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AO JUÍZO FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE BOM JESUS DA

LAPA, SEÇÃO DO ESTADO DA BAHIA.

IVONETE DOS SANTOS BRITO, brasileira, casada,


lavradora, RG: 09.553.259-51-SSP/BA, CPF: 005.067.405-60, residente e
domiciliada na Fazenda Itaguari, Zona Rural, Cocos/BA, CEP: 47.680-000,
por intermédio de seus advogados constituídos, com endereço profissional
constante no rodapé desta, local onde receberá as futuras intimações, vem,
perante este Juízo propor a presente:

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA PARA CONCESSÃO DE


APOSENTADORIA POR IDADE - RURAL

Contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, pessoa


jurídica de Direito Público Interno, pelos fatos e fundamentos a seguir
delineados:

I – DA JUSTIÇA GRATUITA

A Autora não possui condições de pagar as custas e


despesas do processo sem prejuízo próprio ou de sua família, conforme
declaração de hipossuficiência anexa, sob égide no Código de Processo Civil,
artigo 98 e seguintes e pelo artigo 5.º, LXXIV da Constituição Federal.

Rua Olímpio Cardoso Bomfim, n.º 338, Centro, Cocos/BA, CEP: 47.680-000
E-mail: ailtonvasconcelos.adv@gmail.com
Celular: (61) 9.8336-2926
Desse modo, a Autora tem direito à concessão da gratuidade
de Justiça. Insta ressaltar que entender de outra forma seria impedir os mais
humildes de ter acesso à Justiça, garantia maior dos cidadãos no Estado
Democrático de Direito.

II – DOS FATOS

A Autora, atualmente com 55 (cinquenta e cinco) anos, nasceu


e se criou na zona rural de Cocos/BA, no lugar denominado Poços, região da
Beira do Carinhanha. Desse modo, desde a infância até atualmente o seu labor
consistiu – e consiste – em exercer a atividade rural, retirando da lavra da terra
e da pequena criação de animais o sustento próprio e familiar.

Em 27 de setembro de 1991, a Autora se casou com Manoel


Messias Sena Brito. Por conta disso, mudou-se para a casa de seu esposo,
localizada na FAZENDA ITAGUARI, também na zona rural de Cocos/BA, cuja
propriedade é de Joel Jesus Botelho Gonzaga. Desde então, esse tem sido o
seu local de moradia, ou seja, há mais de 30 (trinta) anos.

Foi na Fazenda Itaguari que a Autora e seu marido criaram os


03 (três) filhos: Deuzenaide, Josenilton e Reinaldo. É no mesmo local também
que eles criam um de seus netos, Jhonatan, atualmente com 04 (quatro) anos:

Rua Olímpio Cardoso Bomfim, n.º 338, Centro, Cocos/BA, CEP: 47.680-000
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Há décadas a Autora atua na árdua atividade rural com seu
cônjuge, filhos e netos. Eles plantam os mantimentos para consumo próprio:
mandioca, milho, batata, quiabo, maxixe, cenoura, couve, alface, cheiro verde,
banana, maracujá; criam galinhas, etc.

Além dessas atividades, a Autora também se utiliza do


conhecimento adquirido com a vivência no campo para usufruir dos benefícios
ofertados pela natureza. Cita-se, por exemplo, a seiva do Jatobá, conhecida
por “Vinho de Jatobá”, que ela e seu cônjuge extraem para fins medicinais:

Nesse sentido, por ser trabalhadora rural e ter atingindo a


idade de 55 (cinquenta e cinco) anos, na data de 15/06/2022 (DER), a Autora
requereu ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ora réu, a concessão
do benefício de Aposentadoria por Idade Rural (NB 202.858.564-6). Porém,
equivocadamente, o pedido foi indeferido.

Apesar de a Autora ter apresentado documentos idôneos que


comprovam a carência e a qualidade de segurada especial, o INSS homologou
apenas metade do período exigido, isto é, de 2015 a 2022. Para tanto, a
Autarquia alegou que a documentação não comprova o exercício da atividade
rural no período anterior a 2015.

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Ocorre que a fundamentação do INSS está totalmente
equivocada, haja vista a Autora ser trabalhadora rural, assim como foi durante
toda sua vida. Em verdade, os documentos apresentados são suficientes para
comprovar a qualidade de segurada especial por período que supera em muito
a carência exigida.

A prova de que a Autora sempre foi trabalhadora rural


apresenta-se não somente nos documentos, mas também em seu próprio
corpo: na pele em virtude do excesso de exposição solar; nas mãos pelo
manejo de ferramentas pesadas (enxada, foice); no corpo pelo esforço físico:

Portanto, tendo em vista que o conjunto fático-probatório é


suficiente para comprovar o cumprimento de todos os requisitos exigidos,
demonstrando claramente o direito da Autora à percepção do benefício
pleiteado, requer-se a integral procedência da presente ação.

III – DO DIREITO

A pretensão da Autora está fundamentada no art.º 201, I, §


7.º, II, da Constituição Federal e no art.º 48 da Lei n.º 8.213/91 (LBPS). Esses
diplomas legais exigem dois requisitos para que o trabalhador rural tenha
direito ao benefício da aposentadoria rural por idade.

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Dessa maneira, os requisitos são: (i) a idade mínima de 55
anos para a mulher e 60 anos para o homem; e (ii) a comprovação do efetivo
exercício da atividade rural no período imediatamente anterior ao
requerimento do benefício, em número de meses igual ou superior à carência
do benefício, ainda que de forma descontínua.

Observa-se que o primeiro requisito (idade), está comprovado,


pois, como se vê no documento de identificação em anexo, a Autora, em 12
de junho de 2022, alcançou a idade necessária à concessão de
aposentadoria por idade a trabalhador rural prevista no art.º 48, § 1.º, da Lei
n.º 8.213/91.

O segundo requisito (carência) também está comprovado. Eis


que a Lei n.º 8.213/91 exige a comprovação de 180 (cento e oitenta) meses
de exercício de atividade rural, e, quando a Autora completou a idade mínima
exigida já possuía carência superior, pois trabalhou durante toda a sua vida
na qualidade de segurada especial, conforme art.º 11, VII, da Lei n.º 8.213/91.

Ademais, a Autora apresentou ao INSS, bem como junta aos


autos, inúmeros documentos que são início de prova material suficiente para
comprovar a atividade rural, a exemplo: CTPS na qual não consta nenhum
registro anotado; Certidão de Casamento; Certidões de Nascimento dos
filhos, dentre outros.

Nesse sentido, de acordo com o entendimento consolidado do


STJ, são documentos idôneos para comprovação do exercício da atividade
rural “certidões de casamento, de óbito, de nascimento dos filhos,
Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), certificado de
reservista, carteiras de beneficiário do extinto INAMPS, entre outros
registros públicos [...]”. (REsp 1649636 / MT).

Além disso, a Súmula 14 da Turma Nacional de Uniformização


de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais preceitua que “para a

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concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início
de prova material, corresponda a todo o período equivalente à carência
do benefício”.

Portanto, ante o fato de os documentos anexos serem início de


prova material suficiente para comprovação da condição de trabalhador rural
durante todo o período de carência – fato que será corroborado por prova
testemunhal em momento oportuno – e sendo inconteste o cumprimento do
requisito da idade, mostra-se claro o direito da Autora ao benefício pleiteado.

IV – DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto, requer a este Juízo:

a) A concessão do benefício da Gratuidade de Justiça, posto


que a Autora é hipossuficiente financeiramente na forma da Lei e não tem
como arcar com as custas do processo;

b) A citação do INSS, na pessoa do Procurador Judicial


para, querendo, oferecer resposta no prazo legal;

c) Ao final, julgar a presente ação TOTALMENTE


PROCEDENTE para CONDENAR o INSS a implantar a Aposentadoria por
Idade Rural (NB 202.858.564-6) à Autora e a pagar os valores das
mensalidades atrasadas, acrescidas de juros e correção monetária desde a
data do Requerimento Administrativo (15/06/2022) (art.º 49, inciso II, da Lei n.º
8.213/91); e

d) Em caso de recurso, a condenação do INSS ao


pagamento de custas e honorários advocatícios, eis que cabíveis em segundo
grau de jurisdição, a teor do art.º 55 da Lei n.º 9.099/95 c/c art.º 1.º da Lei n.º
10.259/01.

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Por fim, a parte Autora informa que NÃO TEM INTERESSE na
adesão da instrução concentrada

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em


Direito admitidos.

Dê-se à causa o valor de R$ 25.566,80 (vinte e cinco mil


quinhentos e sessenta e seis reais e oitenta centavos).

Termos em que pede e espera deferimento.

De Cocos para Bom Jesus da Lapa, 08 de fevereiro de 2023.

Ailton Vasconcelos de Oliveira Joaquim José de Souza Barros


OAB/BA 65.921 OAB/BA 57.340

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