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AO JUÍZO DA 2ª VARA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE PORTO

SEGURO – ESTADO DA BAHIA

APENSO AOS AUTOS 0000162-61.2020.8.05.0201

PATRICIA BARBOSA MELO DOS REIS, brasileira, divorciada,


desempregada, portadora da cédula de identidade RG n.º 320522601, expedida pela SSP/BA,
inscrita no CPF/MF sob o n.º 586.927.975-53, residente e domiciliada na Travessa Marta Aguiar
da Silva, 136, Vida Nova, Lauro de Freitas/BA, CEP 42717-855, representada por sua advogada
AMANDA MELO DOS REIS, que esta subscreve, vem à presença de Vossa Excelência propor a
presente AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS, em face de
EMPRESA BAHIANA DE ÁGUAS E SANEAMENTO – EMBASA, pessoa jurídica inscrita
no CNPJ 13.504.675/0001-10, com sede na 4ª Avenida, 420, Centro Administrativo da Bahia, CEP
41.745-002, Salvador/BA, pelos fatos e fundamentos que passa expor.

I. DOS FATOS

A Autora, até o mês de 26/05/2023 foi titular de contrato de fornecimento de água


com a empresa Requerida (Matrícula 064320227), conforme última fatura paga que segue
(comprovante em anexo).

No momento, a Autora reside em Lauro de Freitas/BA, com sua filha e advogada


que esta subscreve, em razão de dificuldade financeira.

Ocorre que a Autora já teve uma ação judicial contra a Ré por SUSPENSÃO
INDEVIDA NO FORNECIMENTO DE ÁGUA (autos nº 0000162-61.2020.8.05.0201), que
foi julgada procedente (sentença em anexo).

Assinado eletronicamente por: AMANDA MELO DOS REIS;


Código de validação do documento: 92be94ec a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Ainda, durante o referido processo nº 0000162-61.2020.8.05.0201, foi
determinado por Vossa Excelência que a Autora pagasse as faturas discutidas no processo,
via deposito judicial, ora vejamos:

Ocorre, Excelência, que mesmo após a Autora pagar as faturas vincendas ao


longo do processo, a saber as dos meses de JUNHO/2020 – Vencimento Julho/2020 e de
JULHO/2020 – Vencimento Agosto/2020, via deposito judicial, a Ré SUSPENDEU O
FORNECIMENTO DE ÁGUA NA RESIDÊNCIA DA AUTORA NOVAMENTE, razão pela
qual vem a Autora buscar aqui a tutela jurisdicional pelos danos materiais e morais sofridos.

II. DOS DANOS MATERIAIS

Em Setembro/2022, conforme Aviso de Suspensão de Fornecimento de Água emitido


pela Ré (em anexo), e jogado na garagem da então residência da Autora, sua água foi
SUSPENSA, por falta de pagamento das faturas dos meses de JUNHO/2020 – Vencimento
Julho/2020 e de JULHO/2020 – Vencimento Agosto/2020, JÁ DEVIDAMENTE PAGAS
NOS AUTOS DE Nº 0000162-61.2020.8.05.0201.

Tendo um filho portador de Síndrome de Down e não podendo ficar NOVAMENTE


sem água em casa, a Autora ligou para a Ré, e foi informada que as faturas estavam em aberto no
sistema, e caso não fossem pagas, não haveria o religamento.

Sem alternativa pela necessidade do seu filho, a Autora teve que pagar
NOVAMENTE as faturas dos meses de JUNHO/2020 – Vencimento Julho/2020 e de
JULHO/2020 – Vencimento Agosto/2020, JÁ DEVIDAMENTE PAGAS NOS AUTOS DE

Assinado eletronicamente por: AMANDA MELO DOS REIS;


Código de validação do documento: 92be94ec a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Nº 0000162-61.2020.8.05.0201.

Assim o fez, e pagou o valor total de R$ 520,04 (quinhentos e vinte reais e quatro
centavos) tudo conforme comprovantes anexos.

Como se já não bastasse, a Ré ainda cobrou juros nas faturas subsequentes, bem como
a RELIGAÇÃO DA ÁGUA, tudo conforme faturas que seguem em anexo.

• JUROS (na fatura 11/2022) – R$ 190,59;


• RELIGAÇÃO DA ÁGUA (nas faturas 11/2022, 12/2022,
01/2023 e 02/2023) – 4 PARCELAS DE R$ 10,80.

Assim, Excelência, a Autora pagou INDEVIDAMENTE o valor total de R$ 753,83, o


que desde já requer a repetição indébita a título de danos materiais devidamente
comprovados, no valor de R$ 1.507,66 (mil e quinhentos e sete reais e sessenta e seis
centavos).

Assinado eletronicamente por: AMANDA MELO DOS REIS;


Código de validação do documento: 92be94ec a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
III. DOS DANOS MORAIS

A Autora ficou 05 dias sem o fornecimento de água em sua residência em razão


de um erro da Ré em cobrar fatura já paga.

O fornecimento de água, assim como a luz elétrica, é classificado como serviços


essenciais à vida digna. Nesse sentido, o corte só pode ocorrer em situações excepcionais quando
não ofendam a proteção de um bem maior.

No presente caso, o corte do fornecimento de água INDEVIDAMNETE, pela


segunda vez, impediu a continuidade de atividades mínimas de subsistência da Autora e de seu
filho portador de Síndrome de Down, e MAIS UMA VEZ, POR CULPA EXCLUSIVA DA RÉ.

Conforme demonstrado pelos fatos narrados e prova documental que junta em


anexo, o nexo causal entre o dano e a conduta da Ré fica perfeitamente caracterizado, gerando o
dever de indenizar, conforme preconiza o Código Civil:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social,

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pela boa-fé ou pelos bons costumes.

No presente caso, todos os prejuízos devem ser devidamente indenizados,


especialmente por demonstrada a negligência da Ré.

Cumpre salientar ainda, que a Autora JAMAIS ATRASOU UM


PAGAMENTO SEQUER, conforme se verifica das faturas anexas sem qualquer incidência
de juros e/ou multas. Mais um motivo pelo qual, desde o primeiro corte indevido e agora, o
segundo, deve ser indenizada por todo o transtorno experienciado

III.I. DA RESPONSABILIDADE CIVIL PELO DANO MORAL

Conforme demonstrado pelos fatos narrados e prova que junta no presente processo,
a empresa ré deixou de cumprir com sua obrigação primária de cautela e prudência na atividade,
causando constrangimentos indevidos a Autora.

Não obstante ao constrangimento ilegítimo, as reiteradas tentativas de resolver a


necessidade da Autora ultrapassa a esfera dos aborrecimentos aceitáveis do cotidiano, uma vez
que foi obrigada a buscar informações e ferramentas para resolver um problema causado
pela empresa contratada para lhe dar uma solução e ter reestabelecido seu fornecimento de
água.

Assim, no presente caso não se pode analisar isoladamente o constrangimento


sofrido, mas a conjuntura de fatores que obrigaram o Consumidor a buscar a via judicial. Ou seja,
deve-se considerar o grande desgaste da Autora, pela segunda vez!

Não obstante ao constrangimento ilegítimo, as reiteradas tentativas de resolver a


necessidade da Autora ultrapassa a esfera dos aborrecimentos aceitáveis do cotidiano, uma vez
que foi obrigada a buscar informações e ferramentas para resolver um problema causado
pela empresa contratada para lhe dar uma solução.

IV. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Assinado eletronicamente por: AMANDA MELO DOS REIS;


Código de validação do documento: 92be94ec a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Demonstrada a relação de consumo, resta configurada a necessária inversão do ônus
da prova, conforme disposição expressa do Código de Defesa do Consumidor:

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor: (...) VIII - a facilitação da defesa de
seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo
civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências.

A inversão do ônus da prova é consubstanciada na impossibilidade ou grande


dificuldade na obtenção de prova indispensável por parte do Autor, sendo amparada pelo princípio
da distribuição dinâmica do ônus da prova implementada pelo Novo Código de Processo Civil:

Art. 373. O ônus da prova incumbe:


I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do
direito do autor.
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa
relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o
encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do
fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde
que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a
oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.

No presente caso a HIPOSSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA fica caracterizada.

Trata-se da efetiva aplicação do Princípio da Isonomia, segundo o qual, todos devem


ser tratados de forma igual perante a lei, observados os limites de sua desigualdade. Nesse sentido,
a jurisprudência orienta a inversão do ônus da prova para viabilizar o acesso à justiça:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO ORDINÁRIA DE REVISÃO.


CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. CONFISSÃO DE DÍVIDA. INVERSÃO
DO ÔNUS A PROVA. POSSIBILIDADE. HIPOSSUFICIÊNCIA. PRESENTE
O REQUISITO DO ART. 6º, INCISO VIII, DO CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR. PRECEDENTES DESTE TRIBUNAL. RECURSO

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DESPROVIDO. (a) O Código de Defesa do Consumidor adotou a teoria da
distribuição dinâmica do ônus da prova. Assim, a inversão do ônus nesse
microssistema não se aplica de forma automática a todas as relações de consumo,
mas depende da demonstração dos requisitos da verossimilhança da alegação ou
da hipossuficiência do 16ª Câmara Cível - TJPR 2 consumidor, consoante dispõe
o art. 6º, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor. Os elementos que
constam dos autos são suficientes para demonstrar que a autora encontrará
dificuldade técnica para comprovar suas alegações em juízo, uma vez que
pretendem a revisão de vários contratos, os quais não estão em seu poder. (b)
Insta salientar que os requisitos da verossimilhança das alegações e da
hipossuficiência não são cumulativos, portanto, a presença de um deles autoriza a
inversão do ônus da prova. (TJPR - 16ª C.Cível - 0020861-59.2018.8.16.0000 -
Paranaguá - Rel.: Lauro Laertes de Oliveira - J. 08.08.2018, #13270774)

Assim, diante da inequívoca e presumida hipossuficiência, uma vez que disputa a lide
com uma empresa de grande porte, indisponível concessão do direito à inversão do ônus da prova,
que desde já requer.

V. DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, REQUER:

A) A citação da REQUERIDA, para, querendo apresentar defesa, sob pena dos efeitos da
revelia;

B) Seja julgada TOTALMENTE PROCEDENTE a ação, sendo a Ré condenada, a título de


indenização por danos materiais no valor de R$ 1.507,66 (um mil e quinhentos e sete
reais e sessenta e seis centavos), devidamente corrigido, bem como indenização por danos
morais em valor não inferior a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), por todo o transtorno
ocorrido durante a relação de consumo com a EMBASA;

C) Inversão do ônus da prova, diante da relação de consumo e da verossimilhança das


alegações.

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Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em Direito admitidas, tais como
a prova testemunhal, pericial, documental, com aqueles já acostados e os que mais se fizerem
necessários.

Dá-se à causa o valor de R$ 31.507,66 (trinta e um mil e quinhentos e sete reais e


sessenta e seis centavos).

Termos em que,
Pede e espera deferimento.

Porto Seguro/BA, 10 de outubro 2023.

AMANDA MELO DOS REIS


OAB/BA 60.974

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