Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
junho, 2016
Concessão de
Gratuidades
1
www.arpensp.org.br
Prefácio
Desembargador Ricardo Henry Marques Dip
Presidente da Seção de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo
Tem-se alguma vez ouvido que estes nossos tempos contemporâneos constituem a
idade da Economia. Quer consideremos esta afirmação pelo viés do saber técnico −qual o de uma ciência e de
uma prática produtivas, que se dirigem à satisfação de necessidades e utilidades materiais−, quer a estimemos
no domínio das cosmovisões materialistas (que não seria de todo impróprio chamar de “economicistas”), a
história do século XX e a desta centúria que o sucede aparentam dar fundamento a uma dada redução dos
tempos à clave econômica.
Todavia, não faltará também que possa admitir-se, pese embora a má vontade de
alguns, que estes séculos sejam também os da idade dos conflitos, a idade das guerras mundiais, a idade do
desconcerto. Ou talvez, graficamente: a idade em que a economia se quis autônoma.
Não se deve −até porque realmente não se pode− negar a importância da economia
para toda a vida da sociedade política, muito aí incluída a vida dos direitos, e é caso de referir
os interessantes estudos de Calabresi, Posner, Epstein, etc., e, entre nós, as autorizadas lições
de Celso Fernandes Campilongo, mas o que parece deva acrescentar-se −ou, quando o caso,
robustecer-se− à faina de meditação sobre os temas econômicos é exatamente o capítulo de
sua subalternação à moral (lembra-me aqui a doutrina de Elías de Tejada, que vem dizer-nos
ser função do direito reduzir a economia à ética).
No quadro, contudo, desta nossa época −que, por algo, Jacques Rueff designou l’âge
de l’inflation (título de um seu interessante livro publicado pela Payot, de Paris, em 1963,
cujas páginas, in illo tempore, eu frequentei cum imprudenti gaudio iuvenili)−, o tema da
gratuidade fez-se extenso e relevante a ponto de gerar a pretensão de uma “filosofia da
gratuidade” (v.g., Juan Carlos Scanonne) e utopias −veja-se, p.ex., o que sobre isto discorreu
o jesuíta espanhol Antonio Ocaña (em um estudo intitulado “Interés: gratuidad y ley”)−,
para não dizer que, com menos discrição, estejamos a tratar propriamente de distopias
revolucionárias (a construção do paraíso terreno).
Pondo-nos a salvo do espartilho de visões ideológicas −a ideologia é dogmática, civil-
religiosamente dogmática por sua mesma natureza− e enfrentando-nos com a
realidade da vida e do mundo (é dizer, com as coisas da natureza e a natureza
das coisas −cum rebus naturæ et naturā rerum), temos de reconhecer a
necessidade urgente de uma ética dos custos (para a qual é muito
sugestiva a leitura do estudo de Jörg Guido Hülsmann, The Ethics
of Money Production −Auburn: Mises Institute, 2008),
uma ética do processo econômico (cf., a
2
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
propósito, a celebrada Antropología del capitalismo, de Rafael Termes −Madri, Rialp, 2004) que retome a
visão antropológica da vida humana na civitas (ou como diz o subtítulo de uma obra de Leonardo Salutati,
precisamos pensar em uma finanza dal volto humano).
A fuga do realismo −ainda que, por ser isto de todo recomendável, um realismo
temperado− rende ensejo às fantasias imaginárias, de cujo excesso se queixara Ingenieros, e aos erros de
botânica (a suposição de que o dinheiro nasce em árvores −para emprestar aqui, de algum modo, a muita
gráfica expressão de Flávio Galdino). Isto nos levaria a perseverar no mundo da mitologia −talvez haja
mesmo uma continuidade histórica entre os mitos jurídicos da modernidade (remeto-me por brevidade à
festejada obra de Paulo Grossi) e os nossos mitos contemporâneos (entre eles o do governo grátis, a que tão
recentemente se referiu um documentado livro de Paulo Rabello de Castro).
Entre esses mitos, uns há que derivam de uma tendência que, no entendimento de
Oliveira Vianna, acomete nossas elites políticas por nutri-las de um idealismo utópico, apto até mesmo a
desconstruir a história das instituições. E é nesta via que parece incorrer a ideia de “delegação” das notas
e dos registros públicos, tal fossem estas instituições não como verdadeiramente o são −funções da
comunidade−, mas simples repartições estatais.
Deste mito deriva a equivocada percepção (com forte alento ideológico)
de que os atos praticados pelos notários e registradores públicos devam, o mais possível, à só
conta de sua necessidade social (necessidade que é de todo inegável!), prestar-se de maneira
gratuita.
Mas o que não se solve é a paradoxal realidade do “custeio do
gratuito”, do dispêndio com a produção de resultados oferecidos sem custo. Ora, uma coisa
é que a oferta seja sem custo; outra é que a produção o seja.
Atribuir a gratuidade ao conjunto social é um problema de política
pública. Pode fazê-lo o Estado, arcando ele, porém, com o dispêndio econômico que
corresponda. Questão diversa, por não ser comutativamente justo (atrita, pois, com a
moral), é o sacrifício anômalo de uma parte da sociedade (os notários e os registradores)
em responder pelo custeio produtivo de um benefício do todo social.
Esta interessante obra −Concessão de gratuidades− elaborada
pela Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen-
SP) agremia-se à trincheira dos que, com senso de realidade, militam pela sobrevivência
institucional das notas e dos registros públicos, sobrevivência que, além de adversar
outros modos atuais de desconstrução destas instituições, depende também de
evadir sua asfixia econômica.
Honra-me poder expressar umas palavrinhas de
apoio a esta pequena, mas valiosa contribuição da Arpen-SP ao
bem comum de nosso Brasil.
3
www.arpensp.org.br
4
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
5
www.arpensp.org.br
NOTA DA EDIÇÃO
6
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
7
www.arpensp.org.br
CARTILHA – GRATUIDADE
8
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
9
www.arpensp.org.br
10
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
Comarca, data.
OFICIAL
11
www.arpensp.org.br
CRITÉRIOS PARA A
CONCESSÃO DA
GRATUIDADE
1º) DECLARAÇÃO DA
LOCALIDADE DA
RESIDÊNCIA DOS
NUBENTES (BAIRRO
NOBRE)
3º) PRESENÇA OU CR
INTENÇÃO DE C
REALIZAÇÃO DE
PACTO 1º) D
OFICIAL/PREPOSTO
ANTENUPCIAL INFORMA O VALOR LOC
DOS EMOLUMENTOS RES
NUB
4º) VERIFICAÇÃO SE NOB
HOUVE OU HAVERÁ
CUSTOS COM A 2º) D
PRO
CERIMÔNIA NUB
RELIGIOSA EM
OS NUBENTES
CASO DE OS NUBENTES
SOLICITAM A
3º) P
PAGAM O VALOR INTE
CASAMENTO DEVIDO
ISENÇÃO DOS
REA
EMOLUMENTOS
RELIGIOSO COM PAC
EFEITO CIVIL ANT
4º) V
5º) VERIFICAÇÃO DO HOU
PISO SALARIAL DA CUS
OFICIAL/PREPOSTO CER
CATEGORIA DE PASSARÁ À ANÁLISE REL
CADA UMA DAS DOS CRITÉRIOS CAS
PARA A CONCESSÃO CAS
PROFISSÕES DOS DA GRATUIDADE REL
NUBENTES EFE
12
REN
POR
NUB
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
• Decisão:
- Contraentes possuem vencimentos fixos;
13
para dispen-
sar o prazo da
www.arpensp.org.br
Isto porque se os nubentes são pobres
Como se vê, o pedido de dispensa dos e não possuem patrimônio, não haveria ne-
proclamas tem como objetivo atender ape- cessidade de escolher o regime de separação
nas ao capricho dos nubentes, mas não a total de bens. O regime legal (da comunhão
urgência da celebração, que é indispensável parcial) atenderia seus interesses, podendo,
para a configuração do dispositivo no pará- assim, arcar com os custos do casamento.
grafo único do art. 1527 do Código Civil.
É notório que a noiva é filha de uma
2- A ISENÇÃO DOS EMOLUMENTOS das famílias mais tradicionais do Belém.
Trabalha na imobiliária do pai, que além de
Os nubentes também solicitam a isen- administrar bens de terceiros, administram
ção dos emolumentos do casamento, no va- bens próprios. Este oficial inclusive já tentou
lor de R$199,50. alugar um imóvel da família para sede da
Serventia, cujo valor de aluguel estava sen-
Entretanto, fizeram escritura de pacto do negociado na ordem de R$5000,00.
antenupcial no 15º Tabelião de Notas da Ca-
pital, convencionando que o regime de bens
que vigorará após o casamento será o da se- O direito a isenção dos emolumentos
paração total de bens. Para a realização deste previstos no Código Civil é justamente des-
ato notarial pagaram a quantia de R$204,21. tinado às pessoas carentes e não aquelas
nascidas em “berço de ouro”. Por essas ra-
O pacto antenupcial diz respeito ao zões requeiro que seja negada a isenção dos
aspecto patrimonial da sociedade conjugal, emolumentos.
por quanto a sua elaboração demons-
tra a existência de indícios de um São Paulo, xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.
patrimônio subjacente que o justi-
fique. ORCPN
• Argumentação:
- Realização de pacto antenupcial que comprova capacidade econômica dos
nubentes
• Nubente Beneficiário de Plano de Saúde
• Decisão:
- Não foi concedida a isenção de emolumentos.
14
de autorização
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
judicial, suprindo os proclamas, mediante a
alegação de que a contraente está grávida Frise-se que os contraentes auferem
e de documento declarando que não têm vencimentos totalizando R$ 1.500,00 (um
condições de suportar o pagamento das mil e quinhentos reais), situação que não
despesas relacionadas com o procedimento induz a configuração do estado de pobreza,
da habilitação de casamento (fl. 06). tanto que lavraram uma escritura de pacto
antenupcial, convencionando o regime de
A questão posta em controvérsia, a bens que vigorará após o casamento, de-
partir de representação formulada pelo Ofi- sembolsando o valor de R$ 204,21 (duzen-
cial do Registro Civil das Pessoas Naturais tos e quatro reais e vinte e um centavos)
do xxxxxxxxxxxx, diz respeito à dispensa de pelo ato notarial (fl. 04/04vº).
proclamas e à incidência, ou não, do benefí-
cio da gratuidade requerido pelo casal. Não se deve perder de vista, ainda, que
a contraente é beneficiária de conceituado
Sem embargo das razões expendidas plano de saúde e realizou exame em labo-
pelos requerentes, verifica-se que a hipó- ratório particular, fato que contrasta com a
tese não reclama o abrandamento do rigor invocada condição de pobreza, na acepção
formal, em relação à dispensa dos procla- jurídica do termo (cf. fl. 11).
mas.
Em suma, a hipótese não autoriza a
“O proclama é forma de publicidade concessão da dispensa, visto que não con-
ativa, destinada a, transitoriamente, dar figurada as hipóteses previstas no artigo
ciência a todos do povo que duas pessoas 69 da Lei de Registros Públicos, tampouco
querem casar-se, propiciando ensejo de se- a isenção de emolumentos com o procedi-
rem denunciados os impedimentos. O pro- mento de habilitação de casamento.
clama deve referir, pelo menos: nome, data
e local de nascimento, estado civil e domi- Assim, indefiro os pedidos
cílio dos pretendentes, nome de seus pais. de dispensa dos proclamas e de
O registro de proclama é escriturado crono- isenção de emolumentos com o
logicamente, com resumo do que constar procedimento de habilitação de
dos editais expedidos pelo registrador ou casamento.
recebidos de outros (arts. 43 e 44).” (in Lei
de Registros Públicos Comentado, Walter Dê-se ciência aos interes-
Ceneviva, 1999, 13ªed., p. 153). sados e ao Dr. Oficial
15
www.arpensp.org.br
• Decisão:
- Não há norma jurídica que fixe um teto de renda para conferir gratuidade ao usuário,
competindo ao serviço extrajudicial o exame caso a caso;
- Declaração acerca da situação jurídica de pobreza não possui caráter absoluto.
CONCLUSÃO
Em xxxxxxxx, faço estes autos conclu- Trata-se de expediente instaurado a
sos ao(à) MM. partir de comunicação encaminhada pela
Juiz(a) de Direito Dr(a). Magistrado Egrégia Corregedoria Geral da Justiça, no-
ticiando denúncia anônima formulada em
SENTENÇA face do Sr. Oficial do Registro Civil das Pes-
Processo nº: xxxxxxxxxxxxxxx - soas Naturais do xxxxxxxxxxxxxxxxxx, Capi-
Pedido de Providências tal, no tocante às exigências excessivas im-
Requerente: xxxxxxxxxxxxxxx postas pela serventia para a concessão de
Corregedoria Geral de Justiça gratuidade nos processos de habilitação de
casamento.
Juiz(a) de Direito: Dr(a). Magis-
trado O Sr. Oficial do Registro Civil das Pes-
soas Naturais do xxxxxxxxxxxxx, manifes-
VISTOS, tou-se às fls. 05/10.
16
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
17
www.arpensp.org.br
• Argumentação:
- Agendamento de entrevista para a concessão de gratuidade;
- Apresentação de comprovante de renda;
- Responsabilidade do Oficial avaliar os que necessitam da gratuidade.
• Decisão:
- Respeitando o direito à intimidade é possível solicitar esclarecimentos sobre
rendimento dos contraentes;
- Não há norma jurídica que fixe um teto de renda para conferir isenção ao usuário
18
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
19
www.arpensp.org.br
20
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
• Decisão:
- Rendimento mensal do casal superior a três salários mínimos – parecer do MP;
- Contraente com formação superior, emprego fixo e renda mensal;
- Não isentos do recolhimento de imposto de renda.
21
www.arpensp.org.br
da “pobreza”, deve ser concedida aos verda- suas declarações de imposto de renda, o
deiramente pobres. mesmo, dentro da ótica dos “reconhecida-
mente pobres”, não apresenta característi-
A simples declaração de pobreza, nes- cas de estado de pobreza, porém, diante dos
ta situação, gerou presunção relativa, o que fatos, peço o parecer do Ministério Público,
pode afastar o benefício de gratuidade no bem como da MMa. Juíza para a concessão
processo de habilitação matrimonial. ou não de gratuidade, uma vez que esta aná-
A pessoa que se bene- lise ainda gera dúvidas, quando devemos ter
ficia da isenção destinada aos reconheci- tão somente a declaração do interessado ou
damente pobres contribui para um gasto a real situação das pessoas pobres.
injustificado, frustrando o recolhimento de
Contribuição à Carteira de Previdência das Aproveito a oportunidade para apre-
Serventias não Oficializadas da Justiça do sentar os meus protestos de elevada estima
Estado. e consideração.
Revela-se, pois que, diante dos docu- xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
mentos apresentados pela parte, tais como Substituto do Oficial
• Argumentação:
- Renda e gastos incompatíveis com a situação de pobreza
• Decisão:
- Renda superior à 03 (três) salários mínimos incompatível com a
situação de pobreza
MINISTÉRIO PÚBLICO
DO ESTADO DE SÃO PAULO
22
custeado pelo
Fundo de Cus-
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
P.R.I.C.
São Paulo, xxxxxx
Juíza de Direito
24
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
• Decisão:
- Respeitando o direito à intimidade é possível solicitar
esclarecimentos sobre rendimento dos contraentes;
- Não há norma jurídica que fixe um teto de renda para conferir
isenção ao usuário.
25
www.arpensp.org.br
26
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
• Argumentação:
- Fundo de Custeio não é infinito e ilimitado uma vez que acompanha as oscilações
financeiras das próprias arrecadações auferidas pela categoria;
- Concessão de gratuidade indevida causa pena de quebra da isonomia e prejuízo ao
interesse público, tanto pela geração de custos infundados, quanto pelo desamparo aos
verdadeiramente necessitados;
- Critério legal do Bolsa Família – Lei 10.836/04 – regulamentada pelo Decreto 5.209/04,
atualizado pelo Decreto 8.232/14 – renda familiar per capita de até R$ 154,00 (pobreza) e
R$ 77,00 (pobreza extrema);
- Realização de cerimônia religiosa pelos nubentes.
• Decisão:
- Rendimento mensal de R$ 3.000,00.
ORCPN
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Correge- 4. Quanto às custas e os emolumentos, o pa-
dor Permanente da 2º Vara Cível do Foro da rágrafo 2º do artigo 236, da CF, determina
Comarca de São Joaquim da Barra - SP. que “Lei federal estabelecerá normas
gerais para fixação de emolumentos
1. Aos 07/06/2016 foi protocolizada a habili- relativos aos atos praticados pelos
tação de casamento de xxx(Livro Protocolo serviços notariais e de registro”.
n.003, fl. 002, termo 182/16 - cujo processo
de habilitação segue anexo), para a realiza- 5. Tal determinação é cumprida
ção de casamento civil aos 02/07/2016, com pela Lei n.10.169/00, que logo
pedido de GRATUIDADE ante a suposta hi- em seus artigos 1º e 2º, atribui
possuficiência financeira dos mesmos para aos Estados e ao Distrito Fede-
arcar com os custos de R$362,05 (trezentos ral a competência para fixar
e sessenta e dois Reais e cinco centavos), os valores dos emolumentos,
sem prejuízo do próprio sustento. que deverão corresponder
ao efetivo custo e à adequa-
2. A embasar tal pleito, o casal apresentou da e suficiente remunera-
“declarações de pobreza”, em que o noivo ção dos serviços prestados;
atesta ter um salário de R$1.780,00, e a noiva dada a natureza pública e o
R$1.454,00, totalizando assim R$3.234,00 caráter social dos serviços
(três mil, duzentos e trinta e quatro reais). notariais e de registro.
27
creto.
www.arpensp.org.br
6. Ainda através da Lei n. 10.169/00, por seu tos de selos, emolumentos e custas, para
artigo 8º, fixou-se a obrigação estadual e as pessoas cuja pobreza for declarada, sob
distrital de se estabelecer formas de com- as penas da lei (grifei)
pensação aos Registradores Civis pelos atos
gratuitos, por eles praticados. 11. Tal benefício decorre do princípio da
isonomia estampado no caput do artigo 5º,
7. No Estado de São Paulo, a Lei Bandeirante da CF, através do qual deve ser dispensado
n. 11.331/02 trata do tema, sempre levando tratamento igual aos iguais, e desigual aos
em conta a natureza de tributo (da espécie desiguais, à medida das desigualdades.
taxa), das custas e emolumentos devidos
em contraprestação à atividade notarial e 12. Para que essa diferenciação constitu-
registral - conforme assentado pelo STF da cionalmente protegida seja efetiva, tal be-
ADI 1378-MC. nefício só deve ser conferido aos verdadei-
ramente pobres, sob pena de quebra da
8. De acordo com o artigo 19, “d”, a Lei Ban- isonomia e prejuízo ao interesse público,
deirante n. 11.331/02, 3,289473% dos emo- tanto pela geração de custos infundados,
lumentos pagos pelos serviços notariais e quanto pelo desamparo aos verdadeira-
registrais são destinados à compensação mente necessitados.
dos atos gratuitos do Registro Civil e à com-
plementação da receita mínima das Serven- 13. E embora não haja um conceito único e
tias deficitárias. absoluto de pobreza, vale mencionar o crité-
rio legal adotado pelo programa social Bolsa
9. Percebe-se que não se trata de Família, da Lei n. 10.836/04, regulamentada
um Fundo “infinito” e “ilimitado”, pelo Decreto n. 5.209/04 (atualizado pelo
vez que a receita acompanha as Decreto n. 8.232/14), segundo o qual:
oscilações financeiras das pró- Art. 18. O Programa Bolsa Família atenderá
prias arrecadações auferidas por às famílias em situação de pobreza e extre-
toda categoria. ma pobreza, caracterizada pela renda fami-
liar mensal per capita de até R$154,00 (cento
10. Por outro lado, quanto à gra- e cinquenta e quatro reais) e R$77,00(setenta
tuidade do processamento da e sete reais), respectivamente. (Redação dada
habilitação de casamento aos pelo decreto nº 8.232, de 2014. grifei
declaradamente pobres, esta-
tui o parágrafo único do artigo 14. Em que pese a utilização do critério legal
1.512 do Código Civil que: acima mencionado pela União na concessão
de benefício sociais (caracterizado como ex-
Art. 1512. O casamento é civil tremamente pobre aquele com renda men-
e gratuita a sua celebração. sal per capta de até R$77,00, e, pobre de até
R$154,00), tal entendimento não é coadu-
Parágrafo único. A ha- nado pelos noivos xxxxxxxxx que se decla-
bilitação para o casa- ram “pobres na acepção jurídica do termo”,
mento, o registro e mesmo com seus salários somando ao im-
a primeira cer- porte de R$3.234,00.
tidão serão
isen - 15. De acordo com o entendimento da 2º
28
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
Vara de Registros Públicos da Capital, não 19. Por fim, merece destaque o seguinte
caracteriza atitude irregular do Oficial a fato: conforme declarado de próprio punho
solicitação de comprovação de rendimen- pelo noivo, o casal realizará uma cerimônia
tos para a concessão da gratuidade, ante o religiosa no sábado seguinte a realização
fato de a declaração de pobreza não pos- do casamento civil, ou seja, aos 09/07/2016,
suir um caráter absoluto, o que permite na Igreja Matriz Nossa Senhora Aparecida.
a análise do caso concreto pelo Titular da
Delegação. 20. De acordo com as declarações verbais
dos noivos, será uma cerimônia religiosa
16. Em caso semelhante ao ora em deba- gratuita, sem qualquer pagamento para o
te, a 2º Vara de Registros Públicos inde- padre e nem pelo aluguel da igreja. Sendo
feriu a concessão do benefício da gra- que eventuais outros custos, tais como o
tuidade em habilitação de casamento vestuário, buffet, decoração e outros, por
formulada por noivo com “vencimento de respeito à intimidade dos mesmos, não foi
cerca de R$3.000,00”, por entender que perquirido.
tal “montante não induz à configuração do
estado de pobreza” (processo 0041249- 21. Sendo assim, especialmente por con-
34.2014.8.26.0100). ta de tal cerimônia religiosa já agendada, e
para não trazer dano ao casal, deliberei pelo
17. Igual sorte mereceu o julgamento do prosseguimento do pedido de habilitação
processo 000.04.073686-5, em que ficou com publicação dos Editais de Proclamas,
consignado: tudo visando não impedir a realização do
ato noticiado na data pretendida.
“Sem embargo da ausência de um
teto de renda fixado na legislação, 22. De qualquer modo, ante o ex-
para conferir ao usuário a isenção, te- posto, submeto o expediente à
nho que, no caso em exame, a alega- respeitável apreciação de Vossa
da pobreza foi infirmada, em quadro Excelência, por ter DÚVIDA na
onde não se justifica o processamen- concessão da gratuidade alme-
to de habilitação para o casamento jada pelos noivos.
com a dispensa, conforme bem evi-
denciou o representante do Ministério Município, Data
Público, na judiciosa manifestação de
fls.05/10. Frise-se que o contraen- ORCPN
te aufere vencimento líquido de
R$1.285,24, que não induz à configu-
ração do estado de pobreza”.
29
www.arpensp.org.br
PODER JUDICIÁRIO
São Paulo
Comarca de xxx - Forum xxx
Juízo de Direito do 2º Ofício Judicial
2º Ofício Judicial - Endereço xxxx
30
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
• Argumentação:
- Comprovação de rendimento para o deferimento da gratuidade.
• Decisão:
- Residir em bairro de classe alta;
- Profissão determinada e atividade professional frequente.
“2- Por outro lado, não passou desper- recomendável que a D. Serventia Registral
cebido que o requerente declarou não ter informe, expressamente, por escrito e ver-
condições de suportar emolumentos no va- balmente, aos requerentes de pedidos ad-
lor aproximado de R$100,00 (Termo de De- ministrativos, no que consistem as decla-
claração de Pobreza de fl. 10). rações de pobreza, quais as conseqüências
Contudo, o requerente declarou residir civis e penais das declarações de pobreza
em bairro, do vizinho Município de Soroca- eventualmente falsas e que essas de-
ba, conhecido por ser ocupado por belas e clarações passam por fiscalização
grandes residências, normalmente habita- do Ministério Público.
das por pessoas mais abastadas. Tal cautela poderá evitar
Em razão disso, fiz uma breve pesqui- que pessoas, por desconheci-
sa na “Internet” (conforme documentos mento (inclusive jurídico), por
anexos), tendo sido possível verificar que o mera distração, por afobação
requerente, embora seja Comandante Aero- (muito comum na nossa socie-
náutico (ao que parece, aposentado), exerce dade moderna) ou, ainda, por
a atividade de corretor de imóveis (ao que indisfarçável má-fé, acabem
tudo indica é titular de empresa que atua no declarando falsamente po-
ramo imobiliário (...). Ademais, a bela casa breza inexistente, sujeitan-
que parece ser de propriedade do reque- do-se, assim, à responsabi-
rente (situada no local onde ele declarou re- lidade pena pelo crime de
sidir), com área construída de 650m², estava falsidade ideológica ou até
sendo vendida por ele por R$900.000,00. pelo crime de estelionato.”
Nesse contexto e ressalvada a pos-
sibilidade de haver outros fatores, ainda
não esclarecidos, a respeito da capacidade
financeira do requerente, a declaração de
pobreza firmada por ele se mostra, em prin-
cípio, totalmente divorciada da realidade.
3- Diante do exposto, é de rigor a ob-
servância do disposto no § 3º do artigo 110
da Lei nº 6.015/73, com a distribuição
dos autos a um dos cartórios
da Comarca.
Outrossim, o
contido nestes au-
31
tos demonstra
que é de todo
www.arpensp.org.br
• Decisão:
- Exercem profissões de nível superior com vencimento mensal de R$ 3.000,00;
- Nubentes recolhem imposto de renda.
Relator: SENTENÇA
É o relatório.
32
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
33
www.arpensp.org.br
• Decisão:
- Exercício de profissão com rendimento mensal incompatível com estado de pobreza;
- Não importa se há comprometimento da renda mensal;
- Ambos nubentes recolhem Imposto de Renda.
34
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
35
www.arpensp.org.br
36
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
Decisão
- Contraentes possuem profissão em nível superior e vencimentos mensais pré-definidos;
- Ambos os nubentes fazem o recolhimento de imposto de renda’
37
www.arpensp.org.br
38
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
Argumentação:
- Impossibilidade de exigência de documentação extra para a comprovação do estado de
pobreza;
Decisão:
- Possibilidade quanto à suscitação de dúvida quanto ao benefício ao juízo competente como
meio de coibir abusos;
Data Publicação
39
www.arpensp.org.br
40
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
ESTADO DE SÃO PAULO Juiz(a) de Direito: Dr(a) xxxxxxxxxxxxxx
DESPACHO
41
www.arpensp.org.br
42
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
43
www.arpensp.org.br
44
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
2ª Processo 0045878-51-2014
45
www.arpensp.org.br
46
descabimento
de seu pleito.
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
47
www.arpensp.org.br
48
de recursos.
A conclusão
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
583.00.2007.263875-8/000000-
000 - nº ordem 14668/2007
- Retificação de Regis-
tro Civil - art. 109
-XXXXXXXX- Fls.
39/39vº - Vis-
50 tos. 1. Indefiro
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
583.00.2008.166954-0/000000-000 - nº
ordem 7487/2008 - Retificação de Registro
Civil - art. 109 - XXXX E OUTROS - Fls. 101 -
Cota retro do Ministério Pùblico (verifico que
os requerentes residem na Alameda Campi-
nas (Jardim Paulista), bairro de classe média
alta, razão pela qual deverão comprovar os
requerentes, o alegado estado de pobreza,
juntando-se cópia da declaração de bens
oferecida à Receita Federal, no úl-
timo exercício. Saliento que
as custas do presente
procedimento são
irrisórias em face
do valor da ex-
51
www.arpensp.org.br
Quina (4223): 04 - 05 - 31 - 42 - 70
Números
outros casos.
dia. À noite ocorrem pancadas de chuva. Ibovespa: -0,3% 2º sorteio: 20 - 21 - 23 - 27 - 28 - 49
Porto Alegre, com ampla vantagem, Lotomania (1706): 01 - 17 - 22 - 24 - 26 -
Poupança: 0,6600%
Amanhã Sol com muitas nuvens
IGP-M (FGV) Setembro: 0,20% enquanto o Atlético-MG joga em casa 45 - 48 - 51 - 58 - 61 - 71 - 73 - 75 - 76 - 80
durante o dia. Períodos
de nublado, com chuva.
contra o mistão do Inter-RS. da Sorte - 83 - 84 - 89 - 91 - 98
Noite chuvosa. Acumulado (12 meses): 10,67% PÁG. 14
Justiça de Shoppings
Limeira abrem hoje
libera eleição das 14h
do Sindsel às 20h
52
Página 6 Oficial registrador civil mostra declaração assinada por noivos, que alerta para responsabilidade civil e criminal das informações Página 5
Caminhão Estrada do
JB Anthero
53
12.687/2012, que alterou a lei 7.116/83, a Pri-
Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de In- meira Emissão da Carteira de Identidade pas-
constitucionalidade 1.800-1 – Distrito Federal. sou ser obrigatoriamente Gratuita.
www.arpensp.org.br
mente as situações iguais e desigualmente de quem dispõe de meios para pagar por
as desiguais”3. eles, o que reduz a quantia que poderia ser
A rigor, essa espécie de gratuidade é a destinada ao atendimento daqueles efetiva-
criação de uma diferenciação de tratamen- mente pobres e ao atendimento do verda-
to (isenção de pagamento), a qual, para não deiro interesse público.
quebrar a isonomia, segundo o mestre Cel- No caso do Estado de São Paulo, a Lei
so Antônio Bandeira de Mello, ao qual no- Estadual 11.331/02 estabeleceu a arrecada-
vamente se recorre, deve atender a três re- ção de recursos destinados à compensação
quisitos: dos atos gratuitos do registro civil das pes-
A) “O traço diferencial adotado, neces- soas naturais e à complementação da recei-
sariamente há de residir na pessoa, coisa ou ta mínima das serventias deficitárias (artigo
situação discriminada”4; 19, alínea “d”), os quais custeiam os atos
B) Deve haver “correlação lógica entre o praticados aos beneficiários da gratuidade
fator erigido em critério de discrímen e a dis- (artigo 23, II).
criminação legal decidida em função dele”5; A cada ato praticado gratuitamente
C) “[I]n concreto, o vínculo de correla- em favor de quem não deveria se beneficiar
ção supra-referido [deve ser] pertinente em da isenção destinada aos pobres, um gasto
função dos interesses constitucionalmente injustificado é gerado, reduzindo-se o mon-
protegidos, isto é, result[ar] em diferencia- tante que deveria ser aplicado no custeio
ção de tratamento jurídico fundada em ra- dos atos necessários ao exercício da cidada-
zão valiosa – ao lume do texto constitucio- nia e daqueles praticados aos efetivamente
nal – para o bem público”6. pobres, bem como na receita mínima das
Da análise do caso em questão, con- serventias deficitárias.
clui-se que tais requisitos estão atendidos: Incluir aqui situação do fundo e gratuitos
(A) O fator de diferenciação é a situa- Não bastasse isso, a gratuidade indevi-
ção de pobreza das próprias pessoas, não da na prática de atos do registro civil frustra
um fator alheio; o recolhimento de contribuição à Carteira de
(B) Há perfeita correlação entre a situa- Previdência das Serventias não Oficializadas
ção de pobreza e isenção de pagamento de da Justiça do Estado (16,6667% do valor pago).
custas e emolumentos; Dessa forma, faz-se necessário deter-
(C) A isenção se destina a contribuir minar-se o que vem a ser condição de po-
para a “erradica[ção] [d]a pobreza e [d]a mar- breza, delimitando-a por critérios objeti-
ginalização e redu[ção] [d]as desigualdades vos, a fim de que se atendam aos princípios
sociais” (Artigo 3º, inciso III, da CF) e busca constitucionais e o benefício seja concedido
a promoção da Dignidade da Pessoa Huma- àqueles que realmente o necessitam.
na, como fundamento do Estado Democrá-
tico de Direito (Artigo 1º, inciso III, da CF). 1. CRITÉRIO PARA
Todavia, essa análise somente se veri- DEFINIÇÃO DE POBREZA
fica se o benefício for concedido apenas aos A pobreza pode ser definida de diver-
verdadeiramente pobres, do contrário, os re- sas maneiras7, como, por exemplo: Insufic
quisitos deixam de ser atendidos e há quebra iência de renda:8; Insatisfação de Necessi-
da isonomia, com uma série de efeitos inde- dades Básicas9; Privação de Capacidades 10
sejáveis e avessos ao interesse público. 7 CAMARGO NETO, Mario de Carvalho.
A concessão de gratuidade a quem não Pobreza como Violação dos Direitos Humanos
está em situação de pobreza gera custos – Os Direitos Humanos do Combate à Pobre-
injustificados, direcionando-se recursos ao za. Dissertação de Mestrado.
custeio de atos que são praticados em favor 8 World Development Indicators 2006. Disponível
3 Bandeira de Mello, Celso Antônio. em: http://devdata.worldbank.org/wdi2006. Acesso em:
15 mar. 2008.
Conteúdo Jurídico do Princípio da Igualdade.
9 COMISSÃO ECONÔMICA PARA AMÉRICA
São Paulo: Malheiros 1998. p. 35. LATINA E CARIBE. Panorama Social da América Latina
4 Ibid. p.23.
54
2007. Disponível em: www.cepal.org.ar/publicaciones.
5 Ibid. p.37. Acesso em: 15 jan. 2008.
6 Ibid. p.41. 10 SEN, Amartya. Desenvolvimento como liber-
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
11
; Avaliações Participativas Sobre a Pobreza meio salário mínimo, isto é,
- Vozes dos Pobres 12; Exclusão Social; Au- R$ 207,50. Da mesma forma,
sência de Direitos Sociais 13. são consideradas pessoas em
Todavia, deve-se apurar qual dos cri- condição de indigência aquelas
térios é o mais apropriado para a finalidade com renda per capita igual ou
que se propõe, de forma a se atender àque- inferior a um quarto do salário
les que realmente necessitam. mínimo (R$ 103,75)”15.
No caso em questão, como o benefí- Todavia, apesar de apropriada a defi-
cio da gratuidade constitui isenção de pa- nição econômica e social dada pelo IPEA, o
gamento, o conceito de pobreza deve estar tema requer que o conceito de pobreza seja
atrelado à renda e ser mensurável econo- jurídico, devendo ser extraído do próprio or-
micamente (monetariamente); entretanto, denamento.
esse valor monetário deve levar em conta Nesse sentido, encontra-se a lei que
o atendimento às necessidades básicas das institui o programa bolsa família (Lei Federal
famílias e aos direitos sociais. 10.836/2004), regulamentada pelo Decreto
No Brasil, estes dois critérios são con- nº 5.209/2004, atualizado pelo Decreto nº
siderados: 8.232/2014, segundo os quais pobreza se
Ao se medir a pobreza, toma-se um va- caracteriza “renda familiar mensal per ca-
lor relativo ao salário mínimo (medida mo- pita de até R$ 154,00” e extrema pobreza
netária), considerando-se a natureza desse até R$77,00. Também encontra-se o Decre-
salário, o qual, segundo a CF, deve tornar o to 6.135/2007, que regulamenta o Cadastro
trabalhador “capaz de atender a suas ne- Único para Programas Sociais, para o qual
cessidades vitais básicas e às de sua família família de baixa renda é “aquela com renda
com moradia, alimentação, educação, saú- familiar mensal per capita de até meio salá-
de, lazer, vestuário, higiene, transporte e rio mínimo ou a que possua renda familiar
previdência social” (necessidades básicas e mensal de até três salários mínimos”.
direitos sociais). Esses diplomas trazem o conceito legal
Assim se verifica no estudo elaborado de pobreza para fins de concessão de bene-
pelo Instituto de Pesquisa Econômica Apli- fícios sociais do Estado, devendo o mesmo
cada (IPEA)14: critério ser utilizado para fins de concessão
“Como pobre define-se de gratuidade nos serviços públicos, como
todas as pessoas com renda no caso dos atos de registro civil.
per capita igual ou inferior a Diante disso, deve ser estabelecido que
a gratuidade somente se aplique àqueles
dade. Tradução: Laura Teixeira Motta. Revisão técnica:
Ricardo Doninelli Mendes. São Paulo: Companhia das
que se enquadrarem nos requisitos da lei e
Letras, 2007. decretos mencionados e que a declaração de
11 PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O pobreza implique declaração de enquadra-
DESENVOLVIMENTO. Relatório de Desenvolvimento mento em tais requisitos, sob as penas da lei.
Humano, 1997. Disponível em: http://www.pnud.org.br/
rdh/. Acesso em: 08 mar. 2008. 2 DECLARAÇÃO E VERIFICAÇÃO DO
12 NARAYAN, Deepa; PETESCH, Patti (editores). ESTADO DE POBREZA
Moving out of Poverty – Cross-Disciplinary Perspec- Verifica-se que a Lei 6.015/73 e o Códi-
tives on Mobility. Vol. 1. New York: The World Bank and
Palgrave Macmillan, 2007.
go Civil ao preverem a gratuidade também
prescrevem que a pobreza se comprova por
13 VILLELA, José Corrêa. Conceito Jurí-
declaração, sob as penas da lei, prevendo
dico de Pobreza Na Construção da Seguran-
responsabilização pela falsidade:
ça Social. Tese apresentada ao Departamento
de Direito do Trabalho da Faculdade de Direito 15 Verifica-se que tal conceito é o mesmo
da Universidade de São Paulo como requisito utilizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia
para obtenção do grau de doutor, 2006. p.395. e Estatística (IBGE) quando da realização da
14 IPEA. Pobreza e Riqueza no Bra- Pesquisa Nacional por Amostra de Domicí-
lios (PNAD). Disponível em: http://www.ibge.
55
sil Metropolitano. Comunicado da Pre-
sidência. Número 7 ago. 2008. Corrija- gov.br/home/. Acesso em 12 de nov. de
-se para o atual valor do salário mínimo. 2008.
www.arpensp.org.br
56
17 VILLELA, José Corrêa. Op. Cit. 18 Mecanismos previstos nos artigos 29 e
p.290. 30 da Lei 11.331/02 do Estado de São Paulo.
CONCESSÃO DE GRATUIDADES
57
www.arpensp.org.br
junho, 2016
58