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AO JUÍZO DE DIREITO DA VARA DO SISTEMA DOS JUIZADOS ESPECIAIS DA COMARCA

DE CONCEIÇÃO DO COITÉ/BA

DAVID BISPO DE SOUZA, aposentado, solteiro, inscrito no


CPF n. 165.244.205-78, residente e domiciliado na TV 2ª Martins Ferreira, 246, Centro,
Conceição do Coité/BA, CEP: 48730-000, por meio de seu advogado ao final assinado,
com escritório profissional na Rua Professor Antônio Bahia, n. 09, Centro, Conceição do
Coité/BA, vem, à presença de Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C OBRIGAÇÃO DE FAZER E


DANOS MORAIS

Em face da COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO


DA BAHIA - COELBA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ n.
15.139.629/0001-94, com sede na Av. Edgard Santos, 300, Cabula VI, Salvador, 41.181-
900, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

1. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
O Requerente pugna pelos benefícios da gratuidade da
justiça, por não ter recursos para pagamento de custas, despesas processuais e
honorários advocatícios, nos termos do art. 98 do CPC/2015.

Rua Professor Antônio Bahia, 09, Centro, Conceição do Coité/BA, 48.730-000.


(71) 9 8840-4787 Elinelsonsouza.adv@gmail.com

Assinado eletronicamente por: ELINELSON SOUZA DE JESUS;


Código de validação do documento: 907c94e0 a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
2. DOS FATOS e FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Conforme se extrai das provas documentais carreadas aos


autos, a parte autora mantém contrato com ré e sempre efetuo tempestivamente o
pagamento de suas contas.

Ocorre que, as contas com vencimentos para junho e julho


de 2023 foram objeto de reclamação administrativa oferecida pela parte autora, uma
vez que, notadamente, constam valores desproporcionais e desarrazoados de R$ 356,06
e R$ 548,74 respectivamente.

A desproporcionalidade é notável a partir da análise das


contas anteriores, Excelência, a partir das quais se constata que o consumo da parte
autora sempre ficou no patamar máximo de 189 kWh.

Nas contas impugnadas, toda via, constam o consumo


absurdos de 301 e 443 kWh, os quais são incompatíveis até mesmo com os
equipamentos eletrônicos que a parte autora possuiu, portanto, a incompatibilidade e
desproporcionalidade da cobrança é visível.

Além das contas dos meses anteriores que atestam a


desproporcionalidade do valor cobrado nos meses de junho e junho de 2023, há na
própria conta emitida pela acionada o histórico de consumo da parte autora, o qual
sempre esteve em patamar bem mais baixo do aquele imputado, confira:

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Em razão disso, a autora foi pessoalmente até uma agência
da requerida, nesta comarca, para solucionar o problema, no entanto, não foi lhe dado
qualquer justificava plausível para o aumento abrupto das contas com vencimentos no
meses de junho e julho de 2023.

A parte autora suportou grandes prejuízos de ordem moral


e material, considerando que a frustação se traduz em aborrecimento, aflição, angústia
e intranquilidade psíquica, tendo em vista que diante da grave crise sanitária e
econômica que o mundo atravessa, qualquer valor que seja indevidamente cobrado,
enseja transtornos de toda sorte.

A requerente está tendo diversas noites de sono perdidas


em decorrência da preocupação com esse valor que foi indevidamente cobrado, uma
vez que a requerente aufere apenas um salário mensal, o que denota a importância de
qualquer valor em seu orçamento, além do receio de se ver sem os fornecimentos dos
serviços da acionada, o qual possui caráter essencial.

A parte autora recebe apenas uma salário-mínimo


mensal, não conseguindo arcar com uma dívida que corresponde a mais de 40% do
seu orçamento, podendo levar a falta de comida em sua mesa e remédios para suas
enfermidades.

Acrescenta-se, ainda, o fato de ser necessário acionar o


Poder Judiciário para lhe assegurar um direito já garantido por lei, fazendo necessário,
portanto, maior rigor, não só pelas circunstâncias do caso em comento, mas,
notadamente, pelo caráter punitivo/pedagógico, visando o respeito às normas
consumerista e a evitar a repetição de condutas semelhantes.

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Essa situação fere o princípio da segurança jurídica,
causando todo tipo de preocupação na parte autora, que não tem como prever as
próximas cobranças. Ora, todos sabem que uma pessoa responsável pelo pagamento de
contas mensais costuma ter uma média de valor para cada serviço consumido e realiza
o controle prévio.

Contudo, cobranças aleatórias e incompatíveis com o


consumo indicam abusividade e ferem os princípios norteadores do ordenamento
jurídico brasileiro.

Desse modo, determina o Código Civil, em seu art. 186,


que “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
(Grifo nosso). O mesmo Código também estabelece que “aquele que, por ato ilícito (art.
186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo” (grifo nosso).

O Código Civil é claro, portanto, ao estipular a obrigação


de reparar o dano causado por ato ilícito, consubstanciado na violação de direto.

A Constituição Federal também determina, em seu art. 5º,


X que, “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra, e a imagem das pessoas,
assegurando o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação”, previsão que se verifica no presente caso.

Como se trata de nítida relação de consumo, vale ainda


mencionar que o Código de Defesa do Consumidor também garante ao consumidor
direitos básicos previstos no art. 6º, dentre os quais, “a efetiva prevenção e reparação
de danos patrimoniais, individuais, coletivos e difusos”, nos termos do seu inc. VI.

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Nesse sentido, é pacífica a jurisprudência das Turmas
Recursais do Estado da Bahia acerca do dever de indenizar em casos como o presente,
vejamos apenas um dos muitos julgados1:

RECURSO INOMINADO. COELBA. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADA


COM PEDIDO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. REFATURAMENTO.
ALEGAÇÃO DE COBRANÇA INDEVIDA. PARTE RÉ QUE NÃO COMPROVA A
REGULARIDADE DO CONSUMO. INEXISTÊNCIA DE PROVA DA EFETIVA
REGULARIDADE NA AFERIÇÃO. MÁ PRESTAÇÃO DE SERVIÇO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA ACIONADA, NOS TERMOS DO ART. 22 DO
CDC. SUSPENSÃO INDEVIDA DOS SERVIÇOS. DANOS MORAIS CONFIGURADOS
E BEM SOPESADOS. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO.
Trata-se de recurso inominado interposto em face da sentença prolatada com o
seguinte dispositivo, que ora transcrevo in verbis:
Posto isso, na forma do art. 487, I, do CPC, JULGO PROCEDENTES os pedidos
iniciais, resolvendo-se a causa para: a) Confirmar os efeitos da liminar,
determinando, por consequência, que a parte Ré proceda ao refaturamento
das contas no período compreendido entre junho/2018 a maio/2019, levando-
se em consideração o consumo médio mensal dos 12 (doze) meses anteriores
às mencionadas faturas; b) Condenar a parte Ré a pagar à parte Autora, a título
de indenização moral, a quantia de R$2.000,00 (dois mil reais), acrescida de
juros de mora de 1% a.m. (um por cento ao mês) desde a citação e atualizada
monetariamente pelo INPC a partir desta data¿ Presentes as condições de
admissibilidade do recurso, dele conheço.
VOTO A sentença hostilizada é incensurável, por isso merece confirmação pelos
seus próprios fundamentos, servindo de acórdão a súmula do julgamento,
conforme determinação expressa do art. 46 da Lei nº 9.099/95: ¿O julgamento
em segunda instância constará apenas da ata, com indicação suficiente do
processo, fundamentação sucinta e parte dispositiva. Se a sentença for
confirmada pelos seus próprios fundamentos, a súmula de julgamento servirá de
acórdão.
Diante do exposto, voto no sentido de CONHECER e NEGAR PROVIMENTO AO
RECURSO interposto, para manter a sentença atacada pelos seus próprios
fundamentos. Custas já recolhidas. Sem honorários advocatícios, eis que a
recorrida se encontra desacompanhada de advogado. JUÍZA ISABELA
KRUSCHEWSKY PEDREIRA DA SILVA Relatora
(TJ-BA - RI: 00066238120198050137, Relator: ISABELA KRUSCHEWSKY PEDREIRA
DA SILVA, SEGUNDA TURMA RECURSAL, Data de Publicação: 24/05/2021)

A conduta da acionada também configura falha na


prestação do serviço, a qual restou demonstrada pelo total descaso da empresa ré em
face do requerimento da parte autora para esclarecimentos da cobrança, bem como,

1 Precedentes no Doc. em anexo.

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situação que tem lhe causado danos significativos, devendo incidir, in casu, a
responsabilidade objetiva determinada no art. 14 do CDC.

Como se trata ainda de evidente cobrança indevida,


cabível também a aplicação do art. 42, parágrafo único, do CDC, devendo, pois, a
acionado devolver em dobro o valor indevidamente cobrado.

Por todo o exposto, resta configurado o nexo de


causalidade entre a atuação indevida da empresa acionada e o dano suportado pela
Autora, devendo, portanto, serem aplicadas, em seu favor, as normas supracitadas, para
que a Ré seja condenada a reparar o dano patrocinado

3. DOS PEDIDOS
LIMINARMENTE, requer:
1) Que seja a empresa acionada obrigada a não suspender o fornecimento de
energia elétrica na unidade da parte, bem como a não negativar seu nome em
quaisquer órgãos de proteção ao crédito pela dívida discutida no presente caso, sob
pena de multa diária de R$ 100,00 (cem reais);
2) A inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII do CDC.

NO MÉRITO, requer:
1) O deferimento dos benefícios da gratuidade de justiça, nos termos do art. 98 do
CPC/2015;
2) A condenação da empresa acionada por todos os prejuízos causados à parte
autora a nível mora, no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais);
3) Seja determinada o refaturamento das contas com vencimento para os meses
de junho e julho de 2023, observando a média de consumo dos últimos 12 meses
da parte autora;

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4) A citação da empresa ré, na pessoa seus representantes legais, para, querendo,
apresentarem contestação no prazo legal, sob pena de confissão e revelia;

Protesta pela apresentação de todas as provas em direito


admitidas, oitiva de testemunhas, juntada de documentos e o que mais for necessário à
instrução do feito.

Atribui-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).


Nesses termos, pede deferimento.
Conceição do Coité, 31 de julho de 2023.

Bel. ELINELSON SOUZA


OAB/ BA 70.098

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