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STJ-Petição Eletrônica recebida em 30/05/2020 21:58:08 (e-STJ Fl.

3)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO


SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA - STJ

DISTRIBUIR POR PREVENÇÃO AO MINISTRO SEBASTIÃO REIS JÚNIOR


RELATOR DO HC Nº 583356 -PE

Habeas Corpus: 0000339-13.2020.8.17.0000 (0547694-2)

AÇÃO PENAL: 0003037-91.2017.8.17.0001

EDSON JORGE BATISTA JÚNIOR, brasileiro, solteiro, advogado


inscrito na OAB-PB sob o nº 15.776, com escritório na Avenida Dom Pedro I, 397,
sala 409, centro, João Pessoa-PB, telefone: (83) 98852-4320, onde recebe
intimações e notificações, vem a presença de Vossa Excelência, com arrimo no
inciso LXVIII do artigo 5º da Constituição Federal c/c artigo 648, inciso I, do
Código de Processo Penal, impetrar o presente :

HABEAS CORPUS COM PEDIDO DE LIMINAR

Em favor de:

AIRTON MACIEL DE OLIVEIRA, brasileiro, casado, CPF:


Petição Eletrônica protocolada em 01/06/2020 11:11:34

700.338.374-81, nascido em 22/02/1995, filho de Francisco Maciel de Melo Filho


e de Nilda Maria Macena de Oliveira, residente na Rua Boi Pintadinho, s/n, Nova
Natal-RN, atualmente recolhido na unidade prisional de Igarassu-PE, apontando
como autoridade o Tribunal de Justiça de Pernambuco.

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“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção


de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e
à propriedade, nos termos seguintes:” (Art. 5º, Caput,
da Constituição Federal de 1988).

I – Preliminarmente: DA UTILIZAÇÃO DE HABEAS


CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO –
INÉRCIA DO TJPE NO PROCESSAMENTO DO
RECURSO ORDINÁRIO.

1. É cediço que este Tribunal tem firme posicionamento em não


admitir habeas corpus como substitutivo de recurso próprio, a fim de que não
se desvirtue a finalidade dessa garantia constitucional. Todavia, os fatos a
seguir apresentados, justificam a utilização desta via mandamental como
substituto do recurso ordinário, devido ao letárgico processamento do
recurso interposto perante o Tribunal de Justiça de Pernambuco (autoridade
coatora);

2. O paciente teve o julgamento do habeas corpus nº 0000339-


13.2020.8.17.0000 impetrado perante o Tribunal de Justiça de Pernambuco
na data de 19/02/2020, publicado em 11/03/2020, sendo interposto
recurso ordinário em 16/03/2020, conforme extrato de movimentação
Petição Eletrônica protocolada em 01/06/2020 11:11:34

processual em anexo;

3. Carente de previsão legal, os autos foram encaminhados para a


Procuradoria de Justiça para oferta de contrarrazões ao recurso ordinário na
data de 20/03/2020 (extrato processual em anexo). Ressalto, que este
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Tribunal da Cidadania já se pronunciou no sentido de que é desnecessária a


apresentação de contrarrazões ao ROC, por ausência de previsão legal no
ordenamento jurídico (cito RHC 72.379/RJ Rel. Min. Reynaldo Soares da
Fonseca – grifei);

4. Desde 20/03/2020 os autos se encontram a disposição da


Procuradoria de Justiça de Pernambuco, não obstante este subscritor ter
encaminhado diversos e-mails: Gabinete do Des. Relator, Corregedoria
do MP-PE, Procuradoria Criminal MP-PE, sendo informado pela
Procuradoria:
“ informamos que os referidos processos encontram-se na Central de
Recursos Criminais, motivos pelo qual encaminhamos o e-mail para
que sejam tomadas as devidas providências

Att.

Coordenação da Procuradoria Criminal” (e-mails em anexo)

5. Deste modo Exmo. Sr. Ministro, nos restou impetrar este habeas
corpus como substitutivo do recurso ordinário, a fim de evitar o
prolongamento do constrangimento ilegal que sofre o paciente;

II – DO CONTEXTO FÁTICO.
6. O paciente foi denunciado por supostamente no dia 03 de fevereiro
de 2017, na companhia de outros denunciados, ter concorrido para o assalto
ao banco na praia de Porto de Galinhas em Pernambuco. O fato teria ocorrido
por volta das 02h na Rua Beijupirá, Distrito de Porto de Galinhas – Ipojuca-
PE.
Petição Eletrônica protocolada em 01/06/2020 11:11:34

7. Não ocorreram prisões em flagrante e as investigações deram-se


início através de portaria, sendo a denúncia oferecida apenas em 03 de
janeiro de 2019 (denúncia em anexo);

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8. Ofertado aditamento a denúncia em 27 de agosto de 2019, o


Ministério Público requereu a decretação da prisão dos denunciados em cota
inclusa (aditamento da denúncia em anexo);

9. Apenas em 01 de novembro de 2019 a juíza recebe a denúncia e


aditamento da denúncia, decretando a prisão de todos os denunciados, com
isso foram quase dois anos de investigação sem que houvesse fato novo
apto a ensejar a necessidade de segregação cautelar. (decreto de prisão
preventiva em anexo)

10. A ação penal nº 0000782-10.2017.8.17.0730 que tramita perante a


Vara Criminal de Ipojuca-PE ainda aguarda as citações de alguns acusados
e apresentações das respostas escritas, sem nenhuma perspectiva de início
da instrução processual.

11. O habeas corpus que foi julgado perante o Tribunal de Justiça de


Pernambuco suscitou as seguintes ilegalidades: inépcia da denúncia
quanto ao crime de organização criminosa, inexistência de
fundamentação no decreto prisional preventivo e excesso de prazo.

12. As teses que buscavam salvaguardar o paciente do


constrangimento ilegal foram superadas pelo TJ-PE, cuja ementa segue:
“PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME DE ROUBO
(ART. 157, 2º, I, II, V); EXPLOSÃO (ARTIGO 251, §2º, CPB);
ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (ARTIGO 2º, §2º DA LEI
12.850/2013). TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL POR INÉPCIA
DA DENÚNCIA. INVIABILIDADE. AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO NA DECRETAÇAO DA PRISÃO
PREVENTIVA. INVIABILIDADE. DECISÃO FUNDAMENTADA
PARA PRESERVAÇÃO DA ORDEM PÚBLICA. EXCESSO DE
Petição Eletrônica protocolada em 01/06/2020 11:11:34

PRAZO. IMPOSSIBILIDADE. FEITO COMPLETO. DEZESSETE


ACUSADOS. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO
EVIDENCIADO. ORDEM DENEGADA. DECISÃO UNÂNIME.

(Habeas Corpus Criminal 547694-20000339-13.2020.8.17.0000, Rel.


Antônio Carlos Alves da Silva, 2ª Câmara Criminal, julgado em
19/02/2020, DJe 11/03/2020)”

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III- DO DIREITO.

a) DA INÉPCIA DA DENÚNCIA COM RELAÇÃO AO CRIME


DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA (ORCRIM)

13. Embora a acusação realize esforço cognitivo para sustentar a


suposta existência de uma organização criminosa, o parquet não apresentou
na peça acusatória a indispensável divisão de tarefas e hierarquia, ou seja, os
elementos inerentes ao delito.

14. No que toca a acusação de organização criminosa ao paciente,


limitou-se o parquet a afirmar que uma arma calibre.40 apreendida no crime
do Cabo de Santo Agostinho em 02/03/2017 (há quase um mês após o crime
de Porto de Galinhas) também foi utilizada no assalto de Porto, sem
apresentar qualquer outra circunstância concreta â indicar a participação do
paciente em organização criminosa. Não consta em peça vestibular a
necessária descrição da conduta praticada pelo paciente que importe no
crime de organização criminosa.

15. É precipitada a acusação de organização criminosa, também pelo


fato de não haver menção na denúncia a absolutamente nada de evidência ou
prova autônoma capaz de subsidiar a acusação de Orcrim, ou seja, que o
paciente junto com os demais denunciados teria estabelecido uma reunião
estável com o premeditado objetivo de praticar condutas criminosas.
Petição Eletrônica protocolada em 01/06/2020 11:11:34

16. Em suma, não se descreve na denúncia;

a) A conduta dolosa do paciente de se associar, ab initio, com a


finalidade de praticar crimes indeterminados e, inclusive,
elementos que comprovem a descrita delimitação temporal dessa
associação. A denúncia apenas se limita a descrever os indícios de
materialidade de crimes determinados imputados a alguns dos
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denunciados, onde inclusive o próprio paciente já responde e foi


condenado em parte das acusações, sem evidenciar na denúncia a
existência de uma associação autônoma;

b) A denúncia não descreve o efetivo liame subjetivo do paciente com


outros denunciados no intuito de se colocar a disposição de suposta
organização criminosa; e

c) A denúncia também não descreveu a permanência e estabilidade


dessa associação ao longo do tempo, diferenciando-a do concurso
de agentes para cometimento de crime em concurso
material/continuidade.

17. Na prática a acusação subverteu a lógica de uma Orcrim e parte da


análise de outros crimes, onde o parquet regressa no tempo, por considerar
que qualquer atuação do paciente, mesmo que isolada estivesse relacionada
a atuação de uma organização criminosa estável e permanente.

18. A denúncia quanto a acusação do crime de organização criminosa


é inepta, na forma delineada acima é um simulacro de acusação, uma
bengala, que nem ao menos permite artificialmente a sustentação desse
absurdo.

b) DA AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO DO DECRETO DE


PRISÃO PREVENTIVA. MERAS CONJECTURAS,
SUPOSIÇÕES E NA GRAVIDADE DO DELITO. OFENSA AO
ART. 5, INCISO LXI E ART. 93, INCISO IX AMBOS DA
Petição Eletrônica protocolada em 01/06/2020 11:11:34

CONSTITUIÇÃO FEDERAL, BEM COMO OFENSA AO ART.


315 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.

19. Data vênia, analisando a decisão objurgada em anexo, percebe-se que


os requisitos da prisão preventiva não se encontram presentes, já que o Juízo a
quo não se valeu de fatos concretos distintos da própria GRAVIDADE DO
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CRIME que confirmassem, por exemplo, a intenção do paciente de voltar a


delinquir em razão de sua suposta periculosidade, como garantia da ordem pública.

20. Frise-se ainda o fato de terem sido quase dois anos de investigação, e
apenas em 2019, sem que houvesse um fundamento novo e concreto, como
reiteração delituosa, destruição de supostas provas, ameaça ou intimidações a
testemunhas, o juízo a quo decreta a prisão apoiada simplesmente em ações e
fatos antigos, quais sejam, os que ocorrera em 2017 (dia do crime).

21. Não teve o cuidado também de apontar quais seriam os acusados que
respondem a outros processos da mesma natureza e que seriam foragidos,
amoldando todos os denunciados da mesma forma.

22. Inclusive, o Tribunal da Cidadania já rechaçou esse tipo de argumento,


considerando carente de fundamentação o decreto de prisão quando tratar-se de
organização criminosa e esteja nestes termos. Vejamos ementa que colaciono:

HABEAS CORPUS. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA


VOLTADA PARA A PRÁTICA DE ROUBOS E FURTOS DE
CARGAS. CUSTÓDIA PREVENTIVA. MOTIVAÇÃO.
MERAS SUPOSIÇÕES. AUSÊNCIA DE ELEMENTOS
CONCRETOS. SUFICIÊNCIA DA IMPOSIÇÃO DE
CAUTELARES DIVERSAS. LIMINAR CONFIRMADA.
Petição Eletrônica protocolada em 01/06/2020 11:11:34

1. A prisão preventiva deve ser imposta somente como ultima


ratio.
Não havendo indicação de elementos concretos aptos a
demonstrar o efetivo risco para a ordem pública, para a aplicação
da lei penal e para a conveniência da instrução criminal - não se

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prestando, para isso, meras suposições -, mostra-se suficiente, no


caso, a aplicação de medidas alternativas.
2. Ordem concedida, confirmando-se a liminar anteriormente
deferida, a fim de substituir a prisão cautelar dos pacientes pelas
seguintes medidas diversas: a) proibição de manter contato com
os corréus, ressalvando-se o contato com os familiares; e b)
comparecimento periódico em juízo, nas condições fixadas pelo
Juiz singular, sem prejuízo da decretação da prisão preventiva em
caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas ou
de superveniência de motivos novos e concretos para tanto. Fica
mantida a extensão dos efeitos ao corréu Rafael Guilherme
Martins.
(HC 411.424/PR, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR,
SEXTA TURMA, julgado em 16/10/2018, DJe 03/12/2018)

23. Destarte, é caracterizada como ilegal a decretação da prisão preventiva


fundamentada em meras conjecturas, suposições e na gravidade do delito.

24. Neste sentido já se posicionou o TRIBUNAL DA CIDADANIA-STJ:

“HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. CRIME DE


ROUBO CIRCUNSTANCIADO. PRISÃO PREVENTIVA.
DECRETAÇÃO FUNDAMENTADA EM MERAS
CONJECTURAS E NA GRAVIDADE DO DELITO.
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NECESSIDADE DA CUSTÓDIA CAUTELAR NÃO


DEMONSTRADA. PRECEDENTES. 1. A prisão
preventiva deve ser decretada se expressamente for
justificada sua real indispensabilidade para assegurar a
ordem pública ou econômica, a instrução criminal ou a
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aplicação da lei penal, ex vi do artigo 312 do Código de


Processo Penal. 2. O decreto prisional não foi fundamentado
de forma efetiva, pois não bastam meras referências quanto
à gravidade genérica do delito ou à possibilidade de as
testemunhas se sentirem ameaçadas pelo ora Paciente, sem
demonstração, com base em dados concretos extraídos dos
autos, da necessidade da sua custódia, dada sua natureza
cautelar. 3. O magistrado teceu argumentação abstrata, sem
comprovar a existência dos pressupostos e motivos
autorizadores da medida cautelar, elencados no art. 312 do
Código de Processo Penal, com a devida indicação dos fatos
concretos justificadores de sua imposição, nos termos do art.
93, inciso IX, da Constituição Federal. 4. Ordem concedida
para revogar a prisão preventiva do ora Paciente, se por outro
motivo não estiver preso. (STJ, Relator: Ministra
LAURITA VAZ, Data de Julgamento: 29/08/2007, T5 -
QUINTA TURMA)”.

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS.


PROCESSUAL PENAL. CRIME DE ROUBO
DUPLAMENTE QUALIFICADO. PRISÃO
PREVENTIVA DECRETADA COM FUNDAMENTO EM
CONJECTURAS E NA GRAVIDADE DO DELITO.
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NECESSIDADE DA CUSTÓDIA CAUTELAR NÃO


DEMONSTRADA. EXCESSO DE PRAZO.
PREJUDICIALIDADE. PRECEDENTES DO STJ. 1.
Exige-se concreta fundamentação no decreto de prisão
preventiva, com demonstração dos pressupostos do art. 312
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do Código de Processo Penal, sob pena de desrespeito ao art.


93, inciso IX, da Constituição Federal. 2. A gravidade em
abstrato do delito, dissociada de qualquer outro elemento
concreto e individualizado, não tem, de per si, o condão de
justificar a custódia cautelar. Outrossim, argumentos
abstratos, desprovidos de qualquer suporte fático, não
podem respaldar a prisão provisória, a qual somente poderá
ser justificada com motivação válida e aliada a um dos
requisitos legalmente previstos. Precedentes do STJ. 3. o
exame da tese defensiva de excesso de prazo, em razão do
reconhecimento da ilegalidade do decreto judicial
constritivo de liberdade, encontra-se prejudicado. 4. Recurso
provido para revogar a prisão cautelar do ora paciente, se por
outro motivo não estiver preso, sem prejuízo de eventual
decretação de prisão preventiva devidamente fundamentada.
(STJ, Relator: Ministra LAURITA VAZ, Data de
Julgamento: 23/05/2006, T5 - QUINTA TURMA)”.

c) DO EXCESSO DE PRAZO PARA INÍCIO DA INSTRUÇÃO


PROCESSUAL

25. Há demora é injustificada, pois a defesa em nada contribuiu para


Petição Eletrônica protocolada em 01/06/2020 11:11:34

que a mesma se acarretasse, pelo contrário, após a decretação das prisões dos
denunciados, o que inclui a do paciente, os autos foram com vista a
promotora de justiça para simples manifestação, permanecendo por mais de
30 (trinta) dias, o que inclusive foi objeto de representação da promotora
junto ao CNMP (em anexo).

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26. Os autos aguardam a devolução de algumas citações e


respectivas defesas, sem perspectiva para início da instrução processual.

27. A regra é a celeridade processual. Instrução e julgamento dentro


de um prazo razoável, em observância aos prazos processuais que devem ser
rigorosamente observados, ocasião em que o réu está preso, sendo a demora
admitida apenas em casos excepcionais e mediante justificativa plausível e
fundamentada.

28. Não obstante a reiterada omissão legislativa no que diz respeito à


fixação do tempo da prisão preventiva, parece óbvio que a garantia de um
prazo razoável a tal medida cautelar merece uma melhor análise, pois

“[...] ninguém pode ser mantido preso, durante o processo,


além do prazo razoável, seja ele definido por lei, seja ele
alcançado por critério de ponderação dos interesses postos
em confronto dialético. É dizer, todos têm o direito de ser
julgados em prazo razoável e também o direito de não serem
mantidos presos por prazo irrazoável” (CRUZ, 2006, p.107).

29. Sobre tal matéria, o Supremo Tribunal Federal também se


posicionou, asseverando que:

EMENTA Habeas corpus. Processual Penal. Prisão


preventiva. Alegação de falta de fundamentação e de
excesso de prazo para o julgamento do paciente pelo
tribunal do júri. Questão não analisada pelas
instâncias antecedentes. Inadmissível dupla supressão
de instância. Precedentes. Writ extinto. Ilegalidade
flagrante. Alongamento processual para o qual não
concorreu decisivamente a defesa. Direito subjetivo à
razoável duração do processo. Retardamento
Petição Eletrônica protocolada em 01/06/2020 11:11:34

injustificado da causa. Ordem concedida de ofício. 1. As


questões tratadas nesta impetração não foram
analisadas pelas instâncias antecedentes. Por
conseguinte, sua análise pela Suprema Corte, de forma
originária, configuraria verdadeira dupla supressão de
instância, o que não se admite. 2. O Supremo Tribunal
Federal entende que a aferição de eventual excesso de
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prazo é de se dar em cada caso concreto, atento o


julgador às peculiaridades do processo em que estiver
oficiando. 3. A gravidade da imputação que recai sobre
o paciente, que não contribuiu para a demora na
formação da culpa, não é causa suficiente para se
relevar o desmensurado prazo de mais de três anos em
que ele permanece sob custódia cautelar aguardando
julgamento. 4. Writ extinto. Ordem concedida, de
ofício, para revogar a custódia cautelar do paciente.
(STF - HC: 110288 PE, Relator: Min. LUIZ FUX,
Data de Julgamento: 21/05/2013, Primeira
Turma, Data de Publicação: DJe-155 DIVULG
08-08-2013 PUBLIC 09-08-2013)

30. Em face dessa necessidade imperiosa de delimitar um prazo


máximo para a prisão preventiva, situação que a reforma processual penal
não resolveu, surge como fonte para análise do tempo de tal medida cautelar
o Princípio da Razoabilidade

31. Não se pode debitar a liberdade física da requerente, relativamente


ao qual limita a presunção de inocência (art. 5º, LVII, da CF), a insuficiência
do Poder Público.

32. Permissa Concessa Venia, se, em um passado não muito remoto,


o Estado cumpria com os prazos processuais relativamente aos acusados
presos, hodiernamente esse cumprimento deveria ser mais preciso em face
do avanço tecnológico, dos meios mecânicos de funcionamento da
administração pública e do poder judiciário, aliado também a comunicação,
os quais eram, como salta pela evidência, mais acanhados no passado. Logo,
se a Polícia Civil ou o Poder Judiciário não estão aparelhados , em múltiplos
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aspectos, para atender às determinações legais, não se pode burlar a lei e


sacrificar, indevidamente, a liberdade individual do requerente sob quaisquer
possíveis desculpas.

33. Se o paciente deve ser mantido preso cauterlamente, submetendo-


se ao império da lei por conveniência da ordem processual e social, a mesma
obrigação legal tem o Estado de fazer com que sejam cumpridos os prazos
processuais, sob pena de se ver caracterizado o constrangimento ilegal.
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34. Portanto, por disposição da própria Constituição Federal em seu


artigo 5º, inciso LXV que dispõe: “a prisão ilegal será imediatamente
relaxada pela autoridade judiciária”, prescindindo até da própria
manifestação do Ministério Público.

IV- DA CONCESSÃO DE LIMINAR.

35. A presença do “fumus boni júris” e do “periculum in mora” é patente.


O paciente se encontra encarcerado em razão de prisão preventiva decretada.
Como acima exposto, o requerente permanece preso, diante de uma prisão sem
fundamentação e com excesso de prazo, bem como a denúncia inepta quanto ao
crime de organização criminosa.

36. Com efeito, “o recurso ordinário constitucional em habeas corpus pode


ser concebido de plano e liminarmente, sem necessidade de ser apresentado o
paciente, ou de se requisitarem informações da autoridade coatora” (MARQUES,
José Frederico. Elementos do Direito Processual Penal, v.4, p. 426-7.). Daí a regra
expressa no art. 649 do Código de Processo Penal, in verbis: “o juiz ou tribunal,
dentro dos limites de sua jurisdição, fará passar IMEDIATAMENTE a ordem
impetrada, nos casos em que tenha cabimento, seja qual for à autoridade coatora”.

37. Ademais, o art. 660, §2º, do Código de Processo Penal, ainda de modo
mais claro estatui: “se os documentos que instruírem a petição evidenciarem a
ilegalidade da coação, o Juiz ou Tribunal ordenará que cesse imediatamente o
constrangimento”.

38. Na superior instância isso significa que o Tribunal dispensa a requisição


de informações ou a remessa destas, pois concederá a ordem de imediato para que
cesse a coação ou ameaça.

39. Sem dúvida, observa o professor Heráclito Mossin,

“quando estiver efetivamente delineado pela prova que


Petição Eletrônica protocolada em 01/06/2020 11:11:34

instrui o pedido de habeas corpus o constrangimento ilegal


incidente sobre o paciente (fumus boni iuris), o pedido deve
ser liminarmente concebido, já que aguardar in casu a futura
decisão a ser prolatada no processo gerará como resultado
imutável grave dano de difícil ou mesmo de impossível
reparação a liberdade física do paciente (periculum in mora)”
(MOSSIN, 8º Ed., HABEAS CORPUS).

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40. É notório, Excelentíssimo (a) Ministro (a), que a decretação da prisão


nos moldes apresentado é carente de fundamentação, embora o processo em
questão ostente um procedimento sumaríssimo, sofre certa demora quanto à
decisão definitiva de mérito nele a ser proferida, às vezes pela necessidade de
apresentação do paciente, pela requisição de informações da autoridade coatora ou
pela oitiva do Ministério Público.

Aproveitemos à lição do Jurista ALBERTO SILVA


FRANCO:

"É evidente, assim, que apesar da tramitação mais


acelerada do remédio constitucional, em confronto com as
ações previstas no ordenamento processual penal, o direito
de liberdade do cidadão é passível de sofrer flagrante
coarctação ilegal e abusiva. Para obviar tal situação é que,
numa linha lógica inafastável, foi sendo construído,
pretoriamente, em nível de habeas corpus, o instituto da
liminar, tomado de empréstimo do mandado de segurança,
que é dele irmão gêmeo. A liminar, em habeas corpus, tem
o mesmo caráter de medida de cautela, que lhe é atribuída
do mandado de segurança." ("Medida Liminar em Habeas
Corpus", ALBERTO SILVA FRANCO, Revista Brasileira
de Ciências Criminais, Ed. Revista dos Tribunais, número
especial de lançamento).

41. Diante de todo o exposto, presentes os requisitos do “fumus boni Juris”


e “periculum in mora”, requer-se a concessão da medida liminar, determinando-
se a expedição de alvará de soltura em favor do recorrente e o trancamento da ação
penal em relação ao crime de organização criminosa.

DOS PEDIDOS E REQUERIMENTOS.


Petição Eletrônica protocolada em 01/06/2020 11:11:34

Diante de todo o exposto, aguarda-se a concessão da


LIMINAR e/ou em definitivo da ORDEM para:

a) Trancar a ação penal com relação ao crime de organização criminosa, pela


inépcia da denúncia;

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b) solucionar o constrangimento à liberdade corpórea do paciente,


determinando a expedição do competente alvará de soltura em favor de
AIRTON MACIEL DE OLIVEIRA, com ou sem imposição de medida
cautelar diversa da prisão, com a máxima urgência, pelos fundamentos
apresentados acima.

Termos em que pede deferimento.

Recife, 30 de março de 2020.

EDSON JORGE BATISTA JÚNIOR


OAB-PB 15.776
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