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STJ-Petição Eletrônica recebida em 06/05/2021 14:30:55 (e-STJ Fl.

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO COLENDO


SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.

Autos do Processo de Execução n.º 0052756-19.2014.8.13.0693


Impetrante: Fabrício da Silva Genovêz
Paciente: Bruno Antônio Almeida do Nascimento
Comarca de Origem: Três Corações - MG
Origem: Autoridade Coatora: Desembargadora Relatora Beatriz Pinheiro Caires - 2ª
CACRI

O advogado FABRÍCIO DA SILVA GENOVÊZ, brasileiro, solteiro,


advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, Seção de Minas Gerais
sob o nº 150.490, com seu escritório profissional consignado no rodapé desta, onde receberá
intimações, vem, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, para, sob a égide
do artigo 648, inciso II, do Código de Processo Penal c/c art. 5º, inciso LXVIII da Lei
Fundamental, impetrar a presente

ORDEM DE HABEAS CORPUS


(com pedido de “medida liminar”)
em favor de BRUNO ANTÔNIO ALMEIDA DO NASCIMENTO, brasileiro, solteiro,
desempregado, portador do RG sob o nº MG - 21.483.162 SSP/MG, inscrito no CPF sob
o nº 108.113.416-07, filho de Maria Aparecida Almeida do Nascimento, nascido em 10 de
fevereiro de 1987, atualmente segregado na Penitenciária Regional de Três Corações - MG,
na Estrada de Três Corações, São Bento Abade CEP: 37.410-000, ora Paciente, posto que
se encontra sofrendo constrangimento ilegal por ato da Desembargadora Relatora Beatriz
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Pinheiro Caires - 2ª CACRI, pelos motivos que passa a expor.

I. DO CABIMENTO DO HABEAS CORPUS

Preliminarmente, a opção pelo habeas corpus não é inadequada à questão em


tela, uma vez que o acórdão guerreado representa evidente coação à liberdade de locomoção
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do paciente, tal qual preceitua o art. 5º, inciso LXVII, da Constituição Federal, já que o
mantém privado de sua liberdade, graças ao desrespeito a princípios constitucionalmente
reconhecidos, tais como o devido processo legal, a jurisdicionalidade, a presunção de
inocência, a individualização da pena e a legalidade.

No caso vertente, contudo, o meio utilizado é adequado para o fim a


que se destina, devendo a impetração ser aceita por estar configurada flagrante
ilegalidade e em razão da evidente situação de perigo e urgência, sobretudo pelo fato
de estar o paciente preso.

Destaca-se, ainda, que a concessão da ordem se mostra necessária diante da


demora no processamento e julgamento de recurso especial, principalmente em virtude
da suspensão de todos os prazos processuais nos termos da Resolução 313, 314 e 318
de 2020 do CNJ, Portaria 79/2020 do CNJ e da portaria conjunta 1.025/2020 do
TJMG, tendo em vista a pandemia causada pelo Coronavírus.

Há que se ressaltar que a hipótese em estudo não resulta em supressão de


instância, haja vista que a decisão guerreada faz referência expressa ao ponto controvertido,
tendo sido estes tópicos da apelação interposta.

Também não se pode falar que a existência de recurso próprio impede a


impetração do Habeas Corpus, pois, nos dizeres de Ada Pelegrini Grinover:

[...] não exclui o interesse de agir, pela falta de adequação, a


previsão legal de recuso específico para atacar o ato apontado
como restritivo ou ameaçador da liberdade da paciente: é que
o habeas corpus constitui remédio mais ágil para a tutela do
indivíduo e, assim, sobrepõe-se a qualquer outra medida,
desde que a ilegalidade possa ser evidenciada de plano, sem
necessidade de um reexame mais aprofundado da justiça ou
injustiça da decisão impugnada [...] majoritário na
jurisprudência o entendimento segundo o qual o writ pode ser
pedido mesmo na pendência de apelação ou outro recurso
contra decisão judicial, pois inadmissível fique o réu preso ou
ameaçado de prisão enquanto se processa, mais
demoradamente, o remédio recursal ordinário (STF, RT
584/467, 593/450; STJ RSTJ 30/121; TJSP, RJTJSP 37/215,
Petição Eletrônica protocolada em 06/05/2021 14:31:26

106/481, RT 634/289) [...]“GRINOVER, Ada Pellegrineetall.


Recursos no processo penal. São Paulo: 2009, RT. p. 277”

Em casos como o presente aguarda-se que o Superior Tribunal de Justiça


exerça seu papel constitucional de garantidor do direito fundamental à liberdade dos
indivíduos que se veem dela arbitrariamente privados.

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A propósito, já se decidiu que, embora o Habeas Corpus não possa substituir o


Recurso Especial, a ordem pleiteada pode ser concedida de ofício quando for
flagrante a ilegalidade, apta a gerar constrangimento ilegal advindo de decisão de tribunal
local. Vejamos:
“EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO
DE RECURSO ESPECIAL. NÃO CABIMENTO.
LIVRAMENTO CONDICIONAL. PRÁTICA DE NOVO
CRIME DURANTE O PERÍODO DE PROVA. SUSPENSÃO
APÓS O DECURSO. PRORROGAÇÃO AUTOMÁTICA.
INVALIDADE. EXTINÇÃO DA PENA QUE SE IMPÕE.
HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM
CONCEDIDA, DE OFÍCIO, PARA DECLARAR EXTINTA A
PUNIBILIDADE.
I - A Terceira Seção desta Corte, seguindo entendimento
firmado pela Primeira Turma do col. Supremo Tribunal
Federal, sedimentou orientação no sentido de não admitir
habeas corpus substitutivo de recurso adequado, situação que
implica o não conhecimento da impetração, ressalvados casos
excepcionais em que, configurada flagrante ilegalidade apta a
gerar constrangimento ilegal, seja possível a concessão da
ordem de ofício, em homenagem ao princípio da ampla defesa.
II - Nos termos do art. 145 da LEP, ocorrendo a prática de infração
penal durante o período de prova, cumpre ao Juízo da Execução
Penal ordenar a sua prisão e suspender o curso do livramento
condicional. A revogação dependerá da decisão final da nova ação
penal.
III - Decorrido o período de prova do livramento condicional sem
que seja suspenso ou revogado, a pena deve ser extinta, nos termos
do art. 90 do Código Penal.
IV - A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e deste Superior
Tribunal de Justiça é firme no sentido de que não há prorrogação
automática do livramento condicional. Habeas corpus não
conhecido. Ordem concedida de ofício para declarar extinta a
pena privativa de liberdade, em virtude do integral cumprimento do
período de prova do livramento condicional.”. (STJ, HC nº
454.451/SP, 5ª T., Rel. Min. FELIX FISCHER, DJe 21.09.2018).
(Grifamos).

EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PENAL.


PROCESSUAL PENAL. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE DO
ACÓRDÃO IMPETRADO: AUSÊNCIA DE CORRELAÇÃO
Petição Eletrônica protocolada em 06/05/2021 14:31:26

ENTRE A FUNDAMENTAÇÃO DO PEDIDO E A DA


DECISÃO. IMPETRAÇÃO DE HABEAS CORPUS
SUBSTITUTIVO DE RECURSO. ADMISSIBILIDADE.
PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO. CONCESSÃO
DA ORDEM DE OFÍCIO. 1. Não entendendo o Superior Tribunal
de Justiça pela possibilidade de conhecimento de habeas corpus,
prejudicada a apreciação das alegações de fundo do Impetrante, não
havendo que se falar em nulidade do acórdão impetrado pela
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ausência de correlação entre a fundamentação do pedido e a do


acórdão impetrado. 2. O eventual cabimento de recurso não
constitui óbice à impetração de habeas corpus, desde que o objeto
esteja direta e imediatamente ligado à liberdade de locomoção
física do Paciente. Precedentes. 3. Ordem concedida, de ofício,
para determinar à Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça que
examine o mérito do Habeas Corpus n. 139.346. (HC 112836,
Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, julgado em
25/06/2013, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-159 DIVULG 14-
08- 2013 PUBLIC 15-08-2013)

Sobre o cabimento do habeas corpus substitutivo, vale citar o entendimento da


1ª Turma do STF, no julgamento do Habeas Corpus nº 110328 / RS, ocorrido em
21/05/2013, em que o Ministro Marco Aurélio Mello votou no sentido de admitir o HC
substitutivo, quando se tratar de situação em que a liberdade de ir e vir está diretamente
ameaçada, ou seja, quando houver mandado de prisão expedido em desfavor do impetrante
ou quanto este já se encontrar sob custódia.

Nesse sentido, decidiu o Plenário deste Supremo Tribunal, no julgamento do


HC 152.752/SP, Rel. Min. Edson Fachin, a possibilidade de se impetrar habeas corpus em
substituição a recurso ordinário

Há casos especiais em que é possível a veiculação da matéria por meio de


habeas corpus, desde que o impetrante comprove: (a) que está sofrendo um constrangimento
ilegal; (b) que a matéria versada é exclusivamente de direito; e, (c) que eventual matéria de
prova não demanda exacerbada dilação probatória.

O presente writ não contesta de modo algum os fatos, tidos e havidos como
incontroversos, mas tão somente matéria pertinente à interpretação da lei federal.

II. DOS FATOS

Permissa maxima venia, não agiu a Desembargadora Relatora Beatriz Pinheiro


Caires - 2ª CACRI com o costumeiro e singular acerto.

Em Agravo em Execução Penal interposto pelo Ilustre Representante do


Petição Eletrônica protocolada em 06/05/2021 14:31:26

Ministério Público, contra a respeitável decisão vista em cópia anexa, que, diante da
superveniência de nova condenação no curso da execução e unificação das penas que foram
impostas ao Paciente, fixou como marco inicial para a concessão de benefícios prisionais a
data de seu último recolhimento ao cárcere.

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Pretendeu o Ilustre Representante do Ministério Público a reforma da decisão


questionada, para que o marco inicial para a contagem do prazo exigido para a concessão
dos benefícios prisionais a que o reeducando faça jus seja a data do trânsito em julgado de
sua última condenação (doc. anexo).

Contrariado o recurso (doc. anexo), e mantida a decisão por meio do


despacho de fl. 28 (doc. anexo), subiram os autos e, a douta Procuradoria de Justiça opinou
no sentido de que seja dado provimento ao recurso (doc. anexo).

O Tribunal de Justiça Mineiro deu provimento ao recurso do Ilustre


Representante do Ministério Público, para reformar a d. decisão, e fixar a data do trânsito
em julgado da última condenação do Paciente como termo inicial para a contagem do prazo
para aquisição de futuros benefícios prisionais (doc. anexo), tendo o v. acórdão recebido a
seguinte ementa:

EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL - TERMO


INICIAL PARA A CONTAGEM DO PRAZO PARA
AQUISIÇÃO DE BENEFÍCIOS PRISIONAIS APÓS A
UNIFICAÇÃO DAS PENAS - TRÂNSITO EM JULGADO DA
ÚLTIMA CONDENAÇÃO DO REEDUCANDO
- Tendo sido operada a unificação das penas impostas ao
reeducando, conta-se a partir do trânsito em julgado de sua última
condenação o lapso temporal necessário para a obtenção dos
benefícios previstos na lei de execuções penal. (TJMG - Agravo em
Execução Penal 1.0693.14.005275-6/003, Relator(a): Des.(a) Beatriz
Pinheiro Caires, 2ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em
30/06/2016, publicação da súmula em 11/07/2016)

Com efeito, as circunstâncias em que os fatos ocorreram foram devidamente


certificadas pelas instâncias antecedentes, cuidando-se apenas e tão somente de analisar suas
possíveis consequências jurídicas.

Sobre o mérito, temos que agiu equivocadamente a Eminente


Desembargadora Relatora Beatriz Pinheiro Caires - 2ª CACRI ao fixar a data do trânsito em
julgado da última condenação do Paciente como termo inicial para a contagem do prazo para
aquisição de futuros benefícios prisionais. Vejamos.
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III. DO DIREITO

III. 1 - TERMO INICIAL PARA A CONTAGEM DO PRAZO PARA


AQUISIÇÃO DE BENEFÍCIOS PRISIONAIS APÓS A UNIFICAÇÃO DAS
PENAS

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Permissa maxima venia, não agiu a Eminente Desembargadora Relatora Beatriz


Pinheiro Caires - 2ª CACRI com o costumeiro e singular acerto.

Eminente Ministro, busca a defesa a reforma do acórdão, a fim de que seja


alterado o atestado de pena para se estabelecer como marco inicial para a contagem dos
benefícios da execução penal a data da última prisão do Paciente, qual seja, dia 29 de
novembro de 2012, e não a data do trânsito em julgado da última condenação do Paciente,
conforme procedido pela Eminente Desembargadora no v. acórdão.

A data referência para o início da contagem dos benefícios da execução da


pena deve ser apurada de acordo com as peculiaridades do caso em concreto, em virtude do
caráter personalíssimo da reprimenda imposta e da situação fática de cada caso, de forma a
evitar o prejuízo do apenado e o comprometimento da execução.

A unificação das penas há de se dar conforme o estabelecido nas sentenças,


mas não deixará de observar os períodos de prisão já cumpridos porque, do contrário,
flagrante é o prejuízo ao apenado e violado também se vê o princípio da ressocialização da
pena.

O Direito Processual Penal vige em observância ao consagrado princípio da


presunção de inocência e do seu principal correlato: princípio do in dubio pro reo. Assim,
ausente previsão expressa no ordenamento jurídico pátrio acerca da data-base para a
concessão dos benefícios da execução a réu preso desde antes da condenação definitiva
(lacuna legal), a análise deve se pautar no princípio favor rei; garantia histórica contra os
excessos estatais.

Impõe-se resguardar interpretação mais favorável ao Paciente, de modo a


proporcionar a ressocialização e reintegração do mesmo ao convívio público, objetivos
enaltecidos pela Lei de Execução Penal. In verbis:

Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as


disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar
condições para a harmônica integração social do condenado e
do internado.
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Conforme se verifica na r. decisão de seq. 1.23 (doc. anexo) o MM. Juiz a


quo em sua r. decisão determinou como marco inicial para o cumprimento de pena a data de
sua última prisão, qual seja 29/11/2012. Ocorre que o Ilustre Representante do Ministério
Publico inconformado da r. decisão, agravou a mesma, verifica-se no acordão de seq. 1.24
(doc. anexo) com trânsito em julgado em 01 de agosto de 2016 a r. decisão foi reformada
para fixar a data do trânsito em julgado da última condenação do reeducando como termo

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inicial para a contagem do prazo para aquisição de futuros benefícios prisionais, qual seja,
09/07/2015.

Sob o ângulo da execução penal, a aplicação do princípio da legalidade implica


no fato de que o preso não pode ser objeto de manobra, “vítima” da administração prisional
e de decisões judiciais, na medida em que é sujeito de obrigações e direitos, que devem ser
resguardados. (FRANCO, LIRA. Crimes Hediondos. 7ªed. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2011).

Registre-se que a unificação de penas não pode ser considerada como punição.
Trata-se apenas de saber, com a chegada da nova pena, qual será o montante a ser cumprido
a partir dali, porque necessariamente o condenado terá que concluir lapso maior do que
aquele até então estabelecido para a anterior condenação.

Conforme bem explicitado no julgamento do REsp 1.557.461/SC, a alteração


da data-base para concessão de benefícios executórios em razão da unificação da pena não
está prevista na lei e representa um gravame à situação do condenado mediante analogia in
malan partem.

Contudo, referido incidente foi superado com a superveniência do julgamento


do REsp 1557461/SC pela Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, que, por
maioria, consolidou o entendimento de que a data da última prisão deve ser utilizada para a
concessão dos benefícios na execução após a unificação das penas.

Na linha da interpretação dominante atual, no caso de unificação de penas por


superveniência de condenação no curso da execução penal, o marco inicial da contagem dos
novos benefícios passa a ser a data da última prisão ou da última infração disciplinar.

Desse entender, os julgados dessa Eg. Superior Tribunal de Justiça:

... Na linha da orientação jurisprudencial desta Corte,


sobrevindo nova condenação no curso da execução, deverá o
Juízo da execução realizar a unificação das penas impostas ao
sentenciado, no entanto, não poderá, diante da ausência de
previsão legal, considerar o trânsito em julgado dessa nova
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condenação - ou como no caso dos presentes autos, a data da


última sentença penal condenatória - como marco inicial para
novos benefícios, devendo, em casos como o presente,
observar, como estabelecido pela Terceira Seção (REsp n.
1.557.461/SC), a data da última prisão ou da última falta
disciplinar.4. Embargos de declaração parcialmente acolhidos,
com efeitos infringentes, para manter a unificação das penas,
determinando ao Juízo da execução que promova novo cálculo
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de pena no qual deve considerar como termo inicial para novos


benefícios a data da última prisão ou da última falta
disciplinar. (EDcl no HC 379.829/ES, Rel. Ministro ANTONIO
SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, julgado em
04/08/2020, DJe 12/08/2020 - grifei)

... A Terceira Seção deste Superior Tribunal de Justiça, em


recente mudança jurisprudencial acerca do tema, oriundo do
julgamento do REsp n. 1.557.461/SC, firmou o entendimento
de que o marco para novos benefícios deve ser a data da última
prisão, quando ocorre a unificação por fatos anteriores à
execução. Contudo, a interrupção só ocorre para a progressão
de regime, não abrangendo o livramento condicional, a
comutação e o indulto. Precedentes. (...) (AgRg no HC
499.329/SP, Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, julgado em
25/06/2019, DJe 01/07/2019)
... A alteração da data-base para concessão de novos benefícios
executórios, em razão da unificação das penas, não encontra
respaldo legal. Portanto, a desconsideração do período de
cumprimento de pena desde a última prisão ou desde a última
infração disciplinar, seja por delito ocorrido antes do início da
execução da pena, seja por crime praticado depois e já
apontado como falta disciplinar grave, configura excesso de
execução. (...) (AgRg no HC 509.263/SP, Rel. Ministro Rogerio
Schietti Cruz, sexta turma, julgado em 30/05/2019, DJe
06/06/2019)

... Na ocasião do julgamento do Habeas Corpus n.


381.248/MG, concluído na sessão de 22/2/2018, esta Corte
alterou a posição, até então prevalente, para estabelecer como
marco inicial para a concessão de benefícios na execução, após
a unificação de penas, a data da última prisão do apenado. (...)
(STJ - AgRg no REsp 1772841/ES, Rel. Ministro Reynaldo Soares
Da Fonseca, Quinta Turma, julgado em 19/02/2019, DJe
01/03/2019)

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.


EXECUÇÃO PENAL. SUPERVENIÊNCIA DE NOVA
CONDENAÇÃO NO CURSO DA EXECUÇÃO.
UNIFICAÇÃO DAS PENAS. ALTERAÇÃO DA DATA-
BASE PARA OBTENÇÃO DE NOVOS BENEFÍCIOS.
AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL PARA ALTERAÇÃO
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DA DATA-BASE. ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL DA


TERCEIRA SEÇÃO DO STJ. RESP 1.557.461/SC e HC
381.248/MG.
I - Este Superior Tribunal de Justiça se posicionava no sentido
de que a superveniência de nova condenação, no curso da
execução da pena, determina a unificação das reprimendas e a
fixação de nova data-base para a concessão de benefícios.
II - Contudo, a Terceira Seção desta Corte Superior de Justiça,
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em 22/2/2018, ao julgar o REsp n. 1.557.461/SC, Relator o


Ministro Rogério Schietti Cruz, e o Habeas Corpus n.
381.248/MG, com Relator para o acórdão o Ministro Sebastião
Reis Júnior, modificou a orientação anterior e sedimentou o
entendimento de que a alteração da data-base para a
concessão de novos benefícios executórios, em razão da
unificação das penas, não encontra respaldo legal.
III - In casu, a pretensão do Ministério Público em modificar
o termo a quo para novos benefícios da execução, em face da
unificação de penas, estabelecendo como novo marco a data
do trânsito em julgado da última sentença condenatória, está
em confronto com a nova orientação jurisprudencial firmada
pela Terceira Seção desta Corte Superior de Justiça. Agravo
regimental desprovido.” (AgRg no REsp 1675474/MG, Rel.
Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em
17/04/2018, DJe 20/04/2018).

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.


EXECUÇÃO PENAL. UNIFICAÇÃO DE PENAS.
SUPERVENIÊNCIA DO TRÂNSITO EM JULGADO DE
SENTENÇA CONDENATÓRIA. TERMO A QUO PARA
CONCESSÃO DE NOVOS BENEFÍCIOS. AUSÊNCIA DE
PREVISÃO LEGAL PARA ALTERAÇÃO DA DATA-BASE.
RECENTE ENTENDIMENTO FIRMADO PELA
TERCEIRA SEÇÃO DESTA CORTE (HC 381.248/MG E
REsp. 1.557.461/SC). AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO.
1. A superveniência de nova condenação no curso da execução
penal enseja a unificação das reprimendas impostas ao
reeducando e a regressão de regime prisional, se for o caso
(arts. 111, parágrafo único, e 118, II, da Lei de Execução Penal).
2. A alteração da data-base para concessão de novos benefícios
executórios, em razão da unificação das penas, não encontra
respaldo legal. Portanto, a desconsideração do período de
cumprimento de pena desde a última prisão ou desde a última
infração disciplinar, seja por delito ocorrido antes do início da
execução da pena, seja por crime praticado depois e já
apontado como falta disciplinar grave, configura excesso de
execução (REsp. 1.557.461/SC, Rel. Min. ROGÉRIO SCHIETTI
CRUZ, Terceira Seção, j. 22/2/2018, DJe 15/3/2018). 3. Agravo
Regimental desprovido.” (AgRg no REsp 1719880/TO, Rel.
Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA
Petição Eletrônica protocolada em 06/05/2021 14:31:26

TURMA, julgado em 24/04/2018, DJe 07/05/2018).

Sob a clave doutrinária, outra não é a intelecção sobre o tema sob escrutínio,
sendo de preceito a obrar-se a traslado parcial do escólio do festejado Desembargador,
MARCO ANTONIO BANDEIRA SCAPINI, in, PRÁTICA DE EXECUÇÃO DAS
PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE, Porto Alegre, 2009, Livraria do Advogado, onde
à páginas 62/63, item 9.5, obtempera com ímpar propriedade:
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STJ-Petição Eletrônica recebida em 06/05/2021 14:30:55 (e-STJ Fl.12)

“Se o fato que provocou a nova condenação é anterior ao início


do cumprimento da pena, não há alteração da data-base para
o cálculo dos lapsos temporais. Ela continua a ser a que
assinala o início da execução, observada a detração
(art. 42 do CP). Constitui equívoco considerar como data-base
a da condenação superveniente ou a do trânsito em julgado da
sentença, como se vê, muitas vezes, na prática.

Altera-se apenas a pena total, em função da soma ou em


decorrência da unificação pelo reconhecimento da
continuidade delitiva (art. 71 e parágrafo único do CP).

Para estabelecimento do regime, no entanto, o juiz deverá levar


em conta o resultado da operação e as disposições das alíneas
do parágrafo 2º do art. 33 do CP. Deverá considerar, também,
a situação fática do condenado perante a execução, pois nem
sempre a pena total superior a 8 (oito) anos, por exemplo,
imporá o regime mais severo, mesmo que a nova sentença
condenatória o tenha estabelecido. O condenado, que iniciou
o cumprimento da pena no regime fechado e alcançou
progressão, poderá permanecer no regime semiaberto, se,
sobrevindo condenação por fato anterior, já tiver cumprido 1/6
do total (art. 112, caput, da LEP), resultado da soma ou da
unificação. Assim, também, não será revogado o livramento
condicional, se já tiver cumprido, não sendo reincidente, e não
se tratando de crime hediondo ou equiparado, 1/3 da pena
total, como deflui dos arts. 84 e 86, II, do CP e 141 da LEP.”

De resto, a alteração da data-base, acarreta vencilhos graciosos na execução da


pena, postergando de forma desmesurada a concessão dos benefícios, mormente o da
progressão de regime, passo necessário para alcançar a ressocialização, tida e havida como
fim teleológico da pena.

Assim, impõe-se afastar-se o óbice entronizado pela autoridade coatora, por


daninho e contraproducente, aos impostergáveis interesses do Paciente. Sobre o tema,
discorre com propriedade JULIO FABBRINI MIRABETE, in, EXECUÇÃO PENAL, São
Paulo, Atlas, 2000, onde à folha 26 obtempera:

“... O sentido imanente de reinserção social, conforme o


estabelecido na lei de execução, compreende a assistência e
Petição Eletrônica protocolada em 06/05/2021 14:31:26

ajuda na obtenção dos meios capazes de permitir o retorno do


apenado e do internado ao meio social em condições
favoráveis para sua integração, não se confundindo ‘com
qualquer sistema de tratamento que procure impor um
determinado número e hierarquia de valores em contraste com
os direitos da personalidade do condenado”.

Destarte, anela o paciente com todas as veras de sua alma, a concessão da


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ordem buscada, consubstancia no restabelecimento da decisão de primeiro grau de


jurisdição, o que pede e suplica seja-lhe outorgado em grau de revista, por essa Sobre
eminente Cúria Secular de Justiça.

IV. DOS PEDIDOS

À vista do exposto, requer:

a) Seja deferida, na natividade da lide, ou seja, LIMINARMENTE o pleito


requestado, restabelecendo-se, ao paciente, a decisão de primeiro grau de jurisdição, que
manteve inalterada a data-base, por ocasião do cadastramento de novel condenação por
delito cometido antes do início do cumprimento da pena, eclipsando-se, de conseguinte, a
decisão vertida pela autoridade coactora, forte nos argumentos esposados linhas volvidas,
comunicando-se, de imediato, a última, para implemento da medida, junto a 2ª Vara
Criminal e Execuções Penais da Comarca de Três Corações - MG.

b) Por debrum, postula pela ratificação da ordem deferida no limiar da lide, e


ou pela sua concessão, na remota hipótese restar indeferido o item I, assegurando ao paciente
a data-base anterior, revigorando-se, nesse comenos, a decisão de primeiro grau de jurisdição,
desconstituindo-se, por imperativo lógico, o acórdão proferido pela 2ª Câmara Criminal do
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, decorrência direta da procedência
da ação penal constitucional de habeas corpus impetrado: the great writ.

Certos estejam Vossas Excelências, mormente o Insigne e Culto Doutor


Ministro Relator do feito, que em assim decidindo, estarão julgando de acordo com o direito;
e, mormente, prestigiando, assegurando e restabelecendo, na gênese do verbo, do primado
da mais lídima e genuína Justiça.

Respeitosamente, pede deferimento.

De Três Corações para Brasília, 06 de maio de 2021.

Fabrício da Silva Genovêz


Petição Eletrônica protocolada em 06/05/2021 14:31:26

OAB/MG 150.490

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