilidade dessas espécies de assinatura como meio


de autenticação dos documentos particulares.

É mais comum a assinatura completa, no todo ou em parte – o uso só do


prenome é insuficiente à cabal identificação da pessoa –,207 nos documentos
particulares, e do próprio punho, lançada no fecho do documento,
destacadamente, e objeto de campo específico, acompanhada, ou não, de
outros dados como o número da cédula de identidade. Nos documentos
escritos, a regra consiste na assinatura autógrafa no suporte físico, e a
assinatura eletrônica nos documentos de natureza análoga.

Emprega-se a rubrica, de ordinário, para autenticar as folhas do


documento. Por exemplo, art. 207, caput, obriga o escrivão a rubricar todas as
folhas dos autos físicos, facultando o parágrafo único às partes, ao órgão do
Ministério Público, aos auxiliares do juízo e às testemunhas rubricar as folhas
correspondentes aos respectivos atos, o art. 1.864, parágrafo único, do CC,
impõe a rubrica do testador em todas as folhas do instrumento, se houver
mais de uma. Por exceção, a rubrica é o modo de assinatura exigido no ato,
como acontece no termo de juntada, a teor do art. 206, rubricado pelo
escrivão.

A rubrica também serve para expressar consentimento específico quanto


às cláusulas dos contratos de adesão. Por exemplo, o art. 54, § 4.º, da Lei
8.078/1990 impõe destaque às cláusulas que restrinjam direitos do
consumidor, possibilitando fácil e pronta compreensão, mostrando-se comum
que ao lado da cláusula conste espaço para colher a rubrica do figurante, bem
como do valor e dos encargos das prestações no fornecimento de produtos e
de serviços a crédito (art. 52, I a V, da Lei 8.078/1990).

A proteção das pessoas que não sabem ler e escrever impede que, nos
negócios jurídicos formais, manifestem vontade através de terceiro(s),
firmando o instrumento particular a rogo. Excepciona o art. 595 do CC o
contrato de prestação de serviço, exigindo a assinatura de duas testemunhas,
a rogo do figurante. Ressalva feita aos casos especiais, o analfabeto recorrerá
à escritura pública, assinando outra pessoa a rogo (art. 215, § 2.º, do CC). Os
títulos de crédito só podem ser emitidos por analfabeto através de procuração
por instrumento público, evidenciada, positivamente, a identidade do emitente,
pois na assinatura a rogo apenas o signatário se obrigaria cambialmente.208

É admissível a assinatura através da impressão digital, acompanhada da


identificação do signatário, como meio de autenticação do documento
particular. A assinatura por intermédio da chancela mecânica mostra-se
corriqueira nos cheques e nas duplicatas.

1.926.3. Reconhecimento notarial da assinatura – Reconhecimento de


firma é ato privativo do tabelião de notas que autentica a assinatura após a
identificação do signatário (art. 7.º, IV, da Lei 8.935/1994).

O reconhecimento notarial da firma, letra ou assinatura assume quatro


modalidades, segundo a tradição: (a) autêntico, em que o tabelião declara que
a pessoa assinou na sua presença (art. 405); (b) por semelhança, em que o
tabelião certifica a coincidência entre a assinatura já lançada no documento
com espécie(s) constante(s) do seu arquivo; (c) por abonação direta, no qual
o tabelião reconhece a assinatura de certa pessoa que lhe é apresentada no
ato e identificada por duas testemunhas abonatórias; (d) por abonação
indireta, no qual o tabelião reconhece (por autenticidade) a firma das
testemunhas que declaram ser de alguém a assinatura lançada no
documento.209

O único reconhecimento de firma próprio para o art. 411, I, é o primeiro.


Cuida-se do reconhecimento direto, acrescido da declaração que o tabelião
assistiu à assinatura.210 E a razão é simples: “Se o ato é de autenticação, não
há como desfigurar-lhe a natureza”.211 A prática usual do reconhecimento por
semelhança é inútil. O art. 105 do NCPC não prescreve o reconhecimento de
firma na procuração passada ao advogado, habilitando-o à prática dos atos
processuais, por essa razão. O art. 105, § 1.º, autoriza a assinatura digital da
procuração. Identificada a pessoa por meio legal de certificação, o art. 411, II,
declara autêntico o documento.

Reconhecida a firma por autenticidade, ou seja, subscrito o documento


particular na presença do tabelião, o art. 411, I, declara-o autêntico. Ao
documento particular se acresce o elemento público, ou seja, a fé do
tabelião.212 No entanto, a validade e a eficácia probatória do documento
particular prescindem dessa formalidade.213 Quer dizer, é providência útil e,
segundo o art. 411, I, torna certa a autoria do documento, mas sua falta não
elimina a fé que é intrínseca ao documento privado nem obsta ao
reconhecimento da autoria.

A importância do ato notarial é a fé pública outorgada à subscrição. Em


relação à autoria, portanto, o interessado assume o ônus não de contestar a
assinatura, mas de arguir a falsidade do reconhecimento, mediante o
incidente do art. 430 ou por demanda autônoma, cessando a fé respeitante à
autoria apenas depois da declaração judicial da falsidade, a teor do art.
428, caput, e parágrafo único, c/c inc. I.
O art. 428, I, segundo o qual cessa a fé do documento particular quando
impugnada a autenticidade “e enquanto não se comprovar sua veracidade”,
atribuindo o art. 429, II, o ônus da prova à parte que produziu o documento,
veracidade apurável mediante perícia, aplica-se apenas aos documentos
particulares assinados sem firma reconhecida por autenticidade (v.g.,
reconhecida por semelhança). A perícia de caligrafia é prova científica que
evoluiu muito, dissipando antigas reservas ainda reproduzidas em obras
recentes.214

1.926.4. Reconhecimento judicial da assinatura – Produzido o documento


espontânea ou forçadamente, atuará o princípio do contraditório, abrindo-se
prazo – produzido fora da oportunidade usual, nos atos postulatórios
principais, no prazo de quinze dias, a teor do art. 437, § 1.º, passível de
dilatação na hipótese do art. 437, § 2.º –, a fim de que a contraparte realize a
impugnação, nos termos do art. 436.

O reconhecimento judicial da autoria pode ser (a) expresso ou (b) tácito. O


reconhecimento tácito decorre da falta de impugnação, extraindo-se do
silêncio a presunção (relativa) de autenticidade e de veracidade do contexto.

É nesse pormenor (reconhecimento tácito) que se fundará a precipitação


do julgamento na forma do art. 355, I, pois a impugnação motivada, inclusive
com a alegação de vício da vontade, pré-exclui, por óbvio, a incidência da
regra ou, no mínimo, a utilização de conhecimento haurido dessa controversa
fonte de prova na emissão do juízo de fato.

Cuidando-se de documento particular cuja assinatura não é objeto de


reconhecimento notarial (art. 411, II), na sagaz e sofisticada sistemática legal
a superveniência, tout court, da impugnação da contraparte – ou, se for o
caso, do órgão do Ministério Público – faz cessar imediatamente a fé do
documento, nos termos do art. 428, I. Eis o motivo por que, existindo questão
de fato controversa, o documento (relevante) deixa de constituir prova idônea
na motivação explícita da sentença em eventual julgamento antecipado (art.
355, I). E o art. 429, II, atribui à parte que produziu o documento o ônus de
provar a autenticidade da assinatura, necessariamente através de perícia (art.
432, caput). Em caso de contestação de assinatura de título executivo
extrajudicial, decidiu o STJ: “Tratando-se de contestação de assinatura, o
ônus da prova da sua veracidade cabe à parte que produziu o documento. A
fé do documento particular cessa com a impugnação do pretenso assinante, e
a eficácia probatória do documento não se manifestará enquanto não
comprovada a veracidade”.215

1.926.5. Efeitos da assinatura – A assinatura autentica o documento


particular irreversivelmente. O cancelamento da assinatura (v.g., mediante
rasura ou borrão) é ineficaz, porque irretratável a manifestação de vontade.216

1.927. Data dos documentos particulares

Em princípio, a data é elemento acessório do documento particular.


Regras especiais emprestam, entretanto, relevo à data. Por exemplo, o
cheque é ordem de pagamento à vista e, consoante o art. 1.º, V, da Lei
7.357/1985, indicará a data da emissão.217 Desse elemento decorrem
importantes efeitos: apresentados dois ou mais cheques simultaneamente,
sem que haja fundos disponíveis para ambos, o sacado pagará o mais antigo,
segundo a data de emissão, ou o de número serial inferior (art. 40 da Lei
7.357/1985). E cheque sem data perde a força executiva.218

A data do instrumento particular expressar-se-á através dos números


próprios do calendário gregoriano, por extenso (primeiro de janeiro de dois
mil) ou por algarismo: dia (01), mês (01) e ano (2000). Por exceção, admitir-
se-á data fixa (v.g., Natal de 1999; Dia do Trabalho de 2000) ou variável (v.g.,
Páscoa de 1999; Quarta-Feira de Cinzas de 2000) ou uso de perífrase (v.g.,
um dia após o Ano Novo).

Fora dos casos em que a data integra a forma do ato ou do negócio


jurídico, tal dado do documento particular apresenta-se decisivo em litígios
triviais. O problema não é desconhecido nas ações de responsabilidade civil
por dano de acidente de veículos na via terrestre. Conforme a Súmula do STJ,
n.º 132, o alienante não responde pelo dano provocado pelo veículo na posse
do adquirente, independentemente do registro do instrumento particular no
cartório de títulos e documentos (art. 130, n.º 7, da Lei 6.015/1973) ou da
transferência do órgão de trânsito. O art. 134 da Lei 9.503/1997, todavia,
responsabiliza administrativamente o alienante enquanto não houver o
registro da transferência, cujo prazo é de trinta dias (art. 123, § 1.º, da Lei
9.503/1997).

Esse entendimento torna assaz relevante a data do documento. Por


exemplo, no litígio em que A, atingido pelo veículo dirigido por C, postula
indenização de B, em cujo nome se encontra na repartição de trânsito,
alegando este que, precedentemente, alienou-o a D, que é o legitimado
passivo, porque a data da efetiva alienação de B para D determinará quem
pagará a conta de A. Litígio aparentemente banal, mas de largo alcance, pois
agasalha séria dúvida na legitimidade passiva, não sendo fácil definir, a priori,
contra quem A demandará a reparação de dano. Tal dificuldade animou a
construção do litisconsórcio eventual ou alternativo (retro,
581.3): A demandará C e D, em litisconsórcio passivo, mas o juiz declarará só
um dos réus responsável pela reparação do dano. Revela o exemplo a
necessidade de distinguir os efeitos da data do documento particular inter
partes e perante terceiros.

1.927.1. Eficácia da data entre os figurantes – Em litígios entre o(s)


figurante(s), prevalecerá a data inserida no documento particular, salvo prova
em contrário.219É declaração de ciência bilateral para os efeitos do art. 408,
parágrafo único.

Segundo o art. 409, caput, primeira parte, havendo dúvida ou impugnação


entre os figurantes, seja o negócio jurídico unilateral ou bilateral, a data
provar-se-á por qualquer meio de prova lícito. Assim, na ação movida
por A contra C e D, postulando reparação do dano provocado pelo veículo em
nome de C, supostamente alienado para D antes do evento, a
responsabilidade de C ou de D pode ser indiferente para A, dispondo ambos
de patrimônio suficiente, caso em que, compreensivelmente, eventual
controvérsia acerca da data real do negócio assume particular relevância para
os réus, definindo quem pagará a conta. O juiz admitirá a prova testemunhal,
havendo impugnação à data formalmente registrada no instrumento particular,
ou inexistindo semelhante data.220 A data constitui enunciado de fato
(declaração de ciência): o ônus de prová-la é de quem a alega (ou
impugna).221

1.927.2. Eficácia da data perante terceiros – Em relação aos terceiros, a


data inserida no instrumento particular não surte efeitos, constituindo
alegação de fato passível de prova. Ao figurante incumbe provar a data
efetiva do ato e do negócio jurídico por qualquer meio de prova hábil. No litígio
em que a A pleiteia a reparação do dano provocado pelo veículo conduzido
por B, mas em nome de C, e no qual B alega que alienou o bem a D antes do
evento, ao réu incumbirá a prova da efetiva data do negócio, a fim de eximir-
se da responsabilidade sob os generosos auspícios da Súmula do STJ, n.º
132.

Um dos meios de precisar a data do documento particular é o


reconhecimento de firma. O art. 411, I, declara autêntico o documento, cuja
firma seja reconhecida pelo tabelião. Ora, o ato notarial não dá fé só da
autoria, abrangendo igualmente a data, obviamente a do reconhecimento,
conforme orientação há muito consolidada.222 Aparentemente, o art. 409,
parágrafo único, IV, cogitou dessa situação, mas empregou a elástica
expressão “repartição pública”. Se o tabelião reconhece a firma no dia X do
mês Y do ano Z, certo é que o documento já existia nesta data. Não empresta
fé, entretanto, à data assinalada no instrumento particular. Esse dado é de
extrema utilidade. Se o advogado de A, antes de propor a demanda contra C,
recebe do advogado do futuro réu o instrumento particular de compra e venda
firmado com D, sem o registro do art. 130, n.º 7, da Lei 6.015/1973, mas
reconhecida a firma de um dos signatários por tabelião em data anterior à do
evento, o problema de legitimidade se desanuviará, passando o advogado a
cogitar de mover a ação contra D, em virtude do prognóstico desfavorável
quanto a reconhecimento da responsabilidade de C.

Também a certificação digital, na forma do art. 411, II, torna certa a data.

O art. 409, parágrafo único, I a V, acolheu alvitre persuasivo,223 arrolando


eventos heterogêneos para datar o documento, inexistindo data lançada no
instrumento particular ou havendo dúvida entre os litigantes quanto à data
consignada: (a) o dia em que registrado (art. 409, parágrafo único, I), de
ordinário no cartório de títulos e documentos (arts. 128 e 130 da Lei
6.015/1973), eficácia que retroagirá à data da prenotação – data do depósito
do documento no cartório –, a teor do art. 409, parágrafo único, IV; (b) o dia
da morte de um dos signatários (art. 409, parágrafo único, II), em razão da
impossibilidade a formação ulterior do documento, ao menos em relação ao
falecido e ressalva feita à hipótese de falsificação; (c) o dia em que um dos
signatários ficou fisicamente impossibilitado de firmar o documento (art. 409,
parágrafo único, III), hipótese que abrange a falta de discernimento na prática
dos atos da vida civil; (d) a data da produção do documento (art. 409,
parágrafo único, IV), nas esferas judicial ou administrativa (v.g., o sistema de
informática do Departamento de Trânsito registra que D deu entrada na
chamada Autorização para Transferência de Propriedade de Veículo, ou
ATPV, o “modelo” do instrumento particular autorizado no art. 124, III, da Lei
9.503/1997, em data anterior à colisão com o veículo de A, isentando, pois, o
antigo proprietário C); (e) a data do ato ou do fato que torne inequívoca a
anterioridade do documento (art. 409, parágrafo único, V), a exemplo da data
lançada na “cópia fotográfica de documento, conferida por tabelião de notas”,
referida no art. 223, caput, do CC.

Fato jurídico em sentido estrito, a morte de um dos signatários, antes de


assinar o instrumento particular, não impede a formação do negócio jurídico,
porque a respectiva manifestação de vontade pode ter ocorrido anteriormente
ao decesso (v.g., o figurante B mandou mensagem eletrônica para o
figurante A, informando que estava de acordo com os termos do negócio e
assinaria o instrumento particular no dia Y, mas faleceu no dia anterior). Na
realidade, as datas arroladas no art. 409, parágrafo único, I a V, pré-excluem
a datação posterior do documento particular, ou seja, estabelecem
seguramente a data após a qual o documento não se formou.224Nenhuma das
situações faz prova plena da efetiva data de formação do documento. Ora,
acontece de o veículo de A ser atingido pelo veículo em nome de C, mas já
alienado a D, antes de da prenotação do instrumento particular no registro.
Em tal contingência, o juiz admitirá qualquer meio de prova, incumbindo o
ônus à parte que alegou a inexatidão ou incerteza da data.225

1.928. Reproduções dos documentos particulares

As partes produzem os documentos particulares espontânea ou


forçadamente no original ou através de cópias.

A juntada aos autos de reproduções (de boa ou má qualidade) constitui


prática generalizada. Ninguém se arrisca a anexar valioso original e aguardar
anos a fio, correndo sério risco de perda ou de extravio, até o encerramento
das atividades processuais, oportunidade em que reclamaria o
desentranhamento. Porém, há casos em que a posse do original afigura-se
indispensável à prova da titularidade do direito nele incorporado e,
conseguintemente, à capacidade para conduzir o processo. Exemplo frisante
localiza-se nos títulos de crédito.

No tocante aos títulos de crédito, o comércio jurídico sugeriu, e a lei


uniforme previu a extração de cópias, ou “duplicatas”, objetivando (a)
substituir o original no caso de perda ou de extravio, permitindo o exercício
dos direitos incorporados na cártula, e (b) facilitar a circulação do crédito.226 O
expediente não satisfaz plenamente. O portador só pode exercer tais direitos
mediante a apresentação conjunta do original e da cópia.227

O caráter indispensável do original explica o art. 223, parágrafo único, do


CC, pré-excluindo a possibilidade de prova de outra natureza (v.g.,
reprodução) suprir a falta do original, “nos casos em que a lei ou as
circunstâncias condicionarem o exercício do direito à sua exibição”. Assim, a
pretensão a executar exige a apresentação do original do título executivo
extrajudicial, acentuando o STJ: “A juntada da via original do título executivo
é, em princípio, requisito essencial à formação válida do processo de
execução, visando a assegurar a autenticidade da cártula apresentada e
afastar a hipótese de ter o título circulado, sendo, em regra, nula a execução
fundada em cópias de cheques, ainda que autenticadas”.228 Regra que, nada
obstante, comporta mais de uma exceção: (a) produzido o original do título de
crédito em outro processo, o art. 9.º, parágrafo único, da Lei 11.101/2005,
autoriza a habilitação do crédito na falência ou na recuperação judicial “no
original ou por cópias autenticadas se estiverem juntados em outro processo”;
(b) juntado o título em inquérito policial.229

As reproduções dos documentos particulares, exceção feita às hipóteses


do art. 223, parágrafo único, do CC na forma de escritos, desenhos e gráficos,
realizam-se por meios variados – da fotografia à leitura ótica. As técnicas de
reprografia, em especial a xerografia, tornaram-se comuns, têm baixo custo e
os equipamentos encontram-se disponíveis na sede do juízo, nos escritórios
de advocacia, nas pequenas e nas grandes comarcas. A quantidade de
equipamentos atende o volumoso movimento forense. Tais equipamentos
apresentam expressiva segurança na reprodução fidedigna do original,
captando a imagem do documento nos mais ínfimos pormenores, razão
suficiente para dispensar a conferência prévia, objeto do art. 425, III, in
fine (“… ou conferidas em cartório…”). E, nada obstante, as falsificações
revelam-se igualmente comuns e fáceis, como demonstra a existência de
programa específico de retoque de imagens muito utilizado pelas pessoas que
exploram a própria imagem.

O direito brasileiro não obriga à confecção do instrumento particular em


número de vias correspondentes ao número de subscritores com distintos
interesses, chamado “doble ejemplar” nos negócios bilaterais entre dois
figurantes.230 O direito francês autoriza a formação de várias vias originais do
documento, consignado o número no fecho (v.g., feito em São Paulo em duas
vias…).231 A prática é usual e, nesse caso, cada via é original.

Existem duas espécies de cópias reprográficas: (a) autenticadas; (b)


simples.

1.928.1. Reproduções autenticadas do documento particular – Estendem-


se autenticadas as cópias submetidas à conferência por oficial público, ou
seja, cotejo com o original e juízo positivo de conformidade.

O art. 423 atribui às reproduções fotográficas dos documentos


particulares, ou às cópias obtidas “por outros processos de repetição”, a
eficácia de certidões, “sempre que o escrivão ou chefe de secretaria certificar
sua conformidade com o original”. E o art. 422, caput, atribui à cópia do
documento, obtida por qualquer meio mecânica (v.g., cópia manuscrita de
documento datilografado; a cópia tirada de microfilme, conforme o art. 1.º, §
1.º, da Lei 5.433/1968), aludindo à reprodução fotográfica, cinematográfica ou
fonográfica, idoneidade para “fazer prova dos fatos ou das coisas
representadas”, salvo impugnação.232

Era costume reproduzir os documentos particulares e autenticar a cópia


por ato do notário. O art. 223, caput, do CC recolheu a prática e declara prova
da declaração de vontade a “cópia fotográfica” (rectius: reprográfica) do
documento, “conferida por tabelião de notas”, mas, havendo impugnação,
impõe ao interessado o ônus de apresentar o original.

A presunção de correspondência entre o original e a cópia, apesar da


autenticação por oficial público, e do fato de o art. 424 atribuir à cópia a
eficácia própria de certidão, admite prova em contrário. O escrivão e o
tabelião examinam o original de maneira perfunctória, pois carecem de
conhecimentos especializados, e nem sempre – possibilidade evidente no
caso do art. 422, caput – extraem a cópia por si, sendo certo que original e
cópia, conforme a hipótese, comportam falsificações insuscetíveis à atividade
sensorial comum. Por sinal, o escrivão e o tabelião não fazem a conferência
pessoalmente; de ordinário, delegam a atividade material a um dos
funcionários do cartório, assumindo apenas a paternidade da autenticação.
Nessa contingência, representaria inaudita temeridade não admitir a
impugnação, e, a fortiori, prova em contrário, realizando-se perícia (v.g., para
apurar a falsificação da assinatura de um dos signatários do instrumento).

A legislação evoluiu nessa rubrica ao admitir a autenticação pelo próprio


advogado da parte. Esse ponto receberá análise no item subsequente (infra,
1.928.2).

1.928.2. Reproduções simples do documento particular – O art. 425, IV,


liberou o emprego das cópias simples, ou seja, das reproduções
reprográficas, ou feitas com meio distinto de reprodução e de impressão,
desprovidas de autenticação por oficial público.

Em tal aspecto, o direito brasileiro supera outros ordenamentos, como o


italiano, que exige o atestado de conformidade do oficial público.233 Em antigo
precedente, o STJ já fixou o princípio: “É sem importância a não autenticação
da cópia do documento, quando não impugnado o seu conteúdo”.234 Firmou-
se posteriormente o princípio da irrestrita admissibilidade das cópias simples:
“Presume-se que as peças componentes dos autos, quando não impugnadas
pela parte contrária, são verdadeiras. A falta de autenticação, por isso mesmo
não se erige em óbice ao conhecimento do pedido, notadamente a ausência
de previsão legal dessa natureza”.235

Dispensada a autenticação, a contraparte fica onerada com a conferência


dos documentos, usualmente tarefa difícil, conforme o volume da
documentação e a qualidade das reproduções – razão pela qual o juiz, a teor
do art. 437, § 2.º, poderá dilatar o prazo de manifestação –, e ulterior
impugnação, devidamente fundamentada. Uma coisa é certa: primeiro há de
se apurar a conformidade; posteriormente, passa a contraparte ao problema
da falsidade ou não.236

Os traslados de peças dos autos a cargo das partes no agravo de


instrumento e em outras situações, no direito anterior, sugeriu meio termo
apreciável. O advogado declara autênticas as reproduções sob a sua
responsabilidade pessoal.

Esse ato decorre da produção em si da cópia. Prescinde-se, a mais das


vezes, da declaração explícita ou de qualquer ato formal (v.g., carimbo no
verso da cópia, declarando a autenticidade, com ou sem a rubrica do
advogado). Não se presume a má-fé. A falta de declaração expressa do
advogado significa o reconhecimento implícito da autenticidade. À parte
contrária incumbirá aviar a impugnação, na primeira oportunidade; do
contrário, ocorrerá preclusão. O órgão judiciário poderá negar a força
probante da cópia, verificando defeito formal, mas não lhe caberá, ex officio,
invocar a falta de autenticação para qualquer efeito prático (v.g., declarar
inexistente o título, porque a cópia não juntada não se encontra
autenticada, expressivis verbis, pelo escrivão ou pela declaração do
advogado).
§ 397.º Documentos particulares especiais

1.929. Documentos transmitidos

A telegrafia era importante meio de telecomunicação até o último quartel


do século XX.237 Formavam-se os contratos entre ausentes, ou seja, entre
pessoas sem contato físico ou a distância, através da recíproca transmissão
eletromagnética de signos alfabéticos e numéricos no código Morse
(emissões breves e longas: pontos e linhas). Para essa finalidade, o
expedidor ou emitente deposita o texto breve, com o uso de abreviaturas, em
determinado lugar – a estação (ou ponto) de partida. O encarregado da
emissão transmitia o texto pelo código até a estação (ou ponto) de chegada.
Então, aí o teor da correspondência era reproduzido em letras, números e
outros sinais ortográficos, compondo o documento designado de telegrama (e
variantes). A transmissão intercontinental utilizava cabos submarinos,
chamando-se a mensagem de cabograma. A esse meio juntou-se,
posteriormente, o uso das ondas hertzianas, sobrevindo o radiograma.238 A
essas espécies aludem os arts. 410 e 411, com o objetivo de propiciar rapidez
à vontade negocial das pessoas fisicamente distantes.239

Esses meios de telecomunicação perderam importância na atualidade. O


art. 1.086 do CC de 1916 aludia à correspondência “telegráfica”, expressis
verbis, em sinal de sintonia com a modernidade do início do século XX, mas o
art. 434 do CC vigente limita-se a disciplinar o contrato entre ausentes,
abstraindo o meio de comunicação. Nada obstante, o art. 5.º, XII, da CF/1988,
assegura a inviolabilidade das “comunicações telegráficas”, e há que
considerar o telegrama e suas variantes como prova documental.

O art. 413 secundou o direito anterior e antecipou-se a quaisquer


progressos tecnológicos e, em mais de um aspecto, ao prever o uso de
“qualquer outro meio de transmissão”, permanece atual e aplicável. O papel
do telegrama no comércio jurídico tornou-se residual e limitado, servindo,
fundamentalmente, para enviar votos de pesar e de congratulações. A
cláusula aberta do art. 413 reconduz à disciplina legislativa as modalidades
supervenientes de transmissão da escrita a distância. É o caso (a) do telex,
ou seja, de terminais equivalentes a uma máquina de escrever com endereço
próprio, ligados entre si por impulsos eletromagnéticos e aptos a transmitir e
receber mensagens de texto; (b) do fax, telefax ou fac-símile: o equipamento
emissor converte documento escrito em digital, envia a este por linha
telefônica ao equipamento receptor, que reconverte o documento e o imprime.
E, principalmente, o art. 413 demonstra aptidão para abrigar protocolo comum
da internet. A rede mundial utiliza satélites na órbita terrestre e aproxima
pessoas fisicamente situadas em toda parte, propiciando inclusive contato
visual, estejam na mesma rua, no mesmo bairro, na mesma cidade, no
mesmo Estado, no mesmo país, no mesmo ou em diferentes continentes, em
terra, mar e ar. O fax é documento transmitido, equiparável ao documento
particular.240

À primeira vista, o regramento de meios de comunicação superados


parecerá ocioso e retrógrado. Chegou-se a afirmar, no direito anterior, que
“representa o passado, não a atualidade, jamais o futuro”,241 e já transcorreu
muito tempo desde o diagnóstico sombrio. Ocorre que há similitudes com os
meios de transmissão digital de dados. E, com efeito, infere-se dos arts. 410 e
411 os dois problemas intrínsecos que turvam a eficácia probatória dos
documentos transmitidos: (a) a autoria da mensagem; e (b) a correspondência
da reprodução da mensagem.

1.929.1. Autoria do documento transmitido – Impende rememorar o


mecanismo de transmissão do documento que resulta no telegrama (e
variantes) para entender as finalidades da disciplina legislativa.

Em geral, terceiros intermediam a comunicação entre o remetente e o


destinatário do documento. Operado o sistema de telecomunicação por
terceiro (v.g., a União, através da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
ou EBCT), o documento original (ou despacho, ou minuta), confiado pelo
remetente, ou expedidor, à estação de origem (ou transmissora), escrito (há
também a possibilidade de transmissão por telefone, caso em que a vontade
de transmitir manifesta-se oralmente) com o uso de abreviaturas e linguagem
truncada, transmite-se por código à estação de destino (ou receptora). É bem
de ver que, atualmente, o agente postal recebe o original escrito no formulário
próprio, mas a transmissão não é mais em código Morse, e, sim, pelo uso
da web no próprio site da EBCT, passando o agente a copiar o escrito à forma
digital após recebê-lo do particular. A estação de destino reproduz os
impulsos (ou, no modo atual, imprime o inteiro teor da mensagem eletrônica),
transcreve-os por escrito e entrega cópia ao destinatário.

O telegrama e o radiograma propriamente ditos, e aludidos nos arts. 410 e


411, bem como no art. 222 do CC, não passam de cópias.242 O telegrama é “a
cópia da tradução do despacho pela estação receptora”.243 Não tem autoria
segura e predeterminada.244 Por tal razão, o art. 413 sentiu a necessidade de
equiparar a cópia da tradução ao documento particular na pressuposição –
assunto do art. 414 – que corresponda ao original depositado na estação (ou
ponto) de origem. Ora, o primeiro problema nesse sistema é o da autoria.
Nada assegura, teoricamente, a identidade equivalente entre expedidor
nominal e o expedidor efetivo. O art. 413 identifica o expedidor pela assinatura
no original, reconhecida ou não a firma pelo tabelião (art. 413, parágrafo
único), o que assegura a autoria.

Em princípio, inexiste dúvida quanto à data. A transmissão prova a data da


emissão e, ao entregar cópia ao destinatário, o encarregado do serviço obtém
recibo. Desse modo, o art. 414, in fine, declara a cópia prova bastante das
datas da expedição e do recebimento. Cuidando-se de fax ou de telex,
tampouco aparecem dúvidas relevantes, exceto se a impressão no fac-símile
é fraca e ilegível. O documento impresso registra o número do aparelho de
origem, a data da emissão, o número do aparelho receptor e a data do
recebimento.

Em relação à autoria do telegrama ou radiograma, o art. 413, caput,


empresta à cópia entregue ao destinatário, naturalmente em poder do
destinatário e por ele produzida no processo, a força probante do documento
particular. Mas, condiciona a eficácia probatória da cópia da reprodução à
existência do original assinado pelo remetente na estação de origem. E o art.
413, parágrafo único, acrescenta que a firma do remetente poderá ser
reconhecida por tabelião, sem dúvida para os efeitos do art. 411, I,
declarando-se tal fato no original depositado na estação expedidora; na
verdade, tal fato é declarado na transmissão e, portanto, igualmente
consignado na cópia entregue ao destinatário. Resolve-se satisfatoriamente,
desse modo, o problema básico da autoria. Em caso de dúvida, o juiz
requisita o original assinado e manda realizar perícia na assinatura. Existem,
todavia, desdobramentos não previstos nesse esquema.

O remetente poderá valer-se do sistema de telefonia para transmitir


telegrama fonado (fonograma). Em tal hipótese, inexiste assinatura (art.
413, caput, parte final), nem há possibilidade de reconhecer firma (art. 413,
parágrafo único), vez que verbal a declaração. Raramente há testemunhas
presenciais do telefonema. O art. 2.705, n.º 1, do CC italiano, revela-se mais
flexível nesse ponto, prescindindo da assinatura e remetendo a identificação
do emitente ao regulamento do operador do sistema.245 Ao expedidor caberá
provar, através dos meios admissíveis, a autoria da manifestação de
vontade.246 É possível invocar, a esse propósito, o art. 411, II.

E concebe-se ausência de assinatura do expedidor no original, segundo a


modalidade tradicional de expedição, em razão da falha do serviço prestado
pelo terceiro. À parte que invoca o telegrama como prova deverá demonstrar,
por qualquer meio, a autoria da expedição.247

O fax é uma cópia transmitida digitalmente do original. Por tal motivo, o


art. 2.º, caput, e parágrafo único, da Lei 9.800/1999, admite a prática do ato
processual por esse meio eletrônico de transmissão de documentos, mas
exige a apresentação do original datado e assinado pelo autor no prazo de
cinco dias. O problema não é de autoria ou da correspondência (aplica-se, de
toda sorte, a presunção do art. 414), mas do caráter efêmero do registro
impresso. A impressão no papel especial tende a desvanecer-se em tempo
menor que o da duração razoável do processo. Seja como for, ao contrário do
telex, o fac-símile é uma cópia transmitida,248 e, por isso, assunto afim ao art.
413.

1.929.2. Correspondência do documento transmitido – O art. 413 presume


a veracidade do telegrama e o radiograma recebidos, ou seja, a
correspondência entre as cópias e o original. Em caso de impugnação pela
contraparte, o art. 222 do CC alvitra a necessidade de conferência dos dois
módulos (o original e a cópia da reprodução). Assim, havendo
reconhecimento expresso ou tácito (art. 411, III), embora produzido telegrama,
ou seja, a cópia da reprodução, o documento surte eficácia de prova. Não é
impossível, no direito brasileiro, o reconhecimento tácito da autenticidade do
telegrama, porque documento eterógrafo e sem subscrição, sempre
reclamado o cotejo com o original, como se sustenta em outros sistemas.249

Se a contraparte (ou seja, o expedidor: a cópia da reprodução encontra-se


na posse do destinatário) nega a autenticidade do telegrama (e variantes), na
forma e no prazo do art. 436, resolver-se-á a questão de fato mediante a
conferência das espécies. O original deverá ser requisitado pelo juiz, na forma
do art. 438, à estação expedidora, para essa finalidade. Pode não mais existir
ou não ser encontrado o original. Então, opera a favor do destinatário
“presunção de ser verdadeiro, presunção hominis”.250 Fica subentendido que o
juiz inspecionará os documentos, recorrendo, nas situações mais difíceis, à
assistência de experto. Conforme a resolução desse incidente, o telegrama e
o radiograma adquirem, ou não, a eficácia probatória inerente ao documento
particular.
1.930. Documentos domésticos

O art. 415 agrupa, no mesmo dispositivo, as cartas e os registros


domésticos, declarando que fazem prova “contra quem os escreveu” em
determinadas hipóteses. Essa disposição descende do art. 1.341 do CC
francês, fato demonstrado pelas regras previstas dos incisos;251 porém, a
proposição nacional origina-se diretamente do art. 2.707 do CC italiano. À
semelhança deste, suprimiu a oração inicial da fonte francesa, segundo a qual
tais documentos não gerariam título para quem os escreveu.252 É regra
tradicional no direito pátrio.253

Dois motivos distintos reuniram documentos tão diferentes como as cartas


e os registros domésticos no mesmo dispositivo. Em primeiro lugar, são
documentos produzidos através da emissão da vontade de uma só pessoa,
explicando-se, por tal relevante razão, a eficácia desfavorável prevista no art.
415, caput. Fazem prova unicamente contra o autor da epístola ou do registro.
Funda-se essa diretriz na mesma regra de experiência que empresta
veracidade à confissão e, a fortiori, às declarações de ciência nos
documentos particulares: ninguém admite fato contrário ao próprio interesse
se tal não corresponde à verdade.254 Ademais, o art. 415 mirou a contabilidade
doméstica, ou seja, o dispositivo em exame disciplina a força probatória os
livros e papéis que eram utilizados no século XIX, e até o último quartel do
século XX, nos países latinos, para registrar créditos e débitos, as compras de
gêneros alimentícios a prazo no fornecedor habitual (armazém), e assim por
diante, disposição típica dos códigos latinos.255 Ora, a tais documentos
quirógrafos (no sentido clássico: redigidos à mão) faltava, de ordinário, a
subscrição, razão suficiente para não equipará-los, tout court, aos
documentos particulares.256

As cartas, missivas, epístolas ou, genericamente, a correspondência (a)


empresarial ou (b) privada – a missiva é o “instrumento pelo qual um indivíduo
transmite a outrem, que se acha ausente, suas ideias ou manifestação de
vontade” –,257 cujo uso se generalizou com a instituição e organização regular
do serviço postal, no século XIX,258 constituem subespécies de documentos
particulares (retro, 1.916.1). Existem missivas que são documentos públicos.
A importância desta classe é secundária.

A correspondência como meio de formar contratos entre ausentes não


diminuiu, absolutamente, mas intensificou-se mediante a generalização do
endereço eletrônico (e-mail). Desapareceu só o outrora florescente costume
do século XX de os particulares trocarem cartas, enviando-as por via postal.
Lembranças de uma geração de idade avançada: as cartas trocadas por
enamorados, guardadas nos baús da família ainda envelopadas – fonte
primária da coleção de selos postais do primogênito, em que pese o
desconforto da mãe, insciente que ao filho não interessava o conteúdo
amoroso da missiva… Nada mais significativo desse sepultamento da missiva
escrita em papel na vida privada que a omissão, no art. 427 do CC, da troca
de correspondência postal ou telegráfica nos contratos formados entre
ausentes.259 Retratou-se, aí, a superação de semelhante forma de formação
do vínculo contratual.260

Ao processo civil, todavia, interessa a missiva como meio de comunicação


dos atos processuais (retro, 1.192), e, de toda sorte, a correspondência
eletrônica é comumente produzida e merece tratamento específico. Por
analogia, tais missivas integram-se à disciplina dos “registros”
domésticos.261 São usualmente assinadas. As missivas apócrifas não têm fé.
É preciso temperar a exigência, admitindo a subscrição por iniciais ou
apelidos carinhosos, principalmente no caso da correspondência familiar.262

O art. 415 ocupa-se, na rubrica “cartas e os registros domésticos”, dos


documentos feitos ou mandados fazer para fixar perenemente “os fatos de
sua vida econômica ou administrativa”.263 Ocioso frisar que essa espécie de
contabilidade tornou-se extremamente rara. Poucas pessoas têm lazeres ou
inclinação a elaborar registros desse teor, na vida moderna, e, sobretudo,
criar prova documental em desfavor do próprio interesse, quiçá em proveito
da autoridade fiscal.

Como quer que seja, a diretriz fundamental é que o conteúdo das cartas e
dos registros domésticos faz prova contra o seu autor. Na realidade,
presumem-se verdadeiras as declarações no tocante ao emitente da
declaração (art. 408, caput). Embora não produza “título” a favor de quem
quer que seja – a supressão dessa proposição harmoniza com a disciplina
dos títulos extrajudiciais (art. 784) –, haja ou não declaração nesse
sentido,264 tampouco é seguro que nada prove a favor do autor da carta ou do
registro, seja ele autógrafo ou eterógrafo (retro, 1.916.3). Ao menos, conforme
o art. 408, parágrafo único, provará suficientemente a emissão da declaração
em determinada data, valendo como indício.265

Feitos os esclarecimentos imprescindíveis para estabelecer o campo de


incidência do art. 415, impõe-se examinar as hipóteses em que os
documentos domésticos provam contra o autor.

1.930.1. Prova do recebimento de crédito – Os papéis domésticos provam


o adimplemento da dívida alheia (art. 415, I). Entende-se por “recebimento” a
solução da dívida em termos amplos,266 abrangendo, por exemplo, a remissão
de dívida proveniente de contratos de qualquer valor. Não há muitas
formalidades nesse contexto.267 Ao lado da anotação do crédito, por exemplo,
a palavra “recebido” ou as letras “pg” (abreviatura usual de pagamento)
bastam aos propósitos da regra. Retratação posterior, tornando ilegível a
anotação, não desfaz a eficácia do registro.268

1.930.2. Prova da existência de dívida – Em sentido oposto ao inciso


precedente, o art. 415, II, os papéis domésticos podem conter anotação,
relativa à existência de dívida, idônea a suprir a falta de título a favor do
credor. Na realidade, anotação dessa espécie jamais se mostrará bastante
para criar título executivo, mas fornecerá começo de prova por escrito para o
procedimento monitório.269 Em princípio, a pretensão a executar exige a
apresentação do original do título de crédito ou do documento, não suprindo a
falta outro meio de prova (art. 223, parágrafo único, do CC).

1.930.3. Prova dos fatos em geral – Os papéis domésticos provam


quaisquer fatos, salvo os que exijam forma ad solenitatem, a teor do art. 415,
III. A explicitação da parte final harmoniza-se com a exigência de forma
especial. O inciso abrange as folhas soltas; por exemplo, a página arrancada
da agenda, na qual o credor lança certa declaração de ciência (v.g., a data em
que procurado pelo devedor para solver a dívida). Em se tratando de contas,
incide o princípio da indivisibilidade (art. 412, parágrafo único),270 nos termos
já explicados na declaração de ciência do fato contrário ao próprio interesse
(retro, 1.878).

1.931. Documentos anotados

O art. 416 regula a força probante das (a) notas de rodapé, das (b) notas
marginais e das (c) notas no verso dos documentos particulares em que
esteja prevista obrigação.

Em relação à presumível fonte remota (art. 1.332 do CC francês), a


disposição apanha quaisquer notas, tornando inútil a distinção entre “menção
liberatória” (v.g., o pagamento) e “menção obrigatória” (v.g., a confissão de
dívida). Seja qual for o teor da declaração, sendo prejudicial ao credor, faz
prova a favor do devedor.271Tampouco importa o lugar da inserção da nota: ao
rodapé, no verso ou à margem do documento.272 Convém assinalar que o
suporte físico ou virtual tampouco assume qualquer relevo especial. O que
importa é (a) a autoria da nota e (b) a posse do documento.

Em relação ao primeiro aspecto, o art. 416, caput, dispensa a subscrição.


Firmada a autoria pela assinatura (v.g., a nota de pagamento parcial, lançada
à margem da nota promissória, assinada pelo credor), nenhuma dúvida
existiria quanto à força probante da declaração de ciência; ao invés,
prescindindo da assinatura, o art. 416, caput, obriga o credor a impugnar a
autenticidade do documento (art. 436, II). Feita por terceiro, e ressalva feita à
hipótese de representação, nenhuma é a eficácia probatória, pois não é
possível presumi-la verdadeira. Era o entendimento externado no direito
anterior,273 acompanhado da vigência do art. 377 do CPC de 1973,274 mas com
a oportuna ressalva da nota feita pelo gerente, secretário e demais
representantes do credor.275

O art. 416, parágrafo único, abstrai a árdua controvérsia a respeito da


posse do documento. Importa a autenticidade. Firmada a autoria, quer pela
assinatura inconteste, quer pela admissão tácita (art. 411, III), produzir-se-á a
eficácia probatória de que o autor da nota emitiu a declaração, admitindo-se
prova em contrário. Se o documento encontra-se em poder do credor, que
deduz em juízo a pretensão que lhe corresponde, ficará onerado a provar-lhe
a inexatidão (v.g., erro de fato).

1.932. Documentos empresariais

Da força probante dos “livros empresariais” ocupam-se os arts. 417 a 418.


Esses dispositivos reclamam esclarecimentos preliminares, cumprindo
precisar: (a) o alcance terminológico da palavra “livros” na atividade
empresária; e (b) a natureza desses livros; (c) o motivo da inserção de tais
documentos particulares dentre os especiais.

1.932.1. Espécies de documentos empresariais – Ao mencionar “livros


empresariais”, os arts. 417 e 418 evoluíram no terreno terminológico,
relativamente ao direito anterior, referindo-se este aos “livros comerciais”.

O art. 226, caput, do CC, adotou fórmula analítica para se referir aos
registros das empresas e, considerando o ambiente eletrônico, com viés de
antiguidade: “livros e fichas dos empresários”. A essas fichas aludem outras
disposições, a exemplo do art. 1.177, caput, do art. 1.180 e do art. 1.181 do
CC, atendendo à forma mecânica da escrituração contábil, introduzida pelo
Dec.-lei 305/1967, diploma já revogado.276 Fichas, hoje em dia, são virtuais
(instrução normativa do Departamento Nacional do Registro de Comércio
admite o “livro digital”), imagens do sistema de informática adotado pela
empresa.

Livro assumiu, nessa conjuntura, a designação genérica da escrituração


das operações da empresa, fundamentalmente contábil.277 Esses documentos
mantidos pelo empresário, tal como definido no art. 966 do CC, e pelas
sociedades em geral, inclusive as que não têm escopo empresarial.278 Aqui
interessa, naturalmente, litígio no qual o empresário atua como parte.

Existem duas espécies de livros: (a) obrigatórios; e (b) facultativos.

O art. 1.181 do CC declara indispensável o livro diário. Livro obrigatório


comum a todos os empresários, nele “serão lançadas, com individuação,
clareza e caracterização do documento respectivo, dia a dia, por escrita direta
ou reprodução, todas as operações relativas ao exercício da empresa”,
segundo o art. 1.184 do CC. Legislação especial, simplificando o regime de
tributação dessas operações, chamado de Sistema Integrado de Pagamento
de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno
Porte (SIMPLES), acrescentou livro obrigatório chamado de registro de
inventário (art. 7.º da Lei 9.317/1996). E sendo pequeno o empresário, mas
não optante por esse regime, eliminou-se a obrigatoriedade da escrituração.
Fora desses casos, subsiste o livro diário, mas a lei agrega a certos
empreendimentos outros livros – chamados de livros obrigatórios especiais –
,279 conforme a natureza da atividade. São exemplos de livros obrigatórios
especiais: (a) o livro de registro de duplicatas (art. 19 da Lei 5.474/1968); (b)
os livros do leiloeiro (arts. 31 a 33 do Decreto 21.981/1932).

Facultativos (ou auxiliares ou memoriais) são os demais registros


empresariais. Era obrigatório o livro copiador de cartas, tão importante na
formação dos contratos entre ausentes em outras épocas, e já se remarcou a
progressiva obsolescência da carta escrita, substituída pela mensagem digital.
O art. 11 do Dec.-lei 486/1969 aboliu a obrigatoriedade do copiador.280 Nada
obsta à empresa registrar a correspondência em livro ou pastas e arquivos.
Livros facultativos são os que o empresário adota a seu critério (art. 1.179, §
1.º, do CC).

Os livros empresariais obrigatórios ou facultativos iniciam com “termo de


abertura” e findam com “termo de encerramento”, são autenticados no registro
competente (art. 1.181 do CC) e de responsabilidade de contador legalmente
habilitado (art. 1.182 do CC). O balanço patrimonial e o balanço de resultados
são lançados no diário e assinados pelo empresário ou sociedade empresária
(art. 1.184, § 2.º, in fine, do CC). No geral, a autoria é segura, mas inexiste
assinatura em cada lançamento. Logo, integram a categoria dos documentos
particulares não assinados.281 Eis o motivo da inserção dessa espécie de
documento no parágrafo. Para efeitos penais, unicamente, o art. 297, § 2.º, do
CPB, equipara os “livros mercantis” aos documentos públicos, considerando o
crime de falsificação.282
Esses documentos constituem valiosa fonte de prova, mas a competição
própria da economia de mercado induz sigilo sobre seu conteúdo, a mais das
vezes elemento relevante do ângulo da concorrência empresarial.

Por exceção, os documentos empresariais são passíveis de exibição


extrajudicial em duas áreas: (a) administrativa; (b) fiscal. É da primeira
espécie: (a) a exibição da escrituração das seguradoras ao órgão regulador
(art. 36, h, do Dec.-lei 73, de 21.11.1966); (b) a exibição da escrituração das
empresas de banco, lato sensu, ao Banco Central (art. 4.º da Lei 4.728, de
14.07.1965; (c) a exibição da escrituração das empresas ao Conselho
Administrativo de Defesa Econômica – CADE, a fim de subsidiar suas
investigações (art. 7.º, IX, da Lei 8.884/1994). E da segunda: (a) a fiscalização
genérica do art. 1.193 do CC c/c art. 195 do CTN; (b) a fiscalização do órgão
previdenciário, a teor do art. 33, § 1.º, da Lei 8.212, de 24.07.1991, sendo que
antiga jurisprudência do STF autoriza o exame de quaisquer livros,
obrigatórios ou não (Súmula do STF, n.º 439). Também há o dever contratual
de exibição da escrituração empresarial por inteiro ou não.283

Fora dessas hipóteses, os negócios da empresa ficam preservados por


natural sigilo, sendo admissível à autoridade judiciária ordenar a exibição por
inteiro nos estritos casos do art. 1.191, caput, do CC (retro, 1.897).

Litígios há, todavia, figurando empresário como parte, em que surge a


necessidade de produzir prova do teor dos documentos empresariais. Se a
prova produzir-se-á de forma espontânea ou forçada é outro problema,
porque aqui interessa, sobretudo, a eficácia do documento particular não
assinado.

Os documentos empresariais não suprem a falta de prova ad


solenitatem (v.g., a escritura pública de compra e venda de imóvel de valor
superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no país, a teor do art.
108, caput, do CC) nem a do “escrito particular” quando exigido instrumento
(v.g., contrato de fiança, a teor do art. 819 do CC). Assim dispõe o art. 226,
parágrafo único, do CC, a revelar que os documentos empresariais, de
ordinário, assumem a condição de prova documental incompleta ou parcial.

1.932.2. Eficácia dos documentos empresariais – À luz dos arts. 414 e


415, cumpre distinguir a prova contrária ao empresário e a prova favorável ao
empresário, submetida ao princípio da indivisibilidade (art. 419).

1.932.2.1. Prova contrária ao empresário – O art. 417, primeira parte,


reproduz a diretriz legislativa fundamental nos litígios em que figura como
parte o empresário, seguindo outros diplomas nesse mesmo sentido (v.g., art.
2.709 do CC italiano), linha seguida pelo art. 226, caput, primeira parte, do
CC. É orientação antiga, originária do direito comum.284

Os documentos empresariais provam contra o empresário. O empresário


assume a paternidade pela escrituração, quer propria manu, quer alia manu,
presumindo-se verdadeiras as declarações inseridas na escrituração contra o
próprio interesse.285

1.932.2.1.1. Natureza da prova contrária ao empresário – Os registros


feitos nos documentos empresariais manifestam ciência.286 É declaração
similar à confissão, ou seja, tem “profili intrinsecamente confessori”;287 todavia,
não constitui prova de confissão:288 os assentamentos não se destinam a
declarar que é verdade.289 Os assentamentos tampouco constituem
testemunho in re suam.290

A eficácia probatória contemplada no art. 417 não discrepa da comum aos


documentos particulares em geral. Em outras palavras, não estabelecem
vínculo particular para o órgão judiciário, repelida a qualidade de “prova
plena”. Não é supérflua a declaração da segunda parte, admitindo
contraprova, a cargo do empresário. E, com efeito, produzido espontânea ou
forçadamente documento dessa espécie, objetivando demonstrar a
veracidade da alegação de fato controvertida, cabe ao empresário impugnar a
veracidade da declaração de ciência (art. 436, IV). Faltando tal iniciativa,
entende-se provada a declaração (art. 411, III); ao invés, instaurada a
controvérsia, incumbe ao empresário ministrar a contraprova (art. 408,
parágrafo único). O art. 417, segunda parte, institui regra de conduta,
especificando a quem incumbe o ônus da prova, ou seja, especifica o
“interessado” a que alude o art. 408, parágrafo único. Não é, absolutamente,
regra de presunção relativa.291

1.932.2.1.2. Alcance subjetivo da prova contrária ao empresário – O art.


417 incidirá nos litígios em que houver empresário como parte. E a força
probante estende-se aos sucessores mortis causa e inter vivos.292 Os
documentos empresariais são bens vinculados à empresa e transmitidos com
a respectiva posição subjetiva.293

1.932.2.1.3. Alcance objetivo da prova contrária ao empresário – Os livros


abrangidos pelo art. 417 são os obrigatórios (v.g., o diário) e facultativos (v.g.,
copiador de cartas). Embora tais registros sejam amiúde virtuais (v.g., o livro
digital), os documentos empresariais ingressam no processo geralmente
através do suporte clássico do papel, porque nessa forma
autenticados,294 mas tal obrigatoriedade não mais vigora no processo
eletrônico, admitindo reprodução digitalizada (art. 425, VI). Do livro diário
digital o documento passa à forma material, é registrado na Junta, e
reproduzido digitalmente fins probatórios.

A eficácia prevista no art. 417 estende-se aos livros facultativos.295 Os


livros facultativos integram-se ao sistema de escrituração da empresa.296 Era o
entendimento prevalecente no direito anterior.297 Em realidade, conforme já
divisara os precedentes que se consolidaram na Súmula do STF, n.º 439,
estabelecendo o alcance natural da fiscalização previdenciária, a origem da
prova dependerá da matéria, e, não, a natureza do livro. Se o litígio envolve a
formação de contrato, e há na empresa livro copiador de correspondência,
hoje facultativo, nada obsta que seja produzida prova mediante exibição
(forçada ou espontânea) desse registro.

É irrelevante que os livros obrigatórios ou facultativos estejam bem


arranjados. Eventual defeito substancial ou formal, inclusive a ausência de
atualização, antes robustecerá do que enfraquecerá a eficácia.298

1.932.2.2. Prova favorável ao empresário – Os documentos empresariais


também provam a favor do empresário, respeitadas duas condições (art. 418):
(a) litígio entre empresários; e (b) ausência de defeito nos documentos.
No tocante ao primeiro requisito, o art. 418 não restringe a prova
decorrente dos documentos empresariais aos litígios entre empresários.
Respeitada segunda condição – regularidade dos documentos –, e atendida a
livre apreciação do órgão judiciário (art. 371), os livros provam em qualquer
situação,299 relativamente a terceiros. Em tal caso, conforme proclamou o STF,
o assento deverá ser apoiado por outro documento.300 Por esse motivo, o art.
226, caput, segunda parte, do CC, preceitua que os documentos empresariais
(“livros e fichas”) provam a favor do empresário, “quando, escriturados sem
vício extrínseco ou intrínseco, forem confirmados por outros subsídios”. Em
outras palavras, não dispondo de prova bastante, o assentamento em seus
próprios livros reforçará a prova do empresário.301

É decisiva, na linha de raciocínio desenvolvida, a regularidade dos livros


para o juiz extrair prova bastante favorável ao autor do documento. Explícito a
esse respeito é o art. 226, caput, do CC, mas assim já se entendia
anteriormente. Regular é o livro que obedece às formalidades intrínsecas e
extrínsecas.302 O livro irregular prova contra o empresário (art. 417),303 em
virtude da própria irregularidade e da falta de registro obrigatório, mas a
observância do estado da arte na escrituração empresta fé ao registro.304 No
direito anterior, imperava o formalismo, sendo formalidades extrínsecas, por
exemplo, a autenticação (assinatura ou rubrica) em todas as folhas, e
formalidades intrínsecas a redação no vernáculo, a individualização e a
clareza dos lançamentos, entre outras.

Essa matéria encontra-se regulada nos arts. 1.181 a 1.184 do CC. À luz
dessas disposições, que melhor se situariam como normas técnicas – uma
das mais contundentes críticas a essa parte da lei civil filia suas concepções
contábeis ao início do século XIX ou até antes –305 são formalidades
extrínsecas: (a) autenticação no registro público; (b) autoria material de
contador. E formalidades intrínsecas: (a) redação na língua portuguesa; (b)
redação em moeda corrente nacional; (c) forma contábil dos lançamentos; (d)
inexistência de intervalos em branco, entrelinhas, borrões, rasuras ou
transportes para as margens, pois equívocos devem ser objeto de estorno; (e)
individualização, clareza e comprovação documental de cada lançamento,
admitido, porém, o lançamento de operação global quando houver numerosas
operações individuais ou realizadas fora da sede. A essas formalidades,
outras há que as autoridades administrativas impõem à margem da lei,
tornando difícil a enumeração completa das formalidades. O órgão judiciário
atenderá unicamente às disposições dos arts. 1.181 a 1.184 do CC.

A regularidade dos livros é condição necessária, porém insuficiente para


produzir a prova favorável ao respectivo autor. Entre empresários é comum a
existência de registros contraditórios. Ora, havendo contradição dos
lançamentos, predominará a livre apreciação do juiz, recorrendo a outros
meios de prova (v.g., o comprovante do lançamento).306

1.932.3. Princípio da indivisibilidade dos documentos empresariais – O art.


419 consagra o princípio da indivisibilidade dos documentos empresariais. Em
síntese, os lançamentos favoráveis e os contrários às alegações de fato
controvertidas na causa hão de ser considerados conjuntamente; em outras
palavras, os livros regulares surtem idêntica eficácia probatória em relação às
partes, aproveitando ou prejudicando ao próprio interesse.307
Filia-se essa diretriz à imprópria natureza confessória dos assentamentos
nos livros obrigatórios.308 Ora, a estrutura do conjunto dos assentamentos
empresariais é muito diferente da confissão qualificada (retro, 1.878). Nenhum
fato novo é acrescentado à admissão do fato contrário ao próprio interesse.
Em ambos os casos há, portanto, falso problema. Também no caso dos
lançamentos não se cuida de aceitá-los ou de rejeitá-los, in totum, mas de
apreciá-los tais como foram feitos, presumindo-os verdadeiros, salvo prova
em contrário. Dependerá da alegação dos fatos correspondentes (v.g., na
pretensão de A contra B, pretendo X, os livros do devedor revelam que já
pagou X – 1 e X – 2, em datas diferentes) e da prova que corroborar, ou não,
o assentamento (v.g., não há recibo, mas o dinheiro saiu do caixa de B e
chegou a C, que era credor de B). Logo, a indivisibilidade do art. 419 é falso
problema, resolvido com ou sem a formulação de regra explícita.

1.933. Documentos diretos

A representação do conteúdo no documento público ou particular tem dois


modos de expressão: (a) direto; e (b) indireto.309

A representação direta utiliza imagens e sons. Chama-se de prova direta,


portanto, à reprodução de imagens e de sons, cujo arquivo, atualmente, é
digital.

A imagem que chega ao processo na fotografia (técnica de criação de


imagens por intermédio da luz), outrora documento estampado (retro,
1.916.3), hoje digital (art. 422, § 1.º), representa diretamente a fonte da prova
(pessoas, coisas e fenômenos naturais ou artificiais). As imagens são
externas ou internas – exames radiológicos, tomográficos e outros
reproduzem o esqueleto, órgãos, partes moles da pessoa, no todo ou em
parte. Essas imagens representam diretamente o conteúdo.

Os sons das (a) pessoas (v.g., o diálogo entre A e B, objeto de intercepção


telefônica ou escutado, à sorrelfa, pela testemunha C); (b) dos semoventes
(v.g., a algaravia dos pássaros criados em cativeiro em área comum de prédio
urbano) e (c) dos fenômenos naturais e artificiais (v.g., o farfalhar das folhas)
constituem importante fonte de conhecimento para o juiz.

Segundo diagnóstico antigo, exato em termos, a prova direta é via


excelente, de uso sempre recomendável.310

A representação indireta incorpora ao suporte físico (v.g., papel, tela,


madeira, metal, pedra, cerâmica) ou virtual (v.g., DVD) signos (letras e
números), inteligíveis ou não, que convencionalmente expressam ideias e
fatos. A diferença facilmente se percebe mediante a comparação entre a
fotografia de certa localidade e o escrito que descreve esse local com
linguagem precisa.311 A imagem (prova direta) sempre convencerá melhor que
a descrição (prova indireta).

Às representações fotográficas, cinematográfica, fonográfica, “ou de outra


espécie”, mas mecânicas, alude o art. 422, caput, declarando que provam os
fatos e as coisas representadas. É regra a ser vista com largueza e
flexibilidade, dissipando dúvidas anteriores quanto à natureza documental
dessa prova.312 Recorda-se o advento do art. 225 do CC, aludindo às
“reproduções eletrônicas”. Na realidade, o registro é eletrônico e, conforme o
equipamento disponível na sede do juízo, virtual. Seja como for, o art.
422, caput, cogita da produção da cópia do documento direto (v.g., a
fotografia estampada no papel). Será exibida, se for este o caso, na audiência
principal (art. 434, parágrafo único).

A representação direta das fontes de prova é objeto de registros ou


arquivos de imagens e de sons. O meio do registro e da apropriação futura do
conhecimento aí armazenado nenhuma importância assume para os fins do
art. 422. Por exemplo, o arquivo em Video Cassette Recorder, ou VHS, que
usa fita magnética, produzindo imagens dinâmicas; o arquivo em Digital
Versatile Disc, ou DVD; e, de modo mais prosaico, o filme fotográfico em
celuloide, com imagens estáticas.

Segundo o art. 422, caput, parte final, presume-se verdadeira a


reprodução mecânica ou eletrônica – portanto, ocupa-se de cópia –, salvo
impugnação da contraparte. É o mesmo esquema da parte final do art. 225 do
CC, onerando a parte contra quem forem exibidos com a impugnação da
exatidão. Mas, há uma diferença substancial: a regra civil atribui à reprodução
força (ou fé) de prova plena.

À interpretação do art. 225 do CC, importa relembrar que o documento


original da fotografia antiga é o filme, ou negativo em celuloide, estampada a
imagem em papel, mas hoje predomina o arquivo digital. Esta última
modalidade abstrai a tirania do papel: as imagens dinâmicas ou estáticas
podem ser conhecidas diretamente no monitor, sem embargo de possível
estampa. Revela essa flexibilidade intrínseca ao art. 422, § 1.º,
complementado pelo art. 225 do CC, o acolhimento já no direito anterior dos
“novos documentos”, ou documentos eletrônicos, mas leva em conta a
respectiva fragilidade (v.g., da correspondência eletrônica, prevista no art.
422, § 3.º).313 Não há apego ou preferência à escrita.

Fundamenta-se a eficácia probatória “plena” dos arquivos de imagens e de


sons o expressivo realismo da reprodução, correspondendo ao quod
plerumque accidita veracidade do evento ou conduta fixada no suporte. No
que tange à cópia, a mais das vezes produzida concretamente, o art.
422, caput, presume a conformidade, ou seja, a exata e cabal
correspondência entre o registro ou arquivo da imagem e do som e a
reprodução.314

A prova resultante dos registros de imagens e de sons, bem como a


correspondência da cópia, enseja impugnação da contraparte, consoante o
art. 225, in fine, do CC, c/c art. 422, caput, parte final, razão por que só
elemento externo, o comportamento da parte, traduzido na aquiescência
expressa ou tácita torna a prova bastante.315 Este efeito não é desprezível. Ele
é que propicia o julgamento antecipado, na forma do art. 355, I.

Assim, na ação de separação movida por A contra B, em que a autora


alega adultério de B com C, e junta vídeo mostrando o ingresso do veículo de
propriedade de B, positivamente identificado pela placa traseira, no motel X,
ao réu B mostrar-se lícito, impugnando a imagem, provar que, no dia Y,
emprestara seu automóvel aD, que é namorado de C.
1.933.1. Requisitos da produção da prova direta – Admissível que seja a
reprodução dos arquivos de imagens e de sons, produzindo-se cópia no
processo, os parágrafos do art. 422 estabelecem regras específicas de
produção dessa subespécie de prova documental. Aqui se tratará dos
documentos diretos em sentido próprio, e, não, dos casos em que esses
meios são empregados para copiar escrito.

O art. 422, § 1.º, exige que, produzida fotografia digital ou tirada da rede
mundial de computadores, na causa pendente, a parte junte autenticação
eletrônica. Parece claro que a disposição se estende às outras modalidades
de registro: (a) filmes em celuloide ou material físico equivalente; (b) Video
Cassette Recorder, ou VHS; (c) Digital Versatile Disc, ou DVD. Antes disso,
entretanto, impõe-se atentar à fórmula verbal imperativa do parágrafo: a
fotografia digital terá de ser acompanhada de autenticação. Em sentido
contrário, e persuasivamente, no direito anterior afirmava-se que a juntada
(então do “negativo”) só mostrar-se-ia indispensável no caso de
impugnação,316 para os efeitos da instrução da impugnação. É o que parece
mais razoável, mas o parágrafo vigente optou por dissipar dúvidas a priori.
Um dos efeitos da impugnação (infra, 1.941.5) será o ônus de produzir
voluntária ou forçadamente o original ou demonstrar a sua inexistência.

E avulta que o arquivo original talvez se encontre na posse de terceiro


(v.g., as fotografias instruem inquérito policial, e, portanto, encontram-se
depositadas alhures, nos escaninhos da polícia judiciária) ou do próprio
adversário. Em tais hipóteses, inexistindo produção voluntária, há que pedir a
exibição desses documentos (produção forçada), na forma do respectivo meio
de prova (arts. 396 a 404).317 Os arquivos digitais serão produzidos pelo meio
técnico hábil (v.g., memória USB flash drive).318

Não sendo possível juntar o arquivo original, ensejando a conferência


visual, talvez bastante, e a perícia em laboratório, porque houve destruição
física ou extravio, o juiz apreciará a prova livremente.319

O art. 422, § 2.º, ocupa-se da juntada de fotografia publicada em jornal ou


revista, periódica ou não, exigindo a apresentação, no caso de impugnação,
do original e do negativo. Valem as considerações já externadas. Porém,
existe problema específico, que consiste na alegação de sigilo (retro, 1.902.2).
O juiz apreciará o cabimento do motivo legal de recusa, elidindo o dever de
exibir. Convém lembrar que a regra aplicar-se-á, mutatis mutandis, a
quaisquer modalidades de mídia eletrônica (v.g., o site de notícias). Nesse
sentido, o art. 422, § 3.º, aludindo à mensagem eletrônica (e-mail) é assaz
limitada.

As cautelas traçadas no art. 422 revelam a cabal inadmissibilidade de a


parte juntar a reprodução de conversa telefônica entre A e B, sonegando o
áudio original, quiçá editada para realçar passagens inconvenientes,
acompanhada a reprodução de insólita interpretação de técnicos. Lamentável
que seja a prática, a autoridade policial a ela recorre amiúde, predispondo o
terceiro imparcial contra a parte investigada. E não sem êxito: o juiz é muito
atarefado para ouvir milhares de horas de conversa banal até chegar ao
colóquio realmente importante travado entre as partes.
1.933.2. Oportunidade da impugnação da prova direta – O art. 422, caput,
parte final, c/c art. 225, in fine, do CC, estipulam o ônus de a contraparte
impugnar a exatidão do registro de imagem ou de som. O prazo é o comum
da contradição (infra, 1.941.1), objeto do art. 437.

Cumpre à parte, quando houver de se manifestar sobre a produção da


prova documental do adversário, realizar a impugnação. De ordinário, o autor
produzirá a cópia na petição inicial (art. 434, caput); por exemplo, na ação em
que A pede a separação de B, porque este manteve relações com C, no
motel X, no dia Y, juntando fotografias do casal B e C, tiradas por detetive
particular contratado para esse fim, ingressando no estabelecimento, o réu
apresentará sua versão dos fatos (impugnação indireta: C é figurinista da
fábrica D e a visita teve intuito profissional); de seu turno, o réu produzirá a
cópia na contestação, tocando ao autor impugnar no prazo de réplica – hoje
designada em sentido próprio no art. 437, in fine -, na pior das hipóteses,
havendo juntada extemporânea, por incidência do art. 437, § 1.º (retro, 1.780).

1.933.3. Forma e conteúdo da impugnação da prova direta – O art. 422, §


1.º, manda o juiz, não sendo possível a autenticação eletrônica para os fins do
art. 411, II, realizar perícia na cópia, presumivelmente confrontando com o
arquivo originário, por sua vez produzido conjuntamente. Em realidade, a
impugnação tem conteúdo amplo. Não importa, necessariamente, a falsidade
do arquivo ou da prova, e, a fortiori, a necessidade de o juiz socorrer-se da
assistência de experto.

Em primeiro lugar, admite-se a alegação da inadmissibilidade da prova


(art. 436, I), oposição comum contra a prova direta. Assim, a juntada de
fotografia ou de imagens íntimas, obtidas sem o consentimento de B e C, ou
mediante o uso de meio ilícito (v.g., grampo telefônico; câmara oculta no
quarto do motel X), suscitará debate em torno desse ponto.

Também se mostra possível controverter a interpretação da imagem e do


som. O art. 436, IV cogita desse aspecto, revelando-lhe a importância na
apreciação da prova: o juiz não tem conhecimento especial em semiótica para
apreciar o contexto dos documentos públicos ou particulares e, in extremis,
recorrerá a especialistas (v.g., em casos de plágio). Às vezes, a impugnação
do contexto oferece problemas mais simples: (a) o ângulo da imagem
favorece a interpretação de colóquio amoroso no ingresso de B e C no
motel X no dia Y, todavia inexata; e (b) a gravação de gemidos de C não se
deve a intercurso carnal, mas acidente que lhe feriu o braço; e assim por
diante.

Por fim, nada pré-exclui a alegação de falta de correspondência entre o


arquivo de imagem ou de som e a reprodução. E, aí, haverá problema de
falsidade em sentido estrito. Tal é a hipótese antevista no art. 436, II; então, a
prova pericial se afigura pertinente e decisiva.

O conteúdo da impugnação autoriza o emprego de outros meios de prova.


Assim, alegando a contraparte o caráter equívoco da prova, intuitivamente
caberá prova testemunhal. Essa prova demonstrará que o comportamento
de B e de C, nos contatos com a direção do motel X, não deixava entrever
intimidade; ou que C realmente feriu o braço, batendo inadvertidamente em
divisória de vidro no escritório do motel X; ou que B emprestará seu
automóvel a D, namorado de C; e assim por diante.

A sistemática da impugnação da prova direta discrepa do modelo geral da


arguição de falsidade, ou desconstituição da fé (força probante) do
documento, em virtude dessas variantes. O art. 422, § 1.º, prevê corretamente
o meio de prova hábil no caso da alegação da falsidade da prova direta. É um
dos pontos frágeis das novas tecnologias. À medida que os mecanismos de
captação e de reprodução de imagens se sofisticaram e inibiram os profanos
– fotógrafos amadores revelavam as fotografias em laboratórios domésticos
até o último quartel do século XX –, os meios técnicos da fraude aumentaram
exponencialmente. A prova contemplada no art. 422 é tão convincente quanto
insegura.

Não há forma rígida para a impugnação com esse conteúdo heterogêneo.


Em geral, integrará a contestação e a réplica, cuja forma é livre.

1.933.4. Efeitos da impugnação da prova direta – Formulada impugnação


prevista no art. 422, caput, parte final, na oportunidade adequada, e
considerando a hipótese estrita em que caberá a prova pericial, prevista no
art. 422, § 1.º aplicável à hipótese do art. 422, § 2.º, a controvérsia suscitada
pela contraparte, na contestação e na réplica, ou em manifestação avulsa,
para os efeitos do art. 437, § 1.º, suscitará natural ampliação do tema da
prova.

Com efeito, o juiz necessitará coletar subsídios para resolver se a imagem


ou o som confirmam a veracidade da alegação de fato controvertida, ou não,
e mostram-se autênticos. Essa consequência inexorável verifica-se em
qualquer impugnação de fato indireta (retro, 331): a versão desloca o foco da
prova. Assim, não mais se cuidará de apreciar a imagem de B e C trocando
beijos na entrada do motel X, e se tal imagem preenche os elementos de
incidência da norma porventura aplicável ao litígio, mas de verificar se tal
imagem é verdadeira ou não; ou se B realmente emprestou automóvel a D,
que é o namorado de C, e levou-a até o motel X no dia Y; e assim por diante.
E convém não esquecer a juntada do original (art. 422, § 2.º) e, havendo
recusa, o uso do meio de prova da exibição.

É inexorável passar à etapa de instrução. Não cabe o julgamento


antecipado do art. 355, I, antes de decidir tais questões de fato.

§ 398.º Documentos eletrônicos

1.934. Conceito de documento eletrônico

Objeto de entusiasmo, e de não menor preocupação, o documento


eletrônico integrou-se na realidade social contemporânea. Assumem forma
digital os registros de imagens, de sons e de palavras. Entende-se por
documento eletrônico o formado através de programa de software, arquivado
na memória fixa de certo equipamento (hardware), ou separadamente (v.g.,
no CD ou compact disc).320 O art. 1.º, § 2.º, I, da Lei 11.419/2006,
disciplinando o processo eletrônico e a prática eletrônica de atos processuais,
considera meio eletrônico “qualquer forma de armazenamento ou tráfego de
documentos e arquivos digitais”.
O art. 10, caput, da MP 2.200/2001 considera documento público ou
particular, “para todos os fins legais”, os documentos eletrônicos
acompanhados de certificação digital da autoria, por sua vez emitido pela
chamada Autoridade Certificadora (AC), e distribuído pela Autoridades de
Registro (AR), cuja função é a de identificar pessoalmente a pessoa que
assinará digitalmente, cadeia de autoridades que compõem o ICP-Brasil ou
Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP – Brasil. Essa é a noção
estrita de documento eletrônico no direito brasileiro. Tal não significa, apesar
das opiniões em contrário, a rejeição cabal de eficácia probatória aos
documentos eletrônicos, em geral,321 desacompanhados de certificado digital.

Os documentos formados fisicamente transformam-se em digitais


mediante conversão de um meio a outro. O art. 1.º, parágrafo único, da Lei
12.682/2012, visando a essa troca do suporte físico para o eletrônico, e na
qual avulta a preservação de volumes expressivos de documentos (outrora
microfilmados, processo dispendioso e frágil), define a digitalização como
“conversão da fiel imagem de um documento para código digital”. O inverso
também ocorre, reproduzindo-se mecanicamente o documento digital, mas a
equiparação, máxime no processo integralmente eletrônico, revela-se
imprópria.322

Logo avulta a singularidade do documento eletrônico no âmbito da prova


documental. Em lugar da impressão em suporte físico, o documento eletrônico
origina-se do registro de impulsos eletromagnéticos, obtido mediante aparato
físico. E, principalmente, a pessoa natural não percebe diretamente os signos,
as imagens e os sons do documento eletrônico, necessitando para essa
finalidade de aparato de decodificação ou de leitura. Feita a versão impressa,
ou sendo possível perceber os signos por alguma via mecânica (v.g., o cartão
perfurado), o documento eletrônico passa à forma tradicional, equiparável aos
documentos particulares especiais.323 E, realmente, tornado ostensivo e
inteligível diretamente aos sentidos humanos, como acontece no caso da
versão datilográfica do termo de depoimento da testemunha, registrado
digitalmente (art. 447), desaparece o documento eletrônico. É a forma mais
simples de resolver os desafios da eletrônica, encampada no art. 439,
tratando-se de processo “convencional” (rectius: escrito). E há havia
precedente legislativo. O art. 2.º, caput, da Lei 9.800/1999 exigiu, ao permitir a
prática do ato através de fac-símile, a entrega dos originais no prazo
(suplementar) de cinco dias. Segundo outra perspectiva, a necessidade, ou
não, da mediação de aparato técnico para tornar o conteúdo perceptível aos
sentidos humanos separa os documentos eletrônicos em duas categorias: (a)
documentos eletrônicos em sentido estrito; (b) documentos eletrônicos em
sentido amplo.324

À diferença do que acontece com a prova documental física, que é pré-


constituída, o documento eletrônico forma-se anteriormente à produção,
ressalva feita ao caso de se formar unicamente para essa finalidade, mas não
comporta percepção imediata pelo juiz. Dependerá a autoridade judiciária da
mediação do aparato de leitura ou de decodificação dos impulsos registrados
no arquivo ou de cópia física. Tal importa a necessidade de atividade de
instrução inexistente na prova documental comum.325 Também há o problema
da originalidade. No meio eletrônico, a diferença entre original e cópia
desvanece-se, e desparecerá totalmente no processo integralmente
eletrônico. As reproduções são todas originais e armazenadas conjunta e
virtualmente. E, por fim, em tema de autenticidade, a autoria e a data
suscitam dúvidas ainda não resolvidas satisfatoriamente.

Uma circunstância parece totalmente irrelevante: a produção da cópia. O


documento eletrônico não discrepa, nesse particular, dos documentos
públicos. A matriz dos documentos públicos encontra-se na guarda do oficial
público (escrivão, ou chefe de secretaria, tabelião, registrador, servidor
público civil ou militar) e no processo aparece sob a forma de certidões,
traslados e cópias, aplicando-se à prática de atos notariais e de registro
eletrônico (art. 193, parágrafo único).

A característica primordial do documento eletrônico é o suporte. Fora daí,


divide-se em documento público ou particular, dispositivo ou narrativo, bem
como nas demais espécies.

1.935. Eficácia probatória do documento eletrônico

O documento eletrônico não comporta subscrição na forma física


tradicional. A imagem do documento pode conter essa espécie de assinatura,
mas ela não assegura definitivamente a autoria do documento, nem a
exatidão da respectiva reprodução em juízo.

O art. 1.º, § 2.º, III, da Lei 11.419/2006 prevê duas modalidades de


assinatura eletrônica: (a) assinatura digital baseada em certificado emitido
pela Autoridade Certificadora Raiz, que é o Instituto Nacional de Tecnologia
da Informação (ITI), origem da cadeia hierárquica de certificação judicial
chamada de Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil),
obviamente criada e desenvolvida para tornar imputável a autoria no ambiente
eletrônico; e (b) assinatura digital baseada em cadastro perante o órgão do
Poder Judiciário, infelizmente tão numerosos quanto os tribunais – órgão de
segundo grau – envolvidos. Em ambos os casos, a pessoa utiliza senha
numérica para assinar eletronicamente. O sigilo, a identificação do subscritor
e autenticidade é garantida – na medida do possível – por criptografia. Não há
código absolutamente seguro: rainha escocesa perdeu o trono e (bem pior) a
cabeça, uma vez quebrado o código da respectiva correspondência amorosa
pelos inimigos políticos.

O documento eletrônico assinado nessas modalidades – no segundo caso,


contemplando a prática de atos processuais – equipara-se ao documento em
suporte físico. Não é diferente em outros ordenamentos.326 Tal documento
será público, subscrito por oficial público, ou particular, nas demais hipóteses,
na concepção estrita do art. 10, caput, da MP 2.200/2001. Não é distinta a
sistemática vigente no direito espanhol.327

É improvável o desconhecimento da autoria do documento público. Essa


qualidade decorre da subscrição pelo oficial público; na pior das hipóteses, a
origem da cópia eletrônica estabelecerá a autoria. Releva notar que, para
essa finalidade, os cadastros mencionados no art. 13, § 1.º, da Lei
11.419/2006, não se mostram intrinsecamente públicos. A certificação digital
torna certa a autoria do documento eletrônico. Inicialmente, relutou-se em
admitir a prática de atos processuais por via eletrônica, haja vista o problema
da autenticidade,328 razão bastante para a ênfase do art. 1.º, § 2.º, III, da Lei
11.419/2006. Os arts. 193 a 199 regulam esse tema.
O documento eletrônico certificado na forma art. 10, caput, da MP
2.200/2001, torna certa a autoria, imputando o conteúdo ao respectivo autor.
Este é o fundamento da presunção de veracidade das declarações, objeto de
previsão do art. 10, § 1.º, da MP 2.200/2001. Disposição assaz genérica, não
distinguindo as espécies de declaração (de vontade e de ciência) no
conteúdo, e a pessoa que as emitiu no documento público eterógrafo (oficial
público ou figurante do ato jurídico em sentido lato). No entanto, subentende-
se que tais distinções tão importantes na fé dos documentos públicos e
particulares subsistem integralmente.

Em outros ordenamentos, diz-se que o documento eletrônico não substitui


a forma ad substantia, para os efeitos do art. 406.329 No direito brasileiro, o
documento eletrônico autêntico, ou seja, acompanhado de certificação digital
(art. 10, caput, da MP 2.200/2001), subscrito por oficial público, tem a eficácia
própria da sua espécie – judicial, notarial e administrativa. A eficácia
probatória da escritura pública eletrônica (art. 193, parágrafo único) é a do art.
215, caput, do CC. Não faltam notários que digitalizaram seus arquivos. Em
breve, nos negócios imobiliários (art. 108 do CC), o acordo de transmissão, na
forma de escritura pública, e a ulterior aquisição do domínio, mediante registro
no álbum imobiliário, ocorrerão eletronicamente, passando-se no mundo
virtual. As certidões mais comuns (v.g., do assento de nascimento) são
fornecidas eletronicamente aos interessados nos ofícios informatizados.

Em tal aspecto, o art. 440, segundo o qual o juiz apreciará livremente o


valor probante não controvertido, aplicar-se-á, tout court, aos documentos
particulares. O homem e a mulher investidos na função judicante acessam a
rede mundial de computadores como qualquer outra pessoa. E, aí, podem
colher subsídios para emitir o juízo de fato. Por exemplo, na ação em
que A pede alimentos de B, o réu contesta sua capacidade de prestá-los na
quantia de x, mas declarou na mídia eletrônica dispor de recursos financeiros
abundantes, pretendendo habilitar-se, v.g., à concessão de canal exclusivo
de broadcasting. O uso desse dado, colhido pelo órgão judicial na sua
navegação particular na rede mundial de computadores, há de submeter-se
ao prévio contraditório, conforme exige o art. 440, in fine. Assim, considerando
o exemplo ministrado, no julgamento de segundo grau, o relator não pode
surpreender o réu B com a divulgação da amplitude dos seus recursos
financeiros.

É manifesto que o processo adquire documentos desacompanhados da


certificação judicial digital, impondo-se estabelecer a respectiva eficácia (ou
fé, ou força probante). Por exemplo, na ação em que A pretende a separação
de B, imputando-lhe adultério, a autora junta comprometedora mensagem
eletrônica impressa, supostamente originária do endereço eletrônico do réu,
endereçada a C, revelando o conteúdo de intimidades passadas e
incompatíveis com os deveres do casamento. Negar a força probante desse
documento,330 a imanente persuasão no espírito do juiz, não se harmoniza
com a regra da livre apreciação (art. 371) e com a atipicidade dos meios de
prova (art. 369). Os documentos eletrônicos atípicos, porque
desacompanhados de certificação digital, podem ser objeto de
reconhecimento tácito (art. 411, II, c/c art. 10, § 2.º, da MP 2.200/2001) ou
expresso. O art. 10, § 2.º, da MP 2.200/2001 alude à validez do documento,
aceito pelas partes ou reconhecido pelo autor, mas tudo se passa no plano da
eficácia, precisamente da eficácia probatória. Não é, pois, impossível ou ilegal
reconhecer em tais documentos prova.331

Resta o problema do documento eletrônico particular apócrifo. A certeza


da autoria é a principal dúvida respeitante à eficácia probatória do documento
eletrônico.332 É o natural campo do art. 440. Figure-se a seguinte hipótese: na
ação de A contra B, alegando que B e C encontraram-se no motel X, no dia Y,
conforme demonstra a mensagem eletrônica trocada entre B e C, marcando o
colóquio amoroso. Produzido espontaneamente, presumem-se a autoria, o
destinatário, a data, o recebimento e o conteúdo, segundo os dizeres da via
física. Revelando-se impossível a produção espontânea, o juiz requisitará o
documento, a teor do art. 13, caput, e § 1.º, da Lei 11.419/2006. E, em
qualquer hipótese, juntado o documento no processo, lícita impugnação nos
termos do art. 436, caput. A forma de apurar a autenticidade será a perícia.
Tal significa que o documento eletrônico, desprovido de assinatura digital,
insere-se na categoria das reproduções de imagens (fixa ou dinâmica), de
sons e de palavras, a teor do art. 422.333

Essa sistemática abrange a data, passível de prova livre (retro, 1.927),


conforme reza o art. 409, e ao conteúdo, cuja eficácia probatória é comum, ou
seja, dependerá da espécie de documento.

1.936. Reproduções do documento eletrônico

A disciplina das reproduções dos documentos eletrônicos localiza-se nos


arts. 425, V e VI, c/c art. 11 da Lei 11.419/2006, independentemente da
natureza de documento público ou particular.

Fundamentalmente, presumem-se verdadeiras as reproduções eletrônicas


(art. 441), originando-se a cópia: (a) de bancos de dados privados e públicos,
comportando requisição na forma do art. 13, caput, e § 1.º, da Lei
11.419/2006, porquanto tais cadastros consideram-se públicos; (b) das
pessoas mencionadas no art. 425, VI. Lícito à parte interessada impugná-las,
mediante arguição de falsidade (art. 436, III, c/c art. 11, § 2.º, da Lei
11.419/2006). Os originais serão preservados até o término do prazo da
rescisória.

O art. 11, § 5.º, da Lei 11.419/2006, na medida do possível soluciona o


problema da impossibilidade da digitalização dos documentos físicos para
serem produzidos no processo eletrônico. Esses documentos serão
apresentados, no cartório ou secretaria do ofício judicial, e, aí, depositados
pelo prazo de dez dias, a fim de propiciar o exame e outras anotações pela
parte contrária e pelo órgão judiciário. Posteriormente, o escrivão ou chefe de
secretaria restituirá os documentos à parte. Cuida-se de regra transitória, pois
o progresso técnico talvez propicie em futuro breve a reprodução. Faltou
imaginação, em todo caso, ao legislador. Parece preferível extrair uma suma
para ser apresentada em juízo, reclamando a contraparte, se for este o caso,
a conferência prevista no art. 423.

O art. 11, § 6.º, da Lei 11.419/2006 contempla disposição inconstitucional,


restringindo o acesso público aos autos eletrônicos, pois declara que os
documentos só podem ser consultados pelas partes e Ministério Público. Na
realidade, como assinalado alhures, o processo eletrônico é possível inimigo
da publicidade (retro, 168). O art. 194 do NCPC incidiu na mesma restrição,
aparentemente assegurando acesso às partes e aos seus procuradores.

§ 399.º Produção da prova documental

1.937. Formas de produção da prova documental

As partes produzem a prova documental de duas formas: (a) espontânea;


(b) forçada.

Na posse da fonte da prova, autor e réu produzem a prova documental,


voluntariamente, nos seus atos postulatórios principais – na petição inicial e
na contestação (art. 434, caput). Tal iniciativa caracteriza a produção
espontânea.

Acontece de a fonte de prova encontrar-se na posse do adversário ou de


terceiros. Para obter a produção forçada do documento, a parte interessada
em utilizá-lo para provar a veracidade da respectiva alegação de fato dispõe
da pretensão à exibição, propiciando a aquisição do documento pelo
processo. No caso de documentos públicos, cujos originais encontram-se na
guarda do agente público competente, o art. 438 abre cautelosa (os
particulares têm acesso, de regra, aos documentos públicos) exceção ao ônus
de produzir a prova com o ato postulatório principal (art. 434, caput), prevendo
variante de produção forçada: a requisição. Esse esquema corresponde ao
que existe no direito alemão, em que se distinguem as fontes da prova
(incluindo os documentos eletrônicos) na posse: (a) da parte interessada
(Beweisführer), (b) da contraparte, (c) de terceiro ou (d) de agente público.334

Os particulares têm o direito fundamental processual às informações do


seu interesse particular, ou de interesse geral (art. 5.º, XXXIII, da CF/1988),
direito este potencializado pela divulgação compulsória (Lei 12.527/2011). E,
de modo mais concreto e efetivo, os particulares ostentam o direito
fundamental de obter gratuitamente “certidões em repartições públicas, para
defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal” (art.
5.º, XXXIV, b). Não raro, porém, a Administração Pública opõe dificuldades
explícitas, ou não, a tal direito fundamental, subtraindo os expedientes
administrativos aos olhares especulativos dos administrados,
independentemente da imposição de sigilo.

A essa notória, antiga e arraigada relutância a lei replicou, no âmbito do


remédio especialmente instituído para controlar a legalidade dos atos e dos
negócios administrativos pela cidadania, disciplinando o assunto,
especificando o direito de o futuro autor obter previamente certidões e
informações do futuro réu (art. 1.º, § 4.º, da Lei 4.717/1964), fixando, ademais,
o prazo peremptório de quinze dias para fornecimento (art. 1.º, § 5.º, da Lei
4.717/1965). Em caso de deferimento, e, a fortiori, de omissão da pessoa
jurídica de direito público ou das pessoas legitimadas passivamente (art. 1.º,
da Lei 4.717/1965), o art. 1.º, § 7.º, da Lei 4.717/1964 autoriza a requisição do
juiz. O art. 1.º da Lei 9.051/1995 generalizou o prazo de quinze dias para
qualquer situação.

O art. 438 regula o mecanismo geral da requisição dos documentos


públicos. É a modalidade por excelência da produção forçada dos
documentos públicos. Entre nós, a requisição alterou-se em parte, assumindo
a qualidade de meio de prova autônomo, a par da exibição de documento
(arts. 401 a 404), porque medida dirigida também aos particulares. Recebeu,
nesse caso, a designação de requisição de informes a particulares (retro,
1.846), distinguindo-se da requisição em aspecto essencial: o destinatário da
ordem do juiz elabora intelectualmente a informação, subsidiando-a, ou não,
com os documentos pertinentes, mas importam os dados coligidos, ficando
em segundo plano os documentos em si. Exemplo dessa espécie avulta no
art. 5.º, § 7.º, da Lei 5.478/1968, que autoriza o juiz a requisitar ao
empregador do réu informações sobre o respectivo salário. Esse dado
amparará a fixação dos alimentos provisórios ou definitivos. Logo se percebe
que, acompanhada a informação de comprovante de pagamento ao devedor,
e de quadro evolutivo dos seus ganhos nos últimos meses, ao juiz interessa
definir o valor líquido da retribuição pecuniária, que é o objeto da informação.

São três as vias, portanto, através das quais o processo adquire a prova
documental, impondo-se análise separada.

1.938. Produção espontânea da prova documental

O procedimento típico haurido do modelo vigente no século XIX, entre nós,


previa fase bem demarcada para a produção das provas: a dilação probatória.
Os arts. 641, § 2.º, e 691 ressuscitaram essa expressão tradicional,
conferindo-lhe, porém, o sentido de atividade de instrução. A nitidez da
dilação probatória, enquanto fase predeterminada do procedimento, diluiu-se
no processo contemporâneo, em particular na prova documental. Fundiram-se
as etapas do procedimento probatório: a proposição e a admissão se
conjugam no mesmo ato, cabendo às partes, ao formularem seus atos
postulatórios principais – petição inicial (art. 319, VI) e contestação (art.
336, in fine), desde logo produzirem a prova documental destinada à
demonstração da veracidade das suas alegações de fato.

A diretriz latente da produção espontânea, ou voluntária, objetiva reduzir a


atividade processual. Em relação à prova documental do autor, o réu se
manifesta na contestação e tem direito imediato à contraprova da mesma
espécie (e à produção da prova principal da defesa de mérito indireta); por
sua vez, o autor contraria a contraprova documental do réu, na pior das
hipóteses, conforme a articulação da defesa, no prazo assegurado no art.
437, § 1.º (retro, 1.780) e a prova principal das objeções (v.g., pagamento) e
das exceções substanciais (v.g., prescrição) no prazo de réplica.

Ao impedir eventual relutância das partes, sonegando os documentos


essenciais, com o propósito de enlear o adversário, o art. 77, I, expressa o
dever de probidade, ou seja, o de atuar com lealdade e boa-fé.335 Não é
diversa a lógica da disclosure norte-americana:336 o documento em poder da
parte terminará aparecendo, mediante provocação da contraparte, e o litigante
de boa-fé deve apresentá-lo imediatamente, nada escondendo do adversário.
A produção imediata da prova documental propicia o julgamento antecipado
do mérito, consoante o art. 355, I, e é a pedra de toque da abreviação do
procedimento.
1.938.1. Controle da produção espontânea de documentos – O controle da
produção espontânea da prova documental pelo órgão judiciário realiza-se,
essencialmente, a contrario sensu.

Fundamenta-se o controle, a posteriori, no sensato princípio que ao juiz


não é dado impedir a juntada do documento, porque inevitável. Ao juiz caberá,
todavia, duas atividades subsidiárias no tocante à produção da prova
documental: (a) ordenar a juntada do documento indispensável (art. 320), ou
seja, o documento que não pode ser suprido por outro meio de prova (art.
406), porque ad substantia do ato jurídico em sentido estrito ou do negócio
jurídico (v.g., a escritura pública de compra e venda de imóvel, no caso do art.
108 do CC), e, nesse caso, obrigatoriamente acompanhará o ato postulatório;
e (b) desentranhar o documento inadmissível (v.g., a fotografia de B e C, no
motel X, mantendo relações sexuais, obtida por meio ilícito); (c) ordenar o
suprimento de vício (v.g., a juntada da tradução do documento redigido em
língua estrangeira ou do original do documento, não admitida a cópia, como
no caso dos títulos de crédito).

1.938.2. Objeto da produção espontânea de documentos – Os


documentos produzidos nos atos postulatórios principais – petição inicial e
defesa – são os que preenchem dois requisitos: (a) documentos na posse da
parte; (b) documentos preexistentes à oportunidade da produção.

Os documentos na posse da contraparte ou na posse de terceiro são


passíveis de produção forçada: exibição (documentos particulares) ou
requisição (documentos públicos). Os documentos (a) formados
posteriormente, (b) destinados a provar fatos supervenientes aos
originariamente articulados e (c) consistentes em contraprova produzem-se,
segundo art. 435, “em qualquer tempo”. Eventual juntada de documentos
preexistentes não é excluída, a teor do art. 435, parágrafo único, mas o juiz
verificará se a conduta da parte atenta contra o dever de probidade (art. 5.º).

À definição genérica do objeto da produção espontânea da prova


documental, voz autorizada acrescenta a pertinência dos documentos,
relativamente às alegações de fato feitas nos atos postulatórios
principais.337 Não há dúvida que a contraprova documental do réu observará
esse requisito. Apresentando impugnação de fato direta (retro, 330) ou
indireta (retro, 331), a defesa estabelecerá o âmbito da controvérsia, e,
conseguintemente, parâmetros idôneos para o juiz avaliar a pertinência da
prova documental; aliás, de qualquer meio de prova: a controvérsia é o ponto
de partida para o juiz fixar o tema da prova. Do ponto de vista do autor,
porém, o quadro altera-se profundamente. Talvez não seja necessário,
conforme a atitude subsequente do autor, produzir prova documental,
sobrevindo revelia do réu, secundada pela presunção de veracidade (art.
344), ou, alternativamente, a falta de impugnação, tornando as alegações de
fato incontroversas (art. 374, III). Em realidade, o réu promove a controvérsia;
o autor só a antecipa e, feita a conjectura, produz a prova entendida
necessária. Verdade que o requisito da pertinência visa às alegações de fato
em si, prescindindo da controvérsia; porém, o interesse na prova há de ser
considerado na equação e, por esse ângulo, parece melhor encarar com
largueza a juntada dos documentos, sem vinculá-los a tal exigência.
Em determinadas situações, atentando às consequências fatais da inércia,
a parte constrange-se a juntar volume considerável de documentos, obrigando
o escrivão a multiplicar os volumes dos autos. Assim, a parte evita a
preclusão. Não lhe cabem censuras pelo estrito cumprimento do ônus de
produzir a prova documental. No entanto, como revela o desconforto gerado
pela cópia integral dos autos do processo no instrumento do agravo, com o
intuito de impedir problemas formais, na melhor das hipóteses cria sério
problema de inteligibilidade da prova. O juiz precisará selecionar e pinçar da
montanha de documentos o que lhe aproveita para formar a convicção.

Várias sugestões buscam solucionar o entrave: (a) simples descrição dos


documentos,338 sem juntá-los integralmente ou juntando amostras; ou, nos
moldes do § 131, n.º 2, da ZPO alemã, (b) a juntada de
extrato,339 reproduzindo a parte que interessa, mas acompanhado, então, do
compromisso de apresentação do inteiro teor.340 Entre nós, o mais comum é a
criação de volumes anexos depositados no cartório. Em tal caso, avaliando a
quantidade e a complexidade da documentação, o juiz poderá dilatar o prazo
de manifestação da parte (art. 437, § 2.º). Nenhuma solução é muito
satisfatória. Parece inerente à sistemática legal da produção dessa prova
juntamente com os atos postulatórios principais.

E o processo eletrônico, no qual se depositam esperanças excessivas,


tampouco oferece solução hábil desse problema peculiar, sensivelmente
agravado com a falta de tempo ou disposição de o juiz (ou de seus auxiliares
mais próximos…) ler documentação copiosa e maçante. Ao contrário,
acrescenta ao natural desestímulo à leitura atenta a dificuldade ainda maior
de transmissão dos dados no prazo fixado. Representaria reprovável excesso,
debitado à onipresente, onipotente e insensível burocracia judiciária, a
programação do sistema para não recepcionar os arquivos extensos, afinal
pertinentes e relevantes à causa, mas é o que acontece sem previsão de
desimpedimento absoluto em data previsível. Entende-se que o juiz admitirá a
juntada de relação dos documentos e a amostra das peças mais significativas
do conjunto, quando possível, aliviando o sobrepeso da prova documental.

O ônus previsto no art. 434, caput, grava de forma mais intensa ao autor.
A regra incumbe-lhe de produzir, obrigatoriamente, os documentos
indispensáveis à propositura da ação. Dispõe neste sentido o art. 320.

Entende-se por documento indispensável os que respeitam (a) à


problemática dos pressupostos processuais (v.g., os estatutos sociais da
companhia, provando a existência do órgão de representação); (b) às
condições da ação (v.g., a prova da cidadania, na ação popular, a teor do art.
1.º, § 3.º, da Lei 4.717/1965); e (c) à forma ad substantia dos atos ou negócios
jurídicos. É da substância do negócio jurídico (forma especial, ad
solenitatem ou ad substantia): (a) a escritura pública nos negócios jurídicos
que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia sobre bens
imóveis acima do teto legal (art. 108, caput, do CC); (b) e a certidão pública
de casado nas ações de dissolução do vínculo.341 Nessa última hipótese,
nenhuma outra prova supre a falta do documento público (art. 406) e,
conforme art. 341, caput, primeira parte, não se presumirão verdadeiros os
fatos não impugnados pelo réu se “a petição inicial não estiver acompanhada
de instrumento que a lei considerar da substância do ato”. O instrumento
público não constitui o único documento inserido no âmbito do art. 321.
Convém não olvidar os títulos de crédito, que legitima o possuidor a deduzir
as pretensões cambiais, e há de ser exigido no original (art. 223, parágrafo
único, do CC).342 Por esse motivo, o art. 341, II, eliminou o adjetivo “público”
que o direito anterior agregara ao “instrumento”.

Impende recordar que o art. 320 discrepa do art. 159, caput, do CPC de
1939. Esta regra reclamava a produção imediata dos “documentos em que o
autor fundar o pedido”. O grupo dos documentos indispensáveis, segundo o
art. 320, revela-se mais restrito do que os documentos “sem os quais o mérito
da causa não possa ser julgado”.343 O STJ preconizava a interpretação correta
no direito anterior: “… a petição inicial deve vir acompanhada dos documentos
necessários à comprovação do regular exercício do direito de ação, o que não
inclui, em regra os documentos probantes do direito material alegado pelo
autor, os quais deverão ser produzidos no momento processual
oportuno”.344 No entanto, a última parte é excessiva: o momento próprio é a
petição inicial; porém, deixando de produzi-los nessa oportunidade, ocorrerá
preclusão, se o documento for conhecido, acessível e disponível (art. 435,
parágrafo único), prosseguindo a demanda. Em repetição de indébito
tributário, o STJ proclamou o seguinte, invocando a regra anterior: “os
documentos indispensáveis mencionados no art. 283 do CPC {de 1973} são
aqueles hábeis a comprovar a legitimidade ativa ad causam do contribuinte
que arcou com o pagamento do tributo”,345 postergada a prova (documental)
do pagamento do montante do indébito. Desse modo, juntado o documento
errado, relativo a outro negócio similar, nada obsta que na réplica o autor
produza o documento correto, assegurado o contraditório.346

1.938.3. Efeitos da produção espontânea de documentos – Os efeitos da


produção serôdia da prova documental variam conforme a natureza do
documento.

Cuidando-se de documento indispensável à prova da alegação de fato


feita pelo autor, incidirá o art. 320. Ao juiz compete mandar suprir o defeito da
petição inicial, sob pena de indeferimento (art. 321); por identidade de razões,
o juiz ordenará o suprimento da falta de documento indispensável à alegação
de fato do réu feita em defesa de mérito indireta (objeção ou exceção
substantiva) e, não se desincumbindo o réu desse ônus, extrairá a devida
consequência: não conhecerá da objeção ou da exceção.

Documentos de outra natureza implicam, tout court, a preclusão da


faculdade de produzir prova documental. Não é efeito rigidamente aplicado:
em geral, o juiz invoca a iniciativa oficial para determinar a juntada da prova
(infra, 1.940.1). No entanto, não vindo aos autos o documento, opportuno
tempore, inadmissível a rescisória fundada nessa parte, pois não se presta
este remédio para corrigir o esquecimento da parte de produzir o
documento.347

1.939. Produção forçada da prova documental

A produção forçada da prova documental realiza-se por duas vias no


direito brasileiro: (a) exibição de documento; (b) requisição de documentos.

1.939.1. Exibição de documento particular – O documento particular na


posse da contraparte ou de terceiros, fonte de prova apropriada no âmbito da
autonomia privada, o direito brasileiro instituiu meio de prova autônomo para
propiciar a respectiva aquisição: a exibição de documento (arts. 396 a 404). O
meio de prova consiste na exibição compulsória da fonte de prova. O juiz
adquirirá o conhecimento útil na resolução das questi facti ao examinar o
conteúdo do documento.

Porém, à semelhança de qualquer outro mecanismo concebido para


adquirir conhecimento, a exibição subordina-se às contingências práticas
(v.g., o desaparecimento da fonte de prova) e, ademais, à falta de cooperação
do possuir do documento. Recusando-se a contraparte a exibir o documento,
socorre à parte requerente a presunção prevista no art. 400, caput, entretanto
presunção relativa. É sucedâneo para o conhecimento direto do juiz em
contato com a fonte da prova.

Em muitas situações, a exibição compulsória do documento não facultará


ao juiz a aquisição direta do conhecimento imprescindível para resolver
a questio facti. É muito comum que a exibição constitua etapa preliminar no
emprego de outro meio de prova. Assim, no caso de as partes controverterem
autenticidade da assinatura na escritura pública de compra e venda
habilmente adulterada por falsário internacional, a exibição do original prepara
o exame (prova científica) que equacionará a contenda. Em casos tais, a
exibição assume natureza instrumental.348 Representaria excesso flagrante,
todavia, a tal reduzir os fins da exibição e, ademais, invertendo a restrição,
situá-la no contexto da prova documental.349 Em geral, a prova resulta do
conteúdo intelectual do documento (conhecimento imediato).

A localização do art. 420 e do art. 421 denota a renitente inconstância da


diretriz legislativa nessa matéria. Fitando o direito estrangeiro, a exibição ou é
tratada no âmbito da prova documental (v.g., os arts. 328 a 330 da Ley de
Enjuiciamiento Civil) ou recebe disciplina autônoma (v.g., os arts. 210 a 212
do Codice di Procedura Civile italiano). O direito pátrio tendeu à última
solução, mas abriu exceção no tocante à escrituração empresarial. Não há
justificativa plausível para tratar a exibição de livros comerciais na seção
dedicada à prova documental, porque se trata de simples caso particular da
pretensão incidental de exibição.

Da pretensão à exibição, no corpo do NCPC, ocupam-se as seguintes


disposições: (a) os arts. 396 a 404, que compõem a Seção VI – Da Exibição
de Documento ou Coisa – do Capítulo XII – Das Provas – do procedimento
comum, cuja localização no seio do procedimento básico do processo com
função predominante de conhecimento não lhe retira vocação universalista,
aplicando-se, destarte, a quaisquer procedimentos especiais; (b) os arts. 420
e 421, que cuidam da exibição total ou parcial dos livros empresarias e de
outros documentos, inseridos na Seção VII– Da Prova Documental – do
mesmo capítulo.

Em capítulos anteriores tratou-se exaustivamente dessas pretensões, em


particular dos arts. 420 e 421 (retro, 1.897).

1.939.2. Requisição de documentos públicos – O acesso das partes aos


documentos públicos na guarda das autoridades administrativas é restrito ou
inexistente. O zelo da burocracia estatal coloca tais documentos longe dos
olhos do público, subtraindo os negócios administrativos da curiosidade e,
sobretudo, do controle da cidadania.

Se o documento público interessa às partes, independentemente da


natureza do litígio, o art. 438 institui modalidade específica de produção
forçada da prova documental. Disposição nesse mesmo sentido localiza-se
em outros diplomas.350 Entre nós, originou-se a regra do art. 152 do CPC do
Estado da Bahia, daí ao art. 26 do Decreto 4.743/1923 e, por fim, ao art. 224
do CPC de 1939, passando ao art. 399 do CPC de 1973. Em síntese, a
requerimento do interessado, ou ex officio, o juiz requisitará das repartições
públicas: (a) certidões dos documentos públicos (art. 438, I), ou seja, cópias
autorizadas, porque o original continuará sob a guarda do agente público; e
(b) procedimentos administrativos (art. 438, II).

Esse dispositivo aplica-se aos documentos eletrônicos. O art. 13 da Lei


11.419/2006 autoriza o juiz, ex officio, a requisitar a exibição e o envio de
dados e documentos indispensáveis à instrução do processo armazenados
em cadastros públicos. Segundo o parágrafo primeiro do mesmo artigo, são
públicos para esse efeito todos os bancos de dados “que contenham
informações indispensáveis ao exercício da função judicante”.

Eventual sigilo, porque se cuida de negócios de Estado, cujo


conhecimento comprometerá a segurança e os interesses nacionais (políticos,
econômicos e diplomáticos) – bem jurídico tutelado no art. 5.º, XXXIII, in fine,
da CF/1988 –, não constitui obstáculo insuperável à requisição. À autoridade
judiciária caberá, ponderados os interesses em jogo, desvelar o segredo. É
digno de nota que, litigando particulares, a certidão há de servir à prova das
alegações de fato controvertidas (art. 438, I). Figurando como interessados as
pessoas jurídicas de direito público (União, Estados-Membros, Distrito Federal
e Municípios), e órgãos da Administração Indireta, admite a requisição dos
procedimentos administrativos (v.g., o inteiro teor do procedimento
administrativo disciplinar para instruir a ação movida por A contra o
Município X, pleiteando a invalidade da pena de suspensão).

1.939.2.1. Requisitos da requisição de documentos públicos – A requisição


de documentos subordina-se a requisitos subjetivos e objetivos.

A requisição é ato do órgão judiciário ou de outra autoridade legitimada


(v.g., o Ministério Público). É lícito à parte interessada propor a variante da
produção forçada da prova documental. Por definição, não lhe toca a prática
do ato. O entendimento prevalecente recomenda o emprego subsidiário do
poder de requisição.351À parte incumbiria, no âmbito da autonomia privada,
obter as certidões pertinentes, e, de regra, as certidões dos documentos
lavrados em notas notariais são facilmente obtidas (v.g., da escritura pública
de compra e venda; do testamento público). Não logrando êxito (v.g., o agente
público alegou sigilo ou opôs dificuldades burocráticas), dirigir-se-á ao juiz. Já
não parece tão acertado subtrair do juiz análoga iniciativa.352 Aqui, como
alhures, a iniciativa oficial concorre plenamente com a das partes.

Passivamente, sujeitam-se à requisição, a par das “repartições públicas”


aludidas no art. 438, caput, os sujeitos arrolados no inc. II e outros, a saber:
(a) as pessoas jurídicas de direito público (União, Estados-membros, Distrito
Federal e Municípios);353 (b) órgãos da Administração Direta; (c) órgãos da
Administração Indireta (autarquias, empresas e fundações públicas); (d)
particulares em colaboração com a Administração (v.g., notários e
registradores).

As sociedades de economia mista têm personalidade de direito privado e,


a despeito de certas restrições (v.g., recrutam pessoal através de concurso
público), escapam da providência do art. 438, devendo figurar como rés na
pretensão à exibição do art. 396 ou art. 401, conforme seja parte ou ré no
litígio.

A requisição restringe-se aos documentos públicos atinentes ao tema da


prova. Esses documentos integram os arquivos físicos ou eletrônicos da
Administração Pública. Compete à parte interessada, ou ao órgão do
Ministério Público, requerendo a providência, apontar dados suficientes para a
autoridade judiciária vencer as barreiras ilegais da Administração, dentre as
quais a alegação de inexistência da fonte da prova: (a) a identificação tão
completa quanto possível do documento público; (b) a identificação do agente
público com competência para praticar expedir a certidão ou remeter o
procedimento administrativo.

Cuidando-se de procedimento administrativo, o art. 438, II, restringe à


requisição aos feitos em que for “interessada” a pessoa jurídica de direito
público. Tal parte da regra suscita a delicada questão do elastério a ser
conferido à noção de interesse para o caso de requisição. É o mais largo
concebível. Além das hipóteses em que o legitimado passivo da requisição
seja (a) parte ou (b) apresente interesse jurídico idôneo a ensejar-lhe a
intervenção espontânea (v.g., como assistente) ou forçada (v.g., como
chamado em garantia) no processo pendente, não se pode olvidar o interesse
político, em sentido lato, que possibilita a intervenção do amicus curiae e das
pessoas jurídicas de direito público, na forma do art. 5.º, caput, da Lei
9.469/1997.354 Não se limitará o interesse às pessoas legitimadas a intervir,
porque atingidas direta ou indiretamente, in bonam e in malam partem, pelos
efeitos da sentença.

1.939.2.2. Procedimento da requisição de documentos públicos – As


partem propõem a requisição de informações, na oportunidade traçada no art.
434, ou através de ato postulatório específico. Parece evidente que não se
aplicará rigidamente o art. 319, VI, e o art. 336, in fine, que estipulam o
momento propício à especificação da prova. Essa oportunidade dilata-se até a
decisão de saneamento, proferida na audiência preliminar (art. 357, § 3.º) ou
em gabinete (art. 357, caput).

Também ao juiz cabe ordenar a requisição, ex officio, com fundamento no


art. 370, caput, a qualquer tempo. À requisição de documentos públicos não
se aplica a exigência de iniciativa exclusiva da parte.

1.939.2.2.1. Forma da requisição dos documentos públicos – Ao requisitar


os documentos públicos mediante ofício, mandado ou mensagem eletrônica, o
juiz indicará os dados que auxiliem a cabal identificação do documento,
através de descrição sumária, ou do procedimento administrativo (v.g., o
número de protocolo). Esses dados se originam do requerimento das partes
ou o juiz recolhe dos comemorativos do processo.
Convém o ofício, o mandado e a mensagem eletrônica indicarem as
informações que o juiz necessita para esclarecer-se,355 habilitando-o a
resolver a questão de fato, pois promoverá a cooperação mais ativa da
autoridade administrativa na hipótese de os dados apresentados não
permitirem a pronta localização do documento ou do procedimento
administrativo.

1.939.2.2.2. Prazo da requisição dos documentos públicos – O art. 224,


parágrafo único, do CPC de 1939 era expresso ao prever prazo à
movimentação administrativa,356 fornecendo a certidão (art. 438, I) ou
apresentando em juízo os autos do procedimento administrativo (art. 438, II),
todavia indeterminado. O juiz fixará, na omissão do art. 438, prazo razoável
para o atendimento.357 E olvidando o juiz a fixação do prazo (judicial), incidirá
o art. 1.º da Lei 9.051/1995, que estabelece o prazo de quinze dias.

1.939.2.2.3. Efeitos da pendência da requisição dos documentos


públicos – A pendência da requisição de documentos públicos provocará
eventual imobilização do processo, aguardando a resposta da autoridade
administrativa e, se for o caso, os atos materiais do art. 438, § 1.º, mas não é
caso de suspensão do processo. Em princípio, o processo tramitará
normalmente, praticando-se os atos próprios da fase de instrução, salvo a
emissão da sentença definitiva. O documento público aguardado talvez seja a
peça que falte para formar o convencimento do juiz e, tratando-se de prova
documental, precipitar o julgamento do art. 355, I.

1.939.2.2.4. Atitudes da autoridade administrativa requisitada – Do


requisitado, recebida a requisição em seu protocolo, ou da data em intimado
por mandado, concebem-se três atitudes no prazo hábil: (a) atender à
requisição, porque dispõe dos dados e inexiste impedimento legal para
apresentá-los ao órgão judiciário; (b) negar atendimento à requisição,
alegando impossibilidade material, porque lhe faltam informações e registros
(v.g., o número de faltas injustificadas do servidor público; o conteúdo do
laudo médico que o afastou do serviço), ou porque incide motivo legal do art.
404 (v.g., o sigilo); e (c) permanecer inerte.358

Cumpre distinguir as consequências das duas últimas atitudes. A


impossibilidade material (v.g., inexiste o registro; o arquivo sofreu danos
irremediáveis ou, ainda, desapareceu integralmente) torna a ordem
inexequível. Existem exemplos muito atuais de arquivos destruídos para
apagar a memória nacional e sempre subsiste dúvida se não há cópia em
algum lugar. Eventual incidente, expedindo o juiz mandado de busca e
apreensão, demandará muito esforço e custo e resultados imponderáveis.
Tecnicamente, a impossibilidade material impede o contato do juiz com a
fonte da prova. Recusando-se a autoridade administrativa fornecer certidão ou
apresentar o procedimento com base no art. 404 (v.g., a divulgação das
informações comprometeria o interesse nacional), o juiz deliberará a respeito,
aceitando, ou não, o motivo legal. Indeferida a recusa, o juiz renovará a
intimação, assinando prazo para atendimento. E, por fim, no caso de inércia
da autoridade administrativa, o juiz renovará a intimação, exigindo
explicações, e alternativamente mandará expedir o mandado de busca e
apreensão, sem prejuízo das eventuais sanções processuais e penais e de
outras medidas (art. 403, parágrafo único). Vale recordar que o art. 77, caput,
apanha as pessoas que participam do processo, e, sem dúvida, a autoridade
administrativa instada a fornecer certidão (art. 438, I) ou apresentar em juízo o
procedimento (art. 438, II).

1.939.2.2.5. Despesas na requisição de documentos públicos – A


atividade exigida do destinatário da requisição tem custo específico e, por
vezes, elevado. Em particular, o superior hierárquico encarrega servidores
públicos, desviados de suas funções habituais, para vasculhar velhos e
empoeirados arquivos, ou técnicos convocados para decifrar dados
armazenados eletronicamente de modo incompatível com os sistemas
contemporâneos. Em se tratando da Administração Pública direta ou indireta
raramente sobrevém postulação de ressarcimento dessas despesas, ou
porque o ato é gratuito, ou porque se entende coberto pelo dever de
cooperação mútua entre os órgãos do Estado.

No entanto, surgem controvérsias agudas acerca desse tópico com os


particulares em colaboração com a Administração Pública. Os notários e os
registradores exploram serviço público em caráter privado e relutam atender
às requisições sem receber a retribuição pecuniária prevista na lei local.
Desafiados na sua legítima autoridade, amparada no art. 438, I, juízes e
juízas não recalcam intimidações a tais particulares, ameaçando-os
ilegalmente com ordem de prisão.

Não é legítimo que o custo financeiro intrínseco à atividade de expedir a


certidão, caso não seja gratuita por força de lei, seja suportado pelo particular.
Caberá à parte legitimada, ou ao autor, no caso de iniciativa judicial ou de
requerimento do órgão do Ministério Público, antecipar essa despesa
extraprocessual. Por esse motivo, o requisitado indicará o valor da
compensação, ficando a cargo do juiz fixar o montante e ordenar à parte que
requereu a prova, ou ao autor, depositar a quantia devida no prazo que
porventura vier a fixar para o ato material.

1.939.2.2.6. Extração de cópias dos documentos públicos – Requisitado


procedimento administrativo, o art. 438, § 1.º, prevê, (a) apresentação dos
autos em juízo; (b) extração das cópias hábeis; e (c) restituição dos autos ao
órgão competente. Nada disso é necessário na remessa eletrônica,
acompanhada da certificação de autenticidade (art. 438, § 2.º).

A retenção do procedimento administrativo na sede do órgão judiciário


dar-se-á pelo prazo estritamente necessário à finalidade do ato de extração
das cópias. O juiz atentará ao prazo prescricional em curso. Seria lastimável
empregar a requisição do art. 438 para paralisar a atividade administrativa,
provocando o vencimento do prazo de prescrição da pretensão punitiva contra
servidor público, por exemplo. E, de toda sorte, o art. 438, § 1.º, impede que o
procedimento administrativo seja apensado aos autos do processo, inclusive
no caso de se tratar de procedimento findo na instância administrativa.

Recebido o procedimento administrativo, o juiz mandará intimar as partes


para indicarem as peças que interessam,359 fixando-lhes o prazo de máximo e
improrrogável de um mês para compulsarem os autos em cartório e extraírem
cópias, sem embargo de o próprio juiz indicar peças. Fluirá do termo inicial do
prazo da intimação. Na verdade, a extração ocupará alguns minutos do
escrivão. As máquinas de cópia simplificariam a tarefa. Em seguida, o juiz
restituirá o procedimento à autoridade administrativa.
O art. 41 da Lei 6.830/1980 institui regime diferente, cuidando-se do
procedimento administrativo correspondente à inscrição da dívida ativa,
declarando que o procedimento “será mantido” na repartição, mas extrair-se-
ão as cópias requeridas pelas partes ou requisitadas pelo juiz e órgão do
Ministério Público. E para não deixar dúvida da salutar desconfiança com a
burocracia judiciária, o art. 41, parágrafo único, da Lei 6.830/1980 autoriza a
exibição do procedimento na sede do juízo, acompanhado de servidor “para
esse fim designado”, lavrando-se “termo de ocorrência” que indicará as peças
a serem trasladadas. Essa última parte revela o fim da diligência: localizar os
documentos pertinentes no bojo dos autos do procedimento. A disposição
particular pode ser superada pela remessa eletrônica (art. 438, § 2.º).

Em qualquer hipótese, destarte, juntam-se cópias ou certidões ao


processo, produzindo-se prova documental.

1.939.2.3. Efeitos da requisição de documentos públicos – O juiz deverá


submeter o produto da requisição – certidões ou cópias dos documentos
públicos – à crítica das partes, na forma do art. 437, § 1.º, e admitir ao
interessado a produção de contraprova. Por exemplo, permitirá a audição do
signatário da certidão como testemunha, solução adotada no direito
espanhol.360

1.940. Momento da produção da prova documental

A oportunidade da produção da prova documental, no processo civil


brasileiro, baseia-se na forma espontânea ou forçada.

1.940.1. Momento da produção espontânea da prova documental – As


etapas da atividade de instrução – especificação, proposição, admissão e
produção – aglutinam-se na prova documental. Desapareceu no processo
moderno, por economia, a antiga dilação probatória, fase rigidamente
demarcada para tal atividade. De ordinário, as provas orais produzem-se na
audiência principal (art. 361, caput). Desse momento ideal escapa a prova
documental. Não há especificação, proposição e admissão explícita. O autor e
o réu produzem a prova documental, na forma espontânea, juntamente com
os atos postulatórios principais – petição inicial e resposta –, consoante o art.
434. O juiz abstém-se de juízo positivo ou negativo quanto à juntada de
determinado documento, aguardando a oportunidade da contradição (art.
437, caput, e § 1.º). Só a falta do documento essencial, como se infere do art.
320, produz consequências desfavoráveis ao autor, e, a fortiori, para o réu.
Eventualmente, o juiz mais atento ordenará à parte o suprimento de vício,
exigindo tradução do documento em língua estrangeira (art. 224 do CC c/c art.
192 do NCPC), mas a regra é que não perceba o vício, limitando-se a reagir
contra a alegação da contraparte.

Em tal cenário, o autor produzirá a prova documental na petição inicial (art.


434 c/c art. 319, VI). Na demanda, apresentará os documentos indispensáveis
à propositura da ação, ou seja, o instrumento público ad substantia do ato ou
do negócio jurídico. Nenhuma outra prova, segundo o art. 406, supre a falta
desse documento. Verificando o juiz a falta do documento indispensável,
mandará o autor corrigir o defeito formal (art. 321, caput), no prazo de quinze
dias, sob a pena de indeferimento da petição inicial (321, parágrafo único). E,
passando o defeito sem a devida correção, a falta de impugnação específica
não supre a ausência do documento (art. 341, caput, segunda parte, II), nem
sequer a ulterior revelia surte a presunção de veracidade dos fatos alegados
(art. 345, III). O conjunto dessas disposições torna efetiva a
indispensabilidade do instrumento público ad substantia (art. 406). No entanto,
há exceção plausível: a perda do instrumento público, seguramente fato
excepcional, mas concebível (retro, 1.918).

Por sua vez, o réu produzirá espontaneamente a prova documental na


resposta, como se infere da remissão do art. 434. Disposições
complementares, no âmbito de cada modalidade de resposta, dispõem em
idêntico sentido: (a) na contestação, o art. 336, in fine, determina a
especificação das provas; (b) na exceção de impedimento e de suspeição,
menciona o art. 146 os documentos nos quais o excipiente baseia sua
alegação de quebra da imparcialidade.

Em outros incidentes, sem cogitar das hipóteses do art. 435, a lei prevê a
produção de prova documental, expressis verbis, a exemplo dos seguintes:
(a) na exceção de impedimento ou de suspeição do órgão do Ministério
Público ou de auxiliares do juízo (art. 148, § 1.º); (b) na contradita da
testemunha (art. 457, § 1.º).

O objetivo dessas disposições é o informar à contraparte da prova


documental do adversário, sem induzi-lo a caminho errôneo e desmenti-lo
posteriormente, através de prova cabal haurida de documentos inicialmente
sonegados. Assim, na ação de A contra B, alegando a autora que o réu
manteve colóquio amoroso com C, no motel Y, no dia X, e dispondo de
fotografias da entrada do casal no estabelecimento, cabe-lhe produzi-la,
desde logo, propiciando a mais ampla defesa do réu; em contrapartida, a
impugnação de fato indireta do réu B, alegando que C é figurinista da
fábrica D e o propósito da visita era o de angariar pedido do motel Y, cumpre-
lhe instruir a contestação, desde logo, com prova do documental do vínculo
de C e do pedido tirado no dia X para a fábrica D. Ônus idêntico grava o réu
na defesa de mérito indireta, subministrando, espontaneamente, a prova
documental pertinente.

O STJ encarava a disposição precedente ao art. 434 no viés liberal,


assentando o seguinte: “É possível a juntada de documento em momento
posterior à contestação, desde que inexista a intenção de surpreender,
causando tumulto e insegurança ao juízo, o qual, verificando a necessidade e
conveniência da juntada do documento, deve admiti-la”.361 Essa orientação
recebeu tratamento no art. 435, parágrafo único. Documentos desconhecidos,
inacessíveis ou indisponíveis podem ser juntados posteriormente, provado o
motivo do impedimento, mas o juiz avaliará se a conduta infringe o dever de
probidade (art. 5.º).

Convém recordar que, no processo eletrônico, documentos insuscetíveis


de reprodução digital, em virtude do volume ou das características físicas
(v.g., impressão), serão depositados em cartório, durante dez dias,
propiciando consulta (e a anotações da suma) pela contraparte e órgão
judiciário, findo o qual o escrivão os restituirá à parte (art. 11, § 5.º, da Lei
11.419/2006). Aguardar o trânsito em julgado é absurdo. O expediente indica
a solução cabível para o problema do volume e da dimensão do acervo
documental, passível da dilatação de prazo prevista no art. 437, § 2.º. Por
analogia, também aplicar-se-á o art. 421: a parte extrairá “a suma que
interessar ao litígio”, reclamando, se for este o caso, impugnação da
contraparte.

1.940.2. Momento da produção forçada da prova documental – Formulado


incidentalmente o pedido de exibição perante a contraparte, ou ordenada ex
officio, e a qualquer momento e grau de jurisdição, o momento adequado da
iniciativa é o da proposição dos meios de prova. Tais meios são especificados
na petição inicial (art. 319, VI) e na contestação (art. 336, in fine), mas o juiz,
de ordinário, ordena que sejam propostos antes do saneamento e
organização do processo, por escrito (art. 357) ou na audiência preliminar (art.
357, § 3.º). Razões louváveis recomendam a prática judicial: um ou mais de
um meio de prova, inicialmente antevistos como imprescindíveis no ato
postulatório inicial talvez haja se tornado supérfluo após o ato postulatório da
contraparte. É bem de ver que, proposto o meio de prova juntamente com o
ato postulatório, a falta de atendimento à determinação não importará
preclusão (retro, 1.332).

Não há interregno predeterminado à iniciativa oficial. Pode acontecer de o


juiz, encerrada a instrução e realizado o debate das partes – oralmente ou por
escrito –, entenda insuficiente o conjunto das provas, e ordene a exibição. A
faculdade estende-se, interposta a apelação, ao órgão ad quem, por decisão
do relator ou do colégio julgador.

Em se tratando de terceiro interveniente, a exemplo do assistente


(intervenção espontânea) e do chamado em garantia (intervenção provocada),
a iniciativa afigura-se admissível, tocando ao juiz examinar-lhe a pertinência, a
partir do momento em que admitido o meio de intervenção. Por exemplo, na
ação em que Areivindica de B o imóvel alienado a este por C, e feito o
chamamento em garantia de C, o chamado nega a responsabilidade
decorrente de eventual evicção, porque assim pactuado em documento na
posse de B. É manifestamente cabível o pedido de exibição de C perante B,
segundo o entendimento prevalente que visualiza a inserção, in simultaneo
processu, da pretensão regressiva.

No essencial, a pretensão de exibição contra terceiro, inclusive a iniciativa


oficial, quando cabível – v.g., os arts. 420 e 421 consagraram essa iniciativa
do juiz quanto à exibição total ou parcial dos livros empresariais –, não
discrepa desse modelo. Cabe desde a petição inicial, caso em que haverá
cumulação de pretensões, e da contestação, tendo como termo final a fase de
instrução.

Não se afigura despropositado cogitar da incidência do art. 435 na


produção forçada da prova documental. Desconhecida a existência e a posse
do documento, ou tornando o documento indispensável à contraprova (v.g.,
na réplica à defesa de mérito indireta, a teor do art. 350, in fine) ou à prova de
fato superveniente, o surgimento do interesse à exibição pré-exclui eventual
preclusão.

1.941. Contradição da prova documental

A chave que abre ou fecha a porta do julgamento antecipado, nos termos


do art. 355, I, consiste na impugnação da prova documental.
O direito fundamental processual do contraditório obriga o diretor do
processo a colher a manifestação da contraparte e, intervindo como parte
coadjuvante, a do órgão do Ministério Público. O art. 437, § 1.º determina,
imperativamente, o juiz ouvir a outra parte, uma vez produzido o documento,
no prazo de quinze dias. Fundamentalmente, a disposição visa aos
documentos novos (art. 435), mas aí se localizará, caso seja olvidada outra
oportunidade (v.g., a exibição cogitada no art. 434, parágrafo único), o
fundamento hábil à obrigatória contradição da prova documental. Convém
fixar melhor essa hipótese.

1.941.1. Momento da contradição da prova documental – As partes


produzem a prova documental, ordinariamente, nos atos postulatórios
fundamentais do procedimento comum: na petição inicial e na contestação
(art. 434). A oportunidade para o réu tomar uma das atitudes previstas no art.
436 já se delineia no próprio enunciado, apresentando-se a contestação como
momento propício. Por sua vez, produzindo o réu prova documental na
contestação, as providências preliminares, aqui chamadas de réplica,
ensejam a devida oportunidade de contradição do autor, a teor do art.
437, caput, parte final. Como já se sublinhou nos itens apropriados, os arts.
350 e 351 facultam ao autor, expressamente, a possibilidade de produzir
contraprova documental às alegações do réu, caso em que a este o juiz
mandará ouvi-lo nos termos do art. 437, § 1.º. Em tese, a contradição será
infinita. O art. 437, § 1.º, é regra de clausura da sistemática: sempre que uma
das partes produzir prova documental, verificando-se, ou não, as situações do
art. 435, o juiz ouvirá a parte contrária no prazo de quinze dias.

A esse propósito, é bem antiga (e pouco feliz) a orientação do STJ no


sentido de não proclamar a invalidade no caso de descumprimento da
disposição correspondente ao atual art. 437, § 1.º, se o juiz considerou o
documento sem relevo no julgamento.362 Pouco feliz, porque o teor do
documento, ao fim e ao cabo, talvez haja influenciado o subconsciente do juiz,
embora consignado o contrário na motivação, e a apreciação positiva do
documento na sentença é o único meio real de demonstrar o prejuízo.

Como quer que seja, intimado para se manifestar sobre a prova


documental do adversário, opportuno tempore, concebem-se três atitudes da
contraparte: (a) oferecimento de impugnação, nos termos do art. 436, simples
ou qualificada (art. 430); (b) admissão tácita da veracidade do documento,
nada opondo à sua produção e à sua eficácia probatória, o que normalmente
sucede; e (c) admissão expressa da veracidade do documento, emprestando-
lhe, todavia, interpretação distinta ou apontando-lhe a irrelevância e
impertinência, hipótese abrigada, em princípio, no art. 436, IV.

1.941.2. Formas de contradição da prova documental – O art. 436, III,


autoriza à parte suscitar a falsidade, “com ou sem deflagração do incidente de
arguição de falsidade”. É redundante o emprego da palavra incidente, porque
a arguição de falsidade é, por todos os títulos, incidente. Consoante o objeto
da impugnação e a fé do documento público – evidentemente, produzido na
mesma oportunidade do documento particular, e perante o qual o interessado
tem idêntico ônus – ou do documento particular, o art. 436, II, acena com duas
modalidades de impugnação veiculada na contradição da prova documental:
(a) simples; ou (b) qualificada.
Em relação aos documentos públicos, os fatos declarados pelo oficial
público ocorridos na sua presença (v.g., a declaração de A de que C é seu
filho com B), percebidos de visu et de auditu, e no tocante à prova plena da
escritura pública (art. 215, caput, do CC), só a arguição de falsidade faz
cessar a fé pública (art. 427,caput). Não é diferente em outros ordenamentos
jurídicos.363 Os vícios de consentimento do documento público (v.g., a coação
do vendedor), porque se passam fora do campo de percepção do oficial
público, comportam impugnação simples, bem como as declarações de
ciência, inclusive das escrituras públicas (art. 219, parágrafo único, do CC).

Os documentos particulares são passíveis, a mais das vezes, de


impugnação simples. Por exemplo, contestada a assinatura do documento
particular, cessará a respectiva fé “enquanto não se comprovar sua
veracidade”, a teor do art. 428, I. Porém, alegada a formação de documento
não verdadeiro (contrafação material), necessária impugnação qualificada, a
teor do art. 427, caput, e parágrafo único, I. A alegação dos vícios de
consentimento – o erro, o dolo e a coação –, é objeto de impugnação simples
e comportará prova testemunhal (art. 446, II)

A tese da facultatividade da arguição de falsidade, haurida do direito


italiano e repetida entre nós, com grande autoridade,364 só tem cabimento no
caso dos documentos particulares.365 Em primeiro lugar, no direito peninsular
a querela di falso tende a desconstituir a eficácia probatória do documento, o
incidente de verificação impede a aquisição dessa eficácia. Ora, entre nós a
eficácia preexiste à manifestação do art. 434, caput. Ademais, a querela di
falso é o instrumento hábil para desfazer a eficácia de prova legal do
documento público e do documento privado já reconhecido. Assim, as
peculiaridades do direito italiano não comportam enxerto no direito brasileiro
sem risco de rejeição.

1.941.3. Legitimados na contradição da prova documental – À impugnação


(simples ou qualificada) do documento produzido espontânea ou
forçadamente, a despeito de a literalidade do art. 372, caput, primeira parte,
do CPC de 1973, referindo a parte “contra quem foi produzido documento
particular” – nesse particular acatando conspícua opinião emitida na vigência
do CPC de 1939 –,366 legitimam-se as partes principais, as partes auxiliares e
o órgão do Ministério Público (art. 179, II),367 havendo intervenção, conforme o
respectivo interesse. É o sentido da palavra “parte” constante no art.
436, caput. Assim, se na ação em que B pretende adjudicação compulsória do
imóvel X, porque o promitente A não lhe passou a escritura definitiva, objeto
de promessa de compra em documento particular falso, o interesse em alegar
a falsidade é de A, mas concorrentemente o órgão do Ministério Público,
intervindo e falando por último, e o promissário C, assistente de A, porque
titular de promessa autêntica, a parte coadjuvante e parte auxiliar (C)
igualmente se legitimam nessa impugnação, suprindo, ou não, a inércia do
réu. Também eventuais litisconsortes, independentemente do regime da
demanda conjunta, têm análoga iniciativa.

Não se descarta a remota possibilidade de legitimar-se a parte que


promoveu a produção do documento em juízo. Talvez surja interesse na
produção forçada: o autor A pede a exibição do documento perante o réu B,
ou perante o terceiro C, que depositam documento falso.
Formalmente, A produziu o documento perante B, no sentido de incorporar a
prova ao processo, e tem o óbvio interesse de o expungir, não lhe bastando o
desentranhamento, ante a presumível contaminação do espírito do juiz e os
efeitos probatórios desse comportamento contraditório.

1.941.4. Objeto da contradição da prova documental – De acordo com o


art. 436, a impugnação abrangerá: (a) admissibilidade da prova documental;
(b) a contestação da autenticidade; (c) a suscitação da falsidade; (d)
contestação da veracidade do contexto, na verdade negativa da veracidade
das manifestações de vontade ou declarações de ciência.

O art. 372, parágrafo único, do CPC de 1973 aparentemente alargava o


conteúdo da impugnação, autorizando a contraparte a alegar o fato de o
documento ter sido “obtido por erro, dolo ou coação”. Em realidade, a regra
explicitava o conteúdo da contestação da veracidade. Regra inspirada na lição
ora transcrita: “A impugnação poderá consistir em qualquer vício do
documento – tal a falsidade da assinatura – ou na inveracidade de suas
declarações – obra de erro, fraude, dolo, violência, simulação”.368 Ora, a regra
não aludia à obtenção do documento em si, mediante engodo ou violência,
mas ao respectivo conteúdo, ou seja, eventuais vícios de consentimento dos
figurantes.369 Por sinal, a forma da impugnação – assunto tratado no item
subsequente – do documento público se altera-se nesse caso.

Eis o motivo por que, no regime em vigor, cabe à parte (a) impugnar a
admissibilidade da prova documental (art. 436, I), porque obtida por meio
ilícito; ou (b) impugnar a autenticidade (art. 436, II).

Porém, a alegação de erro (de fato e de direito), dolo e coação – o


banimento da simulação se prende ao seu peculiar regime (infra, 1.944) –,
seja qual for o fundamento, repercutirá na prática. Impugnação desse teor
desfaz a própria presunção que o autor fez a declaração, que lhe é atribuída,
a teor do art. 408, caput, incluindo a de emissão da declaração de ciência,
relativa a determinado fato, prevista no art. 408, parágrafo único. Fonte
presumível do arranjo anterior pontificava nesse ponto, aplicando-se ao direito
vigente: “… enquanto não for suficientemente provada, o documento valerá,
em relação aos signatários, como prova da existência de uma declaração de
vontade suscetível de produzir efeitos jurídicos”.370 É preciso medir e pesar os
efeitos produzidos pelo oferecimento da impugnação prevista no art. 436,
fitando a terrível possibilidade de o juiz, entendendo desnecessária a
produção de prova em audiência, passar a julgar antecipadamente (art. 355, I)
baseado em convencimento formado por documento idôneo, senão ideológica
e materialmente falso.

Existem, porém, outras possibilidades de impugnação. As matérias


anteriormente contempladas no direito anterior revelam-se exemplificativas, e,
por isso, o art. 436 explicitou-as um pouco melhor.

Logo acode à mente a grave e tormentosa questão da ilicitude da prova.


Por exemplo, na ação em que A pede separação de B, alegando que o
réu B visitou comC o motel X, no dia Y, a autora junta fotografias das
intimidades do casal no quarto do motel, obtidas mediante artifício, violando a
privacidade de C. Em tal caso, não se cuidará de contestação da
autenticidade ou contestação da veracidade, mas de impugnação à produção
de prova ilícita. E, além disso, conforme as imagens, o réuB pode negar o
“contexto”, na verdade emprestar interpretação distinta, v.g., destacando a
inexistência de cenas de sexo e ressaltando o caráter social e anódino do
beijo na testa flagrado pela imagem.

Os documentos formados em branco, posto que autêntica a assinatura,


situação comum nos títulos de crédito, podem ser preenchidos abusivamente,
nos termos do art. 428, II, e alegação dessa natureza implica a imediata
cessação da fé do documento particular. O abuso no preenchimento traduz
falsidade do conteúdo da declaração, em razão da divergência do pacto
havido entre os figurantes,371 apesar de inexistir necessário e fatal contraste
entre os dizeres do documento produzido em juízo e a verdade.

Em qualquer hipótese, a impugnação deverá ser devidamente


fundamentada, a teor do art. 436, parágrafo único, produzida a prova hábil
(v.g., contestada a autenticidade, a contraparte junta, desde logo, parecer
técnico, conforme o art. 472).

1.941.5. Efeitos da contradição da prova documental – Apresentada a


impugnação prevista no art. 436, variam os efeitos conforme a natureza do
documento (público ou particular) e o objeto da contradição (autenticidade ou
conteúdo). Nesse último caso, há outras distinções (v.g., o tabelião
reconheceu a firma do signatário do documento particular por autenticidade e,
nada obstante, há alegação de falsidade).

É mais cômodo ignorar o arranjo legislativo, vencer essas complexidades


e reduzir o assunto à pauta da livre apreciação, ignorando os dados
legislativos. Tal atitude se mostraria frustrante para realizar processo
constitucionalmente justo e equilibrado. E, de resto, a olímpica indiferença à
sistemática legal fomenta julgamentos precipitados, na forma do art. 355, I,
sem pertinência no caso concreto. A análise dos efeitos da impugnação
perante documentos públicos e documentos privados renderá maior proveito
que a negação dos problemas reais.

Feita a impugnação do art. 436, caput, a atividade processual não versará


a produção da prova documental, mas de produzir prova sobre a prova.372

1.941.5.1. Efeitos da contradição do documento público – O documento


público goza de fé plena, revestindo-se, portando, de eficácia muito peculiar,
necessariamente avantajada à do documento particular. Em outros sistemas
jurídicos, a prova plena constitui modalidade de prova legal – vínculo à
apreciação do juiz, subtraindo-lhe juízo de fato particular, obra da sua própria
percepção e inteligência –, pré-excluindo a contraprova, e a supressão dessa
fórmula no art. 405, que é elemento singularmente relevante, e a ideologia da
livre apreciação própria do processo civil autoritário, ensejaram a simplificação
radical que a impugnação do documento público por uma das partes
implica, tout court, a cessação da fé e o direito à contraprova. Não é esta,
entretanto, a sistemática legal.

O art. 437 à contraparte o ônus de impugnar o documento particular ou o


documento público no prazo da contestação ou da réplica. Esses documentos
são produzidos voluntariamente, de ordinário, na mesma oportunidade (aliter,
na produção forçada).
Em relação aos fatos percebidos de visu et de auditu pelo escrivão, pelo
tabelião ou registrador, e pelo servidor público civil e militar, segundo as
respectivas atribuições – formação do documento e declarações dispositivas –
, a impugnação simples, a exemplo da contestação da assinatura, não basta.
Essa parte do documento reveste-se de fé pública. Segundo o art. 427, caput,
a fé pública do documento público ou do documento particular cessará,
“sendo-lhe declarada judicialmente a falsidade”. E a declaração judicial da
falsidade depende da arguição de falsidade incidental ou autônoma. O
remédio hábil para desconstituir a fé do documento público é a arguição de
falsidade. É a solução do direito italiano.373 A possibilidade de a parte não
arguir a falsidade em incidente próprio, aventada no art. 436, II, aplica-se
unicamente aos documentos particulares, nos casos do art. 428.

Desse modo, impugnando a contraparte o documento público,


relativamente aos fatos declarados pelo oficial público – no caso, a
contestação da assinatura e, a mais das vezes, a contestação do contexto –,
mas deixando-lhe de arguir a falsidade, ao juiz abrem-se dois termos de
alternativa: (a) ignora a impugnação, emprestando fé ao documento público, e
julga antecipadamente, inexistindo outras questões de fato dependentes de
prova em audiência (art. 355, I); (b) invoca os poderes de instrução e, a
despeito da iniciativa insuficiente da contraparte, entendendo verossímil a
alegação de falsidade (v.g., a assinatura dos figurantes não coincide com os
paradigmas do processo), manda realizar perícia (art. 432, parágrafo único).
Se a contraparte arguir a falsidade do documento público, o juiz processará o
incidente, observando os requisitos legais de admissão (infra, 1.949).

Um exemplo esclarece a construção legislativa. Na ação de C contra A,


pleiteando alimentos, o réu A alega que a certidão de nascimento, em cujo
assento o registrador identificou A como o declarante, dizendo-lhe que C é
seu filho com B, o réu alega que (a) a certidão – cópia do assento – é falsa,
inexiste o original; ou (b) jamais se apresentou ao registrador e declarou ter
havido C com B, atribuindo o assunto ao uso de falsa identidade. A
desconstituição da fé pública (ou cessação como preceitua o art. 427, caput)
subordina-se à oportuna arguição de falsidade.

O art. 429, I e II, esclarece o ônus da prova: (a) arguida a falsidade, ou o


preenchimento abusivo (art. 428, II), caberá a quem tomou a ciência de
pleitear a declaração incidente ou autônoma (inc. I); (b) contestada a
autenticidade, seja qual for a espécie de documento, e independente do
incidente, à parte que produziu o documento (inc. II).

Por óbvio, os vícios do consentimento exteriorizado pelos figurantes do ato


ou do negócio jurídico – o erro, o dolo e a coação – geralmente se passam
fora da percepção do oficial público, e, portanto, a impugnação simples –
alegação no prazo do art. 437 – já introduz dúvida suficiente e gera direito à
prova desses fatos.

É similar o regime da impugnação das declarações de ciência (retro,


1.921.1.2 e 1.952.2). Público ou particular o documento, pouco importa, a
impugnação simples já introduz dúvida, ficando a contraprova a cargo da
parte que contesta a declaração de ciência.
O art. 215, caput, do CC confere à escritura pública, subespécie de
documento público notarial, força de prova plena. Entre nós, inexiste óbice
definitivo à contraprova, mas o ônus, em casos tais, de arguir a falsidade da
escritura pública, a teor do art. 427, caput, c/c art. 430, ressalva feita às
declarações de ciência: o art. 219, parágrafo único, aplica-se indiferentemente
aos documentos públicos e particulares.

Dir-se-á que semelhante entendimento equipara a escritura pública, e sua


força de prova plena, aos documentos públicos, em geral, apesar da
supressão de eficácia análoga no art. 405. Objeção digna de registro, mas
improcedente, porque a ablação desconsiderou a fé (força probante ou
eficácia) dos documentos públicos e privados.

1.941.5.2. Efeitos da contradição do documento particular – Deduzida


contestação da assinatura (autenticidade) ou aduzida a falsidade do
documento particular (art. 436, II e III), incidirá o art. 428, I, cessando-lhe a fé,
incontinenti, “enquanto não se comprovar sua veracidade”. É assunto de
impugnação simples. Decidiu o STJ: “Contestada a assinatura do documento
particular, cessa-lhe a fé, independentemente da arguição da falsidade,
cabendo o ônus da prova, nesse caso, à parte que o produziu, durante a
instrução da causa”.374 Quanto ao ônus da prova, o julgado apontou
corretamente o art. 429, II.

Também no tocante às demais alegações (art. 436, IV) – ilicitude da


obtenção do documento; contestação da veracidade das declarações
disposições e das declarações de ciência, interpretação do contexto – basta
impugnação simples para gerar direito à contraprova, inclusive testemunhal
no caso dos vícios do consentimento (art. 446, II), e, a fortiori, impedir a
precipitação do julgamento (art. 355, I).

A impugnação qualificada, ou arguição de falsidade, revela-se


imprescindível apenas no caso de falsidade (art. 427, parágrafo único, I e II):
(a) formação de documento não verdadeiro (v.g., a promessa de compra e
venda do imóvel X de A para B, materialmente falsa); ou (b) alteração de
documento verdadeiro (v.g., na promessa de compra e venda do
imóvel X de A para B, o vendedor adultera a cláusula do preço, aumentando-o
de Y para Z). A alegação de preenchimento abusivo dos documentos em
branco também é passível de impugnação simples.

1.942. Produção de documentos novos

O art. 435, caput, autoriza a produção da prova documental, em qualquer


tempo, além do momento assinalado no art. 434 por dois fundamentos: (a)
para provar fatos ocorridos após os articulados; e (b) para produzir
contraprova. A essas hipóteses, acrescentem-se os documentos
desconhecidos, inacessíveis e indisponíveis, e os documentos formados
posteriores, prevista no art. 435, parágrafo único.

É muito pouco rígida e seguida a regra. O juiz inclina-se a admitir a


produção de documentos a qualquer tempo, valendo-se dos poderes do art.
367, caput, e parece mais sensato admiti-los do que rejeitá-los, ensejando
eventual sentença injusta. O contraponto é a observância, ou não, do dever
de probidade (art. 5.º). Essa expressiva tendência, haurida do direito anterior,
não elimina a necessidade de precisar-lhe o campo de incidência estrito.

1.942.1. Prova dos fatos supervenientes – O princípio dispositivo


remanesce quanto ao material de fato que o juiz utilizará na emissão do juízo
de fato. As alegações de fato integram o domínio exclusivo das partes no
processo civil contemporâneo. Por exceção, o juiz atenderá fatos e
circunstâncias não alegados, mas tal respeita aos atos do processo (v.g., na
verificação da tempestividade da prática do ato processual, o juiz cotejará os
termos inicial e final do prazo à luz dos comemorativos do processo). Da
iniciativa preponderante em tema de material de fato encarrega-se o autor, na
exposição da causa petendi na petição inicial; ao réu, reserva-se iniciativa
eventual, no tocante à alegação de fatos novos na defesa de mérito indireta
(exceções ou objeções substanciais), e, ainda assim, controverte-se a
amplitude da respectiva contribuição, ou seja, a ampliação do objeto litigioso
(retro, 313.2.2). Seja como for, o objeto litigioso estabilizar-se-á, em algum
momento propício, inferindo-se do art. 357, II, que este seja efeito da decisão
de saneamento: fixado o tema da prova, admitidos os meios de prova hábeis
para dissipar a dúvida no espírito do juiz, retrocessos não se harmonizariam
com a desejável presteza da solução do litígio. Esse retrocesso é inevitável no
caso do art. 329, II – modificação do pedido e da causa petendi com o
consentimento do réu –, admitida prova suplementar.

A diretriz própria da estabilização não detém o fluxo da vida. O objeto


litigioso não ficará, absolutamente, imunizado contra eventos ulteriores
idôneos a influir no teor da resolução do mérito. Leis supervenientes podem
surgir, a reclamar aplicação (subsunção ou concretização), e os fatos da vida
(v.g., na ação em que A pede a separação de B, no curso da demanda
sucede a morte de uma das partes) eliminam o interesse processual. Ora, o
art. 493 autoriza as partes alegarem, em qualquer fase do processo, o fato e o
direito superveniente, e ao juiz considerá-los ex officio. Não é só o réu que
pode alegar fatos supervenientes, conforme o art. 342, I; por igual, o autor, em
virtude da inequívoca alusão no art. 493 aos fatos constitutivos (art. 319, III). A
estabilização do objeto litigioso constitui, ao fim e ao cabo, mais ilusão que
realidade, mas parece temerário formular regra tornando instável por
definição.

Como quer que seja, a superveniência dos fatos demonstra que, em vez
de julgar a lide com base no material de fato trazido na inicial e na
contestação, o juiz atenderá ao estado de fato existente no momento do
encerramento do debate das partes. Rejeitará o pedido, se o direito do autor
houver sido extinto (ommia iudicia esse absolutoria), ou, inversamente,
acolherá tal pedido se o fato no qual se fundava a pretensão houver se
verificado após a formação do processo.375 Diz-se, no primeiro caso, que a
pretensão processual esvaziou-se (Erledigung der Hauptsache),376 ficou
prejudicada, ou, simplesmente, segundo a fórmula italiana, cessaram os
motivos da contenda (cessazione della materia del contedere).377 O assunto já
recebeu análise no âmbito da sentença terminativa (retro, 1.618).

Eventualmente, há necessidade de produzir prova documental do fato


superveniente, independentemente da sua natureza ou efeitos no objeto
litigioso. Por exemplo, o candidato A impetra mandado de segurança, contra a
autoridade X, deduzindo pretensão de invalidar a reprovação na prova de
capacitação física, no concurso público promovido pela pessoa jurídica B,
alegando inconstitucionalidade dessa espécie de prova. Obtida a liminar que
lhe assegura a participação na prova intelectual subsequente, mas nesta é
reprovado: o juiz conhecerá desse fato, alegado pela autoridade coatora,
ou ex officio, e extinguirá o processo, porque se tornou questão teórica a
alegada inconstitucionalidade da prova de capacitação física. No entanto,
para prover nesse sentido, necessitará de prova hábil, a exemplo da
proclamação dos resultados da prova intelectual no diário oficial, ou certidão
da pessoa jurídica B (art. 425, III). A hipótese ilustra a primeira proposição do
art. 435,caput. Impende recordar a necessidade de contraditório prévio acerca
dessa prova, debelando a decisão “surpresa”.

1.942.2. Contraprova dos fatos articulados – O art. 435, caput, autoriza as


partes produzirem documentos, em qualquer tempo, “para contrapô-los aos
que foram produzidos nos autos”, fórmula que traduz o direito de a parte
valer-se da contraprova documental. Em item anterior, ministrou-se a noção
de contraprova ou prova contrária (retro, 1.347).

Da estrutura natural da defesa no processo civil e do art. 434 decorre o


momento de o réu produzir contraprova documental: na contestação. E,
relativamente ao autor, os arts. 350 e 351 facultam contraprova
documental, expressis verbis, ensejando-lhe o esclarecimento e oposição à
defesa de mérito indireta (art. 350) e à defesa processual (art. 351) do réu.
Além disso, por força do art. 437, § 1.º, na pior das hipóteses o autor tem de
contradizer a prova documental do réu no prazo de quinze dias (retro, 1.780).

Ora, ou a segunda parte do art. 435, caput, afigura-se supérflua, ou


abrange outras hipóteses em que, manifestando uma das partes, haja
necessidade de contraprova. E esta é a interpretação mais plausível da regra;
por exemplo, alegando e provando uma das partes, documentalmente, a justa
causa que lhe impediu a prática do ato no prazo peremptório (v.g., a
apresentação de atestado médico pelo advogado, segundo o qual no dia da
audiência encontrava-se acometido de doença e obrigado a guardar repouso
no leito domiciliar), a manifestação do adversário trará, se possível,
contraprova documental (v.g., certidão que, no dia marcado, o advogado
participava de solenidade acadêmica, ou fotografia do jornal de outra cidade,
em que aparece o advogado em concorrido evento político).

1.942.3. Documentos formados posteriormente – Recepcionando a


liberalidade do direito anterior, no tocante à produção de documentos, o art.
435, parágrafo único, autoriza a juntada posterior de documentos formados
após a petição inicial e a contestação. Por identidade de motivos, a regra
aplica-se às situações em que é lícito produzir prova documental em
oportunidade diferente da comum (art. 434), a exemplo da alegação de defesa
de mérito indireta pelo réu, replicada pelo autor (art. 350), hipótese em que ao
demandado é admitida a produção de prova.

E, com efeito, há documentos formados no curso do processo. Por


exemplo, na ação em A pede a invalidação da prova de capacitação física do
concurso organizado por B, controvertendo a apuração do resultado, pode
acontecer de na demanda movida por C, com o mesmo propósito, produzir-se
documento em que a comissão de inquérito organizada por B apurou a
manipulação dos resultados em momento posterior ao ingresso em juízo de A.
Lícito, nessa conjuntura, A produzir o documento em qualquer momento após
a petição inicial.

O art. 435, parágrafo único, segunda parte, determina ao órgão judicial


verificar se a atuação da parte descumpriu, ou não, o dever de probidade (art.
5.º). Tal não se aplica, de ordinário, à hipótese aventada, exceto se o autor
retardar excessivamente a juntada do documento.

1.942.4. Documentos desconhecidos, inacessíveis ou indisponíveis –


Pode acontecer de a parte, encontrando-se o documento, ou não, em poder
de terceiro, caso em que poderia pedir-lhe a exibição, não produzir o
documento, opportuno tempore, porque: (a) desconhecido (v.g., a quitação
passada pelo procurador do credor); (b) inacessível (v.g., depositado em
antigo arquivo digital, cuja leitura, atualmente, é impossível, reclamando o
desenvolvimento de programa específico); ou (c) indisponível (v.g., localizado,
transitoriamente, fora do país). Compreende-se, nesses casos, a dificuldade
de a parte produzir o documento, opportuno tempore, cabendo-lhe fazê-lo,
entretanto, logo que possível, invocando (e provando) o motivo hábil. Ao juiz
cumprirá (a) admitir a produção extemporânea e (b) averiguar se a parte
descumpriu, ou não, o dever de probidade (art. 5.º c/c art. 435, parágrafo
único, segunda parte).

Sobreleva-se à eventual preclusão, decorrente da inexistência ou da


falsidade do motivo (desconhecimento, inacessibilidade ou indisponibilidade),
o propósito de emitir juízo de fato exato e emitir sentença justa.

§ 400.º Arguição de falsidade

1.943. Espécies de falsidade documental

Existem duas espécies fundamentais de falsidade: (a) material; e (b)


ideológica.

A falsidade material recai sobre a integridade do suporte do


documento.378 Essa classe se subdivide em duas: (a) a adulteração do
documento verdadeiro, em que há deturpação das características originais do
documento, mediante (aa) adição de cifras, palavras, letras, ou assinaturas; e
(ab) supressão (cancelamento) de cifras, palavras, letras e assinaturas, ou
supressão do texto, alterando completamente o sentido e a autoria das
manifestações de vontade ou declarações de ciência originais, ou eliminando
umas e outras; e (b) a confecção de documento integralmente falso, imitando
documento verdadeiro.379 Existem outros arranjos concebíveis de falsidade:
(a) supressão; (b) alteração; (c) contrafação; e (d) mendacidade.380

A falsidade ideológica (ou intelectual) recai sobre o conteúdo, vale dizer, a


veracidade das manifestações de vontade ou declarações de ciência que
integram o conteúdo do documento.381 Falsificação dessa natureza não afeta
as características do suporte, de ordinário (documento escrito) a respectiva
estrutura material.382 E também pode correr a falsificação de declaração
ideologicamente verdadeira, como no caso de o devedor, perdido o recibo no
qual o credor passara quitação, forja outro documento.383
A despeito da crítica de que inexiste contraste entre o documento e a
verdade,384 configurando-se, ao invés, divergência entre o conteúdo do
documento e a vontade do signatário – a subscrição é autêntica –,385 verifica-
se falsificação ideológica no caso de preenchimento abusivo de documento
particular, hipótese prevista no art. 428, II. Logo se pensa nos títulos de
crédito. É prática corriqueira o devedor assinar notas promissórias em branco
nos negócios jurídicos bancários, mas esta constitui simples variedade da
figura mais ampla do preenchimento de papéis subscritos em branco.

A falsidade em questão encontra-se definida no art. 428, parágrafo único.


Trata-se do preenchimento de documento assinado, mas subscrito em
branco, no todo ou em parte, formando ou completando o conteúdo do
documento em desacordo com “pacto feito pelo signatário”. Entende-se
pressuposto da falsidade aí prevista a preexistência de pacto entre o
signatário e quem, subsequentemente, preencherá o documento.386 Tal
requisito não é imprescindível à figura. Pode acontecer que o documento seja
assinado antes desse pacto (v.g., o devedor do título desconhece o valor da
dívida) ou que o documento assinado em branco seja furtado.387 O art. 428,
parágrafo único, enumera só uma das hipóteses de preenchimento abusivo e
de desacordo entre o conteúdo e a vontade do signatário. Como quer que
seja, um dado é certo: esta e outras variantes prescindem da arguição de
falsidade do art. 430. A impugnação simples, à semelhança da contestação
da assinatura do documento particular (art. 410, I, c/c art. 436, II), serve ao
propósito de contraditar a prova documental produzida pela contraparte e
ensejar direito à produção dos meios hábeis para provar o preenchimento
abusivo.

Dos vícios materiais e ideológicos do instrumento se distinguem os vícios


do consentimento (v.g., a coação e o erro). Esses últimos atingem a
manifestação de vontade, viciando o ato ou o negócio, sem embargo da
veracidade da manifestação de vontade do signatário. Os vícios da vontade
não constituem causas de falsidade do instrumento.388 Tais vícios invalidam o
ato ou negócio, e, não, o respectivo instrumento. O provimento que declara
autêntico o documento não lhe declara válido.389 Fenômenos passados em
planos distintos, respectivamente no plano da eficácia e no da validade, a
autenticidade apenas autoriza o emprego do documento como elemento de
prova com os efeitos que lhe são próprios. Em particular, a simulação se
distingue da falsidade;390 por exemplo, declarar na escritura de compra e
venda do imóvel X que o preço é Z, quando na verdade o comprador
pagou Z + Y ao comprador, “é faltar à verdade e mesmo mentir, mas este fato
não importa uma falsidade, no sentido jurídico e legal da palavra”.391

A esse esquema clássico não se filiou, todavia, o direito brasileiro. O art.


427, parágrafo único, previu duas hipóteses: (a) formação de documento não
verdadeiro (inc. I); (b) alteração de documento verdadeiro (inc. II). Em lance
ousado, segundo interpretação autêntica no direito anterior, o art. 427,
parágrafo único, II, fundiu na hipótese de alteração de documento verdadeiro
a falsificação material, na forma de adulteração, e a falsificação
ideológica.392 Em outras palavras, o inciso II “abraça no conteúdo do
documento a formação do documento material e ideologicamente não
verdadeiro”.393
À luz do art. 427, parágrafo único, as duas espécies tradicionais (falsidade
material e falsidade ideológica), abarcadas no inc. II, mostram-se passíveis da
arguição de falsidade.

1.944. Objeto da arguição de falsidade

O objeto da arguição de falsidade, bem como da querela di falso,394 fonte


de inspiração da disciplina dos arts. 427 a 430,395 envolve documentos
públicos e documentos particulares,396 desconstituindo a respectiva eficácia
probatória (= deixam de provar). Os documentos podem ser nacionais ou
estrangeiros.

A arguição de falsidade se afigura indispensável para desfazer a fé do


documento público. Evidencia o caráter obrigatório o fato de a eficácia de
prova plena da escritura pública não admitir contraprova (art. 215, caput, do
CC), exceto da mesma natureza (v.g., escritura pública de distrato). Ao
contrário do que decidido pelo STJ, quitação passada em escritura pública
não diminui o interesse na declaração da falsidade,397 antes torna compulsório
o uso da via incidental do art. 430.

Em relação aos documentos públicos, “só a questão da falsidade pode ser


discutida”.398 Porém, veracidade das declarações de ciência não necessita da
arguição de falsidade. O objeto da falsidade é o que o oficial público declara
ter percebido de visu et de oculi. No direito italiano, em que os documentos
públicos têm força de prova legal (vinculativa) em maior intensidade, a querela
de falso é o único meio de repeli-la.399 Em síntese muito feliz, no direito
argentino, resumiu-se o objeto daredargución de falsidade: (a) quanto aos
documentos públicos: (aa) a falsidade material, no todo ou em parte, e (ab) a
falsidade ideológica das declarações do oficial público; (b) quando aos
documentos particulares, a falsidade material, porque a ideológica é objeto de
contraprova.400 No direito brasileiro, a teor do art. 428, I, a falsidade material
da subscrição do documento particular não necessita de arguição de
falsidade.

A prova documental idônea a provocar controvérsias sobre a autenticidade


respeitará às questões de processo, a exemplo da autenticidade das cópias
da procuração e do substabelecimento,401 e às questões de mérito.

À exceção dos defeitos extrínsecos, perceptíveis pelo juiz de visu, e


desvinculando o juiz da eficácia probatória (art. 405), a natureza dos vícios
intrínsecos ou espécie de falsidade (material ou ideológica) revela-se
indiferente no campo da arguição de falsidade.402 A jurisprudência encarava
com reservas a alegação da falsidade ideológica, e só a admitiu em caráter
excepcional, como denota julgado do STJ.403 Em outra ocasião, rendeu-se à
apuração da veracidade do contexto do documento,404 caso em que investe
nos domínios da falsidade ideológica. E, enfim, reconheceu a arguição da
falsidade ideológica nos documentos narrativos,405excluindo a dos
documentos constitutivos (v.g., da escritura pública no caso do art. 108 do
CC) na via incidental. Essa interpretação dissocia-se da sistemática legal
brasileira. No entanto, é entendimento prevalente.406 Ora, o art. 427, parágrafo
único, II, englobou na formação de documento (público ou particular) “não
verdadeiro” os casos de falsidade material e ideológica.407 Essas hipóteses,
portanto, comportam exame na arguição de falsidade por força dessa
construção peculiar ao direito pátrio.

A arguição de falsidade pode ocorrer em qualquer processo e


procedimento que admita a cumulação de pedidos originária e a declaração
incidente. Nada obsta ação autônoma, desde que produzido o documento; do
contrário, inexistirá interesse processual.408 Assim, não cabe o cúmulo
superveniente de pretensão à declaração no processo instaurado com o fim
de veicular pretensão à segurança (segurança para execução).409 A
declaração incidente alargaria o âmbito da cognição.410 É inadmissível na
execução, porque a provimento declarativo, no todo ou em parte, não se
harmoniza com a função do processo. A falsidade do título constitui motivo de
embargos.411

1.945. Natureza da arguição de falsidade

A falsidade da prova documental interessa tanto ao juízo penal quanto ao


civil. Vários sistemas diferentes se desenvolveram no direito estrangeiro para
erradicar a falsidade documental.412 No direito brasileiro, a coordenação entre
o juízo penal e o juízo civil é a comum (retro, 35). À parte da pendência de
ação penal, cujo objeto seja a falsidade do documento público ou particular,
no processo civil há duas vias para reconhecer a falsidade documental antes
do trânsito em julgado: (a) principal, mediante declaração autônoma (art. 19,
II); (b) incidental, disciplinada nos arts. 430 a 433, eventualmente
transformada em “questão principal” para adquirir autoridade de coisa julgada.
Depois de transitada em julgado a sentença civil, através de ação rescisória
(art. 966, VI), apurada a falsidade em processo criminal, cuja sentença
transitou em julgado,413 ou na própria ação rescisória.

A arguição de falsidade do art. 430 é subespécie de declaração incidente.


Deduzida pretensão à declaração da falsidade do documento, in simultaneo
processu, amplia-se o objeto litigioso, mediante cumulação sucessiva de
pedidos conexos,414 alterando, por decorrência, o alcance objetivo da coisa
julgada.415 É declaração a respeito de fato jurídico, mas
declaração.416 Dependerá esse alcance, no regime em vigor, de pedido da
parte (art. 430, parágrafo único, c/c art. 19, II).

E há outro pormenor digno de nota: a ampliação do objeto litigioso,


mediante a inserção da pretensão de declaração da falsidade (art. 19, II), haja
vista o momento natural da impugnação da prova documental (art.
434, caput), constitui exceção à regra do art. 329, I, segundo a qual, após a
citação, mas antes da decisão de saneamento e organização do processo, a
modificação da demanda subordina-se ao consentimento da contraparte. O
pedido do art. 430, parágrafo único, não necessita do consentimento da
contraparte. Representaria manifesto absurdo almejar o consentimento de
quem produziu documento falso, apesar do dever de mútua cooperação (art.
7.º), na produção do vínculo previsto no art. 433, in fine.

Os fins próprios da arguição de falsidade, controle incidental do falso,


consistem em declarar a falsidade, ou não, do documento público e do
documento privado produzido por uma das partes como prova das suas
alegações de fato. Decidiu o STJ: “No incidente de falsidade, reconhece-se
que o documento é falso ou não”.417Assim, o provimento não se limita a repelir
a eficácia probatória do documento, declarando-o imprestável como prova na
causa pendente, sugestão de lege ferenda.418Vai além, havendo o pedido do
art. 430, parágrafo único, exigindo julgamento conjunto.

1.946. Oportunidade da arguição de falsidade

A arguição da falsidade da prova documental tem lugar na contestação ou


na réplica, oportunidade em que a parte manifesta-se, a teor do art. 436,
acerca da prova documental produzida pelo autor ou pelo réu (art.
437, caput), nos autos postulatórios principais (art. 434), ou no prazo de
quinze dias, produzido o documento posteriormente (v.g., art. 437, § 1.º). Por
exemplo, o pedido de intervenção de C, como assistente do réu B, na ação de
despejo movida por A, produzindo para provar o interesse jurídico o contrato
de sublocação, no original ou por intermédio de cópia, ensejará a incidência
do prazo do art. 430, caput.

1.946.1. Prazo da arguição de falsidade – As considerações feitas


explicitam claramente o sentido do art. 430: o prazo de quinze dias fluirá da
intimação que porventura se realize da juntada do documento.

Não importa a oportunidade da produção, cuja fé se pretenda desconstituir


mediante a arguição, mas a juntada. Produzido o documento nos autos
postulatórios principais, conforme o art. 434, a contestação ou a réplica
ostentam-se as oportunidades adequadas. Produzido posteriormente, mas
antes do encerramento da instrução, nos casos previstos no art. 435, ou regra
análoga (v.g., art. 357 e 348, in fine), o termo inicial do prazo é o da intimação
para os efeitos do art. 437, § 1.º.

O interregno fixo harmoniza-se com a sistemática da verificação da prova


documental prevista no art. 436, no tocante ao documento particular, e
aplicável por analogia aos documentos públicos falsos (art. 427, parágrafo
único, I e II). Conforme a hipótese (v.g., juntada do instrumento de promessa
de compra e venda falso, porque alterada a cláusula do preço), a produção da
prova documental exige da contraparte impugnação qualificada, visando à
desconstituição da força probante, e o remédio erigido no art. 430 veiculará
semelhante pretensão.

A fixação do prazo rígido e peremptório suscita objeções ponderáveis. Em


determinas hipóteses, com efeito, a arguição de falsidade bem fundada
exigirá demorados exames prévios de especialista contratado pela própria
contraparte, pois o advogado não domina o conhecimento dessa área
específica de saber, e não raro a parte necessitará de tempo para localizar
em seus arquivos o original ou a cópia em seu poder. O caso dos documentos
armazenados em arquivo eletrônico é emblemático. O aparato atual não logra
decifrar o código de documentos antigos e ultrapassados. O obstáculo só
pode ser superado com muitas despesas e esforços de informática “reversa”.
Em tais situações, portanto, o interessado não chega a conclusões sólidas no
prazo fixo. E mostrar-se-ia injusto exigir-lhe a instauração de arguição fadada
ao insucesso ou à extinção prematura, in eventum, expondo-o à sanção típica
na suscitação de incidentes protelatórios. O art. 437, § 2.º, oferece paliativo,
surgindo dúvida imediata: a parte requererá a dilatação do prazo.
A par da cogitação dessas excepcionalidades, há motivo mais profundo e
abrangente, tornando impróprio o interregno rígido: o desconhecimento da
falsificação. À primeira vista, o documento parece autêntico e é admitido como
tal, mas posteriormente o interessado descubra-o falso, no todo ou em parte,
vencido o prazo do art. 430. Por exemplo, na ação em que A pretende cobrar
do espólio de B a quantia x, juntando título de crédito, a conferência da
assinatura de B no título parecer autêntica, mas o inventariante C descobre a
falsificação ao receber correspondência de D.

O art. 221 do CPC italiano previu-se contra essa hipótese, livrando


a querela di falso de prazo preclusivo, salvo a inadmissibilidade decorrente de
pronúncia da falsidade em outro juízo por sentença transitada em julgado.419 A
hipótese já suscitou controvérsias naquele ordenamento.420

Entre nós, invocando a presumível fonte do art. 430, havia quem


sustentasse a arguição da falsidade em qualquer tempo, independentemente
do momento em que se produziu o documento.421 Ora, a jurisprudência do
STJ entendeu o contrário: “A arguição de falsidade submete-se ao prazo
preclusivo, previsto no art. 390 [de 1973]”.422 Em outro julgado, juntados os
documentos com a petição inicial, o STJ admitiu juízo de inadmissibilidade
prévio da arguição, porque competiria aos réus “suscitarem a sua falsidade na
contestação”.423 Por exceção, na busca da verdade real, admitiu-se a
importação da perícia realizada no processo conexo, no qual não se
conheceu de arguição intempestiva, como elemento de convicção para a
mesma finalidade.424

É preciso temperar a diretriz com a noção de justa causa (art. 223, caput,
parte final). Cabe à parte alegar e provar, na suscitação do incidente, o fato
imprevisível e alheio à prudência normal que lhe impediu de conhecer a
falsificação (v.g., a impossibilidade de leitura de cartões perfurados, hauridos
de outra empresa, como sucedeu com as empresas de banco que
incorporaram instituições financeiras menores), salvo casos em que ela é
flagrante.

Fora desses casos verdadeiramente excepcionais, havendo prazo


peremptório fixado no art. 434, caput, c/c art. 430, a faculdade de suscitar a
falsidade incidentalmente, desfazendo a fé do documento público ou do
documento particular, submete-se à preclusão do art. 221, caput, não
sobrevindo iniciativa, opportuno tempore, da parte desfavorecida pela prova
produzida. Não é pertinente a invocação do direito italiano, em que a querela
di falso incidental não se submete a prazo preclusivo.425

A preclusão pré-exclui só a via incidental. O interessado pode se valer da


via principal (art. 19, II), demandando a declaração de falsidade
autonomamente, criando nexo externo de prejudicialidade, e motivo para
reunir os processos por conexão, e da ação rescisória (art. 966, VI), transitada
em julgado a sentença proferida na causa.426

1.946.2. Quantitativo do prazo da arguição de falsidade – O prazo da


arguição de falsidade é, em princípio, fixo e peremptório. O esforço de
precisão do art. 430 não implica uniformização total do interregno. É de quinze
dias no procedimento comum (art. 434). Regra especial, v.g., reduz o prazo
de contestação para cinco dias na tutela cautelar antecedente (art. 307) e
talvez haja interesse em desconstituir a fé do documento que empresta
verossimilhança da pretensão.

Não se cinge à contestação a oportunidade de o réu suscitar o incidente


de falsidade. Produzido o documento pelo autor, espontânea ou forçadamente
em outra ocasião, inclusive nas hipóteses do art. 435, antes ou após o
encerramento formal da instrução, cumpre estabelecer contraditório,
propiciando a impugnação do art. 436. O art. 437, § 1.º, dilatou esse prazo
para quinze dias, obtendo a desejável uniformidade, sem pejo de dissipar
certo tempo. O réu suscitará o incidente de falsidade quanto aos documentos
produzidos pelo autor na réplica (arts. 347 e 348) igualmente no prazo de
quinze dias.

O prazo do autor, juntado o documento falso na contestação, é de quinze


dias. É o prazo previsto nos arts. 347 e 348. E, produzido o documento pelo
réu em outra ocasião, antes ou depois do término da instrução, o prazo de
quinze dias do art. 437, § 1.º Da mesma forma, contestando o réu mediante
impugnação direta os fatos afirmados na petição inicial, sem questões prévias
(v.g., vício na representação processual do autor) ou defesa de mérito indireta
(art. 350), mas acompanhada a defesa de prova documental, o prazo do autor
é de quinze dias.

É de quinze dias o prazo para os terceiros intervenientes e a parte


coadjuvante suscitarem o incidente, assinando o juiz oportunidade para se
manifestarem acerca do documento.

O art. 437, § 2.º, autoriza o órgão judicial, por identidade de motivos,


dilatar o quantitativo do prazo para a parte impugnar a prova documental (art.
436), e, conseguintemente, arguir a falsidade.

1.946.3. Contagem do prazo da arguição de falsidade – A contagem do


prazo obedece ao modelo comum (art. 218 c/c art. 219). Figurando dois ou
mais litigantes, no polo oposto à parte que produziu o documento, contar-se-á
o prazo para arguir a falsidade em dobro, nos termos do art. 229.427 O STJ
decidiu o seguinte, invocando o antigo direito: “A regra prevista no art. 191 do
CPC [de 1973] é aplicável ao incidente de falsidade, devendo o prazo para a
sua arguição ser contado em dobro no caso de litisconsortes com advogados
diferentes”.428

1.947. Iniciativa da arguição de falsidade

Os arts. 430 a 433 disciplinam a arguição de falsidade na suposição que


decorra da iniciativa da parte (principal, auxiliar ou coadjuvante) em desfazer
a força probante do documento público ou particular em proveito do próprio
interesse. O art. 430 institui o ônus de provocar o órgão judiciário (“… deve
ser suscitada…”). É a visão clássica do problema, fundada nos princípios do
processo liberal: ao juiz não cabe declarar falso o documento público, sem
postulação específica, tido por verdadeiro pelas partes.429 Ora, o art. 370
confere ao juiz poder de iniciativa concorrente em matéria de prova, sendo de
duvidar que essa linha de pensamento vigore no âmbito do processo
autoritário e perante a livre apreciação da prova (art. 371). Ademais, expungir
a prova falsa do valioso instrumento público desenvolvido para concretizar os
direitos dos cidadãos, compondo conflitos, ostenta flagrante interesse público,
ensejando, no direito italiano, a fase preliminar da interpelação da parte que
produziu o documento.430

A esse respeito, cumpre distinguir a espécie de documento (público e


privado) e a natureza do vínculo do juiz à respectiva fé ou força probante. A
declaração da falsidade propriamente dita, desconstituindo a fé do documento
– por exemplo, a anulação da escritura pública, em virtude da incompetência
do oficial público, provimento que só anulará o negócio jurídico por derivação
(retro, 1.923.2.2) –, depende da iniciativa da parte, porque é pretensão de
direito material, deduzida por via principal (art. 19, II) ou incidente (art. 430), e
não comporta decretação ex officio.431 A sentença que declarasse falso o
documento na motivação desobedeceria ao princípio da congruência (extra
petita). Defeitos flagrantes no documento público (e privado), segundo o art.
426, também comportam desconsideração da fé própria, apreciando o juiz,
livremente, a força probante remanescente.

Ressalvas feitas, a regra fundamental consta do art. 427, caput,


abrangendo os documentos públicos e os documentos particulares. A fé do
documento (alegadamente) falso, nos casos de formação de documento não
verdadeiro (art. 427, parágrafo único, I) ou de alteração de documento
verdadeiro (art. 427, parágrafo único, II), somente cessará no caso de ser-lhe
declarada judicialmente a falsidade. Esse dispositivo se conjuga ao art. 405: a
fé mencionada no art. 427, caput, respeita às declarações do oficial público
de visu et de auditu, e, não, às declarações do(s) figurante(s) do ato ou do
negócio jurídico. E a ulterior subdivisão, relativamente às declarações do(s)
figurante(s), entre manifestações de vontade e declarações de ciência (ou de
conhecimento), cujo ônus da prova é distribuído assimetricamente, tem pleno
cabimento. A escritura pública é caso à parte. Não admite prova em contrário,
salvo, justamente, a declaração de falsidade. E a fé do documento particular
baseia-se na distinção entre manifestações de vontade e declarações de
ciência e no regime das presunções dos arts. 405, 406 e 407 c/c art. 411, I e
II.

No tocante aos documentos particulares, o art. 428 estabelece a imediata


cessação da força probante, sobrevindo (a) contestação da assinatura (art.
428, I), salvo no caso do art. 411, I, porque, aí, a fé é do ato do tabelião, e (b)
alegação de preenchimento abusivo (art. 428, I), objeto de impugnação
simples, em geral, e, não, de impugnação qualificada.

Despreza-se, na prática, o arranjo legislativo. O órgão judiciário sente-se


inteiramente desvinculado desse regime e aprecia a prova documental, tout
court, conforme melhor lhe aprouver. Do contrário, a arguição de falsidade
mostrar-se-ia incidente corriqueiro e os julgamentos antecipados (art. 355, I)
relativamente infrequentes. O entendimento prevalecente simplifica
notavelmente a atividade judicial (na verdade, o trabalho intelectual do juiz ou
da juíza). Em nada aprimora a justiça da decisão, persuadindo as partes do
acerto do julgamento. E torna inúteis as disposições concernentes à prova
documental.

A gravidade do problema aquilata-se pela sistemática recusa do STJ em


reexaminar a falta de aplicação dessas regras, autênticas questi juris,
decidindo o seguinte em determinado caso: “A alegação de que apenas após
a sentença o réu, ora agravante, teria tomado conhecimento dos documentos
que comprovariam a falsidade dos documentos apresentados pela autora
resulta em reexame do contexto fático-probatório delineado nas instâncias
ordinárias”.432 O precedente ignora conjunto das disposições flagrantemente
violadas, dentre elas o art. 437, § 1.º.

A iniciativa da parte na arguição de falsidade envolve outros aspectos. É


preciso identificar o interesse na suscitação e a legitimidade ativa e passiva.
E, nessa rubrica, o sentido da palavra parte no art. 430 exige esclarecimentos.

1.947.1. Legitimidade ativa na arguição de falsidade – O art. 430 atribuiu o


ônus da arguição de falsidade à parte. Na criticável dicção legal, vislumbra-se
o mau vezo do circunlóquio e da obscuridade. O processo adquire a prova
independentemente da origem, ou seja, da iniciativa da parte ou da iniciativa
oficial, consoante o princípio da comunhão (retro, 1.356), atualmente acenado
no art. 371. Os elementos de prova têm como destinatário o juiz, a quem
incumbe o juízo de fato, e, portanto, a prova documental não é produzida
“contra” alguém, mas a favor da veracidade da alegação de fato. Quis o art.
430, na sua formulação lacônica, explicitar o interesse na declaração de
falsidade, perspectiva que descerra horizontes mais largos e nítidos.

Ora, segundo poderoso alvitre, só pode ter interesse “quem disso


necessita para demonstrar suas alegações”.433 A diretriz não é integralmente
exata. Na verdade, o interesse é de quem, considerando a regra de conduta
(distribuição estática ou dinâmica do ônus da prova), necessita desfazer a
prova da veracidade da alegação de fato do adversário. A situação concreta
revelará, ou não, benefício indireto da desconstituição da fé do documento do
adversário em proveito da própria alegação. Porém, o alvo do suscitante não
é o transcendente combate às falsidades documentais, mas a eficácia da
prova carreada pelo adversário e a ele, em tese, desfavorável.

Nem sempre o interesse é manifesto e ineludível na oportunidade


adequada à arguição. Em visão retrospectiva, considerando o acervo
probatório e a relevância do documento, a iniciativa talvez assuma relevo
secundário, representando excesso na atividade de instrução. Por exemplo,
na ação em que A pede a separação deB, fundando-se a autora no fato
de B visitar o motel X com C, no dia Y, e o réu alega que C é figurinista da
fábrica D, para a qual tirou pedido de roupas de cama desenhadas por C,
juntando suposta cópia do formulário, a declaração da falsidade deste
documento, uma vez produzida a prova oral (v.g., a coleta do depoimento
deF, diretor do motel X, negando o pedido, e das camareiras G e H,
testemunhando as relações sexuais de B e C), mostrar-se-á, a posteriori,
elemento de prova secundário no juízo de fato. Era bem outro o desafio da
autora A ao se contestar a demanda: não impugnando a veracidade do
documento, pela via hábil, arriscaria julgamento antecipado (art. 355, I). Logo,
o juiz admitirá o incidente com vista larga, reservando para momento mais
oportuno o juízo sobre a relevância, ou não, da prova documental.

À suscitação do art. 430 legitimam-se as partes, chegando-se a


reconhecer a legitimidade de quem produziu o documento, sob o fundamento
que a arguição de falsidade investe contra a fé do documento, e, não, contra o
falsário.434 É bem mais simples a parte, produzindo o documento, admitir a
falsidade do que pleitear-lhe a declaração de falsidade. Pode acontecer,
entretanto, que a prova beneficie o adversário e, nada obstante, o dever de
probidade (art. 5.º) imponha a produção do documento, afastando futuro
pedido de exibição, e tal prova seja contrária às razões de fato da petição
inicial ou da contestação, todavia conforme à verdade (art. 77, I). Em tal
hipótese, provando o documento favoravelmente ao adversário (v.g., a
escritura pública), forçoso admitir o interesse de quem produziu a prova em
juízo.

Legitimam-se, por igual, os terceiros intervenientes, a parte auxiliar e a


parte coadjuvante, cujo interesse maior consiste na preservação da
integridade da ordem jurídica, sem pejo do combate ao falsário na seara
penal. É duvidoso que certo litisconsorte, provada a defesa comum por
intermédio de documento falso produzido por litigante do mesmo lado, seja
desprovido de interesse. A prova falsa pode gerar efeitos devastadores no
espírito do juiz, conduzindo-o a desprezar outros elementos de prova
decisivos, ao ver do litisconsorte. Recomenda-se admitir o incidente
provocado pelo litisconsorte nessas circunstâncias.

Sobrevindo controvérsia entre as partes acerca da autenticidade de


instrumento público (v.g., a escritura pública), e não figurando, em nome
próprio, no processo, o tabelião não ostenta legitimidade para suscitar a
declaração incidental da autenticidade ou da falsidade.435 A invocação da
qualidade de parte (principal, acessória ou coadjuvante) no art. 430, incluindo
o pedido de transformação em questão principal (art. 430, parágrafo único),
realça a falta de legitimidade dos terceiros, ou seja, de quem ainda não
interveio espontânea (v.g., o assistente) ou forçadamente (v.g., o chamado
em garantia) na causa pendente. Eventualmente, há interessados em
desconstituir a eficácia probatória eventual do documento público ou particular
falso; porém, o remédio é a pretensão à declaração autônoma (art. 19, II).436 O
oficial público que lavrou o instrumento legitima-se apenas a intervir como
assistente de quem sustenta a autenticidade do documento público e, nessa
qualidade de parte auxiliar, então suscitar o incidente.

É curioso, mas concebível cogitar de eventual interesse em reclamar a


declaração da autenticidade do documento público ou particular, pretextando
a contraparte a falsidade da prova documental. Não há necessidade e,
portanto, interesse em lograr pronunciamento do juiz, na linha de raciocínio
aqui desenvolvida, pois a falsidade impõe à parte desfavorecida pela prova
documental o ônus de pedir a desconstituição da eficácia. Do contrário, a fé
do documento surtirá seus efeitos próprios e, no caso da escritura pública,
prova plena dos fatos que o tabelião declara de visu et de auditu, vinculando o
órgão judiciário a veracidade das declarações.

1.947.2. Legitimidade passiva na arguição de falsidade – O art. 432, caput,


manda o juiz, admitido o incidente, intimar a “outra parte” a responder no
prazo de quinze dias, mais uma vez imprecisa e incompletamente. Se o
interesse de quem arguiu consiste em desfazer ou desconstituir a fé da prova
favorável ao adversário, habilita-se a “responder” ao pedido, legitimando-se
passivamente, a(s) parte(s) a quem aproveita tal prova na causa pendente. O
suscitando declinará na petição em que postula a declaração de falsidade
contra quem endereça a pretensão segundo a diretriz explicada. A esta
pessoa o juiz mandará intimar para os efeitos do art. 432, caput.
O oficial público que subscreveu documento público (judicial, notarial ou
administrativo) não é parte obrigatória na arguição de falsidade. A declaração
de falsidade ou de autenticidade (art. 433) restringe-se à eficácia probatória. E
repercute no uso do documento, ou não, como elemento de prova com os
efeitos que lhe são próprios. Não é pretensão à desconstituição do
instrumento, conforme pretendeu errôneo julgado do STJ,437 e, desse modo, a
pessoa jurídica de direito público que emitiu título de domínio não é parte
obrigatória na arguição de falsidade incidental em litígio entre particulares.

Em arguição de falsidade, modalidade incidental de controle da falsidade


ou da autenticidade do documento – fato jurídico –, visando à eliminação da
eficácia probatória, a contradição compete às partes (principais, auxiliares e a
coadjuvante) interessadas em aproveitar semelhante eficácia em prol do
próprio interesse.

1.948. Suscitação da arguição de falsidade

Os arts. 430 a 433 simplificaram notavelmente o procedimento da arguição


de falsidade, desaparecendo a antiga distinção quanto à oportunidade, antes
ou depois de encerrada a atividade de instrução.

Em relação a esse aspecto, o art. 717 do CPC de 1939 dividira opiniões


acerca do momento em que, encerrada a instrução, o incidente processar-se-
ia, ou não, nos autos da causa.438 O entendimento então prevalecente
englobava os debates, marcando como termo final o início da prolação da
sentença em audiência.439Dilatava a expressão além do admissível. No CPC
de 1973, no qual a oportunidade da suscitação era mais flexível, o debate
(oral ou escrito) ocorria “finda a instrução”.440 Logo, sobrevindo a suscitação
no curso dos debates ou, na hipótese mais comum, no interstício que
transcorre entre o início dos debates orais, ou apresentação de memoriais, e
a emissão da sentença, o incidente tramitaria em autos próprios e apensos
aos “autos principais”. Esta era a única diferença no procedimento em suas
duas modalidades.

O relevo da suscitação antes do encerramento da instrução consiste em


obstar o emprego do documento falso no juízo de fato. É menos acertado o
alvitre que, nessa hipótese, basta a simples reclamação (rectius:
impugnação).441 Ao contrário, a suscitação do incidente é obrigatória para
eliminar a fé ou força probante do documento.

Não é privativa do primeiro grau, entretanto, a arguição da falsidade. Por


isso, cabe examinar os casos residuais em item autônomo (infra, 1.948.2).

1.948.1. Suscitação da falsidade no primeiro grau – Em princípio, as


partes produzem e contradizem a prova documental em primeiro grau.
Representa tarefa precípua do diretor do processo, nesse grau, formular o
juízo de fato, atendo-se à fé ou força probante documento. Declarada a
falsidade, mediante pedido prévio da parte, recairá sobre tal questão principal
a autoridade da coisa julgada (art. 433).

1.948.1.1. Competência na arguição de falsidade – A parte reclamará a


declaração incidental de falsidade perante o juiz da causa. A relação entre a
pretensão à declaração de falsidade e a causa, na qual se produziu o
documento, é de prejudicialidade interna parcial.

1.948.1.2. Forma da arguição de falsidade – Suscita-se a falsidade do


documento público ou particular por intermédio de petição escrita endereçada
ao juízo da causa. Deduzida semelhante pretensão, amplia-se o objeto
litigioso, e, de resto, a parte poderá pedir o exame dessa questão em caráter
principal (art. 430, parágrafo único), Logo, a contestação e a réplica, conforme
a hipótese, e a petição de impugnação (art. 437, § 1.º), nesse tópico
observarão os requisitos do art. 320.442

O art. 431 arrola, sem nenhum temor da redundância, a necessidade de o


suscitante narrar causa petendi (“… os motivos em que funda a sua
pretensão…”) e indicar os meios de prova.

Ao pleitear a declaração da falsidade, o suscitante suporta o ônus de


descrever em que consiste a falsidade material e ideológica do documento.
Segundo lição quase centenária, os documentos sofrem de quatro espécies
de falsidade: (a) por supressão; (b) por alteração; (c) por contrafação; (d) por
mentira.443 Em rara interpretação autêntica, o autor do anteprojeto do CPC de
1973 admitiu a síntese dessas classes no atual 427, parágrafo único, I e
II,444 idêntico ao direito anterior, perfilhando o alvitre que o inc. I abraça
“a formação do documento material e ideologicamente não verdadeiro”.445 Na
verdade, preconiza a desnecessidade de distinguir entre a falsidade
ideológica, relativa ao conteúdo, e a falsidade material, consistente na feitura
de documento falso ou na alteração de documento verdadeiro.446 Assim, sobre
o suscitante pesa o ônus de narrar fatos relativos à falsidade da formação
(conteúdo e forma) e à alteração de documento verdadeiro. Essa narrativa é
essencial ainda no caso de falsidade ictu oculi.

E incumbe ao suscitante, seguindo a sistemática do estatuto processual,


desde logo produzir a prova documental e especificar os meios de prova
hábeis à comprovação das suas alegações de fato. Idêntica é a disciplina do
direito italiano.447 A menção aos “meios” – portanto, mais de um – esclarece a
parte final do art. 431, caput. Recebida a resposta, o juiz mandaria realizar
perícia, a fim de apurar a falsidade.

Embora a prova pericial seja usual, necessária à formação do


convencimento e obrigatória, exigindo a pronúncia da falsidade conhecimento
técnico ou científico, prevendo-a indiretamente o art. 432, parágrafo único,
não é o único meio de prova admissível no incidente. Em particular, a
falsidade ideológica – manifestação de vontade não verdadeira – é suscetível
de prova testemunhal. A audição de testemunhas não visa a produzir prova
contra o documento, mas provar a falsidade.448 Por exemplo, a audição das
testemunhas instrumentárias, signatárias do documento particular, servirá
para precisar a data do documento ou identificar a pessoa que, passando-se
pela parte, subscreveu o documento; a do oficial que lavrou o instrumento
público esclarecerá o que ouviu e viu no ato; e assim por diante. Não mais se
controverte a admissibilidade dessas pessoas como testemunhas na arguição
de falsidade.449 A despeito da redação ambígua, sugerindo a obrigatoriedade
dessa audição, o art. 718 do CPC de 1939 agasalhava expressamente a
hipótese. Em consequência, havendo prova testemunhal, o juiz designará
audiência para ouvir as pessoas arroladas.450
A perícia no documento público notarial reclamará a providência do art. 46,
parágrafo único, da Lei 8.935/1994. Não é admissível, portanto, o pedido de
exibição.

O objetivo das exigências do art. 431 consiste em ensejar o


controle, prima facie, da admissibilidade do incidente.451

O art. 430, parágrafo único, de olhar fito nos limites objetivos da coisa
julgada, autoria ao suscitante requerer que seja julgado o pedido de
declaração incidental da falsidade como questão principal para os fins do art.
19, II. A rigor, embora passível de resolução incidente, o objeto do processo já
se ampliou objetivamente, razão por que o objetivo é harmonizar a resolução
dessa pretensão com o art. 500, caput. De toda sorte, o art. 430, parágrafo
único, atribui à iniciativa da parte a cumulação superveniente, não cabendo ao
órgão judicial, ex officio, decidir em caráter principal a arguição de falsidade. E
o pedido da parte há de ser expresso e inequívoco a esse propósito.

1.948.1.3. Controle da admissibilidade da arguição de falsidade – O juiz


dispõe de vasto arsenal de poderes contundentes, avultando, no art.
370, caput, o poder de instrução, faceta da direção material do processo. É
lícito no exercício pleno desse poder o indeferimento das diligências inúteis ou
meramente protelatórias. A disposição coloca a suscitação do incidente de
falsidade sem fundamentação persuasiva, ou fadado à futura rejeição, na alça
de mira dessa poderosa arma integrante dos poderes do juiz. Na vigência do
art. 718 do CPC de 1939, o entendimento prevalecente pré-excluía a rejeição
do pedido de declaração de falsidade, formulado na via principal, antes da
audição das testemunhas instrumentárias e do oficial público,452 apesar do
razoável alvitre em contrário.453 Não tem cabimento no regime em vigor.

Cabe ao juiz, fundado no art. 370, parágrafo único, rejeitar o incidente por
razões formais (v.g., falta de exposição de fato passível de incidência do art.
427, parágrafo único, I e II) e de fundo (v.g., a falsidade não envolve a
manifestação de vontade, mas declaração de ciência).

1.948.1.4. Intervenção do Ministério Público na arguição de falsidade – Os


arts. 427 a 430 não contemplam a intervenção do Ministério Público na
arguição de falsidade, nem a redação do art. 178, I, única disposição passível
de incidência no caso, mostra-se muito persuasiva. A hipótese legal de
intervenção do Ministério Público considera os interesses envolvidos no
mérito da causa (interesse público ou social).

Ora, a arguição de falsidade amplia o objeto litigioso, tornando-o


objetivamente complexo, em virtude da junção superveniente da pretensão à
declaração de falsidade. O suscitante narra fatos que, em tese, constituem o
crime de falsificação de documento público (art. 297 do CPB) e de falsificação
de documento particular (art. 298 do CPB), objeto de múltipla incidência, nas
normas incriminadoras e na lei processual. Logo, é obrigatória a intervenção
do Ministério Público, incumbindo ao suscitando requerer-lhe a intimação, ou
ao juiz ordená-la, ex officio, pronunciando-se após o prazo de resposta (art.
432, caput). A intervenção cessará com o julgamento da arguição de
falsidade.
1.948.2. Suscitação da falsidade no segundo grau – Ao eliminar a cláusula
“em qualquer tempo e grau de jurisdição”, constante do art. 390 do CPC de
1973, fiou-se o art. 430 na relativa rigidez imprimida à oportunidade assinada
à parte para, contradizendo a prova documental (art. 436), suscitar a arguição
de falsidade.

No entanto, por várias razões, a parte produz prova documental no


segundo grau, quiçá nos tribunais superiores, a exemplo da juntada
extemporânea (art. 435), da suscitação de questões novas diretamente na
apelação (art. 1.014) e da assaz comum juntada de documentos novos no
agravo de instrumento. Em casos tais, caberá a arguição no segundo grau.

1.948.2.1. Autos da arguição de falsidade tardia – Finda a instrução, no


direito anterior, formavam-se autos próprios para processar e julgar a arguição
de falsidade. Tal possibilidade, ante a fixação de prazos rígidos para suscitar
a falsidade da prova documental, desapareceu no direito vigente.

A formação de autos próprios e apensados aos autos principais constituía


a única diferença real e expressiva no procedimento da arguição de falsidade
suscitada antes ou depois do término das atividades de instrução. Aplicavam-
se, tout court, as disposições da subseção.454

Cabível que seja a suscitação da falsidade no tribunal, incidentalmente,


inexiste a necessidade de formar autos próprios, haja vista a falta de
imposição legal. Processar-se-á nos autos do recurso (v.g., apelação e agravo
de instrumento) ou da causa de competência originária do tribunal.

1.948.2.2. Objeto da arguição de falsidade tardia – O art. 393 do CPC de


1973 consagrava a possibilidade de a parte arguir a falsidade de documento
quando a causa já tramitava no tribunal. Em tal hipótese, aduzia a regra,
“processar-se-á perante o relator, observando-se o disposto no artigo
antecedente”. A omissão dessa atribuição no catálogo do art. 932 não
constitui óbice à aplicação da mesma diretriz, consoante o regimento interno
do tribunal.

O objeto dessa arguição de falsidade tão tardia, porque processada no


tribunal, originou controvérsia.

Por óbvio, julgada a causa no primeiro grau e interposto o recurso próprio


– apelação –, cessará a competência para processar e julgar o incidente de
falsidade passa ao órgão ad quem.455 A suscitação do incidente de falsidade,
ainda no primeiro grau, mas na pendência da apelação (v.g., antes do juízo
positivo de admissibilidade), constrange o juiz, superados os trâmites iniciais
do apelo que lhe competem, a remetê-lo ao órgão ad quem juntamente com o
recurso para ulterior processamento.456 Nem sequer lhe caberá admitir, ou
não, o incidente.

1.948.2.3. Competência do tribunal na arguição de falsidade tardia –


Admitindo-se, (a) nos casos excepcionais em que a alegação de força maior
elide a preclusão quanto ao desconhecimento da falsidade –, autorizando a
parte a arguir a falsidade no segundo grau, e (b) a possibilidade de a parte
juntar documentos novos no segundo grau, amparado nas hipóteses do art.
435, outras considerações vêm à baila.
Dos recursos do primeiro ao segundo grau, a interposição da apelação,
cessando a atividade em primeiro grau, traslada a competência ao órgão ad
quem. Em relação à prova documental aí produzida, ou operou da força
probante, ou a parte a desconstitui através da arguição.

Porém, no recurso própria contra a sentença – apelação –, por vezes o


recorrente produz prova documental no sentido próprio, interessando ao
recorrido arguir-lhe a falsidade. Não constitui objeto idôneo para esse mister
as cópias reprográficas de julgados estampados nos repertórios
especializados, cuja autenticidade, ou não, nenhum relevo apresenta. Ao
invés, quanto aos documentos produzidos para provar a força maior que
impediu o recorrente de suscitar questão de fato no primeiro grau (beneficium
nondum deducta deducendi, nondum probata probandi), autorizada no art.
1.014, talvez haja necessidade de desconstituir a respectiva força probante,
competindo ao apelado, se for este o caso, suscitar o incidente de falsidade, a
fim de repelir a eficácia probatória do documento e obstar reviravolta no
desfecho do processo através do conhecimento da questão nova.

É quanto a esses documentos, produzidos na apelação ou em outros


recursos, que cabe a arguição de falsidade no segundo grau.457 Não há outro
objeto concebível.

Os documentos produzidos nos momentos postulatórios próprios (retro,


1.940.1), ou seja, na petição inicial e na defesa, submetem-se, no direito
brasileiro, à impugnação nos prazos do art. 434.458 De ordinário, esses
documentos escapam da arguição incidental de falsidade tardia, ou por
declarados falsos, ou porque reconhecidos (expressa ou tacitamente)
autênticos. Somente podem ser objeto de ação autônoma ou, após o trânsito
em julgado, de ação rescisória.

A interposição de agravo de instrumento diretamente no tribunal não


enseja a arguição de falsidade no segundo grau em todos os casos. A
competência para processar e julgar a causa subsiste no juízo de primeiro
grau e nele a parte suscitará o incidente de falsidade quanto aos documentos
nesse interregno produzidos. No entanto, ao agravante se afigura lícito
produzir documentos novos na minuta do agravo de instrumento. Era explícita
a admissão dessa prova na antiga redação do art. 524, in fine (“… e juntar
documentos novos”) do CPC de 1973, mas a faculdade subsiste implícita no
art. 1.017, III. A esses documentos, almejando o agravado a declaração da
falsidade, também cabe a arguição. Não faz sentido remeter à competência
do órgão ad quem o conhecimento de quaisquer incidentes após o juízo de
retratação do primeiro grau (art. 1.018, § 1.º).459

É assaz controvertida a possibilidade de suscitação do incidente de


falsidade nos tribunais superiores da esfera civil (STF e STJ),460 salvo nas
causas de competência originária, em virtude da respectiva missão
constitucional, restrita à análise e julgamento de questi juris. Porém, nada
exclui a incidência excepcional do art. 435, relativamente à questão federal ou
constitucional objeto do recurso. O objeto da arguição de falsidade limitar-se-
á, na linha até aqui desenvolvida, aos documentos produzidos em recursos
pendentes nesses tribunais.461 Por exemplo, a tempestividade do recurso
pode ser provada mediante certidão do feriado local – Estados-membros e
Municípios ostentam competência legislativa limitada nessa matéria – até em
agravo regimental, consoante orientação do direito anterior.462 O art. 1.003, §
6.º, determina a comprovação da existência do feriado local no ato de
interposição do recurso. É modalidade de produção tardia de prova
documental. Ora, pode acontecer de o recorrente juntar certidão falsa da
autoridade local e o recorrido, de olhar fito na fé prevista no art. 405, pleitear-
lhe a declaração de falsidade. O processamento obedecerá às normas
regimentais.

Por fim, ficam abrangidos na competência do segundo grau os incidentes


de falsidade relativos à prova documental produzida nas causas de
competência originária (v.g., rescisória) dos tribunais de segundo grau (TJ e
TRF) e tribunais superiores (STF e STJ).

Anulada a sentença de mérito, a competência para processar e julgar a


arguição de falsidade retorna para o primeiro grau.463

1.948.2.4. Processamento da arguição de falsidade tardia – À falta de


qualquer prescrição, a arguição de falsidade processar-se-á segundo as
normas do regimento interno do tribunal. Em princípio, o processamento (da
admissão à instrução) compete ao relator.

Segundo concepção clássica, o relator obra como delegado do órgão


fracionário, e, não, em nome próprio, manifestando-se o colegiado sempre
que provocado por agravo regimental interposto contra as respectivas
decisões.464 As funções do relator avolumaram-se e tornaram-se, em nome da
economia e da simplificação dos julgamentos, porque abarrotados os tribunais
de recursos, marcadamente autônomas em relação ao órgão fracionário do
tribunal. A autonomia do relator se expressa nos extensos poderes de proferir
decisões singulares. Na realidade, o relator transformou-se em órgão do
próprio tribunal, obrando em nome próprio.

O processamento da arguição de falsidade, a cargo do relator, abarcará as


seguintes etapas: (a) juízo de admissibilidade positivo ou negativo, ensejando,
em qualquer hipótese, agravo regimental, conforme a previsão do regimento
interno; (b) a intimação do suscitado e a análise das atitudes concebíveis na
defesa; (c) a instrução do incidente, realizando a perícia do art. 432, parágrafo
único, e coletando prova em audiência, se for este o caso. O julgamento,
porém, compete ao órgão fracionário do tribunal.

A solução do art. 393 do CPC de 1973 recebeu nítida influência do direito


italiano. O julgamento da querela di falso, nos órgãos colegiados, ocorre
emcomposizione collegiale e, além disso, a possível incidência de norma
penal provoca a obrigatória intervenção do Ministério Público.465

Os regimentos internos dos tribunais podem conferir competência ao


relator para julgar singularmente a arguição de falsidade, suplementando o rol
do art. 932.466Porém, ao relator parece lícito delegar as atividades de instrução
ao juízo da causa em primeiro grau (v.g., a produção da perícia do art. 432,
parágrafo único).467

1.949. Efeitos da arguição de falsidade


A admissibilidade do incidente de falsidade submete-se ao controle oficial
(retro, 1.948.1.3). Admitido o incidente, proferido juízo de admissibilidade
positivo, a pendência da arguição de falsidade não mais importa suspensão
do processo principal. O efeito suspensivo previsto no art. 394 do CPC de
1973 não era automático, mas ope judicis.468 Em relação ao art. 719 do CPC
de 1939, que previa a precedência do julgamento da arguição de falsidade
incidente a suspensão da causa (“… que será suspensa…”), ope legis, o art.
394 do CPC de 1973 temperou o efeito suspensivo, colocando-o sob o
controle do juiz, conforme a relevância do documento
impugnado. Debelava-se o risco do uso protelatório do incidente.
469

Era duvidoso o alcance da suspensão. No alvitre da prejudicialidade da


subsistência da fé, ou não, do documento público ou do documento particular,
quanto aos rumos da atividade de instrução, surgiu entendimento no sentido
do efeito suspensivo total do processo.470 Em sentido contrário, convém
ponderar o receio de procrastinação e o direito fundamental processual à
razoável duração do processo. O efeito suspensivo total mostrar-se-ia
contraproducente, a mais das vezes, retardando atos de instrução autônomos;
por exemplo, processando-se a coleta de prova através de carta precatória,
mas exaurido o prazo fixado, o efeito suspensivo total retardaria o processo
além da medida. Por essas razões, o efeito suspensivo impediria só o
julgamento da causa.471 Na pendência do então efeito suspensivo, o STJ não
admitiu o julgamento antecipado hoje contemplado no art. 355, I.472

Também se sustentava que, havendo cumulação de pretensões


processuais originária, o efeito suspensivo atingiria apenas a pretensão
processual prejudicada pela declaração da falsidade, ou não, do documento
objeto da pretensão deduzida, in simultaneo processu.473 A vantagem prática
dessa orientação visava à sentença parcial de mérito, hoje prevista no art.
356.

Essas considerações conduziram à extirpação do efeito suspensivo ope


iudicis. O juiz processará a arguição, independente de outras atividades,
resolvendo-o como questão incidente ou, havendo pedido (art. 430, parágrafo
único), como questão principal (art. 433).

1.950. Defesa na arguição de falsidade

O exercício da pretensão incidente à declaração da falsidade, ou não, do


documento, amplia objetivamente o objeto litigioso, embora só pedido
expresso a transforme em questão principal (art. 430, parágrafo único). Essa
pretensão acrescenta matéria antes inexistente ao processo. Desse modo, a
iniciativa impõe a complementação da fase postulatória do processo em curso
e, se for o caso, saneamento e etapa de instrução, propiciando que, a mais
das vezes, chegue ao estágio da(s) pretensão(ões) originária(s), autorizando,
destarte, julgamento simultâneo.

O art. 432, caput, ordena que o(s) réu(s) na pretensão incidente (retro,
1.947.2) seja ouvido. No direito anterior, existia autêntica citação,474 na pessoa
do advogado constituído.475 O art. 430, caput, preferiu fórmula, ambígua,
evitando o verbo “responder”. O sentido geral de defesa na audiência do
suscitado permanece incólume. É obrigatória a providência da audição prévia
(art. 10),476 sendo inválida a precipitação do julgamento, de meritis, da
pretensão à declaração da falsidade.

A defesa na arguição de falsidade suscita importantes questões: (a) prazo


de resposta; (b) modalidades de resposta; (c) atitudes do suscitado na defesa.

1.950.1. Prazo de resposta na arguição de falsidade – O art. 432, caput,


assina ao(s) suscitado(s) o prazo de quinze dias. A contagem desse prazo é a
comum (art. 217 c/c art. 219). Ele comporta a dilatação do art. 227.477

1.950.2. Modalidades de resposta na arguição de falsidade – O art.


432, caput, evitou o emprego do verbo responder. No entanto, o mais comum
é o suscitado contestar, máxime se o suscitante formulou o pedido de
julgamento da arguição como questão principal (art. 430, parágrafo único).
Por óbvio, concebem-se outras atitudes do suscitado, como a inércia total e o
reconhecimento do pedido, propugnando o desentranhamento do documento
questionado, aliás, aventada no art. 432, parágrafo único. Nenhuma outra
modalidade de defesa mostra-se, a priori, inadmissível.

A contestação comporta a estrutura usual (retro, 314). O suscitado


sustentará a autenticidade do documento, impugnando os fatos alegados pelo
suscitante e, se for o caso, apresentando outra versão, e especificará os
meios de prova porventura cabíveis ao caso.478

Em tema de exceções, a resposta do suscitado invocará, se for este o


caso, o impedimento e a suspeição do juiz, expondo motivos hábeis. O
problema de competência constituirá objeção na contestação (art. 337, II).

Ao produzir prova documental para provar a falsidade, o suscitante


franqueia ao suscitado, de seu turno, o pedido reconvencional de declaração
da falsidade, revelando-se desnecessário, todavia, a formulação de
contrapedido de declaração de autenticidade do documento impugnado, por
força da natureza dúplice da pretensão à declaração (retro, 231).

1.950.3. Atitudes do suscitado na arguição de falsidade – A contestação


não é a única atitude concebível do suscitado. Concebe-se a inércia do
requerido e, conseguintemente, revelia. E, de ordinário, produzir-se-á o efeito
material do art. 344.479 O comportamento determinante do suscitado pré-exclui
a presunção de veracidade do documento particular. No que tange aos
documentos públicos, todavia, as declarações do oficial do que percebeu de
visu et de auditu, na forma do art. 405, e a prova plena da escritura pública
(art. 215, caput, do CC), não comportam semelhante ilação, em virtude da
indisponibilidade dos interesses. Em tais casos, portanto, a inatividade não
surte o efeito do art. 341, cabendo ao juiz realizar a perícia contemplada no
art. 432, caput, parte final.

Também se concebe o reconhecimento do pedido. O art. 432, parágrafo


único, prevê curiosa forma de reconhecimento tácito: a formulação do pedido
da “parte que produziu o documento” de desentranhamento. O direito italiano
estimula essa possibilidade através do sistema da interpelação prévia.480 O
direito brasileiro ignora o incidente prévio, mas disciplinou semelhante atitude
do suscitado no art. 432, parágrafo único, acolhendo alvitre doutrinário nesse
sentido externado na vigência do CPC de 1939.481 Formulado o pedido, em
caráter principal ou, consoante a regra da eventualidade, no corpo da
contestação, o juiz mandará ouvir o suscitante – as providências preliminares
têm cabimento no incidente –,482 e, havendo consentimento expresso,
autorizará o desentranhamento, sem pejo de remeter cópias ao Ministério
Público. O juiz se encontra adstrito ao consenso das partes a esse
propósito.483

Eventual desacordo, recusando o suscitante o desentranhamento, porque


lhe interessa a declaração de falsidade, em princípio prosseguirá o incidente,
versando este o documento público. Razões similares às da rejeição da
presunção de veracidade, na hipótese de revelia, recomendam o
prosseguimento: o interesse público exige a apuração da falsidade e, em caso
positivo, a responsabilização civil, penal e administrativa do oficial público. A
fé dos documentos particulares, ao contrário, apresenta-se disponível para
seus figurantes. Assim, havendo desacordo, mas reconhecimento do pedido,
o juiz declarará a falsidade, seja a questão incidental ou principal. Em certo
precedente, o STJ entendeu prejudicado o incidente de falsidade – juntada de
fotografias que não retratariam a morada de idosos, objeto da controvérsia –,
mas a solução há de ser entendida como atípica.484

1.951. Instrução da arguição de falsidade

O art. 432, caput, parte final, sugere a realização obrigatória e inexorável


da prova pericial.

No entanto, a prova pericial não é o único meio de prova admissível, em


tese, na arguição de falsidade. Na vigência do CPC de 1939, realçou-se a
admissibilidade de quaisquer meios de prova, compilando a antiga doutrina
italiana,485 reservando-se a prova pericial à falsidade material (v.g., falsificação
de assinatura). E, realmente, a perícia é obrigatória em casos tais, porque
depende de conhecimento científico, mas não é inexorável,486 conforme a
espécie de falsificação.487 Por sinal, há casos tão flagrantes (v.g., na
assinatura do documento público) que nenhuma outra prova se mostra
necessária.488

O art. 438 institui duas regras específicas quanto à perícia para apurar a
falsidade material. Em primeiro lugar, o juiz escolherá o perito dentre os
técnicos dos estabelecimentos públicos especializados. São órgãos auxiliares
da polícia judiciária. Ademais, o art. 478, § 3.º, autoriza a requisição de
espécimes paradigmas, recaindo a falsificação na assinatura, ou a coleta
desses paradigmas, mediante ditado ou por cópia, dizeres diferentes, para
fins de comparação (infra, 2.010). Feita a perícia, todavia, o juiz colherá a
manifestação das partes antes de julgar o incidente.489

O exame dos livros notariais realizar-se-á na sede do ofício notarial (art.


46, parágrafo único, da Lei 8.935/1994). Às vezes, requisitados os livros,
ficavam retidos por meses na sede do juízo, em prejuízo da atividade do
tabelião, impossibilitado de extrair certidões a pedido dos interessados. A
despeito da finalidade nobre, nem sempre se mostrará praticável periciar o
livro in loco, conforme a natureza do exame e os equipamentos necessários.
Em tal hipótese, o juiz permitirá que os livros sejam retirados pelo perito e
levados ao laboratório, fixando prazo para oportuna restituição. Não é tão
inovadora a regra. Os documentos depositados na célebre Torre do Tombo
não podiam ser retirados pela autoridade judiciária.490

Em tema de prova testemunhal, admite-se a coleta dos depoimentos do


oficial público e das testemunhas instrumentárias.491 Não é prova
indispensável.492

É possível vencer a etapa de instrução no caso de o suscitado não exibir


espontaneamente o original da cópia inquinada de falsa.493 O comportamento
determinante enseja a ilação de reconhecimento tácito.

1.952. Decisão da arguição de falsidade

Função e estrutura do incidente de falsidade no direito brasileiro revelam:


(a) ampliação superveniente do objeto litigioso, e, eventualmente, da área
coberta pela autoridade de coisa julgada, mediante a introdução de pretensão
à declaração da falsidade de documento, passível de formar objeto litigioso
autônomo (art. 430, parágrafo único, c/c art. 19, II); (b) esforços tendentes a
harmonizar a tramitação da pretensão superveniente com o estágio já
alcançado pela pretensão originária. Essas particularidades repercutem no
julgamento previsto no art. 433.

1.952.1. Momento da decisão da arguição de falsidade – Em virtude da


natureza do incidente e da estrutura do procedimento, imperativo o
julgamento conjunto da pretensão originária e da declaração incidente da
falsidade do documento.494 Esta constitui a regra inerente ao liame entre as
pretensões (art. 55, § 1.º). Não é exato, pois, somente se tornar possível o
julgamento da pretensão originária após o trânsito em julgado da declaração
incidente.495 Por óbvio, ante a prejudicialidade, a arguição da falsidade
precederá logicamente a resolução do restante do mérito.496

Deduzida a questão da falsidade como principal, a teor do art. 430,


parágrafo único, o julgamento conjunto é imperativo, porque há de caber
apelação (infra, 1.905.2).

O julgamento simultâneo autoriza ao capítulo acessório acerca da


sucumbência dispor sobre honorários de advogado, arbitrados por
equidade,497 eventualmente a respeito da recíproca sucumbência, e, não, só
as despesas processuais, conforme decidiu o STJ.498

1.952.2. Regra de julgamento da arguição de falsidade – O art. 426 institui


regra de julgamento (retro, 1.338.2), ou seja, regra sobre o ônus da prova, no
tocante à arguição de falsidade. Essa disposição incide na hipótese de a
instrução não permitir juízo seguro acerca da falsidade do documento. Era
omissa a disciplina do CPC de 1939, competindo o ônus da prova a quem
alegava o vício.499 O art. 429 do NCPC corresponde, no essencial, ao art. 389
do CPC de 1973.

A regra especial distribui o ônus estaticamente. Ressalva feita à


impugnação da autenticidade, o ônus da prova obedece à regra geral da
distribuição estática (art. 373, I). Fatos constitutivos do pedido – motivos da
falsidade ou preenchimento abusivo – devem ser provados por quem os alega
na suscitação do incidente, a teor do art. 429, I. Ao invés, contestada a
assinatura, cumpre distinguir: (a) militando a favor da autenticidade a
presunção do art. 411, I, decorrente da fé pública do tabelião no
reconhecimento de firma por autenticidade, ou da certificação (art. 411, II), o
ônus da prova é de quem alega a falsidade de um ou de outro ato; (b) nos
demais casos, o ônus da prova incumbe à parte que produziu o documento,
presumivelmente a favor da veracidade da própria alegação de fato (art. 429,
II).500 Tal sistema simplifica a distribuição dos riscos no incidente: impugnado
documento público ou particular autêntico, o ônus da prova incumbe a quem
alega a falsidade; não sendo presumidamente autêntico o documento
particular, o ônus da prova toca à quem produziu o documento e pretende
extrair efeitos a seu favor.501

1.952.3. Recurso próprio da decisão da arguição de falsidade – O


julgamento conjunto mostrava-se admissível, segundo a jurisprudência do
STJ,502 mas não era obrigatório. Decidindo o juiz separadamente o incidente,
controverteu-se o recurso próprio para impugnar o ato. O art. 395 chamava ao
provimento de sentença, mas atribuía-lhe o efeito de “resolver o incidente”, e
as resoluções de incidente constituem decisões interlocutórias. Em
memorável julgado, o STJ admitiu, tout court, a impugnação mediante agravo
de instrumento.503 Posteriormente, emitida sentença terminativa,504 ou julgado
o mérito,505 mas tramitando o incidente em autos próprios, porque finda a
instrução, entendeu cabível apelação. Razões sistemáticas indicavam o
agravo de instrumento como recurso próprio em qualquer
hipótese, admitindo-se o aproveitamento do recurso impróprio como próprio
506

(fungibilidade).507 O certo é que a resolução comportava impugnação pelos


meios ordinários.508 Das formas de agravo então previstas, cabível é o agravo
de instrumento, pois a decisão causa gravame irreparável à parte.509

Inteiramente distinto é o regime de impugnação das resoluções de


primeiro grau no NCPC. O agravo de instrumento só é cabível contra as
decisões arroladas no art. 1.015 ou por expressa disposição legal. As
questões resolvidas incidentemente não precluem, abrigando-se no efeito
devolutivo da apelação (art. 1.009, § 1.º), caso sejam arguidas em preliminar.
Daí por que, havendo o pedido do art. 430, parágrafo único, o julgamento
conjunto é obrigatório, porque o órgão judicial resolverá as questões principais
no dispositivo da sentença. Decidida a arguição como questão incidente, não
caberá agravo de instrumento, porque ausente o assunto do catálogo do art.
1.015, aplicando-se, desse modo, o art. 1.009, § 1.º.

1.952.4. Efeitos da decisão da arguição de falsidade – Rejeitado ou


acolhido o pedido de declaração da falsidade, a decisão declarará a
autenticidade ou a falsidade do documento. Força e efeitos do provimento são
declarativos.510 Em outras palavras, o provimento tem função de declaração
positiva,511independentemente de contrapedido do suscitado. O objeto da
arguição de falsidade consiste no “accertamento di fatto” (art. 19, II).512

É incabível o hipotético desfecho, sugerido na doutrina


peninsular,513 segundo o qual, não ficando provado que o documento é falso
ou verdadeiro, o juiz rejeitará o incidente sem pronunciar a
autenticidade.514 Estabeleceu o contrário o art. 433 e, para essa finalidade,
inexistindo prova da falsidade, institui regra de julgamento específica no art.
429, I e II (retro, 1.952.2).
É possível o provimento suprir a parte falsa e restaurar a integridade
original do documento.515 Por exemplo, o registro da escritura de A ocorreu
antes do registro da escritura de B, ao contrário do assento lavrado, fato
importante na aquisição do domínio; ou, no instrumento particular em
que B confessou dever X para A, o valor da dívida não é X + Y; e assim por
diante.

1.952.5. Autoridade da decisão da arguição de falsidade – A decisão da


arguição de falsidade produz autoridade de coisa julgada na hipótese de
acolhimento ou de rejeição do pedido formulado nos termos do art. 430,
parágrafo único, c/c art. 19, II.516

A autoridade da sentença opera inter partes (art. 503).517 Não atinge


terceiros.518 A tese da eficácia erga omnes da querela di falso italiana,
declarando a falsidade ou a autenticidade do documento perante todos, e, no
caso de falsidade, suprimindo a eficácia probatória do documento,519 infringe
ao art. 503. Dizer que a declaração de falsidade de um documento deve
vincular a todos, porque respeita à qualidade de uma coisa, e, não a uma
relação jurídica, e uma coisa não pode ser falsa para Ae B e autêntica
para C e D, é simples “discurso superficial”.520 Não há motivo para derrogar a
regra curial dos limites subjetivos da coisa julgada. Razões constitucionais
impediriam prejuízo de quem não participou da contenda e usufruiu a
oportunidade de defender seu alegado direito.

§ 401.º Apreciação da prova documental

1.953. Sistemática da apreciação da prova documental

A seção que se ocupa da prova documental no NCPC inicia, à


semelhança do direito anterior, com subseção dedicada à força probante dos
documentos. À exceção dos arts. 417 e 418, relativos à exibição dos livros
empresariais, talvez melhor situados no contexto da exibição de documento e
de coisa, e dos artigos versando a desconstituição da eficácia probatória dos
documentos, integrantes da rubrica da arguição de falsidade (arts. 430 a 433),
seguramente não se ocupam do assunto só os arts. 431 a 435, excluído o art.
436. Pode-se dizer que, ao fim e ao cabo, a disciplina da prova documental é
o regime da fé, ou da força probante ou da eficácia probatória dos
documentos.

A explicação dessa ênfase avulta na predominância da prova documental


no processo contemporâneo. E, ademais, o princípio da escritura (retro,
104.1) sempre dominou o procedimento comum brasileiro. Escreveu-se
magistralmente na obra fundamental em tema de saneamento do processo:
“Nossos atos postulatórios são escritos; sua apresentação em juízo e a
produção da prova documental, tantas vezes a única a existir, não se fazem
em audiência; nossas discussões orais são renunciáveis; nossas sentenças,
salva a publicação independem de audiência”.521 Hoje, urge acrescentar, raras
sentenças são proferidas em audiência. Seja como for, o predomínio da prova
documental ensejou a técnica da abreviação do procedimento, abstraindo a
fase do procedimento comum em que predomina a atividade de instrução,
autorizando o juiz a conhecer diretamente do pedido (art. 355, I), a fim de
acolhê-lo ou de rejeitá-lo consoante a apreciação da prova documental.
Voz da mais alta respeitabilidade em matéria de direito probatório averbou
de anacrônica semelhante preponderância, não se justificando “no sistema da
livre apreciação da prova que impera no direito moderno”.522 Não é o sistema
da lei brasileira, em que a livre apreciação submete-se a limitações, nem
sempre respeitadas e observadas. Na realidade, a fé da prova documental
pré-exclui a livre apreciação, vinculando – limitadamente – o órgão
judiciário.523 Por óbvio, há ressalva à declaração judicial em contrário à fé que
é própria ao documento (art. 427, caput). Eis a chave do julgamento
antecipado – e o ônus de o réu, além de contestar precisamente os fatos
articulados pelo autor na petição inicial, contraditar a prova documental
produzida (art. 434) e, se for este o caso, produzir contraprova documental. A
bem da verdade, a eficácia vinculativa da prova documental era incompatível
com o sistema da audiência de instrução obrigatória do procedimento
“ordinário” do CPC de 1939. Implicitamente que seja, o sutil e sagaz arranjo
legislativo do CPC de 1973, quanto à fé dos documentos públicos e privados,
forneceu base sólida ao julgamento antecipado.

Os documentos dividem-se em duas categorias fundamentais: (a)


documentos públicos; e (b) documentos particulares. Varia a fé, eficácia ou
força probante de cada espécie.

Os documentos públicos fazem prova da respectiva formação (v.g., data e


autoria) e dos fatos que o oficial público (escrivão, no documento público
judicial; tabelião, no documento público notarial; e servidor público civil ou
militar, no documento público administrativo) declara que se passaram na sua
presença (art. 405). Esses documentos são autênticos por definição e, para
tal, necessitam da subscrição (v.g., assinatura da sentença pelo juiz).524 É
ainda mais rigorosa a fé da escritura pública, subespécie de documento
público notarial: o art. 215, caput, do CC, declara que faz prova plena, ou seja,
não admite contraprova. Essas disposições culminam progressiva evolução
histórica.525

Relativamente aos documentos particulares, dizem-se autênticos quando


a respectiva autoria é certa, ministrando o art. 410 regras para apurá-la,
existindo dúvida; porém, havendo reconhecimento de firma por autenticidade
(art. 411, I), ou a certificação do art. 411, II, o documento particular considera-
se autêntico. Os documentos particulares autênticos permitem presumir a
veracidade das manifestações de vontade do signatário (art. 408, caput),
incumbindo à contraparte o ônus de lhes impugnar a veracidade; mas,
contendo declarações de ciência, o ônus de provar a veracidade toca a quem
produziu o documento.

Ora, o réu necessita contraditar a prova documental de forma hábil e


eficiente na contestação (retro, 330.4). Do contrário, eventual controvérsia
sobre as alegações de fato do autor, de acordo com o art. 341, caput,
mostrar-se-ia inútil, porque o juiz consideraria os fatos controvertidos
documentalmente provados, precipitando o julgamento na forma do art. 355, I.
Claro está que o mesmo vale para a prova documental produzida pelo réu na
contestação (art. 336, in fine), conforme o teor da defesa (arts. 350 e 351).

Fitando as atitudes do réu, a reação que lhe impõe a prova documental


produzida pelo autor, talvez indispensável ao exercício da pretensão (art.
321), há de ser particularmente qualificada para inibir a fé dos documentos
públicos: a arguição de falsidade, na forma do art. 427, caput, e parágrafo
único, I e II. Em relação aos documentos particulares, conforme o art. 436, o
réu necessitará tomar as seguintes atitudes: (a) negar-lhe admissibilidade
(v.g., alegação de ilicitude); (b) negar-lhe a autenticidade, ou seja, impugnar a
assinatura, casos em que cessa automaticamente a fé do documento
“enquanto não se [lhe] comprovar sua veracidade” (art. 428, I); (c) alegar a
falsidade; (d) negar-lhe a veracidade do contexto, ou seja, negar a veracidade
das manifestações de vontade, eventualmente invocando vício da vontade, e
das declarações de ciência. No caso particular da alegação que o autor
preencheu abusivamente o documento autêntico, mas assinado em branco,
também cessará a fé do documento particular, incontinenti, como preconiza o
art. 428, II, e parágrafo único.

Essa sistemática não é bem vista. A fé dos documentos públicos, em


especial, nasceu e desenvolveu-se em ambiente intelectual em que a escrita
era dominada pela elite culta, em geral, e pelos tabeliães, em particular, não
exibindo plena justificativa racional perante os modernos meios de registro de
imagem e de som. Esse ponto de vista incorre no exagero de evocar a fé das
pessoas comuns do relato escrito de jornalista ou as imagens transmitidas
pelo canal aberto de televisão,526olvidando que estas são ordinariamente
editadas, a bel prazer do chefe de redação, e as opiniões dos jornalistas tão
confiáveis e fidedignas quanto a de qualquer testemunha, mas geralmente
bem inferior, porque depoimento ex auditu e expressão da linha editorial do
periódico. E, de toda sorte, os arquivos de sons e de imagens constituem
prova documental como qualquer outra.

Os vínculos produzidos pela prova documental têm base racional e não


infringem aos direitos fundamentais processuais. Problema completamente
diverso consiste na interpretação do conteúdo dos documentos.

1.954. Interpretação da prova documental

Os documentos públicos e particulares autênticos, bem como os


documentos particulares não assinados (v.g., os livros empresariais), exibem
certo conteúdo (retro, 1.953). Este conteúdo exigirá interpretação do órgão
judiciário na motivação dos provimentos judiciais (art. 371, in fine).

São comuns as contradições entre os elementos de prova contidos no


processo. Importa, antes de mais nada, verificar como resolvê-las. Em nosso
sistema jurídico, as diretrizes aplicáveis à prova documental:

(A) a prova testemunhal (art. 443, I, primeira parte), nos casos em que ela
não é excluída (v.g., art. 444, parte inicial) ou que é lícita a contraprova dessa
espécie sem o manejo da arguição de falsidade, ocupa posição inferior: os
depoimentos constituem flatus vocis;527

(B) a confissão da parte nos litígios acerca de direitos disponíveis


predomina sobre as declarações dos documentos particulares, dependendo
da declaração da falsidade a pré-exclusão da força probante dos documentos
públicos;

(C) a prova pericial e, a fortiori, a inspeção judicial, predominam sobre a


eficácia probatória dos documentos particulares e públicos; quer dizer,
admitem livre apreciação (v.g., a declaração de ciência do instrumento
público, quanto à metragem X do terreno Y, na verdade apurada na perícia
como sendo Z),528 no que respeita ao conhecimento técnico, científico,
artístico ou prático.

O desafio da prova documental não consiste, entretanto, nesses aspectos.


Eles são conhecidos e manejados na função judicante. A autenticidade do
documento eletrônico, por exemplo, constitui problema real na apreciação da
prova documental. Porém, tampouco esgota o tema.

A inteligência do juiz enfrentará, essencialmente, o conteúdo do


documento, havendo impugnação (art. 436, IV), o sentido das palavras que
expressam manifestações de vontade, declarações de ciência e de verdade,
nos documentos públicos e particulares.529 A par dos aspectos sintáticos, ou
seja, da velha análise sintática apreendida no curso secundário, pertinente e
necessária na apreciação da prova documental, a diferença entre texto e
contexto é aludida no art. 436, IV. Eis o maior desafio ao aplicador.

Do contexto ocupa-se a semiótica, examinando a coerência e,


principalmente, o ambiente, o espaço e o tempo.530 Intuitivamente, v.g.,
percebe-se que declarações de afeto, hoje manifestadas sem reservas pelas
pessoas solteiras em missivas físicas ou eletrônicas (e, portanto, provam
muito pouco), apresentavam sentido completamente diferente que há
cinquenta anos, hipótese em que provarão muito. Logo, a apreciação de umas
e de outras no documento particular há de levar em conta o contexto
temporal. Também interessa à semiótica textual a atitude do autor do
documento ao confeccioná-lo ou mandar elaborá-lo por sua conta,
expressando dúvida, esperança ou certeza, por exemplo. Aos juízes
profissionais falta preparo específico nessa área de saber, exceto quanto aos
aspectos gramaticais mais evidentes e históricos; de regra, valem-se da
própria intuição e de regras de experiência ordinária, situando-se na posição
de leitor comum na avaliação do contexto.531Nada impede e, ao contrário, a
apreciação do contexto convida o juiz recorrer à opinião de especialistas, no
âmbito do poder de instrução (art. 370), e produzir prova pericial a esse
respeito.

Capítulo 86. PROVA TESTEMUNHAL


SUMÁRIO: § 402.º – Prova testemunhal em geral – 1.955. Conceito de
testemunha – 1.956. Fonte do conhecimento da testemunha – 1.956.1.
Depoimento de ciência própria – 1.956.2. Depoimento de ciência alheia –
1.957. Espécies de testemunhas – 1.957.1. Testemunha de visu e
testemunha ex auditu – 1.957.2. Testemunha instrumentária e testemunha do
juízo (ou judicial) – 1.957.3. Testemunha referente e testemunha referida –
1.957.4. Testemunha compromissada e testemunha informante – 403.º
Cabimento da prova testemunhal – 1.958. Sistemas de admissibilidade da
prova testemunhal – 1.959. Inadmissibilidade da prova testemunhal – 1.959.1.
Fatos já provados por confissão – 1.959.2. Fatos já provados por documento
– 1.959.3. Fatos dependentes da prova documental – 1.959.4. Fatos
subordinados à prova pericial – 1.960. Inadmissibilidade da prova testemunhal
exclusiva – 1.960.1. Âmbito objetivo da restrição à prova testemunha
exclusiva – 1.960.1.1. Determinação ad valorem do objeto da restrição da
prova testemunhal exclusiva – 1.960.1.2. Determinação do fato negocial
objeto da restrição da prova testemunhal exclusiva – 1.960.2. Âmbito subjetivo
da restrição à prova testemunhal exclusiva – 1.961. Admissibilidade da prova
testemunhal complementar – 1.961.1. Prova testemunhal complementar ao
começo de prova escrita – 1.961.1.1. Função do começo de prova –
1.961.1.2. Conceito e natureza do começo de prova – 1.961.1.3. Requisitos
do começo de prova – 1.961.2. Prova testemunhal subsidiária à
impossibilidade da prova escrita – 1.961.2.1. Impossibilidade material da
prova escrita – 1.961.2.2. Impossibilidade moral da prova escrita – 1.962.
Admissibilidade da prova testemunhal plena – § 404.º Estatuto da testemunha
– 1.963. Aptidão da testemunha – 1.963.1. Deposição da pessoa jurídica –
1.963.2. Deposição do juiz – 1.964. Capacidade da testemunha – 1.964.1.
Incapacidade da pessoa absolutamente incapaz – 1.964.2. Incapacidade da
pessoa sem discernimento – 1.964.3. Incapacidade da pessoa sensorialmente
deficiente – 1.964.4. Incapacidade da pessoa interessada – 1.964.4.1.
Interesse em razão da incompatibilidade de funções – 1.964.4.2. Interesse em
razão de parcialidade – 1.964.4.3. Interesse em razão de excessos
emocionais – 1.964.5. Incapacidade do cônjuge e dos parentes – 1.965.
Deveres da testemunha – 1.965.1. Dever de comparecer da testemunha –
1.965.2. Dever de depor da testemunha – 1.965.3. Dever de veracidade da
testemunha – 1.966. Direitos da testemunha – 1.966.1. Direito de convocação
prévia – 1.966.2. Direito à audição do juiz – 1.966.3. Direito de recusar a
deposição – 1.966.4. Direito ao tratamento digno – 1.966.5. Direito ao
reembolso das despesas da testemunha – 1.966.5.1. Objeto do reembolso da
testemunha – 1.966.5.2. Iniciativa do reembolso da testemunha – 1.966.5.3.
Responsabilidade pelo reembolso da testemunha – 1.966.5.4. Forma do
reembolso da testemunha – § 405.º Produção da prova testemunhal – 1.967.
Admissão da prova testemunhal – 1.968. Tempo da prova testemunhal –
1.968.1. Depoimento prestado ante causam – 1.968.1.1 Depoimento
antecipado em razão de ausência – 1.968.1.2. Depoimento antecipado em
razão da idade – 1.968.1.3. Depoimento antecipado em razão da saúde –
1.968.2. Depoimento prestado por carta – 1.968.3. Depoimento antecipado
incidentalmente – 1.969. Lugar da prova testemunhal – 1.970. Depósito do rol
de testemunhas – 1.970.1. Funções do rol de testemunhas – 1.970.2.
Requisitos do rol de testemunhas – 1.970.3. Prazo do rol de testemunhas –
1.970.4. Forma do rol de testemunhas – 1.970.5. Efeitos do rol de
testemunhas – 1.971. Número de testemunhas arroladas – 1.971.1. Limitação
ope legis do número de testemunhas – 1.971.1.1. Alcance objetivo da
limitação ope legis do número de testemunhas – 1.971.1.2. Alcance subjetivo
da limitação ope legis do número de testemunhas – 1.971.2. Limitação ope
judicis do número de testemunhas – 1.972. Intimação da testemunha –
1.972.1. Forma da intimação para depor – 1.972.2. Meios da intimação para
depor – 1.972.3. Destinatário da intimação para depor – 1.972.4. Requisição
para depor – 1.972.5. Antecedência da intimação para depor – 1.973.
Comparecimento da testemunha – 1.974. Qualificação da testemunha –
1.974.1. Identificação da testemunha – 1.974.2. Costumes da testemunha –
1.975. Compromisso da testemunha – 1.975.1. Sujeitos do compromisso –
1.975.2. Forma do compromisso – 1.975.3. Recusa do compromisso –
1.975.4. Efeitos do compromisso – 1.976. Forma do depoimento da
testemunha – 1.976.1. Assistência do juiz – 1.976.2. Intérprete na inquirição –
1.976.3. Urbanidade da inquirição – 1.976.4. Requisitos da inquirição –
1.976.4.1. Audição individual – 1.976.4.2. Audição ordenada – 1.976.4.3.
Audição isolada – 1.976.5. Matéria da inquirição – 1.976.6. Técnicas de
inquirição – 1.976.6.1. Deposição livre – 1.976.6.2. Deposição questionada –
1.976.6.2.1. Proibição da pergunta impertinente – 1.976.6.2.2. Proibição da
pergunta capciosa – 1.976.6.2.3. Proibição da pergunta vexatória – 1.977.
Documentação do depoimento da testemunha – 1.977.1. Conteúdo do termo
de depoimento – 1.977.2. Subscrição do termo de depoimento – § 406.º
Incidentes da prova testemunhal – 1.978. Ausência da testemunha – 1.978.1.
Testemunha intimada – 1.978.1.1. Ausência motivada da testemunha intimada
– 1.978.1.2. Ausência desmotivada da testemunha intimada – 1.978.2
Testemunha levada – 1.979. Dispensa da testemunha – 1.979.1. Dispensa
da(s) testemunha(s) supérflua(s) – 1.979.2. Dispensa da(s) testemunha(s)
abandonadas(s) – 1.980. Recusa de depor da testemunha – 1.980.1.
Natureza da recusa de depor – 1.980.2. Momento da recusa de depor –
1.980.3. Forma da recusa de depor – 1.980.4. Causas da recusa de depor –
1.980.4.1. Recusa em defesa da vida – 1.980.4.2. Recusa em defesa da
honra – 1.980.4.3. Recusa em defesa do sigilo – 1.980.5. Contraditório na
recusa de depor – 1.980.6. Decisão na recusa de depor – 1.981. Contradita
da testemunha – 1.981.1. Natureza da contradita – 1.981.2. Momento da
contradita – 1.981.3. Legitimados na contradita – 1.981.4. Forma da contradita
– 1.981.5. Instrução da contradita – 1.981.6. Decisão da contradita – 1.982.
Substituição da testemunha – 1.982.1. Testemunha falecida – 1.982.2.
Testemunha enferma – 1.982.3. Testemunha desconhecida – 1.983. Prisão
da testemunha – 407.º Complementação da prova testemunhal – 1.984.
Acareação das testemunhas – 1.984.1. Requisitos da acareação – 1.984.2.
Procedimento da acareação – 1.985. Audição da testemunha referida –
1.985.1. Requisitos da audição da testemunha referida – 1.985.2. Iniciativa da
audição da testemunha referida – 1.985.3 Procedimento da audição da
testemunha referida – 1.986. Renovação do depoimento – 1.987. Retratação
do depoimento – 1.988. Correção do depoimento – § 408.º Força probante da
prova testemunhal – 1.989. Livre apreciação da prova testemunhal – 1.990.
Critérios da apreciação da prova testemunhal.

§ 402.º Prova documental em geral

1.955. Conceito de testemunha

A prova testemunhal é prova constituenda. Forma-se no curso do


processo, através de meio de prova que emprega pessoas como fonte de
prova, e cuja tônica recai na figura dessa fonte ou da testemunha. A prova é o
conjunto de declarações prestadas por pessoa natural, alheia e
desinteressada no litígio, sob o compromisso explícito ou não de dizer a
verdade, nada mais que a verdade, transmitindo ao juiz o que sabe ou
imagina saber sobre as alegações de fato controvertidas.1 Após análise e
ponderação de outras definições, estimou-se síntese particularmente feliz
entender a testemunha – do latim testis – como “pessoa capaz e estranha ao
feito, chamada a juízo para depor o que sabe sobre o fato litigioso”.2

O depoimento é um ato jurídico processual, que consiste na emissão de


declaração de ciência.3 Em princípio, a testemunha enuncia ao juiz o que se
passou – e, portanto, enunciados representativos –4 tal como apreendido por
seus sentidos e retido na sua memória.5 À testemunha incumbe narrar ao juiz
o que sabe ou supõe saber.
Em que pese evidente a função, a existência do depoimento não se
prende a qualquer experiência sensorial prévia (v.g., ouvir ou ver): a
testemunha que declara nada saber ou nada lembrar acerca dos fatos que
originaram o litígio presta depoimento.6 Depoimento negativo, sem dúvida,
mas nem sempre inútil. A eficácia do depoimento dependerá da natureza do
fato probando: se alegação da parte diz que manteve colóquio com a
testemunha, sobre tal ou qual assunto, em determinado lugar e dia, e a
testemunha declara que nada sabe, o depoimento é útil.

Das declarações de ciência são inseparáveis os juízos de valor ou as


“apreciações” da testemunha. Do que a testemunha declara saber, porque
percebeu por um dos seus sentidos, precisamente os eventos e as condutas
juridicamente relevantes, resultam juízos sobre a identidade, condições,
qualidade e conteúdo. Aliás, não se excluem testemunhas que depõem sobre
o caráter das partes, caso em que, não relatando eventos concretos em que
os atributos pessoais hajam sido revelados, emitem apenas juízos de valor
sobre pessoas. E, em determinados casos, havendo domínio técnico,
científico, artístico ou prática, acompanhará a declaração de ciência juízos
dessa natureza (depoimento técnico), a exemplo do médico, chamado para
relatar o estado da parte logo após acidente de trânsito. O que não se admite
é a testemunha emitir juízos jurídicos (v.g., enunciado, em tese, sobre o
sentido da declaração contratual).7

A tal figura peculiar no processo, que é a testemunha, chega-se por


exclusão. Percebe-se da restrição à capacidade plena da parte e dos terceiros
interessados (art. 447, § 2.º, II e III) para depor que a testemunha distingue-se
dos já participam ou podem participar do processo, a outro título,
descansando a isenção das suas declarações no desinteresse, não lhe
aproveitando, prejudicando ou afetando a litispendência e os efeitos do
julgamento. Eventual interesse no litígio não impede o depoimento, mas
diminui-lhe a eficácia. Tão maior é a força probante do depoimento quanto
desinteressada a testemunha.

A função de testemunha é antitética à do juiz.8 O juiz é (a) sujeito da


relação processual e (b) não pode usar o conhecimento porventura adquirido
privadamente sobre os fatos que originaram o litígio para julgar a causa (retro,
1.352). A pessoa investida na função judicante que testemunha não pode
julgar (art. 144, I, c/c art. 452, I). Uma função exclui a outra: ou a pessoa
testemunha, ou a pessoa julga.

Das partes a testemunha se diferencia nitidamente, porque não figura no


processo como tal, formalmente (parte formal), nem é sujeito da lide (parte
material). Quem figura como parte não depõe como testemunha (“… wer
Partei ist, kann nicht Zeugen sein…”),9 mas prestará depoimento “pessoal”
(art. 385), calhando recordar a singela diretriz germânica: quem depõe como
parte não depõe como testemunha e vice-versa.10

Dos auxiliares do juízo, incluindo os colaboradores da justiça, em


particular o perito, a testemunha se distingue pela investidura. Os auxiliares
são investidos na função. O perito recebe a incumbência específica de
perceber e de deduzir em lugar do juiz.11 Tal não obsta a parte de arrolar
experto como testemunha.12 Aí, porém, não se trata de perito, mas de
testemunha.
Feitas as distinções cabíveis, resta precisar a condição jurídica da
testemunha na relação processual. É fonte de prova, indubitavelmente, mas a
pessoa participa da formação da prova no processo, e, portanto, tecnicamente
se cuida de agente (ou órgão) da prova.13 Embora arrolada por uma das
partes, na forma e no prazo fixado no art. 357, § 4.º e 5.º, ou ordenada
audição pelo juiz, ex officio, a testemunha e o respectivo depoimento
pertencem ao processo, em decorrência do princípio da comunhão (art. 371),
trazendo subsídios para a formação do convencimento do juiz de primeiro
grau e ulterior revisão pelo órgão ad quem.

1.956. Fonte do conhecimento da testemunha

A declaração de ciência da testemunha tem por objeto as alegações de


fato controvertidas. Por sua vez, tais alegações invocam eventos e condutas
que compõem os elementos de incidência das normas porventura aplicáveis
ao litígio. Os fatos afirmados pelas partes no processo são de natureza
heterogênea, comportando variadas classificações. A controvérsia sobre o
caráter temporal do fato, em princípio situado no passado,14 não exclui o
transcurso simultâneo do evento e da conduta com o ato do depoimento.15

As declarações da testemunha respeitam, nesses termos, a diversas


classes de fatos: (a) fatos jurídicos (v.g., o colóquio amoroso entre B e C, na
ação movida porA contra B, fundada no adultério) e fatos simples (v.g., o dia
do encontro entre B e C no motel X); (b) fatos passados (v.g., do dia do
colóquio) e fatos presentes (v.g., a identificação positiva de B como
acompanhante de C no motel X); (c) fatos transitórios e fatos permanentes;
(d) fatos internos (v.g., a emoção de B ao encontrar C) e fatos externos (v.g.,
o beijo de B em C); (e) fatos positivos e fatos negativos. A enumeração é
infindável.

A respeito desse material de fato, as declarações da testemunha derivam


de duas fontes: (a) ciência própria; e (b) ciência alheia (ex auditu). Desde as
Ordenações Filipinas (Livro 1, Título 86, n.º 1) cumpre ao juiz perquirir a
“razão do dito”, aduzindo-se em época mais recente: “Certo é que este direito
de exigir o porquê da informação constitui uma das melhores garantias do
litigante contra uma testemunha desonesta”.16 A eficácia da prova testemunhal
não é a mesma nas duas situações.17

Em alguns autores, cogita-se de outra fonte: a crença própria.18 Como já


assinalado no item precedente, por força da natureza da percepção se
imiscuem juízos de valor no que a testemunha sabe (ou imagina saber:
fabulações também integram o depoimento) e relata ao juiz, e, portanto, a
crença na veracidade do que ficou na memória integra ou a ciência própria ou
a ciência alheia, não constituindo categoria autônoma. Seja como for, este
assunto – a teoria da percepção – integra outra área de saber. Ela não será
examinada aqui. Existem, entretanto, exposições de juristas a tal propósito,
examinando o mecanismo da transmissão.19

1.956.1. Depoimento de ciência própria – A declaração da testemunha que


sabe por ciência própria implica experiência sensível, a percepção do evento
ou da conduta narrados por um dos sentidos – a visão, a audição, o tato, o
olfato e o paladar. O conhecimento advém direta e imediatamente dos
próprios sentidos.
Dependendo da relação entre o evento e o meio de percebê-lo, por esse
motivo – impossibilidade de ciência própria – a testemunha se torna incapaz
de depor; por exemplo, o cego e o surdo, “quando a ciência do fato”
subordinar-se ao sentido faltante, conforme o preciso esclarecimento do art.
228, III, do CC. O cego é plenamente capaz de testemunhar de ciência
própria o perfume que sentiu na outra pessoa (olfato), permitindo-lhe a
identificação positiva, e o teor do diálogo entre Be C no quarto do motel X no
dia Y; o surdo, testemunha capaz de relatar esse mesmo diálogo, mediante
leitura labial.

1.956.2. Depoimento de ciência alheia – A declaração da testemunha ex


auditu também se baseia em sentido próprio (audição), mas se origina do
relato de outra pessoa: por exemplo, a camareira E do motel X relata ao
dono G que o representante comercial B e a figurinista C, após a reunião de
negócios, ocuparam por duas ou mais horas uma das suítes do
estabelecimento. O conhecimento da testemunha é indireto ou de segunda
mão. Admite-se tal espécie de depoimento.20 A fonte direta do conhecimento
pode ser (a) a parte (ex auditu partis), (b) o terceiro que supostamente
empregara seus sentidos (ex auditu propris) ou, ainda, (c) o terceiro que ouviu
de outra pessoa (ex auditu alieno ou auditu auditus).21 À medida que aumenta
o número de transmissões, mais frágil, imprecisa e insegura a informação,
servindo muito pouco à formação do convencimento do juiz.

Declarando a testemunha que ouviu de terceiro o que relata, o


interrogatório do juiz se concentrará nesse ponto, esquadrinhando – a
recomendação provém das Ordenações Filipinas (Livro I, Título 86, n.º 1) – “a
quem o ouviram, em que tempo e lugar, requisitos, aliás, necessários; a
pessoa a quem o ouviram para se conhecer a sua qualidade, e probidade, se
morta, se viva; o tempo para se ver, se esse ouvido foi antes, se depois da
demanda”, e assim por diante.22 Feitas as indagações pertinentes, ou o
depoente individualiza de quem ouviu o que relata ao juiz, ou não. O juiz, ex
officio ou a requerimento da parte, mandará intimar a testemunha referida (art.
418, I), no primeiro caso, buscando confirmar a declaração prestada pelo
depoente. Do contrário, cuidando-se de fato relativamente recente e preciso, o
juiz descartará o depoimento, aplicando a seguinte presunção: “quem ouve
um fato o guarda e pode repeti-lo, é de presumir-se que também haja retido
na memória o nome da pessoa de quem ouviu”.23 A apreciação da prova se
inverterá dramaticamente no caso de confirmação ulterior pela testemunha
referida: no exemplo ministrado, tendo G alegado que ouviu
de E que B e C se trancaram quarto do motel X, e a testemunha E confirma a
versão, o juiz presumirá fundada a alegação de adultério assacada
por A contra B.

Em determinados casos, a eficácia da testemunha ex auditu independe da


individualização ou identificação da fonte: (a) quanto a fatos muito
antigos,24 percebidos por pessoas já falecidas;25 (b) quanto à fama pública, ou
seja, o juízo de valor mais ou menos generalizado sobre certa pessoa
(depoimento de abonação) ou fato da vida.26 Embora admissível, a priori,27 a
prova da fama pública, ocioso advertir dos riscos de levá-la em consideração,
porque tanto se prega o falso como o verdadeiro e as mentiras
incessantemente repetidas tendem a encorpar como verdades imutáveis.

1.957. Espécies de testemunhas


Adjetiva-se a palavra “testemunha” em várias situações, a bem da clareza,
atribuindo-lhe significado preciso ou conexão exata. Aqui se mencionará,
nessa linha, “testemunha arrolada” (art. 357, § 4.º e 5.º), indicando a
oportunidade em que o terceiro adquire a posição de testemunha no processo
civil, por sua vez intimada para comparecer (art. 455, caput), levada à
audiência pela parte (art. 455, § 2.º), requisitada ao superior hierárquico (art.
455, § 4.º, III) ou, em deferência à função política, convidada a designar dia,
hora e lugar (art. 454, § 1.º). A enumeração é ampla. Dessas categorias
fundamentalmente didáticas, três assumem importância, parcialmente
esclarecida no item anterior: (a) testemunha de visu e testemunha de auditu;
(b) testemunha instrumentária e testemunha do juízo; (c) testemunha
referente e testemunha referida.

1.957.1. Testemunha de visu e testemunha ex auditu – Segundo a origem


(ou fonte) do conhecimento que a testemunha transmitirá ao órgão judiciário,
existem duas classes identificáveis de terceiros habilitados: (a) a
testemunha de visu, ou original; (b) a testemunha ex auditu.28

A testemunha de visu percebeu diretamente os fatos. Também se chama


a essa pessoa de testemunha “ocular”, embora a visão não seja o único
sentido empregado na aquisição do conhecimento (o cego pode ouvir o
diálogo), ou de testemunha “presencial”.29 Existem outras subespécies, como
a testemunha fidejussória, que dá fé do fato.30

A testemunha ex auditu adquiriu conhecimento indiretamente, ouvindo


relato de outra pessoa. Ao depor sobre a fama pública de certa pessoa, a
pessoa chama-se de testemunha abonatória. Nenhum desses depoimentos é,
em princípio, inadmissível ou inútil. O juiz os apreciará livremente. A
testemunha ex auditu talvez identifique o autor do relato, habilitando o juiz a
ouvir a testemunha referida (art. 461, I). A testemunha que ouviu certo relato
da própria parte tampouco é prescindível.31 Supõe-se que a parte só faça
declarações favoráveis ao próprio interesse: ao menos, prova a declaração
em si. Os riscos da testemunha abonatória são maiores e flagrantes. A
testemunha faz eco a rumores transmitidos de boca à orelha, externando
opinião vaga, imprecisa e, sobretudo, inverificável.32

À testemunha ex auditu opõem-se duas objeções: (a) parece prova


testemunhal colhida fora do processo, porque o verdadeiro depoente nele não
depõe; e (b) o relato (hearsay testimony) impede o contraditório.33 Nenhuma é
decisiva e, de toda sorte, depoimento dessa natureza é comum e submetido à
livre apreciação do juiz.

1.957.2. Testemunha instrumentária e testemunha do juízo (ou judicial) –


Dá-se o nome de (a) testemunha instrumentária à pessoa que intervém no
documento público ou privado dando fé que assistiram a formação ou a
assinatura, integrando a forma ad solenitatem dos negócios jurídicos. A
importância da testemunha instrumentária diminiu na lei civil em vigor.

Em relação às escrituras públicas, o art. 215 do CC, a regra consiste na


facultatividade da participação das testemunhas instrumentárias (inciso II),
exceto no caso de o tabelião não conhecer, nem puder o figurante identificar-
se por documento, a teor do parágrafo quinto. As testemunhas
instrumentárias (duas ou, conforme o caso, três) são necessárias nas várias
modalidades de testamento; por exemplo, no art. 1.864, II (testamento
público), art. 1.868, I (auto de aprovação do testamento cerrado), art. 1.876, §
1.º (testamento particular) do CC, sendo digno de registro que o art. 1.865 do
CC alude às “testemunhas instrumentárias”. O assento de casamento
necessita de testemunhas (art. 1.536, VI, do CC).

O art. 221, caput, do CC, declarando que o instrumento particular assinado


prova obrigações convencionais de qualquer valor, dispensou as testemunhas
instrumentárias, comparativamente ao art. 135 do CC de 1916, na mais
expressiva mudança legislativa na exigência de testemunhas privadas na
prova documental escrita. O espaço reservado à assinatura da testemunha
nos instrumentos particulares – nome completo, número da cédula de
identidade e do cadastro na Receita Federal – subsiste mais como costume
(v.g., nos contratos de locação). O art. 595 do CC prevê assinatura do
contrato de prestação de serviços pelas testemunhas, a rogo do figurante que
não saiba ou não possa escrever, mas a função das testemunhas é outra
nesse caso, substituindo ou completando a forma da manifestação de
vontade. No que tange aos instrumentos particulares, a notória “confissão” de
dívida prevista no art. 585, II, adquirirá eficácia executiva, cuidando-se de
documento particular, assinada pelo devedor e por duas testemunhas.

As testemunhas instrumentárias intervêm nos negócios e nos atos


jurídicos (art. 185 do CC). São pessoas que guardam indiferença quanto aos
fatos jurídicos em sentido estrito e os atos-fatos.34

A testemunha instrumentária nada relata ao juiz, e, portanto, não


subministra prova. Não é, pois, testemunha no sentido preconizado pelo art.
447, caput. Avulta que a prova dos negócios e dos atos jurídicos
eventualmente sujeita-se a forma especial, tornando inútil, a mais das vezes,
a audição dessas pessoas.

No entanto, o signatário do documento torna-se (b) testemunha


judicial,35 quando for arrolada pela parte, ou ordenado seu depoimento, ex
officio, quando admissível prova testemunhal. A testemunha judicial define
claramente o destinatário dessa prova: o juiz da causa.36 Tal não exclui o
direito autônomo da parte à aquisição de prova desse teor, como se infere do
art. 382, § 2.º, para os fins do art. 381, II e III.

1.957.3. Testemunha referente e testemunha referida – Ao depor em juízo,


a testemunha ex auditu talvez identifique a pessoa que lhe transmitiu o
conhecimento, e, dessa forma, torna-se testemunha referente; a outra pessoa,
chamada de testemunha referida,37 pode ser ouvida, ex officio, ou a
requerimento das partes, a teor do art. 461, I, complementando a prova
testemunhal.

1.957.4 Testemunha compromissada e testemunha informante – Uma das


obrigações da testemunha é a de dizer a verdade e, para esse efeito, presta
compromisso (art. 458, caput) e recebe a comedida advertência de que
sofrerá persecução penal se fizer afirmação falsa, negar ou calar a verdade,
consoante o art. 342, caput, do CPB. No entanto, o empenho da palavra da
testemunha não tem qualquer relevo na caracterização do fato típico, segundo
a jurisprudência do STJ.38
Função precípua do compromisso é a de distinguir duas classes de
testemunhas: a testemunha compromissada e a testemunha informante,
simplesmente conhecida como informante. O informante é a pessoa impedida
(art. 447, § 2.º), a suspeita (art. 447, § 3.º) e a menor de idade (art. 447, § 4.º)
que, todavia, presta declarações ao juiz, sendo estritamente necessário,
cabendo atribuir-lhes o valor que possam ter, segundo o art. 447, § 5.º. Ora,
essa brevíssima menção ao valor da prova testemunhal – título da subseção
que cuida da admissibilidade – nada esclarece, porque não é diferente o valor
teórico das declarações da testemunha compromissada. E, a partir da
vigência do art. 228, caput, do CC, que permitiu o depoimento das pessoas
incapazes (art. 447, § 4.º), quanto aos fatos de seu exclusivo e insulado
conhecimento (art. 228, parágrafo único, do CC), o número de informantes
aumentou, abrangendo grupo (v.g., o menor de dezesseis anos) que
simplesmente não prestavam depoimento, pois totalmente incapazes de
praticar semelhante ato. O art. 447, § 5.º, limitou a regra civil, admitindo o
depoimento dos menores de idade, porque os demais casos (art. 447, § 1.º, I,
II e IV) a incapacidade de prestar informações ao juízo é absoluta.

Essas considerações mostram diferença tênue e, na prática, irrelevante


entre a testemunha e o informante. Ela descansa no empenho, ou não, da
palavra de dizer a verdade.

§ 403.º Cabimento da prova testemunhal

1.958. Sistemas de admissibilidade da prova testemunhal

A linguagem denota a racionalidade da pessoa humana. Por óbvio, a


transmissão de conhecimento por esse meio ou prova oral – depoimento das
partes e depoimento de terceiros – constitui instrumento imprescindível na
apuração da veracidade das alegações de fato nas sociedades mais antigas.
Essa prova antecedeu à criação e à difusão dos meios escritos de registro. À
essa época, então, a prova testemunhal desconhecia limites ou condições
originadas pela prova literal.

O advento da escrita e, em seguida, a flagrante corrupção dos costumes


evidenciaram os dramáticos inconvenientes do depoimento de terceiros como
mecanismo de reconstrução histórica dos fatos que originaram o litígio. São
intrínsecas à pessoa deficiências de percepção, inclusive as no plano físico
físicas (v.g., a cegueira, impedindo o depoimento de visu), as dificuldades de
retenção e de transmissão do conhecimento. As qualidades pessoais
interferem na aquisição do conhecimento. E, ainda, geralmente transcorre
tempo considerável entre o momento da percepção e o momento de
transmissão ao órgão judiciário. Nessa conjuntura, o apelo à memória da
testemunha é mais ou menos fiel, pois a retenção não é uniforme ou segura.
Esse tempo ainda expõe a pessoa às sugestões do inconsciente. E, por fim,
ao exprimir os fatos retidos na memória através da palavra, fatores culturais
influenciam decisivamente a transmissão.39 Esses assuntos integram outras
áreas de saber (neurociências), mas o juiz atento tem ambos presentes na
apreciação da prova.

Aos inconvenientes naturais, somam-se fatores externos e ilícitos. A


testemunha corre o grave risco de intimação, cuja proveniência é
heterogênea, incontrolável, e, não raro, promovida pelo círculo social da
pessoa ou, subliminarmente, pelos meios de comunicação de massa,
dispostos a prejulgar irresponsavelmente causas públicas ou do peculiar
interesse da empresa que explora o meio. O caráter do depoente
contrabalança a pressão social e mediática, mas tem suas fraquezas: nada
pior que pessoa propensa a receber vantagem pecuniária ou peita. A esse
risco responde a ordem jurídica tipificando a mentira em juízo (art. 342 do
CPB).

O juiz apreciará livremente a prova testemunhal (infra, 1.989). Levará na


devida conta os defeitos intrínsecos e extrínsecos da fonte da prova nessa
avaliação.

As restrições à prova testemunhal começaram no direito romano. Antes


mesmo do término da primeira centúria da era cristã, o desprestígio do meio
de prova promoveu-lhe a inadmissibilidade, em proveito da escrita, ou o
acréscimo de exigências em torno da qualidade e da quantidade das
testemunhas.40 O movimento restritivo acentuou-se no formalismo do
processo germânico e por força generalização das ordálias. Em determinada
altura, porém, a ignorância triunfou. O domínio da escrita por clérigos firmou,
na Idade Média, o princípio témoins passent lettres.41 A história moderna da
prova testemunhal inicia, segundo opinião assaz difundida nos sistemas
jurídicos latinos, por força da Ordennance de Moulins, de 1566,42 firmando a
diretriz de política legislativa que lettres passent témoins, posteriormente
reafirmada na Ordennance de Saint-Germain-en-Laye, de 1667.43 O art. 1.341
do CC francês acolheu a orientação do direito antigo.

Linhas evolutivas diferentes formaram dois sistemas: (a) o sistema da


admissibilidade ampla, ou sistema germânico, adotado apesar das opiniões
em contrário,44ressalva feita à eficácia do instrumento público, mas
acompanhado, de ordinário, da recomendação de apreciação cautelosa dessa
prova, cuja eficácia subordina às capacidades de percepção, retenção e
transmissão do conhecimento;45 (b) o sistema da admissibilidade restrita
(preconstituição da prova literal), ou sistema latino, em maior ou menor grau
marcado pela influência do art. 1.341 do CC francês.46

O direito brasileiro anteriormente se filiava a esse último sistema. É


significativa a revogação do art. 227, caput, do CC. A respeito do valor da
prova testemunhal há ligeira referência, contida no art. 447, § 5.º, in fine,
relativamente ao informante. Essa proposição tem escassa utilidade. O juiz
também apreciará livremente o produto do depoimento da testemunha
compromissada.

O art. 442 proclama a diretriz universal em matéria de admissibilidade do


meio de prova: “A prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei
de modo diverso”. Da omissão do CPC de 1939 retirava-se idêntico
princípio:47 “a regra é a admissibilidade da prova testemunha; a
inadmissibilidade é a exceção”.48

Essa visão idealista e positiva não corresponde ao regime efetivamente


vigorante. A conjugação do art. 443, I e II, com a precipitação do julgamento
(art. 355, I), o advento do depoimento técnico (art. 472) e a difusão dos
depoimentos escritos – modalidade de prova atípica (retro, 1.845) –, oferecem
outro panorama: ou a lei erige barreiras à audição das testemunhas, ou elide
a custosa tomada dos depoimentos por sucedâneos escritos. Leitura rápida e
superficial dos incisos I e II do art. 443, partes integrantes do sistema de
precipitação do julgamento (art. 355, I), demonstra suficientemente o ponto. É
assaz difícil, senão altamente desfavoráveis posição e perspectivas de quem
almeja produzir contraprova à prova documental do adversário.

Do direito fundamental processual à prova, subentendido no veto à


aquisição de prova ilícita, infere-se a inconstitucionalidade das disposições
restritivas, baseadas em preconceitos.49 As regras são razoáveis, baseiam-se
em noções hauridas de outras áreas de saber (v.g., relativamente às
fraquezas da memória), assentes cientificamente, e o legislador é
constitucionalmente legitimado a realizar opções técnicas, razões suficientes
para repelir a pecha o vício apregoado. Localiza-se aí influência do direito
italiano, no qual o juiz poderá admitir a prova testemunhal exclusiva de acordo
com a natureza do contrato e outras circunstâncias.50

A jurisprudência erige seus próprios critérios e acompanha a orientação


legislativa de restrição. A Súmula do STJ, n.º 149, enuncia: “A prova
exclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola,
para efeito da obtenção de benefício previdenciário”.51 O art. 55, § 3.º, da Lei
8.213/1991 exige começo de “prova material” e, expressis verbis, veta a prova
exclusivamente testemunhal. Disposição extravagante que, acatada pela
jurisprudência do STJ, revela a mínima repercussão das críticas à intervenção
legislativa no sacrossanto altar da livre apreciação da prova. Aliás, há outros
casos em que, por um motivo ou outro, regra especial impõe forma escrita a
ato jurídico em sentido escrito (v.g., a ciência da cessão de crédito, a teor do
art. 290 do CC), e semelhante forma há de ser atendida,52não se admitindo
outra espécie de prova.

1.959. Inadmissibilidade da prova testemunhal

O art. 443, caput, preceitua que o juiz indeferirá a inquirição de


testemunhas sobre fatos: (a) provados por documento ou por confissão (inciso
I); e (b) que só por documento ou perícia comportam prova (inciso II).

Segundo a opinião prevalecente no direito anterior,53 o inciso I do art. 443


consubstancia singular e flagrante manifestação da proibição da prova inútil
(art. 370, parágrafo único). A bem da clareza, a separação das duas hipóteses
versadas nos incisos auxilia no entendimento das proposições legislativas.

1.959.1. Fatos já provados por confissão – O juiz indeferirá a oitiva de


testemunhas quando o fato já se encontra provado por confissão da parte (art.
443, I, in fine).

Entenda-se bem a situação antevista na regra: a confissão acompanhou


aos atos postulatórios principais (petição inicial e contestação) das partes, ou
sobreveio antes da decisão de saneamento, ou seja, já se produziu na
oportunidade em que o juiz apreciará a admissibilidade da prova testemunhal
(art. 357, II). A confissão é ato jurídico em sentido estrito, contendo
declaração de ciência da parte, que admite fato desfavorável ao próprio
interesse, mas favorável ao adversário, e na ocasião do saneamento
concebem-se duas espécies: (a) a confissão judicial espontânea (art.
390, caput) – a confissão judicial provocada deriva do depoimento pessoal;
portanto, em momento posterior ao inicialmente aqui cogitado –, que é,
ademais, ato processual; e (b) a confissão extrajudicial feita à contraparte (art.
394).

Enorme é a importância do efeito atribuído à confissão no art. 443, I, in


fine. Não importa o fato de o NCPC não reconhecer na confissão eficácia de
prova plena, pré-excluindo contraprova, e a latente e suspeitosa hostilidade
com que se encara a criação de vínculos ao órgão judiciário, todavia gerados
em outras situações (v.g., no reconhecimento do pedido). O regime legal é
nítido e inequívoco. O fato afirmado por uma das partes, mas confessado pela
outra, não comporta prova, a teor do art. 374, II. Desaparece, assim, o
interesse de a parte contrária produzir prova testemunhal,54 manifestamente
redundante, e o interesse de o confitente de produzir prova contra sua própria
declaração.55 E avulta que o vínculo criado pela confissão ao julgamento só
pode ser eliminado se o juiz julgar procedente a ação anulatória prevista no
art. 393, caput. Na prática, por conseguinte, o juiz encontrar-se-á vinculado à
confissão, rejeitada contraprova.

Este efeito produzir-se-á, por igual, sobreindo confissão judicial provocada


expressa ou tácita (art. 385, § 2.º), a última na forma de pena pela falta de
comparecimento da parte intimada para depor na audiência principal. A
confissão provocada produzirá prova contra o confitente (art. 391, caput) e
tornará inútil a prova testemunhal. Nesse sentido, há notável precedente do
STJ no direito anterior, destacando a inexistência de cerceamento de defesa
na hipótese de o juiz indeferir a oitiva das testemunhas e julgar contra a parte
que as arrolou, in verbis: “… a ouvida de testemunhas, inclusive as do autor,
apesar de antes deferida, pode ser dispensada porque o depoimento pessoal
do próprio autor esvaziou a credibilidade das alegações que amparavam o
direito invocado na inicial”.56

Feitas as ressalvas subjetivas e objetivas quanto à eficácia da confissão


em casos tais, limitada no caso de litisconsórcio ou conforme a natureza do
litígio, o ato jurídico em sentido estrito, originado da parte, dispensa o juiz de
promover a instrução. Ao autorizar o julgamento antecipado (art. 355, I),
ensejará o alívio de evitar ou encerrar prematuramente a audiência de
instrução e julgamento. Formou-se a convicção do juiz. É o bastante para
ladear a custosa e trabalhosa atividade de instrução.

1.959.2. Fatos já provados por documento – A alusão aos fatos já


provados documentalmente do art. 443, I, exclui, por definição, os casos de
prova documental obrigatória, ou seja, a forma ad solenitatem do ato ou do
negócio jurídico, situação versada no art. 444, parte inicial. Por exemplo: a
falta de juntada da escritura pública nos negócios jurídicos que visem à
constituição, à transferência, à modificação ou à renúncia de direitos reais
sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente
no país (art. 108, caput, do CC).

Em outros casos, produzida prova documental nos momentos azados, ou


seja, na petição inicial e na contestação (art. 434), a audição de testemunhas
torna-se inadmissível quanto aos fatos (controversos) objeto dessa prova,
porque – admitiu-se francamente – há no acervo “prova histórica de maior
relevo probante”, precisamente do documento público e do “documento
particular admitido expressa ou tacitamente”.57
O esquema articulado para conferir força probante decisiva à prova
documental e, colateralmente, pré-excluir a admissão da prova testemunhal,
propiciando o julgamento antecipado, revela extraordinário rigor e engenho. É
preciso ter em mente, na correta aplicação do art. 443, I, primeira parte, dois
pormenores. Na ocasião do saneamento, propícia à fixação do tema da prova
e, ato contínuo, ao exame da admissibilidade da prova testemunhal, as partes
usufruíram a oportunidade hábil para contraditar a prova documental. O réu
manifestou-se na contestação acerca dos documentos juntados pelo autor. E
o autor contraditou a prova documental da defesa na réplica. A junção de
documentos na defesa, concorrentemente ou não com outras hipóteses,
determina a abertura do prazo de réplica do art. 437 (retro, 1.942). É esta a
prova documental mencionada no art. 443, I, primeira parte, como revela o
emprego do advérbio “já” da regra.

Cumpre distinguir a eficácia probatória do documento público, abstraída a


forma ad solenitatem, e do documento particular.

A força probante do documento público, lavrado por escrivão, por tabelião


– englobando (a) a escritura pública, que faz prova plena (art. 215, caput, do
CC), e, fundamentalmente, (b) a ata notarial (art. 384 c/c art. 7.º, III, da Lei
8.935/1994) – e por funcionário público (art. 405), embora este seja
incompetente (art. 407), “sendo-lhe declarada judicialmente a falsidade” (art.
427, caput). Essa fórmula, contrastando com a do art. 408, atinente aos
documentos particulares, tem significação transcendente. Não basta a parte
impugnar na contestação ou na réplica a autenticidade (material ou
ideológica) do documento, impende-lhe arguir a falsidade, na forma e no
prazo do art. 430. Pois bem: arguida a falsidade, forma-se incidente que o juiz
resolverá antes de admitir a prova documental dos fatos principais, incidente
que dispõe de seus próprios meios de prova (art. 431, caput), concebendo-se
dois termos de alternativa: (a) rejeitado o incidente, subsistirá a fé do
documento público, não se admitindo contraprova testemunhal; (b) acolhido o
incidente, em tese admissível a contraprova testemunhal. Abstendo-se a parte
de arguir a falsidade do documento público, a prova testemunhal é
inadmissível, a teor do art. 443, I, primeira parte.

A força probante do documento público recai sobre os fatos que ocorreram


na presença do escrivão, do tabelião e do servidor público (art. 405, in fine).
Logo, caberá prova testemunhal, independentemente da subsistência da fé
pública do documento, não quanto às declarações feitas e anotadas pelo
autor do documento, mas quanto à respectiva veracidade. Por exemplo, no
boletim de ocorrência que registra o acidente de trânsito entre A e B, a
autoridade pública anota a confissão da responsabilidade por A e o
pagamento de X a B, declarando este já ter recebido a quantia. A confissão
da responsabilidade de A perante B ocorreu na presença da autoridade (v.g.,
do agente de trânsito), entrando na órbita da fé pública, mas o recebimento,
ou não, da quantia X, paga anteriormente à lavratura do boletim por A,
comporta prova testemunhal.

Essa distinção entre a prova da declaração e a prova do fato declarado


revela-se decisiva no que tange à força probante do documento particular. O
art. 411, I, presume autêntico o documento particular, quanto à assinatura e
ao conteúdo, tendo o tabelião reconhecido a firma do signatário, declarando
que foi aposta na sua presença. Em tal hipótese, a força probante se desfaz
mediante “declaração judicial da falsidade”, a teor do art. 427, caput. Esse
dispositivo alude ao documento particular conjurando essa possibilidade e
outro meio leal de certificação, inclusive digital (art. 411, II). Faltando o
reconhecimento de firma, a fé do documento particular cessará quando: (a)
impugnada a autenticidade da assinatura (art. 428, I); (b) alegado
preenchimento abusivo (art. 428, II, c/c parágrafo único); (c) impugnado o fato
declarado (art. 436, IV), sem embargo da declaração de ciência.

Nessas condições, a admissibilidade da prova testemunhal, produzida


prova documental dependerá, no mínimo, da impugnação da parte (art. 433)
e, em alguns casos, da arguição de falsidade (art. 427 c/c art. 430). Do
contrário, subsiste a presunção legal de veracidade,58 eliminando o fato do
tema da prova, a teor do art. 374, IV.

Fator acessório no esquema, cuja influência não pode ser esquecida e


negligenciada, avulta na irresistível atração da técnica do julgamento
antecipado (art. 355, I). A rigor, existindo questão de fato provada
documentalmente, mas objeto de impugnação hábil da contraparte, o juiz
deverá abrir a instrução, nos termos expostos. O juiz não dispõe de
fundamento para denegar a produção da prova testemunhal na suposição
que, firmado seu convencimento, a audição das testemunhas não alteraria o
panorama probatório.59 Porém, a pressão midiática pela produtividade
numérica, e as metas fixadas pelo CNJ, objetivando dourar as estatísticas dos
órgãos judiciários nacionais, sem nenhuma ressalva quanto aos hard cases,
afastam o juiz da causa do caminho reto, seguro e equilibrado, conduzindo à
precipitação do julgamento do mérito. Por essa razão, o processo civil
garantista clama pelo corte da possibilidade de o juiz indeferir as provas
regularmente propostas pelas partes, aplicando de forma estrita as regras de
admissibilidade. Talvez não seja muito, mas é essencial ao processo
constitucionalmente justo e equilibrado.

1.959.3. Fatos dependentes da prova documental – Determinados atos ou


negócios jurídicos subordinam-se obrigatoriamente à prova documental. O
instrumento integra a forma ad solenitatem do ato ou do negócio.

Cuidando-se de instrumento público, a exemplo dos negócios jurídicos


visando à constituição, à transferência, à modificação ou à renúncia de
direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário
mínimo vigente no país (art. 108, caput, do CC), o art. 406 declara
inadmissível outra prova, “por mais especial que seja”, suprindo-lhe a falta. O
art. 43, II, primeira parte, c/c art. 406, in fine, consagra antigo entendimento do
direito pátrio.60

Por igual, os contratos formais que exigem instrumento particular, a


exemplo da fiança (art. 819 do CC), sujeitam-se à incidência do art. 443, II,
primeira parte, inclusive no que tange à simetria do distrato (art. 472 do CC),
pré-excluindo, na falta do documento, a prova testemunhal.

Aos figurantes, no âmbito da autonomia privada, mostra-se lícito


transformar contrato informal em formal, mas o inverso jamais se revelará
admissível: não lhes cabe estabelecer que contrato solene existe e vale a
despeito da preterição da formal estabelecida em lei.61
O procedimento probatório segue a linha do direito material. Não deixa
dúvida quanto aos termos de alternativa abertos ao órgão judiciário em casos
tais: ou as partes (ou a parte gravada com o ônus) produziram a prova
documental no momento oportuno (art. 434), e há prova bastante e nenhuma
outra é útil, incidindo o art. 370, parágrafo único, c/c art. 443, II; ou não
produziram prova documental, e, destarte, por ser esta a única admissível, a
parte gravada com ônus (regra de conduta) não se desonerou e deverá
suportar os efeitos daí decorrentes.62 A sistemática se harmoniza com o direito
material: o negócio jurídico é nulo quando não se reveste da forma prescrita
em lei (art. 166, IV, do CC), cabendo ao juiz decretar as invalidades, ex officio,
ao conhecer do assunto, “não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a
requerimento das partes” (art. 168, parágrafo único, do CC). Exemplo: o
locador A move ação de cobrança contra o casal B e C, alegando que
afiançaram D, que não pagou aluguéis: ou o autor instruiu a petição inicial
com o instrumento, porque documento indispensável (art. 320), ou o juiz
assinar-lhe-á o prazo de quinze dias previsto no art. 321, caput, indeferindo a
petição inicial, na forma do art. 321, parágrafo único, se o autor não juntar o
instrumento. Se, por algum motivo, a causa alcançou estágio avançado, em
que pese ausente o documento, o juiz atentará para sua ausência e
precipitará a extinção após as providências preliminares (art. 357), antes da
decisão de saneamento.

1.959.4. Fatos subordinados à prova pericial – A alegação de fato cuja


veracidade depende de conhecimento técnico, científico, artístico ou prático
(v.g., na ação de A contra B, na qual A alega que contraiu infecção quando
internado no hospital B, a natureza e origem da bactéria), obrigatória prova
pericial, a teor do art. 156,caput. E, de fato, havendo necessidade de
conhecimento científico, técnico, artístico ou prático (a enumeração do artigo
é incompleta) para resolver questio facti, inexiste discrição judicial: a
realização de perícia é dever inexorável do órgão judiciário.63 A aquisição de
conhecimentos dessa natureza necessita do entendido de fato. Não é
possível substituí-lo pela testemunha desprovida da expertise. Logo, a prova
testemunha é inadmissível.

A prova pericial é demorada e custosa. Para abreviá-la, indiretamente


favorecendo o julgamento antecipado (art. 355, I), o art. 472 autoriza o
parecer técnico, produzido na forma da prova documental (art. 434), e, como
alternativa menos atraente, a audição de especialista (art. 464, § 3.º). O
sucedâneo da audição do experto não empolga o juiz, porque obriga a
realização da audiência de instrução, ao contrário da perícia em sentido
estrito, inclusive no caso do pedido de esclarecimentos (art. 477, § 3.º),
respondidos por escrito; porém, os depoimentos do perito e dos assistentes
não equivalem à prova testemunhal. Fica nítida a diferença na ordem das
audições: primeiramente, a do perito e dos assistentes (art. 361, I); por última,
a das testemunhas (art. 361, III).

1.960. Inadmissibilidade da prova testemunhal exclusiva

O art. 401 do CPC de 1973 declarava inadmissível a prova testemunhal


exclusiva nos contratos cujo valor excedesse o décuplo do maior salário
mínimo vigente do país no momento da formação do vínculo. O art.
227, caput, do CC estabelecia idêntica diretriz.
Fonte legislativa direta dessas regras era o art. 1.341 do CC francês que,
na redação vigente (Lei de 12.07.1980), permite a fixação do valor mediante
decreto, na teoria sistema flexível na atualização. Disposição similar constava
nas Ordenações Filipinas (Livro 3, Título 59, n.º 1) e, recuando o texto às
Ordenações Manuelinas, de 1521 (Livro 3, Título 45, n.º 1). Este diploma
português antecedeu a Ordennance de Moulins, de 1566,64 por sua vez fonte
remota de inspiração da codificação francesa, segundo revela o emprego da
expressão “toutes choses”,65 e constitui a primeira disposição geral nesse
sentido.

Descansava a exigência da prova documental de certos fatos na


sociedade moderna, viciada no uso papel (recurso natural renovável), em que
todos ou quase todos sabem ler e escrever fluentemente.66 Surpreende o fato
de a corrupção dos costumes chegar a tal grau das primícias da era dos
descobrimentos. E, de toda sorte, revelava-se intolerável culto tão intenso à
escrita em países socialmente desiguais, em que boa parte da população
sabe ler e escrever apenas o próprio nome e tem acesso restrito às
informações provenientes dos meios de comunicação.

O objetivo da rejeição da prova testemunhal repercutia a desmoralização


dos depoimentos. Em país próximo ao nosso, o Ministro da Justiça, em
debate parlamentar, afirmou que as testemunhas dizem o que as partes
desejam.67 Ora, não há como impedir a mendacidade, ou seja, as fraquezas
humanas; mas, o processo do Estado Constitucional Democrático não pode
prescindir dos terceiros como fonte de prova. A mudança de mentalidade
explica as atenuações dessa regra de exclusão da prova testemunhal
exclusiva em diversos sistemas da Civil Law e já na segunda metade do
século XX.68 Em realidade, o art. 401 do CPC de 1973 restringia a livre
apreciação da prova pelo juiz, o que não podia ser bem visto no paradigma do
processo civil autoritário. E, indiretamente, instituía regra sobre forma dos atos
jurídicos em sentido estrito e dos negócios jurídicos (forma ad probationem).69

O art. 401 do CPC de 1973 e o art. 227, caput, do CC, não reclamavam,
senão indiretamente, a prova documental, ao contrário do paradigma francês.
Pré-excluíam a prova “exclusivamente testemunhal”. Tal não a importava a
admissão de outro meio de prova para suprir a ausência da prova
documental. A inteligência da proposição esclarecia-se no cotejo com o art.
221 do CC, declarando este que o instrumento particular prova “obrigações
convencionais de qualquer valor”. O art. 227, parágrafo único, do CC admite a
prova testemunhal como subsidiária e complementar da prova por escrito. Se
é apenas prova literal, ou de espécie diferente, mas na função de
complemento, cogitar-se-á em outro sítio.70 Aqui a questão proposta é distinta:
inadmissível a prova testemunhal, porque cabível unicamente a prova
documental, interessava precisar se nos litígios envolvendo contratos acima
do valor estipulado no art. 401 do CPC de 1973 admitir-se-ia, ou não, outro
meio como sucedâneo do documento.

Existem casos em que o documento integra a forma, sob a pena de


nulidade (art. 166, IV, do CC), não se admitindo outra prova, por mais especial
que seja (art. 407, in fine), quando for hipótese de instrumento público: a
prova documental é obrigatória; portanto, a única prova admissível. Nenhuma
outra lhe supre a falta.
No entanto, a inexistência formal de prova plena – exceção feita à
escritura pública (art. 215, caput, do CC) –, vinculando o juiz, não obsta o sutil
vínculo da confissão (judicial ou extrajudicial). Lícito conjecturar se a
confissão, fazendo prova contra o confitente (art. 391), e pré-excluindo a
prova testemunhal (art. 443, I, segunda parte), supre a falta de prova
testemunhal da existência e do conteúdo do “contrato” (rectius: dos negócios
e atos jurídicos). Impõe-se resposta positiva à questão: é válida e eficaz a
confissão a respeito de direitos disponíveis (retro, 1.877).71 Também a perícia,
antecedida ou não da exibição, servirá a esse propósito, pois os livros do
empresário fazem prova contra o seu interesse (art. 417).

A inadmissibilidade da prova testemunhal exclusiva nos litígios contratuais


suscitava variadas questões. À primeira vista, a mais simples era o efeito da
regra: a inadmissibilidade da prova testemunhal. Fora daí, entretanto, e sem
embargo dos valiosos subsídios hauridos do direito francês, em mais de um
aspecto a disciplina brasileira era particular.

Conforme já se assinalou, o art. 1.072, II, do NCPC revogou os arts.


227, caput, e 229 do CC, emprestando configuração da admissibilidade da
prova testemunhal mais afeiçoada ao sistema germânico (retro, 1.958). Em tal
contexto, há dois termos de alternativa: ou desprezam-se as questões do
direito anterior, porque superadas pela bem vinda evolução legislativa; ou
empreende-se o exame desses assuntos, eventualmente úteis em processos
vindouros (v.g., na rescisória). É mais prudente, por enquanto, percorrer o
segundo caminho.

1.960.1. Âmbito objetivo da restrição à prova testemunha exclusiva –


Segundo aguda observação feita no direito anterior, o direito probatório
brasileiro em vigor era “o resultado de dois retículos normativos, com pontos e
espaços que nem sempre coincidem”.72 A falta de coincidência há de pôr o
intérprete de sobreaviso contra os perigos da superficialidade. E, no atinente a
limitação da inadmissibilidade ad valorem da prova testemunhal estampava-
se flagrante contraste entre o art. 401 do CPC de 1973 e o art. 227, caput, do
CC, ambos revogados: o dispositivo civil aludia a “negócios jurídicos”,
enquanto o processual contentava-se com uma das suas espécies, a dos
“contratos”.

O art. 227, caput, do CC ampliara o âmbito objetivo da restrição à prova


testemunhal exclusiva.

Ficavam alheios à incidência da regra, nos termos regra processual


revogada, os negócios jurídicos unilaterais (v.g., promessa de recompensa,
outorga de poder), os atos jurídicos em sentido estrito (v.g., constituição de
renda, gestão de negócios sem mandato) e os atos-fatos (v.g., especificação,
abandono da posse, pagamento).73 Em relação ao pagamento (ato-fato) e à
remissão (ato jurídico) já inovara o art. 403 do CPC de 1973, admitindo prova
testemunhal, mas o art. 227,caput, do CC, manteve-se indiferente à regra
processual.

Não comportavam prova testemunha exclusiva os negócios jurídicos


bilaterais e unilaterais e os atos jurídicos (art. 185 do CC), em geral.74 E, como
antes, a natureza empresarial do contrato não apresentava relevo.75 O
contrato civil e o empresarial entravam na órbita do art. 227, caput, do CC.
Ressalvava o art. 227, caput, do CC, os “casos expressos” em contrário.
No direito anterior, entendeu-se ociosa a ressalva de idêntico teor, inexistindo
casos de contratos de valor superior ao prefixado que se provariam por
testemunhas.76 No entanto, os contratos agrários já comportavam prova
exclusivamente testemunhal, a teor do art. 92, § 8.º, primeira parte, da Lei
4.504/1964.77 E, hoje, o novo regime apenas reforça a regra pescial.

Exceto nessa parte, os dispositivos em exame não excepcionavam a


qualidade dos figurantes, a natureza do negócio e outras circunstâncias,
autorizando a autoridade judiciária a admitir prova testemunhal exclusiva, a
exemplo do art. 2.721, n.º 2, do CC italiano, e, desse modo, era inaplicável
orientação análoga. Ao juiz brasileiro restava decidir se o art. 401 do CPC de
1973 incidia, ou não, na espécie; constatado valor superior ao décuplo do
maior salário mínimo vigente do país, no momento da formação do negócio,
simplesmente não caberia prova testemunhal exclusiva.78

A destruição ou o extravio da única via do instrumento particular,


excepcionalmente a destruição do instrumento público (v.g., lavrada a
escritura de compra e venda de imóvel, avassalador incêndio no prédio do
tabelionato liquidou fisicamente os livros do tabelião, antes da entrega do
traslado às partes), encerrava a problemática geral da extensão objetiva da
inadmissibilidade da prova documental exclusiva.

Em casos tais, era (e ainda é, quanto aos negócios formais) lícito aos
litigantes provar através de qualquer meio não a formação do negócio jurídico
em si, mas a existência prévia do instrumento e ulterior desaparecimento,
suprindo-lhe, indiretamente, a falta.79 O art. 221, parágrafo único, do CC,
devidamente preservado pelo art. 1.072, II, do NCPC, reza o seguinte: “A
prova do instrumento particular pode suprir-se pelas outras de caráter legal”.
A despeito do disposto no art. 406 do NCPC, segundo o qual a falta do
instrumento público não pode ser suprida por outro meio,80 idêntica faculdade
a ele se estende. Lícito à parte provar a anterior existência e o teor do
instrumento público por qualquer meio de prova. A perda ou o extravio dos
instrumentos é caso de admissibilidade da prova testemunhal.

Fixado o panorama geral do âmbito objetivo de incidência do art. 401 do


CPC de 1973 c/c art. 227, caput, do CC, no direito anterior, urge resolver dois
problemas especiais: a determinação do valor e a espécie de fatos que, nos
negócios jurídicos, submetem-se à restrição legal.

1.960.1.1. Determinação ad valorem do objeto da restrição da prova


testemunhal exclusiva – Em sentido felizmente uníssono, o art. 401 do CPC
de 1973 e o art. 227, caput, do CC convergiam no tocante (a) ao valor do
negócio (décuplo do maior salário mínimo vigente no país) e (b) ao momento
da apuração do valor: o da formação do negócio.

O valor prefixado – décuplo do maior salário mínimo vigente no país –


refletia opção de política legislativa, cuja razoabilidade pode ser posta em
dúvida, em virtude de eventual insuficiência, e, não por excesso. Em muitos
casos, negócios de valor aquém do prefixado envolviam interesses
transcendentes da pessoa natural e, nada obstante, têm prova livre. O
objetivo de emprestar maior segurança às relações jurídicas através da prova
literal, interessando precipuamente à ordem pública,81 razão por que exclui
estipulação das partes em contrário,82 ficaria comprometido para setores
significativos da população. Feita essa ressalva, o critério revelava-se imune
ao controle judiciário.

O emprego de escala móvel – salário mínimo – imunizava o valor do


negócio jurídico, na época da sua formação, das vicissitudes da moeda
nacional. Representava solução tecnicamente superior à da fixação periódica
e casuística do direito francês.83 O valor do negócio era apurado no momento
da “celebração”, ou seja, na oportunidade do ingresso no mundo jurídico, uma
vez preenchidos os elementos de existência. Eventos e condutas anteriores
(fase das tratativas) e posteriores (v.g., o inadimplemento) ficavam alheios à
restrição. A circunstância de o valor da prestação ultrapassar o valor prefixado
(v.g., em razão da fluência dos juros da mora), no momento em que é pedida
pela ação de cumprimento (art. 475 do CC), revelava-se irrelevante à
admissibilidade da prova testemunhal exclusiva.84

Podia acontecer de os figurantes não estipularem formalmente o valor do


negócio na época sua formação. Exemplo clássico é o da permuta entre dois
quadros. Nessa contingência, distinguem-se três situações: (a) o valor
atribuído à causa pelo autor, porque impraticável a definição do valor, e
suposto retrato do conteúdo econômico da pretensão, não era impugnado
pelo adversário; (b) o valor atribuído pelo autor à causa, inferior ou superior ao
décuplo do maior salário mínimo vigente no país (art. 401 do CPC de 1973),
era impugnado; (c) o valor do negócio era inestimável.85 O valor da causa
atribuído pelo autor predeterminava, no primeiro caso, a admissibilidade da
prova testemunhal, conforme seja inferior ou superior ao valor prefixado no
art. 401. Essa disposição refletia análoga liberdade na estipulação do valor do
próprio negócio.86 Sobrevindo impugnação do réu, o juiz, servindo-se, quando
necessário, do auxílio de perito, determinava o valor da causa, e,
conseguintemente, condicionava o cabimento, ou não, da prova testemunhal.
E, na última hipótese, não se concebendo, como outrora, a omissão do
autor,87 a admissibilidade regulava-se pelo valor livremente atribuído na
petição inicial.

A admissibilidade da prova testemunhal governava-se unicamente pelo


valor do negócio. O valor do litígio superveniente não exibia importância.88 Ao
contrário da hipótese anteriormente ventilada e resolvida, ou seja, a da
inexistência formal do valor, agora o negócio tem valor determinável; porém, a
pretensão concretamente exercida apresenta conteúdo econômico inferior ao
valor prefixado no art. 401 do CPC de 1973.

Recebeu o assunto ampla análise na literatura francesa antiga.89 Os


resultados fundam-se na premissa que à admissibilidade da prova
testemunhal exclusiva importa só o valor do negócio. Se o valor era superior
ao prefixado na lei, e os figurantes optaram por ignorar a forma ad
probationem, porque livre a forma ad solenitatem, presume-se a assunção
dos riscos daí advindos. Além disso, litígios parciais subordinam-se ao teto de
admissibilidade. Desse modo: (a) pedindo o autor prestação principal de valor
inferior ao prefixado, mas excedendo o valor do negócio ao teto da
admissibilidade, exclui-se a prova testemunhal exclusiva; (b) a transmissão do
objeto de negócio a mais de uma pessoa, por negócio inter vivos, ou causa
mortis, excedendo o valor originário o teto da admissibilidade, em que pese as
pretensões individuais dos sucessores sejam de valor inferior ao teto não
apaga a inadmissibilidade da prova testemunhal exclusiva; (c) o pedido de
prestação acessória (v.g., os juros) de valor inferior ao teto de admissibilidade,
sendo superior o valor do negócio, não torna admissível a prova testemunhal
insulada; (d) reclamando o credor prestação de valor supostamente inferior ao
teto de admissibilidade, na verdade, porém, de valor superior, a prova
testemunhal insulada é inadmissível. Todavia, pleiteando o credor prestações
originadas de dois ou mais negócios de valor inferior ao teto de
admissibilidade da prova testemunhal exclusiva, cuja soma excede o valor
prefixado, a prova testemunhal insulada é admissível.90

1.960.1.2. Determinação do fato negocial objeto da restrição da prova


testemunhal exclusiva – O art. 401 do CPC de 1973 e o art. 227, caput, do CC
não esclareciam a natureza do litígio envolvendo o negócio. Entendia-se que
são os fatos principais relativos à formação, à modificação, à confirmação, à
transmissão ou à extinção dos negócios jurídicos (bilaterais e unilaterais) e
dos atos jurídicos.91 Fatos simples podiam ser provados unicamente por
testemunhas.92

Por extensão explícita, o pagamento (ato-fato) e a remissão (negócio


jurídico unilateral) também se encontravam jungidos ao valor prefixado, a teor
do art. 403 do CPC de 1973, regra inspirada no art. 2.726 do CC
italiano.93 Embora a palavra pagamento compreendesse quaisquer meios de
solução da dívida,94 ao mencionar um meio extintivo – remissão –, a norma
restringia a simetria do regime de admissibilidade da prova testemunhal ao
adimplemento do obrigado e à remissão.95 No tocante ao pagamento, era a
interpretação adotada na vigência do art. 141 do CC de 1916.96 O ônus da
prova dos fatos em sentido amplo posteriores à fase de formação do contrato
incumbia ao obrigado.97 Não importava a alegação do ato-fato como elemento
da pretensão ou da exceção.98

Limitação desse teor equacionava problema agudo. Podia acontecer de os


figurantes olvidarem os proveitos da escritura em determinados negócios, a
exemplo da intermediação, do transporte de coisas ou de pessoas, e da
locação de imóveis, caso em que a prova testemunhal do adimplemento de
um dos parceiros outorga-lhe direito à contraprestação.99 Exemplo clássico
era o direito do corretor de imóveis à contraprestação de quem o contatou no
caso de êxito da mediação.100

Em princípio, a prova dos fatos jurídicos lato sensu e dos atos-fatos,


exceção feita ao pagamento, escapava à regra restritiva do art. 401 do CPC
de 1973. Este largo critério suscita mais de um problema no direito francês, o
principal deles – prova testemunhal do pagamento autoriza, ou não, o juiz a
inferir a existência do negócio que originou a dívida – solvido no art. 403 do
CPC de 1973.101 A jurisprudência francesa passou a distinguir entre os atos
jurídicos lato sensu e os “fatos materiais” com o propósito de mitigar o ônus
de preconstituir a prova literal.102 Entre nós, idêntica diretriz é ope legis.

Ao contrário do modelo francês, submetendo ao mesmo regime o período


pré-contratual e pós-contratual, entre nós eventos e condutas nessas fases já
comportavam prova testemunhal exclusiva. Por exemplo, na ação de
reparação de dano movida por A contra B, alegando o autor o rompimento
caprichoso, intempestivo e racional das tratativas preliminares pelo réu,
visando à formação de contrato de empreitada vultoso, a prova testemunhal
era admissível sem restrições.

Em contrapartida, inadmissível prova testemunhal exclusiva dos pactos


idôneos a modificar ampliativa ou restritivamente o conteúdo do negócio, cujo
valor original supera o prefixado.103 Fórmula originada no direito
romano: Contra escriptum testimonium, non scriptum testimoniun non fertur.
Conforme assinalou antigo escritor italiano, em passagem de limpidez
cativante,104 “admitir a prova testemunhal para contrariar a resultante do
documento escrito seria, à evidência, pretender-se reviver as dificuldades que
as partes quiseram excluir com a redação da escritura”.105 Exemplos: (a) no
contrato entre A e B, que estipula o valor da dívida em vinte vezes o maior
salário mínimo, não se afigurava lícito provar unicamente por testemunhas
que a dívida montava, na verdade, a quinze salários mínimos; (b) no contrato
entre Ae B, no valor de vinte salários mínimos, inexistindo cláusula
estipulando juros compensatórios, revelava-se inadmissível provar por
testemunhas a estipulação dos juros e a respectiva taxa.106

Era (e, naturalmente, o é no direito vigente) admissível a prova


testemunhal exclusiva, a despeito do valor do contrato, com o intuito de
precisar-lhe o alcance das cláusulas.107 Por exemplo, no contrato entre A e B,
estipulara-se o pagamento das prestações no quinto dia de cada mês, mas o
credor A tolerava o adimplemento deB até o décimo dia, sem cobrar os
encargos do retardamento.

Os erros materiais na prova literal comportam prova exclusivamente


testemunhal.108 Em relação à data do instrumento particular, o art. 409, caput,
dispõe: “A data do documento particular, quando a seu respeito surgir dúvida
ou impugnação entre os litigantes, provar-se-á por todos os meios de direito”
(retro, 1.927).

1.960.2. Âmbito subjetivo da restrição à prova testemunhal exclusiva – O


art. 401 c/c art. 227, caput, do CC vinculava as partes e seus sucessores, a
qualquer título, na relação contratual.

O vínculo dos figurantes do negócio, ou do figurante nos negócios


jurídicos unilaterais e no ato jurídico em sentido estrito, justificava-se em
razão da declaração de vontade emitida, assumindo os riscos da forma livre,
em que pese o expressivo conteúdo do negócio ou do ato.109 E o vínculo dos
figurantes respaldava-se na circunstância de a sucessão a título particular ou
a título universal transferir somente os direitos, pretensões, ações, deveres e
exceções do sucedido. Nada mais.

Litígios entre os figurantes, ou entre certo figurante e o sucessor de outro,


quadravam-se na restrição à prova testemunhal exclusiva. Por óbvio, no
âmbito dos limites objetivos anteriormente examinados. A esse propósito, a
parte dispunha da pretensão à exibição do documento comum, lavrado o
negócio em documento particular na posse privativa do adversário. Todavia,
invocando o sucessor direito próprio, contra outro sucessor ou o(s)
figurante(s) remanescente, o princípio da relatividade do negócio repele a
incidência do art. 401 do CPC de 1973.110 Era o caso do herdeiro B que busca
invalidar a doação feita por A ao herdeiro C, vez que excedeu a parte
disponível.111
Os negócios jurídicos destinam-se a produzir efeitos típicos ou próprios,
de natureza real ou obrigacional, conforme o estipulado no respectivo
conteúdo. Esses efeitos não vinculam terceiros e, aqui como alhures (retro,
506), chama-se terceiro à pessoa que não figura no negócio ou no ato. A
inexistência de extensão subjetiva, ou pessoal, dos efeitos próprios ou
naturais do negócio, preside o princípio da relatividade dos efeitos.112 O
brocardo res inter alios acta, aliis neque nocere, neque prodesse
potest expressa a regra geral. No entanto, terceiros têm o dever de respeitar
os negócios alheios, e de não prejudicá-los, e por exceção, também se
vinculam supervenientemente. É o caso do adquirente de imóvel locado,
vigorando a locação por prazo determinado, pactuada cláusula de vigência e
averbada no álbum imobiliário, a teor do art. 576 do CC. Os efeitos
predeterminados, ope legis, do ato jurídico em sentido estrito seguem idêntico
regime.

Em virtude desse princípio, nos litígios entre terceiros a existência, a


subsistência e o conteúdo do negócio alheio entende com os fatos simples, e,
portanto, passível de prova testemunhal irrestrita.113 Por exemplo, na ação
de A movida contra B, pleiteando a separação fundada no adultério do
réu B com C, a versão de queC é figurinista da fábrica de roupas de cama D,
a existência desse último vínculo de valor superior ao décuplo do maior
salário mínimo vigente no país comportava prova testemunhal.

Litigando um dos figurantes do negócio jurídico contra terceiro, o quadro


altera-se radicalmente: admitir-se-á prova testemunhal exclusiva do terceiro,
mas o figurante do negócio (ou sucessor a título universal ou singular) valer-
se-ia da prova documental.114 Exemplo: A ingressa com ação de despejo
contra B, fundado na sublocação do espaço-estacionamento do imóvel X a C,
violando a proibição contratual contrato, mas B alega a extinção o último
vínculo: A dispõe da prova testemunhal irrestrita para provar a existência da
sublocação, pois é terceiro; mas B necessitava de prova documental da
extinção da sublocação de valor superior ao décuplo do maior salário mínimo
vigente no país, porque figurante neste contrato. Dependia a proposição deste
ou daquele meio de prova do interesse derivado da regra de conduta aplicável
ao litígio. Segundo a mecânica do procedimento probatório comum, A só
necessitava valer-se das testemunhas na hipótese de B não produzir a prova
documental na contestação: produzida esta, com efeito, incidia regra
equivalente ao atual art. 443, II, segunda parte, do NCPC tornando
desnecessária a instrução. Restaria ao juiz decidir se sublocação não
consentida, mas já extinta, constituía violação suficientemente grave para
decretar o despejo.

1.961. Admissibilidade da prova testemunhal complementar

Os arts. 444 e 445 declaram admissível a prova testemunhal nos negócios


formais em duas hipóteses: (a) havendo começo de prova por escrito; e (b)
havendo impossibilidade material e moral de o credor constituir “prova escrita
da obrigação”. Esses dispositivos excepcionam a regra da inadmissibilidade
prevista no art. 444, primeira parte, devendo entender-se “obrigação” em
sentido amplo, haja ou não negócio jurídico, conforme prevê o art. 227,
parágrafo único, do CC.
Duas observações preliminares preparam a análise dessas hipóteses nas
quais o juiz admitirá prova testemunhal subsidiária ou complementar.

O art. 444 descurou das hipóteses de (a) perda e (b) extravio da única via
do instrumento particular ou público sem cópia. Não é implausível aventar-se
o calamitoso e anormal desaparecimento de instrumento público,
impossibilitada a parte, ainda, de obter certidão. Basta recordar o exemplo já
ministrado de incêndio destruir os livros físicos do tabelião antes da entrega
dos traslados da escritura pública e, aposentado ou morto o antigo titular do
ofício, extraviarem-se os arquivos no todo ou em parte. É admissível produzir
prova testemunhal exclusiva da (a) existência e do (b) conteúdo, no todo ou
em parte, do negócio jurídico subordinado à formaad solenitatem ou, informal
que seja, constituído por escrito ad probationem.115 Suprem as partes, por
essa via, a falta superveniente do instrumento público ou particular, e, não, a
preterição da forma ad solenitatem.116

E as disposições aplicam-se a quaisquer modalidades de extinção da


obrigação (v.g., pagamento e novação).

1.961.1. Prova testemunhal complementar ao começo de prova escrita – O


art. 444, segunda parte, admite prova testemunhal complementar ao começo
de prova por escrito do contrato formal ou solene.

O dispositivo descende do art. 1.347 do CC francês, que utiliza expressão


idêntica – commencement de preuve par écrit -, mas sua fonte direta é
nacional. Eram similares os termos do art. 183 do Regulamento 735/1985, por
sua vez origem do art. 141, parágrafo único, do CC de 1916 e do art. 227,
parágrafo único, do CC vigente, e, ainda, do art. 402, I, do CPC de 1973.
Relativamente ao art. 2.724, n.º 1, do CC italiano e ao art. 1.347, n.º 2, do CC
francês, a fórmula brasileira avantaja-se no quesito da clareza e precisão:
estabeleceu imputabilidade do começo de prova à parte contra a qual o
adversário fez a alegação cuja veracidade pretende demonstrar, e, não, a
pessoa demandada, sugerindo atribuição dessa prerrogativa unicamente ao
autor.117

1.961.1.1. Função do começo de prova – O art. 444, segunda parte, do


NCPC discrepa do modelo prescrito no art. 1.347, n.º 2, do CC francês no que
tange à função do começo de prova por escrito. Absteve-se o dispositivo
nacional de apresentar o começo de prova como hábil a tornar verossímil a
alegação de fato controvertida. Nada obstante, a função é idêntica: o
documento produzido não se mostra bastante à cabal formação do
convencimento do juiz, quanto à existência do negócio jurídico solene,
necessitando o complemento da prova testemunhal (ou de outro meio hábil),
mas persuade o necessário para a autoridade judiciária passar à instrução da
causa.118 A esse estágio do convencimento, flagrantemente intermediário
entre a incerteza e a convicção da veracidade,119 dá-se o nome de juízo de
verossimilhança.

Em determinadas situações, principalmente na tutela da urgência, o juízo


de verossimilhança é suficiente; quer dizer, resultado possível e máximo da
instrução. Eis o motivo por que a medida da livre apreciação (retro,
1.335.1.3.2) assumiu importância primacial no processo civil contemporâneo e
o prestígio da verossimilhança como modelo de constatação aumentou
exponencialmente. Exemplo clássico de juízo de verossimilhança que leva ao
acolhimento do pedido de reparação do dano localiza-se no furto de
automóvel no estacionamento dos supermercados.

O art. 444, segunda parte, não chega a tais extremos de ausência de


subsídio probatório. Ao contrário, o elemento de prova produzido enseja
ulteriores perquirições, presumivelmente frutíferas para alcançar o desejável
juízo de certeza. Assim, ao admitir a prova testemunhal, o juiz invocará o
começo de prova por escrito, forma de controle do raciocínio judicial.120

1.961.1.2. Conceito e natureza do começo de prova – Se o começo de


prova por escrito contemplado no art. 444, segunda parte, enseja ulterior
atividade de instrução, cuida-se de prova incompleta, ou de prova
semiplena;121 na verdade, a “meia prova” das Ordenações Filipinas (Livro 2,
Título 52, n.º 1): “os escritos de obrigações, pactos, ou liberações, feitos por
pessoas, cujos escritos não tem força de escritura pública”.122 A par dessa
frisante característica, inexiste uniformidade quanto à noção do que,
realmente, preenche o gabarito de “começo de prova por escrito”. Evoluiu a
doutrina italiana da noção assaz ampla, abrangendo qualquer escrito,
independentemente da forma e da finalidade da redação,123 para outra mais
restrita: a de documento redigido e assinado pelo respectivo autor,
prejudicado por defeito formal.124 Entre nós, sustentou-se tratar-se de qualquer
documento, escrito ou não, inclusive os do art. 422 (v.g., a fotografia).125

A título de exemplo, representaria começo de prova por escrito a fotografia


do banqueiro A, estampada no jornal local, festejando a inauguração do
estabelecimento de B, supostamente instalado com recursos provenientes do
mútuo por ele concedido ao obrigado. Embora convincente o exemplo,
revelando tanto a verossimilhança da alegação de fato (existência do mútuo),
como a insuficiência isolada desse elemento de prova para suprir a ausência
da escritura privada, urge considerar a exigência de “escrito” justaposta no art.
444, segunda parte, ao começo de prova. Em geral, entende-se o começo de
prova como documento escrito.126Completamente distinta a visão clássica,
reclamando escrito desprovido dos requisitos legais. Dos exemplos
colecionados (v.g., livros comerciais, registros domésticos e cartas) segundo
tal concepção restritiva,127 resulta inequívoco que, a vingar a tese, sobrariam
poucos escritos aptos a incidir no art. 444, segunda parte. Parece
recomendável dilatar o campo de incidência da regra. Se a anotação em
registro doméstico supre a falta do título (art. 415, II), bastando como prova do
crédito, então começo de prova por escrito é menos que tal: a minuta do
recibo de pagamento com o carimbo de “cancelado”, por exemplo.

O começo de prova por escrito é qualquer documento que, emanado da


parte contra quem é feita a alegação de fato, exiba ou não a força probante
intrínseca prova documental (v.g., a minuta do contrato e o desenho da obra
contratada).

Cumpre à parte produzir o documento no momento oportuno (art. 434); por


conseguinte, será prova pré-constituída, jamais constituenda (v.g.,
depoimento pessoal e confissão). Não releva o ônus de produzi-lo, opportuno
tempore, a inexistência de controvérsia ou o requerimento de provar por
testemunhas também a respectiva existência.128
1.961.1.3. Requisitos do começo de prova – São três os requisitos do
começo de prova: (a) a forma documental; (b) a imputabilidade à parte
contrária;129 e (c) aptidão para o juízo de verossimilhança. Resta examinar a
proveniência do documento abrigado no art. 444, segunda parte.

Documento emanado da parte contra a qual pesa a alegação de fato


controvertida, relativamente ao negócio jurídico formal, não é documento que
pertença ou esteja na posse desse sujeito da relação processual, mas
declaração de ciência imputável. Costuma-se distinguir nesses domínios o (a)
documento autógrafo (v.g., o documento feito e assinado pelo seu autor, a
teor do art. 410, I; a anotação do art. 415, II); e o (b) documento
eterógrafo.130 O documento eterógrafo subdivide-se em duas espécies,
conforme a proveniência da declaração: (ba) a declaração origina-se da parte
(v.g., o instrumento público redigido por oficial incompetente; o comprovante
do estacionamento do veículo; o cartão de ingresso no quarto do hotel); (bb) a
declaração origina-se de terceiro (v.g., a prova testemunhal
emprestada).131 Emanará da parte contra quem se pretende utilizar
documento feito pelo mandatário (incluindo o advogado, no que praticar fora
da procura judicial),132pelo gestor de negócios,133 o sucessor, e assim por
diante. Relativamente à prova testemunhal emprestada, produzida sob a
forma documental, mas com eficácia de testemunhal, não tem o menor
cabimento: prova testemunhal antecedente não é começo de prova escrita da
prova testemunhal subsequente.134 Do mesmo modo o depoimento pessoal do
terceiro.

1.961.2. Prova testemunhal subsidiária à impossibilidade da prova


escrita – O art. 445 do NCPC, reproduzindo o art. 402, II, do CPC de 1973,
contempla, em termos amplíssimos e exemplificativos, regra implícita na
vigência do CPC de 1939:135 a impossibilidade da constituição de negócio
jurídico bilateral ou unilateral e do ato jurídico em sentido estrito na forma
documental. É o sentido da expressão “prova escrita da obrigação” inserida
na regra. Convém lembrar a prova a admissibilidade, em iguais condições, da
prova testemunhal das modalidades de extinção das dívidas em geral (v.g.,
pagamento). Em tal contingência, impossibilitada a juntada do instrumento, o
juiz admitirá prova testemunhal subsidiária. A impossibilidade é de duas
espécies: (a) material; (b) moral.

1.961.2.1. Impossibilidade material da prova escrita – Da enumeração da


parte final do art. 444, incluindo o depósito necessário e a hospedagem em
hotel, evidencia-se critério elástico de impossibilidade material.136 Ao contrário
do direito italiano,137 prescinde-se de obstáculo extraordinário e imprevisível
(v.g., incêndio, inundação), contemporâneo ou não ao ingresso do negócio no
mundo jurídico,138 bastando circunstâncias comuns (v.g., a pressa do
hóspede). Como quer que seja, o rigor da impossibilidade decorrente de fatos
imprevisíveis e incontroláveis recebeu atenuação no acréscimo da
impossibilidade moral.139

Em relação ao direito anterior, o art. 444 acrescentou a impossibilidade


material em decorrência das práticas “comerciais” no local da formação do
negócio. Claro está que a disposição não se restringe às práticas
empresariais em sentido estrito, e, de resto, a exceção envolve contratos
formais. Assim, a compra e venda de imóvel de valor superior ao teto do art.
108 do CC, contrato solene por excelência, pode ser provado por via de
testemunhas, demonstrado o costume local em formar negócios dessa
natureza oralmente, na ação em que A pretenda receber o preço de B.
Problema distinto é a aquisição do domínio em casos tais.

A perda ou o extravio do instrumento particular supre-se mediante


qualquer meio de prova típico ou atípico (art. 221, parágrafo único, do CC). E,
apesar do disposto no art. 406, há de se entender que na remotíssima
hipótese da impossibilidade de obter traslado (v.g., incêndio destruiu os livros
do tabelião) idêntica faculdade estende-se aos instrumentos públicos em
geral.

1.961.2.2. Impossibilidade moral da prova escrita – O art. 444 exemplifica


a impossibilidade moral de obtenção da prova escrita no parentesco. O
parentesco é, de fato, poderoso inibidor das formalidades na área dos
negócios. Exemplo clássico de óbice dessa espécie avulta no caso do
devedor de alimentos. Na execução da dívida alimentar, ao juiz cumprirá
admitir, conforme a proposta da defesa incidental, a prova unicamente
testemunhal do pagamento, da remissão, da transação, da dação e de outros
meios de solução da dívida. Corresponde ao quod plerumque accidit, no ato
do pagamento em espécie dos alimentos, o credor abster-se de pedir recibo
ou de formalizar o adimplemento por escrito. Não é o único caso: o
empréstimo da sogra ao genro, filho para o pai, do futuro sogro, dentro outros
negócios comuns no âmbito familiar, calham ao art. 445.

Determinados contratos de prestação de serviço são orais


independentemente do valor, ou da forma ad solenitatem, em virtude de
variados motivos: a urgência do atendimento (v.g., a cirurgia médica após
grave acidente do paciente); a fidúcia da relação (v.g., a sustentação oral feita
pelo advogado em causa de antigo cliente); ou, simplesmente, o costume
(v.g., o tratamento odontológico). Situações que, de ordinário, desestimulam a
forma escrita.

Preocupação especial suscitava o contrato de mediação. O corretor


adquire direito à retribuição pecuniária no caso de os figurantes que
aproximou chegarem a formar vínculo contratual. Por exemplo, A tem
interesse em comprar a casa de B, e contata o corretor C para persuadir o
proprietário B a vender-lhe, sob determinadas condições, preterindo D:
assinada a promessa de compra e venda, atingiu sucesso a mediação de C e
este adquire direito de receber a comissão usual de A. Em relação ao contrato
entre A e B, C é terceiro e, por esse motivo, não precisa provar-lhe
documentalmente a existência, nem sequer a corretagem é contrato formal, a
atrair a restrição do art. 444, primeira parte. A data do negócio tem
importância, por exemplo, no termo inicial do prazo de prescrição da
pretensão de C contra A.140 No que tange ao próprio contrato de mediação,
entretanto, C é figurante com A, e o mais usual, segundo o costumes do
comércio jurídico, é a contratação informal do intermediário. Na melhor das
hipóteses, C insere cláusula no contrato entre A e B, fixando o valor da
comissão e quem obriga-se a pagá-la. Fora daí, inexistirá prova escrita,
caso C ingresse em juízo contra A. O STJ superava a dificuldade da
restrição ad valorem, no direito anterior, admitindo a prova exclusivamente
testemunhal: “É possível prova exclusivamente testemunhal para comprar a
intermediação para venda de imóvel e demonstrar os efeitos dos fatos em que
as partes estiveram envolvidas e as obrigações daí
decorrentes”.141 Desapareceu o problema perante o art. 445.

Em que pese adesão influente ao acerto da tese,142 o empréstimo das


economias acumuladas no curso da relação pelo empregado ao respectivo
empregador, precisado de quantia vultosa em moeda corrente para pagar o
abastecimento de gêneros alimentícios da mansão familiar, representa
hipótese de flagrante impossibilidade moral. O liame de subordinação e de
dependência constrangerá o empregado, receoso em melindrar o patrão,
aparentando desconfiança, haja ou não motivo real para semelhante inibição.

Relações de cortesia e de amizade, a autoridade ou o prestígio de um dos


figurantes do negócio, constituem fatores dignos de apreciação na incidência
do art. 445. Rejeita-se, nessa linha de raciocínio, a rigidez na interpretação
corrente de regra similar no direito italiano.143 O sistema brasileiro é diferente.
O juiz usufruirá de ampla liberdade para aquilatar o constrangimento moral
que impediu a documentação do negócio ou do ato.

1.962. Admissibilidade da prova testemunhal plena

Encerra o sistema de admissibilidade da prova testemunhal a disposição


do art. 446, declarando admissível a prova testemunhal da simulação e dos
vícios do consentimento, em geral, pela parte. Em relação ao direito anterior,
eliminou-se a referência a “parte inocente”.

Em mais de um aspecto a disposição suscita dúvida quanto ao seu campo


de incidência. A regra é a admissibilidade da prova testemunhal, a teor da
proclamação veemente do art. 442, a inadmissibilidade é a exceção. A
repetição do cabimento da prova testemunhal caberá neste ou naquele caso
torna-se supérflua, máxime eliminada a restrição ad valorem. O que necessita
de regra expressa é, portanto, a exclusão do meio de prova. A extensão das
exceções à prova exclusivamente testemunhal compelira o CPC de 1973 a
reafirmar a regra geral em certos assuntos.144 No regime atual, o art. 446 não
tem muito sentido, restringindo-se aos contratos formais.

Segundo a natureza das coisas, a prova testemunhal releva-se essencial à


demonstração da veracidade da alegação dos vícios no consentimento dos
negócios jurídicos, na pior das hipóteses criando indício do defeito. Por
exemplo, o concerto fraudulento (consilium fraudis) na fraude contra credores.
Quem frauda os seus credores, segundo o mais elementar senso comum,
jamais indicará por escrito o móvel escuso e os objetivos censuráveis do
negócio. O credor prejudicado demonstrará a maquinação do devedor e do
terceiro mediante prova testemunhal,145 demonstrando indícios sérios e
convergentes, e o juiz inferirá a participação mediante presunção judicial.

E uso da expressão “parte inocente” como habilitada a provar vícios do


negócio e do ato jurídico mediante testemunhas, no direito anterior,
aumentava a perplexidade: aludindo a um dos contratantes, consoante
preconizava arguto intérprete da lei processual,146 não se aplicaria à
simulação, na qual, por definição, inexiste contratante inocente. Felizmente, o
art. 446, caput, não reproduziu a expressão.
Para alcançar conclusões mais consistentes, a análise da estrutura e dos
efeitos da simulação auxilia a compreensão do escopo fundamental do art.
446.

Dá-se a simulação quando duas ou mais pessoas, objetivando enganar ou


ludibriar alguém, formam negócio jurídico aparente, dissimulando o negócio
realmente existente (simulação relativa) ou, na verdade, negócio nenhum
(simulação absoluta).147 Em outras palavras: “A simulação é absoluta quando
não se quis outro ato jurídico nem aquele que se simula. Relativa, quando se
simula ato jurídico para se dissimular, ou simplesmente dissimulando-se outro
ato jurídico”.148 Daí a identificação de duas espécies de simulação: (a) relativa;
e (b) absoluta. No entanto, há de considerarem-se os efeitos da burla na
esfera jurídica alheia: ou as partes pretendem prejudicar terceiros (v.g., na
chamada dissimulação fraudulenta, em que o escopo é o de fraudar os
credores), ou infringir regra proibitiva.149 O expediente a que recorreram os
figurantes encobre negócio real que, por sua vez, é viciado: por exemplo, a
cessão de promessa de compra e venda a um parente colateral do
promissário comprador, a fim de evitar a penhora dos aluguéis ou do próprio
direito (real) formativo à aquisição do domínio.150 Claro está que o negócio
fraudulento não é, necessariamente, dissimulado por outro, e bem pode ser o
negócio real.151 Assim, a compra e venda de imóvel do réu, na pendência de
ação capaz de reduzi-lo à insolvência (art. 792, IV), em que o comprador
realiza atribuição patrimonial ao devedor, pagando preço de mercado pelo
bem, é negócio real, mas ineficaz perante o autor da demanda, porque
fraudulento.

Essas características autorizam distinguir duas espécies de simulação por


outro critério: (a) inocente; ou (b) nocente.152

Pois bem. No sistema do CC de 1916, só os negócios fraudulentamente


simulados eram defeituosos, ensejando pretensão à invalidação do terceiro ou
do órgão do Ministério Público. Aos respectivos figurantes, apesar de julgados
em contrário,153 não se mostraria lícito e admissível, de acordo com o art. 104
do CC de 1916, desvincularem-se do negócio aparente em juízo,154 ressalva
feita ao distrato – hipótese implausível, em geral, pois um deles situar-se-ia
em posição de vantagem (v.g., o adquirente do imóvel alienado em fraude
contra credores pelo devedor à sua namorada, entrementes desfeita a relação
afetiva). Ao invés, os negócios inocentemente simulados, sem prejuízo aos
terceiros e ao negócio, comportariam pretensão à declaração do negócio real,
entre os figurantes (v.g., em lugar de compra e venda, restaurando a
doação).155 Opinião isolada, mas influente, defendia a inexistência do negócio
simulado, no caso de simulação absoluta (inexistência de negócio encoberto)
e inocente (inexistência de prejuízo a terceiros).156

Em tal regime, a “parte inocente” mencionada no art. 404, caput, do CPC


de 1973, legitimada a provar a simulação através de testemunhas era o
figurante do negócio inocentemente simulado: o pai rico que, para estimular o
filho pródigo a cuidar da própria vida, simula a transferência dos investimentos
financeiros e aliena o patrimônio imobiliário a dois ou mais amigos.157

Se compreensíveis os propósitos do art. 404, caput, do CPC de 1973, no


terreno da simulação, em parte, desapareceu essa possibilidade perante o art.
167,caput, do CC em vigor: o negócio simulado é nulo (e, não, anulável),
porque agasalha declaração falsa.158 Em qualquer das hipóteses – simulação
relativa ou absoluta, simulação inocente ou nocente –, o negócio jurídico, e, a
fortiori, o ato jurídico em sentido estrito (art. 185), passou a existir,
ingressando no mundo jurídico, mas – eis o ponto – deficientemente. Variam,
todavia, os efeitos da decretação da invalidade: na simulação relativa,
fraudulenta ou não, o desaparecimento da regra proibitiva do art. 104 do CC
de 1916 autoriza a pretensão de um dos figurantes – todavia, não “inocente”,
porque participante de burla –, com a finalidade de restaurar o negócio real.159

No antigo regime da simulação, desfeito o negócio aparente nada sobrava


na simulação absoluta. Desde o início o negócio era mera e só aparência. Na
simulação relativa, diversamente, subsistia o negócio real, “se lícito”.160 Era o
entendimento da jurisprudência do STJ.161 Foi o que estabeleceu o art.
167, caput, segunda parte, do CC vigente.162 Assim, o figurante em posição de
vantagem, graças a simulação (v.g., o suposto adquirente do imóvel alienado,
na verdade doado, repelindo a pretensão à cobrança do preço), não poderá
se prevalecer da simulação, porque ao outro será lícito pretender o
reconhecimento do negócio real.163

Limita-se o aproveitamento como válido e eficaz do negócio real, todavia,


nos termos do art. 167, caput, do CC, “se válido for na substância e na forma”.
Assim, não é possível validar a compra e venda que dissimula o pagamento
de propina a servidor público. O desfazimento do negócio aparente (compra e
venda) traria à tona o negócio real (corrupção).164 Este é fato típico penal,
incidindo, destarte, o art. 166, II, do CC.

Feita a digressão sistemática e comparativa do velho e do novo diploma


civil, eliminam-se as dúvidas: o art. 446 do CPC autoriza a provar por
testemunhas contra e além seu conteúdo,165 vez que os fatos relativos aos
vícios do consentimento (v.g., dolo e coação) e aos vícios sociais (v.g.,
simulação e fraude contra credores) não apareciam no instrumento particular
ou público, e, destarte, a mais das vezes dependem da prova testemunhal de
indícios.166 Não é lícito introduzir as restrições do direito italiano que,
cuidando-se de negócio subordinado à forma ad substantiam, não admite
prova testemunhal.167

§ 404.º Estatuto da testemunha

1.963. Aptidão da testemunha

A aptidão para depor descansa em diretriz retirada da noção já ministrada


da testemunha e consoante os dados do ius positum. Por definição,
testemunha é terceiro, no tocante às partes e ao objeto do litígio, constituindo
essa condição penhor da isenção na transmissão do conhecimento ao órgão
judiciário.

Em tese, inexistem diferenças substanciais entre o depoimento da parte e


o depoimento do terceiro: a natureza das declarações da pessoa humana não
discrepa em função da posição ocupada no processo.168 Nos sistemas
jurídicos da Civil Law, entretanto, a testemunha em sentido próprio é terceiro
em relação à causa. Uma coisa exclui a outra: quem é parte não depõe como
testemunha e quem testemunha não depõe como parte.169 E, enquanto a
aptidão para ser parte (Parteifähigkeit), ou personalidade processual (retro,
507), apresenta extensão inaudita, entre nós mais que simples reflexo da
capacidade de direito,170 a aptidão para depor estrutura-se, na órbita dos
terceiros, de acordo com outros e restritos princípios. Limites abstratos, a
priori, não tem cabimento no âmbito da aptidão.

O dever de depor é universal. Ele obriga até as mais altas autoridades da


estrutura política republicana. Essa extensão subjetiva constitui o lado positivo
do “privilégio” estabelecido no art. 454. Formulou corretamente a regra geral o
art. 447, caput, primeira parte: “Podem depor como testemunhas todas as
pessoas”. É quase idêntica essa parte da proposição da Federal Rules of
Evidence: “Every person is competent to be a wietness”. E qualquer pessoa,
incluindo a parte, tem aptidão para testemunhar.171 Se nos ordenamentos
filiados ao sistema da Common Law, as partes também testemunham, porque
juram dizer a verdade – e, no direito brasileiro, a parte assumirá análogo
compromisso na respectiva deposição (retro, 1.863.1.3), por força do dever de
veracidade (art. 77, I) –, ato de altíssima significação moral (a mão direita
repousará nos livros sagrados) e legal (o crime de perjúrio é gravíssimo)
nesse sistema, e provam a favor de suas próprias declarações, é problema
distinto.

A aptidão abstrata reclama duas explicitações. Em primeiro lugar, a função


da testemunha consiste na transmissão ao órgão judiciário do conhecimento
alhures adquirido. A transmissão eficaz exige três capacidades especiais: (a)
a capacidade de perceber; (b) a capacidade de remeter (memória); e (b) a
capacidade transmitir na oportunidade da audição.

Parece evidente que a função dependente dessas capacidades só pode


ser desempenhada por pessoas naturais.172 Logo, no item da aptidão importa
definir quem depõe quando eventos e condutas ocorrem na esfera das
pessoas jurídicas. Por exemplo, na ação de separação (ou de divórcio)
de A contra B, em que a autora Aalega que B e C mantiveram relações
sexuais no motel X, no dia Y, e o réu alega que visitou tal estabelecimento
com C, figurinista da fábrica de roupas de cama D, pretendendo angariar
pedido de fornecimento para a rede de motéis, interessa definir quem
confirmará, ou não, a versão do réu do lado do motel X.

E, além disso, a pessoa investida na função judicante ocupa a posição de


terceiro, mas integra os direitos fundamentais das partes que sejam julgadas
por alguém equidistante, relativamente às partes e aos interesses em jogo.
Assim, ao juiz (e, a fortiori, ao árbitro) é vedado utilizar seu conhecimento
privado ao emitir o juízo de fato (retro, 1.353), impedimento retratado no art.
447, § 2.º, III, e, após depor como testemunha, impedido de julgar, gravando-
lhe o dever de abster-se e usufruindo as partes o direito de recusá-lo (art. 144,
I). Pode acontecer, entretanto, que o juiz conheça os fatos que originaram o
litígio, mas não declare seu impedimento (v.g., o juizJ encontrava-se no
motel X no dia Y, realizando inspeção judicial ordenada em ação civil pública,
a fim de aquilatar o isoladamente acústico do estabelecimento), ou a parte
suponha que conheça e arrole o juiz como testemunha, direito cujo exercício
desvirtuado servirá para impedir artificialmente juiz ou juíza que uma das
partes teme por motivos alheios à equidistância. Desse último assunto ocupa-
se o art. 452.
Ressalva feita a essas duas situações, problemas atinentes às
capacidades de percepção, retenção e transmissão do conhecimento,
integram o regime legal da incapacidade, do impedimento e da suspeição.
Segundo outra opinião fortemente crítica ao art. 228, parágrafo único, do CC,
a capacidade sensorial e, notadamente, a capacidade intelectual da pessoa
natural, situar-se-iam no campo da aptidão, porque seria absurdo imaginar um
cego depondo sobre o que viu ou o doente mental relatando
acontecimentos.173 Apesar de correta a visão crítica do dispositivo, ao menos
seja dado ao juiz verificar se nada de útil pode colher desses depoimentos à
primeira vista imprestáveis.

1.963.1. Deposição da pessoa jurídica – A aptidão para adquirir


conhecimento é da pessoa natural.174 As pessoas jurídicas não depõem como
testemunha.

O regime da capacidade de depor da pessoa jurídica como parte abriga


imensas dificuldades práticas nas grandes empresas. O representante
orgânico desconhece os fatos e quem os conhece não é o representante
orgânico.175 Ora, quando o evento e a conduta objeto de afirmação no
processo ocorrem na esfera da pessoa jurídica, e interessa à parte
demonstrar a veracidade da alegação controvertida, vale a linha preconizada
pelo pragmatismo do processo norte americano para o depoimento pessoal
(figura lá inexistente, porque terceiros e partes depõem como testemunhas): a
parte arrolará a pessoa natural habilitada a prestar esclarecimentos e
informações relevantes à solução da lide na estrutura da empresa.176 Assim,
no caso hipotético aventado, se B alega que visitou o
motel Xprofissionalmente, acompanhado da figurinista C, cumpre-lhe arrolar
como testemunha não o estabelecimento, mas a pessoa (representante
orgânico ou não) com a qual manteve contrato e entabulou o negócio.

O acionista da pessoa jurídica não é terceiro isento no litígio entre a


empresa e terceiro.177 Tem interesse no litígio e depõe como informante.

1.963.2. Deposição do juiz – O homem e a mulher investidos pelo Estado


na grave responsabilidade de exercer a função judicante devem apresentar-se
à sociedade em posição equidistante e alheia aos interesses concretos da
causa. Essa frisante garantia da justiça da decisão tem fundamento político
baseado, dentre outros fatores, na proibição do uso pelo juiz do seu
conhecimento privado,178 ou seja, o conhecimento adquirido por meios que
não sejam os meios de prova legalmente predispostos e fiscalizados pelas
partes (retro, 1.353). Existe nítida incompatibilidade entre a função judicante e
a de testemunha.179 O juiz que prestou depoimento como testemunha
encontra-se impedido de processar e julgar a causa (art. 144, I).

Se o juiz conhece previamente os fatos que originaram o litígio, a exemplo


hipótese de ter assistido o acidente de trânsito postado na janela da sua
residência, e recebe tal causa pelos azares da distribuição, sendo digno da
vocação que abraçou tem o dever de abster-se de poder de processar e julgar
a causa, invocando motivo íntimo (art. 135, parágrafo único). É atitude mais
comum do que se imagina, pois o homem e a mulher investidos na função
judicante inserem-se na comunidade em que vivem e o contato social lhes
propicia semelhante conhecimento. Uma das formas consiste nos célebres
segredos de alcova. Em qualquer hipótese, não ficará registrado no processo
o motivo real da abstenção (art. 145, § 1.º, in fine). Por influência do art. 119,
§ 1.º do CPC de 1939 – “Se a suspeição for de natureza íntima, comunicará
os motivos ao órgão disciplinar competente” –, a lei de organização judiciária
obriga o juiz a revelar o motivo em ofício ao Conselho da Magistratura. O
órgão de controle interno apreciará o assunto em sessão reservada,
mandando arquivar o expediente. Rejeitando a dúvida quanto à legalidade
dessa medida,180 a Resolução 82/2009, do STJ, consagrou o sistema, quanto
aos juízes de primeiro grau, e, nos tribunais inferiores, os desembargadores
comunicarão motivo, consoante o mesmo roteiro, à Corregedoria Nacional de
Justiça (art. 2.º), rejeitando a alegação de ilegalidade. O art. 145, § 1.º, in fine,
do NCPC esclarece o ponto: a pessoa investida na função judicante não
necessitará indicar o motivo (v.g., namoro com a advogado do réu).

Os arts. 144 e 145 não conferiram às partes o direito de recusar o juiz, em


virtude da óbvia dificuldade em se apurar semelhante circunstância e
demonstrar o grau de influência exercido pelo conhecimento privado no
espírito do julgador. Suspeitando que o juiz conheça os fatos, e que tal lhe
impeça de julgar conforme o acervo probatório, a parte tem o direito de arrolá-
lo como testemunha (art. 452, caput).

Na hipótese prevista no art. 452, I e II, por influência do direito português,


abrem-se dois termos de alternativa: (a) o juiz admite conhecer fatos, “que
possam influir na decisão” (v.g., na ação de A contra B, em que a autora alega
adultério do marido com C, o juiz viu B e C no motel X, no dia Y, na
oportunidade em que comemorava suas bodas de prata com a esposa, e
percebeu intimidade amorosa), declarando-se impedido de atuar no feito, mas
a parte ficará impedida de desistir do seu depoimento (art. 452, I), cujo peso
será intenso; (b) o juiz declara não conhecer os fatos relevantes (v.g., o juiz
esteve com a esposa no motel X, no dia Y, aniversário do seu casamento,
mas em horário diferente e não viu B e C no local), caso em que mandará
riscar seu nome do rol (art. 452, II).

Esse regime passa ao largo do problema principal. Por óbvio, a simples


alegação de uma das partes, quanto ao suposto conhecimento privado do
juiz, não lhe traz nenhum impedimento ao exercício da função judicante.
Representaria meio caviloso de a parte livrar-se do juiz íntegro, mas que não
lhe convém, manipulando a distribuição impessoal dos feitos. E, se o juiz
conhece, ou não, os fatos que originaram o litígio, só o próprio juiz pode
informar com segurança. Assim, pode acontecer (a) de a parte desconhecer a
ciência prévia do juiz e (b) a parte conhecer essa ciência prévia, arrolar o
julgador como testemunha, mas o juiz não declara seu impedimento,
mandado riscar seu nome do rol, porque estima preservada a isenção (v.g., o
juiz viu B e C no motel X, no dia Y, mas desconhece o móvel da visita e não
percebeu qualquer intimidade); (c) uma das testemunhas refere o juiz como a
pessoa que lhe transmitiu o conhecimento (v.g., a testemunha F declara que o
presidente da audiência lhe segredara, no jogo de futebol, que vira B e C no
motel X) ou que também assistiu o evento (v.g., a camareira E declara que o
presidente da audiência, presente com a esposa no motel X, no dia Y, assistiu
as intimidades de B e C antes de ingressarem no quarto).

São situações difíceis e de solução heterogênea. No primeiro caso (a), a


proibição ao uso do conhecimento privado dependerá da consciência do juiz.
Claro está que, exteriorizado esse conhecimento na motivação do provimento
(art. 371, in fine), a parte invocará o impedimento implícito no art. 452, I. Fora
daí, inexiste controle concebível e efetivo à quebra da equidistância. No
segundo (b), admite-se a exceção de impedimento,181 através de construção
teleológica do art. 144, I, constrangendo o juiz a invocar o art. 145, § 1.º, ou
obtendo provimento que proclame o impedimento, vencida a delimitação
rígida dos números do art. 144. E, por fim, no terceiro (c) incidirá o art. 452, I e
II, mandando o juiz riscar a referência ou declarando-se, incontinenti,
impedido, sem embargo do direito de a parte, na primeira variante, arguir-lhe
o impedimento.182

O regime aqui descrito aplica-se aos integrantes do TJ e do TRF nas


causas de competência originária dos tribunais, incidindo o art. 144, I, quanto
aos que prestaram depoimento em primeiro grau.

Os auxiliares do órgão judiciário arrolados na forma na forma do art. 357, §


4.º e 5.º, prestarão depoimento e, embora declarem nada saber a respeito dos
fatos, ficarão impedidos de funcionar no processo. Não há motivo para
emprestar-lhes o tratamento consagrado no art. 452.

1.964. Capacidade da testemunha

A capacidade de depor genérica proclamada no art. 447, caput, submete-


se a restrições aí explicitadas. Rompendo com a sistematização do art. 142
de CC de 1916 (“Não podem ser admitidos como testemunhas), o art. 447
distribuiu a incapacidade em três círculos de inabilitação, das pessoas
proibidas de depor (incapacidade) às pessoas que presumivelmente prestarão
depoimento insincero (suspeição): (a) incapacidade (art. 447, § 1.º); (b)
impedimento (art. 447, § 2.º); (c) suspeição (art. 447, § 3.º). Os bens jurídicos
tutelados variam do tino intelectual à isenção da pessoa.

Entre os três grupos há expressiva diferença. As pessoas incapazes não


prestam depoimento, ressalva feita aos menores. As pessoas impedidas e
suspeitas depõem “quando necessário”, mas na qualidade de informantes, e,
portanto, independentemente de compromisso (art. 447, § 4.º e § 5.º). O
motivo abstrato da incapacidade nos casos do art. 447, § 1.º, I, II e IV é de tal
índole e natureza (v.g., impossibilidade de percepção, de retenção ou de
transmissão do conhecimento) que o esquema legislativo erigiu exclusão
absoluta. Retirou do órgão judiciário a análise concreta das possibilidades de
obter declarações proveitosas e lúcidas do depoente. O depoimento dessas
pessoas seria ocioso e vão.183

A respeito da capacidade de depor, desenvolveram-se dois sistemas


fundamentais: (a) o regime francês, fixando causas de incapacidade abstratas
e estabelecendo motivos de contradita (raproche), tornando suspeito o
depoimento;184 (b) o regime germânico, admitindo o depoimento de qualquer
um, mas facultando-se a recusa por determinados motivos. O direito brasileiro
não se filiou a nenhum dos dois integralmente.185

O sistema das inabilitações instituído no art. 447 discrepa do modelo


germânico ao estabelecer incapacidades. À luz dessa última variante, todos
podem prestar testemunho. Não importa a idade, o estado mental, o
parentesco e o interesse no litígio.186 O âmbito das pessoas que conhecem os
eventos e as condutas alegados, objeto de incidência da norma, ocorridos no
passado, por definição é restrito, não convindo restringi-lo com qualquer
espécie de exclusão. E restrições dessa ordem, em especial os arts. 247
(impedimento do cônjuge e dos parentes, exceto nas questões de estado) e
248 (impedimento dos menores de quatorze anos) do CPC italiano não
passaram incólumes ao crivo da Corte Constitucional, e o art. 246
(incapacidade do terceiro interessado) sobreviveu graças à técnica da
interpretação conforme à Constituição.187 Em contrapartida à capacitação
genérica, a pessoa arrolada tem o direito de abster-se de depor, a exemplo do
cônjuge, a fim de não revelar fatos que só a intimidade permitiu-lhe conhecer
e presumivelmente desfavorecem o consorte.

Linha de raciocínio análoga, considerando desarrazoada a obliteração da


apuração da veracidade das alegações de fato pela sistemática das
inabilitações abstratas, ensejaria dúvida, entre nós, quanto à
constitucionalidade do art. 447, § 1.º. O problema constitucional recai sobre a
incapacidade em sentido estrito. Não se formulou veto irretorquível no art.
447, § 1.º, à semelhança do art. 240, segunda parte, do CPC de 1939 (“Se
legalmente impedida a testemunha, o juiz não lhe tomará o depoimento”),
subentendendo da possibilidade de o juiz colher o depoimento das pessoas
impedidas, suspeitas e, doravante, do menor de idade (art. 447, § 4.º). E, com
efeito, a pessoa impedida (art. 447, § 2.º) ou suspeita (art. 447, § 3.º), e o
menor de idade (art. 447, § 1.º, III), depõem, a critério do juiz, recebendo o
depoimento “o valor que possam merecer” (art. 447, § 5.º). Ora, a explicitação
revela-se supérflua: todo depoimento, inclusive o das pessoas que prestaram
o compromisso de dizer a verdade, receberá o devido valor na livre
apreciação motivada.

A superveniência do art. 228, parágrafo único, do CC, já dissipara


quaisquer inconvenientes no plano da constitucionalidade. Tal regra permite
ao juiz ouvir: (a) pessoas menores de dezesseis anos (art. 228, I, do CC); (b)
pessoas sem discernimento para os atos da vida social (art. 228, II, do CC);
(c) a pessoa cega ou surda, quanto aos fatos que dependam desses sentidos
(art. 228, III, do CC); (d) a pessoa interessada no litígio, amiga ou inimiga da
parte (art. 228, IV, do CC); (e) o cônjuge ou os parentes das partes (art. 228,
V, do CC), relativamente à prova “de fatos que só elas conheçam”. Em outras
palavras, o juiz ouvirá as pessoas – para usar a terminologia do art. 447 do
CPC de 1973 – incapazes, impedidas e suspeitas, a seu critério, emprestando
ao respectivo depoimento o valor devido. Parece óbvio que a força probante
de qualquer depoimento de terceiro submeter-se-á à livre apreciação do juiz.
Importa a regra não ter tomado os efeitos como causa.

O regime das inabilitações tornou-se relativo no direito pátrio. O juiz


apreciará a incapacidade no caso concreto e tomará o depoimento quanto ao
conhecimento passível de transmissão. Essa é a regra fundamental na
matéria. O fato de o art. 447, § 4.º, ter ressalvado apenas a hipótese do art.
228, I (menor de dezesseis anos) do CC não a contradiz. E tem consequência
expressiva. A motivação da sentença de mérito baseada – por exemplo – no
depoimento do menor de dezesseis anos (art. 228, I, do CC c/c art. 447, § 1.º,
III), prevalecente ou exclusivamente, revela-se válida, inclusive no caso de
simultaneamente rejeitar ou depreciar o depoimento de pessoas maiores de
idade.
O art. 447 do NCPC e o art. 228 do CC apresentam diferenças reais e
aparentes, mas inexiste incompatibilidade insuperável entre os dois conjuntos,
reclamando as regras interpretação conjunta e harmônica. Dependerá da
situação submetida à apreciação do juiz, em particular dos predicados
referidos (percepção, retenção e transmissão), a capacidade de depor da
pessoa arrolada.

Das omissões do art. 228 do CC, comparativamente ao art. 406 do CPC


de 1973, ocorriam dois casos de indubitável revogação dos motivos de
suspeição, relativos às testemunhas idôneas: (a) o da pessoa condenada por
crime de falso testemunho; e (b) da pessoa que, por seus costumes, não é
digna de fé. Ora, labéu do condenado não pode ser eterno, prescrevendo a
prescrição punitiva tanto quanto esse efeito da condenação.188 E as pessoas
de maus costumes, porque empulhadores, talvez declarem a verdade em
certo processo, competindo ao juiz avaliar a força probante dos depoimentos.
Fez bem o art. 447, § 3.º, ao identificar a suspeição unicamente na amizade
ou inimizade e no interesse do terceiro quanto ao desfecho do litígio.

1.964.1. Incapacidade da pessoa absolutamente incapaz – É incapaz de


depor, reza o art. 228, I, do CC, o menor de dezesseis (16) anos, regra
constante também do art. 447, § 1.º, III.

A rigor, havendo capacidade de percepção, de retenção e de transmissão


do conhecimento adquirido, a presunção da regra é excessiva e por mais de
uma razão. Em muitos casos, a maturidade emocional chega de forma
abrupta, indiferentemente provocada por circunstâncias adversas (v.g., o
abandono, o falecimento prematuro dos pais) ou favoráveis (v.g., o potencial
do intelecto). O juiz abster-se-á de riscar o nome do incapaz do rol e, na
qualificação (infra, 1.974.1), sopesará a capacidade de depor real do incapaz.
Essa idade mínima não é congruente com a capacidade penal.189 E, de toda
sorte, poderá ouvi-la como informante (art. 447, § 4.º).

1.964.2. Incapacidade da pessoa sem discernimento – O art. 228, II, do


CC, reunira na mesma rubrica a falta de discernimento, em razão de
enfermidade ou desenvolvimento mental insuficiente, chamado de
“retardamento” na regra e, por si, uma doença autônoma, os incisos I e II do
art. 405, § 1.º, do CPC de 1973. Os incisos I e II do art. 447, § 1.º, repetiram a
fórmula da lei processual anterior.

Por um lado, a redação do art. 228, II, é nitidamente superior, pois


interessa a inexistência da capacidade de depor, e, não, a formalidade da
interdição por enfermidade ou deficiência mental. Em contrapartida, a redação
do art. 228, II, do CC não explicitou corretamente o problema, todavia ferido
no art. 447, § 1.º II. Com efeito, a falta de discernimento, em virtude de
enfermidade ou de retardamento mental respeita ao (a) tempo em que
ocorreram os fatos, hipótese em que a percepção já era prejudicada, e (b) ao
tempo do depoimento. Um e outro tornam a testemunha incapaz. Se, no
primeiro momento, nada percebeu do que se passava, o depoimento é inútil;
se percebeu tudo naquela conjuntura, mas atualmente é incapaz de transmitir
o conhecimento, por igual inútil o depoimento. Entre os dois termos aludidos
situa-se a capacidade de retenção: a pessoa percebeu no passado, pode
transmitir no presente, mas perdeu a memória, em virtude de doenças
neurológicas (v.g., o infelizmente muito conhecido mal de Alzheimer) e
emocionais (v.g., a síndrome amnésica retrógrada psicogênica): então, no
tempo do depoimento, nada tem a transmitir e o depoimento revela-se
também inútil.

Em casos tais, o maior problema não consiste na proclamação da


incapacidade, porque hipótese absurda insistir que a pessoa mentalmente
doente deponha sobre fatos que só ela conhece, mas na apreciação da falta
de discernimento. O juiz avaliará o caso concreto. Deverá motivar
suficientemente a dispensa da testemunha e, para essa finalidade, invocará
auxílio médico, aplicando por analogia o art. 245.190

1.964.3. Incapacidade da pessoa sensorialmente deficiente – Eventos e


condutas fora do alcance sensorial da testemunha não podem ser
transmitidos ao juiz. Assim, o art. 447, § 1.º, IV, e o art. 228, III, do CC
declaram a pessoa cega ou a pessoa surda incapazes de depor, dependendo
a percepção do fato probando do sentido que lhe é deficiente: o cego não
“viu” o acidente, o surdo não “ouviu” o diálogo ocorrido longe da sua vista. A
incapacidade é relativa: o cego relatará ao juiz o que ouviu de terceiros,
referindo-os nominalmente, e, dessa forma, ensejando-lhes a convocação
como testemunhas referidas (art. 418, I); o surdo relatará ao juiz o que viu e,
presenciando o diálogo, a leitura labial permitir-lhe-á depor utilmente.

Por analogia, as disposições incidem no caso de outras deficiências


sensoriais (v.g., a perda completa do olfato, chamada de anosmia).

1.964.4. Incapacidade da pessoa interessada – O art. 228, IV, do CC,


declara incapaz duas classes de pessoas: (a) a pessoa interessada no litígio;
e (b) o amigo íntimo ou o inimigo capital de uma das partes. O dispositivo
aglutina duas hipóteses de suspeição versadas no art. 447, § 3.º, II e I,
respectivamente. E com razão: amor e ódio constituem formas especiais de
interesse, ou seja, distúrbios emocionais de integrantes do numeroso grupo
dos terceiros indiferentes.

A caracterização do interesse inibidor incapacitante é tema polêmico,


relacionado à noção mesma de testemunha, mostrando-se indispensável
separá-lo por classes.

1.964.4.1. Interesse em razão da incompatibilidade de funções – O art.


228, caput, do CC cuidou da capacidade da testemunha. E o revogado art.
229, caput, do CC estabelecera causas de recusa ou exceções ao dever de
depor, atinentes às partes e aos terceiros (ou testemunhas). Essa diferença
no âmbito subjetivo explica a omissão no rol dos art. 228 da pessoa que figura
como parte (art. 447, § 2.º, II) e das pessoas que exercem outras funções no
processo (art. 447, § 2.º, III), na lei processual consideradas impedidas.

Em relação às partes, a lei não precisava abalar-se: o interesse direto no


litígio é flagrante, prestando depoimento na condição de parte, e, não, de
testemunha. Aplica-se o princípio encontrado na literatura alemã: quem depõe
como parte não depõe como testemunha e vice-versa. Os terceiros
intervenientes tornam-se parte após a respectiva intervenção e depõem nessa
qualidade, e, não, como testemunhas.
Formalmente, são terceiros: (a) o titular do direito material posto em
causa, nos casos em que figura como parte legitimado extraordinário
autônomo, exclusivo (v.g., o agente fiduciário) ou concorrente (v.g., o
Ministério Público, na tutela coletiva de direitos); (b) o sucessor da parte em
razão de negócio jurídico inter vivos(adquirente do objeto litigioso). São
terceiros interessados e, porque titulares do direito posto em causa, originária
ou sucessivamente, depõem como partes.

São mais delicadas as hipóteses de impedimento previstas no art. 447, §


2.º, III, relativa às pessoas que desempenham funções processuais, em tese
incompatíveis com a isenção, a saber: (a) o tutor; (b) o representante legal
(v.g., o curador); (c) o representante orgânico da pessoa jurídica de direito
público ou de direito privado; (d) o juiz; (e) o advogado; e (f) outra pessoas
que assistam ou tenham assistido uma das partes (v.g., o autor do parecer
juntado aos autos).

Um caso particular de incapacidade é a do conciliador e a do mediador. As


atividades desses colaboradores regulam-se, dentre outros princípios
enunciados no art. 166, caput), pela mais estrita confidencialidade das
informações que lhe são prestadas pelas partes no curso das tentativas de
promover o consenso. Em decorrência desse princípio, inerente à função – e,
daí, a incompatibilidade em razão da função –, o conciliador e o mediador,
bem como qualquer integrante da equipe interdisciplinar, “não poderão
divulgar e depor acerca de fatos ou elementos” conhecidos por força da
atividade (art. 166, § 2.º). É uma incompatibilidade natural.

Exceção feita ao juiz, que não tem aptidão (retro, 1.963.2), e para depor
como testemunha perderá a função judicante (art. 452, II), e do representante
da pessoa jurídica, que depõe como parte, há de examinar-se a capacidade
do representante legal e do representante técnico.

Do representante da pessoa natural já se cogitou no contexto do


depoimento da parte (retro, 1.857.1). Os representantes legais (v.g., o tutor;
os pais) constituem fonte de prova assaz valiosa para serem dispensados, à
outrance, do dever de depor. Participaram do ato ou do negócio que se tornou
litigioso, assistindo ou representando a parte no processo. Cabe ao juiz
colher-lhes o depoimento – naturalmente, ostentando interesse no litígio,
como informantes (art. 447, § 4.º).

A posição do representante técnico da parte apresenta outras nuances. À


primeira vista, parece contrassenso ouvir o advogado como testemunha, vez
que se identifica com a causa do cliente;191 entretanto, abstraído o aspecto
ético, a capacidade de depor é inegável.192 Em determinado julgado,
assentando que o impedimento inscrito no art. 405, § 2.º, IV, do CPC de 1973,
equivalente ao art. 447, § 2.º, III, cinge-se à causa em que representa o
cliente, o STJ estabeleceu o seguinte: “A proibição do advogado que assiste
ou assistiu a parte de testemunhar se dá, no direito processual, pela
proximidade de ambos em decorrência do vínculo contratual que os une, o
que levaria a colher depoimento que nada mais seria que a assertiva da parte
com força de testemunho. Nada obsta, contudo, que o advogado, por si e não
por ouvir dizer de seu constituinte, preste depoimento em juízo a respeito dos
fatos que ele próprio presenciou”.193
Tal precedente visualizou o motivo da omissão do art. 228, IV, do CC. O
advogado equipara-se aos que têm interesse no litígio. O interesse do
advogado no êxito do cliente é autônomo, ou moral, no tocante ao renome e
quartel de vitórias, e subordinado ou econômico (v.g., os honorários
sucumbenciais), vinculado ao desfecho favorável do processo. E, ainda,
assiste-lhe o direito de recusar-se a depor, invocando o sigilo (art. 448, II),
demonstrando a preexistência da capacidade de depor. A recusa toca a quem
tem o dever de depor, mas outro interesse isenta-a do gravame da deposição.
Relevado o interesse direto no êxito de uma das partes, o advogado tem
capacidade de depor quanto aos fatos que só ele conhece (art. 228, parágrafo
único, do CC). Ademais, cessada a procura no processo, a capacidade de
depor do advogado reassumirá forma plena,194 apesar de opinião em
contrário.195 Daí não se segue que o juiz pretenda tomar o depoimento do
advogado em qualquer circunstância, desafiando-o a alegar sigilo (art. 448, II),
e promovendo incidente desnecessário e pouco gratificante. O depoimento há
de ser indispensável ao juízo de fato e respeitar a fatos só pelo advogado
conhecidos.

A pessoa que assistiu uma das partes (v.g., o corretor de imóveis,


contratando pelo compromitente, no litígio com o compromissário) tem
capacidade de depor. O julgado do STJ que recusou o depoimento do
assistente técnico não tem mais cabimento:196 o art. 464, § 3.º, autoriza o
depoimento técnico em caso de menor complexidade do fato probando (infra,
1.955.1).

1.964.4.2. Interesse em razão de parcialidade – Em outra oportunidade,


dividiu-se o grupo dos terceiros, identificado por exclusão, em duas classes:
(a) terceiros indiferente; e (b) terceiros interessados (retro, 759). À primeira
vista, portanto, o motivo incapacitante arrolado no art. 447, § 3.º, II, ou
“interesse no litígio”, alude à classe genérica dos terceiros juridicamente
interessados. Naquela conjuntura, também se enunciou a existência de
interesses que, não implicando a posição de titular de relação jurídica
autônoma, mas derivada ou incompatível com o objeto litigioso – interesse
jurídico no sentido clássico –, assumiram importância singular na sociedade
pós-moderna; por exemplo, o interesse político habilita a pessoa intervir na
causa pendente (a do amicus curiae). Lícito especular se o “interesse no
litígio” contemplado no art. 228, IV, do CC e no art. 447, § 3.º, II, do NCPC
transmudou-se em algo distinto do “interesse jurídico” no desfecho no litígio.

Disposição similar localiza-se no art. 246 do CPC italiano, mas formulada


em termos completamente diferentes, declarando inadmissível a testemunha
habilitada a intervir no processo por um dos meios legais.
Compreensivelmente, o art. 246 do CPC peninsular ensejou interpretações
divergentes: de um lado, e fitando os capazes de depor como parte, a
separação dos sujeitos do processo (parte formal) e dos sujeitos da lide (parte
material), contrastados com terceiros;197 de outro, a exclusão da esfera do art.
246 do CPC peninsular dos titulares de direitos incompatíveis com o objeto
litigioso, e, portanto, indetermináveis, a priori, entre os habitantes do orbe
humano, exceto os que hajam deduzido pretensão (intervenção
principal).198 Parece razoável equipar a parte atual com a parte potencial (v.g.,
o legitimado concorrente), excluindo, assim, a capacidade de depor das
partes potenciais e as pessoas legitimadas a intervir, porque atingidas direta
ou indiretamente,in bonam e in malam partem, pelos efeitos da sentença.199 A
jurisprudência italiana nem sempre resolve com clareza os limites entre o
interesse legítimo e o interesse de fato.200

Nesse ponto, a redação do art. 228, IV, do CC, bem como a do art. 447, §
3.º, II, aludindo a “interesse no litígio”, repelem a controversa proposição do
direito italiano, emprestando maior amplitude à causa legal de incapacidade.
Inexiste motivo para restringir a esfera dos incapacitados às pessoas titulares
de interesse jurídico em sentido estrito – quer dizer, titulares de relação
jurídica incompatível ou dependente da relação litigiosa (retro, 759.2). Ao
contrário, avaliando o juiz a capacidade de depor no caso concreto, e, não,
abstratamente, convém dilatar o grupo dos interessados, ressalvando a
possibilidade de os respectivos integrantes deporem como “informantes” (art.
447, § 4.º). E, de fato, o proprietário do imóvel X, situado na rua do imóvel Y,
cuja vista será prejudicada pela construção do edifícioZ, eventualmente exibe
interesse no êxito do proprietário do imóvel Y contra a construtora do
edifício Z, ou vice-versa, conforme seja um conservacionista radical ou
pretenda vender o imóvel X a outra construtora. Faltar-lhe-á isenção para
depor. É caso típico de incapacidade relativa, pois ao juiz interessa conhecer
as expectativas divergentes da vizinhança em relação à construção, mas o
depoimento é de informante.

Em nosso sistema jurídico, portanto, o interesse incapacitante será


heterogêneo: (a) político (v.g., a afinidade ideológica); (b) religioso (v.g., a
testemunha e a parte compartilham da mesma crença); (c) moral (v.g., a
testemunha passou por idêntica provação social de uma das partes); (d)
afetivo (v.g., o afilhado de uma das partes); (e) econômico (v.g., a testemunha
mantém relação de emprego com uma das partes);201 (f) social (v.g., o
acionista na ação movida contra a companhia); e, por fim, (g) jurídico (v.g., o
sublocatário, no litígio entre locador e locatário).

Não é necessário o interesse habilitar o terceiro a intervir no processo. O


depoimento dos policiais que efetuaram a prisão do autor de ação de
reparação contra o Estado-membro, fundada na ilegalidade do ato, é
“suspeito”,202 porque respondem eles civil, criminal e administrativamente por
esse eventual ilícito. Ao invés, (a) o depoimento do ativista do Estado laico, na
ação movida por A contra o Município B, reclamando da obrigatoriedade da
educação religiosa; e (b) o do integrante de agremiação política, na ação de
reparação de C contra D, este também integrante do partido e suposto
responsável por danos ao imóvel do autor no curso de manifestação de rua –
o interesse político constitui exemplo clássico na doutrina francesa –,203 são
depoimentos interessados no êxito de A e de D; porém, não se mostram
necessariamente insinceros, inidôneos ou errôneos, nem sequer, a priori,
verdadeiros. Depõem relativamente aos fatos só por eles conhecidos.

Das situações aventadas resulta que o interesse aludido no art. 447, § 3.º,
II, necessita ser intenso e apaixonado; na realidade, tão avassalador que
comprometa a sinceridade, e, portanto, muito próximo da afeição nutrida pelo
ascendente em relação ao descendente.204 Relação dessa espécie torna a
testemunha capaz de tudo, principalmente mentir. Assim, o motorista do
veículo da empresa que participou do evento é incapaz de depor na ação de
reparação de dano movida pelo dono de outro veículo;205 o gerente do
supermercado é incapaz de depor no litígio entre a empresa, da qual é
empregado, e cliente, juízo negativo que não comporta revisão no recurso
especial.206 Esses precedentes revelam a repulsa da jurisprudência do STJ à
linha da Corte de Cassação italiana, segundo a qual vínculos de dependência
e de colaboração não turvam a capacidade de depor.207

1.964.4.3. Interesse em razão de excessos emocionais – O art. 447, § 3.º,


I, e o art. 228, IV, do CC, arrolam o amigo íntimo e o inimigo capital no grupo
das pessoas relativamente incapazes de depor. O amor desmedido e o ódio
persistente ou rancor da pessoa, elementos configuradores da amizade íntima
e da inimizade capital, turvam a percepção, a retenção e a transmissão do
conhecimento, voluntariamente ou não. São distúrbios da personalidade.

As noções de amizade íntima e de inimizade capital já receberam análise


com causas de suspeição do juiz (retro, 969.1). Em suma, amigo íntimo é
quem recebe confidências de outra pessoa, porque mantém laços de afeição
e de lealdade (v.g., o parente espiritual, o comensal), devendo ser estreito,
intenso e íntimo do laço (mais que no parentesco);208 no campo oposto, a
inimizade capital reclama o desejo de desforra a todo transe, e, não, a simples
malquerença revelada pela recusa em trocar saudações e cumprimentos na
vida em sociedade.

1.964.5. Incapacidade do cônjuge e dos parentes – O cônjuge, o(a)


companheiro(a), os ascendentes (pais, avós, bisavós), os descendentes
(filhos, netos e bisnetos), em qualquer grau, e os colaterais, até o terceiro
grau de alguma das partes, por consanguinidade (irmãos; tios e sobrinhos),
ou afinidade (cunhados; sogros; genro ou nora),209 são incapazes de depor
(art. 447, § 2.º, II), sob a forma de impedimento.

A disposição restritiva a essas pessoas remonta às Ordenações Filipinas


(Livro 3, Título 56, n.º 1 e 2). O bem jurídico tutelado é o interesse social na
preservação dos laços de afeição e de solidariedade dos familiares mais
próximos. Chamadas a depor em juízo, tais pessoas sofreriam enorme
constrangimento moral, e coragem dessa espécie não é atributo geral,
perturbando a serenidade e induzindo-as a calar, senão a declarar
inverdades, a exemplo da mãe que se recusa a admitir os malfeitos do filho ou
do cunhado que não deseja desfazer as ilusões da irmã acerca do caráter do
marido ou companheiro.

O art. 447, § 2.º, I, abarca esse círculo de pessoas, declarando-as


impedidas de depor, salvo: (a) imposição do interesse público da causa; (b)
causa relativa ao estado da pessoa, inexistindo outro meio de obter prova que
o juiz estime indispensável ao julgamento do mérito. A essas duas exceções,
há de acrescentar-se a do art. 228, parágrafo único, do CC: fatos só
conhecidos por tais pessoas, no fundo referência elíptica às causas de
estado, em que os fatos que interessam ao litígio (v.g., a injúria grave do
marido) não saem do círculo familiar (v.g., a sogra presenciou o
ato).210 Objetiva esta última regra ampliar, e, não, restringir, a capacidade de
depor.211

Relativa que seja a incapacidade, já abrangia o(a) companheiro(a), a


exemplo de figurar no processo o companheiro da irmã da
testemunha,212 perdendo a lei civil excelente oportunidade para ajustar-se à
legalidade constitucional, todavia resgatada no superveniente art. 447, § 2.º, I.
A separação do casal não dissolve o vínculo conjugal e,
conseguintemente, a incapacidade do cônjuge, bem como as relações de
parentesco por afinidade.

Tampouco o divórcio e a dissolução da união estável eliminam a


incapacidade do antigo cônjuge e companheiro e dos parentes na livra
colateral.213 A subsistência da incapacidade, sobrevindo o divórcio do casal,
recebeu menção do art. 206, in fine, do Code de Procédure
Civile francês.214 Registre-se a circunstância de a extinção do vínculo conjugal
deixar incólume o parentesco por afinidade em linha reta (v.g., o enteado), a
teor do art. 1.595, § 2.º, do CC, mas extingue na linha colateral (v.g., o
cunhado). E a razão plausível para a manutenção da incapacidade. A
despeito das vicissitudes da comunhão de vida, há que ponderar os
sentimentos contraditórios que acompanham tais rupturas: ou sobreviveu
afeição, agora redobrada pela solidariedade pelo consorte “inocente”, ou
transformou-s em ódio.215 Nenhum desses sentimentos trabalha em prol da
isenção.

1.965. Deveres da testemunha

A pessoa natural tem deveres específicos no que tange ao imperativo


social de depor em juízo (art. 380, I): (a) o dever de comparecer; (b) o dever
de depor; (c) o dever de dizer a verdade.216 Esses deveres impõem sacrifícios
pessoais e, em algumas situações, despesas financeiras ao terceiro. É dever
cívico cooperar com os órgãos jurisdicionais ou de não retardar a marcha do
processo.217

1.965.1. Dever de comparecer da testemunha – A testemunha tem o dever


de comparecer por seus próprios meios de transporte ao lugar designado para
prestar depoimento. Em princípio, o juiz coleta a prova testemunha na sede
do juízo, local onde pratica os atos do seu ofício, mas nada obsta que outro
lugar seja designado. O interrogatório sur-le-champ, feito no curso de outra
medida de instrução (v.g., no direito brasileiro, a inspeção judicial), é
modalidade corrente na enquêtefrancesa.218

O dever de comparecer para prestar depoimento pressupõe que a


testemunha seja convocada. Chama-se a essa convocação, no processo
norte-americano, desubpoena, ou seja, a ordem do tribunal para comparecer
e prestar depoimento.219 Em princípio, visando maior segurança da presença
efetiva e pontual, a convocação assumirá a forma de intimação prévia no
direito brasileiro (art. 455). A par da intimação por ordem do juiz (art. 455, §
4.º), de regra o encargo passou ao advogado da parte (art. 455, caput),
atribuindo-se o serviço do processo ao representante técnico, em virtude da
ineficiência da burocracia judiciária.

O dever de comparecer surge quando respeitada a antecedência mínima


de quarenta e oito horas do horário marcado pelo juiz (art. 218, § 2.º). Por
exceção, o juiz intimará requisitará a testemunha ao superior hierárquico,
cuidando-se de servidor público civil ou militar, a fim de não prejudicar o
princípio da continuidade do serviço público (art. 455, § 4.º, III). Essa
requisição propicia a localização e o emprego hábil de substituto. E, por outro
lado, as pessoas egrégias do art. 454, I a XII, são oficiadas (art. 455, § 1.º),
pois desfrutam da prerrogativa de prestar depoimento na própria residência ou
no lugar em que desempenham a função, a par da excepcional assunção do
poder de agenda – a testemunha marca o dia, a hora e o lugar do
interrogatório. Essas pessoas têm o dever de comparecerem à entrevista
programada. Problema diverso é a respectiva sujeição às sanções ordinárias
que o juiz aplica aos ausentes. O poder de agenda retornará ao órgão judicial,
havendo omissão (art. 455, § 2.º) ou falta de comparecimento (art. 455, § 3.º),
mas não ficam nítidas as consequências de a testemunha egrégia não acudir
à convocação (v.g., no caso de embaixador de país estrangeiro). E, por fim, a
parte pode dispensar a convocação formal, assumindo o ônus de levar a
testemunha à audiência (art. 455, § 2.º).

O dever de comparecer obriga as pessoas domiciliadas no território da


comarca ou da seção judiciária. Nesse âmbito, por vezes extenso, a distância
entre a residência e a sede do juízo (ou lugar diferente) não tem importância.
As testemunhas domiciliadas em lugar distinto da comarca ou da seção
judiciária tem a prerrogativa de serem inquiridas através de carta (art. 453, II)
ou por videoconferência (e outro meio tecnológico de transmissão e recepção
de imagens em tempo real), a teor do art. 453, § 1.º, modalidade
enfraquecedora do princípio da imediação. O princípio pré-exclui que,
divergindo os depoimentos da testemunha A, interrogada pelo juízo da causa,
e a testemunha B, interrogada pelo juízo deprecado, o juiz obrigue B a
comparecer na sede do juízo para ser confrontado com A(infra, 1.981).

À testemunha que deixa de atender à convocação do juiz, sem motivo


justo, aplicam-se sanções pecuniárias. O comparecimento forçado, ou
condução “sob vara” (art. 455, § 5.º), é o meio radical de obrigar a testemunha
a comparecer em juízo. Tal coerção é universalmente aceita e adotada.220

1.965.2. Dever de depor da testemunha – A testemunha tem o dever de


depor, que é de natureza publica,221 ao comparecer em juízo, declarando o
que souber e respondendo ao que lhe for perguntado. A recusa de depor
constitui ilícito penal e civil, sujeitando a testemunha às sanções respectivas.
O art. 463, caput, considera o depoimento serviço público.

A existência do dever de depor no processo civil já recebeu impugnações,


sob o influxo do liberalismo exaltado, mas há fundamento sólido para sua
proclamação. Funda-se na solidariedade social, ou seja, “nos mais graves
interesses da justiça e da ordem social”.222

1.965.3. Dever de veracidade da testemunha – Ao depor, a testemunha


tem o dever de declarar o que sabe e de responder às perguntas, dizendo a
verdade. O dever de veracidade é reforçado, em muitos ordenamentos, pelo
juramento sobre os livros sagrados,223 e, no Estado laico brasileiro, pelo
compromisso civil previsto no art. 458, caput. Segue-se a advertência que,
mentindo, calando ou ocultando a verdade, submete-se à persecução penal
(art. 458, parágrafo único), porque tais fatos são tipificados no art. 342 do
CPB.

O compromisso reforça o dever de veracidade, mas não lhe é essencial.


Ninguém fica liberado do dever de dizer a verdade à autoridade judiciária com
ou sem compromisso. Recusando-se a testemunha a prestar o compromisso
legal, nada obstante será advertida e, se for o caso, sujeitar-se-á à
persecução penal nas mesmas condições da pessoa que se comprometeu
regularmente (infra, 1.983).

O dever de dizer a verdade é tão mais intensamente observado quanto


grave a sanção penal que lhe corresponde. Na Common Law, o crime de
perjúrio assume superlativa gravidade, em muitos casos levando os perjuros à
cadeia por períodos longos. Ao contrário, as superlotadas e indignas prisões
brasileiras ficariam vazias se a respectiva ocupação se restringisse aos
condenados pelo crime de falso testemunho.

1.966. Direitos da testemunha

O complemento natural do estatuto da testemunha radica nos direitos que


suavizam o dever de depor. Esses direitos contrabalançam o peso do
sacrifício imposto à testemunha pela solidariedade social.

1.966.1. Direito de convocação prévia – A testemunha tem direito a


receber notícia oportuna do dia, hora e lugar em que prestará depoimento. Só
é obrigada a comparecer em lugar situado na divisão territorial em que reside
e com antecedência mínima de quarenta e horas (art. 218, § 2.º).

1.966.2. Direito à audição do juiz – Apesar de o art. 459, caput, autorizar a


formulação de perguntas pela parte diretamente à testemunha, a audiência é
feita na presença da autoridade judiciária. A autoridade judiciária tem o dever
de coletar a prova oral direta e pessoalmente, haja ou não regra explícita
nesse sentido. O juiz não é simples assistente, tanto que lhe cabe perguntar
antes ou depois das partes (art. 459, § 2.º), cabendo-lhe presidir a audiência.
À pessoa investida na função judicante, sobretudo, incumbirá a preservação
da ordem material e moral do depoimento.224

Entre nós, a intervenção dos advogados das partes era subsidiária,


formulando as “instâncias” em complementação às perguntas do juiz, e jamais
dirigindo-se à própria testemunha. A modificação do art. 459, caput, não
eliminou o controle do juiz, inderindo perguntas impertinentes, capciosas ou
vexatórias (art. 459, § 2.º).

A fórmula do art. 459, caput, já constara do art. 181 do Regulamento


750/1850. O célebre diploma adotava o exame cruzado (cross examination)
tão comum nadiscovery.225 Em síntese larga,226 a testemunha arrolada por
uma das partes presta juramento promissório, é interrogada oralmente pelo
advogado desta, in open court, visando a desincumbir-se do onus probandi,
passando, em seguida, a responder às perguntas do advogado da parte
adversa, cujo objetivo consiste em quebrar a obstinação da testemunha em
dizer a verdade, assistindo-lhes direito a uma re-examination ou re-cross-
examination.227 Essa técnica expõe as testemunhas (e, a fortiori, as partes) a
grosseira provação. O órgão judiciário fica relegado ao papel menor de
controle da regularidade do exame e, a requerimento da parte, perguntas
sugestivas (leading questions), impertinentes e a respeito de privilege
matters (v.g., a confidential communication, equivalente ao sigilo do art. 448,
II).

A influência (cultural, econômica e política) norte-americana assoalhou


retorno ao regime das inquirições em mais de um ordenamento (v.g., o art.
516, n.º 2, do NCPC português de 2013). Essa inclinação liberal, na medida
em que os juristas da Common Law tendem a enxergar viés inquisitório nos
sistemas da Europa continental, parece pouco razoável por várias razões. Em
primeiro lugar, o preparo dos advogados é insuficiente para empreender
autêntico e frutífero exame cruzado. Os advogados brasileiros dispõem de
escasso domínio nas técnicas de inquirição. É disciplina alheia ao currículo
das faculdades de direito, e, ademais, o adestramento profissional da área
cível enfatiza a elaboração de peças escritas, e, não, o debate. Poucos se
sentem à vontade na mesa da sala de audiências. E convém recordar que, a
mais das vezes, o debate do art. 364, caput, é protocolar. E, ainda, o
liberalismo excessivo traz à cena o problema dos recursos financeiros. A
prova testemunhal renderá os frutos melhores na arte dos advogados
proficientes, cuidadosamente preparados, e, portanto, dispendiosos e
presumivelmente contratados pela parte provida de recursos financeiros
superiores. No sistema anterior, o juiz presidia a audiência principal sem pleno
conhecimento das questões de fato (v.g., não fixara o tema da prova
pessoalmente), dificuldade que o art. 357, II, buscou erradicar, em tese de
modo irreprochável, e sentia-se desconfortável, motivo por que optava pelo
relato livre. Desapareceu o constrangimento da pessoa investida na função
judicante, supondo-se habilitados os advogados das partes; porém, nada
assegura que o autor do ato postulatório principal seja o advogado
encarregado de colher a prova, principalmente nos grandes escritórios de
advocacia.

Do ponto de vista da máquina judiciária, o art. 459, caput, arrostou o grave


risco de reintroduzir a principal mazela do regime do art. 181 do Regulamento
737/1850: a ausência do juiz, a quem tocaria o policiamento do ato. À
semelhança dos seus antecessores, e com maiores razões, o juiz
contemporâneo pretextaria outros trabalhos urgentes para trancar-se em seu
gabinete, controlando de perto, mas mediatamente a inquirição. Funcionários
subalternos acabariam dirigindo ato processual de sumo relevo. Também se
notou essa distorção em outros países (infra, 1.976.1). Não afigura-se
prudente escancarar-lhes, outra vez, as portas da sala de audiência.

Do ponto de vista do processo civil garantista, aqui coincidente com os


poderes de direção da autoridade judiciária, o interrogatório promovido pelo
juiz pondera adequadamente os interesses em jogo e não merecia a
modificação do art. 459, caput.

O direito de a testemunha ser inquirida pelo juiz significa que, ausente o


juiz, tem o legítimo direito de negar-se a depor.228 Indisponível a pessoa
investida na função judicante, a sessão que nem sequer deveria iniciado
prosseguirá em outra data, oportunamente designada.

1.966.3. Direito de recusar a deposição – Em determinados casos, a


testemunha tem o direito de recusar-se a depor, invocando motivo legal,
previsto no art. 448, I e II (infra, 1.980). Este direito tem função predominante
no direito alemão, em que inexistem, a priori, incapacidades de testemunhar,
integrando, entre nós, a peculiar configuração do dever de depor.

1.966.4. Direito ao tratamento digno – O direito fundamental da dignidade


da pessoa humana estrutura toda a ordem constitucional e de per si
asseguraria à testemunha o direito de ser tratada polida e corretamente, do
ingresso na sede do juízo até a dispensa após a prestação do depoimento,
por juiz, auxiliares do juízo, órgão do Ministério Público, advogados, litigantes
e o público em geral. Assim estabelece o art. 459, § 2.º, parte inicial, do
NCPC.

É dever precípuo da autoridade judiciária a manutenção da ordem e do


decoro na audiência, mediante atento e efetivo poder de polícia, a teor do art.
360, caput, e inciso I. Fica a testemunha preservada pelo poder de polícia das
intimidações, provocações e reações dos litigantes e da assistência.229

O respeito à dignidade da testemunha propicia a “tranquilidade necessária


ao surto da verdade”.230 Assim, a testemunha não pode ser destratada e
ofendida – excessos típicos da cross examination -, seja qual for o autor das
assacadilhas. Essa é a razão da proibição das perguntas vexatórias, inclusive
no processo penal.231

A testemunha tem o direito e o dever moral de protestar, incontinenti, e de


representar perante a autoridade competente (v.g., órgão interno de controle
da magistratura) contra os abusos sofridos, inclusive os que se originam da
autoridade judiciária. A gravação a que alude o art. 460, caput, parte final,
auxiliará na prova dos fatos.

À testemunha não assiste, ao contrário, o direito de calar-se, recusar-se a


responder ou de retirar-se da audiência em retaliação ao tratamento indigno.
Suportará, subserviente, as agruras até o fim do suplício para reagir no
momento oportuno pela via legal.

1.966.5. Direito ao reembolso das despesas da testemunha – O dever de


comparecer em juízo e, comparecendo, o dever de a testemunha depor
perante a autoridade judiciária, em princípio no dia, na hora e no lugar
designados pelo órgão judiciário, sem a menor atenção por sua conveniência
ou ocupações habituais, impõem superlativos sacrifícios às pessoas comuns.
Em muitas situações, há irremediáveis prejuízos: o profissional liberal,
afastado do consultório no mínimo por um turno, jamais recuperará a
oportunidade de atender o novo paciente ou de fechar negócio de ocasião.
Bem se entende a enorme relutância em oferecer o nome para testemunhar e
a ainda menor vontade de acudir à convocação judicial. As Ordenações
Filipinas já se ocupavam de minorar as despesas de locomoção da
testemunha (Livro 1, Título 11, n.º 1) e, atualmente, há dois direitos a esse
título: (a) reembolso das despesas de locomoção (art. 462); e (b) integridade
da retribuição pecuniária devida em razão de relação de emprego (art. 463,
parágrafo único), e, a fortiori, de vínculo estatutário, consoante o respectivo
regime.

1.966.5.1. Objeto do reembolso da testemunha – Segundo o art.


462, caput, a testemunha “pode requerer” ao juiz o pagamento das despesas
realizadas para desincumbir-se do dever de comparecer à audiência.
Entende-se por “despesa” o custo da locomoção e, se for o caso, alimentação
e hospedagem da testemunha.232

Embora não seja a pessoa obrigada a comparecer em lugar diverso da


comarca em que se situa a respectiva residência, prolongando-se a audiência
e cessando de operar os meios de transporte públicos, a hospedagem em
lugar próximo talvez seja indispensável, máxime prosseguindo a audiência no
dia seguinte. Tal reembolso não significa que a testemunha é paga pelo
cumprimento do dever de depor. O pagamento envolve os gastos de ida à
sede do juízo, estadia e retorno à residência. É nesse sentido, salvo engano,
que o art. 84, alude à “indenização de viagem” da testemunha.

Impende considerar que o art. 84 também menciona a “diária de


testemunha” como parte integrante das despesas processuais a que sentença
condenará o vencido a ressarcir ao vencedor. Em item anterior (retro, 638.4),
cuidou-se desse tópico, aqui reapresentado.

A expressão – “diária da testemunha” – é de intuitiva compreensão. O art.


463, caput, declara serviço público relevante o depoimento da prestado em
juízo e, mantendo a testemunha vínculo trabalhista, o comparecimento não
importará “perda de salário nem desconto no tempo de serviço”. Não há limite
prévio ao número de deslocamentos protegidos na regra. Às vezes, a
testemunha precisará se deslocar duas ou mais vezes até ser finalmente
ouvida em juízo. O dispositivo aplica-se aos servidores públicos civis e
militares, para os quais os respectivos estatutos dispõem nesse mesmo
sentido. Assim, o cumprimento do dever de depor não importará prejuízo às
pessoas que recebem retribuição pecuniária por força de vínculo empregatício
ou estatutário.

Resolvido o problema de quem mantém vínculo trabalhista ou estatutário,


ficariam sem a devida tutela outros grupos sociais, cujo trabalho é por conta
de outrem. Pessoas há que empreendem individualmente ou que recebem por
tarefa, por diária ou por serviço, favorecidas ou não pela fortuna, do mais
modesto artesão (v.g., o sapateiro) até profissionais liberais de prestígio (v.g.,
o psicanalista). Essas pessoas não ficam prejudicadas em seus rendimentos
pelo cumprimento do dever de depor. Assim, a terapeuta que perdeu as
consultas marcadas no dia da audiência será razoavelmente reembolsada. O
art. 462 autoriza o juiz a arbitrar indenização à testemunha, mediante
comprovante hábil do que gastou deslocando-se até a sede do juízo. Essa
indenização não compreenderá os lucros cessantes dos negócios da
testemunha,233 porque excessivamente onerosa à parte vencida e, ainda, há
que ponderar a natureza pública do dever de depor.234 Assim, a testemunha
tem direito a um paliativo, raramente concedido, na prática, encarregando-se
as próprias partes, ou os respectivos advogados, de assalariar a testemunha,
principalmente as mais modestas. É um costume incômodo, que compromete
a isenção do depoimento, mas tolerado como mal menor.

O exercício do direito previsto no art. 462 não reclama prova pré-


constituída do valor e da efetivação da despesa. Em geral, deslocando-se a
testemunha pelos meios de transporte público (v.g., ônibus, trem ou metrô), o
valor da passagem não é muito expressivo, comparativamente às despesas
carreadas às partes pelo processo, embora relevante para as pessoas de
baixa renda, e não há recibo do pagamento. O juiz arbitrará prudentemente o
valor do reembolso da vinda ao juízo, estadia e retorno à residência.
Residente a testemunha em outro município ou Estado-membro, e, nada
obstante, espontaneamente se deslocado até a sede do juízo para prestar
relevante serviço público, auxiliando o ritmo do processo, tem direito ao
reembolso das despesas. Tais despesas serão de valor mais expressivo e,
não sendo comprovadas no ato (v.g., recibo da passagem aérea), também
arbitradas pelo juiz.

1.966.5.2. Iniciativa do reembolso da testemunha – À luz da fórmula


dubitativa do art. 462, ainda não vigência do CPC de 1939 formara-se o
entendimento de que ao juiz não é dado ordenar o reembolso ex
officio.235 Ora, o poder de direção do juiz autoriza a iniciativa, suprindo a
inércia da testemunha, quiçá constrangida pela solenidade da sessão ou
absorvida pelos ritos judiciários. O art. 462 apenas curou de expressar a
disponibilidade desse direito. Pode suceder que a testemunha não considere
relevantes as despesas feitas para atender a convocação judicial. Findo o
depoimento, e antes de colher a assinatura da testemunha no termo de
depoimento (art. 460, caput), o juiz indagará quais sejam e a quanto montam
as despesas. O requerimento da testemunha é feito oralmente nessa
oportunidade.236

1.966.5.3. Responsabilidade pelo reembolso da testemunha – A


responsabilidade pelo reembolso imediato das despesas de locomoção,
alimentação e hospedagem da testemunha é da parte que a arrolou na forma
do art. 357, § 4.º e § 5.º. Para essa finalidade, nenhuma diferença há entre a
testemunha intimada (ou requisitada) e a testemunha que a parte se obrigou a
levar independentemente de intimação (art. 455, § 2.º). Se a testemunha é
ouvida ex officio, ou a requerimento do órgão do Ministério Público, nas
causas em que há atuação da parte coadjuvante (art. 178), incumbirá ao autor
antecipar as despesas (art. 82, § 1.º).

A parte vencida ressarcirá à parte vencedora o valor pago à testemunha


(art. 85).237

1.966.5.4. Forma do reembolso da testemunha – Depreende-se do art.


462 que o reembolso ocorrerá na própria audiência, uma vez definido o
respectivo valor, ou no prazo de três dias. Este prazo fluirá da intimação da
decisão de arbitramento. Em tal hipótese, a parte responsável depositará a
quantia na conta corrente bancária da testemunha, ou o escrivão realizará
transferência eletrônica, “pois seria absurdo fazê-la voltar ao cartório,
incorrendo em novas e provavelmente equivalentes despesas, para receber o
que lhe é devido”.238 A testemunha fornecerá os dados respectivos e o juiz
mandará consigná-los no termo de depoimento.

§ 405.º Produção da prova testemunhal

1.967. Admissão da prova testemunhal

Segundo os arts. 319, VI, e 336, in fine, constitui ônus do autor e do réu,
e, a fortiori, dos terceiros intervenientes na oportunidade dos atos
postulatórios principais, a especificação da audição de testemunhas como
meio de prova idôneo à apuração da veracidade das respectivas alegações
de fato. O procedimento probatório comum raramente se satisfaz com a
anódina indicação genérica. O juiz manda as partes proporem os meios de
prova após firmar-se real e definitivamente a controvérsia, mas antes da
decisão de saneamento. No que tange às provas a serem produzidas por
carta precatória ou rogatória, ou por auxílio direto, o momento da proposição
assumirá superlativo relevo: condição sine qua non para suspenderem o
término da instrução é que sejam requeridas “antes da decisão de
saneamento”, a par de imprescindível a prova, conforme dispõem o art. 377
c/c o art. 313, V, b.

Fixado o tema da prova, o juiz cotejará as alegações de fato controvertidas


e as regras de admissibilidade da prova testemunhal, deferindo-a, ou não,
conforme haja correspondência do meio com o objeto. E tal sucederá na
decisão de saneamento, proferida na audiência preliminar (art. 357, § 3.º), ou
em gabinete (art. 357,caput), porque a oportunidade para o juiz (a) fixar o
tema da prova e (b) admitir o meio da prova proposto ou, suprindo a inércia
das partes, ordenar a produção de prova ex officio. O regime da impugnação
desse ato, em qualquer sentido, já recebeu análise em item anterior (retro,
1.822) e é parcial.

Abstendo-se de especificar a prova testemunhal no momento hábil


(petição inicial ou contestação) e de propô-la, quando o juiz estimulou a
renovação do ato, assente a controvérsia, a parte tem direito de produzir
prova testemunhal própria na hipótese de o juiz admitir este meio, a
requerimento do adversário, ou ordenar a produção ex officio. Não há
preclusão lógica.239 É o que resulta do art. 357, § 4.º. E, com efeito, na pior
das hipóteses, jamais se poderia negar ao omisso o direito de contraprova; na
verdade, entretanto, o direito à prova testemunhal descansa na inelutável
igualdade de armas dos litigantes. Aberta a instrução, as partes têm direito de
participar em condições de igualdade, e tal significa produzir prova de gênero
similar à da contraparte. No entanto, designada audiência preliminar (art. 357,
§ 3.º), a exigência do art. 357, § 5.º, erige dificuldade de ordem prática: a
parte descuidou-se do ônus de levar o rol de testemunhas. Em tal
contingência, o advogado consultará a parte, indicando no as testemunhas a
serem ouvidas, cumprindo, na medida do possível, o art. 450. O objetivo do
rol prévio é dar a conhecer à contraparte as testemunhas, em atenção ao
dever de probidade (art. 5.º), mas o objetivo transcendente de assegurar êxito
na atividade instrução, propiciando a emissão da sentença justa, justifica
temperamentos.

Embora haja previsto o poder de instrução genérico (art. 370, caput) e


específico (v.g., a produção forçada do documento, ex vi do art. 396), nada
dispôs a lei acerca da prova testemunhal.

É ônus da parte, admitido esse meio de prova, arrolar as testemunhas (art.


357, § 4.º) ou comparecer na audiência preliminar munido do rol (art. 357, §
5.º). E só quando surgir pessoa referida cabe ao juiz ordenar a audição ex
officio (art. 461, I, caput).

Essa sistemática prende-se a dois problemas: (a) o órgão judiciário


desconhece, a priori, a identidade dos terceiros que podem esclarecê-lo a
respeito das alegações de fato e, caso conhecesse, ser-lhe-ia vedado
empregar este conhecimento privado; (b) não caberia ao órgão judiciário
sobrepor-se à iniciativa das partes nessa seara, alterando ou aumentando o
tema da prova.240 Esse último aspecto é superável no direito brasileiro.
Incumbe ao juiz, como assinalado, fixar o tema da prova. E as partes não
indicam, ao arrolar as testemunhas, quem sabe o que. O processo civil
garantista não impede o juiz de envidar esforços, no âmbito da comunidade
de trabalho formada com as partes, para identificar terceiros que lhe possam
trazer informações úteis. Assim, na ação de A contra B, em que a autora
alega que o réu manteve relações sexuais com C no motel X, no dia Y, o juiz
pode ordenar ao estabelecimento X que informe (a) o nome e (b) o endereço
das camareiras e porteiros, possibilitando-lhes o depoimento na audiência de
instrução. Essa iniciativa positiva harmoniza-se com os direitos fundamentais
processuais. O que ao juiz veda-se peremptoriamente, nessa linha de
raciocínio, é recusar-se a ouvir seja quem for, embora cabível a prova
testemunhal, porque “convencido” da verossimilhança das alegações da
autora.

A admissão da prova testemunhal torna inexorável a designação de


audiência. Tal marcação integra o saneamento, consoante se percebe da
cautelosa redação do art. 357, V (“designar, se necessário, audiência de
instrução e julgamento”). Ora, deferida a prova testemunhal (art. 357, II), é
necessária a designação, porque tal prova produz-se na audiência principal.
Excepcionalmente, requerida apenas a audição de testemunhas de “fora da
terra”,241 o juiz abster-se-á de marcar data para audiência, examinado o
problema do ângulo da prova testemunhal. Problema diverso consiste em juiz
omitir essa designação, desde logo, na expectativa que se complete a prova
pericial, haja ou não a fixação de calendário na produção dessa prova (retro,
1.813).

A decisão de saneamento apresenta, ainda, aspecto particular no que


respeita à admissão da prova testemunhal. A designação de audiência
constrangerá o juiz a fixar prazo hábil para as partes arrolarem testemunhas
(art. 357, § 4.º). Sempre existiram controvérsias acerca do interregno hábil
para o escrivão e, em princípio – não se excluindo a prestadia intimação
postal –, o oficial de justiça realizarem os atos preparatórios à produção da
prova. Era manifestamente insuficiente o interstício original de cinco dias e
dilação do prazo de antecedência para dez dias, no direito anterior, exigia
máxima concentração e exação dos auxiliares do juízo. Esse problema não
diminuiu com a intimação através do advogado (art. 455, caput), pois a
frustração dessa intimação reconduz o assunto à esfera do juízo (art. 455, §
4.º, I). O art. 357, § 4.º, adotou o interregno fixo de quinze dias e, havendo
audiência preliminar, antecipa a apresentação do rol na data da solenidade.
Seja como for, subsiste a necessidade de atos preparatórios. Assim, o juiz
atentará ao movimento e à pontualidade do ofício judicial em que tramita o
processo, buscando equilíbrio entre dois fatores opostos: designará a
audiência para data nem tão breve a ponto de inviabilizar a prática dos atos
preparatórios, no todo ou em parte, nem tão distante que as testemunhas,
intimadas com muita antecedência, olvidem o imperioso compromisso na
sede do juízo.

1.968. Tempo da prova testemunhal

O processo civil ao tempo do Regulamento 737/1985 designava


determinada fase do processo de “dilação das provas” (Capítulo XI do Título II
– Da Ordem do Juízo). Desapareceu o ato de abertura da instrução, diluindo-
se os atos de produção em outros momentos, mas inexiste dúvida de que da
decisão de saneamento e organização (art. 357) até o ato em que o juiz dá
por “finda a instrução” (art. 364, parte inicial, caput), passando aos debates
orais ou escritos, predominam no procedimento comum os atos de instrução.
O “juiz da causa”, segundo a expressão do art. 453, caput, presidirá a
instrução e a produção da prova testemunhal na audiência de instrução e
julgamento nesse espaço de tempo. São duas proposições distintas. As
testemunhas depõem perante o juiz da causa por razão trivial. A ele competirá
apreciar a prova livremente, emitindo o juízo de fato na sentença definitiva, e
tal atividade beneficia-se das impressões indeléveis carreadas pela
proximidade com a fonte da prova. O princípio da imediação impede a
delegação desse ato a um juiz instrutor. E depõe na audiência principal, ou de
instrução e julgamento, porque ocorrerá, aí, o contato próximo e direto do juiz
com as partes e as provas.

Existem, todavia, hipóteses excepcionais a determinarem a audição da


testemunha em outra oportunidade temporal e, às vezes, em outro juízo: (a) a
testemunha cujo depoimento é prestado ante causam (art. 453, I); (b) a
testemunha cujo depoimento é tomado em outro juízo, porque neste fixou seu
domicílio (art. 453, II); (c) a testemunha que, por enfermidade ou por “outro
motivo relevante”, impossibilitada de comparecer à audiência, prestam
depoimento em outro dia e lugar, mas perante o juiz da causa (art. 449,
parágrafo único).

1.968.1. Depoimento prestado ante causam – O art. 453, I, contempla o


depoimento prestado ante causam. Entende-se por tal o depoimento prestado
antes da propositura da ação, invocando a parte a hipótese genérica do art.
381, I. O direito anterior evocava duas razões fundamentais: (a) ausência
eventual da testemunha (v.g., viagem ao exterior); e (b) enfermidade ou idade,
impossibilitando aguardar os trâmites processuais da futura demanda. Esses
motivos aplicam-se, mutatis mutandis, à produção antecipada da prova
testemunhal no lacônico regime em vigor.

A impossibilidade de a testemunha depor na audiência principal por esses


motivos, instaurado o processo, encontra-se prevista no art. 449, parágrafo
único. Logo, a antecipação aludida no art. 453, I, é a prevista no art. 381, I.

Os casos de depoimento antecipado, mas ante causam, fundam-se no


receio de dano (v.g., a testemunha se encontra acometida de doença
incurável e letal). Controverte-se se há, ou não, produção da prova em sentido
próprio. O órgão judiciário competente produzirá a segundo o procedimento
comum desse meio de prova, mas incumbe privativamente ao juízo da causa
principal admitir semelhante prova, e, conseguintemente, “produzi-la” para
surtir os efeitos que lhe são próprios. Desse ponto de vista, inexiste produção,
mas asseguração da prova ou prova para futura memória – tanto mais que há
receio de dano. É o que estabelece o art. 382, § 2.º, segundo o qual, em
síntese, o juiz não apreciará o depoimento, nem sequer extrairá efeitos
jurídicos dos fatos assentados no depoimento.

As disposições anteriores harmonizavam-se com o direito português


antigo, conforme as Ordenações Filipinas (Livro 3, Título 55, § 7.º),242 e parece
intuitivo corresponder a hipóteses corriqueiras. Impende examiná-las,
vencendo a resistência da lei processual a maiores especificações.

1.968.1.1. Depoimento antecipado em razão de ausência – Eventual


ausência da pessoa da sede do juízo, mas antes da propositura da ação,
constitui motivo idôneo à antecipação do depoimento. Seja qual for o motivo
do afastamento do domicílio, todavia, o motivo há de ser imperioso. E, ainda,
semelhante ausência será tão prolongada que exceda a expectativa de
alcançar o “tempo da prova”, na causa principal, o interregno que vai da
decisão de saneamento, na qual o juiz admite a prova testemunhal, até o
término da instrução. Temporalmente, e, não, espacialmente, sempre será
temporária a ausência, subsistindo o domicílio na sede do juízo.

O afastamento da testemunha por período determinado, como nas férias


de verão, ocupando a casa de veraneio à beira mar, não preenche os
elementos de incidência da antecipação prevista no art. 453, I. A pessoa pode
retornar do balneário para a sede do juízo, depondo na audiência principal,
sem embargo da latente possibilidade de ouvi-la por carta ou por auxílio
direto.

Relevante é a ausência em razão de viagem de estudos em lugar ermo


(v.g., o pesquisador deslocou para os confins da região amazônica, em lugar
de difícil acesso, a fim de desempenhar suas atividades habituais) ou para o
exterior (v.g., o pesquisador recebeu bolsa de estudos para pesquisar a
tundra siberiana). Fatores econômicos pesam no dever de se deslocar até a
sede do juízo e lugar do domicílio.

1.968.1.2. Depoimento antecipado em razão da idade – A idade avançada


da testemunha, por si mesma, ou seja, independentemente das condições
reais de saúde do idoso e do risco de a pessoa não sobreviver até o “tempo
da prova” autoriza a antecipação. Assim, não importará a invejável saúde do
nonagenário, mas o dado objetivo que, vencida a expectativa média de vida,
não é lícito supor que esteja vivo e dotado das faculdades mentais daí a cinco
ou mais anos.

1.968.1.3. Depoimento antecipado em razão da saúde – Depõem ante


causam as testemunhas que padecem de moléstia grave, tornando a
respectiva sobrevivência improvável ao “tempo da prova”, ou a doença
progressiva acentuará a perda das faculdades mentais (v.g., a esclerose
múltipla).

1.968.2. Depoimento prestado por carta – A testemunha domiciliada em


outro lugar não é obrigada a deslocar-se até a sede do juízo para depor. O
dever de depor impõe sacrifícios ao interesse do terceiro, afasta-o da sua
atividade habitual, inclusive provocando a perda da retribuição pecuniária do
trabalho (v.g., o profissional liberal que, afastado do consultório, perde o
dinheiro das consultadas de um turno), mas dentro de certos limites, e decerto
constrangê-la a viajar soaria excessivo.

Em tal hipótese, o contato direto do juiz da causa com a fonte da prova


cederá ao inelutável: a testemunha deporá por carta ou por auxílio direto,
conforme o caso, no lugar do seu domicílio e no primeiro grau (v.g., a
testemunha A, arrolada em causa de competência originária do tribunal, sito
capital do Estado-membro, mas residente no município X, depõe em seu
domicílio, e, não na capital Y), a teor do art. 452, II. O juiz da causa vale-se do
instrumento de cooperação entre órgãos judiciários.

O depoimento prestado por carta é um problema temporal e espacial.


Relativamente ao tempo em que se desenvolve a instrução, da decisão de
saneamento – e, como assinalado, requerida a carta antes desse ato, o juiz
da causa aguardará o retorno, sendo imprescindível a prova, a teor do art.
337 c/c art. 313, V, b (retro, 1.563.1) – até o ato que declara finda a fase de
instrução (art. 364), concebe-se a falta de coincidência, ou seja, que o
depoimento da testemunha seja colhido antes ou depois da audiência
principal. E, restituída a carta após o prazo de espera, mas juntada após o
julgamento em primeiro grau, a apreciação competirá ao órgão ad quem (art.
377, parágrafo único).

Depor no foro do seu domicílio é direito da testemunha. Pode acontecer de


o depoimento da testemunha A, tomado por carta, contradizer o depoimento
da testemunha B, tomado na audiência principal, e o objeto da divergência
recair sobre fato principal, influindo, decisivamente, no julgamento da causa.
Ao juiz da causa interessa dissipar a dúvida, através do instrumento do
confronto ou acareação, que é um depoimento coletivo, face à face, a teor do
art. 461, II. Ora, residindo a testemunha A em lugar diferente da
testemunha B, nada obriga aquela a deslocar-se até a sede do juízo, embora
suas despesas sejam ressarcidas. O confronto revela-se impraticável nessa
circunstância (infra, 1.981).

Esses problemas ficarão abreviados quando houver meio de


videoconferência e “outro recurso tecnológico de transmissão de sons e
imagens em tempo real” (art. 453, § 1.º), no juízo da causa e no juízo do
domicílio da testemunha, inclusive no caso de acareação (art. 461, § 2.º).
Para esse efeito, o art. 453, § 2.º, exorta os juízos a manter (e, antes disso,
instalar) os equipamentos necessários.

1.968.3. Depoimento antecipado incidentalmente – O art. 449, parágrafo


único, conjura o receio de dano – doença e “outro motivo relevante” –
incidental, ou seja, ocorrente no curso da causa, mas impedimento o
depoimento na audiência principal. Em tais hipóteses, não se encontrando a
testemunha impossibilitada de prestar depoimento, “o juiz designará,
conforme as circunstâncias, dia, hora e lugar” para inquiri-la”.

Situações há em que a impossibilidade versada no art. 449, parágrafo


único, aludirá mais ao dever de comparecer que ao dever de depor, e,
conseguintemente, o problema é de lugar, e, não, temporal. Por exemplo, a
testemunha A encontra-se retida no leito hospitalar, sem risco à saúde, mas
impossibilitada de ir à sede do juiz, razão bastante para ser ouvida no
nosocômio. Não haverá, absolutamente, receio de dano.

Em outras situações, o risco é temporal no sentido próprio: acometida de


doença incurável e letal, o estado de saúde da futura testemunha recomenda
oitiva imediata, sendo improvável que chegue viva ao “tempo da prova”, isto, à
data da audiência principal. Então, ocorrerá antecipação – antes mesmo da
decisão de saneamento, urge colher o depoimento para memória futura, no
curso da causa, impedindo a irremediável perda da prova valiosa pela
superveniência do óbito.

O art. 449, parágrafo único, menciona a doença e “outro motivo relevante”.


A antecipação incidental abrange as hipóteses de idade avançada e de
ausência eventual anteriormente examinadas.
1.969. Lugar da prova testemunhal

Lugar natural da audição da testemunha é a sede do juízo (art.


449, caput), porque aí se realizará a audiência (art. 336, caput), de ordinário,
exceto nos casos em que o juízo estabelece outro lugar, por razões de várias,
a saber: (a) comodidade (v.g., a sala de audiências não comporta o número
de testemunhas); (b) segurança (v.g., a animosidade das partes contaminou
as testemunhas, obrigando a isolamento rigoroso dos grupos antagônicos); (c)
pedagógicas (v.g., os alunos da faculdade de direito assistirão a colega da
prova). Fora desses casos, sobrelevando o interesse do juízo, a lei atende ao
interesse da testemunha, atendendo o princípio da dignidade da pessoa
humana.

Em primeiro lugar, não é obrigado a deslocar-se do seu domicílio para


prestar depoimento na sede do juízo, inclusive para fins de acareação (art.
461, II), permitindo o art. 452, II, que o depoimento seja prestado em juízo
distinto. Ademais, o estado de saúde autoriza a tomada do depoimento em
outro lugar (art. 449, parágrafo único). E, por fim, as “pessoas egrégias”
depõem em sua residência ou onde exercerem suas funções (art. 454, caput).

As “pessoas egrégias” ocupam função pública de relevo na estrutura


política republicana e, assoberbadas, não dispõem de tempo para ficar à
disposição da autoridade judicial, sem prejuízo do interesse público. A
prerrogativa do art. 454 é rotulada de despropositada e
antidemocrática.243 Leis contemporâneas, a exemplo do art. 503, n.º 1, do
NCPC português, de 2013, seguramente obsequiosas aos direitos
fundamentais, reconhecem e acolhem a prerrogativa, às vezes transmudada
na possibilidade de depor por escrito (art. 503, n.º 2, do NCPC português, de
2013), a revelar melhor ponderação dos interesses. E, na verdade, a
disposição revela que ninguém, absolutamente ninguém se isenta de depor,
incluindo as mais altas autoridades da República.244

Não há dúvida de que a regra consagrada privilégio de interpretação


estrita.245 Assim, no âmbito municipal, Vereadores e Secretários têm o dever
de comparecer na sede do juízo, não se lhes aplicando o art. 221, caput, do
CPP.246

São as seguintes autoridades: (a) o Presidente e o Vice-Presidente da


República (art. 454, I); (b) os Ministros de Estado (art. 454, II); (c) os Ministros
do STF, os conselheiros do CNJ, os Ministros do STJ, do STM, do TSE, do
TST e do TCU (art. 454, III); (d) o Procurador-Geral da República e os
conselhos do CNMP (art. 454, IV); (e) o Advogado Geral da União, o
Procurado Geral do Estado, o Procurador Geral do Município (onde houver
procuradoria organizada), o Defensor Público Geral da União e o Defensor
Público Geral do Estado (art. 454, V); (f) os senadores e os deputados
federais (art. 454, VI); (g) os Governadores dos Estados e do Distrito Federal
(art. 454, VII); (h) o Prefeito (art. 454, IX); (i) os desembargadores do TJ, do
TRF, do TRT, do TER e os conselheiros do TCE e do TCDF (art. 454, X); (j) o
Procurador-Geral de Justiça (art. 454, XI); (k) o embaixador do país que, por
lei ou tratado, conceder idêntica prerrogativa ao agente diplomático do Brasil
(art. 411, XII).
Em relação ao catálogo anterior, ocorreram as devidas atualizações,
ampliando-se o rol de pessoas egrégias, segundo a organização dos poderes
do Estado e das instituições na CF/1988, e, pela primeira vez, chamaram-se
desembargadores aos juízes do TRF, todavia título privativo, na CF/1988, dos
integrantes do TJ (retro, 936.2). Também avulta a aplicação do princípio
republicano na redação da rega. O art. 454 utiliza maiúsculas para designar
órgãos e pessoas jurídicas de direito público, e, não, o cargo – orientação
aqui desprezada.

O embaixador de país estrangeiro (art. 454, XII), e os demais integrantes


da missão, na realidade não se encontram obrigados a depor, segundo a
Convenção de Viena sobre Relações diplomáticas, de 18.04.1961,
promulgada pelo Decreto 56.435/1965, e cujo art. 31 reza: “L’agent
diplomatique n’est pás obligé de donner son témoignage”. O art. 13 ressalva
as disposições de tratados, convenções e acordos internacionais na aplicação
da lei processual. Logo, o agente diplomático não é obrigado a depor.
Entretanto, o agente, após consultas com seu governo, pode abdicar da
prerrogativa,247 aplicando-se, destarte, o art. 454, caput. Já os funcionários
consulares têm o dever de depor, mas “no seu domicílio ou na repartição”,
conforme o art. 44, n.º, da Convenção de Viena sobre Relações Consulares,
de 14.04.1963, internada pelo Decreto 61.078/1967.248

Os ocupantes dos altos cargos contemplados no art. 454, I a XII,


receberão ofício da autoridade judiciária, solicitando-lhes a designação de dia,
hora e local – residência ou local da função – para serem inquiridos,
acompanhado de cópias da petição inicial e da defesa (art. 454, § 1.º). Por
exceção, o juiz abdica do poder de agenda, mas a pessoa egrégia tem o
dever de depor. Não é incomum que, nada sabendo, declare tal fato por
escrito à autoridade judiciária, sustentando-se que, havendo discordância das
partes, incluindo a parte coadjuvante, a oitiva será obrigatória. Parece
preferível a solução portuguesa: a deposição oral será substituída por
depoimento escrito e, declarando a testemunha ignorância acerca dos fatos
que originaram o litígio, encerra-se a produção da prova.

A prerrogativa prevista no art. 454 é do cargo, e, não, da pessoa nele


investida. Logo, perdura enquanto houver investidura. Embora vitalício o
cargo, a exemplo do Ministro do STF (art. 454, III), a aposentadoria
enfraquece o vínculo e, de toda sorte, elimina a ratio essendi da prerrogativa –
impossibilidade de afastamento temporário da função para cumprir o dever de
depor –, e, por esse motivo, desaparece a prerrogativa. O juiz respeitará,
ocorrendo a cessação da investidura após a designação do dia, hora e lugar,
segundo o art. 454, § 1.º, o ato praticado ao tempo da incidência da regra,
evitando a dissipação de atividade processual proveitosa ao feito.

Conjurando a hipótese de omissão pura e simples da pessoa egrégia (art.


454, § 2.º), passado um mês do recebimento do ofício, e da falta de
comparecimento no dia, hora e local previamente indicado (art. 454, § 3.º), o
juiz readquirirá o poder de agenda, designando audiência para colher o
depoimento, “preferencialmente na sede do juízo” (art. 454, § 2.º, in fine). É
solução pouco satisfatória, no caso do agente diplomático (art. 454, XI), e
impraticável, salvo engano, na maioria dos casos. Impossível obrigar o
deslocamento do Ministro do STF até comarca no longínquo sul ou norte do
País. Parece preferível dispensar o depoimento.
O lugar do depoimento perderá progressivamente importância no processo
eletrônico. A presença física da testemunha na sala de audiências será
substituída pela presença virtual. É a situação antevista no art. 453, § 1.º,
incluindo o caso das pessoas egrégias. O art. 502 do NCPC português de
2013 prevê a apresentação da testemunha pela parte e sua audição, na
audiência, desde o juízo da comarca em que situar sua residência. No
processo penal, mais impregnado de garantias, os espíritos conservadores
reagem à inovação tecnológica, mas o uso é inevitável: por exemplo, na
pessoa colocada no regime especial de proteção, que lhe troca a identidade
para garantir-lhe a sobrevivência e imunidade à vingança do crime
organizado.249 O processo civil absorverá mais facilmente o depoimento por
videoconferência.

1.970. Depósito do rol de testemunhas

Exceção feita à prova documental, desde logo produzida, a prova


testemunhal é especificada na petição inicial (art. 319, VI) e na contestação
(art. 339, in fine) e proposta na ocasião aberta para esse fim antes da decisão
de sane amento.

Em tais oportunidades, inexistindo testemunhas cujo depoimento será


tomado através de carta ou por auxílio direto, hipótese em que, revelando-se
imprescindível semelhante depoimento, convém individualizar a pessoa para
suspender o processo até a coleta da prova (art. 377 c/c art. 313, V, b, parte
final, in verbis: “… ou a produção de certa prova, requisitada a outro juízo”),
nenhuma das partes necessita nominar as pessoas que servirão como
testemunhas. Na proposição da prova testemunhal, no momento azado, à
parte incumbirá, sobretudo, realçar a (a) admissibilidade desse meio de prova
e expor a (b) pertinência do meio de prova no tocante às alegações de fato
controvertidas.

Por exceção, em nome da concentração de atos processuais regra


específica reclama a individualização das testemunhas em certas causas
(v.g., nos embargos de terceiro, conforme o art. 677, caput, parte final) e
incidentes (v.g., na exceção de impedimento ou de suspeição, a teor do art.
146, caput).

Nada impede a parte, entretanto, tomar idêntica atitude no procedimento


comum.250 Será um excesso proveitoso à marcha célere do processo.

Deferida a produção da prova testemunhal na decisão de saneamento


(retro, 1.812.2), e para essa finalidade, dentre outras, designada a audiência
principal (infra, 1.813), a parte depositará, no prazo quinze dias o rol de
testemunhas (art. 357, § 4.º), se não o apresentou na audiência preliminar
(art. 357, § 5.º). Recebe a designação de rol de testemunhas a relação das
pessoas cujo depoimento a parte pretende seja colhido pelo juiz.

Legitimam-se a arrolar testemunhas as partes principais (autor, réu e


respectivos litisconsortes), as partes auxiliares e a parte coadjuvante,
havendo causa para intervenção do Ministério Público (art. 178), este por
força do disposto no art. 179, II.251 O direito a arrolar testemunhas só surge
com o deferimento do respectivo meio de prova. Em tese, considerando que o
juiz coteja o tema da prova com os meios individualmente propostos, o direito
nasce individualmente, assentando-se no interesse em apurar a veracidade
de certa alegação de fato controvertida; na prática, entretanto, o órgão
judiciário emite juízo genérico e indistinto, beneficiando a quaisquer litigantes,
porque não se ocupou da real fixação do tema da prova e da pertinência do
meio de prova proposto. É vantajoso que tal aconteça, impossibilitando
ulterior alegação de cerceamento de defesa, e para esse efeito o art. 357, II,
obriga o juiz a fixar o tema da prova. Resta verificar se a disposição será
cumprida estritamente.

1.970.1. Funções do rol de testemunhas – O rol de testemunha


desempenha duas funções distintas,252 igualmente relevantes.

Em primeiro lugar, depositado o rol, surge a necessidade de convocar a


testemunha, providência que cabe ao advogado da parte, pela via postal,
sendo ônus da parte juntar a carta e o aviso de recebimento com a
antecedência de três dias antes da data da audiência principal (art. 455, §
1.º), subentendendo-se a desistência do depoimento, caso não se realize a
intimação (art. 455, § 3.º). Frustrada essa intimação (art. 455, § 4.º, I), e em
outras hipóteses, realizar-se-á a intimação pelo juízo. Curiosamente, o art.
455, § 3.º, não alude, expressis verbis, ao ônus da juntada do carta e do aviso
de recebimento, mas remissão ao parágrafo único não deixa dúvida a esse
respeito. O assunto merecerá análise no item dedicado à intimação.

E, ademais, a indicação nominal das pessoas que presumivelmente


deporão a favor do arrolador, a despeito de comprometidas a dizer a verdade,
autoriza à contraparte investigar (a) o que realmente sabem, (b) como
adquiriram tal conhecimento e (c) quais seus costumes, ou seja, as relações
entretidas com o adversário ou com o objeto da causa (infra, 1.974.2). Essa
investigação preliminar oferece base sólida, opportuno tempore, aos
fundamentos da futura contradita.

Em que pese a última função, inexiste necessidade de intimação formal da


contraparte, porque ciente da proposição da prova testemunhal e do seu
deferimento.253É ônus do advogado da contraparte inteirar-se da nominata e,
consultando ao cliente, empreender os devidos esforços para esclarecer-se
quanto a tais pessoas.

Não é admissível a coleta do depoimento da testemunha cujo nome não


consta no rol, exceto ocorrendo substituição, nos casos estritos do art. 451.

Em julgado de formalismo excessivo, e erroneamente fundado numa das


finalidades do ato, no direito anterior o STJ estimou descumprido o prazo no
caso de tempestiva entrega da petição no protocolo geral, o que impediria de
a contraparte conhecer com antecedência a nominata, deixando de decretar a
invalidade pela falta de demonstração do prejuízo.254 Fundou-se na literalidade
da expressão “depositar em cartório” para chegar a tal premissa. Ora, o tempo
transcorrido entre a data do protocolo e a juntada da petição aos autos não
pode ser debitado ao arrolador, mas ao serviço judiciário, e existindo o
protocolo geral da sede do juízo nenhum cartório recebe petições avulsas.
Essa questão respeita à decisão de saneamento e organização do processo
proferida em gabinete (art. 357, § 4.º), porque incumbe à parte apresentar o
rol na audiência preliminar (art. 357, § 5.º), e, nesse caso, deferida a prova,
ficará anexada no processo desde logo.
1.970.2. Requisitos do rol de testemunhas – O art. 450 indica os requisitos
do rol de testemunhas, incumbindo à parte precisar-lhes (a) o nome; (b) a
profissão; (c) o estado civil; e (d) a idade; (e) o número de inscrição do
Cadastro das Pessoas Físicas (CPF) e da cédula de identidade; (f) o
endereço completo da residência e do local do trabalho.

Esse dispositivo realça dois dados indispensáveis para atingir os fins que
lhe são próprios: quem seja e onde se encontra a testemunha, possibilitando
a prática dos atos prévios à audiência, se for o caso de intimação, bem como
a variante da requisição (art. 455, § 4.º, III). À semelhança do que acontece no
direito italiano vigente, importa identificar a pessoa sem incertezas.255

Elogiável era a parcimônia do art. 407 do CPC de 1973, exigindo apenas o


nome, a profissão, a residência e o local de trabalho, cautela a demonstrar
largueza de vista com as eventuais dificuldades de a parte identificar
cabalmente a testemunha. Compreensível que seja a indicação do estado civil
e da idade, por exemplo, para fins diversos (v.g., a antecipação do
depoimento, no caso de idade avançada), pressupõe-se inviável exercício de
poder de investigação, desvelando, por exemplo, dado fiscal (o número de
inscrição no CPF), sem respaldo na realidade. É preciso tolerância e
moderação do juiz no tocante a observância desses requisitos. Talvez a parte
conheça o prenome, mas ignore o nome, completando-se a identificação
preliminar da pessoa com a profissão. Dificilmente haverá mais de um João,
pedreiro, residente no mesmo lugar. Eventuais dúvidas se dissiparão no
interrogatório preliminar do art. 457, caput. Corretamente, no direito anterior o
STJ entendeu irrelevante a falta de indicação da profissão da testemunha,256 e
declarou inadmissível rejeitar a audição das testemunhas intimadas, mas
insuficientemente identificadas.257

Pode acontecer de a parte arrolar pessoa realmente existente, mas


fornecer, por lapso, endereço errado, frustrando a diligência de intimação. Em
tal hipótese, renovar-se-á o ato, uma vez indicado o endereço correto (art.
455, § 4.º, I). Tal significa que o direito de colher os depoimentos deflui do
depósito tempestivo do rol no cartório no prazo do art. 357, § 4.º, ou da sua
apresentação na audiência preliminar (art. 357, § 5.º. Não o desfaz, ao
contrário do que decidiu julgado do STJ,258 a ulterior falta de localização da
pessoa no endereço original (v.g., a testemunha mudou de residência).

Representa ato grave e sumamente reprovável arrolar pessoa (a)


inexistente, (b) domiciliada em outro Estado-membro e país, ou (c) alheada e
desconhecedora dos fatos. A crônica forense assinala o caso de célebre
goleiro de futebol, todavia conhecido pela alcunha profissional, e cujo nome
majestático era arrolado com inaudita frequência, espantando juiz mais atento
com a heterogeneidade dos conhecimentos de tão preciosa testemunha,
jamais localizada, abrangendo dos adultérios e acidentes de trânsito aos
crimes mais terríveis. Ao constatar a audácia impudente do arrolamento de
pessoa inexistente, ou de endereço intencionalmente endereço errôneo,
escancaradas infrações ao dever de probidade (art. 5.º) o juiz aplicará a
sanção mais dura do seu vasto arsenal repressivo, porque se trata de ato
assaz censurável e danoso à jurisdição.

O rol de testemunhas indicará as testemunhas que a parte pretende sejam


previamente intimadas e as que comparecerão espontaneamente (art. 455, §
2.º).259 A declaração neste último sentido será expressa, pois constitui
exceção ao regime geral, assumida conscientemente pela parte, malgrado os
riscos e incertezas da futura presença da testemunha. As partes têm direito à
convocação das testemunhas. Da omissão dessa referência no rol resultará o
dever de o escrivão promover a intimação de todas as testemunhas, apurada
a frustração da intimação pelo advogado (art. 455, § 4.º, I).

Também o rol indicará a testemunha cuja deposição, porque residente em


outra comarca ou seção judiciária, ocorrerá por carta precatória, a teor do art.
452, II.260É bem de ver que só a audição das testemunhas por carta precatória
ou rogatória requerida antes da decisão de saneamento (e o rol é
apresentado depois) suspenderá o processo, considerando o juiz, ainda,
imprescindível semelhante prova, a teor do art. 377.

Faltou ao rigoroso art. 450 exigir da parte, conhecendo o fato de a


testemunha ignorar o idioma português, ou expressar-se sem proficiência
nessa língua, a explicitação da futura necessidade de intérprete. Essa
eventualidade importará, em determinados casos, o adiamento da audiência.

1.970.3. Prazo do rol de testemunhas – O prazo mínimo de antecedência


para o depósito em cartório do rol de testemunhas evoluiu de dois dias (art.
239, § 1.º, do CPC de 1939) para cinco dias, consoante a redação originária
do art. 407, caput, do CPC de 1973, e ainda reputado assaz escasso e
inconveniente, ante o intenso movimento forense, motivo por que a Lei
10.258/2001 ampliou-o para 10 (dez) dias, alterando a redação do dispositivo
do segundo estatuto unitário. Era o interregno mínimo. Tal prazo aplicar-se-ia
no caso de a decisão de saneamento não fixar outro interregno.261 Não existia
fundamento para aplicar na espécie outro prazo.262

Esse regime, autorizando o juiz a fixar interregno mais dilatado, mas


contando o prazo da data da audiência retroativamente, servia ao tempo hábil
para intimar as testemunhas. A regra prestimosa instituía prazo judicial (retro,
1.153.1). E, realmente, o realismo considerava os contratempos naturais na
realização dos atos que ele propicia, incluindo a entrega da carta de intimação
em mão própria da testemunha, porque a localização das pessoas nas
metrópoles não constitui tarefa fácil e prática. Equívoco no endereço da
testemunha, no caso do interregno mínimo de dez dias, importaria senão o
adiamento da audiência, ao menos seu prosseguimento em data futura e
indeterminada. Faltaria tempo hábil para intimar o arrolador, por um dos meios
legais, colher sua manifestação, e, por fim, renovar a intimação da
testemunha. Este era o tempo real a considerar na fixação do prazo judicial, e,
não, a virtual complexidade do ato.263 E existia outro pormenor na equação,
todavia dificilmente traduzido de forma objetiva: a eficiência operacional do
ofício em que tramita a causa, dado que só o juiz conhece através do acúmulo
de experiências boas e más. Paradoxalmente, fixando prazo tão largo e
distante da audiência que desinteressasse o escrivão da prática imediata das
diligências do seu ofício, e, assim, nenhuma seja tomada, frustrando-se a
audiência por excesso de tempo.

O art. 357, § 4.º, alterou profundamente essa sistemática. Deferida a prova


testemunhal, na decisão de saneamento e organização do processo proferida
em gabinete, a parte depositará o rol no prazo de quinze dias, interregno
contado da intimação porventura feita, ou a parte apresentará o rol na
audiência preliminar (art. 357, § 5.º). Desloca-se o foco dessas vicissitudes,
desse modo, para a data da audiência preliminar (art. 357, V). O juiz
escolherá a data possível, na respectiva agenda, considerando todas as
vicissitudes após a apresentação do rol de testemunhas, a saber: (a)
frustração da intimação pelo advogado e, conseguintemente, a necessidade
de intimação a cargo do juízo (art. 455, § 4.º, I); (b) obrigatoriedade da
intimação a cargo do juízo, tout court, em determinados casos (art. 455, § 5.º,
II a V), e as já mencionadas dificuldades do serviço no ofício judicial. Em
princípio, congestionada a pauta, a data da audiência é longínqua,
propiciando o cumprimento dos atos preparatórios.

O prazo do art. 357, § 4.º, é preclusivo,264 extinguindo-se o direito de parte


ouvir as testemunhas na hipótese de descumprimento,265 salvo alegação de
justa causa (art. 224, § 1.º). E, determinando regra especial o rol de
testemunhas acompanhe a petição inicial, como no caso dos embargos de
terceiro, a teor do art. 677, caput, parte final, a omissão da parte importa
preclusão.266

Essa repercussão suscita preocupações e redobrados cuidados dos


advogados das partes. Atingida a faculdade da parte pela preclusão, resta-lhe
recorrer supletivamente à iniciativa judicial concorrente, aqui cabível, porque a
preclusão não atinge os poderes do órgão judiciário (retro, 1.351). O STJ não
admite o emprego da iniciativa oficial, sob o pretexto de garantir o direito da
contraparte.267 Oportuno alvitre exclui os casos em que o objeto litigioso é
indisponível,268 hipótese implicitamente admitida em certa oportunidade pelo
STJ.269 É bem de ver que a autoridade judiciária tem iniciativa probatória plena
no âmbito da prova testemunhal, a teor do art. 370, caput, ao contrário do que
sucede, v.g., no direito alemão,270 sendo eventuais restrições apenas
acidentais (v.g., o juiz desconhece as pessoas que, no passado, perceberam
os eventos e as condutas alegadas). Desse ponto de vista, não tem muito
sentido negar a eficácia do apelo ao juiz para produzir prova em proveito do
esclarecimento da própria autoridade judiciária.

1.970.4. Forma do rol de testemunhas – A parte depositará o rol de


testemunhas em cartório, no prazo de quinze dias (art. 357, § 4.º), mediante
petição escrita dirigida ao órgão judiciário, ou levará relação escrita na
audiência preliminar (art. 357, § 5.º), não se excluindo a inclusão dos nomes
na ata da audiência. Não há forma rígida. De ordinário, a parte arrola as
pessoas, ministrando os dados exigidos no art. 450 no próprio corpo da
petição, e, não, em relação anexa, por razões de segurança.

Depositado o rol de testemunha, a parte praticou o ato válida e


eficazmente, ou não, cabendo ao juiz extrair os efeitos correspondentes numa
e noutra hipótese. Ocorrerá preclusão consumativa. É indiferente que o ato
seja praticado no primeiro dia ou no termo final do prazo, pois a realização do
ato encerra o interregno. À vista do fenômeno da preclusão, à parte não se
afigura lícito complementação ulterior da nominata, porque a relação original
não atingira número máximo previsto no art. 357, § 6.º.271 Após o depósito do
rol, seja qual for o número das testemunhas arroladas, apenas se admitirá a
substituição nas hipóteses estritas do art. 451, I a III.272

Em princípio, inexiste ordem preferencial na organização da nominata. A


ordem alfabética desfruta de certa predileção, porque não permite à
contraparte localizar, à primeira vista, a(s) testemunha(s) mais importante(s).
Não é o melhor critério: de um lado, não se harmoniza com o dever de
probidade (art. 5.º), e, de outro, a posição da testemunha no rol apresenta o
sério risco de o juiz chamar as testemunhas na ordem do rol e,
conseguintemente, descartar a mais importante, mas arrolada em posição
secundária, com fundamento no art. 357, § 7.º. Convém arrolar na ordem da
presumível importância do depoimento. A ordem certa obsta que a
testemunha mais promissora não seja considerada supérflua (infra, 1.979.1).

A esse propósito, cumpre recordar que o art. 357, § 4.º, não impõe ao
arrolador, explicitamente, o ônus da indicação prévia das alegações de fato a
respeito das quais cada testemunha prestará declarações. O art. 244, primeira
parte, do CPC italiano, ao contrário, reclama tal articulação em termos
precisos. Na falta de disposição nesse sentido, o controle judicial sobre o
número de testemunhas sobre cada alegação de fato controvertida, a teor do
art. 357, § 7.º, realizar-se-á, a priori, sem conhecimento do que sabe cada
testemunha, a despeito da vaga referência “aos fatos individualmente
considerados”. Essa circunstância aumenta o relevo da ordem da nominata, e,
indiretamente, exige a devida articulação. No caso de apresentação do rol na
audiência preliminar (art. 357, § 5.º), o juiz poderá esclarecer-se a respeito,
invocando a parte final do art. 357, § 3.º.

Apesar de o art. 459, caput, admitir perguntas não respeitantes ao tema da


prova, fixado na decisão de saneamento e organização do processo (art. 357,
II), e regra o interrogatório se realiza, por assim dizer, “no escuro”. As razões
são duas: (a) ou o juiz não fixou o tema da prova explícita e claramente, ou
tendo-o fixado, as partes ignoram a respectiva extensão; (b) o arrolador não
vinculou a testemunha a determinada alegação de fato, requisito exigido em
certos ordenamentos estrangeiros (v.g., art. 222, n.º 1, do Code de Procédure
Civile).273 Às vezes, o juiz interpela o advogado da parte antes de começar
suas indagações, mas o representante técnico geralmente tergiversa e reluta
em revelar o dado, constrangido de admitir que, na realidade, conhece
muitíssimo bem a origem da ciência e sobre quais fatos irá depor a
testemunha. A abstenção do0 advogado almeja desfazer a suspeita que
instruíra previamente o depoente. Em flagrante exagero, o STJ considerou o
contato da testemunha com o advogado motivo de suspeição.274 Por esta ou
aquela razão, destarte, a produção da prova testemunhal realiza-se
improvisadamente. Os únicos limites são objetivos (e mais ou menos
conscientes no ato): o tema da prova. É o que autoriza o juiz a indeferir
perguntas impertinentes.

1.970.5. Efeitos do rol de testemunhas – Depositado o rol de testemunhas


no prazo de quinze dias, ou apresentado na audiência preliminar, o arrolador
adquire direito de interrogá-las, ressalva feita à limitação ope judicis do art.
357, § 7.º. Poderá substituir a testemunha nos casos estritos do art. 452. De
seu turno, a contraparte (a) investigará os costumes da testemunha, ou seja,
a existência de motivo de incapacidade, de impedimento e de suspeição, e (b)
preparará a contraprova cabível.

O principal efeito decorrente do depósito de rol de testemunhas é a


irremediável vinculação do arrolador à ulterior produção dos depoimentos. Em
outras palavras, não é lícito desistir ou renunciar, no todo ou em parte, à
audição da(s) testemunhas(s) sem a concordância explícita da contraparte e o
assentimento do órgão judiciário. É explícito, nesse ponto, o art. 245, segunda
parte, do CPC italiano. O fundamento da restrição descansa no princípio da
aquisição da prova (retro, 1.356).275 Existem orientações legislativas diferentes
(v.g., o art. 498, n.º 2, do CPC português de 2013). Admitido o princípio da
aquisição no art. 371 (“… independentemente do sujeito que a tiver
promovido…”), entre nós, há de se entender indisponível ao arrolador a
audiência das próprias testemunhas. Porém, arrependendo-se o arrolador, no
todo ou em parte, sempre poderá abster-se de intimar a testemunha, caso em
que haverá desistência tácita da audição (art. 455, § 3.º), como já acontece
com a testemunha “levada” (art. 455, § 2.º).

1.971. Número de testemunhas arroladas

O art. 357, § 6.º, estabelece o número máximo de testemunhas, fixando-o


em dez para cada parte, sendo três para a prova de cada fato. Lícito afigura-
se ao juiz dispensar as testemunhas excedentes a um e a outro número. A
dispensa da testemunha, porque supérflua, constitui incidente típico da
produção da prova testemunhal (infra, 1.979.1).

Ressalva feita, portanto, a este aspecto, aqui secundário, o parágrafo


sexto do art. 357 suscita questões transcendentes.

1.971.1. Limitação ope legis do número de testemunhas – A estipulação


do número rígido de testemunhos admissíveis, em tese, é inoportuna. Em
determinadas causas, o número abstrato revelar-se-á excessivo, ante a
inexistência ou reduzida extensão das questões de fato; porém, nas causas
complexas, permeadas por questões de fato intrincadas e numerosas, a
densidade do tema da prova torna o número máximo insuficiente e,
inviabilizando o direito à prova, incidirá em flagrante inconstitucionalidade.

Esse problema de política legislativa recebeu, na vigência do CPC italiano


de 1865, defesa vigorosa em prol da ausência, a priori, de limitação. Fundava-
se no argumento persuasivo que só depois da ultimação dos trabalhos de
instrução (portanto, a posteriori) o juiz aquilataria com clareza o número
preciso de testemunhas necessárias à prova da veracidade das alegações de
fato que incumbia à parte.276 Essa linha de raciocínio explica, salvo engano, o
ônus de a parte arrolar as testemunhas com a indicação genérica dos fatos
sobre os quais irá depor e a faculdade, a teor art. 245, primeira parte, do CPC
italiano de 1940, de o juiz reduzir o número de testemunhas. Recomenda-se
extrema cautela no exercício desse poder, porque o uso indiscriminado e
arbitrário infringiria o direito de defesa.277 Não faltam adesões à inexistência
de número fixo.278

É outra, entretanto, a tradição lusitana nessa matéria. As Ordenações


Filipinas (Livro 1, Título 55, § 2.º), limitava o número de testemunhas a quinze
pessoas por cada artigo e parte, e de vinte quando existisse um só artigo. Por
sua vez, o art. 511, n.º 1, NCPC de 2013 (era de vinte no art. 632 do CPC de
1961),279 segue a mesma linha, optando pelo número máximo de dez
testemunhas e, havendo litisconsórcio passivo, igual número para cada
circunstância comum, reduzidas a cinco nas causas de alçada. Dessa
tradição não se apartou o direito pátrio. Era inconteste a regra da
predeterminação legal do número de testemunhas. Em termos generosos e
superabundantes,280 porém: entendendo-se aplicável a regra das Ordenações
Filipinas na vigência do omisso Regulamento 750/1850, petição inicial com
trinta alegações de fato distintas autorizava arrolar o expressivo e grandioso
número de quatrocentas e cinquenta testemunhas.281

Na vigência do CPC de 1939, sobreveio debate acerca das vantagens e


das desvantagens da fixação do número de dez testemunhas (art.
237, caput), opinando a maioria pela racionalidade da limitação,282 salvo nos
casos verdadeiramente excepcionais ou extraordinários.283 E claro está que
existem causas nas quais a impropriedade do número rígido embaraça a
parte. Ao propósito, ministrou-se o seguinte exemplo: “Suponhamos numa
causa de indenização, onde se devesse provar: a autoria material do dano
praticado em quatro pontos diversos, por múltiplos mandatários do
responsável principal; a subordinação dos mandatários ao mandante; a ordem
dada por ele àqueles. Aí temos a possibilidade não bastarem dez
testemunhas. Desde que cada grupo de duas fosse destinado a provar o dano
em certo lugar, seriam 8 testemunhas, e ainda seriam necessárias pelo
menos mais 4, para a prova de subordinação e do mandato”.284

Com efeito, o problema subsiste, é real e ficou pendente de solução larga.


No caso de a parte formular onze alegações de fato distintas, e admitindo-se
a superação do brocardo testis unus, testis nullios, ainda faltaria uma
testemunha, se cada uma das dez testemunhas admissíveis conhecesse
apenas um dos fatos alegados.285

A melhor solução técnica, de lege ferenda, recairia no controle ope


judicis do número indeterminado de testemunhas. Em tal sentido dispõe o art.
511, n.º 4, do NCPC português de 2013. E, no direito norte-americano, o
gasto de tempo e de dinheiro da oral deposition obriga a parte, na discovery,
solicitar permissão do órgão judiciário para ouvir mais de dez testemunhas
oralmente ou por escrito.286

Revelando-se impraticável a rigidez art. 357, § 6.º, a exigir temperamentos


episódicos, esplêndido julgado do STJ entendeu admissível, à luz do poder de
instrução do juiz, atualmente previsto no art. 370, caput, a convocação de
pessoas em número superior a dez, como testemunhas do juízo.287

1.971.1.1. Alcance objetivo da limitação ope legis do número de


testemunhas – O art. 357, § 6.º, evitou a redação peremptória do art.
237, caput, do CPC de 1939 (“Em caso nenhum excederá de dez o número
de testemunhas para cada uma das partes”).

À luz dessa disposição, todavia, a opinião prevalecente na vigência do


primeiro estatuto processual unitário tolerava temperamentos, excluindo do
cômputo (a) as testemunhas “ignorantes”, ou os chamados depoimentos
negativos,288 e (b) as testemunhas referidas.289 Ficava implícito, no primeiro
caso, à parte mostrar-se lícito arrolar mais de dez testemunhas, supondo
frustrada a audiência de algumas, por falta de conteúdo útil da deposição.
Entretanto, é pouco razoável sustentar a violação direta da regra sem
requerimento ao juiz. O art. 511, n.º 3, do NCPC português, de 2013,
considera não escritos os nomes das testemunhas excedentes ao número
legal e, entre nós, não pode ser diferente. Assim, a parte deve assumir o risco
de o depoimento não atingir resultados satisfatórios. Já as testemunhas
referidas não integram o número máximo de dez.
Existe outro grupo de testemunhas excluído do cômputo do número
máximo. São as testemunhas referentes a fatos específicos de determinados
incidentes (v.g., a exceção de impedimento e de suspeição do juiz, a teor do
art. 146, § 1.º).

O número máximo de dez por cada parte testemunhas respeita aos fatos
principais afirmados na petição inicial e na contestação.

1.971.1.2. Alcance subjetivo da limitação ope legis do número de


testemunhas – Impende esclarecer, a bem da correta aplicação da regra, o
alcance subjetivo do art. 357, § 6.º.

Existindo pluralidade de partes, e de terceiros intervenientes (v.g., o


chamado em garantia), a par da intervenção do Ministério Público, e tocando
a cada uma das partes principais, das partes auxiliares e da parte coadjuvante
arrolar dez testemunhas, o número global de pessoas arroladas e passíveis
de audição talvez se torne expressivo. Embora a atividade avizinhe-se
penosa, mas imperiosa para o juiz consciencioso, travando a celeridade
processual, não se revela irremediável. Tem contrapeso no emprego frutífero
da faculdade de limitar a três os depoimentos convergentes no mesmo
sentido

O que era certo, todavia, avulta na pouco convincente e artificial


interpretação da expressão “cada parte” como indicativa do grupo de litigantes
do mesmo polo processual no direito anterior. Claro está que o art. 357, § 6.º,
o estipula o número de testemunhas conforme o número de cabeças. Essa
interpretação rejeita explicações implausíveis, todavia ministradas por voz
respeitável;290 por exemplo, entendendo global a limitação, relativa a cada
polo do processo, assim nela abrangidos todos os autores e réus (v.g.,
existindo dois réus, haja ou não defesa comum, só teriam direito a arrolar dez,
e, não, vinte testemunhas), ou estimando que ao assistente seja facultado tão
só completar o número de testemunhas arroladas pelo assistido. Essa última
restrição, abstraindo o fato de se tratar de construção de lege ferenda,
enfrentaria obstáculos técnicos (a inexistência do direito de complementação
do rol) e práticos (depositado o rol no último dia do prazo pelo assistido,
tirante ajuste informal dos advogados inexistiria tempo hábil para essa
complementação) para operar efetivamente.

1.971.2. Limitação ope judicis do número de testemunhas – Na mesma


linha do art. 237, parágrafo único, do CPC de 1939,291 e do art. 407, caput, do
CPC de 1973, o art. 357, § 6.º, autoriza o controle do número de
testemunhas, ope judicis, reduzindo-as o juiz a três, relativamente à prova de
cada alegação de fato, dispensando as excedentes, e, ainda, o art. 357, § 7.º,
prevê o controle, ope judicis, global do número. Abandonando a falta de
limites da Ley de Enjuiciamiento Civilde 1855, o diploma espanhol de 2000
encampou, no art. 363, n.º 2, regra similar ao do § 6.º do art. 357, considerada
razoável, mas de aplicação criteriosa, aduzindo-se: “… não se trata de excluir
a possibilidade de ouvir versões diferentes do mesmo fato, mas de ouvir
reiteradamente a mesma versão de um fato”.292

O juiz exercerá o controle do art. 357, § 6.º, após a coleta do terceiro


depoimento “positivo”. E terá cabimento só na hipótese de admitir
implicitamente prova bastante a favor da parte gravada com o ônus da prova.
Não seria razoável pressupor que a lei autorize o órgão judiciário a cercear
arbitrariamente o direito à prova da parte.293 Esse ponto recebeu o seguinte
registro em julgado do STJ: “Nada impede a parte de arrolar mais de 03
testemunhas – até o limite de 10 – para um mesmo fato, cabendo ao juiz
dispensar a oitiva daqueles que ultrapassarem o teto legal. Há de se
considerar que a testemunha pode não comprovar o fato da forma pretendida
pela parte, hipótese em que esta terá à sua disposição outras testemunhas
para serem ouvidas, até que se complete o limite de 03 relativas a um mesmo
fato. Deve-se estabelecer a diferença entre o limite de testemunhas que
podem ser ouvidas acerca de um mesmo fato (03) e o limite de testemunhas
que podem ser arroladas por cada parte (10)”.294

A benfazeja convergência da tríade precisa recair sobre a mesma


alegação de fato.295 Declarações sobre fatos principais ou fatos acessórios
distintos não atraem a incidência da regra do art. 357, § 6.º. Exemplo: se as
testemunhas A, B e C confirmaram a veracidade da alegação de fato X, mas a
testemunha D subsequente prestará declarações acerca da alegação X e da
alegação Y – pressupondo-se, na falta de indicativo prévio, que o juiz obtenha
esclarecimentos da parte ou de seu advogado, e de antemão, a respeito do
presumível teor das declarações –, deverá ser ouvida, ao menos quanto à
alegação de fato Y. Em termos mais claros: na ação de A contra B, a prova
testemunhal recairá sobre (a) o motivo da ida de B ao motel X com C, se para
angariar pedido de compra de roupas de cama, ou para entreter relações
sexuais, e (b) a condição de C, figurinista ou não da fabricante de roupas D.
Figure-se a hipótese de alegação sob (b) reunir três declarações
convergentes, das testemunhas E, F e G, desnecessário a
testemunha H volver ao tema, mas há de ser ouvida sobre (a). Em outro caso,
resgatado de obra clássica,296 na ação em que A cobra de B a dívida X, se a
testemunha C depõe que viu A contar o dinheiro e entregá-lo a B; a
testemunha D que ouviu B pedir empréstimo ao autor A; a testemunha E que
ouviu B admitir o recebimento do dinheiro a título de empréstimo; de um lado,
o autor provou a existência da dívida, e, de outro, as
testemunhas C,D e E depuseram sobre fatos distintos.

Esse aspecto da regra inserta no art. 357, § 6.º, não permite o controle do
juiz, a priori, pois as partes arrolam suas testemunhas após a fixação do tema
da prova, na decisão de saneamento e organização do processo, e inexiste a
determinação de as partes especificarem o objeto do futuro depoimento de
cada testemunha. Aliás, a petição inicial e a contestação têm forma livre,
prescindindo da formulação vetusta de “artigos”, ou seja, a concatenação das
alegações de modo que a alegação antecedente constitua a premissa da
subsequente,297 informalidade que impede essa verificação. A articulação das
alegações de fato parece vantajosa, impedindo erros e induzimentos da
testemunha inculta ou incauta,298 entregando-se a inquirição, subsidiariamente
ou não, ao advogado da parte. Convém ponderar contra essa prática o
seguinte: (a) o advogado da parte, a quem o juiz faculta a palavra (art.
459, caput), dirige-se diretamente à testemunha, formulando a pergunta, mas
o juiz tem o poder de indeferi-la no caso de impropriedade (infra, 1.976.6.2),
registrando-a, todavia, no termo de audiência (art. 459, § 3.º), assim repelido o
receio de alicantina; (b) a técnica da estruturação lógica das petições perdeu-
se no tempo, substituída pelo esquema geral do art. 319, indicação nem
sequer feita quanto à estruturação da contestação.
Localiza-se, aí, a sugestão implícita, jamais a exigência peremptória –
entendimento expresso na vigência do CPC de 1939 –299 de a parte cooperar,
rendendo-se antecipadamente ao futuro exercício do poder de instrução
oficial, malgrado seus próprios interesses. Em tal objetivo, o requisito
padeceria de frisante irrealismo, pois a atividade da parte norteia-se pelo
próprio interesse, malgrado disposições em contrário. Só regra expressa
obrigaria o arrolador a semelhante especificação, aliás de difícil e improvável
observância.

Reforma do art. 244, primeira parte, do CPC italiano, contemplou a


indicação nominal das testemunhas e dos fatos que cada qual relatará em
juízo. Essa disposição demonstra a viabilidade técnica de arranjo similar no
direito pátrio. E há proveito paralelo: os capítulos, ou artigos, do que aqui se
designa de rol de testemunhas ostentariam a vantajosa função colateral de
garantir a contraprova ao adversário,300 anunciando a linha dos futuros
depoimentos. Duas objeções logo aparecem: (a) as partes não depositam o
rol sucessivamente, e, assim, o adversário só ficaria inteirado desses dados
quando já não haverá oportunidade para ministrar contraprova testemunhal,
se não houver a antecipação do ato na audiência preliminar (art. 357, § 5.º);
(b) nada assegura que a testemunha realmente preste declarações neste ou
naquele sentido. Seja como for, é possível a atribuição explícita desse ônus à
parte. Dependeria o êxito da alteração legislativa da mais improvável das
contribuições: a do órgão judicial. Seria imprescindível, na decisão de
saneamento e organização do processo, a teor do art. 357, II, também
explicitar o tema da prova em artigos. Assim, e volvendo a exemplo aqui
utilizado alhures, na ação de A contra B, a prova testemunhal recairá sobre
(a) o motivo da ida de B ao motel X com C, se para angariar pedido de
compra de roupas de cama, ou para entreter relações sexuais, e (b) a
condição de C, figurinista ou não da fabricante de roupas D.

O art. 357, § 7.º, insinua essa possibilidade, permitindo a limitação, ope


judicis, do número global de testemunhas, atendendo a complexidade (a) da
causa e (b) dos fatos individualmente considerados. Não se está claro se o
controle ocorrerá desde logo, na audiência preliminar (art. 357, § 5.º) ou após
o depósito do rol em cartório (art. 357, § 4.º). É providência iniludível na
primeira hipótese, haja vista o contato do juiz com as partes, no âmbito da
cooperação antevista no art. 357, § 3.º, e assaz conveniente na segunda, sem
prejuízo do controle a posteriori. Retorna-se, na aplicação do art. 357, § 7.º,
ao problema da falta de especificação de quem deporá sobre o que, assaz
agudo no caso de o juiz proferir a decisão de saneamento e organização em
gabinete, sem rol relacionar claramente o depoimento de A, Be C ao fato X e
o de D, E, F e G ao fato Y. Os elementos de incidência do art. 357, § 7.º,
necessariamente indeterminados, exigem aplicação prudente. O risco
consiste em cercear o direito à prova da prova. Seja como for, e volvendo ao
exemplo anteriormente ministrado, a apuração (a) do motivo da ida de B ao
motel X, acompanhado de C, e (b) a condição de C como figurinista, ou não,
da fabricante de roupas D, não exigem mais de seis testemunhas. Admite-se,
portanto, o controle do número global tão logo apresentado o rol de
testemunhas.

1.972. Intimação da testemunha


A testemunha comparece à audiência de instrução de duas formas: (a)
espontânea, nas hipóteses em que, inexistindo obrigatoriedade de requisição
da testemunha ao superior hierárquico (art. 455, § 4.º, III), e não se tratando
de pessoa egrégia (art. 454, § 1.º), a parte assinalou no rol, expressamente, o
comparecimento da testemunha independentemente de intimação
(testemunha “levada”); (b) provocada, ou mediante requisição ao chefe da
repartição ou comando do corpo, tratando-se, respectivamente, de servidor
civil e de servidor militar, ou mediante intimação, feita com antecedência
mínima de quarenta e oito horas, e por um dos meios admissíveis (art.
454, caput, e § 4.º).301 É a provocação que aqui interessa.

1.972.1. Forma da intimação para depor – Fundamentalmente, há duas


formas de convocação: (a) através do advogado da parte (art. 454, caput); (b)
através do juízo (art. 454, § 4.º, I a V).

É modificação dramática e de largo alcance na forma de convocação da


testemunha. Recaindo o dever de intimar a testemunha aos órgãos auxiliares
do juízo, eventual falha do serviço não prejudica a parte; ao contrário,
encarregando-se do ato o advogado da parte, a inércia provocará a
desistência do depoimento (art. 454, § 2.º). Não se cuida de efeito desprezível
e só o tempo determinará as vantagens dessa forma de convocação.

Cuidando-se de intimação promovida pelo representante técnico da parte,


conforme reza o art. 454, caput, c/c § 1.º, estipulando requisitos também
aplicáveis à intimação judicial, o advogado informará (testemunha “levada”) ou
intimará (testemunha convocada), mediante carta com aviso de recebimento,
“o dia, hora e local” do depoimento. Faltou a menção aos dados do processo
em si (número de registro e nome das partes), precisando ao intimando o
litígio.

À diferença da intimação judicial, meio de comunicação dos atos adstrito


às prescrições legais, inexiste forma especial prescrita para a carta de
intimação. Razoável desenvolver formulário próprio e neutro para esse
propósito, vedando-se a insinuação sobre o conteúdo do futuro depoimento.
Assim, o dia e a hora do depoimento receberiam destaque em negrito e letras
de maior corpo. Por fim, oportunos pormenores não deixam dúvida no espírito
da pessoa de cultura razoável quanto ao local do comparecem: (a) endereço
da sede do juízo; (b) andar do prédio; e (b) número da sala e, se for o caso,
do corredor. Esses cuidados cercam o formulário próprio do escrivão, quer se
trate de mandado, quer se trate de missiva, imprimidos eletronicamente e sem
espaços em branco.

O nome das partes e a natureza da causa teoricamente informam à


testemunha sobre o que, afinal, irá depor. Na prática, todavia, na explicitação
da natureza da causa importa só breve transcrição do nomen juris da
demanda (v.g., ação de reparação de dano). Essa notícia não satisfaz
inteiramente a finalidade do ato. Desconhecendo o nome das partes, a
testemunha que assistiu a dois infaustos acidentes de trânsito, por exemplo,
ignorará qual deles relatará ao juiz. A economia de atividade não justifica
semelhante laconismo. O respeito ao particular que, retirado forçadamente de
seus afazeres quotidiano para cooperar na descoberta da verdade, exigiria
prévia ciência das alegações de fato controvertidas passíveis de prova
testemunhal. E essa singela deferência parece simples: o art. 454, § 1.º, já
prevê a remessa da petição inicial ou da defesa à testemunha que desfruta do
poder de agenda (infra, 1.973).

Se a regra é a intimação pelo advogado do arrolador (art. 454, caput), para


simplificar o serviço do processo, o art. 454, § 4.º, prevê a retomada da
iniciativa da comunicação do ato, havendo frustração da informação e
intimação expedida (art. 454, § 4.º, I), e a iniciativa originária do ato. Frustra-
se a intimação feita pelo advogado nas hipóteses de o destinatário não ser
localizado, na residência ou local de trabalho, por qualquer motivo. A parte
deverá provar o fato, através do aviso de recebimento, e requerer a intimação
pelo juízo com a antecedência hábil. Eis motivo bastante para o juiz designar
a audiência preliminar em data longínqua da decisão de saneamento e
organização do processo (art. 357, V), precavendo-se, quanto possível, das
ulteriores vicissitudes dos atos preparatórios. Também a intimação pelo juízo
não está isenta de dificuldades.

Fora da regra geral, o juízo assumirá a iniciativa originária da convocação


da testemunha nos seguintes casos do art. 454, § 4.º: (a) necessidade
devidamente demonstrada pela parte ao juiz, a exemplo da anterior relutância
da testemunha em assinar o aviso de recebimento (inciso II); (b) figurar no rol
servidor público civil ou militar, hipótese de requisição (inciso III); (c) a
testemunha for arrolada pelo Ministério Público, seja na condição de parte
principal, seja na de parte coadjuvante (art. 178), ou por órgão da Defensoria
Pública (inciso IV); (d) a testemunha for pessoa egrégia (art. 454, I a XII), e
houver omitido resposta ao ofício do art. 454, § 1.º, ou deixado de comparecer
na data, hora e local por ela própria indicado, a teor do art. 454, § 3.º (inciso
V). Faltou recordar as testemunhas que, excepcionalmente, o juiz
determinou, ex officio, a audição.

É discutível o privilégio concedido ao Ministério Público e ao órgão da


Defensoria Pública (art. 454, § 4.º, IV). Forram-se, dessa maneira, ao ônus de
comprovação da intimação (art. 454, § 1.º) e à consequência intrínseca à falha
do próprio serviço, ou seja, da desistência tácita cominada no art. 454, § 3.º.
Essas instituições do Estado dispõem de recursos financeiros (abundantes,
no caso do Ministério Público) para suportar o custo do serviço, e, de toda
maneira, as verbas do órgão judicial também derivam de rubricas
orçamentárias. A tênue justificativa para esse regime localiza-se no interesse
porventura tutelado na causa por iniciativa do Ministério Público e da
Defensoria Pública. Nem sempre, entretanto, há simetria concreta entre esse
interesse e os valores constitucionais que balizam a atuação das instituições
em juízo.

1.972.2. Meios da intimação para depor – Resulta do art. 454, caput, c/c §
1.º, e § 4.º, I a V, que a intimação da testemunha realizar-se-á pelos seguintes
meios: (a) por via postal, mediante carta com aviso de recebimento, estando a
cargo do advogado, ou “em mão própria”, ou seja, por carta entregue por
qualquer pessoa;302(b) por qualquer meio legalmente admissível,
preferentemente o postal, respeitado nesse último caso as hipóteses de
exclusão do art. 247, encarregando-se do ato o juízo.

Em qualquer hipótese, a intimação é pessoal; por exemplo, a carta deverá


ser entregue ao intimando.
À lei pareceu ocioso prever a intimação da testemunha por edital. Não
sendo localizada a pessoa na residência ou, alternativamente, no local de
trabalho (art. 450), porque “ignorado, incerto ou inacessível o lugar em se
encontrar”, convocação por meio da publicação em jornal de grande
circulação local, ou no órgão oficial, provocaria desperdício de atividade
processual e gastos com escasso proveito. Testemunha que, por motivo
qualquer, não é localizada e intimada permanecerá alheia ao processo e
imune a sanções civis e processuais.

As testemunhas que depõem no dia, hora e lugar que lhes aprouver, em


homenagem à prerrogativa de função (art. 454), a rigor prescindem de
intimação, pois é a autoridade judiciária que se desloca no dia e hora
designados até o local do depoimento. É claro que tem plena ciência do
compromisso marcado e assumido.

O art. 454, § 1.º, estabelece o ônus de o advogado do arrolador juntar aos


autos, com a antecedência mínima de três dias da audiência, prova escrita (a)
da expedição da carta e (b) do recebimento da carta. O art. 454, § 3.º,
considera desistência tácita da audição da(s) testemunha(s) em caso de
inércia dessas providências.

O art. 454, § 1.º, suscita várias dificuldades. Em primeiro lugar, e apesar


de o art. 357, § 4.º, antecipar o depósito do rol, no prazo de quinze dias,
contado da intimação da decisão de saneamento e organização proferida em
gabinete, ou constranger a parte a levar a rol na audiência preliminar do art.
357, § 3.º, conforme prevê o parágrafo quinto do mesmo artigo, voltou-se, aí,
à problemática contagem regressiva. O termo inicial do tríduo é a data da
audiência e o prazo conta-se regressivamente, na forma comum, porque
prazo processual como qualquer outro (art. 219, caput, c/c art. 224). Tal prazo
é preclusivo: o vencimento implica a perda da faculdade de praticá-lo.
Ademais, três dias é prazo excessivamente reduzido para providência tão
transcendente. Pode acontecer de o advogado retardar a intimação e, a
despeito de desincumbir-se do ônus do art. 354, § 1.º, juntar a carta de
intimação frustrada, hipótese em que, supervenientemente, o órgão judicial
assumiria o dever de promover a intimação da testemunha (art. 454, § 4.º, I).
Em tal contingência, frustrar-se-á a audiência, no todo ou em parte, conforme
haja, ou não, outras atividades programadas, porque inexistirá tempo hábil
para intimar a testemunha e constrangê-la ao comparecimento, mediante a
prática do ato com a antecedência mínima de quarenta e oito horas (art. 218,
§ 2.º). Por óbvio, a parte não perderá o direito de ouvir a testemunha, ficando
a audição postergada.

E, curiosamente, o art. 454, § 1.º, não contemplou os efeitos do


descumprimento desse ônus, ou seja, o advogado expediu a carta e a
testemunha a recebeu, assinando o aviso de recebimento, mas
omitiu, opportuno tempore, a comprovação da prática do ato. Talvez haja
entendido o legislador que, malgrado a omissão da juntada, a testemunha
compareça, afinal, no dia, hora e local designados para prestar depoimento,
caso em que admitir-se-ia a audiência. Ora, o prazo de três dias é preclusivo,
e, portanto, o descumprimento importará a desistência tácita, abrindo-se ao
juiz dois termos de alternativa: (a) adiar a audiência, porque frustrar-se-ia pela
ausência da(s) testemunha(s), ao menos nessa parte, e o depoimento afigura-
se imprescindível ao esclarecimento das alegações de fato; (b) precipitar o
julgamento, subentendendo a desistência tácita da audição das testemunhas
da parte, inexistindo outra atividade programada na audiência.

Também pode ocorrer de a parte desincumbir-se do ônus da juntada


tempestivamente, entregando a petição no protocolo descentralizado, e a
peça não chegar com a antecedência antevista no art. 454, § 1.º no juízo da
causa.

Não há solução muito satisfatória para esses últimos problemas. Entender


ocorrida a desistência tácita (art. 454, § 3.º) é a mais simples, porque o prazo
do art. 454, § 1.º, é preclusivo, mas imperfeita: o juízo de fato, como definido
na decisão de saneamento e organização do processo, necessita de prova
oral. Parece adequado, preservando os direitos fundamentais processuais,
aguardar a data da audiência e, aí, resolver essas questões, consoante haja,
ou não, efetiva desistência da audição. A aplicação concreta da regra
revelará, no devido tempo, a interpretação correta.

O cumprimento cabal do art. 454, § 1.º, reclama a juntada (a) da carta de


intimação e (b) do aviso de recebimento.

O ônus de juntar o interior teor da missiva permite ao juiz controlar o seu


teor. Impõe-se que seja neutro e protocolar, nada adiantando acerca do
conteúdo desejável do depoimento, admitindo-se apenas a advertência que,
desatendida a convocação, a critério do juiz incidirá a condução compulsória
(art. 455, § 5.º).

Não bastará, evidentemente, a juntada só do aviso de recebimento. Não


cuidou a lei, por igual, dessa hipótese. Se a testemunha comparece,
entretanto, e exibe o teor da correspondência, o ato atingirá sua finalidade,
conforme o teor da missiva. Logo, na hipótese de juntada do aviso de
recebimento, no prazo do art. 454, § 1.º, mas desacompanhado da missiva, o
juiz há de aguardar a data da audiência, apurando, a porteriori, a respectiva
validade. Não havendo comprovação do teor da missiva na sessão, ou porque
a testemunha não a levou, ou porque o advogado não a exibe nessa
oportunidade, surge outra dificuldade. Resolve-se essa questão, salvo
engano, através da presunção da boa-fé da parte, passando-se à audição da
testemunha.

1.972.3. Destinatário da intimação para depor – A intimação recairá na


pessoa relacionada, ressalva feita às que, expressis verbis, a parte obrigou-se
a levar independentemente de intimação (art. 454, § 2.º).303

Limitado o número máximo de testemunhas (art. 307, § 6.º), salvo a


limitação prévia do art. 307, § 7.º, serão dez para cada parte o número de
intimações que o advogado da parte há de realizar ou, conforme a incidência
do art. 454, § 4.º, I a V, escrivão promoverá como ato de ofício. Aí avulta a
importância da ordem dos nomes no rol de testemunhas. Em princípio, o juiz
considerará não inscrito do décimo primeiro nome em diante.

Não há, absolutamente, o direito de designar testemunhas em número


superior ao legal, antevendo a possibilidade de uma ou mais testemunhas
declararem nada saber a respeito dos fatos que originaram o litígio
(depoimentos negativos). É risco assumido pelo arrolador e, para remediá-lo,
cabe-lhe sopesar cuidadosamente os nomes do rol.

Ao invés, havendo estrita necessidade de número maior de testemunhas,


como nos exemplos anteriormente ministrados (retro, 1.971.1), a parte tomará
a cautela de requerê-lo em item destacado, ensejando, se for este o caso,
decisão do juiz.

É trivial, mas verdadeiro: o sujeito da intimação é a testemunha cujo nome


conste no rol de testemunhas. Nenhuma outra pessoa, principalmente as
excedentes ao número de dez, receberá a intimação. O caso da testemunha
referida é distinto, mas dele aqui não se cogita, porque pressupõe declaração
da(s) parte(s) ou de outra(s) testemunha(s). E, por óbvio, o escrivão
promoverá a intimação das testemunhas que o juiz, ex officio, determinou a
inquirição.

1.972.4. Requisição para depor – O art. 454, § 4.º, III, aperfeiçoou a


nomenclatura legal, banindo a anterior designação do servidor público e
militar de “funcionário”. Essa obsolescência terminológica não comprometia o
sentido da regra anterior. É requisitada ao superior imediato a pessoa que
entretém vínculo com a Administração Direta, independentemente do regime
jurídico respectivo, ou do grau hierárquico, ressalva feita aos agentes políticos
mencionados no art. 454, I a XI, e aos embaixadores de país que assegura
reciprocidade de tratamento (art. 411, XII), perante os quais o juiz até perde o
poder de agenda.

Fundamenta-se a requisição no princípio da continuidade do serviço


público. Ao dar ciência ao “chefe de repartição” (civil) ou ao “comando do
corpo” (militar) que requisita o depoimento do servidor A ou do servidor B,
sem lhe conferir alternativa senão atendê-lo no dia e hora designados, o juiz
preserva, na medida do possível, tal continuidade. Fica subentendido que o
chefe ou comandante providenciarão substituto ao servidor e, ademais,
assume a incumbência de apresentar a testemunha em juízo. Na prática, já
costumava-se tomar duas providências simultaneamente: requisitar a
testemunha, mediante ofício à autoridade competente, e intimá-la
pessoalmente.

À autoridade judiciária não se afigura muito simples identificar o superior


da testemunha na constelação do serviço público civil e, muito menos, nas
Forças Armadas e na Polícia Militar. Nas Forças Armadas, em virtude da
própria natureza das funções constitucionais, há setores reservados,
organizações cujo organograma é desconhecido publicamente, além de
oficiais que desempenham atividades secretas, devendo permanecer
incógnitos e em lugar desconhecido. Em tais hipóteses, não há meio hábil
para precisar-lhes o “local de trabalho” (art. 450) e, oficialmente, ao menos,
podem não ter “comando do corpo”. Em vez de perder tempo com diligências
improdutivas, o juiz endereçará a requisição ao chefe da Região Militar (o
território brasileiro é divido em distritos de extensão variável), que se
encarregará do assunto.

Nos Estados-membros, e no Distrito Federal, a organização da Polícia


Militar é bem conhecida. O juiz endereçará o ofício ao comandante do
batalhão, regimento ou comando regional correspondente. E, havendo dúvida,
ao próprio Comandante ou Chefe do Estado-Maior da Polícia Militar.

1.972.5. Antecedência da intimação para depor – A intimação ou a


requisição só obriga a testemunha a comparecer quando lhe for feita com a
antecedência de superior aos três dias previstos no art. 454, § 1.º, no caso de
intimação através do advogado. Realizada a intimação pelo juízo, originária
(art. 454, § 4.º, II a V) ou supervenientemente (art. 454, § 4.º, I), o oficial de
justiça certificará no mandado de intimação, ou testemunha lançará no aviso
de recebimento e no comprovante de entrega da intimação “em mão própria”
a data da prática do ato. Esse requisito mostra-se imprescindível para
caracterizar a ausência da testemunha como desmotivada. Feita a intimação
pelo juízo, a antecedência mínima é de quarenta e oito hora (art. 218, § 2.º).

1.973. Comparecimento da testemunha

A testemunha comparecerá no dia e na hora marcada, na sede do juízo ou


outro lugar para esse fim indicado, consoante os termos do mandado ou da
carta de intimação, obsequiosos aos requisitos do art. 454, caput. Cuidando-
se da sede do juízo, além do endereço, o mandado e a carta particularizam o
prédio, a ala ou corredor e número da sala, impedindo a desorientação da
testemunha nos labirintos de edificação improvisada ou mal projetada, via de
regra, para atender o público profano.

O respeito ao horário obriga a testemunha a iniciar seu deslocamento até


o lugar predeterminado com a devida antecedência, chegando ao local
preciso (v.g., na frente da sala de audiências) alguns minutos antes do início
da sessão. Os atrasos têm repercussões nada negligenciáveis – a inversão
da ordem preferencial do art. 361 é a menor delas, consumando-se prejuízo
direto ao interesse de uma das partes e indireto à função judicial, pois a
ordem dos depoimentos não se mostra arbitrária.

O art. 239 do CPC de 1939 fixava a antecedência mínima de vinte


minutos, pelo menos, lavrando o escrivão a chamada assentada – termo de
comparecimento e de identificação das testemunhas –, uma só para cada
grupo (v.g., uma assentada para as testemunhas do autor A, outra para o
litisconsorte ativo B e a última para o réu C). Entendeu-se irrelevante na
vigência do dispositivo o atraso da testemunha, uma vez lavrada a assentada,
devendo a testemunha ser qualificada e inquirida, chegando antes do
encerramento da sessão, porque não sacrifica o interesse da parte em
proveito à infração formal ao dever de cooperação.304 O CPC de 1973 e o
NCPC não reproduziram a regra, que consta da lei de organização judiciária,
mas orientação aplica-se no caso de atraso da testemunha. Na conjuntura
desfavorável, a audição fora de ordem compõe os interesses em jogo.
Representaria excesso dispensar a testemunha que compareceu tardiamente
para conduzi-la em outra data.

Ao comparecer no lugar designado para sua inquirição, a testemunha


aguardará o chamado do servidor ou do oficial de justiça. Ao último auxiliar do
juízo, participante eventual da audiência, nos termos do art. 154, IV, a lei de
organização judiciária encarrega de chamar a testemunha à presença do juiz
(v.g., art. 277, VII, do COJE/RS). Em geral, todas as funções auxiliares
aglutinam-se no(a) secretário(a) do juiz ou da juíza.
Do art. 457, caput, infere-se que a identificação da testemunha é tarefa
exclusiva do juiz. No entanto, variam as práticas de cada juízo. Em alguns
ofícios, o auxiliar chama e, principalmente, identifica as pessoas presentes
(advogados, partes, perito, assistentes e testemunhas) antes do início da
audiência, informando ao juiz o programa possível; em outros, o auxiliar
chama partes e advogados, o juiz abre a sessão, promovendo a conciliação, e
só depois dessas atividades preliminares passa à coleta da prova na ordem
do art. 461, apregoando as testemunhas uma a uma na ordem do rol. O
primeiro roteiro – identificação prévia a cargo do auxiliar – será obrigatório no
caso de difusão do depoimento em videoconferência. O art. 502, n.º 3, do
NCPC português de 2012 prevê a identificação da testemunha pelo
funcionário do juízo no qual prestará fisicamente o depoimento, passando, a
partir daí, a ser inquirida pelo juiz da causa.

A ausência da testemunha, motivada ou não, frustrará a produção da


prova, no todo ou em parte, e as consequências receberão exame no
parágrafo dedicado aos incidentes da prova testemunhal (infra, 1.978).

1.974. Qualificação da testemunha

O art. 457, caput, manteve fórmula antiga do direito pátrio, prescrevendo


que, antes de depor, a testemunha seja qualificada. Para esse efeito, haja
vista a exigência do art. 450, cujo irrealismo já se destacou (v.g., a indicação
do número da cédula de identidade), declarará ou confirmará seus dados. A
qualificação da pessoa convocada a prestar testemunho abrange os seguintes
dados: (a) o nome por inteiro; (b) a profissão; (c) a residência; e (d) o estado
civil; (e) a idade; (f) o número de inscrição no CPF e o da cédula de
identidade. Em seguida, a testemunha será indagada sobre seus costumes,
ou seja, instada a explicitar (a) as relações de parentesco com a parte e (b) o
interesse no objeto do processo.

O art. 239, caput, e § 1.º, do CPC de 1939, mandava ao escrivão lavrar


uma só assentada – designação barroca do termo de comparecimento e de
identificação –305 para cada grupo de testemunhas arroladas por autor e réu.
Dispensava a menção ao nome, profissão e domicílio no caso desses dados
já constarem do rol depositado em cartório. O objetivo da assentada prévia, a
cargo do escrivão, avultava na economia do tempo do juiz, evitando que a
audiência se prolongasse demais.306 Essa disposição apresentaria três
defeitos graves. Em primeiro lugar, era excessivamente sumária, ignorando
dados importantes, a exemplo da idade; ademais, caberia ao juiz, e, não, ao
escrivão, obter tais dados, inspirando ao futuro inquiridor o método mais
apropriado do interrogatório através de informações preciosas e seguras; por
fim, olvidou a perquirição dos costumes da testemunha, ou seja, indagações a
respeito das “suas relações de parentesco, amizade ou dependência com as
partes, ou interesse no objeto do litígio”.307

O art. 457, caput, explicitou duas atividades prévias ao interrogatório da


testemunha, chamadas no direito português de “interrogatório preliminar” (art.
460, n.º 1, do NCPC português de 2013),308 atendendo à crítica feita. São elas:
(a) a identificação da pessoa que, convocada a prestar depoimento em juízo,
acudiu ao pregão; e (b) a investigação sumária dos respectivos “costumes”.
Não explicitou se a coleta dos dados respeitantes à própria testemunha
caberia ao próprio juiz ou ao auxiliar encarregado da documentação da
audiência – em tese, o escrivão (art. 152, III); na prática, o assessor
(secretário) do juiz.

À primeira vista, a interpretação conjunta do art. 457, caput (“Antes de


depor…”) e das consequências do julgamento da contradita (art. 457, § 2.º:
“… o juiz dispensará a testemunha, ou lhe tomará o depoimento…”), infere-se
que a coleta desses dados não é, ainda, o depoimento propriamente dito. E
somente a inquirição em si é ato realizado sob a presidência do juiz (art.
456, caput). Todavia, a regra é ambígua e sugere, nada obstante, indagações
do juiz sobre os costumes (relações) da testemunha.309 Presumivelmente, a
redação neutra do art. 457, caput, deve-se à prática recorrente de o auxiliar
do juiz realizar a primeira etapa (identificação da pessoa), reservando-se o
juiz a segunda etapa (investigação dos costumes).

Dá-se o nome de qualificação da testemunha às atividades prévias ao


depoimento contempladas no art. 457, caput.310 Equivale às interrogaciones
generales, cujos objetivos eram identificar a testemunha, avaliar-lhe a
capacidade e fixar critério para apreciar o testemunho.311 São os objetivos
explícitos no vigente art. 252 do CPC italiano.312

1.974.1. Identificação da testemunha – O art. 450 impõe à parte que


arrolar a testemunha o ônus de identificá-la e qualificá-la cabalmente,
ministrando dados de difícil conhecimento prévio (v.g., o número do CPF).
Esses dados serão confirmados ou explicitados pela testemunha (art.
457, caput).

Variam as finalidades dessas regras. O art. 450 exige os dados essenciais


à identificação e à localização da pessoa arrolada; o art. 457, caput,
individualiza cabalmente a testemunha, etapa preliminar da subsequente
averiguação dos costumes.

O juiz confia o ato material de identificação da pessoa, chamada


nominalmente pelo oficial de justiça ou, conforme o número de auxiliares
presentes, ao encarregado da documentação – na Justiça Federal há pessoal
abundante e as funções intrinsecamente distintas repartem-se em duas ou
mais pessoas –, em suma ao presente auxiliar. Estará presente e atento, mas
alheio à coleta burocrática dos dados. A testemunha apresentará a cédula de
identidade (RG) ou de outro documento hábil, mas com fotografia, às vezes
pouco útil pelo decurso de tempo e as mudanças fisionômicas da idade. É
comum o auxiliar lançar o número do documento no termo a que alude o art.
460.

Desses dados não constarão elementos discriminatórios: raça, cor e


religião.313

A identificação da testemunha impede o reprovável e fraudulento


expediente da troca intencional e maliciosa de pessoas. Às vezes, quem
realmente conhece os fatos que originaram o litígio prestará depoimento
desfavorável ou hesitante, convindo ao interessado substituir tal pessoa por
autêntico ator, que assumirá a identidade alheia e dissertará eloquentemente
sobre o que não conhece de acordo com roteiro adrede preparado pela parte
(ou por seu advogado). Ao verificar que a pessoa presente não é a arrolada, o
juiz não admitirá o depoimento, como prescreve o art. 513, n.º 2, do NCPC
português de 2013, e tomará as providências cabíveis contra o estranho, a
parte e o respectivo advogado.

E, subsidiariamente, a identificação pré-exclui os que, embora arrolados,


sejam incapazes de depor.

1.974.2. Costumes da testemunha – Das Ordenações Filipinas (Livro I,


Título 86, n.º 1), que ordenava ao inquiridor perguntar às testemunhas, que
prestavam depoimento secreto, acerca do “costume e coisas, que a ele
pertencem, convém a saber”, ou seja, do parentesco e da amizade ou
inimizade com as partes, “por que deixem de dizer a verdade”, originou-se a
fórmula de o juiz consignar que “aos costumes disse nada a testemunha” no
preâmbulo do termo de depoimento.314 O flagrante objetivo da segunda etapa
da qualificação consiste em identificar motivo de impedimento, de suspeição
ou de idoneidade da testemunha.

Essa etapa da qualificação incumbe unicamente ao juiz. É a única pessoa


habilitada a perquirir a existência dos motivos de impedimento (art. 447, § 2.º),
e de suspeição (art. 447, § 3.º), e, a fortiori, a incapacidade (art. 447, § 1.º),
empregando as técnicas próprias do interrogatório (e desenvolvidas na
progressão da carreira), e identificar a ocorrência de razão bastante (v.g., a
inidoneidade) para não tomar o depoimento ou tomá-lo na forma do art. 447, §
4.º. Esses termos de alternativa aparecem no art. 447, § 1.º, relativamente
aos efeitos da decisão que julgar a contradita, mas são plenamente aplicáveis
à revelação dos costumes da testemunha. Se a pessoa arrolada por um dos
litigantes, espontânea ou constrangidamente revela-se amigo íntimo ou
inimigo capital da parte contrária, por exemplo, desde logo o juiz resolverá, ex
officio, se lhe toma o depoimento, ou não, mostrando-se desnecessário que à
revelação sobrevenha a contradita.

De ordinário, a perquirição do juiz é sumária e protocolar. Limita-se a


perguntar se a testemunha mantém amizade íntima, ou é inimiga ou parte, e
se tem interesse no desfecho da causa e, caso positivo, qual seja este,
obtendo respostas lacônicas e diretas – sim ou não, conforme o caso. Não há
tempo de sobra para maiores divagações.

Feita as indagações superficialmente, ou nada revelando a testemunha,


em princípio, ou não reconhecendo o juiz motivo de incapacidade, de
impedimento ou de suspeição nos fatos revelados e na atitude da pessoa, o
art. 447, § 1.º, faculta às partes impugnar a inquirição.

1.975. Compromisso da testemunha

O compromisso da testemunha “de dizer a verdade do que souber e lhe


for perguntado” (art. 458, caput), assegura, formalmente, a seriedade das
declarações prestadas. Em auxílio dessa promessa, o juiz advertirá a
testemunha sobre a tipicidade penal de quem, uma vez compromissado, “faz
afirmação falsa, cala ou oculta a verdade” (art. 458, parágrafo único).

Desde tempos remotos e esquecidos as testemunhas juravam dizer a


verdade antes de depor. Ao trair o juramento a testemunha incorreria na ira
divina. A cólera de Deus representou, em determinadas épocas, sanção muito
mais temível que a do crime de perjúrio, imediatamente concretizada por obra
humana, e tornava o juramento penhor seguro da veracidade. O Gênesis da
Bíblia prevê o julgamento em nome de Deus.315 Nas Ordenações Filipinas
(Livro 1, Título 86, n.º 1), a testemunha jurava de modo específico, colocando
a mão direita sobre os Santos Evangelhos, costume que desapareceu
progressivamente.316 O art. 175 do Regulamento 750/1850 nada mencionava
quanto ao gesto e, ainda na vigência da união do Estado e da Igreja Católica,
admitiu o pluralismo de crença, rezando o seguinte: “As testemunhas devem
ser juramentadas conforme a religião de cada uma, exceto se forem de tal
seita que proíba o juramento”.317

O juramento desacreditou-se como meio de prova. Na espécie decisória


(retro, 1.848), subsiste no direito italiano contemporâneo (art. 233 do
respectivo CPC), dotado de força de prova legal,318 representando poderoso
estímulo moral, religioso e legal à veracidade das declarações da
parte.319 Desapareceu o juramento decisório no direito alemão, desde a Lei de
27.10.1933, mas o órgão judiciário colegiado pode e deve ordenar, a seu
critério, o juramento da parte no depoimento pessoal, no todo ou em parte,
vaticinando-se que o uso mais recorrente dessa importante faculdade
impedirá perjúrios.320 Seja como for, a testemunha presta juramento, segundo
§ 391 da ZPO germânica, antecipadamente à emissão da declaração,
havendo desconfiança quanto à idoneidade do depoimento, sem embargo do
fato de se duvidar da eficácia do ato, pois o falso testemunho é passível de
sanção penal.321

Os ardores da jovem República brasileira proscreveram o juramento


religioso do direito processual. Em virtude do caráter laico do Estado,
substituiu-o o compromisso de dizer a verdade, mas tal solução de
compromisso – releve-se o trivial jogo de palavras – desagradou os que,
inspirados no ideário liberal, nele entreviam violência moral, quer a imposição
assente no sentimento religioso, quer na consciência do depoente.322 Esse
entendimento repercutiu no art. 244 do CPC de 1939. Eliminou a regra do
primeiro código unitário o compromisso, em proveito do sucedâneo da
advertência feita pelo juiz à testemunha, recordando-a do dever de dizer a
verdade e das sanções penais do falso testemunho. Tal dispositivo originou-
se do art. 203 CPC da Bahia, de seu turno inspirado no direito húngaro
naquela altura vigente.323 Solução que desagradou, em primeiro lugar, aos
adeptos do juramento. Ponderou-se que, a despeito da possibilidade de o
juramento ou a versão civil do “compromisso” não ter impedido perjúrios, não
é menos verdade que mais influiu para a verdade ser dita “sem rebuços”.324 E
para a corrente oposta pareceu demasiada e ofensiva essa advertência
potencialmente intimidadora, idônea a converter o juiz “num Júpiter tonante a
desferir raios antes mesmo de se turbar o céu da verdade”.325 O remédio era
tornar o juramento (rectius: o compromisso) facultativo e livre, que alcançaria
três efeitos positivos: (a) satisfação à liberdade de consciência; (b) atribuição
de novo valor ao juramento; (c) flexibilidade na forma religiosa ou civil do
empenho da palavra; e (d) facilitação da crítica do depoimento.326

Indiferente às críticas desse tempo remoto, o art. 458 do NCPC seguiu os


passos do direito anterior, pecando (se for este o caso) por excesso. Como já
assinalado, o dispositivo previu tanto o compromisso de “dizer a verdade do
que souber e lhe for perguntado”, fórmula herdada do art. 204 do CPC da
Bahia, quanto a malvista advertência acerca da persecução penal aos
perjuros. Se a aplicação simultânea dessas medidas intimidadoras aumenta a
credibilidade do testemunho, ou não, constitui questão aberta à especulação
do psicologismo forense, mas, seguramente, não compromete o fim visado
pelo depoimento da testemunha. Cumpre estabelecer quem presta
compromisso, qual a forma do compromisso e da advertência e os respectivos
efeitos.

1.975.1. Sujeitos do compromisso – A testemunha presta compromisso


“ao início da inquirição”, segundo a cláusula de abertura do art. 458, e para
chegar a esse estágio, após a qualificação, impõe-se que (a) o juiz não
verifique motivo de incapacidade, de impedimento ou de suspeição, no
interrogatório preliminar (declaração de costumes); e (b) o interessado não a
contradite ou, impugnada, a contradita seja rejeitada (art. 414, § 2.º). Eventual
acolhimento da contradita não impede o juiz de passar à inquirição da
testemunha, havendo estrita necessidade. Nesse caso, porém, como dispõe o
art. 447, § 5.º, o depoimento é prestado “independentemente de
compromisso”. Não é isenta de consequências apreciáveis a falta de
prestação de compromisso, e, a fortiori, a recusa do depoente em prestá-lo.

O fato de a testemunha ter comparecido de modo espontâneo na


audiência, porque a parte assim se comprometeu, ou provocado mediante
requisição ou intimação, nada tem a ver com o compromisso. Tampouco o
fato de se tratar de testemunha arrolada ou referida exibe relevo no assunto.

O sujeito ativo do compromisso é, portanto, a testemunha capaz,


desimpedida e insuspeita. E o sujeito passivo é o Estado.

1.975.2. Forma do compromisso – A forma do compromisso se infere do


art. 458, caput. A testemunha se compromete a dizer a verdade “do que
souber e lhe for perguntado”. Os objetivos são distintos: de um lado, a
testemunha não deve calar, declarando “o que souber” sem que lhe seja
perguntado; de outro, não deve afirmar falsamente ou ocultar a verdade. Em
geral, o termo de depoimento é lacônico e realiza remissão implícita à fórmula
legal, consignando que a testemunha “prestou compromisso”.

É mais delicada a forma da advertência cogitada no art. 458, parágrafo


único. Não caracteriza ameaça ou constrangimento ilegítimo a simples e
neutra lembrança do crime de falso testemunho, reproduzindo o juiz, ou não,
o inteiro teor do dispositivo correspondente da lei penal.327 Sob o primado do
direito fundamental à dignidade da pessoa humana, a advertência primará
pelo comedimento. O art. 459, § 2.º, determina aos advogados tratar as
testemunhas com urbanidade, mas tal não significa autorização ao juiz para
atemorizar a testemunha antes de qualquer declaração remotamente contrária
à verdade. Era completamente diferente o antigo costume: “O Juiz deve
admoestar a Testemunha com o horror do perjúrio e que jurando falso ofende
a Deus, ao Juiz, e à Parte”,328 explicava-se na vigência das Ordenações
Filipinas, e, no fundo, o fato punível ofende a essas esferas para quem não é
incrédulo. Ao tomar o compromisso, o juiz utilizará tom de voz normal e
evitará o uso de frases ameaçadoras.329 A testemunha já se encontra
suficientemente intimada e não é necessário aumentar-lhe a inibição.

1.975.3. Recusa do compromisso – O compromisso do art. 458, caput, é


ato voluntário. Recusando-se a prestá-lo, a testemunha não pratica ilícito
penal ou civil, nem se eximirá da responsabilidade de afirmar a verdade. Não
mais vigora o comentário reinol: Non admittuntur testis
injurati.330 Concretamente, a testemunha cumpriu o dever de comparecer, pois
atendeu à convocação judicial, e o de depor, porque prestará declarações e
responderá às perguntas dos advogados e do juiz, e, desse modo, a recusa
de empenhar a palavra, de dar fé do que diz é fato atípico.

Dispensando a caracterização do crime de falso testemunho a prestação


desse compromisso solene e prévio, a testemunha tampouco livrar-se-á da
persecução penal, incidindo no tipo do art. 342, caput, do CPB nos casos de
afirmar falsamente, calar ou ocultar a verdade, bem como na sanção
processual corresponde (art. 14, I, c/c parágrafo único). Presumivelmente por
esta razão – a prática do crime – o art. 458, parágrafo único, exige que o juiz
advirta a testemunha das consequências desses atos típicos.

Razões diversas impelem a pessoa capaz, desimpedida e insuspeita à


recusa. Os espíritos rebeldes timbram pela rejeição à autoridade. Existem
pessoas tão rígidas na observância dos preceitos morais que a reafirmação
do compromisso parece-lhes inútil e ofensiva, pois ostentariam idoneidade
superior e notória. Seja qual for o motivo real da recusa, inexiste a obrigação
de a testemunha decliná-lo ao juiz, bastando exprimir a recusa através de
palavras ou gestos.

Posto que incomum, a condição da testemunha capaz, desimpedida e


insuspeita, mas recusante do compromisso, reclamaria previsão específica.
Problema que o compromisso facultativo e livre resolveria.331 Não assume a
posição de informante (art. 447, § 5.º), porque não é impedida ou suspeita.
Tampouco se ombreia integralmente à testemunha moralmente
compromissada. Cuida-se de condição intermediária, a meio termo entre o
informante e a testemunha, mas sem relevo particular quanto à apreciação do
testemunho. Em qualquer hipótese, o juiz apreciará livremente a prova
testemunhal, aí incluídos informantes (art. 447, § 5.º, in fine) e testemunhas.

1.975.4. Efeitos do compromisso – Prestado o compromisso do art.


458, caput, a pessoa assumirá a qualidade da testemunha, distinguindo-se
esta do informante por este elemento (retro, 1.975.1).332

Os efeitos do compromisso situam-se, atualmente, no plano processual.


Segundo o art. 77, caput, e inciso I, às pessoas que, a qualquer título,
participem do processo, incumbe expor os fatos em juízo conforme a verdade.
O descumprimento do dever de veracidade pela testemunha atrai sanção
processual. Essa sanção civil não atinge, entretanto, o informante. O motivo
impedimento e de suspeição, no mínimo inconscientemente, impede ao
informante declarar a verdade.

Por outro lado, penalmente o compromisso tornou-se formalidade inútil. O


crime de falso testemunho prescinde da prestação do compromisso. A esse
respeito, assinalando a diferença na tipologia, contrastando o primeiro CP da
República (Decreto 845, de 11.10.1890), o STF pontificou: “Quem não é
obrigado pela lei a depor como testemunha, mas se dispõe a fazê-lo e
advertido pelo Juiz, mesmo sem ter prestado compromisso pode ficar sujeito
às penas do crime de falso testemunho”.333Linha que o STJ seguiu sem
restrições.334
1.976. Forma do depoimento da testemunha

Finda a etapa do compromisso, o juiz passará a palavra aos advogados


(aí abrangido o órgão da Defensoria Pública) ou ao Ministério Público, não
desejando, como lhe faculta o art. 459, § 1.º, iniciar a inquirição. Segundo o
novo regime, as partes (rectius: os advogados ou o Ministério Público)
formulação as perguntas diretamente a testemunha, começando por quem a
arrolou (art. 459, caput). O depoimento é essencialmente oral, segundo
o quod plerumque accidit, assegurando o caráter espontâneo das
declarações, prestimoso auxílio à sinceridade. Responderá a testemunha
pessoalmente e, em princípio, de viva voz às perguntas, livre de
constrangimentos – além do inquiridor, os demais participantes não lhe
endereçam a palavra, exortando-a ou não a dizer a verdade.

O depoimento é ato pessoal. Não se afigura admissível depor através de


procurador,335 a despeito dos poderes específicos e da particularização do
objeto das declarações.

O art. 459 absteve-se de proclamar a oralidade do depoimento, expressis


verbis, reproduzindo o art. 245 do CPC de 1939. Livrou-se do defeito venial da
generalização: os mudos depõem pela linguagem de sinais.

Fora do campo da excepcionalidade, à testemunha veda-se a


apresentação de depoimento escrito. Em tal hipótese, remanesceria dúvida
quanto à originalidade do conhecimento transmitido em juízo, se próprio do
declarante ou “fruto de sugestões de terceiros ou mesmo obra de má-fé a
serviço de interessados” – elíptica frase que não disfarça o dedo apontado
para o advogado da parte contrária ao arrolador.336 Suspeita-se que o escrito
seja ditado por outrem à testemunha e não seja verdadeiro.337

A rejeição ao testemunho prestado perante o juiz com escrito adrede


redigido não pré-exclui a produção de declarações escritas de outras pessoas
como prova atípica (retro, 1.845). À sugestão de pronto e enérgico
desentranhamento dessa espécie de depoimento,338 seguindo velho brocardo
(Testibus se, non testimoniis, crediturum),339 na vigência do art. 245 do CPC
de 1939, opinião mais amena permitia a juntada dessas declarações,
emprestando-lhes o juiz o valor lhe aprouver em livre
apreciação, repercutindo opinião mais antiga.
340 341

Dados do direito estrangeiro justificam o último alvitre. O art. 257-bis do


CPC italiano permite, desde 2009, a juntada de depoimentos escritos,
respondendo questionário prévio.342 E no processo norte-americano,
particularmente no julgamento sumário, surgem os affidavits.343 No tocante à
parte, o art. 387 explicita a natureza oral do depoimento, não sendo diferente
o da testemunha, não se confundindo o regime da tomada de depoimento da
pessoa arrolada e do autor da declaração escrita.

Este último dispositivo autoriza a parte consultar breves notas escritas


para esclarecer determinados aspectos das declarações prestadas. O dilema
na opção de política legislativa é flagrante: ou a testemunha honesta, mas de
memória fraca, subsidia as declarações com apontamentos escritos (v.g.,
dados técnicos); ou a originalidade da declaração talvez ceda a sugestões de
terceiros.344 Logo se impôs a tese de que, entre dois males, prefere-se o risco
do hipotético (perda da originalidade) à certeza do inexorável.345 O art. 253, n.º
3, do CPC italiano, através de remissão ao art. 231, autoriza a testemunha a
consultar notas breves, exemplificando-se com a indicação de nomes e de
números.346

Da lacuna da seção concernente à prova testemunhal e a circunstância de


o art. 387 incidir no depoimento da parte, e, não, no de terceiro, dificilmente se
retirará proibição categórica da consulta a notas e a peças dos autos. Assim,
instado a precisar a data de certo evento ou o nome completo da pessoa com
a qual se encontrou no lugar X, convém permitir à testemunha consultar a
agenda de ano anterior; ou, perguntado sobre quem era o chefe imediato do
réu na empresa, refrescar a memória com o cronograma da empresa; ou
hesitando sobre o modelo do automóvel envolvido no acidente, o juiz expor-
lhe as fotografias juntadas aos autos, obtendo identificação mais precisa; e
assim por diante. Na doutrina brasileira mais antiga há referência ao caso da
testemunha de idade provecta que, depondo sobre eventos recuados no
tempo, solicitou autorização do juiz para consultar os “apontamentos” que
deixara em casa, medida inócua e “nenhum perigo para a causa da
justiça”.347 Era o entendimento aceito na vigência do primeiro código
unitário.348 Os exemplos demonstram eloquentemente a superlativa
conveniência dessa permissão.

1.976.1. Assistência do juiz – O art. 456 explicita que “o juiz inquirirá” as


testemunhas, e o art. 459, § 1.º, faculta iniciar a inquirição, alterando a
primazia das partes traçada no art. 459, caput. Essas disposições acentuam a
relevância do encargo atribuído ao órgão judiciário de coletar o depoimento. O
juiz não só dirigirá a audição, mas poderá realizar o ato pessoalmente. Por
força do processo civil autoritário, já no regime do CPC de 1939 o juiz deixara
a condição de assistente do depoimento (função passiva), passando à
condição sujeito ativo, praticando ato personalíssimo. Essa mudança
verificara-se em outros ordenamentos.349 Ao último regime (função ativa)
chama-se de sistema presidencial; ao segundo (função passiva), de sistema
adversarial. Essas designações devem ser encaradas cautelosamente, pois
não retratam fielmente a realidade: no sistema adversarial, a presidência do
ato incumbe ao magistrado, englobando a admissibilidade das perguntas
feitas.

A tomada do depoimento da testemunha era ato privativo da pessoa


investida na função judicante – juiz de direito e juiz federal, titular ou
substituto. Continua responsabilidade precípua do juiz a preservação da
ordem material e moral do depoimento.350 Os advogados das partes
intervinham subsidiariamente, formulando as “instâncias” (infra, 1.976.6.2),
mas não se dirigiram à testemunha, mas ao juiz, que admitirá ou não as
perguntas. É mais natural que seja o juiz a interrogar, porque destinatário do
testemunho.351

Esse arranjo repele a intromissão de duas modalidades concorrentes: (a)


o interrogatório pelo inquiridor profissional, admitida nas Ordenações Filipinas
(Livro 1, Título 86, n.º 1); e (b) o interrogatório feito diretamente pelos
advogados das partes, mas sob a supervisão do juiz (art. 181 do
Regulamento 750/1850). Esta última modalidade é comum
na discovery.352 Chama-se a tal método de exame cruzado (cross
examination). Às perguntas do advogado do arrolador seguem-se as do seu
adversário,353 cumprindo distinguir entre o depoimento na discovery, em que
os advogados se inteiram do conhecimento da testemunha, e o depoimento
no trail.354 O art. 516, n.º 2, do NCPC português de 2013 resgatou-a do justo
esquecimento no qual repousava, eco tardio que é do processo civil de feição
liberal. Outros ordenamentos também confiam o interrogatório aos advogados
das partes.355

Finalmente, o art. 459, caput, resgatou a “novidade” consagrada no art.


181 do Regulamento 750/1850.

O interrogatório realizado pela pessoa investida na função judicante


demonstra a preponderância do processo civil autoritário. Também satisfaz a
meta de um processo civil garantista, preservando, sobretudo, a testemunha
das invectivas dos advogados das partes. A principal e decisiva desvantagem
da exposição da testemunha às agruras do exame cruzado, ou cross
examination, abstraída a ausência de adestramento dos advogados nas
técnicas de inquirição, reponta na alicantina (infra, 1.976.3). Do ponto de vista
técnico, a justificativa revela-se simples: a prova destina-se a possibilitar ao
órgão judicial a correta formulação do juízo de fato na sentença. Eis a razão
por que o juiz é o órgão de produção da prova no sistema da Civil Law. Ao
invés, no julgamento pelo júri, típico da Common Law, embora atualmente em
desuso, compreende-se que sejam os advogados encarregados da inquirição,
porque seria impraticável atribuir a tarefa ao corpo de jurados. Assim, o
magistrado controla a produção desse meio de prova, cujo objetivo é o de
possibilitar a formulação do juízo de fato.

Existe outro motivo mais delicado a contraindicar a inquirição pelos


advogados das partes. Era comum o juiz faltar à audiência na qual ocorreria o
interrogatório das testemunhas, no regime do Regulamento 737/1850,
“deixando-o encaminhado segundo o critério dos litigantes, sob a fiscalização
do escrivão”,356 revelando desprezo profundo pela participação subalterna de
assistente e de mero fiscal da atividade das partes. Depoimento sem a
vantagem da imediação é pouco útil à formação do convencimento do juiz.
Reconheceu-se, ainda no regime do art. 181 do Regulamento 750/1850, o
direito de a testemunha exigir a assistência do juiz na respectiva deposição
oral, recusando-se, categoricamente, a depor perante o auxiliar do
juízo.357 Por óbvio, só as testemunhas altivas e seguras reagem ao
constrangimento ilegal, recusando respostas ao auxiliar do juízo.

O registro dessa opinião não tem finalidades históricas e casuais. Eventual


atrevimento do assessor do órgão judiciário, usurpando função privativa do
juiz na coleta do depoimento das testemunhas, receberá idêntico remédio: a
firme recusa dos advogados e da testemunha em participarem da farsa. O
magistrado cioso da respectiva responsabilidade social jamais delegará a
prática de ato personalíssimo da inquirição da testemunha. Como sublinhou-
se com nitidez, “a inquirição é ato pessoal do juiz, sendo vedada a prática ao
escrivão ou escrevente, mesmo estando concordes as partes e os
procuradores”.358

Em outros sistemas, todavia, também se verificam graves distorções,


tomando-se o depoimento no balcão da secretaria, sem a presença do juiz,
encarregando-se funcionários subalternos (v.g., o oficial de justiça) de
recepcionar a prova, a despeito da imediação do juiz mostrar-se indispensável
ao máximo rendimento da audição e à futura apreciação da força probante.359

Resta verificar, na aplicação do art. 459, caput, se as mazelas antigas e


atuais do regime nele adotado, principalmente a ausência do órgão judicial,
reproduzir-se-ão na realidade brasileira atual. Por enquanto, só é possível
especular, segundo a maior ou menor simpatia pela opção de política
legislativa.

1.976.2. Intérprete na inquirição – A testemunha que ignora o idioma


português, ou não o domina com proficiência, prejudicando a transmissão do
seu conhecimento ao juiz, tem o direito a ser assistida por intérprete do início
ao término do depoimento. À diferença do que sucedia no primeiro código
unitário,360 o art. 162, II e III, do NCPC seguiu a linha do seu predecessor,
prevendo assistência do intérprete ao juiz. E não olvidou a Língua Brasileira
de Sinais (LIBRAS). Para essa finalidade, a parte previdente, interessada em
cooperar com o juízo e abreviar os trâmites processuais, indicará a
circunstância no rol de testemunhas (retro, 1.970.2), evitando o adiamento,
inexistindo intérprete à disposição imediata do juízo (infra, 2.094.2).

A pessoa portadora de necessidades especiais necessitará de intérprete.


No caso da perda da audição, o juiz escreverá a pergunta,361 mostrando o
escrito às partes e lendo-o em voz alta, conforme a espécie de registro, antes
de mostrá-lo à testemunha e colher a resposta apropriada, registrando-a em
seguida. Outra possibilidade é o uso de sinais (LIBRAS). O intérprete se
mostra imprescindível no depoimento do surdo e cego e Do surdo-mudo.
Esses depoimentos são colhidos na presença do juiz como o depoimento das
pessoas que depõem oralmente.362

1.976.3. Urbanidade da inquirição – O art. 459, § 2.º, primeira parte, impõe


às partes o dever de tratarem com urbanidade as testemunhas. E proíbe,
categoricamente, a formulação de perguntas ou a manifestação de
considerações impertinentes, capciosas ou vexatórias, sem embargo das
perguntas sugestivas ou indutivas acenadas no art. 459, caput.

O dever de urbanidade obsta a alicantina. Embora aos advogados sejam


reservadas as instâncias, dirigindo-se à testemunha diretamente, a alicantina
é risco latente, sob a forma de perguntas capciosas ou de considerações
vexatórias, tornando penosa a direção do juiz, “mas austera e
imprescindivelmente rigorosa”.363

A palavra erudita – “alicantina” –, outrora muito usada no meio forense,


caiu em desuso, porque ao juiz incumbia realizar pessoalmente o
interrogatório, diminuindo-lhe a ocorrência, e hoje é praticamente
desconhecida. Os advogados habilitados na armação de ardis retóricos há
muito morreram sem deixar sucessores. Mas, atualmente, os advogados
passarão a dirigir-se diretamente à testemunha, renovando o interesse no
tema.

A alicantina representa designação genérica de antiga e apurada técnica


de interrogatório, cujo objetivo consiste em quebrar a vontade da testemunha
e induzi-la a responder falsidades. Recomenda semelhante técnica o
interrogador explorar as fraquezas psicológicas da testemunha e, se a pessoa
é tímida, aterrorizá-la; se tola, enganá-la; se irascível, irritá-la; se presunçosa,
lisonjeá-la; se loquaz, emaranhá-la; e assim por diante.364 A essa linha
perversa de interrogatório, opõe-se o lesto e enérgico controle do órgão
judiciário, impedido que sejam lançadas imprecações contra a testemunha –
as “considerações” vexatórias a que alude o art. 459, § 2.º, in fine -, a título de
manutenção da ordem e do decoro (art. 360, I), expulsando, nos casos mais
graves, quem se comportar “inconvenientemente” (art. 360, II). E ao juiz, sob
cuja direção realiza-se o interrogatório da testemunha, cumpre despojar-se da
rispidez sem perder a autoridade, deixando à vontade a pessoa que senta à
frente da sua bancada.365

A atitude do juiz e do inquiridor no curso do interrogatório se afigura


essencial à máxima produção de frutos úteis na instrução da causa. Segundo
prognóstico anterior ao CPC de 1939, o “inquiridor moderno” tem outra pauta:
“se a testemunha se mostra tímida, reanimá-la, com dizer-lhe que nada há a
temer no tempo da Justiça; se ela é tola, procurar abrir-lhe os olhos, fazê-la
compreender; se irascível, acalmá-la; se presunçosa, abster-se de lisonjeá-la;
se tagarela, pedir-lhe que, com moderação e reflexão, se limite a responder
ao que lhe for perguntado”.366

Os participantes da audiência, sem que lhes seja dada a palavra, por


óbvio não podem apartear o depoimento da testemunha (art. 446, parágrafo
único), corrigindo ou negando a veracidade da declaração. Objetiva a
disposição impedir o desvirtuamento do caráter espontâneo da
declaração,367 quiçá sugestionando a testemunha. Os advogados, mas não as
partes, têm o direito de formular perguntas na devida ordem. O Ministério
Público, na condição de parte principal, e o advogado em causa própria não
perdem o direito de inquirição. Era expresso o art. 246 do CPC de 1939, neste
particular, mas do art. 459, caput, infere-se sistemática análoga. Aliás, o art.
459, § 3.º, enaltecendo o controle do juiz, declara que as perguntas
indeferidas serão “transcritas no termo, se a parte o requerer”. No direito
anterior, o indeferimento baseava-se no fato de o advogado dirigir a pergunta
ao juiz;368 no atual, o juiz não a admitirá tão logo formulados, como se infere
do art. 459,caput.

Variam os esquemas legislativos. Lembrou-se a orientação da Common


Law, fundada na impossibilidade de os integrantes do júri formularem
perguntas, e os sistemas da Civil Law filiados ao regime liberal, como o NCPC
português de 2013 (art. 516, n.º 2). Porém, o art. 253, n.º 2, do CPC italiano
em vigor proíbe o interrogatório direto do Ministério Público e das partes,
sistemática herdada do direito anterior.369 O § 397, n.º 2, da ZPO alemã
permite que o juiz autorize às partes e aos advogados formularem perguntas
diretamente à testemunha.370 O art. 370, n.º 1, c/c art. 372, n.º 2, da Ley de
Enjuiciamiento Civil espanhola, de 2002, simplesmente rendeu-se ao fascínio
do exame cruzado (cross examination): os advogados interrogam a
testemunha, primeiro o da parte que a arrolou, ou o do autor, se ambas as
partes o arrolaram, cabem do tribunal (a) indeferir as perguntas impertinentes
ou inúteis e (b) reperguntar para obter esclarecimentos e complementações
das respostas.371

O principal fundamento na rejeição da pergunta direta do advogado à


testemunha avulta no risco de alicantina.
O art. 459 adotou meio termo. De ordinário, o primeiro inquiridor é o
advogado, ou o órgão do Ministério Público, da parte que arrolou a
testemunha, subentendendo-se passar à palavra, em seguida, à contraparte,
à parte auxiliar e à parte coadjuvante. Porém, o art. 459, § 1.º, autoriza o juiz a
iniciar a inquirição ou reperguntar, a fim de esclarecer-se.

1.976.4. Requisitos da inquirição – O art. 456 estabelece três diretrizes,


que visam à obtenção do máximo rendimento do depoimento e traduzem
requisitos de validade do meio de prova: (a) o juiz ouvirá as testemunhas
separada e sucessivamente; (b) o juiz ouvirá primeiro as testemunhas do
autor, em seguida as testemunhas do réu; (c) o juiz providenciará que uma
testemunha não ouça o depoimento da outra. O cumprimento da disposição
enfrenta desafios de ordem prática e material.

A ordem da tomada de depoimentos – primeiro, as testemunhas do autor;


em seguida, as do réu – poderá ser alterada, anuindo as partes, reza o art.
456, parágrafo único, restringindo o poder de instrução oficial.

1.976.4.1. Audição individual – Ao exigir a audição separada e sucessiva


das testemunhas, o art. 456 almeja obter da testemunha depoimento
individual, exclusivo e isento de influências de terceiros.

O art. 456 veta o depoimento conjunto (salvo na acareação), ou coletivo, e


simultâneo de duas ou mais testemunhas. O juiz dificilmente prestaria integral
atenção a duas ou mais pessoas que falam ao mesmo tempo.372 A falta de
separação dos depoimentos ensejaria o risco da volubilidade da testemunha
influenciável pelo relato da maioria.373

A audição separada e sucessiva das testemunhas salvaguarda dois


importantes predicados, a originalidade e a veracidade nas deposições. O
meio técnico escolhido consiste no isolamento inicial da testemunha. O
auxiliar do juízo chamará as testemunhas, uma a uma, aguardando as outras
a sua vez. É o que basta para satisfazer este requisito. Assim, o depoimento
da primeira testemunha não influenciará aos que lhe seguem, na ordem do
rol, chegando-se a recomendar a segregação da testemunha numa torre de
marfim.374 Evidentemente, razões de ordem prática impedem que, mesmo na
audiência de instrução, o isoladamente não é absoluto, inexistindo
dependências próprias para isolar a pessoa de todo contato antes da
deposição. E, de toda sorte, o contato social antes da audiência – a parte
pode se encarregar de conduzir por meio próprio a testemunha, a teor do art.
454, § 2.º – é tão livre quanto incontrolável.

O descumprimento esse requisito não implicará em invalidade da prova


colhida, pois o prejuízo da contaminação é irremediável e a repetição do ato
não a eliminaria, mas refletir-se-á na respectiva avaliação.375

1.976.4.2. Audição ordenada – Produzindo-se a prova na audiência de


instrução e julgamento (art. 361, caput), o art. 456 fixa a ordem desejável dos
trabalhos na sessão e situa a audição das testemunhas arroladas pelo autor e
pelo réu no último lugar. Do art. 361, III, já se infere que as testemunhas do
autor são ouvidas antes das testemunhas do réu, mas o art. 456 resolveu
explicitar o ponto: “primeiro as do autor e depois as do réu”.
A ordem usual das audições assenta em duas considerações
distintas.376 Em primeiro lugar, e ressalva feita à hipótese de o réu alegar
exceções ou objeções substanciais, na defesa de mérito indireta, incumbe-lhe
a contraprova e representaria flagrante contrassenso exigir-lhe provar antes
de autor ministrar prova do episódio da vida narrado na petição inicial.377 E,
ademais, revelando-se a prova do autor frágil e inconsistente, o juiz
economizará tempo e energias dispensando a prova do réu (art. 370,
parágrafo único). Por exemplo, o autor arrolou a própria mãe para provar o
esforço comum na aquisição dos bens, objeto de pretensão à dissolução de
união estável, e a depoente declara em termos veementes jamais ter havido
contribuição do filho, censurando-lhe a atitude de vindicar o que não lhe
pertence, razão para o juiz dispensar as demais testemunhas.

O art. 456 olvidou a ordem de inquirição das testemunhas arroladas pelo


Ministério Público, funcionando como parte coadjuvante, nos termos do art.
179, II, in fine, e dos terceiros intervenientes.

Em relação às testemunhas arroladas pela parte coadjuvante, o juiz as


antes ou depois das testemunhas listadas pelo autor,378 conforme o interesse
na produção dessa prova, por sua vez atrelado ao entendimento exposto pelo
Ministério Público em suas manifestações.

As testemunhas do(s) assistente(s) serão ouvidas na ordem das


testemunhas arroladas pelo assistido. As testemunhas arroladas pelo
chamado ao processo serão ouvidas com as do réu e as do chamado em
garantia, segundo a configuração prevalecente desse instituto, depois da
audição da(s) testemunha(s) do chamador e do respectivo adversário (v.g.,
chamante o autor, primeiro as testemunhas do autor, depois as do réu e, por
fim, as do chamado em garantia).

Não é absoluta e inflexível, entretanto, a ordem das audições,


entendimento originado na vigência do CPC de 1939,379 mantido no CPC de
1973380 e explicitado no art. 456, parágrafo único, mas com o importante
acréscimo da concordância das partes.

Razões práticas e inelutáveis determinam a chamada “inversão” da ordem.


Faltando testemunha do autor, nada obsta que sejam ouvidas as que
compareceram e, em seguida, as testemunhas do réu. A falta de todas as
testemunhas do autor, apesar de válida e eficazmente intimadas, em geral
importará o adiamento da audiência; porém, há advogados que não se
impressionam com a audição das testemunhas arroladas pelo réu em primeiro
lugar. E, esclarecido o juiz que as testemunhas F e G, arroladas pelo réu,
prestarão declarações a respeito de fato extintivo, cuja procedência dispensa
ulteriores incursões probatórias, nada impede que realize a respectiva
audiência prioritariamente, deixando para o momento subsequente as
testemunhas A, B e C do autor.

A jurisprudência do STJ reclamava a demonstração do prejuízo para


invalidar a produção da prova testemunha fora da ordem
preestabelecida.381 Na verdade, o problema é outro: há de existir motivo real,
concreto e plausível, a exemplo da falta da testemunha A, mas a presença
das testemunhas B e C. A inversão arbitrária ou desmotivada era ilegal. Se a
testemunha do autor é antecipadamente conhecida pela irrefreável
loquacidade, o juiz não pode preterir sua audição, tomando antes os
depoimentos mais concisos e austeros das testemunhas do réu, porque a
falta de paciência da pessoa investida na função judicante não constitui
motivo hábil.

Seja como for, o art. 456, parágrafo único, passou a exigir a concordância
das partes. Não basta só a do réu, também a do autor é necessária. Talvez
uma das suas testemunhas seja tão contundente, se ouvida na ordem usual,
provocando forte impacto no espírito do juiz, que o câmbio na ordem não
favoreça ao autor. Se há (a) litisconsórcio simples ou especial, incluindo o
chamado ao processo, litisconsorte passivo; (b) partes auxiliares; e (c) parte
coadjuvante, a par de terceiros intervenientes, os hipotéticos beneficiado e
prejudicado na “inversão” devem concordar em uníssono; por exemplo, a
audição das testemunhas do assistente do réu antes das testemunhas do
assistente do autor implica a anuência desses intervenientes. A despeito do
caráter ad coadjuvandum da assistência simples, não se afigura indispensável
a concordância do(s) assistido(s), porque os assistentes têm os mesmos
poderes (e ônus) da parte principal, faltando-lhes, unicamente, o poder de
disposição direto do objeto litigioso (art. 122, caput). Ao contrário, na
assistência qualificada é indispensável a concordância do assistido.
Prescinde-se anuência do amicus curiae em qualquer caso. A posição do
chamado em garantia é singular e dependerá da atitude tomada: litisconsorte
do chamante, há de se assentir com a “inversão”.

1.976.4.3. Audição isolada – O art. 456 determina que o juiz providencie


que uma testemunha não ouça o depoimento das outras. Não há respeito
integral a esta exigência. O auxiliar do juiz chama as testemunhas uma a
uma, isolando o depoente da companhia das outras testemunhas, e nessa
parte “a lei é estritamente respeitada”.382

O isolamento tem objetivos variados e precisos, insuficientemente


atingidos por essa medida. A ideia geral é que depoimento da primeira
testemunha não exerça maior influência aos que lhe seguem, na ordem do rol.
Chega-se a recomendar a segregação da testemunha numa torre de
marfim.383 Além das sugestões naturais, cientificamente demonstradas (v.g., a
testemunha A ouve o relato de B, C e D e, inconscientemente, tende a
reproduzi-lo, embora tenha visto o acontecimento de forma diferente), o
isolamento obsta ameaças físicas e morais.384 Impossível que seja a
segregação individual e rigorosa, haja vista as limitações espaciais da sede
do juízo e os melindres provocados nos espíritos mais sensíveis à dignidade
da pessoa humana, ao menos a separação em grupo, distribuindo as
testemunhas do autor e do réu em salas reservadas, dotadas do mínimo de
espaço e conforto (v.g., banheiros), mostrar-se-ia desejável e, sobretudo,
factível. Em tal espaço nobre, as testemunhas aguardariam o chamado do
auxiliar do juízo por tempo indefinido.

Limitações materiais decerto impedem essa medida em muitos lugares,


vicejando, bem ao contrário, indiferença desrespeitosa à testemunha. As
pessoas convocadas para depor sofrem o constrangimento físico de aguardar
de pé no corredor próximo. É menos explicável, todavia, a falta de cuidado ao
impedir ou dificultar o contato entre a testemunha que já depôs e as outras,
informando a primeira o teor das perguntas e a linha geral do interrogatório,
sem dúvida influenciando as ulteriores deposições. A participação do oficial de
justiça, postado na porta da sala, obediente à prescrição do art. 154, IV,
inibiria essas atitudes, como já se perceber no direito francês do século
XIX.385 Tampouco parece razoável a flagrante possibilidade de as
testemunhas ouvirem o depoimento fora da sala de audiências, realizando-se
a sessão a portas abertas, falando os participantes da audiência em voz alta e
localizadas as testemunhas há poucos passos do recinto.386 Essas
dificuldades demonstram a realidade do mal velho e incorrigível, percebido
desde as Ordenações Filipinas, que proibiam às partes, por si ou interposta
pessoa, falarem com a testemunha “de parte e só” (Livro 3, Título 57, n.º 1).387

O vício de forma não invalida o depoimento presumivelmente contaminado


ou influenciado, porque inviável observância estrita do art. 413, exceto no
caso de o juiz, reclamando a parte da ausência de separação física ou
auditiva, recusar-se a dar cumprimento à lei,388 registrando o fato no termo de
depoimento.

1.976.5. Matéria da inquirição – Ao permitir o indeferimento de perguntas


alheias ao tema da prova, art. 459, caput, explicita o objeto da inquirição do
juiz: as questões de fato objeto da atividade probatória. Ao analisar-se
requisitos do rol de testemunha, frisou-se a desnecessidade de o arrolador
precisar o objeto do futuro depoimento (v.g., a testemunha A depõe sobre o
fato Y; a testemunha B, sobre o fato X), embora em termos gerais, ato que
pressupõe a fixação nítida e precisa do tema da prova, doravante imperativa
(art. 357, II). Cumpre esclarecer essa delimitação.

O objeto da inquirição recairá unicamente sobre as alegações de fato


controvertidas, ou seja, o tema da prova. Com efeito, cumpre ao juiz fixar, na
decisão de saneamento, esse tema, a teor do art. 357, II, etapa lógica e
cronologicamente anterior ao exame da admissibilidade da prova
testemunhal; e negligenciado tal árduo dever, na audiência principal, incidirá,
ainda assim, o art. 459, caput. Fatos passíveis de prova são os fatos
alegados, mas controvertidos, chamados no direito anterior de “fatos
articulados”.389

Da possibilidade de a testemunha relatar o que sabe livremente ao juiz,


prevista no § 396, n.º 1, da ZPO alemã, corretamente se extrai oposição
desse sistema com o vigorante no processo do direito comum, em que a
testemunha respondia a questionário prévio, em que os fatos são habilmente
articulados.390 E não faltaram, entre nós, autorizados defensores da
articulação prévia,391 mas a prática baniu a articulação, arte difícil e obscura
há muito perdida.

O rumo geral do interrogatório advém do tema da prova. Tal a exata


medida que norteará a inquirição das partes e do juiz. E, ainda, este é o
parâmetro para o indeferimento das perguntas formuladas pelos advogados,
assopradas ou não pelos seus constituintes. O juiz rotulará de impertinente a
pergunta alheia ao tema da prova, ou seja, dos fatos principais e dos fatos
simples (ou circunstâncias) que compõem a alegação de fato
controvertida.392 Volvendo ao exemplo tantas vezes ministrado, na ação de
separação movida por A contra B, alegando a autora que o réu B manteve
relações sexuais com C, no motel X, no dia Y, e obtemperando o réu que no
dia Y visitou o motel Z, acompanhado de C, que é figurinista da fábrica D, a
fim de angariar pedido de fornecimento de roupas de cama para a rede de
motéis, o juiz fixará como pontos controvertidos: (a) a profissão e o vínculo
de C à fábrica D; (b) a natureza da visita de B e C ao motel X ou Z. Indeferirá,
portanto, perguntas sobre a visita de B, a presença de C e o dia Y, porque
fatos incontroversos, e, por igual, sobre o comportamento incivil de B com A,
insultando-a em público, porque fato alheio ao litígio.

É bem de ver que, nesse litígio, a pergunta do advogado de A feita à


camareira E, trabalhadora do motel X, pedindo-lhe que esclareça
se B e C trancaram-se por determinado tempo num dos quartos, e se a
posterior limpeza do quarto revelou indícios de relações sexuais, de acordo
com a experiência comum da testemunha, não constituirá pergunta vexatória,
cujo objetivo é amesquinhar o caráter da testemunha.393

O problema das perguntas inadmissíveis reclama ulteriores considerações


no âmbito das técnicas costumeiras de interrogatório.

1.976.6. Técnicas de inquirição – Superadas as etapas da qualificação e


do compromisso, passa-se à inquirição a testemunha. O art. 459, caput, indica
a técnica empregada nesse momento decisivo – formulação de perguntas
diretas –, mas a adstrição a ela não é absoluta. Nas preliminares, o juiz
auscultou a testemunha e recolheu impressões gerais sobre a pessoa do
depoente. A experiência adquirida no curso da carreira, ou as lições hauridas
no curso preparatório e no estágio anterior à lotação no ofício, se magistrado
iniciante, processam e traduzem intimamente o conjunto das informações,
sugerindo-lhe, intuitivamente, o melhor meio de ouvi-la e extrair-lhe o que
sabe. Razoável, nessa contingência, confiar no tirocínio do juiz, como se
defendia no direito anterior, definindo a linha da inquirição “segundo o caráter
da testemunha, seu grau de cultura, demonstração de conhecimentos dos
fatos, compreensão, vivacidade, peculiaridades outras, natureza dos
fatos”.394 Idêntica diretriz norteará os advogados das partes.

Existem dois meios de a testemunha transmitir seu conhecimento ao juiz,


empregados indiferentemente, sem preponderância real de um ou de outro na
prática, e indicados vaga e contraditoriamente na lei: (a) a deposição livre; e
(b) a deposição questionada. É nesta última que surgem, passada a palavra
aos advogados das partes, o problema das perguntas (a) impertinentes, (b)
capciosas e (c) vexatórias.

O sistema legal brasileiro inclina-se – a inferência deriva do art.


459, caput, e § 2.º – pelo segundo. O interrogatório aí mencionado, e no qual
provoca-se a testemunha a responder-lhe sobre indagações específicas,
opõe-se à deposição espontânea. Segundo diagnóstico antigo, a deposição
livre (récit) é mais fiel, a segunda (interrogatoire) mais objetiva.395 Na prática,
adota-se técnica mista: a testemunha relata livremente, passando a ser
interrogada em seguida, facultando-se ao juiz e aos advogados
reperguntas.396 O essencial é pôr à vontade a testemunha, estimulando-lhe a
memória, pois a principal dificuldade consiste na obnubilação do depoente.397

Seja qual for o método escolhido, a Corte Europeia de Direitos Humanos


já estimou indispensável uniformidade na coleta da prova testemunhal.
Eventual tratamento distinto (v.g., a testemunha do autor A depõe livremente,
a testemunha do réu C é severamente interrogada) infringe o direito
fundamental processual da igualdade ou paridade de armas.398 A orientação
mostra-se assaz duvidosa, posto que bem intencionada: as testemunhas têm
personalidades diferentes e aplicar-lhes receita única é que viola semelhante
direito das partes. Os desiguais não devem ser tratados igualmente, mas
desigualmente.

1.976.6.1. Deposição livre – Do termo de compromisso, no qual a


testemunha empenha sua palavra de “dizer a verdade do que souber” (art.
458, caput), infere-se que é lícito ao juiz, no processo civil brasileiro, instigar a
testemunha a realizar exposição geral do que sabe acerca do litígio.

É um ponto de partida assaz comum, mas por razões impróprias. Em


virtude do excesso de feitos em tramitação, o juiz desconhece o teor das
alegações de fato, ou não fixou claramente o tema da prova, ou já esqueceu o
lido e o decidido. Resguardava as aparências e a dignidade do cargo ao
concitar a testemunha a relatar livremente. Nada assegura que, confiada a
primazia da inquirição aos advogados, a dificuldade não se reproduza em
termos (v.g., o advogado encarregado da audiência desconhece o
processado).

A deposição livre apresenta a vantagem da espontaneidade. É mais fiel e


exata, atenta aos maneirismos da testemunha, prestimoso auxílio à memória
da pessoa sincera, assegurando-lhe a tranquilidade de espírito. E após esse
relato amplo, às vezes incoerente e prolixo, mas devidamente registrado pelos
meios contemporâneos que captam a linguagem coloquial (art. 460, caput),
uma ou duas perguntas sóbrias liquidam as dúvidas remanescentes, ou para
confirmar a alegação de fato ou para desmenti-la, nesse último caso
desvelando as incoerências da testemunha mendaz. Em contrapartida, haverá
considerável perda de tempo com pormenores irrelevantes e confusos e a
introdução de juízos de valor da testemunha.

A deposição livre não pré-exclui o juiz de esclarecer, omitindo-se a


testemunha no depoimento, ou não ficando inequívoca, a razão da ciência,
valendo-se da prerrogativa do art. 459, § 1.º. A esse respeito, as venerandas
Ordenações Filipinas (Livro I, Título 86, n.º 1) ministravam orientação segura,
ainda atual, sobre a técnica de perscrutar a razão do dito, prescrevendo: “E se
que sabem alguma coisa daquilo por que são perguntadas, perguntem-lhes
como o sabem. E se disserem que o sabem de vista, perguntem-lhes em que
tempo e lugar o viram e se estavam aí outras pessoas que também o vissem.
E se disserem que o sabem de ouvida, perguntem-lhes a quem o ouviram,
fazendo-lhes todas as perguntas, que lhes parecerem necessários, por que
melhor e mais claramente se possa saber a verdade”.399 No direito brasileiro
anterior ao primeiro código unitário, omisso a respeito, o sempre gabado CPC
da Bahia, no art. 208, previa o interrogatório subsidiário do juiz, dentre outros
motivos “para bem apurar a razão ou causa do seu conhecimento”, orientação
que se perdeu na legislação posterior. O art. 516, n.º 1, do NCPC português,
de 2013, manteve o princípio, rezando o seguinte: “A testemunha depõe com
precisão sobre a matéria dos temas da prova, indicando a razão da ciência e
quaisquer circunstâncias que possam justificar o conhecimento; a razão da
ciência invocada é, quando possível, especificada e fundamentada”. A fonte
do conhecimento da testemunha importa muito na apreciação da prova,
“sobrelevando, como é óbvio, o testemunho presencial ao de oitiva”.400 E por
essa razão a origem do conhecimento se afigura imprescindível na deposição
livre.401
Declarando a testemunha ciência própria, porque viu e ouviu e, mais
raramente, empregou seus outros sentidos (o paladar, o tato e o olfato), a
exemplo do cego que sentiu o perfume de C no motel Z, surge o problema da
precisão do relato, assolada pela falta de memória. A alegação (verdadeira ou
falsa) de falta de lembrança é um problema de difícil solução. Compreende-se
que a testemunha não recorde datas e horários longínquos (v.g., o dia em
que B e C visitaram o motel Z), retendo apenas os fatos principais (v.g., a
presença de B e C no motel); entretanto, o alegado esquecimento de
quaisquer fatos pode ou não tipificar falso testemunho, na modalidade de
ocultação da verdade.

Admitido o testemunho ex auditu, sem ressalvas, a origem do


conhecimento adquire superlativa importância. A testemunha ex auditu ouviu
de outra pessoa.402 Pois bem: os advogados e o juiz indagarão quem é essa
pessoa, ou seja, de quem a testemunha soube, realmente, os fatos relatados.
A indicação de alguém ensejará a incidência do art. 461, I (infra, 1.985).
Evidentemente, a força probante da testemunha ex auditu não é idêntica à da
testemunha de ciência própria.403

1.976.6.2. Deposição questionada – Do art. 459, caput, parte final,


empenhada a palavra da testemunha de dizer a verdade do que lhe for
perguntado, infere-se que haverá perguntas, impressão reforçada pelo direito
de os advogados, primeiro o da parte que arrolou o depoente, depois o da
parte contrária, pela possibilidade de o juiz inquirir a testemunha antes ou
depois das partes (art. 459, § 1.º)

Nada obsta aos advogados e ao juiz, intuindo a segurança e a objetividade


da testemunha, nas respostas anteriores da etapa de qualificação,
inaugurarem o interrogatório formulando perguntas diretas e precisas sobre o
tema da prova. O interrogatório a que alude o art. 459, caput, consiste
precisamente nisto: perguntas dos advogados e do diretor do processo à
testemunha. Os atributos do interrogatório são os seguintes: (a) concisão; (b)
precisão; (c) economia de tempo; (d) ausência de juízos de valor ou das
“apreciações” da testemunha.

Dificuldade assaz sentida na deposição livre, a mais das vezes, é a


emissão de juízos de valor, passando para segundo plano a narrativa dos
fatos.404 Cuida-se de excesso perigoso, a ser descartado na apreciação da
prova, sem embargo da opinião em contrário.405

Em processo civil, inexiste roteiro natural – objeto de simples sugestão em


outros ordenamentos –,406 porque os episódios da vida narrados na petição
inicial e a versão do réu variam infinitamente. Ficou assentado que,
corretamente fixadas as questões de fato objeto da atividade probatória (art.
357, II), o tema da prova balizará as perguntas pertinentes (retro,
1.976.3).407 E supera-se por essa via a controvérsia sobre o elemento
temporal: a testemunha depõe sobre fatos que aconteceram antes do
depoimento, e, não, propriamente, sobre “fatos pretéritos”.408 O rumo geral da
inquirição eficiente abrangerá as clássicas indagações: “quem, quando, o que
e onde”.409 Precisamente: quis, quid, ubi, quibus auxiliis, cur, quomodo,
e quando. Além desse objeto, interessa definir a razão da ciência, nos
410

termos já explicados no item anterior. A inquirição englobará esses dois polos


complementares.411
A técnica da cross examination enfatiza a importância da primeira
pergunta. O advogado planeja a questão cuidadosamente, visando à
obtenção do máximo efeito. Assim, no célebre caso entre Oscar Wilde e o
Marquês de Queensberry, cujo móvel era as relações entre Wilde e um dos
filhos do Marquês, o advogado de Queensberry iniciou a inquirição de Wilde
realçando a mentira quanto à própria idade no compromisso (Wilde declarara
ter 39, quando na verdade tinha 41 anos) e a idade do filho do Marquês.412 A
técnica da inquirição pelo juiz é diferente, mas nada o impede de ir direto ao
ponto (v.g., indagando se a testemunha encontrava-se, ou não, no local, e o
que viu).

Ao juiz consciencioso e seguro, importará, sobretudo, desinibir a


testemunha, formulando e instando os advogados a formularem perguntas
simples e precisas – podem ser afirmativas, negativas ou disjuntivas –,413 em
voz tranquila e, na medida do possível, retirando da indagação o peso
intrínseco à autoridade de quem preside o ato. A testemunha senta-se à
frente do juiz e, respeitada a norma de organização judiciária, em posição
mais baixa. Não convém acentuar a sensação de inferioridade. Do juiz
profissional não se esperam pressões psicológicas e invectivas contra a
testemunha.

Os advogados e o juiz adquirem traquejo e refinada habilidade nas


técnicas do interrogatório através da experiência haurida na carreira.
Naturalmente, a aptidão nesses misteres jamais será uniforme, dependendo
do número de audiências e de testemunhas ouvidas por alguns anos. Lícito
conjecturar que o juiz ou a juíza que chegam às grandes metrópoles,
jurisdicionando varas de grande movimento, já se encontram suficientemente
tarimbados, bem como os advogados que acumularam muitas horas.

Em seguida ao interrogatório oficial, se assim iniciou a inquirição, dando-


se por satisfeito, o juiz passa a palavra aos advogados: em primeiro lugar, ao
da parte que arrolou a testemunha; posteriormente, ao do respectivo
adversário. Essas indagações chamam-se de “instâncias” no direito
português. O art. 459, caput, estabelece como regra a inquirição pelas partes
nessa ordem.

Enquanto a testemunha depõe, ao advogado da contraparte não é lícito


aparteá-la, o que deve ser pedida e obtida do juiz antes de qualquer
interpelação; inquirindo o juiz, nenhum dos advogados pode apartear sem
licença. O objetivo da regra era (e é) o de assegurar a liberdade de espírito da
testemunha.414 Ora, de per si a suscitação do incidente já corta o fluxo das
palavras e interrompe a deposição, frustrando, desse modo, os fins da regra,
mas não há outro remédio senão a advertência e, se for o caso, a expulsão da
sala de audiências. Às vezes, melindradas pelo depoimento e a hipotética
falsidade do depoente, a parte não se contém, assacando ofensas virulentas
e, em casos extremos, passando à agressão física. Esses arroubos exigirão a
imediata intervenção do poder de polícia do juiz (infra, 2.074.1). O art. 459, §
2.º, impede quaisquer “considerações” descorteses e, por óbvio, ofensas e
agressões contra a testemunha.

Formulam os advogados suas indagações diretamente à testemunha, mas


sob a vigilância do juiz. Sopesando a admissibilidade da pergunta, ao juiz
cabe indeferir a pergunta, transcrevendo-a no depoimento, se a parte o
requerer (art. 459, § 3.º). Deferida implicitamente a pergunta, ante o silêncio
do juiz, a testemunha obriga-se a respondê-la.

Não era dado ao advogado inquirir diretamente a testemunha no direito


anterior. Esse modelo discrepa a forma do interrogatório na forma de cross
examination do sistema da Common Law. Claro está que a pergunta direta
exerce maior pressão, quebrando a obstinação da testemunha, mas essa
forma de interrogar raramente atinge momentos tão dramáticos e frisantes,
seja pela intervenção do advogado da parte contrária, seja pelo tempo que
separa pergunta e resposta.415 Não havia maiores vantagens em substituir o
sistema tradicional por outro menos inspirado, mas assim se fez no art.
459, caput.

O direito anterior só permitia às partes duas espécies de reperguntas: (a)


esclarecedoras; (b) complementares. Nenhuma era autônoma.416 Assim, se a
testemunhaE, camareira do motel Y, declara que viu B e C no local, lícito se
afigura ao advogado perguntar qual a cor dos cabelos de C, ou o estilo de
roupa, a fim de positivar-lhe a identidade, esclarecendo esse aspecto; ou se a
testemunha E não especifica o dia em que viu o casal B e C, nada obsta que
o advogado da parte esclareça o tópico. Exceção feita à dependência da
repergunta, a separação radical das duas espécies mostrava-se difícil e inútil;
por outro lado, na prática semelhante limitação nem sequer era respeitada
rigorosamente: os advogados tendiam a explorar outros aspectos do
conhecimento hipotético da testemunha.

Deferida a pergunta, nenhuma palavra adicional ou gesto do juiz é


necessária. Por definição, o sujeito da deposição oral dispõe do sentido da
audição e, assim, presume-se que ouviu muito bem a pergunta, sendo
fastidioso, inócuo e demorado repeti-la.417

Em contrapartida, o tom enfático da indagação, a insistência em torno do


mesmo ponto, variando a forma da pergunta, dentre outras circunstâncias, às
vezes recomendavam a reformulação da pergunta originária. Esse poder
convém à erradicação das sugestões ilícitas na indagação.418 E, realmente, o
teor da pergunta condiciona o da resposta, formando conjunto indivisível.419 O
juiz domina e controla integralmente a inquirição, rejeitando a pergunta, ex
officio, ou atendendo ao protesto da outra parte.420 A inconformidade do
advogado, alegando mudança do sentido da indagação através da
transformação verbal, no máximo deságua na memória da pergunta não
formulada no termo, a teor do art. 459, § 3.º.

O juiz indeferirá perguntas impertinentes, capciosas ou vexatórias. O


comando do art. 459, § 2.º, in fine, ao juiz também se endereça, sem olvidar
que detém a direção do interrogatório. O controle das perguntas impróprias
exige outras explicações, recordando que a mediação obrigatória do juiz não
impede completamente a alicantina. Ao juiz não é dado impedir a formulação
da pergunta e a testemunha de escutá-la. Se a testemunha fica
impressionada, o indeferimento livra-a da resposta induzida, mas não do
insulto e da sugestão.

1.976.6.2.1. Proibição da pergunta impertinente – O juiz considerará


impertinente a pergunta em duas situações: (a) indagação inoportuna, ou
seja, alheia ao tema da prova e, por vezes, ao próprio litígio; (b) indagação
desnecessária, ou seja, quanto a fato já relatado.421

Seguindo os termos do exemplo ministrado, na ação de separação movida


por A contra B, alegando a autora que o réu B manteve relações sexuais
com C, no motel X, no dia Y, e obtemperando o réu que no dia Y visitou o
motel Z, acompanhado de C, que é figurinista da fábrica D, a fim de angariar
pedido de fornecimento de roupas de cama para a rede de motéis, o juiz
fixará como pontos controvertidos: (a) a profissão e o vínculo de C à fábrica D;
(b) a natureza da visita de B e C ao motelX ou Z. Nesse esquema hipotético, o
juiz indeferirá as perguntas impertinentes, entendendo: (a) inoportuna a
pergunta sobre a presença de B e de C no dia Y, porque fatos incontroversos,
ou a pergunta sobre o comportamento incivil de B com A, insultando-a em
público, fato este alheio ao litígio; (b) desnecessária a pergunta à
testemunha E – não, porém, à testemunha F, se esta não respondeu ao juiz –
sobre a presença da dupla no motel Z, porque já respondida anteriormente,
ponto de singular importância: a administração da rede fica no
estabelecimento Z, e, não, no estabelecimento X.

1.976.6.2.2. Proibição da pergunta capciosa – As perguntas são


capciosas, ou sugestivas, quando: (a) englobam fato conhecido com o fato
probando, induzindo a testemunha a responder afirmativamente (v.g.,
se B esteve no motel Y para manter relações sexuais com C); (b) formuladas
em tom peremptório, o gesto incisivo, a revelar certeza, induzem a resposta
da testemunha (v.g., não é verdade que B esteve no motel Y para manter
relações sexuais com C). Da primeira espécie o direito romano já consignava
sugestiva a pergunta se Tício cometeu homicídio, devendo a perguntar-se à
testemunha quem ela viu cometendo o crime.422 Logo se percebe que a
sugestão decorre dos pormenores declinados na pergunta. Estudo de vulto já
notou a inevitabilidade de certo grau de sugestão (v.g., pergunta-se à
testemunhaE se viu B e C no motel Y), sem o qual o interrogatório nem
sequer começaria, ou não se desenvolveria plenamente: a pergunta despida
de outras referências (v.g., pergunta-se à testemunha E se viu um casal no
motel Y, e qual a respectiva aparência), revelar-se-ia inútil, porque imprecisa e
vaga.423

Embora feita com o propósito de delimitar os fatos a respeito dos quais as


partes controvertem, ou avivar a memória da testemunha, a pergunta
sugestiva deturpa senão a verdade, ao menos a naturalidade do depoimento;
por exemplo, a associação promovida pela pergunta entre a natureza da visita
de B e C ao motel Y, e a chegada de novas roupas de cama à rede de motéis,
hipótese retirada da literatura brasileira,424 mas adaptada, contém sugestão
inequívoca e não pode ser admitida sem risco de falsidade.

1.976.6.2.3. Proibição da pergunta vexatória – As perguntas vexatórias


visam a desmoralizar, insultar, afligir e censurar a testemunha. Por exemplo,
na ação de separação movida por A contra B, alegando a autora
que B manteve relações sexuais com C no motel X, no dia Y, vexa a
testemunha E perguntar-lhe por que não percebera as roupas usadas por C,
ou o transporte de alentado mostruário até os escritórios da rede de motéis,
ou a falta de uso dos lençóis do quarto supostamente usado para manter
relações sexuais, de natureza distinta dos usuais e estendidos na cama para
persuadir o proprietário da rede de motéis a adquirir um lote. Respondendo a
testemunha E que não atentou, ou esqueceu a aparência do vestido de C na
ocasião, impossibilitando a sua identificação positiva, ou o transporte do
mostruário, encerra-se nesse ponto a inquirição, devendo o juiz indeferir
perguntas desmoralizantes. E, quanto ao uso e à espécie do lençol, encerra-
se a inquirição com a descrição da roupa de cama, se possível, e a nota do
seu amarfanhado, ou não, sinal de uso, segundo a regra de experiência
comum.

1.977. Documentação do depoimento da testemunha

A audição da testemunha acaba quando aprouver ao diretor do processo,


satisfeitos ou não os advogados. Antes de colher as assinaturas apropriadas,
o juiz indagará da testemunha se exercerá o direito consagrado no art. 462
(retro, 1.965.6). Apresentados os comprovantes da despesa de locomoção, ou
arbitradas pelo juiz conforme regra de experiência, da data da própria
audiência fluirá o prazo de três dias para o arrolador depositá-la.

A documentação da audição, registrando perguntas e respostas – o


conjunto é indivisível –, constará do termo de depoimento, previsto no art.
460. É um termo avulso, distinto do termo de audiência, pois este só é
assinado pelo juiz, pelo órgão do Ministério Público, pelos advogados e pelo
escrivão (ou respectivo substituto). A título de “ocorrência”, este termo
consignará apenas o nome das testemunhas. O termo de depoimento
mereceu cuidados formais. Era reconhecida a superlativa importância da
documentação do depoimento.425 Impõe-se examinar o (a) conteúdo e (b) a
subscrição.

1.977.1. Conteúdo do termo de depoimento – O art. 461, caput, c/c § 1.º,


ocupam-se abundantemente das modernas técnicas de documentação dos
atos processuais, olvidando o conteúdo do termo de depoimento. A
testemunha presta o depoimento oralmente e, à medida que relata ou
responde, o escrivão (ou o taquígrafo ou o estenógrafo) registra ou controla o
registro (v.g., gravação) dos enunciados de fato emitidos pela testemunha.
Oportunamente, se não é originário o registro datilográfico, o relato e o
conjunto das perguntas e das respostas reduzir-se-ão à forma escrita.

A documentação do depoimento visa a dois objetivos distintos: (a)


aviventar a memória do juiz no momento de proferir a sentença; (b) autorizar a
revisão do juízo de fato, havendo recurso contra a sentença definitiva, no
órgão ad quem.426 Para esse efeito, o depoimento gravado ou registrado por
outro meio idôneo de documentação (v.g., taquigrafia) será transcrito apenas
no caso de impossibilidade da remessa eletrônica (art. 461, l, § 2.º). Esses
problemas tendem a desparecer no processo eletrônico.

A esse propósito, cumpre distinguir a forma da documentação


materialmente disponível no juízo que precedeu à coleta da prova. Em muitos,
especialmente na Justiça Federal, a abundância de recursos financeiros
permite a produção eletrônica dos atos processuais,
visualizadas incontinenti no monitor posto à frente dos advogados, e
reproduzidas por escrito, verbum ad verbum, se necessário. Esse meio
resgata as palavras da testemunha, seus vícios de linguagem e expressões
de singular significação no âmbito do convencimento do julgador.
Fora desse caso, na taquigrafia e na estenotipia, e dependendo dos
recursos materiais do juízo, a juntada das notas respectivas vincula-se à
ordem nesse sentido do juiz, ex officio, ou de requerimento da parte, devendo
ser juntas obrigatoriamente sobrevindo apelação (art. 461, § 1.º) e não sendo
possível a remessa eletrônica. Essas modalidades interpõem terceiro
(estenógrafo ou taquígrafo) como órgão intermediário na transmissão da
declaração da testemunha e seu futuro registro escrito. E, aí, surgem
problemas de vulto, comprometendo os direitos fundamentais processuais.

Registros dessa espécie não permitem acesso imediato da testemunha e


dos advogados das partes ao inteiro teor da transcrição do depoimento. No
processo eletrônico, o art. 461, § 3.º, prevê a observância das regras gerais e
especiais quanto à prática de atos processuais (arts. 193 a 199). Eventuais
reclamações serão resolvidas de plano, incontinenti, pressupondo-se a
visualização do arquivo eletrônico em monitor autônomo pelos advogados.
Ora, tal providência revela-se impossível no caso da taquigrafia e na
estenotipia, salvo se os advogados, por sua vez, denominassem semelhante
modo de transcrição, o que é improvável. À falta de melhor solução, o
advogado requererá a juntada das notas, deduzindo oportunamente a
impugnação porventura cabível, quiçá amparado na gravação facultada no
art. 461, caput.

Esqueceu a disciplina da documentação, nesse particular, a pertinente


observação quanto aos atrasos do registro taquigráfico, lançada na vigência
do CPC de 1973,427 senão o retardamento intrínseco à sistemática da lei
austríaca, prevendo-se a juntada das notas no prazo de vinte e quatro horas
para conferência e reclamações.428 O art. 461, § 1.º, aparentemente espera
que a testemunha, partes e advogados depositem irrestrita confiança nos
serviços auxiliares do órgão judiciário, ignorando que falhas (v.g., o taquígrafo
desatento) existem em qualquer área e nem sempre o juiz se sensibiliza com
a importância da reclamação.

A técnica tradicional e generalizada consiste na datilografia do termo sob o


ditado do juiz. E ela suscita problemas de outra ordem. É o juiz quem decide,
nesse ditado ao escrivão (art. 152, III), ou ao seu substituto legal, o que
constará, ou não, no termo de depoimento, acompanhando com o olhar a
transcrição das suas palavras e fazendo os ajustes oportunos. Nada obstante,
à testemunha faculta-se redigir o próprio depoimento, reproduzindo as
declarações como entende que foram feitas ao juiz, auxiliando as impressões
provocadas no espírito do juiz, conforme já se notou: “A coadjuvação referida
consistirá naquilo que nunca se poderá negar aos interessados: no direito de
reclamar, no de chamar atenção do juiz sobre a possível inexatidão do ditado,
e também no de propor até mesmo a adoção de uma forma capaz de exprimir
com felicidade e verdade o pensamento da testemunha”.429

Eventuais reclamações, no caso do termo datilografado, ocorrerão


imediatamente. Lícito à testemunha ler o termo de depoimento, conferindo se
reproduz fielmente as declarações,430 regra esta centenária e ainda atual.431

O termo ainda conterá o registro de todas as intervenções do juiz, dos


auxiliares do juízo, dos advogados e das próprias partes.432
1.977.2. Subscrição do termo de depoimento – O art. 461, § 1.º, in fine,
prevê a assinatura do termo de depoimento pelo juiz, pelo depoente e pelos
procuradores (advogados) das partes. A regra aplica-se pertinentemente à
produção eletrônica ou datilográfica do termo. Cuidando-se de registro através
da taquigrafia ou da estenotipia, tudo muda de figura: ou o juiz manda redigir
termo sucinto, referindo ao registro em notas, ou a testemunha assinará o
termo de audiência. Então, parece essencial facultar à testemunha ou à parte
reclamação posterior no concernente ao conteúdo da transcrição.

Recusando a testemunha a subscrever o termo de depoimento, porque


inconformada com o respectivo conteúdo, o único remédio consiste no
registro da recusa. O depoimento em si existe, vale e é eficaz como prova,
comportando livre apreciação do juiz, sem embargo das sanções civis
impostas à testemunha recalcitrante.

E o improvável também acontece (e já ocorreu mais de uma vez):


falecendo a testemunha antes de lançar a respectiva assinatura no termo,
vítima de mal súbito, provocado por torvelhinho de emoções contraditórias de
autêntico desabafo à autoridade judiciária, o depoimento existe, vale e é
eficaz. Lavrar-se-á registro do óbito da testemunha.

§ 406.º Incidentes da prova testemunhal

1.978. Ausência da testemunha

A testemunha tem o dever de comparecer ao local designado para o seu


depoimento, em geral na sede do juízo, por exceção em outro lugar, nessa
última hipótese, as condições físicas da pessoa já asseguram a presença. É o
caso, por exemplo, da pessoa que se encontra retida no leito hospitalar por
doença (art. 449, parágrafo único).

Faltando ao compromisso, variam algumas consequências, conforme haja


ou não intimação prévia, mas há efeito comum: o juiz adiará a audiência, no
todo ou em parte. O art. 362, II, aparentemente abre possibilidade de
adiamento apenas no caso da falta por “motivo justificado”. Ora, o art. 455, §
5.º, autoriza ao juiz mandar conduzir a testemunha que não compareceu sem
motivo justificado, responsabilizando-a pelas despesas, e, não sendo possível
fazê-lo na mesma oportunidade, enquanto transcorrem outras atividades,
parece óbvio que o juiz adiará a audiência, ao menos, para ouvir o ausente.433

É peculiar o caso das pessoas que, em virtude da prerrogativa de função


(art. 454, I a XII), prestam testemunha na própria residência ou “onde exercem
sua função” (art. 454, caput). Fica subentendido que essas pessoas aí se
encontrarão no dia e hora marcados, na forma do art. 454, § 1.º. O juiz
abdicou do poder de agenda (infra, 2.068.3), em deferência à função alheia,
para atender às conveniências da autoridade beneficiada pela prerrogativa.
Nada obstante, concebe-se que, por motivos vários e superiores, a pessoa
não se encontre disponível; por exemplo, o governo estrangeiro chamou o
respectivo embaixador para consultas, justamente melindrado pelo fato de a
alegação de desconhecimento feita pelo embaixador, quanto aos fatos que
originaram o litígio – o dever de depor subsiste no tocante às pessoas
arroladas no art. 454434 – ter sido ignorada, e inexiste data prevista para
retorno. Em casos tais, parece inevitável renovar a solicitação prevista no art.
454, § 1.º. Já recebeu considerações a omissão da pessoa egrégia e sua
ausência injustificada.

Fora do caso excepcional, cumpre distinguir entre a testemunha intimada


(art. 455, caput, c/c § 5.º), e a testemunha que a parte se obrigou a levar à
audiência independentemente de intimação (art. 455, § 2.º), ambas
arroladas, opportuno tempore, na forma do art. 450.

1.978.1. Testemunha intimada – Descumprido o dever de comparecimento


pela testemunha válida e eficazmente intimada, no dia, hora e lugar fixados,
ao juiz cumprirá verificar preliminarmente se há, ou não, motivo bastante para
a ausência. As consequências variam conforme subsista, ou não, o “motivo
justificado” a que alude (para todos os participantes da audiência) o art. 362,
II.

1.978.1.1. Ausência motivada da testemunha intimada – O motivo da


ausência da testemunha, em alguns casos, adquiriu notoriedade antes da
sessão, independentemente de outras circunstâncias. Assim, a morte de
testemunha bem conhecida na comarca, ou a hospitalização, incapacitando a
pessoa provisoriamente de depor, em virtude de acidente divulgado de forma
intensiva na mídia, é fato que as partes, os advogados, o juiz e seus auxiliares
conhecem por força do contato social, prescindindo de prova. Por outro lado,
há motivos particulares e episódicos, por essas pessoas desconhecidos, e
nem sequer suspeitados, por igual justificados: a viagem a serviço do servidor
público, por exemplo.

Segundo declara o art. 462, II, a falta de comparecimento por motivo


justificado da testemunha provoca o adiamento da audiência. O art. 462, § 1.º,
incumbiu ao advogado provar o impedimento até a abertura da audiência.
Essa redação padece de certa ambiguidade, pois a regra não refere ao “seu
impedimento”, o que é óbvio e inelutável. Assim, o parágrafo deixa
subentendido que, interessando à parte a produção dessa prova, em
particular a inquirição da testemunha por ela arrolada, ao respectivo advogado
incumbe alegar e provar o impedimento. Abstraindo-se a possibilidade de o
juiz, em tal caso, dar-se por esclarecido e dispensar a testemunha, haja ou
não motivo justo, a prova do impedimento (v.g., atestado médico, declinando
a natureza da moléstia, a fim de o juiz aquilatar a impossibilidade de
deslocamento e, se for absoluto o impedimento, o de substituição, a teor do
art. 451, II) importará o adiamento, ou todo ou em parte, da instrução.

Nada impede de a testemunha, em nome próprio, e independentemente


de qualquer contato com a parte ou o advogado, peticionar previamente ao
juiz, alegando e provando a impossibilidade de comparecer à audiência no dia
ou no horário fixado. Essa salutar iniciativa não prejudica os atos de instrução,
ressalva feita ao caso de se tratar da única testemunha a ser ouvida na
audiência, pois a ordem desejável de produção das provas é essencialmente
relativa (art. 456, parágrafo único).

Não é incomum, absolutamente, o requerimento direto da testemunha ao


juiz, pedindo dispensa de comparecer no dia marcado. E, ainda, outra pessoa
(v.g., o cônjuge) talvez comunique o fato relevante (v.g., a morte; a doença)
ao juiz. Às vezes, o senso de responsabilidade social constrange a
testemunha, ou alguém por sua conta, a deslocar-se até o balcão do cartório,
realizando o comunicado verbalmente. Dessa oportuna e cívica visita o
escrivão lavrará termo, em seguida consultando o juiz, que decidirá de plano.
Se marcar outra data, imediatamente, o escrivão intimará a testemunha, in
faciem, porventura presente no cartório; do contrário, tanto que feita a
designação de outra data, se for este o caso, realizará o escrivão as
intimações pertinentes.

Pode acontecer que haja razão bastante para a ausência da testemunha,


mas este seja desconhecido até a realização da audiência, aparentemente
deixando a pessoa de comparecer sem motivo hábil. O juiz aplicará o art. 455,
§ 5.º, ordenando que a testemunha seja conduzida. Não sendo caso de
morte, mas de impossibilidade temporária, a testemunha justificar-se-á
verbalmente, opportuno tempore, cabendo ao juiz relevar, então, eventuais
sanções pecuniárias: (a) as despesas do adiamento; e (b) a multa processual
porventura aplicada. É a solução preconizada no § 381, n.º 1, da ZPO
alemã,435 aplicável por identidade de razões entre nós.

O art. 455, § 5.º, alude a “motivo justificado”, e, na rígida sistemática legal,


justa causa é o evento imprevisível e alheio à vontade da pessoa. Não parece
a noção apropriada na espécie. Entende-se por motivo justificado qualquer
evento que, a critério do juiz, constitua impedimento normal da vida em
sociedade. Esse entendimento ameno e flexível abrange: (a) a viagem a
negócios e de formação profissional, voluntária ou não; (b) a realização de
bodas; (c) o luto, em razão de falecimento de pessoa da família; (d)
enfermidade, cuja natureza obriga a testemunha a guardar o leito; e assim por
diante.

O acolhimento do motivo apresentado pela testemunha, antecipadamente,


importa a designação de nova data para coletar o depoimento.

1.978.1.2. Ausência desmotivada da testemunha intimada – O dever de a


testemunha comparecer para ser ouvida e, comparecendo, responder às
perguntas do juiz, não é simples exortação ao bom comportamento e à
cooperação sincera e plácida. Eventual descumprimento do dever, sem
motivo justificado, no mínimo exporá ao recalcitrando a duas penas: (a)
condução; e (b) responsabilidade pelas despesas acrescidas (art. 455, § 5.º).

É universal essa preocupação, definindo meios para obrigar a testemunha


à cooperação.436 Por exemplo, o § 380, n.º 1, segunda parte, da ZPO
germânica prevê multa e, subsidiariamente, a prisão da testemunha, medidas
sem natureza criminal.437

Embora o art. 362, II, autorize o adiamento no caso de ausência por


motivo justificado, também na ausência desmotivada haverá o adiamento, não
sendo possível a condução da testemunha no mesmo dia.

1.978.1.2.1. Pena de condução – O constrangimento físico da testemunha,


recebendo o oficial de justiça a incumbência de conduzir o recalcitrante à
sede do juízo, no mesmo dia originalmente designado, havendo tempo
hábil,438 ou em data posterior, remonta às Ordenações Filipinas (Livro 1, Título
55, § 11). O art. 180 do Regulamento 750/1850 previa que as testemunhas
ausentes, sem motivo justificado, seriam “conduzidas sob vara” até o juízo.
Entende-se por condução forçada, ou debaixo de vara, segundo jargão
forense, providência que vai além da renovação da intimação, e consiste na
“prisão em caminhada”.439 O direito italiano emprega chama a condução
de accompagnamento.440 A caminhada tem rumo certo e imutável: do lugar
em que o oficial de justiça encontrou o recalcitrante até a sala de audiências.
É medida que usa força, sem maior violência, mas é cenicamente sugestiva.
Conforme oportuna lembrança,441 a expressão tradicional, que alude à “vara” –
na verdade, equipamento inexistente – mostra-se altamente simbólica. Em
Roma, a insígnia do órgão judiciário era a vara (virga). A desobediência
manifestava-se quando, exibida à testemunha, recalcitrava em comparecer
para depor, hipótese em que era trazida contra sua vontade à presença do
magistrado.442

São requisitos essenciais da condução a prévia intimação da testemunha


e ulterior ausência sem a apresentação de motivo justificado. Testemunha
cuja intimação não se realizou (v.g., recepção do aviso de recepção pelo
próprio intimando) não se sujeita à condução. E testemunha que não
compareceu, mas explicou-se satisfatoriamente, há de ser intimada outra vez.
Equivale à ausência desmotivada a alegação de motivo repelido pelo juiz.
Verificadas as condições de incidência do art. 455, § 5.º (intimação e
ausência), o juiz determinará, em decisão motivada, ao oficial de justiça que
conduza a testemunha para depor. Para essa finalidade, a mais das vezes o
juiz adiará a audiência já aberta, mas pode abster-se de levantá-la até a
chegada do ausente.443

O juiz encarrega da diligência o oficial de justiça, incumbindo-lhe de


localizar e de conduzir a pessoa à força, se for este o caso, do lugar em que
for encontrada até o da sala de audiências, recorrendo à polícia
judiciária.444 Forçoso reconhecer restrição à liberdade de locomoção (o direito
de ir, vir e ficar) em nome da efetividade da jurisdição. E, como se cuida de
prisão, conquanto na forma de caminhada compulsória e dirigida, a medida é
de duvidosa constitucionalidade, na linha que só admite a prisão civil do
devedor de alimentos. Não é, entretanto, a única providência que restringe o
direito de ir, vir e ficar: a lei também permite a “remoção de pessoas”, cuja
natureza é muito similar. Excesso de garantias é tão contraproducente quanto
radical obliteração do mínimo de tutela da pessoa. Lícita e constitucional que
seja a “prisão em caminhada”, tal medida cingir-se-á ao fim que lhe é próprio,
garantindo, por definição, o comparecimento do recalcitrante; portanto,
ocorrerá no dia da audiência, um pouco antes do honorário, e jamais
comportará a arbitrariedade de o juiz mandar recolher ao xadrez a
testemunha na véspera.

Essa providência (e as sanções financeiras) não se aplicam à testemunha


que a parte se obrigou a levar independentemente de intimação (art. 455, §
2.º) e à testemunha requisitada. Decorrendo a ausência desta última do
desatendimento expresso ou tácito à requisição, o juiz designará nova data,
porque há motivo justificativo em relação a ela, “sem prejuízo das sanções
eventualmente aplicáveis à autoridade que descumpriu a requisição”,445 que
há de ser renovada. E, por igual, a testemunha que tem o poder de agenda
(art. 454, I a XII, e § 1.º) não se sujeita a sanções. Pouco importa que,
havendo marcado dia, hora e lugar, aí não se encontre no dia aprazado e
inexista justificativa para sua desatenção.
1.978.1.2.2. Sanções financeiras – A par da condução, nos termos
explicados, o art. 454, § 4.º, c/c 362, § 3.º, atribui ao recalcitrante
responsabilidade pelas despesas processuais acrescidas. Em tese, o
montante dessas despesas alcança, conforme as circunstâncias, valores
elevados; por exemplo, a ausência desmotivada da testemunha do réu
ensejou o adiamento de todas as atividades de instrução, incluindo as que
precedem (v.g., a oitiva das testemunhas do autor) a participação do ausente,
tendo ocorrido o deslocamento de várias pessoas com direito a
ressarcimento; na prática, entretanto, e apesar de decisão nesse sentido,
dificilmente há cotação autônoma e imputação dessas verbas no cálculo das
despesas. À responsabilidade pelas despesas processuais, acresce a multa
cogitada no art. 77, igualmente aplicável e, conforme o caso, de elevado valor.

As sanções pecuniárias hão de ser objeto de decisão expressa e motivada


do órgão judiciário. Segundo o entendimento prevalecente, entendimento
sujeita a reserva, a testemunha não tem legitimidade para recorrer, cabendo-
lhe propor demanda própria para rever a sanção.

1.978.2. Testemunha levada – Comprometendo-se a parte a levar a


testemunha à audiência de instrução, no dia, hora e lugar designados, porque
confia na presença independentemente da intimação, inclusive encarregando
alguém de transportá-la em tempo hábil, a ausência importa a presunção de
desistência, a teor do art. 455, § 2.º.

Duas questões decorrem da aplicação do dispositivo. Em primeiro lugar, a


virtual paralisa da parte que assumiu o encargo e o risco de levar a
testemunha à audiência não impede ao juiz, ex officio, de ordenar, e à
contraparte ou seu(s) assistente(s), bem como à parte coadjuvante, havendo
motivo de intervenção do Ministério Público, a teor do art. 178,446 de requerer
a audiência do ausente, intimando-o para essa finalidade. Ademais, bem pode
acontecer de a parte apresentar motivo justificado para a ausência, alegando
e provando, por exemplo, grave enfermidade que impediu de trazer a pessoa.
Dependerá da sensibilidade do órgão judiciário o acolhimento, ou não, do
motivo apresentado pelo interessado. À falta de diretriz legislativa expressa,
alvitra-se a solução que parece adequada. Não restando dúvida da força
maior ou da justa causa – aqui a noção prescrita pelo art. 223, § 1.º, aplica-se
integralmente – e havendo necessidade da oitiva (v.g., cuida-se da única
testemunha da parte), cumpre-lhe designar nova data.

O ato que retira a ilação que a ausência da testemunha importa


desistência da sua oitiva comportava agravo na forma retida.447 No regime
atual de impugnação das interlocutórias, não cabe agravo de instrumento,
mas a decisão não preclui, comportando alegação nas razões e nas
contrarrazões da apelação.

1.979. Dispensa da testemunha

O juiz dispensará a testemunha de depor nas seguintes hipóteses: (a)


acolhendo a recusa alegada e fundada no art. 457, § 3.º, c/c art. 388; (b)
acolhendo a contradita, fundada na incapacidade, no impedimento e na
suspeição da testemunha. A esses assuntos são dedicados os itens
subsequentes. Por óbvio, há outros casos que tornam a própria prova
testemunhal supervenientemente inadmissível, como os resultados da
perícia,448 entrementes chegado o laudo; no entanto, interessa examinar dois
casos subsidiários e calcados no poder de instrução que o art. 370, parágrafo
único, confere ao órgão judiciário: (a) declarando-se suficientemente
esclarecido com a(s) testemunha(s) já ouvida; e (b) em decorrência do não
comparecimento do advogado da parte que arrolou a testemunha.

1.979.1. Dispensa da(s) testemunha(s) supérflua(s) – A limitação ao


número de testemunhas, fixado este no máximo em dez, sendo três para cada
fato (art. 357, § 6.º), autoriza o juiz a dispensar as restantes, porque supérfluo
o respectivo depoimento, salvo aplicação anterior do art. 357, § 7.º.

A dispensa dessas testemunhas supérfluas ordinariamente acontece na


audiência. É incidente, portanto, da instrução realizada sob a presidência do
juiz. Não se infere do art. 357, § 6.º, nem acontece na prática, de o juiz exigir
que o rol de testemunhas indique, relativamente a cada pessoa, as alegações
de fato controvertidas a respeito das quais a testemunha prestará
declarações. Tampouco se mostraria praticável, a mais das vezes,
determinação expressa nesse sentido. Existem testemunhas que conhecem
os fatos globalmente e há as que conhecem aspecto específico e singular. E,
de resto, a especificação reclamaria interrogatório prévio da futura
testemunha pelo advogado da parte, a fim de inteirar-se da natureza e do
alcance do respectivo conhecimento, atuação considerada suspeitosa pela
maior parte dos julgadores. Assim, o controle exercido pelo sobre o número
de testemunhas a depor sobre o mesmo fato, ou conjunto de fatos, na forma
do art. 357, § 7.º, ordinariamente ocorrerá na audiência.

Repetindo-se as declarações das testemunhas já ouvidas em sentido


unívoco, inexpressivas e redundantes, e formada convicção do juiz, incidirá o
art. 357, § 6.º. O juiz entenderá desnecessário prosseguir na mesma linha de
inquirição, porque já demonstrada suficientemente, no todo ou em parte, a
veracidade da alegação de fato. Em geral, haverá consulta ao(s) advogado(s),
propensos a admitir a medida; porém, o teor da manifestação do
representante técnico não condiciona, absolutamente, o ato do juiz. Fica
subentendido que o juiz dispensará as restantes testemunhas no caso de
entender provada a veracidade da alegação de fato.449 O fim precípuo da
dispensa da prova supérflua reside na obtenção do máximo de rendimento da
atividade processual com o menor consumo possível de energia. E, por mais
doloroso que seja para um dos litigantes, desnecessária a coleta de três
depoimentos convergentes sobre o mesmo fato ou conjunto de fatos, ou seja,
o juiz ouvir pacientemente três pessoas para impor a cessação da atividade
inútil.450 Raro que seja, um só depoimento talvez forme prova bastante. Por
exemplo: na ação deA contra B, pleiteando dissolução do patrimônio
construído em vida comum, o réu B nega esforço comum e arrola a própria
mãe C como testemunha, cujo depoimento firme e categórico, tomado em
primeiro lugar, haja vista a respectiva idade, nenhuma dúvida deixa
que A contribuiu financeira e emocionalmente na aquisição do patrimônio
de B, de outra forma jamais formado. Não há maior interesse em prosseguir
na instrução após semelhante depoimento decisivo.

O ato do juiz que, fundado no art. 357, § 6.º, ou no art. 357, § 7.º, dispensa
a(s) testemunha(s) constitui decisão interlocutória, mas não é passível de
agravo de instrumento. A decisão poderá ser revista pelo órgão ad quem no
julgamento da apelação, se renovada a questão nas razões ou nas
contrarrazões.

1.979.2. Dispensa da(s) testemunha(s) abandonadas(s) – Faltando à


audiência, sem motivo justificado, o advogado da parte que arrolou a(s)
testemunha(s) ou o Ministério Público, assim abandonadas, o juiz prosseguirá
na instrução (art. 362, § 1.º, in fine), mas poderá dispensar as provas
requeridas (e deferidas) pela parte cujo advogado (ou o Ministério Público)
não compareceu à audiência, a teor do art. 362, § 2.º. É solução incompatível
com o Estado Constitucional Democrático deixar a parte sem defesa técnica
na audiência principal, porque escolheu – na pior das hipóteses – advogado
desidioso. Bem pior é ato radical e opressivo de simplificar as atividades
programadas, dispensando a prova já requerida da infeliz parte que se
encontra desassistida.

Limitações subjetivas (v.g., o ato não alcança os litisconsortes e os


assistentes da parte atingida) e objetivas (v.g., o ato não alcança direitos
imunes à presunção de veracidade das alegações contrárias) à parte,
examinadas no contexto da audiência de instrução e julgamento (infra,
2.094.4), impende esclarecer que se trata de simples faculdade, jamais
imposição legal. O juiz consciencioso, dedicado a apurar a veracidade das
alegações de fato controvertidas para julgar corretamente, limitará sua
aplicação aos casos em que, sem tal prova (v.g., os esclarecimentos do
perito; a oitiva das testemunhas), julgaria favoravelmente à contraparte. Ao
propósito, julgado do STJ destacou a circunstância de a prova documental por
si determinar o desfecho da demanda.451 E, por outro lado, apesar de
precedente desfavorável do STJ,452 posteriormente verificando o juiz que lhe
faltam subsídios para julgar a causa, cumpre-lhe determinar a produção da
prova que anteriormente suprimira de modo açodado e irrefletido. Essa latente
possibilidade recomenda que o juiz, dispensando a(s) testemunha(s), não
julgue imediatamente a causa, determinando a conclusão dos autos para
proferir sentença no trintídio previsto no art. 366. Em tal interregno, o
advogado poderá alegar e provar que o evento imprevisível e alheio à sua
vontade impediu-lhe de apresentar justificativa até a abertura da audiência
(art. 362, § 1.º), e, destarte, ao juiz tocará reabrir a instrução.

O ato do juiz que dispensa a(s) testemunha(s) abandonada(s) pelo


advogado ausente é decisão interlocutória, mas não comporta agravo de
instrumento, devendo ser levantada, se for o caso, nas razões ou nas
contrarrazões de apelação.

1.980. Recusa de depor da testemunha

O dever de depor integra a inelutável cooperação que incumbe aos


terceiros, em geral, consoante a opção política do direito brasileiro. O art. 380,
I, estipula o dever de o terceiro, relativamente a qualquer pleito, “informar ao
juiz os fatos e as circunstâncias de que tenha conhecimento” ao juiz da causa,
e uma das formas dessa cooperação da apuração da veracidade das
alegações de fato é o depoimento na condição de testemunha.

Esse dever não se afigura, todavia, absoluto e rígido. O terceiro é titular de


direitos fundamentais cujo eventual sacrifício, desincumbindo-se o terceiro do
dever de depor, revelar-se-ia por mais de um motivo despropositado e, por
vezes, até inconveniente para atingir a finalidade de esclarecer o órgão
judiciário a emitir o juízo de fato. Da ponderação dos interesses envolvidos a
lei, expressis verbis, estabelece exceções ao dever de depor.

As exceções ao dever de depor resultam da conjugação do art. 457, § 3.º,


c/c art. 388, porquanto revogado o art. 229 do CC. Era indesejável a
distribuição das regras sobre tal assunto em dois diplomas distintos, sem
critério seguro e discernível, não era a técnica legislativa mais consentânea
com a matéria. Porém, a remissão vaga do art. 457, § 3.º, “aos motivos
previstos neste Código” tampouco prima pela clareza. Por óbvio, ante a
natureza do direito de recusa, fundado no princípio da dignidade da pessoa
humana, estruturante dos direitos processuais fundamentais, tais motivos só
podem ser os do art. 388. Por sinal, era a interpretação dos motivos de recusa
de depor na vigência do art. 241, I, do CPC de 1939.453

1.980.1. Natureza da recusa de depor – Formalmente, o requerimento da


testemunha, endereçado ao juiz perante o qual prestará depoimento e
previsto no art. 457, § 3.º determina o surgimento de incidente, resolvido
mediante decisão interlocutória. Desse ato decisório não cabe, no regime
vigorante, qualquer recurso. São dados importantes, mas não é desse
assunto que cuida a rubrica, porque antes interessa a natureza dessa atitude.

O art. 457, § 3.º, c/c art. 388 consagram inequívoco direito subjetivo da
testemunha. É direito similar, mas distinto do privilege against self-
incrimination, ou direito (fundamental) de a parte permanecer calada para não
se incriminar, contemplado no art. 5.º, LXIII, da CF/1988, e por força do Pacto
de São José (art. 8.º, § 2.º, g), estendido ao processo civil e mencionado no
art. 379, caput. Das declarações da testemunha, ignorando a matéria
reservada, não deriva necessariamente confissão de ilícito penal. Apesar da
frisante diferença, a natureza é idêntica: os dispositivos refletem direito
fundamental processual, fundado no princípio estruturante da dignidade da
pessoa humana, evitando potenciais danos contra bens jurídicos altamente
apreciados na ordem constitucional, a exemplo da intimidade e da própria
vida.

Este direito subjetivo é disponível por seu titular.454 Se ao juiz cabe


apreciar, no caso concreto, a incidência da hipótese legal,455 não é menos
verdade que não lhe toca a prerrogativa de relevar a testemunha de seus
deveres morais ou legais e, por exemplo, determinando que assuma os
perigos subentendidos no risco de vida previsto no art. 388, IV. Em princípio,
em nosso sistema o consentimento, ou não, de outras pessoas, a exemplo de
quem confiou o segredo (art. 388, II),456 revela-se irrelevante e dispensável. É
o caso do sacerdote católico: o consentimento, ou não, da pessoa que lhe
confiou o pecado não o desobriga da estrita observância do dever de sigilo
imposto no § 983 do Código Canônico, absoluto para quem fez os votos de
consagração nesses misteres.

Compete à testemunha, e a ninguém mais, sopesar a assunção dos riscos


antevistos (e, em alguns casos, as consequências legais) nas regras que lhe
concederam a prerrogativa legal. O depoimento voluntariamente prestado
sobre fatos abrangidos no art. 388 é plenamente válido e eficaz, sujeitando a
testemunha, todavia, às consequências cabíveis, legais ou ilícitas.
1.980.2. Momento da recusa de depor – Localizado no dispositivo que
trata da qualificação da testemunha, o art. 457, § 3.º, sugere que ao momento
oportuno para a testemunha requerer ao juiz isenção de depor no todo ou em
parte: no interrogatório preliminar. Assim, a testemunha comparecerá ao lugar
em que será ouvida, aguardará o chamado, declarará os dados
indispensáveis à identificação e, na oportunidade em que o juiz passa a
inquiri-la sobre os costumes, invocará o fato pertinente.

Ao seu contrastar a regra vigente com o art. 242 do CPC de 1939,


revigora-se o entendimento. A disposição do primeiro diploma unitário
reclamava petição escrita da testemunha ao juiz, explicitando os motivos
porventura cabíveis para isentá-la de depor, “antes da audiência”. O objetivo
dessa iniciativa prévia era a eliminação de audiência quaisquer incidentes
supérfluos na própria audiência,457 economizando o tempo precioso do juiz,
assoberbado por pautas estritas, e permitindo-lhe máxima concentração ao
programa da sessão, impedindo variantes indefinidas.

Toda opção de política legislativa agasalha vantagens e desvantagens.


Formulando a testemunha sua recusa na própria audiência, revigora-se a
imediação, pois o juiz sopesará a sinceridade da pessoa, recolhendo
manifestações orais dos advogados, ou das próprias partes, e decidirá
imediatamente. Em compensação, a testemunha sacrificará tempo e suas
atividades habituais, deslocando-se até o lugar da audiência, sem a certeza
que irá depor, os advogados serão surpreendidos pelo requerimento,
presumivelmente despreparados para refutar a alegação, e o juiz enfrentará
incidente fora do roteiro anteriormente definido. O balanço revela que o art.
457, § 3.º, avantaja-se ao primeiro código unitário por margem reduzida.

Eventualmente, a testemunha toma iniciativa extemporânea, escusando-


se antecipadamente, mediante petição escrita dirigida ao juiz da causa antes
da audiência, e impende definir a admissibilidade desse ato, ensejando
contraditório e a decisão do juiz. Em princípio, a programação da ordem dos
atos processuais facilita a consecução dos fins próprios do processo e, sem
dúvida, a petição escrita da testemunha suscitaria problemas dispensáveis
(v.g., a subscrição por advogado: dificilmente a própria testemunha explicaria
adequada e suficientemente o motivo legal) e despesas inúteis (v.g., as de
expedição e de publicação das intimações dos advogados, atendendo à
obrigatoriedade do contraditório, a teor do art. 457, § 3.º). Não há motivo,
todavia, para veto absoluto. Acontece de o motivo invocado (v.g., sigilo
profissional do médico psiquiatra) revelar-se tão evidente e indiscutível que o
requerimento escrito será bem-vindo e é admissível.

1.980.3. Forma da recusa de depor – Da oportunidade fixada à postulação


da testemunha infere-se que há de ser verbal, após a identificação, mas
motivada suficientemente.

Realmente, os casos de recusa constituem exceção ao dever legal de


cooperação da testemunha com o órgão judiciário, razão por que são de
estrito direito. Tal não significa que o juiz exigirá o uso de palavras
sacramentais e do jargão jurídico. Fica subentendido que a testemunha, posto
que jejuna, e a despeito de a motivação da recusa mostrar-se imperativa,
competindo ao juiz aplicar à espécie da norma correspondente – dos efeitos
da recusa desmotivada cogitar-se-á mais adiante –, expressar-se-á sem
representação técnica. Convém recordar que, à exceção da defesa do sigilo,
os demais perigos pessoais ou alheios temidos pela testemunha impedem-
lhe, pela própria natureza das coisas, ministrar pormenores. Seria implausível
que, temendo pela vida do cônjuge, entrementes sequestrado pelo bando do
réu, a testemunha declarasse tal fato, imputando semelhante crime a uma das
partes. E, além disso, há ameaças mais sutis e indefinidas, resultantes de
olhar rancoroso e significativo, que não se expressam fluentemente em
palavras. Da testemunha exigir-se-á, portanto, simples e vaga menção ao seu
receio.

Em caso de dúvida, o juiz interrogará a testemunha, buscando esclarecer-


se melhor. Por exemplo, no caso de a testemunha temer dano imediato,
cumpre ao juiz (reservadamente, se for este o caso, porque a ameaça talvez
se origine de uma das partes) verificar o teor da intimidação, a realidade e o
caráter imediato possível dano, ou não, e assim por diante.

Se o receio da testemunha é tão terrível a ponto de inibi-la e paralisá-la,


impedindo-lhe maiores revelações (v.g., a autoria da ameaça), a resolução da
recusa em declinar o motivo e as circunstâncias do fato dependerá da
sensibilidade do órgão judiciário. Existe manifestação no sentido de que, no
caso de perigo, a testemunha não está obrigada a expor seus motivos. Seja
como for, não há como constranger fisicamente a testemunha a depor.
Recusando-se injustificadamente a depor, mantendo-se firma na recusa e à
pressão psicológica da autoridade e das perguntas do juiz, expõe-se à
persecução penal, inclusive ao flagrante do ato, e nada mais.

1.980.4. Causas da recusa de depor – Os motivos legais localizam-se no


art. 388. Desapareceu sobreposição parcial dos dispositivos, exigindo
harmonização satisfatória, mas o sentido da conjunção ao art. 457, § 4.º, é
inequívoco É inevitável a reprodução das escusas que tocam à parte.

O art. 388, I, autoriza a parte a não depor sobre fatos criminosos e torpes
que lhe forem imputados. A técnica legislativa, implicando remissão do art.
457, § 4.º, aos motivos do art. 388, produz certa incongruência. À testemunha
não se imputa, propriamente, fatos dessa natureza. Deporá sobre fatos dessa
natureza atribuídos às partes e, nesse sentido, não se encontrando envolvida
diretamente, à testemunha não se aplica a esse motivo, senão residual e
excepcionalmente. Se, por exemplo Ademanda B, pleiteando indenização
pelo ilícito praticado pelo réu com C, o (suposto) coautor é terceiro,
formalmente, mas interessado e, nessa qualidade, suspeito (art. 447, § 3.º, II).
Não há campo discernível à incidência do art. 388, I, quanto à testemunha.

1.980.4.1. Recusa em defesa da vida – O motivo arrolado no art. 388, IV, é


o mais importante. É lícito à testemunha recusar-se a depor quando eventual
declaração, respeitante aos fatos que originaram o litígio, acarrete perigo a
vida própria, ou do seu cônjuge ou companheiro, ou de parente em grau
sucessível. Vale assinalar, outra vez, a eliminação do amigo íntimo.

Antes de precisar esses heterogêneos elementos de incidência, urge ter


em mente as situações antevistas no dispositivo. Não é razoável exigir que
testemunha sujeita às fraquezas humanas declare a verdade sem embargo do
sacrifício pessoal ou alheio, arrostando os perigos físicos da vida;458 nessa
contingência, o dilema íntimo entre o desassombro e o perjúrio geralmente
resolver-se-á a favor deste último.

Em primeiro lugar, além da própria vida, escusa-se a testemunha em caso


de perigo a vida de outrem. Os parentes em grau sucessível são os
ascendentes (pais, avós e bisavós) e descendentes (filhos, netos e bisnetos)
de qualquer grau, e os colaterais até o quarto grau (irmãos; tios e sobrinhos;
primos, tios-avós e sobrinhos-netos), a teor do art. 1.839 do CC.459 E a
menção ao companheiro, independentemente do gênero e da espécie da
relação.

É natureza do perigo que importa à incidência da regra. O art. 388, IV,


alude ao perigo de vida. Não mais cabe a escusa em caso de perigo de
demanda e de dano patrimonial “imediato”. Revela a disposição, de toda
sorte, extrema sensibilidade com as mazelas da sociedade contemporânea.
Não é incomum que o reconhecimento da autoria de certa conduta de uma
das partes provoque retaliações dessa ordem. Por exemplo, na demanda em
que A pede a reparação do dano ocorrido no seu veículo e imputado a B, na
contestação o réu nega participação no evento; mas, a testemunha C, não
pode identificá-lo, sem temer pela própria vida, de seus familiares e amigos,
porque B é o chefe do tráfico na região e tem o costume de punir seus
detratores. Entre arrostar tal perigo e declarar falsamente, a testemunha
preferirá o perjúrio, sendo raro no mundo contemporâneo (para usar a
expressão cunhada na vigência da lei anterior) o tipo abstrato do antigo varão
horaciano.460

Representava questão delicada a exigência da injustiça do dano ou da


demanda. Por influência remota do direito austríaco (§ 321, n.º 2, da ZPO
austríaca) que alude à desvantagem patrimonial imediata (“… einen
untemittelbaren vermögensrechtlichen Nachteil…”), o revogado art. 229, III, do
CC utilizara a expressão “dano imediato”, em lugar do anterior “grave dano”
do art. 406, I, do CPC de 1973, mas o problema reside na justiça, ou não,
desse sacrifício patrimonial. Era significativa a falta de menção ao dano
extrapatrimonial. Respostas que melindrem e ofendam partes ou terceiros,
ensejando pedido de indenização contra a testemunha, a esse título, não
relevava (e não releva atualmente) o dever de depor. Em tal hipótese,
ninguém ficaria obrigado a depor, porque a revelação da verdade implicaria
tomar (aparente) partido, ofendendo as suscetibilidades alheias. Essa
consideração autoriza a ilação que o revogado art. 229, III, do CC, mirava o
dano patrimonial injusto. Por outro lado, também haveria de ser injusto o
perigo de demanda civil ou – logo acode à mente o pedido de explicações em
juízo – penal.461

Já o receio de dano à pessoa afigura-se, por definição, injusto e


inaceitável. Por conseguinte, o perigo de lesão corporal (v.g., a ablação da
língua, peculiar sanção aplicada pelas sociedades criminosas aos delatores)
ajusta-se perfeitamente à regra.

1.980.4.2. Recusa em defesa da honra – O art. 388, III, admite a recusa da


parte, e a fortiori, da testemunha se as declarações conformes à verdade
impliquem desonra própria, do cônjuge, dos parentes em grau sucessível.
Releva notar, outra vez, a eliminação dos amigos íntimos. O alcance subjetivo
da regra é idêntico ao já explicado no item anterior e relativo à defesa da vida.
Resta entender o elemento objetivo.

A honra constitui bem do maior apreço para a pessoa socialmente hábil. É


princípio moral rígido, e, de ordinário, para o depoente jamais comportará
temperamentos e exceções. Bem se compreende o zelo da testemunha com
a própria honra e a das pessoas que são caras. Outra vez se estamparia o
terrível dilema entre dizer a verdade (v.g., o marido admitir a antiga profissão
da esposa como garota de programa; a mãe admitir o ilícito praticado pelo
filho, e assim por diante) e o perjúrio no espírito da testemunha, sucumbindo,
quase sempre, a verdade. À maioria das pessoas parecerá preferível mentir a
humilhar e desmoralizar as pessoas com quem mantém laços de parentesco.
Atendendo a essa inclinação natural, e visando maior rendimento da
instrução, impedindo ao juiz acesso a declarações falsas, mas convincentes,
o art. 388, III, c/c art. 457, § 3.º, exime a testemunha de depor.

1.980.4.3. Recusa em defesa do sigilo – Não raro o conhecimento que a


testemunha deve transmitir ao juiz chegou-lhe em virtude de profissão ou de
estado em cujo plexo de deveres legais ou morais localiza-se a
confidencialidade. A testemunha adquiriu o conhecimento por intermédio de
terceiro e de duas formas: (a) ou o terceiro lhe transmitiu diretamente a
informação; (b) ou a testemunha recolheu a informação diretamente, usando o
terceiro como fonte (v.g., exame corporal).462 A pessoa tem o dever de
preservar a confidencialidade desse conhecimento adquirido por força da sua
profissão ou estado. E tem o direito de recusar a transmissão do
conhecimento próprio a terceiros, incluindo o órgão judiciário, segundo
convergentemente dispõe o art. 448, II, do NCPC, no depoimento em juízo.

O sigilo tutelado nessas disposições caracteriza-se por dois elementos


concorrentes: (a) desconhecimento do fato por um número indeterminado de
pessoas; e (b) a vontade de alguém em preservar terceiros na ignorância
quanto ao fato desconhecido.463 Esse dado é deveras relevante. Ninguém
pode reclamar do profissional cujo dever episódico consiste justamente em
transmitir a terceiros a informação, a exemplo do médico encarregado da
perícia pelo juiz.464 O objetivo geral do sigilo consiste na preservação de
valores caros à sociedade, a exemplo da intimidade, os quais podem, ou não,
ostentar conteúdo econômico intrínseco. Em boa medida é um dever social,
mas passível de disposição pelo titular.

O dever de sigilo recai sobre as seguintes pessoas: (a) o banqueiro, no


concernente aos negócios do seu cliente; (b) o médico, no tocante ao
prontuário e às confidências do seu paciente, privilégio tão antigo que consta
do célebre juramento de Hipócrates;465 (c) o sacerdote católico, quanto aos
fatos que chegaram ao seu conhecimento em confissão verbal, acompanhada
ou não de documento, segundo orientação anterior à própria Revolução
Francesa, mas hoje ampliado para quaisquer conselheiros espirituais; (d) o
advogado, relativamente aos documentos do seu arquivo e às confidências do
cliente; (e) o hospital, relativamente aos seus ficheiros; (f) o jornalista e
congêneres, quanto à pessoa (“fonte”) que lhe passou informações.

Flagrantemente, a confidência feita por um amigo ao outro (v.g., que


mantém relações íntimas com mulher casada), ou por uma amiga a outra,
trocando-se os gêneros, não é motivo legal admissível para alguém recusar a
depor. Segundo aforismo popular muito difundido, o segredo entre duas
pessoas só é mantido com a morte de uma delas.

O regime jurídico do sigilo não se mostra uniforme, relativamente a todas


essas categorias profissionais, porque se funda em diretrizes éticas
heterogêneas, variadamente disciplinadas em estatutos específicos.466 E nem
sempre há fundamento claro e inequívoco instituindo o privilégio do sigilo. Em
relação ao sacerdote católico, por exemplo, desde a separação republicana
do Estado e da Igreja Católica, a rigor, inexiste regra que tutela o sigilo – o
Código Canônico integra ordem jurídica menor –, só esforço inaudito
visualizará no art. 5.º, XIV, da CF/1988, concebido para proteger o direito
(universal) do jornalista, tutela dos sacerdotes, em geral, todavia incluídos no
rol das pessoas privilegiadas pelo sigilo.467

No tocante ao jornalista e ao radialista, era convenientemente explícito o


art. 71 da Lei 5.250, de 09.02.1967, que rezava: “Nenhum jornalista ou
radialista, ou, em geral, as pessoas referidas no art. 25, poderão ser
compelidos ou coagidos a indicar o nome de seu informante ou a fonte de
suas informações, não podendo seu silêncio, a respeito, sofrer qualquer
sanção, direta ou indireta, nem qualquer espécie de penalidade”. O STF
entendeu incompatível com a ordem constitucional o conjunto da Lei
5.250/1967, eliminando, destarte, aspectos notoriamente aproveitáveis e do
maior interesse público.468

Importa assinalar que o privilégio se estende aos auxiliares desses


profissionais. Por exemplo, a auxiliar de enfermagem que lançou no
prontuário do paciente o diagnóstico feito pelo médico assistente; o estagiário
do advogado, que arquivou o documento recebido do mentor em confiança,
mas deitou-lhe olhar curioso, inteirando-se do conteúdo; e assim por diante.
Todos têm o direito de invocar o sigilo na qualidade de testemunhas.

Em outras oportunidades, tratando desse assunto, já se frisou o interesse


público na preservação do sigilo, invocando julgado do STJ, in verbis: “O
interes-se público do sigilo profissional decorre do fato de se constituir em um
elemento essencial à existência e à dignidade de certas categorias, e à
necessidade de se tutelar a confiança nelas depositada, sem o que seria
inviável o desempenho de suas funções, bem como por se revelar em uma
exigência da vida e da paz social. Hipótese em que se exigiu da recorrente –
ela que tem notória especialização em serviços contábeis e de auditoria e não
é parte na causa – a revelação de segredos profissionais obtidos quando
anterior prestou serviços à ré na ação”.469

O entendimento de que o sigilo tem caráter relativo é


predominante.470 Entretanto, a disponibilidade não torna o sigilo questão de
foro íntimo ou mero problema de consciência. O sigilo deve ser rompido, a
critério de quem conhece fatos relevantes, a fim de evitar a ocorrência de mal
maior (v.g., a disseminação de doença contagiosa fatal), sem prejuízo das
sanções porventura aplicáveis à revelação as esferas penal e administrativa
ao inconfidente ou boquirroto. Assim, o médico que diagnosticou moléstia
infectocontagiosa não pode, nem sequer deve guardar sigilo a seu respeito. O
contágio a partir do paciente zero talvez se torne fatal para outra(s) pessoa(s),
gerando, nos casos mais extremos, epidemia incontrolável.
É preciso ter em vista, ainda, a finalidade social do sigilo. Por esse ângulo,
(a) o sigilo do banqueiro acerca das suas operações e dos clientes não é
suficiente para obstar o conhecimento do órgão judiciário, para a finalidade do
art. 655-A; (b) o sigilo médico tutela a relação com o paciente e já se mostra
difícil de ser preservado, nesse âmbito (v.g., o do homem casado que contraiu
doença sexualmente transmissível e que colocará em risco a saúde da
mulher), seguramente desaparece em outras situações (v.g., no litígio entre a
seguradora e o hospital),471 e, ademais, inexiste nos litígios entre o médico e o
próprio paciente;472 (c) o sigilo empresarial pode ser rompido nos casos do art.
1.191, caput, do CC, pois neles há o dever legal de exibição da
escrituração,473 dando a conhecer todos os fatos ao juiz no depoimento como
parte.

A disposição do direito de permanecer calado, em razão do dever de


manter sigilo em relação a uma das partes ou à sociedade, incumbe ao titular
desse direito. Por um lado, não cabe ao órgão judiciário “relevar” o dever da
testemunha, passando-lhe bill of indeminity, e, tampouco, salvo disposição
legal em contrário, necessita o inconfidente de autorização de terceiro. E, a
despeito do interesse público e social na preservação do sigilo – figure-se o
caso do titular de informação secreta essencial à defesa da Nação –, a prova
produzida sem a observância do dever previsto no art. 448, II, e por iniciativa
da testemunha é plenamente válida e eficaz, ao contrário de outros
países,474 sujeitando o inconfidente, todavia, às sanções legais.

1.980.5. Contraditório na recusa de depor – Formulada a recusa na


audiência, motivadamente ou não, o art. 457, § 3.º, in fine, determina a prévia
audiência das partes, manifestando-se oral e imediatamente, mas sem prazo
fixo estipulado. Por analogia, o único interregno aplicável é o do art.
364, caput, ou seja, vinte minutos para cada advogado, o que parece
excessivo. No caso de a testemunha requerer a dispensa de comparecer à
sessão por escrito, havendo tempo hábil o juiz mandará as partes se
manifestarem no prazo de cinco dias (art. 218, § 3.º).

A preterição da audiência das partes caracteriza grave vício do


procedimento (error in procedendo). O prejuízo decorre ou do indeferimento
da recusa, obrigando a testemunha a depor a contragosto, e presumivelmente
em desacordo com a verdade, ou da dispensa ilegal de testemunho
indispensável ao esclarecimento da veracidade das alegações de fato.

1.980.6. Decisão na recusa de depor – Colhidas as manifestações


cabíveis, e independente da concordância, ou não, das partes com o
requerimento da testemunha,475 o juiz decidirá “de plano”, reza o art. 457, §
3.º. Essa última expressão significa que o juiz resolverá o incidente no estado
dos autos, impossibilitado – ao menos, com o fito de coletar o depoimento –
de produzir prova relativamente à subsistência do motivo invocado pela
testemunha, e mediante juízo de verossimilhança.

O ato decisório constitui decisão interlocutória, mas, no regime atual da


impugnação das interlocutórias, não comporta agravo de instrumento,
devendo a matéria constituir preliminar nas razões ou nas contrarrazões da
futura apelação.

1.981. Contradita da testemunha


Chama-se contradita, no direito brasileiro, à faculdade de a parte
interessada arguir a incapacidade, o impedimento e a suspeição da
testemunha.476 Desse assunto ocupa-se o art. 457, § 1.º. A essa impugnação,
no direito francês, chamava-se reproche.477

O objetivo precípuo da contradita, segundo os dados do ius positum, e


subentendido nos termos de alternativa preconizados no art. 457, § 2.º,
consiste em impedir a tomada do depoimento. Em alternativa a semelhante
solução, havendo estrita necessidade das declarações da pessoa impugnada,
o acolhimento da censura diminuirá a força probante das declarações,
degradando a pessoa de testemunha à posição de informante.

É assaz peculiar o regime da contradita, razão por que, a teor do art. 148,
§ 4.º, não se aplicam, in totum, os motivos de impedimento e de suspeição
arrolados nos arts. 144 e 145, mas o art. 447.

1.981.1. Natureza da contradita – A formulação da contradita representa


incidente na produção da prova testemunhal.478 Ensejará a emissão de
decisão interlocutória, no sentido da rejeição ou do acolhimento, todavia
insuscetível de agravo de instrumento.

1.981.2. Momento da contradita – Os fins da contradita predeterminam o


momento propício à respectiva formulação. Por óbvio, visando a impedir a
produção do depoimento, porque a incapacidade (v.g., a pessoa já era cega
ao tempo de evento alegadamente visto), o impedimento (v.g., há outras
pessoas que, além do parente da parte, podem narrar o evento para o juiz) ou
a suspeição (v.g., a inimizade capital da pessoa) deturparia a apuração da
veracidade das alegações de fato, o interessado há de alegar seus motivos
antes de o advogado do arrolador ou o juiz passar ao interrogatório
principal.479

O interessado usufruirá do flexível interregno, após o depósito do rol ou


sua apresentação na audiência preliminar, compulsados os autos e ciente do
nome das pessoas arroladas, inteirar-se a respeito de quem são e o que
sabem, prevenindo-se para contraditar, opportuno tempore, o incapaz, o
impedido e o suspeito. Assim, alegação serôdia não se harmoniza com o
dever de probidade do art. 5.º.480 Não é por outro motivo, senão o de ensejar a
iniciativa da parte, que o art. 457, caput, manda o juiz perquirir os costumes
da testemunha, no interrogatório preliminar que redunda na respectiva
qualificação.

Eventual desqualificação do testemunho, porque em desacordo com a


verdade, malgrado o compromisso solene de dizê-la no que souber (art.
458, caput), respeita à apreciação da prova e, como tal, pode ser arguido
posteriormente, em especial nos debates orais (art. 364, caput) ou escritos
(art. 364, § 2.º). É a essa “contradita de falsidade” que “pode fazer-se a
qualquer tempo, desde que ainda seja possível provar-se”.481

O prévio conhecimento do motivo legal, apresentado o rol previsto no art.


450, induz o interessado a arguir desde logo, e imediatamente, a
incapacidade, o impedimento ou a suspeição da pessoa arrolada, ministrando
prova documental. Razões de economia, e a data distante marcada para a
audiência de instrução, recomendam ao juiz admitir e, se for o caso, acolher
semelhante arguição, após ouvir quem a arrolou, dispensando a testemunha
de comparecer na audiência. Flagrantemente, a contradita “antecipada”
economiza atividade processual, sem embargo de quebrar a oralidade.

Fica sem solução, todavia, o acontecimento trivial de o motivo de


incapacidade, de impedimento e de suspeição surgir e transparecer no curso
do depoimento. Exemplos: (a) a despeito da alegação inicial de que viu o
evento que se propõe a relatar ao juiz antes da total perda da visão, o teor do
depoimento revela que os fatos aconteceram posteriormente à infausta perda,
em razão das datas indicadas, incidindo, pois, o art. 447, § 1.º, IV; ou (b) a
testemunha revela, retratando-se da negativa anterior, que já assistiu uma das
partes, ensejando a incidência do art. 447, § 2.º, III; ou, por fim, (c) habilmente
conduzida pelas perguntas do juiz, a testemunha declara inimizade capital em
relação a um dos litigantes, surpreendendo ao próprio suposto inimigo, o que
constitui notório motivo de suspeição (art. 447, § 3.º, I). São fatos antigos, mas
de conhecimento recente. Pouco razoável se mostraria o ato do juiz que
repelisse a contradita, liminarmente, declarando preclusa semelhante
faculdade. Lícito, pois, oferecê-la imediatamente à revelação do motivo
legal.482

Variam os efeitos do acolhimento da contradita no tocante à atividade até


então desenvolvida. No caso do impedimento ou da suspeição, o juiz
apaziguará o litigante prejudicado pelo depoimento, e de antemão, através da
aplicação inteligente do art. 447, § 5.º. O juiz equilibrado declarará a
subsistência do motivo de impedimento e invalidará o compromisso prestado,
afiançando que atribuirá o valor que o depoimento do informante poderá ter
no conjunto; afinal, talvez o inimigo haja declarado a verdade… Já no caso da
incapacidade, salvo no improvável caso da menoridade – o depoente declara
ou confirma a própria idade, de resto fato verificado na cédula de identidade –,
porque imprestáveis as declarações, ao instrutor não restará outra saída
senão a de dispensar a testemunha radicalmente desqualificada.

O termo final para a contradita é o encerramento do depoimento.483

1.981.3. Legitimados na contradita – Legitima-se a contraditar a


contraparte do litigante que arrolou a testemunha. Essa diretriz geral funda-se
na circunstância que, constando no rol do adversário, o depoimento
desfavorecerá o respectivo antagonista, porque se configura motivo de
incapacidade, de impedimento ou de suspeição. Era o que declarava o art.
240, caput, do CPC de São Paulo: “A parte, contra quem for produzida a
testemunha…”

Evidentemente, a palavra “parte” tem sentido amplo, abrangendo as partes


principais, incluindo litisconsortes,484 a parte auxiliar e o Ministério Público,
havendo motivo de intervenção (parte coadjuvante).485 Também parece
evidente que, desvelando-se motivo hábil no interrogatório preliminar, o juiz
declarará a subsistência de motivo legal, dispensando, ou não, a pessoa
arrolada para os fins do art. 457, § 2.º, in fine.

Controverteu-se, na vigência do CPC de 1939, a faculdade de a parte que


arrolou pessoa incapaz, impedida ou suspeita de contraditá-la, admitindo-se
semelhante possibilidade no caso de conhecimento superveniente do motivo
legal (v.g., após arrolar D, o réu B descobre que este havia assistido
previamente ao autor A).486 E, realmente, essa denúncia serôdia harmoniza-se
com o decantado princípio da probidade (art. 5.º) e os valores éticos do
processo civil social. Embora conhecendo previamente a existência de motivo
legal de incapacidade, de impedimento ou de suspeição, também não é
razoável excluir em termos categóricos a ulterior contradita da parte que a
arrolou,487 talvez sob a forma (inadmissível, em virtude do princípio da
comunhão) de desistência, porque todas as partes têm interesse que a prova
testemunhal produza-se válida e eficazmente.

1.981.4. Forma da contradita – A contradita processa-se oralmente


perante o juiz encarregado da coleta da prova em audiência. Eis a principal
característica do incidente. Realizando-se a coleta da prova através de carta
ou por auxílio direto, competente é o juízo deprecado.488

O art. 457, § 1.º, primeira parte, não reproduziu a exigência de motivação


da contradita, que constava do art. 240, caput, do CPC de 1939, mas infere-
se que a arguição de motivo legal de incapacidade, de impedimento ou de
suspeição implicará na exposição de fatos que se enquadrem na tipologia dos
parágrafos do art. 447. Por exemplo, o réu B declara que a testemunha D,
arrolada pelo autor A, é suspeita, porque entretém amizade íntima, revelada
por esta ou aquela circunstância. Logo, a arguição do legitimado deverá ser
devidamente motivada. É lícito ao juiz, à vista dos costumes alegados pelo
futuro depoente, ou através de regra de experiência (art. 375), de plano
rejeitar a contradita.489 Tal ato constitui decisão interlocutória, mas não é
passível de agravo de instrumento.

Efeito direto e imediato da admissão da contradita é a


suspensão, incontinenti, do depoimento,490 inaugurando-se o incidente
antevisto no art. 457, § 1.º.

Cumpre ao juiz, ainda oralmente, e pelo tempo hábil, preliminarmente


ouvir a própria testemunha,491 em seguida a parte que a arrolou na forma do
art. 450. Concebe-se que a testemunha, haja ou não resistência de quem a
arrolou, (a) confesse os fatos alegados ou (b) negue a imputação que lhe é
feita. No primeiro caso, o juiz cotejará o fato alegado com a norma e, havendo
incidência, acolherá a contradita, hipótese antevista no art. 457, § 2.º, primeira
parte (“Sendo provados ou confessados os fatos…”. É digno de registro que a
regra emprega a palavra confissão no sentido técnico: admissão voluntária de
fato contrário ao próprio interesse (retro, 1.869). Do segundo caso, ao invés,
ocupa-se o art. 457, § 1.º, segunda parte (“… caso a testemunha negue os
fatos que lhe são imputados…”). Então, impõe-se passar à instrução do
incidente.

1.981.5. Instrução da contradita – O art. 457, § 1.º, in fine, faculta ao


contraditor produzir prova documental e testemunhal dos fatos alegados na
contradita, por sua vez subsumidos, em tese, aos tipos da incapacidade, do
impedimento e da suspeição, previstos no art. 447. A regra pressupõe as
providências anteriores, porque cabe ao contraditor o ônus da prova. Ao
verificar em cartório o rol de testemunhas do adversário, apurando motivo de
incapacidade, de impedimento ou de suspeição de alguma testemunha
arrolada, (a) identificou, localizou e arregimentou três pessoas, no máximo,
dispostas a testemunhar, que compareceram na audiência
independentemente de intimação, vez que “apresentadas no ato”, a fim de
serem ouvidas na contingência de a testemunha negar “os fatos que lhe são
imputados”, e, ainda, (b) municiou-se dos documentos pertinentes. O juiz
suspenderá a tomada do depoimento do contraditado,492 porque lhe incumbe
decidir se pode ou não prosseguir nessa atividade, mas ouvirá as
testemunhas apresentadas “em separado” (art. 457, § 1.º, in fine). A coleta do
depoimento segue o roteiro comum: as partes ou juiz inquirem tais pessoas
pessoal e diretamente, admitindo a formulação de perguntas pelo contraditor,
pela contraparte e pela própria testemunha contraditada.493

Pode acontecer de o contraditor invocar o motivo legal, todavia negado


pela testemunha, sem prova hábil. Na hipótese aventada, negada a
imputação, o juiz rejeitará a contradita. Não é admissível o juiz assinar prazo,
posto que breve, para o contraditor trazer testemunhas e documentos.

Em tese, as três testemunhas, no máximo, trazidas pelo contraditor e ao


juiz apresentadas no ato, podem e devem ser contraditadas,494 havendo
motivo para tal impugnação. Exemplo: almejando provar a data em que
sobreveio a perda da visão, negando a testemunha que já perdera o uso
desse sentido na oportunidade dos fatos que originaram o litígio, o contraditor
apresenta médico ao juiz, por sua vez inimizado com a própria testemunha
(v.g., réu em ação de reparação de dano, por alegada inépcia profissional,
movida pela testemunha contraditada). Reconhecendo motivo legal, o juiz
abster-se-á de ouvir tal pessoa ou aplicará o art. 447, § 4.º.

1.981.6. Decisão da contradita – Feita a devida instrução imediatamente,


sem suspensão do processo,495 ato contínuo o juiz proferirá decisão
interlocutória, acolhendo ou rejeitando a contradita. Esse ato não comporta
impugnação autônoma, ficando postergado eventual reexame ao âmbito da
futura apelação.

Importam os efeitos da decisão. Rejeitada a contradita, o juiz prosseguirá


na inquirição da testemunha, agora sobre o tema da prova. Ora, interposto ou
não o recurso próprio, reexaminado ou não o provimento, necessário cogitar
da validade deste depoimento, fundando-se a futura sentença unicamente nas
declarações de pessoa incapaz da depor, impedida ou suspeita. Segundo
abalizada opinião, mostrando-se admissível a audiência de pessoas
impedidas e suspeitas, quando estritamente necessário, a teor do art. 447, §
4.º, só o depoimento do incapaz (art. 447, § 1.º), e, nesse caso, ressalvado o
menor, transforma-se em motivo de rescisão.496

Por sua vez, acolhida a contradita, porque confessados ou provados os


fatos, o art. 457, § 2.º, abre dois termos de alternativa: (a) reconhecendo
incapacidade da pessoa arrolada (art. 447, § 1.º), dispensará a testemunha,
salvo tratando-se de menor de idade; (b) reconhecendo impedimento ou a
suspeição da pessoa arrolada, tomar-lhe-á o depoimento como informante.
Tal significa que a testemunha contraditada, salvo no caso de incapacidade,
não fica proibida de depor.

1.982. Substituição da testemunha

Arrolada a testemunha por uma das partes, os demais figurantes do


processo adquirem o direito de ouvi-la, e o juiz tem o dever de colher o
respectivo depoimento. Aí o principal efeito originado pelo tempestivo depósito
da nominata. Essa impressão se reforma da leitura do art. 451, que estipula
as hipóteses de substituição, impossibilitando, implicitamente, a posterior
desistência (ato dispositivo anterior ao depoimento) e renúncia (ato dispositivo
posterior ao depoimento) da audição das testemunhas, no todo ou em parte,
pelo arrolador. Renúncia a depoimento tomado é implausível: a prova
produzida não desaparece do espírito do juiz.497

O termo inicial do vínculo é o depósito do rol. No direito anterior, defendeu-


se a tese de que, praticado este ato antes do prazo originário, hoje assinado
no art. 357, § 4.º, ou seja, ainda não atingido o termo final, nada impediria
acrescentar nomes à lista ou substituí-la por outra melhor e mais
atualizada.498 Tal reformulação esbarraria, em primeiro lugar, na preclusão
consumativa, tese de expressivo julgado do STJ.499 Uma vez praticado o ato
previsto, bem ou mal, viciado ou não, a parte perde a faculdade e o direito de
renová-lo e retificá-lo. E, ainda, infringiria a regra que demarca o momento do
surgimento do vínculo.500 Representaria excessiva ingenuidade não atribuir a
desistência à informação que a testemunha deporá contra os interesses do
arrolador.

A restrição ao poder dispositivo do arrolador, impedindo-o de desistir da


audição da testemunha arrolada, baseia-se no pouco conhecido, mas útil
princípio da aquisição (ou comunhão) da prova (retro, 1.356).501 Revelado o
nome da pessoa que, supostamente, tem ciência dos fatos que originaram o
litígio por um dos litigantes, através do ato previsto no art. 357, § 4.º, c/c art.
450, a testemunha deixa de ser “da parte” e passa a ser “do processo”. Só a
coleta do depoimento demonstrará se a pessoa tem ou não conhecimento útil
a transmitir ao órgão judiciário. É expresso o art. 242, n.º do CPC italiano,
declarando ineficaz a desistência sem a concordância da contraparte e do
juiz. No entanto, o art. 498, n.º 2, do CPC português de 2013, autoriza a
desistência, expressis verbis, ressalvando a possibilidade de o juiz ordenar a
produção do depoimento ex officio, entendimento perfilhado no direito
colombiano.502 No direito brasileiro, essa diretriz era admitida até o vencimento
do prazo para depositar o rol;503 atualmente, porém, aplica-se plenamente o
princípio da comunhão.

Eventos inelutáveis, rigidamente previstos nos incisos I a III do art. 451,


autorizam a parte a substituir a(s) testemunha(s) arrolada(s), naturalmente
respeitado o número máximo de dez, mas sem pejo da incidência do art. 357,
§ 7.º, indeferindo o juiz a pretendida substituição, porque já ouviu três
testemunhos de sentido convergente. Ficam excluídas outras situações,
todavia concebíveis e defendidas no direito anterior:504 a testemunha cuja
recusa em depor o juiz aceitou, porque configurada hipótese legal (art. 448 c/c
art. 457, § 3.º); a testemunha contraditada com êxito; e assim por diante. Não
há como permitir substituição (troca de A por B) fora das hipóteses do art.
451.505 Os casos de substituição são os seguintes: (a) falecimento; (b)
enfermidade; (c) falta de localização da testemunha.

1.982.1. Testemunha falecida – Falecendo a testemunha


supervenientemente ao depósito do rol em cartório, a parte tem o direito à
substituição do morto por outra pessoa, nos termos do art. 451, I. Não há
meio reconhecido pela ciência humana que permita ouvir os mortos e a
natureza laica do Estado impede que haja intermediação de outra pessoa ou
médium.
Esse dispositivo não se aplica à testemunha pré-morta.506 Admitida
semelhante hipótese, a regra se prestaria à prática de ato temerário e
protelatório, autorizando a indicação do falecido apenas para substituí-lo
posteriormente, dilatando o processo. Razoável que seja o temperamento de
incluir no campo de incidência da disposição o pré-morto cujo óbito era
desconhecido para o arrolador, parece difícil que haja prova pré-constituída
bastante desse fato, revelando impróprio abrir incidente para produzi-la
oralmente.

1.982.2. Testemunha enferma – O art. 449, parágrafo único, esclarece a


natureza da enfermidade que, conforme o art. 451, II, ensejará a substituição
da testemunha originária por outra. Só doenças que determinem
impossibilidade definitiva de depor. Por exemplo, o acidente vascular cerebral
e outras doenças neurológicas que implicam a perda da consciência. Em caso
de doença letal e incurável, em que até o decesso a testemunha não perde
aptidão para depor, incidirá o art. 449, parágrafo único, pendendo a causa em
que a prova testemunhal necessita ser produzida, ou a parte requererá a
produção antecipada dessa prova (art. 453, I).

À parte que arrolou a testemunha, e presumivelmente tem o maior


interesse no depoimento, incumbe o ônus de alegar e provar a enfermidade e
respectiva natureza. Valem, aqui, as considerações feitas no subitem
dedicado à ausência da testemunha válida e eficazmente intimada que falta à
audiência sem notícia prévia.

Conhecendo o motivo da falta, ou seja, a doença que impede


definitivamente a tomada do depoimento, cumpre ao advogado do arrolador
alegar o impedimento, prová-lo por documento hábil (laudo medido) e
requerer a substituição, indicando o substituto, desde logo, ou no prazo que o
juiz fixar para tanto, aplicando-se, por analogia, o art. 357, § 4.º, providência
que o juiz adotará, ex officio, sendo notório o fato. É caso de adiamento da
audiência, a teor do art. 362, II, pois haverá necessidade de intimar a nova
testemunha.

Desconhecendo-se o motivo da falta da testemunha, o juiz aplicará o art.


455, § 5.º, mandando conduzi-lo à audiência, se possível sem levantar a
sessão, ou na data que fixar desde logo, responsabilizando-a pelas despesas
do adiamento, pois no caso da impossibilidade de ultimar a diligência (v.g., em
razão do adiantado da hora) incidirá o art. 362, II. Esclarecida a natureza da
enfermidade, por certidão do oficial de justiça – óbvia hipótese de constatação
oficial, espécie de prova atípica (retro, 1.850) –, o juiz (a) relevará as penas
aplicadas ao doente e (b) mandará intimar o arrolador para promover a
substituição.

O art. 451, II, não distingue entre a testemunha intimada e a testemunha


que a parte obrigou-se a levar à audiência (455, § 2.º). Assim, previamente
alegada e provada enfermidade impeditiva do depoimento por tempo
indeterminado, talvez definitivamente (v.g., o paciente comatoso às vezes
contraria os prognósticos, despertando da letargia subitamente), ensejará a
substituição da testemunha levada. É mais difícil aceitar a orientação na
hipótese de a parte simplesmente alegar a inaptidão, porque obrigou-se a
levar a testemunha e, desse modo, satisfazendo o ônus (v.g., buscando a
pessoa na sua residência), fatalmente tomaria conhecimento da doença, mas
não impossível. Por exemplo, a parte só no dia da audiência, ao buscá-la,
inteirou-se do estado da testemunha, inexistindo tempo hábil para
providenciar laudo médico até a hora da audiência. Os aparelhos telefônicos
portáteis são dotados de câmaras de alta resolução e fotografia da pessoa
ligada a aparelhos é início de prova, senão prova bastante do fato impeditivo.

1.982.3. Testemunha desconhecida – A parte tem o direito de substituir a


testemunha arrolada, mas não localizada pelo carteiro ou pelo oficial de
justiça no curso das diligências para intimá-la, porque mudou o domicílio (art.
451, III). Logo, a regra não incide no caso da testemunha requisitada (art. 455,
§ 4.º, III), e no da testemunha que a parte obrigou-se a levar à audiência
independentemente de intimação (art. 455, § 2.º).

A incidência da regra pressupõe dois nítidos elementos: (a) mudança de


residência; (b) ausência do novo endereço. Dependerá o preenchimento dos
elementos da constatação do carteiro ou do oficial de justiça. Se a
testemunha jamais residiu no local indicado no rol, o direito à substituição não
nasce do equívoco; se a testemunha mudou-se, mas alguém informa o novo
endereço, o oficial de justiça persistirá nas diligências, salvo mudança para
outra comarca ou seção judiciária, caso em que deverá ser expedida carta
precatória. Esta carta não suspenderá o processo (art. 313, V, b), porque não
requerida antes da decisão de saneamento e organização do processo. Essa
é uma fragilidade da intimação postal: o carteiro não procura o destinatário no
novo endereço.

1.983. Prisão da testemunha

Acontecimento incomum, mas concebível, consiste na recalcitrância da


testemunha. Embora comparecendo, e assim não se aplicando a pena
pecuniária específica da falta desmotivada (art. 455, § 5.º), a testemunha
recusa-se a responder a quaisquer perguntas, sem motivo legítimo,
permanecendo em desdenhoso silêncio. A esse problema específico e real, o
art. 243 do CPC de 1939 previa duas medidas alternativas: (a) a
responsabilidade pelas despesas acrescidas e prejuízo pela frustração da
prova; e (b) “pena de prisão até cinco (5) dias”. Recomendava-se a prisão em
lugar da sanção pecuniária, porque a parte maliciosa poderia aconchavar-se
com a testemunha, ministrando-lhe recursos para pagar a sanção
pecuniária.507

Era tradicional a prisão da testemunha recalcitrante. As Ordenações


Filipinas (Livro 1, Título 55, § 11) previa o poder de o juiz constranger a
testemunha a comparecer e a responder sob pena de prisão.508 E o art. 180
do Regulamento 737/1850, predecessor direto do primeiro código unitário,
mandava o juiz preceder de acordo com a lei penal e o art. 53 da Lei 261, de
03.12.1841, diploma de singular importância histórica já destacada (retro, 72),
que em sua primeira parte rezava o seguinte: “As testemunhas, que sendo
notificadas, não comparecerem na sessão, em que a causa deve ser julgada,
poderão ser conduzidas debaixo de prisão para deporem, o punidas pelo Juiz
de Direito com a pena de cinco a quinze dias de prisão”. À luz dessa
disposição, desnecessário construir a prisão como decorrência da condução
da testemunha.509
Desapareceu a drástica medida – prisão administrativa – na redação
originária do CPC de 1973. Significativamente, remarcando a diferença no
tratamento conferido à testemunha, adstrita ao dever de depor, mas tutelada
pelo princípio da dignidade da pessoa humana, o art. 885 do CPC de 1973
previa semelhante prisão para quem recebesse o título de crédito sem restituí-
lo ao credor e objeto da pretensão à apreensão. Àquela altura, prevendo a
Carta Política vigorante apenas a prisão do depositário infiel e do devedor de
alimentos, e considerando a posição da testemunha, a persecução penal em
caso de recalcitrância pareceu suficiente. E não há dúvida de que subsiste a
orientação no vigente NCPC. Para essa finalidade, o juiz advertirá a
testemunha, na forma do art. 458, parágrafo único.

O § 390 da ZPO alemã permite o encarceramento da testemunha


recalcitrante, não dispondo de recursos financeiros para pagar a multa que lhe
é cominada ou no caso de reiteração da recusa de depor sem justo
motivo,510 à semelhança da contempt of court do direito norte-americano, e
nenhuma suspeita de inconstitucionalidade afeta essa prisão disciplinar
(Ordnungshaft).511 Entre nós, porém, o art. 7.º, § 7.º, do Pacto de São José da
Costa Rica, aprovado pelo Dec. Legislativo 27/1992 e promulgado pelo Dec.
678/1992, restringe a prisão civil – gênero que engloba penas disciplinares – à
do devedor de alimentos, assunto resolvido pela Súmula Vinculante n.º 25 do
STF.

Nada impede o juiz, entretanto, dar voz de prisão à testemunha


recalcitrante, na forma da lei penal, por ocultar a verdade ao permanecer em
obstinado silêncio. Essa conduta constitui crime em tese (art. 342 do CPB). O
incidente será registrado no termo de audiência (art. 367), a testemunha
encaminhada à polícia judiciária e cópia do termo ao órgão do Ministério
Público, sem embargo da simultânea aplicação da sanção pecuniária (art. 81),
e ulterior pretensão à reparação da parte prejudicada pela frustração da
prova, através de demanda autônoma.

Esses sérios efeitos da conduta desconforme ao direito dissuadem a


recalcitrância das pessoas convocadas a depor e tornam desnecessária a
prisão disciplinar, de resto inconstitucional.

§ 407.º Complementação da prova testemunhal

1.984. Acareação das testemunhas

As declarações prestadas por duas ou mais testemunhas, ou entre


testemunha(s) e uma das partes, amiúde se contradizem. Depoimentos
separados, como exige o art. 456, caput, propiciam o surgimento de
divergências. A bem da apuração da veracidade da alegação de fato, o art.
461, II, autoriza o juiz a confrontar pessoas que prestaram declarações
contraditórias. Por óbvio, as partes se contradizem e, portanto, a divergência
de versões em depoimento pessoal é normal, pré-excluindo a confissão
judicial provocada, e não dá azo ao confronto.512

Dá-se o nome de acareação ao depoimento coletivo de duas ou mais


pessoas. É forma assaz trabalhosa de complementação da prova
testemunhal, mais comum no processo penal que no civil – e já antes do
primeiro código unitário –,513 todavia prevista em numerosos diplomas.514 Os
resultados são escassos outros sistemas jurídicos.515

O objetivo geral é o desfazimento de equívocos e a dissipação da dúvida


instalada no espírito do juiz. Residualmente, o juiz identificará quem mentiu e
quem disse a verdade.

1.984.1. Requisitos da acareação – O art. 461, II, é rigoroso ao estipular


os requisitos da acareação.

O requisito objetivo consiste na divergência das declarações e, nesse


tópico, define o objeto da divergência como “fato determinado”. Fórmula legal
imprecisa, ela suscita o problema de precisar se a divergência há de recair
sobre fatos principais ou sobre fatos acessórios. Por exemplo, e volvendo à
causa hipotética aqui evocada, se (a) a testemunha E declara que B visitou
motel Y desacompanhado, e a testemunha F declara que C acompanhava B,
a divergência recai sobre o fato principal da causa petendi – o colóquio
amoroso entre B e C, dissimulado como visita de negócios; ao invés, se (b) a
testemunha E declara que a visita ocorreu pela manhã, e a testemunha F que
ocorreu após o almoço, a divergência recai sobre fato secundário. Na vigência
do art. 248 do CPC de 1939, a opinião prevalecente “divergências mais ou
menos sérias”.516 O art. 462, II, repetiu o direito anterior e é mais exigente: o
fato necessita influir na decisão da causa. Logo, só divergências a respeito
do(s) fato(s) principal(ais) – constitutivos, extintivos, impeditivos e
modificativos – ensejam a acareação. Fatos simples (ou secundários)
comportam alteração e modificação sem desfigurar a causa petenti (retro,
247.2). É claramente preferível assentar o objeto da divergência nos fatos
principais que “nos aspectos essenciais”.517

E o requisito subjetivo descansa na oposição das declarações de duas ou


mais testemunhas ou de testemunha(s) com a parte. Na vigência do CPC de
1939, orientação similar recebeu a crítica. O confronto entre declaração de
interessado (parte) e do terceiro desinteressado (testemunha) seria supérfluo,
haja vista a distinção entre o dever moral da parte e o dever jurídico da
testemunha de dizer a verdade.518 Parcialmente, o problema fica superado
pela necessidade de a parte prestar compromisso (retro, 1.863.1.3), e,
ademais, não se deve perder de vista o objetivo de apurar a veracidade da
alegação de fato feita pela parte. A acareação submete a alegação da parte a
uma experiência radical, extrema e decisiva, convindo à prolação da decisão
justa. Logo, a solução de política legislativa é correta, ao repetir o CPC de
1973.

Não constitui requisito da acareação a falsidade real ou hipotética de uma


das declarações. Por sua natureza, a prova testemunhal implica diferenças
expressivas na (a) percepção, na (b) retenção e na (c) transmissão (v.g.,
o lapsus linguae) da atividade sensorial por duas ou mais pessoas. Às vezes,
ambas as declarações são verazes, mas divergentes por qualquer motivo.519

O art. 461, caput, sublinha a origem da iniciativa. Ao contrário da ordem do


juiz, a iniciativa oral da parte há de ser especificada, especificando quem
diverge, qual o objeto da divergência e a importância do confronto. O
indeferimento do requerimento de confronto só vicia a sentença que invocar a
divergência para desfavorecer uma das partes. Ora, o caráter tendencioso da
declaração da parte pré-exclui que, existindo divergência com declaração
da(s) testemunha(s), o juiz não se baseie na prova testemunhal para emitir o
juízo de fato. A acareação é, ao fim e ao cabo, faculdade do juiz,520 pois só o
julgador pode decidir se há ou não dúvida em seu espírito.

1.984.2. Procedimento da acareação – Um dos fatores que propiciam o


surgimento das declarações divergentes reside no fato de as testemunhas,
e, a fortiori, partes e testemunhas deporem separadamente (art. 385, § 2.º, e
art. 456, caput). Desse modo, a acareação é, fundamentalmente, um
depoimento coletivo: o juiz reunirá as pessoas que emitiram declarações
antagônicas, face a face,521 e promover-lhes-á o confronto. Não há forma
sacramental. O art. 461, § 1.º, declara que os confrontados serão
“reperguntados”. Avulta, aqui, a direção do juiz, estimulando, se lhe parecer
mais produtivo, o debate direto entre os depoentes, em vez de conceder a
palavra aos advogados para reperguntas. O êxito dependerá da atitude do
juiz. E há muitos que não se acomodam e têm interesse genuíno em arrancar
a verdade dos confrontantes. O objeto do confronto são os “pontos de
divergência” (art. 461, § 1.º).

O procedimento da acareação, ressalva feita à necessidade de confronto


pessoal, segue a disciplina comum. O juiz poderá ordenar a acareação a
qualquer momento, ou seja, antes ou depois do encerramento da instrução.
Raramente será possível realizar o ato na própria audiência que produziu
declarações divergentes. Prestado o depoimento, o juiz ordinariamente
dispensa a testemunha, entre outras razões para manter o isolamento (retro,
1.976.4.3). Ora, ocorrendo divergência da declaração da testemunha
dispensada com o depoimento subsequente, aquela deverá ser convocada
para o confronto, em data próxima, incidindo os arts. 454, § 1.º, e 455, § 4.º,
II. Representaria exagero, a par da impraticabilidade por falta de sala(s)
própria(s) para esse fim, a testemunha aguardar até a coleta do último
depoimento.522 E não convém encarregar o advogado da parte da intimação
(art. 455, caput), realçando a obrigatoriedade do comparecimento.

Ficara sem solução expressa o problema da testemunha que não reside


na comarca ou seção judiciária e a ser confrontada com outra residente. O art.
524, n.º 2, do NCPC português, de 2013, atribuiu a competência ao juízo
deprecado, havendo depoimento colhido por carta, salvo se o órgão judiciário
entender indispensável o comparecimento dos futuros acareados, ponderado
o custo do deslocamento. O anteprojeto do CPC de 1973 previa a
competência do juízo da causa, promovido o confronto em audiência especial,
servindo a carta apenas para intimar a testemunha, diretriz que logrou
adesão.523 A parte interessada arcaria com as despesas de deslocamento e,
não sendo este possível, produzir-se-á a acareação mediante carta,
elaborando o juízo deprecante questionário para o juízo deprecado promover
o confronto.524 Se as testemunhas depuseram em juízos distintos, e
subsistindo a impossibilidade de deslocamento de uma ou de outra,
impossível praticar o ato.525Nada disso é satisfatório. Na verdade, nenhuma
testemunha tem o dever de se deslocar do lugar do domicílio para prestar
depoimento, e, por isso, salvo comparecimento espontâneo, o juiz não poderá
obrigá-la a ir à comarca da outra testemunha ou à que processa a causa,
ressarcida ou não das despesas.526 É o entendimento de que melhor preserva
os direitos fundamentais da testemunha. Assim, não se mostrando possível a
videoconferência e outro meio tecnológico, como antevê o art. 461, § 2.º,
impraticável a acareação.

1.985. Audição da testemunha referida

A complementação da prova testemunhal abrange a audição da


testemunha referida (art. 461, I).

A despeito da iniciativa concorrente das partes e do órgão judiciário em


matéria de prova, os litigantes situam-se em posição vantajosa para localizar
quem tem conhecimento hábil para confirmar a veracidade das alegações de
fato controvertidas e, principalmente, selecionar a(s) pessoa(s) apta(s) a
transmiti-lo na perspectiva mais favorável ao próprio interesse. Desprovido de
conhecimento privado a respeito do material de fato, ou ficaria impedido de
processar e julgar a causa (retro, 1.353), o juiz alcançaria resultados bem
menos proveitosos e perderia muito tempo identificando tais pessoas,
habilitando-o a resolver as questi facti. Não é impossível, mas difícil e
trabalhoso. Na ação de separação movida por A contra B, alegando que o
réu B manteve relações sexuais com C no motel Y, enquanto o réu obtempera
que D é figurinista da fábrica B e a visita conjunta ao estabelecimento visava à
angariação de pedido de roupas de cama para a rede de motéis, diligência do
oficial de justiça identificaria facilmente os porteiros e os seguranças, as
camareiras e os escriturários habilitados a confirmar ao juiz uma das versões
divergentes. E a ordem para ouvir essas pessoas respaldar-se-ia com certeza
no art. 370, caput.

Razões de ordem prática confiam às partes a exclusividade na iniciativa


da proposição da prova testemunhal. E a produção dessa prova se orienta
nesse sentido.

Altera-se o panorama traçado, entretanto, no curso dos depoimentos.


Acontece de a testemunha arrolada referir ao inquiridor, na deposição livre, ou
questionada acerca do ponto, o nome de outra(s) pessoa(s): ou (a)
conhecedora(s) dos fatos (v.g., a camareira E declara que, no dia da visita
de B e C ao motel, trabalhava também a camareira F, que atendeu ao casal);
ou (b) detentora(s) do conhecimento e transmissora(s) do fato ao depoente
(v.g., a camareira E relata que a camareiraF informou-lhe que, após a
atividade profissional, B e C trancaram-se num dos quartos, tendo F limpado e
arrumado a dependência).527 Ao depoente chama-se testemunha referente; à
pessoa mencionada, testemunha referida.528 Em seu depoimento pessoal, a
própria parte pode referir a F, embora seja incomum não tê-la arrolado,
advindo a lembrança do nome em decorrência da linha do interrogatório do
juiz.

O contexto demonstra a importância da audição da testemunha referida.


Em especial, mas não exclusivamente, no caso da testemunha referente ex
auditu, a fragilidade natural do respectivo depoimento desaparecerá e, bem
ao contrário, adquirirá inaudita força na hipótese de corroboração pela
testemunha referida. Parece exagero no sistema da livre apreciação negar
força probante mínima ao depoimento da testemunha ex auditu.529 Por sinal, a
deposição a respeito da fama pública, ou do caráter da parte, não deixa de
ser útil (v.g., as testemunhas J e K declaram B marido fiel de A, homem cujos
princípios notórios não tolerariam a quebra dos deveres conjugais), e não é
corroborável. Um e outro depoimento tem valor restrito, mas
apreciável.530 Como quer que seja, bem andará o juiz que colher o depoimento
da testemunha referida. Esta complementação da prova testemunhal ou
confirmará o depoimento referente o desmentirá e, em qualquer hipótese,
oferecerá ao órgão judiciário valiosos elementos à formação do seu
convencimento.531

1.985.1. Requisitos da audição da testemunha referida – A audição da


testemunha referida pressupõe: (a) a referência ao terceiro no testemunho da
parte ou de outra testemunha; (b) a possibilidade de audição.

No tocante ao primeiro pressuposto, a referência à pessoa dotada de


conhecimento relevante sobre os fatos que originaram o litígio há de surgir de
forma espontânea (deposição livre) ou provocada (deposição questionada) no
depoimento da parte e no de testemunha arrolada e ouvida, depoimentos que
se processam na audiência de instrução (art. 361, caput). E essa referência
deve ser de tal ordem que possibilite a identificação do terceiro com razoável
segurança (v.g., o prenome da camareira F). Em geral, o juiz mais atento
estimula o depoente a descrever sumariamente a pessoa referida, indicando-
lhe sinais característicos. Razoável assinar prazo breve à parte interessada
para trazer ao processo, após diligências no motel Y, os dados previstos no
art. 450 (nome completo, qualificação e endereço).

A testemunha referida deve ser apta e capaz de testemunhar, ou seja,


desimpedida e insuspeita. Nada obsta, conforme a natureza do litígio e o
preenchimento de outros requisitos, a audição da pessoa impedida ou
suspeita na qualidade de informante (art. 447, § 4.º). Nesse caso, o
depoimento perderá consistência, conforme assinala, redundantemente, o art.
447, § 5.º.

E só é testemunha referida, no sentido preconizado pelo art. 461, I, a


pessoa cuja identidade era desconhecida até o depoimento. Não é,
absolutamente, referida a testemunha arrolada e que, obrigando-se a parte
levá-la independentemente de intimação (art. 455, § 2.º), ou as testemunhas
dispensadas pelo juiz, porque o advogado da parte não compareceu à
audiência sem justo motivo (art. 362, § 2.º). Ao juiz não é lícito invocar o art.
461, I, para ouvi-las, segundo julgado do STJ.532 A possibilidade de a parte ter
arrolado a pessoa referida, ao invés, não pré-exclui a audição.533

1.985.2. Iniciativa da audição da testemunha referida – O art. 461, caput,


autoriza o juiz a ordenar, ex officio, ou a requerimento da parte, a audição da
testemunha referida. Essa proposição revela-se redundante, pois o art.
370, caput, conferiu iniciativa probatória ao órgão judiciário, inexistindo
necessidade de outra justificação ao recrutamento da testemunha, mas
esclarecedora, ao proclamar e reiterar a existência da iniciativa da parte no
assunto. Eventual indeferimento do requerimento da parte gravada com o
ônus da prova, seguido de juízo de mérito desfavorável, invalidará a sentença
definitiva, porque cerceado o direito à prova. A convocação da testemunha
referida não é ato discricionário.534

1.985.3. Procedimento da audição da testemunha referida – O depoimento


da testemunha referida ocorrerá na mesma audiência em que revelou-se a
respectiva identidade, se possível, ou em data próxima, incidindo, por
analogia, o art. 365, parágrafo único. O procedimento da audição não
discrepa do roteiro comum. A pessoa será intimada (art. 455, caput), por um
dos meios admissíveis (art. 455, § 4.º), e requisitada (art. 455, § 4.º, III), ou, se
for este o caso, oficiada para os efeitos do art. 454, § 1.º, ostentando o dever
de depor na forma legal (retro, 1.976). E, no caso de residir fora da comarca
ou da seção judiciária, o juiz mandará expedir carta,535 ou incidirá o art. 453, §
1.º, porque o art. 461, § 2.º, ocupou-se, expressis verbis, unicamente da
acareação.

Não é impossível o juiz determinar, ex officio, ou a requerimento da parte,


formulado nas razões finais escritas, a audição da testemunha referida após o
encerramento formal da instrução.536

1.986. Renovação do depoimento

Finda ou não a instrução, o juiz talvez necessite ulteriores esclarecimentos


da(s) testemunha(s) ouvida(s), dissipando dúvida instalada no seu espírito.
Por exemplo, e na hipotética causa tão recordada aqui, a
testemunha E admitiu o ingresso do casal B e C no quarto no motel Y, por
interregno reduzido, mas o juiz não explorou o potencial decisivo dessa
declaração, inquirindo a testemunha acerca da finalidade do uso da
dependência (v.g., há controvérsia sobre a exibição, ou não, de modelos de
roupa de cama para o proprietário do motel Y).

Em outros ordenamentos, a exemplo do art. 257, n.º 2, in fine, do CPC


italiano, há disposição expressa, autorizando ao juiz renovar a audição da
testemunha. Localizou-se o fundamento desse ato no âmbito do saneamento
de irregularidades.537 Nada obstante, a providência descansa no poder
instrutório do juiz (art. 370,caput). Eis o motivo por que, omissa a lei brasileira,
a renovação é admissível sempre que o juiz entender necessária.538

1.987. Retratação do depoimento

À diferença do que acontece com os vícios da confissão, que lhe ensejam


a invalidação (art. 393), à testemunha se reconhece a prerrogativa de retratar
suas declarações,539 inclusive para evitar futura persecução penal pelo crime
de falso testemunho (art. 342, § 2.º, do CPB).540 Os motivos da declaração
inverídica por erro ou dolo variam conforme o caso. Lendo o depoimento
prestado, a consciência atormenta a testemunha, porque deixara-se intimidar
por uma das partes, ou obteve vantagem material ou caiu no fascínio do
litigante, não logrando se desvencilhar da teia urdida pela malícia e
torpeza,541 ou temeu a autoridade do órgão judiciário no curso da inquirição,
confundindo os fatos. Razões e efeitos à parte, o reconhecimento dessa
faculdade, omissa que seja a lei brasileira, beneficiará a instrução.

A forma da retratação dependerá das circunstâncias. Antes de assinar o


termo de depoimento, arrependido do erro, a testemunha dirigir-se-á ao juiz,
solicitando mudança na declaração, e nada exclui que, prestado o depoimento
e dispensada, a testemunha retorne à sala de audiências com idêntico
propósito. O juiz procederá, então, à nova inquirição, investigando os motivos
da reviravolta – elemento importante na formação do seu convencimento.
Encerrada a audiência, e a própria instrução, inexiste outra forma senão a de
a testemunha comparecer espontaneamente em cartório e declarar que
pretende retratar o depoimento. O escrivão tomará esta declaração por termo,
fará os autos conclusos ao juiz e a este caberá designar audiência, reabrindo
a instrução.

1.988. Correção do depoimento

Sob a rubrica da correção do depoimento, ou retificação, cogita-se do


equívoco (doloso ou não) no registro das declarações da testemunha,
enquanto na retratação a testemunha refaz declaração inverídica. É lícito à
testemunha, ao ler a transcrição das suas declarações, captadas pelo juiz e
ditadas ao escrivão – forma de documentação usual –, ou as notas de
taquigrafia e de estenotipa, cuja juntada é eventual, imediatamente reclamar e
protestar contra a fidedignidade do registro. Também à parte faculta-se,
auxiliada pela gravação autônoma e particular consentida no art. 367, § 6.º,
requerer a correção. Essa providência retificadora atalha eventual erro no
futuro juízo de fato e ensejará, conforme a oportunidade, a ulterior revisão
pelo órgão ad quem.

A correção do termo de depoimento não difere do que acontece no termo


de audiência, objeto de item próprio (infra, 2.100), e não pode ser recusada
pelo juiz.

§ 408.º Força probante da prova testemunhal

1.989. Livre apreciação da prova testemunhal

O título da Subseção I da Seção IX – Da Prova Testemunhal – é


enganoso: Da admissibilidade e do valor da prova testemunhal. Da força
probante ocupa-se, marginalmente, o art. 447, § 5.º, declarando que o juiz
apreciará livremente o depoimento do informante, regra aplicável a qualquer
prova, segundo o art. 371. Cuida-se de reminiscência haurida do anteprojeto
de CPC de 1973, cujo art. 441 estipulava as seguintes diretrizes, reproduzindo
as constantes nas Ordenações Filipinas (Livro 1, Título 86, n.º 1), a saber:
“Art. 441. No apreciar os resultados da prova, o juiz terá em conta: I – a
condição, a honradez e a dignidade de quem presta o depoimento; II – se os
depoimentos são concordes, ou confirmados por outras provas; III – se a
testemunha depõe: a) com firmeza e coerência, ou de modo incerto e
vacilante; b) sobre fatos de que tem conhecimento direto, ou por ouvir dizer,
bem como se emite opinião pessoal”.542

Essa expressiva omissão, acompanhada da reafirmação da livre


apreciação do depoimento do informante, culmina a evolução da prova
testemunhal. Livre é a apreciação da força probante das testemunhas. Essa
liberdade corresponde, em primeiro lugar, a importância desse meio de prova,
a mais das vezes a única fonte de prova disponível,543 na prática o meio mais
comum, apesar das suas deficiências.544 Ademais, na livre apreciação recaem
as esperanças de superação das notórias dificuldades da prova
testemunhal.545 Conforme já se destacou, são de duas espécies: (a)
intrínsecas, respeitantes à percepção, à retenção e à transmissão do
conhecimento, áreas que suscitam problemas específicos e diferentes; (b)
extrínsecas, relativas às declarações falsas, feitas espontânea (v.g., em razão
de inimizade capital) e provocadamente (v.g., em razão dor recebimento do
peita).
A livre apreciação não se afigura incompatível com orientações genéricas
do que o juiz consignará na motivação. Lei contemporânea que timbra pelas
garantias conferidas às partes, a exemplo do art. 376 da Ley de
Enjuiciamiento Civil espanhola, traça diretrizes genéricas adequadas,
apontando como elementos da apreciação judicial: (a) a razão de ciência; (b)
as circunstâncias da aquisição do conhecimento; e (c) as impugnações das
partes.546 Em outro ordenamento geograficamente próximo, a exemplo do
argentino,547 inexiste disposição específica, enquanto o art. 403 do Codigo
General del Processo uruguaio manda avaliar as testemunhas segundo as
regras da sana critica, fórmula hispânica da livre apreciação.548

Do laconismo legal se infere que os aspectos quantitativos da prova


testemunhal perderam importância. Desapareceu a restrição à valoração
positiva da testemunha única (testis unus testis nullus),549 bem como a regra
que o depoimento convergente de duas testemunhas, “maiores de toda
exceção e que depuseram de ciência própria”,550 produzia prova bastante,
vaporizadas pela fé na livre apreciação.

Completamente distinta é a valoração dos aspectos qualitativos da


testemunha. A qualidade da pessoa e o valor intrínseco do depoimento
subsistem como meios da livre apreciação. Realmente, é o que cumpre ao
juiz sopesar e valorar na motivação (art. 371), mas sem preconceitos
desprezíveis. Por óbvio, esses elementos necessitam rápida adaptação ao
Estado Democrático Constitucional. A sentença que valorizasse o depoimento
do fidalgo em detrimento do operário, do homem de preferência à mulher, e
assim por diante, desincumbindo-se do dever de motivação, soaria muito mal,
expondo o autor desses juízos ao escárnio dos humoristas profissionais, à
crítica da opinião publicada e à censura dos órgãos de controle da
magistratura. Em outra época, a moral da testemunha; a capacidade do
depoente, separado por idade, sexo e condição social; as relações afetivas e
o estado físico receberam estudo cientificamente sério.551 Daí não se admitir
generalizações, pré-excluindo juízo negativo sobre a testemunha (v.g.,
declarou sem apego à verdade).

1.990. Critérios da apreciação da prova testemunhal

A peroração dos advogados no debate oral traz subsídios valiosos à


apreciação da prova testemunhal Os juízos aí externados a respeito do
conjunto dos depoimentos padecem de nítido viés partidário e, por isso, não
se mostram definitivos. O advogado buscará localizar, selecionar e apresentar
os elementos favoráveis às alegações de fato do seu cliente. Do ponto de
vista da emissão do juízo de fato, da seleção das alegações cuja veracidade
encontra-se suficientemente demonstrada, a única apreciação proveitosa é a
do juiz.552

A apreciação equilibrada e homogênea do conjunto dos depoimentos os


encarará por dois ângulos distintos: (a) formal: o juiz descartará os
depoimentos tomados sem a estrita observância da validade do procedimento
probatório em todas as etapas (v.g., excluindo o depoimento da testemunha
coagida por uma das partes, porque prova ilícita); (b) material, envolvendo
aspectos (ba) extrínsecos (v.g., a capacidade de a testemunha transmitir
conhecimento; a “razão do dito” ou forma de aquisição desse conhecimento) e
(bb) intrínsecos (v.g., a sinceridade, exatidão, autenticidade e pertinência do
relato e das respostas). Não é empresa fácil e simples. A apreciação justa e
equilibrada do acervo probatório demanda tempo, esforço intelectual,
experiência, sensibilidade e muita, mas muita boa vontade da pessoa
investida na função judicante. É mais delicada e importante tarefa confiada ao
órgão judiciário.553

Fatores diversos presidem essa apreciação, orientando o juiz a conferir


peso maior a um depoimento (e basta um para entender provada a alegação
de fato) em detrimento de outro(s). Em estudo minucioso, sobre o exame das
condições da testemunha, apresentou-se o seguinte roteiro, reproduzido com
adaptações: (a) crítica das condições mentais da testemunha no momento da
percepção e da transmissão (v.g., a testemunha que, após a percepção,
sofreu acidente neurológico que a impede de falar); (b) crítica das condições
físicas de perceber (v.g., o caso do cego e do surdo), de guardar na memória
(v.g., a capacidade memorizar frases literais das partes) e de declarar (v.g., a
fluência verbal); (c) crítica das condições de relatar (v.g., a designação de
pessoas, de coisas e de fenômenos) e do próprio relato (v.g., as vacilações e
contradições secundárias); (d) crítica das condições morais da testemunha
(v.g., a desenvolta testemunha que, assalariada por litigante habitual,
comparece para testemunhar em dos litígios similares), pois é evidente que
há pessoas íntegras e outras capazes de tudo; (e) crítica das condições
sociais da testemunha (v.g., o agricultor inculto não percebe bem certos
eventos, mas explica magnificamente a lida do campo), sopesando as
relações profissionais e políticas da testemunha; (f) crítica das condições do
depoimento (v.g., o tempo e o lugar da deposição).554

Faltam levantamentos empíricos a esse propósito, mas dificilmente se


localizará ato decisório guarnecido da análise completa e exaustiva. O
julgador chega intuitivamente a conclusões firmes e as apresenta como
assentes na prova, entendendo incompatíveis com o juízo as versões
diferentes da adotada.555 Não há dúvida de que intuição, sentimentos e
vontade compõem os intricados processos mentais do juiz na elaboração do
juízo de fato; porém, é duvidosa a constitucionalidade, no âmbito da
motivação exigida no art. 371, da ausência do devido cotejo entre os
depoimentos, explicando as razões por que a testemunha A pareceu mais
crível que a testemunha B, ou vice-versa. Ao menos, é preciso indicar por que
o depoimento de A converge com os demais elementos de prova, ou por que
o depoimento de B diverge desses elementos.556 O art. 489, § 1.º, I a VI,
ocupou-se preferentemente das razões de fato, mas o ponto calha à hipótese
do inciso IV, entendendo-se argumentos como invocação dos elementos de
prova.

Da liberdade concedida pelo juiz, todavia racionalmente adstrita à


ponderação dos elementos arrolados, resulta a possibilidade de a convicção
suficiente para emitir o juízo de fato basear-se no depoimento de uma única
testemunha interessada na solução do litígio, ou no depoimento de informante
(art. 447, § 4.º), descartando a versão convergente de duas testemunhas
compromissadas.557

Capítulo 87. PROVA PERICIAL


SUMÁRIO: § 409.º Prova pericial em geral – 1.991. Conceito de perícia –
1.992. Natureza da perícia – 1.993. Obrigatoriedade da perícia – 1.994.
Etapas da perícia – 1.995. Variantes da perícia – 1.995.1. Dispensa do laudo
– 1.995.1.1. Natureza da dispensa do laudo – 1.995.1.2. Requisitos da
dispensa do laudo – 1.995.1.3. Momento da dispensa do laudo – 1.995.1.4.
Efeitos da dispensa do laudo – 1.995.2. Substituição da perícia – 1.995.2.1.
Origem da substituição de perícia – 1.995.2.2. Natureza da substituição da
perícia – 1.995.2.3. Requisitos da substituição da perícia – 1.995.2.4.
Momento da substituição da perícia – 1.995.2.5. Efeitos da substituição da
perícia – § 410.º Espécies de perícia – 1.996. Classificações das perícias –
1.996.1. Perícia judicial e perícia extrajudicial – 1.996.2. Perícia eventual e
perícia obrigatória – 1.996.3. Perícia antecipada e perícia incidente – 1.996.4.
Perícia direta e perícia indireta – 1.996.5. Perícia simples e perícia complexa
(combinada) – 1.996.6. Perícia informativa e perícia opinativa – 1.997.
Modalidades da prova pericial – § 411.º Objeto da perícia – 1.998.
Determinação do objeto da perícia – 1.998.1. Certificação da veracidade do
fato alegado – 1.998.2. Apreciação do fato alegado – 1.998.3. Certificação da
veracidade de outra prova – 1.999. Limitações políticas do objeto da perícia
(inspectio corporis) – § 412.º Cabimento da perícia – 2.000. Casos de
inadmissibilidade da perícia – 2.000.1. Desnecessidade de conhecimento
especial – 2.000.2. Desnecessidade da perícia – 2.000.3. Impossibilidade da
perícia – 2.001. Casos de obrigatoriedade da perícia – 2.002. Momento da
admissão da perícia – § 413.º Perito – 2.003. Funções do perito – 2.004.
Nomeação do perito – 2.004.1. Designação oficial do perito – 2.004.2.
Atitudes do perito após a designação – 2.005. Número de peritos – 2.006.
Capacidade para ser perito – 2.006.1. Perito relativamente incapaz – 2.006.2.
Perito analfabeto – 2.006.3. Perito estrangeiro – 2.007. Qualificação para ser
perito – 2.007.1. Qualificação profissional do perito – 2.007.2. Qualificação
oficial do perito –2.007.3. Dispensa da qualificação profissional – 2.008.
Escusa do perito – 2.008.1. Prazo da escusa – 2.008.2. Motivo da escusa –
2.008.3. Decisão sobre a escusa – 2.008.4 Consequências da escusa –
2.009. Substituição do perito – 2.009.1. Substituição por motivos preexistentes
– 2.009.2. Substituição por motivos supervenientes – 2.009.3. Procedimento
da substituição – 2.009.4. Sanções do perito substituído – 2.009.5.
Recorribilidade da substituição – 2.010. Poderes do perito – 2.011. Deveres
do perito – 2.012. Direitos do perito – § 414.º Assistente técnico – 2.013.
Funções do assistente técnico – 2.014. Número de assistentes técnicos –
2.015. Habilitação do assistente técnico – 2.016. Disciplina processual do
assistente técnico – § 415.º Etapa inicial da perícia – 2.017. Admissão da
perícia – 2.018. Prazo da perícia – 2.019. Atitudes das partes posteriores à
admissão da perícia – 2.019.1. Autonomia dos atos posteriores à admissão da
perícia – 2.019.2. Preclusão dos atos posteriores à admissão da perícia –
2.019.3. Âmbito subjetivo dos atos posteriores à admissão – 2.019.4. Escolha
conjunta do perito – 2.020. Formulação dos quesitos principais – 2.020.1.
Forma dos quesitos principais – 2.020.2. Objeto dos quesitos principais –
2.020.3. Efeitos dos quesitos principais – 2.021. Indicação dos assistente
técnicos – 2.022. Recusa do perito – 2.022.1. Oportunidade da recusa do
perito – 2.022.2. Forma da recusa do perito – 2.022.3. Motivos da recusa do
perito – 2.022.4. Procedimento da recusa do perito – 2.022.5. Efeitos da
recusa do perito – 2.023. Controle do questionário – 2.023.1. Indeferimento
dos quesitos impertinentes – 2.023.2. Formulação dos quesitos oficiais – §
416.º Etapa operativa da perícia – 2.024. Data e local do início dos trabalhos –
2.024.1. Origem e forma da intimação do início dos trabalhos – 2.024.2.
Destinatários da intimação do início dos trabalhos – 2.024.3. Conteúdo da
intimação do início dos trabalhos – 2.024.3.1. Local da perícia – 2.024.3.2.
Data da perícia – 2.024.4. Finalidades da intimação do início dos trabalhos –
2.024.5. Consequências da falta de intimação do início dos trabalhos – 2.025.
Forma dos trabalhos – 2.026. Direção dos trabalhos – 2.027. Fiscalização dos
trabalhos – 2.028. Incidentes nos trabalhos – 2.028.1. Prorrogação do prazo
da perícia – 2.028.2. Formulação de quesitos suplementares – 2.028.2.1.
Oportunidade da formulação dos quesitos suplementares – 2.028.2.2.
Legitimidade para formulação dos quesitos suplementares – 2.028.2.3. Objeto
da formulação dos quesitos suplementares – 2.028.2.4. Procedimento da
formulação dos quesitos suplementares – 2.028.2.5. Efeitos da formulação
dos quesitos suplementares – § 417.º Etapa final da perícia – 2.029.
Documentação da perícia – 2.029.1. Requisitos do laudo pericial – 2.029.1.1.
Requisitos extrínsecos do laudo pericial – 2.029.1.2. Requisitos intrínsecos do
laudo pericial – 2.029.2. Momento do laudo pericial – 2.029.3. Efeitos do laudo
pericial – 2.030. Intimação das partes da juntada do laudo pericial – 2.031.
Crítica das partes ao laudo pericial – 2.031.1. Conteúdo da crítica ao laudo
pericial – 2.031.2. Efeitos da crítica ao laudo pericial – 2.032. Produção do
parecer dos assistentes – 2.032.1. Prazo da apresentação do parecer técnico
– 2.032.2. Conteúdo do parecer técnico – 2.032.3. Efeitos da falta de
apresentação do parecer técnico – 2.032.4. Apreciação do parecer técnico –
2.033. Pedido de esclarecimentos – 2.033.1. Oportunidade do pedido de
esclarecimentos – 2.033.2. Forma e conteúdo do pedido de esclarecimentos –
2.033.3 Efeitos do pedido de esclarecimentos – 2.034. Controle oficial do
laudo – § 418.º Renovação da perícia – 2.035. Admissibilidade da segunda
perícia – 2.035.1. Momento da admissão da segunda perícia – 2.035.2.
Procedimento da segunda perícia – 2.035.3. Recorribilidade da admissão da
segunda perícia – 2.036. Objeto da segunda perícia – 2.037. Efeitos da
segunda perícia – § 419.º Força probante da perícia – 2.038. Livre apreciação
da prova pericial – 2.039. Motivação na apreciação da prova pericial.

§ 409.º Prova pericial em geral

1.991. Conceito de perícia

A pessoa natural investida originária e derivativamente no cargo de


magistrado no primeiro grau em graus superiores tem denominador comum: a
condição mínima de bacharel em direito. O juiz é, por definição, letrado na
ciência jurídica. Por vezes, como acontece com o homem e a mulher indicada
para o cargo de ministro do STF, a CF/1988 potencializa esse predicado,
exigindo nada menos que “notável saber jurídico” (art. 101, caput).

Ora, em determinadas causas a resolução da questio facti dependerá de


saber afeto a outras áreas da ciência, da técnica ou da arte, amiúde com
trabalho de campo mais ou menos complexo. O procedimento especial da
pretensão à demarcação (finium regundorum) estrutura-se segundo a
necessidade de levantar a linha divisória entre os imóveis como etapa
indispensável ao julgamento da causa, haja ou não revelia. Assim, o art. 579
determina a designação de um ou mais peritos para levantar o traçado da
linha demarcanda, exemplo frisante de perícia combinada. Em princípio, o
agrimensor realizará levantamento planimétrico da área litigiosa. Obtido esse
dado, o(s) perito(s) fixará(ão) a linha divisória, valendo-se para tanto,
consoante o art. 580, “os títulos, os marcos, os rumos, a fama da vizinhança,
as informações de antigos moradores do lugar e outros elementos que
coligirem”. Finda essa atividade, a linha demarcanda será fixada na sentença
(art. 581, caput). Em tese, nada impede que os encarregados do trabalho de
campo também se encarregassem de julgar a demarcatória.1 Experiência
secular e a esta altura já consolidada, recomendou confiar o julgamento da
causa, senão com exclusividade, ao menos com larga preponderância ao
jurisconsulto – o maître du droit.2

À pessoa investida na função judicante, todavia, faltam ordinariamente


conhecimentos mais profundos e consistentes em áreas de saber diferentes
da jurídica. As modalidades de investidura privilegiam o domínio da ciência
jurídica. Não integram as habilidades do juiz, volvendo ao exemplo ministrado,
efetuar levantamentos topográficos e identificar marcos em campo aberto.

Por outro lado, as matérias que fomentaram vocação precoce e a


curiosidade de amador do magistrado, antes do ingresso na magistratura,
permanecem em segunda plana. Não têm a extensão e a atualidade
indispensáveis para emitir juízo de fato.3 Tampouco se pode presumir que as
partes e seus procuradores desfrutem de análoga iniciação ou depositem
confiança nos conhecimentos especiais e particulares do magistrado.

As atividades intrínsecas às demais áreas de saber nem sempre se


harmonizam com o decoro e a dignidade da função judicante. Ao propósito,
observou-se: “Não ficaria bem ao juiz, conforme as circunstâncias, subir a um
telhado ou descer ao fundo de um poço, muito menos beber vinhos diferentes
para conceituar suas características”.4 Além da observância do decoro na
função, nem todos os juízes e juízas têm aptidão física para subir e descer
incólumes de telhados e consumir álcool sem prejuízo dos próprios sentidos –
estado que lhes prejudicaria os julgamentos.

Reclamando a causa conhecimentos técnicos, científicos, artísticos ou


práticos, além da experiência comum – “onde termina o campo acessível ao
homem de cultura comum ou propício às presunções judiciais, ali começa o
das perícias” –,5 para resolver a questio facti, o juiz necessitará recorrer a um
auxiliar especial: o perito. E a atividade desse auxiliar é o meio de prova
disciplinado nos arts. 464 a 480 do NCPC.

Impende realçar, desde logo, o notável aprimoramento desse meio de


prova no NCPC, oportunamente destacadas as soluções preconizadas para
antigos problemas.

O perito é a “pessoa douta, versada ou entendida, na ciência, arte ou


ofício” no concernente aos fatos da causa.6 É o chamado “entendido de fato”
(Sachverständiger): a pessoa que, em virtude do seu peculiar conhecimento
especial, auxilia o juiz (Helfer des Richters) na apuração da veracidade das
alegações das partes quanto aos fatos que originaram o litígio.7 O perito
adquire a condição, em virtude da incumbência que recebe do órgão judiciário
(inclusive no caso do art. 471) de particular em colaboração eventual com a
Administração da Justiça, a teor do art. 149 – qualidade jurídica que não
altera a natureza da atividade e a função probatória da opinião do experto –
,8 ressalva feita ao caso de peritos oficiais (v.g., art. 478, caput).

Essa posição de colaborador da Justiça advém do fato que, de ordinário, o


perito não encontra-se vinculado a órgão da Administração Pública, sendo
remunerado pelas partes. Não convém que o Estado mantenha às suas
custas todos os especialistas concebíveis. Faltariam recursos para remunerá-
los condignamente e, conforme as circunstâncias, o catálogo se mostraria
incompleto e insuficiente: em determinados casos, nenhum dos especialistas
do serviço público exibiria o conhecimento específico e necessário para
auxiliar o juiz a emitir o juízo de fato. O Estado só contrata previamente
especialistas em certas áreas sensíveis (v.g., médicos legistas), nas quais a
constância dos fatos, o elevado custo da expertise, o clamor da mídia e a
repetição do problema em processos distintos justificam o gasto público. No
processo civil, é o caso dos médicos que realizam o exame de DNA e dos
equipamentos para essa finalidade, mencionada a possibilidade do emprego
de servidor público, aliás, no art. 95, § 3.º, I.

A perícia surgiu na derradeira fase do processo civil romano (v.g., para


apurar a gravidez) e, no direito canônico diferenciou-se o testis
peritus do peritus arbiter.9O sistema das ordálias tornava supérflua a prova
científica, mas o processo inquisitório difundiu a perícia, explicitamente
consagrada, na forma de avaliação, na Ordenação de Blois, de 1579.10 Mas,
antes disso, o gênio português previu os arbitramentos, no Livro 1, Título 13, §
16, das Ordenações Afonsinas,11 que é a fonte remota, dentre outros
aspectos, do art. 464, caput.

Em sua feição vigente, funcionando o perito como protagonista da perícia,


controverte-se (a) a condição jurídica do experto; e (b) a natureza da sua
atividade, haja vista as funções desempenhadas (retro, 994). São duas
questões separadas. Da resposta dada à primeira, e, no direito pátrio, o perito
é auxiliar do juiz (retro, 993), não se define necessariamente a segunda. Daí
por que a perícia constitui meio de prova no direito brasileiro. Encontra-se
disciplinada no sítio apropriado: a Seção X – Da Prova Pericial – do Capítulo
XII – Das Provas – do Título I – Do Procedimento Comum – do Livro I da
Parte Especial. O único reparo à sistemática consiste na localização das
regras gerais do direito probatório que deveriam integrar a parte geral. A
caracterização da atividade do perito como medida de instrução, fora dos
meios de prova, hostiliza o modelo legal, a despeito das simpatias que arranjo
provoca na literatura processual ibero-americana.12

Como quer que seja, impõe-se definir a perícia, assunto que também
reuniu alvitres das mais distintas cepas. Dispensando a originalidade, a
perícia é a atividade processual desenvolvida por terceiro dotado de peculiar
conhecimento técnico, artístico, científico ou prático que traz ao juiz subsídios
para apurar a veracidade das alegações de fato controvertidas no processo.

1.992. Natureza da perícia

O perito desempenha duas funções no conjunto das suas atividades: (a)


percepção; (b) dedução (infra, 2.003). O perito distingue-se da testemunha,
inclusive na primeira atividade, porque não transmite ao juiz o conhecimento
eventual sobre os fatos que originaram o litígio, nada obstante em razão de
conhecimento especial (v.g., o engenheiro especialista em trânsito
testemunhou o acidente), mas juízo sobre tais fatos por encargo do juiz.13

Essa duplicidade das tarefas acometidas ao perito repercutiu na natureza


da perícia. Também promoveu investigação mais acurada da condição
jurídica do perito (v.g., na distinção com a testemunha). A tradição enquadra a
perícia como meio de prova. Entretanto, o CPC italiano de 1940 situou o
perito dentre os auxiliares do órgão judiciário e, para realçar-lhe a estatura e
definir a função,14 designou-o de “consulente”,15 ou seja, consultor técnico. Em
tal concepção, a atividade do perito guarda íntima conexão com a do próprio
magistrado.16 Assim, a perícia (consulenza tecnica) não se situa, no direito
italiano, dentre os meios de prova, mas constitui medida de instrução da
causa.17 O perito atua como intermediário entre a realidade, imperceptível sem
conhecimentos especiais, e o órgão judiciário. O perito “assiste” o juiz, nessa
medida, na produção de atos processuais (decisórios ou não).

É um debate em aberto, sujeito a dúvida mais do que fundada, inclusive


na literatura italiana.18 Entretanto, a concepção italiana influenciou mais de
uma opinião autorizada,19 como revela extensa compilação sobre o tema.20 Os
seguintes dados devem ser considerados: (a) a irrelevância do vínculo
entretido pelo perito com o órgão judiciário, porquanto é indiferente que seja
serventuário da justiça, no máximo um técnico de estabelecimento oficial
mantido por outros órgãos da Administração Pública (v.g., o perito médico-
legal, a teor do art. 478, caput), ou particular em colaboração com a
Administração da Justiça, como é a regra no direito brasileiro (art. 149); (b) a
indiferença do fato de o perito ser designado pelo juiz, ou escolhido pelas
partes (art. 471), e da perícia realizar-se ex officio, ou depender de
requerimento de uma das partes, assunto que respeita à distribuição de
tarefas entre o órgão judiciário e as partes; (c) recair a atividade do experto
sobre fatos alegados pelas partes, e controvertidos, não lhe cabendo ir além
desses limites (art. 473, § 2.º); (d) a atividade do perito, quer como percepção,
quer como dedução, realizar-se-á na forma legalmente estabelecida.

A lei brasileira seguiu a índole cultural do povo, inclinado à conciliação e à


transigência, encampando solução intermediária e conveniente. Disciplinou a
perícia no procedimento comum, reconhecendo-lhe a natureza de meio de
prova, em harmonia com o art. 212, V, do CC; e situou o perito dentre os
auxiliares do juízo (art. 149) – arranjo singular; por exemplo a Ley de
Enjuiciamiento Civil espanhola não arrola o perito como auxiliar nas partes
que trata do órgão judiciário –,21 preferencialmente particular sem vínculo com
a Administração. Lícito deduzir que a lei brasileira distingue a posição do
perito perante o juiz, resultante da escolha, de ordinário realizada pelo órgão
judiciário (art. 465, caput, parte inicial: “O juiz nomeará perito…”), e o
resultado da atividade do perito. Esta é meio de prova. Por sua vez, o perito é
a pessoa “investida no múnus público de assessorar tecnicamente o juiz”.22

1.993. Obrigatoriedade da perícia

Dependendo a prova da alegação de fato feita pela parte de conhecimento


técnico e científico, reza o art. 156, caput, o “juiz será assistido por perito”.

Logo se nota que a regra omitiu e ignorou dois grandiosos universos, nos
quais, por identidade de razões, o juiz socorrer-se-á da intermediação de um
entendido para investigar os fatos controversos: os do conhecimento artístico
e do prático. Nem sempre o conhecimento artístico se reduz à técnica e à
ciência.23 A autenticidade de uma obra de arte atribuída a um Portinari, ou a
um Di Cavalcanti, apurar-se-á por meios científicos. O técnico encetará
exames meândricos, inacessíveis aos leigos, envolvendo a base da obra, os
pigmentos, e assim por diante. Mas, a avaliação dessa mesma obra,
declarada autêntica e apreendida judicialmente, exigirá conhecimento de
outra índole – por sinal, mais prático do que artístico. Por esse motivo, a
avaliação de imóveis, legalmente de competência de engenheiro, pode ser
feita por corretor, a quem tocaria apenas opinar sobre o valor dos negócios
imobiliários (art. 3.º, caput, da Lei 6.530/1978).24 Não é o único caso de
qualificação flexível (infra, 2.007). Um exemplo de conhecimento artístico à
disposição do juiz soa incontestável – a atribuição da autoria de obra de arte
contemporânea, em disputa sobre direitos autorais, repousará, sobretudo, no
conhecimento e sensibilidade da pessoa designada.

É em outro aspecto que o art. 156, caput, chama atenção: o caráter


imperativo da forma verbal. E, de fato, havendo necessidade de conhecimento
científico, técnico, artístico ou prático para resolver questio facti, inexiste
discrição judicial: a realização de perícia é dever inexorável do órgão
judiciário.25

O art. 464, § 1.º, I, confirma essa orientação, autorizando o indeferimento


da perícia se “a prova do fato não depender de conhecimento especial de
técnico”. O exame do parágrafo revela que se mostra lícito ao juiz descartar a
perícia apenas se ela mostrar-se desnecessária (o conhecimento para
resolver a questão é comum), inútil (a veracidade da alegação de fato, ou não,
já se encontra apurada) ou impossível (o perito não tem acesso às fontes de
prova) – casos que, arrolados como fundamentos da “facultatividade” da
perícia,26 na verdade nada tem a ver com sua real obrigatoriedade. Por óbvio,
a perícia não é, absolutamente, o único meio de prova para o juiz adquirir o
conhecimento que necessita para deslindar determinadas alegações de fato.
Existem, a par do expert witness, ou depoimento técnico (retro, 1.849), as
variantes da dispensa do laudo (art. 464, § 2.º) e da substituição da perícia
pelo parecer escrito (art. 472).

O STJ exprimiu o ponto no direito anterior: “A prova pericial, embora sendo


prova do juízo, quando requerida, só pode ser dispensada nas hipóteses dos
arts. 420 ou 427 do CPC [de 1973], sob pena de cerceamento de
defesa”.27 Em outra oportunidade, assentou: “… quando o fato a ser
demonstrado exigir conhecimento técnico ou científico, a realização da prova
pericial torna-se direito da parte, não podendo o magistrado indeferi-la”.28 É o
entendimento correto.

Em sentido contrário, argumenta-se indispensável perícia “se o juiz não


tiver aqueles conhecimentos; realmente, quando o juiz os tiver, não seria
acertado exigir seu assessoramento por outrem, quando ele mesmo
entendesse dispensável”.29 Ora, o juiz é especialista em direito e não pode
funcionar como perito (art. 144, I). Eventual conhecimento do juiz em outras
áreas de saber não substitui a perícia, “pois esta é a via própria para a
introdução no processo, sob contraditório, das declarações de ciência e dos
juízos técnico-científicos de que se tem necessidade para o deslinde da
demanda”.30 Em outras palavras, como a prova se produz indistintamente para
todos os sujeitos do processo (princípio da aquisição ou da comunhão), e
orienta a atuação das partes, o princípio que o destinatário da prova é
somente o juiz (iudici fit probatio) não tem caráter absoluto.31 O juiz encontra-
se vinculado, em virtude da própria função, a adquirir conhecimento
especializado através da perícia e das variantes legalmente admissíveis.
Esses são os meios submetidos ao contraditório e ao controle das partes na
formação do juízo de fato.32 A bem da verdade, e o ponto já recebeu realce,
desconhecem-se casos (ao menos, formalmente) em que o juiz haja negado a
admissão da perícia fundado na circunstância de dominar conhecimento ou
ter experiência em área alheia ao direito.33 Os conhecimentos especiais do
juiz servem, residualmente, para fundamentar a sua discordância da
conclusão do laudo (art. 479).34

Entenda-se bem: o juiz decidirá, livremente, acerca da admissibilidade da


prova pericial, talvez desnecessária para formar o seu convencimento. Por
sinal, o custo e a demora na produção da prova pericial sugeriram
simplificações, em mais de um ordenamento, a exemplo da constatação e da
consulta35 – embora com resultados modestos e duvidosos.36 Entre nós, o
texto originário do CPC de 1973 já contemplava formas de constatação (v.g.,
o dever de o oficial de justiça descrever os bens do devedor que guarnecem a
residência ou o estabelecimento, hoje previsto no art. 836, § 1.º) e de consulta
para o juiz resolver certas questões, como acontece na correção da escolha
nas obrigações de gênero (hoje prevista art. 812, in fine: “… se necessário,
ouvindo perito de sua nomeação”). Posteriormente, o art. 421, § 2.º, do CPC
de 1973 autorizou o juiz a colher o depoimento do perito e do assistente em
audiência “a respeito das coisas que houverem informalmente examinado ou
avaliado”, modalidade substituída pela inquirição de especialista (art. 424, §
3.º), assaz próxima do expert witness.

No entanto, existindo a necessidade de se apropriar de conhecimento


científico, técnico, artístico ou prático para julgar ou executar, não poderá
dispensar o auxílio do expert, substituindo a intermediação do especialista por
suposto conhecimento próprio. O problema não surgirá em matérias
complexas. Não se vá pensar que o juiz empregará seu conhecimento sobre
genética. O risco agora conjurado ocorre em assuntos triviais e prosaicos. Por
exemplo, A move ação de reparação de dano contra B, alegando que, por
erro de projeto ou de construção, o banheiro da casa exala odores fétidos; o
juiz, ignorando a proposição da perícia pelo réu, julga procedente o pedido,
atribuindo ao réu responsabilidade e invocando seu suposto conhecimento em
casos tais: as emissões se originam da falta de curva nos encanamentos.
Essa plausível motivação só pode ser utilizada com respaldo na opinião de
experto.

Em uma área do conhecimento humano, ao menos, o juiz dispensará


qualquer auxílio de terceiros: a jurídica. Em ação de arbitramento de
honorários, há decidiu o STJ que a designação de perito não se mostra
imperiosa, porque o juiz desfruta da “melhor experiência para tal aferição,
uma vez que é profissional do direito, espectador e destinatário de toda prova
e de toda atividade vertida nas demandas judiciais”.37

Por sinal, cumpre acrescentar que o objeto da perícia são questões de


fato, ou seja, as alegações de fato contraditadas das partes.38 Ela não pode
versar questões de direito, porque curia novit est. Eis o motivo por que o art.
238 do Code de Procédure Civile (designação vigente) declara,
peremptoriamente, que o perito “ne doit jamais porter d’appréciations d’ordre
juridique”. A finalidade dessa restrição “est d’éviter que le technicen remplisse
indirectement la fonction de juge”.39
1.994. Etapas da perícia

O procedimento da prova pericial disciplinado nos arts. 464 a 480 se divide


em três etapas bem distintas.

A primeira etapa inicia com a admissão da perícia, na decisão de


saneamento e organização do processo, observando o juiz a obrigatoriedade
de recorrer a especialista para decidir a respeito da alegação de fato
controvertida (ou questão de fato), a regra negativa do art. 464, § 1.º, I a III,
acrescida da substituição contemplada no art. 472 e a variante do art. 464, §
2.º, nessa oportunidade adotada, ou não, e findará com a designação da data
e local para ter “início a produção da prova” (art. 474).

A etapa inicial da perícia compreende atos preparatórios à produção da


prova propriamente dita. É mais consentâneo chamá-la de etapa inicial, em
atenção à finalidade, englobando os seguintes atos: (a) a escolha do perito
(art. 465, caput, c/c art. 468, caput), que pode ser delegada a outro juízo,
produzindo-se a prova por carta (art. 465, § 6.º), refletindo-se nos atos
subsequentes, bem como a constituição da perícia consensual (art. 471); (b) a
nomeação do assistente técnico, que é da estrita confiança da parte (art. 465,
§ 1.º, II), e a formulação de quesitos (art. 465, § 1.º, III); (c) a escusa do perito
(art. 467); (d) a recusa do perito (art. 467); e (e) a substituição perito, ao
menos no caso do art. 468, I; (f) o controle do questionário (art. 470); (g) a
designação do dia e local do início da perícia (art. 474).

Chama-se à etapa seguinte, em que se produz a prova, de etapa


operativa, porque abrange os atos “de operação” do perito.40 É singularmente
escassa a disciplina dessa atividade. Por um lado, nenhuma lei apreenderia a
variável atuação do perito nas três espécies de perícia consagradas no art.
464, caput, ou seja, no exame, na vistoria e na avaliação; de toda sorte, o art.
478, § 3.º, previu a coleta de paradigmas no caso de o exame ter como objeto
letra ou firma, disposição que evidencia a ausência de poderes coercitivos do
perito. Mas, por outro lado, mostrava-se pouco explicável a omissão de regra
específica quanto ao controle do juiz, todavia existente na versão originária do
CPC, e, principalmente, ao controle das partes, tão essencial ao garantismo.
Evoluiu o NCPC nesse sentido, consagrando o dever de o perito assegurar o
acesso e acompanhamento das diligências e dos exames aos assistentes
técnicos das partes, mediante comunicação com cinco dias de antecedência.
A etapa operativa findará com a entrega do laudo (art. 477, caput, c/c art.
473). O art. 473, § 3.º, traça os poderes do perito e dos assistentes. Fora daí,
a seu respeito, somente três disposições curam de eventualidades: (a) a
formulação de quesitos suplementares, no curso das diligências (art. 469); (b)
a prorrogação do prazo da perícia, em virtude de justo motivo alegado pelo
perito (art. 476); e (c) a substituição do perito retardatário (art. 468, II),
sujeitando-o a multa, à comunicação ao órgão de classe e à restituição dos
honorários antecipados.

A terceira etapa da perícia é a da documentação. Esta etapa inicia com a


entrega do laudo escrito (art. 477, caput) e compreende: (a) a intimação das
partes para a crítica do laudo (art. 477, § 1.º); (b) a entrega dos pareceres
técnicos, havendo as partes indicado assistentes (art. 477, § 1.º); (c) os
esclarecimentos escritos do perito (art. 477, § 2.º), recepcionando a lei a
prática anterior; e (d) os esclarecimentos orais do perito e dos assistentes,
caso necessário (art. 477, § 3.º). A apreciação da prova pericial é objeto do
art. 479.

A seção que cuida da prova pericial contempla, ainda, disposições


concernentes à renovação da perícia, ou realização de outra perícia, no art.
480 e parágrafos, compreendendo saber: (a) iniciativa das partes e do juiz
(art. 480, caput); (b) cabimento (art. 480, § 1.º); (c) procedimento idêntico ao
da primeira (art. 480, § 2.º); (d) apreciação conjunta dos laudos (art. 480, §
3.º). Não há modificações no concernente ao direito anterior, exceto quanto à
distribuição dessas matérias apenas no art. 480.

1.995. Variantes da perícia

Dos meios de prova disciplinados na lei processual, a perícia tem custo


elevado, alcançando valores exorbitantes e desproporcionais ao bem da vida
em jogo – os honorários periciais dependem do mercado –, dilapida tempo e
esbanja atividade processual em abundância. Em que pesem defeitos tão
graves, comprometendo a celeridade e a economia, encara-se a perícia sem
maiores hostilidades ou reprovações. O motivo é trivial. A perícia produz-se
independentemente da audiência de instrução, porque o juiz, em geral,
substitui os esclarecimentos por explicações escritas, possibilitando-lhe
conhecer diretamente do pedido após a obtenção dos esclarecimentos dessa
prova (retro, 1.798.1.2), e, dessa maneira, harmoniza-se com o princípio da
escritura (retro, 104.1).

Reformas parciais do CPC de 1973 experimentaram relativa modernização


do meio de prova, instituindo variantes menos custosas: (a) a dispensa do
laudo, conforme a natureza do fato, autorizando o juiz a inquirir o perito e os
assistentes técnicos na audiência de instrução e julgamento, a respeito das
coisas que houvessem informalmente examinado ou avaliado; (b) a
substituição da perícia por pareceres escritos, produzidos pelas partes,
unilateralmente, na petição inicial e na contestação, ou mesmo “documentos
elucidativos” da questão de fato. O art. 464, § 2.º, e o art. 472 seguiram, em
termos, as duas linhas.

Esses sucedâneos refletem tendências antagônicas. O primeiro teve


escassa repercussão, pois a realização da audiência de instrumento e
julgamento constitui acontecimento a ser evitado a todo transe, designada só
quando estritamente necessária. Por mais simples que seja especialista
responder aos quesitos oralmente, e produtivo submetê-lo incontinenti à
crítica da parte a quem desfavoreça suas opiniões, qual arremedo de cross
examination, dificilmente o juiz substituirá laudo escrito e o julgamento direto
do pedido para designar audiência de instrução e julgamento por essa
audição. Ao contrário, o sucedâneo do parecer escrito agrada à vocação
escrita do procedimento comum.

As boas intenções do legislador transparecem nas duas medidas. Ciente


que o paciente não responde ao tratamento convencional, não hesitou em
prescrever terapêuticas alternativas, sem nenhum acanhamento pela implícita
contradição da duplicidade de meios adotados.

1.995.1. Dispensa do laudo – O art. 464, § 2.º, na verdade autoriza o juiz a


dispensar a apresentação do laudo escrito, substituindo-o pela audição de
especialista, chamada de perícia simplificada, eventualmente auxiliada por
“recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens” (art. 464, § 4.º). É
preciso examinar os problemas dessa variante na devida ordem.

1.995.1.1. Natureza da dispensa do laudo – Essa disposição não se


identifica cabalmente com o expert witness do sistema da Common Law,
todavia admissível como prova atípica (retro, 1.849). É simples variante no
procedimento da perícia, designada de “perícia simplificada”.

O art. 464, § 4.º, alude a especialista na matéria. Este especialista ou é


designado pelo juiz, na forma legal, ou escolhido pelas partes de comum
acordo, respeitadas as condições do art. 471. Presume-se que essa variante
seja adotada na decisão de saneamento e organização do processo (art. 357,
II), mediante designação desde logo ou abertura de quinquídio às partes para
escolha conjunta. Por outro lado, a variante só tem lugar quando a questão de
fato for de menor complexidade (art. 464, § 2.º), e, nada obstante, exigir
conhecimento técnico ou científico (art. 464, § 3.º, in fine), olvidando a regra,
outra vez, o universo artístico e prático. O especialista há de ter formação
acadêmica específica na área objeto do seu conhecimento (art. 464, § 4.º). A
rigor, essas disposições dispensam a apresentação do laudo e dos pareceres
técnicos. Inegavelmente, haverá economia de atividade: a confecção do
laudo, respondendo aos quesitos; a entrega em juízo; a intimação das partes;
a fluência do prazo para entrega do(s) parecer(es) técnico(s); a crítica das
partes ao laudo; os esclarecimentos orais ou escritos do perito e dos
assistentes – tudo fica postergado e concentrado na audiência, transformadas
as manifestações escritas (laudo, impugnação e esclarecimentos) em orais.

O art. 464, § 2.º, simplificou o procedimento da produção da prova pericial;


porém, ainda se trata de perícia. A designação de perícia “simplificada” retrata
perfeitamente a variante do meio de prova.41

1.995.1.2. Requisitos da dispensa do laudo – Não é lícito presumir que em


área tão sensível quanto o direito de provar o órgão judiciário dispense o
laudo a seu critério, nem sequer a redação desalinhada do art. 464, § 2.º,
sugere arbítrio. Cuida-se de faculdade, pois o juiz “poderá” substituir o experto
e o(s) assistente(s) técnico(s) por especialista, mas subordinada aos
seguintes requisitos: (a) natureza do fato (“… quando o ponto controvertido for
de menor complexidade”); (b) haja necessidade de conhecimento especial.

Nenhuma dessas condições afigura-se de compreensão intuitiva. Vale


mais o sentido geral: perícias singelas prescindem da etapa final do
procedimento completo.

Em relação à “complexidade do ponto controvertido”, obviamente questão


de fato (ou inexistiria controvérsia e, quanto aos pontos de direito, iura novit
curia) a atividade do perito simplifica-se em determinadas situações: por
exemplo, controvertem o vizinho A ou B a respeito da distância da janela,
propiciando o devassamento da intimidade, ou do excesso de barulho,
hipóteses em que o especialista, quiçá acompanhado de assistentes, acorrerá
ao local e realizará medições com os instrumentos próprios, a fim de
apresentar as suas conclusões oralmente ao juiz, bastando tomar nota dos
registros do aparelho.
Não há restrição ao campo da perícia. A inspeção ocular de imóvel, ou
vistoria, mostrar-se-á cabível, inexistindo razão de fundo para excluí-la.
Também ela recairá sobre coisas Exemplo de exame é a já mencionada
distância da janela; de avaliação, a apuração do valor de um automóvel, cujo
funcionando, ademais, comporta exame; e de vistoria, a visita ao imóvel
locado recentemente desocupado pelo perito, a fim de narrar o estado em que
se encontra, relativamente ao descrito na perícia extrajudicial juntada aos
autos. No direito anterior, havia impossibilidade de exame de pessoas.42 São
exames simples, a mais das vezes (v.g., o exame de gravidez), e, a despeito
da necessidade de recolher material orgânico e aquilatar as consequências da
recusa, talvez demonstrada por gravação (art. 464, § 4.º), não impede o
exame de pessoa.

A simplicidade do objeto da perícia traduz a redução do procedimento da


prova técnica. Não haverá diminuição das garantias naturais na etapa
operativa. Eventualmente, lícito às partes indicarem assistente(s) técnico(s), a
fim de acompanhar o especialista, sem embargo de idêntica iniciativa das
partes, a fim de prestar esclarecimentos e apresentar as observações
necessárias, tomando nota das pesquisas feitas no exame, na vistoria e na
avaliação.

1.995.1.3. Momento da dispensa do laudo – Em princípio, o juiz decidirá a


forma completa ou incompleta da prova pericial na declaração de
saneamento, ou seja, na oportunidade da admissão do meio de prova (retro,
1.812.2). As partes ficarão advertidas, pois, do itinerário a ser seguido. É
tentador afirmar que, à vista dos quesitos, o juiz talvez considere oportuno
abreviar o procedimento da perícia, invocando o art. 464, § 2.º; mas, na altura
da decisão de saneamento já se configuraram, ou não, os pressupostos da
variante. Nessa linha de raciocínio, decisão posterior do juiz, após consulta
informal ao perito e informado da simplicidade do caso, pode determinar a
inquirição até o termo final da entrega do laudo (art. 477, caput).

1.995.1.4. Efeitos da dispensa do laudo – Determinada a perícia


simplificando, aliviando a entrega do laudo escrito e atos subsequentes, na
decisão de saneamento e organização do processo ou posteriormente,
completadas normalmente as duas primeiras etapas, o especialista e
eventuais assistentes tomarão as notas imprescindíveis à elucidação da
matéria. É preciso que os meios empregados pelo experto sejam claros e
passíveis de reprodução e, como sói ocorrer em ciência, falsificáveis (infra,
2.038). Responderá às perguntas formuladas. Em seguida, responderá à
inquirição do juiz, cabendo às partes, na devida ordem (primeiro o autor,
depois o réu), formular suas perguntas. No tocante ao(s) assistente(s) técnico
(s), se houver(em), o juiz o inquirirá em primeiro lugar, seguindo-se quem o
indicou e, depois, a contraparte. O regime é do interrogatório da testemunha.43

O especialista e o(s) assistente(s) técnico(s) deverão ser previamente


intimados da data em que se realizará a audição isolada ou, se for o caso de
coleta de prova testemunhal, da audiência. Para esse fim, aplica-se o art. 465,
§ 2.º, III, mediante a indicação dos contatos profissionais (rectius: endereços
físicos e telefones), bem como do endereço eletrônico. Por analogia, aplica-se
o prazo de antecedência de dez dias, previsto no art. 477, § 4.º. Faculta-se à
parte levar seu assistente técnico independentemente de intimação; porém,
não significa que possa levar qualquer especialista, recrutado na última hora,
mas somente o que indicou previamente.44

A perícia abreviada do art. 464, § 2.º, exige mais do perito, e, a fortiori, dos
assistentes técnicos, e não menos. Fator que desestimula o uso da variante.

1.995.2. Substituição da perícia – A técnica do parecer escrito sucedâneo


da prova pericial arranca de premissa oposta à da inquirição do perito em
audiência. No art. 472, importa a forma documental do parecer escrito, e a
produção de “documentos elucidativos”, opportuno tempore, o que ensejará o
vantajoso (na perspectiva quantitativa) julgamento antecipado do art. 355, I.
Evitam o juiz e as partes a dispendiosa, trabalhosa e – principalmente –
inconveniente audiência de instrução e julgamento.

1.995.2.1. Origem da substituição de perícia – A técnica de coleta por


escrito da opinião técnica, científica ou artística unilateral surgiu nas
pretensões de reparar dano ocorrido em acidente de trânsito na via terrestre.
Nessas causas, a prova da existência do dano, entrementes reparado o
veículo danificado por conta do proprietário, e do respectivo valor, em
princípio reclama perícia. Flagrantemente, o meio de prova se afigura
excessivamente custoso e demorado nessa espécie de causa, além de
incompatível com a notável concentração de atos do procedimento. Em
substituição à prova cabível, ainda na vigência do CPC de 1939 desenvolveu-
se o expediente de o autor juntar três distintos orçamentos, ao menos um
elaborado por concessionária autorizada, optando o juiz, mediante simples
cotejo, pelo valor mais módico.45 O STJ admite tal espécie de prova unilateral
e precária: “A apresentação de orçamento idôneo, não elidido por elementos
hábeis pela parte contrária, é suficiente para a comprovação dos danos
alegados pelo autor”.46

Explica-se, assim, a referência a “documentos elucidativos” suficientes ao


esclarecimento da questão como meio sucedâneo da prova pericial, de outro
modo menção enigmática.

A excelência da confecção técnica do CPC de 1973 contrastava


violentamente com as incertezas e deficiências das reformas parciais. O
elevado nível de apuro deveu-se notoriamente à firmeza de vontade única e
da sua inteligência. Seria espantoso que a ela escapasse a substituição da
prova pericial pela juntada de três orçamentos em demanda tão trivial. Ora, do
art. 420, parágrafo único, II, do CPC de 1973, reproduzido no art. 464, § 1.º, II,
já se extraía a inadmissibilidade da perícia quanto “desnecessária em vista de
outras provas produzidas”. É verdade que a regra reproduz disposição
análoga do art. 255 II, do CPC de 1939, com ligeira mudança de redação, e
assenta firmemente na tradição do direito pátrio;47 mas, é lícito conjecturar
que, perante disposição dessa clareza, entendeu desnecessária referência
especial ao caso.

Por óbvio, não se esgota no exemplo da juntada dos três orçamentos a


possibilidade de o juiz basear seu convencimento, como se apurará na
motivação, na prova documental, ou seja, em prova que lhe permita apurar a
veracidade das alegações de fato controvertidas sem o concurso da cultura
média e do recurso às regras de experiência. Não raro documentos subscritos
por entendidos, mas sem a feição de parecer ou de lado, exprimem opiniões
esclarecedoras dos fatos que originaram o litígio.

A substituição da perícia pela juntada de parecer técnico encontrava-se


implícita no art. 68, IV, da Lei 8.245/1991, ao prever, na ação revisional do
aluguel, assunto que exige conhecimento além da experiência comum do juiz
– senão conhecimento científico, no mínimo prático –, que o juiz “determinará
a realização de perícia, se necessária”. A cláusula “se necessária” aliada ao
caráter imperativo da regra sugeria fortemente a possibilidade de o juiz valer-
se de outros elementos probatórios (a contraprova referida na regra).48 E, de
fato, as partes não se acanhavam em produziu na petição inicial e na
contestação tais pareceres.

1.995.2.2. Natureza da substituição da perícia – O parecer técnico que


instrui a petição inicial e influenciou a narrativa do autor, ou a contestação,
subsidiando o réu com argumentos técnicos contrários aos do autor, nada
mais é que perícia extrajudicial (infra, 1.996.1).

Do assistente técnico, o parecerista distingue-se em dois aspectos


irrelevantes: (a) o assistente técnico é objeto de indicação prévia nos autos;
(b) o assistente técnico tem o direito (e dever) de acompanhar o perito em
suas pesquisas, na etapa operativa da perícia.

Desse modo, o parecer técnico equivale funcionalmente à opinião do


assistente técnico da parte, prevista no art. 477, § 1.º, que também pode ser
acatada pelo juiz em detrimento do laudo, e na verdade substitui a produção
da prova pericial. Limitado que seja o contraditório, no respeitante à
elaboração do parecer técnico previstodo art. 472, a simples refutação das
conclusões do parecerista, certamente baseada no alvitre de outro
especialista, não torna obrigatória a perícia, porque haveria “dúvida
razoável”.49 Importa o convencimento do juiz, e, não, o contraste das opiniões
dos especialistas, como deixa claro o art. 479.

Por sua vez, os “documentos elucidativos” mencionados no art. 472


constituem prova documental pura e simples, cuja força probante, ou fé, é a
comum (v.g., a do art. 408, parágrafo único).

Em todas as hipóteses, verifica-se, realmente, redução do parâmetro de


constatação da veracidade (módulo) ou medida da prova para formar a
convicção do juiz. Em lugar do (a) modelo da convicção, segundo qual, ciente
o juiz que não é possível conhecimento absoluto, declara-se convencido da
veracidade da alegação do autor ou do réu (juízo de certeza), o art. 472 adota
o (b) modelo da verossimilhança, que reconhece essa fragilidade, mas
satisfaz-se com a probabilidade da veracidade da alegação (juízo de
verossimilhança).50

1.995.2.3. Requisitos da substituição da perícia – O art. 472 declara que o


juiz “poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na
contestação”, produzirem pareceres técnicos ou “documentos elucidativos” da
questão de fato. Essa cuidadosa redação preserva o contraditório e a
igualdade de partes.
É indispensável à incidência do art. 472, portanto, a observância desse
salutar requisito, relacionado com a obrigatoriedade da perícia (retro, 1.993):
ou ambas as partes principais se contentam com a perícia extrajudicial, ou o
juiz ordenará a realização da perícia judicial. Decidiu com invulgar acerto o
STJ: “A perícia judicial somente pode ser dispensada, com base no art. 427
do CPC [de 1973], se não comprometer o contraditório, vale dizer, quando
ambas as partes apresentam desde logo elementos de natureza técnica”.51

1.995.2.4. Momento da substituição da perícia – A atração exercida pela


substituição da prova pericial por documento, juntando parecer técnico, ou
não, avulta na possibilidade de o juiz conhecer diretamente do pedido sem
realizar audiência.

Entretanto, acontece de as partes proporem a prova pericial, nada


obstante a juntada bilateral de pareceres e de documentos, versando a
questão de fato, na oportunidade que lhes é assinada pelo juiz (retro, 1.827),
e os autos chegarem conclusos, na forma do art. 353, já madura a causa para
julgamento antecipado. Em tal hipótese, o juiz não pode surpreender as
partes, precipitando o julgamento, sem indeferir previamente a prova pericial.
O objetivo consiste em evitar a emissão de decisão “surpresa”. Essa solução
procrastina o desfecho do processo e consome atividade processual, mas a
verdade é esta: o respeito aos direitos fundamentais, incluindo os
processuais, tem um preço que convém pagar.

1.995.2.5. Efeitos da substituição da perícia – O parecer técnico a que


alude o art. 472 vale pelo peso e autoridade de quem o subscreve. A
apreciação das alegações de fato controvertida assentará em juízo de
verossimilhança. Mas, como já destacado, o atrativo do art. 472 desponta na
possibilidade de o juiz julgar antecipadamente com base no art. 355, I. Este é
o efeito primordial visado pela variante à prova pericial adotada no art. 472.

§ 410.º Espécies de perícia

1.996. Classificações das perícias

O art. 464, caput, declara que a prova pericial consiste em (a) exame; (b)
vistoria ou (c) avaliação. Essa classificação baseia-se em critério que
rearranjou as antigas categorias do arbitramento,52 alçado a espécie genérica,
e a vistoria, evolução objeto de exposição no item subsequente. O
arbitramento confina-se, atualmente, à avaliação (ou apuração) do valor em
dinheiro da prestação de serviços (v.g., o arbitramento dos honorários
advocatícios, previsto no art. 22, § 2.º, da Lei 8.906/1994), o cálculo abstrato
de indenizações, segundo certos parâmetros, ou de alguma obrigação.53

Existem outras classificações esclarecedoras da amplitude do meio de


prova. Segundo o ramo do saber do perito, as espécies se multiplicam quase
indefinidamente – perícia médica, florestal, contábil, e assim por diante –,54 e
subdividem-se em classes numerosas, sempre mirando a especialização; por
exemplo, a perícia médica compreende a psiquiátrica, a ortopédica e outras
espécies desenvolvidas na medicina forense. Determinados exames nessa
área recebem nomes típicos e sugestivos (v.g., autópsia).
As classificações mais promissoras para compreender as funções da
prova pericial na formação do convencimento do juiz são as seguintes: (a)
perícia judicial e extrajudicial; (b) perícia eventual e perícia obrigatória; (c)
perícia antecipada e perícia incidente.

1.996.1. Perícia judicial e perícia extrajudicial – Diz-se judicial a perícia


que se realiza sob a direção do órgão judiciário, no processo em curso ou
antecipadamente, em virtude do exercício de uma das pretensões que à parte
se afigura lícito veicular desse modo, respectivamente a pretensão à (a)
asseguração, à (b) produção e à (c) constituição da prova. Por exclusão,
chama-se de perícia extrajudicial a que não se realiza perante o órgão
judiciário, promovendo-a os interessados, ou um deles, no âmbito da
autonomia privada.55

É comum a perícia extrajudicial conjunta, também designada de


amigável,56 na fase formativa da locação predial urbana. Os futuros
contratantes previnem-se contra controvérsias e contratam experto para
vistoriar o imóvel, definindo suas condições no momento da transmissão da
posse direta ao locatário, elemento deveras valioso para formar o
convencimento do juiz se o locador reclamar reparação de alegado dano
imputável ao inquilino.57

O que é mais comum, e seguramente útil e proveitoso à solução dos


litígios sem o concurso da via judicial, consiste na possibilidade de a parte
socorrer-se de experto, a fim de certificar, esclarecer ou interpretar fatos,
consubstanciado em parecer escrito. Esse é a perícia extrajudicial típica. As
orientações técnicas, científicas ou artísticas ministradas por esse consultor
permitem ao cliente sopesar se os fatos lhe favorecem (v.g., perante a
alegação que o ruído do aparelho de ar condicionado excede os limites legais,
o proprietário obtém laudo privado, afiançando que não), ou não, orientam
barganhas com o adversário (v.g., embora o ruído do ar condicionado exceda
os limites legais, também o vizinho tem aparelhos nas mesmas condições) ou,
simplesmente, subsidiam o articulado do advogado na petição inicial da futura
demanda. A figura do assistente técnico mencionada no art. 465, § 1.º, II,
originou-se dessa prática. Era vetado, no procedimento das Ordenações
Filipinas (Livro 3, Título 20, § 41), juntar ao processo quaisquer arrazoados
produzidos por pessoas distintas dos advogados, abrangendo, destarte, os
pareceres do jurisconsultos, proibida a subministração de “conselhos” ao
julgador. Entre nós, seguindo tal orientação, negou-se, peremptoriamente, a
força probante de tais pareceres.58 Evolui-se no direito italiano até definir o
perito extrajudicial como consulente tecnico di parte, atuação teorizada como
forma de defesa técnica.59 Na feição vigente, o consultor técnico habilita-se a
despachar com o juiz, participando das discussões (no julgamento colegiado)
como salvaguarda do contraditório, produzindo, eventualmente, parecer
escrito com natureza de alegações técnicas defensivas.60

Longa é a tradição do parecer técnico a que alude o art. 472, sucedâneo


da perícia, e que exibe análoga força probante. A unilateralidade do parecer
técnico, que não se formou no seio da comunidade de trabalho formada no
processo, e sob o influxo do contraditório,61 representa dado significativo, mas
irrelevante: ou o parecer técnico fornecido pela parte basta à formação do
convencimento do juiz, e presta-se a mote da dispensa da prova pericial, ou
não satisfaz e proceder-se-á à perícia. E avulta que o art. 472 reclama a
apresentação bilateral de pareceres técnicos.

1.996.2. Perícia eventual e perícia obrigatória – Dá-se o nome de perícia


obrigatória aos casos em que a lei, antevendo a existência de alegações de
fato controvertidas, ou pela própria natureza da pretensão, impõe a realização
da perícia.62 É o caso da interdição: o art. 753, caput, parte final, determina ao
juiz que, após a oitiva do interditando e o prazo de contestação, realize prova
pericial. Era o caso, no direito anterior, da posse em nome de nascituro,
seguindo o exame da mulher as prescrições atinentes à prova pericial.63 Não
discrepa, mas funda-se em motivo diferente, a obrigatoriedade da prova
técnica na pretensão à demarcação, a teor do art. 579: havendo revelia, ou
não, o juiz “antes de proferir a sentença… nomeará um ou mais peritos para
levantar o traçado da linha demarcanda”. E, realmente, sem tal elemento de
prova mostrar-se-ia inútil e impossível acolher o pedido, ressalva feita à
iniciativa de as partes juntarem pareceres técnicos, baseadas no art. 472
(perícia extrajudicial). O direito anterior designava os peritos de arbitradores;
porém, importa a designação obrigatória.64

São casos de perícia obrigatória: (a) na desapropriação, determinando o


art. 14, caput, do Dec.-lei 3.365/1941, que o juiz nomeie “perito de sua livre
escolha, sempre que possível, técnico”, ao admitir a petição inicial; (b) na
ação acidentária.65

Chama-se de “facultativa” à perícia “no sentido de que pode ser ordenada,


a requerimento ou de ofício, segundo o critério geral que faculta ao juiz deferir
ou negar a admissão de provas”.66 Critério este, urge acrescentar, predisposto
no art. 464, § 1.º. Não é a nomenclatura adequada a essa espécie de perícia.
O juiz não tem a faculdade de admitir a perícia, ou não, no caso concreto, pois
se encontra, na realidade, constrangido a empregar tal meio de prova toda
vez que a resolução da questão de fato depender de conhecimento técnico,
científico ou artístico. A terminologia correta é a de perícia eventual. O juiz
ordenará a perícia, obrigatoriamente, na eventualidade do surgimento ou não,
de alegação de fato controvertida em determinado processo a depender do
conhecimento especializado.

A classificação das perícias em eventuais ou obrigatórias interessa à


admissão da prova pericial (infra, 2.000). O juiz não tem a prerrogativa de
dispensar a perícia ou um de seus sucedâneos nos casos de perícia
obrigatória.

1.996.3. Perícia antecipada e perícia incidente – Uma das modalidades de


perícia é a de futuro, ou seja, a perícia judicial feita antecipadamente, pela
qual assegura-se, produz-se ou constitui-se prova ad perpetum rei
memoriam ou para futura memória. A essa espécie, contrapõe-se a perícia
incidente, realizada na demanda em que caberá ao juiz admitir e,
principalmente, apreciar o meio de prova.67

Era assaz controversa a possibilidade da vistoria, ou inspeção do perito


em imóveis, mas apresentava cabimento incontroverso no direito
anterior.68 Ainda na metade do século XX em França não se considerava
perícia (expertise) senão a prova produzida no processo em curso.69
O art. 846 do CPC de 1973 indicava como objeto da antecipação o “exame
pericial”. A disposição nem sequer atendendo ao quod plerumque fit, porque é
corriqueiro pedir vistorias, mas raramente exames. É curioso, mas verdadeiro:
o art. 676, VI, do CPC de 1939 aludia às vistorias e aos arbitramentos,
omitindo referência ao exame,70 situação parcialmente invertida no art. 846 do
CPC de 1973. Este se contentou com o exame e olvidou as demais formas de
perícia (vistoria e avaliação). O defeito não é definitivo. Demonstrou-se o uso
da palavra “exame”, apesar do seu sentido estrito, também em termos
amplos, equivalendo a “perícia”.71Por óbvio, exames antecipados mostram-se
admissíveis; por exemplo, verificar a densidade das fundações do edifício,
antes que seja demolido.

Outra é a técnica do art. 382, caput, do NCPC, pouco inclinado a


especificações restritivas. Limita-se a mencionar “prova”, assegurando o art.
382, § 3.º, ademais, a produção de qualquer contraprova, salvo provocando
demora excessiva.

Realmente, inexistia motivo para excluir a vistoria e a avaliação, todavia


meios hábeis à conservação da memória de determinados fatos passíveis de
modificação pela simples passagem do tempo, sem deixar vestígios
relevantes.72

Objetava-se, entretanto, que a simples estimativa econômica de valor não


se submete a perigo de dano.73 A falta desse requisito tornava desnecessário
antecipar a avaliação. Segundo tal entendimento, o risco concebia-se no
tocante aos fatos que servem de parâmetro à avaliação; verificando-se
semelhante perigo (v.g., o novo proprietário da gleba rural presumivelmente
destruirá as benfeitorias que seriam indenizáveis), o legitimado recorreria à
vistoria, obtendo memória do fato, ficando a apuração do valor para momento
ulterior. Também se sustentava que a atribuição de valor em dinheiro
ultrapassaria “o objeto de mera providência assegurativa da prova”.74 Era
flagrante o erro de perspectiva: como enuncia o art. 381, nem sempre a
produção antecipada funda-se na urgência.

Essas considerações não impediram a avaliação antecipada do art. 475-A,


§ 2.º, do CPC de 1973 na pendência de recurso com efeito suspensivo contra
o provimento liquidando. Deduzida a pretensão de forma incidente, aí já não
se cuidará de avaliação emergencial (segurança para a execução), mas de
avaliação antecipada em sentido próprio (execução para segurança). E, com
efeito, a liquidação do art. 512 do NCPC realizar-se-á em termos definitivos,
empregando para tal finalidade o conteúdo e o alcance do título executivo tal
como existente no momento da liquidação. Fica apurado o quantum
debeatur de uma vez por todas, definido o valor da prestação objeto da futura
execução (cumprimento da sentença), mas sob a condição que o provimento
passível de liquidação não sofra modificações por força do recurso pendente.
Ora, a avaliação ou o arbitramento assim produzidos ou calhariam às figuras
da pretensão à produção antecipada de prova, em sentido próprio, ou da
pretensão à constituição de prova, autônoma e satisfativa. O art. 512 é
pretensão dessa última espécie, pois prescinde do requisito da urgência.

Em termos mais gerais, não se pode rejeitar a avaliação antecipada,


subsumindo-a numa das previsões do art. 381, tal como expressamente
admite o direito alemão no § 485, segunda parte, da ZPO.75 E, de fato, não
parece tão absurdo quantificar hoje o que também é possível quantificar
amanhã. E, de resto, às vezes se afigura muito difícil quantificar hoje o que
poderia ser quantificado ontem, a exemplo do valor pretérito de um imóvel. As
distorções que perturbam a apuração do valor da indenização do imóvel, na
chamada desapropriação “indireta”, demonstram suficientemente o
argumento. Logo, para apurar, por exemplo, o valor atual e originário do dano,
ocorrendo receio que a mudança dos fatos provoque distorções no futuro.
Não se tratará, entretanto, de asseguração de prova, mas de produção
antecipada de modalidade de perícia.

Enfim, a futura memória abrangerá as três espécies do art. 464, caput: o


exame, a vistoria e o exame.

1.996.4. Perícia direta e perícia indireta – Na perícia direta, o perito utiliza


as fontes de prova – pessoas, coisas e fenômenos naturais ou artificiais –
para certificar e apreciar os fatos que originaram o litígio. Assim, o perito
examinará a pessoa (em geral, viva; mas, na necropsia, o cadáver é a fonte),
a coisa (v.g, a avaliação do anel de diamantes), o fenômeno natural ou
provocará, reproduzindo ou não acontecimento pretérito, fenômeno artificial
(v.g., a análise química do leite impróprio para o consumo humano).

Eventualmente, as fontes de prova não se encontram disponíveis no prazo


da perícia ou desapareceram na voragem do tempo. É comum, para os fins
do art. 464, § 1.º, III, distinguirem-se duas classes de fatos: (a) transitórios e
permanentes; (b) pretéritos e atuais. Fatos pretéritos e transitórios, por sua
natureza, mostrar-se-iam insuscetíveis aos sentidos do experto (instrumento
de percepção), e, conseguintemente, inviabilizam a formulação do juízo de
fato (instrumento de dedução). Se tais fatos deixaram vestígios (v.g., o exame
dos escombros permitirá determinar a causa do incêndio ou da ruína do
prédio),76 ainda se tratará de perícia direta; entretanto, às vezes o evento ou a
conduta não deixam vestígios. Por exemplo, e fitando as fontes de prova: (a)
a cremação do cadáver da pessoa, e a dissipação das suas cinzas no mar; (b)
o desmonte do anel, subdividindo-se os diamantes em número indeterminado
de peças e transformando o ouro em lingote; e (c) a destruição total do leite,
porque gerou o alarme que seu consumo levaria à morte. O desaparecimento
das fontes de prova e a inexistência de vestígios, tornam impraticável a
perícia.

Ora, cogita-se nessas situações da chamada perícia indireta: o experto ou


reconstituirá, artificialmente, o evento e a conduta, ou empregará outras
fontes (v.g., o cadáver da pessoa que faleceu logo após ter consumido leite) e
provas (v.g., as fotografias do cadáver logo após a morte) produzidas no
processo para tirar suas conclusões.77

A possibilidade de perícia indireta dever ser considerada na aplicação do


art. 464, § 1.º, III, e terá como objeto a certificação da veracidade da prova.

1.996.5. Perícia simples e perícia complexa (combinada) – De ordinário, a


perícia envolve uma área específica de conhecimento, a exemplo da perícia
médica, deferida para apurar se a infecção que vitimou a pessoa teve origem,
ou não, na internação hospitalar. A esta perícia chama-se de simples,
concorram nela um ou mais infectologistas.
As perícias envolvem mais de uma área de saber, assumindo forma
complexa ou combinada, em determinados casos. Por exemplo, havendo
controvérsia das partes, o juiz necessita apurar a causa do desabamento do
prédio e da morte do seu ocupante, pois um dos litigantes imputa
responsabilidade pelo primeiro evento ao construtor, originando a morte do
familiar, mas o outro alega que o ocupante já falecera por causas naturais; o
juiz necessita apurar a natureza do alegado vício construtivo, e, ainda, a
possibilidade e, se for o caso, o valor do reparo, bem como a perda financeira
decorrente da falta de licença de habitação decorrente desse
vício.78 Raramente uma só pessoa reúne a qualificação profissional para
investigar ambos os assuntos.79 Nesses casos, o art. 475 autoriza o juiz a
nomear mais de um perito, sem bulir com a diretriz da escolha de perito único.
Ocorrerão, na realidade, duas perícias. E, por esse motivo, admite a indicação
de mais de um assistente técnico pelas partes.

1.996.6. Perícia informativa e perícia opinativa – O perito funciona como


instrumento de percepção e instrumento de dedução (infra, 2.003). Essa
diversidade de funções sugeriu duas espécies de perícia: (a) informativa, que
se destina a “revelar a ocorrência de fatos que, sem os conhecimentos
técnicos, científicos ou especializados do perito, não poderiam ser apurados”
(v.g., a tinta do dano na lataria do automóvel A é do automóvel B); e (b)
opinativa, na qual o perito interpreta os fatos (v.g., a dinâmica do acidente de
trânsito).80

1.997. Modalidades da prova pericial

Em tempos recuados, os meios para introduzir conhecimento técnico,


científico ou artístico no processo dividiam-se em duas espécies: (a)
arbitramento, quanto o juiz recorria à opinião de terceiros; e (b) vistoria,
quando o juiz realizava inspeção ocular, com ou sem o auxílio de terceiros.81 É
o que, mutatis mutandis, chama-se atualmente de inspeção judicial (art. 481).
Segundo se notou,82 tal distinção perdurou até arranjo inovador que entreviu
no arbitramento o gênero, ou seja, o parecer do experto,83 englobando: (a) a
vistoria (inspeção ocular de imóveis); (b) o exame (parecer do experto que
não seja objeto de vistoria);84 e (c) a avaliação (apuração de valor ou preço).85

O art. 136 do CC de 1916 previu exames e vistorias (inc. VI), na


consideração que as respectivas operações ostentam-se similares,
respeitando a vistoria à inspeção ocular de imóveis, mas na linguagem
vulgar,86 separando-os do arbitramento (inc. VII), entendido no sentido geral
de avaliação.87

O CPC de 1939 reorganizou o assunto e englobou, na rubrica dos


“exames periciais” (Capítulo VII – Dos Exames Periciais – do Título VIII – Das
Provas – do Livro II), definindo a perícia como o meio “para prova de fato que
dependa de conhecimento especial” (art. 254 do CPC de 1939), sem lhe
mencionar as espécies. Tal não impediu os comentadores da lei de identificar
quatro espécies de “exames periciais”: (a) exame stricto sensu; (b) vistoria; (c)
arbitramento; (d) avaliação.88 O esquema não se harmonizava com o da lei
civil, mas não faltou quem a este se mantivesse fiel e indiferença à construção
doutrinária.89 A nenhuma dessas distinções aderiu, naturalmente, o autor do
anteprojeto que resultou no primeiro código unitário.90
Não se mostraria lícito, realmente, ignorar a diversidade de operações que
especificam as modalidades da perícia. Desse ângulo a distinção revela-se
útil.91 E, apesar da omissão do art. 254 do CPC de 1939, o estatuto
mencionava as modalidades aceitas em doutrina (v.g., o
arbitramento).92 Várias disposições do CPC de 1939 se referiam ao
arbitramento: o art. 676, VI (arbitramento preventivo); o art. 698 (arbitramento
da responsabilidade para especialização da hipoteca legal); art. 451
(arbitramento do meio valor da parede comum); arts. 907 e 909 (liquidação do
título judicial), acrescentando-se: “Em todos esses casos, o arbitrador é um
auxiliar da Justiça, um perito (em sentido amplo)”.93 Já a avaliação recebia
menção em disposições do CC de 1916 (v.g., arts. 408; 630; 637; 639; 698) e
nas do CPC de 1939 (v.g., fora da execução, art. 442), criticando-se a falta de
parâmetros específicos.94 Ao exame em sentido estrito aludiam, dentre outros,
os arts. 219; 607; 611, § 2.º; 614; 615; 620; 739, § 1.º e § 2.º; 740; 762; e 801,
§ 1.º, do CPC de 1939. E a vistoria deu nome ao Título XVII – Da Vistoria das
Fazendas Avariadas – e era citada nos arts. 294, V; 344, § 1.º; 676, VI; 762, §
1.º e 1.002.

Em obra até hoje sem paradigma, em tema de prova, precisou-se as


noções: (a) exame é “a inspeção, por meio de perito, sobre pessoa, coisas
móveis e semoventes”; (b) vistoria é essa mesma inspeção sobre
imóveis;95 (c) arbitramento consiste na apuração do valor do objeto litigioso,
em dinheiro, e recebe a designação especial de (d) avaliação quando se fixa o
preço da coisa.96 Segundo outra concepção, a vistoria é observação
extrínseca de objetos inanimados; o exame, a observação extrínseca de
objetos animados ou observação intrínseca de objetos inanimados, o que
constitui acréscimo valioso à definição dessas espécies.97

O art. 420, caput, do CPC de 1973 evitou o emprego da palavra


arbitramento, possivelmente para afastar o incômodo rótulo de árbitro ao
perito nessa modalidade, e se o direito anterior parecia pouco
inspirado,98 hesitante ou perdido no uso indiscriminado das palavras vistoria,
avaliação e arbitramento, CPC de 1973 não se livrou, absolutamente, das
imprecisões. Não só o arbitramento subsistiu, como modalidade de liquidação
das sentenças genéricas e forma de estimativa de valor (v.g., art. 18, § 2.º, do
CPC de 1973), como as palavras “exame” (art. 33 do CPC de 1973) e “exame
pericial” (arts. 202, § 2.º; 335, 400; 846; 849 e 851 do CPC de 1973)
equivalem em muitas disposições a prova pericial.99 E havia atividades
periciais marcadamente atípicas, por esse motivo aquinhoadas com epítetos
diversos: levantamento (art. 956 do CPC de 1973); estudo (art. 957 do CPC
de 1973); operação (arts. 957, parágrafo único; 959; 962 e 969 do CPC de
1973); trabalho (arts. 975 e 976 do CPC de 1973); cálculo (arts. 978, § 1.º;
979; 980, § 1.º, II, do CPC de 1973).

O NCPC brasileiro depurou a terminologia, mas revela nítida inclinação de


chamar a perícia de “exame pericial” (v.g., arts. 375, 443, II e 550, § 6.º), haja
ou não exame em sentido próprio, neste último sentido corretamente
enunciado no art. 260, § 2.º. A “trabalhos” se refere, como equivalente à
atividade do perito, o art. 597.

Essas considerações demonstram a dificuldade em rotular uniformemente


as atividades do perito e enquadrá-las em categorias estanques e inflexíveis.
Em linhas gerais, e como simples exemplificação,100 exame é a inspeção
sobre pessoas, coisas móveis, documentos e semoventes; vistoria recai sobre
imóveis; e a avaliação consiste na apuração de valor em dinheiro. O objeto da
demanda oferece perspectivas mais amplas.

§ 411.º Objeto da perícia

1.998. Determinação do objeto da perícia

A função do perito é a de transmitir ao juiz a sua percepção e a sua


apreciação sobre as alegações de fato controvertidas.

Ora, o objeto das alegações de fato são eventos ou condutas previstos


nas normas jurídicas. O conhecimento que o juiz adquire, por si ou através do
perito, em relação a esses elementos de incidência origina-se de três fontes
possíveis, segundo critério exauriente:101 (a) das pessoas, englobando elas
próprias (v.g., nainspectio corporis), bem como suas afirmações e atos; (b)
das coisas (v.g., da fotografia); e (c) de fenômenos naturais (v.g., a fileira de
árvores que delimitam dois terrenos) ou artificiais (v.g., o exame genético no
laboratório).102 A conduta que a norma jurídica utiliza como elemento de
incidência provém exclusivamente das pessoas; eventos, das coisas e dos
fenômenos naturais e artificiais. O juiz necessita do perito, porque a
veracidade das alegações de fato, envolvendo eventos e condutas, não pode
ser apurada senão com o conhecimento especializado do experto. Mas, o
objeto da perícia não se confunde com as fontes da prova, antes é o trabalho
sensorial ou intelectual do perito.

O trabalho sensorial e intelectual do perito envolve três aspectos: (a) a


certificação da veracidade do fato alegado; (c) a apreciação do fato alegado;
(c) a certificação da veracidade de outra prova produzida pela parte.

1.998.1. Certificação da veracidade do fato alegado – O trabalho sensorial


e intelectual do perito para apurar a veracidade da alegação de fato
controvertida envolve as três fontes de prova. Exemplos simples ilustram o
ponto: (a) a determinação do sexo da pessoa (fonte da prova: pessoa); (b) a
composição química de uma bebida (fonte da prova: fenômeno); (c) o estado
geral de um prédio (fonte da prova: coisa).

A espécie de perícia (art. 464, caput) varia nessas situações: nos dois
primeiros casos, há exame; no último, vistoria. Importa o predomínio da
função de percepção do perito.

1.998.2. Apreciação do fato alegado – A incumbência recebida pelo perito


abrange, de ordinário e fundamentalmente, a apreciação da alegação de fato
controvertida. Essa apreciação conclui-se pela formulação de um juízo de
fato. O juiz acatará, ou não, semelhante juízo (art. 479), motivadamente.

É o ponto que suscita o debate em torno da natureza da atividade do


perito; e, ademais, oferece o risco latente de o juiz deixar de ser o peritus
peritorum, transformando o experto em senhor absoluto da verdade e
usurpador da função judicante de que se encontra investido
constitucionalmente o juiz, reduzido a servus peritorum.103 O risco é mais
agudo na perícia científica. O exame do DNA supostamente oferece altíssimo
grau de certeza da paternidade, ou seja, probata probatissima equivalente às
ordálias e quase mágica,104 sem embargo de suas (atuais) limitações (v.g.,
não define quem é o pai, tratando-se de gêmeos univitelinos), mas dificilmente
o juiz pode refutar suas premissas científicas ou certificar-se do correto
manejo do material e do uso da técnica. Nada disso impede que, do exame do
DNA aos cálculos estruturais, os peritos emitam juízos de fato categóricos.

A apreciação do fato alegado envolve as três fontes de prova: (a) a perda


de audição do trabalhador deveu-se a anomalia orgânica (fonte da prova:
pessoa); (b) a ruína iminente do prédio deve-se ao fato de o construtor ter
empregado areia marinha no concreto das fundações ou a erro de cálculo do
engenheiro (fonte da prova: coisa); (c) a impropriedade do leite para consumo
humano deveu-se à contaminação por ureia no momento do transporte (fonte
da prova: fenômeno).

Em todos esses casos, predominará o juízo de fato. O perito partirá da


certificação da veracidade da alegação de fato (respectivamente, a perda de
audição, a ameaça de ruína e a impropriedade do leite), que depende do seu
conhecimento especializado, e ingressará no plano intelectual, empregando o
método específico da técnica, da ciência ou da arte na qual é especialista. O
perito concentra sua atenção nas causas e respectivos efeitos. O juízo de fato
se refere, indiferentemente, a fatos passados (v.g., a causa da perda de
audição) e a fatos futuros (v.g., a pessoa ficará completamente surda ou
não).105

A esse último propósito, convém recordar que o juiz adquire conhecimento


para reconstituir o passado, fixar rumos no presente e condicionar o futuro.
Essa última projeção – por exemplo, a definição do traçado da estrada que
exibirá o menor impacto ambiental – redefiniu, na sociedade pós-moderna, a
função judicante (retro, 77). Mas, é justo observar que a tônica do processo
civil sempre se concentrou mais na preparação do futuro, vinculando as
partes ao seu desfecho no porvir (auctorictas rei iudicate), do que em passar a
limpo o passado.

É nesse âmbito que parece preferível situar a prova das máximas de


experiência. Diz-se que a perícia oferecerá ao juiz a regra de experiência
(técnica, científica, artística, prática) aplicável à espécie, mas abstém-se de
formular seu próprio juízo (de fato).106 Em tal hipótese, o perito atua como
instrumento de dedução, mas finda o raciocínio antes de exprimir a conclusão
– a cargo do juiz. Além de excepcional,107 não constitui outro gênero: o perito
sempre oferece regra de experiência (técnica, científica, artística, prática)
individualizada ao juiz.

Parece óbvio, mas convém realçar que o perito ater-se-á estritamente às


alegações de fato controvertidas e objeto da sua incumbência (art. 473, § 2.º).
Pode consultar os autos. Recebendo informações adicionais de uma das
partes, a ele cumprirá consultar o juiz,108 obtendo permissão para usá-las.

1.998.3. Certificação da veracidade de outra prova – E, por último, o


trabalho sensorial e intelectual do experto abrange a certificação da
veracidade de outra prova. Em relação à prova documental, disciplinam a
pretensão da parte os arts. 430 a 433, relativos à “arguição de falsidade”. Os
meios materiais ou virtuais de reprodução de som e de imagens constituem
campo particularmente propício para pesquisas e verificações tendentes a
certificar-lhes a veracidade. O depoimento da testemunha também é passível
de certificação por vários meios (v.g., o polígrafo). A segunda perícia se
presta a corrigir inexatidões da primeira, a teor do art. 480, e nesse sentido,
apurar-lhe-á a veracidade, ou não. A segunda avaliação em razão do dolo do
avaliador (art. 873, I) explicita o ponto.

As fontes de prova interessam ao objeto da perícia negativamente. O art.


464, § 1.º, III, declara inadmissível a perícia quando a verificação do fato for
“impraticável”. Limites práticos sempre existirão (v.g., a ocultação da coisa,
objeto do exame, da vistoria e da avaliação), mas importam muito os limites
políticos do ordenamento. E, nesse sentido, a pessoa como fonte da prova
pericial, a chamada inspectio corporis, suscitou históricas controvérsias.

1.999. Limitações políticas do objeto da perícia (inspectio corporis)

A pessoa humana é valiosa fonte de prova. Em muitos casos, como na


ação anulatória do casamento, nos casos de ignorância quanto a defeito físico
irremediável ou moléstia grave e transmissível, esta capaz de pôr em risco a
saúde do outro cônjuge ou de sua descendência (art. 1.557, III, do CC), e de
doença mental grave que, por sua natureza, torne insuportável a vida em
comum (art. 1.557, IV, do CC), e na ação de interdição, fonte imprescindível
para a atividade pericial. Desde o problema posto no direito canônico, relativo
à prova da impotência masculina como causa hábil à anulação das bodas,
controverteu-se da possibilidade de obrigar o cônjuge ao exame médico.
Evoluiu-se da teoria que relativizava o princípio da inviabilidade da pessoa em
confronto com o interesse público na manutenção do vínculo à rejeição da
perícia forçada já no início do século XX.109 E, realmente, o exame coato
mostra-se incompatível com os direitos fundamentais.

A impossibilidade de acesso à pessoa como meio de prova obriga a


encontrar-se regra de julgamento. E, para essa finalidade, a solução técnica
hábil reside na instituição de presunção relativa da veracidade da alegação do
fato (v.g., a existência da doença grave e transmissível).110

A presunção mais notória dessa feição particular, instituída na lei civil,


avulta no art. 232 do CC: “a recusa à perícia médica ordenada pelo juiz
poderá suprir a prova que se pretendia obter com o exame”. E, consoante o
art. 231 do CC, a parte não poderá retirar da ausência dessa prova
consequências a seu favor. Por óbvio, esta presunção é relativa (Súmula do
STJ, n.º 301).111 O acervo probatório pode indicar o contrário. Por exemplo, o
réu na investigação da paternidade, apesar de recusar a coleta do material
necessário ao exame de DNA, prova que não se encontrava no País ao
tempo da concepção ou que sofria de infecundidade.112

§ 412.º Cabimento da perícia

2.000. Casos de inadmissibilidade da perícia

O art. 464, § 1.º, I a III, estipula os casos de inadmissibilidade da perícia.


Regra desse teor não tem paralelo no direito estrangeiro, no qual se prefere
formulações genéricas, mas é da tradição do direito pátrio.113 O antecessor
imediato do parágrafo é o art. 420, parágrafo único, do CPC de 1973 e, antes
dele, o art. 255 do CPC de 1939, nesse último caso, feitas ligeiras
modificações redacionais.

Apenas em caráter complementar à correlação entre o objeto da prova e


os meios prefixados para o juiz elucidar as questões de fato, o art. 464, § 1.º,
traça hipóteses de inadmissibilidade da prova pericial. Em outras palavras,
além de a alegação de fato (por exceção, a de direito) mostrar-se passível de
prova, e necessitar de prova na espécie, porque controversa – os fatos
incontroversos (retro, 1.317), notórios (retro, 1.318) e presumidos (retro,
1.319) independem de prova (art. 374) –, o juiz examinará se a proposição da
perícia supera, ou não, as restrições do art. 464, § 1.º. Inadmissível que seja a
perícia proposta pela parte, em tais termos, não lhe cabe ordenar idêntica
prova ex officio. A rigor, nesse limitado sentido – submissão às regras gerais –
pode-se dizer exemplificativa a enumeração legal.114 Disposição supérflua, de
resto, porque o art. 370, parágrafo único, já autoriza o juiz a indeferir a prova
inútil, chamadas de “diligências”.

2.000.1. Desnecessidade de conhecimento especial – O art. 464, § 1.º, I,


declara inadmissível a perícia no caso de a prova (rectius: o conhecimento)
não depender de conhecimento especial. O art. 255, I, do CPC de 1939 era
menos feliz, pois vinculou o fato ao conhecimento comum, e, não, “do juízo
especial de técnicos”, levando a construções impróprias.

Tal dispositivo não recorda a possibilidade de inspeção judicial, em que o


juiz far-se-á acompanhar de um ou mais peritos (art. 482), se for o caso, e as
alegações de fato que comportam prova testemunhal ou, conforme a utilidade,
perícia.115 É pura e simplesmente repetição, a contrario sensu, da regra geral
de admissibilidade da perícia, positivamente formulada no art. 156, caput. Por
sinal, o art. 443, II, descarta a prova testemunhal quanto às alegações de fato
passíveis de prova em “exame pericial”. Em realidade, o art. 464, § 1.º, I,
reafirma a obrigatoriedade da perícia: havendo necessidade de conhecimento
especial, não há como fugir do meio de prova. Como reafirmou o STJ, no
direito anterior, “a existência de erro médico cometido em cirurgia de hérnia
inguinal em recém-nascido, por suas peculiaridades técnicas, é questão que
só pode ser aferida mediante verdade”.116 Verdade que, no julgado, o
pronunciamento da instância ordinária favoreceu ao réu, e o STJ assentou a
premissa que “impossível considerar inexistente a obrigação de indenizar com
base na prova testemunhal”, mas a tese acidentalmente benéfica ao autor
vulnerável apresenta dois lados, como sói ocorrer nas declarações: não é
possível declarar existente ou inexistente o dever de indenizar sem prova
técnica.

Leis assumem sentidos novos, em conjunturas históricas distintas, e


respondem a outras razões. É o caso do art. 464, § 1.º, I, como agudamente
se percebeu, atendendo às certificações simples.117 Com efeito, no intuito de
aliviar o custo e acelerar a produção da prova, mas com duvidosa
eficácia,118 o Nouveau Code de Procédure Civile consagra duas variantes da
perícia (expertise): (a) a contestação (constatation), pela qual o oficial de
justiça certifica a veracidade do fato (v.g., a abertura de janela fora da
distância legal), como instrumento de percepção, sem adiantar juízo
(instrumento de dedução),119 talvez sucedâneo da inspeção, e, não, da
perícia; e (b) a consulta (consultation), através da qual o experto, sem
investigações, oferece juízo (instrumento de dedução) ao juiz.
O dispositivo é flexível o suficiente para amparar o juiz a indeferir a perícia,
porque na constatação inexiste necessidade de conhecimento “especial” de
técnico. Não é, por óbvio, o caso da perícia simplificada do art. 464, § 2.º,
caso em que há necessidade de “especial conhecimento científico ou técnico”
(art. 464, § 3.º).

2.000.2. Desnecessidade da perícia – O art. 464, § 1.º, II, declara


inadmissível a perícia quando “desnecessária em vista de outras provas
produzidas”. Em relação ao art. 255, II, do CPC de 1939, acrescentou-se o
adjetivo – “produzidas”. A explicitação se mostra importante e tem significado
preciso. Não é qualquer outra prova que pré-exclui a perícia, mas prova
bastante que haja sido introduzida no processo com a benção do contraditório
das partes. Resta definir qual seja.

Na oportunidade que o juiz decidirá sobre a admissibilidade da perícia, na


decisão de saneamento, e verifica a incidência, ou não, do art. 464, § 1.º, II,
as partes já produziram a prova documental (art. 434). À primeira leitura,
dependendo a apuração da veracidade da alegação de fato de conhecimento
técnico, cientifico ou artístico, além do domínio do homem e da mulher cultos
investidos na função judicante, a prova não se afigura idônea para esclarecer
a questão e, salvo por outro motivo, inadmissível o indeferimento.120 E, aí,
louve-se o apuro técnico já adotado no CPC de 1973, sensível à realidade do
seu tempo.

O art. 464, § 1.º, II, contempla a assaz elementar hipótese de a parte ter
produzido, na forma documental, mas com eficácia de prova de teor técnico,
científico ou artístico: (a) a prova emprestada; (b) a prova antecipada.
Exemplo de prova emprestada é o laudo genérico, originalmente produzido no
demanda que A moveu contra o Município B, mas tendo por objeto as
condições insalubres dos servidores desse Município, cargo por cargo, e,
portanto, apta a esclarecer a questão de fato na demanda de C contra o
Município B. E, relativamente à prova pericial objeto da pretensão à
asseguração (art. 381), ao juiz da causa principal toca privativamente admiti-la
e apreciá-la, a teor do art. 382, § 2.º. Os autos ficam à disposição dos
interessados em cartório, fornecendo-lhes o escrivão as certidões (art. 383),
que é a forma pela qual ingressa a prova nos autos da demanda principal.

O dispositivo não se limita a essas hipóteses, aplicando-se a outras


situações. O art. 472 autoriza a substituição da perícia por pareceres técnicos
e “documentos elucidativos” produzidos pelas partes. Ora, ainda na vigência
do CPC de 1939 desenvolvera-se prática muito bem aceita de substituir a
perícia pela juntada de três orçamentos para esclarecer o valor do dano na
trivial pretensão de reparação de acidente de trânsito na via terrestre. O art.
464, § 1.º, II, teve em mira chancelar a praxe salutar, posteriormente
oficializada pela Lei 8.455/1992 ao art. 427 do CPC de 1973, adicionando os
“pareceres técnicos”, ou perícia extrajudicial (retro, 1.995.2), equivalente ao
que o assistente apresenta após o laudo, a teor do art. 477, § 1.º.

2.000.3. Impossibilidade da perícia – A atividade do perito depende do


acesso às fontes de prova (pessoas, coisas e fenômenos naturais ou
artificiais). Ora, essas fontes talvez não estejam mais disponíveis ou não
sejam acessíveis no prazo da perícia. Assim, (a) a necropsia apurará a causa
da morte, mas a cremação do cadáver, dissipando-se as cinzas no mar,
inviabiliza a prova; (b) a avaliação do anel de brilhantes e outro, ou a
autenticidade da pintura atribuída a Portinari, tornam-se inviáveis nos casos
de destruição ou ocultação; (c) o acréscimo de ureia ao leite pode ser objeto
de exame da composição química do líquido, mas, igualmente, ficará
prejudicada inexistindo amostras em quantidade adequada.

O juiz indeferirá a perícia proposta, ou não a ordenará, fundado no art.


464, § 1.º, III. Eliminou-se, comparativamente ao art. 255, III, do CPC de 1939,
a referência à causa da impraticabilidade, ou seja, à natureza transeunte do
fato. Os exemplos evidenciam que circunstâncias supervenientes eliminam as
fontes de prova. Fatos transeuntes deixam vestígios periciáveis.121 Dos
escombros do desabamento do prédio ou do incêndio o perito consegue
determinar as causas do evento.

O caráter transeunte do fato não obsta a perícia indireta: ou o experto


reconstitui a fonte de prova (v.g., a destruição da aeronave no pouso não
impede o perito, ciente dos dados do voo registrados nos equipamentos,
reproduzir os segundos fatais no simulador), ou o experto investiga provas já
produzidas no processo (v.g., as fotografias da posição dos veículos após o
acidente de trânsito na via terrestre), opinando conclusivamente. O art. 464, §
1.º, III, não constitui impedimento às chamadas perícias indiretas (retro,
1.996.4).

À objeção que só o perito habilita-se a proferir o diagnóstico da


impraticabilidade,122 real e persuasiva, opõe-se o fato de o juiz, na decisão de
saneamento, localizar nos autos elementos que lhe permitam, a priori,
reconhecer a impossibilidade do exame, da vistoria ou da avaliação. Forçoso
reconhecer ao perito, deferida a perícia, o dever constatar e comunicar ao juiz
a falta das fontes da prova e, conseguintemente, a impraticabilidade da
perícia. É que acontecerá, de resto, no caso de o réu negar o fornecimento do
material genético indispensável ao exame do DNA. E, quando houver
necessidade de exibição da coisa, o experto recorrerá ao juiz, a fim de que
este tome as providências cabíveis contra o recalcitrante. Passa-se à
disciplina da exibição de documento ou de coisa, incidindo, in extremis, a
presunção do art. 400.

2.001. Casos de obrigatoriedade da perícia

O juiz se encontra adstrito a deferir a perícia, salvo a existência de outra


prova ou de impraticabilidade do exame, vistoria e avaliação (art. 464, § 1.º, II
e III), se o conhecimento do fato depender do concurso de especialista, pois
não lhe é dado empregar seus conhecimentos além das máximas de
experiência comum (art. 375).

A essa perícia eventual, porque se subordina à existência de questão de


fato dessa natureza, mas obrigatória, há casos em que a lei determina
categoricamente a produção da prova pericial. Regra expressa institui
presunção absoluta que, em determinadas causas, a veracidade das
alegações de fato sempre necessitará do concurso de especialista.

São casos de perícia obrigatória: (a) na demarcatória (art. 579); (b) na


desapropriação, determinando o art. 14, caput, do Dec.-lei 3.365/1941, que o
juiz nomeie “perito de sua livre escolha, sempre que possível, técnico”, ao
admitir a petição inicial; (c) na ação acidentária; (d) na pretensão à declaração
da falsidade ou autenticidade de documento (v.g., instrumento público,
instrumento particular, cédulas, síngrafos, quirógrafos, contas, recibos), a teor
do art. 19, II, c/c, art. 432.

2.002. Momento da admissão da perícia

O momento em que o juiz passa em revista os requisitos gerais de


admissão do meio de prova e os requisitos específicos da admissão da
perícia (art. 464, § 1.º, I a III) é o da decisão de saneamento (art. 357, II). O
juiz proferirá tal ato oralmente, na audiência preliminar (art. 357, § 3.º), ou por
escrito. O problema da iniciativa não tem relevo, concorrendo partes
principais, auxiliares e a coadjuvante, e o órgão judiciário. Também nessa
oportunidade o juiz adotará a inquirição de especialista, prevista no art. 464, §
2.º, embora seja lícito fazê-lo posteriormente, ou declarar-se-á satisfeito com a
prova técnica, científica ou artística que ingressou no processo na forma
documental (art. 472).

Deferindo a perícia, ou não, o provimento constitui decisão interlocutória,


não é mais passível de recurso autônomo, como no direito anterior.123 Ficará o
reexame da admissibilidade, ou não, postergado para as razões ou
contrarrazões de apelação.

§ 413.º Perito

2.003. Funções do perito

O experto tem atividade muito heterogênea. Dependerá da natureza do


litígio, na prática, a respectiva extensão. No geral, considerando o quod
plerumque fit, ao perito incumbem as seguintes tarefas: a avaliação de bens
de toda espécie, na execução ou não; a vistoria, medição e a definição de
limites de imóveis; a apuração das causas e das circunstâncias de um
acidente de veículos nas vias terrestre, aérea e aquática, atendo-se à
velocidade e às condições técnicas de funcionamento dos veículos
envolvidos, ou seja, aos aspectos dinâmicos e estáticos; realização exames
para apurar o teor de álcool no sangue, as condições físicas ou mentais de
uma pessoa, o diagnóstico e o prognóstico de enfermidades ou de perda de
membro, órgão e função, e genéticos para apurar a paternidade e a
maternidade; a apuração da autenticidade ou a falsidade de autógrafos,
documentos e obras de arte; a avaliação de livros e dados contábeis; e, por
fim, a investigação de dados provenientes de arquivos informáticos.124

Essa amplíssima atividade, mas atinente aos casos mais comuns, em


larga síntese desdobra-se em duas espécies: (a) percepção; (b) dedução.
Segundo os modelos de apreciação das fontes da prova (retro, 1.341),
considerando a semelhança da atividade com a que é inerente à função
judicante, o trabalho pericial tomará um de dois caminhos: (a) o perito
empregará o seu conhecimento técnico, científico ou artístico – a enumeração
do art. 156, caput, negligenciou essa especialidade particular –, apurando os
fatos e apreciando-os à luz da sua percepção, posteriormente transmitindo
suas conclusões ao juiz, e, neste caso, funciona como instrumento de
percepção; (b) apurados os fatos, o perito passará a “compreendê-los,
distingui-los, caracterizá-los, fornecendo ao juiz máximas ou regras técnicas,
científicas ou mesmo de experiência não ordinária, capazes de servir para a
interpretação dos mesmos fatos”,125 hipótese em que funcionará como
instrumento de dedução. Nessa última condição, transparece nítida a função
auxiliar própria do perito, fornecendo ao juiz a regra técnica, científica ou
artística concreta aplicável aos fatos já apurados.126

É muito comum o perito, no terreno da dedução, projetar as


consequências futuras de fatos presentes, especulando o porvir (v.g., a
avaliação das sequelas do dano à pessoa ou do valor do imóvel perante sua
previsível e direta afetação econômica).

Em todas as hipóteses em que o perito abandona o terreno mais firme e


definido da verificação dos fatos controversos, em que há a necessidade de
conhecimento técnico, científico ou artístico para essa finalidade, há o risco
latente de o perito assumir função judicante. Por força da natureza mesma do
fato, indecifrável sem conhecimento especial, o perito usurpa do órgão
constitucionalmente legitimado (que é somente o juiz) o controle efetivo do
respectivo resultado.127 O exame genético para apurar a paternidade é um
caso flagrante. Embora estabeleça o art. 479 que o juiz não se encontra
adstrito à conclusão pericial, podendo formar a sua convicção com outros
elementos ou fatos provados nos autos, dificilmente existirão elementos
idôneos para rejeitar as conclusões do perito, sem o emprego de outro
especialista; por sinal, aqui se entende que a introdução de outros elementos
da mesma natureza é indispensável – a segunda perícia (infra, 2.035). O
suposto caráter científico do parecer, emitido com bases irreproduzíveis pelo
profano, juiz ou não, tocado por certeza absoluta, inibe qualquer divergência.
Quanto mais complexa tecnicamente for o objeto da perícia, a opinião do
experto perde a sua função auxiliar e passa a de senhor dos fatos.128

O delicado problema da apreciação da prova científica, introduzida no


processo fundamentalmente através da perícia, subsidiariamente pelo expert
witness, receberá análise em item específico.

A função de percepção atribuída ao experto tampouco é inteiramente


isenta de riscos. Pode acontecer de o perito introduzir material de fato não
alegado, conseguintemente sem prévio contraditório, violando o processo
constitucionalmente justo e equilibrado.129 A coleta dos comprovantes
contábeis, baseada no art. 473, § 3.º, demonstra os perigos intrínsecos a tal
atuação. Não se desconhecem perícias que se valem de documentos
coletados diretamente pelos peritos; por conseguinte, sem considerar os
momentos oportunos da produção da prova documental e a preclusão. Se os
resultados do laudo desfavorecem a parte que, violando o princípio da
probidade, não juntou o documento em tempo hábil, parece razoável admitir a
atuação pericial sem restrições na perícia contábil.130

2.004. Nomeação do perito

As modalidades de escolha do perito subordinam-se à prevalência em


dado ordenamento processual do princípio dispositivo ou do princípio
inquisitório.

Reproduzem-se, aqui, os termos básicos do problema. O parecer do perito


subministrará elementos para o órgão judiciário desempenhar a contento a
atividade que lhe é própria e indelegável. Facilmente se compreende que o
juiz entregue a empreitada a pessoa da sua irrestrita confiança. No ângulo
oposto, a prova interessa precipuamente às partes. A atuação em juízo das
partes orienta-se pela regra de julgamento, em princípio a do art. 373, I e II
(distribuição estática), mas o juiz pode fixar outra na decisão de saneamento
(art. 357, III), dita distribuição dinâmica, prevista art. 373, § 1.º, ou as partes a
convencionarem (art. 373, § 3.º). A regra de julgamento assumirá, nesse
contexto, a função de autêntica regra de conduta (retro, 1.338.1). Às partes,
precisamente a que pretende persuadir o juiz a respeito da veracidade de
certa alegação de fato, interessa sobremodo a exatidão do parecer, motivo
bastante para a escolha de especialista de méritos incontestes. Ao regime
que confia às partes a escolha do perito, opõe-se séria e persuasiva objeção:
cada qual tenderia a indicar pessoa da sua confiança para atuar mais como
defensor partidário do que auxiliar imparcial do juiz.131

Concebem-se vários sistemas que, inclinando-se em determinado sentido


de modo prevalente, reúnem características heterogêneas, a saber: (a) as
partes designam livremente um perito cada qual, salvo quando acordam em
designar perito único, escolhendo o juiz o terceiro “desempatador” – na
prática, o especialista que dará a palavra final – ou os próprios peritos
partidários; (b) o juiz designa livremente o perito, sem qualquer intervenção
prévia das partes ou critério objetivo limitador da discrição judicial; (c) o juiz
designa o perito, mediante sorteio ou livre seleção, mas dentre os figurantes
de listas oficiais (v.g., organizadas por corporação ou associação de classe) e
previamente conhecidas. Essas tendências apresentam-se na constituição do
tribunal arbitral (retro, 27).

Em determinado período histórico, graças à influência dos princípios do


processo civil liberal (retro, 78), predominou o direito de as partes escolherem
o perito, intervindo o juiz em caso de desacordo. É digno de nota que o art.
129 do CPC de 1939, na versão definitiva do Dec.-lei 8.570/1946, realizava-se
a perícia por experto único, concordando as partes; do contrário, cada parte
indicaria de lado a lado o seu perito, nomeando o juiz o terceiro “para
desempate por um dos laudos dos dois antecedentes, caso não se contente
com um destes”.

O processo civil social imprimiu maior autoridade ao órgão judiciário.


Concedeu-lhe a exclusividade da escolha de perito único (art. 421, caput, do
CPC de 1973) em cada área de saber. A possibilidade de perícia extrajudicial
não implicava exceção a esse princípio político.132 E a designação do perito
pelo juiz respeitaria os atributos da capacidade e da habilitação técnica. Fora
daí era substancialmente incensurável.133 É o sistema prevalecente em
ordenamentos estrangeiros.134

Não há uniformidade no tratamento legislativo dessa liberdade. No direito


espanhol, marcado pelo liberalismo – o juiz não tem iniciativa probatória –, o
perito judicial é escolhido de comum acordo das partes ou por sorteio dentre
os integrantes da lista de pessoas previamente habilitadas (art. 339.4 c/c art.
341 da Ley de Enjuiciamiento Civil de 2002).135 De uma lista oficial retirará o
juiz, no direito italiano, o consulente técnico.136 O § 404, n.º 1, da ZPO alemã,
encarrega o órgão judiciário da escolha do perito.137 A distribuição equitativa
dos trabalhos é garantida ao não se admitir que certo perito receba mais de
dez por cento das designações no mesmo juízo.138 Entre nós, a tendência já
era organizar lista oficial de peritos.139

O NCPC brasileiro alterou profundamente a sistemática anterior. Em


primeiro lugar, voltou a admitir a escolha conjunta do(s) perito(s) pelas partes
(art. 471). Ademais, estabelece que o perito será escolhido pelo juiz dentre os
profissionais e órgãos técnicos e científicos inscritos em cadastro organizado
pelo TJ ou pelo TRF (art. 156, § 1.º). Para essa finalidade, haverá consulta
pública – verdadeiro imã no processo civil cooperativo –, na rede mundial de
computadores, jornais e consulta direta a universidades, conselhos de classe,
Ministério Público, Defensoria Pública, Ordem dos Advogados do Brasil, para
essa seleção (art. 156, § 2.º). Esta é, sobretudo, norma de organização
judiciária. E exige renovação e avaliação periódica dos selecionados (art. 156,
§ 3.º). Finda por exigir (art. 156, § 4.º), tratando-se de órgãos técnicos ou
científicos, a revelação dos nomes e qualificação dos profissionais que
participarão da perícia, a fim de apurar os motivos de suspeição e de
impedimento do(s) experto(s), regra objeto de comentários no sítio
apropriado. Não esqueceu, ainda, da distribuição equitativa, devendo o ofício
judicial manter lista atualizada para consulta das partes (art. 157, § 2.º).

Visto o conjunto, sopesadas as vantagens e as desvantagens, o sistema


de recrutamento na lista oficial é o que melhor pondera os interesses em jogo.
Evita que o juiz favoreça o amigo ocasional, o companheiro de agremiação
social ou de outra sociedade de que faça parte, em detrimento da qualidade
técnica do profissional.140Na visão oposta, a escolha de A em lugar de B não
importa prejulgamento, bem como o deferimento ou não da perícia.141

Representará problema diverso, neste contexto, a condição da pessoa


investida na função pericial – serventuário da justiça, servidor público de outro
setor da Administração ou particular em colaboração com a Administração da
Justiça. E, por igual, a exigência de qualificação deixa incólume a liberdade do
juiz,142 doravante no âmbito do cadastro (art. 156, § 1.º).

Por intermédio da designação oficial do perito, desaparecera o antigo


sistema da louvação.143 Era o regime da primitiva redação do art. 129 CPC de
1939.144 Esse diploma previa o direito de as partes, de comum acordo,
louvarem – consagrarem – o experto habilitado a emitir o parecer, por esse
motivo chamado de louvado, e mais antigamente de fiel.145 Existindo
desacordo, cada parte louvava o seu próprio perito.146 O art. 471 reintroduziu
essa prática, mas em termos: ou há escolha conjunta ou o juiz faz a
designação.

Feitas as considerações gerais, e postergando a análise da escolha


conjunta, passa-se a precisar o conteúdo da escolha oficial e as atitudes do
perito.

2.004.1. Designação oficial do perito – O juiz nomeará perito na


oportunidade do deferimento da prova pericial na decisão de saneamento e
organização do processo (art. 357, II), ao definir o tema da prova e,
conseguintemente, sopesar os meios adequados à elucidação das questões
de fato.
Essa escolha recairá em pessoa habilitada (infra, 2.007) e previamente
inscrita no cadastro do TJ ou do TRF (art. 156, § 1.º). A escolha de pessoa
fora desse cadastro é inválida. Porém, no âmbito do cadastro, considerando a
distribuição equitativa da atividade, a teor do art. 157, § 2.º, a escolha é livre.
Em geral, o juiz recorre a experto de confiança, tarimbado e, principalmente,
pontual, atributos revelados pelas experiências anteriores.

À semelhança do acontece no direito alemão, a decisão do juiz que


escolhe o perito comporta impugnação autônoma.147 Tal não obsta ulterior
recusa pelas partes (art. 467).

2.004.2 Atitudes do perito após a designação – Abstraída a possibilidade


de o perito escusar-se, no prazo de quinze dias (art. 157, § 1.º), o escrivão
cientificará o perito, por qualquer meio admissível, incluindo a convocação
informal através de telefonema ou de mensagem eletrônica – os dados
constam do cadastro –, a fim de que, comparecendo em cartório e inteirando-
se da controvérsia, aceite ou não o encargo. Ao aceitá-lo, o art. 465, § 2.º,
impõe ao perito três atitudes: (a) apresentação de proposta de honorários (inc.
I); (b) apresentação de currículo, comprovando a especialização na área de
conhecimento (inc. II); (c) indicação dos contatos profissionais – endereços e
telefones –, especialmente o endereço eletrônico, para o qual o juízo
endereçará futuras intimações (inc. III).

O problema da remuneração do perito já recebeu análise no item dedicado


aos poderes do perito. Importa realçar os seguintes aspectos: (a) o juiz
intimará as partes, usufruindo estas o prazo comum de cinco dias, findo o
qual, com ou sem manifestação, o juiz arbitrará o valor devido; (b) em
seguida, o juiz mandará depositar o valor arbitrado (art. 95, § 1.º),
autorizando, se o perito o requerer, o levantamento imediato da metade dos
honorários no início dos trabalhos (art. 465, § 4.º), mas o restante ficará
aguardando o término integral das atividades – eventualmente,
esclarecimentos orais em audiência, a teor do art. 477, § 3.º. Não há como as
partes rejeitarem, in totum, a designação do perito ante o valor excessivo dos
honorários. O que lhes cabe é ponderar e argumentar a respeito,
demonstrando ao juiz que, em trabalhos similares, o valor de mercado é muito
inferior. Da decisão fixando honorários, no atual regime, não cabe
impugnação autônoma. O valor dos honorários poderá ser reduzido, a
posteriori, conforme as deficiências do laudo (art. 465, § 5.º). Também por
essa razão inexiste preclusão.

A proposta de remuneração há de acompanhar a aceitação do encargo


em qualquer hipótese, independentemente da qualidade da parte (v.g., o
Ministério Público, a parte beneficiada pela gratuidade) responsável pelo
adiantamento e da condição do perito. O juiz poderá designar órgão técnico
ou científico, conveniado ou não, e servidor público, no caso de a
responsabilidade do adiantamento recair em parte beneficiada pela gratuidade
(art. 95, § 3.º, I), além de profissional legalmente habilitado ou “particular” (art.
95, § 3.º, II). Embora, nesse último caso, o valor da remuneração seja
tabelado pelo TJ, pelo TRF ou, na sua falta, pelo CNJ, cuida-se de despesa
reembolsável, a final, pelo vencido. Impõe-se que o valor seja conhecido de
antemão e devidamente documentado. Claro está que, nessa contingência,
nenhuma impugnação séria afigura-se cabível ou procedente.
Era costume o perito apresentar currículo abreviado juntamente com o
laudo. O art. 465, § 2.º, II, antecipou essa apresentação, acrescentando o
dever de comprovar a especialização na área especial de conhecimento (v.g.,
certidão do órgão de classe). Esse ponto receberá análise mais adiante (infra,
2.007). Em alguns casos, como nas perícias de engenharia, o experto anotará
sua responsabilidade no órgão de classe.

A indicação dos contatos profissionais, em especial o endereço eletrônico,


propicia o contato do órgão judicial, dos seus auxiliares, das partes e dos
assistentes técnicos para diversos fins (v.g., o conhecimento dos quesitos
suplementares, apresentados na forma do art. 469).

2.005. Número de peritos

A respeito do número de peritos, em tese se concebem três sistemas: (a)


a fixação judicial do número de peritos (v.g., § 404, n.º 1, da ZPO
alemã),148 conforme permita o valor da causa, e seja necessária a obtenção
de maior ou de menor quantidade de pareceres diferentes; (b) a fixação legal
do número de peritos, com maior ou menor rigidez (v.g., art. 1.678 do CC
francês, para apurar a lesão superior a 7/12 na compra e venda de
imóvel);149 (c) a fixação de número variável, conforme entendam as partes ou
determine o juiz.150

O direito brasileiro limitava o número de peritos ao máximo de três,


variando a forma da designação. E mais uma vez calha examinar a evolução
do art. 129 do CPC de 1939, que mudou de rumo três vezes, exibindo a
influência dos diversos sistemas. Em sua versão originária, a regra previa
perito único, de nomeação de juiz, cada parte escolhendo um assistente
técnico para acompanhar as diligências do perito – que é o regime hoje
vigente. Depois, na redação do Dec. 4.565/1942, o juiz designava um perito,
salvo se as partes concordassem com a escolha do nome, em todo caso
facultada a indicação de assistentes. E, por fim, na redação do Dec.-lei
8.570/1946, realizava-se a perícia por um experto, concordando as partes; do
contrário, cada parte indicaria de lado a lado o seu perito, nomeando o juiz o
terceiro “para desempate por um dos laudos dos dois antecedentes, caso não
se contente com um destes”. Disposições esparsas, no CPC de 1939,
autorizavam o juiz a escolher um só perito ou a designar, obrigatoriamente,
dois peritos.

Razões de economia reduziram ou proscreveram os sistemas de peritos


múltiplos, apesar dos alvitres contrários, em que se aponta a designação de
dois peritos iniciais e de um terceiro, ocorrendo desacordo, salvo nas causas
de pequeno valor, como a melhor combinação possível.151 A Ley de
Enjuicimiento Civil espanhola de 1851 utilizava três peritos no caso de o
objeto da perícia se mostrar complexo e controverso.152 Na Ley de
Enjuicimiento Civil de 2000, no caso do perito judicial, ou as partes acordam
em um nome, ou há sorteio também de um nome, de ordinário no âmbito da
lista previamente preparada.153 No direito francês, para evitar o aumento das
despesas, o juiz nomeará só um perito, podendo entender indispensável o
recrutamento de dois ou mais.154 E no direito italiano só em caso de grave
necessidade o juiz utilizará mais de um perito.155
Em princípio, no direito pátrio vigente o juiz nomeará um só perito. Não
importa a complexidade do assunto. O art. 156, caput, declara que, exigindo
os fatos controversos conhecimento técnico ou científico, o juiz “será assistido
por perito”. E o art. 465, caput, parte inicial, reza que o “juiz nomeará perito”. À
primeira vista, portanto, o juiz designará apenas um perito, inferindo-se,
entretanto, do emprego do artigo definido no art. 465, caput, a faculdade de o
juiz designar mais de um perito consoante as diferentes matérias que
constituem o objeto da perícia.156 É a hipótese da perícia complexa ou
combinada (art. 475).

Parece evidente que, respeitadas as condições legais (art. 471, I e II), as


partes podem conjuntamente escolher mais de um perito (art. 471, caput),
haja ou não a necessidade de conhecimento em diferentes matérias (art.
475).

As partes indicarão cada qual um assistente (art. 465, § 1.º, II), conforme a
respectiva conveniência e capacidade econômica. A indicação de assistentes
constitui simples faculdade. E, apesar do entendimento de que o perito e o
assistente distinguem-se apenas no tocante à nomenclatura legal,157 na
verdade o art. 466, § 1.º, estipula que o assistente é de confiança da parte,
não se sujeitando aos motivos de impedimento e de suspeição. Falta ao
assistente, portanto, o predicado da imparcialidade próprio do perito (retro,
997.2).158

O assistente não é perito ou – como se dizia no direito anterior –


“louvado”.159 Rendeu-se à lei, no art. 466, § 1.º, à realidade, pois já se
afirmava, no direito anterior, que “os peritos indicados pelas partes, de
exclusiva confiança destas, sistematicamente se arvoram em advogados dos
interesses de que os nomeou”.160

O art. 475 ressalva a perícia combinada (retro, 1.996.5), ou seja, os casos


em que a prova pericial versará “mais de uma área de conhecimento
especializado” Lícito se afigura a designação de tantos peritos quantas áreas
de saber reclamadas no objeto do perito e número de assistentes
correspondentes. A variação ocorre em virtude da multiplicidade do objeto da
perícia. Não renega o princípio do perito único. A rigor, há mais de uma
perícia: por exemplo, a avaliação das sequelas da perda de membro, órgão
ou função, nas ações de reparação de dano à pessoa, talvez reclame,
conforme o teor do pedido concretamente formulado pela vítima do ilícito, a
participação de médico ortopedista e de médico psiquiatra.161

2.006. Capacidade para ser perito

É natural que se cogite da aptidão da pessoa natural ou jurídica para


expor ao órgão judiciário a regra de experiência técnica, científica ou artística
indispensável à apuração da veracidade das alegações de fato controvertidas
no processo. O ponto assume relevo no tocante à obrigatoriedade na
aceitação do encargo. Ao propósito, concebem-se três sistemas com
pequenas variantes: (a) a designação de pessoa oficialmente inscrita como
perito em lista oficial, organizado segundo ditames da lei processual (art. 61
do CPC italiano),162 hipótese em que não pode recusar o encargo, ocupante
de cargo público ou não: (b) a designação de pessoa habilitada
profissionalmente, sendo a respectiva profissão regulamentada em lei,
hipótese em que poderá recusar o encargo e fica dispensado de juramento,
eventualmente constante de lista prévia, como acontece no direito
argentino;163 (c) designação de qualquer pessoa que seja entendida na
matéria controversa.164

Evoluiu o direito brasileiro do sistema da aptidão irrestrita para o da


capacitação profissional, tratando-se de profissão regulamentada, mediante
inscrição no órgão de classe (v.g., o médico, no Conselho Regional de
Medicina; o engenheiro, no Conselho Regional de Engenharia), razão por que
há de apresenta prova da especialização (art. 465, § 2.º, II), salvo “na
localidade” (rectius: comarca ou seção judiciária) em que não há pessoa
inscrita no cadastro (art. 156, § 5.º). Nesse último caso, e por exceção, a
indicação do perito é de livre escolha do juiz, mas há de recair em pessoa
habilitada, isto é, pessoa ou órgão “detentor do conhecimento necessário à
realização da perícia”. Culminou a evolução com a confecção de cadastro
oficial (art. 156, § 1.º), banindo a prática anterior da lista “informal”: os
interessados depositavam seus currículos nos ofícios judiciais em que
tramitam as causas cujo objeto tais pessoas presumem oferecer potencial
para seu parecer. Já se dera um passo rumo à lista oficial, mas em outra
área, delegando aos tribunais de segundo grau o poder de regulamentar a
habilitação de corretores nas alienações judiciais, instituído o requisito de
exercício mínimo de cinco anos na profissão (art. 685-C, § 3.º, in fine, do CPC
de 1973).

Dispensou-se o compromisso do perito (art. 466, caput), dentre outras


razões, porque a pessoa inscrita regularmente no órgão de classe já se
compromete, na oportunidade do ingresso, ao fiel desempenho das suas
habilidades profissionais. E tal é suficiente, uma vez inscrita no cadastro do
art. 156, § 1.º. Por exemplo, o art. 8.º, VII, da Lei 8.906/1994 estabelece como
requisito da inscrição do bacharel em direito “prestar compromisso perante o
Conselho”, cujo teor consta do art. 20, caput, do respectivo Regulamento. O
advogado funcionará como perito na pretensão a arbitramento de honorários,
prevista no art. 22, § 2.º, da Lei 8.906/1994. Em relação às pessoas
escolhidas pelo juiz fora dos órgãos de classe, conviria obrigá-las a prestar
compromisso, como sucede no direito argentino,165 sublinhando a superlativa
seriedade do encargo.

À luz dessa sistemática, e em resumo, no direito brasileiro pode ser


investida na condição de perito toda pessoa natural idônea e capaz, de regra
habilitada profissionalmente (infra, 2.007), inscrita no cadastro prévio, e que
ostente a condição de terceiro no processo (retro, 506). O regime geral das
incompatibilidades, vez que o art. 148, II, manda aplicar ao perito os motivos
de impedimento e suspeição dos arts. 144 a 145, remarca que o experto há
de ser equidistante tanto das partes, quanto do representante legal,166 e do
órgão judiciário.

A designação de pessoa entendida na técnica, ciência ou arte, mas (a)


sem plena capacidade de exercício civil (v.g., o interdito), (b) proibida de
estabelecer vínculo com a Administração Pública, por força de sentença
transitada em julgado (art. 12, I a III, da Lei 8.429/1992), (c) ou
profissionalmente inabilitada, em caráter provisório ou não (v.g., no caso do
advogado suspenso ou excluído do quadro), importará a invalidade do
laudo.167 O vício reside na inaptidão da pessoa designada como perito pelo
juiz.

As discriminações de gênero ou a imposição de idade máxima constituem


restrições intoleráveis. Em alguns casos, o decoro recomenda a indicação de
mulher. Por exemplo, no direito anterior o exame de gravidez para a posse em
nome de nascituro realizar-se-ia em ambiente favorável ao ser promovido por
médica ginecologista.168

Não havia previsão explícita quanto à possibilidade de pessoa jurídica


desempenhar o encargo. O art. 156, § 1.º, admitiu expressamente órgãos
técnicos ou científicos no cadastro. Outros sistemas jurídicos, a exemplo do
espanhol (art. 340 da Ley de Enjuiciamiento Civil de 2000), admitem a
investidura de academias, instituições culturais e científicas, bem como
pessoa jurídica legalmente habilitada (v.g., empresa de engenharia). No
entanto, o indicado manifestará, com a maior brevidade, a pessoa ou pessoas
que elaborarão o parecer,169 a fim de submetê-las ao controle da parte (v.g.,
no tocante aos motivos de suspeição e de impedimento). Em última análise, o
perito é a pessoa natural, integrante da academia, instituição ou pessoa
jurídica de direito privado, e, não, a própria academia, instituição ou pessoa
jurídica, fato revelado pelo desvelamento dos motivos de impedimento e de
suspeição no art. 156, § 4.º. Não se pode dizer, no direito brasileiro atual, que
pessoa jurídica não pode ser perito,170 ou melhor, a designação não possa
recair em pessoa jurídica ou órgão.

Acompanhando o primeiro código unitário, o CPC de 1973 nenhuma


disposição específica erigia quanto às incompatibilidades do perito. Na
vigência do CPC de 1939, por analogia aplicavam-se os motivos de
incapacidade, de impedimento e de suspeição das testemunhas,171 mas
semelhante entendimento não era aceitável, e, de resto, por força do art. 148,
II, ao perito aplicam, mutatis mutantis, os motivos do art. 144 e do art. 145.

No entanto, a fórmula geral enunciada – toda pessoa idônea e capaz, de


regra habilitada profissionalmente – reclama certa explicitação, tendo
presente o disposto no art. 447, § 1.º.

2.006.1. Perito relativamente incapaz – A pessoa maior de dezesseis anos


e menor de dezoito anos é capaz de depor, a teor do art. 447, § 1.º, III.
Faltando-lhe capacidade civil plena, todavia, não pode funcionar como perito.

No direito brasileiro, porque formalidade banida, a restrição não deriva da


prestação do compromisso (civil), objeção levantada à tese permissiva em
outros ordenamentos,172 mas a motivo de maior vulto.

A exigência de título universitário (art. 156, § 1.º), em princípio


concernente à qualificação (infra, 2.007.1), lança o requisito da capacidade
plena mais à frente, considerando a faixa etária: em geral, os jovens
brasileiros formam-se com vinte e dois ou vinte e três anos. A colação do grau
universitário, de toda sorte, implicará o término da incapacidade em qualquer
idade, ocorrendo antes dos dezoito anos (art. 5.º, parágrafo único, IV, do CC).
Assim, a aptidão para atuar como perito exige capacidade plena, adquirida na
forma legal, e, não, pelo vencimento da idade, representa requisito constante
na investidura do perito.
2.006.2. Perito analfabeto – Pode parecer paradoxal cogitar da investidura
do analfabeto no sistema que, de regra, elege o grau universitário (= pessoa
legalmente habilitada) como requisito de aptidão. Mas, a exigência do art.
156, § 1.º, não se afigura absoluta. Não é impossível que o juiz se encontre
na contingência de designar pessoa entendida, mas analfabeta. Os
arbitradores a que alude o art. 579 são homens do campo, sábios e calejados
na sua esfera de atividade, mas podem exibir instrução rudimentar,
basicamente prática, e o juiz encontrar-se compelido a designá-los, invocando
o art. 156, § 5.º.

O analfabeto encontra-se impossibilitado de assumir o encargo de


perito.173 Razões relevantes impedem essa investidura. Não poderia reduzir
seu parecer a escrito, como exige o art. 473,174 redigindo-o na língua
portuguesa. E a atividade pericial não comporta delegação a terceiro (retro,
997.7).175 É impossível o analfabeto pedir a outra pessoa que reduza a escrito
o seu parecer e o assine a rogo.

Não se cuida de posição pacífica, e, naturalmente, suscita crítica. Nada


obsta o analfabeto de testemunhar. E o art. 421, § 2.º, do CPC de 1973
consagrando a figura do perito testemunha (sachverständiger Zeuge; expert
witness), pessoa que depõe sobre fatos passados, ou a respeito de coisas
que houver “informalmente examinado ou avaliado”, sugere o contrário.
Avulta, em algumas situações, o juiz não se encontrar adstrito a indicar
profissional “de nível universitário” (sic) à função de perito.

Há mais razões contrárias, todavia, do que a favor da investidura do


analfabeto.

2.006.3. Perito estrangeiro – É fato inconteste que, na sociedade pós-


moderna, presidida pela globalização econômica, os litígios adquiriram
enorme complexidade. As peças que compõem máquinas e equipamentos
(v.g., as aeronaves), apesar de montados em certo País, originam-se das
mais diferentes regiões, nem sempre do próprio Ocidente. Em tal hipótese, só
especialista estrangeiro elucidará o juiz nacional, em causa processada na
jurisdição brasileira, porque da sua competência exclusiva (retro, 200) ou
concorrente (retro, 203), a respeito da fabricação e da operação de
determinado sistema.

O estrangeiro tem capacidade para ser perito, uma vez inscrito no


cadastro do art. 156, § 1.º, e, de resto, nada obsta a escolha consensual (art.
471). Redigirá o parecer no seu idioma nacional, devendo ser vertido para o
vernáculo, o que deixará indene o princípio da pessoalidade (retro, 997.7), e
surgindo necessidade de tomar-lhe o depoimento em audiência, a
requerimento das partes, o juiz dar-lhe-á intérprete.

2.007. Qualificação para ser perito

Em princípio, ressalva feita à escolha conjunta do art. 471, o juiz nomeia o


perito. O art. 145, § 3.º, in fine, do CPC de 1973 incorrera em flagrante
exagero, relacionando essa espécie de escolha à inexistência de profissional
inscrito no órgão de classe na localidade em que tramitava o feito ou realizar-
se-ia o exame, a avaliação e a vistoria. O art. 156, § 5.º, ainda exige
profissional, porém não incluído no cadastro.
Fundamenta-se o sistema da livre escolha nas razões expostas no item
concernente à nomeação (retro, 2004). O perito desvelará o que o juiz não
percebe com segurança, e por si próprio, vez que lhe faltam conhecimentos
científicos, técnicos, artísticos ou práticos (v.g., a condição de pai do réu na
ação de investigação de paternidade, apurável mediante exame genético),
subsidiando o juízo de fato. E para semelhante escopo há de preexistir certa
relação de confiança, senão com o juiz enquanto pessoa, ao menos o
sentimento difuso no meio forense de que o parecer do experto é crível e
fidedigno. A credibilidade do perito garante o prestígio da decisão fundada em
seu parecer. O velho direito português percebeu-o claramente, mandando o §
11 da Lei de 20 de junho de 1774 que, na avaliação de prédios rústicos,
ficassem encarregados homes de “honra, verdade, e consciência”.176

Fundamentalmente, a escolha do juiz revela-se discricionária.177 A


assistência que o perito presta ao juiz, baseada nesses atributos, mostra-se
arredia a controlede jure. A escolha de um nome, em detrimento de outro,
sempre é subjetiva, baseando-se em elementos íntimos, que não se podem,
nem sequer se devem externar.

O art. 156, § 1.º, institucionalizou a lista prévia. O direito espanhol atribuiu


aos conselhos profissionais o dever de apresentar aos tribunais a relação dos
inscritos habilitados à função pericial.178 Entre nós, o juiz escolherá o perito
que lhe aprouver, mas no âmbito do cadastro, e, por exceção, qualquer
pessoa (art. 156, § 5.º). A relação de confiança tão essencial ao desempenho
da atividade e a persuasão do resultante surgirá, a mais das vezes, com o
tempo. Os expertos que já apresentaram, pontualmente, trabalhos
elucidativos e convincentes, logram essa confiança. E o perito negligente,
confuso, desleixado e controverso terminará descartado, evitando o juiz novas
designações.

2.007.1. Qualificação profissional do perito – O art. 156, § 1.º, aperfeiçoou


o sistema anterior, adotando o cadastro prévio, mas exige “profissionais
legalmente habilitados”. Em última análise, reclama diploma universitário e
inscrição no conselho de classe, aliás um dos consultados na elaboração do
cadastro (art. 156, § 2.º). Para essa finalidade, ao tomar ciência da
designação pelo juiz, o perito apresentará seu currículo e prova da respectiva
especialização (art. 465, § 2.º, II).

Dos três sistemas que, em tese, revelam-se idôneos a presidir a


nomeação do perito (retro, 2.004) – o da inscrição em registro próprio, o da
habilitação profissional e o da liberdade –,179 as disposições dos parágrafos do
art. 156 inclinaram-se pelo da habilitação, rompendo com o da liberdade
irrestrita. É preciso que a designação recaia sobre profissional (a) de nível
universitário (v.g., engenheiro); (b) inscrito no respectivo órgão de classe (v.g.,
Conselho Regional de Engenharia – CREA); (c) especialista na área
específica em que recairá o objeto da perícia (v.g., engenharia mecânica), e
(d) figurante do cadastro prévio, salvo no caso do art. 156, § 5.º. O perito
comprovará especialização na matéria sobre a qual deverá opinar (art. 465, §
2.º, II). Não mais exige a certidão do órgão profissional em que estiver inscrito.
Nesta linha, decidiu o STJ que a perícia contábil incumbe ao contador, e, não,
ao técnico em contabilidade.180
Raros são os profissionais autenticamente generalistas. Na maioria das
profissões, regulamentadas ou não, a complexidade da vida moderna repartiu
e compartimentou o conhecimento de modo intenso e profundo, criando
disciplinas específicas (por vezes, revolucionárias e insólitas) em todas as
áreas do saber humano. Por exemplo, há engenheiros mecânicos, habilitados
a opinar sobre o funcionamento da máquina, cujo defeito de projeto, e, não,
de operação, teria provocado o dano; e há engenheiros metalúrgicos,
habilitados a opinar acerca das propriedades e da hipotética fadiga do metal.
Pode haver tantas classes de peritos quanto sejam concebíveis matérias
específicas sobre as quais há de ser emitido o parecer.181 E até profissões que
habilitam genericamente, a exemplo da advocacia, perderam a
universalidade, pois o exercício profissional em determinada matéria acaba
especializando o advogado.

Logo se percebe que o requisito da comprovação da especialidade,


previsto no art. 465, § 2.º, II, não se aplicará uniformemente a todas as
profissões regulamentadas. O advogado é formalmente generalista, a sua
especialização decorre da prática, e a OAB não pode certificar o
conhecimento teórico do Advogado Bno direito das famílias, ou o do
Advogado C no direito falimentar, de modo a habilitar um e outro a atuarem
como perito em arbitramento de honorários em causas dessa espécie. Ao
invés, o Conselho Regional de Medicina (CRM) atestará o título de
especialista do médico, obtido através de programa de residência médica, a
teor do art. 6.º da Lei 6.932/1981.

A inscrição no órgão de classe tampouco se verifica em relação a todos os


profissionais. Existem os que ostentam títulos universitários altissonantes –
por exemplo, o linguista –, e chamados a opinar na respectiva área (v.g., o
plágio acadêmico), cuja profissão não é regulamentada, e, portanto, não
podem comprovar a inscrição no órgão de classe. E existem profissões
regulamentadas, disciplinadas por órgãos de classe, cujos integrantes não
têm como requisito de ingresso o título universitário: (a) o músico ingressa na
Ordem dos Músicos do Brasil (OMB) através de prova de habilitação, a teor
do art. 28, g, da Lei 3.857, de 22.12.1960; (b) o corretor de imóveis ingressa
no Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (CRECI) mediante a
comprovação de aproveitamento em curso técnico, como preceitua o art. 2.º
da Lei 6.530, de 12.05.1978. Tais pessoas, eventualmente chamadas a
atuarem como perito, não tem nível universitário, mas são “profissionais
legalmente habilitados” para o efeito art. 156, § 1.º. E, no caso do músico,
nem sequer a inscrição no órgão de classe é indispensável ao livre exercício
da profissão, segundo o STF,182 não havendo sentido em exigi-la para a
nomeação da pessoa como perito.

Flagrantemente, os parágrafos primeiro e segundo do art. 156 fitaram


o quod plerumque accidit, atendendo-se às especializações mais notórias – a
do engenheiro, a do médico, a do advogado e a do contador.

É preciso entender a exigência do art. 156, § 1.º, todavia, nos seus


devidos termos. O art. 464 do CPCN argentino é mais claro, estabelecendo
que, sendo a profissão regulamentada, o perito deverá exibir o título de
habilitação na ciência, arte, indústria ou atividade técnica especializada.183 O
corretor de imóveis tem formação de nível médio, embora inscrito no conselho
próprio. Pode realizar a avaliação do bem penhorado. O marchand, passível
de indicação para avaliar obras de arte, não desfruta de formação especial em
arte, nem registro em órgão de classe. A perícia simples em imóvel pode ser
confiada a um técnico em edificação.184 Da mesma forma, o art. 12, § 3.º, da
Lei 8.629/1993, em tema de desapropriação agrária, não constrange o órgão
judiciário a designar engenheiro agrônomo com registro de anotação de
responsabilidade técnica no Conselho Regional de Engenharia – CREA.185

2.007.2. Qualificação oficial do perito – O art. 478, caput, institui norma


especial de qualificação do perito. Recaindo a perícia sobre autenticidade ou
falsidade de documento, ou quando for de natureza médico-legal,
preferencialmente o juiz indicará técnico de estabelecimentos oficiais. Por
exemplo, os do Instituto Médico-Legal (IML), precipuamente voltados ao
processo penal, instituídos e mantidos pelos Estados-membros. Em tal
hipótese, remetendo-se os autos ao diretor do estabelecimento oficial,
subentende-se que, previamente, o juiz informar-se-á do nome do(s)
técnico(s) que se encarregará(ão) da confecção do parecer, designando-o(s),
nominalmente, na decisão contemplada no art. 465, caput, para o efeito do
art. 156, § 4.º.

Acontece de o juiz abstrair a nomeação específica do servidor público


integrante do estabelecimento oficial. Encarrega o estabelecimento da perícia,
mas a ninguém em particular. O ato genérico impede o controle efetivo da
imparcialidade tão indispensável à manifestação do juízo de fato (art. 148, II,
c/c art. 467, caput). Afinal, o técnico do estabelecimento oficial pode incorrer,
à semelhança do particular, nos motivos de impedimento ou de suspeição.
Portanto, o ato é ilegal,186devendo ser evitado, por mais implausível que seja a
quebra da imparcialidade pelo técnico.

No que tange, todavia, à qualificação do perito, inexiste dúvida de que os


técnicos pertencentes aos quadros do estabelecimento oficial preenchem as
condições dos legais. E, de resto, a tradição do direito brasileiro sempre se
orientou no sentido da exigência de conhecimentos teóricos e de aptidões
práticas na esfera específica da perícia.187 Por exemplo, o § 11 da Lei de
20.06.1774 mandou que para a avaliação de prédios rústicos houvesse prévia
eleição de fazendeiros “de honra, verdade e consciência”.188

2.007.3. Dispensa da qualificação profissional – Fitando as pequenas


comarcas, o art. 156, § 5.º, estipula que, inexistindo na localidade inscrito no
cadastro oficial de peritos, a indicação do perito será de livre escolha do juiz.
Era excessivamente óbvio que, ainda neste caso, o juiz indicará “entendido de
fato”, embora – eis o ponto – “detentor de conhecimento necessário” para
desincumbir-se do encargo, como reza o parágrafo. Por exemplo, em lugar do
engenheiro florestal, nomeará o mateiro mais experiente da região. O STJ já
dispensou, no direito anterior, a exigência de qualificação universitária para os
arbitradores e o agrimensor encarregados na demarcação, hoje chamados
peritos (art. 579).189 Ocorre que, salvo a ausência de inscrição prévia, o art.
156, § 5.º, exige “profissional” ou “órgão técnico ou científico”.

Importa a flexibilidade intrínseca na exceção inserida no art. 156, § 5.º.


Precisa estender-se a outras situações por força da natureza das coisas. Os
profissionais cuja atividade seja regulamentada em lei e sujeita à inscrição em
órgãos de classe podem ser designados desde que “legalmente habilitados”
(art. 156, § 1.º). O engenheiro, cancelada a inscrição no Conselho Regional
de Engenharia, encontra-se inabilitado. Fora daí, entretanto, inexistindo
regulamentação profissional, ou por qualquer outro motivo não se revelando
possível respeitar as diretrizes legais de qualificação do perito, o juiz indicará
qualquer pessoa a seu ver qualificada para esclarecê-lo.

Em uma matéria, ao menos, não se mostra necessário o juiz socorrer-se


de perito: a jurídica. O juiz conhece, por dever de ofício, o direito interno
federal que lhe toca aplicar à espécie. E o teor e a vigência do direito
estadual, distrital, municipal e consuetudinário que compete à parte provar
(art. 376), se o exigir o juiz, tampouco oferece dificuldades maiores (ou
distintas do direito federal) de interpretação ou aplicação. Os órgãos
judiciários da Justiça Comum aplicam o direito local e, quanto a este, nem
sequer se aplica o art. 376, mas ao direito de outro Estado-membro.190

Também nesse ponto há duas exceções a considerar: (a) a prova do teor


e da vigência do direito estrangeiro pode ser feita, excepcionalmente, por
perícia;191 e (b) o advogado pode ser chamado a funcionar como perito,
principalmente nas ações de arbitramento de honorários profissionais (art. 22,
§ 2.º, da Lei 8.906/1994).192Mas, o STJ já decidiu que a designação de perito,
em casos tais, constitui faculdade, porque o juiz “é profissional do direito,
espectador e destinatário de toda prova e de toda atividade vertida nas
demandas judiciais”.193

2.008. Escusa do perito

O perito é terceiro, relativamente às partes, aos respectivos


representantes legais, em especial na representação orgânica, e ao juiz, e o
art. 380 institui o dever de colaboração (ou cooperação) de quaisquer
terceiros com a autoridade judiciária no “descobrimento da verdade”. Nada
obstante, o particular designado pelo juiz, em geral pessoa que se habilitou no
cadastro do TJ e do TRF tem o direito (e, às vezes, o dever) de escusar-se.
Não é, pois, inexoravelmente obrigado a aceitar o encargo. O dever de
cumprir o ofício recebeu, no direito brasileiro, regime flexível e brando. Por
isso, declara o art. 157, caput, segunda parte, que o perito poderá “escusar-se
do encargo”, alegando motivo legítimo.

A lei estipula dois requisitos para o perito escusar-se: (a) alegação de


motivo legítimo; (b) observância do prazo legal.

2.008.1. Prazo da escusa – Segundo o art. 157, § 1.º, o perito apresentará


as razões hábeis a fundar sua escusa no prazo de quinze dias. Este prazo
contar-se-á ordinariamente.

Não se prescreve forma rígida à manifestação do particular chamado a


assistir o juiz. Em geral, o perito indicará os motivos em petição
escrita,194 requerendo escusa ao juiz, mas nada obsta a declaração oral,
prestada diretamente ao órgão judiciário.

Fluirá o prazo de quinze dias: (a) da intimação da designação prevista no


art. 465, caput, assinalando-se, deste logo, a disparidade do prazo de
aceitação, que é de cinco dias (art. 465, § 2.º), em flagrante falha de redação;
(b) e do impedimento e da suspeição supervenientes.
Em primeiro lugar, o prazo fluirá da data em que ocorrer a intimação do
perito para realizar a perícia. Essa intimação se realiza pelos meios
ordinários. Em geral, a convocação realiza-se sem formalidades: o escrivão
simplesmente telefona para o perito, consultando os dados de que dispõem
em cartório ou constam no cadastro, e o particular acode ao chamado, a fim
de inteirar-se do assunto em linhas gerais. É o momento para declarar se
aceita ou não o encargo. Em seguida, impõe-se aguardar o vencimento do
prazo assinado às partes para os efeitos do art. 465, § 1.º, ou seja, a
formulação dos quesitos e a indicação do assistente técnico, e ato de controle
do questionário, previsto no art. 470. Feitas as indicações necessárias, o
perito retirará os autos em carga – inexiste proibição de consulta –,
examinando o processado. Então, aparecerá a devida oportunidade para as
seguintes verificações: (a) avaliando os figurantes do processo, da existência
dos motivos de impedimento (art. 144) e de suspeição (art. 145); (b) cotejando
o objeto da perícia com a sua especialidade profissional (art. 465, § 2.º, II), da
habilitação na matéria sobre a qual o juiz aguarda a emissão do parecer. São
motivos – dentre outros – para o perito escusar-se do fardo.

É digno de registro que, aumentando o prazo de escusa para quinze dias,


o art. 157, § 1.º, incorre em disparidade com o prazo de cinco dias para
aceitação, tomando as atitudes prescritas no art. 465, § 2.º, I a III. O flagrante
desajuste implica aguardar além de cinco dias, no caso de apresentação de
escusa.

Em relação aos impedimentos supervenientes, o prazo de quinze dias


fluirá da data da verificação do fato relevante,195 inserido na categoria os
motivos legítimos. Por exemplo, no curso das operações periciais, o perito
sofre acidente que o torna inabilitado para a função. A palavra “impedimento”
deve ser entendida, portanto, não no sentido técnico do art. 144, mas no de
“motivo legítimo”.196

2.008.2. Motivo da escusa – O perito tem o dever de se escusar da


aceitação nos casos de impedimento e de suspeição (art. 467, caput). Em tal
hipótese, aplicando-se ao auxiliar as mesmas causas que comprometem a
imparcialidade do juiz (art. 148, II), o assunto recebeu minuciosa análise no
ponto de vista do órgão judiciário (retro, 997.2).

O art. 157, caput, parte final, permite escusa baseada em qualquer outro
motivo legítimo. Já não se trata de dever, mas da faculdade de o perito
escusar-se, subtraindo-se ao cumprimento do ofício. É infinita a motivação
admissível.197 Entram na categoria razões estritamente (a) pessoais (v.g.,
estado de saúde, viagem marcada para o exterior, em razão de férias ou de
aperfeiçoamento intelectual), (b) profissionais (v.g., excesso de serviço, por
aceitação de outras perícias, falta de prática atual na área da perícia e,
naturalmente, ausência de especialização no assunto), e (c) técnicas (v.g., o
método prescrito na decisão que deferiu a produção da prova, infringindo a
liberdade de pesquisa e de pensamento do perito).

Um motivo inserido nesse âmbito, embora improvável, consiste na


impossibilidade de o perito ver-se na contingência de revelar fato “a cujo
respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo” (art. 388, II). É razão
bastante para o perito escusar-se também.198
Deixando o perito de alegar o motivo legítimo, no prazo de quinze dias, a
parte final do art. 157, § 1.º, presume renunciado o direito de alegá-lo
posteriormente. É caso de preclusão. No entanto, a regra parece
excessivamente severa e, de qualquer modo, inaplicável aos casos de
suspeição e de impedimento,199 devendo o juiz velar a seu respeito ex officio.
A alegação tardia pode ser acolhida sem a rigidez da invocação de justa
causa, a teor do art. 223, caput, a critério do juiz.

2.008.3. Decisão sobre a escusa – Em princípio, compete ao juiz aquilatar


o motivo apresentado e, verificando a inconsistência e a veleidade da causa
invocada, rejeitar a escusa, mantendo a designação. A lei exige a legitimidade
do motivo justamente para obstar que o particular aceite ou não o encargo a
seu talante, máxime depois de pôr-se à disposição mediante inscrição no
cadastro do TJ e do TRF.

Raramente acontece de o juiz obstinar-se na nomeação e manter o perito


contrariado. Não faltam outros candidatos à função e poucas pessoas têm um
conhecimento tão particular e exclusivo a ponto de se tornarem
insubstituíveis. Por sinal, a nota da fungibilidade é característica que distingue
o perito da testemunha.200 Além disso, não convém à boa marcha dos
trabalhos periciais que o especialista relutante e inconformado desempenhe a
função de perito. Assim, cumpre ao juiz avaliar “com vistas largas a
legitimidade dos motivos invocados nos pedidos de dispensa”.201 O perito não
deve ser tratado com rispidez ou a severidade reservada aos
contraventores.202

O juiz decidirá de plano. O ato constitui decisão interlocutória, mas não


comporta impugnação autônoma através de agravo de instrumento.

2.008.4. Consequências da escusa – O art. 131, II, do CPC de 1939


sujeitava o perito que, sem justa causa, recusasse o encargo, a pena de
inabilitação. Esse rigor desapareceu posteriormente. Não há qualquer
ressaibo de natureza pessoal no caso de o juiz, havendo motivo justo ou não,
acolher a escusa. Ocorrerá, simplesmente, a nomeação de outro perito (art.
468).

2.009. Substituição do perito

A condição jurídica do perito autoriza a remoção, destituição ou


substituição a qualquer tempo pelo juiz. O art. 468 autoriza a substituição do
perito em duas situações específicas, a saber: (a) falta de qualificação (inc. I);
(b) falta de cumprimento do encargo sem motivo legítimo (inc. II).

Essas hipóteses são exemplificativas. O juiz substituirá o perito em dois


outros casos expressos: (a) no de escusa (retro, 2.008); (b) no de recusa
procedente (infra, 2.022), segundo o art. 467, parágrafo único. Ora, o
acréscimo desses casos não esgota, absolutamente, todas as possibilidades.
A natureza do vínculo entre o órgão judiciário e o perito autoriza o rompimento
unilateral por iniciativa oficial. Não convém explicitá-lo, todavia, porque o
perito é particular em colaboração eventual com a Administração da Justiça e
o rompimento unilateral outorgar-lhe-á ao menos pretensão ao reembolso de
despesas. Como quer que seja, há fatos inelutáveis não compreendidos, à
primeira vista, na fórmula elástica do art. 468, II (“… deixar de cumprir o
encargo no prazo que lhe foi assinado”), a exemplo da morte, que conduzem
necessariamente à substituição do perito.

A bem da clareza, as causas de substituição se repartem em dois grupos:


(a) preexistentes; e (b) supervenientes.

2.009.1. Substituição por motivos preexistentes – O art. 468, I, contempla


a causa originária por excelência: a falta de qualificação do experto (retro,
2.007.1). O juiz avaliou mal a especialidade do perito, uma das partes
reclamou, no prazo de quinze dias do art. 465, § 1.º, ou o próprio perito
declinou do encargo por esse legítimo motivo, razão por que a causa reduz-
se, em princípio, aos mecanismos de recusa ou de escusa. Ao declarar
substituível o perito, carecendo de conhecimento técnico, científico ou –
especialidade outra vez olvidada – artístico, o art. 468, I, tem outro escopo.
Estabelece o dever de o juiz atuar de ofício, sem provocação do experto ou
das partes, a qualquer tempo.203 Na verdade, como ponderou precedente do
STJ, no direito anterior, nem sempre as partes dispõem de informações
precisas acerca da qualificação do perito,204 mas as gerais do cadastro,
convindo substituí-lo, por sugestão de um dos litigantes, logo que se perceba
o erro da nomeação nesse particular.

E antes da qualificação, há que se cogitar entre as causas preexistentes a


incapacidade para ser perito (retro, 2.006), a exemplo do caso de o juiz,
escudado formalmente no art. 156, § 5.º, designar para a função analfabeto
funcional.

Causa intermediária, porque se verifica após a nomeação do art.


465, caput, mas antes do início das diligências, avulta preço cobrado pelo
perito. O STJ considerou, com razão, passível de substituição o perito que
formula proposta de honorários excessivamente onerosos, aproveitando para
proclamar que, no direito anterior, os casos similares do art. 468 não
eram numerus clausus.205

2.009.2. Substituição por motivos supervenientes – Existem causas


supervenientes à designação de que trata o art. 465, caput, verificadas no
curso das diligências. O desaparecimento da personalidade, por força do
falecimento da pessoa natural; a incapacidade civil (v.g., interdição); a perda
de órgão, membro ou função indispensável ao trabalho pericial (v.g., a visão);
a inabilitação profissional (v.g., a suspensão ou exclusão do órgão oficial); o
descumprimento dos seus deveres (v.g., o da pessoalidade); e, por fim, a
hipótese do art. 468, II: descumprimento do prazo da perícia. Esses
acontecimentos, por sua natureza, implicam o afastamento do perito.

A essas causas refere-se o art. 157, § 1.º, sob a rubrica “impedimento


superveniente”: o próprio perito (ou, no caso do desaparecimento da
personalidade, algum familiar) pode tomar a iniciativa de comunicar o motivo,
ensejando a própria substituição – até invocação de “motivo de foro íntimo”
(v.g., incompatibilidade com os assistentes ou com os advogados) já ocorreu.

A ênfase posta no dever de o perito observar o prazo da perícia se explica


pela preocupação de não torná-la fonte de retardamento do processo. O juiz
fixará o prazo em atenção à natureza da atividade pericial (v.g., a obtenção
dos reagentes químicos indispensáveis à experiência e às pesquisas,
esgotados no mercado interno, dependem dos trâmites da importação; a
própria experiência tem elastério próprio para produzir resultados) e à
condição pessoal do experto (v.g., a simultaneidade com outras incumbências
da mesma espécie); por conseguinte, os atrasos reclamam a ocorrência de
motivo legítimo e possibilitam, por uma vez, a prorrogação do prazo originário
(art. 476). Entende-se por motivo legítimo (ou justificado) eventos alheios à
vontade do perito. O acúmulo de serviço do perito, assumindo tarefas além da
sua capacidade de trabalho, não constitui motivo legítimo. É preferível
substituir o perito de uma vez, socorrendo-se o juiz do art. 468, II, em vez de
postergar a perícia e prestigiar o experto desorganizado.

Em certo julgado, no direito anterior o STJ considerou suficiente o


desfazimento da relação de confiança entre o juiz e o perito, acrescentando:
“Assim como pode o juiz nomeá-lo, pode removê-lo a qualquer
momento”.206 Correto que seja o fundamento, solidamente assentado no
vínculo de cooperação, não é tão simples destituir o particular sem ressarci-lo
das despesas e remunerá-lo pelo tempo empregado na atividade. Em tal
hipótese, de resto, não se aplicariam as sanções dos parágrafos do art. 468.

O perito que se recusa a prestar esclarecimentos em audiência ou por


escrito, respondendo, explicitamente, aos quesitos principais e
suplementares, incorre no tipo do art. 468, II, pois sua atividade encerrar-se-á
quando prestá-los de modo satisfatório. O laudo não é inválido, mas
incompleto, cabendo ao juiz determinar a realização de nova perícia.207 E, de
fato, mostra-se possível distinguir a renovação da perícia (art. 480) da
substituição do perito (art. 468), porque no último caso o perito (ainda) não
realizou o trabalho.208

E há motivo de supina importância: a recusa do perito em deixar-se


acompanhar pelos assistentes ou admitir a fiscalização das partes, faltando a
encontros agendados, não esclarecendo seus procedimentos e recusando-se
a ouvir esclarecimentos, como lhe obriga o art. 466, § 2.º. O perito que só
atende a uma das partes, desprezando a outra, tornou-se parcial e deve ser
substituído, ex officio, ou a requerimento do interessado.

2.009.3. Procedimento da substituição – O perito substituído sujeitar-se-á


a sanções, conforme deixam claro os parágrafos do art. 468, e tal
circunstância obriga o juiz a ouvi-lo previamente, tomando-lhe as devidas
explicações. Dispõe nesse sentido o art. 235, segunda parte, do CPC
francês,209 bem posicionado no respeito aos direitos fundamentais.

E, de toda sorte, não havendo o perito concluído o encargo, não tem


direito à remuneração pretendida. Deverá o substituído restituir as quantias
porventura recebidas, como admitiu o STJ no direito anterior.210 Aí há outra
razão para ouvi-lo antes do ato de afastamento. O experto que realizou
despesas, preparando os trabalhos periciais, não perde o direito ao respectivo
reembolso por força da destituição.

2.009.4. Sanções do perito substituído – Conforme o perito apresente


motivo legítimo, ou não, para descumprir o encargo, o que fica claro através
da remissão unicamente ao inc. II do art. 468, feita no § 1.º, o juiz: (a)
comunicará o fato ao órgão de classe; (b) poderá impor multa ao desidioso,
“fixada tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do
atraso no processo”.

A primeira providência ficará prejudicada no caso de o experto não se


encontrar vinculado a órgão de classe (v.g., o linguista, convocado a emitir
opinião acerca da ocorrência de plágio). Revela, de toda sorte, a inexistência
de poder disciplinar específico do juiz sobre perito.

A imposição de multa constitui medida efetiva contra o experto relapso. É


digno de registro que, na respectiva fixação, o juiz ponderará (princípio da
proporcionalidade) o valor da causa e o custo do retardamento, em razão da
inegável perda de tempo, mas não se encontra obrigado a estipular
percentual tendo por base de cálculo o valor da causa.211 Assim, a pena talvez
assuma valor expressivo, a simples possibilidade da sua imposição
intimidando o perito moroso e descuidado.

Por fim, o perito substituído obriga-se a restituir, em quinze dias, prazo


contado da intimação feita do ato do juiz, os valores recebidos pelo trabalho
não realizado. Entende-se por tal os honorários, e, não, as despesas
intrínsecas à atividade (v.g., o valor da compra dos reagentes químicos),
embora, na prática, uma e outra estejam englobadas na proposta de
honorários. Deixando de fazê-lo voluntariamente, reza o art. 468, § 2.º, ficará
impedido de atuar como perito judicial – não, porém, como assistente técnico
– pelo largo período de cinco anos. Cumpre ao juiz, ouvido o perito, aplicar
essa pena, vencido o prazo de quinze dias, e comunicar o impedimento ao TJ
e ao TRF, conforme o caso, a fim de que a pessoa (ou o órgão) sejam
excluídos do cadastro do art. 156, § 1.º. O impedimento é nacional, e, não,
local. Ademais, a decisão que ordenar a restituição constitui título executivo
para a execução forçada, legitimando-se a parte que adiantou os honorários
(art. 468, § 3.º).

2.009.5. Recorribilidade da substituição – O ato do juiz que substitui o


perito, impondo ou não multa ao substituído, constitui decisão interlocutória,
mas não é passível de agravo de instrumento. A jurisprudência predominante
já negava legitimidade recursal ao perito,212 admitindo, porém, o sucedâneo do
mandado de segurança.213 Este é o caminho aberto ao perito injustiçado.

2.010. Poderes do perito

O desempenho da atividade pericial confere ao auxiliar do órgão judiciário


poderes especiais. Do assunto ocupa-se o art. 473, § 3.º, reproduzindo
orientação haurida do art. 256, caput, do CPC de 1939, por sua vez inspirado
no direito português vigente a esta última altura, e o art. 429 do CPC de 1973.
É tema pertencente à condição jurídica do perito. Em síntese larga, os
poderes são os seguintes: (a) o poder de escolha do meio; (b) o poder de
coleta de dados; e (c) o poder de instrução do laudo (retro, 996).

A liberdade do perito para empregar o método porventura cabível ao


objeto da perícia revela-se essencial. Não há ciência sem liberdade de
pesquisa e de pensamento. Tal enunciado carrega suas próprias limitações
extrínsecas. E, de fato, o poder de escolha do meio padece de sensíveis
limitações, a saber: (a) limitações impostas por normas jurídicas; (b)
limitações impostas por regras técnicas; (c) limitações práticas.
À semelhança de qualquer outra, a atividade do perito depara-se com a
barreira da observância dos direitos fundamentais. Por exemplo, a inspectio
corporisforçada e a coleta compulsória de material orgânico da pessoa
contrariam a ordem jurídica. A fórmula genérica do art. 473, § 3.º, que autoriza
o perito e os assistentes técnicos “valer-se de todos os meios necessários”,
encontrará aí sua primeira e fundamental limitação. Limitação de outra
natureza decorre da imposição legal do método. Assim, na demarcação os
trabalhos de campo seguirão as regras do art. 583, não sendo dado ao
auxiliar do juiz descumprir o rígido itinerário traçado nessa disposição.

Por outro lado, o meio utilizado deverá ser adequado à sua finalidade, e,
por igual, completo. Assim, na perícia de que trata o art. 478, § 3.º, coletados
os similares, quando necessário, o perito cotejará três elementos – o papel, a
tinta e a impressão. A comparação se afigura essencial. Esta é uma prova
científica, suscitando, portanto, o delicado problema da sua futura apreciação,
relativamente à correção do meio e da credibilidade do resultado. Não é
inteiramente exato dizer-se que inexiste problema de admissão.214 Se
houvesse dúvida quanto à cientificidade da técnica de apuração da
autenticidade da assinatura, há muito consolidada, e a controvérsia surgiria
como em outros casos (v.g., a audição da testemunha por intermédio de
médium).

E, por fim, o perito enfrentará limitações práticas de toda espécie, a


exemplo da alteração no canteiro de obras, tornando impraticável reproduzir o
respectivo estado no momento do acidente do trabalho, e da preservação da
inteireza física do objeto do exame. Nesse último caso, salvo autorização
prévia do juiz, sopesando a necessidade, a fungibilidade do bem e os
interesses em jogo, não se revela admissível o perito destruir, inutilizar ou
alterar o objeto do exame.

O perito tem o poder de informar-se, abrangendo: (a) a consulta dos autos,


inclusivo retirando-os em carga,215 no momento oportuno, direito aventado no
art. 478,caput, na forma mais radical de remessa dos autos; (b) a requisição
de documentos em poder das partes ou de terceiros; (c) a oitiva de
testemunhas, indicadas pelas partes ou pelo juiz, e localizadas por sua
própria iniciativa (v.g., os antigos empregados do réu, que assistiram o evento
danoso), sendo que, na última hipótese, caber-lhe-á nominá-las e qualificá-
las, a fim de que possam ser ouvidas em juízo, se necessário.216 Essas
pessoas não se equiparam à testemunha propriamente dita, pois é informal a
respectiva audição.217

E ao perito toca o poder de documentar seu laudo, anexando-lhe,


exemplificativamente, plantas, desenhos, fotografias e outras quaisquer
peças. O poder de instrução adquire superlativa importância no futuro controle
da conclusão do perito. A juntada dos gráficos referenciais dos testes
realizados pelo perito permite o controle – obviamente, pelo assistente técnico
– da consistência do resultado enunciado.

2.011. Deveres do perito

Fiel à construção da figura do experto como auxiliar do órgão judiciário,


inspirado no CPC italiano, o estatuto brasileiro cuidou dos seus deveres nos
arts. 157,caput, primeira parte, e 158. Reforma posterior no CPC de 1973 já
dispensara o experto da prestação do compromisso (civil), substituindo-o pela
enunciação do dever de probidade, atualmente previsto no art. 466, caput, de
certo modo sobreposto ao art. 157, caput. Rompeu-se a coerência do sistema.
É outra prova dos efeitos importunos do recortado legislativo do CPC de 1973
e da sua incorporação no NCPC.

Em sua localização natural, no capítulo dedicado aos auxiliares do da


justiça, os arts. 157 e 158 evidenciam a natureza pública do vínculo que surge
entre o juiz e o particular designado para assumir o ofício pericial.218 Cuida-se,
indubitavelmente, de um auxiliar do juiz.219 Para o desempenho correto e
pontual das suas funções, o experto recebe determinados poderes, pesam-lhe
vários deveres e têm alguns direitos.

Da análise desses tópicos resulta claro que a posição do perito não se


confunde com a do assistente técnico. O vínculo do assistente técnico com
quem o contratou, pedindo-lhe o parecer, nasce e desenvolve-se segundo as
normas do direito privado. E têm consequências a diversidade no regime do
vínculo. Por exemplo, o valor da retribuição pecuniária do assistente técnico,
objeto de negócio jurídico privado,220 conquanto despesa reembolsável (art.
84), dependerá das regras de mercado e não se submeterá a controle prévio
do juiz.

O complexo de deveres, poderes e direitos do perito somente incide, por


essa razão, quanto à pessoa formalmente designada para o encargo na forma
do art. 465,caput.221

Os deveres do perito assentam na flagrante necessidade de incutir o


máximo de confiança das partes sobre a pessoa escolhida pelo juiz. Por
óbvio, o problema não se põe no caso de escolha conjunta (art. 471). O
objetivo é o de manter a boa da imagem da Justiça Pública.222 Assim, a falta
de regra específica de responsabilidade como a prevista no art. 158 não
isentaria o perito de responder por culpa e dolo, pessoalmente, perante a
parte prejudicada, mas a existência de regra especial a todos evidencia a
seriedade da atividade do perito. Em certo sentido, escolhido livremente o
experto, os deveres contrabalançam o poder do juiz nessa área. E é bom
recordar: “Auxiliar do juiz, que é, exercendo transitoriamente função judicial,
não no interesse das partes, mas no interesse exclusivo da justiça, insta ao
perito espelhar-se no juiz e lembrar-se que sua missão a deste se avizinha e
como o juiz precisa comportar-se: reto, imparcial, sereno, verdadeiro”.223

Os deveres em espécie do perito já receberam exame no sítio apropriado:


o item aberto para os colaboradores da justiça. São eles: (a) dever de
cumprimento; (b) dever de imparcialidade; (c) dever de pontualidade; (d)
dever de diligência; (e) dever de veracidade; (f) dever de comparecimento; (g)
dever de pessoalidade (retro, 997).

O dever de pessoalidade reclama menção à parte.224 A atuação do perito


envolve colaboradores próximos e diretos (v.g., o fotógrafo). Não lhe é lícito
transferir o encargo, mas pode valer-se desses auxiliares,225 informando ao
juiz, a fim de que as partes tenham controle sobre a atividade destes.226

2.012. Direitos do perito


O perito tem dois direitos fundamentais: (a) direito ao reembolso das
despesas (retro, 998.1); (b) direito à remuneração fixada pelo juiz (retro,
998.2). Esses assuntos já foram tratados suficientemente.

§ 414.º Assistente técnico

2.013. Funções do assistente técnico

Assistente técnico é o especialista contratado pela parte e da sua estrita


confiança. Razões de economia presidiriam a adoção do sistema do perito
único, mas pareceu excessivo deixar as partes sem controle da atividade
desse perito solitário, quiçá tentado pelo sentimento de onipotência, e
desprovidas de segunda opinião. Surgiu, assim, a figura do assistente técnico.
Em sua feição originária, o assistente caracterizava-se com o perito de
escolha da parte, porque exerceria a mesma função e receberia análogo
tratamento processual,227 em particular no tocante à exigência de
imparcialidade. A prática revelou a natural inclinação das opiniões do
assistente em prol da parte que o contratara.228 Assim, a Lei 8.455/1992
alterou radicalmente esse regime, sob a influência do direito italiano e da
figura aí prevista doconsulente tecnico di parte. Essa solução de política
legislativa chegou ao art. 466, § 1.º, ao declarar: “Os assistentes técnicos são
de confiança da parte e não estão sujeitos a impedimento ou suspeição”. O
assistente técnico não é auxiliar do juiz, porque assiste (e responde) à parte.

À semelhança, portanto, do regime italiano, o assistente técnico


desempenhará funções análogas à do representante judicial da parte, ou
advogado, mas na sua área de saber especial – o técnico, o científico, o
artístico ou o prático.229 Por óbvio, e convém consigná-lo desde logo, a
credibilidade da opinião do assistente dependerá, sobretudo, da sua
capacidade técnica e integridade pessoal.

Em nosso sistema, a designação do assistente técnico constitui faculdade


da parte. Do art. 465, § 1.º, I, não se infere algo diverso. O exercício dessa
faculdade baseia-se em múltiplos fatores, mas quanto maior a reputação da
pessoa indicado maiores serão as possibilidades de o juiz fiar-se em suas
conclusões e o perito acatar suas sugestões e observações. É a razão
principal da indicação.230

O assistente técnico desempenha a atividade própria num momento


específico do itinerário processual, o da produção da prova pericial, e com
finalidades predeterminadas e limitadas. Em primeiro lugar, funcionará como
vistor da parte. É pessoa habilitada – daí, a necessidade de qualificação
técnica (infra, 2.007.1) – a compreender os trabalhos periciais, conferindo-lhes
a regularidade e exatidão, e apresentando observações, sugestões e
objeções verbais ao perito. O assistente técnico atua como autêntico fiscal da
parte. Para essa finalidade, é normal e produtivo que oriente o advogado da
parte na elaboração dos quesitos principais e suplementares, e na redação do
pedido de esclarecimentos. Ademais, o assistente técnico oferecerá ao juiz
parecer alternativo ao do perito, havendo divergência de opiniões. Em nosso
sistema, vigente a diretriz da livre apreciação (art. 371), o parecer técnico
mencionado no art. 477, § 1.º, pode ser acolhido, in totum, pelo órgão
judiciário, acompanhado de motivação suficiente para se afastar das
conclusões do seu próprio auxiliar. Seja como for, o parecer técnico conterá
subsídios da maior importância (v.g., o incorreto manuseio das amostras,
possivelmente contaminadas; o emprego de equipamento desatualizado ou
imprestável ao exame; e assim por diante) para a parte refutar ou invalidar o
laudo pericial. Eis o motivo por que o art. 466, § 2.º, obriga o perito a
assegurar acesso e acompanhamento dos assistentes técnicos, mediante
prévia comunicação, comprovada nos autos, com antecedência mínima de
cinco dias.

Não se pode perder de vista que a atuação do assistente técnico é


partidária. Assim, nas funções compartilhadas com o perito de instrumento de
percepção e de instrumento de dedução, tenderá a favorecer quem o indicou.
Aqui também há exceções. O prestígio e a autoridade acadêmica ou
profissional do assistente técnico não lhe permite, a mais das vezes,
descumprir o dever de veracidade.

2.014. Número de assistentes técnicos

Segundo o art. 465, § 1.º, II, incumbe à parte “indicar assistente técnico”.
Embora não haja menção ao número, entende-se que, designando o juiz
perito único, cada parte principal, a parte auxiliar e o Ministério Público
indicarão seu próprio assistente técnico. Na redação primitiva do CPC de
1973, existia regra prevendo que, havendo litisconsórcio, os litigantes
escolheriam o assistente pelo voto da maioria de cada grupo; ocorrendo
empate, decidirá a sorte. Eliminado o parágrafo em reforma posterior, o
número de assistentes multiplica-se conforme o número dos legitimados a
indicá-los, mas cada qual indicará assistente único.

As partes têm direito de indicar mais de um assistente técnico no caso de


perícia complexa ou combinada, ou seja, envolvendo mais de uma área de
saber distinta. O art. 475 consagra diretriz salutar. Dificilmente a parte
localizaria pessoa com domínio acurado de todas as áreas de saber exigidas
na perícia complexa.

2.015. Habilitação do assistente técnico

O cabal desempenho das funções atribuídas ao assistente técnico reclama


habilitações análogas às do perito (retro, 2.006). O assistente necessita
acompanhar e compreender as operações periciais. A falta de conhecimento
técnico, científico ou artístico representaria óbice a essa função e, de resto,
não lograria informar as partes e o juízo.

Não esclareceu a lei, entretanto, se o assistente há de integrar o cadastro


prévio do art. 156, § 1.º. Por óbvio, é natural que assim seja, pois o assistente
pode funcionar como perito em outro processo, mas no mesmo juízo,
merecendo a confiança, portanto, do órgão judicial. Nada impede que seja
alguém ao cadastro prévio, aceitando a indicação da parte em caso
específico, por várias razões, mas sempre pessoa ou órgão legalmente
habilitado na área de conhecimento da perícia.

A qualificação do assistente técnico empresta-lhe o conhecimento


indispensável para subscrever o parecer técnico. O prestígio e a autoridade
do assistente na matéria da perícia afiguraram-se essenciais à credibilidade
do parecer.
A capacidade é pressuposto da qualificação. É a mesma do perito (retro,
2.007.1).

2.016. Disciplina processual do assistente técnico

Figurante que é do processo, o assistente técnico submete-se a disciplina


específica, hoje diferente da atribuída ao perito. A distinção transparece nítida
na impossibilidade de a contraparte recusar o assistente por impedimento ou
suspeição (art. 466, § 1.º, in fine). Tal não significa que inexistam
incompatibilidades, decorrentes do exercício de outras funções no
processo.231

Os deveres do assistente técnico são semelhantes aos do perito (retro,


997), ressalva feita ao dever de imparcialidade. Como o advogado da parte, o
assistente é partidário. Os deveres são os seguintes: (a) pontualidade (a
perda do prazo para entrega do parecer implica preclusão); (b) pessoalidade;
(c) veracidade; (d) pessoalidade; (e) comparecimento (v.g., para responder ao
questionário do art. 477, § 3.º). A condição jurídica do assistente relativiza,
mas não elimina totalmente o dever de veracidade. É comum a mesma
pessoa desempenhar, em processos distintos, mas em tramitação no mesmo
juízo, a função de perito e a de assistente técnico. O especialista se
desmoralizaria perante a autoridade judiciária ministrando informações falsas
e apresentando conclusões mendazes no parecer.

O assistente responderá civilmente no caso de descumprir o dever de


veracidade e causar prejuízo à contraparte. Mas, não responde na esfera
administrativa, porque não entretém vínculo com o órgão judiciário, nem
sequer na penal – o tipo penal (art. 342 do CPB), na redação da Lei 10.268,
de 28.08.2001, alude apenas a “perito” e, obviamente, não comporta
interpretação extensiva.

O assistente técnico tem o direito de oferecer seu parecer técnico, no


prazo legal, e informar diretamente ao juiz acontecimentos relevantes. Exerce
o poder de acompanhar integralmente as operações periciais até a
elaboração do laudo.232 É o que estabelece, de resto, o art. 466, § 2.º,
inovando o direito anterior, a fim de combater o mau vez do perito em ignorar
os assistentes das partes.

A parte remunera diretamente o assistente contratado (art. 95, caput). Este


negócio jurídico rege-se pelas disposições de direito privado. E, consoante os
termos do ajuste, o assistente tem direito a indenização das despesas.

O art. 82, § 2.º, determina que o vencido reembolse o vencedor, a título de


despesas processuais, a remuneração do assistente técnico. Esse dispositivo
já recebe análise anteriormente (retro, 638.5). Destacou-se a dificuldade de
obrigar o vencido a reembolsar o vencedor em montante por este
unilateralmente fixado; no entanto, duas ponderações desfazem essa
impressão negativa. A existência do contrato entre a parte e o assistente
técnico é questão de fato, passível de prova convincente. Assim, quem pagou
honorários ao assistente, cujo montante seja expressivo e elevado,
demonstrará o efetivo adimplemento da obrigação, anexando, por exemplo, o
documento fiscal correspondente. O assistente também provará o
recebimento da quantia. Por outro lado, presume-se que parte, contratando o
assistente técnico na ocasião em que inexistia certeza na vitória, e
remunerando-lhe em quantia expressiva, pagou preço justo, consoante o valor
da causa, a qualificação do contratado e a disposição em aceitar o encargo,
porque não poderia prever razoavelmente o direito a ser reembolsado.

§ 415.º Etapa inicial da perícia

2.017. Admissão da perícia

Em tese, as provas são propostas na petição inicial (art. 319, VI) e na


contestação (art. 336, in fine); na prática, essas declarações degeneraram em
simples especificações provisórias, porque o órgão judiciário determina às
partes, em momento anterior ao saneamento e à fixação do tema da prova
(retro, 1.309), proporem as provas (retro, 1.332). E, na realidade, definidos os
pontos controvertidos e conscientes as partes do ônus que lhes pesa, este é o
momento ideal.

As provas propostas produzir-se-ão em audiência, salvo disposição em


contrário (v.g., a prova documental), e a perícia entra no rol das exceções
admissíveis. O art. 361 contempla a produção de prova oral na audiência e a
perícia só tem complemento eventual, o dos esclarecimentos do art. 477, §
3.º, a justificar a audição do perito e dos assistentes prevista no art. 361, I. A
atividade do perito realiza-se predominantemente fora da audiência, ressalva
feita a esses esclarecimentos orais, todavia substituídos por esclarecimentos
escritos (art. 477, § 2.º). Por sinal, o art. 361, I, alude a esclarecimentos não
respondidos anteriormente por escrito, deixando aberta a porta do julgamento
antecipado (art. 355, I), caso sejam feitos.

Feita a proposição pela parte, opportuno tempore, ou ordenada pelo


juiz, ex officio, a admissão da perícia ocorrerá na decisão de saneamento, na
audiência preliminar, a teor do art. 357, § 3.º, ou por escrito, como é a regra,
e, em qualquer hipótese, o juiz especificará os meios de prova admitidos (art.
357, II). O cabimento da perícia já recebeu exame (retro, 2.000), bem como os
sucedâneos do parecer escrito (art. 472) e do depoimento técnico (art. 464, §
2.º), sobrelevando-se os casos de perícia obrigatória (retro, 1.996.2 e 2.001),
ou seja, nos casos em que a lei impõe a perícia para a prova da veracidade
de determinadas alegações de fato controvertidas.233 Exemplo de perícia
obrigatória localiza-se na interdição.

O ato do juiz que admite a perícia, ou não, deixou de comportar


impugnação autônoma, retornando-se ao regime das Ordenações Filipinas.234

Em dois aspectos, entretanto, o ato de admissão era inimpugnável desde


logo, precisamente no concernente à própria deliberação do art. 464, caput:
(a) a escolha do perito, objeto do incidente de recusa (infra, 2.022), cuja
resolução em qualquer sentido tampouco comporta recurso imediato; e (b) a
fixação do prazo da perícia, insuscetível de controle de jure. Bem por isso o
art. 465, § 1.º, designa tal ato de despacho, que é irrecorrível (art. 1.001).

O art. 464, caput, simplificou excessivamente o que não deveria. A rigor, o


conteúdo do provimento aí previsto revela-se bem mais complexo. O juiz
necessita relacionar o tema da prova com o conhecimento especial que o
experto domina e indicar por que a perícia é o meio de prova adequado para
apurar a veracidade da alegação de fato. Além disso, precisará delimitar o
campo da perícia, ponto de extraordinária delicadeza, conforme se destaca no
direito italiano;235 entre nós, todavia, o juiz confere ampla liberdade ao perito,
que retirará os autos em carga e, examinado o questionário das partes,
completado com o questionário oficial, atuará como achar melhor.

2.018. Prazo da perícia

Deferida a perícia e nomeado o perito, o juiz fixará prazo para a entrega


do laudo (art. 465, caput, parte final), fixando, ademais, programa para as
atividades subsequentes (etapas da perícia), a teor do art. 357, § 8.º, de olhar
fito na data designada para a audiência principal, se necessária por outro
motivo, cujo propósito consiste em evitar indesejáveis adiamentos. O prazo do
art. 465, caput, é judicial (retro, 1.153.1), quanto ao quantitativo em si,
indefinido e variável, mas há termo final bem delimitado no art. 477, caput.
Declara o dispositivo que o perito entregará o laudo até vinte dias antes da
audiência de instrução e julgamento.

Razões de ordem prática, sentidas já na vigência do CPC de 1939,236 vez


que a atividade do perito sofre percalços distintos, instituíram o costume de o
juiz abster-se da designação da audiência principal na decisão de
saneamento (retro, 1.813). Assim, o termo final é desnecessário. E, de toda
sorte, o interregno da parte final do art. 477, caput, não se harmoniza com a
tomada de esclarecimentos por escrito do perito e dos assistentes (infra,
2.033).

O fundamento da necessidade de o juiz fixar prazo para o perito concluir a


atividade que lhe compete no exame, na vistoria e na avaliação (art.
465, caput) parece curial. A fixação do prazo impede que a produção da prova
pericial fora da audiência transforme-se em lamentável causa de
procrastinação do feito. Por esse motivo, o perito retardatário sem motivo
legítimo será substituído, a teor do art. 468, II, e apenado com multa (art. 468,
§ 1.º), além de obrigado a restituir os honorários adiantados (art. 468, § 2.º),
sem embargo da responsabilidade administrativa (art. 468, § 1.º). Embora não
esteja designada a audiência de instrução e julgamento, desde logo, os fins
do prazo da perícia exigem, destarte, que sempre seja fixado pelo juiz.
Eventual omissão da decisão comporta emenda através de embargos de
declaração.

O quantitativo do prazo varia conforme o objeto da perícia. Parece


altamente recomendável o juiz entender-se com o perito, fixando o tempo
hábil, nem maior, nem menor do que o necessário ao cumprimento do
encargo.237 O ajuste permite avaliar o tempo mínimo indispensável às
diligências (v.g., a coleta dos documentos, a extração dos dados e a
organização das tabelas, na perícia contábil), a capacidade de trabalho
natural do experto e a combinação do encargo com seus outros afazeres. O
perito é um particular em colaboração eventual com a Administração da
Justiça e, mesmo no caso de empenhar-se com exclusividade à função
pericial, os demais compromissos devem ser considerados. O cálculo mal
feito do prazo originário obrigará o juiz a conceder dilatação, apresentado
motivo legítimo, o que o juiz deferirá uma vez (art. 476).
O art. 478, § 1.º, situado no dispositivo que trata da perícia realizada por
estabelecimentos oficiais (v.g., a médico-legal), cuidou da parte vulnerável,
exigindo que os órgãos e repartições oficiais, designados pelo juiz para
realizar a perícia (v.g., o Departamento Médico Judiciário), cumpram o prazo
da perícia e deem preferência ao beneficiário da gratuidade. Não sendo
possível, ante o excesso de serviço, podem pleitear a prorrogação do prazo
originário motivadamente (art. 478, § 2.º). Nada exclui, então, o art. 476: o juiz
concederá a prorrogação uma vez e por metade do tempo original.

É bem de ver que, havendo escolha conjunta (art. 471), ainda assim o juiz
fixará o prazo (art. 471, § 2.º).

Em virtude da consequência prevista ao atraso (art. 468, II), importa fixar o


termo inicial do prazo da perícia (art. 465, caput, parte final). Descurou-se da
intimação prévia do particular, dispensado de prestar compromisso, pois já
assumiu a obrigação legal e moral de cumprir os deveres da profissão,
recaindo a escolha do juiz sobre pessoa inscrita no cadastro do TJ ou do TRF
(art. 156, § 1.º). Dessa forma, o perito é convocado informalmente pelo
escrivão para comparecer em cartório, realizando, então, intimação in faciem,
a partir da qual fluirá o prazo de cinco dias para as iniciativas arroladas no art.
465, § 2.º, e o prazo de quinze dias para escusar-se do encargo (art. 157, §
1.º).

Não é possível contar o prazo da intimação das partes prevista no art. 465,
§ 1.º, feita por outro meio. Ao contrário, o termo inicial do prazo da perícia
convém iniciar após a aceitação da proposta de honorários, atitude concebível
no prazo de cinco dias previsto no art. 465, § 3.º, e do depósito dos
honorários fixados pelo juiz (art. 95, § 1.º), independentemente do
levantamento da metade (art. 465, § 4.º). Então, o perito já conhece o teor dos
quesitos que lhe incumbe responder obrigatória e conclusivamente no laudo
(art. 473, IV).

O art. 478, caput, oferece indicação mais segura. O juiz autorizará o


escrivão remeter autos, bem como o material sujeito a exame, para o diretor
do estabelecimento oficial em que se integra a pessoa que realizará a perícia.
O prazo do art. 465, caput, parte final, fluirá, então, a partir do protocolo de
entrega do expediente. Fora daí, e de ordinário, o prazo da perícia fluirá da
retirada dos autos em carga pelo perito, ressalva feita à hipótese de o juiz
marcar data para o início das diligências, a teor do art. 474, regra cuja
redação indireta e obscura oferece outras dificuldades nesse aspecto (infra,
2.024).

2.019. Atitudes das partes posteriores à admissão da perícia

Definida a admissibilidade da prova pericial, proposta pelas partes ou


ordenada, ex officio, pelo órgão judiciário, e nomeado o perito, dessa decisão
as partes devem ser intimadas por uma das modalidades legais, geralmente
através de publicação no órgão oficial, fluindo daí, e ordinariamente (art. 219
c/c art. 224), o prazo comum de quinze dias.

Em semelhante prazo, lícito se afigura a prática dos seguintes atos


processuais pelas partes: (a) recusar o perito (art. 465, § 1.º, I, c/c art. 148, II);
(b) indicar assistente técnico (art. 465, § 1.º, II); (c) formular quesitos (art. 465,
§ 1.º, III); (d) escolher outro perito conjuntamente, para os efeitos do art. 471.

Essa última possibilidade infere-se do fato de a perícia consensual


realizar-se em substituição à perícia realizada pelo “perito nomeado pelo juiz”.
(art. 471, § 3.º, in fine), pois a lei é lacônica quanto à oportunidade de as
partes formularem o requerimento previsto no art. 471, caput. Pode acontecer
de proporem tal variante antes da decisão de saneamento e organização do
processo ou na audiência preliminar (art. 357, § 3.º); porém, o melhor
momento é o que se segue ao deferimento da prova pericial (art. 357, II), e,
portanto, ao da designação do perito.

2.019.1. Autonomia dos atos posteriores à admissão da perícia – As


atitudes posteriores à admissão da prova pericial constituem atos autônomos,
mas de importância equivalente. Admite-se a indicação do assistente técnico,
abstendo-se a parte de formular quesitos, e vice-versa; a recusa do perito,
acompanhada da indicação do assistente técnico e da formulação dos
quesitos, ou a abstenção desses atos e a prática de apenas um deles.

O uso do verbo “incumbir” no art. 465, § 1.º, não torna imperativa a prática
dos atos previstos nos incs. I, II e III. A ênfase serve só para imputar ônus aos
destinatários da intimação. A prova pericial produzir-se-á normalmente sem a
intervenção originária ou superveniente das partes mediante a indicação de
assistente e a formulação de quesitos. Por sinal, no exame de DNA frisante é
a desnecessidade de as partes indagarem seja o que for do perito: o objeto é
tão preciso que o resultado da (correta) manipulação do material orgânico
define a conclusão por si mesmo.

2.019.2. Preclusão dos atos posteriores à admissão da perícia – O


vencimento, in albis, do prazo de quinze dias previsto no art. 464, § 1.º, não
importa preclusão, relativamente ao direito de formular quesitos e indicar
assistente técnico.

Firmou-se entendimento no STJ que, a despeito da fluência do prazo,


legítimo a parte formular quesitos enquanto não iniciados os trabalhos
periciais.238 A possibilidade de apresentação de quesitos suplementares (art.
469) já relativiza o prazo da regra, no concernente ao questionário prévio, e
não teria sentido, nessa conjuntura, extrair consequências rígidas da inércia
da parte. Por afinidade, antes do início dos trabalhos a parte também poderá
suprir a anterior omissão no tocante à indicação do assistente técnico.239

É obrigatório, entretanto, ensejar às partes o prazo legal de quinze dias.240

Diferente afigura-se o regime da recusa do perito. O prazo é o do art. 464,


§ 1.º, ou seja, de quinze dias, vez que esta é a primeira oportunidade para a
parte falar nos autos,241 conforme o art. 148, § 1.º.242 Ele só vale para as
causas preexistentes (v.g., postula como advogado de uma das partes pessoa
mencionada no art. 144, III). Fatos supervenientes (v.g., o perito recebeu
presente da contraparte após a aceitação do encargo, a teor do art. 145, II),
desconhecidos nessa primeira oportunidade, ensejam recusa posterior,
contando-se o prazo da data em que a parte conhecê-los.243 Assim, não
deduzida a recusa no prazo de quinze dias, relativamente às causas
preexistentes de impedimento e de suspeição, haverá preclusão.244
Razoável que seja esse regime para as causas de suspeição e de
impedimento, a ausência de capacidade (retro, 2.006) ou de qualificação
profissional (retro, 2.007.1) merecem análise em outra perspectiva (infra,
2.035).

2.019.3. Âmbito subjetivo dos atos posteriores à admissão – O art. 465, §


1.º, II e III, declara incumbência das partes a indicação de assistente técnica e
a formulação de quesitos. Entenda-se bem: partes principais, incluindo os
terceiros que ingressaram no processo, a parte auxiliar e a parte coadjuvante
– o art. 179, II, dissipa qualquer dúvida quanto à iniciativa do Ministério
Público neste particular. É cabível, outrossim, a recusa do perito arguida por
qualquer desses sujeitos.

A prova se destina à formação do convencimento do órgão judiciário,


ressentindo-se este de conhecimento técnico, científico e artístico que lhe
permita a emissão do juízo de fato, razão bastante para conceder ao próprio
juiz a faculdade de formular quesitos para o seu auxiliar.

A faculdade de o juiz formular quesitos não se inclui no âmbito subjetivo


do art. 465, § 1.º, cujo endereço é inequívoco, envolvendo as “partes”. E, de
resto, o momento propício para semelhante iniciativa é outro, na oportunidade
em que o escrivão faz conclusos os autos para o controle do questionário
apresentado pelas partes (art. 470, II).

É claro que nada impede o juiz, ao admitir a prova pericial, e delimitar o


objeto da perícia – no fundo, simples especificação do tema da prova, porque
nem todas as questões de fato necessitam de conhecimento especial –,
desde logo apresente quesitos; porém, a própria colocação da matéria no art.
470 sugere que a formulação de quesitos principais pelo juiz não se presta a
fixar o objeto da perícia, nem sequer para prescrever os meios a serem
empregados pelo perito. Nesse último caso, aliás, o juiz infringiria a liberdade
de o perito escolher os meios necessários e adequados às tarefas de
percepção e de dedução que lhe são próprias (retro, 994).

2.019.4. Escolha conjunta do perito – Lícito às partes, alternativamente à


designação oficial, por razões várias (v.g., falta de confiança no perito
escolhido pelo juiz), não havendo requerido anteriormente, antes da decisão
de saneamento e organização do processo, louvarem de comum acordo
perito (art. 471, caput). Em tal hipótese, a escolha recairá, obrigatoriamente,
em profissional legalmente habilitado, embora não esteja inscrito no cadastro
do TJ ou do TRF (art. 156, § 1.º).

O art. 471 estabelece dois requisitos à admissibilidade da escolha


conjunta: (a) capacidade plena das partes (inc. I); (b) disponibilidade do objeto
litigioso (inc. II). No tocante ao primeiro, não importa que haja intervenção da
parte coadjuvante, exceto, por óbvio, a fundada no art. 179, II. O requisito
abrange as pessoas naturais. Ao Ministério Público, então, e às partes
auxiliares, alheios que seja ao ajuste, caberá a formulação de quesitos, a
indicação de assistente técnico e a recusa do perito. Em relação ao segundo,
há equivalência com objeto da transação, assunto alhures examinado. E, por
fim, havendo litisconsórcio, independentemente do regime simples ou
especial, todos hão de louvar o mesmo perito. Fora daí, inexistem restrições à
escolha conjunta, inclusive no caso do art. 478, caput.
O requerimento já indicará os assistentes técnicos e a perícia realizar-se-
á, reza o art. 471, § 1.º, em data e local previamente enunciados, tornando
inútil a incidência do art. 474. A entrega do laudo do perito e dos pareceres
técnicos ocorrerá no prazo fixado pelo juiz (art. 471, § 2.º), revestidos os
requisitos legais (art. 473). E, acrescenta o art. 471, § 3.º, a perícia
consensual substituirá a realizada pelo perito nomeado pelo juiz.

A designação de perícia “consensual” não é muito própria. O consenso


respeita unicamente à louvação do perito. Fora daí, mutatis mutantis, aplica-
se o procedimento próprio da perícia. Assim, haverá a designação de dois ou
mais peritos, havendo necessidade de perícia combinada (art. 475). Os
poderes e os deveres do louvado são idênticos ao perito designado pelo juiz
(v.g., o do art. 466, § 2.º). Fica subentendido que não cabe escusa ou recusa.
O louvado retardatário poderá ser substituído (art. 468, II), submetendo-se,
ademais, às sanções dos parágrafos do art. 468. O prazo para entrega do
laudo poderá ser prorrogado uma vez e nas condições do art. 476. O laudo
submeter-se-á, uma vez protocolado no prazo legal (art. 477, caput),
guarnecido dos requisitos do art. 473, I a IV – haverá, portanto, questionário a
ser respondido – à(s) crítica(s) das partes, na forma, nos prazos e para os
efeitos dos parágrafos do art. 477. A avaliação do laudo segue o art. 479 e
não se pré-exclui, absolutamente, a renovação da perícia (art. 480).

2.020. Formulação dos quesitos principais

O art. 465, § 1.º, III, assina o prazo de quinze dias para as partes – o
âmbito subjetivo dessa expressão já recebeu análise no item antecedente –
formularem quesitos ao perito nomeado pelo juiz.

Os quesitos são perguntas, relativas aos fatos objeto da perícia, e que se


formulam ao experto.245 O encadeamento lógico dessas perguntas tem o
objetivo de conduzir o perito a exprimir conclusão favorável à parte
questionadora. Nesse aspecto, outra diferença transparece entre o perito e a
testemunha. O caráter sugestivo e tendencioso dos quesitos não importa, ao
contrário do que acontece no testemunho, pois a integridade do perito há de
sobrepor às influências e condicionamentos das partes.246 O conjunto dos
quesitos forma o questionário que incumbe ao perito obrigatoriamente
responder (infra, 2.029.1). Não é necessário que a parte adote a forma
interrogativa.247

Existem duas espécies de quesitos: (a) os principais, de que trata o art.


465, § 1.º, III; e (b) os suplementares, previstos no art. 469. Aqui se cuidará
dos primeiros.

2.020.1. Forma dos quesitos principais – Os quesitos são formulados por


escrito e em petição endereçada ao juízo competente.248 Do contrário,
inviabilizar-se o controle sobre a pertinência do questionário, prevista no art.
470, I.249 Formalmente, constituem anexo à petição.

Realizando-se a perícia em outra comarca ou seção judiciária, mediante


carta, o art. 465, § 6.º, autoriza a nomeação do perito pelo juízo deprecado,
bem como a indicação de assistente neste juízo, atendendo ao princípio da
economia. Nessa contingência, o prazo de quinze dias do art. 465, § 1.º,
correrá no juízo deprecado,250abrangendo a formulação de quesitos.
É comum a parte apresentar seus quesitos de forma articulada. Segundo
tal técnica, hoje desprezada e negligenciada, a resposta ao quesito
antecedente condiciona a resposta do subsequente, e, conforme o teor de
cada resposta, a articulação oferece uma ou mais variantes, e assim
sucessivamente. O objetivo consiste em vincular o pensamento do perito em
determinado rumo e alcançar a conclusão final almejada. Os efeitos da
articulação ostentam-se apreciáveis.

O quesito não necessita da forma interrogativa, traduzindo, às vezes, a


exigência de resposta positiva ou negativa à proposição enunciada. Por
exemplo: diga o perito se o autor é, ou não, filho do réu.

2.020.2. Objeto dos quesitos principais – A elaboração dos quesitos


reclama os seguintes predicados: (a) pertinência; (b) clareza; (d) precisão.

A pertinência respeita a dois aspectos autônomos, mas complementares.

Em primeiro lugar, o quesito há de se ater ao objeto do exame, da vistoria


ou da avaliação. Os quesitos que extrapolarem o objeto da perícia são
impertinentes e, como tais, cabe ao juiz indeferi-los, a teor do art. 470, I.
Assim, se a alegação de fato controvertida respeita à autenticidade do
documento X, ou da assinatura de A, quesitos fora desse âmbito revelam-se
impertinentes. A rigor, a pertinência se apura mediante o cotejo do conteúdo
da pergunta e o da questão de fato. Exemplo frisante de quesito impertinente
é o que exige do perito na ação possessória levantamento topográfico da área
litigiosa, a fim de compará-lo com os títulos do domínio, o que dificulta a
perícia e procrastina o feito.251

E, ademais, o questionário versará os pontos que exigem conhecimento


técnico, cientifico ou artístico, respeitando a especialidade do perito. Essa
limitação pré-exclui quesitos a respeito da matéria de direito,252 “pois esta não
é da competência dos peritos, mas do juiz”.253 É impertinente perguntar ao
perito contábil se o débitoX tem ou não previsão no contrato. A interpretação
do contrato constitui tarefa afeta ao órgão judiciário.254 Pareceres de
jurisconsultos, produzidos por iniciativa das partes, podem auxiliar o juiz
nesse âmbito, jamais a perícia. Explicitamente, o art. 238, in fine, do CPC
francês, interdita ao perito efetuar apreciações de ordem jurídica, objetivando
a regra erradicar o risco de o experto usurpar, indiretamente que seja, a
função exclusiva do juiz.255 E a limitação também exclui, com o clássico grão
de sal, quesitos inócuos (v.g., se a tinta com a qual se redigiu o contrato
controvertido é indelével), ressalva feita à hipótese desse quesito assentar
premissa para quesito pertinente (v.g., as características da escrita do
documento sugerem falsificação).

O requisito da pertinência autoriza o juiz a repelir os quesitos que não


respeitam a neutralidade do debate judiciário.256 Nesse sentido, o controle de
que trata o art. 470, I, recairá sobre palavras (v.g., diga o perito se o réu
ladrão…) ou trechos de certo quesito, chegando à supressão total.

É preciso ter em mente a formação intelectual do perito no momento da


elaboração dos quesitos, perguntando positiva e diretamente acerca dos fatos
submetidos à percepção ou à dedução do experto, através de palavras
simples, e evitando a todo transe o jargão jurídico. Parte-se do princípio que o
perito é profissional competente na sua área específica de saber, mas ignora
as peculiares da linguagem jurídica.

A precisão do quesito envolve, ao contrário, o uso adequado da linguagem


do próprio perito. Em geral, a parte obtém o auxílio do assistente técnico, cuja
indicação há muito programou, antecipando-se ao deferimento da prova
pericial, e que acompanha o processado, desincumbindo-se a contento desse
requisito. É ao perito que se dirige a exortação do art. 473, § 1.º, exigindo
linguagem simples, além de coerência e indicação do raciocínio que lhe
permitiu alcançar as conclusões alcançadas. O destinatário dessa regra é o
juiz, porque profano na matéria de especialização do perito, necessitando
entender o laudo. Não tem o concurso de qualquer assistente para essa
finalidade, ao contrário das partes.

2.020.3. Efeitos dos quesitos principais – O art. 256, parágrafo único, do


CPC de 1939 rezava: “Os peritos responderão aos quesitos em laudo
fundamentado”. Não se reproduziu a regra CPC de 1973. Mas, curialmente
incumbe ao perito responder os quesitos formulados pelas partes, e tal
exigência encontra-se prevista, em termos categóricos, no art. 473, IV.
Inexistem disposições legais inócuas em matéria processual. Prescrevendo o
art. 465, § 1.º, III, a formulação de quesitos, era óbvia a obrigatoriedade de
respondê-los no laudo, sem pejo de o experto emprestar forma própria e
particular à peça. É sob a forma de questionário, ainda, a prestação de
esclarecimentos, dissipando dúvidas e rechaçando impugnações das partes
(art. 477, § 3.º).

Segundo o princípio da comunhão da prova (retro, 1.356), os quesitos


principais, formulados pelas partes, ou ex officio pelo juiz (art. 470, II), tornam-
se comuns. Não podem ser objeto de desistência ou de retratação. E, por
conseguinte, todas as partes têm direito à resposta do perito a respeito de
todos os quesitos, inclusive do formulado pela contraparte (e cuja resposta
talvez seja decisiva).

Em conclusão, o perito responderá obrigatoriamente a todos os quesitos


formulados, como já se entendia no direito anterior,257 e obriga o art. 473, IV.
E, sem dúvida, o perito responderá a cada quesito individual, conclusiva e
motivadamente.258 A resposta oblíqua, a remissão ao corpo do laudo ou a
certa folha do processo, desatende ao requisito da motivação.

Essa exigência de motivação individual de cada quesito aumentará e


adensará o trabalho do experto, mas o valor da retribuição pecuniária, sendo
este o caso, contemplará semelhante acréscimo de esforço e de inteligência.

Laudo que não responde os quesitos, por mais supérfluos ou redundantes


que soem após a motivação e a conclusão anteriormente apresentadas,
padece de vício e, havendo prejuízo – a fundamentação talvez seja
incompleta –, o juiz mandará completá-lo ou realizará nova perícia.

2.021. Indicação dos assistentes técnicos

No prazo comum de quinze dias, as partes têm direito de indicar


assistente técnico (art. 465, § 1.º, II). O assistente técnico é o experto de
confiança da parte (art. 466, § 1.º). Desempenhará dupla função: (a)
controlará a atividade do perito, acompanhando e reproduzindo o itinerário
das pesquisas realizadas (art. 466, § 2.º); (b) apresentará parecer técnico (art.
477, § 1.º), manifestando concordância ou discordância, no todo ou em parte,
com as conclusões do perito e respostas ao questionário (retro, 2.032.2).

O vínculo de estrita confiança e a retribuição pecuniária direta feita pela


parte não influenciam na aptidão do assistente. Exibe a mesma aptidão do
perito, ou seja, análogo domínio na área de saber objeto da perícia.259 Após a
redefinição das funções do assistente técnico, transformado o parecer em
opinião autônoma, abolindo a obrigatoriedade de trabalho conjunto e da
ulterior coincidência de opiniões, mediante apresentação de conclusão única
– não, porém, da fiscalização da atividade do perito, como se infere do art.
466, § 2.º –, aparentemente eclipsou-se o requisito da qualificação. A verdade
é que, sem capacitação técnica, científica ou artística similar à do perito, o
assistente não se desincumbirá a contento de nenhuma das suas funções.
Impossível à pessoa desqualificada entender a natureza e os objetivos das
pesquisas empreendidas pelo perito, e, assim, informar a parte dos
desmandos, equívocos e subterfúgios que, fatalmente, refletem-se na
conclusão do laudo e nas respostas aos quesitos. Tampouco logrará elaborar
parecer técnico crível e adequadamente motivado impugnando as conclusões
errôneas do perito. Logo, mantém-se o requisito no essencial: vinculado que
seja à parte, incluindo a (admissível) relação de emprego, tanto melhor que o
assistente técnico apresente qualificações superiores às do perito.

A indicação de assistente técnico representa simples faculdade da parte


principal, da parte auxiliar ou da parte coadjuvante. Acontece de o juiz
escolher pessoa única na sua esfera de saber ou dotada de credenciais
impecáveis e confiabilidade indiscutível, satisfazendo ambas as partes.

A inserção do art. 465, § 1.º, II, no procedimento comum não significa a


impossibilidade de a parte indicar assistente para a acompanhar a prova
técnica e científica nos procedimentos especiais. Na pretensão à demarcação
de terras particulares, havendo revelia do(s) réu(s), ou não, o juiz designará
peritos (art. 579), e esses trabalhos de campo podem ser acompanhados por
assistente(s) técnico(s), como já decidiu o STJ.260

Desapareceu a exigência de os litisconsortes escolherem de comum


acordo assistente técnico único, votando per capita, e no caso de empate
recorrendo à sorte, uma vez eliminado o respectivo fundamento: a
necessidade de trabalho conjunto do perito e dos assistentes. Em tal sistema,
compreende-se que, sendo muitos os assistentes, ensejar-se-iam tumultos e
dificuldades na formação do consenso.261 A atividade de fiscalização do
assistente técnico (art. 466, § 2.º), no regime atual da perícia, não interfere na
atuação do perito. Ao contrário, quanto maior o número de fiscais, mais
intenso e eficaz mostrar-se-á o controle, inibindo denúncia isolada e
inconsistente, impugnável mediante esclarecimentos orais ou escritos dos
demais assistentes. Assim, cada parte é livre para indicar, ou não, o
respectivo assistente técnico. A quantidade de assistentes técnicos variará
conforme o número de litisconsortes (rectius: de partes, pois o assistente e o
Ministério Público podem designar assistentes). Nada obsta aos interessados
se ajustarem e, dividindo a despesas, indicarem assistente único.
Deferida a perícia combinada (art. 475), versando mais de uma área de
conhecimento, as partes indicarão tantos assistentes quanto o número de
especializações envolvidas. O objetivo persiste na fiscalização em cada área.
Cuida-se, naturalmente, de faculdade, cujo exercício dependerá da precisa
indicação da especialização de cada experto.262 E a parte necessitará dispor
de recursos financeiros para arcar com a despesa.

2.022. Recusa do perito

A intimação de que trata o art. 465, § 1.º, é a primeira oportunidade,


conforme prevê o art. 148, § 1.º, para a parte impugnar o perito escolhido pelo
órgão judiciário. O art. 467, caput, declara que o perito pode “ser recusado por
impedimento ou suspeição”. Não se limitam aos motivos conducentes à
quebra da imparcialidade as causas de recusa do perito. O perito escolhido
necessita ser e parecer honesto, imparcial e competente,263 ampliando-se, na
mesma medida, as causas alegáveis. O art. 467 oferece a terminologia
adequada a essa impugnação.

2.022.1. Oportunidade da recusa do perito – As partes tomam ciência da


escolha do perito pelo órgão judiciário no momento em que recebem a
intimação para indicar assistente e formular quesitos. Tal é a primeira
oportunidade que lhes cabe “falar nos autos” (art. 148, § 1.º, segunda
parte).264 Desse modo, a parte principal, auxiliar ou coadjuvante impugnará o
perito no prazo de quinze dias do art. 465, § 1.º.265

Cumpre realizar importante distinção quanto à oportunidade da recusa. O


prazo de quinze dias, de resto preclusivo,266 vale somente para as causas
preexistentes. Por exemplo, designando o juiz perito que é parente
consanguíneo em linha reta do advogado do autor, objeto de previsão no art.
144, III, a contraparte impugnará a nomeação, no prazo de quinze dias, ou
decairá (preclusão) do direito de remover o perito. No caso de fato
superveniente ao ato do art. 465, caput, a exemplo da peita recebida pelo
perito no curso das diligências, o prazo (quinze dias) fluirá da data em que a
contraparte efetiva e inequivocamente tomou ciência desse motivo de
afastamento.267

2.022.2. Forma da recusa do perito – O legitimado (parte principal, parte


auxiliar ou parte coadjuvante) recusará o pedido, seja qual for o motivo
alegado, por intermédio de petição dirigida ao juiz, indicando o fundamento da
recusa (art. 148, caput). O destinatário é, nos tribunais, o relator, mas a
disciplina é do regimento interno (art. 148, § 3.º).

Dessa proposição inicial retira-se relevante conclusão sistemática. No


tocante ao perito, fundada em que esteja a recusa em motivo de impedimento
ou de suspeição, não se veiculará a impugnação através de exceção
processual,268 mas através do procedimento do art. 148, processado perante o
juiz da causa e sem suspensão do processo. Por óbvio, a forma ou a
designação pouco importam; deduzindo a parte a recusa por via de “exceção”,
o juiz mandará processá-la corretamente, abstendo-se de conceder-lhe efeito
suspensivo.

Não é, porém, inteiramente desprovida de efeitos o oferecimento da


recusa. O art. 189, parágrafo único, do CPC de 1939 previa, por medida de
prudência,269 o afastamento temporário do arguido até a solução do incidente.
Parece razoável supor que o perito, enquanto se processa o incidente, não
iniciará os trabalhos periciais. Se o juiz, que é o diretor do processo, abstém-
se de oficiar até a solução do incidente, o tratamento do perito não pode ser
diverso.270

O art. 148, caput, exige que a petição endereçada ao órgão judiciário seja
fundamentada e instruída. Cabe ao recusante invocar o motivo cabível –
sublinhe-se que não se limita à alegação de parcialidade –, narrando fatos
que se amoldem a semelhante causa de recusa, e, igualmente, produzir a
prova documental disponível. É possível que, inexistindo documentos, a parte
requeira a produção de prova testemunhal, perfeitamente admissível na
espécie. Aplicar-se-á, por analogia, o art. 146,caput, parte final: a parte
apresentará, desde logo, rol de testemunhas. Descumpridos esses ônus, o
juiz indeferirá a recusa de plano. Tal ato não comporta impugnação
autônoma, mas não preclui e poderá ser revisto, suscitada a questão nas
razões ou contrarrazões da apelação.

O pedido consiste no afastamento do perito. Os motivos alegados


emprestam seriedade à impugnação do perito.

2.022.3. Motivos da recusa do perito – O art. 467, caput, admite a recusa


do perito por força de impedimento (art. 144) e de suspeição (art. 145). As
causas de impedimento e de suspeição já receberam análise no tocante ao
órgão judiciário e aplicam-se, mutatis mutandis, ao perito.

A quebra da imparcialidade é apenas uma das categorias genéricas


passíveis de alegação por via da recusa. Existem razões mais práticas e
diretas para a parte não aceitar a escolha do juiz. Em primeiro lugar, cabe à
parte arguir a falta de capacidade (v.g., o juiz designou entendido de fato
funcionalmente analfabeto, incapaz de ler e redigir no vernáculo), a falta de
qualificação profissional (v.g., o juiz designou experto sem grau universitário)
e a falta de conhecimento técnico, científico e artístico (v.g., o juiz designou
engenheiro civil para avaliar matas nativas, preterindo engenheiro florestal
devidamente inscrito no cadastro do TJ ou do TRF).

Razões outras, menos objetivas, mas plausíveis são alegáveis. Por


exemplo, o perito é notoriamente moroso, atrasando os laudos; o perito
recebeu incumbência distinta em outro juízo, e assaz trabalhosa, presumindo-
se que ficará muito ocupado e não dará maior atenção às demais perícias, e
assim por diante. Existem casos em que a parte desconfia do(s) assistente(s)
do perito, ou seja, de membro de sua equipe de trabalho. Entende-se que
este não é motivo para rejeitar o auxiliar,271mesmo no caso de o assistente
ultrapassar a esfera da delegação admissível.

Importa sublinhar que os motivos de recusa não se confinam,


absolutamente, ao impedimento e à suspeição.

2.022.4. Procedimento da recusa do perito – Deduzida a impugnação ao


perito, no prazo e forma legais, e inexistindo causa rejeitá-la de plano, o art.
148, § 2.º, ordena que mande processá-la em separado. Formam-se autos
próprios para o incidente e nesses autos praticar-se-ão os atos processuais
pertinentes.
Formados os autos próprios, o juiz mandará ouvir o perito. O prazo é de
quinze dias e contar-se-á ordinariamente. Concebem-se três atitudes: (a)
contradição às alegações da parte; (b) inércia do perito; (c) admissão dos
fatos alegados; (d) solicitação de desligamento voluntário. Nesses três últimos
casos, liquida-se o incidente: o juiz acolherá o pedido, destituirá o perito
original e designará outro, inclusive perante a iniciativa de o perito,
impugnando o motivo alegado, solicitar seu desligamento do encargo,
melindrado com a recusa; no primeiro caso, ao invés, incidirá o art. 148, §
2.º, in fine: o juiz facultará a prova necessária e, produzida esta (incluindo
audiência de instrução), julgará o pedido.

O provimento que julgar a impugnação à nomeação do perito, em qualquer


sentido, não rende agravo de instrumento no primeiro grau. Processando-se o
incidente no tribunal, porque deferida a perícia em causa de competência
originária do segundo grau, a impugnação dependerá da existência de norma
regimental e, geralmente, à parte concede-se agravo por órgão fracionário
integrado pelo relator. Controvertia-se a possibilidade de o perito impugnar o
ato em nome próprio. Existem mais razões favoráveis do que contrárias, mas
o STJ inclina-se pelo entendimento restritivo quanto à legitimidade recursal do
perito,272 acompanhando outros ordenamentos.273

2.022.5. Efeitos da recusa do perito – Admitida a recusa, ou seja, acolhido


o pedido de afastamento compulsório do experto, o juiz “nomeará novo perito”
(art. 467, parágrafo único). Por óbvio, a nova escolha é impugnável pela
mesma via.274

A designação de outro perito não reabre, ao menos formalmente, o prazo


do art. 465, § 1.º. Mas, já se destacou a interpretação flexível desse
dispositivo, possibilitando a parte formular quesitos e indicar assistente antes
do início da perícia.

Tampouco oferece o ato do juiz motivo plausível para alterar o assistente


técnico inicialmente indicado. O móvel dessa iniciativa só pode ser o de
indicar pessoa que, presumivelmente, exercerá maior influência intelectual ou
reverencial sobre o perito. O ato é pouco liso, mas admissível: inexiste
impedimento de a parte substituir ao seu talante pessoa que é da sua
exclusiva confiança (art. 466, § 1.º). O STJ estimou, no direito anterior,
admissível a substituição do assistente técnico só por motivo de força maior
devidamente provado.275

2.023. Controle do questionário

Compete ao juiz dirigir o processo, em especial a produção da prova, cujo


objetivo consiste na demonstração da veracidade das alegações de fato,
possibilitando a emissão o juízo a seu respeito. No tocante à perícia, os incs. I
e II do art. 470 constituem explicitações veementes do poder de direção
formal do órgão judiciário, declarando admissível (a) o indeferimento dos
quesitos impertinentes; e (b) a formulação dos quesitos “necessários ao
esclarecimento da causa”.

2.023.1. Indeferimento dos quesitos impertinentes – A impertinência dos


quesitos envolve os seguintes aspectos: (a) quesitos alheios ao objeto da
perícia, por sua vez decorrência do tema da prova, fixado na decisão de
saneamento e de organização do processo (art. 357, II) e que indica a
questão de fato que só poderá ser dirimida com o concurso de especialista
(v.g., o quesito sobre a conduta sexual da mãe, irrelevante na investigação de
paternidade ou de maternidade); (b) quesitos alheios à área de conhecimento
técnico, científico ou artístico, a cujo respeito o juiz convocou o experto a
opinar (v.g., o quesito sobre matéria jurídica).

A esses dois grupos fundamentais, e no intuito de permitir controle mais


flexível e adequado, acrescenta-se a (c) impertinência estritamente formal,
englobando: (ca) impertinência derivada dos excessos de linguagem, na
hipótese de a simples obliteração das expressões injuriosas (art. 78, § 2.º)
parecer insuficiente ao juiz; (cb) a impertinência decorrente da falta de clareza
e de precisão do quesito.

Raramente o órgão judiciário exerce o controle que lhe compete sobre o


questionário. Desconhecendo, na verdade, o debate das partes, dispõe de
escassos vagares para ler atentamente os questionários, por vezes longos, e
prefere confiar ao auxiliar a indicação dos quesitos viciados.

2.023.2. Formulação dos quesitos oficiais – Coerentemente à


obrigatoriedade de o perito responder aos quesitos (retro, 2.020.3), o art. 470,
II, autoriza o órgão judicial, na oportunidade em que tem à vista o conjunto
dos quesitos formulados pelas partes, ou verifica a falta desses quesitos, no
todo ou em parte, a formular quesitos pertinentes e necessários ao seu
esclarecimento. Nenhum perito ciente da sua posição de auxiliar do juiz
ousaria de ânimo leve recusar respostas a tais quesitos.

Em razão do momento em que o juiz os explicita, os quesitos oficiais


assumem nítido caráter subsidiário: ou suprem a falta de quesitos pertinentes
das partes ou completam tais quesitos, porque pertinentes, mas parciais. Por
exemplo, na perícia para apurar a falsidade ou a autenticidade do
documento A, os quesitos das partes versam a adulteração da cláusula Y,
mas o juiz questiona quanto à cláusula Z, indeferindo o quesito respeitante à
cláusula X.

O singelo exemplo ministrado justifica a reunião no mesmo dispositivo o


indeferimento dos quesitos impertinentes e a formulação de quesitos oficiais.
Essas operações constituem verso e reverso da mesma atividade do juiz: o
controle do questionário. O STJ já admitiu, a esse propósito, a possibilidade
de o juiz ordenar ao perito que não responda certo quesito, cuja pertinência
avaliará posteriormente, apresentado o laudo.276

A formulação de quesitos pelo próprio juiz não integra a rotina da prova


pericial. E o motivo principal é inapetência do juiz e da juíza no emprego dos
poderes de direção do processo.

§ 416.º Etapa operativa da perícia

2.024. Data e local do início dos trabalhos

A designação da data e local para o início da atividade do perito inaugura


a etapa intermediária da prova pericial (art. 474). Ressuscitou-se a regra
originária do art. 427, I, do CPC de 1973, indevidamente banida no curso de
reforma parcial, trocando início da “diligência” – a condizente palavra pareceu
antiquada ao legislador antiquada – por início da “produção da prova”. E com
razão: os trabalhos do perito, acompanhado, ou não, pelos assistentes
técnicos, não podem realizar-se à socapa, mas sob a direção do juiz e a
fiscalização das partes (art. 466, § 2.º), por imposição do
contraditório,277 eventualmente chamadas a colaborar no primeiro momento –
por exemplo, lançando em folha de papel, “por cópia ou sob ditado, dizeres
diferentes, para fins de comparação” (art. 478, § 3.º, in fine), no exame que
apurará a falsidade ou autenticidade do documento.

2.024.1. Origem e forma da intimação do início dos trabalhos –


Formalmente, a designação da data e do horário do início dos trabalhos
periciais é do juiz. É a autoridade judiciária que exerce o poder de mandar o
escrivão intimar as partes por um dos meios admissíveis, conforme preceitua
o art. 474, em que pese redação equívoca (“As partes terão ciência…”).

Talvez a regra pretenda economizar a atividade processual concernente à


intimação (elaboração da nota, remessa ao órgão oficial, publicação no
veículo físico ou eletrônico, certidão do escrivão), propiciando a designação e
a convocação pelo próprio perito, como ocorre no direito francês.278 Se este é
o objetivo, inclusive no direito anterior, pensou-se muito mal. Verdade que o
direito pátrio já admite a comunicação dos atos processuais de mero
expediente por iniciativa do auxiliar do juiz (art. 466, § 2.º, in fine). Essa
informalidade não se harmoniza com as elevadas finalidades do ato previsto
no art. 474. Recorde-se, exemplificativamente, a hipótese de o experto
pretender a coleta de material orgânico do réu para o exame de DNA. A
ciência informal da data e do local, mediante simples telefonema, não
caracterizará claramente a recusa prevista nos arts. 231 e 232 do CC para os
efeitos aí indicados.

2.024.2. Destinatários da intimação do início dos trabalhos – A intimação


se destina às partes principais, à parte auxiliar e à parte coadjuvante, bem
como – e principalmente – aos assistentes técnicos. Esse é outro relevante
motivo para proceder à intimação formal dos interessados: o assistente
técnico funcionará como o instrumento de controle da parte dos trabalhos
periciais.

Percebeu o art. 474, na alusão que o perito indicará a data e o local,


o quod plerumque fit. É o perito quem escolhe a data e aponta o local,
informando ao juiz. Este se limita a mandar o escrivão intimar as partes e os
assistentes em consonância com a indicação do experto. Fatores vários,
como a reunião dos materiais e dos equipamentos, a agenda do perito e do
laboratório, alheios ao controle judicial, confiam ao perito a escolha, no curso
do prazo da perícia, do momento propício ao começo da diligência.

2.024.3. Conteúdo da intimação do início dos trabalhos – O art. 474 indica


o conteúdo do que se deverá cientificar as partes: a data e o local do início
dos trabalhos periciais.

2.024.3.1. Local da perícia – O local do início da produção da perícia


dependerá das circunstâncias. Cuidando o experto de apurar as causas do
incêndio que destruiu totalmente o estabelecimento comercial – a experiência
forense ensina que, segurado o prédio e mercadorias, incêndios assumem
caráter fulminante e arrasador –, cumpre-lhe arrecadar o material apropriado
no lugar da situação da coisa; o recolhimento da escrita paradigma, para os
efeitos do art. 478, § 3.º, acontecerá, indiferentemente, no foro ou no instituto
de perícias forenses; a coleta do material genético na própria residência do
réu, ou no endereço do laboratório que procederá ao exame; e assim por
diante.

Em outros sistemas, tolera-se que o auxiliar do juiz se desloque para além


das divisas da comarca ou seção judiciária.279 O problema é mais agudo na
inspeção judicial, em que o juiz deslocar-se-á da sede do juízo. Entre nós,
quanto à perícia, o art. 478 indica o contrário, mas a expedição de carta
precatória deve ser entendida nos devidos termos, limitando-se aos casos em
que a perícia realizar-se-á totalmente em local distinto. Por exemplo, o perito
recolherá material para exame no prédio sinistrado, este situado em outra
comarca ou seção judiciária, mas o exame em si realizar-se-á no foro da
causa. Em tal hipótese, inexiste necessidade de carta precatória.

2.024.3.2. Data da perícia – A data do início dos trabalhos compreende o


dia e o horário. Por vezes, a coleta do material (v.g., sangue) exige que a
pessoa se apresente em jejum, convindo o comparecimento na primeira hora
da manhã.

O início dos trabalhos é ato processual como qualquer outro. Realizar-se-


á, destarte, em dia hábil e no interregno próprio à prática dos atos processuais
(art. 212,caput).

2.024.4. Finalidades da intimação do início dos trabalhos – Duas são as


relevantes finalidades do ato previsto no art. 474.

Por um lado, no momento e no local designados o perito e os assistentes


entram em contato, pela primeira vez, presumivelmente para trocar
impressões e induzi-los a concerto dos respectivos esforços, na pior das
hipóteses assegurando participação plena dos assistentes e o desempenho
da sua função (art. 466, § 2.º), não se logrando o desejável trabalho conjunto.

E, de outro lado, permite às partes e demais interessados acompanhar os


trabalhos e realizar impugnações imediatas às incorreções dos meios usados.
A falta de intimação provoca, destarte, lesão ao direito pleno de defesa na
esfera judicial.280 Fica subentendido que, desenvolvendo-se os trabalhos em
distintas e sucessivas etapas – por exemplo, à coleta dos vestígios do
incêndio, no local do evento, seguir-se-ão exames no laboratório –, as
reuniões devem ser comunicadas às partes e aos assistentes.281

O art. 345 da Ley de Enjuiciamiento Civil espanhola disciplina em termos


análogos o acompanhamento das partes, dispondo, especificamente, sobre a
presença no reconhecimento de lugares, objetos e pessoas, o que parece
natural. Mas, tirante esse aspecto, duvida-se que a rotina atual da atuação do
experto, como o estudo da documentação, análises laboratoriais, fastidiosos
exames em comprovantes contábeis, recolhimento de amostras no terreno ou
em escombros, o exame clínico da pessoa e a retirada dos seus fluidos
corporais, permita acompanhamento próximo.282 É interpretação
manifestamente errônea. As partes têm o direito de fiscalizar os trabalhos, e o
perito o dever de comunicar-lhes os momentos relevantes (art. 466, §
2.º),283 colocando-se à disposição. O perito tem o dever de indicar seus
contatos profissionais para esse efeito (art. 465, § 2.º, III), inclusive o
endereço eletrônico.

O comparecimento das partes e dos assistentes não é obrigatório. Cuida-


se de ônus, e, não, dever, recaindo sobre os interessados os efeitos –
ausência de participação e controle dos trabalhos periciais – da ausência.

2.024.5. Consequências da falta de intimação do início dos trabalhos – Em


virtude das finalidades, o ato do art. 474 não constitui formalidade descartável
a talante do juiz e do perito. É ato obrigatório na etapa operativa da perícia. O
descumprimento do dispositivo não acarretará, fatalmente, a invalidação dos
trabalhos iniciados e dos atos que lhe são subordinados, como o laudo.
Impende demonstrar prejuízo.284 Entende-se assim no direito italiano.285

Em certa oportunidade, versando perícia psicológica em causa de extrema


delicadeza, o STJ proclamou de observância rígida de regra análoga do CPC
de 1973, acentuando: “A possível supressão de informações derivada da
ausência de acompanhamento de assistente técnico de uma das partes, em
relação à qual não houve intimação para o início da produção da perícia,
acarreta a nulidade desse laudo”.286

2.025. Forma dos trabalhos

Firmada a prerrogativa de o experto operar livremente (retro, 996.1),


segundo seu exclusivo critério, mas acompanhado dos assistentes (art. 466, §
2.º), pertence-lhe a escolha do meio. Feita esta, entretanto, o perito pautar-se-
á rigidamente por suas diretrizes. A operação do perito mostra-se passível de
controle nesse aspecto decisivo. Não é outro o objetivo visado pela
fiscalização das partes. A inacessibilidade do exame em si não constitui
motivo de exclusão desse controle, evitando, por exemplo, a contaminação ou
troca do material orgânico colhido para o exame de DNA, pendores da
fiabilidade do exame, e a estrita observância de parâmetros éticos e
científicos.287 Admitir o contrário significaria tolerar operação errática,
produzindo-se conclusões equívocas e sentenças injustas.

Em seu trabalho, dentro desses limites bem razoáveis, nenhuma


disposição legislativa direta tolhe o perito, nem sua atividade variável pode ser
objeto da lei.288 É significativa a omissão de linhas gerais na seção que se
ocupa da prova pericial. O perito se organizará da melhor maneira possível,
segundo o estado da arte, planejando sua atividade, atentando à
circunstância que nenhuma perícia é idêntica à anterior na mesma matéria,
conforme reconhece experto do maior quilate.289 Os limites aos seus poderes,
examinados em item específico (retro, 996), mostram-se nítidos: não lhe é
dado violar os direitos fundamentais, constrangendo partes e terceiros à
colaboração forçada, devendo apelar à autoridade judiciária, da qual atua
como auxiliar, em casos de dificuldades.

No âmbito da forma dos trabalhos, no direito anterior em que, de ordinário,


funcionavam dois peritos, cogitava-se de obrigatoriedade do trabalho
conjunto, a despeito da falta de disposição nesse sentido, respondendo-se
afirmativamente, ressalva feita à contribuição individual para o trabalho
comum.290 Assim, cada perito realizaria exames diferentes, tendentes a
certificar a veracidade de certa alegação de fato, ou prova e contraprova com
os mesmos materiais, mas cada qual em ocasiões diferentes. Atenua o
problema geral, no direito vigente, a designação de perito único (art.
465, caput), sendo o assistente porventura indicado da confiança da parte, ou
seja, especialista partidário. Em casos particulares, a exemplo do art. 579,
subsiste o problema: no direito anterior, a partir do levantamento planimétrico
do agrimensor, os arbitradores fixarão as divisas e, então, o agrimensor
traçará a linha demarcanda,291 operações que, mutatis mutandis, incumbem
ao perito do art. 579. Ora, como intuitivamente nota-se no caso de
demarcatória, integra a natureza das coisas a convivência dos arbitradores,
e, a fortiori, do agrimensor, que é o especialista dotado de conhecimento
especial para avaliar os elementos físicos do art. 583, idealmente reunidos
numa equipe harmônica, e cujo objetivo consiste em “interpretar e solucionar”
as questões técnicas.292 Apresentarão laudos distintos só no caso de
divergência inconciliável. E, seguindo a tradição,293 o juiz resolverá
motivadamente.

O trabalho conjunto, se possível em harmonia e estreita colaboração,


eventualmente secundado por críticas e abespinhadas discrepâncias, não
muda de figura, porque o juiz designa perito único. O assistente desempenha
a função de vistor da parte e, para chegar à mesma conclusão, ou emitir
opinião divergente à do perito, necessita ter acesso às fontes de prova, em
igualdade de condições, e conhecer o método seguido pelo perito. Frustrar-
se-ia essa função de controle e a razão de ser do assistente na hipótese de
eximir o perito dessa cooperação. Por isso, o art. 466, § 2.º, estabelece essa
imperiosa necessidade. O que o assistente não pode, na sistemática vigente,
é interferir e condicionar as conclusões do perito,294 restando-lhe a juntada de
parecer autônomo, aderindo ou não à opinião oficial.

2.026. Direção dos trabalhos

A perícia se realiza sob a direção do juiz. À sua autoridade recorrerá o


perito para solver dificuldades e impasses. O desaparecimento da regra
explícita que agasalhava a versão originária do CPC de 1973 não modificou o
princípio. A falta de controle oficial da perícia já levou a modificações
legislativas em outros ordenamentos.295 Como acontece em relação a outros
atos materiais (v.g., a citação por oficial de justiça, os atos executivos, os
últimos constituem objeto do art. 782,caput), a presença pessoal do órgão
judiciário nas diligências periciais afigura-se totalmente desnecessária, quiçá
impertinente (v.g., a fiscalização do exame feito em laboratório, porque as
técnicas a serem empregadas não lhe são compreensíveis), mas isto não
diminui o poder de controle.

Lançou-se ao vento a dura crítica que os juízes “se quedam no gabinete,


como em redoma, e deixam a perícia transcorrer a cargo dos litigantes e dos
técnicos; dificilmente, comparecem ao local dos exames, sequer para se
inteirarem de como serão ou estão sendo feitos”.296 A admoestação incorre
em flagrante excesso. Retroceder-se-ia mais de um século. Já o art. 50 do
Regulamento baixado pelo Decreto 720, de 05.09.1890, disciplinando o
procedimento da demarcação e da divisão de terras particulares, previa o
prosseguimento das operações de campo, fixado o marco inicial, “sem a
permanência do juiz no lugar da diligência”. E a razão apresentada é curial: os
trabalhos realizam-se pelo agrimensor, que é o senhor do terreno, não se
entrevendo “porque deva estar presente o juiz em um que em que nada tem a
fazer”.297 Existem outras razões menos pragmáticas, mas intensamente
persuasivas.

Visto o problema pelo ângulo mais exposto e fácil, o juiz carece de


conhecimento especial – o técnico, o científico ou o artístico – e, embora
assistente dos trabalhos de qualquer natureza (v.g., a coleta do material
orgânico e seu processamento nos equipamentos do laboratório), precisaria
consultar o experto, a todo instante, obtendo esclarecimentos sobre o sentido
e o alcance das operações. Não é por outra razão que a fiscalização das
partes realiza-se precipuamente pelo assistente técnico. Se houver
necessidade de controle da atuação do perito, ou dificuldade que o experto
almeja eliminar, o juiz exercerá seus poderes de direção mediatamente,
desde seu gabinete, decidindo a respeito do ato postulatório das partes ou do
perito a ele apresentado por escrito.

Um dos postulados fundamentais da oralidade repousa no contato do juiz


com a prova. A esse contato se chama de princípio da imediação,
anteriormente explicado (retro, 1.357), e que assume duas faces segundo
construção germânica: (a) imediação subjetiva, que alude à participação
pessoal do juiz na coleta da prova (v.g., inquirindo a testemunha, a teor do art.
459, § 1.º); (b) imediação objetiva, em que o juiz exerce diretamente seus
sentidos junto às fontes de prova, particularmente na inspeção judicial (v.g.,
os sons gerados durante culto religioso, objeto de reclamação dos
vizinhos).298 Respeitável opinião insiste na obrigatória presença do juiz “pelo
princípio da imediatidade”.299 Nenhuma das facetas apontadas tem cabimento
no caso: o juiz não tem habilidade para coletar a prova, porque lhe faltam
destreza, experiência e conhecimento especial, inclusive para recolher
amostras e materiais, e tampouco o exercício dos seus sentidos profanos
permitir-lhe-á adquirir conhecimento – os sons do culto talvez se enquadrem
nos limites legais, medido pelo equipamento adequado.

O entendimento prevalecente dispensa o comparecimento pessoal do juiz


nas diligências periciais.

2.027. Fiscalização dos trabalhos

O comparecimento das partes no início da produção da perícia,


assegurado no art. 474, fundamenta-se no princípio da publicidade da prova
(retro, 1.358). O processo se desenvolve de portas abertas, criando
comunidade de trabalho entre partes e órgão judiciário, e nenhuma prova
pode ou deve ser produzida sigilosamente, ressalva feita, por óbvio, às que
têm publicidade reduzida na forma da lei (retro, 171). Em casos extremos,
conforme a natureza íntima dos fatos alegados, ou sobressalente interesse
público, restringe-se a publicidade ao mínimo, limitando-a às partes e aos
seus procuradores.

Por aí já se vê que o perito precisa atuar abertamente. Inadmissível que se


esconda, trabalhe dissimuladamente, provoque desencontros intencionais,
frustrando o contato das partes, dos advogados e dos assistentes técnicos no
cumprimento do dever previsto no art. 466, § 2.º. Esse comportamento
ensejará a imediata substituição no caso de o perito discriminar uma das
partes.
O assistente técnico indicado pela parte funciona como vistor da atividade
pericial. Nada obstante, as partes têm o direito de acompanhar pessoalmente
todos os atos relevantes da produção da prova pericial.300 Quase ocioso
recordar, outra vez, o art. 345 da Ley de Enjuiciamiento Civil espanhola, ao
permitir que as partes presenciem o reconhecimento de pessoas, de lugares e
dos objetos,301 evitando equívocos gravíssimos do experto na identificação
das fontes de prova. O erro no recolhimento de material orgânico (v.g., troca
de cadáver) levará fatalmente ao erro no resultado do exame de DNA. É claro
que os participantes do ato respeitarão o decoro (v.g., o autor não presenciará
o exame íntimo da ré).302 Lícito que prestem informações e façam
observações tendentes a manter a perícia nos limites fixados pelo juiz, quanto
ao laudo imposta no art. 473, § 2.º. Importará muito, decerto, os limites dessa
fiscalização.

Partes e advogados observarão o princípio da probidade (art. 5.º). Não


lhes cabe debater com o perito, moderadamente, ou não, mas assinalar
eventual inconformidade, em nome da lealdade, e reclamar incontinenti ao
juiz. E, de toda sorte, a fiscalização limita-se aos atos de operação. Ninguém
pode interferir na redação do laudo e na conclusão do experto.303

2.028. Incidentes nos trabalhos

A etapa operativa da perícia suspende-se e interrompe-se em decorrência


de vicissitudes heterogêneas. Os motivos supervenientes de
incompatibilidade da pessoa com a função entram no cenário. Colocado à
prova no campo, sob a direção do juiz e a fiscalização das partes, o perito
talvez se revele inexperto, incidindo, portanto, o art. 468, I. Por sinal, o
descumprimento do prazo da perícia, prorrogado uma vez, ou não,
inexoravelmente provocará a substituição do experto (art. 468, II). O
desaparecimento das fontes de prova (pessoas e coisas), definitiva ou
transitoriamente, em certas condições inviabilizam o prosseguimento dos
trabalhos periciais. Falta de materiais (v.g., reagentes químicos), impedindo a
provocação dos fenômenos artificiais que elucidariam a alegação de fato,
adiam o término da perícia indefinidamente.

Ao analisar os incidentes na fase operativa da perícia, a atenção recairá


preferencialmente sobre os que lhe são típicos ou próprios: (a) a prorrogação
do prazo da perícia; (b) a formulação de quesitos suplementares.

2.028.1. Prorrogação do prazo da perícia – Fatos de natureza


heterogênea, concernentes à pessoa do perito (v.g., doença própria ou de
familiar), ao meio pericial (v.g., a falta de reagentes químicos ou o defeito no
aparelho) e às fontes de prova (v.g., a pessoa que fornecerá material orgânico
viajou ao exterior), impedem a observância estrita do prazo da perícia, fixado
nos termos do art. 465, caput (retro, 2.018).

O art. 476 autoriza o perito a requerer, motivadamente, a prorrogação do


prazo e ao juiz conceder-lhe a dilatação uma vez. O motivo não se relaciona
necessariamente com o evento imprevisto do art. 223, § 1.º, ou seja, não
atém-se à noção de justa causa. Essa proposição interessa mais à boa
marcha do processo que à literalidade do art. 476, exigindo “motivo
justificado”, pois o indeferimento da prorrogação implicaria a renovação dos
atos processuais praticados até o requerimento do experto, aumentando o
custo financeiro do processo. Pela mesma razão pragmática, o juiz não se
cingirá a prorrogar o prazo uma só vez, atendendo à excepcionalidade da
situação (v.g., o perito gabaritado sofreu acidente, ultrapassando o previsível
tempo inicial de recuperação). O experto que requerer sucessivas
prorrogações acaba relegado pelo juiz quando houver necessidade
designação em outro processo.

Indeferida a prorrogação, subentende-se que o perito não apresentou


“motivo legítimo” – as expressões dos art. 476 e 468, II, se equivalem,
revelando-se imprópria falta de coincidência terminológica – e ao órgão
judiciário restará substituí-lo (art. 468, II), aplicando-lhe as sanções cabíveis
(retro, 2.009.4).

2.028.2. Formulação de quesitos suplementares – A fiscalização da parte


das diligências do perito sugere, por vezes, a complementação do
questionário original, objetivando até mesmo a fixação do procedimento do
experto, a fim de debatê-lo, posteriormente, na crítica ao laudo. O art. 469
permite à parte formular quesitos suplementares, “durante a diligência”,
respeitado o contraditório, intimando-se a contraparte da respectiva juntada.

Essa norma descende do art. 254, in fine, do CPC de 1939 e constou de


vários códigos promulgados pelos Estados-membros na Primeira
República,304 bem como do CPC de 1973.

A formulação dos quesitos suplementares serve para instigar o perito


realizar investigação mais aprofundada do objeto do perito; explorar aspectos
inicialmente omitidos, que o acompanhamento das diligências revelou
importantes e decisivos; oficializar as observações e sugestões das partes,
dos seus advogados e dos assistentes técnicos, rechaçadas pelo perito,
obrigando-o a respondê-las fundamentadamente.

2.028.2.1. Oportunidade da formulação dos quesitos suplementares – O


art. 254, in fine, do CPC de 1939 autorizava a formulação dos quesitos
suplementares “até a realização da diligência”, fórmula esta que inspirou a
errônea interpretação que, iniciada a produção da prova, não mais cabem
quesitos suplementares. Não era correta inteligência da regra: as
circunstâncias inspiradoras desses quesitos surgem, a mais das vezes, no
curso das diligências.305

Recepcionado o reparo, o art. 469 modificou a cláusula, deixando claro


que o termo final para o legitimado formular quesitos suplementares é, em
princípio, a entrega do laudo,306 e, por exceção, posteriormente, caso em que
o perito os responderá na audiência. Após a entrega deste, cabem
esclarecimentos (art. 477, § 3.º), se as respostas escritas não satisfazem, cujo
efeito prático não é similar, porque não visam a induzir a opinião do perito,
mas forçar sua revisão. E o termo inicial, delimitado pela exigência da
pendência da perícia, só pode ser a data em que o juiz, acatando ou não o
conselho do perito, fixou para o início da diligência (art. 474). Esse primeiro
contato pode representar o móvel imediato da complementação. Por exemplo,
o início dos trabalhos ocorreu no local do sinistro, mas o perito só recolheu
amostras de área específica do prédio sinistrado, ignorando a sugestão da
parte que as recolhesse em outro sítio.
2.028.2.2. Legitimidade para formulação dos quesitos suplementares –
Legitimam-se a formular quesitos suplementares as partes (as principais, as
auxiliares e a coadjuvante, havendo intervenção do Ministério Público)
habilitadas a apresentar quesitos principais.307 Essa legitimidade se estenderá
aos sujeitos que, nesse interregno, passaram a figurar no processo. É o caso
da intervenção tardia do Ministério Público, do assistente e do litisconsorte
preterido (art. 115, parágrafo único). O juiz também pode formular quesitos
suplementares. A localização do art. 470, II, aponta claramente essa
possibilidade.

Problema interessante é o relativo à legitimidade de quem não formulou


quesitos principais valer-se do art. 469 e, a pretexto de complementação,
oferecer questionário original. Impróprio restringir a faculdade dos que, na
condição de terceiros, não tiveram essa oportunidade. Além disso, o art. 465,
§ 1.º, III, não é preclusivo, segundo a jurisprudência prevalecente no direito
anterior (retro, 2.020.3), e, dessa forma, não se cuidará de recuperar etapas
vencidas. Do juiz se exigirá controle muito acurado, senão impossível na
prática, para traçar nítida diferença entre o quesito “suplementar” e o que, por
sua natureza, deve ser considerado “principal”. E, por fim, o princípio da
comunhão da prova, ou da aquisição (retro, 1.356), sugere que os quesitos
principais formulados por um dos legitimados, ou ex officio (art. 470, II),
tornam-se comuns. Não comportam desistência ou retratação. Assim, por
força da comunhão, todos os sujeitos do processo têm direito às respostas do
perito, devidamente motivadas, e ao questionário alheio qualquer das partes
aderirá livremente.308

2.028.2.3. Objeto da formulação dos quesitos suplementares – Por


definição, os quesitos suplementares visam a explorar ângulos antes
ignorados no objeto da perícia. Varia muito o móvel dos quesitos
suplementares como já destacado. E a possibilidade de a parte que se
absteve de apresentar quesitos principais aderir, livremente, ao questionário
alheio, complementando-o segundo o próprio interesse, confere feição fugidia
e imprecisa à figura. É plausível a conjectura que, na prática, confundem-se
os objetos.

Não é admissível a formulação de quesitos sigilosos, desconhecidos da


contraparte, ou de qualquer outro participante do processo, pois incompatível
com o princípio da publicidade.

2.028.2.4. Procedimento da formulação dos quesitos suplementares – Os


quesitos suplementares submetem-se ao controle do juiz. A própria
localização do art. 470, I, em seguida ao art. 469, e fora dos dispositivos que
lhe são mais próximos (v.g., o art. 474 estipula o termo inicial) revela a
inequívoca intenção de incluí-los na órbita do controle oficial, permitindo ao
juiz indeferi-los, no todo ou em parte, porque impertinentes. Valem, aqui, as
considerações feitas a esse propósito. No entanto, há outra conclusão
sistemática a extrair-se desse arranjo: na linha preconizada pelos quesitos
suplementares pertinentes, lícito se afigura ao juiz formular quesitos oficiais
(art. 470, II). Antes de mais nada, portanto, o juiz avaliará a pertinência dos
quesitos suplementares. O STJ já teve ocasião de reafirmar o controle do juiz
no caso de complementação do questionário suplementar.309 Do ato que
indeferir no todo ou em parte o questionário caberá agravo de instrumento.
Da juntada dos quesitos aos autos, e vencido o juízo de admissibilidade, o
juiz mandará ouvir a parte contrária. A preterição dessa intimação no art. 469,
comparativamente à anterior, não tem cabimento, notadamente em estatuto
que deu proeminência ao princípio do contraditório.

A regra anterior apresentava defeito de somenos, mas assinalável: a


intimação se destinará a todos os figurantes do processo, e, não, somente à
“parte contrária”. Far-se-á a intimação através dos meios legalmente
admissíveis, em geral publicação no órgão oficial. Entre os destinatários da
intimação figuram o perito e os assistentes técnicos de quem não os produziu.
Do contrário, o perito não poderia respondê-los previamente, como aponta o
art. 469. Ora, essas pessoas não têm representação técnica nos autos,
revelando-se ineficaz a intimação pelo órgão oficial; então, cabe ao escrivão
chamá-los informalmente e intimá-los in faciem.

À intimação antecede dificuldade de ordem prática. O perito tem acesso


aos autos e, de ordinário, retira-os em carga, a fim de consultar as alegações
de fato das partes. O art. 478, caput, prevê a remessa dos autos ao instituto
oficial de perícias (v.g., o Instituto de Criminalística, habilitado, na esfera
penal, a realizar perícias de qualquer espécie). Em tal caso, o escrivão
requisitará os autos de quem os detiver em carga, juntará o questionário
suplementar e fará conclusão dos autos ao juiz para o controle.

2.028.2.5. Efeitos da formulação dos quesitos suplementares –


Formulados quesitos suplementares, o questionário se torna irretratável. O
perito é obrigá-lo a respondê-los (retro, 2.029.1).

As despesas acrescidas são de responsabilidade de quem formulou o


questionário. Foi o que decidiu o STJ, no direito anterior, sublinhando que a
“orientação, além de respeitar a real natureza da nova quesitação, ainda
impede eventual comportamento processual malicioso”.310

§ 417.º Etapa final da perícia

2.029. Documentação da perícia

A entrega do laudo pericial, ou o parecer do perito, marca o início da


derradeira etapa da produção da prova pericial. Chama-se laudo ao parecer
ou opinião do perito em que traz ao órgão judiciário seu conhecimento
especial, favorecendo a resolução da questio facti.

Realçada a índole essencial escrita do processo civil brasileiro,


relativamente aos atos postulatórios e à desnecessidade de audiência para
proferir sentença, em obra clássica,311 evoluiu nosso direito rumo à forma
escrita o depósito do parecer do experto, dispensando-se a lavratura de auto
na presença do juiz.312 O art. 477,caput, declara que “o perito protocolará o
laudo em juízo” (= no ofício judicial ou no protocolo geral), subentendendo a
forma escrita. Essa diretriz genérica merece desenvolvimento.

2.029.1. Requisitos do laudo pericial – Definida a forma escrita, o laudo


pericial preencherá duas espécies de requisitos de validade: (a) extrínsecos; e
(b) intrínsecos.313
2.029.1.1. Requisitos extrínsecos do laudo pericial – O laudo pericial
ostentará dois requisitos extrínsecos: (a) a redação escrita, pelo próprio perito
ou terceiro; (b) a autenticação, ou seja, a assinatura do próprio punho ou
digital do perito.

É comum o laudo pericial dividir-se em três partes autônomas e distintas:


(a) relatório (visum et repetum), no qual o perito (aa) identifica o processo, o
juízo do qual recebeu a designação e as partes; (ab) descreve o contato com
a fonte da prova (a pessoa, a coisa ou o fenômeno); (ac) narra as ocorrências
do trabalho pericial (v.g., as sugestões ou impugnações das partes, dos
advogados e dos assistentes técnicos); (ad) indica os meios empregados, ou
método, descrevendo as operações correspondentes (v.g., o modo de coleta
do material orgânico, o método do exame, a contraprova); (ae) as informações
colhidas nos trabalhos (v.g., a identificação e a qualificação dos informantes
mencionados no art. 473, § 3.º); (af) indica a análise das experiências e
observações;314 (b) a conclusão, ou parecer, que é a síntese dos trabalhos
periciais (v.g., o percentual de probabilidade da paternidade); (c) a resposta
motivada aos quesitos das partes; (d) documentos ilustrativos (art. 473, §
3.º).315

É a forma adotada no art. 473, I a IV, segundo a qual o laudo conterá: (a)
a exposição do objeto da perícia (v.g., avaliação do imóvel X); (b) a análise
técnica ou científica realizada pelo perito (v.g., em razão dos elementos
coletados, e de fórmulas atuariais, o valor do imóvel é Y); (c) a indicação do
método utilizado, devidamente esclarecido, devendo ser aceito
“predominantemente” pela comunidade científica, ou seja, por outros
especialistas da área, evitando a pseudociência (v.g., método comparativo,
considerando o valor de outros imóveis da mesma dimensão e na mesma
região ou em área similar, e, não, mera intuição do experto); (d) a resposta
conclusiva a todos os quesitos – principais e, se possível, os suplementares,
todavia passíveis de resposta ulterior, conforme o art. 469 – formulados pelo
juiz, pelas partes e pelo órgão do Ministério Público.

Esse último requisito constitui importante e útil inovação. O perito é


obrigado a responder a cada quesito, individualmente, de forma positiva ou
negativa, sem evasivas ou remissões genéricas a trechos indeterminados das
conclusões. Frisou-se alhures a superlativa importância dessas respostas,
máxime se o advogado da parte tem a refinada habilidade de articular os
quesitos, induzindo as respostas do experto. A defesa ficará prejudicada com
a recalcitrância do perito, razão por que o defeito do laudo ensejará, senão a
renovação da perícia, no mínimo a complementação. E respostas conclusivas,
sem tergiversações e obscuridades, facilitará a emissão do juízo de fato na
sentença definitiva.

No tocante à autenticação, excluída a hipótese de perito não saber


assinar, porque tal déficit torna a pessoa incompatível com a função (retro,
2.006), concebe-se que o perito, transitória (v.g., quebrou a mão em acidente)
ou definitivamente (v.g., o acidente provocou a amputação da mão, e o perito
ainda não adquiriu destreza para assinar com outro membro, como os dedos
do pé) incapacitado de subscrever o laudo; nessa contingência, importa a
inexistência de dúvida quanto à autoria, cabendo ao escrivão certificar que o
perito, ao depositar o laudo em cartório, declarou-se autor da peça.316
Era menos comum o perito anexar ao laudo suas credenciais (v.g., os
títulos acadêmicos) e currículo, relacionando os trabalhos periciais anteriores,
mas nada o impedia, e, agora, tais elementos devem ser anexados com a
aceitação do encargo (art. 465, § 2.º, II). O que se deve evitar é o pretexto
para desviar o foco da atuação.317

2.029.1.2. Requisitos intrínsecos do laudo pericial – Laudo pericial válido,


pois isento de vícios intrínsecos, exibirá os seguintes predicados: (a) clareza;
(b) congruência; (c) motivação.

Ao se dirigir ao juiz, que é o destinatário da peça informativa chamada de


laudo pericial, a clareza é fundamental. O perito deverá traduzir o jargão
técnico, científico ou artístico na linguagem comum, explicitando, quando
necessário, o sentido dos termos técnicos (v.g., carga genética). Preferível é a
redação direta, a fim de que as partes e o juiz não extraiam conclusões
errôneas do alvitre pericial. Eis o motivo da referência à linguagem simples no
art. 473, § 1.º.

O laudo pericial precisa se ater estritamente ao objeto da perícia (art. 473,


§ 2.º). Não lhe é dado examinar, incidentalmente, outras alegações de fato
controvertidas, conquanto estejam na esfera do seu conhecimento especial,
ou emitir opiniões pessoais (v.g., a parte A faltou com a verdade na
alegação X, por este ou aquele motivo). Este é o requisito da congruência na
perícia. Entende-se não escritas considerações alheias ao objeto da perícia e
as opiniões pessoais. Não deixam de influenciar, todavia, o espírito do
julgador.

E, por fim, a conclusão do perito e as respostas aos quesitos das partes


ou do juiz devem ser motivadas.318 O laudo vale muito pela autoridade de
quem o autentica, mas laudo desacompanhado de razões hábeis perde força
de convencimento. O perito fornecerá ao órgão judiciário os motivos (técnicos,
científicos e artísticos) que o conduziram à conclusão.319 Essas razões
ensejarão a crítica das partes (ou da parte desfavorecida pela conclusão) e,
se possível, a contradição do parecer do assistente técnico. É a exigência
decorrente das respostas conclusivas previstas no art. 437, IV.

2.029.2. Momento do laudo pericial – O perito apresentará o laudo pericial


no termo final do prazo da perícia. O art. 477, caput, acrescenta que tal
ocorrerá “pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e
julgamento”. O interregno original de dez dias do CPC de 1973 aumentou
para vinte dias, porque o anterior era insuficiente à prática dos atos que
antecedem a audiência de instrução e julgamento. E, evidentemente, continua
insuficiente.

A prática generalizada, no direito anterior, consistia na postergação da


designação da audiência principal, optando o juiz, havendo crítica ao laudo,
ordenar ao perito resposta escrita ao questionário de esclarecimento. Dois
eram os motivos dessa prudente atitude: (a) evitar a trabalhosa e custosa
audiência principal, conhecendo diretamente do pedido fundado na prova
documental e na prova pericial (retro, 1.813); (b) impedir que vicissitudes de
última hora inviabilizem a audiência principal – o calendário, apesar do
aumento do prazo de antecedência de dez para vinte dias, permanece
apertado –, perdendo data preciosa na sua agenda. Desse modo, subsistia o
termo final do prazo do art. 465, caput. A fórmula do art. 357, V – designar, se
necessário, audiência de instrução e julgamento – favorece prática idêntica no
NCPC brasileiro.

A eventual designação da audiência principal, seguindo o órgão judiciário


estritamente o comando legal, porque há multiplicidade de questões de fato e
só uma delas reclama o conhecimento especial do art. 156, caput, reclama a
conciliação das disposições dos arts. 465, caput, e 477, caput. O art. 357, §
8.º, deu um passo nesse sentido, mandando o juiz fixar calendário para as
atividades, abrangendo o tempo necessário para o perito ultimar seu trabalho,
incluindo eventual prorrogação por metade do tempo, a apresentação da
crítica escrita ao laudo (art. 477, § 1.º), cujo prazo é de quinze dias, e,
ademais, a resposta do perito, também no prazo de quinze dias (art. 477, §
3.º). Ora, geralmente dois ou mais meses distanciam a data fixada para
entrega do laudo e a data da audiência, hipótese em que a entrega do laudo
com a antecedência mínima de vinte dias, prevista no art. 477, caput,
antagoniza o termo final do prazo da perícia e prejudica as atividades
subsequentes de aperfeiçoamento da prova (crítica ao laudo e resposta
escrita do perito).

A rigor, é o que acontecerá perante a regra vigente, permitindo a entrega


com vinte dias de antecedência da audiência, exceto admitindo-se
interpretação feita no CPC de 1939: inexistindo audiência designada, vale o
termo final do prazo da perícia, existindo, incide o prazo mínimo de
antecedência.320 Este entendimento reduz drasticamente a importância do
prazo da perícia. Outra solução parece possível: o art. 477, caput, conjura a
hipótese de o perito atrasar a entrega do laudo, sem pedir a prorrogação do
art. 476, mas depositá-lo com a antecedência mínima de vinte dias. A entrega
retardatária, mas ainda útil, afigura-se mais proveitosa que a destituição do
perito, livrando-o das sanções do art. 468, §§ 1.º e 2.º.321

Porém, a admissão do laudo retardatário prejudica as atividades de crítica


do laudo e resposta escrita do perito. A soma dos prazos de quinze dias
supera o interregno da antecedência mínima prevista no art. 477, caput. Por
isso, a atitude correta, havendo perícia, consiste em postergar a designação
da audiência, com ou sem o calendário do art. 357, § 8.º, e, inexistindo
necessidade de esclarecimentos em audiência (art. 477, § 4.º) – hipótese
altamente provável –, o juiz preferir decisão final segundo o art. 355, I.

O prazo de vinte dias previsto no art. 477, caput, fluirá da data designada
para a audiência e conta-se regressivamente (retro, 1.165).

2.029.3. Efeitos do laudo pericial – Apresentado o laudo pericial em juízo


(art. 477, caput), a conclusão nele externada torna-se irretratável, aplicando-
se o princípio da consumação, segundo o qual, praticado o ato processual,
não comporta repetição, alteração ou complementação.

Convém encarar com certa largueza o princípio, tolerando a correção do


laudo quanto a erros materiais (v.g., o perito esqueceu o advérbio “não” na
resposta ao quesito x, contradizendo a resposta dada ao quesito y). O
entendimento não é unânime. Verificando o perito seu equívoco, no todo ou
em parte, tolera-se a correção ou retificação até o momento em que proferida
a sentença.322 E a razão está em reputar-se “absurdo” que o juiz fundamente a
sentença em parecer que seu próprio autor declara errôneo.323

Se o método recomendado e utilizado no caso, até então insatisfatório e


incompleto, sofreu radical alteração, graças à rapidez do progresso científico,
o perito comunicará o fato ao juiz, que ordenará nova perícia, havendo
oportunidade para tal, porque não julgou a causa.

Da entrega do laudo pericial intimar-se-ão as partes principais, auxiliares e


a parte coadjuvante, como prescreve o art. 477, § 1.º, manifestando-se o
Ministério Público por último (art. 179, I).

2.030. Intimação das partes da juntada do laudo pericial

São destinatários da intimação prevista no art. 477, § 1.º, as partes


principais, auxiliares e a parte coadjuvante, havendo causa de intervenção do
Ministério Público.

Prevalece o entendimento de que os assistentes não são, nem sequer


devem ser intimados da juntada do laudo. Da fluência do prazo a parte
inteirará seu assistente sem que haja necessidade de intimação formal e da
documentação do ato no processo.324 A tese merece o generoso beneplácito
do STJ.325 Se o experto observa rigorosamente o prazo da perícia, a data da
entrega é conhecida de antemão pelos assistentes, a par da circunstância de
o acompanhamento das operações realizadas lhes fornecer boa noção do
teor e da oportunidade da efetiva entrega do laudo, a despeito de não
interferirem (a redação por um dos assistentes é prática condenável) na
elaboração do laudo. Nem sempre, todavia, o prazo da perícia é cumprido. A
observância do prazo de antecedência de vinte dias (art. 477, caput)
tampouco constitui fato líquido e certo. Sob a perspectiva dos direitos
fundamentais processuais, o entendimento não se afigura satisfatório. O
contratempo fica diminuído pelo discreto aviso do escrivão aos assistentes,
designados na função de perito no mesmo juízo, mas em outros processos, e
dele não inteiramente desconhecidos. Tampouco se exclui a deferência do
perito, comunicando a entrega, quiçá antes do prazo, na forma do art. 466, §
2.º.

Seja como for, entregue o laudo no protocolo e, em seguida, juntado ao


processo, o escrivão ou chefe de secretaria providenciará a intimação das
partes e do órgão do Ministério Público, na forma legal, ou seja,
pessoalmente, quando este for o caso (v.g., dos advogados públicos, a teor
do art. 183, caput, e § 1.º). Dessa intimação fluirá o prazo comum de quinze
dias para duas finalidades: (a) a parte oferecer sua crítica fundamentada ao
laudo; e (b) o assistente técnico da parte juntar ao processo seu parecer. Um
ato se relaciona ao outro, pois dificilmente a parte, através do representante
técnico, dispõe de conhecimento para formular crítica às conclusões do perito,
questionando, v.g., o método empregado e elucidado no laudo (art. 473, III), e
dependerá dos subsídios do assistente. Reuniões entre o assistente e o
advogado, para elaborar a crítica, constituem eventos triviais nessa etapa.

Na mesma oportunidade, se for este o caso, a parte requererá a intimação


do perito para prestar esclarecimentos escritos, prevendo o art. 477, § 2.º,
duas hipóteses: (a) divergência ou dúvida de qualquer das partes e do órgão
do Ministério Público acerca de qualquer ponto do laudo (inc. I); (b)
divergência, no todo ou em parte, com o parecer do assistente técnico (inc. II).
Também aqui uma coisa se relaciona a outra: a dúvida geralmente recebeu o
subsídio técnico do assistente. O assistente fornecerá seus subsídios
informalmente ou já aprontou o parecer antes de conhecer o teor definitivo do
laudo, bastando-lhe breves retoques.

Essas atitudes receberão exame no item subsequente, importando realçar


a menção do art. 477, § 2.º ao órgão judiciário. Tal significa que leia o laudo e,
ao receber a crítica das litigantes, também indique suas próprias dúvidas – a
divergência é palavra um pouco forte – antes de se proceder à intimação do
perito.

Porém, há um problema não equacionado satisfatoriamente pelo art. 477,


§ 1.º. Em nome do contraditório, interessa à parte conhecer o parecer do
assistente técnico da contraparte, aproveitando a oportunidade para refutar as
respectivas conclusões. Resolver-se-ia o ponto através de prazos sucessivos.
Porém, o prazo é comum, e nesse caso, desejando a parte questionar as
conclusões do assistente do adversário só resta a possibilidade de inquiri-lo
em audiência (art. 477, § 3.º), apresentando questionário após a resposta do
perito prevista no art. 477, § 2.º.

2.031. Crítica das partes ao laudo pericial

O art. 477, § 1.º, consagrou louvável e imprescindível prática originária do


CPC de 1973. Fenômeno análogo ocorreu no direito argentino.326 Da juntada
do laudo o juiz mandará intimar as partes. Consuma-se, desse modo, o direito
fundamental ao contraditório, sem o qual – sublinhe-se – a prova pericial não
adquire a eficácia que lhe é própria.327

A abertura de prazo às partes tem duas finalidades: (a) a crítica ao laudo;


(b) a formulação do pedido de esclarecimentos. A primeira atitude suscita
várias questões.

2.031.1. Conteúdo da crítica ao laudo pericial – O interesse em impugnar o


laudo é de quem a conclusão do perito desfavorece. Tal interessado, no prazo
de quinze dias, endereçará petição ao órgão judiciário, expondo seus motivos.
A crítica realiza-se dois âmbitos distintos, mas complementares e cumuláveis:
(a) formal; e (b) material.328

Formalmente, o laudo pode padecer de vícios, porque o experto


descumpriu os requisitos extrínsecos (forma e autenticação) e intrínsecos
(clareza, congruência e motivação). Laudo que não respondeu ao
questionário, ou ofereceu-lhe respostas evasivas, mediante remissão ao seu
corpo, revela-se inválido. Claro está que, existindo quesitos oficiais (art. 470,
II), o perito não ousa omitir as respostas. Pior ainda, pelos equívocos que
gerará, e o incremento de atividade processual na crítica ao laudo, a falta de
resposta cabal e motivada aos quesitos das partes.

A crítica material ao laudo atinge o mérito da perícia. Ela pode se dirigir


simultaneamente, ou não, aos seguintes alvos: (a) à escolha do método,
porque impróprio, inadequado e arcaico; (b) à errônea execução das
operações periciais (v.g., o recolhimento e a manipulação das amostras sem
cautela); (c) à falta de pessoalidade dos trabalhos; (d) à falta de atenção aos
reparos das partes, dos advogados e dos assistentes; (e) ao descumprimento
das prescrições legais (v.g., o art. 580 exige a apresentação de “minucioso
laudo” na demarcatória, o qual não poderá deixar de conter as plantas e os
memoriais descritivos cogitados para o ulterior cumprimento da sentença, a
teor dos arts. 582, parágrafo único, e 583).329

As partes não dispõem, por intermédio dos seus procuradores, do


conhecimento especial necessário à análise e à crítica do laudo nesses
termos. Necessitam, e naturalmente se valem as partes, cada qual no próprio
interesse, dos conhecimentos especiais do assistente técnico. Aliás, o
exercício da função de vistor do assistente, acompanhando a atuação do
experto (art. 466, § 2.º), é a fonte presumível dos subsídios para denunciar o
erro nas operações, a delegação da atividade a terceiro, e outros aspectos de
relevo.

Não é incomum as partes, portanto, além da juntada do parecer técnico do


assistente, desde logo produzam documentos para demonstrar a veracidade
dos motivos da impugnação ou, ainda, pretendam demonstrar o desacerto
neste ou naquele ponto através da prova testemunhal.

Formalmente, incumbe às partes, finalizando a crítica, apresentar ao órgão


judiciário: (a) dúvida (v.g., a contradição entre as respostas aos
quesitos X e Y); e (b) divergência (v.g., a conclusão X do perito confronta à do
respectivo assistente). Também podem alegar vício no laudo (v.g., a falta de
resposta aos quesitos).

2.031.2. Efeitos da crítica ao laudo pericial – O ataque ao mérito do laudo


pericial coloca o órgão judiciário em sérias dificuldades, ao menos no plano
ideal da concretização dos direitos fundamentais processuais.

O art. 479 obriga o juiz, na motivação, a concordar ou a discordar da


conclusão ou das conclusões do experto. Nada o impede de adotar as
conclusões do experto, porque convencido do acerto ou em decorrência de
simples inércia e apatia intelectual. Mas, havendo crítica fundamentada e
específica ao laudo não poderá aderir ao parecer do seu auxiliar sem refutar
essas objeções, através de motivação particularizada.330 É problema típico da
apreciação da prova pericial (infra, 2.038).

Feita a crítica de mérito, secundada ou não por pedido de


esclarecimentos, o momento de respondê-las é o da motivação da
sentença,331 entendendo o juiz que é improcedente. Do contrário, acatando a
impugnação, ao juiz se abrem dois termos de alternativa: (a) a determinação
que o perito preste esclarecimentos; ou (b) a determinação de nova perícia
(art. 480).

A crítica formal tem regime distinto. Ao acolhê-la, o juiz mandará o experto


corrigir o laudo; por exemplo, ordenará que responda aos quesitos. Esse ato
constitui decisão interlocutória, passível de agravo retido, pois não causa
dano irreparável ou de difícil reparação às partes.

2.032. Produção do parecer dos assistentes


O art. 477, § 1.º, impõe (porque a faculdade precluirá) ao(s) assistente(s)
técnico(s) a apresentação do(s) seu(s) parecer(es) técnico(s) no prazo comum
de quinze dias assinado às partes para criticar o laudo. O dispositivo delimita
a função do assistente técnico no processo civil. Não é mais auxiliar do juiz,
mas especialista da confiança da parte que o indicou, dotado de poderes
limitados, conforme anteriormente exposto. O assistente tem direito de
acompanhar os trabalhos periciais (art. 466, § 2.º) e o de manifestar-se
separadamente, aderindo ou divergindo da opinião do perito.

2.032.1. Prazo da apresentação do parecer técnico – O prazo assinado ao


assistente técnico é de quinze dias contado da intimação das partes da
juntada do laudo pericial. Segundo o entendimento prevalecente, adotado no
STJ,332 altamente insatisfatório no ângulo do processo civil garantista,
externado no direito anterior, a intimação hoje prevista no art. 477, § 1.º, não
se destina ao assistente técnico, cabendo à parte informá-lo do início da
fluência do prazo.333 Fluirá, pois, independentemente da intimação do agente
do ato, haja ou não o experto cumprido o prazo da perícia. A jurisprudência do
CPC de 1939, entendendo necessária a intimação formal das partes no caso
de o perito não cumprir o prazo da perícia,334 tornou-se superada.

Essa insólita construção tem o efeito de concentrar dois atos distintos. De


um lado, a parte necessita do parecer para subsidiar seus argumentos
contrários ao laudo pericial, e, por isso, não raro o parecer instrui a crítica; de
outro, o fato obriga o assistente a aprontar o parecer antes da entrega do
auto.

O prazo de quinze dias é simples. Não se aplica o art. 229, conforme o


entendimento do direito anterior: os assistentes não atuam por intermédio de
advogado no processo.335 Praticam o ato processual que lhes compete –
juntada do parecer –, se for este o caso, em nome próprio. O costume geral e
aceito consiste na juntada do parecer e da manifestação da parte pelo
advogado desta.

O prazo fluirá ordinariamente (art. 219 c/c art. 224). Convém sublinhar que
o prazo é idêntico ao das partes.

2.032.2. Conteúdo do parecer técnico – O parecer técnico tem conteúdo


análogo ao do laudo pericial. Em princípio, divide-se nas três partes (o
relatório, a conclusão e as respostas ao questionário). Esta forma caracteriza
o laudo. O parecer obedecerá aos requisitos extrínsecos e intrínsecos já
assinalados quanto ao laudo (retro, 2.029).

Admite-se a adesão do assistente ao lado por manifestação breve,


revelando as razões da conformidade. Aliás, havendo concordância, e em
geral um dos assistentes põe-se de acordo, porque a conclusão favorece a
parte que a indicou (a discordância nessa situação é acontecimento insólito,
jamais visto), nada obsta que subscreva o laudo.336 Outra hipótese é a
aposição de ciência e acordo após a assinatura do perito.

A divergência do assistente técnico exigirá zelo redobrado. É preciso


persuadir o juiz da erronia do laudo, no todo ou em parte, e incliná-lo a
ordenar nova perícia (art. 480).
2.032.3 Efeitos da falta de apresentação do parecer técnico – O prazo do
art. 477, § 1.º, é preclusivo. Apesar de opinião em contrário,337 externada no
direito anterior, vencido o interregno extingue-se a faculdade da juntada do
parecer técnico feito pelo assistente, consoante a firme jurisprudência do
STJ.338

2.032.4. Apreciação do parecer técnico – No direito italiano, o parecer


do consulente tecnico di parte constitui simples alegação defensiva de caráter
técnico, recebida como fonte de indícios para o juiz formar sua
convicção.339 Ora, no direito peninsular a perícia não é meio de prova, mas
medida instrutória da causa. Completamente diferente é a disciplina do direito
brasileiro, na qual a participação do assistente técnico integra o roteiro
predeterminado da prova pericial. A eficácia do parecer do assistente técnico
é a de opinião exarada por especialista e, nesse sentido, vale pela autoridade
e nomeada de quem o subscreve.

Diz-se que “o parecer não pode ser considerado laudo, em sentido


técnico, mas simples parecer cujo valor será aferido pelo juiz segundo o
princípio da persuasão racional”.340 E a apreciação desse parecer pode levar
ao seu acolhimento integral,341 rejeitando o juiz o laudo do perito. Decidiu o
STJ: “O juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo, inclusive, formar a
sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos, inexistindo
empecilho para que ele adote integralmente, como razões de decidir, os
laudos apresentados pelos assistentes técnicos das partes, desde que dê a
devida fundamentação”.342 Essa linha diverge de outros ordenamentos, a
exemplo do italiano.343

2.033. Pedido de esclarecimentos

Regra tradicional na disciplina da prova pericial entre nós,344 o pedido de


esclarecimentos orais, na crítica ao laudo, acabou substituído por
esclarecimentos escritos, obtendo resposta na mesma forma do perito acerca
de dúvidas e de divergências. Era o costume do direito anterior, desenvolvido
para (a) evitar a realização da audiência principal para audição do perito e dos
assistentes e (b) precipitar o julgamento.

Não desapareceu, entretanto, o pedido de esclarecimentos orais. Se, nada


obstante as respostas no prazo de quinze dias do art. 477, § 2.º, subsistirem
dúvidas e a divergência não lograr explicação satisfatória, lícito às partes
requerem ao juiz a intimação do perito e dos assistente, apresentando
questionário, para comparecerem na audiência principal já designada, ou
designada para esse efeito, e prestarem outros esclarecimentos orais.

Essas duas modalidades de esclarecimentos aqui são explicadas


conjuntamente.

2.033.1. Oportunidade do pedido de esclarecimentos – O pedido de


esclarecimentos interessa à parte a quem o laudo pericial desfavorece, no
todo ou em parte, mas no direito anterior antepunha-se uma dificuldade
invencível. O prazo para requerer os esclarecimentos do perito e do
assistente da contraparte encerrava antes – cinco dias – do termo final do
prazo para a entrega do parecer técnico (dez dias).
A lastimável falta de coincidência originou-se, obviamente, de reforma
parcial do CPC de 1973. Ambas as partes, em suma, viam-se impossibilitadas
de criticar e de pedir esclarecimentos do assistente da outra que aderiu ao
laudo. Ficavam ressalvadas as felizes eventualidades de o assistente entregar
seu parecer juntamente com o laudo, embora divergente, ou de subscrever a
este, em sinal de concordância.

A impossibilidade de a parte pedir esclarecimentos do assistente da


contraparte não se afigura decisiva nesse tema. O perito é o único auxiliar do
juiz. O assistente acompanha os trabalhos periciais, fiscaliza o pedido,
oferece sugestões e opiniões, mas não tem o direito de deliberar
conjuntamente com o experto. Fiscal e vistor partidário, os esclarecimentos do
assistente seriam ou inúteis ou contraproducentes. É melhor não pedi-los.

O problema logrou solução no NCPC. O prazo para formular a crítica ao


laudo e juntar o parecer é o mesmo (art. 477, § 1.º). Restou a impossibilidade
de confutar o parecer do assistente da parte contrária. Conforme assinalado
anterior (retro, 2.032), o parecer do assistente vale pelo que é, especialmente
a autoridade de quem o subscreve, e bem pode fundamentar a operação de
discordar ou concordar prevista no art. 479. Logo, interessa muito demonstrar
sua erronia e tal só pode ocorrer através de explicações orais (art. 477, § 3.º).

Fica subtendido na parte inicial do art. 477, § 3.º que, após a resposta por
escrito do perito, esclarecendo dúvidas e divergências, as partes deverão ser,
outra vez, intimadas para se manifestarem e, se for o caso, requererem
esclarecimentos orais em audiência. Não há prazo para a parte requer a
intimação do perito e, eventualmente, do assistente da contraparte. Por
analogia, há de ser de quinze dias.

2.033.2. Forma e conteúdo do pedido de esclarecimentos – O pedido de


esclarecimentos por escrito (art. 477, § 1.º) indicará dúvidas e divergências
para serem respondidas pelo perito. Intimadas da resposta, e entendendo
pouco esclarecedoras, a parte a quem as conclusões desfavorecem, no todo
ou em parte, requererá ao juiz o comparecimento do perito e, se for o caso, do
assistente da contraparte na audiência já designada ou designada para este
ato. Formulará perguntas, desde logo, “sob forma de quesitos”. Valem, aqui,
as considerações já expendidas no tocante aos quesitos principais (retro,
2.020).

O conteúdo dos esclarecimentos solicitados varia conforme o caso


concreto. Limitar-se-á a determinado ponto, apontando a contradição
intrínseca às respostas quanto à divergência com o parecer do assistente, por
exemplo, ou ressaltará a falta de firmeza na escolha e aplicação do método
da perícia.

2.033.3. Efeitos do pedido de esclarecimentos – Requeridos


esclarecimentos do perito e, se for o caso e possível, dos assistentes
técnicos, todos serão convocados a comparecer na audiência de instrução de
julgamento. O juiz decidirá se prestará esclarecimentos o perito, o assistente
ou ambos.

O juiz poderá indeferir o pedido de esclarecimentos, porque


desnecessários ou inúteis.345
O art. 477, § 4.º, exige que o perito ou o assistente técnico da contraparte
sejam intimados com o prazo de antecedência mínimo de dez dias da data da
audiência já designada. A finalidade dessa intimação prévia se afigura
evidente. O interstício será utilizado para o estudo do questionário e a
preparação das respostas.

O prazo de dez dias é estabelecido em proveito do especialista. A seu


respeito, as partes não têm poder de disposição.346 O prazo fluirá
regressivamente. A contagem obedece as regras comuns (art. 219 c/c art.
224).

A inobservância do prazo de dez dias implicará a designação de outra


data para a oitiva do perito e dos assistentes, ou de toda sessão, a fim de
cumprir o art. 361, ressalva feita à hipótese de a parte interessada ter dado
causa à preterição do ato.347

Às dificuldades naturais desse roteiro somam-se a ojeriza do juiz e dos


advogados à trabalhosa e dispendiosa audiência de instrução, fatores
reunidos que sugeriram a substituição dos esclarecimentos orais por escritos.
O objetivo é o conhecimento direto do pedido sem a etapa da audiência. A
desvantagem dessa sistemática é que, na audiência, o perito responderá aos
quesitos completamente, sem subterfúgios e omissões, enquanto a prestação
de esclarecimentos pode ser incompleta e imprecisa. E a gravidade do efeito
nocivo aumenta na linha adotada pelo STJ, segundo a qual “a alegação de
que a prova pericial foi produzida de forma incompleta, de vez que os
esclarecimentos solicitados pelas partes não foram prestados em sua
integralidade”, implica reexame da prova, vetado no recurso especial.348

Em contrapartida, o STJ também decidiu que, “pendendo pedido de


esclarecimento da prova pericial, não pode a lide ser julgada com fundamento
exclusivo na perícia inconclusa em prejuízo de quem postula aclará-la, sem
que tal pedido tenha sido apreciado”.349 E, acrescente-se, indeferida a
requisição de esclarecimentos, o juiz não julgará desfavoravelmente a quem o
postulou, fundado ou não no ponto obscuro ou contraditório alegado.

2.034. Controle oficial do laudo

A entrega do laudo pericial não é ato que passe ao largo da atenção do


julgador. É de inteira conveniência que o juiz não se omita no controle do
laudo pericial desde logo. O exame propiciará a imediata correção dos
defeitos formais (v.g., a falta de assinatura; a ausência dos anexos
mencionados no corpo do laudo ou das respostas aos quesitos) e,
considerando que a prova se destina ao proporcionar-lhe o conhecimento
especial do qual é o juiz destituído, a imediata constatação que as conclusões
do experto se mostram insatisfatórias neste ou naquele ponto. Não é o que
acontece. O juiz posterga a leitura para momento ulterior ao da crítica das
partes.

O controle oficial do laudo ocorre ordinariamente após a vista às partes e o


recebimento das suas críticas e pedidos de esclarecimentos em audiência.
Nessa oportunidade, o juiz apreciará duas hipóteses: ou o laudo pericial
reclama complementação e esclarecimentos; ou serve ao propósito de
demonstrar a veracidade da alegação de fato controvertida, atingindo sua
finalidade probatória. O juiz deferirá, ou não, os esclarecimentos solicitados
conforme o juízo que chegar ao avaliar o laudo.

Os defeitos sanáveis e as lacunas do laudo podem e devem ser objeto de


esclarecimentos ordenados ex officio pelo juiz, independentemente da
iniciativa das partes, conforme antevê o art. 477, § 2.º, I. Não é só lícito às
partes pedir esclarecimentos do perito e dos assistentes técnicos, mas,
sobretudo, ao próprio órgão judiciário, diretor do processo. O perito prestará
esclarecimento por escrito ou oralmente.

Acontece de o laudo, nessa leitura, e segundo a crítica de uma das partes,


revelar-se imprestável, inidôneo e irrecuperável. Restará ao juiz, então,
determinar a renovação da perícia.

§ 418.º Renovação da perícia

2.035. Admissibilidade da segunda perícia

Dissipadas as dúvidas no espírito do julgador quanto à veracidade da


alegação de fato controvertida, uma vez proporcionados os elementos
necessários à resolução da questio facti, a prova pericial exaure sua função
precípua. Infelizmente, concebe-se a subsistência da dúvida no espírito do
juiz após a leitura do laudo. Ao juiz é dado discordar do parecer do experto,
motivadamente, existindo outros elementos de prova do processo (art. 479),
mas tal mostrar-se-á difícil ou impossível perante a persistência da dúvida e
na falta de provas subsidiárias. Em tal árdua conjuntura, relativamente rara, o
art. 480 permite ao juiz ordenar a realização de nova perícia, desde que não
lhe pareça “suficientemente esclarecida” a matéria.

A fonte direta do art. 480, denunciada pela herança do advérbio


“suficientemente”, é o § 412, n.º 1, da ZPO germânica (“… wenn es das
Gutachten für ungenügend erachtet”).350 Antes de influenciar o art. 264 CPC
de Bahia, gênese confirmada pelo mesmo indício, e reproduzir-se nas
legislações contemporâneas,351 a possibilidade de o juiz determinar nova
perícia deita raízes no velho direito reinol. E a faculdade não se limitava a
ordenar uma perícia, mas outras, como então se assinalava: “Eu tenho visto
conceder repetidas no mesmo processo, ou seja para de novo se examinarem
as circunstâncias omissas na primeira vistoria, ou seja para corrigir erros
demonstrados”.352

O art. 480 ocupa-se da renovação da prova pericial, empregando as


expressões “nova perícia” (art. 480, caput) e “segunda perícia” (art. 480, §§ 1.º
a 3.º). Dessa terminologia extraiu-se controvérsia inútil,353 haurida do CPC
português de 1876 – no qual, entretanto, corretamente distinguia-se a vistoria
e o exame sobre o mesmo ou distinto objeto –,354 porque interessa, na
verdade, o objeto da prova, que recairá sobre os mesmos fatos (art. 480, §
1.º). Seja como for, em razão das hipóteses de cabimento, aqui se preferiu a
nomenclatura segunda perícia.

A renovação da perícia interessa à parte a quem o laudo não favorece no


todo ou em parte. Não se concede à parte desfavorecida, malgrado sua
inconformidade, o direito subjetivo a uma segunda opinião. A segunda opinião
é comum em terminadas áreas (v.g., médica) na esfera privada. E tem bases
sólidas. Existem divergências inconciliáveis em muitos pontos em que a
técnica, a ciência e a arte não oferecem respostas unívocas e maduras. E,
ademais, o perito é humanamente falível, risco que aumenta consoante o
gabarito da pessoa nomeada pelo juiz. Forçoso reconhecer que os melhores
expertos trabalham nos seus laboratórios, financiados por grupos
empresariais, e não se habilitam no cadastro do art. 156, § 1.º, oferecendo
seus préstimos. Precisam ser localizados e persuadidos a abandonar por
algum tempo sua rotina de pesquisa empresarial e acadêmica. O art.
480, caput, coloca ênfase no convencimento judicial. O critério subjetivo
impera e, aparentemente, nenhum dado objetivo erige-se em requisito à
renovação da perícia. Em suma: a renovação entra no rol da “discrição” do
juiz.355

À luz desse critério, compreende-se que a renovação da perícia


dependerá unicamente da vontade do juiz, às vezes reconhecendo-se nesse
ponto discrição análoga à seleção (Auswahl) do perito.356 Este entendimento
prevalece na doutrina357 e na jurisprudência do STJ.358 É faculdade do
juiz.359 E, convém realçar, essa necessidade constitui questão de fato,
insuscetível de revisão no recurso especial.360

O direito italiano segue a mesma linha, devendo o juiz motivar


sucintamente o ato que ordena a segunda perícia, mas a discrição torna-se
dever no caso de invalidade da primeira perícia.361

Limitado que esteja à avaliação dos bens penhorados na execução, o art.


873, I e III, dilata a admissibilidade da renovação da perícia e oferece-lhe
critérios mais objetivos, passíveis de generalização. Os incisos dessa regra
indicam as seguintes hipóteses: (a) erro do avaliador; (b) dolo do avaliador; (c)
fatos supervenientes (majoração ou diminuição do valor dos bens, verificadas
posteriormente à avaliação); e (d) dúvida. Só o art. 873, III, corresponde à
cláusula final do art. 480, caput.

Ao estipular a finalidade da segunda perícia, corrigindo omissões ou


inexatidões da primeira, o art. 480, § 1.º, sugere a mesma coisa. A
insuficiência do convencimento do juiz exibirá como causa eficiente o erro, no
sentido mais largo possível, do auxiliar originariamente nomeado. É
consequência de o juiz acolher a motivada impugnação de mérito da parte à
perícia realizada. Na desapropriação, em que a perícia é obrigatória, o STJ
estimou que, demonstrada a insuficiência da perícia para fixar o justo preço,
segundo o imperativo constitucional, “torna-se necessária a renovação da
prova técnica”.362

2.035.1. Momento da admissão da segunda perícia – Em geral, o juiz só


presta atenção na prova pericial no momento em que, encerrados os debates
ou recebendo os autos conclusos, prepara o julgamento da causa.363 E tal
ocorrerá, também ordinariamente, após esgotadas todas as possibilidades de
aprimorar a perícia em curso. Ora, o juiz, juntado o laudo pericial, talvez
constate, prima facie, a cabal insuficiência da perícia, o desleixo e a
inabilidade do perito, incapaz de traduzir na linguagem própria seus
conhecimentos especiais, existentes ou não. Perícia deficiente ou
inconclusiva, reza o art. 465, § 5.º, autoriza o juiz a reduzir o valor dos
honorários fixados e da antecipação recebida. Lícito determinar
imediatamente a nova perícia, como alternativa à intimação das partes.364
2.035.2. Procedimento da segunda perícia – O art. 480, § 2.º, declara que
a segunda perícia rege-se pelas disposições da primeira. Renova-se
integralmente o procedimento da produção da prova pericial. O juiz já
nomeará perito ao determinar a realização da segunda perícia, seguindo-se a
abertura do prazo de quinze dias do art. 465, § 1.º, e assim por diante. E
como o conjunto das disposições da seção atinente à prova pericial se aplica
à segunda expertise, nada pré-excluiu a incidência do art. 480, caput, quanto
à segunda perícia. Segundo tradicional orientação do direito brasileiro, poderá
haver terceira ou quarta perícia,365 mas semelhante situação é mais hipotética
que real.

À diferença do seu congênere germânico, o art. 480 não ressalva a


designação do mesmo perito para proceder à segunda perícia. Parece óbvio
que o experto que já funcionou e não produziu resultados não pode ser
solucionado outra vez. Eram expressos, a esse propósito, os CPC do Distrito
Federal e de Santa Catarina.366 A competência para nomear o novo perito
regula-se pelo art. 465, caput, admitindo-se, por conseguinte, a variante do
art. 471.

Em relação aos assistentes, o impedimento não opera nesta intensidade.


Se o juiz ordenou a segunda perícia, significa que não localizou nos pareceres
técnicos subsídios convincentes para resolver a questão de fato ou infirmar a
errônea conclusão do experto. Repetir a sua indicação – inclusive na hipótese
de o juiz optar pela variante do art. 464, § 2.º – mostrar-se-ia
contraproducente. O objetivo das partes é o de persuadir o juiz. Não adianta
insistir com esquemas improdutivos. A tendência natural consiste na indicação
de outro assistente.

Interessante é a questão relativa à possibilidade de o juiz, insatisfeito com


a primeira perícia, ordenar a renovação, optando por uma das variantes da
perícia: (a) a inquirição do novo perito e dos assistentes (antigos ou não),
respondendo aos quesitos originários ou a novos quesitos; (b) a substituição
da perícia judicial por perícia extrajudicial. O princípio da economia
recomenda essas soluções e, no sistema aberto aos meios de prova atípicos,
a variação do procedimento pericial admitir-se-á sem restrições.

2.035.3. Recorribilidade da admissão da segunda perícia – A circunstância


de se tratar de faculdade do juiz não torna o provimento que ordenou a
realização de segunda perícia, de per si, irrecorrível. No direito anterior, o juiz
emitia essa finalidade típica decisão interlocutória, passível de agravo de
instrumento pela parte agravada. Assim decidiu o STJ no caso de o juiz
determinar nova perícia genética.367 Este precedente alterou a errônea
orientação oposta da mesma corte.368 No regime atual, entretanto, o ato não
comporta impugnação autônoma, ficando eventual reexame postergado para
o âmbito das razões ou contrarrazões de apelação.

2.036. Objeto da segunda perícia

Objeto da segunda perícia, consoante o art. 480, § 1.º, são “os mesmos
fatos sobre os quais recaiu a primeira”. Por essa razão, a perícia não é,
tecnicamente, “nova”. O juiz utilizará a faculdade do art. 480 em casos
estritos, pressupondo-se a imprestabilidade da perícia já realizada, ou seja, a
circunstância de não ter atingido os fins que lhe são próprios. O objetivo da
segunda perícia é o resultado inalcançado pela primeira.

Tal não obsta que, na mesma oportunidade em que ordena a segunda


perícia, o órgão judiciário depare-se com a necessidade de nova perícia,
versando alegações de fato distintas, mas consideradas essenciais à
resolução das questões de fato pendentes.369 O fundamento reside na direção
material prevista no art. 370, caput.

2.037. Efeitos da segunda perícia

O art. 480, § 3.º, preceitua que “a segunda perícia não substitui a


primeira”. Essa proposição reclama explicitações esclarecedoras.

A convivência de duas ou mais perícias no mesmo processo só tem


sentido no caso de o juiz não ter invalidado a primeira perícia e, posto que
lacunosa, o parecer ainda subsista. Desconstituída a perícia inicial por
incompatibilidade, incapacidade, falta de qualificação ou dolo do experto, só
cronologicamente há segunda, pois o único parecer que subsiste é o válido.

Destinando-se a segunda perícia a suprir as lacunas da primeira,


conforme antevê o art. 480, caput, a regra da convivência se aplica com
naturalidade. A segunda perícia complementa a primeira e ambas formam o
conjunto que há de ser apreciado pelo juiz, tendo em conta o art. 479.

Não se pode dizer o mesmo e preconizar essa mesma linha quando o juiz
ordena a segunda perícia, porque a primeira revelou-se errônea ou
imprestável. Em tal hipótese, dificilmente o juiz apreciará “o valor de uma e de
outra”, como declara o art. 480, § 3.º, in fine; bem ao contrário: a segunda
substitui a primeira perícia. Dizer-se que, produzido o segundo laudo, pois
pilhara “inexatidões” no primeiro, o juiz “se valha do primeiro, que antes não o
convencera, mas dados posteriores reforçaram”.370 Ora, recomenda-se ao juiz
valer-se parcimoniosamente da faculdade do art. 480, esgotando as
possibilidades de extrair esclarecimentos definitivos e categóricos do experto
original, não parecendo plausível que o laudo primitivo pareça-lhe correto. Na
verdade, o art. 480, § 3.º, in fine, não tem aplicação no caso de o juiz ter
declarado errados os resultados da primeira perícia.

Livre que seja o juiz na apreciação do laudo, motivadamente, conforme


declara o art. 479, nos casos apontados – erro e nulidade – não lhe cabe
formar seu convencimento com a perícia inicial.

§ 419.º Força probante da perícia

2.038. Livre apreciação da prova pericial

O art. 479 abandonou a fórmula tradicional, segundo a qual o juiz não se


encontrava adstrito ao laudo pericial, optando por exigir-lhe motivação que
revelem porque considera, ou não, exatas as conclusões do laudo, levando
em conta o método empregado pelo perito. Essa redação analítica ainda
exprime a máxima peritus peritorum. A prerrogativa de julgar a causa é do
juiz, e, não, do perito. Só ao órgão judiciário, constitucionalmente investido na
função judicante, compete emitir o juízo de fato em que se baseia a
subsunção ou concretização da norma porventura aplicável ao litígio. E, para
contrariar o juízo técnico, científico ou artístico, a regra acrescenta que
convencimento judicial (livrando o julgador, assim, da pecha de servus
peritorum) poderá formar-se com outros subsídios de idêntica natureza.

A sistemática descrita confere livre apreciação da prova pericial ao juiz.


Contrasta com outros sistemas que, amesquinhando a função judicial,
vincularam o juiz às conclusões do perito.371

O controle do órgão judiciário dos resultados da prova pericial se afigura


incensurável do ponto de vista político e jurídico.

Sob o ângulo jurídico, a missão constitucional do juiz é a de julgar, não


sendo lícito o perito usurpá-la mediante o artifício de uma opinião imune à
crítica ou revisão de profano na matéria. Princípio afirmado pelo STJ,
assentando que os laudos periciais “não se apresentam cogentes, nem em
seus fundamentos nem por suas conclusões, ao magistrado a quem a lei
confia a responsabilidade pessoal e direta da prestação jurisdicional”.372

Na perspectiva jurídica, o procedimento da prova pericial inicia por decisão


do juiz; o perito é auxiliar da sua confiança e, no âmbito do cadastro do art.
156, § 1.º, de livre escolha; e os trabalhos periciais transcorrem sob a direção
oficial (retro, 2.026). A escolha conjunta do perito (art. 471) não aumenta nem
diminui a livre apreciação. A entrega do laudo não encerra o controle. O art.
480 autoriza o juiz a mandar suprir as lacunas do laudo e, principalmente,
ordenar a repetição da prova, constatando a “inexatidão dos resultados” (art.
480, § 1.º, in fine). Em suma, “ao juiz cabe dirigir, fiscalizar e valorizar as
provas, inclusive a pericial”.373 Essa apreciação final sobre os resultados da
perícia harmoniza o conhecimento técnico, científico ou artístico com os
valores sociais, erradicando o risco de o julgamento fundar-se em prova
irracional, como acontecia no sistema da prova legal, ou seja, em juízo
científico blindado à compreensão geral e ao controle social.374

Em determinados casos, disposição expressa enquadra cientificamente o


fato e retira essa liberdade de apreciação do órgão judiciário. É o caso do
excesso de álcool no sangue para caracterizar infração (administrativa e
penal) ao veto de conduzir veículo embriagado.375 São exceções que não
abalam a regra geral, mas agasalham o risco de provocarem sentenças
injustas (v.g., o consumo do álcool em excesso, segundo o limite legal, não
retirou as faculdades do condutor do veículo), máxime considerando a
tendência de fixar limites máximos muito restritivos.

O juízo previsto na parte final do art. 479 suscita delicado e transcendente


problema. Por um lado, gaba-se a perícia, quer dizer, o meio principal e
comum de o juiz adquirir conhecimento técnico, científico, artístico ou prático
– na verdade, conhecimento que vai além das regras da experiência comum
(art. 375) –, declarando-a meio de prova esplêndido e insuperável, sendo
difícil o juiz descartar as conclusões do perito.376 Antes mesmo de consolidar-
se a crença generalizada da ciência moderna, na vigência das Ordenações
Filipinas, escreveu-se o seguinte: “Não há princípio mais trivial no foro, como
ser a vistoria uma prova superlativa, a melhor do mundo; e superior a todas as
provas, convincente das feitas por testemunhas, por documentos, e ainda
capaz de destruir uma sentença passada em julgado”.377
O caráter infalível da ciência não passa de mito. Relevado o problema do
método (conjectura e refutações), não faltam exceções nessa área,
recordando-se com frequência a fragilidade das estatísticas.378 E há o outro
lado: em todos os países, quando a ciência oferece conclusões (hoje)
confiáveis – por exemplo, o incensado exame de DNA –, sente-se a
dificuldade de controlar métodos científicos. Eles se sofisticaram e tornaram-
se insondáveis para a mente profana. O receio é que aprisionem o juiz e,
quanto mais técnica for esta prova, inverter-se-á a equação: “a dependência
do ‘senhor’ pelo ‘auxiliar’ oprime significativamente”.379 Existe o grave risco de
a perícia e suas variantes transformarem-se no equivalente contemporâneo e
dissimulado da prova legal,380 estabelecendo vínculo inexorável o juiz. Na área
penal, o exame de DNA é encarado como prova humana falível, a exigir
corroboração de outros indícios.381

Nesse contexto desenvolveram-se, no direito norte-americano, por força


de sucessivas decisões da Suprema Corte, a primeira (Frye versus United
States, de 1923) incorporada, em 1975, no diploma chamado de Federal
Rules of Evidence, e no âmbito do expert testimony, o critério de general
acceptance para separar areal science, fundada em sólido método científico,
e a junk science.382 De acordo com essa concepção, o juiz aquilatará se o
experto empregou método geralmente aceito pela comunidade científica, no
seio da qual há divergências agudas, em torno das quais se edificam seitas
hostis. Em 1989, no precedente Daubert versus Merrell Dow,383 a Suprema
Corte introduziu modificações, cabendo ao juiz fundar-se em conjunto de
critérios e funcionar como gatekeeper.384 O exercício dessa função de controle
pareceu inovação do mais alto significado.385 Equipara o juiz norte-americano,
em princípio mero espectador da atividade das partes no discovery, ao juiz
diretor dos sistemas processuais da Civil Law. Os dados comparativos têm
seus limites. No direito norte-americano, o juiz declarará inválida a prova
científica pretendida com a produção de expert witness; entre nós, tanto pode
anular o laudo, quanto valorizá-lo negativamente, ou de avaliá-lo em conjunto
com outro parecer fundado em método distinto (art. 479, in fine). Parece certo
que ao juiz brasileiro, como ao seu congênere norte-americano, incumbe a
tarefa de apreciar a validez científica das conclusões do perito.386

Não é, absolutamente, empresa fácil. Apesar das objeções vigorosas e da


prevalência da “epistemologia sincrética”,387 já adotamos o método da
conjectura e da refutação.388 O enunciado verdadeiramente científico
comporta falsificação, mas no momento é infalsificável. Assim, não bastará o
rótulo de cientificidade para produzir certeza absoluta.389 O rigoroso critério da
falsificação para determinar a cientificidade do enunciado deixa a descoberto
certas áreas de saber que ainda não definiram seus postulados científicos
com exatidão. É fonte provável de muitas divergências e pareceres
contraditórios entre especialista na mesma área de saber.

Esse método de conjecturas e de refutações, a fim de apurar o que é ou


não é científico, ou a “exatidão dos resultados” do laudo pericial (art. 480, §
1.º) alimenta grave paradoxo na apreciação da prova pericial.390 O problema é
universal.391 O juiz defere a prova pericial por um só motivo: não dispõe dos
conhecimentos exigidos para resolver a questão de fato. Ora, as mesmas
razões retiram-lhe aptidão para refutar o parecer do seu auxiliar, em especial
o laudo fundado em método conhecido, e geralmente aceito, cujas conclusões
sejam, à primeira vista, coerentes e cientificamente válidas. Daí a aporia do
sistema. Não se cuida de reconhecer hierarquia superior à prova pericial
como afirma-se açodadamente.392 Sobreleva-se, ao invés, habilitação para
adquirir e controlar o conhecimento especial. A situação corrige-se através do
contraditório das partes, apresentando subsídios probatórios idôneos a
chancelar a divergência do juiz, e mediante o uso de outras ferramentas – por
exemplo, o parecer do assistente técnico, cuja conclusão discrepa do laudo
pericial, e é elemento hábil, segundo jurisprudência do STJ, à formação do
convencimento do juiz (retro, 1.335.1.3).393 Observou-se, agudamente, que
uma coisa é a tese – o juiz carece do conhecimento especial para refutar o
laudo –, outra é sustentar que, no caso concreto, o juiz permaneça desprovido
desse conhecimento especial.394 E, além disso, as máximas de experiência
comum e a lógica permitem ao juiz medir, sopesar e aquilatar o raciocínio do
perito.395

Essa cômoda solução passa ao largo ponto essencial. A concordância ou


a discordância motivada do juiz, conforme estabelece o art. 479, só podem
fundar-se em provas que lhe forneçam o conhecimento técnico, científico,
artístico ou prático adequado. A refutação do laudo exige conhecimento
especial de natureza similar, e, não, elementos heterogêneos – a honesta,
porém inconvincente opinião que o perito incorreu ou pode ter incorrido em
erro. Esse raciocínio simplista, mas prevalecente,396 importa o direito de o juiz
repelir o laudo arbitrária e caprichosamente.397 É muito pouco razoável.398

Em certa ocasião, o STJ enfrentou o problema e deu-lhe solução


inconsistente. Rejeitou o exame de DNA, cientificamente aceito e cujos
resultados conferem, senão a certeza absoluta, que é impossível ser
alcançada aqui como alhures, índice de plausibilidade acima de
99%,399 substituindo-o por outros elementos para constituir a paternidade de
filho nascido fora do casamento: a prova testemunhal, o exame hematológico
(que só exclui a paternidade), a vida em comum ao tempo da concepção e a
ausência de alegação da exceptio plurium concubentium.400 Pois bem. A
paternidade biológica não é a única a ser reconhecida em juízo. O juiz
considera, além do dado científico,401 outras “verdades” – a humana, a efetiva,
a social… Ora, os elementos de que se serviu o STJ, no caso, atestam ou
podem atestar a paternidade afetiva. São insuficientes, porém, para afirmar
que o réu é biologicamente pai do autor. A tal ponto não pode chegar o órgão
judiciário, sob pena de decisão arbitrária e irracional.

Aqui se sustenta que o juiz só pode desprezar (motivadamente) o laudo


pericial fundado em prova que o habilite a proferir juízo técnico, científico ou
artístico de igual natureza, mas sentido diferente ao do experto (v.g., o
parecer do assistente técnico; novo laudo).

A livre apreciação do laudo pericial importa a faculdade de o órgão ad


quem rever o juízo do órgão a quo e, com base na mesma prova, inverter-lhe,
no todo ou em parte, o julgamento da causa.402

2.039. Motivação na apreciação da prova pericial

Em termos de motivação, a livre apreciação da prova pericial apresenta


exigências específicas.
Ao aderir às conclusões do laudo, como sói ocorrer, ao juiz cabe indicar a
fonte do seu convencimento, para os efeitos do art. 371, mas entende-se que
não se mostra necessário refutar, expressamente, as impugnações feitas ao
laudo, o que não se harmoniza com o processo civil garantista.403 O juiz
necessitará indicar os motivos pelos quais adota o parecer do experto em
contraste com a crítica da parte.

A motivação se intensificará, por óbvio, no caso de o juiz rejeitar as


conclusões do perito.404 Recusando o laudo, “há o juiz de indicar, na sentença,
de modo satisfatório, os motivos do seu convencimento”, sem os quais a
sentença ostentar-se-á nula.405 E violará o art. 371 a invocação de motivos
não compatíveis com a realidade das provas produzidas no processo.406 Com
já assinalado, a dissensão do peritus peritorum há de indicar as noções e
elementos de natureza técnica, científica ou artística, existentes nos autos,
que discrepam da conclusão do perito.407

Capítulo 88. INSPEÇÃO JUDICIAL


SUMÁRIO: § 420.º Inspeção judicial em geral – 2.040. Conceito da
inspeção judicial – 2.041. Natureza da inspeção judicial – 2.042. Terminologia
na inspeção judicial – 2.043. Iniciativa da inspeção judicial – 2.044. Espécies
de inspeção judicial – 2.044.1. Inspeção pessoal e inspeção material –
2.044.2. Inspeção direta e inspeção indireta – 2.044.3. Inspeção estática e
inspeção dinâmica – 2.044.4. Inspeção facultativa e inspeção obrigatória –
2.044.5. Inspeção incidente e inspeção antecipada – § 421.º Objeto da
inspeção judicial – 2.045. Natureza do objeto da inspeção – 2.046.
Características do objeto da inspeção – 2.046.1. Pessoas inspecionáveis –
2.046.1.1. Inspeção corporal da parte – 2.046.1.2. Inspeção psiquiátrica da
parte – 2.046.1.3. Inspeção pessoal de terceiros – 2.046.2. Coisas
inspecionáveis – 2.046.3. Fenômenos inspecionáveis – 2.047. Disponibilidade
do objeto na inspeção judicial – 2.047.1. Disponibilidade da pessoa –
2.047.1.1. Disponibilidade pessoal da parte – 2.047.1.2. Disponibilidade
pessoal do terceiro – 2.047.2. Disponibilidade material – 2.048. Vicissitudes
do objeto da inspeção – § 422.º Procedimento da inspeção judicial – 2.049.
Admissão da inspeção judicial – 2.049.1. Momento da admissão da inspeção
– 2.049.2. Conteúdo da decisão de admissão da inspeção – 2.049.2.1.
Determinação do objeto da inspeção – 2.049.2.2. Designação de perito na
inspeção judicial – 2.049.2.3. Designação da data da inspeção – 2.049.2.4.
Designação do local da inspeção – 2.049.3 Recorribilidade da admissão e
rejeição da inspeção – 2.050. Requisitos da inspeção judicial – 2.051. Tempo
da inspeção judicial – 2.052. Lugar da inspeção judicial – 2.052.1. Inspeção
na sede do juízo – 2.052.2. Inspeção fora da sede do juízo – 2.052.2.1.
Impossibilidade da inspeção na sede do juízo – 2.052.2.2. Conveniência da
inspeção fora sede do juízo – 2.052.2.3. Reconstituição de eventos e de
condutas – 2.053. Forma da inspeção judicial – 2.054. Participantes da
inspeção judicial – 2.054.1. Juiz na inspeção judicial – 2.054.2. Partes na
inspeção judicial – 2.054.2.1. Fundamento da participação das partes –
2.054.2.2. Finalidades da participação das partes – 2.054.2.3. Pressupostos
da participação das partes – 2.054.2.4. Obrigatoriedade da participação das
partes – 2.054.2.5. Poderes das partes na inspeção – 2.054.3. Peritos e
assistentes técnicos na inspeção judicial – 2.054.4. Informantes na inspeção
judicial – 2.055. Documentação da inspeção judicial – 2.055.1. Funções do
auto de inspeção – 2.055.2. Forma do auto de inspeção – 2.055.2.1. Redator
do auto de inspeção – 2.055.2.2. Local e momento do auto de inspeção –
2.055.2.3. Autenticação do auto de inspeção – 2.055.3. Conteúdo do auto de
inspeção – 2.055.4. Instrução do auto de inspeção – 2.055.5. Impugnação ao
auto de inspeção – 2.056. Renovação da inspeção judicial – § 423.º Força
probante da inspeção judicial – 2.057. Apreciação da prova na inspeção
judicial – 2.058. Controle da apreciação da prova na inspeção judicial.

§ 420.º Inspeção judicial em geral

2.040. Conceito de inspeção judicial

Recomenda o princípio da imediação, na faceta objetiva, a maior


proximidade possível do juiz relativamente à fonte da prova.1 A eliminação ou
a drástica redução nas transmissões impedem e restringem desvirtuamentos
e erros na aquisição do conhecimento pelo juiz.

Essa salutar e elogiável preocupação remonta ao direito comum. Era usual


no direito francês anterior à Ordenação de 1667 o emprego da descende sur
les lieux, oportunidade em que o juiz, acompanhado pelo escrivão,
transportava-se ao lugar do litígio, pressupondo-se, portanto, lide sobre
imóveis.2 No direito português, de seu turno, a vistoria era o ato “pelo qual o
juiz se certifica do fato, que em juízo se controverte por meio de inspeção
ocular”.3 Daí esse meio passou à Consolidação Ribas (art. 469), mas o art.
213, § 1.º, do Regulamento 737, já previu a exclusão da inspeção “quando o
fato for somente suscetível do juízo dos peritos”. Nem todos os estatutos
estaduais mantiveram a figura, substituindo-a pela perícia, linha seguida pelo
CPC de 1939.4 Na vigência deste diploma, entretanto, não havendo
necessidade de conhecimento especial, empregou-se largamente a
verificação realizada pelo próprio magistrado,5 obtendo o sufrágio implícito do
STF.6

Duas razões principais transformaram a percepção sensorial direta do juiz


na perícia, instituindo intermediário para trazer esse conhecimento ao
processo. Em primeiro lugar, a dificuldade de o juiz adquirir conhecimento por
seus próprios sentidos em assuntos que, no próprio campo, verificavam-se
escapar à experiência comum. Assim, o sentido da audição do juiz basta para
apurar que a música do culto religioso no templo é audível no prédio vizinho,
admitindo a premissa que o magistrado escute perfeitamente bem – a aptidão
do juiz é questão de relevo nesse meio de prova –, mas revela-se insuficiente
para determinar se o volume excede os limites estipulados na lei local. A
assistência de perito na inspeção, prevista no art. 482, constitui sintoma de
que o conhecimento especial se afigura imprescindível à boa compreensão da
fonte da prova. A inspeção não se equipara à perícia.7 Ademais, a dignidade e
o decoro da função judicante não se harmonizando com determinadas
inspeções. Diz-se que não “bem o juiz, conforme as circunstâncias, subir a um
telhado ou descer ao fundo de um poço, muito menos beber vinhos diferentes
para conceituar suas características”.8 E convém acrescentar que, a mais das
vezes, o juiz médio não apresenta condições físicas para subir e descer do
telhado incólume.

Independentemente desses flagrantes inconvenientes, a inspeção judicial


se encontra prevista na maior parte dos ordenamentos processuais
contemporâneos: (a) no § 371 da ZPO alemã, sob a designação literal de
“inspeção ocular” (Augenschein); (b) nos arts. 179 a 183 do CPC (título oficial
do antigo Nouveau Code de Procédure Civile desde lei de 2007), chamada
de vérifications personnelles du juge; (c) no art. 118 do CPC italiano,
designada de ispezione, e de acesso judiciale no CPC italiano de 1865; (d)
nos arts. 353 a 359 da Ley de Enjuiciamiento Civil espanhola, chamada
de reconocimiento civil; (e) nos arts. 490 a 494 no NCPC português de 2013,
como inspeção judicial; (f) nos arts. 479 e 480 do Codigo Procesal Civil y
Comercial de La Nación argentina, como reconocimiento judicial.

O problema terminológico receberá exame em item específico (infra,


2.042). Impende ressaltar o fundamento comum dessas disposições. Elas
atentam à circunstância de a observação pessoal do juiz oferecer bases
sólidas sobre os fatos que originaram o litígio. A verificação pessoal realiza
em grau máximo o princípio da imediação objetiva.

Embora a palavra inspeção seja ligada ao sentido da visão, provindo do


verbo latino inspicio, ou olhar,9 não é este o único sentido exercitável nesse
meio de prova. Assim, chegarão à percepção do juiz, assistido, ou não, por
um ou mais peritos (art. 482), e auxiliado pelos esclarecimentos e
observações das partes (art. 483, parágrafo único), (a) imagens (v.g., do
ângulo da curva em que ocorreu o acidente de trânsito); (b) sons (v.g., das
músicas que acompanham o culto religioso, em desacordo com as normas
ambientais e objeto de reclamação dos vizinhos); (c) cheiros (v.g., do canil
mantido em residência familiar para criação de cães de grande porte); (d)
texturas (v.g., de amostra do tecido, alegadamente áspero e, nesse ponto,
divergente do contratado); (e) gostos (v.g., do vinho supostamente
avinagrado). Nenhum laudo pericial ou depoimento traria conhecimento com
maior fidedignidade.

A enumeração das hipóteses insinua que a inspeção judicial recebe pouco


uso na prática, incluindo causas em que se revelaria importante (v.g., nas
ações relativas ao meio ambiente).10 Restringindo a análise à hipótese mais
simples, poucos juízes têm vagares e disposição para se deslocar da sede do
juízo para inspecionar o local onde ocorreu o acidente de trânsito. O modelo
operativo da inspeção, excessivamente formal para assegurar o contraditório,
pois o juiz se desloca do foro acompanhado de séquito numeroso e
constrangedor, não o estimula a tais aventuras de resultados incertos. Parece
mais cômodo confiar a verificação ao perito, resguardando-se não na
propalada torre de marfim, mas no equivalente contemporâneo do gabinete.
Além disso, o risco de percepções errôneas ou precipitadas é alto.11 No
entanto, a defesa do meio de prova e proclamações para seu emprego não
faltam entre nós.12

Como quer que seja, as inspeções sorrateiras, feitas informalmente pelo


juiz e sem a participação e o controle das partes, são
inadmissíveis.13 Importam flagrante violação aos direitos fundamentais
processuais. A visita do juiz ao lugar de situação do imóvel para conferir se a
janela devassa, ou não, o interior do apartamento no prédio vizinho, sem
aviso prévio e documentação – e, eventualmente, a invalidade do ato
processual é patente e irremediável –, não se mostra tolerável. O
conhecimento assim adquirido jamais poderá ser legitimamente utilizado no
julgamento da causa, porque incidiria no veto ao uso do conhecimento privado
do juiz (retro, 1.353).

A inspeção judicial contemplada no art. 481 é, em suma, a percepção


sensorial do próprio juiz em contato com as fontes da prova (pessoas, coisas
e fenômenos naturais ou artificiais).

2.041. Natureza da inspeção judicial

À luz do critério legal, que resgatou a inspeção judicial do seio das provas
atípicas, conferindo-lhe disciplina própria dentre os meios de prova, parece
ocioso cogitar da sua natureza. A aquisição de conhecimento imediato sobre
os fatos que originaram o litígio, através do contato direto com as fontes da
prova, suscitou controvérsias. O dissídio permanece encoberto sob o manto
da opção legislativa, mas é real,14 defluindo da noção aceita de meio de prova
(retro, 1.342), em contraste com a prática da inspeção judicial.

Em geral, o juiz adquire conhecimento a respeito da veracidade das


alegações de fato controvertidas através de intermediários: das partes, das
testemunhas e do perito. Assim, nesses meios de prova, o conhecimento
chega-lhe mediatamente, existindo, portanto, o factum probans (v.g., a
declaração da testemunha C de que viu o réu B dirigindo o veículo só com
uma mão) e factum probandum (v.g. alegação do autor A que o acidente de
trânsito se deveu à imprudência de B). O desaparecimento dessa
intermediação, anteriormente examinada como base da distinção entre prova
direta e prova indireta (retro, 1.345.2), sugeriu que a inspeção não é meio de
prova. Não se prova o que o juiz percebe diretamente.15 Essa tese não se
restringe ao domínio civil. Também se verifica dissídio análogo quanto ao
reconhecimento de pessoa ou de coisa no processo penal.16 Mas, não tem
fundamento sólido. O meio de prova é a percepção do juiz, modo pelo qual
adquire conhecimento para resolver a questão de fato, e nada importa que
ocorra direta ou indiretamente.17 A prova decorre da inferência que o juiz
realiza, a partir da atividade sensorial, sobre a veracidade da alegação de fato
controvertida,18 e, não, o ato material de inspeção.

O juiz também utiliza um dos seus sentidos (a visão ou a audição) na


aquisição de conhecimento proveniente das provas documental e
testemunhal. Nesses casos, entretanto, o juiz adquirirá conhecimento através
das declarações contidas no documento ou feitas pela testemunha, pois a
pessoa e a coisa, por si mesmas, não transmitem qualquer conhecimento útil
à resolução da questão de fato. É diferente se o juiz, ao ler o documento,
verifica que contém mutilação em tópico essencial ou percebe que a
testemunha ao depor se mostrou hesitante ou enfática – nesse caso, a coisa
e a pessoa são fontes diretas do conhecimento, mas na apreciação da
prova.19 Essa particularidade sugeriu outro alvitre: a inspeção judicial constitui
técnica de apreciação da prova, pois a diligência envolve o que já consta no
processo, servindo, sobretudo, para o juiz esclarecer “circunstâncias que, de
outra maneira, não poderiam ser valoradas com precisão”.20

O art. 481 não se mostra indiferente a essa ideia. O fato de a inspeção


realizar-se a qualquer tempo, e, principalmente, tendo por objetivo o juiz “se
esclarecer sobre [o] fato”, indica que se trataria de medida, in extremis,
visando a dissipar dúvidas que o acervo probatório não logrou eliminar
totalmente. Essas pistas são frágeis e não desfiguram o essencial.

A marca explícita do conhecimento adquirido pelo juiz na inspeção reside


na originalidade. Não há intermediários na transmissão do conhecimento. Por
exemplo, o autor alega que a janela do vizinho devassa a sua intimidade, pois
alguém nela postado consegue enxergar todo o quarto do casal no edifício
vizinho, fato negado pelo réu. Comparecendo o juiz ao local da situação dos
imóveis, e postando-se na janela, verificará se alegação corresponde, ou não,
à realidade. Esse juízo não depende de conhecimento técnico especial, nem
sequer contraria a dignidade e o decoro da função judicial. Por intermédio
desse conhecimento, o juiz decidirá sobre a veracidade, ou não, da alegação
de fato controvertida. Supondo-se que o juiz, por comodismo ou outra razão,
haja determinado perícia, ainda assim o juízo que o órgão judiciário alcançará
mediante a inspeção judicial não é simples confirmação das conclusões do
auxiliar, mas algo inteiramente novo, que pode ser – volvendo ao exemplo da
janela – idêntico ou não à conclusão do perito.

A inspeção judicial constitui meio de prova em qualquer dos sentidos


reconhecidos à expressão: (a) atividade sensorial do juiz e (b) instrumento de
aquisição de conhecimento para resolver as questões de fato.

2.042. Terminologia da inspeção judicial

Conforme já se assinalou, a terminologia aplicada a esse meio de prova,


verificado ou não o deslocamento físico do juiz da sede do juízo, nos termos
do art. 483, varia muito no direito estrangeiro. O direito brasileiro adota
nomenclatura idêntica ao direito português (além do título do capítulo,
prevista, expressis verbis, no art. 494, n.º 1, do CPC de 2013) e ao direito
italiano (ispezione). No entanto, ela é flagrantemente imperfeita: a percepção
do juiz, exercitável por essa via, não se cinge à visão, como sugere a palavra
“inspeção”, derivada do verbo latino inspicio, que significa ver.21 A atividade do
juiz abrange os demais sentidos, a exemplo da audição e do olfato, tão
importantes para sopesar a tolerância das emissões nos litígios entre
vizinhos. E a palavra “inspeção” é polissêmica: designação a correição nas
varas da Justiça Federal (art. 13, III e IV, da Lei 5.010/1996).22 A fórmula
“inspeção judicial” é, todavia, superior à redundante “inspeção ocular”
(Augenschein) do direito germânico e do direito austríaco (§ 368 da
ZPO).23 Realmente, ocular se origina de oculus, que significa olho.

Nos países ibéricos, a começar pelo art. 353 da Ley de Enjuiciamiento


Civil espanhola, predomina a designação de reconocimiento judicial, a
exemplo do art. 479, n.º 1, do Codigo Procesal Civil y Comercial de La
Nación argentina. A palavra reconhecimento tem caráter ambíguo (v.g., o
reconhecimento do pedido, contemplado no art. 269, II), e, portanto, não se
presta a identificar per si o meio de prova. Parece preferível a palavra mais
compreensiva de “exame”, porque abrangeria todas as possíveis atividades
sensoriais do juiz.24

O adjetivo “judicial” tem outro sentido. Ele indica que, no meio de prova, a
percepção pessoal e direta do juiz se afigura essencial à sua caracterização.
A inspeção realizada por expertos, e autorizadas no art. 480, n.º 1, do NCPC
português de 2013 (verificação qualificada), ou por outros auxiliares do juízo
(v.g., o oficial de justiça, quanto à certidão a que alude o art. 245, § 1.º),
ingressa no processo como prova atípica (retro, 1.850).

Importa destacar, nesse assunto, a impropriedade da expressão “inspeção


judicial”, porque o juiz exercitará outros sentidos, além da visão, no meio de
prova dos arts. 481 a 484.

2.043. Iniciativa da inspeção judicial

O art. 481 esclarece que o juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode


inspecionar pessoas e coisas. A disposição consagra poder de iniciativa
concorrente em matéria de prova, que é a regra no processo civil brasileiro
(retro, 1.351), desnecessariamente, inclusive quanto à iniciativa oficial,
suficientemente contemplada no art. 370, caput. Da construção legislativa
excessiva, ou imperfeita, retira-se ilação surpreendente. Relacionando a
iniciativa do juiz ao verbo “esclarecer”, aqui no sentido de “elucidar”, e que
indica a finalidade do meio de prova, houve quem entendesse a inspeção
judicial como meio de prova de caráter subsidiário, ou seja, mecanismo a ser
utilizado para suprir as deficiências do acervo probatório no espírito do juiz.25

Tal tese mereceu o açodado reconhecimento do STJ no direito anterior: “A


utilização da inspeção judicial como meio de prova se justifica sempre que
houver necessidade de o magistrado melhor avaliar ou esclarecer um fato
controvertido, ou seja, naquelas situações em que essa percepção não puder
ser obtida pelos outros meios de prova comumente admitidos no
processo”.26 Claro está que muito contribuiu para esse julgado a natural
relutância de os tribunais superiores invalidarem processos, retardando seu
desfecho, sem pejo da injustiça da decisão, e gerar grave desperdício de
atividade processual.

Descansa tal entendimento na orientação mais geral que o poder


instrutório do juiz deve ser exercido subsidiariamente, a fim de não quebrar a
imparcialidade, relevando a iniciativa propensão a julgar favoravelmente a
quem esta prova favoreceria. O argumento é falso (retro, 1.351). O juiz
desconhece, de antemão, a quem a prova favorecerá, e, de toda sorte, os
merecidos reparos ao poder de instrução do juiz se devem antes às
abstenções (e, conseguintemente, à precipitação do julgamento com forçado
respaldo no art. 355, I) do que às raríssimas atuações ex officio. E,
naturalmente, nenhum relevo há no entendimento haurido da letra expressa
do art. 118 do CPC italiano, segundo o qual a inspeção só terá cabimento
quando indispensável ao conhecimento dos fatos, não devendo ser utilizada
quando existem outros meios para apurar a veracidade das alegações de fato
(v.g., o exame de DNA).27 Ente nós, o exame de DNA é perícia, na
modalidade de exame, ato diversamente qualificado – medida de instrução –
no direito italiano por motivos normativos próprios daquele ordenamento.28

Coerentemente à obrigatoriedade da perícia, quando haja necessidade de


conhecimento especial (art. 464, § 1.º, I, a contrario sensu), a inspeção judicial
caberá em hipótese predeterminada. É indispensável que haja a possibilidade
de o juiz adquirir conhecimento em contato direto com as fontes da prova
(pessoas, coisas e fenômenos naturais ou artificiais) baseado no
conhecimento comum (art. 355).
A inspeção indireta (infra, 2.044.2), realizada com a assistência “por um ou
mais peritos” (art. 482), não descaracteriza a autêntica inspeção. Se o juiz não
adquire o conhecimento adquirido ex propriis sensibus, a diligência degenera
em verificação do experto, modalidade de prova atípica prevista no art. 480 do
CPC português de 2013. Em tal hipótese, a presença do juiz, a maior ou a
menor aptidão dos sentidos do ocupante do órgão judiciário (v.g., o juiz
apresenta déficit de audição), não tem a menor importância: o perito percebe
e, mediante raciocínio inferencial, apresenta suas próprias conclusões. Este
prato feito não é, a rigor, inspeção judicial.

Em substância, a circunstância de a inspeção judicial produzir prova que


se lograria com outros meios não significa que seja desprovida de vantagens,
porque a percepção direta do juiz apresenta maior segurança e eficiência na
apuração da veracidade das alegações de fato controvertidas.29 É prova do
maior relevo quando cabível. Da redação do art. 481 não se pode inferir que
seja simples faculdade do juiz. O dever de colaboração do juiz com as partes
impõe que a inspeção, uma vez proposta pelas partes, seja deferida sempre
que cabível.30 Entendimento diverso incorreria em grosseira
inconstitucionalidade, como se sustenta perante o art. 118 do CPC italiano.31

Esse caráter principal e exclusivo do meio de prova não pré-exclui o caso


de o juiz, recebendo os autos conclusos para sentença, e cotejando as
críticas feitas pelas partes ao laudo pericial (que lhe incumbe responder na
motivação) e outras provas produzidas, entenda que a inspeção fornecer-lhe-
á o subsídio decisivo para formar seu convencimento. Por tal razão, o juiz
pode realizar a inspeção “a qualquer tempo” (infra, 2.051).

2.044. Espécies de inspeção judicial

A inspeção judicial se divide em várias classes: (a) quanto ao objeto (v.g.,


a identificação da pessoa); (b) quanto aos participantes (v.g., com ou sem
peritos); (c) quanto à oportunidade; (d) quanto à conexão com o tema da
prova; (e) quanto à autoridade que a realiza; (f) quanto à dependência da
exibição.32 No processo civil, importam três espécies: (a) inspeção direta e
indireta; (b) inspeção estática e dinâmica; (c) inspeção pessoal e material.

2.044.1. Inspeção pessoal e inspeção material – O art. 483 declara que o


juiz pode inspecionar pessoas ou coisas. A enumeração é manifestamente
incompleta, olvidando os fenômenos naturais ou artificiais passíveis de
percepção sensorial. A truncada indicação do art. 483 permite distinguir,
desde logo, e sem prejuízo de ulteriores precisões quanto ao objeto da
inspeção (infra, 2.046), duas espécies básicas: (a) a inspeção pessoal; e (b) a
inspeção material. Esta última versará coisas (na verdade, bens corpóreos,
independentemente de ulteriores subdivisões dessa categoria) e os
fenômenos naturais e artificiais (bens incorpóreos) em suas manifestações
materiais, ou seja, que não sejam bens de existência abstrata.

A inspeção pessoal (inspectio corporis) se reparte em várias modalidades.


Sem embargo da especial proteção que merece, o cadáver constitui exame
de coisa, e, assim, a inspeção pessoal versa a pessoa viva, distinguindo-se:
(a) a identificação pessoal (v.g., o reconhecimento de traços físicos); (b) a
identificação corporal (v.g., o reconhecimento das partes ocultas); (c) o exame
mental ou psiquiátrico.33 As duas primeiras classes apresentação áreas de
indefinição. Por exemplo, a cicatriz tanto se enquadra numa ou noutra
conforme a conexão com a alegação de fato. Por esse motivo, são duas as
subespécies: (a) inspeção corporal; e (b) inspeção mental ou psiquiátrica.34

2.044.2. Inspeção direta e inspeção indireta – Falta uniformidade ao


critério posto na raiz da distinção entre inspeção direta e indireta. Segundo
certo alvitre, a inspeção direta compreende o exame do juiz das fontes da
prova, enquanto na indireta o juiz examina outras fontes para, mediante
raciocínio inferencial, reconstruir as fontes originárias.35 Essa última hipótese
encontra-se contemplada no art. 483, III, na rubrica da reconstituição dos
fatos (v.g., a movimentação dos veículos antes do acidente) e integra o objeto
da inspeção judicial. E, de acordo com outra opinião, reserva-se a classe da
inspeção direta, aludida no art. 482, à percepção da fonte da prova pelo
próprio juiz; por exclusão, cuidar-se de inspeção indireta quando a percepção
da fonte da prova é do(s) perito(s) que assiste(m) ao juiz.36

O melhor critério para separar a inspeção direta da indireta avulta, sem


dúvida, na participação ou não de um ou mais peritos na diligência pessoal do
órgão judiciário; porém, é lançar a barra muito longe admitir que os sentidos
exercitados sejam os do perito, e, não, os do juiz. Essencial à inspeção
judicial é a percepção direta do juiz. Se há um intermediário, funcionando
como instrumento de percepção (retro, 2.003), cujos conhecimentos especiais
se afiguram imperiosamente necessários, então inexistirá autêntica inspeção,
mas perícia diretamente fiscalizada pelo juiz.

Problema do maior relevo consistirá em estabelecer limites à atuação dos


peritos mencionados no art. 482 (infra, 2.054.3). É indubitável a existência de
situações em que a intervenção do perito se afigura conveniente; todavia,
jamais além da função estritamente auxiliar na formulação do juízo de fato.

2.044.3. Inspeção estática e inspeção dinâmica – O art. 483, III, prevê a


ida do juiz a local distinto da sede do juízo quando “determinar a
reconstituição dos fatos”.

A disposição presume o deslocamento do juiz da sede do órgão judiciário.


Dificilmente os fatos passados (rectius: eventos e condutas previstas como
elementos de incidência na norma jurídica), que o juiz pretende reconstituir no
presente, aconteceram no foro, mas a hipótese não é impossível (v.g., o
antigo cônjuge arrasta o antigo parceiro para o banheiro e, malgrado a
presença de outras pessoas, pratica agressões). Assim, de ordinário o juiz irá
até o lugar específico, no qual ocorreram os fatos (v.g., o cruzamento em que
houve a colisão dos veículos), ou ao lugar – aqui, a reconstituição assumirá
magnitude inaudita – designado para esse fim, porque “adrede escolhido ou
habitualmente destinado ao tipo de atividade necessário à
reconstituição”.37 Por exemplo, na impossibilidade de reproduzir o movimento
dos veículos no cruzamento em que ocorreu o acidente, porque a paralisação
do tráfego usual representaria grave incômodo à cidade, o juiz designa um
campo de provas com espaço e marcações adequadas. Ao implicar atividade
complexa, às vezes delicada e invasiva da intimidade – não se exclui, a fim de
apurar a premeditação no litígio entre o beneficiário e a seguradora, a
reprodução das circunstâncias do suicídio –, a respeito de eventos e condutas
passados, a reconstituição se caracteriza por seu caráter dinâmico. Mas não
deixa de ser inspeção.38
Em geral, na inspeção dinâmica acompanharão ao juiz um ou mais
expertos (art. 482), a mais não seja para preparar o terreno e, se for este o
caso, ministrar orientações aos participantes. O vínculo é acidental: o juiz
mais enérgico e voluntarioso pode organizar ele próprio a reconstituição sem
recorrer a especialistas.

A percepção direta das fontes de prova pelo juiz, sem a intervenção de


quem quer que seja, e desprovida do marcante e fundamental artificialismo da
reconstituição, chama-se inspeção estática.39 É a forma mais comum de
inspeção.

2.044.4. Inspeção facultativa e inspeção obrigatória – O art. 751 determina


a citação do interditando para comparecer perante o juiz, “que o entrevistará
minuciosamente acerca da sua vida, negócios, bens, vontades, preferências e
laços familiares e afetivos e sobre o que mais lhe parecer necessário para
convencimento quanto à sua capacidade para praticar atos da vida civil”.

Cuida-se de inspeção pessoal, da subespécie mental, em que o juiz,


embora sem conhecimentos especiais para diagnosticar doenças mentais,
vale-se de regra de experiência comum (art. 375) para convencer-se quanto
ao comprometimento, ou não, da capacidade de exercício da pessoa. Limita-
se a fazer “uma suposição, impressão ou desconfiança de vez que a
verificação correta do estado mental dos indivíduos é questão técnica”.40 Esse
interrogatório funciona como filtro, permitindo ao juiz repelir pretensões
descabidas e preconceituosas, que postulam a interdição sem base (v.g.,
unicamente fundadas na idade do réu: herdeiros presumíveis se impacientam
facilmente com pessoas ricas e longevas). Na instrução, a perícia médica,
prevista no art. 753, caput, primeira parte, chegará a conclusão mais segura.

Importa realçar que o art. 751 atribui à inspeção pessoal nessa fase
preliminar do processo caráter obrigatório. O juiz até pode se assistir por
médico na audiência, antecipando juízo técnico confiável nos casos mais
duvidosos, mas não pode suprimi-la,41 evidenciando-se, pois, inspeção judicial
necessária ou obrigatória. Nos demais casos, observada a natureza “principal”
do meio de prova, que não é sucedâneo ou subsidiário da perícia, via de regra
a inspeção tem natureza facultativa, ou seja, depende da conexão entre seu
objeto e a alegação de fato controvertida.

2.044.5. Inspeção incidente e inspeção antecipada – A inspeção põe o juiz


em contato direto com as fontes de prova, a fim de que exercite seus
sentidos, e forme seu convencimento. A sua principal vantagem é a imediação
objetiva. Realiza-se a inspeção, ordinariamente, perante o juiz da causa em
que a prova é admitida, produzida e, principalmente, apreciada. A esta
modalidade comum se chama de inspeção incidente.

Em razão da precípua da inspeção, controverte-se a respectiva


admissibilidade em produção (ou asseguração) ante causam. A invocação do
poder geral de cautela para admiti-la era argumento assaz frágil e
inexpressivo.42 É mais substancial o motivo que reconhece que, neste caso, a
pretensão extrapolaria as finalidades do meio de prova, porque a percepção
de outro juiz revelar-se-ia inútil no julgamento da causa principal, na qual a
prova há de ser proposta, admitida e (abstraída a produção) apreciada.43 O
art. 382, § 2.º, do NCPC estipula nesse sentido. Outros ordenamentos não
pré-excluem, a priori, a inspeção antecipada.44 Por exemplo, o direito
germânico admite, no âmbito do procedimento probatório autônomo
(Selbständiges Beweisverfahren), a inspeção (Einhame des Augenssheins) no
§ 845, alínea primeira, da ZPO.45

Admite-se a inspeção judicial, sem dúvida, nos casos em que, exigindo a


percepção conhecimento especial (científico, técnico ou artístico), a perícia se
mostraria inútil deixada para o futuro, e, mutatis mutandis, bastando à
percepção conhecimento comum (embora qualificado por sua profissão) do
juiz, a inspeção. O juiz encarregado da diligência registrará no auto o que
verificou no calor dos acontecimentos, instruindo-o, se possível, com
desenho, gráfico ou fotografia (art. 484, parágrafo único),46 e o juiz da causa
principal emprestará o valor devido às observações do colega.

Por esse critério, a inspeção pode ser (a) incidente ou (b) antecipada.

§ 421.º Objeto da inspeção judicial

2.045. Natureza do objeto da inspeção

O art. 483 declara passíveis da inspeção judicial as pessoas ou as coisas.


A enumeração é manifestamente incompleta. Faltou menção no dispositivo à
terceira fonte de prova, os fenômenos naturais (v.g., a fluência das águas de
um prédio para outro) e artificiais (v.g., os odores dos produtos químicos que
o vizinho mistura no quintal), que são sensorialmente perceptíveis pelo juiz.

Ao indicar as coisas como objeto da inspeção, o art. 483 insinua que o juiz
adquirirá conhecimento a partir de bens corpóreos, ou seja, bens tangíveis,
que podem ser vistos, tocados ou apreendidos, segundo a máxima res qua
tangi possunt.47 Os animais da terra, do ar e da água são coisas, “porém
objeto de proteção jurídica especial, por si mesmo e como salvaguarda dos
sentimentos das pessoas”.48 Não há a menor dúvida: os semoventes são
inspecionáveis, porque abrangidos na categoria coisas. Os sentidos do juiz –
visão, audição, olfato, paladar e tato – exercitam-se imediatamente sobre tais
realidades materiais. Por isso, as coisas integram os objetos inspecionáveis.

Dessa limitação do objeto da inspeção às coisas, estipulada no art. 483,


não se infere, absolutamente, a impossibilidade de o juiz perceber as
emanações de bens naturalmente incorpóreos. Assim, as energias elétricas,
térmicas e eólicas, os gases e os vapores, embora não sejam tangíveis,
propiciam experiências sensíveis, e, desse modo, constituem bens
inspecionáveis.49

Por outro lado, o art. 353, n.º 1, da Ley de Enjuiciamiento Civil espanhola
arrola os lugares como objeto da inspeção. E, realmente, é mais próprio referir
à inspeção de lugar no caso de o juiz adquirir conhecimento através da vista
de certo sítio predeterminado por coordenadas especiais que é algo muito
diferente da inspeção do imóvel. Assim, a inspeção do cruzamento de ruas da
metrópole, em que ocorreu o acidente de trânsito, controvertendo as partes se
a disposição predial permitia visão nítida da aproximação de um dos veículos
envolverá, sem dúvida, duas atividades: (a) deslocamento do juiz da sede do
juízo, o que suscita o problema do lugar da inspeção, porque o órgão
judiciário pratica atos materiais só no âmbito da respectiva divisão judiciária; e
(b) o posicionamento do juiz na via pública. Mas o juiz não vai até o lugar do
acidente para inspecionar a artéria em si, um bem público, mas a
predisposição espacial do cruzamento. Nesse sentido, ao nosso ver, a
inspeção de lugar não se esgota na do imóvel, em oposição a dos bens
móveis.50 O art. 483 lograria maior amplitude consignando lugares como
objeto da inspeção.

O lugar inspecionável pode ser público ou privado. Nesse último caso, o


acesso do juiz observará escrupulosamente a tutela do domicílio (art. 5.º, XI,
da CF/1988): por determinação judicial, contra a vontade do habitante os
terceiros só ingressam de dia na casa.

Em relação às pessoas, cumpre registrar somente que a inspeção de


cadáveres, e, a fortiori, das vestimentas, implica inspeção de coisas.51

Feitas essas considerações, e antes de entregar as características desses


objetos, a natureza do objeto da inspeção comporta formulação genérica: tudo
quanto for perceptível pelos sentidos do juiz (visão, audição, olfato, paladar e
tato) nas fontes de prova (pessoas, coisas e fenômenos naturais ou artificiais)
pode ser inspecionado na forma dos arts. 481 a 484.

2.046. Características do objeto da inspeção

Por intermédio da inspeção judicial, o juiz adquire conhecimento em


contato com as fontes de prova. O conhecimento proveniente das fontes da
prova (pessoas, coisas e fenômenos naturais ou artificiais) deve ser de tal
ordem que não seja, por outro meio de prova, passível de aquisição pelo
processo.52 Essa delimitação presta-se a esclarecer as relações entre a
inspeção judicial e a perícia. Se a percepção do fato exige conhecimento
especial, então a participação do perito, prevista no art. 482, transmuda a
inspeção em perícia,53 sob a fiscalização direta e pessoal do juiz. Admite-se
em outros ordenamentos a cumulação desses meios de prova.54E, ademais,
explica o motivo por que os documentos, coisas móveis, produzem-se através
do meio de prova documental. O direito germânico ampliou o objeto da
inspeção para abranger os documentos eletrônicos (§ 371-A da ZPO
alemã),55 entre nós subespécie de prova documental, e, todavia,
inspecionáveis em relação aos aspectos materiais (v.g., a rasura que obliterou
cláusula essencial numa das vias do contrato). Por sinal, as coisas móveis de
pequeno porte são anexadas ao processo, ficando em apenso.56

As pessoas e as coisas passíveis de inspeção apresentam determinadas


características que exigem esclarecimentos.

2.046.1. Pessoas inspecionáveis – São objeto de inspeção judicial as


partes e os terceiros.

Em relação às partes, figurando num dos polos da relação judicial pessoa


jurídica ou ente sem personalidade jurídica, submetem-se à inspeção os
respectivos representantes. O art. 379, II, expressamente estipulou o dever de
a parte submeter-se à “inspeção judicial que for considerada necessária”.

Como já se assinalou, a inspeção pessoal se divide em duas espécies: (a)


corporal; e (b) psiquiátrica.
2.046.1.1. Inspeção corporal da parte – No caso de inspeção corporal, a
parte há de exibir seu corpo, no todo ou em parte, à percepção do juiz. A
submissão da parte exigida no art. 379, II, devassa a intimidade da pessoa,
mas não viola seus direitos fundamentais.57 Em todo caso, o juiz observará as
regras elementares do decoro. Por exemplo, o juiz do sexo masculino abster-
se-á de inspecionar abstendo-se de examinar as partes íntimas da parte de
sexo feminino, a pretexto de identificar-lhe os traços personalíssimos.58 No
direito alemão, desenvolveu-se a prática de o órgão judiciário valer-se de
pessoa de confiança, chamada deBeweismittler (intermediário de prova) ou
de Augenscheingehilfen (auxiliar da inspeção “ocular”),59 que não é
testemunha, mas auxiliar do juiz em situações mais delicadas. Entre nós,
inexiste essa possibilidade; e, de resto, a percepção pelos sentidos alheios
descaracteriza a inspeção judicial. Revelando-se a inspeção corporal
imprescindível, a melhor solução consiste em atribuir o exame a uma juíza,
prestando forma singular de auxílio judicial.

A inspeção corporal da parte subdivide-se em duas espécies: (a) ativa; (b)


passiva.

Figurem-se duas hipóteses similares, mas heterogêneas, passíveis de


verificação através do conhecimento comum. Na primeira, A demanda de B a
reparação do ilícito ocorrido em acidente de trânsito, alegando que, dentre os
danos sofridos, avulta o estético: a cirurgia plástica reparadora não lhe
restaurou a antiga fisionomia, ou a beleza das partes íntimas ficou
irremediavelmente comprometida, em ambos os casos provocando-lhe dor e
sofrimento. O réu B impugna precisamente tais alegações. Esses pontos
podem ser esclarecidos tanto através de perícia médica, quanto de inspeção
judicial. É lícito ao juiz emitir juízo estético como qualquer outra pessoa. Por
sua vez, na demanda de reparação de dano movida por C contra D, o
autor C alega prejuízo à função do membro inferior direito, o que é negado
pelo réuD, que já se deparou com C, no calçadão de Copacabana,
caminhando normalmente. Se houve ou não prejuízo à função do membro, é
questão de fato passível de apuração na inspeção, tanto que o autor C, assim
o exigindo o juiz, acompanhado ou não de peritos médicos, aquiesça em
realizar determinados movimentos com a perna supostamente atingida.

A cooperação da parte, no primeiro caso, há inspeção corporal passiva: a


atividade da parte cinge-se a exigir a parte do corpo que interessa à finalidade
do exame, deixando-se contemplar, apalpar e cheirar; no segundo, inspeção
corporal ativa: da parte espera-se colaboração de maior intensidade física.

Existem casos, como na posse da herança em nome do nascituro, em que


a cooperação voluntária da mãe na apuração da gravidez é natural e realiza o
próprio interesse. A rigor, porém, parte é o nascituro. Este exemplo vem a
calhar por outro motivo. O recurso à perícia é, usualmente, mais cômodo e
conveniente em tais matérias,60 embora possível a inspeção em casos mais
evidentes, pois pertence propriamente à área de saber específica dos
médicos.61

Por óbvio, há que considerar a hipótese de parte recusar a cooperação na


inspeção. Tal tópico receberá exame no item concernente à disponibilidade da
fonte da prova (infra, 2.047).
2.046.1.2. Inspeção psiquiátrica da parte – A segunda espécie da
inspeção pessoal é a psiquiátrica, prevista no art. 751, no que concerne à
interdição. A apuração do estado mental da pessoa, suposta incapaz de
autogoverno, representa matéria essencialmente técnica. A percepção do juiz,
segundo as regras de experiência comum, habilita-se a diagnosticar os casos
mais evidentes. De todo modo, o art. 751 estipula (a) forma rígida à inspeção,
especificando que se traduzirá em interrogatório da parte e o conteúdo do
questionário (“… vida, negócios, bens, vontades, preferências e laços
familiares e afetivos e sobre o que mais lhe parecer necessário…”); e (b) a
obrigatoriedade de perícia médica (art. 753). O máximo que o juiz obtém é um
juízo de verossimilhança acerca do estado mental, eventualmente “suposição,
impressão ou desconfiança” da inexistência de autogoverno da pessoa.62 E tal
se explica, em quaisquer outros casos, porque estados psíquicos são
insuscetíveis à inspeção,63 recaindo a percepção do juiz nos aspectos
exteriores (v.g., a fala desarticulada, a desorientação e a incapacidade de
recordar eventos recentes e os nomes dos parentes mais próximos).

Na inspeção psiquiátrica, mais do que na corporal, a interação entre o juiz


e a parte se afigura indispensável, suscitando, portanto, o problema do
induzimento à colaboração e, fracassando estas, as consequências da
recusa.

2.046.1.3. Inspeção pessoal de terceiros – No tocante aos terceiros, o art.


380 não contemplou o dever de submissão à inspeção. Assim, entende-se
que o dever genérico de colaboração (art. 378), em lição aplicável ao NCPC,
“não basta para estender ao terceiro um dever que o Código reputou
indispensável criar em termos expressos para a parte”.64

Em tal aspecto decisivo, o direito pátrio apartou-se do seu modelo


presumível e, muito menos, instituiu o Duldungspflicht do § 372-A da ZPO
germânica,65 que obriga a todos (v.g., os parentes do réu) a submeter-se ao
exame genético. O terceiro somente se submeterá à inspeção, ou é obrigado
a fornecer materiais para exame, se o consentir.66 Esse assunto receberá
exame no contexto da disponibilidade do objeto.

2.046.2. Coisas inspecionáveis – As coisas inspecionáveis compreendem


os bens corpóreos e as manifestações perceptíveis dos bens incorpóreos
(v.g., a energia estática da porta do automóvel).

A inspeção judicial abrange os bens imóveis, na clássica forma da vistoria,


que é a antiga “inspeção ocular” feita pelo juiz da causa,67 envolvendo a sua
situação geográfica, características gerais, estado de fato e limites
perceptíveis,68 e os bens móveis em geral. E a categoria dos bens móveis
inclui os semoventes de qualquer espécie, os documentos e os monumentos.

Os documentos são materialmente inspecionáveis. O juiz pode conferir se


as duas vias do contrato firmado por instrumento particular entre A e B são
idênticas, ou se a via entrega a B suprimiu a cláusula y, todavia existente na
via de A, e, assim, B não a cumpriu no tempo, lugar e forma devidos. É lícito,
por igual, o juiz inspecionar os defeitos materiais (v.g., a rasura) dos
documentos produzidos nos autos. A inspeção de documentos eletrônicos é
natural no que respeita a dados perceptíveis pela experiência comum.
Tratando-se, todavia, de verificar se o programa X, desenvolvido pela
empresa A, é idêntico ao programa Y, patenteado pela empresa B, para a
mesma função (v.g., busca de sítios na internet por afinidade temática), a
necessidade de conhecimento especial mostra-se flagrante. Também nesses
casos, a exemplo da inspeção pessoal psiquiátrica e corporal, a perícia
geralmente é mais útil.

Determinados elementos externos dos bens imóveis e móveis, como as


pegadas de pessoas ou de semoventes (v.g., A alega que os animais
de B ultrapassam a cerca divisória e lhe causam danos às plantações), sinais
no terreno (v.g. os recortes simétricos na plantação de soja, atribuídos a
forças inexplicáveis), e outros vestígios, também são inspecionáveis. Assim,
as qualidades das coisas móveis que transcendem à sua essência, como
peso e dimensão, perceptíveis pelos sentidos do juiz, igualmente comportam
inspeção.69 O funcionamento de uma máquina, ou a adaptação do instrumento
à sua função, não exigem conhecimento especial e, como tal, inspecionáveis.
As máquinas precisarão ser postas em movimento, em determinados casos, e
os semoventes induzidos a se locomoverem, a fim de apurar-lhes as
qualidades ordinárias, a exemplo da verificação se o cavalo de competição
manca, ou não, mas a atribuição das causas subordina-se, de ordinário, a
exames periciais.

Desse modo, as qualidades positivas e negativas são inspecionáveis,


porque percebidas pelos sentidos do juiz e apreciadas segundo as regras de
experiência comum.

Os bens móveis fungíveis são inspecionáveis e, em princípio, não importa


o espécime utilizado na diligência.70 Porém, cuidando-se de verificar a
singularidade que supostamente distingue certa coisa fungível das
congêneres, a inspeção recairá sobre o objeto da controvérsia. O uso do
paradigma dependerá da conexão desta com a alegação de fato
controvertida.71

Em relação às coisas divisíveis, a inspeção realizar-se-á por amostragem.


Claro está que as amostras empregadas devem ter a amplitude necessária
para formar um juízo global e razoável. Não é necessário que o juiz tome
todas as garrafas do vinho de baixa qualidade, ou experimente uma a uma,
para verificar se todo o lote está, ou não, avinagrado.72 As coisas indivisíveis
podem ser examinadas no conjunto ou só na parte que interessa ao litígio,
inclusive no que tange à subsistência, ou não, da característica da
indivisibilidade.

Por identidade de razões, as coisas coletivas são inspecionáveis em si


mesmas (v.g., a biblioteca) ou nas suas singularidades (v.g., o livro raro
localizado na biblioteca).

2.046.3. Fenômenos inspecionáveis – A inspeção judicial de imóveis é


residual, mas consistente com os propósitos deste meio de prova. Assim,
fenômenos perceptíveis aos sentidos, naturais (v.g., a vertente que inunda o
terreno do vizinho) ou artificiais (v.g., a energia elétrica que se concentra na
porta do veículo com o motor em funcionamento). Nesse último caso, nada
exclui que o juiz faça pessoalmente experiências físicas ou químicas
elementares, a fim de perceber os resultados. Se apenas assiste à
experiência, fitando os equipamentos indispensáveis, trata-se de perícia (v.g.,
a coleta do material genético e a realização em si das comparações do DNA).
A reconstituição dos fatos, ou inspeção dinâmica, é uma forma de
experiência.

2.047. Disponibilidade do objeto na inspeção judicial

As pessoas, as coisas e os fenômenos nem sempre se encontram à


disposição da autoridade judiciária para sujeitarem-se à inspeção judicial. É
preciso verificar a situação jurídica de cada fonte de prova, relativamente às
partes, e adotar mecanismos que eliminam as barreiras porventura erigidas
ao contato do juiz. Variam muito os esquemas legislativos a esse propósito,
influenciados, em muitos aspectos, por opções políticas. A análise se
concentrará na disciplina concreta do direito brasileiro, relativamente às três
fontes de prova.

2.047.1. Disponibilidade da pessoa – Em tema de inspeção pessoal, nas


suas duas modalidades, reservando-se a clássica expressão inspectio
corporisliteralmente à inspeção corporal, originou-se no direito romano como
meio hábil à verificação da puberdade. O âmbito desse meio de prova
aumentou na exata correspondência ao prestígio do contato direto do juiz com
a pessoa, eliminando os intermediários, porque a multiplicação das
transmissões de conhecimento tende a distorcer e falsificar a percepção
sensorial, por si mesma precária. Cumpre distinguir a disponibilidade da parte
e dos terceiros para submeterem-se à inspeção

2.047.1.1. Disponibilidade pessoal da parte – A inspeção corporal e


psiquiátrica da parte reclama a colaboração ativa ou passiva do sujeito
passivo da inspeção. Essa colaboração pode ser (a) voluntária, por vezes
ditada pelo próprio interesse (v.g., no caso da vítima de acidente de trânsito
que reclama indenização pela perda de órgão, membro ou função), ou (b)
compulsória.

Ocorrendo cooperação voluntária, nenhuma a dificuldade há na prática do


ato, inclusive na hipótese de deslocamento do juiz ao domicílio do
inspecionando (v.g., por obesidade mórbida, impossibilitado de comparecer
na sede do juízo). A prova se produzirá sem contratempos. O quadro se altera
radicalmente no caso de recusa, ou seja, no de descumprimento do dever
instituído no art. 379, II.

Recusando-se a parte, mas apresentando motivo a seu ver bastante,


cumprirá ao juiz sopesar suas razões. É razoável supor que, desobrigada de
depor sobre fatos (a) criminosos ou torpes, que lhe forem imputados, e sobre
fatos (b) a cujo respeito deva guardar sigilo, nos termos do art. 388 (retro,
1.864), e desobrigada de exibir documentos e coisas por “graves motivos”, “a
fortiori impende reconhecer igual possibilidade no que tange à
inspeção pessoal”.73

É comum a parte, apresentando, ou não, motivo para tanto e, caso


alegado, rejeitadas suas razões, recusar-se de forma expressa ou tácita a
submeter-se à inspeção. Razões das mais diferentes inspiram essa atitude.
Convém não esquecer que há conflito necessário entre o direito à intimidade,
bem constitucionalmente protegido, e o direito à efetividade da prestação
jurisdicional. Às vezes, a sensibilidade muito acentuada da parte induz
recusas obstinadas que, para a pessoa média, não mereceriam cogitação; por
exemplo, na demanda de A contra B, alegando que sofreu aleijão na genitália,
em virtude de acidente de trânsito provocado pelo réu B, este nega o dano
físico, mas o autor A obstina-se em não expor as partes íntimas à inspeção.

Existem três termos de alternativa para solucionar o impasse. Em primeiro


lugar, o juiz pode renunciar à produção da prova, prejudicando a formação do
seu convencimento. Ademais, o juiz poderia constranger a parte, manu
militari, à inspeção. E, por fim, o juiz pode tirar da recusa injustificada
argumento de prova contra o recalcitrante.

Apesar de o art. 379, II, impor o dever de submissão, inexiste previsão


específica de vis compulsiva tendo como sujeito passivo a parte. Forçar a
parte (ou qualquer pessoa) à colaboração, possível que seja materialmente,
suscita a velha e tenebrosa questão dos limites do poder estatal. Um dos mais
antigos adágios ingleses pré-exclui semelhante possibilidade: “You can lead a
horse to water, but you can’t make it drink”. E, de resto, apesar das boas
razões invocadas, pois se trata de produzir prova útil e pertinente, violará a
disposição constitucional que tutela a intimidade.

O Supremo Tribunal Federal, perante o caso similar de obrigar uma das


partes a fornecer material para o exame genético, decidiu a questão, julgando
o seguinte: “Discrepa, a mais não poder, de garantias constitucionais
implícitas e explícitas – preservação da dignidade humana, da intimidade, da
intangibilidade do corpo humano, do imérito da lei e da inexecução específica
e direta de obrigação de fazer – provimento judicial que, em ação civil de
investigação de paternidade, implique determinação no sentido de o réu ser
conduzido ao laboratório, ‘debaixo de vara’, para coleta do material
indispensável à feitura do exame DNA. A recusa resolve-se no plano jurídico-
instrumental, consideradas a dogmática, a doutrina e a jurisprudência, no que
voltadas ao deslinde das questões ligadas à prova dos fatos”.74

Restará ao juiz, compondo a colisão de direitos fundamentais, o último


termo de alternativa. Retirará consequências probatórias desfavoráveis à
parte recalcitrante.75 É a linha tradicional do direito brasileiro, escudada no
antigo problema da comprovação da impotência do homem ou do
desvirginamento da mulher na ação em que um dos cônjuges pleiteia a
anulação do casamento, aplicável a outras situações mais contemporâneas.
Assim, recusando-se o réu (v.g., o paciente do odontologista, na ação de
cobrança de honorários, em que alega ter feito certo trabalho na boca do réu,
nega a inspeção da arcada dentária), o juiz extrairá da atitude da parte, ou
seja, do seu comportamento processual, indício seguro da veracidade do fato
alegado pelo autor; recusando-se o autor (v.g., o autor de ação de reparação
de dano, na qual alega lesão deformante na genitália), faltar-lhe-á prova que
conduza ao acolhimento do pedido nesta parte.76

Cuida-se de solução análoga à da perícia médica, em relação à qual tem a


parte tem idêntico dever de colaborar, permitindo os exames pertinentes e, se
for este o caso, a coleta do material orgânico, no caso da investigação do
parentesco biológico. Os arts. 231 e 232 do CC adotaram presunção
desfavorável ao recusante. No entanto, cuida-se de presunção relativa. Em
que pese a possibilidade de o juiz entender suprida a prova pela recusa, o
contrário (v.g., prova cabal da infecundidade do réu) pode resultar de outros
elementos probatórios.77 Não há, entre nós, dever similar
ao Duldungspflicht do § 372-A da ZPO alemã.78

2.047.1.2. Disponibilidade pessoal do terceiro – O art. 380 não instituiu


para o terceiro o dever de submissão previsto no art. 379, II, para as partes.
Não é razoável estendê-lo, por analogia, às pessoas alheias à demanda em
curso.79 E avulta que o art. 380, II, atribuiu aos terceiros o dever de exibição
de coisas (e documentos), razão por que a disponibilidade material recebe
tratamento distinto quanto às partes e aos terceiros.

Fundamenta-se a restrição no princípio da dignidade da pessoa humana e


nos seus subprodutos, a preservação da intimidade e a intangibilidade física
da pessoa humana. É verdade que o princípio da dignidade da pessoa
humana comporta ponderação e hierarquização no confronto da dignidade de
outra pessoa;80 porém, semelhante ponderação reclama confronto direto das
partes e não parece suficiente para constranger o terceiro, nessas condições,
a submeter sua intimidade à atividade jurisdicional. Logo, a recusa do irmão
bivitelino se mostra legítima, em nome do princípio da dignidade da pessoa
humana, não lhe atraindo qualquer sanção pessoal, nem sequer, a fortiori,
dessa recusa o juiz extrairá qualquer indício para formar seu convencimento.

O STJ examinou o problema em caso notável. Recusou a antecipação


antecipada do exame genético promovida pela neta contra o suposto avô,
com seu pai vivo, como medida preparatória de futuro reconhecimento da
relação avoenga, porque o direito à identidade genética da geração mais
próxima pré-exclui o da geração mais remota, nos termos do art. 1.606,
parágrafo único, do CC de 2002, assentando: “Se, por um lado, é razoável
obrigar qualquer indivíduo vir a juízo revelar sua intimidade e expor sua vida
privada para se defender de demanda dirigida ao reconhecimento de
parentesco, com consequências sociofamiliares irreversíveis, não há essa
mesma proporcionalidade a autorizar que esse idêntico investigado possa ser
constrangido por todos os descendentes de determinado parente de grau
mais próximo, sujeitando-se a um sem número de demandas, com
possibilidade de decisões incongruentes, presentes e futuras, nas quais um
mesmo tronco de descendência, cada qual por si, poderia postular declaração
judicial de parentalidade lastreada em um igual vínculo genético”.81

Tal ponderação pré-exclui o dever de o terceiro devassar sua privacidade


para produzir prova a favor ou contra uma das partes através da inspeção
pessoal.

2.047.2. Disponibilidade material – Também as coisas e os fenômenos,


passíveis de inspeção judicial nos termos já expostos, necessitam se
encontrar à disposição do órgão judiciário para a prática da inspeção. A esse
propósito, costuma-se distinguir a relação jurídica entre o objeto da inspeção
e o titular do domínio (disponibilidade jurídica) e da posse (disponibilidade
material), bem como sua condição de parte ou de terceiro, relativamente ao
processo, e a natureza do bem móvel ou imóvel.82 Logo se percebe que são
muitas as variantes, agravada pelo acréscimo, dentre os bens móveis, dos
documentos e da escrituração mercantil. Não é lícito traçar paralelo entre o
objeto da exibição e da inspeção ou aplicar irrestritamente as hipóteses de
exclusão do dever de exibir o objeto da inspeção.
Os fenômenos naturais ou artificiais que o juiz necessita inspecionar
reclamam breve menção à parte nesse contexto. Eles são (a) permanentes;
ou (b) transitórios ou eventuais, e, nesse último caso, reproduzíveis ou não.
Em ambos os casos, salvo engano, ou os fenômenos ocorrem em imóveis
(v.g., a vertente no terreno) ou em móveis (v.g., o caruncho que contaminou
as alfaias de madeira fornecidas por A para o casal B e C e que lhes
guarnecem a residência), e o problema se reduz ao da disponibilidade
(jurídica e material) dessas coisas, ou o juiz realizará a reconstituição de que
trata o art. 483, III, com problemas similares. Por isso, o título do item é
disponibilidade material, abrangendo coisas e fenômenos.

Importa separar duas hipóteses básicas quanto à disponibilidade das


coisas: (a) apresentação voluntária do objeto da inspeção, se bem móvel, e
asseguração do livre acesso do juiz e dos seus acompanhantes, no caso de
imóveis; (b) descumprimento do dever de exibir o objeto da exibição. E,
fundamentalmente, existirá razão para considerações na segunda hipótese.

No tocante aos imóveis, integrantes ao domínio privado ou público, o


problema se simplifica radicalmente. O juiz precisará ir até o local de situação
do imóvel (art. 483, II) e, havendo resistência, ingressará no local, in extremis,
através da força da polícia judiciária. Não é demasia aplicar por analogia o art.
846, mas com as adaptações necessárias, lendo-se “auto de inspeção” em
lugar de “auto de ocorrência”. Pouco importa, nesse caso, a titularidade do
domínio da parte ou do terceiro e quem efetivamente exerce a posse.

A diligência do juiz respeitará, em qualquer hipótese, os direitos


fundamentais. Cuidando-se de imóvel na posse de terceiro, relativamente ao
processo, cumpre-lhe dar aviso da necessidade de ingresso no local. E, além
disso, o juiz velará pelo estrito respeito a tutela constitucional do domicílio da
parte e dos terceiros (art. 5.º, XI, da CF/1998), permitindo-se ingressar na
casa de alguém durante o dia e no horário da prática dos atos processuais
(art. 212, caput). Nenhum reparo merece a redação da norma constitucional,
que não especifica a natureza da “determinação judicial” que autoriza o
ingresso na casa,83 que decorre da admissão do meio de prova, ou a natureza
da demanda da qual provém. E, no caso dos bens públicos, a inspeção
considerará a espécie do bem (art. 99 do CC) e outras circunstâncias. Assim,
cuidando-se de bem de uso comum do povo, como o cruzamento de duas
ruas, o juiz cauteloso se entrosará com as autoridades competentes, a fim de
estabelecer o dia e a hora em que a reconstituição do acidente de trânsito não
prejudica a circulação do povo; tratando-se de bens de uso especial, afetados
a serviço público essencial (v.g., hospital, no qual o juiz inspecionará a sala de
cirurgia), o juiz atentará às respectivas condições de funcionamento e
características.84

É no domínio da inspeção das coisas móveis que o problema da


desobediência toma vulto. O remédio cabível contra partes e terceiros é a
exibição forçada de coisas lato sensu. Enquanto meios de prova, a exibição
não constitui antecedente da inspeção, como divisava a doutrina italiana mais
antiga,85 mas meio de prova autônomo. Quem deseja conhecer coisas e
documentos, nas pretensões do art. 396 e do art. 401, é a parte, e, não, o juiz.
Este inspecionará a coisa ou o documento em razão da respectiva aquisição
no processo.86 Equivale ao acontece na leitura dos documentos produzidos
voluntariamente. A diferença de função desses diferentes meios de prova
transparece nesse ponto decisivo.87

Dispondo da coisa objeto da inspeção a parte a quem grava o ônus de


provar a alegação de fato – função da regra de conduta (retro, 1.338.1) –,
existe caminho alternativo para o juiz solucionar o problema da recusa, que é
a aplicação das regras atinentes ao ônus da prova. Dificilmente, porém, o juiz
consciencioso se apaziguará com semelhante solução sem esgotar as
possibilidades da exibição forçada.

Deduzida a pretensão de exibição, ou determinada ex officio pelo juiz,


iniciativa oficial aceita tranquilamente perante a parte (art. 396), mas
controversa no caso da escrituração mercantil perante o terceiro (nos demais
casos tem cabimento),88 surgem dois termos de alternativa no caso de
rejeição de eventual defesa: (a) a exibição; (b) a inércia do sujeito passivo.
Nessa última hipótese, as consequências se mostram heterogêneas perante
partes e terceiros.

Da recalcitrância da parte o juiz retirará a presunção relativa do art.


400, caput, ou seja, presumirá verdadeira a alegação de fato que seria
esclarecida mediante a inspeção (retro, 1.406). Esta presunção é relativa,89 ou
seja, admite-se contraprova.90

A presunção do art. 400, caput, não tem cabimento, porque ineficaz,


perante a oposição do terceiro. Abstendo-se o terceiro de exibir a coisa, em
sentido lato, incidirá o art. 403. Esta regra prevê que o juiz, acolhendo o
pedido, ordenará sua exibição e, havendo descumprimento, “o juiz expedirá
mandado de apreensão”, requisitando força policial, se necessário, sem
prejuízo da responsabilidade por crime de desobediência (retro, 1.912). A
rigorosa opinião que, no direito anterior, rejeitava a incidência da regra
equivalente ao art. 403, na medida em que somente aplicável no
procedimento da exibição, na linha aqui adotada não pode ser acatada. É
que, como assinalado no início, havendo recusa (da parte ou do terceiro) o
remédio para conjurar essa situação é a pretensão à exibição, segundo a
disciplina legal a esta aplicável (arts. 396 a 404). Assim, justamente se cuida
de executar a sentença de acolhimento da exibição compulsória contra o
terceiro.

O art. 77, caput, tem largo âmbito subjetivo, abrangendo terceiros, e o inc.
IV da regra contempla dever genérico de cumprimento das ordens do juiz sem
embaraços (retro, 610.4). Logo, nada exclui a aplicação da multa do art. 77, §
2.º, nem sequer, a fortiori, a cominação de multa pecuniária ou as medidas do
art. 531, § 1.º, ou seja, as medidas arroladas no art. 403, parágrafo único,
induzindo a apresentação da coisa. Essa última providência é objeto de
previsão do art. 77, § 4.º. Se nada tiver êxito, persistindo o terceiro no
comportamento desconforme ao direito, a inspeção ficará irremediavelmente
prejudicada, cabendo avaliar o comportamento no juízo penal.

2.048. Vicissitudes do objeto da inspeção

O objeto da inspeção se sujeitará às vicissitudes da vida antes e depois da


inspeção. Na posse da parte, interessada ou não em tirar prova da inspeção,
e do terceiro, em princípio indiferente à sorte do litígio, fatos da vida alteram
(v.g., o produto químico é transformado pelo tempo) e eliminam (v.g., o raio
incendiou pavilhão que guardava quadro atribuído a Portinari), no todo ou em
parte, as coisas móveis e os fenômenos. De causas naturais, ou não, as
pessoas falecem a qualquer momento, e o próprio cadáver do falecido
volatiza-se (v.g., o avião em que viajava o homem e a mulher explodiu sobre o
mar, e os corpos de dezenas de pessoas, senão de todos os passageiros,
não são localizados e recuperados), impedindo totalmente a inspeção. A
malícia humana também interfere negativamente no objeto da inspeção,
alterando ou destruindo coisas móveis (v.g., o leite adulterado com ureia é
posto fora), no todo ou em parte, e, cuidando-se de pessoas e de bens
móveis, através do desaparecimento transitório.

A natureza do bem condiciona os efeitos das vicissitudes de qualquer


origem. As fontes de prova afetadas por acontecimentos naturais
modificativos ou extintivos são as pessoas (v.g., a cirurgia plástica elimina a
cicatriz, tornando observável apenas a realização da própria intervenção), as
coisas móveis e os fenômenos naturais ou artificiais. As coisas imóveis são
afetadas em menor grau. No entanto, sofrem deteriorações mais ou menos
relevantes (v.g., o temporal danificou o suposto prédio histórico).

Pouco se recorda a importância das vicissitudes do objeto da inspeção na


literatura pátria, mas o assunto mereceu considerações de alto valor em
outros ordenamentos,91 aplicáveis ao direito brasileiro em toda sua extensão,
e aqui inventariadas do ponto de vista do meio de prova em estudo: as
repercussões da alteração e do desaparecimento na inspeção.

O instituto do atentado, nos termos do art. 77, VI – desapareceu o remédio


processual específico para erradicar a mudança do estado de fato no curso do
processo –, representa o remédio hábil para reprimir modificações
intencionais do estado de fato (retro, 1.524). Em muitos casos, a alteração ou
a perda do objeto da inspeção é irreversível, não sendo possível o
“restabelecimento do estado anterior” (art. 77, § 7.º).

O desaparecimento (a) definitivo ou (b) transitório do objeto prejudica a


inspeção, irremediavelmente ou não, conforme a pessoa ou a coisa móvel
reapareçam antes do término do processo. Na inspeção pessoal, a morte só
obsta a participação ativa da pessoa nas operações inspecionais (v.g., a
movimentação do membro); entretanto, outras verificações ainda se mostram
possíveis (v.g., a perda de membro). O uso de outros registros (v.g.,
fotografias da coisa móvel desaparecida) jamais produzirá os mesmos
resultados.

Em sentido lato, a alteração compreende duas espécies de mudanças: (a)


substanciais, que transformam a coisa na sua essência; e (b) acidentais (ou
secundárias), que afetam a aparência do objeto da inspeção sem interferir no
conteúdo.

A alteração substancial prejudica a inspeção integralmente. Se,


porventura, o juiz exercitasse seus sentidos após essa mudança, observaria
outro objeto, no todo ou em parte, que não o original. Ao invés, a alteração
acidental prejudica a inspeção em termos relativos. Dependerá da intensidade
da modificação e do sentido a ser empregado pelo juiz.
Por outro lado, a alteração também pode ser (a) total; (b) parcial. Neste
último caso, a efetividade da inspeção subordina-se à integridade, ou não, e
da utilidade para os fins pretendidos da(s) parte(s) remanescente(s). O juiz
decidirá a esse respeito e, para fazê-lo, necessitará de contato com a fonte de
prova comprometida. Um pequeno fragmento do quadro de Rembrandt,
destruído parcialmente, pode levar à positiva atribuição da autoria,
observando o juiz a composição química das tintas ao microscópio eletrônico
e comparando com os congêneres. A partir de fragmentos parcos de tecido
humano, o exame de DNA estabelecerá, positivamente, a identidade do
corpo, mas aí se trata de perícia.

As alterações e a destruição imputáveis dolosamente a uma das partes, a


par do ilícito penal, importam ilícito processual (art. 77, VI), respondendo o
responsável por indenização à contraparte na forma do art. 81.

§ 422.º Procedimento da inspeção judicial

2.049. Admissão da inspeção judicial

A etapa inicial da inspeção é, no concernente à especificação, à


proposição, à iniciativa concorrente do juiz e das partes (ao propósito,
desnecessariamente repetitivo o art. 481) e ao momento normal da admissão
da prova (na decisão de saneamento escrita ou oral), indubitavelmente,
similar e comum aos demais meios de prova.

Diferenças com outros ordenamentos, que emprestam caráter excepcional


ou supletivo à inspeção, no conjunto dos meios de prova, não alteram a
incidência do critério geral da admissibilidade. Primeiro, a inspeção direta da
fonte da prova necessita de pertinência, ou seja, aptidão para dirimir a
alegação de fato controvertida, e, por conseguinte, entre esta e o objeto da
inspeção há de existir relação de conexidade; segundo, a inspeção há de ser
útil à finalidade de formar o convencimento do juiz. O enquadramento da
inspeção no critério geral é acentuado no ordenamento espanhol
contemporâneo.92

Tal não obsta que, a exemplo de outros meios de prova (v.g., a acareação
das testemunhas, a teor do art. 461, II), o momento da admissão se dilate por
iniciativa do juiz.

2.049.1. Momento da admissão da inspeção – Às vezes, a inspeção


assume caráter supletivo, servindo como instrumento de esclarecimento do
juiz a respeito da fidedignidade das outras provas produzidas. Por exemplo,
na oportunidade da avaliação do acervo probatório, o juiz verifica que a
testemunha X alega que viu o acidente da janela da sala de estar da sua
residência, no que é contrastada pelas demais testemunhas, e, chegando-lhe
os autos conclusos para sentença, almeja dissipar a dúvida que lhe
contaminou o espírito através da inspeção, in loco, da vista dessa oportuna e
decisiva janela. Em tal hipótese, o juiz ordenará a inspeção, ex officio, como
lhe assegura, explicitamente, o art. 481, após o encerramento da instrução e
dos debates orais. Esta é a regra geral dos meios de prova.93

A ordem de inspeção prolatada após o encerramento formal da instrução


não aparta a inspeção do procedimento probatório comum. Concebe-se que o
juiz, apreciando a prova testemunhal, sinta a necessidade de acareação (art.
461, II) após o encerramento da audiência principal. A conversão do
julgamento em diligência, nesta hipótese e em qualquer outra, é admitida e
praticada no direito brasileiro,94 reabrindo-se a instrução após a formal
conclusão dos autos para sentença. A providência tem paralelo nas
atuais diligencias finales do art. 435, da Ley de Enjuiciamiento
Civil espanhola, todavia distintas das diligencias para mejor proveer, previstas
no art. 340 da antiga Ley de Enjuiciamiento Civil de 1881.95

Problema distinto é se, feita a diligência, tais debates devem ou não ser
renovados pelos advogados (infra, 2.085).

A inspeção ordenada pelo juiz supletivamente constitui exceção. Os


ordenamentos presos à tese de que o juiz realizará a inspeção na falta de
outros meios hábeis para adquirir conhecimento têm o problema secundário
de precisar quanto há insuficiência probatória. Se as partes propõem a
inspeção para o juiz, não raro se deparam com a dúbia decisão de postergar
a admissibilidade para momento futuro e indefinido, segundo prática
habitual.96 Entre nós, porém, decisão desse teor, além de inválida, não se
afigura cabível. A inspeção tem caráter principal (retro, 2.041). E o juiz, dotado
de poderes instrutórios (art. 370, caput) imunes à preclusão (retro, 1.114),
sempre poderá ordená-la posteriormente.

Bem entendida a questão relativa ao tempo da inspeção (infra, 2.051),


este meio de prova suscita, entretanto, ponto específico: a determinação do
objeto inspecionável. E merece considerações a recorribilidade do ato do juiz.

2.049.2. Conteúdo da decisão de admissão da inspeção – O ato decisório


que admite a inspeção, fundado nas diretrizes que presidem a admissão de
qualquer meio de prova, apresenta duas peculiaridades frisantes: (a) a
individualização do objeto da inspeção; e (b) a designação do(s) experto(s)
que elucidarão o juiz no curso da diligência. Também se sugere a definição do
modo da inspeção.97 A variação da forma recomenda a omissão desses
pormenores desde logo.

2.049.2.1. Determinação do objeto da inspeção – Parece curial que,


verificando-se troca de objeto (v.g., o juiz ingressa no imóvel X, em vez de
inspecionar o imóvel Y; inspeciona o semovente X, em vez do semovente Y; e
assim por diante), o juiz formulará juízo equivocado, iludido por seus sentidos.
E há os bens móveis fungíveis. A determinação do objeto, nessa espécie de
bens exige a demonstração prévia do atributo da fungibilidade; do contrário a
percepção recairá obrigatoriamente sobre o original. E, admitida a
fungibilidade plena – por exceção, embora fungível o bem, o objetivo da
inspeção talvez seja a presença de sinal característico, que distingue o objeto
dos congêneres –, há que se demonstrar a exata correspondência entre o
paradigma e o bem original. A determinação do objeto da inspeção para o
êxito da diligência afigura-se decisiva por mais de uma razão.

A natureza da prova tem seu preço. A percepção da fonte da prova


esclarecerá o juiz “sobre fato que interesse à decisão da causa” (art. 481, in
fine). Assim, na proposição da prova e, a fortiori, na ordem de produção
emitida pelo juiz, cumpre estabelecer a mais nítida relação entre o objeto da
inspeção (a pessoa, a coisa e os fenômenos naturais ou artificiais) e a
alegação de fato controvertida.98 Essa conexão mostra-se essencial para
justificar a admissão do meio de prova.99

A determinação envolve dois aspectos complementares: (a) quantitativo; e


(b) qualitativo. É indispensável indicar com exatidão, na inspeção do lote de
vinhos avinagrados, o número das garrafas a serem inspecionadas para
chegar a conclusões seguras. E, qualitativamente, impõe-se precisar todos os
sinais característicos do objeto da inspeção, não esquecendo quaisquer
pormenores.100

O momento oportuno para a determinação do objeto da inspeção é o da


proposição da prova. Ora, postulando as partes convergentemente a
inspeção, partes principais, partes auxiliares e parte coadjuvante, concebem-
se divergências irremediáveis no conteúdo dos atos postulatórios. A inspeção
é ato privativo do órgão judiciário. Ao juiz competirá, portanto, dirimir essa
questão, individualizando o objeto da inspeção,101 na decisão de saneamento,
por escrito (art. 357, II) ou oralmente (art. 357, § 3.º).

Feita a determinação do objeto, e decidindo-se o juiz a realizá-la, o


exercício da percepção em contato com a prova mostra-se ilimitado e escapa
ao controle das partes no concernente ao objeto especificado. Perceberá tudo
quanto for do seu interesse, registrando no auto de inspeção (art. 484, caput).

2.049.2.2. Designação de perito na inspeção judicial – O art. 482


estabelece que o juiz, a seu critério, “poderá ser assistido por um ou mais
peritos”. A inspeção se distingue da perícia neste ponto decisivo: as fontes de
prova podem ser objeto da percepção útil pelo juiz. A coleta de material
orgânico para o exame de DNA pode ser acompanhada pelo juiz, sob cuja
direção e superintendência produzem-se as provas na comunidade de
trabalho formada pelo processo, mas jamais constituirá inspeção. É ato
exclusivamente técnico, no qual os sentidos do juiz são irrelevantes, salvo no
controle dos direitos fundamentais. Ora, se inspeção não é perícia, então a
assistência de que trata o art. 482 é simples auxílio (infra, 2.054.3). Por tal
motivo, não se aplicam, in totum, as regras que regem a perícia,
especialmente a formulação de quesitos, a designação de assistentes
técnicos e a apresentação de laudo pericial.102

Equipara-se a inspeção à perícia, entretanto, em determinados aspectos


secundários. É preciso que o juiz designe, no ato de admissão da prova,
nominalmente o(s) perito(s).103 O número dependerá do caráter simples ou
complexo da assistência (art. 475). E às partes caberá, por óbvio, recusar o(s)
experto(s) designado(s), consoante prevê o art. 467, caput.

2.049.2.3. Designação da data da inspeção – Do art. 483, parágrafo único,


que declara terem as partes “sempre” o direito de assistir a inspeção,
“prestando esclarecimentos e fazendo observações”, subentende-se que o
juiz designará data e horário para a inspeção, além de indicar o lugar em que
a diligência se realizará (v.g., a residência da pessoa enferma). Nada obsta
que seja a mesma da audiência de instrução e julgamento. Afinal, a inspeção
se harmoniza com o art. 361, caput, e o contato das partes e dos seus
advogados com o juiz é, a todos os títulos, uma audiência. Se também
realizar-se-á perícia no processo, porque assim decidido na oportunidade da
admissão das provas (retro, 1.812.2), então os proveitos da coincidência
cronológica saltam à vista, expressando-se no seguinte: (a) juiz decidirá a
respeito da inspeção fitando os resultados da prova pericial; (b) aproveitar-se-
á do fato de não ter designado na decisão de saneamento, admitida a perícia,
desde logo a audiência; e (c) aproveitará uma só intimação dos participantes
da diligência (infra, 2.054).

Pode acontecer de o juiz determinar a inspeção independentemente da


perícia. É o mais próprio, de resto: se à percepção basta o conhecimento
comum (art. 375 c/c art. 464, § 1.º, I), cabe inspeção; se, ao invés, depende
de conhecimento especial, cabe perícia. Então, designará a data e o horário
da inspeção.

A inspeção realizar-se-á em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte horas),


segundo a regra geral do art. 212, caput, preferencialmente dentro do horário
do expediente forense (retro, 1.135.1). Fora daí, valem as considerações e
cautelas adiante feitas quanto ao tempo da audiência (infra, 2.069), porque
pertinentes na inspeção. O poder de agenda pertence ao juiz. Escolherá o dia
e a hora que lhe convier, ignorando a comodidade das partes. Revela pouca
sensibilidade e ainda menor respeito aos direitos fundamentais o juiz que,
ignorando a opção religiosa das partes e dos seus advogados, designa a data
da inspeção em dia de feriado religioso judaico ou muçulmano.

O juiz necessitará considerar, para o efeito de marcação do dia, as


providências prévias à diligência, a saber: (a) intimação dos participantes
obrigatórios (partes e advogados) e, se for este o caso, do perito (art. 482); (b)
tempo hábil para a pessoa convocada comparecer na sede do juízo,
submetendo-se à inspeção, ou o sujeito passivo da diligência (parte ou
terceiro) levar a coisa à sala de audiências; (c) a eventual adoção de
providências para exibir a coisa ou induzir a submissão à inspeção (retro,
2.047). Fatores diversos também importam nessa designação. Dentre outros,
a condição do objeto, somente percebido em determinas situações ou
momentos, que talvez exija dia e horário especiais, aplicando-se, por
analogia, o art. 212, § 2.º.104 O objetivo consiste em evitar inspeção
inadequada ou ineficaz.

2.049.2.4. Designação do local da inspeção – No mesmo provimento que


fixa a data e o horário, o juiz determinará o local da inspeção, que ocorrerá na
sede do juízo ou em outro lugar nos casos do art. 483, I a III. E nem sempre,
cuidando-se de reconstituição (art. 483, III), no lugar original do evento ou da
conduta que se almeja encenar no presente, em virtude de impossibilidades
diversas (infra, 2.052.2.3).

2.049.3. Recorribilidade da admissão e rejeição da inspeção – Ao admitir


ou rejeitar a proposição da inspeção judicial, na audiência preliminar (art. 357,
§ 3.º), ou na decisão escrita de saneamento (art. 357, II), e ao ordená-la, ex
officio, o juiz profere decisão que não comporta, no regime atual, impugnação
autônoma. Não discrepa da regra geral exposta no capítulo da fase de
saneamento (retro, 1.822).

O antigo alvitre que esta decisão revela-se imune às impugnações das


partes pelo meio próprio – no caso, no âmbito da futura apelação –, qualquer
que seja sentido da resolução, porque assenta na discrição do juiz,105 não é
exata e aceitável.106 Vários motivos confortam esta última afirmação. O juiz
não dispõe de poder discricionário (retro, 939.5), no sentido próprio, aqui
como alhures, mas concretiza conceitos juridicamente indeterminados. Desse
modo, ou cabe ou não cabe a inspeção judicial, para esclarecer as alegações
de fato, e dos termos de alternativa apenas um é correto no caso concreto.
Em nenhum momento, ademais, o art. 481 reproduz fórmulas atinentes à
facultatividade da prova. A esta conclusão chega-se, igualmente, perante o
art. 118 do CPC italiano, que exige a indispensabilidade da inspeção “per
conoscere i fatti della causa”, ou seja, a admissibilidade do meio de prova
segue o critério geral.107

A qualidade do provimento, admitindo ou rejeitando a inspeção, no


momento oportuno, ou ordenando-a após o encerramento da instrução,
mostra-se indubitável no direito brasileiro, independentemente do conteúdo.
No caso do deferimento, como examinado no item anterior, o conteúdo do ato
é complexo e há vários aspectos impugnáveis. O provimento também se
presta a postergar o julgamento da causa por razões secundárias (v.g.,
iminente promoção do magistrado, que não deseja serviço acumulado a
toldar-lhe o merecimento),108 havendo interesse em impugná-la por esse
motivo. De resto, ao tribunal de segundo grau compete revisar o juízo de fato
e controlar sua formação, nada obstando, portanto, a análise dos
pressupostos da admissibilidade da inspeção.

O provimento do juiz há de exibir motivação suficiente. A máxima que


dispensa a motivação nos casos da (imprópria) discrição judicial já se
mostrava “profundamente errada” no primeiro quartel do século XX.109 É
pacífico, atualmente, a necessidade de motivação mais completa e densa, e
não menos, em casos tais.

2.050. Requisitos inspeção judicial

Em sua primeira disciplina moderna, a inspeção judicial já recebera


parcimoniosa previsão legislativa, repetida nos arts. 481 a 484. As lacunas
são numerosas. Reclamam laboriosa integração com a teoria geral da prova e
remissão constante aos ordenamentos estrangeiros e outros subsídios
legislativos para construir racionalmente o padrão operacional deste meio de
prova.

As omissões da disciplina formal da inspeção não se denunciaram mais


claramente, na prática, porque o órgão judiciário encara com relutância, senão
com franca aversão deslocar-se para fora da sede do juízo. Não lhe faltam
excelentes razões. O acompanhamento necessário das partes, dos seus
advogados, do agente do Ministério, quando houver intervenção da parte
coadjuvante, de um oficial de justiça, no mínimo – a rigor, incumbe ao
escrivão lavrar o auto do art. 484, o que demanda sua presença no evento –,
e, facultativamente, o dos peritos porventura designados, na forma do art.
482, pelos assistentes técnicos reunidos pelas partes especialmente para
acompanhar a diligência, formará séquito aparatoso e constrangedor. É mais
cômodo ordenar a realização de perícia e, nos casos mais simples, mandar o
oficial de justiça fazer contestações, que é prova atípica (retro, 1.850).

Em que pesem os lapsos, do conjunto normativo extrai-se,


fragmentariamente, diretrizes e orientações quanto ao tempo (art. 481: “… em
qualquer fase do processo…”), ao lugar (art. 483, I a III) e à forma (arts. 482;
483, parágrafo único; e 484). A participação das partes, dos advogados e dos
serventuários é obrigatória; dos peritos e assistentes técnicos, facultativa. Da
documentação da diligência ocupa-se o art. 484. É insuficiente, mas melhor
do que nada. Assim, constituem requisitos da fase operativa: (a) tempo; (b)
lugar; (c) forma; (d) participantes; (e) documentação.

2.051. Tempo da inspeção judicial

Em sua configuração vigente, que põe o juiz em contato, na sede do juízo


ou fora dela (art. 483, I a III), com partes e respectivos advogados, bem como
contempla a convocação de “um ou mais peritos” (art. 482, in fine), e o
acompanhamento eventual dos assistentes técnicos recrutados pelas partes
informalmente, a inspeção não escapa à regra do art. 361, caput. É meio de
prova que se realizará em audiência, pois o contato do juiz com tais pessoas
chama-se audiência.

O art. 481 estipula que o juiz pode inspecionar “em qualquer fase do
processo”. Essa cláusula tem o propósito definido de permitir ao juiz
inspecionar após o encerramento da fase de instrução.

E, de fato, eventualmente a inspeção assume caráter supletivo, servindo


para dissipar a última dúvida, robustecer a convicção incipientemente formada
no espírito do juiz. Por exemplo, A move ação de reparação de dano contra B,
alegando que seu marido C morreu ao cair em poço no sítio do réu, porque a
cavidade não é protegida por grade ou madeira, em virtude de impossibilidade
física, e C não fora instruído e advertido a não percorrer o local. A prova
testemunhal confirma a versão da autora. Mas, ainda remanesce dúvida no
espírito do juiz, pois não lhe parece crível que o poço exiba essas condições,
e inexiste necessidade de conhecimento especial para certificar-se do fato.
Ora, o sítio do réu B não é local público, que o juiz possa percorrer incógnito e
à socapa, afrontando o veto ao uso do conhecimento privado (retro, 1.353),
nem pode o juiz visitar o sítio casualmente. Resta-lhe, pois, inspecioná-lo
formalmente, porque os escrúpulos da judicatura não aquietam sua
consciência. Desse modo, o juiz converterá o julgamento em diligência,
reabrindo a instrução.

A menção a “qualquer fase” empresta singular flexibilidade à regra do art.


481.

Concebe-se que o juiz faça a inspeção, inaudita altera parte, qual


audiência de justificação, formando convicção para emitir o juízo de
verossimilhança e deferir medida antecipatória (cautelar ou não). A fórmula
legal tem este alcance. Não pré-exclui a produção de prova na fase
postulatória. Calha recordar, ao propósito, a imposição da natureza do objeto
da inspeção (v.g., fenômeno natural ou artificial) que só é percebido em
determinada época do ano ou em momentos temporalmente fixados em
desacordo com o fluxo do processo.

É bem possível que o juiz sinta a necessidade de realizar a inspeção,


antes de passar a fase de saneamento, mas encerrada a etapa das
providências preliminares, a fim de deliberar acerca do cabimento da perícia.
Se chegar à conclusão de que a apuração da veracidade da alegação de fato
carece de conhecimento especial, deferirá a perícia. A medida de boa
economia impede a realização de perícia inútil.

E, naturalmente, o juiz realizará a inspeção na fase, iniciada na


oportunidade do saneamento, em que predominará a atividade de instrução.

O fator tempo também interfere na designação da data da inspeção na


sede do juízo ou fora dela. Este dado já recebeu comentários anteriormente.
Um acréscimo se impõe no item, realçando o fundamento transcendente do
flexível art. 481. A inspeção renderá efetivamente se e quando praticada no
momento adequado e propício à percepção do juiz.110 Passado este momento,
o juiz precisará promover a reconstituição (art. 483, III).

A inspeção de um imóvel, por exemplo, reivindica tempo indeterminado,


conforme a extensão e o que o juiz pretende observar. Às vezes, a diligência
não se esgota no mesmo dia, ou seja, começa no dia e hora marcados, mas
as operações estendem-se além do horário máximo das 20h previsto no art.
212, caput. Em tal caso, mediante consulta às partes e aos seus advogados,
o juiz poderá fixar outro dia de mútua conveniência, sem nova intimação,
como previa o art. 279 do CPC italiano de 1865;111 ou considerar prorrogada a
diligência automaticamente para o primeiro dia útil subsequente.112 Não se
exclui, absolutamente, conforme a natureza do fato probando, a realização da
inspeção à noite (v.g., a emissão sonora do aparelho de ar-condicionado
atrapalha o repouso noturno).

2.052. Lugar da inspeção judicial

Os atos processuais se praticam ordinariamente na sede do juízo (art.


217). Os atos materiais de produção da prova, segundo o princípio da
imediação, realizam-se, preferencialmente, na audiência de instrução (art.
361, caput), que por sua vez tem lugar predeterminado na arquitetura do foro:
a sala de audiências (infra, 2.070). É o local específico em que o juiz
inspecionará pessoas, coisas e fenômenos artificiais. Por exceção, o juiz
escolherá outra dependência mais cômoda (a inspeção envolve assistência
razoavelmente numerosa), mas dificilmente haverá sítio tão amplo e propício
no foro.

No entanto, há atos que se praticam fora da sede do juízo, segundo o


exemplificativo catálogo do art. 217, e o art. 483 estipula algumas hipóteses
em que o juiz efetuará a inspeção in loco. O deslocamento não se afigura
imprescindível, mas a saída do juiz do foro caracterizou o instituto de modo
tão marcante que se incorporou ao nome no direito francês (descente sur
lieux) e no direito italiano (acesso giudiziale) em épocas passadas.

É preciso distinguir a inspeção efetuada dentro e fora da sede do juízo.

2.052.1. Inspeção na sede do juízo – O art. 483, caput, sublima a


enunciação da regra geral do lugar da inspeção, que é a sede do juízo.
Dependerá de dois fatores concorrentes: (a) a natureza do objeto a
inspecionar; e (b) possibilidade de deslocamento físico do objeto até a sede
do juízo.113
Formula-se a regra geral nos seguintes termos: o juiz inspecionará
pessoas, coisas móveis e fenômenos artificiais, se possível, na sede do juízo.
O art. 483 olvidou completamente os imóveis, mas é óbvio que o juiz os
inspecionará in loco.

A inspeção das pessoas realiza-se na sala de audiências. É preciso


guardar profunda subserviência aos direitos fundamentais ou, como reza o
art. 490, n.º 1, do CPC português de 2013, “com ressalva da intimidade da
vida privada e familiar e da dignidade humana”, e não submeter a pessoa a
constrangimentos. Assim, cuidando-se de examinar as cicatrizes corporais da
mulher, vítima de acidente de trânsito, o juiz encarregará outra colega.

O deslocamento da pessoa ao foro comporta, ainda, as exceções


previstas no art. 449, parágrafo único, ao depoimento da parte e da
testemunha, aplicáveis à inspeção por analogia: (a) enfermidade; e (b) motivo
relevante. Do primeiro caso é exemplo típico a inspeção psiquiátrica. As
condições mentais, e a deterioração física, acompanhada de desorientação
especial, reconcedam que o juiz vá ao domicílio do enfermo (a residência
familiar ou a clínica geriátrica). E do segundo a ocupação habitual da pessoa,
que necessita ser inspecionada no seu lugar de trabalho (v.g., no hospital,
verificando-se que, em virtude da exposição a certos agentes, padece de
episódicos alérgicos)

Relativamente às coisas móveis, há as exceções do art. 483, I a III, e


outras que lhe escapam à órbita de incidência.

Os semoventes são bens móveis, mas só podem ser inspecionados na


sede do juízo quando de pequeno porte (v.g., dois passarinhos), respeitadas
as regras de higiene e segurança. É inconcebível a parte e o terceiro
apresentarem à inspeção no foro touros, bois, vacas, ovelhas e cavalos. Não
conseguiriam ingressar no prédio. Tampouco é possível inspecionar no foro
cachorros de médio e grande porte, presumivelmente ferozes, ou não, a
exemplo do notório e contestado pitbull, o que quebraria o decoro do lugar,
além de expor juízes, serventuários e frequentadores a perigos físicos,
contratempos e aflições. Retirar cachorros e gatos do canil ou do gatil, do
lugar que habitam, representaria uma das tantas crueldades que o homem
pratica contra as outras espécies.

Fenômenos artificiais são observáveis na sede do juízo restritivamente.


Em tese, parece possível o deslocamento de técnicos para auxiliar o juiz em
experiências que interessam à prova da veracidade das alegações de fato.

2.052.2. Inspeção fora da sede do juízo – O juiz inspecionará


obrigatoriamente os fenômenos naturais e os imóveis fora da sede do juízo.
Em relação às pessoas e aos bens móveis, aplicam-se as exceções do art.
483, I e III, e, a contrario sensu, valem as observações efetuadas no item
anterior (v.g., quando à exibição de semoventes).

O art. 483 aparentemente olvidou os bens imóveis nos seus incisos, pois a
cláusula final do inc. II cogita de bens móveis (“… sem… graves
dificuldades”), desfazendo a impressão positiva da primeira oração (“a coisa
não puder ser apresentada em juízo”); porém, no fundo o inciso versa a
impossibilidade física e, nessa categoria, incluem-se os imóveis.
As hipóteses aventadas no art. 483, I a III, são as seguintes: (a)
conveniência da inspeção; (b) impossibilidade física ou econômica; e (c)
reconstituição dos fatos.

Faltou mencionar um terceiro motivo para a inspeção não se realizar na


sede do juízo: o local azado (v.g., o lugar de situação das coisas móveis e
imóveis) situa-se fora da circunscrição territorial do juízo que processa a
causa.114 Não é problema simples e de fácil equacionamento. A inspeção
depende essencialmente do êxito da percepção pelo juiz da causa,
empregada posteriormente na “decisão da causa” (art. 481, in fine), ou a força
probante se reduziria a subespécie de prova documental, cabendo ao julgador
efetivo apreciar o auto de inspeção (art. 484). Nesse último caso, o meio de
prova “desnatura-se até o ponto de se questionar o cabimento da sua
celebração”.115 Com efeito, perder-se-ão as superlativas vantagens da
imediação objetiva, transformando a inspeção na prova atípica da constatação
oficial. Por outro lado, o afastamento por tempo indeterminado do juiz da sede
do juízo, desonerando-o de suas ocupações habituais, a fim de inspecionar
pessoas, lugares ou coisas em longínquo ponto do território nacional, não
parece recomendável.

Nada obstante, processando as causas no primeiro grau de jurisdição, e


dividido o território em comarcas (na Justiça Comum) ou em seções
judiciárias (na Justiça Federal), no âmbito da qual certo juízo é competente, o
problema é bem real. Teoricamente, há duas soluções concebíveis para
produzir a prova: (a) a expedição de carta; (b) o deslocamento do juiz para
além dos limites geográficos da comarca ou seção judiciária onde fica o
respectivo juízo, teoricamente para qualquer lugar dentro do território
brasileiro.

Esta última hipótese soa mal e, realmente, em princípio não se afigura


aconselhável, em razão do custo excessivo. Mas, excluí-la em termos
categóricos e definitivos, talvez não seja a melhor solução. Já se observou
que a prática de atos fora dos limites territoriais do juízo não usurpa funções
alheias, pois estas não são exercitáveis, em virtude da impossibilidade de
outro juízo perceber as fontes de prova em lugar do juiz da causa.116 Existe a
persuasiva hipótese do acidente aéreo. O infausto evento é reproduzível no
simulador de voo. O deslocamento excepcional do juiz até o centro de
adestramento de voo, localizado em determinadas capitais, enquanto o
acidente ocorreu em outro ermo, quiçá em lugar longínquo e coberto por
remota comarca, há de ser admitido, havendo concordâncias das partes e
recursos financeiros. Nesses termos, desnecessário o auxílio judicial,
completamente inútil para consumar as finalidades da prova. O art. 382
do Codigo Procesal Civil y Comercial de La Nación argentina autoriza o juiz a
deslocar-se a qualquer ponto do território nacional para realizar a inspeção.
Por igual, o direito italiano.117

Ressalva feita a tais exceções, a regra consiste na expedição de carta,


autorizando-se o deslocamento do juiz, nos termos do art. 483, caput, dentro
dos limites da comarca ou seção judiciária.118

Em sistema processual que admite provas atípicas, há outro meio, mais


vantajoso, econômico e informal, embora sujeito à mesma restrição funcional.
Na hipótese de o objeto da inspeção se situar em lugar inacessível para o juiz,
no direito alemão admite-se o emprego de auxiliar (Augenscheinsgehilfe), ou
intermediário, que transmitirá ao juiz suas impressões.119 O juiz empregará tal
efeito entendido ou o próprio oficial de justiça.

2.052.2.1. Impossibilidade da inspeção na sede do juízo – Segundo o art.


483, I, o juiz deslocar-se-á da sede do juízo para outro local quando “julgar
necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fatos que deva
observar”. É obrigatória a referência ao alvitre que acoima a regra do
gravíssimo defeito de supor que o juiz possa fazer inspeção melhor ou
pior.120 Na verdade, imperativo o deslocamento para realizar a única inspeção
concebível: a melhor.

Em relação às pessoas, como há remarcado, há casos em que elas são


inspecionáveis na sua residência ou em outro local, aplicando-se o art. 449,
parágrafo único, por analogia: (a) enfermidade; e (b) motivo relevante. O juiz
inspecionará o interditando, para os fins do art. 751, na sua residência, na
clínica geriátrica que habita ou, genericamente, “no local onde estiver” (art.
751, § 1.º). A observação da pessoa nesses locais, às voltas com as suas
ocupações, cria o ambiente propício a um juízo seguro a respeito do seu
estado mental. São motivos relevantes: (a) a inspeção visa a observar a
pessoa no seu local de trabalho ou no seu domicílio; (b) a natureza da
inspeção reclama estabelecimento adequado e outros cuidados para
resguardar a dignidade da pessoa humana (v.g., ambulatório, hospital).

O juiz inspecionará as coisas móveis, de ordinário, fora da sede do juízo


por várias razões incluídas no campo de incidência do art. 483, I. Por
exemplo, abstraindo a impossibilidade física, a inspeção versa o
funcionamento, in loco, de máquinas e equipamentos.

Fenômenos naturais são inspecionáveis unicamente in loco. Se o


fenômeno (v.g., descargas elétricas) ocorre na sede do juízo, integra o
conhecimento privado do juiz e não é passível de prova (retro, 1.318). Os
fenômenos artificiais, por sua natureza, são objeto de reconstituição em
laboratório. Em casos especiais, ante a natureza do fato, os técnicos
reproduzirão os fenômenos dessa espécie em campo aberto.

2.052.2.2. Conveniência da inspeção fora sede do juízo – O art. 483, II,


pressupõe problema distinto: possível que seja a inspeção na sede do juízo,
razões práticas recomendam que se realize fora da sede do juízo. A
percepção do juiz chegará a resultados idênticos e excelentes num e noutro
local, mas razões práticas recomendam seu deslocamento da sede do
juízo.121 São elas: (a) consideráveis despesas; (b) graves dificuldades.

Essas condições afetam, indistintamente, todas as fontes de prova. Não é,


absolutamente, impossível levar a pessoa gravemente enferma à sede do
juízo, encapsulada numa bolha de sobrevivência, mas o ato acarretaria
despesas imensas e altos riscos à vida. Tampouco é impossível retirar do
museu a valiosa e insubstituível obra de arte (v.g., um quadro de Portinari, de
Rembrandt ou de Goya) e transportá-la, conforme suas dimensões, até o
juízo. A segurança desse transporte exigiria “consideráveis despesas”. A data
da apresentação seria previamente conhecida e o afrouxamento das medidas
de segurança ordinárias despertaria a cobiça de criminosos profissionais. A
provocação de fenômenos artificiais na sala de audiência (v.g., reações
químicas) demanda o traslado de equipamentos e gera riscos de danos
pessoais e materiais.

Enfim, as situações de incidência do art. 483, II, são variáveis e abrangem


a hipótese mais trivial de o juiz se obrigar a inspeção de animais no seu
habitat natural.

2.052.2.3. Reconstituição de eventos e de condutas – Fatos passados não


se reconstituem, pois já aconteceram. Se o fato acontece outra vez, não se
verifica a reprodução do fato ocorrido, que se encontra exaurido e consolidado
no passado, mas fato presente idêntico ao anterior. De regra, a inspeção visa
à percepção da fonte de prova pelo juiz no presente; por exceção, impossível
semelhante percepção, mas possível encenar o ocorrido e, assim, expor à
percepção atual do juiz o que já aconteceu no passado.

O art. 483, caput, e inc. III, autoriza a saída do juiz da sede do foro quando
“determinar a reconstituição dos fatos”. Na verdade, fatos passados não se
reconstituem, encenam-se, e o objeto da encenação versa os eventos e as
condutas já ocorridas, elementos de incidência da norma jurídica porventura
aplicável ao litígio. A encenação estabelecerá relação de causa e efeito e
mostrará a mecânica do evento ou da conduta.122 Nenhuma reconstituição é
perfeita. E existem equipamentos e programas especiais para fazê-la, a
exemplo do simulador de voos, caso em que, inexistindo uma aeronave
rigorosamente igual à outra, o instrutor escrupuloso advertirá a assistência
que a reconstituição apresentará índice de exatidão quase absoluta, jamais
absoluta.

Nem toda a reconstituição ocorre com as formalidades dos arts. 481 a


484. O juiz em cuja competência material situam-se ações de reparação de
trânsito dispõe de diminutos automóveis de brinquedo e faz uso deles,
solicitando que a parte ou a testemunha demonstrem, sobre o tampo da mesa
da sala de audiências, a movimentação dos veículos no acidente de trânsito.

O deslocamento do juiz da sede do juízo no caso do art. 483, III, explica-


se por razão curial. O evento e a conduta que se almejam perceber no
presente, a fim de estabelecer relação de causa ou efeito, dificilmente
ocorreram na própria sede do juízo. Mas, não é impossível que tal haja
sucedido: por exemplo, o antigo cônjuge, frustrado com a falta de conciliação
na audiência, arrasta o parceiro para o banheiro mais próximo do foro e,
apesar da presença de outras pessoas, provoca-lhe dano físico, objeto de
subsequente demanda na qual se pretende a reconstituição. Fora daí, o juiz
deslocar-se-á a outro local para realizar a reconstituição.

Em geral, o juiz irá ao local específico em que se verificou o evento ou a


conduta. Por exemplo, no cruzamento em que houve a colisão de dois
veículos. Ora, o exemplo trivial desvela as dificuldades extrínsecas e
intrínsecas à reconstituição. É muito pouco razoável o juiz, entrosado com as
autoridades de trânsito, paralisar importante cruzamento da cidade,
atormentando milhares de pessoas, para reproduzir o acidente. E,
intrinsecamente, a experiência exigirá o emprego de dois automóveis,
similares aos originais, pois o desempenho e as características mecânicas
variam conforme o modelo e o ano de fabricação, e (no mínimo, abstraindo a
presença de passageiros) de dois experientes e hábeis motoristas, cujo
principal cuidado residirá em evitar que o excesso de realismo redunde em
outro e grave acidente, quiçá com a mesma fatalidade.

A dificuldade extrínseca em reconstituir o evento no lugar original importa


a faculdade de o juiz designar outro qualquer, “adrede escolhido ou
habitualmente destinado ao tipo de atividade necessário à
reconstituição”.123 Assim, na impossibilidade de reproduzir o movimento dos
veículos no cruzamento original do acidente, porque a paralisação do tráfego
representaria grave incômodo à cidade, o juiz designará um campo de provas
com espaço e marcações adequadas.

A reconstituição do art. 483, III, reclama, amiúde, a participação de um ou


mais expertos, nos termos do art. 483, em virtude das suas dificuldades
intrínsecas. A preparação do cenário, a orientação dos participantes e
as medidas de segurança, como em toda encenação, é trabalho afeto aos
especialistas. O liame entre a reconstituição e assistência de expertos,
ventilada no art. 482, mostra-se acidental. Juízes enérgicos e voluntariosos
organizam eles próprios a reconstituição sem recorrer a especialistas, mas os
figurantes são indispensáveis e o foro está repleto de serventuários dispostos.

Não é difícil “perceber” os motivos pelos quais reconstituições jamais


acontecem na realidade. É custosa, demorada e não se tem o hábito de
realizá-la no processo civil.124

2.053. Forma da inspeção judicial

A inspeção judicial é atividade processual de forma livre. Finda a


diligência, o juiz mandará lavrar o “auto circunstanciado” que documentará a
atividade desenvolvida, nos termos do art. 484, caput, retratando os
acontecimentos, mas estes não têm roteiro fixo ou rígido. A variedade das
fontes de prova e das circunstâncias de tempo e de lugar, bem como a
indeterminação do sentido do juiz (visão, audição, olfato, paladar ou tato), a
ser efetivamente empregado em cada inspeção, às vezes reunidos (o paladar
se relaciona ao olfato para transmitir a percepção ao cérebro), impede, a
priori, a fixação de itinerário prévio.

É claro que etapas previsíveis, decorrentes da natureza das coisas, e que


são antevistas: (a) a reunião dos participantes, na sede do juízo ou fora dela,
e cuja falta, no todo ou em parte, prejudicará ou não a diligência (v.g., a
ausência dos peritos); (b) o deslocamento e chegada ao local da inspeção,
que dependerão da disponibilidade de transporte (o juiz se deslocará, de
regra, no seu próprio automóvel; mas o Poder Judiciário tem veículos oficiais,
em determinados juízos, para esse fim) e das condições de trânsito; (c) a
operação propriamente dita, abrangendo, ou não, atos prévios de força (v.g.,
o arrombamento da residência, na qual o interditando se encontra recluso),
quando admissíveis – impõe-se respeitar os direitos fundamentais da pessoa
–, na qual o juiz emprega os sentidos; (d) a intervenção dos participantes
obrigatórios ou eventuais; (e) a oitiva de informantes e sua identificação; (f) o
uso de aparelhos de gravação de sons e de imagens (inúteis, entretanto, para
captar as sensações provenientes do olfato, do paladar e do tato, salvo
reações físicas do juiz) ou outras formas de instrução, mencionadas,
exemplificativamente, no art. 484, parágrafo único; (g) e, por fim, a lavratura
em si do auto de inspeção, que é ato material. Não constituiria demasia
arrolas essas etapas em norma específica, a bem da clareza e da segurança.

Figura central da inspeção, o juiz ajustar-se-á à natureza e às


circunstâncias das fontes de prova que pretende perceber
eficazmente.125 Desse modo, em termos gerais, o ajuste envolve: (a) nas
coisas móveis, nos lugares e nos fenômenos naturais ou artificiais, o juiz
empregará diretamente o conjunto dos sentidos, no primeiro momento, a fim
de identificá-los, e, em seguida, com ou sem auxílio técnico, passará a
empregar o sentido necessário à finalidade do ato (v.g., a visão através do
microscópico); (b) as pessoas são preliminarmente identificadas, pelos meios
usuais (apresentação da cédula de identidade ou reconhecimento de
terceiros), e, voluntariamente, inspecionadas com o sentido pertinente, não se
olvidando o questionário previsto no art. 751, na inspeção pessoal
psiquiátrica; (c) os imóveis são localizados, percorridos e examinados para os
fins da inspeção (v.g., visualização de marco no terreno ou de características
arquitetônicas que lhe imprimem valor histórico ou paisagístico)

2.054. Participantes da inspeção judicial

As operações de inspeção reúnem várias pessoas para a obtenção dos


melhores resultados. Participam obrigatoriamente: (a) o juiz e os
serventuários indispensáveis à realização do ato; e (b) as partes e seus
advogados. Facultativamente, participam da inspeção: (a) um ou mais peritos
(art. 482); (b) os assistentes técnicos recrutados pelas partes; (c) os
informantes. A disciplina legal da inspeção agasalha parcas indicações do
comportamento desejável de cada um dos participantes. Limitou-se a
assinalar que às partes se revela lícito prestar informações e fazer
observações ao juiz no art. 483, parágrafo único, e assinalar que o auto de
inspeção conterá “tudo quanto for útil ao julgamento da causa” (art.
484, caput, parte final). Suprem-se as lacunas mediante interpretação
sistemática.

2.054.1. Juiz na inspeção judicial – O juiz é agente ativo da inspeção,


empregando seus sentidos para adquirir conhecimento em contato direto com
as fontes de prova. Não há inspeção, portanto, sem a presença do juiz, ao
contrário da perícia, realizada sob a direção mediata ou à distância do juiz. A
pessoalidade do ato decorre da importância da imediação objetiva. No
entanto, como se verificou na análise do problema territorial (v.g., móvel ou
imóvel situado fora da comarca ou da seção judiciária), impossibilitado o juiz
que decidirá a causa de se valer do conhecimento adquirido pelos seus
próprios sentidos, porque necessitou de intermediários, o meio de prova
desvirtua-se no degradado ersatz da inspeção.

A pessoalidade intrínseca à percepção do juiz provoca delicadíssimo


problema institucional e processual. Por definição, o meio de prova exige
aptidão sensorial do juiz. Ora, não raro o juiz perde um dos sentidos no curso
da carreira, no todo ou em parte; às vezes, há déficit expressivo do sentido
necessário à operação probatória. Doenças diversas afetam os sentidos da
pessoa humana. Exemplificando com um sentido pouco utilizado pelo juiz,
porque prepondera o uso da visão e da audiência (inclusive nos exames
médicos antes da posse), que é o paladar, teoricamente necessário para
provar o vinho supostamente avinagrado, chama-se de ageusia a perda
completa do paladar e tem causas variadas (v.g., o tabagismo intenso). Em
tese, o juiz, nessas condições, encontra-se incapacitado, cabendo aposentá-
lo por invalidez. A pessoa investida no órgão judiciário ou desempenha a
contento todas as funções legalmente previstas para o cargo, exibindo
capacidade plena no exercício da judicatura, ou não ostenta semelhante
capacidade, e não pode permanecer no exercício do cargo.

Esta rígida concepção não se harmoniza com os direitos fundamentais. A


inclusão social das pessoas fisicamente prejudicadas determina que os
concursos públicos, incluindo os da magistratura, assegurem certo número de
vagas para pessoas portadoras de deficiências (art. 37, VIII, da CF/1988). As
deficiências secundárias, como a perda total de um dos sentidos,
residualmente empregadas na inspeção, jamais inabilitará alguém na
judicatura. A perda da visão é mais problemática, mas superável.

Resolvido o ângulo institucional, ainda sobra o problema processual.


Concebem-se três soluções: (a) a inadmissibilidade do meio de prova, em
prejuízo concreto a uma das partes e ao ideal de justiça da decisão tomada;
(b) a substituição do juiz, a exemplo do que acontece na hipótese da falta de
habilitação do perito, faltando, entretanto, previsão legal para semelhante
câmbio, eventualmente prejudicial à imediação nas provas já produzidas (v.g.,
o juiz que presidiu a instrução determina a inspeção ao receber os autos
conclusos para sentença); e (c) a inspeção auxiliada por terceiro (v.g., o oficial
de justiça).

Nenhuma das soluções aventadas é plenamente satisfatória, mas a última


parece preferível às demais.126 O juiz socorrer-se-á do auxílio de auxiliar apto,
o facilitador da prova. A pessoalidade já ostenta caráter relativo. Por exemplo,
no caso de a inspeção recair sobre coisa situada fora dos limites territoriais da
comarca ou seção judiciária, o regime em vigor encarrega outro juízo da
percepção (retro, 2.052.2).

O auxílio ao juiz na percepção não produz resultado idêntico à inspeção


pelo julgador. Razões de decoro obrigam a inspeção pessoal corporal através
de intermediário.127 Em casos excepcionais (v.g., o de perigo físico; o do
gênero da pessoa inspecionada), no direito alemão tolera-se o auxílio de
terceiro (Augenscheinshilfen), realçando-se que se tratará, ao fim e ao cabo,
de Ersatz des Augenschein (sucedâneo da inspeção “ocular”).128

Os sentidos podem trair o juiz como a qualquer outra pessoa. A


transmissão direta do conhecimento ainda superada o conhecimento trazido
por intermediários, a exemplo da testemunha, e só na hipótese de
circunstâncias muito extraordinárias a percepção induzirá o juiz a erro.129

Pode acontecer de o juiz, embora se sinta apto a exercitar todos os seus


sentidos, na verdade sofre de grave redução do que é necessário à inspeção
(v.g., da visão). Em alguns casos, seguramente patológicos, o juiz nega, para
si e para os outros, o déficit sensorial. Os mecanismos de defesa
inconscientes que presidem a negação são mais comuns do que se imagina.
Apesar da deficiência, o juiz da causa realizará a inspeção, iludindo ou não os
circunstantes, e fatalmente obterá resultados parciais ou simplesmente
errôneos. O quadro se acentua se ignorar as objeções das partes e dos seus
advogados no registro da diligência. Exemplo sugestivo ilustra o caso:
suponha-se que A ingresse contra B alegando que, nos cultos religiosos
promovidos pelo réu, em prédio antigo e sem vedações acústicas eficientes,
as emissões sonoras emitidas se apresentam intoleráveis e perturbam o sono
de crianças de tenra idade. Em vez de ordenar a realização de perícia, com o
fito de apurar se as emissões sonoras ultrapassam, ou não, os limites fixados
na lei local, e entrevendo a ponderação de direitos fundamentais colidentes (a
liberdade de culto versus o ambiente), o juiz efetue inspeção e, em virtude da
deficiência auditiva nega por ele próprio, registra no auto de inspeção que os
sons são toleráveis ou inaudíveis.

A introdução do impedimento físico ou funcional do juiz na produção de


meio de prova determinado dependerá da iniciativa das partes, conjuntamente
ou não, e esta iniciativa se subordina, por sua vez, à percepção da anomalia.
Não a percebendo – a deficiência da visão é mais fácil de constatar –,
passando o fato em branco, a parte que suportará o gravame da prova
defeituosa. Terá dois caminhos árduos e poucos promissores: de um lado,
reclamar contra o auto de inspeção, propugnando a realização da segunda
inspeção (infra, 2.056); de outro, reclamar perante os órgãos internos e
externos de controle da magistratura.

A possibilidade de o uso dos sentidos iludirem o juiz é de extrema


importância no tocante à apreciação da prova (infra, 2.057).

Além do juiz propriamente dito, acompanham a diligência dois ou mais


serventuários, conforme as necessidades, a saber: (a) o oficial de justiça,
porque lhe compete “auxiliar o juiz na manutenção da ordem” (art. 154, IV),
em especial assegurar o acesso à coisa ou à pessoa objeto do exame; (b) o
escrivão, igualmente porque lhe toca comparecer nas audiências (art. 152, III),
em geral substituído, como autoriza a regra, pelo assessor do juiz,
ordinariamente encarregado de lavrar o termo de audiência e, na inspeção, o
auto de inspeção (art. 484, caput). É muito raro o juiz aventurar-se a sair
sozinho da sede do juízo, mas o séquito oficial da autoridade restringe-se, a
mais das vezes, ao assessor mais próximo.

O juiz previdente, almejando a mais completa documentação do ato,


convocará desenhista, fotógrafo e cinegrafista, quando possível nos quadros
do princípio da dignidade da pessoa humana, para instruir o auto de inspeção
(art. 484, parágrafo único). Faculta-se à parte, previamente autorizada pelo
juiz, memorizar o episódio por um desses meios. A aprovação do juiz é
formalidade útil, mas irrelevante. A universalização de equipamentos
compactos de registro de imagens torna quase inevitável semelhante
memória da diligência. Com ou sem autorização prévia e formal do juiz, e
registro no auto de inspeção, as arbitrariedades e os desvios ocorridos no
curso das diligências fatalmente deporão contra a autoridade que praticou tais
atos.

2.054.2. Partes na inspeção judicial – O art. 483, parágrafo único,


consagra o direito de as partes “sempre” assistirem à inspeção.

Entende-se por partes, para os fins do art. 483, parágrafo único: as partes
principais; as partes auxiliares (assistentes e amicus curiae); e a parte
coadjuvante, se houver intervenção do Ministério Público. O ponto de reunião
é o local da inspeção (retro, 2.052). Acontece de a inspeção ser decidida no
curso da audiência de instrução. Formar-se-á, então, volumoso cortejo da
sede do juízo até o local adequado.

2.054.2.1. Fundamento da participação das partes – O fundamento desse


direito de participação e fiscalização ostenta-se inequívoco e evidente: o
direito fundamental ao contraditório.130 A inspeção realizada sem a
oportunidade de as partes interferirem é radicalmente nula.131

2.054.2.2. Finalidades da participação das partes – A finalidade da


encomiada participação das partes e dos seus advogados avulta no
impedimento a que o juiz adquira conhecimento incógnito e dissimuladamente
em contato com as fontes da prova. Esta aquisição infringiria o princípio da
proibição do conhecimento privado (retro, 1.353). Além disso, a atuação das
partes aperfeiçoa a prova, evitando que a atividade solitária do juiz incida em
equívocos irremediáveis na percepção (v.g., distraído, visita o cruzamento X
em vez do cruzamento Y, em que ocorreu o acidente de trânsito).

2.054.2.3. Pressupostos da participação das partes – A intimação da


decisão que ordena ou admite a inspeção judicial, cujo conteúdo já se definiu
(retro, 2.049.2), assegura a participação das partes. Não se mostra
necessário intimar as partes pessoalmente,132 bastando a dos respectivos
advogados, através de publicação no órgão oficial ou outro meio legal,
especialmente eletrônico.

Em determinadas hipóteses, a bem da dignidade da pessoa humana e dos


direitos fundamentais, as partes assistem ao início da diligência (v.g., a
abertura da audiência e a presença do sujeito passivo da inspeção), mas não
de toda a inspeção. Razões de decoro, o constrangimento e recato naturais
da pessoa, recomendam que a constatação seja feita em recinto fechado, por
pessoa do mesmo sexo.133

2.054.2.4. Obrigatoriedade da participação das partes – O


comparecimento das partes e dos advogados não se afigura compulsório.
Eventual ausência não prejudica a inspeção,134 não podendo reclamar do
prejuízo da percepção parcial ou errônea.

Se o advogado da parte que requereu a prova não comparecer, incidirá o


art. 362, § 2.º, ou seja, faculta-se ao juiz dispensar a inspeção, recaindo sobre
o faltante o ônus da perda da oportunidade de produzir prova do seu
interesse. Aplica-se esta disposição pelas seguintes razões: primeira, a
inspeção é parte da audiência de instrução, se houve coincidência de datas,
ou é audiência especial; segunda, a regra não distingue as espécies de prova
dispensáveis, não sendo lícito pressupor aluda às previstas no art. 361.
Cuida-se, entretanto, de faculdade. Talvez o juiz esteja persuadido do caráter
imperativo da inspeção e a realize nessas condições.

A inspeção ordenada pelo órgão judiciário, ex officio, realizar-se-á


normalmente. A ausência de uma das partes, ou de todas, não impede que o
juiz colha a prova que lhe interessa para formar convicção segura.

A presença das partes é compulsória no caso de inspeção dinâmica (retro,


2.044.3). A reconstituição do evento ou da conduta reclama a participação de
figurantes (art. 483, III). Ninguém melhor que as partes para representarem a
si mesmas. Os erros e as tergiversações demonstrarão quem, na verdade,
não tem razão. Em certa oportunidade, porque não compareceram os autores
e o motorista da moto sinistrada, o STJ admitiu o cancelamento da
reconstituição, na falta dessas pessoas, e, conseguintemente, estimou válida
a sentença proferida por juiz substituto.135

2.054.2.5. Poderes das partes na inspeção – Os poderes outorgados às


partes no art. 483, parágrafo único – prestação de esclarecimentos e
apresentação de sugestões –, são exemplificativos. Conforme se trate de
inspeção estática ou de inspeção dinâmica, a participação se intensificará ou
não; por exemplo, na reconstituição de eventos ou de condutas, as partes
auxiliam prestando informações quanto ao ponto de partida dos figurantes, a
trajetória dos acontecimentos, e assim por diante. Não há roteiro
predeterminado. Porém, é assaz óbvio que as partes podem (e devem)
manifestar críticas e desconformidades com a operação da inspeção,
cabendo ao juiz decidir as questões aventadas e registrar o acontecido no
auto de inspeção.

O controle das partes acentua-se através do emprego do assistente


técnico. O art. 483, parágrafo único, nada prevê a esse respeito, mas é
pacífico, na doutrina brasileira, a possibilidade de as partes e respectivos
advogados serem assistidas por um ou mais assistentes técnicos.136

2.054.3 Peritos e assistentes técnicos na inspeção judicial – Na assentada


própria, fitando as funções do colaborador da justiça encarregado da prova
pericial (retro, 2.003), determinou-se que o perito funciona como (a)
instrumento de percepção e (b) instrumento de dedução do juiz. O experto
utiliza seu conhecimento especial para conhecer fatos relevantes para o
litígio; por exemplo, se a reunião do produto X e do produto Y, admitida no
processo, gera o produto Z, por sua vez causa da degradação do alimento
fornecido ao público no restaurante A. E, por igual, o conhecimento do experto
se afigura fundamental para determinar se produto Zprovocou a degradação,
mas o rótulo de “instrumento de dedução” é aproximativo, pois o perito
empregará constantemente o chamado raciocínio inferencial.

O art. 482 autoriza o juiz a efetuar a inspeção assistido por um ou mais


peritos. O número de expertos é objeto da decisão de admissibilidade do meio
de prova e varia conforme as áreas de saber envolvidas na diligência (art.
475). Assim, na inspeção pessoal talvez haja a necessidade de dois médicos:
de um lado, o otorrinolaringologista para auxiliar o juiz quanto à função; de
outro, o médico especializado em cirurgias estéticas, auxiliando o juiz nas
perspectivas de recuperação da pessoa lesionada. O critério de escolha do
experto também já mereceu destaque. O art. 482 alude a perito, não ao
especialista, ao entendido de fato ou ao prático do terreno, e, destarte, a
designação respeitará as regras da perícia, em particular o art. 156, § 1.º.137

A inspeção judicial descansa no pressuposto que a fonte de prova


(pessoas, coisas e fenômenos naturais ou artificiais) submeter-se-á
(voluntariamente, no caso das pessoas) à percepção direta do juiz. A
percepção do juiz, em áreas alheias ao saber jurídico, tem qualidade superior
à do homem médio, mas jamais equivale ou equipara-se à do autêntico
entendido na matéria. Nessa contingência, o que mais importa, na assistência
de um ou mais peritos, consiste nos limites à atuação dos peritos.
A participação de experto não pode derivar de erro na apreciação do
conhecimento que o juiz irá adquirir em contato com as fontes da prova.
Havendo necessidade de conhecimentos especiais, então inexistirá autêntica
inspeção, ocorrendo perícia dissimulada, diretamente fiscalizada pelo juiz. A
função do perito na inspeção é inconfundível com a da perícia: o juiz é quem
percebe; o juiz é quem extrairá as devidas conclusões do percebido.138 O
perito presta auxílio numa e noutra tarefa; por exemplo, dispõe do material
sob o microscópio; mostra ao juiz, manejando o endoscópio, as estruturas
internas do nariz, cujas lesões são vistas pelo juiz. Fator decisivo é a
predominância, ou não, da percepção do juiz.139 Se quem percebe é o
experto, utilizando seus próprios conhecimentos especiais e informando os
resultados ao juiz, não há inspeção, mas perícia.140 Não há mal algum,
naturalmente, na prova assim produzida.

Estabelecido o caráter auxiliar, preparatório à percepção do juiz, as


atividades concretas do experto, e, a fortiori, as dos assistentes técnicos não
seguem forma rígida. Dependerão da natureza do objeto da inspeção. Assim,
na inspeção pessoal, os expertos utilizarão seus conhecimentos para facilitar
a percepção do juiz (v.g., manejando o endoscópico); na inspeção material, a
par do uso de equipamentos e instrumentos (v.g., o microscópico), guiarão os
sentidos do órgão judiciário para que extraia suas próprias conclusões,
abstendo-se de emitir opinião própria. A atividade do assistente técnico é de
fiscalização desse auxílio.

No entanto, chegando o juiz a conclusões errôneas e insustentáveis, do


ponto de vista técnico, científico ou artístico, e pretendendo registrá-las no
auto de inspeção, o perito sério e meticuloso não o permitirá certamente,
intervindo a tempo. Parece preferível o juízo exato do experto ao juízo errado
do órgão judiciário.

2.054.4. Informantes na inspeção judicial – Em outros ordenamentos,


disposição específica permite ao juiz, no curso da diligência, interrogar
livremente testemunhas sobre o objeto da inspeção (art. 187, última parte,
do Codigo General del Processo uruguaio). O advérbio não significa
interrogatório livre, pois esta é a forma do depoimento das testemunhas,
sublinhando-se, então, que haverá cumulação de meios probatórios.141 Linha
similar adota o direito federal argentino.142 A audição de toda pessoa útil a
diligência é aceita no direito francês.143

Essa orientação acolhe influência de sistemas que autorizam a cumulação


dos meios de prova. Independentemente dessa circunstância, na vigência do
CPC italiano de 1865, aventou a possibilidade de o juiz, no curso do acesso
giudiziale, ouvir as pessoas presentes no local da inspeção, mas advertia-se
que a atividade significava o recolhimento de informações verbais
consideradas pertinentes no local da inspeção.144

Omissa que seja a disciplina dos arts. 482 a 484, a audiência de pessoas
parece desejável, recordando-se a oitiva do operador da máquina,145 cujo
funcionamento é o objeto da inspeção. À semelhança do perito, no trabalho
de campo, o juiz entra em contato com terceiros na diligência e recolhe
importantes e úteis subsídios para atingir o escopo da própria atividade (v.g.,
a respeito do estado anterior da coisa). Nessa contingência, recolherá e
utilizará as informações pertinentes com o objeto da inspeção, abstendo-se de
registrar fatos diferentes, sejam eles ou não relativos ao objeto litigioso. A
linha de equilíbrio e sensatez erradica o risco de o juiz introduzir prova
testemunhal sem a observância do procedimento respectivo, e, dessa forma,
dos direitos fundamentais processuais. O alvitre que, na dúvida, o juiz colhe e
documenta o depoimento, apreciando-o posteriormente,146 não se harmoniza
ao regime da produção da prova testemunhal.

2.055. Documentação da inspeção judicial

A preponderância da forma escrita no processo civil brasileiro reduz a


variada atividade oral e material desenvolvida pelo juiz e demais participantes,
na etapa derradeira do meio de prova, no auto de inspeção, lavrado pelo
escrivão ou seu substituto legal, e previsto no art. 484, caput.

O auto de inspeção é elemento essencial da prova de inspeção judicial. O


conhecimento adquirido através do contato com as fontes de prova, mas sem
o auto, assume natureza clandestina e não pode ser usado na motivação da
sentença. O prejuízo da parte desfavorecida com a decisão se mostra
flagrante, pois o juízo de fato, nesta parte decisiva, tornar-se-á inilidível pela
argumentação contrária e imune a revisão do segundo grau. O juiz de
primeiro grau não produz prova unicamente para o seu convencimento. Ao
órgão ad quem interessa, e muito, sopesar os elementos de convicção. A
ausência do auto de inspeção não invalida a sentença, decidiu o STJ, se
“outras provas forem suficientes à formação da convicção do
julgador”.147 Esse entendimento se harmoniza com lição antiga de comentário
a acórdão de corte italiana, mas aproveitável, segundo a qual a invalidade de
um ato não contamina os precedentes ou os subsequentes que lhe sejam
independentes.148

O art. 359 da Ley de Enjuiciamiento Civil espanhola contemplou a


possibilidade de registro da diligência por equipamento de som e de imagens.
Esse registro complementar não pré-exclui a lavratura do auto, nem interfere
com seu conteúdo, que sempre será tão completo quanto possível.149

Em contraste com o termo de audiência (art. 367), o art. 484 é


excessivamente parcimonioso ao instituir a confecção do auto de inspeção.
Deixando de lado os aspectos gerais, examinados no capítulo da forma dos
atos processuais, em particular os do escrivão (retro, 1.129), passa-se à
disciplina do auto de inspeção.

2.055.1. Funções do auto de inspeção – A documentação da inspeção


judicial em auto se prende a três considerações fundamentais.150

Da data da inspeção, não se cuidando da que o juiz determina após o


encerramento da fase de instrução, visando a esclarecimento de última hora,
ou da diligência pratica na própria audiência de instrução, até a ocasião
propícia à emissão da sentença de mérito transcorrerá interregno variável e,
por vezes, assaz dilatado. No entretempo, as impressões colhidas pela
percepção do juiz talvez hajam esmaecido, servindo o auto de inspeção,
destarte, à rememoração de dados mais precisos. A leitura do auto de
inspeção trará à memória do juiz as sensações então experimentadas.
Por outro lado, inexiste perfeição na obra humana e, por razões diversas,
mas imperativas, a exemplo da localização do objeto da inspeção, a exigir o
auxílio judicial (retro, 2.025.2), mediante carta ou não, e a movimentação
natural da pessoa na carreira da magistratura (v.g., aposentadoria), nem
sempre o agente ativo da inspeção julgará a causa. O auto de inspeção
representará, nessa contingência, elemento de prova livremente apreciada
pelo sentenciante e, conforme o caso, subsídio dos mais valiosos. Assim, a
meticulosidade do órgão judiciário que praticou a inspeção, a prudência e o
equilíbrio que lhe caracterizam a personalidade, e outros atributos que o
homem e a mulher adquirem na função judicante, revestem o auto de extrema
importância.

Residualmente, o auto de inspeção permite ao órgão ad quem, ao julgar a


apelação, revisar o juízo de fato nele fundado. Os TJ e TRF, na área civil,
relutam em imiscuir-se na avaliação da prova, sob o tíbio pretexto que o juiz é
o destinatário da prova, mas a revisio por instantae abrange questões de fato
e questões de direito. Os tribunais também são destinatários da prova
produzida em primeiro grau.

2.055.2. Forma do auto de inspeção – Lavrará o auto de inspeção o


escrivão ou o serventuário da justiça que acompanha o órgão judiciário em
sua diligência externa. Redigirá o auto, consignando o que lhe for ditado pelo
juiz, em qualquer meio hábil para armazenar palavras. Os órgãos
administrativos da Justiça Pública distribuem equipamentos para os
magistrados e, presumivelmente, o auxiliar do juiz levará computador portável
no curso da diligência. O documento assim formado será anexado aos autos
posteriormente ou, na hipótese de processo integralmente eletrônico,
incorpora-se incontinenti ao arquivo principal. Realizando-se a inspeção na
sala de audiências, o equipamento de registro será o do local, não se
distinguindo da documentação de outros atos processuais da mesma espécie.

2.055.2.1. Redator do auto de inspeção – O órgão judiciário desloca-se até


o local da inspeção, fora da sede do juízo, acompanhado de um ou mais
serventuários. O ideal é que esses acompanhantes sejam o escrivão, que
lavrará o auto, e o oficial de justiça, para os fins do art. 154, IV. A carência de
pessoal impede a constituição da equipe completa. Em geral, secundará o juiz
seu assessor mais próximo e íntimo, a mesma pessoa que, substituindo o
escrivão, secretaria as audiências na sede do juízo.

O serventuário encarregado de lavrar o auto é o agente material, mas o


conteúdo é lançado de acordo com as ordens, e sob a exclusiva
responsabilidade do juiz, cuja autoridade, abstraído o liame de confiança e
intimidade porventura existente, sobrepõe-se à do redator por elementares
razões de hierarquia. Ao juiz compete dirigir os trabalhos. Esse fato gera
discrepâncias entre o real e o documentado, consentidas ou não, mas enseja
o direito de reclamação (infra, 2.055.5).

2.055.2.2. Local e momento do auto de inspeção – Lavra-se o auto no


próprio local da inspeção.151 E poderoso alvitre sugere que o substituto do
escrivão comece a esboçar o auto desde o início da diligência, “de modo que
cada fato, circunstância ou esclarecimento apurado pelo juiz vá ficando logo
registrado, para evitar controvérsias e impugnações que são comuns diante
de documentos redigidos a posteriori”.152 Realmente, no calor dos
acontecimentos a captação da realidade primará pela exatidão, depurando-se
o conteúdo e aparando excessos antes da aprovação final.

Findará a lavratura do auto no encerramento da diligência. Não há tempo


predeterminado. Pode levar minutos, horas e até mais de um dia útil (retro,
2.051), não sendo possível concluí-la na data da inspeção. O juiz levantará a
diligência às vinte horas, o termo final do horário da prática dos atos
processuais (art. 212, caput), prosseguindo no primeiro dia útil imediato;
porém, como já se assinalou, talvez a diligência deva prosseguir à noite, pois
nesse período é que se acentuam os eventos ou condutas, ou há de ocorrer
justamente nesse período (v.g., a emissão sonora do aparelho de ar-
condicionado perturba o descanso noturno).

2.055.2.3. Autenticação do auto de inspeção – A despeito do silêncio do


art. 484, assinam o auto de inspeção o juiz, o serventuário que o lavrou a
mando do juiz, as partes, os advogados das partes, os peritos e os
assistentes técnicos e os informantes. Em suma, firmam o auto as pessoas
que assistiram e acompanharam a diligência.153

Em virtude de divergências quanto ao conteúdo do auto de inspeção, há a


possibilidade de um dos participantes do ato recusar seu assentimento, e,
desse modo, abster-se de subscrever o documento. O auto de inspeção
assinalará o incidente. Não raro, porém, o espaço reservado à(s)
assinatura(s) fica em branco. Tal não prejudica, em princípio, a eficácia do
auto de inspeção. Desdobra-se o incidente na impugnação subsequente
formalizada no processo.

2.055.3. Conteúdo do auto de inspeção – O art. 484 declara o auto de


inspeção será “circunstanciado” e mencionará “tudo quanto for útil ao
julgamento da causa”. Redundante que seja a expressão “auto
circunstanciado”,154 o pleonasmo revela que o auto há de ser completo e
exato.

O conteúdo do auto de inspeção envolve os seguintes elementos: (a)


extrínsecos (v.g., a data da diligência); e (b) intrínsecos (v.g., a identificação
do objeto da inspeção). Os elementos intrínsecos repartem-se em duas
subespécies: (ba) objetivos; e (bb) subjetivos.155

O auto de inspeção conterá a identificação do juízo e do processo em que


se pratica a diligência. Em seguida, indicará nominalmente o juiz e todas as
pessoas intervenientes do ato: partes e advogados; peritos e assistentes
técnicos; e informantes. As partes, os advogados e, se for o caso, o(s)
perito(s) designado(s) na admissão do meio de prova, encontram-se
devidamente qualificados, impondo-se relacionar e qualificar os assistentes
técnicos e os informantes. Por sinal, talvez se apure a necessidade de ouvi-
los formalmente na audiência de instrução. E, ao encerrar a enumeração dos
elementos extrínsecos, o redator do autor consignará o tempo e o lugar da
inspeção.

Os elementos intrínsecos concernem ao âmago da diligência. São os


seguintes os elementos intrínsecos objetivos: (a) a descrição das medidas
tomadas para assegurar a realização da diligência (v.g., a abertura da cancela
do imóvel; o arrombamento de partes, janelas e cofres para ter acesso à coisa
móvel); (b) a identificação do objeto da inspeção com todos os seus sinais
característicos, se coisa infungível, ou o gênero e a espécie, se coisa fungível;
(c) as informações prestadas pelos circunstantes no procedimento de
identificação; (d) as operações realizadas pelo juiz na inspeção, auxiliado ou
não pelo(s) perito(s).

Os elementos subjetivos são os mais relevantes e decisivos para a


finalidade precípua da inspeção, compreendendo: (a) as percepções e
conclusões tiradas da inspeção, obviamente as que o juiz externou no ato
(v.g., a pessoa não apresenta cicatrizes; o imóvel não apresenta córregos; os
semoventes estão magros e desidratados; o vinho tem gosto avinagrado; o
cheio proveniente da pocilga é intolerável; os tecidos que revestem os móveis
são ásperos e se rompem com a menor pressão; e assim por diante), e
preferência de forma literal, inexistindo razão para excluir juízos de valor;156 (b)
os esclarecimentos prestados e as sugestões feitas pelas partes e seus
advogados, literalmente (art. 483, parágrafo único); (c) as observações dos
peritos e dos assistentes técnicos.

Ao redigir o auto de inspeção, transcrevendo as palavras do juiz, o


serventuário não atesta que as percepções e as conclusões correspondem à
realidade, mas que lhe foram relatadas pelo juiz.157 E as observações,
esclarecimentos, sugestões e impugnações das partes e dos terceiros serão
documentadas se o juiz o consentir e determinar. O problema é constante nas
audiências, e antigo, influenciado pelo temperamento ameno ou explosivo dos
participantes da sessão. A gravação do ato com equipamento de imagens e
de sons evitará que o assunto seja confiado à inteira e descontrolada
discrição do órgão judiciário. O art. 367, § 6.º, autoriza a qualquer dos
participantes gravar a audiência, “independentemente de autorização judicial”.
Esta se regra se aplica à inspeção judicial. Na teoria, e de acordo com a lei,
as adições, modificações ou correções propostas pelos advogados das partes
rejeitadas, porque impróprias ou desnecessárias, deverão ser consignadas,
bem como a decisão fundamentada do juiz, independentemente de qualquer
ordem; na prática, o serventuário aguardará as instruções do juiz.

2.055.4. Instrução do auto de inspeção – O art. 484, parágrafo único,


declara que o auto de inspeção “poderá ser instruído com desenho, gráfico ou
fotografia”. O art. 359 da Ley de Enjuiciamiento Civil espanhola, de 2002,
refletindo idêntica prática, mas jurisprudencial,158 prevê o registro da diligência
com equipamento de imagem e de som. Idêntica possibilidade existe em
outros ordenamentos.159 Por óbvio, a enumeração do art. 484, parágrafo
único, afigura-se exemplificativa. Perdeu-se a oportunidade de atualizá-la,
mas cuida-se de pecado venial. A profusão de equipamentos portáveis de
gravação, à disposição dos participantes, recomenda que, sem embargo de
outros elementos gráficos (v.g., mapas e gráficos), o registro se faça por vídeo
e juntado aos autos. O caráter facultativo da regra (“… poderá ser…”)
comporta leitura que se trata de imposição.160

É implausível o juiz, empenhado no exercício sensorial, ou o serventuário,


ocupado em redigir a minuta do auto de inspeção, simultaneamente consigam
gravar imagens convincentes da diligência. E menos plausível, ainda, a
pressuposição que um e outro detenham a técnica e a habilidade necessárias
para desenhar e fotografar, se a preferência recair na confecção de desenhos,
gráficos e fotografias. Esta incumbência toca aos peritos a que alude o art.
482. Em se tratando de fotografias, não é necessário juntar negativos, mas o
arquivo digital da imagem. Filmes fotográficos são coisa rara e até quebrou o
fabricante de maior nomeada do setor.

Esses instrumentos de documentação suplementar da diligência integram-


se ao auto de inspeção, formando um conjunto para fins de apreciação do
órgão judiciário. Acontecem discrepâncias entre o conteúdo do auto e as
gravações de imagens e de sons. A explicação do desacordo deve-se,
geralmente, à falta de objetividade do juiz, traído por seus sentidos. Em tal
conjuntura, o remédio é outra inspeção.161

2.055.5. Impugnação ao auto de inspeção – É legítimo à parte,


inconformada com o teor do auto de inspeção, impugná-lo posteriormente, na
primeira oportunidade, alegando e provando a inexatidão ou a erronia, no todo
ou em parte.162 O tema receberá exame no item versando a correção do termo
de audiência (infra, 2.100).

A importância dessa tempestiva impugnação reside na circunstancia que,


uma vez consolidado o auto de inspeção sem reclamações e contestações,
adquire a eficácia própria dos documentos públicos.163

2.056. Renovação da inspeção judicial

A prova pericial derivou da inspeção, ou vistoria, no velho direito


português, mediante a insinuação de intermediário na aquisição do
conhecimento em contato com as fontes da prova, pois havia casos em que o
conhecimento comum não bastava à prática da antiga vistoria, exigindo-se
conhecimento especial ou, no mínimo, prático no terreno. Como já se
assinalou, até hoje constitui tarefa assaz difícil estipular fronteiras rígidas
entre a inspeção – em especial, na indireta (retro, 2.044.2) – e a perícia. O
comodismo da pessoa investida na função judicante não é elemento
desprezável nesta derivação histórica e funcional.

Dessa origem comum, e proximidade atual, surge a questão atinente à


renovação da inspeção, sobre o mesmo objeto, nos termos preconizados na
perícia (art. 480). Admite-se essa possibilidade,164 aventando quatro situações
em que, razoavelmente, a segunda inspeção se afigura recomendável:165 (a) a
primeira inspeção não gerou resultados satisfatórios, em decorrência de
deficiências do juiz ou das circunstâncias de tempo, de lugar e forma; (b) o
juiz que realizou a primeira inspeção desligou-se do ofício, em virtude de
movimentação natural da carreira, e o sucessor no ofício considera
imprescindível ele próprio inspecionar o objeto; (c) o auto de inspeção padece
de vício essencial que o torna inútil ao juiz que sucedeu ao que praticou a
inspeção, sendo necessário, quando ainda possível, renovar a prova; (d) o
tempo decorrido entre a data da inspeção e a oportunidade do julgamento da
causa dissipou, no espírito do juiz, as impressões então colhidas em contato
com as fontes da prova, a despeito de lavrar-se o auto com essa
finalidade.166 E falta acrescentar outra situação crítica: a discordância entre o
conteúdo do auto de inspeção e os elementos que o instruem (art. 484,
parágrafo único). Os erros de percepção e de inferência do juiz, no ato da
inspeção, facilmente se traem pelas imagens e sons gravados, convindo
realizar segunda inspeção.
Admitida a realização da segunda inspeção do mesmo objeto, nesses
casos, e em quaisquer outros, a requerimento das partes ou ex officio,
encerrada a diligência lavrar-se-á novo auto de inspeção (art. 484, caput). Por
analogia, incidirá o art. 480, § 3.º: a segunda inspeção não invalida a primeira,
ressalva feita à hipótese de a causa da renovação assentar na prévia
invalidação do auto original, porque defeituoso à finalidade pretendida,
cabendo ao juiz apreciá-las conjuntamente e dar-lhes a força probante
merecida.

§ 423.º Força probante da inspeção judicial

2.057. Apreciação da prova na inspeção judicial

À primeira vista, a inspeção judicial sujeitar-se-á à apreciação do juiz em


condições idênticas às demais provas. E nesse sentido se manifestava a
doutrina mais antiga, reconhecendo força probante de documento público ao
auto de inspeção, ao afirmar a livre valoração.167 Avulta que inexiste norma
conferindo tratamento distinto a este meio de prova.168 Leis há que, ao
contrário, conferem a eficácia de prova plena à inspeção (retro, 1.348).169

A inspeção judicial representa prova direta, correspondendo à percepção


pessoal do juiz a respeito de eventos e de condutas previstas como
elementos de incidência da norma jurídica, e não tem força de
convencimento, porque “o juiz não se convence da existência do que vê,
senão que se persuade vendo-o, ou percebendo-o de outro modo, com seus
próprios sentidos”.170 O juiz, ao formular o juízo de fato na sentença, jamais
contrariaria o que seus próprios sentidos lhe deram a conhecer. E, nesse
sentido, a inspeção judicial enquadrar-se-ia nos sistemas de apreciação da
prova.

Na realidade, a percepção do juiz expõe-se a erros tão graves como a da


testemunha, existindo o risco de inferências inconscientes.171 Este dado
explica porque, afinal, registrado no auto da inspeção o gosto do vinho
experimentado é avinagrado, impróprio para o consumo sem desconforto, o
juiz possa chegar à conclusão diametralmente oposta, apreciando o acervo
probatório. E, além disso, ao perceber com seus próprios sentidos o juiz
também valora e, nesse sentido, a atividade mental não se distinguiria a
inspeção da prova documental e testemunhal. Também no caso de ler o
documento, ou de ouvir a testemunha, o juiz emprega os sentidos e
simultaneamente valora.172

A conclusão correta é que a inspeção judicial, por si mesma, subordina-se


à livre apreciação do juiz, devendo expor as razões do seu convencimento
(art. 371).173Em princípio, a livre apreciação significa a desvinculação da força
probante do auto de inspeção.174 O juiz que praticou a prova fica em posição
idêntica ao que recepcionou prova em outro juízo. Assim é a prática dos
órgãos judiciários brasileiros. A rigor, caberia ressalvar que no nosso sistema
não é o da irrestrita apreciação livre da prova; ao contrário, as leis admitem e
preveem a instituição de vínculos ao juiz em determinados casos e, dentre
eles, figura o documento público (retro, 1.921). Pouca atenção se dá a esse
pormenor. Respeitando-o, a única atitude correta é a de respeitar a eficácia
legalmente atribuída à prova.175
2.058. Controle da apreciação prova na inspeção judicial

A apreciação da inspeção judicial comporta revisão plena no segundo grau


de jurisdição. O órgão ad quem não fica, absolutamente, vinculado, aqui como
alhures, à apreciação do primeiro grau. Ademais, o tribunal exercerá o
controle da legalidade na produção da prova.176 Em caso de dúvida, mandará
repetir a prova.

Capítulo 89. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E


JULGAMENTO
SUMÁRIO: § 424.º Posição da audiência de instrução e julgamento –
2.059. Conceito e natureza da audiência – 2.060. Facultatividade da audiência
– 2.061. Estrutura da audiência – § 425.º Princípios da audiência – 2.062.
Princípio da publicidade da audiência – 2.062.1 Audiência de portas fechadas
– 2.062.2. Audiência de portas abertas – 2.062.3. Cobertura midiática da
audiência – 2.063. Princípio da unidade da audiência – 2.063.1. Fundamento
da unidade da audiência – 2.063.2. Consequências da unidade da audiência –
2.063.3. Momento da suspensão dos trabalhos – 2.063.4. Causas da
suspensão dos trabalhos – 2.063.5. Consequências da suspensão dos
trabalhos – 2.063.6. Regime da invalidade da audiência – 2.064. Princípio da
concentração da audiência – 2.065. Princípio da imediação na audiência –
2.066. Princípio da identidade física do juiz – § 426.º Etapa da preparação da
audiência – 2.067. Cabimento da audiência – 2.068. Designação da audiência
– 2.068.1. Competência na designação da audiência – 2.068.2. Natureza da
designação da audiência – 2.068.3. Escolha da data e horário da audiência –
2.068.4. Registro da data e do horário da audiência – 2.069. Tempo da
audiência – 2.069.1. Dia da audiência – 2.069.2 Horário da audiência – 2.070.
Lugar da audiência – 2.071. Intimações da designação da audiência – § 427.º
Etapa da abertura da audiência – 2.072. Pregões da audiência – 2.073.
Participantes da audiência – 2.073.1. Participantes obrigatórios da audiência –
2.073.2. Participantes eventuais da audiência – 2.074. Poderes do juiz na
audiência – 2.074.1. Manutenção da ordem – 2.074.2. Manutenção do decoro
– 2.074.3. Consequências da quebra da ordem e do decoro – 2.074.4.
Registro dos requerimentos no termo de audiência – 2.075. Atividades do juiz
na audiência – 2.075.1. Função de direção da audiência – 2.075.2. Função na
conciliação em audiência – 2.075.3. Função de coleta da prova na audiência –
2.075.4. Função de participação nos debates na audiência – 2.075.5. Funções
decisórias na audiência – 2.075.6. Função de documentação da audiência –
2.076. Atividades das partes na audiência – § 428.º Etapa da conciliação –
2.077. Natureza da conciliação incidental – 2.078. Obrigatoriedade da
conciliação incidental – 2.079. Objeto da conciliação incidental – 2.080. Forma
da conciliação incidental – 2.081. Efeitos da conciliação incidental – § 429.º
Etapa da instrução – 2.082. Fixação dos pontos controvertidos – 2.082.1.
Possibilidade da fixação tardia dos pontos controvertidos – 2.082.2. Finalidade
da fixação tardia dos pontos controvertidos – 2.082.3. Requisitos da fixação
tardia dos pontos controvertidos – 2.082.4. Recorribilidade da fixação tardia
dos pontos controvertidos – 2.083. Produção da prova em audiência – § 430.º
Etapa do debate – 2.084. Finalidade do debate da causa – 2.085. Momento
do debate da causa – 2.086. Participantes do debate da causa – 2.087.
Modalidades do debate da causa – 2.088. Prazos e ordem do debate da
causa – 2.088.1. Tempo do debate – 2.088.2. Ordem do debate – 2.088.3.
Distribuição do tempo de debate – 2.089. Conteúdo do debate da causa –
2.089.1. Objeto virtual do debate da causa – 2.089.2. Intervenção do juiz no
debate da causa – 2.089.3. Intervenção do advogado da contraparte no
debate da causa – 2.089.4. Controle judicial do debate na causa – 2.089.5.
Forma do debate da causa – 2.090. Discussão escrita da causa – 2.090.1.
Cabimento da discussão escrita – 2.090.2. Forma da discussão escrita –
2.090.3. Oportunidade da entrega da discussão escrita – 2.091
Consequências da omissão do debate da causa – § 431.º Incidentes da
audiência – 2.092. Antecipação da audiência – 2.093. Adiamento da audiência
– 2.093.1. Fundamento do adiamento convencional da audiência – 2.093.2.
Oportunidade do adiamento convencional da audiência – 2.093.3. Forma do
adiamento convencional da audiência – 2.093.4. Efeitos do adiamento
convencional da audiência – 2.094. Ausências ou atraso na audiência –
2.094.1. Ausência do juiz – 2.094.2. Ausência dos auxiliares – 2.094.3.
Ausência do Ministério Público – 2.094.4. Ausência do advogado – 2.094.4.1.
Ausência justificada do advogado – 2.094.4.1.1. Oportunidade da alegação do
impedimento do advogado – 2.094.4.1.2. Razões do impedimento do
advogado – 2.094.4.1.3. Forma e prova da alegação do impedimento do
advogado – 2.094.4.1.4. Consequências do impedimento do advogado –
2.094.4.2. Ausência injustificada do advogado – 2.094.5 Ausência da parte –
2.094.6. Ausência da testemunha – 2.094.7 Ausência do perito e dos
assistentes – 2.095. Cancelamento da audiência – § 432.º Etapa do
julgamento – 2.096. Emissão da sentença na audiência – 2.097. Emissão da
sentença fora da audiência – § 433.º Documentação da audiência – 2.098.
Lavratura do termo de audiência – 2.099. Elementos do termo de audiência –
2.100. Correção do termo de audiência.

§ 424.º Posição da audiência de instrução e julgamento

2.059. Conceito e natureza da audiência

Em nosso direito, chama-se audiência à sessão pública em que o juiz,


pessoalmente, entra em contato com partes, advogados e outras pessoas.

Era atividade genérica do juízo no direito reinol, ou seja, o tempo fixo e


predeterminado em que o juiz ficava à disposição do público, atendendo
partes e advogados, praticando atos processuais em diversos processos, ex
officio ou a requerimento dos interessados, e publicando a sentença
terminativa e a sentença definitiva.1 Lavrava-se termo dessa audiência,
lançado no livro próprio, somente se levantando o juiz do seu lugar após
perguntar ao porteiro, em voz alta e clara, se ainda alguém havia para
requerer-lhe providências do ofício (Ordenações Filipinas, Livro 3, Título 19, §
4.º).

Essa audiência recebia o epíteto de ordinária. Ocorria em dias certos e em


horários fixos, uma ou mais vezes por semana. A audiência ordinária subsistiu
nos diplomas estaduais – período republicano da pluralidade processual
(retro, 73) – até época avançada, como se confere no art. 217 do CPC/RS
(Lei 65, de 14.01.1908, vigente até o CPC de 1939).2

Desapareceu a audiência ordinária na esteira do princípio da oralidade. A


audiência transformou-se em fase do rito comum, antigamente chamado de
ordinário, na verdade o momento culminante do procedimento.3 O juiz a
designará, conforme as necessidades, individualmente em cada processo.

Em sua renovada fisionomia e função, na audiência o juiz entra em


contato com a prova – depoimento das partes, das testemunhas e
esclarecimentos orais do perito e dos assistentes –, consumando o gabado
princípio da imediação (retro, 1.357); estabelece diálogo direto com os
advogados, e, em princípio, e desde logo, emite a sentença definitiva.4 É uma
fase do rito comum em que se reúnem atos distintos, mas complementares,
distribuídos em quatro momentos fundamentais – tentativa de conciliação,
instrução, debate e julgamento –, conjugada e sucessivamente, e, na pureza
do sistema da oralidade, o palco central e decisivo de todo o processo.

Eis o motivo por que, não sem exagero, sustentou-se que “suprimir a
audiência é o mesmo que suprimir a oralidade, ainda mais no sistema
construído pelo legislador brasileiro, em que a única audiência é a de
instrução e julgamento, destinada ao conhecimento do mérito”.5 E, realmente,
como acontece no direito português, a partir da reforma de 1932,6 a audiência
brasileira constitui fase única (com a ressalva da audiência de conciliação e
de mediação, a teor do art. 334, e da eventual audiência preliminar, camuflada
no art. 357, § 3.º) e final (nela própria ou após ela resta ao juiz julgar o mérito),
denotando subserviência aos postulados da oralidade.

A audiência do rito comum é o momento em que o órgão judicial,


presidente da sessão e diretor do processo, tenta a conciliação das partes,
instrui a causa, participa do debate e decide a causa publicamente.7 A ela dá-
se o nome completo e analítico de audiência de instrução e julgamento,
porque essas são as atividades fundamentais previstas na sessão. O Capítulo
XI do Título relativo ao procedimento comum do Livro I da Parte Especial do
NCPC designa a sessão, simplesmente, de “audiência”. E assim, por
brevidade, deve-se chamá-la, adjetivando-se solenidades distintas (v.g.,
audiência preliminar, a teor do art. 357, § 3.º) ou, sendo de absoluta
necessidade, designando-a de audiência “principal”.

É digno de nota que nem sempre há a possibilidade de reunir a instrução e


o julgamento na mesma audiência. O relator pode delegar ao juízo de primeiro
grau a produção da prova porventura necessária na rescisória, cindindo
irremediavelmente as duas atividades que inspiraram a designação no
Capítulo mencionado. Finda a instrução em primeiro grau, produzindo prova
oral, os autos retornam ao tribunal, incumbindo o julgamento ao órgão
fracionário competente do segundo grau.

A audiência de instrução e julgamento transformou-se em fase eventual do


rito comum já no CPC de 1973 (infra, 2.060). Não constitui o único momento
reservado ao julgamento do mérito. Os elevados propósitos que a oralidade
confiava à audiência frustraram-se pela apatia do juiz e dos advogados e
sucumbiram ao vórtice da quantidade de feitos.

Existem quatro outras audiências na lei processual: (a) a audiência de


justificação (art. 300, § 2.º, e art. 562, caput); (b) a audiência de conciliação e
de mediação (art. 334); e (c) a audiência preliminar do art. 357, § 3.º; (d) a
audiência pública (v.g., art. 1.038, II), metamorfose da antiga audiência
ordinária, designada para ensejar ampla participação dos interessados de
qualquer espécie, em particular os interessados políticos. Em determinados
incidentes, a lei emprega a expressão “audiência especial” (v.g., art. 402; art.
856, § 4.º), na verdade audiência de instrução. Também se chama de
audiência ao despacho do advogado com o juiz da causa ou o relator do
recurso, a mais das vezes para realçar a necessidade de provisão de
urgência, e o impulso para colher a manifestação das partes em respeito ao
contraditório.

A audiência de instrução e julgamento exibe quatro finalidades no rito


comum: (a) conciliar; (b) provar; (c) discutir; e (d) julgar. Dividindo-se em
vários atos particulares, emanados de agentes diferentes, a audiência
tecnicamente representa ato processual complexo.8

Das finalidades da audiência, a única que lhe é essencial, realizando-se


conforme o roteiro, reponta na atividade de instrução. O art. 446, II, do CPC
rotulava tais atos de modo mais vulgar: “colheita das provas”. As demais
atividades ou não se realizam ou degeneraram em simulacros. O dever de
conciliar é posto a critério do juiz, tanto na audiência preliminar do art. 373, §
4.º, quando na audiência de instrução. A novel audiência de conciliação e de
mediação destina-se unicamente a essa finalidade. Como quer que seja,
conforme a natureza do litígio, a qualidade das partes e a frustração das
tentativas anteriores, como se percebe da parte final do art. 359, o juiz antevê
a escassa predisposição para conciliar e, nesse caso, na audiência de
instrução e julgamento, simplesmente consignará no termo a falta de êxito
após rápida consulta aos advogados. O debate oral ou é protocolar, em razão
da falta de preparo prévio dos participantes do ato, ou transmuda-se na
discussão escrita do art. 364, § 2.º, por comodismo dos virtuais debatedores.
E o julgamento, de regra, não se realiza na própria audiência, exceto nas
causas mais triviais, exigindo reflexão e estudo no recôndito do gabinete do
magistrado. Na rescisória, como já assinalado, o art. 972 separa a instrução,
delegada ao juízo que proferiu a decisão rescindenda “se os fatos alegados
pelas partes dependerem de prova”, do julgamento propriamente dito,
exclusivo do órgão competente (relator ou órgão fracionário) do tribunal.

Em suma, das suas quatro finalidades precípuas, a audiência preenche


satisfatoriamente a de produzir prova.

2.060. Facultatividade da audiência

A audiência não é fase obrigatória do rito comum, e, a fortiori, dos


procedimentos especiais que, a mais das vezes, reduzem-se ao comum (v.g.,
nas pretensões possessórias). A designação da audiência subordina-se a
pressupostos estritos (infra, 2.068) que a tornam excepcional.

É claro que, no sistema puro da oralidade, vencendo a pretensão a


barreira do juízo de admissibilidade, habilitando o juiz a julgar o mérito, a
realização da audiência erige-se em “teatro necessário”.9 O juiz não poderia
decidir sem debater com os advogados das partes. Ora, sem “negar os
méritos da oralidade e as virtudes da audiência”,10 as finalidades dessa fase
do rito comum são eventuais e disponíveis. A necessidade de produzir prova
depende do debate e, usualmente, insere-se na esfera de disposição das
partes. O poder de iniciativa do juiz não logra superar a inércia ou o
desinteresse dos litigantes (v.g., o juiz não conhece as testemunhas dos fatos
que originaram o litígio). E integra o domínio das partes o debate das
questões de direito e de fato, bem como ao domínio do juiz a oportunidade em
que, a despeito do prazo para proferir decisões, amadureceu o seu
convencimento, a fim de emitir a sentença.

Conclui-se, então, a audiência não constituir ato indispensável à boa


ordem do juízo, acrescentando-se, em lição plenamente aplicável ao NCPC,
retratando a realidade do rito comum: “Nossos atos postulatórios são escritos;
sua apresentação em juízo e a produção da prova documental, tantas vezes a
única a existir, não se fazem em audiência; nossas discussões orais são
renunciáveis; nossas sentenças, salvo a publicação, independem de
audiência”.11

O que mais convém às partes e ao juiz, no processo eminentemente


escrito, ainda mais acentuado no meio eletrônica, avulta na diminuição da
ocorrência da audiência, acontecimento árduo, mofino e oneroso nas grandes
capitais, muito longe de apresentação de gala dos profissionais forenses, aos
casos estritamente indispensáveis de produção de prova. A audiência do art.
334 situa-se na contramarcha e o legislador, antecipando-se à ojeriza dos
advogados e partes, cuidou de prever multa para os ausentes (art. 334, § 8.º).

As causas do malogro da audiência (rectius: do procedimento por


audiências), no processo civil brasileiro, são diversificadas e complexas. Não
se deixam apreender intuitivamente, porque se relativizam em determinadas
regiões. Ao propósito de investigá-las, sem embargo, alinharam-se os
seguintes fatores, porque mais evidentes: (a) a dificuldade das comunicações,
que prejudica o acesso à sede do juízo ou ao lugar em que se realiza o ato;
(b) a desconfiança nutrida pelo povo quanto ao funcionamento dos órgãos do
Estado; (c) a deficiente formação profissional dos advogados, mais propensos
ao litígio que à composição dos interesses antagônicos dos clientes,
educados para o processo escrito e despreparados para atuar oralmente; (d)
a má distribuição dos juízos, o número insuficiente de magistrados e a falta de
preparação técnica para o processo oral; (e) a estrutura física e material
inadequada do que a lei chama de sala de audiências; e assim por
diante.12 Fato é que o juiz chega à audiência, conforme a quantidade de feitos
em tramitação no seu ofício, desconhecendo completamente o debate travado
e o tema da prova, anteriormente fixado (art. 357, II), mas já esquecido em
todos os pormenores. Esse fenômeno existe em outros países.13 Depõe
contra a oralidade, expondo-lhe o rotundo malogro em toda parte.

A aversão aberta à audiência armou o cenário da polêmica em torno da


publicação da sentença em audiência específica para essa finalidade.

O art. 271, parágrafo único, do CPC de 1939 previa que, não se achando
habilitado o juiz a proferir a sentença após o debate na causa, designasse
outra audiência, “que se realizará dentro de dez (10) dias, afim de publicar a
sentença”, ficando as partes intimadas, na mesma oportunidade, desse
aprazamento. Nessa sistemática, representaria irregularidade o juiz publicar a
sentença em cartório,14 entregando o documento ao escrivão para juntá-lo aos
autos, porque “obrigatória a publicação do ato decisório sempre em
audiência”.15
Cogitou-se de similar obrigatoriedade, na vigência estatuto anterior, sob
dois fundamentos: (a) o art. 242, § 2.º, do CPC de 1973 na redação originária,
previa que, “não tendo havido prévia intimação do dia e hora designados para
a audiência”, far-se-ia a intimação dos advogados por um dos meios hábeis,
daí se extraindo a ilação que se cuidaria de outra audiência, “pois a instrução
e julgamento não seria concebível sem a prévia intimação do dia e hora
designados”,16 argumento adotado pelo STF;17 (b) dispondo o art. 455,
segunda parte, do CPC de 1973 que, não sendo possível concluir, no mesmo
dia, a instrução, o debate e o julgamento, o juiz designará o prosseguimento
para data próxima e, não abrindo a lei exceção quando impossível apenas o
julgamento, “conclui-se que também aí se há de designar outra audiência, que
constituirá o prosseguimento da primeira”.18 A esses dois fundamentos,
caberia acrescentar ainda outro: o art. 189, II, do CPC de 1973 fixava o prazo
de dez dias para o juiz proferir “decisões” – interpretava-se, todavia, o
dispositivo para englobar as sentenças (retro, 1.157) –, e das sentenças
cogitava unicamente o art. 456 do CPC de 1973: o juiz as proferirá na própria
audiência, ou no prazo de dez dias, hipótese em que, a rigor, deveria marcar
dia e hora para publicação.

O entendimento prevalecente eliminava, no direito anterior, a audiência de


publicação.19 Representando a rigidez do procedimento garantia das partes, e
inexistindo diferença substancial entre o julgamento per saltum, envolvendo o
mérito, e o julgamento após a instrução, o primeiro efetivado sem audiência,
nenhuma justificativa tem formalidade na segunda situação.20 O STJ perfilhou
essa orientação, admitindo a entrega da sentença em cartório, “momento em
que ganha natureza de ato processual”,21 ou seja, ingressa no mundo jurídico,
tornando-se irretratável (retro, 1.673). A revogação do originário § 2.º do art.
242 do CPC de 1973 reforçou a tese prevalecente.

A exposição dessa antiga questão alheia ao NCPC tem a finalidade de


evidenciar seu móvel. À base da eliminação da “audiência de publicação”,
porém, avultava o desamor profundo à audiência. Nada indica mudança de
espírito perante a nova codificação.

Disposição expressa em contrário pode obrigar a designação da audiência


especial de publicação de sentença. Assim, na desapropriação, o art. 24,
parágrafo único, do Dec.-lei 3.365/1941 declara: “Se não se julgar habilitado a
decidir, o juiz designará desde logo outra audiência que se realizará dentro de
10 dias afim de publicar a sentença”. Facultava-se, de resto, ao juiz designar
audiência para publicação de sentença.22 O art. 456 do CPC de 1973 sugeria
essa possibilidade. Equivale a tal audiência a marcação de dia e hora para
entrega do ato em cartório,23 prática inusitada e, de resto, pouco compatível
na publicação eletrônica dos atos processuais.

2.061. Estrutura da audiência

A estrutura da audiência comporta variações, porque nem todos os atos


idealizados nela se realizam, ocorrendo em outros momentos e lugares.
Versando a causa direitos indisponíveis, por exemplo, não tem lugar a
tentativa de conciliação. O perito e os assistentes prestam esclarecimentos a
respeito do laudo e dos pareceres por escrito justamente para eliminar essa
atividade da audiência (art. 477, § 2.º). Os esclarecimentos orais, e, portanto,
a atividade traçada no art. 361, I, adquirirão caráter excepcional E o juiz, salvo
em casos triviais, geralmente posterga o julgamento, cumprindo ou não o
prazo de trinta dias do art. 366, máxime ante a ordem cronológica instituída no
art. 12 – medida controversa e altamente discutível, porque ignora a máxima
de tratar os desiguais (v.g., litígios de fácil solução) desigualmente.

A estrutura completa abrange as seguintes etapas: (a) preparação; (b)


abertura; (c) tentativa de conciliação; (d) instrução; (e) debates; e (f)
julgamento. Incidentes acontecem em todas essas etapas. Em princípio, o juiz
os resolverá à medida que se configurem na própria audiência, salvo os que
respeitam à preparação (v.g., a falta de intimação da testemunha, não
localizada no endereço fornecido), equacionados precedentemente, havendo
tempo disponível.

Decompondo as etapas, de olhar fito na disciplina dos arts. 358 a 368,


identificam-se os seguintes atos: (a) proclamação de abertura; (b) pregões
pelo porteiro (auxiliar excluído do rol do art. 149) – na definição clássica desse
auxiliar, porteiro é o “oficial público encarregado de apregoar as partes nas
audiências, e dos bens nas praças judiciais” –,24 ou por serventuário no
exercício dessa função; (c) tentativa de conciliação; (d) depoimento dos
peritos e dos assistentes, primeiro o do autor, após o do réu; (e) depoimento
pessoal do autor; (f) depoimento pessoal do réu; (g) depoimento das
testemunhas do autor; (h) depoimento das testemunhas do réu; (i) alegações
finais, primeiro as do advogado do autor, após as do advogado do réu,
seguindo-se a do órgão do Ministério Público, havendo intervenção; (j)
emissão da sentença.25

Em relação ao esquema anterior, eliminou-se a fixação dos pontos


controvertidos (art. 451 do CPC de 1973), porque o tema da prova é objeto da
decisão de saneamento e de organização do processo (art. 357, II). Não é de
se descartar eventual depuração, haja vista os resultados da perícia. O
assunto merecerá considerações mais adiante.

§ 425.º Princípios da audiência

2.062. Princípio da publicidade da audiência

O direito fundamental processual à publicidade do processo encontra-se


prescrito, indiretamente, no art. 5.º, LX, da CF/1988 c/c art. 189, caput, do
NCPC, segundo o qual restrições somente se admitem para preservar a
intimidade, o interesse público e social e cláusula de confidencialidade da
arbitragem provada nos autos (retro, 168). Objeto da publicidade, segundo a
largueza de propósitos desse dispositivo, são os “atos processuais”. Ora,
pública a fração, público o conjunto: o processo, em todas as etapas,
momentos, fases e atos podem ser assistidos ou conhecidos pelas partes, por
seus representantes técnicos e, ainda, por qualquer outra pessoa com ou sem
interesse jurídico. O art. 468 explicita a publicidade da audiência principal.

É incompatível com o direito fundamental interpretar o art. 189 no sentido


que os atos escritos do processo são restritos às partes e aos respectivos
advogados.26O art. 93, IX, da CF/1988 apenas complementa a desejável
extensão da publicidade, declarando, imperativamente, que “todos os
julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos”. O que pode
haver, imposto o sigilo, é a restrição da participação (art. 11, parágrafo único)
e da consulta aos autos pelas partes e pelos advogados, além do órgão do
Ministério Público, nos casos de intervenção (art. 189, § 1.º).

Essas são as bases e a fonte da realização da audiência publicamente. O


princípio da publicidade “requiere que los actos puedam ser presenciados por
quienes no participan en el proceso como partes, funcionários o auxiliares”.27

Os julgamentos transcorriam, nas sociedades primitivas, na presença da


comunidade. Eram especialmente convocadas as pessoas para esse ato.28 O
julgamento visava a restaurar a paz social à vista de todos. Posteriormente,
por razões diversas, e atualmente para controlar a pressão social sobre os
julgadores, passou-se ao julgamento de portas fechadas – expressão que,
altamente significativa, merece emprego e lembrança nas audiências que
transcorrem em sigilo – ou em câmara de conselho. O órgão judiciário que
julga segundo os humores da sociedade, curva-se à pressão social ou da
mídia, descumpre os deveres do seu ofício e não merece ocupar o ofício
judicante. Esses objetivos são antigos nas fontes lusitanas. Lei de 07.06.1605
determinava que, a fim de realizar o despacho da Relação sem perturbações,
mas com autoridade, “em todo o tempo que durar o dito despacho, esteja a
porta da Relação fechada, como costuma estar em todos os mais Tribunais; e
que nenhuma pessoa, nem Ministro, nem oficial, nem o Guarda-Mór dela
possa entrar dentro, senão quando for chamado em companhia do
Regedor…”29

O caráter público dos julgamentos cedo se impôs no direito pátrio, como


garantia elementar do faires Verfahren, influenciando nesse sentido as
reminiscências dos abusos na jurisdição eclesiástica. O art. 13 da Lei de
18.09.1828, que criou o Supremo Tribunal de Justiça do Império, mandou que
o tribunal julgasse em “relação”, ou seja, reunindo-se os conselheiros em
mesa, decidindo-se por maioria de votos e de “portas abertas”. É digno de
nota que a Suprema Corte dos Estados Unidos não declarou o direito de
presenciar julgamentos até o último quartel do século XX.30

É geral o anseio popular de conhecer os ritos judiciários e, principalmente,


as razões do veredito. Essa aspiração satisfaz-se direta (publicidade ativa), as
pessoas comuns assistindo pessoalmente à audiência, ou indiretamente,
através da mídia (publicidade passiva). Essas modalidades do direito
fundamental à publicidade já recebem análise anteriormente (retro, 1.104).
Cumpre registrar que ambas as espécies de publicidade podem ser
restringidas (retro, 155), ope judicis, em especial a gravação de sons e de
imagens (art. 367, § 5.º), configurados os pressupostos do art. 5.º, LX, da
CF/1988. Convém realçar que a desnecessidade de autorização judicial para
as partes gravarem a audiência (art. 367, § 6.º, in fine) pressupõe, de regra, a
publicidade integral do ato.

O primeiro dos princípios da audiência reside, em síntese, no caráter


público. As atividades desenvolvidas nessa fase do processo, a exemplo da
coleta de prova, realizam-se de portas abertas. Logo, o juiz não pode impedir
arbitrariamente o ingresso – na proporção que o comporte o recinto – de
qualquer pessoa, profana ou não, interessada ou não,31 na sala de audiências.
Por mais raro e escasso que seja o comparecimento de estranhos, tirante
causas de repercussão, tal é o salutar alcance imediato da publicidade.32
2.062.1. Audiência de portas fechadas – Por exceção, a audiência realiza-
se de portas fechadas. As hipóteses em que o juiz determina o sigilo
receberam análise no capítulo relativo aos atos processuais, em cujo contexto
se situa o art. 189, cabendo aqui indicações e observações a respeito dos
poderes do juiz na audiência pública.

Importa remarcar que, determinando o juiz que se realize a audiência de


portas fechadas em desacordo com as hipóteses legais, haverá nulidade
absoluta (o interesse protegido é público), de resto expressamente cominada
no art. 93, IX, da CF/1988 c/c art. 11, caput, do NCPC; ao invés, realizando de
portas abertas audiência que deveria ocorrer de portas fechadas, a
decretação do vício dependerá da superação das barreiras à invalidação
(retro, 1.262).

2.062.2. Audiência de portas abertas – Cumpre ao juiz dirigir os trabalhos


da audiência, exercendo poder de polícia (art. 360, caput), que se manifesta,
dentre outras variantes, na manutenção da ordem e do decoro (art. 360, I) e
na evacuação forçada das pessoas que se comportarem inconvenientemente
(art. 360, II).

Em que pese pública a audiência, o poder de polícia autoriza o juiz a


controlar (a) a forma do acesso ao público; (b) o número de espectadores; (c)
e a presença simultânea das partes e o ingresso das testemunhas.

Livre que seja o acesso de qualquer pessoa, a manutenção da ordem e do


decoro (art. 360, I) recomenda que o juiz impeça o ingresso de manifestantes,
integrantes ou de grupos sociais de pressão, portando roupas com frases ou
imagens ofensivas (v.g., o réu é um monstro), tendenciosas (v.g., o réu é
culpado) ou vexatórias (v.g., o estado da vítima após o acidente de trânsito).
As leis de organização judiciária exigem que participantes e assistentes da
audiência apresentem-se convenientemente trajados (art. 181 do COJE/RS) e
permissão especial para menores de dezoito anos assistirem à sessão (art.
173 do COJE/RS).

Desapareceu o antigo e perigoso costume de portar armas de fogo, nas


pequenas comarcas – nas capitais, os meios eletrônicos impedem o ingresso
de armas no prédio, salvo das pessoas legalmente autorizadas (v.g., policiais
conduzindo réus perigosos) –, mas concebe-se que, ânimos inflamados, um
ou mais participantes do ato compareçam armados. Obviamente, o juiz
desarmará literalmente partes, advogados e assistentes, recolhendo armas e
outros instrumentos de ataque e defesa, convocando, se necessário, a polícia
judiciária (art. 360, III). O art. 129 do CPC italiano proíbe a quem participa ou
assiste à audiência de portar armas de fogo e bengalas, dentre outras
disposições. Entre nós, a lei de organização judiciária nada dispõe a respeito,
porque desnecessário. No entanto, impõe às pessoas presentes à audiência
conservarem-se descobertas e em silêncio. O hábito de usar chapéu, boina
ou boné tornou-se raro, apesar de o clima tropical recomendar proteção a
essa parte do corpo, especialmente no caso das pessoas calvas. Realizando-
se a audiência em lugar fechado, não há motivo para manter o chapéu na
cabeça. O juiz deve interpretar a regra inteligentemente. Norma religiosa não
raro exige a cobertura da cabeça (v.g., o solidéu). Em respeito à crença da
pessoa, o juiz permitirá que se mantenha coberta.
É lícito ao juiz, ademais, controlar o número de assistentes. A sala de
audiências mencionada no art. 360, II, expressis verbis, e objeto de
considerações em item posterior (infra, 2.070), raramente abriga meia dúzia
de lugares. Duas ou três cadeiras, de segurança duvidosa, ou velho sofá, que
já conheceu dias mais esplendorosos, ornamentam, na melhor das hipóteses,
a sala de sessões. A dimensão do recinto é mínima, salvo nos foros mais
modernos, mal comportando os participantes obrigatórios e eventuais da
audiência. Vale a ordem de chegada para ocupar os lugares vagos destinados
ao público. Razões de ordem prática, como a existência de saídas de
emergência, permitem ao juiz limitar a própria ocupação dos lugares.

Nesse ponto põe-se o problema mais delicado. Objetivamente, a


inexistência de espaço para as pessoas comuns assistirem a audiência
infringe o direito fundamental processual à publicidade. Legitima-se qualquer
pessoa a reclamar da ausência de lugar específico para a assistência.
Havendo possibilidade física na sala de audiências, o juiz mandará trazer
cadeiras; não existindo, a sala é inadequada e, a rigor, a audiência não pode
realizar-se, ao menos no lugar escolhido. Dificilmente este terceiro, para esse
fim juridicamente interessado, por força do caráter imperativo do art. 93, IX, da
CF/1988, logrará obter a invalidação do ato mediante a interposição do
recurso próprio.

Reza o art. 385, § 2.º, que é defeso a quem ainda não depôs assistir o
interrogatório da outra parte. Compete ao juiz, portanto, mandar que o réu se
retire na oportunidade em que tomará o depoimento pessoal do autor. Este
pode assistir ao do réu. As testemunhas são convocadas pelo porteiro, uma a
uma, pois são inquiridas separada e sucessivamente (art. 456, caput), a
começar pelas do autor, providenciando o juiz que uma não ouça o
depoimento das outras. Esta é a finalidade da audição separada e sucessiva
das testemunhas.

Essas medidas de polícia, ou as que respeitam à produção da prova, não


infringem o direito fundamental à publicidade.

2.062.3. Cobertura midiática da audiência – A audiência de portas abertas


pode ser objeto de cobertura midiática. Não há motivo para discriminar os
representantes da mídia escrita, falada e televisada. Os benefícios dessa
cobertura, propiciando o controle social da atividade processual, e, ainda, a
compreensão do litígio e dos fundamentos da respectiva solução, mostram-se
flagrantes. Também apresenta a desvantagem de açular a vaidade dos
participantes da sessão, tornando-os propensos ao exibicionismo intelectual,
em desfavor da brevidade e da simplicidade.

Razões várias recomendam o estrito controle judicial no tocante à


admissibilidade da cobertura ao vivo por rádio e televisão. A falta de espaço
na sala de audiências, por exemplo, impedirá que aí se instalem os
equipamentos de rádio e televisão, bem como a intervenção dos profissionais
envolvidos. Não está muito clara, ainda, a influência dessa cobertura na
atuação dos participantes eventuais da audiência. O ideal é que o juiz,
ponderando o direito à informação e o da privacidade, indique local para a
permanência da imprensa, longe da sala de audiências, em que possam
entrevistar quem bem entenderem, e limite a tomada de imagens e de sons a
momentos predeterminados – no início e no fim da audiência.33
É digno de registro que a mídia não tem privilégios especiais na sala de
audiências (courtroom), relativamente ao público, e, muito menos, o direito de
reproduzir a audiência por rádio (broadcasting) ou televisão, no direito norte-
americano,34 recaindo na esfera discricionária do juiz autorizá-la ou não.

2.063. Princípio da unidade da audiência

O art. 365, caput, exige que a audiência seja una e contínua. Acompanha
a linha originária do art. 270 do CPC de 1939 e do art. 455 do CPC de 1973,
prevendo a primeira regra: “a audiência será contínua, e só por motivo de
força maior se interromperá”.

2.063.1. Fundamento da unidade da audiência – O princípio da unidade da


audiência constitui corolário formal da concentração das atividades no sistema
da oralidade. É preciso que os atos de instrução – na audiência, conforme
dispõe o art. 361, devem se produzir as provas orais –, de discussão e de
julgamento realizem-se proximamente, a fim de que as impressões
provocadas na colheita das provas (v.g., a fisionomia e os trejeitos da
testemunha; a confusão do perito, incapaz de resumir ou explicar o laudo) e
os argumentos hauridos do debate, por vezes inexcedíveis no rompante do
improviso, não se dissipem no terceiro e decisivo momento. As atividades
idealizadas para a audiência de instrução e julgamento – conciliação,
instrução, debates e julgamento – realizam-se conjuntamente e na mesma
oportunidade.

Assim, na teoria, a audiência sempre é única, embora dividida no tempo e


no espaço, compreendendo, destarte, atividades heterogêneas; na prática, as
descontinuidades aventadas no art. 365, caput, e parágrafo único, porque ad
impossibilia nemo tenetur, não rompe a unidade substancial do ato.35

O princípio da unidade da audiência atenuara-se após as reformas


parciais do CPC de 1973.36 O principal motivo era a existência da audiência
preliminar. E acentuou-se no NCPC, haja vista a audiência de conciliação e
de mediação (art. 334), em princípio obrigatória, e a eventual audiência
preliminar do art. 357, § 3.º. A rigor, podem ocorrer três audiências no
procedimento comum. A unidade respeitará à audiência de instrução e
julgamento.

2.063.2. Consequências da unidade da audiência – Do princípio da


unidade da audiência resultam, proclamada a abertura da sessão, as
seguintes e importantes consequências: (a) não se renovam as faculdades
processuais pretéritas, cujos prazos expiraram, a exemplo (aa) da
apresentação, da retificação e da complementação do rol de testemunhas, no
prazo do art. 357, § 4.º; e (ab) da intimação do perito e dos assistentes com a
antecedência de dez dias, conforme o art. 477, § 4.º; (b) inexiste necessidade
de intimação da nova data, relativamente aos presentes – o art. 270 do CPC
de 1939 era expresso: “independentemente de novas intimações” –, que
ficam, desde logo, cientes da próxima sessão, pois o despacho, proferido
verbalmente, constará da ata, não se aplicando ao caso, destarte, o art. 363;
(c) inexiste necessidade de intimação dos ausentes, ou os que se retiraram
antecipadamente, porque já intimados da data inicial; (d) o advogado da parte
que compareceu na primeira sessão, posto que ausente na seguinte, não
autoriza a dispensar a prova faltante da parte por ele representada, conforme
o art. 362, § 2.º.37

2.063.3. Momento da suspensão dos trabalhos – O art. 455 não cogita da


“interrupção” da audiência. O que se interrompe recomeça a correr por inteiro.
Ora, recomeços não se harmonizam, evidentemente, com o princípio da
unidade da audiência, gerando a impressão de apagamento do que já
transcorrera. Todas as situações, a rigor, compreendem-se no art. 365,
parágrafo único: não se podendo concluir, na mesma assentada, todas as
atividades de instrução, de debate e de julgamento, “o juiz marcará seu
prosseguimento para dia próximo”.

Fitou a regra o quod plerumque accidit, ao mencionar a instrução, o


debate e o julgamento, ou reproduziu descuidadamente o art. 270 do CPC de
1939. Etapa natural da audiência,38 a tentativa de conciliação também se
alonga no tempo, conforme as propostas e ajustes, e a intensidade do
intercâmbio de pormenores. E até convém o prosseguimento ulterior, havendo
forte predisposição ao acordo, para estudos e ponderações das partes, o que
talvez propicie a futura autocomposição. Ao ponderar os acontecimentos, sem
embargo de provocar transtornos às pessoas convocadas para o ato,
aguardando a inquirição, lícito se afigura ao juiz suspender a audiência nesse
momento, sem iniciar a instrução.

De outro lado, o debate e o julgamento rejeitam a partição acenada no art.


365. Impossível abrir e completar os debates na mesma oportunidade, o juiz
evitará dar a palavra a um dos advogados e interrompê-lo em seguida,
abstendo-se de escutar a peroração do seguinte. O diálogo entre os
advogados e o juiz é indivisível. Do contrário, o primeiro debatedor ficaria
prejudicado pelo tempo concedido ao outro para refletir e preparar a réplica à
sustentação do adversário.39 Tampouco o julgamento comporta interrupção no
meio do caminho. O juiz não pode deixar a sentença pela metade.

2.063.4. Causas da suspensão dos trabalhos – As causas que impedem a


conclusão dos trabalhos na data originalmente marcada para a audiência,
mostram-se assaz variadas. Em última análise, dependem da vontade do juiz
e, na hipótese do art. 365, caput, da concordância das partes.

O mais comum é que o volume das inquirições impeça o término de todas


as atividades em tempo hábil. Admite-se que seja ultrapassado o horário do
expediente forense, regulado nas leis de organização judiciário, e o tempo
hábil à prática dos atos processuais, que finda às 20 (vinte) horas, em virtude
da incidência o art. 212, § 1.º. A audiência iniciada durante o expediente
forense prosseguirá até horas tardias. Às partes e aos advogados interessa,
de regra, encerrar o quanto antes todas as etapas; mas, também suportam a
fadiga natural dos trabalhos. É usual o juiz consultar os participantes, obtendo
o consenso.

O art. 365, caput, segunda parte, aventa a necessidade de fracionamento


da etapa de instrução, havendo ausência do(s) perito(s) e de testemunhas(s).
Por exemplo, compareceram as testemunhas do réu, no todo ou em parte,
mas não as do autor, também no todo ou em parte, apesar de devidamente
intimadas nas modalidades previstas no art. 455, caput, e § 3.º. Eventual
ausência de testemunha “levada” tem a consequência do art. 455, 2.º: a lei
presume a desistência da audiência anterior. Regime idêntico aplica-se à
ausência do assistente técnico, a despeito de intimado na forma do art. 477, §
4.º, supondo-se do único interesse da parte a respectiva audição, o que não
é, de qualquer modo, inteiramente exato (v.g., a demonstração do
descumprimento do art. 466, § 2.º, invalida o laudo). A ausência da parte
intimada com a cominação do art. 485, § 1.º, tem outra consequência:
confissão ficta e, em princípio, a inutilidade da prova testemunhal (art. 443, I,
segunda parte). A complementação da prova pericial talvez ainda seja útil.

Entendia-se relativa a ordem na coleta da prova oral prevista no art. 361, a


critério do juízo, mas a regra atual exige a concordância das partes. O
requisito da anuência das partes, ou seja, de todas as partes principais,
auxiliar(es) e coadjuvante, afigura-se muito pouco razoável. O deslocamento
do perito, dos assistentes técnicos e das testemunhas à sede do juízo implica
gasto de tempo e de dinheiro. E, na cisão (v.g., o depoimento da testemunha
C, arrolada pelo réu, antes da audição das testemunhas A e B, arroladas pelo
autor) da instrução, eventualmente inexistirá prejuízo. É ainda mais
extravagante o art. 365, caput, segunda parte, numa lei que concedeu ao juiz
o poder de alterar a ordem de produção dos meios de prova (art. 139, VI), a
revelar constituir o NCPC de partes autônomas de difícil harmonização entre
si. Resta aguardar a aplicação dessa regra na vigência do NCPC,
ressaltando-se a ausência de impugnação autônoma do ato através de agravo
de instrumento (art. 1.015).

Fatos outros, que não o adiantado da hora, fazem o órgão judiciário


levantar a sessão, de força maior individual ou transindividual,40 ou não, a
saber: (a) a indisposição do juiz ou dos advogados; (b) tumultos no foro ou
nas suas proximidades.41

Essa enumeração salva, em parte, a expressa disposição do art. 365,


quanto à impossibilidade concluir, num só dia, debate e ao julgamento. São
atividades indivisíveis, por sua natureza, mas eventos há que as interrompem
(v.g., o mal súbito e incapacitante do juiz ou do advogado). Nesses casos, o
remédio consiste na renovação do debate ou do julgamento, e, não, o simples
prosseguimento, subentendida a retomada a partir do ponto em que se parou.

Em qualquer hipótese, o art. 365, parágrafo único, determina ao juiz


designar “a data mais próxima possível”, em pauta preferencial, para
prosseguimento. Cabe ao juiz organizar a pauta de modo a atender essa
contingência. A designação da audiência constitui ato pessoal e intransferível
do magistrado. É desejável que tenha em mente, na marcação da data inicial,
o volume das atividades de cada audiência e os imprevistos, razão por que,
deferida a prova pericial, o art. 357, § 8.º, o juiz organizará calendário para as
atividades previsíveis nesse meio de prova. O juiz atento à boa ordem do
serviço sempre disporá de tempo para cumprir a determinação legal.

2.063.5. Consequências da suspensão dos trabalhos – Determinada a


continuação em outra data, mas já iniciada a instrução, o perito, os
assistentes e as testemunhas que se retiraram, após a respectiva inquirição,
fiquem dispensadas, implicitamente, de comparecer ao prosseguimento. Se
houver acareação (art. 461, II), proceder-se-á nova intimação do depoente
contraditado.
Tampouco as partes que já prestaram o depoimento pessoal necessitam
comparecer ao prosseguimento.

2.063.6. Regime da invalidade da audiência – O princípio da unidade da


audiência interfere com o regime da invalidade dos atos processuais.

A despeito de se tratar de fase do processo, em que se conjugam quatro


atividades diferentes – conciliação, instrução, debate e julgamento –, a
invalidade dos atos individualmente praticados (v.g., a inquirição da
testemunha A), e até a preterição da etapa da conciliação, pode ser isolada,
renovando-se ou realizando-se apenas esta, se o juiz ainda não julgou, sem
prejuízo do conjunto. Assim, a invalidação do julgamento não prejudica os
atos anteriores, o que é natural e já era defendido na vigência do primeiro
código unitário,42 mas igualmente os atos posteriores.

Existindo, porém, causa para invalidar a primeira sessão (v.g., falta ou


vício na intimação dos advogados), irremediavelmente afetadas estarão todas
as demais.43

2.064. Princípio da concentração da audiência

O sistema da oralidade propugna a realização conjunta das três atividades


arroladas no art. 365, parágrafo único – instrução, debate e julgamento –
como condição de eficácia da imediação (retro, 1.357).

Essa proposição se mostra supérflua num aspecto: o juiz preside a


produção da prova oral, presumindo-se a retenção em sua memória das
impressões provocadas pela inquirição (v.g., a fisionomia e a expressão
corporal da testemunha no momento da resposta). Incluí-la na órbita da
concentração revela-se desnecessário.

Segue-se à instrução, todavia, arremedo de debate oral. Na melhor das


hipóteses, os advogados das partes reportam-se às alegações escritas
anteriormente articuladas,44 sem confrontá-las com o resultado da prova. O
debate oral é tão superficial e inútil que o dispensou o procedimento perante o
Juizado Especial (art. 28 da Lei 9.099/1995), razão bastante para, em nome
da oralidade – fórmula que, qual buraco negro, atrai opiniões discrepantes –,
sustentar que “em hipótese algumahá de permitir-se o oferecimento de
alegações finais, por escrito ou verbalmente (repita-se, essa fase foi suprimida
do sistema) e, muito menos, em forma de memoriais”.45 O dispositivo da Lei
9.099/1995 apanhou muito bem a realidade. Dela extraiu a consequência
adequada. Em vez das palavras protocolares e vazias, ou, no pior termo de
alternativa, da antiquada retórica forense, nenhuma palavra precisa ser dita
no fecho da audiência.

Raramente juiz proferirá a sentença desde logo. O art. 271, parágrafo


único, do CPC de 1939 já divisara essa contingência, autorizando o juiz a
sentenciar em dez dias, hipótese reproduzida no art. 456, in fine, do CPC de
1973, prazo ampliado para trinta dias no art. 366 do NCPC, mas sujeito às
contingências da ordem cronológica erigida no art. 12, cujo § 2.º, só ressalva
a sentença proferida incontinenti. Assinalava-se, ao tempo do CPC de 1939, o
seguinte: “infelizmente, ainda são muito numerosos entre nós os juízes que
transformam em regra a faculdade excepcional que a lei lhes conferiu,
abstendo-se sistematicamente de proferir a decisão logo depois de
encerrados os debates, mesmo nos casos em que nenhuma complexidade
apresente as questões de fato e as de direito”.46 O quadro não se modificou
posteriormente. As prescrições em contrário (v.g., arts. 28 e 40 da Lei
9.099/1995) não abalam a prática recorrente.

A separação do julgamento da instrução e do debate baseia-se em


múltiplos fatores, a mais das vezes o excesso de serviço – o juiz encerra a
audiência, abruptamente, porque lhe aguardam medidas de urgência para
despachar.

Em síntese, o princípio da concentração das atividades da audiência


representa ideal ainda inalcançado na realidade.

2.065. Princípio da imediação na audiência

Segundo o princípio da imediação (retro, 1.357), o bom julgamento exige o


contato pessoal e direto do juiz com as partes, testemunhas, peritos e
assistentes, além dos advogados da causa. A esse princípio aludia o art. 446,
II, do CPC de 1973, mandando o juiz proceder direta e pessoalmente à
“colheita da prova”.47 Desapareceu a regra expressa no NCPC, porque os
advogados se encarregarão, doravante, da inquirição das testemunhas, em
exame cruzado (art. 459, caput), sem sopesar o real alcance do dispositivo.
Bastava abrir a devida exceção.

A imediação compreende duas modalidades: (a) a imediação subjetiva, ou


formal (retro, 1.357.1), efetivada no contato pessoal e imediato do juiz com os
meios de prova; e (b) a imediação objetiva, ou material, na qual o juiz
aproxima-se da fonte da prova (retro, 1.357.2).48

O objetivo da imediação consiste em provocar no espírito do juiz


convicção derivada dos próprios sentidos – o juiz vê e ouve a fonte da prova.
Diminuindo o número de transmissões de conhecimento, eliminando os
intermediários – argumento contra o testemunho de ouvir dizer, ou ex auditu,
todavia admissível (retro, 1.957.1) –,49 também diminui o grau de falsificação
involuntária. Mas, há flagrante dificuldade em cumprir a meta, quebrando-se a
imediação e, de modo mais grave, infringindo o direito fundamental
processual ao juiz natural, mediante regimes de exceção, que convocam
juízes especialmente para julgar determinadas causas, instituídos na
suposição que sentença ruim é melhor que sentença nenhuma.

A imediação tem por complemento óbvio e natural a identidade física do


juiz (infra, 2.066). Nada adiantaria o juiz A colher a prova e o juiz B, que nada
ouviu e viu, julgar a causa. Ora, o princípio da identidade física simplesmente
não mais vigora no direito pátrio.

Por decorrência da imediação, ou seja, do contato pessoal do juiz com os


demais participantes da audiência, unicamente à pessoa investida na função
judicante compete dirigir os trabalhos. Nenhuma outra pessoa (v.g., o
assessor) tem o direito de fazê-lo. Os órgãos correcionais da magistratura
precisam ser inflexíveis a esse respeito, mas sem intuitos persecutórios ou
punitivos. Em outros ordenamentos, a designação de várias audiências para o
mesmo dia, sobrepondo-se o início da seguinte com o desenvolvimento da
anterior, serviu de pretexto para delegar a auxiliares do juízo o ato de colheita
da prova.50 Por mais farisaica que seja a oralidade, tudo tem limite e a
delegação dos atos próprios do ofício é o ponto mais baixo a que chega o
delegante.

2.066. Princípio da identidade física do juiz

A pessoa investida no órgão judiciário movimenta-se, em razão do vínculo


estatutário especial mantido com o Estado-membro e a União, voluntária (v.g.,
remoção para outro órgão; promoção na carreira) ou forçadamente (v.g.,
aposentadoria compulsória; disponibilidade decretada em processo
administrativo como pena; afastamento por doença). Essas movimentações
mostram-se inelutáveis e naturais, mas ameaçam os benefícios da imediação.
O juiz que colheu pessoal e diretamente a prova e presidiu os debates
eventualmente não julgará a causa. O espírito do julgador não guardará
lembrança dos depoimentos, as impressões deixadas pelo tom categórico ou
hesitante das respostas, as reações faciais e corporais do depoente. Daí a
regra: ao juiz que preside a instrução, e participa dos debates, competirá o
julgamento da causa.

O art. 120 do CPC de 1939 levou a extremos inconcebíveis o princípio da


identidade, determinando que o juiz aposentado, “salvo se o fundamento da
aposentadoria houver sido a absoluta incapacidade física ou moral para o
exercício do cargo”, também concluiria o julgamento, se houvesse iniciado a
instrução. Ora, o juiz aposentado, por qualquer motivo, perde jurisdição.51 E
quem não é mais juiz não pode julgar. Foi rigidamente obedecido na vigência
do diploma.52

Essa vinculação quase absoluta (só faltava vincular o juiz morto…) criava
problemas imensos àquele tempo, em que a divisão judiciária era
parcimoniosa, as comarcas abrangiam vastas áreas territoriais e as vias de
comunicação eram poucas e precários os meios de transporte. Depoimento
dos mais contundentes, examinando o caso mais banal da promoção ou
remoção para outra comarca, esclarece que, “impossibilitado de concluir a
instrução dos processos antes de mudar residência, ou o magistrado
postergava os processos recebidos na nova comarca e se locomovia,
repetidas vezes, à sua anterior circunscrição judiciária, ou, mais
frequentemente, e por variados motivos, preocupava-se o juiz
preferencialmente com seus misteres na nova comarca, procrastinando por
longo tempo a solução dos feitos aos quais ficara vinculado na comarca de
origem”.53 E acrescente-se: ou os advogados da antiga comarca visitavam o
juiz vinculado, buscando persuadi-lo a encerrar a instrução e proferir o
julgamento, promovendo autêntica romaria periódica, ou convenciam o novo
magistrado a “aceitar” a causa. O princípio da identidade transformara-se,
sem qualquer vantagem prática, no pior tormento das partes.

Em consequência, o autor do anteprojeto de que resultou o CPC de 1973,


acadêmico de escol e advogado limitante, atento aos problemas do foro,
limitou o princípio da identidade física do juiz, criando exceções flexíveis. Mas,
a flexibilidade bem intencionada, e não isenta de equilíbrio, decretou a
extinção do princípio.
À diferença do art. 120 do CPC de 1939, que estabelecia o vínculo do juiz
ao início da instrução, e da sua própria redação originária, que obrigava o juiz
titular ou substituto, que iniciar a audiência, a concluir a instrução e julgar a
lide,54 o art. 132 do CPC de 1973 vinculava o juiz “que concluir a audiência”.
Entendia-se por tal o juiz “que tomar um derradeiro depoimento, ainda que a
maior parte da prova oral haja sido prestada em etapas anteriores perante
outro magistrado”.55 O fato de outro juiz instruir a causa, mas quem encerrar a
coleta da prova – não formalmente (v.g., a testemunha faltante não
compareceu, desistindo a parte do depoimento), mas praticando atividade
própria da imediação –,56 devesse julgá-la, relativizava o princípio, subsistente
como acanhado preito ao caduco sistema da oralidade.

Ao fixar o vínculo no término da instrução, o art. 132 pré-excluía a


vinculação do magistrado nas seguintes hipóteses: (a) produção antecipada
da prova; (b) produção da prova por carta precatória ou rogatória;57 (c)
realização das etapas da tentativa de conciliação e debates. E, nada obstante
houvesse vinculação, a movimentação no órgão judiciário abria-lhe exceções.

O art. 132 arrolava eventos, respeitantes ao vínculo administrativo do juiz


na carreira própria, e que excepcionavam a vinculação do juiz, a despeito de
presentes os requisitos há pouco analisados: (a) convocação; (b) licença; (c)
afastamento por qualquer motivo; (d) promoção; (e) aposentadoria.

O vínculo estatutário extingue-se em decorrência da morte da pessoa


natural. Fato natural e inelutável que a lei anterior omitida, porque
desnecessária qualquer previsão a seu respeito.

À primeira vista, os eventos relacionados se ostentavam heterogêneos e,


de regra reversíveis. Ressalva feita à aposentadoria compulsória aos setenta
anos de idade, nada obsta que o juiz convocado, licenciado (v.g., licença para
tratamento de saúde; licença para curso de aperfeiçoamento) e afastado, por
qualquer motivo (v.g., posto em disponibilidade), retorne ao órgão judiciário,
reassumindo a vinculação. Embora raramente aconteça, o juiz promovido
pode pleitear e obter reversão à origem (v.g., promovido para a entrância final,
mas arrimo de família numerosa, os subsídios não lhe permitiram satisfazer o
custo de vida da metrópole) e o juiz aposentado voluntariamente, rejeitando o
Tribunal de Contas registro ao ato, porque inválido (v.g., erro na contagem do
tempo de contribuição), retornar ao pleno exercício das suas funções.

O art. 132, caput, parte final, prevendo a remessa dos autos ao substituto
legal, não curava da hipótese de reversão do estado de fato. Por um lado, a
sentença proferida, nesse interregno, afigurava-se válida; de outro, não tendo
a causa sido julgada, restaurava-se a vinculação, que é a regra.

Determinados eventos extintivos do vínculo mostram-se de fácil


compreensão: a aposentadoria retira jurisdição do juiz; a promoção vertical
(do primeiro grau para o tribunal) e a horizontal (de uma entrância para outra)
tornam o juiz promovido funcionalmente incompetente para julgar a causa.58 É
similar a convocação do juiz. Em duas situações se concebe a convocação do
juiz de primeiro grau: (a) substituição no tribunal (art. 118 da LC 35/1979); (b)
exercício de funções administrativas. Exemplo dessas últimas é a de
assessoria do Presidente do tribunal ad quem e a de juiz auxiliar do órgão
correcional interno.59 A convocação institui incompatibilidade funcional,
expressa na fórmula corriqueira de o juiz encontrar-se “fora” da jurisdição.

Licencia-se o juiz nos casos do art. 69, I a III, da LC 35/1979: (a) para
tratamento de saúde, caso em que, salvo contraindicação médica, o
magistrado poderá julgar (art. 71, § 2.º, da LC 35/1979); (b) por motivo do
doença em pessoa da família, entendida no mais largo sentido; (c) para
repouso da gestante. A enumeração é incompleta: o magistrado tem o direito
constitucional à licença-paternidade (art. 7.º, XIX, c/c art. 39, § 3.º, da
CF/1988). E, na rubrica dos afastamentos, inserem-se tanto as penas
administrativas da remoção compulsória e da disponibilidade (art. 42 da LC
35/1979), quanto a licença gala (inciso I) e licença nojo (inciso II), por oito
dias, previstas no art. 72 da LC 35/1979, e as licenças para cursos de
aperfeiçoamento (v.g., mestrado ou doutorado), por até dois anos (inciso I),
para jurisdição eleitoral exclusiva, por tempo variável (inciso II) e para exercer
presidência da associação de classe (inciso III), segundo o art. 73 da LC
35/1979, cujo prazo, geralmente, é de dois anos. Logo se percebe que, em
determinados casos, o afastamento não eliminava a vinculação, porque
ocorrerá por tempo determinado (v.g., a licença gala de oito dias).

O art. 132 do CPC de 1973 não contemplava a hipótese de remoção –


impropriamente chamada de “transferência” na redação originária do
dispositivo – do juiz de uma vara para outra na mesma comarca. Cuida-se,
aparentemente, de omissão proposital. A jurisprudência do STJ tendia a
reconhecer a remoção motivo bastante para desvincular o juiz.60 Ora, causava
compreensíveis ressentimentos o juiz que, após cumular processos e mais
processos conclusos, valia-se da antiguidade – legítimo apanágio da carreira
– e removia-se para vara recentemente criada ou desocupada por juiz
operoso promovido para o tribunal. Percebeu-o precedente do STJ, por sinal
relatado por arguto magistrado de carreira, que assentou: “Encontrando-se já
encerrada a instrução do feito, a simples remoção do juiz que a tenha
conduzido e concluído, máxime se realizada para outra vara da mesma
comarca, não faz cessar a sua vinculação, incumbindo-lhe proferir
sentença”.61 Firmou-se a jurisprudência do STJ, posteriormente, no sentido
que o afastamento, “por qualquer motivo”, abrangia a remoção para outra
vara.62 Por igual, havendo permuta dos juízes, trocando de ofícios.63 E até
mesmo o afastamento transitório, por motivo de férias do titular, habilita o
sucessor de tabela a julgar a causa.64

O princípio da identidade física do juiz sucumbiu completamente,


restringindo à hipótese em que o juiz que concluiu a instrução permanecesse
na mesma vara e em pleno exercício, nada obstante o simultâneo exercício,
no mesmo ofício, de outro juiz, chamado de “auxiliar”, “cooperador” ou
“substituto”, à admissão dos chamados regimes de “exceção”.65 A designação
de juiz específico para julgar um grupo de causas, discriminadas pelo número
final par ou ímpar, ou pela data da conclusão, prestaria contribuição ao
“rápido deslinde dos processos”.66 Convém acrescentar que também contribui
para manipulações escassamente republicanas: a fim de propiciar ao
juiz A julgar a causa x, em vez do juiz B, aquele recebe os processos
de a até z.

Era melhor suprimir, senão o direito fundamental processual ao juiz


natural, porque cláusula pétrea da CF/1988, o princípio da identidade física. E
admitir francamente que o sistema da oralidade jamais rendeu frutos, a
imediação não assume maior relevo para os bons julgamentos e o regime de
“exceção” é o que é realmente: juízo de exceção, ad hoc, instituído para o
bem ou para o mal.

Nesse sentido, afinal, inclinou-se o NCPC. Enterrou o princípio da


identidade física do juiz discretamente, dispensadas exéquias oficiais.

§ 426.º Etapa da preparação da audiência

2.067. Cabimento da audiência

Na construção do rito comum, segundo o itinerário traçado no NCPC, a


audiência de instrução e julgamento antecede o Capítulo XII – Das Provas –,
enquanto no rito ordinário do CPC de 1973 este Capítulo a antecedia o da
audiência na arquitetura legislativa. É um problema de política legislativa. Ao
nosso ver, impende arrolar os meios de prova, especialmente a técnica de
produção, antes da solenidade em que produzir-se-ão, no todo ou em parte,
cada prova. Por isso, a exposição nesta obra adotou arranjo diferente.

Seja como for, no procedimento comum a audiência de instrução e


julgamento constitui simples eventualidade. Não é fase obrigatória. A
designação da audiência subordina-se à verificação de certos pressupostos
negativos e positivos.

Finda a fase postulatória, o juiz verificará a ocorrência das hipóteses que


lhe autorizam a precipitar o desfecho do processo sem ingressar na etapa de
instrução. Determinadas causas de emissão de sentença terminativa ou
definitiva funcionam como pressupostos negativos da realização da audiência
de instrução.

O juiz prescinde da audiência para julgar nos seguintes casos: (a) o


julgamento conforme o estado do processo (art. 354), subdividido em duas
possibilidades alternativas: (aa) emissão de sentença terminativa, porque
inadmissível a pretensão processual (art. 485); (ab) emissão de sentença
definitiva, nos casos de reconhecimento do pedido; transação; pronúncia da
prescrição e da decadência, respeitado, a esse propósito, debate prévio (art.
487, parágrafo único); e renúncia, hipóteses contempladas no art. 485, II e III;
(b) o julgamento antecipado do mérito, porque (ba) a causa dispensa outras
provas, ou seja, encontra-se madura (art. 355, I); ou (bb) ocorreu revelia
acompanhada da presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor (art.
355, II). Possibilidade intermediária é a emissão de sentença parcial de mérito
(art. 356), passível de agravo de instrumento (art. 354, parágrafo único).

Rigorosamente, a pronúncia da prescrição e da decadência (art. 487, II)


constitui subespécie do julgamento antecipado previsto no art. 355, I;
entretanto, razões de oportunidade destacaram a resolução dessa questão
prévia de mérito (retro, 1.645) do seu âmbito natural, restringindo o
julgamento do mérito ao acolhimento ou à rejeição do pedido formulado na
ação e na reconvenção (art. 487, I). O arranjo é meramente formal. O juiz
rejeitará o pedido formulado pelo autor, no todo ou em parte, ao pronunciar a
prescrição e a decadência.
Configurada uma dessas variantes, ficará pré-excluída a audiência de
instrução, inteiramente supérflua: o juiz proferirá sentença terminativa ou
definitiva, conforme o caso, independentemente de audiência específica para
essa finalidade.

Prosseguindo o processo para certificar a veracidade das alegações de


fato controvertidas, não dirimidas pelas provas já produzidas (v.g., art. 472),
cumpre ao juiz, na decisão de saneamento e de organização do processo,
após suprir os vícios (art. 139, IX, c/c art. 352) e resolver as questões
processuais pendentes (art. 357, I), inicialmente fixar os pontos objeto de
controvérsia. O juiz indicará quais são as alegações de fato controvertidas –
por exceção, alegações de direito (retro, 1.350) –, passíveis de instrução (art.
357, II). Em seguida, ordenará a produção de prova, ex officio, ou deferirá os
meios adequados para dirimir as questões de fato, distribuindo o ônus da
prova (art. 357, III) e fixando, ainda, as questões de direito relevantes,
orientando o futuro debate das partes (art. 357, IV). Por fim, designará a
audiência de instrução e julgamento (art. 357, V).

Em suma: a audiência de instrução e julgamento ficou reservada, a


exemplo do direito anterior, “para os casos em que, de um lado, não parece
haver empecilho à apreciação do mérito e, de outro, ainda não se reuniram
todos os subsídios de que o órgão entende precisar para a formação de seu
convencimento”.67 Se não é papel mofino, tampouco se afigura brilhante e
decisivo no rito comum.

Mas, de um modo geral, saneado o processo, na audiência preliminar (art.


357, § 3.º) ou na decisão proferida em gabinete, o juiz não designa
imediatamente a audiência. Em vez disso, não tendo designado audiência
preliminar, antes de prover na forma do art. 357, ordena que as partes
indiquem as provas com as quais pretendem certificar a veracidade das
alegações de fato controvertidas. Explicou-se anteriormente a origem e a
finalidade dessa providência (retro, 1.332), enfraquecendo a finalidade da
especificação na petição inicial e na defesa. É a fase da proposição da prova
propriamente dita. Feita a proposição dos meios de prova, reiterando a
especificação ou permanecendo as partes inertes – a passividade jamais
implicará renúncia tácita às provas especificadas –, o juiz fixará o tema da
prova (art. 357, II) e, ato contínuo, decidirá acerca da respectiva
admissibilidade (v.g., o autor que já produziu começo de prova por escrito
pretende provar a existência do contrato através de testemunhas, a teor do
art. 444, ou seja, emitirá juízo positivo em relação à pertinência do meio
proposto relativamente à alegação de fato controvertida, e, então, conforme o
meio de prova deferido ou determinado, ex officio, designará a audiência.

Essa designação se afigura imprescindível – pressupostos positivos – para


três finalidades: (a) colher o depoimento pessoal das partes; (b) produzir a
prova testemunhal; (c) inquirição dos peritos e assistentes, para os efeitos do
art. 477, § 3.º.

Da ordem preestabelecida da atividade de instrução (art. 361), infere-se


que também se mostraria necessária audiência quando o juiz houver
ordenado a apresentação de laudo na prova pericial ou no caso de audição de
especialista (art. 464, § 3.º). Deferida que seja somente a prova pericial, o juiz
abstém-se da designação de audiência – ao menos, nessa oportunidade. O
ato de prudência esconjura a possível inutilidade da audiência,
sobrecarregando a pauta, no caso de o perito (a) não entregar o laudo na data
fixada, a teor do art. 465, caput, requerendo ou não prorrogação (art. 476); ou
(b) as partes não reclamarem, tempestivamente, esclarecimentos do perito e
dos assistentes em audiência (art. 477, § 3.º).

Produzida unicamente a prova pericial, e dando-se as partes satisfeitas


com o laudo e os pareceres, sem pleitearem os esclarecimentos do art. 477, §
3.º, era (e é) prescindível a audiência, conforme proclamou o STJ: “Produzida
a prova e encerrada a instrução e não havendo necessidade de
esclarecimentos do perito, não caracteriza cerceamento de defesa o
julgamento antecipado” – rectius: independentemente de audiência, porque a
hipótese discrepa dos pressupostos do julgamentoper saltum do pedido –,
“porque a realização da audiência de julgamento seria uma inutilidade”.68 Em
sua encantadora franqueza, o precedente demonstra que o debate oral (infra,
2.087) não integra o devido processo: no rito comum, predomina o princípio
da escritura (retro, 104.1) e, quanto menor o contato do juiz com as partes e
seus advogados, maior a economia de atividades processuais.

Na verdade, razão mais profunda e intuitiva evita a designação da


audiência, desde logo, deferida a prova pericial. É difícil medir corretamente o
interregno entre a data fixada para a entrega do laudo e a data possível para
realizar a audiência, embora o art. 357, § 8.º, na tentativa de conjurar a
hipótese, contemple a fixação de calendário para essa finalidade, marcando a
data da audiência com a devida flexibilidade. Esse empecilho não se revela
decisivo: de toda sorte, as datas disponíveis na pauta do juiz situam-se bem
no futuro. O que importa é a possibilidade de substituir os esclarecimentos
orais por esclarecimentos escritos do perito e dos assistentes, evitando, a
todo custo, a designação de audiência. A atitude revela imensa e
generalizada ojeriza à audiência de instrução e julgamento. O ato mostra-se
assaz penoso para partes e juízo. Não representa o momento culminante do
rito comum, posição que lhe reservava o primeiro estatuto
unitário,69 propiciando o contato do juiz com a prova – objetivo primário do
princípio da imediação –, o debate oral dos advogados e, enfim, o julgamento
da causa.

É algo equívoco dizer-se que o juiz designará audiência de instrução e


julgando quando houver necessidade de produzir-se prova “oral”.70 O epíteto
de uso corrente calha bem à inquirição das partes e das testemunhas, mas
não se mostra tão próprio no caso de a audiência restringir-se (por mais raro
que seja) à inquirição do especialista na forma art. 464, § 3.º. Ao menos os
esclarecimentos do entendido, em qualquer hipótese, integram a prova
pericial. Soaria melhor em aludir à prova constituenda.

2.068. Designação da audiência

A designação da audiência de instrução e julgamento constitui ato


privativo do juiz. Esse é o primeiro aspecto a ser destacado.

2.068.1. Competência na designação da audiência – Compete unicamente


ao juiz designar a audiência. É ilícita a delegação do ato ao escrivão ou chefe
de secretaria.71 Tampouco o ato incumbe ao invisível e onipresente assessor.
Somente o juiz, exercendo a função judicante, deliberará acerca das
hipóteses de cabimento da audiência de instrução (retro, 2.049). Não se
cuida, absolutamente, de ato mero impulso, porque, em casos tais, a rigor, há
desnecessidade de provisão judicial e este não é o caso da audiência,
exigindo a perquirição dos seus pressupostos.

A designação da audiência pelo escrivão ou chefe de secretaria, ou pelo


assessor do juiz, em nome próprio, mostrar-se-á nula, haja vista a flagrante e
insuperável incapacidade do agente. A decretação dessa invalidade
reclamará a superação das barreiras à invalidação (retro, 1.262): o ato
necessitará não ter atingido a finalidade e provocar prejuízo concreto (v.g., o
advogado da parte não acudiu à intimação). Assim, realizada a audiência no
dia e hora aprazados pelo escrivão ou assessor, sem outros percalços,
convolar-se-á o ato viciado.

2.068.2. Natureza da designação da audiência – O ato de designação da


audiência representa despacho, tout court, ou despacho de mero expediente
no direito anterior.72 Não comporta recurso de agravo de instrumento.73 E o
motivo da irrecorribilidade, sobrelevando-se à natureza formal do ato
decisório, decorre de circunstância substancial. Os fatores que conduzem o
juiz a escolher determinado dia e hora não se mostram passíveis de
revisão ex jure. E, por outro lado, o juiz não expõe os motivos que o levam a
entender configurados os pressupostos positivos e negativos de cabimento da
audiência de instrução. Ora, das omissões do juiz jamais coube agravo.
Figurando a designação no contexto maior da decisão de saneamento (v.g.,
simultaneamente, o juiz declarou supridos os vícios, resolvendo, ou não, as
questões processuais pendentes, de modo a permitir o prosseguimento do
processo), a irrecorribilidade da parte que respeita à designação da audiência
persistirá, pois só a distribuição do ônus da prova comporta impugnação
desde logo (art. 1.015, XI).

Todavia, acontecem erros materiais quanto à data ou o horário da


audiência. Por lapso, o juiz fixa a audiência em dia inábil à prática dos atos
processuais (v.g., no dia de feriado municipal) e em hora fora do expediente
forense, ou, simplesmente, omite a hora da solenidade. Concebe-se que o
juiz, inadvertidamente, designe duas audiências, em dias e horários distintos,
no mesmo processo, Esses equívocos corrigem-se, ex officio, ou a
requerimento do interessado – das partes e dos demais participantes da
audiência. Em princípio, não caberiam embargos de declaração pelo mesmo
motivo que o ato não rende agravo. No entanto, razões práticas
recomendavam temperamento nessa interpretação, pois os despachos, em
geral, são suscetíveis à existência dos vícios típicos, e, agora, o art. 1.022, III,
prevê a correção de erros materiais. Logo, os embargos de declaração
constituem meio idôneo à correção desses defeitos. Em temos mais flexíveis,
embora a lei declarasse os despachos irrecorríveis, no direito anterior
identificava-se “ressalva implícita no concernente aos embargos de
declaração”.74

Dificilmente se concebe que, instado a se manifestar sobre tais aspectos,


mas que tornam a designação ilegal, por meio de embargos de declaração, ou
não, o juiz não os corrija prontamente. Persistindo o vício, a fim de preservar a
inteireza do sistema recursal, restará ao interessado lançar mão do
sucedâneo recursal da reclamação, ou correição parcial, instituído justamente
para coibir “inversão tumultuária dos atos e fórmulas legais” (v.g., art.
195, caput, do COJE/RS, Lei 7.356-RS, de 1.º.02.1980). O STJ admitiu
prestar-se a reclamação para combater omissões e despachos irrecorríveis,
exemplificando: “se o juiz não decide determinado incidente, designa várias
audiências, marca inúmeras purgas da mora etc.”.75 A similitude com as
hipóteses aqui cogitadas mostra-se flagrante.

Por identidade de motivos, cabe correição parcial contra a inconcebível


designação da audiência pelo escrivão, chefe de secretaria ou assessor que,
recebendo ou não delegação formal da autoridade judiciária, marcou dia e
hora para audiência, datando e assinando o ato como próprio. Os atos dos
auxiliares do juízo não comportam os recursos do art. 994. A reclamação ou
correição parcial constitui o único remédio admissível.

2.068.3. Escolha da data e horário da audiência – O juiz escolherá


livremente o dia e a hora da audiência. Levará o juiz em consideração, de
saída, o estado do processo e outras circunstâncias (v.g., o calendário do art.
357, § 8.º). Relativamente ao processo, avultam a (a) necessidade de
produzir-se prova fora da terra, mediante a expedição de carta precatória com
efeito suspensivo (art. 377 c/c art. 313, V, b); a (b) data fixada para entrega do
laudo pericial (art. 465, caput); (c) o prazo para depositar o rol de testemunhas
(art. 357, § 4.º), bem como a limitação, ope judicis, do respectivo número (art.
357, § 7.º).

Em relação à carta, em que há prazo para cumprimento, o juiz determinará


nada menos que a suspensão do processo até o prazo máximo de um ano, a
teor do art. 313, § 4.º. A suspensão impede a própria designação da
audiência. Findo tal interregno, a despeito de constituir requisito da expedição
da carta com efeito suspensivo a natureza “imprescindível”, o juiz determinará
o prosseguimento do processo, e, então, designará a audiência de instrução.
Conforme se assinalou no item próprio (retro, 495.2), a lei não resolve o
mistério, ou seja, como o juiz impulsionará o feito sem a prova
“imprescindível” ao esclarecimento da veracidade das alegações de fato. Fica
subentendido que julgará da melhor forma possível.

Não se mostram menores as dificuldades perante a produção de prova


pericial. Ao deferir a perícia, o juiz fixa prazo para apresentação do laudo (art.
465, caput), de resto prorrogável, por uma vez, mas por metade, em virtude
de “motivo justificável” (art. 376). O perito entregará o laudo pelo menos vinte
dias antes da audiência (art. 477, caput, parte final). Logo, implicitamente, o
juiz fixará data para audiência após esse prazo. Mas, como o prazo para os
assistentes apresentarem seus pareceres técnicos findará quinze dias após a
intimação das partes da entrega do laudo, a teor do art. 477, § 1.º, na mesma
data da manifestação das partes a respeito do laudo, a estrita observância do
contraditório exigiria que sejam ouvidas, mais uma vez, sobre os pareceres. É
direito de a contraparte pedir esclarecimentos do assistente do adversário (art.
477, § 3.º). Por óbvio, não poderá fazê-lo sem conhecer e criticar o teor do
parecer, problema que aglutinação da impugnação e da juntada do parecer,
no mesmo prazo, não resolveu a contento. Requerendo as partes
esclarecimentos em audiência, perito e assistentes obrigam-se a comparecer
quando intimados com a antecedência mínima de dez dias, segundo o art.
477, § 4.º. A soma desses prazos cumulados, aos quais soma-se o prazo de
quinze dias para esclarecimentos por escrito (art. 477, § 2.º), mais o tempo
necessário à realização do ato material de intimação das partes, do perito e
dos assistentes – estes, sendo o caso, para comparecerem na audiência –,
demonstra a flagrante insuficiência dos vinte dias acenados pelo art.
477, caput, parte final. A conta não fecha. E o programa de atividades prévio
(art. 357, § 8.º) tampouco resolverá o problema, abstraído o fato de não se
conjugar com o prazo mínimo de antecedência de vinte dias, a revelar, outra
vez, a composição fracionada do NCPC em partes dificilmente conciliáveis. A
única solução concebível consiste na postergação da designação da
audiência de instrução e julgamento.

Foi mais feliz o art. 357, § 4.º, no tocante à apresentação do rol de


testemunhas, senão apresentada na audiência preliminar (art. 357, § 5.º). O
prazo de quinze dias antecederá em muito tempo a data da audiência. Em
princípio, haverá o interregno necessário para quaisquer providências
suplementares (v.g., a intimação pelo juiz da testemunha, a teor do art. 455, §
4.º, I, frustrada a intimação pelo advogado, prevista no art. 455, § 1.º). Seja
como for, o tempo necessário à intimação das testemunhas deve ser
considerado na designação.

Por fim, o movimento forense no juízo dilata a pauta do juiz. Não se trata
de apanágio brasileiro. O incensado processo norte-americano convive com
idêntico problema, afetando cortes em vários Estados-membros com o
“serious backlogs” de quatro ou cinco anos!76 Felizmente, no procedimento
comum, a audiência dita “principal” – a preliminar é preterida pelo saneamento
escrito – assumiu caráter eventual. Ocorre em hipóteses específicas,
interpretadas restritivamente, havendo autêntica apatia para promover esse
encontro salutar e produtivo entre juiz, advogados, partes e a prova. O
número de feitos compensa, entretanto, a precipitação do procedimento em
outros tantos através do julgamento per saltum. Assim, as pautas
permanecem sobrecarregadas. E, por força da apreciação das medidas de
urgência, ocupando o juiz, poucas audiências realizam-se no mesmo dia,
respeitado o espaçamento no horário que a atividade em cada solenidade
exige para evitar atrasos na subsequente – uma hora, segundo a irrealista
previsão do art. 357, § 9.º. Razões que, cumulando-se em certo processo,
atrasam a designação da audiência para data longínqua.

A par dessas razões, há outra não menos decisiva: a sala de audiências.


Compartilhando o juiz esse recinto específico com outro juízo, ou com outro
juiz do mesmo ofício judicial, em sistema de rodízio de turnos, ou não, ainda
impõe-se que a sala esteja disponível e que o assessor realize, no sistema de
informática, a reserva.

2.068.4. Registro da data e do horário da audiência – Recebendo o


processo com a audiência de instrução designada pelo juiz, o escrivão ou
chefe de secretaria lançará os dados do despacho no livro próprio, chamado
de livro pauta. Nos ofícios judiciais bem organizados, era livro físico
encadernado, com maior ou menor esmero, hoje substituído por arquivo
eletrônico.

Em todo juízo há livro para o registro da pauta do juiz, físico ou eletrônico,


de regra livro obrigatório segundo a lei de organização judiciária, cuja
escrituração divide-se em colunas, indicando: (a) data; (b) horário; (c)
identificação do processo; (d) natureza do processo; (e) nome do juiz; (f)
previsão das atividades (v.g., oitiva das partes e de oito testemunhas); e (g)
resultado. O escrivão ou chefe de secretaria preenche esse último dado após
a realização da audiência.

A título de cautela, o assessor do juiz também anota os dados básicos


numa prosaica agenda escrita, a fim de programar as atividades do dia
seguinte, recordando ao magistrado a hora dos seus compromissos.

2.069. Tempo da audiência

Declarava o art. 263 do CPC de 1939 que a audiência de instrução e


julgamento realizar-se-ia “nos dias úteis, entre dez (10) e dezoito (18) horas”.
O segundo estatuto unitário absteve-se de disposição similar. A lei tornou
menos rígido, sem maiores vantagens para as partes, o horário das
audiências. Entendeu bastante a regra geral do art. 212, caput: a audiência
realizar-se-á em dias úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte horas).

A designação do dia e do horário da audiência integra o poder de agenda


do juiz. Os advogados não têm controle acerca desse aspecto e devem
acomodar-se à vontade do juiz. Não podem reclamar, por exemplo, de
interregno mais do que uma hora, previsto no art. 357, § 9.º, porque
notoriamente insuficiente conforme as atividades programadas na audiência
antecedente. No entanto, em caso de prosseguimento em outro dia, por
incidência do art. 365, parágrafo único, o juiz equilibrado consulta os
advogados e atende às suas preferências, desde que, evidentemente,
razoáveis.

2.069.1. Dia da audiência – É útil o dia em que se trabalha na sede do


juízo (retro, 1.135). Em geral, de segunda a sexta-feira. O sábado é dia útil,
mas feriado forense (art. 216), e, portanto, não é dia hábil à realização da
audiência. O costume concentra as audiências de terça a quinta-feira. A lei de
organização judiciária determina as audiências “realizar-se-ão em todos os
dias do expediente, sempre que o exigir o serviço, sem outra interrupção que
a resultante das férias forenses” (art. 174, caput, do COJE/RS).

Da interpretação conjunta dos arts. 212, caput, e § 1.º. infere-se que não
se admite, em tese, a realização de audiência de instrução e julgamento em
dia que não seja útil (sábados, domingos e feriados) e fora do horário do
expediente forense. Tampouco se realizará a audiência nas férias forenses
(ou recesso), exceto nas causas arroladas no art. 214 (retro, 1.136). Embora a
audiência não seja mencionada especificamente no art. 212, § 2.º, em casos
de urgência, a exemplo do risco de morte da testemunha, por exceção o juiz
designará audiência, antecipando a produção da prova (art. 449, parágrafo
único).

A convicção religiosa de um dos participantes obrigatórios ou eventuais da


audiência, principalmente a da parte e do seu advogado, deve ser respeitada
pelo juiz obsequioso aos valores constitucionais. O respeito às minorias
religiosas constitui conquista da civilização e dos direitos do homem. O fato de
o sábado não ser dia útil para a prática dos atos processuais evita os
impedimentos mais comuns, mas pode acontecer de a data da audiência
coincidir com feriado ou festa religiosa que obrigam ao recolhimento. Em
determinada oportunidade, a Comissão Europeia dos Direitos Humanos
rejeitou adiamento da audiência, designada com quatro meses de
antecedência, em requerimento apresentado nove dias antes da data
marcada, em razão de festa judaica, acrescentando-se que, a contrario sensu,
postulação imediata nesse sentido seria acolhida.77

2.069.2. Horário da audiência – O horário do expediente forense (retro,


1.135.1), fixado nas leis de organização judiciária, não equivale ao interregno
estipulado no art. 212, caput. Ele começa bem mais tarde (às 8h ou às
8h30min) e nem sempre flui continuamente, suspendendo-se no horário do
almoço, encerrando-se, por igual, bem antes (entre 18h e 19h). Contra o
horário contínuo, aliás, opõe-se o vezo de os serventuários, em vez de
chegarem almoçados, às 12h, por exemplo, consignarem a presença no livro
respectivo, ou eletronicamente, e almoçarem em sistema de rodízio,
paralisando parcialmente o serviço forense.

O juiz escolherá qualquer hora e minuto do expediente forense ao marcar


a audiência. Recomenda-se que a hora seja cômoda. Não se mostra razoável
designar a audiência às 8h, no início do expediente forense. Fechado o prédio
do foro até esse momento, e não sendo certo que abra exatamente no horário
predeterminado, não desfrutariam partes e advogados de tempo para chegar
à sala de audiências, conquanto se precipitassem para escadas, elevadores e
rampas, em lamentável e inútil correria. Chegariam já atrasados na porta da
sala de sessões, não acudindo os pregões.

Iniciada no expediente forense, a audiência poderá prolongar-se além dele


e das 20h, a critério do juiz,78 nos termos do art. 212, § 1.º, quando (a) o
adiamento prejudicar a diligência (v.g., as testemunhas ainda não inquiridas
residem longe da sede do juízo, deslocando-se de outro Estado-membro); ou
(b) o adiamento causará grave dano (v.g., urgência na produção da prova;
impossibilidade de o advogado comparecer em outra data, inclusive no dia
seguinte).

Os advogados podem objetar, na teoria, contra o prosseguimento até hora


tardia, invocando motivo relevante, como o cansaço físico e outros
compromissos pessoais; mas, como não lhes é lícito abandonar a sessão,
sem consentimento do juiz e consequências gravosas para a parte que
representam, o protesto se revela inócuo. É muito raro, todavia, inclinar-se o
juiz a dar cabo de todas as atividades programadas na audiência, que
circunstancialmente se dilatou (v.g., os advogados inquirem as testemunhas,
após ou antes o interrogatório do juiz, a teor do art. 459, caput, esmerando-se
em obter pormenores acerca dos fatos articulados), na mesma assentada. O
mais comum é que, existindo outra audiência marcada para o mesmo dia, ou
aproximando-se a hora do término do expediente forense, suspenda os
trabalhos, designando data próxima para continuação (art. 365, parágrafo
único), após oportuna consulta ao livro da pauta.

2.070. Lugar da audiência

A audiência de instrução ocorrerá na sede do juízo, de regra, e na sala


própria para essa finalidade (art. 172 do COJE-/RS). A sede do juízo é onde
se praticam atos processuais, a teor do art. 217, primeira parte (retro, 1.140).

Por exceção, consoante complementa e esclarece o art. 176, segunda


parte, a audiência realizar-se-á em outro lugar. Razões distintas determinam a
mudança. Em deferência ao cargo (a), a audiência acontecerá na residência
ou no lugar em que determinadas autoridades exercem função pública (v.g., a
ouvida das autoridades mencionadas no art. 454) ou, ainda, em qualquer
lugar, a exemplo da deferência às sessões pedagógicas em faculdades de
direito; (b) no interesse da justiça (v.g., a ouvida das testemunhas em lugar
contíguo ao imóvel objeto do litígio, ou na residência do juiz,
momentaneamente impossibilitado de locomover-se até a sede do juízo,
porque quebrou a perna em acidente; ou (c) em virtude de obstáculo, “arguido
pelo interessado e acolhido pelo juiz” (v.g., a ouvida da parte, da testemunha
ou do perito, por força de enfermidade). Em todas essas hipóteses há motivo
concreto e plausível, relacionado aos participantes do processo (juiz, partes e
terceiros).

À margem dessas situações inculcadas pelas necessidades reais do


processo, proliferaram as audiências “didáticas”, nos últimos tempos, assim
chamadas porque designadas para o prédio da Faculdade de Direito, evitando
o deslocamento dos estudantes até a sede do juízo e propiciando contato
mais direto do órgão judiciário com os jovens. O argumento a favor da
iniciativa descansa na popularização da Justiça. No entanto, é inegável o
constrangimento das partes e dos advogados, obrigados a se deslocarem
para local ermo e longínquo – o campus amiúde se localiza fora do perímetro
urbano –, de acesso restrito e de arquitetura desconhecida, além de se
exporem mais do que usualmente. Não é prática que satisfaça os
destinatários precípuos da atividade judiciária.

Os atos praticados ordinariamente na sede do juízo, ou fora dele (retro,


1.141), e excepcionalmente realizados em outro lugar (retro, 1.142), já
receberam exame, bem como as particularidades da inquirição das partes,
das testemunhas, dos peritos e assistentes técnicos. Resta examinar a sala
em que se realizará a audiência.

Na sede do juízo, sempre há uma sala, ao menos, organizada para abrigar


a audiência de instrução, nem sempre com as dimensões apropriadas. O art.
336, II, alude expressamente a este local, chamando-o de “sala de
audiências”.

Localiza-se a sala de audiência em dependência especial na sede do


juízo. Conforme o porte desta edificação, abrigando vários juízos e serviços
correlatos, convém orientar os futuros participantes da audiência, indicando
nas respectivas intimações o andar, o corredor ou ala, e o número da sala de
sessões. Presume-se que os advogados locais conheçam essa sala
específica do foro. E os advogados de fora da terra, conquanto ignorem a
localização do prédio em si, movimentam-se com desenvoltura nas pequenas
e grandes cidades, instintivamente atraídos pelo que é, afinal, o local do seu
trabalho. Já os particulares, porque profanos, nas capitais e cidades de maior
porte, não têm obrigação de conhecer o endereço da sede do juízo e, nas
dependências do foro, o lugar da sala de audiências. A função popular da
Justiça Pública exige que sejam expressa e claramente instruídos para se
dirigirem ao local certo. Não basta o endereço do foro.

A sala de sessões ou de audiência caracteriza-se pela disposição dos


móveis. Segundo a tradição do direito pátrio, os participantes da audiência,
começando pelo juiz, sentam-se na mesma mesa. A sala permanece de
portas abertas, ininterruptamente, pública que seja a sessão, facultando livre
acesso. Entendem-se abertas as portas que não se encontram trancadas,
embora fechadas para controlar ou diminuir os ruídos ambientais ou a
temperatura.79 É comum a existência de janelas de vidro, devassando a sala.
Os advogados da audiência seguinte (ou qualquer pessoa) observam daí o
desenvolvimento das atividades. Conforme o estágio do ato, segundo regra
de experiência, os advogados advertem seus clientes que se aproxima o
momento do seu ingresso no recinto.

A lei de organização judiciária predispõe os lugares dos participantes da


audiência (v.g., art. 178 do COJE/RS). A mesa na qual se sentam esses
participantes tem forma de T. O juiz senta-se o juiz no fundo da sala, em
posição central, ligeiramente mais elevada (art. 178, parágrafo único, do
COJE/RS), da parte mais curta do móvel. Ficam suas costas, por via das
dúvidas, protegidas por parede ou divisória. De todo recomendável que haja
saída de emergência, ao lado do juiz, ligada ao cartório ou ao seu gabinete,
permitindo-lhe entrar e sair da sala de sessões de forma autônoma.

A posição destacada do juiz deve-se a duas razões: a primeira respeita à


proeminência da função, pois o homem e a mulher nela investidos na forma
constitucional assumiram a delicadíssima responsabilidade social de julgar
outras pessoas, protegidos por prerrogativas singulares; a segunda concerne
ao exercício eficaz do poder de polícia, presumindo-se que a lugar elevado
permita-lhe notar gestos e movimentos dos demais participantes.

À direita do juiz, acomoda-se o agente do Ministério Público; à esquerda, o


escrivão ou servidor da justiça encarregado da documentação do ato. Essas
posições são mais baixas fisicamente que a do juiz.

O lugar ocupado pelo Ministério Público é altamente impróprio. Razões


históricas, muito anteriores à sua organização institucional, demarcaram o
sítio. Exercia a função do Ministério Público um dos desembargadores (retro,
1.042) e, por força do cargo, o magistrado sentava-se ao lado dos colegas.
Mas, não é posição natural para quem, atualmente, figura no processo como
parte.

É ainda mais insólito o disposto no art. 4.º, § 7.º da LC 80/1994, que


assegura ao Defensor Público sentar-se, nas audiências e sessões de
julgamento dos tribunais, no mesmo plano do Ministério Público. A Defensoria
Pública ou é parte ou representante técnico da parte vulnerável, devendo
sentar, em qualquer hipótese, no lugar reservado aos procuradores das
partes.

Em frente ao juiz, em cada lado da parte mais extensa do móvel, mas


voltados para o magistrado, distribuem-se os advogados e as partes, o autor à
esquerda do juiz, o réu à sua direita. E, na ponta do móvel, há um derradeiro
lugar, no qual se acomodará a testemunha, o perito e os assistentes para
inquirição.

Nenhuma outra pessoa, salvo autorização do juiz, tem liberdade para


ocupar a mesa da sala de audiências. Em particular, aí não tem assento o
secretário ou o assessor do juiz, quiçá para subsidiando-o com os
pormenores do processo. Essa presença incômoda e insólita, infelizmente
comum, depõe contra a imagem da Justiça Pública.

Dependendo das dimensões da sala, ainda há meia dúzia de lugares para


assistentes, tíbia concessão ao caráter público da audiência. Em poucas salas
há espaço suficiente. A sala de sessões nem sequer comporta, na realidade,
partes e respectivos advogados, reunidos desconfortavelmente próximos.

As testemunhas, os peritos e os assistentes técnicos aguardam nos


corredores a chamada pelo oficial de justiça ou servidor designado para
realizar os pregões. Não há, de regra, peça anexa que lhes permita esperar
sentados, com o mínimo de conforto, a oportuna convocação do juiz para
prestarem depoimento, e, muito menos, locais próprios para separar litigantes
e suas testemunhas. Presente à solenidade, o oficial de justiça encarregar-se-
á de apaziguar os ânimos e de controlar eventuais atritos. Declara o art. 154,
IV, que o oficial de justiça deverá “auxiliar o juiz na manutenção da ordem”.
Tal raramente acontece, ante a endêmica falta de pessoal, exercendo a
função de porteiro o escrivão ou seu substituto eventual.

2.071. Intimações da designação da audiência

Os atos preparatórios da realização da audiência findam mediante a


intimação válida e tempestiva dos participantes obrigatórios e eventuais (infra,
2.073).

Ao receber os autos com o despacho de designação da audiência, ao


escrivão (ou ao chefe de secretaria) incumbe promover (art. 152, II) as
intimações indispensáveis à realização do ato. Convém que o despacho do
juiz especifique a quem o escrivão intimará desde logo (v.g., as partes). O art.
296, II, do CPC de 1939 reclamava a determinação expressa das
providências,80 dispondo que a decisão de saneamento “ordenará, quando
necessário, o comparecimento à audiência das partes, testemunhas e
peritos”. Omissa que seja a lei vigente, atualmente o art. 357, V, manteve-se a
regra como simples costume. Faltando semelhante indicação, pois o
despacho limitou-se ao lacônico “intimem-se”, acompanhado, ou não, da
abreviatura de diligências (“dil.”), que é ordem para o escrivão praticar os atos
do seu ofício, cumpre a este atender ao juiz imediatamente, sopesando o teor
do despacho.

O escrivão (ou chefe de secretaria) promoverá a intimação, o quanto


antes, evitando atropelos de última hora, das pessoas implicitamente já
definidas (partes, advogados e, se for o caso, perito e assistentes).

Resta verificar quem, efetivamente, incumbe ao escrivão (ou chefe de


secretaria) intimar da designação da audiência. Não sendo a decisão de
saneamento e de organização do proferida nos termos do art. 357, § 3.º, ou
seja, na audiência preliminar, caso em que os participantes (partes e
advogados) nela ficarão cientes, cumpre distinguir.

(A) As partes serão intimadas pessoalmente, por força do art. 485, § 1.º,
caso haja previsão de depoimento pessoal. Não sendo o caso de depoimento
pessoal, em princípio o escrivão também intimará as partes para a segunda
tentativa de conciliação, etapa da audiência de instrução, independentemente
da anterior frustração dos meios alternativos de composição do litígio
(argumento ex vi do art. 359, in fine). Essa disposição induz a obrigatoriedade
da presença das partes na audiência, autêntica expiação pela existência do
litígio, a exemplo do que acontece na audiência do art. 334, mas não é a
melhor interpretação. Cabe intimá-la, mas a ausência, não lhe cabendo
prestar depoimento pessoal, implicará só a frustração da tardia tentativa de
conciliação. A parte que deixou de ser previamente intimada, por este ou
aquele motivo, não tem o dever de comparecer.

(B) As testemunhas serão intimadas diretamente pelos advogados das


partes, a teor do art. 359, caput, salvo nas hipóteses do art. 359, § 4.º, I a IV,
a saber: (a) o arrolador demonstrou a necessidade de intimação pelo juízo e
órgão judicial admitiu a justificativa (inciso II); (b) figurar no rol de testemunhas
servidor público ou militar, hipótese em que, além da intimação da
testemunha, haverá requisição ao chefe da repartição ou ao comando do
corpo em que esta pessoa estiver servido, se possível identificá-lo (há
serviços reservados na área militar), ou, não sendo possível, ao comando da
região militar (inciso III); (c) a testemunha for arrolada pelo Ministério Público,
como parte principal ou coadjuvante, ou pela parte representada por órgão da
Defensoria Pública, inclusive quando esta figurar como parte principal (inciso
IV). Caso peculiar é o da pessoa egrégia, convocada a depor por ofício do juiz
(art. 454, § 1.º). Por outro lado, o rol de testemunhas a parte depositará no
prazo de quinze dias contado da intimação da decisão de saneamento e de
organização do processo (art. 357, § § 4.º), salvo no caso de audiência
preliminar (art. 357, § 5.º), após o que o juiz, se for o caso, limitará o número
de testemunhas (art. 357, § 7.º). O requerimento contemplado no art. 359, §
4.º, II, pode acompanhar, ou não, o rol. O escrivão há de examinar o rol para
verificar se lhe cabe, em alguns casos, promover a intimação. Há
testemunhas que a parte levará independentemente de intimação (art. 455, §
2.º). A situação antevista no art. 359, § 4.º, I – frustração da intimação através
do advogado – fatalmente ocorrerá posteriormente, dependendo a intimação
pelo juízo de despacho do juiz, acolhendo a postulação.

(C) O perito e os assistentes, caso deferida a audição em audiência


principal (art. 477, § 3.º), serão intimados pelo escrivão (ou chefe de
secretaria) e por via eletrônica com a antecedência de dez dias (art. 477, §
4.º).

As intimações prévias a cargo do escrivão ou do chefe de secretaria


efetuar-se-ão, salvo quanto aos advogados, geralmente intimados através de
publicação no órgão oficial, respeitadas as regras de intimação pessoal (v.g.,
dos órgãos da Defensoria Pública), por um dos meios de intimação pessoal
(retro, 1.230): in faciem, por meio eletrônico (art. 270, caput, c/c art. 477, §
4.º), pelos correios ou pelo oficial de justiça.

Não se exclui, categoricamente, a intimação ficta, havendo tempo hábil;


por exemplo, o autor requereu o depoimento pessoal do réu, mas o oficial de
justiça não o localizou, pois mudou o domicílio sem prévia comunicação ao
juízo. Várias disposições conjuram essa necessidade, presumindo válidas as
intimações por via postal entregues no endereço residencial ou profissional
inicialmente declinado, e, destarte, diminuiu o âmbito de incidência da
intimação ficta (retro, 1.241). Nos casos em que a revelia não produz
presunção de veracidade das alegações de fato (art. 344), os prazos que
fluem automaticamente para o ausente (art. 346, caput), inexistindo
representação nos autos, mediante simples publicação da designação no
órgão oficial. O revel representado deve ser intimado como as partes em
geral.

Os destinatários da intimação variam conforme as atividades programadas


para a audiência. Essas atividades se subordinam às provas porventura
deferidas no saneamento do processo.

Em tais intimações, o escrivão observará escrupulosamente as


prescrições legais, porque há risco de invalidade e perda de atividade
processual valiosa.

Feitas as intimações validamente, e observados os interstícios mínimos


exigidos, partes (retro, 1.363) e terceiros (retro, 1.370) têm o dever de
comparecer, subespécie dever de cooperação com a autoridade judiciária,
sujeitando-se, em caso de descumprimento, às sanções legais, avultando a
condução coercitiva (art. 459, § 4.º).

Os auxiliares do juízo – escrivão, ou substituto legal; o porteiro – ficam


cientes da sua obrigatória presença mediante a simples designação da
audiência. Compartilhando o juízo a sala de audiências com outro, no mesmo
foro, a eficiente organização da pauta evitará a designação simultânea de
duas ou mais audiências para o mesmo lugar e horário. Em geral, o
juízo A reserva-se um dos turnos do expediente forense, o juízo B o outro.

§ 427.º Etapa da abertura da audiência

2.072. Pregões da audiência

A audiência iniciará, segundo o prescrito no art. 358, através da


proclamação do juiz, declarando-a aberta solenemente. Em seguida, mandará
o porteiro ou auxiliar designado apregoar os participantes. Raramente, no
primeiro grau, observa-se a ordem certa dos atos. Deformou-se a forma da
sessão, invertendo-se a ordem natural: primeiro, o serventuário (de regra, o
assessor do juiz, investido ad hoc na função de escrivão) faz os pregões; ato
contínuo, uma vez acomodados os presentes em seus lugares, entra o juiz na
sala, declarando aberta a audiência. Essa inversão atende à comodidade do
juiz, mas sem maiores inconvenientes. Não é difícil descrever o procedimento
completo.

Em lugar do porteiro, e funcionando dois serventuários na audiência, quem


apregoa é o oficial de justiça, mais ou menos no horário marcado (atrasos são
comuns), chamando nominalmente as partes, os seus advogados, o órgão do
Ministério Público, as testemunhas, o perito e os assistentes técnicos. Para
essa finalidade, vale-se de lista adrede preparada. Se a crônica falta de
pessoal impede o oficial de justiça de apregoar, o serventuário que
documentará o ato – o escrivão ou seu substituto legal, a teor do art. 152, III –
assume essa função. Facilita-lhe o trabalho a existência de equipamento de
transmissão de voz: usará o microfone, apregoando através de alto-falante.
Identificará os que acudirem ao chamado, pedindo-lhes documento de
identidade e conferindo os dados rapidamente. Em seguida, introduz partes,
advogados e o agente do Ministério Público na sala de audiências, até então
com as portas trancadas. Posteriormente, acomodadas essas pessoas nos
lugares próprios, o serventuário abre o termo de audiência, consignando-lhes
os dados (v.g., o nome e o número de inscrição do advogado), antes de
devolver-lhes os documentos. Em seguida, avisa o juiz, que ingressará no
recinto, vindo do seu gabinete anexo. Ocupando o lugar proeminente, e
cumprimentos protocolares feitos com ou sem traço de cordialidade, iniciam
os trabalhos.

Determinados advogados levantam-se, na oportunidade em que o juiz


ingressa na sala de audiências, homenageando a dignidade da função
judicante. Esse movimento, mais calculado do que espontâneo, provocará
idêntica reação nas demais pessoas.

As sessões de julgamento no tribunal têm abertura mais solene. Primeiro,


ingressam na sala de sessões os componentes do órgão fracionário,
levantando-se os assistentes em sinal de respeito; em seguida, o presidente
declara aberta a sessão de julgamento, incumbindo ao secretário leitura da
ata da sessão anterior; finda essa parte inicial, olhares fixos nas telas do
computador que expõe a pauta, o presidente chama em mesa o primeiro
recurso ou causa, conforme a ordem legal de preferências, e o oficial de
justiça apregoa o julgamento.

É essencial o porteiro, ou o serventuário no exercício da função, apregoar


em voz alta e clara, elevada acima do barulho dominante nos corredores,
despertando a atenção dos participantes da audiência e, se for o caso,
caracterizando as ausências. A falta de pregão invalidará a
audiência.81 Menos óbvia é a prova hábil do fato de a parte e o advogado
compareceram tempestivamente no lugar designado. E não é simples obter
prova dessa natureza, exceto no caso de serventuário certificar a presença
em cartório, inferindo-se a falta de pregões.

O art. 358 determina ao juiz a proclamação da abertura da audiência “no


dia e hora designados”. O juiz tem o dever de pontualidade (art. 35, VI, da LC
35/1979). Os atrasos sistemáticos constituem desrespeito à cidadania das
pessoas que se deslocaram até o foro, em flagrante prejuízo de suas
atividades profissionais, familiares e econômicas. E o atraso pode provocar o
adiamento da audiência (infra, 2.093). A consequência é da maior gravidade,
protelando o andamento da causa.

Ressalva feita à implícita recomendação de rigorosa pontualidade, a


determinação do art. 358 soa redundante. Mas já aconteceu, conforme anotou
comentador do mais alto quilate, de o juiz, o escrivão e o advogado de uma
das partes realizarem a audiência com um mês de antecedência, equívoco só
desfeito “quando, no mesmo seguinte, o advogado da outra parte compareceu
para o ato”.82 O preceito recorda que a audiência há de ocorrer no momento
azado.

2.073. Participantes da audiência

Do que já foi dito sobre o tempo, o lugar e demais atos preparatórios da


audiência, em especial a respeito das intimações que a precedem, pouca
dúvida resta que essa fase do processo envolve diferentes protagonistas. Os
participantes da audiência de instrução agrupam-se em duas espécies: (a)
obrigatórios; (b) eventuais.

2.073.1. Participantes obrigatórios da audiência – Não se iniciará a


audiência sem a presença do juiz. É participante necessário e insubstituível.
Ninguém, particularmente o assessor, habilita-se a substituí-lo, mas nada
impede que, em vez do titular da vara, juiz substituto (de tabela ou convidado
pelo titular, em razão de impedimento eventual, a exemplo da doença da
esposa) inicie e conclua os trabalhos, a mais não seja para designar data
próxima.

Ausente o juiz, por qualquer motivo, justificável ou não, as pessoas


convocadas podem e devem retirar-se, “lavrando o escrivão termo do
ocorrido”.83 O art. 265 do CPC de 1939 estipulava prazo de espera de quinze
minutos, findo o qual os presentes ficaram autorizados a retirarem-se da sede
do juízo ou do local designado para a audiência. Atualmente, o assunto se
encontra confiado às leis de organização judiciária, que podem, ou não, fixar
prazo similar e omitir disposição acerca dos atrasos e ausências do juiz. Na
perspectiva das partes, a ausência de regra específica deixa-as à mercê da
pontualidade do juiz.

Como já se assinalou no item próprio (retro, 957), o juiz tem o dever de


pontualidade, a teor do art. 35, VI, da LC 35/1979, mas inexistem controles
nesse tópico. Há juízes e juízas que se atrasam sistematicamente, às vezes
por uma hora ou mais, e os que, bem ao contrário, mourejam no cumprimento
da pauta excessivamente apertada nos horários. Eventuais incômodos, sendo
o do segundo perfil tão grave quanto o primeiro, ante o risco de atropelo na
colheita da prova, acabam absorvidos pelo temor de desagradar ao futuro
julgador da causa.

Costuma o escrivão, chefe de secretaria ou secretário (assessor do juiz),


informado do atraso, aplacar a ansiedade dos presentes, comunicando a hora
da chegada do magistrado. Em casos graves, comunica a impossibilidade de
comparecimento nesse dia, assinalando o motivo (v.g., doença, acidente,
convocação do tribunal, e assim por diante) e lavrando termo com nova
designação por “ordem verbal” – todavia, admissível (retro, 986.3) – do
ausente.

Do pessoal auxiliar são participantes obrigatórios: (a) o escrivão (art. 152,


III), em geral substituído por outro serventuário, o seu substituto legal, cuja
tarefa é a de documentar as atividades porventura desenvolvidas; e (b) o
porteiro, função normalmente exercida pelo oficial de justiça (v.g., art. 143, IV,
c/c art. 176 do COJE/RS), a quem incumbe anunciar em voz alta o início e o
término da audiência, bem como realizar os pregões. A falta de pessoal
determina a fusão dessas funções numa só pessoa: o assessor do juiz (retro,
986.4).

Também os advogados são participantes obrigatórios. Para tal finalidade,


incumbe ao escrivão promover-lhes a intimação, endereçando-lhes
mensagem eletrônica ou expedindo nota de expediente para publicação no
órgão oficial, observado o interstício necessário à prática do ato. Revela o
caráter indispensável da presença do advogado a circunstância de que,
realizando-se a audiência de portas fechadas, o art. 93, IX, da CF/1988,
autoriza a lei – não, porém, o juiz, a seu critério – limitar a presença às partes
e aos seus advogados, ao Defensor Público, ao órgão do Ministério Público
ou somente dos que se encontram habilitados a postular em juízo, regra
repetida, em termos, no art. 10, parágrafo único. A presença das partes
comporta restrição, na forma da lei, mas não a dos respectivos advogados. Ao
contrário do que sucede no caso do juiz, porém, a ausência eventual de um
dos advogados, ou de ambos, apesar de intimados previamente, não obsta a
realização da audiência e gera consequências de vulto aos interesses que lhe
foram confiados (infra, 2.094).

O órgão do Ministério Público é participante obrigatório, quer como parte


coadjuvante, quer como parte principal.

2.073.2. Participantes eventuais da audiência – Participam eventualmente


da audiência de instrução partes, testemunha, perito e assistentes.

As partes são obrigadas a comparecer quando lhes for determinado, a


saber: (a) prestar depoimento pessoal (art. 385) ou, fora da audiência de
instrução, submeter-se ao interrogatório livre (art. 139, VII); (b) participar da
tentativa de conciliação. Nessa última hipótese, lícito se afigura a parte
declarar que não comparecerá, porque não lhe interessa a conciliação, ou
fazer-se representar por procurador com poderes especiais (art. 105), e,
ainda, simplesmente, faltar à audiência, importando a ausência somente a
frustração da etapa de conciliação. Não se aplica a audiência principal, de
resto, o art. 334, § 8.º, considerando a ausência ato atentatório à dignidade da
justiça e, ademais, sujeitando o ausente a multa. Regra restritiva de direito,
reclama a mais estrita interpretação.

Também são participantes eventuais: (a) o(s) intérprete(s), nos casos em


cabe(m) intervir(em) para auxiliar o órgão judiciário (retro, 1.011); (b) as
testemunhas, ou seja, as pessoas naturais que tenham ciência própria ou por
ouvir dizer dos fatos que originaram o litígio, convocadas quando (ba)
constarem do rol de testemunhas (art. 357, § 5.º), por um dos meios
legalmente admissíveis (art. 459, caput, e § 4.º) ou quando (bb) o juiz ordenar
o respectivo comparecimento, porque referidas e identificadas nas alegações
das partes; (c) o(s) perito(s), determinando o juiz que preste(m)
esclarecimentos em audiência, formulados sob a forma de quesitos pelas
partes (art. 477, § 3.º); (d) o(s) assistente(s) técnico(s) da parte, nas mesmas
condições do perito. A intimação dessas pessoas ocorrerá com a
antecedência já referida (retro, 2.071).

2.074. Poderes do juiz na audiência

A direção formal do processo atribui ao juiz o poder de fiscalizar a conduta


das partes, submetida a rígidos deveres, dos terceiros e demais participantes
da audiência (retro, 2.073.2). Essa fiscalização se desdobra no poder de
polícia que o art. 360, caput, declara caber ao juiz na audiência. Por
intermédio do poder de polícia, o juiz “condiciona e limita o exercício de certas
faculdades individuais, visando assegurar, em convivência e atuação
harmônica de todos os sujeitos do processo, e auxiliares do juízo, a mais
pronta e eficaz obtenção das finalidades da própria atividade”.84
O poder de polícia exercido pelo juiz apresenta duas características
frisantes. É poder judicial naturalmente discricionário (retro, 939.5). E isso,
porque impossível estabelecer limites rígidos ao seu exercício, considerando
a amplitude das situações que provocará a intervenção do juiz. E cuida-se de
poder intrínseco à autoridade dos agentes públicos, originário da pessoa
jurídica de direito público.85 Poder dessa natureza jamais faltaria ao órgão
judiciário, embora inexistisse regra com o conteúdo do art. 360, caput. É a
mesma origem do célebre contempt power, segundo o qual todo órgão
judiciário tem a prerrogativa de reivindicar a própria autoridade, dignidade e
respeito,86 e tão caro ao sistema judiciário norte-americano. O contempt
power, apesar da sua complexidade neste ordenamento, “is a powerful way of
ensuring that litigants take discovery ordes seriously”.87

O poder de polícia conferido no art. 360, caput, atinge todas as pessoas –


no caso do Ministério Público e dos advogados públicos privados, mais
limitadamente –, e, na verdade, estende-se a quaisquer atos em que haja
participação do juiz (v.g., na inspeção judicial).88

2.074.1. Manutenção da ordem – Competindo ao juiz dirigir a audiência,


porque a ninguém mais caberia resolver os respectivos incidentes, a primeira
faina que lhe incumbe consiste na manutenção da ordem no recinto, prevista
no art. 360, I.

A decisão inicial do juiz para essa finalidade, intrínseca ao poder de


polícia, respeita à publicidade da audiência, mandando abrir ou fechar as
portas, conforme a maior ou a menor extensão da publicidade da audiência
(art. 368), e o afluxo de assistentes.

Realizar-se-á a audiência, de regra, publicamente. Tal significa que o juiz


autorizará o ingresso de assistentes, com as limitações já examinadas (retro,
2.062), dependendo de autorização especial o ingresso de menores de idade
(art. 173 do COJE/RS). Nos casos em que o processo já tramita em segredo
de justiça (art. 190), o juiz restringirá o acesso desses curiosos, permitindo o
das partes e dos respectivos advogados ou somente o dos advogados, do
Defensor Público e do órgão do Ministério Público. Não existirá, portanto,
audiência integralmente secreta: no mínimo, o advogado do autor assistirá os
trabalhos programados, tratando-se de audiência de justificação. Devendo
ocorrer a audiência de portas fechadas, após a convocação dos seus
participantes pelo porteiro, o juiz mandará cerrar o vão de ingresso no recinto.

Cumpre consignar o fechamento das portas do termo de audiência (art.


367, caput). O ato decisório comportará alegação posterior da parte
prejudicada nas razões ou contrarrazões de apelação. Tem interesse em
impugnar esse provimento quem sustentou a necessidade de tornar
inteiramente pública a sessão, decidindo o juiz por fechar as portas, ou quem,
inversamente, postulou a imposição de sigilo ao ato, decidindo o juiz por abrir
as portas.

Decidida essa questão, ingressando na sala de audiências quem de


direito, a segunda providência reponta no desligamento dos aparelhos de
telefonia móvel. O estridente chamado do telemóvel perturba os trabalhos e
provoca irritação nos circunstantes. Esquecimento eventual há de ser
acompanhado das desculpas protocolares. Não é motivo para expulsão
imediata do desobediente ou de tratamento desrespeitoso. O juiz também
olvida o desligamento.

A manutenção da ordem obriga o juiz controlar a forma de ingresso na


sala e, ainda, o número de espectadores. Esse assunto mereceu análise no
item dedicado à publicidade da audiência (retro, 2.062). A presença
simultânea, ou não, das partes, e o sucessivo ingresso das testemunhas, na
ordem preestabelecida no rol – primeiro as do autor, em seguida as do réu –,
ou objeto de ajuste do juiz e dos advogados, também se incluem nessa
rubrica. A ordem de tomada dos depoimentos pode ser objeto de ajuste na
própria audiência – o art. 361 é regra dispositiva (infra, 2.083) –, ouvindo o
juiz, preferencialmente, a testemunha que alegar compromisso urgente ou
dispuser de informações decisivas a respeito dos fatos. O juiz autorizará, ou
não, a saída da testemunha que prestou depoimento fundado no poder de
polícia.

Dependendo das circunstâncias, o juiz não permitirá à testemunha que se


retire antes de completar, no todo ou em parte, a colheita da prova
testemunhal. Essa providência impede a quem depôs de informar e de
orientar os que aguardam o chamado. Ela se mostraria desnecessária caso
existisse dependência especial para isolar as testemunhas.

Interessa ao desenvolvimento dos trabalhos com eficiência e rapidez a


manutenção do silêncio pelos participantes e assistentes no curso da
audiência. O art. 182,caput, do COJE/RS, por exemplo, impõe às pessoas
presentes conservarem-se descobertas e em silêncio. Os próprios advogados
terão a palavra no momento oportuno, impedidos de intervir ou apartear
depoimentos sem licença do juiz.

Embora haja desaparecido, na prática, o antigo e perigoso costume de


portar armas de fogo, cabe ao juiz literalmente desarmar partes, advogados e
assistentes, salvo pessoas autorizadas pela lei (v.g., integrantes da polícia
judiciária, escoltando testemunha que cumpre pena de prisão), prevenindo
atentados à ordem. O juiz ordenará que o oficial de justiça (ou o agente de
segurança do foro) proceda à revista da pessoa para fins de desarmamento
geral,89 recolhendo armas de qualquer gênero (v.g., facas, estiletes, pistolas,
bengalas). Por óbvio, o serventuário da justiça respeitará a intimidade do(a)
revistando(a), praticando o ato dentro dos quadros da decência e da
delicadeza recomendadas nesse assunto. Representará grave violação dos
direitos fundamentais homem revistar mulher e vice-versa.

E, por fim, a manutenção da ordem reclama que, no uso da palavra, os


que tiverem de responder ao juiz moderem a linguagem, sem remoques e
ofensas, e empreguem normal tom de voz. O próprio juiz, que tem o dever de
urbanidade (retro, 958), contribuirá pessoalmente nesse tópico, mantendo a
tranquilidade em qualquer situação e usando de voz baixa. Espera-se da
pessoa investida na função judicante a preservação da ordem e, não,
estímulos à exaltação de ânimos, promovendo altercações que a
comprometam irremediavelmente, conforme lhe determina o art. 365, IV.

2.074.2. Manutenção do decoro – Declara o art. 360, I, que toca ao juiz


manter o decoro na audiência. É atributo similar à ordem, mas inconfundível,
geralmente funcionando como condição necessária à disciplina da atividade
processual.

O decoro reclamado de todos os participantes da audiência (incluindo o


juiz) reside na sobriedade do comportamento que permite que a sessão atinja
seus fins. A postura adequada envolve palavras, gestos e vestimentas.

A título de preservação do decoro, o juiz exigirá das pessoas presentes:


respeitosa postura física (v.g., proibindo que o advogado se abolete em cima
da mesa); gestos civilizados (v.g., proibindo sinais pejorativos de uma das
partes para outra); manifestações orais em voz normal e com linguagem
neutra (v.g., cortando a palavra de quem grita ou profere impropérios);
vestimentas socialmente sóbrias (v.g., proibindo a presença de pessoa com
trajes sumários). O art. 129 do CPC italiano, por exemplo, veta aos presentes
sinais de aprovação ou desaprovação.90

É peremptoriamente proibido fumar cigarros, charutos e cachimbos nos


prédios públicos, em geral, e na sala de audiências, em particular. E o juiz
deve dar o exemplo, mantendo postura correta e sóbria, abstendo-se de
fumar, por mais intenso que seja o seu vício.

As pessoas que ingressarem na sala de audiências deverão apresentar-se


“convenientemente trajadas” (art. 181 do COJE/RS). A esse propósito,
imperioso distinguir os participantes eventuais dos participantes obrigatórios.

A singular dignidade da função desempenhada por juiz, advogados e


serventuários exige traje social completo e, às vezes, o uso de vestes
talares.91 Essa vestimenta embeleza a solenidade, emprestando-lhe especial
significado. Segundo tese assaz conhecida, os sinais exteriores de dignidade
(v.g., o uso de perucas pelos magistrados ingleses, todavia proscrito)
legitimam o procedimento e a resolução porventura tomada.

Das partes, das testemunhas, dos peritos e de outras pessoas reclama-se


somente o devido respeito aos bons costumes. O juiz limitará excessos
flagrantes – por exemplo, a pessoa do sexo feminino que se exiba as partes
pudendas –, tolerando, ao invés, modismos consagrados (v.g., o uso de
calças femininas; a bermuda masculina, especialmente nos balneários) e o
padrão social da pessoa. Não é incomum ao homem e a mulher do campo
usarem sandálias, porque não dispõem de calçados fechados. Apresentando-
se dessa forma na audiência, nenhum desrespeito há contra a função judicial.

Como já se assinalou, a lei de organização judiciária ocupa-se


supletivamente do decoro, exigindo cabeça descoberta dos comparecentes. O
uso de chapéus, de boinas ou de bonés é incomum atualmente, em que pese
o cáustico clima tropical indicar a conveniência proteção dessa parte do
corpo, particularmente das pessoas calvas. Não há motivo para manter a
cabeça coberta na sala de audiências, que é lugar fechado, mas a regra
comporta exceções. Às vezes, a convicção religiosa da pessoa impõe-lhe a
cobertura da respectiva cabeça (v.g., o solidéu). O juiz respeitará esses
preceitos religiosos e eventuais idiossincrasias inócuas.

Nenhuma tolerância terá o juiz com assistentes cuja única intenção é a de


manifestar aprovação ou censura a um dos litigantes ou à própria Justiça.
Pode ser manifestação silenciosa, derivada do uso de camisetas com
imagens ou dizeres, ou não. Em tal caso, o único remédio cabível consiste na
retirada do(s) manifestante(s).

Em outro aspecto, talvez impraticável, intervém a norma de organização


judiciária, determinando que, à exceção do Ministério Público e do advogado,
as pessoas que falarem ou lerem fiquem de pé e à frente do juiz (v.g., art. 180
do COJE/RS), ressalvado permissão em contrário, presumivelmente em
deferência à idade e outras inaptidões físicas. Não é o que se observa e
convém à coleta da prova. As partes, as testemunhas, os peritos e os
assistentes permanecem sentados no interrogatório e, sentindo-se à vontade,
responderão ao que lhes for perguntado sem a inibição da posição
desconfortável.

O comedimento na linguagem constitui tópico expressivo na manutenção


do decoro. O juiz coibirá ofensas e palavras de calão. Provindo a descortesia
do Ministério Público e dos advogados, sobre os quais o juiz exerce o poder
de polícia, mas não tem poder disciplinar, cabendo-lhe exortar à moderação
(atitude preferível à dura advertência do art. 78, § 1.º), sem prejuízo de
consignar o incidente no termo de audiência, encaminhando-o posteriormente
aos órgãos correcionais. Embora haja desaparecido do art. 360 o convite à
urbanidade e à elevação no debate da causa, estes atributos hão de pautar
qualquer intervenção verbal dos advogados privados e públicos e do agente
do Ministério Público.

2.074.3. Consequências da quebra da ordem e do decoro – O art. 360, II,


autoriza o juiz a “ordenar que se retirem da sala de audiências os que se
comportarem inconvenientemente”. Essa regra abrange, indistintamente, os
participantes obrigatórios ou eventuais e os assistentes da audiência.92

Logo se percebe que se cuidará de sanção extrema, providência


necessária como último recurso para situações em que o juiz não dissuadiu a
pessoa dos seus intentos malsãos. Reclama uso prudente e moderado, em
virtude dos seus efeitos traumáticos, conforme a qualidade da pessoa
expulsa. Antes de aplicá-la, o juiz advertirá o transgressor, talvez mais de uma
vez, chamando-o nominalmente e apontando-lhe o modo de corrigir-se, como
determina, aliás, o art. 182, § 1.º, a, do COJE/RS.

O principal problema, nas regiões de clima ameno, avulta no uso da


gravata pelo advogado da parte, banida por todo o pessoal forense no auge
do verão. O juiz mandará o oficial de justiça, com delicadeza e discrição,
recordar ao advogado trajado informalmente que, no juízo e na comarca, os
juízes e os advogados usam semelhante acessório nas audiências, o que
dignifica o ato e a própria profissão. O cartório geralmente dispõe de gravata
suplementar para essa contingência, resolvendo o incidente sem debates e
resistência. Recusando-se o advogado peremptoriamente, resta a saída
compulsória da sala de audiências.

Existirão casos em que a advertência prévia e a persuasão revelam-se


inúteis. Por exemplo, a mulher veste saia transparente, ou o homem usa
camiseta do tipo regata, em demonstração sensual incompatível com a
serenidade que há de governar a audiência. O juiz convidará essa pessoa a
retirar-se, voltando mais tarde, trajada convenientemente, ou em outra
oportunidade.

Os efeitos do descumprimento da manutenção da ordem e do decoro,


relativamente ao(à) agente do Ministério Público e aos(às) advogados (as)
públicos(s) e privados(as) merece tratamento diferenciado. O juiz não tem
poder disciplinar sobre o Ministério Público, a Defensoria Pública e a
Advocacia. Empregará exortação à serenidade, sempre que possível (art. 78,
§ 1.º), e evitará a drástica expulsão prevista no art. 360, II. A melhor solução
para controlar arroubos e destemperos é suspensão da audiência e, no último
caso, o adiamento,93 a fim de serenar os ânimos.

Em qualquer hipótese, além da expulsão da sala de audiências, o juiz dará


voz de prisão e lavrará o flagrante, caracterizando-se o fato praticado como
crime, em tese, sem prejuízo da sanção processual cabível à parte. No caso
do advogado, impõe-se a presença de representante da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), que o juiz mandará o escrivão convocar por meio
hábil, por força do art. 7.º, IV, da Lei 8.906/1994.

Concebe-se a instauração de tumulto grave e incontrolável pelos auxiliares


do juízo disponíveis no momento da audiência. O art. 360, III, autoriza o juiz a
requisitar força policial. A rigor, desnecessariamente: o art. 139, VII, já
contempla essa possibilidade. A medida tem várias e concorrentes
finalidades. A polícia judiciária cumprirá a ordem de expulsão, evacuando a
sala, com o emprego da força, se necessário, contra o(s) recalcitrante(s).
Também se presta à “garantia do cumprimento de eventual prisão em
flagrante”.94 E serve ao controle preventivo do fluxo de assistentes e outras
manifestações de desagravo orquestradas fora da sala de sessões e que
prejudiquem a realização da audiência.

2.074.4. Registro dos requerimentos no termo de audiência – A revelar a


falta de sintonia de algumas partes do NCPC, o art. 360, V, prevê o dever de
o juiz consignar “em ata, com exatidão, todos os requerimentos apresentados
em audiência”. Dois reparos suscita a regra: (a) não é local apropriado para
semelhante estipulação, considerando tratar o art. 360, caput, do poder de
polícia; (b) o registro ocorrerá no termo de audiência (art. 367), e, não, “em
ata”.

Tirante esses aspectos, a regra previne o comportamento autoritário do


juiz ao mandar o escrivão ou chefe de secretaria lavrar o termo de audiência
como entendesse, ignorando as postulações dos advogados. O gravação da
audiência em imagem e som (art. 367, § 5.º), inclusive pela parte ou por seu
advogado, independentemente de prévia autorização judicial (art. 367, § 6.º),
auxiliará a prova desses requerimentos e do descumprimento do dever
imposto no art. 360, V.

2.075. Atividades do juiz na audiência

O juiz exercerá certas atividades na audiência que respeitam aos poderes


que a lei concede ao seu ofício. Elas se reúnem nas seguintes funções: (a)
direção dos trabalhos; (b) promoção da tentativa de conciliação; (c) coleta da
prova; (d) participação nos debates; (e) emissão de atos decisórios; (f)
documentação da audiência.95
2.075.1. Função de direção da audiência – Apesar da inexistência de regra
expressa, eliminada no NCPC, ao juiz incumbe dirigir os trabalhos da
audiência. Evita-se nessa formulação, fitando a composição singular dos
órgãos judiciários de primeiro grau, menção à presidência do ato, sem
prejuízo da essência da atividade. O conteúdo dessa disposição revela-se, à
primeira vista, excessivamente óbvio. Ao juiz incumbe dirigir formal e
materialmente o processo, a teor do art. 139, caput, e a audiência representa
fase do procedimento, mas realça que todas as etapas se realizam, ou não,
por sua determinação, incluindo a instrução.96

A direção dos trabalhos atribuída ao juiz significa, em primeiro lugar, a


impossibilidade de delegar ou compartilhar seu ofício com os auxiliares do
juízo. Não é admissível o juiz abandonar a sala de audiências, encarregando
o assessor, supostamente inteirado da controvérsia, de conduzir os trabalhos.

Importa à direção dos trabalhos, ademais, o exercício do poder de polícia,


previsto no art. 360 e objeto de exame em item precedente (retro, 2.074).

É o juiz quem (a) determina o encerramento de uma etapa (v.g., a


tentativa de conciliação, verificando que a discussão chegou ao impasse),
passando para a seguinte; (b) autoriza o ingresso ou a saída de qualquer
pessoa, definitiva (v.g., a parte só foi intimada para participar da conciliação)
ou temporariamente (v.g., a parte necessita ir ao lavatório); (c) autoriza o uso
da palavra pelo advogado (art. 459, caput) e pelo órgão do Ministério Público
que utilizam o tempo assinado no art. 464, caput, e, de modo mais geral,
manifestar-se (v.g., propor a retomada da tentativa de conciliação,
considerando o depoimento das testemunhas do autor) ou requerer
providências (v.g., o deslocamento de lugar do assistente incômodo, que lhe
prejudica a concentração); (d) exorta aos participantes à moderação,
regulando o tom de debate oral; (e) controla o tempo do debate oral,
substituindo-o, ou não, pela discussão escrita; e assim por diante.

O juiz seguro conduzirá a audiência tão serenamente que essa direção


passará despercebida. É atributo que o acúmulo de experiência propicia à
maioria.

O juiz dirige a coleta da prova oral. Segundo o art. 456, caput, “o juiz
inquirirá as testemunhas separada e sucessivamente, primeiro as do autor e
depois as do réu”, e, realmente, poderá iniciar a inquirição (at. 459, § 1.º), mas
a disposição, precipuamente, regula a ordem (e, na sequência, a forma) das
deposições, porque incumbe aos advogados o exame cruzado (art.
359, caput). Não está claro se o depoimento pessoal segue a mesma técnica
e, na falta de regra nesse sentido, parece incumbir a atividade ao juiz. Seja
como for, concedida a palavra ao advogado, ou tomando-a o juiz, nenhum dos
intervenientes no ato pode comparecer. Ora, percebendo o advogado a
reticência do depoente quanto a ponto essencial, e não desejando retomar o
assunto posteriormente, configurado o risco de a verdade não aflorar, sente-
se compelido a intervir na inquirição do juiz ou da contraparte. Porém, há de
conter-se: a palavra do participante da audiência é imperturbável.97Audiência
não constitui sucedâneo de assembleia em que todos usam a palavra livre e
desordenadamente. Por exceção, estimando oportuna a intervenção ou o
aparte, o juiz concederá a palavra para o advogado ou o órgão do Ministério
Público, intuindo o especial relevo. Embora desconheça previamente o teor da
manifestação, a experiência no ofício inspira-lhe a decisão; todavia,
revelando-se descabida e impertinente a intervenção, já nas primeiras
palavras, lícito se afigura ao juiz retirar a palavra do interveniente,
acompanhada, ou não, dos protestos da contraparte.

Não há direito a aparte no debate oral.98 Mas, bem conduzindo, e


intervindo nele ativamente o juiz, transformar-se-á em diálogo no qual os
argumentos se sucedem em harmonia.

2.075.2. Função na conciliação em audiência – A tentativa de conciliação


da partes incumbe ao juiz, por dever do seu ofício, sem pejo do uso de
auxiliares, e é obrigatória. Essa etapa merecerá análise autônoma, em que a
aptidão do magistrado de encetar diálogo com as partes e os advogados,
impedindo que o incidente se transforme em ato protocolar, assume papel
central.

2.075.3. Função de coleta da prova na audiência – Embora a técnica do


exame cruzado (art. 459, caput) haja induzido o desaparecimento de regra
nesse sentido, o juiz dirige e, às vezes, precede diretamente a coleta da prova
na audiência. Esse princípio impossibilita a delegação dessa atividade, porque
intrínseca à função judicante, e consagra o princípio da imediação. Produzida
preferencialmente na audiência (art. 361, caput), o juiz entrará em contato
com a prova, da qual é destinatário, recolhendo as devidas impressões,
posteriormente externadas na motivação da sentença.

Compreendem-se nessa função: (a) a fixação dos pontos controvertidos


sobre os quais incidirá a prova (art. 357, II), posteriormente aviventados, ou
não; (b) a concessão da palavra aos advogados e ao órgão do Ministério
Público, observando a ordem do art. 456, caput, a fim de que formulem às
testemunhas; (c) o indeferimento das perguntas impróprias, porque
impertinentes, capciosas ou vexatórias (art. 459, § 2.º), obrigatoriamente
consignando-as no termo (art. 459, § 3.º); (d) a determinação para o oficial de
justiça conduzir coercitivamente a testemunha faltosa (art. 455, § 5.º); (e)
deferimento da oitiva da testemunha referida ou da acareação (art. 461, I e II);
(e) a dispensa da prova inútil (v.g., a mãe do autor, depondo em primeiro
lugar, ofereceu contundente depoimento contra a pretensão do filho).

Das atividades integrantes da função instrutória do juiz tem particular elevo


a anterior fixação dos pontos controvertidos ou a renovação, objeto de próprio
(infra, 2.082).

2.075.4. Função de participação nos debates na audiência – O juiz ativo e


informado das alegações de fato controvertidas pode e deve intervir no debate
oral. Essa participação receberá exame em item posterior (infra, 2.089.3). É
ao juiz quem cabe: (a) conceder a palavra aos advogados e ao órgão do
Ministério Público, que fala por último, na devida ordem; (b) controlar o tempo
do debate, concedendo, ou não, a prorrogação, no todo ou em parte (art.
364, caput); (c) exortar os advogados e o órgão do Ministério Público a
debaterem com elevação e urbanidade (art. 78, § 1.º); (d) advertir os
advogados e o órgão do Ministério Público para que se abstenham de usar
palavras injuriosas e, persistindo o excesso, cassar a palavra do exaltado,
mantendo ele próprio a serenidade (art. 360, IV).
2.075.5. Funções decisórias na audiência – O encerramento da instrução
e da discussão oral prepara o julgamento, de meritis, da causa. O art. 366
acalenta o objetivo que o juiz, retendo o essencial, profira a sentença
definitiva na própria audiência; mas, rendendo-se à realidade, também
autoriza que seja proferida no prazo de dez dias, publicando o juiz a sentença
em cartório. Seja como for, julgar o mérito é a principal atividade decisória
confiada ao juiz na audiência.

Nas etapas que antecedem a do julgamento, surgem incidentes de


natureza heterogênea, que cumpre ao juiz resolver mediante decisões
interlocutórias. Por esse motivo, o art. 467, caput, prevê a transcrição, por
extenso, dos despachos, das decisões e da sentença.

2.075.6. Função de documentação da audiência – A última função do juiz


é a de ditar ao escrivão o resumo das ocorrências (v.g., o indeferimento da
pergunta xpara a testemunha A, a teor do art. 459, § 3.º) e, por inteiro, os
requerimentos formulados (art. 360, IV) e os provimentos proferidos, lavrando
este termo de audiência (art. 467, caput), quando o registro da sessão se
realiza por datilografia, taquigrafia ou estenotipia. A gravação em arquivo
eletrônico capta os acontecimentos integralmente, mas não dispensa o juiz de
mandar o escrivão lavrar o termo, para os fins de registro e ulterior
degravação juntada aos autos físicos. A autenticação decorrerá das
assinaturas do juiz, dos advogados, do órgão do Ministério Público e do
escrivão (art. 367, § 2.º).

Em tal análise, constará do termo de audiência o que aprouver ao juiz. As


partes não têm, absolutamente, controle a esse respeito, ensejando a criação
de incidentes (v.g., a recusa do juiz em consignar o indeferimento das
reperguntas do advogado), abreviados pela gravação de cogita o art. 367, §
5.º (infra, 2.098).

2.076. Atividades das partes na audiência

Em todas as etapas da audiência, as partes principais e a parte


coadjuvante, havendo intervenção do Ministério Público (art. 178),
desempenham determinadas atividades. Compete-lhes, declarada aberta a
sessão, acudir aos pregões, registrando a presença, acompanhadas, ou não,
dos respectivos advogados. Em seguida, as partes participam pessoalmente
da tentativa de conciliação, cujo êxito abrevia os trabalhos, ensejando a
lavratura do termo de conciliação e precipitando a emissão da sentença
homologatória prevista no art. 487, III, conforme o conteúdo do negócio
jurídico. No depoimento pessoal, as partes têm o dever de responder ao que
lhes for indagado, obviamente sendo pertinente às alegações de fato
controvertidas; recusando-se a responder, o juiz aplicará a pena de confissão
(art. 385, § 1.º, in fine).

Os advogados das partes têm o direito de (a) inquirir as testemunhas na


devida ordem e para os efeitos do art. 459, caput; (b) contraditar a
testemunha da parte adversa (art. 457, § 1.º (c) requerer o registro no termo
de audiência das perguntas indeferidas pelo juiz (art. 459, § 3.º); (d) interrogar
a parte contrária e fiscalizar o depoimento do cliente;99 (e) ouvir os
esclarecimentos do(s) perito(s) e dos assistentes técnicos, ao responderem
de forma direta e clara aos quesitos apresentados (art. 477, § 3.º, parte final),
formulando-lhes perguntas, ademais, tendentes a esclarecer ou
complementar as respostas; (f) debater a causa, requerendo a apresentação,
em lugar da discussão oral, de memoriais (razões finais escritas); (g) indicar
ocorrência que lhes pareça oportuno registrar no termo de audiência; (h)
requerer o que lhes pareça adequado à defesa (v.g., a acareação do art. 461,
II); (i) subscrever o termo de audiência (art. 367, § 2.º), recusando-se a fazê-lo
por determinado motivo, igualmente consignado no termo, e instruindo o
cliente a fazê-lo ou não.

§ 428.º Etapa da conciliação

2.077. Natureza da conciliação incidental

O art. 139, V, institui o dever de o juiz promover a autocomposição dos


litigantes, a qualquer tempo, preferencialmente com o auxílio de conciliadores
e mediadores. Frisou-se, no item próprio (retro, 961), a singular importância e
as imensas expectativas depositadas na autocomposição judicial, objeto de
audiência prévia (art. 334), cujas raízes remontam às Ordenações Filipinas
(Livro 3, Título 20, n.º 1). Esse dispositivo incumbia ao juiz dizer aos litigantes
“que antes que façam despesas, e sigam entre eles os ódios e dissensões, se
devem concordar, e não gastar suas fazendas por seguirem suas vontades,
porque o vencimento da causa sempre é duvidoso”. Fonte que inspirou o art.
161 da CI/1824, estabelecendo este conciliação prévia, a cargo dos juízes de
paz eletivos, aparentemente erigida a requisito de admissibilidade da
demanda em juízo (“Sem se fazer constar que se tem intentado o meio da
reconciliação, não se começará processo algum”).

Ao processo de índole “social”, a solução negociada do conflito é superior


à solução autoritária, ditada pelo órgão judiciário, razão por que integra a
chamada direção material (retro, 940). A autocomposição judicial tende a
restaurar a convivência entre os antigos desavindos, resultando em paz sem
vencidos e vencedores.100Ela se vale da inclinação dos litigantes em aceitar
solução rápida e pronta, fruto de negociações, em vez das incertezas e
aflições da litispendência.101

A tentativa de conciliação prevista no art. 359 consiste no auxílio prestado


às partes para identificar pontos consensuais, isolando e diminuindo as
divergências, e, assim, alcançar a solução consensual. O conciliador participa
de modo ativo do debate, faz propostas (art. 165, § 1.º), analisa a posição de
ambas as partes e, invasivamente, defende solução que talvez desagrade a
ambos os litigantes. Essa participação ativa distingue a tentativa de
conciliação da mediação (art. 165, § 2.º), na qual o mediador, basicamente
terceiro neutro, ou grupo de pessoas neutras, eventualmente com formação
em áreas de saber específicas (v.g., o assistente social, o psicólogo, o
médico, o economista), nem sequer esboça solução para o litígio (retro,
961.2) – os litigantes, ante a existência de vínculo anterior (v.g., familiar), hão
de identificar por si as soluções de mútuo benefício.

Essas modalidades alternativas de composição da lide adquiriram


prestígio e importância no século XX, em que a crise da Justiça Pública
estampou-se em muitos Países, gerando a reorganização das finalidades da
função jurisdicional. No que tange à oportunidade, distinguem-se duas
espécies: (a) a conciliação pré-processual, intentada antes da formação do
processo, de modo obrigatório ou facultativo; (b) a conciliação incidental,
realizada no curso do processo (art. 334).

Em ambas as espécies, conforme haja ou não processo pendente, a


intervenção da autoridade judiciária não se afigura imprescindível. A esse
propósito, outra distinção vem à tona: (a) a conciliação extraprocessual,
realizada diretamente pelas partes, através de seus advogados, com ou sem
o auxílio de conciliador profissional, inserido ou não na estrutura paralela
mantida pelo Estado para esse fim, que é passível de homologação em juízo;
(b) a conciliação endoprocessual, presidida pelo próprio órgão judiciário no
processo pendente, em princípio com a participação, onde houver, do
conciliador e do mediador (art. 334, § 1.º).

Esta última tentativa tem como patrocinador o órgão judiciário, em tese “a


qualquer tempo” (art. 139, V), na prática na audiência de conciliação e de
mediação (art. 334), na audiência preliminar (art. 357, § 3.º) e na audiência de
instrução e julgamento (arts. 359). Não há qualquer momento específico no
segundo grau, pendendo recurso ou nas causas de competência originária;
porém, nos últimos tempos, apesar dos resultados quantitativamente pouco
expressivos, organizam-se pautas de conciliação, constrangendo partes e
advogados a comparecer no tribunal.

A tentativa de conciliação prevista no art. 359, na hipótese de produzir


solução consensual, tem natureza de conciliação (a) incidental; e (b)
endoprocessual. Essa conciliação caracteriza-se pela intervenção da
autoridade judiciária em interação com as partes.102 O mérito de confiar ao
juiz, incidentalmente, a tarefa de conciliar as partes evidenciou-se na adoção
pelo art. 21 do Nouveau Code dessa atribuição, desenvolvida nos arts. 127 a
131.103 E a audiência de conciliação e de mediação, etapa do procedimento
comum (art. 334), apesar de custosa e incômoda, revela o princípio de política
legislativa do NCPC nesse assunto. Do ponto de vista das partes, havendo o
ajuste, formam negócio jurídico processual (retro, 1.807).

Fatores técnicos, culturais, sociais, econômicos e materiais inibem a


conciliação entre nós. Em primeiro lugar, a tentativa de conciliação exige juiz
particularmente predisposto a abandonar sua atividade habitual, concentrada
na prolação de atos decisórios, e empenhar-se em criar o consenso das
partes, auxiliado por conciliador ou mediador. Outro tanto se pode dizer dos
advogados. A formação desses profissionais enfatiza, sobretudo, o litígio, e,
não, técnicas de composição não autoritárias. Estão propensos a litigar, e,
não, a conciliar. A sala de sessões não é ambiente que convide à discussão
franca e direta das causas do conflito e ao apaziguamento dos litigantes. A
qualidade dos litigantes influencia, decisivamente, o êxito da tentativa de
conciliação, pois há os que não têm nada a perder, porque litigam com o
benefício da gratuidade, e há os que têm muito a ganhar com a demora na
prestação jurisdicional (v.g., o litigante institucional, bancos e seguradoras à
frente). E, por fim, o inconsciente coletivo visualiza no Estado intervencionista
e assistencialista a tábua de salvação para quaisquer problemas da vida
social. Eis a razão profunda pela aspiração generalizada da sentença em
detrimento da autocomposição.

O malogro da tentativa de conciliação não é fenômeno privativo do


sistema judiciário brasileiro.104 No direito italiano, na vigência do CPC de 1865,
as estatísticas demonstraram a tibieza dessa modalidade de
autocomposição,105 número que não se modificara para melhor na penúltima
década do século XX.106 Oxalá o art. 344 atinja as finalidades almejadas.

2.078. Obrigatoriedade da conciliação incidental

A etapa de conciliação na audiência principal afigura-se tão obrigatória


para o juiz quanto a realização da audiência específica do art. 334.
Determinará, ex officio, o comparecimento das partes para esse fim. No
entanto, as partes podem legitimamente recusar-se a conciliar, rejeitando a
tentativa de modo expresso, comparecendo à audiência e declarando-o de
viva voz, ou tacitamente, abstendo-se de comparecer, apesar de convocadas,
sem que ausência acarrete-lhes sanções ou prejudique os trabalhos
subsequentes. A fórmula verbal do art. 359 (“… tentará conciliar…”) indica a
obrigatoriedade do comparecimento, mas inexiste sanção à falta.107 Em
particular, não incidirá a parte ausente na sanção do art. 334, § 8.º, porque
esta norma restritiva de direito reclama interpretação estrita.

A emissão da sentença favorável a uma das partes, prosseguindo a


audiência após a frustração da tentativa de conciliação, não impede negócio
jurídico dispositivo posterior, mediante concessões mútuas, vinculando o
órgão judicial (retro, 1.640). O teor da sentença desestimula ou propicia o
ajuste, conforme o caso, e há como traçar perspectivas, a priori, nesse
assunto.

A previsão da tentativa de conciliação, como etapa da audiência, obriga o


juiz a realizá-la. Determinará a intimação pessoal das partes para esse fim
específico,108providência integrante das medidas preparatórias (retro, 2.071).
Bastará a intimação pelo meio admissível, preferentemente eletrônico, quiçá
na pessoa do advogado quando a procuração juntada aos autos já contiver
poderes especiais.109 Era o que entendia o STJ no direito anterior.110 O
comparecimento pessoal das partes, presenciando os esforços pessoais do
juiz, invasivos da respectiva autonomia, em geral auxilia a autocomposição
judicial.111 O juiz pode e deve pôr na mesa a hipotética solução autoritária do
conflito, invocando a jurisprudência dominante, e apelar para o bom senso.
Ocorre que, apresentando-se o procurador com poderes especiais para
transigir (art. 105), também se possibilita a conciliação. Não obtendo êxito, e
presentes as partes somente para a tentativa, serão dispensadas
imediatamente, salvo quando houverem de depor.

Omitindo o juiz a intimação prévia das partes, sem embargo da faculdade


de os advogados apoderados transigirem na própria audiência, e não
consignando, formalmente, a frustração da tentativa do termo de audiência,
interessa identificar a natureza do vício daí decorrente.

Para solucionar essa questão, impõe-se distinguir a tentativa de


conciliação do seu resultado, que é conciliação propriamente dita. Esta se
afigura naturalmente disponível, considerando seu próprio objeto; ao
contrário, aquela integra obrigatoriamente a audiência, sob a direção do órgão
judiciário.

Feita a separação das hipóteses, dificilmente reputar-se-á a infração ao


dever de o juiz tentar a conciliação como violação regra dispositiva.112 Em tal
caso, editado o art. 359 no interesse privado das partes, realmente cuidar-se-
ia de anulabilidade (retro, 1.253), cuja alegação subordina-se à iniciativa da
parte, na primeira oportunidade – quer dizer, na própria audiência –, pena de
preclusão.113

Na realidade, o art. 359 é norma de natureza imperativa, o que se infere


da própria forma verbal da regra. Portanto, o vício decorrente da preterição da
tentativa importa nulidade dos atos que lhe seguem no itinerário da audiência
e dela são dependentes. Bem entendido e aplicado o notável regime das
invalidades consagrado no direito brasileiro (retro, 1.249), tal observação
salva os atos de coleta da prova da invalidação derivada, derivada,
suavizando, destarte, os efeitos do vício na etapa precedente.

No processo de índole social, eminentemente autoritário, a tentativa de


conciliação serve a fins de política judiciária e, conforme a amplitude
conferida, à própria função jurisdicional. O art. 359 não tutela o interesse
particular, mas o interesse público na autocomposição judicial. Logo, a
nulidade é absoluta, passível de decretação, ex officio, a qualquer tempo e
grau e jurisdição.

2.079. Objeto da conciliação incidental

O art. 359 não explicita as causas em que o juiz promoverá a tentativa de


conciliação na audiência principal, harmonizando-se, de resto, com o art. 334.
Em princípio, comportará conciliação, na forma de transação, ou não, as
causas em que objeto litigioso for disponível.114 Em termos mais elásticos, o
objeto litigioso disponível permite negócios jurídicos dispositivos, pois da
conciliação talvez resulte o reconhecimento ou a renúncia.115 Faltou
acrescentar que a conciliação envolverá pessoas capazes e os legitimados
ordinários nesse caso (retro, 1.636).

O direito anterior previa a conciliação “nas causas relativas à família”,


tomando aqui o quod plerumque accidit, nos casos e para os fins autorizados
por lei. O art. 694, caput, obriga o juiz a empreender todos os esforços para a
solução do litígio, recorrendo a profissionais de outra área de saber para
mediação e conciliação. Logo, o objeto subsiste no NCPC e com redobrada
ênfase. As demandas relativas ao estado (v.g., a filiação) e à capacidade das
pessoas (v.g., a interdição), aos direitos relativos à personalidade humana,
em princípio não admitem negócios jurídicos dispositivos. Entretanto, do
contexto da indisponibilidade destacam-se (a) os aspectos patrimoniais (v.g.,
o valor da prestação de alimentos que decorreria do reconhecimento da
paternidade; a partilha dos bens na separação), naturalmente
transacionáveis;116 e o (b) reconhecimento do pedido, quando admissível por
negócio jurídico no plano do direito material (v.g., o reconhecimento voluntário
da paternidade, concebível na tentativa de conciliação).

O direito patrimonial da Fazenda Pública (v.g., o crédito tributário)


comporta transação, através dos representantes legais da pessoa dotada de
capacidade para tributar, na forma da lei, ou seja, mediante autorização
legislativa prévia e expressa.117

O conteúdo objetivo da conciliação abrange o objeto litigioso disponível,


no todo em parte, e, por igual, matéria estranha a esse objeto.118 Essa última
possibilidade decorre do art. 515, § 2.º, segundo o qual a autocomposição
judicial pode envolver terceiros e “versar sobre relação jurídica que não tenha
sido deduzida em juízo”. A autonomia privada opera livremente nesse
domínio.

Não pode ser objeto de conciliação a questão processual controvertida


(v.g., a legitimidade das partes). O negócio jurídico, posteriormente revestido
da autoridade estatal, surtirá efeitos no plano substancial. Fica subentendido
que essa irradiação originar-se-á de negócio válido. Ora, transação realizada
com alguém que não é o titular da relação material mostrar-se-ia
irremediavelmente ineficaz perante o verdadeiro figurante. E, formalizada
perante juiz absolutamente incompetente, em razão da matéria, revelar-se-ia
rescindível. Esses efeitos problemáticos militam em prol da rejeição da
conciliação a respeito de pressupostos processuais e de condições da ação.

O juiz precisa encarar sem preconceitos os interesses patrimoniais


secundários, representados pela repercussão financeira do processo para os
advogados das partes, e que tem importância negligenciada nas discussões
visando à conciliação. Em muitos casos, os honorários advocatícios
constituem matéria assaz delicada, necessitando explicitação sincera; do
contrário, a tentativa de conciliação fracassará por razões secundárias, mas
relevantes e não explicadas lisamente. É preciso enfrentar o problema com a
desenvoltura que só a confiança e a franqueza possibilitam, conduzindo às
partes ao consenso, quer sob a forma de transação, quer a de aquiescência
ao direito alheio (reconhecimento do pedido ou renúncia).

2.080. Forma da conciliação incidental

O lacônico art. 359 demarca o momento da etapa da conciliação (“Antes


de iniciar a instrução…”) e o respectivo resultado. Não ministra roteiro mais
preciso quanto à forma da tentativa de conciliação.

Em relação ao momento marcado para essa etapa da audiência, nenhum


reparo pode ser feito, exceto o do caráter incompleto. As críticas ao momento
escolhido, no “apagar das luzes” do processo,119 em parte ficaram superadas
pela previsão da audiência de conciliação e de mediação (art. 334), antes da
defesa do réu, e, no restante, mostram-se insubsistentes. O sistema
processual brasileiro tornou obrigatória conciliação endoprocessual. E o
argumento que, chegado ao estágio da audiência principal, ou a animosidade
das partes avolumou-se, em razão dos esforços despendidos no processo, ou
a parte débil (social, emocional ou economicamente) acaba por ceder, não
convence suficientemente.120 Contrapõem-se a essa linha de raciocínio outros
argumentos de igual ou maior peso. Na abertura do processo,
desconhecendo-se as alegações do réu, nenhum dos litigantes sente-se
inteiramente seguro para compor-se; de resto, o litígio é muito recente ou
intenso. O tempo aplaca os ânimos. E a generalização do benefício da
gratuidade, isentando a parte débil dos riscos financeiros do insucesso em
juízo, a esta transforma em litigante irredutível, pois nada tem a perder. O
prato da balança inclina-se contra a parte provida de recursos financeiros e de
patrimônio exposto à futura execução.

Entre nós, a tentativa de autocomposição ocorrerá a qualquer momento,


precipuamente na audiência do art. 334. Com efeito, o art. 139, V, ordena ao
juiz promover a autocomposição sempre que entender desejável. Assim,
sentindo o juiz a inclinação favorável, após a instrução – a prova
eventualmente restringirá as esperanças de uma das partes na solução
autoritária ou, como se afirmou em obra italiana,121 “concorre para atenuar
muitas intransigências” – ou após a discussão oral, renovará a tentativa
anteriormente frustrada.

A tentativa de conciliação exige habilidade muito especial do juiz (retro,


961.5). Embora não haja itinerário predeterminado, uma coisa é segura:
descumpre com seu dever o juiz que se limita a indagar se as partes já
chegaram a acordo ou se há possibilidade de alcançá-la nesse momento.
Essa fria consulta desanimará o litigante mais entusiasmado e esperançoso
em sair da audiência com a causa finda.

Para lograr os objetivos do art. 359, atender aos postulados do processo


civil social, que lhe confiou o protagonismo da direção material, o juiz
concederá a palavra às partes, diretamente, ou aos seus advogados, ouvindo-
lhes o relato interessadamente e mantendo a fisionomia inexpressiva perante
emoções mal contidas ou deficiências na verbalização dos interesses. Em
seguida, recapitulará os motivos da divergência, tal como expostos na inicial e
na defesa, identificando os núcleos do conflito que resultam do relato feito
nessa ocasião. O passo seguinte consiste no induzimento a nova discussão
sobre os aspectos básicos, precedentemente identificados, instando uma das
partes a se manifestar ou ambas se manifestarem na devida ordem. Feita
proposta sobre um dos núcleos do litígio, incumbe-lhe persuadir a contraparte
a aceitá-la, ou oferecer contraproposta. Na hipótese de as partes se
mostrarem reticentes em formalizar proposta específica, o conciliador
formulará a sua própria, item por item, recolhendo as objeções e adaptando-
as, na medida do possível, e, assim, sucessiva e indefinidamente. Uma das
técnicas concebíveis é a movimentação das pessoas na sala de audiências –
prevista no art. 3.º, § 3.º, da Lei 6.515/1973, na separação judicial, mas
generalizável –, retirando-se o juiz, por instantes, ou convidando uma das
partes e seu advogado a confabular no corredor, dentre outras variações. Por
fim, o juiz precisará persuadir as partes da justiça e do relativo equilíbrio do
acordo.122

A tentativa de conciliação demanda tempo e paciência. Esta é virtude


incomum nos juízes acossados pelo excesso de trabalho. Mas, a
demonstração de aborrecimento pela relutância das partes, ou dos
advogados, e indiferença com a causa, mais uma para o juiz, mas única para
as partes, representam os erros mais comuns. Ao juiz veda-se, aqui como
alhures, o emprego de palavras impróprias ou de postura corporal
desdenhosa.

Em geral, o juiz não se esforça em seguir a linha que o conduzirá ao


sucesso, por falta de tempo ou de aptidão. Limita-se a indagar se há acordo e
passa à instrução. Chegando as partes a acordo, cujos termos são
indeterminados, a priori, o juiz ordenará a lavratura do termo de conciliação,
aplicando-se, por analogia, o art. 334, § 11. Passa-se, destarte, ao plano dos
efeitos do negócio jurídico.

2.081. Efeitos da conciliação incidental


Alcançada a conciliação das partes, o juiz mandará reduzi-la a termo
específico, por força do art. 334, § 11. Chama-se a este ato de “termo de
conciliação”. Fonte presumível dessa designação, o art. 5.º, I, da Lei de
15.10.1827 adotava nomenclatura diversa, mencionando o “termo de
resultado”. É atribuição do escrivão, sob o ditado do juiz, registrar as partes
que se conciliaram (talvez nem todas hajam chegado ao ajuste, cuidando-
se, v.g., de transação subjetivamente parcial), e o conteúdo do negócio
jurídico em todos os seus pormenores. Prescinde-se da lavratura do termo
“negativo”. Formulários adrede concebidos, e disponíveis no sistema
informático, auxiliam o auxiliar do juízo encarregado da documentação dos
atos da audiência. Todo cuidado é pouco. A advertência que termos
incompletos, ambíguos ou redigidos descuidadamente, em vez de pôr fim ao
litígio talvez constitua fonte de outras controvérsias, tem plena pertinência
nesse ponto.

O termo de conciliação deverá ser assinado pelos participantes do ato (art.


367, § 2.º). Dispensada que esteja a firma das partes, preexistindo o poder
especial de transigir do(s) advogado(s), nessa disposição, convém firmá-lo.
Nada impede, entretanto, que o termo de conciliação seja assinado
unicamente pelos advogados que entabularam a conciliação. Dispensa-se a
participação pessoal das partes nessa etapa da audiência, e, nesse caso, a
assinatura do termo não é possível. Somente advogado munido de poderes
especiais (art. 105 do NCPC c/c art. 334, § 10.º, e art. 661, § 1.º do CC),
outorgados pelo cliente, pode conciliar eficazmente. Na hipótese de uma das
partes ou de ambas não comparecerem no “início da audiência” (art. 359),
para esse escopo, entende-se que renunciaram, tacitamente, à possibilidade
de conciliação, ficando prejudicada essa etapa da audiência, salvo se ambos
os advogados dispõem de poderes especiais, hipótese em que o consenso
superveniente será documentado no termo por eles assinado.

Pode acontecer que, ausente uma das partes e desprovido o respectivo


advogado dos poderes imprescindíveis à formação do negócio, todavia os
representantes técnicos alcancem o desejável entendimento. Aliás, a falta de
poderes talvez seja apurada somente após a consumação do ajuste. Em tal
hipótese, abrem-se dois termos de alternativa para o juiz empenhado em
conciliar os desavindos: ou (a) manda o escrivão lavrar o termo de
conciliação, assinando prazo para ratificação, advindo da própria parte ou
mediante a juntada de procuração com os poderes necessários, adiando, sine
die, a audiência; ou, desde logo, (b) adia a sessão em curso, a fim de os
advogados providenciarem a ulterior juntada de instrumento público ou
privado incorporando o negócio, e passível de futura homologação. É claro
que sentença homologatória não pode ser proferida imediatamente. Parece
preferível a primeira solução: o termo já redigido induz à adesão, impedindo o
renascimento da desavença, oferecendo pretexto convincente para superar
eventuais objeções domésticas… Em determinada causa, na qual ocorreram
sucessivos chamamentos em garantia, a conciliação atribuiu responsabilidade
exclusiva ao último figurante na cadeia de transmissões, traduzindo a solução
justa à espécie, mas a esposa do transator passou-lhe vexatória
descompostura, em altos brados, na saída da sala de sessões, onde
aguardava o resultado da audiência. A única forma de convencê-la de que o
ingênuo cônjuge não fora espoliado foi oportuna intervenção do juiz,
esclarecendo-lhe pacientemente os aspectos jurídicos da matéria, findando o
incidente por tímida piscadela do marido, retribuindo a restauração da paz
conjugal, seguramente mais relevante que a dívida assumida na conciliação.

Forma-se o negócio jurídico, vinculando seus figurantes, somente após a


assinatura do termo previsto no art. 334, § 11, aplicável por analogia. Antes
disso, sem prejuízo da responsabilidade pré-contratual, existem apenas
tratativas conduzidas de boa-fé. Nada exclui que o registro do conteúdo, na
forma de cláusulas, relembre ou evidencie a uma das partes o desequilíbrio
do negócio. É tempestivo o arrependimento formulado antes da assinatura do
termo.

Recusando-se uma das partes a subscrever o termo de conciliação, por


qualquer motivo, inexiste meio para constrangê-la. Entende-se ocorrido
arrependimento do negócio. Se o motivo da rejeição respeita ao conteúdo tal
como escrito, o juiz mandará retificar o ato; do contrário, persistindo a recusa,
prosseguirá a audiência, frustrada a tentativa de conciliação.

O aspecto mais delicado avulta na recusa do advogado da parte em


subscrever o ajuste consentido pelo representado. Razões diversas, da
convicção sincera que o julgamento será favorável à falta de atendimento dos
interesses secundários – retribuição pecuniária sob a forma de honorários
contratuais –, todavia relevantes, inspiram semelhante conduta. A rigor,
envolvendo a conciliação pessoas maiores e capazes, que dispõem
livremente dos seus direitos, as objeções do advogado se revelam
irrelevantes, embora produzam o rompimento do vínculo decorrente do
mandato judicial. O juiz cuidará que tal não aconteça, persuadindo também o
advogado das vantagens da autocomposição judicial; baldados os esforços
nesse sentido, resta-lhe homologar o negócio.123

À luz do art. 334, § 11, o termo de conciliação constitui ato distinto e


separado do termo de audiência aludido no art. 367.124 Enquanto o termo de
conciliação contempla os elementos essenciais (v.g., o
objeto: A prestará x a B) e acessórios (v.g., condição, modo e encargo: a falta
de pagamento de qualquer parcela importará o vencimento antecipado de
toda a dívida) do negócio jurídico, o termo de audiência indicará sua
existência e conterá a sentença homologatória. Não há mal algum na reunião
de ambos no termo de audiência.125 É o que normalmente acontece.

Do art. 334, § 11, c/c art. 487, III, infere-se que, assinado o termo pelas
partes, e homologado pelo juiz, produzirá os efeitos próprios da sentença
definitiva. O ato decisório entra no figurino do art. 487, III, a, b e c, consoante
o conteúdo do negócio.

Essa disciplina que até separa formalmente o “termo de conciliação”,


firmado unicamente pelas partes, do “termo de audiência”, este consignando a
sentença homologatória, por extenso (art. 367, caput), e simples remissão
daquele, sugere um particular tratamento da conciliação dentre as causas
extintivas do processo.

A atividade desenvolvida pelo órgão judiciário, homologando a conciliação,


afigura-se tipicamente jurisdicional.126 Por óbvio, essa atividade não é análoga
à que o juiz empregará para acolher o pedido formulado na ação ou na
reconvenção (art. 487, I). Incorre em flagrante exagero, entretanto, a
afirmativa que, conciliando-se as partes, o negócio jurídico das partes
erradicaria o litígio, e, conseguintemente, desapareceria a característica inter
nolentes da autêntica jurisdição. Nessa linha de raciocínio, a autocomposição
das partes, na transação, que é o conteúdo mais comum de conciliação, faria
cessar a jurisdição, eliminando-lhe a causa, por sua vez derivada da
lide.127 Essa objeção não tem cabimento. Restrita que seja a atividade que lhe
compete, limitando-se a avaliar os requisitos da validade, o juiz poderá
recusar a homologação do negócio ajustado na audiência, e, no caso de
figurarem incapazes, investigará seu próprio conteúdo, porque a eficácia
deste depende da sua autorização.

O ato decisório do juiz revela-se imprescindível, senão para vincular as


partes, o que já decorre da formação do negócio, através da assinatura do
termo de conciliação, no mínimo para encerrar o processo pendente.128 E,
com efeito, após a homologação o processo findará com resolução de mérito
(art. 487, III). Por isso, desse ato caberá apelação como no direito
anterior.129 Esta eficácia é intrínseca aos provimentos homologatórios. Na
verdade, a cláusula final do art. 334, § 11, reitera o propósito do direito
anterior de ressaltar, grassando divergências quanto à natureza do
provimento ao tempo do CPC de 1939, seu indiscutível caráter de sentença
definitiva. Os meios e os casos de impugnar a sentença homologatória da
conciliação já receberam análise no item dedicado aos efeitos da transação
(retro, 1.640).

§ 429.º Etapa da instrução

2.082. Fixação dos pontos controvertidos

A localização do art. 451 do CPC, prevendo a fixação dos pontos


controvertidos vencida a etapa da conciliação, mostrava-se imprópria já na
época do segundo código unitário. A identificação das alegações de fato
controvertidas – tecnicamente, questões de fato –, por sua natureza, antecede
o juízo acerca da admissibilidade dos meios de prova propostos pelas partes
para esclarecê-las. O problema é logicamente elementar: antes de saber
como provar, impõe-se estabelecer o que há de se provar, ou seja, o tema da
prova (retro, 1.309). E inexiste oportunidade mais convidativa e apropriada
que a decisão de saneamento e de organização do processo (art. 357, II). É
nessa ocasião, com efeito, que o juiz, se for caso, emitirá o juízo de
admissibilidade da demanda, resolvendo as questões processuais
favoravelmente ao autor, e prepara o caminho que percorrerá para formar
convicção, quanto às questões de fato, dando o primeiro passo rumo à
decisão do mérito. Se a demanda não vencer o juízo de admissibilidade, a
questão nem sequer se põe à apreciação do juiz, competindo-lhe extinguir o
processo sem resolução do mérito (art. 485).

Nesse sentido, o art. 357, II, localizou o assunto no lugar próprio. A regra
corrigiu parcialmente a ordem das resoluções do juiz, prevendo a fixação dos
pontos controvertidos antes de o juiz determinar quais os meios de prova
admissíveis. E situou, corretamente, a resolução das questões processuais
pendentes no inciso anterior. Parece óbvio que, conforme o teor da decisão
tomada quanto às questões processuais, inexistirá a necessidade de produzir
prova, tornando redundante a delimitação do respectivo tema.
Essa atividade oficial preparatória à instrução, inspirada no antigo
“questionário” do direito português, hoje chamada de seleção e incluindo a
indicação das alegações de fato que o juiz considera assentes ou
provadas,130 recebeu veemente crítica como objeto da decisão de saneamento
na vigência do CPC de 1939. Em síntese, postulou-se confiar ao benfazejo
contraditório das partes a natural delimitação do tema da prova,
contrabalançada “com uma saída faculdade inquisitória suplementar do
juiz”.131 Forçoso convir que essa falta de rumos à atividade probatória surtiria,
no essencial, somente efeitos negativos. Primeiro, promoveria a
desconcentração dos esforços das partes, vagamente orientadas pelas regras
do ônus da prova, aqui na função de regra de conduta (retro, 1.338.1), cuja
ênfase equivocada talvez recaísse em aspectos secundários ou irrelevantes.
Segundo, estimularia a introdução de prova concernente a fatos alheios ao
objeto litigioso, propiciando o desrespeito ao princípio da congruência, ao
tentar o juiz a “fazer justiça” no caso concreto.

Não tem cabimento, portanto, confiar à “arte” dos advogados a produção


da prova que entendam favorável à pretensão ou à defesa. Sempre haveria o
risco de abandono da sadia probidade em proveito da prática de artes
incompatíveis com os propósitos do processo.

2.082.1. Possibilidade da fixação tardia dos pontos controvertidos – Resta


investigar se, cumprido rigidamente o art. 357, II, e omitida qualquer
disposição para reiterá-la na audiência, no itinerário do procedimento comum
ainda pode, tardiamente, fixar o tema da prova, tendo em vista a coleta da
prova oral (art. 361). Os pontos controvertidos aqui mencionados são,
tecnicamente, as questões de fato.

Os fundamentos de fato e de direito da pretensão e da defesa formam


pontos da mesma natureza que, controvertidos e passando à condição de
duvidosos, transformam-se nas questões que ao juiz incumbe resolver.132 Por
exemplo, A pede separação de B, alegando que este manteve relações
sexuais com C no motel X, mas o réu, admitindo a estadia no motel com X,
alega que a visita tencionava vender roupas de cama ao estabelecimento,
pois C é a figurinista da fábrica D. Ao juiz cumpre esclarecer se a visita
de B e C ao motel X se deveu, realmente, à atividade profissional do réu,
representante comercial de D ou se a versão do réu é insubsistente e ocorrem
relações sexuais entre B e C.

Os pontos controvertidos que a prova produzida em audiência tenderá a


esclarecer são, em princípio, pontos de fato. Por exceção, o tema da prova
envolve as alegações de direito controvertidas (retro, 1.310), motivo por
que, a priori, o ato do art. 437, II, não ficará limitado à enunciação das
questões de direito idôneas a influenciarem o juízo de mérito, como se
pretendia no direito anterior,133 mas também incluirá o direito passível de
prova quanto ao teor e à vigência (art. 376).

Em princípio, subsiste a fixação do tema da prova tardiamente. Pode


acontecer de o juiz, na oportunidade do art. 357, II, não enunciar
precisamente o tema da prova, acudindo-lhe, então, nova oportunidade para
semelhante especificação. Por óbvio, nada obsta a rememoração, ainda, do
estipulado anteriormente, orientando as inquirições das partes para os efeitos
do art. 359, caput. E, principalmente, a prova superveniente, a exemplo da
perícia, talvez haja tornado supérflua, no todo ou em parte, a coleta de prova
oral a respeito da uma e de outra questão, recomendando restrição na
atividade probatória, quiçá reduzindo o número de testemunhas,ope judicis,
na forma do art. 357, § 7.º. Essas situações levam à pesquisa da finalidade
hipotética da fixação tardia.

2.082.2. Finalidade da fixação tardia dos pontos controvertidos – A fixar as


questões de fato passíveis de prova, o ato do juiz orientará a produção da
prova posterior à documental (art. 435), esta produzida com a inicial e a
defesa (art. 434, caput), incluindo a prova pericial, realizada antes e
preponderantemente fora da audiência. E, como visto, a decisão de
saneamento e de organização do processo é a ocasião propícia para emiti-lo,
o que é determinado, expressis verbis, no art. 357, II.

O problema já existia no direito anterior. Segundo certo alvitre, o ato do


juiz na audiência prestava-se a reiterar, qual lembrança tardia, o tema da
prova para os advogados;134 outra opinião sustentava que a anterior decisão
ocorria nas causas em que houvesse disponibilidade do objeto litigioso,
enquanto a fixação posterior aplicar-se-ia em quaisquer causas, haja ou não
disponibilidade,135 entendimento contrariado pelos dados legislativos então
vigentes – supervenientes, de resto, à tese exposta –, indiferentes a essa
distinção.

A fixação tardia dos pontos de fato passíveis de prova assumiu função


residual. Serve para readequar a fixação anterior se, entre a decisão de
saneamento e de organização, surgiu outra prova, reduzindo o tema da
prova.136

2.082.3. Requisitos da fixação tardia dos pontos controvertidos –


Escassamente aplicado no direito anterior,137 em que pesem os benefícios de
o juiz intervir ativamente no assunto, atalhando desorientações nas perguntas
feitas pelos advogados aos depoentes (art. 459, caput), a fixação tardia exibe
aspecto altamente positivo.

É requisito dessa fixação tardia a ouvida das partes, ou seja, o juiz


concederá a palavra aos advogados e ao órgão do Ministério Público,
havendo essa intervenção, na devida ordem, a fim de que se manifestem a
respeito do tema da prova já fixado. Esse diálogo é deveras proveitoso.
Revela, por um lado, o empenho do órgão judiciário em abrir a discussão
entre os sujeitos do processo, convidados a interagir nesse ponto decisivo, e,
de outro lado, norteia a inquirição das partes e das testemunhas – o perito
responderá, teoricamente, a quesitos escritos –, evitando, assim, o
indeferimento das perguntas impertinentes. Esse último acontecimento
provoca incidentes desagradáveis e exalta os ânimos, principalmente no caso
de o juiz recusar cumprimento ao art. 459, § 3.º, registrando no termo de
audiência a pergunta indeferida.

A consulta aos litigantes e à parte coadjuvante não tem forma rígida. Em


caso de divergência de pontos de vista, predominará o entendimento do órgão
judiciário, pois a prova destina-se à formação do seu convencimento. Convém
jamais olvidar que tarefa do advogado é persuadir o juiz e, não, confrontá-lo.
E o juiz deve ter em mente que, incumbindo ao tribunal rever-lhe o juízo de
fato, no sistema da apelação limitada (revisio prioris instantae), não é
soberano como destinatário da prova. A largueza do tema da prova
contrabalançará o risco de invalidações futuras.

Eliminando o juiz determinado ponto de fato controvertido, todavia


estimado essencial pelo advogado de uma das partes, expondo os
fundamentos hábeis, o remédio consiste em registrar a matéria no termo de
audiência, permitindo o reexame futuro pelo órgão ad quem através do
recurso próprio. Por óbvio, as possibilidades de o tribunal reformar provimento
que introduziu restrições indevidas ao tema da prova variam conforme fatores
difíceis de sopesar previamente, mas subsistem na medida em que à maioria
do órgão colegiado, no tribunal, não seja possível formar convencimento nas
mesmas condições preconizadas pelo juiz de primeiro grau.

2.082.4. Recorribilidade da fixação tardia dos pontos controvertidos – À


semelhança da decisão do art. 357, II, a ulterior restrição do tema da prova
não desafia recurso imediato, ficando a questão relegada às razões ou às
contrarrazões da apelação (art. 1.009, § 1.º). O indeferimento das perguntas
atinentes à questão excluídas, porque impertinentes, mas consignadas no
termo de audiência (art. 459, § 3.º), subsidiará a alegação de cerceamento do
direito à prova.138 No direito anterior, sustenta-se que “a parte eventualmente
inconformada com a determinação feita poderá dela agravar quando
caracterizado prejuízo à sua defesa”.139

Na realidade, o indeferimento da pergunta impertinente constitui simples


decorrência do ato originário. A errônea identificação das questões de fato
passíveis de prova é a causa direta e exclusiva do cerceamento de defesa.
Com efeito, o juízo a respeito pode incidir em erro. Volvendo ao exemplo
ministrado, concebe-se que o juiz inclua no tema da prova: (a) fatos não
alegados (v.g., na ação de separação de A contra B, alegando aquela que
este manteve relações sexuais, o juiz quer esclarecer se o réu estava
embriagado); (b) fatos incontroversos (v.g., a vista de B e C ao motel X); e,
inversamente, o juiz é dado excluir do tema da prova (c) fatos controversos
(v.g., a relação de B com D). A origem do cerceamento é a fixação do tema da
prova, e, não, o ulterior indeferimento da pergunta à testemunha que
extrapolar os lindes estabelecidos.

2.083. Produção da prova em audiência

Fixado o tema da prova, opportuno tempore, revisto ou não, orienta a


atividade de instrução propriamente dita. O juiz dirigirá a produção da prova
oral (rectius: constituenda). Essa prova abrangerá, segundo se infere do art.
361, os seguintes meios: (a) esclarecimentos do(s) perito(s) e do(s)
assistente(s) técnico(s), que responderão aos quesitos formulados por escrito,
na forma do art. 477, § 3.º; (b) o depoimento pessoal das partes, primeiro o
do(s) autor(es) e depois o do(s) réu(s); (c) o depoimento das testemunhas
arroladas por autor e réu.

Ao que importa nesse passo, vez que a produção dessas provas já


recebeu análise nos capítulos próprios, revelando a necessidade de tratar da
audiência principal após os meios de prova, e, não, antes como na arquitetura
do NCPC, impende assinalar que representa atividade própria (e indelegável)
do juiz essa direção e, ao menos na audição do especialista do art. 464, § 2.º,
ao juiz incumbe-lhe a primazia de interroga-lo, consoante o art. 464, § 3.º. Aos
advogados incumbe interrogar diretamente as testemunhas (art. 459, caput) e,
conforme a prática aplique essa faculdade, ou não, inquirir as partes, sem
pejo da possibilidade de o juiz fazê-lo inicialmente (art. 459, § 1.º). O(s)
perito(s) e o(s) assistente(s) técnico(s) responderão ao questionário
depositado pela parte que lhes requereu esclarecimentos. No entanto, admite-
se que os advogados das partes e o órgão do Ministério Público, insatisfeitos
com as explicações, oralmente reclamem esclarecimentos suplementares,
porque insatisfatórias as respostas ou porque suscitam novas dúvidas.140 O
advogado da parte que depõe também poderá interrogá-la, como aqui se
sustenta, e é próprio da técnica do exame cruzado.

A ordem da coleta da prova oral – expressão algo discutível, porque o


perito não é testemunha – inserida no art. 361 seguiu “critério lógico e
prático”, organizando os trabalhos de instrução para evitar atritos entre os
advogados e o juiz.141 Firmou-se a doutrina142 e a jurisprudência pátrias,143 no
direito anterior, na tese de que a ordem é relativa. Razões práticas
imperiosas, a mais das vezes, sugerem modificações nessa sequência ideal.
Por exemplo, a doença do autor, objeto de prova inconteste, impede-lhe de
prestar depoimento no dia marcado; o perito tem outra audiência na mesma
oportunidade; uma das testemunhas do autor falta à sessão, justificadamente
ou não.

Competindo ao juiz velar pela rápida solução do litígio (art. 139, II), e
considerando que a audiência constitui evento assaz custoso e incômodo
para seus participantes, mal andaria se, perante a ausência de algum dos
convocados, postergasse o conjunto da instrução em detrimento de outros
feitos pendentes. E, ademais, nada asseguraria que, designada data próxima,
nesta um dos presentes na sessão originária não se ausentasse
involuntariamente, atingido por fato da vida.

Por evidente, o litigante de má-fé pode dispensar as testemunhas que


arrolou, apesar de devidamente intimadas, e aproveitar-se do depoimento das
testemunhas da contraparte para instruí-las no futuro depoimento. Em tal
contingência, incumbe à parte prejudicada pelo ardil demonstrar o prejuízo,
renovando a prova.

O art. 365, caput, pretendeu emprestar rigidez à ordem do art. 361,


estipulando a cisão da instrução, em virtude da ausência do perito ou da(s)
testemunha(s), subordina-se à concordância das partes. As razões expostas
recomendam que, malgrado discordância motivada, ou não, proceda-se à
coleta da prova possível. Eventual prejuízo à defesa deverá ser alegado e
provado, a posteriori, na apelação.

Infrações à ordem do art. 361, regra dispositiva construída sobre o


interesse das partes, ensejam anulabilidade (retro, 1.253), submetida à
iniciativa de a parte alegá-la na primeira oportunidade e sujeita às barreiras
erigidas à invalidação (retro, 1.262). Em sentido diverso, porque a ordem
interessa aos trabalhos da audiência, há quem entendia cuidar-se de regra
cogente e de natureza ambivalente, atendendo tanto ao interesse público,
quanto ao interesse dos litigantes.144 Não é a orientação dominante. Nada
obsta que o réu requeira, por qualquer motivo, a inversão da ordem do
depoimento das testemunhas. Falseia-se o raciocínio indicando a hipótese de
as partes convencionarem a ordem da produção das provas, vinculando o
juiz. Ora, é flagrante que ajuste nesse sentido esbarraria no disposto no art.
139, VI; na verdade, a art. 361 contempla regra dispositiva para o juiz,
exceção à regra geral que o subordina à obediência contrita das leis
processuais, normas de direito público (retro, 55).

É digno de registro, relativamente à prova testemunhal, o contraste entre a


ordem fixa da tomada dos depoimentos pessoais do inciso I (“o autor e, em
seguida, o réu…”) e a redação do inciso II do art. 361, que alude,
simplesmente, à inquirição das “testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu”,
quase enunciando o caráter relativo dessa ordem.

Não se mostrando possível ao juiz completar a instrução – jamais o debate


ou o julgamento, etapas unitárias – na mesma assentada, por força de alguma
ausência, incidirá o art. 365, parágrafo único. Designará “a data mais próxima
possível”, em pauta preferencial, consultando esta pauta e ponderando a
justificativa apresentada (v.g., a gravidade da doença da parte não indica
recuperação imediata), para o prosseguimento dos trabalhos, e tomará as
providências cabíveis ao caso (v.g., ordenando a condução coercitiva da
testemunha faltante, a teor do art. 455, § 4.º).

§ 430.º Etapa do debate

2.084. Finalidade do debate da causa

O sistema da oralidade coloca o juiz em contato com as fontes de prova –


princípio da imediação (retro, 1.357) –, e, conseguintemente, coletando-se a
prova em audiência, também promove a interação do juiz com os advogados
das partes. É natural, antes do julgamento, na própria audiência, ou não, os
representantes técnicos pretenderem fazer uso da palavra, salientando os
resultados da atividade probatória e resumindo a causa que sustentam em
juízo. Esta é a finalidade do debate oral.

Em sua feição vigente, a primazia de introduzi-lo no direito pátrio é do art.


293 do CPC da Bahia (Lei 1.121-BA, de 21.08.1915),145 secundado pelo art.
371 do CPC de Minas Gerais (Lei 830-MG, de 07.09.1922), rezando este
último: “Devolvidos a cartório e preparados os autos para julgamento,
designará o juiz, se o requerer alguma das partes e com a intimação dos
respectivos advogados, a audiência destinada ao debate oral, que se efetuará
dentro dos dez dias seguintes”. A inovação despertou escasso entusiasmo,
não sendo aplicada, porque inoportuna a defesa oral perante juízo singular.146

Razões finais, sob a forma escrita, eram previstas nas Ordenações


Manoelinas (Livro 3, Título 15, § 14) e nas Ordenações Filipinas (Livro 3,
Título 20, §§ 40 a 42).147

O debate insere-se na audiência, como penúltima etapa das atividades


programadas. É inerente à sua dinâmica o contato do juiz com os advogados
e o órgão do Ministério Público, mas ato eventual, ignorado no julgamento
antecipado. Adotado o regime do exame cruzado na coleta da prova
testemunhal (art. 459, caput), o debate oral servirá, outrossim, para relembrar
o julgador as questões de fato controversas, se este manteve passividade no
curso das inquirições, abdicando do exercício do poder conferido no art. 459,
§ 1.º.
A discussão oral tem utilidade e relevo, mas não integra a essência da
oralidade. A literatura alemã exagera ao apontá-la como “Kernstück des
Zivilprozess” (núcleo do processo civil).148 Assim, a deturpação que a atinge,
sobretudo na modalidade oral, por vezes deplorada,149 e objeto de explicação
no item próprio (infra, 2.089.5), não apresenta repercussões negativas graves.

2.085. Momento do debate da causa

Segundo o art. 364, caput, “finda a instrução”, o juiz dará a palavra aos
advogados das partes e ao agente do Ministério Público, sucessivamente,
começando pelo do autor e, de regra, terminando com o Ministério Público,
que tem a prerrogativa de falar por último na qualidade de parte coadjuvante,
pelo prazo de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a critério
do juiz.

Nem sempre, entretanto, o debate da causa segue à instrução da causa


na audiência. A abreviação do procedimento, através do julgamento
antecipado (art. 355), permite ao juiz eclipsar as etapas da tentativa de
conciliação e do debate, motivo por que, no fim das contas, a principal causa
que induz o juiz a abrir a fase da audiência no paradigmático rito comum
assenta na produção da prova. É a conclusão retirada da análise das
hipóteses de cabimento da audiência (retro, 2.067). Ora, as atividades de
instrução programadas para essa fase do rito – a coleta do depoimento das
partes, das testemunhas e dos esclarecimentos do perito e dos assistentes –
sofrem toda sorte de empecilhos e vicissitudes práticas no interregno entre a
designação e a realização da audiência. Impossibilitam essas atividades
fatores diversos: (a) a parte tornou-se mentalmente incapaz de depor; (b) os
litigantes desistiram de tomar o depoimento das testemunhas arroladas; (c) o
perito e os assistentes prestaram esclarecimentos escritos, considerados
suficientes pelo juiz, ou não se observou o prazo antecedência do art. 477, §
4.º, na respectiva intimação; (d) o juiz dispensou a prova do advogado que,
devidamente intimado, não compareceu ao ato (art. 362, § 2.º);150 e assim por
diante. Não havendo outro motivo relevante para aguardar (v.g., o retorno da
carta precatória ou da carta rogatória, cujo efeito suspensivo despareceu pelo
vencimento do prazo de cumprimento, a teor do art. 377, parágrafo único),
passa-se ao debate da causa, abstraindo-se a malograda atividade de
instrução.

A cláusula “finda a instrução” inserida no art. 364, caput, ateve-se ao quod


plerumque fit. Não é, absolutamente, imprescindível que ocorra instrução em
audiência para encetar o debate. O transcurso da audiência é condição
bastante para ingressar nessa etapa de alta significação.

Por outro lado, não se revela inexorável que, finda a instrução, o juiz
instaure a discussão oral. Lícito se afigura ao juiz, sem atentar contra o
princípio da unidade da audiência, empregar a faculdade de designar a data
mais próxima possível, em conformidade ao art. 365, parágrafo único,
estimando imperativa a discussão oral, mas reconhecendo que as
circunstâncias não a permitem imediatamente. Depoimentos excessivamente
dilatados, reunindo informações heterogêneas e discrepantes;
esclarecimentos do perito que infirmaram, no todo ou em parte, as conclusões
do laudo, preponderando a tese de um dos assistentes; juntada das cartas
precatórias e rogatórias anteriormente expedidas sem oportunidade de vista
às partes, ante a proximidade da data da audiência; e outras tantas situações
recomendam a suspensão dos trabalhos, dando certo tempo para os
advogados organizarem as ideias e concatenarem argumentos.

Não se revela imperioso, portanto, o início da discussão oral


imediatamente ao término da instrução e, por igual, a substituição do
autêntico debate – palavra imprópria fora da audiência – pela discussão
escrita (art. 364, § 2.º). O sistema da oralidade tem lá seus adeptos ferrenhos.
A aplicação do art. 365, parágrafo único, resgata-lhe o sentido e o proveito em
casos tais.

2.086. Participantes do debate da causa

O debate constitui atividade privativa do advogado, representando as


partes principais, e do Ministério Público, na qualidade de parte coadjuvante.
Eventualmente, figurando como parte principal pessoa dotada de capacidade
postulatória (o advogado, o Ministério Público e a Defensoria Pública),
coincidirão o sujeito da relação processual e o debatedor; todavia, a
coincidência não elimina, antes pressupõe a indispensável formação técnica
para travar o debate. O cotejo analítico das alegações de fato com a prova
produzida, bem como o resumo das razões de direito que a parte entende
aplicáveis aos fatos provados, por sua natureza exigem capacidades
naturalmente alheias aos profanos e jejunos na matéria jurídica.

A concessão da palavra à própria parte, convidando-a, ou não, a falar a


seu próprio favor, ex officio ou por sugestão do advogado, tem defensor
credenciado no direito pátrio151 Essa peroração dificilmente timbrará pela
neutralidade. E consumirá tempo indeterminado. Parece melhor empregá-lo
em outra atividade, dissipando, ademais, o justo receio no advogado que
produza efeitos desfavoráveis calamitosos. Não tem cabimento no direito
pátrio: só a pessoa legalmente habilitada legitima-se a discutir a causa.

Recaindo o ônus do debate no advogado, afigura-se prescindível a


participação ativa de todos.152 Concebe-se guardar o advogado silêncio,
recusando-se a falar através de meneio da cabeça, ou faça lacônica alusão
ao já aduzido por escrito.153 Tal atitude não representa rebeldia, ato
censurável ou atentado contra os deveres processuais, notadamente o dever
de lealdade (art. 5.º). Ao contrário, abster-se de afirmar obviedades, ou de
salientar o que transparece com ofuscante nitidez para o juiz, talvez
represente atuação correta e equilibrada nas circunstâncias, harmonizável
com a necessidade de evitar ato supérfluo à obtenção de juízo de
procedência ou de improcedência (art. 77, III). O advogado precisa deixar
claro que o silêncio não significa negligência e falta de confiança na causa
que sustenta.

O juiz também participa do debate. Em princípio, a participação é passiva,


cabendo-lhe apenas escutar contrita e atentamente a peroração dos
advogados. Se o advogado, em vez de imprimir conteúdo adequado ao
debate, promover arenga incompreensível e vazia, sem conexão com as
alegações de fato controvertidas e as razões de direito anteriormente
expostas, dispersando a concentração do magistrado. Por outro lado, o
expositor convincente não necessita mais de meia dúzia de palavras para
atrair a vigília do juiz. Em qualquer hipótese, o dever de urbanidade impõe
silêncio respeitoso ao magistrado. Tampouco o momento permite ao juiz
trocar impressões, em surdina, com agente do Ministério Público, sentado à
sua direita, ou com o escrivão, acomodado à sua esquerda, ministrando a
este instruções para a etapa seguinte. Não é a oportunidade adequada para o
juiz levantar-se, desentorpecendo os membros inferiores, em virtude do
prolongamento da sessão. Embora o advogado esteja a ditar suas razões ao
escrivão, ou estas sejam registradas automaticamente pelo estenotipista,
taquígrafo ou singelo gravador, o juiz sentado e calado inspira confiança no
teor do futuro julgamento. Está fora de cogitação a respectiva ausência,
dando por terminada sua participação na sessão.154

Preparado corretamente para a audiência, através do estudo prévio dos


autos – a quantidade de feitos pouco propicia ao juiz essa desejável ocupação
–, o juiz não só conduzirá a instrução sem desvios ou contratempos, mas, por
igual, habilitar-se-á a intervir utilmente no debate. O art. 269, caput, do CPC
de 1939 autorizava o juiz, antes de conceder a palavra aos advogados, na
discussão da causa, fixar os pontos aos quais deveria se ater o debate. Essa
disposição não resistiu muito, alterando-a o Dec.-lei 4.565/42: o juiz limitava-
se a recordar o objeto litigioso e a destacar “os pontos em que se manifestou
a divergência”, deixando de cercear, indiretamente, e condicionar a linha que
o advogado alvitra adequada ao debate. Nada obstante esse cuidado, o dever
de esclarecimento (retro, 955.1) permite ao juiz, atualmente, ressaltar os
pontos decisivos, ou os que lhe parecem ainda obscuros, indicando às partes
o que é oportuno, no seu ponto de vista, debater para persuadi-lo. É digno de
registro que, no direito francês contemporâneo, ao debate precederá relatório
objetivo do juiz, expondo o conjunto da atividade da comunidade de trabalho,
“sans donner son avis”, ou seja, sem adiantar qualquer conclusão.155 O direito
brasileiro é hostil à possibilidade. Não ficam os advogados adstritos às
orientações do juiz na peroração.156 Incidiriam, porém, na mais temerária
indiferença ao omitirem qualquer referência à linha de pensamento
subentendida na ocasional intervenção do futuro julgador.

Lícito se afigura ao juiz apartear o advogado, cortesmente, significando-lhe


– o verbo provém do art. 651, n.º 5, do CPC português de 1939 –157 o ponto
que lhe parece obscuro ou contraditório. Em vez de reagir com irritação,
desdém ou indiferença, o advogado inclinado a persuadir o juiz, e no pleno
domínio dos fatos e do direito, aproveitará o ensejo para ressaltar os aspectos
que são favoráveis ao cliente. Os apartes do juiz somente desequilibram os
despreparados.

2.087. Modalidades do debate da causa

A discussão da causa assume duas modalidades no direito brasileiro: (a)


oral; ou (b) escrita. O art. 364, § 2.º, designa à peça representativa de razões
finais escritas. O jargão forense prefere o nome de memorial.

Em tese, as duas formas têm vantagens e desvantagens. O debate oral


soa mais sugestivo e espontâneo, mas é passível de desorganização,
incoerências e remissão protocolar ao que já se encontra aduzido, sem
referência crítica aos resultados da instrução feita na audiência. A discussão
escrita chega ao processo de maneira muito bem pensada, escorreita e
depurada, “quiçá até bastante mais proveitosa quanto aos resultados”.158 Se a
discussão objetiva inculcar no espírito do magistrado a solução correta das
questões de fato e de direito respeitante ao mérito, as razões escritas
prestam-se melhor ao fim do que o discurso efêmero (verba volant) do
advogado.

O sistema da oralidade empolga o imaginário dos estudiosos, mas não


conta com a menor simpatia dos práticos, pois acadêmicos olvidam o dado
essencial: a quantidade de feitos em cada juízo não cria condições favoráveis
aos florescimento e generalização. Os protagonistas da oralidade – juiz e
advogados – não têm tempo e preparo para o ambiente da oralidade. Eis o
motivo por que no processo civil brasileiro predomina o princípio da escritura,
desviando-se o rito comum, sempre que possível, da audiência – os
esclarecimentos escritos do perito, a disseminação do depoimento escrito da
testemunha (retro, 1.845) são sintomas reveladores do quadro geral.

E não é de hoje que se prioriza a discussão escrita. Na vigência do CPC


de 1939, em que faltava disposição similar à do art. 454, § 3.º, do CPC de
1973, hoje reproduzida no art. 364, § 2.º, observou-se: “Com o desvirtuamento
que a oralidade vem sofrendo, nem fixam os juízes os pontos do debate, nem
este se realiza na audiência. Os memoriais escritos substituíram, quase que
totalmente, a discussão oral da causa”.159

A favor da discussão oral pesa circunstância totalmente estranha aos


objetivos da oralidade: a comodidade. A lei do menor esforço induz juiz e
advogados, independentemente da complexidade da causa, a preferirem a
discussão oral, desvirtuada em singela remissão ao que consta dos autos.

A discussão escrita obrigatória, sob a designação de “razões finais”,


ocorre na rescisória (art. 973, caput) e quando houver questões de fato objeto
de instrução.160

2.088. Prazos e ordem do debate da causa

O art. 364 estipula os prazos, a ordem do debate e a distribuição do tempo


no caso de multiplicidade de litigantes, cada qual com advogado próprio. A
bem da clareza, esses aspectos correlatos necessariamente implicados serão
examinados em separado.

2.088.1. Tempo do debate – O art. 364, caput, arbitrou o prazo básico de


vinte minutos para cada advogado, dilatável em mais dez minutos, totalizando
o máximo de trinta minutos. Fixou a regra prazo mínimo (vinte) e prazo
máximo (trinta) em minutos, mas em quantitativo invariável: o advogado não
pode ser constrangido a usar menos de vinte minutos, nem usufruirá direito de
falar mais de trinta minutos. Esse tempo máximo, somando ao interregno dos
outros litigantes, revela quão quimérico é o intervalo de uma hora entre as
audiências, previsto no art. 357, § 9.º, apesar da boa intenção de exigir
espaçamento mínimo entre uma sessão e outra no mesmo juízo.

Preocupou a lei, flagrantemente, a duração excessiva dos discursos e


certa tendência dos advogados aos exageros na eloquência. Pouco importa
se a recíproca remissão dos advogados ao processado, a ausência de
conteúdo mais consistente, a mais das vezes, esteriliza o debate e inutiliza o
prazo virtual. Era preciso ministrar solução direta e pacificadora à verborragia
sem termo definido, podando, ao mesmo tempo, a intervenção radical e
antipática do juiz na atuação técnica do advogado, cortando a palavra do
advogado, porque se desviou do assunto, não se faz entender ou alonga-se
demasiado na peroração. A esta última solução entregou-se,
controversamente, o direito português (infra, 2.089.4). A lei brasileira adotou
meio termo. No interregno previamente, salvo o controle do destempero
verbal, o juiz não tem a faculdade de abreviar o advogado, cuja palavra não
sofre restrições ante a impaciência do magistrado. Levantar-se ou despachar
outros processos, no curso da peroração, revela descaso e pouco condiz com
a dignidade da função judicante. Mas, findo o prazo fixado, o básico (vinte) ou
o máximo (trinta), o juiz tem o direito ordenar que o advogado conclua o
pensamento, em geral concedendo-lhe um ou dois minutos suplementares,
passando a palavra ao orador seguinte ou encerrando o debate oral.

Resta indagar se o tempo eventualmente dilatado revela-se suficiente e


cômodo aos participantes do debate. Em geral, inexistindo legitimados
distintos ao uso da palavra, o prazo máximo revela-se até excessivo. Não há
o que não se sintetize em trinta minutos. Entretanto, sentindo o advogado de
uma das partes, ou o órgão do Ministério Público, a premente e objetiva
necessidade de mais tempo, além do prorrogado, o caso é de substituição do
debate oral pela discussão escrita. A insuficiência do tempo demonstra a
complexidade da causa. E, havendo numerosos litigantes distintos no mesmo
grupo, conforme menciona o art. 364, § 1.º, representados por advogados
diferentes, a possibilidade de o tempo máximo se mostrar exíguo para um
deles, cuja posição é menos confortável, importará a mesma solução.
Compete ao juiz de bom senso não opor obstáculos a esse requerimento.

Ao mencionar o Ministério Público no art. 364, caput, deixa-se claro que o


prazo de debate submete-se a regime especial. Não incidem, portanto, regras
especiais de dilação do prazo (art. 180, § 2.º), porque prazos próprios. O
procurador da pessoa jurídica de direito público, por exemplo, desfrutará do
prazo básico de vinte minutos e, se for o caso, o prazo máximo de trinta
minutos, nas mesmas condições do advogado das pessoas naturais e jurídica
privadas.

A dilatação do prazo de vinte para trinta minutos, tirante o caso de


pluralidade de partes, não se afigura automática para nenhum dos litigantes.
O interessado requererá a prorrogação, previamente ou não, justificando seus
motivos, cabendo ao juiz sopesá-los antes de decidir. O que importa é a
complexidade das questões abordadas, jamais a prolixidade do advogado.

2.088.2. Ordem do debate – O art. 364 estipula a ordem geral do debate.


Obviamente, os litigantes devem falar em certa ordem. Falando todos ao
mesmo tempo o juiz a ninguém entenderia, facilmente transformando-se o
debate em altercação desordenada e improdutiva. Primeiro, falará o advogado
do autor; em seguida, o juiz concederá a palavra ao advogado do réu; por fim,
discursará o órgão do Ministério Público, havendo de intervir como parte
coadjuvante, posição na qual tem a prerrogativa de se manifestar depois das
partes, segundo a interpretação teleológica do art. 179, I (“terá vista dos autos
depois das partes…”). Figurando o Ministério Público como autor ou,
excepcionalmente, como réu intervirá na ordem natural da posição que toca à
parte principal.
O quadro complica-se no caso de multiplicidade de partes e na presença
de terceiros intervenientes. Por óbvio, a dilatação do tempo básico torna-se
imperativa nessa circunstância. Formará o prazo prorrogado um só todo,
esclarece o art. 364, § 1.º, pré-excluindo que o número de litigantes no
mesmo grupo multiplique o interregno máximo de trinta minutos.

Fora daí, e volvendo à ordem do debate, desapareceu a regra específica


na hipótese de intervenção principal (oposição), a fortiori aplicável à reunião
dos processos por força da prejudicialidade. Tal não impede que se siga a
ordem própria do art. 364, caput. O juiz concederá a palavra ao advogado do
opoente, em primeiro lugar, manifestando-se, posteriormente, o advogado do
autor e o do réu, nessa ordem. É que, relativamente ao opoente, autor e réu
aliam-se presumível interesse em repelir a pretensão. O debate desses
litisconsortes não se cinge à causa conexa. Devem discorrer, prorrogado, ou
não, o tempo originário, relativamente à causa prejudicada.

Não há ordem para os litisconsortes que constituíram advogados


diferentes, hipótese aventada no art. 229, costumando-se seguir os seguintes
critérios: (a) a seriação das pessoas na petição inicial e na contestação; (b) a
ordem de ingresso no processo dos litisconsortes.

Em relação aos demais terceiros intervenientes, transformados em partes


após a admissão do ingresso no processo, tratando-se de assistente e de
chamado ao processo inexistem dificuldades quanto à ordem das
manifestações. O assistente intervém ao lado do autor ou do réu. Sua posição
é clara e define o momento da manifestação: ou na oportunidade do autor, ou
junto com o réu. O chamado ao processo torna-se para passiva e o respectivo
advogado disserta com o réu. As dúvidas surgem nas hipóteses de
chamamento em garantia e de intervenção do amicus curiae.

Segundo a interpretação prevalecente, o chamado em garantia figura


como réu na pretensão regressiva deduzida pelo chamante, mas alia-se a
este contra o adversário comum. Pela lógica da cumulação objetiva, in
eventum, primeiro falará o advogado do autor, depois o do réu e, por fim, o do
chamado em garantia, pouco importando se o chamante foi o autor ou o réu.
A acreditar-se na formação de litisconsórcio entre o chamante e o chamado,
vale a regra do litisconsórcio: a oportunidade de debate do advogado do
chamado é a mesma do advogado do chamante, ou seja, a do autor ou a do
réu, conforme o caso. Dividirão o tempo máximo para debaterem entre si e,
paradoxalmente, redarguirem ao adversário comum. Esta parece a solução
ideal, de resto aplicável à interpretação alternativa do chamamento em
garantia.

As regras do art. 364 são simplesmente inadequadas para o amicus


curiae. Concebe-se não aderir à posição de nenhuma das partes, pois o
móvel da intervenção é interesse político que não se confunde com os
interesses concretos do litígio. Deveria debater em primeiro lugar ou, no
mínimo, antes do Ministério Público. À falta de disposição expressa, o juiz
identificará o interesse partidário mais próximo ao do amicus curie, tratando-o,
então, como assistente.

2.088.3. Distribuição do tempo de debate – Em caso de intervenção


principal, ou oposição, o advogado do interveniente debaterá por vinte
minutos, passando-se a palavra, sucessivamente, aos advogados do autor e
do réu por igual tempo. O art. 364, § 1.º, declara que estes utilizarão o prazo
de vinte minutos, cada qual, mas não se pré-exclui a dilatação para um e
outro ou, conforme o caso, para ambos.

No caso litisconsórcio ativo, passivo ou recíproco, o prazo


automaticamente prorrogar-se-á para trinta minutos, a teor do art. 364, § 1.º.
Excepciona-se, para a finalidade especial da discussão oral, a regra da dobra
do prazo contemplada no art. 229, de resto não aplicável ao processo
eletrônico. Não há dobra, mas prorrogação para que serão divididos,
equitativamente, no mesmo grupo. Tal é o sentido do verbo dividir utilizado no
art. 364, § 1.º.

Em outras palavras, existindo somente litisconsórcio ativo ou passivo,


sendo, verbi gratia, dois os litisconsortes, usufruem os respectivos advogados
de quinze minutos cada qual, e a contraparte de vinte minutos, à primeira
vista desnecessária a prorrogação do prazo básico; ao invés, existindo
litisconsórcio recíproco, e dois litisconsortes em cada lado, os advogados dos
dois grupos de antagonistas discursarão por quinze minutos, totalizando
sessenta minutos – do ponto de vista do juiz, uma eternidade.

O número elevado de litisconsortes inviabilizará, por vezes, a distribuição


útil dos trinta minutos. Figurando seis pessoas com procuradores diferentes
no mesmo polo da relação processual, cada advogado, em princípio, disporá
de cinco minutos, salvo convenção em contrário dos litisconsortes. É muito
pouco. Reclamando os litigantes, o juiz adotará a discussão escrita (art. 364,
§ 3.º).

É lícito, como se infere do art. 364, § 1.º, in fine, convenção dos


litisconsortes do mesmo grupo, aí incluídos terceiros intervenientes (o
assistente, o amicus curiae, o chamado ao processo e o chamado em
garantia), cuja posição na ordem dos debates já se aclarou no item
precedente, na distribuição do tempo máximo de trinta minutos. Ressalva feita
ao chamado em garantia – a um só tempo em oposição ao chamante e ao
adversário comum – e, em menor medida, ao amicus curiae, semelhante
negócio jurídico interessa aos litigantes do mesmo grupo, obstinando-se o juiz
em realizar o debate oralmente. Em tal hipótese, o grupo indicará o(s)
advogado(s) mais habilitado(s) para exprimir o interesse comum,
aumentando-lhe(s) o tempo de exposição, proporcionalmente, ou confiando a
um só advogado o tempo integral. Cuida-se de invulgar reconhecimento
implícito da aptidão pessoal (e, realmente, sempre haverá mestres no seu
ofício) do aquinhoado pela confiança alheia. À falta desse ajuste, como já se
sublinhou, a regra é a divisão dos trinta minutos, equitativamente, entre os
advogados postulantes ao debate.

2.089. Conteúdo do debate da causa

O conteúdo da discussão envolve pontos do maior relevo: (a) a extensão


ou objeto virtual do debate; (b) a intervenção do juiz; (c) o aparte de outro
advogado; (d) o controle da pertinência da exposição; (e) as qualidades
inerentes ao debate profícuo.
2.089.1. Objeto virtual do debate da causa – À diferença do que sucede
nos recursos que comportam debate das partes, no qual o advogado versará
o juízo de admissibilidade e, conforme o objeto do recurso, adentrando no
juízo de mérito, tanto questões processuais, quanto as questões de fundo, a
discussão prevista no art. 364, caput, respeitará unicamente ao mérito
ou thema decidendum.

Do art. 364, § 4.º, infere-se que o advogado enfrentará, precisamente, as


questões de fato, objeto da instrução feita na própria audiência, ou não, e as
questões de direito concernentes ao mérito, coincidindo em extensão as duas
modalidades de debate – oral e escrita.

Com efeito, as questões processuais ficaram resolvidas na decisão de


saneamento e de organização do processo, a teor do art. 357, I, não se
incluindo na discussão. Cuida-se de assunto vencido, no estágio alcançado
pela causa, e matéria própria de recurso.

No tocante à extensão do debate oral, o art. 364 apartou-se da sua fonte


de inspiração portuguesa em pormenor relevante. Limita-se a discussão
naquele sistema à questão de fato, no primeiro momento, ensejando a
emissão do juízo de fato pelo tribunal coletivo ou pelo juiz singular
encarregado de decidir tal questão. Feito o acórdão ou o despacho respectivo,
apresentadas as reclamações e resolvidas estas, só então os advogados
discutem a matéria de direito, perante o juiz singular a quem compete lavrar a
sentença definitiva, oralmente, se nisso concordarem.161 A etapa dos debates,
na audiência única e final do rito comum brasileiro, ignora semelhante cisão.

Do modelo português aproveitar-se-á, vantajosamente, o roteiro do art.


591, n.º 1, do NCPC português de 2013. Recebendo a palavra na ordem
fixada no art. 364,caput, cabe ao advogado precisar as alegações de fato que,
por este ou aquele motivo, a prova corroborou a veracidade, e indicar e as
que, ao invés, ressentem-se da falta de prova hábil. Em seguida, expressará o
seu entendimento quanto ao tratamento jurídico desse material de fato. No
velho direito português, valiosa fonte de informação, o conteúdo da alegação
final era “a fiel, e coordenada exposição do fato, corroborada com as provas
dos autos, e com a aplicação do direito respectivo”.162

2.089.2. Intervenção do juiz no debate da causa – Não indica a lei se o juiz


intervirá, em qualquer momento, interrompendo o discurso do advogado para
solicitar-lhe esclarecimentos acerca de determinado ponto duvidoso ou
contraditório. Ao arrolar precedentemente os participantes do debate oral,
admitiu-se essa possibilidade.163

Por intermédio da intervenção do juiz, a discussão oral transformar-se-á


em diálogo sereno, interagindo os advogados e o julgador, feitio que lhe rende
melhores resultados e, senão servindo à recíproca colaboração no
aperfeiçoamento do julgamento, ao menos se harmoniza à finalidade do ato.
O art. 591, n.º 1, c, do NCPC português autoriza a intervenção do juiz. Essa
orientação, usada sem a contundência e a ironia usuais na Common Law, não
é de repelir-se no direito brasileiro.164 No direito alemão, por exemplo, o juiz
tem o dever de propiciar a manifestação das partes sobre pontos relevantes e
que podem vir a fundar a sentença (§ 139, n.º 2, da ZPO), ignorados pelas
partes, no curso do debate oral (Mündliche Verhandlung).165
2.089.3. Intervenção do advogado da contraparte no debate da causa –
Admissível que seja ao juiz dissipar suas próprias dúvidas, interpelando quem
usa da palavra, a exposição do advogado ou do órgão do Ministério Público
podem conter imprecisões e distorções factuais, ou facécias irrelevantes,
provocando imediata indignação e inconformidade na parte contrária. O direito
português permitia ao advogado da contraparte, obtida licença do expositor e
do juiz, interromper o discurso do adversário, tendo por fim o esclarecimento
ou retificação de qualquer afirmação. A interrupção ou aparte interessa,
fundamentalmente, ao autor no curso da exposição do réu e, havendo
litisconsórcio ativo e passivo, ao litisconsorte que já se manifestou, ou
interveniente principal (ou opoente) perante as alegações do autor e do réu.

Conquanto mais hipotética do que real, considerando a notória apatia pela


discussão oral, indiretamente o art. 361, parágrafo único, aponta a diretriz do
direito pátrio. Limitou esta disposição o uso do aparte à coleta da prova,
aparentemente excluindo-o na discussão da causa, insuscetível, de resto, ao
controle judicial quanto ao conteúdo e tempo (infra, 2.089.4). O argumento
tem força, mas não decide a questão.

O diálogo entre os advogados, o órgão do Ministério Púbico e o juiz é o


melhor meio de preparar a emissão do juízo de fato, fixando os resultados da
atividade probatória, e definir a qualificação jurídica desse material. Ora, o
diálogo outorga vantagem aparente não a quem tem razão, mas à parte que
escolheu o advogado ladino e ágil mentalmente. Em contrapartida, o aparte
serve de instrumento valioso para desequilibrar o adversário. Sob este ângulo,
portanto, parece contraproducente concedê-lo. Por outro lado, afirmações
capciosas, objetivamente inexatas, induzem o juiz à decisão errada –
principalmente o julgador que mostra inclinação por determinadas alegações
de fato que não receberam prova hábil.

Revela a experiência não tender o juiz a admitir a tentativa de correção,


concedendo o aparte, e para esse fim invoca o fato de o pretendente ao
aparte ter utilizado a palavra precedentemente. O juiz seguro e equilibrado
admitirá o aparte sem hesitações. Ele é o principal interessado em não se
deixar iludir pela eloquência imaginativa dos advogados.

2.089.4. Controle judicial do debate na causa – Ao prever prazo fixo à


dissertação do advogado,166 o art. 364 pré-exclui a intervenção do juiz para
instar o advogado ou o agente do Ministério Público a abreviar suas
alegações, porque excessivas e redundantes. O advogado público e privado
e, ainda, o órgão do Ministério Público dispõem livre e integralmente do
interregno mínimo predeterminado, conduzindo a exposição da maneira que
melhor lhes aprouver quanto ao método de elocução, limitados somente pelas
regras da retórica civilizada. Eventuais desvios da linha de pensamento, a
evocação de trechos eruditos ou poéticos, mostram-se fastidiosos, mas
escapam ao controle do juiz. Não cabe ao juiz, ainda, advertir o advogado e o
órgão do Ministério Público que se cinjam às questões pertinentes,
relativamente à causa, retirando-lhes a palavra no caso de desobediência,
controversas possibilidades consagradas no art. 652, n.º 4, do CPC português
de 1939, atualmente proscritas.

Essa insólita intervenção em ato privativo do advogado ou do órgão do


Ministério Público recebeu, todavia, veemente defesa naquele estatuto.
Fundava-se na circunstância, competindo ao juiz presidir a audiência,
dirigindo-lhe os trabalhos, era ínsito o direito de chamar o orador à ordem e
retirar-lhe a palavra.167

Não se chegou a tanto no direito brasileiro, conquanto profundamente


impregnado de poderes oficiais. Por princípio, o uso da palavra não pode ser
suprimido pelo juiz, nem perturbado, exceto para obter esclarecimentos,
estabelecendo diálogo, e corrigir excessos eticamente reprováveis. Ao juiz só
cabe, in extremis, advertir os advogados e o órgão do Ministério Público que
se abstenham de empregar expressões injuriosas. Persistindo quem usa da
palavra nessa linha desairosa, e só neste caso, cabe ao juiz cassar a palavra.

A esse último propósito, no direito anterior autorizava-se ao juiz exortar, ou


seja, tentar persuadir os advogados e o órgão do Ministério Público a
debaterem com elevação e urbanidade, hoje transformada em advertência
(art. 78, § 1.º). Descumprido esse preceito, que respeita à quebra do decoro,
jamais porque o lamentável discurso revela-se superficial, inconsistente e
impertinente, cumpre o juiz advertir o advogado, exigindo-lhe contenção e
respeito. A persistência da falta de civilidade retórica enseja o corte da
palavra, feito delicadamente – o “cale a boca” é inadmissível, incorrendo o juiz
no mesmo defeito que procura coibir –, e que significará só a transitória
suspensão do debate, retomado em outra ocasião mais tranquila.

2.089.5. Forma do debate da causa – A discussão oral constitui o supremo


desafio do advogado e do órgão do Ministério Público. Eloquência é aptidão
estritamente pessoal. Ou existe ou não existe. Há pessoas que dissertam
esplendidamente temas desconhecidos, de improviso, e outras pessoas que,
a despeito do pleno domínio do assunto, não conseguem se exprimir com
fluidez, segurança e clareza. E também há os que falam sem brilho, mas
organizam o pensamento metodicamente, exprimindo-se com voz monótona e
neutra. Estes logram alto grau de persuasão.

Feita abstração à eloquência natural, às inspirações do momento e à


agilidade mental do expositor, valem-se os desprovidos de talento, nessa área
específica, do eficaz recurso ao árduo estudo prévio dos comemorativos do
processo. O advogado e o órgão do Ministério Público que investigaram o
processo, examinando todas as páginas, ao fim e ao cabo, têm vantagem
inexcedível. Para essa finalidade, preparam sumário escrito, guia seguro da
dissertação, complementando-o com os acontecimentos da audiência. O art.
89, IX, da revogada Lei 4.215/1963, erigia o direito de o advogado “fazer
juntar aos autos, em seguida à sustentação oral, o esquema do resumo da
sua defesa”. Esse costume permanece entre os advogados de inscrição mais
antiga e deve ser tolerado.

A discussão oral produtiva reclama, em primeiro lugar, a identificação das


alegações de fato controvertidas; em seguida, o cotejo dessas alegações com
a prova produzida, ou não, na audiência, apontado o que de favorável ficou
demonstrado; e, por fim, o efeito jurídico que deflui do material de fato fixado
pelos meios de prova. Para esse último fim, de resto, o juiz já fixou as
questões de direito passíveis de influenciarem o julgamento do mérito. O
advogado não necessita demonstrar erudição, “fazer largo estendal de
opiniões, doutrinas e comentários”,168 e, sim, ater-se ao objeto litigioso,
recomendação que provém do velho direito português, dispensando
“acumuladas citações de textos de direito, e doutrinas de jurisconsultos, a
respeito de princípios comezinhos, e de óbvia intuição”.169

O destinatário das considerações do advogado é o órgão judiciário. A ele,


e, não, ao adversário, deverá dirigir-se o advogado. Os meios de
documentação contemporâneos (v.g., a taquigrafia e a estenotipia) dispensam
o ditado ao escrivão, todavia censurado por constituir desvirtuamento grave
da discussão.170 Ficou superado esse aspecto pela difusão das novas
tecnologias.

2.090. Discussão escrita da causa

Existindo questões de fato e questões de direito complexas a serem


debatidas na causa, art. 364, § 2.º, autoriza o juiz a substituir a discussão oral
pela discussão escrita. A esta peça costuma-se chamar de “memorial” –
petição “em que se desenvolvem pontos sumariamente expostos nas peças
escritas fundamentais do processo”.171

Essa disposição originou-se do feito emprestado à discussão da causa no


direito anterior. Recepcionou e oficializou a generalizada preferência pela
discussão escrita.172 Mas, subordinou a substituição, no intuito de manter as
aparências de austera oralidade, à verificação de determinados pressupostos.
Desse modo, a discussão escrita constitui exceção ao debate oral – ressalva
feita à rescisória, a teor do art. 973, caput, mas pela boa razão de a instrução,
quando necessária, realizar-se no primeiro grau (art. 972) – e nesse sentido
há de ser interpretado e aplicado o art. 364, § 2.º.173 O STJ pronunciara-se
nesse sentido no direito anterior: “Em princípio, a regra do art. 454, CPC {de
1973}, adota a oralidade como regra na instrução e julgamento, sucedendo à
instrução a faculdade de as partes sustentarem, oralmente e na mesma
audiência, suas razões finais antes do julgamento. A substituição dessa fase
oral por memorial vincula-se às ‘questões complexas de fato ou de direito’,
mencionadas no dispositivo, traduzindo-se, assim, em exceção à regra”.174

Nenhuma disposição tem as partes quanto à substituição do debate pela


discussão escrita. Cabe ao juiz verificar os elementos de incidência do art.
364, § 2.º, e decidir a respeito, havendo ou não requerimento conjunto em
determinado sentido. Em geral, curva-se à vontade convergente dos litigantes,
ou acolhimento o requerimento de um só deles, entendendo mais proveitosos
os subsídios apresentados no futuro memorial. E, assim decidindo, dá azo ao
exercício da ampla mais defesa, pouco sacrificando a celeridade, máxime nos
casos em que não proferirá sentença na audiência. Também se concebe que,
habilitados os participantes ao debate oral, e predispondo-se a fazê-lo, o
próprio juiz não se sinta seguro em promovê-lo imediatamente.175

O STJ reconheceu trata-se de simples faculdade do juiz, inexistindo vício


no caso de indeferimento da juntada do memorial.176 Ao invés, determinada a
apresentação de memorais, conquanto não designada audiência, a intimação
apenas de uma das partes vicia a subsequente sentença, haja vista o
desrespeito ao contraditório.177

2.090.1. Cabimento da discussão escrita – A substituição da discussão


oral pela discussão escrita terá lugar na causa que ostentar “questões
complexas de fato ou de direito”. Em item anterior, estabeleceu-se a diferença
flexível entre tais questões (retro, 336), destacando-se, ademais, a existência
insinuante de questões mistas, haja vista o largo emprego de conceitos
juridicamente indeterminados como elementos de incidência das normas
jurídicas. Relativiza-se, desse modo, a conjunção usada na regra. Às vezes,
não se mostra fácil distinguir a questão de fato e a questão de direito; de
resto, a nota da complexidade pode envolver tanto questões de fato, quanto
questões de direito, pouco importando o elemento preponderante na
controvérsia.

A discussão escrita tem cabimento toda vez que o figurante do debate


(advogado ou agente do Ministério Público) necessita, razoavelmente, de
maior reflexão acerca dos dados escritos do processo ou da prova colhida em
audiência. A complexidade aventada na regra se manifesta e exterioriza
nessas necessidades. E, como tais, devem ser apresentadas ao juiz. Não se
confunde com o desconhecimento do processado. Assim, a juntada recente
da carta precatória cumprida; esclarecimentos do perito e dos assistentes que
instalaram ou acentuaram dúvidas; depoimentos de numerosas testemunhas,
versando fatos distintos, ou interrogatórios excessivamente demorados e
minuciosos, contendo informações heterogêneas e contraditórias, abrindo
horizontes vastos ao acervo probatório; tudo isso indica firmemente a
conveniência de apresentação de memorial. Nessa última hipótese, as
impressões trazidas pela prova colhida na audiência, em que pese o risco de
dissipação e esquecimento, na realidade carecem da organização que só a
manifestação escrita oferece ao juiz. E a substância das razões de direito,
acompanhadas de precedentes divergentes, e citações abonatórias num e
noutro sentido, representa o polo oposto conducente à discussão escrita.

O juiz pode ordenar a discussão escrita, ex officio, ou a requerimento de


um dos interessados. É impossível adotar as duas modalidades
simultaneamente. Assim, requerida a substituição por um dos ligantes, sem a
concordância da contraparte, ou do próprio litisconsorte, o juiz decidirá neste
ou naquele sentido, mas assegurará o tratamento igualitário (art. 139, I).178

É duvidoso que, decidindo por substituir o debate oral pela discussão


escrita, ou rejeitando requerimento para tal, o juiz profira decisão em sentido
próprio. O ato se acomoda melhor à figura do despacho. No entanto, existindo
elementos claros de incidência – complexidade da questão de fato ou da
questão de direito –, submetidos que estejam a interpretação elástico,
tampouco renderá recurso no caso de o juiz impor o debate oral, pois o
deferimento da substituição, apresentados os memorais, importará fato
consumado, desaparecendo o interesse em recorrer.

2.090.2. Forma da discussão escrita – O art. 364, § 2.º, contempla a


entrega das razões finais das partes e do órgão do Ministério Público. Não há
forma e estrutura rígidas. Cuida-se, por definição, de peça escrita.

Embora a estrutura aberta, interessa à parte, a bem da clareza, mais uma


vez identificar as questões de fato controvertidas, cotejando-as com o
conjunto da prova. O cotejo buscará localizar e demonstrar as alegações de
fato que, presumivelmente favoráveis, restaram provadas, e convencer o juiz
que as desfavoráveis não têm a menor repercussão ou não lograram prova
hábil. Fixados os fatos, então a parte apresentará as teses jurídicas a eles
aplicáveis, apresentando-as de forma consistente. Excessos de erudição
jurídica, sem conexão com a causa, são dispensáveis.179

O memorial dividir-se-á, assim, em duas partes fundamentais: (a) análise


da(s) questão(ões) de fato; (b) análise da(s) questão(ões) de direito.

Lição célebre condensou os predicados do debate proficiente, mutatis


mutandis aplicável à discussão escrita: “o máximo de clareza e de força
de persuasão, dentro da maior brevidade”.180

Por óbvio, inexiste extensão predeterminada ao memorial ou fórmula fixa


para ferir o mérito de modo conciso. A parte apresentará suas razões de fato
e de direito na medida exata. Excessivamente alongadas (o arranjo gráfico
influencia tal aspecto), alienam a leitura do juiz; radicalmente enxutas, atraem
a vista, mas despertam a desconfiança de traduzirem desleixo ou fragilidade.

O conteúdo do memorial equivale ao debate oral, mas a densidade da


exposição, submetida às habilidades técnicas do respectivo redator, jamais
será idêntica. O advogado diligente homenageará a tradição. “Era um regalo
espiritual para os estudiosos” – testemunho de época pretérita – “o encontro
com um memorial, porque eram escritos aprofundados, ricos, de matéria
doutrinal, de exame crítico da jurisprudência”.181

Quanto à forma da manifestação escrita do órgão do Ministério Público,


aplica-se a regra geral (retro, 1.048).

2.090.3. Oportunidade da entrega da discussão escrita – Determinará o


juiz, optando pela discussão escrita, a apresentação das razões escritas em
prazos sucessivos de quinze dias. O direito anterior previa a designação de
data única, sendo digno de nota que o anteprojeto de CPC de 1973 alvitrava
audiência para esse fim, formalidade tão dispendiosa, quanto
supérflua.182 Oportuna ementa legislativa suprimiu a designação da audiência
para essa finalidade. A parte entregará o memorial até o termo final do prazo
em juízo, em cartório183 ou no protocolo descentralizado. Entregue em
cartório, o escrivão passará o recibo de que trata o art. 201; no processo
eletrônico, há simples registro do “evento”, de prática impossível após o termo
final do prazo.

Em caso de autêntica complexidade da matéria agitada na causa, a


elaboração do memorial pede consulta e meticulosa leitura dos autos. Ao
marcar a data da entrega, no direito anterior, o juiz considerava semelhante
necessidade dos advogados, e, não raro, estabelecia interregnos individuais –
em geral, dez dias para cada interessado –, disciplinando a carga sucessiva
dos autos. Esse sistema custa tempo ao processo. Não preocupa a dilação
intrínseca, pois o memorial tende a facilitar e aprimorar o futuro julgamento.

Por esse motivo, o art. 364, § 2.º, preso à dialética natural do processo e à
ordem estabelecida no art. 364, caput, adotou prazos sucessivos de quinze
dias para autor e réu e, por último, para o Ministério Público,184 assegurada a
vista dos autos. Convém que esse cronograma seja consignado no termo de
audiência, marcando o termo final do primeiro prazo e assim sucessivamente.
Portanto, não mais vigora a regra da simultaneidade.185
Retornou o NCPC à formula do art. 179 do CPC do Distrito Federal –
então na cidade Rio de Janeiro – (Decreto 8.332, de 03.11.1910); do art.
1.323 do CPC do Estado do Rio de Janeiro (Lei 1.580, de 20.01.1919); e do
art. 325 do CPC Estado de São Paulo. Esses diplomas previam,
convergentemente, uma vez finda a dilação probatória, e independentemente
de despacho, o escrivão daria vista dos autos às partes, “falando em primeiro
lugar o autor”.186 O prazo sucessivo já era previsto, no direito anterior, na
entrega das razões finais da rescisória.

O STJ reconhecia, no direito, a inexistência de vício na imposição de


prazo comum para entrega do memorial.187 É verdade que o termo final
conjunto impede o réu de conhecer o teor do memorial da contraparte,
enquanto no debate oral, bem ao contrário, inteira-se dos pontos salientados
antes de fazer suas próprias alegações. Não parece tão essencial à amplitude
da defesa o prazo sucessivo para entrega dos memoriais. E, de resto, incorre-
se em flagrante exagero reputar “sigilosa” a manifestação do autor. Nada
impedia às partes, no dia e hora designados, e antes da conclusão dos autos,
tirarem cópias da peça. A apresentação simultânea das alegações das partes
tornou-se regra em diversos órgãos de arbitragem institucional (retro, 24.1).

Existem bons argumentos a favor e contra a apresentação simultânea dos


memorais. Convém o juiz, deferindo a apresentação de razões finais,
consultar as partes sobre a forma da entrega dos memoriais. Discrepando os
advogados das partes, faculta-se ao juiz a opção por dois sistemas: (a)
entrega simultânea, designando data única; (b) entrega sucessiva, marcando
datas diferentes para cada litigante.188 Essa última forma, consagrada no art.
364, § 2.º, é a mais onerosa em tempo. Importa remarcar que inexiste prejuízo
latente aos direitos fundamentais processuais dos litigantes em disposição
desse teor.189 Tampouco têm o recíproco direito de conhecerem as alegações
antes da sentença, pois o STF não divisou ofensa ao contraditório e à ampla
defesa.190

A oportunidade para o órgão do Ministério Público,191 o amicus curiae e os


terceiros intervenientes, regula-se pelo já exposto no debate oral.

2.091. Consequências da omissão do debate da causa

Em matéria de debate da causa, ocorrem vícios e defeitos hábeis a


contaminar essa etapa da audiência e, se for o caso, o subsequente
julgamento.

O juiz dirigirá o debate oral e, limitadamente que seja, intervirá para


esclarecer-se a respeito das questões agitadas na discussão. Fiscalizará o
teor e o tom da verbalização dos advogados. Mas, o órgão judiciário pode
obrigar o advogado a debater, razão pela qual o silêncio de um, de alguns ou,
ainda, de todos os debatedores, mácula nenhuma traz à etapa da discussão
da causa. À recusa de participar do debate oral, expressa ou tacitamente,
equivale outro comportamento trivial: a ausência de entrega do memorial na
oportunidade fixada pelo juiz. Não parece razoável o alvitre que, abstendo-se
todos legitimados, reabra o prazo.192Deixando a parte de oferecer o memorial,
haverá preclusão. E, exceção feita ao órgão do Ministério Público, nada obsta
às partes renunciarem ao debate ou às razões finais escritas.193
A preterição do debate sem oportuno protesto dos advogados,
precipitando o juiz o término da audiência, sem a concessão da palavra, na
ordem preestabelecida, encerramento seguido, ou não, da imediata emissão
da sentença, não vicia o processo, salvo demonstração cabal de prejuízo –
difícil de caracterizar-se.194Entendimento que se originou no direito reinol, em
que as alegações finais eram escritas: “Posto que a alegação final não seja da
substância do processo, nem por isso deve omitir-se: se o processo sem ela
não se torna nulo, fica sempre defeituoso”.195 Idêntico tratamento receberá a
falta de registro do debate no termo de audiência.

§ 431.º Incidentes da audiência

2.092. Antecipação da audiência

Leis se ocupam e conjuram, senão o impossível, o implausível e o


eventual. A antecipação da data e do horário da audiência insere-se nesse
contexto. Ao designá-la, o juiz considera as atividades programadas e virtuais
da futura sessão (v.g., o requerimento para o perito e os assistentes
prestarem esclarecimentos orais) e o interstício indispensável para prepará-
las, avultando as intimações prévias (retro, 2.071). Pode acontecer de antes
do início dos atos preparatórios, aparecer oportunidade na agenda do juízo
(v.g., a audiência marcada para outro processo se tornou inútil, porque as
partes transacionaram), convindo aproveitá-la e, dessa forma, abreviar os
trâmites de causa de repercussão e que tramita há mais tempo.

Nessa contingência, ao juiz afigura-se lícito antecipar o dia e o horário da


audiência já designada; porém, intimados os advogados da designação
originária – do contrário, a questão aqui aventada não se coloca –, por um dos
meios legalmente admissíveis, ou seja, ordinariamente por via eletrônica (art.
270, caput) ou pela publicação no órgão oficial (art. 272, caput), rememorando
a necessidade de intimação pessoal do Defensor Público, do Advogado
Público e do órgão do Ministério Público (art. 270, parágrafo único, c/c art.
246, § 1.º). Desapareceu a necessidade de intimação pessoal dos advogados,
porque a eletrônica é intimação real.

A intimação pessoal do advogado originara-se do art. 263, parágrafo


único, do CPC de 1939, na redação do Dec.-lei 5.158, de
21.10.1966,196 encontrando-se mal situada no contexto do art. 242 do CPC de
1973.197 Era fonte de dúvidas e incertezas. Presumia-se, uma vez intimado,
relevada a renovação da intimação através de publicação no órgão oficial,
debitando-a a equívoco do escrivão. A comunicação real do ato não lhe
passará despercebida.198 Considerava-se nula a segunda intimação,199 a exigir
decretação, porque o prejuízo é intrínseco à realização da audiência na data
antecipada sem a presença dos advogados. Também no caso de troca de
horário (v.g., o juiz antecipa para o expediente matinal a audiência
inicialmente marcada para a tarde) exige a intimação dos
advogados.200 Fenômeno similar pode ocorrer, apesar do caráter supletivo da
intimação através do órgão oficial (art. 272, caput: “Quando não realizada por
meio eletrônico…”), no sistema atual. Vale a intimação eletrônica e, no caso
do Defensor Público, do Advogado Público e do órgão do Ministério Público
(art. 270, parágrafo único, c/c art. 246, § 1.º) a intimação pessoal
propriamente dita.
É usual as partes requerem, conjuntamente, após acerto prévio dos seus
advogados, a designação de outra data que lhes é mais cômoda, geralmente
por força de compromissos profissionais preexistentes (v.g., a coincidência da
data da audiência com a de outro processo em juízo distinto). O dever de
cortesia induz o advogado de uma das partes a assentir com a aspiração de
outro. O órgão do Ministério Público é, de regra, indiferente à data e ao
horário, pois seu expediente coincide com o do juiz, mas suas objeções
devem ser consideradas. Em caso de postulação conjunta da antecipação, e
havendo antecipação – a postergação é mais comum –, impende intimá-los
pessoalmente, não bastando publicação no órgão oficial.201

Conforme a proximidade da nova data, relativamente à intimação pessoal,


pondera-se que a antecipação potencialmente inviabilizará a defesa, sem
especificar, concretamente, quais os direitos prejudicados.202 Evidentemente,
semelhante proximidade mostra-se incômoda e preocupante, vez que válida a
antecedência de quarenta e oito horas (art. 218, § 2.º), mas o advogado não
pode reclamar da celeridade. O interstício de quarenta e oito horas é bastante
aviar quaisquer providências, respeitados os parâmetros legais e éticos,
tendentes ao comparecimento. Não o é, entretanto, para os atos
preparatórios, recordando-se, aqui, a antecedência de dez dias da intimação
do perito e dos assistentes técnicos (art. 477, § 4.º), havendo previsão de seu
comparecimento para prestar esclarecimentos, e a intimação das
testemunhas (art. 455, caput, e § 4.º).

2.093. Adiamento da audiência

No rito comum, no qual a audiência, em vez de encontro desejável e


fecundo para o processo, apresenta-se como fardo insuportável aos futuros
participantes, a postergação das atividades programadas, no todo ou em
parte, integra a rotina do juízo. Eventos de natureza distinta desdobram essa
fase do processo em ocasiões espaçadas no tempo. Como já destacado, a
realização de duas ou mais sessões, em datas diferentes, não excepciona o
princípio da unidade (retro, 2.063). O art. 365, parágrafo único, autoriza o
espaçamento, encarando-o como natural contingência da vida humana.

O art. 362, I e II, ocupa-se das causas de adiamento da audiência. As


hipóteses do direito anterior, à semelhança do CPC de 1939,203 eram
incompletas. Descurava-se da ausência do juiz, do órgão do Ministério
Público e dos auxiliares do juízo (v.g., greve), abrangidas essas pessoas
genericamente do inciso equivalente ao art. 362, II, e de outros eventos
estranhos ao catálogo. A despeito de todos os prudentes cálculos do juiz, não
entregando o perito o laudo no prazo marcado (v.g., o laboratório atrasou a
apresentação dos resultados do exame), a tempo de promover o contraditório
das partes e, ademais, cumprir o art. 477, § 1.º, imperioso adiar a
audiência.204 É o motivo por que o juiz, havendo produção de prova pericial,
abstém-se de designar a audiência na decisão de saneamento (retro, 1.813).
As leis de organização judiciária declaram, em geral, não constituírem motivo
para adiar a audiência a inspeção ou correição no cartório judicial.

Das causas explícitas no art. 362, o inciso II contempla a ausência de


qualquer participante do ato, embora de modo incompleto, cumprindo
examiná-las em item autônomo. O inciso III do art. 362 previu,
inovadoramente, o atraso injustificado por tempo superior a trinta minutos,
revelando, outra vez, a insuficiência do interregno entre uma sessão e outra
no mesmo juízo prevista no art. 357, § 9.º. Tem particular relevo a distinção
entre a ausência justificada e a ausência injustificada no concernente às
repercussões da falta. No tocante à convenção das partes (art. 362, I),
calham, todavia, algumas observações.

2.093.1. Fundamento do adiamento convencional da audiência – Em que


pese o robusto conjunto de poderes judiciais, nos quais avulta a iniciativa
oficial (art. 2.º), o domínio das partes ainda se manifesta em diversas
situações. Recorde-se, porque desconcertante, o trivial reconhecimento do
pedido (art. 487, III, a). Esse negócio jurídico unilateral do réu, a sua rendição
sem luta no processo, causa de emissão da sentença definitiva, vincula o
órgão judiciário às alegações de fato feitas pelo autor da ação ou da
reconvenção. O juiz emprestará sua própria autoridade à composição do
litígio por obra das partes e nos estritos termos em que, respeitada a
legalidade, mas abstraído o juízo de fato, determina-lhe a autonomia privada.
É lícito às partes, além disso, travar a iniciativa oficial, suspendendo o
processo convencionalmente por até seis meses (art. 313, II, e § 4.º).

Bem se compreende, nessa esfera residual do domínio privado em


processo civil, as partes também poderem suspender a audiência designada,
por razões de conveniência e de comodidade. O art. 262, I, alude à
convenção das partes, autêntico negócio jurídico processual, cuja natureza já
recebeu análise (retro, 1.087). Desapareceu a limitação a um só adiamento
(infra, 2.093).

O art. 362, I, consagra direito subjetivo das partes. Funda-se no respectivo


poder de disposição. Convergindo no propósito de adiar a audiência, resta ao
juiz curvar-se à vontade conjunta dos litigantes. Não importam a perda de
tempo e a dissipação dos recursos públicos, humanos e materiais,
congregados para atingir as finalidades da sessão. Talvez seja propósito das
partes obter autocomposição judicial, mas o móvel do negócio é irrelevante.

2.093.2. Oportunidade do adiamento convencional da audiência – As


partes requererão a suspensão da audiência, mediante petição conjunta, até o
momento marcado para a abertura dos trabalhos (art. 358). Nada obsta que,
iniciada a audiência, na etapa da conciliação, havendo pormenores que não
comportam esclarecimento imediato para obterem consenso, ou mais adiante,
os advogados das partes de comum acordo postulem a designação de data
próxima, adiando a audiência, ou a própria suspensão do processo, nos
termos do art. 313, II.205 Nesse último caso, o juiz prudente abster-se-á de
designar data para o prosseguimento das atividades frustradas (v.g., a
colheita da prova testemunhal), obviamente em data posterior ao do término
dessa suspensão, medida que desobstrui a pauta para outros feitos e previne
a desnecessidade de outros atos processuais, sobrevindo a autocomposição.

2.093.3. Forma do adiamento convencional da audiência – O art. 362, I,


subordina o adiamento à convenção das partes. Só a manifestação de
vontade conjunta gera direito ao adiamento.

É comum que, não obtendo o assentimento da contraparte, um dos


litigantes requeira ao juiz, unilateralmente, o adiamento. A parte não tem
direito subjetivo ao adiamento por sua vontade unilateral. Entretanto, há
magistrados que se sensibilizam pelo motivo apresentado (v.g., viagem do
advogado ao exterior; coincidência da data de outro compromisso
profissional) e, nada obstante, adiam a audiência. O juiz é o titular exclusivo
do poder de agenda (retro, 2.068.3) e, a requerimento da parte, ou ex officio,
tem poder para deferir a medida.

2.093.4. Efeitos do adiamento convencional da audiência – Requerido


somente o adiamento da audiência, por qualquer motivo, cumpre ao juiz
designar outra data, ordenando nova intimação dos participantes eventuais,
segundo a forma legalmente prescrita; por exemplo, determinará a intimação
pessoal do órgão do Ministério Público (retro, 1.048). Também é possível o
adiamento sine die. O escrivão fará a conclusão do processo ao juiz
oportunamente para nova designação.

O direito anterior limitava o poder de disposição das partes a um só


adiamento. Serviu-lhe de inspiração a experiência haurida no direito
português, no qual o poder ilimitado de suspender convencionalmente a
audiência produziu distorções contrárias à oralidade, “sendo muito frequentes
os casos de 7 a 15 adiamentos”.206 A restrição ao domínio das partes não
atingia os poderes do juiz. A seu critério, portanto, dois ou mais adiamentos
podem ser deferidos, convindo aos objetivos do processo (v.g., a transação
depende da manifestação de vontade do acionista majoritário da companhia
que figura no processo como parte, residente no exterior, onde acontecerá
assembleia para aprovar o negócio). A falta de limitação, ope legis, provocará,
salvo engano, as anomalias verificadas no direito português, passíveis de
correção pelo poder de o juiz velar pela razoável duração do processo (art.
139, II).

2.094. Ausências ou atraso na audiência

Os participantes obrigatórios ou eventuais podem faltar à audiência,


justificadamente ou não. Essas ausências provocam incidentes, variando a
intensidade dos respectivos efeitos conforme a qualidade do ausente, o
motivo da sua prévia convocação e o motivo justificável ou não da sua falta.
Outra possibilidade é o atraso por tempo superior a trinta minutos,
presumivelmente porque a sessão antecedente prolongou-se mais do que o
previsto.

Do conjunto das situações extrai-se a linha básica: tirante o juiz e,


segundo entendimento afinado com os direitos processuais fundamentais,
o(s) advogado(s), a ausência de outros participantes eventuais ou obrigatórios
ensejará a realização dos trabalhos possíveis, a despeito da ausência, e, se
for o caso, a designação da data mais próxima possível para continuidade
(art. 365, parágrafo único).

2.094.1. Ausência do juiz – A presença do juiz na audiência é essencial e


indispensável. Eventual ausência, por qualquer razão, inviabiliza a própria
abertura do ato.207 Nenhum auxiliar habilita-se a presidir a audiência em lugar
do juiz. O ato não comporta delegação ao assessor e ao escrivão.

O art. 265 do CPC de 1939 estipulava o prazo de tolerância de quinze


minutos, a partir da hora marcada, em que as pessoas convocadas
aguardariam a presença do juiz. Decorrido esse interregno, os presentes
poderiam retirar-se, sem outras consequências para si ou para o processo,
“devendo o ocorrido constar do livro de termos de audiência”. Ao juiz faltoso,
ou ao seu substituto (em caso de impedimento permanente ou temporário do
titular), incumbiria a designação de outra data, presumivelmente próxima,
compensando a frustração das partes.

Do prazo de espera não cogitou o CPC de 1973, confiando a fixação à lei


de organização judiciária a disciplina desse fato da vida, mas os efeitos
processuais da ausência do protagonista da audiência subsistiam, e são as
seguintes: (a) a sessão não se instalará, porque compete ao juiz proclamar a
abertura da audiência (retro, 2.072), motivo por que, a rigor, não se cuidará de
adiamento; (b) o escrivão certificará a ausência do juiz; (c) as pessoas
inutilmente convocadas à sede do juízo aguardarão futura intimação, por um
dos meios admissíveis, da designação da nova data.

O art. 362, III, corrigiu a omissão e previu o prazo de trinta minutos de


espera. Expirado esse interregno, porque o juiz encontra-se ocupado alhures
(v.g., preside a audiência anterior), não se realizará a sessão.

É imperativo o escrivão lavrar certidão da ausência do juiz. Essa peça


fornecerá a base inicial da apuração das responsabilidades do juiz. A
instauração de sindicância administrativa é dever da autoridade competente,
investigando a causa da frustração de ato para o qual o Estado mobilizou
recursos humanos (v.g., o oficial de justiça, que realizou as intimações
prévias) e materiais (v.g., o material de expediente) e, principalmente, invadiu
a esfera privada de particulares (v.g., a testemunha), afastando-os do seio da
família ou do trabalho. Não é ausência irrelevante ou escusável. A certeza
quanto à apuração do órgão de correição interna da magistratura já inibe o
juiz audacioso – o que, dando-se conta da designação da audiência em
segunda-feira útil, mas véspera de feriado, ao ensejo prorroga o fim de
semana, viajando com a família. Também cabe às partes responsabilizar o
juiz – o art. 143, caput, todavia, adotou a teoria do escudo, havendo só
responsabilidade regressiva –,208 inexistindo motivo justo (v.g., acidente de
trânsito; doença própria ou na família) para a ausência. E, ademais, a certidão
serve ao singelo propósito de tranquilizar partes e advogados,
compreensivelmente inseguros com as consequências da falta – por
enquanto, sem esclarecimentos suficientes – do juiz.

Os meios de comunicação contemporâneos facilitam ao juiz impedido, por


motivo justo (v.g., doença em família; acidente de trânsito), ou atrasado (v.g.,
congestionamento no trânsito) dar oportuno aviso ao escrivão ou chefe de
secretaria, que tomará as providências pertinentes, dispensando as pessoas
convocadas, solicitando que aguardem a chegada intempestiva do
magistrado, sem prejuízo do direito de aguardar apenas trinta minutos, ou, por
fim, convidando o substituto de tabela a presidir a sessão. É comum que,
verbalmente, o juiz ordene ao escrivão que designe data próxima para a
audiência e proceda à intimação in faciem dos presentes.

A pontualidade é singular atributo dos justos. No caso do juiz, erige-se em


dever legal (retro, 957). Remarcou o alcance da observância do horário
marcado o art. 384, § 1.º, da Consolidação Normativa do TJ/RS, que reza: “O
rigoroso cumprimento dos horários designados e o devido espaçamento entre
as audiências revelam respeito às partes, interessados, testemunhas e
advogados, evitando injustificada espera e reflexo negativo à imagem do
Poder”. À medida que o juiz tem o poder de agenda, competindo-lhe escolher
livremente a hora da audiência – ao contrário do que acontece no tribunal,
cujos regimentos fixam dia e horário determinado para o início das sessões,
em geral no início da tarde –, convém que a escolha recaia na sua melhor
hora, nem muito cedo para os noctívagos, nem muito tarde para a fadiga do
trabalhoso expediente diária declinar acentuadamente sua capacidade de
raciocínio. O horário da audiência é fator extrajurídico de sumo relevo ao êxito
das atividades.209

Razões imperiosas impõem, todavia, atrasos exasperantes: o juiz se


encontra empenhado em concluir outra audiência, que demorou além do
previsto no espaçamento entre os honorários, ou em despachar medida de
urgência.210 E, por igual, há razões triviais, as quais leis não conseguem
explicitar, nem lograriam discipliná-las utilmente, porque relacionadas à
personalidade do juiz ou da juíza. O fato é que há pessoas incapazes de
organizar suas atividades diárias e atender pontualmente seus compromissos.
Censurável que seja semelhante comportamento, atormentando o próximo,
tais pessoas não o fazem por mal e, a mais das vezes, compensam os
atrasos com abundante simpatia e inexcedível energia e contração ao
trabalho iniciado.

Nada pré-exclui a abertura da audiência após o horário designado, por


uma e outra razão, realizando-se normalmente as atividades programadas. O
escrivão encarregar-se-á de anunciar o motivo do atraso, solicitar paciência e
compreensão e ordenar, se for o caso, que os presentes aguardem a
presença do juiz. Porém, o descontentamento ou a discordância de um só dos
participantes obrigatórios (v.g., o advogado tem o dever de comparecer a
outra audiência), vencido o tempo de espera de trinta minutos, inviabilizará a
realização do ato. Em geral, é melhor aguardar um pouco mais do que
postergar a audiência principal.

2.094.2. Ausência dos auxiliares – Os auxiliares do juiz que participam


obrigatoriamente da audiência são dois: (a) o escrivão, que ocupa-se da lavrar
os termos cabíveis; (b) o porteiro, que realiza os pregões, controla a saída e a
entrada de pessoas no santuário da sala de audiências e, de modo geral,
auxilia o juiz. A endêmica falta de pessoal reduz esses auxiliares ao assessor
do juiz, que desempenha as duas funções concomitantemente e, justo
reconhecer, sem estorvo maior ao desenvolvimento dos trabalhos.

É raríssimo que não haja ao menos um serventuário da justiça à


disposição do juiz. Na situação verdadeiramente extraordinária de todos
faltarem, recusarem-se a cumprir suas funções ou debandarem abruptamente
do prédio do foro, em virtude de greve, o art. 152, § 2.º, possibilita ao juiz
nomear pessoa idônea para o ato. Por falta de serventuário, conquanto seja
materialmente indispensável a presença de auxiliar,211 não se frustra a
audiência.

O intérprete é auxiliar eventual. Talvez seja necessário o auxílio


desse expert em idiomas na coleta do depoimento pessoal ou do depoimento
de terceiro. A parte indicará semelhante circunstância no rol de testemunhas,
evitando frustrações (retro, 1.976.2).
2.094.3. Ausência do Ministério Público – O Ministério Público
desempenha duas funções no processo: (a) parte principal, na condição de
autor, ou, mais remotamente, de réu; (b) parte coadjuvante. A essas posições
heterogêneas, a acenar com repercussões distintas no regime da falta à
audiência, acrescente-se o dado elementar que o Ministério Público postula
em nome próprio, derivando a capacidade postulatória da investidura da
pessoa no órgão.

Faltando à audiência nos casos em que atua como parte principal, o


regime da ausência do Ministério Público adquire características
ambivalentes, vez que faltou a parte dotada de capacidade postulatória. Em
virtude da impossibilidade de a ausência importar a presunção de veracidade
dos fatos alegados pelo adversário do Ministério Público, por analogia
predominará a disciplina da ausência do representante técnico das partes.
Recai sobre o agente do Ministério Público, destarte, o ônus de alegar e de
provar o impedimento até a abertura da audiência (art. 362, § 1.º), bem como
os temperamentos sugeridos na interpretação dessa regra draconiana (infra,
2.094.1.1). Impende considerar, todavia, o princípio da unidade do Ministério
Público (retro, 1.044.1): o agente do Ministério Público definitiva (v.g., morte)
ou transitoriamente (v.g., doença grave) impedido, por evento preexistente ou
inesperado, naturalmente competente (no plano administrativo) pode vir a ser
substituído por outro agente da instituição.

A presença do órgão do Ministério Público na audiência, funcionando


como parte coadjuvante (art. 178), revela-se imprescindível, mas equipará-lo
ao órgão judiciário revelar-se-ia impróprio. Claro está que o poder processual
de produzir prova em audiência, conforme autorização do art. 179, II,
representa condição à efetivação dos fins da intervenção. E, para essa
finalidade, o órgão do Ministério Público deverá ser intimado pessoalmente da
designação. Faltando à audiência, apesar de validamente intimado, parece
evidente a possibilidade de a sessão realizar-se normalmente (art. 362, §
1.º, in fine), ao contrário do que aconteceria se o próprio juiz não
comparecesse ao ato. Em última análise, retorna-se, aqui, ao velho e
superado problema do controle da intervenção (retro, 1.064), decidido a favor
da superioridade do órgão judiciário. Por outro lado, ao órgão judiciário não é
dado constranger o órgão do Ministério Público, em pleno gozo da
independência funcional (retro, 1.044.3), a manifestar-se nos feitos em que
deva intervir, e, a fortiori, a comparecer à audiência. Basta-lhe facultar o
exercício dos poderes processuais, como se infere do art. 180, § 1.º (retro,
1.050). Essas considerações orientam a opinião prevalecente no sentido que,
não se mostrando necessário à validade do processo a atuação compulsória
do Ministério Público, mas que lhe seja garantida a oportunidade para oficiar
no processo, a ausência do Ministério Público não tem nenhuma repercussão
nas atividades programadas na audiência.212 Assim, o juiz realizará a
audiência normalmente, registrada a falta, vez que as partes, incluindo a que,
em tese, a intervenção do Ministério Público favorece, acha-se representada
por seus advogados. Em todo o caso, o juiz comunicará o fato aos órgãos
internos de correição para apuração da falta funcional. Não é lícito ao juiz
consignar a presença de quem, na realidade, faltou à sessão.

Essa pragmática orientação equaciona perfeitamente os interesses em


jogo no caso da falta sem explicações do Ministério Público. Já não soará tão
convincente e apropriada, todavia, no caso de impedimento comprovado do
órgão do Ministério Público, fato que, nas pequenas comarcas, integra o
conhecimento privado do juiz, decorrendo da convivência social. Por exemplo,
o agente do Ministério Público, único na comarca, encontra-se acamado,
vitimado por gripe particularmente virulenta. O normal é que o juiz,
impossibilitada a presença do substituto de tabela, havendo mais de uma
promotoria na comarca, por sua vez ocupado com suas próprias audiências,
adie a sessão para data próxima.

O registro da presença do órgão do Ministério Público ausente constitui


fato típico penal. Em relação às partes, às testemunhas e ao perito, razoável
supor que ignorem a identidade e a importância do ocupante da cadeira vazia;
entretanto, escusa análoga não calha aos advogados, cujo discernimento
indicar-lhes-á a solução correta: o adiamento da audiência, havendo
justificação da falta. Ao assinarem o termo de audiência, que consignou a
presença do ausente, associam-se na autoria do ilícito.

Ao propósito, sói reconhecer os espinhos espalhados no caminho dos


virtuosos. Realizar a audiência sem a obrigatória participação do órgão do
Ministério Público atrai para o advogado da parte contrária à que se beneficia
da intervenção (v.g., o adversário do incapaz) o risco de assumir resultado
desfavorável, pois a ausência de prejuízo, no caso a vitória do seu adversário,
convalida o vício; não realizar a audiência, quiçá postergada para as
calendas, suscita a ira do próprio cliente. Não há solução satisfatória.

2.094.4. Ausência do advogado – Das ausências passíveis de se


verificarem na audiência de primeiro grau, a mais sentida e grave é a do
advogado. Esse evento ressente-se de tratamento consentâneo com os
direitos fundamentais processuais. Não há meio termo ou temperamento
concebível: a falta do advogado deve implicar o adiamento da audiência, haja
ou não motivo alheio à vontade do representante técnico, e sem prejuízo das
sanções porventura aplicáveis ao ausente. A realização de qualquer atividade
processual na audiência sem a participação do advogado fere diretamente o
direito fundamental processual à ampla defesa da parte desassistida. Ora, o
art. 362, § 1.º, adotou linha hostil à ampla defesa, instituindo disciplina
caracterizada, ademais, por marcada falta de realismo e equilíbrio. É o que se
passará a examinar.

O tratamento à ausência do advogado, justificada ou não, aplica-se


uniformemente aos advogados privados e aos advogados públicos, incluindo
os órgãos da Defensoria Pública.

2.094.4.1. Ausência justificada do advogado – Os termos elásticos do art.


362, II, contemplam a ausência do advogado como evento idôneo para adiar a
audiência. Não é qualquer ausência que surte esse efeito. Somente a
ausência originada de impedimento permanente ou eventual, criando
impossibilidade do comparecimento, adiará a sessão (art. 362, § 1.º, primeira
parte). A ausência injustificada, bem ao contrário, produz o efeito contrário: o
juiz dará prosseguimento aos trabalhos (art. 362, § 1.º, segunda parte). A
disciplina do assunto é rude e de extrema insensibilidade, a bradar por
reforma radical, acomodando-se à influência dos direitos processuais
fundamentais, oportunidade negligenciada na redação do NCPC. Não é
admissível preterir a participação do representante técnico da parte sem
infração à ampla defesa e, principalmente, recair sobre a parte as pesadas
consequências pela escolha errônea de advogado negligente. A análise dos
parágrafos do art. 362 evidenciará essa incompatibilidade.

2.094.4.1.1. Oportunidade da alegação do impedimento do advogado –


Segundo o art. 362, § 1.º, incumbe ao representante técnico da parte
(advogado público e privado e Defensor Público) e ao órgão do Ministério
Público provar o impedimento até a abertura da audiência. Cuida-se de regra
inaplicável em termos rígidos e literais, porque não distinguiu eventos
inesperados e preexistentes.213

Logo chama atenção que não bastará o advogado alegar o impedimento.


É preciso prová-lo, e desde logo, até a abertura da audiência. Ora, o banal,
mas infeliz acidente de trânsito, quando o advogado se dirigia à sede do juízo,
prendendo-o ao leito hospitalar, representa evento imprevisível e alheio à
vontade do procurador. O advogado restará impossibilitado de comunicá-lo ao
juiz “até a abertura da audiência” ou tomar providência sucedânea. Em tal
hipótese, tratando-se de evento inesperado, o preceito há de ajustar à
realidade inevitável, admitindo-se a produção da prova do impedimento na
primeira oportunidade possível, consoante proclamou o STJ,214 no direito
anterior, invalidando-se a audiência porventura realizada.215

Não há impedimento maior que a morte do advogado, causa de


suspensão do processo (art. 313, I). Também nesse caso, tratando-se de
profissional liberal clássico e escoteiro (a maioria, apesar do progressivo
agrupamento em escritórios), mostra-se inviável prescrever aos respectivos
familiares, abalados e transtornados pelo infausto acontecimento, e,
sobretudo, particulares ignaros da vida forense, a identificação processos em
que atuava o falecido e a juntada da certidão de óbito até a abertura da
audiência. A notícia infeliz chegará através do cliente ou depois da realização
da audiência. O art. 313, § 3.º, só curou da hipótese de a notícia da morte
chegar “ainda que iniciada a audiência”, presumindo a cisão dos trabalhos
(art. 365, parágrafo único), parecendo claro não se aplicar as consequências
aí previstas à falta de suprimento do vício no caso de morte preexistente ao
início da audiência.

Fatos preexistentes à data da audiência, como a moléstia própria ou de


familiar, retendo o advogado junto ao leito do doente, são os únicos que
ensejam a aplicação literal do art. 362, § 1.º. Ressalva feita à impossibilidade
absoluta (v.g., o advogado sofreu enfarto e encontra-se incomunicável,
internado em hospital sob cuidados intensivos), cumpre-lhe comunicar o
impedimento na oportunidade prescrita – até a abertura da audiência. O
advogado que não requereu o adiamento da audiência nessa ocasião, a
despeito de encontrar-se em plenas condições físicas e emocionais,
permanecendo inerte e indiferente às obrigações profissionais, não poderá
reclamar posteriormente, exceto alegando a inconstitucionalidade do art. 362,
§ 1.º. Negligência própria não escusa o advogado faltoso. Expõe-se à futura
responsabilização pelo cliente prejudicado.

2.094.4.1.2. Razões do impedimento do advogado – As considerações


quanto à oportunidade da alegação indicam a natureza do impedimento
cogitado no art. 362, § 1.º. Ocupa-se a regra do evento imprevisível e alheio à
vontade do advogado, ou seja, da justa causa do art. 223, § 1.º.
Os impedimentos revestidos das características traçadas no art. 223, § 1.º,
tomando a data da audiência como marco decisivo, surgem de eventos (a)
preexistentes ou (b) inesperados. Esses eventos incapacitam o advogado de
duas maneiras: (a) permanente (v.g., doença que importa estado comatoso)
ou (b) transitoriamente (v.g., a doença curável).

Nos casos de incapacidade permanente, incidirá o art. 76, tocando à parte


substituir o advogado; mas, no impedimento transitório, inadmissível imiscuir-
se o juiz na relação entre advogado e cliente, exigindo do incapacitado
substabelecimento dos poderes recebidos da parte, rompendo os laços de
confiança e de pessoalidade que norteiam sua atividade em juízo. E, de resto,
nos casos em que é impossível a comunicação tempestiva ao juízo, a teor do
art. 362, § 1.º, porque o impedimento ocorreu pouco antes da audiência,
revelar-se-á pouco razoável contar com a presença de advogado
substabelecido.

Constituídos vários advogados, mas integrantes do mesmo escritório, o


tratamento do assunto comporta distinções. Presume-se a habilitação do
todos para participar da audiência, e, não, apenas o advogado que conduziu a
causa até o momento e recebeu as intimações. O impedimento permanente
ou transitório de um advogado dentre muitos é irrelevante. Nada obstante, o
juiz precisa compreender as circunstâncias do mandato judicial conjunto,
retirando os efeitos que são próprios de cada situação. Se a atuação
individual dos advogados restringe-se geograficamente, um deles atuando em
primeiro grau, no juízo que realizará a audiência, e o outro no tribunal de
segundo grau, tanto que profissionalmente domiciliado na capital do Estado-
membro, e o terceiro no Distrito Federal, aonde se localizam os tribunais
superiores,216 o impedimento do primeiro adiará a audiência para os efeitos
legais.

A simultaneidade de duas audiências em juízos diferentes não constitui


impedimento para os fins do art. 362, § 1.º.217 É motivo para requerer o
adiamento tão logo se configure a concomitância de dias (comarcas
diferentes) ou de horários (juízos diferentes), representadas as partes
distintas, em ambos os processos, pelo mesmo advogado. Por exceção,
indeferida a mudança de data e de horário, o advogado poderá substabelecer,
inteirando o colega dos comemorativos do processo e da linha de atuação a
ser adotada na audiência.

2.094.4.1.3. Forma e prova da alegação do impedimento do advogado –


Configurado o impedimento, não bastam alegações do advogado, expondo o
evento em todos os pormenores. Dá-se escasso valor à palavra do advogado,
porque falácias contrárias à probidade profissional não sofrem reprimendas
severas (v.g., a inabilitação do advogado), como em outros sistemas. Logo, o
advogado que faltará (evento preexistente) ou faltou (evento inesperado)
produzirá prova hábil dos fatos, como decidiu o STJ.218 Requererá, em nome
da parte, o desfazimento dos atos porventura praticados na primeira
oportunidade admissível. Entende-se por tal a cessação do impedimento (v.g.,
a data da alta hospitalar). A fixação de prazo preclusivo ensejaria, outra vez, a
impossibilidade prática aqui considerada intolerável aos fins constitucionais do
processo.
Costumam os juízes avaliar semelhante prova com o máximo rigor, porque
a renovação das atividades desenvolvidas na audiência dissipa tempo
precioso e energias. Repelem prontamente os atestados médicos lacônicos,
que não especificam a doença do advogado,219 mediante a clara indicação o
código respectivo na compilação da Organização Mundial de Saúde,
conhecida por CID ou ICD – International Statistical of Diseases and Related
Health Problems. E verificam, em consulta a tal prontuário, a natureza
incapacitante da moléstia que acometeu o advogado.

No tocante à iniciativa da alegação do impedimento, o art. 362, § 1.º,


claramente o ônus ao advogado (público e privado) e ao órgão do Ministério
Público. Ora, a natureza do impedimento amiúde obsta o próprio procurador
de apresentar requerimento nesse sentido. Na verdade, excessivo impor
forma rígida à iniciativa da alegação. Chegando notícia ao juiz por qualquer
meio estimado idôneo, nada excluindo seu conhecimento privado, porque
notórias as circunstâncias (v.g., o jornal local informou o acidente de trânsito
que vitimou o advogado, assinalando seu precário estado de saúde,
inspirando sérios cuidados), e a comunicação verbal da parte, todavia
presente à audiência, ou de serventuário da justiça, impende ao juiz tomar as
providências atinentes à situação.

2.094.4.1.4. Consequências do impedimento do advogado – Apresentada


a prova do impedimento (v.g., atestado médico) até o momento da abertura
da audiência, nos termos estritos do art. 362, § 1.º, e reconhecendo o juiz a
existência da justa causa, o juiz adiará a audiência. Conforme a natureza do
impedimento, o juiz designará, ou não, data próxima. Nesse último caso,
declarará aberta audiência, ordenará que o porteiro apregoe os presentes,
intimando-os da designação.

Faltando a devida prova do impedimento, o juiz assinará prazo à parte


para constituir novo procurador ou provar a causa do impedimento. E, ato
contínuo, designará data próxima, intimando as pessoas presentes.

O art. 362, § 3.º, carrega a quem deu causa o adiamento as despesas


processuais acrescidas. Não tem aplicação a regra no caso da ausência
justificada do advogado, porque se cuida de evento alheio à sua vontade.

2.094.4.2. Ausência injustificada do advogado – É acontecimento


preocupante a ausência injustificada, ao menos até a abertura da audiência,
de um dos advogados ou de ambos. Tal fato provoca relativa insegurança
quanto aos motivos da ausência e instabilidade nos trabalhos enquanto a
situação não se esclarecer. Ocioso especular sobre as causas da falta,
importando mais evitá-la.

Nas pequenas comarcas, o escrivão conhece pessoalmente os


advogados, e não ignora tanto as hipotéticas qualidades, quanto seus
pequenos defeitos humanos, aí incluídos os lapsos de memória e a
displicência. Buscará localizar o advogado ausente, cujo escritório não fica
muito longe, providência que potencialmente define o quadro: ou o advogado
comparece, aguardando o juiz sua presença sem abrir a audiência, ou o
motivo da ausência tornar-se-á claro (v.g., a indiscrição da secretária confirma
a viagem do advogado, esquecido do compromisso), conferindo base firme ao
ato do juiz. Essa tolerância, a demonstrar intimidade e prestígio (v.g., o
Procurador Geral da pessoa jurídica de direito público, atuando pessoalmente
no feito devido à sua relevância, telefona para o cartório, comunicando o
atraso), incomoda o advogado da contraparte, mas representação solução
preferível ao adiamento, tout court, ou a alegação tardia de impedimento
permanente. Fora daí, ao juiz cabe extrair as severas consequências
atribuídas à ausência injustificada do advogado.

O art. 362, § 1.º, declara de modo algo equívoco que, não justificada a
ausência do advogado, “o juiz procederá à instrução”; na realidade, realizará a
audiência, desenvolvendo as atividades programadas – tentativa de
conciliação, instrução, debate e, se for o caso, proferindo a sentença. Esse
aspecto já atrai a procedente censura que o objeto do processo é o direito da
parte, não a conduta do respectivo advogado, revelando-se excessiva a
consequência de deixar a parte sem defesa técnica. Em tal contingência,
aduz-se, a audiência não deveria realizar-se, devendo o juiz ordenar que a
parte constitua novo procurador.220 É a solução, de lege feranda,
harmonizadora dos direitos processuais fundamentais. Lícito que seja declarar
incompatível o preceito do art. 362, § 1.º, segunda parte, com o direito
fundamental processual à ampla defesa, o juiz obsequioso à supremacia
constitucional adiará a audiência, adotando, como no caso da ausência
justificada, a medida “de boa economia processual” de abrir a audiência,
registrar a ausência e designar nova data, da qual ficarão os presentes
intimados.221 De toda sorte, responderá pelas despesas acrescidas quem deu
causa ao adiamento (art. 362, § 3.º). A aplicação desse dispositivo, aliás,
provocará controvérsias. A rigor, abrange a advocacia pública, a Defensoria
Pública e o Ministério Público, e, inclusive no caso do art. 362, III, conforme o
motivo, à própria pessoa investida na função judicante. Parece difícil a
incidência irrestrita da regra, mas seria odioso gravar só a advocacia privada.

Não se esgotam, aí, as consequências opressivas e radicais que recaem


sobre a infeliz parte representada pelo advogado faltoso. O art. 362, § 2.º,
autoriza o juiz a dispensar “a produção das provas requeridas pela parte cujo
advogado ou defensor público não tenha comparecido à audiência, aplicando-
se a mesma regra ao Ministério Público”.

Por óbvio, o dispositivo não atinge os litisconsortes, os terceiros


intervenientes e os assistentes, inclusive o da própria parte, cujos objetivos
probatórios podem coincidir, no todo ou em parte, com os da parte
desassistida de advogado (v.g., a parte principal e o terceiro requereram
esclarecimentos do perito). Respeita à prova requerida única e, talvez,
exclusivamente pela parte desacompanhada do advogado público ou privado
e pelo Ministério Público.

Regra de interpretação restrita, a fórmula legal – “produção das provas


requeridas” – não comporta, todavia, a interpretação que os esclarecimentos
do perito e dos assistentes, completando prova basicamente produzida fora
da audiência, estejam imunes à dispensa.222 Todas as provas requeridas e
deferidas à parte órfã de advogado poderão ser dispensadas. Em
compensação, em tese não incide nos litígios que versarem direitos
indisponíveis.223 Nessas causas, a própria falta de impugnação específica do
réu, na contestação, não induz a presunção de veracidade dos fatos
articulados pelo autor, porque inadmissível a confissão a seu respeito, a teor
do art. 341, I, ou ocorrerá o efeito material da revelia (art. 345, II). Logo,
verificando-se identidade da ratio essendi, o juiz não pode dispensar a prova
que se produziria em audiência quando estiverem em jogo direitos individuais
indisponíveis, homogêneos ou não, e direitos transindividuais. Tampouco
haverá dispensa das provas ordenadas ex officio (art. 370, caput).

Cuida-se de faculdade do juiz, e, não, de efeito imperativo da disposição


legal. O juiz consciencioso, dedicado a apurar a veracidade das alegações de
fato controvertidas para julgar corretamente, limitará sua aplicação aos casos
em que, sem tal prova (v.g., os esclarecimentos do perito; a oitiva das
testemunhas), julgaria favoravelmente à contraparte. É o que se entrevê de
julgado do STJ, no qual se destacou a circunstância de a prova documental
por si determinar o desfecho da demanda.224

Claramente, o propósito do art. 362, § 2.º, consiste em outorgar expressiva


vantagem à contraparte, diminuindo a atividade desenvolvida na audiência e,
conforme a natureza do litígio e as regras de ônus objetivo da prova,
praticamente decidindo o litígio. Não é regra que se harmonize com o direito
fundamental processual à ampla defesa, infringido o direito à prova, que é da
parte, e, não, do advogado.225 Incompreensível, apesar da invocação do
princípio da igualdade e das regras de ônus da prova, a impossibilidade de o
juiz que utilizou sem maior reflexão a faculdade do art. 362, § 2.º, e
verificando faltar-lhe subsídios para formar o convencimento, determinar a
produção da prova que anteriormente dispensara.226

O juiz tomará derradeira cautela no caso de o advogado não justificar, nos


termos do art. 362, § 1.º, a falta à audiência. Tal omissão pode decorrer de
evento inesperado ou, embora preexistente a causa, o advogado se encontrar
impossibilitado de comunicar o impedimento tempestivamente. Recomenda-
se ao juiz não julgar a causa incontinenti, determinando, ao invés, a conclusão
dos autos para proferi-la no prazo de trinta dias do art. 366.227 Ensejará com
essa medida simples e de bom senso a oportunidade, in extremis, para o
advogado alegar e provar o impedimento absoluto, invalidando a audiência.

É bem de ver que, no regime vigente, não importa a posição processual da


parte cujo advogado faltou injustificadamente. Ao contrário, segundo os arts.
266, I, e 201, VI, do CPC de 1939, a ausência do advogado do autor no direito
anterior implicava a absolvição de instância do réu, ou seja, o equivalente à
extinção do processo resolução do mérito. O injusto tratamento atual ao
menos é isonômico.

2.094.5. Ausência da parte – No caso de a parte não comparecer à


audiência, justificadamente ou não, variam as consequências conforme a
causa da convocação à presença do juiz.

Intimada apenas para participar da tentativa de conciliação, na pior das


hipóteses frustrar-se-á o contato direto para o ajuste, importando a ausência
recusa tácita em conciliar; entretanto, a frustração não é efeito necessário da
ausência: a intervenção de procurador com poderes especiais (art. 105)
suprirá, eventualmente, a abstenção da parte por ele representada em juízo.

Se a intimação é para ser interrogada pelo juiz, acompanhada da


cominação do art. 385, § 1.º, passa a interessar a causa da ausência.
Faltando motivo plausível, o juiz aplicará ao ausente a pena de confissão, a
teor do art. 385, § 1.º, in fine, sendo-lhe lícito dispensar o restante da
prova.228 A prova testemunhal tornar-se-á supervenientemente inadmissível
(art. 443, I, segunda parte). Este último ato empresta superlativa e excessiva
força probante à confissão, mas ostenta o atrativo de diminuir a carga de
trabalho do juiz. Porém, existindo justo motivo – noção já desenvolvida
alhures (retro, 1.172) –, alegado e provado pelo advogado da parte presente à
sessão, o juiz designará data para o prosseguimento, ordenando a renovação
da intimação pessoal do ausente.

2.094.6. Ausência da testemunha – Deixando a testemunha


arrolada, opportuno tempore (art. 357, § 4.º), de comparecer à audiência, sem
justo motivo, o juiz ordenará que seja conduzida, respondendo, ainda, pelas
despesas do adiamento (art. 455, § 5.º, segunda parte). Entende-se que a
parte desistiu tacitamente de ouvir a testemunha que se comprometeu a
trazer à audiência (art. 455, § 2.º, in fine), independentemente de intimação,
não comparecendo esta sem justo motivo.

No caso de a testemunha não comparecer, mas por justo motivo,


apresentado e provado até a abertura da audiência, o juiz adiará a audiência,
marcando dia, hora e lugar para ouvi-la (art. 365, parágrafo único), conforme o
caso, e, de toda sorte, abstendo-se de conduzi-la e responsabilizá-la pelas
despesas acrescidas. Não se distingue, a esse propósito, a testemunha
intimada e a que se obrigou a parte a trazer sem prévia intimação (art. 455, §
2.º, primeira parte).

O “motivo justificado” aludido o art. 455, § 5.º, impossibilitando a


testemunha de comparecer no dia, na hora e no lugar designados para a
audiência, tem natureza variada. Ele é, sem dúvida, mais flexível e ameno,
comparativamente ao imposto ao advogado por dever de ofício (retro, 1.172):
por exemplo, a viagem a negócios ou para formação profissional; a realização
de bodas ou o estado de luto, em razão de falecimento de pessoa da família,
por analogia do art. 244, II e III; e assim por diante.

Não está claro se incumbe à testemunha, em nome próprio ou através de


terceiro, ou ao advogado da parte que a arrolou, comunicar o motivo da
ausência ao juiz. É ambígua a redação do art. 362, § 1.º, sugestiva dessa
última hipótese, mas ambas são admissíveis. A mais das vezes, porém, a
ausência não recebe imediata justificativa, ensejando a condução (art. 455, §
5.º), e só posteriormente o juiz apura a causa da falta, relevando apenas a
sanção pecuniária.

2.094.7. Ausência do perito e dos assistentes – Faltando o perito,


justificativamente ou não, ou o(s) assistente(s) técnico, intimados com a
antecedência do art. 477, § 4.º, aplica-se a disciplina explicada quanto à
ausência da testemunha.

Em relação ao assistente técnico, sustenta-se que, haja vista o tratamento


conferido no art. 466, § 1.º, eventual falta não impedirá o normal
prosseguimento da audiência, privando a parte dos esclarecimentos
pretendidos.229 Ora, deferindo o juiz o esclarecimento oral do assistente, nos
termos do art. 477, § 3.º, e faltando justificadamente à audiência (v.g.,
apresentando atestado médico, provando doença grave), não há como
escapar do adiamento, sob a pena de cerceamento à ampla defesa, ressalva
feita à desistência superveniente, formulada na audiência, desse depoimento.

2.095. Cancelamento da audiência

Eventos supervenientes estranhos ao catálogo do art. 362 determinam o


cancelamento da audiência de instrução e julgamento. Não se cuida de
antecipar ou de postergar essa fase do processo, mas de eliminá-la. Por
exemplo: (a) a parte que arrolou a única testemunha que seria ouvida na
sessão comunica-lhe o falecimento, inviabilizando o ato; (b) o juiz deferiu a
prova testemunhal, mas as partes não apresentaram o rol respectivo, no
prazo do art. 357, § 4.º; (c) o juiz deferiu a perícia, designando audiência,
desde logo, abstendo-se as partes de requerer esclarecimentos orais do
perito e dos assistentes, a teor do art. 477, § 3.º. E pode acontecer que o juiz,
revendo a decisão de saneamento, entenda supérflua à formação do seu
convencimento a prova anteriormente deferida,230 divisando, ao contrário,
condições para o julgamento antecipado, a teor do art. 355, I. Essa reviravolta
se mostra concebível ante a inexistência de preclusão dos poderes do juiz no
plano vertical (retro, 1.144). Nesse último caso, a única exigência consiste em
intimar as partes da supressão da audiência, evitando a decisão “surpresa” –
o julgamento antecipado sem prévio anúncio, negando direito à prova.

O ato do juiz cancelando audiência anteriormente aprazada não comporta


agravo de instrumento, ficando postergado o reexame da questão para as
razões ou contrarrazões da futura apelação, em especial na hipótese de o juiz
entender desnecessária a prova já deferida.

§ 432.º Etapa do julgamento

2.096. Emissão da sentença na audiência

Feita a discussão oral, e achando-se habilitado o juiz, porque inteirado dos


pormenores do litígio, o art. 366 lhe autoriza a proferir sentença, desde logo,
pronunciamento que o escrivão reproduzirá, por extenso, no termo de
audiência. Poucos juízes optam por essa modalidade decisória expedita.
Somente as causas muitos simples, especialmente as que não demandam a
leitura dos autos, comportam sentença imediata.

A emissão da sentença na própria audiência efetiva os objetivos sublimes


do sistema da oralidade. Por essa razão, concentram-se na audiência a
instrução e o debate: o juiz entra em contato com prova – princípio da
imediação – e participa da discussão das questões de fato e de direito, na
teoria incorporando à mente os pontos decisivos, e, assim, habilita-se a
julgar incontinenti.

Em princípio, o juiz emitirá a sentença definitiva, nos moldes do art. 487, I,


acolhendo ou rejeitando o pedido do autor. No entanto, apesar da instrução,
talvez agora esteja esclarecido quanto aos elementos de incidência da regra
de prescrição ou de decadência, e nessa contingência fundará a sentença no
art. 487, II. Resolvido o conjunto as questões processuais, atinentes aos
pressupostos processuais e às condições, na decisão de saneamento (art.
357, I), de modo a ensejar a própria designação da audiência e,
conseguintemente, o julgamento do mérito, a rigor inexiste óbice para o juiz
proferir sentença terminativa. Por exemplo, a prova testemunhal esclareceu,
em termos categóricos, a ilegitimidade do autor, antes obscura; nesse caso, o
juiz prolatará sentença acomodada ao art. 485, VI. É preciso assinalar que,
em nosso sistema, a preclusão opera verticalmente (retro, 1.148.3): o juiz que
antes reconhecera a legitimidade do autor, em tese, pode voltar atrás e
pronunciar a ilegitimidade ativa.

A sentença emitida em audiência ingressa no mundo jurídico à medida


que o juiz a verbaliza e o meio técnico disponível – datilografia, taquigrafia ou
estenotipia – registra essa manifestação de vontade. A assinatura do termo de
audiência (art. 367, § 2.º), que conterá o pronunciamento por extenso (art.
367, caput), representa só a autenticação derradeira. Diz-se que, nesse caso,
o juiz publica a sentença em audiência.

O prazo para eventuais recursos contra a sentença – embargos de


declaração e apelação – fluirá da data da audiência, porque os advogados
presentes aí se reputam intimados (art. 1.003, § 1.º).

Consideravam-se intimados, no direito anterior, todos os advogados


cientes validamente da designação da audiência (retro, 2.071). Essa
presunção atingia os advogados que: (a) faltaram sem apresentar justificativa
prévia à ausência; (b) retiraram-se da sessão antes da prolação da
sentença,231 espontaneamente ou não, com licença do órgão judiciário ou não.
O dispositivo incidia também no caso do advogado que tem a prerrogativa da
intimação pessoal (v.g., o procurador federal).232Desnecessário, pois, intimar
por outro meio (v.g., publicação do ato no diário oficial) os advogados
presentes e os ausentes no direito anterior.233 A disposição produzia
incertezas. Por exemplo, ocorrendo a intimação supérflua, instalava-se dúvida
no espírito do advogado, entendendo a jurisprudência do STJ fluir o prazo
dessa intimação, e, não, da data da audiência.234 Essa possibilidade –
julgamento da causa na própria audiência – tornava a audiência evento
mobilizador de todos os esforços do advogado, redobrando a segurança de
que atentará à agenda, pois a falta de comparecimento produzirá
consequências graves (v.g., a dispensa da prova) e fatais. Não parece
razoável manter o entendimento de intimação ficta perante o NCPC.

Seja como for, importante ressalva se impõe: a difusão dos meios


contemporâneos de documentação dos atos processuais – taquigrafia,
estenotipia e gravação – interfere no regime descrito, concebido para o
prosaico registro datilográfico da sentença no tempo de audiência, mediante
ditado do juiz ao escrivão. Em que pese o conhecimento integral do ato
decisório, que é lido (não se descarta o uso de minuta adrede preparada pelo
juiz, que leu previamente os autos) ou verbalizado, a interposição do recurso
não se mostra viável, dependendo do acesso à transcrição ou degravação do
pronunciamento.235 Do contrário, a memória poderia trair o recorrente e tornar
inepta as razões do recurso, por força da falta de congruência com os motivos
do provimento. Em precedente notável, o STJ assentara, no direito anterior,
fluir o prazo recursal da transcrição do termo de audiência nos autos e do
esgotamento do prazo para impugnação do registro.236 A gravação da
audiência, nos termos do art. 367, § 5.º, resolve o problema. Não há
dificuldade alguma de conhecer o teor do ato no processo eletrônico (art. 367,
§ 4.º).
O art. 366 se encontra redigido em duas proposições distintas e
complementares. Na primeira, o dispositivo contempla a oportunidade da
emissão da sentença, utilizando dois dados, que correspondem às
modalidades de discussão da causa: (a) o encerramento do debate oral; ou
(b) a entrega do memorial. Ocorrendo um desses eventos – não se cogitou,
porque alheia ao roteiro do procedimento, a renúncia das partes a qualquer
forma de debate, todavia admissível –, acrescenta a segunda proposição, “o
juiz proferirá sentença em audiência ou no prazo de 30 (trinta) dias”. A
conjugação dos eventos e das oportunidades criam três termos de alternativa
para o juiz: (a) após o debate oral, profere imediatamente a sentença; (b)
após o debate oral, vale-se do prazo de trinta dias; (c) após o oferecimento
dos memoriais, vale-se do prazo de trinta dias.

No direito anterior, prevendo a emissão da sentença “desde logo”, havia


uma quarta hipótese, permitindo a emissão da sentença logo após a entrega
das razões escritas, para o que o juiz designava dia e hora. Localizava-se, aí,
argumento a favor da subsistência da antiga audiência de publicação da
sentença, prevista no art. 271 do CPC de 1939, pois somente em sessão de
julgamento o juiz prolataria “desde logo” a sentença.

Em item anterior, examinou-se esse problema, adotando-se a opinião


majoritária: a audiência de publicação constitui faculdade do juiz. Assim, a
interpretação sistemática, no caso de o juiz substituir o debate pela discussão
escrita, explicava a conjugação das proposições: designará o juiz dia e hora
para continuação da audiência, entrementes suspensa, possibilitando aos
advogados a confecção dos memoriais; e, na data aprazada, feita ou não a
entrega, em audiência emitiria, desde logo, a sentença que couber à
espécie.237

A audiência de publicação de sentença não tem sentido no regime atual


de entrega sucessiva das razões escritas. Findo os prazos cumulados do art.
364, § 2.º, e retornando os autos ao cartório, após o último, a partir daí fluirá o
prazo de trinta dias do art. 366, in fine, contado da conclusão (art. 228, I) ou
de forma automática no processo eletrônico (art. 228, § 2.º).

2.097. Emissão da sentença fora da audiência

O art. 366 assina o prazo impróprio de trinta dias para o juiz,238 não se
sentindo habilitado a julgar na audiência, emita a sentença. Razões várias
determinam a dilação. Logo acode à lembrança o adiantado da hora, a
proximidade da audiência subsequente, e a complexidade da causa, mas há
causa mais profunda. É necessário admitir, sem meias palavras, e desde
logo, o rotundo fracasso da oralidade: os efeitos benéficos dos princípios
implicados na designação da audiência – concentração, imediação e
identidade física – atenuaram-se ou perderem-se na voragem do processo
escrito (e o eletrônico, distinto pelo suporte, é escrito).

Ao contrário do se poderia supor, o juiz dirige a audiência, desempenha as


atividades que lhe são próprias nessa sessão, munido de noções vagas do
processo. Não leu atentamente a petição inicial e a contestação, desconhece
os pormenores da prova anteriormente produzida, e por isso não tem
condições de julgar a causa, conquanto guiado pela decisão de saneamento
(art. 357, II, III e IV), se proferida corretamente. Todavia, o juiz preserva o
natural senso de responsabilidade da função. Desafiado pela quantidade dos
feitos distribuídos ao juízo, adstrito à necessidade de prover medidas de
urgência durante o expediente forense, relega a sentença para incerto
momento futuro, vez que obrigado à cronologia do art. 12, todavia sujeita a
exceções.

O prazo de trinta dias cogitado no art. 366 revela-se irrealizável pelas


mesmas razões. O juiz levará meses e anos, desbastando processos mais
antigos, até chegar ao processo concluso depois da audiência. Por óbvio,
caber-lhe-ia selecionar as causas, não retardando o julgamento das mais
simples; entretanto, já notava-se nítida preferência pela data da conclusão,
começando pelas mais antigas, aquietando os órgãos de controle interno da
magistratura, e havia juízes obstinados em seguir a ordem cronológica da
conclusão sem atentar à simplicidade da causa.

No tocante ao conteúdo da sentença, valem as considerações expendidas


no item anterior. Em princípio, cuidar-se-á de sentença definitiva (art. 487, I e
II); por exceção, de sentença terminativa, verificando o juiz impedimento para
julgar o mérito.

O juiz publicará a sentença em cartório oportunamente. O prazo recursal


fluirá da intimação que o escrivão promoverá por um dos meios legais.

§ 433.º Documentação da audiência

2.098. Lavratura do termo de audiência

As atividades da audiência serão documentadas no termo de audiência.


Segundo o art. 367, caput, competirá ao escrivão, sob o ditado do juiz, lavrar
o referido termo. E é o que realmente acontece, após os prolegômenos de
estilo, em folhas soltas posteriormente encadernadas no “volume próprio” a
que alude o art. 467, § 1.º, in fine, exceto no processo eletrônico. Os meios
contemporâneos de registro da palavra – a taquigrafia, a estenotipia e a
gravação (obviamente, nesta o ditado é supérfluo) –, aos quais se
acrescentam as provisões essencialmente programáticas dos arts. 193 a 199
preparando o terreno para o processo integralmente eletrônico, não
influenciam a forma do termo. As pessoas presentes acompanham as
determinações do juiz, em voz alta, assinalando o que entende cabível na ata
da sessão. O conteúdo do termo depende unicamente da vontade do juiz.

As técnicas de documentação do art. 193, caput, e a gravação em imagem


e em áudio, relacionadas no art. 367, § 5.º, existem em muitos juízos, em
particular na Justiça Federal, mas a transcrição completa do ocorrido na
audiência, verbum ad verbum, dificultaria a percepção ulterior do essencial. É
o juiz quem decide, no ditado ao escrivão, o que constará, ou não, no termo
de audiência, acompanhando com o olhar a transcrição das suas palavras e
fazendo as correções que entender oportunas.

Do art. 367, § 1.º, infere-se que haverá, para cada ofício judicial, livro
próprio ou especial (eletrônico ou físico, este manuscrito ou de folhas soltas)
para o conjunto dos termos de audiência.239 Claro está que haverá semelhante
livro não só no caso de o escrivão datilografar o termo, técnica de
documentação anacrônica e progressivamente abandonada, porque a
cláusula inicial do § 1.º do art. 367 refere-se apenas à rubrica do juiz e à
encadernação. O art. 16 da Lei 11.419/2006 prevê a geração e a
armazenagem desse livro eletronicamente. O livro “protocolo de audiências”
remonta às Ordenações Filipinas (Livro I, Título 19, § 6.º; Título 24, §§ 3.º e
48.º). Foi expressamente previsto no Decreto 834, de 02.10.1851, dentre os
livros do foro judicial e extrajudicial.240

O art. 367, § 2.º esclarece quem assina o termo – o juiz, os advogados, o


órgão do Ministério Público e o escrivão –, na última folha, cabendo ao juiz
rubricar as demais folhas, esparramando-se o termo em duas ou mais. O
sistema de informática encarrega-se de apor a rubrica automaticamente. E o
art. 367, § 3.º, aduz que o escrivão trasladará para os autos cópia do termo
original. Não há necessidade dessa reprodução nos autos eletrônicos. Eis
uma das aplicações do art. 367, § 4.º

A rigor, livro próprio para os termos de audiência retrata prática retrógrada,


servindo para ocupar espaço nas prateleiras. Dele se trasladará, surgindo
necessidade de restaurar os autos, as cópias devidas. É a sua principal e
única serventia. Ocioso acentuar que, no ambiente eletrônico – o art. 367, §
4.º, contempla a confecção e assinatura do termo nesse meio –, o backup tem
idêntica forma. Desparecendo os autos eletrônicos, quiçá a derradeira
esperança do litigante temerário, o livro de termos de audiência correrá
idêntico risco, a revelar a sua manifesta inutilidade.

O termo de audiência distingue-se dos termos avulsos que, no original, o


escrivão junta aos autos. Esses termos especiais registram o depoimento das
testemunhas, disciplinado no art. 460, das partes e os esclarecimentos do
perito e dos assistentes, e são assinados pelo interveniente, juiz e advogados.
A esse termo também se dava o nome de assentada.241 Limita-se o termo de
audiência a referir, nominalmente, as pessoas que prestaram depoimento,
cujo inteiro constará do termo avulso. Eis a razão por que as atividades da
audiência acabam documentadas por termos distintos, afinal reunidos nos
autos. Por sinal, termo é palavra equívoca, mas no art. 367 adquire o sentido
e a finalidade de documento para introduzir no processo por escrito o que se
passou verbalmente.242

2.099. Elementos do termo de audiência

O art. 367, caput, é excessivamente lacônico ao preceituar que o termo de


audiência “conterá, em resumo, o ocorrido na audiência, bem como, por
extenso, os despachos, as decisões e a sentença, se proferida no ato”. Ao
catálogo anterior acrescentou, corretamente, a emissão de decisões (v.g., a
do art. 362, § 2.º, dispensando a produção da prova requerida pelo advogado
ausente).

Os elementos formais e materiais do termo de audiência dados de


importância heterogênea. O objetivo geral consiste em retratar com exatidão,
clareza e brevidade as atividades desenvolvidas na sessão.

O termo de audiência conterá os seguintes elementos: (a) o dia, a hora e o


lugar da audiência; (b) o juízo em que se realiza a audiência, designando,
nominalmente, o juiz que a preside, e a sua condição de titular ou substituto
na vara, embora não mais seja dado essencial à aplicação do princípio da
identidade física do juiz; (c) a identificação do processo, inclusive com o
número de registro; (d) a declaração de abertura da audiência, bem como a
da efetivação dos pregões; (e) a identificação e a qualificação das partes e
dos advogados, estes com a indicação no número de registro no quadro
respectivo, e do órgão do Ministério Público, havendo de intervir como parte
coadjuvante; (f) a tentativa de conciliação: no caso de insucesso, o juiz não
consignará o teor dos debates, pois o conteúdo das propostas e
contrapropostas, implicitamente que seja, revela parcial reconhecimento do
direito alheio;243 e, no caso de êxito, remissão ao “termo de conciliação” (art.
334, § 11), inclusive as objeções ou o assentimento do órgão do Ministério
Público, seguindo a homologação do juiz, o que constitui sentença para os
efeitos do art. 487, III; (g) a fixação tardia dos pontos controvertidos, se
houver restrição à prova; (h) os atos de instrução, indicando as pessoas que
prestaram depoimento, e, se for o caso, a identificação do perito e dos
assistentes que prestaram esclarecimentos orais; (i) resumidamente, os
incidentes ocorridos na audiência (v.g., a acareação; a advertência e, v.g., a
expulsão da parte A, cujo comportamento perturbava os trabalhos, com
fundamento no art. 360, II), os requerimentos apresentados pelos advogados,
relativamente a tais incidentes ou à prova (v.g., a contradita da
testemunha A), e os atos decisórios proferidos (art. 360, V); (j) a designação
de data mais próxima possível para o prosseguimento, especificando as
atividades programadas (v.g., a oitiva da testemunha B), a teor do art. 365,
parágrafo único, declarando que os presentes ficaram intimados; (k) a
discordância ou concordância das partes com a alteração da ordem da prova
(art. 361, a teor do art. 365, caput); (l) o resumo do debate oral ou, se for o
caso, o do requerimento para substituí-lo por discussão escrita, assim como
os motivos do deferimento, o não, da substituição do debate oral; (m) o inteiro
teor da sentença proferida na própria audiência ou, alternativamente a
determinação de que os autos venham conclusos ao juiz, a teor do art. 366, in
fine; (n) o encerramento, segundo fórmula de estilo; (o) as assinaturas do juiz,
dos advogados, do órgão do Ministério Público e do escrivão, sobre o nome
por extenso.244

Desses elementos, o mais problemático avulta no registro dos incidentes.


Em última análise, decidindo o juiz o que deverá constar do termo de
audiência, ou não, impera a soberana vontade do órgão judiciário. Nada
assegura o resumo ditado pelo juiz ao escrivão reproduzir fidedignamente o
ocorrido. Não é fácil sintetizar ou captar o essencial, e, ademais, pode
acontecer que o juiz determine a eliminação de certo incidente dos registros.
Expediente simples atalha discussões futuras: a gravação da audiência,
facultado às partes tão só para registrar o depoimento da testemunha (art.
367, § 6.º), mas facilmente realizada em toda sessão pelos atuais telefones
celulares. A tecnologia das telecomunicações oferece aos advogados
poderosa ferramenta contra o arbítrio e a prepotência, outrora sem remédio
expedito.

2.100. Correção do termo de audiência

As modernas técnicas de documentação dos atos processuais ocorridos


na presença do juiz, especialmente a gravação digital, torna o termo de
audiência completo e reproduz os acontecimentos de forma real. Ao invés, a
determinação que o termo de audiência contenha o “ocorrido na audiência”,
por resumo (art. 367,caput), facilita a consulta posterior. É muito menos
convidativa a leitura do depoimento degravado da testemunha, por exemplo,
que a da síntese ditada pelo juiz. Em qualquer dessas hipóteses, à parte
tocará fiscalizar o teor do termo, verificando a respectiva exatidão e, havendo
discrepâncias, reclamar a devida correção.

Ocupava-se desse problema, mas de forma canhestra, o direito anterior,


bem como o art. 209, § 2.º, do NCPC. Essa disposição impõe reclamação
oral, no momento da realização do ato, “eventuais contradições na
transcrição”, sob pena de preclusão, “devendo o juiz decidir de plano e
ordenar o registro, no termo, da alegação e da decisão”. Não é fácil
compreender o evento suposto na regra e o mecanismo instituído para
controlá-lo e corrigi-lo. E isso, porque das duas, uma: (a) ou o juízo emprega
os meios técnicos atuais (v.g., a gravação digital), e, nesse caso, inexiste a
possibilidade de “eventuais contradições”, porque o mecanismo capta tudo
que for verbalizado (v.g., o advogado requereu a substituição do debate oral
pela discussão escrita, mas o juiz indeferiu: os motivos da postulação e os
fundamentos da decisão constarão do registro), subdividindo a situação em
duas variantes: (aa) a degravação posterior reproduz fidedignamente o
ocorrido; (ab) a degravação posterior oblitera o incidente e, obviamente, o
advogado não tem a oportunidade de reclamar “no momento de realização do
ato”; (b) ou o juízo emprega meio mais tradicional (v.g., o ditado ao escrivão,
que digita as palavras no sistema de informática ou datilografa diretamente no
papel), recusando-se a consignar o incidente. Nesse último caso, decerto, o
advogado da parte poderá suscitar a questão “oralmente no momento de
realização do ato, sob pena de preclusão”, mas nada assegura que o juiz
decida “de plano”, e, muito menos, registre a alegação e a decisão no termo
(art. 209, § 2.º, in fine). Revela-se imprestável o dispositivo: ou porque o
advogado não tem oportunidade para reclamar “oralmente no momento de
realização do ato”; ou porque não há meio de compelir o juiz à consignação
da reclamação imediata. Resta à parte invocar, a posteriori, o desacordo com
a gravação prevista no art. 367, § 6.º.

No tocante ao termo de audiência elaborado por ditado do juiz, seja qual


for o mecanismo utilizado para registrá-lo, persiste a solução tradicional: o
advogado inconformado e a parte devem se recusar a assinar o documento
que lhes é apresentado. Não lhes é consentido, todavia, assinalar de próprio
punho a insurgência no termo de audiência,245 em virtude da proibição do art.
202, caso em que é lícito ao juiz mandar riscá-la: a parte deverá peticionar,
narrando o acontecido – a gravação autorizada no art. 367, § 6.º,
eventualmente fornecerá prova hábil – e pedindo a providência
correspondente, aguardar pronunciamento e, nas razões ou nas
contrarrazões da futura apelação, impugnar a resolução porventura tomada.
Em casos extremos, a parte empregará a correição parcial, remédio instituído
para controlar tropelias dessa natureza.

E, relativamente ao termo produzido por taquigrafia, estenotipia ou


gravação, a parte realizará sua reclamação após a juntada das notas
respectivas ou da degravação, ensejando decisão do juiz, passível de recurso
para o órgão ad quem nos termos já expostos, vez que restritas as hipóteses
de cabimento do agravo de instrumento (art. 1.015).

Capítulo 90. JULGAMENTO DA DEMANDA


SUMÁRIO: § 434.º Sentença definitiva no procedimento comum – 2.101.
Oportunidade da sentença definitiva – 2.102. Elementos da sentença definitiva
– 2.103. Abrangência da sentença definitiva – 2.104. Defeitos da sentença
definitiva – 2.105. Proibição da condenação genérica – 2.105.1. Pressuposto
da condenação líquida – 2.105.2. Fundamento da condenação líquida –
2.105.3. Objeto da condenação líquida – 2.105.4. Efeito da ausência de
condenação líquida – 2.106. Irrevogabilidade da sentença definitiva – 2.107.
Datação da sentença definitiva – 2.108. Autenticação da sentença definitiva –
2.109. Impugnação da sentença definitiva – § 435.º Improcedência da
demanda – 2.110. Causa de emissão da sentença de improcedência – 2.111.
Força e conteúdo da sentença de improcedência – 2.112. Capítulo acessório
da sentença de improcedência – § 436.º Procedência da demanda – 2.113.
Causa de emissão da sentença de procedência – 2.114. Força e conteúdo da
sentença de procedência – 2.114.1. Procedência condicional – 2.114.2.
Procedência limitada – 2.114.3. Procedência dispositiva – 2.114.4.
Procedência alternativa – 2.114.5. Procedência genérica – 2.114.6.
Procedência impositiva – 2.115. Efeito anexo processual da sentença de
condenação – 2.115.1. Origem da hipoteca judiciária – 2.115.2. Conceito e
natureza da hipoteca judiciária – 2.115.3. Fundamento da hipoteca judiciária –
2.115.4. Pressupostos da hipoteca judiciária – 2.115.5. Especialização da
hipoteca judiciária – 2.115.6. Efeitos da hipoteca judiciária – 2.116. Capítulo
acessório da sentença de procedência – 2.116.1. Vencimento parcial –
2.116.2. Vencimento recíproco – 2.116.3. Vencimento mínimo.

§ 434.º Sentença definitiva no procedimento comum

2.101. Oportunidade da sentença definitiva

Desprezadas outras variantes, do juízo de admissibilidade negativo


externado ao primeiro contato com a pretensão do autor – indeferimento da
petição inicial – ao julgamento prévio do mérito, passando pela precipitação
do julgamento (arts. 354, 355 e 356) cumprida a etapa de instrução, cujos
atos concentram-se na audiência principal, e realizados os debates (art.
364, caput), o art. 366 autoriza o juiz a proferir sentença oralmente, ato
contínuo, ou no prazo de trinta dias. O escrivão ou chefe de secretaria
reproduzirá o ato, ditado ou simplesmente narrado, conforme a técnica de
registro (v.g., datilografia ou estenotipia), no termo de audiência.

A esse cenário ideal opõem-se, na prática, dois entraves de peso e de


origens diferenciadas. Os advogados das partes raramente têm o
adestramento e a inspiração para o debate oral. Quando não se reportam de
forma protocolar e neutra às razões alinhadas nos atos postulatórios e,
vagamente, aos elementos de prova carreados pela instrução, postulam a
substituição do debate oral pela discussão escrita (art. 364, § 2.º), o que
ensejará a emissão da sentença definitiva em gabinete. O juiz dirige o
processo e audiência de instrução, preside pessoalmente à coleta da prova,
guardando observância ao tema da prova, fixado na decisão de saneamento e
de organização do processo (retro, 1.812.1), em geral munido de noções
superficiais e incompletas do processo. Não leu previamente os atos
postulatórios principais (petição inicial e contestação), ou recebeu sumário
dos eventos relevantes aprontado pela sua diligente assessoria e,
principalmente, desconhece o teor e os pormenores da prova documental.
Razões várias contribuem para esse despreparo. O acúmulo de feitos é o
pretexto mais comum. Seja qual for o motivo concreto, só os casos mais
simples e triviais recebem sentença imediata em audiência. Os objetivos
sublimes da oralidade constituem simples ilusão.

O procedimento evolui, nos termos descritos nos capítulos precedentes,


mirando a emissão de sentença definitiva nos moldes do art. 485, I. É a
sentença definitiva (ou de mérito). O juiz acolherá (sentença de procedência)
ou rejeitará (sentença de improcedência), no todo ou em parte (art. 490), os
pedidos do autor e do réu na ação e na reconvenção. Supõe-se superado o
juízo de admissibilidade na decisão de saneamento e inexista negócio jurídico
processual unilateral (reconhecimento do pedido, renúncia) ou bilateral
(transação), vinculando o órgão judiciário.

Por exceção, pode acontecer de a prova colhida na audiência principal


esclarecer, em termos categóricos, a ilegitimidade ativa ou passiva, antes
duvidosa, permitindo juiz emitir sentença terminativa, fundado no art. 485, VI.
Não há óbice para tanto. E, ainda, a instrução talvez haja evidenciado a falta
de razão de uma das partes, no todo ou em parte, imediatamente inclinadas a
transação antes acenada na fase de conciliação e deixada de lado, ou a prova
iluminou sob outro ângulo os elementos de incidência da regra atinente à
prescrição e a decadência. Essas situações agora ensejam a emissão de
sentença definitiva baseada no art. 487, II e III,c.

A oportunidade da emissão da sentença definitiva como ato culminante do


procedimento comum encontra-se prevista no art. 366. Essa disposição
emprega dois dados, correspondentes às modalidades de discussão da
causa: (a) o encerramento do debate oral; ou (b) a entrega do memorial. Não
cogitou a regra a admissível renúncia das partes ao debate oral ou à
discussão escrita. Assim, verificado um desses eventos, o art. 366
acrescenta: “o juiz proferirá sentença em audiência ou no prazo de 30 (trinta)
dias”.

A conjugação dos eventos e das oportunidades gera três termos de


alternativa para o juiz proferir a sentença: (a) após o debate oral, na
audiência; (b) após o debate oral, abstém-se de sentenciar imediatamente,
valendo-se do prazo de trinta dias; (c) após o oferecimento dos memoriais, no
prazo de trinta dias.

Desapareceu a possibilidade de o juiz, entregues os memoriais, proferir a


sentença desde logo. Localizava-se, aí, argumento a favor da subsistência da
antiga audiência de publicação da sentença, prevista no art. 271 do CPC de
1939. A emissão de sentença “desde logo”, entregues os memoriais,
subentendia solenidade específica para semelhante escopo. A designação de
audiência de publicação de sentença constituía, no procedimento comum do
CPC de 1973, faculdade do juiz (retro, 2.060).1 Não tem o menor sentido no
NCPC por outra razão.

A emissão da sentença definitiva em trinta dias, consoante o art. 366,


constitui simples meta do NCPC. Ressalva feita à sentença proferida em
audiência (art. 12, § 2.º, I), após os debates orais, nos demais feitos o órgão
judiciário obedecerá a ordem cronológica de conclusão (art. 12, caput). O
acúmulo de feitos nas varas cíveis dificilmente permite ao mais operoso dos
juízes manter o serviço rigorosamente em dia. Essa controverta ordem
cronológica resolve, de toda sorte, o angustiante problema dos casos mais
difíceis, geralmente postergados em proveito dos mais simples, haja vista
elementar e irresistível princípio de qualquer organização do trabalho, mas
tem a desvantagem, justamente, de colocar os casos simples na vala comum.

2.102. Elementos da sentença definitiva

A forma dos atos decisórios do juiz já recebeu análise em item específico


(retro, 1.116). Os elementos da sentença localizam-se os incisos do art. 489:
(a) relatório; (b) motivação; (c) dispositivo.

Esse arranjo formal do art. 489, especialmente a antecedência lógica dos


dois primeiros no tocante ao terceiro, induzem certa semelhança da sentença
definitiva com a conhecida fórmula do silogismo. A impressão é errônea por
mais de uma razão. Escapa à área de saber em matéria jurídica a
identificação e reprodução do raciocínio do juiz e da juíza na elaboração da
sentença. O esquema do art. 489 serve a outros propósitos. Ele combate o
arbítrio e, para essa finalidade, reduz o ato a forma passível de controle
posterior do que, correspondendo ou não ao verdadeiro processo mental da
pessoa investida na função judicante.

O modelo previsto no art. 489 é quase universal, sujeitando-se a escassas


variações. Uma delas consiste na ausência da declaração é passada “im
Namen des Volkes” como no direito alemão.2 É também o que impõe o art.
111 da Constituição Italiana de 1948. Ora, a soberania do órgão judiciário
brasileiro, o poder de julgar deflui diretamente da CF/1988, só indiretamente
emana do povo (art. 1.º, parágrafo único, da CF/1988).

Em outra oportunidade, identificaram-se a natureza e os virtuais


predicados dos três elementos do art. 489, a saber: (a) no relatório (retro,
1.121), o juiz (aa) identifica a causa, (ab) sumaria os atos postulatórios
principais – note-se o uso anômalo de pedido significando petição inicial –, e
(ac) registra as ocorrências (v.g., a realização da audiência); (b) na motivação
(retro, 1.122), o juiz analisará e resolverá as questões de fato e as questões
de direito suscitadas pelas partes, ou conhecidas ex officio, e previamente
debatidas; (c) no dispositivo (retro, 1.123), o juiz enuncia a regra jurídica
concreta, com todas as especificações (capítulo principal), e dispõe sobre a
sucumbência (capítulo acessório).

Esses assuntos já receberam exaustiva análise em mais de um capítulo e


aqui resta assinalar que inexistem discrepâncias do regime geral no
procedimento comum.

É muito raro o juiz encimar a sentença com ementa. Os tribunais exercem


papel de maior significado na formação da jurisprudência dominante iniciada
no primeiro grau. Pouco espaço reserva-se nos repertórios especializados às
sentenças e, havendo publicação, convém aguardar o trânsito em julgado,
evitando transcrever provimento reformado, oportunidade em que já se
reduziu o impacto do ineditismo da tese. A prudência natural dos advogados
recomenda não invocar sentenças como precedentes, embora o sejam,
porque semelhante subsídio não empolga os magistrados de maior hierarquia.
É comum a sentença oferecer a melhor contribuição à obra do direito, mas “o
prestígio cresce com a altura do tribunal, e é lógico, porque os arestos de
pretório mais elevado alcançam mais larga periferia e inutilizam os dos juízes
inferiores”.3 E, nada obstante essas considerações, nada obsta a inclusão de
ementa, quiçá para situar o ato no conjunto dos arquivos e resgatá-lo para
uso em futuras causas similares.

E convém rememorar a delicada técnica de redação dos atos decisórios.


Do relatório, em que se expressará o poder de síntese do redator, ao
dispositivo, a sentença persuasiva reclama dois atributos inexprimíveis fora do
caso concreto: clareza e precisão.4 O discernimento do juiz na elaboração de
sentença ajustada aos fins do processo civil é o fator decisivo. O estilo
objetivo, desprovido de adjetivos fortes e ironias – “arma potente, mas
perigosa” –,5 e o firme banimento de inovações no léxico da língua portuguesa
(v.g., “improvido”, em lugar de desprovido), suficientemente rica para todas as
necessidades, e invenções terminológicas (v.g., “peça ovo”, em vez de
petição inicial), são qualidades inestimáveis. E a repetição dos termos
técnicos (v.g., petição inicial) não constitui vício de estilo. O ato ganha clareza
e precisão. Enfim, a boa formação cultural e a experiência têm influências
decisivas em tais misteres do juiz.

2.103. Abrangência da sentença definitiva

O art. 490 declara concebível o juiz, ao proferir a sentença definitiva


(julgamento de mérito), acolher ou rejeitar os pedidos, no todo ou em parte,
formulados pelas partes. Ora, o autor formula o pedido na ação, o réu na
reconvenção. Essa proposição indica o foco do Capítulo XIII – Da Sentença e
da Coisa Julgada – do Título I – Do Procedimento Comum – do Livro I da
Parte Especial do NCPC: a sentença definitiva do art. 487, I.

A arquitetura legislativa explica o alcance teórico do art. 490. Não se refere


à sentença parcial (Zwischenurteil ou Endurteil), ou seja, sentença atinente a
capítulo do mérito julgado separadamente, e admissível mediante expressa
permissão legal,6 mas à sentença global (Vollurteil). O provimento do art. 490
julga o objeto litigioso numa só oportunidade. É sentença global, portanto,
mas dividida em capítulos.

O direito pátrio admite sentenças parciais de mérito. O art. 356 permite,


formulados dois ou mais pedidos, ou parte de um deles (pedido divisível),
revelando-se incontroverso (inciso I) e independente de outras provas (inciso
II c/c art. 355, I), resolução parcial do mérito; por exemplo, A postula
de B reparação de dano moral e patrimonial, mas o réu só contesta o dano
moral, deixando incontroverso o dano patrimonial. Representaria ônus
excessivo para o autor aguardar a resolução quanto à parte controversa da
sua pretensão. O acolhimento do pedido, nessa parte, revelar-se-á fatal e
obrigatório mais adiante e, quanto antes o juiz prover a seu respeito, melhor
para o autor. Cuida-se de julgamento antecipado parcial do mérito,7 a rigor
quadrado no art. 355, I, e exemplo típico de sentença definitiva parcial.

Em tais termos estritos, considerar-se-á sentença parcial (não, porém, de


mérito!) (a) o ato de exclusão do litisconsorte, porque inadmissível a demanda
conjunta e (b) o indeferimento da petição inicial da reconvenção. Esses
provimentos enquadram-se na tipologia do art. 485 e, segundo a proposição
do art. 203, § 1.º, reputam-se “sentenças”. E sentença parcial de mérito
haverá na hipótese de o juiz rejeitar a prescrição na decisão de saneamento
(retro, 1.819.1), porque cabível no figurino do art. 485, II. A impugnação
realizar-se-á, todavia, através de agravo de instrumento, porque impossível
processar a apelação nos autos originais, conforme prevê o art. 356, § 5.º.

O caráter global da sentença definitiva não fica diminuído com a emissão


de anterior sentença parcial (v.g., no caso de o juiz rejeitar a prescrição na
decisão de saneamento). A sentença definitiva recebe a designação de
provimento final, porque enfrentará, na derradeira etapa do procedimento
comum, quaisquer aspectos do objeto litigioso ainda não decididos.

A cláusula “no todo ou em parte” posta no art. 490, alude à (a) cumulação
de pedidos e (b) ao pedido divisível (retro, 295).

No tocante à cumulação simples de pedidos, por definição o juiz poderá


acolher ou rejeitar todos, ou alguns do todo; por exemplo, o autor A pediu a
condenação de B ao pagamento da prestação Y, originada de mútuo, e a
prestação X, proveniente de compra e venda: a sentença pode condenar B a
pagar X + Y (procedência total), absolvê-lo de X e Y (improcedência total), ou
condená-lo a pagar X ou Y (procedência parcial). Formulados dois ou mais
pedidos em cumulação sucessiva, ao juiz afigura-se lícito rejeitar o pedido
subsequente, acolhido o antecedente (v.g., A pediu reintegração na posse do
imóvel X, esbulhado pelo réu e perdas e danos deB; a sentença concede a
reintegração, mas rejeita perdas e danos). E, na cumulação eventual, em que
o juiz só apreciará o pedido subsequente no caso de rejeitar o pedido
antecedente, nada impede improcedência total. Por exemplo, o autor A pede
o desfazimento do contrato de compra e venda do bem X firmado com o
réu B, porque o objeto apresenta vício oculto, e, subsidiariamente, pede o
abatimento proporcional do preço; rejeitado o desfazimento do negócio,
porque irrelevante o defeito, também se concebe a rejeição do abatimento do
preço, gerando a improcedência total dos pedidos cumulados.

A possibilidade de o juiz acolher no todo ou em parte o pedido


individualmente considerado, prevista no art. 490 (e, igualmente, no art.
356, caput, sendo este o caso), pressupõe pedido divisível (a)
quantitativamente e (b) qualitativamente. Cuidando-se de pretensão à
prestação indivisível, a procedência parcial revela-se fora de propósito: para o
autor, é tudo ou nada. Idêntico fenômeno sucede em alguns direitos
formativos. Por exemplo, a autora A pede separação do réu B, por tal ou qual
motivo: o juiz acolherá ou rejeitará o pedido, in totum, pois não pode
separar A e B em parte, nem prover de modo diferente ao pleiteado (v.g.,
concedendo a separação de corpos), porque infringiria ao princípio da
congruência (art. 492, caput).

O bem da vida, proveito, vantagem, utilidade ou benefício almejado pelo


autor (pedido mediato) divisível enseja procedência parcial (e improcedência
na mesma medida: (a) de o autor A pedir a condenação do réu B a pagar o
montante de 100, a título de perdas e danos, mas o juiz condenar o réu a
pagar 50, porque esta é a extensão do dano; e (b) de o autor A pedir a
invalidação do negócio X firmado com o réu B, e o juiz apenas invalidar uma
das cláusulas, preservando a parte hígida do negócio. Os exemplos
multiplicar-se-iam ao infinito. Não importa a natureza (ou força) da pretensão
processual (retro, 230). Revelam as hipóteses aventadas que o pedido em si
não é propriamente divisível ou indivisível; “o que é divisível ou indivisível é o
objeto do direito material subjetivo das partes, o dever, a obrigação, o
pedido”.8

O art. 490 corrigiu a parcial impropriedade da regra anterior, aludindo às


partes, porque o réu também formula pedidos – na contestação (v.g., na
reintegração de posse, a teor do art. 556),9 e, comumente, na reconvenção
(retro, 1.742). De ordinário, o réu não age, mas reage à pretensão do autor (e
por várias vias, porque dispõe de meios de defesa flexíveis), nada pede ao
juiz, contentando-se em impedir o êxito do autor; por exceção, o réu
abandona a defesa e, de seu turno, pretende obter do autor, in simultaneo
processu, um proveito, vantagem, benefício, utilidade ou bem da vida e, para
essa finalidade, necessidade formular pedido próprio. Em casos tais, valem as
diretrizes expostas: o juiz acolherá o pedido do réu, no todo ou em parte,
independentemente da sorte do(s) pedido(s) formulado(s) pelo(s) autor(es).

2.104. Defeitos da sentença definitiva

Os elementos estruturantes da sentença definitiva, previstos no art. 489,


imprimindo forma rígida ao pronunciamento, embora artificial, destinam-se a
permitir o controle do conteúdo do ato. É tarefa das partes criticar o
provimento, por intermédio dos recursos cabíveis – embargos de declaração e
apelação –, incumbindo ao órgão ad quem revê-lo, chegando à mesma ou a
diferente conclusão.

A falta de um dos elementos do art. 489 (v.g., a sentença não dispõe de


dispositivo) constituirá vício da maior gravidade. Impõe-se repassar o ato na
peneira dos planos da existência e da validade, antes de concluir se ele
ingressou, ou não, no mundo jurídico, e, vencida essa barreira, qual a
natureza e magnitude do vício, extraindo as respectivas consequências.

Variam, entretanto, as consequências da preterição dos elementos


formais: (a) faltando relatório, sem dúvida defeito grave e digno de atenção
dos órgãos censores da magistratura, não se mostra imprestável, havendo
resolvido as questões e enunciado a regra jurídica concreta no dispositivo,
comportando convalidação; (b) faltando motivação, há que distinguir entre a
insuficiência e a inexistência, mas predomina o regime da nulidade em ambas
as hipóteses;10 (c) faltando dispositivo, ou seja, a parte na qual o juiz
efetivamente julga a causa, a sentença é inexistente,11 e, a rigor, jamais
transitará em julgado.12

Além dos vícios formais, o princípio da congruência (retro, 1.571) rege


atividade do órgão judiciário ao formular a regra jurídica concreta. É viciada a
sentença divorciada, no todo ou em parte, do objeto do processo (art. 141 e
492, caput).

Em oportunidade anterior (retro, 1.572), apresentou-se o conjunto dos


esquemas classificatórios das incongruências da sentença. Pode haver
incongruência (a) subjetiva e (b) objetiva. A incongruência subjetiva ocorre
quando o provimento final abrange pessoas que não sejam as partes
principais, originária e supervenientemente figurantes da relação processual,
incluindo-se nessa esfera os terceiros que hajam sido admitidos no processo
e passaram à condição de partes. A incongruência objetiva envolve os
elementos objetivos (causa de pedir e pedido) do objeto litigioso.
No âmbito dos elementos objetivos, identificam-se (a) incongruência
externa, verificada entre a causa de pedir e o pedido formulado na inicial, bem
como a exceção material deduzida na contestação, e o conteúdo da sentença;
e (b) incongruência interna, ocorrente entre a motivação e o dispositivo da
sentença. E, relativamente, ao pedido, haverá (a) incongruência positiva se o
conteúdo da sentença extrapola (ultra petita) ou se desvia do pedido (extra
petita); e (b) incongruência negativa, quando concede menos do que o pedido
(citra petita).13

Fórmula mais simples agrupou os vícios em duas classes: (a) vícios


quanto à motivação; e (b) vícios quanto à extensão.14 Não inclui o contraste
entre a motivação e o dispositivo, porque simples erro material.

Em relação à motivação, a incongruência descansará na (a) motivação


insuficiente (retro, 1.574.1), em que o órgão judiciário abstém-se de examinar
um ou mais elementos de prova, decisivos à resolução da questão de fato, ou
argumentos de direito, cuja análise, na perspectiva da parte, induziria solução
em outro sentido; (b) motivação inexistente (retro, 1.574.2), vício mais fácil de
identificar, em que o juiz não apresenta motivo hábil à resolução da questão
de fato ou da questão de direito em determinado sentido.

Os vícios quanto à extensão envolvem três aspectos dos elementos


objetivos (causa de pedir e pedido) da demanda. E as expressões latinas –
sentença extra,ultra e citra petita – integram o vocabulário de todos os
profissionais. A eles se refere o art. 492, caput, fitando (v.g., na quantidade
superior) o quod pluremque fit.

A incongruência extra petita verifica-se quando (retro, 1.575.1): (a) o juiz


julgada com base em causa petendi não alegada (v.g., A pediu a separação
de B fundado no adultério, o juiz acolhe o pedido fundado na injúria verbal
de B contra A, desdenhando-lhe dos atributos físicos, fato não alegado na
petição inicial); (b) o juiz concede ao autor bem da vida (pedido mediato ou
imediato) não formulado (v.g., A pediu a declaração da existência da
dívida X a cargo de B, e o juiz condena B a prestar X ao autor A).

A congruência ultra petita acontece quando juiz concede ao autor bem da


vida além do pedido (retro, 1.575.2). Por exemplo, A pediu a condenação
de B a pagar a dívida X, o juiz condena o réu B a pagar ao autor A o valor
de X + Y. Em geral, o vício transparece em verbas acessórias (v.g., o juiz
concede juros compensatórios, em vez de conceder, ex officio, os juros
moratórios, estes independentes de pedido, a teor do art. 293). No entanto,
pode respeitar à extensão do pedido efetivamente formulado: na ação em
que A pediu a invalidação da cláusula X (v.g., a cláusula de reajuste do
processo), o juiz decreta a nulidade de todo o contrato Y.

E, finalmente, a incongruência citra petita verifica-se quando a sentença


ignora um dos pedidos formulados. Por exemplo: o autor A pleiteou (a)
reintegração na posse do imóvel e (b) perdas e danos perante B; a sentença
acolhe o pedido de reintegração, mas não julga, quer acolhendo, quer
rejeitando, o pedido sucessivo de perdas e danos.

O vício citra petita é típico do objeto litigioso cumulativo (v.g., a omissão do


julgamento de um dos pedidos cumulados, da reconvenção ou da
denunciação da lide). E, portanto, deve ser analisado à luz das espécies de
cúmulo simples, sucessivo e eventual. O exemplo ministrado respeita à
cumulação sucessiva. É similar ao vício subentendido na cumulação eventual:
o autor A pediu o desfazimento do contrato oneroso formado com B, porque a
coisa prestada apresentava vício oculto, e, subsidiariamente, pede o
abatimento proporcional do preço, e a sentença rejeita o pedido antecedente
e não aprecia o pedido subsequente. É mais raro o juiz apreciar diretamente o
pedido subsequente, ignorando o antecedente, mas nada impede que o
insólito ocorra por desatenção. E, na cumulação simples, o juiz olvida
completamente um dos pedidos (v.g., na ação de despejo de A contra B,
cumulada com a cobrança dos aluguéis, a sentença decreta o despejo, mas
abstém-se de condenar B ao pagamento da dívida).

Os vícios da sentença não decorrem, necessariamente, da inépcia da


pessoa que redigiu o ato. O art. 205, caput, primeira parte, determina que os
juízes se ocupem, pessoalmente, da redação dos atos decisórios. A
quantidade de feitos impede o desempenho dessa atividade, delegada a
plêiade de assessores, os quais esboçam o ato que o juiz encampará,
tomando como seu através da autenticação. Em tal atividade, a impressão da
peça, ou a inserção eletrônica da minuta no arquivo definitivo, por vezes
oblitera páginas inteiras, desconjuntando o ato.

Não importa a causa do vício. Tal não lhe afeta a natureza, nem elimina as
respectivas consequências. É tão inexistente a sentença para a qual o juiz
não chegou a formular o dispositivo algum quanto a que veio aos autos sem
esse elemento por falha técnica. Lenda forense, ou não, conta-se que já
houve sentenças publicadas com a frase indevida “e agora, como julgo?”, no
lugar do dispositivo, revelando a perplexidade do redator real do ato.

A sentença defeituosa reclama correção (art. 494, I), suprimindo erro


material e erro de fato (retro, 1.604), ex officio, e integração, mediante
embargos de declaração (art. 494, II). Este último mecanismo constitui o meio
mais seguro, em determinadas hipóteses, para corrigir a sentença,
expungindo erros e vícios, e as partes utilizam-no supletivamente para essa
finalidade (retro, 1.062).

2.105. Proibição da condenação genérica

Em mais uma tentativa de erradicar condenações genéricas, cujo


inconveniente consiste na ulterior liquidação por um dos meios admissíveis
(art. 509, I e II), consumindo tempo e dinheiro, o NCPC alterou a técnica de
repressão a esse mal insidioso, e, na prática, rendeu-se ao inevitável.

O CPC de 1973 cominava de nulidade a sentença que, formulado pedido


certo, formulasse regra jurídica concreta genérica. Aludia impropriamente a
pedido certo. Não convém confundir pedido certo e pedido genérico na
aplicação dessa regra. O pedido certo significa pedido expresso. Esta
categoria constitui a óbvia regra geral: o autor (rectius: a parte, porque o réu
também pede na reconvenção) só obterá o que postular ao órgão judiciário.
Por exceção, a lei admite o chamado pedido “implícito” (v.g., juros
moratórios), na verdade, pedido “inexistente” e o contrário do pedido certo.
Em tal hipótese, o juiz concederá ao vitorioso o bem da vida
independentemente de pedido. Na verdade, a regra respeitava ao pedido
determinado. Além dessa impropriedade terminológica, a jurisprudência do
STJ consolidou o entendimento de que só o autor poderia recorrer de
eventual condenação genérica, apesar de formulado pedido certo (Súmula do
STJ, n.º 318), na prática esterilizando a cominação de invalidade.

Esse panorama desalentador explica a mudança de técnica. O art. 491


obriga o órgão judiciário, ao julgar a pretensão à condenação de pagar
quantia, a formular a regra jurídica concreta em todos os seus pormenores,
empregando fórmula verbal imperativa (“… a decisão definirá desde logo…”),
em ambos os graus de jurisdição (art. 491, § 2.º). Porém, abre duas exceções:
(a) quando não for possível a determinação do montante (inciso I), hipótese
relacionada com o pedido genérico; (b) quando a apuração do quantum
debeatur depender de prova demora ou dispendiosa, assim reconhecida na
sentença (inciso II). Em tal hipótese, proceder-se-á a ulterior liquidação (art.
491, § 1.º). Não há, pois, cominação de nulidade à condenação genérica. O
regime reclama escrutínio mais completo.

2.105.1. Pressuposto da condenação líquida – O art. 491 pressupõe,


implicitamente, a formulação de pedido determinado (art. 324, caput) na ação
ou na reconvenção. Pedido dessa espécie oferece ao órgão judiciário base
segura para as disposições do art. 491, caput. Embora o pedido genérico (art.
324, § 1.º) tenda a cair nas exceções do art. 491, I e II, também atrairá a
incidência do art. 491, caput, conforme a instrução forneça elementos à
condenação líquida.

O pedido determinado (retro, 261) delimita qualitativa e quantitativamente


o bem da vida, proveito, vantagem, benefício ou utilidade, ou seja, o pedido
mediato (retro, 256). Por exemplo, na ação do autor A contra o réu B, o autor
pede a condenação do réu ao pagamento de 100, a título de dano patrimonial.
Esta espécie de pedido contrapõe-se ao pedido genérico. Ao pedido genérico,
teoricamente nos casos predeterminados, faltará determinação rigorosa,
precisão e exatidão rígidas no concernente pedido mediato, limitando-se aos
traços gerais (v.g., o quinhão de um terço da herança deixada pelo defunto A).
A indeterminação do pedido genérico equivale, no plano obrigacional, ao das
prestações genéricas, mas é mais ampla: o pedido genérico não é
quantitativamente individualizado.15

2.105.2. Fundamento da condenação líquida – Na teoria, o pedido


genérico ocorrerá em casos excepcionais, previstos taxativamente no art. 324,
§ 1.º, I a III, e anteriormente examinados (retro, 261); na prática, ao invés, o
pedido dessa natureza prolifera por razões de conveniência do autor.

Fenômeno universal, admitido outrora (v.g., o art. 76, parágrafo único, do


CPC português de 1876),16 descansa em variáveis heterogêneas. É comum o
autor estimar excessivamente trabalhosa a quantificação.17 Às vezes, parece-
lhe inconveniente mostrar ao réu, desde logo, a dimensão da eventual
sucumbência, a fim de que não arregimente forças para resistir à pretensão.
E, sobretudo, o autor teme pedir mais, sucumbindo parcialmente, ou pedir
menos, e não obter tudo a que tem direito.18 O órgão judiciário tolera (com
vista grossa) pedido genérico alheio às hipóteses do art. 324, § 1.º, I a III.

Formulado pedido determinado ou pedido genérico, cumpre ao juiz proferir


condenação líquida, fixando as diretrizes do art. 491, caput. Essa disposição
permitirá ao vencedor deduzir, desde logo, a pretensão a executar, pois
o quantum debeatur definitivo dependerá apenas de cálculos aritméticos (art.
509, § 2.º), apresentando demonstrativo discriminado e atualizado do crédito
(art. 524, caput), minuciosamente disciplinado no art. 524, II a VI, do NCPC.

Por exceção, o art. 491, I e II, autoriza condenação genérica. Na


oportunidade da emissão da sentença definitiva talvez não seja possível,
ainda, determinar todas as consequências do ilícito (art. 324, § 1.º, II). Por
exemplo, na ação em que o autor A pede a condenação do réu B, em razão
de dano à pessoa, em virtude de lesão a órgão, membro ou função, a
recuperação do autor exigirá sessões de fisioterapia em número e valor
indeterminados. O órgão judiciário poderá condenar nas despesas já
realizadas, a esse título, mas representaria flagrante temeridade projetar o
futuro. A essa hipótese alude o art. 491, I. E, de resto, a prova dos lucros
cessantes (v.g., as perdas sofridas pelo autor na sua atividade profissional) é,
a mais das vezes, demora e dispendiosa, razão por que incidirá o art. 491, II,
ficando essa parte sem determinação mais específica, a exigir liquidação por
arbitramento.

2.105.3. Objeto da condenação líquida – O pedido opera em duas órbitas


distintas e complementares: mediatamente, o pedido define o proveito, a
vantagem, a utilidade, o benefício ou o bem da vida que almeja perante o réu;
imediatamente, estabelece a providência (ou, na linguagem da moda, a
espécie de tutela) adequada à respectiva obtenção (retro, 256.1). Por
exemplo, (a) o autor A almeja tornar certa, no presente e no futuro, a
inexistência de união estável com a ré (ou o réu) B, razão por que pede ao
juiz a declaração da inexistência da relação jurídica; (b) o autor A almeja
separar-se da ré B e, adquirido estado jurídico que o possibilite, casar com C,
motivo por que pede ao juiz a decretação do divórcio do casal.

Pois bem: só pedido mediato (bem da vida) comporta a indeterminação


típica do pedido genérico.19 O pedido imediato (declaração, constituição,
condenação, execução e mandamento) ou é necessariamente determinado,
vinculando o órgão judiciário aos seus termos, ou a petição inicial padece de
defeito suprível.

Portanto, a condenação genérica recairá, em determinadas hipóteses,


sobre o proveito, a vantagem, a utilidade, o benefício pretendido pelo autor
perante o réu. Líquida é a condenação, ao invés, individualizando o objeto da
prestação do vencido. Segundo orientação consolidada no STJ, “não é
ilíquida a sentença que consigna o valor da condenação e os seus
consectários legais, a saber, juros de mora e correção monetária com os
respectivos períodos de incidência”.20

O art. 491, caput, agasalha esse entendimento. Líquido ou não o pedido, o


juiz estipulará a obrigação pecuniária, definindo: (a) a extensão da obrigação,
em valor fixo ou em prestações periódicas; (b) o índice de correção monetária;
(c) a taxa de juros legais ou compensatórios; (d) o termo inicial dos juros e da
correção monetária; (e) a periodicidade da capitalização dos juros. Como o
art. 524 contempla elementos análogos no demonstrativo, há simetria entre as
diretrizes da sentença e o demonstrativo que instruirá a futura pretensão a
executar.
Embora indeterminado, o pedido genérico há de ser formulado de tal modo
que, posteriormente, comporte liquidação por cálculo, por arbitramento ou por
artigos. No dinheiro espanhol, pretensão à prestação que não possa ser
liquidada por simples cálculos aritméticos, porque o autor apresentou as
diretrizes essenciais do cálculo, considera-se simplesmente declaratória, pois
a futura sentença de procedência mostrar-se-á inexequível,21 ou fatalmente o
órgão judiciário ultrapassaria os limites impostos pelo princípio da congruência
(retro, 1.571).

E, de toda sorte, a indeterminação consentida do pedido mediato mostra-


se relativa. Do pedido genérico se exige “ser certo e preciso na sua
generalidade. Fora daí, é vaga e inepta a petição, por se tratar de incerteza
absoluta”.22 Não basta ao autor pedir “indenização”, decorrente de ato ilícito
(art. 324, § 1.º, II), por exemplo: em casos tais, a ele incumbe a indicação dos
lindes dessa indenização, consoante os parâmetros fixados no direito material
(art. 402 do CC). O autor explicitará, no exemplo ministrado, se a título de
indenização faz jus (a) a perdas e danos e (b) a lucros cessantes, e, nesse
último caso, adiantando as diretrizes da futura avaliação (ou liquidação) do
dano. Em outras palavras, impõe-se ao autor indicar, grosso modo, a
grandeza do que não pode (ou não quer) desde logo determinar.23

A indenização do dano extrapatrimonial assume particularidades.


Preexistindo o dano ao ingresso em juízo, a rigor caberá ao autor estipular o
valor da compensação a esse título, incluindo punitive dammages,
entendendo necessária a sanção pedagógica ao autor do ilícito,
desestimulando a reiteração da conduta desconforme ao direito. O pedido
determinado é a regra.24 Comumente, o autor formula pedido genérico, a esse
propósito, e o STJ estima atitude perfeitamente lícita perante a regra do direito
anterior equivalente ao art. 324, § 1.º.25 A fixação do valor da reparação por
esse dano subordina-se à equidade do órgão judiciário (juízo de equidade).
Pode acontecer, porém, de o autor pleitear quantia determinada a esse título.
Em tal hipótese, inexiste adstrição do juiz ao pedido, considerando-se o valor
indicado, embora com ênfase, como simplesmente estimativo. Daí por que
cabe recurso para majorar o valor, inclusive através de recurso adesivo,26 e
inexiste sucumbência recíproca no caso de o juiz fixar valor aquém do
indicado (Súmula do STJ, n.º 326). Excepcionalmente, “tendo a inicial adotado
critério matemático preciso, do qual resulta valor certo quanto ao pedido de
indenização por danos morais”, não pode o juiz fixar valor superior, sob pena
de julgar ultra petita.27

O pedido indeterminado não versa unicamente prestações em dinheiro. A


petição de herança prevista no art. 324, § 1.º, I, visa universalidade certa. Ao
autor incumbe individualizar a coisa certa pretendida, exigência repassada às
pretensões reais. A cabal individualização da coisa constitui requisito
essencial da reivindicatória de imóvel.28 Almejando coisa incerta, indicará o
gênero e a quantidade, individualizando-a na petição inicial (art. 498,
parágrafo único). O autor que pretende uma conduta ou abstenção do réu,
com ou sem cominação de multa ou postulação de tutela equivalente, precisa
identificá-la nos traços gerais.29

2.105.4. Efeito da ausência de condenação líquida – Embora possível a


condenação líquida, porque o autor formulou pedido determinado ou a
instrução forneceu subsídios à fixação das diretrizes do art. 491, caput, a
sentença não é, por essa razão, viciada. O autor necessitará de ulterior
liquidação, interpretando a sentença na forma do art. 489, § 3.º. No direito
anterior, no qual cominava-se nulidade à sentença genérica em resposta a
pedido determinado, a jurisprudência do STJ reconhecia apenas ao autor o
interesse em arguir o vício no recurso próprio (Súmula do STJ, n.º 318). Em
termos, o entendimento aplica-se ao regime atual, existindo elementos para o
órgão ad quem fixar as diretrizes do art. 491, caput. Escusado dizer que
assistirá ao autor interesse em recorrer. O provimento da apelação, nesse
tópico, situará o demandante em posição mais favorável, na prática,
caracterizando o interesse.

2.106. Irrevogabilidade da sentença definitiva

A sentença definitiva ingressa no mundo jurídico no momento em que é


publicada. Entende-se por tal a emissão da sentença oralmente, na audiência
(art. 366 c/c art. 367, caput) ou a entrega do ato escrito e subscrito em
cartório. Eventualmente defeituosa, a publicação torna a sentença
imediatamente irrevogável.30 É o disposto no art. 494, caput.

Ao invés, a sentença terminativa comporta retratação, no prazo de cinco


dias, uma vez interposta apelação pelo autor (art. 485, § 7.º). Logo, a
estabilidade da sentença definitiva é superior.

A irrevogabilidade da sentença definitiva, em especial, impede o juiz de


rever o juízo externado. Embora caia em si, e verifique não assistir razão ao
autor, jamais poderá simplesmente retratar a sentença. O princípio aplica-se
indiferentemente à sentença de procedência e à sentença de improcedência.
A importância natural torna o atributo agudo na sentença definitiva. Eventual
arrependimento, sobressaltando-se o juiz com aspecto para o qual não
atentou ou considerou devidamente – o inconsciente permanece aguilhoando
o(a) prolator(a) do provimento –, revelar-se-á tardio e baldo. A sentença
injusta se afigura tão irrevogável quanto à oposta sentença justa e acertada.
Idêntico alcance apresentava a antiga proibição de inovar, indevidamente
relacionada com a interposição do recurso próprio (apelação); “entendida nos
devidos termos, começa a valer antes mesmo de interpor-se (ou, a fortiori, de
receber-se) a apelação: desde que publicada a sentença”.31 Eis o motivo por
que, aquiescendo os litigantes com o teor da sentença, mas sujeitando-se ela
ao reexame necessário (art. 496), subsiste o princípio da irrevogabilidade. Ao
juiz só é dado ir adiante, liquidando a sentença genérica – e, ao propósito, o
art. 512 autoriza a pretensão à liquidação na “pendência do recurso”
suspensivo – e mandando cumprir a sentença nos casos legais.

A irrevogabilidade da sentença cederá perante regra em contrário. No


caso das sentenças defeituosas, a interposição dos embargos de declaração
(art. 494, II), cujos efeitos modificativos operam nesse sentido, quiçá
provoquem reviravoltas dramáticas no ato. Por exemplo, o juiz acolheu o
pedido (art. 487, I), porque omitiu juízo a respeito da prescrição; provocado a
corrigir a omissão, conforme a resolução tomada a respeito da prescrição
necessitará modificar a sentença definitiva, rejeitando o pedido (art. 487, II).

Também cabe ao juiz, ex officio ou a requerimento (art. 494, I), suprir as


inexatidões (rectius: erros) materiais e os erros de fato (retro, 1.582). As
consequências da correção são apreciáveis e decisivas (v.g., o juiz empregou,
erroneamente, a palavra procedência em lugar de improcedência, juízo que
se harmoniza com o teor do ato).

A sentença definitiva de improcedência também se consubstancia no


julgamento prévio do mérito (art. 332). Interposta a apelação pelo autor, e
verificando o juiz equívoco quanto aos pressupostos da emissão da sentença
antecipada, lícito retratar o provimento, em cinco dias, a teor do art. 332, § 3.º,
e determinar o prosseguimento do processo.

Fora dos casos legais de retratação o juiz ficará vinculado ao teor do


próprio pronunciamento.

2.107. Datação da sentença definitiva

O art. 205, caput, primeira parte, prevê a datação dos atos decisórios. Esta
data não é, necessariamente, a da publicação (art. 494, caput), ou seja, a da
oportunidade em que o escrivão ou chefe de secretaria junta a peça aos autos
e o ato ingressa no mundo jurídico, mas a da redação final do ato. A
coincidência é eventual.

A sentença proferida em audiência constará do termo de audiência (art.


367, caput). Considera-se publicada na própria audiência. Registrada a
sentença proferida de viva voz por taquígrafo e estenógrafo, o art. 205, § 1.º,
prevê que esse registro seja apresentado “aos juízes para revisão e
assinatura”. É disposição voltada para os órgãos colegiados de segundo grau.
Realmente, nos tribunais transcorrerá certo espaço de tempo entre a sessão
de julgamento, na qual os sobrejuízes proferem seus votos oralmente (de
ordinário, valendo-se de texto prévio), e a publicação do acórdão, cuja
redação fica a cargo, de ordinário, do relator do recurso. Esse espaço de
tempo, havendo debates entre os sobrejuízes, permite a conferência das
notas taquigráficas. Relativamente às sentenças propriamente ditas,
subentende-se revisão imediata.

Desapareceu, no CPC de 1973, a designação de audiência específica


para a leitura e publicação da sentença (art. 271, parágrafo único, do CPC de
1939).32 Era prática frequente, de resto, “publicar a sentença fora da
audiência, fazendo-se intimar as partes, sucessivamente, por um dos meios
normais de intimação”.33 Como já assinalado, tal audiência especial constituía
faculdade do juiz (retro, 2.096). E a prolação da sentença em audiência é fato
raro – em geral, a avaliação da prova e a resolução das questões de direito
exige maiores reflexões na intimidade do gabinete.

O art. 366, in fine, permite ao juiz, não proferindo a sentença em


audiência, emiti-la no prazo de trinta dias. É prazo impróprio, simples
exortação de brevidade, não implicando a impossibilidade de praticar o ato
posteriormente, respeitada a ordem cronológica de conclusão (art. 12). O
cumprimento desse interregno revela-se, a mais das vezes, impossível ao juiz
operoso ante o acúmulo de feitos no juízo. Seja qual for o momento,
respeitado ou não o interstício, a sentença consignará no seu encerramento a
data.

Evento comum é a datação errônea da sentença. Entende-se por tal a


explicitação de data incompatível com o desenvolvimento do processo (v.g.,
antes da audiência de instrução, todavia realizada). O equívoco prende-se ao
uso rotineiro de modelos, retirados ou não de caso similar, e do esquecimento
em trocar-lhe a data. É simples irregularidade, ou seja, descumprimento de
requisito útil (retro, 1.245.1). A data exata ou aproximada se inferirá “do cotejo
do termo de recebimento pelo escrivão como anterior termo de conclusão”.34

2.108. Autenticação da sentença definitiva

Chama-se de autenticidade a certeza quanto à autoria do documento


público ou privado. A sentença é documento público e, para ingressar no
mundo jurídico, impõe-se que seja subscrito pelo juiz ou pela juíza. A
assinatura pode ser: (a) manuscrita, impressa de próprio punho no suporte
físico; ou (b) eletrônica, por intermédio de senha pessoal e intransferível (art.
205, § 2.º).

É inconteste a autenticação dos atos proferidos em audiência, pois o juiz


dirige os respectivos trabalhos, pessoalmente – a atividade é indelegável ao
assessor, por mais qualificado que seja –, porque se cuida de atividade
própria do ofício e indelegável.

A assinatura eletrônica suscita delicado problema na autenticação das


sentenças proferidas fora da audiência. E, aqui como alhures, o sistema
descansa na integridade da pessoa investida na função judicante. Há os que
depositam irrestrita confiança no seu chefe de gabinete, ou assessor mais
qualificado, entregando-lhe a senha e a peça (e-Token) que, inserida no
computador, permite-lhe assinar eletronicamente a sentença. Em casos tais, o
juiz deixa-se levar por nada razoável tendência de delegar atividade
estritamente pessoal. Escuda-se na massa de trabalho ou em pretexto de
ocasião (v.g., ministrar aulas no horário de expediente). Por óbvio, o ato é
constitucionalmente ilegítimo. Não proveio da pessoa investida na função
judicante e cercada das prerrogativas constitucionais. A deturpação aguarda
providências dos órgãos de controle interno e externo da magistratura. A
adoção do sistema de leitura ótica da impressão digital eliminaria as burlas.

A sentença sem assinatura não é, quer dizer, não ingressa enquanto tal no
mundo jurídico.35 Logo, e tecnicamente (retro, 1.086), nesse caso a assinatura
representa elemento de existência do ato.36 A falta de assinatura, no direito
italiano, é defeito, porque incompleta a sentença, mas suprível no momento
em que advém a firma do juiz.37 No entanto, sob certas condições (v.g., o uso
de papel timbrado do órgão judiciário; a rubrica de algumas páginas),
empresta-se existência ao ato, como estimou o STJ.38

2.109. Impugnação da sentença definitiva

Da sentença cabe apelação, reza com notável simplicidade o art.


1.009, caput, e tal é o recurso próprio para impugnar esse ato decisório, seja
qual for o conteúdo ou a espécie. Importa fixar o termo inicial desse
paradigmático recurso fitando a sentença definitiva. Por sinal, antes de apelar,
talvez uma das partes pretenda corrigir a sentença definitiva, escoimando-a
dos defeitos típicos (v.g., omissão) e atípicos (v.g., erro de fato).

O prazo recursal dependerá da oportunidade em que, encerrada a


instrução e os debates, oralmente ou não, o juiz profere a sentença.
Publicada a sentença em audiência, o prazo dos eventuais recursos
(embargos de declaração e apelação) fluirá da data da audiência, porque os
advogados (art. 1.003, caput) “considerar-se-ão intimados na audiência
quando nesta for proferida a decisão”, a teor do art. 1.003, § 1.º.

Consideram-se intimados em audiência os advogados prévia e


validamente intimados anteriormente da própria designação da audiência
(retro, 2.071). A presunção atinge os advogados ausentes nas seguintes
situações: (a) os que não compareceram à audiência sem apresentar
justificativas na forma do art. 362, § 1.º; (b) os que retiraram-se da sessão
antes da prolação da sentença,39 espontaneamente ou não, autorizados pelo
órgão judiciário ou não. O dispositivo incidirá também no caso do advogado
usufruir da prerrogativa da intimação pessoal (v.g., o procurador
federal).40 Desnecessária, pois, a intimação por outro meio (v.g., publicação
por via eletrônica) dos advogados presentes e os ausentes.41 E, por outro
lado, os advogados que faltaram ou se retiraram antes do encerramento dos
trabalhos, autorizados ou não, assumem o ônus de inteirar-se dos
acontecimentos, consultando o termo de audiência.

A razoável dúvida criada no espírito do advogado, em razão de eventual


intimação supérflua proveniente de falha do serviço, suscita controvérsia.
Claro está que o advogado desatento apega-se a tal intimação para reabrir a
via recursal preclusa (v.g., o advogado ausente na audiência sem justa
causa), mas não se mostra possível sindicar, de ordinário, a realidade da
dúvida. A jurisprudência do STJ inclinou-se pela visão liberal, fluindo o prazo
dessa intimação, e, não, da data da audiência.42 Essa possibilidade –
julgamento da causa na própria audiência – torna a audiência evento que
mobiliza todos os esforços do advogado, redobrando a segurança de que
atentará à agenda, pois a falta de comparecimento produzirá consequências
graves (v.g., a dispensa da prova) e fatais.

Apesar de proferida oralmente, o escrivão transcreverá a sentença no


termo respectivo, valendo-se do meio técnico – taquigrafia, estenotipia e
gravação – disponível na sede do juízo. Ora, o antigo e prosaico registro
datilográfico da sentença no tempo de audiência, mediante ditado do juiz ao
escrivão, permitia a ulterior conferência do raciocínio do juiz ou da juíza e dos
fundamentos formais do ato. A taquigrafia e a estenotipia, ao contrário,
constituem linguagem cifrada para os advogados. Assim, apesar de
verbalizado o conteúdo do ato, não se pode confiar unicamente à memória do
advogado o conhecimento adquirido na audiência. Impende transcrever ou
degravar o pronunciamento.43 O STJ assentou que o prazo recursal fluirá da
transcrição do termo de audiência nos autos e do esgotamento do prazo para
impugnação do registro.44

Publicada a sentença em cartório, porque proferida em gabinete, o prazo


fluirá da intimação porventura feita aos advogados, por via eletrônica (art.
270) ou no órgão oficial (art. 272) e, excepcionalmente, por outro meio (v.g., a
intimação in faciem, feita pelo escrivão).

É bem de ver que o prazo de trinta dias do art. 366 para o juiz proferir
sentença, após o encerramento do debate oral ou da discussão escrita da
causa, é impróprio e, geralmente, irrealizável. O acúmulo de feitos no juízo
impede ao mais expedito dos magistrados a estrita observância de interregno
em todas as causas, ademais de adstrito à ordem cronológica da conclusão
(art. 12).

§ 435.º Improcedência da demanda

2.110. Causa de emissão da sentença de improcedência

O procedimento comum alcança a etapa decisória após reunir todos os


materiais imprescindíveis à formulação da regra jurídica concreta.
Comparativamente ao julgamento antecipado da lide (retro, 1.797),
abreviando o procedimento, o acréscimo de atividade prendeu-se à
necessidade de o juiz esclarecer-se sobre as questões de fato.

Chegado tal estágio, a atividade desenvolvida englobou o seguinte: (a) a


apuração da veracidade das alegações de fato – domínio privativo das partes
–, reconstruindo o episódio da vida de acordo com as provas produzidas por
intermédio da iniciativa concorrente das partes e do órgão judiciário (retro,
1.351), todavia sem os propósitos de fixar a verdade absoluta dos fatos (o art.
504, II, pré-exclui da autoridade do julgado a verdade dos fatos,
representando produto acidental da prova); (b) a seleção da norma (regra ou
princípio) jurídica porventura aplicável à espécie, área em que o domínio do
juiz é exclusivo, reconhecendo-se às partes a faculdade de apresentarem
suas indicações ou razões de direito e debatê-las (art. 357, IV). A estas
razões de direito, sugerindo a qualificação jurídica adequada ao esquema de
fato, alude o art. 336 relativamente à defesa do réu, mas não se mostra
distinta a função os fundamentos jurídicos da petição inicial (art. 319, III, in
fine).

Reunidos os materiais necessários, ao juiz cumpre empreender a


construção da regra jurídica concreta. A prova coligida autorizará o juiz a
emitir o juízo de fato, resolvendo as questões de fato, após apreciação dos
elementos de prova. Como último recurso, inexistindo prova bastante para
formar o convencimento num ou noutro sentido, o juiz socorrer-se-á da regra
de julgamento do art. 373, I e II, ou a que haja formulado, previamente, na
decisão de saneamento e de organização do processo (art. 357, III),
orientando as partes sobre as consequências dessa dolorosa eventualidade
(retro, 1.812.3). Em seguida, o juiz realizará a interpretação da norma e
aplicará o direito objetivo à espécie, norma que o juiz “faz operar, de modo
obrigatório, no juízo contido no dispositivo da sentença”.45 Resolverá, assim,
as questões de direito pendentes. Uma delas talvez seja a defesa de mérito
indireta (exceção substancial ou objeção substancial). Embora pertinentes os
efeitos jurídicos extraídos pelo autor e subsistentes os fatos alegados na(s)
a(s) causa(s) de pedir expostas na inicial, o réu alegou contradireito idôneo a
extinguir, impedir ou modificar o efeito jurídico e o autor não logrou repeli-lo na
réplica do art. 350, possibilitada a contraprova.46

Em tais operações, ora idealizadas, porque o raciocínio de cada pessoa


varia muito e não de descarta a intuição (v.g., na valoração do depoimento da
testemunhaA de preferência ao da testemunha B), o juízo de fato
teoricamente precedendo a aplicação do ordenamento jurídico, o juiz talvez
conclua que o autor não tem razão, emitindo sentença de improcedência. Por
exemplo: (a) na ação em que a autora A pede a separação do réu B,
alegando que este manteve relações sexuais com C no motel X no dia Y,
quebrando o dever de fidelidade, as provas coligidas talvez esclareçam a
inexistência do episódio da vida narrado, cuidando-se de simples fabulação
da autora, ou – reconhecendo a veracidade da impugnação de fato indireta da
defesa – a visita de B e C ao motel X deveu-se a compromisso estritamente
profissional, negando à autora o bem da vida (estado de separada); (b) na
ação em que o autor A pede a revisão do contrato bancário firmado com a
empresa de banco B, versando a cláusula X, na qual os figurantes
estipularam a taxa de juros compensatórios Y, e que seria inválida porque
superior à taxa média de mercado, sem embargo da especificação do
montante incontroverso da dívida (art. 330, § 2.º), o juiz talvez reconheça a
validade da taxa de juros, exceda ela ou não a taxa média de mercado,
negando ao autor o bem da vida (redução do montante da dívida); (c) a
empresa de banco B cobra do réu A dívida no valor de X, proveniente do
contrato Y, mas o réu alega prescrição, e o juiz decreta a extinção da
pretensão, negando ao autor o bem da vida (a quantia X).

Revelam os triviais exemplos ministrados as amplas possibilidades de o


réu ganhar a causa, superando as do adversário. O autor necessita superar o
juízo de admissibilidade e, no mérito, vencer nas duas operações lógicas que
compõem o juízo de mérito: primeiro, demonstrar a veracidade das alegações
de fato, realizando contraprova (retro, 1.347) para demonstrar a falsidade das
alegações do réu; em seguida, necessidade persuadir o juiz que a norma
porventura aplicável à espécie, corretamente interpretada, concede-lhe o bem
da vida almejado. Esta última operação nada exibe de simples no caso da
concreção. Em tal hipótese, necessitará persuadir o juiz a realizar opção
axiológica, ponderando os interesses em jogo (v.g., a força obrigatória do
contrato há de ceder à capacidade econômica do devedor), favorável ao
próprio interesse.

Por razões já enunciadas (retro, 1.623), do art. 487, I, a lei destacou a


hipótese especial da decretação da prescrição e da decadência, agrupando-
as no inciso II do art. 487. Existe diferença palpável entre essas hipóteses,
proferindo o juiz sentença de improcedência: ao pronunciar a prescrição ou a
decadência, a extensão da atividade judicante é bem menor, restringindo-se a
uma questão prévia. Por conseguinte, o juiz não resolverá todas as questões
suscitadas e debatidas no processo. Não há, tirante esse aspecto, diferença
ontológica nessas espécies.

2.111. Força e conteúdo da sentença de improcedência

A força da sentença de improcedência é unicamente declaratória. Não há


outro elemento relevante, no capítulo principal, que a declaração de o autor
não ter o direito inicialmente alegado perante o réu.

A esta conclusão chega-se através da visualização das posições


fundamentais assumidas por autor e réu no processo. O autor pede, ou age, e
o réu impede, ou reage: o primeiro quer determinado bem da vida, o segundo
resiste em entregá-lo. Logrando este êxito na defesa, tal significa que o juiz
tornou certo que o autor não tem direito ao bem da vida. A sentença de
improcedência é essencialmente declarativa por tal poderoso motivo. A esse
respeito, asseverou-se o seguinte: “Se a ação for julgada improcedente, terá
havido, sem dúvida, ‘ação’ processual, de começo a fim legitimamente
exercida, mas o autor que a exercera não tivera, no caso, a ação declaratória,
constitutiva, ou condenatória que afirmara possuir, daí a declaração (toda
sentença de rejeição é declaratória) de improcedência da ação (de direito
material)”.47

O quadro mudará de figura se o réu, in simultaneo processu, formular


pedido perante o autor. Aqui se considera, por óbvio, o réu na posição
defensiva clássica, a de resistência, e, não, eventuais contra-ataques do réu.

A emissão da sentença de improcedência (absolutio ab actione)


pressupõe a superação do juízo de admissibilidade e, no mérito, ou o juízo de
favor ou o juízo de direito desfavoráveis ao autor. As causas de rejeição do
pedido consideram o teor da defesa do réu. A análise das possíveis atitudes
do réu na defesa reafirma o conteúdo unicamente declaratório da sentença de
improcedência. Esses dados repelem categoricamente a errônea tese de que
a rejeição do pedido do autor entrega ao réu bem da vida distinto da eficácia
declarativa.

Substancialmente, o réu resistirá à pretensão processual escudado em


duas linhas defensivas no mérito: (a) a defesa direta, mediante a impugnação
da veracidade dos fatos narrados ou apresentação da própria versão (retro,
329), assim tornando-os controversos e passíveis de prova, e da impugnação
de direito (retro, 335); (b) a defesa indireta, deduzindo exceção material (v.g.,
a prescrição) ou de objeção substancial (v.g., compensação).

Essas duas linhas defensivas paralelas, predispostas em profundidade – o


mais comum consiste na precedência do meio de defesa indireto –, quiçá
lançadas simultaneamente, inibem o ataque do autor por razões distintas. A
defesa direta de mérito importará a rejeição do pedido, porque insubsistente
a(s) causa(s) de pedir. Rejeitada a defesa de mérito indireta porventura
apresentada, sem dúvida o autor obterá o mesmo bem da vida objeto do
pedido mediato; entretanto, acolhida a defesa indireta de mérito (v.g., a
prescrição), além de o réu obter esse desfecho por razões de fato e razões de
direito alheias à petição inicial, ao autor escapará o bem da vida pretendido
não pelas razões inversas às que apresentou na petição inicial. Não é isenta
de consequências a diferença. Em caso de acolhimento da exceção
substancial (v.g., prescrição), subsistirá o direito, passível de alegação ulterior
como matéria de defesa.

A defesa direta de mérito constitui a forma mais simples de o réu resistir à


pretensão do autor. Essa espécie de defesa constará da contestação. Ela
assume dois aspectos básicos, paralelos e concorrentes: (a) a negativa do réu
que haja ocorrido o fato constitutivo alegado pelo autor (art. 319, III),
apresentando, ou não, versão discrepante dos fatos narrados, ou variantes
neste ou naquele ponto, sempre atento ao dever de veracidade (art. 77, I); (b)
o réu admite a veracidade do fato constitutivo alegado pelo autor, explícita ou
implicitamente, mas nega que produza efeitos jurídicos, ou alega que tais
efeitos são diferentes dos sustentados autor, a fim de amparar o pedido.

A impugnação de fato do réu suscita dúvida quanto à alegação de fato


feita pelo autor na petição inicial. A defesa provocará, tecnicamente, o
surgimento de questão de fato. A controvérsia sobre o fato constitutivo exigirá
a produção de prova, não bastando para dirimi-la, desde logo, a prova
documental já produzida (art. 434, caput). A impugnação de direito recai em
matéria jurídica. Formam-se questões de direito, independentes de prova, e,
inexistindo simultâneas questões de fato, imediatamente resolvidas pelo
órgão judiciário, seja qual for sentido, no julgamento antecipado (art. 355, I).

O acolhimento de qualquer dessas defesas ensejará, conseguintemente, a


rejeição do pedido (art. 487, I). Por essa razão, diz-se que a defesa direta de
mérito sempre exibirá caráter peremptório, impedindo a procedência do
pedido, “tornando, dessa maneira, de todo irrealizável, a pretensão do
autor”.48 E, sem dúvida, imprime sentido dialético ao processo – “o processo
governa o seu movimento dialético pela audiência das partes” –,49 porque o
réu, à síntese da pretensão do autor, opõe a sua antítese.

O réu exerce pretensão à tutela jurídica do Estado para deduzir a defesa


direta de mérito. Porém, o réu não age, o réu reage à pretensão do autor. Em
particular, o réu nada pede ao órgão judiciário:50 o bem da vida, de que trata o
processo, permanece o mesmo. Por isso, concebem-se apenas dois termos
de alternativa: ou o autor obtém o bem da vida ou o autor não o obtém. A
apresentação da resistência, na forma mais simples, e que consiste na
impugnação precisa do fato constitutivo, a teor do art. 341, caput, do NCPC, já
assegura ao réu, sem qualquer pedido particular na contestação, o resultado
contrário ao autor – pressupondo, é claro, a convicção do órgão judiciário
nesse sentido. O juiz tem o dever de desestimar o pedido ainda que o réu seja
revel ou não alegue defesa que ao juiz seja dado conhecer de ofício,
bastando que se convença da falta de razão do autor.51

É inteiramente supérfluo o requerimento do réu no fecho da contestação,


pleiteando ao juiz a improcedência da ação ou rejeição do pedido. A
manifestação de vontade nada acrescenta de concreto ao que se encontra
subentendido nos termos intrínsecos da defesa. O réu nem sequer precisa
pedir a condenação do autor nos ônus da sucumbência (arts. 82, § 1.º, e
85, caput).

Por exemplo, se o pedido de A, que reclamou a revisão do contrato


perante B, é acolhido, A obtém, porque pediu explicitamente (art. 330, § 2.º),
um estado jurídico novo, ou seja, obteve a modificação do contrato; se o
pedido de A é rejeitado, e B nada pediu em reconvenção, fica B como estava
antes do processo, ou seja, com o contrato incólume, mais a certeza que tal
contrato não pode ser modificado pelas razões invocadas pelo autor.

Conforme assinalado no início, o quadro mudará radicalmente no caso de


o autor formular pedido próprio e no iudicium duplex. Exemplo deste último é
o da pretensão à declaração. Pretendendo o autor certeza quanto à
inexistência ou à existência da relação jurídica, nos termos preconizados pelo
art. 19, I, a simples rejeição do pedido outorga ao réu, porque toda sentença
de improcedência é declarativa, bem da vida equivalente ao que o autor
conquistaria em caso de êxito. A pretensão à declaração é hipótese
emblemática da chamada actio duplex. O acolhimento da defesa, e mesmo na
hipótese de simples impugnação dos fatos constitutivos, por si mesmo atribui
ao réu vantagem equivalente à do autor.52 Por exemplo, A pleiteia a
declaração da existência de união estável com B, que nega a convivência. A
sentença que rejeitar o pedido de A declara a inexistência da união estável
entre as partes. Portanto, entregará ao réu, em seu proveito, a certeza jurídica
pretendida, no sentido inverso, pela autora.
A paradigmática pretensão à declaração – o caráter duplo assenta,
justamente, no fato que o autor só pede e, em caso de sucesso, obterá
certeza (nada mais), razão pela qual procedência e improcedência se
equivalem no terreno prático –, não constitui caso único de actio duplex. As
ações possessórias exibem essa índole: ou o autor ou o réu obterão a posse,
não precisando o réu mais do que impugnar a pretensão deduzida na inicial
(art. 556). E convém registrar: a posse. Se o réu almeja perdas e danos, nos
termos do art. 556, necessitará pedir perante o autor, narrando os motivos por
que ocorreu o esbulho praticado pelo adversário Localiza-se outro caso na
demarcatória (actio finium regundorum): o réu pode sugerir na contestação,
relativamente à linha lindeira, plano diferente do delineado pelo autor e, sem
necessidade de reconvenção ou de contrapedido, ter acolhida a defesa.53

Desestimada a demanda do autor, na qual pediu ou não tudo que lhe


caberia, ou até mais do que lhe caberia conforme ao direito, parece absurdo
(e é) extrair para o réu vitorioso, limitando-se este a resistir sem nada pedir,
efeito diverso do que resulta dessa mesma rejeição: a certeza que o autor não
tem direito. A improcedência da pretensão processual implica a manutenção
do status quo.

Logicamente, em tal caso, nenhuma atuação complementar se mostra


necessária à entrega da prestação jurisdicional.54 É inexequível a sentença
que rejeita o pedido. E, de resto, para se tornar exequível haveria a
necessidade de disposição expressa a esse respeito no dispositivo. Do
contrário, e a fim de preservar o princípio da igualdade, forçoso admitir
condenação implícita (rectius: inexistente) do réu perante o autor. O paradoxo
dispensa maiores comentários.

A sentença de improcedência inova no plano substancial. Ao declarar que


o autor não tem o direito invocado perante o réu, vincula o órgão judiciário a
tal resultado, no presente no futuro, pondo-se em causa outra vez idêntico
objeto litigioso.

A sentença de improcedência tem força declaratória, porque o único


elemento do capítulo principal é da mesma natureza. Ocorre que também há
capítulo acessório atinente à sucumbência.

2.112. Capítulo acessório da sentença de improcedência

Rejeitado(s) o pedido(s) formulado(s) pelo autor integralmente, a sentença


de improcedência conterá, de ordinário, capítulo relativo à condenação do
autor ao reembolso das despesas antecipadas e aos honorários advocatícios
devidos ao adversário (honorários sucumbenciais), cuja natureza é a de
ressarcimento da parte pelo pagamento dos honorários contratuais. Chama-
se a este capítulo distinto do mérito de capítulo acessório da sucumbência
(retro, 1.569). A força desse capítulo é invariavelmente condenatória.

Este capítulo acessório submeter-se-á à condição legal suspensiva do art.


98, § 3.º, pelo prazo de cinco anos, litigando o autor com benefício da
gratuidade ou assistência judiciária prestada pelo Estado. A jurisprudência do
STJ impõe a condenação explícita do beneficiário vencido nas verbas da
sucumbência.55 Logo, o capítulo acessório é obrigatório, ao menos nesse
caso, e o prazo de espera de cinco anos fluirá da data do trânsito em julgado.
Dispensa-se o capítulo acessório no caso de o juiz emitir a sentença de
improcedência sem a participação do réu no processo. O revel não tem direito
a reembolso das despesas do processo, porque nada antecipou a esse título,
ou à condenação honorários de advogado.56 É o entendimento do
STJ.57 Porém, representando-se ulteriormente o revel, conforme autoriza o art.
346, parágrafo único, a sentença de improcedência condenará o autor
vencido ao reembolso das despesas processuais e aos honorários a favor do
revel.58 Decidiu nesse sentido o STJ.59

O montante dos honorários em caso de improcedência integral já recebeu


análise em item específico (retro, 691). Considerou-se (a) a força da ação e
(b) a espécie do pedido formulado. Essas variáveis condicionam o critério
geral de fixação dos honorários.

§ 436.º Procedência da demanda

2.113. Causa de emissão da sentença de procedência

Findo o debate oral ou, alternativamente, feita a discussão escrita da


causa, mediante a entrega dos memoriais na data aprazada (art. 364, § 2.º),
fase final da etapa de instrução, o procedimento comum alcançou o estágio
final.

Reuniu o juiz o material de fato imprescindível à formulação do juízo de


fato. E se o intento de provar a veracidade das alegações de fato das partes
malogrou, no todo ou em parte, sob a sua iniciativa e direção, resta-lhe o
recurso, in extremis, da regra de julgamento do art. 373, I e II, ou a que haja
formulado na decisão de saneamento (retro, 1.812.3), orientando as partes
previamente quanto ao ônus que suportariam nessa dolorosa contingência.
Não sendo este o caso e, então, formulado o juízo de fato, o juiz qualificará
juridicamente o esquema de fato definido pelos elementos de prova que lhe
formaram o convencimento. Ao apresentarem suas razões de direito, na
petição inicial (art. 319, III, in fine) e na contestação (art. 336) – as posições
de autor e de réu talvez se invertam, formulando o réu originário seu próprio
pedido perante o autor –, as partes realizam suas indicações e, desse modo,
a localização e a seleção da norma jurídica (regra ou princípio) porventura
aplicável já se consumou no espírito do juiz (art. 357, IV), passando à
interpretação e à aplicação através da subsunção ou da concreção. É
atividade empolgante e, mais das vezes, intelectualmente compensadora do
ponto de vista do jurista profissional. Não lhe faltam, porém, dificuldades na
perspectiva hermenêutica. A aplicação de normas de conteúdo aberto e
flexível, baseadas em conceitos juridicamente indeterminados, reclama a
ponderação dos interesses em jogo e dos valores predominantes na
sociedade aberta, pluralista e contraditória.

A atividade intelectual tendente à formulação da regra jurídica concreta,


ora apresentada sumariamente e sem a ambição de reproduzi-la como se
passa no interior da mente do juiz, porque o raciocínio de cada pessoa varia
muito e há largo espaço para fatores emocionais e ideológicos, sem olvidar a
intuição, chegará a dois resultados: ou o autor tem razão ou o autor não tem
razão.
É muito mais difícil dar razão ao autor do que negar-lhe razão. Não
constitui privilégio do processo penal a facilidade do juízo de absolvição – ao
tempo do império da datilografia mecânica, a maldosa voz corrente do foro
lastimava o desgaste prematuro das letras V e I, na máquina particular do juiz
criminal, letras correspondentes ao inciso da absolvição por falta de provas do
art. 386 do CPP… – comparativamente ao juízo de condenação. Em processo
civil, o autor necessita vencer as linhas de defesa predispostas pelo réu
progressivamente: (a) superando o juízo de admissibilidade – e, portanto,
persuadindo o juiz a rejeitar a defesa processual peremptória (retro, 319) –,
malgrado contratempos secundários (v.g., acolhimento da defesa processual
dilatória, a exemplo da incompetência absoluta, implicando perda de tempo na
remessa do processo ao juízo competente); (b) provando a veracidade das
alegações de fato e, se for este o caso, a falsidade das feitas pelo adversário;
e (c) persuadir o juiz que a aplicação da norma à espécie prova o efeito
jurídico preconizado na petição inicial. O autor gasta tempo, dinheiro e muito
esforço para obter êxito. E, ao fim e ao cabo, nada assegura a concretização
da célebre máxima que “a necessidade de servir-se do processo para obter
razão não deve reverter em dano a quem tem razão”,60 porque incerta a
efetiva entrega do bem da vida posteriormente à formulação da regra jurídica
concreta.

A tônica do juízo favorável ao autor ora descansa na resolução das


questões de fato, ora nas questões de direito. A enumeração das hipóteses é
impossível. Os exemplos arrolados ao propósito da sentença definitiva de
improcedência ilustram a ênfase heterogênea (retro, 2.110): (a) na ação em
que a autora A pede a separação do réu B, alegando que este manteve
relações sexuais com C no motel X no dia Y, quebrando o dever de fidelidade,
as provas produzidas esclareceram a existência do episódio da vida narrado,
talvez refutando a veracidade da versão que a visita de B e C ao
motel X deveu-se a compromisso estritamente profissional, concedendo à
autora o bem da vida (estado de separada); (b) na ação em que o
autor A pede a revisão do contrato bancário firmado com a empresa de
banco B, versando a cláusula X, na qual os figurantes estipularam a taxa de
juros compensatórios Y, e que seria inválida porque superior à taxa média de
mercado, sem embargo da especificação do montante incontroverso da dívida
(art. 330, § 2.º), o juiz decretou a invalidade da taxa de juros, porque superior
ao percentual legalmente admitido da taxa de captação do dinheiro
emprestado, independentemente da relação com taxa média cobrada pelo
mercado, concedendo ao autor o bem da vida (redução do montante da
dívida).

Em determinados casos, como sugere o art. 460 (retro, 2.105), a


divisibilidade do objeto mediato do pedido (retro, 256.1), o juiz pode acolher
em parte a pretensão processual. Por exemplo, na ação em que o
autor A pede a revisão do contrato bancário firmado com a empresa de
banco B, versando a cláusula X, ao juiz é dado invalidar parcialmente a
cláusula, reduzindo a taxa dos juros compensatórios ao percentual máximo
legalmente admitido da taxa de captação do direito emprestado Ano mercado
financeiro.

O procedimento comum tende à formulação da regra jurídica concreta


própria do processo em que predominam as atividades de cognição. Esta
regra jurídica concreta não assegura, salvo nos casos da pretensão à
declaração e da pretensão à constituição positiva ou negativa (enquanto tais),
o bem da vida almejado pelo autor. Eis o motivo pelo qual se diz predominar o
trabalho de gabinete. A realização do comando judicial na prática dependerá,
conforme a hipótese, ou do cumprimento espontâneo ou do cumprimento
forçado (execução). Essa consideração prepara o terreno à análise da força e
do conteúdo da sentença de procedência.

2.114. Força e conteúdo da sentença de procedência

A sentença de procedência tem um conteúdo simétrico à força e aos


efeitos da pretensão processual ou objeto litígio. Os elementos integrantes do
conteúdo da sentença, ou energias do provimento produzirão os efeitos da
ação material e, em cada espécie litigiosa, destacar-se-á uma força
predominante – a força declarativa, constitutiva, condenatória, executiva ou
mandamental (retro, 230).61

A obrigatória relação entre demanda e sentença de procedência funda-se


no princípio da congruência (retro, 1.571). Parte-se da inexistência de
incongruências, vícios de suma gravidade, ressalva feita aos casos em que ao
órgão judiciário caiba se pronunciar de ofício. O capítulo acessório da
sucumbência exemplifica essa última possibilidade excepcional.

A especialidade do objeto litigioso condiciona a estruturação dos


elementos, e, por conseguinte, dos respectivos efeitos, consoante o direito
posto em causa. Em particular, a estrutura da relação obrigacional modela o
conteúdo específico da sentença condenatória, impondo-lhe variantes. E,
nesse aspecto, a contribuição do réu não é nada desprezível. A oposição com
êxito da exceção de inadimplemento (retro, 345), em caso de obrigação
bilateral recíproca, limitará o conteúdo da sentença de procedência. Em
resumo, o conteúdo especial da sentença autoriza a identificação das
seguintes espécies: (a) sentença condicional (condenação para o futuro); (b)
sentença limitada (condenação recíproca); (c) sentença dispositiva
(condenação a prestações periódicas); (d) sentença alternativa; e (e)
sentença genérica.

É aqui o lugar para retornar, outra vez, a este assunto próprio da teoria
geral do processo. A repetição parece inevitável ao versar-se o Capítulo XIII –
Da Sentença e Da Coisa Julgada – do Título I – Do Procedimento Comum –
do Livro I da Parte Especial do NCPC.

2.114.1. Procedência condicional – Toda sentença há de ser certa, nada


obstante o objeto litigioso envolva relação jurídica subordinada por condição
resolutiva ou suspensiva, como determina o art. 492, parágrafo único.

A rejeição à sentença puramente condicional baseia-se no princípio da


segurança jurídica. O pronunciamento desse teor apresentaria grave incerteza
quanto ao alcance do respectivo comando.62 E a incerteza gera insegurança.

É dessa espécie a sentença que acolhe o pedido, mas sujeita tal juízo à
ulterior apuração da existência do dano, na verdade pressuposto do próprio
juízo de procedência.63 Em certa ocasião, no mesmo sentido, deliberou o STJ:
“A prova do lucro cessante deve ser feita no processo de conhecimento,
jamais na liquidação. Não demonstrada a sua ocorrência, a sentença de
mérito declarará improcedente a pretensão”.64

A sentença condicional não se confunde com a sentença que, em virtude


do caráter sumário da cognição, reserva certas exceções do réu, objeto
próprio para ulterior processo (solve et repete).65 É o caso das seguintes
demandas: (a) ação cambiária, quando impedido o emprego das exceções
derivadas do negócio jurídico subjacente, reservadas para outra oportunidade;
e (b) da ação possessória, pré-excluída a controvérsia sobre o domínio entre
as partes (art. 557). O direito brasileiro não conhece a sentença condicional
do direito alemão (Vorbehaltsurteil), cujo dispositivo condena o réu, mas
reserva exceções para julgamento ulterior no mesmo grau.66 Entre nós, a
reserva se encontra implícita no objeto litigioso e nas limitações intrínsecas ao
julgamento. Importa essa limitação na aquisição da auctoritas rei indicate da
resolução da questão prejudicial (art. 503, §§ 1.º e 2.º).

Revela-se distinta e escapa à proibição a hipótese de julgamento de


relação jurídica que se constituirá ulteriormente, em razão do advento da
condição, e, principalmente, se tornará eficaz no futuro, por força do
vencimento de termo. Negar a prestação jurisdicional nesses casos afrontaria
o direito fundamental de acesso à Justiça em caráter preventivo (art. 5.º,
XXXV, da CF/ 1988). Nesta contingência, apreciando tal relação jurídica, o
juiz acolherá o pedido, embora incerta a obrigação; mas, “a incerteza da
obrigação é fundamento de oposição a execução, que a lei considera
diferente da inexequibilidade do título”.67 Em outras palavras, a sentença
“condicional” se tornará exequível verificada a condição.68 A esses
pronunciamentos – o termo é equívoco, mas a tradição chancela o uso –,
comumente se designa de sentença condicional.69 É bem de ver que o juiz
reconhecerá obrigação a cargo do vencido, e, portanto, a condenação para o
futuro é condenação como qualquer outra.70

Exemplo frisante e raro de aplicação do art. 514 consiste na pretensão do


consorciado desistente contra a administradora do grupo. Não se mostra
necessário o consorciado aguardar o encerramento do grupo para postular a
restituição dos valores desembolsados. Todavia, a condenação da
administradora somente se tornará exigível após o termo previsto na cláusula
contratual.71 E há interesse de agir – a administradora nega o dever de
restituir no presente –, condenando para o futuro.72Incidirá correção monetária
(Súmula do STJ, n.º 35). A jurisprudência do STJ vacilou quanto ao momento
da restituição, mas firmou-se no sentido da necessidade de aguardar o
encerramento do grupo.73 Os juros moratórios fluirão a partir do vencimento do
termo.74

O exemplo demonstra que o credor tomará a iniciativa de buscar a


condenação do obrigado antes da ocorrência da condição suspensiva em
razão de circunstâncias peculiares, avaliadas a cada caso.75 Recusando o
obrigado o cumprimento antecipadamente, a condenação diferida economiza
tempo e, talvez, o condenado se resolva a adimplir.

Exemplo mais corriqueiro de condenação para o futuro localiza-se nos


contratos de longa duração, em que há prestações periódicas dos figurantes,
e nas relações de trato sucessivo, a exemplo da obrigação de prestar
alimentos. O art. 323 declara desnecessário o autor pleitear as prestações
vincendas, todas e cada qual, bastando pedir a condenação do réu nas
prestações já vencidas. Implicitamente, as prestações futuras se incluem no
objeto litigioso por força de lei. A condenação incluirá as que se vencerem no
curso do processo e as que se vencerem posteriormente ao respectivo
encerramento. A exigibilidade dessas prestações dependerá do vencimento
do respectivo termo. Não está claro até quando as prestações vincendas são
abrangidas pela sentença. Conforme a duração do contrato, talvez o juiz
julgue e o órgão ad quem, interposta apelação, pronuncie-se antes do término
do contrato. A melhor solução é entender que o comando judicial abrange
todas as prestações, inclusive as que se vencerem após o trânsito em
julgado.

O art. 98, § 3.º declara que a parte beneficiada com a gratuidade e, por
essa razão, isenta do pagamento das custas, obriga-se a pagar os ônus da
sucumbência sobrevindo mudança na respectiva fortuna. Nesses termos,
semelhante parte da sentença subordina-se a condição suspensiva: alterada
a situação financeira do vencido, cujo patrimônio pode satisfazer o vencedor
sem o prejuízo divisado no dispositivo, nasce para o vencedor pretensão a
executar. É a condenação mesma que descansa em condição suspensiva.

2.114.2. Procedência limitada – A sentença definitiva de procedência pode


impor limites à condenação do réu.

É particularmente notável o caso do contrato bilateral em que as


prestações sejam simultaneamente recíprocas e o réu haja deduzido a
exceção de inadimplemento (art. 476 do CC). Embora expressivo, não é o
único caso de limitação intrínseca ao dever de prestar imposto ao réu, embora
acolhido integralmente o pedido do autor.

Dá-se o nome de contrato bilateral ao negócio perante o qual cada


figurante assume o dever de prestar para que o outro também preste.76 A
contraprestação constitui a prestação do outro figurante, conjugando-se nessa
figura contratual, portanto, duas prestações interdependentes, que surgem no
momento da formação do contrato – sinalagma genético – e se projetam em
todas as fases do vínculo, governando a respectiva eficácia, o que constitui o
sinalagma funcional.

Evidentemente, nem todas as obrigações do contrato guardam relação de


reciprocidade, e, de resto, os figurantes podem convencionar que um deles
preste antes do outro (prestações recíprocas sucessivas). No entanto,
convencionado que as prestações recíprocas sejam simultâneas e
demonstrado o interesse dos contratantes nas prestações trato a trato,
surgem dois problemas: primeiro, cumpre decidir quem descumpriu sua
prestação; segundo, deliberar se o parceiro que não descumpriu há de
prestar, ou no mínimo oferecer a prestação, para exigir a do outro figurante,
vez que a ambos se abre a possibilidade de invocar a exceção de
inadimplemento (art. 476 do CC).

Deduzida essa exceção substancial como defesa indireta de mérito pelo


réu, o respectivo caráter dilatório (retro, 269.3) indica, no caso do seu
acolhimento, a rejeição do pedido. Como já se demonstrou alhures, inexistem
obstáculos sistemáticos a essa solução. Ao autor afigurar-se-ia lícito renovar a
demanda, ulteriormente, sem pejo da autoridade de coisa julgada. Foi o que
decidiu, entretanto, o STJ, simplificando o problema sem atenção ao direito
substancial: “a exceção de contrato não cumprido constitui defesa indireta de
mérito (exceção substancial); quando acolhida, implica a improcedência do
pedido”.77

Do ponto de vista substancial, todavia, a solução se revela insatisfatória. O


litígio subsiste, frustrando o escopo político fundamental da função judicante.
E, na perspectiva prática, mostra muito pouco recomendável multiplicar
demandas. A mecânica do contrato bilateral, na qual cada prestação é a
contraprestação ao outro figurante, e a dificuldade natural de apurar a
imputabilidade do inadimplemento no caso de prestações simultâneas,
recomenda solução radicalmente diferente. A essas razões, o legislador
alemão acrescentou a de que a atribuição ao autor do ônus de provar que
adimpliu, ou que ao réu toca cumprir em primeiro lugar – regra, todavia,
adotada no art. 798, I, d, do NCPC brasileiro –, conduziria a um número
expressivo de juízos de improcedência.78

Em virtude dessas considerações, no direito alemão o juiz julgará


procedente a demanda, nos termos do § 322 do BGB, condenando o réu a
prestar simultaneamente. As vantagens de evitar as despesas e os
incômodos de uma iniludível e futura demanda fundamentam esse
desfecho.79 Também o direito processual civil brasileiro se inclinou nesses
rumos, conforme resulta a interpretação sistemática de regras objeto de
análise no capítulo da defesa (retro, 272). Logo, acolhendo que seja a
exceção de inadimplemento – na falta de oposição dessa exceção,
subentende-se afastada a simultaneidade –, o juiz emitirá sentença de
procedência, fundada no art. 487, I, condenando o réu a prestar
simultaneamente ao autor.

Não se cuida de acolhimento parcial do pedido, mas de acolhimento total,


limitado pela exigência de o autor prestar simultaneamente. O fenômeno
opera no plano dos efeitos e, não, no próprio decisum.80

E há outro caso de condenação com responsabilidade limitada. Segundo o


art. 1.792 do CC, o herdeiro responde intra vires hereditatis, ou seja, nos
limites da força da herança, apesar de a morte provocar a transmissão
imediata do domínio e da posse (art. 1.784 do CC). Desse modo, transmitida
a dívida aos herdeiros, o credor poderá reclamar o pagamento no juízo do
inventário e, inexistindo controvérsia ou impugnação, habilitar o crédito.
Impugnada a habilitação, resta ao credor demandar o espólio, deduzindo em
juízo a pretensão que toca ao crédito, eventualmente executiva, sem embargo
da possibilidade de o juiz mandar reservar bens para satisfazer esse crédito.
Feita a partilha, respondem os herdeiros, mas a responsabilidade é limitada
(beschränkter Haftung),81 igualmente chamada de benefício de inventário, pois
cada herdeiro responderá na “proporção da parte que lhe coube” (art. 796).
Em outras palavras, respondem os herdeiros “pro rata conforme as suas
porções hereditárias, ainda mesmo que alguns deles seja
insolúvel”.82 Também os legatários, nos limites de suas deixas, respondem
patrimonialmente.83

Por conseguinte, necessitando o credor da pretensão à condenação,


porque o crédito não se acha previsto em título executivo extrajudicial, a
sentença definitiva conterá intrinsecamente a limitação do réu vencido na
forma do art. 796.

O art. 4.º, § 1.º, da Lei 12.846, de 01.08.2013, diploma que trata da


responsabilidade das pessoas jurídicas perante a administração pública
nacional e estrangeira, criou outro caso de sentença limitada. Em caso de
alteração contratual, transformação, incorporação, fusão ou cisão societária, o
art. 4.º, caput, da mencionada Lei, declara subsistente a responsabilidade,
limitando o parágrafo esta responsabilidade, porém, ao montante do
patrimônio transferido. E também afasta as demais sanções, exceto nos
casos de simulação ou de fraude, “devidamente comprovados”.

2.114.3. Procedência dispositiva – Chama-se de sentença dispositiva ou


determinativa (Festzsetsendeurteil) o provimento em que o juiz, geralmente
subordinado ao princípio da legalidade, decide por equidade.84 Com efeito, há
casos em que o direito objetivo, não sendo possível estipular uma equação
rígida, entrega ao órgão judiciário a tarefa de fixar o valor da prestação.85 É o
caso notório do valor da prestação de alimentos, na qual incumbe ao juiz,
existindo controvérsia entre o alimentante e o alimentário, estipular o valor
concreto, levando em conta os vetores genéricos da possibilidade financeira
do alimentante e da necessidade do alimentário, consoante o art. 1.694, § 1.º,
do CC. Em tal hipótese, a sentença definitiva assume natureza dispositiva ou
determinativa, palavras empregadas sem uniformidade,86 na prática vocábulos
sinônimos.

Não forma a sentença determinativa uma classe de provimentos à parte


em termos de força e efeitos.87 Em geral, a força do provimento é
condenatória. E, embora não haja relação necessária, o objeto da atividade
judicial recai sobre relações continuativas, e, portanto, haverá condenação
para o futuro,88 justamente o que comportará alteração conforme a mudança
das circunstâncias.

Importa sublinhar é que a sentença determinativa adquire autoridade de


coisa julgada. Representará erro grave tomar ao pé da letra o art. 15 da Lei
5.478/1968, que reza: “A decisão judicial sobre alimentos não transita em
julgado e pode a qualquer tempo ser revista, em face da modificação da
situação financeira dos interessados”. Conforme se afirmou, de modo
pitoresco, o legislador tomou a “nuvem por Juno”,89 pois o provimento final na
ação de alimentos, transitado em julgado, torna “impraticável a emissão de
nova sentença relativamente à mesma situação contemplada na outra”,90 o
que evidencia a autoridade do art. 502. Não é distinta a rigidez da coisa
julgada, “mas a natureza da relação jurídica”,91 que se desenvolve no tempo e
sofre a influência de valores variáveis, idôneos a extinguir ou modificar os
efeitos da sentença. É que o estabelece o art. 505, I, autorizando a revisão,
ou redecisão,92 ocorrendo mudança da situação de fato ou de direito.
Nenhuma sentença transitada em julgado mostra-se imune ou indiferente aos
fatos supervenientes. Objeto de ulterior demanda, o fato superveniente
autoriza a modificação dos efeitos da sentença, sem prejuízo da coisa
julgada, ou seja, da regra jurídica concreta formulada para outro esquema de
fato. Relativamente à prestação alimentar, o art. 1.699 do CC menciona a
exoneração, a redução e a majoração, igualmente objetivo de provimento
“determinativo”, ou seja, fundado na equidade.
2.114.4. Procedência alternativa – Em determinados negócios jurídicos, os
figurantes estipulam obrigações com prestações múltiplas a cargo de um
deles, uniformes (dare ou facere), ou não (dare e facere). Enquanto na
obrigação conjuntiva, o obrigado cumpre prestando os múltiplos objetos, nas
obrigações alternativas, o obrigado solve prestando um dos objetos. Deduzida
pretensão a condenar em que incumba ao réu obrigação alternativa, a
sentença assegurará a individualização da prestação (art. 325, parágrafo
único). Haverá um incidente prévio, inserido no procedimento inexecutivis,
antes de se iniciar os atos executivos. Tal incidente é similar ao da
individualização ou concentração nas obrigações para entrega de coisa
incerta, hipótese de condenação genérica. Essas expressões são elípticas:
alternativa ou genérica é a prestação imposta ao réu vencido, e, não, a
sentença em si mesmo.

2.114.5. Procedência genérica – A sentença definitiva de procedência


genérica prende-se à possibilidade da formulação de pedido genérico ou
ilíquido. De ordinário, o autor formulará pedido determinado (art. 324, caput).
Por exceção, nos casos arrolados no art. 324, § 1.º, lícito se afigura ao autor,
todavia, formular o pedido genérico (retro, 213). A condenação genérica não
confere imediatamente pretensão a executar (definitiva ou provisoriamente)
ao vitorioso, mas pretensão à liquidação.

As circunstâncias que amparam o pedido genérico são variadas, mas


inelutáveis. Deixando para mais adiante o caso especial das ações coletivas,
ou seja, o da defesa coletiva de direitos individuais homogêneos, a
apresentação da situação prática que compele o autor a pedir genericamente
esclarece suficientemente o tema.

Em virtude de ilícito causador de dano à pessoa, nem sempre as


consequências do evento são mensuráveis na oportunidade do ajuizamento
da demanda: o autor pode cobrar as despesas já feitas, mas a sua plena
recuperação dependerá de nova cirurgia ou de fisioterapia, cuja duração,
valor e intensidade não comportam especificação desde logo. A essas
situações sobreleva-se outra, por sinal frequente: o autor estima espinhosa a
quantificação do pedido desde logo, algo quiçá indesejável – até para prevenir
a ulterior liquidação –, mas usual. Essa tendência se verifica, de resto, em
outros ordenamentos. Por uma ou outra razão, enfim, a exceção (condenação
genérica) tornou-se a regra.93

É comum a condenação genérica nas pretensões coletivas. No que tange


ao processo coletivo instaurado em prol de interesses individuais
homogêneos, o art. 95 da Lei 8.078/1990 contempla a condenação genérica,
fixando a responsabilidade do réu pelo dano causado e estipulando o dever
de prestar. A sentença proferida no processo coletivo, cujo objeto litigioso
envolva direitos individuais homogêneos, na órbita da tutela coletiva dos
direitos, “confere apenas tutela de conteúdo genérico, ficando a cargo de
outra sentença a decisão a respeito das situações individuais e heterogêneas,
relativas a cada titular lesado”.94 O juiz proferirá a “outra” sentença
complementar à primeira na subsequente liquidação. A liquidação poderá ser
coletiva – e, no seu âmbito, o órgão judiciário definirá os beneficiários
individuais do provimento – ou singular, sempre na modalidade por artigos,
vez que imprescindível provar fatos novos (v.g., a extensão individual dos
danos),95 conforme o art. 97 da Lei 8.078/1990. Em realidade, alude-se à
habilitação do interessado, porque precisará demonstrar que se insere nas
condições estabelecidas no título.96 Mas, há casos em que os titulares do
direito julgado coletivamente já se encontram predeterminados, prescindindo
o título de liquidação nesse ponto.97 E não é impossível que a condenação
seja líquida.98

Conforme a natureza do bem atingido, a liquidação das sentenças


coletivas revelar-se-á altamente complexa em alguns casos. Não parece que
haja insuficiência dos meios de liquidação já existentes.99 Dificilmente se
conceberia outra modalidade, considerando a possibilidade de realizar-se
perícia (e, portanto, arbitramento) na liquidação por artigos.

Feito pedido genérico, e condenando o órgão jurisdicional genericamente


(art. 491, I e II), à obrigação objeto da sentença definitiva faltará determinação
do valor, ou seja, a individualização do objeto. O cumprimento da sentença
subordinar-se-á à prévia pretensão à liquidação (art. 509). O STJ proclamou
que, “decidindo a sentença apenas a existência de um direito, sem especificar
o quantum debeatur e sem fornecer os requisitos necessários para o credor
manejar o processo de execução e para o devedor apresentar a sua defesa,
necessária a liquidação…”100

O pedido genérico suscita reprovações.101 Ele remete o vitorioso à


liquidação, aumentando a atividade processual, e torna o autor negligente
quanto à prova da existência do dano. No entanto, não é possível eliminar o
pedido genérico.102 Em alguns casos dignos de tutela especial (art. 324, § 1.º),
a falta ou a proibição categórica dessa espécie de pedido deixaria o autor
desamparado ou a reparação incompleta, e, no caso da tutela coletiva de
direitos individuais homogêneos, tornaria estéril importante instrumento de
economia de juízos, impondo, na prática, a postulação individual. E há outros
provimentos, para os quais a lei reconhece eficácia executiva, em que a
liquidação ulterior se mostra inevitável, como é o caso da sentença penal
condenatória (art. 515, VI), nada obstante a fixação provisória (à forfait) de um
valor mínimo, a teor do art. 63, parágrafo único, c/c art. 386, IV, do CPP. A
sentença condena definitivamente, mas é incompleta.103

Esmerou-se o legislador na contenção dessas hipóteses. O art. 459,


parágrafo único, do CPC de 1973 proibiu o órgão judiciário de emitir sentença
ilíquida na hipótese de o autor formular pedido líquido. O dispositivo jamais
despertou maiores considerações em seus nobres propósitos e,
definitivamente, a Súmula do STJ, n.º 318, exigindo que o autor reclame do
vício da sentença, decorrente do descumprimento da regra, enfraqueceu-o de
modo decisivo. Considerou-se no enunciado, surpreendentemente, o
interesse do vencido desconforme ao direito – o favorecimento provocado
pela iliquidez – como legítimo. Em seguida, o legislador atreveu-se a proibir a
condenação ilíquida no Juizado Especial (art. 38, parágrafo único, c/c art. 52,
I, da Lei 9.099/1995). Finalmente, o art. 475-A, § 3.º, do CPC de 1973 adotou
a receita para causas subordinadas ao procedimento sumário. Incorreu a
regra no excesso de designá-lo “procedimento comum sumário”, ignorando
sua proscrição na prática dos órgãos judiciários em determinados Estados-
membros.104
Era inconsistente essa última regra, valendo evocar o banal exemplo da
ação de reparação de danos ocorridos em acidente de trânsito na via
terrestre.

Em relação ao dano à coisa, nos acidentes de trânsito, o tradicional


expediente de o autor juntar na inicial três orçamentos de origem diferente
auxiliará o arbitramento do órgão judiciário. Dir-se-á, com razão, que o pedido
é praticamente líquido. Quanto ao dano à pessoa, tudo muda de figura,
bastando recordar que, em algumas hipóteses, mostrar-se-á impossível o
autor formular pedido líquido – recorde-se o disposto no art. 324, § 1.º, II,
idêntico no alcance ao direito anterior – e, conseguintemente, o órgão
judiciário fixar a indenização de plano, a seu prudente critério. Suponha-se
que alguém seja atropelado e sofra danos num dos membros inferiores. Lícito
se afigura, na oportunidade do ajuizamento, pedir as despesas médicas e
hospitalares realizadas. Mas a vítima só pode especular acerca do montante
das despesas futuras: por exemplo, a necessidade de nova cirurgia e de
infindáveis sessões de fisioterapia. Ora, concebe-se que semelhante
dificuldade permaneça no momento do julgamento. A exigência de o juiz
arbitrariamente estipular o valor da indenização constitui verdadeiro absurdo.
Até o inimigo figadal do pedido genérico, admitia sua formulação quanto “aos
danos futuros, consequentes ao ato”.105 Resta ao juiz, na melhor das
hipóteses, proferir sentença contendo um capítulo líquido e outro ilíquido.106 E,
de toda sorte, sentença inteiramente ilíquida não se tornaria nula nesse
caso.107

As vicissitudes dessas proibições recomendavam outra técnica. Tal o


sentido do art. 491 e objeto de item antecedente (retro, 2.105).

2.114.6. Procedência impositiva – Em item anterior já se examinou a


sentença impositiva e as suas causas profundas (retro, 1.566.2.6). Aqui
retoma-se o assunto nos termos já expostos.

A generalização da possibilidade de o juiz antecipar os efeitos do pedido,


no direito anterior, realçou as forças executiva e mandamental das sentenças
de procedência, mas revelou a inaptidão dos meios executivos sub-rogatórios
e, desse modo, exigiu a renovação do tratamento legislativo.

Em determinadas situações, realmente, o comando judicial obriga o


vencido (a) a entregar coisa (v.g., na ação de despejo, tipicamente executiva,
compete-lhe restituir a posse ao locador, desocupando o imóvel no prazo
legal, a teor do art. 63 da Lei 8.245/1990); (b) a adotar determinado
comportamento, ou seja, fazer ou não fazer (v.g., no mandado de segurança,
tipicamente mandamental, à autoridade coatora cumprirá implantar benefício
previdenciário a favor do impetrante). Ora, os meios sub-rogatórios
tradicionais nas prestações de entrega de coisa (imissão na posse ou busca e
apreensão, conforme se trate de bem imóvel ou de bem móvel) e nas
prestações de fazer e não fazer (transformação realizada por terceiro, a teor
do art. 817) pareciam insuficientes, inclusive a coerção patrimonial (astreinte),
no caso das prestações de fazer. Eventual falha desses mecanismos
impossibilitava a execução em natura, ou seja, a entrega do bem da vida ao
vencedor, transformando as prestações originárias no equivalente pecuniário,
resultado altamente insatisfatório.
Por esse motivo, entendeu-se necessário especificar melhor os poderes
do órgão judiciário na execução, concedendo-lhe meios variados para atingir
a plena satisfação do vitorioso. Assim, o art. 536, § 1.º, do NCPC, institui,
altissonante, a faculdade de o juiz “determinar, entre outras medidas, a
imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o
desfazimento de obras e o impedimento da atividade nociva, podendo, caso
necessário, requisitar o auxílio da força policial”, com o fito de conceder ao
vencedor tutela específica ou o resultado prático equivalente (art. 536, caput).
Não se elimina, in totum, as limitações práticas e políticas, reconhecidas na
eventual conversão da prestação originária no equivalente pecuniário (art.
499), mas deu-se passo à frente na perseguição do bem da vida.

Esse assunto importa, sobretudo, aos domínios executivos. A


preocupação com o futuro da sentença de procedência levou o NCPC a
dedicar a Seção IV – Do Julgamento das Ações Relativas às Prestações de
Fazer, de Não Fazer e de Entregar Coisa – do Capítulo XIII – Da Sentença e
da Coisa Julgada – do Título I – Do Procedimento Comum – do Livro I da
Parte Especial do NCPC ao conteúdo da sentença em tais casos. Embora
parcimonioso em regras autônomas, a seção compõe-se de cinco artigos e –
algo surpreendente no contexto da técnica legislativa – nenhum parágrafo.

A possibilidade de o juiz antecipar no dispositivo da sentença de


procedência das medidas executivas, nada obstante a execução em si
subordinar-se à iniciativa do vencedor (art. 513, § 1.º, in fine), mira induzir ao
cumprimento voluntário. Talvez o vencido, embretado pelo anúncio das
“providências que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático
equivalente”, sucedâneo da tutela específica na prestação de fazer e não
fazer, renda-se de imediato e cumpra o julgado. Seja como for, altera-se o
conteúdo da sentença, criando classe de sentença de procedência que, na
falta de outra designação mais sugestiva, chamar-se-á de sentença
impositiva. Não há infração ao princípio da congruência (art. 492, caput): o juiz
acolherá, no todo ou em parte, os pedidos formulados pelas partes (art. 490).
Porém, adiantará as medidas a seu ver cabíveis para assegurar o comando
judicial. Essa predisposição não vincula a futura execução. Por exemplo, se o
autor A pede a emissão de ordem para B fornecer-lhe o medicamento y, a fim
de combater a moléstia x, a sentença de procedência emitirá a ordem de
fornecimento de y, e, não, de zou de y + z. Porém, desde logo a sentença,
exemplificativa: (a) permitirá o fornecimento de z, se este medicamento
ostentar as virtudes terapêuticas de y; (b) cominará multa pecuniária pelo
atraso do fornecimento de y; (c) ordenará a busca e apreensão de y na
farmácia do réu B; e (d) baldada a busca e apreensão, contemplará o
bloqueio do valor necessário à aquisição de y no mercado. Em geral, a
urgência antecipa essas providências ao juízo de admissibilidade, mediante
tutela provisória antecipada.

O exemplo ministrado explica o sentido do art. 497, caput, do NCPC,


segundo o qual o juiz, na ação cujo objeto se traduza em fazer ou não fazer
do réu, a procedência do pedido importará (a) a concessão de tutela
específica (v.g., o fornecimento do medicamento y) e (b) a determinação das
providências “que assegurem a obtenção de tutela pelo resultado prático
equivalente” (v.g., o fornecimento do sucedâneo z). Por sua vez, a chamada
tutela inibitória (v.g., a retirada do bloqueio físico de caminhões na saída do
pátio da montadora X, pretendendo os manifestantes o aumento do valor dos
fretes), ou seja, objetivando “inibir a prática, a reiteração ou a continuação de
um ilícito”, independentemente da demonstração de culpa, lato sensu, e da
ocorrência de dano, recebe previsão no art. 497, parágrafo único, e comporta
medidas análogas (v.g., a fixação de multa e a remoção dos caminhões).

Cuidando-se de sentença cuja força traduza a necessidade de o vencido


entregar coisa, o dispositivo da sentença impositiva fixará prazo de
cumprimento (art. 498,caput). Em geral, os mecanismos sub-rogatórios da
busca e apreensão, quanto às coisas móveis, e o da imissão na posse,
quanto aos imóveis, mostram-se efetivos; porém, nada exclui a adoção de
outras providências indutivas do cumprimento voluntário (v.g., a proibição de
atividade ou a imposição de multa). A obrigação genérica reclama
individualização do objeto na petição inicial, cabendo a escolha ao autor, ou a
ordem para réu prestar a coisa, tocando-lhe a escolha, “no prazo fixado pelo
juiz” (art. 498, parágrafo único).

Em tais hipóteses, o art. 499 prevê a conversão da prestação originária no


equivalente pecuniário se o autor a requerer, presumivelmente pelas
vantagens práticas, ou ante a impossibilidade da tutela específica ou do
resultado prático equivalente. A regra enuncia o princípio da prioridade da
execução em natura.

Controvertia-se a admissibilidade da multa pecuniária (astreinte) como


medida de apoio à condenação em prestação pecuniária. É o sítio
particularmente propício à execução infrutífera, por força da exclusiva
responsabilidade patrimonial (art. 789), revelando-se inútil, prima facie, impor
sanção pecuniária a quem não dispõe de bens penhoráveis em seu
patrimônio. A fraqueza congênita do meio executivo da coerção patrimonial
consiste na inexistência ou na insuficiência de patrimônio. Ninguém ficará
constrangido com a imposição de multa pela autoridade judiciária no caso de
não dispor de bens para satisfazer o principal e, conseguintemente, a própria
multa. Em todo o caso, havendo patrimônio, a multa induz o cumprimento
voluntário, e o art. 500 estabelece que, no caso da conversão prevista no art.
499, a multa somar-se-á à indenização por perdas e danos.

Por fim, o art. 501 contempla a pretensão nascida do contrato preliminar,


implicando a necessidade de emissão de declaração de vontade para formar
o contrato definitivo. Por exemplo, o comprador A firmou promessa de compra
e venda com o vendedor B, cujo objeto é o imóvel X, mas recusa-se a firmar o
contrato definitivo, habilitando B a adquirir o domínio de X, embora seja titular
do direito real originário da promessa. Em tal hipótese,
ingressando B contra A em juízo, o acolhimento do pedido, uma vez
transitada em julgado a sentença, “produzirá todos os efeitos da declaração
não emitida”. Esta é sentença executiva, prescindindo de quaisquer medidas
executivas posteriores, porque habilita, de per si, o comprador B a adquirir o
domínio, levando-a ao registro imobiliário.

2.115. Efeito anexo processual da sentença de condenação

O conteúdo da sentença definitiva de procedência surtirá os efeitos


intrínsecos (ou naturais ou típicos) da pretensão processual deduzida pelo
autor perante o réu. Cumpre distinguir o juízo de mérito negativo e positivo.
Em caso de improcedência, o conteúdo revela-se unívoco, consistindo na
declaração da inexistência da pretensão processual. Tal eficácia empresta
singular importância à posição do réu e aos meios de defesa. Esse relevo
historicamente clareou a existência e consolidou a figura da pretensão à
declaração negativa.

Produzindo a sentença de procedência os efeitos naturais da pretensão


processual, de seu turno veiculada à iniciativa do autor, em última análise a
iniciativa das partes (o réu contribui com as exceções e objeções
substanciais), e, não, a iniciativa oficial, predetermina e modela o conteúdo do
ato decisório. Verdade que, a partir da estabilização da demanda (retro,
1.821.2), e ressalva feita ao superveniente exercício do poder de disposição,
encerrando o litígio mediante negócio jurídico unilateral (reconhecimento do
pedido, renúncia) ou bilateral (transação), a produção dos efeitos naturais
escapará ao controle das partes, porque tornaram-se inexoráveis.

A par dos efeitos naturais, todavia, agregam-se à sentença definitiva, ope


legis, outros efeitos inteiramente alheios à área de domínio das partes e à
iniciativa oficial.

Os efeitos produzidos pela emissão da sentença, independentemente de


pedido específico e de resolução expressa do juiz, chamam-se propriamente
de efeitos anexos (Nebenwirkung).108 Também costuma-se chamá-los sem
idêntica precisão de efeitos secundários.109 A nota específica desses efeitos
consiste no caráter irrecusável, decorrendo da emissão do ato decisório.110 A
sentença não necessita mencioná-los e, caso os mencione, a referência
mostrar-se-á supérflua, porque não cabe ao juiz rejeitá-los, expressamente ou
não, no caso concreto.111 Em determinada ocasião, o STJ estimou
desnecessária a hipoteca judiciária, a fim de garantir o capítulo acessório da
sucumbência (infra, 2.115.4), mas sob o fundamento que, na verdade, por
força da compensação prevista no art. 21, caput, inexistia o crédito a esse
título (infra, 2.115.1).112 Não se visualize, aí, exceção ao caráter irrecusável do
efeito. Efeitos anexos funcionam, a mais das vezes, como elemento incidência
de regra jurídica.113 Então, chamam-se de efeitos de fato.

Existem duas espécies de efeitos anexos: (a) efeitos anexos processuais


(v.g., a hipoteca judiciária do art. 495); (b) efeitos anexos materiais
ouTatbestandswirgungen (v.g., a cessação da tutela na hipótese de
procedência do pedido de filiação, a teor do art. 1.763, II, do CC).

Em geral, o efeito anexo pressupõe a emissão de sentença de


procedência – os exemplos arrolados ilustram suficientemente o ponto – e
gera direito, pretensão e ação para as partes e para eventuais terceiros.
Exemplo dessa última hipótese localiza-se na sentença penal condenatória
(art. 91, I, do CPB). O efeito anexo consiste nem outorgar pretensão a
executar, em virtude da condenação penal pelo dano civil, a teor do art. 63 do
CPP e do art. 515, VI, do NCPC. E o legitimado é comumente terceiro (v.g., o
assistente da acusação), pois as partes principais no processo criminal são
ordinariamente o Ministério Público, de um lado, e o réu, de outro. Por
exceção, sentenças de improcedência também produzem efeitos anexos.
Assim, conforme o respectivo fundamento, a sentença penal absolutória do
réu torna inquestionável (= indiscutível) na esfera civil a existência do fato e
da autoria, a teor do art. 935, segunda parte, do CC.114
Os efeitos anexos produzem-se independentemente do trânsito em
julgado. No entanto, a cláusula inicial do art. 63 do CPP reclama, expressis
verbis, o trânsito em julgado da sentença penal condenatória para gerar o
efeito anexo da execução civil do condenado.115

É distinto, nesse particular, o tratamento do efeito anexo processual


previsto no art. 495. A sentença condenatória confere ao vencedor direito de
sequela sobre os bens do vencido, efeito anexo processual chamado de
hipoteca judiciária (art. 495, caput, parte final), e em nenhum passo exigiu o
trânsito em julgado.116 Ao contrário, o efeito produz-se ainda quando o
vencedor possa promover o cumprimento provisório – hipótese ainda prevista
no art. 495, § 1.º, II –, pressupondo a impugnação do ato, e, a fortiori, na
pendência de recurso suspensivo, como se entendia no direito anterior,117 e
explicita o art. 495, § 1.º, III. O STJ proclamou o seguinte: “A hipoteca
judiciária constitui um efeito secundário da sentença condenatória e não obsta
a sua efetivação a pendência de julgamento de apelação recebida em ambos
os efeitos”.118 Portanto, a suspensão dos efeitos naturais da sentença de
procedência não envolve o efeito anexo do art. 495. Cumpre não introduzir
nesse assunto exigências da legislação brasileira revogada e proveniente da
doutrina mais antiga.119

A hipoteca judiciária constitui efeito anexo processual. Dela ocupa-se o art.


495.

Não se justifica, atualmente, a manutenção desse instituto vetusto e


proveniente do direito comum europeu. Era a opinião do autor do anteprojeto
do CPC de 1939, explicando o disposto no art. 284 do CPC de 1939 por força
da previsão da lei material, então o art. 824 do CC de 1916.120 Desapareceu o
pretexto, ressalva feita à hipoteca legal sobre os bens do delinquente em
favor do ofendido (art. 1.489, III, do CC), porque a lei civil omitiu regra
análoga. E não faltaram críticas à hipoteca judiciária no direito
francês.121 Contra o bem fundado juízo negativo, recordou-se o revigoramento
da hipoteca judiciária em outros ordenamentos e a reintrodução da figura pela
lei belga após efêmera supressão.122 A argúcia da réplica não persuade
suficientemente. A escassa aplicação depõe contra a hipoteca judiciária. Tal
sintoma denuncia a causa profunda, senão da obsolescência, do caráter
residual dessa modalidade de hipoteca no direito pátrio. Inconfundível que
sejam a hipoteca judiciária e a fraude contra a execução, porque o gravame
prescinde do conhecimento da litispendência pelo terceiro,123 a retroação da
ineficácia dos atos e dos negócios jurídicos dispositivos à data da citação
(retro, 1.221.3), malgrado a necessidade de má-fé do terceiro (Súmula do
STJ, n.º 375), tutela em maior extensão e presumível eficiência os interesses
do vencedor. Esses argumentos não persuadiram o legislador no NCPC,
mantida a hipoteca judiciária no art. 495, retocada em vários pormenores.

Como quer que seja, o destaque legislativo do art. 495 impõe análise mais
atenta da hipoteca judiciária.

2.115.1. Origem da hipoteca judiciária – A dogmática jurídica francesa


arroga-se o privilégio e a primazia na criação da hipoteca judiciária,
remontando a texto de 1510.124 Outra opinião filia o instituto à
célebre Ordennance de Moulins de 1566.125 Ora, nesse último caso a
precedência honrosa seria das Ordenações Manuelinas (Livro 3, Título 77, §
20), de 1521. Outra hipótese parece mais provável: a hipoteca global sobre os
bens do condenado constituía prática difundida no continente europeu, por
isso recolhida na legislação de mais de um país.126

A difusão dessa modalidade de gravame prendia-se às características das


provisões judiciais no direito comum europeu. Como já explicado, a ineficácia
dos atos e dos negócios jurídicos dispositivos após a litispendência serve
melhor a tais propósitos.

2.115.2. Conceito e natureza da hipoteca judiciária – O direito derivado da


sentença condenatória “ao pagamento de uma prestação, consistente em
dinheiro e a que determinar a conversão da prestação de fazer, não fazer ou
de dar coisa em prestação pecuniária”, segundo a remodelada previsão do
art. 495, caput, indubitavelmente é o de sequela sobre os bens gravados após
a devida especialização.127 Entende-se por tal o direito de executar os bens
imóveis transmitidos a terceiros, todavia sujeitos ao gravame real.

O art. 824 do CC de 1916 negava à hipoteca judiciária o direito de


preferência em eventual concurso especial de credores, atualmente previsto
nos arts. 908 e 909 do NCPC. Em outras palavras, a hipoteca judiciária não
alteraria a natureza e a classificação do crédito. No entanto, a imperfeita
fórmula da lei civil suscitou divergências, invocando-se o § 44 da Lei
portuguesa de 10.06.1744, cujo texto não era esclarecedor e ensejava
interpretação duvidosa.128 O melhor aviso, nessa matéria, era o de considerar
preservada a prelação dos credores hipotecários preexistentes.129 A
divergência não tem sentido na vigência do CC de 2002. Este não reproduz
regra similar ao da primeira lei civil e, portanto, a eficácia perante terceiros da
hipoteca judiciária, uma vez inscrita, é a comum, decorrendo do respectivo
grau no álbum imobiliário. A esta conclusão chegava-se, ademais, por força
do art. 711 do CPC de 1973.130 Não é diverso, ao propósito, o art. 908, § 2.º,
do NCPC: a preferência outorgada pela prioridade da penhora só surte efeitos
inexistindo título legal à preferência, qual o da hipoteca judiciária. Dissipando-
se quaisquer dúvidas o art. 495, § 4.º, houve por bem explicitar essa eficácia.

Logo, a hipoteca judiciária é o gravame real sobre os bens imóveis do


condenado. Esse acréscimo ao crédito originariamente comum “cria
vínculo real, de modo que, na execução imediata ou mediata, está o vencedor
munido do direito de sequela, que não tinha”,131 e do direito de preferência que
passará a ter mediante inscrição no álbum imobiliário. No direito francês, a
prioridade da hipoteca judiciária origina-se do registro, sendo oponível aos
credores posteriores de igual classe.132

A hipoteca judiciária é efeito anexo, porque independente do conteúdo da


sentença e não integra a pretensão a condenar.133 A sentença funciona como
elemento de existência do (direito formativo ou potestativo) poder de inscrição
do gravame real.134

2.115.3. Fundamento da hipoteca judiciária – O direito à hipoteca judiciária


funda-se no razoável prognóstico da manutenção da sentença de procedência
no tribunal de apelação. E, nesse interregno incerto, não convém deixar
desamparado o vitorioso ou obrigá-lo a arrestar os bens do vencido,
“alarmando os credores do condenado ou diminuindo-lhes, com tais medidas,
o crédito”.135
2.115.4. Pressupostos da hipoteca judiciária – O título hábil à
especialização e ulterior inscrição da hipoteca judiciária é, consoante a
literalidade do art. 495,caput, sentença que impõe ao vencido uma prestação
em dinheiro ou prestação convertida em dinheiro. Portanto, a hipoteca
exsurge automaticamente da sentença condenatória. Aliás, o valor da regra
na definição do elemento condenatório já recebeu destaque (retro, 233). Não
ficam pré-excluídas, sendo condenatórias, a sentença arbitral e a sentença
estrangeira.136 E, preservando a noção anteriormente ministrada (retro, 1.618),
abrange a sentença homologatória da transação.137 Ao invés, considerando a
natureza da prestação, afigura-se arbitrária a inclusão das sentenças
condenatórias em obrigações de fazer e de não fazer em natura.138 O art.
495, caput, define precisamente o objeto da prestação originária da sentença.

É irrelevante o procedimento ou a designação do remédio processual que


ensejou a emissão da sentença condenatória. O procedimento comum
constitui estuário natural desses provimentos, mas o STJ reconheceu o efeito
anexo na sentença de procedência da ação civil pública.139

A condenação hábil à criação da hipoteca judiciária envolve o capítulo


principal e, apesar de antiga opinião em contrário no direito português,140 o
capítulo acessório da sucumbência (infra, 2.116), hipótese em que beneficia o
réu, ficando vencido o autor. Interpretação em contrário, prendendo-se à
menção expressa da condenação do réu, infringiria o direito fundamental
processual da igualdade (art. 125, I).141 A expressão “condenar o réu” (art.
495, caput) ateve-se ao quod plerumque fit e há de ser entendida como
significando a condenação do vencido.142 Subjetivamente, na verdade,
figurando como parte a Fazenda Pública o regime peculiar da execução
afasta a incidência da regra.

O art. 495, § 1.º, arreda possíveis óbices à eficácia da hipoteca judiciária.


Não importam (a) condenação genérica (inciso I); (b) a pendência de arresto e
a possibilidade de cumprimento provisório (inciso II); e (c) a pendência de
recurso suspensivo (inciso III). Logo, o efeito anexo independe do trânsito em
julgado e, a fortiori, da pendência de recurso dotado de efeito
suspensivo.143 Apesar da irrelevância da condenação genérica, a
especialização reclama prévia liquidação do montante da condenação.

2.115.5. Especialização da hipoteca judiciária – A hipoteca judiciária


surtirá efeitos mediante a respectiva especialização. Este ato aponta o objeto
da hipoteca. Para essa finalidade, o vitorioso promoverá a liquidação, nos
termos do art. 512, e a audiência do vencido, nesta liquidação preparatória e
na especialização, afigura-se obrigatória.144 Em tal sentido, decidiu o STJ:
“Não obstante seja um efeito da sentença condenatória, a hipoteca judiciária
não pode ser constituída unilateralmente; o devedor deve ser ouvido
previamente sobre o pedido”.145 Cumpre notar que, a rigor dos princípios, a
sentença de procedência em prestação pecuniária será líquida, porque o
autor formula pedido determinado, salvo nas hipóteses do art. 324, § 1.º, e,
em todo o caso, o art. 491 exige do órgão judiciário a explicitação de todos os
elementos do cálculo. Não sendo o caso de liquidação por cálculo, por força
das exceções do art. 491, I e II, o vencedor recorrerá ao art. 509.

O gravame real recairá nos bens passíveis de penhora e, ademais,


suficientes para satisfazer o crédito (art. 831), e, não, sobre o conjunto do
patrimônio imobiliário do vencido. Não há, entre nós, hipoteca geral ou
global.146 Ao propósito da penhorabilidade na futura execução do bem gravado
com a hipoteca judiciária, o STJ concluiu o seguinte: “a constituição da
hipoteca judicial sobre bem impenhorável não conduz a nenhuma utilidade,
pois ela em não resultaria, já que não é permitida a expropriação desse
bem”.147 No caso concreto, o tribunal emprestou correta interpretação ao
alcance do art. 3.º, V, da Lei 8.009/1990, exceção à impenhorabilidade da
residência familiar, que alcança apenas as hipotecas constituídas
voluntariamente.

O título idôneo à inscrição é a sentença (documento público judicial). É a


inscrição o ato constitutivo do gravame real e da sequela e preferência do
crédito do vitorioso.148

Tirante a prévia liquidação, inexiste exigência especial. A suficiência


patrimonial do vencido não pré-exclui o efeito anexo.149 A especialização
sempre constituiu um problema e, por isso, o art. 495 inovou nesse particular.
Por analogia, o procedimento da especialização era o da hipoteca legal,
competindo ao juízo da causa.150 A tal juízo competiria, ex officio, ou a
requerimento de vencedor, especializar e determinar a inscrição por mandado
no ofício imobiliário competente.151 Essa última providência tornou-se
desnecessária: o vencedor apresentará certidão da sentença condenatória no
ofício imobiliário, “independentemente de ordem judicial, de declaração
expressa do juiz ou de demonstração de urgência”, reza o art. 495, § 2.º,
embora nada impeça a expedição de mandado específico. Feita a inscrição,
no prazo de até quinze dias o vencedor informará ao juízo da casa,
eventualmente ao órgão ad quem, pendendo a apelação, a fim de que o
vencido tome ciência da constituição do gravame real (art. 495, § 3.º).

Formalmente, a ciência do vencido assegura o direito fundamental ao


contraditório; do ponto de vista material, poderá controverter a legalidade da
especialização e a infração ao art. 831 (princípio da suficiência), mediante
remédio processual próprio.

2.115.6. Efeitos da hipoteca judiciária – Feita a inscrição no álbum


imobiliário, a hipoteca judiciária “toma o seu grau”, podendo seguir-se a outros
gravames pré-constituídos e a ela seguirem outros de menor grau.152 É o que
estabelece o art. 495, § 4.º.

A hipoteca judiciária perdurará até a cabal satisfação do crédito do


vencedor (art. 924, II). Ficará sem efeito, todavia, prescrevendo a pretensão a
executar ou extinguindo-se o crédito por outro motivo.153 Em tais hipóteses, a
par da reforma e da invalidação da sentença de procedência que ensejou a
hipoteca judiciária, o antigo vencedor responderá perante a contraparte,
objetivamente, pelos danos provocados pela simples constituição do gravame
real, cabendo liquidação e execução nos próprios autos (art. 495, § 5.º). Por
óbvio, a liquidação far-se-á em autos próprios, prosseguindo o processo,
porque apenas invalidada a primitiva sentença.

Existem outras vicissitudes que afetam a hipoteca judiciária (a) a


superveniente insuficiência dos bens gravados (v.g., penhora da Fazenda
Pública ou de crédito trabalhista, cuja prelação é superior à do gravame real),
ensejará pretensão do vencedor a reforçar a garantia; (b) a superveniente
reforma da sentença condenatória, hipótese em que, transitado em julgado o
provimento substitutivo (art. 1.008), o juiz mandará extinguir o gravame
real, ex officio, ou a requerimento do interessado; (c) a superveniente reforma
parcial da sentença condenatória, caso em que o juiz reduzirá o gravame
proporcionalmente.154 Também a invalidação da sentença, por error in
procedendo, a rigor implica o desaparecimento do gravame, pois o ato
originário não mais subsiste; porém, o gravame poderá ser renovado
posteriormente.

Reformada a sentença condenatória, a hipoteca judiciária pode ter


causado danos à parte vencida em primeiro grau. Responderá quem lhe
promoveu a inscrição, nos termos do art. 495, § 5.º.

2.116. Capítulo acessório da sentença de procedência

Acolhido o pedido (art. 487, I), no todo ou em parte (art. 490), o juiz
deliberará acerca da atribuição (procedência total) ou da distribuição
(procedência parcial) das despesas processuais e dos honorários
advocatícios. Formará esta resolução o capítulo acessório da sentença
definitiva. Este capítulo fundamenta-se no princípio da sucumbência (retro,
633.1).

Em caso de acolhimento total do(s) pedido(s) formulado(s) pelo autor


perante o réu, aplica-se diretamente o art. 82, § 2.º, e o art. 85, caput. A
sentença de procedência condenará o réu ao reembolso das despesas
processuais antecipadas pelo autor e a pagar honorários advocatícios ao
advogado do vencedor, chamados de honorários sucumbenciais (retro,
670.3).

Problema distinto reside no critério de fixação dos honorários na


procedência total. Este assunto já recebeu exame em item específico (retro,
691). Envolve tal resolução aspectos objetivos (v.g., a natureza da pretensão
processual) e subjetivos (v.g., o zelo do advogado do vitorioso). É juízo
altamente complexo e tão ou mais trabalhoso que a própria resolução de
mérito.

A complexidade acentua-se no caso de acolhimento parcial do(s)


pedido(s) formulado(s) perante o réu. E, ademais, não se deve olvidar que ao
réu também se afigura lícito formular pedido perante o autor através da
reconvenção. Concebem-se três situações na hipótese de o juiz não acolher
integralmente o(s) pedido(s): (a) sucumbência parcial; (b) sucumbência
recíproca; e (c) sucumbência mínima. A precisão terminológica é
indispensável à clareza nesse assunto.

A possibilidade de o juiz acolher o pedido formulado pelo autor perante o


réu – hipótese mais comum –, no todo ou em parte, recebe a designação de
sucumbência parcial ou dividida (Aufteilung) na doutrina germânica (§ 92, n.º
1, da ZPO, in verbis: “Wenn jede Partei teils obsiegt, teils unterliegt…”).155 Em
síntese, não logrando êxito integral, na parte em que decaiu o autor ficará
vencido e, conseguintemente, vencedor o réu nesta parte. No direito italiano,
permitindo o art. 92 do CPC peninsular a compensação das despesas
processuais entre as partes, prefere-se chamar à situação de sucumbência
recíproca.156 É usual afirmar-se que esta ocorre “quando le domande di
entrambi le parti sone state in parte accolte e in parte rispinta”.157 Por óbvio, a
lição repercutiu no direito brasileiro, entendendo-se intercambiáveis as
expressões “sucumbência parcial” e “sucumbência recíproca”.158

A imprópria equivalência terminológica enevoa fenômenos distintos. Uma


das mais nocivas repercussões sistemáticas da expressão “le domande
entrambi le parti”, ou demanda de ambas as partes, subentende a formulação
de “pedido” pelo réu na defesa. Ocioso frisar, outra vez, o réu não agir, mas
reagir à pretensão do autor; se o autor pede, o réu impede ao contestar. Não
formula o réu quaisquer pedidos em sentido técnico, interessando-lhe apenas
a manutenção do estado de fato e do estado de direito.

Na realidade, acolhido em parte o pedido único do autor, porque divisível


(retro, 2.105), ou acolhido apenas um ou alguns dos pedidos formulados em
cumulação simples, sucessiva ou eventual – a cumulação subjetiva, ou a
introdução de mais de uma pretensão, in simultaneo processu, contra mais de
um réu encontra-se prevista no art. 87 –, somente o autor ficará vencido,
posto que parcialmente. O réu deixou de sofrer derrota integral.

A flagrante diferença permite a seguinte distinção: (a) a sucumbência


parcial ocorrerá na hipótese de o interesse do autor ficar em parte
desatendido;159 (b) a sucumbência recíproca ocorrerá quando o réu formulado
pedido perante o autor e uma das partes fica vencida. Essas espécies têm
imenso valor didático. Da sucumbência mínima ocupa-se o art. 86, parágrafo
único, e a respectiva função é residual no contexto da sucumbência parcial e
da sucumbência recíproca. Pode acontecer de a parte do interesse
desatendido não ter maiores repercussões financeiras e, nessa condição, o
juiz atribui o reembolso de despesas processuais e o pagamento dos
honorários advocatícios unicamente a um dos litigantes.

Em item anterior (retro, 710), essas espécies receberam análise em


pormenores, restando explicitá-las, aqui, por intermédio dos exemplos então
ministrados.

2.116.1 Vencimento parcial – A sucumbência parcial do autor verifica-se


em duas hipóteses: (a) o pedido único é divisível quantitativamente (v.g., o
autor pleiteou, a título de reparação do dano patrimonial, o valor x), e o juiz
concedeu quantidade menor que a postulada (x – y);160 (b) o autor formulou
dois ou mais pedidos perante o réu, mas o juiz só acolheu um deles, ou
alguns dentre os vários pedidos, repelindo o(s) restantes(s).

Em casos tais, e abstraída a situação em que o réu pede perante o autor


(contrapedido e reconvenção), cada litigante em parte ficará vencido, em
parte vencedor, incidindo o art. 86, caput. No entanto, há nuances nas
hipóteses aventadas, mas antes impõe-se analisar o tratamento conferido
pela regra às situações descritas.

O art. 86, caput, baseia-se em princípio singelo e correto, assim


formulado: “quando o autor vencer em parte, estará automaticamente vencido
em parte, o mesmo se dando com o réu”.161 A rigor, o dispositivo tem alcance
mais largo e reza o seguinte: “Se cada litigante for, em parte, vencedor e
vencido, serão proporcionalmente distribuídas entre elas as despesas”. A
nova redação da regra não abrange os honorários advocatícios, pois estes
pertencem ao advogado de cada parte e sua fixação pode não ser
proporcional, pois há outros fatores objetivos e subjetivos a presidi-la. Em
contrapartida, flexivelmente, envolve a sucumbência parcial e a sucumbência
recíproca.

Configurada a situação em que cada litigante é vencido e é vencedor


simultaneamente, concebem-se três critérios para atribuir as despesas:162 (a)
cada parte arca com as despesas já antecipadas, sem embargo de se
mostrarem desproporcionais, e nenhuma delas paga honorários advocatícios
ao advogado da outra; (b) uma parte paga à outra as despesas e os
honorários ao advogado referentes à extensão da respectiva sucumbência; (c)
distribuem-se as despesas entre as partes, consoante a extensão da sua
sucumbência, e, posteriormente, realiza-se a compensação, devendo uma
das partes, existindo saldo credor da outra, restituir o produto a ela
desfavorável nessa equação, independentemente dos honorários, porque
incompensáveis (art. 85, § 14, in fine: “… sendo vedada a compensação em
caso de sucumbência parcial”). O art. 86, caput, a lei adotou a terceira
posição. Porém, o STF, então competente para uniformizar a aplicação do
direito federal, e na vigência da versão reformada do art. 64 do CPC de 1939,
inclinou-se pela segunda tese, atribuindo ao vencido os honorários
advocatícios “ainda que o autor não alcance total êxito de sua pretensão”.163

Essa tardia reminiscência, posto que incompatível com a diretriz positiva


do art. 86, caput, turvou a aplicação da regra similar do direito anterior, porque
“é muito raro que, com o acolhimento da pretensão inferior ao pedido inicial, a
sentença determine duas operações, para depois fazer a compensação, isto
é, em obediência explícita à reciprocidade, fixe honorários a cargo do réu,
para a porção acolhida, e outros honorários advocatícios a cargo do autor,
para a porção rejeitada do pedido”.164

Mantendo escrita fidelidade à diretriz do art. 86, caput, em caso de o juiz


acolher em parte pedido único, mas divisível quantitativamente, a aplicação
da regra é a seguinte quanto às despes processuais: “a condenação
proporcional a que se refere o artigo deve ser a expressão prática, contábil,
de uma verdadeira e rigorosa proporcionalidade financeira, entre os valores,
representativos daquilo que foi pedido e do que denegado”.165 A operação
exigida pela correta aplicação dessa regra, reclama do juiz diversas etapas.
Não é terreno plano e sem asperezas inusitadas.

Então, e preliminarmente, o juiz estabelecerá o percentual de vencimento


de cada parte. Por exemplo, o autor pleiteou 100 (cem) para reparar o
alegado dano sofrido, sendo 70 (setenta) a título de danos emergentes e 30
(trinta) como lucros cessantes; porém, o juiz entendeu insubsistentes os
lucros cessantes e, portanto, só condenou o réu em 70 (setenta). Esses
valores têm dupla função: primeira, fornecem a base do cálculo dos
honorários; segunda, indicam os percentuais, respectivamente 70% (setenta
por cento) e 30% (trinta por cento), que disciplinarão o direito ao reembolso
das despesas processuais.

Às vezes, entretanto, a determinação do vencimento do autor exigirá


esforços hercúleos do órgão judiciário. Ela não é fácil nos casos em que o
autor, desobedecendo ao art. 324, caput, formula pedido genérico. Em tal
dificuldade, o juiz recorrerá a juízo de aproximação, por sua vez estimando o
vencimento. A jurisprudência do STJ estimou que, formulado pedido fixo,
relativamente ao valor dos danos morais, a condenação em quantia inferior
não importa sucumbência parcial (chamada impropriamente de recíproca).
Por óbvio, correto se mostra o vencimento parcial do autor, pois não existe
pedido de valor estimativo,166 mas a Súmula do STJ, n.º 326 (“Na ação de
indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado
na inicial não implica sucumbência recíproca”) dissipou a dúvida. É melhor
uma orientação que nenhuma.

Feita a primeira operação, o juiz fixará os honorários advocatícios,


considerando as diretrizes legais, relativamente ao advogado do autor e ao
advogado do réu. É necessário o juiz fixar honorários a favor do advogado de
uma e de outra parte, pois os critérios do art. 85, § 2.º, mostram-se
estritamente individuais; por exemplo, o zelo do advogado do réu pode ter se
mostrado mais contundente do que o do advogado do autor (v.g., o autor
interpôs apelação intempestiva contra o capítulo desfavorável da sentença),
bem como de maior qualidade as peças apresentadas. Nada exclui, portanto,
sem pejo da prática, que o juiz fixe o percentual dos honorários do réu, cuja
base de cálculo é 30 (trinta), em 20% (vinte por cento), e arbitre os honorários
do advogado do autor, cuja base de cálculo é 70 (setenta), em 10% (dez por
cento).

A etapa subsequente envolve as despesas processuais. Em primeiro


lugar, os valores antecipados pelas partes raramente se mostram idênticos.
Dependem da atividade desenvolvida no processo, maior e menor consoante
as circunstâncias, e do regime do dever de antecipação. Em geral, o autor
tem maiores encargos e realiza as despesas de maior vulto, pois lhe toca,
dentre outros, o dever de antecipar as despesas dos atos ordenados pelo
juiz, ex officio, ou requeridos pelo Ministério Público na condição de parte
coadjuvante. Em outras palavras, os valores variam; por exemplo, o autor
antecipou 10 (dez), porque pagou os expressivos honorários do perito,
enquanto o réu antecipou apenas 4 (quatro).

E ainda pode suceder que uma ou nenhuma das partes tenha antecipado
quaisquer despesas, porque pessoa isenta ou porque o regime do remédio
processual elimina essa despesa (v.g., na ação civil pública, art. 18 da Lei
7.347/1985: “Nas ações de que trata esta Lei, não haverá adiantamento de
custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas…”).

Ademais, existindo despesas antecipadas, o juiz há de aquilatar se a


despesa é, ou não, reembolsável pelo vencido e qual seu montante. É hora de
o juiz examinar o recibo juntado aos autos, relativamente aos honorários
pagos aos assistentes técnicos (retro, 489.3). Talvez haja proferido decisão,
na resolução de certo incidente, atribuindo as respectivas despesas
unicamente a uma das partes. Essas não entram na equação do art.
86, caput.

Depurado o valor das despesas, o juiz aplicará o percentual do


vencimento: o autor tem direito ao reembolso de 70% (setenta por cento)
sobre o valor das suas despesas (10) e o réu a 30% (tinta por cento) do valor
das despesas que antecipou (4). É decorrência da regra da proporcionalidade
inserida no art. 86, caput.
Fixados os honorários advocatícios e, ainda, definido o montante das
despesas reembolsáveis, armam-se os temos da equação: o advogado do
autor tem direito a 7 (sete) a título de honorários advocatícios (dez por cento
sobre setenta) e o próprio autor ao reembolso de 70% (setenta por cento) das
despesas antecipadas, que somam 10 (dez), o que é igual a 7 (sete)
perfazendo 14 (quatorze); de seu lado, o réu tem direito a 6 (seis), a título de
honorários advocatícios (vinte por centro sobre trinta), mas trinta por cento
das suas despesas, o que equivale a 1,2 (um vírgula dois), o que perfaz 7,2
(sete vírgula dois). Desses créditos somente comportam compensação, haja
vista a conexão subjetiva, os relativos às despesas processuais; logo, o autor
será reembolsado em 5,8 (cinco vírgula oito).

Controverteu-se a possibilidade da compensação do valor dos honorários


advocatícios, em casos tais, haja vista o art. 23 da Lei 8.906/1994 declarar o
advogado, e, não, a parte titular desse crédito. Faltaria a conexão subjetiva
própria da figura da compensação em razão da diversidade de credores: os
honorários do advogadoX do autor A são devidos pelo réu B, e os do
advogado Y do réu B são devidos pelo autor A. Firmou-se a jurisprudência do
STJ, entretanto, no sentido de admitir a compensação, conforme a Súmula,
n.º 306: “Os honorários advocatícios devem ser compensados quando houver
sucumbência recíproca, assegurando o direito autônomo do advogado à
execução do saldo sem excluir a legitimidade da própria parte”. A
circunstância de uma das partes usufruir do benefício da gratuidade não obsta
a compensação.167 Do ponto de vista dogmático, e para abreviar o assunto, a
Súmula do STJ criou exceção à regra geral em matéria de compensação.168

Deu cabo dessa orientação o art. 85, § 14, in fine. Os honorários tocam ao
advogado da parte (art. 85, caput) e não comportam compensação.

Após a análise da operação, imperioso reconhecer a sabedoria natural da


pessoa investida na função judicante, condenando o réu, no caso de
sucumbência parcial, ao pagamento de 70% (setenta por cento) dos
honorários advocatícios, fixados no percentual de 10% (dez por cento) –
alguns juízos preferência o salomônico (e invariável) percentual de 15%
(quinze por cento) –, e das despesas processuais. Afinal, o capítulo acessório
não pode obrigar o juiz a raciocínio mais complexo e demorado que o capítulo
do mérito…

Em tema de sucumbência parcial no caso de cumulação de pedidos,


tecnicamente a operação não é muito diferente. Cumpre considerar, agora, a
extensão do vencimento econômico do autor perante o acolhimento de um
dos pedidos, ou alguns deles, dentre os vários formulados perante o réu, mas
não de todos. E pode acontecer que um dos pedidos, ou alguns deles, sejam
acolhidos em parte, resultando combinação complexa, aumentada no caso de
sucumbência paralela,169 ou seja, no caso da existência de litisconsórcio ativo
e vencimento parcial de cada um dos autores. Recorde-se, outra vez, a
inexistência de solidariedade na obrigação de os autores reembolsarem as
despesas e pagarem os honorários ao réu vencedor (art. 87), e,
reciprocamente, da obrigação dos diversos réus.

Aplicam-se essas diretrizes, sem outros sobressaltos que não os da


proporcionalidade exigida no art. 86, caput, na cumulação simples e na
cumulação sucessiva. A cumulação eventual (art. 326) constitui outro
problema.

Também se controverteu, formulando o autor dois ou mais pedidos para o


subsequente ser examinado no caso de rejeição do antecedente, a existência
de sucumbência parcial no caso de rejeição deste e de acolhimento daquele,
máxime perante a falta de coincidência do conteúdo econômico de um pedido
e outro. Entende-se que, assim acontecendo, ocorrerá sucumbência
parcial, in verbis: “Havendo a rejeição do pedido principal e o acolhimento de
outro subsidiário, estará configurada a mútua sucumbência, podendo o juiz,
no caso concreto e com recurso ao juízo de equidade, atribuir os ônus
sucumbenciais integralmente ao réu, quando reconhecer a sucumbência
mínima do autor naqueles em que há parcial equivalência entre os pedidos
principal e subsidiário”.170 O problema desse entendimento reponta no
desestímulo de o autor formular em caráter principal um pedido mais
audacioso (v.g., em desconformidade com a jurisprudência prevalecente, mas
errada), resguardando-se contra a sua possível rejeição com o pedido
subsequente mais conformista, pois não desfrutará nenhuma diminuição dos
riscos financeiros do processo.171 O temperamento introduzido pela parte final
do precedente transcrito é salutar.

2.116.2 Vencimento recíproco – Ocorrerá sucumbência recíproca na


hipótese de as partes formularem pedidos em contraposição. E a hipótese
mais óbvia e comum decorre da pretensão reconvencional do réu. A esse
propósito, duas são as situações concebíveis, sem prejuízo da interferência
da cumulação de pedidos na ação e na reconvenção.

Se o juiz julgar a ação e a reconvenção procedentes ou improcedentes


conjuntamente (art. 487, I), havendo pedidos únicos ou múltiplos em cada
uma delas. Em tais hipóteses, o juiz atribuirá ao advogado de cada parte
mutuamente vencida, ou seja, ao autor e ao réu, os honorários advocatícios,
atentando, especialmente, à diversidade do conteúdo econômico das
respectivas pretensões – a reconvenção constitui demanda autônoma e tem
conteúdo econômico determinado ou determinável (art. 292, caput), sem
relação necessária com a demanda do autor –,172 nos termos já explicados.
Na prática, haverá saldo favorável ao litigante que venceu em maior extensão.
Conforme decidiu o STJ, “os honorários advocatícios, na reconvenção, são
independentes daqueles fixados na ação principal, razão pela qual pode ser
estabelecido percentual distinto para seu cálculo”.173

O seguinte exemplo esclarece a situação: o autor A pediu a condenação


do réu B em 100 (cem), mas este reconveio, pedindo a condenação de A em
50 (cinquenta), e o juiz acolhe ambos os pedidos. De olhar fito às diretrizes do
art. 85, § 2.º, considerando a diversidade do trabalho desempenhado pelos
advogados das partes para obter o êxito, o juiz condena o réu a pagar
honorários no percentual de 20% (vinte por cento) sobre 100 (cem), o que
perfaz 20 (vinte), e o autor a pagar honorários no percentual de 10% (dez por
cento) sobre 50 (cinquenta), o que perfaz 5 (cinco).

Se o juiz acolhe a pretensão do autor, mas rejeita a pretensão


reconvencional, ou vice-versa, o caso muda de figura. Desaparecerá a
sucumbência recíproca, porque só uma das partes restou vencida, e,
conseguintemente, não incidirá o do art. 86, caput. O juiz somente condenará
o vencido, ou seja, conforme a hipótese, o autor ou o réu, ao pagamento dos
honorários advocatícios ao respectivo advogado, e, a fortiori, ao reembolso à
parte das despesas processuais da parte. Não há óbice maior à incidência do
art. 85, § 8.º, no tocante ao juízo de improcedência. Por exemplo, o
autor A pediu a condenação do réu B ao pagamento de 100 (cem), mas o
réu B reconveio, pleiteando a condenação do autor A ao pagamento de 50
(cinquenta), e o juiz acolheu o pedido do autor e rejeitou o pedido do réu:
cabe-lhe fixar honorários a favor do advogado do autor entre dez e vinte por
cento de x, na forma do art. 85, § 3.º, mas verba que remunere os serviços
prestados para rejeitar o pedido de y, consoante o art. 85, § 8.º.174

A compensação das despesas processuais, reunidos processos


autônomos por força de conexão (art. 55), suscita dúvida.175 Admitia-se
semelhante compensação entre o processo cautelar e o processo
principal,176 por força da relação de dependência, mas tal não é mais possível,
ante o art. 85, § 14, relativamente aos honorários advocatícios. Porém, no
tocante às despesas processuais, a compensação é a solução mais justa: a
conexão reuniu processos distintos e não discrepa da que autorizaria os
adversários deduzirem suas pretensões processuais in simultaneo processu.

2.116.3. Vencimento mínimo – O art. 86, parágrafo único, autoriza o juiz a


não aplicar a regra da compensação proporcional dos vencimentos no caso
de um litigante decair de parte mínima do pedido. É regra de fechamento do
sistema.

Aplica-se o dispositivo nos casos de sucumbência parcial e de


sucumbência recíproca. Ao medir o vencimento econômico de cada uma das
partes, o juiz verifica que uma delas sucumbiu minimamente, considerando o
valor do êxito; por exemplo, o autor A pediu a condenação do réu B em 100
(cem), compreendendo o principal e os juros compensatórios, e o juiz acolheu
o pedido em parte, restringindo o percentual dos juros, o que reduziu a
condenação a 98 (noventa e oito).

Desse modo, a noção de parte mínima é uma relação entre dois termos: o
ganho e a perda.177 É preciso que a perda seja insignificante ou pouco
expressiva no conjunto.178 Também aqui a identificação do conteúdo
econômico do vencimento oferece expressivas dificuldades, superadas, na
prática, por certa margem de arbítrio, considerando decaimento mínimo o que
não o seria, de ordinário, a fim de atalhar a complexa operação necessária à
correta aplicação do art. 86, caput. O STJ tem recusado reexaminar o juízo
fixado nas instâncias ordinárias a respeito do decaimento mínimo, mas,
pronunciando-se originariamente, em razão do provimento do recurso
especial, segue a linha preconizada, proclamando: “O fato de o valor devido
ter sido significativamente maior que o crédito cálculo não caracteriza
sucumbência mínima, pois deve-se considerar os pedidos deferidos e
indeferidos, e não simplesmente o valor a ser restituído”.179

Capítulo 91. REMESSA NECESSÁRIA


SUMÁRIO: § 437.º Remessa necessária em geral – 2.117. Origens da
remessa necessária – 2.118. Evolução da remessa necessária – 2.119.
Institutos afins na remessa necessária – 2.120. Natureza jurídica da remessa
necessária – § 438.º Cabimento da remessa necessária – 2.121. Casos gerais
de remessa necessária – 2.121.1. Sentença contra pessoas jurídicas de
direito público – 2.121.2. Sentença contra a pretensão a executar da Fazenda
Pública – 2.122. Exclusões da remessa necessária – 2.122.1. Exclusão da
remessa necessária em razão do valor – 2.122.2. Exclusão da remessa
necessária em razão da matéria – 2.123. Casos especiais de remessa
necessária – § 439.º Efeitos da remessa necessária – 2.124. Efeito obstativo
da remessa necessária – 2.125. Efeito devolutivo da remessa necessária.

§ 437.º Remessa necessária em geral

2.117. Origens da remessa necessária

A remessa necessária originou-se no velho direito português. Era


conhecida como apelação ex officio. Entende-se por tal a sujeição obrigatória
da sentença de procedência emitida em primeiro grau ao órgão ad
quem independentemente da interposição do recurso porventura cabível – a
apelação “voluntária”. Essa feição subsiste no processo civil brasileiro.

A criação do instituto, no estudo histórico até hoje insuperável ao seu


respeito, inicialmente recebeu avaliação positiva. O gênio lusitano instituiu
expediente apto a “corrigir o rigor do princípio dominante e os exageros
introduzidos no processo inquisitório”.1

Ao que consta, a Lei portuguesa de 12 de março de 1355,2 introduziu a


figura nas Ordenações Afonsinas (Livro 5, Título 58, n. 11). No processo
penal, porém: sujeitavam-se à remessa automática ao segundo grau as
sentenças que julgavam crimes cuja apuração iniciara por devassa ou, a
despeito da querela do ofendido, se tratasse de delito público.3 As
Ordenações Manuelinas estenderam a apelação ex officio às interlocutórias
mistas.4 E, omitindo-se o juiz de aviá-la, suportava graves sanções, incluindo
eventual perda do cargo.5 As Ordenações Filipinas (Livro 5, Título 122)
previram várias exceções ao dever de o juiz apelar da própria sentença, seja
oficial, seja particular a acusação.6

Esses dados basearam o juízo que a apelação ex officio representa


criação singular do direito processual penal português. Naquela conjuntura,
governado o processo civil pelo princípio dispositivo na dimensão clássica,
representativa do modelo liberal (retro, 78), a apelação ex
officio contrabalançava os excessos do processo penal autoritário (ou
inquisitório), permanecendo aquele refratário à figura.7 Fator distinto impeliu o
mecanismo à esfera civil: o político. À monarquia portuguesa interessava esse
instrumento centralizador e de ele serviram-se “os dinastas portugueses para
a instauração paulatina do absolutismo, e em detrimento das Justiças locais”.8

É altamente duvidoso o confinamento da apelação ex officio, posto que


por certo período às sentenças criminais. As Ordenações Afonsinas (Livro 5,
Título 59, n.º 11) estipulavam aos juízes que “enviem todallas appellaçeeens
dos feitos, de que alguns apellarem, ou elles polla Justiça… aos nossos
Ouvidores do Crime; e todallas outras appellaçeeens dos feitos civis, enviem
aos nossos Sobre-juízes da Casa do Civil”. Segundo o alvitre dominante, o
texto não cuida de apelações civis, senão de feitos criminais. Por esse motivo,
o n.º 18 do Título 59, “corregendo en esta parte”, definiu a competência da
Corte.9 Ora, a necessidade de corrigir a lei, excluindo as “appelaçeeens dos
feitos civis”, indiretamente comprova o cabimento de apelações civis ex
officio.

Leis extravagantes, séculos depois, revelavam o emprego civil do remédio,


obrigando o juiz a apelar em diversas causas fiscais, a exemplo da que
reconhecia o privilégio de não pagar “jugada”, vale dizer, imposto sobre terras
lavradas, em razão do § 63 do Alvará de 20.04.1775, e da decisão do
almotacel que absolvia da coima (Alvará de 21.06.1635).10

O direito brasileiro emprestou maior abrangência à apelação ex officio.

2.118. Evolução da remessa necessária

A Lei brasileira de 04.10.1831 visualizou na apelação ex officio valioso


instrumento de defesa do erário. Para essa finalidade, transferiu o remédio
formalmente para o processo civil, cabendo ao juiz interpô-lo das sentenças
proferidas contra a Fazenda Nacional, em razão do art. 90, introduzido nos
trâmites legislativos.11Repetiu a regra, nas causas superiores à alçada, o art.
13 da Lei 242, de 29 de novembro de 1841.12 Daí chegou a outros feitos, a
exemplo da nulidade de casamento ou do suprimento da vontade do
representante judicial do menor que pretendesse contrair bodas. A extensão a
outros feitos não turvou a finalidade precípua do remédio, que é a defesa do
erário.13

A República elevou a remessa necessária à estatura constitucional na


CF/1934 (art. 76, parágrafo único, e art. 144, parágrafo único) e na CF/1937
(art. 101, parágrafo único). Neste último caso, tocava a interposição ao
presidente do tribunal de segundo grau, mas em caráter facultativo.14 A
previsão desse reexame forçado da sentença de primeiro grau passou às leis
estaduais (v.g., no último da série, o CPC de São Paulo, art. 1.076).

Em virtude do art. 101, parágrafo único, da CF/1937, a apelação ex


officio chegou ao CPC de 1939 (art. 822). Várias disposições ulteriores,
fundadas em razões de conveniência da Fazenda Pública reproduziram o
mecanismo (v.g., art. 28, § 1.º, do Dec.-lei 3.365, de 21.06.1941; art. 19,
primeira parte, da Lei 4.717, de 29.06.1965). Essas disposições adaptaram-se
ao CPC e subsistem vigentes. O art. 14, § 1.º, da Lei 12.016/2009 preservou o
instituto no mandado de segurança, prevendo o reexame no caso de
concessão da ordem.

O reexame do cabimento da apelação ex officio no primeiro código unitário


auxilia a compreensão da sistemática vigente.

Um dos aspectos menos felizes do CPC de 1939 era o âmbito de


admissibilidade da apelação. Em princípio, este magno recurso cabia das
“decisões definitivas de primeira instância”. Das sentenças terminativas, ou
seja, das “decisões que impliquem a terminação do processo principal, sem
lhe resolverem o mérito” (art. 846 do CPC de 1939), cabia agravo de petição.
Ora, a respeito da noção de mérito jamais existiu convergência,15 e, nada
obstante, tal era o critério eleito para discriminar tais recursos, confusão
aumentada pelo fato de a lei processual nem sempre empregar a apelação
contra sentenças de mérito, preferindo o mais flexível agravo de petição.
Dessa área de indefinição não se livrou a apelação ex officio. Realmente,
contra as sentenças de mérito, o CPC de 1939 previu apelação “voluntária”
(art. 821, caput) ou “necessária ou ex officio” (art. 822, caput). Em tal assunto,
o CPC de 1939 se guiou, estritamente, pela distinção corrente na doutrina.16

A apelação ex officio entendia-se interposta “pelo juiz mediante simples


declaração na própria sentença” (art. 822, caput). Esta curiosa peculiaridade,
reputada o “germe de sua própria destruição”,17 galvanizou o debate sobre a
natureza jurídica desse recurso. Porém, ela não se afigurava decisiva. A
alçada do processo ao órgão ad quem decorrida do imperativo legal, e, não,
da vontade do sentenciador. Por conseguinte, “a declaração do juiz não o cria,
como a sua omissão não o pode suprimir, pois a lei o impõe exatamente para
subtraí-lo à vontade eventual dos interessados ou agentes do
Estado”.18 Entendia-se que, omitida a providência, nenhuma eficácia
ostentava o pronunciamento.19 Os efeitos do ato ficavam tolhidos, justamente,
ante a simples previsão do recurso. Faltava apenas o ato de remessa ao
órgão ad quem, providência oportuna a qualquer tempo, por iniciativa do
próprio juiz ou a requerimento das partes.20 E, presentes os autos no tribunal,
em decorrência do apelo das partes, julgava-se o recurso ex officio.21

A apelação ex officio admitia-se nos seguintes casos (art. 822 do CPC de


1939): (a) das sentenças de nulidade do casamento, hipótese inspirada por
juízo particularmente propenso a anular o vínculo matrimonial;22 (b) das
sentenças homologatórias de desquite amigável; e (c) proferidas contra a
União, Estado e Município, incluindo a liquidação da sentença
condenatória.23 Em comparação ao casuísmo do velho direito português, o
dispositivo restringiu a amplitude do recursoex officio, sobressaindo-se,
todavia, a defesa do erário como fundamento do remédio.

Não contemplava mecanismo análogo o anteprojeto do CPC de 1973,


refletindo a convicção do respectivo autor, convindo “extirpá-lo do Código
como remédio de energia terapêutica negativa”.24 Esse juízo repetia as
palavras e crítica alheia.25 Em que pese opinião conspícua, o banimento não
lograva unanimidade, contando a favor do seu uso voz do maior respeito.26 A
visão mais equilibrada divisava a conveniência da manutenção do mecanismo
nas causas envolvendo a Fazenda Pública. Em tais feitos, o debate se
concentra nas questões de direito, em regra, e a do erário, realizada pela
advocacia pública, só indiretamente suporta os efeitos da derrota.27

O projeto definitivo contemplou a figura por sugestão da Comissão


Revisora e, como solução diplomática, localizou-a no capítulo da sentença e
da coisa julgada.28Este pormenor justifica o tratamento aqui da matéria – e no
livro de recursos. Na pior das hipóteses, com efeito, a remessa necessária
constitui sucedâneo recursal.

Retocada a fisionomia, a apelação ex officio ressurgiu no art. 475, caput,


do CPC de 1973. Esta disposição sujeita “ao duplo grau de jurisdição” certas
sentenças de procedência e, eventualmente, de improcedência. Problema
distinto consiste no alcance do ajuste.

Ao propósito, calha recordar o caráter indômito da figura, cuja capacidade


invulgar de sobrevivência à má vontade e às incompreensões ressalta do art.
3.º da Lei 8.437, de 30.06.1992. Este dispositivo outorgou efeito suspensivo
ao “recurso voluntário ou ex officio, interposto contra sentença em processo
cautelar, proferida contra pessoa jurídica de direito público ou seus agentes”.
Tal recurso só pode ser o de apelação (art. 1.009, caput). À luz dessa
disposição, restam dois termos de alternativa: a apelação ex
officio ressuscitou, após dezoito anos no sepulcro, ou jamais foi proscrita e, na
realidade, subsistiu no art. 475 do CPC de 1973.

O art. 496 do NCPC rejeitou as vozes contrárias e manteve a figura da


remessa necessária.

2.119. Institutos afins da remessa necessária

O direito estrangeiro conhece institutos similares à remessa obrigatória.29

Sob a sugestiva designação de consulta, e por força da herança comum


das Ordenações Filipinas, o recurso ex officio difundiu-se na América
hispânica em matéria penal.30 Não lhe ignora, igualmente, o processo civil. A
obrigatória elevação da sentença de interdição ao tribunal, em “consulta”,
recebeu previsão nos estatutos de processo das províncias argentinas de
Entre Ríos (art. 616) e de Jujuy (art. 416).31

Posteriormente, o último diploma inspirou o legislador a introduzir a figura


da “consulta” no Código Procesal Civil y Comercial de La Nación, nacional, de
1968, mas extensamente reformado, rejeitando a doutrina natureza recursal à
figura e atribuindo-lhe o fundamento de “proteger en la segunda instancia una
exacta valoración de las causas en las cuales no exista seguridade de que la
defensa de una de las partes va a estar perfectamente articulada”.32

O art. 386 do CPC de Colômbia acolhe a consulta nas sentenças


condenatórias da Fazenda Pública – o legado filipino retorna vigoroso – ou
sentenças de procedência da interdição, dentre outros casos.33 O Codigo
Judicial panamenho, de 1970, também consagra a consulta para assegurar
melhor acerto nas sentenças.34

Sob o nome abrangente de “consulta”, entretanto, variam profundamente


as fórmulas legislativas, às vezes desfigurando os traços essenciais do
instituto. No direito uruguaio, por exemplo, a par da “apelación automática” –
equivalente, a rigor, à apelação ex officio e à consulta argentina ou
colombiana –, no processo penal, a “consulta” ao tribunal “sólo tiene fines de
control administrativo de la actividad jurisdiccional, pero no modifica la
sentencia, ni afecta la cosa juzgada”.35

2.120. Natureza jurídica da remessa necessária

Os arts. 808, I, 821, caput, e 822, caput, do CPC de 1939 conferiram


tratamento de recurso ao instituto proveniente do direito português, separando
a apelação em duas espécies: (a) voluntária; e (b) obrigatória.36

Essa construção legislativa contrariava a opinião prevalecente. Ressalva


feita a voz isolada, que identificada no recurso ex officio “o requisito
específico, por excelência, de todo o recurso” – a revisão do julgado por órgão
judiciário hierarquicamente superior –,37 rotulava-se a hipótese de simples
“providência”.38 Os críticos flexíveis discerniam expediente fronteiriço, em todo
caso inconfundível e diferente do recurso.39 Idêntico alvitre recai sobre a
“consulta” no direito argentino.40

Funda-se a orientação majoritária na falta da nota essencial ao conceito


de recurso: a voluntariedade. O “juiz não pode demonstrar ‘vontade’ em
recorrer, já que a lei lhe impõe o dever de remeter os autos à superior
instância”.41 E, ademais, constituindo recurso em sentido próprio a via
impugnativa mencionada no catálogo adequado, o deslocamento da antiga
apelação ex officio do capítulo de recursos para o da sentença, no CPC de
1973, e, conseguintemente, a ausência do remédio no rol dos recursos, o
princípio da tipicidade permite concluir que, no segundo código unitário, a
remessa não tem natureza recursal.42 Este argumento de modo algum se
afigura decisivo. Por óbvio, inclusão no catálogo da lei atribui natureza
recursal; todavia, eventual ausência não significa necessariamente não se
tratar de recurso. Os “embargos infringentes” do art. 34, caput, da Lei
6.830/1980 não constam do art. 994 do NCPC, mas constituem recurso.
Tampouco a falta de alguma condição de admissibilidade – e, no caso da
remessa, avulta o problema do prazo – oferece argumento imbatível, porque
existem recursos assim beneficiados (v.g., a dispensa de preparo). Seja como
for, o entendimento que, na remessa, quem recorre é o Estado, permaneceu
isolado.43

Partindo da premissa de a remessa necessária não constituir recurso,


razão bastante para repelir a terminologia reinol (apelação ex officio), o rótulo
preferido – “providência” – tampouco se mostra satisfatório ou
elucidativo.44 Não desvela o âmago da remessa necessária. Também as
expressões sucedâneas de figura, de instituto, de mecanismo e de
expediente, ora utilizadas, incorrem em idêntico defeito. É preciso enunciar a
natureza jurídica da remessa necessária – designação formal da Seção III do
Capítulo XIII – Da Sentença e Da Coisa Julgada – do Título I – Do
Procedimento Comum – do Livro I da Parte Especial do NCPC –, remessa
oficial ou reexame obrigatório de forma convincente. Afinal, cuida-se de
instituto largamente aplicado, sobrevivendo às tramas e às investidas dos que
lhe propugnavam a sumária eliminação.

Feita abstração a aspectos secundários, a exemplo da presença do


impulso inicial e da correlata ausência de impugnação,45 a concepção
prevalecente divisa ato condicional na sentença sujeita ao reexame
necessário ato.46 Os efeitos naturais ou próprios da sentença de procedência
– aparente denominador comum dos incisos I e II do art. 496; mas, o art.
19, caput, da Lei 4.717/1965 prevê remessa necessária na sentença
terminativa da ação popular, e sentenças de improcedência também se
incluem no inciso I do art. 496 – ficam inibidos e, na pendência do reexame
compulsório, o provimento subordina-se à condição suspensiva. Quer dizer, “a
não superveniência de outro pronunciamento, na instância recursal, é a
condição legal negativa cujo implemento lhe permite irradiar normalmente os
efeitos próprios”.47

A tese explica a condição jurídica da sentença sujeita a recurso, que pode


ou não ser impugnada por iniciativa do legitimado a recorrer. Entretanto, nada
tem a ver com a hipótese em que a sentença, nada obstante a aquiescência
expressa ou tácita dos litigantes manifestada quanto à deliberação tomada,
permanece ineficaz sem a confirmação do tribunal. Em tal conjuntura, nunca
“faltará” semelhante condição. O julgamento no tribunal assume o papel de
evento futuro, mas imprescindível (= certo) à produção dos efeitos naturais do
ato do juiz.48 O caráter necessário do evento futuro é incompatível com a
noção de condição ministrada no art. 121 do CC. Ademais, remanesceria sem
explicação o fato de a sentença “sob condição” produzir excepcionalmente os
efeitos próprios, como sucede no mandado de segurança, a teor do art. 14, §
1.º c/c § 3.º, da Lei 12.016/2009.

É ainda mais frágil assentar a essência do recurso ex officio na “ordem de


devolução, imposta pela lei, que transfere à instância superior o conhecimento
integral da causa”.49 Essa devolução constitui aspecto real do instituto, mas
incapaz de revelar-lhe a natureza. Em última análise, “ato de impulso” e
“ordem de devolução” são notas inexpressivas. E nem sempre tal ordem se
apresenta como imperativa. O art. 898 da CLT torna a remessa necessária
mera faculdade do órgão judiciário. A devolução da causa ao Tribunal
representa simples efeito da medida prevista no art. 496.50

Da parte geral do direito administrativo, o processo civil importou sem


maiores reflexões a noção de ato complexo.51 Às vezes, a sentença resulta da
colaboração de dois órgãos no plano vertical. Seu exemplo mais perfeito
desponta no julgamento do tribunal do júri: os jurados decidem sobre o fato e
suas circunstâncias; o juiz aplica a lei.52 Logo se percebe a frisante analogia
com a remessa necessária, por intermédio do qual a sentença não produz
efeitos “senão depois de confirmada pelo tribunal” (art. 496, caput). O STJ já
se deixou seduzir pela tese em certo julgado: “A decisão de primeiro grau,
contrária ao Estado, constitui o primeiro dos momentos de um ato judicial
complexo cujo aperfeiçoamento requer a manifestação do tribunal”.53

O entusiasmo por essa tese cede a duas imperiosas razões. Em primeiro


lugar, o provimento do órgão ad quem produz efeito substitutivo (art. 1.008),
no todo ou em parte; ademais, no ato complexo há o concurso autônomo da
vontade de dois órgãos diferentes, originando-se os elementos de incidência
de duas fontes distintas, e não se pode dizer que a manifestação do órgão ad
quem integra a sentença, porque, na realidade, agrega-lhe eficácia. Ora,
nesse último caso cuidar-se-ia de ato composto.54 É o que acontece na
apreciação da legalidade de alguns atos (v.g., a aposentadoria do servidor
público) da Administração pelo Tribunal de Contas (art. 71, III, da
CF/1988).55 Em certa oportunidade, o STJ remarcou a diferença: “O ato
administrativo complexo constitui-se pela manifestação de vontade de mais de
um órgão. O ato administrativo composto forma-se pela atuação de um órgão,
todavia torna-se exequível com a aprovação de outro”.56

Esta última tese parece harmonizar-se ao teor literal do art. 496, caput, do
NCPC. A sentença de primeiro grau não surtirá qualquer efeito senão depois
da confirmação pelo segundo grau. E, aí, outra vez a dura realidade
compromete a solidez da construção. O tribunal não se limita a confirmar ou a
rejeitar o ato decisório, conferindo-lhe, no primeiro caso, plena eficácia, a
exemplo do controle de legalidade realizado pelo Tribunal de Contas. Vai bem
mais longe. O tribunal retocará e modificará tudo quanto lhe aprouver, da
fundamentação ao dispositivo. Eis o motivo por que o julgamento substituirá,
integralmente, o originário.
Logo, a manifestação do tribunal, a teor do art. 496, caput, não constitui
fator de eficácia do provimento emitido em primeiro grau. O fenômeno é
completamente diferente do ato administrativo composto. E, além disso, só
pode-se dizer que o órgão ad quem coopera com o primeiro grau em sentido
pedagógico. A atividade do tribunal na remessa necessária consiste em
“verificar o acerto do seu julgamento, que pode manter ou
reformar”,57 afastando toda consideração relativa ao ato complexo.

O efeito substitutivo da decisão do órgão fracionário do tribunal é sempre


“total”. O art. 1.008 alude à substituição da sentença “no que tiver sido objeto
de recurso”. Sem embargo, a mais autorizada doutrina reconhece que o
acórdão do tribunal substitui a sentença “sempre que este a revê ex vi
legis”.58 Curiosamente, a incidência do efeito substitutivo previsto no art. 1.008
(a) repele a remessa necessária da seara do ato complexo e (b) aproxima o
instituto da natureza recursal.

E, com efeito, revela-se vã a tentativa de dissociá-lo, tratando-o como


parente rejeitado, dos laços de sangue com a família dos remédios
impugnativos às resoluções judiciais. A rejeição ao instituto secular mais
prejudica seu emprego quotidiano do que lhe auxilia e facilita a compreensão.

Ao contrário do que faria supor sua localização geográfica no NCPC, no


direito anterior resultante de concessão reverencial ao autor do anteprojeto do
NCPC e, no atual, por falta de outro sítio, e independentemente da mens
legislatoris, o art. 496, caput, manteve a velha e incompreendida apelação ex
officio. A mens legislocalizava-se na versão original do parágrafo único do art.
475 do CPC de 1973, prevendo a remessa “haja ou não apelação voluntária
da parte vencida”, tornando “implícita a referência, uma vez que se adjetivou a
‘outra’ espécie de apelação (apelação voluntária)”,59 à apelação ex officio.
Emendado este defeito, supostamente decorrente de cochilo do
legislador,60 subsistem outras referências no mesmo sentido (art. 3.º da Lei
8.437, de 30.06.1992).

O elemento comum dessas espécies de apelação “é a devolução ao


juízo ad quem do julgamento proferido em primeira instância”,61 devolução
voluntária ou necessária conforme se dê por iniciativa do vencido ou mediante
impulso oficial. E o conceito geralmente admitido de recurso não compreende
a apelação ex officio, há que alterá-lo para melhor, porque sucumbiu ao
método das conjecturas e refutações, e, não, deixar de fora a remessa oficial
do seu âmbito. Por sinal, o art. 898 da CLT consagra remessa “voluntária”.62

§ 438.º Cabimento da remessa necessária

2.121. Casos gerais de remessa necessária

Os incisos I e II do art. 496 contemplam remessa necessária da sentença


de procedência: (a) proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o
Município e as respectivas autarquias e fundações de direito público; (b) nos
embargos à execução de dívida ativa da Fazenda Pública (art. 784, IX),
julgados procedentes no todo ou em parte.
Foi abolida a remessa oficial na sentença anulatória do casamento. O
sistema jurídico brasileiro passou a admitir o divórcio e, portanto, desapareceu
a tutela absoluta ao vínculo matrimonial, objeto da antiga remessa.

2.121.1. Sentença contra pessoas jurídicas de direito público – A previsão


do art. 496, I, relativamente à sentença proferida contra a União, o Estado, o
Distrito Federal, o Município e as respectivas autarquias e fundações de
direito público, evidencia a finalidade da remessa necessária – proteção ao
erário –, e, inversamente, alimenta a obstinada resistência contra o instituto. O
adversário das pessoas de direito público arroladas só pode ser o particular e,
nesse caso, a remessa oferece sólida barreira aos excessos e à temerária
liberalidade com o erário, baseada em teses jurídicas implausíveis e
improcedentes. Não raro o imaginário popular justifica o locupletamento
individual pelos desperdícios reais e virtuais da Administração Pública. Fato é
que a cidadania desenvolveu-se de forma incipiente e parcial, entre nós,
visualizando só direitos sociais e descartando qualquer responsabilidade
coletiva no emprego das verbas públicas. Ora, houvesse tal responsabilidade
difusa, desnecessário recorrer à remessa necessária. Eis o problema
fundamental, e, não, a suposta dificuldade de defesa, a cargo da competente,
eficiente e muito bem aparelhada advocacia pública de carreira.

À incidência do art. 496, I, não importa a natureza – declaratória,


constitutiva, condenatória, executiva e mandamental – da pretensão deduzida
contra a pessoa jurídica de direito público ou por esta deduzida. As
preocupações concentram-se na pretensão a condenar contra a Fazenda
Pública. Os efeitos do elemento condenatório atingem imediatamente o erário.
Entretanto, pretensões de outra índole também se submetem à remessa. Por
exemplo, a dissolução do contrato administrativo – pretensão constitutiva
negativa –, e a restauração da equação econômico-financeira originária do
contrato – pretensão constitutiva modificativa – têm idêntico potencialmente
gravoso ao erário.

O inciso I do art. 496 aplica-se às sentenças de improcedência.


Literalmente, abrange as sentenças proferidas “contra” as pessoas jurídicas
de direito público e a sentença de improcedência tem sinal contrário ao
interesse. Nesse sentido, decidiu o STJ: “Se o legislador não excluiu
expressamente a submissão ao duplo grau quando o ente público autor da
demanda de conhecimento for vencido, não cabe ao intérprete excluí-la de
maneira mais gravosa à parte. Aplica-se, in casu, a máximainclusio unius
alterius”.63

O art. 496, I, contempla, como já o fizera o art. 10 da Lei 9.469/1997, os


pronunciamentos condenatórios contra as autarquias, anteriormente objeto de
controvérsia,64 e as fundações públicas. As causas previdenciárias sujeitam-
se à revisão obrigatória, porque o instituto de previdência oficial organizou-se
sob a forma autárquica.65 E, relativamente às fundações, a incidência da regra
dependerá da personalidade (pública ou privada) outorgada no momento da
respectiva constituição. Existem fundações mantidas integral ou parcialmente
pelo poder público de personalidade de direito privado. Em tal hipótese,
inexistirá revisão obrigatória. O art. 496, I, inclui, ademais, o Distrito Federal,
pessoa jurídica esquecida na redação originária da regra equivalente do
direito anterior.
As empresas públicas e as sociedades de economia mista ostentam
personalidade jurídica privada, a teor do art. 173, § 1.º, da CF/1988,66 e, por
conseguinte, não cabe a remessa necessária das sentenças contra elas
proferidas, ressalva feita a incidência de outra hipótese de cabimento. Assim,
impetrado mandado de segurança contra ato de representante de sociedade
de economia mista e concedida a ordem, haverá reexame necessário por
força do art. 14, § 1.º, da Lei 12.016/2009.67

2.121.2. Sentença contra a pretensão a executar da Fazenda Pública – O


art. 496, II, prevê remessa necessária da sentença de procedência total ou
parcial dos embargos opostos pelo executado contra a execução da dívida
ativa das pessoas jurídicas de direito pública, cujo procedimento encontra-se
previsto na Lei 6.890/1980 e, no essencial, não discrepa do procedimento
comum da execução por via de expropriação.

Essa redação afasta a orientação que prevaleceu no STJ, contra o melhor


aviso,68 contrária à admissibilidade da remessa da sentença de procedência
dos embargos opostos na execução fiscal.69 Resolvido este problema
específico, a regra de exclusão ratione valori do art. 496, § 3.º, ensejou outros,
adiante examinados (infra, 2.122), ressaltando-se desde logo que semelhante
restrição não se aplica às sentenças ilíquidas proferidas nos embargos
(Súmula do STJ, n.º 490).

2.122. Exclusões da remessa necessária

A título de concessão aos críticos da remessa necessária, e repetindo o


direito anterior com maiores especificações, o art. 496 erigiu duas hipóteses
de exclusão: (a) em razão do valor e conforme a qualidade da parte (art. 496,
§ 3.º, I a III); (b) em razão do conteúdo da sentença, fundamentalmente nos
casos em que o órgão judiciário de primeiro grau encontra-se adstrito à
súmula de jurisprudência dominante e ao precedente haurido do julgamento
dos casos repetitivos (art. 928), bem como em manifestação, parecer ou
súmula administrativa de orientação vinculante à Administração (art. 496, §
4.º, I a IV). Elas merecem análise separadamente.

Essas restrições não se aplicam aos reexames previstos nas leis


extravagantes (infra, 2.123).70 Por exemplo, no caso do art. 14, § 1.º, haja
vista o caráter especial da regra.71

2.122.1 Exclusão da remessa necessária em razão do valor – A remessa


necessária não tem cabimento, transitando em julgado a sentença definitiva
inexistindo apelação, quando “a condenação ou o proveito econômico obtido
na causa for de valor certo e líquido” inferir a determinadas quantias, assim
estipuladas: (a) mil salários-mínimos para a União e respectivas autarquias e
fundações de direito público; (b) quinhentos salários-mínimos para os
Estados-membros, o Distrito Federal, as respectivas autarquias e fundações
de direito público e os Municípios que constituam capitais dos Estados; (c)
cem salários-mínimos para todos os demais Municípios e respectivas
autarquias e fundações de direito público (art. 496, § 3.º, I a III). Nos termos
em que redigido o art. 496, § 3.º, II, em contraste com o inciso seguinte, fica
claro não se incluírem na ressalva as autarquias e as fundações de direito
público dos Municípios que constituam capitais dos Estados-membros;
portanto, sujeitam-se à remessa necessária, independentemente do valor da
condenação ou do proveito econômico.

À primeira vista, o critério ratione valori ostenta caráter objetivo e não


deveria provocar controvérsias de maior quilate. Tratando-se dos embargos
opostos à execução do crédito fiscal, por exemplo, bastaria verificar o
montante da sucumbência do exequente, limitado ou não àquela quantia
(sessenta salários mínimos). Ficando a sucumbência aquém da barreira,
dispensar-se-ia a remessa do provimento ao órgão ad quem.

A consideração puramente econômica despreza outros atributos e


aspectos relevantes do ato decisório, a exemplo da relevância da tese jurídica
controvertida ou de sua aplicação a numerosos feitos idênticos. Razões de
política judiciária, fitando o valor da condenação, asseguram certa margem ao
legislador.

Em relação ao disposto no art. 496, I, o STJ entende abrangidas na


exclusão em razão do valor unicamente as sentenças condenatórias.
Asseverando: “A norma do art. 475, § 2.º {do CPC de 1973}, é incompatível
com sentenças sobre relações litigiosas sem natureza econômica, com
sentenças declaratórias e com sentenças constitutivas ou desconstitutivas
insuscetíveis de produzir condenação em valor certo ou de definir o valor
certo do objeto litigioso”.72 Exemplo é a pretensão a averbar tempo de serviço.

Em relação ao direito anterior, desapareceu a referência aos embargos,


entendida como relacionada ao valor.73 A quantia fixa representava, ex vi
legis, a dívida de pequeno valor da Fazenda Pública Federal (art. 17, § 1.º, c/c
art. 3.º, caput, da Lei 10.259, de 12.07.2001, e art. 100, § 3.º, da CF/1988).
Nas causas de alçada não cabe reexame (art. 13 da Lei 10.259/2001).74

À luz do art. 496, § 3.º, atendendo ao benefício econômico, importa o valor


da sucumbência nos embargos. Nessa contingência, as sentenças de
procedência dos embargos do executado, conquanto implicando sucumbência
da Fazenda Pública em quantia inferior aos limites mínimos, não sobem em
reexame ao órgão ad quem, embora o valor pretendido na execução
ultrapasse esse limite. Tudo dependerá do valor do vencimento da Fazenda
Pública, e, naturalmente, da qualidade da parte vencida. Logo, não tem mais
importância os valores representativos das dívidas de pequeno valor da
Fazenda Pública federal, distrital, estadual e municipal, sensivelmente
inferiores aos valores mínimos do vencimento, nos termos do art. 87 do ADCT
da CF/1988.

É mais agudo o segundo problema aventado na tortuosa redação do art.


496, § 3.º, exigindo “valor certo e líquido, a ser apurado na condenação ou no
direito controvertido.75

Não utiliza o art. 496, § 3.º, o parâmetro resultante do valor da causa. Nem
sempre representará o conteúdo econômico da causa, conforme exige o art.
291, atentando o NCPC à realidade. Em todo o caso, a dificuldade é óbvia:
malgrado as disposições tendentes a constranger o órgão judiciário a emitir
sentença líquida (art. 491) – e a exigência de o executado quantificar a
pretensão deduzida nos embargos, cotejado ao valor da pretensão do credor,
oferece os parâmetros necessários (teto e piso) – muito poucos
pronunciamentos atingem semelhante nível de perfeição. A exigência que o
valor certo seja indicado expressamente no provimento tornaria impraticável a
disposição. E permanece imperioso avaliar o conteúdo econômico da causa
no momento da prolação da sentença.76 Nesta contingência, salvando a
finalidade da regra e reduzindo o número de processos sujeitos ao reexame,
há de relacionar o “valor certo e líquido” não à sucumbência em si, mas à
impressão causada pelo reflexo econômico da causa no espírito do órgão
judiciário. Em outras palavras, caberia o reexame necessário sempre que ao
juiz encarregado de submeter o ato ao exame do órgão ad quem parecesse
extreme de dúvidas o conteúdo econômico superior aos limites de mil,
quinhentos e cem salários-mínimos. O STJ inclinou-se por solução radical,
constante da Súmula, n.º 490, in verbis: “A dispensa de reexame necessário,
quando o valor da condenação ou do direito controvertido for superior a
sessenta salários-mínimos, não se aplica a sentenças ilíquidas”. E esta
parece a mens legislatoris ao adotar a fórmula “valor certo e líquido”.

Desse modo, o refinado senso prático do STJ simplificou a incidência da


regra, seguindo consciencioso alvitre doutrinário.77 Só as sentenças de
procedência e líquidas proferidas em embargos, sucumbindo a Fazenda
Pública em valores superiores aos limites de mil, quinhentos e cem salários-
mínimos, não se submetem à remessa necessária.

2.122.2. Exclusão da remessa necessária em razão da matéria – A


exclusão prevista no art. 496, § 4.º, baseia-se no conteúdo da sentença
definitiva, fundando-se: (a) súmula de tribunal superior (inciso I); (b) acórdão
do STF e do STJ em julgamento de recursos repetitivos (inciso II); (c)
entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou
de assunção de competência (inciso III); (d) entendimento coincidente “com
orientação vinculante firmada no âmbito administrativo do próprio ente
público, consolidado em manifestação, parecer ou súmula administrativa”
(inciso IV). Uma única coisa é segura: a hipótese prescinde do valor
econômico da causa.78 E, ademais, nos casos do art. 496, § 4.º, I a III, o órgão
judiciário encontra-se adstrito à súmula ou a precedente (art. 927).

O objetivo centralizador da regra funda-se na segurança e na igualdade.


No entanto, a análise dos fundamentos dos pronunciamentos dos órgãos
judiciários e, feita esta operação, a identificação dos fundamentos
determinados, pré-excluindo os acessórios (obter dicta), constitui questão da
maior transcendência, conforme já assinalado no exame dos limites objetivos
do efeito vinculante do controle de constitucionalidade exercido pelo STF
(retro, 1.663.4). Não constitui atividade fácil e, ademais, advogados e juízes
não se sentem à vontade nessa empresa, porque não dispõem dos
instrumentos indispensáveis ou eles não integraram a respectiva formação
profissional.

Em geral, as causas não agasalham apenas uma questão de direito


submetida à apreciação do juiz, mas várias, e a resolução tomada em relação
a uma ou algumas pode ser harmonizar com a jurisprudência prevalecente, e
a(s) outra(s), não. Por exemplo, na sentença de procedência da
desapropriação, o órgão judiciário admitiu a cumulação de juros
compensatórios e moratórios, de acordo com a Súmula do STJ, n.º 102, mas
fixou como termo inicial dos juros compensatórios a propositura da ação, e,
não, a data da imissão antecipada da posse, divorciando-se do entendimento
firmado na Súmula do STJ, n.º 69. Evidentemente, tal sentença há de
submeter-se, in totum, à remessa oficial, não incidindo, destarte, na exclusão
do art. 496, § 4.º, I. Eventual fundamento autônomo, num caso ou noutro,
também exigiria remessa, ensejando a reforma ou a correção do provimento
pelo órgão ad quem. Por sinal, o exemplo ilustra o acerto da fórmula do art.
496, I: sentença “proferida contra” o interesse da pessoa jurídica de direito
público. A rigor, a sentença acolheu o pedido de desapropriação, mas dispôs
“contra” a Fazenda Pública.

O art. 12 da MP 2.180-35, de 24.08.2001, ampliava a regra de exclusão,


dispondo o seguinte: “Não estão sujeitas ao duplo grau de jurisdição
obrigatório as sentenças proferidas contra a União, suas autarquias e
fundações públicas, quando a respeito da controvérsia o Advogado-Geral da
União ou outro órgão administrativo competente houver editado súmula ou
instrução normativa determinando a não interposição de recurso voluntário”. O
art. 496, § 4.º, IV, encampou a hipótese, aperfeiçoando a redação.

É nessa esfera de incertezas que opera a hipótese de exclusão da


remessa necessária. Ora, considerando a ineficácia originária da sentença,
“produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal” (art. 496, caput),
a imprecisão afigura-se inquietante.

2.123. Casos especiais de remessa necessária

Leis extravagantes sujeitam sentenças, inclusive secundum eventus litis, à


revisão compulsória. A esses casos especiais não se aplicam as regras de
exclusão do art. 496 (retro, 2.122).

As hipóteses mais comuns são as seguintes: (a) o art. 19, caput, primeira
parte, da Lei 4.717, de 29.06.1965, impõe o reexame “a sentença que concluir
pela carência ou pela improcedência” da ação popular;79 (b) o art. 14, § 1.º, da
Lei 12.016/2009, sujeita a sentença concessiva de mandado de segurança
nada obstante passível execução provisória, exceto na hipótese em que
inadmissível liminar (art. 14, § 3.º, c/c art. 7.º, § 2.º, da Lei 12.016/2009; (c) a
sentença condenatória do expropriante, na desapropriação de imóvel rural,
por interesse social, para fins de reforma agrária, em quantia superior a
cinquenta por cento do valor oferecido na inicial (art. 13, § 1.º, da LC 76/93)
ou, nos demais casos, no dobro do valor (art. 28, § 1.º, do Dec.-lei
3.365/1941).

O art. 3.º da Lei 2.770/1956, adaptada ao CPC de 1973, subordina a


reexame as sentenças de liquidação por artigos ou por arbitramento em que
figurar como ré a Fazenda Pública.80 Não há razão plausível para entendê-la
incompatível com o art. 496 do NCPC. Também há reexame nas hipóteses do
art. 4.º, § 1.º, da Lei 7.853/1989 e do art. 3.º da Lei 6.739/1979.

§ 439.º Efeitos da remessa necessária

2.124. Efeito obstativo da remessa necessária

Enquanto o órgão ad quem não receber o processo, revisando o


julgamento, haja ou não a ordem de remessa cogitada no art. 496, § 1.º, o ato
do juiz não produzirá efeitos, e, principalmente, não adquirirá a eficácia de
coisa julgada (art. 502). O impedimento à formação da autoridade de coisa
julgada é absoluto. Logo, sentença submetida a reexame não transita em
julgado.81

Disposição expressa em contrário (v.g., art. 14, § 3.º, da Lei 12.016/2009),


e, por exceção, autoriza a produção dos efeitos próprios do pronunciamento,
em especial a execução provisória. Esta ineficácia “parcial” reafirma a
natureza recursal do reexame. A frisante particularidade do instituto contradiz
as principais teorias vigentes acerca de sua essência, particularmente a de
que se trata de ato condicional (retro, 2.120). Seja como for, o cabimento da
remessa obsta o trânsito em julgado.

É ônus do órgão a quo remeter o processo ao órgão ad


quem independentemente da interposição do recurso “voluntário” porventura
cabível. Claro está que, interposto tal recurso, haverá remessa
conjunta, opportuno tempore, aguardando-se o juízo de admissibilidade
preliminar e a resposta do recorrido. Na ausência de remessa dos autos, o
presidente do tribunal poderá avocá-los, a teor do art. 496, § 1.º, in fine, a
qualquer momento, conforme preceitua a Súmula do STF, n.º 423.82

2.125. Efeito devolutivo da remessa necessária

Embora a terminologia não seja rigorosamente própria, o uso corrente


consagrou sob o epíteto de “efeito devolutivo” a remessa do conhecimento da
causa, no todo ou em parte, do órgão a quo para grau hierarquicamente
superior (órgão ad quem), incumbido de julgá-la outra vez. É o que determina,
quanto à remessa, o art. 496, § 2.º. A remessa prolonga a relação processual,
inaugurando nova fase (ou etapa) de amplitude variável, cuja medida
influencia no papel exercido pelo segundo grau.

Em termos largos, na remessa necessária o tribunal reconstruirá etapa por


etapa o que se edificou em primeiro grau (novum iudicium), na área originária,
com os mesmos ou com diferentes materiais (= novas alegações de fato) ou
revisará a construção feita (revisio prioris instantiae). Ao primeiro sistema
chama-se, fitando o recurso por excelência, de apelação plena; ao segundo,
de apelação limitada. As desvantagens da apelação plena mostram-se
flagrantes. As partes visualizarão o primeiro grau, salvo exceções, como
estágio inútil e etapa propícia para breve escaramuça ou teste da força do
adversário, postergando as questões verdadeiramente relevantes para a
etapa posterior e decisiva. O processo se tornaria mais demorado e custoso.

Entre nós, muito antes do descrédito generalizado e da rejeição em vários


ordenamentos (v.g., § 351-2 da ZPO alemã),83 adotou-se a apelação plena
(art. 824, § 1.º, do CPC de 1939). Eis o motivo por que as regras
procedimentais do segundo grau, no processamento dos recursos e da
remessa necessária, não reproduzem as etapas cumpridas no primeiro grau.

Em princípio, o efeito devolutivo mede-se pela variável régua da


impugnação do vencido sintetizada no aforismo tantum devolutum quantum
apellatum. É lícito à parte e ao terceiro impugnarem o pronunciamento no todo
ou em parte (art. 1.002). Em tal hipótese, há que cotejar o objeto litigioso (ou
conjunto das questões suscitadas e debatidas) e o teor da impugnação,
precisando o objeto da revisão a cargo do tribunal. Esse problema específico
envolve duas perspectivas diferentes, mas complementares: no plano
horizontal, quanto à extensão, cumpre esclarecer se o pronunciamento do
órgão ad quem cobrirá área igual ou não à percorrida no órgão a quo; e, no
plano vertical, relativamente à profundidade, cabe analisar os fundamentos da
sentença, identificando as questões decididas e, ademais, se todas elas, ou
ainda outras, embora não decididas (mal ou bem), devem ser ponderadas no
órgão ad quem.

E sobrepaira à extensão e à profundidade do efeito devolutivo a


incidência, ou não, do princípio da congruência (retro, 1.571). É preciso saber
se a remessa da causa aproveita a ambas as partes (benefício comum) ou, ao
contrário, unicamente à parte ou ao terceiro que impugnou o ato decisório,
ficando o órgão ad quemimpedido de agravar-lhes a situação prática
(proibição da reformatio in pejus). Também aqui variam as fórmulas
legislativas, inexistindo solução, a priori, e de validade universal.84 Não há
regra explícita a tal respeito, mas na vigência do CPC de 1939 a opinião
majoritária era contrária ao benefício comum, e, de resto, a interpretação
sistemática chancela essa tendência.85

Essas considerações atinentes à teoria geral dos recursos importam muito


na remessa necessária. Firmou-se o entendimento de a remessa compulsória
da causa de um grau para outro, a fim de reexaminar a sentença, abrange
todas as questões suscitadas, decididas ou não na causa.86 Reafirmada na
Súmula do STJ, n.º 325,87e prevista no art. 496, § 2.º, do NCPC, a
característica evidencia o caráter integral da revisão. Em outras palavras, a
devolução é total, horizontal (todas as questões) e verticalmente (todos os
fundamentos). E, ainda, vigora a proibição da reformatio in pejus: no reexame,
rejeitando-se o aumento do gravame imposto à Fazenda Pública, nos termos
da Súmula do STJ, n.º 45.88

A jurisprudência incorporada à Súmula do STJ, n.º 45, suscita objeções,


porque a reformatio in pejus fundar-se-ia no princípio dispositivo,89 e, na
espécie, não há manifestação de vontade pela Fazenda Pública. E,
realmente, o processo subirá ao órgão ad quem à revelia da vontade do
vencido.

Essa crítica inicia com patente inversão metodológica. Presume conceito


de recurso perante o qual a voluntariedade ostenta posição predominante. O
caminho adequado é o oposto, abandonando critério a priori, imprestável no
caso, e encarando a elaboração de conceito de recurso a partir da sistemática
legal. É forçoso percorrer essa trilha de olhar fito nas notas peculiares da
remessa necessária. Nessas condições, a integralidade do reexame no
órgão ad quem e a proibição dereformatio in pejus demonstram a existência
de efeito devolutivo integral e benefício comum limitado.

O fato de a remessa necessária remeter ao órgão ad quem o exame das


questões de ordem pública reclama breve referência. Não se deve ao efeito
“translativo”, que as transporta ao órgão ad quem, por igual,
independentemente dos limites impostos pela vontade do vencido, no recurso
voluntário.90 Realmente, na apreciação dessas questões, relativas aos
pressupostos processuais e às condições da ação, passíveis de
conhecimento e julgamento ex officio, “em qualquer tempo e grau de
jurisdição” (art. 485, § 3.º), nada importará o “resultado positivo ou negativo
para a Fazenda Pública”.91 Tal matéria é indisponível e essencial à existência,
validade ou eficácia da relação processual, mostrando-se inconcebível
processo desprovido do cumprimento dos respectivos elementos, requisitos e
fatores. E sem a simultânea concorrência de todos não há processo que
chegue, validamente, a condenar a Fazenda Pública. Por fim, o tribunal
reexamina a causa amplamente, sem ater-se à matéria de ordem pública,
mostrando-se cediça a tese de que os interesses patrimoniais da Fazenda
Pública não quadram necessariamente na órbita do interesse público.

Em consequência da amplíssima devolução intrínseca à remessa


necessária, o órgão ad quem reexaminará a causa em função similar à do
primeiro grau. O julgamento da remessa, ademais, segue as regras atinentes
à apelação (v.g., a remessa comporta decisão singular do relator, conforme a
Súmula do STJ, n.º 253), salvo norma em contrário (v.g., quanto a integração
do julgamento, havendo voto vencido, art. 942, § 4.º, II).

Capítulo 92. COISA JULGADA


SUMÁRIO: § 440.º Fisionomia da coisa julgada – 2.126. Definição da
coisa julgada – 2.127. Espécies de coisa julgada – 2.128. Coisa julgada formal
– 2.128.1. Designação da coisa julgada formal – 2.128.2. Importância da coisa
julgada formal – 2.128.3. Momento da formação da coisa julgada formal –
2.129. Coisa julgada material – 2.130. Fundamentos da coisa julgada – 2.131.
Objeto da coisa julgada – 2.131.1. Objeto formal da coisa julgada – 2.131.2.
Objeto material da coisa julgada – 2.132. Plano da eficácia da coisa julgada –
2.132.1. Natureza processual da autoridade de coisa julgada – 2.132.2.
Efeitos da natureza processual da autoridade de coisa julgada – 2.133.
Bilateralidade da coisa julgada – 2.134. Limites da coisa julgada – § 441.º
Limites subjetivos da coisa julgada – 2.135. Alcance subjetivo dos efeitos da
sentença – 2.135.1. Interessados de fato – 2.135.2. Interessados econômicos
– 2.135.3 Interessados políticos – 2.135.4. Interessados jurídicos – 2.136.
Primeira regra dos limites subjetivos: vinculação das partes – 2.136.1.
Vinculação dos sucessores da parte – 2.136.2. Vinculação do substituído –
2.137. Segunda regra dos limites subjetivos: vinculação erga omnes nas
ações de estado – 2.137.1. Abrangência das causas de estado – 2.137.2.
Litisconsórcio nas causas de estado – 2.137.3. Eficácia da sentença de
procedência nas causas de estado – 2.138. Limites subjetivos da coisa
julgada no litisconsórcio – 2.138.1. Limites subjetivos da coisa julgada no
litisconsórcio obrigatório – 2.138.1.1. Ineficácia relativa no litisconsórcio
necessário simples – 2.138.1.2. Ineficácia absoluta no litisconsórcio
necessário unitário – 2.138.2 Limites subjetivos da coisa julgada no
litisconsórcio facultativo – 2.138.2.1. Limites subjetivos da coisa julgada no
litisconsórcio facultativo simples – 2.138.2.2. Limites subjetivos da coisa
julgada no litisconsórcio facultativo unitário – 2.139. Limites subjetivos da
coisa julgada em situações especiais – 2.139.1. Limites subjetivos da coisa
julgada na dissolução dos negócios jurídicos – 2.139.2. Limites subjetivos da
coisa julgada na cobrança de prestações indivisíveis – 2.139.3. Limites
subjetivos da coisa julgada na tutela da personalidade post mortem – 2.139.4.
Limites subjetivos da coisa julgada na jurisdição constitucional – 2.140.
Limites subjetivos da coisa julgada no processo coletivo – 2.140.1. Coisa
julgada na tutela dos direitos coletivos – 2.140.2. Coisa julgada na tutela
coletiva de direitos – § 442.º Limites objetivos da coisa julgada – 2.141.
Primeira regra dos limites objetivos: vinculação ao objeto litigioso – 2.142.
Segunda regra dos limites objetivos: vinculação às questões decididas –
2.143. Objeto ressalvado da autoridade do julgado – 2.143.1. Motivos da
decisão – 2.143.2. Verdade dos fatos na decisão – 2.143.3. Questão
prejudicial decidida – 2.143.3.1. Exclusão da questão prejudicial dos limites
objetivos – 2.143.3.2. Inclusão da questão prejudicial nos limites objetivos –
2.144. Eficácia preclusiva da coisa julgada – 2.144.1. Definição da eficácia
preclusiva da coisa julgada – 2.144.2. Finalidades da eficácia preclusiva da
coisa julgada – 2.144.3. Relação dos limites objetivos e eficácia preclusiva da
coisa julgada – 2.144.4. Pressupostos da eficácia preclusiva da coisa julgada
– 2.144.5. Efeitos da eficácia preclusiva da coisa julgada – § 443.º Limites
temporais da coisa julgada – 2.145. Influência dos eventos supervenientes na
coisa julgada – 2.145.1. Oportunidade do evento superveniente – 2.145.2.
Natureza do evento superveniente – 2.145.3. Efeitos do evento superveniente
– 2.146. Modificação dos efeitos da sentença passada em julgado – 2.147.
Casos de admissibilidade do evento superveniente – § 444.º Funções da
coisa julgada – 2.148. Função geral da coisa julgada – 2.149. Função
negativa da coisa julgada – 2.149.1. Finalidade da objeção de coisa julgada –
2.149.2. Natureza da objeção de coisa julgada – 2.149.3 Pressupostos da
objeção de coisa julgada – 2.149.4. Iniciativa na objeção de coisa julgada –
2.149.5. Efeitos da objeção de coisa julgada – 2.149.6. Conflito de coisas
julgadas – 2.150. Função positiva da coisa julgada – 2.150.1. Função positiva
da coisa julgada em relação ao vencedor – 2.150.2. Função positiva da coisa
em relação ao vencido – § 445.º Atenuações da coisa julgada – 2.151.
Atenuação da coisa julgada na assistência – 2.151.1. Efeito da intervenção na
assistência simples – 2.151.2. Efeito da intervenção na assistência qualificada
– 2.151.3. Natureza do efeito da intervenção do assistente – 2.152. Atenuação
da coisa julgada na pretensão a executar – 2.153. Atenuação da coisa julgada
na tutela provisória – 2.154. Atenuação secundum eventus litis da coisa
julgada – § 446.º Desconstituição dos efeitos da sentença – 2.155. Remédios
contra os efeitos da sentença – 2.156. Rescindibilidade da sentença em razão
de vícios “transrescisórios” – 2.157. Sentença ineficaz em razão da
inexistência ou da invalidade da citação do réu – 2.158. Sentença ineficaz em
razão da inconstitucionalidade superveniente da norma

§ 440.º Fisionomia da coisa julgada

2.126. Definição de coisa julgada

Da coisa julgada já se disse tudo, incluindo que todo o dito era inútil1 e que
nada mais de útil poderia ou deveria ser dito outra vez. O inacreditável
paradoxo decorre da equivocidade do conceito de coisa julgada e da falta de
base comum para as perspectivas conflitantes no tratamento da matéria.2

Não é tão impossível compreender o mecanismo básico de funcionamento


do transcendente direito fundamental, provido de imensa envergadura e
aplicação prática, chegando-se a nele reconhecer (impropriamente) a
essência da atividade jurisdicional (retro, 179).3 Afinal, a garantia emprestada
aos pronunciamentos judiciais, impedindo a reapreciação como meio de
assegurar a fruição das situações de vantagem anteriormente contestadas,
não lhe pode servir de escudo impenetrável contra o devassamento da própria
intimidade. Os dados legislativos não corroboram o juízo negativo e o
ceticismo quanto aos resultados da investigação. A coisa julgada funciona
diuturnamente de forma reconhecível. E sofre com solertes tentativas de
relativizá-la, ou bani-la como instrumento do direito burguês, vigoroso sintoma
que, nada obstante, cumpre seu papel. É fenômeno único, seja qual for a
natureza do processo,4 aqui examinado no ângulo civil.

À coisa julgada, o NCPC dedicou os arts. 502 a 508 da Seção IV – Da


Coisa Julgada – do Capítulo XIII – Da sentença e da Coisa Julgada – do
Título I – Do Procedimento Comum – do Livro I da Parte Especial. O conjunto
dessas disposições autoriza a sistematização da coisa julgada segundo o ius
positum. É o quanto basta. E nada mais parece necessário ou desejável. Por
óbvio, o instituto assume caráter mais geral do que sugere a localização do
penúltimo capítulo do procedimento comum. Em relação ao direito anterior,
ocorreram algumas modificações de vulto e, ainda, outros reparos
secundários.

O art. 502 definiu a coisa julgada nos seguintes termos: “Denomina-se


coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão
de mérito não mais sujeita a recurso”. Comparativamente à regra anterior,
trocou-se “eficácia” por autoridade, “sentença” por “decisão de mérito”, e
“recurso ordinário ou extraordinário” por “recurso”. Retocada, a proposição
manteve grandes méritos. Situa a coisa julgada no plano na eficácia, porque a
autoridade é uma eficácia, apropriadamente, e divorciou-se – os trâmites
legislativos do CPC de 1973 demonstram o fato e o NCPC não se atreveu a
retroceder nesse ponto – da errônea concepção que lhe atribui a natureza de
qualidade dos efeitos da sentença. Este último ponto receberá exame mais
detido em item próprio (infra, 2.129). Também adjetiva a coisa julgada como
“material”. Daí se infere que há duas dimensões nesta eficácia, ou espécies
de coisa julgada, a chamada (e criticada) coisa julgada “formal” (infra, 2.128) e
a coisa julgada material.

De outro lado, o art. 502 não deixou de ser incompleto. A regra enunciou
claramente qual o ato, considerando que o conteúdo virtual do ato idôneo a
extinguir o processo em primeiro grau (art. 316), segundo o art. 203, § 1.º, e
suas remissões, autoriza a identificação de duas espécies completamente
diferentes, a sentença definitiva e a sentença terminativa (retro, 1.559.1),
revestir-se-á da autoridade de coisa julgada. Não chamou o ato, todavia, de
pronunciamento, designação genérica do art. 203, mas de decisão de mérito.
Entende-se logo que a coisa julgada material recai sobre a sentença
definitiva, caso não seja recorrida, e cujas espécies localizam-se no art. 487.
Preferiu designação genérica – decisão de mérito –, porque o conteúdo do art.
487 também pode constar de acórdão (art. 204) e de decisão singular (v.g., do
relator). Tampouco explica o art. 502, convenientemente, as funções da
eficácia de coisa julgada, todavia perfeitamente discerníveis na exclusão de
outro pronunciamento ou, como depreende-se do art. 966, IV, “ofensivo” à
coisa julgada, quer no mesmo, quer em divergente sentido. Pouco revela,
ainda, a respeito dos fundamentos do instituto que há séculos acompanha os
pronunciamentos do órgão judiciário.

Os reparos de modo algum empecem o essencial. A natureza da coisa


julgada material encontra-se muito bem compreendida e definida no art. 502.
E as demais disposições complementam habilmente o quadro geral.
Passemos a eles.
2.127. Espécies de coisa julgada

Os fins políticos da coisa julgada mostram-se evidentes. Após muita


atividade, demora e custos financeiros, o juiz formulou a regra jurídica
concreta e, conforme o teor do provimento, conferiu ao vitorioso certo bem da
vida: no caso de improcedência, a certeza que ao autor não tocava o alegado
direito; no caso de procedência, o proveito, a vantagem, a utilidade ou bem da
vida almejados pelo autor no pedido formulado. Esse resultado há de ser
blindado às investidas do vencido. Assim, debelando semelhante risco, a
coisa julgada surge como atributo da sentença definitiva emitida no processo.

Ora, há duas maneiras de o vencido questionar o resultado processo: (a)


direta; ou (b) indireta. Pela via direta, o vencido impugnará o provimento
enquanto tal, por um dos meios previstos no art. 994, propondo a revisão do
decidido perante o mesmo órgão ou, geralmente, perante órgão judiciário de
hierarquia superior. E pela via indireta, o vencido talvez renove a discussão
mediante o expediente de demandar uma segunda vez, reproduzindo a
demanda anteriormente julgada ou, ainda, propondo outra diferente, no todo
ou em parte, visando a obter resultado na prática oposto ao anterior.5 A coisa
julgada ocupa-se em erradicar esses riscos. Impede a impugnação do
pronunciamento, in simultaneo processu, ou atribuindo ao vencedor meio de
defesa – a objeção de coisa julgada (art. 337, VII) – hábil a obstar o
prosseguimento da segunda demanda. Chama-se à primeira blindagem de (a)
coisa julgada formal; e, à segunda, de (b) coisa julgada material.

Cedo ou tarde, precisamente na oportunidade do cabal esgotamento das


abundantes vias de impugnação previstas no art. 994 (e dos seus
sucedâneos), altera-se a situação jurídica da sentença definitiva e da
sentença terminativa. O ato decisório adquire nova condição, firmando-se
como manifestação do órgão estatal, e, ademais, vinculando os sujeitos da
relação processual – partes e juízo. Esse vínculo opera no próprio processo
(coisa julgada formal) ou em qualquer outro (coisa julgada material).

A coisa julgada formal e a material relacionam-se como causa e efeito no


direito pátrio: a coisa julgada formal constitui pressuposto da coisa julgada
material; porém, nem sempre a material decorre da formal, porque nem todas
as sentenças têm conteúdo apto a revestir da autoridade vinculante em outro
processo.6 Fórmula equiparável, mas imprecisa, identifica o pressuposto no
trânsito em julgado.7 A aptidão do conteúdo (ou material) receberá análise
mais adiante (infra, 2.031.2). Lícito adiantar, desde logo, a abrangência
natural da auctoritas rei iudicate. As sentenças definitivas, ou seja, as
resoluções do mérito (art. 487, caput), têm aptidão, seja qual for o sentido
(procedência ou improcedência), a adquirir autoridade de coisa julgada
(material). É irrelevante, para esse efeito, a circunstância de a interposição de
recurso substituir (art. 1.008), no todo ou em parte, esse ato por outro –
acórdão (art. 204) ou decisão singular do relator no tribunal.

A relação exposta revela-se acidental e contingente. No direito uruguaio,


porque as sentenças definitivas passíveis do recurso de revisão fazem coisa
julgada, entende-se que, sendo mutáveis, não se revestem de coisa julgada
formal.8
Assente o pressuposto de certo conteúdo (objeto material) passível de
autoridade de coisa julgada, e localizável em ato decisório específico (objeto
formal), impertinente a crítica formulada à distinção das espécies.9 A objeção
arranca da unidade do conceito de coisa julgada, incorrendo, todavia, em
contradição ao admitir a premissa aqui enunciada. Se a coisa julgada formal
produz efeitos internos ao processo, desvanecendo-se com a possibilidade de
renovação da pretensão processual, mas impedindo a reabertura do processo
extinto, e a coisa julgada material projeta eficácia externamente ao processo
extinto, projetando-se além da respectiva extinção e, na verdade, operando
justamente a partir daí, a distinção subsiste íntegra e valiosa. E não há
impropriedade terminológica: a res non iudacatanão pode ser iudicata no
processo extinto.

O art. 966, § 2.º, I e II ao tornar rescindível a decisão, posto que não seja
de mérito, obste (a) nova propositura de demanda (v.g., a fundada na
perempção do art. 486, § 3.º); (b) a admissibilidade de recurso
correspondente, não altera essa relação. A rigor, trata-se de ilusão: a coisa
julgada não impede, propriamente, a renovação da demanda, mas a
reapreciação do julgado pelo órgão judiciário. Se a parte renova a pretensão
(“nova ação contra o réu com o mesmo objeto”), apesar de ter dado causa à
extinção por três vezes pelo abandono do art. 485, III – proeza raramente
registrada nos reportórios de jurisprudência –, o máximo que acontece é
colher nova extinção, agora fundada na perempção, mais a sanção por
infração ao art. 80, I – deduz pretensão contra texto expresso de lei. No direito
anterior, entretanto, já se ouviam vozes no sentido que essa decisão alheia ao
mérito também se tornará indiscutível em processos futuros,10 e, por força
disso, a necessidade de o autor valer-se da rescisória. É comum relacionar a
coisa julgada material à rescisória, mas aí se vislumbra exceção, demonstra
relativa dissociação, no ius positum, entre uma coisa e outra.

As duas dimensões complementares da coisa julgada receberam análise


no contexto do direito constitucional à estabilidade (retro, 175). A exposição
então empreendida necessita de revisão em itens separados.

2.128. Coisa julgada formal

O direito brasileiro sofreu influência do modelo francês, disciplinando a


coisa julgada nos arts. 1.351 e 1.352 do CC de 1808 dentre as provas, porque
o vínculo consistiria em presunção legal absoluta – res iudicata pro veritate
habetur -,11 seguindo entendimento corrente no direito comum. Estudos
posteriores mostraram a ausência de obséquio dos doutores do direito comum
com a noção romana.12 E, hoje, consolidou-se a percepção que coisa julgada
é fenômeno próprio da esfera processual. A diretriz francesa ainda repercutiu,
tardiamente, no art. 2.909 do CC italiano de 1942. Seja como for, o art. 6.º, §
3.º, do Dec.-lei 4.657/1942, disposição localizada fora do corpo do CPC de
1939, mas de natureza processual, designa de “coisa julgada ou caso julgado
a decisão judicial de que já não caiba recurso”.

A equação res iudicata = sentença irrecorrível,13 aí subentendida, incorre


em patente tautologia: sentença irrecorrível, por sua vez, implica coisa
julgada. E, ademais, o conceito ideal de “sentença” (vera sententia) por
definição o provimento de mérito contra o qual não mais se pode
recorrer,14 rejeita semelhante qualidade ao ato recorrível.
A rigor, a proposição da regra assinala o momento do trânsito em julgado.
E, assim, presta-se à fixação da ideia básica da coisa julgada formal: a
sentença, esgotados os remédios recursais, transitou em julgado, e tornando-
se indiscutível no próprio processo.

Relativamente à cláusula final do art. 467 do CPC de 1973, a disposição


da Lei de Introdução mostra-se mais feliz, abstendo-se da alusão a “recurso
ordinário ou extraordinário”. Não existem, no direito pátrio, recursos
“extraordinários” no sentido que se empresta à categoria no direito
estrangeiro, como via de impugnação utilizável contra decisões já transitadas
em julgado. Os recursos do art. 994 obstam o trânsito em comum. Fez bem o
art. 502 em corrigir essa parte. Posto que insuficiente para definir
completamente recurso, retira-se de ambas as regras a conclusão de que
impugnação aos provimentos passados em julgado não constitui recurso.

Seja como for, o art. 6.º, § 3.º, do Dec.-lei 4.657/1942, nesse particular em
sintonia com o art. 502, in fine, indica o momento da passagem em julgado da
sentença. É um ponto relevante e, tratando-se de sentença de mérito, a ele
alude a parte inicial do art. 508: “Transitada em julgado a decisão de mérito…”

O provimento final do processo, ou sentença segundo a definição do art.


203, 1.º, abstraído o seu conteúdo, transitará em julgado na oportunidade em
que se esgotarem as vias de impugnação ou recursos. Tal significa que tanto
o provimento final (sentença, acórdão ou decisão singular do relator) que não
sofreu impugnação através do recurso próprio, porque o recurso é ato
voluntário (art. 966, caput: “O recurso pode ser interposto…”), quanto o que,
objeto de sucessivas impugnações, sobreviveu aos ataques e inexiste outro
meio para modificá-lo, a exemplo da remessa oficial do art. 496,15 transitam
em julgado. Desde que já não mais caiba qualquer recurso, pouco importando
se houve ou não a efetiva interposição de algum recurso, o provimento final
adquire uma nova qualificação jurídica: de instável, sujeito a mudanças, torna-
se imutável.

Nessa conjuntura, legítima a ilação que o provimento final (sentença


acórdão ou decisão singular do relator) e o próprio processo, como um todo,
preenchida a inflexível condição do esgotamento das impugnações cabíveis,
formam situação jurídica nova. “Em determinado instante”, ponderou-se com
acerto, “a sentença experimenta notável modificação em sua condição
jurídica: de mutável que era, faz-se imutável”.16 A troca da palavra “imutável”
pelo termo “indiscutível” retrata com maior fidelidade o fenômeno.

Ao estado que resulta da preclusão máxima,17 aqui no correto sentido de


preclusão “final” ou derradeira, mediante esgotamento das vias de
impugnação, chama-se de coisa julgada formal.18 Embora antes desse
momento a sentença já não comportasse modificações pelo órgão que a
emitiu, salvo marginalmente (v.g., a correção de erros materiais), o grau de
impermeabilidade a modificações dos órgãos judiciários hierarquicamente
superiores caracteriza a indiscutibilidade.

Fixada a natureza da coisa julgada formal, outros aspectos merecem


destaque, a começar pela designação outorgado ao fenômeno.
2.128.1. Designação da coisa julgada formal – A expressão “coisa julgada
formal” não é bem vista. Estudo muito citado alvitra substituí-la por
“preclusão”.19 A tese se origina da doutrina italiana.20 Ora, preclusão obsta a
que se reabram as etapas, momentos ou fases já ultrapassadas do processo,
atingindo, destarte, os provimentos intermediários ou decisões interlocutórias
(retro, 1.145). A coisa julgada formal vai além. Não é admissível, pois,
confundir institutos diferentes.

Cuidando-se do provimento final, em particular da sentença que não


resolve o mérito (art. 485), beneficiada unicamente com esse grau de
indiscutibilidade, o grau do vínculo afigura-se maior que simples preclusão
das questões antecedentes à sentença. Em relação a tais questões, a
preclusão não opera no plano horizontal: o juiz que, no primeiro momento,
declarou o autor parte legítima, e não houve recurso, pode posteriormente
extinguir o processo fundado nessa ilegitimidade (retro, 1.148.4). Ao invés,
emitida sentença catalogada no art. 485 e esgotadas as vias de impugnação,
o provimento final se torna irretratável no plano vertical e – eis o ponto – no
plano horizontal: o juiz não pode reabrir o processo, ex officio, infringindo o
princípio da iniciativa da parte, ou a requerimento do interessado, ignorando o
juízo emitido, salvo renovando o autor a demanda e, assim, inaugurando-se
outro processo (art. 486, caput). Portanto, a coisa julgada formal atinge a
sentença terminativa (Prozessurteil) e a sentença definitiva (Sachurteil),21 e,
não, as decisões interlocutórias.

A fórmula clássica “coisa julgada formal” – impossibilidade de reabrir o


mesmo processo – representa a nomenclatura adequada.

2.128.2. Importância da coisa julgada formal – A coisa julgada formal


integra o direito fundamental processual à estabilidade dos resultados do
processo. A pretensão à tutela jurídica do Estado, embora conexa à pretensão
invocada pelo autor perante o réu, não assegura ao demandante, tout court,
direito a pronunciamento sobre o objeto litigioso. Em torno desse aspecto
debateu-se a natureza da ação, evidenciando-se a erronia da teoria concreta
(retro, 222.2), no balanço da polêmica (retro, 222.5).

Impossível que seja ao juiz apreciar o mérito ou objeto litigioso, porque a


pretensão do autor não venceu o juízo de admissibilidade, malgrados os
esforços do órgão judiciário em propiciar a correção do vício (art. 317), a
sentença terminativa (art. 485) constitui a resposta correta do apelo à
jurisdição no caso concreto. E tal resposta ficaria desprotegida das investidas
do vencido sem o auxílio da coisa julgada formal. Este vínculo impede o autor,
e, a fortiori, o órgão judicial, ex officio, reiniciar o processo extinto, a qualquer
tempo, postulando ou providenciando a correção do defeito que tolheu o
exame do mérito, ou não, o que nem sempre, de resto, mostrar-se-ia
concebível (v.g., no caso de ilegitimidade ativa). A impossibilidade de o órgão
judiciário, no segundo processo, rever o fundamento ou causa da sentença
terminativa (v.g., a perempção, a teor do art. 486, § 3.º, c/c art. 966, § 2.º)
reforça essa importância.

2.128.3. Momento da formação da coisa julgada formal – Se a coisa


julgada formal constitui pressuposto necessário da coisa julgada material,
todavia insuficiente, interessa estabelecer nítida e resolutamente a
oportunidade precisa em que ocorrerá o trânsito em julgado. É a linha
seguida, neste particular, no direito alemão.22

Forma-se a coisa julgada, de ordinário, por força do exaurimento dos


meios de impugnação contra as sentenças em sentido lato (sentenças de
primeiro grau e acórdãos ou decisões singulares do relator). É, de lege lata, a
solução preferível,23 de resto adotada no direito brasileiro. E tal ocorre no
vencimento do prazo de interposição do recurso próprio contra o ato
(preclusão temporal), seja qual for ele, no máximo quinze dias, sem prejuízo
das dilatações legais. Evento trivial nos acórdãos dos tribunais superiores, a
preclusão verifica-se no termo final do prazo de cinco dias para embargos de
declaração (art. 1.023, caput). Das sentenças em sentido estrito (art. 203, §
1.º, c/c arts. 485 e 487), proferidas em primeiro grau, o prazo final do recurso
próprio – apelação, a teor do art. 1.009, caput – é de quinze dias (art. 1.003, §
5.º). Fluirá esses interregnos da intimação do advogado das partes (art.
1.003, caput). Entende-se por tal a ciência real (v.g., retirada dos autos em
carga) ou ficta (v.g., a publicação no órgão oficial, conforme o art. 272) da
emissão da sentença ou do acórdão.

Em princípio, o termo final do prazo recursal vence simultaneamente para


todas as partes. No entanto, considerando-se a prerrogativa da intimação
pessoal, beneficiando uma das partes (v.g., o Ministério Público, ou parte
coadjuvante), o termo inicial não será uniforme para todas as partes. A
discrepância do termo inicial repercute termo final. As dilatações subjetivas do
prazo (v.g., a do art. 229), também interferem no termo final (retro, 1.176),
provocando a falta de coincidência, senão da oportunidade do trânsito em
julgado, ao menos da preclusão das vias de impugnação. Realmente, do
enunciado na Súmula do STJ, n.º 401, extrai-se a razoável ilação que o
esgotamento das vias de impugnação para uma das partes torna o ato imune
a alterações, mas ainda não é o trânsito em julgado – este só ocorrerá após o
vencimento do prazo do último recurso para todas as partes. No entanto, o
STF admitiu o trânsito em julgado por capítulos, alterando a solução
pragmática e vantajosa do tribunal superior encarregado de uniformizar a
aplicação do direito federal.24 Tal implica, a par da inconveniente multiplicação
de rescisórias, o pesado ônus de as partes, no calor dos debates,
individualizarem lucidamente a autonomia de cada resolução de mérito e a
interdependência de cada parte, em virtude de nexos de compatibilidade e de
prejudicialidade, com o recurso pendente. A impossibilidade de eliminar
totalmente a multiplicidade de rescisórias não é argumento plausível para
repelir o inconveniente na maior parte das vezes.25 Em contrapartida, torna
inútil a interposição de recurso parcial, versando partes secundárias, com o
intuito de dilatar o momento do trânsito em julgado. Verdade que a tese
sumulada encontrava resistências.26 As vantagens práticas superavam as
desvantagens.

Ao escrivão ou chefe de secretaria incumbe certificar o transcurso do


prazo, mencionando, expressis verbis, a data do fato (art. 1.006). O direito de
praticar o ato processual, no caso o de interpor recurso (admissível, ou não),
todavia extinguir-se-á independentemente de declaração judicial (art.
223, caput), e, a fortiori, dos termos dessa certidão. Eventual equívoco da
certidão não obsta o trânsito em julgado e, inversamente, tampouco reabrirá o
prazo recursal extinto.
Os prazos para o revel impugnar as resoluções judiciais, na sentença
contumacial, fluem da publicação do ato no órgão oficial (art. 346, caput),
ressalva feita, naturalmente, à hipótese de o revel constituir advogado e
assumir o processo no estado em que se encontra (art. 346, parágrafo único).
Como já se assinalou (retro, 372.3), a palavra “publicação” tem sentido
equívoco. Tecnicamente, retrata o momento em que o ato decisório passa a
existir e, via de regra, a produzir os respectivos efeitos, e, não, o meio técnico
– “publicação” no órgão oficial (art. 272) – da comunicação do ato às partes.
Assim, publicar a sentença ou o acórdão significa inserir o ato no processo
através do documento próprio.27 No caso do revel, o art. 346, caput, prevê a
intimação ficta, mediante a “publicação” no órgão oficial.

Por definição pessoa alheia ao processo pendente, e, portanto, sem direito


à comunicação do ato decisório (intimação), por qualquer meio legal, o prazo
recursal do terceiro é idêntico aos das partes. Conforme divisou agudamente
julgado do STJ, não se pode admitir que o prazo flua da efetiva ciência do ato
pelo terceiro, “circunstância que protrairia indefinidamente o trânsito em
julgado”.28

Correta que seja a tese e seu fundamento, abrem-se dois termos de


alternativa quanto ao termo inicial: (a) ou o prazo fluirá da publicação, porque
o terceiro não ostenta direto à comunicação do ato; (b) ou o prazo fluirá da
intimação das partes, hipótese em que desdobra-se em dois termos de
alternativa, fitando o termo final: (ba) ou é o primeiro termo final,
desconsiderando as variações individuais (v.g., a exigência de intimação
pessoal do advogado de um dos litigantes); (bb) ou é o último termo final,
porque só então haverá trânsito em julgado, aliás para todas as partes
(Súmula do STJ, n.º 401).

É preciso trocar o ângulo da análise para chegar à conclusão correta


nesse ponto. Importa a condição do terceiro. Se as partes têm prazo
ampliado, o benefício não se estende automática e necessariamente ao
terceiro, e, inversamente, se o terceiro tem direito à dilatação (v.g., trata-se de
recurso da Fazenda Pública, na condição de terceiro), a contagem há de levá-
lo em conta.29 Tal não abrange o termo inicial (v.g., o representante técnico da
Fazenda Pública há de ser intimado pessoalmente), porque terceiros não têm
direito à ciência do ato. Em tal linha de raciocínio, portanto, (a) o termo inicial
é o comum, ou seja, não considera eventual necessidade de intimação
pessoal; (b) o termo final varia conforme a qualidade do terceiro: a Fazenda
Pública, a parte representada pela Defensoria Pública e o Ministério Público
usufruirá prazo em dobro.

Enfim, enquanto não se extinguir automaticamente o prazo para o último


recurso em tese cabível, não importando que seja admissível, a sentença, o
acórdão ou a decisão de relator que a substitui (art. 1.008), no todo ou em
parte, não transitam em julgado, e, portanto, inexistirá coisa julgada formal
(ou, se for o caso, material). Segundo a diretriz encampada na Súmula do
STJ, n.º 401, entendendo como termo inicial do biênio da rescisória (art. 966)
o da preclusão temporal do último recurso, a impugnação parcial não produziu
o trânsito em julgado por capítulos, revestindo as partes não impugnadas. O
STF entretanto, admitiu o trânsito em julgado por capítulos, alterando a
solução pragmática e vantajosa do tribunal superior encarregado de
uniformizar a aplicação do direito federal.30 A impossibilidade de o juiz retratar
o ato decorre do efeito vinculativo (retro, 1.651).

Eventualmente, o trânsito em julgado ocorrerá antes da expiração do


prazo recursal, na hipótese de aquiescência (art. 1.000, caput), no curso do
procedimento recursal, ocorrendo desistência (art. 998, caput), e, antes
mesmo do termo inicial, na renúncia (art. 999). Em virtude da adoção do
entendimento de que não se afigura admissível renúncia (unilateral ou
bilateral) prévia à publicação da sentença ou do acórdão,31 tese encampada
pelo STJ,32 o negócio jurídico surtirá efeitos no momento da publicação, e, aí,
ocorrerá o trânsito em julgado, independentemente de qualquer manifestação
judicial.

O juízo de inadmissibilidade do recurso interposto tem natureza


declaratória.33 No direito brasileiro, por razões de política judiciária, produzirá
efeitos ex nunc, a fim de não tornar inseguro o termo inicial do prazo da
rescisória (Súmula do STJ, n.º 401), orientação rejeitada em julgado do
STF.34 Nesse ponto a orientação do STJ não discrepa de outros
ordenamentos.35 Em princípio, a coisa julgada formal formar-se-á,
independentemente do cabimento de rescisória, ou não, sempre no
vencimento do prazo do último recurso. Nos últimos tempos, recebe realce a
coisa julgada parcial. Ao menos duas situações são aventadas nesta rubrica:
(a) recurso parcial, tendo por objeto capítulo autônomo do provimento de
mérito; (b) recurso parcial, porque interposto por um dos litigantes no
litisconsórcio simples.36 A tese é persuasiva, mas impraticável.
Retrospectivamente, inexiste dificuldade em visualizar a falta de impugnação,
no todo ou em parte, e a impossibilidade de a impugnação eventualmente
interposta atingir esta ou aquela parte do provimento; no calor do debate, ou
seja, do ponto de vista dos advogados das partes, a quem incumbirá o ônus
de marcar o termo inicial do prazo da rescisória (art. 966), é bem mais difícil,
porque o provimento do recurso parcial talvez torne incompatível a
subsistência de outras partes da decisão. A Súmula do STJ, n.º 401, adotou o
único entendimento correto do ponto de vista das partes. O termo inicial é um
só, haja ou não preclusões parciais nas etapas anteriores, e tudo será objeto
de uma só rescisória. Vale lembrar, outra vez, o entendimento distinto do STF.

O momento do trânsito em julgado da sentença submetida à remessa


oficial do art. 496 representa caso assaz peculiar. Do art. 496, § 1.º,
autorizando o presidente do órgão ad quem competente avocar o processo,
extrai a ilação que, na falta deste reexame, inexistirá o trânsito em julgado
conforme a Súmula do STF, n.º 423. E tal situação pode se prolongar
indefinidamente. Esse provimento não se ostenta desprovido dos efeitos que
lhe são próprios. Em geral sobrestados até a realização do reexame,
disposição expressa autoriza determinados efeitos, a exemplo da sentença de
procedência do mandado de segurança, a teor do art. 14, § 3.º, da Lei
12.016/2009.

2.128.4. Efeitos da coisa julgada formal – A coisa julgada formal obsta a


reabertura do processo extinto por sentença terminativa (art. 485). E é fato
impeditivo à admissibilidade de qualquer recurso.37 Não obsta propriamente a
renovação da pretensão, porque o direito de provocar a autoridade judiciária é
incondicional. Fica subentendida, e assim normalmente acontece e o art. 486,
§ 1.º, assim o exige, a remoção pelo autor do defeito divisado no processo
anterior, obstáculo à resolução do mérito. Do contrário, o autor colherá
resultado análogo, situação de certa maneira antevista no regime consagrado
à perempção – a extinção do processo por três vezes em apreciação do
mérito (art. 486, § 3.º).

Porém, renovada a pretensão sem mudança no estado de fato ou no


estado de direito, o órgão judiciário não subordina-se, absolutamente, aos
fundamentos da sentença terminativa proferida no primeiro processo. Não há,
pois, óbice algum ao julgamento do mérito e a revisão ao entendimento
anterior.38 O equívoco não consiste na equiparação da coisa julgada formal à
preclusão, entendida esta como impedimento ao reexame do decidido no
processo no mesmo processo, eficácia realmente existente, mas em extensão
objetiva menor que a usualmente reconhecida, mas em pretender que o juízo
de inadmissibilidade vincule outros órgãos judiciários em processo
distinto.39 Se o fundamento da sentença terminativa impede, ou não, “nova
propositura da demanda” (art. 966, § 2.º, I), ou seja, se o autor removeu ou
não o obstáculo, é problema posto ao juízo do segundo processo. O
vínculo ad extra produz-se quanto ao mérito e em outro processo. E a ele se
designa de coisa julgada material.

A doutrina alemã costuma reconhecer autoridade de coisa julgada


(materielle Rechtskraft) às sentenças terminativas (Prozessurteil) no sentido
de relevar o segundo juízo de reapreciar no mesmo sentido a questão já
decidida no anterior.40 Por exemplo, o menor A, representado por B, demanda
a C, mas o órgão judiciário, após assinar prazo razoável para regularizar a
representação de A por B, extingue o processo, transitando em julgado a
sentença. Nada obstante, o menor A, ainda representado por B, intenta de
novo a ação contra C, entendendo equivocado o juízo anterior a respeito da
representação. Entende-se o segundo juízo vinculado à sentença
terminativa.41 Não há inconvenientes neste entendimento,
estabelecido, expressis verbis, o ônus de o autor erradicar o defeito que
conduziu à emissão da sentença anterior.

O efeito vinculativo externo da sentença terminativa abrange a existência


do ato decisório (retro, 1.651), inexistindo retratação. Vale reproduzir o
exemplo. Demandando A contra B, postulando x e y, sobrevém segundo
processo, em que A pede x perante B. O réu B alega litispendência (art. 337,
VI, c/c art. 337, § 2.º). Antes de o segundo juiz prover a respeito, o juízo do
primeiro processo emite sentença extintiva da primeira ação de A contra B,
porque o autor abandonou a causa por mais de trinta dias (art. 485, III).
Passando à análise da litispendência no segundo processo, o juiz não poderá
ignorar a extinção do primeiro processo.42 Encontra-se constrangido a rejeitar
a questão, em razão do fato superveniente.

2.129. Coisa julgada material

A inclinação do legislador processual em definir institutos controvertidos


produziu, relativamente à coisa julgada, a proposição hoje constante do art.
502. Segundo essa disposição, a coisa julgada (material) é “a autoridade que
torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso”.
Retirada a disposição final, respeitante à coisa julgada formal, condição
necessária, mas insuficiente à criação de vínculo em outro processo, o cerne
da norma situa a coisa julgada corretamente no plano da eficácia e reveste a
decisão – bem entendido: a sentença de mérito, o acórdão ou a decisão
singular cujo conteúdo seja o do art. 487 –, dos predicados da imutabilidade e
da indiscutibilidade ao provimento.

Positivamente, o art. 502 rejeita a conhecida e errônea construção


doutrinária da coisa julgada como “imutabilidade” dos efeitos da
sentença.43 Não há ponto de apoio firme no dispositivo para arrancar-lhe
semelhante sentido, aliás impróprio e errôneo. Idêntica incompatibilidade
apresenta o art. 2.909 do CC italiano de 1942.44Admite a circunstância
desfavorável o próprio autor da doutrina, persistindo, todavia, na linha
desventurada da “imutabilidade dos efeitos”.45 As proposições normativas
hostis constituem razão bastante para renegar a doutrina da “mutabilidade
dos efeitos”, no ius positum brasileiro e italiano.46 Não faltaram críticas de
primeira hora, ensejando célebre polêmica em torno dessa visão da coisa
julgada,47 e outras adesões doutrinárias.48

É intuitivo o motivo por que engendrou-se essa tese. Ao se classificar as


eficácias da sentença de mérito, inicialmente limitadas a três classes –
declarativa, constitutiva e condenatória –, apresentou-se a questão de
estabelecer a eventual relação entre a coisa julgada, entendida como eficácia,
e as variadas energias e efeitos da sentença, e, não, só no tocante à
declaração.49 Claro está que nada impede o surgimento, no momento do
trânsito em julgado, do efeito da declaração – certeza. E nem sequer imagina-
se provimento impugnável como dotado de certeza. Assim, simplesmente, o
efeito da declaração produzir-se-á após o trânsito em julgado. Esta é a
autoridade da coisa julgada.

O fundamento para repelir categoricamente a teoria que localiza a


autoridade da coisa julgada na imutabilidade dos efeitos próprios ou naturais
da sentença extrapola a falta de base legal. Assenta em causa mais profunda
e definitiva: a erronia pura e simples da proposição no ponto decisivo. Efeitos
são, por sua natureza, mutáveis. Há quase cinquenta anos feriu-se o ponto:
“Ora, a quem observe, com atenção, a realidade da vida jurídica, não pode
deixar de impor-se esta verdade muito simples: se alguma coisa, em tudo
isso, escapa ao selo da imutabilidade, são justamente os efeitos da
sentença”.50 Por exemplo, A move ação de separação contra B, alegando que
o réu manteve relações sexuais com C, o juiz acolhe o pedido, mas o
casal A e B, vencido por sentimentos superiores à disposição judicial,
reconcilia-se após a sentença transitada em julgado. Por óbvio, A e B não
casam outra vez, mas restauram a sociedade conjugal dissolvida pelo órgão
judiciário, modificam o efeito principal – estado jurídico novo – do provimento.
A multiplicação dos exemplos revela a erronia da imutabilidade dos efeitos.

Não se explica com muita facilidade a persistência da tese na doutrina


brasileira. Fenômeno atribuível (a) à influência do pensamento do seu
elaborador na processualística paulistana, pouco propensa ao raciocínio
crítico das premissas de tão conspícua origem, e, não em menor grau, (b) à
correta e aguda identificação da aptidão da sentença de procedência para
produzir efeitos, independentemente da autoridade da coisa julgada, ponto de
máxima importância para fixar os limites subjetivos (infra, 2.135). Seja qual for
o motivo dessa resistência muda à evidência (mutabilidade dos efeitos), a
tese não pode ser ignorada,51 entre nós, como acontece alhures.
Também o processo legislativo do CPC de 1973 fornece subsídios
importantes para chegar à conclusão de que a lei rejeitou a tese da
“imutabilidade dos efeitos”.52 O projeto do CPC de 1973 aludia, no então art.
471, a “efeito da sentença”, mas emenda vitoriosa suprimiu tal menção. Outra
emenda, dessa vez supressiva, buscou reverter o quadro, felizmente sem o
menor sucesso.53 O irrefutável revés jamais esmoreceu a lavagem cerebral
que, fazendo tabula rasa da lei, repete proposição totalmente estranha ao art.
467 do CPC de 1973,54 e, a fortiori, no art. 502 do NCPC. O autor da teoria,
em projeto de lei jamais adotado no país de origem, redigiu o art. 258,
segunda parte, nos seguintes termos, estes sim coerentes à tese: “Gli effetti
della sentenza passata in giudicato sono immutabili per le parti…” (Os efeitos
da sentença passada em julgado são imutáveis para as partes…).55 Não se
localiza qualquer “imutabilidade dos efeitos” no art. 502. Felizmente a
proposição só repercutiu doutrinariamente e poucos se atreveram a contrariar
a opinião prevalecente;56 por assim dizer, o equívoco passa em julgado na
maioria das exposições produzidas na vigência do CPC de 1973.57 Atitude
mais consentânea busca reunir os elementos comuns às concepções em
contraste,58 mas impõe-se reafirmar a exatidão do art. 502.

É hora, então, de investigar a proposição do art. 502. Parte de um


princípio de intuitiva clareza. A importância da coisa julgada consiste na
existência ou inexistência do efeito jurídico almejado pelas partes; por isso,
denomina-se a declaração de Festellegunswirkung.59

Limitando a eficácia de coisa julgada à “sentença”, tout court, o art. 467 do


CPC de 1973 incorria em impropriedade por dois motivos: (a) ignorando (ou
melhor: abstraindo) o conteúdo virtual do ato decisório, pois só o juízo de
mérito adquire autoridade; e (b) não é só o provimento final que se reveste
desse conteúdo, ou a sentença do art. 203, § 1.º, mas, por igual, o acórdão e
a decisão singular do relator, bem como outras decisões singulares (v.g., o
julgamento antecipado parcial do mérito). É preciso o art. 502 ao mencionar
“decisão de mérito”. Evidentemente, a “decisão”, referida no art. 502, é a que
“julgar total ou parcialmente o mérito”, resolvendo as questões principais, a
teor do art. 503, caput.

A sentença definitiva (art. 203, § 1.º, c/c art. 487) é ato peculiar do órgão
judiciário de primeiro grau. É provimento posto no fecho do procedimento, por
esta razão chamado de “provimento final”, apto a formular a regra jurídica
concreta, observados os tipos arrolados no art. 487. Todavia, a interposição
da apelação, cabível contra a sentença (art. 1.009, caput), e o efeito
substitutivo agregado pelo art. 1.008 a este recurso, quanto ao capítulo
impugnado – fenômeno repetido nas etapas subsequentes, ocorrendo
impugnações sucessivas –, provocará sua substituição por acórdão, de seu
turno definido no art. 204 como ato decisório emanado do tribunal. E convém
não esquecer que, excepcionalmente, não haverá julgamento colegiado no
tribunal, e, portanto, não se ensejará a lavratura da peça escrita que o
representa – o acórdão –, porque o art. 932 confere poder para o relator
julgar, singularmente, os recursos nas hipóteses de que trata. Não aviando o
vencido o recurso próprio (agravo interno) contra tal ato, e tendo por objeto o
provimento do relator o mérito (art. 487), forma-se a coisa julgada – no
mínimo, a formal. Todavia, desapareceu a sentença propriamente dita, porque
se produziu o efeito substitutivo (art. 1.008), e não há acórdão (art. 204), mas
decisão singular.
Em todos os casos, há um ponto comum. O provimento (sentença,
acórdão ou decisão do relator) formulou a regra jurídica concreta aplicável ao
caso, porque acolheu ou rejeitou o pedido (art. 487, I), ou formulou-a de outra
maneira, emprestando efeitos aos negócios processuais das partes (v.g., o
reconhecimento do pedido, a teor do art. art. 487, III, a). É preciso considerar
o objeto do provimento (objeto material), não só a tipologia do ato (objeto
formal).

No tocante às resoluções tipificadas no art. 485, surgem duas dificuldades,


mais aparentes do que reais, nos quais a sentença não resolve o mérito (art.
487) e, nada obstante, cria-se empecilho ao desenvolvimento do segundo
processo: (a) o art. 486, § 1.º, subordina a renovação da ação, nos casos de
extinção fundada na litispendência, no inépcia da petição inicial (art. 485, I),
na falta de pressuposto processual (art. 485, IV), na falta de condição de ação
(legitimidade e interesse processual, a teor do art. 485, VI, e na convenção de
arbitragem ou declaração da própria competência pelo tribunal arbitral (art.
485, VII), à remoção do fundamento da sentença extintiva anterior, todavia em
alguns casos impossível (v.g., a ilegitimidade ativa); (b) o art. 486, § 3.º obsta
que o autor, dando causa à extinção do processo por inércia (art. 485, III), por
três vezes consecutivas, intente “nova ação contra o réu com o mesmo
objeto”. A esse último caso dá-se o nome perempção.

Ao extinguir o segundo processo, versando a mesma causa, identificada


por seus elementos (retro, 236), o órgão judiciário não profere outra sentença
da mesma natureza e de igual teor da primeira; ao invés, impede o curso do
segundo processo, porque a causa já se encontra definitivamente julgada e
blindada contra controvérsias futuras. O segundo julgamento não substitui o
primeiro, ou se sobrepõe a este, limitando-se a respeitá-lo em sua autoridade.
A impressão confirma-se no caso de o juiz, inadvertidamente ou não, dar
curso ao segundo processo e proferir sentença definitiva, passando o
pronunciamento em julgado. O segundo julgamento é rescindível, por ofensa
à coisa julgada (art. 966, IV), e ineficaz, permanecendo em vigor a primeira
regra jurídica concreta formulada. Logo, o empecilho criado no art. 486 § 1.º,
tem outra natureza, equivalendo à perempção do art. 486, § 3.º: o juiz
extinguirá o processo, em razão da impossibilidade de ingressar no exame do
mérito, impedido pela coisa julgada. Cuida-se de simples reforço à
necessidade de extinguir o terceiro – e, na hipótese da perempção, o quarto –
processo. Na sistemática do NCPC, a remoção desse obstáculo dependerá
da ação rescisória do art. 966, § 2.º.

A rigor, portanto, a coisa julgada não obsta o autor de propor “de novo a
ação”. A relação processual formar-se-á, de qualquer maneira, tão só por
força do exercício da pretensão à tutela jurídica do Estado. Não se
desconhecem casos em que, não alegando o réu a coisa julgada (art. 337,
VII), nem o juiz a reconhecendo,ex officio, há a emissão de segunda sentença
na mesma causa. Pouco importa o teor coincidente ou divergente do segundo
julgamento. A autoridade da coisa julgada obsta, na verdade, a eficácia do
segundo pronunciamento. Nesse sentido, o verbo “ofender”, sugerindo que só
o pronunciamento ineficaz é rescindível, não se mostra preciso.60

O art. 502 do NCPC peca ao colocar em relação de causa e efeito a


autoridade, de um lado, e a indiscutibilidade e a imutabilidade, de outro. Na
verdade, a “imutabilidade” – substantivo que traz infeliz reminiscência da
teoria da “imutabilidade dos efeitos” – refere-se ao trânsito em julgado. “Por
‘trânsito em julgado’”, escreveu-se com clareza, “entende-se a passagem da
sentença de mutável à de imutável”.61 E ao adjetivar a coisa julgada de
“material”, o art. 502 confunde a res iudicata (plano da existência) com a
autoridade da coisa julgada (plano da eficácia).

Em outras palavras, a coisa julgada material é a eficácia que, decorrendo


da imutabilidade, produz indiscutibilidade, impedindo a emissão de outro
pronunciamento convergente ou divergente ao primeiro sobre idêntica
pretensão processual. Ressalvando-se aspectos secundários, o art. 502 tem
sentido preciso e nítido. Estabelece que, após o trânsito em julgado, a
resolução do mérito adquire autoridade particular.

O último ponto a definir-se consiste na origem da autoridade, na verdade


uma eficácia. Existem dois termos de alternativa: (a) a autoridade emana da
própria sentença; (b) a autoridade decorre da inimpugnabilidade.62

Relegando a primeira hipótese para o raciocínio subsequente, à primeira


vista revela-se insatisfatória a primeira. Em si mesma, expressa ideia
inconcussa: ninguém discutirá que, tornada inimpugnável a decisão de mérito,
adquire ela a eficácia de coisa julgada material; ademais, salvo engano de
monta, a proposição tampouco esclarece o que seja tal “autoridade”.

Logo, a hipótese remanescente é a correta: esgotados os remédios


impugnativos, a sentença assume eficácia (ou autoridade) representada por
dois atributos, imutabilidade e indiscutibilidade. Então, chega-se intuitivamente
à insuperável fórmula alemã:63 coisa julgada material é a força ou o efeito da
declaração (Festslellungswirkung) agregada à sentença.64

É única solução realmente adaptável ao art. 502. Ante a proposição,


desaparece em sua pureza original – e existem, todavia, eficácias coevas ao
ato – a diferença conceptual posta à base da teoria da imutabilidade dos
efeitos, distinguido os efeitos da sentença da autoridade de coisa julgada. Não
se mostra possível, à luz dos dados hauridos do ius positum, afiançar que o
objeto litigioso carrega todos os efeitos que, acolhido o pedido, produzir-se-ão
no plano do direito material, razão por que simplesmente cronológica a
eventual vinculação dos efeitos à coisa julgada.65 Admitida a premissa de o
conteúdo da regra jurídica concreta referida a uma determinada situação,
elaborada pelo juiz na sentença definitiva no encerramento das atividades de
cognição, desde logo conter o elemento declaratório, uma coisa é certa:
enquanto for mutável, ou seja, passível de impugnação, o elemento
declaratório jamais produzirá seu efeito próprio – a certeza. Não há certeza
mutável. Ou a certeza é imutável, ou inexiste. Este é o segundo ponto pelo
qual a teoria da “imutabilidade dos efeitos”, pressupondo que todos sejam
aptos a produzir-se independentemente da autoridade de coisa julgada, falece
de razão.

A importância do fator tempo quanto à identificação dos efeitos do


provimento final de mérito não pode ser valorizada excessivamente.66 Em
princípio, as eficácias são intrínsecas ao ato decisório, e os efeitos se
produzem desde logo, porque virtualmente contidos no provimento final,
bastando não inibi-los com a previsão de algum recurso dotado de efeito
suspensivo. No entanto, inexiste argumento conceptual, exceto de lege
ferenda, que impeça o art. 502 agregar à sentença, a partir do trânsito em
julgado, outra eficácia, até então desconhecida ou apenas latente em seu
conteúdo.67 É o caso, aparentemente, do efeito correspondente ao elemento
declaratório. Se tal efeito é a certeza (retro, 231), parece natural que ele não
exista antes do trânsito em julgado, porque o provimento final é mutável antes
disso. Portanto, insistindo e renovando o argumento, a regra jurídica concreta
nele formulado é, por definição, incerta.

Firmado o ponto, porque resultado de sólida convicção, insista no aspecto


pouco usual. A eficácia da declaração (Festellungswirkung) não integra o
conteúdo do objeto litigioso. E não integra a sentença. Esta eficácia agrega-se
ao ato estatal no momento em que o órgão judiciário formula a regra jurídica
concreta, ou resolve o mérito (art. 487), tornando-o indiscutível em outro
processo.

Imprópria que seja a expressão,68 porque as características da regra


jurídica concreta diferem da norma geral e abstrata aplicada na intensidade e
na individualização, o art. 503, caput, outorga “força de lei” (Rechtskraft) à
(toda) sentença. A terminologia correta é Gerichtskraft.69 A regra jurídica
concreta decorre da autoridade do órgão instituído pelo Estado para aplicar o
direito e concretizar os direitos fundamentais. A virtual extensão da força
judicial (Gerichtskraft) ao conjunto do provimento não importa necessária e
fatalmente a indiscutibilidade de todo conteúdo da sentença. Parte dele
seguramente não se reveste desse atributo, por força do art. 504, e da regra
positiva a esse respeito (art. 503), induzindo que a eficácia da declaração não
é o único elemento indiscutível,70 conforme a natureza da lide (equivalente a
pedido, numa das concepções do estatuto, e, portanto, declarativa,
constitutiva, condenatória, executiva e mandamental) e das questões
decididas, tampouco infere-se o avanço da indiscutibilidade sobre o conteúdo
– palavra e noção ignoradas na lei – da decisão de mérito.

A coisa julgada aludida no art. 5.º, XXXVI, da CF/88, consiste na


indiscutibilidade do pronunciamento, quanto ao mérito, decorrente da eficácia
da declaração que surge após o trânsito em julgado. Ficam as partes
subordinadas à eficácia do ato e à regra jurídica concreta por ele
estabelecida. Acolhida ou não a demanda, da decisão “resultou certeza
jurídica, pois a sentença, revestida da autoridade da coisa julgada, será o
espelho indelével de uma intangível realidade, a verdade
judicial”. Sopesados os casos extremos (v.g., o processo simulado), o
71

respeito à coisa julgada ainda representa e melhor solução.72

A autoridade da coisa julgada traduzida na indiscutibilidade da regra


jurídica concreta homenageia a segurança jurídica. Dependerá de remédio
específico, sob certas condições estritas, desfazer o vínculo inter partes.
Desempenha tal nobre função, no direito brasileiro, a ação rescisória (art.
966). Dentre as condições para seu emprego útil avulta: (a) o prazo
decadencial de dois anos (art. 975), que fluirá “quando não for cabível
qualquer recurso do último pronunciamento judicial” (Súmula do STJ, n.º 401),
e sujeito, no NCPC, às exceções compreensíveis do art. 975, § 2.º e do § 3.º,
assinalando-se, entretanto, decisão em contrário do STF;73 e (b) o caráter
taxativo da enumeração dos vícios hábeis à rescisão (art. 966). Não se pode
estabelecer, entretanto, relação necessária entre coisa julgada material e
rescisória. O art. 966 abre exceções em duplo sentido: (a) há sentenças
terminativas (v.g., art. 486, § 3.º) rescindíveis, a teor do art. 966, § 2.º; (b) e há
sentenças definitivas (art. 487, III), fundadas em negócio jurídico unilateral ou
bilateral, anuláveis (art. 966, § 4.º).

A natureza política da autoridade de coisa julgada transparece nítida: “a


partir de certo momento, justa ou injusta, correta ou incorreta, a sentença
deverá se tornar indiscutível, conferindo, assim, por decorrência, estabilidade
a determinada relação jurídica”.74 Este ponto abre a análise dos fundamentos
da autoridade de coisa julgada.

2.130. Fundamentos da coisa julgada

O fundamento político da coisa julgada, o motivo conducente à sua


inclusão no rol dos direitos fundamentais (art. 5.º, XXXVI, da CF/1988),
descansa em razões pragmáticas.75 O litígio constitui fenômeno social
inevitável, às vezes positivo, revelando aspirações de progresso e evolução,
mas exige solução expedita e, principalmente, uma trava que elimine a
incerteza, impedindo, ademais, a renovação indefinida do mesmo
conflito.76 Esse objetivo relaciona-se à segurança da vida social e à eficiência
da atividade jurisdicional e,77 controvertendo-se semelhante valor
constitucional, não se ofende apenas a coisa julgada, atingindo-se a base da
vida em sociedade.

Literalmente, o art. 5.º, XXXVI, da CF/1988, protege as sentenças


definitivas contra as investidas despóticas do Legislativo, vetando a subtração
de situações de vantagem, ou direitos subjetivos, por intermédio da “lei”. Não
faltaram investidas sistemáticas do liberalismo econômico contra esse ângulo
da garantia. Leis de toda ordem subtraem direitos, reformando o Estado, sob
o equívoco pretexto que o interesse coletivo sobrepõe-se ao individual.
Porém, o risco maior origina-se da própria autoridade judiciária, decidindo
divergentemente em processo idêntico ou até diverso ao primeiro, e, nesse
sentido, diz-se que partes e órgãos judiciários vinculam-se à coisa julgada.78 A
coisa julgada obsta não só ao vencido contestar o direito do vencedor. Impede
o órgão judicial de recusá-lo posteriormente ou desconhecer o já decidido.79

O fundamento político da coisa julgada demorou a impor-se como bem


jurídico fundamental. Deve-se à complexidade do comércio jurídico e
econômico e, não, à razão transcendente e natural.80 Cedo ou tarde, e quanto
mais cedo melhor, porque a rapidez próxima à instantaneidade (para a
percepção humana) marca o mundo contemporâneo, a resolução do conflito e
a posição de vantagem reconhecida pela autoridade judiciária hão de se
tornar imunes a contestações juridicamente relevantes. Cuida-se, entretanto,
de opção legislativa, e, por isso, denomina-se de político a este fundamento
da coisa julgada. Não é assim no direito canônico: as causas de estado, como
a anulação do casamento, em princípio jamais transitam em julgado. Claro
está que, teoricamente impugnáveis a qualquer tempo, na prática por novo
fundamento – e, então, o problema passa ao terreno dos limites temporais
(infra, 2.145) –, tais provimentos surtem efeitos – não, porém, a eficácia
própria da coisa julgada ou a eficácia da declaração.

Ao fundamento político, variável no espaço e no tempo, de regra junta-se


ao jurídico. Este relaciona-se ao princípio da definitividade da jurisdição (retro,
191). O órgão judiciário tem a palavra final na resolução dos conflitos (retro,
181.3). Na resolução dos conflitos, nenhuma autoridade estatal exercer a
prerrogativa de rever os pronunciamentos judiciais, senão o próprio órgão
judicial, através de remédio específico, chamado de ação rescisória, e nos
estritos casos do art. 966.

Pouco se lembra e menciona o terceiro fundamento da coisa julgada. É o


que recebe maiores contestações, estimulando, de resto, exceções
episódicas e o caráter relativo do direito fundamental, incluindo o perigoso
movimento da relativização da coisa julgada, ao talante dos juízos de primeiro
grau. Ao abster-se de julgar, outra vez, o Estado demonstra seu imenso
apreço pela justiça do caso concreto, manifestada na primeira sentença
definitiva. Adota o valioso e raro (na teoria do poder) compromisso de não
exercitar sua autoridade, fazendo ouvidos moucos aos protestos do vencido,
em prol da justiça coletiva. A coisa julgada é a suprema justiça do Estado
Constitucional Democrático. Não existiria nenhuma justiça, só o valor
inalcançável, a quimera fugidia, o bem metafísico, se ao vencido coubesse
impugnar a sentença definitiva a qualquer momento e pretexto.

2.131. Objeto da coisa julgada

O objeto da coisa julgada abrange dois aspectos complementares: (a)


formal; e (b) material.

2.131.1. Objeto formal da coisa julgada – A esse título, cogita-se de quais


atos do órgão judiciário revelam-se aptos, em tese, para adquirir autoridade
de coisa julgada.81

Formalmente, o objeto da coisa julgada é a sentença definitiva (retro,


1.559.1), proferida nas hipóteses típicas e estritas do art. 487. A investigação
histórica demonstra suficientemente que só decisões de mérito revestem-se
do atributo da coisa julgada.82 Este dispositivo declara que, em casos tais,
haverá “resolução do mérito”, e contrasta com as hipóteses arroladas no art.
485, objeto de sentença terminativa, nas quais inexistirá semelhante
resolução.

O arranjo legislativo originou-se do CPC de 1973 e, neste diploma, visou a


debelar as incertezas hauridas do CPC de 1939 quanto à definição de mérito
e do recurso porventura cabível – agravo de petição ou apelação. A instituição
de recurso único contra as sentenças já resolveria o problema; porém, o
legislador incorreu em cautelosa redundância, atalhando quaisquer
controvérsias ao demarcar o terreno previamente nos dispositivos
equivalentes aos arts. 485 e 487.83 E logrou êxito inconteste no intento,
simplificando a impugnação das sentenças, como demonstra o emprego da
apelação na vigência do CPC de 1973. As dificuldades aumentaram através
das reformas parciais do segundo código unitário, no último quartel do século
XX, mas o NCPC resolveu-as prevendo o flexível agravo de instrumento (art.
1.015, II), não temendo, inclusive, a redundância (v.g., quanto à resolução
parcial de mérito, o art. 356, § 5.º).

Em consequência, revestir-se-á de autoridade de coisa julgada, em tese,


os provimentos quando: (a) o juiz acolher ou rejeitar o(s) pedido(s), no todo ou
em parte (inciso I do art. 487 c/c art. 490), formulado pelo autor na ação e pelo
réu na reconvenção; (b) o juiz pronunciar a decadência do direito ou a
prescrição da pretensão, objeto da ação ou da reconvenção (art. 487, II); (c) o
réu aderir à pretensão do autor ou reconhecer o pedido (art. 487, III, a); (d) as
partes transigirem (art. 487, III, b); e (e) o autor renunciar à pretensão
processual, também chamada de renúncia ao direito sobre que se funda a
ação no art. 105, caput (art. 487, III, c).

Não se mostram homogêneas as atividades do órgão judiciário em tais


situações típicas. O iudicium varia nas hipóteses do art. 487. A rigor, a
pronúncia da decadência (objeção substancial) e da prescrição (exceção
substancial) não abrange a integralidade do objeto litigioso, porque questões
prévias – logicamente anteriores –, cujo reconhecimento precipitará o término
do raciocínio necessário à análise da parte remanescente do mérito, e
importará, de toda sorte, a rejeição do pedido, reduzindo à hipótese do inciso I
do art. 487. Por exemplo, na ação em que A cobra de B a dívida x, originária
do contrato y, o réu B alega, preliminarmente, a prescrição e, ademais, que
recebeu a quantia x a título de doação: a pronúncia da prescrição da
pretensão de A, porque fundada, desobriga o juiz a resolver se o
réuB recebeu x a título de mútuo ou de doação, ou seja, a respeito da
obrigação de restituir. O raciocínio do juiz finda no acolhimento da exceção
substancial. Não irá adiante. Razões de conveniência, oportunamente
recordadas (retro, 1.645), levaram ao destaque formal da prescrição,
relativamente ao inciso I do art. 487. E nas demais hipóteses, o juiz ficará
adstrito ao negócio jurídico unilateral (reconhecimento, renúncia) ou bilateral
(transação das partes) e impedido (v.g., no reconhecimento) ou desobrigado
(v.g., na renúncia) da emissão do juízo de fato e da aplicação do direito a tal
juízo. Realizará simples controle formal do negócio jurídico (v.g., a capacidade
dos figurantes). Tal vínculo significa, por exemplo, o acolhimento do efeito
jurídico pretendido pelo autor com abstração da existência do esquema de
fato alegado e, conseguintemente, da incidência ou não da norma jurídica
porventura aplicável (retro, 1.609).

Por definição, as sentenças terminativas do art. 485 não exibem aptidão


para adquirir autoridade de coisa julgada. Elas apenas ostentam efeito
vinculativo (retro, 1.651), inexistindo retratação opportuno tempore. Não é,
todavia, a orientação da doutrina alemã.84 Razões de ordem prática impõem
blindagem às sentenças terminativas (Prozessurteil) análoga às sentenças
definitivas. Por exemplo, A pleiteia os juros do contrato x perante B, mas o juiz
declara inadmissível a pretensão, porque A e B firmaram convenção de
arbitragem (art. 337, X c/c art. 485, VII); posteriormente, A pleiteia de B a
prestação principal do contrato x. À primeira vista, a segunda demanda não
esbarra na autoridade de coisa julgada da sentença emitida no primeiro
processo, admitindo-se que o órgão judiciário, no segundo processo, entenda
que a convenção de arbitragem não alcança o contrato x, produzindo
resultado absurdo para B. E, realmente, entre nós inexiste óbice à tramitação
da segunda demanda. Decidiu neste sentido o STJ, no ainda mais espinhoso
caso da legitimidade ad causam, reconhecendo que no direito brasileiro tal
assunto não implica julgamento do mérito, assentando: “A extinção do
processo sem julgamento do mérito, por falta de legitimidade ad causam, não
é passível de formar coisa julgada material, mas sim coisa julgada formal, que
impede a discussão da questão no mesmo processo e não em outro. Isso
quer dizer que não se pode excluir, prima facie, a possibilidade de o autor
repropor a ação, contando que sane a falta de condição anteriormente
ausente”.85 O art. 966, § 2.º, c/c art. 486, § 2.º, enseja solução oposta no
NCPC. Porém, como se recordou linhas antes, não há obstáculo à pretensão;
na pior das hipóteses para o auto, o pronunciamento no segundo processo
coincidirá com o do primeiro, mas a sanção pelo desrespeito ao art. 80, I.

Merece tratamento à parte a peculiar hipótese de o vencido repetir “ação


que já foi decidida por decisão transitada em julgado” (art. 337, § 4.º),
desobedecendo, portanto, à coisa julgada. É uma das perspectivas da função
negativa (infra, 2.149). Admitindo-se que o réu alegue a objeção do art. 337,
VII, ou o juiz conheça do assunto ex officio, findará o segundo processo
através de sentença terminativa, fundado na coisa julgada preexistente (art.
485, V), alegada como questão prévia ou conhecida ex officio, sem prejuízo
do debate prévio (art. 10). O art. 486, § 1.º, autoriza o autor, extinto o
processo sem resolução do mérito, e sem embargo do prévio pagamento ou
depósito do valor correspondente às despesas processuais e aos honorários
advogados, a intentar de novo a ação, removido o obstáculo anterior.

A ressalva do art. 486, § 2.º não significa que a sentença terminativa


revista-se da autoridade de coisa julgada do art. 502. Aliás, o art. 966, § 2.º,
prevê a rescisão, “embora não seja de mérito” a decisão. Com efeito, o juiz,
acolhendo a objeção de coisa julgada, não decide o mérito do segundo
processo. Por conseguinte, o provimento não tem aptidão para adquirir
autoridade de coisa julgada. E, ademais, o autor não fica impedido, na prática,
de intentar de novo a ação, formando terceiro processo. No máximo, nessa
conjuntura, o autor audacioso e obstinado recolherá outra sentença
terminativa e a sanção pela temeridade (art. 80, I). Por esse motivo, revela-se
altamente insatisfatória a explicação literal que não faria sentido pudesse o
autor intentar a ação “mais uma vez, se o processo já se extinguira pela
ocorrência da litispendência ou da coisa julgada”.86 Na realidade, a extinção
de um segundo ou de terceiro processo, nesses casos, não representa efeito
próprio (e preclusivo) da sentença terminativa, e, muito menos, caso de
extinção da ação correspondente à pretensão à tutela jurídica do Estado, que
é inconsumível. O impedimento ao seguimento da preensão do autor, e o
fundamento do juízo de admissibilidade negativo, decorrerá da falta de
pressuposto processual objetivo extrínseco (retro, 100), justamente a coisa
julgada.87 Logo, a coisa julgada não impedirá ao vencido de renovar a
demanda e, não objetando o réu e desconhecendo o juiz a coisa julgada
preexistente, e obter êxito.88 Eis o motivo por que o art. 966, IV, institui como
hipótese de rescindibilidade a ofensa à coisa julgada. Por óbvio, a disposição
pressupõe seguimento de segundo processo com idêntico objeto litigioso, a
emissão de outra sentença pelo órgão judiciário em sentido diferente da
primitiva e aquisição de autoridade de coisa julgada por este provimento
divergente.

Não é a sentença definitiva por inteiro que adquire autoridade da coisa


julgada. Do cotejo entre o art. 504, pré-excluindo do âmbito da coisa julgada
os fundamentos, “ainda que importantes para determinar o alcance da parte
dispositiva” (inciso I) e a verdade dos fatos (inciso II), com o art. 489, III,
resulta evidente que a autoridade de coisa julgada recai sobre o
dispositivo.89 A motivação do pronunciamento, incluindo o juízo de fato, não se
adquire autoridade em ulterior processo.90 É neste tópico que o juiz “resolverá
as questões principais que as partes lhe submeteram”, e segundo o art.
503, caput, a autoridade da coisa julgada opera “nos limites da questão
principal expressamente decidida”. Transitada em julgado a sentença, e
inexistindo a substituição do ato por acórdão emanado de autoridade judiciária
hierarquicamente superior (art. 1.008), do dispositivo decorrem os efeitos
próprios da sentença.

Localiza-se o dispositivo ordinariamente no fecho da sentença (retro,


1.223.5). A sentença necessita indicar de forma explícita, clara e irretorquível
o sentido da resolução das questões e, fitando o art. 487, I, o acolhimento ou
a rejeição do(s) pedido(s), no todo ou em parte, e o melhor lugar para fazê-lo
é na disposição final. E, de um modo geral, esta é a forma empregada pelos
juízes e juízas brasileiras. Eventualmente, surgem sentenças nas quais o
dispositivo remete às disposições anteriormente tomadas na motivação. Nada
obsta a localização do dispositivo em outro sítio – por exemplo, a título de
ementa da sentença. Porém, o vezo da remissão enseja o risco de imprecisão
quanto ao teor das resoluções tomadas e dificultará sobremodo a
interpretação da sentença definitiva. O “vício” de remissão a lugares
impróprios é universal.91 O juiz consciencioso há de evitá-lo.

Pode acontecer de o dispositivo (a) não julgar pedido(s) efetivamente


formulado(s), ou a defesa de mérito indireta do réu (retro, 313.2.2), ou (b)
julgue pedido(s) não formulado(s) ou exceção substancial subordinada à
iniciativa do réu (v.g., a exceção de inadimplemento do art. 476 do CC). Por
óbvio, contaminará o provimento vícios infra petita e extra petita,
respectivamente, passíveis de correção por meio de oportuna impugnação
(v.g., embargos de declaração).

Transitando em julgado a sentença viciada, cumpre distinguir: (a) no caso


de vício extra petita, a disposição existe, vale e produzirá os efeitos que lhe
são próprios, cabendo ao vencido rescindi-la, com fundamento no art. 966, V;
(b) no caso do vício infra petita, a autoridade de coisa julgada jamais recairá
sobre o não decidido, a teor do art. 503, caput (“… questão principal
expressamente decidida”). Lícito adiantar que, em qualquer hipótese,
objetivamente a coisa julgada opera nos limites das questões decididas.

Em tal contingência, à parte prejudicada socorrem dois caminhos


excludentes: (a) renovar o pedido omitido em outra demanda;92 ou (b)
rescindir a sentença, por infração ao direito (art. 966, V). O vínculo das partes
e do juízo do segundo processo subsistirá quanto ao decidido, e, não, no
tocante ao pedido. Idêntica diretriz se aplica à divergência entre a motivação e
o dispositivo. Por exemplo, na ação em que A cobra de B a dívida x, originária
do contrato y, o juiz motiva a sentença definitiva Em certa oportunidade, o
tribunal negou provimento ao agravo aviado contra a decisão a exclusão de
litisconsortes, apesar de fundamentar em sentido contrário, mas o STJ
estimou que, considerando o dispositivo, não cabia o prosseguimento do
processo.93

2.131.2. Objeto material da coisa julgada – Do ponto de vista material,


objeto da coisa julgada consiste no mérito, ou objeto litigioso, em cujo âmbito
surgem as questões que a juiz caberá analisar na motivação (art. 489, II) e
resolver no dispositivo (art. 489, III).

Delimitada a questão atinente aos limites subjetivos, de modo altamente


satisfatório, resta definir os limites objetivos da coisa julgada, apesar da
proposição positiva do art. 503, caput. Em última análise, portanto, a
problemática atual e contemporânea da coisa julgada é uma questão de
limites – terceiro ponto aventado na literatura alemã –,94 subentendendo-se da
fórmula legislativa o agudo problema da individualização do objeto litigioso
(retro, 326). Com efeito, o reconhecimento das divisas reclama a demarcação
prévia do território abrangido pela sentença definitiva. Tal o objeto material da
coisa julgada.

Forma-se o processo por iniciativa do autor (art. 312, primeira parte). A


este poder de iniciativa dá-se o nome de princípio da demanda (retro, 1.468) e
integra a área reservada às partes no processo civil. Decorre do direito
universal à tutela jurídica do Estado. A ciência processual contemporânea
formou-se e adquiriu espírito próprio partindo identificação desta pretensão e
da ulterior separação entre o direito de provocar o órgão judiciário, originando
a relação processual (retro, 84), e a alegação feita pelo autor perante o réu.
Ninguém ingressa em juízo senão para obter um proveito, utilidade, benefício
vantagem ou bem da vida. Essa curial constatação deslocou o foco das
atenções da ação para o conteúdo do processo, inicialmente focalizando a
pretensão material (Anspruch), e, em seguida, ante o desafio da pretensão à
declaração (retro, 231), encarrando o objeto da futura sentença como
pretensão processual (prozessualer Anspruch).95 As teorias desenvolvidas na
literatura germânica visavam a obter noção unívoca e hábil a explicar
simultaneamente a modificação da demanda, a cumulação de pretensões, a
litispendência e a coisa julgada.96

A individualização do objeto litigioso do processo, distinguindo-o dos


congêneres, constitui questão difícil e polêmica.97 O estado do problema
revela que a doutrina está muito longe de atingir razoável consenso. E, nada
obstante, a noção revela-se decisiva. Em primeiro lugar, a individualização da
pretensão do autor predetermina, em virtude do princípio da congruência,
expresso nos arts. 141 e 492, caput, o alcance máximo da futura sentença de
procedência. E, na pendência do processo, à boa ordem jurídica interessa,
senão impedir no nascedouro, ao menos atalhar a tramitação livre e
simultânea de dois processos idênticos, desperdiçando atividade processual e
lobrigando o grave risco de as decisões não coincidirem no todo ou em parte.
E, internamente ao processo pendente, a individualização permitirá identificar
a existência de duas ou mais pretensões autônomas, constrangendo o órgão
judiciário a julgá-las, conforme a natureza do cúmulo (simples, sucessivo ou
eventual), e reconhecer e admitir modificações supervenientes ou, in extremis,
coibir essas mudanças além do limite temporal do art. 329, I. Por fim, o
desfecho do processo há de assegurar a paz jurídica das partes em dupla
direção: primeiro, impedindo que o vencido renove a pretensão, objetivo da
objeção de coisa julgada prevista no art. 337, VII; segundo, impedindo que,
através de outra pretensão, ao vencedor seja arrebatado os frutos da vitória.

Em relação à caracterização desse singular instituto, como já destacado


(retro, 236), o direito brasileiro adotou critério explícito para determinar o
campo natural da coisa julgada e da litispendência. Por analogia, o mesmo
critério regulará os demais aspectos, a exemplo da cumulação de ações.98

Emprega o art. 337, § 2.º, a clássica e flexível teoria dos três elementos –
partes, causa de pedir e pedido (eadem personae, eadem res e eadem causa
petendi) -, mas não isenta de dificuldades, conclamando a comparação
desses dados, coligidos de dois processos distintos, por partes e órgão
judiciário. No terreno doutrinário, a teoria dos três elementos assumiu feição
autônoma na segunda metade do século XIX.99

A respeito, portanto, da individualização do objeto litigioso, reza o art. 337,


§ 2.º: “Uma ação é idêntica a outra quando possui as mesmas partes, a
mesma causa de pedir e o mesmo pedido”. Não há razão teórica e prática
para importar as construções da doutrina germânica. E, de sorte, a proposição
nacional excluiria do horizonte quaisquer teorias que repelissem a causa
petendi do cenário, ou lhe diminuíssem a importância, pois o dispositivo
equipara os dois elementos objetivos.100Em última análise, objetivamente, a lei
brasileira optou pela concepção binária (Zweigliedriger Streitgegenstand) –
causa de pedir + pedido –, rejeitando a unitária (Eingliedriger
Streitgegenstand),101 que só emprega o pedido, eventualmente interpretado ou
esclarecido pela causa. A última concepção teve escassa repercussão fora do
país de origem.102 Entre nós, o critério é do uso paritário dos dois elementos
(zweigliedrige Streitgegenstandsbegriff).103

As vantagens do critério legal – o problema abandona o terreno


especulativo para cristalizar-se na proposição legal – ostentam-se flagrantes.
A individualização da demanda torna-se mais estreita, e, conseguintemente,
mais delimitado o campo de incidência da coisa julgada e mais preciso o
regime da cumulação de ações, porque as questões principais surgem daí. O
critério legal aplica-se indistintamente a direitos individuais e a direitos
transindividuais. Por sinal, é impróprio rejeitar aauctoritas rei iudicate nos
processos coletivos,104 apesar (e por força dele) do regime próprio. E, por
outro lado, emergem dificuldades da composição da causa petendi. Nem
sequer a terminologia, importada do direito material, auxilia nesse aspecto.
Porém, ignorando o fundamento legal e os fundamentos jurídicos, porqueiura
novit curia, reduz-se o problema ao episódio da vida (Lebenssachverhalt) ou
fato constitutivo. E, quanto a esta previsão do art. 319, III, outra redução
mostra-se admissível, distinguindo os fatos simples ou secundários e os fatos
relativos ao interesse, fixando-se o núcleo essencial da causa petendi no(s)
fato(s) principal(is) ou esquema de fato apto à incidência da norma. Item
específico examinou esse ponto (retro, 247.1), ministrando as soluções hábeis
basicamente, mostrando-se desnecessário retornar ao tema.

Importa recordar as variações terminológicas nesse assunto. Por exemplo,


parece correta a afirmativa que o “direito de ação é único, variando apenas as
lides deduzidas em juízo (isto é, as causas)”,105 ou os elementos da
pretensão,106 entendendo-se (a) por ação: a pretensão à tutela jurídica do
Estado e (b) por causas: o objeto litigioso.

E, ainda, impende considerar a possível diferença entre o objeto litigioso


delineado pela iniciativa das partes e o objeto litigioso decidido. Às vezes, a
sentença definitiva desgarra-se do princípio da congruência (retro, 1.575) e
agasalha vício infra petita ou vício extra petita, ficando o decidido (e, portanto,
a autoridade da coisa julgada) aquém e além, respectivamente, do objeto
litigioso apurado in status assertionis ou através da afirmativa (Behauptung)
do autor.107 Neste último sentido, e especialmente para delimitar a autoridade
da coisa julgada, entende-se que o objeto litigioso seja a postulação
individualizada pelo pedido e pela causa petendi(Lebensschaverhalt) tal como
definida na sentença definitiva.108
Feitas essas considerações, vale a pena ilustrar os subsídios recolhidos
no item próprio (retro, 247.1) no seu teste mais decisivo. Volvendo ao
exemplo inúmeras vezes exposto e trabalhado, figure-se a ação em
que A pede a separação de B, alegando que o réu manteve relações sexuais
com C, no dia y e no motel X, e a sentença entenda que, segundo a
prova, C era figurinista da fábrica D, visitou o estabelecimento para
auxiliar B a angariar o pedido de roupas de cama (impugnação indireta de fato
na defesa de mérito direta) e jamais manteria relações sexuais com B, mas
acolha o pedido sob o fundamento nas injúrias assacadas por B contra Ano
curso do colóquio (v.g., imputando à autora opção sexual incompatível com a
união heterossexual). Flagrantemente extra petita, a sentença transita em
julgado, salvo prévia alteração consensual (art. 329, II c/c art. 357, § 2.º).

Pois bem. São fatos simples o dia y e o motel X. A circunstância de o


suposto adultério ter ocorrido no dia z ou no motel T não assume qualquer
relevância. Essas variações emergentes da prova não obstariam, em tese, ao
acolhimento do pedido. Por outro lado, a autoridade da coisa julgada abrange
o pedido de separação de Ae B com base em adultério (com C) e injúria
grave. Rejeitado o pedido, porque a alegação de que B manteve relações
sexuais com C não mostrou-se verdadeira, mas omitida disposição acerca da
injúria grave, a autoridade de coisa julgada não alcançaria esta causa petendi,
segundo a individualização preconizada no art. 337, § 2.º e – convém
acrescentar – a interpretação prevalecente do art. 508, mostrando-se
lícito A postular a separação de B, outra vez, baseada na injúria. Esses
resultados parecem seguros e adequados.

O quadro complicar-se-á, acentuando as dificuldades, se aflorar da prova,


em lugar da causa petendi narrada – relações sexuais do réu B com C -, o
fato de Brelacionar-se sexualmente com a camareira F, por sinal namorada de
longa data.

Em qualquer causa petendi, ou seja, na narrativa feita pelo autor do


episódio da vida da qual extrai o efeito jurídico pretendido, haverá fato
constitutivo, ou esquema de fato, essencial e singular, irredutível a congênere,
sob pena de descaracterização (rectius: mudança) de causa petendi. Ora, na
aventada hipótese de adultério concebem-se duas soluções: (a) ou o núcleo
consiste nas relações sexuais com C; (b) ou o núcleo consiste nas relações
sexuais (no sentido de contato íntimo) com outra pessoa, ou seja,
indiferentemente C ou D.

Antes de responder à questão, ponderem-se as consequências das teses:


no primeiro caso, o juiz rejeitará o pedido, mas autoridade da coisa julgada
recairá só nacausa petendi alegada e julgada (relações sexuais de B com C),
ficando a aberta a possibilidade de A renovar a demanda fundada em outra
causa (relações sexuais de B com D); no segundo, ao invés, o juiz acolherá o
pedido rigorosamente dentro da causa petendi, mas – eis o ponto –,
rejeitando semelhante pedido, não se admitirá a renovação da pretensão com
fundamento nas relações sexuais de B com F, G ou outra parceira ou
parceiro. Parece preferível o primeiro entendimento. Restringe a autoridade
da coisa julgada, abrindo a via judicial segundo os postulados do acesso à
Justiça, e define estritamente a causa petendi. O inconveniente é a
multiplicação de demandas com elevado custo financeiro e emocional. Os
limites objetivos da coisa julgada permitirão opção mais nítida.
Existe outro problema mais agudo e preocupante. Talvez em decorrência
da perspectiva inicial, concentrada na ação, as teorias alemãs e o critério
legal da tríplice identidade (art. 337, § 2.º), vigente no direito brasileiro,
ignoram a contribuição do réu. Ora, apresentada defesa de mérito indireta
(retro, 313.2.2), ao deduzir o réu exceção substancial (v.g., prescrição) ou
objeção material (v.g., decadência), o objeto litigioso ampliar-se-á na mesma
medida. Não é a concepção prevalecente entre nós.109 Entretanto, integrando
as exceções e as objeções substanciais o mérito,110 a ampliação do objeto
litigioso por iniciativa (eventual) do réu, anteriormente examinada (retro, 339),
afigura-se irrecusável no momento do julgamento, no qual competirá ao juiz
resolver “as questões principais que as partes lhe submeterem” (art. 489, III),
e no alcance da coisa julgada, pois a autoridade opera “nos limites da questão
principal expressamente decidida” (art. 503, caput).

Forçoso reconhecer o inelutável: o critério legal da tríplice identidade não


abarca a contribuição do réu ao objeto litigioso. Essa é a deficiência do
sistema, em geral negligenciada pela orientação que rejeita a iniciativa do réu,
mas limitação real e efetiva, a exigir maiores esforços na compreensão dos
limites objetivos da coisa julgada (infra, 2.142).

2.132. Plano da eficácia da coisa julgada

Da natureza da coisa julgada material resulta que a autoridade opera no


plano da eficácia. A jurisprudência do STF já mencionou “eficácia de coisa
julgada” neste sentido.111 É um vínculo que impede novo julgamento da
pretensão processual, no mesmo ou em divergente sentido, e contestações
juridicamente relevantes da regra jurídica concreta formulada no primeiro
processo. Tal vinculo origina-se ou do plano substantivo, sítio ao qual
pertencem os efeitos naturais da sentença definitiva, mais precisamente da
regra jurídica concreta nela formulada, ou do plano processual.

A este título desenvolveram-se e confrontam-se na doutrina alemã duas


teorias acerca do modo pelo qual a coisa julgada atinge suas funções: (a) a
teoria substancial; e (b) a teoria processual. Segundo alvitre assaz discutível,
correspondem a duas visões antagônicas dos fins do processo civil em que
predominam as atividades de cognição: a concretização dos direitos
subjetivos, a que corresponderia a teoria substancial, ou a solução da lide,
fundamento implícito da teoria processual.112 Uma coisa não exclui a outra,
razão por que a relação incorre em exagero. E, de toda sorte, a separação
das concepções antagônicas em dois grupos não passa de visão muito geral
e sumária.113 Os pormenores e ressalvas variam de autor para autor.

2.132.1. Natureza processual da autoridade de coisa julgada – A


autoridade da coisa julga opera no plano da eficácia. O objetivo consiste em
criar vínculo ao órgão judicial em outros processos. Essa proposição soa
natural. Nem sempre predominou, pois existiu forte inclinação na direção
material.

A teoria material da coisa julgada (materiellerechtliche Rechtskrafttheorie)


arranca seu postulado da “desgraçada porém humana realidade”114 de o juiz
tanto acertar quanto errar no decisum. Na sentença justa, coincidirão
plenamente a incidência da norma ao fato e a ulterior aplicação; nesse caso, a
incidência preexistente acaba confirmada pelo órgão judicial. Porém, a
sentença injusta separa a incidência da aplicação, e, assim, ou (a) cria nova
situação jurídica ou (b) extingue a situação jurídica preexistente, em ambos os
casos inovando no plano substancial.115

Um exemplo trivial ilustra a explicação da coisa julgada no viés


substancial: A demanda B, em 31.12.2003, pretendendo receber crédito no
valor de 100, vencido em 01.01.2001, mas B contesta e a instrução apura,
falsamente, que o réu B contraíra a dívida 01.01.2000, sendo acolhida a
exceção de prescrição e rejeitado o pedido.116 A sentença declarou extinta a
pretensão de crédito ainda exigível na data em que o credor demandou o
devedor. Em tal caso, extinguindo pretensão ainda existente, a sentença
operou no plano do direito substancial, desconstituindo a pretensão, sendo o
inverso também concebível, abstendo-se de reconhecer a prescrição
efetivamente ocorrida. Assim, o juiz vincular-se-á, no segundo processo, à
existência ou à inexistência da relação jurídica substancial entre as partes
reconhecida pela sentença definitiva transitada em julgado.

A teoria substancial encontra-se insinuada no uso da expressão “força de


lei” pelo art. 503, caput. Existem outras explicações plausíveis, mas é forte o
induzimento a ver na sentença (mais do que na coisa julgada, bem entendido)
a lex specialis do caso concreto. Em consequência, a regra jurídica concreta
emitida em contraste com a norma aplicada sobrepõe-se a esta, explicando, a
um só tempo, a sentença injusta e o preenchimento das lacunas legais.117

Em contrapartida, a teoria processual da coisa julgada (prozessuale


Rechtskrifattheorie) prescinde da distinção entre a sentença injusta e a
sentença injusta – na verdade, ao juiz do segundo processo não cabe
perquirir o ponto –,118 em que aquela é fonte de direitos no plano substancial,
limitando-se a admitir que, no segundo processo, o órgão judiciário há de se
abster de julgar outra vez (função negativa) ou de julgar em sentido que
contrarie, no todo ou em parte, a coisa julgada anterior (função positiva).119

Esta maneira de encarar a eficácia da declaração é, atualmente,


preponderante na doutrina germânica120 e noutros países.121 O art. 224 da Ley
de Enjuiciamiento Civil espanhola deu-lhe assento legal, ao preceituar que “lo
resuelto con forza de cosa juzgada en la sentencia firme que haya puesto fin a
un processo vinculará el Tribunal en un proceso posterior cuando éste
aparezca como antecedente lógico de lo que sea su objeto, semre que los
litigantes de ambos os processos sean los ismos o la cosa juzgada se
extienda a todos ellos por disposición legal”.122 Várias razões tornaram essa
visão predominante. Fundamentalmente, por mérito próprio e compreensão
da natureza da coisa julgada material, cuja autoridade surte efeitos no plano
processual. A força da declaração (Feststellungswirkung) não se confunde
com outras forças e efeitos que a sentença ostenta desde a emissão e
produzem-se independentemente do trânsito em julgado, na pendência de
recurso não suspensivo, tanto que nenhum juízo admitiria, nessa situação
transitória, a objeção de coisa julgada (art. 337, VII), que exige o trânsito em
julgado. Essa circunstância ocorre “no plano do direito processual e não no
plano da justiça da sentença, isto é, de ser a decisão a verdade sobre o que
era o direito”.123

A inexatidão da teoria substancial decorre dos problemas suscitados na


prática. Em primeiro lugar, a injustiça é, sobretudo, o sentimento dos vencidos
e só tem relevo emocional. O vício de julgamento (error in iudicando),
sumamente variável, decorre da opinião, a mais das vezes, da parte e dos
seus adeptos, jamais do ato em si. Volvendo ao clássico exemplo
anteriormente ministrado, na feição original que o data nos primeiros três anos
do século XX,124 a sentença baseou-se na prova de confissão (Geständniss).
Ora, a admissão de fato contra o próprio interesse não é falsa ou verdadeira.
A confissão é declaração de ciência, e, não, declaração de verdade (retro,
1.870), correspondendo à percepção do confitente, e, não, à realidade. O
exercício na demonstração que a intensidade do efeito da sentença justa
discrepa da sentença injusta não passa de mera especulação.125 Tal basta
para abandonar essa espécie de cogitação. O julgado limita-se a oferecer aos
outros órgãos judiciários uma versão vinculativa da regra jurídica concreta
extraída dos materiais de fato e de direito trazidos ao processo.126 E, de resto,
a teoria simplesmente não funciona nos direitos absolutos:
se A reivindica X de B, e o juiz acolhe o pedido, não se criou o domínio
de A em detrimento de C, que é o verus dominus, nem este perdeu o domínio
preexistente, porque a sentença opera inter partes.127

Ocupando-se do problema da sentença injusta, a teoria material olvida que


a coisa julgada em si é manifestação expressiva de justiça. A abstenção no
exercício do poder – no caso, o de julgar outra vez – constitui fato valioso,
demonstrando o compromisso do Estado com o sentimento popular de justiça
no âmbito civil.

Aos domínios da coisa julgada não importa, absolutamente, se a sentença


cria direitos, inovando no plano substancial, e em que medida. O assunto
integra outras áreas de saber, alheias ao processo civil e, a fortiori, à coisa
julgada. Sob o pretexto de interpretar normas preexistentes, por exemplo, não
raro o juiz (a) passa a criar norma individual para um caso alheio à norma
genérica, regra esta passível de generalidade por via do precedente; (b)
aplica norma que sofreu alteração legislativa indireta, embora o texto primitivo
haja permanecido aparentemente intocado; e (c) vale-se de normas flexíveis
para alterar o âmbito de incidência originário da regra.128Nada disso torna a
sentença justa ou injusta e, tampouco, outorga natureza substancial à eficácia
da coisa julgada. Eventual injustiça da sentença protegida pela coisa julgada
só aumenta a importância de respeitá-la como fundamental ao Estado
Constitucional Democrático.

E, ademais, a natureza processual da eficácia da coisa julgada não se


revela inconciliável com a classificação das ações e das sentenças pela força
e pelos efeitos (retro, 230), agrupando-as em cinco classes diferentes:
declarativas, constitutivas, condenatórias, executivas e mandamentais. Essa
classificação emprega elementos hauridos do direito posto em causa, ou ação
material, mas não pré-exclui que a eficácia da declaração, por sua natureza,
(a) seja agregada à sentença pelo trânsito em julgado e (b) produza efeitos
preponderantemente no plano processual.

2.132.2. Efeitos da natureza processual da autoridade de coisa julgada –


Da natureza processual da coisa julgada surgem importantes efeitos.

Em primeiro lugar, a blindagem oferecida pela autoridade de coisa julgada


ao vencedor não é passiva, porque lhe entrega poderoso meio de defesa
contra as pretensões do vencido: a objeção de coisa julgada (art. 337, VII).
Esta questão preliminar pode e deve ser conhecida ex officio, respeitado o
debate prévio. Submete-se, porém, à limitação da prática da demonstração da
identidade entre a primeira e a segunda demanda, segundo a teoria da tríplice
identidade, e o ônus da prova compete ao vencedor (retro, 101.2).

Instituto de direito processual, é a lex fori que estabelece quais sentenças


têm aptidão de revestir-se da autoridade de coisa julgada, e se realmente
revestiu-se, cabendo ao direito processual disciplinar a eficácia do caso
julgado no segundo processo.129

A eficácia de coisa julgada opera ope legis. O juiz não pode recusá-la ou
restringi-la na sentença definitiva, no todo ou em parte bem como agregá-la a
atos sem aptidão para adquiri-la. Disposições nesse sentido mostrar-se-iam
ineficazes. Tampouco às partes, no âmbito da autonomia privada, é dado
estabelecer convenções a respeito da coisa julgada (v.g., declarando
indiscutível a existência do contrato X) vinculando o órgão judiciário.

E, por fim, a eficácia da coisa julgada vincula quaisquer órgãos judiciários,


independentemente da hierarquia. Assim, transitada em julgado a sentença
de primeiro grau, o STJ encontra-se jungido a respeitar a regra jurídica
concreta formulada por órgão de hierarquia inferior. Curial que seja a regra,
nunca é empresa das mais fáceis persuadir os órgãos judiciários da imperiosa
necessidade de subserviência à autoridade da coisa julgada
independentemente da origem do julgado. A relutância expressa-se de vários
modos. Não se pode negligenciar concepção diferente da justiça do caso
concreto. O desrespeito assume caráter sutil e indireto, mas permanece
ofensivo à coisa julgada. Assim, ao julgar mandado de segurança, o STJ
desconheceu a alegação de coisa julgada trabalhista, que imprimiria outro
teor à decisão, mandando o impetrante suscitar semelhante questão “no juízo
competente”.130 Se a coisa julgada não vinculasse quaisquer órgãos
judiciários, revelar-se-ia remédio inócuo, simples placebo aplicado a casos
específicos. O direito fundamental à estabilidade mostra seu verdadeiro valor
quanto a regra jurídica concreta parece injusta. Aí, nesse constrangimento,
sucumbem os fracos e jamais fracassam os juízes conscienciosos da função
judicante.

É mais discutível, ante os limites subjetivos estabelecidos no art. 506, a


vinculação dos demais órgãos do Estado, posição sustentada no direito
germânico.131 Por exemplo, reconhecida a união estável entre A e B, a
autarquia federal C não pode negar a pensão a A, em razão da morte de B,
porque atingida pelos efeitos (materiais) da decisão constitutiva; porém,
desvinculada da coisa julgada, porque esta opera inter partes, pode
controverter a justiça dessa sentença.

A formulação dos limites subjetivos em tais termos recebeu crítica.


Ultrapassaria “resultado socialmente desejável, ao estender –
desnecessariamente – os efeitos da sentença a terceiro, atribuindo-lhe o ônus
de demonstrar a injustiça de sentença proferida em processo de que não
participou”.132 Qualquer que seja o merecimento do reparo, a alternativa é
muito pior. Não consiste na vinculação da autarquia federal C, implicando, ao
invés, o ônus de A demandar C para obter a pensão. Fica difícil imaginar
sólidas e justificáveis razões para reproduzir a controvérsia acerca da união
estável entre A e B, compelindo a autora A demandar C a esse propósito,
quando se trata de “questão principal decidida”. Do cotejo das situações
resulta evidente a superioridade da tese prevalecente.

À luz da delimitação subjetiva, parece largamente preferível limitar o


vínculo da coisa julgada às partes e aos órgãos judiciários em geral e, quando
muito, beneficiar terceiros. O problema dos limites subjetivos receberá análise
no tempo oportuno. Entrementes, indispensável examinar em que consistem
tais limites.

2.133. Bilateralidade da coisa julgada

O § 325 da ZPO alemã declara formar-se a coisa julgada contra e a favor


de ambas as partes (“… wirkt für und gegen die Parteien..,”). Não há
dispositivo rigorosamente idêntico no direito brasileiro. A parte inicial do art.
506 consagra proposição similar: “A sentença faz coisa julgada às partes
entre as quais é dada”. Entenda-se bem: a decisão de mérito, e, não, a
sentença propriamente dita (art. 203, § 1.º, c/c art. 487). Assim, o vínculo
atinge com a mesma intensidade as partes, independentemente do sentido da
sentença definitiva (procedência e improcedência): tanto ao autor, quanto ao
réu não é dado postular em juízo com o objetivo de contraditar na prática a
regra jurídica concreta. Se A pediu X de B, e ganhou, B não pode pretender
no segundo juízo que não é devedor de A por X, ou de X – Y, nemA pode
pleitear ao mesmo título X + Y.

A sentença de improcedência produz coisa julgada contra o autor,


impedido de renovar a demanda (art. 337, § 4.º), e, conseguintemente,
favorável ao réu. Forma-se a coisa julgada porque o juízo de improcedência é
declaratório negativo da pretensão processual deduzida pelo autor contra o
réu.

Em sentido contrário, argumenta-se que o vínculo inter partes constitui


efeito do trânsito em julgado, e não da sentença de improcedência, limitada à
manutenção do status quo ante, e, assim, insuscetível de produzir qualquer
efeito favorável ao réu.133 Por esse motivo, cabe reconvenção na ação
declarativa (Súmula do STF, n.º 258).

Realmente, (a) o réu não age, mas reage à pretensão do autor e, destarte,
nada pede, porque a defesa só impede o autor de obter o proveito, a
vantagem, a utilidade, o benefício ou o bem da vida almejado; (b) o efeito da
declaração (certeza) é intrínseco à autoridade de coisa julgada, tanto que
“l’accertamento senza cosa giudicata sembra privo di importanza e non serve
a nulla” (a declaração sem a coisa julgada parece privada de importância e
não serve para nada).134

Em toda ação e, portanto, em toda sentença haverá elemento declaratório,


“porém nem sempre é relevante, nem, a fortiori, preponderante”,135 porque em
muitos casos outra é a força do provimento (constitutiva, condenatória,
executiva ou mandamental). Se o objetivo supremo da coisa julgada é a
eliminação da incerteza, nesta perspectiva a imutabilidade (rectius:
indiscutibilidade) da regra jurídica concreta constitui efeito da sentença.136 A
negação da existência de elemento declarativo no juízo de improcedência
percebeu fenômeno deveras relevante, mas deu-lhe incorreta interpretação. A
força da declaração (Feststellungswirkung) só aparece com o trânsito em
julgado. Essa circunstância não significa a inexistência da energia
correspondente, ou seja, o elemento declaratório. Sucede que ele agrega-se a
sentença após o trânsito em julgado, conforme insinua o art. 502. E, de resto,
a coisa julgada opera no plano da eficácia, vinculando as partes e futuros
juízos à regra jurídica concreta.

A reconvenção ou o contrapedido na pretensão à declaração positiva ou


negativa “é desnecessária e inútil se tem por objeto a mesma relação ou
documento”.137Por exemplo, A pede a declaração da falsidade do
documento X perante B, mas o órgão judicial rejeita o pedido: há coisa julgada
(retro, 1.952.5).

O vínculo, inter partes, imposto pela coisa julgada adquirirá importância


em ulterior processo no qual uma delas almeja contradizer relevantemente a
coisa julgada. É o fundamento da teoria processual (retro, 2.132.1).

É excepcional, no sistema brasileiro, a coisa julgada secundum eventus


litis. Verifica-se, por exemplo, na ação popular (art. 18 da Lei 4.717/1965).

2.134. Limites da coisa julgada

A autoridade de coisa julgada coloca a regra jurídica concreta formulada


na sentença definitiva, formalmente transitada em julgado (retro, 2.128.3), na
situação peculiar de indiscutibilidade perante partes e autoridades judiciárias.
A indiscutibilidade surte efeitos no plano da eficácia, mas opera em
determinados círculos. É preciso determinar quais sejam.

Em primeiro lugar, a coisa julgada surte sua peculiar eficácia entre


determinadas pessoas – as partes. São as pessoas que figuraram na relação
processual na posição de sujeitos e, dotadas de plena e efetiva capacidade
para conduzir o processo, influenciaram o teor da decisão. Nem todos os
sujeitos da relação processual na qualidade de partes têm essa capacidade
ou ingressam no processo na oportunidade hábil para influenciar a decisão do
juiz. Os poderes processuais do assistente (retro, 791), ou parte auxiliar,
sofrem restrições de tal ordem que não parece razoável submetê-lo, na
mesma medida da parte principal, à autoridade do julgado. Em tal hipótese, o
vínculo sofre sensível atenuação (infra, 2.151). A análise e identificação das
pessoas vinculadas à autoridade de coisa julgada realiza-se através da
precisão dos limites subjetivos.

A segunda fronteira erigida à operação da coisa julgada respeita ao objeto


material. O objeto do processo abrange os fatos alegados e os efeitos
jurídicos pretendidos e parece natural que a regra jurídica concreta respeite a
uma dada situação jurídica concreta e, não, às congêneres. O art. 503, caput,
limita a coisa julgada, nesse âmbito, ao objeto litigioso (causa petendi +
pedido) e, ainda, às questões principais decididas e, eventualmente,
respeitado alguns pressupostos, à questão prejudicial expressamente
decidida. É o que interessa aos limites objetivos.

Os limites subjetivos e os objetivos distinguem-se através do seguinte:


“não pode deixar de haver limites objetivos; pode deixar de haver limites
subjetivos”.138 E, com efeito, há (a) pronunciamentos objetivados que
operam erga omnes, ou seja, vinculam (in bonam partem), as pessoas que
não participaram do processo, e, portanto, não usufruíram da possibilidade de
influenciar o teor da decisão, como sucede perante direitos transindividuais
(v.g., art. 103, I, c/c art. 81, parágrafo único, I, da Lei 8.078/1990); (b)
pronunciamentos derivados de processos objetivos, no sentido de abstração
de direitos subjetivos de qualquer natureza, individuais ou transindividuais,
vinculantes erga omnes, a exemplo do controle abstrato (ou concentrado) de
constitucionalidade, a teor do art. 102, § 2.º, da CF/1988.

E, por fim, a sentença definitiva formula a regra jurídica concreta quanto a


dado momento temporalmente determinado (Zeitpunkt). A indiscutibilidade
não oferece imunidade aos eventos supervenientes. E, portanto, a esse título
cogitará de problemas agrupados no âmbito dos limites temporais da coisa
julgada.139

A classificação tripartida dos limites da coisa julgada não exclui outras


dimensões do fenômeno. A esse propósito, recorda-se os limites da
argumentação – “alegações”, segundo o art. 508 – na causa originária,
abrindo contestações juridicamente relevantes à coisa julgada.140 Nada
obstante, abstraindo essas outras possibilidades, as três dimensões –
subjetiva, objetiva e temporal – explicam satisfatoriamente a atuação da coisa
julgada e a realização das suas funções.

§ 441.º Limites subjetivos da coisa julgada

2.135. Alcance subjetivo dos efeitos da sentença

Os efeitos próprios da sentença definitiva, revestidos da autoridade


estatal, mas atinentes ao objeto litigioso, operam perante todos ou
universalmente. A regra jurídica concreta formulada no provimento,
entretanto, atingirá pequena fração de pessoas – na verdade, alcançará as
partes principais. Essas pessoas vinculam-se irremediavelmente ao desfecho
do processo. Repercutem os efeitos em terceiros, ou seja, nas pessoas que
não participaram do processo, porque o contato social insere no mundo
jurídico a relação jurídica na qual figuram ou – hipótese intrínseca à
declaração negativa – o reconhecimento em juízo da inexistência dessa
relação, e as partes relacionam-se com outras pessoas, produzindo
influências de variada intensidade em outras relações jurídicas da qual
participam os terceiros.141

Essa repercussão já recebeu exame no capítulo dedicada às situações


que legitimam os terceiros a intervir no processo pendente (retro, 759). A
possibilidade de intervenção fundamenta-se, realmente, na circunstância de o
provimento atingir terceiros. É típico o caso do sublocatário, titular de relação
jurídica derivada da locação, eventualmente objeto de pretensão do locador
contra o locatário, pretendendo dissolvê-la. Segundo o art. 15 da Lei
8.245/1991, desfeita a locação, resolvem-se as locações de qualquer espécie,
consentidas ou não, assegurado ao sublocatário direito de indenização
perante o sublocador. Para inegável que a sentença de despejo proferida em
processo no qual figuram como partes principais o locador A e o
locatário B atingirá o sublocatário C, alheio ao processo, provocando-lhe
expressivo prejuízo.142 O art. 59, § 2.º, da Lei 8.245/1991, erigiu como
contrapeso a necessidade de intimação do sublocatário, qualquer que seja o
fundamento da ação de despejo, mirando a sublocação não consentida pelo
locador, como exige o art. 13, caput, da Lei 8.245/1991. A despeito dessa
providência, o sublocatário é livre para intervir, ou não, repercutindo a
sentença de procedência em sua esfera jurídica.

Em termos largos, mostra-se possível distinguir duas classes de pessoas:


(a) os terceiros indiferentes; (b) os terceiros interessados.143

Dos terceiros indiferentes pouco há a aduzir de proveitoso. É categoria por


exclusão, baseada no trivial fato que à maioria das pessoas sujeitas à
jurisdição brasileira o litígio e seus efeitos mostram-se rotundamente
irrelevantes. Não conhecem os litigantes, desconhecem os fatos que
originaram o litígio, não sendo atingidos pela publicidade da atividade pública
desenvolvida no processo. E, se conhecem os litigantes (v.g., os vizinhos do
casal A e B, em acesa separação judicial), não passa de contato social,
porque não figuram em qualquer relação jurídica passível de serem afetados
direta ou indiretamente pelos efeitos do provimento. Podem até nutrir simpatia
maior ou menor por uma das partes, e serem convocadas para depor e,
ainda, continuam indiferentes. São os chamados terceiros absolutos.144

O grupo dos terceiros interessados apresenta nuances apreciáveis.


Podem ser identificadas quatro classes: (a) os interessados de fato; (b) os
interessados econômicos; (c) os interessados políticos; (d) os interessados
jurídicos.

2.135.1. Interessados de fato – Do ponto de vista da intervenção no


processo pendente, aos interessados em que o julgamento favoreça uma das
partes ou interessados de fato recusa-se qualquer meio de intervir na causa.
A repercussão dos efeitos da sentença não é séria o bastante.

Os interessados de fato figuram como titulares de relação jurídica


autônoma, mas de algum modo conexa à que se tornou objeto do processo.
Por exemplo, na ação em que A postula o divórcio do marido B, a irmã e
cunhada C provavelmente emprestará solidariedade emocional e financeira
(v.g., abrigando-a na própria casa) com a autora A, dissociando-se do réu B.
E pode acontecer de o interesse sentimental de C recair sobre o próprio B,
beneficiando-a, pois, o decreto do divórcio de Ae de B. A sentença ensejará o
desaparecimento do parentesco colateral por afinidade, mantida apenas a
afinidade na linha reta, a teor do art. 1.595, § 2.º, do CC e, assim, os antigos
cunhados ficarão legalmente desimpedidos para casar.

Interesses dessa ordem não permitem a intervenção e nem vinculam o


terceiro ao provimento de qualquer maneira. O prejuízo da irmã da autora –
ou, inversamente, a sua vantagem, aspirando casar com o antigo cunhado –
tem cunho moral, social e familiar. É um interesse de fato, porém: a irmã não
dispõe de meios hábeis para impedir o desfazimento do parentesco por
afinidade, do mesmo modo que não se subtraiu à constituição desse
parentesco (art. 1.595, caput, do CC), em virtude do pretérito do casamento
da irmã. Equiparam-se os interessados de fato, portanto, aos terceiros
indiferentes.

2.135.2. Interessados econômicos – Em situação análoga à anterior, mas


em via de transformação, o terceiro C, credor comum do réu B, obrigado
através de mútuo a pagar-lhe X, ostenta inegável interesse na improcedência
da demanda movida por A, mulher da vítima de acidente de trânsito cujo
responsável é B. A procedência dessa ação enfraquecerá a garantia geral
oferecida pelo patrimônio de B, objeto da responsabilidade prevista no art.
391 do CC, haja vista a preferência do crédito de A.

O interesse do credor comum é, fundamentalmente, econômico. A sua


qualidade de credor não lhe outorga o direito de tolher os negócios usuais do
seu devedor ou eventos que resultem no aparecimento de outros credores
legítimos, todos disputando o patrimônio do obrigado. A relação de crédito
permanece íntegra mesmo na hipótese de o devedor comum se tornar
insolvente.

Percebeu-se a curiosa posição do credor perante o vencimento do


devedor em demanda promovida por outra pessoa idônea a desfalcar-lhe o
patrimônio. “Nesse caso, a eficácia da sentença, não podendo ser
contraditada, equivale, na prática, à autoridade da coisa julgada porque, não
sofrendo prejuízo jurídico algum nada pode objetar à eficácia da sentença e à
autoridade da coisa julgada”.145 É posição particularmente difícil no caso de
processo simulado entre A e B (na realidade, inexistiu o acidente), alvitrando-
se na mesma lição o emprego da rescisória, para remediar o prejuízo; porém,
faltando a C interesse jurídico em intervir como assistente, tampouco legitima-
se a propor rescisória, porque não bastam, aí também, interesses que não
sejam jurídicos. E o exemplo ministrado é, justamente, o da sentença que
condena o devedor comum em ação movida por outro credor.146

Outro exemplo de interesse econômico é o caso de A pretender o


reconhecimento de união estável com B para receber eventual benefício
previdenciário. Não há interesse jurídico da autarquia previdenciária em
intervir na causa entre A e B. Em contrapartida, não se vincula à autoridade
da coisa julgada.

Por exceção nesse domínio, às pessoas jurídicas de direito público


possibilitou-se intervir, “e, se for o caso, recorrer”, “nas causas cuja decisão
possa ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza econômica”,
“independentemente da demonstração de interesse jurídico” (art. 5.º da Lei
9.469/1997). Essa disposição surgiu a fim de autorizar a União a intervir nas
causas em que se controvertessem a privatização das empresas estatais, na
esteira do programa de desestatização, empreendido, a partir de meados da
década de noventa do século XX no Brasil, segundo as diretrizes políticas e
econômicas desdenhosamente chamadas de neoliberalismo. Intervindo
pessoa jurídica de direito público sob tal fundamento, o interveniente vincula-
se na forma do art. 55, forma atenuada de coisa julgada (infra, 2.151).

2.135.3. Interessados políticos – O caráter pluralista e complexo da


sociedade pós-moderna repercutiu nas estruturas do processo civil. Logo
acode o expressivo exemplo do processo “objetivo” do controle concentrado
de constitucionalidade. Conforme o resultado do juízo emitido pelo STF,
reconhecendo, ou não, a compatibilidade de certa norma com a Constituição,
as relações jurídicas de um número indefinido de pessoas sofrerão efeitos
variáveis e de expressiva magnitude, no presente e no futuro. Figurem-se os
casos da admissibilidade da união livre e do casamento civil entre pessoas do
mesmo sexo, a da pesquisa sobre células-tronco e outros assuntos. Em torno
desses temas controvertidos, em torno do qual jamais existirá consenso e a
opinião da maioria tende a exasperar a minoria, organizaram-se grupos de
pressão antagônicos, almejando intervir no debate judiciário que lhes afetará
profundamente os interesses. A redefinição da função judiciária no Estado
Constitucional Democrático impôs o alargamento do debate (retro, 77). E a
forma pela qual amplia-se o debate, dando voz aos grupos representativos de
determinados interesses, aqui chamados de políticos na mais elevada e nobre
acepção da palavra, avulta na intervenção do amicus curiae.

A designação de amicus curiae mostra-se inapropriada e infeliz. O


interveniente a este título é, sobretudo, amigo do próprio interesse. Não raro
hostiliza a autoridade judiciária em vez de persuadi-la. Em todo caso, a função
instituição dessa figura contemporânea não provoca dúvida. Esclarecerá o
órgão judiciário a respeito da posição do grupo representado e trará subsídios
que o juiz, em princípio confinado ao saber jurídico (iura novit curia) e proibido
de utilizar o conhecimento privado (retro, 1.353), dificilmente conheceria o
animado e sectário concurso do interveniente. A desvantagem dessa
intervenção reside no risco de o juiz acolher o entendimento esposado pelo
direito grupo de pressão mais galvanizado, ativo e contundente, senão
violento na sua manifestação, desprezando o interesse da maioria indiferente
e desorganizada.147

O interveniente como amicus curiae é parte auxiliar no processo. No


entanto, é pessoa estranha ao objeto litigioso. Portanto, a sentença definitiva
não lhe vincula de qualquer forma.148 Tampouco se pode cogitar de vínculo
atenuado como na assistência, a teor do art. 123. O amicus curiae não é
titular de relação jurídica atingida, reflexamente, pelos efeitos próprios da
sentença. Por exemplo, ao examinar a constitucionalidade de regra que, em
nome da proteção das espécies, o STF proíbe o sacrifício ritual de animais de
qualquer porte, prática antiga e subsistente em certas crenças religiosas. Por
óbvio, os professos da crença terão seu direito individual afetado, quiçá
ocorrendo em ilícito penal, mas o vínculo resultante da decisão da corte
constitucional não é o Geritchskraf da coisa julgada, mas o da submissão à lei
geral e abstrata.

Não sendo atingidos os amici pela autoridade da coisa julgada, em


princípio não ostentam legitimidade para rescindir a sentença transitada em
julgado, salvo disposição legal em contrário. Porém, nos casos em que a lei
prevê a intimação do terceiro (v.g., art. 31 da Lei 6.385/1976, quanto à CVM),
a preterição dessa formalidade justifica a rescisória, por analogia com o
disposto no art. 487, III, a, do NCPC, e fundamento no art. 966, V.

2.135.4. Interessados jurídicos – Configura-se interesse jurídico afetado


pela sentença definitiva do terceiro que é titular de relação jurídica autônoma,
mas relacionada, direta ou indiretamente, com a relação jurídica que se tornou
o objeto litigioso do processo e acabou disciplinada na regra jurídica concreta.
Esse liame de natureza e de graus variáveis entre relação jurídica na qual
figura o terceiro e o objeto litigioso do processo geralmente enseja-lhe a
intervenção no processo pendente.149 Tais são os terceiros atingidos
reflexamente pelos efeitos da sentença definitiva.

O vínculo entre o terceiro a regra jurídica concreta exprimir-se-á mediante


três situações distintas: (a) compatibilidade; (b) incompatibilidade; e (c)
dependência.
O titular de relação jurídica autônoma atingida pela resolução judicial, mas
compatível com qualquer desfecho do processo pendente, não tem interesse
prático em intervir por força dessa mesma compatibilidade. É o caso de C,
locatário de imóvel comum do casal A e B, e que contratou a locação com B.
Eventualmente, na partilha de bens resultante da dissolução do vínculo
conjugal, o imóvel tocará a A, alterando um dos figurantes, portanto, a relação
jurídica de locação. No entanto, essa mudança ou é indiferente a C ou é
simples repercussão de fato: juridicamente, tanto faz pagar o aluguel a A ou
a B; na prática, se o novo estado civil de Bimplica o surgimento da pretensão
a retomar o imóvel para uso próprio, a desvantagem de C decorre do regime
legal da locação predial urbana e poderia ocorrer, nas mesmas condições,
mantido A como locador.

O titular de relação autônoma, mas incompatível com a regra jurídica


concreta formulada em processo alheio sofrerá repercussão desfavorável ao
próprio interesse. Em outra oportunidade, sob a inspiração de caso
efetivamente julgado, formulou-se o seguinte exemplo: A é titular do cargo
correspondente à serventia x, no chamado foro extrajudicial (tabelionatos e
registros públicos), e, através de concurso de remoção, é promovido para a
serventia y, que se encontrava disponível. Em razão da vaga de x, C é
removido, por sua vez, para esse cargo, mediante outro concurso de
remoção, e, assim, desocupando y, em seguida ocupada por D, primeiro lugar
no concurso de ingresso. Todavia, B impugna a remoção de A, em mandado
de segurança, alegando que o direito de ocupar x era seu, e, não, de A. O
acolhimento da impetração de B implicará o seu retorno à serventia x, e, por
conseguinte, o retorno de C para y e o afastamento de D desse último cargo.
Evidentemente, os direitos autônomos de C e D mostram-se incompatíveis
com o de B. A jurisprudência do STJ vislumbra litisconsórcio necessário entre
a autoridade coatora e o beneficiário direto do ato administrativo (A) e os
demais participantes do concurso.150 Tal orientação baseia-se em critério
pragmático (ou “transigência cautelosa e prudente”, segundo autor
português).151 Interessa, por óbvio, a vinculação ao desfecho da impetração
dos possíveis afetados. Porém, semelhante entendimento desfigura a noção
de litisconsórcio obrigatório. Entre A e a autoridade coatora inexiste
“consórcio”, bem como entre esta e C e D, diretamente atingidos (v.g.,
excluídos da lista classificatória), na hipótese em que esses rotineiros atos
administrativos mostrar-se-iam nulos. Ora, C e D participaram de outro
concurso, retornando ao exemplo ministrado, e, mesmo nessa linha estrita,
permanecem estranhos à lide. Nada obstante, o acolhimento da impetração
lhes afeta a posição jurídica, provocando prejuízo prático. Em matéria
administrativa, a extensão do julgado justifica-se em nome do princípio da
igualdade;152 em juízo, porém, inexiste mecanismo de uniformização.

É idêntica e menos complexa a situação de C, verus dominus, perante a


ação em que A reivindica de B o imóvel x. O (afirmado) direito de C revela-se
incompatível com o direito (afirmado) de A e B.

Também o terceiro titular de relação jurídica dependente do objeto litigioso


é atingido pelos efeitos da sentença definitiva. Exemplo clássico é o do
sublocatário. O pronunciamento que decretar o despejo, dissolvendo a
relação principal de locação, por via de consequência também desfaz a
relação jurídica derivada de sublocação, ope legis, segundo o art. 15 da Lei
8.245/1991. Então, o prejuízo do sublocatário é jurídico, circunstância que lhe
permitirá ingressar no processo pendente para auxiliar o locatário perante o
locador, indiretamente defendendo o próprio direito (art. 59, § 2.º, da Lei
8.245/1991).

O rol apresentado não esgota os terceiros atingidos pelos efeitos próprios


da sentença. Formalmente terceiros na causa, são atingidos: (a) os
sucessores da parte principal; (b) o titular do objeto litigioso, concebendo-se
duas situações: (ba) a pessoa desprovida da capacidade concorrente de
conduzir o processo, confiada a outra pessoa, e chamado de substituído
(retro, 558), e (bb) a pessoa contra a qual o autor não demandou, preferindo
investir contra outra(s) pessoa(s), patrimonialmente mais promissora(s),
igualmente titular do objeto litigioso (v.g., as pessoas enumeradas no art. 130,
I a III).

Os sucessores de uma das partes, a título universal (v.g., o herdeiro da


parte falecida) ou singular (v.g., o adquirente do objeto litigioso), legitimam-se
a intervir no processo, substituindo ou não a parte originária. Essas pessoas
sujeitam-se à autoridade de coisa julgada (art. 506 e 109, § 3.º), porque
figurantes sucessivos na mesma relação jurídica que se transformou em
objeto litigioso, aplicando-lhes, destarte, a regra jurídica concreta formulada
na sentença. Esse resultado se harmoniza com a racionalidade do direito
substantivo: os sucessores adquirem o direito tal qual formulado no processo,
assumindo cômodos e incômodos, vantagens e desvantagens, direitos e
pretensões, deveres e obrigações.153 Já se afirmou que o sucessor não é
verdadeiramente terceiro, e, assim, o vínculo da coisa julgada não opera ultra
partes nessa hipótese.154 Não é menos exato que, não tendo participado do
processo, jamais poderá ser considerado parte.

Não se conferindo ao sucessor a oportunidade de defender o direito em


juízo e, ocorrendo sucessão na pendência do processo, pode parecer
duvidoso que o direito fundamental processual ao contraditório autorize essa
extensão subjetiva da autoridade da coisa julgada, a despeito do preceituado
no art. 506. É uma impressão forte, mas insubsistente. Em relação ao
sucessor causa mortis, cumpre distinguir se o óbito ocorre antes ou após a
formação da coisa julgada. Se ocorrer antes, enseja-se a habilitação e a
possibilidade de o herdeiro defender o direito litigioso, admitindo-se o caráter
transmissível deste; se ocorrer depois, o sucessor recebe o direito que o
sucedido efetivamente tem, protegido pela coisa julgada – o vencido não pode
renovar o processo perante o sucessor e a este não caberá renovar a
demanda –, ou não recebe direito algum, porque o sucedido jamais o teve,
conforme o estatuído na sentença, como aconteceria, aliás, com quaisquer
outros direitos transmitidos pelo sucedido. E, por igual, o adquirente por
negócio inter vivos submete-se à autoridade da coisa julgada, haja ou não
intervenção na causa pendente (retro, 577).

O substituído vincula-se à autoridade da coisa julgada justamente porque


seu direito é defendido em juízo pelo substituto. Não há pois petição de
princípio na afirmativa que o substituído se vincula ao decisum porque é
substituído.155 Essa afirmação corresponde à realidade: o direito posto em
causa é do substituído, e, não, o do substituto. Desvinculá-lo da coisa julgada,
porque não participou do processo, embora parte no sentido material – o art.
506 alude a “partes” e, nesse caso, pode e deve ser compreendido no sentido
material (retro, 500) –,156 importaria a contradição já identificada no caso do
sucessor e a criação de hipótese de coisa julgadasecundum eventus litis.157 E,
no caso da substituição autônoma exclusiva, nem sequer o argumento
calcado no direito fundamental do acesso à Justiça ou à ampla defesa tem
aplicação.158 Ao substituído faltará capacidade para conduzir processo para
controverter a justiça da decisão. Em nosso sistema, o substituído não é
obrigado a participar do processo conduzido pelo substituto e, caso os direitos
fundamentais obrigassem a tanto,159 desapareceria a própria figura da
substituição, restando sem explicação determinados casos de identidade das
demandas, porque duas pessoas diferentes postulam na mesma qualidade
jurídica (v.g., o substituto e o substituído, no caso de legitimidade
extraordinária autônoma concorrente).

O terceiro titular da relação jurídica posta em causa, porque outros


titulares participaram do processo, não é atingido pela coisa julgada.160

2.136. Primeira regra dos limites subjetivos: vinculação das partes

Em tema de limites objetivos da coisa julgada, duas premissas revelam-se


incontestáveis: (a) os efeitos da sentença alcançam terceiros; (b) a
intensidade do reflexo dos efeitos da sentença varia conforme a posição do
terceiro.

Problema completamente distinto é a vinculação do terceiro à coisa


julgada. Ao limitar às partes a auctoritas rei iudicate, não se infere que os
efeitos da sentença tenham este mesmo alcance; do contrário, seria supérflua
a dicção do art. 506.161 A obra de maior peso e influência neste assunto,
urdindo “coerente sistema lógico capaz de eliminar incertezas e
contradições”,162 agrupou os terceiros atingidos pelos efeitos naturais da
sentença em três classes, consoante sua eventual submissão à autoridade da
coisa julgada, ou não, agrupam-se em três classes: (a) terceiros juridicamente
indiferentes, perante os quais “a sentença é juridicamente irrelevante no seu
confronto, mas vale como coisa julgada alheia e pode produzir prejuízo de
fato”; (b) terceiros juridicamente interessados, mas não sujeitos à coisa
julgada, que são os titulares de relação jurídica incompatível; e (c) terceiros
juridicamente interessados sujeitos à coisa julgada, são os titulares de relação
jurídica dependente ou subordinada ao objeto litigioso.163

É fato líquido e certo a extensão dos efeitos da sentença proferida


entre A e B a terceiros, beneficiando ou prejudicando, conforme o interesse da
pessoa atingida. Por exemplo, e volvendo a exemplo já ministrado, a
reivindicatória de A contra B quanto ao bem X, caso acolhida prejudicará a C,
credor de B, diminuindo-lhe a garantia patrimonial. E se B reage contra a
pretensão de A, demonstrando a invalidade do contrato que lhe originou o
crédito, beneficiará C, fiador de B, liberando o garante. Interessados de fato
também são beneficiados: divorciados A e B, C até pode casar com o antigo
cunhado.

Passando em revista tais situações, chegou-se à formulação de teoria


assaz influente. Os terceiros interessados submetem-se à eficácia natural da
sentença, como ato emanado do Estado, enquanto a coisa julgada vincula
apenas as partes; porém, havendo prejuízo, o terceiro (eis o ponto)
necessitará controverter em demanda autônoma a justiça da decisão, a fim de
arredar o prejuízo que os efeitos da sentença provocam na respectiva esfera
jurídica.164 A essa repercussão chamou-se, expressivamente, de “fibrilações”
do julgado.165 Se para o credor C, atingido pelo acolhimento da reivindicação
de A contra B, o prejuízo é de fato, não lhe assistindo pretensão contra A, o
quadro muda de figura para o verus dominus D, possuidor do
imóvel X reivindicado por A: ou porque A pretenda desapossá-lo, alegando a
eficácia erga omnes da sentença proferida contra B, ou porque o êxito
de A lhe preocupa e afeta, a D caberá reivindicar, de seu turno, o
imóvel X peranteA, porque a coisa julgada entre A e B não o vincula. Em
última análise, a teoria leva às últimas consequências a tese segundo a qual
todos obrigam-se a reconhecer o julgado entre as partes, mas ninguém pode
ser prejudicado sem mecanismo de reação.166

Essa concepção apresenta dois problemas muito significativos. Não se


mostra possível ignorá-los.

Em primeiro lugar, decerto a autoridade de coisa julgada alcança pessoas


que não figuram formalmente como partes. Tal é o caso do (a) sucessor a
título universal da parte falecida, não importando verificar-se a sucessão
posteriormente ao trânsito em julgado; e (b) do adquirente do objeto litigioso,
ou sucessor a título singular, embora figure como parte o alienante, a teor do
art. 109, § 3.º; e (c) o substituído nos casos de substituição processual,
eventualmente impedido (v.g., o debenturista) de postular em nome próprio,
porque a legitimação extraordinária do substituto é exclusiva. O impasse
resolve-se em prol da extensão da autoridade de coisa julgada ao substituído.

Também há outras disposições legais vinculando terceiros à autoridade de


coisa julgada (art. 18 da Lei 4.717/1965; art. 16 da Lei 7.347/1985). São
situações práticas que a jurisprudência alemã enfrentou para romper a
exclusiva vinculação das partes.167 A esses terceiros, juridicamente
interessados, o art. 967, II, propicia ação rescisória, remédio hábil para
desconstituir a auctoritas rei iudicate. Não há outra explicação possível para
essa situação legitimadora na rescisória, feita abstração, ainda, da
possibilidade legitimar o sucessor como parte (no sentido material), a teor do
art. 967, I, caso em que o inciso II tornar-se-ia supérfluo.168 A interpretação
restritiva defendida na vigência do CPC de 1939 não resolve o problema.169

A teoria do valor absoluto da sentença estende a autoridade de coisa


julgada a quaisquer terceiros interessados, sem o menor apoio normativo, e
os coloca em posição quase impossível, “tão difícil é a demonstração da
injustiça da sentença proferida em processo alheio”.170 E não se concilia, sem
contradição, com os direitos processuais fundamentais (v.g., o
contraditório).171

O art. 506 do NCPC adotou linha oposta e da maior pureza conceptual.


Reza o seguinte: “A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é
dada, não prejudicando terceiros”. Entendeu-se desnecessário enunciar o
óbvio: a coisa julgada vincula principalmente o órgão judiciário. Afinal, a coisa
julgada destina-se, sobretudo, a produzir eficácia em outro processo. As
autoridades judiciárias ficam impedidas de reexaminar demanda idêntica e
proferir sentença que de alguma forma contrarie provimento anterior passado
em julgado. Se tal acontecimento infeliz e indesejado acontecer, por lapso ou
ofensa deliberada à coisa julgada, a segunda sentença comporta rescisão, a
teor do art. 966, IV, e enquanto tal não acontece, não vincula as partes,
subsistindo o vínculo da primeira (infra, 2.149.6). Em relação ao direito
anterior, o art. 506 eliminou óbice de a coisa julgada beneficiar terceiros. E,
com efeito, há casos em que tal acontece (v.g., objeto litigioso transindividual).

Compreende-se a vinculação das partes à autoridade de coisa


julgada.172 As partes participaram do processo, porque ostentavam
capacidade de conduzir o processo, e usufruíram a oportunidade de influir no
teor provimento judicial, defendendo o objeto litigioso, valendo-se de amplos e
suficientes poderes processuais.173A vinculação das partes é fora de dúvida.
Alguns cuidados são imperiosos. Assim, a ação de A contra B, e a ação
de B contra A, não se mostram idênticas, abstraídas diferenças entre os
elementos objetivos, mas contrapostas. E impende sublinhar a qualidade da
parte. Em caso curioso, mas atual, figure-se o seguinte: os
integrantesA e B da Comunidade Indígena X litigante contra o Poder Público,
reivindicando a reserva da área Y, mas perderam; posteriormente, a
Comunidade Indígena Xpleiteia o mesmo efeito jurídico. O primeiro julgado
não alcança o segundo processo.174 Esses problemas já receberam análise no
item da qualidade jurídica da parte (retro, 241).

Este sentido rigoroso e formal emprestado à palavra “parte”, no art. 506,


guarda estreita fidelidade ao direito fundamental processual do devido
processo. Ninguém será privado da sua liberdade ou de seus bens sem o
devido processo (art. 5.º, LIV). O conteúdo mínimo dessa notável garantia
abrange o direito de ser ouvido e fazer-se ouvir pela autoridade judiciária. Em
princípio, portanto, qualquer eficácia ultra partes da coisa julgada, em prejuízo
do terceiro, esbarra e viola o conjunto dos direitos fundamentais
processuais.175

Uma das aplicações dessa restrição constitucional localiza-se no sistema


de coordenação entre os juízos penal e civil sobre fato que incidiu
simultaneamente no tipo penal e no art. 186 do CC. Os arts. 65 e 66, in fine,
do CPP, pré-excluindo o direito de a vítima postular a reparação civil do dano,
conforme o resultado do processo criminal (coisa julgada secundum eventus
litis), revela-se incompatível com o direito fundamental ao devido
processo.176 E o motivo reside na circunstância de a vítima ou o lesado não
figurarem como parte principal no processo-crime. Em contrapartida, nada
impede a coisa julgada penal beneficiar a vítima ou o lesado.

O vínculo do art. 506 abrange as partes principais. A parte auxiliar sofre os


efeitos da intervenção (art. 123), vínculo atenuado em virtude da limitação dos
seus poderes processuais (infra, 2.151). E a parte coadjuvante, intervindo
como fiscal da lei (art. 178), não se vincula, absolutamente, à coisa julgada.
Não há o menor sentido em vincular o Ministério Público, nesses casos, vez
que não dispõe do objeto litigioso, participando do processo em defesa da
ordem jurídica. No entanto, o STJ entendeu diferentemente, decidindo o
seguinte: “À semelhança do que se observa com a litispendência, a identidade
de partes nas demandas coletivas não se atêm, no que diz respeito à coisa
julgada, ao estritos limites do art. 301, § 2.º, do CPC {de 1973}” – argumento
desnecessário, e, ademais, supérfluo: a regra não se refere às partes
“principais” –, “de modo que, seja atuando como substituto processual, na
presente ação, seja atuando como custos legis na demanda anterior, o
recorrente, de fato, participou ativamente de todas as fases e graus de
jurisdição, o que identifica ambas as ações também pela unidade de propósito
a que fora chamado a resguardar: a defesa da ordem jurídica (CF, art.
127, caput). Sujeita-se, portanto, o Ministério Público à coisa julgada nela
produzida”.177

O art. 506 atinge com igual intensidade a parte no sentido material e a


parte no sentido processual (retro, 500).178 Os sucessores a título universal ou
a título singular e o substituído sujeitam-se à auctoritas rei iudicate.

No tocante aos terceiros interessados, cumpre distinguir as seguintes


situações:

(A) os interessados de fato (v.g., o credor do devedor comum, perante as


pretensões de outros credores, salvo se este credor ostenta relação
incompatível, como no caso da penhora do mesmo bem), equiparam-se aos
indiferentes. Não participam de relação jurídica afetada pelo provimento
judicial, e, portanto, não necessitam (e tampouco podem) insurgir-se contra
seus efeitos;

(B) os interessados juridicamente, mas titulares de relação jurídica


compatível (v.g., o locatário de imóvel comum do casal, perante o divórcio do
locador), não têm interesse em impugnar o provimento. Deste não lhes
decorre qualquer gravame;

(C) os interessados juridicamente, mas titulares de relação jurídica


dependente (ou derivada) da res in iudiciam deducta (v.g., o sublocatário),
sofrem seus efeitos inexoravelmente, hajam ou não intervindo no processo. A
ordem jurídica não lhes assegura o direito de se opor ao resultado do
processo, salvo situação excepcional (v.g., o processo simulado);

(D) os interessados juridicamente, mas titulares de relação jurídica


incompatível com a res in iudiciam deducta (v.g., o registrador que ocupou,
por via de concurso de remoção, a vaga deixada por outro registrador, de seu
turno removido para distinta vaga, ato administrativo posto em causa no
processo), suportam os efeitos naturais do provimento, mas não se vinculam
à coisa julgada. Esses terceiros têm o direito e legítimo interesse em
impugnar o desfecho do processo, de ordinário através de remédio processual
similar ao que provocou o prejuízo (v.g., mandado de segurança).

Os efeitos da sentença não têm valor absoluto perante terceiros. Nesse


ponto, ante a excessiva generalização, a teoria predominante merece reparo.
Desvinculado da auctorictas rei iudicate, porque mostrar-se-ia inconstitucional
vinculá-lo prejudicialmente sem a oportunidade de defender o seu direito em
juízo, lícito ao terceiro ignorar o efeito natural da sentença. Por
exemplo, A moveu ação de reconhecimento de união estável perante B,
transitando em julgado a sentença de procedência; em seguida, morto o
companheiro, A pretende obter benefício previdenciário da autarquia C. Por
óbvio, C poderá negar a qualidade de A,179 restando à última pleitear em juízo
seu direito. Por tais motivos, ampliou-se a legitimação passiva nas ações de
estado (infra, 2.137.2).

O quadro necessitará de ulteriores explicações, enfrentando a posição do


litisconsorte preterido, hipótese em que cumpre distinguir entre o regime
simples e o especial (litisconsórcio unitário), o aparecimento no cenário da
tutela dos direitos coletivos, e, ainda, aplicação aos casos duvidosos.

Formalmente terceiros, a situação do sucessor a título singular ou


universal e a do substituído processual já receberam explicação geral, em
seguida retomada de forma específica.

2.136.1. Vinculação dos sucessores – O art. 2.909 do CC italiano de 1941


declara “far stato” a coisa julgada entre as partes, os seus herdeiros ou
sucessores jurídicos avante causa. É ainda o declarado art. 111, n.º 4, do
CPC italiano. São normas de extensão da coisa julgada.180

Parece natural buscar explicação para esse fenômeno de aparente


extensão ultra partes da eficácia da coisa julgada a quem não participou do
processo e não usufruiu a oportunidade de influir no teor da resolução judicial.
Logo salta à vista que o sucessor a título universal ou singular não é parte no
sentido processual. Porém, tampouco calha o gabarito de terceiro, porque
parte em sentido material. A morte ou o negócio jurídico inter vivos transmite-
lhe o objeto litigioso, no todo ou em parte, e, portanto, haja ou não capacidade
para conduzir o processo, passa a titular do direito (ou do dever) posto em
causa. Essa última particularidade – parte em sentido material – explicaria a
vinculação do sucessor.181

Em relação à sucessão à título universal, preliminarmente cumpre


distinguir a morte anterior ou posterior à formação da coisa julgada. A morte
anterior à formação do processo não interessa aos domínios da coisa julgada.
Transmitido o direito, o sucessor demandará em juízo o que lhe aprouver, ou
contra ele há de ser deduzida a pretensão processual; não se transmitindo o
direito personalíssimo (v.g., o direito de negar a paternidade, a teor do art.
1.601, parágrafo único, do CC), não há o que discutir em juízo.

Falecendo uma das partes no curso do processo, concebem-se duas


situações: (a) a pretensão processual é intransmissível, ativa ou
passivamente (v.g., o direito de pleitear a separação conjugal, a teor do art.
1.571, I, do CC), razão bastante para extinguir o processo, conforme prevê o
art. 485, IX (retro, 566); (b) a pretensão processual é transmissível (v.g., o
direito de exigir a reparação do dano, a teor do art. 943 do CC), caso em que
o juiz suspenderá o processo, procedendo-se à habilitação dos sucessores e
legatários (retro, 567). Feito o câmbio de partes no plano processual, o
sucessor a título universal torna-se parte, incidindo plena e diretamente o art.
506.

Pode acontecer, todavia, de o fato jurídico da morte não chegar ao


conhecimento do órgão judiciário, nem do adversário do falecido, formando-se
a coisa julgada. Evento anômalo, mas plausível. Por exemplo, o servidor
público A reclama em juízo, em litisconsórcio com outros servidores, a
vantagem pecuniária X, perante o Estado-membro B, falecendo no curso do
processo. O sucessor (v.g., o cônjuge C) não tem conhecimento da
litispendência, porque o falecido não lhe informou do ajuizamento, e no caso
das ações pessoais não surtem efeitos outros mecanismos para emprestar
efeito erga omnes da litispendência (v.g., o registro da citação, a teor do art.
167, I, n.º 21, da Lei 6.015/1973). A pretensão processual do servidor
público A é transmissível a C, de resto, no atinente aos respectivos efeitos
patrimoniais.

A esse propósito, aplica-se o entendimento esposado quando ao § 325,


n.º 1, da ZPO alemã, ressalvando a vinculação do sucessor (a título singular)
de boa-fé,182linha igualmente adotada entre nós.183 Aos sucessores do objeto
litigioso transmissível faculta-se rescindir a sentença (art. 967, II), com
fundamento no art. 966, V, porque infringido o art. 313, I. Por sinal, idêntico
direito assiste ao(s) sucessor(es) no caso de intransmissibilidade do objeto
litigioso. Não importa a sucessão ocorrer após o encerramento do processo
ou na sua pendência, desde que, naturalmente, não se haja verificado a
sucessão no processo pendente, hipótese em que a legitimidade do sucessor
é a de parte (art. 967, I). Nesta última hipótese, vencido o iudicium rescindens,
o novo julgamento da causa, objeto de pedido da parte (art. 968, I), recairá
sobre o objeto litigioso, apesar de intransmissível em outras circunstâncias.

Falecendo a antiga parte após a formação da coisa julgada, estende-se


aos sucessores o vínculo, porque assumirão o direito tal qual formulado no
processo, assumindo cômodos e incômodos, vantagens e desvantagens,
direitos e pretensões, deveres e obrigações.184 Este resultado não ofende os
direitos fundamentais processuais,185 anteriormente exercidos por quem
ostentava capacidade para conduzir o processo, e obedece à racionalidade
do direito material. Não é correto – restrição absoluta da extensão ultra
partes da coisa julgada –, segundo o ius positum, o entendimento, nesse caso
específico, que só a sentença favorável ao sucedido se transmitirá ao
sucessor, e, não, os efeitos desfavoráveis.186 Do contrário, não se explicaria a
legitimidade passiva do espólio e, feita a partilha, do sucessor ou do legatário
na ulterior execução do julgado. É preciso tutelar a situação de vantagem do
adversário do falecido, tão digna de proteção constitucional quanto a do
sucessor. O sucessor responderá patrimonialmente, segundo as forças da
herança ou intra vires heredidatis (art. 796). E o regime da oposição,
legitimado passivamente que seja, é o comum, admitindo-se tão só fatos
supervenientes como defesa contra a execução injusta (art. 525, § 1.º, VII).

A submissão do sucessor a título singular segue idênticas diretrizes


análogas. Ocorrendo a alienação do objeto litigioso – portanto, sucessão na
pendência da causa –, concebem-se três situações: (a) o adversário do
sucedido admite o câmbio da parte (art. 109, § 1.º, in fine), transformando o
sucessor em parte principal, caso em que incidirá o art. 506; (b) o adversário
não admite o câmbio da parte, mas o sucessor intervém como assistente
(litisconsorcial), a teor do art. 109, § 2.º, e sujeitar-se-á à autoridade de coisa
julgada (art. 109, § 3.º), pelo mesmo fundamento que o substituído ao
resultado da demanda promovida pelo substituto processual;187 (c) o processo
transcorre sem a intervenção do sucessor a título singular.

Nesse último caso, sem dúvida o mais delicado, a distinção entre terceiro
que adquire o objeto litigioso conhecendo a litispendência e o que a
desconhece volta à tona. Por um lado, a posição do adversário do sucedido
afigura-se igualmente objeto da proteção constitucional, devendo o sucessor
valer-se dos remédios processuais adequados, entre nós, a rescisória do art.
967, II, e, de toda sorte, o sucedido atuou como substituto processual do
sucessor. Ressalva-se o conluio entre o sucedido e seu adversário para
prejudicar o sucessor.188 Entre nós, prepondera a linha germânica. Impedido
de participar do processo por desconhecê-lo, e sendo escusado esse
conhecimento, segundo os costumes do comércio jurídico (v.g., a transmissão
ocorreu na comarca em que pende a demanda real ou pessoal), a força da
sentença não atingirá o sucessor, escapando este da auctoristas rei
iudicate.189

2.136.2. Vinculação do substituído – Chama-se de substituição processual


à legitimidade exclusiva ou concorrente, conferida pela lei em termos
expressos (art. 18), de quem não é titular do objeto litigioso conduzir o
processo em nome próprio e autonomamente. É natural, portanto, cogitar-se
da vinculação do substituído à coisa julgada.

O substituído vincula-se à autoridade da coisa julgada justamente porque


seu direito é defendido em juízo pelo substituto. Não há pois petição de
princípio na afirmativa que o substituído fica vinculado porque substituído.190 É
o seu direito posto em causa, e, não, o do substituto. Desvinculá-lo da coisa
julgada, porque não participou do processo,191 embora parte no sentido
material – o art. 506 alude a “partes” e, nesse caso, pode e deve ser
compreendido no sentido material (retro, 500) –,192 importaria a contradição já
identificada no caso do sucessor e a criação de hipótese de coisa
julgada secundum eventus litis.193 No caso da substituição autônoma
exclusiva, nem sequer o argumento calcado no direito fundamental do acesso
à Justiça ou à ampla defesa tem aplicação.194 Ao substituído faltará
capacidade para conduzir processo para controverter a justiça da decisão. Em
nosso sistema, o substituído não é obrigado a participar do processo
conduzido pelo substituto. Se os direitos fundamentais obrigassem a
participação do substituído,195 a qualquer título – na doutrina peninsular
chega-se a visualizar litisconsórcio necessário –,196 desapareceria a figura da
substituição autônoma Enquanto razões de oportunidade presidirem e ditarem
o expediente da legitimidade autônoma exclusiva (v.g., no caso de dezenas
de milhares de debenturistas, substituídos pelo agente fiduciário), não convém
à boa administração da Justiça Pública eliminá-la. E é justamente a identidade
das demandas quando duas pessoas diferentes postulam na mesma
qualidade jurídica (v.g., o substituto e o substituído, no caso de legitimidade
extraordinária autônoma concorrente) que revela a subordinação do substituto
à coisa julgada.

2.137. Segunda regra dos limites subjetivos: vinculação erga


omnes nas ações de estado

O art. 472, segunda parte, do CPC de 1973, rezava o seguinte: “A


sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando,
nem prejudicando terceiros”. Essa regra desapareceu no NCPC, mas não o
problema à luz do direito material. Por exemplo, o art. 1.615 do CC autoriza
“qualquer pessoa, que justo interesse tenha” a contestar a ação de
investigação de paternidade ou de maternidade. Ora, ninguém pode
pretender, voluntariamente, contestar a ação entre A e B, alegando justo
interesse. Essa não é modalidade de intervenção de terceiros reconhecida no
direito pátrio. Cumpre verificar, portanto, quem se legitima passivamente e
qual o fundamento da extensão da legitimidade passiva em casos tais. Os
efeitos da sentença estender-se-ão, por sem dúvida, aos parentes do
investigado, mas importa decidir, se é possível estender-lhes também
a auctoritas rei iudicate, ante a omissão do art. 506.
O art. 472, segunda parte, do CPC de 1973 reproduziu entendimento
originado do direito romano e largamente difundido no direito comum.197 Ao
reconhecer a paternidade de B, a sentença de procedência da ação de
filiação movida por A não lhe reconhece apenas o estado de filho de B, mas a
de irmão de C e D, estado que, ao fim e ao cabo, quaisquer terceiros obrigam-
se a admitir nas suas relações com A, incluindo o cônjuge de B. Então, dir-se-
á, a sentença facit jus.198 É expresso, atualmente, o § 640-H, n.º 1, da ZPO
germânica, sob a condição de a sentença ser proferida quando viverem as
partes.199 O objetivo é que o estado fundamental da pessoa, importante para
uma série infinita de relações, apareça de modo fixo e uniforme na
coletividade (erga omnes).200

A regra do direito anterior precisava, sobretudo, entendimento nos devidos


termos. Ele aparentava e, efetivamente, agasalhava contradição entre suas
proposições. À primeira leitura, a redundância revela-se manifesta: se todos
os interessados participarem do processo, por óbvio a coisa julgada,
vinculando as partes principais, abrangerá os titulares de eventual relação
incompatível ou dependente do estado almejado pelo autor; e, de outro lado,
se algum dos interessados não participar do processo, porque necessário o
litisconsórcio, a sentença não surtirá efeitos perante o preterido,
porque inutiliter data (infra, 2.138.1.1). E acrescenta-se: tampouco atingirá
quaisquer possíveis interessados alheios à obrigatoriedade da demanda
conjunta e, por igual, ausentes do processo.201

A acreditar-se nesse raciocínio literal, o dispositivo reafirma a vinculação


das partes principais e a disposição sobre a sentença proferida no
litisconsórcio obrigatório (art. 115, parágrafo único). Nenhuma exceção erige à
diretriz geral dos limites subjetivos da coisa julgada.202 Seria regra supérflua.

Não é tão direta, entretanto, a inteligência da regra. Não se explicita o


problema subentendido na regra, qual seja: se na ação investigatória de
paternidade de Acontra B em vida do réu, os filhos de B (C e D) e o cônjuge
(ou companheiro) E, dentre outros parentes vocacionados à sucessão
de B (art. 1.829 do CC), afiguram-se litisconsortes necessários do réu e, em
caso negativo, se a auctoritas rei iudicate atingirá a tais pessoas,
impossibilitando-lhes, havendo sucessão, de controverter o estado adquirido
por B em vida do pai A. Escusado recordar o interesse econômico (e.
conforme o standard social dos envolvidos, o moral) dessa iniciativa. Por
exemplo, falecendo B e premortos os demais parentes em grau próximo e o
cônjuge, talvez seja decisivo para o colateral J controverter a paternidade
de A. Evidentemente, o problema não é tão simples, pois há que perquirir a
legitimidade do colateral J em negar a paternidade, mas evidencia a
imprecisão fundamental da classe dos “interessados” mencionados na regra
revogada.

2.137.1. Abrangência das causas de estado – As “causas relativas ao


estado da pessoa” são as seguintes: (a) cidadania (v.g., naturalização); (b)
filiação (v.g., investigação ou negatória de paternidade); (c) estado civil (v.g.,
divórcio, anulação de casamento); (d) capacidade (v.g., interdição).203

No tocante à interdição, situada no âmbito dos procedimentos de


jurisdição voluntária, inexiste eficácia erga omnes da coisa julgada. Ao
verificar a incapacidade deB na ação movida por A, a sentença de
procedência constitui estado jurídico novo, sujeitando B à curatela, mas não
invalida os negócios jurídicos firmados por B comC e D, pois não se pronuncia
a respeito ou, pronunciando-se nos fundamentos, cuida-se de obiter
dicta irrelevante.204 Logo, aos figurantes C e D nos negócios jurídicos firmados
com o interdito B, mostra-se lícito controverter o discernimento de B na
oportunidade da formação dos negócios, sem ofensa à coisa julgada. Não tem
qualquer interesse em desconstituir episodicamente a sentença de
interdição.205

É pouco exato dizer-se que “por se tratar de ação de estado, a eficácia da


sentença projeta-se erga omnes, o que, em relação a terceiros, equivale à
produção de coisa julgada material, porque sem legitimidade para pleitear a
decretação ou a desconstituição da interdição”, além de contradizer a
premissa que, por se tratar de jurisdição voluntária, inexiste coisa julgada “em
relação às próprias partes”.206 Ocorre o contrário. A falta de interesse
processual em controverter a justiça da decisão significa apenas que a coisa
julgada nas causas de estado não repercute relevantemente na esfera jurídica
dos terceiros. Ficam submetidos aos efeitos naturais da sentença como
qualquer interessado de fato.

2.137.2. Litisconsórcio nas causas de estado – O litisconsórcio passivo


dos interessados nas causas de estado, afigura-se unitário, mas não
obrigatório. Assim, seA obtém reconhecimento da paternidade em vida de B,
não necessita citar todos os parentes e o cônjuge de B.

É bem de ver que o reconhecimento pode ser voluntário ou forçado. No


primeiro caso, inexiste a necessidade de B obter a anuência dos demais
filhos, do cônjuge ou do companheiro no ato jurídico de reconhecimento. Por
conseguinte, no segundo caso A tampouco necessitará demandar todos os
parentes de B. Logrando êxito, e sobrevindo o falecimento de B, os
sucessores do antigo réu vinculam-se ao julgado desfavorável ao falecido
como quaisquer outros sucessores causa mortis (retro, 2.136.1). Não tem
direito a impugnar, por exemplo, a pretensão de A em receber seu quinhão no
acervo hereditário de B.

Desejando B, porém, tornar o desfecho do processo indiscutível (menos


pelo estado, mais pelos reflexos patrimoniais) movido contra A, lícito o autor
convocar a juízo de todos quantos duvidarem, no presente e no futuro, do
estado postulado.

Em memorável julgado, o STJ limitou direito de pleitear o reconhecimento


da identidade genética à geração mais próxima, excluindo a legitimidade ativa
dos graus mais remotos (v.g., do neto em relação ao avô).207 O precedente
legitima a ilação que inexiste interesse de A em demandar os demais
parentes de B em grau sucessível.208

Retornando ao exemplo ministrado, se A promover a citação de C e D, a


par do cônjuge E, a coisa julgada vinculará esses réus (ou todos os
interessados), pré-excluindo controvérsias futuras sobre a sucessão
hereditária. O proveito do autor é por demais expressivo para ser ignorado a
priori. Não parece razoável pré-excluir semelhante litisconsórcio passivo na
ação de investigação de paternidade ou maternidade movida em vida do
genitor ou da genitora. Aos que duvidarem desse entendimento, sustentando
a inexistência de interesse processual, replica-se com a lei material. O art.
1.615 do CC autoriza a qualquer pessoa com justo interesse contestar a ação
de investigação de paternidade, ou de maternidade. Não restringe a regra
essa possibilidade ao reconhecimento forçado após a morte do suposto
genitor ou genitora.

Em tal causa, o litisconsórcio passivo entre B, C, D e E é unitário. A


sentença definitiva haverá de julgar a lide uniformemente perante todos (art.
116), ou seja, o juiz emitirá solução homogênea perante os réus (A é filho ou
não é filho de B, é irmão, ou não é, de C e D). Terceiros não se vinculam à
coisa julgada entre A e B na hipótese de não terem participado do
processo.209 É o caso do pai “registral”, na investigação de paternidade
movida contra o pai verdadeiro.210 A convocação dessas pessoas na ação de
filiação, ao contrário, permite estender-lhes a auctoritas rei iudicate, desde
logo, e independentemente da futura sucessão.211

Ademais, não é lícito rejeitar a formação de litisconsórcio passivo eventual,


havendo dúvida de A se o pai é B ou C – pais prováveis, porque a genitora
manteve relações sexuais com B e C no período da concepção.212

Admitida a premissa, permanece em aberto o círculo dos “interessados”.


Em outras palavras, impende definir os réus da ação de investigação de
paternidade ou maternidade movida após a morte do genitor ou da genitora. E
avulta o disposto no art. 1.615 do CC, autorizando a qualquer pessoa com
justo interesse contestar a ação de investigação de paternidade, ou de
maternidade. A essa disposição junta-se o art. 12, parágrafo único, do CC,
segundo o qual a defesa dos direitos de personalidade post mortem legitima o
cônjuge supérstite (ou companheiro), e os parentes em linha reta, ou
colateral, até o quarto grau. Seria melhor disposição enumerando
exaustivamente os legitimados a contestar a ação de filiação, estendendo-se
tal regra, por analogia, às demais causas de estado.213

Ao comentar o então anteprojeto do CPC de 1973, lançou-se a tese de


que, em vida, réu é o pai ou a mãe, e não os demais parentes ou presumíveis
herdeiros, porque a sentença de procedência não lhes afetará o status;
porém, morto o pai ou a mãe, “o direito à herança se concretiza, e devem,
então, os filhos ser citados para que a sentença valha contra todos” (rectius:
os herdeiros a quem tocará a herança, a exemplo do cônjuge e do
ascendente).214 E, a título de conclusão, ajunta-se: “remanescerão como
terceiros, meramente, aqueles para os quais o julgado alheio ou é de todo
indiferente, ou lhes traria, tão só, prejuízo não jurídico”.215 Este último asserto
é inexato: pode haver outro filho, ainda não reconhecido, pretendendo
concorrer na sucessão aberta.

Segundo outra opinião robusta e persuasiva, calcada na combinação dos


arts. 1.603 e 365 do CC de 1916, correspondentes aos arts. 1.829 e 1.605 do
CC em vigor, podem ser (ou devem ser, uma vez aberta a sucessão) citados:
(a) as pessoas existentes no rol do art. 1.829 do CC; (b) os herdeiros e
legatários contemplados em testamento; (c) outras pessoas que, em
situações específicas (v.g., a entidade de previdência encarregada do
pagamento da pensão), têm interesse em contestar a filiação.216
É linha de extrema prudência – e a advocacia pública e privada timbra
pela exclusão das alternativas desvantajosas, queira-se ou não, enquadre-se
ou não no comportamento desejável pelas teorias vigentes –, ainda não
aberta a sucessão, prevenindo-se o investigante contra os possíveis eventos
supervenientes idôneos a alterar a ordem sucessória posta no momento do
ajuizamento. Ressalva feita aos parentes colaterais, incluindo irmãos, porque
lhes faltaria interesse juridicamente protegido pleiteado o reconhecimento em
vida do genitor, outro alvitre amplia o rol para abranger “o genitor biológico, o
genitor registrado, se houver, o genitor afetivo (hipótese comum do cônjuge
ou companheiro da mãe), o cônjuge ou companheiro do suposto genitor e os
herdeiros deste”.217 Não faltam candidatos potenciais à desconfortável posição
de réu… E isso, porque os efeitos prejudiciais de certas ações de estado, a
exemplo da filiação, afetam número expressivo de pessoas (v.g., os
impedimentos matrimoniais).218

Elevadas razões de oportunidade, haja vista essa indefinição no universo


dos legitimados passivos (o legítimo interesse moral, por exemplo, inspira o
art. 12, parágrafo único do CC), levaram o CPC de 1973 a edificar, nas
causas de estado, a título de exceção, litisconsórcio (passivo) unitário e
facultativo. Não é inteiramente exato, destarte, que C, D e D deverão ser
demandados quando B falecer antes do ajuizamento da investigatória.219 Em
tal hipótese, o litisconsórcio tornar-se-á obrigatório, realmente, e reclamará
solução homogênea para os litisconsortes passivos. No entanto, visando à
futura segurança jurídica do investigante, nada obsta que sejam demandados,
no mínimo, os possíveis interessados econômicos antes do falecimento de B,
embora titulares de simples expectativa de direito.

Fica subentendida nessa exposição a existência de coisa julgada material


nas causas relativas ao estado da pessoa. A desconsideração da coisa
julgada, ponderando os direitos fundamentais em contraste, constitui
problema diverso (retro, 178), e o único propósito desse temperamento
consiste em favorecer o investigante. Por conseguinte, as partes principais
ficarão vinculadas à coisa julgada formada nas ações de estado como regra
geral. Não tem o menor cabimento desvincular o Ministério Público da
autoridade da coisa julgada, nas causas em que atua na qualidade de autor,
porque substituto processual do investigante, bem como o próprio
substituído.220 Em casos tais, admitida a legitimidade do Ministério Público, o
vínculo produz-se normalmente no tocante ao substituto e ao substituído
(retro, 2.136.2). Não há qualquer traço específico a distinguir esta hipótese do
quadro geral.

2.137.3. Eficácia da sentença de procedência nas causas de estado – Em


síntese larga, o direito anterior não consagra eficácia erga omnes da coisa
julgada material. A falta de interesse processual dos terceiros, porque todos
os interessados em controverter o estado adquirido pelo vencedor
participaram do processo, não implica a extensão ultra partes da coisa
julgada, mas dos efeitos naturais da sentença.

2.138. Limites subjetivos da coisa julgada no litisconsórcio

Das combinações possíveis entre as espécies principais do litisconsórcio


(facultativo e obrigatório, unitário e simples), resultam quatro combinações: (a)
litisconsórcio facultativo simples; (b) litisconsórcio facultativo unitário; (c)
litisconsórcio obrigatório simples; (d) litisconsórcio obrigatório unitário.221 O
processo com pluralidade de partes é tradicionalmente encarado como fonte
de dúvida e tensões no terreno da coisa julgada. Não há motivo relevante
para esses cuidados no tocante às pessoas que figuraram no processo ou
litisconsortes propriamente ditos.

Os limites subjetivos da coisa julgada nas quatro combinações expostas


de demanda conjunta não apresentam qualquer particularidade. A coisa
julgada operará uniformemente perante os litisconsortes. Segue-se o art. 506:
a sentença fará coisa julgada, esgotados os meios de impugnação, “às partes
entre as quais é dada”.

Ao passar a limpo os limites subjetivos da coisa julgada na demanda


conjunta, focaliza-se vício específico: a má formação do litisconsórcio
necessário em dado processo. Em tal hipótese, uma ou mais de uma pessoa
a quem caberia litigar conjuntamente com autor ou réu faltou ao processo,
todavia desenvolvido dessa forma incompleta e, por fim, emitida a sentença,
formou-se a coisa julgada inter partes. Formalmente, o litisconsorte preterido
(na formação do processo) é terceiro; desse modo, consoante a proposição
do art. 506, não o alcança o vínculo da coisa julgada, prejudicando-o. Longe
de reunir unanimidade, a enunciação dissipa mal-entendidos, formula a regra
geral e fornece o ponto de partida da resolução dos problemas derivados do
processo viciado, que preteriu uma ou mais de uma pessoa que dele
necessariamente deveria participar. Interessa definir se os efeitos típicos,
naturais ou próprios da sentença proferida no processo defeituoso, seja qual
for seu teor, produzem-se ou não na esfera jurídica (a) das partes e (b) do
preterido. E, produzindo-se tais efeitos, cumpre estabelecer qual (c) o remédio
hábil para inibi-los e, se for o caso, erradicá-los, anulando ou não o processo
viciado.

Por extensão, no litisconsórcio facultativo, mas unitário, a ausência de


uma ou mais pessoa, igualmente titular do objeto litigioso (v.g., o devedor
solidário), não vicia o processo, mas as mesmas perguntas, atinentes à
produção dos efeitos naturais e à vinculação do terceiro, repetem-se interessa
com frequência.

Percebe-se incontinenti o papel central, embora não exclusivo do regime


especial (unitariedade) do litisconsórcio na articulação do assunto. Estudo do
maior rigor científico, e até hoje insuperável na literatura especializada,
desvelou a importância da localização do pressuposto da unitariedade, na
doutrina germânica, na extensão da coisa julgada, ou não, ao terceiro.
Fazendo a prudente ressalva que litisconsórcio necessário e litisconsórcio
unitário não constituem figuras coextensivas, nem há entre elas relação de
gênero e espécie – tese aqui adotada (retro, 580.3) –, premissas inadaptáveis
ao direito brasileiro, entendeu formalmente correto e engenhoso o raciocínio
assim explicitado: “se a coisa julgada em face de A também vincularia B, e
vice-versa, posto que A e B litigassem separados, a sentença proferida em
face da ambos, quando litiguem juntos, tem de tratá-los de maneira uniforme,
sob pena de acarretar a formação de res iudicatae contraditórias, tanto
para A, como para B”.222 Ora, o fato de exigir-se solução homogênea
quando A e B litigarem juntos não implica, litigando A isoladamente, a
extensão da res iudicata aB, ou vice-versa.
2.138.1. Limites subjetivos da coisa julgada no litisconsórcio obrigatório –
A sentença definitiva proferida com a preterição de litisconsorte necessário
é inutiliter data.223 A parte necessária, mas ausente, poderá impugnar o
provimento transitado em julgado através de qualquer remédio jurídico
admissível. Não se mostra necessário o emprego da ação rescisória.224 Por
exemplo, o STJ admitiu a ação declaratória para declarar a ineficácia do
provimento.225 Os embargos de terceiro e o mandado de segurança também
funcionam como remédios hábeis para o terceiro repelir os efeitos da
sentença definitiva, pendente ou não recurso sem efeito suspensivo.

A ineficácia da sentença definitiva, relativamente ao litisconsorte preterido,


formalmente terceiro, respeita à autoridade da coisa julgada. O litisconsorte
preterido não se encontra vinculado ao provimento emitido sem sua
obrigatória presença. Aqui se impõe distinguir o regime simples e unitário do
litisconsórcio necessário para alcançar resultados úteis e não baralhar as
hipóteses.

2.138.1.1. Ineficácia relativa no litisconsórcio necessário simples – Em


caso de litisconsórcio necessário simples, os efeitos naturais da sentença
produzem-se normalmente. Por exemplo, declarado o domínio A sobre o
bem X, em virtude da prescrição aquisitiva, perante B e C, as partes sujeitam-
se à sentença de improcedência e ficam vinculados ao juízo de procedência.
Porém, a sentença é ineficaz perante o possuidor D. Se A pretender
desapossar D, este poderá reagir contra a execução através de impugnação.

A redação do art. 115, II, declarando ineficaz a sentença de mérito, não


auxilia em nada a solução do problema, principalmente no caso de
improcedência. Parece evidente, ainda assim, inexistir vinculação de C, posto
que desnecessária – afinal, a sentença lhe beneficia, na prática, e só tem a
força de coisa julgada no tocante às partes. Os confinantes são litisconsortes
necessários na ação de usucapião de imóvel, mas o regime da demanda
conjunta é simples.226 Assim, a falta de citação de um dos confinantes, nos
casos exigidos no art. 246, § 3.º, vicia o processo, mas não subtrai as partes à
eficácia do acolhimento do pedido, salvo se o preterido impugnar o
provimento,227 através do remédio processual adequado. Nessa hipótese,
acolhido o pedido, as partes anteriormente participantes sujeitar-se-ão ao
novo processo e à eficácia do respectivo provimento. Essa possibilidade não
traduz a inutilidade absoluta do ato decisório,228 mas a ineficácia apenas
perante o preterido. Por sinal, os tribunais italianos reconhecem a vinculação
das partes.229

A extensão da coisa julgada da sentença entre A e B, no caso de


aproveitar o litisconsorte necessário C, defendida no direito italiano,230 e
endossada no direito pátrio sob o influxo da diretriz de potencializar os efeitos
úteis do processo,231 há de se entender nos devidos termos. Uma coisa é não
anular o processo entre A e B, porque os efeitos práticos da sentença
beneficiarão C, outra é vincular C à decisão favorável ou não. De ordinário, o
litisconsorte preterido C não tem interesse em demandar A, pleiteando a
declaração da ineficácia da sentença de improcedência, salvo se A pretender
a produção de efeitos perante C. Eventual pretensão de Aagora contra B e C,
alegando a ineficácia da sentença originária e o vício na formação do
processo, segundo o entendimento examinado, esbarraria no vínculo que lhe
prende a B, vencedor na causa originária. Relativa que seja a ineficácia da
sentença proferida perante C, o vínculo para A é absoluto, pois não poderia
demandarC sem a presença de B.232 Ora, julgada procedente a ação
de A contra B, nada impede nova ação de A contra o confinante C, porque
simples o regime do litisconsórcio entre B e C; mas, julgada improcedente a
usucapião de A contra o vizinho B, a ausência de solução homogênea
entre B e C autoriza a demanda de A. É preciso recordar que litisconsórcio
unitário e litisconsórcio necessário não constituem figuras coextensivas,
inexistindo razão para vincular A ao preterido C, como se houvesse
necessidade de homogeneidade das decisões. Por óbvio, o problema
modificar-se-á se B e C forem condôminos. Em relação aos condôminos, o
litisconsórcio necessário é unitário, mas é simples no tocante aos confinantes.

Tal o fenômeno da homogeneidade parcial do pedido. Por exemplo, “na


ação demarcatória, os lindes do imóvel só podem ser fixados de um
determinado modoquanto a cada qual dos imóveis confinantes, embora o
sejam com total autonomia em relação aos outros; a decisão pode ser
heterogênea em face dos proprietários dos diversos imóveis confinantes, mas
será forçosamente homogênea para os condôminos pro indiviso de um
deles”.233

2.138.1.2 Ineficácia absoluta no litisconsórcio necessário unitário – A


preterição do litisconsorte necessário, em que haja necessidade de solução
homogênea (litisconsórcio unitário), produz a ineficácia absoluta da decisão.
Por exemplo, se B, C e D forem condôminos pro indiviso, na ação
reivindicatória movida por A, a sentença não produzirá seus efeitos naturais
perante B e C, réus na ação, caso preterida a participação de D, e não
vinculará as partes (A, B e C) e o litisconsorte preterido (D).234 Aí, havendo
íntima vinculação da situação global, “qualquer evolução ou
será homogênea ou impraticável”.235 O art. 115, I, declara nula a sentença
proferida em tal hipótese; porém, havendo trânsito em julgado, o que ocorrerá
é a ineficácia absoluta.

A ineficácia relativa, vinculando as partes, conduziria a resultados


inaceitáveis e extravagantes. Figure-se o caso absurdo de a pretensão à
anulação do casamento, movida pelo Ministério Público contra o cônjuge A,
não contar com a presença do cônjuge B. Parece impraticável admitir que o
casamento dissolva-se somente perante o cônjuge participante do
processo.236 O vínculo conjugal não pode, a um só tempo, existir para a
mulher e inexistir para o marido ou vice-versa. Por idêntica razão, a
concepção mais branda, no sentido de a vinculação das partes participantes
subordinar-se à anuência do preterido, ou não, desaparecendo no caso de
efetiva impugnação do litisconsorte preterido, mostra-se pouco
convincente:237 primeiro, a eficácia do provimento não pode subordinar-se a
evento futuro e incerto; segundo, a aceitação da mulher do desfecho positivo
da ação anulatória é irrelevante para a produção do efeito constitutivo
negativo. Em caso de improcedência, as partes não ficam vinculadas. O
Ministério Público poderá renovar a demanda contra o casal, ou o marido
demandar a invalidade do casamento contra a demanda, ou vice-versa, com
idêntica causa petendi.

2.138.2. Limites subjetivos da coisa julgada no litisconsórcio facultativo –


Razões de ordem prática instituíram, nas obrigações solidárias, litisconsórcio
facultativo ativo e passivo. O art. 267 do CC estabelece que “cada um dos
credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da
prestação por inteiro”. Assim, obrigados C e D perante A e B, lícito se
afigura A ou B demandar C ou D, e, por igual, C e D, ou A e B demandarem
conjuntamente C ou D ou C e D. À primeira vista, formando-se litisconsórcio
ativo (A e B), passivo (C e D) ou recíproco (A e B, de um lado, e B e C, de
outro), a homogeneidade é patente, mas irreal: as defesas dos obrigados ou
são comuns ou são pessoais e, neste último caso, quebra-se a necessidade
de decisão informe para os litisconsortes. É um caso de litisconsórcio
facultativo simples, mas ocupa algum espaço nas pesquisas em torno dos
limites subjetivos da coisa julgada, potencializadas e de sumo relevo desde a
vigência da versão originária do art. 274 do CC. O art. 1.068 do NCPC alterou
a redação dessa regra, ajustando-a ao regime geral do art. 506, a saber: “O
julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais, mas
o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal que o
devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles”. Essa última
parte disciplina os limites objetivos.

Ocupa espaço excessivamente valorizado nesses domínios,


desproporcional à importância teórica e prática, a pretensão à invalidação da
deliberação tomada na assembleia de acionistas da sociedade anônima. Pode
generalizar os problemas correlatos para hipóteses distintas de legitimação
ordinária concorrente para desfazer ato ou negócio jurídico. Classicamente, o
problema transparece na invalidação da deliberação social: o sócio A pleiteia
a invalidação da decisão da assembleia geral da companhia B: rejeitado o
pedido, interessa definir se o sócio C ficará, ou não, vinculado à sentença de
improcedência e impedido de invocar idêntica causa petendiem demanda
sucessiva, posto que titular do mesmo pedido; e, acolhido o pedido, o
sócio C ficará impedido, ou não, de pleitear a subsistência de tal deliberação.
O litisconsórcio entre A e C, demandado em conjunto a companhia B, é
facultativo, mas unitário.238 Assim, cogita-se da extensão da coisa julgada ao
terceiro.

2.138.2.1. Limites subjetivos da coisa julgada no litisconsórcio facultativo


simples – A facultatividade do litisconsórcio ativo e passivo nas obrigações
solidárias suscita a óbvia questão de saber se os efeitos da sentença
definitiva e, eventualmente, a autoridade da coisa julgada, alcança o credor e
o devedor alheios ao processo.

Por força do regime da solidariedade, cada credor é titular de todo o


crédito, e cada devedor obrigado a pagar a qualquer deles toda a dívida. As
relações internas entre A e B e entre C e D, numa hipótese e noutra, não tem
relevo, mas a disciplina geral é inequívoca: B tem pretensão para receber
de A sua parte (art. 272 do CC), e C pretensão perante D para repartir o
desfalque patrimonial (art. 283 do CC). O tema comporta outras variações
estranhas aos objetivos deste item dedicado aos limites subjetivos da coisa
julgada na relação externa entre credores e devedores. A questão da
natureza da legitimidade já recebeu análise (retro, 557).

Convém formular claramente o problema. Em determinado


negócio, A e B são credores de C e D; o credor A toma a iniciativa de
reclamar a prestação por inteiro em juízo, demandando o obrigado C ou D, e
obtém a condenação do réu (sentença de procedência) ou, inversamente, o
pedido é rejeitado (sentença de improcedência).
À luz das proposições já lançadas em itens anteriores, a solução revela-se
intuitiva: os efeitos da sentença de procedência (condenatória) proferida
entre A e C beneficiará B, legitimando-o a executar o condenado; a sentença
de improcedência (declaratória) não o prejudicará, porque não lhe afeta
a auctoritas rei iudicate, legitimando B a demandar, de seu
turno, C ou D.239 Admite-se a demanda de B contra C ou A, porque a disciplina
material das obrigações solidárias não reproduz a das obrigações correais,
em que “a litiscontestatio por um dos corredores correais extinguia o direito e
a pretensão dos outros”.240

É menos intuitiva a solução cabível ao inverterem-se os papéis. A


condenação de C não implica a de D. Não cabe ao credor A, invocando o
título em que figura como condenado C, executar D. No entanto, a sentença
de improcedência da pretensão de A contra C não beneficiará D, a teor do art.
506, eximindo-o, tout court, de se defender de eventual pretensão de A ou
de B.

Não se mostram uniformes as soluções do direito estrangeiro sobre tal


assunto.241 E trazê-las à colação só enevoaria o panorama, impondo-se
examinar a questão diante o direito brasileiro. O art. 274 do CC enfrentou o
problema no ângulo da solidariedade ativa, dispondo: “O julgamento contrário
a um dos credores solidários não atinge os demais; o julgamento favorável
aproveita-lhes, a menos que se funde em exceção pessoal ao credor que o
obteve”. Adotou opinião já externada no direito anterior.242 O art. 1.068 do
NCPC alterou a redação da regra civil, ajustando-a à proposição do art. 506:
“O julgamento contrário a um dos credores solidários não atinge os demais,
mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de exceção pessoal
que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles”.

O art. 274 do CC consagra hipótese de coisa julgada secundum eventus


litis, apesar de não se referir a esta eficácia, porque distinguindo a
improcedência da procedência. Em relação à sentença de improcedência, a
primeira parte segue a diretriz geral: a sentença passada em julgado na causa
entre A e C vincula as partes, não beneficiando, nem prejudicando os
terceiros (B e D), no caso titulares da mesma relação jurídica. O credor A não
pode demandar C, outra vez, mas pode dirigir-se contra D, bem como ao
credor B afigura-se admissível demandar C ou D.

A sentença de procedência emitida a favor de A na demanda contra C,


declara a segunda parte do art. 274 do CC, favorecerá o credor B,
legitimando-o a executá-la contra C, a teor do art. 778, caput. Porém,
introduziu a seguinte ressalva: “sem prejuízo de exceção pessoal que o
devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles”. A regra cogita
da defesa de mérito – exceção substancial ou objeção substancial.243 E, com
efeito, existem exceções que, em tese, tocam unicamente ao
credor C perante A, chamadas de exceções pessoais, e exceções comuns
a C e D. Por exemplo, a suspensão do prazo de prescrição a favor de A só
aproveitará Bse a obrigação for indivisível (art. 201 do CC); ao invés, a
interrupção da prescrição a favor de B aproveitará A (art. 204, § 1.º, do CC).
Assim, defendendo-se C contra a pretensão de A alegando prescrição,
rejeitada a exceção, porque interrompida a prescrição, os efeitos da sentença,
e, a fortiori, a coisa julgada aproveitará B; ao invés, rejeitada a exceção (e
acolhido o pedido), porque a suspensão da prescrição beneficia A, em outro
processo C poderá defender-se com êxito perante B.244Exemplo similar
(defesa comum: invalidade da obrigação; defesa pessoal: pactum de non
petendo in personam) encontra-se na mais antiga doutrina.245

Dessas considerações retira-se o seguinte: a sentença


entre A e C, secundum eventus litis, porque apanha apenas o caso de
julgamento favorável ao credor solidário A, e consoante o teor da questão
decidida (art. 503, caput), beneficiará o credor B, não cabendo ao
devedor C alegar, outra vez, a exceção comum rejeitada. É, pois, caso de
extensão ultra partes da coisa julgada, e, não, dos efeitos da sentença.246 E
não há ofensa aos direitos fundamentais processuais, porque Cencontra-se
vinculado à questão decidida.

As consequências da regra só lograrão efetiva aplicação quando houver


precisão inequívoca na motivação da sentença.247 A extensão do vínculo, em
proveito do terceiro, depende do fundamento da rejeição da defesa de mérito
indireta oposta pelo obrigado. Cuidando-se de exceção à regra geral da
vinculação exclusiva das partes, só a sentença fundada em exceção pessoal,
concorrentemente ou não, opera em favor do terceiro.

O art. 274 do CC absteve-se de disciplinar a situação inversa: a sentença


desfavorável ao credor A, na ação movida contra o obrigado C, julgamento
fundado em exceção comum a todos os devedores (v.g., prescrição). Tem
cabimento, aí, o direito fundamental processual à isonomia, excepcionando o
art. 506.248 A sentença fundada em exceção oponível a um só credor não
beneficiará os outros obrigados solidários.

2.138.2.2. Limites subjetivos da coisa julgada no litisconsórcio facultativo


unitário – Reunindo-se os sócios A e B para invalidar a deliberação da
assembleia geral da companhia C, em demanda conjunta, o litisconsórcio
ativo é facultativo e unitário. Embora A e B sejam titulares de pretensões
concorrentes, inseridas na mesma situação global e deduzidas com idêntico
objetivo, razões de oportunidade desobrigam, como acontece na
solidariedade ativa, a demanda conjunta obrigatória.

Revelar-se-ia muito difícil, senão impossível empolgar todos os sócios na


empreitada coletiva, bastando um só dissidente – e não faltariam discordantes
sinceros – para inviabilizar a demanda. Em outra situação, criou-se singular
alternativa, facilitada pela individualização da relutância. O art. 74 autoriza o
suprimento judicial da “autorização” do cônjuge recusante em participar da
demanda, integrando a capacidade processual do outro, e, assim, facultando
a demanda em proveito do casal, sob pena de nulidade do processo (art. 74,
parágrafo único). O engenhoso expediente não se aplica, contudo, nas
relações societárias, e nem se pode supor a possibilidade de o órgão judicial
ouvir os divergentes, às vezes contados em dezenas ou milhares de pessoas,
ponderando a razão de um e de outro grupo com rapidez. Como quer que
seja, o litisconsórcio ativo de A e B contra a companhia C é, ainda, unitário. A
inserção de A e B na situação substancial global é tão íntima e estreita que ou
o juiz rejeitará ou acolherá o pedido para ambos.

Autorizando demandas separadas de A e de B contra C, pois nada


obriga B a aguardar o desfecho do litígio encetado por A, assumiu-se o grave
risco da emissão de decisões conflitantes, não se reunindo os processos para
sentença simultânea por força da conexão (art. 55). Risco assumido em nome
de um mal menor e improvável, mas latente na sistemática e solvido pela
arbitrária prevalência do último julgado.

É muito natural, portanto, tomando a iniciativa A, mas omisso B, identificar


se o virtual litisconsorte B vincula-se, ou não, à sentença proferida
entre A e C. E acontece de o interesse de B seja contrário ao de A,
pretendendo declarar a subsistência da deliberação impugnada. Logo, o
autor A buscará satisfazer seu próprio interesse, embora não seja
exclusivo,249 no mesmo ou em divergente sentido da maioria dos outros
sócios.

Segundo o entendimento prevalecente, aplica-se o art. 506, tanto no caso


de procedência quanto de improcedência. A sentença de procedência
(constitutiva) emitida a favor de A na ação movida contra C desconstituirá a
deliberação da assembleia perante todos (erga omnes), porque este ou
mantém ou desaparece por completo.250 Não há como desaparecer para um
dos sócios e subsistir para os que não demandaram em juízo. Resta ao
legitimado concorrente B, desconforme com o resultado – hipótese
geralmente esquecida nas cogitações a respeito,251 mas percebida na doutrina
nacional –,252 pleitear a restauração do ato, mediante ação própria;253 do
contrário, alinhado com a pretensão vitoriosa de A, faltaria a B interesse
processual para demandar idêntica providência, ou seja, torna-se
“absolutamente inútil o ajuizamento de ulterior ação judicial”.254

De seu turno, a sentença de improcedência (declaratória) proferida


entre A e C jamais alcançará B, não lhe impedindo de renovar a pretensão
contra C, baseando-se na mesma causa de pedir. Por óbvio, a posição da
companhia C revela-se assaz incômoda, expondo-se a resistir contra as
pretensões simultâneas ou sucessivas de A e B, cujo único limite teórico é o
vencimento do prazo decadencial ou prescricional, subordinado ao fato
constitutivo invocado (v.g., quatro anos, havendo dolo, a teor do art. 178 do
CC). Não é possível retirar do art. 506, implicitamente admitindo que a coisa
julgada beneficie, embora não possa prejudicar, a ilação que C possa alegar
coisa julgada perante B, porque neste caso haveria prejuízo ao terceiro B.
Também se verifica o inconveniente e a quebra da igualdade de tratamento
no regime da coisa julgada das ações coletivas. O réu vitorioso na ação
coletiva quando muito livra-se de outra ação coletiva idêntica, jamais das
ações individuais. E não há solução satisfatória para essa displasia da
sociedade de massas.

O sistema exposto abriga o risco de surgirem decisões conflitantes –


A tem a pretensão rejeitada, mas a de B é acolhida –, disciplinando
contraditoriamente a deliberação interna corporis da sociedade. Eis o motivo
por que, em desacordo com a diretriz do art. 506, sustenta-se a adstrição do
litisconsorte virtual ou terceiro interessado ao juízo de improcedência. Do
contrário, rompida a imprescindível homogeneidade, tornar-se-ia “inviável a
subsistência da situação substancial global”.255

Como já se assinalou, não há solução irretorquível, em caso de coisa


julgadas conflitantes. O alvitre mais comum consiste na prevalência da coisa
julgada posterior.256 Quer dizer, bastaria o êxito de um dos sócios para
dissolver a deliberação da assembleia geral da companhia C, submetendo-se
todos os efeitos dessa sentença desconstitutiva, malgrado a coisa julgada em
contrário anterior. Ora, o conflito prático de coisas julgadas, supondo-se
emitidas entre as mesmas partes – e, aí, ecoa a superada tese da
representação do sócio A pelo sócio B e vice-versa –, resolve-se em favor da
primeira coisa julgada (infra, 2.149.6), pois a segunda é ineficaz e rescindível
(art. 966, IV). Não há base legal para afastar tão rudemente o art. 506,
invocando o benefício da companhia C, sem atentar ao prejuízo do terceiro B,
como inexiste fundamento para submeter todos os sócios omissos à coisa
julgada da pretensão deduzida por A contra C, geralmente rejeitada nessa
linha de pensamento. No caso de pretensões simultâneas de A e
de B contra C, a falta de reunião dos processos conexos no juízo prevento é
causa autônoma de rescisão (art. 966, V), possibilitando a regulação uniforme
da lide, prevalecendo a primeira coisa julgada. E no caso de pretensões
sucessivas o juízo subsequente, desvinculado que seja ao julgado anterior
entre partes (parcialmente) diferentes, pode evitar o conflito perfilhando o
entendimento anterior, seja qual for o sentido. De lege ferenda, insta criar
remédio para uniformizar coisas julgadas.257 É a única solução eficiente e
universal.

2.139. Limites subjetivos da coisa julgada em situações especiais

Em virtude dos problemas suscitados pelo litisconsórcio unitário, outras


situações subjetivamente plurais, objeto de tratamentos diferentes no direito
material, conforme o caso, ocupam destacado lugar no contexto dos limites
subjetivos da coisa julgada. A relevância ao comércio jurídico recomenda
passar a limpo os limites subjetivos da coisa julgada na (a) dissolução dos
negócios jurídicos e na (b) cobrança de prestações indivisíveis. E, mais
recentemente, tratou-se dos limites subjetivos da coisa julgada na tutela da
personalidade post mortem. Essas situações especiais são o objeto deste
item.

2.139.1. Limites subjetivos da coisa julgada na dissolução dos negócios


jurídicos – Os negócios jurídicos dispositivos extinguem-se por causas
anteriores (v.g., a lesão), contemporâneas (v.g., a incapacidade do figurante)
e supervenientes (v.g., o inadimplemento) à respectiva formação. Ressalva
feita ao contrarius consensus(distrato), havendo litígio, a dissolução origina-se
da pretensão deduzida por um dos figurantes contra o(s) outro(s). A sentença
de procedência exibirá força constitutiva negativa.

Em item próprio (retro, 1.660.2), ao propósito de sopesar os efeitos do


conteúdo da sentença definitiva, ou seja, o potencial da sua energia
obrigatória, afirmou-se que a eficácia constitutiva, em geral, é irretroativa ex
nunc.258 O efeito próprio da constituição (estado jurídico novo) surge com a
sentença,259 e, portanto, constitui-se daí em diante. Essa regra comporta
variações, consoante – eis o ponto – o regime do direito material. É sempre
oportuno recordar e realçar a base substancial da classificação das sentenças
pela força e efeitos (retro, 230). Logo, por vezes a eficácia constitutiva
opera ex tunc, projetando-se para algum ponto no passado. Figura nesse
caso, em princípio, a resolução do negócio bilateral em virtude do
inadimplemento imputável a um dos figurantes do contrato bilateral (art. 475
do CC).260 A força constitutiva negativa da sentença de procedência dissolverá
o contrato, retroativamente, repondo seus figurantes na situação em que se
encontrariam se o negócio jamais tivesse sido realizado. Essa regra cede,
todavia, nos contratos em que as prestações dos figurantes realizam-se em
trato de tempo, periódicas ou duradouras, a exemplo da locação, na
oportunidade em que o juiz emite a sentença definitiva já se encontram
consumadas e exauridas, e não sentido em restituir as partes ao estado
anterior. Dá-se o nome especial de resilição a essa subespécie de
resolução.261

Fora daí, a dissolução do contrato reclama a restituição dos parceiros ao


estado anterior após a dissolução propriamente dita, o que sucederá no
âmbito da subsequente relação jurídica de liquidação
(Abwicklungsverhältnis). Não é diferente o que acontece na invalidação do
262

contrato (art. 182 do CC). Já a “resolução” por onerosidade excessiva nem


sempre prova o desfazimento do contrato, podendo o juiz adequar a
prestação (art. 480 do CC), mas eventual dissolução retroagirá à data da
citação (art. 478, in fine, do CC).

Pode acontecer de um dos figurantes do negócio, antes da dissolução,


transmita o objeto da prestação a terceiro, e, portanto, fique impossibilitado de
restituí-la em natura. Por exemplo, na compra e venda do imóvel X, dividido o
preço em prestações mensais e sucessivas, alienado por A para B e
registrado em nome de B, mas transmitido para C, o desfazimento posterior
do negócio entre A e B atingirá, ou não, o subadquirente C.

Expressiva tese sustenta a formação de litisconsórcio necessário


entre B e C na ação de A tendente a dissolver o negócio jurídico. O objetivo é
elogiável, mas depara-se com sérios e intransponíveis obstáculos. Formulou-
se o seguinte exemplo: A aliena o imóvel X a B, quando encontrava-se
mentalmente enfermo, e posteriormente ao falecimento, o herdeiro C pleiteia
a invalidação da compra e venda, fundada na incapacidade do figurante, mas
entrementes B alienara o imóvel aD. A eficácia natural da sentença de
procedência entre C e B não sujeita o terceiro D a restituir o imóvel, nem o
alcança a autoridade da coisa julgada inter partes. Tampouco há fundamento
para inverter o ônus da prova em eventual demanda subsequente
de C contra D, reivindicando o imóvel, obrigando D a comprovar a capacidade
de A. Em tal hipótese, sustenta-se, “é caso de litisconsórcio necessário a ação
anulatória de alienação do domínio de imóvel, a se travar com a indispensável
presença dos compradores subsequentes”.263 Ora, a obrigatoriedade da
demanda conjunta ou resulta da lei ou da natureza da relação jurídica.
Disposição legal inexiste nesse sentido, admitindo-se a possibilidade de a lei
impor o litisconsórcio independentemente da natureza da relação; e, ademais,
não há homogeneidade: por definição, D é titular de relação jurídica derivada
de B.

É nas disposições de direito material que se há de buscar a submissão, ou


não, do subadquirente aos efeitos da sentença de procedência, no caso
revestida de força constitutiva presumivelmente erga omnes. A disciplina mais
eloquente é a da pretensão à resolução por inadimplemento (art. 475 do CC),
extensível à invalida (art. 182 do CC).

A força obrigatória de qualquer negócio atinge as partes, não prejudicando


terceiros, em decorrência direta da chamada “relatividade” do contrato,
disposição similar à do art. 506 do NCPC, no atinente aos limites subjetivos
da coisa julgada. A regra comporta “desvios” e correções de rota, seja em
face de sujeitos alheios ao vínculo, seja no respeitante ao objeto da
prestação. Por natureza indiferente à posição de terceiros, em terminado caso
a resolução do contrato entre A e B atinge a esfera jurídica de terceiros,
titulares de relação jurídica (v.g., o subadquirente) ou de fato com objeto da
prestação (v.g., o esbulhador da coisa), haja vista a eficácia repristinatória –
ex tunc – do mecanismo resolutivo.

Fixando a atenção no ius positum, e abstraindo outras situações


concebíveis (v.g., B alugou o imóvel X a D), em relação aos negócios
dispositivos (v.g., alienação e doação) realizados no interregno, cumpre
distinguir se o terceiro adquiriu direito obrigacional ou direito real.

O terceiro dotado de direito obrigacional derivado da relação jurídica


originária (v.g., o cessionário de promessa de compra e venda não registrada)
sujeita-se à restituição,264 segundo a disciplina material, aplicando-se
aforismo resoluto iure dandis, resolvitur jus accipientis. E o mesmo ocorre no
concernente às coisas móveis, a teor do art. 1.268, caput, do CC, porque
incabível a regra possession vaut titre, ressalva feita à coisa móvel adquirida
mediante oferta pública, em leilão ou estabelecimento comercial, em nome da
proteção da boa-fé. Dependerá da interpretação do art. 323 do NCPC a
possibilidade de A demandar B e C, in simultaneo processu, ou não. É certo,
entretanto, inexistir obrigatoriedade do litisconsórcio entre B e C. O
subadquirente C é titular de relação jurídica derivada e incompatível com o
direito de A à restituição.

As divergências surgem quando o terceiro adquire direito real antes da


dissolução do contrato. Existindo cláusula resolutiva expressa no negócio
entre A e B, incidirá o art. 1.359 do CC. Desse modo, conhecendo o
subadquirente D a cláusula resolutória, inserida no contrato, mas alheia à
publicidade intrínseca ao álbum imobiliário, sujeita-se aos efeitos naturais da
sentença, mas não à restituição. É a interpretação prevalecente no direito
anterior.265 Outra possibilidade consiste no registro da citação na ação
de C contra B antes da transmissão deste para D. Em casos tais, o
terceiro C submete-se aos efeitos da sentença de procedência, jamais à coisa
julgada, a teor do art. 506. Por esse motivo, defender-se-á com a alegação de
boa-fé, cabendo ao juiz decidir a tal respeito.

À resolução legal do art. 475 do CC incide o art. 1.360 do CC: o domínio


de B resolve-se “por outra causa superveniente” – na espécie,
inadimplemento imputável a transmitente na relação jurídica originária –, e
não afeta o direito real de D. Logo, o direito de C cinge-se ao equivalente
pecuniário do valor de mercado do bem X, além das perdas e danos. E não
lhe sendo admissível reivindicar o bem X de D, tampouco há necessidade de
litisconsórcio passivo entre B e D na demanda resolutiva. Se tal acontecer e a
sentença respeitar o direito material, o órgão judicial rejeitará a demanda
de C contra D. Idêntica solução resulta da parte final do art. 182, in fine, do
CC, no tocante à invalidação do negócio originário: não sendo possível a
restituição em natura, surge pretensão à indenização.

Em última análise, o direito brasileiro tutela expressivamente os terceiros


de boa-fé. Os efeitos próprios da sentença não o alcançam relevantemente.
Não se sujeita, ademais, à autoridade de coisa julgada.
2.139.2. Limites subjetivos da coisa julgada na cobrança de prestações
indivisíveis – Nas obrigações indivisíveis, há uma só pretensão, e uma só
obrigação passível de ser exigida.266

Existindo pluralidade de credores, razões de oportunidade, assentadas na


ojeriza ao litisconsórcio ativo obrigatório, legitima qualquer um dos credores a
pleitear a prestação individualmente (art. 260 do CC), reclamando por inteiro
de cada um dos obrigados. O credor deduz a pretensão de todos os credores
contra o descumprimento da obrigação que viola o direito de todos, e, não,
uma pretensão individual perante o(s) obrigado(s).267

Formando-se litisconsórcio ativo, passivo ou recíproco, a demanda


conjunta é facultativa, mas a decisão será homogênea. A coisa julgada
opera inter partes (art. 506). No entanto, deduzida pretensão individual, o
obrigado poderá exigir caução do credor, liberando-se na hipótese de
ratificação. Logo, a hipótese reduz-se à regra geral do litisconsórcio ativo
unitário (retro, 2.138.1), acrescida da peculiaridade do art. 260, segunda
parte, do CPC.

2.139.3. Limites subjetivos da coisa julgada na tutela da


personalidade post mortem – O art. 12, caput, do CC institui duas pretensões
em tutela da personalidade: (a) inibitória, tendente a impedir ameaça ou lesão;
e (b) reparatória desse bem jurídico. E o parágrafo único, cuidando-se de
pessoa morta, legitima o cônjuge sobrevivente, o qualquer parente, em linha
reta, ou colateral até o quarto grau ao exercício dessas pretensões. À luz da
intransmissibilidade dos direitos relativos à personalidade (art. 11 do CC), a
pretensão dos sucessores fundar-se-á em direito próprio, pois a ofensa à
personalidade do antecessor também ofende a dos sucessores. Por exemplo,
o órgão de mídia A utiliza o nome do homem público B como sinônimo de
burlão e larápio, afetando C e D, filhos do finado, consoante a individualização
da causa petendi. Também se concebe que C e D defendam, em nome
próprio, a memória do falecido.

Essas situações substanciais receberam aguda análise em obra específica


sobre os limites subjetivos da coisa julgada.268 No primeiro caso, a pretensão
é unicamente individual, admitindo-se o litisconsórcio facultativo ativo com
fundamento no art. 113, I; na segunda hipótese, ao invés, facultativa que seja
a demanda conjunta, a pretensão é única, necessitando resolução
homogênea. Deduzida a pretensão individualmente, vincula o litisconsorte
virtual, no caso de procedência, impedido de postular idêntico direito, porque
o réu A não pode ser condenado duas vezes pelo mesmo ilícito, mas a
sentença de improcedência, vinculando só as partes (A e C), não impede a
renovação da pretensão pelo filho D. Tal raciocínio conduz ao reconhecimento
que C, filho de B, demanda como substituto processual das demais pessoas
arroladas no art. 12, parágrafo único, do CC. Ora, C é substituto processual
de D, e a auctoritas rei iudicate independe do eventus litis, ou C e Dostentam
pretensões individuais, a despeito da inserção na mesma situação jurídica
global, caso em que a hipótese se reduz à do litisconsórcio facultativo unitário
(retro, 2.138.2.1). Não há terceira opção. E o segundo entendimento se
harmoniza melhor com o art. 506, devendo prevalecer.

2.139.4. Limites subjetivos da coisa julgada na jurisdição constitucional –


Os pronunciamentos do STF, no controle concentrado de constitucionalidade
(ADIn e ADC), incluindo liminares positivas,269 e, por mutação constitucional,
no controle difuso, independentemente da resolução do Senado Federal,
apresentam eficáciaerga omnes e efeito vinculante para os particulares, a
Administração Pública e os órgãos judiciais de hierarquia inferior (art. 102, §
2.º, da CF/1988).

O vínculo desses pronunciamentos revela mais intenso e distingue-se


da auctoritas rei iudicate usual. A coisa julgada torna indiscutível o
julgado.270 E não se distingue, nesse particular, dos processos individuais e
coletivos em que se controvertam interesses concretos.

O efeito vinculante constrange todos os órgãos estatais (administrativos e


judiciais) a obedecerem inflexivelmente ao comando do STF. Retira do órgão
judiciário inferior a independência jurídica e a liberdade de opinião – aspecto
repudiado pelos órgãos de classe da magistratura – em prol de bem maior.
Cuida-se de força obrigatória altamente qualificada, em virtude da sanção
aplicável ao seu descumprimento. A desobediência dos destinatários enseja o
uso de via correcional drástica e direta – o remédio da reclamação,
expressamente instituído para combater recusa ou desvios na aplicação da
súmula vinculante do STF (art. 103-A, § 3.º, da CF/1988). A ofensa à coisa
julgada ou implica a extinção do segundo processo (art. 485, V) ou,
consumada a ofensa, rende rescisória (art. 966, IV). Este é o traço distintivo
entre o efeito vinculante e autoridade da coisa julgada.

Em relação aos limites subjetivos, inexiste dúvida: os pronunciamentos do


STF em matéria constitucional atingem a todos indistintamente. Não se
produz erga omnes só o efeito constitutivo negativo, eliminando a existência
da norma inconstitucional, mas o efeito declaratório positivo da
constitucionalidade da norma controvertida alcança a quaisquer pessoas
sujeitas à jurisdição constitucional brasileira.

2.140. Limites subjetivos da coisa julgada no processo coletivo

A experiência brasileira nos domínios do processo coletivo baseia-se em


conjunto normativo avançado e atual. Em muitos aspectos, disposições
verdadeiramente notáveis; porém, não impediram incertezas nas etapas
iniciais de aplicação. Segundo atento protagonista desses esforços, a
interpretação unívoca edificou-se, “por assim dizer, no varejo, na lida diária
dos casos concretos, resolvidos à luz de textos diversos”.271

A esta altura, ultrapassada a fase de criação, o ponto de partida é simples,


cumprindo distinguir nítida e definitivamente a tutela dos direitos coletivos da
tutela coletiva de direitos. Os direitos coletivos são subjetivamente
transindividuais, ou seja, materialmente sem titular determinado, e indivisíveis.
Em relação ao objeto do processo, os direitos coletivos constituem unidade
determinada de sujeitos plurais, dividindo-se em duas subespécies: (a)
direitos difusos; e (b) direitos coletivos. Desse gênero destacam-se os direitos
individuais homogêneos, objeto da tutela coletiva de direitos, constituem
conjunto de direitos individuais relacionados por afinidade e semelhança,
traduzidas no caráter homogêneo.272

O regime geral da coisa julgada alterou-se de um modo significativo num


caso e noutro. Expressivamente, a sistemática própria revela a necessária
adequação ao direito posto em causa.273 Esta feição peculiar vale-se de
expedientes anteriormente rejeitados ou postos em quarentena no processo
versando direitos individuais e, ao fim e ao cabo, revela-se mais simples do
que parece ao primeiro contato. O destaque excessivo às diferenças, a ênfase
estridente no incomum e particular, tendeu a obscurecer os pontos de contato
e aproximação, lançando luzes misteriosas em matéria de fácil compreensão.
Impende esclarecê-los, não sem assinalar que sofre impugnações, averbada
a sistemática de tendenciosa.274

A individualização do objeto litigioso no processo coletivo realiza-se


através dos três clássicos elementos – partes, causa petendi e pedido (retro,
238). Nenhuma dificuldade diversa apresenta nesses domínios, adaptando-se
o art. 337, § 2.º, perfeitamente ao figurino dos direitos transindividuais, qual
corte feito sob medida por hábil artesão. A especialidade do regime da
sentença coletiva envolve dois tópicos estranhos ao próprio mérito, e, a
fortiori, à capacidade para conduzir o processo: (a) os pressupostos para
adquirir auctoritas rei iudicate; e (b) os limites da eficácia.275 Como os dois
aspectos relacionam-se, a seguir passa-se em revista o regime especial da
coisa julgada no processo coletivo, enfatizando, entretanto, os limites
subjetivos.

O regime da coisa julgada é especial, mas não se renunciou ao instituto da


coisa julgada. A coisa julgada não é resíduo da tradição individualista do
processo civil, mas garantia da segurança jurídica conferida aos resultados do
processo em todos os tempos.276

2.140.1. Coisa julgada na tutela dos direitos coletivos – O regime da coisa


julgada no processo coletivo (e, não, de tutela coletiva de direitos), parte,
outra vez, e sempre, a autoridade da coisa julgada e os efeitos da sentença
coletiva.

A natureza transindividual do objeto litigioso altera os pressupostos para a


sentença passada em julgado adquirir a peculiar eficácia que vincula outros
juízos sobre a mesma situação litigiosa. O regime da coisa julgada no
principal remédio voltado à tutela dos direitos coletivos, que é a ação civil
pública, resulta da remissão do art. 21 da Lei 7.347/1985 ao art. 103 da Lei
8.078/1990, combinado ao art. 16 do primeiro diploma. Explicitamente, a
disciplina daí resultado aplica-se às relações de consumo (art. 103 da Lei
8.078/1990), mas abrangerá quaisquer direitos transindividuais (v.g., meio
ambiente), por força do art. 21 da Lei 7.345/1985.

A sentença coletiva na ação civil pública adquire a auctoritas rei


iudicate quando, além de não se sujeitar mais a recurso (art. 502, in fine),
preencher as seguintes condições: (a) houver acolhido o pedido (sentença de
procedência); (b) houver desacolhido o pedido (sentença de improcedência)
por outro fundamento que não a falta ou a insuficiência de prova.

A sentença de improcedência fundada na falta de prova para persuadir o


juiz a acolher ou a rejeitar o(s) pedido(s) de tutela de direito transindividual
não produz o vínculo próprio da coisa julgada. É exceção ao julgamento
baseado nas regras sobre ônus da prova (retro, 1.338.2). Por conseguinte, a
coisa julgada produz-sesecundum eventus litis. O art. 103, I, da Lei
8.078/1990, relativamente aos direitos difusos, ressalva o óbvio: qualquer
legitimado coletivo poderá repetir a ação, invocando a mesma causa petendi e
formulando idêntico pedido, valendo-se de nova prova. E o art. 103, II, da Lei
8.078/1990, ao remeter ao inciso imediatamente anterior, adota análoga
ressalva. Em tal hipótese, “qualquer legitimado” poderá renovar a ação
anteriormente julgada. O pronome “qualquer” abrange o próprio autor
vencido.277 E, inexistindo coisa julgada, o autor repetirá a ação, invocando
idêntica causa petendi, ou aperfeiçoará suas alegações de fato para obter
melhor êxito na nova tentativa, sem qualquer impedimento.

A inexistência da autoridade de coisa julgada no caso de improcedência


fundada na falta (ou insuficiência) da prova, quanto aos direitos
transindividuais, baseia-se (a) na relevância do objeto litigioso; e (b) na
circunstância de a capacidade de conduzir o processo incumbir a pessoa
distinta do futuro beneficiado pelo julgamento (v.g., o Ministério Público).

Não parece conveniente, exceto para tolher o fenômeno da “relativização”


ou desconsideração, idêntica solução legislativa na hipótese de direitos
individuais.278 A impossibilidade de formular juízo de fato não significa a
inexistência de julgamento do mérito. O entendimento contrário torna inútil a
regra de julgamento (retro, 1.338.2), elimina o risco de insucesso,
multiplicando demandas, e desequilibra as oportunidades das partes de êxito.
Em última análise, favorece-se unicamente o autor, talvez negligente quanto
ao ônus de provar suas alegações, em área reservada ao domínio das partes,
em razão da autonomia privada. O réu necessitará defender-se, outra vez, e
contra sucessivas investidas do autor.

A sentença de improcedência, porque infundada a pretensão (questão de


fato ou questão de direito), produzirá, tout court, coisa julgada para as partes
principais e qualquer outro legitimado coletivo concorrente. Não prejudicará
pretensões individuais, “porque não há identidade de ações, nem a ação
coletiva contém as individuais”.279

Os efeitos da sentença de procedência proferida na ação civil pública


operam “erga omnes, nos limites da competência do órgão prolator” (art. 16
da Lei 7.347/1985) no caso dos direitos difusos (art. 103, I, da Lei 8.078/1990.
E, com efeito, o caráter transindividual do direito tocante a pessoas
indeterminadas (art. 81, parágrafo único, I, da Lei 8.078/1990), a par da
indivisibilidade intrínseca ao objeto litigioso, determina a extensão desses
efeitos além das partes principais (coisa julgada ultra partes). Não é possível
estabelecer uma precisa extensão subjetiva. Também a autoridade da coisa
julgada não se cinge às partes principais, sem dúvida vinculadas, mas
estende-se a qualquer pessoa. Entende-se por tal as pessoas inseridas no
objeto litigioso.280 Existirão terceiros indiferentes por uma razão e outra.

Esse regime obsequia o direito fundamental processual ao devido


processo (retro, 127). Ninguém pode perder direito hipotético sem a
oportunidade de defendê-lo em juízo. Assim, independentemente do
respectivo fundamento (v.g., a sentença baseada no ônus da prova), somente
a sentença de procedência repercutirá favoravelmente ou ad extra. De seu
turno a sentença coletiva de improcedência não afeta pretensões individuais.

No tocante aos direitos coletivos stricto sensu, o art. 103, II, da Lei
8.078/1990 declara produzirem-se os efeitos e, a fortiori, a coisa julgada ultra
partes, limitadamente ao grupo, categoria ou classe, porque nesse caso os
titulares são determináveis (v.g., os usuários da empresa de telefonia A). A
coisa julgada, aqui também, produz-se secundum eventus litis, não existindo
no caso de improcedência por falta de prova, vinculando as partes ao juízo de
procedência e de improcedência, porque infundada a pretensão.281

O juízo de improcedência por falta de prova é incomum. O órgão judiciário


geralmente adota distribuição dinâmica do ônus da prova (retro, 1.340),
carreando ao réu os riscos da insuficiência de prova, inclusive quando figura o
Ministério Público como autor e, nesse caso, manifestamente contra legem.
Por conseguinte, o juiz emitirá sentença de procedência baseada em regra de
julgamento (retro, 1.338.2). As partes principais ficam vinculadas
ordinariamente à coisa julgada com essa ressalva.

A cláusula relativa à “nova prova” como pressuposto da repetição de ação


idêntica, por qualquer legitimado concorrente (art. 103, I, da Lei 8.078/1990 e
art. 16, in fine, da Lei 7.347/1985), revela o fundamento da regra e esclarece o
sentido da “insuficiência de prova”. O juiz repeliu o pedido ao emitir juízo de
fato desfavorável ao autor. Se o fundamento recaiu sobre questão de direito,
desaparece a coisa julgada secundum eventuis litis, operando a eficácia de
coisa julgada inter partes.282 A exigência não limita a repetição da ação.283 As
partes produzem prova no processo e parece excessivo exigir do autor, initio
litis, a indicação da espécie de prova que alteraria o acervo da causa
originária.284 Assim, inconclusiva a perícia na causa originária, travada
entre A e B, o autor C poderá renová-la com melhores resultados na segunda
ação coletiva movida contra B. As disposições não chegaram ao excesso de
exigir “nova prova” pré-constituída. Tampouco há necessidade de indicar novo
meio de prova ou fonte de prova (v.g., testemunha anteriormente não
arrolada).285

Em qualquer hipótese, a extensão erga omnes ou ultra partes dos efeitos


da sentença de procedência e da coisa julgada não ofendem os direitos
fundamentais processuais do réu. Deparando-se com a pretensão coletiva, o
réu fica ciente da imensa repercussão econômica do insucesso e, geralmente,
enfrentando o mais temível e poderoso dos adversários, que é o Ministério
Público, não se descurou da defesa. Por sinal, basta o vínculo usual da coisa
julgada para tornar o réu vencido adstrito à regra jurídica concreta.286 O juízo
de procedência torna-se indiscutível para o réu em qualquer outro processo,
repercutindo favoravelmente nas ações individuais pendentes.

Essa técnica – o vínculo beneficia, mas não prejudica o terceiro – acabou


consagrada no art. 506 e, no processo individual, exceção por muito tempo
rejeitada em nome da isonomia. De acordo com a teoria do mutality
rule da issue preclusion, visando nonparties, se o autor A pede indenização
do réu B, porque o automóvel deste dirigido por C causou-lhe dano, e o
pedido é rejeitado por sentença transitada em julgado, é
admissível A demandar C, porque julgamento contrário entre A e Bnão lhe
prejudicaria, e, desse modo, tampouco pode lhe beneficiar, ou o vínculo da
coisa julgada não seria bilateral (mútuo).287 O objetivo é do evitar o
julgadosecundum eventus litis.288 No processo coletivo, porém, a regra de
legitimação através de representação adequada resolve o problema de outra
maneira.289
O regime da limitada extensão ultra partes da sentença coletiva agasalha
flagrante inconveniente. Eventualmente, o réu será convocado a se defender
em juízo contra as sucessivas pretensões individuais, porque a sentença de
improcedência não prejudica as ações dos titulares dos direitos difusos e
coletivos (integrantes do grupo, categoria ou classe afetados).290 Não há, de
lege lata, remédio hábil contra essa dificuldade intrínseca sociedade de
massas. Eis bom motivo para o órgão judiciário adotar cautelosamente a
distribuição dinâmica do ônus da prova, aumentando a pressão e as
desvantagens do réu. Uma coisa é certa: rotular o problema real de
resistência malsã ao câmbio paradigma (curiosamente, através de
expedientes técnicos antigos) equivale a trocar o lugar dos móveis da casa
em vez de consertar o telhado, evitando que chova no interior da residência.
Ao impor-se este notório sacrifício ao réu, todavia realizam-se os valores
constitucionais,291 e, portanto, inexiste inconstitucionalidade latente no
tratamento desigual e penoso.

A rigor, a extensão subjetiva não é secundum eventus litis, pois a coisa


julgada forma-se inter partes, variando apenas o rol dos beneficiários para
incluir terceiros.292 O secundum eventus litis sucede apenas na sentença de
improcedência, e, aí, na verdade secundum eventus probationis.293

A sentença de improcedência proferida na tutela coletiva de direitos não


impede as pretensões individuais (art. 103, § 1.º, da Lei 8.078/1990). É
simples aplicação da diretriz geral quanto aos limites subjetivos da coisa
julgada instituída no direito anterior.294 E, como visto alhures (retro, 322.1.3),
tampouco haverá litispendência (art. 103, § 3.º, da Lei 8.078/1990). Pendendo
a ação individual e sobrevindo coisa julgada na sentença de procedência, o
fato superveniente é recepcionado, decidindo a causa favoravelmente ao
autor,295 desde que a regra jurídica concreta seja compatível com o objeto,
fórmula mais ampla do que limitar o transporte, in utilibus, às condenações em
dinheiro.

O art. 16 da Lei 7.345/1985 introduziu extravagante limitação territorial da


eficácia erga omnes, ao confiná-la aos “limites da competência territorial do
órgão prolator”. É proposição incompatível com a coisa julgada. Encontra-se
mal formulada a regra. A indiscutibilidade não pode ser circunscrita à
competência territorial do órgão prolator da sentença de procedência, ou seja,
a uma comarca ou a uma seção judiciária. E o motivo é intuitivamente
simples: o vínculo opera no mundo jurídico, e, não, no âmbito físico.296 A
limitação imposta no art. 16 da Lei 7.345/1985 respeita somente à tutela
coletiva dos direitos individuais homogêneos. Em tal hipótese, mostrando-se
cindível o objeto litigioso, os efeitos próprios da sentença de procedência
podem ser limitados geograficamente, segundo o domicílio dos respectivos
titulares.

Essa interpretação restritiva do alcance do art. 16 da Lei 7.345/1985 não


vingou, literalmente, no STJ.297 Realizou-se a seguinte distinção: por um lado,
“A liquidação e a execução individual da sentença genérica proferida em ação
civil pública pode ser ajuizada no foro do domicílio do beneficiário, porquanto
os efeitos e a eficácia da sentença não estão circunscritos a lindes
geográficos, mas aos limites objetivos e subjetivos do que foi decidido,
levando-se em conta, para tanto, sempre a extensão do dano e a qualidade
dos interesses metaindividuais postos em juízo”.
Por outro lado, não se afigura razoável liquidar a sentença de procedência
genérica (e, eventualmente, executá-la) em qualquer foro do País, haja vista a
possibilidade de entendimentos distintos quanto ao quantum debeatur. O STJ
limitou essas pretensões aos limites da competência do órgão prolator, ou
seja, proferida a sentença por juiz de direito do Estado-membro, em qualquer
comarca, pois a possibilidade de recurso para o respectivo TJ assegura a
uniformidade; em outras palavras, a “limitação territorial” é a do tribunal de
segundo grau (TJ ou TRF).298 Vale, aqui, a necessidade de respeitar a regra,
e, não, ignorá-la como não escrita.299

2.140.2. Coisa julgada na tutela coletiva de direitos – Relações jurídicas


homogêneas surgem, na sociedade de massas, em várias situações da vida.
Pessoas diferentes mantêm relações jurídicas análogas, em substância, com
a de outras pessoas, em círculos mais ou menos amplos. É particularmente
frisante o caso das relações entretidas com a Administração Pública, objeto
do processo civil brasileiro, em virtude da sua peculiar extensão (retro, 32).
Por exemplo, os servidores públicos de um Estado-membro, integrantes da
mesma carreira (v.g., o magistério; os militares); os contribuintes do mesmo
imposto; os candidatos inscritos em certo concurso público, e assim por
diante. Em casos tais, ao invés de estimular ações individuais, à boa
Administração da Justiça interessa o processo coletivo, na espécie de tutela
coletiva de direitos. É preciso torna-la atraente para os interessados, não
impedindo-os, todavia, do exercício individual das suas pretensões.

O art. 103, III, da Lei 8.078/1990 prevê a extensão dos efeitos da sentença
e da coisa julgada da sentença de procedência, quando o objeto litigioso
abranger direitos individuais homogêneos, assim entendidos os de origem
comum (art. 81, parágrafo único, da Lei 8.078/1990), a exemplo dos arrolados
há pouco, produzirá eficácia erga omnes em proveito dos vitoriosos Flagrante
o exagero: a eficácia é ultra partes, beneficiando os titulares de igual direito.
E, além disso, limita-se ao âmbito da competência territorial do órgão prolator,
a teor do art. 2.º-A da Lei 9.494/1997. Embora seja possível controverter, na
liquidação ulterior, a pertinência subjetiva da pessoa que se vale da sentença
coletiva, há coisa julgada,300 recaindo a indiscutibilidade sobre o an
debeatur do réu condenado no processo coletivo.

Por outro lado, a sentença de improcedência, qualquer que seja o


respectivo fundamento – insuficiência de provas ou não –,301 produzirá coisa
julgada coletiva. Quer dizer, não cabe a outro legitimado concorrente repeti-
la.302 Porém, não prejudicará a pretensão individual, como resulta do art. 103,
§ 2.º, da Lei 8.078/1990, simples corolário do vínculo inter partes da coisa
julgada instituído no art. 506. Ressalva o art. 103, § 2.º, da Lei 8.078/1990, os
titulares do direito homogêneo que intervieram no processo como
litisconsortes.

A intervenção do titular do direito postulado pelo substituto processual é na


condição de assistente litisconsorcial,303 consoante a noção defendida no item
próprio (retro, 775.2). A capacidade plena de conduzir o processo é do autor
coletivo. Parece legítimo, então, atenuar o vínculo resultante da sentença de
improcedência nas mesmas condições de qualquer outro assistente (infra,
2.151).
O art. 103, 2.º, c/c art. 104 da Lei 8.078/1990 estipula que, pendente a
ação individual, o autor não será beneficiado, sobrevindo sentença de
procedência coletiva. Na realidade, não será beneficiado, nem prejudicado,
em qualquer hipótese, inclusive no caso de ter requerido a suspensão. O
objetivo da providência consiste em permitir o aproveitamento de eventual
sentença de procedência, e, não, o de autorizar a repercussão ad
extra desfavorável, em irretorquível ofensa aos direitos fundamentais
processuais do autor individual.

A disciplina do processo coletivo pré-exclui a extensão dos efeitos da


sentença coletiva para quem utilizou sem êxito o processo individual. Duas
soluções podem ser adotadas: primeira, a criação remédio específico, visando
à uniformização dos julgados discrepantes;304 segunda, a possibilidade de
extensão dos efeitos da sentença a todas as pessoas na mesma situação
jurídica (v.g., tributária), conquanto individual o processo
paradigma.305 Qualquer delas encaminharia solução expedita para o
problema.

O mandado de segurança é remédio passível de emprego para a tutela


coletiva de direitos. O art. 22, caput, da Lei 12.016/2009 estipula a autoridade
da coisa julgada, ultra partes, limitando-a aos “membros do grupo ou da
categoria substituídos pelo impetrante”. À primeira vista, também o juízo de
improcedência vincularia os terceiros;306 porém, a interpretação mais
consentânea indica que a autoridade ultra partes produz-se só no caso de
procedência, impossibilitando infração ao direito fundamental processual de o
membro do grupo ou da categoria pôr em causa seu próprio direito.

§ 442.º Limites objetivos da coisa julgada

2.141. Primeira regra dos limites objetivos: vinculação ao objeto


litigioso

A autoridade da coisa julgada recairá sobre o objeto litigioso (ou pretensão


processual). A razão é trivial. A res iudicata exibirá, em princípio, a mesma
extensão dares iudicanda.307

Em nosso sistema processual, a pretensão processual individualiza-se,


objetivamente, através de dois elementos: causa petendi e pedido, a ter do
art. 337, § 2.º (retro, 326). Parece inexato (e, ademais, insatisfatório) limitar a
coisa julgada ao pedido concretamente formulado pelo autor na ação e pelo
réu na reconvenção e, na hipótese típica do art. 487, I, acolhido ou rejeitado
na sentença definitiva. É o que, errônea e usualmente, acrescenta-se à
fórmula res iudicata = res iudicanda. Nem sequer os dispositivos legais
enunciam explícita ou implicitamente a equivalência res iudicata = petitum.

Reclama certo reparo, destarte, a seguinte afirmativa: “Apenas a lide


é julgada; e, como a lide se submete à apreciação do órgão judicial por meio
do pedido, não podendo ele decidi-la senão ‘nos limites em que foi proposta’
(art. 128 {do CPC de 1973}), segue-se que a área sujeita à autoridade da
coisa julgada não pode jamais exceder os contornos do petitum”.308 Por óbvio,
autoridade da coisa julgada não excederá ao pedido – do contrário, a
resolução sentencial mostrar-se-ia inválida, porque extra petita. Porém, o
julgamento não poderá, igualmente, exceder ou abstrair a causa petendi (v.g.,
na ação de cobrança de A contra B, em que o autor pede 100, mas sob o
fundamento do mútuo X, a sentença de procedência condena o réu a prestar
100 ao autor, por força da compra e venda Y).

Eis a primeira regra derivada do art. 503, caput, em que o mérito equivale
à “ação” do art. 337, § 2.º, “nos limites da questão principal expressamente
decidida”: os limites objetivos equivalem aos do objeto litigioso,
compreendendo o pedido e a causa de pedir.309 É daí que surgem as
questões enunciadas no art. 503, caput.

Escaldado pelas controvérsias que, a respeito da extensão da coisa


julgada às questões prejudiciais medraram na vigência do art. 287, parágrafo
único, do CPC de 1939, o autor do anteprojeto do futuro CPC de 1973 houve
por bem estabelecer o alcance objetivo do julgado positiva e negativamente.
Repetiu a técnica o NCPC, nos arts. 503 e 504, embora empreste solução
distinta ao problema da questão prejudicial. Também se ocupam do tema,
relativamente a aspectos subsequentes, os arts. 505 e 508.310

O regime dos limites objetivos da coisa julgada partiu do princípio correto e


natural que “o juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes” (art.
141), sendo-lhe defeso, ademais, conhecer de questões subordinadas à
iniciativa exclusiva das partes. Por sua vez, o art. 492, caput, proíbe o juiz
“proferir decisão de natureza diversa da pedida”. Em ambos os casos, a
redação desses dispositivos é nitidamente superior ao dos seus equivalentes
no direito anterior, não valendo a pena, todavia, destacar tais aspectos, pois o
sentido geral subsiste integralmente. O conjunto dessas disposições enuncia
o princípio da congruência (retro, 1.571). Eventual discrepância entre o
dispositivo – objeto formal da coisa julgada (retro, 2.131.1) – e a pretensão
processual constitui error in procedendo do órgão judiciário, contaminando a
sentença, conforme a hipótese, dos vícios ultra, infra ou extra petita (retro,
1.575). Após o trânsito em julgado, esses defeitos sumamente graves
transformar-se-ão em causas de rescisão (art. 966, V). Presumir-se-á,
entretanto, a correspondência entre a lide (objeto litigioso) e a sentença
definitiva. Os defeitos constituem exceções à regra geral. E, de qualquer
modo, o legislador não armou o sofisticado arranjo dos limites objetivos
subentendendo possíveis errores in procedendo do órgão judicial.

A partir dessa diretriz, compreende-se a formulação da regra geral no art.


503, caput: a decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem força de lei
nos limites da questão principal expressamente decidida”. É bem de ver que
alude ao mérito resultante da estabilização do objeto litigioso, quiçá da
delimitação consensual do art. 357, § 2.º, mas interessa a regra geral.
Reservando para momento ulterior três pontos dignos de esclarecimento e
compreensão – respectivamente, (a) o julgamento parcial; (b) a expressão
“força de lei”; e (c) o alcance da questão principal decidida –, a fim de
aprofundar e completar a análise da disposição legal, não é difícil fixar a regra
geral dos limites objetivos da coisa julgada, tendo em mente que a causa
petendi integra a lide ou objeto litigioso. Aqui, todavia, desidrata-se a noção
de lide – o conflito representa a causa universal da jurisdição (retro, 1) –, da
concepção que lhe define como objeto litigioso (v.g., no art. 505, caput, parte
final (“… relativas à mesma lide”), emprestando ao mérito o sentido correto –
contraposição entre o pedido do autor e a defesa do réu.311 Desse contraste,
inclusive quando o réu formula pedido na reconvenção, invertendo a posição
relativa do autor e do réu, surgem as questões. Lide e objeto litigioso
designam o mesmo fenômeno – res iudicanda – e, assim, não importam
outras configurações desse fenômeno, inclusive (e principalmente) a
originária,312 abandonada no NCPC, sem prejuízo de menções secundárias
(v.g., art. 505, caput).

Volvendo ao exemplo persuasivo ministrado, e enfrentando o desafio mais


decisivo nos domínios da causa petendi (retro, 247.1), figure-se o seguinte
caso hipotético. Na ação em que A pede a separação de B, alegando que o
réu B manteve relações sexuais com C – a causa petendi tende a se exprimir
por fórmulas genéricas, no caso “adultério”; porém, na verdade é um esquema
de fato exposto em narrativa feita pelo autor ao juiz –, no dia y e no motel X,
tornando insuportável a vida em comum, e a sentença julga que, segundo a
prova, C era figurinista da fábrica D, visitou o estabelecimento para
auxiliar B a angariar o pedido de roupas de cama (impugnação indireta de
fato), e jamais manteria ou manteve relações sexuais com B, e,
conseguintemente, rejeita o pedido. É bem de ver que alegação que Cera
figurinista da fábrica D, cuja veracidade a prova apurou, subsidiando o juízo
de fato do órgão judiciário, indica o uso de impugnação de fato indireta na
defesa de mérito direta (retro, 331). Fatos simples são (a) o local (motel X) e
(b) o dia do contato íntimo (dia y). A variação desses fatos não importa
mudança da causa de pedir. Tampouco a imprecisão da narrativa (o adultério
não ocorreu no motel X, mas no apartamento de C), nesses pontos
secundários, não obsta o acolhimento do pedido.

Problemas há quanto à individualização da causa petendi. Não há, nesse


assunto, ares límpidos e desanuviados. Em matéria de concurso de normas,
por exemplo, surgem relações delicadíssimas; por exemplo, o evento
desconforme ao direito pode ser objeto de responsabilidade contratual e
extracontratual, satisfazendo os elementos de incidência de regras distintos,
prevalecendo a especial sobre a geral.313 Este problema resolve-se através da
máxima iura novit curia. Tampouco é admissível volver à teoria da
individualização da causa petendi, porque o art. 319, III, adotou a
substanciação. A individualização agrada à doutrina italiana, produzindo
outros resultados.314 É preciso muito cuidado nessa área para, alterando a
premissa, não falsear o raciocínio.

Pois bem. A autoridade de coisa julgada recairá sobre este objeto litigioso,
haja juízo de procedência ou não, restem esclarecida, ou não, a veracidade
das alegações de fato, caso em que atua a regra de julgamento (ônus da
prova): o pedido de separação de A perante B com fundamento no esquema
de fato narrado (adultério de B com C). Não é diferente nas ações de
invalidade de negócio jurídico.315 Se a sentença ignorar a causa
petendi alegada pelo autor na petição inicial, e, por exemplo, acolher o pedido
fundada nas injúrias assacadas por B contra A no colóquio do réu com C (v.g.,
imputando à autora opção sexual incompatível com a união heterossexual), a
sentença apresentar-se-á como viciada, porque flagrantemente extra petita.
Transitando em julgado com semelhante vício, a autoridade da coisa julgada
também recairá sobre o objeto litigioso definido na sentença – o pedido de
separação de A contra B com fundamento na injúria de B contra A e no
adultério de B com C -, mas o defeito expõe semelhante ato decisório à
pretensão rescisória do art. 966, V.
Ao empregar a causa de pedir, individualizando o objeto litigioso com dois
elementos objetivos (causa de pedir + pedido), o critério legal do art. 337, §
2.º, restringe positivamente os limites objetivos da coisa julgada. Prescindindo
desse elemento (v.g., o adultério de B e C), a sentença de improcedência ou
(a) abrangeria todas as causas de pedir preexistentes para A pedir a
separação de B, alegadas ou não, sendo impossível A renovar o pedido de
separação fundada na injúria assacada por Bna presença de C, ou (b) ou
seria necessário reformular o art. 503, tratando diferentemente a sentença de
procedência e a sentença de improcedência. Na sentença de procedência, a
autoridade da coisa julgada recairia sobre o pedido, tout court,
impossibilitando o vencido de controverter o resultado do processo; na
sentença de improcedência, o vencido poderia controverter o resultado
desfavorável invocando causa de pedir preexistente e não alegada. Esse
tratamento desigual – indiscutibilidade absoluta para o réu, indiscutibilidade
relativa para o autor – afigura-se muito pouco razoável, senão indevida
cortesia a fórmula rotundamente inconstitucional.

Não vem ao caso renovar as objeções à teoria unitária (Eingliedriger


Streitgegenstand).316 É apenas teoria no direito germânico, aliás superada,
inteiramente inaplicável perante o critério legal do art. 337, § 2.º, cuja
superioridade, ao nosso ver, mostra-se inconteste.

Rematando a exposição da regra geral, convém realçar que (a) se houve,


ou não, adultério entre B e C, ou se B injuriou A na presença de C, é
irrelevante, porque não integram os limites objetivos “a verdade dos fatos,
estabelecida com fundamento da sentença” (art. 504, II); e (b) se o juiz
chegou à conclusão de que B e Cmantiveram relações sexuais, porque
persuadiu-se com o depoimento da camareira G e, não, o do gerente H do
motel, que alegadamente jamais perdeu de vista B eC, porque não integram
os limites objetivos “os motivos, ainda que importantes para determinar o
alcance da parte dispositiva da sentença” (art. 504, I).

A palavra “motivos” empregada no art. 504, I, revela-se particularmente


propícia para falsear os resultados até agora alcançados. Receberá análise
mais adiante (infra, 2.143). Seja como for, adiante-se a concordância com o
seguinte exemplo: A propõe contra B ação de despejo, fundada em infração
contratual, decorrente de danos provocados culposamente pelo inquilino ao
prédio, e o juiz acolhe o pedido, porque se convenceu da existência do dano.
O motivo da sentença de procedência – a solução da questio facti acerca da
existência do dano culposo – não vincula o juiz na ulterior ação movida
por A contra B, pleiteando a reparação desse dano, podendo rejeitar o
pedido.317 Os motivos não equivalem à causa de pedir.

2.142. Segunda regra dos limites objetivos: vinculação às questões


decididas

Ao fixar positivamente os limites objetivos da coisa julgada, na dupla e


reforçada disciplina da lei processual, o art. 503, caput, integra as questões
decididas à autoridade do julgado. A fórmula “nos limites das questões
principais expressamente decididas” faz declaração expressa a esse
propósito. E a categórica assertiva do art. 505, caput, reitera o alcance
da auctoritas rei iudicate: “Nenhum juiz decidirá novamente as questões já
decididas relativas à mesma lide”.
O vínculo abrange as questões decididas no âmbito da lide (objeto
litigioso: causa petendi + pedido). Porém, não atinge necessariamente todas
as questões decididas. A questão prejudicial decidida revestir-se-á
de auctoritas rei iudicate sob as condições do art. 503 e, de resto, há de
considerar o regime transitório do art. 1.054 do NCPC, a exigir análise sob a
perspectiva de dois regimes diferentes e antagônicos.

A interpretação do art. 503 reclama, in fine, a explicitação de algumas


premissas. O risco de substituir a sistemática adotada nos arts. 503 e 504 por
outra qualquer, melhor afeiçoada às inclinações do intérprete, é real e, salvo
engano, praticada em muitas exposições. Ao invés de substituir o sistema
legal, porque deficiente, incompleto ou disfuncional, impende explicá-lo a
contento antes de emitir qualquer juízo definitivo a seu respeito. A avaliação
crítica prudente e serena reconhecerá a imensa dificuldade em excluir
categoricamente a resolução das questões da auctoritas rei iudicate. Feriu-se
este ponto no direito espanhol,318 todavia, separando questões substanciais
(incluídas) das questões processuais (excluídas, a exemplo da
incompetência), sublinhando-se que nem sequer é – acrescente-se –
isonômico. Se o juiz, na ação de A contra B, acolhe a exceção substancial de
prescrição, haverá coisa julgada (art. 487, II); rejeitando esta mesma exceção,
parece impossível não se reconhecer autoridade similar na resolução
negativa.

O primeiro passo nesse instável terreno consiste em afastar o pesado e


defeituoso legado do art. 287, parágrafo único, do CPC de 1939 (“Considerar-
se-ão decididas todas as questões que constituam premissa necessária da
conclusão”). Algumas interpretações do art. 468, in fine, do CPC de 1973
ainda acentuam e rememoram a análise errônea a ele conferida pelo autor do
anteprojeto transformado no primeiro código unitário.319 Conforme demonstrou
estudo dedicado a esse tópico específico, a interpretação autêntica do art.
287, parágrafo único, do CPC de 1939, equivocou-se tanto em relação a
abrangência da lide, omitida no texto, e quanto à verdadeira inteligência da
questão nele mencionada, comprometendo a correta aplicação do
dispositivo.320 Equívocos a recomendar o cabal esquecimento da regra
revogada.

Em seguida, e para tomar o rumo certo, urge subtrair do âmbito das


“questões decididas” as questões prejudiciais, para conferir-lhe tratamento
autônomo, aliás sob duplo regime, haja vista a regra transitória do art. 1.054
do NCPC. Tampouco se deve esquecer que as questões relativas à lide, mas
não debatidas e decididas, submetem-se à eficácia preclusiva do art. 508.

Rejeitado o inútil e o descabido, nesta matéria, a primeira tarefa consiste


em definir as questões passíveis de indiscutibilidade, retornando aos
fundamentos do processo civil.

Em qualquer processo, as partes deduzem alegações de razões de fato e


de direito contrastantes. O debate encarrega-se de suscitar controvérsia sobre
esse objeto, e, então, tecnicamente as razões invocadas assumem a
qualidade de questões de fato ou de questões de direito.321 Entende-se por
questão, assim, o ponto duvidoso, a dúvida acerca das razões alegadas pelas
partes.322
Equacionou-se o conceito de questão, anteriormente, fitando o instituto da
conexão ou das semelhanças e vínculos entre pretensões diferentes. As
questões assumem destacada importância e utilidade (retro, 302) para
explicar o parentesco entre pretensões processuais similares. Não é diferente
quanto à coisa julgada. A rigor, entretanto, cabe um reparo no conceito
exposto. As partes não duvidam, mas afirmam e articulam suas razões de fato
e de direito na discussão da causa. Por vezes, lançam reptos ao adversário,
lançando dúvida a respeito de afirmações contrárias ao próprio interesse, mas
empregam mero expediente retórico. Nada mais. A dúvida forma-se realmente
no espírito do juiz e, nesse domínio, jamais alhures, as alegações das
transformam-se em questões.323 Essas questões exigem do juiz, de um lado, a
espinhosa empreitada de apurar a veracidade das alegações de fato (retro,
1.301.2), mediante os meios de prova hábeis, e, de outro, a seleção, a
interpretação e a aplicação da norma à espécie. Modernamente, o princípio
da cooperação e o veto à decisão “surpresa” impõe à autoridade judiciária,
formando-se dúvida no seu espírito a respeito de ponto de fato ou ponto de
direito não debatidos explicitamente, apresentá-la lhanamente às partes,
convocando-as a debater a questão.

Fronteiras retas, nítidas e desembaraçadas entre as questões de fato e as


questões de direito, que tanto interessam nos recursos de estrito direito, (v.g.,
o recurso de cassação francês, belga e italiano;
a revision germânica),324 simplesmente ainda não foram estabelecidas com
segurança e generalizada aceitação.325 Carecem as fontes de fórmula
legislativa abstrata, a estremar logicamente esses campos imbricados num
caso concreto.326 Os resultados colhidos do intenso debate doutrinário, no
direito estrangeiro, revelam-se insatisfatórios, não convindo transladá-los ao
direito pátrio.

A volúvel fronteira entre as duas classes adensou-se em imprecisão por


força do reconhecimento de categoria intermediária, chamada de questões
mistas (mixed questions) na doutrina norte-americana.327 Existem regras
abertas, elásticas e pluralistas perante as quais, estabelecidos os fatos e
identificada a regra aplicável, o juiz necessitará determinar se tais fatos
satisfazem, ou não, os elementos normativos. Essa técnica legislativa muito
comum nos ordenamentos contemporâneos torna,a priori, impossível a
separação entre fato e direito. E, no item dedicado ao ponto (retro, 336),
dentre tantos casos expressivos de fluidez, evocou-se o do caráter
protelatório, ou não, dos embargos de declaração, tema particularmente
idôneo ao florescimento da questão mista. A objetivação dessa regra não
acontece fora do caso concreto.

Evoluiu-se, destarte, até a seguinte classificação tricotômica: (a) questões


de fato; (b) questões mistas; e (c) questões de direito.

Essa classificação reterá o elemento principal da questão, fático ou


jurídico, considerando, então, a predominância de um ou de outro no
raciocínio do juiz. E isso, porque ex facto oritur jus.328

Definidas as questões aludidas no art. 503, caput, chamadas de principais,


inclusive (e principalmente) para distingui-las das prejudiciais, impende
verificar os motivos pelos quais essa regra integra a respectiva resolução no
objeto material e no objeto formal da coisa julgada. Quanto a este último
aspecto, recorde-se a sugestiva dicção do art. 489, III. O juiz “resolverá as
questões principais que as partes lhe submeterem” no dispositivo, objeto
formal da coisa julgada.

O fundamento teórico dessa sistemática consiste na circunstância de a


demanda do autor traduzir-se em questões no espírito do juiz, haja vista a
iniciativa do réu na defesa, e a necessidade de a autoridade judiciária,
pretendendo chegar a alguma conclusão, analisar as questões na motivação
(art. 489, II) e, depois, resolvê-las no dispositivo (art. 489, III). Recairá a coisa
julgada – indiscutibilidade no presente no futuro –, conseguintemente, sobre
as questões suscitadas no âmbito do mérito. Assim explica-se a categórica
proposição do art. 505, caput: “Nenhum juiz decidirá novamente as questões
já decididas relativas à mesma lide”. E não somente as questões suscitadas,
debatidas e resolvidas, porque o art. 508 apanha as questões não suscitadas,
ou não resolvidas, cuja eventual apreciação em processo ulterior alteraria o
julgado. As proposições inspiradoras do art. 503 encontram-se expostas nos
seguintes termos: (a) a decisão é a resolução das questões do mérito; (b) a
coisa julgada não se limita às resoluções expressas, porque na declaração há
alegações subentendidas, motivo pelo qual “acham-se implicitamente
resolvidas as questões cuja solução seja logicamente necessária para chegar
à solução expressa no decisum“; (c) a identificação das questões resolvidas
geralmente se localiza na parte dispositiva.329

Não há a menor dúvida de que o art. 503 seguiu fielmente essa


orientação, haurida do direito anterior, pois o autor do anteprojeto resultante
do CPC de 1973 advogou a correção do CPC de 1939, emprestando-lhe o
sentido que o processo compreende todas as questões que constituem
pressuposto ao acolhimento ou à rejeição do pedido.330 Esse arranjo logrou
juízo favorável do crítico mais intransigente, rejeitando a corrente radical que
limita a autoridade ao dispositivo.331 Vale recordar, todavia, a impossibilidade
de resolução implícita, embora tal ocorra, porque o art. 503, caput, almeja
resolução expressa de qualquer questão.

Em conclusão, a coisa julgada abrange o objeto litigioso, identificado pelos


três elementos,332 exprimindo-se na seguinte fórmula: “A sentença, na medida
do julgamento proferido, comporá a lide ao julgar as questões (se
compreender mais de uma) submetidas à apreciação do juiz, cujo
pronunciamento adquirirá ‘força de lei”, isto é, converter-se-á em coisa
julgada, quando não mais estiver sujeita a recurso. Para tanto é indispensável
identificar a lide e as questões submetidas ao julgador, o que é feito através
da individuação da pretensão do autor (ou do reconvinte) mediante o pedido
formulado e a respectiva causa de pedir…”333

Firmada a diretriz teórica, urge passar à respectiva aplicação. Em geral,


considera-se o ponto de vista do autor, ora suportando o ataque do réu
vencido, ora voltando à carga contra o réu vencedor. Ao propósito, o exemplo
mais exigente reponta na ação de A contra B, pretendendo dissolver parceria
rural fundado no dano à colheita, porque o réu plantou sementes impróprias.
É indispensável distinguir a sentença de procedência (A) da sentença de
improcedência (B), explorando e resolvendo os problemas que uma e outra
suscitam no concernente aos limites objetivos da coisa julgada.
(A) Em caso de procedência da ação de A contra B, o juiz decretará o
despejo do parceiro B, porque entendeu ter ocorrido dano à colheita, de
acordo com a narrativa do autor ou causa petendi (art. 319, III). A sentença
definitiva transita em julgado. Existem duas maneiras de pôr à prova os limites
objetivos da coisa julgada, negativa e positivamente.

Julgada procedente a ação de A contra B, encarrega-se a eficácia (ou


função) positiva da coisa julgada de repelir os desafios do vencido. Não é
dado a B mover ação contra A pleiteando a declaração que inexistiu a
infração contratual, porque as sementes eram próprias, adequadas e hígidas,
produzindo prova técnica. Essa demanda contestaria a coisa julgada
frontalmente. A questão da existência de infração contratual, em virtude do
uso de sementes impróprias, tornou-se indiscutível para o efeito jurídico
pretendido pelo autor A: a dissolução do contrato de parceria (questão
decidida indiscutível). E, naturalmente, dissolveu-se o negócio jurídico (objeto
litigioso decidido), decretado o despejo do parceiro.

A segunda demanda, na qual A pleiteia a declaração perante B que não


cometeu infração contratual, utilizando sementes próprias, adequadas e
hígidas, alegação talvez secundada por parecer técnico (art. 472), não repete
“ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado” (art. 337, § 4.º),
atraindo a eficácia (ou função) negativa da coisa julgada (infra, 2.149). Dois
elementos diferenciam esta segunda pretensão da primeira: (a) a ação do
antigo réu B contra A não é, e jamais poderá ser idêntica à ação anterior
de A contra B, e, além da inversão da posição das partes, (b) o pedido não é
idêntico: no primeiro caso (A versus B), a força da ação é executiva; no
segundo, declarativa negativa (B versus A). Não deixa de ser evidente que
semelhante pretensão, em que pese distinta, ostenta a finalidade de contrariar
a coisa julgada. Em termos estritos, a função impede a iniciativa do autor,
vencido na primeira demanda. Nada além disso.

A constatação de relevar, na sentença de procedência, a função positiva,


em vez da função negativa da coisa julgada, obriga a breve digressão,
trazendo outro exemplo.

Figure-se o caso de A reivindicar a coisa X na posse de B, logrando êxito.


Transitada em julgado a sentença, B pleiteia que o juiz declare que tem
domínio de X, e, não, A. Por óbvio, o juiz do segundo processo fulminará
semelhante pretensão processual, porque a questão do domínio de X já foi
decidida e reveste-se deauctoritas rei iudicate – ao menos, perante B (limites
subjetivos). Porém, se B pleitear no segundo processo indenização de A pelo
uso indevido de X, cujo domínio lhe pertence, pretensão que desloca a
questão do domínio, emprestando-lhe a feição prejudicial, parece evidente
que o juiz do segundo processo não pode deixar de reconhecer que, na
relação entre A e B, o bem X pertence a A e, assim, a B não tocam quaisquer
direitos emergentes do domínio. Em qualquer das hipóteses, conclui o
formulador dos exemplos, a segunda sentença decidirá segundo o efeito
“positivo” coisa julgada.334

A essa conclusão objetar-se-á a diversidade do objeto litigioso no segundo


processo (B versus A), distinção que se acentua para os que reduzem o
mérito ao pedido;335 porém, não se cuida de aplicar na segunda causa a
indiscutibilidade da “questão principal decidida”, mas de respeitar a regra
jurídica concreta então formulada (o domínio de X é de A). Por isso, alude-se
à função positiva da coisa julgada, assim resumida no direito alemão: “A
eficácia de coisa julgada provoca, ao mesmo tempo, a exclusão de todo
pronunciamento acerca da questão declarada pela sentença”.336

Encerrada a digressão, adiantando o modo de operação da coisa julgada


em casos tais, voltemos ao caso hipotético utilizado na aplicação da diretriz
teórica dos limites objetivos da coisa julgada consagrada no art. 503.

(B) Em caso de improcedência da pretensão de A contra B, o juiz rejeitará


o pedido, entendendo inexistirem os alegados danos à colheita (questão
principal decidida). A sentença de improcedência transita em julgado. Ora, a
regra jurídica concreta não consiste na indiscutibilidade, no presente e no
futuro, da subsistência do vínculo de parceria entre A e B. Seria autêntico
absurdo declarar indissolúvel contrato, v.g., pelo advento do termo prefixado
(ou motivo qualquer). A auctoritas rei iudicate declarou apenas incabível a
dissolução nos termos da questão principal decidida – não houve danos à
colheita, as sementes eram próprias. E, nesse ponto, jogam as incertezas no
tocante à configuração da causa petendi ou, mais precisamente, a
individualização do esquema de fato objeto da narrativa feita na petição inicial
(retro, 247.1).

Segundo a opinião de quem concebeu o teste de implacável rigor, ora


analisado, “… nem se pode considerar como causa petendi o elemento
fático danos à colheita em virtude da utilização de sementes impróprias; e
nem o extremo oposto, ou seja, ‘rescisão do contrato’, quaisquer que sejam
os fatos praticados pelo réu. Nem a irrelevância absoluta e nem a completa
relevância dos fatos. Hão de haver fatos que entram na individualização
da causa petendi; outros indiferentes, cuja mudança não implica mudança de
ação”.337

A afirmativa transcrita leva em conta o problema da eficácia preclusiva da


coisa julgada (art. 508). Ora, o objetivo primário do art. 508 avulta na
ampliação da indiscutibilidade, impedindo o emprego das questões não
alegadas, e, portanto, não decididas, a fim de contestar a coisa julgada no
segundo processo. A controvérsia em torno da inteligência do art. 508 reside
no efetivo alcance dessa ampliação. A função é, por assim dizer, indiscutível.
Por isso, não convém perturbar a análise com essa questão, senão paralela e
estranha, em mais de um ponto de vista (infra, 2.144.4), certamente ulterior
aos limites objetivos, raciocinando, ainda, como se inexistissem quaisquer
ampliações subsequentes e a improcedência envolveu decisão apenas de
uma questão (danos à colheita pelo uso de sementes impróprias).

Importa definir, segundo o art. 319, III, qual seja a causa petendi da
pretensão de A contra B, fundada em danos à colheita, porque utilizadas
sementes impróprias. Parece evidente que a infração contratual consiste
apenas no fato constitutivo definido nesta única ação imputável ao parceiro.
Esta é a questão decidida desfavoravelmente ao autor. Supondo
que A pleiteie a dissolução da parceria mantida com B, outra vez, alegando a
danificação da gleba, tornada imprópria ao plantio pelas sementes impróprias,
interessa definir se a nova pretensão esbarra, ou não, no veto à repetição. À
sentença de improcedência interessa, via de regra, a função negativa da coisa
julgada. E, apesar da parcial identidade dos fatos – uso de sementes
impróprias – a causa petendi é diferente, inexistindo a tríplice identidade. O
juiz do primeiro processo apreciou só os danos à colheita originados por
sementes impróprias. Não lhe era dado, havendo colheita de produtos sadios
e de conformidade à produtividade média da região, acolher o pedido,
fundado no dano à gleba, nem sequer alegado. Nada obsta, no segundo
processo, o reexame da questão sob o ângulo do dano à gleba, caso seja
tecnicamente concebível que as sementes produzam messe de produtos
sadios, mas a terra fique imprópria para uso futuro. Explica-se neste exemplo
por que o art. 503, caput, sentiu a necessidade de tornar indiscutível, no
ângulo do autor, a questão decidida no atinente ao pedido.

Ninguém controverte a possibilidade de alegação de fatos heterogêneos


(v.g., a falta de pagamento; o dano à gleba pelo uso de produtos químicos),
diferentes e incompatíveis com os da questão decidida, feita abstração da
ulterior eficácia preclusiva, porque eliminaria a identidade das pretensões
deduzidas (art. 337, § 2.º). Nada obstante, existem situações fronteiriças,
idôneas a gerar dúvida razoável. Por exemplo, A alega que o
parceiro B utilizou certo produto químico que destruiu a safra anual e,
simultaneamente, esterilizou o terreno para duas ou mais safras seguintes. Ao
examinar semelhante causa petendi (retro, 247.1), concluiu-se pela existência
de duas pretensões cumuladas.

Os casos extremos constituem desafio permanente no âmbito dos limites


objetivos da coisa julgada. Sempre haverá margem para oscilações. Os
esquemas normativos englobam (a) fatos determinados e (b) fatos
indeterminados (retro, 247). O dano à gleba arrendada, de um lado, e o dano
à colheita, de outro, representam esquemas de fato autônomos – chamados
de “sucessos históricos” ou episódio da vida –, intrinsecamente
indeterminados, objeto ou não de idêntica regra jurídica, e cada qual gera
uma pretensão distinta. Cumpre relembrar o ônus de o autor narrar o episódio
da vida (Lebenssachverhalt) na petição, individualizando-o relativamente aos
congêneres, porque os esquemas de fato, em mais de um caso, ostentam-se
flexíveis. Talvez o autor A descreva um único e preciso fato – por exemplo, o
parceiro deitou na terra quantidade inadequada de fertilizantes –, a um só
tempo destruindo a safra e tornando estéril o terreno, ensejando, destarte, a
incidência em dois esquemas normativos distintos, e subsistindo a cumulação
de pretensões diferentes no mesmo processo.

Explorou-se até agora o art. 503, caput, do ponto de vista do autor,


examinando as questões que, sob este ângulo, levam ao acolhimento ou à
rejeição do pedido. Ora, o réu também contribuiu à definição do objeto litigioso
através da alegação de objeções (v.g., o pagamento) e exceções (v.g., a
prescrição) substanciais. É incorreto visualizar-se apenas a ampliação da área
lógica (cognitio), e, não, do iudicium por força da defesa de mérito indireta
(retro, 313.2.2). Por sinal, as exceções substanciais precedem, não raro,
lógica e cronologicamente a análise de outras questões, dispensando-lhes a
resolução efetiva. O órgão judicial, ao verificar prescrita a pretensão deduzida,
encerra incontinenti o raciocínio, abstendo-se de apreciar e resolver o restante
do mérito, em nome da economia e da boa ordem na resolução de questões.
Na realidade, haja ou não alegação do réu, antes de mais nada o órgão
judicial verifica se ocorreu prescrição ou decadência. E, alegada a exceção
substancial como meio de defesa, a sentença que omitisse decisão a seu
respeito apresentaria grave vício infra petita. Ao invés, havendo resolução a
respeito, aauctorictas rei iudicate recairá sobre tal questão, conforme
preconiza o art. 503, caput.

É importante assinalar, desde logo, a flexibilidade do art. 503, caput. Ao


fazer recair a autoridade de coisa julgada sobre “questão principal
expressamente decidida”, sem dúvida abrange a resolução do juiz que rejeita
a prescrição, e, não, apenas o acolhimento para fins do art. 487, II. Retoma-
se, entrementes, à análise compreensiva do problema.

Em tal aspecto, o direito brasileiro diverge do alemão, no qual o princípio é


outro, salvo reconvenção (ou contrapedido): keine Rechtskraft der
Entscheidung über Einreden (nenhuma coisa julgada recai sobre as
exceções). O exemplo invocado é o da exceção de inadimplemento (art. 476
do CC de 2002) nas prestações recíprocas simultâneas (Verurteilung Zug um
Zug).338 Também é o caso das objeções substanciais (v.g., o pagamento),
ou Einwendungen, porventura alegadas e decididas.339 É a preocupação
externada na issue preclusion do direito norte-americano: não bastando
a claim preclusion, equivalente à primeira regra, questões idênticas às
suscitadas anteriormente não devem ser reexaminadas noutro processo por
questões de economia na atividade jurisdicional.340 O problema do collateral
estoppel há muito merece atenção na Civil Law.341 Fundamentos tornam-se
indiscutíveis no direito pátrio, por exceção, servindo de exemplo o art. 935 do
CC.342

A parte dispositiva da sentença de procedência geralmente consigna,


genérica (v.g., rejeitadas as preliminares) ou especificamente (v.g., rejeitada a
prescrição), a resolução das exceções substanciais. E a sentença de
improcedência transforma a questão relativa à objeção ou à exceção
substancial no fundamento da rejeição do pedido. Portanto, é questão
principal decidida para os fins do art. 503, caput. Não cabe ao réu, vencido na
primeira demanda, renová-la por via de nova pretensão, contestando a coisa
julgada.

Enfim, a proposição do art. 503, caput, fixando positivamente os limites


objetivos da coisa julgada, embora sem coincidência com outros
ordenamentos, revela-se equilibrada e bem posta. Resta defini-la como
representativa de um dos dois sistemas antagônicos concebíveis: (a) o
ampliativo; e (b) o restritivo.

Segundo o sistema ampliativo, a resolução da questão (a) dano à colheita


por força do uso de sementes impróprias ficaria indiscutível, como res
iudicata, em qualquer processo futuro (v.g., no caso de A pedir indenização
de B pelo dano à colheita); de acordo com o sistema restritivo, semelhante
resolução, não se tratando de pretensão à dissolução do contrato, mostrar-se-
ia irrelevante.343 Filia-se o art. 503, caput, c/c art. 505, caput, salvo engano, ao
sistema ampliativo, porque “nenhum juiz decidirá novamente as questões já
decididas relativas à mesma lide”. Tomada a palavra lide no sentido de
pedido, a questão decidida no primeiro processo – dano à colheita pelo uso
de sementes impróprias – não vinculará no segundo, porque o pedido de
dissolução do contrato discrepa do pedido de indenização pelo dano à
colheita. Não é esta, entretanto, a inteligência das proposições normativas – a
bem da coerência prática, de resto, pois ficaria muito difícil ao advogado
de Aexplicar ao seu cliente que B causou danos à colheita, para o fim de
desocupar a área, mas não para o efeito (o que mais importa e pesa
economicamente) de indenizá-lo…

As construções teóricas acerca dos limites objetivos da coisa julgada


variam e, no direito português, sugeriu-se fórmula diferente, a saber: os
pressupostos da decisão transitada em julgado são indiscutíveis na medida
em que pressupostos da decisão. Por exemplo, no contrato firmado
entre A e B resultaram para B as dívidas X e Y, sendo que A pleiteia a
condenação de B a prestar-lhe X, alegando o réu a invalidade do contrato por
dolo, e a sentença de procedência transita em julgado. Em seguida, A pleiteia
a condenação de B a prestar-lhe Y, caso em que, segundo o sistema
ampliativo, a questão da validade do contrato (objeção substancial) e a
questão da existência da dívida seriam indiscutíveis na segunda demanda. Ao
invés, sistema intermediário sustente que a questão da validade pode ser
livremente discutida, relativamente ao dever de B prestar Y ao autor A,
mas B não pode pretender a declaração da invalidade do contrato
relativamente à prestação de X.344 Não é o sistema brasileiro.

2.143. Objeto ressalvado da autoridade do julgado

Complementa a disciplina dos limites objetivos da coisa julgada a


autêntica regra de exclusão contemplada nos incisos do art. 504. A
indiscutibilidade não abrangerá determinados elementos da sentença
definitiva. A esses elementos urge acrescentar a resolução da questão
prejudicial, pois só adquire autoridade de coisa julgada sob determinadas
condições, enunciadas no art. 503, § 1.º, I a III, e § 2.º, sem pejo da regra
transitória do art. 1.054 do NCPC.

2.143.1. Motivos da decisão – Em primeiro lugar, os motivos do


pronunciamento – os fundamentos utilizados pelo juiz para acolher ou rejeitar
o pedido, objeto da motivação, nos termos do art. 489, II –, todavia e
eventualmente imprescindíveis para “determinar o alcance da parte dispositiva
da sentença” (art. 504, I), não se compreendem no âmbito de autoridade do
julgado. O raciocínio errôneo do juiz pode levar à solução correta. A qualquer
título, não convém promover discussões estéreis neste campo, perquirindo os
fundamentos hábeis, como acontece no direito francês.345 E há de se ter em
vista que, de regra, a coisa julgada impede contradição prática de julgados,
bastando que a auctoritas rei iudicate recaia sobre o dispositivo para essa
finalidade.346

A ratio decidendi é, todavia, essencial ao precedente judicial – tese jurídica


afirmada em determinado julgado, mas passível de aplicar-se em outros feitos
nas mesmas condições. Eis um ponto de asfixia do uso útil dos precedentes
judiciais. Sem a explicitação e a análise dos motivos do pronunciamento não é
possível, racionalmente, decidir se a tese jurídica aplica-se, ou não, a outras
causas, nem o ato apresentará motivação suficiente (art. 489, § 1.º, V).347

Os fundamentos que conduziram o juiz a acolher ou a rejeitar o pedido


(art. 487, I) não importam sob outro ponto de vista. Pode acontecer de o juiz
não ter formado convicção bastante acerca das questões de fato suscitadas e
debatidas e, evitando o non liquet, emita sentença segundo a regra de
julgamento do art. 373 ou qualquer outra porventura adotada na decisão de
saneamento e de organização do processo (art. 357, III). Essa sentença faz
coisa julgada como qualquer outra. Deficiências no acervo probatório são
debitadas à parte interessada na demonstração da veracidade da alegação de
fato. Não tem sentido, entre nós, a atenuação do direito francês, relativamente
ao julgamento en l’état.348

2.143.2. Verdade dos fatos na decisão – Em seguida, não se revelará


indiscutível a verdade dos fatos, “estabelecida como fundamento da sentença”
(art. 504, II). Duas considerações autônomas pré-excluem a indiscutibilidade.

O processo reproduz, a mais das vezes, a realidade passada, embora com


o objetivo de preparar o futuro, e a atividade judicante nesse ponto revela-se
particularmente suscetível a deficiências na elaboração e na percepção do
material de fato. Não convém, pois, entender corretamente reproduzido o
episódio da vida pelas provas colhidas na instrução. Os fatos que originaram
o litígio são reproduzidos no processo.349 À segurança jurídica, ademais, basta
a indiscutibilidade da atribuição do efeito jurídico ao vitorioso. Assim, os fatos
que originaram o litígio podem (e devem) ser avaliados diferentemente em
outro processo e por outro órgão judiciário.350

O art. 504, II, segue a lição haurida da doutrina italiana, segundo a qual o
raciocínio sobre fatos é obra da inteligência da pessoa investida na função
judicante e acontece de a própria lei vinculá-lo nessa atividade (v.g., pré-
excluindo a prova testemunhal no caso de contrato formal, a teor do art. 444,
primeira parte), desaparecendo, de qualquer modo a importância do elemento
lógico após a emissão da sentença, porque os fatos permanecem tal qual
eram na realidade.351 Não é diferente no direito alemão.352

Volvendo ao exemplo exposta anteriormente, qual mote recorrente, na


ação em que A pede a separação de B, alegando que o réu manteve relações
sexuais comC no motel X no dia Y, o acolhimento do pedido, decretada a
separação, assentará predominantemente na resolução de questio
facti (relações sexuais de B e C). A veracidade da alegação de fato (ocorreu
efetivamente, ou não, relações sexuais?) não se tornará indiscutível. Ficou
decidida, relativamente à lide (objeto litigioso), e de forma definitiva, a questão
da quebra do dever de fidelidade conjugal. Se a autora A pleitear indenização
pelo dano moral causado por B, quebrando os deveres do casamento, ao juiz
é dado reconhecer a inexistência de relações extraconjugais de B, e, ainda,
poderá rejeitar o pedido porque a questão não produz o segundo efeito
jurídico (dever de indenização). E não pode o réu B, todavia, contestar o
desfecho do primeiro processo, no qual A vitoriou-se, alegando a inexistência
da quebra do dever conjugal: a segunda demanda é distinta da primeira.

O raciocínio desenvolvido pelo juiz no primeiro processo, analisando


a questio facti – veracidade da alegação de relações sexuais entre B e C –
tampouco vinculará o juiz do segundo processo. Por exemplo, o juiz formou a
convicção a partir do testemunho da camareira F, que trocou a roupa de
cama, após B e Ctrancarem-se na suíte n.º 33 por uma hora, identificando
sinais e resíduos orgânicos característicos do contato sexuais, soando mais
persuasivo que o testemunho do gerente G, sustentando a permanência
de B e C da entrada à saída do motel X ao seu lado e negando o afastamento
da dupla por uma hora na suíte n.º 33 do estabelecimento. No segundo
processo, ao invés, ao juiz é dado rejeitar o pedido, persuadindo-se com o
depoimento de B, ou visualizando outro motivo (a confissão de B a H), para
acolher o pedido (relações sexuais de B e C). A admissibilidade desse
segundo pedido não é aceita pela doutrina contemporânea especializada em
direito de família.

É bem de ver que, ao expor a influência das questões decididas no âmbito


dos limites objetivos, sustentou-se que na ação de B contra A, alegando que o
réu lhe deve indenização pelo uso do bem X, o juiz encontra-se adstrito à
coisa julgada precedente, que reconheceu o domínio de A sobre X, excluindo,
portanto, quaisquer direitos de B inerentes à propriedade. Ora, no exemplo da
separação, o juízo de improcedência não contradiz a regra jurídica concreta
formulada (A tem direito de separar-se de B, porque B manteve relações
sexuais com C). Mas, no caso de B pretender indenização pelo fato de A pelo
uso do bem X, eventual sentença de procedência contrariaria a coisa julgada.

Interessa examinar exemplos correntes na doutrina. Os resultados são


convergentes. Assim, e adaptando os dados a caso efetivamente ocorrido e
julgado pelo extinto TARS, na ação em que o locador A pede o despejo do
locatário B, porque ocorreram graves danos no apartamento utilizado para
encontros clandestinos comC, todavia descobertos pela esposa do inquilino,
cuja fúria descontrolada depredou equipamentos, o juiz decreta o despejo,
convencido da veracidade da alegação de fato do locador. Na ulterior ação de
indenização, o juiz não fica impedido de reconhecer a inexistência ou a
insignificância dos danos.353 Na ação de despejo movida por A contra B, sob a
alegação que o parceiro B causou danos graves à gleba, deitando-lhe produto
deteriorado, o juiz acolhe o pedido, ficando impedido de negar, na ação de
indenização de A contra B, a existência do ilícito e dos danos imputáveis ao
réu.

O art. 504, II, apresenta utilidade complementar. Elimina a velha


concepção da coisa julgada como concepção de verdade. Verdadeiras ou
falsas são as alegações de fato das partes e, justamente, o juízo do órgão
judicial a respeito não se torna indiscutível.354

2.143.3. Questão prejudicial decidida – O art. 1.054 do NCPC manda


aplicar o art. 503, § 1.º, estendendo a autoridade de coisa julgada à questão
prejudicial “decidida expressa e incidentemente”, sob certas condições, aos
processos iniciados após a vigência do terceiro código unitário. Logo, haverá
duplo regime, por algum tempo, cumprindo examiná-los separadamente.

2.143.3.1. Exclusão da questão prejudicial dos limites objetivos – Segundo


o art. 469, III, do CPC de 1973, não se revestirá de auctoritas rei iudicate a
prejudicial decidida como premissa necessária ao acolhimento ou a rejeição
do pedido. Do conjunto das questões decididas, o art. 469, III, do CPC de
1973 pré-exclui toda a categoria das prejudiciais, anteriormente definidas
(retro, 293), sendo clássicos dois exemplos: (a) na ação de separação
de A perante B, a existência do matrimônio; e (b) na ação de A contra B,
pleiteando alimentos, a relação jurídica de filiação (A é filho de B com C).

Ora, na ação em que A pede alimentos de B, talvez as partes suscitem,


debatam e o juiz decida a questão prejudicial da filiação. Não é própria e justa
a crítica feita à formulação do inciso III do art. 469 do CPC de 1973 – “…
questão prejudicial, decidida incidentemente no processo” –, porque o juiz
efetivamente resolve se A é filho ou não de B com C, como premissa
necessária ao acolhimento do pedido.355 E, por vezes, a decisão da prejudicial
envolve controvérsia mais densa e sofrida, o meio de prova (v.g., o exame de
DNA) mais demorado e custoso. A resolução tomada não se torna
indiscutível. Portanto, a B se afigura lícito pleitear a declaração negativa da
paternidade de A em processo subsequente.

Por óbvio, na hipótese inversa, haverá autoridade de coisa julgada.


Se B negou a paternidade de A, mas perdeu, ou se A investigou a
paternidade contra B, mas ganhou, a relação de filiação entre A e B na
segunda ação, em que A pleiteia alimentos de B, revela-se indiscutível.

A exclusão da questão prejudicial do âmbito da autoridade do julgada


prende-se à instituição da declaratória incidental (retro, 292). O mecanismo
apresentava escassa aplicação prática. Uma das plausíveis razões consiste
na dificuldade em identificar com a nitidez e precisão necessárias o nexo de
prejudicialidade. Por assim dizer, o debate das partes corre solto e, de toda
sorte, o art. 470 do CPC de 1973 estabelece requisitos rígidos à
admissibilidade da declaração incidente. O art. 469, III, do CPC de 1973
integra a sistemática dos limites objetivos, seja qual for a causa da falta de
uso profícuo da declaração incidente, e pré-exclui a auctoritas rei
iudicate sobre tal espécie de questão.

Porém, não se pode acatar sem ressalva que se trata de contrapeso à


inexistência de indiscutibilidade dos motivos e, inexistisse a regra, a coisa
julgada não se estenderia à relação subordinante.356 A verdade é outra.
Recaindo a autoridade sobre as questões decididas, não se mostraria
possível distinguir entre as prejudiciais e as outras questões de mérito.

Concebe-se o regime oposto. Reclamando o autor A perdas e danos do


réu B por dano à coisa, e contestando o réu B a propriedade de A, a
declaração do domínio de A, incidenter tantum, vincularia A e B em processos
futuros.357 Basta eliminar o art. 469, III, do CPC, pois a menção a “questões
decididas” no art. 468, in fine, do CPC de 1973 alcançaria as prejudiciais.
Também aqui há desvantagens. Nem sempre as partes terão em mente a
importância futura do debate travado, incidentalmente, e do vínculo
desenhado em suas relações.

2.143.3.2. Inclusão da questão prejudicial nos limites objetivos – A


escassa utilidade da declaração incidente na vigência do CPC de 1973
inspirou a reformulação da regra anterior. O art. 503, § 1.º, estende-se à
autoridade da coisa julgada à questão prejudicial decidida expressa e
incidentemente no processo.

É indispensável a decisão expressa (v.g., na ação em que A pede


alimentos de B, e o réu B contesta a relação de filiação), a fim de que inexista
dúvida no processo posterior. Assim, se o juiz acolhe o pedido do autor A,
porque entende que A é filho de B, impõe-se declaração expressa no
dispositivo (v.g., “julgo procedente a ação de alimentos de A contra B,
condenando o réu a pagar X, a título de alimentos, porque A é filho de B” ou
fórmula equivalente), evitando a redação genérica ou imprecisa. Na dúvida,
inexistirá autoridade de coisa julgada, embora decidida a prejudicial.
A decisão expressa é condição necessária, porém insuficiente. O art. 503,
§ 1.º, estabelece três condições concorrentes: (a) a resolução da prejudicial
se mostrar indispensável ao julgamento do mérito, qualidade intrínseca no
exemplo ministrado (inciso I); (b) a existência de contraditório pleno e efetivo,
não aplicando no caso de revelia (inciso II); (c) a competência em razão da
matéria para resolver a prejudicial como questão prejudicial (inciso III). O
último requisito é emblemático. Por exemplo, se o autor A pede a imissão de
posse do veleiro X, vendido por B, mas na posse de C, defendendo-se a
ré C com alegação da preexistência de união estável com B e partilha
amigável ter-lhe atribuído o domínio de X, o processamento da causa em vara
cível não obsta a resolução dessa questão, mas ela não adquirirá autoridade
de coisa julgada, pois a existência ou a inexistência de união estável não
integra a competência em razão da matéria do juízo da causa. Retirada de
caso concreto, o exemplo demonstra as dificuldades da antiga declaração
incidente, e, a fortiori, do regime do art. 503, § 1.º.

E há outra condição no art. 503, § 2.º: a cognição do processo há de ser


exauriente, permitindo o “aprofundamento da análise da questão prejudicial”.
Essa fórmula é insatisfatória, mas compreensível: no mandado de segurança,
em que o servidor A pede vantagem pecuniária do Estado-membro B, a
controvérsia sobre a existência do vínculo estatutário talvez dependa de prova
diferente da documental. Não haverá, portanto, extensão da coisa julgada à
questão prejudicial decidida nos processos de cognição sumária. O art. 503, §
2.º, não o exige, mas convém o juiz explicitar claramente não se aplicar o art.
503, § 1.º, na causa julgada.

À semelhança de outras inovações, o tempo esclarecerá o sucesso do


novo regime ou se ele suscitará as incertezas do velho art. 287, parágrafo
único, do CPC de 1939.

2.144. Eficácia preclusiva da coisa julgada

A preocupação de estabelecer positiva (art. 503) e negativamente (art.


504) os limites objetivos da coisa julgada revelou-se, ao fim e ao cabo,
insuficiente. As funções (ou modos de operação da eficácia) da coisa julgada,
cujo intuito é o de evitar contradições práticas entre o julgado e decisões
posteriores, reclamaram ampliação do alcance da fórmula res iudicanda = res
iudicata, nela incluindo – o que não corresponde, todavia, à opinião
prevalecente nessa matéria (retro, 309) – a contribuição do réu à res
iudicanda.

A couraça com a qual a autoridade da coisa julgada reveste o vencedor,


segundo os limites objetivos, apresenta um ponto frágil. Acontece de as
partes não alegarem e debaterem e, por conseguinte, o juiz não apreciar e
resolver certas questões que, por seu teor, alterariam a conclusão
ou decisum. Dois exemplos, tirados da inércia do autor e do réu, esclarecem o
problema:

(A) A move contra B pretensão de imissão de posse.358 O réu B, jungido ao


princípio da eventualidade (retro, 311.2), alega a matéria de defesa, mas
omite a exceção de retenção por benfeitorias necessárias. O juiz acolhe o
pedido. O réu não entrega o bem, no prazo assinado, e impugna o
cumprimento da sentença, fundado no art. 525, § 1.º, VII, apresentando a
exceção anteriormente omitida.

(B) A pleiteia a separação de B, alegando que o réu B manteve relações


sexuais com C, no motel X no dia Y. O réu B contesta, alegando que
compareceu no motel com C, figurinista da fábrica D, para angariar pedido de
compra de roupas de cama para a rede de dez estabelecimentos congêneres,
todas com marca desenhada por C. O juiz colhe a prova testemunha, ouvindo
a camareira F e o gerente G, e rejeita o pedido. Em seguida, A renova o
pedido de separação contra B, alegando que o réu praticou injúria grave,
declarando a C perante G que a esposa optara por manter relação amorosa
com H, declaração manifestamente falsa.

O denominador comum dessas situações consiste no seguinte: (a) a


exceção de retenção e (b) a injúria grave não integraram o debate da causa
anterior. O juiz nada deliberou acerca dessas questões. Logo, não se cuidam
de “questões decididas” Em ambos os casos, o teor dessas questões
influenciaria a conclusão do julgado, senão revertendo o sentido da sentença
definitiva, no mínimo, como no caso da exceção de retenção, condicionando o
juízo de procedência. Em tal contingência, o ulterior uso dessas matérias em
demanda ulterior, porque passíveis de alegação, mas efetivamente não
alegadas pelo interessado, e, portanto, alheias ao âmbito das “questões
principais decididas” (art. 503, caput), ostentará aptidão e o irrecusável
potencial para modificar a regra jurídica concreta formulada, objeto
da auctoritas rei iudicate. Tal iniciativa, possibilitada pelo fato de não se
tratarem de “questões principais decididas” na órbita do art. 503, caput – o
que, de resto, demonstra a necessidade de incluí-las nos limites objetivos
enquanto tais, se tivessem sido alegadas – mostrar-se-á altamente ofensiva à
estabilidade oferecida pela sentença definitiva.

O fenômeno descansa no direito material. Em tal plano, surgem direitos


concorrentes, cada qual autônomo, mas o princípio da demanda permite
alegar apenas um, ou alguns, obrigando o órgão judicial a apreciar e decidir
apenas o alegado, segundo o princípio da congruência, limitando-se a tal
material, objetivamente, a extensão do julgado.359 E, inversamente, o mesmo
se pode dizer das exceções e das objeções substanciais do réu.

É preciso encontrar solução para a inusitada e perigosa forma de


contestação ao julgado por intermédio de matérias não alegadas. Disso se
ocupa a eficácia preclusiva da coisa julgada, acréscimo útil de blindagem na
parte frágil da disciplina comum da coisa julgada.

2.144.1. Definição da eficácia preclusiva da coisa julgada – O art. 508


reproduz a regra, com ligeiras mudanças de redação, que introduziu no
processo civil brasileiro a chamada eficácia preclusiva da coisa
julgada,360 a Präklusionswirkung ou a Ausschlusswirkung do direito alemão,
fundada no antigo brocardo – tantum iudicatum quantum disputatum vel
disputare debebat – e na persuasiva diretriz que a coisa julgada há de
oferecer ao vencedor blindagem contra as investidas do vencido na maior
extensão possível.

A eficácia preclusiva tem relevantes fins práticos e traduz, segundo


definição precisa, “impedimento que surge, com o trânsito em julgado, à
discussão e apreciação das questões suscetíveis de influir, por sua solução,
no teor do pronunciamento judicial”.361

2.144.2. Finalidades da eficácia preclusiva da coisa julgada – O propósito


manifesto da eficácia preclusiva consiste em aumentar a proteção conferida à
regra jurídica concreta formulada na sentença. O vínculo especial derivado da
autoridade de coisa julgada impede o juiz de apreciar, outra vez, o objeto
litigioso anteriormente julgado, individualizado por seus três elementos – as
partes, a causa petendi e o pedido –, considerando as questões suscitadas,
debatidas e decididas.

Ora, a eficácia (ou função) negativa da coisa julgada, ou o veto à


discussão e julgamento da repetição do autor, em primeiro lugar revela-se
insuficiente para garantir a segurança jurídica do réu vitorioso. Pouca ou
quase nenhuma utilidade ostentaria a coisa julgada, estabilizando a regra
jurídica concreta formulada pela autoridade judiciária em benefício da paz
social, limitando-se a obstar a reprodução de demanda idêntica em processo
ulterior (art. 337, § 4.º). O autor reabriria o conflito, invocando causa
petendi preexistente ao julgado – não há dúvida de que a coisa julgada não
alcançará fatos supervenientes à última oportunidade de alegação no
processo antecedente (infra, 2.145.1) –, e poderia fazê-lo paulatinamente,
submetendo o réu a investidas periódicas, sob o pretexto da falta de
identidade total das pretensões. Eis o motivo por que não é aceitável, em
princípio, a tese segundo a qual todos os fatos constitutivos concebíveis não
constituem premissa necessária do juízo de improcedência.362

Por igual, nenhum ou muito pouco proveito traria a sentença de


procedência ao autor vitorioso se o réu pudesse atacar o desfecho do
processo, invocando as objeções substanciais ou as exceções substanciais
anteriormente omitidas como causa petendi de pretensão própria,
impossibilitando a atuação da eficácia (ou função) positiva da coisa julgada no
segundo processo, porque tal questão permaneceu alheia ao objeto litigioso
do primeiro processo. O réu atacaria o desfecho do processo,
invocando causa petendi diversa, composta por objeções e exceções não
alegadas anteriormente. A caracterização do fato principal como constitutivo,
extintivo, impeditivo ou modificativo (art. 373, I e II) depende da posição
processual assumida pela parte ou da função da afirmativa no processo.
Assim, a pretensão à declaração da dívida prescrita alega o transcurso do
tempo, que assumirá a função inequívoca do fato constitutivo da causa
petendi; mas, alegado na defesa, assumirá outra função, a do fato extintivo. É
o caso, para manter o exemplo aventado, da exceção de retenção de
benfeitorias.

Essas razões exigem a ampliação da autoridade da coisa julgada para


impedir, ao menos, o julgamento de pretensões diretamente incompatíveis
com odecisum,363 e, ao nosso ver, a fim de tolher tratamento desigual de autor
e réu, também indiretamente.

Definida a eficácia preclusiva e, ainda, desvelada sua função ampliativa,


antes de passar aos pressupostos de aplicação do art. 508, cumpre localizá-la
no âmbito da disciplina da coisa julgada.
2.144.3. Relação dos limites objetivos e eficácia preclusiva da coisa
julgada – Os limites objetivos da coisa julgada operam no âmbito das
questões decididas em determinado objeto litigioso. Esse campo oferece
proteção parcial ao vencedor, porque deixam-no exposto às questões não
decididas, mas idôneas a influenciar o teor do pronunciamento. Esta é a área
coberta pela eficácia preclusiva, aumentando a proteção do vencedor.
Distintas que sejam as áreas cobertas, controverte-se qual a relação entre o
vínculo, no segundo caso, e os limites objetivos, sejam quais forem, ou se o
vínculo quanto às questões não debatidas e não decididas respeita à
preclusão enquanto tal.

Em tese, a lei pode conferir à coisa julgada blindagem de maior ou menor


espessura contra ataques ulteriores: ou (a) eficácia absoluta, tornando o
julgado inatacável por qualquer fundamento ulterior, preexistente ou não; ou
(b) eficácia relativa, restringindo a inatacabilidade às questões efetivamente
decididas.364 A eficácia preclusiva representaria manifestação – naturalmente,
ampliativa – dos limites objetivos. No que interessa, ou seja, quanto à
formulação de nova alegação em demanda ulterior, a doutrina alemã opina
negativamente, em termos até enfáticos,365 filiando a ampliação da eficácia à
preclusão.

A autonomia conceptual da eficácia preclusiva recebeu defesa veemente,


entre nós, destacando a circunstância de a coisa julgada não representar o
único fenômeno processual dotado de força preclusiva.366

O art. 508 opera no plano da eficácia. Este argumento prova em excesso,


porque a coisa julgada só atua no plano da eficácia. Não tem sentido em
situá-lo nos planos da existência e da validade. Ora, caso julgado e eficácia
preclusiva relacionam-se e complementam-se mutuamente.367 Não parece
adequado negar a relação e, ao mesmo tempo, jamais extravasar os limites
objetivos na aplicação da eficácia preclusiva. Se os lindes da auctoritas rei
iudicatae alargam-se, ou não, constitui problema a decidir-se em cada
ordenamento e, no direito pátrio, segundo a inteligência do art. 508. Ademais,
a indiscutibilidade da sentença definitiva pode tanto resultar da alegação
decidida quanto do descumprimento do ônus de alegar.368

O deslocamento desse assunto para os domínios dos limites temporais


não se afigura imprópria.369 Em princípio, a coisa julgada não torna imune a
regra jurídica concreta, intrinsecamente modificável no âmbito da autonomia
de vontade das partes, aos fatos supervenientes. A eficácia preclusiva
considera apenas os fatos preexistentes à formação do julgado. Por uma e
outra razão, impossível desligar a eficácia preclusiva da coisa julgada.

2.144.4. Pressupostos da eficácia preclusiva da coisa julgada – Os


subsídios expostos já destacaram o principal pressuposto à incidência do art.
508. São (a) os fatos preexistentes – constitutivos, extintivos, impeditivos e
modificativos –, e (b) os fatos contemporâneos às oportunidades assinaladas
de alegação, discussão e julgamento no processo anterior. Vale repetir a
coisa julgada não imuniza a regra jurídica concreta aos fatos supervenientes
(infra, 2.145).370

A cláusula inicial do art. 508 (“Transitada em julgado a sentença de


mérito…”), define o objeto formal (“decisão de mérito”) e o momento
(“Transitada em julgado…”) em que se produz a eficácia preclusiva. E forma
pela qual se encontra redigida a regra, relevada a desnecessária ficção (“…
considerar-se-ão deduzidas e repelidas…”) demonstra o intuito de imunizar a
regra jurídica concreta contra matérias não deduzidas e, portanto, alheias às
“questões principais decididas” mencionadas art. 503, caput. Em suma, a
eficácia preclusiva oferece blindagem contra o que, de ordinário, encontra-se
abrangido na resolução do mérito e das questões debatidas. Nenhuma outra
interpretação, salvo engano, preserva a inteligência da cláusula. A eficácia
preclusiva aumenta a extensão da indiscutibilidade da coisa julgada.371

O STJ aplica dessa maneira o art. 508. Em singular julgado, proclamou o


tribunal não se limitar a proteção da coisa julgada ao impedimento de novo
julgamento em caso de repetição da demanda, pois a denominada eficácia
preclusiva, prevista no art. 508, “impede seja infirmado o resultado a que se
chegou em processo anterior com decisão transitada em julgado, ainda que ‘a
ação repetida seja outra, mas que, por via oblíqua, desrespeita o julgado
adredemente proferido’”.372 Em julgado anterior, enfatizou: “A coisa julgada
atinge o pedido e a sua causa de pedir. Destarte, a eficácia preclusiva da
coisa julgada… impede que se infirme o resultado a que se chegou em
processo anterior com decisão trânsita, ainda que a ação repetida seja outra,
mas que por via oblíqua desrespeite o julgado anterior”.373Apesar a fórmula
cautelosa – “… ainda que a ação repetida seja outra…” –, inexiste dúvida:
“outra” ação do autor vencido só pode fundar-se em causa
petendianteriormente omitida. Outro julgado alude à apresentação de
“fundamentos que deveriam ter sido apresentados à época da primeira ação”
– portanto, causas preexistentes –, “mas não o foram”, com o mesmo
sentido.374

A eficácia preclusiva pressupõe cognição plenária do órgão judicial. As


causas processadas e decididas segundo cognição sumária (v.g., pretensão à
segurança) não comportam essa extensão,375 pois a parte até pode alegar
matéria estranhas ao objeto litigioso restrito, mas ao juiz não é dado decidi-
las, e, portanto, a eficácia preclusiva não pode atingi-las (infra, 2.152).

É a extensão objetiva desse aumento na eficácia o móvel das


divergências. O entendimento prevalecente,376 em mais de um
ordenamento,377 não abrange ascausae petendi porventura omitidas. O ônus
da concentração (retro, 311.2) recai sobre a defesa do réu, a teor do art. 336,
tocando-lhe alegar toda a matéria de defesa no ato postulatório principal que
lhe incumbe (contestação). Ônus análogo não embaraçaria o autor na sua
demanda. É lícito que escolha a causa petendi X(v.g., adultério de B com C),
omitindo a Y, (v.g, injúria assacada por B contra A na presença de F e G),
porque, v. g., o fato X (relações sexuais de B com C no motel Xno dia Y)
parece-lhe embaraçoso para o réu e guarnecido de prova mais robusta.
Dispensando o autor de reunir todas as alegações de fato cria-se um preço e,
ainda, dá-se “às partes e aos seus defensores pouco escrupulosos e pouco
sensíveis às regras deontológicas uma arma para incrementar os custos
processuais e auferir lucros”,378 pago em nome do princípio dispositivo.

Em consequência, nesse entendimento, “é lícito ao autor em processo civil


formular n vezes a mesma pretensão, desde que a baseia em n causas de
pedir”.379
A preexistência da causa petendi omitida na petição inicial, e a
circunstância de o autor conhecê-la em pormenores e ponderar-lhe as
possibilidades de êxito, carece de importância. À primeira vista, surpreende
essa dimensão inaudita do princípio da oportunidade. O autor demandará
quando lhe aprouver, podendo escolher momento mais propício para a
iniciativa (v.g., a consolidação da tese jurídica no STJ), respeitando
unicamente o prazo de prescrição ou de decadência, e por esse assaz largo
período preparará seus meios de ataque (v.g., pode aguardar a elaboração do
parecer técnico do experto mais renovado na área). Por sua vez, o réu, no
procedimento comum, usufruirá do prazo fixo de quinze dias para
providências análogas e, em outros procedimentos, interregno mais exíguo. O
princípio da concentração grava o réu, mas não atinge o autor na mesma
medida: a causa petendi conhecida e preexistente pode ficar reservada para
oportunidade – justamente, a contestação à coisa julgada em caso de derrota.
Indiferente ao desequilíbrio, arguto, experiente e erudito observador da cena
judiciária entende compreensível reputar rejeitadas as alegações e defesas
oponíveis pelo réu ao acolhimento do pedido; defendendo-se o réu, por
exemplo, baseado na prescrição, e descobrindo, posteriormente, recibo
passado pelo autor, não pode reclamar a repetição do indébito.380

Concebe-se orientação legislativa diferente, a exemplo do


disposto, expressis verbis, no art. 400, n.º 1, da Ley de Enjuiciamiento
Civil espanhola de 2000. A disposição atribui ao autor o ônus de alegar todos
os fatos, fundamentos ou títulos conhecidos, na oportunidade assinalada para
a respectiva alegação (petição inicial), sob pena de inadmissibilidade da
alegação posterior, como forma de garantir a estabilidade do futuro
pronunciamento.381

Ora, a jurisprudência do STJ, apesar de não afirmá-lo categoricamente, na


prática segue essa linha.

Em relação ao réu, e voltando à orientação doutrinária prevalecente, o


ônus da alegação de toda a matéria de defesa localiza-se, indubitavelmente,
no art. 336. As objeções e as exceções substanciais que, tempestivamente
alegadas, importariam a rejeição do pedido, mas omitidas na defesa, já não
podem mais ser invocadas pela “parte a quem supostamente
interessavam”.382

Esse resultado se afigura altamente duvidoso sob dois ângulos


complementares.

Em primeiro lugar, o art. 508 menciona “alegações” e “defesas”, referindo-


se tanto ao autor quanto ao réu, e acrescenta que umas e outras poderiam
ser opostas “ao acolhimento como à rejeição do pedido”, soando arbitrário
eliminar o autor, a priori, do campo de incidência da eficácia preclusiva. As
alegações conducentes ao eventual acolhimento do pedido não se quadram
na categoria dos fatos simples – de resto, variáveis e irrelevantes (retro,
247.2), a exemplo do encontro de B e C no motel Z e, não, no motel X -, mas
na categoria dos fatos constitutivos (retro, 247.1), ou não ensejariam o
acolhimento, e, portanto, o dispositivo contempla outras possíveis causae
petendi preexistentes. Ensaio da juventude, cujo único objetivo consistia em
demonstrar a assimetria provocada por esta interpretação, realçara o
ponto.383 A única resposta engendrada ao argumento utiliza a classe dos fatos
simples.384 Como visto, ou o art. 508 apanha outra causa petendi, ou
simplesmente não se aplica às “alegações” omitidas pelo autor.

E, de resto, a interpretação prevalecente consagra solução inconciliável ao


direito fundamental processual da igualdade.385 Do réu se retira tudo, ao autor
tudo se concede.386

Em resumo, estágio atual da questão é o seguinte. A eficácia preclusiva


da coisa julgada amplia o campo natural traçado no art. 503. Todavia, “nos
parâmetros da lide deduzida, ou seja, sem que altere ou extrapole qualquer
dos elementos individualizadores das demandas”.387 O seguinte exemplo
esclarece até que ponto chega-se na interpretação do art. 508: se X pleiteia a
anulação da doação feita a Y por ingratidão, indicando como fato constitutivo
a recusa de Y em prestar-lhe alimentos, mas tem a pretensão desacolhida por
sentença transitada em julgado, fica-lhe vedado pleitear a revogação da
doação, porque Y não lhe prestou assistência no curso de doença grave, fato
redutível à primeira causa de pedir. Nada obsta, porém, que pleiteie a
revogação, no segundo processo, fundado em calúnia praticada por Y.388

Fórmula mais genérica sustenta, relativamente ao autor, o art. 474


abrange “fatos da mesma natureza conducentes ao mesmo efeito
jurídico”.389 Assim, eventual adultério de B com I, em vez de C, na ação de
separação de A contra B, ficaria incluído na esfera de incidência do art. 508,
não se mostrando passível de alegação posterior; não, porém, a injúria
assacada por B conta A, na presença de C, atribuindo-lhe outra orientação
sexual. Nem esta posição intermediária satisfaz os adeptos da restrição.390

Dificilmente a aplicação princípio da concentração ao autor apaziguaria os


espíritos e contentaria a ideologia predominante que acentua o acesso à
Justiça.391 E nem sequer regra expressa alcançaria semelhante objetivo. O art.
400, n.º 2, da Ley de Enjuiciamiento Civil espanhola, entendendo fictamente
rejeitados os fatos conhecidos da parte, mas omitidos no respectivo ato
postulatório principal – petição inicial e contestação –, recebeu dura crítica,
porque o uso da causa petendiomitida provocaria resultado injusto e, por isso,
a opinião majoritária optou por negar o óbvio, afirmando a identidade das
causas de pedir nos dois processos. Porém, entendida a necessidade de
emprestar estabilidade ao primeiro pronunciamento, o recurso à ficção seria
desnecessário, porque demandas posteriores são possíveis desde que não
ataquem a estabilidade do primeiro pronunciamento, de modo a tornar a
sentença transitada em julgado inútil.392 Exemplifica-se com o seguinte caso:
decretada a nulidade do contrato entre A e B, do qual originou-se a dívida X,
não é admissível a demanda posterior em que A pretenda cobrar a
dívida X de B; entretanto, se B foi condenado a pagar X ao autor A, a
demanda em que B pretendesse anular o contrato com A não se mostraria
incompatível com a pretérita condenação, pois na segunda demanda o
vencido não pretenderia “declarar que o preço não era devido, senão que o
contrato era nulo”. Ora, a segunda demanda é inadmissível, embora na
primeira a invalidade do contrato não tenha sido alegada, porque eventual
sentença de procedência eliminaria a causa da condenação, ipso
facto tornando inútil a estabilidade da primeira sentença.
Logo, a crítica ao texto espanhol afigura-se descabida e a interpretação
prevalecente, entre nós, inútil para garantir integralmente a autoridade da
coisa julgada.

Existem exemplos impertinentes nesta matéria como o da questão de


direito resolvida por decisão transitada em julgado. Por exemplo, a
inconstitucionalidade do tributo X no exercício Y. É óbvio que, no exercício Z,
o contribuindo pode controverter a constitucionalidade do tributo X pelo
mesmo ou por outro fundamento. O problema integra os limites temporais da
coisa julgada e, não, o deduzido e julgado.

O direito brasileiro não é inteiramente indiferente à aplicação da


eventualidade ao autor. O art. 98, § 4.º, da Lei 12.529/2011 impõe ao autor,
pondo em causa decisão do CADE, “deduzir todas as questões de fato e de
direito, sob pena de preclusão consumativa, reputando-se deduzidas todas as
alegações que poderia deduzir em favor do acolhimento do pedido, não
podendo o mesmo pedido ser deduzido sob diferentes causas de pedir em
ações distintas, salvo em relação a fatos supervenientes”. O reforço à
autoridade da coisa julgada é plenamente constitucional.393 E abre novas e
promissoras perspectivas nessa matéria.

Por outro lado, o art. 330, § 2.º, não propicia a ampliação da autoridade do
julgado à parte incontroversa da relação jurídica.394 O ônus de (a)
individualizar a parte controversa e (b) discriminar o valor da parte
incontroversa não traz esta última à apreciação do órgão judicial. Neste último
sentido, o art. 330, § 3.º, disciplina a atividade debitória no plano do direito
material. A parte inicialmente incontroversa pode ser simultânea ou
ulteriormente atacada pelo devedor com idêntica ou distinta causa de pedir.

2.144.5. Efeitos da eficácia preclusiva da coisa julgada – Segundo a


opinião prevalecente, edificada sem ponderação dos interesses em jogo, a
eficácia preclusiva proíbe o réu de contestar o julgado alegando objeção
substancial (v.g., pagamento) ou exceção substancial (v.g., prescrição)
omitidas. Desse modo, no exemplo inicialmente ministrado (A) não cabe ao
condenado alegar a preexistente exceção de retenção por benfeitorias. O art.
525, § 1.º, VII, só admite as exceções supervenientes à sentença e, de toda
sorte, a eficácia preclusiva apanhou a exceção omitida.395 Idêntico o regime da
prescrição omitida.396 A prescrição alegável posteriormente é a da pretensão a
executar (Súmula do STF, n.º 150).

Em contrapartida, novas investidas do autor vencido não encontram óbice


além da repetição integral da primeira ação (art. 337, § 4.º).

§ 443.º Limites temporais da coisa julgada

2.145. Influência dos eventos supervenientes na coisa julgada

A coisa julgada blinda a regra jurídica concreta formulada na sentença


definitiva contra contestações juridicamente relevantes do vencido. Por sua
natureza e função, vocaciona-se a disciplinar indefinidamente o futuro. No
entanto, e sem nenhum paradoxo incômodo, a regra jurídica concreta respeita
à situação de fato e de direito retratada no objeto litigioso, tornada indiscutível
nos termos definidos no dispositivo da sentença. Assim, a coisa julgada não
imuniza a regra jurídica concreta contra eventos supervenientes. A mudança
das circunstâncias posteriormente à coisa julgada não lhe atenua a força, ou
relativiza a indiscutibilidade, porque inexiste regra jurídica concreta sobre essa
nova situação das partes.

Um dos mais antigos e arraigados defeitos na concepção da coisa julgada,


infelizmente potencializado pela errônea tese da “imutabilidade dos efeitos”
(retro, 2.129), turva o panorama nesse ponto e deve ser repelido a bem da
clareza. A mudança superveniente no estado de fato e no estado de direito,
compreensivelmente ignorada na sentença e alheia à parte dispositiva, não
significa a inexistência da coisa julgada. Esse equívoco transparece no
emblemático caso das sentenças proferidas em ações de alimentos e, ainda,
na de separação dos cônjuges. Não se restringe o fenômeno a esses casos,
mas neles o equívoco cobrou alto preço.

Retomando exemplo corrente, se A demanda B para haver a


importância X, e logra êxito, nada impede ao vencedor A perdoar a
dívida X de B, dando-se satisfeito com a vitória moral decorrente da
condenação. Não é viável B pretender a declaração que jamais deveu X ao
réu A em processo subsequente. A tanto impede a autoridade da coisa
julgada. E não importa a circunstância de B retomar as alegações já repelidas,
objeto das questões principais decididas, esbarrando no art. 503 (retro,
2.142), ou pretenda ladear o óbice, invocando exceções ou objeções
substanciais negligenciadas no primeiro processo, pois o art. 508 lhe cerceia
este segundo caminho (retro, 2.144), ressalva feita às alegações
inadmissíveis no primeiro processo (cognição sumária). Se, após a remissão
da dívida (ou do pagamento), A jactar-se de ainda ser credor de B, o quadro
altera-se radicalmente. Nada obsta a B pedir a declaração da inexistência
atual da dívida perante A, objeto do perdão (ou do pagamento). As duas
regras jurídicas concretas – respectivamente: (a) B deve a A; e (b) B não mais
deve a A – coexistirão pacificamente. O objeto é distinto. Versam situações
diferentes, ocorridas em momentos também distintos. Daí extraiu-se a diretriz
geral quanto aos limites temporais da coisa julgada: “A isso parece reduzir-se
o decantado problema dos ‘limites temporais” da res judicata, que tanto
preocupa uma parte considerável da doutrina. Trata-se, a rigor, de um
pseudoproblema: a autoridade de coisa julgada, como tal, não se subordina a
limite temporal algum”.397 A observação é antiga,398 mas adequada. Não é,
portanto, a antiguidade da coisa julgada que importa, suposta causa de
injustiças atuais,399 mas a subsistência ou não do esquema de fato objeto do
julgamento. Essa percepção elimina os inconvenientes da falta de limite
temporal.

A compreensão dos limites temporais da coisa julgada partirá,


conseguintemente, do cristalino princípio da mutabilidade do estado de fato e
do estado de direito objeto da regra jurídica concreta em decorrência de
eventos supervenientes. O processo não detém o fluxo da vida. E a coisa
julgada não paralisa esse fluxo em determinado momento.

Eventos supervenientes afetam ordinariamente as relações jurídicas de


duração, derivadas da lei (v.g., a prestação de alimentos por A para B) ou de
contrato de trato sucessivo (v.g., o contrato de fornecimento, pelo qual a
usina A obriga-se a fornecer determinada quantidade de energia elétrica para
a distribuidora B). É possível que, havendo litígio entre os figurantes dessa
espécie de relação jurídica, o juiz formule a regra jurídica concreta no
presente, mas projetando circunstâncias futuras, por tempo prefixado ou
indeterminado. A condenação a prestações periódicas futuras de alimentos é
particularmente propícia para exemplificar as duas hipóteses: (a) em caso de
morte da vítima, o juiz condena o responsável pelo ilícito B a pagar ao
lesado A pensão mensal no valor de X da data da morte até a data em que
vítima faleceria por morte natural, segundo a expectativa medida de vida do
brasileiro, caso em que é possível calcular o número das prestações
vindouras (se a vítima faleceu aos quarenta e cinco anos e a expectativa de
vida é de setenta e cinco anos, o número de prestações é de 30 x 12 = 360
vezes X); (b) em caso de lesão física, o juiz condena o responsável pelo
ilícito B a pagar à vítima A pensão mensal no valor de X até a data da sua
morte.

Em tais casos, a sentença definitiva sujeitar-se-á à influência de eventos


supervenientes: no caso (a), o lesado A adoece, necessitando aumento no
valor da pensão, o que a vítima não lhe negaria, dentro das possibilidades do
responsável B; no caso (b), o lesado B falece meses após a decisão do
processo, extinguindo a obrigação. O art. 553, § 3.º, estipula o seguinte: “Se
sobrevier modificação nas condições econômicas, poderá a parte requerer,
conforme as circunstâncias, redução ou aumento da prestação”. Disposição
similar localiza-se, quanto aos alimentos em geral, no art. 1.699 do CC. É a
hipótese aventada no art. 505, I, admitindo a revisão do estatuído na
sentença, sobrevindo mudança no estado de fato ou no estado de direito.

Segundo entendimento haurido do direito português antigo, a sentença


proferida nas causas alimentares era “volúvel”, desprovida da autoridade de
coisa julgada, e, destarte, “exposta a ser retratada em qualquer tempo, em
que ao alimentante sobrevenha indigência, ou ao alimentário
opulência”.400 Em monografia voltada ao direito brasileiro, aderiu-se à mesmo
opinião, acrescentando-se que, nos processos preventivos e preparatórios, ou
seja, relativamente à pretensão para haver alimentos provisionais, não ficando
o juiz obrigado a respeitar o valor fixado no julgamento da causa principal.401 A
pretensão a receber alimentos ad litem, ou provisionais, não é cautelar
(segurança para a execução), mas satisfativa (execução para a
segurança).402 Não há motivo para tratar essa verba diferentemente dos
alimentos definitivos sob o ângulo da coisa julgada. Como quer que seja, a
explicação do fenômeno – possibilidade de nova discussão do valor dos
alimentos – era ambígua, invocando-se razões de “alta moral e conveniência
pública”.403

Esse caldo doutrinário repercutiu no primeiro código unitário. O art. 289, II,
do CPC de 1939, fitando as ações de alimentos, possibilitava ao juiz decidir
novamente as questões já decididas, relativas à mesma lide – disposição
literalmente reproduzida no art. 471, caput, do CPC de 1973 e no art.
505, caput, do NCPC – “quando o juiz tiver decidido de acordo com a
equidade determinada relação entre as partes, e estas reclamarem a
reconsideração por haver-se modificado o estado de fato”.

A fonte legislativa do art. 471, I, do CPC de 1973, bem como a do art. 289,
II, do CPC de 1939, origina-se do art. 291 do projeto de CPC italiano, jamais
convertido em lei. A redação do mencionado dispositivo deve-se a autor cujo
pensamento era retratado no texto do primeiro código unitário.404 Porém, o art.
471, I, do CPC de 1973 promoveu alteração significativa, suprimindo menção
a juízo de equidade.405 O art. 505, I, manteve essa redação, pois só substitui
“relação continuativa” por relação de “trato continuado” Em que pese a
diferença de redação, a regra brasileira tem mais afinidade, atualmente, com
o § 323, n.º 1, da ZPO germânica. Em qualquer hipótese, é exata a
correspondência ao entendimento do direito português, adotado entre nós,
mas recebeu contestações na interpretação do primeiro código unitário no que
tange à aquisição da autoridade de coisa julgada.406

No tocante às relações jurídicas de duração, ou continuativas, cujo


conteúdo varia temporalmente, a formulação do art. 289, II, do CPC de 1939
sugeriu enfoque diferente ao problema. Àquela altura, a doutrina alemã isolara
classe de sentença rotulada de determinativa, ou dispositiva, dita festsetzende
Urteil (retro, 1.566.2.3), em que o órgão judiciário alteraria relação jurídica
preexistente.407 Nesses casos, diferentemente da sentença constitutiva usual,
lícito às partes obterem nova disposição, porque o juiz julgara segundo
critérios de justiça e de oportunidade, em atividade afim do arbitrator.408 A tese
levou à dicção do art. 15 da Lei 5.478/1968, via de regra recordada nos
comentários da regra precedente ao art. 505, I,409 porque “dispositiva” a
sentença proferida em causas alimentares,410 redigido de forma mais direta
(mas imprópria) e consentânea ao velho entendimento: “A decisão judicial
sobre alimentos não transita em julgado e pode a qualquer tempo ser revista
em face da modificação financeira dos interessados”.

A força da sentença proferida nas ações de alimentos é constitutiva.411 E


adquire autoridade de coisa julgada (art. 502) como qualquer
outra.412 Lamentavelmente, o STJ declara que inexiste coisa julgada nas
ações alimentos,413 incorrendo certo julgado em grosseiro equívoco, ao
assentar o seguinte: “A sentença que condena à prestação de alimentos não
está envolvida pelo manto da coisa julgada material, vale dizer, não possui a
qualidade de imutabilidade que se agrega ao comando da sentença de mérito
não mais sujeita a qualquer impugnação recursal, vez que pode ser revista a
qualquer tempo, se houver modificação financeira das partes”.414 Ora, a
revisão por força da “modificação financeira das partes” de modo algum
renega a preexistente coisa julgada. Bem ao contrário: havendo mudança, a
pretensão subsequente não tem aptidão para contrariar a coisa julgada
anterior.

Fatores heterogêneos concorrem para perturbar a análise serena da


autoridade de coisa julgada. Ao julgar a pretensão do alimentário, o órgão
judiciário não empregará propriamente juízo de equidade. O equívoco de
empostação nas sentenças chamadas de dispositivas geralmente decorre do
uso de conceitos juridicamente indeterminados na regra aplicável ao litígio. É
o caso do art. 1.694, § 1.º, do CC. O dispositivo convida o órgão judiciário a
fixar a verba alimentar na proporção das “necessidades do reclamante” e dos
“recursos da pessoa obrigada”. A regra elástica e flexível exige concretização,
e, não, simples subsunção, operação inserida no juízo de legalidade (retro,
946).

Por outro lado, sobrevindo mudança na situação financeira de quem


recebe os alimentos ou de quem os paga, conforme antevê o art. 1.699 do
CC, o interessado poderá reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias,
exoneração, redução ou majoração dos alimentos, nos termos do art. 505, I.
Essa possibilidade não contraria a coisa julgada anterior. Se na ação de
alimentos movida por A contra B o juiz fixou o valor X, e, posteriormente,
sobreveio a modificação da situação financeira de A ou de B, lícito ao juiz
disciplinar a nova situação, fixando o valor Y. A coisa julgada impedirá o
alimentante B de pleitear ao juiz a declaração da insubsistência da prestação
alimentar, segundo a situação de fato anterior, ou alimentário A pleitear a
majoração da verba anteriormente fixada. A regra jurídica concreta formulada
na primeira situação permanece indiscutível. Em virtude da mudança da
situação financeira, ocorrerá a formulação de nova regra jurídica concreta,
porque a situação é distinta da preexistente. Ora, semelhante acontecimento
não afeta, absolutamente, a estrutura da coisa julgada.415 Na verdade, o art.
15 da Lei 5.478/1968 “tomou a nuvem por Juno”,416 porque a sentença
proferida na ação de alimentos produz coisa julgada material, tornando
impraticável a emissão de outra sentença sobre a situação de fato anterior. A
disposição não exprimiu com fidelidade o que quis estabelecer, pois transitar
em julgado (coisa julgada formal) não equivale a produzir coisa julgada
material. A sentença nas causas alimentares transitará em julgado,417 porque
cedo ou tarde esgotam-se os meios de impugnação, e, ademais, adquire a
autoridade de coisa julgada. A indiscutibilidade não a imuniza, todavia, aos
eventos supervenientes.

2.145.1. Oportunidade do evento superveniente – O art. 505, I, prevê a


“revisão do que foi estatuído na sentença” sobrevindo “modificação no estado
de fato ou de direito”. Importa definir a partir de qual momento, precisamente,
modificações dessa natureza ensejam a “revisão” do julgado. O problema é
comum às hipóteses englobadas na cláusula geral do art. 505, II.

A superveniência do evento modificativo relaciona-se, evidentemente, à


possibilidade da sua alegação e apreciação na causa em curso. Sobrevindo a
alteração do estado de fato e do estado de direito aos atos postulatórios
principais das partes – petição inicial e contestação –, e, ainda assim,
admitindo-se que sejam levados em conta no juízo de fato, mediante prova
hábil, ficam pré-excluídos do art. 505, I. Logo, o problema respeita à
estabilização da demanda.

Ora, a estabilização da demanda não é absoluta no processo civil


brasileiro (retro, 1.813). Segundo dispõe o art. 493, caput, o juiz considerará
os fatos constitutivos, extintivos, impeditivos ou modificativos, ex officio ou a
requerimento do interessado, “no momento de proferir a decisão”, propiciando
o debate prévio das partes (art. 493, parágrafo único). Essa notável
disposição consagra a permeabilidade do processo civil brasileiro aos fatos
adventícios. O enorme potencial da regra, a par de inutilizar a pregação por
limites mais largos para a estabilização da demanda, nos termos do art. 329
c/c art. 357, § 2.º, porque a recepção dos fatos supervenientes vai até o
julgamento da apelação – o tribunal de segundo grau, em princípio restrito a
trabalhar com os materiais do primeiro grau, pode conhecer diretamente dos
fatos supervenientes –, aguarda exploração produtiva. Esclarece, todavia, o
momento do surgimento da “modificação no estado de fato ou de direito”
previsto no art. 505, I, e, a fortiori, nas demais situações abrigadas no inciso II
da mesma regra. No direito alemão, atendem-se aos fatos sobrevindos à
última oportunidade para o debate oral (der letzten
Tatsachenverhandlung), passíveis de consideração na formulação da regra
418

jurídica concreta, e, não aos que sobrevieram a tal oportunidade; entre nós, o
art. 493 permite estender o conhecimento dos fatos novos até o julgamento do
segundo grau.419 É a partir daí que os fatos preexistentes, mas não alegados,
debatidos e apreciados, submetem-se à eficácia preclusiva da coisa julgada
(art. 508). Não há dúvida quanto ao sentido dessas disposições: fatos
sobrevindos ao trânsito em julgado podem ser objeto do segundo processo e,
com maiores razões, sucedendo no curso do processo, são levados em conta
na sentença.420

O art. 493 abrange o ius superveniens. Assim, o revogado art. 49, § 5.º,
Lei 6.649/1979 previa o prazo de cinco anos para o locador rever o valor do
aluguel, prazo reduzido para três anos pelo art. 17, § 1.º, da Lei 8.178/1991,
sendo a lei superveniente aplicada na causa pendente pelo STJ, sob o
fundamento que, rejeitada a demanda, o autor ajuizaria “outra com pedido
idêntico e com idêntica fundamentação”.421 Em outra oportunidade, aplicou o
art. 1.º-D da Lei 9.494/1997, na redação da MP 2.180-35/2001, eximindo a
Fazenda Pública da condenação em honorários em execução não
embargada.422 Leis tributárias supervenientes são aplicadas, ex officio,
modificando o sentido da decisão. A Súmula do STF, n.º 239, preconiza:
“Decisão que declara indevida a cobrança de imposto em determinado
exercício não faz coisa julgada em relação aos [processos] posteriores”. E o
STJ acentua que a incidência da lei nova na causa pendente ofensa ao
princípio da congruência.423

Firmou-se a jurisprudência, ademais, no sentido que o ius


superveniens pode e deve ser considerado “até a decisão final, inclusive na
instância extraordinária”, existindo o prequestionamento da questão
federal.424 A recepção dos fatos supervenientes, todavia, encerra-se no
julgamento da apelação e, se for o caso, dos embargos infringentes, porque o
STJ não reexaminará questões de fato.

A incidência larga do art. 493 determina o início da possibilidade de fatos


novos e do ius superveniens passaram a constituir objeto do segundo
processo sem bulir com a autoridade da coisa julgada. Em relação à mudança
do estado de fato, a última oportunidade para conhecê-la é no julgamento dos
recursos no órgão judiciário de segundo grau; no tocante ao ius superveniens,
no julgamento no recurso especial. A partir daí, encerra-se a incidência do art.
493 e começa a do art. 505, I.

2.145.2. Natureza do evento superveniente – O art. 505, I, engloba


modificações no estado de fato e no estado de direito. Em relação aos fatos
supervenientes, não importa o alcance (constitutivo, extintivo, modificativo ou
impeditivo).

O ius superveniens tem regime diferente. Entre nós, a coisa julgada é


inume à retroatividade da lei (art. 5.º, XXXVI). Logo, os efeitos da sentença de
procedência sobrevivem incólumes à lei nova. Não pode a lei nova nem
sequer incidir imediatamente sobre a relação jurídica de duração, subtraindo
ao vencedor o proveito, a vantagem, a utilidade ou o bem da vida que lhe foi
garantido na vigência da lei velha. E, por igual, a lei nova de incidência
imediata não emprestará efeito jurídico novo a fatos passados.425 O regime do
direito intertemporal brasileiro revela-se rígido e garantista. Não se excluem
vacilações jurisprudenciais (v.g., no tocante à taxa de juros), mas não se põe
em dúvida a regra.
Leis novas podem criar direitos declarados inexistentes anteriormente.
Muda o estado de direito. Por exemplo, A pleiteou a declaração da
inexigibilidade do tributoX, regulado pela lei tributária Y de B, logrando êxito;
posteriormente, B edita a lei tributária Z, especificando a incidência do
tributo X nos negócios de A: a lei nova incidirá (incidência imediata) sobre os
fatos ocorridos após sua vigência sem ofender a coisa julgada.

Relações jurídicas instantâneas submetem-se a regime análogo. Por


exemplo, e parafraseando a aplicação do art. 1.º-D da Lei 9.494/1997, na
redação da MP 2.180-35/2001, a lei nova não pode retirar o direito aos
honorários da sucumbência, fixados em sentença transitada em julgado
anteriormente à sua vigência, nem conferir direito a tais honorários,
ofendendo a coisa julgada formada na sentença que os negara.

Esses casos não se confundem com a posterior declaração de


inconstitucionalidade da lei aplicada à causa no controle concentrado
realizado pelo STF.

A modificação da jurisprudência infraconstitucional escapa à incidência do


art. 505, I. Não permite a revisão dos efeitos presentes da sentença passada,
por força da mudança no estado de direito, mas eventual rescisão da coisa
julgada com fundamento no art. 966, V. O direito fundamental à estabilidade
prepondera sobre as variações da jurisprudência infraconstitucional em nome
da segurança jurídica.426 O vencido fica vinculado à decisão que perfilhou tese
jurídica vencida. Em sentido contrário, ignorando tratar-se de proposta de lege
ferenda,427 entendeu-se passível de enquadramento na mudança do “estado
de direito” o novo sentido outorgado à norma aplicável à espécie, em virtude
da evolução dos fatos e dos valores sociais.428 Ora, as vacilações da
jurisprudência raramente podem ser debitadas a essa espécie de mudança da
norma, decorrendo do mau emprego das técnicas de interpretação e das
falhas no raciocínio do juiz. E, de qualquer modo, volta-se ao velho problema
da justiça da sentença discrepante da corrente majoritária ou ultrapassa pela
nova interpretação. A coisa julgada tem natureza processual para o efeito de
abstrair essas questões. Não parece razoável autorizar o vencido a revisar os
efeitos presentes da sentença pretérita passada em julgado tão só porque a
jurisprudência firmou-se em sentido diferente ou oposto à tese jurídica
encampada no provimento.

Os pronunciamentos do STF sobre a questão constitucional em que se


baseou a sentença definitiva torna a regra jurídica concreta inadmissível,
tolhendo os efeitos naturais da sentença que aplicou a lei inconstitucional
(infra, 2.158). O NCPC alterou esse ponto, mas esta é outra questão, de toda
sorte desconforme à jurisprudência do STF, ao qual incumbe dar a palavra
final a respeito dessa mudança. Não se cuida, no que aqui importa, de
mudança jurisprudencial.

2.145.3. Efeitos do evento superveniente – O art. 505, I, autoriza ao


interessado, em que pese vinculado à coisa julgada, invocar a modificação do
estado de fato e do estado de direito para pleitear a revisão do “estatuído na
sentença”. Assim, mostra-se admissível reclamar o proveito, a vantagem, a
utilidade ou bem da vida anteriormente negado e, inversamente, extinguir o
direito ao bem da vida anteriormente concedido por intermédio de pretensão
deduzida em processo posterior. A pretensão revisional acenada no art. 505,
I, será objeto de demanda de cognição plenária fundada nos fatos ou no
direito supervenientes à coisa julgada. Esta demanda não tem função
rescindir a coisa julgada,429 tendendo à formulação de nova regra jurídica
concreta. A despeito da redução imprecisa, não há dúvida de que a demanda
ulterior exibirá mérito distinto,430 ensejando a emissão de sentença que
transitará em julgado como a anterior. E o nome concretamente outorgado à
pretensão ulterior afigura-se irrelevante na sua individualização.

A sentença definitiva nas causas alimentares transita em julgado e,


portanto, comporta ação rescisória.431

2.146. Modificação dos efeitos da sentença passada em julgado

Os efeitos da sentença definitiva, independentemente do trânsito em


julgado, comportam modificação no âmbito da autonomia privada dos antigos
litigantes. Tal modificação em nada afeta a autoridade da coisa julgada.

Em nenhum outro caso a tese da coisa julgada como imutabilidade dos


efeitos produziu consequências tão perniciosas quanto nas ações de estado,
conforme demonstram as antigas lições a respeito da separação conjugal.
Parece evidente a possibilidade de prescrever-se a inexistência de coisa
julgada nessa situação específica. Assim, o cânon 1.643 do Codex Iures
Canonici estipula jamais passarem “em julgado causas sobre o estado das
pessoas, não excetuando causas sobre separação de cônjuges”. Regra
tradicional, contaminou a interpretação estatal, ensinando-se no direito
português nos albores do século XIX: “Esta sentença nunca passa em
julgado; e podem os cônjuges reconciliar-se, e reverter à coabitação em
qualquer tempo”.432 A lição chegou ao direito brasileiro.433

O efeito constitutivo admite modificações. Não tem relação com a eficácia


da declaração. A reconciliação dos cônjuges A e B restaura a sociedade
conjugal anteriormente dissolvida pela sentença transitada em julgada. Cuida-
se de simples modificação do efeito constitutivo da sentença definitiva.
Fenômeno admitido pelo autor da infeliz tese da “imutabilidade dos
efeitos”,434 no âmbito da autonomia privada dos antigos litigantes, jamais
afetará a eficácia da declaração. Nenhum deles tem a possibilidade de
contestar a coisa julgada, pleiteando ao juiz a declaração que jamais
estiveram separados, ou que o autor da demanda originária não ostentava
direito à separação.

As sentenças proferidas nas ações de estado transitam em julgado. Era


orientação adotada na vigência do CPC de 1939.435 No entanto, o advento da
CF/1988 alterou esse entendimento – o direito fundamental (implícito) à
identidade genética prepondera sobre o direito fundamental (explícito) à
estabilidade –, admitindo-se ofensa à coisa julgada na investigação de
paternidade, tese posteriormente adotada pelo STF.436 Em tal hipótese, diz-se
“relativizada” a coisa julgada (retro, 178). O problema não tem relação com os
limites temporais. O processo posterior não se funda em fato novo, mas na
mesma causa petendi do anterior, em virtude da possibilidade de produzir
prova científica (v.g., o exame de DNA) ou, simplesmente, prova nova (v.g.,
descobriu-se a testemunha A, anteriormente desconhecida). Pode-se afirmar
que há coisa julgada secundum eventus probationis.437
Também se incluem no âmbito da modificação dos efeitos da sentença as
causas de extinção superveniente da prestação consagrada na sentença
condenatória. O art. 525, § 1.º, VII, autoriza ao executado pleitear a extinção
da pretensão a executar em decorrência das exceções substanciais e das
objeções substanciais supervenientes à sentença (v.g., a prescrição).

2.147. Casos de admissibilidade do evento superveniente

O inciso I do art. 505 incide das relações jurídicas de trato continuado,


derivadas da lei (v.g., a relação previdenciária, relativamente ao auxílio
acidente ou ao auxílio doença), ou dos contratos de trato sucessivo. (v.g., o
fornecimento de energia elétrica produzida pela usina A para a
distribuidora B). Existem, entretanto, relações jurídicas de outra natureza
atingidas por eventos supervenientes. É a hipótese coberta pelo art. 505, II.
Os “demais casos previstos em lei” em princípio não se confundem com os do
inciso anterior.438

Fixada a diretriz geral – a coisa julgada não é imune à mudança do estado


de fato e do estado de direito supervenientes à respectiva formação – a lei
material prevê algumas hipótese subsumidas ao art. 505, II, a saber: (a) na
interdição: o interdito é passível de recuperação, em determinados casos,
cabendo ao curador dar-lhe tratamento no estabelecimento apropriado (art.
1.776 do CC) e, adquirindo discernimento, o juiz atenderá ao fato
superveniente, eliminando o efeito constitutivo da sentença de interdição; (b) a
relação tributária: cada incidência da norma aos seus elementos, em
exercícios diferentes, constitui relação jurídica autônoma, mas homogênea
com a anterior, caso em que a decisão respeitante ao exercício anterior não
se aplica ao subsequente (Súmula do STF, n.º 239). A orientação estampada
no verbete há de ser aceita com ressalva, estendendo às operações idênticas
em exercícios sucessivos, inexistindo mudança no estado de fato ou de
direito.439 Assim, discutida a inconstitucionalidade da norma tributária no
processo anterior, subsiste o vínculo em processos futuros.440 Nem sempre
superveniência de outra regra jurídica tributária (constitucional ou não) afasta
o vínculo (v.g., a mudança de alíquota, reconhecida a isenção do
contribuinte).441

§ 444.º Funções da coisa julgada

2.148. Função geral da coisa julgada

Formou-se proveitoso consenso no concernente à função precípua da


coisa julgada. Varia a ênfase, ora na pacificação social, debelando as
incertezas provenientes do litígio, ora na aplicação do direito objetivo, ou
concretização dos direitos fundamentais na sociedade. Esses realces refletem
visões diferentes dos fins do processo civil, considerando a redefinição da
função judicial no Estado Constitucional Democrático (retro, 77). Interessa
reter o essencial: o litígio (individual ou transindividual) há de ter um término
em benefício da sociedade e, quanto antes, melhor.442 Para alcançar
finalidade socialmente útil, encerrando a lide autoritariamente, o provimento
final há de blindar o vencedor contra nova discussão e novo julgamento da
pretensão processual, no mesmo ou em antagônico sentido, e pré-excluir
novo julgamento que contraste, no todo ou em parte, o julgamento originário.
A causa desses óbices reponta na vinculação das partes (e, eventualmente,
de outras pessoas) e dos órgãos judiciários à regra jurídica concreta.

A finalidade fundamental da coisa julgada não se realiza sem obstáculos.


Costuma olvidar pormenores dessa consecução despreocupadamente.
Houvesse base de dados confiável, especificando os elementos subjetivos e
objetivos de todos os processos já extintos com decisão de mérito, em
quaisquer juízos do território nacional, e não se lograria total segurança que
inexistissem provimentos contraditórios.443 Não se deve sobrevalorizar a
efetividade da coisa julgada além humanamente do possível.

Enunciado o escopo geral da autoridade de coisa julgada, logo se percebe


o fato de os desafios ao vínculo peculiar assumirem modalidades
heterogêneas, e, conseguintemente, a eficácia da coisa julgada também
necessitará inibir contestações juridicamente relevantes de modos diferentes.
A esses meios de atuação da eficácia de coisa julgada relacionam-se duas
funções: (a) a função positiva; e (b) a função negativa. Sem a desejável
uniformidade, a doutrina444 e a jurisprudência pátrias aludem a tais
funções.445 O emprego da palavra função nesse duplo sentido, englobando a
finalidade geral do instituto essencial ao Estado Constitucional Democrático,
revela-se imprópria, pois a função é unívoca,446 mas justifica-se pelo uso
corrente.

As funções convergentes se originaram no direito romano, atendendo a


duas situações distintas. Se A reivindica X do réu B, no momento
da litiscontestatioocorrerá a consumação da ação (consumptio actionis), e,
nesse caso, pretendendo A reivindicar X outra vez perante B, a este competia
a exceptio rei iudicatae, baseada na consumptio actionis; porém, se a
sentença declarou A proprietário de X, e B ingressa com reivindicação
contra A, já não se cuidará da consumptio actionis, a exceptio rei
iudicati fundar-se na presunção de veracidade da sentença transitada em
julgado.447

A explicação histórica para problema real não se afigura satisfatória.


Porém, extraiu-se dessa aguda percepção o essencial. A eficácia de coisa
julgada opera de duas maneiras diferentes, visando assegurar a mais efetiva
proteção ao vencedor, a saber: (a) proibição da renovação da demanda
julgada por sentença transitada em julgada, hipótese aventada no art. 337, §
4.º (função negativa); e (b) vinculação à regra jurídica concreta formulada por
sentença transitada em julgado (função positiva). Em determinadas situações,
impõe ao órgão judiciário impedir o prosseguimento da demanda; em outras,
ao invés, toca-lhe se pronunciar em sentido convergente.448

Desse modo, as funções pressupõem os limites subjetivos e objetivos da


coisa julgada e enfrentam o que mais importa: as modalidades de operação
do instituto.

2.149. Função negativa da coisa julgada

A coisa julgada confere ao vencedor o poderoso meio de defesa contra a


repetição de “ação que já foi decidida por decisão transitada em julgado” (art.
337, § 4.º). É a objeção de coisa julgada (art. 337, VII). Inspirou-se a redação
da primeira regra na antiga noção romana que, julgada a ação, haveria
consumação (consumptio actionis), mas a objeção processual tem alcance
mais amplo, reclamando análise.

2.149.1. Finalidade da objeção de coisa julgada – O objetivo da objeção


processual prevista no art. 337, VII, consistem em evitar a emissão de
pronunciamentos contraditórios. Essa situação ensejará o gravíssimo
problema da colisão de coisas julgadas e qual dos provimentos prevalecerá,
regulando a lide. Por óbvio, a eficácia da coisa julgada impede,
rigorosamente, nova discussão e novo julgamento de pretensões processuais
idênticas, mas o risco prevenido é a da colisão. O segundo julgado
convergente ao primeiro não traz semelhante preocupação prática.

Ao impedir a nova discussão de matéria já vencida, dando aplicação ao


art. 505 – nenhum juiz decidirá de novo as questões já decididas, relativas à
mesma lide –, a objeção de coisa julgada presta obséquio ao princípio da
economia. Evitará o desperdício de atividade das partes e do juiz, inutilmente
(ou, ao menos, ineficazmente) desenvolvida no segundo processo.

2.149.2. Natureza da objeção de coisa julgada – O art. 337, VII, prevê


defesa processual peremptória.449 Em nosso sistema jurídico, a objeção não
provoca a rejeição do pedido, mas – corretamente – a juízo de
inadmissibilidade (art. 485, V). O juiz do segundo processo encontra-se
terminantemente proibido de julgar, outra vez, a mesma pretensão
processual. Não resta dúvida que, repetida “ação que já foi decidida por
decisão transitada em julgado”, como preceitua o art. 337, § 4.º, tal é a
natureza da defesa e o respectivo efeito. Embora não mencione “decisão de
mérito”, a regra combina-se com o art. 502, inexistindo outras possibilidades.

O emprego da objeção de coisa julgada, no caso de o vencedor do


primeiro processo, enquanto tal, mover nova demanda contra o vencido, em
tais termos conduziria a autêntico absurdo. Repetindo o vencedor a pretensão
processual, julgada favoravelmente, em primeiro lugar falta-lhe interesse
processual, mas ao vencido também cabe a objeção de coisa julgada;
pretendendo o vencedor extrair efeitos do julgado anterior, ou seja, nos
domínios da função positiva (infra, 2.150), simplesmente não cabe o juízo de
admissibilidade negativo. Do contrário, “porque já ganhou, perde”.450 O juiz do
segundo processo encontra-se adstrito a respeitar a coisa julgada anterior. O
uso da exceptio rei iudicate pelo vencido serve apenas para conter e evitar
excessos do vencedor incompatíveis com o decidido. Por exemplo, A pleiteou
a declaração da existência das dívidas X e Y, perante B, originárias do
contrato T, logrou êxito e a sentença transitou em julgado; em seguida, o
autor A pretende receber do réu B as dívidas X, Y e Z, objetando o réu B que
o juiz declarou originárias de T apenas as dívidas X e Y.

2.149.3. Pressupostos da objeção de coisa julgada – A objeção de coisa


julgada prevista no art. 337, VII, serve para o vencedor opor-se à repetição da
pretensão processual julgada. Este é o caso mais evidente, decorrendo
diretamente do art. 337, § 4.º, e, por óbvio, exige o cotejo dos três elementos
– as partes, a causa de pedir e o pedido – das duas causas e, ainda, do
quanto estatuído na sentença definitiva transitada em julgado.451 Pode
acontecer de o decisum apresentar os víciosultra, extra e infra petita.
Enquanto não for rescindida, a sentença viciada surtirá os efeitos que lhe são
próprios, impedindo o reexame no segundo processo do capítulo
eventualmente viciado. Na comparação dos elementos, a principal dificuldade
deriva da causa petendi. O ponto já recebeu exame no item próprio (retro,
247.1).

É preciso ter em mente que os ataques à coisa julgada não se cingem à


“repetição” da pretensão processual. Responde a este desafio restrito a
função negativa, mas a análise dos elementos não perde relevo nos domínios
da função positiva.

Admite-se a objeção de coisa julgada contra a exceção do réu. Por


exemplo, A pleiteia perante B a declaração que as prestações X e Y,
originárias do contrato bilateral T, não se mostram recíprocas; então, A pede a
condenação de B a prestar-lhe X, opondo-lhe o réu a exceção de
inadimplemento (art. 476 do CC); nesse caso, o autor A pode valer-se
da replicatio rei iudicate, invocando o julgado preexistente para amparar a
rejeição da exceção, porque inadmissível.452

2.149.4. Iniciativa na objeção de coisa julgada – Os objetivos buscados


pelo veto instituído no art. 337, § 4.º, interessam, sobremaneira, à ordem
pública. É assunto que o órgão judiciário deve controlar ex officio, a qualquer
tempo e grau de jurisdição (art. 485, § 3.º, c/c art. 337, § 5.º). A iniciativa do
réu exibe notório caráter supletivo. Ficou superado o entendimento de que
subordinava tal matéria à iniciativa das partes.453 Dependerá, entretanto, de
prévio debate (art. 10).

Razões de sumo relevo depositam no réu a grave responsabilidade de


suscitar a questão do inciso VII do art. 337. Raramente o juiz do segundo
processo conhecerá, senão a existência da outra lide, o que os dados do
sistema de informática talvez lhe propiciem, a ocorrência de coisa julgada
anterior. E a indispensável comparação dos elementos objetivos, em ambos
os processos, exigirá a produção de prova documental. Em particular, cópias
da inicial, do provimento de mérito e, se for esse o caso, da certidão do
trânsito em julgado se afiguram indispensáveis à emissão de juízo seguro a
respeito da propalada identidade total. Embora não se excluam diligências
oficiais, encarregando-se o escrivão de carrear tais provas aos autos,
geralmente o réu fornece a prova hábil na contestação.

2.149.5. Efeitos da objeção de coisa julgada – O acolhimento da objeção


peremptória implicará a extinção do segundo processo, a teor do art. 485, V.
O juiz não pode dar seguimento ao segundo processo, porque eventual
sentença definitiva ofenderia a coisa julgada, independente do sentido
convergente ou divergente da segunda decisão.

2.149.6. Conflito de coisas julgadas – Pode acontecer de o segundo


processo chegar ao seu término, emitindo o juiz sentença definitiva, pouco
importando se sentido divergente ou convergente ao da regra jurídica
concreta objeto de coisa julgada preexistente, e transitando em julgado como
a primeira. Chama-se de conflito de coisas julgadas a tal situação. Esta
expressão é mais precisa que a do art. 625, n.º 1, do NCPC português de
2013, por sua vez derivação aperfeiçoada do art. 1.075, parágrafo único, do
CPC luso de 1876, na redação do Decreto 4.618, de 13.07.1918.
A este deveras aflitivo, mas plausível evento concorrem as circunstâncias
de (a) o vencedor não objetar a coisa julgada anterior, ou a litispendência se o
primeiro processo estiver em curso na oportunidade em que inicia o segundo,
e de (b) o juiz não conhecer do assunto ex officio, presumivelmente por
desconhecimento do processo precedente.454 Em item anterior (retro, 322),
realçou-se o caráter trivial desses fatos; de certa maneira, o art. 286, III,
previne semelhante possibilidade, vinculando o juízo do processo precedente
na distribuição da segunda pretensão, caso propiciem decisões “conflitantes
ou contraditórias” (art. 55, § 3.º). Por exemplo, o servidor público A procura
advogado particular para mover ação contra o Estado-membro B, pois ato
administrativo lhe negou a vantagem pecuniária X, e, posteriormente, outorga
procuração para o advogado do sindicato que em ação plural – designação
comum do litisconsórcio ativo em casos tais – postula a mesma vantagem
pecuniária X. O advogado público não alega litispendência e o Estado-
membro B é condenado a pagar duas vezes a vantagem pecuniária X.

A condição jurídica do provimento de mérito emitido em contraste com a


coisa julgada constitui questão assaz tormentosa. Ele abandona o terreno
teórico quando houver divergência de julgados. Parece óbvio, no exemplo
ministrado, a impossibilidade de obrigar o Estado-membro B a pagar duas
vezes a vantagem pecuniária Xao servidor A. O art. 625, n.º 1, do NCPC
português de 2013 teve em mira essa particularidade, determinando que se
cumpra o primeiro julgado. Funda-se a regra no princípio que o segundo caso
julgado é contrário à ordem jurídica, não devendo subsistir a respectiva
eficácia. Ao contrário do que sucede com a lei, em que a posterior revoga a
anterior, no todo ou em parte, o órgão judiciário fica preso à decisão anterior
e, salvo através do remédio próprio, não pode desconstituí-la em julgamento
posterior.455 Tecnicamente, o segundo pronunciamento é ineficaz,456 e, ainda,
passível de rescisão na forma do art. 966, IV.

O art. 966, IV, torna rescindível a sentença de mérito, transitada em


julgado, quando “ofender a coisa julgada”. Ora, ofende-se a coisa julgada em
dois sentidos, quer o juiz emita um segundo provimento desconforme ao
primeiro, no todo ou em parte, quer o segundo provimento seja conforme ao
primeiro.457 A autoridade consiste, sobretudo, no irretorquível óbice à nova
discussão e ao novo julgamento da mesma pretensão processual. Em ambos
os casos haverá, decerto, a ofensa prevista no inciso IV do art. 966.458 No
entanto, o vencedor não lograria vantagem em rescindir o segundo
provimento – figure-se a hipótese de a pretensão de Acontra o Estado-
membro B ter sido rejeitada duas vezes –, razão por que faltar-lhe-á interesse
processual em rescindir o segundo julgado,459 de resto inoperante. Ao vencido
é que interessaria, paradoxalmente, livrar-se da segunda sucumbência
(capítulo acessório), por ele direta (demandou duas vezes) ou indiretamente
(não objetou) provocada (v.g., o juiz condenou duas vezes o Estado-
membro B a pagar vantagem pecuniária ao servidor A, e, naturalmente, há
duas sucumbências, talvez diferentes, ou seja, uma maior que a outra). Tal
não se mostraria necessário, em qualquer hipótese, revelando-se ineficaz a
segunda coisa julgada.

A sentença definitiva ofensiva à coisa julgada existe e vale, mas é


suscetível à desconstituição por via de rescisória. Revela esse último aspecto
a aptidão do ato para produzir os efeitos que lhe são próprios. No caso em
que a regra jurídica concreta da segunda sentença transitada em julgado
discrepa da primeira, o único problema prático relevante, ao menos no terreno
prático, houvesse regra declarando-a ineficaz, tout court, a previsão do art.
966, IV, mostrar-se-ia supérflua. Eis a razão principal para a doutrina antiga e
moderna opina pela preponderância da segunda coisa julgada.460 Também a
jurisprudência do STJ inclinou-se nesse errôneo sentido.461 Porém, mais
recentemente entendeu ineficaz o segundo provimento transitado em
julgado.462

A solução do agudo problema reclama mudança radical de perspectiva,


elevando o olhar posto no direito infraconstitucional, em que a última opinião
prevalece, e passando a encarar a questão sob o prisma do direito
fundamental processual à estabilidade, inscrito no art. 5.º, XXXVI, da
CF/1988. Chegando a tal altitude, visualiza-se claramente o panorama: a
admissão da segunda coisa julgada infringe a imunidade que a regra
constitucional assegura ao vencedor. A coisa é imune à retroatividade da lei e,
por suposto, também à de outra sentença de sentido divergente. Extrai-se,
desse modo, o máximo de eficácia positiva do direito fundamental previsto no
art. 5.º, XXXVI, concretizando-o na prática. Tal é o alvitre de encorpada e
acertada corrente doutrinária.463 Se o rótulo de “coisa julgada inconstitucional”,
tão mal visto pelo principal sustentáculo do alvitre rejeitado, tem cabimento é,
sem dúvida, na coisa julgada ofensiva da precedente…

A rescindibilidade da segunda coisa julgada, prevista no art. 966, IV, serve


ao propósito de erradicar fato ilícito gerado por notória excrescência. Com
efeito, os sujeitos do processo falharam em sua missão, no âmbito da
comunidade de trabalho processual, e originaram provimento que talvez um
dos litigantes, vencido no primeiro caso, mas vencedor no segundo, queira
aproveitar-se, retirando-lhe indevidas consequências. A falha é do vencedor
da primeira causa, que absteve-se de arguir a coisa julgada preexistente; do
órgão judiciário, que (compreensivelmente) ignorava a causa anterior; e, por
fim, do vencido que pleiteou em juízo o que não lhe caberia pleitear outra vez.
Do imbróglio não raro surgem perplexidades (qual a coisa julgada há de ser
cumprida?) e pretensões descabidas. Figure-se o seguinte caso, inspirado em
hipótese real: A é empregado público, recrutado (inconstitucionalmente) pelo
Estado-membro B para desempenhar as funções de assistência judiciária aos
vulneráveis, e achando-se titular do direito consagrado no art. 22 do ADCT da
CF/1988, ingressa na Justiça do Trabalho, mas o pedido de investidura no
cargo de defensor público é rejeitado. A sentença transita em julgado. Em
seguida, A impetra mandado de segurança contra a autoridade competente
para prover o cargo de defensor público, na Justiça Comum, e o órgão
fracionário do TJ concede a ordem, investindo-lhe no cargo. A autoridade
impetrada não alega coisa julgada. O acórdão do TJ transita em julgado.
Então, ordenada a prática do ato, o Estado-membro ingressa com ação
rescisória contra A, alegando que o acórdão violou a coisa julgada trabalhista.
Não se pode dizer que, na prática, inexista interesse processual em rescindir
acórdão ineficaz, porque (a) há dúvida real sobre qual julgado define a
situação de A; e (b) o relator pretende extrair efeitos do acórdão violador da
coisa julgada.

A falta de alegação da coisa julgada (ou, via de regra, da litispendência) e


a rejeição explícita dessa defesa processual, quiçá assumindo o juiz do
segundo processo, abertamente, o descumprimento da coisa julgada –
ressalva importante na época de “relativização” desinibida… – não
influenciam a ulterior rescindibilidade do provimento emitido em contraste com
o julgado anterior. A omissão do réu não cria obstáculo para que ele mesmo
pleiteie a rescisão posteriormente.464

2.150. Função positiva da coisa julgada

A coisa julgada vincula partes e órgãos judiciais à regra jurídica concreta


formulada na sentença. O desfecho do processo torna-se blindado a
contestações juridicamente relevantes no presente e no futuro. Os contínuos
ataques ao instituto da coisa julgada, desferidos por grupos reunidos no
ideário da relativização, enfraqueceram notavelmente esta blindagem, por
natureza parcial, na medida que permeável a eventos supervenientes, e
atenuada em alguns casos, reduzindo-lhe a espessura e instalando grave
crise de confiança quanto ao valor de semelhante proteção. Em todo caso, a
blindagem ainda atua, funcionando de dois modos complementares: em
primeiro lugar, como visto no item anterior (retro, 2.149), impede a repetição
da ação já decidida por decisão (de mérito) transitada em julgado (art. 337, §
4.º), hipótese em que tutela o réu contra nova investida do autor vencido, ou
seja, contra ataque direto; ademais, pré-exclui ataques indiretos do autor
vitorioso – o vínculo é bilateral (retro, 2.133), ou da parte vencida na causa
originária, através do ajuizamento de pretensão distinta, mas excluída ou
incompatível com o julgado.

Esta segunda linha de defesa constitui a função positiva da coisa julgada.


Por óbvio, limitando-se a obstar a repetição de ação idêntica, a proteção
conferida pela coisa julgada frustraria o vencedor, expondo-o a toda sorte de
contestações. Em virtude dessa relevante razão, a coisa julgada, e,
conseguintemente, a exceptio rei iudicate (art. 337, VII), excluem a emissão
de pronunciamento praticamente contrário à regra jurídica concreta tornada
indiscutível.465 Se a função negativa interessa ao réu, a função positiva
interessa a ambos.466

É mais simples formular o princípio do que aplicá-lo, considerando a


multiplicidade das vias de ataque indireto. Partindo do princípio que, segundo
a interpretação prevalecente do art. 508, a eficácia preclusiva autoriza o autor
vencido a formular o mesmo pedido com outra causa petenti, preexistente ou
não à demanda julgada, a função positiva opera em duas órbitas distintas.

No tocante ao autor, gravado com o ônus de especificar o pedido (art. 319,


IV), e perdida a oportunidade de aditamento (art. 329), cogita-se da seguinte
hipótese:A pediu X a título de dano emergente de B, em decorrência de ilícito
praticado pelo réu B, e obtém êxito total (X) ou parcial (X – Y); em seguida ao
trânsito em julgado,A pede Z de B, a título de lucros cessantes, fundado no
mesmo ilícito.467 A segunda pretensão contesta, indiretamente, a regra jurídica
concreta, segundo a qual Bdeve a A, em razão de dado ilícito, X ou X –Y, e,
não, X + Z. Esse é um problema da função positiva.468 Às vezes, configura-se
situação dramática e pungente; por exemplo (caso retirado da experiência
judicante do autor), A, B e C, mulher e filhos de F, falecido em decorrência de
ilícito praticado por D, pleitearam e obtiveram indenização dos danos
patrimoniais, pagos de uma só vez; posteriormente, os recursos acabaram e,
ameaçados de indigência, pleiteiam de B indenização pelo dano moral, antes
do prazo de prescrição, hoje ampliado pelo termo inicial fixado no art. 200 do
CC.
Em relação ao réu, a autoridade de coisa julgada impede a dedução de
pretensões cujo objetivo seja contradizer, na prática, a regra jurídica concreta.
A relação de incompatibilidade se origina no direito material. Exemplo: se o
autor A reivindica a coisa X de B, o juízo de procedência impede a pretensão
(distinta) de Bpretendendo declarar que a coisa X lhe pertence, e, não, a A.
Outro exemplo: A pede a prestação X de B, que contesta alegando a validade
do contrato de duração; posteriormente, A pede a resolução do contrato, e o
réu B invoca, outra vez, a questão da validade, defesa rejeitada com base na
coisa julgada.469 Por outro lado, a regra jurídica concreta que faz coisa julgada
inclui todas as partes integrantes. Exemplo: A pediu a condenação de B em
100, objeto de prestação divisível, e logra êxito, fica indiscutível que o
réu B deve 100 ao autor A. Não pode o vencido B, posteriormente, pretender
que o valor do crédito de A é 60, exceto fato superveniente.

2.150.1. Função positiva da coisa julgada em relação ao vencedor – Da


bilateralidade do vínculo (retro, 2.133) decorre a adstrição do autor à regra
jurídica concreta. Se A pediu a condenação de B a prestar-lhe X, logrando
êxito, a regra jurídica concreta consiste que o réu B deve X ao autor A, e,
não, X + Y. Também se torna indiscutível que o réu deve todas as unidades
compreendidas de zero a X. E convém recordar o ônus de o autor formular o
pedido “com suas especificações”, cabendo ao juiz interpretá-lo globalmente,
exceção feita aos juros moratórios e à correção monetária, fictamente
compreendidos no principal.

A redação originária art. 294 do CPC de 1973 autorizava o autor, omitido


pedido que lhe cabia formular na petição inicial, formulá-lo em ação distinta.
Regra imprópria, porque admitia-se (e, quanto ao direito vigente, o regime é
idêntico, a teor do art. 329 c/c art. 357, § 2.º) a reformulação do objeto
litigioso, envolvendo a troca de causa petendi e quaisquer modificações do
pedido, antes da citação do réu, inexistindo razão para impedir, nas mesmas
condições, a formulação de pedido adicional ou complementar. Desaparecida
a regra autorizativa, jogou-se a questão nos domínios da coisa julgada.
Assim, se A pediu X a título de dano emergente deB, em decorrência de ilícito
praticado pelo réu, e obtém êxito total (X) ou parcial (X – Y); em seguida ao
trânsito em julgado, fundado no mesmo ilícito, A pede Z de B, mas a título de
lucros cessantes, esbarra na coisa julgada, porque “as partes são as mesmas;
os fatos ensejadores da demanda são os mesmos (causa de pedir remota),
assim como os fundamentos jurídicos do pedido (causa de pedir próxima); por
último, verifica-se a identidade quanto ao objeto (imediato = pedido
ressarcitório; mediato = bem da vida tutelável, no caso o patrimônio violado
dando ensejo à indenização”.470 O pedido imediato não é rigorosamente
idêntico; porém, a contrariedade ao julgado anterior é inobscurecível. O
julgado não só tornou indiscutível a existência da dívida de B. Também
declara que o crédito de A não é X – Y(importância menor)
ou X + Y (importância maior). 471

O autor especifica o pedido segundo suas conveniências. Razões várias,


inclusive a dificuldade de produzir prova dos lucros cessantes (Z),
comparativamente aos danos emergentes (X), pode conduzi-lo à
autolimitação. E o juiz encontra-se adstrito aos pedidos das partes (art.
492, caput). Embora convencido que a dívida do réu é X + Z, no máximo
condenará o réu a X. É o mesmo diretriz adotada no art. 330, § 2.º, obrigando
o autor, nos litígios envolvendo mútuo, financiamento ou arrendamento
mercantil, “quantificar o valor incontroverso do débito”, exigindo o art. 330, §
2.º, o adimplemento dessa parte no curso do processo. O autor admite que
deve, no mínimo, X. Ao juiz não é dado reconhecer dívida de valor menor,
sobrepondo-se à iniciativa do autor; porém, ao juiz afigura-se admissível
acolher o pedido parcialmente, decretando a invalidade da obrigação
controvertida em termos tais que o valor efetivamente devido é qualquer
número entre X (piso) e Y (teto). Aplica-se, pois, o princípio dispositivo e o
princípio da congruência.

A formulação de pedido adicional ou complementar, passível do


aditamento previsto no art. 329, I e II, dependerá da interpretação das
alegações de fato e do pedido concretamente formulado. Essa fórmula
elástica harmoniza-se melhor à realidade. Assim, se A alega que emprestou
100 ao réu B, mas pede a condenação do réu ao pagamento de 50, formulou
pedido parcial de modo irretorquível. Nada o impede de pleitear o restante da
prestação posteriormente.472 E, ainda, pode pleitear a reparação de quaisquer
outros danos, originários do mesmo ilícito, porque o pedido mediato é
diferente e a coisa julgada exige identidade integral dos elementos objetivos.
Assim, A, B e C, mulher e filhos de F, falecido em decorrência de ilícito
praticado por D, e que obtiveram por sentença transitado em julgado a
reparação do dano patrimonial, podem pleitear de B indenização pelo dano
moral.473 Em casos duvidosos, aplica-se a regra de interpretação do pedido: o
pedido adicional é admissível.

A função positiva da coisa julgada normalmente beneficia o autor. Assim, e


utilizando exemplo corrente, se o autor A pede a condenação de B ao
pagamento da multa X, emergente da infração de certa cláusula do
contrato Y, e o réu objeto com a invalidade do negócio jurídico, o acolhimento
do pedido torna indiscutível as questões decididas: o réu B deve X e o
contrato Y é válido. Posteriormente, o autor A pede a condenação do réu B ao
pagamento da prestação Z, proveniente do mesmo contrato, e o réu volta a
alegar a invalidade do contrato. A coisa julgada anterior, a teor do art.
503, caput, impede a rejeição do pedido em razão da invalidade.474

2.150.2. Função positiva da coisa em relação ao vencido – A coisa julgada


impede o vencido de deduzir pretensão cujo objetivo seja contradizer a regra
jurídica concreta no todo ou em parte. Ressalvou-se, oportunamente, a
invocação de outra causa petendi (retro, 2.154). Se A pediu a separação de B,
porque o réu manteve relações sexuais com C no motel X, no dia Y, e fica
vencido, lícito pleitear a separação fundada na injúria grave praticada por B. O
tratamento conferido ao réu é manifestamente desigual. Se A pleiteou a
condenação do réu B ao pagamento de 100, e o réu não alegou a invalidade
do contrato, não poderá invocar essa objeção substancial, posteriormente,
com o fito de livrar-se da dívida. A intangibilidade da regra jurídica concreta
jamais prescinde da análise dos fatos extintivos, modificativos e impeditivos
passíveis de alegação pelo réu.475

É bem visível a função positiva no caso de o vencido deduzir pretensão


incompatível com a julgado anterior. Se A reivindica o bem X do réu B, e logra
êxito, o vencido não pode pretender no segundo processo que o bem X não é
de A. Idêntica solução preside os direitos de crédito: se A pediu a condenação
de B em 100, objeto de prestação divisível, e logra êxito, fica indiscutível que
o réu B deve 100 ao autor A. Não pode o vencido B, posteriormente,
pretender que o valor do crédito de A é 60, exceto baseado fato superveniente
(v.g., a objeção de compensação superveniente à sentença), porque 60 é
parte de 100. Pode reclamar do juiz, todavia, a declaração que não deve mais
de 100, livrando-se de pedido adicional do vencedor. Não importa a força da
ação. Se A pediu a invalidação do contrato X, firmado com B, transitada em
julgado a sentença de procedência, não cabe a B pretender restaurar o
contrato desfeito. É o direito material que define a incompatibilidade.476

§ 445.º Atenuações da coisa julgada

2.151. Atenuação da coisa julgada na assistência

Por intermédio de intervenção voluntária (retro, 763.1), ao terceiro afigura-


se lícito intervir no processo pendente para auxiliar uma das partes,
defendendo diretamente o direito posto em causa do assistido, e
indiretamente o seu próprio direito, todavia alheio ao objeto litigioso. A essa
figura chama-se assistência (retro, 774).

O móvel da intervenção do terceiro no processo alheio é nítido. Os efeitos


próprios ou naturais da resolução de mérito repercutiriam na esfera jurídica do
terceiro, reflexamente (assistência simples) ou diretamente (assistência
qualificada). Esses efeitos produzem-se inexoravelmente, haja ou não a
intervenção, mas o ingresso do terceiro permite-lhe, na medida do possível,
influenciar o teor da resolução.

Realizada a intervenção voluntária, a participação do assistente não é


inócua, vinculando-o ao desfecho na causa. Em outras palavras, “os efeitos
naturais da sentença que – na ausência de convocação do terceiro – refletir-
se-iam, não o atingindo, agora o atingem e produzem o fenômeno
denominado efeito da intervenção”.477

No entanto, cumpre distinguir duas espécies de assistência: (a) simples; e


(b) qualificada (retro, 775). Aqui se quadrou o chamado assistente qualificado
como o titular do direito posto em causa, mas desprovido de capacidade para
conduzir o processo. Logo, a finalidade da intervenção do assistente
qualificado é um pouco diferente. Os efeitos da sentença atingem,
diretamente, o seu próprio direito (retro, 775.2).

O efeito da intervenção não equivale à autoridade da coisa julgada. Calha


distinguir a diferença no tocante ao assistente simples e ao assistente
litisconsorcial.

2.151.1. Efeito da intervenção na assistência simples – Não se equipara o


vínculo produzido pela intervenção do assistente simples à coisa julgada por
motivo curial. O órgão judiciário simplesmente não julgou a relação jurídica na
qual figura o assistente, por definição estranha ao objeto litigioso, no caso de
assistência simples. E o art. 503, caput, declara, categoricamente, produzir-se
a autoridade da coisa julgada “nos limites da questão principal” (retro, 789.1 e
2.141). Pouco importa a participação de alguém como parte auxiliar.

Verdade que, após a intervenção o assistente simples adquire a qualidade


de parte, e, destarte, como estabelece o art. 506, deixou de ser terceiro
desvinculado da autoridade de coisa julgada. E, ainda assim, subtrai-se à
eficácia da declaração do decisum por outro motivo mais substancial, antes
apontado: o objeto do processo não envolveu a relação jurídica da qual é
figurante. Por exemplo, na demanda em que o devedor A pleiteia a invalidade
do contrato firmado com B, o fiador C intervém como assistente; julgada
improcedente a ação de A contra B, e movendo B ação para receber a
prestação de C, o réu C não se deparará com qualquer impedimento para
controverter a validade do próprio contrato de fiança, invocando, ainda,
causas autônomas de extinção da fiança (v.g., ocorreu mudança da
obrigação) e questionando a extensão da sua responsabilidade (Súmula n.º
214 do STJ).

2.151.2. Efeito da intervenção na assistência qualificada – Partindo


premissa distinguindo a assistência qualificada, autônoma ou “litisconsorcial”,
do litisconsórcio ulterior em ponto capital – o interveniente não ostenta
legitimidade para conduzir o processo, autonomamente, como parte principal,
mas pode intervir voluntariamente no processo (art. 18, parágrafo único) –, a
tendência natural consiste em submetê-lo à autoridade da coisa julgada.478 Tal
não acontece, às vezes, por razão distinta da precedente.

Embora figurante da relação jurídica substancial transformada em objeto


litigioso, ou mérito, o assistente litisconsorcial, conforme o momento da
intervenção, enfrentará restrições em sua capacidade de conduzir o processo
em nome próprio e autonomamente. Ora, não podendo conduzir o processo
como entende correto e desejável, a autoridade de coisa julgada também não
lhe pode atingir plenamente. Deslocado que esteja o art. 123 na Seção II – Da
Assistência Simples – do Capítulo I – Da Assistência – do Título III da Parte
Geral do NCPC, do art. 124, relativo à assistência litisconsorcial, e nada
obstante o fato de considerar-se “litisconsorte da parte principal” o assistente
qualificado, pouco razoável subordiná-lo plenamente se interveio tardiamente.

À semelhança do direito anterior, o art. 123 não reproduziu de forma


subserviente a redação do § 69 da ZPO alemã (retro, 789), dispositivo que
estende, consoante a disciplina do direito material, a autoridade da coisa
julgada à relação entre o assistente e o adversário do assistido (“Insofern
nach den Vorschriften des bürgerlichen Rechts die Rechtskraft der in dem
Hauptprozess erlassenen Entscheidung auf das Rechtshältnis des
Nebenintervenient zu dem Gegner von Wirksamkeit ist…”). Naquele sistema,
portanto, a autoridade da coisa julgada opera perante o assistente qualificado
(v.g., do herdeiro perante a ação sustentada pelo espólio representada pelo
inventariante).479

Ora, tal vínculo não é admissível, no ordenamento brasileiro, consoante o


direito fundamental processual do art. 5.º, LIV, da CF/1988. A pessoa que não
teve ou não tem a oportunidade de pôr em causa o seu direito com todos os
direitos, poderes e faculdades processuais legalmente admissíveis não se
encontra vinculada ao desfecho do processo na mesma medida e extensão
das partes principais, por definição titulares de todos os direitos, poderes e
faculdades processuais (retro, 575.3).

É incoerente negar a qualidade de parte e, ao mesmo tempo, reconhecer


a extensão da coisa julgada ao assistente qualificado, seguindo a orientação
germânica. Esse aspecto recebeu a seguinte crítica: “Intervindo
voluntariamente no processo, deixa o assistente de ser terceiro e, não sendo
terceiro, será forçosamente parte, sujeito aos efeitos da decisão que no
processo for proferida, como de certo modo reconhecem os próprios
processualistas alemães, que negam aquela qualidade ao assistente”.480

Entre nós, e bem definida a figura da assistência autônoma no direito


pátrio (retro, 775.2), o terceiro que ingressa no processo torna-se parte, e,
tratando-se de assistente, precisamente parte auxiliar. Resta definir a
natureza do vínculo do assistente à sentença proferida na causa entre o
assistido e seu adversário.

2.151.3. Natureza do efeito da intervenção do assistente – É fora de


dúvida que, inexistindo intervenção da pessoa que poderia figurar no
processo pendente como assistente simples ou autônomo, não há submissão
à coisa julgada. A tanto impede, além do art. 506, o direito fundamental
processual de que ninguém pode ser privado dos seus bens, entendida essa
expressão no sentido mais largo possível, sem a oportunidade de defendê-lo
em juízo (art. 5.º, LIV, da CF/1988), muito bem expresso na regra processual.

Verificada a intervenção do terceiro na causa alheia, tal atitude não se


afigura neutra e inócua. O assistente, na medida do possível, influiu no teor da
sentença. Assim, o assistente vincula-se ao julgado, mas o art. 123, caput,
admite a possibilidade de o assistente, em determinados casos e condições,
em processo ulterior controverter “justiça da decisão”. Não lhe cabe arguir, no
processo ulterior, a chamada excepcio male iudicati processu. Pode opor a
má gestão processual da parte principal assistida. O vínculo do assistente ao
julgado é de outra natureza, chamado de efeito da intervenção ou efeito da
assistência (Interventionswirkung).481

Esse vínculo não alcança o assistente e o adversário da parte assistida:


na assistência simples, porque não há relação jurídica entre eles; na
assistência qualificada, em que há essa relação, tudo dependerá do alcance
outorgado à intervenção, ou seja, da separação maior ou menor com o
litisconsórcio ulterior. No direito anterior, a própria localização da regra
assegurava a aplicação do efeito da assistência a ambas as espécies.482 Esse
argumento desapareceu, no direito atual, e ainda averiguar em que medida a
equiparação ao litisconsorte do assistente qualificado (art. 124) realmente se
verifica. Porém, não pode ser total, exceto participando o assistente do
processo desde o início, ou seja, praticando os atos postulatórios principais;
do contrário, não influenciaria a contento o conteúdo da futura decisão de
mérito, suscitando as questões principais sobre as quais recairá a autoridade
da coisa julgada (art. 503, caput). Alcançará o assistente qualificado, portanto,
não a autoridade da coisa julgada,483 mas outra espécie de vínculo – o efeito
da intervenção.

O efeito da intervenção produzirá efeitos ad extra, repercutindo em outro


processo. Comparativamente à coisa julgada material, essa eficácia tem
objeto distinto e inconfundível. A diferença é percebida e aceita no direito
lusitano, em que pese o art. 332 do NCPC português de 2013 dispor que “a
sentença proferida na causa constitui caso julgado em relação ao
assistente”.484 Desse modo, o efeito da (intervenção do) assistência
abrangerá, considerando que o juiz não apreciou a relação jurídica em que
figura o assistente, em primeiro lugar o decisum entre o assistido e o seu
adversário.
Vínculo dessa natureza tem importância relativa para o assistente, exceto
no caso da assistência qualificada, porque pessoa alheia a semelhante
relação jurídica. O art. 124 não reproduziu, nesse ponto, a cláusula inicial do §
68 da ZPO alemã – “Der Nebenintervenient wird im Verhältnis zu der
Hauptpartei mit der Behauptung nicht gehört…” –, a qual, não sem
controvérsias, limita o efeito à relação entre o assistente e o assistido.485 Logo,
o vínculo estende-se, mas irrelevantemente, em razão do objeto que lhe é
próprio e natural.

Fundamentalmente, o efeito da assistência abrangerá as resoluções


tomadas sentença a respeito das questões de fato e de direito decididas pelo
juiz.486 Essas resoluções tornam-se indiscutíveis em eventual processo
subsequente (art. 503, caput, c/c art. 505, caput). O juiz do segundo processo
não poderá decidir divergentemente da resolução do primeiro processo. E,
coerentemente, não abrange as questões não examinadas e, por isso, não
decididas no primeiro processo (Vorprozess).487

Não se desconhece o argumento em contrário. Se ao assistente mostra-se


possível alegar tudo o que poderia ter sido objeto de decisão do juiz no
primeiro processo, também as questões que poderiam ter sido julgadas, mas
não o foram (v.g., a prescrição), ficariam abrangidas, inexistindo razão
bastante para tratá-las diferentemente.488 A liberdade de o assistente suscitar
questões, autonomamente, não pode contradizer o comportamento
processual do assistido. Não é justo impedir-lhe alegações autônomas, de um
lado, no processo em que não figura como parte principal, e, de outro,
impedir-lhe de suscitar essas mesmas questões posteriormente. O assistente
fica submetido ao que foi decidido desfavoravelmente ao assistido, e, não, ao
que poderia ter sido decidido em seu favor.

Em certo sentido, o efeito da assistência exibirá extensão maior que a da


autoridade ordinária da coisa julgada.489 O vínculo decorrente da autoridade
do julgado, entre as partes, permite ao juiz, no segundo processo, reexaminar
os fundamentos de fato e de direito, o que não acontece no caso do art.
123, caput.490 Exemplos: (a) na ação entre A e B, controvertendo a validade
da escritura pública, em que interveio o tabelião C, este não poderá impugnar
a invalidade do contrato, decidida naquela causa, na posterior ação de
indenização movida por B; (b) o devedor C, que interveio na ação de
cobrança movida por A contra B, não pode alegar que inexiste a dívida,
furtando-se a pagar a sua parte, porque esta questão recebeu solução
positiva no juízo de procedência da ação anterior.491

As limitações ao vínculo (v.g., quanto aos meios de defesa do assistente


na causa entre o assistido e seu adversário) receberam exame em item
anterior (retro, 789.2).

2.152. Atenuação da coisa julgada na pretensão a executar

Em item anterior, examinou-se a estabilidade da sentença proferida no


fecho das atividades executivas (retro, 176.1). A execução é uma das funções
instrumentais da jurisdição. Em vez de formular a regra jurídica concreta
(trabalho de gabinete), o órgão judiciário ocupa-se de realizar a regra jurídica
concreta, proveniente da resolução judicial exequível (art. 515), e da regra
jurídica individualizada prevista no título extrajudicial (trabalho de campo). Os
títulos executivos judicial e extrajudicial conferem pretensão a executar. Não
há a menor dúvida de que o processo com função executiva tem objeto
litigioso próprio e autônomo. Da sentença condenatória nasce a pretensão a
executar que prescreve em prazo idêntico ao da pretensão à condenação
(Súmula do STF, n.º 150). É a essa pretensão que alude o art. 515, § 1.º, VII,
autorizando o executado a alegar contra a execução injusta exceções
substanciais, dentre elas a prescrição, “desde que supervenientes à
sentença”.

O vencedor deduzirá sua pretensão a executar incidentalmente (art. 513, §


1.º), modalidade de cumulação superveniente ou sucessiva. Por sua vez,
fundando-se a pretensão em título extrajudicial, formar-se-á processo
autônomo. A pretensão a executar também se individualiza através dos três
elementos previstos no art. 337, § 2.º (as partes, a causa petendi e o pedido).
Por essa razão, verificando-se a coincidência temporal de dois processos com
idêntica pretensão a executar fundada no mesmo título executivo extrajudicial,
evidentemente ocorrerá litispendência, nos termos do art. 337, § 4.º. Ao juiz
caberá extinguir o segundo processo. Não há, nem pode haver, processo
executivo vazio de conteúdo. E o objeto litigioso, nesses casos, assenta na
pretensão a executar, autônoma em relação à pretensão condenatória, da
qual deriva, uma e outra prescrevendo no mesmo prazo (Súmula do STF, n.º
150), mas a pretensão a executar superveniente à sentença de força
condenatória (art. 525, § 1.º, VII)

Interessa estabelecer se a sentença proferida no encerramento da


execução (art. 925 c/c art. 924) encontra-se imune a controvérsias futuras em
duplo sentido: (a) a inadmissibilidade de o exequente renovar a pretensão a
executar, alegando que seu crédito não logrou satisfação cabal; e (b) a
viabilidade de o executado repetir o indébito, invocando o art. 876 do CC, na
hipótese de não ter deduzido oposição à pretérita execução. Se o executado
reagiu contra a execução, através do remédio processual adequado
(impugnação ou embargos), a última pretensão ficará inviabilizada por outra
razão. Esbarrará a pretensão na autoridade de coisa julgada do provimento,
pois a questão principal expressamente decidida ficará blindada contra
ulteriores contestações. O preenchimento dessa condição não resolve todos
os problemas. A repetição do desfalque patrimonial, fundada no art. 876 do
CC, pressupõe pagamento voluntário, a teor do art. 877 do CC.

A esse propósito, rejeita-se a tese da inexistência da coisa julgada, porque


a execução iniciaria por ação “puramente” processual e, faltando-lhe mérito,
ensejaria tão só preclusão.492 A impossibilidade de relação processual vazia
de conteúdo é evidente. Dispensa comentários. Formaram-se duas correntes
no que tange ao problema: (a) a sentença do art. 924 não exibe carga
declaratória suficiente para formar a autoridade prevista no art. 502, pois o
órgão judiciário não emite juízo (= resolução de questão), realizando
subsunção ou concretização do esquema de fato à norma porventura
aplicável (formulação da regra jurídica concreta), nem lhe toca convencer as
partes de quem têm razão, assunto já superado ou atinente à oposição; (b) a
sentença fundada no art. 924 produz coisa julgada material, porque o juiz
declara que (ba) a obrigação se encontra satisfeita (inciso II); (bb) ocorreu
extinção total da dívida (inciso III); (bc) o exequente renunciou ao crédito
(inciso IV); (bd) ocorreu prescrição superveniente (inciso V). Do catálogo do
art. 924 jamais se cogitará de autoridade de coisa julgada no caso de
indeferimento da petição inicial, por definição insuscetível de juízo acerca da
pretensão a executar.

Segundo a primeira corrente, o encerramento da execução e,


alternativamente, o vencimento do prazo de oposição não inibem o executado
de controverter a pretensão a executar, explicando-se o seguinte: “Concluída
a execução com a entrega ao credor daquilo que lhe pertence, exclui-se
definitivamente toda possibilidade de oposição. Tal não exclui, porém, que o
devedor possa ainda alegar contra o credor a inexistência do crédito e,
consequentemente, a ilegitimidade da execução realizada, sob condição, é
claro, de que não se lhe hajam anteriormente rejeitado as alegações em
seguida à oposição por ele formulada antes”.493 A invalidação da arrematação
pode ocorrer mediante ação anulatória (art. 903, § 4.º),494 prescindindo da
mais estreita ação rescisória. Não se pode sobrevalorizar o remédio cabível
contra a coisa julgada. A equação coisa julgada = ação rescisória comporta
exceções. Existem sentenças terminativas rescindíveis (v.g., a fundada na
perempção, a teor do art. 966, § 2.º) e sentenças definitivas anuláveis (v.g., a
homologação de transação, conforme o art. 966, § 4.º), apesar de formularem
a regra jurídica concreta e adquirirem auctoritas rei iudicate.

A segunda corrente sustenta que, nos casos típicos do art. 924, o juiz
declara extinta a obrigação (v.g., ante a remissão total da dívida),495 formando-
se autoridade de coisa julgada nessas questões particulares.496 O STJ já
decidiu o seguinte: “A decisão que extingue a execução pelo pagamento
reveste-se de conteúdo material, sendo, portanto, atacável pela ação
rescisória”.497 Por conseguinte, extinta a execução com fundamento no art.
924, II, almejando o exequente realizar o restante do crédito, não pode,
simplesmente, reiniciar a execução no mesmo juízo, devendo valer-se da
ação rescisória.498 É o caso do chamado erro de cálculo, em que uma parcela
a execução excluiu parcela constante na sentença exequenda.499 Chegou-se
ao requinte de aplicar, literalmente, o art. 503, caput: extinta a execução
quanto ao crédito relativo ao dano moral, é possível pleitear, em nova
execução, sem a necessidade de rescindir a sentença executiva, o valor
atinente à multa pecuniária (astreinte).500

Em que pese essa orientação, e aceita a premissa de objeto litigioso


próprio (pretensão a executar), nas hipóteses dos incisos II a V do art. 924 o
órgão judiciário aparentemente não julga, realizando a subsunção da regra
jurídica ao fato. Porém, o problema é mais aparente do que real: ao decretar a
prescrição superveniente da pretensão a executar (art. 924, V), o juiz coteja o
esquema de fato (v.g., a suspensão do processo pelo tempo hábil, superado o
interstício de um ano da suspensão da fluência da prescrição, a teor do art.
921, § 1.º) e a norma aplicável à espécie, emitindo juízo. Logo, haverá
autoridade de coisa julgada. Também se controverte, no direito português, o
aparecimento do caso julgado na extinção do processo executivo,501 e,
aparentemente, só regra explícita decidirá a controvérsia.

A admissão da coisa julgada na sentença do art. 924 deixa sem


explicação satisfatória o desfazimento da alienação forçada através de ação
anulatória, sendo firme, mas contraditória a esse respeito, a jurisprudência do
STJ. E tampouco explica a renovação da execução pelo credor, que acontece
com frequência, em que pese extinta a execução com fundamento no art. 924,
II. É tendência que marcha em rumo oposto à atual “relativização” da coisa
julgada. Ademais, a admissibilidade da ação rescisória constitui dado
acessório e contingente. Há sentenças que não adquirem a eficácia de coisa
julgada (v.g., a sentença proferida sem a citação do réu, conforme se antevê
no art. 525, § 1.º, I), e, por razões de conveniência, nada obstante admite-se a
rescisória, bem como a ação anulatória do art. 966, § 4.º, emconcursus
eletivus.

Em todas as situações concebíveis, segundo a corrente negativa, faltará


cognição suficiente à formação da coisa julgada. Não existe julgamento
acerca da existência do crédito. O problema respeita à noção de mérito, ou ao
objeto litigioso, na execução, assinalando-se o seguinte: “Na execução, o
credor não pede que se declare a existência de obrigação do devedor. O que
pede é precisamente isto: execução. Por isso, o mérito sobre o qual cabe ao
juiz se pronunciar na execução restringe-se ao poder de executar, que, na
hipótese, o juiz declarou extinto. A declaração de que o devedor satisfez a
obrigação não é, de modo algum, objeto do processo de execução, não
constituindo, assim, o seu ‘mérito’”.502 O obstáculo não reside na
circunstância, na maioria dos casos, o juiz não se pronunciar “acerca da
existência ou da inexistência do direito afirmado no processo de
execução”,503 e sim no fato de não lhe incumbir fazê-lo em resposta ao pedido
da parte. Vale o raciocínio para os demais incisos do art. 924, incluindo o
pronunciamento que julga prescrita a pretensão derivada do crédito.

Em determinados casos, o direito material pré-exclui a investida paralela.


Assim, completada a execução frutiferamente (art. 906), inviável ulterior
pretensão a repetição do indébito,504 na hipótese do art. 924, II. A repetição
pressupõe o adimplemento voluntário e esse elemento de incidência inexiste
no caso de atuação dos meios executórios.505 Mas, ao executado reconhecer-
se-á, de toda sorte, o legítimo direito a reaver seu desfalque patrimonial
provocado por execução injusta (v.g., crédito prescrito), não havendo
deduzido, no momento oportuno, a oposição. Endereçará essa pretensão
contra o antigo exequente, inexistindo motivos para invalidar a precedente
execução, atingindo terceiros (v.g., o arrematante).

Renovada execução já extinta, mediante a satisfação do crédito, inútil


invocar coisa julgada para trancar essa segunda pretensão. Falta causa
legítima para haver crédito extinto e, em última análise, o impedimento
decorre do princípio ne bis in idem. O sistema processual é infenso à
reiteração inútil e abusiva do que se consumou satisfatoriamente. Este
obstáculo não se funda na coisa julgada, de resto instituto inaplicável à
demanda executória.

2.153. Atenuação da coisa julgada na tutela provisória

A tutela de urgência divide-se em duas espécies: (a) segurança para


execução; e (b) execução para segurança (retro, 1.404). Essa distinção deve-
se à construção doutrinária vigorosa e persuasiva. É perfeitamente adaptada
à lei processual.

Localizou-se no direito anterior de medidas de alcance muito distinto,


agrupadas pelo denominador comum da antecipação dos efeitos da sentença
de procedência e análogo procedimento, revelando natureza também
diferente. Ao menos três espécies heterogêneas são discerníveis no âmbito
das medidas de urgência:506 (a) a tutela cautelar, autônoma ou não; (b) a
tutela urgente satisfativa autônoma (v.g., a entrega de bens de uso pessoal do
cônjuge e dos filhos); (c) a tutela urgente satisfativa provisional (v.g., a guarda
dos filhos). Essas pretensões reuniram-se sob o rótulo de tutela provisória de
urgência (art. 294, parágrafo único), merecendo procedimentos autônomos,
requeridas ante causam. O fundamento comum é a litisregulação (retro,
1.404).

A autêntica tutela cautelar (segurança para a execução) não satisfaz os


hipotéticos direitos litigiosos. É o que acontece no arresto: o juiz retira da
esfera patrimonial do réu o(s) bem(ns) idôneo para satisfazer o crédito do
autor, sem entregá-lo(s) a este, o que dependerá, declarada a existência do
crédito em outro processo, na conversão da constrição em penhora. Ao invés,
a tutela urgente satisfativa (v.g., entrega dos bens de uso pessoal do cônjuge)
e a tutela urgente provisional (v.g., a guarda do filho do casal) compõem a
execução para segurança. Na primeira, o direito material se satisfaz
plenamente, sem a menor possibilidade de reversão; na segunda, a
antecipação satisfaz o direito do(a) autor(a) (v.g., o filho passa à sua guarda,
habitando a residência) de forma interina, pois elementos de convicção
produzidos posteriormente podem indicar a conveniência de a guarda passar
do(a) demandado(a).

Feita a distinção preliminar, facilmente se percebe o motivo da


controvérsia da auctoritas rei iudicate no caso da pretensão à segurança (ou
cautelar propriamente dita).

Essa dúvida originou-se da disciplina erigida às “medidas preventivas” no


CPC de 1939. O Livro V deste primeiro código unitário, dedicado aos
processos acessórios, no Título I contemplava as “medidas preventivas”,
exatamente as “providências para acautelar o interesse das partes” (art.
675, caput, do CPC de 1939), pleiteadas antecedente, ou de modo
preparatório (art. 677, caput, do CPC de 1939), ou incidentemente à causa
principal. Ora, o art. 288 do CPC de 1939 – regra não reproduzida no segundo
código unitário de 1973 – preceituava o seguinte: “Não terão efeito de cousa
julgada os despachos meramente interlocutórios e as sentenças proferidas
em processos de jurisdição voluntária e graciosa, preventivos e preparatórios,
e de desquite por mútuo consentimento”. Era às pretensões de segurança, em
que o processo assumia função predominantemente cautelar, a alusão do art.
298 do CPC de 1939 aos “preventivos e preparatórios”, declarando-os
insuscetíveis de gerar provimento final com autoridade de coisa julgada.

Nesse aspecto, o CPC de 1939 recolheu orientação tradicional no direito


pátrio, asseverando-se inexistir coisa julgada nas sentenças proferidas em
medidas preventivas, porque o órgão judiciário, no processo subsequente,
“não se obriga a respeitá-las quando resolver definitivamente sobre o ponto
principal da causa”.507Por óbvio, tal modo de ver influenciou o pensamento
doutrinário na vigência do CPC de 1973.

Um dos mais influentes comentadores do CPC de 1973 pontificou: “Não


há coisa julgada material na concessão, ou não, na medida cautelar, porque o
juízo sobre a necessidade de segurança prévia não se estende à totalidade
da lide, à existência ou não da relação jurídico-material e do direito subjetivo
material alegado”.508 E até os autores que, corretamente, distinguiram a
segurança para a execução (v.g., arresto) e a execução para a segurança
(v.g., os alimentos provisionais), reservando natureza cautelar tão só ao
primeiro grupo de demandas, rejeitaram a formação da coisa julgada, porque
inexistiria dose suficiente de declaração no provimento.509

Tirante a arbitrariedade da afirmação concernente à existência da


pretensão à segurança, contanto exata no respeitante à “relação jurídico-
material” alheia ao julgamento, inexiste argumento plausível a amparar
semelhante conclusão. No processo em que predomina a função cautelar, por
definição o órgão judicial não investigará a existência da “relação jurídico-
material”, limitando-se – eis o ponto – a aparência dessa (hipotética) relação.
Tal é a característica da cognição sumária, no caso, e semelhante dado não
se afigura bastante para afastar a coisa julgada.510

Por outro lado, impõe-se atentar à circunstância de o juiz julgar a


pretensão à segurança, declarando o autor merecedor, ou não, de garantia
para seu hipotético direito. E urge realçar: garantia ainda que o direito seja
hipotético. O julgamento autônomo da pretensão à segurança é uma
possibilidade no NCPC. Embora a futura pretensão principal seja deduzida in
simultaneo processu, a teor do art. 308, caput, e o julgamento tenda a turvar
os fenômenos, o réu é citado para contestar a pretensão à segurança ante
causam, no prazo de cinco dias (art. 306), e, permanecendo inerte, presumir-
se-ão aceitos os fatos alegados pelo autor, decidindo o juiz (art. 307, caput).
Eis sentença típica e unicamente cautelar.

Pouco importa a ulterior modificação dos efeitos práticos da sentença


concessiva, v.g., do arresto dos bens do réu, na suposição que exista relação
de crédito entre as partes, porque o juiz declarou inexistir o crédito na
demanda principal. Nenhum relevo especial merece essa modificação. Ela
não tem o alcance apontado. Ressaltou-se mais de uma vez o equívoco
flagrante da tese da “imutabilidade dos efeitos” da sentença. Esse pormenor
não impede a formação da coisa julgada, na pretensão à segurança como
alhures (v.g., condenado o réu, o autor vitorioso perdoa a dívida, contentando-
se com a vitória moral). Se a mudança dos efeitos, em decorrência de juízo
emitido em causa distinta, ante a diversidade dos elementos que
individualizam a demanda (as partes, a causa e o pedido, a teor do art. 337, §
2.º), significasse a inexistência de coisa julgada, e investigando o órgão
judiciário a área de cognição não coberta no primeiro processo, conviria negá-
la nas ações possessórias, também sujeitas a reviravolta perante o juízo
petitório. Por identidade de razões, a modificação e a revogação das medidas
cautelares, a qualquer tempo, a teor do art. 309, respeita aos efeitos,
naturalmente modificáveis.511

Não é este o teste hábil à demonstração da inexistência de coisa julgada


na sentença cautelar. Raciocinando-se com base na função negativa (retro,
2.149), chega-se a resultados distintos. Rejeitada a pretensão a obter arresto,
porque o autor não exibiu direito verossímil, não lhe caberá repetir essa
demanda (art. 337, § 4.º), salvo por novo fundamento, ou seja, invocando
causa de pedir diversa. É o determinado, afinal, no art. 309, parágrafo único:
“Se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela cautelar, é vedado à parte
renovar o pedido, salvo sob novo fundamento”. Fora ajustes semânticos, a
regra é idêntica à anterior. Daí por que, sem pejo da incoerência com a
negação da coisa julgada, aduziu-se o seguinte: “Logo, se o Código permite a
renovação do pedido por outro fundamento, cogita, na verdade, de outra
ação, de outra demanda cautelar, diversa da anterior pelo fator causal”.512 A
invocação de fundamento novo, ou seja, de outra causa de pedir, elimina a
identidade que se encontra à base da incidência do art. 337, § 4.º. Ora, não
há dificuldade, como se notou no direito italiano, de a parte renovar o pedido
“na presença de situação diferente da apresentada anteriormente”.513

É este o entendimento correto, a saber: (a) o julgamento da pretensão à


segurança restringe-se a juízo de aparência e não obsta o ulterior juízo de
existência, ou não, do direito protegido; (b) só a modificação das
circunstâncias autoriza a renovação da pretensão à segurança denegada ou a
alteração da concedida.514

Em realidade, a autoridade da coisa julgada opera, no provimento final que


rejeita a demanda cautelar, do mesmo modo que no processo
principal.515 Ressalva feita aos que negam caráter jurisdicional nas medidas
cautelares, considerando-as atos de polícia judiciária (Rechtspolizei),516 a
negação do fenômeno decorre de duas confusões fáceis de evitar, a saber:
(a) a indevida comparação entre a pretensão à segurança e a pretensão
principal, cujos elementos objetivos (causa e pedido) são distintos; (b) a
indevida relação entre autoridade de coisa julgada e a “imutabilidade de
efeitos”. Em outras palavras, “é preciso deixar claro que a principal finalidade
da coisa julgada é impedir a repetição do exercício da mesma atividade
jurisdicional sobre o mesmo objeto”.517 Dito assim chega-se à conclusão de
que háauctoritas rei iudicate na sentença cautelar.

A jurisprudência do STJ nega autoridade de coisa julgada à sentença


cautelar.518 Não cabe a rescisória do art. 966 contra sentença cautelar.519

É distinta a disciplina da execução para segurança ou tutela antecipada.


Esse assunto já recebeu considerações no item próprio (retro, 1.444). Em
síntese larga, não impugnada a liminar, a decisão torna-se estável, encerrado
o processo, mas afigura-se lícito a qualquer das partes controverter a regra
jurídica concreta pelo prazo de dois anos; vencido este prazo, a despeito de o
art. 304, § 6.º, declarar que a concessão da tutela antecipada “não fará coisa
julgada”, haverá estabilização definitiva, e, portanto, auctoritas rei iudicate.

2.154. Atenuação secundum eventus litis da coisa julgada

O art. 18 da Lei 4.717/1965 estipula o seguinte quanto à autoridade de


coisa julgada da sentença proferida na ação popular: “A sentença terá eficácia
de coisa julgada oponível erga omnes, exceto no caso de haver sido a ação
julgada improcedente por deficiência de prova; neste caso, qualquer cidadão
poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova
prova”. A ação popular é valioso remédio processual instituído para autorizar
o controle popular da legalidade dos negócios da Administração Pública
brasileira (retro, 47.1), processando-se pelo procedimento ordinário (art.
7.º, caput, da Lei 4.717/1965). Legitima-se, ativamente, o cidadão (retro,
47.2). Nas últimas décadas, a progressão institucional do Ministério Público,
titular da ação civil pública e dotado de meios e de recursos de investigação,
bem como o desinteresse da cidadania em assumir a empreitada judicial,
embora aliviada de riscos financeiros (o art. 10 da Lei 4.717/1965 desonera as
partes da antecipação das despesas processuais, mas o art. 13 do mesmo
diploma sanciona a lide temerária com décuplo das custas), diminuiu o uso
desse remédio, vantajosamente substituído pela ação civil pública, cujo objeto
abrange o da ação popular.

O regime da coisa julgada na ação popular é similar ao das ações


coletivas. Ressalva feita ao juízo de improcedência no caso de juízo de fato
desfavorável ao autor, a disciplina especial. E recolhe aplausos no essencial,
apesar de visões críticas. A intervenção do Ministério Público como parte
coadjuvante e dotada de iniciativa probatória, aliada ao interesse público em
definir, de uma vez por todas, se o negócio ou o ato administrativo impugnado
é válido, ou não, contraindicam a adoção da coisa julgada secundum eventus
litis, em tese também passível de crítica. O problema consiste em adotar dois
pesos e duas medidas a respeito desse assunto no caso da pretensão
infundada. Fora daí, a sistemática afigura-se razoável.

A sentença terminativa (art. 485) proferida na ação popular produz coisa


julgada formal.520 É condição necessária, mas insuficiente à aquisição
da auctoritas rei iudicate. Em relação à sentença definitiva, separam-se as
hipóteses de procedência e improcedência da pretensão do autor popular.

A sentença definitiva de procedência, de regra, desconstituirá o negócio


ou o ato administrativo (art. 11 da Lei 4.717/1965: “A sentença que, julgando
procedente a ação popular, decretar a invalidade do ato impugnado…”),
produzindo eficácia constitutiva erga omnes. Elimina o interesse processual
de qualquer outro legitimado concorrente para obter provimento no mesmo
sentido. O art. 18 da Lei 4.717/1965 declara, todavia, produzir-se coisa
julgada erga omnes. Aí descansa o ponto fraco do regime especial, pois há
dois caminhos concebíveis para quem, bem ao contrário, pretenda a
manutenção do negócio ou do ato administrativo invalidado. A sociedade de
massas e seus interesses contraditórios e plurais estimula particularmente
essas situações. O negócio ilegal e lesivo para muitos, quiçá para a maioria,
na prática beneficia parcela expressiva de pessoas. E este grupo ou alguém
desses beneficiados almeja restaurar a situação anterior. Pois bem. Razões
constitucionais contrariam a coisa julgada erga omnes. Ninguém pode ser
privado do seu hipotético direito transindividual sem oportunidade de defendê-
lo em juízo. Por sinal, a ponderação dos interesses da coletividade, em jogo
na ação popular, reforça esse ponto de vista. Nada obsta a outro cidadão, na
perspectiva constitucional restritiva, pleitear o reconhecimento da validade do
negócio ou do ato administrativo. Em sentido contrário, pode-se entender que
o cidadão A que obteve a sentença de procedência e o cidadão B, cujo
objetivo visa à restauração do status quo ante, atuam sob o mesmo título
jurídico, e, portanto, constituem a partes idênticas formalmente. E, de resto, o
réu C ficou vinculado no primeiro julgado, inexistindo motivo para desvinculá-
lo no segundo, sob pena de conflito de coisas julgadas contraditórias
regulando a mesma situação jurídica substancial. São razões de peso em
ambos os sentidos. O entendimento prevalecente socorre essa última
orientação, vinculando os legitimados concorrentes ao desfecho do primeiro
processo.

A sentença definitiva de improcedência, porque infundada a pretensão do


autor popular, produz coisa julgada inter partes. A acreditar-se no art. 18 da
Lei 4.717/1965, impedirá qualquer outro cidadão, igualmente legitimado, a
propor demanda com idêntica causa petendi (art. 337, § 4.º). É duvidosa,
outra vez, a possibilidade de interditar ao terceiro, exceto através da inviável
tese da representação de um por todos, já rejeitada no caso do processo
penal (retro, 35), a possibilidade de ingressar em juízo. Esta é a concepção
dominante na processualística pátria.521 E deve ser prestigiada, apesar do
interesse coletivo, afastando o sacrifício ao réu, constrangendo-o a defender-
se contra pretensões sucessivas.

A coisa julgada secundum eventus litis aparece claramente no caso de


insuficiência do material probatório. Em tal hipótese, valendo-se da regra de
julgamento (art. 373, I), o juiz rejeitará a pretensão processual. Todavia, não
se formará coisa julgada contra o autor. Segundo o art. 18 da Lei 4.717/1965,
a qualquer cidadão – e, portanto, o próprio autor da pretensão originária –
,522 afigura-se lícito repetir a demanda com igual fundamento, valendo-se de
“nova prova”.

Eventual dificuldade do regime especial transparece na cláusula final do


dispositivo. O fundamento da sentença de improcedência há de ser explícito
ao juízo de fato desfavorável. A clareza ideal nem sempre se consubstancia
nos provimentos judiciais, haja vista a quantidade de feitos a cargo de cada
juízo e a redação do ato pelo assessor. Inexistindo explicitação irretorquível
desse ponto na fundamentação, surgirá a necessidade de interpretar
corretamente os fundamentos da sentença de improcedência. Como quer que
seja, existindo outro fundamento hábil ao juízo de improcedência, porque
infundada a pretensão em tese (v.g., a decretação da prescrição), prevalecerá
este fundamento, e, não, o do juízo de fato. Por fim, entende-se por “prova
nova” a que o autor da ação repetida propõe-se a produzir no curso da
instrução. Dispensa-se “prova nova” pré-constituída. Por isso, o autor
“eventualmente obterá êxito, se for convincente a ‘nova prova’ agora
produzida”.523

§ 446.º Desconstituição dos efeitos da sentença

2.155. Remédios contra os efeitos da sentença

Sentenças há que, embora viciadas, surtem efeitos perante o vencido. E


há sentenças, viciadas ou não, produzindo ilegitimamente efeitos perante
terceiros. Em ambos os casos, ao vencido e ao terceiro interessa definir qual
o remédio hábil para desconstituir ou, no mínimo, paralisar a produção dos
efeitos. Esse quadro agrava-se sobremodo em virtude da inserção da
sentença, enquanto ato processual, nos planos da existência, da validade e
da eficácia. À semelhança de outros atos processuais, lícito cogitar-se de
sentenças inexistentes, nulas e ineficazes. Admitiu-se, anteriormente, a
pertinência desses planos no tocante aos fatos (jurídicos) processuais em
geral (retro, 1.086).

Em princípio, a hipótese mais simples é a da sentença nula. Provimentos


defeituosos, em virtude de error in procedendo (v.g., a sentença extra petita),
transitam em julgado, tornando-se rescindíveis com fundamento no art. 966,
V. Decorrido o biênio do prazo decadencial fixado no art. 975, o vício torna-se
juridicamente irrelevante.524 Era outro o esquema do direito romano,
desenvolvido no direito comum, e objeto de influências recíprocas no conjunto
dos meios de impugnação aos atos decisórios do órgão judicial,
especialmente no tocante à sentença definitiva, assim resumido: “À injustiça
substancial da sentença correspondia a appellatio; ao vício forma a querela
nullitatis e à iniquidade a restitutio”.525 Entre nós, o vício substancial (error in
iudicando) e o vício de atividade (error in procedendo) aglutinam-se em duas
vias distintas de impugnação: antes do trânsito em julgado, por intermédio dos
recursos (art. 994); após o trânsito em julgado, através da ação rescisória (art.
966). Do exame das hipóteses de rescisão identificam-se os vestígios
da querela nullitatis (v.g., na rescisão fundada em ofensa à coisa julgada, art.
966, IV) e darestitutio ad integrum (v.g., na rescisória fundada no erro de fato,
art. 966, VIII). Vícios há, porém, a exemplo da falta de citação do réu no
processo, cuja imensa gravidade impede a formação da própria coisa julgada.
É possível designar essas hipóteses excepcionais de sentenças
“transparentes”, nas quais o vínculo inter partes é mais aparente que real,
facultando-se ao vencido, e, a fortiori, ao terceiro impugnar a sentença viciada
independentemente da ação rescisória.

O reconhecimento da classe das sentenças inexistentes é inevitável a


partir da premissa que fatos processuais ingressam, ou não, no mundo
jurídico (plano da existência), às vezes defeituosamente (plano da validade),
posto que existentes, e surtem ou não efeitos próprios (plano da eficácia).
Corretamente, acrescentou-se que é impossível transformar em “inexistência”
todo vício para o qual não mais existe remédio hábil, nem é apropriado afirmar
que, existindo remédio idôneo, a sentença não é inexistente.526 Dessa
premissa surge a necessidade de adotar critério uniforme para identificar a
classe das sentenças inexistentes. Talvez a classe dos vícios
“transrescisórios”, entendida em termos adequados, ofereça esse critério.

Porém, há um senão na categoria das sentenças inexistentes:


provimentos geralmente inseridos nesta categoria surtem efeitos perante o
vencido e terceiros e, por definição, o juridicamente inexistente não pode
produzir efeitos. Tome-se o caso emblemático da sentença proferida em
processo no qual o juiz decretou a revelia do réu, mas para o qual este não
chegou a ser citado ou a citação é nula, havido como hipótese de sentença
inexistente em julgado do STF.527 Esta sentença produz seus efeitos naturais;
em caso de condenação do vencido, enseja ao vencedor pretensão a
executar, cabendo ao executado reagir contra a execução ilegal por
intermédio de impugnação (art. 525, § 1.º, I). E remanescendo inerte o
executado, sem reagir contra a pretensão a executar, a atividade executiva
atingirá seus fins.528Eventual transmissão de bens a terceiros não comportará
desfazimento ulterior em consideração à boa-fé do adquirente. Nada disso se
harmoniza com a inexistência e pouco esclarece rotular a sentença de
simulacro de provimento.

Lícito adiantar a diretriz aplicável à oposição do vencido contra as


sentenças inexistentes e, se for este o caso, as sentenças contaminadas por
nulidade equiparável, tornando-as “transparentes”, e os meios de reação do
terceiro, ilegitimamente submetido à eficácia da sentença existente, válida e
eficaz inter partes. Em casos tais, haverá concurso eletivo de remédios
processuais, governados pelo princípio electa una via, non datur recursum ad
alteram: (a) ação rescisória; (b) ação autônoma, usualmente de força
constitutiva, mas igualmente declarativa, executiva (v.g., a pretensão do verus
dominus C, reconhecido o domínio de A perante B) ou mandamental; e (c) os
meios usuais de reação da parte legítima (impugnação e embargos) e do
terceiros (embargos de terceiro, a teor do art. 674) contra eventual execução
injusta e ilegal. Por óbvio, a eleição do remédio pressupõe a cabal
identificação dos casos de inexistência ou de invalidade impeditiva da
formação da coisa julgada. De toda sorte, meios de impugnação existem e
comportam utilização efetiva para desconstituir os efeitos da sentença,
conforme recomendação nesse sentido.529

2.156. Rescindibilidade em razão de vícios “transrescisórios”

Os atos decisórios do juiz, incluindo a sentença definitiva apta a formar


coisa julgada, passam-se nos planos da existência, da validade e da eficácia.
Desta sorte não escapa o pronunciamento transitado em julgado.

A distinção entre os três planos da ordem jurídica comporta a seguinte


síntese: “O fato jurídico, primeiro, é; se é, e somente se é, pode
ser válido, nulo, anulável,rescindível, resolúvel etc.; se é, e somente se é,
pode irradiar efeitos, posto que haja fatos jurídicos que não os irradiam, ou
ainda não os irradiam”.530 Em proveito da clareza, alude-se a elementos de
existência, requisitos de validade e fatores de eficácia.531

O ato inexistente é incapaz de gerar efeitos. O ato inválido ingressa


mundo jurídico, embora deficientemente, produzindo seus efeitos naturais.
Este ato necessitará ser desconstituído, o ato inexistente declara-se tal.532 A
inexistência constitui imprescindível dado referencial, contrastando com a
invalidade. Prescindindo-se da subentendida existência jurídica, por exemplo,
não há sentido em tutelar o aparente (ou não real).533

Não raro há lastimável confusão entre a inexistência e a nulidade absoluta,


sob o fundamento de equivalência dos respectivos efeitos.534 Esta
coincidência é inexata. O defeito do ato inexistente revela-se de tal ordem que
nenhuma consideração há de receber da autoridade judiciária.535 Representa
simples fato da vida, do qual “nada resulta”.536 Ao invés, o ato inválido, porque
gera efeitos até seu desfazimento, exigirá desconstituição por resolução do
órgão judiciário, pouco importando a iniciativa, ex officio ou a requerimento do
prejudicado.

Feita a distinção, as hipóteses de provimento judicial inexistente ficam


compreensíveis. Por exemplo, a sentença proferida por quem não é juiz
ressente-se de óbvio elemento de existência, a jurisdição, e, assim, jamais
entrará no mundo jurídico. Não se cuidando de provimento originado por
agente estatal, tampouco adquirirá a eficácia de coisa julgada. A respeito,
correta a lição: “Não é pressuposto objetivo da ação rescisória a sentença de
quem não é juiz, ou deixara de o ser (o que vale o mesmo), pois tal sentença
não é sentença; pelo fato da inexistência de juiz, é ‘inexistente’”.537

Em item anterior, procedeu-se a distinção entre ato irregular e ato inválido


(retro, 1.245.1), apresentando-se, ademais, o esquema geral das invalidades
(retro, 1.249). Importa sublinhar que, seja qual for a gravidade do vício,
vencido o prazo da invalidação da sentença transitada em julgado, os vícios
anteriores à emissão do ato e os vícios da própria sentença tornam-se imunes
à desconstituição por via de ação rescisória.538

De olhar fito à subordinação das partes à coisa julgada, ou não,


identificou-se três classes de sentenças: (a) inexistentes; (b) nulas; e (c)
rescindíveis. No tocante à primeira categoria, acrescentou-se: “O que não
existe não pode ser rescindido, de sorte que não se há de falar em rescisória
sobre sentença inexistente, tal como a que é prolatada por quem não é juiz ou
a proferida sem o pressuposto do processo judicial, ou a que nunca foi
publicada oficialmente”.539 Por um lado, a tese é incontestável. Forçoso admitir
a classe das sentenças inexistentes. E se o provimento não existe, é ineficaz.
O problema reside nos exemplos. A sentença que o órgão judiciário redigiu
em gabinete, mas jamais publicou, lançando em seu lugar outra de conteúdo
oposto, representa ato inexistente, do mesmo modo que aquela proferida por
quem deixou de ser ou jamais foi juiz. Em qualquer processo, mostra-se
possível, nesses casos, desconsiderar ou ignorar o ato judicial inexistente. No
entanto, a falta de pressupostos do processo, aí também mencionada,
implicará somente a invalidade do pronunciamento final do processo, exigindo
o emprego da rescisória.

Ainda mais radical e coerente com a menção aos pressupostos


processuais é a afirmativa, perante vícios de maior grandeza e importância,
ou seja, perante nulidade ipso jure – a contaminação do processo por
nulidade absoluta –, não se formar coisa julgada, nem sequer a parte
necessitar da ação rescisória para subtrair-se de seus efeitos.540 Essas
hipóteses aventadas esbarram no regime da ação rescisória; por exemplo, o
art. 966, II, prevê rescisória contra a sentença proferida por juízo
absolutamente incompetente, não sendo dispensável a sentença proferida
com infração à chamada competência de “jurisdição”. Segundo a orientação
ora exposta, pronunciamentos assim viciados representariam “verdadeiros
abusos de poder, por não conterem o mais mínimo resquício de jurisdição a
respaldá-los, jamais poderão produzir qualquer eficácia que se assemelhe
à res iudicata e sempre estarão ao alcance da impugnação dos interessados,
qualquer que seja o tempo em que se manifeste a intenção de executá-los ou
de exigir que sejam respeitados”.541 O STJ já se alinhou a essa tese.542

Os vícios transcendentes à coisa julgada receberam a designação de


vícios “transrecisórios”, agrupados em três classes diferentes: (a) inexistência
da sentença (v.g., proferida por órgão desprovido de jurisdição; (b) nulidade
da sentença, porque impraticável a regra jurídica concreta (v.g., a ordem de
suspensão de protesto já tirado); (c) ineficácia da sentença, porque emitida
contra o réu aparente (v.g., parte representada por falsus procurator) ou que
não foi citado.543 Posteriormente, reputando “diminuto” o grupo das sentenças
contagiadas pelos “vícios transrescisórios”, limitou-os aos casos em que há
inexistência ou ineficácia, empregando a mesma
exemplificação. Acertadamente, segundo este último entendimento, a
544

infração aos pressupostos processuais e às condições da ação não gera vício


dessa natureza,545 sendo indiferentes à formação da coisa julgada da
sentença definitiva, asseverando-se: “Embora com algum fundamento lógico,
a tese do autor é, a nosso juízo, inconveniente, pelos maus resultados que
produziria, se acolhida pelos tribunais. Efetivamente, diz o autor que, ‘em se
tratando de defeito de pressupostos de validade da relação jurídica
processual, nulo é o processo instaurado por pessoa incapaz ou promovido
por quem não detenha a habilitação técnico-profissional para postular em
juízo’. Bastaria, assim, ao vencido, demonstrar que o adversário se fez
representar no processo por advogado impedido ou incompatibilizado para o
exercício da advocacia, para transformar em pó sentença já insuscetível de
ataque até mesmo por ação rescisória”.546
Ora, sem a exata distinção dos planos da inexistência, da invalidade e da
ineficácia, jamais se chegará a soluções convincentes nesta matéria. Partindo
desse princípio, nenhum reparo suscita a ideia que o provimento inexistente
ou ineficaz não vincula as partes; quer dizer, a sentença não produzirá a
eficácia de coisa julgada, e, portanto, o emprego da rescisória para combatê-
la afigura-se desnecessária, embora possível.547 Correto, portanto, o alvitre
tirado da doutrina argentina: “Digamos todavía que no habiendo nada que
destruir o que revisar, no hay límite para constatar la inexistencia. En su
virtud, no se requiere de una acción de inexistencia para declararla, porque de
lo que no es no resultan derechos y, por lo tanto, siendo la inexistencia
enunciado general, no requiere de formulación escrita proporcionada por el
legislador”.548 O único cuidado, aqui como alhures, residirá na evocação
cuidadosa das hipóteses de inexistência e, a fortiori, de ineficácia. Os
equívocos turvam a clareza do assunto. É o caso emblemático do vício
identificado nos arts. 525, § 1.º, I, e 535, I.

Engana-se quem considera inexistente a sentença proferida no processo


em que se deixou de citar o réu.549 Cuida-se de (a) ineficácia da sentença
relativamente ao vencido, inexistindo citação, porque o processo não o
vinculará, similarmente à condição do litisconsorte necessário preterido (retro,
2.138.1);550 e de (b) nulidade da sentença quanto ao vencido, verificando-se
vício no ato de chamamento ao processo, defeito contagiante dos atos
subsequentes do procedimento, e, principalmente, da sentença. Assim, a
sentença proferida na reação do executado, fundada no art. 535, I, “com força
mandamental, é declarativa da ineficácia da sentença exequenda, por não ter
sido feita a citação, ou ter sido nula, o que supõe declaração de ineficácia da
própria citação (foi, porém, não valem, nem teve efeitos)”.551

Respeitando à necessidade de citação para a validade do processo (art.


239, caput: “Para a validade do processo é indispensável a citação do réu…”),
meio técnico para assegurar o direito fundamental processual à (ampla)
defesa, os arts. 525, § 1.º, e 535, I, erigem exceção ao regime comum das
invalidades da sentença. Em geral, sentenças intrinsecamente nulas (v.g., a
ausência de motivação) ou sentenças originadas de processo nulo (v.g.,
omissão da intimação do advogado da parte para a audiência e, nada
obstante, dispensada a coleta da prova requerida, na forma do art. 362, § 2.º),
são rescindíveis. A despeito da suma gravidade do vício, eventualmente da
natureza absoluta da nulidade, a sentença passa em julgado normalmente.
Quaisquer vícios, inclusive os arrolados, transformam-se em causas de
rescindibilidade. Em alguns casos, o legislador contempla o vício como causa
autônoma de rescisão (v.g., a incompetência absoluta, a teor do art. 966, II);
de ordinário, porém, dissolve o vício de atividade (error in procedendo) na
causa genérica da violação manifesta à norma jurídica (art. 485, V).

Em casos tais, a exemplo da sentença proferida por juízo sem


competência em razão da matéria ou em razão da pessoa, não se pode
alegar a inexistência de coisa julgada sem ignorar as indicações do direito
posto. É insubsistente a suposição que, portando o processo e a sentença
vícios da maior grandeza, não se revista o pronunciamento final da auctoritas
rei iudicate; muito pelo contrário, “é até pressuposto da rescisão o fato de ter-
se ela revestido de tal autoridade”.552
Esconde o raciocínio errônea premissa de o nulo não produzir efeitos e,
sendo a coisa julgada eficácia (art. 502), sentenças nulas não “fazem” (art.
506) coisa julgada inter partes. Surpreendem-se afirmações como esta: “As
sentenças nulas, ipso jure, igualmente, embora existentes, não valem, não
têm eficácia (logo não produzem coisa julgada)”.553 Nulo produz efeitos e nulo
há que ser desconstituído, ex officio, ou a requerimento do interessado.
“Existir, valer e ser eficaz são conceitos tão inconfundíveis que o fato jurídico
pode ser, valer e não ser eficaz, ou ser, não valer e ser eficaz… O que se não
pode dar é valer e ser eficaz, ou valer, ou ser eficaz, sem ser; porque não há
validade, ou eficácia do que não é”.554 Por óbvio, só chamando de “nulidade” o
ato judicial imperfeito judicialmente desconstituído,555 troca-se de perspectiva:
então, nulo é, mas por decorrência, igualmente ineficaz. E o motivo é simples.
A desconstituição eliminará, retroativamente ou não, a eficácia do ato viciado.
Esse modo de ver o fenômeno não é comum. Chama-se de nulidade ao ato
viciado antes do estado subsequente à desconstituição.

Em determinadas situações, a lei infraconstitucional que outorga, ou não,


a eficácia de coisa julgada às sentenças definitivas, às vezes erige
determinado vício essencial. O defeito da sentença é suficientemente grave e
relevante, de modo a receber tratamento privilegiado e diferente, tornando o
vício imune a quaisquer preclusões, incluindo a mais expressiva e maior
delas: a coisa julgada. Na hipótese versada nos arts. 525, § 1.º, I e 535, I, o
vício da citação sobrevive ao trânsito em julgado, equiparando-se à sua
inexistência, motivo por que ao condenado é dado impugná-lo através de
impugnação ou de embargos em vez da ação rescisória. Avulta notar, frisando
o caráter excepcional do vício versado, nenhum dos demais motivos arrolados
no art. 966 comportar semelhante remédio. Quer dizer, a sentença rescindível
não deixa de ser exequível e a própria propositura da rescisória, em princípio,
não trava os trâmites da respectiva execução, a teor do art. 969.556 Recusou o
STJ, por exemplo, a alegação na via de oposição da nulidade ulterior à
citação válida.557

Os arts. 525, § 1.º, I e 535, I, indicam a sobrevivência residual da


vetusta querela nullitatis romana.558 Não cabe divisá-la no fato de apelação ter
assumido a função, possibilitando a alegação do error in procedendo,559 mas
na circunstância de o vício ensejar correção em outro processo, sem o
entrave da coisa julgada. A jurisprudência do STF560 e do STJ561 já sinalizou
neste rumo. Realmente, a sentença proferida nas condições dos incisos,
apesar de existir e produzir seus efeitos – a execução, consoante já se
assinalou, na ausência de impugnação ou de outro remédio para paralisá-la,
prosseguirá normalmente –, por exceção perde a indiscutibilidade inerente à
coisa julgada. A sentença passível dessa espécie de impugnação existe, vale
e produz efeitos e, ademais, é exequível. Falta-lhe, no plano da eficácia, a
autoridade de coisa julgada.

Esses dispositivos ressaltam particularidade decisiva: as exceções ao


saneamento dos vícios da sentença e do processo há que decorrer de texto
expresso de lei. Do contrário, a eficácia de coisa julgada deixaria de ser a
regra, sempre controvertida pela alegação das precedentes nulidades do
processo que a produziu. Este resultado é socialmente inaceitável,
“relativizando” a coisa julgada segundo a preferência do interessado.
Inaceitável ampliar o rol dos vícios “transrescisórios” para a sentença
proferida sem condições da ação562 ou de pressupostos processuais de
validade,563 ou o terceiro valer-se de ação civil pública para ofender a coisa
julgada.564

2.157. Sentença ineficaz em razão da inexistência ou da invalidade da


citação do réu

Segundo dispõem convergentemente os arts. 525, § 1.º, I e 535, I, ao


executado caberá alegar, na impugnação ou contra execução guarnecida de
título judicial, alegando o devedor “falta ou nulidade da citação se, na fase de
conhecimento, o processo correu à revelia”.

A incidência pressupõe a ausência de participação do réu. Nada importam


os efeitos processuais ou materiais da contumácia, mas a omissão de
resposta à pretensão processual. Ocorrendo o comparecimento espontâneo
do réu (art. 239, § 1.º), suprindo a falta ou sanando a nulidade da citação,
formar-se-á a coisa julgada, não cabendo invocar o vício do chamamento a
juízo.565 A intervenção de curador especial, na espécie do art. 72, II, não
elimina a incidência, bem como a natureza comum ou especial do
procedimento.

Como já se sublinhou, o vício antevisto nas disposições concerne à


validade ulterior do processo. “O déficit de que padece o processo onde não
se fez citação hábil diz respeito à validade, não à existência, sem embargo do
volume e da autoridade das opiniões em contrário”.566 O vício apresenta-se
grave o suficiente para repelir a incontestabilidade inerente à eficácia de coisa
julgada.567

E, como já se ressaltou em item anterior (retro, 2.155), há concurso eletivo


de ações, sendo admissível a parte vencida desconstituir os efeitos da
sentença, anulando o processo, por intermédio da ação do art. 486.568 Por
sinal, situando-se o vício no plano da validade, a pretensão à desconstituição
é o remédio cabível.569Não se descarta, a priori, o emprego da rescisória
fundada no art. 966, V, existindo prazo hábil (art. 975), cujo vencimento não
pré-exclui a ação autônoma.570 Porém, utilizado um dos remédios, a
litispendência impede o uso de qualquer outro, ante a identidade de causa
petendi e de pedido.

2.158. Sentença ineficaz em razão da inconstitucionalidade


superveniente da norma

Em síntese, o art. 525, § 12, e o art. 535, § 5.º, declaram-se inexigíveis


(rectius: inadmissível a pretensão a executar) a sentença fundada em norma
declarada inconstitucional, por uma das técnicas admissíveis, no controle
concentrado ou difuso de constitucionalidade. Era outro caso de ineficácia
superveniente da decisão de mérito transitada em julgado, mas com frisante
diferença relativamente à hipótese anterior, nos quais o vício é inerente ao
processo ou ao próprio ato, porque admissível a superveniência do
pronunciamento do STF. Por conseguinte, não se passava o evento no plano
da validade: os vícios de qualquer ato jurídico lhe são contemporâneos,
jamais supervenientes.571

Antes dessas disposições, o STF estimava a sentença definitiva transitada


em julgado a tal modalidade de ataque, exigindo rescisória com fundamento
no art. 966, V.572 Em particular, formado o título executivo judicial em ação
com força condenatória, o posterior controle de constitucionalidade não lhe
afetava a execução.573 Logo se percebe o caráter de inovação imprimido na
versão originária dessas disposições, no direito anterior, representando passo
atrás a defesa da necessidade de rescisória.574

O NCPC alterou significativamente a espécie. Segundo os arts. 525, § 14,


e 535, § 7.º, a decisão do STF “deve ser anterior ao trânsito em julgado da
decisão exequenda”. Logo, afeta o cumprimento provisório da sentença;
sobrevindo o pronunciamento do STF ao trânsito em julgado, o remédio é a
rescisória, fundada no art. 966, V. O prazo contar-se-á do trânsito em julgado
da decisão do STF (arts. 525, § 15, 535, § 8.º, do NCPC).

Não está claro se o STF aceitará a prevalência da coisa julgada, cujo


fundamento se localiza no plano constitucional, à supremacia da própria
CF/1988. A respeito desse problema, com tantos, há de aguardar a definição
da corte constitucional, intuindo-se resposta negativa. É ainda mais
extravagante a possibilidade de o juiz da causa modular os efeitos da decisão
(art. 525, § 13, e art. 535, § 6.º) se o próprio STF não o fez, salvo engano
usurpando função exclusiva da corte constitucional. Seja como for, os arts.
525, § 14, e 535, § 7.º, aplicar-se-ão unicamente aos processos iniciados
após a vigência do NCPC, por força da regra transitória do art. 1.057.
Impende examinar, portanto, o antigo regime.

A regra inspirou-se no § 79, n.º 2, da Lei do Bundesverfassungsgericht,


segundo o qual, subsistindo os pronunciamentos baseados na lei pronunciada
inconstitucional, declara inadmissível (unzulässig) a respectiva execução,
aplicando-se o § 767 da ZPO germânica.575 Este parágrafo autoriza a
oposição do executado (Vollstreckungsgegenklage) fundada em exceções
supervenientes ao trânsito em julgado. É a fonte direta das regras instituídas
no CPC de 1973,576aplicando-se aos processos iniciados anteriormente à
vidente do CPC de 2015, por força da regra transitória do art. 1.057. Por sua
vez, a menção a “inexigibilidade” do título inspirou-se no antigo direito
português.577 Em consequência, o acolhimento da oposição jamais
desconstituirá o título ou reabrirá o processo encerrado. Não há, outra vez,
“inexistência” da coisa julgada, mas desfazimento da eficácia da sentença.

Decretada a inconstitucionalidade da norma no processo, ou emprestada


interpretação conforme à Constituição, o efeito vinculante do julgado do STF
há de ser recepcionado, na forma do art. 493 do NCPC, pelos órgãos
judiciários de qualquer grau de jurisdição. Por óbvio, reconhecida a
constitucionalidade, o juiz aplicará a norma controvertida. Como quer que
seja, na primeira hipótese a supremacia da Constituição implica o
desaparecimento da auctoritas rei iudicate, e, conseguintemente, sua
exequibilidade. Pode-se dizer, desse modo, existir transparência eventual da
coisa julgada, suscetível de ataque via embargos ou impugnação ante a
inconstitucionalidade superveniente da norma aplicada pelo órgão judiciário. A
coisa julgada, em qualquer processo, adquiriu a incomum e a insólita
característica de surgir e subsistir sub conditione. A qualquer momento,
pronunciada a inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo, desaparecerá
a autoridade da coisa julgada. E isso se verificará ainda que a Corte
Constitucional se manifeste após o prazo de dois anos da rescisória (art. 975),
ao menos sob a égide do art. 1.057 do NCPC. Pouco importará, ainda, a
rejeição da questão constitucional suscitada e debatida pelas partes, ou a
falta desse debate prévio.

Não é qualquer juízo de inconstitucionalidade, consoante os termos


expressos dos arts. 475-L, § 1.º e 741, parágrafo único, do CPC de 1973,
hábil a paralisar o vínculo decorrente da coisa julgada. É indispensável
julgamento definitivo do STF no controle concentrado de constitucionalidade,
quer acolhendo a ação direta de inconstitucionalidade, quer rejeitado a ação
direta de constitucionalidade (art. 102, I, a, c/c § 2.º, da CF/1988). No primeiro
caso, de ordinário desaparecerá a lei ou ato normativo, objeto do controle,
admitindo-se outras técnicas adotadas pelo STF e referidas nas regras; no
segundo, a norma perderá vigência. Em ambas as situações, a eficácia do
julgamento opera erga omnes, vinculando aos demais órgãos judiciários.

A concessão de liminar nas ações diretas não se mostra suficiente. Os


efeitos do provimento antecipatório são ex nunc.578 Embora a vigência da
norma desapareça imediatamente – evento que as instâncias ordinárias
recepcionarão na forma do art. 493 do NCPC, respeitado o debate prévio –,
subsistirá a coisa julgada formada anteriormente.

Nem sempre o pronunciamento do STF, na ação declaratória de


inconstitucionalidade, pronuncia a nulidade da lei ou do ato normativo. Limita-
se a decretar a inconstitucionalidade sem redução de texto, precisando o
alcance e o sentido da disposição legal. Formula interpretação conforme à
Constituição, fixando a correta interpretação da norma para que não ocorra,
na sua aplicação ulterior, ofensa à Constitucional. A cláusula final dos
dispositivos alude a tais técnicas, portanto: não constitui janela para o
vencido, inovadoramente, mediante ação própria – as disposições aplicam-se
independentemente da força condenatória da sentença –, deduzir questão
constitucional, suscitando o controle difuso, a posteriori, do órgão judicial.

Seja qual for a técnica de controle da inconstitucionalidade adotada pelo


STF, no caso concreto, origina-se eficácia erga omnes e ex tunc, a teor do art.
28, parágrafo único, da Lei 9.868/1999, ressalvada, quanto à retroatividade,
disposição expressa em contrário, preservando situações pretéritas.
Outorgando o STF efeitos ex nunc ao seu julgamento, com o fito de não bulir
com direitos adquiridos sob a égide da lei inconstitucional, nenhuma aplicação
tem essas regras quanto às sentenças transitadas em julgado e baseadas no
preceito controvertido. Em outras palavras, a alegação do julgado do STF, na
ação própria e, contra a execução, mediante impugnação ou embargos,
respeitará os limites temporais atribuídos à decisão, a teor do art. 27 da Lei
9.868/1999. O termo inicial dos efeitos da inconstitucionalidade dependerá de
resolução expressa no julgado do STF. A regra é a eficácia ex tunc. Compete
ao interessado, emitido o provimento do STF, avaliar sua extensão no
respectivo dispositivo.

No tocante ao controle incidental de constitucionalidade, nada obstante


resulte de manifestações reiteradas, uniformes e convergentes do STF,
somente a partir da resolução do Senado Federal, na forma do art. 52, X, da
CF/1988, suspendendo a lei ou o ato normativo, enseja-se a incidência dos
arts. 475-L, § 1.º e 741, parágrafo único, do CPC de 1973. A recente
valoração desses precedentes, excepcionando a cláusula da reserva do
plenário (art. 97 da CF/1988), nos tribunais inferiores, e autorizando o
julgamento singular do relator, visam à celeridade dos pronunciamentos nas
instâncias ordinárias. Porém, o STF admitiu “mutação” constitucional nesse
ponto, dispensando a resolução do Senado Federal para o julgamento em
controle difuso operar erga omnes. Por este motivo, o STJ já entendeu
bastante julgado no controle difuso.579 E a doutrina já se alinha ao
entendimento,580 afinal encampado nos arts. 525, § 12, 535, § 5.º, do NCPC.

Os arts. 475-L, § 1.º, e 741, parágrafo único, do CPC de 1973 não se


aplicam às sentenças proferidas antes da respectiva vigência (Súmula do
STJ, n.º 487).

Conforme já se afirmou, os efeitos da sentença definitiva são desfeitos,


admitida a ineficácia absoluta do julgado, mas não se reabre o processo findo.
Esse radical efeito só tem cabimento se o provimento baseia-se unicamente
no preceito inconstitucional. A existência de outros fundamentos (v.g., a
aplicação de outra norma) torna a sentença incólume à superveniente
resolução da questão constitucional neste ou naquele sentido.

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ÍNDICE ALFABÉTICO-REMISSIVO
(os números correspondem aos itens deste volume)

Acareação

– procedimento – 1.984.2

– requisitos – 1.984.1

Admissão da prova

– conteúdo – 1.832

– efeitos – 1.833

– forma – 1.831

– momento – 1.830
Apreciação da prova

– momento – 1.838

– revisão – 1.840

– sistema – 1.839

Aptidão da testemunha

– deposição do juiz – 1.963.2

– deposição da pessoa jurídica – 1.963.1

Aptidão para confessar

– confissão do litisconsorte – 1.874.2

– confissão do revel – 1.874.1

– confissão dos terceiros – 1.874.3

chamado ao processo – 1.874.3.1

chamado em garantia – 1.874.3.2

substituto processual – 1.874.3.3

Aptidão para depor da parte

– depoimento do substituto processual – 1.856.4

– depoimento do revel – 1.856.1

– depoimento dos litisconsortes – 1.856.2

– depoimento dos terceiros – 1.856.3

depoimento do amicus curiae – 1.856.3.2

depoimento do assistente – 1.856.3.1

depoimento do Ministério Público – 1.856.3.3

Assistente técnico

– disciplina processual – 2.016

– funções – 2.013

– habilitação do assistente técnico – 2.015

– número de assistentes técnicos – 2.014

Audiência de conciliação e de mediação


– designação – 1.722

– desistência – 1.726

– estrutura – 1.725

– falta de comparecimento – 1.727

– obrigatoriedade – 1.723

– participantes – 1.724

conciliador e mediador – 1.724.2

órgão judiciário – 1.724.1

partes – 1.724.3

representante técnico – 1.724.4

– resultados – 1.728

Audiência de instrução e julgamento

– conceito – 2.059

– documentação da audiência

correção do termo – 2.100

elementos do termo – 2.099

lavratura do termo – 2.098

– etapa da conciliação

efeitos da conciliação incidental – 2.081

forma da conciliação incidental – 2.080

natureza da conciliação incidental – 2.077

objeto da conciliação incidental – 2.079

obrigatoriedade da conciliação incidental – 2.078

– etapa de abertura

atividades do juiz na audiência – 2.075

função de coleta da prova – 2.075.3

função de conciliação – 2.075.2

função de direção – 2.075.1


função de documentação – 2.075.6

função de participação dos debates – 2.075.4

funções decisórias – 2.075.5

atividades das partes na audiência – 2.076

participantes da audiência – 2.073

participantes eventuais – 2.073.2

participantes obrigatórios – 2.073.1

poderes do juiz na audiência – 2.074

consequências da quebra da ordem e do decoro – 2.074.3

manutenção do decoro – 2.074.2

manutenção da ordem – 2.074.1

pregões – 2.072

– etapa do debate da causa

conteúdo do debate – 2.089

controle judicial do debate – 2.089.4

forma do debate – 2.089.5

intervenção do advogado da contraparte – 2.089.3

intervenção do juiz no debate – 2.089.2

objeto virtual do debate – 2.089.1

consequências da omissão do debate – 2.091

discussão escrita da causa – 2.090

cabimento da discussão escrita – 2.090.1

forma da discussão escrita – 2.090.2

oportunidade da entrega da discussão escrita – 2.090.3

finalidade do debate – 2.084

modalidades do debate – 2.08

momento do debate – 2.085

participantes do debate – 2.086


prazo e ordem do debate – 2.088

distribuição do tempo do debate – 2.088.3

ordem do debate – 2.088.2

tempo do debate – 2.088.1

– etapa da instrução

fixação dos pontos controvertidos – 2.082

finalidade da fixação tardia – 2.082.2

possibilidade da fixação tardia – 2.082.1

recorribilidade da fixação tardia – 2.082.4

requisitos da fixação tardia – 2.082.3

produção da prova em audiência – 2.083

– etapa do julgamento

emissão da sentença na audiência – 2.096

emissão da sentença fora da audiência – 2.097

– etapa preparatória

cabimento da audiência – 2.067

designação da audiência – 2.068

competência para designação – 2.068.1

escolha da data e do horário da audiência – 2.068.3

natureza da designação – 2.068.2

registro da data e do honorário – 2.068.4

intimações da designação da audiência – 2.071

lugar da audiência – 2.078

tempo da audiência – 2.069

dia da audiência – 2.069.1

horário da audiência – 2.069.2

– estrutura – 2.061

– facultatividade – 2.060
– incidentes da audiência

adiamento da audiência – 2.091

efeitos do adiamento convencional – 2.093.4

forma do adiamento convencional – 2.093.4

fundamento do adiamento convencional – 2.093.1

oportunidade do adiamento convencional – 2.093.2

antecipação da audiência – 2.092

ausências e atraso na audiência – 2.094

ausência do advogado – 2.094.4

ausência injustificada do advogado – 2.094.4.2

ausência justificada do advogado – 2.094.4.1

– consequências do impedimento do advogado – 2.094.4.2.4

– forma e prova da alegação do impedimento – 2.094.4.2.3

– oportunidade da alegação do impedimento – 2.094.4.1.1

– razões do impedimento do advogado – 2.094.4.1.2

ausência dos auxiliares – 2.094.2

ausência do juiz – 2.094.1

ausência do Ministério Público – 2.094.3

ausência da parte – 2.094.5

ausência do perito e dos assistentes – 2.094.7

ausência da testemunha – 2.094.6

cancelamento da audiência – 2.095

– princípios da audiência

princípio da concentração – 2.064

princípio da imediação – 2.065

princípio da identidade física – 2.066

princípio da publicidade – 2.062

audiência de portas abertas – 2.062.2


audiência de portas fechadas – 2.062.1

cobertura midiática – 2.062.3

princípio da unidade – 2.063

causas da suspensão dos trabalhos – 2.063.4

consequências da suspensão dos trabalhos – 2.063.5

consequências da unidade da audiência – 2.063.2

fundamento da unidade da audiência – 2.063.1

momento da suspensão dos trabalhos – 2.063.3

regime da invalidade da audiência – 2.063.6

Audiência preliminar

– cabimento – 1.806

– conceito – 1.803

– documentação – 1.814

– designação – 1.808

conteúdo da designação – 1.808.2

prazo de designação – 1.808.1

– estrutura – 1.804

– etapa da conciliação – 1.810

– etapa da designação da audiência principal – 1.813

– etapa da preparação da instrução e do julgamento – 1.812

admissão dos meios de prova – 1.812.2

delimitação das questões de direito – 1.812.4

distribuição do ônus da prova – 1.812.3

fixação do tema da prova – 1.812.1

preparação consensual da instrução e do julgamento – 1.812.5

– etapa do saneamento – 1.811

correção do saneamento – 1.811.5

efeitos do saneamento – 1.811.3


estabilização – 1.811.3.1

integração e esclarecimento das alegações – 1.811.3.2

objeto – 1.811.1

obrigatoriedade – 1.811.2

recorribilidade – 1.811.4

– etapas – 1.805

– facultatividade – 1.807

– natureza – 1.803

– participantes – 1.809

Ausência da testemunha

– testemunha intimada – 1.978.1

ausência desmotivada – 1.978.1.2

ausência motivada – 1.978.1.1

– testemunha levada – 1.978.2

Benefício da gratuidade

– requerimento da petição inicial – 1.685

Capacidade da testemunha

– incapacidade do cônjuge e dos parentes – 1.964.5

– incapacidade da pessoa absolutamente incapaz – 1.964.1

incapacidade da pessoa interessada – 1.964.4

interesse em razão da incompatibilidade de funções – 1.964.4.1

interesse em razão da parcialidade – 1.964.4.2

interesse em razão de excessos emocionais – 1.964.4.3

– incapacidade da pessoa sem discernimento – 1.964.2

– incapacidade da pessoa sensorialmente deficiente – 1.964.3

Capacidade para confessar


– pessoas naturais – 1.875.1

falido – 1.875.1.6

incapaz – 1.875.1.2

necessitado especial – 1.875.1.4

pessoa casada – 1.875.1.5

representante legal – 1.875.1.3

representante voluntário – 1.875.1.1

– pessoas jurídicas – 1.875.2

Capacidade para depor da parte

– depoimento das pessoas naturais – 1.857.1

depoimento dos incapazes – 1.857.1.1

depoimento dos necessitados especiais – 1.857.1.2

– depoimento das pessoas jurídicas – 1.857.2

Capacidade para ser perito

– perito analfabeto – 2.006.2

– perito estrangeiro – 2.006.3

– perito relativamente incapaz – 2.006.1

Causa de pedir

– ativa na demanda – 1.670

– passiva na demanda – 1.669

Citação ficta

– caráter residual – 1.711

– procedimento edital – 1.710

Citação real

– citação pelo correio – 1.706

– citação pelo escrivão ou chefe de secretaria – 1.709

– citação por meio eletrônico – 1.708

– citação por oficial de justiça – 1.707


– forma – 1.704

– importância – 1.705

Coisa julgada

– atenuações da coisa julgada

assistência – 2.151

efeito da intervenção do assistente qualificado – 2.151.2

efeito da intervenção do assistente simples – 2.151.1

natureza do efeito da intervenção do assistente – 2.151.3

pretensão a executar – 2.152

secundum eventus litis – 2.154

tutela provisória – 2.153

– bilateralidade – 2.133

– coisa julgada formal – 2.128

designação – 2.128.1

importância – 2.128.2

momento da formação – 2.128.3

– coisa julgada material – 2.129

– definição – 2.126

– desconstituição dos efeitos da sentença

remédios contra os efeitos da sentença – 2.155

rescindibilidade em razão de vícios “transrescisórios” – 2.156

sentença ineficaz em razão da inexistência ou da invalidação da citação –


2.157

sentença ineficaz em razão da inconstitucionalidade superveniente – 2.158

– espécies – 2.127

– funções da coisa julgada

função geral – 2.148

função negativa – 2.149


conflito de coisas julgadas – 2.149.6

efeitos da objeção de coisa julgada – 2.149.5

finalidade da objeção de coisa julgada – 2.149.1

iniciativa na objeção de coisa julgada – 2.149.4

natureza da objeção de coisa julgada – 2.149.2

pressupostos da objeção de coisa julgada – 2.149.3

função positiva – 2.150

em relação ao vencedor – 2.150.1

em relação ao vencido – 2.150.2

– fundamento – 2.130

– limites – 2.134

– limites objetivos da coisa julgada

eficácia preclusiva da coisa julgada – 2.144

definição da eficácia preclusiva – 2.144.1

efeitos da eficácia preclusiva – 2.144.5

finalidades da eficácia preclusiva – 2.144.2

relação dos limites objetivos e da eficácia preclusiva – 2.144.3

pressupostos da eficácia preclusiva – 2.144.4

objeto ressalvado – 2.143

motivos da decisão – 2.143.1

questão prejudicial decidida – 2.143.3

exclusão da questão prejudicial nos limites objetivos – 2.143.3.1

inclusão da questão prejudicial nos limites objetivos – 2.143.3.2

verdade dos fatos – 2.143.2

primeira regra: vinculação ao objeto litigioso – 2.141

segunda regra: vinculação às questões decididas – 2.142

– limites subjetivos da coisa julgada

alcance subjetivo dos efeitos da sentença – 2.135


interessados de fato – 2.135.1

interessados econômicos – 2.135.2

interessados jurídicos – 2.135.4

interessados políticos – 2.135.3

limites subjetivos no litisconsórcio – 2.138

litisconsórcio facultativo – 2.138.2

litisconsórcio facultativo simples – 2.138.2.1

litisconsórcio facultativo unitário – 2.138.2.2

litisconsórcio obrigatório – 2.138.1

ineficácia absoluta no litisconsórcio necessário unitário – 2.138.1.2

ineficácia relativa no litisconsórcio necessário simples – 2.138.1.1

limites subjetivos em situações especiais – 2.139

cobrança de prestações indivisíveis – 2.139.2

jurisdição constitucional – 2.139.4

dissolução de negócios jurídicos – 2.139.1

personalidade post mortem – 2.139.3

limites subjetivos no processo coletivo – 2.140

tutela coletiva de direitos – 2.140.2

tutela dos direitos coletivos – 2.140.1

primeira regra: vinculação das partes – 2.136

vinculação do substituído processual – 2.136.2

vinculação dos sucessores – 2.136.1

segunda regra: vinculação erga omnes nas ações de estado – 2.137

abrangência das causas de estado – 2.137.1

eficácia de coisa julgada do juízo de procedência – 2.137.1.2

litisconsórcio nas causas de estado – 2.137.1.1

– limites temporais da coisa julgada

casos de admissibilidade do evento superveniente – 2.147


influência dos eventos supervenientes – 2.145

efeitos do evento superveniente – 2.145.3

natureza do evento superveniente – 2.145.2

oportunidade do evento superveniente – 2.145.1

modificação dos efeitos da sentença passada em julgado – 2.146

– objeto – 2.131

objeto da coisa julgada formal – 2.131.1

objeto da coisa julgada material – 2.131.2

– plano da eficácia – 2.132

efeitos da natureza processual – 2.132.2

natureza processual da autoridade de coisa julgada – 2.132.1

Complementação da prova testemunhal

– acareação – 1.984

procedimento – 1.984.2

requisitos – 1.984.1

– audição da testemunha referida – 1.985

iniciativa – 1.985.2

procedimento – 1.985.3

requisitos – 1.985.1

– correção do depoimento – 1.988

– renovação do depoimento – 1.986

– retratação do depoimento – 1.987

Compromisso da testemunha

– efeitos do compromisso – 1.975.4

– forma do compromisso – 1.975.1

– recusa do compromisso – 1.975.3

– sujeitos do compromisso – 1.975.1

Conceito
– audiência – 2.059

– audiência preliminar – 1.803

– coisa julgada – 2.126

– confissão – 1.869

– contestação – 1.735

– documento – 1.914

– documento eletrônico – 1.934

– depoimento da parte – 1.852

– eficácia preclusiva da coisa julgada – 2.144.1

– exibição incidental – 1.891

– hipoteca judiciária – 2.115.2

– inspeção judicial – 2.040

– julgamento antecipado do mérito – 1.797

– perícia – 1.991

– prova atípica – 1.841

– reconvenção – 1.742

– réplica – 1.776

– resposta – 1.729

– saneamento e organização do processo – 1.815

– testemunha – 1.955

Confissão

– conceito – 1.862

– elementos

aptidão para confessar – 1.874

confissão do litisconsorte – 1.874.2

confissão do revel – 1.874.1

confissão dos terceiros – 1.874.3

chamado ao processo – 1.874.3.1


chamado em garantia – 1.874.3.2

substituto processual – 1.874.3.3

capacidade para confessar – 1.875

pessoas naturais – 1.875.1

falido – 1.875.1.6

incapaz – 1.875.1.2

necessitado especial – 1.875.1.4

pessoa casada – 1.875.1.5

representante legal – 1.875.1.3

representante voluntário – 1.875.1.1

pessoas jurídicas – 1.875.2

indivisibilidade da confissão – 1.878

objeto da confissão – 1.877

vontade de declarar – 1.876

consciência – 1.876.1

voluntariedade – 1.876.2

– enumeração – 1.873

– espécies – 1.871

extrajudicial – 1.871.2

escrita e oral – 1.871.2.1

feita à parte e feita a terceiro – 1.871.2.2

divisível e indivisível – 1.871.4

judicial – 1.871.1

espontânea e provocada – 1.871.1.2

expressa e ficta – 1.871.1.1

pura e qualificada – 1.871.3

– extrajudicial

forma – 1.880
escrita – 1.880.1

oral – 1.880.2

momento – 1.879

– força probante

apreciação da confissão extrajudicial – 1.890

apreciação da confissão judicial – 1.889

– invalidação da confissão

anulação antes do trânsito em julgado – 1.886

anulação após o trânsito em julgado – 1.887

causas de anulação – 1.884

anulação por coação – 1.884.2

anulação por erro de fato – 1.884.1

meios de invalidação – 1.885

transmissibilidade da pretensão à invalidação – 1.888

– judicial

forma – 1.883

confissão judicial espontânea – 1.883.1

confissão judicial provocada – 1.883.2

momento – 1.882

confissão judicial espontânea – 1.882.1

confissão judicial provocada – 1.882.2

– produção da confissão extrajudicial – 1.881

– institutos afins – 1.872

– natureza – 1.863

Conflito

– coisas julgadas – 2.148.6

Contestação

– aditamento – 1.740
fatos alegáveis a qualquer tempo – 1.740.3

fatos conhecíveis ex officio – 1.740.1

fatos supervenientes – 1.740.2

– conceito – 1.735

– conteúdo – 1.736

– desentranhamento – 1.741

– efeitos – 1.739

– requisitos formais da contestação – 1.738

autenticação – 1.738.3

datação – 1.738.2

endereço de intimações – 1.738.5

forma – 1.738.1

instrução da contestação – 1.738.4

– requisitos gerais da contestação – 1.737

endereçamento – 1.737.1

especificação dos meios de prova – 1.737.4

exposição das razões – 1.737.3

identificação e qualificação do contestante – 1.737.2

requerimentos – 1.737.5

Conteúdo da petição inicial

– demanda do autor – 1.665

– endereçamento da demanda – 1.666

– partes na demanda – 1.667

Contradição da prova documental

– efeitos da contradição – 1.941.5

efeitos da contradição do documento particular – 1.941.5.2

efeitos da contradição do documento particular – 1.941.5.1

– formas da contradição – 1.941.2


– legitimados – 1.941.3

– momento da contradição – 1.941.2

– objeto da contradição – 1.941.4

Contradita da testemunha

– decisão da contradita – 1.981.6

– forma da contradita – 1.981.4

– instrução da contradita – 1.981.5

– legitimados na contradita – 1.981.3

– momento da contradita – 1.981.2

– natureza da contradita – 1.981.1

Correção

– depoimento da testemunha – 1.988

Cumulação

– causas – 1.671

– pedidos – 1.677

Decisão de saneamento e organização

– conceito – 1.815

– efeitos – 1.821

estabilização do objeto litigioso – 1.821.2

preclusão das questões prévias de mérito – 1.821.3

prosseguimento do processo – 1.821.1

– fundamento – 1.816

– natureza – 1.815

– objeto – 1.819

questões prévias eventuais – 1.819.1

questões prévias obrigatórias – 1.819.2

saneamento explícito e saneamento implícito – 1.819.3


– obrigatoriedade – 1.820

– prazo – 1.818

– pressupostos – 1.817

– recorribilidade – 1.822

Declaração incidente

– efeitos – 1.784

– prazo – 1.783

– procedimento

chamamento do réu – 1.785.2

forma – 1.785.1

processamento – 1.785.4

resposta do réu – 1.785.2

– suscitação da questão prejudicial – 1.782

Demanda

– defesa e razões de fato – 1.667

– documentação – 1.686

– endereçamento – 1.666

– estabilização – 1.718

– partes – 1.667

– razões de fato e razões de direito – 1.668

– causa de pedir ativa – 1.670

– causa de pedir passiva – 1.669

– cumulação de causas – 1.671

– razões de direito – 1.677

Depoimento da parte

– conceito – 1.852

– espécies – 1.853

– funções – 1.854
– natureza – 1.852

– objeto – 1.858

– princípios – 1.855

informalidade – 1.855.2

pessoalidade – 1.855.1

publicidade – 1.855.3

– procedimento

– admissão – 1.859

caráter principal – 1.859

depoimento em causa própria (in re sua) – 1.859.2

interesse – 1.859.3

– escusas do depoente – 1.864

casos do direito de calar – 1.894.2

desonra – 1.864.2.3

ilícito – 1.864.2.1

perigo – 1.864.2.4

sigilo – 1.864.2.2

efeitos do direito de calar – 1.894.3

natureza do direito de calar – 1.894.1

– recusa de depor – 1.865

momento da apreciação – 1.865.3

recusa desmotivada – 1.865.2

recusa motivada – 1.865.1

fatos desconhecidos – 1.865.1.1

fatos esquecidos – 1.865.1.2

– força probante

apreciação do depoimento da parte – 1.868

confissão provocada expressa e confissão ficta – 1.867


– forma – 1.863

etapa da documentação – 1.863.3

etapa do interrogatório – 1.863.2

interrogatório pelo advogado – 1.863.2.2

interrogatório pelo juiz – 1.863.2.1

etapa preparatória – 1.863.1

compromisso do depoente – 1.863.1.3

identificação do depoente – 1.863.1.1

movimentação do depoente – 1.863.1.2

– intimação prévia da parte – 1.860

antecedência da intimação – 1.860.3

consequências da falta de cominação – 1.860.4

destinatário da intimação – 1.860.1

modalidades de intimação – 1.860.2

– local – 1.862

– momento – 1.861

– renovação – 1.866

– requisitos

– aptidão para depor – 1.856

depoimento do substituto processual – 1.856.4

depoimento do revel – 1.856.1

depoimento dos litisconsortes – 1.856.2

depoimento dos terceiros – 1.856.3

depoimento do amicus curiae – 1.856.3.2

depoimento do assistente – 1.856.3.1

depoimento do Ministério Público – 1.856.3.3

– capacidade para depor – 1.857

depoimento das pessoas naturais – 1.857.1


depoimento dos incapazes – 1.857.1.1

depoimento dos necessitados especiais – 1.857.1.2

depoimento das pessoas jurídicas – 1.857.2

Distribuição da petição inicial

– entrega da demanda – 1.688

correção da distribuição – 1.688.2

espécie de distribuição – 1.688.1

modificação da distribuição – 1.688.3

– pagamento das despesas iniciais – 1.689

Documentos eletrônicos

– conceito – 1.934

– eficácia probatória – 1.935

– reproduções – 1.936

Documentos particulares

– documentos anotados – 1.931

– documentos diretos – 1.933

efeitos da impugnação da prova direta – 1.933.4

forma e conteúdo da impugnação da prova direta – 1.933.3

oportunidade da produção da prova direta – 1.933.2

requisitos da produção da prova direta – 1.933.1

– documentos domésticos – 1.930

prova da existência da dívida – 1.930.2

prova dos fatos em geral – 1.930.3

prova do recebimento do crédito – 1.930.1

– documentos empresariais – 1.932

princípio da indivisibilidade dos documentos empresariais – 1.932.3

prova contrária ao empresário – 1.932.1

alcance objetivo – 1.932.2.1.3


alcance subjetivo – 1.932.2.1.2

natureza da prova em contrário – 1.932.2.1.1

prova favorável ao empresário – 1.932.2

– documentos transmitidos – 1.929

autoria – 1.929.1

correspondência – 1.929.2

Documentos públicos

– desconsideração – 1.923

efeitos – 1.923.3

natureza – 1.923.1

requisitos – 1.923.2

observância dos requisitos do documento particular – 1.923.2.3

relatividade da forma especial – 1.923.2.1

vício exclusivo do documento público – 1.923.2.2

– eficácia probatória – 1.921

escritura pública – 1.921.2

geral – 1.921.1

declarações dispositivas – 1.921.1.1

declarações narrativas – 1.921.1.2

– espécies – 1.920

administrativo – 1.920.3

judicial – 1.920.1

notarial – 1.920.2

– reproduções – 1.922

documentos administrativos – 1.922.4

documentos eletrônicos – 1.922.5

documentos judiciais – 1.922.2

documentos notariais – 1.922.3


espécies – 1.922.1

certidão – 1.922.1.1

cópia – 1.922.1.5

extrato – 1.922.1.3

pública forma – 1.922.1.4

traslado – 1.922.1.2

Efeito(s)

– adesão do réu – 1.764

– admissão da prova – 1.833

– arguição de falsidade – 1.949

– compromisso – 1.975.4

– contestação – 1.739

– contradição da prova documental – 1.941.5

contradição de documento particular – 1.941.5.2

contradição de documento público – 1.941.5.1

– crítica do laudo pericial – 2.031.2

– decisão da arguição de falsidade – 1.952.4

– desconsideração do instrumento público – 1.923.3

– devolutivo da remessa necessária – 2.125

– dispensa do laudo – 1.995.1.4

– eficácia preclusiva da coisa julgada – 2.144.5

– evento superveniente na coisa julgada – 2.144.3

– exceções autônomas – 1.752

– hipoteca judiciária – 2.115.6

– improcedência liminar de pedido – 1.699.2

– indeferimento da petição inicial – 1.698.3

– julgamento antecipado do mérito – 1.800


– julgamento da exceção de incompetência – 1.753.4

– julgamento da exceção de parcialidade – 1.754.4

– materiais da citação – 1.717

– mudança de destinatário da resposta – 1.733.2

– objeção de coisa julgada – 2.149.5

– obstativo da remessa necessária – 2.124

– pedido – 1.675

– pedido de declaração incidente – 1.784

– pedido de esclarecimentos do laudo pericial – 2.033.2

– pendência da requisição de documentos – 1.939.2.2.3

– processuais da citação – 1.716

– produção espontânea de documentos – 1.938.3

– proposição da prova – 1.829

– provimento liminar positivo – 1.697

– recusa do perito – 2.022.5

– réplica à defesa processual – 1.778.4

– segunda perícia – 2.037

– substituição da perícia – 1.995.2.5

– requisição de documentos públicos – 1.939.2.3

– revelia – 1.760

– rol de testemunhas – 1.970.5

– saneamento na audiência preliminar – 1.811.3

estabilização – 1.811.3.1

integração e esclarecimento das alegações – 1.811.3.2

Efeitos da citação

– destinatário – 1.715

– efeitos materiais – 1.717

– efeitos processuais – 1.716


– estabilização da demanda – 1.718

– ineficácia da citação – 1.719

– julgamento da exibição de documento e coisa contra terceiros – 1.912

– julgamento da exibição de documento e coisa perante a contraparte –


1.905

Eficácia preclusiva da coisa julgada

– definição da eficácia preclusiva – 2.144.1

– efeitos da eficácia preclusiva – 2.144.5

– finalidades da eficácia preclusiva – 2.144.2

– relação dos limites objetivos e da eficácia preclusiva – 2.144.3

– pressupostos da eficácia preclusiva – 2.144.4

Elementos

– complementares da demanda

prova das razões de fato – 1.681

valor da causa – 1.680

– documento – 1.915

autoria – 1.915.1

conteúdo – 1.915.3

suporte – 1.915.2

Espécies

– coisa julgada – 2.127

– confissão – 1.871

extrajudicial – 1.871.2

escrita e oral – 1.871.2.1

feita à parte e feita a terceiro – 1.871.2.2

divisível e indivisível – 1.871.4

judicial – 1.871.1

espontânea e provocada – 1.871.1.2


expressa e ficta – 1.871.1.1

pura e qualificada – 1.871.3

– defeitos materiais do documento – 1.917

– documento – 1.916

documento assinado e não assinado – 1.916.9

documento autógrafo e eterógrafo – 1.916.3

documento direto e indireto – 1.916.4

documento dispositivo e narrativo – 1.916.6

documento físico e eletrônico – 1.916.10

documento gráfico e estampado – 1.916.5

documento original e reproduzido – 1.916.8

documento pré-constituído e casual – 1.916.7

documento público e privado – 1.916.1

instrumento público e privado – 1.916.2

instrumento particular – 1.916.2.2

instrumento público – 1.916.2.1

– documentos particulares – 1.924

– documentos públicos – 1.920

– depoimento da parte – 1.853

– distribuição – 1.688.1

– falsidade documental – 1.943

– inspeção judicial – 2.044

inspeção direta e indireta – 2.044.2

inspeção estática e dinâmica – 2.044.3

inspeção facultativa e obrigatória – 2.044.4

inspeção incidente e antecipada – 2.044.5

inspeção pessoal e material – 2.044.1

– pedido – 1.676
– perícia (ou classificação da perícia) – 1.996

perícia antecipada e incidente – 1.996.3

perícia direta e indireta – 1.996.4

perícia eventual e obrigatória – 1.996.2

perícia informativa e opinativa – 1.996.6

perícia judicial e extrajudicial – 1.996.1

perícia simples e complexa (combinada) – 1.996.5

– provas atípicas – 1.843

– reproduções dos documentos públicos – 1.922.1

certidão – 1.922.1.1

cópia – 1.922.1.5

extrato – 1.922.1.3

pública forma – 1.922.1.4

traslado – 1.922.1.2

– resposta – 1.730

– testemunha – 1.957

testemunha compromissada e informante – 1.957.4

testemunha de visu e ex auditu – 1.957.1

testemunha instrumentária e do juízo (ou judicial) – 1.957.2

testemunha referente e referida – 1.957.3

Especificação de provas na revelia

– admissão de provas na revelia – 1.774

– aquisição do direito de provar pelo réu – 1.775

– atitudes do autor na especificação – 1.773

omissão de provas – 1.773.2

proposição de provas – 1.773.1

– denominação da providência preliminar – 1.770

– determinação – 1.772
– requisitos – 1.771

existência e validade da citação do revel – 1.771.1

impossibilidade de extinção do processo – 1.771.3

revelia desprovida da presunção de veracidade – 1.771.2

direitos indisponíveis – 1.771.2.2

falta de prova documental – 1.771.2.3

fatos inverossímeis, impossíveis, improváveis ou contrariados – 1.771.2.4


litisconsorte passivo – 1.771.2.1

Estrutura da etapa de saneamento

– concentração do saneamento – 1.765

– desnecessidade das providências preliminares – 1.769

– enumeração das providências preliminares – 1.766

providências atípicas – 1.766.2

integração de litisconsorte – 1.766.2.3

intervenção do Ministério Público – 1.766.2.1

intervenção de terceiros – 1.766.2.2

arguição de falsidade – 1.762.2.5

contradição da prova documental – 1.762.2.4

providências típicas – 1.766.1

– função das providências preliminares – 1.767

– oportunidade das providências preliminares – 1.769

Estrutura do julgamento conforme o estado do processo

– esquema – 1.790

– iniciativa – 1.791

– natureza – 1.789

– ordem do julgamento – 1.792

Exceção de incompetência

– efeitos do julgamento – 1.753.4


– legitimidade – 1.753.2

– objeto – 1.753.1

– procedimento – 1.573.3

Exceção de parcialidade

– efeitos do julgamento – 1.754.4

– legitimidade – 1.754.2

– objeto – 1.754.1

– procedimento – 1.574.3

Exceções

– efeitos das exceções autônomas – 1.752

exceção de incompetência – 1.752.1

exceção de parcialidade – 1.752.2

– exceção de incompetência – 1.753

efeitos do julgamento – 1.753.4

legitimidade – 1.753.2

objeto – 1.753.1

procedimento – 1.573.3

– exceção de parcialidade do juiz – 1.754

efeitos do julgamento – 1.754.4

legitimidade – 1.754.2

objeto – 1.754.1

procedimento – 1.574.3

– natureza das exceções autônomas – 1.750

– oportunidade das exceções autônomas – 1.751

Exibição de documento e coisa

– apreciação do objeto da exibição – 1.912

– conceito de exibição incidental – 1.891

– fundamento da exibição incidental – 1.892


– natureza da exibição fundamental – 1.893

– objeto

coisas móveis – 1.895

documentos – 1.896

escrituração empresarial – 1.897

âmbito subjetivo – 1.897.3

caráter exemplificativo – 1.897.1

casos – 1.897.5

administração – 1.897.5.4

comunhão – 1.897.5.3

falência ou concordata – 1.897.5.6

gestão à conta de outrem – 1.897.5.5

sociedade – 1.897.5.1

sucessão – 1.897.5.2

forma – 1.897.4

iniciativa – 1.897.4

objeto genérico – 1.894

– procedimento contra terceiro

conteúdo da resposta – 1.910

efeitos do julgamento – 1.912

capítulo acessório – 1.912.3

capítulo principal – 1.912.1

natureza do julgamento – 1.912.2

liminar – 1.911

momento – 1.906

forma – 1.908

pedido – 1.907

competência – 1.907.1
controle do pedido – 1.907.3

requisitos – 1.907.2

prazo de resposta – 1.909

– procedimento perante a contraparte

conteúdo da resposta – 1.902

escusa fundada em disposição legal – 1.902.4

escusa fundada na preservação da vida privada – 1.902.1

escusa fundada no receio de dano – 1.902.3

escusada fundada no sigilo profissional – 1.902.2

efeitos do julgamento – 1.905

capítulo acessório do julgamento – 1.905.3

capítulo principal do julgamento – 1.905.1

natureza do julgamento – 1.905.2

forma da exibição – 1.903

forma do pedido – 1.900

lugar da exibição – 1.904

momento – 1.898

pedido – 1.899

competência – 1.899.2

controle – 1.899.5

legitimidade – 1.899.1

legitimidade ativa e passiva – 1.899.1.1

– ativa – 1.899.1.1.1

– passiva – 1.899.1.1.2

requisitos especiais – 1.899.4

indicação da existência e da posse – 1.899.4.3

individualização do objeto – 1.899.4.1

interesse na exibição – 1.899.4.2


requisitos gerais – 1.899.3

prazo de resposta da contraparte – 1.901

Extinção do processo

– antecedentes das causas extintivas – 1.793

– causas com resolução do mérito – 1.795

decadência e prescrição – 1.795.3

reconhecimento do pedido – 1.795.1

renúncia – 1.795.4

transação – 1.795.2

– causas sem resolução do mérito – 1.794

– obrigatoriedade – 1.796

Fase da instrução

– composição – 1.824

– etapas – 1.825

– natureza – 1.823

– ordem – 1.826

Forma do testemunho

– assistência do juiz – 1.976.1

– matéria da inquirição – 1.976.5

– intérprete na inquirição – 1.976.2

– requisitos da inquirição – 1.976.4

audição individual – 1.976.4.1

audição isolada – 1.976.4.3

audição ordenada – 1.976.4.2

– urbanidade da inquirição – 1.976.3

– técnicas de inquirição – 1.976.6

deposição livre – 1.976.6.1


deposição questionada – 1.976.6.2

proibição de pergunta capciosa – 1.976.6.2.2

proibição de pergunta impertinente – 1.976.6.2.1

proibição de pergunta vexatória – 1.976.6.2.3

Função negativa da coisa julgada

– conflito de coisas julgadas – 2.149.6

– efeitos da objeção de coisa julgada – 2.149.5

– finalidade da objeção de coisa julgada – 2.149.1

– iniciativa na objeção de coisa julgada – 2.149.4

– natureza da objeção de coisa julgada – 2.149.2

– pressupostos da objeção de coisa julgada – 2.149.3

Função positiva da coisa julgada

– em relação ao vencedor – 2.150.1

– em relação ao vencido – 2.150.2

Impedimentos à citação

– em razão do estado – 1.714

– em razão do lugar – 1.712

– em razão do tempo – 1.713

Improcedência liminar do pedido

– condições – 1.699.1

– efeitos – 1.699.2

Indeferimento da petição inicial

casos – 1.698.2

condições – 1.698.1

efeitos 1.698.3

Inspeção judicial

– conceito – 2.040
– espécies – 2.044

inspeção direta e indireta – 2.044.2

inspeção estática e dinâmica – 2.044.3

inspeção facultativa e obrigatória – 2.044.4

inspeção incidente e antecipada – 2.044.5

inspeção pessoal e material – 2.044.1

– força probante

apreciação da prova na inspeção judicial – 2.057

controle da apreciação – 2.058

– iniciativa – 2.043

– natureza – 2.041

– objeto

características do objeto – 2.046

coisas inspecionáveis – 2.046.2

fenômenos inspecionáveis – 2.046.3

pessoas inspecionáveis – 2.046.1

inspeção corporal da parte – 2.046.1.1

inspeção pessoal de terceiros – 2.046.1.3

inspeção psiquiátrica da parte – 2.046.1.2

disponibilidade do objeto – 2.047

disponibilidade da pessoa – 2.047.1

parte – 2.047.1.1

terceiro – 2.047.1.2

disponibilidade material – 2.047.2

natureza do objeto – 2.045

vicissitudes do objeto – 2.048

– procedimento da inspeção

admissão da inspeção – 2.049


conteúdo da decisão – 2.049.2

designação da data da inspeção – 2.049.2.3

designação de perito – 2.049.2.2.2

designação do local da inspeção – 2.049.2.4

determinação do objeto inspeção – 2.049.2.1

momento da admissão – 2.049.1

recorribilidade da admissão – 2.049.3

documentação da inspeção – 2.055

conteúdo do auto de inspeção – 2.055.3

forma do auto de inspeção – 2.055.2

autenticação – 2.055.2.1

local e momento – 2.055.2.2

redator – 2.055.2.1

funções do auto de inspeção – 2.055.1

impugnação do auto de inspeção – 2.055.5

instrução do auto de inspeção – 2.055.4

forma da inspeção – 1.053

lugar da inspeção – 2.052

inspeção fora da sede do juízo – 2.052.2

conveniência da inspeção fora da sede do juízo – 2.052.2.2

impossibilidade da inspeção na sede do juízo – 2.052.2.1

reconstituição de eventos e de condutas – 2.052.2.3

inspeção na sede do juízo – 2.052.1

participantes da inspeção – 2.054 informantes – 2.054.4

juiz – 2.054.1

partes – 2.054.2

finalidades da participação das partes – 2.054.2.2

fundamento da participação das partes – 2.054.2.1


obrigatoriedade da participação das partes – 2.054.2.4

poderes das partes na inspeção – 2.054.2.5

pressupostos da participação das partes – 2.054.2.3

peritos e assistentes – 2.054.3

– renovação da inspeção – 2.055

requisitos da inspeção – 2.050

tempo da inspeção – 2.051

– terminologia – 2.042

Instrução da petição inicial

– documentação – 1.686

– duplicação – 1.687

Intimação da testemunha

– antecedência da intimação – 1.972.5

– destinatário da intimação – 1.972.3

– forma da intimação – 1.972.1

– meios da intimação – 1.972.2

– requisição para depor – 1.972.4

Invalidação da confissão

anulação antes do trânsito em julgado – 1.886

anulação após o trânsito em julgado – 1.887

causas de anulação – 1.884

anulação por coação – 1.884.2

anulação por erro de fato – 1.884.1

meios de invalidação – 1.885

transmissibilidade da pretensão à invalidação – 1.888

Julgamento antecipado do mérito

– admissibilidade – 1.798
caso de existência de defesa – 1.798.1

existência de controvérsia sobre alegação de fato – 1.798.1.2

inexistência de controvérsia sobre a alegação de fato – 1.798.1.1

caso de inexistência de defesa – 1.798.2

caso de pedido incontroverso – 1.798.3

– conceito – 1.797

– controle – 1.802

– efeitos – 1.800

– natureza – 1.797

– nulidade – 1.801

– obrigatoriedade – 1.799

Julgamento da demanda

– improcedência da demanda

causa de emissão da sentença de improcedência – 2.110

capítulo acessório da sentença de improcedência – 2.112

força e efeitos da sentença de improcedência – 2.111

– procedência de demanda

causa de emissão da sentença de procedência – 2.113

capítulo acessório da sentença de procedência – 2.116

vencimento mínimo – 2.116.3

vencimento parcial – 2.116.1

vencimento recíproco – 2.116.2

efeito anexo processual da sentença de condenação – 2.115

conceito e natureza da hipoteca judiciária – 2.115.2

efeitos da hipoteca judiciária – 2.115.6

especialização da hipoteca judiciária – 2.115.5

fundamento da hipoteca judiciária – 2.115.3

origem da hipoteca judiciária – 2.115.1


pressupostos da hipoteca judiciária – 2.115.4

força e conteúdo da sentença de procedência – 2.114

procedência alternativa – 2.114.4

procedência condicional – 2.114.1

procedência dispositiva – 2.114.3

procedência genérica – 2.114.5

procedência impositiva – 2.114.6

procedência limitada – 2.114.2

– sentença definitiva

abrangência – 2.103

autenticação – 2.108

datação – 2.107

defeitos – 2.104

elementos – 2.102

impugnação – 2.109

irrevogabilidade – 2.106

oportunidade – 2.101

proibição da condenação genérica – 2.105

efeito da ausência de condenação líquida – 2.105.4

fundamento da condenação líquida – 2.105.2

objeto da condenação líquida – 2.105.3

pressuposto da condenação líquida – 2.105.1

Limites objetivos da coisa julgada

– eficácia preclusiva da coisa julgada – 2.144

definição da eficácia preclusiva – 2.144.1

efeitos da eficácia preclusiva – 2.144.5

finalidades da eficácia preclusiva – 2.144.2


relação dos limites objetivos e da

eficácia preclusiva – 2.144.3

pressupostos da eficácia preclusiva – 2.144.4

– objeto ressalvado – 2.143

motivos da decisão – 2.143.1

questão prejudicial decidida – 2.143.3

exclusão da questão prejudicial nos limites objetivos – 2.143.3.1

inclusão da questão prejudicial nos limites objetivos – 2.143.3.2

verdade dos fatos – 2.143.2

– primeira regra: vinculação ao objeto litigioso – 2.141

– segunda regra: vinculação às questões decididas – 2.142

Limites subjetivos da coisa julgada

– alcance subjetivo dos efeitos da sentença – 2.135

interessados de fato – 2.135.1

interessados econômicos – 2.135.2

interessados jurídicos – 2.135.4

interessados políticos – 2.135.3

– limites subjetivos no litisconsórcio – 2.138

litisconsórcio facultativo – 2.138.2

litisconsórcio facultativo simples – 2.138.2.1

litisconsórcio facultativo unitário – 2.138.2.2

litisconsórcio obrigatório – 2.138.1

ineficácia absoluta no litisconsórcio necessário unitário – 2.138.1.2

ineficácia relativa no litisconsórcio necessário simples – 2.138.1.1

– limites subjetivos em situações especiais – 2.139

cobrança de prestações indivisíveis – 2.139.2

jurisdição constitucional – 2.139.4

dissolução de negócios jurídicos – 2.139.1


personalidade post mortem – 2.139.3

– limites subjetivos no processo coletivo – 2.140

tutela coletiva de direitos – 2.140.2

tutela dos direitos coletivos – 2.140.1

– primeira regra: vinculação das partes – 2.136

vinculação do substituído processual – 2.136.2

vinculação dos sucessores – 2.136.1

– segunda regra: vinculação erga omnes nas ações de estado – 2.137

abrangência das causas de estado – 2.137.1

eficácia de coisa julgada do juízo de procedência – 2.137.1.2

litisconsórcio nas causas de estado – 2.137.1.1

Limites temporais da coisa julgada

– casos de admissibilidade do evento superveniente – 2.147

– influência dos eventos supervenientes – 2.145

efeitos do evento superveniente – 2.145.3

natureza do evento superveniente – 2.145.2

oportunidade do evento superveniente – 2.145.1

– modificação dos efeitos da sentença passada em julgado – 2.146

Meios de prova atípicos

– ata notarial – 1.851

– comportamento processual – 1.847

– conceito de prova atípica – 1.841

– constatação oficial – 1.850

– depoimento escrito – 1.845

– depoimento técnico – 1.849

– espécies – 1.843

– juramento – 1.848
– prova emprestada – 1.844

admissibilidade – 1.844.1

efeitos da invalidade – 1.844.3

requisitos – 1.844.2

– requisição de informações – 1.846

natureza – 1.846.1

procedimento – 1.846.3

requisitos – 1.846.2

– requisitos da admissão da prova atípica – 1.842

contraditório – 1.842.3

legalidade – 1.842.1

moralidade – 1.842.2

subsidiariedade – 1.842.4

Modalidades da citação

– comparecimento espontâneo do réu – 1.703

– dispensa – 1.702

– funções – 1.701

– importância – 1.700

Número de testemunhas

– limitação ope judicis – 1.971.2

– limitação ope legis – 1.971.1

alcance objetivo – 1.971.1.1

alcance subjetivo – 1.971.1.2

Pedido

– cumulação – 1.677

– efeitos – 1.675
– espécies – 1.676

– especificações – 1.678

– força e efeitos da ação – 1.674

– modificações – 1.678

Perícia

– assistente técnico

disciplina processual – 2.016

funções – 2.013

habilitação do assistente técnico – 2.015

número de assistentes técnicos – 2.014

– cabimento

casos de inadmissibilidade da perícia – 2.000

desnecessidade de conhecimento especial – 2.000.1

desnecessidade da perícia – 2.000.2

impossibilidade da perícia – 2.000.3

casos de obrigatoriedade da perícia – 2.001

momento da admissão da perícia – 2.002

– classificação – 1.996

perícia antecipada e incidente – 1.996.3

perícia direta e indireta – 1.996.4

perícia eventual e obrigatória – 1.996.2

perícia informativa e opinativa – 1.996.6

perícia judicial e extrajudicial – 1.996.1

perícia simples e complexa (combinada) – 1.996.5

– conceito – 1.991

– etapa final da perícia

controle oficial do laudo – 2.034

crítica das partes do laudo pericial – 2.031


conteúdo da crítica – 2.031.1

efeitos da crítica – 2.031.2

documentação da perícia – 2.029

efeitos do laudo pericial – 2.029.3

momento do laudo pericial – 2.029.2

requisitos do laudo pericial – 2.029.1

extrínsecos – 2.029.1.1

intrínsecos – 2.029.1.2

intimação das partes da juntada do laudo – 2.030

pedido de esclarecimentos – 2.033

efeitos do pedido de esclarecimentos – 2.033.3

forma e conteúdo do pedido de esclarecimentos – 2.033.2

oportunidade do pedido de esclarecimentos – 2.033.1

produção do parecer dos assistentes – 2.032

apreciação do parecer técnico – 2.032.3

conteúdo do parecer técnico – 2.032.1

efeitos da falta de apresentação do parecer – 2.032.3

prazo da apresentação do parecer – 2.032.1

– etapa inicial da perícia

admissão da perícia – 2.017

atitudes das partes posteriores à admissão – 2.019

âmbito subjetivo dos atos posteriores – 2.019.3

autonomia dos atos posteriores – 2.019.1

escolha conjunta do perito – 2.019.4

preclusão dos atos posteriores – 2.019.2

controle do questionário – 2.023

indeferimento dos quesitos impertinentes – 2.023.1

formulação dos quesitos oficiais – 2.023.2


formulação dos quesitos principais – 2.020

efeitos – 2.020.3

forma – 2.023.1

objeto – 2.023.2

indicação dos assistentes técnicos – 2.021

prazo da perícia – 2.018

recusa do perito – 2.022

efeitos da recusa – 2.022.5

forma da recusa – 2.022.1

motivos da recusa – 2.002.3

oportunidade da recusa – 2.022.1

procedimento da recusa – 2.022.4

– etapa operacional da perícia

data e local do início dos trabalhos – 2.024

consequências da falta de intimação do início dos trabalhos – 2.024.5

conteúdo da intimação do início dos trabalhos – 2.024.3

data da perícia – 2.024.3.2

local da perícia – 2.024.3.1

destinatários da intimação do início dos trabalhos – 2.024.2

finalidades da intimação do início dos trabalhos – 2.024.4

direção dos trabalhos – 2.026

forma dos trabalhos – 2.025

fiscalização dos trabalhos – 2.027

incidentes dos trabalhos – 2.028

formulação de quesitos suplementares – 2.028.2

efeitos dos quesitos suplementares – 2.028.2.5

legitimidade para formulação – 2.028.2.2

objeto dos quesitos suplementares – 2.028.2.3


oportunidade dos quesitos suplementares – 2.028.2.1

procedimento da formulação – 2.028.2.4

prorrogação do prazo da perícia – 2.028.1

– etapas – 1.994

– força probante da perícia

livre apreciação da prova pericial – 2.038

motivação da apreciação da prova pericial – 2.039

– modalidades da prova pericial – 1.997

– natureza – 1.992

– objeto

determinação – 1.998

apreciação do fato alegado – 1.998.2

certificação da veracidade do fato alegado – 1.998.1

certificação da veracidade de outra prova – 1.998.3

limitações polícias (inspectio corporis) – 1.999

– obrigatoriedade – 1.993

– perito

capacidade para ser perito – 2.006

perito analfabeto – 2.006.2

perito estrangeiro – 2.006.3

perito relativamente incapaz – 2.006.1

deveres do perito – 2.011

direitos do perito – 2.012

escusa – 2.008

consequências da escusa – 2.008.4

decisão sobre a escusa – 2.008.3

motiva da escusa – 2.008.2

prazo da escusa – 2.008.1


funções – 2.003

nomeação – 2.004

atitudes do perito após a designação – 2.004.2

designação oficial do perito – 2.004.1

número de peritos – 2.005

poderes do perito – 2.010

qualificação para ser perito – 2.007

qualificação oficial do perito – 2.007.2

qualificação profissional do perito – 2.007.1

dispensa da qualificação profissional – 2.007.3

substituição do perito – 2.009

motivos preexistentes – 2.009.1

motivos supervenientes – 2.009.2

procedimento da substituição – 2.009.3

recorribilidade da substituição – 2.009.5

sanções do perito substituído – 2.009.4

– renovação da perícia

admissibilidade da segunda perícia – 2.035

momento da admissão da segunda perícia – 2.035.1

procedimento da segunda perícia – 2.035.2

efeitos da segunda perícia – 2.037

objeto da segunda perícia – 2.036

– variantes da perícia – 1.995

dispensa da perícia – 1.995.1

efeitos da dispensa do laudo – 1.995.1.4

momento da dispensa do laudo – 1.995.1.3

natureza da dispensa do laudo – 1.995.1.1

requisitos da dispensa do laudo – 1.995.1.2


substituição da perícia – 1.995.2

efeitos da substituição da perícia – 1.995.2.5

momento da substituição da perícia – 1.995.2.4

natureza da substituição da perícia – 1.995.2.2

origem da substituição da perícia – 1.995.2.1

requisitos da substituição da perícia – 1.995.2.3

Perito

– capacidade para ser perito – 2.006

perito analfabeto – 2.006.2

perito estrangeiro – 2.006.3

perito relativamente incapaz – 2.006.1

– deveres do perito – 2.011

– direitos do perito – 2.012

– escusa – 2.008

consequências da escusa – 2.008.4

decisão sobre a escusa – 2.008.3

motiva da escusa – 2.008.2

prazo da escusa – 2.008.1

– funções – 2.003

– nomeação – 2.004

atitudes do perito após a designação – 2.004.2

designação oficial do perito – 2.004.1

– número de peritos – 2.005

– poderes do perito – 2.010

– qualificação para ser perito – 2.007

qualificação oficial do perito – 2.007.2

qualificação profissional do perito – 2.007.1

dispensa da qualificação profissional – 2.007.3


– substituição do perito – 2.009

motivos preexistentes – 2.009.1

motivos supervenientes – 2.009.2

procedimento da substituição – 2.009.3

recorribilidade da substituição – 2.009.5

sanções do perito substituído – 2.009.4

Petição inicial

– adaptação – 1.694

– correção – 1.693

defeituosa – 1.693.2

incompleta – 1.693.1

– duplicação – 1.687

– indeferimento – 1.698

Princípio(s)

– audiência de instrução e julgamento

princípio da concentração – 2.064

princípio da imediação – 2.065

princípio da identidade física – 2.066

princípio da publicidade – 2.062

audiência de portas abertas – 2.062.2

audiência de portas fechadas – 2.062.1

cobertura midiática – 2.062.3

princípio da unidade – 2.063

causas da suspensão dos trabalhos – 2.063.4

consequências da suspensão dos trabalhos – 2.063.5

consequências da unidade da audiência – 2.063.2

fundamento da unidade da audiência – 2.063.1

momento da suspensão dos trabalhos – 2.063.3


regime da invalidade da audiência – 2.063.6

– depoimento da parte – 1.855

informalidade – 1.855.2

pessoalidade – 1.855.1

publicidade – 1.855.3

– produção da prova – 1.836

concentração dos atos de instrução – 1.836.1

contraditório nos atos de instrução – 1.836.3

imediação nos autos de instrução – 1.836.2

Procedimento da reconvenção

– chamamento do reconvindo – 1.748.3

– controle – 1.748.2

– forma – 1.748.1

– providências preliminares – 1.748.5

– resposta do reconvindo – 1.748.4

Produção da prova

– forma – 1.834

– momento – 1.834

produção antecipada – 1.834.3

produção em primeiro grau – 1.834.1

produção em segundo grau – 1.834.2

– princípios – 1.836

concentração dos atos de instrução – 1.836.1

contraditório nos atos de instrução – 1.836.3

imediação nos autos de instrução – 1.836.2

– recepção – 1.837

Proposição da prova

– efeitos – 1.829
– forma – 1.828

– momento – 1.827

Prova documental

– apreciação

interpretação da prova documental – 1.954

sistemática da apreciação – 1.953

– arguição de falsidade

decisão da arguição – 1.952

autoridade de coisa julgada – 1.952.5

efeitos da decisão – 1.952.4

momento da decisão – 1.952.1

recurso próprio – 1.952.3

regra de julgamento – 1.952.2

defesa – 1.950

atitudes do suscitado – 1.950.3

modalidades de resposta – 1.950.2

prazo da resposta – 1.950.1

efeitos – 1.939

espécies de falsidade documental – 1.943

iniciativa da arguição – 1.947

legitimidade ativa – 1.947.1

legitimidade passiva – 1.947.2

instrução – 1.951

natureza – 1.945

objeto – 1.944

oportunidade – 1.946

contagem do prazo – 1.946.3

quantitativo do prazo – 1.946.2


prazo da arguição – 1.946.1

suscitação – 1.948

primeiro grau – 1.948.1

competência – 1.948.1.1

controle – 1.948.1.3

forma – 1.948.1.1

intervenção do Ministério Público – 1.948.1.4

segundo grau – 1.948.2

autos – 1.948.2.1

competência – 1.948.2.3

objeto – 1.948.2.2

processamento – 1.948.2.4

– conceito de documento – 1.914

– defeitos materiais – 1.917

correção – 1.917.2

eficácia – 1.917.3

espécies – 1.917.1

– documentos eletrônicos

conceito – 1.934

eficácia probatória – 1.935

reproduções – 1.936

– documentos particulares

documentos anotados – 1.931

documentos diretos – 1.933

efeitos da impugnação da prova direta – 1.933.4

forma e conteúdo da impugnação da prova direta – 1.933.3

oportunidade da produção da prova direta – 1.933.2

requisitos da produção da prova direta – 1.933.1


documentos domésticos – 1.930

prova da existência da dívida – 1.930.2

prova dos fatos em geral – 1.930.3

prova do recebimento do crédito – 1.930.1

documentos empresariais – 1.932

princípio da indivisibilidade dos documentos empresariais – 1.932.3

prova contrária ao empresário – 1.932.1

alcance objetivo – 1.932.2.1.3

alcance subjetivo – 1.932.2.1.2

natureza da prova em contrário – 1.932.2.1.1

prova favorável ao empresário – 1.932.2

documentos transmitidos – 1.929

autoria – 1.929.1

correspondência – 1.929.2

– documentos públicos

desconsideração – 1.923

efeitos – 1.923.3

natureza – 1.923.1

requisitos – 1.923.2

observância dos requisitos do documento particular – 1.923.2.3

relatividade da forma especial – 1.923.2.1

vício exclusivo do documento público – 1.923.2.2

eficácia probatória – 1.921

escritura pública – 1.921.2

geral – 1.921.1

declarações dispositivas – 1.921.1.1

declarações narrativas – 1.921.1.2

espécies – 1.920
administrativo – 1.920.3

judicial – 1.920.1

notarial – 1.920.2

reproduções – 1.922

documentos administrativos – 1.922.4

documentos eletrônicos – 1.922.5

documentos judiciais – 1.922.2

documentos notariais – 1.922.3

espécies – 1.922.1

certidão – 1.922.1.1

cópia – 1.922.1.5

extrato – 1.922.1.3

pública forma – 1.922.1.4

traslado – 1.922.1.2

– elementos do documento – 1.915

autoria – 1.915.1

conteúdo – 1.915.3

suporte – 1.915.2

– espécies – 1.916

documento assinado e não assinado – 1.916.9

documento autógrafo e eterógrafo – 1.916.3

documento direto e indireto – 1.916.4

documento dispositivo e narrativo – 1.916.6

documento físico e eletrônico – 1.916.10

documento gráfico e estampado – 1.916.5

documento original e reproduzido – 1.916.8

documento pré-constituído e casual – 1.916.7

documento público e privado – 1.916.1


instrumento público e privado – 1.916.2

instrumento particular – 1.916.2.2

instrumento público – 1.916.2.1

– perda do documento original – 1.918

– produção da prova documental

contradição da prova documental – 1.941

efeitos da contradição – 1.941.5

efeitos da contradição do documento particular – 1.941.5.2

efeitos da contradição do documento particular – 1.941.5.1

formas da contradição – 1.941.2

legitimados – 1.941.3

momento da contradição – 1.941.2

objeto da contradição – 1.941.4

formas – 1.937

momento da produção – 1.940

produção espontânea – 1.940.1

produção forçada – 1.940.2

produção espontânea – 1.938

efeitos – 1.938.3

controle – 1.938.1

objeto – 1.938.2

produção forçada – 1.939

exibição de documentos particulares – 1.939.1

requisição de documentos públicos – 1.939.2

efeitos da requisição – 1.939.2.3

procedimento da requisição – 1.939.2.2

– atitudes da autoridade administrativa – 1.939.2.2.4

– despesas da requisição – 1.939.2.2.5


– extração de cópias – 1.939.2.2.6

– efeitos da pendência da requisição – 1.939.2.2.3

– forma da requisição – 1.939.2.2.1

– prazo da requisição – 1.939.2.2.2

requisitos da requisição – 1.939.2.1

produção de documentos novos – 1.942

contraprova dos fatos articulados – 1.942.2

documentos desconhecidos, inacessíveis ou indisponíveis – 1.942.4

documentos formados posteriormente – 1.942.3

prova dos fatos supervenientes – 1.942.1

– produção do documento estrangeiro – 1.919

Prova testemunhal

– apreciação da prova testemunhal

critérios de apreciação – 1.990

livre apreciação – 1.989

– cabimento

admissibilidade da prova testemunhal complementar – 1.961

complementar ao começo de prova escrita – 1.961.1

conceito e natureza do começo de prova escrita – 1.961.1.2

função do começo de prova escrita – 1.961.1.1

requisitos do começo de prova escrita – 1.961.1.2

subsidiária à impossibilidade da prova escrita – 1.961.2

impossibilidade material – 1.691.2.1

impossibilidade moral – 1.691.2.2

admissibilidade da prova testemunhal plena – 1.692

inadmissibilidade – 1.959

fatos já provados por confissão – 1.959.1

fatos já provados por documento – 1.959.2


fatos subordinados à prova documental – 1.959.3

fatos subordinados à prova pericial – 1.959.4

inadmissibilidade da prova testemunhal exclusiva – 1.960

âmbito objetivo – 1.960.1

determinação ad valorem – 1.960.1.1

determinação do fato negocial – 1.960.1.2

âmbito subjetivo – 1.960.2

sistemas de admissibilidade – 1.958

– complementação da prova testemunhal

acareação – 1.984

procedimento – 1.984.2

requisitos – 1.984.1

audição da testemunha referida – 1.985

iniciativa – 1.985.2

procedimento – 1.985.3

requisitos – 1.985.1

correção do depoimento – 1.988

renovação do depoimento – 1.986

retratação do depoimento – 1.987

– conceito de testemunha – 1.955

– espécies de testemunha – 1.957

testemunha compromissada e informante – 1.957.4

testemunha de visu e ex auditu – 1.957.1

testemunha instrumentária e do juízo (ou judicial) – 1.957.2

testemunha referente e referida – 1.957.3

– estatuto da testemunha

aptidão da testemunha – 1.963

deposição do juiz – 1.963.2


deposição da pessoa jurídica – 1.963.1

capacidade da testemunha – 1.964

incapacidade do cônjuge e dos parentes – 1.964.5

incapacidade da pessoa absolutamente incapaz – 1.964.1

incapacidade da pessoa interessada – 1.964.4

interesse em razão da incompatibilidade de funções – 1.964.4.1

interesse em razão da parcialidade – 1.964.4.2

interesse em razão de excessos emocionais – 1.964.4.3

incapacidade da pessoa sem discernimento – 1.964.2

incapacidade da pessoa sensorialmente deficiente – 1.964.3

deveres da testemunha – 1.965

dever de comparecer – 1.965.1

dever de depor – 1.965.2

dever de veracidade – 1.965.3

direitos da testemunha – 1.966

direito à audição do juiz – 1.966.2

direito ao reembolso das despesas – 1.966.5

forma do reembolso – 1.966.5.4

iniciativa do reembolso – 1.966.5.2

objeto do reembolso – 1.966.5.1

responsabilidade pelo reembolso – 1.966.5.4

direito ao tratamento digno – 1.966.4

direito de convocação prévia – 1.966.1

direito de recusar a deposição – 1.966.3

– incidentes da prova testemunhal

ausência da testemunha – 1.978

testemunha intimada – 1.978.1

ausência desmotivada – 1.978.1.2


ausência motivada – 1.978.1.1

testemunha levada – 1.978.2

contradita da testemunha – 1.981

decisão da contradita – 1.981.6

forma da contradita – 1.981.4

instrução da contradita – 1.981.5

legitimados na contradita – 1.981.3

momento da contradita – 1.981.2

natureza da contradita – 1.981.1

dispensa da testemunha – 1.979

testemunha(s) abandonada(s) – 1.979.2

testemunha(s) supérflua(s) – 1.979.1

prisão da testemunha – 1.983

recusa de depor – 1.980

causas da recusa – 1.980.4

defesa da honra – 1.980.4.2

defesa do sigilo – 1.980.4.3

defesa da vida – 1.980.4.1

contraditório – 1.980.4.5

decisão – 1.980.4.6

forma da recusa – 1.980.3

momento da recusa – 1.980.2

natureza da recusa – 1.980.1

substituição da testemunha – 1.982

testemunha desconhecida – 1.982.3

testemunha enferma – 1.982.2.

testemunha falecida – 1.982.1

– fonte de conhecimento da testemunha – 1.956


depoimento de ciência alheia – 1.956.2

depoimento de ciência própria – 1.956.1

– produção da prova testemunhal

admissão da prova testemunhal – 1.967

comparecimento da testemunha – 1.973

compromisso da testemunha – 1.975

efeitos do compromisso – 1.975.4

forma do compromisso – 1.975.1

recusa do compromisso – 1.975.3

sujeitos do compromisso – 1.975.1

depósito do rol – 1.970

efeitos do rol – 1.970.5

forma do rol – 1.970.4

funções do rol – 1.970.1

prazo do rol – 1.970.3

requisitos do rol – 1.970.2

documentação do depoimento – 1.977

conteúdo do termo – 1.977.1

subscrição do termo – 1.977.2

forma do testemunho – 1.976

assistência do juiz – 1.976.1

matéria da inquirição – 1.976.5

intérprete na inquirição – 1.976.2

requisitos da inquirição – 1.976.4

audição individual – 1.976.4.1

audição isolada – 1.976.4.3

audição ordenada – 1.976.4.2

urbanidade da inquirição – 1.976.3


técnicas de inquirição – 1.976.6

deposição livre – 1.976.6.1

deposição questionada – 1.976.6.2

– proibição de pergunta capciosa – 1.976.6.2.2

– proibição de pergunta impertinente – 1.976.6.2.1

– proibição de pergunta vexatória – 1.976.6.2.3

intimação da testemunha – 1.972

antecedência da intimação – 1.972.5

destinatário da intimação – 1.972.3

forma da intimação – 1.972.1

meios da intimação – 1.972.2

requisição para depor – 1.972.4

lugar do testemunho – 1.969

número de testemunhas – 1.971

limitação ope judicis – 1.971.2

limitação ope legis – 1.971.1

alcance objetivo – 1.971.1.1

alcance subjetivo – 1.971.1.2

– qualificação da testemunha – 1.974

costumes – 1.974.2

identificação – 1.974.1

tempo do testemunho – 1.968

depoimento ante causam – 1.968.1

em razão de ausência – 1.968.1.1

em razão da idade – 1.968.1.2

em razão da saúde – 1.968.1.3

depoimento antecipado incidentalmente – 1.968.3

depoimento prestado por carta – 1.968.2


Providências preliminares

– concentração do saneamento – 1.765

– desnecessidade – 1.769

– enumeração – 1.766

providências atípicas – 1.766.2

integração de litisconsorte – 1.766.2.3

intervenção do Ministério Público – 1.766.2.1

intervenção de terceiros – 1.766.2.2

arguição de falsidade – 1.762.2.5

contradição da prova documental – 1.762.2.4

providências típicas – 1.766.1

– função – 1.767

– oportunidade – 1.769

Provimento liminar

– fundamento – 1.690

– natureza – 1.692

– objeto – 1.691

Provimento liminar negativo

– improcedência liminar do pedido – 1.699

condições – 1.699.1

efeitos – 1.699.2

– indeferimento da petição inicial – 1.698

casos – 1.698.2

condições – 1.698.1

efeitos 1.698.3

Provimento liminar positivo

– conteúdo – 1.695

– efeitos – 1.697
– vinculação – 1.696

Provimento liminar preparatório

– adaptação da petição inicial – 1.694

– correção da petição inicial – 1.693

petição inicial defeituosa – 1.693.2

petição inicial incompleta – 1.693.1

Razões de direito

– demanda – 1.673

Razões de fato

– demanda – 1.672

Reação do réu

– conceito de resposta – 1.729

– destinatário da resposta – 1.733

efeitos da mudança de destinatário – 1.733.2

pressupostos da mudança de destinatário – 1.733.1

resolução antecipada do problema de competência – 1.733.3

– espécies de reposta – 1.730

– forma da resposta – 1.732

– lugar da resposta – 1.734

– prazo da resposta – 1.732

Reconhecimento do pedido

– adesão do réu – 1.762

– efeitos da adesão – 1.764

– requisitos da adesão – 1.763

Reconvenção

– conceito – 1.742

– natureza – 1.743
– julgamento – 1.749

– procedimento

chamamento do reconvindo – 1.748.3

controle – 1.748.2

forma – 1.748.1

providências preliminares – 1.748.5

resposta do reconvindo – 1.748.4

– requisitos específicos da reconvenção – 1.745

compatibilidade do procedimento – 1.745.2

conexão de causas – 1.745.3

pendência do processo – 1.745.1

– requisitos genéricos da reconvenção – 1.744

competência do juízo – 1.744.1

interesse processual – 1.744.2

legitimidade ativa e passiva – 1.744.3

Recusa de depor da parte

– momento da apreciação – 1.865.3

– recusa desmotivada – 1.865.2

– recusa motivada – 1.865.1

fatos desconhecidos – 1.865.1.1

fatos esquecidos – 1.865.1.2

Recusa de depor da testemunha

– causas da recusa – 1.980.4

defesa da honra – 1.980.4.2

defesa do sigilo – 1.980.4.3

defesa da vida – 1.980.4.1

– contraditório – 1.980.4.5

– decisão – 1.980.4.6
– forma da recusa – 1.980.3

– momento da recusa – 1.980.2

– natureza da recusa – 1.980.1

Remessa necessária

– cabimento

casos especiais – 2.123

casos gerais – 2.121

sentença contra pessoas jurídicas de direito público – 2.121.1

sentença contra a pretensão a executar da Fazenda Pública – 2.121.2

exclusões – 2.122

em razão da matéria – 2.122.2

em razão do valor – 2.122.1

– efeitos

devolutivo – 2.125

obstativo – 2.124

– evolução – 2.118

– institutos afins – 2.119

– natureza – 2.120

– origens – 2.117

Renovação da citação

– repetição – 1.720

– segunda citação – 1.721

Réplica do réu

– conceito – 1.776

– funções – 1.77

– natureza – 1.776

– réplica à defesa de mérito indireta – 1.779

– réplica à defesa processual – 1.778


conteúdo da réplica – 1.778.3

efeitos da réplica – 1.778.4

prazo da réplica – 1.788.2

pressupostos da réplica – 1.788.1

– réplica à prova documental – 1.780

– tréplica – 1.781

Requerimentos da petição inicial

– benefício da gratuidade – 1.685

– citação do réu – 1.682

– tutela de urgência – 1.683

– citação ou intimação de terceiros – 1.684

Requisitos específicos da reconvenção

– compatibilidade do procedimento – 1.745.2

– conexão de causas – 1.745.3

– pendência do processo – 1.745.1

Requisitos formais da contestação

– autenticação – 1.738.3

– datação – 1.738.2

– endereço de intimações – 1.738.5

– forma – 1.738.1

– instrução da contestação – 1.738.4

Requisitos genéricos da reconvenção

– competência do juízo – 1.744.1

– interesse processual – 1.744.2

– legitimidade ativa e passiva – 1.744.3

Requisitos gerais da contestação

– endereçamento – 1.737.1

– especificação dos meios de prova – 1.737.4


– exposição das razões – 1.737.3

– identificação e qualificação do contestante – 1.737.2

– requerimentos – 1.737.5

Revelia do réu

– efeitos da revelia – 1.760

– eliminação da revelia – 1.761

– inatividade do réu – 1.759

– prova – 1.681

Renovação

– depoimento da testemunha – 1.986

Retratação

– depoimento da testemunha – 1.987

Rol de testemunhas

– efeitos do rol – 1.970.5

– forma do rol – 1.970.4

– funções do rol – 1.970.1

– prazo do rol – 1.970.3

– requisitos do rol – 1.970.2

Substituição da testemunha

– testemunha desconhecida – 1.982.3

– testemunha enferma – 1.982.2.

– testemunha falecida – 1.982.1

Suprimento dos vícios do processo

– iniciativa da atividade de saneamento – 1.787

– prazo da atividade de saneamento – 1.788

– suprimento (da inexistência) e saneamento (dos vícios) – 1.786

T
Testemunha

– acareação – 1.984

– admissão – 1.967

– aptidão da testemunha – 1.963

deposição do juiz – 1.963.2

deposição da pessoa jurídica – 1.963.1

– audição da testemunha referida – 1.985

– ausência – 1.978

– capacidade da testemunha – 1.964

incapacidade do cônjuge e dos parentes – 1.964.5

incapacidade da pessoa absolutamente incapaz – 1.964.1

incapacidade da pessoa interessada – 1.964.4

interesse em razão da incompatibilidade de funções – 1.964.4.1

interesse em razão da parcialidade – 1.964.4.2

interesse em razão de excessos emocionais – 1.964.4.3

incapacidade da pessoa sem discernimento – 1.964.2

incapacidade da pessoa sensorialmente deficiente – 1.964.3

– conceito – 1.955

– contradita – 1.981

– correção do depoimento – 1.988

– deveres da testemunha – 1.965

dever de comparecer – 1.965.1

dever de depor – 1.965.2

dever de veracidade – 1.965.3

– direitos da testemunha – 1.966

direito à audição do juiz – 1.966.2

direito ao reembolso das despesas – 1.966.5

forma do reembolso – 1.966.5.4


iniciativa do reembolso – 1.966.5.2

objeto do reembolso – 1.966.5.1

responsabilidade pelo reembolso – 1.966.5.4

direito ao tratamento digno – 1.966.4

direito de convocação prévia – 1.966.1

direito de recusar a deposição – 1.966.3

– dispensa – 1.979

– espécies – 1.957

testemunha compromissada e informante – 1.957.4

testemunha de visu e ex auditu – 1.957.1

testemunha instrumentária e do juízo (ou judicial) – 1.957.2

testemunha referente e referida – 1.957.3

– fonte do conhecimento – 1.965

ciência alheia – 1.965.2

ciência própria – 1.965.1

– forma do testemunho – 1.976

– intimação – 1.972

– lugar do testemunho – 1.969

– número – 1.971

– prisão – 1.983

– qualificação – 1.974

– recusa de depor – 1.980

– renovação do depoimento – 1.986

– retratação do depoimento – 1.987

– substituição – 1.982

– tempo do testemunho – 1.968

Tutela de urgência

– requerimento da petição inicial – 1.683


Tréplica

– réu – 1.781

Valor da causa

– elemento complementar da demanda – 1.680

Variantes da resposta

– chamamento de terceiro – 1.576

– correção da legitimidade passiva – 1.755

– declaração incidente – 1.758

– suscitação de incidentes autônomos – 1.757

arguição de falsidade – 1.757.2

impugnação da distribuição – 1.757.1

impugnação ao número de litisconsortes ativos – 1.757.3

ÍNDICE LEGISLATIVO
(os números se referem aos itens de todos os volumes da obra)

Código de Processo Civil 1939

1.º – 74

2.º – 225.3.3

3.º – 633

4.º – 74

6.º – 493.1

7.º – 497.1

8.º, § 2.º – 495

20, § 1.º – 1.157

21 – 1.049

23, § 2.º – 1.188.2

24 – 1.189
25 – 1.189.1

26 – 1.167.2, 1.167.3

27 – 1.163

31 – 1.184

34 – 362

35 – 1.180.1.1

35, parágrafo único – 1.182

36 – 1.029

36, § 1.º – 1.029

36, § 2.º – 1.029, 1.187.2.1

38 – 374, 1.172

46 – 1.292.1.10

48 – 1.293

51 – 745.1, 1.286, 1.689

55 – 1.602, 1.762, 1.793, 1.869

56 – 631

62 – 609.5, 640, 642

63 – 633, 635.1, 685, 754.1

64 – 262.1, 630, 633, 635.1, 671, 685, 699, 710, 733.1, 754.1, 2.116.1

64, § 2.º – 720, 1.596.3

65 – 262.1, 663

66 – 599

67 – 326.1

68 – 746.1, 1.071

69 – 757

70 – 746

72 – 746.1, 748, 1.071, 1.685

74 – 746.1, 748, 1.685


75 – 750

76 – 685, 754.1

78 – 685, 754.1, 754.4

79 – 746.1, 754.2, 1.071

80º, § 1.º, b – 537.1

80º, § 2.º – 1.066, 1.255.1.1

84 – 1.255.1.1

85 – 526

87 – 517

88 – 582.1, 582.2, 582.3, 583.2, 1.757.3

95 – 871, 883.1, 887

95, § 1.º – 894, 907

95, § 2.º – 901

96 – 907

96, § 2.º – 907

96, § 1.º, b – 907

97 – 871

98 – 871, 913

101 – 871, 874, 913

106, § 2.º – 747.3

107 – 1.021

109 – 1.025.2

111 – 1.027, 1.490, 1.738.5

112 – 74

116 – 280.3, 585

117 – 73, 74, 1.351, 1.897.2

118 – 1.335.1.3, 1.359, 1.839

119, § 1.º – 970, 1.963.2


120 – 2.066

122 – 986.4

123 – 1.028.2

124 – 1.111.3, 1.112.3

129 – 995, 2.004, 2.005

131 – 997.5.3

131, II – 2.008.4

133 – 386

135, parágrafo único – 963

136 – 426

140, § 1.º – 383, 926

148 – 304, 460

150 – 1.002

154 – 259

156 – 265

159 – 1.491, 1.686, 1.938.2

161, III – 1.194.3, 1.707

166, § 2.º – 1.221.4.2, 1.221.4.5, 1.507.2, 1.621

167 – 1.192

168, § 1.º – 1.243.1

179 – 1.217

182 – 1.731

187, II – 975.4, 1.754.3

189 – 754.4

189, parágrafo único – 976.4, 2.022.2

190 – 140, 1.731, 1.732, 1.742, 1.745.3, 1.746, 1.748.1

191 – 1.744.3

197, I – 1.540
201 – 1.507.3, 1.793

201, VI – 2.094.4.2

205 – 633

206 – 1.793

207 – 1.618

209 – 362, 364, 1.339

209, § 1.º – 1.339

209, § 2.º – 1.339

212 – 1.310

213 – 1.334.2

217, I – 1.899.4.1

224 – 1.939.2

225 – 1.922.1.3, 1.922.1.4

227 – 1.917, 1.917.1

231 – 1.884, 1.885

237 – 1.971.1, 1.971.1.1

237, parágrafo único – 1.971.2

239 – 1.973, 1.974

239, § 1.º – 1.970.3, 1.974

240 – 1.964, 1.981.4

241, I – 1.864.2.4, 1.980

242 – 1.980.2

243 – 1.983

244 – 1.939.2.2.2, 1.975

245 – 1.976

246 – 1.976.3

248 – 1.984.1

254 – 1.997, 2.028.2, 2.028.2.1


255 – 2.000

255, I – 2.000.1

255, II – 1.995.2.1, 2.002

255, III – 2.000.3

256 – 2.010

256, parágrafo único – 2.020.3

259 – 1.815

260 – 1.313.3

263 – 2.069

263, parágrafo único – 2.092

264 – 983

265 – 2.073.1, 2.094.1

266, I – 2.094.4.2

269 – 2.086

270 – 2.063, 2.063.2, 2.063.3

271 – 2.096, 2.101

271, parágrafo único – 1.117.2, 2.060, 2.064, 2.107

277, § 2.º – 364

284 – 2.115

287, parágrafo único – 292, 2.141, 2.142, 2.143.3.2

289, II – 2.145

292 – 140, 1.731

293 – 941, 1.765, 1.768, 1.789, 1.803, 1.815, 1.818

294 – 941, 1.749, 1.765, 1.789, 1.790, 1.793, 1.795.3, 1.803, 1.811.1,
1.815

294, V – 1.997

294, parágrafo único – 1.818

295 – 941, 1.765, 1.789


296 – 941, 1.765, 1.789

296, II – 2.071

297 – 74, 140

298 – 74, 176.2, 1.465, 2.153

302 – 264

302, XII – 1.449

302, § 2.º – 1.449

310 – 264

317 – 1.602, 1.762

319 – 1.446.5, 1.450.3

322, I – 502

322, II – 502

322, § 2.º – 502

324, § 2.º – 1.450.3.3, 1.450.3.5

328 – 1.437

331 – 1.450.3

352 – 1.192

373, parágrafo único – 1.192

395 – 1.114.1

451 – 1.997

442 – 1.997

611, § 2.º – 1.997

625 – 544.1

626 – 544.1

627 – 544.1

628 – 544.1

648, parágrafo único – 1.382.1

675 – 176.2, 1.412, 2.153


676, VI – 1.378.1.3, 1.410.2, 1.996.3, 1.997

677 – 1.461.1

678, VIII – 1.412

676, IX – 1.455.2.1

677 – 176.2, 2.153

682 – 457, 459, 489.3, 1.380.1, 1.414, 1.416

685 – 750

698 – 1.997

713 – 1.545

717 – 1.948

718 – 1.948.1.2, 1.948.1.3

719 – 1.949

720 – 1.192

736 – 1.390

737 – 1.399

754, I – 1.389

754, IV – 1.389

755 – 1.389

772 – 195

775 – 195

775, parágrafo único – 1.068

786 – 201.2

788 – 201.2

793, III – 1.068

800 – 176.3

801, § 3.º – 1.997

801, § 4.º – 1.058

802 – 470
807 – 74, 487

808, I – 2.120

814 – 1.050.1

820 – 75.2

821 – 2.118, 2.120

822 – 2.118, 2.120

824, § 1.º – 1.335.3, 2.125

840 – 135

842 – 74, 75.2

846 – 75.2, 2.118

843, § 1.º – 752

846 – 1.114.2

851 – 74, 75.2

862, § 1.º – 1.577

862, § 5.º – 1.169

870 – 1.270.3

872 – 1.274

872, II – 1.272.2

872, III – 1.274.1

873 – 1.157

880 – 1.449

881 – 74

882 – 74, 1.452

884 – 415.2

888, I – 577

907 – 1.997

909 – 1.997

952 – 1.649.2.2
972 – 983

1.005 – 1.449

1.006, § 2.º – 324.2.1

1.015, parágrafo único – 454, 455.4

1.018 – 455.4

1.030 – 74

1.031 – 22

1.046 – 22

1.052 – 74

CPC Código de Processo Civil 1973

2.º – 50

3.º – 222.4, 224

5.º – 292, 296, 297.1, 297.2, 298, 300, 356, 1.782, 1.783

9.º, parágrafo único – 1.046

10 – 540

13 – 1.038

13, I – 1.534.2.3.1

14 – 604, 1.370

14, V – 229, 604, 1.370

14, parágrafo único – 604, 1.026

17, II – 606, 607

17, III – 606

18, § 2.º – 1.997

19 – 721.1

19, § 1.º – 631

20 – 633, 671, 672, 685, 734

20, § 1.º – 721.3

20, § 3.º – 694.2, 694.3


20, § 4.º – 694.1, 721.2, 733.1

21 – 671

22 – 609.4

23 – 644

26, § 1.º – 1.589.4

30 – 663

33 – 1.997

37 – 1.572

37, parágrafo único – 1.034

41 – 573

42 – 573

42, § 2.º – 573

46 – 582.2

46, I – 582.1

46, II – 582.2

46, III – 582.2

46, IV – 582.2, 1.757.3

47 – 580.2, 586

62 – 1.755

63 – 606, 1.755

70 – 873.1, 876, 910

70, I – 883.1, 886.2, 887

70, II – 873.1

70, III – 873.1, 873.2, 876

72 – 1.542.2

72, § 1.º, b – 907

72, § 2.º – 609.6

73 – 873.1, 873.2, 876, 910


74 – 873.1

75, I – 873.1, 873.2, 911

75, II – 873.1, 873.2, 873.3, 913

76 – 873.1, 873.2

78 – 853

81 – 501, 1.046.1, 1.069

82 – 1.058, 1.066

82, III – 1.058

84 – 1.255.1.1

89, I – 747.2

92 – 383

92, I – 383, 398

92, II – 383, 398

93 – 405

95 – 426

98, § 3.º – 685

99, I – 455.4.2

102 – 304, 460

103 – 1.745.3

105 – 304

106 – 460, 1.500

107 – 460

109 – 297.4, 870, 873.2

110 – 460

114 – 460

124 – 396.2

125 – 74, 1.052

125, I – 74
125, II – 74, 161

125, III – 74

125, IV – 74

126 – 1.307.2, 1.311.4, 1.313

128 – 74, 2.141

130 – 74, 1.334.3, 1.336, 1.351, 1.837

131 – 145, 944.6, 1.304, 1.335.1.3, 1.359, 1.839

132 – 853, 1.357, 2.066

133 – 923.2

136 – 968

141, II – 1.194.6

141, III – 986.4

145 – 74

145, § 3.º – 2.007

151, I – 1.011.1

156 – 1.105

159 – 1.111.3

159, § 1.º – 1.111

160 – 1.112.3

162, § 1.º – 75.2, 1.114.2

162, § 2.º – 75.2

166 – 1.270.4

169, IV – 313.2.2

172 – 1.159.3

179 – 1.547.1

181 – 1.153.2

182 – 1.153.2

183, § 1.º – 374, 1.172


184, § 2.º – 1.155

188 – 505.2, 1.177.1

189, I – 1.507.2

189, II – 2.060

190 – 1.507.2

191 – 1.946.3

195 – 1.834.1

196 – 1.029

198 – 1.189

202 – 494

202, § 1.º – 1.997

205 – 497.1

215, § 1.º – 523.2

215, § 2.º – 523.2

219 – 1.221.4.2, 1.507.2, 1.507.2

219, § 1.º – 1.221.4.2, 1.507.2, 1.697

219, § 2.º – 1.221.4.2, 1.507.2

219, § 3.º – 1.221.4.2, 1.507.2, 1.697

219, § 4.º – 1.221.4.2

219, § 5.º – 76

220 – 1.221.4.5, 1.621

221 – 1.194.6, 1.709

223, parágrafo único – 1.194.2

224, parágrafo único – 1.939.2.2.2

232, III – 1.216.2

234 – 1.192

236 – 75.3, 592, 1.027

237 – 75.3
237, I – 1.027, 1.226

238 – 1.027, 1.226

239 – 1.226

240, parágrafo único – 1.137.3

241 – 75.1

241, II – 1.226

242 – 2.092

242, § 2.º – 2.060

251 – 980

253, III – 1.278.3

257 – 1.227

258 – 1.477

259 – 1.313

261 – 1.293

262 – 74, 1.313

263 – 1.507.2

264 – 1.514.2, 1.755

265 – 489.1.1

265, IV, c – 296, 1.539.3.2

265, § 1.º – 1.534.1.5

267 – 490.3, 1.114.2, 1.507.3, 1.594

267, VI – 222.4, 224

267, X – 1.594

269 – 1.114.2

269, I – 1.869

269, II – 74, 1.602, 1.795.1

269, III – 74

269, IV – 1.790
270 – 105

271 – 105

272 – 105

272, parágrafo único – 105

273 – 74, 177, 1.345, 1.346, 1.408, 1.410.2, 1.412, 1.413, 1.420.1, 1.481,
1.481.1.1, 1.683

273, § 7.º – 1.412, 1.463, 1.466

275 – 105

275, II – 18.1, 69, 106, 109, 399.1.1, 399.4.2

275, II, a – 399.1.1.1, 399.4.2

275, II, b – 399.1.1.2

275, II, c – 399.1.1.3

275, II, d – 261, 399.1.1.4, 399.4.2, 437.1

275, II, e – 399.1.1.5

275, II, f – 399.1.1.6

275, II, g – 399.1.1.7

275, II, h – 541

278, § 1.º – 1.743

280 – 161, 297.3, 299, 873.1

281 – 105

283 – 1.491, 1.938.2

284 – 1.510

285-A – 1.517, 1.699

286 – 258.2

287 – 665, 1.449

294 – 2.150.1

295, II – 222.4

295, III – 222.4


295, IV – 1.517

295, parágrafo único, III – 222.4

296, parágrafo único – 500, 1.699.2, 1.702

297 – 140

299 – 1.746

301, X – 222.4, 325

301, § 2.º – 75.2, 941, 2.136

302 – 331

304 – 1.750

305, parágrafo único – 1.733.1, 1.750, 1.752, 1.753

306 – 1.533, 1.752.1

315 – 1.745.3

315, parágrafo único – 1.744.3

318 – 1.749

319 – 374

320, II – 1.798.2

321 – 298, 356, 373, 1.785.2, 1.785.3

322 – 372, 1.029

324 – 1.803

325 – 292, 297.1, 297.3, 300, 356, 373, 1.782, 1.783, 1.784, 1.785.1,
1.785.3, 1.785.4

326 – 313.2.2, 1.779.1, 1.781

327 – 549, 1.781, 1.803

329 – 1.803, 1.815

330 – 74, 1.801, 1.803, 1.815

330, I – 1.801

331 – 961.1, 1.790, 1.803, 1.815, 1.818

331, I – 1.818
331, II – 1.818

331, § 3.º – 1.803, 1.807

333 – 1.339, 1.339.3.1

334, III – 1.798.1.1

335 – 1.327, 1.997

338 – 1.815

339 – 74

347, I – 1.864.1

348 – 1.869

352 – 1.884, 1.885

352, II – 1.884

353 – 1.871.2.2, 1.880, 1.890

355 – 74, 1.891

360 – 74, 1.907.2, 1.912.2

363 – 1.891

365 – 1.922

368, parágrafo único – 1.915.3

372 – 1.941.3

372, parágrafo único – 1.941.4

377 – 1.931

379 – 1.367

381 – 1.891

382 – 1.891

386 – 1.917

389 – 1.952.2

390 – 1.946.1, 1.948.2

393 – 1.948.2.2, 1.948.2.4

394 – 1.533, 1.544, 1.949


399 – 74, 1.939.2

342 – 74

400 – 74, 1.997, 1.912.2

401 – 69.3, 1.960, 1.960.1, 1.960.1.1, 1.960.1.2, 1.960.2

402, I – 1.961.1

402, II – 1.961.2

403 – 1.960.1, 1.960.1.2

404 – 1.962

405, § 1.º, I – 1.964.2

405, § 1.º, II – 1.964.2

405, § 2.º, IV – 1.964.4.1

406 – 1.964

406, I – 1.980.4.1

407 – 1.970.2, 1.970.3, 1.971.2

417 – 1.117.1

418, I – 74

420 – 1.993, 1.997

420, parágrafo único – 2.000

420, parágrafo único, II – 1.995.2.1

421 – 2.003

421, § 2.º – 1.993, 2.014

424, § 3.º – 1.993

427 – 74, 2.000.2

427, I – 2.024

429 – 2.010

440 – 74

441 – 1.989

445, II – 2.070, 2.071


446, II – 2.065

447 – 74, 961.1

449 – 961.1

451 – 2.061

454, § 3.º – 2.087

455 – 2.060, 2.063

456 – 2.060, 2.064

459 – 74, 1.566.2.5

459, parágrafo único – 2.114.5

460 – 74

461 – 74, 1.449, 1.449.1

461, § 3.º – 1.427.3, 1.449

461, § 5.º – 1.449

462 – 1.750

467 – 175.1, 175.2, 2.128, 2.129

468 – 292, 2.143.3.1

469 – 292

469, I – 292

469, II – 292

469, III – 292, 1.782, 2.143.3.1

470 – 292, 295, 297.1, 297.4, 300, 306, 356, 1.782, 1.784, 2.143.3.1

471 – 175.2, 2.129, 2.145

471, I – 2.145

472 – 1.994, 2.137

475 – 2.118, 2.120

475, § 1.º – 75.3

475, § 2.º – 2.122.1

475-A, § 2.º – 1.996.3


475-A, § 3.º – 1.566.2.5, 2.114.5

475-I – 1526.1

475-J – 75.1, 75.3

475-J, § 1.º – 75.3

475-L – 721.3, 2.158

475-L, § 1.º – 2.158

475-M, § 3.º – 75.2

475-O, III – 7.4

475-O, § 3.º – 75.1, 75.4

479 – 923.1

484 – 75.1, 75.4

485, VII – 41

485, VIII – 1.884.1, 1.887

486 – 176.4, 316.2

487, II – 80

489 – 1.452

496, II – 75.2

497 – 75.2

507 – 1.540

513 – 75.2, 1.576

515, § 3.º – 1.575.3

520, I – 75.2, 730

520, II – 75.2

520, IV – 75.2, 745.7

520, VII – 75.2

521 – 75.1, 75.4

521, II – 745.7

522 – 72, 75.2


523, § 3.º – 75.2

524 – 75.2, 1.334.3, 1.335.3, 1.834.2, 1.837, 1.948.2.3

527 – 1.272.2

527, II – 75.2

527, III – 69.2

527, parágrafo único – 167, 1.115.2

530 – 75.2, 1.110

544 – 75.4

548 – 1.274

557 – 75.2

557, § 1.º – 135

557, § 1.º-A – 75.2

558 – 75.2

558, parágrafo único – 75.2

578 – 456.3

578, parágrafo único – 503

585, I – 75.3

591 – 530

592, I – 577

593, II – 54.1

599, I – 74

600 – 612

601, parágrafo único – 624

603 – 1.566.2.5

615, IV – 503

617 – 1.221.4.2, 1.507.2, 1.532

623 – 503

624 – 721.2
634 – 1.449

639 – 324.2.1

642 – 1.449

644 – 1.449

645 – 1.449

648 – 1.000

651 – 1.649.2.2.1

652, § 3.º – 75

655-A – 75.1, 1.485

659, § 4.º – 75

666, § 3.º – 43.1

685-C – 75.1

685-C, § 3.º – 997.2, 2.006

686, § 2.º – 75.1, 1.141

687 – 75.1, 555

694 – 1.649.2.2.1

708 – 113

711 – 2.115.2

738, II – 75.1

740 – 351

741, VI – 282

741, parágrafo único – 2.158

742 – 489.1, 489.1.1

746 – 1.532, 1.553

747 – 75.1

748 – 455, 1.063.1

751, II – 1.221.4.3

753, II – 1.212.3
756 – 489.1

760 – 455

760, I – 1.212.3

761, I – 1.000, 1.001, 1.003.3

761, II – 1.212.3

762, § 1.º – 455.1

763 – 1.000, 1.002

764 – 1.000, 1.006

766, I – 1.000

766, II – 526

768 – 1.158

775 – 1.221.4.3

777 – 1.221.4.3

778 – 1.221.4.3

779 – 1.221.4.3

782 – 508.2.2, 1.221.4.3

786-A – 455, 1.063.1

791, II – 489.1.1

794, I – 176.1

797 – 503

798 – 503, 1.408, 1.412, 1.446.5, 1.452, 1.481

799 – 1.412

800 – 457, 1.414

801 – 503

801, III – 1.455.1

801, IV – 1.455.1

802 – 503, 505.2

804 – 133, 503, 1.421.2, 1.429, 1.429.3


805 – 1.430

806 – 1.442, 1.461.4

808, I – 1.461.4

808, VIII – 1.455.1

810 – 503

812 – 1.401

813 – 1.429.3

814, I – 1.412

814, parágrafo único – 1.412, 1.662

818 – 1.401

822, II – 1.662

835 – 2, 326.1

842 – 75.2

844 – 1.891

845 – 1.891

846 – 75.2, 1.378.1.3, 1.996.3, 1.997

847 – 1.379.1

847, II – 1.379.1

849 – 1.997

851 – 75.2, 1.997

852 – 1.412

853 – 1.415

861 – 1.387, 1.388

863 – 1.390

864 – 1.399

865 – 1.382

879, III – 1.545

880, parágrafo único – 1.415


885 – 1.983

888, II – 1.401, 1.410.2

888, VII – 1.401

888, VIII – 1.455.2.3

902 – 107

902, I – 107

915 – 140

928 – 1.427.4

934 – 503

935 – 1, 503

935, parágrafo único – 503

936 – 503

938 – 503, 1.850

940 – 503

956 – 1.997

957 – 1.997

957, parágrafo único – 1.997

959 – 1.997

962 – 1.997

969 – 1.997

975 – 1.997

976 – 1.997

978, § 1.º – 1.997

979 – 1.997

980, § 1.º, II – 1.997

988 – 76

989 – 74

1.050 – 503
1.054 – 503

1.059 – 59

1.060 – 568

1.072 – 22

1.072, II – 59

1.072, III – 332.1, 694.3, 754.1

1.102 – 22

1.104 – 503

1.105 – 503

1.111 – 192

1.149 – 1.084

1.182, § 1.º – 677, 1.084

1.211 – 69

1.214 – 61

1217 – 544.1

1.218 – 58, 195

NCPC

1.º – 68, 87, 116

2.º – 49, 80, 93.1, 101.2, 104.2, 114, 181.1, 223, 227.1, 259, 281.1,
281.3.1, 321, 378, 497.4, 585, 589, 593, 596, 609.8, 717, 763.1, 938, 939.2,
943, 970, 986.2, 1.158, 1.194, 1.406, 1.420.1, 1.455, 1.455.6, 1.468, 1.472,
1.480, 1.481.1, 1.550.1, 1.555, 1.587.1, 1.590.2.5, 1.639, 1.665, 1.682, 1.791,
2.093.1

3.º – 1, 32, 120, 225.1.1

3.º, I – 22

3.º, § 1.º – 120, 181.2

3.º, § 2.º – 5, 961

3.º, § 3.º – 5, 162, 961, 989.7, 1.014

4.º – 161, 162, 221, 223, 320.2, 583.2, 609, 938, 942, 954.1, 1.134
5.º – 69, 91, 158.2, 289.2, 311.1, 327, 330.1, 361, 490.2, 596, 597, 606,
607, 607.8, 607.10, 608, 609.7, 609.8, 612, 613, 744.2, 912, 1.217, 1.440.1,
1.446, 1.491, 1.736, 1.753.1, 1.803, 1.938.2, 1.940.1, 1.942, 1.942.3, 1.942.4,
1.947.1, 1.967, 1.970.2, 1.970.4, 1.981.2, 1.981.3, 2.027, 2.086

6.º – 76, 90, 157, 221, 289.2, 313, 596, 610, 938, 941, 955, 1.044.3, 1.095,
1.122, 1.250, 1.693, 1.694, 1.698.1, 1.750, 1.803

7.º – 153, 155, 156.8, 157, 1.308, 1.359, 1.945

8.º – 2, 4, 40, 65, 67, 70, 82, 145, 179, 190, 596, 608, 923, 939.1, 945,
946, 946.1, 946.5, 946.6, 964, 1.016, 1.305.2, 1.308, 1.310, 1.311.4, 1.312.4,
1.335.1.3.1, 1.359, 1.439.2, 1.468, 1.510.2

8.º, I – 666.2

9.º – 76, 95, 116, 130, 596, 782, 905, 938, 941, 955, 1.778.1, 1.836.3

9.º, parágrafo único, I – 132, 133, 505.2, 505.3, 1.418, 1.420.1, 1.425,
1.453.5, 1.454.1

9.º, parágrafo único, II – 132, 133, 505.3, 1.447, 1.448

9.º, parágrafo único, III – 132, 133, 505.3

10 – 76, 116, 130, 134, 338, 372.1, 596, 618, 751.3, 782, 905, 938, 939.1,
941, 955, 955.2, 1.037, 1.039, 1.044.1, 1.065.1, 1.120, 1.148.1, 1.149,
1.301.1, 1.301.1.1, 1.354, 1.510, 1.510.3.1, 1.513, 1.519, 1.532, 1.566.1,
1.568, 1.571, 1.574.1, 1.585, 1.798, 1.811.3.1, 1.830, 1.836.3, 1.950, 2.149.4

11 – 145, 168, 2.062.1

11, parágrafo único – 168, 170, 172, 1.357.2, 2.062, 2.073.1

12 – 69, 76, 106.2, 106.2.3, 156.8, 156.8.1, 161, 942, 962.2, 1.117.2,
1.134, 1.148.1, 1.153.2, 1.157, 1.189.1, 1.522.1, 1.539.3.2, 1.673, 1.798,
1.798.2, 1.874.1, 2.061, 2.097, 2.101, 2.107, 2.109

12, § 1.º – 156.8.1, 981

12, § 2.º – 156.8, 156.8.1, 2.064

12, § 2.º, I – 156.8.2, 1.157, 2.101

12, § 2.º, II – 156.8.2

12, § 2.º, III – 156.8.2

12, § 2.º, IV – 156.8.2, 1.769

12, § 2.º, V – 156.8.2

12, § 2.º, VI – 156.8.2


12, § 2.º, VIII – 156.8.2

12, § 2.º, IX – 156.8.2

12, § 4.º – 156.8.2, 1.109.1

12, § 5.º – 156.8.2

12, § 6.º – 156.8.1

12, § 6.º, I – 156.8.3

12, § 6.º, II – 156.8.3

13 – 54.1, 58, 68, 532.2

14 – 69, 69.2

15 – 1, 49, 59, 225.3.6

16 – 1, 4, 68, 82, 225.2, 225.3, 225.3.1, 225.3.2, 225.3.5, 225.3.6, 1.665

17 – 224, 225.2, 325, 554, 1.514.2, 1.514.3, 1.737.2, 1.755

18 – 225.2, 523.2, 555, 556, 557, 558, 562, 1.046.1, 1.069.1, 1.069.3,
1.510.3.1, 1.514.2, 1.693.1, 1.856.4, 1.874.4, 2.136.2

18, I – 296

18, II – 296

18, parágrafo único – 555, 556, 560.2, 2.151.2

19 – 231, 682

19, I – 83, 247.1, 861, 1.387, 1.389, 1.399, 1.566.1, 2.111

19, II – 247.1, 282, 287.2, 289.2, 292, 306, 318.4, 1.544, 1.757.2, 1.945,
1.946.1, 1.947, 1.947.1, 1.948.1.2, 1.952, 1.952.4, 1.952.5, 2.001

20 – 225.3.3, 231, 233, 250, 1.642.2

21 – 198.1, 198.2, 198.3, 198.4, 199, 203, 204, 208, 381, 423

21, parágrafo único – 198.4, 204

21, I – 198.4, 203, 204, 207

21, II – 205

21, III – 206

22 – 198.2, 198.3, 198.4, 199, 203, 207, 208, 381, 423, 1.680

22, I, a – 204
22, I, b – 203, 204

22, II – 204

22, III – 198.2, 204, 207

23 – 24.4, 198.1, 198.2, 198.4, 199, 200, 214, 381, 423

23, I – 200, 201, 201.2, 202

23, II – 200, 202, 427

23, III – 200, 202

24 – 199, 208

24, parágrafo único – 208

25 – 24.4, 198.2, 199, 207, 212

25, § 1.º – 207

25, § 2.º – 207, 212

25, § 3.º – 212

25, § 3.º, I – 212

25, § 3.º, II – 212

25, § 3.º, III – 212

25, § 3.º, IV – 212

25, § 4.º – 212

26 – 51, 219

26, II – 508.1

26, § 1.º – 217, 218.2, 219

26, § 3.º – 217

27 – 51, 212, 217

27, I – 212, 1.159.1

27, III – 212

27, IV – 212

27, V – 212

27, VI – 212
28 – 212, 213.3, 216

29 – 218.2

30 – 217, 218.2, 222.1

30, I – 217, 218.2, 946.1

30, II – 217

30, III – 217

31 – 218.2

32 – 212, 217, 218.2

33 – 212, 217, 218.2, 431.3, 466

33, parágrafo único – 213.3, 218.2, 433

35 – 218.1

36 – 214, 220, 492

36, § 1.º – 216

36, § 2.º – 213, 216

37 – 218.2, 219

37, V – 321

38 – 218.2, 219, 1.021

39 – 218.2

39, parágrafo único – 1.490

40 – 218.1

41 – 218.2

41, parágrafo único – 218.2

42 – 378, 379, 380, 381, 417

43 – 69.1, 149, 455.4.3, 456.3, 466, 467, 468, 469, 469.3, 489, 490.3, 849,
1.220.2, 1.495, 1.499, 1.716

44 – 378, 378.3, 405, 673, 919, 1.680

45 – 69.1, 317.4, 388.3, 388.5, 388.6, 430.3, 447, 469.3, 780, 810, 813,
816, 832, 838, 904, 1.688.3

45, I – 317.4, 388.5, 455.4.2, 780


45, II – 317.4, 388.5, 780

45, § 1.º – 780, 904

45, § 2.º – 280.3, 317.4, 388.5, 780, 904, 941

45, § 3.º – 317.4, 388.5, 388.6, 1.688.3

46 – 69.1, 227.2, 418, 420, 427, 428, 430.1, 433, 433.1, 434.4, 437, 438,
456.1, 464.1.1, 464.1.3, 464.2, 466, 468.2, 1.220.2, 1.446.1, 1.499, 1.716,
1.733.1, 1.744.1, 1.753.3

46, § 1.º – 421, 489

46, § 2.º – 384, 418, 422, 428

46, § 3.º – 418, 423, 424

46, § 4.º – 271.1.2, 424

46, § 5.º – 431.3, 455.4.1, 468.1, 489.1

47 – 271.1.2, 317.1, 318.1, 384, 392, 406, 418, 426, 427, 428, 430.1, 439,
441, 447, 455.3, 456.2, 458, 459, 469.2, 469.3, 584, 904, 1.415, 1.416,
1.733.1

47, § 1.º – 69.1, 317.1, 382, 426, 438, 455.3, 456.2, 461, 464.1.1, 490,
584, 1.753.1

47, § 2.º – 317.1, 317.5, 382, 399.1.3, 404, 418, 426, 461, 904

47, § 5.º – 456, 456.3

48 – 404, 426, 427, 1.393

48, parágrafo único, I – 427

48, parágrafo único, II – 427

49 – 428

50 – 429

51 – 430, 430.1, 439

51, parágrafo único – 424, 426, 431.1, 824

52 – 438, 439

52, parágrafo único – 426

53 – 381, 417, 456.1

53, I – 432, 500


53, I, a – 1.380.1

53, I, c – 468.1

53, II – 427, 428, 433, 441, 454, 1.495, 1.753.3

53, III – 434, 435

53, III, a – 420, 430.2, 431.7, 432, 434.1, 435, 436, 459, 1.416

53, III, b – 404, 430.2, 431.7, 432, 434.2, 435

53, III, c – 420, 431.7, 432, 434.3, 436

53, III, d – 420, 435, 436, 441, 456.1.3, 459, 464.1.1, 464.1.3, 1.416

53, III, f – 434, 434.4

53, IV – 280.3, 434.4, 445

53, IV, a – 436, 451, 456.1.3, 468.1, 962, 1.054, 1.081

53, IV, b – 436

53, V – 384, 418, 428, 436, 437, 437.1, 437.2, 464.1.1, 464.2, 607.6,
1.733.1

54 – 301, 318, 460, 461, 462, 463

55 – 151, 185, 268, 271.2.2, 271.1.3, 280.1, 301, 302, 303, 306, 318.1,
318.3, 318.4, 353, 463, 582.2, 583.2, 941, 1.179, 1.688.1, 1.743, 1.744.1,
1.745.3, 2.116.2, 2.138.2.2

55, § 1.º – 271.2.2, 280.1, 304, 305, 307, 318.2, 318.3, 353, 463, 471,
581.3, 582.2, 583.2, 1.539.3.2, 1.952.1

55, § 1.º, I – 303

55, § 1.º, II – 303

55, § 2.º – 271.1.3, 301, 304, 306

55, § 2.º, I – 306, 307, 322.1.2, 726

55, § 2.º, II – 306

55, § 3.º – 301, 302, 303, 304, 307, 318.1, 318.2, 318.4, 463, 465, 582.2,
1.278.3, 1.500, 1.590.2.2, 1.744.1, 1.745.3, 2.149.6

56 – 256.1, 302, 318.1, 318.3, 318.4, 322.1.2, 322.1.3, 353, 463,


1.590.2.4, 1.595.3

57 – 256.1, 301, 302, 303, 304, 305, 306, 307, 318.2, 318.3, 322.1.2, 353,
1.590.2.4, 1.595, 1.595.3
58 – 302, 318.3, 322.1.2, 455.4.4, 465, 465.2, 986.1, 1.220.3, 1.500,
1.742, 1.745.3

59 – 306, 318, 426, 459, 465, 1.416, 1.458.1, 1.500, 1.697, 1.716

60 – 465, 469.2

61 – 268, 303, 306, 318.4, 764, 895, 902, 904, 912.2.1, 1.277, 1.688.1

62 – 317.1, 317.2, 382, 404, 460, 464.1.1, 469.1, 469.3, 490, 1.087.2

63 – 198.2, 207, 317, 317.1, 318, 318.3, 382, 456.2, 460, 461, 462, 464.1,
464.1.1, 489, 1.087.2, 1.416

63, § 1.º – 207, 426, 464.1.2, 1.416

63, § 2.º – 464.1.1, 464.1.2

63, § 3.º – 198.2, 207, 317, 317.2, 317.5, 382, 444, 456.2, 464.1.3, 470,
489, 1.473.4, 1.666, 1.695, 1.733.1, 1.753.1, 1.753.2

63, § 4.º – 104.4, 198.2, 207, 317, 317.1, 444, 464.1.3, 1.143

64 – 317

64, § 1.º – 317.1, 317.2, 317.3, 382, 388.6, 396.4, 407, 470, 490, 490.1,
941, 1.473.4, 1.510.3.1, 1.693.1, 1.750, 1.752.1

64, § 2.º – 472.3, 1.152, 1.753.3, 1.778.1

64, § 3.º – 280.3, 317.3, 317.5, 317.5.1, 472.3, 474, 489, 490.3, 490.4,
986.1, 1.473.4, 1.510.3.1, 1.693.1, 1.752.1, 1.778.3, 1.778.4, 1.798.1, 1.805,
1.819

64, § 4.º – 99, 317.2, 317.5.1, 382, 470, 472.3, 479, 487, 489, 489.3,
490.3, 1.251, 1.254.2, 1.264.2, 1.264.3, 1.416, 1.719, 1.753.3, 1.822

65 – 101.1, 151, 207, 280.3, 317, 317.2, 317.3, 317.4, 318, 318.3, 382,
432, 438, 459, 462, 466, 468.1, 489, 1.499, 1.510.3.1, 1.693.1, 1.719, 1.733.1,
1.753.2

65, I – 470

65, II – 470

65, parágrafo único – 317.2, 489, 490.2, 1.049, 1.067, 1.766.2.1

66 – 185, 378, 471, 472, 476, 480, 488, 636

66, I – 471, 472.3, 479, 1.548

66, II – 470, 471, 479, 490.3, 1.548

66, III – 471


66, parágrafo único – 471, 472.1, 489

67 – 322.1.2, 322.1.3, 471, 492

68 – 492

69 – 492

69, I – 492

69, II – 471, 492, 494.1

69, III – 478, 492

69, IV – 492

69, § 1.º – 415.1, 492

69, § 2.º – 492

69, § 2.º, I – 492, 1.159.1, 1.192, 1.194.3, 1.225

69, § 2.º, VII – 492

69, § 3.º – 492

70 – 507, 508, 511, 512, 514, 537, 537.3, 539

70, II – 537.3

71 – 511, 512, 515, 545, 1.016, 1.018.1, 1.056, 1.182, 1.534.2, 1.737.2

72 – 511, 534, 536, 537, 544.3, 545, 550, 677, 791.2, 901, 1.084, 1.534.2

72, I – 332.2, 515, 515.3, 535, 537, 537.1, 537.2, 538, 1.056, 1.084

72, II – 130, 176.4, 332.2, 365.4, 372.2, 428, 535, 537, 538, 1.016, 1.084,
1.160.5, 1.210.3, 1.211, 1.214.3, 1.222, 1.711, 1.760, 2.157

72, parágrafo único – 332.3, 365.4, 536, 603, 629.5, 677, 1.046, 1.051,
1.072, 1.075.3, 1.078.2, 1.079, 1.084

73 – 511, 539, 541, 542, 543, 544, 544.2, 544.3, 545, 546, 1.811.1,
1.875.1.5

73, II – 539

73, § 1.º – 539, 542, 1.737.2, 1.875.1.5

73, § 1.º, I – 542, 542.2, 544

73, § 1.º, II – 544

73, § 1.º, III – 542.3, 544


73, § 1.º, IV – 542, 544

73, § 2.º – 541, 542, 542.4

73, § 3.º – 540, 1.339.3.2, 1.875.1.5

74 – 511, 539, 544, 544.1, 546, 2.138.2.2

74, parágrafo único – 544.1, 544.3, 545, 2.138.2.2

75 – 508.3, 511, 513, 516, 517, 518, 524, 546, 941.5, 955.3, 1.016, 1.026,
1.534.2, 1.737.2, 1.811.1, 1.857.2, 1.860.1, 1.875.2

75, I – 517, 518, 873.1

75, II – 438, 517, 537.4

75, III – 517, 1.160.1, 1.196.5

75, V – 524, 525, 526, 527, 1.535.2, 1.536.2.2, 1.875.2

75, VI – 524, 526, 528

75, VII – 427, 525

75, VIII – 508.3, 519, 520, 521, 524, 525, 1.018.1, 1.196.5, 1.196.7, 1.204

75, IX – 522, 525, 532.1, 1.196.7, 1.535, 1.875.2

75, X – 519, 524, 525, 529

75, XI – 2, 529, 1.536.2.2

75, § 1.º – 427, 525, 528, 568.1

75, § 2.º – 525

75, § 3.º – 519, 1.196.5, 1.196.7

76 – 139, 515, 544.3, 545, 546, 548, 549, 550, 585, 666.1, 747.3, 845,
1.021, 1.025.1, 1.025.2, 1.031, 1.032.4, 1.033, 1.034, 1.036, 1.037, 1.038,
1.039, 1.167.2, 1.245.2, 1.261, 1.534.2, 1.534.2.2, 1.535, 1.536, 1.536.2,
1.739, 2.094.4.1.2

76, § 1.º – 99, 323, 550, 1.040, 1.040.1, 1.534.2.3, 1.536.3, 1.590

76, § 1.º, I – 323, 550.1, 550.3, 683, 1.040.3, 1.254.2, 1.534.2.3.1,


1.534.2.3.3, 1.536.2, 1.595, 1.595.1, 1.646.2, 1.686, 1.778.3

76, § 1.º, II – 550, 550.2, 550.3, 683, 684, 1.040.2, 1.534.2.3.1,


1.534.2.3.2, 1.536.2, 1.738.4

76, § 1.º, III – 549, 550.3, 683, 1.040.3, 1.534.2.3.1, 1.534.2.3.3, 1.536

76, § 2.º – 1.040.4, 1.534.2.3


76, § 2.º, I – 546, 550.4, 1.040.4, 1.534.2.3

76, § 2.º, II – 546, 550.4, 1.040.4, 1.534.2.3

77 – 54.1, 84, 141, 500, 501, 560.1, 596, 597, 598, 599, 600, 603, 604,
607, 607.12, 608, 610, 611.1, 611.2, 619, 623, 651, 664, 666.3, 735, 794, 850,
941.1, 971, 1.050.2, 1.053, 1.054, 1.080, 1.092, 1.227, 1.369, 1.370, 1.373,
1.445, 1.502, 1.863.1.3, 1.975.4, 1.978.1.2.2, 2.047.2

77, I – 80, 158.1, 314, 327, 330, 330.2, 596, 606, 607.2, 607.10, 608,
610.2, 850, 901, 912.1.5, 942, 997.5, 1.050.1, 1.239, 1.301.2, 1.302, 1.303,
1.315, 1.317.1, 1.336, 1.338.1, 1.361, 1.364, 1.368, 1.446.1, 1.446.1.1, 1.469,
1.481.1.1, 1.566.1, 1.681, 1.729, 1.736, 1.803, 1.863, 1.863.1.3, 1.863.2.1,
1.864, 1.864.3, 1.938, 1.939.2.2.4, 1.947.1, 1.963, 1.975.4, 2.111

77, II – 330.1, 606, 607.1, 608, 1.070.2, 1.080

77, III – 330.1, 597, 608, 609, 609.1, 609.2, 609.3, 609.4, 609.5, 610.4,
612, 1.508.5, 2.086

77, IV – 234, 600, 604, 607.4, 610, 610.4, 612, 1.080, 1.361, 1.362, 1.363,
1.366, 1.370, 1.860

77, V – 320.1, 607.12, 1.159.4.1, 1.234, 1.490, 1.514.5, 1.737.2, 1.738.5,


1.860.2, 1.863.1.1

77, VI – 125, 607.4, 607.8, 610.4, 612, 1.080, 1.159.2, 1.204, 1.404, 1.502,
1.545, 2.048

77, § 1.º – 604, 610.4, 618, 1.192

77, § 2.º – 21.4, 82, 234, 600, 602, 604, 607.8, 610.4, 612, 618, 664, 665,
694.2, 1.050.2, 1.080, 1.292.2.8.9, 1.374, 1.477, 1.545, 1.680, 1.860, 2.047.2

77, § 3.º – 600, 610.4

77, § 4.º – 2.047.2

77, § 5.º – 599, 610.4

77, § 6.º – 599, 603, 607, 607.8, 942, 1.050.2, 1.053, 1.080

77, § 7.º – 125, 127, 130, 607.8, 612, 1.026.1, 1.159.2, 1.404, 1.502,
1.545, 2.048

77, § 8.º – 21.3, 604, 942, 1.019, 1.026, 1.159.2, 1.369

78 – 596, 607.5, 611.1, 611.2, 611.3, 611.4, 938, 939.1, 941.4, 942, 961.5,
1.104

78, § 1.º – 611.1, 611.4, 850, 1.104, 1.804, 2.074.2, 2.074.3, 2.075.4,
2.089.4

78, § 2.º – 611.4, 620, 1.109.1, 2.023.1


79 – 596, 597, 599, 600, 601, 605, 607, 607.12, 609.3, 609.7, 617, 619,
621, 622, 664, 1.052, 1.054

80 – 560.1, 593, 607, 618, 623, 664, 735, 736, 860, 1.446

80, I – 313.1.1, 317.4, 606, 607.1, 607.3, 607.5, 607.7, 614, 619, 1.086,
1.446, 1.447, 1.516.2, 2.127, 2.131.1

80, II – 596, 606, 607, 607.2, 610.2, 619, 623, 666.2, 1.301.2, 1.302,
1.446, 1.863.1.3, 1.865.1.1

80, III – 607.3, 1.148.2

80, IV – 311.1, 607, 607.4, 607.9, 609.2, 609.3, 609.6, 609.8, 623, 636,
679, 1.446

80, V – 472.3, 606, 607, 607.1, 607.5, 607.10, 607.12, 609.5, 611.5, 612,
618, 1.446, 1.446.2

80, VI – 607, 607.5, 607.6, 612, 623, 1.446, 1.446.2, 1.757

80, VII – 602, 607.1, 607.6, 607.7, 609, 618, 623, 1.053, 1.070.3, 1.446,
1.446.2

81 – 231, 233, 311.1, 596, 617, 618, 619, 620, 621, 622, 623, 635.3, 636,
637.3, 641, 651, 664, 666.3, 679, 708, 734, 1.109.1, 1.288, 1.446.1, 1.447,
1.753.1, 1.983

81, § 1.º – 617, 619, 644, 646, 666.2, 666.3

81, § 2.º – 617, 621, 622, 664

81, § 3.º – 617, 618, 622, 664, 1.054, 1.508.5

82 – 4.2, 156.7, 157, 262.1, 498.3, 505.2, 607, 609.5, 625, 626, 627.2,
628, 629.1, 629.2, 631, 632, 638, 638.5, 644, 671, 730, 743, 745, 907, 983,
1.004.2, 1.015.5, 1.052, 1.286, 1.685, 1.689, 1.749, 1.905.2, 1.912.3

82, § 1.º – 156.7, 596, 609.5, 628, 629.2, 635.1, 686, 745, 745.5, 938,
998.1, 998.2, 998.2.2, 1.052, 1.079, 1.109.1, 1.304, 1.905.2, 1.912.3,
1.966.5.3, 2.111

82, § 2.º – 231, 233, 633, 633.1, 633.2, 634, 635, 635.2.1, 635.2.2, 635.3,
635.4, 636, 638.2, 642, 644, 647, 651, 655, 671, 690.1, 718.3, 731, 743,
745.6, 751.1, 756, 869.4, 916.4, 998.1, 998.2, 1.040, 1.052, 1.245.2, 1.755,
1.795, 1.905.2, 1.912.3, 2.016, 2.116

83 – 2, 4.1, 326, 326.1, 508.1, 1.486, 1.515.5, 1.595.2, 1.686, 1.748.1,


1.811.1

83, § 1.º – 4.1

83, § 1.º, I – 326.1


83, § 1.º, II – 326.1

83, § 1.º, III – 326.1

84 – 623, 626, 627.1, 627.2, 627.3, 638, 6238.1, 638.3, 638.4, 640, 745,
998.2, 1.966.5.1, 2.011

84, § 1.º – 628

85 – 82, 91, 153, 156.1, 231, 233, 262.1, 287.2, 328, 487, 515, 591, 596,
622, 623, 626, 633, 634, 638.2, 650, 668, 670.3, 671, 672, 673, 674, 679, 680,
686, 690.1, 690.2, 691, 694.1, 710, 711, 713.2, 713.3, 714, 716, 718.2.1, 720,
730, 731, 732.1, 740, 740.3, 742, 745, 745.6, 747.1, 751.1, 756, 869.4, 905,
916.4, 961.5, 1.040, 1.052, 1.071, 1.079, 1.082.2, 1.486, 1.557, 1.566.1,
1.588.3, 1.596.3, 1.617, 1.678, 1.685, 1.699.2, 1.749, 1.795, 1.912.3,
1.966.5.3, 2.111, 2.116, 2.116.1

85, § 1.º – 687, 710.1, 710.1.1, 710.2, 721.2, 721.3, 726.1.2, 726.3, 727,
1.444.1, 1.516.6, 1.520.5, 1.749

85, § 2.º – 156.7, 326.1, 505.2, 644, 671, 674, 687, 691, 693, 694, 694.1,
694.2, 694.3, 695, 698, 699, 700, 702, 708, 710.1.1, 710.2, 714, 716, 718.2.2,
721.3, 722, 723, 725, 726.1, 726.1.1, 726.1.3, 726.2, 727, 728, 729, 732.2,
732.3, 733.1, 733.2, 735, 736, 739, 740, 756, 947, 998.2.1, 1.568, 1.589.4,
1.609, 1.641.4, 1.699.2, 1.755, 2.116.1, 2.116.2

85, § 2.º, I – 693, 697, 698, 699, 701, 702, 704, 709, 710.1.1, 712, 721.3,
722, 723

85, § 2.º, II – 638.3, 693, 697, 698, 699, 701, 702, 704, 709, 710.1.1, 712,
721.3, 722, 723

85, § 2.º, III – 693, 697, 698, 699, 701, 702, 705, 709, 710.1.1, 712, 721.3,
722, 723

85, § 2.º, IV – 693, 697, 698, 699, 701, 702, 707, 709, 710.1.1, 712, 721.3,
722, 723

85, § 2.º, V – 697

85, § 3.º – 156.7, 505.2, 671, 687, 691, 693, 694.2, 697, 698, 699, 703,
710.2, 714, 716, 718.2.2, 718.3, 721.2, 722, 725, 756, 2.116.2

85, § 4.º – 231, 233, 671

85, § 4.º, I – 697

85, § 4.º, II – 697

85, § 4.º, IV – 697

85, § 5.º – 671, 694.1, 697

85, § 6.º – 637.3, 650, 691, 694.2, 697, 710.1.1, 710.2, 716, 718.3
85, § 7.º – 156.7, 687, 697, 721.2, 721.4

85, § 8.º – 361, 635.3, 637.3, 649, 671, 691, 693, 694.2, 695, 696, 698,
700, 707, 733.1, 739, 947, 1.287, 1.289, 1.292.2, 1.477, 1.680, 1.755, 1.912.3,
2.116.2

85, § 9.º – 693, 694.1, 1.609

85, § 10 – 720, 1.596, 1.596.3, 1.634

85, § 11 – 636, 670.3, 674, 692, 721.2, 721.3, 740, 1.288

85, § 12 – 694.2

85, § 13 – 721.2, 726.1

85, § 14 – 650, 669, 671, 675, 691, 710, 710.1.1, 710.2, 726.1.2, 728, 737,
740.2, 742, 745, 747.1, 869.4, 916.4, 1.071, 1.079, 1.082.2, 1.678, 2.116.1,
2.116.2

85, § 15 – 675, 745.6

85, § 16 – 262.2, 1.506

85, § 17 – 672

85, § 18 – 262, 262.1, 618, 634, 635.2.1, 635.2.2, 670.1.1, 670.3, 685,
742, 1.572, 1.583

85, § 19 – 676, 677

86 – 637.2, 642, 680, 710, 710.1, 710.1.1, 710.1.2, 710.2, 710.3, 726.1,
728, 732.2, 732.3, 737, 1.568, 1.749, 2.116.1, 2.116.2, 2.116.3

86, parágrafo único – 637.2, 710.3, 732.2, 732.3, 2.116.3

87 – 149, 637.2, 643, 644, 645, 649, 650, 658, 661, 682, 688, 690.1,
690.2, 710, 710.1.2, 712.2, 869.4, 2.116, 2.116.1

87, § 1.º – 637.2, 644

87, § 2.º – 637.2, 644, 688, 712.2

87, § 1.º – 591

87, § 2.º – 591

88 – 633.3, 646

89 – 633.3, 643, 1.292.1.4

90 – 326.4, 637.1, 712.1, 718, 718.1, 718.2.2, 732.1, 732.2, 733.1,


1.589.4, 1.609, 1.633, 1.762, 1.764, 1.793
90, § 1.º – 637.2, 649, 712.2, 714, 718, 718.3, 1.589.2, 1.589.4, 1.609,
1.641.2

90, § 2.º – 648, 713.1, 713.2, 713.3, 1.592.5, 1.617, 1.618, 1.724.4

90, § 3.º – 648, 713.1, 713.3, 1.617

90, § 4.º – 712, 1.609, 1.609

91 – 156.7, 505.1, 505.2, 629.2, 629.3, 629.5, 745, 998.2, 998.2.2, 1.052,
1.079, 1.109.1

91, § 1.º – 156.7, 629.2, 629.5, 658, 998.1, 998.2, 998.2.2, 1.052, 1.079

91, § 2.º – 156.7, 629.2, 629.5, 658, 998.2, 1.052, 1.079, 1.617

92 – 321, 326, 326.2, 715, 716, 717, 718.3, 719, 745.7, 981, 1.109.1,
1.486, 1.515.4, 1.516.6, 1.588.2, 1.588.3, 1.595.2, 1.646.3, 1.686, 1.698.2,
1.698.3, 1.791

93 – 459, 602, 609, 609.5, 635.3, 639, 640, 662, 1.053

94 – 560.2, 629.4, 637.2, 644, 645, 661, 662, 682, 690.1, 751.1, 794

94, § 2.º – 422

95 – 628, 629.2, 6238.1, 638.5, 643, 648, 650, 677, 678, 690.1, 713.2,
745, 745.1, 745.5, 998.1, 998.2, 998.2.2, 1.052, 1.354, 1.386.2, 1.446,
1.588.1, 2.016

95, § 1.º – 628, 629.1, 629.2, 650, 745.1, 745.5, 751.4, 998.1, 998.1,
998.2, 998.2.3, 1.052, 1.588.1, 2.004.2, 2.018

95, § 2.º – 744.2, 745.5, 751.4, 998.2.2, 998.2.3

95, § 3.º – 156.7, 629.1, 629.5, 998.2

95, § 3.º, I – 156.7, 629.1, 745.5, 745.8, 998.2.1, 998.2.2, 1.079, 1.991,
2.004.2

95, § 3.º, II – 156.7, 627.1, 629.1, 638.5, 663.1, 745.5, 745.8, 998.2.1,
998.2.2, 2.004.2

95, § 4.º – 629.1, 629.5, 667, 998.2

95, § 4.º, II – 998.2

95, § 5.º – 745.8, 1.079

96 – 596, 597, 600, 609.7, 619, 626, 666.3, 667, 997.3

97 – 600, 610.4, 626

98 – 4.2, 743, 746, 746.1, 747.1, 748, 1.022.2


98, III – 629.1

98, VIII – 4.1

98, § 1.º – 156.7, 745

98, § 1.º, I – 744, 744.1, 745.1, 745.5, 753, 1.079, 1.083

98, § 1.º, II – 745.1, 745.1, 745.2

98, § 1.º, III – 629.1, 745.1, 745.3, 1.216.2

98, § 1.º, IV – 745.1, 745.4

98, § 1.º, V – 745.5, 745.8, 998.1

98, § 1.º, VI – 745.5, 745.6

98, § 1.º, VII – 745.1, 745.5

98, § 1.º, VIII – 745.7

98, § 1.º, IX – 744, 744.1, 745.8, 753, 1.083

98, § 2.º – 637.3, 667, 685, 745.6, 749, 754.1, 998.2

98, § 3.º – 156.7, 603, 637.3, 685, 718.2.2, 744.1, 744.3, 745.4, 745.6,
754.1, 754.4, 998.2, 1.079, 1.080, 1.083, 1.152, 1.566.1, 1.566.2.1, 1.654,
2.112, 2.114.1

98, § 4.º – 603, 607, 618, 666.1, 745.7, 753, 1.080, 1.217, 1.429.1

98, § 5.º – 744, 744.2, 744.3

98, § 6.º – 744, 744.3, 745, 745.8

98, § 7.º – 745.8

98, § 8.º – 745.8, 1.109.1, 1.152

99 – 326.4, 747.3, 751.1, 1.017, 1.020.2, 1.022.2, 1.083, 1.109.1, 1.282.3,


1.685, 1.737

99, § 1.º – 750, 751, 751.2, 1.533

99, § 2.º – 326.4, 746.1, 748, 749, 750, 1.486, 1.667, 1.685

99, § 3.º – 326.4, 607, 745.6, 746.2, 747.1, 748, 749, 750, 751.3, 1.022.2,
1.071, 1.079, 1.486, 1.667, 1.685

99, § 4.º – 747.1, 748, 1.020.2, 1.071, 1.078.2, 1.282.3

99, § 5.º – 1.022.2

99, § 6.º – 575, 590, 744, 746.2, 757, 1.109.1


99, § 7.º – 749, 1.109.1

100 – 607, 750, 751.2, 751.3, 752, 754.3, 1.533, 1.776

100, parágrafo único – 751.4, 752

101 – 751.4, 752, 1.991

101, § 1.º – 752

101, § 2.º – 1.152

102 – 4.2, 326.4, 743, 752, 1.083

102, parágrafo único – 315, 319, 326, 326.4, 751.4, 1.294, 1.595, 1.646

103 – 332, 504, 511, 517, 546, 1.016, 1.020.1, 1.021, 1.032, 1.038, 1.225,
1.811.1

103, parágrafo único – 139, 1.020.1, 1.282.1

104 – 104.4, 684, 1.020, 1.020.4, 1.021, 1.030, 1.033, 1.034, 1.035, 1.038,
1.039, 1.040.1, 1.282.2, 1.474, 1.534.1.3, 1.535, 1.536, 1.536.1, 1.667, 1.686,
1.856.1, 1.874.1

104, I – 1.020

104, II – 1.020

104, III – 1.020

104, § 1.º – 1.020.4, 1.041, 1.152, 1.180, 1.282.2, 1.474, 1.491, 1.686

104, § 2.º – 550.4, 684, 1.020.4, 1.034, 1.040.1, 1.534.1.3, 1.572

105 – 21.4, 106.2.1, 355, 522, 523.2, 607.12, 671, 747.3, 748, 790, 975.4,
1.016, 1.020, 1.021, 1.022, 1.022.1, 1.022.2, 1.022.3, 1.022.4, 1.024, 1.030,
1.033, 1.034, 1.038, 1.075.2, 1.092, 1.182, 1.196.6, 1.196.7, 1.201.1, 1.317.3,
1.489.1, 1.491, 1.535, 1.554.2, 1.555.2, 1.589.3.1, 1.607, 1.614, 1.630,
1.641.3.1, 1.667, 1.685, 1.686, 1.702, 1.714, 1.724.3, 1.748.3, 1.754.3, 1.763,
1.795.4, 1.811.1, 1.857.1, 1.857.1.1, 1.872, 1.875.1.1, 1.883.1, 1.899.3,
1.926.3, 2.073.2, 2.078, 2.081, 2.094.5, 2.131.1

105, § 1.º – 1.021, 1.099.2, 1.926.3

105, § 2.º – 607.12, 1.021, 1.027, 1.270.6, 1.282, 1.489.2, 1.738.5

105, § 3.º – 675, 1.021, 1.023, 1.027

105, § 4.º – 1.022, 1.025, 1.196.6

106 – 1.016, 1.026, 1.027, 1.472, 1.490, 1.510.3.1, 1.513, 1.514.5,


1.693.1, 1.698.2, 1.748.3
106, I – 320.1, 607.12, 1.027, 1.083, 1.234, 1.472, 1.490, 1.514.5, 1.516.1,
1.520.2, 1.738.5

106, II – 607.12, 1.027, 1.234, 1.514.5, 1.738.5

106, § 1.º – 1.027, 1.152

106, § 2.º – 607.12, 1.027

107 – 372.5, 504, 1.016, 1.028

107, I – 168, 1.026, 1.028.1, 1.029, 1.100

107, II – 607.9, 1.026, 1.026.1, 1.028.1, 1.028.2, 1.028.3, 1.029, 1.114.4,


1.152, 1.187.2, 1.703

107, III – 607.9, 986.1, 1.028.1, 1.028.3, 1.029, 1.153.3, 1.159.2, 1.187.2

107, § 1.º – 607.9, 986.1, 1.028.2, 1.028.3, 1.029, 1.159.2

107, § 2.º – 607.9, 1.153.3, 1.154.1, 1.179

107, § 3.º – 607.9, 1.028.3

107, § 4.º – 372.5, 607.9, 1.028.3

108 – 562, 569, 573

109 – 93.2, 562, 569, 570, 571, 572, 573, 757, 766, 886.3, 1.221.1,
1.221.2, 1.295, 1.458.3, 1.504, 1.505, 1.717, 1.719

109, § 1.º – 555, 556, 558, 572, 573, 653, 682, 763.4, 1.503, 1.504, 1.717,
1.719, 2.136.1

109, § 2.º – 555, 556, 573, 575, 682, 763.4, 1.503, 1.717, 1.719, 2.136.1

109, § 3.º – 555, 571, 577, 759.2, 886.3, 1.503, 1.661.1, 1.717, 1.719,
2.135.4, 2.136, 2.136.1

110 – 326, 562, 565, 568, 572, 1.524.1, 1.534.1.2, 1.811.1

111 – 139, 562, 673, 745.6, 1.025, 1.025.1, 1.028.2, 1.033, 1.039, 1.040,
1.536.2

111, parágrafo único – 1.025.1, 1.152, 1.536.2

112 – 562, 673, 1.025, 1.025.2, 1.033, 1.039, 1.040, 1.536.2

112, § 1.º – 1.025.2, 1.028.2, 1.152, 1.536.2

112, § 2.º – 1.025.2

113 – 269, 271.1, 271.2, 281.3.1, 302, 318.1, 580.2, 581, 582, 582.2, 584,
775.2, 1.395
113, I – 269, 271.1.2, 271.2.2, 280.1, 283, 424, 579, 582.1, 590, 775.2,
1.744.3, 1.856.2, 2.139.3

113, II – 269, 271.1, 271.4, 280.1, 283, 424, 581.2, 582.2, 584, 1.744.3,
1.757.3, 1.856.2

113, III – 271.1.3, 283, 302, 424, 578, 582.2, 582.3, 583, 583.2, 584, 587,
1.744.3, 1.757.3, 1.856.2

113, IV – 579

113, § 1.º – 137, 271, 279.1, 281.1, 281.3.1, 283, 424, 580.2, 583.2, 585,
840.5, 941, 1.212.1, 1.757.3, 1.778.1, 1.811.1, 1.856.2

113, § 1.º, II – 271.2

113, § 2.º – 271.1, 580.2, 583.2, 1.109.1, 1.167.2, 1.168, 1.729, 1.730,
1.731, 1.757.3

114 – 539, 580.2, 582.1, 586, 588, 1.811.3.1

115 – 580.2, 580.3, 587, 1.811.3.1

115, I – 99, 580.2, 586, 588, 1.771.2.1, 2.138.1.2

115, II – 99, 580.2, 586, 588, 2.138.1.1

115, parágrafo único – 225.2, 388.5, 554, 580.4, 589, 758, 762, 763.1,
774, 775.2, 821, 824, 903, 941, 1.194, 1.195, 1.196.2, 1.196.3, 1.595, 1.646,
1.682, 1.700, 1.755, 1.766.2.3, 1.778.1, 1.791, 1.811.1, 2.028.2.2, 2.137

116 – 242, 304, 333.4, 580.3, 586, 637.2, 2.137.2

117 – 333.4, 354, 472.3, 580.3, 587, 590, 591, 712.2, 792, 868.1, 903.2,
1.605, 1.629, 1.763, 1.771.2.1, 1.856.2, 1.874.2

117, § 2.º – 1.028.3

118 – 587, 592, 1.122.2, 1.589.3.2, 1.856.2

119 – 388.5, 762, 762.1, 774, 775.1, 776, 778, 795, 814

119, parágrafo único – 388.6, 549, 774, 776, 785, 787, 788, 790, 903.4,
1.039, 1.296

120 – 549, 554, 751.2, 776, 779, 781, 782, 1.152

120, parágrafo único – 642, 779, 782, 783, 784, 785, 1.039, 1526, 1.542

121 – 500, 501, 762, 774, 775.1, 778, 787, 790, 791.1, 791.3, 794,
1.050.2, 1.856.3.1

121, parágrafo único – 690.1, 790, 791.2


122 – 501, 790, 791.1, 792, 938, 1.605, 1.614, 1.629, 1.763, 1.976.4.2

123 – 388.5, 501, 560.2, 762, 775.2, 787, 789, 789.1, 789.2, 790, 793,
795, 827, 852, 912.1.2, 916.3, 2.135.3, 2.136, 2.151.2, 2.151.3

123, I – 785, 789.2, 789.2.1, 789.2.2, 793

123, II – 789.2, 789.2.3, 793

124 – 378.3, 645, 762, 762.1, 766, 775.2, 898, 912.1.2, 975.3, 2.151.2,
2.151.3

125 – 762, 762.4, 873.1, 875, 886, 905, 909, 912.1, 916.3, 1.482.2, 1.756

125, I – 870, 873.3, 875, 877, 878, 883.1, 884, 886, 886.2, 887, 888, 891,
892, 893, 896, 903.3, 904, 910, 1.054, 1.482.2, 1.542.2, 1.684, 2.115.4

125, II – 306, 609.6, 765, 860, 870, 873.1, 873.3, 874, 875, 876, 877, 882,
889, 890, 891, 892, 893, 896, 905, 910, 962, 1.026.2, 1.081, 1.482.2, 1.542.2

125, III – 942

125, § 1.º – 318.4, 690.2, 769, 873.3, 874, 876, 886, 887, 892, 897, 903.2,
906.2, 908, 916.4, 1.026.2, 1.054, 1.081, 1.542.2

125, § 2.º – 765, 769, 858, 873.3, 876, 888, 891, 897, 903.3, 909, 910,
912.1.2, 915.2

126 – 268, 357, 506, 894, 895, 897, 898, 901, 906, 906.1, 907, 1.270.5,
1.482, 1.482.2, 1.542.2, 1.684, 1.730

127 – 353, 690.2, 875, 897, 898, 899, 901, 916.4, 1.542.2, 2.077

128 – 690.2, 909, 911, 912.1.4, 914, 1.756

128, I – 357, 550.3, 690.2, 873.3, 898, 911, 912.1.2, 912.1.3, 912.1.4,
912.1.5, 912.2, 912.2.2, 912.2.2, 914, 915.1, 1.179, 1.730, 1.753.2, 1.756

128, II – 357, 873.3, 913, 914, 915, 915.1

128, III – 357, 873.3, 912, 912.1.5, 912.2, 913, 914, 915, 1.874, 1.874.3.2

128, parágrafo único – 231, 233, 690.2, 762.4, 874, 903.2, 908, 910,
912.1.2, 912.1.6, 912.2.3, 913, 916.2, 1.756

129 – 762, 771, 873.3, 874, 875, 901, 902, 903.2, 909, 911, 912.1,
912.1.2, 912.1.6, 912.2.2, 915, 916, 916.3, 916.4, 942.1, 1.756

129, parágrafo único – 231, 233, 690.2, 905, 916.4

130 – 359, 550.3, 762, 853, 855, 857, 861, 862, 868.1, 868.2, 869.1

130, I – 855, 857, 858, 861, 868.1, 869.1, 1.542.3, 2.135.4


130, II – 850, 857, 858, 1.542.3, 2.135.4

130, III – 855, 857, 859, 860, 861, 903.5, 1.542.3, 1.612, 2.135.4

131 – 357, 853, 855, 862, 863, 865, 866, 869.1, 875, 897, 901, 905, 906.2,
907, 908, 1.103, 1.152, 1.321, 1.542.3, 1.730, 2.077

131, parágrafo único – 865, 866, 906.2, 907, 908, 1.152

132 – 470, 762, 762.5, 763.2, 771, 853, 861, 867, 868.2, 869.1, 869.3,
1.304, 1.559.3, 1.756

133 – 339, 532.2, 533, 533.1, 533.5, 762, 1.410.2

133, § 1.º – 532.2

133, § 2.º – 532.2, 1.109.1

134 – 533, 758, 770, 774, 778, 1.410.2, 1.482

134, § 1.º – 533.3, 533.5, 980, 1.152, 1.277, 1.688.1

134, § 2.º – 532.2, 533, 533.3, 533.5, 582.2, 1.482, 1.524.3, 1.524.5, 1.730

134, § 3.º – 533.3

134, § 4.º – 533.3

135 – 532.3, 533.3, 533.5, 1.152

135, IV – 972

136 – 532.3, 533.3, 533.4

137 – 532.2, 533.3, 533.5, 550.3, 762

138 – 762, 762.6, 768, 799, 800, 801, 809, 822, 828, 840.2, 840.5, 841,
844, 846, 848, 848.3, 851, 1.109.1, 1.152

138, § 1.º – 810, 812, 813, 815, 816, 818, 822, 824, 825, 832, 833, 838,
849, 851

138, § 2.º – 811, 815, 817, 818, 825, 851

138, § 3.º – 768, 851

139 – 76, 938, 940, 941, 954.1, 961, 1.052, 1.113, 1.134, 1.188.1, 1.310,
1.682, 2.075.1

139, I – 4.1, 63, 66.2, 153, 154, 157, 505.2, 583.2, 694.2, 747.1, 907, 941,
965, 1.153.2, 1.180.2, 1.420, 1.757.3, 1.863.1.2, 2.090.1

139, II – 161, 908, 942, 957, 1.447, 1.799, 2.083, 2.093.4

139, III – 612, 618, 942, 944.3, 1.447


139, IV – 941.2, 954.2, 1.187.2.4, 1.406, 1.435, 2.074.1

139, V – 5, 10, 70, 938, 940, 961, 969.2, 980, 1.014, 1.087.1, 1.805, 1.806,
1.810, 2.077, 2.080

139, VI – 4.1, 76, 80, 109, 941.3, 944.5, 1.036, 1.153.2, 1.154.3, 1.175,
1.180, 1.180.1.1, 1.180.2, 1.510, 1.514.6, 1.534.2.2, 1.536.2, 1.554.2, 1.693.2,
1.788, 1.826, 2.063.4, 2.083

139, VII – 938, 939.1, 941.4, 949, 989.2, 989.5, 1.192, 1.378.1.1, 2.074.3

139, VIII – 596, 791.3, 938, 944.3, 1.185, 1.355, 1.363, 1.364, 1.378.1.1,
1.809, 1.852, 1.853, 1.854, 1.855.2, 1.856.3.2, 1.856.3.3, 1.861, 1.863, 1.864,
1.875.1.3, 1.882.2, 2.073.2

139, IX – 320.2, 715, 955, 955.2, 955.3, 1.510.7, 1.584, 1.590, 1.786,
2.067

139, X – 955.3

139, parágrafo único – 941.3, 1.180.2, 1.693.2

140 – 181.2, 190, 225.1.1, 608, 938, 944.2, 946.2, 954, 954.1, 1.301.1.2,
1.310, 1.329

140, parágrafo único – 67, 923, 939.1, 945, 947, 964, 1.736

141 – 93.3, 101.2, 227.1, 233, 236, 246, 248, 938, 939.2, 939.3, 944.6,
954.3, 1.301.1.2, 1.301.2, 1.304, 1.307.2, 1.420.1, 1.514.1.2, 1.571, 1.585,
1.590.2.5, 1.665, 1.791, 2.104, 2.131.2, 2.141

142 – 607.3, 942, 942.2, 1.254.2, 1.301.2, 1.606, 1.608, 1.609, 1.763,
1.795.1

143 – 81, 923, 923.2, 953, 962, 967.9, 2.094.1

143, I – 962.1, 989.1, 1.026.2, 1.029

143, II – 892, 923.2, 962, 962.2, 1.109.1

143, parágrafo único – 962.2, 1.109.1, 1.152

144 – 313.1.2, 313.1.3, 340, 410, 460, 559, 791.2, 801.2, 966, 966.1,
966.2, 966.3, 966.4, 966.5, 967, 970, 971, 972, 974, 975.2, 975.4, 975.5,
976.1, 999, 1.015.2, 1.327, 1.353, 1.538, 1.720, 1.752.2, 1.754.1, 1.754.2,
1.754.3, 1.754.4, 1.963.2, 1.981, 2.006, 2.008.1, 2.022.3

144, I – 967.1, 1.955, 1.963, 1.963.2, 1.993

144, II – 967.2, 1.353

144, III – 967.3, 969.3, 972, 975.1, 1.754, 2.019.2, 2.022.1


144, IV – 101, 967, 967.4, 967.6, 975.3, 975.4, 1.754, 1.754, 1.754.2,
1.754.3

144, V – 967.5

144, VI – 967.6, 969.2

144, VII – 967.7, 975.5

144, VIII – 967.8, 1.538, 1.754.2

144, IX – 967.9

144, § 1.º – 967.3, 975.5

144, § 2.º – 967.3, 971, 975.1, 975.5

144, § 3.º – 967.3, 975.5

145 – 308, 311.2, 313.1.2, 410, 460, 559, 791.2, 801.2, 966, 966.1, 966.2,
966.3, 966.4, 966.5, 969, 970, 971, 972, 974, 975.2, 975.3, 975.4, 975.5,
976.1, 976.4, 999, 1.015.2, 1.327, 1.353, 1.538, 1.752.2, 1.754.1, 1.754.2,
1.754.3, 1.754.4, 1.963.2, 1.981, 2.006, 2.008.1, 2.022.3

145, I – 966.3, 969.1, 975.1, 975.2, 975.5, 976.3, 1.754, 1.754.1

145, II – 969.2, 1.754, 1.853, 2.019.2

145, III – 967.6, 969.3, 972, 975.5

145, IV – 594, 966.3, 969.4, 972

145, § 1.º – 460, 944.4, 963, 966.1, 970, 971, 975.4, 975.5, 1.318.1, 1.327,
1.353, 1.754.3, 1.963.2, 2.007.2

145, § 2.º, I – 969.1, 975.5

145, § 2.º, II – 969, 969.1, 975.1

146 – 101, 101.1, 313.1.3, 339, 410, 636, 791.2, 966.1, 966.5, 969, 969.1,
969.3, 973, 974, 975, 975.1, 975.3, 975.4, 975.5, 976, 1.152, 1.455, 1.459.2.3,
1.538, 1.729, 1.750, 1.751, 1.754, 1.754.2, 1.754.3, 1.765, 1.766.2, 1.902,
2.022.2

146, § 1.º – 410, 975.4, 1.152, 1.538, 1.750, 1.752.2, 1.754.3, 1.768,
1.971.1.1

146, § 2.º – 313.1.3, 315, 975.4, 1.538, 1.752.2, 1.754.3

146, § 2.º, I – 410, 975.4, 975.4, 976.4, 1.167.2, 1.538, 1.819.1

146, § 2.º, II – 410, 975.4, 975.5, 1.532, 1.538, 1.750, 1.752.2, 1.754.4,
1.765, 1.766.2
146, § 2.º, III – 1.538

146, § 3.º – 975.4, 1.538, 1.752.2, 1.754.3

146, § 4.º – 975.4, 975.5, 1.538, 1.754.4

146, § 5.º – 594, 636, 662, 686, 966.5, 975.5, 977, 1.538, 1.754.4

146, § 6.º – 975.5, 1.538, 1.754.4

146, § 7.º – 975.4, 977, 1.538, 1.754.4

147 – 801.2, 966.1, 966.5, 968, 971, 972, 974, 975.4, 976.1, 1.015.2

148 – 863, 868.1, 963, 966.5, 973, 976, 976.3, 1.046.2, 1.754, 2.022.2

148, I – 686, 801.2, 971, 999, 1.046.2, 1.050.1, 1.050.2

148, II – 967.1, 971, 973, 978, 987, 997.1, 997.2, 997.7, 999, 1.015.2,
2.006, 2.007.2, 2.008.2, 2.019

148, III – 971, 973, 999, 1.046.2

148, § 1.º – 974, 976.1, 976.2, 976.3, 976.4, 1.940.1, 1.891, 2.019.2,
2.022, 2.022.1, 2.022.2

148, § 2.º – 976.4, 976.5, 1.152, 1526, 2.022.4

148, § 3.º – 976.1, 976.4, 2.022.2

148, § 4.º – 976.3

149 – 54.2, 90, 501, 627.1, 745, 745.5, 919, 919.2, 942, 971, 973, 976,
978, 993, 999, 1.002, 1.005, 1.032.1, 1.117.3, 1.343.5, 1.007, 1.849, 1.991,
1992, 2.061

150 – 54.2, 919, 980, 1.269, 1.272.1, 1.688

151 – 980, 981

152 – 986, 1.129

152, I – 494.4, 986.2, 1.129, 1.738.1

152, II – 54.2, 415.1, 919, 919.2, 986, 986.3, 989.2, 1.129, 1.207, 1.227,
1.235, 2.071

152, III – 986.4, 1.974, 1.977.1, 2.054.1, 2.072, 2.073.1

152, IV – 986, 986.1, 1.029, 1.130, 1.386, 1.902.1, 1.922.1.1

152, IV, a – 986.1

152, IV, b – 986.1


152, IV, c – 980, 986.1

152, IV, d – 986.1

152, V – 168, 986.5, 1.100, 1.112.3, 1.920.1

152, VI – 986.6, 1.114.5, 1.114.5

152, § 1.º – 986.6

152, § 2.º – 917, 986.4, 2.094.2

153 – 156.8, 415.1, 907, 941, 986.7, 1.157, 1.188, 1.188.2, 1.221.4.2,
1.433.2, 1.440.2, 1.462, 1.522.1, 1.697

153, § 1.º – 986.7

153, § 2.º – 987

153, § 2.º, I – 986.7

153, § 3.º – 907, 986.7

153, § 4.º – 986.7, 1.152, 1.188.1, 1.188.3

153, § 5.º – 986.7, 1.188.3

154 – 988, 989

154, I – 989, 981.1, 989.1, 989.2, 989.3, 1.187.2.2, 1.194.3, 1.209.6,


1.239, 1.707

154, II – 415.1, 989.2

154, III – 989.4

154, IV – 989.5, 1.973, 1.976.4.3, 2.054.1, 2.055.2.1, 2.070

154, V – 983, 989.6

154, VI – 989.7

154, parágrafo único – 989.7, 1.089, 1.093, 1.152

155 – 604, 984, 991

155, I – 984

155, II – 984

155, § 1.º – 1.100

156 – 804, 944.3, 944.5, 994, 997.7, 1.122.2, 1.336, 1.343.5, 1.353,
1.539.3.3, 1.832, 1.959.4, 1993, 2.000.1, 2.005, 2.007.1, 2.029.2
156, § 1.º – 494.5, 638.2, 745.5, 917, 980, 995, 997.2, 997.3, 997.5.3,
997.7, 1.199.2, 1.332, 1.357.1, 1.372, 1.849, 2.004, 2.004.1, 2.006, 2.006.1,
2.006.2, 2.006.3, 2.007, 2.007.1, 2.007.3, 2.009.4, 2.015, 2.018, 2.019.4,
2.035, 2.038, 2.054.3

156, § 2.º – 980, 997.1, 997.3, 997.5.3, 2.004, 2.007.1

156, § 3.º – 997.2, 997.5, 2.004

156, § 4.º – 997.7, 2.004, 2.007.2

156, § 5.º – 2.006, 2.006.2, 2.007, 2.007.1, 2.007.3, 2.009.1

157 – 971, 978, 997, 997.1, 997.4, 1.108, 1.188.1, 2.008, 2.008.2, 2.011

157, § 1.º – 1.152, 1.754, 2.004.2, 2.008.1, 2.008.2, 2.009.2, 2.018

157, § 2.º – 997.1, 997.4, 2.004, 2.004.1

158 – 604, 996.2, 997, 997.3, 997.5, 997.5.1, 997.5.2, 997.5.3, 998.2.4,
1.152, 1.188.1, 2.011

159 – 1.000, 1.003.3

160 – 627.2, 745, 1.000, 1.004.2

160, parágrafo único – 1.004.3

161 – 604, 609.7, 1.000, 1.003.5

161, parágrafo único – 1.003.3, 1.003.5

162 – 1.010, 1.011

162, I – 1.105, 1.007, 1.008, 1.010, 1.011.1, 1.185

162, II – 1.009, 1.106, 1.011.2, 1.875.1.4, 1.976.2

162, III – 1.107, 1.009, 1.011.3, 1.185, 1.857.1.2, 1.875.1.4, 1.976.2

163 – 1.012, 1.661.3

163, I – 1.012

163, II – 1.012

163, III – 1.012

164 – 189, 1.013, 1.188.1

165 – 7, 61, 961.5, 1.014, 1.015, 1.015.2, 1.615

165, § 1.º – 7, 1.014

165, § 2.º – 8, 961, 961.2, 1.014, 1.724, 2.077


165, § 3.º – 8, 961, 961.2, 1.014, 1.724, 2.077

166 – 13, 604, 1.015.4, 1.964.4.1

166, § 1.º – 1.015.4

166, § 2.º – 1.015.1, 1.015.4, 1.964.4.1

166, § 3.º – 1.015.3

166, § 4.º – 1.015.4

167 – 7, 1.014, 1.015.1

167, § 1.º – 1.014, 1.015, 1.015.2, 1.134

167, § 2.º – 1.014, 1.015.1

167, § 3.º – 1.014, 1.134

167, § 4.º – 1.014, 1.723

167, § 5.º – 1.014, 1.015.2

167, § 6.º – 7, 629.3, 990, 1.014, 1.015.5

168 – 1.014, 1.015.1, 1.087.2

168, § 1.º – 1.015.1

168, § 2.º – 1.015.1

168, § 3.º – 1.015.1

169 – 1.015.5, 1.117.1

169, § 1.º – 990, 1.015.5

169, § 2.º – 1.015.5

170 – 1.015.2, 1.152, 1.304

170, parágrafo único – 1.015.2

172 – 1.015.2, 1.152

173 – 1.015.2, 1.015.4

173, I – 1.015.4

173, II – 1.015.2, 1.015.4

173, § 1.º – 1.015.4

173, § 2.º – 1.015.4, 1.152, 1.188.1


174 – 1.014

174, I – 1.014

174, II – 1.014

174, III – 1.014

175 – 7, 961.5, 1.014, 1.615

175, parágrafo único – 1.014

176 – 1.060, 1.069.3, 1.070

177 – 472.2, 501, 1.044.1, 1.046.1, 1.050, 1.050.1, 1.069, 1.070.1

177, VI – 94

178 – 317.2, 317.4, 472.2, 481, 490.2, 501, 543, 602, 607.9, 662, 678,
796, 820, 841, 938, 972, 976.3, 998.1, 998.2, 1.046, 1.046.2, 1.048, 1.049,
1.050.2, 1.055, 1.057, 1.058, 1.059, 1.066, 1.104.4, 1.119, 1.152, 1.177.2,
1.188.1, 1.189.1, 1.199.2, 1.226, 1.229, 1.255, 1.255.1, 1.264.2, 1.295,
1.381.1, 1.395, 1.426, 1.427.6, 1.456, 1.472, 1.482, 1.482.3, 1.534.1.2,
1.555.2, 1.590.2.3, 1.605, 1.614, 1.629, 1.684, 1.693.1, 1.753.2, 1.766.2.1,
1.809, 1.856, 1.874, 1.874.3, 1.907.2, 1.966.5.3, 1.970, 1.972.1, 1.978.2,
2.076, 2.094.3, 2.136

178, I – 2, 106.2.1, 365.2, 481, 596, 938, 1.044.1, 1.046, 1.048, 1.051,
1.052, 1.055, 1.057, 1.058, 1.059, 1.061, 1.062.4, 1.062.5, 1.063.1, 1.063.3,
1.063.4, 1.064, 1.065.4, 1.066, 1.068, 1.255.1.2, 1.753.2, 1.948.1.4

178, II – 106.2.1, 501, 536, 5371, 537.2, 1.044.1, 1.046, 1.046.2, 1.050.2,
1.055, 1.056, 1.062, 1.065.3, 1.066, 1.067, 1.075.3, 1.199.2, 1.254.2, 1.294,
1.295, 1.482.3, 1.534.1.2, 1.684, 1.714, 1.766.2.1

178, III – 2, 106.2.1, 1.044.1, 1.046, 1.055, 1.058, 1.059, 1.065.4,


1.255.1.2

178, parágrafo único – 365.2, 759.1.2, 1.058, 1.063.3, 1.295

179 – 1.044.1, 1.046, 1.050, 1.304, 1.399

179, I – 489, 807, 846, 1.048, 1.049, 1.050, 1.050.2, 1.059, 1.065, 1.065.1,
1.067, 1.255.1.2, 1.295, 1.296, 1.298, 1.693.1, 1.766.2.1, 1.856.3.3, 1.863.1.2,
2.029.3, 2.088.2

179, II – 851, 938, 998.2, 1.046.2, 1.050.2, 1.051, 1.067, 1.255.1.1,


1.255.1.2, 1.856.3.3, 1.863.1.2, 1.899.1.1, 1.941.3, 1.970, 1.976.4.2, 2.019.3,
2.019.4, 2.094.3

180 – 156.1, 156.2, 1.048, 1.049, 1.050.1, 1.064, 1.065.1, 1.065.3, 1.066,
1.177, 1.177.1, 1.177.3, 1.229, 1.237, 1.520.4, 1.731

180, § 1.º – 481, 1.049, 1.064, 1.068, 1.255.1.1, 2.094.3


180, § 2.º – 1.049, 1.177.2, 2.088.1

181 – 1.026.2, 1.054

182 – 1.019, 1.026, 1.026.2

183 – 140, 156.1, 505.2, 1.026.1, 1.026.2, 1.177, 1.177.1, 1.520.4, 1.731,
2.030

183, § 1.º – 156.1, 156.2, 747.2, 808, 1.048, 1.064, 1.065.1, 1.077,
1.159.2, 1.160.3, 1.177.2, 1.178, 1.191, 1.229, 1.232, 1.237, 1.241, 2.030

183, § 2.º – 1.026.1

183, § 3.º – 1.177.2

184 – 21.4, 1.026, 1.026.2

185 – 332.3, 1.072, 1.074

186 – 156.1, 1.074, 1.078, 1.178, 1.461.2, 1.520.4, 1.731, 1.779.2

186, § 1.º – 156.2, 747.2, 747.3, 1.077, 1.229

186, § 2.º – 1.077, 1.109.1

186, § 3.º – 156.1, 747.1, 1.071, 1.077, 1.078.2, 1.178, 1.160.3

186, § 4.º – 1.078.1

187 – 1.026.2, 1.073.3, 1.074, 1.081

188 – 1.049, 1.098, 1.099.3, 1.116, 1.123.5, 1.128, 1.257

188, I – 4

188, II – 4

188, III – 4

189 – 104.1, 171, 799, 1.028.1, 1.100, 1.101, 1.108, 1.358, 1.902.2, 2.062,
2.074.1

189, I – 168, 170, 171, 172, 1.028.1, 1.104, 1.104.1

189, II – 168, 170, 171, 1.028.1, 1.104, 1.104.2, 1.104.6, 1.201.1

189, III – 168, 170, 171, 1.028.1, 1.104

189, IV – 168, 170, 1.028.1, 1.104, 1.104.3

189, § 1.º – 168, 171, 986.5, 1.028.1, 1.028.2, 1.100, 1.104.4, 2.062

189, § 2.º – 171, 986.5, 1.028.1, 1.104.4


190 – 104.2, 104.4, 106.2, 106.2.1, 106.2.3, 106.2.4, 109, 127, 311.2,
1.087.2, 1.098, 1.153.2, 1.166, 1.180, 1.180.1, 1.180.1.2, 1.251, 1.258, 1.402,
1.461.2, 1.510.3.1, 1.511, 1.514.4, 1.555.2, 1.665, 1.731, 1.812.5, 1.924

190, parágrafo único – 106.2.3, 1.180.1.1, 1.514.4

191 – 104.2, 106.2, 106.2.3, 109, 1.087.2, 1.153.2, 1.159.1, 1.166, 1.180

191, § 1.º – 106.2.6

191, § 2.º – 106.2.3

192 – 1.105, 1.007, 1.011.1, 1.333, 1.469, 1.487, 1.665, 1.732, 1.919,
1.940.1

192, parágrafo único – 1.007, 1.008, 1.010, 1.011.1, 1.738.1, 1.919

193 – 1.099.2, 1.935, 1.977.1, 2.098

193, parágrafo único – 1.934

194 – 104.1, 168, 1.100, 1.130, 1.135.3, 1.141, 1.159.4.8, 1.172, 1.936

195 – 168, 1.172, 1.665

196 – 168, 1.130, 1.898

197 – 374, 1.159.4.2, 1.172, 1.189.1

197, parágrafo único – 1.159.4.2, 1.172

198 – 143, 919.3, 1.132.2, 1.141, 1.870

199 – 143, 919.3, 1.141, 1.935, 1.977.1, 2.098

200 – 69, 464.1, 590, 593, 961.2, 1.087.1, 1.088, 1.092, 1.109, 1.148.3,
1.150, 1.183, 1.339.3.1, 1.339.3.2, 1.554, 1.554.5, 1.555.1, 1.555.3, 1.556,
1.589.1, 1.603, 1.641.3.2, 1.762, 1.768, 1.845

200, parágrafo único – 593.2, 1.065.1, 1.092, 1.589.4, 1.641.3.2, 1.731

201 – 986.5, 1.109.3, 1.112, 1.112.1, 1.112.2, 1.112.3, 1.470, 2.090.3

202 – 609.7, 664, 942, 1.068, 1.109.3, 1.135, 2.100

202, § 1.º – 167, 213.1

203 – 175.2, 372.3, 949, 967.2, 978, 1.113, 1.114, 1.114.3, 1.114.5,
1.114.6, 1.558, 1.692, 2.126

203, § 1.º – 167, 175.2, 975.5, 1.114.1, 1.114.2, 1.114.3, 1.114.6, 1.115.1,
1.145, 1.224, 1.516.1, 1.556, 1.557, 1.558, 1.559.1, 1.589.2, 1.698.3, 2.103,
2.126, 2.128, 2.128.3, 2.129, 2.133
203, § 2.º – 175.2, 307, 366.2, 399.4.2, 489, 490, 490.4, 636, 724, 740,
750, 784, 905, 975.5, 976.6, 1.114.1, 1.114.2, 1.114.3, 1.115.1, 1.157, 1.175,
1.224, 1.266, 1.423, 1.436.1, 1.450.5.5, 1.692, 1.692, 1.772, 1.811.1, 1.811.4,
1.819, 1.822

203, § 3.º – 943, 967.2, 1.114.4, 1.114.5, 1.116, 1.692, 1.768

203, § 4.º – 189, 943, 967.1, 986, 986.6, 1.1 14.5, 1.138, 1.492, 1.687

204 – 69.2, 175.2, 213.1, 399.4.2, 949, 1.114, 1.114.1, 1.114.2, 1.115,
1.115.1, 1.115.2, 1.117.3, 1.145, 1.557, 2.126, 2.127, 2.129

205 – 1.113, 1.116.1, 1.117, 1.117.3, 1.128, 1.131, 2.104, 2.107

205, § 1.º – 1.117.2, 1.118, 2.107

205, § 2.º – 1.117.3, 2.108

205, § 3.º – 1.117.1, 1.117.2, 1.119, 1.124, 1.160.3, 1.243.2

206 – 114, 161, 627.1, 779, 919.1, 986, 986.1, 986.2, 1.120, 1.130, 1.269,
1.270, 1.270.3, 1.270.4, 1.281, 1.469, 1.488, 1.509, 1.513, 1.532, 1.690,
1.698.1, 1.722, 1.733.3, 1.926.2

207 – 986.2, 1.130, 1.131, 1.244, 1.245.1, 1.786, 1.926.2

207, parágrafo único – 1.131, 1.472, 1.489.3, 1.738.3

208 – 986.2, 1.098, 1.132, 1.132.1, 1.132.2, 1.132.3, 1.157, 1.245, 1.249,
1.786, 1.920.1

209 – 986.2, 1.132.2, 1.132.3, 1.489

209, § 1.º – 986.2, 1.133, 1.160.2, 1.487

209, § 2.º – 104.4, 1.132.2, 1.133, 1.143, 1.738.1, 2.100

210 – 1.099.2, 1.133, 1.160.2, 1.487, 1.738.1

211 – 627.1, 986.2, 1.098, 1.132.2, 1.132.3

212 – 984, 1.134, 1.135, 1.135.1, 1.135.3, 1.136, 1.136.1, 1.162, 1.187.1,
1.197, 1.198, 1.210.2, 1.239, 1.305, 1.461.2, 1.713, 2.024.3.2, 2.047.2,
2.049.2.3, 2.051, 2.055.2.2, 2.069, 2.069.1, 2.069.2

212, § 1.º – 1.135, 1.136.1, 2.063.4, 2.069.1, 2.069.2

212, § 2.º – 1.136.2, 1.138, 1.159.3, 1.159.4.2, 1.198, 1.239, 1.547.3,


1.712, 2.049.2.3, 2.069.1

212, § 3.º – 54.2, 919, 1.135.1, 1.135.3, 1.187.1

213 – 1.135.3
213, parágrafo único – 1.135, 1.135.3, 1.187.1, 1.875.1.3

214 – 1.137, 1.137.1, 1.137.3, 1.138, 1.547.1, 1.547.2, 2.069.1

214, I – 1.138, 1.547.3

214, II – 1.138, 1.462, 1.547.3

215 – 1.139, 1.167.1, 1.196, 1.196.6, 1.196.7, 1.547.1, 1.547.2

215, I – 1.139, 1.547.3

215, II – 1.139, 1.547.3

215, III – 1.139, 1.547.3

216 – 1.135, 1.137.1, 1.137.2, 1.154.2, 1.164, 1.166, 1.187.1, 1.461.4,


1.462, 1.547, 2.069.1

217 – 104.1, 919.1, 1.140, 1.141, 1.142, 1.541.1, 1.862, 1.950.1, 2.052,
2.070

218 – 1.153.1, 1.166, 1.946.3

218, § 1.º – 546, 939.5, 1.036, 1.153.1, 1.184, 1.788

218, § 2.º – 375, 593.1, 1.152, 1.153.2, 1.165, 1.185, 1.208.4, 1.239,
1.380.2, 1.724.3, 1.860.3, 1.965.1, 1.966.1, 1.972.2, 1.972.5, 2.092

218, § 3.º – 133, 289.2, 366.3, 376, 616, 898, 905, 997.3, 1.152, 1.153,
1.153.1, 1.173, 1.174, 1.184, 1.259.5, 1.284, 1.486, 1.550.4, 1.554.5,
1.589.3.1, 1.688.2, 1.753.3, 1.757.1, 1.761, 1.766.1, 1.772, 1.798.2, 1.808.2,
1.980.5

218, § 4.º – 865, 1.137.3, 1.138, 1.153.1, 1.159.2, 1.170, 1.237, 1.461.4,
1.714, 1.733, 1.741

219 – 140, 366.3, 533.3, 782, 830, 840.4, 848.3, 1.135, 1.154.2, 1.162,
1.164, 1.165, 1.166, 1.187.1, 1.187.2.2, 1.286, 1.444.3, 1.459.1.1, 1.461.3,
1.461.4, 1.462, 1.715, 1.748.4, 1.753.3, 1.772, 1.901, 1.909, 1.946.3, 1.950.1,
1.972.2, 2.019, 2.032.1, 2.033.3

219, parágrafo único – 1.757.2, 1.890

220 – 4, 5, 76, 1.137.1, 1.137.2, 1.137.3, 1.167.1, 1.167.2, 1.198, 1.461.4,


1.522, 1.547.1, 1.547.2, 1.547.3

220, § 1.º – 1.137.1, 1.167.1, 1.415, 1.547.1, 1.547.2

220, § 2.º – 1.137.1, 1.167.1, 1.415, 1.522, 1.547.1

221 – 222.1, 1.166, 1.167.1, 1.167.2, 1.167.3, 1.522

221, parágrafo único – 9, 961.3, 1.014, 1.167.2, 1.533, 1.537.1, 1.810


222 – 66.2, 80, 941.3, 1.152, 1.154.3, 1.180, 1.180.2

222, § 1.º – 1.153, 1.153.2, 1.180.2

222, § 2.º – 1.180.2

223 – 374, 375, 376, 1.143, 1.147, 1.148.1, 1.148.3, 1.150, 1.153.1,
1.153.2, 1.153.4, 1.154.4, 1.159.4.2, 1.166, 1.167.3, 1.171, 1.172, 1.173,
1.174, 1.179, 1.180.1.1, 1.180.2, 1.184, 1.186, 1.243.3, 1.761, 1.945, 2.128.3

223, § 1.º – 147, 346.1, 348, 374, 375, 609.5, 1.122.2, 1.135.3, 1.159.4.2,
1.172, 1.173, 1.540, 1.761, 1.834.2, 1.978.2, 2.094.4.1.2

223, § 2.º – 1.175, 1.761

224 – 140, 366.3, 533.3, 782, 830, 840.4, 848.3, 1.155, 1.156, 1.158,
1.162, 1.165, 1.187.1, 1.187.2.2, 1.286, 1.444.3, 1.459.1.1, 1.461.2, 1.461.3,
1.461.4, 1.462, 1.748.4, 1.753.3, 1.778.2, 1.811.5, 1.901, 1.909, 1.946.3,
1.972.2, 2.019, 2.032.1, 2.033.3

224, § 1.º – 1.135.3, 1.154.2, 1.159.3, 1.159.4.6, 1.162, 1.165, 1.166,


1.172, 1.970.3

224, § 2.º – 1.155, 1.159.3, 1.159.4.6, 1.162

224, § 3.º – 1.155, 1.159.4.6, 1.162

225 – 1.153.2, 1.180.1, 1.181, 1.182

226 – 93.3, 930.1, 1.148.1, 1.153.4, 1.189.1, 1.245.1

226, I – 957, 962.2, 1.114.4, 1.152, 1.153.2, 1.157, 1.507.2, 1.768

226, II – 957, 962.2, 1.152, 1.153.2, 1.157, 1.769, 1.805, 1.818

226, III – 957, 962.2, 1.157, 1.769

227 – 592, 930.1, 1.189.1, 1.587.1, 1.950.1

228 – 156.8, 156.8.1, 1.105, 1.152, 1.157, 1.158, 1.188.2, 1.507.2,


1.522.1, 1.587.1

228, I – 156.8, 1.158, 2.096

228, II – 156.8, 1.158

228, § 1.º – 156.8, 1.158

228, § 2.º – 156.8, 1.138, 1.158, 2.096

229 – 140, 189, 853, 854, 863, 898, 912.1.2, 915, 1.028.2, 1.154.1,
1.159.4.9, 1.179, 1.474.1.2, 1.489.1, 1.520.4, 1.730, 1.731, 1.737.2, 1.748.4,
1.772, 1.778.2, 1.779.2, 1.811.5, 1.946.3, 2.032.1, 2.088.2, 2.088.3, 2.128.3
229, § 1.º – 915, 1.179, 1.731

229, § 2.º – 915, 1.179, 1.731

230 – 1.048, 1.155, 1.159.1, 1.159.2, 1.160

230, § 1.º – 1.137.1

230, § 2.º – 1.137.1

231 – 289.1, 489.1.1, 533.3, 848.3, 863, 1.048, 1.138, 1.155, 1.159.1,
1.159.3, 1.159.4, 1.185, 1.208.5, 1.219, 1.296, 1.436.1, 1.444, 1.459.1.1,
1.504, 1.554.2, 1.703, 1.715, 1.718, 1.726, 1.754.3, 1.976

231, I – 372.3, 517, 1.159.4.1, 1.159.4.9, 1.160.1, 1.185, 1.203, 1.204,


1.210.2, 1.233, 1.436.1, 1.731

231, II – 517, 989.4, 1.155, 1.159.2, 1.159.4.2, 1.159.4.9, 1.160.1, 1.185,


1.197, 1.210.2, 1.715

231, III – 1.159.4.3, 1.159.4.9, 1.160.1, 1.731

231, IV – 517, 1.153.2, 1.159.4.5, 1.159.4.9, 1.160.1, 1.214.2, 1.218, 1.731

231, V – 1.159.4.5, 1.159.4.6, 1.160.1, 1.731, 1.738.5

231, VI – 1.159.4.4, 1.159.4.9, 1.160.1, 1.436.1, 1.733

231, VII – 1.159.4.7

231, VIII – 1.159.2, 1.159.4.8, 1.160.1, 1.160.3, 1.190, 1.255.2, 1.715,


1.731

231, § 1.º – 1.159.4.8, 1.159.4.9, 1.179, 1.717, 1.731

231, § 2.º – 1.159.4.9

231, § 3.º – 1.159.2

231, § 4.º – 1.159.4.2

232 – 415.1, 1.152, 1.159.4.4, 1.305

233 – 941, 984, 1.188, 1.188.1, 1.188.2, 1.270.3

233, § 1.º – 984, 1.188.2, 1.188.3, 2.028.1

233, § 2.º – 377, 984, 1.188.1, 1.188.2

234 – 602, 603, 607.9, 835, 1.026, 1.050.1, 1.050.2, 1.054, 1.029, 1.074,
1.187.2, 1.187.2.4, 1.270.3

234, § 1.º – 607.9, 1.029, 1.187.2, 1.187.2.1


234, § 2.º – 664, 666.1, 835, 1.028.2, 1.029, 1.050.1, 1.078.1, 1.100,
1.152, 1.187.2, 1.187.2.2

234, § 3.º – 602, 603, 986.5, 1.029, 1.187.2.2

234, § 4.º – 607.9, 986.5, 1.029, 1.050.1, 1.050.2, 1.187.2.2

234, § 5.º – 602, 603, 607.9, 1.029, 1.187.2, 1.187.2.2

235 – 61, 161, 1.148.1, 1.153.2, 1.153.4, 1.157, 1.186, 1.189, 1.189.1,
1.189.2

235, § 1.º – 93.3, 1.152, 1.189.1

235, § 2.º – 1.152, 1.189.1

235, § 3.º – 61, 66.3, 942, 1.148.1, 1.152, 1.153.4, 1.189.1

236 – 497.4

236, § 1.º – 492, 493.2, 494.3, 497

236, § 2.º – 492, 493.1

237 – 492, 493

237, I – 493.1, 986.2

237, II – 986.2, 1.232

237, III – 493.2, 986.2

237, IV – 492, 493.4, 986.2, 1.104.3

237, parágrafo único – 498.2.2

238 – 83, 93.3, 98, 127, 221, 308, 493.2, 989.1, 1.022.2, 1.143, 1.192,
1.193, 1.196, 1.196.2, 1.196.3, 1.682, 1.700, 1.701, 1.718, 1.729, 1.737.1

239 – 176.4, 308, 316.2, 351, 1.222, 1.223, 1.634, 1.642.1, 1.700, 1.721

239, § 1.º – 308, 316.3, 1.099.3, 1.194.6, 1.222, 1.223, 1.252, 1.255.2,
1.260, 1.590.2.2, 1.703, 1.715, 1.731, 1.778.1, 2.157

239, § 2.º – 1.099.3, 1.255.2, 1.703

239, § 2.º, I – 316.3, 1.223, 1.703, 1.778.1

239, § 2.º, II – 1.223, 1.260

240 – 95, 98, 465, 571, 875, 886.3, 909, 1.203, 1.219, 1.220.1, 1.220.2,
1.221.1, 1.221.3, 1.221.4.2, 1.244, 1.458.3, 1.458.4, 1.470, 1.493, 1.495,
1.504, 1.506, 1.507.1, 1.619, 1.660, 1.697, 1.715, 1.716, 1.717, 1.719
240, § 1.º – 344.2, 897, 1.221.4.2, 1.221.4.5, 1.224, 1.458.5, 1.507.1,
1.507.2, 1.512.2, 1.517, 1.532, 1.620, 1.621, 1.697, 1.717, 1.779.3, 1.885

240, § 2.º – 1.152, 1.197.2, 1.198, 1.203, 1.221.4.2, 1.507.2, 1.512.2,


1.620, 1.621, 1.697

240, § 3.º – 897, 1.507.2, 1.795.3

240, § 4.º – 897, 1.221.4.5, 1.507.1, 1.510.4, 1.621, 1.622, 1.697, 1.715,
1.717

241 – 1.196.1, 1.221.4.4, 1.516.5, 1.520.2, 1.691, 1.699.2, 1.702

242 – 515, 522, 523.1, 523.2, 1.159.4.8, 1.196.2, 1.196.4, 1.196.7, 1.199,
1.199.2, 1.682, 1.700, 1.702, 1.714

242, § 1.º – 523, 523.1, 1.196.7

242, § 2.º – 519, 523, 523.2, 1.196.7, 1.700

242, § 3.º – 517, 1.196.6, 1.201.2, 1.207

243 – 1.197, 1.197.1, 1.209.2, 1.714

243, parágrafo único – 1.197.1, 1.712

244 – 1.197.2, 1.198, 1.251, 1.254.2, 1.712, 1.713, 1.772, 1.786

244, I – 1.197.2, 1.712, 1.713

244, II – 1.152, 1.153.2, 1.198, 1.198.1, 1.199.1, 1.713, 1.714, 2.094.6

244, III – 55, 1.153.2, 1.198, 1.198.2, 1.251, 1.252, 1.255.2, 1.713, 2.094.6

244, IV – 1.197.2, 1.199.1, 1.543, 1.714

245 – 55, 515, 1.088, 1.196.4, 1.198.1, 1.199.2, 1.201.2, 1.209.4, 1.713,
1.714, 1.845, 1.850, 1.964.2

245, § 1.º – 1.088, 1.199.1, 1.199.2, 1.543, 1.714, 1.850, 2.042

245, § 2.º – 537.1, 1.199, 1.199.2, 1.543, 1.714

245, § 3.º – 1.199.2, 1.714

245, § 4.º – 515, 537.1, 1.199.2, 1.543

245, § 5.º – 515, 1.199.2, 1.543

246 – 366.1, 420, 864, 909, 1.194, 1.194.1, 1.197, 1.222, 1.455.6, 1.459,
1.459.1.2, 1.543, 1.682, 1.695, 1.704, 1.706, 1.719, 1.748.3, 1.771.1,
1.899.1.2, 1.907.2, 1.908, 1.964

246, I – 1.194.5, 1.395, 1.682, 1.706


246, II – 1.194.5, 1.395, 1.682

246, III – 1.159.4.3, 1.191, 1.194, 1.194.5, 1.194.6, 1.197, 1.236, 1.395,
1.682, 1.704, 1.709

246, IV – 1.194.4, 1.194.5, 1.395

246, V – 1.159.4.6, 1.194.5, 1.197, 1.395, 1.708

246, § 1.º – 76, 808, 822, 828, 847, 986.3, 989.1, 1.026.1, 1.027, 1.048,
1.077, 1.099.2, 1.159.4.6, 1.159.4.7, 1.194.1, 1.207, 1.228, 1.474.1, 1.482.1.1,
1.490 1.68, 2, 1.686, 1.706, 1.708, 2.092

246, § 2.º – 76, 1.194.1, 1.201.2, 1.207, 1.395, 1.682, 1.706, 1.708,
1.860.2

246, § 3.º – 102, 388.2.5, 447, 586, 588, 1.212.3, 1.292.2.8.3, 1.402,
1.710, 2.138.1.1

247 – 54.3, 415.1, 497, 847, 989.1, 1.194.1, 1.197, 1.200, 1.202, 1.207,
1.232, 1.706, 1.964, 1.972.2

247, I – 989.1, 1.201, 1.201.1, 1.232, 1.682, 1.706

247, II – 989.1, 1.201, 1.201.1, 1.201.2, 1.232, 1.682, 1.706, 1.908

247, III – 989.1, 1.194.1, 1.201, 1.201.2, 1.232, 1.682, 1.706

247, IV – 989.1, 1.197, 1.200, 1.201, 1.201.1, 1.232, 1.682, 1.706

247, V – 989.1, 1.194.1, 1.194.3, 1.195, 1.200, 1.201, 1.201.1, 1.202,


1.224, 1.232, 1.479, 1.682, 1.695, 1.700, 1.706

248 – 1.111, 1.200, 1.202, 1.203, 1.204, 1.469, 1.492, 1.687, 1.701, 1.729,
1.964

248, § 1.º – 986.3, 1.159.4.1, 1.190, 1.196, 1.196.5, 1.201.1, 1.203, 1.204,
1.205, 1.222, 1.550.3, 1.667, 1.705, 1.718, 1.771.1

248, § 2.º – 20, 522, 745.2, 1.159.4.1, 1.159.4.3, 1.201.1, 1.201.2, 1.204,
1.222, 1.705, 1.706, 1.771.1

248, § 3.º – 1.203, 1.771.1

248, § 4.º – 1.159.4.1, 1.190, 1.196, 1.197, 1.201.1, 1.204, 1.222, 1.705,
1.771.1

249 – 54.3, 989.1, 1.194.3, 1.203, 1.204, 1.205, 1.206, 1.207, 1.2.070,
1.707

249, II – 909

249, § 1.º – 316.3


250 – 984, 1.099.3, 1.194.3, 1.208, 1.214.1, 1.245, 1.254.1, 1.257

250, I – 244, 1.203, 1.208.1

250, II – 244, 346.1, 352, 366.1, 1.104.5, 1.193, 1.203, 1.208.2, 1.214.2,
1.512, 1.700, 1.701, 1.731, 1.771.1

250, III – 56, 909, 1.203, 1.208.3

250, IV – 1.203, 1.208.4

250, V – 137, 1.111, 1.203, 1.208.3, 1.208.5, 1.208.6, 1.209.5, 1.214.1,


1.469, 1.492, 1.687

250, VI – 1.203, 1.208.6

251 – 980, 989.1, 1.099.3, 1.194.6, 1.197, 1.197.1, 1.197.2, 1.209.4,


1.210.2, 1.239, 1.257, 1.707, 1.709, 1.712

251, I – 244, 289.1, 989.1, 1.197, 1.208.2, 1.209.4, 1.209.5, 1.543, 1.715

251, II – 989.1

251, III – 989.1, 1.191, 1.718

252 – 1.159.4.2, 1.197.1, 1.210, 1.210.1, 1.210.2, 1.212.4, 1.711

252, parágrafo único – 1.022.2, 1.210.2

253 – 1.159.4.2, 1.210.2

253, § 1.º – 718.2, 1.210.2, 1.711

253, § 2.º – 1.210, 1.210.2, 1.711

253, § 3.º – 989.3, 1.159.4.2, 1.191, 1.196.4, 1.210.2, 1.711

253, § 4.º – 1.210.2, 1.711

254 – 1.152, 1.159.4.2, 1.197, 1.210, 1.210.2, 1.210.3, 1.711

255 – 415.1, 493.2, 1.239

255, II – 1.209.5

255, III – 1.209.6

256 – 55, 316.1, 495, 1.211, 1.212, 1.244, 1.251

256, I – 502, 607.10, 907, 1.190, 1.194.1, 1.194.2, 1.195, 1.212, 1.212.1,
1.212.4, 1.213, 1.217, 1.381.2, 1.474.1.1, 1.479, 1.667, 1.711

256, II – 316.1, 607.10, 866, 906.2, 907, 1.194.1, 1.194.4, 1.195, 1.197,
1.202, 1.211, 1.212, 1.212.2, 1.212.4, 1.213, 1.215, 1.217, 1.222, 1.244,
1.257, 1.264.4, 1.711
256, III – 607.10, 1.194.1, 1.195, 1.212, 1.711

256, IV – 1.194.1

256, V – 1.194.1

256, § 1.º – 219, 1.212.2, 1.213, 1.214.2, 1.216.3, 1.242

256, § 2.º – 1.212.2, 1.214, 1.215, 1.216.3

256, § 3.º – 1.212.2

257 – 316.1, 1.104.5, 1.211, 1.214, 1.216.1, 1.244, 1.245, 1.786

257, I – 607.10, 1.211, 1.212.4, 1.214, 1.222, 1.244, 1.257

257, II – 289.1, 365.2, 745.3, 1.152, 1.212.4, 1.214, 1.216, 1.216.2,


1.216.3, 1.218, 1.244, 1.262.2

257, III – 718.2, 907, 1.153.1, 1.153.2, 1.159.3, 1.159.4.5, 1.159.4.9,


1.213, 1.214.2, 1.245, 1.264.1, 1.264.4, 1.265, 1.419, 1.682

257, IV – 1.214.1, 1.214.2, 1.214.3, 1.244

257, parágrafo único – 627.1, 1.159.4.5, 1.214, 1.214.2, 1.215, 1.216,


1.216.1, 1.216.3, 1.218, 1.244, 1.265

258 – 607.10, 1.195, 1.211, 1.212.4, 1.217, 1.257, 1.682, 1.711, 2.129

258, parágrafo único – 607.10, 1.217

259 – 1.194.4, 1.211, 1.212, 1.212.3

259, I – 607.10, 1.190, 1.194.1, 1.211, 1.212.3, 1.292.2.8.3, 1.402, 1.667,


1.682, 1.710

259, II – 1.190, 1.194.1, 1.212.1, 1.212.3, 1.667, 1.682, 1.710

259, III – 1.190, 1.194.1, 1.197, 1.212.3, 1.292.1.3, 1.667, 1.682, 1.710

260 – 219, 415.1, 494, 494.5, 495.3, 497, 497.3, 498.2.1, 2.139.2

260, I – 494, 494.1, 494.4, 496, 498.2.1

260, II – 494, 494.2

260, III – 415.1, 494, 494.3, 498, 498.1

260, IV – 494, 494.1, 494.4, 497, 498.2.3

260, § 1.º – 415.1, 494.2

260, § 2.º – 415.1, 494.5, 497, 1.997

260, § 3.º – 415.1, 494


261 – 218.2, 219, 495, 495.1, 495.2, 495.3, 495.4, 497.3, 499, 1.541.1,
1.541.1.3

261, § 1.º – 495.4, 497

261, § 2.º – 495.2, 495.4, 496, 499

261, § 3.º – 495.4, 496, 497, 498.3, 1.541.1.3

262 – 218.2, 496, 498.2.2

262, parágrafo único – 496, 1.152

263 – 468, 497, 497.1, 497.2, 497.3, 498.2.3

264 – 497, 497.1, 497.3

265 – 497, 497.1, 497.3, 499, 1.230

265, § 1.º – 497.3, 1.230

265, § 2.º – 497.3

266 – 497.4, 498.3

267 – 498, 498.1, 498.3

267, I – 494, 495.3, 498.2, 498.2.1

267, II – 498.2, 498.2.1, 498.2.2

267, III – 494.4, 497, 498.2, 498.2.1, 498.2.3

267, parágrafo único – 498.2.2

268 – 498.3, 499, 1.152, 1.158

268, parágrafo único – 321

269 – 175.2, 1.159.1, 1.185, 1.192, 1.225, 1.226

269, § 1.º – 1.185, 1.192, 1.194.3, 1.226, 1.228, 1.231, 1.490, 1.587.2,
1.707

269, § 2.º – 1.226

269, § 3.º – 1.232, 1.490

270 – 607.12, 1.077, 1.159.4.6, 1.228, 1.229, 1.231, 1.238, 1.698.3,


1.699.2, 1.738.5, 1.739, 1.748.3, 1.821.1, 2.071, 2.092, 2.109

270, parágrafo único – 76, 1.026.1, 1.027, 1.048, 1.077, 1.159.4.6, 1.228,
1.229, 1.232, 2.092
271 – 1.048, 1.065.1, 1.226, 1.229, 1.684, 1.766.2.1, 1.773, 1.778.2,
1.779.2

272 – 986.3, 1.027, 1.104.5, 1.119, 1.159.1, 1.160.5, 1.185, 1.226, 1.227,
1.231, 1.240, 1.243, 1.461.3, 1.699.2, 1.738.5, 1.773, 1.778.2, 1.779.2,
1.808.2, 1.821.1, 2.092, 2.109, 2.128.3

272, § 1.º – 1.243.1, 1.270.6

272, § 2.º – 1.027, 1.243.1, 1.243.3, 1.472

272, § 3.º – 1.243.1, 1.270.5

272, § 4.º – 1.243.1, 1.255.2, 1.264.3

272, § 5.º – 1.243.1, 1.243.3, 1.472

272, § 6.º – 1.026.1, 1.028.3, 1.100, 1.232, 1.237, 1.243

272, § 7.º – 1.028.3, 1.100, 1.243

272, § 8.º – 1.243.3

273 – 1.027, 1.077, 1.226, 1.231, 1.240

273, I – 1.027, 1.226, 1.228, 1.231, 1.232, 1.234

273, II – 1.027, 1.226, 1.228, 1.231, 1.232, 1.233, 1.234, 1.237, 1.240

274 – 986.3, 1.027, 1.048, 1.159.4, 1.159.4.3, 1.159.4.8, 1.226, 1.227,


1.228, 1.229, 1.231, 1.231, 1.232, 1.233, 1.234, 1.235, 1.238

274, parágrafo único – 607.12, 1.027, 1.159.4.1, 1.204, 1.233, 1.234,


1.239, 1.490, 1.587.2, 1.738.5, 1.863.1.1

275 – 989.1, 1.226, 1.227, 1.228, 1.229, 1.232, 1.238

275, § 1.º – 1.239

275, § 1.º, I – 1.209.3, 1.239

275, § 1.º, II – 1.239

275, § 1.º, III – 1.239

275, § 2.º – 1.229, 1.239, 1.240, 1.242

276 – 1.098, 1.099.1, 1.099.3, 1.103, 1.244, 1.245.2, 1.249, 1.250, 1.252,
1.254, 1.254.1, 1.257, 1.259.1, 1.259.2

277 – 1.098, 1.099.1, 1.099.3, 1.250, 1.252, 1.254.1, 1.257, 1.262

278 – 104.4, 1.143, 1.252, 1.253, 1.259.2, 1.259.3, 1.259.4, 1.261


278, parágrafo único – 104.4, 942.3, 1.143, 1.244, 1.252, 1.259.2,
1.259.5

279 – 1.058, 1.065.4, 1.066, 1.199.2, 1.254, 1.255, 1.255.1, 1.324.6,


1.482.3, 1.534.1.2, 1.714

279, § 1.º – 1.065.1, 1.065.4, 1.255.1.2

279, § 2.º – 1.065.4, 1.255.1.2

280 – 522, 1.099.3, 1.196.5, 1.210.2, 1.252, 1.254, 1.254.1, 1.255,


1.255.2, 1.259.2, 1.262.1, 1.264.3, 1.534.1.1, 1.700, 1.713, 1.719, 1.729

280, parágrafo único – 110

281 – 98, 1.094, 1.263, 1.264.1, 1.264, 1.264.2, 1.265, 1.266

282 – 54.1, 317.5.1, 344.4, 487, 490.3, 494, 941, 1.094, 1.256.2, 1.261,
1.263, 1.266

282, § 1.º – 316.1, 1.251, 1.252, 1.262, 1.262.2

282, § 2.º – 313.1.1, 1.251, 1.252, 1.261, 1.262

283 – 109, 110, 1.245.2, 1.249, 1.250, 1.251, 1.258, 1.694

283, parágrafo único – 1.258, 1.262, 1.694

284 – 14, 114, 173, 470, 937.3, 1.130, 1.268, 1.270.1, 1.327, 1.688

285 – 983, 1.274, 1.274.2, 1.283, 1.688

285, parágrafo único – 1.274.1, 1.284

286 – 465, 937.3, 1.272.1, 1.275, 1.276, 1.277, 1.278, 1.278.2, 1.283,
1.283.1, 1.285, 1.688, 1.688.1, 1.688.2, 1.737.2, 1.757.1

286, I – 465, 1.220.3, 1.278.1, 1.500, 1.688.1, 1.688.2, 1.886, 1.907.1

286, II – 465, 468.1, 1.220.3, 1.278.2, 1.284, 1.495, 1.500, 1.657, 1.688.1,
1.688.2, 1.716, 1.757.1

286, III – 95, 465, 466, 1.220.1, 1.278.3, 1.285, 1.495, 1.498, 1.500,
1.590.2.2, 1.590.2.5, 1.667, 1.688.1, 1.688.2, 1.716, 2.149.6

286, parágrafo único – 980, 1.277, 1.748.1

287 – 607.12, 1.020, 1.027, 1.234, 1.279, 1.280, 1.282.1, 1.286, 1.515.1,
1.515.3, 1.688, 1.689, 1.693.2, 1.698.3, 1.722

287, parágrafo único – 1.020, 1.035, 1.281, 1.282, 1.688, 1.689

287, parágrafo único, I – 1.282.1, 1.282.2, 1.282.3, 1.282.4

287, parágrafo único, II – 1.020.3, 1.075.2


287, parágrafo único, III – 1.020.3, 1.282, 1.282.4

288 – 941, 1.239, 1.272.1, 1.274.1, 1.283, 1.283.1, 1.283.2, 1.285,


1.688.2, 1.730, 1.757.1

289 – 983, 1.274.1, 1.757.1

290 – 326, 498.3, 632, 749, 1.152, 1.286, 1.300, 1.515.3, 1.689, 1.698.2

291 – 1.270, 1.270.7, 1.287, 1.289, 1.292.1.2, 1.292.1.10, 1.292.2,


1.292.2.7, 1.292.2.8.9, 1.292.2.8.10, 1.293, 1.455.4, 1.477, 1.501, 1.680,
2.122.1

292 – 1.287, 1.289, 1.291, 1.292, 1.292.1, 1.292.1.1, 1.292.2, 1.292.2.4,


1.292.2.5, 1.293, 1.297, 1.298.1, 1.299, 1.455, 1.455.4, 1.477, 1.680, 2.116.2

292, I – 694, 1.292.1.1, 1.292.1.2, 1.292.1.3, 1.292.1.5, 1.292.1.6,


1.292.1.8, 1.292.2.2, 1.292.2.3, 1.292.2.8.1, 1.292.2.8.5, 1.292.2.8.10, 1.477,
1.501

292, II – 1.287, 1.292.1.1, 1.292.1.2, 1.292.1.6, 1.292.1.8, 1.292.2,


1.292.2.1, 1.292.2.7, 1.292.2.8.2, 1.292.2.8.5, 1.292.2.8.6, 1.292.2.8.7,
1.292.2.8.10, 1.477

292, III – 1.292.1.3, 1.292.2.8.4

292, IV – 1.292.1.4, 1.292.2.8.3, 1.292.2.8.7, 1.455.4, 1.477

292, V – 1.292.1.5, 1.477

292, VI – 1.287, 1.292.1.6, 1.292.2.8.2

292, VII – 1.287, 1.292.1.7

292, VIII – 1.287, 1.292.1.8

292, § 1.º – 1.292.1.3, 1.292.1.8, 1.292.2.2, 1.292.2.8.1

292, § 2.º – 280.4, 610.4, 1.292.1.8, 1.292.2.2, 1.292.2.8.1

292, § 3.º – 941, 1.293, 1.294, 1.295, 1.298.1, 1.300, 1.477, 1.501, 1.680

293 – 104.4, 315, 326.3, 610.4, 619, 1.067, 1.143, 1.292.2.1, 1.292.2.4,
1.292.2.5, 1.293, 1.294, 1.295, 1.296, 1.297, 1.298.1, 1.299, 1.300, 1.455.4,
1.477, 1.501, 2.104

294 – 2, 3, 105, 114, 161, 180, 729, 1.401, 1.453.1, 1.481, 1.698, 1.765

294, parágrafo único – 114, 284, 326.1, 457, 480, 489.3, 490.1, 778,
869.2, 1.114.3, 1.401, 1.410.1, 1.410.2, 1.412, 1.414, 1.434, 1.436.1, 1.438,
1.450.3.5, 1.450.5.1, 1.481, 1.498, 2.153

295 – 326.1, 1.114.3


296 – 176.2, 715, 1.148.2, 1.149, 1.438, 1.438.1.1, 1.441, 1.442,
1.450.3.6, 1.450.5.5, 1.452.6, 1.461.1, 1.462

296, parágrafo único – 1.441, 1.531

297 – 3, 372.5, 1.430, 1.433.2, 1.435, 1.462

297, parágrafo único – 1.435

298 – 145, 1.116.2, 1.119, 1.149, 1.224, 1.420.4, 1.431, 1.438.2, 1.455.3,
1.481.1, 1.692

299 – 105, 318.4, 457, 458, 459, 480, 1.414, 1.415, 1.416, 1.420.1,
1.444.3, 1.455.1, 1.746

299, parágrafo único – 458, 1.415, 1.438.1.1, 1.442, 1.443, 1.463,


1.467.3

300 – 62, 105, 114, 115, 1.096, 1.116.2, 1.401, 1.410.1, 1.418, 1.420.1,
1.421.1, 1.421.2, 1.431, 1.450.3.4, 1.453.2, 1.481.1, 1.683, 1.692

300, § 1.º – 1.429, 1.429.1, 1.429.2, 1.429.3, 1.430.1.1, 1.455.2.1, 1.461.1

300, § 2.º – 115, 130, 132, 133, 156.1, 171, 1.387, 1.388, 1.410.2, 1.417,
1.418, 1.425, 1.427, 1.427.3, 1.427.5, 1.427.6, 1.428, 1.432, 1.455.5, 1.459,
1.459.1, 1.459.1.1, 1.459.1.2, 1.467.1, 2.059

300, § 3.º – 3, 1.439.2, 1.444, 1.499.2, 1.461, 1.481.2

301 – 103.1, 105, 114, 458, 1.136.2, 1.292.2.5, 1.401, 1.405.1, 1.410.1,
1.411, 1.416, 1.424, 1.430, 1.430.1, 1.430.1.2, 1.435, 1.453, 1.455.2.1,
1.459.2.2, 1.461.1, 1.481.2, 1.565

301, § 3.º – 1.590.2.1

301, § 4.º – 292

302 – 105, 114, 226.2, 605, 618, 944.1, 1.401, 1.429.4, 1.440, 1.440.1,
1.440.2, 1.440.3, 1.460, 1.655

302, I – 1.433.1, 1.438, 1.440, 1.440.2, 1.440.4

302, II – 1.417, 1.433.1, 1.433.2, 1.440.2, 1.456, 1.461.3

302, III – 1.433.1, 1.440, 1.440.2, 1.440.3, 1.459.2.4

302, parágrafo único – 1.440.4

302, IV – 1.440.2

303 – 106.1, 114, 125, 505.2, 939.5, 945, 1.220.1, 1.401, 1.405.1, 1.406,
1.410.2, 1.412, 1.414, 1.420.1, 1.422, 1.423, 1.424, 1.427.3, 1.428, 1.432,
1.434, 1.436.1, 1.439.3, 1.440.4, 1.444, 1.444.2, 1.444.3, 1.446.5, 1.447,
1.449, 1.450.2, 1.450.3.3, 1.450.5.4, 1.452.4, 1.453.2, 1.455, 1.455.1,
1.455.2.1, 1.455.3, 1.455.4, 1.459.1.2, 1.461, 1.465, 1.467.1, 1.480, 1.481.1,
1.481.1.2

303, § 1.º, I – 503, 505.2, 1.152, 1.410.2, 1.412, 1.414, 1.417, 1.427.6,
1.428, 1.433.2, 1.455.1, 1.459.1.2, 1.461, 1.461.1, 1.481, 1.481.1

303, § 1.º, II – 503, 505.2, 1.428, 1.433.2, 1.436.1, 1.455.6, 1.459,


1.459.1.2

303, § 1.º, III – 1.459.1.2, 1.459.2, 1.460

303, § 2.º – 132, 1.410.2, 1.428, 1.433.2, 1.459.1, 1.481.1

303, § 3.º – 631, 1.152, 1.401, 1.410.2, 1.439.3, 1.440.4, 1.458.1

303, § 4.º – 1.292.2.5, 1.454.2, 1.455, 1.455.4

303, § 5.º – 1.434, 1.440.4, 1.455.1, 1.459.1.2, 1.461

303, § 6.º – 938, 1.410.2, 1.427.3, 1.428, 1.433.2, 1.434, 1.455.5

304 – 45.3, 106.1, 114, 1.149, 1.401, 1.407.3, 1.408, 1.412, 1.436.1,
1.444, 1.444.1, 1.444.2, 1.449, 1.459, 1.459.1.2, 1.461.1, 1.655

304, § 1.º – 1.444.1, 1.444.2, 1.444.3, 1.655

304, § 2.º – 1.444.1, 1.444.3, 1.655

304, § 3.º – 1.444.1, 1.444.3, 1.655

304, § 4.º – 1.444.3, 1.458.1

304, § 5.º – 106.1, 1.144, 1.152, 1.401, 1.444.1, 1.444.3, 1.655

304, § 6.º – 1.144, 1.149, 1.444.1, 1.655, 2.153

305 – 105, 110, 114, 115, 254, 299, 458, 1.292.2.5, 1.392, 1.401, 1.407.1,
1.407.2, 1.407.3, 1.411, 1.424, 1.453.2, 1.455, 1.455.1, 1.455.2.1, 1.455.3,
1.455.4, 1.461, 1.564

305, parágrafo único – 505.2, 1.406, 1.412, 1.420.1, 1.455.1

306 – 140, 156.1, 352, 489.2, 505.2, 1.152, 1.382.1, 1.421.2, 1.424, 1.428,
1.433.1, 1.436.1, 1.455.6, 1.459, 1.459.1, 1.459.2, 1.459.2.1, 1.459.2.3, 1.460,
1.467.2, 1.686, 1.731, 2.126, 2.153

306, § 2.º – 236

307 – 352, 1.152, 1.157, 1.407.4, 1.421.2, 1.438.2, 1.442, 1.444.1,


1.459.2.1, 1.459.2.4, 1.460, 1.461.3, 1.462, 1.465, 1.946.2, 2.153

307, parágrafo único – 114, 729, 1.407.5, 1.411, 1.412, 1.428, 1.440.2,
1.455.6, 1.463
308 – 114, 115, 352, 631, 729, 1.152, 1.292.2.5, 1.401, 1.410.2, 1.411,
1.416, 1.417, 1.438, 1.440.4, 1.442, 1.455, 1.455.1, 1.459.2, 1.459.2.3, 1.460,
1.461, 1.461.1, 1.461.2, 1.461.3, 1.461.4, 1.461.5, 1.461.6, 1.462, 1.463,
1.465, 1.531, 2.153

308, § 1.º – 1.411, 1.412, 1.440.4, 1.455, 1.455.1, 1.455.2.4, 1.461.6,


1.466, 1.467, 1.481.2

308, § 2.º – 1.455, 1.455.1

308, § 3.º – 1.459, 1.463

308, § 4.º – 1.463

309 – 1.411, 1.433.1, 1.442, 1.443, 1.461.5, 1.462, 2.153

309, I – 115, 177, 1.411, 1.440, 1.440.2, 1.440.3, 1.440.4, 1.442, 1.443,
1.459.2.4, 1.461, 1.461.5, 1.462, 1.531, 1.564, 1.660.1

309, II – 114, 115, 177, 1.152, 1.433.1, 1.433.2, 1.442, 1.443, 1.462,
1.564, 1.660.1

309, III – 115, 177, 1.442, 1.442, 1.443, 1.461, 1.461.1, 1.462, 1.564,
1.655, 1.660.1

309, parágrafo único – 69, 176.2, 1.404, 1.442, 1.444.1, 1.458.2, 1.464,
1.465, 2.153

310 – 105, 114, 115, 1.401, 1.411, 1.455.1, 1.455.7, 1.458.2, 1.459.2.1,
1.459.2.2, 1.460, 1.465, 1.564

310, III – 1.122.2

311 – 133, 161, 309, 505.1, 912.1.1, 1.401, 1.421.1, 1.421.2, 1.445, 1.447,
1.453.2

311, I – 133, 327, 330.4, 549, 620, 869.2, 1.148.2, 1.432, 1.440.3, 1.445,
1.446, 1.446.1, 1.446.1.3, 1.446.2, 1.448, 1.499.2, 1.450.3.4, 2.094.4.1.1

311, II – 130, 132, 133, 1.421.1, 1.445, 1.446, 1.446.1.2, 1.446.3, 1.447,
1.448

311, III – 130, 132, 133, 365.3, 1.292.2.8.7, 1.446, 1.446.4, 1.447, 1.448,
1.771.2.3

311, IV – 328, 330.1, 330.4, 334, 869.2, 1.446, 1.446.1, 1.446.1.1, 1.446.5,
1.448

311, parágrafo único – 309, 1.445, 1.446.3, 1.446.4, 1.446.5, 1.448

312 – 91, 95, 98, 104.2, 114, 181.1, 268, 308, 344.2, 346.1, 426, 465, 466,
562, 571, 776, 875, 886.3, 894, 975.5, 1.219, 1.220.1, 1.220.2, 1.220.3,
1.221.1, 1.221.4.2, 1.267, 1.271, 1.279, 1.290, 1.304, 1.406, 1.455, 1.461.4,
1.470, 1.495, 1.497, 1.499, 1.500, 1.504, 1.505, 1.507.2, 1.534.1.1, 1.665,
1.688, 1.697, 1.715, 1.716, 1.717, 1.717, 1.745.1, 1.757.3, 2.131.2

313 – 317, 376, 941, 1.167.1, 1.167.2, 1.174, 1.304, 1.438.2, 1525, 1526,
1.533, 1.534.1.6, 1.553, 1.750

313, I – 546, 565, 567, 795, 1.025, 1.025.2, 1.030, 1.032.4, 1.036, 1.038,
1.039, 1.088, 1.167.2, 1.461.2, 1.524.1, 1.524.2, 1.524.3, 1.524.5, 1.524.6,
1.534, 1.534.1.1, 1.534.1.2, 1.534.1.4, 1.534.1.6, 1.534.2, 1.535, 1.535.2,
1.536, 1.536.1, 1.536.2, 1.549, 1.552.2, 1.593.4, 1.697, 1.888, 2.094.1.1,
2.136.1

313, II – 1.086, 1.087.2, 1.109.2, 1.164, 1.180.1.2, 1.461.2, 1.524.1,


1.524.5, 1.555, 1.555.1, 1.555.2, 1.556, 2.093.1, 2.093.2

313, III – 1.461.2, 1.524.5, 1.532, 1.538

313, IV – 1.524.5, 1.524.6, 1.533, 1.537.2, 1.778.1

313, V – 35, 1.180.2, 1.451.6.1, 1.524.5, 1.533, 1.539.1, 1.553, 1.811.1,


1.968.2

313, V, a – 293, 294, 301, 322.1.2, 322.1.3, 1.539.3.2, 1.521, 1526.1,


1.532, 1.539.2, 1.539.3.2, 1.590.2.4, 1.782, 1.886

313, V, b – 495.2, 495.4, 1.332, 1.521, 1.541, 1.541.1.1, 1.541.1.3,


1.541.2, 1.829, 1.967, 1.970, 1.982.3, 2.068.3

313, VI – 1.167.2, 1.524.5, 1.540

313, VII – 37, 1.524.5, 1.539.3.3

313, VIII – 35, 1.167.2, 1.524.5, 1526, 1.533, 1.542.1, 1.542.2, 1.544,
1.545, 1.547.3, 1.550.5

313, § 1.º – 546, 567, 1.534.1.1, 1.534.1.3, 1.534.1.5, 1.886

313, § 2.º – 563, 566, 567, 1.167.2, 1.534.1.1, 1.534.1.3, 1.534.1.5,


1.593.4, 1.595

313, § 2.º, I – 566, 567, 1.152, 1.534.1.1, 1.534.1.3

313, § 2.º, II – 566, 567, 1.534.1.1, 1.534.1.3, 1.595

313, § 3.º – 546, 1.036, 1.038, 1.167.2, 1.530, 1.534.2.2, 1.536.2, 1.536.3,
1.595, 1.595.1, 1.646.2, 2.094.4.1.1

313, § 4.º – 301, 304, 495.2, 495.3, 495.4, 1.152, 1.153.1, 1.164, 1.166,
1.180.1.2, 1.524.1, 1.532, 1.533, 1.537.1, 1.539.3.2, 1.539.3.3, 1.539.4,
1.539.5, 1.539.6, 1.541.1.3, 1.544, 1.553, 1.555, 1.555.2, 1.555.4, 1.556,
1.886, 2.068.3, 2.093.1

313, § 5.º – 1.541.1.3, 1.553, 1.555.4


314 – 480, 489.3, 1.170, 1.441, 1.522, 1.522.1, 1.523, 1.527, 1.531,
1.547.1, 1.553, 1.753.4

315 – 3, 35, 293, 897, 1.039, 1.539.2, 1.539.3.1, 1.541.2, 1.549, 1.778.1,
1.811.1

315, § 1.º – 1.152, 1.539.3.1

315, § 2.º – 35, 293, 1.152, 1.539.3.1, 1.549

316 – 96, 102, 114, 222.3, 227, 352, 776, 1.085, 1.090.2, 1.114.2, 1.584,
1.586, 1.587, 1.587.3, 1.588.3, 1.655, 1.665, 1.700

317 – 941.5, 955.2, 955.3, 1.114.3, 1.584, 1.595.1, 1.665, 1.667, 1.691,
1.693.2, 1.698.1, 1.755, 1.765, 1.771.2, 1.786, 1.789, 1.815, 2.128.2

318 – 105

318, parágrafo único – 105, 107, 108, 311

319 – 54.3, 103, 106.1, 158.1, 214, 290, 313.3, 314, 320, 320.1, 366.1,
546, 607, 779, 863, 864, 895, 902, 905, 941, 1.018.1, 1.050.1, 1.093, 1.110,
1.194, 1.195, 1.375.1, 1.379, 1.392, 1.455.4, 1.467, 1.469, 1.472, 1.479,
1.482, 1.482.2, 1.510, 1.510.3, 1.510.3.1, 1.512.2, 1.665, 1.682, 1.693,
1.693.1, 1.693.2, 1.695, 1.732, 1.737, 1.742, 1.748.1, 1.781, 1.821.2, 1.907.2,
1.907.3, 1.923.2.1, 1.940.1

319, I – 317.4, 378, 407, 490.2, 779, 895, 1.283, 1.472, 1.473, 1.473.1,
1.473.3, 1.638, 1.666, 1.757.1

319, II – 59, 311.2, 468.1, 607.12, 779, 1.027, 1.201.2, 1.212.1, 1.234,
1.457, 1.472, 1.474, 1.474.1, 1.474.1.1, 1.474.1.2, 1.474.2, 1.667, 1.682

319, III – 45.1, 104.2, 244, 245, 247, 247.1, 248, 275.4, 312.1, 327, 468.1,
608, 1.301.1.1, 1.301.2, 1.427.3, 1.459.2.1, 1.469, 1.472, 1.473, 1.475.1,
1.514.1.2, 1.566.1, 1.596, 1.665, 1.670, 1.673, 1.693, 1.737, 1.737.3, 1.740.2,
1.942.1, 2.110, 2.111, 2.113, 2.131.2, 2.141, 2.142

319, IV – 158.1.1, 258, 260, 939.3, 1.109.1, 1.123.1, 1.123.3, 1.292.1.5,


1.331.1, 1.455.2.1, 1.469, 1.472, 1.476, 1.566.1, 1.665, 1.674, 1.678, 1.693,
2.150

319, V – 1.270, 1.287, 1.289, 1.290, 1.292.2.5, 1.292.2.8.9, 1.292.2.9,


1.455.4, 1.472, 1.477, 1.501, 1.680

319, VI – 311.2, 366, 366.1, 366.4, 596, 609.1, 944.3, 1.292.1.6, 1.302,
1.331, 1.331.1, 1.331.2, 1.333, 1.334.1, 1.336, 1.352, 1.354, 1.375.1, 1.387,
1.455.5, 1.472, 1.478, 1.491, 1.681, 1.737, 1.737.4, 1.765, 1.772, 1.773,
1.773.1, 1.773.2, 1.808.2, 1.812.2, 1.827, 1.829, 1.830, 1.898, 1.938,
1.939.2.2, 1.940.1, 1.940.2, 1.967, 1.970, 2.017

319, VII – 989.7, 1.109.1, 1.304, 1.472, 1.479, 1.510.3.1, 1.692, 1.726

319, IX – 941.5
319, § 1.º – 1.206, 1.212, 1.474.2, 1.667

319, § 2.º – 1.474.2, 1.667

319, § 3.º – 1.667, 1.737.2

320 – 214, 320, 320.1, 320.2, 326.2, 365.3, 781, 941, 1.020, 1.279, 1.333,
1.486, 1.487, 1.491, 1.510, 1.510.3, 1.510.3.1, 1.515.1, 1.681, 1.686, 1.693,
1.693.1, 1.695, 1.698.2, 1.738.3, 1.757.2, 1.771.2.3, 1.780, 1.938.1, 1.938.2,
1.940.1, 1.948.1.2, 1.959.3

321 – 45.2, 101.1, 110, 140, 225.2, 247.1, 258.2, 258.4, 281.2, 320, 320.2,
326.2, 366.1, 546, 562, 715, 719, 781, 895, 902, 941, 955.1, 1.025.2, 1.027,
1.036, 1.065.1, 1.114.2, 1.149, 1.152, 1.208.2, 1.224, 1.270.6, 1.279, 1.281,
1.284, 1.289, 1.317.3, 1.392, 1.455.1, 1.455.2.1, 1.459, 1.459.1.2, 1.474,
1.474.1, 1.474.1.2, 1.479, 1.482.2, 1.483, 1.486, 1.489.5, 1.490, 1.491, 1.510,
1.510.1, 1.510.2, 1.510.3, 1.510.3.1, 1.510.3.2, 1.510.4, 1.510.5, 1.510.6,
1.510.7, 1.510.8, 1.511, 1.513, 1.514.1.1, 1.514.1.3, 1.514.1.4, 1.514.2,
1.514.4, 1.514.5, 1.514.6, 1.515.1, 1.515.4, 1.515.5, 1.516.3, 1.534.1.1,
1.534.2.2, 1.557, 1.638, 1.667, 1.681, 1.684, 1.686, 1.691, 1.693, 1.693.1,
1.693.2, 1.694, 1.695, 1.697, 1.698.1, 1.698.3, 1.737.2, 1.745.1, 1.748.2,
1.755, 1.794, 1.805, 1.907.3, 1.938.2, 1.938.3, 1.940.1, 1.953, 1.959.3

321, parágrafo único – 110, 247.1, 320, 1.289, 1.491, 1.510.7, 1.513,
1.514.6, 1.515.1, 1.566.1, 1.691, 1.692, 1.693.2, 1.698.1, 1.698.2, 1.940.1,
1.959.3

322 – 258.1, 1.455.2.1, 1.938.3

322, § 1.º – 259, 262, 262.1, 262.2, 262.3, 635.2, 680, 1.123.1, 1.224,
1.292.1.1, 1.476, 1.566.1, 1.575, 1.575.1, 1.649.2.2.4, 1.678, 1.680

322, § 2.º – 259, 635.1, 1.123.1, 1.476

322, § 4.º – 135

323 – 231, 233, 262.4, 288, 401, 1.292.1.1, 1.554.3, 1.566.2.1, 1.575,
2.114.1, 2.139.1

323, § 1.º – 635.2, 692

324 – 258.2, 366.4, 694.1, 710.1.1, 1.122.3.3, 1.123.1, 1.455.2.1,


1.534.2.3.2, 1.566.2.5, 1.575.2, 1.771.2, 2.114.5, 2.116.1

324, III – 231, 233

324, § 1.º – 261, 649, 1.514.1, 1.514.1.3, 1.566.2.5, 2.105.1, 2.105.3,


2.114.5, 2.115.5

324, § 1.º, I – 258.2, 261, 261.1, 313.3, 691, 694.1, 1.566.2.5, 1.676,
2.105.2, 2.105.3

324, § 1.º, II – 258.2, 261, 261.2, 313.3, 691, 694.1, 1.298.2, 1.566.2.5,
1.676, 2.105.2, 2.105.3, 2.114.5
324, § 1.º, III – 258.2, 261, 261.3, 313.3, 691, 694.1, 1.566.2.5, 1.676,
2.105.2

324, § 2.º – 258.2, 313.3

325 – 69, 263, 370

325, parágrafo único – 263, 1.566.2.4, 2.114.4

326 – 258.1, 267, 279.3, 401, 581.3, 710.1.2, 712.1, 1.292.1.8, 1.476,
1.514.1.4, 1.571, 1.677, 1.779.1, 2.116.1

326, parágrafo único – 263, 1.292.1.7, 1.514.1.4

327 – 275, 275, 275.1, 275.2, 277, 279.1, 280, 280.1, 581.3, 916.5,
1.292.1.6, 1.455.2.4, 1.466, 1.778.1, 1.778.2, 1.786, 1.811.1

327, § 1.º – 584

327, § 1.º, I – 275.2, 280.2, 1.455.2.4, 1.514.1.4

327, § 1.º, II – 275.3, 280.3, 297.4, 584

327, § 1.º, III – 275.3, 280.4, 1.676, 1.745.2

327, § 2.º – 107, 109, 110, 280.4, 584, 861, 1.258, 1.511, 1.694, 1.745.2

328 – 265

329 – 247.1, 250, 268, 285, 286, 287.1, 288, 289.1, 290, 373, 773, 791.1,
1.460, 1.679, 1.684, 1.718, 1.777, 1.781, 1.821.2, 2.145.1, 2.150, 2.150.1

329, I – 93.2, 285, 286, 287.1, 289, 289.1, 320.2, 370, 372.3, 373, 562,
894, 1.087.2, 1.482.2, 1.679, 1.684, 1.718, 1.945, 2.131.2, 2.150.1

329, II – 104.4, 285, 289, 289.2, 289.3, 292, 311.2, 372.3, 373, 562, 583.1,
773, 897, 1.152, 1.679, 1.718, 1.781, 1.811.3.2, 1.812.5, 1.821.2, 1.942.1,
2.131.2, 2.150.1

329, parágrafo único – 285, 292, 1.290

330 – 83, 95, 102, 103.1, 222.3, 223, 308, 320, 320.1, 466, 651, 711, 715,
905, 1.065.1, 1.114.2, 1.220.1, 1.224, 1.459, 1.479, 1.486, 1.497, 1.511,
1.514, 1.514.6, 1.515, 1.516.1, 1.516.2, 1.516.3, 1.516.6, 1.517, 1.518,
1.518.3, 1.521, 1.534.1.1, 1.560, 1.586, 1.638, 1.690, 1.692, 1.695, 1.698.2,
1.698.3, 1.699, 1.700, 1.716, 1.745.1, 1.748.2, 1.794, 1.805

330, I – 91, 114, 258.4, 281.3.3, 366, 1.122.2, 1.331.1, 1.418, 1.470,
1.510.3.1, 1.513, 1.514.1, 1.693.1, 1.698.1, 1.698.2, 1.737.2, 1.794

330, II – 101.1, 225.2, 289.1, 320.1, 354, 366, 561, 1.149, 1.474.1,
1.474.1.2, 1.510.3.1, 1.513, 1.514.2, 1.560, 1.586, 1.667, 1.691, 1.693.1,
1.698.1, 1.698.2, 1.755, 1.794, 1.811.2, 1.872
330, III – 225.3.6, 1.510.3.1, 1.513, 1.514.1.2, 1.514.3, 1.586, 1.698.2,
1.794

330, IV – 1.036, 1.289, 1.486, 1.491, 1.510.3.1, 1.510.3.1, 1.510.7,


1.510.8, 1.513, 1.514.1.4, 1.514.5, 1.514.6, 1.686, 1.691, 1.692, 1.693.1,
1.693.2, 1.698.1, 1.698.2, 1.794

330, VI – 326.2

330, § 1.º – 261, 320.2, 1.510.3.1, 1.514.1, 1.516.3, 1.698.1, 1.794

330, § 1.º, I – 244, 248, 275.4, 281.2, 1.122.2, 1.301.2, 1.424, 1.455.2,
1.455.2.1, 1.510.3.1, 1.513, 1.514.1.1, 1.514.1.2, 1.514.4, 1.693.1, 1.698.1,
1.698.2

330, § 1.º, II – 258.2, 258.4, 261, 1.510.3.1, 1.514.1.1, 1.514.1.2,


1.514.1.3, 1.516.4, 1.693.1, 1.698.2

330, § 1.º, III – 247, 248, 258.3, 258.4, 275.4, 1.301.1.1, 1.317.5, 1.475.2,
1.510.3.1, 1.514.1.3, 1.673, 1.693.1, 1.698.2

330, § 1.º, IV – 280.2, 281.3.3, 1.510.3.1, 1.514.1.4, 1.693.1, 1.698.2

330, § 2.º – 261, 320.2, 1.476, 1.514.1, 1.514.1.3, 2.110, 2.111, 2.113,
2.144.4, 2.150.1

330, § 3.º – 261, 1.476, 1.514.1.3, 2.144.4

331 – 91, 102, 225.2, 1.152, 1.157, 1.470, 1.479, 1.516.1, 1.516.3, 1.692,
1.698.3

331, § 1.º – 91, 135, 225.2, 308, 500, 501, 637.3, 715, 1.470, 1.516.3,
1.698.3, 1.702, 1.874.1

331, § 1.º, III – 158.1

331, § 2.º – 500, 1.698.3

331, § 3.º – 500, 505.1, 1.516.3, 1.516.5, 1.698.3, 1.702, 2.017

332 – 82, 88, 129, 135, 156.8.2, 161, 223, 308, 327, 692, 710, 711,
1.065.1, 1.114.2, 1.417, 1.445, 1.516.3, 1.517, 1.518, 1.518.1, 1.519, 1.520,
1.520.2, 1.520.3, 1.520.4, 1.559.3, 1.560, 1.691, 1.692, 1.695, 1.699.1, 1.721,
1.748.2, 1.765, 1.797, 2.106

332, I – 711, 1.517, 1.518, 1.518.2, 1.518.3, 1.586, 1.691, 1.699

332, II – 711, 1.517, 1.518, 1.518.3, 1.586, 1.699, 1.699.1

332, III – 711, 1.517, 1.518, 1.518.4, 1.586, 1.699

332, IV – 711, 1.517, 1.518, 1.518.5, 1.586, 1.699


332, § 1.º – 505.3, 711, 1.221.4.4, 1.307.2, 1.455.7, 1.459, 1.507.2,
1.516.2, 1.516.5, 1.517, 1.518, 1.519, 1.520.4, 1.560, 1.571, 1.586, 1.589.4,
1.623, 1.624, 1.691, 1.698.3, 1.748.2, 1.790, 1.795.3, 1.811.1, 1.821.3

332, § 2.º – 1.520.2, 1.691, 1.699.2

332, § 3.º – 408, 1.152, 1.157, 1.520.2, 1.520.3, 1.520.3, 1.691, 1.692,
1.699.2, 1.702, 2.106

332, § 4.º – 711, 1.152, 1.520.2, 1.520.3, 1.520.4, 1.520.5, 1.691, 1.699.2,
1.702, 1.721

333 – 1.938, 2.150.1

334 – 5, 7, 9, 10, 12, 106.2.2, 106.2.3, 162, 280.4, 308, 316.3, 317.5.1,
346.1, 377, 464.2, 609.5, 611.2, 648, 718.2.1, 747.3, 867, 898, 899, 900, 901,
909, 961.1, 961.2, 961.3, 961.4, 961.5, 961.6, 989.7, 990, 1.014, 1.015.1,
1.015.2, 1.015.4, 1.020.2, 1.065.1, 1.067, 1.084, 1.087.1, 1.109.1, 1.114.2,
1.152, 1.159.4, 1.167.2, 1.188.1, 1.203, 1.208.4, 1.209.5, 1.255.1.2, 1.282.3,
1.357, 1.410.2, 1.428, 1.433.2, 1.436.1, 1.455.6, 1.459.1.2, 1.463, 1.479,
1.512, 1525, 1.537.1, 1.538, 1.542.2, 1.542.3, 1.590.2.2, 1.607, 1.615, 1.665,
1.692, 1.695, 1.698.3, 1.699.2, 1.700, 1.703, 1.715, 1.717, 1.721, 1.722,
1.723, 1.724.1, 1.724.3, 1.725, 1.726, 1.727, 1.729, 1.731, 1.733, 1.733.1,
1.733.2, 1.750, 1.751, 1.752, 1.752.1, 1.753.3, 1.753.4, 1.755, 1.763,
1.766.2.2, 1.768, 1.778.1, 1.795.1, 1.795.2, 1.803, 1.806, 1.808.1, 1.810,
1.826, 1.909, 2.059, 2.060, 2.063.1, 2.071, 2.077, 2.078, 2.079, 2.080

334, § 1.º – 54.2, 919, 961.5, 980, 989.7, 990, 1.015.2, 1.722, 1.724.2,
2.077

334, § 2.º – 1.152, 1.525, 1.725

334, § 3.º – 747.2, 1.722

334, § 4.º – 11, 1.726

334, § 4.º, I – 1.479, 1.731

334, § 4.º, II – 11, 1.479, 1.589.4, 1.692, 1.695, 1.722, 1.726, 1.731

334, § 5.º – 106.1, 961.6, 1.152, 1.203, 1.208.4, 1.479, 1.692, 1.726, 1.731

334, § 6.º – 590, 592, 1.479, 1.726

334, § 7.º – 1.014, 1.725, 2.148

334, § 8.º – 12, 961.6, 1.363, 1.479, 1.723, 1.724.3, 1.727, 2.060, 2.073.2,
2.078

334, § 9.º – 12, 139, 718.2.1, 1.030, 1.084, 1.724.4, 1.727

334, § 10.º – 12, 1.724.3, 1.726, 2.081


334, § 11.º – 14, 156.8.2, 961.2, 1.560, 1.616, 1.724.1, 1.795.1, 1.805,
1.810, 1.814, 2.080, 2.081, 2.099

334, § 12.º – 1.722

335 – 54.3, 93.3, 101.1, 103, 107, 136, 140, 156.1, 286, 291, 316.3, 377,
505.2, 747.1, 848.3, 863, 867, 898, 899, 901, 909, 975.1, 1.025.2, 1.026.1,
1.078.1, 1.152, 1.153.1, 1.153.2, 1.159.4.5, 1.175, 1.180, 1.214.2, 1.428,
1.433.2, 1.459.1.2, 1.460, 1.463, 1.542.3, 1.665, 1.698.3, 1.699.2, 1.701,
1.715, 1.717, 1.718, 1.721, 1.731, 1.732, 1.737, 1.737.1, 1.746, 1.751,
1.753.3, 1.754.3, 1.761, 1.778.1, 1.795.1, 1.798.2, 1.900, 1.909

335, I – 70, 139, 161, 1.459.1.1, 1.504, 1.542.3, 1.699.2, 1.724.3, 1.727,
1.728, 1.731

335, II – 1.504, 1.731

335, III – 1.159.4, 1.504, 1.731

335, § 1.º – 592, 1.73

335, § 2.º – 1.589.4, 1.729, 1.731

336 – 104.2, 158.1.1, 226, 305, 311.1, 311.2, 314, 316.3, 328, 343, 366,
596, 607, 608, 609.1, 679, 944.1, 944.3, 1.223, 1.331, 1.331.2, 1.333, 1.334.1,
1.336, 1.352, 1.354, 1.375.1, 1.387, 1.446.1, 1.446.1.3, 1.459.2.1, 1.665,
1.703, 1.733.1, 1.736, 1.737, 1.737.3, 1.737.4, 1.740, 1.750, 1.757.2, 1.780,
1.808.2, 1.812.2, 1.827, 1.829, 1.830, 1.856.1, 1.898, 1.938, 1.939.2.2,
1.940.1, 1.940.2, 1.969, 2.017, 2.110, 2.113, 2.144.4

337 – 224, 226, 241, 311.1, 313.1.3, 314, 315, 318, 319, 320.1, 322, 363,
372.5, 609.4, 716, 776, 912.1.5, 1.145, 1.298.2, 1.333, 1.446.1, 1.459.2.1,
1.560, 1.595, 1.692, 1.703, 1.736, 1.741, 1.750, 1.757, 1.766.1, 1.766.2.1,
1.769, 1.778.1, 1.779.3, 1.782, 1.791, 1.798.1.1, 1.804, 1.805, 1.811.1,
1.819.2, 1.968.2

337, I – 316, 316.1, 316.3, 1.223, 1.259.4, 1.335.2, 1.703, 1.778.1, 1.811.1

337, II – 101, 313.1.2, 315, 317, 317.3, 317.4, 317.5.1, 339, 382, 444,
464.1.3, 464.2, 468.1, 472.3, 489, 489.2, 490.1, 490.2, 791.2, 1.114.6,
1.382.5, 1.446.1, 1.459.2.3, 1.499, 1.533, 1.590.2.1, 1.666, 1.719, 1.733,
1.733.1, 1.733.2, 1.735, 1.737.1, 1.737.3, 1.748.4, 1.750, 1.753, 1.753.3,
1.778, 1.778.1, 1.778.3, 1.791, 1.805, 1.811.1, 1.822, 1.950.2

337, III – 315, 320.1, 326, 326.3, 465, 610.4, 1.292.2.3, 1.292.2.4, 1.293,
1.294, 1.296, 1.298, 1.333, 1.355, 1.455.4, 1.680, 1.730, 1.757

337, IV – 320.1, 320.2, 1.510.6, 1.512.2, 1.516.3, 1.691, 1.692, 1.695,


1.698, 1.698.3, 1.778.1, 1.811.1

337, V – 322.1.2
337, VI – 322.1, 322.1.1, 322.2, 471, 1.220.1, 1.498, 1.590.2, 1.590.2.1,
1.590.2.2, 1.590.2.3, 1.590.2.4, 1.590.2.5, 1.590.2.6, 1.716, 1.811.2, 1.819,
1.856.4, 1.874.4, 2.128.4

337, VII – 175.2, 177, 293, 313.1.1, 322.1, 322.1.2, 322.2, 609.4, 1.446.1,
1.539.1, 1.590.3, 1.716, 1.737.3, 1.741, 1.750, 1.778, 1.805, 1.811.1, 2.127,
2.129, 2.131.1, 2.131.2, 2.132.1, 2.132.2, 2.149, 2.149.2, 2.149.3, 2.149.4,
2.150

337, VIII – 304, 305, 313.1.2, 318, 318.2, 318.3, 318.4, 463, 1.446.1,
1.584, 1.750, 1.811.1

337, IX – 311.1.1, 322.3, 472.3, 525, 543, 546, 609.8, 1.036, 1.281,
1.595.1, 1.695, 1.696, 1.735, 1.767, 1.778.1, 1.786, 1.787, 1.811.1

337, X – 28, 101, 324, 324.2, 324.2.2, 324.3, 1.455, 1.585, 1.590.2.1,
1.592, 1.592.3, 1.592.5, 1.592.6, 1.791, 1.811.1, 1.819.2, 2.131.1

337, XI – 225.2, 225.3.1, 226, 310, 320.1, 325, 326.2, 361, 554, 561,
1.114.3, 1.591, 1.755, 1.778.1, 1.811.1

337, XII – 326, 326.1, 1.486, 1.595.2, 1.686, 1.811.1

337, XIII – 315, 326, 326.4, 751, 751.1, 1.486, 1.730, 1.757

337, § 1.º – 1.493

337, § 2.º – 3, 41, 94, 95, 176.1, 176.2, 208, 227, 236, 237, 240, 241, 242,
243, 256.1, 267, 277, 292, 301, 302, 309, 316.2, 318, 318.1, 322, 322.1.1,
322.1.2, 322.1.3, 326.2, 352, 463, 471, 487, 500, 556, 609.4, 776, 1.145,
1.222, 1.258, 1.301, 1.404, 1.458.2, 1.460, 1.465, 1.472, 1.498, 1.514.3,
1.515.4, 1.590.2.4, 1.590.3, 1.623, 1.693, 1.698.1, 1.741, 1.745.3, 1.767,
1.792, 2.128.4, 2.131.2, 2.140, 2.141, 2.142, 2.152, 2.153

337, § 3.º – 96, 134, 176.1, 208, 241, 302, 304, 305, 318.1, 322.2, 471,
776, 1.069.3, 1.219, 1.220.1, 1.278.3, 1.334.1, 1.486, 1.493, 1.498, 1.642.2,
1.697, 1.715, 1.716, 1.765

337, § 4.º – 176.2, 237, 241, 313.1.3, 318.1, 322.2, 1.590, 1.590.3,
1.811.1, 2.131.1, 2.133, 2.142, 2.144.2, 2.144.5, 2.149, 2.149.1, 2.149.2,
2.149.3, 2.149.4, 2.150, 2.152, 2.153, 2.154

337, § 5.º – 99, 101, 313.1.3, 318.2, 322, 324.3, 325, 372.5, 471, 543, 547,
561, 609.4, 716, 938, 939.2, 941, 1.037, 1.067, 1.148, 1.149, 1.455, 1.458.2,
1.459.2.1, 1.495, 1.498, 1.534.2.1, 1.585, 1.590.2.1, 1.592.2, 1.592.3, 1.740.1,
1.778.1, 1.791, 1.819.2, 1.874.4, 2.149.4

337, § 6.º – 226, 324.3, 791.3, 1.459.1.2, 1.592.2, 1.592.3, 1.703

338 – 225.2, 313, 361, 502, 550.2, 554, 561, 562, 609.8, 758, 761, 762.3,
763.2, 764, 868.1, 875, 890, 941.5, 1.152, 1.212.1, 1.382.2, 1.504, 1.590,
1.691, 1.730, 1.737.2, 1.755, 1.766.2.2, 1.872, 1.921.1.2

338, parágrafo único – 225.2, 361, 502, 649, 691, 716, 1.755
339 – 225.2, 313, 361, 554, 561, 562, 609.8, 758, 761, 762.3, 764, 875,
1.212.1, 1.382.2, 1.504, 1.590, 1.691, 1.730, 1.737.2, 1.755, 1.766.2.2, 1.970

339, § 1.º – 502, 609.8, 1.152, 1.755

339, § 2.º – 361, 502, 580.4, 716, 762, 1.152, 1.737.2, 1.755

340 – 464.2, 465, 489, 1.152, 1.382.5, 1.590, 1.733, 1.733.1, 1.733.2,
1.733.3, 1.734, 1.737, 1.737.1, 1.738.2, 1.750, 1.751, 1.752, 1.752.1, 1.753,
1.753.2, 1.753.3, 1.765, 1.768, 1.778.1, 1.819.1

340, § 1.º – 464.2, 1.733, 1.733.2, 1.733.3

340, § 2.º – 464.2, 465, 1.733.1, 1.733.2, 1.733.3, 1.752.1, 1.753, 1.753.3,
1.753.4

340, § 3.º – 464.2, 1.723, 1.733, 1.752, 1.752.1, 1.753.3

340, § 4.º – 464.2, 1.733.1, 1.733.3, 1.753.4

341 – 104.2, 141, 156.3, 158.1, 244, 313.2.1, 330, 330.1, 330.2, 330.4,
330.5, 331, 332, 332.3, 333.1, 333.2, 333.4, 334, 346.2, 347, 349.1, 353, 353,
361, 372.2, 533.3, 550.2, 561, 580.2, 606, 607.1, 609.1, 912.1.5, 944, 944.1,
1.022.2, 1.040.2, 1.122.2, 1.301, 1.301.2, 1.302, 1.306, 1.315, 1.317.1,
1.317.3, 1.317.4, 1.317.5, 1.325, 1.336, 1.446.1, 1.446.1.1, 1.459.2.1, 1.475.1,
1.491, 1.534.2.3.2, 1.566.1, 1.609, 1.672, 1.735, 1.736, 1.739, 1.757.2, 1.759,
1.765, 1.766.1, 1.769, 1.798.1, 1.803, 1.847, 1.856.1, 1.874, 1.874.1,
1.874.3.2, 1.889, 1.902, 1.921.1.2, 1.923.2.1, 1.938.2, 1.940.1, 1.950.3, 1.955,
2.111

341, I – 141, 156.3, 158.1, 247, 314, 329, 333, 333.1, 364, 365, 365.2,
505.2, 533.3, 607.1, 1.301, 1.301.2, 1.317.2, 1.317.4, 1.336, 1.739, 1.771.2.2,
1.856.1, 1.859, 1.872, 1.874.1, 1.889, 2.094.4.2

341, II – 141, 158.1, 247, 314, 329, 333, 333.2, 334, 365, 365.3, 533.3,
607.1, 1.301, 1.301.2, 1.317.4, 1.317.4, 1.336, 1.491, 1.693.2, 1.739,
1.771.2.3, 1.872, 1.880.2, 1.923.2.1, 1.938.2, 1.940.1

341, III – 141, 158.1, 247, 314, 329, 333, 333.3, 361, 365, 533.3, 607.1,
1.301, 1.301.2, 1.317.4, 1.336, 1.739, 1.872

341, parágrafo único – 332, 322.1, 332.2, 332.3, 365.4, 373, 533.3, 535,
1.214.3, 1.748.3

342 – 311.1, 338, 1.459.2.1, 1.740.2

342, I – 338, 576, 1.596, 1.740.2, 1.942.1

342, II – 226, 561, 1.681, 1.740.1, 1.921.1.2

342, III – 609.3, 609.4, 1.221.4.1, 1.740.3


343 – 106.1, 268, 280.1, 282, 302, 311.2, 313.3, 318.1, 538, 1.109.1,
1.290, 1.732, 1.743, 1.744.1, 1.744.3, 1.745.2, 1.745.3, 1.746, 1.748.1,
1.748.2, 1.902

343, § 1.º – 355, 747.2, 1.152, 1.159.4.8, 1.225, 1.700, 1.702, 1.732,
1.748.2, 1.748.3, 1.748.4, 1.766.2, 1.768, 1.777

343, § 2.º – 1.589.4, 1.744, 1.745.1, 1.745.3, 1.748.2, 1.749

343, § 3.º – 355, 562, 581.3, 1.744.3, 1.748.3

343, § 4.º – 562, 1.744.3

343, § 5.º – 1.744.3

343, § 6.º – 313.3, 346.2, 355, 363, 366.1, 371, 1.446.1, 1.602, 1.729,
1.732, 1.743, 1.748.1

343, § 11.º – 1.087.1

344 – 93.3, 104.1, 106.1, 141, 158.1, 176.4, 289.1, 316.3, 333.4, 344.1,
346, 346.2, 347, 351, 352, 354, 355, 357, 362, 363, 364, 365.1, 365.4, 365.6,
366, 366.1, 366.5, 368, 369, 371, 372.2, 372.4, 372.5, 550.2, 689, 710, 716,
791.2, 912.1.4, 913, 961, 1.029, 1.040.2, 1.120, 1.210.3, 1.214.3, 1.222,
1.259.4, 1.264.1, 1.264.2, 1.266, 1.301, 1.302, 1.325, 1.332, 1.336, 1.363,
1.379, 1.397, 1.460, 1.534.2.3.2, 1.560, 1.589.3.2, 1.602, 1.693.1, 1.703,
1.735, 1.739, 1.741, 1.743, 1.747, 1.748.4, 1.748.5, 1.759, 1.760, 1.765,
1.768, 1.770, 1.771, 1.771.1, 1.771.2, 1.771.2.1, 1.771.2.2, 1.771.2.4, 1.772,
1.773.1, 1.774, 1.779.3, 1.790, 1.795.1, 1.798, 1.798.2, 1.803, 1.805, 1.827,
1.847, 1.856.1, 1.872, 1.874.1, 1.938.2, 1.950.3, 2.071, 2.077

344, IV – 1.460

345 – 346, 365, 550.2, 913, 1.029, 1.040.2, 1.114.2, 1.143, 1.739, 1.760,
1.766.1, 1.771.2, 1.798.2, 1.856.1, 1.874.1

345, I – 158.1, 333.4, 354, 358, 361, 365.1, 590, 591, 868.1, 1.301,
1.771.2, 1.771.2.1, 1.773.1, 1.774

345, II – 156.3, 158.1, 333.1, 365.2, 505.2, 1.301, 1.771.2, 1.773.1,


1.798.2, 1.874.1, 1.889, 2.094.4.2

345, III – 158.1, 365.3, 1.301, 1.681, 1.693.1, 1.771.2, 1.771.2.3, 1.773.1,
1.774, 1.921.2, 1.940.1

345, IV – 158.1, 309, 334, 364, 365.5, 1.040.2, 1.301, 1.771.2, 1.771.2.4

345, V – 365.5, 365.6, 366

346 – 106.1, 346, 348, 354, 355, 365.1, 372, 372.1, 372.2, 372.3, 372.5,
776, 791.2, 913, 1.025.2, 1.040.2, 1.159.1, 1.160.1, 1.160.5, 1.173, 1.436.1,
1.460, 1.534.2.3.2, 1.589.3.2, 1.739, 1.741, 1.760, 2.071, 2.128.3
346, parágrafo único – 130, 347, 358, 362, 364, 366.5, 367, 372.4, 373,
374, 538, 550.2, 660, 689, 710, 913, 1.160.5, 1.179, 1.460, 1.721, 1.741,
1.760, 1.775, 1.798, 1.798.2, 1.821.2, 1.856.1, 1.874.1, 2.112, 2.128.3

347 – 106.1, 289.3, 1.065.1, 1.542.3, 1.765, 1.766, 1.766.2, 1.766.2.1,


1.768, 1.776, 1.778.1, 1.795.1, 1.795.4, 1.946.2

347, V – 1.811.1

347, VI – 1.811.1

347, VIII – 318

347, § 3.º – 1.811.1

348 – 289.1, 346, 366, 366.1, 366.2, 366.3, 366.4, 366.5, 367, 368, 371,
372.3, 550.2, 1.040.2, 1.114.2, 1.259.4, 1.317.2, 1.332, 1.336, 1.343.2, 1.560,
1.748.3, 1.748.4, 1.748.5, 1.760, 1.765, 1.766, 1.766.1, 1.766.2, 1.767, 1.768,
1.769, 1.770, 1.771, 1.771.1, 1.771.2, 1.771.2.3, 1.771.2.4, 1.771.2.5, 1.772,
1.773, 1.773.1, 1.773.2, 1.774, 1.790, 1.798.2, 1.827, 1.829, 1.844.1, 1.856.1,
1.874.1, 1.907.2, 1.946.1, 1.946.2

349 – 141, 346, 367, 370, 372.4, 546, 550.2, 609.8, 1.336, 1.560, 1.741,
1.760, 1.775, 1.798, 1.798.2, 1.827, 1.856.1, 1.872, 1.874.1

350 – 140, 290, 313.2.2, 344, 344.1, 344.2, 344.3, 607.1, 609.1, 807,
1.065.1, 1.152, 1.315, 1.331.1, 1.331.2, 1.336, 1.354, 1.446.1.3, 1.566.1,
1.737.4, 1.748.3, 1.748.5, 1.757.2, 1.765, 1.766, 1.766.1, 1.766.2.1, 1.767,
1.777, 1.778.2, 1.779, 1.779.1, 1.779.2, 1.779.3, 1.780, 1.781, 1.790, 1.798.1,
1.798.1.2, 1.821.2, 1.941.1, 1.940.2, 1.942.2, 1.942.3, 1.946.2, 1.953, 2.110

351 – 28, 130, 140, 226, 290, 320.2, 324.2.2, 324.3, 326.4, 372.5, 549,
751, 751.1, 941.5, 1.065.1, 1.152, 1.260, 1.261, 1.298, 1.298.1, 1.331.1,
1.331.2, 1.343.2, 1.560, 1.590.2.6, 1.592.5, 1.592.6, 1.733, 1.737.4, 1.748.3,
1.748.5, 1.753.3, 1.755, 1.757.2, 1.765, 1.766, 1.766.1, 1.766.2.1, 1.767,
1.768, 1.769, 1.777, 1.778, 1.778.1, 1.778.2, 1.778.3, 1.778.4, 1.779.2, 1.780,
1.781, 1.790, 1.819.2, 1.821.2, 1.941.1, 1.942.2, 1.953

352 – 101.2, 110, 320.2, 323, 326.3, 371, 747.3, 1.036, 1.039, 1.114.2,
1.152, 1.245.1, 1.261, 1.333, 1.534.2.2, 1.560, 1.584, 1.693.2, 1.765, 1.769,
1.771.2, 1.778.1, 1.778.3, 1.778.4, 1.786, 1.787, 1.788, 1.790, 1.792, 1.798.2,
1.811.3.1, 1.815, 1.819, 1.819.2, 1.821.2, 2.067

353 – 106.1, 289.3, 807, 1.065.1, 1.766, 1.769, 1.780, 1.789, 1.790, 1.795,
1.802, 1.815, 1.899.1.2, 1.995.2.4

354 – 84, 105, 106.1, 226, 323, 324.3, 366.1, 371, 941, 1.114.3, 1.148,
1.148.1, 1.149, 1.333, 1.445, 1.459.2.4, 1.534.2.3.1, 1.557, 1.558, 1.560,
1.595.1, 1.609, 1.623, 1.624, 1.633, 1.703, 1.749, 1.763, 1.764, 1.765, 1.767,
1.769, 1.771.2, 1.771.2.5, 1.778.4, 1.779.3, 1.779.4, 1.780, 1.789, 1.790,
1.791, 1.792, 1.793, 1.794, 1.795, 1.795.1, 1.795.2, 1.795.3, 1.795.4, 1.796,
1.797, 1.798.1, 1.798.2, 1.800, 1.805, 1.811, 1.811.1, 1.815, 1.816, 2.067,
2.101
354, parágrafo único – 106.1, 1.114.3, 1.557, 1.609, 1.612, 1.628,
1.748.2, 1.763, 1.795.1, 1.795.2, 1.795.3, 1.795.4, 1.797, 2.067

355 – 84, 106.1, 194, 311.1, 311.2, 366, 807, 941, 1.114.2, 1.210.3, 1.560,
1.609, 1.749, 1.765, 1.767, 1.768, 1.769, 1.779.3, 1.789, 1.790, 1.791, 1.792,
1.795, 1.795.1, 1.795.2, 1.795.4, 1.797, 1.798, 1.798.3, 1.799, 1.800, 1.801,
1.802, 1.811, 1.816, 1.819, 2.043, 2.085, 2.101

355, I – 80, 141, 158.1, 158.1.1, 247, 313.2.1, 328, 329, 330.2, 330.4,
330.5, 334, 335, 344.1, 346, 371, 596, 606, 609.1, 908, 938, 944.1, 1.065.1,
1.148.2, 1.261, 1.301, 1.317.4, 1.317.5, 1.331.1, 1.333, 1.351, 1.445, 1.446.1,
1.446.1.1, 1.446.1.2, 1.446.1.3, 1.478, 1.491, 1.518.1, 1.555.1, 1.557, 1.559.2,
1.560, 1.566.1, 1.609, 1.686, 1.699.2, 1.736, 1.739, 1.757.2, 1.757.2, 1.757.2,
1.765, 1.766.1, 1.766.2.1, 1.768, 1.769, 1.771.2.1, 1.778.4, 1.779.3, 1.779.4,
1.790, 1.791, 1.795.1, 1.797, 1.798, 1.798.1, 1.798.1.1, 1.798.1.2, 1.798.2,
1.798.3, 1.799, 1.801, 1.805, 1.813, 1.830, 1.851, 1.882.1, 1.914, 1.921.1.1,
1.926.4, 1.933, 1.933.4, 1.938, 1.939.2.2.3, 1.941, 1.941.4, 1.941.5, 1.941.5.1,
1.941.5.2, 1.947, 1.947.1, 1.949, 1.953, 1.958, 1.959.1, 1.959.2, 1.959.4,
1.995.2, 1.995.2.5, 2.017, 2.029.2, 2.043, 2.067, 2.095, 2.103, 2.111

355, II – 104.1, 141, 156.3, 158.1, 349.2, 351, 357, 364, 366, 366.1, 371,
372.4, 374, 375, 550.2, 913, 1.040.2, 1.065.1, 1.173, 1.244, 1.259.4, 1.264.1,
1.264.2, 1.445, 1.446.1, 1.460, 1.534.2.3.2, 1.536.3, 1.557, 1.559.2, 1.560,
1.602, 1.760, 1.761, 1.765, 1.767, 1.771.1, 1.771.2, 1.771.2.3, 1.772, 1.773.1,
1.774, 1.775, 1.778.3, 1.790, 1.791, 1.795.1, 1.797, 1.798, 1.798.2, 1.799,
1.800, 1.805, 1.829, 1.856.1, 1.872, 1.874.1, 1.910, 2.067

356 – 84, 106.1, 141, 161, 175.1, 311.1, 913, 941, 1.114.2, 1.459.2.1,
1.557, 1.559.2, 1.560, 1.749, 1.765, 1.766.2.1, 1.769, 1.771.2.1, 1.778.4,
1.779.4, 1.789, 1.790, 1.791, 1.792, 1.795, 1.795.1, 1.795.2, 1.795.4, 1.797,
1.798.1, 1.798.3, 1.799, 1.800, 1.801, 1.802, 1.811, 1.816, 1.819, 1.949,
2.067, 2.101, 2.103

356, I – 265, 329, 330, 330.2, 330.4, 330.5, 334, 349.2, 354, 371, 1.444.2,
1.558, 1.559.2, 1.798, 1.798.1, 1.798.3, 1.874.3.2, 2.103

356, II – 247, 330.4, 330.5, 334, 349.2, 357, 366.2, 370, 1.558, 1.798.3

356, § 1.º – 1.798.3

356, § 2.º – 1.798.3

356, § 3.º – 1.798.3

356, § 4.º – 939.5, 1.096, 1.109.3, 1.111.1, 1.111.2, 1.469, 1.492, 1.798.3

356, § 5.º – 915.1, 1.114.1, 1.114.2, 1.444.3, 1.558, 1.559.2, 1.609,


1.798.3, 2.103, 2.131.1

357 – 101.1, 106.1, 289.3, 311.1, 1.048, 1.049, 1.065.1, 1.068, 1.085,
1.114.4, 1.157, 1.332, 1.334.2, 1.420.4, 1.446.5, 1.510.2, 1.537.1, 1.541.1,
1.558, 1.745.2, 1.748.5, 1.766.2.1, 1.767, 1.769, 1.778.3, 1.778.4, 1.780,
1.789, 1.790, 1.792, 1.797, 1.798, 1.798.2, 1.803, 1.811.1, 1.812.4, 1.812.5,
1.815, 1.818, 1.819.3, 1.821.2, 1.822, 1.827, 1.830, 1.831, 1.833, 1.939.2.2,
1.940.2, 1.946.1, 1.959.3, 1.967, 1.968, 1.971, 2.062, 2.067, 2097

357, I – 76, 314, 472.3, 751, 751.4, 747.3, 938, 941, 1.114.2, 1.144, 1.149,
1.157, 1.298.2, 1.298.3, 1.301.1.2, 1.378.1.1, 1.446.1, 1.558, 1.590.2.6,
1.733.3, 1.769, 1.790, 1.803, 1.804, 1.805, 1.806, 1.807, 1.811.3.1, 1.811.4,
1.819, 1.819.1, 2.089.1, 2.096

357, II – 76, 130, 145, 156.3, 286, 289.3, 311.1, 311.2, 326.4, 366.5,
494.2, 497, 596, 609.1, 807, 939.4, 941, 944, 944, 944.1, 944.2, 944.5, 956,
992, 1.114.3, 1.114.6, 1.122, 1.122.2, 1.144, 1.148.1, 1.304, 1.315, 1.324.3,
1.330, 1.331.1, 1.332, 1.333, 1.334.1, 1.335.1.3.1, 1.340.2, 1.541.1.1, 1.351,
1.354, 1.355, 1.357.1, 1.357.1, 1.375.1, 1.378.1.1, 1.491, 1.510.3.1, 1526,
1.541.1.1, 1.566.2.5, 1.693.1, 1.737.4, 1.765, 1.766.1, 1.774, 1.775, 1.779.4,
1.790, 1.803, 1.804, 1.805, 1.806, 1.807, 1.809, 1.811.1, 1.811.3.1, 1.811.3.2,
1.811.5, 1.812.1, 1.812.2, 1.819, 1.823, 1.827, 1.830, 1.831, 1.832, 1.833,
1.834.1, 1.942.1, 1.959.1, 1.966.2, 1.967, 1.970, 1.970.4, 1.971.2, 1.976.5,
1.976.6.2, 1.995.1.1, 2.002, 2.003, 2.004.1, 2.017, 2.019, 2.023.1, 2.049.2.1,
2.049.3, 2.060, 2.061, 2.067, 2.075.3, 2.082, 2.082.1, 2.082.2, 2.082.4, 2.097

357, III – 76, 156.3, 157, 331, 343, 944, 955.2, 965, 1.144, 1.301.1.2,
1.334.3, 1.338.1, 1.340, 1.340.2, 1.378.1.1, 1.588.1, 1.739, 1.790, 1.803,
1.805, 1.806, 1.807, 1.811.3.1, 1.811.4, 1.811.5, 1.812.3, 1.819, 1.831, 1.832,
1.833, 2.004, 2.067, 2.097, 2.110, 2.143.1

357, IV – 76, 104.2, 130, 246, 275.4, 289.3, 311.1, 338, 939.3, 967.2,
1.122, 1.122.2, 1.144, 1.301.1, 1.301.1.2, 1.308, 1.310, 1.312.2, 1.313.2,
1.337, 1.378.1.1, 1.425, 1.475.1, 1.571, 1.673, 1.790, 1.803, 1.805, 1.806,
1.807, 1.811.3.1, 1.811.3.2, 1.812, 1.812.4, 1.819, 1.830, 2.067, 2.0972.110,
2.113

357, V – 76, 1. 144, 997.3, 1.180.2, 1.378.1.1, 1.803, 1.805, 1.806, 1.807,
1.811.3.1, 1.812.1, 1.813, 1.819, 1.821.1, 1.826, 1.831, 1.967, 1.970.3,
1.972.1, 2.029.2, 2.067, 2.071

357, § 1.º – 1.144, 1.149, 1.152, 1.153.3, 1.298.3, 1.795.3, 1.811.3,


1.811.3.1, 1.811.5, 1.812.3, 1.821.2, 2.145.1

357, § 2.º – 1.144, 1.149, 1.251, 1.334.1, 1.812.3, 1.812.5, 1.814, 1.821.2,
2.017, 2.131.2, 2.150.1

357, § 3.º – 9, 10, 104.1, 106.1, 106.2.4, 130, 134, 366.5, 611.2, 747.3,
944.1, 955.1, 961.4, 1.116, 1.301.2, 1.315, 1.354, 1.355, 1.357.1, 1.364,
1.378.1.1, 1.478, 1.510, 1.510.2, 1.607, 1.615, 1.718, 1.763, 1.765, 1.767,
1.769, 1.774, 1.778.4, 1.780, 1.790, 1.792, 1.795.2, 1.797, 1.803, 1.806,
1.807, 1.808.1, 1.811.3, 1.811.3.2, 1.815, 1.827, 1.828, 1.830, 1.831, 1.834.1,
1.898, 1.939.2.2, 1.940.2, 1.967, 1.970.4, 1.972.2, 1.972.2, 2.002, 2.019,
2.049.2.1, 2.049.3, 2.059, 2.063.1, 2.067, 2.071, 2.077

357, § 4.º – 367, 372.4, 1.152, 1.180.2, 1.182, 1.354, 1.384, 1.392, 1.398,
1.821.1, 1.955, 1.957, 1.963.2, 1.966.5.3, 1.967, 1.967, 1.970, 1.970.1,
1.970.2, 1.970.3, 1.970.4, 1.971.2, 1.972.2, 1.982.2, 2.029.2, 2.063.2, 2.068.3,
2.071, 2.094.6, 2.095
357, § 5.º – 1.809, 1.812.2, 1.814, 1.821.1, 1.955, 1.957, 1.963.2,
1.966.5.3, 1.967, 1.970, 1.970.1, 1.970.2, 1.970.3, 1.970.4, 1.971.2, 2.068.3,
2.071, 2.073.2

357, § 6.º – 1.856.2, 1.970.4, 1.971, 1.971.1, 1.971.1.1, 1.971.1.2, 1.971.2,


1.979.1, 1.979.2, 1.982

357, § 7.º – 1.814, 1.970.4, 1.970.5, 1.971.2, 1.979.1, 1.982, 2.068.3,


2.071, 2.082.1

357, § 8.º – 997.3, 997.6, 1.812.2, 1.821.1, 1.826, 1.830, 2.018, 2.029.2,
2.063.4, 2.067, 2.068.3

357, § 9.º – 1.814, 2.068.3, 2.069, 2.088.1, 2.093

358 – 106.1, 1.725, 1.803, 2.072, 2.093.2

359 – 9, 961.1, 961.2, 961.3, 961.6, 1.525, 1.560, 1.615, 1.763, 1.795.2,
1.810, 2.059, 2.071, 2.077, 2.078, 2.078, 2.079, 2.080, 2.081, 2.082.1

360 – 942, 1.398, 1.909, 1.966.4, 2.062.2, 2.074, 2.074.1, 2.074.2,


2.074.4, 2.075.1

360, I – 939.1, 939.5, 942, 1.966.4, 1.976.3, 2.062.2, 2.074.1, 2.074.2

360, II – 941.4, 942, 1.104, 1.804, 1.976.3, 2.062.2, 2.074.3, 2.099

360, III – 942, 1.804, 2.062.2, 2.074.3

360, IV – 942, 958, 1.863.2.1, 2.075.4

360, V – 942, 2.074.4, 2.075.6, 2.099

361 – 54.3, 103, 944.5, 1.253, 1.334.1, 1.334.1, 1.351, 1.357.1, 1.375.1,
1.378.1.2, 1.541.1.2, 1.798.1.2, 1.826, 1.834.1, 1.835, 1.836.1, 1.836.2, 1.861,
1.863.1.2, 1.863.2.2, 1.866, 1.940.1, 1.973, 1.976.4.2, 1.985.1, 2.017, 2.033.3,
2.049.2.3, 2.051, 2.052, 2.054.2.4, 2.063.1, 2.063.4, 2.067, 2.074.1, 2.075.3,
2.082.1, 2.083

361, I – 1.334.1, 1.826, 1.835, 1.836.1, 1.959.4, 2.017, 2.061

361, II – 1.348.1, 1.863.1.2, 2.083

361, III – 1.959.4, 1.976.4.2

361, parágrafo único – 2.089.3

362 – 1.305.2, 1.723, 1.912.1, 1.912.1, 2.094.4.1, 2.095

362, I – 1.086, 1.087.2, 1525, 1.555.2, 2.093, 2.093.1, 2.093.3

362, II – 1.727, 1.809, 1.978, 1.978.1, 1.978.1.2, 1.982.2, 2.093, 2.094.4.1

362, III – 1.152, 1.208.4, 1.808, 2.093, 2.094.1, 2.094.4.2


362, § 1.º – 1.809, 1.979.2, 2.094.3, 2.094.4, 2.094.4.1, 2.094.4.1.1,
2.094.4.1.2, 2.094.4.1.3, 2.094.4.1.4, 2.094.4.2, 2.094.6, 2.109

362, § 2.º – 1.398, 1.530, 1.536.2, 1.859.1, 1.865.1.1, 1.979.2, 1.985.1,


2.054.2.4, 2.063.2, 2.085, 2.094.4.2, 2.099, 2.156

362, § 3.º – 1.865.1.1, 1.978.1.2.2, 2.094.4.1.4, 2.094.4.2

363 – 1.902, 2.063.2

364 – 130, 156.1, 505.2, 611.4, 851, 1.049, 1.067, 1.085, 1.114.6, 1.152,
1.163, 1.335.1.3.1, 1.376, 1.475, 1.686, 1.821.2, 1.823, 1.834.1, 1.966.2,
1.968, 1.968.2, 1.980.5, 1.981.2, 2.075.4, 2.085, 2.088.1, 2.088.2, 2.089.1,
2.089.4, 2.090.3, 2.101

364, § 1.º – 1.086, 1.179, 2.088.1, 2.088.2, 2.088.3

364, § 2.º – 144, 1.152, 1.357, 1.541.1.2, 1.795.1, 1.861, 1.981.2, 2.059,
2.085, 2.087, 2.088.3, 2.090, 2.090.2, 2.090.3, 2.096, 2.101, 2.113

365 – 1.165, 1.541.1.2, 1.836.1, 2.063, 2.063.3, 2.063.4, 2.083, 2.099

365, parágrafo único – 104.1, 1.136.1, 1.836.1, 1.985.3, 2.063.4, 2.064,


2.069.2, 2.083, 2.085, 2.090.3, 2.093, 2.094, 2.094.4.1.1, 2.094.6

366 – 106.1, 156.8.2, 161, 957, 1.085, 1.116, 1.117.2, 1.148.1, 1.152,
1.157, 1.760, 1.797, 1.800, 1.801, 1.979.2, 2.061, 2.063.3, 2.075.5, 2.096,
2.097, 2.099, 2.101, 2.106, 2.107, 2.109

367 – 1.099.2, 1.114.6, 1.117.2, 1.814, 1.863.1.3, 1.983, 2.055, 2.074.1,


2.074.4, 2.075.5, 2.075.6, 2.081, 2.098, 2.099, 2.100, 2.106, 2.107

367, § 1.º – 986.5, 1.099.2, 1.111.3, 1.160.2, 1.922.2, 2.098

367, § 2.º – 2.075.6, 2.076, 2.081, 2.093.1, 2.096

367, § 3.º – 2.098

367, § 4.º – 2.096, 2.098

367, § 5.º – 1.103, 2.062, 2.074.4, 2.075.6, 2.096, 2.098

367, § 6.º – 611.2, 1.103, 1.988, 2.055.3, 2.062, 2.074.4, 2.099, 2.100

368 – 1.103, 1.343.3, 1.357.2, 1.803

369 – 158.1.1, 158.2, 217, 609.1, 751.3, 791.3, 1.302, 1.305.2, 1.336,
1.343, 1.349, 1.350, 1.359, 1.372, 1.378.1.1, 1.455.5, 1.841, 1.842.1, 1.842.2,
1.849, 1.856.3.1, 1.871.1, 1.871.2.2, 1.935, 1.936

370 – 4.1, 68, 69.3, 70, 76, 80, 81, 101.2, 104.2, 106.2, 154, 156.3, 366.5,
372.4, 372.5, 494.2, 596, 609.1, 650, 938, 939.1, 942.2, 944, 944.3, 956,
1.046.2, 1.304, 1.317.5, 1.325.3, 1.332, 1.333, 1.334.3, 1.336, 1.337,
1.339.3.1, 1.351, 1.372, 1.460, 1.467.1, 1.468, 1.485, 1.590.2.5, 1.609, 1.741,
1.774, 1.790, 1.791, 1.801, 1.809, 1.812.2, 1.828, 1.829, 1.837, 1.842.4,
1.844.2, 1.846.3, 1.897, 1.897.2, 1.907, 1.921.1.2, 1.939.2.2, 1.947, 1.948.1.3,
1.954, 1.967, 1.970.3, 1.971.1, 1.985, 1.985.2, 1.986, 2.008.1, 2.036, 2.043,
2.049.1, 2.094.4.2

370, parágrafo único – 609.1, 1.304, 1.316, 1.317.5, 1.333, 1.335.1.3.1,


1.351, 1.446.1.1, 1.797, 1.801, 1.811.3.1, 1.812.1, 1.833, 1.856.2, 1.859.1,
1.899.4.2, 1.948.1.3, 1.959, 1.959.3, 1.976.4.2, 1.979, 2.000

371 – 145, 156.3, 158, 338, 365.6, 369, 377, 594, 923, 923.1, 939.1, 944,
944.6, 945, 956, 1.122.2, 1.175, 1.305.2, 1.317.4, 1.324.3, 1.324.6, 1.325.3,
1.327, 1.329.2, 1.333, 1.334.1, 1.335, 1.335.1.2, 1.335.1.3, 1.335.1.3.2,
1.335.2, 1.336, 1.338.2, 1.339.1, 1.339.3.1, 1.340, 1.341, 1.348, 1.348.1,
1.350.2, 1.353, 1.356, 1.359, 1.375.1, 1.460, 1.514.1.1, 1.635, 1.736, 1.812.1,
1.836.2, 1.839, 1.844.3, 1.847, 1.868, 1.880, 1.889, 1.899.1.1, 1.917.3,
1.932.2.2, 1.935, 1.947, 1.947.1, 1.954, 1.955, 1.963.2, 1.970.5, 1.989, 1.990,
2.013, 2.039, 2.057

371, parágrafo único – 158.1.1

372 – 1.842.3, 1.844, 1.995.2.5

373 – 80, 81, 157, 158.1.1, 938, 944.2, 965, 1.122, 1.122.2, 1.305, 1.308,
1.310, 1.334.3, 1.338.2, 1.339.1, 1.339.3.3, 1.340.1, 1.797, 1.798.1.2, 1.801,
1.812.3, 1.829, 1.902, 2.143.1

373, I – 156.3, 330.4, 331, 332, 333.3, 334, 335, 346.2, 364, 366.4, 505.2,
751.3, 944, 944.1, 944.2, 1.304, 1.310, 1.325.3, 1.332, 1.339, 1.339.1,
1.339.2.1, 1.339.2.2, 1.340, 1.340.1, 1.340.2, 1.446.1.3, 1.459.2.1, 1.588.1,
1.739, 1.812.3, 1.832, 1.833, 1.952.2, 2.003, 2.110, 2.113, 2.144.2, 2.154

373, II – 156.3, 343, 344.1, 344.2, 505.2, 607.1, 944, 944.2, 1.304, 1.310,
1.325.3, 1.332, 1.339, 1.339.1, 1.339.2.1, 1.339.2.2, 1.340, 1.340.1, 1.340.2,
1.739, 1.779.3, 1.812.3, 1.832, 1.833, 1.878, 1.902, 2.003, 2.110, 2.113,
2.144.2

373, § 1.º – 154, 156.3, 157, 330.4, 331, 343, 366.5, 505.2, 745.5, 944,
944.2, 1.811.4, 1.899.4.3, 2.003

373, § 2.º – 157, 330.4, 505.2, 1.340, 1.340.1, 1.340.2, 1.833, 1.899.4.3,
2.003

373, § 3.º – 333.1, 1.087, 1.087.2, 1.339.3, 1.339.3.1, 1.339.3.2, 1.812.3,


1.833, 2.004

373, § 3.º, I – 1.339.3.1, 1.339.3.2

373, § 3.º, II – 1.339.3.2, 1.339.3.3, 1.340

373, § 4.º – 1.339.3.3, 2.059

374 – 1.316, 1.317.5, 1.318, 1.391, 1.862, 1.863, 1.869, 2.000


374, I – 1.022.2, 1.301.2, 1.309, 1.316, 1.317.2, 1.318.2, 1.318.3, 1.318.4,
1.335.2, 1.336, 1.341, 1.348.1, 1.353, 1.382.2, 1.798, 1.798.1.2, 1.801, 1.832,
1.833

374, II – 329, 330, 330.1, 330.2, 333.1, 596, 606, 1.022.2, 1.316, 1.317.1,
1.317.2, 1.317.4, 1.317.5, 1.335.2, 1.336, 1.341, 1.348.1, 1.348.2, 1.360,
1.382.2, 1.798, 1.798.1.2, 1.833, 1.838, 1.869, 1.889, 1.959.1

374, III – 158.1, 333.2, 334, 346.2, 362, 596, 609.1, 898, 912.1.1, 944.1,
1.316, 1.317.3, 1.317.4, 1.335.2, 1.341, 1.348.1, 1.348.2, 1.382.2, 1.736,
1.757.2, 1.760, 1.798, 1.801, 1.833, 1.838, 1.856.1, 1.869, 1.872, 1.874.1,
1.874.3.2, 1.880.2, 1.882.1, 1.938.2

374, IV – 1.316, 1.319, 1.322, 1.324.3, 1.325.3, 1.326, 1.336, 1.339.2.2,


1.341, 1.343.4, 1.347, 1.348.1, 1.349, 1.382.2, 1.757.2, 1.760, 1.798,
1.798.1.1, 1.798.1.2, 1.798.2, 1.801, 1.833, 1.959.2

375 – 343, 748, 1.301.2, 1.324.1, 1.324.2, 1.324.3, 1.327, 1.328, 1.329,
1.329.1, 1.330, 1.335, 1.353, 1.360, 1.382.2, 1.685, 1.828, 1.849, 1.895,
1.981.4, 1.997, 2.001, 2.038, 2.044.4, 2.049.2.3

376 – 56, 63, 338, 606, 946.1, 1.308, 1.310, 1.311, 1.311.2, 1.312.1,
1.312.2, 1.313, 1.313.2, 1.315, 1.335, 1.884, 2.007.3, 2.082.1

377 – 495.2, 495.3, 1.052, 1.332, 1.334.2, 1.335.2, 1.524.4, 1.541.1,


1.541.1.1, 1.541.1.3, 1.829, 1.844.1, 1.862, 1.967, 1.970, 1.970.2, 2.068.3

377, parágrafo único – 156.8.2, 495.2, 1.334.2, 1.526, 1.541.1.1,


1.541.1.3, 1.968.2, 2.085

378 – 610, 610.4, 845, 848.2, 1.051, 1.239, 1.302, 1.334.2, 1.355, 1.361,
1.367, 1.368, 1.369, 1.370, 1.373, 1.846, 1.892, 1.907.2, 1.910, 2.046.1.2

379 – 610, 1.340, 1.361, 1.362, 1.857.1.1, 1.876.2, 1.892, 1.902, 1.980.1

379, I – 610.1, 610.2, 1.017, 1.355, 1.361, 1.363, 1.366, 1.862, 1.864,
1.865

379, II – 610.3, 1.017, 1.355, 1.365, 1.370, 2.046.1, 2.046.1.1, 2.047.1.1,


2.047.1.2

379, III – 607.4, 610.4, 1.017, 1.355, 1.362, 1.366

380 – 1.368, 1.369, 1.370, 1.372, 1.876.2, 2.046.1.2, 2.047.1.2

380, I – 346.2, 604, 997.1, 1.017, 1.185, 1.355, 1.372, 1.374, 1.842.4,
1.856.4, 1.907.2, 1.965, 1.980

380, II – 604, 1.355, 1.373, 1.374, 1.892, 1.897.3, 1.907, 1.907.2, 1.910,
2.047.1.2

380, parágrafo único – 1.374


381 – 217, 431.2, 459, 938, 1.343, 1.375, 1.378, 1.378.1.3, 1.378.3,
1.380.3, 1.381.2, 1.381.3, 1.382.2, 1.385, 1.393, 1.861, 1.891, 1.897, 1.996.3,
2.002

381, I – 67, 1.372, 1.375, 1.375.1, 1.376, 1.378.1.2, 1.379, 1.379.1,


1.379.2, 1.381.1, 1.382.1, 1.382.3, 1.384, 1.385, 1.386.1, 1.386.3, 1.387,
1.416, 1.418, 1.442, 1.455.5, 1.459.2, 1.461.6, 1.861, 1.891, 1.894, 1.968.1

381, II – 1.375, 1.375.3, 1.379, 1.386, 1.455.1, 1.957.2

381, III – 1.375, 1.375.3, 1.379, 1.384, 1.386, 1.386.1, 1.386.2, 1.455.1,
1.957.2

81, § 1.º – 1.378.1.3, 1.380.1, 1.386.1, 1.393, 1.410.1, 1.455.2.1, 1.531

381, § 2.º – 1.378.1.4, 1.380, 1.380.1, 1.382.1, 1.382.5, 1.393, 1.395

381, § 3.º – 1.380, 1.380.1, 1.382.5, 1.393, 1.458.1, 1.461.6

381, § 4.º – 1.380, 1.393

381, § 5.º – 195, 388.1, 431.2, 1.378, 1.378.3, 1.381.3, 1.387, 1.388,
1.389, 1.390, 1.392, 1.394, 1.395, 1.396, 1.427.2

382 – 1.378, 1.378, 1.379, 1.381.3, 1.382.1, 1.382.3, 1.385, 1.390, 1.392,
1.399, 1.852, 1.861, 1.863, 1.996.3

382, § 1.º – 1.381.2, 1.382.2, 1.388, 1.390, 1.392, 1.393, 1.394, 1.395,
1.397

382, § 2.º – 1.380.1, 1.384, 1.385, 1.386, 1.386.2, 1.386.3, 1.387, 1.394,
1.397, 1.400, 1.837, 1.957.2, 1.968.1, 2.002, 2.044.5

382, § 3.º – 1.382, 1.382.6, 1.390, 1.397, 1.996.3

382, § 4.º – 1.382, 1.382.1, 1.382.3, 1.386, 1.387, 1.397, 1.399, 1.400,
1.459.2

383 – 981, 1.110, 1.152, 1.343, 1.378, 1.378.1.3, 1.378.3, 1.379, 1.381.3,
1.382.3, 1.385, 1.386, 1.392, 1.393, 1.400, 1.461.6, 1.882.2, 1.890, 2.002

383, parágrafo único – 1.386, 1.400, 1.461.6

384 – 1.343, 1.349, 1.851, 1.959.2

384, parágrafo único – 1.851

385 – 791.3, 1.185, 1.364, 1.378.1.1, 1.852, 1.853, 1.855.2, 1.856.3.3,


1.857.1.1, 1.859.2, 1.861, 1.863.1.1, 1.867, 1.875.1.3, 1.955, 2.073.2

385, § 1.º – 372.3, 1.185, 1.225, 1.227, 1.326, 1.384, 1.737.2, 1.773.1,
1.812.2, 1.830, 1.852, 1.853, 1.854, 1.855.3, 1.856.1, 1.856.4, 1.857.1.1,
1.859, 1.860, 1.860.2, 1.860.4, 1.865, 1.865.1, 1.865.1.1, 1.865.2, 1.867,
1.868, 1.869, 1.871, 1.871.1.1, 1.875.1.3, 1.876.2, 1.878, 1.882.2, 1.889,
1.890, 2.076, 2.094.5

385, § 2.º – 136, 168, 1.856.2, 1.863, 1.959.1, 1.863.1.2, 1.984.2, 2.062.2

385, § 3.º – 1.334.2, 1.862

386 – 610.2, 1.363, 1.364, 1.378.1.1, 1.861, 1.864, 1.864.2, 1.865,


1.865.1, 1.865.1.1, 1.865.2, 1.865.3, 1.867, 1.875.2, 1.889, 1.890

387 – 1.863, 1.863.2.1, 1.865.1.1, 1.976

388 – 610, 1.364, 1.368, 1.371, 1.374, 1.378.1.1, 1.852, 1.864.3, 1.867,
1.871.1.1, 1.883.2, 1.979, 1.980, 1.980.1, 1.980.4, 2.047.1.1

388, I – 1.864.1, 1.864.2, 1.864.2.1, 1.865.1, 1.980.4

388, II – 1.864.2, 1.864.2.2, 1.864.3, 1.865.1, 1.980.1, 1.980.4.3, 2.008.2

388, III – 1.864.2, 1.864.2.1, 1.864.2.3, 1.865.1, 1.980.4.2

388, IV – 1.864.2, 1.864.2.4, 1.864.3, 1.865.1, 1.980.1, 1.980.4.1

389 – 333.1, 898, 912.1.1, 1.302, 1.343.1, 1.853, 1.869, 1.870, 1.871,
1.877, 1.878, 1.879, 1.883.2, 1.890

389, § 1.º – 1.343.1, 1.857.1.1

389, § 2.º – 1.857.1.1

390 – 1.867, 1.871.1.2, 1.882, 1.883, 1.959.1

390, § 1.º – 912.1.5, 1.852, 1.8687, 1.871.1.2, 1.875.1.3, 1.875.2, 1.879,


1.883.1

390, § 2.º – 1.132.1, 1.852, 1.871.1.1, 1.871.1.2, 1.875.1.3

391 – 530, 590, 1.856.2, 1.874.2, 1.874.3.1, 1.874.3.2, 1.878, 1.888,


1.889, 1.959.1, 1.960, 2.135.2

391, parágrafo único – 1.305, 1.605, 1.875.1.5, 1.884, 1.889

392 – 333.1, 1.608, 1.859, 1.870, 1.875.2, 1.889

392, § 1.º – 333.1, 1.857.1.1

392, § 2.º – 333.1, 1.857.1.1, 1.875.1, 1.875.1.1, 1.875.1.2, 1.889

393 – 311.1, 1.870, 1.876, 1.884, 1.885, 1.887, 1.959.1, 1.987

393, parágrafo único – 566, 1.593.2, 1.697, 1.885, 1.888

394 – 1.852, 1.871.2.1, 1.875.1.3, 1.879, 1.880, 1.880.2, 1.890, 1.959.1

395 – 1.870, 1.871.4, 1.878, 1.952.3


396 – 610.4, 944.3, 996.2, 1.355, 1.366, 1.812.2, 1.830, 1.891, 1.894,
1.896, 1.897, 1.899.1.2, 1.891, 1.933.1, 1.939.1, 1.939.2.1, 1.967, 2.047.2

397 – 1.893, 1.899, 1.899.3, 1.907.3

397, I – 1.891, 1.899.4, 1.899.4.1, 1.899.5, 1.907.2

397, II – 1.891, 1.899.4, 1.899.4.2, 1.899.5, 1.902, 1.905.1, 1.907.2

397, III – 1.899.4, 1.899.4.3, 1.899.5, 1.902, 1.907.2

398 – 1.152, 1.899.4.3, 1.900, 1.902, 1.903, 1.905

398, parágrafo único – 1.302, 1.836.1, 1.836.3, 1.899.1.2, 1.899.4.3,


1.902

399 – 1.373, 1.902

399, I – 1.373, 1.892, 1.899.4.1, 1.899.4.2, 1.902.2, 1.902.4, 1.905.1,


1.910

399, II – 1.892, 1.899.4.1, 1.905.1, 1.907.2

399, III – 1.892, 1.899.4.1, 1.902.2, 1.905.1, 1.907.2

400 – 996.2, 1.302, 1.325, 1.847, 1.891, 1.893, 1.898, 1.899, 1.899.1.2,
1.899.3, 1.899.4, 1.899.4.1, 1.899.4.2, 1.902, 1.903, 1.905, 1.905.1, 1.939.1,
2.047.2

400, I – 1.899.4, 1.902, 1.905

400, II – 1.771.2.3

400, III – 1.899.4

401 – 944.3, 1.152, 1.843, 1.846.3, 1.893, 1.894, 1.896, 1.897.3,


1.899.1.2, 1.900, 1.908, 1.909, 1.910, 1.937, 1.939.2.1, 2.047.2

402 – 1.836.1, 1.836.3, 1.846.3, 1.892, 1.907, 1.907.2, 1.910, 1.912.2,


1.912.3, 2.059

403 – 981, 1.152, 1.846.3, 1.880.2, 1.897.3, 1.899.1.2, 1.905.2, 1.910,


1.912, 1.912.2, 1.912.3, 1.921.1.2, 2.047.2

403, parágrafo único – 1.355, 1.373, 1.374, 1.899.3, 1.905.1, 1.907.2,


1.912.1, 2.047.2

404 – 1.371, 1.373, 1.846.3, 1.891, 1.892, 1.896, 1.897, 1.902, 1.902.1,
1.905.1, 1.910, 1.911, 1.912.1, 1.933.1, 1.937, 1.939.1, 1.939.2.2.4, 2.047.2

404, I – 1.373, 1.902.1

404, II – 1.373, 1.902, 1.902.1


404, III – 1.373, 1.902.1, 1.902.3

404, IV – 1.373, 1.902.4, 1.907.2

404, V – 1.373, 1.902.3

404, VI – 1.891, 1.902.4

404, parágrafo único – 981, 1.903, 1.905.1, 1.912.1, 1.939.2.2.4

405 – 68, 986.5, 1.303, 1.348.1, 1.446.1.1, 1.699.2, 1.757.2, 1.798,


1.798.1.2, 1.914, 1.915.3, 1.916.1, 1.920, 1.921, 1.921.1, 1.921.1.1, 1.921.1.2,
1.926.3, 1.941.5.1, 1.944, 1.947, 1.948.2.3, 1.950.3, 1.953, 1.959.2

406 – 333.2, 365.3, 1.333, 1.360, 1.491, 1.681, 1.760, 1.773.1, 1.798.1.2,
1.844, 1.921.1.2, 1.921.2, 1.923.2.1, 1.925, 1.935, 1.938.1, 1.938.2, 1.940.1,
1.947, 1.959.3, 1.960, 1.960.1, 1.961.2.1

407 – 1.339.2.2, 1.915.1, 1.916.1, 1.923, 1.923.1, 1.923.2.1, 1.923.2.2,


1.923.2.3, 1.923.3, 1.924, 1.947, 1.959.2

408 – 330.4, 1.302, 1.339.2.2, 1.343.2, 1.348.1, 1.798, 1.913, 1.915.3,


1.923.3, 1.924, 1.925, 1.925.1, 1.925.3, 1.926, 1.930, 1.941.4, 1.953, 1.959.2

408, parágrafo único – 1.305.2, 1.736, 1.757.2, 1.798, 1.798.1.2, 1.880.1,


1.880.2, 1.890, 1.915.3, 1.921.1.2, 1.923.3, 1.925.2, 1.925.3, 1.927.1, 1.930,
1.932.2.1.1, 1.941.4, 1.995.2.2

409 – 1.353, 1.738.3, 1.927.1, 1.935, 1.960.1.2

409, parágrafo único, I – 581.3, 1.927.2

409, parágrafo único, II – 581.3, 1.927.2

409, parágrafo único, III – 581.3, 1.927.2

409, parágrafo único, IV – 581.3, 1.927.2

409, parágrafo único, V – 581.3, 1.927.2

410 – 330.4, 1.757.2, 1.915.1, 1.916.3, 1.929, 1.929.1, 1.953

410, I – 1.686, 1.738.3, 1.915.1, 1.924, 1.926, 1.943, 1.961.1.3

410, II – 1.738.3, 1.915, 1.915.1, 1.924, 1.926

410, III – 1.915.1, 1.916.9, 1.924, 1.926

411 – 1.929, 1.929.1

411, I – 330.4, 1.021, 1.757.2, 1.916.9, 1.924, 1.926.3, 1.927.2, 1.929.1,


1.947, 1.952.2, 1.953, 1.959.2
411, II – 1.343.2, 1.686, 1.916.9, 1.926.4, 1.927.2, 1.929.1, 1.933.3, 1.935,
1.947, 1.952.2, 1.953, 1.959.2

411, III – 1.915.1, 1.929.2, 1.931, 1.932.2.1.1

412 – 1.925.1

412, parágrafo único – 1.925.4, 1.930.3

413 – 1.924, 1.929, 1.929.1, 1.929.2, 1.976.4.3

413, parágrafo único – 1.929.1

414 – 1.916.9, 1.924, 1.929.1, 1.932.1, 1.932.2

415 – 1.916.2.2, 1.916.6, 1.916.9, 1.924, 1.930, 1.932.2

415, I – 1.930.1

415, II – 1.930.2, 1.961.1.2, 1.961.1.3

415, III – 1.930.3

416 – 1.757.2, 1.916.1, 1.916.9, 1.924, 1.931, 1.932

416, parágrafo único – 1.931

417 – 1.302, 1.924, 1.932, 1.932.1, 1.932.2.1, 1.932.2.1.1, 1.932.2.1.2,


1.932.2.1.3, 1.932.2.2, 1.953, 1.960

418 – 1.924, 1.932.2.2, 1.953

419 – 1.924, 1.932, 1.932.2, 1.932.2.3, 1.940.1

420 – 1.366, 1.373, 1.843, 1.846.3, 1.891, 1.892, 1.896, 1.897, 1.897.2,
1.907, 1.915, 1.939.1, 1.940.2

420, I – 1.897, 1.897.5

420, II – 1.897, 1.897.5

420, III – 1.897, 1.897.5

421 – 1.366, 1.891, 1.896, 1.897, 1.897.2, 1.897.3, 1.897.5.3, 1.915,


1.939.1, 1.940.1, 1.940.2

422 – 1.928.1, 1.933, 1.933.1, 1.933.2, 1.933.3, 1.933.4, 1.935, 1.961.1.2

422, § 1.º – 1.933, 1.933.1, 1.933.3, 1.933.4

422, § 2.º – 1.933.1, 1.933.4

422, § 3.º – 1.933

423 – 1.111.3, 1.916.1, 1.922.1.4, 1.928.1, 1.936


424 – 1.020, 1.021, 1.916.1, 1.916.8, 1.921.1.1, 1.921.1.2, 1.922.1.4,
1.922.1.5, 1.922.4, 1.922.5, 1.928.1

425 – 1.021, 1.686, 1.916.8, 1.921.1.1, 1.921.1.2, 1.922, 1.922.1,


1.922.1.4, 1.922.2, 1.922.3, 1.922.5

425, I – 986.5, 1.920.1, 1.922.2

425, II – 1.922, 1.922.1.2, 1.922.3, 1.928

425, III – 981, 1.922, 1.922.1.2, 1.922.4, 1.942.1

425, IV – 1.922, 1.922.1.2, 1.922.1.5, 1.922.2, 1.928.2, 1.932.2.1.3

425, V – 1.922, 1.922.1.3, 1.922.5, 1.936

425, VI – 1.922, 1.922.5, 1.936

425, § 1.º – 1.922.5

425, § 2.º – 1.922.5

426 – 1.917, 1.917.1, 1.917.2, 1.917.3, 1.921.1.2, 1.947

427 – 330.4, 1.729, 1.736, 1.739, 1.757.2, 1.798.1.2, 1.915.1, 1.921.1.1,


1.921.1.2, 1.941.2, 1.941.5.1, 1.947, 1.948.1.4, 1.953, 1.955, 1.959.2, 1.994

427, parágrafo único, I – 330.4, 1.302, 1.798, 1.798.1.2, 1.921.1.1,


1.921.1.2, 1.926.3, 1.941.2, 1.941.5.2, 1.943, 1.946.1, 1.947, 1.948.1.2,
1.948.1.3

427, parágrafo único, II – 330.4, 1.302, 1.798, 1.798.1.2, 1.921.1.1,


1.941.5.2, 1.943, 1.944, 1.946.1, 1.947, 1.948.1.2, 1.948.1.3

428 – 1.757.2, 1.798, 1.926.3, 1.941.5.1, 1.947

428, I – 330.4, 1.021, 1.757.2, 1.798, 1.915.1, 1.926.3, 1.926.4, 1.941.2,


1.941.5.2, 1.944, 1.947, 1.953, 1.959.2

428, II – 330.4, 1.757.2, 1.798.1.2, 1.941.4, 1.941.5.1, 1.943, 1.953,


1.959.2

428, parágrafo único – 1.757.2, 1.915.1, 1.926.3, 1.943, 1.953

429 – 1.739, 1.952.2, 2.029.1.1

429, I – 1.339.2.1, 1.798, 1.925.1, 1.941.5.1, 1.952.2, 1.952.4

429, II – 1.021, 1.339.2.1, 1.926.3, 1.926.4, 1.941.5.1, 1.941.5.2, 1.952.2,


1.952.4

430 – 334, 1.152, 1.354, 1.446.1.1, 1.544, 1.699.2, 1.729, 1.730, 1.757.2,
1.766.2, 1.766.2.5, 1.776, 1.780, 1.798.1.2, 1.915.1, 1.921.1.1, 1.921.1.2,
1.922.5, 1.923, 1.923.3, 1.926.3, 1.941.1, 1.941.5.1, 1.943, 1.944, 1.945,
1.946, 1.946.1, 1.946.2, 1.947, 1.947.1, 1.948, 1.948.1.4, 1.948.2, 1.950,
1.953, 1.955, 1.959.2, 1.998.3

430, parágrafo único – 282, 287.2, 289.2, 292, 296, 306, 318.4, 636,
1.123, 1.544, 1.730, 1.757.2, 1.945, 1.947.1, 1.948.1.2, 1.949, 1.950, 1.950.2,
1.952, 1.952.1, 1.952.5

431 – 1.354, 1.948.1.2, 1.948.1.2, 1.953, 1.959.2

432 – 1.152, 1.354, 1.766.2.5, 1.926.4, 1.947.2, 1.948.1.2, 1.948.1.4,


1.950, 1.950.1, 1.950.2, 1.950.3, 1.951, 2.001

432, parágrafo único – 1.356, 1.798, 1.941.5.1, 1.948.2.4, 1.950.2,


1.950.3

433 – 287.2, 292, 296, 1.354, 1.544, 1.572, 1.766.2.5, 1.921.1.2, 1.945,
1.947, 1.947.2, 1.948, 1.948.1, 1.949, 1.952, 1.952.4, 1.959.2, 1.998.3,
2.029.2

434 – 104, 106.1, 287.2, 289.2, 292, 328, 330.4, 333.2, 334, 344.1, 365.6,
366.4, 372.4, 372.5, 546, 607, 609.1, 779, 783, 845, 851, 944.1, 944.3, 944.5,
1.007, 1.130, 1.307, 1.317.4, 1.331.1, 1.333, 1.354, 1.375.1, 1.455.5,
1.459.2.1, 1.478, 1.491, 1.510.3.1, 1.518.1, 1.566.1, 1.590.2.5, 1.592.2, 1.681,
1.686, 1.699.2, 1.729, 1.736, 1.737.4, 1.738.4, 1.739, 1.757.2, 1.765, 1.766,
1.766.2.4, 1.771.2.4, 1.773.1, 1.773.2, 1.778.3, 1.780, 1.798.1.2, 1.803, 1.821,
1.827, 1.834.1, 1.834.2, 1.844.2, 1.846.3, 1.871.2.1, 1.880.1, 1.881, 1.891,
1.933.2, 1.937, 1.938.2, 1.939.2.2, 1.940.1, 1.941.1, 1.941.2, 1.942, 1.942.2,
1.942.3, 1.945, 1.946, 1.946.1, 1.946.2, 1.948.2.3, 1.953, 1.959.2, 1.959.3,
1.959.4, 1.961.1.2, 2.002, 2.082.2, 2.111

434, parágrafo único – 1.357.1, 1.370, 1.827, 1.881, 1.891, 1.933, 1.941

435 – 93.3, 372.4, 1.331.1, 1.333, 1.354, 1.478, 1.491, 1.681, 1.766.2.4,
1.778.3, 1.778.4, 1.780, 1.826, 1.834.2, 1.844.2, 1.881, 1.938.2, 1.940.1,
1.940.2, 1.941, 1.941.1, 1.942, 1.942.1, 1.942.2, 1.946.1, 1.946.2, 1.948.2,
1.948.2.3, 1.953, 2.082.2

435, parágrafo único – 1.938.2, 1.940.1, 1.942, 1.942.3, 1.942.4

436 – 1.343.5, 1.399, 1.446.3, 1.446.5, 1.481.1.1, 1.491, 1.757.2, 1.798,


1.798.1.2, 1.913, 1.916.10, 1.925.3, 1.925.4, 1.926.4, 1.927.1.1, 1.929.2,
1.941.1, 1.941.3, 1.941.4, 1.941.5, 1.946, 1.946.1, 1.946.2, 1.948.2, 1.953

436, I – 609.1, 783, 944.5, 1.114.5, 1.333, 1.333, 1.375.1, 1.421.1, 1.688,
1.780, 1.812.2, 1.832, 1.834.1, 1.836.1, 1.933.3, 1.941.4

436, II – 334, 1.421.1, 1.686, 1.780, 1.925.1, 1.931, 1.933.3, 1.941.2,


1.941.4, 1.941.5.1, 1.941.5.2, 1.943

436, III – 1.421.1, 1.446.1.1, 1.544, 1.686, 1.780, 1.925.1, 1.936, 1.941.2,
1.941.5.2

436, IV – 330.4, 334, 783, 1.686, 1.780, 1.932.2.1.1, 1.933.3, 1.941.1,


1.941.5.2, 1.954, 1.959.2
436, parágrafo único – 1.941.4

437 – 1.354, 1.737.4, 1.766, 1.766.2.5, 1.769, 1.776, 1.780, 1.781, 1.790,
1.804, 1.832, 1.836.3, 1.929, 1.933.2, 1.940.1, 1.941.1, 1.941.5.1, 1.946,
1.959.2

437, § 1.º – 140, 344.2, 783, 1.026.1, 1.093, 1.114.5, 1.152, 1.259.2,
1.331.2, 1.354, 1.399, 1.766.2.4, 1.778.4, 1.779.3, 1.780, 1.781, 1.844.2,
1.926.4, 1.933.2, 1.938, 1.939.2.3, 1.940.1, 1.941, 1.941.1, 1.942.2, 1.946,
1.946.2, 1.946.3, 1.947, 1.948.1.2

437, § 2.º – 783, 1.780, 1.926.4, 1.928.2, 1.938.2, 1.940.1, 1.946.1,


1.946.2

438 – 330.4, 944.3, 1.192, 1.333, 1.344, 1.352, 1.843, 1.846, 1.846.2,
1.896, 1.899.1.2, 1.914, 1.916.8, 1.916.10, 1.929.2, 1.937, 1.939.2, 1.939.2.1,
1.939.2.2.2, 1.939.2.2.6, 1.951

438, I – 1.846.3, 1.920, 1.922.1.1, 1.939.2, 1.939.2.2.2, 1.939.2.2.4,


1.939.2.2.5

438, II – 1.331.1, 1.541.2, 1.922, 1.939.2, 1.939.2.1, 1.939.2.2.2,


1.939.2.2.4

438, § 1.º – 1.152, 1.158, 1.899.1.2, 1.922, 1.922.1.5, 1.922.4, 1.939.2.2.3,


1.939.2.2.6

438, § 2.º – 1.939.2.2.6

439 – 1.343.2, 1.914, 1.916.10, 1.934

440 – 1.343.2, 1.935

441 – 1.343.2, 1.914, 1.916.10, 1.936

442 – 1.348.1, 1.391, 1.958, 1.962

443 – 334, 944.3, 1.305.1, 1.333, 1.335.1.1, 1.336, 1.348.1, 1.348.2,


1.890, 1.921.1.1, 1.959

443, I – 30, 141, 609.1, 1.333, 1.335.1.3, 1.336, 1.343.2, 1.343.3, 1.348.1,
1.359, 1.360, 1.382.2, 1.390, 1.391, 1.446.1.1, 1.446.1.3, 1.491, 1.544,
1.757.2, 1.779.3, 1.798.1.2, 1.801, 1.839, 1.844.2, 1.869, 1.874.2, 1.878,
1.882.1, 1.884.1, 1.886, 1.889, 1.890, 1.914, 1.954, 1.958, 1.959, 1.959.1,
1.959.2, 1.960, 2.063.4, 2.094.5

443, II – 609.1, 1.324.5, 1.333, 1.343.3, 1.348.1, 1.360, 1.382.2, 1.391,


1.798.1.2, 1.821.1, 1.821.2, 1.822, 1.828, 1.844.2, 1.890, 1.958, 1.959,
1.959.3, 1.960.2, 2.000.1

444 – 158.1.1, 783, 1.324.5, 1.332, 1.343.3, 1.348.1, 1.359, 1.391,


1.757.2, 1.880.2, 1.918, 1.921, 1.923.2.3, 1.954, 1.959.2, 1.961, 1.961.1,
1.961.1.1, 1.961.1.2, 1.961.1.3, 1.961.2.1, 1.961.2.2, 2.067, 2.143.2
444, II – 1.391

445 – 344.2, 1.391, 1.446.1.3, 1.779.3, 1.828, 1.832, 1.961, 1.961.2,


1.961.2.2

446 – 1.921.1.1, 1.962

446, II – 1.921.1.1, 1.941.2, 1.941.5.2, 2.059

447 – 870, 967.1, 1.378.1.2, 1.880.2, 1.921.1.1, 1.957.2, 1.963, 1.964,


1.981, 1.981.4, 1.981.5

447, § 1.º – 1.964, 1.974.2, 1.981.5, 1.981.6, 2.006

447, § 1.º, I – 1.957.4, 1.964, 1.964.2

447, § 1.º, II – 1.957.4, 1.964, 1.964.2

447, § 1.º, III – 574, 1.152, 1.305, 1.964, 1.964.1, 1.981.2, 2.006.1

447, § 1.º, IV – 1.957.4, 1.964, 1.964.3

447, § 2.º – 1.957.4, 1.964, 1.974.2, 1.982.3

447, § 2.º, I – 1.964.4.5

447, § 2.º, II – 574, 1.343.1, 1.343.3, 1.955, 1.964.4.1, 1.964.4.5

447, § 2.º, III – 1.955, 1.963, 1.964.4.1, 1.981.2

447, § 3.º – 1.957.4, 1.964, 1.974.2, 2.067

447, § 3.º, I – 1.964.4, 1.964.4.3, 1.981.2

447, § 3.º, II – 1.964.4, 1.964.4.2, 1.980.4

447, § 4.º – 1.957.4, 1.964, 1.964.1, 1.964.4.1, 1.964.4.2, 1.974.2, 1.981.5,


1.981.6, 1.985.1, 1.990

447, § 5.º – 967.1, 1.957.4, 1.958, 1.964, 1.975.1, 1.975.3, 1.981.2, 1.989

448 – 1.103, 1.982

448, I – 1.966.3

448, II – 1.964.4.1, 1.966.2, 1.966.3, 1.980.4.3

449 – 1.334.2, 1.862, 1.969, 2.069.1

449, parágrafo único – 1.142, 1.334.1, 1.334.2, 1.379.1, 1.416, 1.455.1,


1.531, 1.834.3, 1.836.1, 1.836.2, 1.863, 1.968, 1.968.1, 1.968.3, 1.969, 1.978,
1.982.2, 2.052.1, 2.052.2.1

450 – 158.2, 1.375.1, 1.384, 1.398, 1.474.2, 1.967, 1.970.2, 1.970.4,


1.972.2, 1.974, 1.974.1, 1.978, 1.981.2, 1.981.4, 1.982
451 – 1.970.1, 1.982, 2.082

451, I – 1.970.4, 1.982, 1.982.1

451, II – 1.970.4, 1.978.1.1, 1.982, 1.982.2

451, III – 1.970.4, 1.982, 1.982.3

452 – 1.963, 1.963.2, 1.968.1.1, 1.970.5

452, I – 938, 1.353, 1.955, 1.963.2

452, II – 1.353, 1.963.2, 1.964.4.1, 1.968.2, 1.970.2

453 – 1.380.1, 1.968

453, I – 459, 1.378.1.2, 1.380.1, 1.384, 1.386.3, 1.844.1, 1.968, 1.968.1,


1.968.1.1, 1.982.2, 2.093.1

453, II – 1.334.1, 1.416, 1.836.2, 1.965.1, 1.968, 1.969

453, § 1.º – 1.141, 1.416, 1.965.1, 1.968.2, 1.985.3

453, § 2.º – 1.968.2

454 – 1.100, 1.142, 1.191, 1.324.6, 1.334.1, 1.334.2, 1.821.1, 1.836.2,


1.862, 1.963, 1.969, 1.972, 1.972.1, 1.972.2, 1.973, 1.978, 2.070

454, I – 1.191, 1.965.1, 1.969, 1.972.1, 1.972.4, 1.978, 1.978.1.2.1

454, II – 1.969

454, III – 1.969

454, IV – 1.969

454, V – 1.969

454, VI – 1.969

454, VII – 1.969

454, VIII – 1.969

454, IX – 1.969

454, X – 1.969

454, XI – 1.969, 1.972.4

454, XII – 1.965.1, 1.969, 1.972.1, 1.978, 1.978.1.2.1

454, § 1.º – 1.191, 1.334.2, 1.957, 1.969, 1.972, 1.972.1, 1.972.2, 1.972.5,
1.978, 1.978.1.2.1, 1.984.2, 1.985.3, 2.071
454, § 2.º – 1.152, 1.969, 1.972.1, 1.976.4.1

454, § 3.º – 1.969, 1.972.1, 1.972.2

455 – 1.028, 1.192, 1.226, 1.374, 1.398, 1.821.1, 1.957, 1.965.1, 1.978,
1.984.2, 1.985.3, 2.063, 2.063.3, 2.071

455, § 1.º – 1.152, 1.192, 1.226, 1.821.1, 1.965.1, 1.970.1, 2.068.3

455, § 2.º – 1.957, 1.965.1, 1.966.5.3, 1.970.2, 1.970.5, 1.972.3, 1.978,


1.978.1.2.1, 1.978.2, 1.982.2, 1.982.3, 1.985.1, 2.071, 2.094.6

455, § 3.º – 1.965.1, 1.970.1, 1.970.5

455, § 4.º – 1.226, 1.374, 1.398, 1.965.1, 1.972, 1.985.3, 2.070, 2.071,
2.073.2

455, § 4.º, I – 1.967, 1.970.1, 1.970.2, 1.970.3, 1.972.1, 2.068.3

455, § 4.º, II – 1.821.1, 1.970.3, 1.972.1, 1.984.2

455, § 4.º, III – 1.192, 1.197.1, 1.957, 1.965.1, 1.970.2, 1.970.3, 1.972,
1.972.1, 1.982.3, 1.985.3

455, § 4.º, IV – 1.970.3, 1.972.1

455, § 4.º, V – 1.970.3

455, § 5.º – 3, 989.2, 1.374, 1.401, 1.965.1, 1.972.2, 1.978, 1.978.1.1,


1.978.1.2, 1.978.1.2.1, 1.982.2, 1.983, 2.075.3, 2.083, 2.094.6

456 – 1.334.1, 1.343.3, 1.354, 1.357, 1.836.2, 1.974, 1.976, 1.976.4,


1.976.4.1, 1.976.4.2, 1.976.4.3, 1.984, 1.984.2, 2.062.2, 2.075.1

456, parágrafo único – 1.976.4, 1.976.4.2, 1.978.1.1

457 – 1.863.1.1, 1.970.2, 1.973, 1.974, 1.974.1, 1.981.2

457, § 1.º – 976.3, 1.382.1, 1.354, 1.378.1.2, 1.384, 1.399, 1.940.1, 1.981,
1.981.4, 1.981.5, 2.076

457, § 2.º – 1.974, 1.981, 1.981.3, 1.981.4, 1.981.6

457, § 3.º – 1.979, 1.980, 1.980.1, 1.980.2, 1.980.4.2, 1.980.5, 1.980.6,


1.982

458 – 606, 1.022.2, 1.302, 1.848, 1.863.1.3, 1.957.4, 1.965.3, 1.975,


1.975.1, 1.975.2, 1.975.3, 1.975.4, 1.976.6.1, 1.981.2

458, parágrafo único – 1.965.3, 1.975, 1.975.2, 1.975.3, 1.983

459 – 76, 494.2, 610.2, 1.011.2, 1.028, 1.304, 1.334.1, 1.343.3, 1.354,
1.357.1, 1.427.6, 1.812.1, 1.831, 1.833, 1.834.3, 1.836.2, 1.844.1, 1.845,
1.863.2, 1.863.2.2, 1.966.2, 1.970.4, 1.971.2, 1.976, 1.976.1, 1.976.3, 1.976.5,
1.976.6, 1.976.6.2, 2.065, 2.069.2, 2.073.2, 2.075.1, 2.075.3, 2.076, 2.082.3,
2.083, 2.084

459, § 1.º – 944.4, 965, 1.011.2, 1.334.1, 1.343.3, 1.357.1, 1.836.2, 1.845,
1.863.2, 1.976, 1.976.3, 1.976.6.1, 1.976.6.2, 2.026, 2.075.1, 2.083, 2.084

459, § 2.º – 1.399, 1.863.2.2, 1.966.2, 1.966.4, 1.975.2, 1.976.3, 1.976.6,


1.976.6.2, 2.075.3

459, § 3.º – 1.132.1, 1.863.2.2, 1.971.2, 1.976.3, 1.976.6.2, 2.075.3,


2.075.6, 2.076, 2.082.3, 2.082.4

460 – 1.345.3, 1.844, 1.863.2.1, 1.863.3, 1.883.2, 1.920.1, 1.927.1.1,


1.934, 1.865.3, 1.966.4, 1.966.5.2, 1.974.1, 1.976.6.1, 1.977, 2.098, 2.113

460, § 1.º – 1.131

460, § 2.º – 1.133, 1.863.3

461 – 1.352, 1.967, 1.973, 1.977.1, 1.984.1, 1.985.2

461, I – 944.3, 1.343.3, 1.350.1.2, 1.372, 1.386.3, 1.957.1, 1.957.3,


1.964.3, 1.976.6.1, 1.985, 1.985.1, 2.075.3

461, II – 610.1, 944.3, 944.4, 1.366, 1.378.1.2, 1.384, 1.386.3, 1.956.2,


1.968.2, 1.969, 1.984, 1.984.1, 2.049, 2.049.1, 2.063.5, 2.075.3, 2.076

461, § 1.º – 1.977.1, 1.977.2

461, § 2.º – 1.968.2, 1.977.1, 1.984.2, 1.985.3

461, § 3.º – 1.977.1

462 – 638.4, 745.1, 745.4, 745.8, 1.152, 1.386.2, 1.846.3, 1.966.5,


1.966.5.1, 1.966.5.2, 1.966.5.4, 1.977

463 – 745.4, 1.375.1, 1.384, 1.398, 1.965.2, 1.966.5.1

463, parágrafo único – 638.4, 745.4, 1.966.5

464 – 431.2, 459, 745.5, 989.6, 1.378.1.3, 1.378.2, 1.380.1, 1.416,


1.430.1.2, 1.991, 1.994, 1.996, 1.998.1, 2.007.1, 2.017, 2.075.1

464, § 1.º – 1.996.2, 2.000, 2.000.1

464, § 1.º, I – 609.1, 992, 1993, 1.994, 2.000, 2.000.1, 2.002, 2.043,
2.049.2.3

464, § 1.º, II – 1.994, 1.995.2.1, 1.998, 1.998.3, 2.000, 2.002, 2.001, 2.002

464, § 1.º, III – 1.994, 1.996.4, 2.000, 2.001, 2.002

464, § 2.º – 1.152, 1.849, 1.850, 1.993, 1.994, 1.995, 1.995.1, 1.995.1.2,
1.995.1.3, 1.995.1.4, 2.000.1, 2.002, 2.083
464, § 3.º – 1.343.5, 1.346, 1.358, 1.459.1.2, 1.959.4, 1.964.4.1, 1.995.1.1,
2.000.1, 2.067, 2.083

464, § 4.º – 1.995.1, 1.995.1.1, 1.995.1.2, 2.004.2

465 – 788, 995, 997.3, 997.4, 998.2, 1.114.4, 1.188.1, 1.343.5, 1.812.2,
1.830, 1992, 1.994, 2.005, 2.008.1, 2.009.1, 2.009.2, 2.011, 2.018, 2.022.1,
2.025, 2.028.1, 2.029.2, 2.035.2, 2.067, 2.068.3

465, § 1.º – 372.4, 788, 1.152, 1.812.2, 1.830, 2.009.1, 2.017, 2.018,
2.019.1, 2.019.2, 2.019.3, 2.020.1, 2.020.3, 2.022, 2.022.1, 2.022.5

465, § 1.º, I – 971, 973, 976.2, 2.019, 2.019.1, 2.019.2

465, § 1.º, II – 1.994, 1.996.1, 2.005, 2.013, 2.014, 2.019.1, 2.019.3, 2.021

465, § 1.º, III – 1.775, 1.994, 2.018, 2.019, 2.019.1, 2.019.3, 2.019.4,
2.020, 2.020.3, 2.028.2.2

465, § 2.º – 998.2.1, 1.152, 2.004.2, 2.008.1, 2.017, 2.018, 2.032

465, § 2.º, I – 1994, 2.004.2, 2.007.1, 2.008.1

465, § 2.º, II – 1.995.1.4, 2.004.2, 2.004.2, 2.006, 2.007.1, 2.008.1,


2.029.1.1

465, § 2.º, III – 607.12, 2.004.2, 2.008.1, 2.024.4

465, § 3.º – 629.1, 998.2, 998.2.1, 998.2.2, 998.2.5, 1.152, 1.153.3, 2.018

465, § 4.º – 628, 998.1, 998.2, 998.2.1, 998.2.2, 998.2.3, 998.2.5, 2.018

465, § 5.º – 367, 998.2.4, 1.052, 2.004.2, 2.035.1

465, § 6.º – 1.334.2, 1994, 2.020.1

466 – 718.3, 942.3, 971, 997, 997.1, 997.4, 1.040.1, 1.132.1, 2.006, 2.011

466, § 1.º – 997.2, 2.005, 2.013, 2.016, 2.021, 2.022.5, 2.094.7

466, § 2.º – 997, 997.1, 997.4, 1.152, 1.358, 1.836.3, 2.009.2, 2.013,
2.016, 2.019.4, 2.021, 2.024, 2.024.1, 2.024.4, 2.025, 2.027, 2.030, 2.031.1,
2.063.4

466-B – 235

467 – 997.1, 997.7, 999, 1994, 2.004.1, 2.007.2, 2.008.2, 2.022, 2.022.3,
2.049.2.2

467, parágrafo único – 2.009, 2.022.5

468 – 1.123.3, 1994, 2.008.4, 2.009, 2.009.1, 2.009.2, 2.009.3, 2.019.4,


2.062, 2.062.1
468, I – 1994, 2.009, 2.009.1, 2.028

468, II – 997.3, 998.2.4, 1994, 2.009, 2.009.2, 2.009.4, 2.018, 2.019.4,


2.028, 2.028.1

468, § 1.º – 664, 997.3, 2.009.4, 2.018, 2.029.2

468, § 2.º – 997.3, 998.2.4, 1.152, 2.009.4, 2.018, 2.029.2

468, § 3.º – 997.3, 998.2.4, 2.009.4

469 – 130, 1994, 2.004.2, 2.019.2, 2.020, 2.028.2, 2.028.2.1, 2.028.2.2,


2.028.2.4, 2.029.1.1

469, I – 176.5

470 – 69, 1994, 2.000.3, 2.008.1

470, I – 2.020.1, 2.020.2, 2.023, 2.028.2.4

470, II – 2.019.3, 2.020.3, 2.023, 2.023.2, 2.028.2.2, 2.028.2.2, 2.028.2.4,


2.031.1

471 – 106.2, 995, 997.2, 997.4, 998.2, 1.343.5, 1.351, 1.382, 1.385, 1.830,
1.991, 1992, 1994, 1.995.1.1, 2.004, 2.005, 2.006.3, 2.007, 2.011, 2.018,
2.019, 2.019.4, 2.035.2, 2.038

471, I – 2.005, 2.019.4

471, II – 2.005, 2.019.4

471, § 2.º – 997.3, 2.018, 2.019.4

471, § 3.º – 2.019, 2.019.4

472 – 104.1, 262.1, 596, 627.2, 635.1, 938, 944.3, 1.304, 1.331.1, 1.331.2,
1.337, 1.346, 1.352, 1.729, 1.737.4, 1.757.2, 1.765, 1.798.1.2, 1.836.1, 1.849,
1.850, 1.914, 1.941.2, 1.941.4, 1.958, 1.959.4, 1.993, 1995, 1.995.2,
1.995.2.2, 1.995.2.3, 1.996.1, 1.996.2, 2.002, 2.017, 2.067, 2.142

473 – 997.1, 1.849, 1994, 2.006.2, 2.019.4, 2.029.1.1

473, I – 2.019.4, 2.029.1.1

473, II – 2.029.1.1

473, III – 996.1, 997.1, 2.029.1.1, 2.030

473, IV – 997.1, 998.2.4, 2.018, 2.019.4, 2.020.3, 2.029.1.1

473, § 1.º – 2.002, 2.020.2, 2.029.1.2

473, § 2.º – 996.1, 1.833, 1992, 1.998.2, 2.027, 2.029.1.2


473, § 3.º – 944.5, 996.1, 996.2, 996.3, 997.4, 997.5, 1.372, 1994, 2.002,
2.010, 2.029.1.1

474 – 130, 997.4, 1.358, 1.836.3, 1994, 2.018, 2.019.4, 2.024, 2.024.1,
2.024.2, 2.024.3, 2.024.4, 2.024.5, 2.027, 2.028.2.1, 2.028.2.4, 2.144.4

475 – 175.2, 176.4, 274, 282, 635.2.3, 997.3, 1.996.5, 2.005, 2.014,
2.019.4, 2.021, 2.049.2.2, 2.054.3, 2.129, 2.155

476 – 997.3, 1.333, 1994, 2.009.2, 2.018, 2.019.4, 2.028.1, 2.029.2, 2.067,
2.068.3

477 – 997.1, 997.3, 997.6, 1.152, 1.182, 1.354, 1.821.1, 1.834.1, 1994,
1.995.1.3, 2.017, 2.018, 2.019.4, 2.029, 2.029.2, 2.029.3, 2.030, 2.068.3

477, § 1.º – 130, 997.6, 1.152, 1.153.3, 1.354, 1.836.3, 1994, 1.995.2.2,
2.002.2, 2.013, 2.021, 2.029.2, 2.029.3, 2.030, 2.031, 2.032, 2.032.1, 2.032.3,
2.033.1, 2.033.2, 2.068.3, 2.093

477, § 2.º – 104.1, 255, 998.2.3, 1.152, 1.334.1, 1.357.1, 1.385, 1.804,
1.826, 1.835, 1.836.1, 1994, 2.017, 2.029.2, 2.030, 2.061, 2.068.3

477, § 2.º, I – 997.6, 2.030, 2.034

477, § 2.º, II – 997.6, 2.030

477, § 3.º – 130, 609.5, 944.5, 997.3, 997.6, 998.2.3, 1.334.1, 1.357.1,
1.358, 1.385, 1.798.1.2, 1.813, 1.826, 1.835, 1.836.1, 1.959.4, 1994, 2.004.2,
2.016, 2.017, 2.020.3, 2.028.2.1, 2.030, 2.033, 2.033.1, 2.067, 2.068.3, 2.071,
2.073.2, 2.076, 2.083, 2.094.7, 2.095

477, § 4.º – 997.6, 1.152, 1.153.2, 1.165, 1.995.1.4, 2.029.2, 2.033.3,


2.063.2, 2.063.4, 2.068.3, 2.071, 2.085, 2.092, 2.094.7

478 – 993, 997.7, 1.798, 1.826, 1.991, 1992, 2.007.2, 2.010, 2.018,
2.019.4, 2.024.3.1, 2.028.2.4

478, § 1.º – 2.018

478, § 2.º – 2.018

478, § 3.º – 610.4, 996.1, 996.2, 998.2.3, 1.192, 1.358, 1.366, 1.951, 1994,
2.010, 2.024, 2.024.3.1

478, § 4.º – 997.6

479 – 994, 1.343.5, 1.348.1, 1.375.1, 1.993, 1994, 1.995.2.2, 1.998.2,


2.002, 2.019.4, 2.031.2, 2.033.1, 2.035, 2.037, 2.038

480 – 996.2, 1.386.3, 1.991, 1.994, 1.998.3, 2.009.2, 2.019.4, 2.031.2,


2.032.2, 2.035, 2.035.2, 2.036, 2.037, 2.038, 2.056

480, § 1.º – 1.994, 2.035, 2.035.2, 2.036, 2.038


480, § 2.º – 1.994, 2.035, 2.035.2

480, § 3.º – 1.994, 2.035, 2.037, 2.056

481 – 610.4, 944.3, 1.142, 1.304, 1.314, 1.334.2, 1.342, 1.345.2, 1.365,
1.378.1.4, 1.798.1.2, 1.812.2, 1.850, 1.997, 2.040, 2.041, 2.042, 2.043, 2.045,
2.049, 2.049.1, 2.049.2.1, 2.049.3, 2.050, 2.051, 2.052.2, 2.052.2.3

482 – 1.334.2, 1.343, 1.357.2, 1.798.1.2, 1.830, 1.836.1, 2.000.1, 2.040,


2.043, 2.044.2, 2.044.3, 2.046, 2.049.2.2, 2.049.2.3, 2.050, 2.051, 2.052.2.3,
2.054, 2.054.3, 2.054.4, 2.055.4

483 – 550.1, 2.042, 2.044.1, 2.045, 2.052, 2.052.1, 2.052.2, 2.052.2.3

483, I – 1.798.1.2, 2.049.2.4, 2.050, 2.051, 2.052.1, 2.052.2, 2.052.2.1

483, II – 1.798.1.2, 2.047.2, 2.049.2.4, 2.050, 2.051, 2.052.1, 2.052.2,


2.052.2.2

483, III – 1.345.2, 1.798.1.2, 2.044.2, 2.044.3, 2.047.2, 2.049.2.4, 2.050,


2.051, 2.052.1, 2.052.2, 2.052.2.3, 2.054.2.4, 2.054.2.5

483, parágrafo único – 611.4, 1.334.1, 1.334.2, 1.354, 1.357.2, 1.798.1.2,


1.836.1, 1.836.3, 2.040, 2.049.2.3, 2.050, 2.054, 2.054.2, 2.054.2.5, 2.055.3

484 – 106.1, 986.3, 1.305.2, 1.378.1.4, 1.798.1.2, 1.844.1, 2.042, 2.045,


2.049.2.1, 2.050, 2.052.2, 2.052.2.3, 2.053, 2.054, 2.054.1, 2.054.4, 2.055,
2.055.2.3, 2.055.3, 2.056

484, parágrafo único – 1.378.1.4, 1.844.1, 2.044.5, 2.053, 2.054.1,


2.055.4, 2.056

485 – 83, 91, 94, 96, 97, 101.1, 120, 147, 156.8.2, 161, 167, 175.1, 176.6,
213.1, 224, 225, 227, 258.4, 313, 313.1.1, 313.1.2, 319, 326.2, 366, 366.1,
371, 396.4, 465, 490.4, 497.4, 717, 719, 740, 776, 807, 869.1, 945, 954.1,
955.2, 967.2, 1.090.2, 1.114.1, 1.114.2, 1.114.6, 1.122.4, 1.123.2, 1.123.3,
1.220.3, 1.261, 1.445, 1.464, 1.495, 1.496, 1.500, 1.507.3, 1.514, 1.556,
1.558, 1.559.1, 1.560, 1.565, 1.571, 1.577, 1.584, 1.586, 1.590.1, 1.591,
1.594, 1.624, 1.634, 1.635, 1.645, 1.657, 1.698, 1.730, 1.735, 1.736, 1.765,
1.771.2.5, 1.778.1, 1.778.4, 1.779.4, 1.780, 1.790, 1.791, 1.792, 1.793, 1.794,
1.797, 1.798.1, 1.798.2, 1.805, 1.811, 1.811.1, 1.819, 1.819.2, 2.067, 2.082,
2.103, 2.128, 2.128.1, 2.128.2, 2.128.3, 2.128.4, 2.129, 2.131.1

485, I – 83, 91, 101.1, 102, 114, 175.2, 222.3, 225.2, 281.2, 281.3.3,
313.1.1, 320, 326.2, 466, 561, 715, 1.220.1, 1.224, 1.261, 1.470, 1.486, 1.491,
1.497, 1.510.7, 1.514, 1.514.2, 1.516.1, 1.516.3, 1.534.1.1, 1.560, 1.562,
1.563, 1.586, 1.638, 1.665, 1.690, 1.691, 1.692, 1.693.2, 1.698, 1.698.3,
1.700, 1.716, 1.745.1, 1.794, 2.101, 2.129

485, II – 81, 650, 716, 717, 1.152, 1.227, 1.486, 1.507.3, 1.522.1,
1.534.1.3, 1.562, 1.563, 1.565, 1.568, 1.585, 1.587, 1.587.1, 1.587.2, 1.588.1,
1.588.2, 1.634, 1.639, 1.648, 1.657, 1.719, 1.791, 2.067, 2.103
485, III – 175.2, 321, 326.2, 345, 607.4, 716, 717, 1.152, 1.158, 1.159.4.5,
1.227, 1.286, 1.294, 1.442, 1.486, 1.507.3, 1.515.3, 1.522.1, 1.557, 1.562,
1.563, 1.565, 1.585, 1.588, 1.588.1, 1.588.2, 1.588.3, 1.590.1, 1.634, 1.648,
1.656, 1.657, 1.689, 1.719, 1.791, 1.792, 2.067, 2.127, 2.129

485, IV – 83, 97, 123, 175.2, 222.4, 224, 313.1.1, 326.1, 510, 543, 545,
716, 1.020.4, 1.034, 1.039, 1.040.1, 1.486, 1.534.2.3.1, 1.562, 1.563, 1.565,
1.585, 1.590, 1.633, 1.642.2, 1.643, 1.698.3, 1.737.2, 1.767, 1.778.3, 1.791,
1.792, 1.794, 2.129

485, V – 95, 175.2, 178, 208, 222.4, 224, 313, 487, 774, 776, 1.220.1,
1.495, 1.498, 1.562, 1.563, 1.565, 1.584, 1.585, 1.590, 1.590.2.1, 1.590.2.2,
1.590.2.4, 1.590.2.6, 1.590.2.7, 1.590.3, 1.715, 1.716, 1.719, 1.750, 1.767,
1.792, 1.805, 1.811.1, 1.811.2, 2.131.1, 2.139.4, 2.149.2, 2.149.5, 2.156

485, VI – 222.4, 224, 225, 225.2, 225.3.1, 225.3.7, 313, 313.1.1, 324.2.2,
325, 327, 500, 553, 561, 716, 761, 939.4, 1.114.3, 1.115.2, 1.122.3.2, 1.148,
1.149, 1.212.1, 1.335.2, 1.486, 1.514.3, 1.562, 1.563, 1.565, 1.584, 1.585,
1.586, 1.591, 1.596.2, 1.596.3, 1.633, 1.642.2, 1.643, 1.656, 1.698.3, 1.767,
1.792, 1.794, 1.811.1, 1.838, 2.096, 2.101, 2.129

485, VII – 28, 175.2, 224, 313.1.1, 324.2.2, 324.3, 716, 1.486, 1.562,
1.563, 1.565, 1.585, 1.590.3, 1.592, 1.592.2, 1.592.4, 1.592.5, 1.592.6, 1.634,
1.698.3, 1.791, 1.792, 1.794, 2.129, 2.131.1

485, VIII – 718.2.1, 790, 1.562, 1.563, 1.565, 1.589, 1.589.2, 1.589.3.2,
1.589.4, 1.634, 1.791, 1.792, 1.794, 1.795.4

485, IX – 508.1, 555, 565, 566, 653, 716, 1.167.2, 1.522, 1.534.1.3,
1.534.1.4, 1.562, 1.563, 1.565, 1.585, 1.593, 1.593.4, 1.594, 1.634, 1.778.1,
1.791, 1.792, 1.794, 1.811.1, 1.888, 2.136.1

485, X – 307, 322.1.2, 326, 326.3, 326.4, 589, 716, 719, 751.4, 942.3,
1.036, 1.286, 1.410.2, 1.434, 1.459.1.2, 1.534.1.3, 1.536.2, 1.536.3, 1.590.2.4,
1.595, 1.595.2, 1.595.3, 1.646, 1.646.3

485, § 1.º – 321, 345, 346.1, 550.1, 589, 607.4, 650, 717, 1.152, 1.159.4.5,
1.159.4.9, 1.227, 1.229, 1.236, 1.240, 1.286, 1.294, 1.300, 1.515.3, 1.522.1,
1.585, 1.587.2, 1.588.2, 1.639, 1.640, 1.689, 1.693.2, 1.737.2, 1.791, 2.063.4,
2.071

485, § 2.º – 321, 326.2, 650, 717, 719, 1.486, 1.568, 1.587.3, 1.588.3

485, § 3.º – 95, 99, 101, 101.1, 226, 314, 325, 471, 715, 939.2, 941, 1.425,
1.148.3, 1.149, 1.585, 1.590.1, 1.590.3, 1.591, 1.642.2, 1.643, 1.740.1, 1.791,
1.811.2, 1.811.3.1, 1.821.3, 2.125, 2.149.4

485, § 4.º – 590, 593.2, 718.2, 718.2.1, 718.2.2, 790, 868.1, 915.3,
1.065.1, 1.086, 1.087.2, 1.092, 1.122.4, 1.537.3, 1.585, 1.588.2, 1.589,
1.589.3.1, 1.589.3.2, 1.589.3.3, 1.589.4, 1.627, 1.641.3.2, 1.731, 1.791, 1.794

485, § 5.º – 226, 718, 718.2.2, 718.2.3, 1.589.3.3

485, § 6.º – 717, 1.588.2, 1.791


485, § 7.º – 1.152, 1.157, 1.577, 1.584, 1.651, 1.698.3, 2.106

486 – 175.1, 175.2, 224, 225.3.7, 226.1, 313.1, 313.1.1, 319, 325, 326,
607.1, 715, 718, 762.3, 869.1, 908, 1.464, 1.507.3, 1.513, 1.514.3, 1.515.4,
1.516.2, 1.516.3, 1.534.2.3.1, 1.563, 1.584, 1.589.4, 1.590.2.2, 1.590.2.7,
1.590.3, 1.591, 1.656, 1.657, 1.698.3, 1.736, 1.755, 1.792, 1.793, 1.795.4,
2.128.1, 2.157

486, § 1.º – 175.2, 221, 225.3.7, 226.1, 313.1.1, 325, 326.2, 869.1, 1.486,
1.514.3, 1.515.4, 1.516.2, 1.516.3, 1.534.2.3.1, 1.557, 1.584, 1.590.2.2,
1.590.3, 1.591, 1.656, 1.698.3, 1.736, 1.792, 2.128.4, 2.129, 2.131.1

486, § 2.º – 100, 175.2, 326, 326.2, 718.3, 719, 1.250, 1.486, 1.516.2,
1.516.6, 1.588.3, 1.589.4, 1.590.2.7, 1.590.3, 1.595, 1.595.2, 1.646, 1.646.3,
1.656, 1.686, 1.698.2, 1.698.3, 1.811.1, 2.131.1

486, § 3.º – 55, 321, 1.562, 1.563, 1.565, 1.588.3, 1.590.1, 1.634, 1.811.1,
2.127, 2.128.2, 2.128.4, 2.129

487 – 94, 96, 167, 175.2, 213.1, 224, 225, 227, 292, 740, 776, 791.4, 807,
966.1, 967.2, 1.114.1, 1.114.2, 1.116.3, 1.123.2, 1.123.3, 1.141, 1.145, 1.147,
1.307.2, 1.465, 1.556, 1.557, 1.558, 1.559.1, 1.562, 1.577, 1.590.3, 1.594,
1.609, 1.619, 1.623, 1.637, 1.655, 1.790, 1.869, 2.127, 2.128.3, 2.129,
2.131.1, 2.133

487, I – 92, 120, 175.2, 176.6, 224, 225.3.7, 248, 255, 281.3.2, 313.3, 325,
328, 344.3, 345, 371, 637.1, 710, 732.1, 774, 869.1, 939.4, 945, 1.090.2,
1.114.2, 1.114.6, 1.122, 1.122.4, 1.144, 1.149, 1.311.4, 1.333, 1.335.2,
1.339.1, 1.362, 1.386, 1.444.1, 1.445, 1.491, 1.496, 1.514.1.1, 1.519, 1.520.1,
1.539, 1.557, 1.559.3, 1.559.4, 1.560, 1.562, 1.566.1, 1.566.2, 1.566.2.2,
1.584, 1.591, 1.597, 1.599, 1.600, 1.609, 1.615, 1.618, 1.619, 1.623, 1.635,
1.651, 1.655, 1.691, 1.699.2, 1.744, 1.749, 1.765, 1.791, 1.795, 1.795.1,
1.795.3, 1.798.2, 1.800, 1.805, 1.811.3.1, 1.838, 1.865.3, 1.882.2, 2.067,
2.081, 2.096, 2.097, 2.103, 2.106, 2.110, 2.111, 2.114.2, 2.116, 2.116.2,
2.126, 2.129, 2.131.1, 2.141, 2.143.1

487, II – 92, 120, 175.2, 225.3.7, 282, 309, 313.2.2, 339, 340, 341.3, 344,
345, 371, 372.4, 609.3, 637.1, 710, 711, 791.2, 939.2, 945, 1.090.2, 1.114.6,
1.122, 1.149, 1.221.4.4, 1.301.2, 1.335.2, 1.339.1, 1.445, 1.459.2.2, 1.507.2,
1.517, 1.557, 1.559.3, 1.560, 1.562, 1.566.1, 1.566.2, 1.584, 1.597, 1.609,
1.619, 1.622, 1.623, 1.624, 1.638, 1.651, 1.691, 1.698.3, 1.739, 1.740.1,
1.740.3, 1.765, 1.767, 1.779, 1.779.1, 1.790, 1.791, 1.792, 1.793, 1.795,
1.795.1, 1.795.3, 1.797, 1.798.2, 1.805, 1.811.1, 1.811.3.1, 1.812.4, 1.821.3,
1.838, 2.067, 2.096, 2.097, 2.101, 2.106, 2.110, 2.131.1, 2.142

487, III – 14, 62, 106.2, 898, 966.1, 1.445, 1.557, 1.560, 1.585, 1.597,
1.635, 1.764, 1.765, 1.790, 1.792, 1.793, 1.795, 1.795.3, 1.797, 1.805, 2.076,
2.081, 2.099, 2.129

487, III, a – 156.8.2, 175.2, 636, 690.2, 712.1, 712.2, 790, 912.1.1,
912.2.1, 915.1, 938, 945, 1.092, 1.122.4, 1.335.2, 1.339.3.1, 1.496, 1.559.3,
1.562, 1.602, 1.603, 1.605, 1.607, 1.608, 1.609, 1.703, 1.749, 1.762, 1.763,
1.764, 1.779.3, 1.790, 1.793, 1.795, 1.795.1, 1.800, 1.838, 1.848, 1.869,
1.870, 2.081, 2.093.1, 2.129, 2.131.1, 2.135.3

487, III, b – 14, 156.8.2, 175.2, 596, 713, 790, 915.1, 938, 945, 961.2,
961.6, 1.087.1, 1.114.2, 1.122.4, 1.123.3, 1.292.2.7, 1.335.2, 1.459.2.4, 1.556,
1.559.3, 1.560, 1.562, 1.609, 1.610, 1.611, 1.612, 1.614, 1.616, 1.618, 1.793,
1.795, 1.795.2, 1.805, 1.814, 1.838, 1.848, 1.882.2, 2.081, 2.131.1

487, III, c – 156.8.2, 175.2, 596, 636, 714, 790, 791.1, 938, 945, 1.017,
1.022.2, 1.092, 1.122.4, 1.335.2, 1.496, 1.514.1.2, 1.559.3, 1.562, 1.566.1,
1.589.1, 1.626, 1.627, 1.628, 1.630, 1.632, 1.633, 1.698.2, 1.793, 1.795,
1.795.4, 1.800, 1.838, 2.081, 2.101, 2.131.1

487, parágrafo único – 80, 282, 505.3, 1.221.4.4, 1.459.2.2, 1.507.2,


1.517, 1.519, 1.557, 1.560, 1.571, 1.740.3, 1.779.1, 1.790, 1.791, 1.798.2,
1.811.1, 1.811.3.1, 1.812.4, 2.067

488 – 99, 101, 221, 313, 510, 941, 941.5, 1.517, 1.566.1, 1.584, 1.591,
1.596.3, 1.609, 1.624, 1.698.1, 1.736, 1.792

489 – 336, 482, 485, 946.4, 1.068, 1.114.1, 1.116, 1.116.1, 1.116.3,
1.117.2, 1.122, 1.124, 1.128, 1.301.1.2, 1.303, 1.431, 1.452.3, 1.463, 1.519,
1.539, 1.558, 1.572, 1.598, 1.609, 1.635, 1.699.2, 2.102, 2.104

489, I – 954.1, 1.116, 1.120, 1.635, 1.699.2

489, II – 145, 318.1, 336, 956, 1.116, 1.116.3, 1.122, 1.122.2, 1.123,
1.126, 1.309, 1.314, 1.567, 1.635, 2.131.2, 2.143.1

489, III – 62, 225, 292, 1.123, 1.123.3, 1.567, 1.568, 1.635, 2.131.1,
2.131.2, 2.142

489, § 1.º – 50, 76, 127, 145, 147, 148, 158.1.1, 161, 167, 291, 611.2, 618,
635.3, 638.3, 644, 649, 691, 956, 1.114.1, 1.116, 1.116.3, 1.122.2, 1.122.3.1,
1.122.3.3, 1.122.4, 1.126, 1.154.1, 1.431, 1.519, 1.568, 1.574.1, 1.584, 1.591,
1.635, 1.692, 1.801, 1.990

489, § 1.º, I – 147, 635.3, 1.574.1, 1.990

489, § 1.º, II – 145, 147, 1.116.2, 1.431, 1.568, 1.574.1, 1.807, 1.990

489, § 1.º, III – 147, 1.574.1, 1.990

489, § 1.º, IV – 145, 147, 338, 1.122.3.2, 1.122.3.3, 1.574.1, 1.990

489, § 1.º, V – 147, 1.116.2, 1.122.7, 1.574.1, 1.699.1, 2.143.1

489, § 1.º, VI – 147, 946.3, 946.5, 1.119, 1.122.3.1, 1.122.7, 1.574.1

489, § 2.º – 117, 145, 147, 1.122.2, 1.431

489, § 3.º – 292, 1.122.7, 2.105.4


490 – 248, 265, 344.3, 562, 851, 954.3, 1.123.3, 1.337, 1.387, 1.420.1,
1.468, 1.566.2.6, 1.597, 1.665, 1.729, 1.749, 2.101, 2.103, 2.114.6, 2.116,
2.131.1

490, § 2.º – 848.3, 851

490, § 3.º – 846

491 – 258.2, 261, 694.1, 697, 1.122.7, 1.123.3, 1.290, 1.566.2.5, 1.798.3,
2.105, 2.105.1, 2.105.3, 2.105.4, 2.114.5, 2.115.5, 2.122.1

491, I – 261, 694.1, 697, 1.123.1, 1.556.2, 1.566.2.5, 2.105.1, 2.105.2,


2.114.5, 2.115.5

491, II – 261, 694.1, 697, 944, 1.123.1, 1.298.2, 2.105.1, 2.105.2, 2.114.5,
2.115.5

491, § 1.º – 258.2, 261, 1.556.2, 1.566.2.5, 2.105

491, § 2.º – 261, 694.1, 2.105

492 – 227.1, 231, 233, 236, 260, 262, 338, 710, 744.3, 1.123.1, 1.301.1.2,
1.468, 1.566.1, 1.566.2.5, 1.566.2.6, 1.571, 1.575.2, 2.103, 2.104, 2.114.6,
2.131.2, 2.150.1

492, parágrafo único – 258.1, 1.566.2.1, 1.660, 2.114.1

493 – 35, 177, 225.3.6, 226.1, 226.2, 285, 288, 322.1.3, 338, 339, 562,
720, 732.1, 791.1, 944.6, 1.304, 1.468, 1.596, 1.596.3, 1.641.4, 1.718,
1.740.2, 1.750, 1.942.1, 2.145.1, 2.145.1

493, parágrafo único – 226.1, 1.718, 1.798.3, 2.145.1

494 – 175.1, 1.119, 1.148.3, 1.415, 1.576, 1.577, 1.578, 1.579, 1.581,
1.582.2, 1.699.2, 2.106, 2.107,

494, I – 635.2.2, 740.1, 1.245.1, 1.577, 1.579, 1.580, 1.581, 1.582,


1.582.1, 1.582.2, 1.583, 1.651, 1.656, 1.658, 2.104, 2.106

494, II – 635.2.2, 740.1, 1.116.1, 1.577, 1.651, 1.656, 2.104, 2.106

495 – 35, 231, 233, 566, 1.152, 1.659, 2.115, 2.115.1, 2.115.4, 2.115.5

495, § 1.º, I – 2.115.4

495, § 1.º, II – 2.115, 2.115.4

495, § 1.º, III – 1.662, 2.115, 2.115.4

495, § 2.º – 2.115.5

495, § 3.º – 1.152, 2.115.5

495, § 4.º – 2.115.1, 2.115.2, 2.115.6


495, § 5.º – 2.115.6

496 – 4, 156.4, 167, 175.1, 175.2, 505.2, 564, 635.2.2, 741, 1.593.4,
2.106, 2.118, 2.120, 2.122, 2.122.2, 2.123

496, I – 2.120, 2.121, 2.121.1, 2.122.1, 2.122.2

496, II – 2.120, 2.121, 2.121.2

496, § 1.º – 2.124, 2.128.3

496, § 2.º – 2.125, 2.125

496, § 3.º – 231, 233, 1.290, 2.121.1, 2.122.1

496, § 3.º, I – 1.501, 2.122, 2.122.1

496, § 3.º, II – 1.290, 1.501, 2.122, 2.122.1

496, § 3.º, III – 1.501, 2.122, 2.122.1

496, § 4.º, I – 2.122, 2.122.2

496, § 4.º, II – 2.122.2

496, § 4.º, III – 2.122.2

496, § 4.º, IV – 2.122, 2.122.2

497 – 113, 261.3, 264, 1.449, 1.449.1, 2.114.6

497, parágrafo único – 120, 264, 950, 1.403, 1.449, 1.566.2.6, 2.114.6

498 – 113, 236, 264, 1.446.4, 1.566.2.6, 2.114.6

498, parágrafo único – 113, 258.2, 261, 1.566.2.6, 2.105.3, 2.114.6

499 – 261.3, 1.566.2.6, 2.114.6

500 – 1.566.2.6, 1.948.1.2, 2.114.6

501 – 177, 235, 324.2.1, 627.2, 627.3, 651, 745.8, 1.566.2.6, 1.649.1,
1.662.2, 2.114.6

502 – 29, 30, 41, 96, 175.1, 175.2, 176.1, 176.3, 176.4, 177, 178, 181.3,
191, 208, 227, 292, 316.1, 316.2, 587, 593.2, 742, 749, 869.3, 942.3, 945,
1.145, 1.147, 1.222, 1.255.2, 1.292.2.1, 1.423, 1.444.1, 1.444.3, 1.465,
1.566.2.3, 1.603, 1.625, 1.655, 1.658, 1.661.2, 1.800, 2.126, 2.128, 2.129,
2.131.1, 2.133, 2.145, 2.149.2, 2.156

503 – 175.2, 292, 309, 318.1, 340, 618, 789, 789.1, 1.116, 1.123.3, 1.144,
1.149, 1.420.4, 1.558, 1.568, 1.572, 1.623, 1.739, 1.743, 1.952.5, 2.128,
2.129, 2.131.1, 2.131.2, 2.132.1, 2.134, 2.138.2.1, 2.141, 2.142, 2.144,
2.144.4, 2.144.5, 2.150.1, 2.151.1, 2.151.3, 2.152
503, § 1.º – 69, 292, 300, 356, 581.2, 763.2, 1.144, 1.544, 1.758, 1.766.1,
1.782, 2.114.1, 2.143.3, 2.143.3.2

503, § 1.º, I – 1.539.2, 1.782, 2.143, 2.143.3.2

503, § 1.º, II – 296, 298, 1.539.2, 1.782, 2.143, 2.143.3.2

503, § 1.º, III – 35, 292, 297.4, 306, 1.539.2, 1.539.3.1, 1.539.3.2, 1.539.6,
1.782, 2.143, 2.143.3.2

503, § 2.º – 276, 292, 299, 1.758, 1.782, 2.114.1, 2.143, 2.143.3.2

504 – 1.888, 2.129, 2.131.1, 2.141, 2.142, 2.143, 2.144

504, I – 1.122.6, 2.131.1, 2.141, 2.143.1

504, II – 158.1.2, 607.2, 1.302, 1.303, 1.317.5, 1.562, 1.653, 1.683,


1.844.1, 1.887, 2.110, 2.131.1, 2.141, 2.143.2

505 – 93.3, 560.2, 563, 575, 786, 1.144, 1.148.3, 1.149, 1.420.4, 1.567,
1.811.3.1, 2.141, 2.142, 2.145, 2.149.1, 2.151.3

505, I – 177, 1.144, 2.114.3, 2.145, 2.145.1, 2.145.2, 2.145.3, 2.147

505, II – 1.338.2, 2.145.1, 2.147

506 – 131, 176.5, 292, 587, 759.2, 760, 775.2, 789, 869.3, 941.5, 1.661.1,
2.132.2, 2.133, 2.135.4, 2.136, 2.136.1, 2.136.2, 2.137, 2.138, 2.138.2.1,
2.138.2.2, 2.139.1, 2.139.2, 2.140.1, 2.140.2, 2.156

507 – 104.4, 788, 1.119, 1.143, 1.144, 1.148.3, 1.149, 1.150, 1.695,
1.698.3, 1.811.3.1

508 – 142, 175.1, 176.1, 247.1, 281.3.2, 304, 311.2, 1.145, 1.304, 1.572,
1.622, 2.126, 2.131.2, 2.134, 2.141, 2.142, 2.144.1, 2.144.2, 2.144.3, 2.144.4,
2.144.5, 2.145.1, 2.150

509 – 29, 351, 1.468, 1.566.2.5, 2.114.5

509, I – 727, 2.105

509, II – 727, 2.105

509, § 1.º – 1.111.2, 1.116.4, 1.566.2.5, 1.567

509, § 2.º – 2.105.2

509, § 4.º – 142, 1.260, 1.572

510 – 29, 351

511 – 29, 351, 1.152, 1.222

512 – 29, 351, 1.378.1.3, 1.566.2.5, 1.662, 1.996.3, 2.106, 2.115.5


513 – 29, 93.2, 176.1, 229, 263, 266, 280.4, 282, 284, 725, 916.1, 1.461.3,
1.531, 1.549, 1.550, 1.550.4, 1.556, 1.558, 1.589.3.2, 1.609, 1.626, 1.635,
1.638, 1.639, 1.641.2, 1.642.1, 1.642.2

513, § 1.º – 101.1, 503, 948, 1.109.1, 1.221.4.2, 1.468, 1.469, 1.550,
1.566.2.6, 1.638, 1.642.1, 1.642.2, 2.114.6, 2.152

513, § 2.º – 503, 1.550

513, § 2.º, II – 747.2

513, § 4.º – 1.152

513, § 5.º – 732.1, 857, 1.643, 1.659

514 – 177, 754.3, 869.1, 1.566.2.1, 1.638, 1.660, 2.114.1

515 – 29, 105, 110, 113, 176.1, 176.4, 231, 235, 253, 351, 411.2, 415.2,
489.1, 489.1.2, 612, 771, 948, 1.222, 1526.1, 1.549, 1.554.1, 1.642.1, 2.152

515, I – 4.3, 65, 106.1, 231, 233, 282, 351, 353, 399.4.2, 415.2, 694,
721.3, 721.3, 722, 727, 749, 754.3, 861, 869.1, 916.1, 998.2.5, 1.069.1,
1.114.2, 1.196.2, 1.423, 1.473, 1.549, 1.566.2.3, 1.575.1, 1.609, 1.634, 1.635,
1.638, 1.642, 1.642.1, 1.642.2

515, II – 9, 176.4, 415.2, 456.1.2, 648, 721.3, 961, 1.222, 1.473, 1.609,
1.612, 1.634, 1.638, 1.793, 1.795

515, III – 14, 176.4, 415.2, 456.1.2, 721.3, 942.1, 961, 961.3, 1.022.2,
1.022.4, 1.050, 1.222, 1.473, 1.612, 1.616, 1.618, 1.634, 1.795.2

515, IV – 415.2, 721.3, 1.473, 1.566.2.5, 1.634

515, V – 415.2, 456.1.2, 671, 721.3, 745.1, 1.473, 1.515.3, 1.634, 1.689

515, VI – 35, 176.4, 235, 415.2, 456.1.3, 721.3, 727, 1.222, 1.452, 1.473,
1.549, 1.566.2.5, 1.634, 1.635, 1.642.2, 1.647, 1.721, 2.114.5, 2.115

515, VII – 29, 176.3, 176.4, 415.2, 456.1.3, 721.3, 727, 1.222, 1.473,
1526.1, 1.554.1, 1.563, 1.634, 1.642.2

515, VIII – 176.4, 213.1, 215, 415.2, 456.1.3, 721.3, 727, 1.222, 1.473,
1.634

515, IX – 721.3, 727, 1.222, 1.473, 1.634

515, X – 1.539.3.3

515, § 1.º – 235, 351, 411.2, 628, 721.3, 727, 1.152, 1.193, 1.196.2,
1.256.1, 1.256.2, 1.265.2, 1.550.3, 1.634, 1.635, 1.638, 1.642.1, 1.721

515, § 1.º, I – 368, 1.550.3

515, § 1.º, IV – 489.1.2


515, § 1.º, VII – 2.152

515, § 2.º – 14, 727, 1.562, 1.612, 1.614, 1.617, 1.795.2, 2.079

516 – 415.2, 455.4.1, 456, 456.1, 1.473, 1.642.1

516, I – 381, 396.3, 411, 411.2, 415.2, 456.1, 456.1.1, 622, 965

516, II – 303, 381, 415.2, 433, 437, 456.1, 456.1.2, 468.1, 622, 965, 1.415,
1.473, 1.638

516, III – 411.2, 415.2, 456.1.3, 489.1, 1.539.3.3

516, VII – 415.2

516, parágrafo único – 415.2, 437, 456.1, 456.1.2, 468.1, 489.1, 1.469,
1.221.4.2, 1.638

517 – 1.553

517, § 2.º – 1.152

518 – 134, 489.1.2, 614, 1.435, 1.534.1.1

518, § 1.º – 69.2

520 – 106.1, 113, 177, 951, 1.423, 1.435

520, I – 605, 1.468, 1.638

520, II – 177, 1.437.4, 1.437.5, 1.438.1.3, 1.438.3, 1.440.2, 1.440.4,


1.660.1

520, III – 1.550.4, 1.647

520, IV – 1.435, 1.640

520, § 2.º – 233, 721.3, 722

521, I – 1.435

522 – 105, 106.1, 215, 456.1.2

522, parágrafo único – 282

522, parágrafo único, I – 1.653

523 – 105, 106.1, 638.2, 728, 1.152, 1.256.1, 1.508.3, 1.550, 1.612,
1.642.1, 1.649.1, 1.649.2, 1.649.2.2.4

523, § 1.º – 610.4, 638.2, 665, 721.3, 722, 728, 1.649.1, 1.649.2,
1.649.2.2.4

523, § 3.º – 113


523, § 14 – 69

523, § 15 – 69

524 – 259, 627.2, 667, 745.5, 1.292.2.2, 2.105.2, 2.105.3

524, I – 1.550, 1.642.2

524, II – 1.508.3, 2.105.2

524, VI – 730, 2.105.2

524, VII – 1.484, 1.508.3, 1.550

524, § 1.º – 949

524, § 2.º – 261, 980, 983, 1.152

524, § 4.º – 1.152

525 – 30, 176.1, 222, 351, 503, 614, 638.2, 721.3, 724, 726, 726.3, 770,
1.065.2, 1.152, 1.292.2.3, 1.435, 1.550, 1.550.2, 1.550.5, 1.612, 1.641.4,
1.648

525, § 1.º – 29, 30, 142, 176.1, 311.3, 316.1, 316.2, 324.2.2, 341.3, 351,
374, 503, 857, 1.217, 1.222, 1.256.1, 1.260, 1.553, 2.156

525, § 1.º, I – 30, 98, 176.3, 176.4, 178, 181.3, 313.1, 316.2, 351, 1.217,
1.222, 1.244, 1.245.2, 1.249, 1.255.2, 1.260, 1.534.1.1, 1.642.1, 2.152, 2.155,
2.156, 2.157

525, § 1.º, II – 225.2, 552, 771, 1.550.3

525, § 1.º, III – 1.539.3.2

525, § 1.º, V – 261, 1.122.4, 1.641.4

525, § 1.º, VI – 726, 1.532

525, § 1.º, VII – 106.1, 142, 233, 253, 282, 725, 857, 1.292.2.3, 1.532,
1.549, 1.550, 1.550.3, 1.622, 1.641.4, 1.648, 2.136.1, 2.144, 2.144.5, 2.146,
2.152

525, § 4.º – 261

525, § 5.º – 2.1582.158

525, § 6.º – 1.418, 1.420.1, 1.421.2, 1.435, 1.455.1, 1.512.2, 1.524.2,


1526.1, 1.550, 1.550.1, 1.550.2, 1.550.3, 1.553, 1.692

525, § 7.º – 1.550.2

525, § 10 – 1.550.1, 1.550.4

525, § 11.º – 1.152, 1.253, 1.260


525, § 12.º – 178, 1.451.6.3, 1.539.3.2, 1.661.3, 1.663.4, 2.158

525, § 12.º – 2.158

525, § 14.º – 469.3, 1.451.6.3, 1.661.3, 2.158

525, § 15.º – 469.3, 1.661.3, 2.158

526, § 1.º – 1.152

526, § 2.º – 721.3

527 – 105, 106.1, 113

528 – 105, 106.1, 112, 113, 1.152, 1.435, 1.450.1.3, 1.483, 1.511, 1.642.1,
1.643

528, § 1.º – 43.1, 454, 1.563, 1.634, 1.641.2

528, § 3.º – 225.1.2, 385, 409, 951, 1.152, 1.435, 1.450.1, 1.514.1.3

528, § 5.º – 1.522.2, 1.563, 1.634

528, § 7.º – 256.1, 1.643

528, § 8.º – 256.1, 1.435, 1.483

529 – 112, 113, 234, 1.435, 1.483

530 – 1.563

531, § 1.º – 2.047.2

533 – 106.1, 113

534 – 106.1, 113

534, II – 771

535 – 105, 106.1, 489.1.2, 770, 1.065.2, 1.152, 1.177.2, 1.260, 1.582.1,
1.649.1

535, I – 316.2, 374, 375, 1.222, 1.255.2, 2.156, 2.157

535, II – 1.152

535, V – 489.1.2

535, VI – 282

535, § 2.º – 261

535, § 3.º – 1.152

535, § 5.º – 1.451.6.3


535, § 7.º – 69, 469.3, 1.451.6.3, 2.158

535, § 8.º – 69, 469.3, 2.158

536 – 106.1, 113, 1.483, 1.502, 1.566.2.6, 1.649.1, 2.114.6

536, § 1.º – 112, 264, 610.4, 949, 951, 952, 1.432, 1.435, 1.449, 1.455.2.3,
1.502, 1.566.2.6, 1.664, 2.114.6

537 – 106.1, 112, 113

537, § 1.º – 667

537, § 4.º – 1.649.1

538 – 106.1, 113, 426, 951, 1.435, 1.449.1, 1.483, 1.649.1

538, § 3.º – 951, 1.483

539 – 176.4, 1.292.2.8.8

539, § 1.º – 1.152

539, § 3.º – 1.152

540 – 1.402

541 – 1.152

542, I – 1.745.2

542, II – 104.2, 1.152, 1.745.2

542, § 3.º – 69.2

543 – 1.152

544 – 107

544, IV – 731

545 – 731

546 – 731

546, I – 413

546, parágrafo único – 731, 1.604, 1.607, 1.763

548 – 731

548, I – 731

548, II – 731
548, III – 731

550 – 140, 1.152

550, § 2.º – 1.152

550, § 5.º – 1.152, 1.558

550, § 6.º – 1.152, 1.997

552 – 1.558

553 – 980

553, parágrafo único – 1.481.2

554, § 1.º – 502, 1.059

554, § 2.º – 502

555 – 279.2

555, I – 110, 280.4

555, II – 110, 280.4

556 – 107, 313.3, 1.566.1, 1.736, 1.743, 1.744.2, 2.103, 2.111

557 – 104.2, 107, 142, 279.1, 1.566.2.1, 2.114.1

557, parágrafo único – 279.1

559 – 1.152

562 – 102, 107, 1.427, 1.427.1, 1.427.2, 1.427.3, 1.427.6, 2.059

562, parágrafo único – 1.428

563 – 106.1

564 – 1.152

564, parágrafo único – 1.459.1.1

565 – 1.058, 1.152

565, § 1.º – 1.059, 1.152

566 – 108, 1.467

567 – 1.192, 1.403

572 – 1.914

577 – 107, 1.152


579 – 1.991, 1.996.2, 2.001, 2.006.2, 2.007.3, 2.021, 2.025

580 – 1.991, 2.031.1

581 – 1.991

582, parágrafo único – 2.031.1

583 – 2.025, 2.031.1

583, II – 1.345.1

586 – 1.152

592 – 1.152

593 – 1.152

596 – 1.152

597 – 1.997

599 – 59

600, parágrafo único – 1.457.1

601 – 107, 1.152

605, II – 1.152

609 – 59

610 – 195, 568.2

611 – 568.1, 1.152

613 – 528

614 – 568.1

615 – 568.1

615, VII – 528

616 – 568.1

616, I – 528

616, VII – 1.069, 1.069.3

617 – 528, 568.1

617, VIII – 568.1

617, parágrafo único – 1.022.2, 1.152


618 – 528

618, I – 568.1

618, III – 1.022.3

618, IV – 981

619 – 1.899.3

619, II – 1.614

620 – 1.132.1, 1.152

623 – 1.152

625 – 1.152

626 – 1.056, 1.059, 1.065.1, 1.196.2

626, § 1.º – 1.196.2, 1.197

627 – 1.152, 1.153.3

627, III – 1.406

627, § 2.º – 1.420.1

627, § 3.º – 114, 1.406, 1.481.2

628, § 2.º – 1.420.1, 1.430.1.2, 1.440.3, 1.481.2

629 – 1.152

630 – 980

635 – 1.152

636 – 1.132.1

637 – 1.152

638 – 1.152

638, § 1.º – 980

639 – 1.132.1

641 – 1.152

641, § 1.º – 1.152, 1.481.2

641, § 2.º – 1.938

642, § 3.º – 1.566.2.2


643, parágrafo único – 1.481.2, 1.566.2.2

644, parágrafo único – 1.566.2.2

647 – 1.152

650 – 508.1

651 – 980, 983

652 – 1.152

657 – 1.916.2

657, parágrafo único – 1.152

658 – 1.916.2

662 – 745.1

662, § 1.º – 745.1, 980

663, parágrafo único – 1.159.3

664, § 1.º – 1.132.1, 1.152

664, § 4.º – 745.1

667 – 195

668 – 280.4

668, I – 1.152

674 – 506, 730, 763.2, 770, 881, 1.003.3, 1.292.2.4, 1.546, 1.641.3.1,
2.155

674, § 1.º – 1.454.2.1, 1.546

674, § 2.º, I – 500, 771

674, § 2.º, IV – 461, 771, 1.546

675 – 770, 1.152, 1.546

676 – 282, 306, 318.4

677 – 503, 1.970, 1.970.3

677, § 1.º – 1.427.2

678 – 107, 1.524.1, 1.546

678, parágrafo único – 503


679 – 1.152, 1.745.2

680 – 503

682 – 506, 1.003.3, 1.546

683, parágrafo único – 306, 318.4, 358, 762.2, 1.152, 1.196.6

684 – 503

685 – 568.1, 1.542.1

685, parágrafo único – 1.533

686 – 762.1, 1.542.1

687 – 568, 568.1, 568.2, 572, 682, 1.534.1.3

688, I – 567, 568.2

688, II – 567, 568.2

689 – 546, 567, 568, 568.2, 1.534.1.1, 1.534.1.3

690 – 107, 568, 568.2, 1.152

690, parágrafo único – 568.2

691 – 568.2, 1.152, 1.534.1.3, 1.938

692 – 567, 568, 568.1, 568.2, 572, 1.534.1.3

693 – 1.537.1

694 – 2.079

694, parágrafo único – 1.015.1, 1.533, 1.537, 1.537.1

695, § 1.º – 1.701, 1.706, 1.718, 1.731, 1.771.2.2

695, § 2.º – 1.152

695, § 3.º – 1.201.1, 1.207, 1.706

696 – 1.806

698 – 1.057, 1.059

700 – 1.511

700, I – 1.292.2.8.10

700, II – 1.292.2.8.10

700, III – 1.292.2.8.10


700, § 2.º, I – 1.292.2.8.10

700, § 2.º, II – 1.292.2.8.10

700, § 2.º, III – 1.292.2.8.10

700, § 3.º – 1.292.2.8.10

700, § 5.º – 1.511, 1.694

701 – 132, 133, 728, 1.152, 1.694

701, § 1.º – 728

701, § 2.º – 728

702 – 104.4, 728

702, § 5.º – 1.152

702, § 6.º – 861

702, § 10 – 1.292.2.8.10

702, § 11 – 1.292.2.8.10

703, § 1.º – 861

703, § 3.º – 107, 1.152

708, § 1.º – 1.152

709 – 629.1

710 – 1.152

710, § 2.º – 1.152

712 – 1.069, 1.187.2.4

712, parágrafo único – 1.111.1, 1.111.2, 1.130, 1.469, 1.492

714 – 1.152

718 – 1.054, 1.029, 1.187.2.4

719 – 195

720 – 194, 503, 1.069, 1.069.1

721 – 194, 505.1, 1.055, 1.059, 1.152, 1.196.2

723 – 1.152, 1.157, 1.557

723. parágrafo único – 107, 109, 194, 945, 947


724 – 194, 195, 1.557

725 – 195, 544.1, 1.111.3

725, I – 194, 195

725, IV – 388.1

726 – 989.1, 1.159.1, 1.192

727 – 503, 1.159.1, 1.458.4

728 – 503

730 – 195, 980, 1.139

733 – 195

734, § 1.º – 1.059, 1.152

735, § 1.º – 1.132.1

735, § 2.º – 1.057, 1.059

735, § 3.º – 1.132.1

737, § 2.º – 1.057, 1.059

738 – 1.152

738, § 2.º – 1.057, 1.059

739, § 1.º – 1.059

739, § 1.º, I – 1.059

740, § 2.º – 980, 1.132.1

740, § 3.º – 1.120

740, § 4.º – 1.823

741 – 1.152

743 – 1.152

745 – 1.152, 1.664

745, § 4.º – 1.046.1, 1.057

745, § 5.º – 1.069

747 – 195

747, IV – 1.057, 1.069, 1.069.1


748 – 113, 383

748, I – 1.057, 1.069, 1.069.1

748, II – 1.057, 1.069, 1.069.1

751 – 1.850, 1.857.1.1, 2.044.4, 2.046.1.2, 2.052.2.1, 2.053

751, § 1.º – 1.142, 1.334.2, 2.052.2.1

752 – 1.152

752, § 1.º – 1.057, 1.059

752, § 3.º – 777

753 – 1.996.2, 2.044.4, 2.046.1.2

754 – 194

755 – 1.649.1

755, § 3.º – 1.152, 1.662, 1.662.1

757 – 1.649.1

758 – 195

759 – 1.152

759, § 1.º – 1.022.2, 1.132.1

760 – 1.152

761 – 1.069

761, parágrafo único – 1.152

765 – 1.556

771, parágrafo único – 1.221.1, 1.635, 1.639, 1.641.2

772, I – 944.3, 1.641.3.1

772, II – 604, 618, 624

772, III – 616

774 – 596, 607.4, 612, 618, 664

774, I – 612, 613, 618

774, II – 612, 614

774, III – 612, 614


774, IV – 612, 615, 616

774, V – 112, 614, 616, 1.366

774, parágrafo único – 612, 616, 618, 621, 627.1

775 – 468.1, 721.2, 725, 1.555.2, 1.563, 1.589.3.2, 1.634, 1.641, 1.641.1,
1.641.3.1, 1.641.3.2, 1.641.3.3, 1.641.4

775, parágrafo único – 725, 1.641.3.1, 1.641.4

775, parágrafo único, I – 720, 721.2, 725, 1.641.4

775, parágrafo único, II – 725, 1.641.4

776 – 35, 322.1.2, 605, 618, 1.468, 1.549, 1.638, 1.647

777 – 617, 618, 620, 664, 667, 1.554.6, 1.640

778 – 552, 771, 1.642.1, 1.643

778, § 1.º, I – 1.069, 1.069.1

778, § 1.º, II – 1.643, 1.644

778, § 1.º, III – 1.221.1

779 – 552, 1.642.1, 1.643

779, II – 1.644

779, V – 771

781 – 378, 456, 456.2, 489.1

781, I – 415.2, 456.2

781, II – 456.2

781, III – 456.2

781, IV – 456.2

781, V – 415.2, 456.2

782 – 189, 939.1, 949, 988, 989.2, 1.000, 1.090.1, 1.924, 2.026

782, § 1.º – 493.2

782, § 2.º – 112, 949, 989.2, 1.192

782, § 3.º – 612

782, § 4.º – 1.152


783 – 1.058, 1.256.1, 1.256.3

784 – 110, 113, 156.5, 176.1, 253, 351, 399.4.1, 612, 771, 861, 948,
1.256.1, 1.258, 1.549, 1.694, 1.717, 1.930

784, I – 399.4.1, 456.2, 500, 859, 1.407.4, 1.461.6, 1.642.2

784, II – 1.612, 1.916.2, 1.923.2, 1.923.2.3, 1.957.2

784, III – 1.507.2, 1.549, 1.612

784, IV – 399.4.1, 1.018.1, 1.046, 1.075, 1.549, 1.612

784, V – 399.4.1, 426, 456.2, 531

784, VI – 399.1.1.5

784, VII – 456.2

784, VIII – 399.1.1.2, 399.4.1, 456.2

784, IX – 18.2.1, 399.2, 399.4.1, 456.3, 1.510.8, 1.554.1, 2.121

784, XII – 399.4.1, 456.2, 670.1

784, § 1.º – 322.1.2, 726, 1526.1

784, § 3.º – 205, 1.919

784, § 4.º – 456.2

785 – 110, 225.3.5, 1.221.3, 1.258, 1.514.3, 1.717

786 – 253, 266, 638.2, 1.221.3, 1.642.1, 1.644, 1.717

786-A – 113

786, parágrafo único – 667, 727

787 – 345, 1.566.2.2, 1.642.2

787, parágrafo único – 345

788 – 76, 530

789 – 21.2, 204, 235, 530, 770, 949, 951, 952, 1.553, 1.563, 1.565,
1.566.2.6, 1.634, 1.647, 2.114.6

789, I – 771

790 – 1.649.2.2.2

790, I – 571, 577, 1.221.1

790, II – 532, 532.1, 532.2, 771


790, III – 530, 531, 532

790, IV – 532

790, V – 532, 771

790, VI – 532

790, VII – 532.3, 533.2

791, I – 1.221.1

792 – 613, 1.717

792, I – 577, 1.221.2

792, II – 1.505, 1.508.1, 1.508.4

792, IV – 54.1, 113, 1.221.1, 1.505, 1.508.1, 1.717, 1.962

792, VII – 532, 532.1

792, § 3.º – 533.5

792, § 4.º – 1.152

794 – 857

794, § 1.º – 771

794, § 2.º – 771, 857

794, § 3.º – 771, 857

795 – 1.558

795, § 1.º – 533.1

795, § 2.º – 533.1

795, § 4.º – 532.2, 533, 533.2

796 – 563, 682, 1.522, 1.534.1.4, 1.566.2.2, 1.644, 2.114.2, 2.136.1

796, parágrafo único – 694.1

797 – 455.4, 1.508.1, 1.640, 1.641.1

797, parágrafo único – 1.524.3

798 – 266, 378, 627.2, 628, 667, 948, 1.256.2, 1.292.2.2, 1.468

798, I – 1.638, 1.642.2

798, I, a – 1.510.3, 1.510.3.1, 1.638


798, I, b – 1.224, 1.292.1.1, 1.292.2.2

798, I, c – 1.642.2, 1.643, 1.649.2.2

798, I, d – 345, 1.566.1, 1.642.2, 2.114.2

798, II – 258.2

798, II, a – 266, 949, 950, 1.480, 1.483, 1.484

798, II, b – 1.292.1.1, 1.508.3, 1.554.4

798, II, c – 730, 1.480, 1.482.1, 1.484, 1.508.3

798, II, d – 343, 1.566.2.2

798, parágrafo único – 627.2, 727, 745.5, 1.292.2.2, 1.510.3, 1.649.2.2

798, parágrafo único, I – 1.554.4

798, parágrafo único, II – 1.554.4

799 – 1.196.2, 1.453, 1.480, 1.482, 1.482.1, 1.482.1.1, 1.482.1.2, 1.684

799, I – 771, 1.482.1, 1.482.1.1

799, II – 1.480, 1.482.1.1

799, III – 1.482.1.1

799, IV – 771, 1.482.1.1

799, V – 771, 1.482.1.1

799, VI – 1.482.1.1

799, VII – 1.482.1.1

799, VIII – 3, 284, 489.3, 1.453, 1.453.1, 1.453.2, 1.453.3, 1.453.4,


1.453.5, 1.531

799, IX – 455.4.4, 1.271

800 – 1.566.2.4

800, § 2.º – 263

801 – 345, 955.1, 1.036, 1.152, 1.483, 1.510, 1.510.1, 1.510.2, 1.510.3,
1.510.8, 1.638, 1.642

802 – 351, 1.507.2, 1.532

802, parágrafo único – 1.532

803 – 1.256
803, I – 1.256, 1.256.1, 1.256.3, 1.260, 1.644

803, II – 1.256.2

803, III – 345, 1.256.3

804 – 771, 1.482.1.3

805 – 1.421.2

806 – 113, 1.152, 1.649.1

806, § 1.º – 949, 951

806, § 2.º – 112, 951

807 – 949, 1.132.1

808 – 771, 886.3

809 – 886.3

810 – 113

811 – 113, 266

812 – 1.152, 1.993

813 – 113, 266

814 – 951, 1.649.1

815 – 1.483, 1.649.1

817 – 112, 113, 351, 949, 951, 1.461.3, 1.566.2.6, 1.641.3.3, 1.649,
2.114.6

817, parágrafo único – 1.641.3.3

818 – 1.152

819 – 1.152

819, parágrafo único – 1.152

820 – 113, 1.649

820, parágrafo único – 1.152

821 – 113

822 – 113

823 – 113
824 – 105, 112, 113, 134, 235, 266, 530, 1.483, 1.508.2, 1.522.2, 1.553

825 – 112, 266, 1.642.1

825, I – 112, 949, 1.649.2.2.1

825, II – 112, 949, 1.649.2.2.1, 1.650

825, III – 112, 113, 949, 1.649.2.2.1

826 – 612, 638.2, 721.2, 951, 952, 1.006, 1.554.4, 1.563, 1.649.1, 1.649.2,
1.649.2.1, 1.649.2.2, 1.649.2.2.1, 1.649.2.2.3, 1.649.2.2.4

826, I – 951

826, II – 951

827 – 113, 721.2, 722, 723, 1.554.4, 1.649.2.2.4, 1.692

827, § 1.º – 721.2, 722, 723, 1.152, 1.512.2, 1.554.4, 1.649.1, 1.692

827, § 2.º – 721.2, 721.3, 722, 723, 726.1, 726.3

828 – 1.219, 1.292.2.2, 1.505, 1.508, 1.508.1, 1.508.3

828, § 1.º – 1.152, 1.453.4, 1.508.3

828, § 2.º – 1.152, 1.508.3, 1.508.5

828, § 3.º – 1.508.3

828, § 4.º – 1.271, 1.508.1, 1.508.3, 1.508.4

828, § 5.º – 612, 1.111.1, 1.508.3, 1.508.5

829 – 113, 134, 1.152, 1.192, 1.196.2

829, § 1.º – 134

829, § 2.º – 949

830 – 455.4, 607.4, 1.453.1

830, § 1.º – 1.152, 1.212.3

830, § 2.º – 1.212.3

831 – 616, 638.2, 721.1, 721.2, 951, 1.000, 1.421.2, 1.435, 2.115.5

833 – 616, 952, 1.508.2

833, II – 952

834 – 952, 1.253, 1.480


835 – 616, 1.435, 1.484

835, I – 1.484, 1.485, 1.554.5

835, § 3.º – 1.482.1.1

835, I – 530

836 – 1.553, 1.647

836 § 1.º – 616, 1.553, 1.993

836 § 2.º – 980

838 – 1.132.1

838, IV – 980, 1.000

839 – 1.000, 1.002, 1.004.2

839, III – 952

840 – 1.000

840, I – 1.000, 1.001, 1.003.5, 1.004.2, 1.649.2.1

840, II – 978, 980, 983, 1.000, 1.004.2

840, III – 1.000

840 § 1.º – 980, 1.000

840 § 2.º – 1.000

840 § 3.º – 1.003.5

841 – 1.152

841, § 1.º – 1.196.6

842 – 1.646.1

842, V – 752

843 – 1.646.1

843, § 2.º – 1.646.1

845 § 3.º – 531

844 – 455.4.4, 627.2, 745.8

845 § 1.º – 415.1, 415.3

845 § 2.º – 415.1, 431.3, 437, 455.4, 455.4.1, 456.1, 459, 492
846 – 112, 949, 951, 1.378.1.1, 2.047.2

846, § 1.º – 989.2

846, § 2.º – 989.2

847 – 112, 726.1.1, 1.152, 1.508.3, 1.649.2.1

847 § 1.º – 616

847 § 2.º – 614

848, II – 1.090.1

848, V – 1.647

848, VI – 1.647

851 – 472.3

851, III – 1.006, 1.458.3, 1.641.3.1, 1.641.4

852 – 1.003.1, 1.453.1

852, I – 1.003.1, 1.531

852, II – 1.531

853 – 134, 1.152

854 – 21.5, 951, 1.192, 1.484, 1.485, 1.553, 1.980.4.3

854, § 1.º – 1.152, 1.485

854, § 3.º – 1.152, 1.485

854, § 3.º, I – 1.485

854, § 3.º, II – 1.485

854, § 4.º – 1.485

854, § 5.º – 1.485

854, § 6.º – 1.152

854, § 8.º – 1.152, 1.485

856, § 4.º – 2.059

857 – 558

857, § 1.º – 1.152

861 – 1.152
862 – 980, 1.000, 1.152, 1.634

862, § 2.º – 980

863 – 980

863 § 1.º – 980

864 – 1.406, 1.481.2

866 § 2.º – 980, 1.003.4

868 – 721.2, 980

869 – 980

869, § 6.º – 1.132.1

870 – 113, 989.6

870, parágrafo único – 638.2, 980, 989.6, 994, 1.152, 1.180.2

871, I – 616

872 – 980

872, § 3.º – 1.152

873, I – 980, 1.998.3, 2.035

873, II – 2.035

873, III – 2.035

874 – 134, 949

875 – 113

876 – 113

876, § 5.º – 1.551, 1.649.2.1

877 – 1.152, 1.551, 1.649.2.2.1

877, § 1.º – 1.649.2.2.1

884, I – 1.249

884, IV – 1.152

884, V – 1.152

886 – 1.249

886, IV – 1.649.2.2
886, V – 1.649.2.2

887, § 1.º – 1.152

887, § 3.º – 627.1, 629.1, 638.2

887, § 5.º – 745.3

880, § 2.º – 1.132.1

880, § 3.º – 1.152

888, parágrafo único – 638.2, 640, 1.152

889 – 134, 1.152, 1.482.1.1, 1.482.1.2

889, I – 134

889, II – 1.482.1.1, 1.551

889, V – 455.4.4, 771, 1.482.1.1

889, VIII – 1.551

890 – 388.2.1, 1.257

891 – 949, 1.257

892, § 1.º – 1.152

893 – 949

896 – 980, 1.152, 1.542.2, 1.549, 1.552

896, § 1.º – 1.552

896, § 3.º – 1.552

897 – 620, 665

898 – 665

899 – 949

900 – 1.134, 1.135

901 – 1.093, 1.099.1, 1.649.2.2, 1.649.2.2.1

903 – 105, 113, 455.4.5, 1.649.2.2.1

903, § 1.º – 1.532, 1.649.2.2.1

903, § 1.º, I – 1.257

903, § 1.º, II – 1.482.1.3


903, § 1.º, III – 771

903, § 2.º – 1.152, 1.649.2.2.1

903, § 3.º – 176.1, 1.532

903, § 4.º – 1.260, 1.292.2.3, 1.292.2.7, 1.482.1.3, 1.636, 2.152

903, § 5.º – 1.152, 1.649.2.2.3

903, § 5.º, I – 1.152

904 – 113, 388.2.1, 455.4.1, 1.650

904, I – 113, 1.650

904, II – 113, 1.650

905 – 388.2.1, 722, 1.022.2, 1.022.4, 1.542.2, 1.650

906 – 21.4, 345, 986.2, 1.132.1, 1.554.6, 2.152

906, parágrafo único – 21.4, 1.554.6

907 – 455.4.5, 638.2, 721.2

908 – 303, 318.1, 388.2.1, 771, 1.524.3, 1.649.2.2.4, 2.115.2

908, § 2.º – 771, 2.115.2

909 – 113, 455.4.1, 455.4.3, 601, 614, 616, 722, 2.115.2

910 – 105, 113, 722, 1.152, 1.649.1

911 – 105, 113, 1.152, 1.649.1

913 – 105, 113, 1.554.1, 1.554.3

914 – 176.1, 614, 726, 728, 770, 1.065.2, 1.192, 1.292.2.3, 1.293, 1.553,
1.641.3.2, 1.648

914, § 1.º – 134, 142, 268, 282, 726, 1.020, 1.277

914, § 2.º – 406, 407, 415.3

915 – 489.1.1, 726, 726.1, 1.152, 1.223, 1.510.4, 1.554.2, 1.635

915, § 2.º, II – 493

915, § 3.º – 1.179

915, § 4.º – 189, 493, 493.2, 1.152

916 – 665, 721.2, 1.554, 1.554.1, 1.554.2, 1.554.3, 1.554.4, 1.554.5,


1.554.6, 1.556
916, § 1.º – 1.152, 1.157, 1.554.5

916, § 2.º – 1.554.5, 1.554.6

916, § 3.º – 1.554.3, 1.554.4, 1.554.6

916, § 4.º – 1.554.6

916, § 5.º – 1.554.6

916, § 5.º, I – 1.554.6

916, § 5.º, II – 1.554.6

916, § 5.º, III – 1.554.3

916, § 6.º – 1.554.3, 1.554.6

916, § 7.º – 1.554.1

917 – 29

917, I – 1.256.1

917, II – 1.260

917, III – 261, 1.287, 1.510.4, 1.641.4

917, VI – 725, 857, 1.292.2.3, 1.407.4, 1.550.3, 1.641.4, 1.648

917, § 1.º – 306, 318.4, 1.152, 1.260

917, § 1.º, V – 489.1.1

917, § 2.º – 1.510.4

917, § 2.º, I – 261, 1.287

917, § 2.º, IV – 345, 1.566.2.2

917, § 3.º – 261, 1.287, 1.510.4

917, § 4.º, I – 1.510.4

918 – 415.3

918, I – 1.550

919 – 1.524.1

919, § 1.º – 120, 1.512.2, 1.524.1, 1.524.2, 1526.1, 1.553, 1.692

919, § 2.º – 1.549, 1.550.4

919, § 3.º – 1.510.4


920, I – 351, 1.152, 1.292.2.3, 1.700

920, II – 351

920, III – 351

921 – 1.524.5, 1525, 1.532, 1.546

921, I – 1.549, 1.555.2, 1.556

921, II – 1526.1

921, III – 1.221.4.3, 1.485, 1.521, 1.532, 1.549, 1.553, 1.566.2.6, 1.620,
1.647

921, IV – 1.152, 1.552

921, V – 1.554, 1.566.2.6

921, § 1.º – 1.152, 1.221.4.3, 1.532, 1.553, 1.566.2.6, 1.648, 2.152

921, § 2.º – 1.221.4.3, 1.532, 1.566.2.6, 1.647

921, § 3.º – 1.221.4.3, 1.532, 1.553, 1.648

921, § 4.º – 1.221.4.3, 1.494, 1.507.4, 1.532, 1.566.2.6, 1.620, 1.648

921, § 5.º – 1.152, 1.221.4.3, 1.532, 1.553, 1.566.2.6, 1.648

922 – 399.4.1, 1.556

922, parágrafo único – 1.556

923 – 1.522, 1.523, 1.527, 1.531, 1.532

923, I – 214

923, II – 214

923, III – 214

923, IV – 214

923, V – 214

924 – 69, 96, 175.2, 176.1, 411.2, 1.145, 1.563, 1.641, 1.642.1, 2.152

924, I – 778, 1.563, 1.634, 1.635, 1.638, 1.649, 2.152

924, II – 21.4, 21.5, 35, 176.1, 722, 778, 1.558, 1.563, 1.597, 1.634, 1.635,
1.636, 1.642.2, 1.649, 1.649.2.3, 1.650, 2.115.6, 2.152

924, III – 176.1, 1.563, 1.634, 1.636, 1.637, 1.648, 2.152

924, IV – 176.1, 725, 1.626, 1.634, 1.636, 1.641.4, 1.648, 2.152


924, V – 176.1, 725, 1.221.4.3, 1.494, 1.507.4, 1.532, 1.553, 1.563, 1.634,
1.636, 1.647, 1.648, 2.152

925 – 175.2, 176.1, 181.3, 411.2, 722, 778, 1.114.2, 1.145, 1.221.4.3,
1.557, 1.558, 1.634, 1.635, 1.636, 1.642.1, 1.647, 1.649.2.3, 2.152

926 – 96, 145, 608, 1.518.2

927 – 62.3, 76, 165, 181.2, 498.3, 607.1, 608, 946.3, 962.1, 1.134, 1.148,
1.436.3, 1.446.3, 1.663.5, 1.803, 2.122.2

927, I – 2, 6, 62.3, 1.116.1, 1.663.5

927, II – 2, 6, 62.3, 1.116.1, 1.445, 1.446.3, 1.663.5

927, III – 2, 6, 62.3, 923.1, 946.3, 1.116.1, 1.421.1, 1.445, 1.446.3, 1.537,
1.663.5

927, IV – 2, 6, 62, 62.3, 923.1, 1.116.1, 1.518.2, 1.663.5

927, V – 6, 62, 62.3, 923.1, 1.116.1, 1.663.5

927, § 2.º – 1.518.2

927, § 3.º – 1.518.2

927, § 5.º – 1.518.2

928 – 62.3, 476, 843, 962, 1.122.7, 1.134, 1.803, 2.122

928, I – 2, 62.3, 156.8.2, 608, 800, 843, 946.3, 946.5, 1.115.1, 1.421.1,
1.446.3, 1.663.5

928, II – 2, 62.3, 156.8.2, 608, 800, 843, 946.3, 946.5, 1.421.1, 1.446.3,
1.663.5

928, parágrafo único – 62.3, 800, 946.3, 1.115.1, 1.663.5

929 – 477, 1.130, 1.187.1, 1.268, 1.270, 1.270.1, 1.270.3, 1.272.2

930 – 173, 474, 477, 1.130, 1.272.2, 1.274, 1.274.2

930, parágrafo único – 465, 1.272.2, 1.283

931 – 1.125, 1.152, 1.157, 1.272.2

932 – 156.8.2, 165, 396.4, 1.272.2, 1.948.2.2, 1.948.2.4, 2.129

932, I – 1.834.2

932, II – 1.452.3, 1.462, 1.463, 1.467.3

932, III – 409, 410, 414, 415.2, 607.7, 1.115.2, 1.116.2, 1.189.2
932, IV – 84, 129, 175.2, 406, 408, 410, 414, 415.2, 607.1, 607.7, 927,
1.115.2, 1.116.2, 1.145, 1.189.2

932, V – 175.2, 406, 408, 410, 414, 415.2, 607.7, 927, 1.115.2, 1.116.2,
1.145, 1.189.2

932, VI – 533.2

932, VII – 1.048

932, VIII – 975.4

932, parágrafo único – 1.031, 1.033, 1.038, 1.112.1, 1.148.3, 1.150,


1.152

933 – 1.149, 1.152, 1.261, 1.298.3

933, § 1.º – 1.152

934 – 482, 1.077, 1.261

935 – 119, 482, 1.125, 1.152, 1.259.2, 1.259.4, 1.262.1

935, § 1.º – 1.028.2, 1.077

936 – 1.119

937 – 144, 482, 1.049, 1.118, 1.152, 1.179

937, II – 144

937, § 4.º – 1.141

938, § 1.º – 414

940 – 1.152, 1.157, 1.189.2

940, § 1.º – 1.152

941 – 482, 1.117.3, 1.128

941, § 2.º – 165, 167, 1.126, 1.272.2

942 – 412, 413, 414, 1.335.3

942, § 2.º, I – 412

942, § 2.º, II – 412

942, § 4.º, II – 2.125

943 – 1.117, 1.117.1, 1.119

943, § 1.º – 482, 1.116.3, 1.124


943, § 2.º – 372.3, 1.117.1, 1.119, 1.124, 1.152, 1.158, 1.160.3

944 – 1.117.1, 1.117.3, 1.152, 1.189.2

944, parágrafo único – 1.117.3

945, § 2.º – 1.152

945, § 4.º – 1.152

946 – 1.120, 1.264.1

947 – 69.2, 1.518.4

947, § 1.º – 405, 414, 1.059, 1.065.1

947, § 3.º – 62.3, 1.518.4, 1.660.2, 1.663.5

948 – 405, 1.065.1, 1.451.6.2

949, II – 405, 841, 1.265, 1.559

949, parágrafo único – 1.663.4

950 – 841

950, § 1.º – 841

950, § 2.º – 841, 851, 1.065.1

950, § 3.º – 841, 846, 848

951 – 472, 472.1, 472.2, 481, 1.050.2

951, parágrafo único – 472.2, 481, 1.059

952 – 472.3, 476, 1.148.2

953 – 473.1, 474, 481

953, I – 474

953, II – 474, 481

953, parágrafo único – 475

954 – 474, 477, 478

955 – 475, 479, 480, 489, 1.548

955, parágrafo único – 473, 476, 478, 481, 482, 483, 484

955, parágrafo único, I – 476, 483

955, parágrafo único, II – 476, 483


956 – 472.2, 478, 481, 482, 484, 1.049, 1.065.1, 1.152

957 – 474, 480, 487, 490.3, 1.251

957, parágrafo único – 487

958 – 473.5, 919.3

959 – 473.5, 1.211

960 – 212, 213, 214, 396.2, 411.2

960, § 1.º – 213.1

960, § 2.º – 214

960, § 3.º – 213.1, 214

961 – 208, 215, 411.2

961, § 1.º – 213.1, 411.2

961, § 2.º – 214

961, § 3.º – 214

961, § 4.º – 210, 213.1, 218.1, 431.3, 489.1

961, § 5.º – 202, 213.1, 214

962 – 213.1, 218.1, 220, 396.2, 411.2

962, § 1.º – 213.1, 218.1

962, § 2.º – 213.1, 214, 218.1, 220

962, § 3.º – 213.1, 218.1

962, § 4.º – 213.1

963 – 213, 213.1, 220, 396.2, 411.2

963, I – 213.1

963, III – 214

963, VI – 218.2

963, parágrafo único – 214

964 – 208, 214, 396.2, 411.2

964, parágrafo único – 214

965 – 213, 215, 218.1, 220, 396.2, 411, 411.1, 411.2


965, parágrafo único – 215, 411.2

966 – 4.3, 30, 35, 175.2, 176.2, 176.3, 176.4, 181.3, 214, 304, 322.1.3,
374, 396.4, 737, 762.1, 789.2, 906, 1.058, 1.069, 1.115, 1.145, 1.173,
1.292.2.6, 1.304, 1.444.1, 1.452.3, 1.625, 1.636, 1.837, 1.887, 2.128, 2.128.3,
2.129, 2.130, 2.155, 2.156

966, I – 575, 597, 923.2, 967.2, 1.357, 1.745.2, 2.136.1

966, II – 183, 313.1, 317.2, 317.3, 382, 388.6, 470, 472.3, 490, 490.1,
490.3, 713, 737, 966.1, 975.1, 975.3, 976.4, 1.590.2.1, 1.754.2, 1.822,
2.136.1, 2.156

966, III – 942.3, 1.251

966, IV – 175.2, 208, 322.3, 737, 1.590.3, 1.616, 2.126, 2.131.1, 2.138.2.2,
2.139.4, 2.149.6, 2.155

966, V – 30, 41, 54.1, 62, 176.3, 176.4, 316.1, 316.2, 374, 566, 635.2.1,
635.2.2, 742, 852, 945, 1.065.1, 1.123.4, 1.222, 1.260, 1.451.6.3, 1.452.3,
1.572, 1.609, 2.129, 2.131.1, 2.135.3, 2.136.1, 2.138.2.2, 2.141, 2.145.2,
2.155, 2.157, 2.158

966, VI – 41, 606, 1.757.2, 1.945, 1.946.1

966, VII – 1.882.1

966, VIII – 176.3, 1.582.2, 2.155

966, § 1.º – 396.4, 1.582.2

966, § 2.º – 2.128.2, 2.129, 2.131.1, 2.152

966, § 2.º, I – 1.603, 2.127, 2.128.4

966, § 2.º, II – 2.127

966, § 3.º – 966.1, 1.116.4, 1.745.2, 2.152

966, § 4.º – 30, 175.2, 214, 405, 961.2, 1.087.1, 1.292.2.7, 1.557, 1.603,
1.609, 1.618, 1.636, 1.764, 1.882.1, 1.887, 2.129

967 – 1.069.1

967, I – 566, 742, 793, 1.050.1, 1.593.4, 2.136

967, II – 396.4, 742, 793, 2.136, 2.136.1

967, III – 396.4, 742, 1.050.1

967, III, a – 852, 1.065.5, 1.069.2

967, III, b – 80
967, III, c – 1.065.1

967, parágrafo único – 1.058

968 – 1.486, 1.745.2

968, I – 566, 737, 1.452.3, 1.593.4, 2.136.1

968, II – 120, 664, 745.1, 745.7, 1.292.2.6, 1.452.3, 1.486, 1.515.5, 1.686

968, § 1.º – 120, 608, 1.515.5

968, § 2.º – 608, 1.292.2.6, 1.515.5

968, § 3.º – 120, 1.292.2.7, 1.486, 1.515.5, 1.686, 1.698.2

969 – 1.452, 1.452.1, 1.452.2, 1.452.4, 1.452.5, 1526.1, 2.156

970 – 1.152, 1.745.2

972 – 1.152, 1.357, 1.745.2, 1.834.2, 1.887, 2.059, 2.090

973 – 1.152, 2.087, 2.090

975 – 35, 354, 635.2.2, 1.078.1, 1.147, 1.152, 1.221.4.5, 1.251, 1.444.1,
1.451.6.3, 1.452.3, 1.517, 1.622, 1.624, 1.625, 2.157

975, § 1.º – 1.078.1

975, § 2.º – 1.152, 1.887, 2.129

975, § 3.º – 2.129

976 – 165, 1.115, 1.518.4, 1.537.2

976, I – 1.537.2

976, II – 1.058, 1.537.2

976, § 1.º – 1.587.3, 1.588.3, 1.589.4, 1.631

976, § 2.º – 1.058, 1.059

977, I – 955.3

977, II – 1.537.2

977, III – 1.537.2

980 – 1.152, 1.157, 1.537.2

980, parágrafo único – 1.533, 1.537.2

982, I – 1.518.4, 1.524.6, 1.537.2


982, II – 1.152

982, III – 1.152

982, § 1.º – 1.537.2

982, § 2.º – 1.537.2

982, § 3.º – 1.537.2

982, § 5.º – 1.537.2

983 – 843, 1.152

983, § 1.º – 1.537.2

983, § 2.º – 843

984, II, a – 1.152

984, II, b – 1.152

985, I – 6, 62.3, 1.660.2, 1.663.5

985, II – 6, 62.3, 1.660.2, 1.663.5

985, § 1.º – 6, 62.3, 1.518.4, 1.663.5

987 – 1.518.4, 1.537.2

987, § 1.º – 1.537.2

987, § 2.º – 1.518.4, 1.537.2

988 – 946.5, 1.069, 1.134, 1.517, 1.518.2, 1.699, 1.803

988, I – 2, 923.1

988, II – 2923.1

988, III – 2, 62.3, 923.1, 1.116.1, 1.663.5

988, IV – 2, 6, 43.1, 62.1, 62.3, 923.1, 946.3, 1.116.1, 1.421.1, 1.518.2,


1.518.4, 1.659, 1.663.5

988, § 4.º – 62.3, 1.663.5

989, I – 1.152

989, III – 1.152

990, I – 528

990, IV – 528
991 – 1.059, 1.152, 1.177.2

992 – 62.3, 1.517, 1.663.5, 1.699

994 – 130, 156.4, 408, 607.7, 636, 776, 791.4, 812, 818, 851, 1.022.1,
1.128, 1.177.2, 1.260, 1.270.4, 1.590.3, 2.068.2, 2.120, 2.127, 2.155

994, I – 410

994, II – 410

994, IV – 1.577

995 – 1.402

996 – 175.1, 500, 600, 776, 790, 791.4, 851, 1.050.1, 1.050.2, 1.061.1

996, parágrafo único – 506, 761, 790, 813

997, § 1.º – 749, 791.4

998 – 579, 590, 593.2, 1.589.1, 1.606, 1.641.1, 1.795.1, 2.128.3

999 – 593.2, 1.181, 1.183, 1.606, 1.795.1, 2.128.3

1.000 – 1.093, 1.602, 1.606, 1.795.1, 2.128.3

1.000, parágrafo único – 1.093, 1.148.2

1.001 – 1.224, 1.827

1.002 – 591, 1.148.3, 1.567, 2.125

1.003 – 517, 724, 747.1, 1.026.1, 1.119, 1.155, 1.160, 1.160.1, 1.192,
1.227, 1.236, 2.109

1.003, § 1.º – 1.160.2, 1.191, 1.237, 2.096, 2.109

1.003, § 2.º – 517, 1.160.1, 1.160.3, 1.208.5, 1.444

1.003, § 3.º – 54.2, 916, 919, 1.112.1, 1.187.1, 1.737.1

1.003, § 3.º, III – 916

1.003, § 5.º – 4.1, 153, 156.1, 486, 505.2, 1.026.1, 1.029, 1.078.1, 1.148.3,
1.152, 1.153.1, 1.153.2, 1.154.5, 1.516.1, 1.520.4, 2.128.3

1.003, § 6.º – 1.137.2, 1.187.1, 1.834.2, 1.948.2.3

1.004 – 1.167.2, 1.169, 1.522, 1.534.1.1

1.005 – 591

1.005, parágrafo único – 590, 591


1.006 – 1.152, 1.158, 2.128.3

1.007 – 632

1.007, § 1.º – 1.050.1

1.007, § 2.º – 983, 1.152

1.007, § 4.º – 1.148.3

1.007, § 6.º – 1.152

1.007, § 7.º – 632, 1.148.3, 1.152

1.008 – 175.2, 176.5, 396.4, 399.4.2, 405, 415.2, 456.1.2, 752, 1.115.1,
1.123.4, 1.420.4, 1.438.1.1, 1.581, 2.115.6, 2.120, 2.127, 2.128.3, 2.129,
2.131.1

1.009 – 148, 175.2, 227, 490.4, 618, 712.1, 740.2, 752, 916.5, 1.114.1,
1.114.3, 1.436.2, 1.444.3, 1.467.3, 1.516.1, 1.520.2, 1.558, 1.559.2, 1.635,
1.638, 1.649.2.3, 1.662, 1.698.3, 1.800, 1.802, 2.109, 2.118, 2.128.3, 2.129

1.009, § 1.º – 104.4, 167, 377, 618, 865, 1.117.2, 1.143, 1.144, 1.149,
1.266, 1.662, 1.733.3, 1.952.3

1.009, § 2.º – 1.144, 1.152

1.009, § 3.º – 1.567, 2.082.4

1.009, § 5.º – 1.402

1.010, § 1.º – 1.152

1.010, § 1.º – 1.520.3

1.011 – 1.152

1.012 – 1.402, 1.436.2, 1.546

1.012, § 1.º – 1.660.1

1.012, § 1.º, V – 114, 352, 1.436.2, 1.438, 1.442, 1.443, 1.443.1, 1.461,
1.461.3, 1.463, 1.546, 1.655, 1.467.3

1.012, § 4.º – 1.546

1.013, § 1.º – 275.2, 374, 1.122, 1.301.2, 1.574.2

1.013, § 2.º – 274, 275.2, 1.122.3.2

1.013, § 3.º – 156.8.3, 161, 166, 1.122.3.2, 1.520.4, 1.699.2, 1.749

1.013, § 3.º, I – 167, 224, 1.148, 1.149, 1.584, 1.699.2

1.013, § 3.º, II – 167, 1.575.2, 1.576


1.013, § 3.º, III – 167, 1.575.3

1.013, § 3.º, IV – 147, 148, 167, 338, 635.3, 1.114.1, 1.122.2, 1.122.6,
1.574.1, 1.574.2

1.013, § 4.º – 1.520.4

1.013, § 5.º – 1.436.2, 1.463, 1.467.3, 1.567

1.014 – 166, 282, 285, 338, 374, 1.335.3, 1.596.3, 1.740.2, 1.834.2,
1.948.2, 1.948.2.3

1.015 – 69.2, 104.1, 166, 300, 307, 317.5.1, 366.2, 366.5, 377, 470, 498.1,
975.4, 976.6, 1.114.2, 1.144, 1.175, 1.224, 1.272.1, 1.692, 1.722, 1.733.3,
1.752.1, 1.753.4, 1.757.1, 1.772, 1.819.3, 1.822, 1.831, 1.952.3, 2.063.4,
2.100

1.015, I – 1.208.5, 1.401, 1.420.4, 1.423, 1.436.1, 1.438.2, 1.444, 1.444.2,


1.499.5, 1.450.5.5, 1.512.2, 1.546, 1.655, 1.692

1.015, II – 1.114.2, 1.149, 1.450.1.5, 1.558, 1.692, 1.698.3, 1.785.4,


1.795.3, 1.798.3, 2.131.1

1.015, III – 1.115.2, 1.811.2, 1.811.4

1.015, IV – 533.4, 1.115.2

1.015, V – 749, 750, 752, 1.115.2, 1.515.3, 1.811.2, 1.811.4

1.015, VI – 1.899.5, 1.905.2, 1.907, 1.912.2

1.015, VII – 283, 1.114.2, 1.114.3, 1.149, 1.397, 1.641.3.2, 1.698.3,


1.811.2, 1.811.3.1, 1.811.4

1.015, VIII – 585, 1.811.2, 1.811.4

1.015, IX – 589, 781, 784, 844, 865, 905, 1.542.2

1.015, X – 326.4, 1.486, 1.512.2

1.015, XI – 144, 1.144, 1.301.1.2, 1.333, 1.340.3, 1.774, 1.811.4, 1.819.3,


1.831, 1.833, 2.068.2

1.015, XIII – 915.1, 1.558

1.015, parágrafo único – 43.1, 45.1, 454, 455.4.4, 490.4, 722, 724, 1.005,
1.180.2, 1.224, 1.453.6, 1.510.8, 1.512.2, 1.516.4, 1.550, 1.550.5, 1.554.6,
1.556, 1.635, 1.649.2.2.4, 1.649.2.2.5

1.016 – 378, 406, 408, 1.187.1, 1.268

1.017, III – 1.334.3, 1.335.3, 1.837, 1.948.2.3

1.017, § 2.º – 1.112.1


1.017, § 2.º, I – 1.112.1

1.017, § 2.º, II – 1.112.1

1.017, § 2.º, III – 1.112.1

1.017, § 2.º, IV – 1.112.1

1.017, § 2.º, V – 1.112.1

1.017, § 3.º – 1.038, 1.112.1, 1.148.3

1.017, § 4.º – 1.112.1

1.018, § 1.º – 493, 1.438.3, 1.948.2.3

1.018, § 2.º – 1.152

1.019 – 69.2, 1.152, 1.157, 1.189.2

1.019, I – 589, 785, 938, 1.116.2, 1.119, 1.402, 1.414, 1.436.1, 1.438.3,
1.461.1, 1.462

1.019, II – 1.152, 1.834.2

1.019, III – 1.059, 1.152

1.020 – 1.152, 1.189.2

1.021 – 486, 568.2, 1.179

1.021, § 2.º – 135, 1.152

1.021, § 4.º – 607.7, 607.7, 621

1.021, § 5.º – 607.7

1.022 – 119, 607.7, 740.1, 1.169, 1.335.3, 1.577, 1.580, 1.811.5

1.022, I – 1.577, 1.582.2, 1.802

1.022, II – 135, 1.124, 1.572, 1.582.2, 1.811.2, 1.819.3

1.022, III – 1.577, 1.582, 1.582.1, 1.582.2, 2.068.2

1.023 – 1.152, 1.189.2, 1.274.2, 1.580, 2.128.3

1.023, § 2.º – 135, 1.152, 1.580, 1.582.2

1.023, § 3.º – 119, 130

1.023, § 4.º – 1.580

1.024 – 1.152, 1.157


1.024, § 1.º – 171

1.024, § 2.º – 1.274.2

1.024, § 3.º – 1.152

1.024, § 4.º – 1.152

1.025 – 1.753.

1.026 – 607.7, 1.169

1.026, § 1.º – 607.7, 1.169

1.026, § 2.º – 607.7, 607.7, 618, 621, 745.7, 1.169

1.026, § 3.º – 336, 620, 621, 745.7

1.027 – 1.446.5

1.027, II, a – 454, 1.450.1.5

1.028, § 2.º – 1.152

1.029, § 1.º – 1.224

1.029, § 4.º – 1.533

1.029, § 5.º – 1.402

1.030 – 1.152, 1.415

1.030, parágrafo único – 1.415

1.032 – 1.152

1.035, § 4.º – 801.1, 843, 845

1.035, § 6.º – 1.152

1.035, § 9.º – 1.152

1.035, § 10.º – 1.152

1.036 – 1.518.3

1.036, § 1.º – 1.537.3

1.036, § 2.º – 1.152

1.037 – 1.537.3

1.037, II – 1.537.3

1.037, § 1.º – 1.537.3


1.037, § 4.º – 1.152, 1.537.3

1.037, § 5.º – 1.152, 1.537.3

1.037, § 8.º – 1.537.3

1.037, § 11.º – 1.152

1.038, I – 801.1, 843

1.038, II – 801.1, 2.059

1.038, § 1.º – 1.152

1.039 – 1.537.3

1.040, I – 1.537.3

1.040, II – 156.8.3, 1.537.3

1.040, III – 62.3, 1.059, 1.518.3, 1.663.5

1.040, § 1.º – 718.2.3, 1.537.3, 1.589.3.3

1.040, § 2.º – 718.2.1, 1.537.3, 1.589.4

1.040, § 3.º – 718.2.2, 718.2.3, 1.537.3, 1.589.3.2

1.041 – 1.518.3

1.042, § 3.º – 1.152

1.045 – 59

1.042, I – 409

1.042, II – 409

1.042, III – 409

1.045 – 1.152

1.046 – 69, 69.1, 105, 1.537.3

1.046, § 1.º – 69, 69.1

1.046, § 3.º – 59, 195, 1.389

1.046, § 4.º – 59

1.046, § 5.º – 69, 156.8.1

1.047 – 69, 69.3

1.048 – 156.8, 1.062.4


1.048, I – 156.6, 156.8.1, 156.8.2, 161, 505.2, 986.7, 1.062.4, 1.402

1.048, II – 156.8.1, 156.8.2, 505.2, 986.7, 1.152, 1.402

1.048, § 4.º – 1.152

1.049 – 125, 508.2.2

1.049, parágrafo único – 106, 110, 280.4, 399.1.1.7, 541

1.050 – 76, 1.152, 1.194.1, 1.682, 1.708

1.051 – 1.027, 1.152, 1.194.1, 1.474.1, 1.682, 1.708

1.052 – 113, 455, 489.1, 1.000, 1.063.1, 1.649.1

1.053 – 69, 1.159.4.6

1.054 – 292, 293, 300, 306, 356, 373, 1.144, 1.781, 1.782, 1.785.4, 2.142,
2.143.3

1.055 – 261

1.056 – 69, 1.494, 1.507.4, 1.532, 1.553

1.057 – 469.3, 2.158

1.058 – 1.000, 1.001, 1.002, 1.003.1, 1.003.3

1.059 – 1.437

1.061 – 29, 176.3

1.062 – 541, 766

1.063 – 18.1, 69, 106, 261, 399.1.1, 399.1.1.7, 399.4.2, 437.1, 541

1.065 – 1.577

1.068 – 339, 587, 775.2, 2.138.2, 2.138.2.1

1.070 – 61, 1.152

1.071 – 102, 195, 1.071

1.072, II – 69.3, 769, 876, 887, 1.320, 1.324.3, 1.960, 1.960.1

1.072, III – 4.2, 326.4, 638.2, 743, 744.2, 745, 747, 751, 751.3, 753.1, 756,
1.020.2, 1.071, 1.178, 1.282.3, 1.685

1.072, IV – 59, 1.437.4, 1.450.4

1.072, V – 43.1, 59

1.072, VI – 59
1.173, § 4.º – 1.152

1.173, § 5.º – 1.152

1.182, § 1.º – 676

LEIS

Lei 07.06.1605 – 2.062

Lei 20.06.1774

§ 11 – 1.385, 2.007

Lei de 18.08.1769 – 599, 1.313.1, (Lei da Boa Razão)

§ 14 – 63

Lei de 03.05.1823

1º. – 116

Lei 15.10.1827

5.º, I – 2.081

Lei 20.10.1823 – 1.071

1.º – 72

2.º – 72

Lei 11.08.1827 – 72

Lei 15.10.1827

5.º, I – 961.1

Lei de 18.09.1828

13 – 72, 116, 168, 1.103, 2.062

Lei 22.09.1828 – 918

Lei 15.10.1928 – 918

Lei 04.10.1831 – 2.118

Lei de 29.11.1832 – 72, 116, 918

10 – 326.1

Lei de 29.11.1832

10 – 326.1
Lei 03.01.1835 – 918

Lei 261/1841 – 918, 1.776, 1.983

68 – 35

99 – 1.071

114 – 72

124 – 72

Lei 29.11.1841

13 – 2.118

Lei 03.12.1841

53 – 1.983

Lei 556/1850

14 – 1.897

17 – 1.897

19 – 1.897.3

108 – 1.742

440 – 1.742

Lei 1.237/1864 – 72

Lei 2.033/1871

27 – 72

29, § 14, in fine – 72, 1.387

Lei 2.614/1875 – 72

Lei 3.272/1885 – 72

Lei 221/1894 – 220, 918, 932

12, § 4.º – 212, 218.1, 493.3

49, parágrafo único – 396.2

Lei 930/1904 – 73

Lei 3.071/1916

3.º – 174
Lei 319/1936 – 74

Lei 191/1936 – 46.1, 74, 1.450.3

1.º – 1.446.5

8.º, § 3.º – 502

8.º, § 9.º – 1.450.3.1, 1.450.3.3, 1.450.3.5

13 – 1.437

Lei 87/1947 – 932

Lei 662/1949

1º. – 1.137.2

Lei 810/1949

2.º – 1.164

Lei 818/1949

3º. – 395.3

6º. – 395.3

24 – 395.3

34 – 395.3

Lei 968/1949 – 10

5.º – 1.806

6.º – 1.806

Lei 1.301/1950

19 – 1.189

Lei 1.060/1950 – 4.2, 59, 743, 326.4, 746.2, 747

1.º – 747.3

2.º – 1.071

3.º – 1.071

3.º, VI – 745.5

4.º – 1.071, 1.685

4.º, § 2.º – 751


5.º – 752

5.º, § 1.º – 753

5.º, § 2.º – 4.2, 747.1, 753

5.º, § 3.º – 4.2, 747.1, 753

5.º, § 4.º – 747.1, 1.078.2, 1.178

5.º, § 5.º – 4.2, 156.1, 156.2, 747.1, 747.2, 1.077, 1.078, 1.078.2, 1.178,
1.229

6.º – 1.071

7.º – 751.3, 752, 1.071

7.º, parágrafo único – 751

8.º – 751.3

9.º – 745, 745.1, 745.8, 749

11 – 1.071

11, § 1.º – 694.3

12 – 685, 754.4, 1.071

13 – 744.2, 744.3, 754.2, 755

14, caput – 4.2, 332.1, 745.5, 747.1, 748, 753.3, 1.071

14, § 1.º – 4.2, 332.1, 747.1, 1.071

14, § 2.º – 745.5, 753.3, 1.071

15 – 745.5, 753.2

15, parágrafo único – 753.2

16 – 747.2, 747.3, 1.020.2, 1.021, 1.282.3

16, parágrafo único – 747.3, 1.020.2, 1.282.3

17 – 752, 1.071

22, § 1.º – 753.4

Lei 1.079/1950 – 448, 921.1, 1.454.2.3

5.º, n.º 4 – 1.864.2

35 – 921.1
Lei 1.110/1950

4.º – 1.920

8.º – 387

Lei 1.108 – RS de 1950 – 937.4

Lei 1.408/1951 – 59

Lei 1.521/1951

4.º – 1.518.2, 1.699.1

Lei 1.533/1951 – 45, 502, 1.439.3, 1.450.2, 1.450.3

7.º, II – 502

11 – 502

13 – 1.437

15 – 176.6

16 – 176.6

Lei 1.711/1952

197, § 2 – 892

Lei 2.180/1954

1.º – 921.3, 1.539.3.3

10 – 921.3, 1.539.3.3

14 – 921.3, 1.539.3.3

15 – 921.3, 1.539.3.3

18 – 37, 191, 1.539.3.3, 1.653

Lei 2.770/1956

1.º – 1.439.3

3.º – 2.123

Lei 2.786/1956 – 733.1

Lei 3.238/1957 – 174

Lei 3.857/1960

28, g – 2.007.1
Lei 4.132/1962 – 59

Lei 4.215/1963

51 – 1.019

52 – 1.019

74 – 1.019, 1.031

89, IX – 2.089.5

89, XVIII – 1.028.1

90 – 1.071

91 – 1.071

95 – 1.071

99 – 671

99, § 1.º – 671

Lei 4.348/1964

1.º, b – 1.450.3.6

2.º – 1.443.3, 1.450.3.6

4.º – 156.5

Lei 4.380/1964

6.º, e – 1.518.1, 1.518.2

Lei 4.504/1964

92, § 8.º – 1.960.1

95, IV – 399.1.1.1

Lei 4.591/1964

12 – 399.1.1.2

22 – 529

50, § 1.º – 524

63 – 129

63, § 3.º – 529

63, § 5.º – 524


Anteprojeto de 1964

56 – 586

Lei 4.632/1965 – 262.1, 630, 633, 635.1, 720, 1.596.3

Lei 4.717/1965 – 18.2.1, 59, 399.2

1.º – 47, 47.2, 451, 1.450.5, 1.937

1.º, § 1.º – 238, 1.403, 1.937

1.º, § 3.º – 47.2, 1.938.2

1.º, § 4.º – 1.896, 1.937

1.º, § 5.º – 1.896

1.º, § 6.º – 1.896

1.º, § 7.º – 1.937

2.º – 47.1

3.º – 47.1

4.º – 47.1

4.º, III, a – 238

5.º – 451, 1.450.5.2

5.º, § 3.º – 465

5.º, § 4.º – 1.450.5.1

6.º – 4, 47.2

6.º, § 1.º – 47.2

6.º, § 3.º – 500, 1.450.5.3

6.º, § 4.º – 1.061.5, 1.450.5.4

6.º, § 5.º – 1.450.5.3, 1.937

7.º – 2.154

7.º, § 2.º, IV – 156.1

9.º – 1.061.5, 1.061.6

10 – 2.154

11 – 47.2, 2.154
12 – 630, 735

13 – 623, 627.3, 630, 2.154

14, § 4.º – 1.450.5.1

16 – 555, 1.061.4, 1.069.3

17 – 2.123

18 – 47.3, 176.5, 191, 304, 1.338.2, 2.133, 2.136, 2.154

19 – 2.118, 2.120

19, § 2.º – 1.061.5

22 – 1.450.5.1, 1.450.5.4

Lei 4.726/1965

50 – 1.313.3

Lei 4.728/1965

4.º – 1.897, 1.932.1

37 – 1.918

71, § 1.º – 1.918

Lei 4.737/1965

22, I, e – 388.2.3

29, I – 388.2.3

35, II – 182.1, 469.3

35, III – 450

Lei 4.862/1965

51 – 1.450.3.6

Lei 4.886/1965

39 – 399.1.1.7, 444

44 – 669

Lei 5.010/1966 – 59, 456.3, 932

3.º – 416

12 – 431
13, III – 2.042

13, IV – 2.042

15 – 388.2.5, 411.2, 431

15, I – 388.6, 431, 431.3, 456.3, 1.187.1

15, II – 431, 431.2, 1.393

15, III – 431, 431.1

15, parágrafo único – 415.1

35 – 1.129

36 – 980

42 – 411.1, 411.2, 415.1

42, § 1.º – 415.1

62, I – 1.137.1, 1.167.1, 1.547.1, 1.547.2

62, III – 1.137.2

70 – 388.4, 813

Lei 5.021/1966

1.º – 456.1.1

1.º § 3.º – 456.1.1

Lei 5.056/1966 – 921.3, 1.539.3.3

Lei 5.172/1966 – 59

Lei 5.250/1967

25 – 1.864.2.2, 1.980.4.3

71 – 1.864.2.2, 1.980.4.3

75 – 1.664

Lei 5.433/1968

1.º, § 1.º – 1.922.1.5, 1.928.1

Lei 5.474/1968 – 59

2.º, § 1.º – 1.916.2.2

6.º – 1.320
7.º – 1.320

13, § 2.º – 1.420.1

17 – 440, 456.2

18, I – 1.553, 1.648

19 – 1.932.1

20 – 399.4.1

23 – 1.918

Lei 5.478/1968 – 59, 271.1

1.º, § 1.º – 748

2.º, – 137, 748, 1.018.1

2.º, § 1.º – 1.685

2.º, § 3.º – 139, 1.018.1

4.º – 1.439.2

5º, § 1.º – 140

5º, § 7.º – 1.843, 1.846, 1.846.1, 1.846.3, 1.937

13, § 2.º – 1.420.1

13, § 3.º – 1.443

15 – 177, 1.144, 1.465, 1.566.2.3, 2.114.3, 2.145

19 – 43.1, 112

22 – 1.846.3

22, parágrafo único – 234

24 – 433, 1.404, 1.502

26 – 213.3, 214, 433

Lei 5.648/1970

1.º – 824

Lei 5.709/1971

6.º, I – 1.069.1

6.º, II – 1.069.1
6.º, III – 1.069.1

16, § 1.º – 1.069.1

Lei 5.741/1971 – 105, 113, 1.554.1

2.º, IV – 1.221.3

3.º – 1.649.1

Lei 5.869/1973 – 59, 74, 75.2

Lei 5.925/1973 – 59

Lei 6.001/1973

4.º, I – 1.062.2

4.º, II – 1.062.2

4.º, III – 1.062.2

7.º – 1.062.2

Lei 6.015/1973 – 59, 222.3, 493

1.º, § 1.º, I – 1.920.2

1.º, § 1.º, IV – 1.920.2

3.º, § 1.º – 515.2

16 – 1.920.2, 1.922.1.1

19 – 1.920.2, 1.922.1.1

29, I – 1.920.2

30 – 1.922.3

32, § 4.º – 395.3

50, § 3.º – 514

68 – 1.389

68, § 1.º – 1.059

68, § 2.º – 1.389

77 – 566, 567, 1.534.1.5, 1.593.4

78 – 1.593.4

88, parágrafo único – 1.389


89 – 1.389

98 – 1.059

109 – 195, 1.396

109, § 5.º – 493

110 – 1.059, 1.389, 1.396

110, § 1.º – 1.059

110, § 4.º – 399.1.1.7

111 – 1.396

112 – 1.396

113 – 195, 1.396

114 – 1.389

115, I – 1.920.2

123, § 1.º – 1.927

127, I – 1.922.2, 1.922.3

127, IV – 1.922.3

127, parágrafo único – 1.922.3

128 – 1.927.2

128, I – 1.925.3, 1.922.2, 1.922.3

128, II – 1.920.2

128, VI – 1.922.3

129, n.º 1.º – 1.922.3

129, n.º 6.º – 1.108

129, n.º 7.º – 581.3, 1.927.3

129, nº 9.º – 1.922.3

130 – 1.927.2, 1.922.3

130, n.º 6.º – 1.919

130, n.º 7.º – 1.927, 1.927.2

134 – 1.927
149 – 1.919

167, n.º 5 – 1.442

167, I, n.º 1 – 1.920.2

167, I, n.º 21 – 1.221.1, 1.221.2, 1.505, 1.717, 2.136.1

167, II, n.º 14 – 745.8

182 – 1.508.3

198 – 745.8

201 – 1.063.2

204 – 745.8

216-A – 102, 195

240 – 1.508.1

245 – 1.059

274 – 1.059

Lei 6.515/1973

3.º, § 3.º – 2.080

Lei 6.024/1974 – 383, 1.063.1

18, a – 122

34 – 508.2.2

36 – 1.553

45 – 1.069.1

46, parágrafo único – 1.069.1, 1.070.2

Lei 6.929-RS de 02.12.1975

27 – 937.4

Lei 6.367/1976

13 – 1.018.1

Lei 6.385/1976

5.º – 803

7.º – 813
8.º, III – 804

31 – 797, 798, 799, 801.1, 802, 803, 806, 809, 812, 848.3, 852, 2.135.3

31, § 1.º – 807, 808, 846, 847

31, § 2.º – 807, 808, 811, 851

31, § 3.º – 812, 844, 851

31, § 4.º – 812

Lei 6.404/1976

38, § 1.º – 1.918

68, § 3.º – 500, 504, 553, 555, 573, 1.744.3

105 – 1.897.5.1

119 – 523.1, 1.196.7

144 – 522

219, I – 564

219, II – 564

232 – 564

233 – 564

233, parágrafo único – 564

291 – 1.897.5.1

Lei 6.435/1977

86 – 1.063.4

Lei 6.513/1977 – 238, 1.450.5.1

Lei 6.530/1978

2.º – 2.007.1

3.º – 1.993

Lei 6.616/1978 – 797, 799, 803

Lei 6.649/1979

49, § 5.º – 226.1, 2.145.1

Lei 6.383/1979
20, § 2.º – 1.194.4, 1.212.3, 1.710

Lei 6.739/1979

3.º – 2.123

Lei 7.288-RS de 17.09.1979

3.º – 937.4

Lei 6.766/1979 – 59

23, § 2.º – 1.062.1

27 – 324.2.1

38, § 2.º – 1.069.3

48 – 426

Lei 6.802/1980 – 1.137.2

Lei 6.815/1980

115 – 395.3

119 – 395.3

119, § 2.º – 431.4

121 – 395.3

Lei 6.830/1980 – 18.2.1, 59, 399.2, 399.4.1, 751.4, 1.069.1, 1.511

2.º, § 5.º, I – 532.2

3.º parágrafo único – 159, 1.350.1

4.º, III – 1.644

4.º, V – 1.644

5.º – 455.1, 455.3, 456.3

6.º, III – 1.195

6.º, § 4.º – 1.292.1.1, 1.292.2.2

8.º – 1.649.1

8.º, I – 1.194.1, 1.195, 1.201.1, 1.202

8.º, II – 1.204

8.º, § 2.º – 1.221.4.2, 1.507.2


15 – 1.649.2.2.1

15, I – 1.649.2.2.1

16, § 3.º – 415.3

19, II – 1.649.2.2.1

20 – 415.3

25 – 156.2, 808, 1.229

25, parágrafo único – 1.237

26 – 726.2

28, parágrafo único – 455.4.2

29 – 388.2.1, 455.3

29, parágrafo único – 455.4.2

34 – 166, 1.288, 1.477, 1.680, 2.120

34, § 1.º – 1.290, 1.501

35 – 1.272.2

38 – 18.2.1, 18.2.2, 120, 399.2, 399.3, 745.7, 1526.1

38, parágrafo único – 45.1

39 – 156.7, 505.2, 629.3

40 – 1.221.4.3, 1.494, 1.532, 1.549, 1.553

40, § 1.º – 1.221.4.3, 1.532, 1.553

40, § 2.º – 1.221.4.3, 1.532, 1.553

40, § 3.º – 1.221.4.3, 1.532, 1.553

40, § 4.º – 1.221.4.3, 1.532, 1.620

41 – 1.939.2.2.6

Lei 12.07.1980 – 1.960

Lei 7.356/1980 (COJE/RS) – 937.4

74, IX, a – 494.1

87, I – 400

87, II – 400, 937.4


101 – 1.129

143, IV – 2.073.1

158, § 1.º – 1.135.2

172 – 2.070

173 – 2.062.2, 2.074.1

174 – 2.069.1

176 – 2.073.1

178 – 2.070

178, parágrafo único – 2.070

180 – 2.074.2

181 – 2.062.2

182 – 2.074.1

182, § 1.º, a – 2.074.3

195 – 162, 1.148.1, 1.189.1, 2.068.2

277, VII – 1.973

Lei 5.008/1981 (COJE/PA)

123, I – 400

123, II – 400

123, VII – 400

127 – 400

Lei 6.899/1981 – 59, 262.3

Lei 6.932/1981

6.º – 2.007.1

Lei 6.938/1981

14, § 1.º – 1.069.1

Lei 6.952/1981 – 1.305.2, 1.348.2.1, 1.921.1.2

Lei 6.969/1981

4.º – 447
4.º, § 1.º – 388.2.5, 447

6.º – 745.8

Lei 9.969/1981 – 59

5.º – 399.1.1.7

Lei 3.947/1983

4.º – 937.3

Lei 7.170/1983

13 – 1.864.2

Lei 7.115/1983 – 59

Lei 7.244/1984 – 15

3.º – 15

3.º, I – 15

3.º, II – 15

3.º, III – 15

3.º, § 1.º – 15

3.º, § 2.º – 15

8.º, caput – 15

8.º, § 1.º – 15

8.º, § 2.º – 15

55, parágrafo único – 75.1

Lei 7.250/1984 – 226.1

Lei 7.345/1985

16 – 1.661.2

21 – 1.659, 1.661.2, 2.140.1

Lei 7.346/1985

1.º – 1.019

17 – 629.5

18 – 629.5
Lei 7.347/1985 – 59, 629

1.º – 48, 48.1, 238, 1.061.6, 1.069.1, 1.070.1, 1.454.1

1.º, parágrafo único – 126

2.º – 404, 431.6, 448

2.º parágrafo único – 465

3.º – 48.1, 1.046.1, 1.069.1

4.º – 1.454.1

5.º, I – 48.2, 1.061.6, 332.3

5.º, II – 48.2, 1.075.1

5.º, III – 48.2

5.º, IV – 48.2

5.º, V – 48.2

5.º, § 1.º – 1.046.2, 1.061.6

5.º, § 3.º – 938, 1.061.6, 1.061.7

5.º, § 5.º – 48.2, 388.4, 1.047, 1.050.1, 1.076

8.º, § 1.º – 1.046

9.º – 1.070.2

9.º, § 1.º – 1.070.2

9.º, § 3.º – 1.045

11 – 1.402.2, 1.407.2, 1.454.1

12 – 1.425, 1.454.1

13 – 1.046.1, 1.052

16 – 156.7, 1.661.2, 2.140.1

17 – 630, 735

18 – 156.7, 602, 623, 630, 681, 686, 710.1.1, 744, 1.052, 1.053, 1.079,
2.116.1

21 – 176.5, 322.1.3, 610.5, 1.590.2.4, 2.140.1

Lei 7.357/1985 – 59
1.º – 1.916.9

1.º, V – 1.927

1.º, parágrafo único – 1.926.1, 1.926.2

2.º, I – 378.3, 456.2

24, parágrafo único – 1.918

40 – 1.927

61 – 1.624

Lei 7.375/1985

1.º, parágrafo único – 120

Lei 7.510/1986 – 1.685

Lei 7.565/1986

154, II – 1.430.1.1

Lei 9.649/1988

58 – 388.3

Lei 7.727/1989

1.º – 416

Lei 7.853/1989

4.º, § 1.º – 2.123

Lei 7.871/1989 – 1.077, 1.178

Lei 8.004/1990

5.º – 1.649.2.2.4

Lei 8.009/1990 – 69

1.º – 66.1, 69, 530, 952, 1.454.2.1, 1.851

3.º – 1.550.3

3.º, V – 2.115.5

6.º – 1.647

Lei 8.038/1990 – 59, 75.2

24, parágrafo único – 46.1, 1.061.4, 1.450.4, 1.451


25 – 1.437.4

38 – 75.2, 1.115.2

39 – 214

40 – 1.272.2

40, I – 1.272.2

Lei 8.036/1990

29-C – 687

Lei 8.069/1990 – 59

21 – 515.1, 1.057

27 – 171

40 – 967.3

141 – 515

146 – 442

146, I – 442

148 – 442

153 – 109

198, III – 106.1

201 – 1.062.3

201, III – 1.069.1

201, V – 1.069.1, 1.070.1

201, VIII – 1.069.1

201, IX – 1.069.1

202 – 1.062.3, 1.062.4

203 – 1.062.3, 1.062.4

204 – 1.062.3, 1.062.4

205 – 1.062.3, 1.066, 1.068

206 – 171

210, § 1.º – 1.047


212 – 1.069.1

212, § 2.º – 45.3

Lei 8.178/1991

17, § 1.º – 226.1, 2.145.1

Lei 8.112/1990

116, VIII – 1.902.2

122, § 2.º – 892

Lei 8.197/1991

2.º – 813

Lei 8.212/1991

33, § 1.º – 1.897, 1.932.1

Lei 8.213/1991 – 1.018.1

19 – 388.2.2

55, § 3.º – 1.372, 1.390, 1.391, 1.845, 1.958

128 – 24.1

Lei 8.245/1991 – 59, 732

9.º, II – 273.1

9.º, III – 273.1

13 – 2.135

13, § 2.º – 779

15 – 759.2, 775.1, 1.661.1, 2.135, 2.135.4

23, II – 273.1

23, XII – 399.1.1.2

23, § 1.º – 399.1.1.2

46, § 2.º – 732.1

47, II – 1.574.1

47, III – 399.1.2, 732.1, 1.574.1

47, IV – 732.1
47, § 1.º – 399.1.2

47, § 2.º – 399.1.2

47, II – 1.292.1.10

51 – 177, 1.660.2

51, § 5.º – 1.221.4.5

58 – 1.292.1.10

58, I – 1.547.3

58, II – 456.2, 1.380.3

58, III – 694.2, 732.1, 1.287, 1.292.1.10

59, § 1.º – 1.427.3

59, § 2.º – 744, 1.067, 2.135, 2.135.4

61 – 694.2, 732.1

62, I – 297.2, 1.292.1.10

62, II, d – 680, 732.1

62, parágrafo único – 732.1

63 – 177, 732.1, 1.566.2.6, 1.649.1, 1.660.1, 2.114.6

63, § 1.º – 732.1

63, § 1.º, a – 732.1

63, § 1.º, b – 732.1

65 – 3, 399.4.2

66 – 732.1

68 – 399.1.1.7

68, I – 732.3

68, III – 732.3

68, IV – 1.360, 1.744.2, 1.995.2.1

69 – 732.3

69, § 2.º – 732.3

71, IV – 732.2
72 – 142, 311.3

76 – 69

Lei 8.397/1992 – 1.410.1

5.º – 431.3

Lei 8.420/1992 – 399.1.1.7, 669

Lei 8.429/1992 – 1.454.2

6.º – 1.454.2.1

7.º – 1.421.2, 1.454.2, 1.454.2.1

7.º, parágrafo único – 1.407.2, 1.450.5.1, 1.454.2.1

9.º – 1.864.2.1

10 – 448, 1.864.2.1

11 – 448, 1.864.2.1

12, I – 1.454.2, 2.006

12, II – 1.454.2, 2.006

12, III – 1.454.2, 2.006

16 – 448, 1.454.2, 1.454.2.2

16, § 2.º – 1.454.2.1

17 – 1.061.7, 1.069.1

17, § 1.º – 1.806

17, § 4.º – 1.061.7, 1.066

17, § 7.º – 962, 1.454.2

17, § 8.º – 962

20 – 1.454.2

20, parágrafo único – 1.454.2, 1.454.2.3

26 – 448

Lei 8.437/1992 – 59

1.º – 1.439.3, 1.454.1

1.º, § 1.º – 1.439.3


1.º, § 2.º – 1.439.3

1.º, § 3.º – 1.439.3, 1.454.1

2.º – 1.428, 1.432, 1.450.5.4, 1.454.1

3.º – 2.118, 2.120

4.º – 1.437, 1.437.1

4.º, § 1.º – 1.437, 1.437.2

4.º, § 2.º – 1.437.4

4.º, § 3.º – 1.437.4

4.º, § 4.º – 1.437.4

4.º, § 5.º – 1.437.3, 1.437.4

4.º, § 6.º – 1.437.4, 1.437.5

4.º, § 7.º – 1.437.3, 1.437.4

4.º, § 8.º – 1.437.1, 1.437.4

4.º, § 9.º – 1.437.4, 1.437.5

7.º, § 2.º – 1.439.3

Lei 8.455/1992 – 2.000.2, 2.013

Lei 8.560/1992 – 59

2, § 4.º – 556, 1.069.3, 1.070.3

2-A, parágrafo único – 1.432

7.º – 1.420.1, 1.432

Lei 8.620/1993

13 – 532.3

13, parágrafo único – 532.3

Lei 8.629/1993

4.º – 1.058

12, § 3.º – 2.007.1

Lei 8.625/1993 – 1.045

1.º, parágrafo único – 1.044


3.º – 1.044.3

10, I – 524, 1.045

25, IV, b – 47.2, 451, 1.046.1, 1.069.1

32, I – 1.069.2

41, IV – 156.2, 1.048, 1.229

43 – 1.044.3

Lei 8.639/1993

1.º – 1.216.2

Lei 8.710/1993 – 1.027

Lei 8.866/1994 – 59

Lei 8.884/1994

7.º, IX – 1.897, 1.932.1

89 – 826

50 – 1.069.1

Lei 8.898/1994 – 75.1

Lei 8.906/1994 – 504, 1.028

1.º – 136, 835, 1.018.2, 1.021

1.º, I – 1.017, 1.018, 1.018.3, 1.019, 1.022.4, 1.031, 1.489.1, 1.738.3

1.º, II – 969.2

1.º, § 1.º – 1.018.1, 1.018.2

2.º, § 1.º – 1.071

3.º – 1.019, 1.031

3.º, § 2.º – 1.019, 1.028, 1.031

4.º – 1.033, 1.034

4.º, parágrafo único – 1.032.4, 1.034

5.º – 1.020, 1.033

5.º, § 1.º – 1.020.4, 1.282.2

5.º, § 2.º – 1.022, 1.022.1


5.º, § 3.º – 1.025.2

6.º – 1.016, 1.019, 1.026, 1.029

7.º – 1.026

7.º, II – 1.029, 1.187.2.4

7.º, IV – 2.074.3

7.º, VI – 1.026

7.º, VII – 1.026

7.º, VIII – 960

7.º, XIII – 1.028.1

7.º, XV – 1.028.2

7.º, XVI – 1.028.2

7.º, XIX – 1.902.2

7.º, § 1.º, 1 – 1.028.2

7.º, § 1.º, 2 – 1.028.2

7.º, § 1.º, 3 – 1.028.2

7.º, § 2.º – 611.3

8.º – 1.019, 1.031

8.º, I – 1.536.1

8.º, VII – 2.006

10, § 1.º – 1.032.3

10, § 2.º – 1.536.1

10, § 3.º – 1.032.3

11, V – 1.536.1

20 – 2.006

21 – 675

21, parágrafo único – 675

22 – 671

22, § 1.º – 753.4


22, § 2.º – 670.1.1, 670.2, 691, 1.378.1.3, 1.996, 2.006, 2.007.3

22, § 3.º – 670.1, 670.1.1

22, § 4.º – 745.6

23 – 655, 671, 685, 710.1.1, 710.2, 740.2, 742, 1.554.4, 2.116.1

24 – 399.4.1, 669, 670.1, 674, 1.082.2

24, § 4.º – 713.2, 1.617

25, II – 671

26 – 674

27 – 1.032

28 – 753.2, 1.032.1

28, I – 1.032.1,

28, II – 1.032.1

28, III – 1.032.1

28, IV – 1.032.1, 1.536.1

28, V – 1.032.1

28, VI – 1.032.1

28, VII – 1.032.1

28, VIII – 1.032.1

29 – 1.032.1

30 – 1.032.2

30, I – 1.018.3, 1.032.2, 1.536.1

30, II – 1.018.3, 1.032.2

30, parágrafo único – 1.032.2

34, VI – 607.1

34, XII – 753.2, 753.3

34, XIV – 606

34, XX – 670.1.2

34, XXII – 747.1, 1.187.2.2


34, XXVI – 835

36, III – 1.031

37, I – 1.187.2.2

38, II – 835

44 – 837

44, I – 835

45, § 2.º – 838

49, parágrafo único – 797, 798, 834, 835, 837

54, II – 556

87 – 1.019

Lei 8.934/1994

2.º – 1.920.2

3.º, II – 1.920.2

Lei 8.935/1994

5.º – 1.920.2

7.º, I – 1.920.2

7.º, II – 1.920.2

7.º, III – 1.851, 1.920.2, 1.959.2

7.º, IV – 1.920.2, 1.926.3

7.º, V – 1.920.2

8.º – 1.923.2.2

9.º – 1.923.2.2

25 – 1.032.1

45, § 1.º – 745.8

46, parágrafo único – 1.948.1.2, 1.951

Lei 8.950/1994 – 607.7, 1.169

518 – 75

Lei 8.952/1994 – 74, 75, 583.2, 721.2, 1.021, 1.449, 1.803


46, parágrafo único – 75

125, IV – 75

273 – 75

331 – 75

296 – 75

461, § 3.º – 75

461, § 5.º – 75

Lei 8.953/1994 – 75, 75.1

747 – 415.3

Lei 10.098/1994 – Rio Grande do Sul

27, § 2.º – 41

80, IV – 41

186 – 41

191, parágrafo único – 41

191, XV – 41

220 – 41

249 – 41

Lei 9.028/1995

6.º – 808, 815, 1.229

Lei 9.093/1995

1.º – 1.137.2

2.º – 1.137.2

Lei 9.096/1996 – 45.2

1.º – 520

Lei 9.051/1995

1.º – 1.937, 1.939.2.2.2

Lei 9.099/1995 – 15, 58, 59, 102, 106

1.º – 922
2.º – 20, 922

2.º, I – 399.2

3.º – 18.1, 399.1.1, 399.4.1, 399.4.2, 399.1.1.5

3.º, I – 15, 18.1, 399.1, 399.1.1.6, 399.1.3, 399.4.2, 401, 695, 1.287, 1.288,
1.477, 1.680

3.º, II – 18.1, 399.1, 399.1.1, 399.1.1.1, 399.1.1.2, 399.1.1.3, 399.1.1.4,


399.1.1.6, 399.1.1.7, 399.4.2, 401

3.º, III – 18.1, 399.1, 399.1.2, 399.4.2

3.º, IV – 18.1, 399.1, 399.1.3, 399.4.2, 401

3.º, § 1.º – 399.4

3.º, § 1.º, I – 399.4, 399.4.2, 399.4.2

3.º, § 1.º, II – 399.4, 399.4.1, 1.288

3.º, § 2.º – 17, 18.1, 399.1, 399.1.4, 401

3.º, § 3.º – 399.4.1, 399.4.2, 401, 922

5.º – 70

5.º, II – 393.2

6.º – 8, 109, 736, 922

7.º, caput – 8, 1.032.2

8.º, caput – 19.2, 19.3, 393.1, 393.3, 399.4.1, 515, 1.046.1

8.º, IV – 393.2

8.º, § 1.º – 19.1, 393.1, 399.4.1

8.º, § 1.º, I – 19.1, 393.1

8.º, § 1.º, II – 19.1, 393.1, 508.2.1

8.º, § 1.º, III – 19.1, 393.1, 508.2.1

8.º, § 1.º, IV – 19.1, 393.1, 508.2.1

8.º, § 2.º – 514

8.º, § 4.º – 1.857.2

9.º, caput – 15, 399.4.2, 1.018.1, 1.018.2, 1.288

9.º, § 1.º – 15, 746.1, 922


9.º, § 2.º – 15

9.º, § 4.º – 1.857.1

10 – 766

11 – 1.056

12 – 922

13, § 2.º – 189

14 – 1.469, 1.665

14, § 1.º – 1.469

14, § 3.º – 1.469, 1.665

15 – 1.288

17 – 1.743

18, I – 1.203

18, II – 20, 522, 1.204

18, III – 1.230

19 – 1.230

20 – 364, 1.363

27 – 1.018.1

28 – 2.064

31 – 1.743

35 – 1.849

38, parágrafo único – 1.566.2.5, 2.114.5

39 – 491

40 – 2.064

41 – 167

41, § 2.º – 1.018.1

46 – 399.4.2

48 – 399.4.2, 1.577

51, III – 317.5.2, 490.3, 491, 1.473.4, 1.666


52 – 399.4.2, 1.642.1

52, I – 261, 1.566.2.5, 2.114.5

52, III – 399.4.2

52, IV – 21.2, 1.642.1

52, V – 399.4.2

53, § 1.º – 399.4.1

53, § 2.º – 399.4.1

53, § 3.º – 399.4.1

53, § 4.º – 1.553, 1.647

54 – 607.7, 922

55 – 607.7, 736

56 – 922

57 – 1.612

57 – Parágrafo único – 399.4.1

62 – 399.4.2

74 – 399.4.2

95 – 399.4.2

Lei 9.139/1995

558 – 75.2

Lei 9.245/1995 – 313.3, 1.743

Lei 9.278/1996

9.º – 432, 1.104.2

Lei 9.279/1996 – 825

2.º – 1.920.2

5.º – 443

44 – 443

57 – 201.1, 443, 798, 819, 820, 822, 824

118 – 798, 820, 824


175 – 819, 820, 822, 824

175, § 2.º – 820

216 – 1.919

Lei 9.289/1996 – 59

1.º, § 1.º – 629.3

4.º, I – 637.3

Lei 9.296/1996 – 158.3

Lei 9.307/1996 (lei de arbitragem) 324.3

1.º – 25

1.º, § 1.º – 22

1.º, § 2.º – 22

2.º – 24.3, 25

2.º, § 1.º – 24.3

2.º, § 2.º – 24.3

2.º, § 3.º – 24.3

3.º – 324, 1.592

4.º – 324.2, 1.592.1

4.º, § 2.º – 324.3, 1.592.5

5.º – 324.2, 1.592.1, 1.592.2

7.º – 324.2.1, 1.592.1, 1.592.4, 1.592.5

8.º parágrafo único – 28, 30, 324.2.2, 1.592.6

9.º – 324.2, 1.022.2, 1.592.1

11, I – 24.4

11, V – 29, 738

11, VI – 738

11, parágrafo único – 738

13, § 2.º – 27

13, § 4.º – 27
13, § 13.º – 24.1

14 – 966.2

14, § 1.º – 963, 964, 970

15, § 2.º – 22

18 – 28, 30

20 – 324.2.2, 966.2

21 – 109

21, § 2.º – 27, 30, 176.3

22 – 27

22-A – 29

22-A, parágrafo único – 29

22-B – 29

22-B, parágrafo único – 29

24, § 1.º – 27

24, § 2.º – 27

26 – 27

26, II – 29

27 – 29

28 – 29

29 – 28, 29

30, II – 1.577

31 – 24.5, 28, 29, 30, 176.3, 181.2, 181.3, 324.2.2, 456.1.3, 464.1.1

32 – 29, 30, 176.3

32, I – 324.2.2

32, II – 966.2

32, IV – 28, 324.2.2

32, VIII – 30, 176.3, 176.4, 1.222

33, – 28, 30, 324.2.2, 1.439.3


33, § 1.º – 30, 176.4

33, § 2.º – 30, 176.3

33, § 2.º – 30, 176.3

33, § 3.º – 29, 30, 176.3, 181.3, 324.2.2, 1.222

33, § 4.º – 28

35 – 213.1

37 – 213.1

37, II – 213.1

38 – 213.1

39 – 213.1, 214

40 – 214

Lei 9.317/1996 – 15

7.º – 1.932.1

Lei 9.415/1996 – 1.058

Lei 9.402/1997

20 – 1.916.2.1

Lei 9.469/1997

1.º – 1.806

3.º – 1.589.3.2

5.º – 759.1.2, 759.1.3, 813, 814, 815, 816, 818, 824, 1.661.1, 1.939.2.1,
2.135.2

5.º, parágrafo único – 388.5, 388.6, 810, 813, 816, 851

6.º, § 2.º – 713.2

9.º – 1.020.3, 1.282.4

10 – 1.177.3, 2.121.1

Lei 9.492/1997

3.º – 1.920.2

26, § 4.º – 1.662.2


Lei 9.494/1997 – 59

1.º – 21.2, 125, 1.437.2, 1.439.3, 1.439.3.2, 1.451.1, 1.454.1

1.º-D – 687, 697, 721.4, 2.145.1, 2.145.2

2.º-A – 176.5, 2.140.2

16 – 176.5

Lei 9.503/1997

124, III – 1.927.2, 1.924

131, § 2.º – 5

Lei 9.507/1997 – 59

1.º, parágrafo único – 44.2

2.º – 44.1, 44.2, 1.450.2

3.º – 44.1, 1.450.2

4.º – 44.1, 1.450.2

7.º, I – 44.1, 1.450.2

7.º, II – 44.1, 1.450.2

7.º, III – 44.1

12 – 1.057, 1.061.2

16 – 1.450.2

20 – 452

Lei 9.514/1997

26 – 129

Lei 9.527/1997

4.º – 676, 835

Lei 7.713/1998

6.º, XIV – 156.6

Lei 9.610/1998

98 – 556

108, II – 1.664
Lei 9.615/1998

49 – 123

55 – 123

Lei 9.615/1998

49 – 123

55 – 123

Lei 9.756/1998 – 69, 69.2, 75, 75.2, 607.7

557 – 75

Lei 8.868/1999

3.º, I – 252

24 – 399.1.1.6

Lei 9.790/1999 – 19.1, 19.2, 393.1, 393.2, 508.2.1

Lei 9.800/1999 – 59

1.º – 497.2, 607.11, 1.132.2, 1.187.1

2.º – 1.162, 1.929.1, 1.934,

2.º, parágrafo único – 1.487, 1.738.1, 1.929.1

3.º – 607.11

4.º – 1.487, 1.738.1

4.º, parágrafo único – 607.11

Lei 9.841/1999 – 19.1, 393.1, 508.2.1

Lei 9.868/1999 – 58, 59, 802

2.º, VI – 1.069.1

5.º – 1.122.4, 1.451.3

5.º, § 3.º – 1.539.3.2

6.º, parágrafo único – 840.3, 840.4

7.º – 768, 840.1

7.º, § 2.º – 768, 798, 799, 802, 840, 840.2, 840.4, 840.5, 840.6, 841, 851

9.º, § 1.º – 768, 798, 801, 840.2


9.º, § 2.º – 840.2

10 – 1.420.1, 1.428, 1.451.1, 1.451.2, 1.451.5

10, § 1.º – 1.428, 1.451.5

10, § 2.º – 1.451.5

10, § 3.º – 1.428, 1.451.4, 1.451.5

11 – 1.451.6

11, § 1.º – 1.451.6.1

11, § 2.º – 1.451.1, 1.451.6.1

12 – 1.451.2, 1.451.3, 1.451.4

12-A – 1.451.1

12-F – 1.428, 1.451.1, 1.451.2, 1.451.4, 1.451.5

12-F, § 1.º – 1.451.1, 1.451.6.1

12-F, § 3.º – 1.451.5

12-G – 1.451.6

12-H – 1.451.1

14, III – 1.451.4

21 – 1.428, 1.451.1, 1.451.2, 1.451.5, 1.451.6.1

21, parágrafo único – 1.451.6, 1.663.4

22 – 1.451.2

18 – 768

26 – 840.6

27 – 469.3, 1.660.2, 1.661.3

28 – 181.2, 1.660.1, 1.660.2, 1.663.3, 1.663.4

28, parágrafo único – 1.663.4, 2.158

30 – 1.451

Lei 9.882/1999 – 59, 1.451, 1.451.6

1.º – 1.451

5.º – 1.451.1, 1.451.2


5.º, § 1.º – 1.451.2, 1.451.5

5.º, § 2.º – 1.428, 1.451.5

5.º, § 3.º – 1.451.6.1

6.º, § 1.º – 801, 840

21 – 1.539.3.2

Lei 9.932/1999

12 – 586

Lei 9.982/1999 – 59

Lei 9.966/2000

27, § 1.º – 388.4, 1.047

Lei 10.099/2000 – 21.4

Lei 10.048/2000 – 59

Lei 10.157/2001

12, § 2.º – 745.8

Lei 10.194/2001 – 19.2, 393.2

1.º – 19.1, 393.1, 508.2.1

Lei 10.259/2001 – 15, 17, 20, 21, 58, 59, 106, 399.5, 934

3.º – 15, 21.4, 399.4.2, 403, 695, 1.288, 1.401, 2.122.1

3.º, I – 15

3.º, II – 15, 399.3

3.º, III – 15, 399.3

3.º, IV – 15, 18.2.2, 399.3

3.º, § 1.º – 399.3

3.º, § 1.º, I – 18.2.1, 399.2, 399.3, 399.4.1

3.º, § 1.º, II – 18.2.2

3.º, § 1.º, III – 18.2.2, 21.2

3.º, § 2.º – 15, 399.1.1, 403

3.º, § 3.º – 399.4.1


4.º – 21.2

6.º, I – 15, 19.3, 393.3, 1.046.1

6.º, II – 15, 17, 21.3

9.º – 1.177.2

10 – 1.018.1, 1.018.2

12, § 1.º – 736

13 – 21.2, 2.122.1

13, § 5.º – 21.4

14, § 4.º – 842

14, § 5.º – 842

14, § 7.º – 842, 843, 848.3

15 – 843

16 – 17, 21.2, 21.4, 234

17 – 21.2, 21.3, 21.4, 21.5, 234, 1.554.1

17, § 1.º – 21.4, 399.4.1, 399.5, 402, 403, 695

17, § 2.º – 21.5

17, § 3.º – 21.4

17, § 4.º – 21.4, 399.4.1

17, § 1.º – 2.122.1

25 – 399.4.2

205 – 399.4.2

Lei 10.192/2002

2.º, § 1.º – 262.3

Lei 10.628/2002 – 448

Lei 10.268 – 409, 2.016

Lei 10.194/2001 – 19.2

1.º – 19.1

Lei 10.239/2001
25 – 399.4.2

Lei 10.317/2001 – 745.5

Lei 10.352/2001 – 69.2, 75.2

530 – 75.2

Lei 10.358/2001 – 604, 610.4

14 – 75

14, V – 75, 604

14, parágrafo único – 604

Lei 10.441/2002 – 803

Lei 10.444/2002 – 75, 1.803

Lei 10.671/2003

30, caput – 123

34 – 123

36 – 123

Lei 10.741/2003

1.º – 441, 1.062.4

12 – 773

13 – 43.1, 454

43 – 1.069.3

43, III – 1.069.3

69 – 59

70 – 441, 937.3

71 – 106.1, 156.6, 441, 505.2

74, I – 48.2, 1.069.1, 1.070.1

74, II – 1.069.3

74, III – 1.069.3

74, IV – 1.069.1, 1.069.3

74, VI – 1.069.1
75 – 1.062.4

76 – 1.062.4

77 – 1.062.4

79 – 441

81, § 1.º – 1.047

80 – 441

83, § 1.º – 1.427.3

92 – 59

Lei 11.033/2004

19, parágrafo único, I – 669

Lei 11.101/2005 – 59, 113, 201.2, 383, 455, 1.018.1

3.º – 406, 434.2, 455.2

4.º – 1.063.1

6.º – 455.3, 1.533, 1.534.1.6

6.º, § 1.º – 1.534.1.6

6.º, § 2.º – 455.3

6.º, § 7.º – 455.3

6.º, § 8.º – 455.3

9.º, parágrafo único – 1.928

12, parágrafo único – 1.897.5.6

21 – 526

22, I, c – 1.897.5.6

22, III, n – 526

30 – 1.001

30, § 1.º – 1.001

52, V – 1.063.1

75 – 1.058

76 – 455.3
76, parágrafo único – 455.3, 564

83 – 388.2.1, 455.3, 669

84, IV – 746.2

98, parágrafo único – 680

99, V – 455.3

99, XIII – 1.063.1

120, § 1.º – 1.535.2

129 – 1.069.1

187 – 1.063.1

192 – 69

Lei 11.187/2005 – 75.2, 1.160.3

522 – 75.2

Lei 11.232/2005 – 75.1, 721.1

Lei 10.931/2006

18, § 8.º – 1.482.1.1

27 – 456.2

28 – 1.514.4

29, III – 456.2

31 – 456.2

50 – 59, 261

Lei 11.276/2006 – 69.2, 75

518, § 1.º – 75

518, § 2.º – 75

Lei 11.280/2006 – 75, 1.452, 1.815

489 – 75

Lei 11.382/2006 – 75, 75.1

652, § 2.º – 75

Lei 11.340/2006 – 433


12 – 466

22 – 466

22, III, a – 1.429.1

22, v – 433

23 – 466

24 – 466

26, II – 1.069.1

37 – 1.069.1

Lei 11.343/2006

60 – 1.069.1

62, § 4.º – 1.069.1

Lei 11.417/2006

6.º – 1526

Lei 11.418/2006

3.º – 61

Lei 11.419/2006 – 59, 1.021, 1.159.4.6

1.º, § 2.º, I – 1.934

1.º, § 2.º, III – 1.926.2, 1.935

4.º – 1.160.3

4.º, § 2.º – 1.159.4.6

4.º, § 3.º – 1.159.4.6

5.º – 1.227

5.º, § 1.º – 1.159.4.6

5.º, § 2.º – 1.159.4.6

5.º, § 3.º – 1.159.4.6, 1.185,

5.º, § 4.º – 1.159.4.6

9.º, § 2.º – 1.194.5, 1.708

10 – 1.732
10, § 3.º – 143

11 – 1.922.5

11, § 2.º – 1.936

11, § 5.º – 1.936, 1.940.1

11, § 6.º – 1.936

13 – 1.935, 1.936, 1.939.2

13, § 1.º – 1.935, 1.936

15 – 59, 1.474, 1.474.2, 1.508.3, 1.667

16 – 1.922.5

Lei 11.441/2007 – 59

Lei 11.636/2007 – 59

Lei 11.690/2008 – 158.2, 159

Lei 11.804/2008 – 59

Lei 12.010/2009 – 59

Lei 12.016/2009 – 18.21.1, 37, 59, 105, 399.2

1.º – 2, 45.2, 176.6, 450, 1.403, 1.427.3, 1.450.3

1.º, § 1.º – 45.2, 390

1.º, § 2.º – 45.1,

1.º, § 3.º – 45.2

2.º – 390, 450

3.º – 45.2, 555, 556

5.º – 225.1.2, 1.514.1.3

5.º, I – 45.1

5.º, II – 45.1

5.º, III – 45.1

6.º, caput – 45.2, 502, 1.292.2.8.9, 1.474.1.2

6.º, § 1.º – 1.450.3.4, 1.896

6.º, § 3.º – 502, 1.474.1.2


6.º, § 6.º – 176.6

7.º – 1.450.3.3, 1.450.3.5

7.º, I – 45.2, 502, 1.372

7.º, II – 45.2, 1.450.3.3, 1.474.1.2

7.º, III – 106.1, 1.425, 1.429, 1.429.1, 1.499.2, 1.499.3, 1.450.3.1,


1.450.3.3, 1.450.3.4, 1.450.3.5

7.º, § 1.º – 1.450.3.7

7.º, § 2.º – 45.3, 114, 120, 125, 156.5, 505.2, 1.292.2.8.9, 1.436.3, 1.439.3,
1.439.3.2, 1.450.3.1, 1.450.3.3, 1.452, 1.454.1, 1.455.3, 1.481.1, 1.502, 2.123

7.º, § 3.º – 1.443, 1.450.3.6

7.º, § 5.º – 125, 1.439.3, 1.450.3.3

8.º – 1.442, 1.443.3, 1.450.3.6

9.º – 45.2, 502, 1.474.1.2

10, § 2.º – 583.1, 1.757.3

12 – 1.450.3.4

12, parágrafo único – 1.061.3, 1.066, 1.255.1.1

14, § 1.º – 1.439.3, 2.118, 2.120, 2.121.1, 2.123, 2.122

14, § 3.º – 1.439.3, 2.120, 2.123, 2.124, 2.128.3

14, § 4.º – 45.3, 262, 1.292.2.8.9, 1.642.2

15 – 156.5, 851, 1.063, 1.437, 1.437.4, 1.450.3.6

15, § 1.º – 1.437.4

15, § 2.º – 1.437.4

15, § 3.º – 1.437.4

15, § 4.º – 1.437.4

15, § 5.º – 1.437.4

16, parágrafo único – 1.450.3.2, 1.450.3.7, 1.452.3

17 – 1.117.1, 1.117.3

19 – 176.6, 1.465

20 – 106.1, 156.6, 505.2


21 – 45.2

22 – 176.5, 2.140.2

22, § 1.º – 176.5

22, § 2.º – 1.152

23 – 120, 176.6, 1.152, 1.221.4.5, 1.517, 1.622

24 – 59, 778

25 – 45, 156.7, 734, 1.450.3

27 – 1.152

Lei 12.036/2009 – 213.1

Lei 12.112/2009

59, § 1.º, I – 1.429.3

59, § 1.º, IX – 1.429.3

Lei 12.153/2009 – 20, 58, 59, 842, 1.018.1

1.º – 15, 17, 21, 399.5

1.º, parágrafo único – 17

2.º – 18.1, 18.2.1, 21.1, 21.4, 399.1.4, 399.2, 399.5, 402

2.º, I – 18.2.1, 399.2

2.º, II – 18.2.1, 399.2

2.º, III – 18.2.1, 399.2

2.º, § 1.º – 18.2.2, 399.3

2.º, § 1.º, I – 399.2, 399.4.1

2.º, § 1.º, II – 399.2, 18.2.1

2.º, § 1.º, III – 399.2

2.º, § 2.º – 21.4, 402

2.º, § 4.º – 15, 18.2, 399.2

3.º, II – 399.2

3.º, III – 399.2

3.º, § 1.º, I, – 18.2.2


5.º, I – 18.2, 19.2, 393.2, 399.2, 1.046.1

5.º, II – 18.2.1, 19.2, 21.1, 21.3, 399.2, 399.5

11 – 21.2

12 – 21.2, 21.4

13, caput – 21.2, 21.3, 21.4, 21.5

13, I – 21.4

13, § 1.º – 21.2, 21.4, 21.5

13, § 2.º – 21.1, 399.5

13, § 3.º – 21.1, 399.5

13, § 3.º, I – 21.1, 399.5

13, § 3.º, II – 21.1, 399.5

13, § 4.º, – 21.4

13, § 6.º – 21.4, 21.5

13, § 7.º, – 21.4, 1.021, 1.022.2

16 – 20

18 – 842

18, § 2.º – 842

19 – 842

Lei 12.846/2013

4.º – 1.566.2.2

4.º, § 1.º – 1.566.2.2, 2.114.2

6.º, II – 1.664

6.º, § 5.º – 1.664

19, § 4.º – 1.454.2.1

21 – 1.717

25, parágrafo único – 1.221.4.2, 1.507.2, 1.717

26, § 1.º – 525

26, § 2.º – 519


Lei 11.322/2010 – 75.2

Lei 12.527/2011

23 – 1.902.4

21 – 1.902.4

27, I – 1.902.4,

Lei 12.529/2011

98, § 4.º – 2.144.4

Lei 12.376/2010 – 220

Lei 12.259/2011 – 827

4.º – 826

9.º, II – 826

118 – 798, 816, 826, 827, 828, 829, 831, 832, 833, 849

Lei 12.437 – 1.021

Lei 12.527/2011

10 – 1.896, 1.899.1.2, 1.907.2

Lei 12.682/2012

1.º, parágrafo único – 1.916.10, 1.922.5, 1.934,

Lei 12.737/2012 – 1.922.5

Lei 12.965/2014 – 1.141

Lei 13.043/2014 – 431, 431.3, 1.221.3

LEI 13.097/2015

54 – 54.1, 1.717

Lei 13.105/2015 – 1.803

Lei 13.129/2015 – 221

Lei 13.140/2015

2.º, II, § 1.º – 1.015.4

2.º, VIII, § 1.º – 1.015.4

4.º, II, § 2.º – 1.015.5


11 – 1.014

16 – 1.014

16, § 1.º – 1.014

32 – 1.014

Lei 13.151/2015 – 1.047

LC 40/1891

1.º – 1.042

2.º – 1.044

LC 35/1959

37 – 162

101, § 3.º – 405

LC 35/1979 – 59, 919

21, IV – 60

21, VI – 388.2.3, 388.3, 392

22, § 2.º – 383, 439

26, I – 926.1

26, II – 926.1

26, § 3.º – 926.1

30 – 926.2

31 – 926.2

32 – 926.3

34 – 936.2

35 – 923.2

35, I – 954.2

35, II – 957

35, IV – 958, 960, 1.135.2

35, V – 959

35, VI – 957, 2.072, 2.073.1


35, VIII – 953, 962.1

36 – 923.2

36, I – 953, 967.5, 967.6

36, II – 967.5, 967.6

36, III – 953

37 – 156.8.1

39 – 1.189.1

40 – 923.2

42 – 2.066

42, I – 923.2, 2.066

42, II – 923.2, 2.066

42, III – 923.2

42, IV – 923.2

42, V – 923.2

42, VI – 923.2

66, § 1.º – 1.137.1, 1.547.1

68 – 458, 1.415

69, I – 2.066

69, II – 2.066

69, III – 2.066

71, § 2.º – 2.066

72 – 2.066

72, I – 2.066

72, II – 2.066

72, III – 2.066

73 – 2.066

90 § 2.º – 1.115.2

96 – 416
97 – 937.2

100 § 2.º – 930.2.2

101 – 936.3

101, § 4.º – 405

101, § 4.º – 167, 410, 483, 936.3

118 – 2.066

128 – 968

128, parágrafo único – 968

LC 37/1979

35, III – 1.188

LC 40/1981

22, II – 1.068

LC 73/1993 – 59

1.º – 517

3.º, § 1.º – 517

4.º, § 1.º – 517

12, II – 517

12, V – 517

12, parágrafo único, I – 517

12, parágrafo único, VIII – 517

35 – 517

36 – 517

LC 75/1993 – 59

4.º – 1.044

8.º, § 1.º – 1.054

26, I – 1.045

37, II – 388.4, 1.047

37, parágrafo único – 1.047


43, VI – 1.045

45, VII – 1.045

45, VIII – 1.045

72 – 1.045

78 – 1.045

79 – 1.045

236 – 1.044.3

237 – 1.044.3

LC 76/1993

13.º, § 1.º – 2.123

18.º, § 2.º – 1.063.3FD

19 – 733.1

19.º, § 1.º – 733.1

LC 80/1994 – 4.2, 59, 1.071

1.º – 139, 1.082.3, 1.083

1.º, I – 1.074

1.º, II – 1.074

1.º, III – 1.074

3.º – 1.073

3.º-A – 1.074

3.º-A, I – 1.074

4.º – 603, 743, 1.072, 1.075

4.º, I – 743, 1.072

4.º, II – 1.072, 1.075

4.º, III – 1.018.1, 1.072

4.º, IV – 1.072

4.º, V – 746.2, 1.072, 1.073.2, 1.082.2

4.º, VI – 1.051, 1.072


4.º, VII – 1.072, 1.075.1, 1.082.1, 1.082.3, 1.083

4.º, VIII – 1.072, 1.082.1, 1.082.3, 1.083

4.º, IX – 603, 1.069.2, 1.072, 1.082.2

4.º, X – 1.018.1, 1.072, 1.075.1, 1.082.1, 1.082.3, 1.083

4.º, XI – 1.072, 1.075.1, 1.082.3, 1.083

4.º, XVI – 536, 677, 1.046, 1.057, 1.072, 1.075.3, 1.084

4.º, XXI – 1.072, 1.079, 1.082.2

4.º, § 2.º – 1.074, 1.075

4.º, § 4.º – 1.075

4.º, § 5.º – 1.071

4.º, § 6.º – 1.019, 1.020.2, 1.075.2, 1.083, 1.282.3

4.º, § 7.º – 603, 1.075.2, 1.082.2, 2.070

4.º, § 8.º – 753.1

4.º, § 9.º – 1.075.2

4.º, § 10.º – 1.084

4.º – A – 151, 1.073.1

4.º – A, I – 1.075.2

4.º – A, II – 1.075.2

4.º – A, III – 139, 1.075.2

4.º – A, IV – 1.075.2

4.º – A, V – 1.075.2

5.º – 1.074

6.º – 1.074

14 – 1.074

44, I – 156.1, 156.2, 536, 474.2, 1.075.2, 1.077, 1.078, 1.078.2, 1.084,
1.178, 1.229

44, VI – 1.075.2

44, VIII – 1.075.2


44, IX – 1.075.2, 1.487, 1.738.1

44, X – 1.075.2

44, XI – 747.3, 1.020.2, 1.083, 1.282.3

44, XIII – 1.075.2

46, II – 676

46, III – 1.079

53 – 1.074

54 – 1.074

88, I – 156.2, 474.2

89, I – 156.1, 536, 1.077, 1.078, 1.078.2, 1.083, 1.178, 1.229

89, XI – 747.3, 1.083

91, III – 1.079

97-A – 1.074

98 – 1.074

98, IV – 1.074

99 – 1.074

127, I – 1.073.3

128, I – 156.1, 156.2, 536, 474.2, 1.077, 1.078, 1.078.2, 1.229

128, IX – 1.068

128, XI – 747.3, 1.083

129, VII – 1.073.3

130, II – 676

130, III – 677, 1.079

LC 105/2001

3.º – 1.902.2

LC 109/2001 – 1.063.4

LC 118/2005 – 669

LC 123/2006 – 19.1, 19.2, 22, 393.1, 393.2, 393.3


3.º – 15

6.º, I – 19.3, 393.3

LC 132/2009 – 139, 603, 745.7, 1.019, 1.020.2, 1.046, 1.071, 1.074, 1.178,
1.282.3

LC 110/2011

6.º – 1.616

LC 147/2014 – 393.1, 393.2, 508.2.1

Dec.-lei 20.910/1932

7.º – 59

9.º – 1.461.1

Dec.-lei 58/1937 – 59

Dec.-lei 960/1938 – 74

19 – 941, 1.789, 1.803, 1.815

19, IV – 1.790, 1.797, 1.815

20 – 1.789, 1.815

Dec.-lei 1.608/1939 – 59, 74

Dec.-lei 1.907/11939 – 174

Dec.-lei 3.365/1941 – 18.2.2, 59, 399.3, 733.1

10 – 1.063.3

11 – 439

12 – 383, 439

15 – 733.1

15, § 1.º – 733.1

15-A – 733.1

15-B – 733.1

24, parágrafo único – 2.060

27, § 1.º – 733.1, 733.2

27, § 2.º – 1.063.3


28, § 1.º – 2.118, 2.123

29 – 1.663.3

39 – 1.139

Dec.-lei 4.565/1942 – 1.221.4.2, 1.221.4.5, 1.507.2, 2.005, 2.086

Dec.-lei 4.657/1942

2.º – 69

3.º – 56, 1.310, 1.324.3

4.º – 1.313.1

6.º – 69, 174

6.º, § 1.º – 69

6.º, § 3.º – 175.1, 2.128

7.º – 946.1

7.º, § 4.º – 1.310, 1.312.2

12, § 1.º – 202

12, § 2.º – 220, 411.1, 498

13 – 68, 1.305.1

14 – 946.1, 1.312.1, 1.312.2, 1.312.3

15, parágrafo único – 213.1

15 – 214

15, a – 214

15, d – 214

16 – 1.312.4

17 – 214

18 – 1.916.2.1, 1.919, 1.920.2, 1.922.1.1

18, § 1.º – 1.916.2.1

18, § 2.º – 1.916.2.1

Dec.-lei 6.790/1944 – 1.621

Dec.-lei 7.661/1945 – 69
7.º – 201.2

31 – 1.018.1

204 – 1.028.3

Dec.-lei 8.527/1945 – 1.189

Dec.-lei 8.570/1946 – 1.169, 2.004, 2.005

Dec-lei 41/1966

3.º – 1.069.1

Dec.-lei 70/1966

29 – 129

37 – 129

37, § 2.º – 1.453.3

Dec.-lei 73/1966

36, h – 1.897, 1.932.1

68 – 586

Dec.-lei 5.158/1966 – 2.092

Dec.-Lei 167/1967

1.º – 399.4.1

9.º – 399.4.1

53 – 669

Dec.-Lei 200/1967

5.º I – 388.3

Dec.-Lei 227/1967

2.º, I – 1.920.2

2.º, V – 1.920.2

27, VI – 431.5

27, XVI – 431.5

92 – 1.920.2

Dec.-lei 413/1969
17 – 669

41 – 1.511

Dec.-lei 486/1969

11 – 1.932.1

Dec.-lei 857/1969

2.º – 207

Dec.-lei 911/1969 – 1.402

2.º, § 2.º – 1.221.3

3.º – 1.221.3, 1.402

Dec.-lei 1.030/1969 – 1.452

16 – 110, 280.4, 399.1.1.7, 584

Dec.-lei 27/1992 – 43.1, 161, 454, 1.003.3

Dec.-lei 129/1995 – 206

Dec. 143/1842

11 – 72

Dec. 564/1850 – 1.071

Dec. 3.900/1867

9.º – 324.2

Dec. 4.824/1871 – 72, 1.387

Dec. 5.129/1872 – 72, 1.387

10.º – 1.387

Dec. 5.618/1874 – 1.557

Dec. 6.982/1878 – 201, 201.2

Dec. 9.549/1886 – 72

Dec. 169-A/1890 – 73

Dec. 359/1890 – 73

Dec. 378/1890

378 – 1.922.1.2
Decreto 173-B/1893 – 918

Dec. 720/1890 – 73, 2.026

Dec. 763/1890 – 73, 1.848

Dec. 845/1890 – 1.975.4

Dec. 848/1890 – 73, 918, 932, 1.042

15, f – 395.1

16 – 431

Dec. 2.457/1897 – 1.071

2.º – 1.071

4.º – 1.071

176 – 746.1

Dec. 3.084/1898 – 73, 1.848

305 – 1.848

314 – 1.848

Dec. 4.956/1903

9.º – 1.063.3

38 – 1.063.3

Dec. 1.380/1905 – 73

Dec. 2.044/1908

48 – 1.624

Dec. 8.332/1910 – 73

Dec. 9.263/1911

143, § 6.º – 61

Dec. 1.882/1914 – 73

Dec. 4.743/1923

26 – 1.939.2

Dec. 16.732/1924 – 73

Dec. 18.871/1929 – 219


408 – 1.312.1

Dec. 18.552/1930

10 – 1.797, 1.815

Dec. 19.408/1930 – 1.071

Dec. 20.781/1931

61 – 753.2

Dec. 20.784/1931

26, IV – 1.071

91 – 1.071

93 – 1.071

Dec. 20.910/1932

1.º – 1.622

Dec. 21.918/1932

24 – 663.1

Dec. 21.287/1932 – 1.692

Dec. 22.626/1933

1.º – 1.699.1

Dec. 21.981/1932

31 – 1.920.3, 1.932.1

32 – 1.920.3

33 – 1.932.1

35 – 1.916.2.1

Decreto 13.609/1943 – 1.007

Dec. 3.365/1945

14 – 1.996.2, 2.001

39 – 1.139

Dec. 54.435/1965

22 – 211
Dec. 56.435/1965

13 – 1.969

31 – 1.969

Dec. 56.826/1965 – 213.3, 216

Dec. 59.566/1966

32, I – 399.1.1.1

32, IV – 247.1, 274

Dec. 307/1967 – 1.932.1

Dec. 61.078/1967 – 1.969

31 – 211

Dec. 1.030/1980

2.º – 746.1

176 – 1.071

Dec. 678/1992 – 58, 161, 1.983

Dec. 1.900/1996 – 216

Dec. 2.067/1996 – 216, 326.1

Dec. 2.095/1996 – 206

Dec. 2.626/1998 – 218.1, 493.3

Dec. 3.413/2000 – 216

Dec. 4.311/2001 – 213.1

Dec. Legislativo 10/1958 – 213.3, 326

Dec. Legislativo 55/1995 – 218.1, 326.1, 492

Dec. Legislativo 69/1965

2.º – 198.3

Dec. Legislativo 192/1995 – 218.1, 493.3

Decreto da Regência de 27.06.1834

17 – 1.117.3

MP 1.577/1997 – 1.452
MP 2.164-41/2001

9.º – 687

MP 2.172-32/2001 – 59

3.º – 1.339.2.1

MP 2.180-35/2001 – 59, 126, 687, 721.4, 721.4, 2.145.1, 2.145.2

12 – 2.122.2

15 – 1.452

MP 2.200-2/2001

6.º – 1.922.5

7.º – 1.922.5

10 – 1.916.10, 1.921.1, 1.922.5, 1.925, 1.934, 1.935

10, § 1.º – 1.343.2, 1.916.10, 1.921.1, 1.925, 1.935

10, § 2.º – 1.921.1, 1.925, 1.935

MP 2.183-56/2001 – 733.1

MP 22.226/2001 – 713.2

MP 656/2014

10 – 54.1

Constituição do Império 1822

34 – 43

161 – 7, 10

Constituição de 1824 – 31

9.º – 72

48 – 1.042

151 – 72, 116

155 – 116

158 – 72, 166

159 – 72, 116

160 – 22
161 – 72, 116, 961.1, 1.014, 2.077

162 – 72, 116

163 – 72, 116

164 – 72

164, I – 918

179, VIII – 130, 161

179, XI – 149, 185

179, XII – 149, 174

179, XVII – 185

179, XXII – 1.063.3

179, § 11.º – 116

179, § 12.º – 116

179, § 17.º – 116

Constituição de 1891 – 22, 31, 43

34, n.º 22 – 103

34, n.º 23 – 73

55 – 932

56 – 931

57, caput – 116

57, § 1.º, in fine – 116

58, § 1.º – 1.042

59, § 1.º, II – 116

59, § 1.º, III – 116, 174

59, III § 1.º, a – 963.1

59, III § 1.º, b – 963.1

60, § 1.º – 116

62 – 116

65, n.º 2 – 73
72 – 116, 145

72, § 1.º – 116

72, § 2.º – 116

72, § 9.º – 116

72, § 22.º – 43, 116

81 – 116, 174

81, § 1.º – 1.042

Constituição de 1934 – 59

5.º, XIX, a – 73, 103

64 – 116

76, parágrafo único – 2.118

76, 2, II, a – 45, 1.450.3

113, III – 174

113, nº 3 – 116

113, nº 24 – 116

113, nº 25 – 116

113, nº 32 – 116, 1.071

113, nº 33 – 116, 502, 1.446.5

113, nº 35 – 116

113, nº 37 – 116

113, nº 37 – 116

113, nº 38 – 116

114, parágrafo único – 2.118

Constituição de 1937

16, XIV – 73

94 – 116, 120

101, parágrafo único – 2.118

177 – 926.3
187 – 116

109, caput – 116

Constituição Federal de 1946

94, II – 932

103 – 932

104, I, a – 932

105 § 3.º – 932

114, § 4.º – 174

119, parágrafo único – 61

120, parágrafo único – 61

125 – 1.042

128 – 1.042

141 – 116

141 § 3.º – 174

141 § 4.º – 116, 127

141 § 32.º – 116

141 § 32.º – 1.071

Constituição Federal de 1967

111 – 32

112, II – 116

150, § 3.º – 174

Constituição Federal de 1969

111 – 32

119, I, p – 1.451

119, parágrafo único – 60

120, parágrafo único – 60

153, § 15 – 130

208 – 1.923.2.2
Constituição Federal de 1988

1.º – 40, 432

1.º, I – 432

1.º, III – 116

1.º parágrafo único – 1, 1.116.1, 2.102

2.º – 1, 36, 920, 924

4.º, V – 199

5.º – 2, 116, 127, 145, 153, 182.2

5.º, I – 37, 153, 747.1

5.º, II – 59, 127, 181.2

5.º, VI – 1.197.2

5.º, X – 1.365, 1.902, 1.902.1

5.º, XI – 1.136.2, 1.197, 1.712, 2.045, 2.047.2

5.º, XII – 158.3, 1.929

5.º, XIII – 1.032

5.º, XIV – 1.864.2.2, 1.980.4.3

5.º, XVIII – 746.2

5.º, XIX – 746.2

5.º, XXI – 45.2, 556, 557

5.º, XXII – 45.2, 1.063.3

5.º, XXIII – 1.063.3

5.º, XXIV – 178, 733.1, 1.063.3

5.º, XXV – 24.2, 222

5.º, XXVIII – 163

5.º, XXXIII – 1.896, 1.937, 1.939.2

5.º, XXXIV, b – 1.937

5.º, XXXV – 1, 2, 30, 32, 36, 38, 116, 120, 122, 124, 136, 179, 186, 222.3,
223, 308, 745.1, 746.2, 1.403, 1.455.1, 1526.2, 1.566.2.1, 2.114.1
5.º, XXXVI – 69, 116, 174, 175, 175.2, 181.2, 555, 2.129, 2.130, 2.145.2,
2.149.6

5.º, XXXVII – 149, 185

5.º, XXXIX – 181.2

5.º, XL – 68

5.º, LIII – 116, 149, 185

5.º, LIV – 35, 116, 118, 119, 125, 127, 128, 130, 160, 161, 176.5, 179,
308, 322.1.3, 522, 560.2, 577, 764, 775.2, 789, 869.3, 951, 952, 1.087,
1.459.2, 1.546, 1.844.1, 2.136, 2.151.2, 2.151.3

5.º, LV – 86, 93.3, 109, 116, 127, 130, 136, 138, 140, 142, 166, 244, 308,
310, 311.3, 372.1, 533.3, 964, 1.459.1.1, 1.802, 1.844.1

5.º, LVI – 116, 158, 158.2, 1.350

5.º, LX – 116, 117, 168, 170, 172, 1.028.1, 1.101, 1.104.1, 2.062

5.º, LXIII – 1.864.1, 1.980.1

5.º, LXVII – 43.1, 454, 952

5.º, LXVIII – 43, 43.1, 454, 1.061.1

5.º, LXIX – 45, 45.2, 176.6, 390, 450, 1.427.3, 1.450.3

5.º, LXX – 45.2

5.º, LXX, b – 45.2, 557

5.º, LXXI – 46, 453, 1.061.4, 1.450.4, 1.451

5.º, LXXII – 44, 452

5.º, LXXIII – 4, 47, 156.7, 451, 630, 735, 1.472.5, 1.450.5

5.º, LXXIV – 4.2, 116, 186, 743, 745.6, 746.1, 746.2, 747.1, 748, 1.071,
1.072, 1.078.2, 1.083, 1.178, 1.685

5.º, LXXVI – 116

5.º, LXXVIII – 4.3, 116, 117, 161, 162, 167, 179, 186, 607.7, 609, 942,
1.134, 1.587.2

5.º, § 1.º – 46

5.º, § 2.º – 58, 145

5.º, § 3.º – 58, 166, 395.1

5.º, § 5.º – 48.2


6.º – 1.550.3

7.º, XXVIII – 388.2.2

8.º, I – 336

8.º, III – 552, 555, 556

10.º – 746.2

12, I, c – 395.3

12, II – 395.3

12, § 3.º, IV – 931

12, § 4.º, I – 395.3

12, § 4.º, II – 395.3

13, caput – 48, 1.105, 1.919

21 – 400

21, I – 395.1

22 – 446

22, I – 41, 54.3, 58, 59, 68, 103, 171, 410, 936.3, 1.305, 1.311.1

24 – 1.311.2

24, X – 15, 58

24, XI – 54.3, 58, 103, 1.139

24, § 1.º – 15, 54.3, 58, 103

24, § 2.º – 103

25, § 1.º – 1.311.2

29 – 127

29, V – 127

34 – 43

34, XII – 747.1

37 – 4, 41, 45.1, 161, 181.2, 390, 450, 517, 838, 1.311.1

37, VIII – 2.054.1

37, X – 926.3
37, XI – 926.3

37, § 4.º – 448, 1.061.7, 1.454.2, 1.454.2.3

37, § 6.º – 4.3, 163, 870, 892, 923.2, 962, 984, 1.052, 1.054

38 – 41

39 – 41

39, § 4.º – 926.3

40 – 926.1

41 – 41

41, § 3.º – 926.2

42, § 1.º – 37

51, I – 921.1

52, I – 37, 448, 921.1

52, II – 37, 448, 921.1, 926.1

52, III, a – 931

52, V – 395.1

52, X – 2.158

52, parágrafo único – 37

59 – 40, 1.310, 1.313.2

59, I – 946.1

59, II – 946.1

59, III – 946.1

59, IV – 946.1

59, V – 946.1

59, VI – 946.1

59, VII – 946.1

60, § 3.º – 431

60, § 4.º, IV – 174

61, § 1.º, II, d – 1.045


62, § 1.º – 59

62, § 1.º, b – 54.1

70 – 4, 920, 921.2

71, caput – 4, 37, 921.2

71, II – 37

71, III – 37, 2.120

71, X – 1.413

72, § 22 – 43

74, § 2º – 4

84, VI, b – 1.663.4

84, VIII – 218.1, 493.3

84, XVI – 925

86 – 921.1

86, § 1º, II – 921.1

92 – 1, 32, 181.2, 182.2, 917, 920, 926, 927

92, I – 181.2, 182.3, 926

92, I-A – 4, 920

92, II – 926

92, VII – 15

93 – 919, 919.3, 927, 935

93, I – 183, 929, 930.2.3, 934, 967.1, 992

93, II – 183

93, II, a – 930.1

93, II, b – 930.1

93, II, c – 930.1

93, III – 930.1

93, VI – 926.1

93, VII – 919.2, 926.2, 959, 969.2, 1.327


93, VIII – 183, 923.2, 926.1

93, IX – 4, 116, 117, 145, 146.1, 148, 168, 170, 171, 172, 498.1, 750,
936.4, 956, 1.100, 1.104, 1.122, 1.122.6, 1.431, 1.572, 1.574.1, 1.574.2,
1.635, 2.062, 2.062.1, 2.062.2, 2.073.1

93, X – 4

93, XI – 919.2, 926.2, 930.1, 936.4

93, XII – 4, 1.136.3, 1.137.1, 1.167.1, 1.547.1, 1.547.3

93, XIII – 189, 919.2, 957

93, XIV – 189, 943

93, XV – 919.1, 1.272.2

94 – 165, 183, 919.2, 925, 926.1, 927, 928, 930.2.3, 930.2.4, 931, 967.1,
992, 1.092

94, parágrafo único – 930.2, 930.2.4

95 – 927

95, I – 174, 923.2, 926.1, 927, 964

95, II – 174, 927, 962.3, 964

95, III – 174, 927, 962.3, 964

95, XI – 385

95, XII – 392

95, parágrafo único – 174, 964

95, parágrafo único, I – 967.7

95, parágrafo único, II – 745.1

95, parágrafo único, V – 1.032.1

96, I, a – 1, 61, 181.2, 919, 925

96, I, b – 1, 925

96, I, c – 1, 925, 934

96, I, d – 398, 919.3, 925

96, I, e – 1, 925, 978

96, I, f – 925
96, II, a – 925

96, II, b – 978

96, II, d – 416, 919.2, 925, 930.1

96, II,e – 930.1

96, III – 926.3

97 – 40, 178, 406, 414, 841, 936.4, 954.3, 1.065.1, 1.451.1, 1.451.6.3,
2.158

98 – 15

98, I – 15, 400, 401, 922, 934, 937.5, 961

98, II – 195, 922, 961

98, § 1.º – 15

99 – 925, 927

99, § 1.º – 1

99, § 2.º, I – 925

99, § 2.º, II – 925

99, § 4.º – 925

100 – 21.4, 669, 1.554.1, 1.649.1

100, I – 431.7, 432

100, § 1º – 21.4, 1.554.1

100, § 2º – 669

100, § 3º – 21, 21.1, 399.4.1, 399.5, 402, 403, 687, 695, 1.554.1, 2.122.1

100, § 4º – 21.1, 399.5

100, § 6º – 21.5, 1.410.1

101 – 183, 931

101, parágrafo único – 931

102 – 182.3, 405, 992

102, I, a – 40, 182.3, 396, 405, 2.158

102, I, b – 37
102, I, c – 37, 448, 1.454.2.3

102, I, d – 188, 378.2, 391, 450

102, I, e – 182.3, 389, 391, 395.1, 518

102, I, f – 391, 451, 455.4.2, 1.148, 1.450.5.2

102, I, g – 493.3

102, I, j – 385, 396, 1.452.3

102, I, l – 396, 493.1, 1.148, 1.661.3

102, I, m – 396, 396.3, 411, 456.1.1

102, I, n – l, 396, 969.4, 1.666

102, I, o – 396, 473.4

102, I, p – 396, 1.451, 1.451.1

102, I, q – 182.3, 391, 453

102, I, r – 4, 391

102, II – 116, 166

102, II, a – 182.3, 409, 453, 454

102, III – 167, 487, 1.436.3

102, III, a – 214, 409

102, III, b – 214, 409

102, III, c – 409

102, § 1.º – 1.451

102, § 2.º – 62, 62.2, 181.2, 923.1, 1.539.3.2, 1.660.1, 1.660.2, 1.661.3,
1.663, 1.663.2, 1.663.3, 2.134, 2.139.4, 2.158

103 – 840.2, 841, 1.661.3, 1.663.5

103, I – 137, 502, 1.018.1

103, II – 2, 504, 508.3

103, VI – 1.069.1

103, IX – 137, 502, 1.018.1

103, § 2.º – 46, 1.451


103, § 3.º – 62.1, 431.2, 502, 923.1, 946.5

103-A – 62.1, 498.3, 923.1, 1.659, 1.663.1, 1.663.5

103-A, § 3.º – 2.139.4

103, B – 4

103, B, § 4º – 4, 61, 919

103, B, § 4º, III – 923.2, 1.189.1

103, B, § 4º, V – 923.2

104 – 931

104, parágrafo único – 925, 992

104, parágrafo único, I – 931, 936.2

104, parágrafo único, II – 931, 927

105 – 388.3, 842

105, I, b – 182.3, 450

105, I, d – 396, 473.1, 473.2, 473.3, 473.4

105, I, e – 385, 396, 1.452.3

105, I, f – 396

105, I, g – 396, 396.2

105, I, h – 46.2, 453

105, I, i – 69.1, 212, 213.1, 218.1, 220, 396, 456.1.3, 469.3, 493.3, 1.222

105, I, l – 213

105, II – 116, 182.3, 454

105, II, a – 409, 454, 1.450.1.5

105, II, b – 388.3, 391, 409

105, II, c – 409

105, II, i – 411.1, 411.2

105, II, h – 391

105, III – 167, 487, 1.312.5, 1.436.3

105, III, a – 409


105, III, b – 409

105, III, c – 409, 1.124

106 – 182.2

107 – 925

107, I – 933

107, II – 933

107, § 2.º – 919.2

107, § 3.º – 379

108, I – 397

108, I, a – 182.1

108, I, b – 385, 397, 405, 1.452.3

108, I, c – 388.3, 450

108, I, e – 397, 473.1

108, II – 410, 816

108, II, c – 390

109 – 58, 388.4, 395, 431, 464.1.1, 824

109, I – 17, 69.1, 271.2.1, 306, 387, 388, 388.1, 388.2, 388.2.1, 388.2.5,
388.3, 388.4, 388.5, 390, 395.1, 398, 426, 427, 430.2, 431.1, 431.2, 431.5,
431.6, 439, 443, 446, 451, 455.1, 455.4.2, 455.4.4, 456.3, 461, 469.3, 470,
498.3, 584, 780, 810, 813, 814, 816, 824, 832, 838, 849, 855, 904, 1.047,
1.380, 1.393, 1.907.1

109, II – 18.2.2, 387, 389, 399.3, 409

109, III – 18.2.2, 395.1, 399.3

109, IV – 182.1

109, V – 182.1

109, V-A – 395.4

109, VI – 182.1

109, VII – 182.1, 387

109, VIII – 390

109, IX – 182.1
109, X – 182.1, 213.2, 220, 395.3, 411, 411.1, 411.2, 431.3, 431.4,
456.1.3, 498

109, XI – 18.2.2, 395.2, 399.3

109, § 1.º – 426, 430, 430.1, 430.2, 430.3, 434.2, 456.3

109, § 2.º – 424, 430.1, 430.2, 430.3

109, § 3.º – 378.3, 379, 388.2.5, 388.6, 394, 395.3, 394, 411.1, 411.2, 430,
431, 431.1, 431.6, 456. 3, 469.3, 473.1, 934, 1.393

109, § 4.º – 431, 456.3, 1.393

109, § 5.º – 395.4

110 – 182.2, 416, 934, 935

110, parágrafo único – 934

111 – 182.2

111-A – 925

113, III – 174

114 – 69.1, 317.2, 389, 444, 455.4.2, 469.3, 490, 490.1, 518, 1.018.1,
1.778.3

114, I – 210, 388.2.4

114, IV – 450, 469.3

114, VI – 388.2.2, 388.2.4

114, VII – 388.2.4

114, VIII – 388.2.4

115 – 925

116 – 182.2

118 – 182.2

119, II – 925

119, parágrafo único – 61

120, III – 925

120, parágrafo único – 61

121 – 182.1, 182.2


121, § 3.º – 166

122 – 182.2

122, II – 182.3

123 – 925

124 – 182.1, 182.2

125 – 182, 935

125, § 1.º – 52, 58, 60, 378.3, 385, 388.3, 392, 397, 405, 410, 450, 919.3,
936.3

125, § 2.º – 40, 58, 60, 397, 768, 841, 936.4, 1.451

125, § 4.º – 182.1

125, § 5.º – 182.2

125, § 6.º – 57

125, § 7.º – 919.2

126 – 1, 398, 468.2, 935, 937.3

127 – 557, 1.042, 1.043, 1.046, 1.046.1, 1.055, 1.553, 1.057, 1.061.3,
1.061.6, 1.069.2, 1.069.3, 1.071, 2.136

127, § 1.º – 1.044

127, § 2.º – 1.045

127, § 4.º – 1.045

128 – 1.045

128, I – 1.044.1, 1.045

128, II – 1.044.1, 1.045

128, § 1.º – 1.045

128, § 2.º – 1.045

128, § 3.º – 1.045

128, § 4.º – 1.045

128, § 5.º – 1.045

128, § 5.º, I – 1.042, 1.044.3

128, § 5.º, II, a – 678, 686, 745.1, 1.052


128, § 5.º, II, b – 152, 1.044.1, 1.045

129 – 1.043, 1.045, 1.066

129, II – 1.042, 1.043, 1.061, 1.061.4, 1.069, 1.069.3, 1.070.1

129, III – 126, 630, 1.043, 1.061, 1.061.7, 1.069, 1.069.1, 1.069.3, 1.070.1

129, IV – 1.043, 1.045, 1.069.1

129, V – 1.062.2, 1.069, 1.069.1

129, IX – 1.043, 1.046, 1.069, 1.071, 1.075.3

129, § 1.º – 1.069

129, § 3.º – 1.045

129, § 4.º – 930.2.3

130-A – 1.045

130-A, II – 1.045

130-A, III – 1.045

131 – 517

131, § 3.º – 1.071

132 – 517, 1.071

133 – 388.3, 611.3, 1.016, 1.017, 1.018, 1.018.2, 1.019

134 – 4.2, 743, 1.071, 1.072

134, § 1.º – 1.074

134, § 2.º – 4.2, 1.073.3, 1.074

142, § 2.º – 37, 43.1

144, § 1.º – 400

150, II – 926.3

151, III – 629.3

153, III – 926.3

153, § 2.º, I – 926.3

168 – 1.074

173, § 1.º – 2.121.1


173, § 1.º, II – 1.875.2

183 – 447

191 – 447

192, § 3.º – 46.3

194, parágrafo único, VII – 1.355

195, I, a – 388.2.4

195, II – 388.2.4

210, § 2.º – 1.062.2

217, § 1.º – 32, 38, 123, 186, 222.4, 225.1.2, 325, 1.514.1.3

217, § 2.º – 32, 123

226, § 2.º – 1.920

226, § 3.º – 387, 540

226, § 5.º – 432, 542.3

227 – 1.062.3

227, § 6.º – 226.1

232 – 1.062.2

235, VII – 1.045

236 – 193

ADCT da CF 1988

17 – 1.058

21 – 410, 461, 927, 937.4

21, parágrafo único – 937.4

22 – 332.1, 2.149.6

27 – 416

27, § 6.º – 416, 933

27, § 10.º – 469.3

29 – 517, 1.046

31 – 627.1, 629.3, 638.1, 663, 917, 927, 1.079


87 – 21.1, 399.5, 2.122.1

87, I – 687, 695

87, II – 687, 695

97, § 12 – 21.1, 399.5

97, § 12, I – 399.5

97, § 12, II – 399.5

EC 47 de 08.07.1947

3.º – 937.4

127, V – 937.4

EC 1/1969 – 116

111 – 122

EC 7/1977 – 32, 116, 122, 213.2, 1.451

EC nº 7 de 19.12.1978 – 937.4

EC 18/1998 – 37

EC 19/1988 – 1.311.1

EC 20/1998 – 127, 388.2.2

EC 22/1982 – 1.923.2.2

EC 24/1999 – 927

EC 30/2000 – 21, 399.5

EC 32/2001 – 59

EC 45/2004 – 15, 62.1, 213.2, 388.2.2, 388.2.4, 395.4, 469.1, 739, 936.4,
1.137.1, 1.547.1

EC 45/2008 – 58, 116, 920

EC 62/2009 – 21.1, 399.5

EC 80/2014 – 1.071

EC 88/2015 – 926.1

Lei constitucional nº 8 de 1942 – 926.3

Constituição Estadual do Rio Grande do Sul-1989


93, V, c – 450

95, XII – 410

95, XII, c – 397

Constituição Italiana 1948

111 – 145, 161, 956, 1.116.1, 1.122, 2.102

Constituição Francesa 1795

208 – 168

Constituição do México

17 – 122

Constituição da Espanha

24 alínea 2 – 161

Constituição Portuguesa 1976 – 36

CLT

651 – 199

791 – 1.018.1

791, § 1.º – 1.019

791, § 2.º – 1.018.1

791, § 3.º – 1.021

792 – 514

818 – 1.340

852-D – 1.327

898 – 2.120

Código Comercial Lei 556/1850 – 72

22 – 72

28 – 72

294 – 22

527 – 241

618 – 1.377
Código Tributário Nacional – CTN

83, I – 455.3

130 – 542.1

134 – 532.2

134, III – 532.2

134, VII – 532.1, 532.2

135, I – 532.2

135, II – 532.2

135, III – 532.1, 532.2

151 – 1526.1

151, II – 120, 1.554.1

151, IV – 1.439.3.2, 1.450.3.4

151, V – 1.439.3.2

152, II – 1.554.1

155-A – 1.554.1

167, parágrafo único – 177, 1.660.2

174 – 1.221.4.3, 1.532

174, parágrafo único, I – 1.221.4.2, 1.507.2

185 – 1.897

186 – 669

186, parágrafo único, I – 455.3

186, parágrafo único, II – 455.3

187 – 388.2.1, 455.3

187, parágrafo único – 455.4.2

195 – 1.932.1

CDC – Código de Defesa do Consumidor – Lei 8.078/1990 – 59, 732

4.º – 155

4.º, I – 155, 157, 1.339.3.2


5.º, I – 746.1

6.º, VIII – 155, 157, 1.305, 1.327, 1.329.2, 1.329.3, 1.340, 1.340.1, 1.340.3,
1.812.3

13 – 767

28, § 5.º – 532.3

37 – 1.664

38 – 1.339.2.1

51, IV – 464.1.3, 1.339.3.2

51, VI – 1.340.1

52, I – 1.926.2

52, V – 1.926.2

54, § 4.º – 1.926.2

81 – 322.1.3, 556

81, parágrafo único – 1.062.1, 2.140.2

81, parágrafo único, I – 176.5, 322.1.3, 557, 1.046.1, 1.069.1, 2.134,


2.140.1

81, parágrafo único, II – 176.5, 322.1.3, 557, 1.046.1, 1.069.1

81, parágrafo único, III – 176.5, 261.4, 322.1.3, 556, 557, 1.046.1,
1.069.3

82 – 176.5, 556, 1.062.1

82, I – 556, 1.069.1, 1.069.3, 1.070.1

82, III – 1.075.1

82, IV – 1.062.1

84 – 1.449, 1.449.1, 1.499.2

84, § 1.º – 1.449.1

84, § 3.º – 1.449, 1.449.1, 1.499.2, 1.499.3, 1.499.4, 1.499.5

84, § 4.º – 1.449, 1.449.1, 1.499.5

84, § 5.º – 1.449, 1.449.1, 1.499.5

87 – 156.7, 623
87, parágrafo único – 623

88 – 306, 767, 769, 873.3, 877

91 – 1.069.3

92 – 1.062.1

94 – 176.5, 1.449.1

95 – 1.566.2.5, 2.114.5

96 – 1.659

97 – 1.566.2.5, 1.659, 2.114.5

98 – 1.659

99 – 1.659

100 – 176.5, 1.069.3

101, I – 445

100, II – 860

101, II – 767

103 – 322.1.3, 1.661.2, 2.140.1

103, I – 176.5, 1.018.1, 1.338.2, 2.134, 2.140.1

103, II – 176.5, 2.140.1

103, III – 176.5, 322.1.3, 2.140.2

103, § 1.º – 176.5, 322.1.3, 2.140.1

103, § 2.º – 176.5, 322.1.3, 2.140.2

103, § 3.º – 322.1.3, 1.659, 2.140.1

104 – 176.5, 322.1.3, 610.5, 1.590.2.4

125, § 1.º – 306

Código Civil de 1916 – 59

76 – 225.3.3

81 – 1.626

104 – 1.962

134 – 1.305.2
134, § 1.º – 1.348.2.1, 1.921.1.2

135 – 54.1, 1.924, 1.925.3, 1.957.2

136 – 1.343, 1.848, 1.997

136, II – 1.844.1

136, IV – 1.343.3

136, VII – 1.997

141 – 1.960.1.2

141, parágrafo único – 1.961.1

142 – 1.964

144 – 54.1

166, § 2.º – 1.221.4.2

172, I – 1.507.2

173 – 1.221.4.3, 1.507.4, 1.532

175 – 1.507.3, 1.657, 1.719

178, § 10.º, III – 1.507.2, 1.697

222 – 57

247 – 1.326

365 – 2.137.2

408 – 1.997

462 – 515

506 – 1.427.1

550 – 1.326

589, II – 1.626

630 – 1.997

637 – 1.997

639 – 1.997

824 – 2.115, 2.115.2

880 – 324.2.1, 1.449


698 – 1.997

1037 – 22

1048 – 22

1.116 – 883.1, 887

1.117, I – 883, 883.1

1.289 – 1.021

1.300 – 1.024

1.326 – 1.022

1.603 – 2.137.2

1.807 – 1.313.1

Código Civil 2002

1.º – 504, 510

2.º – 512

3.º, I – 512

3.º, II – 512, 1.199.2, 1.714

3.º, III – 512, 1.199.2, 1.714

4.º, I – 512

4.º, II – 512

4.º, III – 512

4.º, IV – 512

4.º, parágrafo único – 1.012

5.º – 514, 1.534.2

5.º, parágrafo único, I – 194, 514, 1.534.2, 1.914

5.º, parágrafo único, II – 514

5.º, parágrafo único, III – 514

5.º, parágrafo único, IV – 514, 2.006.1

11 – 333.1, 1.889, 2.139.3

12 – 2.139.3
12, parágrafo único – 2.137.2, 2.139.3

22 – 428, 515, 1.069.1, 1.534.1.5, 1.534.2, 1.536

23 – 428

26 – 1.534.1.5

28 – 1.534.1.5, 1.662.1, 1.662.2, 1.664

28, § 1.º – 1.069.1

40 – 508.2.1

45 – 508.2.2, 516

46, V – 532.1

45, parágrafo único – 1.622

48, parágrafo único – 1.622

50 – 508.2, 532.3, 533.1

50, parágrafo único, I – 1.920.2

51 – 1.063.4

55 – 533.1

61, parágrafo único – 1.063.4

62 – 1.916.2.1, 1.920.2

66 – 1.063.4

66, § 1.º – 48.2, 388.4, 1.047

68 – 1.622

69 – 1.063.4, 1.069.1

70 – 204, 420

71 – 420, 421, 427

72 – 420

72, parágrafo único – 420, 421

73 – 420, 422, 423, 427

73, IV – 455.2

74, parágrafo único – 420


75, II – 438

75, IV – 420, 434.1

75, § 1.º – 420, 434.2

75, § 2.º – 204, 420, 434.2, 508.2

75, § 3.º – 434.2, 508.2

76 – 420, 428

76, parágrafo único – 420, 429, 1.197.1

77 – 420

78 – 420, 464.1, 464.1.2

79 – 399.1.1.3, 1.394, 1.894

80 – 399.1.1.3

81, II – 399.1.1.3

82 – 420

83 – 420

83, I – 420

84 – 420

99 – 2.047.2

100 – 21.5

104, III – 1.339.3.2

107 – 1.916.2

108 – 54.1, 193, 333.2, 365.3, 1.305.1, 1.339.3.2, 1.391, 1.491, 1.626,
1.630, 1.760, 1.771.2.3, 1.880.2, 1.916.2, 1.916.2.1, 1.920.2, 1.921.1.2,
1.923.1, 1.923.2.1, 1.932.1, 1.935, 1.938.1, 1.938.2, 1.944, 1.959.2, 1.959.3,
1.961.2.1

109 – 1.915.3, 1.923.1

114 – 1.626, 1.627, 1.630, 1.632

115 – 1.724.3

116 – 333.1, 1.857.1.1

118 – 1.724.3
119 – 1.875.1.3

119, parágrafo único – 1.622

121 – 2.120

132 – 1.162, 1.461.4

132, § 1.º – 1.162

132, § 3.º – 1.164

132, § 4.º – 1.158, 1.163

133 – 1.914

151 – 1.876.2, 1.884.2

155 – 1.884.2

156 – 265

159 – 1.318.2, 1.318.3

166 – 233, 1.783

166, I – 1.123.3

166, II – 232, 1.962

166, IV – 1.391, 1.959.3, 1.960

166, V – 1.916.2

167 – 1.962

167, III – 1.914

168, parágrafo único – 1.783, 1.959.3

170 – 1.923.1

171 – 1.618

171, II – 1.884

172, I – 1.221.4.2

174 – 1.325

178 – 1.887, 2.138.2.2

178, I – 1.622, 1.886

178, II – 1.622, 1.885, 1.886


178, III – 1.622, 1.885

178, § 10, III – 1.221.4.2

179 – 1.622

182 – 232, 2.139.1

185 – 1.292.1.2, 1.343.3, 1.870, 1.884, 1.957.2, 1.960.1, 1.962

186 – 33, 176.5, 1.054

187 – 596, 1.508.5

189 – 223, 233, 282, 312.2, 339, 340, 341.3, 1.221.3, 1.221.4.1, 1.221.4.3,
1.339.1.2, 1.506, 1.532, 1.549, 1.622, 1.717

190 – 344.2, 1.779.3

191 – 1.626, 1.628

193 – 609.3, 1.221.4.1, 1.740.3

200 – 35, 2.150

201 – 2.138.2.1

202 – 1.221.4.2, 1.221.4.3, 1.507.3, 1.532

202, I – 1.221.4.2, 1.494, 1.507.2, 1.507.4, 1.512.2, 1.517, 1.532, 1.620,


1.621, 1.697, 1.717, 1.795.3, 1.852

202, II – 344.2, 1.779.3

202, VI – 344.2

202, parágrafo único – 1.221.4.2, 1.221.4.3, 1.507.4, 1.532, 1.620, 1.719

204 – 1.657

205 – 343, 1.622

206 – 343, 1.622

206, § 1.º, I – 1.622

206, § 3.º, III – 1.221.4.2, 1.507.2

206, § 3.º, IV – 1.624

206, § 3.º, V – 1.553

206, § 3.º, VIII – 1.624

206, § 5.º, I – 1.622, 1.624, 1.920.2, 2.138.2.1


206, § 5.º, II – 1.622

206, § 5.º, III – 1.622

207 – 1.507.1, 1.621

209 – 1.626, 1.632

210 – 313.1.3, 1.221.4.4, 1.571, 1.740.1, 1.779.1, 1.811.1

211 – 1.740.3

212 – 1.305, 1.305.2, 1.307.1.1, 1.343, 1.343.4, 1.391, 1.848, 1.852

212, I – 1.343, 1.343.1, 1.869

212, II – 1.343, 1.343.2, 1.844.1, 1.914

212, III – 1.343, 1.343.3, 1.391, 1.852

212, IV – 1.320, 1.322, 1.343, 1.343.4

212, V – 1.343, 1.343.5, 1992

213 – 333.1, 1.857.1.1, 1.869, 1.870, 1.875.1.3, 1.875.1.6, 1.875.2, 1.889

213, parágrafo único – 333.1, 1.857.1.1, 1.875.1.1, 1.875.1.2, 1.875.1.3,


1.889

214 – 1.086, 1.869, 1.876, 1.876.2, 1.883.1, 1.884

215 – 330.4, 334, 365.3, 944.6, 1.305, 1.305.2, 1.335.1.3, 1.348.1,


1.348.2, 1.348.2.1, 1.348.2.2, 1.359, 1.699.2, 1.757.2, 1.839, 1.851, 1.880,
1.880.1, 1.890, 1.896, 1.914, 1.916.2.1, 1.916.6, 1.920, 1.920.2, 1.921.1.1,
1.921.1.2, 1.923.2.2, 1.935, 1.941.2, 1.941.5.1, 1.944, 1.950.3, 1.957.2,
1.959.2, 1.960

215, II – 1.957.2

215, VII – 1.757.2, 1.916.9

215, § 2.º – 1.926.2

215, § 3.º, III – 1.924

215, § 3.º – 1.919

215, § 5.º – 1.343.3

216 – 1.916.8, 1.922.1.1, 1.922.1.2, 1.922.2, 1.922.5

217 – 1.896, 1.914, 1.922.1.2, 1.922.3

218 – 1.916.8, 1.922.2


219 – 1.320, 1.325, 1.757.2, 1.914, 1.915.3, 1.921.1.2, 1.925, 1.925.1,
1.925.3

219, parágrafo único – 1.305.2, 1.348.2.1, 1.880.1, 1.915.3, 1.921.1,


1.921.1.2, 1.925.2, 1.941.2

221 – 581.3, 1.916.2.2, 1.924, 1.925.3, 1.957.2, 1.960

221, parágrafo único – 581.3, 1.925, 1.960.1, 1.961.2.1

222 – 57, 1.929.1, 1.929.2

223 – 1.916.8, 1.927.2

223, parágrafo único – 1.928, 1.928.1, 1.930.2, 1.938.2

224 – 1.011.1, 1.108, 1.919, 1.940.1

225 – 1.305, 1.305.2, 1.343.2, 1.348.2, 1.348.2.1, 1.348.2.2, 1.890,


1.916.5, 1.921.1.2, 1.933, 1.933.2

226 – 1.916.2.2, 1.932.1, 1.932.2.1, 1.932.2.2

226, parágrafo único – 1.914, 1.916.2.1, 1.932.1

227 – 69.3, 1.305, 1.313, 1.880.2, 1.958, 1.960, 1.960.1, 1.960.1.1,


1.960.1.2, 1.960.2

227, parágrafo único – 1.880.2, 1.960, 1.961, 1.961.1

228 – 1.957.4, 1.964, 1.964.4.1

228, I – 1.964, 1.964.1

228, II – 1.964, 1.964.2

228, III – 1.956.1, 1.964, 1.964.3

228, IV – 1.964, 1.964.4, 1.964.4.1, 1.964.4.2, 1.964.4.3

228, V – 1.964

228, parágrafo único – 1.957.4, 1.963, 1.964, 1.964.4.1, 1.964.4.5

229 – 1.313, 1.864.1, 1.960, 1.964.4.1, 1.980

229, I – 1.861

229, II – 1.861, 1.864.2.1

229, III – 1.861, 1.864.2.4, 1.980.4.1

230 – 1.313, 1.320, 1.324.5

231 – 342, 1.325, 1.365, 1.847, 1.999, 2.024.1, 2.047.1.1


232 – 996.2, 1.305, 1.305.2, 1.325, 1.345.1, 1.360, 1.365, 1.847, 1.999,
2.024.1, 2.047.1.1

247 – 951, 1.449

252 – 256.1, 263, 1.292.1.7

254 – 644

260 – 265, 2.139.2

261 – 265

264 – 859

265 – 853, 859

267 – 586, 582.1, 1.757.3, 2.138.2

272 – 2.138.2.1

274 – 587, 588, 775.2, 2.138.2, 2.138.2.1

275 – 539, 582.1, 853

275, parágrafo único – 853, 1.626, 1.648

277 – 1.554.3

281 – 854, 1.554.3

283 – 853, 856, 891, 2.138.2.1

288 – 1.920.2

290 – 1.958

292 – 1.916.2.1

295 – 870, 872, 891, 894

299 – 1.504

300 – 1.325

304 – 1.649.2.3

305 – 891

311 – 1.325

314 – 1.554

322 – 1.324.3, 1.339.2.2, 1.339.3, 1.339.3.1, 1.339.3.4


324 – 1.319, 1.320

324, parágrafo único – 1.320

327 – 435

330 – 435, 1.626

333, III – 263

334 – 102, 280.4

346, II – 1.649.2.3

346, III – 857

349 – 1.649.2.3

359 – 880

375 – 1.626

377 – 576

381 – 1.594, 1.645

384 – 1.594

385 – 399.4.1

387 – 1.626

388 – 399.4.1

390 – 1.221.3

391 – 235, 530, 625, 691, 749, 759.1.1, 770, 912.1.2, 1.001, 1.221.1,
1.221.2, 1.221.4.3, 1.449, 1.455.2.2, 1.468, 1.505, 1.553, 1.563, 1.565,
1.566.2.6

392 – 530, 1.221.3

394 – 1.221.3

395, parágrafo único – 1.221.3

396 – 1.221.3

397 – 1.221.3, 1.458.4, 1.506, 1.717

397, parágrafo único – 1.221.3, 1.717

398 – 1.221.3, 1.458.4, 1.506, 1.717

400 – 345
401, I – 732.1

402 – 258.2, 2.105.3

404 – 262.2, 262.3, 691, 1.905.1

404, IV – 1.902.2

405 – 262.2, 1.221.3, 1.717

406 – 262.2

413 – 947

424 – 1.626

427 – 1.930

431 – 1.554.5

434 – 1.929

441 – 242, 274, 279.3, 1.292.1.8

442 – 242, 274, 279.3, 1.292.1.2, 1.292.1.8

447 – 878, 879, 880, 881, 883, 883.2, 891

448 – 881, 885, 886, 916.3

449 – 882, 886

449, parágrafo único – 1.861

450 – 882, 886

450, I – 886

450, II – 886

450, III – 886

450, parágrafo único – 886

451 – 882

455 – 279.3, 881, 884

456 – 769, 870, 873.3, 876, 885, 887, 888

457 – 572, 882, 885, 886, 886.1, 886.2, 886.3, 916.3

462 – 1.923.1

472 – 1.959.3
475 – 232, 246, 279.2, 280.1, 1.123.3, 1.292.1.8, 1.960.1.1, 2.139.1

476 – 147, 312.4, 340, 341.1, 341.3, 343, 344.2, 426, 1.122.2, 1.221.4.1,
1.292.1.2, 1.339.1.4, 1.446.1, 1.446.1.3, 1.514.1.1, 1.566.2.2, 1.766.1,
1.779.3, 2.114.2, 2.131.1, 2.142, 2.149.3

476, I – 1.122.2

476, II – 1.122.2

476, III – 1.122.2

476, IV – 1.122.2

476, V – 1.122.2

476, VI – 1.122.2

477 – 115, 339, 340, 1.292.1.2, 1.461.1

478 – 1.660.2, 2.139.1

492, § 2.º – 1.221.3, 1.717

497 – 881

480 – 2.139.1

500 – 279.3

519 – 280.2, 1.514.1.4

540 – 881

541 – 1.916.2.1, 1.920.2

548 – 1.602

551 – 1.325

552 – 880, 881

553, parágrafo único – 1.069.1

566, II – 890

568 – 890

569, II – 1.313, 1.313.2, 1.313.3

569, III – 875

576 – 1.960.2

595 – 1.924, 1.926.2, 1.916.2.1, 1.957.2


596 – 1.313

597 – 1.313

599 – 1.313

615 – 1.313

618 – 994

649 – 1.003.3

651 – 1.004.2

652 – 58, 1.003.3

653 – 1.020, 1.021

654 – 1.021

654, § 1.º – 1.024

654, § 2.º – 1.021

655 – 1.021, 1.024, 1.920.2

656 – 1.020, 1.916.2,

657 – 1.020, 1.024, 1.916.2

661 – 1.020

661, § 1.º – 1.022.3, 1.614, 1.724.3, 2.081

661, § 2.º – 1.022.2

662 – 1.034

662, parágrafo único – 1.034

666 – 1.724.3

667 – 1.024

667, § 1.º – 1.024

667, § 2.º – 1.024

667, § 3.º – 1.024

667, § 4.º – 1.024

668 – 102, 280.4

672 – 1.023, 1.536.2


682 – 1.023, 1.025

682, I – 1.025, 1.626

682, II – 1.025, 1.033, 1.534.1, 1.534.1.3, 1.536, 1.536.1

682, III – 1.025, 1.535, 1.535.2, 1.536, 1.536.2.1

682, IV – 1.025

688 – 1.626

692 – 1.021

710 – 324.2.1

745 – 1.622

784, II – 1.924

787, § 3.º – 860

807 – 1.916.2.1, 1.920.2

814 – 223, 225.1.2, 1.221.4.1, 1.514.1.3

818 – 857

819 – 1.916.2, 1.932.1, 1.959.3

822 – 1.622

826 – 264

827 – 341.1, 857

828, I – 857

828, II – 857

828, III – 857

829 – 587

829, parágrafo único – 857

831 – 857, 858, 891

834 – 775.2

840 – 1.610, 1.611, 1.612

841 – 11, 106.2.1, 333.1, 1.612, 1.617, 1.726, 1.889

842 – 1.022.2, 1.612, 1.616, 1.916.2.1, 1.920.2, 1.923.2.1


843 – 1.611

844 – 1.612

844, I – 1.612

844, II – 1.612

844, III – 1.612

845 – 880

849 – 1.618

850 – 1.610

851 – 26

852 – 25

853 – 27

876 – 176.1, 2.152

877 – 176.1, 2.152

882 – 1.221.4.1

896 – 644

902 – 1.771.2.3

904 – 853

905 – 1.918

929 – 261.2

932 – 859

932, III – 859

935 – 35, 41, 1.539.3.1, 1.653, 2.115

937 – 1.329.4, 1.329.5, 1.330

939 – 437.2

942 – 539, 859

943 – 566, 1.593, 1.697, 2.136.1

944 – 163, 622, 670.1.1

944, parágrafo único – 670.1.1


948, I – 33

948, II – 33, 383

949 – 261.2

950 – 261, 1.410.2

952 – 279.3

958 – 669

961 – 669

963 – 669

964 – 669

965 – 669

965, I – 1.313

985 – 508.2.2, 532

986 – 525, 532.1

987 – 525

988 – 532.1

990 – 532.1

1.005 – 880

1.010, § 3.º – 532.1

1.021 – 1.897.5.1

1.025 – 532.1

1.037 – 1.069.1

1.039 – 532.1

1.063, § 3.º – 1.626

1.086 – 1.929

1.095 – 532.1

1.113 – 564

1.115 – 564

1.118 – 564
1.119 – 564

1.122 – 564

1.128, parágrafo único – 1.916.2.1

1.155 – 1.474.1

1.173 – 177

1.177 – 1.932.1

1.179, § 1.º – 1.932.1

1.180 – 1.932.1

1.181 – 1.932.1, 1.932.2.2

1.182 – 1.932.1

1.183 – 1.917.1

1.184 – 1.660.2, 1.932.1, 1.932.2.2

1.184, § 2.º – 1.932.1

1.190 – 1.897

1.191 – 1.373, 1.864.2.2, 1.897, 1.897.1, 1.897.5, 1.897.5.1, 1.897.5.4,


1.902.2, 1.932.1, 1.980.4.3

1.191, § 1.º – 1.897.3, 1.897.4, 1.897.5.3

1.191, § 2.º – 1.897.4

1.193 – 1.932.1

1.197 – 341.1, 341.2

1.201, § 1.º – 223

1.208 – 1.325

1.218 – 1.920.2

1.225 – 420, 426, 541, 542.1

1.225, VII – 235, 426, 541

1.225, IX – 456.2

1.228 – 223

1.228, § 3.º – 1.063.3


1.237 – 881

1.238 – 1.326

1.247, parágrafo único – 886.2

1.267, parágrafo único – 1.325

1.268 – 881, 886.2

1.275 – 878

1.275, I – 878

1.275, II – 1.626

1.275, V – 1.063.3

1.275, parágrafo único – 1.063.3

1.280 – 115, 264, 457, 1.401, 1.410.2, 1.411, 1.414, 1.455.1, 1.461.1,
1.463, 1.464

1.297, § 1.º – 1.313, 1.325.2

1.313, I – 1

1.314 – 529, 539

1.316, § 1.º – 1.626

1.323 – 529

1.324 – 529

1.334 – 967.4

1.334, § 1.º – 1.916.2.1, 1.920.2

1.359 – 2.139.1

1.360 – 2.139.1

1.361, § 1.º – 1.920.2

1.369 – 1.916.2.1, 1.920.2

1.389, III – 1.339, 1.812.3

1.417 – 1.760, 1.920.2, 1.923.1, 1.923.2.1, 1.924, 1.925

1.419 – 612, 1.508.5

1.422 – 699
1.425 – 1.221.3

1.425, I – 264

1.425, III – 1.626

1.425, IV – 264

1.429 – 1.551

1.433, II – 341.2

1.436, III – 1.626

1.433, VI – 886.2

1.436, § 1.º – 1.626

1.438 – 1.920.2

1.438, parágrafo único – 1.916.2.2

1.448 – 1.920.2

1.458 – 1.920.2

1.462 – 1.446.1.3, 1.920.2

1.468 – 1.916.2.2

1.470 – 125, 1.404, 1.502

1.481 – 883.1

1.481, § 1.º – 881

1.483 – 1.551

1.489, III – 2.115

1.499, IV – 1.626

1.510 – 1.551

1.515 – 387, 1.920

1.516 – 387, 1.920

1.521, VI – 1.070.2

1.536, VI – 1.957.2

1.541, I – 11

1.542 – 1.920.2
1.542, § 4.º – 1.920.2

1.544 – 1.920.2

1.545 – 1.325.1, 1.325.2, 1.325.4

1.548, I – 11

1.548, II – 1.070.2

1.549 – 555, 1.069.1

1.557, III – 1.999

1.557, IV – 1.999

1.569 – 420, 432

1.571 – 247.1, 1.304

1.571, I – 1.792, 2.136.1

1.572 – 244, 247.1, 1.304

1.571, I – 566, 1.593.1

1.573 – 247.1, 338

1.573, I – 244, 247.1, 248, 1.475.1, 1.514.1.2

1.573, III – 248, 338, 1.304, 1.475.1, 1.514.1.2

1.573, VI – 247.1

1.573, parágrafo único – 338

1.575 – 232, 1.659

1.576, parágrafo único – 515.2

1.577 – 1.423

1.592 – 1.864.2.3

1.595 – 759.1.1, 2.135.1

1.595, § 1.º – 967.3

1.595, § 2.º – 759.1.1, 967.3, 1.964.4.5, 2.135.1

1.597, I – 1.320

1.597, II – 1.329.1

1.597, III – 247.1, 279.2


1.597, V – 247.1

1.601 – 1.622, 1.697

1.601, parágrafo único – 566, 1.534.1.4, 1.593.2, 2.136.1

1.605 – 2.137.2

1.606 – 566, 1.593.2, 2.047.1.2

1.606, parágrafo único – 566, 1.370, 1.593.2

1.609, II – 1.916.2.1, 1.920.2

1.609, IV – 1.608

1.615 – 2.137, 2.137.2

1.630 – 515.1

1.631 – 515.1

1.631, parágrafo único – 515.1, 1.057

1.632 – 515.1

1.634, II – 531

1.635, V – 1.535

1.637 – 939.5, 1.069.1

1.638 – 1.535

1.638, III, in fine – 33

1.640, parágrafo único – 1.916.2.1, 1.920.2

1.643 – 1.326

1.643, I – 531

1.645 – 1.646.1

1.645, I – 1.646.1

1.647 – 1.646.1, 1.875.1.5

1.647, I – 539, 1.646.1

1.647, II – 539

1.649, parágrafo único – 1.920.2

1.653 – 1.916.2.1, 1.920.2


1.668, III – 532.2

1.692 – 1.069.1

1.694, § 1.º – 947, 1.566.2.3, 2.114.3, 2.145

1.696 – 773

1.697 – 773

1.698 – 773

1.699 – 1.438.3, 1.566.2.3, 2.114.3, 2.145

1.700 – 1.534.1.4, 1.644

1.701 – 1.438.3

1.707 – 1.608, 1.632

1.711 – 1.916.2.1, 1.920.2

1.717 – 1.062.3

1.719 – 1.062.3

1.723 – 540

1.725 – 540

1.727 – 540

1.748, III – 1.614

1.748, V – 515

1.748, parágrafo único – 515, 1.614, 1.618

1.752 – 338

1.753, I – 338

1.763, II – 1.653, 1.659, 2.115

1.768 – 1.534.2.3.1

1.768, I – 1.057

1.768, II – 1.057

1.768, III – 1.069.1

1.770 – 1.057

1.773 – 1.662, 1.662.1


1.774 – 515, 1.614

1.775 – 1.199.2, 1.714

1.776 – 2.147

1.779 – 515

1.780 – 515

1.784 – 568, 1.534.1, 1.566.2.2, 2.114.2

1.791 – 528, 682

1.792 – 1.534.1.4, 1.566.2.2, 2.114.2

1.793 – 1.916.2.1, 1.920.2, 1.923.2.1

1.797, I – 568.1

1.804, parágrafo único – 1.626, 1.627

1.806 – 1.626, 1.630, 1.920.2

1.812 – 1.626

1.813, § 2.º – 1.626

1.819 – 527

1.829 – 2.137, 2.137.2

1.839 – 1.864.2.3, 1.980.4.1

1.844 – 427

1.864, II – 1.957.2

1.864, parágrafo único – 1.926.2

1.865 – 1.957.2

1.868, I – 1.957.2

1.871 – 1.919

1.876, § 1.º – 1.924, 1.957.2

1.876, § 2.º – 1.917.1

1.879 – 1.916.2.2

1.880 – 1.919

1.890 – 1.916.2.2
1.929 – 1.894

1.939, III – 880

1.965 – 1.339.2.1

1.971 – 1.626

2.015 – 1.916.2.1, 1.920.2

2.024 – 878, 880, 881

2.025 – 881

2.026 – 880

2.038 – 456.2

2.045 – 241

Código Criminal do Império – 72, 918

Código de Processo Criminal 1832 – 72

8.º – 72

9.º – 116

11 – 72, 116

14 – 116

15 – 72

16 – 72

25 – 72

26 – 72

Código de Processo Penal

14, I – 1.975.3

14, parágrafo único – 1.975.3

28 – 1.044.3, 1.064

40 – 1.029, 1.187.2.2

63 – 35, 456.1.3, 1.069.3, 1.082.3, 1.659, 2.115

63, parágrafo único – 35, 1.566.2.5

64 – 35, 241, 500, 1.069.3, 1.082.3


64, parágrafo único – 35

65 – 35, 119, 129, 2.136

66 – 35, 41, 119, 129, 577, 2.136

66, in fine – 119

68 – 241, 500, 556, 557, 678, 1.046.1, 1.069.3, 1.642.2, 1.643

84 – 490.1

84, § 1.º – 409, 469.3

84, § 2.º – 409, 469.3

92, caput – 33

92, I – 1.069.1

127 – 1.069.1

130, II – 1.546

142 – 1.069.3

157 – 158.2, 158.4, 159, 1.350.1, 1.350.2

157, § 1.º – 159, 1.350.1.2

157, § 2.º – 159, 1.350.1.2

185 – 1.852

187, § 2.º – 1.855.2

221 – 1.969

226 – 1.021

239 – 1.320

261 – 746.1

263 – 1.016

287, parágrafo único – 292, 1.758, 1.782

384 – 130

386 – 2.113

386, IV – 35, 1.566.2.5, 2.114.5

386, VII – 41
387, IV – 35

621 – 1526.1, 1.647

622, caput – 35, 1.549

623 – 35, 1.018.2

626, caput – 41

630 – 4.3

647 – 454

654, § 1.º, a – 43.2, 1.450.1

654, § 2.º – 1.450.1.3

659 – 1.450.1.1

660, § 2.º – 1.450.1.1, 1.450.1.3

667 – 454

688, I – 1.069.1

Código Penal Brasileiro

91, I – 35, 923.2, 962, 1.054, 1.659, 2.115

92, a – 41

92, b – 41

92, parágrafo único – 41

121 – 33, 41, 119

142, I – 611.3

154-A – 1.922.5

154-B – 1.922.5

208 – 1.197.2, 1.712

242 – 991

266, § 1.º – 1.922.5

297 – 1.948.1.4

297, § 2.º – 1.932.1

298 – 1.948.1.4
298, parágrafo único – 1.922.5

312 – 41

316 – 923.2

317 – 923.2

319 – 923.2

327 – 41

341 – 33

342 – 997.5.1, 1.372, 1.957.4, 1.958, 1.965.3, 1.975.3, 1.983, 2.016

342, § 1.º – 997.5

342, § 2.º – 1.987

345 – 1

347 – 125, 1.404, 1.502, 1.545

356 – 1.029, 1.187.2.2

CC Espanhol

1.214 – 1.339

CC Francês – CodeNapoléon

1.332 – 1.931

1.341 – 1.305, 1.930, 1.958, 1.960

1.347, n.º 2 – 1.961.1, 1.961.1.1

1.349 – 1.320

1.356, n. 4 – 1.884

1.678 – 2.005

CC Francês 1808

1.351 – 2.128

1.352 – 2.128

CPC Francês 1808 – 72

144 – 1.861

184 – 872, 1.852


188 – 1.855.3

197, n.º 3 – 1.857.2

198 – 1.852

200 – 1.372

206 – 1.964.4.5

222, n.º 1 – 1.970.4

235 – 2.009.3

238 – 2.020.2

424 – 1.068

425 – 1.058

448 – 168

806 – 1.414

1.142 – 1.449

1.315 – 1.339

1.326 – 1.925.1

1.341 – 1.915

1.456 – 324.2.2

1.466 – 324.2.2

Lei Francesa 16.08.1790 – 7

Lei Francesa 17.03.1791 – 7

Lei Francesa 18.09.1828

13 – 168

Lei Francesa 09.02.1949 – 7

Nouveau Code de ProcédureCivile

21 – 2.077

31 – 224

179 – 2.040

183 – 2.040
238 – 1.993

CC Italiano 1942

2.909 – 2.128, 2.129, 2.136.1

CC Italiano

1.312 – 1.339

2.698 – 1.339.3

2.705, n.º 1 – 1.929.1

2.707 – 1.930

2.709 – 1.932.2.1

2.721, n.º 2 – 1.960.1

2.724, n.º 1 – 1.961.1

2.726 – 1.960.1.2

2.727 – 1.320

2.729 – 1.324.3, 1.324.5

2.730 – 1.869, 1.871

2.732 – 1.884

2.733 – 1.878

2.735 – 1.880

2.740 – 530

2.900 – 555, 556

2.910 – 530

CPC Italiano de 1865

279 – 2.051

CPC Italiano 1940

245 – 1.971.1

111, n.º 4 – 2.136.1

CPC Italiano – 72

32 – 872
61 – 2.006

70 – 1.058

92 – 710

93 – 655, 671

101 – 91, 1.470

106 – 872

116 – 1.368

117 – 1.368, 1.853

118 – 2.040, 2.043, 2.049.3

129 – 2.062.2, 2.074.2

132 – 1.117.3

163 – 1.479

180 – 1.803

183 – 1.803

210 – 1.891, 1.939.1

212 – 1.891, 1.939.1

221 – 1.946.1

233 – 1.975

242 – 1.982

244 – 1.970.4, 1.971.2

245 – 1.970.5

246 – 1.964.4.2

252 – 1.974

253, n.º 2 – 1.976.3

253, n.º 3 – 1.976

257 – bis – 1.845, 1.976

257, n.º 2 – 1.986

279, II, n.º 2 – 1.623, 1.795.3


331 – 589

464 – 233

559 – 1.004.2

700 – 1.407.1

2.909 – 175.1, 175.2

Lei Italiana 89 de 24.03.2001

2º. Alínea 2 – 161

Lei Italiana n.º 117 de 1988 – 962

CPC Japonês 1996 – 75

CPC Colombiano

52-2 – 790

386 – 2.119

CPC Inglês 1998 – 75

CPC Uruguaio

141 – 1.327

145 – 1.844.1

187 – 2.054.4

190 – 1.846

192 – 1.846

403 – 1.989

CC Peninsular

2.733, n.º 2 – 1.878, 1.889

CPC Peninsular

92 – 2.116

116 – 1.847

246 – 1.964.4.2

CPC Vaticano

78 – 1.327
Código Húngaro de 1911 – 70

CodigoProcesal Civil y Comercial de La Nación (CPC Argentino) Lei


17.454/1967 – 2.119

163, n.º 5 – 1.567, 1.847

204 – 1.587.3

382 – 2.052.2

415 – 1.852

479 – 2.040

479, n.º 1 – 2.042

480 – 2.040

Código Civil Argentino

2.094 – 883.1

Código Civil Alemão

§ 194, I – 223

Lei 27.10.1933 (lei alemã) – 1.975

Codigo y Comercial de Santa Fe

73 – 1.587.3

Código Canônico

§ 983 – 1.980.1

1.690, § 1.º – 1.742

CC Português

327, n.º 1 – 1.532

332, n.º 2 – 1.532

342 – 1.305

349 – 1.320

351 – 1.324.5

CPC Português 1876 – 72, 1.692

76, parágrafo único – 261, 2.105.2


226 – 1.110

498 – 247.1

1.075, parágrafo único – 2.149.6

CPC Português 1939

298 – 1.602, 1.869

514 – 1.815

514, § 3.º – 1.790, 1.797, 1.815

524 – 1.367

563 – 1.857.1.1, 1.875.1.3

576 – 1.348.2.1

580 – 1.848, 1.921

617 – 1.348.2.1

621 – 1.921

641, § 2.º – 1.357.2

651, n.º 5 – 2.086

652, n.º 4 – 2.089.4

655 – 1.348.2, 1.921

CPC Português de 1961

234-A, n.º 1 – 1.517, 1.699

482 – 546, 1.036

490, n.º 1 – 330.3

502 – 1.777, 1.781

505 – 1.781

508-B, n.º 1, b – 1.807

510, n.º 1, b – 1.797

632 – 1.971.1

Lei Portuguesa 12.03.1355 – 2.117

Lei Portuguesa 10.06.1744


§ 44 – 2.115.2

Dec.n.º 3 de 19.05.1907 – 1.815

Decreto 12.353/1926 (português) – 1.863

2.º – 1.790, 1.797, 1.815

2.º, n.º 4 – 1.517, 1.699

24 – 1.815

Português de 2013

6.º, n.º 3 – 1.469, 1.638

35 – 242

54, nº 2 – 771

188, I – 1.222

204 – 1.274.1

269, n.º 1, b – 1.535

304, n.º 3, e – 1.455.4

313, n.º 3, e – 1.292.2.5

316, nº 3, a – 853

317, n.º 1 – 871

317, n.º 2 – 871

318, n.º 1, c – 871

320 – 871

323, n.º 3 – 871

327-1 – 1.221.4.3

330 – 791.3

332 – 789.1, 2.151.3

403 – 1.410.1

411 – 1.348.2

415 – 1.836.3

415, nº 1 – 1.354
417, n.º 1 – 1.367

419 – 1.861

425 – 1.834.2

427, n.º 1 – 1.370

452 – 1.852

452, n.º 2 – 1.858, 1.861, 1.863

453, n.º 2 – 1.857.1.1, 1.875.1.3

454, n.º 2 – 1.864.2.1

460, n.º 1 – 1.974

480 – 2.043

480, n.º 1 – 2.042

481, n.º 2 – 996.1

490 – 2.040

490, n.º 1 – 2.052.1

494 – 2.040

494, n.º 1 – 2.042

498, n.º 2 – 1.970.5, 1.982

502 – 1.969

502, n. 3 – 1.973

503, n.º 1 – 1.969

503, n.º 2 – 1.969

511, n.º 1 – 1.971.1

511, n.º 3 – 1.971.1.1

511, n.º 4 – 1.971.1

513, n.º 2 – 1.334.1, 1.836.2, 1.974.1

516, n.º 1 – 1.357.2, 1.976.6.1

516, n.º 2 – 1.357.1, 1.966.2, 1.976.1, 1.976.3

518 – 1.845
524, n,º 2 – 1.984.2

556, n.º 1, c – 261.3

558 – 546

574, n.º 1 – 330.3, 330.4

581, nº 4 – 247.1

584, n.º 1 – 1.766.2, 1.777

590, n.º 1 – 1.699

591 – 1.803

591, n.º 1 – 2.089.1

595, n.º 1, c – 2.089.2

595, n.º 1, b – 1.797

607, n.º 4 – 1.327

611, nº 1 – 247.1

625, n.º 1 – 322.3, 2.149.6

ZPO Alemã 1877 – 70, 74, 1.869

§ 61 – 775.2

§ 67 – 790

§ 68 – 789.1, 2.151.3

§ 69 – 775.2, 789, 2.151.2

§ 92 – 710

§ 92, n. 1 – 2.116

§ 114 – 746.1

§ 115 – 754.2

§ 125 – 685, 754.1

§ 131, n.º 2 – 1.938.2

§ 138, II – 330.2

§ 139 – 955.1, 1.510.2, 1.693.2

§ 139, II – 130
§ 139, n.º 2 – 2.089.2

§ 256 – 225.3.5

§ 278, II – 130

§ 288, n.º 1 – 1.870

§ 289, n.º 1 – 1.878

§ 290 – 1.884

§ 291 – 1.318.2

§ 307 – 1.602, 1.762, 1.795.1, 1.869

§ 323, n.º 1 – 2.145

§ 325 – 2.133, 2.136.1

§ 351-2 – 2.125

§ 371 – 2.040

§ 371-A – 2.046

§ 372-A – 1.370, 2.046.1.2, 2.047.1.1

§ 380, n.º 1 – 1.978.1.2

§ 381, n.º 1 – 1.978.1.1

§ 390 – 1.983

§ 391 – 1.975

§ 396 – 1.976.5

§ 397 – 1.976.3

§ 404, n. 1.º – 2.004, 2.005

§ 407 a nº 2 – 997.7

§ 412, n.º 1 – 2.035

§ 421 – 1.899

§ 422 – 1.373, 1.892

§ 449 – 1.856.2

§ 485 – 1.375.3, 1.378.1.1, 1.378.1.3, 1.861, 1.996.3

§ 640-H, n.º 1 – 2.137


§ 767 – 2.158

§ 845 – 1.378.1.4, 2.044.5

§ 916 – 1.410.1

§ 935 – 1.410.1

ZPO Austríaca 1895 – 70

§ 239 – 1.803

§ 242 – 1.803

§ 321, n.º 2 – 1.980.4.1

§ 395 – 1.602, 1.762, 1.795.1

CPC/1909-MA – 73 (Lei 507 de 22.03.1909 – 73)

CPC/1892-PR – 73

CPC/1908-RS – 59, 73

217 – 1.803, 2.059

350, c – 1.742

514 – 1.193, 1.701

610 – 1.194.2, 1.706

Consolidação Normativa do TJ/RS

384, § 1.º – 2.094.1

Provimento 13/2013 da Corregedoria Geral da Justiça/RS

564, IV – 1.922.1.4

565 – 1.922.1.4

CPC/1915-ES – 73

CPC/1915-BA – 73, (Lei 1.121/1915)

76 – 1.194.2, 1.706

127 – 73, 1.351

152 – 1.939.2

203 – 1.975

204 – 1.975
208 – 1.976.6.1

264 – 2.035

293 – 2.084

306 – 1.335.1.3, 1.359

CPC/1919-RJ – 73 (Lei 1.588/1919)

1.323 – 2.090.3

Lei 1.580/1919 (Código de organização judiciária e do Processo


Penal, Civil e Comercial do RJ)

1.276 – 1.742

CPC/1920-PR – 73 (Lei 1.915/1920)

CPC/1920 PI – 73(Lei 964/1920)

CPC/1920-SE – 73(Lei 793/1920)

CPC/1921-CE – 73(Lei 1.952/1921)

CPC/1922-MG – 73(Lei 830/1922)

209 – 1.742

371 – 2.084

CPC/1922-RN – 73(Lei 522/1922)

CPC/1930-ES – 73 (Lei 1.743/1930)

CPC/1924-PE – 73 (Lei 1.672/1924)

CPC/1924-DF – 73

Decreto 16.752/1924 (Código de organização judiciária e do Processo


Civil e Comercial do DF)

175 – 1.742

179 – 2.090.3

CPC/1928-SC – 73 (Lei 1.640/1928)

CPC/1930-SP – 59, 73, 1.745.3, (Lei 2.421/1930)

146 – 493.1

176 – 1.331.1

240 – 1.981.3
297 – 1.334.1, 1.836.2

325 – 2.090.3

1.076 – 2.118

CPC/1930-PB – 73 (Lei 28/1930)

143 – 1.131

Ordenações Manuelitas 1521 – 71

Livro I, Título 12 – 1.055

Livro I, Título 38, § 34 – 609.7

66, § 7.º – 145

Livro 3, Título 15, § 14 – 2.084

Livro 3, Título 45, n.º 1 – 1.960

Livro 3, Título 77, § 20 – 2.115.1

Ordenações Afonsinas

Livro 1, Título 13, § 16 – 1.991

Livro 5, Título 58, n. 11 – 2.117

Livro 5, Título 59, n. 11 – 2.117

Livro 5, Título 59, n. 18 – 2.117

Ordenações Filipinas 1603 – 71

Livro 20, §§ 22 – 321

Livro I, Título I, nº 13 – 1.115.1, 1.557

Livro 1, Título 11 n.º 1 – 1.966.5

Livro, I, Título 19, § 6.º – 2.098

Livro 1, Título 48, § 4.º – 1.019

Livro 1, Título 48, § 11 – 670.1.2

Livro 1, Título 52 – 195

Livro 1, Título 55, § 2.º – 1.971.1

Livro 1, Título 55, § 11 – 1.978.1.2.1, 1.983

Livro I, Título 65 – 919.2


Livro I, Título 78, nº 18 – 1.922.1.2

Livro 1, Título 86, § 1.º – 1.357.2, 1.399

Livro 1, Título 86, n.º 1 – 1.955, 1.956.2, 1.974.2, 1.975, 1.976.1,


1.976.6.1, 1.989

Livro 1, Título 97, § 10 – 986.4

Livro II, título 66, § 7.º – 145, 956, 1.122

Livro 2, Título 52, n.º 1 – 1.961.1.2

Livro III, Título I, § 3.º – 1.194.2, 1.706

Livro III, Título IX, § 7.º – 1.197.2, 1.712

Livro III, Título IX, § 8.º – 1.198.2, 1.713

Livro III, Título 18 – 1.137.1, 1.547

Livro III, § 54, n.º 1 – 1.180.1.2

Livro 3, Título 2, § 27 – 1.776

Livro 3, Título 19, § 4.º – 2.059

Livro 3, Título 20, n.º 1 – 961.1, 1.014

Livro 3, Título 20, parte inicial – 71

Livro 3, Título 20, n.º 1 – 71, 2.077

Livro 3, Título 20, n.º 32 – 71

Livro 3, Título 20, § 4.º – 1.852

Livro 3, Título 20, § 5.º – 1.331, 1.781

Livro 3, Título 20, § 6.º – 326.1

Livro 3, Título 20, § 7.º – 71

Livro 3, Título 20, § 14 – 2.084

Livro 3, Título 20, § 15 – 2.084

Livro 3, Título 20, § 17 – 321

Livro 3, Título 20, § 22 – 321

Livro 3, Título 20, § 41 – 1.996.1

Livro 3, Título 31, § 1.º – 1.461.1


Livro 3, Título 46, § 9.º – 1.790

Livro 3, Título 49, § 2.º – 1.750

Livro 3, Título 52, § 3.º – 1.847

Livro 3, Título 53, § 1.º – 1.852

Livro 3, Título 53, § 11 – 1.864.1

Livro 3, Título 55, § 7.º – 1.379.1, 1.968.1

Livro 3, Título 56, n.º 1 – 1.964.4.5

Livro 3, Título 56, n.º 2 – 1.964.4.5

Livro 3, Título 57, n.º 1 – 1.976.4.3

Livro 3, Título 59, n.º 1 – 1.960

Livro 3, Título 66, § 6.º – 1.917

Livro 3, Título 66, n.º 6 – 1.578

Livro 3, Título I, § 8.º – 1.212.1

Livro 3, Título I, § 9.º – 1.210

Livro 3, Título 43, § 2.º – 596

Livro 3, Título 49, § 2.º – 339

Livro 3, Título 53, § 7.º – 1.310

Livro 3, Título 55, § 994 – 1.381.1

Livro 3, Título 52, parte inicial – 71

Livro 3, Título 62, n.º 1 – 71

Livro 3, Título 62, n.º 4 – 71

Livro 3, Título 66, parte inicial – 71

Livro 3, Título 83, § 1.º – 1.335.3, 1.840

Livro 3, Título 84, § 10 – 1.071

Livro 4, Título 24, § 1.º – 732

Livro IV, Título 79, parte inicial – 1.221.4.3, 1.532

Livro 5, Título 112 – 2.117

RISTF
6.º, II, d – 413

6.º, IV – 413

8.º, I – 413

21, IV – 1.450.1.2

21, V – 1.450.1.2

21, § 1.º – 317.5.2, 490.3, 1.473.4, 1.666

96, § 6.º – 1.580

134, § 3.º – 1.522

169, § 2.º – 768, 840

191 – 1.450.1.2

261, parágrafo único – 411, 413

262 – 1.058

277 – 966.5

285 – 977

323, § 2.º – 843, 844

RISTJ

11, XII – 473.5

11, XIII – 413

11, XIV – 413

12, parágrafo único, I – 413

13, III – 409

15, I – 413

34, VI – 1.450.1.2

103, § 2.º – 1.580

162, § 3.º – 1.522

200 – 413

201, IV – 1.450.1.2

213, § 1.º – 1.450.3.3


216 – 1.450.2

216-A – 213, 213.1

216-C – 214

216-G – 214

216-H – 213.2

216-K – 213.2, 214

216-M – 214

216-N – 213

216-O – 220

216-T – 220

216-X – 220

266 – 413

301, II – 396.3

302, I – 396.3

302, II – 396.3

Regimento Interno do TJ/SP – 61

Regulamento 735/1850

180 – 1.983

Regulamento 737/1850 – 72, 73, 568, 1.335.1.3, 1.507.3, 1.532, 1.665,


1.863.2, 1.968

23 – 961.1

53, § 2.º – 1.212.1

101 – 1.776, 1.778.2, 1.781

103 – 1.742, 1.746

104 – 1.742

105 – 1.742

109 – 1.742

110 – 1.742
138 – 1.343

138, § 5.º – 1.848

138, § 6.º – 1.848

145 – 1.917

146 – 1.917

147 – 1.919

152 – 1.922.1.4

164 – 1.880.1

184 – 1.320

188 – 1.320, 1.324.1, 1.324.5

208, § 1.º – 1.864.1

213, § 1.º – 2.040

646 – 166

Regulamento 738/1850 – 72

Regulamento 750/1850 – 72, 1.791.1

74 – 72

75 – 72

97 – 72

175 – 1.975

180 – 1.978.1.2.1

181 – 72, 1.966.2, 1.976.1

230 – 72, 1.351

232 – 72

266 – 72

646 – 72

668 – 72

669 – 72

672 – 72
679 – 72

Regulamento 735/1985

183 – 1.961.1

Regulamento 1.206 de 28.5.2001 – 216

Regulamento Geral da OAB

29, I – 1.028

29, § 1.º – 1.019, 1.031

29, § 1.º, III – 1.019, 1.031

Resolução 1/1998 – 933

Resolução do CNJ nº 71/2009 – 61, 1.136.3

Resolução n.º 11/2006

2.º – 929

Resolução n.º 16/2006

9.º – 936.4

Resolução nº 72 de 31.03.2009 – 919

Resolução nº 75 de 12.05.2009 – 919, 929

Resolução 82/2009

2.º – 1.963.2

Resolução nº 152 de 31.03.2012 – 1.136.3

Resolução 82/2009

2.º – 970

Resolução governamental 28.12.1876 – 72

Resolução 9/2005 do STJ – 220, 411.1, 411.2

1.º – 220

2.º – 1.141

4.º, § 2.º – 215

9.º, § 2.º – 220

9.º, § 3.º – 220


10 – 220

14 – 220

Resolução 310/2009 – COTRAN – 1.924

Ley de Enjuiciamiento Civil Espanhola 1851 – 2.005

Ley de Enjuiciamiento Civil Espanhola 1851

340 – 2.049.1

Ley de Enjuiciamiento Civil Espanhola de 2000 – 233, 1.856.3.1, 1.863,


1992, 2.005

5.º – 233

34 – 670.1

35 – 670.1

74 – 301

217-5 – 1.339.2

217-6 – 1.340

224 – 2.132.1

241.5 – 627.3

264 – 1.491, 1.686

265 – 1.686

281.1 – 1.313.2

282 – 944.3

292.2 – 1.922.5

301 – 1.852

328 – 1.891, 1.939.1

330 – 1.891, 1.939.1

339.4 – 995, 2.004

340 – 2.006

341 – 995, 2.004

345 – 2.024.4, 2.027


353 – 2.040, 2.042

353, n.º 1 – 2.045

359 – 2.040, 2.055, 2.055.4

363, n.º 2 – 1.971.2

370, n.º 1 – 1.976.3

372, n.º 2 – 1.976.3

376 – 1.989

384 – 1.922.5

400, n.º 1 – 2.144.4

400, n.º 2 – 2.144.4

405.2 – 330

414 – 1.803

429 – 944, 1.351

429, I – 1.828

429, II – 1.828

429, III – 1.828

429-1 – 944.3, 1.338.1

430 – 1.803

435 – 2.049.1

456.1 – 1.335.3

1.428 – 1.410.1

LEC Espanhola 1881 – 72

Ato institucional nº 2 de 27.10.1965 – 627.1, 932

BGB

§ 194 – 1.221.4.1

§ 322 – 345, 1.566.2.2, 2.114.2

Código de Bustamante

409 – 1.312.5
410 – 1.312.3

410 – 1.312.3

Consolidação Ribas

469 – 2.040

Acta Reformas de 1847

25 – 45

Protocolo de Las Leñas

8.º – 218.1

Lei do Bundesverfassungsgericht

§ 79-2 – 1.451.6.3

Convenção Americana de Direitos Humanos

7.º, n.º 7 – 58

Zivilprozessordnung 1877 – 70

Convenção Européia para Salvaguarda dos Direito do Homem e das


Liberdades Fundamentais/1950

6.º – 172

6, I – 161

Convenção sobre Relações Diplomáticas de 18.04.1961 – 211

Convenção sobre Relações Consulares 24.04.1963 – 211

Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 – 70, 116

2.º – 153

8.º – 222

Pacto de São José da Costa Rica

7.º, § 7.º – 43.1, 454, 1.003.3, 1.983

8.º – 136, 308

8.º, I – 161

8.º, § 2, g – 1.864.1, 1.980.1

8.º, § 2, h – 166
ÍNDICE ONOMÁSTICO
(os números indicam os itens dos volumes da obra Processo Civil
Brasileiro)

Abbud, André de Albuquerque Cavalcanti – 214, 411.2

Abbud, Georges – 1.663.1

Abdo, Helena Najjar – 169, 607, 620, 633

Abel Lluch, Xavier – 944, 1.351, 1.828

Abraham, Henry J. – 62.2, 166, 768, 796, 921.1, 928, 931

Abrão, Nelson – 1.018.1

Abreu, Carlos Pinto de – 314, 1.743

Abreu, José de – 1.463

Abreu, Nylson Paim de – 149, 185

Abreu, Rogério Roberto Gonçalves – 1.051

Acioli, Pedro – 320.1, 609.4, 1.457.3

Ackel Filho, Diomar – 42, 43.1, 43.2, 44, 45.1, 46.1, 453, 1.450

Aço e Borges, Marco António de – 1.742, 1.744.2, 1.744.3, 1.745.1

Adip, Amado – 1.960, 1.975

Adolphsen, Jens – 1.116.1, 1.600, 1.983, 2.102, 2.125

Afonso, Wesley Denílson de Oliveira e Silva – 1.288

Afonso de André, Bruno – 627.1

Aguiar, Cristopher Rezende G. – 43.1, 177

Aguiar, Ruy Rosado de – 35, 96, 177, 316.3, 424, 469.2, 566, 585, 669,
690.2, 721.3, 725, 731, 745.5, 861, 876, 883.1, 912.1.6, 916, 916.4, 1.027,
1.028.2, 1.029, 1.137.3, 1.167.2, 1.177.3, 1.215, 1.296, 1.356, 1.437.1, 1.490,
1.546, 1.593.1, 1.641.4, 1.649.2.2, 1.660.2, 1.703, 1.748.2, 1.864.2.2, 1.902.2,
1.944, 1.950.3, 1.952.3, 1.964.4.2, 1.970.2, 1.980.4.3, 2.019.2, 2.022.1, 2.136,
2.139.1

Aguiar e Silva, João Carlos Pestana – 1.332, 1.375.1, 1.404, 1.461,


1.466, 1.544, 1.812.2, 1.827, 1.861, 1.886, 1.889, 1.948.2.2, 1.959.2, 1.962,
1.969, 1.997, 2.032.4, 2.054.2.1, 2.055.3
Ahrens, Ney da Gama – 1.334.3, 1.335.3, 1.346, 1.372, 1.837, 1.845,
1.847, 1.857.1.2, 1.884, 1.907, 1.950.3, 1.976.1, 2.038, 2.052.2.3

Albertario, Emilio – 227

Albers, Jan – 606, 1.978.1.2, 2.035

Alberton, Genacéia da Silva – 5, 555, 775.2, 792

Albuquerque, Pedro de – 618

Alcabar Lopex, José Luis – 162

Alcalá Zamora y Castillo, Niceto – 1, 70, 73, 78, 86, 1.404

Alcântara, André Antonio Silveira – 941, 944.1, 1.811

Alcântara, Fábio Bonomo – 1.517

Alencar, Rosmar Antonni Rodrigus Cavalcanti de – 47.2, 1.116,


1.122.5

Aleixo, Pedro – 1.980.4.3

Aliste Santos, Tomás-Javier – 1.122, 1.122.5, 1.122.6

Alla, Valentina Jungmann Cintra – 1.187.1

Allorio, Enrico – 2, 176, 176.1, 181.2, 181.3, 289.2, 775.2, 1.046.2, 1.052,
1.058, 1.318.1, 1.649.2.3, 1.848, 2.132, 2.138.1.1, 2.152

Almada, Roberto José Ferreira de – 1.100

Almagro Nosete, José – 1.846, 1.846.1

Almeida, Amador Paes de – 532.2

Almeida, Diogo Assumpção Rezende de – 616

Almeida, Fernando Dias Menezes de – 15

Almeida, Flávio Renato Correia de – 545, 580, 1.339.3, 1.797

Almeida, Gregório Assagra de – 6, 36, 40, 48, 62, 126, 238, 938, 1.061.6

Almeida, Gustavo Milaré – 1.045

Almeida, Jorge Luíz de – 1.056

Almeida, José Maurício Pinto de – 69

Almeida, Marcus Elidius Michelli de – 1.932.1

Almeida, Roberto José Ferreira – 168


Almeida Filho, José Carlos de Araújo de – 171, 1.916.10, 1.934, 1.935

Almeida Júnior, Jesualdo Eduardo de – 178

Almeida Júnior, João Mendes de – 15, 32, 73, 86, 102, 122, 182, 917,
919.2, 936.1, 1.042, 1.129, 1.130, 1.132, 1.137.1, 1.547, 1.848, 1.916.2,
1.916.2.2, 2.098, 2.117

Almeida Prado, Francisco Octávio de – 1.454.2.2, 1.454.2.3

Almeida e Souza, Manuel de – 102, 177, 330, 498.1, 596, 731, 779, 790,
881, 995, 1.137.3, 1.345.1, 1.385, 1.502, 1.545, 1.566.2.2, 1.776, 1.914,
1.956.2, 1.961.1.2, 1.975.2, 2.007, 2.007.2, 2.017, 2.035, 2.038, 2.114.2,
2.115.2, 2.145, 2.146

Alonso-Cuervillas Sayrol, Jaume – 1.308, 1.310, 1.312.3, 1.312.5,


1.313.2

Alsina, Hugo – 635.4, 1.305, 1.307.1.3, 1.318.1, 1.321, 1.338.2, 1.567,


1.616, 1.681, 1.698.2, 1.701, 1.743, 1.856.2, 1.878, 1.915.3, 1.924, 1.958,
2.038, 2.040, 2.0412.049.1, 2.049.3, 2.127

Alvarado Velloso, Adolfo – 1, 82, 380, 625, 928, 1.998.1, 2.130

Álvares, Manoel – 455.4.2

Álvarez, Gladys S. – 13, 961.2

Alvarez Madrid, José – 627

Alves, Cleber Francisco – 120

Alves, Francisco Glauber Pessoa – 153, 505.2, 1.507.2

Alves, José Carlos Moreira – 40, 41, 46.1, 46.3, 124, 202, 213.1,
324.2.1, 542.4, 1.305, 1.313.1

Alves, Rafael Francisco – 28, 324.2.2

Alves, Vilson Rodrigues – 344.2, 1.507.2, 1.622, 1.779.3

Alves e Silva, Ticiano – 746.2

Alvim, Agostinho – 947, 1.221.3, 1.506, 1.717

Alvim, Angélica Arruda – 149, 166, 185, 1.160.3

Alvim, Artur da Fonseca – 2.142

Alvim, Eduardo Arruda – 176.5, 176.6, 225.3.3, 226.1, 297, 582, 734,
1.061.3, 1.149, 1.160.3, 1.408, 1.423, 1.429, 1.436.2, 1.440.1, 1.447,
1.450.3.1, 1.450.3.3, 1.450.3.4, 1.454, 1.481.1, 1.517, 1.518, 1.547.1, 1.559.2,
1.686, 1.699, 1.711, 1.744.3, 1.811.3.1, 1.811.4, 1.822, 1.944, 1.993, 2.103
Alvim, Thereza Arruda – 175.2, 176.1, 293, 296, 314, 500, 539, 555,
775.2, 919.2, 1.539.1, 1.736, 1.782, 1.785.4, 2.129, 2.144.1

Amadeo, Rodolfo da Costa Manso Real – 224, 1.508.2

Amaral, Francisco – 57, 420, 507, 516, 2.045

Amaral, Guilherme Rizzo – 69, 223

Amaral, Jorge Augusto Pais de – 311.1, 313.2.2, 316, 333.1, 333.2,


333.3, 1.491, 1.880.2, 1.938.2

Amaral, Oswaldo Pinto – 415.2, 455.4, 1.274.1

Amaral, Paulo Osternack – 1.439.3

Amaral, Ricardo de Paula – 1.423

Amaral, Sylvio – 1.943

Amaral Júnior, José Levi Mello do – 40

Amaral Santos, Moacyr – 10, 54.1, 54.2, 74, 75.2, 83, 158.1, 222.4, 226,
244, 248, 263, 264, 280.1, 301, 302, 334, 580, 638.4, 672, 742.1, 745, 917,
926, 928, 944, 944.5, 993, 994, 995, 996.1, 996.2, 997, 997.1, 997.3, 997.4,
997.5, 998.2.1, 1.022.2, 1.245.1, 1.305, 1.307, 1.310, 1.311.2, 1.311.3, 1.313,
1.313.2, 1.313.3, 1.317.1, 1.318.1, 1.320, 1.321, 1.322, 1.323, 1.324.2,
1.324.4, 1.324.4, 1.325, 1.325.1, 1.325.2, 1.325.3, 1.324.4, 1.326, 1.331,
1.331.1, 1.333, 1.334.1, 1.334.2, 1.335.1.1, 1.335.1.3.2, 1.336, 1.339,
1.339.3.2, 1.343.2, 1.343.4, 1.343.5, 1.345, 1.345.1, 1.345.3, 1.346, 1.351,
1.365, 1.372, 1.375.1, 1.378.1, 1.385, 1.421.1, 1.449, 1.514.2, 1.522, 1.558,
1.579, 1.582.1, 1.732, 1.742, 1.744.3, 1.745.2, 1.746, 1.748.3, 1.748.4, 1.749,
1.750, 1.755, 1.757.2, 1.811.2, 1.820, 1.836.2, 1.842.3, 1.844.1, 1.845, 1.848,
1.852, 1.856, 1.856.3.1, 1.857.1.1, 1.858, 1.859, 1.859.2, 1.860, 1.860.2,
1.863.2.1, 1.863.2.2, 1.864.1, 1.864.2.2, 1.865, 1.865.1.1, 1.865.1.2, 1.863,
1.867, 1.869, 1.870, 1.871, 1.871.4, 1.873, 1.874.2, 1.875.1.1, 1.875.1.2,
1.875.1.3, 1.875.1.5, 1.875.1.6, 1.877, 1.878, 1.880, 1.880.2, 1.883.1, 1.884,
1.884.11.885, 1.886, 1.889, 1.891, 1.892, 1.893, 1.894, 1.896, 1.899.4.1,
1.902.2, 1.903, 1.905, 1.907.2, 1.912.1, 1.914, 1.915.1, 1.915.2, 1.915.3,
1.916.1, 1.916.2.2, 1.916.3, 1.916.4, 1.917.1, 1.917.3, 1.918, 1.919, 1.920.1,
1.920.2, 1.921.1.1, 1.921.1.2, 1.922, 1.922.1.1, 1.922.1.2, 1.922.1.3,
1.922.1.4, 1.923.1, 1.923.2.2, 1.924, 1.925.1, 1.925.2, 1.925.3, 1.926, 1.926.1,
1.926.3, 1.927.1, 1.927.2, 1.929.1, 1.930, 1.930.1, 1.930.3, 1.931, 1.932.2.1.1,
1.932.2.1.3, 1.932.2.2, 1.932.3, 1.933, 1.938, 1.939.2.2.2, 1.939.2.2.4,
1.941.3, 1.941.4, 1.943, 1.944, 1.945, 1.947, 1.947.1, 1.948.1, 1.948.1.2,
1.948.2.3, 1.949, 1.950.3, 1.951, 1.951, 1.952.1, 1952.2, 1.952.4, 1.955,
1.956.2, 1.958, 1.959.1, 1.959.3, 1.960.1, 1.960.1.1, 1.960.1.2, 1.960.2, 1.961,
1.961.1.1, 1.961.1.2, 1.961.1.3, 1.961.2, 1.961.2.2, 1.962, 1.964, 1.964.4.2,
1.964.4.4, 1.965.2, 1.966.4, 1.966.5.2, 1.966.5.3, 1.967, 1.970, 1.970.1,
1.971.1.1, 1.971.2, 1.973, 1.974, 1.975, 1.975.2, 1.976, 1.976.1, 1.976.2,
1.976.3, 1.976.4, 1.976.4.2, 1.976.4.3, 1.976.5, 1.976.6, 1.976.6.1, 1.976.6.2,
1.976.6.2.1, 1.977.1, 1.978.1.2, 1.978.1.2.1, 1.979.1, 1.980, 1.980.4.1,
1.980.4.3, 1.981.2, 1.981.3, 1.981.4, 1.981.5, 1.982, 1.983, 1.984.1, 1.984.2,
1.985, 1.987, 1.989, 1.991, 1.993, 1.994, 1.995.2.1, 1.996.1, 1.996.1, 1.996.2,
1.996.3, 1.996.4, 1.997, 1.999, 2.000.1, 2.000.3, 2.003, 2.004, 2.005, 2.006,
2.007.1, 2.007.2, 2.007.3, 2.008.2, 2.008.3, 2.010, 2.011, 2.013, 2.017, 2.018,
2.020, 2.020.1, 2.020.2, 2.020.3, 2.025, 2.027, 2.028.2.1, 2.029, 2.029.1,
2.029.1.1, 2.031.1, 2.035, 2.035.2, 2.040, 2.047.1, 2.063.3, 2.072, 2.073.1,
2.074.3, 2.076, 2.077, 2.081, 2.083, 2.094.4.1.1, 2.094.4.1.2, 2.157

Amazonas, José Antonio de Almeida – 213.1, 774, 778, 1.997

Amendoeira Júnior, Sidnei – 532.1, 938, 1.412,

Americano, Jorge – 348, 415.2, 455.4, 489.3, 517, 582.1, 607.1, 685,
746.1, 746.2, 871, 1.029, 1.335.1.1, 1.335.1.3, 1.545, 1.848, 1.864.1, 1.873,
1.875.1.5, 1.875.2, 1.922, 1.960.1, 1.971.1, 1.976, 1.980.1, 1.996.1, 1.996.4,
1.999, 2.006.2,

Amorim, Aderbal Torres de – 280.1, 355, 843, 1.149, 1.274.1

Amorim, Aureliano Albuquerque – 30

Amorim, Letícia Balsamão – 146.1

Amorim, Roberto Neves – 721.3

Amorim Filho, Agnelo – 1.622

Andolina, Italo – 1, 87, 125, 145, 157, 158.1, 168, 231, 308, 399.4.1,
505.2, 1.335.1.3, 1.336, 1.404, 1.839

Andrade, Christiano José de – 65

Andrade, Domingues – 380, 507

Andrade, Luís Antonio de – 75.2, 586, 934.4, 1.117.1, 1.177.3, 1.189,


1.623, 1.732, 1.746, 1.748.1, 1.795.3, 1.797, 1.805, 1.811.1, 2.005, 2.060,
2.107

Andrade, Odilon de – 74, 1.050.1, 2.118

Andrade, Valentino Aparecido de – 404, 606, 913

André, Bruno Afonso de – 1.287, 1.288, 1.477, 1.680

Andrews, Neil – 106.2, 106.2.3, 158.2, 671, 1.517, 1.699

Andrighi, Nancy – 35, 109, 157, 168, 207, 247.2, 313.3, 320, 324.2.2,
345, 366.1, 367, 424, 433, 436, 455.2, 461, 487, 498.3, 502, 529, 531, 532.3
537.2, 542.1, 675, 694.3, 721.3, 731, 740, 745.6, 922, 1.018.1, 1.033, 1.063.1,
1.071, 1.100, 1.104.1, 1.121, 1.132.3, 1.132.4, 1.177.2, 1.204, 1.208, 1.210.2,
1.239, 1.317.1, 1.318.3, 1.331.1, 1.338.1, 1.340, 1.340.2, 1.351, 1.381.3,
1.402, 1.420.1, 1.429.3, 1.436.1, 1.438.2, 1.459.2.3, 1.474.1.2, 1.478, 1.485,
1.507.4, 1.510.6, 1.514.2, 1.514.6, 1553, 1.566.2.2, 1.582.2, 1.592.5, 1.630,
1.744.3, 1.753.3, 1.771.1, 1.775, 1.797, 1.807.3, 1.811.3.1, 1.819.2, 1.822,
1.832, 1.844, 1.844.1, 1.860.4, 1.919, 1.923.2.2, 1.938.2, 1.943, 1.946.1,
1.949, 1.962, 1.971.1, 1.971.2, 1.979.2, 1.985.1, 2.000.1, 2.009.1, 2.009.3,
2.019.2, 2.022.1, 2.024.5, 2.066.3, 2.094.4.2, 2.114.2, 2.115, 2.115.4, 2.145

Andrioli, Virgilio – 1.028.3, 1.331, 1.052, 1.318.4, 1.870, 1.878, 1.880,


1.880.2, 1.883.1, 1.905.1, 1.958, 1.964.4.1, 1.984, 1.985, 1.986, 2.009.3

Angelim, Carlos Érico Sampaio – 1.807

Anjos, J. Haroldo dos – 921.3, 1.539.3.3

Ansanelli, Vincenzo – 997.4, 1.849, 1.959.4, 1.993, 2.003, 2.004, 2.024,


2.024.5, 2.027, 2.032.4, 2.038, 2.039

Antunes da Cunha, Guilherme Cardoso – 1.407, 1.408

Appleton, Jean – 1.019, 1.020

Aprigliano, Ricardo de Carvalho – 313.1.3, 343

Aragão, Paulo Cezar – 213.1, 213.3, 214, 2.121.1,

Aragão, Volnir Cardoso – 763.2, 771, 772

Aragoneses Alonso, Pedro – 4, 49, 64, 65, 68, 85, 181.2, 222, 244, 301,
308, 309, 335, 346.2, 625, 626, 627.3, 635.1, 743, 927, 939.1, 1.087.1,
1.090.2, 1.105, 1.135, 1.154.2, 1.162, 1.251, 1.301.2, 1.494, 1.539.3.1,
1.547.1, 1.571, 1.573, 1.575, 1.623, 1.627, 1650, 1.686, 1.699, 1.701, 1.729,
1.735, 1.759, 1.915.3, 1.920.2, 1.957.1, 2.104, 2.127, 2.132.1

Aranha, Adalberto José Camargo – 35, 1.966.2, 1.976.1, 1.976.6, 2.041

Arantes Filho, Márcio Geraldo Britto – 1.350.1.2

Araújo, Alberto Davi – 123

Araújo, Edmir Netto de – 4, 923.2, 962.1

Araújo, Fábio Caldas de – 45.2, 542.4, 1.061.3, 1.417.2, 1.408

Araújo, João Vieira de – 35, 1.549

Araújo, José Henrique Mouta – 21.1

Araújo, Justino Magno de – 104.1

Araújo, Luciano Vianna – 752, 1.340

Araújo, Luiz Alberto David – 1, 32, 175, 926.3, 1.558

Araújo, Mauro Alves de – 1.789, 1.798.1.1

Araújo, Nadia de – 213.1

Araújo, Vivaldo Jorge de – 1.577


Araújo Filho, Luiz Paulo da Silva – 445, 789.1, 790, 791.2, 791.3, 814,
975.3, 1.748.3, 1.754.2, 2.151.3

Araújo Filho, Raul – 176.1, 1.461.3, 1.587.2, 1.897.3, 2.033.3, 2.137.1,


2.152, 2.156

Arazi, Roland – 1.665, 1.667, 1.698.2, 1.731, 1.737, 1.744.3, 1.824,


1.852, 1.863, 1.863.2.1, 1.884, 1.889, 1.890.2, 1.923.2.2, 1.928, 1.941.2,
1.989, 2.006, 2.024.4, 2.029.2, 2.031.2, 2.040, 2.049.1, 2.049.3, 2.054.4,
2.055.5, 2.143.2

Arellano García, Carlos – 45, 45.2, 45.3, 90, 222.5, 595.1, 1.110

Arenhardt, Sérgio Cruz – 333.1, 578, 1.317.5, 1.318.3, 1.318.4, 1.324.3,


1.324.5, 1.325.3, 1.355, 1.356, 1.361, 1.370, 1.371, 1.373, 1.374, 1.544,
1.846, 1.857.1.2, 1.860.2, 1.860.4, 1.863.1.2, 1.863.2.1, 1.865.1.1, 1.865.2,
1.866, 1.870, 1.874.2, 1.875.1.5, 1.880.1, 1.884, 1.886, 1.888, 1.896, 1.897.2,
1.897.3, 1.898, 1.89.1.1, 1.899.1.2, 1.899.3, 1.899.4.1, 1.899.4.2, 1.899.5,
1.900, 1.902, 1.902.3, 1.905.1, 1.907, 1.912.3, 1.914, 1.921.2, 1.922.1.2,
1.923.2.1, 1.926.1, 1.930, 1.930.1, 1930.2, 1.932.2.1.1, 1.933, 1.933.1,
1.938.2, 1.939.2.1, 1.939.2.2.2, 1.939.2.2.6, 1.944, 1.948.2.2, 1.948.2.4,
1.949, 1.950, 1.950.1, 1.950.3, 1.951, 1.952.5, 1.995.2.2, 1.996.1, 2.000,
2.005, 2.009.4, 2.021, 2.032.1, 2.047.2

Arens, Peter – 112, 578, 746, 746.1, 951, 1.114.1

Arieta, Giovanni – 32, 183, 346.1, 348, 372.1, 374, 500, 513, 586, 686,
1.050.1, 1.052, 1.172, 1.264.3, 1.324.4, 1.401, 1.407.2, 1.412, 1.429.2, 1.436,
1.470, 1.493, 1.584, 1.589.3.1, 1.641.3.1, 1.803, 1.921.1.1, 1.985.1, 2.049.2,
2.149.6

Armelin, Donaldo – 179, 201, 225.2, 225.3.3, 553, 771, 1.514.2, 1.514.3,
1.755

Armenta Deu, Teresa – 10, 159, 227, 244, 256.1, 301, 944.3, 1.335,
1.350.1, 1.350.1.2, 1.521, 1.539.1, 1.555.2, 2.150

Arone, Ricardo – 1.335, 1.346

Arruda, Denise – 225.2, 258.2, 317.2, 382, 396.4, 399.1.1.4, 431.1, 439,
567, 602, 616, 697, 731, 960, 967.1, 968, 971, 1.454.2.1, 1.510.8, 1.514.2,
1.692, 1.755, 1.806, 2.032.4, 2.038, 2.105.3

Arruda, Paula – 1.663.2

Arruda Alvim – 3, 45.2, 45.3, 65, 74, 91, 96, 175.2, 177, 199, 200, 204,
206, 208, 222.4, 244, 225.3.6, 231, 236, 240, 243, 244, 246, 247, 247.1,
256.1, 304, 318.2, 322.3, 334, 373, 378, 430, 436, 464.1.1, 464.1.3, 469.2,
471, 473, 487, 489.1.1, 490.3, 507, 513, 517, 519, 521, 522, 524, 525, 529,
534, 535, 536, 537.4, 539, 541, 542.3, 542.4, 544.1, 544.2, 546, 549, 550.3,
555, 556, 558, 560.2, 562, 563, 583.2, 588, 590, 606, 607.4, 615, 625, 627.2,
694, 710, 710.1.1, 762, 775.2, 853, 862, 868, 873.1, 875, 910, 912.1.2, 937.3,
966.1, 983, 1.016, 1.019, 1.022.4, 1.027, 1.028.2, 1.034, 1.036, 1.038, 1.039,
1.040.3, 1.044.1, 1.84, 1.092, 1.088, 1.123.4, 1.221.4.3, 1.298.3, 1.300, 1.302,
1.305, 1.317.4, 1.323, 1.324.2, 1.324.3, 1.324.5, 1.325, 1.325.3, 1.337, 1.345,
1.345.3, 1.351, 1.356, 1.357, 1.473.2, 1.490, 1.495, 1.496, 1.531, 1.532,
1.534.2.2, 1.534.2.3.3, 1.558, 1.588.2, 1.590.2.1, 1.590.2.7, 1.660, 1.666,
1.700, 1.719, 1.732, 1.739, 1.742, 1.746, 1.757.3, 1.778.2, 1.788, 1.799,
1.803, 1.811.3.1, 1.824, 1.871.2.1, 1.873, 1.880.2, 1.884, 1.952.3, 1.999,
2.010, 2.035.2, 2.054.2.1, 2.066, 2.116.1, 2.129, 2.131.1, 2.138.1.2, 2.142,
2.149.6

Arzua, Guido – 671, 672, 703

Asencio Mellado, José Maria – 330, 372.1, 944.3, 1.340, 1.803,


1.966.5.1, 2.049.1

Assis, Araken – 2, 3, 35, 93.3, 129, 177, 179, 222.4, 223, 225.3.3, 229,
231, 246, 251, 253, 274, 280.3, 299, 322.1.2, 345, 346.2, 351, 364, 372.5,
374, 399.4.2, 408, 411.2, 415.2, 426, 433, 437.1, 437.2, 438, 454, 455, 455.3,
455.4, 464.1.3, 483, 500, 541, 550.2, 555, 557, 577, 603, 607.9, 618, 621,
666.1, 732.1, 740.2, 745.5, 778, 879, 923.1, 1.029, 1.034, 1.040.2, 1.079,
1.115.2, 1.116.3, 1.116.4, 1.124, 1.141, 1.145, 1.148.1, 1.148.2, 1.167.2,
1.172, 1.177.2, 1.187.1, 1.221.4.1, 1.221.4.2, 1.221.4.3, 1.224, 1.272.2,
1.292.1.3, 1.292.1.7, 1.292.1.8, 1.292.1.9, 1.292.1.10, 1.402, 1.404, 1.420.1,
1.436.2, 1.450.3.7, 1.455.2.2, 1.455.2.4, 1.475.1, 1.496, 1.514.3, 1.534.2.3.2,
1.535, 1.536.2.1, 1.550.3, 1.614, 1.649.2.3, 1.659, 1.660.1, 1.662, 1.671,
1.717, 1.741, 1.923.1, 1.930, 1.959.3, 1.960.2, 2.038, 2.115, 2.125, 2.128.3,
2.139.1, 2.144.3

Assis, Carlos Augusto de – 213.1, 606, 1.114.2, 1.558

Assis, Jacy de – 262.1, 280.2, 352, 370, 372.5, 1.029, 1.054, 1.514.1.4,
1.732, 1.741, 1.746, 1.798.1.2

Ataíde Júnior, Vicente de Paula – 2.040, 1.566.2.5, 2.114.5

Ataliba, Geraldo – 15

Atheniense, Alexandre – 1.159.4.6, 1.194.5, 1.708

Attardi, Aldo – 225.3.5, 490.3, 1.143,

Atyah, P. S. – 464.1.3, 1.610

Aubry, Charles – 883.1, 888, 1.921.1.1, 1.922.2, 1.923.2.2, 1.960,


1.960.1.1, 2.115.1

Augenti, Giacmo Primo – 1.338.2, 1.340

Aurelli, Arlete Inês – 1.507.4

Ávila, Humberto Bergmann – 77, 127, 1.116, 1.301.1.2

Ávila, Thiago André Pierobom de – 160

Avolio, Luiz Francisco Torquato – 160


Ayres Britto – 1.311.1, 1.864.2.2, 1.980.4.3

Azambuja, Carmen – 2.140

Azevedo, Álvaro Villaça – 28, 880

Azevedo, Antônio Junqueira da – 54.1, 98, 1.086, 2.156

Azevedo, Luiz Carlos de – 387, 1.204

Azevedo, Plauto Faraco – 1, 35, 65

Bacellar, Roberto Portugal – 5

Bachmaier, Lorena – 746.1, 746.2, 1.083

Baethgen, Walter Eduardo – 98, 179, 224, 325, 1.591

Baggio, Lucas Pereira – 1.245.2, 1.246, 1.247, 1.250, 1.252

Bagolini, Luigi – 161, 946.3

Balbi, Celso E. – 1.743

Balcázar Queiroz, José – 1.403

Baleeiro, Aliomar – 1.295

Baleeiro Neto, Diógenes – 1.114.2, 1.558

Baleotti, Francisco Emilio – 111

Ballon, Oskar J. – 1.602, 1.762, 1.795.1, 1.803, 2.042

Baptista, Francisco de Paula – 74, 227.2, 1.921.2

Baptista, José João – 50, 68, 69, 222.3, 227.2, 546, 853, 1.100, 1.151,
1.153.3, 1.250, 1.260, 1.302, 1.339.1.2, 1.346, 1.446.1, 1.472, 1.492, 1.517,
1.521, 1.532, 1.638, 1.687, 1.777, 1.781, 1.803, 1.807, 1.845, 1.861, 1.971.1,
2.081, 2.089.1, 2.143

Baptista, Luiz Olavo – 207

Baptista, Paula – 1.335.1.3, 1.971.1, 2.145

Baptista, Zótico – 455.4, 582.2, 746, 754.4, 1.028.1, 1.997

Baptista da Silva, Ovídio – 2, 3, 5, 35, 53, 89, 102, 104.2, 104.4, 114,
115, 142, 146.1, 175.1, 176.2, 177, 179, 201, 206, 223, 225.1.2, 225.2,
225.3.6, 227.1, 229, 230, 232, 234, 235, 238, 240, 242, 244, 247.1, 255,
258.2, 261.1, 264, 276, 284, 292, 296, 299, 303, 304, 312.4, 314, 323, 330.3,
330.4, 331, 342, 346.1, 346.2, 352, 383, 399.4.2, 404, 426, 432, 457, 500,
508.3, 526, 536, 541, 542.1, 542.2, 545, 548, 550.1, 556, 557, 558, 559,
580.3, 582.3, 583.2, 588, 590, 607.1, 609.2, 618, 622, 627.2, 647, 686, 690.1,
729, 743, 759, 761, 762, 763.2, 775.1, 775.2, 778, 787, 789, 789.1, 789.2.2,
789.2.3, 790, 791.2, 794, 853, 861, 862, 864, 866, 868, 869.1, 873.1, 875,
887, 889, 898, 899, 903.1, 910, 912.1.1, 949, 951, 998.2, 998.2.1, 1.018.1,
1.025.1, 1.025.2, 1.027, 1.028, 1.028.1, 1.028.3, 1.034, 1.038, 1.048, 1.049,
1.050.1, 1.050.2, 1.052, 1.054, 1.058, 1.069, 1.075.3, 1.122.5, 1.123.4, 1.244,
1.249, 1.292.2.5, 1.341, 1.359, 1.365, 1.375.1, 1.375.2, 1.376, 1.378.1,
1.378.1.1, 1.378.1.3, 1.378.1.4, 1.379.1, 1.380.3, 1.381.2, 1.382.2, 1.387,
1.388, 1.390, 1.393, 1.394, 1.397, 1.399, 1.401, 1.402, 1.404, 1.407, 1.407.2,
1.407.3, 1.407.4, 1.410.1, 1.412, 1.413, 1.414, 1.418, 1.423, 1.424, 1.426,
1.428, 1.429.2, 1.429.4, 1.430.1, 1.430.3, 1.433, 1.436, 1.436.3, 1.438.1.2,
1.440.1, 1.440.2, 1.440.3, 1.440.4, 1.442, 1.443, 1.449.1, 1.450.3.6, 1.453.1,
1.455, 1.455.4, 1.456, 1.457.1, 1.457.3, 1.458.1, 1.459.2.1, 1.459.2.2, 1.460,
1.461, 1.461.1, 1.461.3, 1.48.3.6, 1.462, 1.464, 1.465, 1.466, 1.468, 1.469,
1.474.2, 1.490, 1.534.2.3.1, 1.545, 1.559.1, 1.566.1, 1.566.2, 1.572, 1.595.1,
1.658, 1.660.1, 1.661.1, 1.662, 1.753.2, 1.757.3, 1.759, 1.844.1, 1.852,
1.871.1, 1.894, 1.895, 1.896, 1.944, 1.968.1, 1.996.2, 1.996.3, 2.044.5,
2.105.3, 2.111, 2.114, 2.128, 2.129, 2.131.1, 2.135, 2.137.1, 2.138.1.1,
2.138.2.2, 2.142, 2.142, 2.144, 2.144.3, 2.145, 2.151, 2.151.3, 2.153

Barbi, Celso Agrícola – 35, 45, 45.1, 45.2, 50, 78, 125, 139, 175.1, 182,
197, 199, 201, 202, 204, 222.4, 225.3.1, 225.3.3, 225.3.6, 226, 236, 247.1,
256.1, 294, 296, 297.1, 297.2, 297.3, 297.4, 301, 302, 303, 304, 306, 307,
322.1.2, 380, 383, 386, 387, 392, 396.1, 404, 410, 420, 421, 426, 427, 429,
432, 433, 434, 434.2, 434.3, 435, 436, 460, 461, 466, 468, 468.1, 470, 472,
472.3, 475, 478, 479, 480, 481, 487, 488, 490, 490.1, 501, 502, 507, 509, 519,
521, 523.1, 525, 528, 529, 536, 537, 537.1, 537.3, 537.4, 541, 542.1, 542.2,
544.1, 544.2, 544.3, 547, 550.1, 550.3, 551, 557, 561, 564, 580.3, 582.1,
582.2, 583.2, 588, 590, 607, 607.1, 607.4, 607.5, 609.5, 618, 622, 628, 631,
638, 638.3, 640, 644, 645, 646, 647, 677, 690.1, 690.2, 691, 694.2, 707, 710,
714, 715, 718.3, 721.3, 745, 775.2, 779, 782, 788, 789.1, 789.2.3, 791.2, 794,
853, 854, 859, 863, 864, 866, 868.1, 869.1, 869.4, 873.1, 874, 883.1, 887,
907, 909, 910, 912.1.3, 914, 916.4, 919.3, 926, 939.4, 962.1, 962.2, 946,
966.1, 967.1, 967.3, 967.6, 968, 969.1, 969.2, 970, 971, 976.4, 980, 981,
986.1, 986.2, 986.5, 988, 997.5.2, 998.1, 988.2.1, 1.003.5, 1.004.2, 1.004.3,
1.010, 1.011.2, 1.016, 1.019, 1.020, 1.020.5, 1.021, 1.022.1, 1.025.1, 1.025.2,
1.026, 1.027, 1.028.1, 1.028.2, 1.028.3, 1.037, 1.038, 1.040.1, 1.041, 1.046,
1.046.2, 1.048, 1.054, 1.056, 1.057, 1.065.1, 1.065.4, 1.069, 1.144, 1.150,
1.196.6, 1.255.1.2, 1.427.3, 1.440.3, 1.446.5, 1.490, 1.499, 1.516.6, 1.522,
1.534.2.1, 1.534.2.3.1, 1.534.2.3.3, 1.539.3.2, 1.548, 1.590, 1.590.2.4, 1.609,
1.698.3, 1.757.3, 1.823, 1.824, 1.825, 1.827, 1.834.2, 1.837, 1.841, 1.842.3,
1.843, 1.844.1, 1.847, 1.848, 1.993, 2.008.2, 2.008.2, 2.022.2, 2.116.1, 2.128,
2.138.1.2, 2.151.3

Barbosa, Antônio Alberto Alves – 93.3, 175.1, 1.143, 1.149, 2.128

Barbosa, Edgar Fernando – 23

Barbosa, Hélio Quaglia – 157, 440, 669, 755, 1.208.2, 1.337, 1.351,
1.482.1.3, 1.515.2, 1.575.3, 1.947, 1.970.1, 2.137.2

Barbosa, Joaquim – 103, 372.1, 395.2, 699, 840.3, 1.018.2, 1.451.6.1,


1.923.2.2
Barbosa, Ruy Pereira – 743, 748, 1.071, 1.685

Barbosa e Silva, Érica – 9

Barbosa Moreira, José Carlos – 2, 3, 4, 5, 6, 24.3, 27, 33, 35, 39, 41, 44,
46.3, 48, 54.1, 69, 70, 74, 75, 75.1, 75.2, 78, 80, 81, 99, 102, 102.1, 104.2,
105, 106, 106.1, 109, 111, 125, 129, 146.2, 156.4, 156.7, 158.2, 160, 165,
166, 168, 175.1, 175.2, 176.5, 177, 178, 179, 183, 201, 203, 207, 208, 213.1,
214, 215, 218.1, 225.3.3, 225.3.5, 225.3.6, 233, 234, 235, 236, 247.1, 247.3,
250, 256.2, 257, 258.1, 258.2, 263, 274, 279.1, 279.2, 279.3, 285, 292, 292,
293, 296, 302, 303, 304, 313.3, 314, 318.1, 322.3, 333.4, 338, 348, 354, 356,
365.1, 365.5, 371, 374, 369.4, 396.4, 404, 405, 407, 411.2, 464.1, 471, 487,
489, 490.1, 493.3, 500, 550.2, 555, 556, 557, 559, 560.2, 580.1, 580.2, 580.3,
586, 587, 589, 591, 596, 601, 605, 607, 607.2, 607.3, 607.4, 607.6, 608, 618,
619, 623, 635.2.2, 666.3, 694.2, 712, 712.3, 734, 740.2, 745.1, 746.1, 746.2,
748, 763.2, 775.2, 776, 778, 790, 791.4, 793, 843, 853, 873.1, 874, 923.2,
938, 939.5, 940, 944.3, 955, 956, 961.1, 961.2, 964, 965, 975.5, 1.003.2,
1.046.1, 1.050.1, 1.052, 1.058, 1.071, 1.087, 1.087.1, 1.087.2, 1.103, 1.114.2,
1.114.3, 1.114.4, 1.115.2, 1.116, 1.116.1, 1.116.2, 1.121, 1.122, 1.122.2,
1.122.3.2, 1.122.5, 1.123.1, 1.124, 1.126, 1.128, 1.134, 1.148.3, 1.149,
1.153.2, 1.160.2, 1.160.5, 1.167.2, 1.169, 1.170, 1.177.2, 1.177.3, 1.179,
1.187.1, 1.198.2, 1.205, 1.210.1, 1.210.2, 1.220.3, 1.221.4.1, 1.221.4.2,
1.221.4.5, 1.222, 1.224, 1.274.2, 1.275, 1.288, 1.289, 1.290, 1.291, 1.292,
1.292.1.7, 1.292.6.1, 1.304, 1.305, 1.307.1.1, 1.312.1, 1.312.5, 1.317.5, 1.320,
1.322, 1.325, 1.325.2, 1.325.3, 1.326, 1.327, 1.329.1, 1.329.5, 1.330, 1.334.3,
1.335.1.3, 1.337, 1.338.1, 1.338.2, 1.339.3.1, 1.339.3.2, 1.341, 1.342, 1.343,
1.343.4, 1.349, 1.350.2, 1.351, 1.356, 1.357, 1.357.1, 1.365, 1.368, 1.370,
1.372, 1.373, 1.386.1, 1.401, 1.403, 1.404, 1.421.1, 1.423, 1.440.2, 1.449,
1.450.3.7, 1.452, 1.452.1, 1.461.3, 1.461.5, 1.463, 1.465, 1.475.1, 1.476,
1.486, 1.496, 1.500, 1.501, 1.507.2, 1.510.2, 1.533, 1.544.1.1, 1.534.2.3.2,
1.538, 1.539, 1.539.1, 1.539.2, 1.540, 1.546, 1.558, 1.560, 1.566.2.1,
1.566.2.3, 1.571, 1.575.3, 1.582.2, 1.588.2, 1.589.3.2, 1.590.3, 1.602, 1.603,
1.604, 1.605, 1.607, 1.608, 1.609, 1.618, 1.622, 1.634, 1.635, 1.648, 1.649,
1.660.1, 1.660.2, 1.662, 1.662.2, 1.677, 1.685, 1.692, 1.700, 1.716, 1.719,
1.720, 1.736, 1.740.2, 1.742, 1.743, 1.744.1, 1.744.3, 1.745, 1.745.2, 1.745.3,
1.747, 1.748.2, 1.748.3, 1.748.4, 1.751, 1752.1, 1.754.4, 1.757.2, 1.758,
1.762, 1.763, 1.765, 1.766.1, 1.771.2.1, 1.773.1, 1.782, 1.783, 1.785.3,
1.785.4, 1.789, 1.790, 1.791, 1.792, 1.793, 1.794, 1.795, 1.795.1, 1.796,
1.797, 1.798.1.2, 1.798.2, 1.803, 1.806, 1.807.3, 1.811.1, 1.811.2, 1.811.3.1,
1.815, 1.816, 1.819.2, 1.820, 1.821.3, 1.852, 1.856.2, 1.857.1.1, 1.859,
1.859.1, 1.860.4, 1.869, 1.872, 1.874.2, 1.875.1.2, 1.884.1, 1.886, 1.887,
1.902, 1.905.1, 1.907, 1.944, 1.960.1, 1.972, 1.978, 1.978.1.2.1, 1.981,
1.981.3, 1.981.4, 1.981.5, 1.998.1, 1.999, 2.046.1.3, 2.047.1.1, 2.047.1,
2.047.1.2, 2.047.2, 2.049.2.2, 2.060, 2.067, 2.068.2, 2.075, 2.080, 2.087,
2.094.1, 2.104, 2.105.3, 2.106, 2.114.1, 2.114.3, 2.115, 2.119, 2.120, 2.122.1,
2.125, 2.126, 2.128, 2.128.2, 2.128.3, 2.129, 2.131.1, 2.135.2, 2.136, 2.137.1,
2.138, 2.138.1.1, 2.138.1.2, 2.138.2, 2.138.2.1, 2.138.2.1, 2.138.2.2, 2.141,
2.142, 2.143.2, 2.143.3.1, 2.144.1, 2.144.3, 2.145, 2.149.6, 2.150.1, 2.154,
2.156

Barboza, Heloísa Helena – 35, 1.221.4.3, 1.343, 1.507.4, 1.532

Bargi, Alfredo – 158, 1.837


Barioni, Rodrigo Otávio – 320.2, 912.2.3, 1.149, 1.452.3, 1.554.4,
1.582.2

Barletta, Antonino – 313.2.3

Barreto, Cunha – 74, 104.1

Barreto Filho, Oscar – 455.2

Barrios de Angelis, Dante – 53, 104.2

Barros, Karoline Tortoro – 47.2

Barros, Hélio Cavalcanti – 873.1

Barros, Henrique da Gama – 2.117

Barros e Silva Neto, Francisco Antônio de – 215, 600, 1.423

Barros Monteiro – 201, 211, 219, 289.1, 307, 318.3, 322.1.3, 323, 332.2,
364, 366, 399.1.1, 415.3, 456.1.2, 464.1.1, 498.3, 502, 550.1, 557, 564, 592,
689, 690.2, 710, 725, 727, 740, 771, 856, 863, 865, 894, 907, 916.4, 997.3,
1.025.1, 1.029, 1.032.4, 1.036, 1.046.1, 10.56, 1.062.5, 1.166, 1.169, 1.187.1,
1.210.1, 1.212.1, 1.289, 1.363, 1.461.1, 1.461.4, 1.474.1.1, 1.511, 1.530,
1.534.1.2, 1.534.2.3.1, 1.553, 1.566.2.1, 1.572, 1.595.1, 1.618, 1.641.4, 1.718,
1.778.1, 1.862, 1.865.3, 1.928.2, 1.952.3, 1.970.4, 1.976.4.2, 1.979, 2.007.3,
2.021, 2.033.3, 2.035.2, 2.083, 2.090.3, 2.112, 2.114.1, 2.128.3

Barroso, Kátia da Silva Soares – 48.2

Barroso, Luís Roberto – 40, 1.451.6.1, 1.451.6.2

Barrufini, José Carlos Toseti – 1.045

Bartin, Étienne – 1.921.1.1, 1.922.2, 1.923.2.2, 1.960, 1.960.1.1

Basso, Maristela – 68, 208, 1.305.1, 1.311.3, 1.920.2

Bastos, Aurélio Wander – 1, 36

Batalha, Wilson de Souza Campos – 519, 1.920.2, 1.922.1.1, 1.962

Batista, Héber Mendes – 910

Batista, Lia Carolina – 101

Battaglini, Mario – 1.915.1, 1.961.1, 1.961.1.3

Baumann, Jürgen – 1.449

Baumbach, Adolf – 27, 324.1, 324.3, 606, 1.978.1.2

Baumöhl, Inês Kram – 235

Bauermann, Desiré – 1.412


Baur, Fritz – 80, 109, 176.2, 225.2, 229, 231, 232, 233, 246, 338, 464.1.2,
580.2, 746, 1.301.1.2, 1.407.3, 1.410.1, 1.412, 1.423, 1.424, 1.455.2.2, 1.465,
1.662, 2.153

Bautista Pondé, Eduardo – 978

Bazzaneze, Thaís – 1.340

Bedaque, José Roberto dos Santos – 3, 158.1, 160, 289.3, 944.3, 1.059,
1.255.1.2, 1.317.5, 1.336, 1.401, 1.412, 1.423, 1.438, 1.468, 1.602, 1.609,
1.732, 1.821.2, 2.138.1.1

Beleeiro, Aliomar – 395.1,

Bellavitis, Mario – 222.3

Bellinetti, Luiz Fernando – 225.1.1, 1.056, 1.114.2, 1.558

Bellini Júnior, Antonio Carlos – 1.340.2

Beltrame, Adriana – 212, 214

Beltrame, José Alonso – 351, 1.222, 1.292.2.3

Benasse, Marcos Antônio – 1.439.2, 1.440.3.2

Beneduzi, Renato Resende – 2.128.4

Beneti, Sidnei – 324.2.2, 372.3, 374, 461, 522, 677, 694.2, 721.3, 756,
899, 905, 912.1.3, 915, 922, 975.4, 1.018.1, 1.172, 1.292.2.3, 1.340.1, 1.356,
1.457.3, 1.461.3, 1.588.2, 1.594, 1.614, 1.731, 1.754.3, 1.797, 1.801, 1.802,
1.811.1, 1.925.2, 1.959.2, 1.970.3, 2.024.5, 2.028.2.5, 2.043, 2.115.5

Benite, Odair Martins – 2.020.2

Benjamin, Antonio Herman de Vasconcellos – 48.2, 366.1, 367, 372.3,


435, 635.2.2, 697, 726.1, 741, 1.024, 1.063.3, 1.149, 1.160.3, 1.243.1,
1.262.2, 1.428, 1.436.3, 1.452.2, 1.454.1, 1.454.2, 1.474.1.2, 1.745.3, 1.993,
2.156

Benucci, Renato Luís – 346

Beraldo, Leonardo de Faria – 23, 178, 964, 1.507.3

Beraldo, Maria Carolina Silveira – 599, 607.9, 955

Berg, Ramon Georg Von – 916.4

Berizonce, Roberto O. – 102, 1.803

Bermudes, Sérgio – 222.3, 399.1.1.2, 399.1.1.5, 612, 1.028.3, 1.115.2,


1.119, 1.124, 1.169, 1.295, 1.296, 1.834.2, 2.120

Bernabé, Boris – 964, 966.3


Bernardi, Lígia Maria – 534, 1.084

Bernardini, Piero – 25, 27

Bernhardt, Wolfgang – 104.2, 508, 955.1

Berni, Duílio Landell de Moura – 166, 167

Berri, Mário – 586

Bertoga Júnior, Oswaldo – 1.566.2.5, 2.114.5

Bethmann-Hollweg, Moritz August – 83

Bettencourt, Antonio Pinheiro de – 1.878

Betti, Emilio – 54.1, 250, 227.2, 348, 586, 759.1, 1.109, 1.339, 1.401,
1.661.1, 1.757.2, 1.914, 1.915.1, 1.916.3, 1.924, 1.961.1.3, 2.135, 2.136

Beviláqua, Clovis – 54.3, 103, 324.2, 883.2, 887, 1.611

Bezerra, Juarez Sampaio – 380, 609.7, 1.068

Bezerra Campos, João Armando – 178

Bezerra e Sampaio, Miguel – 508

Biagi, Cláudia Perotto – 117

Bianchi, Filippo – 1.019

Bianco, Rogério Carmona – 212

Bidart Campos, German J. – 45

Bidone, Luigi – 746

Biliau, Marc – 2.115

Bim, Eduardo Fortunato – 1.439.3.1

Bin, Marino – 1.663.4

Biondi, Biondo – 104.2

Birchal, Alice de Souza – 1.421.1

Birchal, Leonardo de Abreu – 1.935

Bisch, Isabel da Cunha – 759.1.3, 796, 840.1, 2.135.3

Bittencourt, Edgard de Moura – 1.116.1, 1.122.2, 1.189, 1.509, 2.103

Blomeyer, Arwed – 92, 93.2, 94, 176.2, 227, 505.1, 581.3, 746.1, 1.114.1,
1.559.1, 1.584, 1.590, 1.642, 1.811, 2.153
Bochenek, Antônio César – 380, 384, 388.3, 388.4, 838

Bocuzzi Neto, Vito Antonio – 633.2

Böhn, Peter – 923

Bolaffi, Renzo – 340, 1.221.4.1, 1.739, 2.131.2

Bolzani, Virginia Bordbeck – 1.149

Bomfim, Daniela – 248

Bomfim, Edson Rocha – 336

Bonavides, Paulo – 40

Bondioli, Luiz Guilherme Aidar – 135, 313.3, 347, 355, 535, 581.3,
710.2, 790.1, 1.245.1, 1.260, 1.459.2.2, 1.582, 1.582.1, 1.582.2, 1.732, 1.743,
1.744.1, 1.744.3, 1.745.2, 1.746, 1.748.1, 1.748.2, 1.748.3, 1.748.4, 1.749,
1.781, 2.116.2

Bonet y Navarro, Angel – 1.870, 1.874.1, 1.875.1.4, 1.875.1.5, 1.875.2,


1.876, 1.884.1, 1.889

Bongiorno, Girolamo – 1

Bonicio, Marcelo José Magalhães – 120, 1.116.4

Bonnacorso, Liborio Ciffo – 2.145

Bonnard, Roger – 31

Bonnier, Édouard – 104.1, 1.303, 1.325.4, 1.339, 1.855.3, 1.914, 1.915,


1.958, 1.976.3, 1.976.4.3, 1.976.6.2, 1.991

Bonumá, João – 54.2, 72, 83, 346.1, 580, 582.1, 917, 1.320, 1.686, 1.700,
1.704, 1.742,

Borges, João Eunápio – 525, 857

Borges, José Souto Maior – 328, 1.566.1, 2.111

Borges, Marcos Afonso – 192, 214, 222.4, 308, 548, 550.1, 582.3, 763.2,
1.028.3, 1.039, 1.040.1, 1.292.2.5, 1.365, 1.455.4, 1.534.2.3.1, 1.553, 1.729,
1.798.2, 2.046.1.1

Borges, Marcus Vinicius Matter – 663.1, 1.508.4

Borges, Nilton Alexandre – 46.3

Borja, Célio – 37

Borthwick, Adolfo E. C – 1.098

Bortowski, Marco Aurélio – 1.834.2


Boulez, Jacques – 1.993, 1.996.5, 2.005, 2.024.1

Bouty, Cédric – 2.128.3

Bove, Mauro – 1.531

Braas – 921.1, 1.700, 1.925.1, 1.926, 1.930

Braga, Antônio Pereira – 222.1, 346.1, 939, 1.029, 1.086

Braga, Paula Sarno – 464.1.3, 610.4, 618, 1.320, 1.322, 1.324.3, 1.325.1,
1.340.2, 1.343.4, 1.349, 1.387, 1.859.2, 1.863.1.2, 1.864.2, 1.864.3, 1.883.1,
1.884, 1.891, 1.922.2, 1.939.1, 1.944, 1.964, 1.993, 1.997, 2.040

Braga, Sidney da Silva – 944.2

Braghitton, R. Ives – 130, 133

Branco, Leticia Rezende Castelo – 1.069.1

Brandão, Octaviano – 1.194.2

Brandão, Paulo de Tarso – 48.2

Brandelli, Leonardo – 1.851

Brant, Francisco – 1.864.2.2, 1.980.4.3

Brasileiro, Ricerdo Adriano Massara – 1.240

Brehm, Wolfgang – 1.449

Bremmer, Saul – 1.663.4

Bresolin, Umberto Lara – 346, 346.2, 348, 356, 364, 365.2, 366.5, 369,
371, 372.2, 372.3, 372.4, 377, 1.175, 1.759, 1.760, 1.798.2

Brêtas C., Ronaldo – 604

Briegleb, Hans Karl – 104.1, 104.2

Brighittoni, Rogério Ives – 102

Brito, Teresa Quintela de – 2.139.2

Bronstrup, Felipe Bauer – 801

Bruns, Rudolf – 153, 232, 234, 504, 534, 746.1, 1.662

Brüning, Raulino Jacó – 1.042

Bruscato, Wilges – 1.566.2.5, 2.114.5

Bruschi, Gilberto Gomes – 47.1, 533, 533.3, 533.5


Bueno, Cássio Scarpinella – 37, 45.2, 87, 109, 176.6, 223, 225.2, 233,
244, 258.2, 261, 261.2, 289.3, 311, 372.2, 388.2.3, 390, 533.1, 556, 578, 586,
588, 600, 629.4, 690.2, 721.3, 759.1.3, 763.2, 768, 782, 784, 785, 790, 791.1,
792, 795, 797, 801.2, 808, 812, 814, 816, 817, 820, 824, 828, 833, 838, 840.1,
840.6, 845, 851, 853, 857, 861, 868, 868.1, 869.4, 873.1, 874, 875, 888, 892,
901, 903.3, 910, 912.1.2, 915, 915.1, 915.3, 916, 916.4, 975.4, 1.292.2.8.9,
1.340.2, 1.402, 1.427.3. 1.431, 1.432, 1.436.1, 1.436.2, 1.443, 1.443.1,
1.446.1.2, 1.450.3.3, 1.452.3, 1.482.2, 1.508.3, 1.517, 1.518.2, 1.520.4,
1.534.1.2, 1.554, 1.554.4, 1.566.2.5, 1.635, 1.662, 1.684, 1.699, 1.700, 1.730,
1.743, 1.746, 1.754.3, 1.766.2, 1.769, 1.798.1.2, 1.806, 1.811.3.2, 1.821.2,
1.852, 1.859.2, 1.884, 1.891, 1.893, 1.939.1, 1.944, 1.989, 1.993, 1.995.1.4,
2.054.3, 2.067, 2.105.3, 2.114.5, 2.129, 2.138.1

Bueno, José Antonio Pimenta – 149, 185, 508.1, 1.042

Bueno, Luiz Eulálio de – 97

Bueno de Souza – 297.3, 1.360

Bulos, Uadi Lammêgo – 29, 30

Bülow, Oskar – 83, 90, 91, 92, 221, 313, 340, 1.221.4.1, 1.301, 1.590,
1.750, 1.870, 1.880.2, 2.131.1

Bunker, Matthew D. – 1.104, 2.062

Burnier Júnior, João Penido – 1.335.1.3, 1.348.1, 1.839

Burin, Ruy Luiz – 1.036.1

Bussy-Dunaud, Florence – 274

Bustamente Alarcón, Reynaldo – 119, 128

Butera, Antonio – 1.611, 1.618

Büttenbender, Carlos Frederico – 1.436

Buzaid, Alfredo – 22, 45.1, 45.2, 75.2, 82, 94, 224, 225.3.3, 225.3.5, 236,
256.1, 292, 294, 297.1, 297.4, 311.1, 322.1.2, 325, 388.2.3, 502, 586, 596,
597, 599, 607, 608, 612, 912.1.1, 923.2, 962, 1.149, 1.292.1.2, 1.327, 1.337,
1.339, 1.339.3.1, 1.382.1, 1.386.2, 1.427.3, 1.450.3.1, 1.450.3.3, 1.590.2.4,
1.591, 1.749, 1.757.2, 1.765, 1.785.2, 1.785.4, 1.789, 1.793, 1.797, 1.811.1,
1.811.3.1, 1.812.3, 1.815, 1.821.3, 1.943, 1.944, 1.945, 1.948.1.2, 1.962,
2.117, 2.118, 2.120, 2.131.1, 2.142, 2.148

Buzzi, Marco – 1.069.3, 1.370, 1.802, 2.047.1.2, 2.066.2, 2.115.5

Cabral, Antonio do Passo – 130, 222.2, 796, 965, 1.244, 1.250, 1.254,
1.343.2, 2.129

Cabral, Érico de Pina – 1.327, 1.328, 1.329.3, 1.339.2, 1.339.3, 1.340.1,


1.339.3.2
Cabral, Luciana Carreira Alvim – 75.2, 1.436.2, 1.635

Caccuri, Antonio Edving – 1.064

Cadeño Hernán, Marina – 2.155

Cadiet, Loïc – 1, 7, 50, 130, 224, 225.2, 225.3.3, 247, 312.1, 1.016, 1.017,
1.019, 1.022, 1.122.1, 1.143, 1.162, 1.254, 1.262.2, 1.339.1.1, 1.514.2,
1.514.3, 1.743, 1.755, 1.845, 1.857.1.1, 1.964, 1.964.4.4, 1.965.1, 1.970.4,
1.993, 2.000.1, 2.020.2, 2.143.1

Caetano, Marcello – 71, 936.1, 936.2, 1.305, 2.117

Cahali, Yussef Said – 262.1, 515.2, 626, 627.2, 630, 633.3, 635.1,
635.2.1, 635.2.2, 635.3, 636, 638.3, 644, 668, 670.1.2, 671, 673, 677, 681,
683, 684, 688, 689, 690.1, 694.1, 694.2, 694.3, 695, 699, 702, 703, 704, 707,
710, 710.2, 711, 712.3, 713.2, 714, 715, 718.2.1, 718.2.2, 720, 721.1, 732.1,
732.2, 732.3, 733.1, 733.2, 737, 739, 740.3, 742, 745, 756, 1.016, 1.018.1,
1.021, 1.022.4, 1.023, 1.024, 1.461.1, 1.507.2, 1.507.3, 1.516.6, 1.589.4,
1.596.4, 1.618, 1.698.3, 1.962, 2.112, 2.116.1, 2.116.2, 2.145

Caivano, Roque J. – 8, 12

Cais, Cleide Previtalli – 726.2

Calamandrei, Piero – 1, 63, 70, 83, 84, 86, 91, 93.1, 146.1, 222, 222.2,
233, 235, 247.3, 248, 302, 336, 552, 618, 870, 887, 891, 939.5, 949, 1.016,
1.122.5, 1.318.1, 1.335.1.3.2, 1.403, 1.407.1, 1.407.3, 1.407.4, 1.446.1.1,
1.446.1.2, 1.470, 1.514.1.2, 1.559, 1.590.2.4, 1.653, 1.659, 2.120, 2.132.1

Calaza López, Sonia – 2.131.2, 2.132.1

Caldeira, Adriano – 876

Calderon Cuadrado, Maria Pia – 1.410.1, 1.412, 1.566.1, 2.111

Calgano, Salvatore – 104.2

Calmon, Eliana – 176.2, 208, 304, 388.6, 430.2, 570, 597, 599, 618,
629.2, 635.2.2, 638.1, 671, 677, 678, 686, 730, 731, 735, 736, 740.1, 861,
892, 986.3, 1.049, 1.051, 1.052, 1.063.3, 1.067, 1.123.4, 1.160.3, 1.177.2,
1.204, 1.292.2.5, 1.292.9, 1.407.2, 1.436.1, 1.450.5.4, 1.454.2.1, 1.455.4,
1.510, 1.589.3.3, 1.627, 1.628, 1.649.2.2.2, 1.693.2, 1.752.1, 1.753.2, 1.790,
1.795.4, 1.811.1, 1.993, 2.090, 2.153

Calmon, Petrônio – 104.1, 961.5

Calmon de Passos – 44, 82, 91, 105, 108, 109, 111, 181.2, 182, 197,
222.3, 222.4, 224, 241, 244, 248, 256.1, 261.1, 261.3, 262, 262.4, 263, 264,
271.2.1, 279.1, 279.3, 281.1, 289.1, 298, 305, 312.2, 313.1.3, 316.1, 316.3,
317.5.2, 318.3, 320.1, 324.3, 325, 330.3, 332.1, 333.1, 333.3, 338, 339, 344.1,
344.2, 346, 346.1, 346.2, 348, 348, 351, 352, 354, 358, 362, 364, 366.1, 368,
371, 372.3, 372.5, 373, 374, 375, 376, 388.2.1, 398, 399.1.1.2, 458, 459,
489.1.1, 489.3, 500, 553, 556, 580.2, 581.3, 721.3, 898, 899, 901, 913, 975.4,
1.029, 1.035, 1.055, 1.058, 1.172, 1.196.1, 1.223, 1.244, 1.245.2, 1.301.1.1,
1.317.4, 1.317.5, 1.339.1.2, 1.380.1, 1.401, 1.415, 1.416, 1.421.1, 1.438.1.1,
1.455.4, 1.460, 1.461.2, 1.461.5, 1.469, 1.472, 1.474.2, 1.475.1, 1.481,
1.481.1.1, 1.490, 1.491, 1.510, 1.510.3.1, 1.510.3.2, 1.511, 1.512.1, 1.513,
1.514.1.1, 1.514.1.2, 1.514.1.4, 1.514.2, 1.517, 1.538, 1.590.1, 1.591, 1.592.5,
1.596.3, 1.683, 1.693, 1.693.1, 1.693.2, 1.694, 1.696, 1.699, 1.702, 1.703,
1.731, 1.740.2, 1.741, 1.743, 1.744, 1.744.3, 1.745.2, 1.750, 1.752.2, 1.753.3,
1.754.3, 1.759, 1.767, 1.770.1, 1.773.1, 1.779.3, 1.783, 1.786, 1.795.4,
1.798.2, 1.800, 1.811.3.1, 1.856.1, 1.874.1, 1.875.1.3, 1.875.2, 2.156

Calogero, Guido – 145, 336, 607, 740.3, 1.116, 1.122.1, 1.385

Calvinho, Gustavo – 1, 82, 625, 928, 2.130

Calvo, Roberto – 155

Calvosa, Carlo – 1.575.3

Câmara, Alexandre Freitas – 29, 30, 161, 233, 261, 366, 555, 578, 892,
903.3, 944.3, 1.046.1, 1.221.4.4, 1.337, 1.423, 1.452.1, 1.452.2, 1.521, 1.525,
1.533, 1.566.2.5, 1.636, 1.699, 1.700, 1.744.3, 1.770, 1.797, 1.799, 1.811.3.1,
1.963, 2.054.2.1, 2.114.5, 2.149.6

Câmara Leal, Antônio Luiz da – 35, 227.2, 493.1, 1.131, 1331.1, 1.192,
1.388, 1.507.3, 1.622, 1.852, 1.856.3.1, 1.862, 1.864.1, 1.869, 1.884, 1.884.1,
1.888, 1.889, 1.917.3

Camargo, Luiz Henrique Volpe – 734

Cambi, Eduardo – 158.1.1, 179, 181.2, 796, 1.325.2, 1.847, 1.938.2

Campo, Hélio Márcio – 156.3, 753.2, 944, 1.074, 1.351

Campos, Antonio Macedo de – 15, 1.457

Campos, Benedito de – 1.066

Campos, Ingrid Zanella Andrade – 1.539.3.3

Campos, Ricardo Ribeiro – 1.221.4.1

Campos, Ronaldo Cunha – 82, 102, 192, 292, 2.143.2

Campos Júnior, Ephraim – 555, 556, 557, 558, 559, 560.1, 560.2, 572

Campos Filho, Paulo Barbosa – 881

Camps, Carlos E. – 743, 746.2, 754, 1.685

Camusso, Jorge P. – 1.249, 1.259, 2.156

Cândia, Eduardo – 557

Canotilho, J.J. Gomes – 36, 118


Canova, Augusto Cerino – 94, 236, 244, 1.029

Capelo, Maria José de Oliveira – 513

Caponi, Remo – 69, 177, 374, 375, 596, 1.172, 1.660, 2.145.2

Cappelletti, Mauro – 4, 5, 15, 74, 79, 104.1, 119, 162, 192, 340, 625, 743,
746.1, 923.2, 938, 940, 946.5, 962, 1.071, 1.304, 1.468, 1.539.3.2, 1.685,
1.848, 1.854, 1.859.2, 1.863.1.3, 1.932.2.1.1, 1.966.2

Caram Júnior, Moacyr – 1.798.2

Carbone, Vincenzo – 927

Carbonnier, Jean – 1

Cardoso, Adaucto – 1.452

Cardoso, Eurico Lopes – 789, 857, 1.002, 1.469, 1.638

Cardoso, Luciana Zaffalon Leme – 1.071

Cardoso, Oscar Valente – 313.3, 515, 842, 1.046.1

Cardozo, José Eduardo Martins – 69.2

Carl, Friedrich – 222.1

Carlos, Adelino de Palma – 1.692

Carlucci, Maria da Glória – 69

Carmen Lúcia – 388.2.2, 448, 599, 768, 840.6, 1.660.2

Carmona, Carlos Alberto – 22, 24.2, 24.5, 25, 29, 30, 213.1, 214,
324.2.2, 738, 1.022.2, 1.331.1, 1.478, 1.592.1, 2.013

Carnacini, Tito – 80, 590

Carnaúba, Maria Cecília Pontes – 160

Carneiro, Amílcar Araújo – 1.663.4

Carneiro, Athos Gusmão – 32, 37, 45.3, 75.2, 104.2, 177, 179, 181.2,
186, 187, 189, 190, 192, 197, 200, 207, 210, 282, 298, 304, 313.3, 351, 352,
378.3, 379, 382, 384, 388.3, 388.6, 392, 396.2, 398, 399.1.1.2, 399.1.1.2,
399.1.1.3, 399.1.1.7, 400, 416, 426, 428, 431.2, 436, 438, 446, 455.2, 455.4.2,
464.1.3, 469.2, 470, 489, 489.3, 498.2.2, 508.1, 518, 523.2, 535, 550.3, 586,
633.3, 635.2.2, 690.2, 721.3, 726.1, 740.2, 752, 758, 761, 762, 773, 775.2,
776, 778, 784, 790, 792, 819, 853, 855, 857, 858, 859, 860, 869.1, 869.4,
873.1, 873.2, 888, 889, 899, 901, 902, 905, 908, 910, 915, 916, 916.1, 916.4,
921.2, 1.063.2, 1.100, 1.115.2, 1.122.6, 1.179, 1.187.1, 1.196.6, 1.200,
1.201.1, 1.208.2, 1.222, 1.354, 1.358, 1.363, 1.423, 1.427.3, 1.436.2, 1.446,
1.446.1.2, 1.460, 1.516.6, 1.533, 1.534.2.3.3, 1.574.2, 1.698.3, 1.731, 1.743,
1.752.1, 1.753.1, 1.755, 1.756, 1.806, 1.814, 1.860.4, 2.038, 2.059, 2.060,
2.062, 2.062.3, 2.063.2, 2.066, 2.066.1, 2.068.1, 2.069.2, 2.074, 2.074.1,
2.074.2, 2.075, 2.078, 2.079, 2.083, 2.085, 2.086, 2.089.2, 2.089.5, 2.091,
2.092, 2.093.2, 2.094.1, 2.094.3, 2.094.4.1.2, 2.094.4.1.3, 2.094.4.2,
2.094.4.2, 2.099, 2.145.2

Carneiro, Daniel Xanetti Marques – 45.2

Carneiro, Diogo Ciuffo – 222.5

Carneiro, Manuel Borges – 177, 2.146

Carneiro, Nelson – 1.018.1

Carneiro, Paulo Cezar Pinheiro – 15, 120, 152, 568.1, 922, 1.022.3,
1.044.1, 1.546, 2.025

Carneiro, Tânia Aoki – 1.663.1

Carnelli, Lorenzo – 1.318.1

Carnelutti, Francesco – 1, 3, 6, 67, 68, 81, 90, 102, 103.2, 125, 130,
158.1, 176.1, 177, 197, 303, 314, 318.1, 379, 555, 558, 578, 633.2, 712, 951,
961, 961.2, 1.002, 1.014, 1.046.2, 1.085, 1.090.2, 1.093, 1.114.2, 1.117.3,
1.122.6, 1.123.2, 1.134, 1.140, 1.141, 1.190, 1.245, 1.246, 1.249, 1.256.1,
1.307, 1.308, 1.321, 1.322, 1.336, 1.337, 1.339, 1.341, 1.342, 1.343.2,
1.343.4, 1.343.5, 1.345.2, 1.348.2.2, 1.368, 1.521, 1.523, 1.558, 1.566.2.1
1.566.2.5, 1.567, 1.602, 1.607, 1.660, 1.664, 1.729, 1.735, 1.745.3, 1.762,
1.795.1, 1.812.1, 1.824, 1.833, 1.848, 1.849, 1.870, 1.871.2.2, 1.872, 1.915.1,
1.915.2, 1.916.3, 1.921.2, 1.922, 1.924, 1.926, 1.926.1, 1.932.2.1.1, 1.933,
1.943, 1.948.1.2, 1.952.4, 1.952.5, 1.955, 1.956, 1.961.1.1.2, 1.964.4.2,
1.976.6, 1.976.2, 2.139, 1.996.1, 1.998.2, 2.041, 1.055, 2.082.1, 2.108,
2.114.1, 2.114.5, 2.141, 2.142, 2.145

Carpena, Márcio Louzada – 607, 616, 938, 1.419, 1.438.2, 1.440.1,


1.455.1, 1.455.2, 1.455.4, 1.457, 1.459, 1.461, 1.461.1, 1.461.2, 1.461.3,
1.461.4, 1.461.5, 1.462, 1.464, 1.465

Carpenter, Luiz – 1.221.4.3, 1.531, 1.626

Carpi, Federico – 212, 222.2, 234, 1.105, 2.138.2.2, 2.140.1

Carratta, Antonio – 330, 348, 1.317.2, 1.317.5, 1.328, 1.335.1.3.2, 1.759

Carreira, Guilherme Sarri – 1.663.1

Carreira Alvim, J. E. – 75.2, 267, 313.3, 728, 778, 1.446.1.2, 1.743

Carride Júnior, Norberto – 873.1, 910

Cartaxo, Azevedo Hamilton – 1.121

Carvalhido, Hamilton – 176.2, 259, 282, 383, 456.1.1, 557, 669, 726.3,
732.1, 1.018.1, 1.022.2, 1.649.2.2.1, 2.153
Carvalho, Afonso José de – 1.956, 1.960.1, 1.965.2, 1.966.2, 1.966.2,
1.966.4, 1.971.2, 1.976, 1.976, 1.976.1, 1.976.3, 1.976.3, 1.976.4.1, 1.976.4.3,
1.976.5, 1.976.6.2, 1.976.6.2.2, 1.977.1, 1.981.6, 1.982, 1.984

Carvalho, Daniel Marques de – 77

Carvalho, Fabiano – 912.2.3, 1.254.2, 2.148.2

Carvalho, Francisco Pereira de Bulhões – 734, 1.254.2

Carvalho, Ivan Lira de – 1.995.1.2

Carvalho, José Afonso de – 1.334.1, 1.848

Carvalho, José Orlando da Rocha de – 98, 2.145, 2.145.2

Carvalho, Luiz Antonio da Costa – 1.335.1.2, 1.706, 1.742, 1.745.2,


1.748.4, 1.848, 2.120

Carvalho, Milton Paulo de – 244, 255, 256.1, 258.2, 262.2, 266, 304,
364, 455.4, 455.4.1, 456.2, 1.476, 1.566.2.5, 2.114.5

Carvalho, Paulo Pinto de – 1.042

Carvalho, Pedro Leonel Pinto de – 183, 1.798

Carvalho, Orlando de – 83

Carvalho, Rodrigo Benevides de – 1.508.1

Carvalho, Vladimir Sousa – 388.2.3, 388.4, 411.1

Carvalho de Mendonça, J. X – 525, 1.063.1, 1.301.1.1, 1.897, 1.897.1,


1.897.3, 1.929.1, 1.932.1

Carvalho de Mendonça, M. (Manoel) I. (Ignacio) – 32, 343, 886, 886.2,


887, 1.042, 2.138.2.1

Carvalho Filho, José dos Santos – 36, 40, 41, 42, 48.1, 97, 181.3, 238,
388.4, 520, 2.074, 2.120

Carvalho Filho, Milton Paulo de – 1.455.7

Carvalho Neto, Inácio – 1.611

Carvalho Netto, José Rodrigues de – 728, 861

Carvalho Santos, J. M. – 685, 746.2, 748, 750, 752, 754.1, 754.2, 754.4,
871, 883.1, 886, 907, 913, 976.4, 1.018.1, 1.024, 1.029, 1.063.3, 1.187.2.1,
1.273, 1.286, 1.449, 1.545, 1.611, 1.642.1, 1.685, 1.689, 1.915.3, 1.921.1.2,
1.925.2, 1.926.2, 1.931, 1.959.3, 1.960, 1.960.1.1, 1.960.1.2, 1.960.2, 1.971.1,
1.976, 1.981.3, 1.997, 2.022.2, 2.115.2, 2.120

Carvalhosa, Modesto – 522, 523.1, 1.196.6


Casad, Robert C. – 1.144, 2.142

Caseiro, Luciano – 1.404, 1.455

Casiraghi, Roberta – 1.966.4, 1.969

Castagna, Ricardo Alessandro – 1.432, 1.481.1

Castellari, Antonio – 91

Castelo, Jorge Pinheiro – 177, 1.421.2, 1.423

Castillejo Manzanares, Raquel – 1.596.3, 1.604, 1.612

Castillo Alva, José Luis – 1.663.1

Castillo Córdova, Luis – 1.663.1

Castillo Larrañaga, José – 508.3, 1.070.2, 2.139

Castrillón y Luna, Víctor M. – 227.2, 1.335.1.3, 1.976.1

Castro, Amílcar de – 197, 198.1, 198.2, 210, 215, 222.3, 316.2, 331,
411.1, 415.2, 455.4, 532.1, 1.002, 1.222, 1.449, 1.453, 1.649.2.2.2, 1.700

Castro, Arthur Anselmo de – 222.1, 225.2, 229, 233, 242, 247, 247.1,
329, 330.4, 380, 504, 546, 558, 586, 778, 857, 965, 1.003.1, 1.003.4, 1.036,
1.087.1, 1.197, 1.197.1, 1.258, 1.274.3, 1.279, 1.378.1.1, 1.483, 1.575.2,
1.777, 1.857.1.1, 1.861, 1.875.1.3, 1.976.6.1, 2.137.2

Castro, Carlos Roberto de Siqueira – 127, 165

Castro, Daniel Penteado de – 1.351

Castro, José Antonio de – 415.3, 1.553, 1.641

Castro, José Roberto de – 685, 745, 745.6, 746.1, 746.2, 750, 754.1

Castro, Mário de Almeida – 238, 278, 1.642.1

Castro, Máximo – 1.339, 1.469, 1.976.6.2, 1.976.6.2

Castro, Torquato – 84, 225.3.5

Castro Filho – 35, 74, 176.4, 192, 292, 316.2, 320, 354, 388.3, 395.1,
450, 544.1, 596, 607.1, 710.2, 712.2, 730, 996.2, 1.025.2, 1.204, 1.210, 1.222,
1.348.1, 1.357, 1.391, 1.436.1, 1.452.2, 1.458.1, 1.514.2, 1.536.2.2, 1.643,
1.664, 1.744.3, 1.755, 1.758, 1.778.4, 1.801, 1.867, 1.928, 1.970.2, 1.970.3,
2.019.2, 2.022.1, 2.035, 2.044.4, 2.046.1.2, 2.066.2, 2.116.2, 2.157

Castro Filho, José Olympio de – 942.1, 947, 1.120, 1.293

Castro Meira – 44.1, 82, 279.3, 388.3, 398, 424, 465, 474, 490.1, 490.3,
542.4, 567, 597, 618, 635.1, 635.2.1, 644, 697, 710.1.2, 710.3, 712.2, 733.1,
740, 746.2, 967.1, 997.4, 1.079, 1.137.3, 1.243.1, 1.278.2, 1.293, 1.299,
1.461.1, 1.526.1, 1.526.2, 1.530, 1.580, 1.581, 1.589.3.2, 1.607, 1.614, 1.633,
1.801, 1.807.3, 1.811.3.1, 1.821.3, 1.846, 2.009.5, 2.096, 2.109, 2.115.4,
2.116.1, 2.116.3, 2.158

Castro Nunes – 1.450.3.1

Catalan, Marcos Jorge – 1.571

Catalano, Elena Maria – 1.335.1.3.2

Cavalcante, Montovanni Colares – 45.3, 57, 176.6, 1.061.3, 1.196.4,


1.292.2.8.9, 1.450.3.7,

Cavalcanti, Themístocles Brandão – 45, 921.1, 1.450.3.5

Cavalcanti, José Paulo – 399.4.1, 1.627

Cavallari, Bona Caccia – 310, 348, 1.245.1, 1.266

Cavallini, Cesare – 947, 1.566.2.5

Cavallone, Bruno – 1.010, 1.349, 1.967, 1.664, 1.841, 1.905.1

Cavani, Renzo – 1.259

Ceccarini, Adolfo – 1.928.2, 1.952.5

Cenerini, Massimo – 35

Ceneviva, Walter – 1.864.2.2, 1.864.2.2, 1.902.2, 1.925.2, 1.980.4.3

Ceolin, Ana Carolina Santos – 533.2

Cernicchiaro, Luiz Vicente – 564, 751, 1.187.1, 1.329.2, 1.489.3, 2.120

Cerqueira, Luís Otávio Sequeira de – 616

César, Joaquim Portes Cerqueira – 44.1

Cézar-Bru, Charles – 1.977.1, 1.981.1

Chabas, François – 112

Chainais, Cécile – 32, 50, 54, 54.1, 61, 63, 68, 69, 69.2, 69.3, 116, 222,
222.1, 225.3.2, 244, 246, 382, 870, 891, 961.2, 992, 995, 996.2, 997.4, 997.7,
1.017, 1.019, 1.034, 1.130, 1.135, 1.194.3, 1.194.5, 1.197, 1.203, 1.205,
1.262, 1.301.1, 1.310, 1.372, 1.425, 1.514.3, 1.547.1, 1.684, 1.701, 1.707,
1.708, 1.731, 1.748.1, 1.845, 1.850, 1.855.3, 1.857.2, 1.861, 1.867, 1.883.2,
1.976.2, 1.976.6, 1.991, 1.993, 2.000.1, 2.004, 2.005, 2.006.2, 2.009.3,
2.022.4, 2.040, 2.054.4, 2.062, 2.069.1, 2.077, 2.131.1, 2.143.1

Chaves, Antonio – 176.1, 263, 2.152


Chaves, Marcos – 1.048

Chaves, Paulo – 104.1

Chaves, Pedro – 336, 1.324.6

Chazal, Jean – 961.5

Cheker, Monique – 1.045

Chequer, Claudio – 1.069.3

Chiappini, Julio – 969.1, 969.4, 1.294, 1.340

Chiarloni, Sergio – 9, 62, 102, 128, 1.402, 2.060

Chiavaro Mario – 174

Chiavassa, Tércio – 1.440.3

Chiovenda, Giuseppe – 2, 31, 50, 55, 70, 74, 80, 81, 91, 93.2, 93.3, 95,
104.1, 104.2, 104.4, 112, 125, 176.5, 177, 181.2, 222.1, 222.2, 224, 225.3.5,
231, 232, 236, 237, 239, 241, 242, 246, 262.1, 276, 278, 279.1, 279.3, 289.1,
303, 304, 328, 340, 348, 373, 386, 404, 500, 508.3, 555, 556, 581.3, 582.2,
582.3, 583.2, 587, 625, 626, 627.2, 627.3, 633.1, 635, 635.3, 635.4, 636,
637.1, 644, 668, 672, 710, 710.11, 720, 740, 745.1, 784, 870, 872, 891, 939.3,
944.5, 950, 1.087.1, 1.087.2, 1.098, 1.100, 1.114, 1.116.4, 1.143, 1.153.2,
1.190, 1.292.1.2, 1.292.2.1, 1.292.2.8.3, 1.303, 1.304, 1.305, 1.320, 1.339,
1.356, 1.404, 1.407.1, 1.407.2, 1.461, 1.470, 1.493, 1.502, 1.510.3.1, 1.521,
1.566.1, 1.566.2.3, 1.587.3, 1.596, 1.596.4, 1.609, 1.618, 1.660.2, 1.693.1,
1.718, 1.737.5, 1.744, 1.748.3, 1.757.3, 1.821.3, 1.874.2, 1.942.1, 2.111,
2.113, 2.114.3, 2.116, 2.116.1, 2.126, 2.130, 2.131.1, 2.136, 2.143.2, 2.145

Chizzini, Augusto – 774, 790

Cholet, Didier – 161, 162, 313.1

Chrétien, Patrice – 40

Cianci, Mirna – 161

Cianci, Mirna – 1.554.3

Cicconetti, Stefano Maria – 840.1

Ciccotti, Enrico – 1.946.1

Cintra, Antônio Carlos de Araújo – 2, 53, 135, 180, 224, 225.2, 226.1,
240, 325, 378, 495.2, 556, 558, 638.4, 871, 899, 903.2, 903.4, 912.2.2, 913,
996.2, 997.2, 997.3, 998.2, 998.2.2, 998.2.3, 1.312.4, 1.325, 1.343, 1.343.2,
1.349, 1.358, 1.401, 1.446.1.1, 1.514.2, 1.541.1.2, 1.541.1.3, 1.544, 1.575.1,
1.582.2, 1.591, 1.596.1, 1.596.3, 1.740.2, 1.755, 1.841, 1.852, 1.863.1.3,
1.863.2.2, 1.912.3, 1.917.1, 1.921.1.2, 1.923.2.1, 1.925.1, 1.925.3, 1.933,
1.939.2.1, 1.946.1, 1.948.1.2, 1.948.2.4, 1.949, 1.950.2, 1.952.1, 1.952.4,
1.952.5, 1.959, 1.960.1.2, 1.961.2.1, 1.963.1, 1.963.2, 1.966.5.4, 1.969,
1.972.2, 1.975.4, 1.978.1.2.1, 1.979.1, 1.982, 1.984.2, 1.987, 1.993, 1.995.1.4,
1.996.5, 1.997, 2.000.1, 2.008.1, 2.009.1, 2.016, 2.020.1, 2.022.4, 2.024.4,
2.028.2.1, 2.028.2.2, 2.030, 2.035, 2.035.1, 2.044.2, 2.054.2.1, 2.054.2.5,
2.055.4, 2.074, 2.081, 2.082.2, 2.082.4, 2.090, 2.120, 2.121.2, 2.136, 2.137.2

Cintra, Geraldo de Ulhoa – 231

Cipriani, Franco – 50, 80, 81, 222.2, 1.304, 1.539.4, 1.513, 1.698.1, 1.792

Cirigliano, Raphael – 1.943, 1.962, 1.980.4.3

Civinini, Maria Giuliana – 587

Claus, Bem-Hur Silveira – 102

Clermont, Kevin M. – 78, 127, 1.144, 2.142

Clève, Clèmerson Merlin – 40, 1.044.3

Coan, Emerson Ike – 1.329.2

Codovilla, Egidio – 27

Coelho, Fábio Ulhoa – 420, 434.2, 502.2.2, 525, 530, 532.1, 532.2, 532.3,
1.624, 1.932.1, 1.932.2.1.1, 1.932.2.1.3

Coelho, Luiz Fernando – 64, 65, 80, 337

Cogliolo, Pietro – 2.138.2.1, 2.148

Colesanti, Vittorio – 222.2, 1.105, 1.493

Collins, Paul M – 843

Combre, Nilton da Silva – 235, 399.4.2

Comoglio, Luigi Paolo – 14, 77, 80, 81, 181.3, 226.1, 301, 328, 380, 993,
995, 997.5.2, 1.307.2, 1.320, 1.324.6, 1.325.3, 1.339.3.1, 1.339.3.2, 1.343,
1.343.5, 1.346, 1.349, 1.378.1.1, 1.943, 1.402, 1.596.1, 1.623, 1.843,
1.857.1.1, 1.869, 1.870, 1.872, 1.875.1.2, 1.875.1.3, 1.876, 1.877, 1.879,
1.880, 1.891, 1.894, 1.899.1.2, 1.903, 1.907, 1.912.1, 1.914, 1.915, 1.916.10,
1.922.5, 1.929, 1.929.1, 1.930, 1.932.2.1.1, 1.934, 1.935, 1.939.1, 1.944,
1.947, 1.948.2.3, 1.948.2.4, 1.950.3, 1.952.5, 1.961.1.3, 1.961.2.1, 1.970.2,
1.970.5, 1.971.2, 1.978.1.2.1, 1.982, 1.992, 2.004, 2.005, 2.031.2, 2.032.4,
2.035, 2.039, 2.043, 2.044.3, 2.046, 2.046.1.1, 2.047.2, 2.049.2.1, 2.049.3

Comparato, Fábio Konder – 180

Comparato, Scott A. – 800

Coneglian, Olivar Augusto Roberti – 151

Coniglio, Antonino – 279.1, 279.2, 279.3, 302, 1.002, 1.003.1, 1.870


Consolo, Claudio – 5, 161, 1.193, 1.324.4, 1.345.2, 1.479.2, 1.701, 1.803,
1.958, 2.047.1.1

Consolo, G. Cesareo – 1.958, 1.960.1.1, 1.965, 1.976.6.2

Constantino, Carlos Ernani – 1.055

Conte, Mario – 1.852, 1.868, 1.957.1

Contrim Neto, A. B. – 985

Cordeiro, António Menezes – 5, 606, 617

Cordeiro, Carlos José – 1.421.1

Cordeiro Guerra – 1.857.2

Cordopatri, Francesco – 1.663.4

Corea, Ulisse – 1.401

Cornu, Gerard – 50, 553, 872

Corradi, Marco – 627.3, 64e, 670.1.2

Corrado, Renato – 1.611,

Corrêa, Maurício – 40, 127, 208, 388.2.2, 599, 840.2, 904, 1.018.2, 1.026,
1.311.1, 1.663.4

Corrêa, Orlando de Assis – 591, 873.1

Correia, André de Luizi – 465.1, 522, 1.196.5, 1.211, 1.212, 1.212.1,


1.212.2, 1.212.3, 1.212.4, 1.214.3, 1.216.1, 1.216.3, 1.217, 1.218, 1.224

Cortes, Hélio Armond Werneck – 365.2, 1.339.3.2

Côrtes, Osmar Mendes Paixão – 1.517

Costa, Afrânio – 975, 4, 1.754.3

Costa, Álvaro Mayrink da – 35

Costa, Caetano Ernesto da Fonseca – 587

Costa, Daniel Carnio – 1.550.2

Costa, Dilvanir José da – 584

Costa, Edgar da – 1.749, 1.811.1

Costa, Eduardo José da Fonseca – 228, 879, 880, 881, 882, 883.1,
883.4, 884, 1.407.2, 2.129, 2.157

Costa, Geraldo Gonçalves da – 222.5


Costa, José Armando da – 36, 1.454.2.1

Costa, José Augusto Galdino da – 118, 222.5

Costa, José Eduardo da – 879, 880, 881, 882, 883.1, 883.4, 884

Costa, José Rubens – 515.1, 522, 529, 537.2, 538, 583, 975.4, 1.038,
1.292.2.1, 1.754.3, 1.757.3, 1.781

Costa, Mário Júlio de Almeida – 1.618

Costa, Miguel do Nascimento – 1.096

Costa, Moacir Lobo da – 72, 73, 74, 116, 501, 712.3, 775.2, 777, 778,
784, 791.3, 1.602, 1.609, 1.660, 1.762, 1.869

Costa, Nelson Nery – 1.071, 1.074

Costa, Nilton César Antunes da – 16, 29

Costa, Salvador da – 789.1, 791.2, 853, 868, 871, 2.151.3

Costa, Sergio – 104.1, 233, 246, 340, 348, 578, 758, 762.1, 775.2, 763.1,
790, 1.002, 1.524.1

Costa, Suzana Henriques da – 160

Costa e Silva, Antônio Carlos – 591, 771, 1.221.3, 1.636, 1.717

Costa e Silva, Paula – 5, 455.4, 455.4.2, 593.2, 617, 620, 1.086, 1.340,
1.446.1.3, 1.504, 2.136.1

Costa Leite – 35, 322.1.2, 415.3, 906.2, 1.025.2, 1.037, 1.061.3, 1.066,
1.216.2, 1.255.1.2, 1.292.2.4, 1.335.1.3.2, 1.386.2, 1.526.2, 1.556, 1.590.2.4,
1.995.2.3

Costalunga, Danilo Alejandro Magnoni – 1.262

Coutinho, Aldacy Rachid – 1.245.1, 1.266

Coutinho, Jacinto Nelson Miranda – 1.069.3

Couto, Jeanlise Velloso – 30, 83

Couto e Silva, Alexandre – 532.3

Couto e Silva, Clovis do – 3, 93.1, 227.2, 228, 229, 234, 568.2, 1.305,
1.403, 1.566.2.3, 1.960, 2.114.3

Couture, Eduardo J. – 39, 50, 65, 82, 83, 85, 128, 176, 177, 180, 181.3,
188, 222.1, 222.3, 236, 308, 309, 339, 606, 923, 928, 940, 964, 1.151,
1.153.3, 1.244, 1.307.1.3, 1.310, 1.318.1, 1.318.3, 1.335, 1.449, 1.660.2,
1.729, 1.779.1, 1.824, 1.852, 1.863, 1.976.6.2.2, 1.992, 2.130, 2.136.1
Covello, Sergio Carlos – 1.325.1, 1.326

Covic, Carolina Ceccere – 1.517

Cremasco, Suzana Santi – 944.2, 1.339, 1.340, 1.340.2

Crémieu, Louis – 1.964

Cretella Júnior, J. – 37, 174, 470, 748, 921.1, 959, 1.685

Cretella Neto, José – 750

Crevani, Riccardo – 1.955, 1.971.1

Cribari, Giovanni – 1.533, 1.752.1

Cristofolini, Giovanni – 177, 1.660, 1.660.1, 1.660.2

Crocioni, Pietro – 104.1, 1.803

Cross, Rupert – 1.338

Croze, Hervé – 222.1, 228, 292, 512

Cruz, João Cláudio de Oliveira – 383

Cruz, José Raimundo Gomes da – 586, 611.3, 774, 912.1.2, 923.2, 959,
1.028.1, 1.067

Cruz, Luana Pedrosa de Figueiredo – 45.2, 1.121

Cruz e Tucci, José Rogério – 4, 28, 44.2, 62.1, 63, 93.3, 94, 120, 127,
128, 168, 145, 148, 149, 151, 161, 162, 177, 185, 225.3.3, 243, 244, 246,
247.1, 248, 249, 251, 274, 279.3, 303, 311.2, 313.3, 326, 347, 355, 372.1,
387, 505.2, 559, 582.2, 610.4, 612, 747.1, 750, 760, 868.1, 923.1, 956, 969.1,
1.100, 1.122, 1.122.1, 1.122.3, 1.122.4, 1.122.6, 1.134, 1.135.1, 1.141, 1.149,
1.177.1, 1.301.1.1, 1.514.3, 1.574.1, 1.635, 1.641.1, 1.649.2.3, 1.663, 1.732,
1.744, 1.744.3, 1.745.2, 1.745.3, 1.746, 1.748.1, 1.748.4, 1.748.5, 1.811.3.1,
1.821.3, 2.090.3, 2.115.5, 2.136, 2.136.1, 2.136.2, 2.137, 2.137.2, 2.138.1.1,
2.138.2.1, 2.138.2.2, 2.139.3, 2.140.2

Culot, Dario – 1.534.1.5, 1.535.2, 1.536.2.2

Cunha, Alcides Munoz da – 254, 299, 459, 489.2, 1.149, 1.292.2.5,


1.404, 1.415, 1.416, 1.455, 1.455.4, 1.460, 2.144.4

Cunha, Belinda Pereira da – 1.454.1

Cunha, Gisele Heloísa – 857

Cunha, Antonio Júlio – 2.137


Cunha, Leonardo José Carneiro da – 176.1, 210, 225.3.5, 259, 380,
396.4, 465, 465.1.2, 465.1, 466, 468.1, 468.2, 469.3, 616, 814, 1.210.1, 1.495,
1.499, 1.500, 1.596, 1.718, 1.716, 2.152

Cunha, Maria Inês Moura Santos Alves da – 961.5

Cunha, Maurício Ferreira – 1.340

Cunha, Mauro – 53

Cunha, Oscar da – 104.1, 607.4

Cunha, Sergio Servúlo da – 946.5

Cunha Gonçalves, Luis da – 883.2

Cunha Peixoto – 1.036

Curi, Izabela Rücker – 774

Czajkowski, Rainer – 1.647

D’Angelo, Suzi – 1.454.2

D’Angelo, Élcio – 1.454.2

D’ Urso, Leonardo – 6, 13

Dalbignat-Deharo, Gaëlle – 1.343.5, 2.038

Dal Pozzo, Antonio Araldo Ferraz – 578

Dall’Agnol, Antonio – 189, 220, 233, 302, 304, 305, 307, 316.2, 316.3,
318.2, 318.3, 324.3, 374, 375, 376, 377, 396.2, 399.1.3, 411.1, 415.1, 455.4,
455.4.4, 464.1.1, 464.1.3, 464.2, 471, 472.3, 474, 476, 479, 481, 483, 487,
489, 490.1, 490.2, 490.3, 493.1, 494.1, 494.2, 494.4, 495.3, 496, 497.2, 497.3,
498, 498.2.2, 498.3, 499, 523.1, 523.2, 609.7, 725, 938, 941, 942.3, 944.5,
946.5, 956, 961, 962, 962.2, 966.1, 967.3, 967.4, 967.5, 967.7, 968, 969.1,
969.2, 970, 973, 976.2, 976.4, 976.6, 984, 986.1, 986.3, 986.5, 989.1, 992,
997.1, 997.3, 997.5.3, 1.004.3, 1.008, 1.010, 1.011.3, 1.012, 1.014, 1.028.1,
1.028.2, 1.029, 1.054, 1.056, 1.066, 1.085, 1.087.2, 1.088, 1.092, 1.094,
1.098, 1.099.2, 1.104.3, 1.108, 1.111.3, 1.111.4, 1.112.3, 1.113, 1.114.2,
1.114.3, 1.114.4, 1.115.1, 1.116, 1.116.4, 1.117.2, 1.117.3, 1.122, 1.129,
1.130, 1.131, 1.132.2, 1.132.3, 1.135, 1.136.1, 1.136.2, 1.137.3, 1.138, 1.139,
1.148.1, 1.153.1, 1.153.2, 1.154.1, 1.155, 1.157, 1.159.3, 1.159.4.3, 1.159.4.6,
1.160.1, 1.160.3, 1.162, 1.163, 1.164, 1.167.2, 1.167.3, 1.172, 1.173, 1.174,
1.175, 1.177.1, 1.177.2, 1.177.3, 1.179, 1.180.1.1, 1.180.1.2, 1.180.2, 1.181,
1.182, 1.185, 1.187.2.1, 1.187.2.2, 1.188.2, 1.189.1, 1.189.2, 1.192, 1.193,
1+194.6, 1.196, 1.196.5, 1.196.6, 1.197, 1.197.1, 1.198.1, 1.198.2, 1.199.2,
1.201.1, 1.203, 1.207, 1.208.2, 1.208.4, 1.209.4, 1.210, 1.210.1, 1.210.2,
1.212.4, 1.214.2, 1.214.3, 1.216.1, 1.216.2, 1.216.3, 1.217, 1.218, 1.221.1,
1.221.3, 1.221.4, 1.221.4.2, 1.222, 1.223, 1.225, 1.227, 1.229, 1.231, 1.234,
1.238, 1.239, 1.240, 1.243.1, 1.244, 1.245.1, 1.245.2, 1.247, 1.248, 1.249,
1.251, 1.252, 1.254, 1.254.1, 1.254.2, 1.255.1.1, 1.255.1.2, 1.255.2, 1.257,
1.258, 1.259, 1.259.5, 1.261, 1.262.2, 1.264.1, 1.264.3, 1.265, 1.268, 1.271,
1.274.2, 1.274.3, 1.277, 1.281, 1.282.2, 1.283.2, 1.285, 1.289, 1.290, 1.292.1,
1.292.1.2, 1.292.1.3, 1.292.1.4, 1.292.1.8, 1.292.2.4, 1.292.2.8.2, 1.293,
1.296, 1.297, 1.298.3, 1.304, 1.324.3, 1.340, 1.353, 1.468, 1.477, 1.501,
1529.2, 1.548, 1.558, 1.582.2, 1.641.3.2, 1.641.4, 1.680, 1.688.2, 1.700,
1.703, 1.709, 1.713, 1.714, 1.716, 1.717, 1.719, 1.757.1, 1.761, 1.786,
1.963.2, 1.991, 1.993, 2.008.2, 2.019.2, 2.022.1, 2.064, 2.066, 2.066.2,
2.066.3, 2.068.2, 2.077, 2.092, 2.107, 2.108, 2.156

Dall’Agnol, Jorge Luís – 98, 99, 101, 101.1, 1.590.2.5, 1.642.1

Dall’Alba, Felipe Camilo – 236, 1.795

Dallari, Dalmo de Abreu – 165

Damasceno, Kleber Ricardo – 796

Danilevicz, Ígor – 2.147

Dantas, José – 226.2, 366.1, 1.208.2, 1.771.1, 2.145.1

Dantas Neto, Renato de Magalhães – 1.130

Davila Millan, Maria Encarnación – 242, 586

De Boor, Hans Otto – 236, 2.131.2

De Cresci Sobrinho, Elicio – 94, 236, 237, 586, 596, 606, 774, 1.365,
1.729, 1.737.3, 2.047.1.1, 2.054.4, 2.056, 2.131.2

De La Bilennerie, M. Goubeau – 83, 302, 326.1

De La Plaza, Manuel – 301, 1.338.1, 1.665, 1.748, 1.870, 1.921.2, 1.957.2

De La Oliva Santos, Andrés – 94, 225.2, 237, 292, 504, 507, 552,
2.132.1, 2.142

De Lucca, Rodolfo Ramina – 176.4, 224

De Marini, Carlo Maria – 192, 555, 556, 1.869, 1.872

De Martini, Angelo – 880, 883.1, 887

De Paula Conca, Javier Pietro – 947

De Pina, Rafael – 508.3, 1.070.2, 2.139

De Pina Vara, Rafael – 508.3, 1.070.2, 2.139

De Plácido e Silva – 455.4, 685, 748, 750, 754.1, 754.2, 1.019, 1.021,
1.029, 1.187.2.2, 1.685, 1.997

De Palo, Giuseppe – 6, 13
De Sanctis, Francesco – 1.915.2, 1.934

De Santo, Víctor – 1.208.1, 1.210.2, 1.212.4, 1.235

De Séranvillers, Héliane de Valicourt – 1.360, 1.998.2, 2.025, 2.038

De Stefano, Giuseppe – 10, 226.2, 596, 655, 671, 720, 961.2, 1.318.1,
1.318.3, 1.339.3.1, 1.339.3.2, 1.659, 1.848, 1.952.4, 1.596, 1.596.4, 2.079,
2.080

De Vicenzi, Brunela Vieira – 607, 612, 623

Deda, Artur Oscar Oliveira – 993, 1.343.5, 1.852, 1.952.5, 1.962, 1.991

Decomain, Pedro Roberto – 44, 47, 47.1, 47.2, 47.3, 48, 1.061.5, 1.450.5

Degenkolb, Heinrich – 222.3

Degni, Francesco – 883.1

Del Prá, Carlos Gustavo Rodrigues – 769.1, 796, 799, 840.2, 840.4

Delgado, José Augusto – 23, 35, 178, 214, 388.3, 396.2, 431.6, 451,
452, 508.3, 517, 557, 645, 690.1, 749, 794, 986.5, 996.1, 1.075.1, 1.160.1,
1.221.2, 1.230, 1.289, 1.292.2.1, 1.382.2, 1.439.3.2, 1.505, 1.611, 1.811.2,
2.090, 2.124, 2.125, 2.136

Deliostopoulos, Ionnis S. – 168

Della Giustina, Vasco – 40, 347, 635.2, 671, 713, 768, 1.024, 1.061.6,
1.450.1.5, 1.649.2.2.1, 1.657, 1.970.3, 1.993, 2.007.3, 2.066.2

Della Rocca, Franco Morozzo – 1.050.2

Dellori, Luiz Guilherme Pannacchi – 224

Deluca, Giovanni – 1.021

Demercian, Pedro Henrique – 1.042

Demo, Roberto Luís Luchi – 1.580

Demogue, René – 1.924

Demolombe, Charles – 222.1

Denburg, Heinrich – 1.611

Denti, Vittorio – 4, 54.1, 80, 233, 234, 580.2, 743, 927, 944.3, 1.618, 938,
943, 992, 1.071, 1.149, 1.251.1, 1.245.2, 1.343.5, 1.786, 1.811.3.1, 1.849,
1.952.5, 1.960, 2.038, 2.077

Dergint, Augusto do Amaral – 4


Destefenni, Marcos – 222.4, 244, 349.1, 535, 1.340.2, 1.345, 1.403,
1.541.1.1, 1.666, 1.698, 1.700, 1.748.1, 1.889, 1.944, 1.958, 2.129

Devis Echandía, Hernando – 53, 944.2, 996.1, 996.2, 1.303, 1.304,


1.307, 1.308, 1.318, 1.318.1, 1.318.2, 1.320, 1.321, 1.324.3, 1.324.4, 1.325,
1.325.4, 1.339, 1.353, 1.354, 1.360, 1.364, 1.757.2, 1.824, 1.847, 1.852,
1.856.2, 1.863, 1.863.1.3, 1.865, 1.865.2, 1.870, 1.871.1, 1.871.2, 1.872,
1.875.1.3, 1.876, 1.876.1, 1.878, 1.884, 1.884.1, 1.885, 1.889, 1.890, 1.914,
1.915.3, 1.929.2, 1.943, 1.944, 1.952.2, 1.953, 1.955, 1.956, 1.956.2, 1.957.2,
1.966.5.1, 1.976, 1.976.1, 1.976.4.3, 1.976.6.2, 1.976.6.2.2, 1.980.4.3,
1.980.4.3, 1.982, 1.984, 1.987, 1.990, 1.991, 1.992, 1.996.3, 1.998.2, 2.004,
2.005, 2.006, 2.011, 2.020, 2.022, 2.029.1.1, 2.029.2, 2.031.1, 2.035, 2.041,
2.043, 2.049.2.2, 2.054.4, 2.057, 2.058, 2.119

Di Blasi, Ferdinando – 556

Di Marzio, Mauro – 638.3, 670.1.2

Di Paola, Santi – 1.852, 1.869

Di Pietro, Maria Sylvia Zanella – 40, 41, 517, 937.4, 939.5, 947, 1.096,
1.311.1

Diana, Antonio Gerardo – 1.122.6, 1.584

Dias, Beatriz Catarina – 1.423

Dias, Francisco Barros – 555, 1.439.3.1

Dias, Handel Martins – 789.2, 1.134

Dias, Jean Carlos – 860

Dias, Jefferson Aparecido – 127

Dias, Jorge Figueiredo – 34

Dias, Juarez Cavalcante – 233

Dias, Luiz Claudio Portinho – 607.7

Dias, Maria Berenice – 268, 550.3, 760, 789, 911, 1.040.3, 1.534.2.3.3,
1.661.1, 2.136, 2.137.2, 2.151.2

Dias, Ronaldo Bretas – 610, 618

Dias, Rosana Josefa Martins – 1.545

Dias Toffoli – 1.798.1.1, 2.146

Dias Trindade – 456.2, 1.028.3, 1.455.1, 1.460, 1.474, 1.556, 1.625,


1.649.2.2.3, 1.798.1.2, 1.857.2, 1.921.2, 1.944, 1.948.2.3

Diaz Solimine, Omar Luís – 745.6


Didier Júnior, Fredie – 98, 183, 222.4, 224, 225.1.2, 225.3.3, 225.3.6,
231, 232, 309, 313.1.3, 325, 346.2, 378.1, 396.4, 404, 464.1.3, 466, 489,
490.3, 537.1, 538, 540, 580.3, 667, 740.2, 743, 745.7, 745.5, 746, 749, 752,
773, 827, 833, 851, 892, 913, 955, 1.016, 1.017, 1.030, 1.034, 1.040.1, 1.066,
1.071, 1.096, 1.145, 1.148.1, 1.148.2, 1.148.3, 1.245, 1.249, 1.255.1.1, 1.320,
1.322, 1.324.3, 1.325.1, 1.340.2, 1.343.4, 1.387, 1.423, 1.447, 1.473.4,
1.507.2, 1.514.3, 1.516.5, 1.517, 1.518.2, 1.520.3, 1.520.4, 1.522, 1.523,
1.526, 1.541.2, 1.591, 1.666, 1.679, 1.698.3, 1.699, 1.699.2, 1.702, 1.717,
1.736, 1.744.3, 1.750, 1.753.1, 1.759, 1.789, 1.792, 1.797, 1.798, 1.798.1.1,
1.799, 1.806, 1.811.3.1, 1.821.3, 1.859.2, 1.863.1.2, 1.864.2, 1.864.3, 1.870,
1.883.1, 1.884, 1.890, 1.891, 1.922.2, 1.939.1, 1.944, 1.964, 1.993, 1.997,
2.040, 2.128.3

Didone, Antonio – 6

Difini, Luiz Felipe Silveira – 1.546

Di Majo, Adolfo – 1.153.4

Dinamarco, Cândido Rangel – 2, 15, 18.1, 21.2, 28, 45.2, 50, 53, 54.3,
58, 63, 65, 67, 69, 70, 74, 75.2, 82, 86, 91, 102, 103.1, 103.2, 130, 177, 178,
180, 181.2, 206, 218.1, 222.4, 224, 225.1.2, 225.3.3, 227, 233, 240, 242,
258.1, 261, 261.4, 265, 266, 261.2, 271.1, 271.2.1, 271.2.2, 271.2.3, 281.1,
317.5.2, 325, 333.1, 346.2, 354, 364, 365.1, 365.2, 365.5, 372.3, 378, 388.4,
399.1.4, 399.4.1, 401, 455.4.1, 455.4.2, 492, 493.1, 498.2.2, 502, 505.1,
550.3, 555, 557, 560.1, 578, 579, 580.1, 580.2, 580.5, 581.3, 582.1, 582.2,
583.1, 583.2, 584, 586, 587, 588, 589, 591, 625, 626, 628, 629.3, 631, 632,
635.1, 635.3, 636, 644, 672, 686, 688, 696, 710, 726.1, 729, 736, 761, 763.2,
766, 775.2, 861, 869.3, 873.1, 877, 892, 898, 912.1.6, 938, 955.1, 961, 975.4,
1.040.3, 1.042, 1.045, 1.046.1, 1.046.2, 1.052, 1.069.1, 1.087, 1.088, 1.089,
1.113, 1.116.4, 1.141, 1.153.1, 1.153.2, 1.153.4, 1.155, 1.159.3, 1.162, 1.165,
1.167.1, 1.168, 1.195, 1.220.1, 1.221.3, 1.221.4.3, 1.224, 1.262, 1.272.1,
1.286, 1.302, 1.307, 1.310, 1.317.5, 1.325.1, 1.325.2, 1.325.3, 1.326, 1.331.1,
1.335, 1.335.1.1, 1.335.1.2, 1.335.2, 1.339, 1.340.1, 1.345, 1.345.1, 1.345.3,
1.346, 1.348.1, 1.356, 1.401, 1.438, 1.440.3, 1.470, 1.474, 1.474.1.1, 1.474.2,
1.475.1, 1.491, 1.494, 1.506, 1.510.3.1, 1.514.1.1, 1.514.1.3, 1.514.3, 1.515,
1.515.3, 1.516.4, 1.522, 1.524.4, 1.526, 1.529, 1.532, 1.534.1.2, 1.534.1.6,
1.534.2.3.3, 1.536, 1.539.3.2, 1.539.4, 1.540, 1.541.2, 1.544, 1.555.2, 1.558,
1.560, 1.562, 1.566.2.1, 1.566.2.3, 1.567, 1.568, 1.569, 1.585, 1.586, 1.587.2,
1.588.1, 1.589.3.2, 1.590.1, 1.590.3, 1.591, 1.592.3, 1.592.5, 1.594, 1.602,
1.603, 1.609, 1.612, 1.622, 1.627, 1.634, 1.636, 1.639, 1.640, 1.641.3.2,
1.642.1, 1.647, 1.656, 1.659, 1.682, 1.688, 1.689, 1.693.1, 1.698.3, 1.703,
1.715, 1.716, 1.717, 1.730, 1.731, 1.735, 1.740.3, 1.744.3, 1.748.4, 1.752,
1.753.3, 1.754.3, 1.757.3, 1.759, 1.762, 1.789, 1.795, 1.797, 1.798.1.2, 1.800,
1.801, 1.805, 1.807, 1.812.3, 1.833, 1.838, 1.849, 1.856.3.3, 1.863.2.2, 1.868,
1.889, 1.891, 1.938.2, 1.939.1, 1.952.3, 1.955, 1.991, 1.995.1.1, 1.996,
2.020.2, 2.020.3, 2.032.2, 2.032.3, 2.040, 2.049.1, 2.059, 2.061, 2.063.1,
2.077, 2.078, 2.082.2, 2.082.4, 2.093.3, 2.093, 2.094.2, 2.094.4.1.1,
2.094.4.1.3, 2.094.4.2, 2.094.7, 2.098, 2.105.2, 2.114.1, 2.114.3, 2.115, 2.116,
2.128.3, 2.128.4, 2.129, 2.131.1, 2.138.1.2, 2.138.2.2

Dinamarco, Márcia Conceição Alves – 1.452


Dinamarco, Pedro da Silva – 1.047, 1.061.7

Dini, Mario – 1.421.1, 1.438.1, 1.742, 1.743, 1.744.3, 1.748.2, 1.748.4

Diniz, Maria Helena – 67, 69, 399.4.2

Dipp, Gilson – 41, 202, 663.1, 1.159.2, 1.297, 1.446.2, 1.452.2, 1.534.1.1,
2.030, 2.032.1, 2.081

Direito, Carlos Alberto Menezes – 41, 110, 176.4, 178, 202, 345, 374,
388.2.4, 396, 399.1.1.3, 427, 431.7, 432, 433, 437.2, 464.1.3, 502, 529, 532.1,
537.2, 541, 556, 573, 589, 614, 627.2, 635.2.2, 690.2, 694.3, 726.2, 730,
740.1, 869.4, 875, 876, 883.1, 887, 909, 916.4, 966.3, 973, 998.2.2, 1.025.2,
1.062.5, 1.123.1, 1.137.3, 1.160.1, 1.172, 1.179, 1.204, 1.221.4.3, 1.222,
1.258, 1.318.4, 1.380.1, 1.381.3, 1.431, 1.446.2, 1.458.1, 1.458.5, 1.461.3,
1.461.5, 1.467.2, 1.474.1.2, 1.477, 1.525, 1.532, 1.546, 1.553, 1.731, 1.744,
1.964.4.1, 1.964.4.2, 1.970.3, 2.009.1, 2.023.2, 2.038, 2.039, 2.066.2,
2.094.4.1.1, 2.096, 2.109, 2.157

Dittrich, Lotario – 966.1, 966.3, 966.5, 967.1, 967.6, 969.1, 969.4, 1.964,
1.964.1, 1.964.4.2, 1.969

Dobbyn, John F. – 234, 612

Dobson, Juan M. – 532.3

Dollinger, Jacob – 1.312.1, 1.312.4

Dominioni, Oreste – 1.863.1.3

Donadel, Adriane – 396.4, 737, 1.058, 1.452, 2.149.6

Donadina, Mario – 1.099.2

Dondi, Angelo – 1.891, 2.038

Donizetti, Elpídio – 380, 717, 1.539.3.2, 1.554.2, 1.554.3, 1.587.3, 1.636,


1.798.2

D’Onofrio, Paolo – 1.140

Donnier, Jean Baptiste – 1.449

Donnier, Marc – 1.449

Donoso, Denis – 1.122.6, 1.221.4.2, 1.518.1, 1.520.1, 1.721

Doronzo, Adriana – 1.002

Doxsey, Sônia Maria Rabello – 514

Duarte, Ricardo Quass – 161, 1.134

Duarte, Ronnie Preuss – 72, 116, 117, 119, 121, 130, 233, 1.642.1
Dupuis, Georges – 40

Durand, Claude – 31

Duval, Hermano – 989.2

Duveau, Gaston – 670.1, 1.019, 1.032

Duxbury, Neil – 1.663.4

Dyrlund, Paul Erik – 1.452.3,

D. Donato, Jorge – 308, 1.735, 1.737, 1.739

Eisner, Isidoro – 1.327, 1.335.1.3, 1.357, 1.357.1

Ellen Graice – 37, 45.2, 129, 152, 210, 213.1, 388.3, 713.2, 1.044.1, 1.056

Elias, Carlos Eduardo Stefen – 1.575

Endemann, Wilhelm – 951, 1.963

Enriques, Enzo – 2.115, 2.115.2

Eros Grau – 40, 46.3, 388.3, 473.4, 742, 834, 1.288

Espínola, Eduardo – 56, 73, 1.012, 1.194.2, 1.313.1, 1.610, 1.611, 1.706,
1.960.1, 1.997, 2.084, 2.115.5

Espínola Filho, Eduardo – 35, 56, 1.313.1, 1.962, 1.975

Espinosa Rodriguez, Tulio Enrique – 1.335.1.3.2

Espírito Santo, João – 1.834.2

Estellita, Guilherme – 177, 222.5, 242, 281.1, 292, 578, 580.2, 582.1,
582.2, 583.2, 1.046.2, 1.757.3, 2.133, 2.136, 2.138.2.2

Estrampes, Manuel Miranda – 159

Estregués, Miguel Ángel Aragüés – 670.1

Estrella, Ernani – 525

Fabiani, Ernesto – 225.3.3

Fábrega Ponce, Jorge – 80, 994, 1.757.2, 1.815, 1.852, 1.915.1, 1.926.3,
1.957.1, 1.990, 1.993, 2.003, 2.004, 2.119, 2.132.1

Fabreguettes, M. P. – 1.848, 1.859, 1.960.1.2, 2.040

Fabre-Magnan, Muriel – 1.116, 1.957.1, 1.958, 1.960, 1.960.1.1,


1.960.1.2
Fabrício, Adroaldo Furtado – 1, 3, 98, 102, 107, 110, 176.4, 225.1.2,
225.3.5, 228, 247.1, 261.3, 268, 279.1, 280.4, 289.1, 293, 294, 295, 296, 297,
297.1, 297.2, 297.3, 297.4, 298, 314, 316.2, 373, 399.1.1.1, 399.1.1.3,
399.1.1.4, 399.1.1.6, 399.1.3, 586, 731, 873.1, 1.222, 1.329.2, 1.292.2.8.2,
1.292.2.8.3, 1.401, 1.432, 1.481, 1.514.1.3, 1.539.3.1, 1.593, 1.594, 1.607,
1.700, 1.736, 1.758, 1.763, 1.784, 1.785.2, 1.785.3, 1.785.4, 1.944, 1.995.2.1,
2.155, 2.156, 2.157

Fabbrini, Giovanni – 588, 775.2, 790, 791.3, 792, 941, 1.856.3.1, 1.874.3,
2.138.1.1

Facchini Netto, Eugênio – 5, 15

Fachin, Luiz Edson – 772, 858, 861, 878, 1.465

Fadel, Sérgio Sahione – 177, 373, 548, 1.036, 1.039, 1.188.2, 1.382.1,
1.423, 1.440.1, 1.452, 1.648, 1.649.2.2.1

Fagundes, Cristiane Druve Tavares – 351, 346

Fagundes, Miguel Seabra – 1.063.3

Fagundes Filho, Henrique – 1.043

Faidiga, Daniel Bijos – 1.663

Fairén Guillén, Victor – 104.1, 104.2, 106, 222, 222.4, 286, 287.1, 288,
289.2, 1.718

Falcão, Djaci – 721.1, 1.018.1, 1.451, 1.575.3, 1.856.2, 1.859.3, 1.874.2,


1.902.2

Falcão, Francisco – 307, 318.3, 388.3, 487, 629.3, 729, 1.031, 1.032.1,
1.208.2, 1.261, 1.292.2.5, 1.450.3.5, 1.455.4, 1.731, 1.752.1, 1.798.2, 1.811.2,
1.820, 2.122

Falcón, Enrique M. – 1.665, 1.686, 1.704, 1.744.3, 1.748.4, 1.921.2,


2.119, 2.137

Faranda, Claudio – 317, 928

Faria, Antonio Bento de – 1.507.3, 1.897

Faria, Juliana Cordeiro – 178

Faria, Werter – 859, 1.221.3, 1.624

Farias, Cristiano Chaves – 19.1, 1.050.2, 1.577

Farias da Silva, Justino Adriano – 1.851

Fasching, Hans Walter – 103.2, 104.1

Favaretto, Isolde – 1.847


Fáver, Marcus – 351

Fazzalari, Elio – 54.1, 69, 80, 83, 86, 90, 102, 157, 175.2, 192, 196, 222.4,
233, 244, 248, 500, 505.2, 556, 569, 581.2, 947, 1.340, 1.561, 1.577

Fenech, Miguel – 1.308, 1.310.1, 1.331.1, 1.333

Feres, Carlos Roberto – 1.419

Fernandes, André Dias – 1.661.3, 1.663.1, 1.663.4, 1.663.3, 2.139.4

Fernandes, Antonio Scarance – 102, 158.2, 158.4, 159, 293, 303,


1.114.3, 1.294, 1.350.1, 1.350.2, 1.539.1, 1.539.3.2, 1.757, 1.782

Fernandes, Luís Eduardo Simardi – 135, 1.580, 1.582.2

Fernandes, Marcus Vinicius Tenório da Costa – 30

Fernandes, Og – 176.1, 214

Fernandes, Raimundo Nonato – 365.2

Fernandes, Sérgio Ricardo de Arruda – 69

Fernández, Miguel Angel – 380, 771

Fernández Echeverría, Osvaldo Marino – 222.3, 500

Fernandez de Gamboa, Epifanio Lopes – 1.337, 1.578, 1.582.2

Faro, Júlio Pinheiro – 1.018

Ferrand, Frédérique – 32, 50, 54, 54.1, 61, 63, 68, 69, 69.2, 69.3, 116,
222, 222.1, 225.3.2, 244, 246, 382, 870, 891, 961.2, 992, 995, 996.2, 997.4,
997.7, 1.017, 1.019, 1.034, 1.130, 1.135, 1.194.3, 1.194.5, 1.197, 1.203,
1.205, 1.262, 1.301.1, 1.310, 1.372, 1.425, 1.514.3, 1.547.1, 1.684, 1.701,
1.707, 1.708, 1.731, 1.748.1, 1.845, 1.850, 1.855.3, 1.857.2, 1.861, 1.867,
1.883.2, 1.976.2, 1.976.6, 1.991, 1.993, 2.000.1, 2.004, 2.005, 2.006.2,
2.009.3, 2.022.4, 2.040, 2.054.4, 2.062, 2.069.1, 2.077, 2.131.1, 2.143.1

Ferraresi, Eurico – 176.6, 1.450.3.4

Ferraz, Cristina – 66.2, 1.135, 1.137.2, 1.153, 1.153.1, 1.154.3, 1.161,


1.163, 1.171, 1.292.9

Ferraz, Manuel Carlos Figueiredo – 1, 302

Ferraz, Sérgio – 555, 775.2, 778, 782, 784, 791.2, 793, 1.450.3.3

Ferreira, Antonio Carlos – 396.4, 1.948.2.2

Ferreira, Benedicto de Siqueira – 1.848, 1.975, 1.975.3

Ferreira, Fernando Amâncio – 591, 1.469, 1.638


Ferreira, Janaína Fortes – 923.1

Ferreira, Paulo Roberto Gaiger – 1.851

Ferreira, Pinto – 297

Ferreira, Sérgio de Andréa – 1.056

Ferreira, Simone Rodrigues – 178

Ferreira, Waldemar – 525, 936.1, 936.2, 1.412, 1.624

Ferreira, William Santos – 1.440.3

Ferreira Filho, Manoel Caetano – 93.3, 101.1, 338, 922, 931, 1.148,
1.148.2, 1.149, 1.274, 1.274.2, 1.740.2, 1.811.3.1, 1.834.2

Ferreira Filho, Manoel Gonçalves – 37, 103

Ferri, Corrado – 274, 289.2, 380, 2.128.4

Fettweis, Albert – 1.413, 2.026, 2.153

Fidalgo Gallardo, Carlos – 159, 160, 1.350.1, 1.350.1.2

Figueira Júnior, Joel Dias – 4, 15, 18.2, 25, 29, 49, 105, 109, 140, 213.1,
222.4, 258.2, 261, 261.3, 262, 262.3, 313.3, 324.3, 330.4, 332, 344.1, 344.2,
344.4, 346.2, 354, 355, 361, 366, 366.1, 366.3, 366.4, 367, 372, 372.3, 399.2,
399.4.2, 401, 500, 514, 535, 635.2, 975.3, 975.4, 1.018.1, 1.196.1, 1.230,
1.292.2.8.2, 1.331.1, 1.331.2, 1.332, 1.363, 1.419, 1.427.4, 1.469, 1.516.3,
1.592.3, 1.679, 1.698.3, 1.702, 1.731, 1.732, 1.733, 1.737.4, 1.743, 1.744.3,
1.748.3, 1.753.3, 1.754.2, 1.754.31.759, 1.766.2.4, 1.772, 1.773.1, 1.773.2,
1.775, 1.778.2, 1.778.4, 1.779.3, 1.781, 1.783, 1.790, 1.791, 1.795, 1.797,
1.799, 1.801, 1.806, 1.810, 1.811.2, 1.811.4, 1.813, 1.821.1, 1.822, 1.829,
1.960.1, 2.064, 2.105.2, 2.150.1

Figueiredo, Lucia Valle – 21.5

Figueiredo, Marcelo – 46.1

Figueiredo, Oswaldo – 1.507.3

Filardi, Hugo – 48

Finocchiaro, Alfio – 1.521, 1.522, 2.043, 2.044

Fischer, Félix – 21.2, 69.2, 201.2, 202, 214, 226, 259, 287.1, 307, 318.3,
464.1.1, 612, 678, 732.1, 749, 759.2, 791.4, 808, 972, 1.062.5, 1.229, 1.311.2,
1.393, 1.457.3, 1.622, 1.748.4, 1.868, 2.120, 2.121.1, 2.135.4, 2.156

Fischmann, Gerson – 567, 568, 568.2

Fix-Zamudio, Héctor – 153


Flach, Daisson – 727, 1.421.1, 1.421.2

Flach, Rafael – 2.128.3

Flaks, Milton – 306, 455.4.2, 690.2, 772, 855, 868, 868, 869.4, 871, 873.1,
873.2, 874, 875, 878, 882, 883.1, 887, 889, 892, 894, 895, 897, 898, 899, 901,
903.2, 903.4, 904, 906, 906.1, 906.2, 907, 908, 910, 912.1.1, 912.2.2, 912.2.3,
913, 914, 915.1, 916, 1.542.2, 1.553, 1.753.2, 1.797

Fleming Junior, James – 62.1, 78, 198.4, 330, 922, 923.1, 1.019, 1.302,
1.325.4, 1.326, 1.334.1, 1.340, 1.836.2, 1.852, 1.857.2, 1.860.1, 1.863.1.3,
1.863.2.1, 1.865.1.1, 1.891, 1.899.4.1, 1.914, 1.963.1, 1.966.2, 1.976.1, 2.074,
2.140.1

Flores, Patrícia Teixeira de Rezende – 169, 172,

Flores Dapkevicius, Ruben – 45,

Flores García, Fernando – 508.3, 553

Flors Matíes, José – 167, 1.468

Folle, Francis Perondi – 1.891

Fonseca, Antonio Cezar Lima da – 1.066, 1.160.3, 1.418

Fonseca, Arnoldo Medeiros da – 2.137

Fonseca, Fernando Daniel de Moura – 1.935

Fonseca, João Francisco Naves da – 789.1, 2.151.3

Fonseca, José Arnaldo – 341.2, 341.3, 542.2, 711, 713.2, 715, 726.2,
732.3, 785, 862, 972, 981, 1.058, 1.179, 1.210.2, 1.289, 1.799, 2.144.5

Fonseca, Isabel Celeste M. – 161

Fonseca, Priscila Corrêa da – 1.410.1, 1.932.2.2

Fonseca, Tito Prates da – 1.249

Fonsêca, Vítor – 21.1, 58, 399.5,

Font Serra, Eduardo – 1.991, 1.993, 2.005, 2.006, 2.029.1.2, 2.038,


2.049.1, 2.055.3

Fontes, André – 223, 1.221.4.1

Fontes de Alencar – 237, 297.3, 388.2.2, 1.104.4, 1.387, 1.455.1,


1.461.1, 1.461.5, 1.928.2

Fontoura, Lúcia Helena Ferreira Palmeiro da – 336, 2.142

Fornaciari, Michele – 247, 1.314, 1.513, 1.698.1, 1.792


Fornaciari Júnior, Clito – 347, 355, 535, 559, 563, 566, 572, 573, 575,
590, 618, 712.2, 1.027, 1.028.1, 1.028.2, 1.028.3, 1.029, 1.187.1, 1.187.2.2,
1.201.1, 1.219, 1.440.3, 1.593.4, 1.602, 1.605, 1.607, 1.715, 1.732, 1.744.3,
1.745.2, 1.746, 1.747, 1.456.1, 1.456.3, 1.763

Foschini, Gaetano – 82, 93.3

Foyer, Jean – 50, 553, 872

Fraga, Affonso – 227.2, 339, 341, 578, 1.273, 1.522, 1.611, 1.618, 1.750,
1.776, 1.781, 1.891, 1.916.2.2, 1.916.6, 1.975, 1.996.1, 2.118

Framarino Dei Malatesta, Nicola – 1.3212, 1.345, 1.916.1

Francesca Ghirga, Maria – 597, 607.1

Franchi, Giuseppe – 96, 302, 317.5.2, 1.590.2.7

Franciulli Netto – 372.3, 629.3, 699, 1.032.2, 1.229, 1.292.2.8.4, 2.007.1

Franco, Ary Azevedo – 1.221.4.3, 1.507.4

Franco, Fernão Borba – 128

Franco, Giuseppe – 753.1

França, R. Limongi – 69

Frasca, Raffaele – 586

Freer, Richard D. – 5, 6, 78, 198.4, 1.305, 1.845, 1.965.3, 1.976,


1.976.6.2

Freire, Homero – 1.528, 1.534.1.6

Freire, Rodrigo da Cunha Lima – 224, 325, 1.591

Freire e Silva, Bruno – 1.340.2, 1.452.1, 1.485

Freire Pimentel, Alexandre – 1.922.5

Freitas, José Lebre de – 133, 176.1, 192, 231, 236, 346.2, 533.2, 725,
857, 955, 1.335.1.3, 1.641.4, 1.743, 1.870, 1.874.4, 1.875.1.3, 1.875.1.5,
1.875.1.6, 1.877, 1.878, 1.880, 1.884, 1.884.1, 1.943, 1.944, 1.952.5, 2.152

Freitas, Juarez – 36, 64

Freitas, Marcelo Cinelli de Paula – 1.250, 1.571, 1.575

Freitas, Paulo de – 222.4

Fricero, Natalie – 7, 2.086

Friedenthal, Jack H. – 198.4, 336, 596, 938, 1.144, 1.194.2, 1.194.3,


1.210, 1.304, 1.329.5, 1.335.2, 1.357.1, 1.706, 1.707, 1.808.1, 1.849, 1.852,
1.856.1, 1.863.3.3, 1.864.1, 1.864.2.1, 1.874.1, 1.971.1, 2.038, 2.066.2, 2.130,
2.136, 2.142

Frigani, Aldo – 234

Fulgêncio, Tito – 542.4, 2.025, 2.026

Furmston, Michel – 1.610

Furno, Carlo – 233, 949, 1.335.1.3, 1.348.2, 1.526.1, 1.839, 1.847, 1.848,
1.869, 1.871.2, 1.871.3, 1.872, 1.876, 1.880, 1.889, 1.921

Furtado, Paulo – 22, 29, 30, 70, 455.4, 607.5, 938, 966.4, 1.232, 1.889

Fux, Luiz – 45.3, 48.2, 148, 176.1, 176.6, 214, 225.1.1, 262.3, 304,
388.2.4, 388.4, 395, 398, 487, 490.3, 498.3, 532.1, 546, 549, 629.3, 635.2.1,
635.3, 726.2, 727, 733.1, 733.2, 774, 790, 795, 832, 835, 855, 869.1, 881,
892, 905, 916, 916.4, 969.1, 976.3, 988.2.2, 1.036, 1.039, 1.040.3, 1.047,
1.061.3, 1.066, 1.079, 1.122.6, 1.135, 1.159.2, 1.212.1, 1.224, 1.243.1,
1.259.2, 1.292.2.8.5, 1.298.3, 1.386.1, 1.401, 1.429, 1.437.4, 1.438.1.1,
1.440.2, 1.443.3, 1.446.5, 1.404.3.7, 1.454.2, 1.465, 1.474.1.2, 1.477, 1.516.3,
1.517, 1.526.1, 1.572, 1.574.1, 1.582.1, 1.589.3.2, 1.590.3, 1.624, 1.633,
1.640, 1.648, 1.680, 1.698.3, 1.746, 1.788, 1.905.1, 1.923.2.2, 1.947.2,
2.007.1, 2.032.3, 2.066.1, 2.068.2, 2.144.4, 2.145.1, 2.152

Gabbay, Daniela Monteiro – 7, 9, 236, 238

Gaio Júnior, Antônio Pereira – 15, 22, 235, 261, 324, 1.550.2, 1.566.2.5,
1.663.4, 2.114.5

Gajardoni, Fernando da Fonseca – 54.3, 103, 109, 149, 966.3, 967.3,


967.4, 968, 1.417.2, 1.408, 1.517

Galán González, Candela – 964, 966.3, 967.2, 967.3, 967.7, 969.1, 969.4

Galgani, Benedetta – 69.3

Galante, Vincenzo – 222.2

Galletto, Tomaso – 5,

Gallotti, Luiz – 32, 124, 324.2.1, 388.2.3, 1.793, 1.795.3, 1.811.1

Gallotti, Maria Isabel – 471, 690.2, 694.2, 916.4, 1.436.3, 1.450.3.2,


1.566.2.1, 1.589.3.2, 1.798, 1.822, 1.970.3, 2.055, 2.114.1, 2.136

Gallotti, Octávio – 37, 61, 280.2, 930.2.2, 930.2.3, 1.514.1.4, 1.553, 1.802

Gallotti, Paulo – 1.397, 1.420.4

Galvão, Ilmar – 37, 41, 156.1, 431.6, 451, 505.2, 917, 1.022, 1.450.5.2,
1.453.3

Gama, Affonso Dionysio – 1.022.2, 1.875.1.1


Gama, Ricardo Rodrigues – 22, 161

Gamba, Cinzia – 1.821.2, 1.848, 1.852

Garaige Neto, Zaiden – 1.469

Garbagnati, Edoardo – 176.1, 294, 455.4.5, 1.223.3, 1.145, 1.568

Garberí Llobregat, José – 1.893, 1.977.1

Garcete, Carlos Alberto – 45.2, 45.3, 176.6, 1.061.3, 1.450.3.1

Garcez Neto, Martinho – 302, 1.618

Garcia, André Almeida – 1.340.2, 1.858, 1.914, 1.958

Garcia, Basileu – 35

Garcia, Gustavo Felipe Barbosa – 2.131.2, 2.144.3

Garcia, Rubem – 1.412

Garcia Vieira – 238, 459, 591, 697, 722, 727, 731, 737, 969.4, 1.312.5,
1.416, 1.455.1, 1.461.3, 1.639, 1.649.2.2, 1.649.2.2.4, 1.744, 1.749, 1.813,
2.067

Garsonnet, Eugène – 104.1, 380, 924, 993, 1.042, 1.742, 1.977.1,


1.981.1

Gascón Abellán, Marina – 336

Gaspar, Renata Alvares – 213.1

Gasparetti, Marco Vanin – 197, 198, 198.1, 198.2, 198.3, 198.4, 201.2

Gasparini, Diogénes – 40, 41, 892, 1.054, 1.063.3

Gatto, Joaquim Henrique – 166

Gaul, Hans Friedhelm – 142, 178, 1.451.6.3, 2.158

Gelsi Bidart, Adolfo – 93.2, 119, 181.2, 234

Geraige Neto, Zaiden – 120, 123

Gerent, Juliana – 1.566.2.5, 2.114.5

Gessinger, Ruy Armando – 47.1, 451, 1.061.5

Ghestin, Jacques – 1.116, 1.957.1, 1.958, 1.960, 1.960.1.1, 1.960.1.2

Ghirga, Maria Francesca – 7, 150, 1.087

Gianesini, Rita – 289.1, 346.1, 346.2, 347, 351, 356, 364, 372.2, 372.3,
373, 374, 377, 537, 590, 913, 1.745.3, 1.759, 1.761, 2.125
Giannakos, Angelo – 629.1, 745.5, 745.6, 1.071

Giannico, Marici – 1.305

Giannico, Maurício – 93.3, 224, 616, 1.148, 1.148.3

Giannini, Paolo – 1.992, 2.017, 2.034.3.1

Giannozzi, Giancarlo – 233, 237, 244, 246, 247.3, 256.1, 348, 372.4,
455.4.3

Gianturco, Vito – 1.324.3

Giardina, Camilo – 775.2

Gibertoni, Carla Adriana Comitre – 1.539.3.3

Gidi, Antonio – 39, 176.5, 222.5, 292, 322.1.3, 1.062.1, 2.140.1

Gimenez Arnau, Enrique – 1.851, 1.922.1.5

Gionfrida, Giulio – 382

Giordano, Rosaria – 1.845, 1.976.4.1, 1.990

Giorgetti, Mariacarla – 286, 1.633, 1.718

Giorgianni, Michele – 530

Giorgis, José Carlos Teixeira – 1.187.1

Giussani, Andrea – 1.632

Glannon, Joseph W. – 1.938, 1.963, 1.965.1, 1.976.1

Glanz, Semy – 1.627

Glasson, Ernest – 7, 1.042, 1.475, 1.686, 1.977

Gloeckner, Ricardo Jacobsen – 5, 1.408

Gobbi, Marcelo – 8, 12

Godoy, Arnaldo Sampaio de Moraes – 1.614 Goés, Gisele Santos


Fernandes – 160

Godinho, Robson Renault – 557, 944.3, 1.046.1, 1.062.4

Goizani, Osvaldo A. – 500, 505, 557, 559, 1.514.2, 1.755

Golann, Dwight – 6, 13

Goldschmidt, Guilherme – 1.485


Goldschmidt, James – 84, 234, 311.2, 346.2, 593.1, 595.1, 595.2, 1.336,
1.357, 1.584, 1.779.1, 2.026, 2.040, 2.065, 2.126, 2.131.1

Goldschmidt, Rodrigo – 15, 83

Gomes, Carlos Rubens Caminha – 921.3, 1.539.3.3

Gomes, Conceição – 1.134

Gomes, Fábio Luiz – 11, 53, 111, 222.4, 223, 566, 1.066, 1.254.2,
1.255.1.2, 1.274.2, 1.281, 1.285, 1.292.1.3, 1.292.2.1, 1.404, 1.440.1,
1.534.1.3, 1.593.4, 1.609, 1.617, 1.618, 1.622, 1.633, 1.688.2, 1.757.1, 1.806,
2.079

Gomes, Frederico Augusto – 2.143.4

Gomes, Luis Fernando da Silveira – 1.426

Gomes, Magno Federici – 88

Gomes, Maurício Augusto – 1.042, 1.045,

Gomes, Orlando – 235, 345, 399.4.1, 507, 857, 881, 883, 1.023, 1.618,
1.649.2.3, 2.045, 2.139.1

Gomes, Rodolpho – 1.018.2

Gomes, Sérgio Alves – 944.4

Gomes, Victor André Liuzzi – 912.1.2, 916.2

Gomes de Barros, Humberto – 208, 262.4, 320, 338, 366.4, 374,


399.1.1.4, 399.1.1.6, 444, 455.3, 461, 508.3, 532.2, 537, 567, 591, 618, 627.2,
629.3, 646, 669, 710, 711, 715, 721.3, 731, 752, 998.2.2, 1.069.1, 1.067,
1.105, 1.119, 1.123.1, 1.123.4, 1.187.1, 1.227, 1.242, 1.243.1, 1.255.1.2,
1.332, 1.386.2, 1.426, 1.461.1, 1.478, 1.507.2, 1.507.3, 1.556, 1.566.2.1,
1.582.2, 1.587.2, 1.649.2.3, 1.753.2, 1.829, 1.844.1, 1.897.3, 1.899.5, 1.910,
1.919, 1.938.2, 1.944, 1.962, 2.112, 2.114.1, 2.120, 2.131.1

Gomes Filho, Antonio Magalhães – 158.2, 158.4, 159, 1.350.1, 1.350.2

Gomes Filho, Luis Roldão de Freitas – 1.063.1

Gomes Júnior, Luiz Manoel – 18.2.1, 37, 40, 47.2, 399.2, 615, 921.2,
1.221.4.1, 1.450.5.1, 2.122

Gómez Orbaneja, Emilio – 54.1, 258.2, 346.1, 1.090.2, 1.141, 1.246,


1.469, 1.470, 1.579, 1.630, 1.632, 1.633, 1.665, 1.748.1, 1.863, 1.870, 1.920,
1.963.1, 2.057, 2.105.4, 2.143.2

Gommes, Victor André Liuzzi – 791.1, 869.2

Gonçalves, Aroldo Plínio – 55, 176.5, 550.3, 690.2, 772, 876, 912.1.5,
916.4, 1.040.3, 1.250, 1.254, 1.259, 1.402, 1.534.2.3.3, 1.571, 1.874.3.2
Gonçalves, Benedito – 47.1, 259, 287.1, 388.2.2, 686, 709, 729, 975.5,
1.278.2, 1.334.3, 1.439.3.2, 1.754.4, 1.837, 1.938.2, 2.144.3

Gonçalves, Carlos Roberto – 420, 1.535, 1.611, 1.618, 1.875.1.3

Gonçalves, Fernando – 21.2, 176.1, 176.5, 210, 259, 388.5, 497.4, 726.2,
1.025.2, 1.061.1, 1.063.4, 1.131, 1.169, 1.204, 1.229, 1.231, 1.264.3, 1.298.3,
1.372, 1.380.1, 1.400, 1.450.3.7, 1.458.1, 1.534.1.5, 1.614, 1.617, 1.636,
1.661.2, 1.801, 1.806, 1.819.2, 1.820, 1.821.3, 1.845, 1.907.2, 1.979.2, 2.030,
2.032.1, 2.033.3, 2.038, 2.078, 2.079, 2.094.4.2, 2.140.1, 2.152

Gonçalves, Marcus Vinicius Rios – 313.2.1, 346.2, 1.340.2, 1.526.2,


1.665, 1.702, 1.742, 1.759, 1.811.3.1, 1.871, 1.891, 1.9389.1, 2.129

Gonçalves, Tiago Figueiredo – 671

Gonçalves, Willian Couto – 609.7, 763.2, 869.1, 873, 873.1, 916

Gonçalves de Oliveira – 212.2, 921.3, 1.450.1.1

Gonnelli, Sara – 636

González Navarro, Alicia – 1.748.4, 1.749

González, Atílio Carlos – 372.5, 1.741

González Granda, Piedad – 586

Gonzáles Peres, Jesús – 222

Göppinger, Horst – 1.596.2

Gorla, Gino – 883.2, 1.847

Gorphe, François – 1.122, 1.122.2, 1.335, 1.343.3, 1.870, 1.954,


1.964.4.2, 1.975, 1.975.3, 1.976.4.1, 1.976.4.3, 1.976.6, 1.989, 2.057

Gottwald, Peter – 26, 181.2, 330.4, 380, 508.2.2, 513, 526, 581.3, 635.1,
1.590.3, 1.686, 1.735, 1.736, 1.744.3, 1.746, 1.748.1, 1.748.4, 1.914, 1.915.3,
1.937, 1.938.2, 1.953, 1.955, 1.989, 1.990, 2.115, 2.116, 2.127, 2.128, 2.129,
2.130, 2.131.1, 2.131.2, 2.132.1, 2.132.2, 2.134, 2.136.1, 2.142, 2.143.2,
2.143.3.1, 2.144.3, 2.145.1, 2.148, 2.158

Gottwald, Uwe – 526, 1.116.1, 1.559.4, 1.584, 1.600, 1.609

Goubeaux, Gilles – 1.116, 1.957.1, 1.958, 1.960, 1.960.1.1, 1.960.1.2

Gouvêa, Antonio Joaquim de – 2.117

Gouveia, Lúcio Grassi de – 955

Gouveia, Mariana França – 236, 247.1

Gozaini, Osvaldo A. – 1.046.1


Grasselli, Giorgio – 1.322, 1.343.4, 1.353, 1.379, 1.380.2, 1.386.1,
1.386.2, 1.852, 1.867, 1.880.1, 1.884.1, 1.899.4.1, 1.899.5, 1.905.1, 1.918,
1.927.1, 1.929, 1.929.1, 1.935, 1.946.1, 1.961.2.2, 1.962, 1.964.4.2, 1.976,
1.985.2, 1.992, 1.996.1, 2.006, 2.013

Grassi, Lúcio – 955

Grasso, Eduardo – 234, 236, 633.2, 955, 1.440.1

Grau, Eros Roberto – 946.5, 1.353

Greco, Leonardo – 80, 176.4, 183, 192, 196, 222.4, 224, 225.3.3, 233,
274, 325, 455.4, 455.4.1, 490.3, 664, 665, 721.2, 1.095, 1.292.2.8.9, 1.292.9,
1.335.1.3.1, 1.340, 1.390, 1.514.3, 1.517, 1.530, 1.591, 1.642.1, 1.666, 1.699,
1.717, 1.718, 1.744.3, 1.806, 1.821.1, 1.857.1.1, 1.859.2, 1.875.1, 1.878,
1.891, 1.939.1, 1.944, 1.958, 1.996.6, 1.997, 2.004, 2.013, 2.038, 2.043, 2.130

Greco Filho, Vicente – 1, 3, 32, 35, 44, 96, 100, 110, 111, 175.2, 214,
215, 227.2, 232, 237, 244, 247.1, 248, 262.3, 266, 303, 304, 364, 445, 461,
545, 550.3, 556, 586, 589, 763.2, 774, 853, 885, 861, 892, 911, 1.028,
1.040.3, 1.531, 1.534.2.3.3, 1.546, 1.596.1, 1.686, 1.698.3, 1.745.3, 1.964.1,
2.129

Greger, Reinhard – 80

Greif, Jaime – 127

Grinover, Ada Pellegrini – 2, 4, 48, 53, 127, 130, 142, 151, 156.4, 158.2,
158.4, 159, 165, 166, 169, 176.5, 177, 180, 185, 222, 240, 296, 297, 325, 326,
372.3, 378, 404, 505.2, 612, 742, 746.1, 923, 1.177.1, 1.264.1, 1.350.1,
1.350.2, 1.591, 1.771.1, 1.790, 1.801, 1.844, 1.844.1, 1.844.2, 1.844.3, 2.120

Gross, Marco Eugênio – 1.517

Grua, François – 880

Gruenbaum, Daniel – 411.2

Grunsky, Wolfgang – 231, 243, 309, 312.1, 313.2, 339, 508.3, 571,
886.3, 1.088, 1.301, 1.302, 1.307, 1.317.5, 1.339.1.1, 1.623, 1.870

Gualandi, Angelo – 627.2, 628, 638.3, 662, 635.2.3, 681, 683, 686, 710,
710.1, 712.1, 745.1, 2.112, 2.116.1

Gualazzi, Eduardo Lobo Botelho – 31, 37

Guarnieri, Carlo – 923

Guasp Delgado, Jaime – 4, 49, 64, 68, 82, 85, 181.2, 222, 222.3, 244,
301, 308, 335, 346.2, 625, 626, 627.3, 743, 927, 939.1, 944.5, 1.087.1,
1.090.2, 1.105, 1.135, 1.154.2, 1.162, 1.251, 1.301.2, 1.304, 1.494, 1.539.3.1,
1.547.1, 1.571, 1.573, 1.623, 1.627, 1650, 1.686, 1.699, 1.701, 1.729, 1.735,
1.759, 1.915.3, 1.920.2, 1.957.1, 2.104, 2.127, 2.132.1
Guastini, Riccardo – 1.597

Guedes, Jefferson Carús – 104.1, 109, 2.122.1

Guédon, Marie-José – 40

Gueiros Leite – 1.284, 1.757.1

Guerra, Adriana Diniz de Vasconcellos – 1.452

Guerra, Marcelo Lima – 234, 1.432

Guerra Filho, Willis Santiago – 87, 130, 131, 156.1, 194, 325

Guerrero, Luís Fernando – 28, 213.1, 324.3

Guillermet, Camille-Julia – 1.122.6

Guillouard, Louis – 879

Guimarães, Ary Florêncio – 1.061.3, 1.066

Guimarães, Jorge Lafayette Pinto – 346.1, 362, 1.869, 1.870, 1.883.1

Guimarães, Luiz Machado – 70, 73, 74, 83, 104.1, 215, 225.3.3, 225.3.5,
321, 582, 582.2, 582.3, 583.2, 1.357, 1.450.3.5, 1.590.1, 1.591, 1.997, 2.118,
2.144.3

Guimarães, Mário – 926.1, 958, 1.116, 1.117.3, 1.122.3.2, 1.189, 1.189.1

Guinchard, Serge – 32, 50, 54, 54.1, 61, 63, 68, 69, 69.2, 69.3, 116, 222,
222.1, 225.3.2, 243, 244, 246, 382, 525, 870, 872, 891, 961.2, 992, 995,
996.2, 997.4, 997.7, 1.017, 1.019, 1.034, 1.130, 1.135, 1.194.3, 1.194.5,
1.197, 1.203, 1.205, 1.262, 1.301.1, 1.310, 1.372, 1.414, 1.425, 1.514.3,
1.547.1, 1.684, 1.701, 1.707, 1.708, 1.731, 1.748.1, 1.845, 1.850, 1.855.3,
1.857.2, 1.861, 1.867, 1.883.2, 1.976.2, 1.976.6, 1.991, 1.993, 2.000.1, 2.004,
2.005, 2.006.2, 2.009.3, 2.022.4, 2.040, 2.054.4, 2.062, 2.069.1, 2.077,
2.131.1, 2.143.1

Gurvich, M. A. – 79, 1.335.1.2

Gusmão, Helvécio – 116, 918, 1.103, 1.744.3

Gusmão, Manoel Aureliano de – 176.2, 346.1, 944, 1.204, 1.335.1.1,


1.335.1.3, 1.351, 1.745.3, 1.916.7, 2.145, 2.153

Gusmão, Sady Cardoso – 883.2, 936.2, 985, 995, 1.068, 1.388, 1.848,
1.997, 2.004

Guttiérrez Muños, Sonia Monserrate – 2.004

Guzzard, Pasquale – 1.943, 1.944, 1.952.4, 1.952.5


Habscheid J., Walter – 70, 83, 86, 94, 225.2, 236, 247, 257, 281.2, 558,
1.221.4.1, 1.668, 1.795, 2.131.2, 2.144.3

Haddad, Carlos Henrique Borilo – 5

Haendchen, Paulo Tadeu – 342, 875, 2.105.3

Hahnnemman Guimarães – 1.749, 1.793, 1.795.3, 1.811.1

Hartmann, Peter – 606, 1.978.1.2, 2.035

Hazard Júnior, Geoffrey C. – 62.1, 78, 198.4, 330, 922, 923.1, 1.019,
1.302, 1.325.4, 1.326, 1.334.1, 1.340, 1.836.2, 1.852, 1.857.2, 1.860.1,
1.863.1.3, 1.863.2.1, 1.865.1.1, 1.891, 1.899.4.1, 1.914, 1.963.1, 1.966.2,
1.976.1, 2.074, 2.140.1

Heck, Luiz Afonso – 117

Hedemann, Julius Wilhelm – 1.320, 1.323, 1.325.3, 1.326

Heinitz, Ernesto – 2.128.1, 2.141, 2.150.1

Heintzmann, Walther – 500, 552

Hellwig, Konrad – 78, 91, 177, 222.2, 292, 556, 1.423, 2.132.1

Henke, Horst-Eberhard – 336, 337, 1.116

Heñin, Fernando Adrián – 1.847

Hentz, Luiz Antonio Soares – 923.2, 962, 1.245.2, 1.254, 1.292.1.5

Henriques, Manuel de Oliveira Leal – 591

Herce Quemada, Vicente – 54.1, 258.2, 346.1, 1.090.2, 1.141, 1.246,


1.469, 1.470, 1.579, 1.630, 1.632, 1.633, 1.665, 1.748.1, 1.863, 1.870, 1.920,
1.963.1, 2.057, 2.105.4, 2.143.2

Héron, Jacques – 302, 501, 557, 965, 1.046.1

Hernandez Gil, Antonio – 1.116, 1.635

Hertel, Daniel Roberto – 1.098, 1.221.4.3, 1.508.2, 1.532, 1.553, 1.554.2,


1.635

Hidalgo, Daniela Boito Maurmann – 230, 1.658

Highton, Elena I. – 13, 961.2

Higino Neto, Vicente – 1.340.2

Hitters, Juan Carlos – 164, 165, 336, 2.119, 2.120, 2.142

Hoffmann, Eduardo – 1.847, 2.086


Hoffman, Paulo – 161, 1.807, 1.809, 1.811.2

Hogan, Brain – 34

Holzhammer, Richard – 1.803

Huber, Michael – 1.566.1, 1.658, 2.110

Huc, Théophile – 1.921.1.1, 2.131.1

Huet, André – 68, 218.1

Hungria, Nelson – 1.932.2.2

Ibañez Frocham, Manuel – 176, 181.3, 2.119

Iocohama, Celso Hiroshi – 876

Invrea, Francesco – 83, 91, 224, 225.3.1, 233, 1.321, 1.658

Iribarne, Manuel Fraga – 231

Irti, Natalino – 59, 314

Jacques, Paulino – 32, 122

Jaeger, Nicola – 586

Jansen, Letácio – 2.118

Januzzi, Angelo – 192

Japiot, René – 1.743

Jardim, Afrânio Silva – 1.046.1

Jardim, Deise Nicola Tanger – 2.140.1

Jauernig, Othmar – 1, 31, 32, 49, 84, 130, 192, 196, 231, 233, 258.1,
258.2, 287.1, 292, 309, 322.1.1, 330.2, 362, 502, 504, 505.1, 508.3, 509, 553,
557, 558, 584, 585, 591, 789.1, 927, 940, 994, 995, 1.017, 1.042, 1.097,
1.116.1, 1.301, 1.317.5, 1.343.5, 1.347, 1.356, 1.373, 1.468, 1.474.1.2, 1.579,
1.590.3, 1.633, 1.638, 1.665, 1.743, 1.748.4, 1.760, 1.821.2, 1.853, 1.892,
1.899.1.2, 1.955, 1.959.2, 1.963, 1.970.3, 1.990, 2.003, 2.004, 2.006.2, 2.007,
2.011, 2.038, 2.104, 2.105.3, 2.132.1, 2.142, 2.145.2, 2.150, 2.151.3

Jaume Bennasar, Andrés – 1.922.1.5

Jesus Filho, José – 233, 388.2.1, 395.3, 455.4.2, 1.022.3, 1.177.2,


1.292.2.8.4, 2.019.2

Jeuland, Emannuel – 7, 50, 153, 164, 224, 225.2, 225.3.3, 247, 312.1,
1.016, 1.017, 1.019, 1.022, 1.143, 1.162, 1.254, 1.262.2, 1.339.1.1, 1.514.2,
1.514.3, 1.717, 1.718, 1.743, 1.755, 1.845, 1.857.1.1, 1.964, 1.964.4.4,
1.965.1, 1.970.4, 1.993, 2.000.1, 2.020.2, 2.143.1

Jobim, Nelson A. – 580.2, 588, 1.454.2.3, 2.138.1, 2.156

Jocovsky, Vera Lúcia R. S. – 4

Jolowicz, J.A – 308

Jorge, Flávio Cheim – 591, 772, 853, 856, 857, 858, 859, 860, 861, 862,
863, 865, 868, 868.1, 1.160.3, 1.169, 1.179, 1.753.2, 1.834.2

Jorge, Mário Helton – 616, 767

Jové, Maria Ángeles – 1.405.1, 1.423

Julien, Pierre – 7, 2.086

Jurado Beltrán, David – 2.029.1.1, 2.038

Justen Filho, Marçal – 532.3, 2.115, 2.115.4

Kane, Mary Kay – 166, 198.4, 234, 336, 596, 938, 1.144, 1.194.2, 1.194.3,
1.210, 1.304, 1.329.5, 1.335.2, 1.357.1, 1.706, 1.707, 1.808.1, 1.849, 1.852,
1.856.1, 1.863.3.3, 1.864.1, 1.864.2.1, 1.874.1, 1.971.1, 2.038, 2.066.2, 2.130,
2.136, 2.142

Karam, Munir – 1.336

Karpat, Ladislau – 365.4,

Kemmerich, Clóvis Juarez – 1.582.1, 2.132.1

Kenny, Héctor Eduardo – 873.2

Kielmanovich, Jorge L. – 1.854, 1.872, 1.879, 1.899.4.2, 1.934, 1.941.2,


2.006, 2.025, 2.049.2.1

Kim, Richard Pae – 1.517

Kimmich, Liane Boll – 236, 2.131.2

Kisch, Wilhelm – 177, 227.2, 233, 287.1, 289.1, 1.566.2.3, 2.114.3, 2.145

Klein, Franz – 938

Klippel, Rodrigo – 54.1

Knijinik, Danilo – 158.1, 214, 247, 329, 336, 337, 1.336, 1.340, 1.951.1,
1.976.6.2, 2.142

Kohler, Josef – 83, 91, 553, 556

Köhler, Hemult – 1.221.4.1


Köhler, Ricardo Carlos – 796

Komatsu, Roque – 523.1, 1.196.6, 1.197, 1.1992, 1.220.3, 1.249, 1.254.2,


1.264.2, 1.264.3, 1.266, 1.571, 1.714, 1.716

Kozikoski, Sandro Marcelo – 1.577

Kreil, Ruber David – 212

Kriger, João Cesar Leitão – 932

Kriger Filho, Domingos Afonso – 23, 26, 1.340.2

Kroetz, Tarcísio de Araújo – 29, 176.3

Kuttner, Georg – 2.144.3

La China, Sergio – 23, 24.4, 30, 64, 69, 69.3, 225.3.6, 302, 324.2.2, 380,
520, 522, 746.1, 1.196.4, 1373, 1.402, 1.407.3, 1.892, 1.905.2

Labriola, Guido – 175.2, 2.129

Lacerda, Galeno – 2, 32, 54.1, 69, 69.2, 75.2, 83, 100, 101.1, 104.1,
104.3, 122, 130, 176.2, 179, 181.2, 182, 196, 222.3, 222.4, 227, 284, 326,
352, 388.1, 431.2, 457, 458, 459, 489.2, 593, 607.9, 630, 729, 941, 966.4,
1.098, 1.114.3, 1.149, 1.247, 1.250, 1.251, 1.259.3, 1.292.2.5, 1.375.1,
1.375.3, 1.378.1.1, 1.378.1.2, 1.378.1.3, 1.378.1.4, 1.379, 1.379.1, 1.381.1,
1.381.3, 1.382.2, 1.384, 1.385, 1.386, 1.386.2, 1.380.1, 1.387, 1.389, 1.390,
1.393, 1.397, 1.398, 1.401, 1.404, 1.407.1, 1.407.2, 1.410.1, 1.412, 1.415,
1.416, 1.419, 1.421.2, 1.427.3, 1.429.1, 1.429.3, 1.430, 1.430.1.1, 1.430.3,
1.437.4, 1.438.2, 1.439.3, 1.440.3, 1.450.5.1, 1.452, 1.455, 1.455.4, 1.456,
1.458.3, 1.458.5, 1.459.2, 1.459.2.1, 1.460, 1.461, 1.461.1, 1.461.3, 1.461.4,
1.462, 1.463, 1.464, 1.465, 1.466, 1.467.1, 1.502, 1.522.1, 1.545, 1.590.2.1,
1.595.1, 1.618, 1.729, 1.736, 1.753.2, 1.765, 1.768, 1.803, 1.811.2, 1.811.3.1,
1.815, 1.821.3, 1.894, 1.896, 1.897, 1.897.5.1, 1.897.5.4, 1.953, 1.996.3,
2.029, 2.044.5, 2.060, 2.078, 2.081, 2.082, 2.144, 2.153, 2.156

Lacerda, J. C. Sampaio de – 1.081.1

Lacerda, João Manoel Carneiro de – 489.3, 1.948.1.3

Lacerda, Paulo – 56, 1.313.1

Ladron de Guevara, Juan Burbos – 1.961.1.2

Lafayette de Andrada – 733.1

Lage, Lívia Regina SAvergnini Bissoli – 1.412

Lambauer, Mathias – 586

Lamy, Eduardo de Avelar – 222.4, 1.508.4

Lancellotti, Franco – 145, 232, 1.122.1, 1.566.2.3, 1.905.1, 2.114.3


Lanes, Julio Cesar Goulart – 961, 1.811.3.1, 2.084, 2.086, 2.0902.090.3,
2.092, 2.095, 2.096, 2.097, 2.100, 2.109

Landim Filho, Francisco – 886.2

Lanfranchi, Lucio – 231, 318.1

Lange, Heirich – 1.221.4.1

Langheineken, Paul – 340, 1.221.4.1, 1.779

Lagoeiro, Manoel – 2.84

Lara, Betina Rizzato – 1.407.2, 1.417, 1.426, 1.436, 1.436.1, 1.450.3.3,


1.450.3.6, 1.450.5.1, 1.454.1

Larenz, Karl – 89, 345, 530, 771, 857, 1.116, 1.221.4.1, 1.534.1.4,
1.566.2.2, 2.114.2, 2.139.1

Lascala, Jorge Hugo – 1.191, 1.216.3

Lascano, David – 179, 192, 406

Laserra, Giogio – 1.852, 1.917.1, 1.926.5, 1.943

Laspro, Oreste Nestor de Souza – 4, 165, 166, 923.2, 962.1

Latorraca, Nilton – 522

Laubadère, André de – 31

Lauterbach, Wolfang – 606, 1.978.1.2, 2.035

Lazari, Rafael José Nadim de – 1.251

Lazzaro, Fortunato – 638.3, 670.1.2

Le Bars, Thierry – 145, 244, 1.122.2

Le Ninivin, Dominique – 192

Leal, Márcio Flávio Mafra – 176.5, 923

Leal, Rogério Stielfelmann – 1.663.4

Leal, Rosemiro Pereira – 53, 88

Leal, Vicente – 32, 124, 517, 568.1, 607.7, 690.2, 916.4, 969.2, 1.024,
1.065.4, 1.187.1, 1.255.1.2, 1.311.2, 1.450.3.3, 1.461.5, 1.510.5, 1.636,
2.121.1

Leal Júnior, Cândido – 775.2

Leão, Adroaldo – 606


Leão, José Francisco Lopes de Miranda – 231, 296, 2.137.2

Lébana Ortiz, Juan Ramón – 192

Leclerc, Olivier – 2.005, 2.038

Legeais, Raymond – 1.339.3.1, 1.576, 1.960.2.1

Leitão, José Ribeiro – 2, 1.129, 1.386.1, 1.388, 1.401, 1.465

Leitão de Abreu – 1.029, 1.177.2, 1.187.2.2, 1.746

Leite, Clarisse Fachiani Lara – 873.1, 883.1, 1.539.3.2, 1.539.5

Leite, Cyntia Danielle Paiva – 48.2

Leite, Eduardo de Oliveira – 880, 881

Leite, Evandro Gueiros – 351, 1.515.4, 1.635

Leite, Glauco Salomão – 1.663.1

Leite, J. Osvaldo de Oliveira – 1.596.3, 1.740.2

Leme, Gilberto Gomes de Macedo – 892

Lemos, Jonathan Iovane de – 81, 1.122.3.1

Lemos, Rafael Cavalcanti – 1.335.1.3.2

Lent, Friedrich – 94, 274, 595

Lenza, Pedro – 39, 48, 176.5, 322.1.3, 1.061.6, 2.140.1

Leonardo, Rodrigo Xavier – 1.339.3, 1.340.1

Leonel, Ricardo de Barros – 39, 107, 109, 176.5, 237, 388.4, 1.047,
1.061.3, 1.454.1, 2.140.1, 2.140.2

Lépore, Paulo Eduardo – 2.140

Lépori White, Inés – 1.340

Lerrer, Felipe Jackson – 1.292.2.7

Lessona, Carlo – 996.1, 1.317.5, 1.318, 1.324.3, 1.325.4, 1.335.1.1,


1.335.1.2, 1.339, 1.757.2, 1.852, 1.857.1.1, 1.858, 1.859, 1.859.3, 1.863.1.3,
1.865.1.1, 1.865.1.2, 1.864.1, 1.870, 1.871, 1.875.1.3, 1.877, 1.889, 1.891,
1.905.1, 1.907, 1.921.1.1, 1.921.1.2, 1.921.1.2, 1.923.1, 1.923.2.2, 1.925.2,
1.926.2, 1.929.1, 1.930, 1.945, 1.947, 1.947.1, 1.948.1.2, 1.948.2.3, 1.951,
1.956, 1.956.2, 1.959.1, 1.960.1.1, 1.960.2, 1.961.1.2, 1.969.4.1, 1.965.1,
1.971.1, 1.974, 1.976, 1.976.3, 1.976.4.3, 1.976.6.2, 1.999, 2.020, 2.025,
2.027, 2.029.2, 2.047.2, 2.049.3, 2.051, 2.052.2, 2.054.4, 2.057

Letteriello, Rêmolo – 342, 875, 2.105.3


Leubsdorf, John – 62.1, 78, 198.4, 330, 922, 923.1, 1.019, 1.302,
1.325.4, 1.326, 1.334.1, 1.340, 1.836.2, 1.852, 1.857.2, 1.860.1, 1.863.1.3,
1.863.2.1, 1.865.1.1, 1.891, 1.899.4.1, 1.914, 1.963.1, 1.966.2, 1.976.1, 2.074,
2.140.1

Leuzzi, Salvo – 1.941.2, 1.948.1.2, 1.952.3

Lewandowski, Ricardo – 48.1, 119, 388.2.4, 448, 796, 801.1, 921.2,


1.451.4

Liebman, Enrico Tullio – 3, 32, 54, 82, 83, 84, 86, 91, 93.1, 98, 103.2,
151, 164, 167, 175.2, 176.1, 177, 185, 192, 199, 212, 222.2, 222.3, 222.4,
224, 225, 226.1, 227.2, 229, 232, 233, 234, 235, 242, 243, 244, 247.1, 256,
256.1, 274, 292, 302, 304, 309, 313.2.3, 316.2, 325, 328, 339, 340, 380, 404,
415.2, 456.2, 501, 531, 541, 553, 560.2, 582.2, 587, 596, 606, 635.1, 635.2.3,
638.2, 662, 710, 721.3, 944.3, 964, 1.000, 1.002, 1.046.1, 1.046.2, 1.069.1,
1.085, 1.088, 1.090.2, 1.116.4, 1.145, 1.245.2, 1.249, 1.256.2, 1.343, 1.349,
1.353, 1.401, 1.423, 1.468, 1.470, 1.521, 1.522, 1.524.1, 1.524.3, 1.531,
1.558, 1.562, 1.566.2.1, 1.566.2.3, 1.567, 1.590.2.4, 1.591, 1.609, 1.623,
1.642.1, 1.649.1, 1.649.2.3, 1.652, 1.659, 1.662, 1.737.5, 1.739, 1.765, 1.779,
1.795.3, 1.797, 1.803, 1.821.3, 1.869, 1.946.1, 1.976, 2.047.2, 2.059, 2.060,
2.111, 2.114.1, 2.114.3, 2.115, 2.116, 2.126, 2.127, 2.129, 2.131.2, 2.133,
2.135.4, 2.136, 2.136.1, 2.137, 2.138.2.2, 2.139, 2.141, 2.142, 2.146, 2.149.6,
2.152, 2.156

Lima, Alcides de Mendonça – 15, 35, 44.1, 72, 73, 74, 75.2, 83, 118,
166, 192, 194, 195, 351, 415.2, 530, 606, 607, 607.1, 612, 613, 745.2, 771,
930.2.1, 930.2.3, 947, 959, 1.042, 1.058, 1.066, 1.160.3, 1.180.2, 1.201.1,
1.221.4.2, 1.350.2, 1.449, 1.453, 1.461.2, 1.510, 1.566.2.2, 1.746, 1.797,
1.962, 2.114.2, 2.115, 2.118, 2.120

Lima, Alvino – 596

Lima, Armando – 1.058

Lima, Arnaldo Esteves – 307, 318.3, 395.4, 677, 713.2, 726.1, 726.2,
740, 1.065.4, 1.069.1, 1.078.1, 1.135.1, 1.195, 1.227, 1.292.2.3, 1.421.2,
1.452.3, 1.461.4, 1.517, 1.532, 1.624, 1.657, 1.682, 1.946.1, 1.964.4.2,
1.970.4, 1.982

Lima, Fernando Antonio Negreiros – 1.042, 1.046.2, 1.050.1, 1.051,


1.056, 1.057, 1.058, 1.059, 1.061.2, 1.061.5, 1.062.2, 1.062.3, 1.063.1, 1.064

Lima, Francisco Gérson Marques de – 44.2, 160

Lima, Guilherme Corona Rodrigues – 1.047

Lima, Herotides da Silva – 578, 748, 997.5.3, 1.028.2, 1.029, 1.187.2.1,


1.685, 1.997

Lima, Lucas Rister de Souza – 69

Lima, Luiz G. de Oliveira – 215


Lima, Maria Rosynete Oliveira – 127

Lima, Paulo Roberto de Oliveira – 165, 178, 1.661.1.5, 2.138.2.2,


2.140.2

Lima, Rogério Medeiros Garcia de – 745.5

Lima, Ruy Cirne – 626

Lima, Tiago Asfor Rocha – 2.143.1

Lima Filho, Acácio Vaz de – 102

Lima Neto, Francisco Vieira – 2.136

Liongi, Celso – 2.149.6

Lipari, F. G. – 100, 178, 182.4, 222.2, 942.3, 1.878, 2.139

Liporoni, Antonio Sergio – 2.020.2

Lipp, Volker – 1.353

Lippmann, Edgar Antônio – 1.419, 1462.2

Lira, Gérson – 223

Lôbo, Paulo Luiz Netto – 670.1, 881, 1.018.2, 1.019, 1.028, 1.028.1,
1.029, 1.031, 1.032.3, 1.032.3, 1.032.4, 1.034, 1.187.2.2, 2.137.2

Lombardo, Luigi – 1.193, 1.993, 2.038

Lombarde, Mariana Capela – 224

Longo, Luiz Antonio – 149

Lopes, Bruno Vasconcelos Carrilho – 668, 671, 674, 676, 678, 682,
684, 688, 689, 690.1, 691, 692, 694.1, 695, 697, 699, 710, 710.1.1, 710.2,
712, 712.1, 713.2, 713.3, 714, 726.2, 727, 728, 729, 730, 731, 734, 735, 736,
737, 738, 739, 740, 742, 947, 1.444, 1.446, 1.446.1.2, 1.446.2, 1.447, 1.515.4,
2.112, 2.116.1, 2.116.2, 2.144.2, 2.144.4

Lopes, João Batista – 75.4, 130, 138, 157, 177, 225.3.3, 225.3.5, 294,
295, 296, 297, 297.1, 298, 303, 311.3, 322.1.2, 334, 367, 607.3, 938, 1.147,
1.149, 1.292.1.2, 1.304, 1.309, 1.310, 1.317.4, 1.318.1, 1.331.1, 1.340,
1.340.2, 1.343.2, 1.360, 1.375.1, 1.378.1.1, 1.420.1, 1.420.4, 1.427.3, 1.431,
1.436.2, 1.438, 1.440, 1.481.1, 1.541.1.1, 1.555.2, 1.566.1, 1.580, 1.590.2.4,
1.688.1, 1.700, 1.742, 1.746, 1.775, 1.785.4, 1.795, 1.811.3.1, 1.852, 1.868,
1.944, 1.951, 1.975.2, 1.985.3, 1.995.2.1, 2.030, 2.032.4, 2.040, 2.111

Lopes, José Fernando da Silva – 1.046.2, 1.058

Lopes Júnior, Aury – 84


Lopes Júnior, Nilson Martins – 2.122.1

Lopes, Maria Elisabeth de Castro – 75.4, 132

Lopes, Mauro Brandão – 564

Lopes da Costa, Alfredo Araújo – 72, 83, 97, 192, 195, 225.3.3, 261,
308, 312.2, 313.1.1, 313.1.3, 322, 339, 396.2, 404, 407, 415.2, 489.3, 506,
512, 521, 577, 582.3, 758, 790, 871, 873.1, 907, 916.3, 970, 1.087.1, 1.099.1,
1.180.1.2, 1.190, 1.192, 1.197, 1.199.2, 1.209.3, 1.209.4, 1.209.5, 1.210,
1.212.2, 1.217, 1.230, 1.303, 1.315, 1.335.1, 1.339.1.2, 1.365, 1.407.3, 1.412,
1.427.1, 1.455.4, 1.461.1, 1.472, 1.566.2.5, 1.590, 1.697, 1.714, 1.735, 1.742,
1.750, 1.871, 1.884, 1.991, 2.029.1.1, 2.046.1.1, 2.114.5, 2.149.4

López Yagües, Verónica – 1.850, 2.044.1, 2.045, 2.046.2, 2.049,


2.049.2.1, 2.052.1, 2.052.2, 2.053, 2.054.2.1, 2.055, 2.055.1, 2.055.3, 2.055.4,
2.056, 2.057

Lor, Alfonso – 1.663.1

Lorca Navarrete, Antonio Maria – 929

Lorezetto Peserico, Annalisa – 1.644

Lorenzetti, Ricardo Luis – 81, 1.122.2

Lotufo, Renan – 1.221.4.2

Loutayf Ranea, Roberto G. – 262.1, 625, 627.3, 627.4, 635, 637, 638.5,
644, 683, 713.3

Lucena, João Paulo – 192, 544.1, 1.662, 2.044.4

Lucon, Paulo Henrique dos Santos – 588, 1.222, 1.700, 2.155

Luiso, Francesco Paolo – 2, 134, 158.1, 165, 180, 225.3.6, 247, 308,
329, 346.1, 362, 378, 380, 386, 513, 565.2, 587, 638.2, 2.136.1, 870, 872,
891, 1.052, 1.103, 1.119, 1.208, 1.245.2, 1.264.1, 1.264.2, 1.324.6, 1.345.2,
1.378.1.1, 1.380.2, 1.381.2, 1.401, 1.470, 1.473.2, 1.582.2, 1.589.4, 1.666,
1.729, 1.748.3, 1.760, 1.795.3, 1.890, 1.921.1.1, 1.941.2, 1.961.1.1, 2.054.1,
2.136, 2.136.1, 2.143.3.1

Lüke, Wolfgang – 1, 11, 50, 153, 167, 231, 233, 236, 286, 288, 308, 309,
404, 500, 507, 558, 789.1, 923, 927, 994, 1.017, 1.087, 1.153.1, 1.153.2,
1.153.4, 1.185, 1.194.2, 1.302, 1.307.1, 1.307.1.2, 1.318.1, 1.318.2, 1.324.2,
1.337, 1.343.5, 1.357.1, 1.373, 1.378.1.4, 1.406, 1.408, 1.436, 1.493, 1.494,
1.525, 1.534.1, 1.559.2, 1.602, 1.603, 1.615, 1.617, 1.623, 1.626, 1.627,
1.631, 1.632, 1.651, 1.658, 1.659, 1.706, 1.718, 1.729, 1.742, 1.762, 1.790,
1.795.1, 1.795.4, 1.962, 1.964, 1.975, 1.963, 1.983, 1.992, 1.998.2, 2.003,
2.044.5, 2.047.1.1.2, 2.079, 2.080, 2.084, 2.089.2, 2.103, 2.106, 2.115,
2.128.1, 2.131.1, 2.131.2, 2.132.1, 2.151.3

Luna, Everardo da Cunha – 596


Lunelli, Gustavo – 54.3

Luz, Américo – 4, 316.2, 1.553

Luz, Bernardino Lima – 274

Lyon-Caen, Charles – 1.897

Lyra Filho, Roberto – 609.7, 1.068

Macedo, Alexander dos Santos – 35, 176.4, 1.222, 2.156

Macedo, Elaine Harzheim – 179, 233, 1.485, 1.518

Macêdo, Lucas Buril de – 62.3, 876, 1.340

Macedo, Marcus Paulo Queiroz – 1.047

Macedo, Ronaldo Porto – 1.305

Macedo, Silvio – 1.008

Machado, Antônio Cláudio da Costa – 110, 152, 177, 192, 501, 536,
1.042, 1.046.2, 1.049, 1.050.2, 1.044.1, 1.044.3, 1.051, 1.052, 1.058, 1.061.5,
1.062.5, 1.063.2, 1.063.3, 1.064, 1.065.1, 1.065.2, 1.066, 1.421.1, 1.438,
1.481.1.1, 1.683, 1.753.2

Machado, António Montalvão – 245, 1.571

Machado, Daniel Carneiro – 178

Machado, Fábio Cardoso – 223

Machado, Fábio Guedes de Paula – 1.058

Machado, Hugo de Brito – 45, 1.450.3

Machado, Marcelo Pacheco – 246, 1.172, 1.340.2

Machado, Maria Olívia Rodrigues – 214

Machado, Milton Paulo – 278

Machado, Rafael Bicca – 23

Machado Schiaffiano, Carlos – 996.1, 2.003

Maciel, Adhemar Ferreira – 537.2, 735, 745.6, 796, 1.297, 1.450.3.3,


1.576, 1.749, 1.864.2.2, 1.902.2, 1.980.4.3, 2.019.2, 2.022.1

Maciel, Taline Dias – 83

Maciel, Wesley de Oliveira – 876

Mac-Gregor, Eduardo – 116


Madalena, Pedro – 730

Madeira, Carlos – 1.801

Madeira, Dhenis Cruz – 127, 1.116

Madrid, Daniela Martins – 1.222, 1.700

Madureira, Cláudio Penedo – 2.136

Magalhães, Assusete – 1.957.4, 1.975.4

Magalhães, José Carlos de – 198.3

Magalhães e Guerra, Marcel Vitor de – 207

Maggio, Marcelo Paulo – 222.4, 1.069.3

Magno, Giuseppe – 515

Magri, Berenice Soubhie Nogueira – 166, 405, 726, 1.636

Maia, Antônio Carlos Cavalcanti – 583.1, 1.757.3

Maia, Valter Ferreira – 602, 618, 1.053

Maia Filho, Napoleão Nunes – 176.5, 226.2, 629.1, 745.5, 1.018.1,


1.062.5, 1.286, 1.515.3, 1.689

Maia Júnior, Mairan G. – 1.438.2

Maidame, Márcio Manoel – 608, 726.2, 1.439.3.1, 1.485

Majadas, Márcia Fratari – 1.126

Malachini, Edson Ribas – 54.3, 103, 176.1, 229, 234, 469.2, 586, 769,
892, 1.244, 1.254.2, 1.259.2, 1.461.5, 1.511, 1.694, 1.772, 1.781, 1.785.4,
1.790, 1.795.3, 1.811.1, 2.152

Málaga Diéguez – 1.493, 1.494, 1.496, 1.501, 1.590.2, 1.590.2.1,


1.590.2.3, 1.590.2.5

Malizia, Roberto – 670.1.2

Mallet, Estevão – 132

Maluf, Carlos Alberto Dabus – 268, 1.611, 1.614, 1.616

Mamede, Gladston – 102

Mancine, Pasquele Stanislao – 165

Mancuso, Rodolfo de Camargo – 4, 47.2, 47.3, 62.1, 77, 176.5, 179,


238, 336, 388.4, 451, 735, 923.1, 946.5, 1.047, 1.061.5, 1.061.6, 1.450.5.3,
2.123, 2.140, 2.140.1, 2.142, 2.154
Mandelli, Alexandre – 2.158

Mangone, Kátia Aparecida – 130

Manso, Manoel da Costa – 1.115.1, 1.557

Manzano, Luís Fernando de Moraes – 997.4, 2.038

Mandrioli, Crisanto – 3, 4, 83, 93.3, 95, 97, 225.2, 233, 236, 237, 244,
246, 250, 280.1, 287.1, 302, 308, 309, 312.2, 312.4, 348, 380, 386, 513, 521,
556, 582.2, 607, 758, 759.2, 761, 763.1, 763.3, 872, 938, 954.3, 964, 1.016,
1.050.1, 1.050.2, 1.098, 1.153.2, 1.162, 1.193, 1.252, 1.260, 1.301.1.1,
1.338.2, 1.339.1.2, 1.339.1.4, 1.493, 1.496, 1.522, 1.559.1, 1.584, 1.587,
1.587.2, 1.589.1, 1.590.2.4, 1.623, 1.700, 1.701, 1.729, 1.821.2, 1.877,
1.921.1.1, 1.941.5.1, 1.974, 1.975, 1.992, 2.052.2, 2.135.3

Maranhão, Clayton – 229,

Marcacini, Augusto Tavares Rosa – 4, 629.1, 743, 745, 745.2, 745.3,


745.6, 745.5, 746.1, 747.1, 747.2, 747.3, 748, 749, 750, 751, 752, 754.3,
754.4, 1.071, 1.685

Marcato, Ana Cândida Menezesn – 47, 75.2, 164, 165, 1.450.5

Marcato, Antônio Carlos – 382, 464.2, 728, 1.148

Marcial, Adhemar – 35

Marco Aurélio – 1, 37, 40, 123, 135, 201, 208, 669, 678, 686, 796,
1.018.1, 1.052, 1.069.2, 1.069.3, 1.177.3, 1.365, 1.437.2, 1.450.4, 1.699.2,
1.702, 2.047.1.1, 2.120

Mardelli, Luis Fernando – 1.378.1.4

Marelli, Fábio – 1.146

Mariano da Rocha, Raquel Heck – 556, 1.144, 1.967,

Marinoni, Luiz Guilherme – 50, 51, 62.1, 62.2, 77, 83, 104.2, 178, 333.1,
578, 775.2, 777, 946.5, 1.317.5, 1.318.3, 1.318.4, 1.324.3, 1.324.5, 1.325.3,
1.335.1.3.2, 1.355, 1.356, 1.361, 1.370, 1.371, 1.373, 1.374, 1.402, 1.403,
1.404, 1.406, 1.412, 1.44.1, 1.439.2, 1.439.3.1, 1.446.1.3, 1.481.1.1, 1.544,
1.663, 1.683, 1.846, 1.857.1.2, 1.860.2, 1.860.4, 1.863.1.2, 1.863.2.1,
1.865.1.1, 1.865.2, 1.866, 1.870, 1.874.2, 1.875.1.5, 1.880.1, 1.884, 1.886,
1.888, 1.896, 1.897.2, 1.897.3, 1.898, 1.89.1.1, 1.899.1.2, 1.899.3, 1.899.4.1,
1.899.4.2, 1.899.5, 1.900, 1.902, 1.902.3, 1.905.1, 1.907, 1.912.3, 1.914,
1.921.2, 1.922.1.2, 1.923.2.1, 1.926.1, 1.927.2, 1.930, 1.930.1, 1930.2,
1.932.2.1.1, 1.933, 1.933.1, 1.938.2, 1.939.2.1, 1.939.2.2.2, 1.939.2.2.6,
1.944, 1.948.2.2, 1.948.2.4, 1.949, 1.950, 1.950.1, 1.950.3, 1.951, 1.952.5,
1.959.1, 1.961.1.3, 1.964.4.4, 1.969, 1.970.3, 1.970.4, 1.971.2, 1.982, 1.982.1,
1.995.2.2, 1.996.1, 2.000, 2.005, 2.009.4, 2.021, 2.032.1, 2.047.2

Marins, Graciela Iurk – 1.375.1, 1.378.1.1, 1.382.4, 1.383, 1.386.1, 1.861


Marins, Victor A. A. Bomfim – 1.431, 1.455.1, 1.455.5, 1.458.1, 1.458.2,
1.458.3, 1.460.2, 1.459.2.1, 1.459.2.2, 1.460, 1.461, 1.461.2, 1.463, 1.464,
1.662

Mamitt, Arnaldo – 1.021

Marques, J.P. Remédio – 1.638

Marques, José Frederico – 2, 3, 31, 32, 35, 49, 50, 54.1, 55, 58, 61, 63,
64, 68, 70, 72, 74, 75.2, 82, 83, 84, 86, 93.1, 93.2, 97, 104.4, 122, 151, 156.1,
165, 175.1, 175.2, 176.1, 177, 180, 185, 192, 193, 195, 199, 218.1, 219, 224,
229, 236, 240, 244, 248, 258.1, 258.2, 261, 263, 266, 279.3, 302, 303, 309,
313.1.1, 313.2.2, 325, 328, 339, 346.1, 346.2, 378, 386, 404, 406, 411.1, 414,
415.1, 415.2, 416, 455.4.1, 460, 493.1, 493.2, 494.3, 494.4, 505, 505.2, 517,
523.1, 548, 555, 556, 582.3, 586, 597, 636, 710, 710.1.2, 778, 871, 926,
926.2, 926.3, 927, 936.1, 938, 939, 951, 954, 958, 966, 975.4, 977, 978, 981,
983, 986.2, 986.4, 988, 1.002, 1.003.1, 1.016, 1.019, 1.028.3, 1.038, 1.044.1,
1.044.3, 1.0845, 1.090.1, 1.094, 1.099, 1.102, 1.109.2, 1.114.2, 1.117.1,
1.119, 1.120, 1.141, 1.143, 1.145, 1.148, 1.151, 1.153.3, 1.155, 1.156, 1.157,
1.190, 1.192, 1.196.6, 1.205, 1.210.2, 1.212.2, 1.245.1, 1.246.1, 1.263, 1.266,
1.292.1.1, 1.292.1.6, 1.292.2, 1.294, 1.305, 1.310, 1.315, 1.339, 1.343,
1.378.1.3, 1.401, 1.407.3, 1.410.1, 1.412, 1.449, 1.450.1.1, 1.472, 1.473.2,
1.473.3, 1.474.2, 1.509, 1.512, 1.513, 1.514.1, 1.521, 1.524.3, 1.526.1, 1.530,
1553, 1.533, 1.534.1.6, 1.539.3.2, 1.540, 1.546, 1.549, 1.556, 1.558, 1.559.1,
1.562, 1.566.1, 1.572, 1.602, 1.609, 1.618, 1.636, 1.637, 1.649.2.2.2,
1.649.2.3, 1.660, 1.660.2, 1.666, 1.690, 1.694, 1.697, 1.698, 1.704, 1.739,
1.742, 1.750, 1.754.3, 1.757, 1.757.2, 1.759, 1.766.2.1, 1.768, 1.776, 1.786,
1.793, 1.794, 1.795.1, 1.800, 1.803, 1.811.1, 1.812.3, 1.823, 1.824, 1.855.1,
1.855.2, 1.870, 1.887, 1.889, 1.945, 1.948.1, 1.95, 1.978.1.2.1, 1.979, 1.981.1,
1.981.2, 1.985, 1.996, 2.020, 2.040, 2.041, 2.055.2.2, 2.055.2.3, 2.059, 2.060,
2.071, 2.074.3, 2.081, 2.087, 2.093, 2.094.1, 2.098, 2.105.1, 2.107, 2.110,
2.111, 2.115, 2.116, 2.116.1, 2.117, 2.118, 2.120, 2.128, 2.129, 2.131.2,
2.137, 2.139.1, 2.152

Marques, Mauro Campbell – 69, 176.1, 289.2, 396.4, 637.3, 670.1, 671,
674, 676, 685, 694.2, 711, 718.2.1, 729, 740, 740.2, 740.3, 778, 975.4,
998.2.2, 1.052, 1.079, 1.117.3, 1.243.1, 1.258, 1.289, 1.298.1, 1.452.2,
1.454.2.1, 1.461.3, 1.510.4, 1.514.1.2, 1.520.5, 1.589.4, 1.693.2, 1.754.3,
1.778.3, 1.938.2, 2.108, 2.122.2, 2.144.3, 2.145.1, 2.152

Martel, Leticia Campos Velho – 796

Martin Contreras, Luis – 178, 1.661.1.5, 2.135.4, 2.140.2

Martinetto, Giuseppe – 1.052

Martins, Claudio – 1.896, 1.916.2.1, 1.920.2, 1.926, 1.926.2, 1.926.3

Martins, Eliana – 388.2.1

Martins, Eliseu – 1.932.2.2

Martins, Fernando Dal Bo – 1.661.2


Martins, Fran – 508.2.1, 564, 1.926.2, 1.926.1, 1.926.3, 1.928

Martins, Francisco Peçanha – 101.1, 201.1, 532.2, 542.1, 607.5, 635.2.2,


687, 741, 986.5, 1.115.2, 1.139, 1.286, 1.287, 1.429, 1.442, 1.461.5, 1.477,
1.514.2, 1.515.3, 1.689, 1.964.4.2

Martins, Humberto – 214, 498.3, 629.2, 669, 778, 947, 975.5, 1.052,
1.148.2, 1.224, 1.261, 1.296, 1.311.2, 1.407.2, 1.439.3.2, 1.452.3, 1.454.2.1,
1.462, 1.510.8, 1.514.1.4, 1.517, 1.526.1, 1.526.2, 1.587.2, 1.629, 1.649.2.3,
1.692, 1.744.3, 1.753.3, 1.754.4, 1.846, 1.938.2, 2.009.3

Martins, Ives Gandra da Silva – 40, 252, 768, 840.1, 840.2, 1.451.2,
1473.4

Martins, Nelson Juliano Schaefer – 505.2, 939, 961.1

Martins, Pedro Baptista – 22, 74, 280.3, 302, 517, 590, 591, 607.1,
609.5, 640, 685, 746.1, 751, 754.1, 754.2, 966.1, 1.028.2, 1.153.2, 1.221.4.2,
1.325.1, 1.325.2, 1.335.1.3, 1.507.2, 1.803, 1.813, 1.815, 1.821.3, 1.845,
1.867, 1.882, 1.884, 1.922.1.3, 1.971.1, 1.974, 1.976, 1.976.4.2, 1.980.1,
1.980.2, 1.980.4.1, 1.983, 1.997, 2.060, 2.063.6, 2.064, 2.067, 2.115, 2.142,
2.146

Martins, Renato Castro Teixeira – 1.554.1

Martins, Ricardo Marcondes – 45

Martins, Sandro Gilbert – 1.750

Martins Filho, Marcos Simões – 1.554.5

Martins-Costa, Judith – 1.221.3

Masagão, Mário – 31

Massami Uyeda – 304, 322.1.3, 426, 532.3, 635.2.2, 670.1.2, 726.2, 742,
835, 901, 1.022.3, 1.031, 1.079, 1.243.1, 1.340.1, 1.412, 1.429.1, 1.436.2,
1.514.6, 1.556, 1.798.2, 1.821.2

Massari, Alberto – 1.365, 2.044.3

Mathias, Carlos Fernando – 388.2.4, 388.3, 444, 730, 1.031, 1.137.2,


1.378.1.1

Mattei, Ugo – 234

Mattietto, Leonardo – 1.221.4.4

Mattirolo, Luigi – 1, 167, 302, 1.326, 1.864.1, 1.870, 1.960.1.2, 2.041

Mattos, Luiz Wetzel de – 104.3, 1.351,

Mattos, Sérgio Luiz Wetzel de – 156.3, 166, 944


Maurino, Alberto Luis – 321, 1.190, 1.191, 1.194, 1.197, 1.204, 1.209,
1.210.2, 1.212, 1.575, 1.587, 1.587.1, 1.587.2, 1.587.3, 1.718

Maurício, Ubiratan Couto – 501, 555, 776, 778, 782, 783, 789.1, 789.2,
790, 791.2, 791.4, 793, 795, 912.1.5, 1.244, 1.245.2, 1.246, 1.260, 1.262.1,
1.534.1.2, 1.753.2, 2.151.3

Maximiliano, Carlos – 62, 1.116.1, 1.547.2, 2.102

Mayer, Rafael – 859

Maynard, Marilza – 471

Mazza, Oliveiro – 130

Mazzarella, Ferdinando – 336

Mazzarella, Giuseppe – 1.318.4

Mazzei, Rodrigo – 46.3

Mazzilli, Hugo Nigro – 48.1, 152, 1.043, 1.044.1, 1.044.3, 1.045, 1.046,
1.051, 1.052, 1.054, 1.069.1

Medeiros, Hortencio Catanduva de – 1.250

Medeiros, Maria Lúcia L. C. de – 320.2, 346.1, 346.2, 349.1, 372.5,


1.453.3, 1.741, 1.759, 1.856.1, 1.874.1

Médice, Sergio de Oliveira – 35

Medina, Damares – 796, 843

Medina, Eduardo Borges de Mattos – 6

Medina, José Miguel Garcia – 45.2, 176.1, 224, 231, 721.3, 857, 868.1,
1.061.3, 1.417.2, 1.408, 1.508.2, 1.508.3, 1.508.5, 1.554.3, 1.558, 1.634,
1.636, 2.152,

Medina, Paulo Roberto Gouvêa – 48.1, 302, 303, 469.3, 732.2, 1.063.1,
1.517, 1.745.3

Meireles, Edilton – 1.122.2

Meirelles, Hely Lopes – 41, 47.2, 508.3, 510, 1.311.1, 1.450.5.4, 1.451,
1.451.4, 1.451.6.2

Mekki, Soraya Amrani – 1, 50

Melle, Vittorio – 923.2, 962.1

Mello, André Luis Camargo – 1.221.4.1


Mello, Celso Antonio Bandeira de – 40, 44.1, 47.1, 159, 178, 210, 214,
372.3, 395.2, 469.3, 517, 596, 739, 768, 840, 840.1, 1.018.1, 1.018.2, 1.034,
1.038, 1.045, 1.063.3, 1.105, 1.350.1.2, 1.451.1, 1.451.4, 1.451.6, 1.451.6.1

Mello, Marcos Bernardes de – 55, 236, 1.086, 1.092, 1.245.2, 1.251,


1.253, 1.870, 1.916.2, 1.921.1.1, 1.923

Mello, Rogério Licastro Torres de – 531, 532.1, 1.003.3, 1.340,

Mello Filho, José Celso de – 69.1, 127, 159, 1.350.1.1, 2.007.1

Melo, Gustavo de Medeiros – 1.412

Melo, Luiz Pereira de – 1.123.1

Melo e Silva, Nanci – 1.222

Melo Filho, Álvaro – 123

Menchini, Sergio – 178, 2.141, 2.150.2

Mendes, Aluísio Gonçalves de Castro – 222.5, 388.1, 388.2.2, 388.3,


388.4, 388.5, 389, 395.1, 397, 411.1, 416, 430, 430.1, 431, 431.1, 431.5, 932,
1.047, 1.566.2.5, 2.114.5

Mendes, Armindo Ribeiro – 166, 167, 591, 1.128

Mendes, Gilmar Ferreira – 40, 62.2, 178, 252, 337, 388.2.4, 405, 502,
768, 801.1, 840.1, 840.2, 843, 923.1, 1.052, 1.450.5.4, 1.451, 1.451.4,
1.451.6.2, 1.451.1, 1.451.2, 1.451.5, 1.451.6.1, 1.661.3, 2.158

Mendes, Francisco de Assis Filgueiras – 223

Mendes, João de Castro – 169, 176.1, 222.3, 222.5, 256.1, 261, 261.1,
273.1, 330.4, 504, 507, 546, 586, 591, 1.303, 1.302, 1.305.2, 1.306, 1.307,
1.348.2, 1.348.2.1, 1.348.2.2, 1.354, 1.357, 1.357.2, 1.358, 1.412, 1.921,
1.921.3, 1.921.2, 2.065, 2.105.2, 2.132.2, 2.134, 2.142, 2.144.3, 2.148,
2.148.2, 2.150.1, 2.150.2, 2.152

Mendes Júnior, Manoel de Souza – 1.340.2

Mendonça, José – 1.914, 1.918, 1.960.1, 1.961, 1.997

Mendonça, Rachel Pinheiro de Andrade – 158.3, 159, 1.350.1

Mendonça, Ricardo Magalhães de – 912.1.2

Mendonça Júnior, Deslomar – 135, 136, 141, 144, 166, 310

Menestrina, Francesco – 296, 951, 1.539.4

Menétrey, Séverine – 796, 800, 801.2, 852, 2.135.3

Mercader, Amílcar A. – 222.2, 670.1.2


Merlin, Elena – 309, 1.743

Merryman, John Henry – 928, 930.2

Mesquita, Eduardo Melo de – 1.420.1, 1.453.1

Mesquita, Gil Ferreira de – 134, 136, 166

Mesquita, José Ignacio Botelho de – 81, 175.2, 198.1, 199, 207, 224,
236, 244, 247.1, 247.3, 310, 325, 883.1, 887, 965, 1.591, 2.129, 2.133

Mesquita, Miguel – 771

Messina, Giuseppe – 1.870, 1.880

Mestre, Jacques – 2.115

Meyer, Rafael – 202, 213.1, 1.458.5, 1.801

Michelet, Elisabeth – 279.1

Micheli, Gian Antonio – 113, 181.2, 192, 222.4, 225.2, 225.3.5, 232, 236,
244, 944.2, 1.310, 1.337, 1.339, 1.339.1, 1.353, 1.521, 1.522, 1.524.1, 1.627,
2.010

Mikalef-Toudic, Véronique – 1.046, 1.048, 1.050.2, 1.057, 1.058, 1.068

Milaré, Édis – 1.058

Milhomens, Jônatas – 101.1, 222.4, 339, 607, 772, 790, 869.1, 873.1,
989, 1.029, 1.142.1, 1.153.2, 1.154.5, 1.162, 1.172, 1.187.2, 1.187.2.2,
1.189.1, 1.750, 1.821.3, 1.926.3, 1.951, 1.962, 1.971.1.1, 2.038

Milhoranza, Mariângela Guerreiro – 1.069.1, 1.612

Millar, Robert Wyness – 104.1, 169, 311.2, 1.357, 1.358, 1.468, 2.062

Miller, Arthur R. – 198.4, 234, 336, 596, 938, 1.144, 1.194.2, 1.194.3,
1.210, 1.304, 1.329.5, 1.335.2, 1.357.1, 1.706, 1.707, 1.808.1, 1.849, 1.852,
1.856.1, 1.863.3.3, 1.864.1, 1.864.2.1, 1.874.1, 1.971.1, 2.038, 2.066.2, 2.130,
2.136, 2.142

Milmann, Fábio – 600, 602, 607, 607.1, 607.2, 607.4, 607.6, 607.10,
609.2, 622, 623, 1.053

Miniato, Lionel – 130, 244, 1.672

Minhoto Júnior, Alcebíades da Silva – 1.061.5

Minoli, Eugenio – 1.190, 1.255, 1.609, 1848

Mirabelli, Giuseppe – 1.611

Mirabete, Júlio Fabbrini – 35, 1.450.1.1


Miranda, Gilson Delgado – 769

Miranda, Julián Eduardo – 22

Miranda, Vicente Chermont de – 135, 894, 901, 913, 938, 939, 944,
944.4, 945, 951

Miranda Filho, Juvêncio Gomes de – 1.403

Miranda Guimarães, Marco Antônio – 1.455, 1.459.2.1

Miranda Netto, Fernando Gama de – 81

Mitidiero, Daniel – 74, 127, 181.2, 222.5, 233, 313.2.2, 340, 955, 1.403,
1.517, 1.718, 1.812.1, 1.821.2

Mohr, Gustavo – 18.1

Moitinho de Almeida, L. P. – 1.412

Molfese, Giuseppe – 995, 2.011, 2.024.4, 2.035

Monacciani, Luigi – 240, 553, 555, 556

Moniz de Aragão, Egas Dirceu – 35, 61, 100, 101.1, 104.1, 104.3, 109,
111, 130, 158.1.2, 175.2, 219, 222.5, 224, 225.1.1, 225.2, 225.3.3, 236, 289.3,
293, 302, 303, 321, 325, 326, 365.5, 366.1, 371, 372.4, 374, 376, 377, 455.4,
465, 465.1, 493.1, 494.4, 495.1, 495.2, 496, 497.3, 497.4, 498, 498.2.2, 498.3,
546, 560.2, 566, 609.7, 721.1, 745.1, 888, 903.3, 961.1, 996, 996.2, 996.3,
1.022.2, 1.028.1, 1.029, 1.030, 1.036, 1.022.2, 1.028.1, 1.029, 1.030, 1.036,
1.0925, 1.100, 1.104.4, 1.113.3, 1.111.4, 1.113, 1.114, 1.114.1, 1.114.5,
1.115.1, 1.116, 1.117.3, 1.122.3.3, 1.128, 1.129, 1.130, 1.131, 1.132, 1.132.2,
1.132.3, 1.135, 1.135.1, 1.136.1, 1.137.3, 1.139, 1.143, 1.144, 1.148, 1.148.1,
1.149, 1.150, 1.151, 1.153.1, 1.153.2, 1.158, 1.159.4.6, 1.162, 1.163, 1.167.1,
1.167.3, 1.172, 1.173, 1.174, 1.177.2, 1.179, 1.180.1.1, 1.180.1.2, 1.180.2,
1.181, 1.182, 1.184, 1.185, 1.187.2.2, 1.188.3, 1.189, 1.189.1, 1.189.2, 1.191,
1.194.2, 1.194.3, 1.194.6, 1.196.5, 1.197.2, 1.198.1, 1.199.1, 1.199.2, 1.200,
1.201.1, 1.201.2, 1.203, 1.207, 1.208.2, 1.208.7, 1.209.4, 1.210.2, 1.212.1,
1.212.4, 1.214.2, 1.214.3, 1.216.2, 1.216.3, 1.217, 1.220.1, 1.220.3, 1.221.1,
1.221.3, 1.221.4.2, 1.227, 1.229, 1.230, 1.231, 1.232, 1.239, 1.243.1, 1.243.2,
1.245.1, 1.249, 1.250, 1.251, 1.253, 1.255.1.2, 1.257, 1.258, 1.259.2, 1.259.5,
1.261, 1.262.1, 1.262.2, 1.267, 1.271, 1.272.1, 1.274.2, 1.281, 1.282.4, 1.287,
1.289, 1.292.1.1, 1.292.1.2, 1.292.1.3, 1.292.1.4, 1.292.1.7, 1.293, 1.299,
1.302, 1.303, 1.305, 1.305.2, 1.308, 1.310, 1.311.2, 1.313.3, 1.317.3, 1.318.3,
1.325.1, 1.327, 1.328, 1.329.1, 1.334.2, 1.336, 1.337, 1.339.1, 1.345.1,
1.348.2.1, 1.350.2, 1.353, 1.354, 1.357.2, 1.363, 1.364, 1.367, 1.368, 1.372,
1.373, 1.378.1.3, 1.404, 1.408, 1.421.2, 1.461, 1.474.1.1, 1.477, 1.486, 1.497,
1.507.2, 1.514.2, 1.514.3, 1.522, 1.531, 1.534.1, 1.534.1.1, 1.534.1.3,
1.534.1.6, 1.535, 1.535.2, 1.539.2, 1.539.3.1, 1.539.3.2, 1.540, 1.541.1.1,
1.541.1.3, 1.544, 1.555.2, 1.556, 1.557, 1.558, 1.566.2.3, 1.574.1, 1.575.1,
1.577, 1.581, 1.582.1, 1.585, 1.586, 1.587.2, 1.588.1, 1.589.1, 1.589.3.2,
1.590.1, 1.590.2.7, 1.590.3, 1.592.4, 1.593, 1.593.4, 1.594, 1.602, 1.609,
1.616, 1.618, 1.621, 1.622, 1.627, 1.628, 1.629, 1.630, 1.653, 1.656, 1.660,
1.680, 1.688, 1.706, 1.707, 1.709, 1.712, 1.713, 1.714, 1.716, 1.717, 1.719,
1.755, 1.757.2, 1.763, 1.771.1, 1.786, 1.789, 1.790, 1.792, 1.793, 1.795,
1.797, 1.798.1.1, 1.798.2, 1.811.3.1, 1.815, 1.821.2, 1.832, 1.853, 1.854,
1.857.1.1, 1.861, 1.863.1.2, 1.863.1.3, 1.863.2.2, 1.864.2, 1.864.2.1, 1.864.3,
1.865.2, 1.869, 1.870, 1.871.2.2, 1.871.3, 1.872, 1.875.1.1, 1.875.1.5, 1.878,
1.880.1, 1.880.2, 1.883.1, 1.884, 1.885, 1.886, 1.887, 1.888, 1.889, 1.890,
1.893, 1.895, 1.897, 1.897.1, 1.898, 1.899, 1.899.5, 1.901, 1.902, 1.903,
1.905.1, 1.907, 1.912, 1.914, 1.917, 1.917.2, 1.918, 1.921.1, 1.921.2,
1.922.1.4, 1.922.3, 1.923.1, 1.926, 1.927, 1.927.2, 1.928.1, 1.929, 1.930,
1.931, 1.932.2.1.1, 1.932.2.1.3, 1.932.2.2, 1.932.3, 1.933.1, 1.933.1, 1.938.2,
1.939.2.1, 1.941.3, 1.941.4, 1.944, 1.944, 1.945, 1.946.1, 1.946.3, 1.947.1,
1.948.1, 1.948.2.1, 1.948.2.2, 1.948.2.3, 1.948.2.4, 1.949, 1.950, 1.950.3,
1.951, 1.952.2, 1.952.4, 1.958, 1.959, 1.959.3, 1.960.1, 1.960.1.1, 1.960.1.2,
1.961, 1.961.1.2, 1.961.1.3, 1.961.2.2, 1.962, 1.963.2, 1.964.2, 1.964.4.4,
1.966.5.1, 1.966.5.2, 1.969, 1.970, 1.971.1.2, 1.971.2, 1.971.3, 1.974, 1.974.2,
1.976.3, 1.976.4.2, 1.976.4.3, 1.976.5, 1.976.6.1, 1.976.6.2, 1.977.1, 1.978,
1.978.1.2.1, 1.978.2, 1.979.1, 1.980.6, 1.981.2, 1.981.3, 1.981.4, 1.984,
1.984.1, 1.984.2, 1.985.3, 1.986, 1.989, 1.991, 1.993, 1.996.3, 1.997, 2.000,
2.000.2, 2.000.3, 2.005, 2.018, 2.020.1, 2.020.2, 2.021, 2.026, 2.028.2,
2.028.2.2, 2.029.2, 2.033, 2.033.3, 2.035, 2.035.1, 2.037, 2.040, 2.043,
2.044.2, 2.044.3, 2.052.2, 2.052.2.1, 2.052.2.3, 2.054.2.3, 2.054.3, 2.055,
2.060, 2.063.1, 2.065, 2.070, 2.072, 2.074, 2.074.2, 2.075.1, 2.077, 2.078,
2.081, 2.082.1, 2.082.3, 2.083, 2.089.4, 2.090, 2.090.2, 2.090.3, 2.092,
2.093.4, 2.094.3, 2.094.4.2, 2.096, 2.098, 2.101, 2.103, 2.108, 2.109, 2.114.3,
2.115, 2.115.1, 2.115.2, 2.115.4, 2.115.6, 2.127, 2.129, 2.131.1, 2.132.1,
2.135.4, 2.136.1, 2.136.1, 2.137, 2.141, 2.142, 2.144.3, 2.145, 2.145.2, 2.147,
2.149.6

Monnacciani, Luigi – 225.2, 1.514.2, 1.755,

Monnerat, Fábio Vitor da Fonte – 1.517

Monroy Palacios, Juan José – 104.3, 1.405.2, 1.421.2, 1.422

Montais de Sá, Renato – 2.144.3

Montanari, Massimo – 1.821.3

Monte, Roberval Clementino Costa do – 167

Monteleone, Girolamo – 80, 81, 167, 225.3.3, 225.3.6, 233, 234, 513,
1.114.2, 1.263, 1.264.2, 1.303, 1.304, 1.514.3, 1.557, 1.921.1.1, 2.055.4,
2.136, 2.136.1, 2.136.2, 2.138.1.1

Monteiro, André Luís – 313

Monteiro, João – 221.1, 227.2, 346.1, 1.729, 1.776, 1.848, 1.875.1.1,


1.922.1.2, 1.922.1.4, 1.955, 1.956, 1.957.3, 1.971.1, 1.975, 1.976.6.1, 1.985,
2.084, 2.090, 2.118

Monteiro, João Batista – 1.114.3

Monteiro Filho, Ralpho Waldo de Barros – 1.962


Monteiro Neto, Nelson – 1.137.2

Montenegro Filho, Misael – 222.4, 244, 313, 1.301, 1.340.1, 1.555.4,


1.693, 1.700, 1.746, 1.891, 1.939.1, 1.952.3, 1.989, 2.040, 2.129

Montero Aroca, Juan – 54.1, 70, 80, 81, 82, 83, 85, 104.2, 158.1, 158.1.1,
158.1.2, 167, 222, 222.1, 222.4, 225.2, 236, 242, 501, 557, 562, 563, 586,
596, 775.2, 791.3, 791.4, 944.3, 964, 965, 994, 995, 1.046.1, 1.301, 1.301.1,
1.301.2, 1.302, 1.303, 1.304, 1.305, 1.309, 1.313.2, 1.316, 1.317.5, 1.318.2,
1.318.3, 1.320, 1.327, 1.329, 1.330, 1.335, 1.336, 1.337, 1.338.1, 1.339,
1.339.2, 1.339.3, 1.341, 1.343.2, 1.341, 1.343.2, 1.343.5, 1.344, 1.349, 1.356,
1.365, 1.468, 1.514.2, 1.755, 1.812.3, 1.824, 1.832, 1.841, 1.844.1, 1.856.1,
1.856.2, 1.856.3.1, 1.857.1.1, 1.857.2, 1.860.1, 1.863, 1.867, 1.875.1.2, 1.892,
1.896, 1.907, 1.916.10, 1.920, 1.922.5, 1.934, 1.935, 1.941.5, 1.963, 1.963.1,
1.971.2, 1.976.3, 1.976.6.2, 1.989, 1.991, 1.992, 1.998.2, 2.004, 2.005, 2.006,
2.007, 2.007.1, 2.007.3, 2.011, 2.024.4, 2.027, 2.039, 2.046, 2.046.1.1,
2.047.2, 2.057

Montesano, Luigi – 32, 35, 130, 183, 225.3.5, 292, 346.1, 348, 372.1,
374, 500, 513, 586, 686, 927, 1.050.1, 1.052, 1.172, 1.264.3, 1.324.4, 1.349,
1.407.4, 1.412, 1.419, 1.423, 1.470, 1.493, 1.566.2.1, 1.584, 1.589.3.1,
1.641.3.1, 1.803, 1.821.3, 1.870, 1.876, 1.921.1.1, 1.923.3, 1.934, 1.985.1,
2.141, 2.049.2, 2.114.1, 2.149.6

Moraes, Alexandre de – 1, 2, 37, 46.1, 926.3, 931

Moraes, Daniele Silva – 1.587.3

Moraes, Denise Maria Rodríguez – 1.334.3

Moraes, Humberto Peña de – 743, 1.071, 1.685

Moraes, Maria Celina Bodin de – 35, 1.221.4.3, 1.343, 1.507.4, 1.532

Moraes, Paulo Valério Dal Pai – 1.069.1

Moraes, Voltaire de Lima – 859, 1.075.1

Moraes e Barros, Hamilton de – 324.2.2, 502, 565, 568.2, 762, 795, 881,
1.292.2.4, 1.417, 1.436, 1.437, 1.446.5, 1.450.3.3, 1.474.1.2, 1.534.1.2, 1.546,
1.996.2

Morais, Dalton Santos – 77, 502

Morais, Silvana Campos de – 5

Morales H., Hernando – 2.119

Morand-Devillier, Jacqueline – 31, 40

Morato, Francisco A. de Almeida – 74, 104.1, 164

Moreira, Alberto Camiña – 1.485, 1.554


Moreira, Egon Bockmann – 2.115, 2.115.4

Moreira, Fernando Mil Homens – 1.343.2, 1.933

Moreira, Jairo Cruz – 1.046, 1.058

Moreira Alves – 629.3, 733.1, 840.1, 904, 921.2, 1.002, 1.312.5, 1.427.3,
1.450.4, 1.451.4, 1.572, 1.590.2.7, 2.155, 2.156, 2.158

Moreira Neto, Diogo Figueiredo – 31

Morel, Cristian – 222.1, 228, 292, 512

Morel, René – 872, 1.378.1.3, 1.743, 1.976, 1.996.3

Morelli, Gaetano – 197, 199

Morello, Aristotele – 1.926.2

Morello, Augusto Mario – 45

Mortara, Lodovico – 2, 165, 997.1, 1.180, 1.339, 1.372, 1.742, 1.743,


1.965, 2.077

Moser, Luiz Gustavo Meira – 23

Mosimann, Hélio – 874, 1.025, 1.033, 1.123.4, 1.148.2, 1.382.3, 1.442

Mosset, Jorge – 880

Mota, Pedro Vieira – 1.412

Motta, Cândido – 1.624

Motta, Francisco José Borges – 955

Motta Filho, Cândido – 1.624

Motta, Cristina Reindolff da – 127

Motta Filho, Manoel Fernando Thompson – 778

Moura, Maria Thereza de Assis – 176.1, 399.1.2, 498.2.2, 692, 711,


732.2, 1.032.4, 1.262.2, 1.290, 1.292.2.8.9, 1.520.5, 1.533, 1.590.2.1, 1.752.1,
2.019.2, 2.132.2, 2.152

Moura, Mário de Aguiar – 110, 176.1, 224, 247.1, 415.3, 556, 559, 560.1,
1.292.2.3, 1.649.2.3, 2.152

Mourão, Luiz Eduardo Ribeiro – 176.3, 176.5, 224, 1.636, 2.127,


2.128.3, 2.138.2.1, 2.140.1, 2.144.3, 2.153, 2.158

Mouta, Madson da Cunha – 224

Mouzala, Ricardo – 236, 1.566.1


Müller, Jens – 1.852

Muniz, Antonio André de – 820

Muniz, Severino – 769

Muñoz, Pedro Soares – 183, 201, 422, 853, 1.243.2, 1.590.2.1, 2.144

Muñoz I Sabaté, Lluis – 1.956, 1.960.1.2

Muñuz Rojas, Tomas – 1.602, 1.605, 1.609, 1.762

Muritiba, Sérgio – 234

Mussi, Breno Moreira – 224, 325, 494, 498.2.2, 1.240, 1.591

Mussi, Jorge – 694.1, 1.069.1

Musielak, Hans-Joachim – 80, 118, 130, 157, 229, 289.2, 308, 336, 371,
562, 578, 596, 761, 763.3, 775.2, 789, 938, 939.5, 993, 1.088, 1.096, 1.304,
1.317.3, 1.318.1, 1.318.2, 1.320, 1.324.2, 1.325, 1.325.3, 1.326, 1.335.1.3.2,
1.337, 1.338.1, 1.339.2, 1.339.2.2, 1.343.5, 1.370, 1.375.3, 1.378.1, 1.468,
1.510.2, 1.546, 1.559.1, 1.693.2, 1.729, 1.798.2, 1.812.3, 1.833, 1.852,
1.857.1.1, 1.955, 1.963.2, 1.965, 1.991, 1.996.3, 2.046, 2.046.1.1, 2.046.1.3,
2.052.2, 2.054.3, 2.128.4, 2.142, 2.151.2

Muther, Theodor – 222.2

Nader, Paulo – 420, 860, 1.221.4.1, 1.611, 1.852, 1.962

Nagao, Paulo Issamu – 30

Nalini, José Renato – 127, 161

Nanni, Giovanni – 4, 923.2

Nardelli, Luis Fernando – 1.850, 2.041, 2.054.1, 2.041, 2.042, 2.045,


2.044.5, 2.046, 2.046.1, 2.049.3, 2.052.2.3, 2.054.2.1, 2.054.2.3, 2.054.2.4,
2.055.2.2, 2.055.3, 2.056, 2.057,

Nascimento, Carlos Valder do – 178

Nascimento, Tupinambá Miguel Castro do – 1.018.1

Naves, Cândido – 281.1, 1.335.1.3

Naves, Nilson – 246, 304, 318.2, 432, 434.2, 455.3, 456.2, 459, 473.2,
629.1, 727, 730, 745.5, 750, 857, 876, 883.1, 887, 912.1.6, 1.020, 1.065.3,
1.065.1, 1.195, 1.210.1, 1.221.4.2, 1.301.1.1, 1.416, 1.453.3, 1.507.2, 1.510.4,
1.515.4, 1.682, 1.811.3.1, 1.941.5.2, 2.039, 2.122.1, 2.144.5

Neder, Antonio – 214, 388.5, 1.310

Negro, Franco – 326.1


Nequete, Lenine – 1.660.2

Nery, Ana Luiza de Andrade – 1.050, 2.138.1

Nery, Rosa Maria de Andrade – 296, 297, 349, 518, 550.3, 557, 558,
559, 560.2, 582.2, 583.2, 586, 587, 588, 591, 1.046.1, 1.534.2.3.3, 1.757.3,
1.808.2

Nery Júnior, Nelson – 48, 69.2, 116, 118, 120, 125, 127, 129, 130, 134,
141, 145, 149, 152, 156.4, 156.5, 156.7, 158.3, 158.4, 159, 161, 163, 166,
171, 225.1.1, 225.3.1, 297, 518, 550.3, 557, 558, 559, 560.2, 582.2, 583.1,
583.2, 586, 587, 588, 591, 593.2, 740.2, 1.044.1, 1.046.1, 1.049, 1.059,
1.078.2, 1.100, 1.114.1, 1.114.2, 1.114.3, 1.114.4, 1.114.6, 1.149, 1.160.3,
1.177.3, 1.178, 1.179, 1.187.1, 1.210.1, 1.339, 1.350.1, 1.350.1.2, 1.350.2,
1.412, 1.421.1, 1.465, 1.481.1, 1.481.1.1, 1.481.1.1, 1.534.2.3.3, 1.683,
1.757.3, 1.803, 1.808.2, 1.810, 1.811.2, 1.811.4, 1.813, 1.821.1, 1.822, 2.120,
2.125

Neves, Celso – 1, 97, 177, 179, 292, 508.3, 558, 721.1, 1.000, 1.002,
1.222, 1.649.2.2.1, 1.700, 2.129, 2.130, 2.132.1

Neves, Daniel Amorim Assumpção – 69.1, 313.2.1, 313.3, 346.2, 404,


437.1, 464.2, 465, 469.3, 472.3, 476, 780, 489, 489.3, 490.1, 490.2, 493.3,
791.2, 1.067, 1.375.1, 1.375.2, 1.375.3, 1.379.1, 1.380.1, 1.380.2, 1.381.1,
1.381.2, 1.382.2, 1.383, 1.384, 1.385, 1.386.2, 1.387, 1.390, 1.391, 1.392,
1.393, 1.395, 1.397, 1.398, 1.399, 1.400, 1.518, 1.567, 1.686, 1.698, 1.699.2,
1.700, 1.721, 1.744.3, 1.753.2, 1.753.3, 1.759, 1.797, 1.834.3, 1.889, 1.957.1,
2.128.3, 2.129

Neves, Frederico Ricardo de Almeida – 1.187.1

Neves e Castro, Francisco Augusto das – 1.303, 1.305.2, 1.324.3,


1.325.3, 1.325.4, 1.348.2.2, 1.852, 1.866, 1.877, 1.920, 1.921.2, 1.927.2,
1.930, 1.943, 1.951, 1.959.3, 1.971.2, 1.975.6.1, 1.993, 1.996, 1.997, 2.035,
2.038,

Neves Júnior, José Serrano – 175

Neves Júnior, Vidal Serrano – 926.3

Nicoletti, Carlo A. – 10, 961.2, 2.081

Nicotina, Giuseppe – 1.378.1.1, 1.381.1, 1.382.1, 1.382.5, 1.871.1

Nicotina, Nicólo – 670.1

Niess, Pedro Henrique Távora – 175.1, 2.128

Nieva Fenoll, Jordi – 104.2, 238, 556, 558, 1.324.2, 1.401, 1.614,
1.856.4, 1.874.4, 1.889, 1.953, 1.954, 1.990, 2.038, 2.055.4, 2.057, 2.131.2,
2.140, 2.144.3, 2.144.4, 2.145, 2.148

Nikisch, Arthur – 70, 94, 236, 596, 761, 763.2, 789, 938, 1.304, 2.148,
2.151.3
Nobili, Massimo – 1.122.1, 1.335.1

Nobre Júnior, Edilson Pereira – 542.4

Nogueira, Gustavo Santana – 62.1, 827, 840.5, 840.6, 848.3

Nogueira, Daniel Moura – 1.335.1.3.1, 1.444

Nogueira, Pedro Henrique Pedrosa – 222, 222.5, 223, 227.2, 1.144

Nogueira, Tania Lis Tizzoni – 1.340.2

Nojiri, Sérgio – 336, 1.116, 1.635, 2.125

Nolasco, Rita Dias – 1.508.1

Nonato, Orosimbo – 1.962

Nora, Sampaio E. – 380

Normand, Jacques – 1, 50, 77, 246, 1.122.2, 1.335, 1.351, 1.718, 1.976.1

Noronha, Carlos Silveira – 253, 1.114.2, 1.116, 1.557

Noronha, João Otávio de – 139, 157, 430.2, 532.1, 609.1, 638.2, 689,
710, 732.1, 740.2, 740.3, 753.4, 976.3, 1.024, 1.071, 1.135.1, 1.258, 1.286,
1.292.2.8.5, 1.292.2.8.6, 1.292.2.8.8, 1.340.2, 1.427.4, 1.431, 1.489.3,
1.510.3.1, 1.515.3, 1.516.3, 1.689, 1.693.1, 1.738.3, 1.811.1, 1.812.3, 1.833,
1.867, 1.926.4, 1.941.1, 1.960.1.2, 1.961.2.2, 2.105.3, 2.112

Nowak, John E. – 127, 149, 2.062.3

Nunes, Dierle – 109

Nunes, Jorge Amauri Maia – 1.663.4

Nunes, Luiz Antônio – 1.421.2

Nunes, Marcelo Porpino – 1.145, 1.558, 1.634

Nunes, Oscar Gomes – 247.1

Nunes Júnior, Vidal Serrano – 1, 32, 123, 1.454.2

Nuvolone, Pietro – 159, 1.350.1

Oku, Enio Nakamura – 43.1, 43.2, 454, 1.061.1, 1.450.1, 1.450.1.1

Oliani, José Alexandre Manzano – 1.748.4

Oliveira, Allan Helder de – 1.420.1

Oliveira, Ana Lúcia Lucker Meirelles de – 599, 600, 602, 622, 1.053

Oliveira, Antônio Cláudio Mariz de – 351


Oliveira, Bruno Silveira de – 165, 246, 307

Oliveira, Carlos Alberto Alvaro de – 72, 74, 82, 93.2, 102, 104.1, 104.3,
117, 130, 133, 222.1, 223, 227.2, 229, 326, 431.2, 555, 556, 563, 570, 573,
574, 575, 577, 682, 886.3, 955.2, 1.221.1, 1.320, 1.335.1.3.1, 1.375.1,
1.375.3, 1.378.1.1, 1.378.1.2, 1.378.1.3, 1.378.1.4, 1.379, 1.379.1, 1.381.1,
1.381.3, 1.382.2, 1.384, 1.385, 1.386, 1.386.2, 1.387, 1.389, 1.390, 1.393,
1.397, 1.398, 1.402, 1.410.1, 1.412, 1.421.1, 1.423, 1.426, 1.430.1.1, 1.446.1,
1.450.5.1, 1.502, 1.504, 1.571, 1.660.2, 1.717, 1.894, 1.896, 1.897, 1.897.5.1,
1.897.5.4, 1.996.3, 2.044.5

Oliveira, Eduardo Ribeiro de – 181.2, 222.4, 224, 225.1.1, 225.1.2, 325,


1.514.1.3

Oliveira, Euclides de – 881

Oliveira, Evandro Carlos de – 559, 602, 665

Oliveira, Flávio Luis de – 1.420.1, 1.432

Oliveira, Guilherme Peres de – 104.3

Oliveira, José Anselmo de – 120, 179,

Oliveira, José Lopes de – 101.1, 1.811.2, 1.821.3

Oliveira, José Sebastião de – 789.1, 2.151.3

Oliveira, José Lamartine Corrêa de – 508.2, 508.3, 525, 526, 529

Oliveira, Mariz de – 415.3

Oliveira, Marco Antonio Peres de – 274

Oliveira, Pedro Miranda de – 135

Oliveira, Rafael – 344.2, 745.7, 1.071, 1.320, 1.322, 1.324.3, 1.325.1,


1.340.2, 1.343.4, 1.859.2, 1.863.1.2, 1.864.2, 1.864.3, 1.883.1, 1.884, 1.891,
1.922.2, 1.939.1, 1.944, 1.964, 1.993, 1.997, 2.040

Oliveira, Rafael Alexandria – 345, 743, 745.2, 745.5, 746, 752, 1.566.2.2,
2.114.2

Oliveira, Robson Carlos de – 726.1

Oliveira, Swarai Cervone de – 238, 252, 938

Oliveira, Vallisley de Souza – 606, 1.571, 1.573, 1.575.1, 1.575.3, 2.104

Oliveira, Vivian von Hertwig Fernandes de – 1.340

Oliveira e Cruz, João Claudino de – 2.120

Oliveira Filho, Cândido de – 745.2, 1.461.1


Oliveira Filho, João de – 302

Oliveira Júnior, Waldemar Mariz de – 83, 100, 189, 241, 1.614, 1.856.4,
1.874.4

Oliveira Júnior, Zulmar Duarte de – 149

Oliveira Neto, Olavo de – 146.2, 293, 303, 304, 771, 1.539.1, 1.782

Olivieri, Giuseppe – 927, 1.716

Onófrio, Fernando Jacques – 670.1, 670.3, 721.3

Ordoño Artes, Carmen – 2.042, 2.044.1, 2.045, 2.046, 2.046.1.2, 2.046.2,


2.047.2, 2.048, 2.049.2.1, 2.049.2.3, 2.051, 2.052.2.2, 2.054.1, 2.055.3,
2.055.5

Oricchio, Anotnio – 24.4

Ornelas, Martinho Maurício Gomes de – 2.010, 2.025

Ortells Ramos, Manuel – 23, 81, 120, 233, 237, 256.1, 258, 324.2.1, 339,
378, 939, 1.338.1, 1.340, 1.474, 1.474.1.2, 1.491, 1.665, 1.681, 1.686, 1.699,
1.846.3, 1.921.1.1, 1.939.2.2.1, 1.939.2.3, 1.955, 2.105.3

Osorio Acosta, Ezequiel – 1.407.2, 1.407.3, 1.421.1

Oswald, James F. – 2.074

Otero, Paulo – 175, 178

Oya, Marcio Koji – 1.305

Ovalle Favela, José – 1, 122, 229, 346, 505.2, 1.335.1.3, 2.139

Pacagnan, Rosaldo Elias – 222.4

Pacheco, José da Silva – 44.2, 53, 71, 72, 83, 181.2, 328, 578, 586, 778,
1.502, 1.545, 1.647, 1.737.5, 2.118, 2.156

Pacífico, Luiz Eduardo Boaventura – 1.337, 1.339, 1.812.3

Padilha, Luiz R. Nunes – 620

Padilla, Roberto E. – 8, 12

Pagenstecher, Max – 322, 2.132.1, 2.149.4, 2.150, 2.150.1

Paillas, Enrique – 1.320.1, 1.335.1.3, 1.839, 1.933

Paim, Gustavo Bohrer – 160

Paiva, Humberto de – 2.090.1, 2.090.3, 2.091

Pajardi, Piero – 81, 192, 633, 668, 745.1


Palaia, Nelson – 1.318.1, 1.318.2, 1.318.5

Palacio, Lino Enrique – 301, 308, 996.1, 1.090.2, 1.244, 1.264.2, 1.266,
1.305, 1.340, 1.557, 1.567, 1.589.3.3, 1.652, 1.653, 1.665, 1.715, 1.729,
1.734, 1.735, 1.744.3, 1.846, 1.846.1, 1.846.3, 1.870, 1.890, 1.892, 1.926.3,
1.930, 1.944, 1.976.3, 1.984.1, 2.007.1, 2.062, 2.065, 2.129, 2.144.3

Palacio, Norberto Ricardo – 1.743, 1.745.3

Palermo, Antonio – 336, 1.116, 1.122.2, 1.123.3

Palmeira, Pedro Lins – 339, 340, 774, 789, 1.546, 1.750, 2.151.2

Palu, Oswaldo Luiz – 36, 40, 768, 840.1

Paoli, Giulio – 35

Papagno, Claudio – 374

Pará Filho, Tomás – 75.2, 232, 303, 1.660.2, 2.139.1

Pardo Iranzo, Virginia – 324.2.1

Parente, Eduardo de Albuquerque – 28, 48.1

Parentoni, Leonardo Netto – 4, 625

Pargendler, Ari – 231, 259, 320.2, 323, 330.4, 388.5, 456.1.2, 529, 532.2,
533.5, 541, 566, 607.5, 609.1, 694.1, 694.2, 699, 745.6, 795, 813, 865, 874,
876, 883.1, 892, 1.024, 1.031, 1.039, 1.126, 1.210.1, 1.212.4, 1.221.4.3,
1.286, 1.290, 1.299, 1.434, 1.442, 1.450.5.4, 1.454.2.3, 1.455.2.3, 1.510.4,
1.515.3, 1.532, 1.534.1.3, 1.536.2, 1.539.3.3, 1.593.4, 1.595.1, 1.689, 1.693.2,
1.757.2, 1.794, 1.90.2, 1.921.2, 1.928, 1.944, 1.945, 1.952.1, 2.022.5, 2.115.5

Parra Quijano, Jairo – 758, 759.1, 761, 763.3, 763.4, 790, 873.2, 2.135

Pasetti, Babyton – 161, 1.134

Pasqualini, Alexandre – 64

Pasquel, Roberto Molina – 234

Passarinho, Aldir – 37, 40, 166, 224, 364, 455.4.2, 771, 1.261, 1.451.3

Passarinho Júnior, Aldir – 325, 366, 436, 522, 556, 607.9, 608, 618,
638.2, 710.2, 718.1, 748, 755, 767, 912.1.6, 975.4, 1.024, 1.027, 1.065.3,
1.208.3, 1.221.4.3, 1.243.1, 1.292.2.5, 1.298.3, 1.386.2, 1.420.1, 1.455.4,
1.461.2, 1.461.3, 1.490, 1.515.1, 1.532, 1.589.4, 1.591, 1.685, 1.732, 1.738.5,
1.746, 1.754.3, 1.805, 1.856.1, 1.874.1, 1.944, 1.946.1, 1.970.2, 2.022.5,
2.028.2.4, 2.054.2.4, 2.066.2, 2.068.2, 2.116.2

Passos, Jaime W. – 280.2

Passos, Paulo Roberto – 166


Pateri, Giovanni – 222.1, 1.848

Patterson, Willian – 1.298.3, 1.587.2

Patti, Salvatore – 1.322, 1.325.3, 1.335.1.3.2, 1.935, 1.960.1.2, 1.961.1.1,


1.961.1.2, 1.961.1.3, 1.961.2.1, 1.961.2.2

Paula, Jônatas Luiz Moreira de – 70, 71, 72, 73, 225.3.3,

Panuccio, Vicenzo – 1.870, 1.871.2, 1.884

Paulus, Cristoph G. – 156.1, 324.1, 860, 927, 1.600, 2.137

Payen, Fernand – 670.1, 1.019, 1.032

Pecori, Paolo – 743

Pedra, Adriano Sant’Anna – 99

Pedrollo, Gustavo Fontana – 796

Pedroso, Fernando de Almeida – 310

Pego, Rafael Foresti – 1.340

Peixoto, Carlos Fulgêncio da Cunha – 859

Peixoto, Ravi Medeiros – 876, 955.4, 1.340

Pekelis, Alessandro – 222, 222.2

Pelicioli, Angela Cristina – 1.402

Pellegrini, Luiz Fernando Gama – 45.1

Peluso, Cezar – 4, 43.1, 45.2, 151, 185, 372.3, 388.2.4, 454, 502, 746.2,
919.1, 1.450.3.7, 1.802, 1.834.2

Peña, Eduardo Chemale Selistre – 80, 1.047, 1.454.2.1

Pereira, Caio Mário da Silva – 524, 879, 883, 883.1, 883.2, 884,
1.221.4.1

Pereira, Guilherme Setoguti J. – 1.303, 1.335.1.3.2

Pereira, Horácio Cintra G. – 1.292.2.4

Pereira, Joana Carolina Lins – 1.149

Pereira, Lafayette Rodrigues – 2.115, 2.115.4, 2.146

Pereira, Luiz Cezar Ramos – 1.312.1, 1.312.2


Pereira, Milton Luiz – 303, 426, 456.2, 532.1, 568.2, 589, 671, 723, 796,
874, 969.4, 1.003.5, 1.148.3, 1.160.1, 1.179, 1.208.6, 1.292.2.5, 1.331.1,
1.455.4, 1.461.3, 1.478, 1.479.2, 1.635, 1.745.3, 2.035

Pereira, Paula Pessoa – 1.566.2

Pereira, Rafael Caselli – 233

Pereira, Sérgio Gischkow – 225.1.2, 433, 769, 873.1, 1.514.1.3, 2.137.2

Pereira Anabalón, Hugo – 2.129

Pereira e Souza, Joaquim José Caetano – 910, 912.1.3, 1.997, 2.046.2,


2.118

Pereira Puigvert, Sílvia – 1.244

Perez, Afonso de Paula – 1.964.4.1, 1.964.4.3, 1.970.3

Perlingeiro, Ricardo – 168, 1.100, 2.156

Però, Maria Thereza Gonçalves – 147, 148, 336, 1.116.1, 1.122.3.2,


1.122.6, 1.574.1, 2.104,

Perrodet, Antoinette – 1.042, 1.070.2

Persisco, Giovanni – 340, 343, 345

Pertence, Sepúlveda – 22, 40, 45.2, 46.3, 47.1, 48.2, 58, 158.2, 213.1,
324.2.1, 388.4, 409, 451, 469.3, 502, 687, 921.2, 926.1, 930.2, 930.2.4, 1.047,
1.049, 1.063.4, 1.069.2, 1.069.3, 1.082.3, 1.177.1, 1.450.5.2, 2.090.3

Perrot, Roger – 165, 168, 222.1, 2.150, 1.042, 1.103, 1.485, 1.547.1,
1.852

Pescatore, Matteo – 236, 302, 1.915, 2.131.2

Petitmermet, Robert – 1.870, 1.880

Petrucci, Claudio – 233, 1.028.3

Pécora, Andréa – 169, 172

Pérez Gordo, Alfonso – 35, 1.521, 1.524.3, 1.546

Pérez-Perdomo, Rogelio – 928, 930.2

Pérez Ragone, Alvaro J. – 79, 216

Pessoa, Epitácio – 1.436.3

Pessoa, Maurício – 1.582.1

Pessoa, Valton – 1.485


Peyrano, Jorge W. – 1.340, 1.340.2

Picardi, Nicola – 1, 82, 83, 85, 86, 130, 362, 501, 556, 569, 962, 946.3,
962, 1.324.4.1, 1.760

Picó i Junoy, Joan – 78, 81, 120, 136, 149, 161, 169, 286, 944, 1.351,
1.718, 1.864.1

Pietro-Castro y Ferrándiz, Leonardo – 231, 1.337, 1.663, 1.665, 1.701,


1.731, 1.863, 1.889, 1.921.2, 1.957.1, 2.128.3

Pietroski, Tarcílio – 229, 426

Pimenta, Matusalém Gonçalves – 1.539.3.3

Pimentel, Wellington Moreira – 61, 175.2, 233, 258.1, 258.2, 262, 262.2,
264, 280.1, 280.2, 292, 330.3, 332, 372.3, 373, 720, 919, 1.029, 1.121,
1.514.1.4, 1.572, 1.596.4, 1.743, 1.744.3, 1.748.3, 2.063.3, 2.063.4, 2.078,
2.080, 2.081, 2.120, 2.129, 2.137.1, 2.145

Pina, Rafael de – 1.336

Pinardi, Roberto – 749

Pinheiro, Antonio Luiz – 156.1, 505.2

Pinheiro, Paulo Eduardo D’Acre – 949, 951

Pinho, Frederico Andrade – 314, 338

Pinho, Humberto Della Bernardina de – 69

Pinho, Sérgio Rebello – 35

Pinto, Alexandre Moreira – 313.3

Pinto, Fernanda Guedes – 1.517

Pinto, José Maria Frederico de Souza – 980, 996.1, 1.776, 1.781, 1.803,
1.860.2, 1.917.1, 1.921.2, 1.922.1.2, 1.923.1, 1.923.2.2, 2.040, 2.05, 2.061,
2.089.1, 2.089.5, 2.091

Pinto, Júnior Alexandre Moreira – 246, 939.3, 2.129

Pinto, Nelson Luiz – 96, 1.507.1, 1.660.2

Pinto, Paulo Brossard de Souza – 37, 40, 502, 921.1, 926.2, 1.018.2,
1.032.2, 1.975.4

Pinto, Robson Flores – 746.1

Pinto, Rodrigo Strobel – 851

Pinto, Rui – 284, 1.455


Pinto Ferreira – 1.029, 1.187.2.2, 1.461.3

Pinto Júnior, Amaury Rodrigues – 1.718

Piovesan, Flávia C. – 1.451

Pires, Horácio Raymundo de Senna de – 1.865.1.1

Pisanelli, Giuseppe – 165

Pisani, Andrea Proto – 231, 233, 234, 235, 236, 237, 239, 244, 248,
256.2, 380, 580.2, 585, 587, 588, 593, 725, 927, 950, 1.402, 1.404, 1.446.1.2,
1.452.3, 1.641.4, 2.135.4, 2.136.2, 2.138.1.1, 2.144.2

Pisani, Mario – 1.122.2

Piza, Marcos Salvador de Toledo – 1.382.1

Pizzardo, Arnaldo – 1.454.2.1, 1.454.2.3

Pizzol, Patrícia Miranda – 69.1, 179, 181.3, 183, 202, 303, 304, 305,
318.3, 380, 382, 386, 424, 426, 427, 428, 430, 430.1, 432, 433, 435, 445, 447,
456.2, 459, 460, 461, 466, 467, 469.3, 471, 479, 489.3, 490.1, 814, 925,
1.416, 1.499, 1.548, 1.566.2.5, 1.750, 1.753.2, 2.114.5

Pizzorusso, Alessandro – 164

Planck, Johann Wilhelm – 1.870

Planiol, Marcel – 1.928, 2.115, 2.115.1, 2.115.2, 2.115.6, 2.128

Pohle, Rudolf – 2.132

Pohlmann, Petra – 508.1, 1.116.1

Pollak, Rudolf – 1.602, 1.762, 1.852, 1.869

Pontes, Heleilson Cunha – 2.147

Pontes de Miranda – 3, 4, 22, 33, 43, 43.3, 50, 54.1, 59, 63, 64, 70, 83,
89, 91, 97, 98, 103, 109, 125, 175, 175.1, 175.2, 176.2, 177, 213.1, 213.3,
215, 223, 228, 231, 232, 233, 234, 235, 238, 244, 247, 247.3, 248, 255, 258.1,
258.2, 259, 261.1, 261.2, 262.2, 264, 265, 266, 271.1, 279.3, 280.2, 294,
297.1, 303, 308, 309, 312.2, 316.2, 324.2.1, 326, 332.3, 339, 340, 341.1,
341.3, 342, 343, 344.2, 345, 340, 346.1, 351, 355, 362, 364, 383, 399.4.1,
415.2, 420, 427, 428, 432, 435, 437.2, 460, 465.1, 471, 487, 490.3, 492,
493.1, 494.4, 495, 495.2, 497.3, 497.3, 502, 504, 508.2.2, 512, 513, 516, 517,
518, 519, 523.1, 525, 526, 527, 528, 530, 533.5, 534, 535, 536, 537.3, 544.1,
544.2, 545, 546, 549, 550, 568.2, 593.2, 507.1, 607.4, 609.4, 609.5, 609.7,
611.2, 616, 627.2, 634, 635.2.3, 635.3, 644, 669, 670.3, 677, 685, 707, 710.3,
725, 742, 743, 745.1, 745.6, 746, 746.1, 746.2, 750, 754.1, 754.2, 757, 762,
763.2, 775.2, 778, 795, 853, 857, 870, 871, 878, 879, 880, 881, 882, 883.1,
883.2, 884, 886, 886.1, 887, 891, 897, 903.1, 910, 938, 932, 940, 941, 966.1,
966.5, 967.2, 967.3, 967.6, 969.2, 969.3, 969.4, 971, 984, 990, 996.1, 1.004.1,
1.004.2, 1.004.3, 1.010, 1.020, 1.025.2, 1.028.1, 1.028.3, 1.034, 1.036, 1.039,
1.048, 1.084, 1.086, 1.087.1, 1.091, 1.092, 1.097, 1.100, 1.116.1, 1.121,
1.123.1, 1.130, 1.131, 1.132, 1.132.3, 1.136.1, 1.136.2, 1.138, 1.147, 1.157,
1.159.1, 1.169, 1.180.1.1, 1.180.1.2, 1.181, 1.188.2, 1.185.1, 1.194.4, 1.194.6,
1.196.4, 1.196.6, 1.197.2, 1.198.1, 1.208.2, 1.209.4, 1.210, 1.210.2, 1.211,
1.212.1, 1.212.2, 1.212.4, 1.217, 1.218, 1.221.3, 1.221.4.1, 1.221.4.3, 1.222,
1.225, 1.236, 1.244, 1.249, 1.272.1, 1.274.2, 1.282.1, 1.284, 1.287, 1.292.1.3,
1.302, 1.305, 1.320, 1.321, 1.322, 1.324.1, 1.324.3, 1.324.5, 1.325.1, 1.326,
1.329.1, 1.337, 1.339.1.2, 1.343.3, 1.343.4, 1.360, 1.363, 1.375.2, 1.378.1.1,
1.381.2, 1.383, 1.386, 1.386.1, 1.386.2, 1.387, 1.389, 1.393, 1.401, 1.404,
1.412, 1.427.1, 1.430.3, 1.449, 1.452, 1.453, 1.461.1, 1.461.3, 1.461.5, 1.465,
1.469, 1.474.1.2, 1.475.1, 1.475.2, 1.477, 1.502, 1.507.2, 1.507.3, 1.507.4,
1.514.1.2, 1.514.1.4, 1.530, 1.532, 1.534.1.4, 1.536.2, 1.540, 1.541.1.3, 1.543,
1.545, 1.551, 1.555.2, 1.558, 1.566.2.2, 1.566.2.3, 1.582.2, 1.587.2, 1.590.1,
1.594, 1.596.3, 1.611, 1.612, 1.618, 1.622, 1.624, 1.627, 1.632, 1.634, 1.635,
1.641.4, 1.665, 1.659, 1.660.2, 1.662, 1.667, 1.680, 1.688, 1.700, 1.709,
1.712, 1.717.3, 1.743, 1.745.2, 1.748.3, 1.753.3, 1.757.1, 1.781, 1.788, 1.790,
1.793, 1.795.2, 1.797, 1.811.3.1, 1.812.1, 1.815, 1.816, 1.844, 1.852, 1.857.2,
1.860, 1.861, 1.863.1.2, 1.863.1.3, 1.863.2.1, 1.864.3, 1.869, 1.870, 1.871.3,
1.871.4, 1.875.2, 1.876, 1.878, 1.880, 1.884, 1.893, 1.896, 1.899.1.1, 1.899.2,
1.899.4.2, 1.904, 1.907.2, 1.912.1, 1.914, 1.916.2, 1.916.2.1, 14.920.2,
1.921.1.2, 1.923.1, 1.927.1, 1.929.2, 1.932.2.1.2, 1.943, 1.948.1, 1.949, 1.955,
1.957.2, 1.960, 1.960.1, 1.960.1.2, 1.962, 1.971.1, 1.976.2, 1.976.4.1,
1.976.6.2, 1.978.1.2.1, 1.980.1, 1.981.2, 1.981.4, 1.982, 2.026, 2.037, 2.051,
2.054.3, 2.063.4, 2.075.1, 2.086, 2.089.2, 2.090.3, 2.102, 2.103, 2.105.3,
2.114.2, 2.114.3, 2.115, 2.115.2, 2.115.3, 2.115.4, 2.115.5, 2.115.6, 2.116.3,
2.120, 2.128, 2.129, 2.132.1, 2.133, 2.138.2.1, 2.139.1, 2.139.1, 2.139.2,
2.145.1, 2.149.6, 2.150, 2.153, 2.156, 2.157, 2.158

Portanova, Rui – 128, 145, 159, 311.1, 311.2, 607, 1.116, 1.350.1, 1.553

Porto, Antonio Rodrigues – 861

Porto, Guilherme Athayde – 2.140.1

Porto, Sérgio Gilberto – 54.1, 96, 127, 145, 152, 160, 169, 172, 175.2,
176.2, 176.5, 178, 192, 214, 228, 229, 235, 292, 311.2, 433, 501, 583.1, 608,
1.044.1, 1.046.2, 1.058, 1.059, 1.116, 1.292.1.3, 1.575.1, 1.662, 1.757.3,
1.964.5, 2.062.3, 2.079, 2.063.2, 2.121.1, 2.129, 2.140, 2.144.3, 2.144.4,
2.145, 2.148, 2.149.6, 2.153

Posner, Richard A. – 54.1, 1.116

Prado, Clayton Eduardo – 1.554.1

Prata, Edson – 74, 98, 102, 181.2, 192, 326, 330.3, 346.1, 347, 372.5,
373, 404, 480, 502, 545, 546, 555, 586, 775.2, 776, 777, 789.2, 979, 984,
986.5, 987, 1.029, 1.187.2.2, 1.292.1.10, 1.292.2.4, 1.474.1.2, 1.660.2, 1.741,
1.759

Prates, Marília Zanella – 2.140.1

Preciado Agudelo, Dario – 2.136


Prendini, Luca – 964, 967.4, 969.1

Pretel e Pretel, Mariana – 606, 607.6

Priori Posada, Giovanni E. – 140.3, 1.422

Prisco, Alex Vasconcellos – 670.1.1

Prottetti, Ettore – 192, 2.004, 2.011, 2.016, 2.039

Prottetti, Maria Teresa – 2.004, 2.011, 2.016, 2.039

Provera, Giuseppe – 130, 1.021

Provinciali, Renzo – 116, 1.975

Prudente, Antonio Souza – 1.069.1

Prunes, Lourenço Mário – 668, 670.1.2

Pugliatti, Salvatore – 103.2, 1.002, 1.085

Pugliese, Giovanni – 176.1, 1.145, 2.128, 2.135.4, 2.137, 2.144.3

Punzi, Carmine – 8, 30, 530, 1.016, 1.819, 1.197.1, 1.521, 1.522, 1.523,
1.534.1.5

Puoli, José Carlos Baptista – 892, 923.2, 938, 1.054

Putman, Emmanuel – 2.115

Quaresma, Regina – 46.1

Quartieri, Rita – 1.453.1

Queijo, Maria Elisabeth – 35

Rados, Bruno – 1.992, 2.017, 2.034.3.1

Ramirez Arcila, Carlos – 221, 222.1, 222.2, 268, 553

Ramírez, Jorge Orlando – 1.401

Ramos, Carlos Henrique – 5

Ramos, Guillermo Federico – 207

Ramos, Glauco Gumerato – 80, 1.351, 1.508.3

Ramos, Vitor de Paula – 158.1.1

Ramos Mendez, Francisco – 54, 165, 229, 233, 378, 380, 504, 555, 567,
574, 1.142, 1.573

Ramponi, Lamberto – 1.320, 1.325, 1.325.3


Raynaud, Pierre – 1.627

Rangel, Rui Manoel de Freitas – 1.324.2, 1.337, 1.340

Ranzolin, Ricardo – 29, 30, 324.3

Ráo, Vicente – 1.310, 1.313.1, 1.313.3

Rapisarda, Cristina – 234, 1.481.1.2

Rascio, Nicola – 404

Raselli, Alessandro – 181.2, 939.5

Rau, Frédérique-Charles – 883.1, 888, 1.921.1.1, 1.922.2, 1.923.2.2,


1.960, 1.960.1.1, 2.115.1

Reale, Miguel – 936.4

Recasens Siches, Luis – 946.5

Rechberger, Walter H. – 236, 237, 244, 1.795, 1.980.4.1, 2.131.2

Rechsteiner, Beat Walter – 198.2, 198.4, 199, 207, 210, 217, 1.305.1,
1.919

Redenti, Enrico – 83, 176.1, 239, 242, 302, 502, 555, 587, 589, 635, 1,
1.002, 1.098, 1.145, 1.249, 1.474.1.2, 1.590.2.4, 1.870

Redondo, Bruno Garcia – 1.776

Rego, Hermenegildo de Souza – 54.1, 192, 1.305, 1.305.1

Rehbinder, Manfred – 1, 56, 946.1

Reichelt, Luiz Alberto – 130, 157, 158, 171, 964, 1.114.2, 1.339.2, 1.558

Reimundín, Ricardo – 222.3, 223, 308, 627.4, 635.2, 635.4, 638.2, 671,
1.221.4.1, 1.729, 1.846, 1.926, 1.939.2, 1.971.1, 1.991

Reinaldo, Demócrito – 302, 459, 557, 1.046.1, 1.292.2.4, 1.416, 1.468,


1.555.1

Reinaldo Filho, Demócrito – 1.227

Reis, Antônio Serravalle – 399.4.1

Reis, José Alberto dos – 70, 84, 103.2, 111, 113, 146.1, 263, 279.3,
280.1, 280.2, 280.4, 331, 336, 337, 378, 386, 611.2, 725, 778, 791.2, 854,
857, 945, 951, 996.1, 1.002, 1.003.1, 1.003.4, 1.036, 1.085, 1.110, 1.114.4,
1.122.5, 1.153.2, 1.197, 1.356, 1.357.2, 1.370, 1.378.1.1, 1.381.1, 1.473.2,
1.566.2.1, 1.602, 1.635, 1.641.4, 1.646.1, 1.649.2.2, 1.662, 1.694, 1.699,
1.777, 1.797, 1.848, 1.857.1.1, 1.861, 1.863, 1.869, 1.875.1.3, 1.974, 2.020,
2.086, 2.089.4, 2.089.5, 2.090.2, 2.093.4, 2.114.1, 2.115.4, 2.135.4, 2.142,
2.149.6

Reis, Nuno Trigo – 1.340

Reis Friede – 964, 966.1, 966.3, 967.1, 967.3, 967. 969.1, 969.4, 970,
977, 1.439.3, 1.449.3

Remalhete, Clovis – 1.295

Remédio, José Antonio – 388.2.3, 734, 1.066, 1.450.3.1, 1.450.3.3,


1.450.3.4, 1.451.3.6

Renault, Louis – 1.897

Rengel-Romberg, Aristides – 80, 500, 1.016, 1.338.2, 1.611, 2.139

Requião, Rubens – 434.2, 508.2.1, 508.2.2, 564, 1.624, 1.932.1

Restiffe, Lauro Paiva – 223

Reynal Querol, Núria – 1.539.2, 1.539.6

Rezek, J. F. – 58, 210, 489.1.1

Rezende, Astolfo de – 1.427.2

Rezende Filho, Gabriel José Rodrigues de – 72, 83, 91, 165, 181.2,
189, 225.3.3, 227.2, 285, 333.1, 346.1, 415.2, 517, 582.3, 1.099.1, 1.522,
1.665, 1.707, 1.742, 1.781, 1.926.3, 2.118, 2.120, 2.145

Riba Trepat, Cristina – 162, 163

Ribeiro, Antonio de Pádua – 234, 399.1.1, 433, 469.3, 517, 622, 629.3,
734, 877, 883.1, 969.2, 1.029, 1.058, 1.084, 1.187.2.2, 1.293, 1.461.5, 1.528,
1.649.2.2.1, 2.032.1, 2.066.2

Ribeiro, Darci Guimarães – 223, 231, 1.349, 1.844.1, 2.141

Ribeiro, Eduardo – 289.2, 316.3, 320.2, 322.1.2, 331, 435, 440, 455.4.4,
522, 523.1, 536, 589, 690.2, 721.4, 726.2, 813, 873.1, 915, 916.1, 916.4,
946.3, 1.003.5, 1.025.2, 1.064, 1.121, 1.122.3.2, 1.196.6, 1.212.4, 1.223,
1.229, 1.264.2, 1.292.2.4, 1.312.4, 1.335.2, 1.354, 1.374, 1.461.3, 1.474.1.1,
1.566.2.5, 1.596.3, 1.646.1, 1.649.2.2.5, 1.703, 1.740.2, 1.807.3, 1.811.2,
1.834.2, 1.840, 1.903, 1.923.1, 1.923.2.1, 1.946.3, 1.950, 1.951, 1.962,
1.970.1, 1.970.2, 2.060, 2.090, 2.092, 2.114.5

Ribeiro, Leonardo Ferres da Silva – 229, 1.554.5

Ricca-Barberis, Mario – 83, 221, 883, 888, 928

Ricci, Edoardo F. – 1.069, 1.929, 1.964.4.2


Ricci, Francesco – 1.022.2, 1.871.1, 1.884, 1.927.1, 1.948.2.3, 1.956.2,
1.960.2

Ricci, Gian Franco – 161, 165, 167, 302, 455.4.3, 455.4.5

Rico, Osvaldo da Silva – 1.748.4

Rigaux, François – 62.

Righetti, Enrico – 942

Righi, Ivan – 1.847

Rigo, Vivian – 1.075.1

Rigolin, Antonio – 587, 1.418

Ripert, Georges – 75, 1.928, 2.115, 2.115.1, 2.115.2, 2.115.6, 2.128

Rispoli, Arturo – 348, 1.029, 1.759

Ritt, Eduardo – 1.045

Rivas, Adolfo Armando – 53, 83

Rivera Morales, Rodrigo – 1.890, 1.954, 1.990, 2.038, 2.057

Rizzi, Sérgio – 316.2, 1.886, 1.887

Rizzardo, Arnaldo – 396.4, 860, 883.1, 1.636, 2.140.1, 2.156

Robert, Jean – 28, 29, 324.2.2

Rocco, Alfredo – 91, 181.2, 222.3, 227.2, 944.5, 1.114.2, 1.116, 1.412,
1.558

Rocco, Ugo – 164, 222.3, 380, 978, 1.303, 1.304, 1.521, 1.870

Rocha, Carmen Lúcia Antunes – 1.450.3.3

Rocha, Cesar Asfor – 220, 225.3.6, 258.2, 320.2, 334, 395.3, 455.4.2,
541, 669, 685, 694.1, 739, 754.1, 875, 916.5, 1.028.1, 1.078.1, 1.208.4,
1.210.2, 1.221.4.3, 1.231, 1.255.2, 1.317.5, 1.340.1, 1.412, 1.425, 1.438.1.1,
1.452, 1.474.1.2, 1.486, 1.582.1, 1.663.1, 1.864.2.2, 1.897.1, 1.902.2, 1.952.3,
1.980.4.3, 2.007.1, 2.033.2, 2.094.4.1.3, 2.105.3, 2.112, 2.115.5, 2.121.1

Rocha, Eloi da – 1.790, 1.797, 1.815

Rocha, Felippe Borring – 130

Rocha, Ibrahim – 2.140.1

Rocha, José de Albuquerque – 2, 22, 69, 82, 83, 180, 181.2, 244, 1.401,
1.663.1
Rocha, José de Moura – 35, 105, 204, 354, 380, 415.3, 470, 523.1,
533.3, 580, 721.1, 1.028.2, 1.029, 1.150, 1.196.6, 1.221.4.3, 1.318, 1.386.2,
1.397, 1.430.3, 1.463, 1.556

Rocha, Osíris – 219, 1.743

Rodrigues, Clóvis Fedrizzi – 46.3

Rodrigues, Felipe – 1.851

Rodrigues, Fernando Pereira – 955.2, 1.356

Rodrigues, Haroldo – 1.556

Rodrigues, Horácio Wanderlei – 4, 15, 18.1, 120, 1.403

Rodrigues, João Gaspar – 928,

Rodrigues, José Narciso da Cunha – 1.042

Rodrigues, Júlio Cesar Souza – 1.453.4

Rodrigues, Leda Boechat – 127, 931

Rodrigues, Marcelo Abelha – 580.3, 1.437.4, 1.453.2, 1.550.3, 1.553

Rodrigues, Marco Antonio dos Santos – 1.718

Rodrigues, Ruy Zoch – 730, 1.518.2, 1.518.4, 1.520.3, 1.699.2

Rodrigues, Sílvio – 880, 1.962

Rodrigues, Walter Piva – 4, 743

Rodrigues Alckmin – 1.305.2, 1.348.2.1, 1.921.2

Rodrigues Filho, Eulâmpio – 1.460

Rodrigues Neto, Alaim – 18.2.1

Rodrigues Netto, Nelson – 227.2, 234

Rodriguez Rossi, Ernesto – 2.131.1

Rodríguez-Aguilera, Cesáreo – 1.601

Roenick, Hermann Homem de Carvalho – 762

Rollo, Arthur Luiz Mendonça – 1.004.1

Rognoni, Virginio – 1.566.2.1

Romano, Alberto A. – 1.379, 1.382.3

Romboli, Roberto – 151, 185, 969.4


Ronco, Alberto – 581.3

Roppo, Vicenzo – 530, 1.016, 1.610, 1.618

Rosa, Eliézer – 83, 101.1, 745.1, 1.815, 1.821.3, 1.974, 2.090, 2.090.2

Rosa, Marcos Valls Feu – 1.153.2, 1.180.1.1, 1.180.1.2, 1.180.2

Rosa Júnior, Luiz Emygdio F. da – 859, 1.624, 1.927, 1.928

Rosas, Roberto – 145, 213.1, 213.3, 214, 415.3, 596

Rose, Cristianne Fonticielha de – 181.2

Rosenberg, Leo – 2, 25, 26, 27, 34, 69.2, 80, 91, 93.2, 99, 142, 175.2,
178, 180, 181.2, 222.2, 223, 225.2, 225.3.5, 225.3.6, 227.1, 232, 233, 258.1,
261, 294, 324.1, 324.3, 330.1, 330.4, 339, 362, 461.1, 504, 513, 526, 539,
552, 581.3, 582.2, 584, 606, 639, 689, 710, 720, 732.1, 746.1, 746.2, 754.3,
757, 763.3, 778, 789.2, 789.2.3, 808.2.2, 997.4, 1.016, 1.022, 1.087.2,
1.114.1, 1.194.4, 1.244, 1.302, 1.304, 1.315, 1.317.1, 1.318.3, 1.330, 1.334.2,
1.337, 1.338.2, 1.339, 1.339.1, 1.339.3.1, 1.340, 1.345.2, 1.347, 1.363, 1.375,
1.378.1, 1.401, 1.404, 1.451.6.3, 1.468, 1.514.2, 1.521, 1.525, 1.566.2.1,
1.577, 1.581, 1.582.1, 1.590.3, 1.596, 1.596.2, 1.596.4, 1.603, 1.608, 1.609,
1.614, 1.627, 1.633, 1.659, 1.686, 1.735, 1.736, 1.744.3, 1.746, 1.748.1,
1.748.4, 1.755, 1.760, 1.795.4, 1.834.2, 1.837, 1.852, 1.856.2, 1.857.1.1,
1.859.1, 1.861, 1.862, 1.863, 1.863.1.3, 1.863.2.2, 1.865, 1.870, 1.874.3,
1.877, 1.878, 1.884, 1.890, 1.893, 1.899, 1.899.1.2, 1.914, 1.915.3, 1.937,
1.938.2, 1.942.1, 1.953, 1.955, 1.958, 1.960.1.2, 1.974.1, 1.975, 1.976.3,
1.976.5, 1.978.1.1, 1.989, 1.990, 1.992, 2.005, 2.006, 2.008.3, 2.011, 2.035,
2.041, 2.054.1, 2.114.1, 2.115, 2.116, 2.127, 2.128, 2.129, 2.130, 2.131.1,
2.131.2, 2.132.1, 2.132.2, 2.134, 2.136.1, 2.142, 2.143.2, 2.143.3.1, 2.144.3,
2.145.1, 2.148, 2.158

Rosito, Francisco – 161, 1.345

Rosseli, Filippo – 1.321

Rosso, Giovanni – 322.1, 2.149.3

Rota, Fabio – 1.922, 1.922.1, 1.923, 1.926.3, 1.929, 1.929.1, 1.930, 1.935,
1.943, 1.944, 1.952.5

Rotunda, Ronald D. – 127, 149, 2.062.3

Roubier, Paul – 69.2

Rubin, Fernando – 1.143, 1.148.3, 1.149, 1.811.3.1

Rubino, Domenico – 530

Ruiz de La Fuente, María Consuelo – 1.193

Rulli Júnior – 36
Rumi, Jacinta – 743

Rusch, Érica – 1.335.1.3.1

Russomano, Mozart Victor – 2.120

Sá, Djanira Maria Radamés de – 166

Sabatini, Giunio – 777

Sacco, Ricardo Ferreira – 1.042

Sacco Neto, Fernando – 1.485

Saes Jimenez, Jesus – 1.337, 1.578, 1.582.2

Salazar, Rodrigo – 888, 912.1.6

Saldanha, Jânia Maria Lopes – 64, 1.441, 1.508.5, 1.539.2, 1.554.2

Saleilles, Raymond – 343, 516, 596

Sales, José Roberto da Cunha – 1.251, 1.786

Sales, Lília Maia de Moraes – 13, 961.2

Saletti, Achille – 1.522

Salhany, Roger E. – 1.016, 1.976.6.2

Salles, José Carlos de Moraes – 383, 439, 1.063.3, 1.139, 1.187.1,


1.660.2

Salles, Luiz Caetano de – 1.292.1.2, 1.295, 1.298.3

Salomão, Luís Felipe – 69, 258.2, 366.4, 388.1, 388.5, 395.1, 399.1.1,
426, 532.3, 669, 721.3, 740, 863, 921.3, 938, 1.003.3, 1.243.1, 1.317.5,
1.340.3, 1.378.1.4, 1.380.1, 1.429.3, 1.438.1.1, 1.443, 1.507.3, 1.510, 1.515.1,
1.530, 1.539.3.3, 1.566.2.1, 1.661.2, 1.693.2, 1.743, 1.773.2, 1.798.1.2,
1.807.3, 1.902.2, 1.923.2.2, 1.940.1, 2.002, 2.066.1, 2.105.3, 2.114.1, 2.137,
2.137.2, 2.140.1, 2.157

Salomão, Paulo César – 29

Salvador, Antônio Raphael – 21.2, 1.062.5, 1.798.1.2

Salvador, Manuel J. G. – 1.514

Salzano, Francisco M. – 994, 1.335.1.3.2, 2.038

Samanes Ara, Carmen – 500, 508.1, 516, 546, 578

Sampaio, José Marrone de Castro – 730

Sampaio, José Roberto de Albuquerque – 5


Sampaio, José S. – 1.029, 1.049, 1.153, 1.177.2, 1.177.3, 1.180.1.1,
1.187.2, 1.187.2.4, 1.189.1

Sampaio, Marcus Vinicius de Abreu – 1.412

Sampaio, Rogério Marrone de Castro – 1.510, 1.693

Sampaio Júnior, Jorge Herval – 1.439.2

Sampietro, Luiz Roberto Hijo – 224

Samuels, Suzanne – 799

Sanches, Eduardo Walmory – 158.2

Sanches, Sydney – 21.2, 44.1, 125, 236, 268, 317.5.2, 388.3, 396, 490.3,
550.3, 837, 870, 875, 876, 887, 891, 898, 901, 903.1, 904, 905, 907, 908, 910,
912.1, 912.1.3, 912.1.4, 912.1.5, 912.1.6, 913, 915, 915.1, 915.2, 916, 916.3,
923, 1.040.3, 1.054, 1.401, 1.404, 1.410.1, 1.412, 1.437.2, 1.439.3.2, 1.451,
1.461, 1.465, 1.473.4, 1.534.2.3.3, 1.663.1, 1.795, 1.874.3.2, 2.139.4

Sandulli, Piero – 589

Sändig, Martin – 1.859.1

Sanseverino, Milton – 523.1, 1.064, 1.196.6, 1.197, 1.1992, 1.220.3,


1.338.1, 1.340.2, 1.714, 1.716

Sanseverino, Paulo de Tarso – 532.3, 710.1.1, 717, 730, 1.565, 1.568,


1.587.3, 1.731, 1.812.3, 1.833, 1.919, 2.116.1, 2.149.6

Sant’Anna, Paulo Afonso de Souza – 1.114.2, 1.443, 1.558

Santana, Gustavo – 1.019

Santiago, Ana Rita Carneiro Baptista Barreto – 1.007

Santiago, Anselmo – 731, 732.1

Santo, Bruno Vianna Espírito – 1.517

Santoro, Gláucia carvalho – 1.419

Santos, Alberto Marques dos – 347

Santos, Antonio Carlos Viana – 1.507.1, 1.507.4

Santos, Caio Augusto Silva dos – 1.566.2.5, 2.114.5

Santos, Carlos Frederico Britto dos – 41, 58, 69.1, 252, 388.2.2, 448,
469.3, 611.3, 1.061.7, 1.454.2

Santos, Carvalho J. M. – 342, 343, 362, 455.4, 582.2

Santos, Cézar – 399.1.1.3, 873.1


Santos, Cláudio – 198.1, 338, 339, 522, 537.1, 751, 903.1, 1.032.3,
1.148.2, 1.149, 1.160.2, 1.167.2, 1.256.1, 1.427.4, 1.546, 1.556, 1.811.3.1,
2.096, 2.109, 2.128.3

Santos, Cláudio Sinoé Ardenghy – 1.847

Santos, Ernane Fidélis dos – 3, 35, 82, 213.1, 214, 232, 247.1, 255,
261.3, 262.4, 279.3, 399.1.1.4, 455.4, 455.4.1, 455.4.2, 523.1, 545, 550.2,
560.2, 578, 582.2, 730, 861, 1.040.2, 1.196.6, 1.255.2, 1.292.2.4, 1.523,
1.534.2.3.2, 1.554.4, 1.612, 1.635, 2.129

Santos, Gildo dos – 426, 1.354, 1.948.2.2, 2.005, 2.006, 2.006.2, 2.007.3,
2.040

Santos, Guilherme Luís Quaresma Batista – 130

Santos, Igor Raatz dos – 955.4

Santos, Marcelo Paiva – 931

Santos, Nelton Agnaldo Moraes dos – 173

Santos, Ramon Ouais – 1.663

Santos, Silas Silva – 581.3, 590

Santos, Sylvio da Cunha – 2.059

Santos, Theophilo de Azeredo – 525

Santos, Ulderico Pires dos – 1.028.3, 1.029, 1.153.3, 1.187.2.2, 1.189.1,


1.465

Santos, Welder Queiroz – 1.554, 1.554.1

Santos Neto, José Antônio de Paula – 515.1

Sapienza, Carmelo – 1.410.1, 1.412, 1.419

Saredo, Giuseppe – 165

Sarlet, Ingo Wolfgang – 21.2, 40, 1.370, 2.047.1.2

Sarti, Amir José Finocchiaro – 21.2, 48, 1.365

Sassani, Bruno – 161, 310

Sato, Pricila Kei – 483, 820

Satta, Salvatore – 28, 165, 168, 222.1, 232, 247.1, 530, 588, 969.4,
1.002, 1.003.1, 1.103, 1.117.3, 1.245.2, 1.356, 1.522, 1.659, 1.915.1,
2.138.1.1

Sauer, Wilheim – 596


Sauwen Filho, João Francisco – 1.042

Savone Júnior, Luiz Antonio – 1.221.3

Scalamogna, Margherita – 1.324.4

Scardaccione, Aurelio – 1.536.2

Scarparo, Eduardo Kochenborger – 1.114.2, 1.244, 1.250, 1.558

Scarselli, Giuliano – 606

Scartezzini, Cid Flaquer – 1.112.3

Scartezzini, Jorge Tadeo Goffi Flaquer – 305, 344.4, 437, 444, 583.2,
742, 1.061.1, 1.062.5, 1.078.2, 1.178, 1.437.4, 1.455.1, 1.510.4, 1.550.3,
1.589.4, 1.622, 1.693.2, 1.757.3, 2.009.2, 2.009.5, 2.022.4, 2.060, 2.115,
2.145

Scavone Júnior, Luiz Antonio – 1.717

Schenk, Leonardo Faria – 130, 133

Schilken, Eberhard – 4, 142, 178, 231, 404, 789.1, 1.451.6.3, 2.142,


2.151.3, 2.158

Schizzerotto, Gianni – 24.2, 24.3, 324.2.2

Schlesinger, Patsy – 4, 923.2, 962

Schlosser, Peter – 244

Schlossmann, Siegmund – 1.022

Schmidt Júnior, Roberto Eurico – 1.420.1, 1.481.1

Schönke, Adolf – 2, 80, 225.3.2, 244, 1.733, 1.844.1

Schwab, Karl Heinz – 2, 25, 26, 27, 34, 69.23, 75.2, 80, 91, 93.2, 94, 98,
151, 175.2, 180, 181.2, 185, 222.2, 223, 225.2, 225.3.5, 225.3.6, 227, 227.1,
232, 233, 236, 237, 258.1, 261, 294, 324.1, 324.2.2, 324.3, 330.1, 330.4, 339,
362, 380, 461.1, 504, 508.2.2, 513, 526, 539, 552, 581.3, 582.2, 584, 606,
639, 680, 710, 720, 732.1, 746.1, 746.2, 754.3, 757, 763.3, 778, 789.2,
789.2.3, 997.4, 1.022, 1.087.2, 1.114.1, 1.194.4, 1.244, 1.302, 1.304, 1.315,
1.317.1, 1.318.3, 1.334.2, 1.338.2, 1.345.2, 1.347, 1.363, 1.375, 1.378.1,
1.401, 1.404, 1.468, 1.494, 1.514.2, 1.521, 1.525, 1.566.2.1, 1.577, 1.581,
1.582.1, 1.590.3, 1.596, 1.596.2, 1.596.4, 1.603, 1.608, 1.609, 1.614, 1.627,
1.633, 1.659, 1.686, 1.735, 1.736, 1.744.3, 1.746, 1.748.1, 1.748.4, 1.755,
1.760, 1.795, 1.795.4, 1.834.2, 1.837, 1.852, 1.856.2, 1.857.1.1, 1.859.1,
1.861, 1.862, 1.863, 1.863.1.3, 1.863.2.2, 1.865, 1.870, 1.874.3, 1.877, 1.884,
1.890, 1.893, 1.899, 1.899.1.2, 1.914, 1.915.3, 1.937, 1.938.2, 1.942.1, 1.953,
1.955, 1.958, 1.974.1, 1.976.3, 1.975, 1.976.5, 1.978.1.1, 1.989, 1.990, 1.992,
2.005, 2.006, 2.008.3, 2.011, 2.035, 2.041, 2.054.1, 2.114.1, 2.115, 2.116,
2.127, 2.128, 2.129, 2.130, 2.131.1, 2.131.2, 2.132.1, 2.132.2, 2.134, 2.136.1,
2.141, 2.142, 2.1432, 2.143.3.1, 2.144.3, 2.145.1, 2.148, 2.158

Schwartz, Germano – 5, 1.408

Schwartzenberg, Roger-Gérard – 41

Scialoja, Antonio – 165

Scialoja, Vittorio – 1.852

Sciorilli, Marcelo – 1.454.2

Scyboz, Georges – 34

Seabra Fagundes, Miguel – 37, 40, 752, 1.187.1, 2.118, 2.120

Segatti, Marco – 333.1, 1.870, 1.872, 1.879, 1.884, 1.884.2

Segni, Antonio – 175.2, 759, 762, 764, 744, 788, 791.2, 1.661.1, 2.129

Segrè, Tullio – 386, 978

Sell, Ivo – 351

Sena, José Cândido da Costa – 1.930

Serges, Giovanni – 164

Serik, Rolf – 532.3

Serpa Lopes, Miguel Maria de – 68, 212, 213.1, 340, 345, 343, 1.003.3,
1.063.3, 1.221.4.1, 1.313.1, 1.920.2

Serra Cristóbal, Rosário – 928

Serra Dominguez, Manuel – 1.573, 1.992

Setembrino, Fernando – 892

Severo Neto, Manoel – 560.2, 1.856.4, 1.874.4

Shimura, Sergio – 35, 159, 388.4, 1.047, 1.069.1, 1.350.1, 1.404, 1.412,
1.454.1, 1.461.1, 1.463, 1.465, 1.467.2

Sica, Heitor Vitor Mendonça – 279.1, 313.2.2, 328, 340, 589, 1.145,
1.148.2, 1.148.3, 1.149, 1.340.1, 1.737.5

Sidou, J.M. Othon – 73, 74, 1.450.3.1, 1.450.3.3

Siltala, Raimo – 1.663.4,

Simardi, Cláudia – 2.122.1, 2.125

Simas, Hugo – 457, 752, 1.390, 1.398, 1.399, 1.414, 1.948.1.3


Simpson, Reagan W. – 796, 797, 845, 851

Sinisi, Rosa Patrizia – 589

Sifuentes, Mônica – 181.2

Silguero Stagnan, Joaquín – 338, 1.144, 1.146, 1.740.2

Silva, Adhemar Raymundo da – 98

Silva, Agathe Elsa Schmidt – 1.502, 1.545

Silva, Agustinho Fernandes da – 197, 201, 202

Silva, Ana de Lourdes Coitinho – 1.122.2, 1.122.6

Silva, Antonio Carlos – 1.580

Silva, Carlos Augusto – 149, 185

Silva, Cláudio – 399.1.2

Silva, Edson Ferreira da – 557

Silva, Eduardo Silva da – 243

Silva, Edward Carlyle – 301, 304

Silva, Eider Avelino – 912.2, 1.517, 1.518

Silva, Flávia Regina Ribeiro – 451

Silva, Flávio Pâncaro – 1.790, 1.797, 1.815

Silva, Jaqueline Mielke – 1.508.5, 1.554.2

Silva, João Calvão da – 665, 949

Silva, José Afonso da – 1, 4, 46, 47.1, 47.3, 238, 451, 921.2, 1.018.2,
2.154

Silva, José Anchieta da – 923.1

Silva, José Fontanelle Teixeira da – 743, 1.071, 1.685

Silva, José Milton – 53

Silva, Juary C. – 4, 923.2, 962.1

Silva, Lucinda D. Dias da – 1.426

Silva, Luis Renato Ferreira da – 1.214.3

Silva, Pablo Rodrigo Alflen da – 84


Silva, Paulo Maycon Costa da – 796

Silva, Peña de Moraes e Teixeira da – 4

Silva, Ricardo Alexandre – 556

Silva, Ricardo Perlingeiro Mendes da – 199, 1.250

Silva, Roberto Geraldo Coelho – 53

Silva, Rui Alberto Batista da – 87

Silva, Sérgio Andre R. G. da – 1.221.4.1,

Silva, Vanderlei Arcanjo da – 1.194, 1.704

Silva, Volney Zemenhof de Oliveira – 46.1

Silva, Wagner José da – 1.517

Silva, Walter Nunes da – 222.4

Silva da Silva, Eduardo – 243, 801

Silva Filho, Arthur Marques da – 44.1

Silva Melero, Valentin – 1.353, 1.871.3, 1.976.6.2, 2.040

Silveira, João José Custódio da – 1.812.1

Silveira, José do Santos – 782, 1.293, 1.412,

Silveira, Marco Antonio Karen – 1.262

Silveira, Néri da – 46.2, 178, 921.1, 923.2, 962, 1.054, 1.058, 1.078.2,
1.178, 1.437.4, 1.451.6.1, 1.975.4

Silveira, Paulo Fernando – 127, 308

Siqueira, Cleanto Guimarães – 309, 312.2, 330.4, 342, 1.339.1.2

Siqueira, Geraldo Batista de – 43

Siqueira, Pedro Eduardo Pinheiro Antunes de – 178

Smith, Hans – 127, 138, 161, 308

Smith, J.C. – 34

Soares, Carlos Henrique – 178

Soares, Fernando Luso – 53, 83, 84, 89, 91, 222.3, 261, 504, 507, 555,
606, 607, 622, 1.087.1, 1.302, 1.571, 1.737.5, 2.059, 2.062, 2.087, 2126

Soares, Guido F. S. – 5, 210


Soares, Rogério Aguiar Munhoz – 1.402, 1.423

Sobrinho, Délio José Rocha – 156.1, 1.177.2, 2.047.1.1,

Sodré, Ruy de Azevedo – 670.1, 1.019, 1.034,

Sosa, Toríbio Enrique – 1.190, 1.191, 1.210, 1.216.2,

Sotgiu, Nicola – 1.587.2,

Souto Maior, Rildo T. – 1.068,

Souza, Adriano Stanley Rocha – 1.449,

Souza, André Pagani de – 50, 130, 532.1, 532.3, 533.1, 533.5

Souza, Artur César de – 151, 346.2, 364, 372.1, 1.759

Souza, Carlos Aurélio Mota de – 607, 942

Souza, Daniel Adensohn de – 1.122.3.3, 1.574.1

Souza, Edson Alves de – 925

Souza, Everardo de – 222.4, 225.3.3, 311.2

Souza, Gelson Amaro de – 320.2, 346.2, 365.5, 490.3, 533.2, 789.1,


1.114.2, 1.251, 1.289, 1.292.1.10, 1.292.2.3, 1.292.2.4, 1.294, 1.295, 1.296,
1.298.2, 1.516.5, 1.558, 1.636, 1.698.3, 2.151.3

Souza, José Anchieta da – 62.2

Souza, Luiz Sérgio Fernandes – 67, 596

Souza, Marcelo Alves Dias de – 923.1, 946.5, 1.537, 1.663.1

Souza, Marcos José Porto – 2.142

Souza, Mário Guimarães de – 668, 670.1.2, 1.978.1.2.1, 1.983

Souza, Miguel Teixeira de – 85, 99, 176.1, 209, 268, 274, 464.1, 1.004.1,
1.401, 1.638, 2.152, 2.158

Souza, Motauri Ciocchetti de – 1.070.2

Souza, Nelson Oscar de – 927, 930.1, 931

Souza, Paulo Roberto Pereira – 545

Souza, Sebastião Pereira – 1.068

Souza, Sylvio Carpanema de – 177, 881, 1.660.1

Souza, Valternei Melo de – 616


Souza, Wilson Alves de – 1.439.3

Souza Filho, Gelson Amaro de – 1.114.2, 1.558

Souza Neto, José Soriano de – 886.2

Souza Netto, José Laurindo de – 690.2

Souza, Gelson Amaro de – 45.2

Souza, Marcelo Alves Dias de – 62.1

Souza, Marcos José Porto – 2.142

Souza, Miguel Teixeira de – 3, 54.1,

Souza Netto, José Laurindo de – 690.2

Spadoni, Joaquim Felipe – 1.449.2, 1.449.3, 1.449.5,

Spaeth, Harold J. – 1.663.4

Spagnol, Gino – 1.016

Spalding, Alessandra Mendes – 1.047

Sparano, Vincenzo – 1.891

Sorace, Silvio – 1.493

Spengler, Fabiana Marion – 5

Spengler Neto, Theobaldo – 1.216.2

Sprung, Rainer – 70

Staes, Oliver – 501, 1.046.2

Stein, Friedrich – 1.318.1, 1.318.2, 1.321, 1.327, 1.328, 1.329, 1.329.1,


1.353, 1.360

Stoco, Rui – 599, 618, 622

Streck, Lenio Luiz – 64, 768, 923.1, 955

Strenger, Irineu – 46.2

Stürner, Rolf – 104.1, 955.1, 1.338.1

Sznick, Valdir – 1.042

Sztajn, Rachel – 1.932.2.2

Tácito, Caio – 396.2


Talamini, Eduardo – 45.2, 177, 178, 366, 545, 580, 728, 1.187.1, 1.449,
1.449.1, 1.449.2, 1.797, 1.844, 1.844.1, 1.844.2, 1.880, 2.115.4, 2.127,
2.135.4, 2.136.2, 2.137.2, 2.138.2.1, 2.138.2.2, 2.140.1, 2.144.3, 2.145.1,
2.145.2, 2.147, 2.149.6, 2.155

Tamburrino, Giuseppe – 177

Tanaka, Aurea Christine – 213.1

Tardin, Luiz Gustavo – 1.412

Tarello, Giovanni – 53

Tarigo, Enrique E. – 339, 1.334.1, 1.334.2, 1.566.2.3, 1.627, 1.658,


1.844.1, 1.846, 1.852, 1.871.3, 1.877, 1.878, 1.921.1.1, 1.926.3, 1.989, 1.992,
2.054.4, 2.114.3, 2.127

Tartuce, Flávio – 23

Taruffo, Michele – 146.2, 158.1.1, 181.3, 222.2, 247, 329, 330.3, 330.4,
336, 380, 557, 620, 1.823, 2.142, 1.105, 1.116, 1.122.1, 1.122.3.1, 1.122.5,
1.302, 1.314, 1.317.5, 1.318.1, 1.318.2, 1.318.4, 1.320, 1.324.2, 1.324.3,
1.324.4, 1.329, 1.337, 1.338.2, 1.339, 1.340, 1.340.2, 1.349, 1.635, 1.841,
2.010,

Tarzia, Giuseppe – 104.2, 134, 268, 271.1, 455.4.5, 580.5, 581.3, 590,
927, 955.1, 1.402, 1.743, 1.744.3, 1.748.3, 2.153

Tavares, André Ramos – 1, 37, 179, 1.451.3, 1.451.5, 1.663.1

Tavares, Fernando Horta – 1.340

Tavares, Osvaldo Hamilton – 804

Tavormina, Valério – 233, 2.144

Tchakerian, Renato Silvano – 1.069.1

Teitelbaum, Jaime W. – 236, 246, 247.1, 272, 275.1, 278, 279.1, 279.2,
279.3, 280.2, 301, 1.514.1.4, 1.642.1

Teixeira, Aloísio Maria – 497.3, 1.997

Teixeira, Anderson Vichinkeski – 840.1

Teixeira, Carlos Geraldo – 46.3

Teixeira, Egberto Lacerda – 1.926.2

Teixeira, Guilherme Freire de Barros – 311.2, 778, 1.222.4.5, 1.412,


1.622

Teixeira, Guilherme Puchalski – 1.570


Teixeira, Sálvio de Figueiredo – 22, 30, 35, 45.1, 69.2, 75.2, 110, 118,
178, 226.1, 246, 262.4, 289.1, 291, 293, 304, 313.3, 317.2, 338, 367, 374,
382, 399.1.1.2, 399.1.1.6, 415.3, 427, 432, 455.4.2, 459, 464.1.3, 489.1.1,
490.2, 490.3, 508.3, 532.1, 555, 556, 564, 588, 607.1, 607.2, 635.2.1, 644,
711, 715, 726.2, 740, 740.2, 745.6, 748, 756, 765, 857, 874, 887, 915, 967.2,
989.3, 997.7, 1.029, 1.033, 1.036, 1.037, 1.067, 1.122.3.1, 1.149, 1.153,
1.177.3, 1.179, 1.187.1, 1.209.5, 1.209.6, 1.223, 1.243.1, 1.250, 1.258, 1.266,
1.276, 1.284, 1.292.1.7, 1.292.2.4, 1.292.2.5, 1.298.1, 1.337, 1.351, 1.354,
1.356, 1.357, 1.363, 1.380.1, 1.416, 1.427.3, 1.455.4, 1.461.1, 1.474.1.2,
1.502, 1.526.2, 1.539.3.1, 1.553, 1.556, 1.576, 1.589.1, 1.589.3.2, 1.614,
1.631, 1.640, 1.641.3.2, 1.685, 1.688.1, 1.703, 1.718, 1.731, 1.749, 1.753.2,
1.757.1, 1.795.4, 1.799, 1.805, 1.844.1, 1.857.1, 1.862, 1.897.3, 1.941.1,
1.944, 1.951, 1.952.3, 1.964.4.1, 1.970.2, 2.007.2, 2.035, 2.035.2, 2.066.2,
2.090, 2.090.3, 2.131.1, 2.138.1, 2.156

Teixeira, Welington Luzia – 86, 130

Teixeira, Wendel de Brito Lemos – 964

Teixeira Filho, Manoel Antonio – 225.1.1, 1.514.1.3

Telles, Corrêa – 227.2

Telles, Gil Trotta – 1.382.1

Temer, Michel – 2, 931, 1.451.4

Tenório, Oscar – 68, 213.1, 218.1, 493.3, 946.1, 1.305.1, 1.310, 1.312.1

Tepedino, Gustavo – 35, 1.221.4.3, 1.507.4, 1.532

Tesheiner, José Maria Rosa – 35, 39, 41, 62, 98, 125, 165, 176.1, 176.2,
176.5, 178, 181.2, 192, 196, 229, 244, 292, 322.1.1, 345, 507, 556, 569, 771,
774, 779, 886.3, 1.033, 1.034, 1.036, 1.069.1, 1.221.1, 1.221.2, 1.245.2,
1.246, 1.247, 1.249, 1.250, 1.252, 1.382.1, 1.387, 1.404, 1.438.2, 1.439.1,
1.460, 1.461.1, 1.502, 1.545, 1.575, 1.590.3, 1.636, 1.661.1.5, 1.811.3.1,
2.129, 2.132.1, 2.132.2, 2.133, 2.135, 2.135.2, 2.135.4, 2.136, 2.136.1,
2.136.2, 2.137.1, 2.138, 2.138.1.1, 2.139.1, 2.140.1, 2.140.2, 2.141, 2.144.3,
2.145, 2.145.2, 2.152, 2.153, 2.156, 2.158

Tesoriere, Giovanni – 1.143

Thannay, Rennan Faria Krüger – 178, 2.140

Theodoro Júnior, Humberto – 22, 45.2, 50, 54.1, 64, 91, 102, 104, 111,
127, 175.2, 176.1, 176.6, 178, 192, 208, 224, 227.2, 229, 231, 233, 236, 237,
248, 258.2, 258.3, 262.2, 264, 313.1.1, 344.2, 404, 455.4, 502, 508.2.2, 522,
532.2, 548, 549, 550.2, 621, 721.3, 725, 773, 860, 866, 946.3, 996.2, 1.002,
1.038, 1.039, 1.145, 1.160.1, 1.162, 1.177.3, 1.221.4.1, 1.221.4.3, 1.234,
1.249, 1.254.2, 1.256.1, 1.292.2.4, 1.324.3, 1.335.1.1, 1.375.3, 1.376,
1.378.1.1, 1.378.1.3, 1.382.2, 1.386.1, 1.386.2, 1.387, 1.392, 1.393, 1.394,
1.412, 1.450.3.1, 1.453.4, 1.453.5, 1.454.2, 1.456, 1.457.3, 1.470, 1.485,
1.508.2, 1.508.5, 1.517, 1.520.2, 1.520.5, 1.524.1, 1.530, 1.534.2.2,
1.534.2.3.2, 1.545, 1.554.1, 1.554.2, 1.554.4, 1.554.6, 1.556, 1.566.2.1, 1.622,
1.641, 1.641.4, 1.648, 1.649.2.2.1, 1.665, 1.699, 1.699.2, 1.702, 1.736, 1.743,
1.744.3, 1.748.11.754.3, 1.757.2, 1.779.3, 1.805, 1.811.1, 1.824, 1.861,
1.864.2.3, 1.875.1.3, 1.884, 1.889, 1.919, 1.922.3, 1.927.1.2, 1.922.1.1,
1.925.3, 1.929.1, 1.932.1, 1.933, 1.941.2, 1.944, 1.945, 1.949, 1.952.1,
1.952.5, 1.922.3, 1.959.2, 1.960.1, 1.960.1.2, 1.962, 1.980.4.1, 2.005, 2.025,
2.032.1, 2.038, 2.044.5, 2.055.2.2, 2.063.6, 2.094.3, 2.094.5, 2.105.3, 2.114.1,
2.129, 2.131.2, 2.148, 2.152, 2.156

Théry, Roger – 1.485

Thibau, Tereza Baracho – 44, 1.450.2

Thompson Flores – 35, 710, 1.117.1, 1.311.2, 2.116.1, 2.132

Ticianelli, Maria Fernanda Rossi – 166

Timm, Luciano Benetti – 22

Tjäder, Ricardo Luiz da Costa – 279.3, 710.1.2, 2.116.1

Toledo, Francisco de Assis – 395.1, 1.254.2

Toledo, Paulo F. C. Salles de – 201.2, 455.2

Tomasin, Daniel – 2.129, 2.137.2

Tomei, Giovanni – 176.1, 588, 1.145, 1.649.2.3, 2.152

Tommaseo, Ferruccio – 762.3, 1.404, 1.412, 1.419, 1.423, 1.755

Tornaghi, Hélio – 35, 43.2, 46.1, 83, 91, 98, 169, 220, 222.3, 225.2, 242,
296, 322.1.2, 340, 380, 383, 404, 406, 435, 471, 481, 487, 489, 494, 494.2,
495.2, 497.1, 526, 529, 536, 537.2, 542.2, 546, 549, 554, 555, 572, 586,
607.2, 609.5, 611.4, 618, 619, 638.1, 644, 666.3, 677, 690.1, 703, 704, 710.3,
775.2, 782, 783, 789.1, 794, 854, 868, 870, 889, 910, 912.1.5, 937.3, 942,
942.3, 967.3, 969.1, 969.2, 969.3, 973, 976.2, 984, 985, 995, 997, 997.5,
997.5.3, 1.004.2, 1.009, 1.010, 1.012, 1.020.1, 1.022, 1.022.2, 1.027, 1.028.3,
1.029, 1.036, 1.036, 1.039, 1.048, 1.054, 1.099.2, 1.101, 1.104.3, 1.111.3,
1.113, 1.114, 1.114.4, 1.115.1, 1.124.4, 1.130, 1.141, 1.142, 1.153.1, 1.155,
1.157, 1.159, 1.162, 1.167.3, 1.177.2, 1.180.1, 1.180.1.1, 1.180.2, 1.187.2.1,
1.188.3, 1.190, 1.196.5, 1.197, 1.197.1, 1.198.1, 1.203, 1.208.2, 1.208.4,
1.209.4, 1.210.1, 1.212.1, 1.212.2, 1.121.4, 1.216.1, 1.217, 1.221.4.1,
1.221.4.3, 1.221.4.4, 1.226, 1.231, 1.255.1.2, 1.255.2, 1.257, 1.258, 1.263,
1.264.4, 1.267, 1.272.1, 1.274.2, 1.276, 1.283.2, 1.287, 1.289, 1.290,
1.292.1.1, 1.292.1.3, 1.292.1.4, 1.292.1.7, 1.296, 1.334.2, 1.343.5, 1.477,
1.490, 1.501, 1.507.2, 1.507.3, 1.527, 1.539.3.2, 1.541.1.3, 1.543, 1.555.2,
1.555.4, 1.584, 1.587.2, 1.590.2.4, 1.599, 1.607, 1.608, 1.630, 1.688, 1.757.1,
1.788, 1.791, 1.874.3.1, 1.992, 1.993, 2.004, 2.008.1, 2.008.3, 2.011, 2.060,
2.066.1, 2.092, 2.116.3, 2.151.3

Torreão Braz, Antonio – 244, 1.231, 1.455.1, 1.587.2, 1.649.2.2.4,


1.923.2.2

Torres, Silvestre Jasson Ayres – 22


Torroni, Davide – 1.513

Tosta, Jorge – 2.120, 2.121.1, 2.123

Tourinho Neto, Fernando da Costa – 15, 401, 514, 1.018.1, 1.230,


1.469, 2.064

Tovar, Leonardo Zehuri – 1.437.5

Tribe, Laurence – 40

Triqueiro, Oswaldo – 699

Trento, Simone – 1.340

Trocker, Nicolò – 4, 70, 75, 117, 127, 128, 145, 156.7, 160, 161, 162,
246, 625, 743, 746.1, 763.1, 2.136, 2.138.1.1, 939.3, 1.071, 1.301.1.1, 1.685

Troller, Alois – 161

Trujillo, Isabel – 964

Tucci, Rogério Lauria – 4, 15, 44.2, 48.1, 83, 94, 105, 120, 127, 128, 149,
1514, 168, 175.1, 177, 181.2, 185, 227, 326, 346.1, 348, 362, 364, 372.1, 374,
405, 505.2, 600, 612, 746.1, 747.1, 766, 946.4, 1.020.5, 1.039, 1.100, 1.116,
1.177.1, 1.511, 1.558, 1.559.1, 1.611, 1.660.2, 1.694, 1.765, 1.789, 1.790,
1.795, 1.811.1, 1.856.1, 1.874.1, 2.090.3, 2.128

Tuda, Cláudio Takeshi – 227.2,

Tumanóv, Vladimir – 1

Tuozzi, Pasquale – 2.131.1

Turroni, Davide – 1.656, 1.698.1, 1.792, 2.128.3

Ulrich, Jürgen – 996.2, 997.7, 1.991, 1.996.2, 1.998.2, 2.004, 2.011,


2.022.3

Ustárroz, Daniel – 127, 145, 152, 160, 169, 172, 690.2, 775.2, 776, 777,
782, 789, 795, 869.4, 912.2, 915.1, 916.4, 1.044.1, 2.151.2

Vaccarella, Romano – 233, 1.852, 1.928.2

Valença Filho, Olávio de Melo – 30

Varela, Antunes – 380, 508

Vall-Llovera, Susana Oromí – 791.3, 791.4

Valladão, Haroldo – 200, 207, 209, 210, 213.1, 1.108, 1.919

Valle, Carla Maria Kriger de – 1.485

Valle, Martim Della – 24.3


Valle, Oswaldo Trigueiro do – 158.2

Valticos, Nicolas – 34, 35, 119

Valverde, José Zafra – 1, 181.2, 232

Valverde, Trajano de Miranda – 455.2, 455.3, 508.2.2, 526, 669, 1.018.1,


1.897, 1.897.1, 1.897.2, 1.897.4, 1.897.5.2, 1.897.5.3, 1.897.5.5, 1.932.1,
1.932.2.1, 1.932.2.1.2, 1.932.2.1.3, 1.932.2.2

Vargas, Jorge de Oliveira – 4

Vasaly, Mary R. – 796, 797, 845, 851

Vasconcellos, Rita de Cássia Corrêa de – 45.1, 1.427.3

Vasconcelos, Antonio Vital Ramos de – 1.420.1, 1.857.2

Vasconcelos, André Gustavo de – 399.4.2

Vasconcelos, Clever Rodolfo Carvalho – 1.045, 1.061.6

Vasconcelos, Pedro Paes de – 50

Vaz, Laurita – 152, 401, 536, 537, 677, 732.1, 732.2, 745.1, 1.032.4,
1.051, 1.084, 1.117.3, 1.292.2.8.9, 1.555.2, 1.957.4, 1.975.4, 2.144.4

Vaz, Paulo Afonso Brum – 1.440, 1.443, 1.481.1

Vaz Serra – 343, 345, 1.566.2.2, 2.114.2

Vázquez Sotelo, José Luiz – 1.351

Vecchione, Renato – 686

Vechiato Júnior, Walter – 1.087.2, 1.112.1, 1.178

Vellani, Mario – 501, 1.042, 1.042, 1.046.1, 1.046.2, 1.052, 1.067, 1.103,
2.006.1, 2.129, 2.132.1

Velloso, Carlos – 40, 41, 46.3, 198.2, 388.3, 396, 473.4, 627.1, 676,
721.4, 921.1, 923.2, 925, 930.2.1, 930.2.2, 1.302, 1.307, 1.310, 1.338.1,
1.340, 1.340.2, 1.341, 1.343, 1.343.2, 1.343.3, 1.343.5, 1.582.2, 1.589.3.2

Velloza, Rubens Tarcíso Fernandes – 910

Veloso, Zeno – 40, 502, 768, 881, 1.450.2.4, 1.451, 1.451.3, 1.451.4,
2.158

Venosa, Sílvio de Salvo – 420, 883.1, 887, 888, 1.610, 1.611, 1.614,
1.618, 1.930

Venturi, Elton – 176.5

Verbic, Francisco – 992, 1.343.5, 1.849, 2.038


Verde, Filippo – 1.407.1, 1.412, 1.413, 1.423

Verde, Giovanni – 6, 81, 102, 105, 161, 227.2, 233, 244, 380, 872, 923,
1.245.2, 1.304, 1.324.3, 1.335.1.3.2, 1.338.2, 1.386.2, 1.539.6, 1.587.1,
1.587.2, 1.589.1, 1.665, 1.701, 1.757.2, 1.935, 1.953, 2.054.1, 2.144.3

Vericel, Marc – 5

Verri, Marina Mezzavilla – 1.082.3

Véscovi, Enrique – 51, 82, 84, 86, 93.1, 100, 101.1, 378, 378.2, 379, 923,
928, 2.119

Viafore, Daniele – 1.517, 1.518

Viana, Juvêncio Vasconcelos – 18.1, 28, 253, 599

Vicent, Jean – 243, 525, 1.103

Vidal, Jane Maria Köhler – 15

Vidigal, Edson – 316.3, 424, 508.3, 583.1, 732.1, 749, 969.2, 965.4,
1.000, 1.028.2, 1.104.3, 1.223, 1.264.2, 1.266, 1.318.3, 1.372, 1.386.1,
1.386.2, 1.442, 1.461.1, 1.517, 1.624, 1.656, 1.703, 1.745.2, 1.757.3, 1.845

Vidigal, Luís Euláçio Bueno de – 82, 222, 303, 322.3, 1.745.3, 2.136,
2.149.6

Vidigal, Maurício – 1.199.2, 1.714

Vieira, Christian Garcia – 1.378.1.1, 1.378.1.4, 1.380.1, 1.381.1, 1.382.1,


1.383, 1.386.1, 1.386.2, 1.453.1, 1.871.1, 2.044.5

Vieira, José Marcos Rodrigues – 222.5, 1.221.4.3

Vieira, Judivan J. – 1.045

Vieira, Oscar Vilhena – 931

Vigliar, José Marcelo Menezes – 1.061.7, 1.062.1

Vignera, Giuseppe – 1, 87, 120, 145, 157, 158.1, 162, 168, 308, 505.2,
1.335.1.3, 1.336, 1.839

Vigoriti, Vicenzo – 149, 158.2, 175, 176.5, 2.140.1

Vilar Filho, José Eduardo de Melo – 20

Vilas Boas – 336

Villar, Wilard de Castro – 316.2, 861, 1.099.1, 1.404, 1.410.1, 1.412,


1.461, 1.461.2, 1.463, 1.556, 1.649.2.2.3, 1.748.1

Villas Boas, Ricardo – 1.004.2, 1.340.3, 1.834.2, 1.940.1


Violin, Jordão – 77, 796

Villefin, Carlos A. – 45

Vitagliano, José Arnaldo – 1.636

Viti, Domenico – 222.2

Vitiritto, Benedito Mario – 224, 325, 1.087, 1.335, 1.797

Vincent, Jean – 1.414

Vincenzi, Brunela Vieira de – 404

Vivante, Cesare – 1.932.2.1, 1.932.2.1.1, 1.932.2.2

Viveiros, Estefânia – 1.582.1

Vocino, Corrado – 74

Volkmar, Erich – 70

Volkweiss, Roque Joaquim – 627.1, 637.1

Vollkommer, Max – 464.1.2,

Volpino, Diego – 1.356, 2.043

Von Thur, Andreas – 340

Wach, Adolf – 54, 94, 179, 222.2, 244, 379, 500, 917, 1.870

Wagner Junior, Luiz Guilherme – 1.612

Wald, Arnold – 48.2, 1.450.5.4, 1.451, 1.451.4, 1.451.6.2

Waldner, Wolfram – 955.1, 1.693

Walter, Eberhard – 5, 128

Walter, Gerhard – 1.335.1.1, 1.335.1.3.1, 1.335.1.3.2, 1.357, 1.995.2.2

Wambier, Luiz Rodrigues – 18.1, 45.1, 127, 545, 580, 1.427.3, 1.508.3,
1.649.2.3, 1.797

Wambier, Teresa Arruda Alvim – 75.2, 98, 148, 176.1, 336, 615, 916,
939.5, 943, 1.034, 1.038, 1.096, 1.114.2, 1.114.5, 1.115.2, 1.122.3.3, 1.122.6,
1.187.1, 1.245.2, 1.254, 1.261, 1.550.2, 1.558, 1.574.1, 1.574.2, 1.575.3,
1.576, 1.636, 2.104, 2.152, 2.156

Wartschow, Eduardo Henrique – 5

Watanabe, Kazuo – 5, 15, 45.1, 75.2, 86, 97, 102, 104.2, 176.6, 222.3,
224, 276, 313.3, 325, 379, 557, 1.046.1, 1.427.3, 1.566.1, 1.743, 2.111
Wells, John Cleland – 1.663.4

Wellwig, Konrad – 556

Welter, Belmiro Pedro – 2.137.2

Wedy, Gabriel – 47.1

Wengerek, Edmund – 1.571

Wetzell, Georg Wilhelm – 951

Windscheid, Bernhard – 222.2

Witthaus, Rodolfo W. – 2.029.1.2, 2.031

Wittschier, Johannes – 1.868

Wolf, Manfred – 557

Wolkart, Erik Navarro – 1.303, 1.554.1

Wolkmer, Antonio Carlos – 72

Wunderlich, Alexandre – 43

Wyar, Ernesto C. – 883.1

Xavier, José Tadeu Neves – 1.508.5, 1.554.2

Xavier, Trícia Navarro – 1.340

Xavier de Albuquerque – 158.2, 208, 303, 585, 2.060

Xavier Neto, Francisco de Paula – 1.058

Yarshell, Flavio Luiz – 742, 1.046.1, 1.221.4.2, 1.375.3, 1.378.3, 1.382.2,


1.386.1, 1.387, 1.400, 1.452.1, 1.452.3, 1.507.2, 1.636, 1.887, 2.149.6

Yoshida, Consuelo Yatsuda Moromizato – 233

Yoshikawa, Eduardo Henrique de Oliveira – 1.1, 129, 367, 399.1.4, 401,


854, 860, 1.067, 1.287, 1.292.1.10, 1.292.2.8.2, 1.292.2.8.3, 1.292.2.8.5,
1.292.2.8.6, 1.292.2.8.8, 1.294, 1.295, 1.296, 1.298.2, 1.300, 1.340, 1.477,
2.143.4

Zagrebelsky, Gustavo – 923.2

Zander, Michael – 1.663.4

Zangara, Vincenzo – 508.3, 513.

Zani, Gino – 607.1, 612, 614, 2.115.2

Zanon, Artêmio – 746.2, 749, 750, 752


Zanzucchi, Marco Tulio – 167, 179, 222.3, 237, 250, 348, 404, 589, 784,
1.522, 2.047.2

Zarif, Marcelo Cintra – 1.981.2, 1.981.3, 1.981.4, 1.981.5, 1.981.6,


1.984.1, 1.984.2, 1.985

Zavascki, Teori Albino – 30, 44.1, 48.2, 52, 110, 176.5, 177, 212, 238,
246, 258.3, 280.4, 322.1.2, 322.1.3, 333.1, 388.3, 388.4, 388.5, 473.2, 607.11,
635.4, 673, 713.2, 714, 725, 727, 748, 772, 855, 904, 947, 1.047, 1.051,
1.069.3, 1.149, 1.221.4.3, 1.227, 1.232, 1.237, 1.284, 1.288, 1.290, 1.292.2.6,
1.318.3, 1.403, 1.405.1, 1.412, 1.417, 1.420.4, 1.421.1, 1.423, 1.148.2,
1.427.3, 1.431, 1.432, 1.435, 1.436.1, 1.436.2, 1.436.3, 1.437.3, 1.437.4,
1.437.5, 1.438.1.2, 1.438.2, 1.439.3, 1.446, 1.446.1, 1.447, 1.449.2, 1.449.4,
1.450.3.1, 1.450.3.3, 1.450.3.4, 1.450.5.1, 1.451.1, 1.451.6.1, 1.451.6.2,
1.451.6.3, 1.452.1, 1.454, 1.454.2.1, 1.454.2.2, 1.454.2.3, 1.461.3, 1.481,
1.481.1, 1.481.1.1, 1.501, 1.532, 1.539.5, 1.566.2.5, 1.630, 1.641.4, 1.659,
1.660.1, 1.660.2, 1.661.2, 1.661.3, 1.663.2, 1.685, 1.757.1, 1.811.2, 1.889,
2.091, 2.096, 2.109, 2.114.5, 2.122.1, 2.140, 2.140.1, 2.140.2

Zeiss, Walter – 80, 609.2, 1.116.1, 1.468, 2.102

Zenker, Marcelo – 1.046.1, 1.069, 1.069.2, 1.070.2, 1.070.3

Zenum, Luiz – 1.799

Zeuner, Albrecht – 2.142

Zeveibil, Daniel Guimarães – 224

Zlandeck, João Carlos Adalberto – 1.340.2

Zveiter, Waldemar – 3, 224, 297.3, 302, 325, 396.2, 399.1.1.1, 487, 557,
638.1, 638.3, 740.2, 749, 881, 915, 989.3, 1.028.2, 1.029, 1.046.1, 1.137.3,
1.148.2, 1.149, 1.160.1, 1.187.1, 1.210.2, 1.256.1, 1.354, 1.437.4, 1.489.1,
1.510.3.1, 1.517, 1.546, 1.553, 1.556, 1.566.2.1, 1.591, 1.699, 1.732, 1.737.1,
1.799, 1.923.2.1, 1.944, 1.960.1.2, 1.964.4.4, 2.019.2, 2.114.1, 2.121.2, 2.156

Zufelato, Camilo – 2.140.1, 2.146

ESTRUTURA DA OBRA –
PROCESSO CIVIL BRASILEIRO
LIVRO 1 – PARTE GERAL DO PROCESSO CIVIL

TÍTULO I – DIREITO PROCESSUAL CIVIL

CAPÍTULO 1 – FUNÇÕES E LIMITES DO PROCESSO CIVIL

§ 1.º Conceito e funções do processo civil

1. Sociedade, conflito e processo


2. Funções instrumentais do processo civil

3. Estrutura e elementos do processo civil

§ 2.º Processo civil e Justiça Pública

4. Caracteres da Justiça Pública

4.1. Igualdade no acesso à Justiça Pública

4.2. Gratuidade no acesso à Justiça Pública

4.3. Responsabilidade no acesso à Justiça Pública

5. Crise da Justiça Pública

CAPÍTULO 2 – RESOLUÇÃO ALTERNATIVA DOS CONFLITOS

§ 3.º Equivalentes do processo civil

6. Efetividade do processo civil

7. Fase preliminar do processo civil

§ 4.º Etapa da mediação e conciliação

8. Diferença entre mediação e conciliação

9. Espécies de mediação e de conciliação

10. Natureza da mediação e da conciliação

11. Objeto da mediação e da conciliação

12. Participantes da mediação e da conciliação

13. Procedimento da mediação e da conciliação

14. Efeitos da mediação e da conciliação

§ 5.º Juizados Especiais

15. Fundamento e origens dos juizados especiais

16. Natureza dos juizados especiais

17. Espécies de juizados especiais

18. Objeto dos juizados especiais

18.1. Objeto dos juizados especiais ordinários

18.2. Objeto dos juizados especiais da Fazenda Pública


18.2.1. Pretensões excluídas dos juizados especiais da Fazenda Pública
da Justiça Comum

18.2.2. Pretensões excluídas dos juizados especiais da Fazenda Pública


na Justiça Federal

19. Partes no juizado especial

19.1. Partes no juizado especial ordinário da Justiça Comum

19.2. Partes no juizado especial da Fazenda Pública da Justiça Comum

19.3. Partes no juizado especial da Fazenda Pública da Justiça Federal

20. Procedimento nos juizados especiais

21. Execução nos juizados especiais

21.1. Definição de dívida de pequeno valor e limitação da competência dos


juizados especiais da Fazenda Pública

21.2. Execução incidente nos juizados especiais da Fazenda Pública

21.3. Destinatário da ordem de cumprimento na execução perante os


juizados especiais da Fazenda Pública

21.4. Emissão da ordem de cumprimento na execução perante os juizados


especiais da Fazenda Pública

21.5. Descumprimento da ordem de cumprimento de obrigação pecuniária


na execução perante os juizados especiais da Fazenda Pública

§ 6.º Juízo Arbitral

22. Origens da arbitragem

23. Natureza da arbitragem

24. Espécies de arbitragem

24.1. Arbitragem individual (ad hoc) e arbitragem institucional

24.2. Arbitragem livre e arbitragem obrigatória

24.3. Arbitragem segundo o direito e arbitragem segundo a equidade

24.4. Arbitragem nacional e arbitragem internacional

24.5. Arbitragem facultativa e arbitragem vinculante

25. Objeto da arbitragem

26. Partes na arbitragem

27. Procedimento da arbitragem


28. Efeitos da arbitragem

29. Execução da sentença arbitral

30. Controle judiciário da arbitragem

CAPÍTULO 3 – RELAÇÕES DO PROCESSO CIVIL

§ 7.º Extensão do processo civil brasileiro

31. Sistema da dualidade da jurisdição

32. Sistema da unidade da jurisdição

§ 8.º Processo civil e processo penal

33. Origem comum das ações civil e penal

34. Sistemas de coordenação das ações civil e penal

35. Regime brasileiro de coordenação das ações civil e penal

§ 9.º Processo civil e processo administrativo

36. Controle Judiciário da Administração

37. Limites do controle judiciário quanto à matéria

38. Limites do controle judiciário quanto à oportunidade

39. Limites do controle judiciário quanto aos efeitos

40. Limites do controle judiciário quanto à extensão

41. Controle judiciário do processo administrativo

§ 10.º Meios de controle do processo administrativo

42. Remédios de controle do processo administrativo

43. Habeas corpus

43.1. Objeto do habeas corpus

43.2. Partes no habeas corpus

43.3. Natureza da sentença no habeas corpus

44. Habeas data

44.1. Objeto do habeas data

44.2. Partes no habeas data

44.3. Natureza da sentença no habeas data


45. Mandado de segurança

45.1. Objeto do mandado de segurança

45.2. Partes no mandado de segurança

45.3. Natureza da sentença no mandado de segurança

46. Mandado de injunção

46.1. Objeto do mandado de injunção

46.2. Partes no mandado de injunção

46.3. Natureza da sentença no mandado de injunção

47. Ação popular

47.1. Objeto da ação popular

47.2. Partes na ação popular

47.3. Natureza da sentença na ação popular

48. Ação civil pública

48.1. Objeto da ação civil pública

48.2. Partes na ação civil pública

48.3. Natureza da sentença na ação civil pública

CAPÍTULO 4 – DIREITO PROCESSUAL CIVIL

§ 11.º Noções de direito processual

49. Conceito de direito processual civil

50. Natureza do direito processual civil

51. Modelo do direito processual civil

52. Ramos do direito processual civil

53. Sistemática do direito processual civil

§ 12.º Normas de direito processual civil

54. Objeto das normas processuais

54.1. Normal processual e norma substantiva

54.2. Norma processual e norma de organização judiciária

53.3. Norma processual e norma procedimental


55. Espécies de normas processuais

56. Conhecimento das normas processuais

§ 13.º Fontes das normas processuais

57. Enumeração das fontes das normas processuais

58. Fontes constitucionais das normas processuais

59. Fontes infraconstitucionais das normas processuais

60. Fontes locais das normas processuais

61. Fontes regulamentares das normas processuais

62. Fontes jurisprudenciais das normas processuais

62.1. Súmula vinculante como fonte do direito

62.2. Controle concentrado de constitucionalidade como fonte do direito

62.3. Precedente obrigatório como fonte do direito

63. Fontes costumeiras das normas processuais

§ 14.º Interpretação das normas processuais

64. Compreensão das normas processuais

65. Métodos de compreensão das normas processuais

66. Métodos de extensão das normas processuais

66.1. Interpretação extensiva

66.2. Interpretação declarativa

66.3. Interpretação restritiva

67. Integração das normas processuais

§ 15.º Limites das normas processuais

68. Limites espaciais das normas processuais

69. Limites temporais das normas processuais

69.1. Direito intertemporal em matéria de competência

69.2. Direito intertemporal em matéria de recursos

69.3. Direito intertemporal em matéria de prova

CAPÍTULO 5 – EVOLUÇÃO DO PROCESSO CIVIL BRASILEIRO


§ 16.º Etapas legislativas do processo civil brasileiro

70. Evolução do direito processual civil

71. Período das fontes lusitanas

72. Período da emancipação política

73. Primeiro período republicano: a pluralidade processual

74. Segundo período republicano: a unificação processual

75. Terceiro período republicano: as reformas parciais

75.1. Reformas parciais no sistema da execução

75.2. Reformas parciais no sistema de recursos

75.3. Defeitos congênitos das reformas parciais

75.4. Efeitos colaterais das reformas parciais

76. Terceira codificação processual unitária

§ 17.º Bases ideológicas do processo civil contemporâneo

77. Redefinição da função judicial

78. Processo civil liberal

79. Processo civil totalitário

80. Processo civil autoritário

81. Processo civil garantista

CAPÍTULO 6 – RELAÇÃO PROCESSUAL CIVIL

§ 18.º Natureza jurídica do processo

82. Conceito de processo

83. Processo como relação jurídica

84. Processo como situação jurídica

85. Processo como instituição

86. Processo como procedimento contraditório

87. Processo como modelo constitucional

88. Processo como neoinstituição

§ 19.º Relação processual civil


89. Conceito de relação processual civil

90. Sujeitos da relação processual civil

91. Forma da relação processual civil

92. Planos da relação processual civil

93. Características da relação processual

93.1. Autonomia da relação processual

93.2. Totalidade da relação processual

93.3. Complexidade da relação processual

94. Objeto da relação processual civil

95. Formação da relação processual civil

96. Extinção da relação processual civil

§ 20.º Pressupostos processuais

97. Problema terminológico nos pressupostos processuais

98. Composição dos pressupostos processuais

99. Conceito de pressupostos processuais

100. Classificação dos pressupostos processuais

101. Controle dos pressupostos processuais

101.1. Oportunidade do controle dos pressupostos processuais

101.2. Ônus da prova no controle dos pressupostos processuais

CAPÍTULO 7 – PROCEDIMENTOS CIVIS

§ 21.º Organização da atividade processual

102. Conceito de procedimento

103. Competência legislativa em matéria de procedimento

103.1. Conteúdo das normas procedimentais

103.2. Momentos, fases e modelos procedimentais

104. Princípios informativos do procedimento

104.1. Princípios da oralidade e da escritura

104.2. Princípios da cognição plenária e da sumária


104.3. Princípio da adequação

104.4. Princípio da preclusão

§ 22. Procedimento no processo de conhecimento

105. Classificação dos procedimentos

106. Características do procedimento da função de conhecimento

106.1. Características do procedimento ordinário

106.2. Características do procedimento convencional

106.2.1. Pressupostos do procedimento convencional

106.2.2. Natureza do procedimento convencional

106.2.3. Objeto do procedimento convencional

106.2.4. Momento do procedimento convencional

106.2.5. Efeitos do procedimento convencional

107. Características dos procedimentos especiais da função de


conhecimento

108. Caráter subsidiário do procedimento comum

109. Obrigatoriedade do procedimento

110. Compatibilidade dos procedimentos

111. Conversão do procedimento

§ 23.º Procedimento no processo de execução

112. Espécies de execução

113. Classificação dos procedimentos executivos

§ 24.º Procedimento no processo cautelar

114. Procedimento cautelar comum

115. Características do procedimento cautelar

TÍTULO II – FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO


CIVIL

CAPÍTULO 8 – DIREITOS FUNDAMENTAIS PROCESSUAIS

§ 25.º Conceito dos direitos fundamentais processuais

116. Evolução das garantias processuais no direito brasileiro


117. Identificação do conteúdo mínimo das garantias processuais

§ 26.º Regime dos direitos fundamentais processuais

118. Questão terminológica: garantias, princípios e direitos

119. Funções das garantias processuais no processo civil

CAPÍTULO 9 – DIREITO FUNDAMENTAL DO ACESSO À JUSTIÇA

§ 27.º Direito de acesso à Justiça

120. Conteúdo essencial do direito de acesso à Justiça

121. Finalidades do direito de acesso à Justiça

§ 28.º Limitações do direito de acesso à Justiça

122. Regime geral das limitações do acesso à Justiça

123. Esgotamento da instância desportiva

124. Esgotamento da instância administrativa

125. Proibição da litisregulação ope judicis

126. Exclusão de matérias da tutela coletiva

CAPÍTULO 10 – DIREITO FUNDAMENTAL DO DEVIDO PROCESSO

§ 29.º Direito ao devido processo

127. Conteúdo essencial do direito ao devido processo

128. Finalidades do direito ao devido processo

129. Aplicações do direito ao devido processo

§ 30.º Direito ao contraditório

130. Conteúdo essencial do direito ao contraditório

131. Finalidades do direito ao contraditório

§ 31.º Restrições ao contraditório

132. Impossibilidade de supressão do contraditório

133. Contraditório diferido em razão da urgência e da evidência

134. Contraditório diferido em razão da função instrumental do processo

135. Contraditório diferido em razão da vantagem da parte

§ 32.º Direito à ampla defesa


136. Conteúdo essencial do direito à ampla defesa

137. Finalidades do direito à ampla defesa

§ 33.º Limitações do direito à ampla defesa

138. Regime geral da limitação à defesa

139. Limitações da defesa na representação técnica

140. Limitações temporais à defesa

141. Limitações da defesa na prova

142. Limitações da defesa perante a natureza da causa

143. Limitações da defesa no ambiente eletrônico

144. Limitações à defesa no debate oral

CAPÍTULO 11 – DIREITOS FUNDAMENTAIS RELATIVOS À


ESTRUTURA DO PROCESSO

§ 34.º Direito à motivação dos provimentos judiciais

145. Conteúdo essencial do direito à motivação

146. Finalidades do direito à motivação

146.1. Finalidades internas da motivação

146.2. Finalidades externas da motivação

147. Limites ao direito à motivação

148. Consequências da falta ou da insuficiência da motivação

§ 35.º Direito ao juiz natural

149. Conteúdo do direito ao juiz natural

150. Finalidades do direito ao juiz natural e projeções técnicas da garantia

151. Limitações do direito ao juiz natural

152. Direito ao promotor e ao defensor público natural

§ 36.º Direito à igualdade

153. Conteúdo essencial do direito à igualdade

154. Finalidades do direito à igualdade

§ 37.º Limitações do direito à igualdade


155. Compensações à desigualdade no processo civil

156. Igualdade formal no processo civil

156.1. Igualdade formal de tratamento nos prazos processuais

156.2. Igualdade formal na comunicação dos atos processuais

156.3. Igualdade formal na distribuição do ônus da prova

156.4. Igualdade formal de tratamento nos recursos

156.5. Igualdade formal consoante a natureza do ato processual

156.6. Igualdade formal na tramitação do processo

156.7. Igualdade formal no regime financeiro do processo

156.8. Igualdade formal na ordem cronológica dos julgamentos

156.8.1. Organização e divulgação da lista cronológica

156.8.2. Exceções à ordem cronológica dos julgamentos

156.8.3. Alterações na ordem cronológica de julgamentos

157. Igualdade material no processo

§ 38.º Direito à licitude da prova

158. Conteúdo essencial do direito à licitude da prova

158.1. Direito à prova no processo civil

158.1.1. Conteúdo e eventualidade do direito à prova no processo civil

158.1.2. Finalidades do direito à prova no processo civil

158.2. Limitações do direito à prova no processo civil

158.3. Formas de desvelar o direito à privacidade

158.4. Consequências da prova ilícita no processo civil

159. Formas de ilicitude da prova

160. Caráter absoluto ou relativo do direito à licitude da prova

§ 39.º Direito à celeridade

161. Conteúdo essencial do direito à celeridade

162. Finalidade do direito à celeridade

163. Responsabilidade decorrente do descumprimento da celeridade


§ 40.º Direito ao duplo grau de jurisdição

164. Conteúdo essencial do duplo grau

165. Fundamentos do duplo grau

166. Limitações ao duplo grau

167. Forma de operação do duplo grau

CAPÍTULO 12 – DIREITOS FUNDAMENTAIS RELATIVOS À EFICÁCIA


DO PROCESSO

§ 41.º Direito à publicidade do processo

168. Conteúdo essencial do direito à publicidade

169. Finalidades do direito à publicidade

§ 42.º Limitações da publicidade do processo

170. Regime geral das limitações da publicidade

171. Limitações ope legis à publicidade

172. Limitações ope judicis à publicidade

173. Limitações técnicas à publicidade

§ 43.º Direito à estabilidade

174. Finalidades do direito à estabilidade ou coisa julgada

175. Conteúdo mínimo do direito à estabilidade ou coisa julgada

175.1. Coisa julgada formal

175.2. Coisa julgada material

176. Limitações do direito à estabilidade ou coisa julgada

176.1. Estabilidade da sentença executiva

176.2. Estabilidade da sentença cautelar

176.3. Estabilidade da sentença arbitral

176.4. Estabilidade da sentença contumacial

176.5. Estabilidade da sentença coletiva

176.6. Estabilidade da sentença no mandado de segurança individual

177. Limites temporais da coisa julgada


178. Desconsideração da coisa julgada

TÍTULO III – INSTITUTOS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL

SEÇÃO I – PODER GENÉRICO DO JUIZ

CAPÍTULO 13 – JURISDIÇÃO

§ 44.º Jurisdição contenciosa

179. Conceito de jurisdição

180. Funções da jurisdição

181. Características da jurisdição

181.1. Inércia do órgão judiciário

181.2. Imparcialidade do órgão judiciário

181.3. Palavra final do órgão judiciário

182. Espécies de jurisdição

182.1. Jurisdição civil e penal

182.2. Jurisdição comum e especial

182.3. Jurisdição inferior e superior

182.4. Jurisdição contenciosa e voluntária

183. Controle da jurisdição no processo

§ 45.º Princípios da jurisdição

184. Enumeração dos princípios da jurisdição

185. Princípio da pré-constituição do órgão judicante (juiz natural)

186. Princípio da inafastabilidade do controle judiciário

187. Princípio da universabilidade do controle judiciário

188. Princípio da inevitabilidade do controle judiciário

189. Princípio da indelegabilidade do controle judiciário

189. Princípio da indeclinabilidade do controle judiciário

191. Princípio da definitividade do controle judiciário

§ 46.º Jurisdição voluntária

192. Natureza da intervenção na autonomia privada


193. Meios de intervenção na autonomia privada

194. Forma da intervenção na autonomia privada

195. Objeto da intervenção na autonomia privada

196. Classificação da intervenção na autonomia privada

§ 47.º Limites da jurisdição brasileira

197. Limites da jurisdição

198. Princípios informativos dos limites da jurisdição

198.1. Princípio da efetividade da jurisdição brasileira

198.2. Princípio da submissão à jurisdição brasileira

198.3. Princípio do amplo acesso à jurisdição brasileira

198.4. Princípio da inconveniência da jurisdição brasileira

199. Espécies de limitações da jurisdição

§ 48.º Jurisdição internacional exclusiva

200. Casos de jurisdição internacional exclusiva

201. Litígios sobre imóveis situados no território brasileiro

201.1. Litígio sobre invalidação de patente

201.2. Falência com bens imóveis no território nacional

202. Partilha de imóveis situados no território brasileiro

§ 49.º Jurisdição internacional concorrente

203. Casos de jurisdição internacional concorrente

204. Jurisdição concorrente segundo o domicílio

205. Jurisdição concorrente segundo o lugar do cumprimento da obrigação

206. Jurisdição concorrente segundo o lugar do fato ou do negócio

207. Jurisdição concorrente segundo eleição de foro

208. Jurisdição concorrente e efeitos da litispendência

§ 50.º Limites internacionais subjetivos da jurisdição brasileira

209. Regime das imunidades jurisdicionais

210. Imunidade pessoal à jurisdição brasileira


211. Imunidade patrimonial à jurisdição brasileira

CAPÍTULO 14 – COOPERAÇÃO INTERNACIONAL

§ 51.º Cooperação internacional geral

212. Fundamentos e objeto da cooperação jurídica internacional

213. Processo de homologação da sentença estrangeira

213.1. Objeto da homologação

213.2. Competência para a homologação

213.3. Legitimidade no processo de homologação

214. Procedimento da homologação da sentença estrangeira

215. Efeitos da homologação da sentença estrangeira

§ 52.º Cooperação internacional especial

216. Formas da cooperação internacional especial

217. Objeto da cooperação internacional especial

218. Meios de cooperação internacional especial

218.1. Cooperação através de carga rogatória

218.2. Cooperação através de auxílio direto

219. Carta rogatória ativa

220. Carta rogatória passiva

SEÇÃO II – PODER DE INICIATIVA DO AUTOR

CAPÍTULO 15 – DA AÇÃO

§ 53.º Teoria geral da ação

221. Questão de ordem: a natureza jurídica do processo

222. Teorias da ação

222.1. Concepção inicial de ação

222.2. Primeira tese autonomista: a teoria concreta da ação

222.3. Segunda tese autonomista: a teoria abstrata da ação

222.4. Síntese inviável: a teoria eclética da ação

222.5. Balanço das teorias da ação


223. Natureza da ação

§ 54.º Condições da ação

224. Subsistência das condições da ação

225. Espécies de condições da ação

225.1. Possibilidade jurídica

225.1.1. Conceito de possibilidade jurídica do pedido

225.1.2. Classificação da possibilidade jurídica do pedido

225.2. Legitimidade das partes

225.3. Interesse processual

225.3.1. Designação apropriada do interesse processual

225.3.2. Função do interesse processual

225.3.3. Caracterização do interesse processual

225.3.4. Definição de interesse processual

225.3.5. Aplicações do interesse processual

255.3.6. Momento da caracterização do interesse processual

225.3.7. Consequências do interesse processual

226. Momento e forma do controle das condições da ação

226.1. Surgimento posterior das condições da ação

226.2. Desaparecimento posterior das condições da ação

§ 55.º Classificação das ações

227. Objeto da classificação das ações

227.1. Equivalência entre a classificação das ações e das sentenças

227.2. Critérios de classificação das ações

227.3. Funções do processo e classificação das ações

228. Eficácia principal e eficácias secundárias da ação

229. Satisfação decorrente da eficácia da sentença

§ 56.º Força das ações

230. Classificação segundo as eficácias da ação material


231. Ação declarativa

232. Ação constitutiva

233. Ação condenatória

234. Ação mandamental

235. Ação executiva

SEÇÃO III – INDIVIDUALIZAÇÃO DO OBJETO

CAPÍTULO 16 – OBJETO DO PROCESSO

§ 57.º Elementos da ação

236. Conceito de objeto litigioso

237. Efeitos da tríplice identidade

238. Individualização da demanda coletiva

§ 58.º Identificação das partes

239. Noção de parte no processo civil

240. Relevância processual da noção de parte

241. Qualidade jurídica da noção de parte

242. Pluralidade de partes e cumulação de ações

§ 59.º Identificação da causa de pedir

243. Conceito de causa de pedir

244. Individualização e substancialização da causa de pedir

§ 60.º Composição da causa de pedir

245. Componentes da causa de pedir

246. Fundamento legal na causa pedir

247. Fatos constitutivos na causa de pedir

247.1. Fatos principais

247.2. Fatos secundários

247.3. Fatos relativos ao interesse

248. Fundamentos jurídicos na causa de pedir

§ 61.º Espécies de causa de pedir


249. Causa remota e próxima

250. Causa ativa e passiva

251. Causa simples, composta e complexa

252. Causa fechada e aberta

253. Causa de pedir na pretensão a executar

254. Causa de pedir na pretensão à segurança

§ 62.º Identificação do pedido

255. Conceito de pedido

256. Classificação do pedido

256.1. Pedido mediato e imediato

256.2. Pedido material e processual

257. Individualização do pedido

258. Requisitos do pedido

258.1. Certeza do pedido

258.2. Determinação do pedido

258.3. Congruência do pedido

258.4. Consequências da falta de requisitos

259. Interpretação do pedido

§ 63.º Espécies de pedido

260. Pedido único e múltiplo

261. Pedido determinado e genérico

261.1. Pedido genérico perante universalidades

261.2. Pedido genérico perante consequências futuras dos ilícitos

261.3. Pedido genérico perante dependência da contribuição do réu

261.4. Pedido genérico perante situações plurais e transindividuais

262. Pedido certo e implícito

262.1. Despesas processuais e honorários advocatícios

262.2. Juros moratórios


262.3. Correção monetária

262.4. Prestações vincendas

263. Pedido fixo e alternativo

264. Pedido simples e cominatório

265. Pedido divisível e indivisível

266. Pedido na execução

CAPÍTULO 17 – PLURALIDADE DE OBJETOS DO PROCESSO

§ 64.º Cumulação originária de ações

267. Conceito de cumulação originária de ações

268. Espécies de cumulação originária de ações

§ 65.º Cumulação originária subjetiva

269. Conceito de cumulação originária subjetiva

270. Espécies de cumulação originária subjetiva

271. Requisitos da cumulação originária subjetiva

271.1. Identidade de procedimento na cumulação subjetiva

271.2. Identidade de competência na cumulação subjetiva

271.2.1. Competência da cumulação subjetiva no caso de comunhão

271.2.2. Competência da cumulação subjetiva no caso de conexão

271.2.3. Competência da cumulação subjetiva nos demais casos de


litisconsórcio

271.3. Compatibilidade das ações na cumulação subjetiva

271.4. Restrições à formação do litisconsórcio

§ 66.º Cumulação de causas de pedir

272. Conceito de cumulação de causas de pedir

273. Espécies de cumulação de causas de pedir

273.1. Cumulação simples de causas

273.2. Cumulação sucessiva de causas

274. Concurso de normas


275. Requisitos da cumulação de causas

275.1. Conexão subjetiva na cumulação de causas

275.2. Conexão objetiva na cumulação de causas

275.3. Adequação do procedimento e competência na cumulação de


causas

275.4. Indicação implícita da cumulação de causas

276. Restrições à cumulação de causas de pedir

§ 67.º Cumulação de pedidos originária

277. Conceito de cumulação de pedidos originária

278. Classificação da cumulação de pedidos originária

279. Espécies de cumulação de pedidos originária

279.1. Cumulação de pedidos simples

279.2. Cumulação de pedidos sucessiva

279.3. Cumulação de pedidos eventual

280. Requisitos da cumulação de pedidos originária

280.1. Conexão subjetiva na cumulação de pedidos

280.2. Compatibilidade das ações no cúmulo de pedidos

280.3. Competência comum na cumulação de pedidos

280.4. Adequação do procedimento na cumulação de pedidos

281. Controle da cumulação originária de ações

281.1. Iniciativa do controle da cumulação de ações

281.2. Momento do controle da cumulação de ações

281.3. Efeitos da cumulação indevida de ações

281.3.1. Efeitos da indevida cumulação subjetiva

281.3.2. Efeitos da indevida cumulação causal

281.3.3. Efeitos da indevida cumulação de pedidos

§ 68.º Cumulação sucessiva de ações

282. Espécies de cumulação sucessiva


283. Redução do objeto litigioso

284. Cumulação de medida de urgência cautelar

§ 69.º Modificação da demanda

285. Conceito de modificação da demanda

286. Fundamento da modificação da demanda

287. Espécies de modificação da demanda

287.1. Modificação simples e cumulativa

287.2. Modificação unilateral e bilateral

288. Causas da modificação da demanda

289. Requisitos da modificação da demanda

289.1. Termo final da modificação unilateral

289.2. Consentimento do réu na modificação bilateral

289.3. Termo final da modificação bilateral

290. Forma da modificação da demanda

291. Efeitos da modificação da demanda

§ 70.º Declaração incidente

292. Subsistência e fundamento da declaração incidente

293. Conceito e espécies de questões prejudiciais

294. Natureza da declaração incidental

295. Finalidades da declaração incidente

296. Objeto da declaração incidental

297. Pressupostos da declaração incidente

297.1. Legitimidade na declaração incidente

297.2. Interesse na declaração incidente

297.3. Identidade de procedimentos das ações subordinada e


subordinante

297.4. Competência na declaração incidental

298. Revelia como pressuposto da declaração incidental


299. Casos de inadmissibilidade da declaração incidental

300. Controle da admissibilidade da declaração incidental

§ 71.º Reunião de processos

301. Cumulação de ações por reunião de processos

302. Conceito de conexão

303. Espécies de conexão

304. Obrigatoriedade reunião de processos

305. Oportunidade da reunião de processos

306. Casos de reunião de processos

307. Efeitos da reunião de processos

SEÇÃO IV – PODER DE REAÇÃO DO RÉU

CAPÍTULO 18 – DA DEFESA

§ 72.º Do direito de defesa no processo civil

308. Fundamento constitucional da defesa

309. Características da defesa no processo civil

310. Natureza da defesa

311. Princípios da defesa no processo civil

311.1. Princípio da concentração da defesa

311.2. Princípio da eventualidade na defesa

311.3. Princípio da amplitude da defesa

§ 73.º Espécies da defesa no processo

312. Classificação dos fatos jurídicos na lei processual

312.1. Fatos constitutivos

312.2. Fatos extintivos

312.3. Fatos modificativos

312.4. Fatos impeditivos

313. Categorias de defesa no processo civil

313.1. Defesa processual


313.1.1. Defesa processual peremptória

312.1.2. Defesa processual dilatória

313.1.3. Exceções processuais e objeções processuais

313.2. Defesa de mérito

313.2.1. Defesa de mérito direta

313.2.2. Defesa de mérito indireta

313.2.3. Exceções substanciais e objeções substanciais

313.3. Defesa ativa: reconvenção

314. Estrutura da defesa do réu no processo civil

CAPÍTULO 19 – DEFESA PROCESSUAL

§ 74.º Preliminares processuais dilatórias

315. Classes de preliminares processuais dilatórias

316. Inexistência e nulidade da citação

316.1. Diferença entre inexistência e nulidade da citação

316.2. Natureza do vício no processo em razão da inexistência ou da


nulidade da citação

316.3. Comparecimento espontâneo e atitudes do réu perante a citação


inexistente ou nula

317. Incompetência absoluta e relativa

317.1. Casos de competência absoluta e relativa

317.2. Regime de controle da competência

317.3. Oportunidade da alegação da incompetência

317.4. Legitimidade para arguir a incompetência

317.5. Efeitos do reconhecimento da incompetência

317.5.1. Remessa do processo ao juízo competente

317.5.2. Extinção do processo em virtude da incompetência absoluta

318. Conexão

318.1. Relevância da identidade parcial dos elementos objetivos do


processo
318.2. Caráter obrigatório da reunião dos processos

318.3. Consequências da alegação de conexão na defesa do réu

318.4. Casos de conexão inseridos no âmbito da defesa dilatória

§ 75.º Preliminares processuais peremptórias

319. Classes de preliminares processuais peremptórias

320. Inépcia da inicial

320.1. Defeitos abrangidos na inépcia da inicial

320.2. Consequências da alegação dos defeitos da inicial na defesa

321. Perempção

322. Litispendência e coisa julgada

322.1. Identidade de causas perante a litispendência e a coisa julgada

322.1.1. Falta de coincidência da coisa julgada e da litispendência

322.1.2. Relações entre declaração e condenação na litispendência e na


coisa julgada

322.1.3. Relações entre a demanda coletiva e a individual na


litispendência e na coisa julgada

322.2. Finalidade da iniciativa do réu na litispendência e na coisa julgada

322.3. Consequências da configuração da litispendência e da coisa


julgada

323. Incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de


autorização

324. Convenção de arbitragem

324.1. Natureza da convenção de arbitragem

324.2. Espécies de convenção de arbitragem

324.2.1. Execução específica da cláusula compromissória

324.2.2. Princípio de competência na cláusula compromissória

324.3. Efeitos da convenção de arbitragem

325. Ausência de legitimidade ou de interesse processual

326. Ausência de caução ou de outro pressuposto processual objetivo

326.1. Prestação de caução pro litis expensis


326.2. Depósito ou pagamento da sucumbência anterior

326.3. Impugnação do valor da causa

326.4. Impugnação da concessão do benefício da gratuidade

CAPÍTULO 20 – DEFESA DE MÉRITO

§ 76.º Defesa direta de mérito no processo civil

327. Espécies de defesa de mérito direta

328. Características da defesa de mérito direta

§ 77.º Impugnação dos fatos

329. Conceito de impugnação dos fatos

330. Impugnação direta do fato constitutivo

330.1. Fundamento da manifestação precisa

330.2. Natureza da manifestação precisa

330.3. Finalidade da manifestação precisa

330.4. Requisitos da manifestação precisa

330.5. Efeitos da manifestação precisa

331. Impugnação indireta do fato constitutivo

332. Exceções subjetivas à impugnação específica

332.1. Isenção do advogado dativo do ônus da impugnação específica

332.2. Isenção do curador especial do ônus de impugnação

332.3. Isenção do Defensor Público do ônus da impugnação específica

333. Exceções objetivas à impugnação específica

333.1. Fatos insuscetíveis de confissão

333.2. Fatos dependentes da prova documental

333.3. Fatos em contradição ao conjunto da defesa

333.4. Fatos comuns no litisconsórcio unitário

334. Consequências da falta de impugnação dos fatos

§ 78.º Impugnação do direito

335. Conceito de impugnação do direito


336. Diferença entre questões de fato e questões de direito

337. Modalidades de impugnação do direito

338. Consequências da falta de impugnação do direito

§ 79.º Defesa indireta de mérito no processo civil

339. Exceção como meio de defesa do réu

340. Natureza da exceção substancial

341. Espécies de exceções substanciais

341.1. Exceções autônomas e dependentes

341.2. Exceções pessoais e impessoais

341.3. Exceções dilatórias e peremptórias

342. Principais exceções substanciais

343. Ônus de alegar e ônus de provar a exceção substancial

344. Efeitos do oferecimento da exceção substancial

344.1. Omissão do autor quanto à exceção substancial

344.2. Impugnação do autor à exceção substancial

344.3. Reconhecimento da exceção substancial pelo autor

344.4. Consequências do desrespeito ao contraditório

345. Julgamento da exceção substancial

CAPÍTULO 21 – REVELIA

§ 80.º Falta de defesa

346. Conceito e natureza da revelia

346.1. Revelia e figuras afins

346.2. Revelia segundo a sistemática da lei processual

347. Descaracterização da revelia

348. Natureza da revelia

349. Classificação da revelia

349.1. Revelia total e parcial

349.2. Revelia formal e substancial


§ 81.º Revelia consoante a função processual

350. Relevância da função processual na revelia

351. Revelia no âmbito da execução

352. Revelia no âmbito cautelar

§ 82.º Revelia no processo cumulativo

353. Revelia na cumulação objetiva e subjetiva

354. Revelia no litisconsórcio

355. Revelia na reconvenção

356. Revelia na declaração incidente

§ 83.º Revelia na intervenção de terceiros

357. Revelia no chamamento em garantia (denunciação) da lide

358. Revelia na intervenção principal (oposição)

359. Revelia no chamamento ao processo

360. Revelia na assistência

361. Revelia na correção da legitimidade passiva

§ 84.º Efeito material da revelia

362. Presunção de veracidade na revelia

363. Objeto da presunção de veracidade na revelia

364. Natureza da presunção de veracidade na revelia

365. Exceções à presunção de veracidade na revelia

365.1. Fatos controvertidos por um dos réus

365.2. Fatos relativos a direitos indisponíveis

365.3. Fatos subordinados à prova documental

365.4. Fatos desconhecidos pelo contestante

365.5. Fatos inverossímeis, impossíveis e improváveis

365.6. Fatos contraditados pela prova produzida

366. Efeitos da inexistência do efeito material revelia

366.1. Pressupostos da especificação de provas


366.2. Conteúdo do provimento de especificação de provas

366.3. Prazo da especificação de provas

366.4. Atitudes do autor na especificação de provas

366.5. Controle da admissibilidade da especificação de provas

367. Direito do réu à prova na revelia

368. Direito do autor à prova na revelia

369. Resultado da instrução em contraste com o efeito material da revelia

§ 85.º Efeitos processuais da revelia

370. Enumeração dos efeitos processuais da revelia

371. Precipitação do julgamento de mérito na revelia

372. Necessidade de comunicação dos atos processuais

372.1. Constitucionalidade da dispensa de contraditório

372.2. Pressupostos da comunicação dos atos processuais

372.3. Objeto da comunicação dos atos processuais

372.4. Ingresso tardio do revel no processo

372.5. Desentranhamento da contestação extemporânea

373. Estabilidade da demanda na revelia

§ 86.º Remédios contra a revelia

374. Fundamento do pedido de restituição

375. Prazo do pedido de restituição

376. Procedimento do pedido de restituição

377. Efeitos da decisão do pedido de restituição

TÍTULO IV – DISTRIBUIÇÃO DOS CONFLITOS

CAPÍTULO 22 – COMPETÊNCIA INTERNA

§ 87.º Competência no processo civil

378. Problema de competência na formação do processo

378.1. Identificação dos órgãos jurisdicionais

378.2. Identificação dos dados de afetação da competência


378.3. Identificação das fontes legislativas da competência

379. Fundamento da competência

380. Conceito de competência

381. Domínios da competência interna

§ 88.º Espécies de competência

382. Competência absoluta e competência relativa

383. Competência plena e competência privativa

384. Competência exclusiva e competência concorrente

385. Competência originária e competência recursal

386. Competência horizontal e competência vertical

CAPÍTULO 23 – COMPETÊNCIA OBJETIVA

§ 89.º Competência em razão da pessoa

387. Pessoa como elemento da competência

388. Competência da Justiça Federal em razão dos sujeitos federais

388.1. Causas abrangidas na competência em razão da pessoa

388.2. Causas excluídas da competência em razão da pessoa

388.2.1. Causas concursais

388.2.2. Causas acidentárias

388.2.3. Causas eleitorais

388.2.4. Causas trabalhistas

388.2.5. Causas de competência federal do juiz de direito

388.3. Sujeitos incluídos na competência em razão da pessoa

388.4. Sujeitos excluídos da competência em razão da pessoa

388.5. Posição do sujeito federal no processo

388.6. Controle da intervenção do sujeito federal no processo

389. Competência da Justiça Federal nas causas entre Estado estrangeiro


ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no
País
390. Mandados de segurança e habeas data contra atos de autoridades
federais

391. Competência dos tribunais superiores em razão da pessoa

392. Competência da Justiça Comum em razão da pessoa

393. Competência dos juizados especiais em razão da pessoa

393.1. Competência em razão da pessoa nos juizados especiais ordinários


na Justiça Comum

393.2. Competência em razão da pessoa dos juizados especiais da


Fazenda Pública na Justiça Ordinária

393.3. Competência em razão da pessoa dos juizados especiais da


Fazenda Pública na Justiça Federal comum

§ 90.º Competência em razão da matéria

394. Fonte da competência em razão da matéria

395. Competência da Justiça Federal em razão da matéria

395.1. Causas relativas a tratado ou contrato da União com Estado


estrangeiro ou organismo internacional

395.2. Causas relativas a direitos indígenas

395.3. Causas relativas à nacionalidade e à naturalização

395.4. Causas relativas aos direitos humanos

396. Competência dos tribunais superiores em razão da matéria

396.1. Competência do STJ para julgar conflitos de competência

396.2. Competência do STJ para julgar conflito de atribuições

396.3. Competência do STJ para executar seus julgados

396.4. Competência do STJ para processar e julgar rescisórias

397. Competência dos tribunais de segundo grau em razão da matéria

398. Competência da Justiça Comum em razão da matéria

399. Competência dos juizados especiais em razão da matéria

399.1. Competência em razão da matéria nos juizados especiais


ordinários na Justiça Comum

399.1.1. Pretensões previstas no procedimento sumário


399.1.1.1. Pretensões relativas ao arrendamento rural e à parceria
agrícola

399.1.1.2. Pretensão de cobrança de condômino

399.1.1.3. Pretensão de ressarcimento por danos em prédio urbano ou


rústico

399.1.1.4. Pretensão de ressarcimento por danos causados em acidente


de veículo de via terrestre

399.1.1.5. Pretensão de cobrança de seguro de danos causados em


acidente de trânsito

399.1.1.6. Pretensão de cobrança de honorários de profissional liberal

399.1.1.7. Pretensões previstas em leis extravagantes

399.1.2. Pretensão de retomada de imóvel locado para uso próprio

399.1.3. Pretensão possessória sobre imóveis

399.1.4. Pretensões excluídas dos juizados especiais ordinários da Justiça


Comum

399.2. Competência em razão da matéria nos juizados especiais da


Fazenda Pública da Justiça Comum (critério negativo)

399.3. Competência em razão da matéria dos juizados especiais da


Fazenda Pública na Justiça Federal (critério negativo)

399.4. Competência executiva nos juizados especiais ordinários na Justiça


Comum

399.4.1. Competência dos juizados especiais ordinários para executar


títulos extrajudiciais

399.4.2. Competência dos juizados especiais ordinários para executar


títulos judiciais

399.5. Competência executiva dos juizados especiais da Fazenda Pública

§ 91.º Competência em razão do valor

400. Fontes da competência em razão do valor

401. Competência em razão do valor nos juizados especiais ordinários na


Justiça Comum

402. Competência em razão do valor dos juizados especiais da Fazenda


Pública na Justiça Ordinária

403. Competência em razão do valor dos juizados especiais da Fazenda


Pública na Justiça Federal
CAPÍTULO 24 – COMPETÊNCIA FUNCIONAL

§ 92.º Competência funcional

404. Conceito de competência funcional

405. Fontes da competência funcional

406. Espécies de competência funcional

407. Relevância da competência funcional

§ 93.º Competência funcional vertical

408. Fundamentos da competência funcional vertical

409. Competência vertical dos tribunais superiores

410. Competência vertical dos tribunais de segundo grau

411. Competência vertical da justiça federal de primeiro grau

411.1. Competência para executar carta rogatória

411.2. Competência para executar sentença estrangeira

§ 94.º Competência funcional horizontal

412. Fundamentos da competência funcional horizontal

413. Competência horizontal dos tribunais superiores

414. Competência horizontal dos tribunais de segundo grau

415. Competência horizontal dos juízes de primeiro grau

415.1. Competência funcional na prática de atos processuais

415.2. Competência funcional na execução de título judicial

415.3. Competência funcional na execução por carta

CAPÍTULO 25 – COMPETÊNCIA TERRITORIAL

§ 95.º Competência de foro

416. Divisão judiciária do território na Justiça Comum e na Justiça Federal

417. Definição da competência de foro ou territorial

418. Classificação da competência de foro

419. Foro principal e foro subsidiário

§ 96.º Competência do foro comum


420. Foro comum principal: domicílio

421. Primeiro foro subsidiário ao comum: pluralidade de domicílios

422. Segundo foro subsidiário ao comum: domicílio desconhecido ou


incerto

423. Terceiro foro subsidiário ao comum: partes residentes ou domiciliadas


no exterior

424. Quarto foro subsidiário ao comum: pluralidade de réus

§ 97.º Competência dos foros especiais

425. Definição de foro especial

426. Competência do foro da situação da coisa

427. Competência do foro do último domicílio do autor da herança

428. Competência do foro do último domicílio do ausente

429. Competência do foro do domicílio do representante do incapaz

430. Competência de foro dos sujeitos federais

430.1. Competência de foro da União

430.2. Competência de foro dos demais sujeitos federais

430.3. Competência de foro nas demais causas de competência em razão


da matéria da Justiça Federal

431. Competência de foro na competência federal delegada

431.1. Competência do foro do domicílio do autor nas causas


previdenciárias

431.2. Competência do foro do domicílio do autor nas causas de produção


antecipada de prova

431.3. Competência do foro do domicílio do réu na execução fiscal

431.4. Competência do foro do domicílio do naturalizando

431.5. Competência do foro do lugar de situação do imóvel na indenização


por pesquisa e lavra de minério

431.6. Competência do foro do lugar do dano na ação civil pública

431.7. Competência de foro no reconhecimento de união estável para fins


previdenciários

432. Competência do foro em ações de família


433. Competência do foro do domicílio ou da residência do alimentando

434. Competência do foro das sociedades privadas personificadas ou não

434.1. Competência do foro da sede

434.2. Competência do foro do estabelecimento secundário

434.3. Competência do foro do estabelecimento principal

434.4. Competência do foro da sede da serventia registral e notarial

435. Competência do foro do lugar do cumprimento

436. Competência do foro do lugar do ato ou do fato na reparação do dano

437. Competência do foro do domicílio do autor ou do local do fato na


reparação de dano provocado por delito e por acidente de trânsito

437.1. Competência do foro do domicílio do autor ou do local do fato no


acidente de veículos

437.2. Competência do foro do domicílio do autor ou do local do fato em


delitos penais e civis

438. Competência de foro do Estado-membro e do Distrito Federal

§ 98.º Competência de foro nas leis processuais extravagantes e em


situações especiais

439. Competência na desapropriação

440. Competência na duplicata

441. Competência nas ações em favor de idoso

442. Competência nas ações em favor da criança e do adolescente

443. Competência nas ações de nulidade de patente

444. Competência nas ações de representação comercial

445. Competência nas ações de responsabilidade nas relações de


consumo

446. Competência nas ações contra estabelecimentos de ensino

447. Competência nas ações de usucapião

448. Competência na ação por improbidade administrativa

CAPÍTULO 26 – CASOS ESPECIAIS DE COMPETÊNCIA

§ 99.º Competência nos remédios constitucionais


449. Problema de competência nos remédios constitucionais

450. Competência no mandado de segurança

451. Competência na ação popular

452. Competência no habeas data

453. Competência no mandado de injunção

454. Competência no habeas corpus

§ 100.º Competência na execução

455. Competência na execução universal

455.1. Competência na insolvência e recuperação judicial civil

455.2. Competência na falência e na recuperação judicial

455.3. Unidade do juízo da execução universal

455.4. Competência no concurso especial de credores

455.4.1. Competência funcional na penhora

455.4.2. Competência de “jurisdição” na penhora

455.4.3. Modificações supervenientes do estado de fato

455.4.4. Obrigatoriedade da reunião das execuções

455.4.5. Oportunidade e efeitos da reunião dos processos executivos

456. Competência na execução singular

456.1. Competência na execução de título judicial

456.1.1. Competência na execução do título produzido nas causas de


competência originária dos tribunais

456.1.2. Competência na execução do título produzido nas causas


originárias de primeiro grau

456.1.3. Competência na execução dos demais títulos judiciais

456.2. Competência na execução de título extrajudicial

456.3. Competência na execução fiscal

§ 101.º Competência na jurisdição de urgência

457. Problema de competência da pretensão à segurança

458. Competência nas cautelares incidentes


459. Competência nas cautelares antecedentes

CAPÍTULO 27 – REGIME DA COMPETÊNCIA

§ 102.º Modificações da competência

460. Conceito de modificação da competência

461. Competência objeto de modificação

462. Espécies de modificação da competência

463. Prorrogação legal da competência

464. Prorrogação voluntária da competência

464.1. Prorrogação expressa

464.1.1. Objeto da cláusula de eleição de foro

464.1.2. Forma da cláusula de eleição de foro

464.1.3. Limitação à cláusula de eleição de foro

464.2. Prorrogação tácita

465. Prevenção da competência

465.1. Coincidência cronológica do registro ou da distribuição

465.2. Efeitos da prevenção

§ 103.º Perpetuação da competência

466. Conceito e natureza da perpetuação da competência

467. Fundamento da perpetuação da competência

468. Conteúdo da perpetuação da competência

468.1. Estado de fato

468.2. Estado de direito

469. Exceções à perpetuação da competência

469.1. Supressão de órgão judiciário

469.2. Criação de órgão judiciário

469.3. Modificações da competência absoluta

§ 104.º Conflitos de competência

470. Conceito de conflito de competência


471. Espécies de conflitos de competência

472. Legitimidade para instaurar o conflito de competência

472.1. Legitimidade do órgão judiciário

472.2. Legitimidade do Ministério Público

472.3. Legitimidade das partes

473. Competência para julgar o conflito de competência

473.1. Conflito entre órgãos judiciários da mesma Justiça

473.2. Conflito entre órgãos judiciários de primeiro grau de Justiças


diferentes

473.3. Conflito entre órgãos judiciários de primeiro grau e tribunais de


diferentes Justiças

473.4. Conflito entre tribunais

473.5. Conflitos entre órgãos e juízes do mesmo tribunal

§ 105.º Procedimento do conflito de competência

474. Forma da instauração do conflito de competência

475. Instrução do conflito de competência

476. Indeferimento liminar do conflito de competência

477. Distribuição do conflito de competência

478. Requisição de informações no conflito de competência

479. Suspensão do processo no conflito de competência

480. Juízo competente para medidas urgentes no conflito de competência

481. Audiência do Ministério Público no conflito de competência

§ 106.º Julgamento do conflito de competência

482. Julgamento colegiado do conflito de competência

483. Pressupostos do julgamento singular do conflito de competência

484. Momento do julgamento singular do conflito de competência

485. Conteúdo do julgamento singular do conflito de competência

486. Recurso cabível contra o julgamento singular do conflito de


competência
487. Efeitos do julgamento do conflito de competência

§ 107.º Declaração da incompetência

488. Controle da competência no processo civil

489. Controle da competência relativa

489.1. Cabimento da exceção de incompetência no processo de execução

489.1.1. Momento e forma da exceção de incompetência na execução de


título extrajudicial

489.1.2. Momento e forma da exceção de incompetência na execução de


título judicial

489.2. Cabimento da exceção de incompetência no processo cautelar

489.3. Condição dos atos decisórios proferidos pelo juiz relativamente


incompetente

490. Controle da competência absoluta

490.1. Forma e momento da alegação da incompetência absoluta

490.2. Legitimidade para alegar a incompetência absoluta

490.3. Efeitos do reconhecimento da incompetência absoluta

490.4. Recursos cabíveis contra o provimento sobre incompetência


absoluta

491. Efeitos da incompetência nos juizados especiais

CAPÍTULO 28 – COOPERAÇÃO NACIONAL

§ 108.º Cooperação nacional

492. Formas de cooperação jurisdicional

493. Espécies de cartas

493.1. Carta de ordem

493.2. Carta precatória

493.3. Carta rogatória

493.4. Carta arbitral

494. Requisitos das cartas

494.1. Indicação dos juízos remetente e destinatário

494.2. Reprodução das peças fundamentais


494.3. Indicação do objeto da carta

494.4. Encerramento e assinatura do juízo de origem

494.5. Reprodução de peças eventuais

494.6. Constituição do tribunal arbitral

495. Prazo das cartas

495.1. Critérios da fixação do prazo

495.2. Consequências do vencimento do prazo

495.3. Consequências da falta de prazo

495.4. Intimação e cooperação das partes

496. Caráter itinerante das cartas

497. Modos de expedição das cartas

497.1. Pressuposto da forma excepcional

497.2. Exemplificação dos meios da forma excepcional

497.3. Conteúdo da carta na forma excepcional

497.4. Cumprimento da carta na forma excepcional

498. Recusa de cumprimento da carta precatória

498.1. Natureza do ato de recusa do juízo deprecado

498.2. Casos explícitos de recusa do juízo deprecado

498.2.1. Falta dos requisitos essenciais

498.2.2. Incompetência do juízo deprecado

498.2.3. Dúvida acerca da autenticidade da carta

498.3. Casos implícitos de recusa do juízo deprecado

499. Cumprimento e restituição das cartas

TÍTULO V – DAS PARTES

SEÇÃO I – IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES

CAPÍTULO 29 – PARTES NO PROCESSO CIVIL

§ 109.º Partes no processo civil

500. Conceito de parte no processo civil


501. Classificação das partes no processo civil

502. Identificação do réu consoante a força da ação

503. Designação das partes no processo civil

504. Pressupostos processuais relativos às partes

505. Princípios processuais relativos às partes

505.1. Princípio da dualidade das partes

505.2. Princípio da igualdade das partes

505.3. Princípio do contraditório

506. Conceito de terceiro no processo civil

§ 110.º Personalidade processual

507. Conceito de personalidade processual

508. Alcance da personalidade processual

508.1. Personalidade da pessoa natural estrangeira e nacional

508.2. Personalidade da pessoa jurídica estrangeira e nacional

508.2.1. Classificação das pessoas jurídicas

508.2.2. Limites temporais da personalidade das pessoas jurídicas

508.3. Personalidade de entes e de órgãos da pessoa jurídica (processo


consigo próprio)

509. Controle da falta de personalidade processual

SEÇÃO II – CAPACIDADE DAS PARTES

CAPÍTULO 30 – CAPACIDADE PROCESSUAL

§ 111.º Capacidade processual em geral

510. Conceito de capacidade processual

511. Organização da matéria na lei processual civil

512. Graus da capacidade processual da pessoa natural

513. Representação orgânica da pessoa jurídica

§ 112.º Capacidade processual da pessoa natural

514. Capacidade processual plena da pessoa natural


515. Integração da capacidade processual da pessoa natural incapaz

515.1. Representação conjunta do menor sob poder familiar

515.2. Representação do cônjuge incapaz na separação

515.3. Colisão de interesses entre o incapaz e seu representante

§ 113.º Capacidade processual da pessoa jurídica

516. Conteúdo capacidade processual das pessoas jurídicas

517. Capacidade processual das pessoas jurídicas de direito público


interno

518. Capacidade processual das pessoas jurídicas de direito público


externo

519. Capacidade processual das pessoas jurídicas privadas estrangeiras

§ 114.º Capacidade processual da pessoa jurídica privada nacional

520. Representação da pessoa jurídica privada nacional

521. Órgãos de representação da pessoa jurídica privada

522. Ônus da demonstração das atribuições do órgão da pessoa jurídica


privada

523. Representação anômala da pessoa jurídica privada nacional

523.1. Ausência do território nacional do representante legal da pessoa


jurídica privada

523.2. Ausência do território nacional do locador

§ 115.º Capacidade processual dos despersonalizados

524. Representação dos despersonalizados

525. Capacidade processual da sociedade em comum

526. Capacidade processual da massa falida

527. Capacidade processual das heranças jacente e vacante

528. Capacidade processual do espólio

529. Capacidade processual do condomínio

§ 116.º Desconsideração da personalidade jurídica

530. Fundamento e natureza da responsabilidade patrimonial

531. Responsabilidade patrimonial direta e indireta


532. Responsabilidade patrimonial do sócio

532.1. Fundamento da responsabilidade patrimonial do sócio

532.2. Casos de responsabilidade patrimonial secundária direta

532.3. Casos de responsabilidade patrimonial secundária indireta

533. Procedimento da desconsideração da pessoa jurídica

533.1. Requerimento da parte principal ou coadjuvante na


desconsideração da pessoa jurídica

533.2. Momento da desconsideração da pessoa jurídica

533.3. Contraditório na desconsideração da pessoa jurídica

533.4. Decisão do incidente de desconsideração da pessoa jurídica e


recurso próprio

533.5. Efeitos da desconsideração da pessoa jurídica

CAPÍTULO 31 – INTEGRAÇÃO DA CAPACIDADE PROCESSUAL

§ 117.º Integração da capacidade processual através de curador


especial

534. Conceito de curador especial

535. Poderes e deveres do curador especial

536. Pessoas aptas à designação como curador especial

537. Casos de designação do curador especial

537.1. Designação de curador especial ao incapaz sem representação


legal

537.2. Designação de curador especial no caso de colisão de interesses


do incapaz e do seu representante

537.3. Designação de curador especial para o réu preso

537.4. Designação de curador especial para o réu revel citado por edital
ou hora certa

538. Desaparecimento superveniente das causas de designação do


curador especial

§ 118.º Integração da capacidade processual das pessoas casadas

539. Integração da capacidade processual perante o casamento

540. Integração da capacidade processual perante a união estável


541. Integração da capacidade processual ativa

542. Integração da capacidade processual passiva

542.1. Integração da capacidade processual passiva nas ações sobre


direitos reais imobiliários

542.2. Integração da capacidade processual passiva nas ações que


respeitem a fatos ou atos comuns aos cônjuges

542.3. Integração da capacidade processual passiva nas ações


respeitantes a dívidas relacionadas à economia doméstica

542.4. Integração da capacidade processual passiva nas ações


possessórias

543. Alegação da falta de integração da capacidade processual da pessoa


casada

544. Suprimento judicial da falta de consentimento do cônjuge ou do


convivente

544.1. Oportunidade do suprimento judicial do consentimento

544.2. Critérios de avaliação dos motivos da recusa do consentimento

544.3. Impossibilidade do cônjuge ou convivente manifestar o


consentimento

§ 119.º Suprimento dos defeitos relativos à capacidade processual

545. Natureza dos vícios relativos à incapacidade processual

546. Momento da verificação da incapacidade processual

547. Iniciativa judicial no reconhecimento da incapacidade processual

548. Regime geral do suprimento da incapacidade processual

549. Efeitos da decretação do vício da incapacidade processual

550. Efeitos da subsistência do vício da incapacidade processual

550.1. Efeito da incapacidade processual perante o autor

550.2. Efeito da incapacidade processual perante o réu

550.3. Efeito da incapacidade processual perante o terceiro

550.4. Efeitos na pendência de recurso

551. Atos de saneamento da incapacidade processual

SEÇÃO III – DETERMINAÇÃO DAS PARTES


CAPÍTULO 32 – LEGITIMIDADE NA CAUSA

§ 120.º Capacidade de conduzir o processo

552. Conceito de capacidade de conduzir o processo

553. Função da capacidade para conduzir o processo

554. Caráter bilateral da capacidade para conduzir o processo

555. Classificação da capacidade de conduzir o processo

556. Substituição processual no caso de direito individual

557. Substituição processual nos casos de direitos difusos e coletivos

558. Espécies de substituição processual

559. Posição processual do substituto e do substituído

560. Efeitos da substituição processual

560.1. Sucumbência do substituto

560.2. Eficácia de coisa julgada perante o substituto e o substituído

561. Controle da capacidade para conduzir o processo

§ 121.º Sucessão das partes

562. Conceito de sucessão das partes

563. Fundamentos da sucessão das partes

564. Sucessão em razão das transformações da pessoa jurídica

§ 122.º Sucessão da parte em razão da morte

565. Efeitos da morte no processo civil

566. Extinção do processo em caso de morte

567. Suspensão do processo em caso de morte

568. Habilitação dos sucessores em caso de morte

568.1. Habilitação antes da partilha

568.2. Habilitação após a partilha

§ 123.º Sucessão da parte em razão da alienação do objeto litigioso

569. Admissibilidade da alienação do objeto litigioso

570. Objeto da transmissão no plano material


571. Requisitos da transmissão do objeto litigioso

572. Sucessão do alienante no processo

573. Ingresso do adquirente no processo

574. Efeitos da alienação do objeto litigioso perante o antecessor

575. Efeitos da alienação do objeto litigioso perante o sucessor

576. Efeitos da alienação do objeto litigioso perante a contraparte

577. Submissão do adquirente à força da sentença

CAPÍTULO 33 – PLURALIDADE DE PARTES

§ 124.º Formação da demanda conjunta

578. Conceito de litisconsórcio

579. Finalidades da demanda conjunta

580. Classificação do litisconsórcio

580.1. Litisconsórcio ativo, passivo e misto

580.2. Litisconsórcio obrigatório e facultativo

580.3. Litisconsórcio simples e especial (unitário)

580.4. Litisconsórcio inicial e ulterior

580.5. Litisconsórcio independente, sucessivo, eventual e alternativo

581. Espécies de litisconsórcio facultativo

581.1. Litisconsórcio simples

581.2. Litisconsórcio sucessivo

581.3. Litisconsórcio eventual ou alternativo

582. Fontes do litisconsórcio facultativo

582.1. Comunhão de direitos ou de obrigações

582.2. Conexão através da causa e do pedido

582.3. Afinidade de questões por um ponto de fato ou de direito

583. Impedimentos à formação do litisconsórcio facultativo ativo

583.1. Limitação decorrente do princípio do contraditório

583.2. Limitação decorrente do princípio da igualdade das partes


584. Requisitos suplementares do litisconsórcio facultativo

585. Recurso cabível do ato de exclusão do litisconsorte

586. Fontes do litisconsórcio necessário

§ 125.º Relação processual em litisconsórcio

587. Regime especial (unitário) do litisconsórcio necessário

588. Condição jurídica do litisconsorte necessário preterido

589. Integração do litisconsorte necessário ao processo

590. Regime simples do litisconsórcio na relação processual

591. Regime especial do litisconsórcio na relação processual

592. Impulso individual do processo no litisconsórcio

SEÇÃO IV – RESPONSABILIDADE DAS PARTES

CAPÍTULO 34 – PODERES E DEVERES PROCESSUAIS DAS PARTES

§ 126.º Poderes das partes no processo civil

593. Direitos processuais das partes

593.1. Estrutura dos direitos processuais

593.2. Disposição dos direitos processuais

594. Espécies de direitos processuais das partes

595. Ônus processuais das partes

595.1. Conceito de ônus processual

595.2. Espécies de ônus processuais

§ 127.º Deveres das partes no processo civil

596. Fundamento dos deveres das partes

597. Natureza dos deveres das partes

§ 128.º Âmbito subjetivo dos deveres das partes

598. Sujeitos dos deveres das partes

599. Responsabilidade do advogado por litigância de má-fé

600. Responsabilidade das partes e dos terceiros por litigância de má-fé

601. Responsabilidade do interveniente por litigância de má-fé


602. Responsabilidade do Ministério Público por litigância de má-fé

603. Responsabilidade da Defensoria Pública por litigância de má-fé

604. Responsabilidade dos participantes do processo por litigância de má-


§ 129.º Âmbito objetivo dos deveres das partes

605. Caracterização dos deveres das partes em geral

606. Dever de veracidade

607. Dever de probidade

607.1. Deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato


incontroverso

607.2. Alterar a verdade dos fatos

607.3. Usar o processo para conseguir objetivo ilegal

607.4. Opor resistência injustificada ao andamento do processo

607.5. Proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do


processo

607.6. Provocar incidentes manifestamente infundados

607.7. Interpor recurso com intuito manifestamente protelatório

607.8. Praticar inovação ilegal do estado de fato

607.9. Deixar de restituir os autos no prazo

607.10. Requerer a citação por edital com falsos motivos

607.11. Enviar fac-símile divergente do original

607.12. Informar o endereço residencial ou profissional

608. Dever de seriedade

609. Dever de economia

609.1. Produzir prova inútil

609.2. Praticar atos procrastinatórios, supérfluos ou impertinentes

609.3. Deixar de alegar as exceções materiais na primeira oportunidade

609.4. Deixar de alegar objeção na primeira oportunidade

609.5. Causar o adiamento ou a repetição de ato processual


609.6. Deixar de promover a citação do denunciado no prazo legal

609.7. Lançar cotas marginais ou interlineares nos autos

609.8. Deixar de indicar a parte passiva legítima

610. Dever de colaboração

610.1. Dever de comparecer em juízo

610.2. Dever de responder à inquirição do órgão judiciário

610.3. Dever de submeter-se à inspeção judicial

610.4. Dever de cumprir as resoluções do órgão judiciário

610.5. Dever de informar a litispendência

611. Dever de urbanidade

611.1. Fundamento do dever de urbanidade

611.2. Sujeitos do dever de urbanidade

611.3. Conteúdo do dever de urbanidade

611.4. Formas de descumprimento do dever de urbanidade

611.5. Particularidades das sanções em virtude do descumprimento do


dever de urbanidade

§ 130.º Deveres das partes na execução

612. Caracterização dos deveres das partes na execução

613. Fraude contra a execução

614. Oposição maliciosa e ilegal aos atos executivos

615. Resistência injustificada às ordens judiciais

616. Recusa em inventariar o patrimônio

§ 131.º Responsabilidade das partes por dano processual

617. Efeitos do descumprimento dos deveres das partes

618. Declaração da responsabilidade por dano processual

619. Identificação do responsável e do beneficiário da responsabilidade


por dano processual

§ 132.º Sanções por dano processual

620. Enumeração das sanções na responsabilidade por dano processual


621. Imposição de multa

622. Imposição de indenização

623. Imposição de honorários advocatícios e do ressarcimento de todas as


despesas

624. Relevação da pena na execução

CAPÍTULO 35 – DESPESAS E MULTAS PROCESSUAIS

§ 133.º Despesas processuais

625. Origem do custo financeiro do processo

626. Conceito de despesas processuais

627. Classificação das despesas processuais

627.1. Despesas dos serventuários e despesas dos colaboradores

627.2. Despesas reembolsáveis e despesas não reembolsáveis

627.3. Despesas extraprocessuais e despesas processuais

627.4. Despesas necessárias e despesas úteis

§ 134.º Dever de antecipação das despesas processuais

628. Provisão das despesas processuais

629. Pessoas não sujeitas ao dever de antecipação

629.1. Isenção do beneficiário da gratuidade

629.2. Isenção do Ministério Público

629.3. Isenção da Fazenda Pública

629.4. Isenção do amicus curiae

629.5. Isenção da Defensoria Pública

630. Processos não sujeitos ao dever de antecipação

631. Momento da antecipação das despesas processuais

632. Consequências do descumprimento do dever de antecipação

§ 135.º Responsabilidade pelo reembolso das despesas processuais

633. Fundamento da responsabilidade de reembolso

633.1. Princípio da sucumbência


633.2. Princípio da causalidade

633.3. Princípio do interesse

634. Pressupostos da responsabilidade de reembolso

635. Fonte da responsabilidade de reembolso

635.1. Desnecessidade de pedido da parte quanto ao reembolso

635.2. Obrigatoriedade do pronunciamento do juiz quando ao reembolso

635.2.1. Omissão do pronunciamento do juiz quanto ao reembolso

635.2.2. Remédios para corrigir a omissão do pronunciamento quanto ao


reembolso

635.2.3. Consequências da omissão definitiva do pronunciamento quanto


ao reembolso

635.3. Fundamentação do pronunciamento do juiz quanto ao reembolso

635.4. Natureza do pronunciamento do juiz quanto ao reembolso

636. Oportunidade do provimento quanto à responsabilidade de reembolso

637. Conteúdo do provimento quanto à responsabilidade de reembolso

637.1. Condenação total do vencido

637.2. Condenação proporcional das partes

637.3. Isenção das despesas processuais e dos honorários

638. Objeto da responsabilidade de reembolso

638.1. Custas do processo na fase de cognição

638.2. Custas do processo na fase de execução

638.3. Indenização de viagem

638.4. Indenização da testemunha

638.5. Remuneração do assistente técnico

§ 136.º Exceções à responsabilidade de reembolso

639. Desoneração da responsabilidade de reembolso

640. Responsabilidade exclusiva pelas despesas dos atos adiados ou


repetidos

641. Responsabilidade do vencedor por dolo processual


642. Responsabilidade exclusiva na intervenção de terceiro

§ 137.º Distribuição proporcional das despesas do processo

643. Fundamento da distribuição proporcional das despesas processuais

644. Distribuição das despesas entre litisconsortes

645. Distribuição das despesas na assistência

646. Distribuição das despesas na jurisdição voluntária

647. Distribuição das despesas nos juízos divisórios

648. Distribuição das despesas na transação

649. Distribuição na desistência, no reconhecimento e na renúncia parcial

650. Distribuição no abandono bilateral da causa

§ 138.º Credor e devedor do reembolso das despesas processuais

651. Credor do reembolso das despesas processuais

652. Direito do substituto processual ao reembolso

653. Direito do sucessor processual ao reembolso

654. Direito do representante processual ao reembolso

655. Direito do advogado ao reembolso

656. Direito do beneficiário da gratuidade ao reembolso

657. Direito do Ministério Público ao reembolso

658. Direito da Fazenda Pública ao reembolso

659. Direito dos litisconsortes ao reembolso

660. Direito do revel ao reembolso

661. Direito dos intervenientes ao reembolso

662. Devedor do reembolso das despesas processuais

663. Restituição das custas indevidamente recebidas

663.1. Sujeitos da restituição das custas indevidas

663.2. Procedimento da restituição das custas indevidas

663.3. Consequências da restituição das custas indevidas

§ 139.º Multas processuais


664. Conceito de multa processual

665. Espécies de multa processual

666. Devedor e credor da multa processual

666.1. Devedor da multa processual

666.2. Pluralidade de devedores da multa processual

666.3. Credor da multa processual

667. Liquidação da multa processual

CAPÍTULO 36 – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

§ 140.º Retribuição do procurador das partes

668. Origem e designação da retribuição do procurador

669. Natureza jurídica do crédito de honorários

670. Espécies de honorários advocatícios

670.1. Honorários contratuais

670.1.1. Liberdade na fixação do valor dos honorários

670.1.2. Admissibilidade do contrato quota litis

671.2. Honorários objeto de arbitramento

670.3. Honorários sucumbenciais

670.3.1. Cumulação dos honorários sucumbenciais

670.3.2. Levantamento dos honorários sucumbenciais

§ 141.º Credor dos honorários advocatícios

671. Direito próprio do advogado aos honorários

672. Direito aos honorários do advogado em causa própria

673. Direito aos honorários do advogado renunciante e dispensado

674. Direito aos honorários do advogado substabelecido

675. Direito aos honorários do advogado empregado

676. Direito aos honorários do advogado público

677. Direito aos honorários do curador especial

678. Direito aos honorários do Ministério Público


679. Perda dos honorários advocatícios

§ 142.º Devedor dos honorários advocatícios

680. Condenação do vencido em honorários

681. Condenação do substituto processual em honorários

682. Condenação do sucessor processual em honorários

683. Condenação do representante processual em honorários

684. Condenação do advogado em honorários

685. Condenação do beneficiário da gratuidade em honorários

686. Condenação do Ministério Público em honorários

687. Condenação da Fazenda Pública em honorários

688. Condenação dos litisconsortes em honorários

689. Condenação do revel em honorários

690. Condenação dos intervenientes em honorários

690.1. Condenação do interveniente voluntário em honorários

690.2. Condenação do interveniente coato em honorários

§ 143.º Fixação dos honorários da sucumbência

691. Critérios gerais de fixação dos honorários sucumbenciais

691.1. Juízo de legalidade quanto aos honorários sucumbenciais

691.2. Juízo de equidade quanto aos honorários sucumbenciais

691.3. Motivação do capítulo acessório da sucumbência

691.4. Fluência dos juros moratórios nos honorários sucumbenciais

692. Órgão da fixação dos honorários sucumbenciais

§ 144.º Elementos objetivos na fixação dos honorários


sucumbenciais

693. Juízo na fixação dos honorários sucumbenciais

694. Causas condenatórias

694.1. Sentença de procedência na causa condenatória

694.2. Sentença de improcedência na causa condenatória


694.3. Percentual mínimo e percentual máximo dos honorários nas causas
condenatórias

695. Causas de pequeno valor

696. Causas de valor inestimável

697. Causas da Fazenda Pública

§ 145.º Elementos subjetivos na fixação dos honorários


sucumbenciais

698. Pessoas consideradas na fixação dos honorários sucumbenciais

699. Condição do advogado na fixação dos honorários sucumbenciais

700. Condições do serviço na fixação dos honorários sucumbenciais

701. Finalidade das condições do serviço na fixação dos honorários

702. Fundamentação das condições do serviço na fixação dos honorários

703. Dedicação do advogado na fixação dos honorários

704. Lugar da prestação do serviço do advogado na fixação dos


honorários

705. Natureza da causa na fixação dos honorários

706. Importância da causa na fixação dos honorários

707. Desempenho do advogado na fixação dos honorários

708. Comportamento das partes na fixação dos honorários

709. Natureza das condições do serviço na fixação dos honorários

§ 146.º Honorários advocatícios na sentença definitiva

710. Honorários advocatícios no julgamento final do pedido

710.1. Sucumbência parcial

710.1.1. Sucumbência parcial perante pedido único

710.1.2. Sucumbência parcial perante pedidos cumulados

710.2. Sucumbência recíproca

710.3. Sucumbência mínima

711. Honorários advocatícios no julgamento prévio do pedido

712. Honorários advocatícios no reconhecimento do pedido


712.1. Honorários advocatícios perante reconhecimento total do pedido

712.2. Honorários advocatícios perante reconhecimento parcial do pedido

712.3. Honorários advocatícios perante reconhecimento ineficaz

713. Honorários advocatícios na transação

713.1. Honorários advocatícios previstos na transação

713.2. Honorários advocatícios omissos na transação

713.3. Honorários advocatícios excluídos da transação

714. Honorários advocatícios na renúncia

§ 147.º Honorários advocatícios na sentença terminativa

715. Honorários advocatícios no indeferimento da petição inicial

716. Honorários advocatícios no juízo de inadmissibilidade

717. Honorários advocatícios no abandono bilateral

718. Honorários advocatícios na desistência da ação

718.1. Desistência antes da citação do réu

718.2. Desistência após a citação do réu

718.2.1. Desistência antes do oferecimento da contestação

718.2.2. Desistência depois do oferecimento da contestação

718.2.3. Desistência antes do julgamento do primeiro grau

718.3. Honorários advocatícios na desistência parcial

719. Honorários advocatícios na renovação do processo

720. Honorários advocatícios na inutilidade da tutela

§ 148.º Honorários advocatícios na execução (cumprimento)

721. Cabimento dos honorários advocatícios na execução

721.1. Honorários advocatícios sem disciplina específica

721.2. Admissibilidade de honorários advocatícios na execução de título


extrajudicial

721.3. Admissibilidade dos honorários advocatícios na execução de título


judicial
721.4. Casos de inadmissibilidade dos honorários advocatícios na
execução

722. Momento da fixação dos honorários advocatícios na execução

723. Montante dos honorários advocatícios na execução

724. Natureza do provimento de fixação dos honorários advocatícios na


execução

725. Honorários advocatícios na extinção imprópria da execução

726. Honorários advocatícios na oposição do executado

726.1. Honorários advocatícios nos embargos do executado

7262.1.1. Honorários advocatícios na sentença de procedência total dos


embargos

726.1.2. Honorários advocatícios na sentença de procedência parcial dos


embargos

726.1.3. Honorários advocatícios na sentença de improcedência dos


embargos

726.2. Honorários advocatícios na exceção de pré-executividade

726.3. Honorários advocatícios na impugnação

§ 149.º Honorários advocatícios nos procedimentos especiais

727. Honorários advocatícios na liquidação

728. Honorários advocatícios no procedimento monitório

729. Honorários advocatícios na pretensão à segurança autônoma

730. Honorários advocatícios nos embargos de terceiro

731. Honorários advocatícios na consignação em pagamento

732. Honorários advocatícios na locação predial urbana

732.1. Honorários advocatícios no despejo

732.2. Honorários advocatícios na renovatória da locação

732.3. Honorários advocatícios na revisional do aluguel

733. Honorários advocatícios na desapropriação

733.1. Honorários advocatícios na desapropriação direta

733.2. Honorários advocatícios na desapropriação indireta


734. Honorários advocatícios no mandado de segurança

735. Honorários advocatícios na ação civil pública e na ação popular

736. Honorários advocatícios nos juizados especiais

737. Honorários advocatícios na rescisória

738. Honorários advocatícios na arbitragem

739. Honorários advocatícios na homologação de sentença estrangeira

§ 150.º Controle dos honorários advocatícios

740. Recursos em matéria de honorários

740.1. Embargos de declaração sobre honorários

740.2. Apelação sobre honorários

740.3. Recurso especial sobre honorários

741. Reexame necessário em matéria de honorários

742. Rescisória em matéria de honorários

CAPÍTULO 37 – BENEFÍCIO DA GRATUIDADE

§ 151.º Gratuidade da Justiça

743. Espécies de gratuidade

744. Conceito e modalidades do benefício da gratuidade

744.1. Isenção total

744.2. Isenção parcial

744.3. Isenção remissória

744.4. Isenção diferida

§ 152.º Objeto e sujeitos do benefício da gratuidade

745. Objeto do benefício da gratuidade

745.1. Taxas e custas judiciais

745.2. Despesas postais

745.3. Despesas de publicação na imprensa

745.4. Indenização da testemunha

745.5. Despesas periciais e remuneração dos auxiliares do juízo


745.6. Honorários de advogado

745.7. Depósitos prévios

745.8. Despesas extraprocessuais

746. Beneficiário da gratuidade

746.1. Requisitos da concessão da gratuidade à pessoa natural

746.2. Requisitos da concessão da gratuidade à pessoa jurídica

747. Disciplina da atividade processual do beneficiário

747.1. Prazo em dobro do beneficiário da gratuidade

747.2. Intimação pessoal do procurador do beneficiário da gratuidade

747.3. Dispensa de exibição da procuração pelo procurador do beneficiário


da gratuidade

§ 153.º Concessão do benefício da gratuidade

748. Forma da postulação do benefício da gratuidade e prova do estado


necessidade

749. Momento inicial e final da postulação do benefício da gratuidade

750. Deferimento e indeferimento do benefício da gratuidade

751. Impugnação da parte adversa à concessão da gratuidade

751.1. Legitimidade na impugnação da gratuidade

751.2. Prazo da impugnação da gratuidade

751.3. Fundamentos da impugnação da gratuidade

751.4. Efeitos da revogação da gratuidade

752. Recurso próprio na solução do incidente e seus efeitos

§ 154.º Efeitos da concessão do benefício da gratuidade

753. Designação do advogado do beneficiário

753.1. Formas de designação do advogado do beneficiário

753.2. Motivos de escusa do advogado designado ou nomeado para o


beneficiário

753.3. Consequências da escusa ilegítima ou falta de escusa

753.4. Responsabilidade pelo pagamento dos honorários do advogado do


necessitado
754. Cessação do estado de necessidade do beneficiário

754.1. Cessação total do estado de necessitado

754.2. Cessação parcial do estado de necessitado

754.3. Efeitos da cessação do estado de necessidade do beneficiário

754.4. Prescrição da pretensão a executar sucumbência

755. Pagamento a final das despesas processuais no benefício da


gratuidade

756. Vitória do beneficiário da gratuidade

757. Intransmissibilidade do benefício da gratuidade

TÍTULO VI – DOS TERCEIROS

CAPÍTULO 38 – MODALIDADES DE INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

§ 155.º Intervenção de terceiros em geral

758. Conceito de intervenção de terceiros no processo civil

759. Posição do terceiro antes da intervenção

759.1. Terceiros indiferentes

759.1.1. Interesse de fato

759.1.2. Interesse econômico

759.1.3. Interesse político

759.2. Terceiros interessados

760. Eficácia da coisa julgada perante terceiros

761. Posição do terceiro após a intervenção

§ 156.º Espécies de intervenção de terceiros

762. Casos típicos de intervenção de terceiros

762.1. Assistência à parte

762.2. Intervenção principal (oposição)

762.3. Correção da legitimidade passiva (nomeação à autoria)

762.4. Chamamento em garantia

762.5. Chamamento ao processo


762.6. Assistência ao juízo

763. Classificação das modalidades de intervenção de terceiros

763.1. Intervenção voluntária e intervenção compulsória

763.2. Intervenção por inserção e intervenção por cumulação

763.3. Intervenção principal e intervenção secundária

763.4. Intervenção permanente e intervenção transitória

764. Fundamentos da intervenção de terceiros

§ 157.º Proibição da intervenção de terceiros

765. Casos de proibição de intervenção de terceiros

766. Restrições à intervenção de terceiro nos juizados especiais

767. Restrições à intervenção de terceiro nas causas envolvendo relações


de consumo

768. Restrições à intervenção de terceiro no controle concentrado de


constitucionalidade

769. Restrições à intervenção de terceiro no procedimento comum

§ 158.º Intervenções atípicas de terceiros

770. Casos atípicos de intervenção de terceiros

771. Intervenção de terceiros na execução

772. Modalidades de intervenção proibidas na execução

773. Participação concorrente na obrigação alimentar

CAPÍTULO 39 – INTERVENÇÃO VOLUNTÁRIA: ASSISTÊNCIA À


PARTE

§ 159.º Assistência

774. Conceito de assistência

775. Espécies de assistência

775.1. Assistência simples

775.2. Assistência qualificada

§ 160.º Pressupostos da assistência

776. Momento de ingresso do assistente


777. Interesse jurídico do assistente

778. Possibilidade de influência do assistente

§ 161.º Procedimento de admissão do assistente

779. Formação do incidente de admissão do assistente

780. Deslocamento da competência em razão do pedido de assistência

781. Controle inicial do pedido de assistência

782. Obrigatoriedade do contraditório no pedido de assistência

783. Processamento da impugnação ao pedido de assistência

784. Recurso cabível contra a decisão do incidente de intervenção do


assistente

785. Efeitos do provimento do recurso contra o indeferimento da


intervenção do assistente

786. Efeitos do desprovimento do recurso contra o indeferimento da


intervenção do assistente

§ 162.º Efeitos da intervenção do assistente

787. Aquisição da qualidade de parte pelo terceiro

788. Efeitos internos da intervenção do assistente

789. Efeitos externos da intervenção do assistente

789.1. Objeto dos efeitos externos da assistência

789.2. Limitações aos efeitos externos da assistência

789.2.1. Limitação em razão do estágio do processo

789.2.2. Limitação em razão do comportamento positivo do assistido

789.2.3. Limitação em razão do comportamento omissivo do assistido

§ 163.º Disciplina da atividade processual do assistente

790. Extensão dos poderes processuais do assistente

791. Limitações aos poderes processuais do assistente simples

791.1. Limitações dos poderes processuais do assistente quanto ao objeto


do litígio

791.2. Limitações aos poderes processuais do assistente quanto aos


meios de defesa
791.3. Limitações aos poderes processuais do assistente quanto aos
meios de prova

791.4. Limitações aos poderes processuais do assistente quanto aos


meios de impugnação

792. Limitações aos poderes processuais do assistente qualificado

793. Direitos processuais do assistente

794. Deveres e ônus processuais do assistente

795. Cessação da assistência

CAPÍTULO 40 – INTERVENÇÃO VOLUNTÁRIA: ASSISTÊNCIA AO JUIZ

§ 164.º Amicus Curiae

796. Função do amicus curiae

797. Espécies de amicus curiae

798. Modalidades de intervenção do amicus curiae

§ 165.º Pressupostos da intervenção do amicus curiae

799. Pressupostos gerais de admissão do amicus curiae

800. Pressupostos objetivos da admissão do amicus curiae

801. Pressupostos subjetivos do amicus curiae

801.1. Representatividade do pretendente a amicus curiae

801.2. Idoneidade do pretendente a amicus curiae

802. Tipicidade da intervenção do amicus curiae

§ 166.º Intervenção da Comissão de Valores Mobiliários (CVM)

803. Casos de intervenção da CVM

804. Fundamento da intervenção da CVM

805. Obrigatoriedade da intimação da CVM

806. Facultatividade da intervenção da CVM

807. Momento da intimação da CVM

808. Forma da intimação da CVM

809. Prazo para intervenção da CVM

810. Efeitos processuais da intervenção da CVM


811. Poderes processuais da CVM

812. Legitimidade recursal da CVM

§ 167.º Intervenção das pessoas jurídicas de direito público

813. Casos de intervenção das pessoas jurídicas de direito público

814. Constitucionalidade da intervenção das pessoas jurídicas de direito


público

815. Forma e pressupostos da intervenção das pessoas jurídicas de direito


público

816. Efeitos da intervenção da pessoa jurídica de direito público

817. Poderes processuais das pessoas jurídicas de direito público

818. Legitimidade recursal das pessoas jurídicas de direito público

§ 168.º Intervenção do Instituto Nacional da Propriedade Industrial


(INPI)

819. Casos de intervenção do INPI

820. Fundamento da intervenção do INPI

821. Oportunidade da intervenção do INPI

822. Obrigatoriedade da intervenção do INPI

823. Forma da intervenção do INPI

824. Efeitos processuais da intervenção do INPI

825. Poderes processuais do INPI

§ 169.º Intervenção do Conselho Administrativo de Defesa Econômica


(CADE)

826. Casos de intervenção do CADE

827. Fundamento da intervenção do CADE

828. Obrigatoriedade da intimação do CADE

829. Facultatividade da intervenção do CADE

830. Momento da intervenção do CADE

831. Forma da intervenção do CADE

832. Efeitos processuais da intervenção do CADE

833. Poderes processuais do CADE


§ 170.º Intervenção dos Conselhos da Ordem dos Advogados (OAB)

834. Casos de intervenção da OAB

835. Fundamento da intervenção da OAB

836. Facultatividade da intervenção da OAB

837. Forma da intervenção da OAB e atribuição organizacional

838. Efeitos processuais da intervenção da OAB

839. Poderes processuais da OAB

§ 171.º Intervenção do amicus curiae consoante o objeto litigioso

840. Intervenção no controle concentrado de constitucionalidade

840.1. Fundamento da intervenção do amicus curiae no controle


concentrado de constitucionalidade

840.2. Pressupostos da intervenção do amicus curiae no controle


concentrado de constitucionalidade

840.3. Momento da intervenção do amicus curiae no controle concentrado


de constitucionalidade

840.4. Intervenção voluntária ou provocada do amicus curiae no controle


concentrado de constitucionalidade

840.5. Forma da intervenção do amicus curiae no controle concentrado de


constitucionalidade

840.6. Poderes processuais do amicus curiae no controle concentrado de


constitucionalidade

841. Intervenção no controle difuso de inconstitucionalidade

842. Intervenção no pedido de uniformização de jurisprudência no Juizado


Especial

843. Intervenção no procedimento do recurso extraordinário e no


julgamento de casos repetitivos

§ 172.º Procedimento da intervenção do amicus curiae

844. Incidente de admissão do amicus curiae

845. Forma da intervenção do amicus curiae

846. Momento da intervenção do amicus curiae

847. Modalidades de intimação do amicus curiae

848. Prazo da manifestação do amicus curiae


848.1. Natureza do prazo de manifestação do amicus curiae

848.2. Consequências da falta de manifestação do amicus curiae

848.3. Quantitativo do prazo de manifestação do amicus curiae

§ 173.º Efeitos da intervenção do amicus curiae

849. Posição processual do amicus curiae e o problema de competência

850. Deveres processuais do amicus curiae

851. Poderes processuais do amicus curiae

852. Eficácia da resolução de mérito perante o amicus curiae

CAPÍTULO 41 – INTERVENÇÃO COMPULSÓRIA: CHAMAMENTO AO


PROCESSO

§ 174.º Chamamento ao processo

853. Conceito de chamamento ao processo

854. Desvantagens e vantagens do chamamento ao processo

855. Pressupostos do chamamento ao processo

856. Facultatividade do chamamento ao processo

§ 175.º Casos de admissibilidade do chamamento ao processo

857. Chamamento ao processo do afiançado

858. Chamamento ao processo do cofiador

859. Chamamento ao processo do devedor solidário

860. Chamamento do segurador

861. Chamamento ao processo, força da sentença e funções instrumentais


do processo

§ 176.º Procedimento do chamamento ao processo

862. Iniciativa do pedido de chamamento ao processo

863. Momento do pedido de chamamento ao processo

864. Forma do pedido de chamamento ao processo

865. Controle inicial do pedido de chamamento ao processo

866. Efeitos do deferimento do pedido de chamamento ao processo

867. Atitudes do chamado após a citação


§ 177.º Efeitos do chamamento ao processo

868. Efeitos do chamamento no curso do processo

868.1. Relações entre o autor e o chamado

868.2. Relações entre o chamado e o chamador

869. Efeitos do chamamento no julgamento do processo

869.1. Conteúdo da sentença na hipótese de chamamento ao processo

869.2. Tutela de urgência no chamamento ao processo

869.3. Eficácia de coisa julgada no chamamento ao processo

869.4. Responsabilidade pelas despesas processuais e honorários no


chamamento ao processo

CAPÍTULO 42 – INTERVENÇÃO COMPULSÓRIA: CHAMAMENTO EM


GARANTIA

§ 178.º Chamamento em garantia

870. Conceito de chamamento em garantia

871. Sistema latino de denúncia da lide (denunciação da lide)

872. Sistema germânico de denúncia da lide (chamamento em garantia)

873. Sistema brasileiro de denúncia da lide

873.1. Configuração prevalecente do chamamento em garantia:


cumulação de pretensões

873.2. Configuração alternativa do chamamento em garantia: litisconsórcio


passivo ou pretensão regressiva em processo ulterior

874. Desvantagens e vantagens do chamamento em garantia

875. Pressupostos do chamamento em garantia

876. Obrigatoriedade e facultatividade do chamamento em garantia

877. Campo de incidência do chamamento em garantia

§ 179.º Chamamento em razão de eventual perda do domínio

878. Perda do domínio na denúncia da lide

879. Conceito e natureza da evicção

880. Campo de incidência da evicção

881. Casos especiais de evicção


882. Objeto da evicção

883. Pressupostos da responsabilidade pela evicção

883.1. Privação do direito recebido

883.2. Preexistência do direito do terceiro

884. Espécies de evicção

885. Extinção da responsabilidade pela evicção

886. Exclusão da responsabilidade pela evicção

886.1. Conhecimento do vício jurídico

886.2. Alienação de coisa alheia

886.3. Alienação de coisa litigiosa

887. Condições e efeitos do chamamento em razão do risco de evicção

888. Chamamento per saltum em razão do risco de evicção

§ 180.º Chamamento em razão de eventual perda da posse

889. Perda da posse na denúncia da lide

890. Espécies de posse na denúncia da lide

§ 181.º Chamamento em razão de eventual indenização

891. Garantia na denúncia da lide

892. Espécies de garantia na denúncia da lide

§ 182.º Procedimento do chamamento em garantia do autor

893. Campo de incidência do chamamento em garantia do autor

894. Oportunidade do chamamento em garantia do autor

895. Forma do chamamento em garantia do autor

896. Controle do chamamento em garantia do autor

897. Deferimento do chamamento em garantia do autor

898. Posição processual do denunciado no chamamento em garantia do


autor

899. Limites ao aditamento da inicial no chamamento em garantia do autor

900. Prosseguimento do processo no chamamento em garantia do autor


§ 183.º Procedimento do chamamento em garantia do réu

901. Oportunidade do chamamento em garantia do réu

902. Forma do chamamento em garantia do réu

903. Legitimidade ativa e passiva no chamamento em garantia do réu

903.1. Legitimidade passiva do litisconsorte no chamamento em garantia

903.2. Legitimidade ativa do litisconsorte no chamamento em garantia

903.3. Legitimidade passiva coletiva no chamamento em garantia

903.4. Legitimidade ativa do assistente no chamamento em garantia

903.5. Legitimidade ativa do chamado em garantia em chamar ao


processo

904. Competência no chamamento em garantia do réu

905. Controle do chamamento em garantia do réu

906. Efeito do deferimento do chamamento em garantia do réu

906.1. Termo inicial da citação em virtude do chamamento em garantia do


réu

906.2. Termo final da citação em virtude do chamamento em garantia do


réu

907. Prazos para a citação do chamado em garantia

908. Efeitos da falta de citação no prazo hábil do chamado em garantia

909. Efeitos da citação no prazo hábil do chamado em garantia

910. Chamamentos em garantia sucessivos

§ 184.º Posição processual do chamado em garantia

911. Atitudes concebíveis do chamado em garantia

912. Primeira atitude: aceitação da responsabilidade

912.1. Explicação prevalecente: chamado como assistente

912.1.1. Natureza da aceitação da responsabilidade na configuração


prevalecente

912.1.2. Posição processual do chamado na configuração prevalecente

912.1.3. Primeira variante na atitude do chamado responsável:


contestação do pedido principal
912.1.4. Segunda variante na atitude do chamado responsável: falta de
contestação do pedido principal

912.1.5. Terceira variante na atitude do chamado responsável: confissão


dos fatos da causa principal

912.1.6. Consequência da posição processual (assistente) do chamado


responsável

912.2. Explicitação alternativa: chamado como litisconsorte

912.2.1. Natureza da aceitação da responsabilidade na configuração


alternativa

912.2.2. Posição processual do chamado na configuração alternativa

912.2.3. Consequência da posição processual (litisconsorte) do chamado


responsável

913. Segunda atitude: revelia

914. Terceira atitude: negação da responsabilidade

§ 185.º Efeitos do chamamento em garantia

915. Efeitos do chamamento em garantia no curso do processo

915.1. Reconhecimento do pedido e transação na causa principal

915.2. Reconhecimento do pedido e transação na causa regressiva

915.3. Desistência da causa principal e chamamento em garantia

916. Efeitos do chamamento em garantia no julgamento do processo

916.1. Conteúdo da sentença na hipótese de chamamento em garantia

916.2. Tutela provisória no chamamento em garantia

916.3. Eficácia de coisa julgada no chamamento em garantia

916.4. Responsabilidade pelas despesas processuais e honorários no


chamamento em garantia

916.5. Problemas recursais decorrentes do julgamento conjunto das


pretensões no chamamento em garantia

TÍTULO VII – DO JUIZ

CAPÍTULO 43 – ÓRGÃOS JUDICIÁRIOS BRASILEIROS

§ 186.º Organização judiciária brasileira

917. Conceito e objeto da organização judiciária


918. Evolução da organização judiciária brasileira

919. Normas de organização judiciária

919.1. Fundamento das normas de organização judiciária

919.2. Conteúdo das normas de organização judiciária

919.3. Efeitos das normas de organização judiciária no processo civil

§ 187.º Órgãos judiciários brasileiros

920. Órgãos judiciários

921. Órgãos jurisdicionais anômalos

921.1. Senado Federal

921.2. Tribunal de Contas

921.3. Tribunal Marítimo

922. Órgãos jurisdicionais especiais

§ 188.º Independência dos órgãos judiciários

923. Independência jurídica do órgão judiciário

923.1. Restrições à independência jurídica

923.2. Responsabilidade pessoal do órgão judiciário

924. Independência política do órgão judiciário

925. Independência financeira do órgão judiciário

926. Independência funcional do órgão judiciário

926.1. Vitaliciedade

926.2. Inamovibilidade

926.3. Irredutibilidade de subsídios

§ 189.º Estrutura judiciária nacional

927. Composição dos órgãos judiciários (singular ou coletivo)

928. Sistemas de recrutamento dos juízes

929. Recrutamento dos juízes de primeiro grau

930. Recrutamento dos juízes de segundo grau

930.1. Provimento derivado


930.2. Provimento originário

930.2.1. Cálculo do percentual das classes

930.2.2. Igualdade de participação das classes

930.2.3. Requisitos dos candidatos das classes

930.2.4. Procedimento da escolha no provimento originário

931. Recrutamento dos juízes nos tribunais superiores de jurisdição civil

§ 190.º Organização da Justiça Federal na jurisdição civil

932. Origem e evolução da Justiça Federal

933. Segundo Grau da Justiça Federal

934. Primeiro grau da Justiça Federal

§ 191.º Organização da Justiça Comum na jurisdição civil

935. Origem da Justiça Comum

936. Segundo grau da Justiça Comum

936.1. Origem do tribunal de justiça

936.2. Designação dos juízes no tribunal de justiça

936.3. Divisão interna do tribunal de justiça

936.4. O órgão especial do tribunal de justiça

937. Primeiro grau da Justiça Comum

937.1. Distribuição territorial dos juízes de direito

937.2. Classificação das comarcas de primeiro grau

937.3. Distribuição dos juízes de direito nas comarcas

937.4. Juízes de investidura temporária

937.5. Juizados especiais da Justiça Comum

CAPÍTULO 44 – PODERES E DEVERES PROCESSUAIS DO JUIZ

§ 192.º Poderes processuais do órgão judiciário

938. Poderes do juiz no processo

939. Classificação dos poderes processuais do juiz

939.1. Poderes de direção, de decisão e de execução do juiz


939.2. Poderes oficiais e poderes provocados do juiz

939.3. Poderes limitados e poderes ilimitados do juiz

939.4. Poderes preclusivos e poderes não preclusivos do juiz

939.5. Poderes vinculados e poderes discricionários do juiz

§ 193.º Poderes de direção

940. Poderes de direção no modelo autoritário

941. Poderes de controle do juiz

941.1. Poder de reprimir ilícitos processuais

941.2. Poder de adotar medidas processuais

941.3. Poder de dilatar prazos processuais

941.4. Poder de polícia

941.5. Poder de suprir vícios processuais

942. Poderes de fiscalização do juiz

942.1. Caracterização do processo simulado e do processo fraudulento

942.2. Constatação da simulação e da fraude

942.3. Consequências do processo simulado e fraudulento

943. Poderes ordinatórios do juiz

944. Poderes instrutórios do juiz

944.1. Poder de fixar o tema da prova

944.2. Poder de distribuir o ônus da prova

944.3. Poder de determinar produção da prova útil e necessária

944.4. Poder de presidir a produção da prova

944.5. Poder de alterar a produção da prova

944.6. Poder de avaliar a prova

§ 194.º Poderes de decisão

945. Regras de julgamento

946. Juízo de legalidade

946.1. Objeto do juízo de legalidade


946.2. Integração no juízo de legalidade

946.3. Interpretação no juízo de legalidade

946.4. Formação do juízo de legalidade

946.5. Fidelidade ao direito

946.6. Efeitos do juízo de legalidade

947. Juízo de equidade

§ 195.º Poderes de execução

948. Conceito do poder de executar

949. Natureza do poder de executar

950. Objeto do poder de executar

951. Meios do poder de executar

952. Limites do poder de executar

§ 196.º Deveres processuais do órgão judiciário

953. Deveres processuais do juiz

954. Dever de jurisdicionar

954.1. Objeto do dever de jurisdicionar

954.2. Conteúdo do dever de jurisdicionar

954.3. Limites do dever de jurisdicionar

955. Dever de cooperar

955.1. Dever de esclarecer

955.2. Dever de consultar

955.3. Dever de prevenir

955.4. Dever de auxiliar

956. Dever de motivar

957. Dever de pontualidade

958. Dever de urbanidade

959. Dever de residência

960. Dever de atendimento


961. Dever de conciliar

961.1. Cabimento da conciliação

961.2. Importância e natureza da conciliação

961.3. Espécies de conciliação

961.4. Objeto da conciliação

961.5. Procedimento da conciliação

961.6. Efeitos da conciliação

962. Dever de indenizar

962.1. Responsabilidade civil por dolo ou fraude

962.2. Responsabilidade civil por impontualidade

963. Dever de abstenção

CAPÍTULO 45 – IMPARCIALIDADE DO JUIZ E DOS SEUS AUXILIARES

§ 197.º Imparcialidade na função judiciária

964. Imparcialidade do órgão judiciário no processo civil

965. Imparcialidade perante as funções processuais

966. Causas de frustração da imparcialidade

966.1. Distinção entre impedimento e suspeição

966.2. Regime da suspeição e do impedimento na arbitragem

966.3. Caráter estrito das causas de frustração da imparcialidade

966.4. Domínios objetivos das causas de frustração da imparcialidade

966.5. Domínios subjetivos das causas de frustração da imparcialidade

§ 198.º Impedimento do órgão judiciário

967. Motivos de impedimento

967.1. Juiz como figurante anterior no processo

967.2. Juiz oficiante no processo em grau inferior

967.3. Juiz como cônjuge ou parente do titular da capacidade postulatória

967.4. Juiz como parte no processo ou cônjuge e parente da parte

967.5. Juiz como sócio e órgão de direção ou de administração da parte


967.6. Juiz como herdeiro presuntivo, donatário ou empregador da parte

967.7. Juiz como empregado da parte

967.8. Juiz como cônjuge ou parente do sócio de escritório da advocacia

967.9. Juiz como autor de ação contra a parte e seu advogado

968. Impedimento nos órgãos judicantes colegiados

§ 199.º Suspeição do órgão judiciário

969. Motivos de suspeição

969.1. Juiz amigo ou inimigo da parte ou do advogado

969.2. Juiz conselheiro, agradecido ou patrocinador da causa

969.3. Parte credora ou devedora do juiz, do seu cônjuge e dos seus


parentes

969.4. Juiz interessado no julgamento da causa

970. Suspeição em razão de motivo de foro íntimo

§ 200.º Imparcialidade do Ministério Público e dos órgãos auxiliares


do juízo

971. Impedimento e suspeição do Ministério Público e dos auxiliares do


juízo

972. Imparcialidade do Ministério Público

973. Imparcialidade dos auxiliares da justiça

§ 201.º Controle da imparcialidade no processo civil

974. Formas de controle da imparcialidade no processo civil

975. Controle da imparcialidade do juiz

975.1. Prazo da exceção de parcialidade

975.2. Objeto da exceção de parcialidade

975.3. Legitimidade na exceção de parcialidade

975.4. Procedimento da exceção de parcialidade

975.5. Efeitos do julgamento da exceção de parcialidade

976. Controle da imparcialidade do Ministério Público e dos auxiliares do


juízo

976.1. Forma da arguição de parcialidade


976.2. Momento da arguição de parcialidade

976.3. Legitimidade para arguir a parcialidade

976.4. Efeitos do oferecimento da arguição de parcialidade

976.5. Contraditório e instrução da arguição de parcialidade

976.6. Julgamento da arguição de parcialidade

977. Efeitos do controle da imparcialidade

CAPÍTULO 46 – ÓRGÃOS AUXILIARES DA JUSTIÇA

§ 202.º Órgãos auxiliares do juízo

978. Função dos órgãos auxiliares do juízo

979. Classificação dos auxiliares do juízo

980. Identificação dos auxiliares do juízo

§ 203.º Serventuários da justiça

981. Lotação dos serventuários da justiça

982. Principais serventuários da justiça

983. Demais serventuários da justiça

984. Responsabilidade dos serventuários da justiça

§ 204.º Escrivão

985. Conceito de escrivão (ou chefe de secretaria)

986. Deveres do escrivão

986.1. Formação e guarda dos autos

986.2. Redação de atos processuais

986.3. Efetivação das ordens do juiz

986.4. Comparecimento nas audiências

986.5. Expedição de certidões

986.6. Realização de atos ordinatórios

986.7. Elaboração da ordem cronológica da publicação e da efetivação


dos atos decisórios

987. Substituição do escrivão


§ 205.º Oficial de Justiça

988. Conceito de oficial de justiça

989. Deveres do oficial de justiça

989.1. Cumprimento do mandado de citação

989.2. Cumprimento do mandado de constrição e demais ordens

989.3. Certificação das diligências

989.4. Restituição dos mandados

989.5. Comparecimento e manutenção da ordem nas audiências

989.6. Realização das avaliações

989.7. Certificação da propensão à autocomposição

§ 206.º Colaboradores da justiça

990. Principais colaboradores da justiça

991. Responsabilidade dos colaboradores da justiça

§ 207.º Perito

992. Fundamentos do auxílio do perito

993. Conceito de perito

994. Funções do perito

995. Nomeação do perito

996. Poderes do perito

996.1. Poder de escolha do meio

996.2. Poder de coleta dos dados

996.3. Poder de instrução do laudo

997. Deveres do perito

997.1. Dever de cumprimento do perito

997.2. Dever de imparcialidade do perito

997.3. Dever de pontualidade do perito

997.4. Dever de diligência do perito

997.5. Dever de veracidade do perito


997.5.1. Extensão subjetiva do dever de veracidade do perito

997.5.2. Responsabilidades decorrentes do dever veracidade do perito

997.5.3. Aplicação da pena de inabilitação

997.6. Dever de comparecimento do perito

997.7. Dever de pessoalidade do perito

998. Direitos do perito

998.1. Direito do perito ao reembolso das despesas

998.2. Direito do perito à remuneração

998.2.1. Valor da remuneração do perito

998.2.2. Antecipação da remuneração do perito

998.2.3. Momento do recebimento da remuneração do perito

998.2.4. Perda do direito do perito à remuneração

998.2.5. Realização do direito do perito à remuneração

999. Controle da imparcialidade do perito

§ 208.º Depositário ou administrador

1.000. Definição de depositário ou administrador

1.001. Escolha do depositário ou administrador

1.002. Natureza do vínculo do depositário ou do administrador

1.003. Deveres do depositário ou administrador

1.003.1. Dever de guarda e conservação do objeto da constrição

1.003.2. Dever de administração do objeto da constrição

1.003.3. Dever de restituição do objeto da constrição

1.003.4. Dever de prestação de contas

1.003.5. Dever do depositário de indenizar

1.004. Direitos do depositário ou administrador

1.004.1. Direito à posse do objeto da constrição

1.004.2. Direito do depositário e do administrador à remuneração

1.004.3. Direito à designação de prepostos


1.005. Remoção do depositário ou administrador

1.006. Extinção do vínculo do depositário ou administrador

§ 209.º Intérprete e Tradutor

1.007. Definição de intérprete e de tradutor

1.008. Função do intérprete e do tradutor

1.009. Número de intérpretes e de tradutores

1.010. Obrigatoriedade do intérprete e do tradutor

1.011. Casos de designação de intérprete ou de tradutor

1.011.1. Tradução de documento redigido em língua estrangeira

1.011.2. Versão das declarações orais das partes e testemunhas

1.011.3. Tradução da linguagem de portadores de necessidades especiais

1.012. Capacidade para ser intérprete e do tradutor

1.013. Deveres e direitos do intérprete e do tradutor

§ 210.º Colaboradores participativos

1.014. Conciliador e mediador no processo civil

1.015. Disciplina do conciliador e do mediador

1.015.1. Designação do conciliador e do mediador

1.015.2. Impedimentos do conciliador e do mediador

1.015.3. Poderes do conciliador e do mediador

1.015.4. Deveres do conciliador e do mediador

1.015.5. Direitos do conciliador e do mediador

TÍTULO VIII – DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À ADMINISTRAÇÃO DA


JUSTIÇA

CAPÍTULO 47 – ADVOCACIA PRIVADA E PÚBLICA

§ 211.º Representação técnica no processo civil

1.016. Conceito e fundamento da capacidade postulatória

1.017. Extensão da capacidade postulatória

1.018. Casos de dispensa da representação técnica


1.018.1. Dispensa da representação técnica por força de lei

1.018.2. Constitucionalidade da dispensa da representação técnica

1.018.3. Dispensa da representação técnica por fato objetivo

1.019. Titulares da capacidade postulatória

§ 212.º Outorga do mandato judicial

1.020. Casos de dispensa da exibição da procuração

1.020.1. Dispensa da procuração na postulação em causa própria

1.020.2. Dispensa da procuração nos casos de assistência judiciária

1.020.3. Dispensa da procuração nos casos de investidura legal

1.020.4. Dispensa da procuração nos atos urgentes

1.021. Modalidades da outorga do mandato judicial

1.022. Poderes gerais e especiais no mandato judicial

1.022.1. Objeto dos poderes gerais

1.022.2. Objeto dos poderes especiais

1.022.3. Interpretação dos poderes especiais

1.022.4. Consequências da falta de poder especial

1.023. Procuração conjunta ou solidária

1.024. Substabelecimento do mandato judicial

1.025. Extinção do mandato judicial

1.025.1. Revogação do mandato judicial

1.025.2. Renúncia ao mandato judicial

§ 213.º Direitos e deveres do procurador em juízo

1.026. Prerrogativas profissionais do advogado

1.026.1. Prerrogativas dos advogados públicos

1.026.2. Responsabilidade dos advogados públicos

1.027. Dever de indicar o endereço nos autos

1.028. Direitos processuais do advogado

1.028.1. Direito de exame dos autos


1.028.2. Direito de vista dos autos

1.028.3. Direito de carga dos autos

1.029. Dever de restituir os autos no prazo

§ 214.º Defeitos relativos à capacidade postulatória

1.030. Espécies de defeitos relativos à capacidade postulatória

1.031. Insuficiência de habilitação profissional

1.032. Proibições relativas à habilitação profissional

1.032.1. Incompatibilidade no exercício da advocacia

1.032.2. Impedimento ao exercício da advocacia

1.032.3. Limitação territorial ao exercício da advocacia

1.032.4. Efeitos processuais da incompatibilidade e do impedimento

1.033. Falta de habilitação e irregularidade da representação

§ 215.º Controle dos defeitos relativos à capacidade postulatória

1.034. Natureza do vício relativo à capacidade postulatória

1.035. Momento da verificação do defeito relativo à capacidade


postulatória

1.036. Regime geral do suprimento da incapacidade postulatória

1.037. Iniciativa no conhecimento da incapacidade postulatória

1.038. Fundamento do suprimento dos vícios relativos à capacidade


processual

1.039. Efeitos dos vícios relativos à capacidade postulatória

1.040. Subsistência dos vícios relativos à capacidade postulatória

1.040.1. Incapacidade postulatória do autor

1.040.2. Incapacidade postulatória do réu

1.040.3. Incapacidade postulatória do terceiro

1.040.4. Incapacidade processual nos recursos

1.041. Natureza dos atos de suprimento da incapacidade postulatória

CAPÍTULO 48 – MINISTÉRIO PÚBLICO

§ 216.º Ministério Público no processo civil


1.042. Origens e natureza institucional do Ministério Público

1.043. Funções institucionais do Ministério Público

1.044. Princípios institucionais do Ministério Público

1.044.1. Princípio da unidade do Ministério Público

1.044.2. Princípio da indivisibilidade do Ministério Público

1.044.3. Princípio da autonomia funcional do Ministério Público

1.045. Estruturação institucional do Ministério Público

1.046. Formas de participação do Ministério Público no processo civil

1.046.1. Ministério Público como parte principal

1.046.2. Ministério Público como parte coadjuvante

1.047. Competência institucional do Ministério Público na jurisdição civil

§ 217.º Disciplina da atividade processual do Ministério Público

1.048. Forma de comunicação dos atos processuais

1.049. Prazos especiais do Ministério Público

1.050. Poderes e deveres processuais do Ministério Público

1.050.1. Poderes e deveres processuais do Ministério Público como parte


principal

1.050.2. Poderes e deveres processuais do Ministério Público como parte


coadjuvante

1.051. Comportamentos contraditórios na intervenção simultânea

1.052. Responsabilidade financeira do Ministério Público

1.053. Responsabilidade do Ministério Público por dano processual

1.054. Responsabilidade civil dos agentes do Ministério Público

§ 218.º Intervenção da parte coadjuvante nos casos lei geral

1.055. Casos de intervenção na lei geral

1.056. Intervenção nas causas envolvendo interesses de incapazes

1.057. Intervenção nas causas envolvendo estado das pessoas

1.058. Intervenção nas causas envolvendo interesse público

1.059. Intervenção nas demais hipóteses da lei geral


§ 219.º Intervenção da parte coadjuvante nas leis extravagantes

1.060. Casos de intervenção nas leis extravagantes

1.061. Intervenção na tutela dos direitos fundamentais

1.061.1. Intervenção do Ministério Público no habeas corpus

1.061.2. Intervenção do Ministério Público no habeas data

1.061.3. Intervenção do Ministério Público no mandado de segurança

1.061.4. Intervenção do Ministério Público no mandado de injunção

1.061.5. Intervenção do Ministério Público na ação popular

1.061.6. Intervenção do Ministério Público na ação civil pública

1.061.7. Intervenção do Ministério Público na ação civil por improbidade


administrativa

1.062. Intervenção na tutela dos direitos dos vulneráveis

1.062.1. Intervenção na tutela dos direitos dos consumidores

1.062.2. Intervenção na tutela dos direitos dos indígenas

1.062.3. Intervenção na tutela dos direitos dos menores

1.062.4. Intervenção na tutela dos direitos dos idosos

1.062.5. Intervenção na tutela dos direitos dos acidentados

1.063. Intervenção na tutela da ordem, da saúde, da segurança e da


economia pública

1.063.1. Intervenção do Ministério Público em matéria de insolvência

1.063.2. Intervenção do Ministério Público em matéria de registros


públicos

1.063.3. Intervenção do Ministério Público em matéria de desapropriação

1.063.4. Intervenção do Ministério Público em matéria de fundações

§ 220.º Disciplina processual da intervenção da parte coadjuvante

1.064. Controle judicial da intervenção da parte coadjuvante

1.065. Oportunidade da intervenção da parte coadjuvante

1.065.1. Momento da intervenção no processo com predomínio de


atividade cognitiva
1.065.2. Momento da intervenção no processo com predomínio da
atividade executiva

1.065.3. Cessação do motivo da intervenção

1.065.4. Consequências da intervenção tardia do Ministério Público

1.065.5. Consequências da falta de intervenção do Ministério Público

1.066. Facultatividade ou obrigatoriedade da manifestação da parte


coadjuvante

1.067. Conteúdo da manifestação da parte coadjuvante

1.068. Forma da manifestação da parte coadjuvante

§ 221.º Ministério Público como parte principal

1.069. Espécies de legitimação do Ministério Público

1.069.1. Legitimidade ordinária do Ministério Público na defesa de


interesses sociais indisponíveis

1.069.2. Legitimidade ordinária do Ministério Público na defesa das suas


prerrogativas institucionais

1.069.3. Legitimidade extraordinária do Ministério Público na defesa dos


vulneráveis

1.070. Princípios diretores da iniciativa do Ministério Público autor

1.070.1. Princípio da reserva legal

1.070.2. Princípio da obrigatoriedade

1.070.3. Princípio da indisponibilidade

CAPÍTULO 49 – DEFENSORIA PÚBLICA

§ 222.º Defensoria Pública no processo civil

1.071. Origens e natureza institucional da Defensoria Pública

1.072. Funções institucionais da Defensoria Pública

1.073. Princípios institucionais da Defensoria Pública

1.073.1. Princípio da unidade da Defensoria Pública

1.073.2. Princípio da indivisibilidade da Defensoria Pública

1.073.3. Princípio da independência funcional da Defensoria Pública

1.074. Estruturação institucional da Defensoria Pública


1.075. Formas de participação da Defensoria Pública no processo civil

1.075.1. Defensoria Pública como parte principal

1.075.2. Defensoria pública como representante da parte

1.075.3. Defensoria Pública como curador especial

1.076. Competência institucional da Defensoria Pública na jurisdição civil

§ 223.º Disciplina da atividade processual da Defensoria Pública

1.077. Forma de comunicação dos atos processuais quanto à Defensoria


Pública

1.078. Prazos especiais da Defensoria Pública

1.078.1. Extensão objetiva da dobra dos prazos da Defensoria Pública

1.078.2. Extensão subjetiva da dobra dos prazos da Defensoria Pública

1.079. Responsabilidade financeira da Defensoria Pública

1.080. Responsabilidade da Defensoria Pública por dano processual

1.081. Responsabilidade civil do Defensor Público

§ 224.º Funções da Defensoria Pública no processo civil

1.082. Capacidade de conduzir o processo da Defensoria Pública

1.082.1. Legitimidade ordinária da Defensoria Pública na defesa dos


direitos difusos e coletivos dos hipossuficientes

1.082.2. Legitimidade ordinária da Defensoria Pública na defesa das suas


funções e prerrogativas institucionais

1.082.3. Legitimidade extraordinária da Defensoria Pública na defesa dos


direitos individuais e individuais homogêneos dos hipossuficientes

1.083. Capacidade postulatória da Defensoria Pública

1.084. Integração da capacidade processual pela Defensoria Pública

TÍTULO IX – DOS ATOS PROCESSUAIS

CAPÍTULO 50 – FORMA DOS ATOS PROCESSUAIS

§ 225.º Dos atos processais em geral

1.085. Desenvolvimento, momentos e fases do processo

1.086. Fatos jurídicos processuais

1.087. Negócios jurídicos processuais


1.087.1. Falsos negócios processuais

1.087.2. Verdadeiros negócios processuais

1.088. Conceito de ato processual

1.089. Omissão como ato processual

1.090. Classificação dos atos processuais

1.090.1. Classificação subjetiva dos atos processuais

1.090.2. Classificação objetiva dos atos processuais

§ 226.º Características do ato processual

1.091. Especialidade do ato processual

1.092. Unilateralidade do ato processual

1.093. Forma do ato processual

1.094. Interdependência do ato processual

1.095. Unidade teleológica do ato processual

1.096. Discrição ou vinculação do ato processual

1.097. Efeitos internos ou externos do ato processual

§ 227.º Forma dos atos processuais

1.098. Princípios orientadores da forma dos atos processuais

1.099. Forma livre, forma autorizada e forma vinculada dos atos


processuais

1.099.1. Atos de forma livre

1.099.2. Atos de forma autorizada

1.099.3. Atos de forma vinculada

§ 228.º Publicidade dos atos processuais

1.100. Acesso do público ao processo

1.101. Fins da publicidade dos atos processuais

1.102. Espécies de publicidade dos atos processuais

1.103. Publicidade dos julgamentos

1.104. Imposição do segredo de justiça


1.104.1. Preservação do interesse social

1.104.2. Preservação da intimidade das partes

1.104.5. Preservação da confidencialidade

1.104.4. Extensão do segredo de justiça

1.104.5. Comunicação dos atos processuais nas causas em segredo de


justiça

1.104.6. Término do segredo de justiça

§ 229.º Idioma dos atos processuais

1.105. Obrigatoriedade do vernáculo

1.106. Depoimento oral dos estrangeiros

1.107. Depoimento oral dos portadores de necessidades especiais

1.108. Produção de prova documental em língua estrangeira

CAPÍTULO 51 – ATOS PROCESSUAIS DOS SUJEITOS DO


PROCESSO E DO ESCRIVÃO

§ 230.º Atos processuais das partes

1.109. Espécies de atos das partes

1.109.1. Atos postulatórios das partes

1.109.2. Atos dispositivos das partes

1.109.3. Atos probatórios das partes

1.110. Forma dos atos postulatórios das partes

1.111. Formação ocasional de autos suplementares

1.111.1. Subsistência dos autos suplementares

1.111.2. Finalidades dos autos suplementares

1.111.3. Formação dos autos suplementares

1.111.4. Vista dos autos suplementares

1.112. Recibo das peças escritas

1.112.1. Finalidade do recibo

1.112.2. Conteúdo do recibo

1.112.3. Autenticação do recibo


§ 231.º Atos processuais do juiz

1.113. Espécies de atos do juiz

1.114. Atos decisórios em primeiro grau

1.114.1. Finalidade da definição dos atos decisórios

1.114.2. Definição legal de sentença

1.114.3. Definição legal de decisão

1.114.4. Definição legal de despacho

1.114.5. Diferença entre despachos e atos ordinatórios

1.114.6. Desvirtuamentos da tipologia dos atos decisórios

1.115. Atos decisórios no segundo grau

1.115.1. Definição legal de acórdão

1.115.2. Decisões do relator

1.116. Forma dos atos decisórios

1.116.1. Elementos da sentença

1.116.2. Elementos da decisão

1.116.3. Elementos do acórdão

1.116.4. Capítulos da sentença

1.117. Autenticação dos atos decisórios do juiz

1.117.1. Redação dos atos decisórios

1.117.2. Datação dos atos decisórios

1.117.3. Assinatura dos atos decisórios

1.118. Documentação dos atos decisórios do juiz

1.119. Publicação dos atos decisórios

1.120. Atos materiais do juiz

§ 232.º Estrutura da sentença

1.121. Relatório da sentença

1.122. Motivação da sentença

1.122.1. Natureza da motivação


1.122.2. Conteúdo da motivação

1.122.3. Requisitos da motivação

1.122.3.1. Motivação per relationem

1.122.3.2. Motivação implícita

1.122.4. Espécies de motivação

1.122.5. Finalidades da motivação

1.122.6. Consequências da motivação inexistente ou insuficiente

1.222.7. Interpretação da motivação

1.123. Dispositivo da sentença

1.123.1. Objeto do dispositivo da sentença

1.123.2. Tipicidade do dispositivo da sentença

1.123.3. Conteúdo do dispositivo da sentença

1.123.4. Eficácia do dispositivo da sentença

1.123.5. Localização do dispositivo da sentença

§ 233.º Estrutura do acórdão

1.124. Ementa do acórdão

1.125. Relatório do acórdão

1.126. Motivação do acórdão

1.127. Dispositivo do acórdão

1.128. Organização dos elementos do acórdão

§ 234.º Atos do escrivão

1.129. Espécies de atos do escrivão

1.130. Formação dos autos

1.131. Organização dos autos

1.132. Elaboração de termos

1.132.1. Espécies de termo

1.132.2. Forma concisa e extensa do termo

1.132.3. Limpeza e totalidade do termo


1.132.4. Assinatura do termo

1.133. Técnicas de documentação dos atos do escrivão

CAPÍTULO 52 – TEMPO E DO LUGAR DOS ATOS PROCESSUAIS

§ 235.º Tempo dos atos processuais

1.134. Tempo como elemento dos atos processuais

1.135. Tempo da prática dos atos processuais

1.135.1. Expediente forense

1.135.2. Expediente do órgão judiciário

1.135.3. Expediente eletrônico

1.136. Exceções ao tempo da prática dos atos processuais

1.136.1. Atos iniciados no tempo hábil

1.136.2. Atos realizados fora do tempo hábil

1.136.3. Atos urgentes em regime de plantão

1.137. Proibição da prática dos atos processuais no recesso e nos feriados

1.137.1. Conceito de recesso ou férias forenses

1.137.2. Conceito de feriados forenses

1.137.3. Efeitos da prática dos atos processuais no recesso e nos feriados

1.138. Atos admitidos no recesso e nas férias

1.139. Causas processadas no recesso e nas férias

§ 236.º Lugar dos atos processuais

1.140. Lugar dos atos processuais

1.141. Atos ordinariamente realizados na sede do juízo ou fora dela

1.142. Atos excepcionalmente realizados fora da sede do juízo

§ 237.º Preclusão

1.143. Conceito de preclusão

1.144. Extensão subjetiva da preclusão

1.145. Extensão objetiva da preclusão

1.146. Finalidade da preclusão


1.147. Natureza da preclusão

1.148. Espécies da preclusão

1.148.1. Preclusão temporal

1.148.2. Preclusão lógica

1.148.3. Preclusão consumativa

1.148.4. Preclusão hierárquica

1.149. Objeto da preclusão

1.150. Efeitos da preclusão

CAPÍTULO 53 – PRAZOS PROCESSUAIS

§ 238.º Prazos processuais

1.151. Conceito de prazo processual

1.152. Unidades de tempo nos prazos processuais

1.153. Classificação dos prazos processuais

1.153.1. Prazos legais, judiciais e convencionais

1.153.2. Prazos peremptórios e dilatórios

1.153.3. Prazos comuns e particulares

1.153.4. Prazos próprios e impróprios

1.154. Princípios dos prazos processuais

1.154.1. Princípio da utilidade

1.154.2. Princípio da continuidade

1.154.3. Princípio da inalterabilidade

1.154.4. Princípio da peremptoriedade

1.154.5. Princípio da simetria

1.155. Fluência e contagem dos prazos

§ 239.º Termo inicial do prazo processual

1.156. Relevância do termo inicial do prazo

1.157. Termo inicial dos prazos do juiz

1.158. Termo inicial dos prazos dos auxiliares


1.159. Termo inicial dos prazos das partes

1.159.1. Data da comunicação como regra geral

1.159.2. Exceções à data do início do prazo

1.159.3. Dia hábil para a intimação

1.159.4. Data da juntada como fator de eficácia

1.159.4.1. Comunicação postal

1.159.4.2. Comunicação por mandado

1.159.4.3. Comunicação pelo escrivão

1.159.4.4. Comunicação por carta

1.159.4.5. Comunicação por edital

1.159.4.6. Comunicação eletrônica

1.159.4.7. Comunicação por publicação

1.159.4.8. Ciência inequívoca

1.159.4.9. Comunicação plural

1.160. Termo inicial do prazo recursal

1.160.1. Destinatário da intimação

1.160.2. Termo inicial do prazo de recurso contra atos proferidos em


audiência

1.160.3. Termo inicial do prazo de recurso contra atos proferidos fora da


audiência

1.160.4. Termo inicial do prazo de recurso perante duplicidade de


intimações

1.160.5. Termo inicial do prazo de recurso quanto ao revel

§ 240.º Contagem do prazo processual

1.161. Contagem progressiva do prazo processual

1.162. Contagem progressiva do prazo em dias

1.163. Contagem progressiva do prazo em horas e em minutos

1.164. Contagem dos prazos em meses e em anos

1.165. Contagem regressiva do prazo processual


§ 241.º Interrupção e suspensão do prazo processual

1.166. Eventos supervenientes ao termo inicial do prazo

1.167. Eventos suspensivos dos prazos processuais

1.167.1. Suspensão do prazo processual por força das férias forenses

1.167.2. Suspensão do prazo processual por força da suspensão do


processo

1.167.3. Suspensão do prazo processual por força de obstáculo

1.168. Evento interruptivo dos prazos processuais

1.169. Eventos interruptivos dos prazos recursais

1.170. Efeitos da suspensão e da interrupção dos prazos processuais

§ 242.º Restituição do prazo processual

1.171. Efeito do vencimento do prazo

1.172. Conceito de legal de justa causa

1.173. Prazo do pedido de restituição

1.174. Procedimento do pedido de restituição

1.175. Efeitos da decisão do pedido de restituição

§ 243.º Ampliações dos prazos processuais

1.176. Fundamento das ampliações dos prazos

1.177. Prazos da Fazenda Pública e do Ministério Público

1.177.1. Constitucionalidade do prazo especial da Fazenda Pública e do


Ministério Público

1.177.2. Extensão objetiva do prazo especial da Fazenda Pública e do


Ministério Público

1.177.3. Extensão subjetiva do prazo especial da Fazenda Pública e do


Ministério Público

1.178. Prazos da Defensoria Pública

1.179. Prazos dos litisconsortes com procuradores diferentes

1.180. Prorrogação dos prazos processuais

1.180.1. Prorrogação convencional dos prazos processuais

1.180.1.1. Requisitos da prorrogação convencional


1.180.1.2. Efeitos da prorrogação convencional

1.180.2. Prorrogação judicial dos prazos processuais

§ 244.º Renúncia ao prazo processual

1.181. Conceito de renúncia ao prazo processual

1.182. Requisitos da renúncia ao prazo processual

1.183. Efeitos da renúncia ao prazo processual

§ 245.º Especialidades do prazo processual

1.184. Prazo básico dos atos processuais das partes

1.185. Prazo de espera no comparecimento das partes

§ 246.º Verificação dos prazos e penalidades

1.186. Sistema de verificação dos prazos processuais

1.187. Controle dos prazos processuais das partes

1.187.1. Controle da tempestividade dos atos processuais das partes

1.187.2. Controle da restituição dos autos

1.187.2.1. Legitimidade para requerer a cobrança dos autos

1.187.2.2. Intimação do procurador e consequências da inércia

1.187.2.3. Entrega dos autos após a intimação

1.187.2.4. Expedição do mandado de busca e apreensão dos autos

1.187.2.5. Desaparecimento dos autos por fato de terceiro

1.188. Controle dos prazos processuais dos servidores

1.188.1. Sujeitos da verificação judicial

1.188.2. Objeto da verificação judicial

1.188.3. Consequências da verificação judicial

1.189. Controle dos prazos processuais do órgão judiciário

1.189.1. Representação contra o excesso de prazo no primeiro grau

1.189.2. Representação contra excesso de prazo nos tribunais

CAPÍTULO 54 – COMUNICAÇÃO DOS ATOS PROCESSUAIS

§ 247.º Do intercâmbio processual


1.190. Finalidade técnica da comunicação processual

1.191. Formas de comunicação processual

1.192. Espécies de comunicação processual

§ 248.º Da citação

1.193. Conceito legal de citação

1.194. Espécies da citação

1.194.1. Cabimento das espécies de citação

1.194.2. Citação pelo correio

1.194.3. Citação por oficial de justiça

1.194.4. Citação por edital

1.194.5. Citação por meio eletrônico

1.194.6. Citação pelo escrivão

1.195. Ônus de requerer a citação

1.196. Destinatário da citação

1.196.1. Identificação do réu

1.196.2. Identificação do executado

1.196.3. Identificação do interessado

1.196.4. Citação da pessoa natural

1.196.5. Citação da pessoa jurídica

1.196.6. Citação na pessoa do representante habilitado

1.196.7. Citação na pessoa do representante presumido

1.197. Lugar da citação

1.197.1. Citação no estabelecimento militar

1.197.2. Citação no culto religioso

1.198. Tempo da citação

1.198.1. Proibição da citação no período de nojo

1.198.2. Proibição da citação no período de gala

1.199. Verificação da capacidade do citando


1.199.1. Incapacidade transitória do citando

1.199.2. Incapacidade permanente do citando

§ 249.º Citação pelo correio

1.200. Preferência e dificuldades da citação pelos correios

1.201. Exclusão da citação pelo correio

1.201.1. Proibição de natureza objetiva da citação pelo correio

1.201.2. Proibição de natureza subjetiva da citação pelo correio

1.202. Controle da admissibilidade da citação pelo correio

1.203. Requisitos da carta de citação

1.204. Entrega da carta de citação ao destinatário

1.205. Recusa do destinatário de firmar o aviso

1.206. Frustração da citação pelo correio

§ 250.º Citação por oficial de justiça

1.207. Posição da citação por oficial de justiça

1.208. Requisitos do mandado de citação

1.208.1. Identificação das partes

1.208.2. Finalidade da citação

1.208.3. Cominação de pena

1.208.4. Dia, hora e lugar de comparecimento

1.208.5. Cópia da decisão

1.208.6. Assinatura do escrivão

1.209. Execução do mandado de citação

1.209.1. Prazo da diligência

1.209.2. Localização do citando

1.209.3. Identificação do citando

1.209.4. Leitura do mandado de citação

1.209.5. Entrega da contrafé ao citando

1.209.6. Obtenção da nota de ciência


1.210. Incidente da citação por hora certa

1.210.1. Requisitos da citação por hora certa

1.210.2. Procedimento da citação por hora certa

1.210.3. Efeitos da citação por hora certa

§ 251.º Citação por edital

1.211. Posição e espécies de citação por edital

1.212. Condições de admissibilidade da citação por edital

1.212.1. Identificação impossível do citando

1.212.2. Localização impossível do citando

1.212.3. Casos de obrigatoriedade da citação por edital

1.212.4. Ônus da afirmação de desconhecer o réu ou o respectivo


paradeiro

1.213. Deferimento da citação por edital

1.214. Requisitos do edital de citação

1.214.1. Conteúdo do edital de citação

1.214.2. Fixação do prazo do edital

1.214.3. Advertência ao citando do efeito material da revelia

1.215. Lugar de publicação do edital de citação

1.216. Publicidade do edital

1.216.1. Afixação do edital de citação na sede do juízo

1.216.2. Publicação do edital de citação

1.216.3. Divulgação do edital de citação em emissora de radiodifusão

1.217. Responsabilidade por dolo na realização da citação por edital

1.218. Fator de eficácia da citação por edital

§ 252.º Efeitos da citação

1.219. Enumeração dos efeitos da citação

1.220. Efeitos processuais da formação do processo

1.220.1. Proibição da renovação da demanda


1.220.2. Perpetuação da competência

1.220.3. Prevenção da competência

1.221. Efeitos materiais citação

1.221.1. Litigiosidade da coisa

1.221.2. Indisponibilidade patrimonial relativa

1.221.3. Constituição em mora

1.221.4. Interrupção da prescrição e da decadência

1.221.4.1. Conceito de prescrição

1.221.4.2. Momento do efeito interruptivo da prescrição

1.221.4.3. Prescrição intercorrente

1.221.4.4. Decretação ex officio da prescrição

1.221.4.5. Efeito interruptivo dos prazos decadenciais

1.222. Natureza do vício da falta (e o caso da citação da pessoa já


falecida) ou nulidade da citação e remédios cabíveis

1.223. Comparecimento espontâneo e suprimento dos vícios da citação

1.224. Natureza e recorribilidade do ato decisório ordenatório da citação

§ 253.º Da intimação

1.225. Conceito legal de intimação

1.226. Espécies de intimação

1.227. Destinatários da intimação

§ 254.º Intimação pessoal

1.228. Posição da intimação pessoal

1.229. Destinatários da intimação pessoal

1.230. Meios da intimação pessoal

§ 255.º Intimação postal

1.231. Posição da intimação postal

1.232. Inadmissibilidade da intimação postal

1.233. Forma da intimação postal


1.234. Entrega da carta ao destinatário

§ 256.º Intimação pelo escrivão (in faciem)

1.235. Admissibilidade da intimação pelo escrivão

1.236. Destinatário da intimação pelo escrivão

1.237. Formas da intimação pelo escrivão

§ 257.º Intimação por oficial de justiça

1.238. Admissibilidade da intimação por oficial de justiça

1.239. Forma da intimação por oficial de justiça

§ 258.º Intimação ficta

1.240. Posição da intimação ficta

1.241. Admissibilidade da intimação ficta

1.242. Formas de intimação ficta

1.243. Requisitos da publicação na intimação ficta

1.243.1. Identificação do destinatário na publicação

1.243.2. Conteúdo do ato publicação

1.243.3. Invalidação da publicação

CAPÍTULO 55 – INVALIDADES PROCESSUAIS

§ 259.º Invalidades processuais em geral

1.244. Existência, validade e eficácia dos atos processuais

1.245. Requisitos necessários e requisitos úteis dos atos processuais

1.245.1. Pressuposto útil: ato irregular

1.245.2. Pressuposto necessário: ato inválido

1.246. Conceito de invalidade processual

1.247. Posição sistemática das invalidades no processo civil

1.248. Depuração terminológica: invalidade ou nulidade processual

§ 260.º Classificação das invalidades processuais

1.249. Critérios de classificação das invalidades processuais

1.250. Espécies de invalidades


1.251. Nulidade absoluta

1.252. Nulidade relativa

1.253. Anulabilidade

§ 261.º Nulidade cominada

1.254. Nulidade cominada e não cominada

1.254.1. Fundamento da cominação

1.254.2. Compatibilidade das classificações

1.255. Nulidades cominadas na fase e no processo de conhecimento

1.255.1. Invalidade por ausência de intimação do Ministério Público

1.255.1.1. Intimação e participação do Ministério Público

1.255.1.2. Natureza da invalidade e saneamento do vício

1.255.2. Invalidade da citação e das intimações feitas sem observância


das prescrições legais

1.256. Nulidades cominadas na fase e no processo de execução

1.256.1. Falta de certeza, liquidez e exigibilidade do título executivo

1.256.2. Citação inexistente ou nula do executado

1.256.3. Verificação do termo ou condição

1.257. Invalidade em razão da forma dos atos processuais

1.258. Invalidade em razão da forma do processo

§ 262.º Decretação da invalidade

1.259. Iniciativa no controle das invalidades

1.259.1. Iniciativa quanto à nulidade absoluta

1.259.2. Iniciativa quanto à nulidade relativa

1.259.3. Iniciativa quanto à anulabilidade

1.259.4. Oportunidade da iniciativa da parte

1.259.5. Legítimo impedimento como obstáculo à preclusão

1.260. Meios de controle das invalidades

1.261. Momento do controle da invalidade


1.262. Barreiras à invalidação: princípios da finalidade e do não prejuízo

1.262.1. Incidência do princípio da finalidade

1.262.2. Incidência do princípio do não prejuízo

§ 263.º Efeitos da invalidação

1.263. Posição do ato viciado

1.264. Invalidade derivada

1.264.1. Conceito de invalidade derivada

1.264.2. Dependência e autonomia dos atos posteriores

1.264.3. Condição jurídica dos atos dependentes do ato inválido

1.264.4. Condição jurídica do ato anterior ao ato inválido

1.265. Invalidade parcial

1.266. Decretação expressa da invalidade e técnicas de reparação

CAPÍTULO 56 – REGISTRO, DISTRIBUIÇÃO E VALOR DA CAUSA

§ 264.º Registro da causa

1.267. Localização dos atos de registro e de distribuição

1.268. Registro da causa

1.269. Funções do registro

1.270. Elementos do registro

1.270.1. Número do processo

1.270.2. Identificação do ofício

1.270.3. Data do início do processo

1.270.4. Natureza do feito

1.270.5. Nome das partes

1.270.6. Nome dos advogados

1.270.7. Indicação do valor da causa

1.271. Efeitos do registro

§ 265.º Distribuição da causa

1.272. Classes de distribuição


1.272.1. Distribuição das causas no primeiro grau

1.272.2. Distribuição das causas nos tribunais

1.273. Obrigatoriedade da distribuição

1.274. Princípios da distribuição

1.274.1. Princípio da publicidade

1.274.2. Princípio da alternância

1.274.3. Princípio da igualdade

1.275. Espécies de distribuição

§ 266.º Distribuição por dependência

1.276. Funções da distribuição por dependência

1.277. Casos implícitos de distribuição por dependência

1.278. Casos explícitos de distribuição por dependência

1.278.1. Dependência em razão de conexão ou continência

1.278.2. Dependência em razão do juiz natural

1.278.3. Dependência em razão da conexão instrumental

§ 267.º Impedimentos à distribuição

1.279. Distribuição sem procuração

1.280. Objeto da fiscalização do distribuidor

1.281. Consequências da fiscalização do distribuidor

1.282. Dispensa da fiscalização do distribuidor

1.282.1. Postulação em causa própria

1.282.2. Postulação de atos urgentes

1.282.3. Postulação em representação de vulnerável

1.282.4. Postulação em decorrência de investidura constitucional

§ 268.º Correção da distribuição

1.283. Casos de correção da distribuição

1.283.1. Erro na distribuição

1.283.2. Falta de distribuição


1.284. Incidente de impugnação da distribuição

1.285. Compensação na distribuição

1.286. Cancelamento da distribuição

§ 269.º Valor da causa

1.287. Conceito de valor da causa

1.288. Finalidades do valor da causa

1.289. Obrigatoriedade do valor da causa

1.290. Oportunidade da fixação do valor da causa

1.291. Espécies de fixação do valor da causa

1.292. Critérios para fixação do valor da causa

1.292.1. Valor da causa segundo o critério legal

1.292.1.1. Valor da causa na cobrança de dívidas

1.292.1.2. Valor da causa na pretensão fundada em ato ou negócio


jurídico

1.292.1.3. Valor da causa na pretensão alimentar

1.292.1.4. Valor da causa nas pretensões de divisão, de demarcação e de


reivindicação de imóvel

1.292.1.5. Valor da causa na pretensão à indenização

1.292.1.6. Valor da causa na cumulação simples e sucessiva de pedidos

1.292.1.7. Valor da causa perante pedido alternativo

1.292.1.8. Valor da causa na cumulação eventual de pedidos

1.292.1.9. Valor da causa na cobrança de dívida de prestações vencidas e


vincendas

1.292.1.10. Valor da causa nas pretensões derivadas de locação predial


urbana

1.292.2. Valor da causa segundo o critério do autor

1.292.2.1. Valor da causa na pretensão à declaração

1.292.2.2. Valor da causa na pretensão a executar

1.292.2.3. Valor da causa na oposição do executado à pretensão a


executar
1.292.2.4. Valor da causa na oposição do terceiro à pretensão a executar

1.292.2.5. Valor da causa na pretensão à segurança

1.292.2.6. Valor da causa na pretensão de rescisão de provimentos


transitados em julgado

1.292.2.7. Valor da causa da pretensão à anulação de atos homologados


em juízo

1.292.2.8. Valor da causa em casos específicos

1.292.2.8.1. Valor da causa na pretensão de consignar em pagamento

1.292.2.8.2. Valor da causa nas pretensões possessórias

1.292.2.8.4. Valor da causa na pretensão de desapropriação

1.292.2.8.5. Valor da causa na ação civil pública

1.292.2.8.6. Valor da causa na ação popular

1.292.2.8.7. Valor da causa na ação de depósito

1.292.2.8.8. Valor da causa na ação de prestação de contas

1.292.2.8.9. Valor da causa no mandado de segurança

1.229.2.8.10. Valor da causa na ação monitória

1.292.2.9. Valor da causa nos procedimentos de jurisdição voluntária

§ 270.º Incidente de impugnação ao valor da causa

1.293. Objeto da impugnação ao valor da causa

1.294. Natureza da impugnação ao valor da causa

1.295. Legitimidade para impugnar o valor da causa

1.296. Prazo da impugnação ao valor da causa

1.297. Forma da impugnação ao valor da causa

1.298. Procedimento da impugnação ao valor da causa

1.298.1. Atitudes do autor na réplica

1.298.2. Instrução da questão processual ao valor da causa

1.298.3. Resolução da questão processual do valor da causa

1.299. Correção ex officio do valor da causa

1.300. Efeitos da alteração do valor da causa


TÍTULO X – PROVAS EM GERAL

CAPÍTULO 57 – DISPOSIÇÕES GERAIS SOBRE PROVA

§ 271.º Prova no processo civil

1.301. Objeto da cognição do juiz

1.301.1. Conhecimento do direito

1.301.1.1. Liberdade na qualificação jurídica

1.301.1.2. Liberdade na seleção da norma

1.301.2. Desconhecimento dos fatos

1.302. Conceito de prova no processo civil

1.303. Funções da prova no processo civil

1.304. Sistemas probatórios contemporâneos

1.305. Natureza das regras sobre prova

1.305.1. Limites espaciais das normas probatórias

1.305.2. Limites temporais das normas probatórias

§ 272.º Objeto da prova

1.306. Objeto e tema da prova

1.307. Alegações de fato como objeto da prova

1.307.1. Espécies de fatos objeto das alegações das partes

1.307.1.1. Fatos jurídicos e fatos simples

1.307.1.2. Fatos internos e fatos externos

1.307.1.3. Fatos positivos e fatos negativos

1.307.2. Regime do conhecimento das alegações de fato

1.308. Alegações de direito como objeto da prova

1.309. Tema da prova

§ 273.º Prova das alegações de direito

1.310. Desnecessidade de prova do direito comum

1.311. Prova do direito local

1.311.1. Causas fundadas no direito local


1.311.2. Produção da prova do direito local

1.311.3. Espécies de prova do direito local

1.311.4. Consequências da falta de prova do direito local

1.312. Prova do direito estrangeiro

1.312.1. Causas fundadas no direito estrangeiro

1.312.2. Produção da prova do direito estrangeiro

1.312.3. Espécies de prova do direito estrangeiro

1.312.4. Consequências da falta de prova do direito estrangeiro

1.312.5. Consequências da aplicação do direito estrangeiro

1.313. Prova do direito consuetudinário

1.313.1. Requisitos e alcance do costume

1.313.2. Produção da prova do costume

1.313.3. Espécies de prova do costume

1.313.4. Consequências da falta de prova do costume

§ 274.º Prova das alegações de fato

1.314. Prova dos fatos

1.315. Fatos dependentes de prova

1.316. Fatos independentes de prova

1.317. Fatos incontroversos

1.317.1. Configuração dos fatos incontroversos

1.317.2. Fundamento da falta de controvérsia dos fatos

1.317.3. Requisitos da configuração dos fatos incontroversos

1.317.4. Consequências da falta de controvérsia dos fatos

1.317.5. Inadmissibilidade da iniciativa probatória oficial

1.318. Fatos notórios

1.318.1. Configuração da notoriedade dos fatos

1.318.2. Espécies de notoriedade dos fatos

1.318.3. Pressuposto do conhecimento da notoriedade dos fatos


1.318.4. Consequências da notoriedade dos fatos

1.319. Fatos presumidos

§ 275.º Presunções

1.320. Conceito de presunção

1.321. Classificação dos indícios

1.322. Localização sistemática das presunções

1.323. Espécies de presunção

1.324. Presunção judicial

1.324.1. Conceito de presunção judicial

1.324.2. Características da presunção judicial

1.324.3. Requisitos da presunção judicial

1.324.4. Presunção extraída do fato probando

1.324.5. Inadmissibilidade da presunção judicial

1.324.6. Consequências da presunção judicial

1.325. Presunção legal relativa

1.325.1. Espécies de presunção legal relativa

1.325.2. Fundamento da presunção legal relativa

1.325.3. Função da presunção legal relativa

1.325.4. Admissibilidade da prova em contrário ao fato presumido

1.325.5. Consequências da presunção legal relativa

1.326. Presunções legais absolutas

§ 276.º Regras de experiência

1.327. Conceito de regras de experiência

1.328. Espécies de regras de experiência

1.329. Funções das regras de experiência

1.329.1. Instrumento de apuração dos fatos

1.329.2. Instrumento de apreciação da prova

1.329.3. Concretização de conceitos juridicamente indeterminado


1.329.4. Determinação de elemento de incidência

1.329.5. Determinação de impossibilidades físicas e técnicas

1.330. Prova das regras de experiência

§ 277.º Momentos da prova

1.331. Especificação da prova

1.331.1. Especificação do autor

1.331.2. Especificação do réu

1.332. Proposição da prova

1.333. Admissão da prova

1.334. Produção da prova

1.334.1. Tempo da produção da prova

1.334.2. Lugar da produção da prova

1.334.3. Órgão da produção da prova

1.335. Apreciação da prova

1.335.1. Sistemas de apreciação da prova

1.335.1.1. Sistema da apreciação legal

1.335.1.2. Sistema da íntima convicção

1.335.1.3. Sistema da livre apreciação

1.335.1.3.1. Requisitos da livre apreciação

1.335.1.3.2. Medida da livre apreciação

1.335.2. Momento da apreciação da prova

1.335.3. Controle da apreciação da prova

§ 278.º Ônus da prova

1.336. Direito e ônus de provar

1.337. Espécies de ônus da prova

1.338. Funções do ônus da prova

1.338.1. Regra de conduta

1.338.2. Regra de julgamento


1.339. Distribuição estática do ônus da prova

1.339.1. Critério geral da distribuição estática

1.339.1.1. Fatos constitutivos

1.339.1.2. Fatos extintivos

1.339.1.2. Fatos extintivos

1.339.1.3. Fatos modificativos

1.339.1.4. Fatos impeditivos

1.339.2. Critérios especiais da distribuição estática

1.339.2.1. Inversão legal direta do ônus da prova

1.339.2.2. Inversão legal indireta do ônus da prova

1.339.3. Critério convencional da distribuição estática

1.339.3.1. Cabimento do negócio jurídico sobre ônus da prova

1.339.3.2. Requisitos do negócio jurídico sobre ônus da prova

1.339.3.3. Momento do negócio jurídico sobre ônus da prova

1.339.3.4. Efeitos do negócio jurídico sobre ônus da prova

1.340. Distribuição dinâmica do ônus da prova

1.340.1. Cabimento da distribuição dinâmica do ônus da prova

1.340.2. Momento da distribuição dinâmica do ônus da prova

1.340.3. Controle da distribuição dinâmica do ônus da prova

§ 279.º Meios de prova

1.341. Fontes da prova

1.342. Meios de prova

1.343. Enumeração das provas

1.343.1. Confissão

1.343.2. Documento

1.343.3. Testemunha

1.343.4. Presunção

1.343.5. Perícia
1.344. Enumeração dos meios de prova

§ 280.º Classificação das provas

1.345. Espécies de prova

1.345.1. Prova pessoal e prova real

1.345.2. Prova direta e prova indireta (ou crítica)

1.345.3. Prova literal e testemunhal

1.346. Prova constituída e prova constituenda (ou casual)

1.347. Prova principal e contraprova

1.348. Prova livre e prova plena (ou legal)

1.348.1. Prova livre

1.348.2. Prova plena

1.348.2.1. Prova plena da escritura pública

1.348.2.2. Prova plena nos arquivos de imagens e sons

1.349. Prova típica e prova atípica

1.350. Prova lícita e prova ilícita

1.350.1. Formas de ilicitude da prova

1.350.1.1. Ilicitude material e ilicitude formal da prova

1.350.1.2. Ilicitude originária e ilicitude derivada da prova

1.350.2. Efeitos da ilicitude da prova

§ 281.º Princípios da prova

1.351. Princípio da iniciativa concorrente

1.352. Princípio da oportunidade

1.353. Princípio da proibição do conhecimento privado

1.354. Princípio da contradição

1.355. Princípio da cooperação

1.356. Princípio da comunhão

1.357. Princípio da imediação

1.357.1. Imediação subjetiva


1.357.2. Imediação objetiva

1.358. Princípio da publicidade

1.359. Princípio da livre apreciação

1.360. Princípio da unidade

§ 282.º Cooperação das partes na investigação da verdade

1.361. Cooperação da parte na produção da prova

1.362. Finalidade da cooperação da parte na produção da prova

1.363. Dever de comparecer

1.364. Dever de responder

1.365. Dever de submissão

1.366. Dever de obedecer

§ 283.º Cooperação dos terceiros na investigação da verdade

1.367. Cooperação do terceiro na produção da prova

1.368. Fundamento do dever de cooperação do terceiro

1.369. Finalidade do dever de cooperação do terceiro

1.370. Objeto do dever de cooperação do terceiro

1.371. Caráter relativo do dever de cooperação do terceiro

1.372. Dever de informação

1.373. Dever de exibição

1.374. Meios de constranger o terceiro à cooperação

TÍTULO XI – INSTRUÇÃO ANTECIPADA

CAPÍTULO 58 – DA PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVAS

§ 284.º Disposições gerais da produção antecipada de prova

1.375. Conceito e natureza da produção antecipada de prova

1.375.1. Pretensão à asseguração da prova

1.375.2. Pretensão à produção antecipada da prova

1.375.3. Pretensão à constituição da prova

1.376. Espécies de produção antecipada de prova


1.377. Casos de dispensa da produção antecipada de prova

1.378. Objeto da produção antecipada de prova

1.378.1. Objeto da pretensão à asseguração da prova

1.378.1.1. Cabimento do depoimento pessoal

1.378.1.2. Cabimento da inquirição de testemunhas

1.378.1.3. Cabimento da perícia

1.378.1.4. Cabimento da inspeção judicial

1.378.2. Objeto da pretensão à produção antecipada de prova

1.378.3. Objeto da pretensão à constituição da prova

§ 285.º Procedimento da produção antecipada de prova

1.379. Petição inicial na produção antecipada de prova

1.379.1. Perigo de dano na antecipação da prova testemunhal

1.379.2. Perigo de dano na antecipação da prova pericial

1.380. Competência na produção antecipada de prova

1.380.1. Competência na asseguração da prova

1.380.2. Competência na produção antecipada de prova

1.380.3. Competência na constituição antecipada de prova

1.381. Legitimidade na produção antecipada de prova

1.381.1. Legitimidade ativa na produção antecipada de prova

1.381.2. Legitimidade passiva na produção antecipada de prova

1.381.3. Intervenção de terceiros na produção antecipada de prova

1.382. Defesa na produção antecipada de prova

1.382.1. Cabimento da defesa na produção antecipada de prova

1.382.2. Defesa processual na produção antecipada de prova

1.382.3. Defesa de mérito na produção antecipada de prova

1.382.4. Limitações à defesa na produção antecipada de prova

1.382.5. Exceções processuais na produção antecipada de prova

1.382.6. Reconvenção na produção antecipada de prova


1.383. Liminar na produção antecipada de prova

1.384. Forma da produção da prova oral

1.385. Forma da produção da prova pericial

1.386. Eficácia e julgamento da produção antecipada de prova

1.386.1. Eficácia da produção antecipada de prova

1.386.2. Despesas e honorários advocatícios na produção antecipada de


prova

1.386.3. Renovação da prova assegurada na causa principal

CAPÍTULO 59 – DA JUSTIFICAÇÃO

§ 286.º Disposições gerais da justificação

1.387. Conceito e natureza da justificação

1.388. Espécies de justificação

1.389. Objeto da justificação

1.390. Espécies de prova na justificação

1.391. Casos de inadmissibilidade da justificação

§ 287.º Procedimento da justificação

1.392. Petição inicial na justificação

1.393. Competência na justificação

1.394. Legitimidade na justificação

1.395. Formas de citação na justificação

1.396. Controle judicial da justificação

1.397. Defesa na justificação

1.398. Produção da prova documental e testemunhal

1.399. Participação das partes na justificação

1.400. Efeitos da sentença na justificação

TÍTULO XII – TUTELA DA URGÊNCIA E TUTELA DA EVIDÊNCIA

CAPÍTULO 60 – MODALIDADES DA TUTELA ANTECIPADA

§ 288.º Evidência e urgência no processo civil


1.401. Estrutura processual e funções instrumentais da jurisdição

1.402. Problema terminológico: tutela diferenciada versus tutela


antecipada

1.403. Fundamento constitucional da tutela antecipada

1.404. Tutela de urgência como meio de litisregulação do processo

1.405. Princípios da tutela de urgência

1.405.1. Princípio da necessidade

1.405.2. Princípio do menor gravame

§ 289.º Espécies das medidas de urgência

1.406. Funções das medidas de urgência

1.407. Medidas de urgência cautelares (segurança para a execução)

1.407.1. Situação cautelanda

1.407.2. Perigo de dano iminente e irreparável

1.407.3. Temporariedade

1.407.4. Verossimilhança

1.407.5. Força mandamental da sentença cautelar

1.408. Medidas de urgência satisfativas definitivas (execução para a


segurança)

1.409. Medidas satisfativas provisionais

1.410. Classificação das medidas de urgência

1.410.1. Medidas de urgência específicas e inespecíficas

1.410.2. Medidas de urgência antecedentes e incidentes

§ 290.º Características das medidas de urgência

1.411. Dependência e autonomia das medidas cautelares

1.412. Fungibilidade das tutelas de urgência

1.413. Transversalidade da tutela de urgência

CAPÍTULO 61 – DISPOSIÇÕES COMUNS ÀS TUTELAS DE URGÊNCIA


E DA EVIDÊNCIA

§ 291.º Competência na tutela de urgência e na tutela da evidência


1.414. Competência interna na tutela de urgência e na tutela da evidência

1.415. Competência nas medidas de urgência incidentes

1.416. Competência nas medidas de urgência antecedentes

§ 292.º Liminar na urgência e na evidência

1.417. Conceito de liminar

1.418. Natureza da liminar

§ 293.º Pressupostos da liminar

1.419. Enumeração dos pressupostos da liminar

1.420. Pressupostos formais da liminar

1.420.1. Iniciativa da parte na liminar

1.420.2. Momento da iniciativa da parte na liminar

1.420.3. Forma da iniciativa da parte na liminar

1.420.4. Reiteração da iniciativa da parte

1.421. Pressupostos materiais da liminar

1.421.1. Prognóstico favorável ao autor

1.421.2. Receio de dano ao autor

§ 294.º Objeto da liminar

1.422. Distinção do objeto da liminar

1.423. Objeto da liminar nas medidas de urgência satisfativas

1.424. Objeto da liminar nas medidas de urgência cautelares

§ 295.º Etapa inicial do procedimento da liminar

1.425. Limitação do contraditório na liminar

1.426. Liminar com contraditório postergado (inaudita altera parte)

1.427. Liminar com justificação prévia

1.427.1. Origem e conceito de justificação prévia

1.427.2. Espécies de justificação prévia

1.427.3. Cabimento da justificação prévia

1.427.4. Iniciativa da justificação prévia


1.427.5. Finalidade e objeto da justificação prévia

1.427.6. Participação na justificação prévia

1.427.7. Procedimento da justificação prévia

1.428. Liminar com contraditório pleno

1.429. Imposição de contracautela na medida de urgência

1.429.1. Cabimento da contracautela

1.429.2. Espécies de contracautela

1.429.3. Requisitos da contracautela

1.429.4. Função da contracautela

1.430. Substituição da medida de urgência por caução

1.430.1. Requisitos da cautela substitutiva

1.430.1.1. Adequação da substituição da medida de urgência

1.430.1.2. Suficiência da substituição da medida de urgência

1.430.2. Espécies de caução substitutiva

1.430.3. Iniciativa na substituição

1.430.4. Procedimento da substituição

1.431. Motivação da liminar

1.432. Momento da liminar

§ 296.º Efeitos da decisão liminar

1.433. Efeitos do deferimento da liminar

1.433.1. Efeitos do deferimento da tutela cautelar

1.433.2. Efeitos do deferimento da tutela antecipada

1.434. Efeitos do indeferimento da liminar

§ 297.º Etapa final do procedimento da liminar

1.435. Cumprimento da liminar

1.436. Recurso contra a liminar (e sentença)

1.436.1. Recurso próprio contra a antecipação no provimento liminar

1.436.2. Recurso próprio contra a antecipação no provimento final


1.436.3. Limites à revisão da antecipação nos tribunais

1.437. Suspensão da execução da liminar

1.437.1. Fundamentos da suspensão da execução

1.437.2. Objeto da suspensão da execução

1.437.3. Natureza da suspensão da execução

1.437.4. Procedimento da suspensão da execução

1.437.5. Limites temporais da suspensão da execução

1.438. Modificação da liminar

1.438.1. Pressupostos da modificação

1.438.1.1. Competência na modificação

1.438.1.2. Mudança do estado de fato como pressuposto da modificação

1.438.1.3. Mudança do estado de direito como pressuposto da


modificação

1.438.2. Procedimento da modificação

1.438.3. Efeitos da modificação

1.439. Proibição da liminar

1.439.1. Fundamento da proibição da liminar

1.439.2. Proibição genérica da liminar

1.439.3. Proibição especial da liminar

1.439.3.1. Constitucionalidade da proibição especial da liminar

1.439.3.2. Exceções à proibição especial da liminar

1.440. Responsabilidade em razão do cumprimento do provimento


antecipatório

1.440.1. Fundamento da responsabilidade do autor

1.440.2. Pressupostos da responsabilidade do autor

1.440.3. Natureza da responsabilidade do autor

1.440.4. Efeitos da responsabilidade do autor

§ 298.º Eficácia temporal da liminar

1.441. Temporariedade da liminar


1.442. Eficácia temporal das medidas de urgência cautelares

1.443. Eficácia temporal das medidas de urgência satisfativas

1.443.1. Liminar parcial e procedência total

1.443.2. Liminar total e procedência parcial

1.443.3. Perempção da medida liminar

1.444. Estabilização das medidas de urgência satisfativas

1.444.1. Natureza da estabilização

1.444.2. Pressupostos da estabilização

1.444.3. Efeitos da estabilização

CAPÍTULO 62 – CASOS DE TUTELA DA EVIDÊNCIA E TUTELA DE


URGÊNCIA

§ 299.º Casos de tutela da evidência

1.445. Função e natureza da tutela da evidência

1.446. Pressupostos da tutela da evidência

1.446.1. Evidente abuso de defesa

1.446.1.1. Infundada impugnação do fato

1.446.1.2. Infundada impugnação do direito

1.446.1.3. Infundada exceção substancial

1.446.2. Prática de atos protelatórios

1.446.3. Fatos provados documentalmente e razões de direito fundadas


em precedente ou súmula vinculante

1.446.4. Pedido reipersecutório fundado em prova documental

1.446.5. Pedido fundado em fato incontestável

1.447. Iniciativa da parte na tutela da evidência

1.448. Momento da tutela da evidência

§ 300.º Casos especiais de tutela de urgência

1.449. Medidas de urgência nas obrigações de fazer

1.449.1. Cabimento e alcance das medidas de urgência em matéria de


obrigações de fazer
1.449.2. Pressupostos das medidas de urgência em matéria de obrigações
de fazer

1.449.3. Iniciativa da parte nas medidas de urgência em matéria de


obrigações de fazer

1.449.4. Momento das medidas de urgência em matéria de obrigações de


fazer

1.449.5. Impugnação das medidas de urgência em matéria de obrigações


de fazer

1.450. Medidas de urgência nos remédios constitucionais

1.450.1. Medidas de urgência no habeas corpus

1.450.1.1. Cabimento da liminar em habeas corpus

1.450.1.2. Competência da liminar em habeas corpus

1.450.1.3. Pressupostos da liminar em habeas corpus

1.450.1.4. Momento da antecipação em habeas corpus

1.450.1.5. Impugnação à liminar em habeas corpus

1.450.2. Medidas de urgência no habeas data

1.450.3. Medidas de urgência no mandado de segurança

1.450.3.1. Cabimento e alcance das medidas de urgência no mandado de


segurança

1.450.3.2. Competência nas medidas de urgência no mandado de


segurança

1.450.3.3. Iniciativa da parte nas medidas de urgência no mandado de


segurança

1.450.3.4. Pressupostos das medidas de urgência no mandado de


segurança

1.450.3.5. Momento das medidas de urgência no mandado de segurança

1.450.3.6. Eficácia temporal das medidas de urgência no mandado de


segurança

1.450.3.7. Impugnação das medidas de urgência no mandado de


segurança

1.450.4. Medidas de urgência no mandado de injunção

1.450.5. Medidas de urgência na ação popular


1.450.5.1. Cabimento e alcance das medidas de urgência na ação popular

1.450.5.2. Competência nas medidas de urgência da ação popular

1.450.5.3. Legitimidade nas medidas de urgência da ação popular

1.450.5.4. Pressupostos das medidas de urgência da ação popular

1.450.5.5. Impugnação das medidas de urgência da ação popular

1.451. Medidas de urgência no controle de constitucionalidade

1.451.1. Cabimento e natureza da medida de urgência no controle


concentrado de constitucionalidade

1.451.2. Competência na medida de urgência na medida de urgência no


controle de constitucionalidade

1.451.3. Iniciativa da parte na medida de urgência no controle de


constitucionalidade

1.451.4. Pressupostos da medida de urgência no controle de


constitucionalidade

1.451.5. Procedimento da medida de urgência no controle de


constitucionalidade

1.451.6. Efeitos da medida de urgência no controle de constitucionalidade

1.451.6.1. Efeitos da concessão da liminar

1.451.6.2. Efeitos da denegação da liminar

1.451.6.3. Efeitos da revogação da liminar

1.452. Medidas de urgência na rescisória

1.452.1. Natureza e objeto da medida de urgência na rescisória

1.452.2. Pressupostos da medida de urgência na rescisória

1.452.3. Competência na medida de urgência na rescisória

1.452.4. Iniciativa da parte na medida de urgência na rescisória

1.452.5. Momento da medida de urgência na rescisória

1.452.6. Impugnação da medida de urgência na rescisória

1.453. Medidas de urgência na execução

1.453.1. Objeto das medidas de urgência na execução

1.453.2. Pressupostos das medidas de urgência na execução


1.453.3. Legitimidade nas medidas de urgência na execução

1.453.4. Iniciativa da parte nas medidas de urgência na execução

1.453.5. Momento das medidas de urgência na execução

1.453.6. Impugnação das medidas de urgência na execução

1.454. Medidas de urgência no processo coletivo

1.454.1. Medida de urgência na ação civil pública geral

1.454.2. Medidas de urgência na ação civil pública por improbidade


administrativa

1.454.2.1. Indisponibilidade patrimonial

1.454.2.2. Sequestro de bens

1.454.2.3. Afastamento de função, emprego ou cargo público

CAPÍTULO 63 – PROCEDIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA

§ 301.º Procedimento da medida de urgência antecedente

1.455. Demanda da parte na medida de urgência

1.455.1. Causa de pedir na medida de urgência

1.455.2. Pedido na medida de urgência

1.455.2.1. Pedido genérico nas medidas cautelares

1.455.2.2. Limites à atuação oficiosa do juiz

1.455.2.3. Pedido genérico nas medidas satisfativas

1.455.2.4. Cumulação de pedidos cautelares e antecipação

1.455.3. Requerimento de liminar

1.455.4. Valor da causa na medida de urgência

1.455.5. Indicação dos meios de prova nas medidas de urgência

1.455.6. Formas de citação do réu nas medidas de urgência

1.455.7. Controle da petição inicial

1.456. Designação das partes na medida de urgência

1.457. Determinação das partes na medida de urgência

1.457.1. Legitimidade ativa nas medidas de urgência


1.457.2. Legitimidade passiva nas medidas de urgência

1.457.3. Litisconsórcio nas medidas de urgência

1.458. Efeitos da propositura das medidas de urgência

1.458.1. Prevenção do juízo nas medidas de urgência

1.458.2. Proibição da renovação de idêntica medida de urgência

1.458.3. Litigiosidade nas medidas de urgência

1.458.4. Constituição em mora nas medidas de urgência

1.458.5. Interrupção da prescrição nas medidas de urgência

1.459. Defesa do réu nas medidas de urgência

1.459.1. Prazo de defesa nas medidas de urgência

1.459.1.1. Termo inicial do prazo de contestação na tutela cautelar

1.459.1.2. Termo inicial do prazo de contestação na tutela antecipada

1.459.2. Conteúdo da defesa nas medidas de urgência cautelares

1.459.2.1. Contestação nas medidas de urgência cautelares

1.459.2.2. Reconvenção nas medidas de urgência cautelares

1.459.2.3. Exceções nas medidas de urgência cautelares

1.459.2.4. Reconhecimento do pedido nas medidas de urgência cautelares

1.460. Revelia do réu na tutela de urgência

1.461. Formulação do pedido principal

1.461.1. Desnecessidade de formulação do pedido principal

1.461.2. Natureza do prazo de formulação do pedido principal

1.461.3. Termo inicial do prazo de formulação do pedido principal

1.461.4. Termo final do prazo de formulação do pedido principal

1.461.5. Efeitos da fluência do prazo de formulação do pedido principal

1.461.6. Reunião dos processos cautelar e principal

1.462. Cessação da eficácia da medida de urgência

1.463. Fases ulteriores do procedimento das medidas de urgência

1.464. Renovação da medida de urgência


1.465. Coisa julgada na medida de urgência

§ 302.º Procedimento da tutela antecipada incidente

1.466. Cumulação da pretensão cautelar e da pretensão principal

1.467. Regime da pretensão cautelar incidente no processo principal

1.467.1. Realização da audiência de justificação na medida de urgência


incidente

1.467.2. Prazo de defesa na medida de urgência incidente

1.467.3. Julgamento da medida de urgência incidente

TÍTULO XIII – DA FORMAÇÃO DO PROCESSO

CAPÍTULO 64 – PETIÇÃO INICIAL

§ 303.º Demanda no processo civil

1.468. Princípio da demanda no processo civil

1.469. Instrumento da demanda no processo civil

1.470. Formação do processo civil

1.471. Funções da petição inicial no processo civil

1.472. Estrutura da petição inicial no processo civil

§ 304.º Requisitos gerais da petição inicial

1.473. Endereçamento da petição inicial

1.473.1. Ônus de localização do juízo competente

1.473.2. Formulação e solução do problema de competência

1.473.3. Resultados da solução do problema de competência

1.473.4. Consequências do errôneo endereçamento da petição inicial

1.474. Identificação das partes

1.474.1. Ônus de identificação do réu

1.474.1.1. Réu desconhecido

1.474.1.2. Réu errado

1.474.2. Ônus de qualificação do réu

1.475. Exposição do fato e dos fundamentos jurídicos


1.475.1. Razões de fato na petição inicial

1.475.2. Razões de direito na petição inicial

1.476. Formulação do pedido especificado

1.477. Indicação do valor da causa

1.478. Indicação dos meios de prova e produção da prova

1.479. Manifestação de interesse ou de desinteresse na autocomposição

§ 305.º Requisitos especiais da petição inicial

1.480. Providências eventuais requeridas na inicial

1.481. Requerimento de medidas de urgência

1.481.1. Requerimento de medida satisfativa (execução para segurança)

1.481.1.1. Prognóstico favorável ao acolhimento do pedido

1.481.1.2. Receio de dano ao objeto litigioso

1.481.2. Requerimento de medida cautelar (segurança para execução)

1.482. Requerimento de intimação ou citação de terceiros

1.482.1. Requerimento de intimação dos titulares de direito real

1.482.1.1. Destinatários da intimação da realização de constrição


patrimonial

1.482.1.2. Finalidades da intimação da realização de constrição


patrimonial

1.482.1.3. Consequências da falta da intimação da realização de


constrição patrimonial

1.482.2. Requerimento de citação do chamado em garantia

1.482.3. Requerimento de intimação do Ministério Público

1.483. Indicação da espécie de execução

1.484. Indicação dos bens passíveis de constrição patrimonial

1.485. Requerimento de investigação de ativos financeiros

1.486. Prestações preparatórias e benefício da gratuidade

§ 306.º Requisitos formais da petição inicial

1.487. Forma da petição inicial


1.488. Datação da petição inicial

1.489. Autenticação da petição inicial

1.489.1. Agente da autenticação

1.489.2. Lugar da autenticação

1.489.3. Forma da autenticação

1.489.4. Falsidade da autenticação

1.489.5. Suprimento da autenticação

1.490. Indicação do endereço do advogado do autor

1.491. Produção dos documentos indispensáveis

1.492. Duplicados da petição inicial

CAPÍTULO 65 – EFEITOS DA FORMAÇÃO DO PROCESSO

§ 307.º Litispendência

1.493. Conceito de litispendência

1.494. Espécies de efeitos da litispendência

1.495. Termo inicial da litispendência

1.496. Termo final da litispendência

§ 308.º Efeitos processuais da litispendência

1.497. Espécies de efeitos processuais da litispendência

1.498. Proibição de renovação da demanda

1.499. Perpetuação da competência (perpetuatio jurisdicionis)

1.500. Prevenção da competência

1.501. Perpetuação do valor (perpetuatio valoris)

1.502. Proibição de inovar o estado de fato

§ 309.º Efeitos materiais da litispendência

1.503. Espécies de efeitos materiais da litispendência

1.504. Litigiosidade

1.505. Indisponibilidade patrimonial relativa

1.506. Constituição em mora


1.507. Interrupção da prescrição e da decadência

1.507.1. Objeto do efeito interruptivo

1.507.2. Momento do efeito interruptivo

1.507.3. Subsistência do efeito interruptivo perante ulterior extinção do


processo

1.507.4. Recomeço do prazo interrompido

1.508. Averbação da demanda

1.508.1. Natureza da averbação da demanda

1.508.2. Objeto da averbação da demanda

1.508.3. Procedimento da averbação da demanda

1.508.4. Efeitos da averbação do ajuizamento

1.508.5. Responsabilidade do exequente pela averbação indevida da


demanda

CAPÍTULO 66 – CONTROLE DA PETIÇÃO INICIAL

§ 310.º Saneamento da petição inicial

1.509. Preparação da petição inicial para o controle inicial

1.510. Correção da petição inicial

1.510.1. Importância da correção da inicial

1.510.2. Fundamento da correção da inicial

1.510.3. Casos de correção da inicial

1.510.3.1. Petição inicial incompleta

1.510.3.2. Petição inicial defeituosa

1.510.4. Momento da correção da inicial

1.510.5. Conteúdo da decisão ordenatória da correção

1.510.6. Consequências da omissão do juiz acerca dos defeitos da inicial

1.510.7. Consequências da omissão do autor em corrigir os defeitos da


inicial

1.510.8. Recurso próprio contra a decisão ordenatória da correção da


inicial

1.511. Conversão do procedimento impróprio no próprio


1.512. Deferimento da petição inicial

1.512.1. Consequências do juízo positivo preliminar de aptidão da petição


inicial

1.512.2. Recorribilidade do juízo positivo preliminar de aptidão da petição


inicial

1.512.3. Efeitos do juízo positivo preliminar de aptidão da petição inicial

§ 311.º Indeferimento da petição inicial

1.513. Pressuposto geral do indeferimento da inicial

1.514. Casos típicos de indeferimento da petição inicial

1.514.1. Inépcia da petição inicial

1.514.1.1. Falta de pedido e de causa de pedir

1.514.1.2. Falta de congruência entre os fatos e a conclusão

1.514.1.3. Formulação de pedido indeterminado

1.514.1.4. Formulação de pedidos incompatíveis

1.514.2. Falta manifesta de legitimidade da parte

1.514.3. Falta de interesse processual

1.514.4. Impossibilidade de adequação do procedimento

1.514.5. Falta de indicação do endereço do advogado do autor

1.514.6. Falta de correção oportuna da inicial

1.515. Casos atípicos de indeferimento da petição inicial

1.515.1. Falta de produção dos documentos necessários

1.515.2. Falta de apresentação dos duplicados

1.515.3. Falta de pagamento das despesas de distribuição

1.515.4. Falta de pagamento da sucumbência anterior ou de caução

1.515.5. Falta de depósito prévio

1.516. Efeitos do indeferimento da petição inicial

1.516.1. Recurso cabível contra o indeferimento da petição inicial

1.516.2. Estabilidade da sentença de indeferimento da petição inicial

1.516.3. Retratação da sentença de indeferimento da petição inicial


1.516.4. Indeferimento parcial da petição inicial

1.516.5. Comunicação ao réu do indeferimento da petição inicial

1.516.6. Condenação em honorários no indeferimento da petição inicial

§ 312.º Julgamento prévio de mérito

1.517. Cabimento do julgamento prévio do mérito

1.518. Pressupostos do julgamento prévio do mérito

1.518.1. Causa sem necessidade de dilação probatória

1.518.2. Pedido contrário à súmula do STF e do STJ

1.518.3. Pedido contrário à tese jurídica firmada no julgamento de


recursos repetitivos

1.518.4. Pedido contrário à tese jurídica firmada na resolução de


demandas repetitivas e no incidente assunção de competência

1.518.5. Pedido contrário à súmula do TJ quanto ao direito local

1.519. Forma do julgamento prévio do mérito

1.520. Efeitos do julgamento prévio do mérito

1.520.1. Natureza da sentença no julgamento prévio do mérito

1.520.2. Recurso próprio contra a sentença no julgamento prévio do mérito

1.520.3. Juízo de retratação no julgamento prévio do mérito

1.520.4. Citação do réu para responder ao recurso do autor

1.520.5. Condenação em honorários advocatícios no julgamento prévio de


mérito

TÍTULO XIV – DA SUSPENSÃO DO PROCESSO

CAPÍTULO 67 – ESPÉCIES E EFEITOS DA SUSPENSÃO DO


PROCESSO

§ 313.º Eventos suspensivos no processo civil

1.521. Crises da relação processual

1.522. Regime das crises do processo

1.522.1. Imobilização do processo

1.522.2. Câmbio de procedimento

1.523. Objeto da suspensão do processo


1.524. Espécies de eventos suspensivos

1.524.1. Suspensão obrigatória e voluntária

1.524.2. Suspensão ope legis e ope judicis

1.524.3. Suspensão própria e suspensão imprópria

1.524.4. Suspensão total e parcial

1.524.5. Suspensão típica e atípica

1.524.6. Suspensão individual e geral

1.525. Taxatividade da suspensão do processo

1.526. Eventos e incidentes não suspensivos

1.526.1. Causas prejudiciais não suspensivas

1.526.2. Liquidação extrajudicial não suspensiva

§ 314.º Efeitos da suspensão do processo

1.527. Proibição da prática de atos processuais

1.528. Limites subjetivos da proibição da prática de atos processuais

1.529. Limites objetivos da proibição da prática de atos processuais

1.530. Natureza da proibição da prática de atos processuais

1.531. Exceções à proibição da prática dos atos processuais

1.532. Prescrição intercorrente

CAPÍTULO 68 – SUSPENSÃO OBRIGATÓRIA E FACULTATIVA DO


PROCESSO

§ 315.º Suspensão obrigatória do processo na fase de cognição

1.533. Casos típicos e atípicos de suspensão obrigatória

1.534. Morte ou incapacidade da parte

1.534.1. Morte da parte no curso do processo

1.534.1.1. Suspensão do processo conforme o momento da morte da


parte

1.534.1.2. Suspensão do processo conforme a qualidade da parte

1.534.1.3. Suspensão do processo conforme o momento da comunicação


da morte
1.534.1.4. Suspensão do processo conforme a natureza do objeto litigioso

1.534.1.5. Comunicação da morte da parte

1.534.1.6. Extinção da pessoa jurídica

1.534.2. Incapacidade da parte no curso do processo

1.534.2.1. Controle oficial da incapacidade processual da parte

1.534.2.2. Prazo para suprimento do vício da incapacidade processual da


parte

1.534.2.3. Efeitos da falta de suprimento do vício da incapacidade


processual da parte

1.534.2.3.1. Efeito da incapacidade processual perante o autor

1.534.2.3.2. Efeito da incapacidade processual perante o réu

1.534.2.3.3. Efeito da incapacidade processual perante o terceiro

1.535. Morte ou incapacidade do representante legal da parte

1.535.1. Morte e incapacidade do representante da pessoa natural

1.535.2. Morte e incapacidade do representante da pessoa jurídica

1.536. Morte ou incapacidade do representante técnico da parte

1.536.1. Espécies de vícios da representação técnica

1.536.2. Suspensão do processo em razão da falta ou de defeito na


representação técnica

1.536.2.1. Aquisição de capacidade plena pela pessoa natural

1.536.2.2. Transformações da pessoa jurídica

1.536.3. Efeitos da falta de suprimento da inexistência e dos defeitos na


representação técnica

1.537. Pendência de eventos externos

1.537.1. Programa geral e particular de autocomposição

1.537.2. Incidente de resolução de demandas repetitivas

1.537.3. Incidente de julgamento de recursos repetitivos

1.538. Oposição de exceção de parcialidade do juiz

1.539. Pendência de prejudicial externa

1.539.1. Conceito de prejudicialidade no processo civil


1.539.2. Espécies de prejudicialidade no processo civil

1.539.3. Causas prejudiciais suspensivas no processo civil

1.539.3.1. Prejudicial externa penal

1.539.3.2. Prejudicial externa civil

1.539.3.3. Prejudicial externa administrativa

1.539.4. Efeitos da prejudicial externa civil

1.539.5. Prazo de suspensão por prejudicialidade externa civil

1.539.6. Consequências do prosseguimento do processo subordinado

1.540. Força maior suspensiva

1.541. Pendência da produção de prova ou da ocorrência de fato

1.541.1. Produção de prova em outro juízo

1.541.1.1. Requisitos da suspensão em virtude da produção da prova em


outro juízo

1.541.1.2. Termo inicial da suspensão em virtude da produção da prova


em outro juízo

1.541.1.3. Termo final da suspensão em virtude da produção da prova em


outro juízo

1.541.2. Ocorrência de determinado fato

1.542. Pendência do incidente de admissão de terceiros

1.542.1. Suspensão do processo em razão da intervenção principal

1.542.2. Suspensão em razão do chamamento em garantia

1.542.3. Suspensão em razão do chamamento ao processo

1.543. Pendência da verificação da capacidade do réu

1.544. Pendência do incidente de falsidade

1.545. Pendência de atentado

1.546. Pendência de embargos de terceiro

1.547. Suspensão na pendência do recesso forense

1.547.1. Subsistência das férias forenses ou recesso

1.547.2. Período das férias forenses ou recesso


1.547.3. Consequências das férias forenses ou recesso

1.548. Pendência de conflito de competência

§ 316.º Suspensão obrigatória do processo na fase de execução

1.549. Casos típicos e atípicos de suspensão obrigatória na fase de


execução

1.550. Suspensão por força da impugnação do executado

1.550.1. Necessidade de requerimento de efeito suspensivo na


impugnação

1.550.2. Caráter ope judicis da suspensão

1.550.3. Pressupostos do efeito suspensivo na impugnação

1.550.4. Contracautela do exequente e prosseguimento da execução

1.550.5. Recurso cabível contra a decisão do incidente de suspensão na


impugnação

1.551. Suspensão por força do pedido de remição (adjudicação por


terceiro)

1.552. Suspensão por força da frustração da alienação de imóvel de


incapaz

1.553. Suspensão por força da falta de bens penhoráveis

1.554. Suspensão dilatória da execução

1.554.1. Âmbito da suspensão dilatória do processo

1.554.2. Forma e prazo da postulação do executado da suspensão


dilatória

1.554.3. Efeitos da postulação do executado da suspensão dilatória

1.554.4. Conteúdo e requisitos da postulação da suspensão dilatória

1.554.5. Contraditório na postulação da suspensão dilatória

1.554.6. Efeitos do deferimento da suspensão dilatória

1.554.7. Cessação da suspensão dilatória do processo

§ 317.º Suspensão facultativa do processo

1.555. Suspensão convencional na fase de conhecimento

1.555.1. Natureza jurídica da suspensão convencional

1.555.2. Requisitos da suspensão convencional


1.555.3. Termo inicial da suspensão convencional

1.555.4. Termo final da suspensão convencional

1.556. Suspensão convencional na fase de execução

TÍTULO XV – DA EXTINÇÃO DO PROCESSO

CAPÍTULO 69 – EXTINÇÃO DO PROCESSO

§ 318.º Modalidades da extinção do processo

1.557. Natureza do provimento final do processo

1.558. Conceito de sentença no processo civil

1.559. Classificação das sentenças no processo civil

1.559.1. Sentença definitiva e sentença terminativa

1.559.2. Sentença global e sentença parcial

1.559.3. Sentença de procedência e sentença de improcedência

1.559.4. Sentença contraditória e sentença não-contraditória

1.560. Oportunidade da emissão do provimento final

§ 319.º Causas de emissão do provimento final

1.561. Emissão do provimento final

1.562. Causas de extinção das atividades de cognição

1.563. Causas de extinção das atividades de execução

1.564. Causas de extinção das atividades de asseguração

§ 320.º Conteúdo do provimento final

1.565. Conteúdo das sentenças terminativas

1.566. Conteúdo das sentenças definitivas

1.566.1. Conteúdo das sentenças definitivas de improcedência

1.566.2. Conteúdo das sentenças definitivas de procedência

1.566.2.1. Sentença condicional

1.566.2.2. Sentença limitada

1.566.2.3. Sentença dispositiva

1.566.2.4. Sentença alternativa


1.566.2.5. Sentença genérica

1.566.2.6. Sentença impositiva

§ 321.º Capítulos da sentença

1.567. Conceito de capítulo da sentença

1.568. Espécies de capítulos da sentença

1.569. Classificação dos capítulos da sentença

1.570. Efeitos dos capítulos da sentença

§ 322.º Defeitos das sentenças

1.571. Conceito e fundamento da congruência

1.572. Inexistência da sentença

1.573. Classificação das incongruências ou vícios intrínsecos das


sentenças

1.574. Incongruências quanto à motivação

1.574.1. Incongruência da motivação insuficiente

1.574.2. Incongruência da motivação inexistente

1.575. Incongruências quanto à extensão

1.575.1. Incongruência extra petita

1.575.2. Incongruência ultra petita

1.575.3. Incongruência citra petita

1.576. Correção das incongruências da sentença

§ 323.º Correção das sentenças

1.577. Possibilidade de correção da sentença

1.578. Fundamento da correção da sentença

1.579. Pressupostos da correção da sentença

1.580. Meios de correção da sentença

1.581. Momento da correção da sentença

1.582. Objeto da correção da sentença

1.582.1. Erros materiais


1.582.2. Erros de fato

1.583. Efeitos da correção da sentença

CAPÍTULO 70 – SENTENÇAS TERMINATIVAS

§ 324.º Sentenças terminativas no processo de conhecimento

1.584. Função da sentença terminativa

1.585. Iniciativa das partes na emissão da sentença terminativa

§ 325.º Espécies de sentenças terminativas no processo de


conhecimento

1.586. Sentença de indeferimento da petição inicial

1.587. Sentença fundada no abandono bilateral

1.587.1. Conceito de abandono bilateral

1.587.2. Requisitos do abandono bilateral

1.587.3. Efeitos do abandono bilateral

1.588. Sentença fundada no abandono unilateral

1.588.1. Conceito de abandono unilateral

1.588.2. Requisitos do abandono unilateral

1.588.3. Efeitos do abandono unilateral

1.589. Sentença fundada na desistência da ação

1.589.1. Conceito e natureza da desistência da ação

1.589.2. Espécies da desistência da ação

1.589.3. Requisitos da desistência da ação

1.589.3.1. Requisitos formais da desistência da ação

1.589.3.2. Requisitos subjetivos da desistência da ação

1.589.3.3. Requisitos temporais da desistência da ação

1.589.4. Efeitos da desistência da ação

1.590. Sentença fundada na falta de pressuposto processual

1.590.1. Sentença fundada na perempção

1.590.2. Sentença fundada na litispendência


1.590.2.1. Conceito e natureza da objeção de litispendência

1.590.2.2. Oportunidade da objeção de litispendência

1.590.2.3. Legitimidade para alegar a objeção de litispendência

1.590.2.4. Requisitos de admissibilidade da objeção de litispendência

1.590.2.5. Instrução da objeção de litispendência

1.590.2.6. Tramitação da objeção de litispendência

1.590.2.7. Efeitos da objeção de litispendência

1.590.3. Sentença fundada em coisa julgada

1.591. Sentença fundada na falta de condição da ação

1.592. Sentença fundada na existência de convenção de arbitragem

1.592.1. Espécies de convenção de arbitragem

1.592.2. Iniciativa do réu perante a convenção da arbitragem

1.592.3. Renúncia tácita à convenção de arbitragem

1.592.4. Convenção de arbitragem superveniente à formação do processo

1.592.5. Efeitos da convenção de arbitragem

1.592.6. Reconhecimento da competência do tribunal arbitral

1.593. Sentença fundada na intransmissibilidade do objeto litigioso

1.593.1. Intransmissibilidade absoluta do objeto litigioso

1.593.2. Intransmissibilidade relativa do objeto litigioso

1.593.3. Intransmissibilidade parcial do objeto litigioso

1.593.4. Efeitos da instransmissibilidade do objeto litigioso

1.594. Sentença fundada na confusão subjetiva

1.595. Sentença fundada em outras causas

1.595.1. Sentença fundada na ausência de pressuposto processual


subjetivo

1.595.2. Sentença fundada na falta de pressuposto processual objetivo


extrínseco

1.595.3. Sentença fundada na superveniência da ação contida

1.596. Sentença fundada na inutilidade da tutela


1.596.1. Fundamento da inutilidade da tutela

1.596.2. Natureza da inutilidade da tutela

1.596.3. Requisitos da inutilidade da tutela

1.596.4. Efeitos da inutilidade da tutela

CAPÍTULO 71 – SENTENÇAS DEFINITIVAS

§ 326.º Sentenças definitivas no processo de conhecimento

1.597. Função da sentença definitiva

1.598. Estrutura formal da sentença definitiva

§ 327.º Sentença de procedência e de improcedência

1.599. Conceito de julgamento do pedido

1.600. Requisitos do julgamento do pedido

1.601. Efeitos do julgamento do pedido

§ 328.º Sentença fundada no reconhecimento do pedido

1.602. Conceito de reconhecimento do pedido

1.603. Natureza do reconhecimento do pedido

1.604. Espécies de reconhecimento do pedido

1.605. Legitimados ao reconhecimento do pedido

1.606. Momento do reconhecimento do pedido

1.607. Forma do reconhecimento do pedido

1.608. Objeto do reconhecimento do pedido

1.609. Efeitos do reconhecimento do pedido

§ 329.º Sentença fundada em transação

1.610. Conceito de transação

1.611. Natureza jurídica da transação

1.612. Espécies de transação

1.613. Requisitos da transação

1.614. Figurantes da transação

1.615. Momento da transação


1.616. Forma da transação

1.617. Objeto da transação

1.618. Efeitos da transação

§ 330.º Sentença fundada na decadência e na prescrição

1.619. Natureza da sentença fundada na decadência e na prescrição

1.620. Efeito interruptivo da prescrição em razão da formação do processo

1.621. Irrelevância do vencimento do prazo de decadência após a


formação do processo

1.622. Distinção entre prescrição e decadência

1.623. Fundamento do destaque à sentença de mérito fundada na


decadência e na prescrição

1.624. Momento da emissão da sentença de mérito fundada na


decadência e na prescrição

1.625. Efeitos da decadência e da prescrição

§ 331.º Sentença fundada na renúncia

1.626. Conceito de renúncia

1.627. Natureza jurídica da renúncia

1.628. Espécies de renúncia

1.629. Legitimados à renúncia

1.630. Momento da renúncia

1.631. Forma da renúncia

1.632. Objeto da renúncia

1.633. Efeitos da renúncia

CAPÍTULO 72 – SENTENÇAS NA EXECUÇÃO

§ 332.º Modalidades da extinção da execução

1.634. Causas da emissão do provimento final na execução

1.635. Forma do provimento final na execução

1.636. Eficácia do provimento final na execução

1.637. Espécies de provimentos finais na execução ou cumprimento


§ 333.º Extinção imprópria da execução ou cumprimento

1.638. Sentença fundada no indeferimento da inicial

1.639. Sentença fundada no abandono bilateral

1.640. Sentença fundada no abandono unilateral

1.641. Sentença fundada na desistência da execução

1.641.1. Conceito e natureza da desistência da execução

1.641.2. Espécies de desistência da execução

1.641.3. Requisitos da desistência da execução

1.641.3.1. Requisitos formais da desistência da execução

1.641.3.2. Requisitos subjetivos da desistência da execução

1.641.3.3. Requisitos temporais da desistência da execução

1.641.4. Efeitos da desistência da execução

1.642. Sentença fundada na falta de pressuposto processual

1.642.1. Subsistência dos pressupostos da pretensão a executar incidental

1.642.2. Casos de falta de pressupostos da pretensão a executar

1.643. Sentença fundada em falta de condição da ação

1.644. Sentença fundada na intransmissibilidade do objeto litigioso

1.645. Sentença fundada em confusão subjetiva

1.646. Sentença fundada em outras causas processuais

1.646.1. Sentença fundada na falta de integração de litisconsorte


necessário

1.646.2. Sentença fundada na ausência de pressuposto processual


subjetivo

1.646.3. Sentença fundada na falta de pressuposto processual objetivo


extrínseco

1.647. Sentença fundada na inutilidade da tutela

1.648. Sentença fundada na extinção da dívida

§ 334.º Extinção própria da execução ou cumprimento

1.649. Sentença fundada no cumprimento espontâneo


1.649.1. Cumprimento voluntário na execução em geral

1.649.2. Cumprimento voluntário na expropriação (remição da execução)

1.649.2.1. Distinção da remição da execução com figuras afins

1.649.2.2. Procedimento da remição da execução

1.649.2.2.1. Momento adequado da remição da execução

1.649.2.2.2. Legitimidade para remir a execução

1.649.2.2.3. Oposição do credor à remição da execução

1.649.2.2.4. Objeto do depósito na remição da execução

1.649.2.2.5. Recurso cabível contra o indeferimento da remição da


execução

1.649.2.3. Efeitos da remição da execução

1.650. Sentença fundada no cumprimento forçado

CAPÍTULO 73 – EFEITOS DAS SENTENÇAS

§ 335.º Efeitos gerais das sentenças

1.651. Efeito vinculativo da sentença

1.652. Efeito imperativo da sentença

1.653. Efeito probatório da sentença

1.654. Efeito extintivo da sentença

1.655. Efeito consumativo da sentença

§ 336.º Efeitos das sentenças terminativas

1.656. Efeito vinculativo externo da sentença terminativa

1.657. Subsistência parcial dos efeitos da litispendência

§ 337.º Efeitos da sentença definitiva

1.658. Efeitos naturais da sentença definitiva

1.659. Efeitos secundários da sentença definitiva

1.660. Efeitos da sentença definitiva no tempo

1.660.1. Eficácia do ato

1.660.2. Eficácia do conteúdo


1.661. Efeitos da sentença definitiva perante terceiros

1.661.1. Efeitos do processo individual

1.661.1.1. Interessados de fato

1.661.1.2. Interessados titulares de relação jurídica compatível

1.661.1.3. Interessados titulares de relação dependente

1.661.1.4. Interessados titulares de relação incompatível

1.661.1.5. Interessados titulares de relação homogênea

1.661.2. Efeitos do processo coletivo

1.661.3. Efeitos do processo objetivo

1.662. Momento da produção dos efeitos

1.662.1. Efeitos dependentes da divulgação da sentença

1.662.2. Efeitos dependentes do trânsito em julgado da sentença

1.663. Efeito vinculante em matéria constitucional e infraconstitucional

1.663.1. Conceito do efeito vinculante

1.663.2. Fundamento do efeito vinculante

1.663.3. Limites subjetivos do efeito vinculante

1.663.4. Limites objetivos do efeito vinculante

1.663.5. Efeito vinculante infraconstitucional

1.664. Divulgação da sentença

LIVRO 2 – PROCEDIMENTO COMUM

TÍTULO I – ETAPA POSTULATÓRIA

CAPÍTULO 74 – DEMANDA DO AUTOR

§ 338.º Conteúdo da petição inicial

1.665. Demanda do autor

1.666. Endereçamento da demanda

1.667. Partes na demanda

§ 339.º Razões da demanda

1.668. Razões de fato e razões de direito na demanda


1.669. Causa de pedir passiva da demanda

1.670. Causa de pedir ativa na demanda

1.671. Cumulação de causas de pedir na demanda

1.672. Direito de defesa e razões de fato

1.673. Razões de direito da demanda

§ 340.º Pedido do Autor

1.674. Força e efeitos da ação no pedido

1.675. Efeitos do pedido

1.676. Espécies de pedido

1.677. Cumulação de pedidos

1.678. Especificações do pedido

1.679. Modificações do pedido

§ 341.º Elementos complementares da demanda

1.680. Valor da causa

1.681. Prova das razões de fato

§ 342.º Requerimentos da petição inicial

1.682. Requerimento de citação do réu

1.683. Requerimento de tutela de urgência

1.684. Requerimento de citação ou de intimação de terceiros

1.685. Requerimento do benefício da gratuidade

§ 343.º Instrução da petição inicial

1.686. Documentação da demanda

1.687. Duplicação da petição inicial

§ 344.º Distribuição da petição inicial

1.688. Entrega da demanda

1.688.1. Espécies de distribuição

1.688.2. Correção da distribuição

1.688.3. Modificação da distribuição


1.689. Pagamento das despesas iniciais

CAPÍTULO 75 – PROVIMENTO LIMINAR

§ 345.º Objeto do provimento liminar

1.690. Fundamento do provimento liminar

1.691. Objeto do provimento liminar

1.692. Natureza do provimento liminar

§ 346.º Provimento liminar preparatório

1.693. Correção da petição inicial

1.693.1. Petição inicial incompleta

1.693.2. Petição inicial defeituosa

1.694. Adaptação da petição inicial

§ 347.º Provimento liminar positivo

1.695. Conteúdo do provimento liminar positivo

1.696. Vinculação ao provimento liminar positivo

1.697. Efeitos do provimento liminar positivo

§ 348.º Provimento liminar negativo

1.698. Indeferimento da petição inicial

1.698.1. Condições do indeferimento da petição inicial

1.698.2. Casos de indeferimento da petição inicial

1.698.3. Efeitos do indeferimento da petição inicial

1.699. Improcedência liminar do pedido

1.699.1. Condições da improcedência liminar do pedido

1.699.2. Efeitos da improcedência liminar do pedido

CAPÍTULO 76 – CITAÇÃO DO RÉU E AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO E


DE MEDIAÇÃO

§ 349.º Modalidades da citação

1.700. Importância da citação do réu

1.701. Funções da citação do réu


1.702. Dispensa da citação do réu

1.703. Comparecimento espontâneo do réu

§ 350.º Citação real do réu

1.704. Forma da citação real do réu

1.705. Importância da citação real do réu

1.706. Citação pelo correio

1.707. Citação por oficial de justiça

1.708. Citação por meio eletrônico

1.709. Citação pelo escrivão ou chefe de secretaria

§ 351.º Citação ficta do réu

1.710. Procedimento edital no processo civil

1.711. Caráter residual da citação ficta

§ 352.º Impedimentos à citação

1.712. Impedimento em razão do lugar

1.713. Impedimento em razão do tempo

1.714. Impedimento em razão do estado

§ 353.º Efeitos da citação

1.715. Destinatário dos efeitos da citação

1.716. Efeitos processuais da citação

1.717. Efeitos materiais da citação

1.718. Estabilização da demanda

1.719. Ineficácia da citação

§ 354.º Renovação da citação

1.720. Repetição da citação

1.721. Segunda citação

§ 355.º Audiência de conciliação e de mediação

1.722. Designação da audiência de conciliação e de mediação

1.723. Obrigatoriedade da audiência de conciliação e de mediação


1.724. Participantes da audiência de conciliação e de mediação

1.724.1. Participação do órgão judiciário

1.724.2. Participação do conciliador ou do mediador

1.724.3. Participação das partes

1.724.4. Participação do representante técnico

1.725. Estrutura da audiência de conciliação e de mediação

1.726. Desistência da audiência de conciliação e de mediação

1.727. Falta de comparecimento na audiência de conciliação e de


mediação

1.728. Resultados da audiência de conciliação e de mediação

CAPÍTULO 77 – RESPOSTA DO RÉU

§ 356.º Reação do réu

1.729. Conceito de resposta

1.730. Espécies de resposta

1.731. Prazo da resposta

1.732. Forma da resposta

1.733. Destinatário da resposta

1.733.1. Pressupostos da mudança de destinatário da resposta

1.733.2. Efeitos da mudança de destinatário da resposta

1.733.3. Resolução antecipada do problema de competência

1.734. Lugar da resposta

§ 357.º Contestação

1.735. Conceito de contestação

1.736. Conteúdo da contestação

1.737. Requisitos gerais da contestação

1.737.1. Endereçamento da contestação

1.737.2. Identificação e qualificação do contestante

1.737.3. Exposição das razões de fato e das razões de direito da defesa


1.737.4. Especificação dos meios de prova na contestação

1.737.5. Requerimentos da contestação

1.738. Requisitos formais da contestação

1.738.1. Forma da contestação

1.738.2. Datação da contestação

1.738.3. Autenticação da contestação

1.738.4. Instrução da contestação

1.738.5. Endereço de intimações

1.739. Efeitos da contestação

1.740. Aditamento da contestação

1.740.1. Fatos conhecíveis ex officio

1.740.2. Fatos supervenientes

1.740.3. Fatos alegáveis a qualquer tempo

1.741. Desentranhamento da contestação

§ 358.º Reconvenção

1.742. Conceito de reconvenção

1.743. Natureza da reconvenção

1.744. Requisitos genéricos da reconvenção

1.744.1. Competência do juízo na reconvenção

1.744.2. Interesse processual na reconvenção

1.744.3. Legitimidade ativa e passiva na reconvenção

1.745. Requisitos específicos da reconvenção

1.745.1. Pendência do processo

1.745.2. Compatibilidade do procedimento

1.745.3. Conexão de causas

1.746. Oportunidade da reconvenção

1.747. Efeitos da reconvenção

1.748. Procedimento da reconvenção


1.748.1. Forma da reconvenção

1.748.2. Controle da reconvenção

1.748.3. Chamamento do reconvindo

1.748.4. Resposta do reconvindo

1.748.5. Providências preliminares na reconvenção

1.749. Julgamento da reconvenção

§ 359.º Exceções

1.750. Natureza das exceções autônomas

1.751. Oportunidade das exceções autônomas

1.752. Efeitos das exceções autônomas

1.752.1. Efeitos da exceção de incompetência

1.752.2. Efeitos da exceção de parcialidade

1.753. Exceção de incompetência

1.753.1. Objeto da exceção de incompetência

1.753.2. Legitimidade na exceção de incompetência

1.753.3. Procedimento da exceção de incompetência

1.753.4. Efeitos do julgamento da exceção de incompetência

1.754. Exceção de parcialidade do juiz

1.754.1. Objeto da exceção de parcialidade

1.754.2. Legitimidade na exceção de parcialidade

1.754.3. Procedimento da exceção de parcialidade

1.754.4. Efeitos do julgamento da exceção de parcialidade

§ 360.º Variantes da resposta

1.755. Correção da legitimidade passiva (laudatio actoris)

1.756. Chamamento de terceiro

1.757. Suscitação de incidentes autônomos

1.757.1. Impugnação da distribuição

1.757.2. Arguição de falsidade


1.757.3. Impugnação ao número de litisconsortes ativos

1.758. Declaração incidente

§ 361.º Revelia do réu

1.759. Inatividade do réu

1.760. Efeitos da revelia

1.761. Eliminação da revelia

§ 362.º Reconhecimento do pedido

1.762. Adesão do réu

1.763. Requisitos da adesão

1.764. Efeitos da adesão

TÍTULO II – ETAPA DO SANEAMENTO

CAPÍTULO 78 – PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES

§ 363.º Estrutura da etapa de saneamento

1.765. Concentração do saneamento do processo

1.766. Enumeração das providências preliminares

1.766.1. Providências típicas

1.766.2. Providências atípicas

1.766.2.1. Intervenção do Ministério Público

1.766.2.2. Intervenção de terceiros

1.766.2.3. Integração de litisconsorte

1.766.2.4. Contradição à prova documental

1.766.2.5. Arguição de falsidade

1.767. Função das providências preliminares

1.768. Oportunidade das providências preliminares

1.769. Desnecessidade das providências preliminares

§ 364.º Especificação de provas na revelia

1.770. Denominação da providência preliminar na revelia

1.771. Requisitos da especificação de provas


1.771.1. Existência e validade da citação do revel

1.771.2. Revelia desprovida da presunção de veracidade

1.771.2.1. Presunção de veracidade perante litisconsórcio passivo

1.771.2.2. Presunção de veracidade perante direitos indisponíveis

1.771.2.3. Presunção de veracidade perante falta de prova documental


indispensável

1.771.2.4. Presunção de veracidade perante fatos inverossímeis,


impossíveis e improváveis ou contrariados pela prova documental

1.771.3. Impossibilidade de extinção do processo

1.772. Determinação da especificação de provas

1.773. Atitudes do autor na especificação de provas

1.773.1. Proposição de provas na revelia

1.773.2. Omissão de provas na revelia

1.774. Admissão das provas na revelia

1.775. Aquisição do direito de provar pelo réu

§ 365.º Réplica do autor

1.776. Conceito e natureza da réplica

1.777. Funções da réplica

1.778. Réplica à defesa processual

1.778.1. Pressupostos da réplica à defesa processual

1.778.2. Prazo da réplica à defesa processual

1.778.3. Conteúdo da réplica à defesa processual

1.778.4. Efeitos da réplica à defesa processual

1.779. Réplica à defesa de mérito indireta

1.780. Réplica à prova documental

1.781. Tréplica do réu

§ 366.º Pedido de declaração incidental

1.782. Suscitação de questão prejudicial na contestação

1.783. Prazo do pedido de declaração incidental


1.784. Efeitos do pedido de declaração incidental

1.785. Procedimento do pedido de declaração incidental

1.785.1. Forma do pedido de declaração incidental

1.785.2. Chamamento do réu no pedido de declaração incidental

1.785.3. Resposta do réu ao pedido de declaração incidental

1.785.4. Processamento e julgamento do pedido de declaração incidental

§ 367.º Suprimento dos vícios do processo

1.786. Suprimento (da inexistência) e saneamento (dos vícios) do


processo

1.787. Iniciativa da atividade de saneamento

1.788. Prazo da atividade de saneamento

CAPÍTULO 79 – PRECIPITAÇÃO DO JULGAMENTO

§ 368.º Estrutura do julgamento conforme o estado do processo

1.789. Natureza do julgamento conforme o estado do processo

1.790. Esquema do julgamento conforme o estado do processo

1.791. Iniciativa da parte no julgamento conforme o estado do processo

1.792. Ordem do julgamento conforme o estado do processo

§ 369.º Extinção do processo

1.793. Antecedentes das causas extintivas com ou sem resolução do


mérito

1.794. Causas de extinção do processo sem resolução do mérito

1.795. Causas de extinção do processo com resolução do mérito

1.795.1. Julgamento fundado no reconhecimento do pedido

1.795.2. Julgamento fundado na transação

1.795.3. Julgamento fundado na decadência e na prescrição

1.795.4. Julgamento fundado na renúncia

1.796. Obrigatoriedade da extinção do processo

§ 370.º Julgamento antecipado do mérito

1.797. Conceito e natureza do julgamento antecipado do mérito


1.798. Admissibilidade do julgamento antecipado do mérito

1.798.1. Julgamento antecipado no caso da existência de defesa

1.798.1.1. Inexistência de controvérsia sobre alegação de fato

1.798.1.2. Existência de controvérsia sobre alegação de fato

1.798.2. Julgamento antecipado no caso de inexistência de defesa

1.798.3. Julgamento antecipado no caso de pedido incontroverso

1.799. Obrigatoriedade do julgamento antecipado do mérito

1.800. Efeitos do julgamento antecipado do mérito

1.801. Nulidade do julgamento antecipado do mérito

1.802. Controle do julgamento antecipado do mérito

CAPÍTULO 80 – SANEAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO

§ 371.º Audiência preliminar

1.803. Conceito e natureza da audiência preliminar

1.804. Estrutura da audiência da audiência preliminar

1.805. Etapas da audiência preliminar

1.806. Cabimento da audiência preliminar

1.807. Facultatividade da audiência preliminar

1.808. Designação da audiência preliminar

1.808.1. Prazo de designação da audiência preliminar

1.808.2. Conteúdo da designação da audiência preliminar

1.809. Participantes da audiência preliminar

1.810. Etapa da tentativa de conciliação na audiência preliminar

1.811. Etapa do saneamento na audiência preliminar

1.811.1. Objeto do saneamento do processo

1.811.2. Obrigatoriedade do saneamento do processo

1.811.3. Efeitos do saneamento do processo

1.811.3.1. Estabilização do saneamento do processo

1.811.3.2. Integração e esclarecimento das alegações das partes


1.811.4. Recorribilidade do saneamento do processo

1.811.5. Correção do saneamento do processo

1.812. Etapa da preparação da instrução e do julgamento na audiência


preliminar

1.812.1. Fixação do tema da prova

1.812.2. Admissão dos meios de prova

1.812.3. Distribuição do ônus da prova

1.812.4. Delimitação das questões de direito

1.812.5. Preparação consensual da instrução e do julgamento

1.813. Etapa da designação da audiência principal

1.814. Documentação da audiência preliminar

§ 372.º Decisão de saneamento e organização do processo

1.815. Conceito e natureza da decisão de saneamento

1.816. Fundamento da decisão de saneamento

1.817. Pressupostos da decisão de saneamento

1.818. Prazo da decisão de saneamento

1.819. Objeto da decisão de saneamento

1.819.1. Questões prévias eventuais no saneamento

1.819.2. Questões prévias obrigatórias no saneamento

1.819.3. Saneamento explícito e saneamento implícito

1.820. Obrigatoriedade da decisão de saneamento

1.821. Efeitos da decisão de saneamento

1.821.1. Prosseguimento do processo

1.821.2. Estabilização do objeto litigioso

1.821.3. Preclusão das questões prévias de mérito

1.822. Recorribilidade da decisão de saneamento

TÍTULO III – ETAPA DA INSTRUÇÃO

CAPÍTULO 81 – PROCEDIMENTO PROBATÓRIO


§ 373.º Fase da instrução

1.823. Natureza da instrução

1.824. Composição da instrução

1.825. Etapas da instrução

1.826. Ordem da instrução

§ 374.º Etapa da proposição da prova

1.827. Momento da proposição da prova

1.828. Forma da proposição da prova

1.829. Efeitos da proposição da prova

§ 375.º Etapa da admissão da prova

1.830. Momento da admissão da prova

1.831. Forma da admissão da prova

1.832. Conteúdo da admissão da prova

1.833. Efeitos da admissão da prova

§ 376.º Etapa da produção da prova

1.834. Momento da produção da prova

1.834.1. Produção da prova em primeiro grau

1.834.2. Produção da prova em segundo grau

1.834.3. Produção antecipada da prova

1.835. Forma da produção da prova

1.836. Princípios da produção da prova

1.836.1. Princípio da concentração dos atos de instrução

1.836.2. Princípio da imediação nos atos de instrução

1.836.3. Princípio do contraditório nos atos de instrução

1.837. Recepção da prova

§ 377.º Etapa da apreciação da prova

1.838. Momento da apreciação da prova

1.839. Sistema da apreciação da prova


1.840. Revisão da apreciação da prova

§ 378.º Meios de prova atípicos

1.841. Conceito de prova atípica

1.842. Requisitos da admissão da prova atípica

1.842.1. Legalidade da prova atípica

1.842.2. Moralidade da prova atípica

1.842.3. Contradição da prova atípica

1.842.4. Subsidiariedade da prova atípica

1.843. Espécies de provas atípicas

1.844. Prova emprestada

1.844.1. Admissibilidade da prova emprestada

1.844.2. Requisitos da prova emprestada

1.844.3. Efeitos da invalidade da prova emprestada

1.845. Depoimento escrito

1.846. Requisição de informações

1.846.1. Natureza da requisição de informações

1.846.2. Requisitos da requisição de informações

1.846.3. Procedimento da requisição de informações

1.847. Comportamento processual

1.848. Juramento

1.849. Depoimento técnico

1.850. Constatação oficial

1.851. Ata notarial

CAPÍTULO 82 – DEPOIMENTO PESSOAL

§ 379.º Depoimento da parte em geral

1.852. Conceito e natureza do depoimento da parte

1.853. Espécies de depoimento da parte

1.854. Funções do depoimento da parte


1.855. Princípios do depoimento da parte

1.855.1. Princípio da pessoalidade

1.855.2. Princípio da informalidade

1.855.3. Princípio da publicidade

§ 380.º Requisitos do depoimento da parte

1.856. Aptidão para depor

1.856.1. Depoimento do revel

1.856.2. Depoimento dos litisconsortes

1.856.3. Depoimento dos terceiros

1.856.3.1. Depoimento do assistente

1.856.3.2. Depoimento do amicus curiae

1.856.3.3. Depoimento do Ministério Público

1.856.4. Depoimento do substituto processual

1.857. Capacidade para depor

1.857.1. Depoimento das pessoas naturais

1.857.1.1. Depoimento dos incapazes

1.857.1.2. Depoimento dos necessitados especiais

1.857.2. Depoimento das pessoas jurídicas

1.858. Objeto do depoimento da parte

§ 381.º Procedimento do depoimento da parte

1.859. Admissão do depoimento da parte

1.859.1. Caráter principal do depoimento da parte

1.859.2. Depoimento em causa própria (in re sua) da parte

1.859.3. Interesse no depoimento da parte

1.860. Intimação prévia da parte

1.860.1. Destinatário da intimação para depoimento

1.860.2. Modalidades da intimação para depoimento

1.860.3. Antecedência da intimação para depoimento


1.860.4. Consequência da falta de cominação de confissão

1.861. Momento do depoimento da parte

1.862. Local do depoimento da parte

1.863. Forma do depoimento da parte

1.863.1. Etapa preparatória do depoimento

1.863.1.1. Identificação do depoente

1.863.1.2. Movimentação do depoente

1.863.1.3. Compromisso do depoente

1.863.2. Etapa do interrogatório do depoente

1.863.2.1. Interrogatório pelo juiz

1.863.2.2. Interrogatório pelo advogado

1.863.3. Etapa da documentação do depoimento

1.864. Escusas no depoimento da parte

1.864.1. Natureza do direito de calar

1.864.2. Casos do direito de calar

1.864.2.1. Escusa em caso de ilícito

1.864.2.2. Escusa em caso de sigilo

1.864.2.3. Escusa em caso de desonra

1.864.2.4. Escusa em caso de perigo

1.864.3. Efeitos do direito de calar

1.865. Recusa de depor

1.865.1. Recusa motivada

1.865.1.1. Fatos desconhecidos

1.865.1.2. Fatos esquecidos

1.865.2. Recusa desmotivada

1.865.3. Momento da apreciação da recusa

1.866. Renovação do depoimento da parte

§ 382.º Força probante do depoimento pessoal


1.867. Confissão provocada expressa e ficta no depoimento da parte

1.868. Apreciação do depoimento da parte

CAPÍTULO 83 – CONFISSÃO

§ 383.º Confissão em geral

1.869. Conceito de confissão

1.870. Natureza da confissão

1.871. Espécies de confissão

1.871.1. Confissão judicial

1.871.1.1. Confissão judicial expressa e confissão judicial ficta

1.871.1.2. Confissão judicial espontânea e confissão judicial provocada

1.871.2. Confissão extrajudicial

1.871.2.1. Confissão extrajudicial escrita e confissão extrajudicial oral

1.871.2.2. Confissão extrajudicial feita à parte e confissão extrajudicial


feita a terceiro

1.871.3. Confissão pura e confissão qualificada

1.871.4. Confissão divisível e confissão indivisível

1.872. Confissão e institutos afins

§ 384.º Elementos da confissão

1.873. Enumeração dos elementos da confissão

1.874. Aptidão para confessar

1.874.1. Confissão do revel

1.874.2. Confissão do litisconsorte

1.874.3. Confissão dos terceiros

1.874.3.1. Confissão do chamado ao processo

1.874.3.2. Confissão do chamado em garantia

1.874.4. Confissão do substituto processual

1.875. Capacidade para confessar

1.875.1. Confissão das pessoas naturais


1.875.1.1. Confissão do representante voluntário

1.875.1.2. Confissão do incapaz

1.875.1.3. Confissão do representante legal

1.875.1.4. Confissão de necessitado especial

1.875.1.5. Confissão da pessoa casada

1.875.1.6. Confissão do falido

1.875.2. Confissão das pessoas jurídicas

1.876. Vontade de declarar

1.876.1. Consciência do agente da confissão

1.876.2. Voluntariedade do agente da confissão

1.877. Objeto da confissão

1.878. Indivisibilidade da confissão

§ 385.º Confissão extrajudicial

1.879. Momento da confissão extrajudicial

1.880. Forma da confissão extrajudicial

1.880.1. Confissão extrajudicial escrita

1.880.2. Confissão extrajudicial oral

1.881. Produção da confissão extrajudicial

§ 386.º Confissão judicial

1.882. Momento da confissão judicial

1.882.1. Momento da confissão judicial espontânea

1.882.2. Momento da confissão judicial provocada

1.883. Forma da confissão judicial

1.883.1. Confissão judicial ficta

1.883.2. Confissão judicial provocada

§ 387.º Invalidação da confissão

1.884. Causas de anulação da confissão

1.884.1. Anulação por erro de fato


1.884.2. Anulação por coação

1.885. Meios de invalidação da confissão

1.886. Anulação da confissão antes do trânsito em julgado

1.887. Anulação da confissão após o trânsito em julgado

1.888. Transmissibilidade da pretensão à invalidação

§ 388.º Força probante da confissão

1.889. Apreciação da confissão judicial

1.890. Apreciação da confissão extrajudicial

CAPÍTULO 84 – EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO E COISA

§ 389.º Exibição incidental de documento e de coisa

1.891. Conceito da exibição incidental

1.892. Fundamento da exibição incidental

1.893. Natureza da exibição incidental

§ 390.º Objeto da exibição incidental

1.894. Objeto genérico da exibição incidental

1.895. Exibição incidental de coisas móveis

1.896. Exibição incidental de documentos

1.897. Exibição incidental da escrituração empresarial

1.897.1. Caráter exemplificativo dos casos de exibição integral

1.897.2. Iniciativa da parte na exibição integral

1.897.3. Âmbito subjetivo da exibição integral

1.897.4. Forma da exibição integral

1.897.5. Casos de exibição integral

1.897.5.1. Exibição incidental em caso de sociedade

1.897.5.2. Exibição incidental em caso de sucessão

1.897.5.3. Exibição incidental em caso de comunhão

1.897.5.4. Exibição incidental em caso de administração

1.897.5.5. Exibição incidental em caso de gestão à conta de outrem


1.897.5.6. Exibição incidental em caso de falência ou concordata

§ 391.º Procedimento da exibição perante a contraparte

1.898. Momento da exibição incidental perante a contraparte

1.899. Pedido de exibição incidental perante contraparte

1.899.1. Legitimidade ativa e passiva no pedido de exibição incidental


entre partes

1.899.1.1. Legitimidade ativa na exibição incidental entre partes

1.899.1.2. Legitimidade passiva na exibição incidental entre partes

1.899.2. Competência no pedido de exibição incidental

1.899.3. Requisitos gerais do pedido de exibição incidental

1.899.4. Requisitos especiais do pedido de exibição incidental

1.899.4.1. Individualização do objeto da exibição

1.899.4.2. Interesse na exibição do documento ou da coisa

1.899.4.3. Indicação da existência e da posse do documento ou da coisa

1.899.5. Controle do requerimento de exibição incidental

1.900. Forma do chamamento da contraparte na exibição incidental

1.901. Prazo de resposta da contraparte na exibição incidental

1.902. Conteúdo da resposta ao pedido de exibição incidental

1.902.1. Escusa fundada na preservação da vida privada

1.902.2. Escusa fundada no sigilo profissional

1.902.3. Escusa fundada no receio de dano

1.902.4. Escusa fundada em disposição legal

1.903. Forma da exibição incidental pela contraparte

1.904. Lugar da exibição incidental pela contraparte

1.905. Efeitos do julgamento da exibição incidental entre partes

1.905.1. Capítulo principal do julgamento da pretensão à exibição entre


parte

1.905.2. Natureza do julgamento da exibição incidental entre partes


1.905.3. Capítulo acessório no julgamento da exibição incidental entre
partes

§ 392.º Procedimento da exibição contra terceiro

1.906. Momento da exibição incidental contra terceiro

1.907. Pedido de exibição incidental contra terceiro

1.907.1. Competência no pedido de exibição incidental contra terceiro

1.907.2. Requisitos do pedido de exibição incidental contra terceiro

1.907.3. Controle da petição inicial na exibição incidental contra terceiro

1.908. Forma do chamamento do terceiro na exibição incidental

1.909. Prazo de resposta do terceiro na exibição incidental

1.910. Conteúdo da resposta do terceiro na exibição incidental

1.911. Liminar na exibição incidental contra terceiro

1.912. Efeitos do julgamento da exibição incidental contra terceiro

1.912.1. Capítulo principal da exibição incidente contra terceiro

1.912.2. Natureza do julgamento da exibição incidente contra terceiro

1.912.3. Capítulo acessório da exibição incidente contra terceiro

§ 393.º Força probante da exibição incidental

1.913. Apreciação do objeto da exibição

CAPÍTULO 85 – PROVA DOCUMENTAL

§ 394.º Documentos em geral

1.914. Conceito de documento

1.915. Elementos do documento

1.915.1. Autoria do documento

1.915.2. Suporte do documento

1.915.3. Conteúdo do documento

1.916. Espécies de documento

1.916.1. Documentos públicos e documentos particulares

1.916.2. Instrumento público e instrumento privado


1.916.2.1. Instrumento público

1.916.2.2. Instrumento particular

1.916.3. Documentos autógrafos e documentos eterógrafos

1.916.4. Documentos diretos e documentos indiretos

1.916.5. Documentos gráficos e documentos estampados

1.916.6. Documentos dispositivos e documentos narrativos

1.916.7. Documentos pré-constituídos e documentos casuais

1.916.8. Documentos originais e documentos reproduzidos

1.916.9. Documentos assinados e documentos não assinados

1.916.10. Documentos físicos e documentos eletrônicos

1.917. Defeitos materiais do documento

1.917.1. Espécies de defeitos materiais dos documentos

1.917.2. Correção dos defeitos materiais dos documentos

1.917.3. Eficácia probatória do documento defeituoso

1.918. Perda do documento original

1.919. Produção do documento estrangeiro

§ 395.º Documentos públicos

1.920. Espécies de documentos públicos

1.920.1. Documento público judicial

1.920.2. Documento público notarial

1.920.3. Documento público administrativo

1.921. Eficácia probatória dos documentos públicos

1.921.1. Eficácia probatória dos documentos públicos em geral

1.921.1.1. Eficácia probatória das declarações dispositivas

1.921.1.2. Eficácia probatória das declarações narrativas

1.921.2. Eficácia probatória da escritura pública

1.922. Reproduções dos documentos públicos

1.922.1. Espécies de reproduções


1.922.1.1. Certidão

1.922.1.2. Traslado

1.922.1.3. Extrato

1.922.1.4. Pública forma

1.922.1.5. Cópia

1.922.2. Reproduções dos documentos judiciais

1.922.3. Reproduções dos documentos notariais

1.929.4. Reproduções dos documentos administrativos

1.922.5. Reproduções dos documentos eletrônicos

1.923. Desconsideração do documento público

1.923.1. Natureza da desconsideração do instrumento público

1.923.2. Requisitos da desconsideração do instrumento público

1.923.2.1. Relatividade da forma especial do documento público

1.923.2.2. Vício exclusivo do documento público

1.923.2.3. Observância das formalidades do documento particular

1.923.3. Efeitos da desconsideração do instrumento público

§ 396.º Documentos particulares

1.924. Espécies de documentos particulares

1.925. Eficácia probatória dos documentos particulares

1.925.1. Eficácia das declarações dispositivas do documento particular

1.925.2. Eficácia probatória das declarações enunciativas do documento


particular

1.925.3. Âmbito subjetivo da eficácia probatória do documento particular

1.925.4. Indivisibilidade do documento particular

1.926. Autoria dos documentos particulares

1.926.1. Forma da assinatura

1.926.2. Espécies de assinatura

1.926.3. Reconhecimento notarial da assinatura


1.926.4. Reconhecimento judicial da assinatura

1.926.5. Efeitos da assinatura

1.927. Data dos documentos particulares

1.927.1. Eficácia da data entre os figurantes

1.927.2. Eficácia da data perante terceiros

1.928. Reproduções dos documentos particulares

1.928.1. Reproduções autenticadas do documento particular

1.928.2. Reproduções simples do documento particular

§ 397.º Documentos particulares especiais

1.929. Documentos transmitidos

1.929.1. Autoria do documento transmitido

1.929.2. Correspondência do documento transmitido

1.930. Documentos domésticos

1.930.1. Prova do recebimento de crédito

1.930.2. Prova da existência de dívida

1.930.3. Prova dos fatos em geral

1.931. Documentos anotados

1.932. Documentos empresariais

1.932.1. Espécies de documentos empresariais

1.932.2. Eficácia dos documentos empresariais

1.932.2.1. Prova contrária ao empresário

1.932.2.1.1. Natureza da prova contrária ao empresário

1.932.2.1.2. Alcance subjetivo da prova contrária ao empresário

1.932.2.1.3. Alcance objetivo da prova contrária ao empresário

1.932.2.2. Prova favorável ao empresário

1.932.3. Princípio da indivisibilidade dos documentos empresariais

1.933. Documentos diretos

1.933.1. Requisitos de produção da prova direta


1.933.2. Oportunidade da impugnação da prova direta

1.933.3. Forma e conteúdo da impugnação da prova direta

1.933.4. Efeitos da impugnação da prova direta

§ 398.º Documentos eletrônicos

1.934. Conceito de documento eletrônico

1.935. Eficácia probatória do documento eletrônico

1.936. Reproduções do documento eletrônico

§ 399.º Produção da prova documental

1.937. Formas de produção da prova documental

1.938. Produção espontânea da prova documental

1.938.1. Controle da produção espontânea de documentos

1.938.2. Objeto da produção espontânea de documentos

1.938.3. Efeitos da produção espontânea de documentos

1.939. Produção forçada da prova documental

1.939.1. Exibição de documentos particulares

1.939.2. Requisição de documentos públicos

1.939.2.1. Requisitos da requisição de documentos públicos

1.939.2.2. Procedimento da requisição de documentos públicos

1.939.2.2.1. Forma da requisição dos documentos públicos

1.939.2.2.2. Prazo da requisição dos documentos públicos

1.939.2.2.3. Efeitos da pendência da requisição dos documentos públicos

1.939.2.2.4. Atitudes da autoridade administrativa requisitada

1.939.2.2.5. Despesas na requisição de documentos públicos

1.939.2.2.6. Extração de cópias dos documentos públicos

1.939.2.3. Efeitos da requisição de documentos públicos

1.940. Momento da produção da prova documental

1.940.1. Momento da produção espontânea da prova documental

1.940.2. Momento da produção forçada da prova documental


1.941. Contradição da prova documental

1.941.1. Momento da contradição da prova documental

1.941.2. Formas de contradição da prova documental

1.941.3. Legitimados na contradição da prova documental

1.941.4. Objeto da contradição da prova documental

1.941.5. Efeitos da contradição da prova documental

1.941.5.1. Efeitos da contradição do documento público

1.941.5.2. Efeitos da contradição do documento particular

1.942. Produção de documentos novos

1.942.1. Prova dos fatos supervenientes

1.942.2. Contraprova dos fatos articulados

1.942.3. Documentos formados posteriormente

1.942.4. Documentos desconhecidos, inacessíveis ou indisponíveis

§ 400.º Arguição da falsidade

1.943. Espécies de falsidade documental

1.944. Objeto da arguição de falsidade

1.945. Natureza da arguição de falsidade

1.946. Oportunidade da arguição de falsidade

1.946.1. Prazo da arguição de falsidade

1.946.2. Quantitativo do prazo da arguição de falsidade

1.946.3. Contagem do prazo da arguição de falsidade

1.947. Iniciativa da arguição de falsidade

1.947.1. Legitimidade ativa na arguição de falsidade

1.947.2. Legitimidade passiva na arguição de falsidade

1.948. Suscitação da arguição de falsidade

1.948.1. Suscitação da falsidade no primeiro grau

1.948.1.1. Competência na arguição de falsidade

1.948.1.2. Forma da arguição de falsidade


1.948.1.3. Controle da admissibilidade da arguição de falsidade

1.948.1.4. Intervenção do Ministério Público na arguição de falsidade

1.948.2. Suscitação da falsidade no segundo grau

1.948.2.1. Autos da arguição de falsidade tardia

1.948.2.2. Objeto da arguição de falsidade tardia

1.948.2.3. Competência do tribunal na arguição de falsidade tardia

1.948.2.4. Processamento da arguição de falsidade tardia

1.949. Efeitos da arguição de falsidade

1.950. Defesa da arguição de falsidade

1.950.1. Prazo de resposta na arguição de falsidade

1.950.2. Modalidades de resposta na arguição de falsidade

1.950.3. Atitudes do suscitado na arguição de falsidade

1.951. Instrução da arguição de falsidade

1.952. Decisão da arguição de falsidade

1.952.1. Momento da decisão da arguição de falsidade

1.952.2. Regra de julgamento da arguição de falsidade

1.952.3. Recurso próprio da decisão da arguição de falsidade

1.952.4. Efeitos da decisão da arguição de falsidade

1.952.5. Autoridade da decisão da arguição de falsidade

§ 401.º Apreciação da prova documental

1.953. Sistemática da apreciação da prova documental

1.954. Interpretação da prova documental

CAPÍTULO 86 – PROVA TESTEMUNHAL

§ 402.º Prova testemunhal em geral

1.955. Conceito de testemunha

1.956. Fonte do conhecimento da testemunha

1.956.1. Depoimento de ciência própria

1.956.2. Depoimento de ciência alheia


1.957. Espécies de testemunha

1.957.1. Testemunha de visu e testemunha ex auditu

1.957.2. Testemunha instrumentária e testemunha do juízo (ou judicial)

1.957.3. Testemunha referente e testemunha referida

1.957.4. Testemunha compromissada e testemunha informante

§ 403.º Cabimento da prova testemunhal

1.958. Sistemas de admissibilidade da prova testemunhal

1.959. Inadmissibilidade da prova testemunhal

1.959.1. Fato já provado por confissão

1.959.2. Fato já provado por documento

1.959.3. Fatos subordinados da prova documental

1.959.4. Fatos subordinados à prova pericial

1.960. Inadmissibilidade da prova testemunhal exclusiva

1.960.1. Âmbito objetivo da restrição à prova testemunha exclusiva

1.960.1.1. Determinação ad valorem do objeto da restrição da prova


testemunhal exclusiva

1.960.1.2. Determinação do fato negocial objeto da restrição da prova


testemunhal exclusiva

1.960.2. Âmbito subjetivo da restrição à prova testemunha exclusiva

1.961. Admissibilidade da prova testemunhal complementar

1.961.1. Prova testemunhal complementar ao começo de prova escrita

1.961.1.1. Função do começo de prova

1.961.1.2. Conceito e natureza do começo de prova

1.961.1.3. Requisitos do começo de prova

1.961.2. Prova testemunhal subsidiária à impossibilidade da prova escrita

1.961.2.1. Impossibilidade material da prova escrita

1.961.2.2. Impossibilidade moral da prova escrita

1.962. Admissibilidade da prova testemunhal plena

§ 404.º Estatuto da testemunha


1.963. Aptidão da testemunha

1.963.1. Deposição da pessoa jurídica

1.963.2. Deposição do juiz

1.964. Capacidade da testemunha

1.964.1. Incapacidade da pessoa absolutamente incapaz

1.964.2. Incapacidade da pessoa sem discernimento

1.964.3. Incapacidade da pessoa sensorialmente deficiente

1.964.4. Incapacidade da pessoa interessada

1.964.4.1. Interesse em razão da incompatibilidade de funções

1.964.4.2. Interesse em razão de parcialidade

1.964.4.3. Interesse em razão de excessos emocionais

1.964.5. Incapacidade do cônjuge e dos parentes

1.965. Deveres da testemunha

1.965.1. Dever de comparecer

1.965.2. Dever de depor da testemunha

1.965.3. Dever de veracidade da testemunha

1.966. Direitos da testemunha

1.966.1. Direito de convocação prévia

1.966.2. Direito à audição do juiz

1.966.3. Direito de recusar a deposição

1.966.4. Direito ao tratamento digno

1.966.5. Direito ao reembolso das despesas da testemunha

1.966.5.1. Objeto do reembolso da testemunha

1.966.5.2. Iniciativa do reembolso da testemunha

1.966.5.3. Responsabilidade pelo reembolso da testemunha

1.966.5.4. Forma do reembolso da testemunha

§ 405.º Produção da prova testemunhal

1.967. Admissão da prova testemunhal


1.968. Tempo do testemunho

1.968.1. Depoimento prestado ante causam

1.968.1.1. Depoimento antecipado em razão de ausência

1.968.1.2. Depoimento antecipado em razão da idade

1.968.1.3. Depoimento antecipado em razão da saúde

1.968.2. Depoimento prestado por carta

1.968.3. Depoimento antecipado incidentalmente

1.969. Lugar do testemunho

1.970. Depósito do rol de testemunhas

1.970.1. Funções do rol de testemunhas

1.970.2. Requisitos do rol de testemunhas

1.970.3. Prazo do rol de testemunhas

1.970.4. Forma do rol de testemunhas

1.970.5. Efeitos do rol de testemunhas

1.971. Número de testemunhas

1.971.1. Limitação ope legis do número de testemunhas

1.971.1.1. Alcance objetivo da limitação ope legis do número de


testemunhas

1.971.1.2. Alcance subjetivo da limitação ope legis do número de


testemunhas

1.971.2. Limitação ope judicis do número de testemunhas

1.972. Intimação da testemunha

1.972.1. Forma da intimação para depor

1.972.2. Meios da intimação para depor

1.972.3. Destinatário da intimação para depor

1.972.4. Requisição para depor

1.972.5. Antecedência da intimação para depor

1.973. Comparecimento da testemunha

1.974. Qualificação da testemunha


1.974.1. Identificação da testemunha

1.974.2. Costumes da testemunha

1.975. Compromisso da testemunha

1.975.1. Sujeitos do compromisso

1.975.2. Forma do compromisso

1.975.3. Recusa do compromisso

1.975.4. Efeitos do compromisso

1.976. Forma do testemunho

1.976.1. Assistência do juiz

1.976.2. Intérprete na inquirição

1.976.3. Urbanidade da inquirição

1.976.4. Requisitos da inquirição

1.976.4.1. Audição individual

1.976.4.2. Audição ordenada

1.976.4.3. Audição isolada

1.976.5. Matéria da inquirição

1.976.6. Técnicas de inquirição

1.976.6.1. Deposição livre

1.976.6.2. Deposição questionada

1.976.6.2.1. Proibição da pergunta impertinente

1.976.6.2.2. Proibição da pergunta capciosa

1.976.6.2.3. Proibição da pergunta vexatória

1.977. Documentação do depoimento da testemunha

1.977.1. Conteúdo do termo de depoimento

1.977.2. Subscrição do termo de depoimento

§ 406.º Incidentes da prova testemunhal

1.978. Ausência da testemunha

1.978.1. Testemunha intimada


1.978.1.1. Ausência motivada da testemunha intimada

1.978.1.2. Ausência desmotivada da testemunha intimada

1.978.2. Testemunha levada

1.979. Dispensa da testemunha

1.979.1. Dispensa da(s) testemunha(s) supérflua(s)

1.979.2. Dispensa da(s) testemunha(s) abandonadas(s)

1.980. Recusa de depor da testemunha

1.980.1. Natureza da recusa de depor

1.980.2. Momento da recusa de depor

1.980.3. Forma da recusa de depor

1.980.4. Causas da recusa de depor

1.980.4.1. Recusa em defesa da vida

1.980.4.2. Recusa em defesa da honra

1.980.4.3. Recusa em defesa do sigilo

1.980.5. Contraditório na recusa de depor

1.980.6. Decisão na recusa de depor

1.981. Contradita da testemunha

1.981.1. Natureza da contradita

1.981.2. Momento da contradita

1.981.3. Legitimados na contradita

1.981.4. Forma da contradita

1.981.5. Instrução da contradita

1.981.6. Decisão da contradita

1.982. Substituição da testemunha

1.982.1. Testemunha falecida

1.982.2. Testemunha enferma

1.982.3. Testemunha desconhecida

1.983. Prisão da testemunha


§ 407.º Complementação da prova testemunhal

1.984. Acareação das testemunhas

1.984.1. Requisitos da acareação

1.984.2. Procedimento da acareação

1.985. Audição da testemunha referida

1.985.1. Requisitos da audição da testemunha referida

1.985.2. Iniciativa da audição da testemunha referida

1.985.3. Procedimento da audição da testemunha referida

1.986. Renovação do depoimento

1.987. Retratação do depoimento

1.988. Correção do depoimento

§ 408.º Força probante da prova testemunhal

1.989. Livre apreciação da prova testemunhal

1.990. Critérios da apreciação da prova testemunhal

CAPÍTULO 87 – PROVA PERICIAL

§ 409.º Prova pericial em geral

1.991. Conceito de perícia

1.992. Natureza da perícia

1.993. Obrigatoriedade da perícia

1.994. Etapas da perícia

1.995. Variantes da perícia

1.995.1. Dispensa do laudo

1.995.1.1. Natureza da dispensa do laudo

1.995.1.2. Requisitos da dispensa do laudo

1.995.1.3. Momento da dispensa do laudo

1.995.1.4. Efeitos da dispensa do laudo

1.995.2. Substituição da perícia

1.995.2.1. Origem da substituição de perícia


1.995.2.2. Natureza da substituição da perícia

1.995.2.3. Requisitos da substituição da perícia

1.995.2.4. Momento da substituição da perícia

1.995.2.5. Efeitos da substituição da perícia

§ 410.º Espécies de perícia

1.996. Classificações das perícias

1.996.1. Perícia judicial e perícia extrajudicial

1.996.2. Perícia eventual e perícia obrigatória

1.996.3. Perícia antecipada e perícia incidente

1.996.4. Perícia direta e perícia indireta

1.996.5. Perícia simples e perícia complexa (combinada)

1.996.6. Perícia informativa e perícia opinativa

1.997. Modalidades da prova pericial

§ 411.º Objeto da perícia

1.998. Determinação do objeto da perícia

1.998.1. Certificação da veracidade do fato alegado

1.998.2. Apreciação do fato alegado

1.998.3. Certificação da veracidade de outra prova

1.999. Limitações políticas do objeto da perícia (inspectio corporis)

§ 412.º Cabimento da perícia

2.000. Casos de inadmissibilidade da perícia

2.000.1. Desnecessidade de conhecimento especial

2.000.2. Desnecessidade da perícia

2.000.3. Impossibilidade da perícia

2.001. Casos de obrigatoriedade da perícia

2.002. Momento da admissão da perícia

§ 413.º Perito

2.003. Funções do perito


2.004. Nomeação do perito

2.004.1. Designação oficial do perito

2.004.2. Atitudes do perito após a designação

2.005. Número de peritos

2.006. Capacidade para ser perito

2.006.1. Perito relativamente incapaz

2.006.2. Perito analfabeto

2.006.3. Perito estrangeiro

2.007. Qualificação para ser perito

2.007.1. Qualificação profissional do perito

2.007.2. Qualificação oficial do perito

2.007.3. Dispensa da qualificação profissional

2.008. Escusa do perito

2.008.1. Prazo da escusa

2.008.2. Motivo da escusa

2.008.3. Decisão sobre a escusa

2.008.4. Consequências da escusa

2.009. Substituição do perito

2.009.1. Substituição por motivos preexistentes

2.009.2. Substituição por motivos supervenientes

2.009.3. Procedimento da substituição

2.009.4. Sanções do perito substituído

2.009.5. Recorribilidade da substituição

2.010. Poderes do perito

2.011. Deveres do perito

2.012. Direitos do perito

§ 414.º Assistente técnico

2.013. Funções do assistente técnico


2.014. Número de assistentes técnicos

2.015. Habilitação do assistente técnico

2.016. Disciplina processual do assistente técnico

§ 415.º Etapa inicial da perícia

2.017. Admissão da perícia

2.018. Prazo da perícia

2.019. Atitudes das partes posteriores à admissão da perícia

2.019.1. Autonomia dos atos posteriores à admissão da perícia

2.019.2. Preclusão dos atos posteriores à admissão da perícia

2.019.3. Âmbito subjetivo dos atos posteriores à admissão

2.019.4. Escolha conjunta do perito

2.020. Formulação dos quesitos principais

2.020.1. Forma dos quesitos principais

2.020.2. Objeto dos quesitos principais

2.020.3. Efeitos dos quesitos principais

2.021. Indicação dos assistentes técnicos

2.022. Recusa do perito

2.022.1. Oportunidade da recusa do perito

2.022.2. Forma da recusa do perito

2.022.3. Motivos da recusa do perito

2.022.4. Procedimento da recusa do perito

2.022.5. Efeitos da recusa do perito

2.023. Controle do questionário

2.023.1. Indeferimento dos quesitos impertinentes

2.023.2. Formulação dos quesitos oficiais

§ 416.º Etapa operativa da perícia

2.024. Data e local do início dos trabalhos

2.024.1. Origem e forma da intimação do início dos trabalhos


2.024.2. Destinatários da intimação do início dos trabalhos

2.024.3. Conteúdo da intimação do início dos trabalhos

2.024.3.1. Local da perícia

2.024.3.2. Data da perícia

2.024.4. Finalidades da intimação do início dos trabalhos

2.024.5. Consequências da falta de intimação do início dos trabalhos

2.025. Forma dos trabalhos

2.026. Direção dos trabalhos

2.027. Fiscalização dos trabalhos

2.028. Incidentes nos trabalhos

2.028.1. Prorrogação do prazo da perícia

2.028.2. Formulação de quesitos suplementares

2.028.2.1. Oportunidade da formulação dos quesitos suplementares

2.028.2.2. Legitimidade para formulação dos quesitos suplementares

2.028.2.3. Objeto da formulação dos quesitos suplementares

2.028.2.4. Procedimento da formulação dos quesitos suplementares

2.028.2.5. Efeitos da formulação dos quesitos suplementares

§ 417.º Etapa final da perícia

2.029. Documentação da perícia

2.029.1. Requisitos do laudo pericial

2.029.1.1. Requisitos extrínsecos do laudo pericial

2.029.1.2. Requisitos intrínsecos do laudo pericial

2.029.2. Momento do laudo pericial

2.029.3. Efeitos do laudo pericial

2.030. Intimação das partes da juntada do laudo pericial

2.031. Crítica das partes ao laudo pericial

2.031.1. Conteúdo da crítica ao laudo pericial

2.031.2. Efeitos da crítica ao laudo pericial


2.032. Produção do parecer dos assistentes

2.032.1. Prazo da apresentação do parecer técnico

2.032.2. Conteúdo do parecer técnico

2.032.3. Efeitos da falta de apresentação do parecer técnico

2.032.4. Apreciação do parecer técnico

2.033. Pedido de esclarecimentos

2.033.1. Oportunidade do pedido de esclarecimentos

2.033.2. Forma e conteúdo do pedido de esclarecimentos

2.033.3. Efeitos do pedido de esclarecimentos

2.034. Controle oficial do laudo

§ 418.º Renovação da perícia

2.035. Admissibilidade da segunda perícia

2.035.1. Momento da admissão da segunda perícia

2.035.2. Procedimento da segunda perícia

2.036. Objeto da segunda perícia

2.037. Efeitos da segunda perícia

§ 419.º Força probante da perícia

2.038. Livre apreciação da prova pericial

2.039. Motivação na apreciação da prova pericial

CAPÍTULO 88 – INSPEÇÃO JUDICIAL

§ 420.º Inspeção judicial em geral

2.040. Conceito da inspeção judicial

2.041. Natureza da inspeção judicial

2.042. Terminologia na inspeção judicial

2.043. Iniciativa da inspeção judicial

2.044. Espécies de inspeção judicial

2.044.1. Inspeção pessoal e inspeção material

2.044.2. Inspeção direta e inspeção indireta


2.044.3. Inspeção estática e inspeção dinâmica

2.044.4. Inspeção facultativa e inspeção obrigatória

2.044.5. Inspeção incidente e inspeção antecipada

§ 421.º Objeto da inspeção judicial

2.045. Natureza do objeto da inspeção

2.046. Características do objeto da inspeção

2.046.1. Pessoas inspecionáveis

2.046.1.1. Inspeção corporal da parte

2.046.1.2. Inspeção psiquiátrica da parte

2.046.1.3. Inspeção pessoal de terceiros

2.046.2. Coisas inspecionáveis

2.046.3. Fenômenos inspecionáveis

2.047. Disponibilidade do objeto na inspeção judicial

2.047.1. Disponibilidade da pessoa

2.047.1.1. Disponibilidade pessoal da parte

2.047.1.2. Disponibilidade pessoal do terceiro

2.047.2. Disponibilidade material

2.048. Vicissitudes do objeto da inspeção

§ 422.º Procedimento da inspeção judicial

2.049. Admissão da inspeção judicial

2.049.1. Momento da admissão da inspeção

2.049.2. Conteúdo da decisão de admissão da inspeção

2.049.2.1. Determinação do objeto da inspeção

2.049.2.2. Designação de perito na inspeção judicial

2.049.2.3. Designação da data da inspeção

2.049.2.4. Designação do local da inspeção

2.049.3. Recorribilidade da admissão e rejeição da inspeção

2.050. Requisitos da inspeção judicial


2.051. Tempo da inspeção judicial

2.052. Lugar da inspeção judicial

2.052.1. Inspeção na sede do juízo

2.052.2. Inspeção fora da sede do juízo

2.052.2.1. Impossibilidade da inspeção na da sede do juízo

2.052.2.2. Conveniência da inspeção fora sede do juízo

2.052.2.3. Reconstituição de eventos e de condutas

2.053. Forma da inspeção judicial

2.054. Participantes da inspeção judicial

2.054.1. Juiz na inspeção judicial

2.054.2. Partes na inspeção judicial

2.054.2.1. Fundamento da participação das partes

2.054.2.2. Finalidades da participação das partes

2.054.2.3. Pressupostos da participação das partes

2.054.2.4. Obrigatoriedade da participação das partes

2.054.2.5. Poderes das partes na inspeção

2.054.3. Peritos e assistentes técnicos na inspeção judicial

2.054.4. Informantes na inspeção judicial

2.055. Documentação da inspeção judicial

2.055.1. Funções do auto de inspeção

2.055.2. Forma do auto de inspeção

2.055.2.1. Redator do auto de inspeção

2.055.2.2. Local e momento do auto de inspeção

2.055.2.3. Autenticação do auto de inspeção

2.055.3. Conteúdo do auto de inspeção

2.055.4. Instrução do auto de inspeção

2.055.5. Impugnação do auto de inspeção

2.056. Renovação da inspeção judicial


§ 423.º Força probante da inspeção judicial

2.057. Apreciação da prova na inspeção judicial

2.058. Controle da apreciação da prova na inspeção judicial

CAPÍTULO 89 – AUDÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO

§ 424.º Posição da audiência de instrução e julgamento

2.059. Conceito e natureza da audiência

2.060. Facultatividade da audiência

2.061. Estrutura da audiência

§ 425.º Princípios da audiência

2.062. Princípio da publicidade da audiência

2.062.1. Audiência de portas fechadas

2.062.2. Audiência de portas abertas

2.062.3. Cobertura midiática da audiência

2.063. Princípio da unidade da audiência

2.063.1. Fundamento da unidade da audiência

2.063.2. Consequências da unidade da audiência

2.063.3. Momento da suspensão dos trabalhos

2.063.4. Causas da suspensão dos trabalhos

2.063.5. Consequências da suspensão dos trabalhos

2.063.6. Regime da invalidade da audiência

2.064. Princípio da concentração da audiência

2.065. Princípio da imediação na audiência

2.066. Princípio da identidade física do juiz

§ 426.º Etapa da preparação da audiência

2.067. Cabimento da audiência

2.068. Designação da audiência

2.068.1. Competência na designação da audiência

2.068.2. Natureza da designação da audiência


2.068.3. Escolha da data e horário da audiência

2.068.4. Registro da data e do horário da audiência

2.069. Tempo da audiência

2.069.1. Dia da audiência

2.069.2. Horário da audiência

2.070. Lugar da audiência

2.071. Intimações da designação da audiência

§ 427.º Etapa da abertura da audiência

2.072. Pregões da audiência

2.073. Participantes da audiência

2.073.1. Participantes obrigatórios da audiência

2.073.2. Participantes eventuais da audiência

2.074. Poderes do juiz na audiência

2.074.1. Manutenção da ordem

2.074.2. Manutenção do decoro

2.074.3. Consequências da quebra da ordem e do decoro

2.075. Atividades do juiz na audiência

2.075.1. Função de direção da audiência

2.075.2. Função na conciliação em audiência

2.075.3. Função de coleta da prova na audiência

2.075.4. Função de participação nos debates na audiência

2.075.5. Funções decisórias na audiência

2.075.6. Função de documentação da audiência

2.076. Atividades das partes na audiência

§ 428.º Etapa da conciliação

2.077. Natureza da conciliação incidental

2.078. Obrigatoriedade da conciliação incidental

2.079. Objeto da conciliação incidental


2.080. Forma da conciliação incidental

2.081. Efeitos da conciliação incidental

§ 429.º Etapa da instrução

2.082. Fixação dos pontos controvertidos

2.082.1. Possibilidade da fixação tardia dos pontos controvertidos

2.082.2. Finalidade da fixação tardia dos pontos controvertidos

2.082.3. Requisitos da fixação tardia dos pontos controvertidos

2.082.4. Recorribilidade da fixação tardia dos pontos controvertido

2.083. Produção da prova em audiência

§ 430.º Etapa do debate da causa

2.084. Finalidade do debate da causa

2.085. Momento do debate da causa

2.086. Participantes do debate da causa

2.087. Modalidades do debate da causa

2.088. Prazos e ordem do debate da causa

2.088.1. Tempo do debate

2.088.2. Ordem do debate

2.088.3. Distribuição do tempo de debate

2.089. Conteúdo do debate da causa

2.089.1. Objeto virtual do debate da causa

2.089.2. Intervenção do juiz no debate da causa

2.089.3. Intervenção do advogado da contraparte no debate da causa

2.089.4. Controle judicial do debate na causa

2.089.5. Forma do debate da causa

2.090. Discussão escrita da causa

2.090.1. Cabimento da discussão escrita

2.090.2. Forma da discussão escrita

2.090.3. Oportunidade da entrega da discussão escrita


2.091. Consequências da omissão do debate da causa

§ 431.º Incidentes da audiência

2.092. Antecipação da audiência

2.093. Adiamento da audiência

2.093.1. Fundamento do adiamento convencional da audiência

2.093.2. Oportunidade do adiamento convencional da audiência

2.093.3. Forma do adiamento convencional da audiência

2.093.4. Efeitos do adiamento convencional da audiência

2.094. Ausências e atraso na audiência

2.094.1. Ausência do juiz

2.094.2. Ausência dos auxiliares

2.094.3. Ausência do Ministério Público

2.094.4. Ausência do advogado

2.094.4.1. Ausência justificada do advogado

2.094.4.1.1. Oportunidade da alegação do impedimento do advogado

2.094.4.1.2. Razões do impedimento do advogado

2.094.4.1.3. Forma e prova da alegação do impedimento do advogado

2.094.4.1.4. Consequências do impedimento do advogado

2.094.4.2. Ausência injustificada do advogado

2.094.5. Ausência da parte

2.094.6. Ausência da testemunha

2.094.7. Ausência do perito e assistentes técnicos

2.095. Cancelamento da audiência

§ 432.º Etapa do julgamento

2.096. Emissão da sentença na audiência

2.097. Emissão da sentença fora da audiência

§ 433.º Documentação da audiência

2.098. Lavratura do termo de audiência


2.099. Elementos do termo de audiência

2.100. Correção do termo de audiência

TÍTULO IV – ETAPA DECISÓRIA

CAPÍTULO 90 – JULGAMENTO DA DEMANDA

§ 434.º Sentença definitiva no procedimento comum

2.101. Oportunidade da sentença definitiva

2.102. Elementos da sentença definitiva

2.103. Abrangência da sentença definitiva

2.104. Defeitos da sentença definitiva

2.105. Proibição da condenação genérica

2.105.1. Pressuposto da condenação líquida

2.105.2. Fundamento da condenação líquida

2.105.3. Objeto da condenação líquida

2.105.4. Efeito da ausência de condenação líquida

2.106. Irrevogabilidade da sentença definitiva

2.107. Datação da sentença definitiva

2.108. Autenticação da sentença definitiva

2.109. Impugnação da sentença definitiva

§ 435.º Improcedência da demanda

2.110. Causa de emissão da sentença de improcedência

2.111. Força e conteúdo da sentença de improcedência

2.112. Capítulo acessório da sentença de improcedência

§ 436.º Procedência da demanda

2.113. Causa de emissão da sentença de procedência

2.114. Força e conteúdo da sentença de procedência

2.114.1. Procedência condicional

2.114.2. Procedência limitada

2.114.3. Procedência dispositiva


2.114.4. Procedência alternativa

2.114.5. Procedência genérica

2.114.6. Procedência impositiva

2.115. Efeito anexo processual da sentença de condenação

2.115.1. Origem da hipoteca judiciária

2.115.2. Conceito e natureza da hipoteca judiciária

2.115.3. Fundamento da hipoteca judiciária

2.115.4. Pressupostos da hipoteca judiciária

2.115.5. Especialização da hipoteca judiciária

2.115.6. Efeitos da hipoteca judiciária

2.116. Capítulo acessório da sentença de procedência

2.116.1. Vencimento parcial

2.116.2. Vencimento recíproco

2.116.3. Vencimento mínimo

CAPÍTULO 91 – REMESSA NECESSÁRIA

§ 437.º Remessa necessária em geral

2.117. Origens da remessa necessária

2.118. Evolução da remessa necessária

2.119. Institutos afins na remessa necessária

2.120. Natureza jurídica da remessa necessária

§ 438.º Cabimento da remessa necessária

2.121. Casos gerais de remessa necessária

2.121.1. Sentença contra pessoas jurídicas de direito público

2.121.2. Sentença contra a pretensão a executar da Fazenda Pública

2.122. Exclusões da remessa necessária

2.122.1. Exclusão da remessa necessária em razão do valor

2.122.2. Exclusão da remessa necessária em razão da matéria

2.123. Casos especiais de remessa necessária


§ 439.º Efeitos da remessa necessária

2.124. Efeito obstativo da remessa necessária

2.125. Efeito devolutivo da remessa necessária

CAPÍTULO 92 – COISA JULGADA

§ 440.º Fisionomia da coisa julgada

2.126. Definição da coisa julgada

2.127. Espécies de coisa julgada

2.128. Coisa julgada formal

2.128.1. Designação da coisa julgada formal

2.128.2. Importância da coisa julgada formal

2.128.3. Momento da formação da coisa julgada formal

2.129. Coisa julgada material

2.130. Fundamentos da coisa julgada

2.131. Objeto da coisa julgada

2.131.1. Objeto formal da coisa julgada

2.131.2. Objeto material da coisa julgada

2.132. Plano da eficácia da coisa julgada

2.132.1. Natureza processual da autoridade de coisa julgada

2.132.2. Efeitos da natureza processual da autoridade de coisa julgada

2.133. Bilateralidade da coisa julgada

2.134. Limites da coisa julgada

§ 441.º Limites subjetivos da coisa julgada

2.135. Alcance subjetivo dos efeitos da sentença

2.135.1. Interessados de fato

2.135.2. Interessados econômicos

2.135.3. Interessados políticos

2.135.4. Interessados jurídicos

2.136. Primeira regra dos limites subjetivos: vinculação das partes


2.136.1. Vinculação dos sucessores da parte

2.136.2. Vinculação do substituído processual

2.137. Segunda regra: vinculação erga omnes nas ações de estado

2.137.1. Abrangência das causas de estado

2.137.2. Litisconsórcio nas causas de estado

2.137.3. Eficácia da sentença de procedência nas causas de estado

2.138. Limites subjetivos da coisa julgada no litisconsórcio

2.138.1. Limites subjetivos da coisa julgada no litisconsórcio obrigatório

2.138.1.1. Ineficácia relativa no litisconsórcio necessário simples

2.138.1.2. Ineficácia absoluta no litisconsórcio necessário unitário

2.138.2. Limites subjetivos da coisa julgada no litisconsórcio facultativo

2.138.2.1. Limites subjetivos da coisa julgada no litisconsórcio facultativo


simples

2.138.2.2. Limites subjetivos da coisa julgada no litisconsórcio facultativo


unitário

2.139. Limites subjetivos da coisa julgada em situações especiais

2.139.1. Limites subjetivos da coisa julgada na dissolução dos negócios


jurídicos

2.139.2. Limites subjetivos da coisa julgada na cobrança de prestações


indivisíveis

2.139.3. Limites subjetivos da coisa julgada na tutela da


personalidade post mortem

2.139.4. Limites subjetivos da coisa julgada na jurisdição constitucional

2.140. Limites subjetivos da coisa julgada no processo coletivo

2.140.1. Coisa julgada na tutela dos direitos coletivos

2.140.2. Coisa julgada na tutela coletiva de direitos

§ 442.º Limites objetivos da coisa julgada

2.141. Primeira regra dos limites objetivos: vinculação ao objeto litigioso

2.142. Segunda regra dos limites objetivos: vinculação às questões


decididas

2.143. Objeto ressalvado da autoridade do julgado


2.143.1. Motivos da decisão

2.143.2. Verdade dos fatos na decisão

2.143.3. Questão prejudicial decidida

2.143.3.1. Exclusão da questão prejudicial dos limites objetivos

2.143.3.2. Inclusão da questão prejudicial nos limites objetivos

2.144. Eficácia preclusiva da coisa julgada

2.144.1. Definição da eficácia preclusiva da coisa julgada

2.144.2. Finalidades da eficácia preclusiva da coisa julgada

2.144.3. Relação dos limites objetivos e eficácia preclusiva da coisa


julgada

2.144.4. Pressupostos da eficácia preclusiva da coisa julgada

2.144.5. Efeitos da eficácia preclusiva da coisa julgada

§ 443.º Limites temporais da coisa julgada

2.145. Influência dos eventos supervenientes na coisa julgada

2.145.1. Oportunidade do evento superveniente

2.145.2. Natureza do evento superveniente

2.145.3. Efeitos do evento superveniente

2.146. Modificação dos efeitos da sentença passada em julgado

2.147. Casos de admissibilidade do evento superveniente

§ 444.º Funções da coisa julgada

2.148. Função geral da coisa julgada

2.149. Função negativa da coisa julgada

2.149.1. Finalidade da objeção de coisa julgada

2.149.2. Natureza da objeção de coisa julgada

2.149.3. Pressupostos da objeção de coisa julgada

2.149.4. Iniciativa na objeção de coisa julgada

2.149.5. Efeitos da objeção de coisa julgada

2.148.6. Conflito de coisas julgadas


2.150. Função positiva da coisa julgada

2.150.1. Função positiva da coisa julgada em relação ao vencedor

2.150.2. Função positiva da coisa julgada em relação ao vencido

§ 445.º Atenuações da coisa julgada

2.151. Atenuação da coisa julgada na assistência

2.151.1. Efeito da intervenção na assistência simples

2.151.2. Efeito da intervenção na assistência qualificada

2.151.3. Natureza do efeito da intervenção do assistente

2.152. Atenuação da coisa julgada na pretensão a executar

2.153. Atenuação da coisa julgada na tutela provisória

2.154. Atenuação secundum eventus litis da coisa julgada

§ 446.º Desconstituição dos efeitos da sentença

2.155. Remédios contra os efeitos da sentença

2.156. Rescindibilidade da sentença em razão de vícios “transrescisórios”

2.157. Sentença ineficaz em razão da inexistência ou da invalidade da


citação do réu

2.158. Sentença ineficaz em razão da inconstitucionalidade superveniente


da norma

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