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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO

DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE VITÓRIA DE


SANTO ANTÃO – PE

MATADOURO INDUSTRIAL MS LTDA ME, inscrito no Cadastro


Nacional de Pessoa Jurídica sob o nº 25.136.900/0001-05, neste ato
representado por seu representante legal nome, nacionalidade, estado civil,
profissão, RG de nº, inscrito no Cadastro Nacional de Pessoa Física sob o nº,
com sede em ROD PE 050, S/N, Sítio Cacimba KM05, Vitória de Santo Antão-
PE, com endereço eletrônico fabianaalvesmaia@yahoo.com.br, vem,
respeitosamente, perante Vossa Excelência, através da sua Advogada abaixo
assinado, procuração anexa, indicando-a para as intimações que se fizerem
necessárias, propor a presente

AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS


COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA

Em face do GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO, pessoa jurídica de


direito público, inscrito no CNPJ sob o nº 10.571.982/0001-25, com sede Rua
do Sol, 143 - Santo Antônio, Recife - PE - 50010-470, pelos fatos e
fundamentos expostos.
1. DAS INTIMAÇÕES EXCLUSIVAS

Primordialmente, em observância ao art. 272, §5º, do Código de


Processo Civil, requer-se que toda e qualquer intimação nos presentes autos
seja feita única e exclusivamente em nome da patrona subscrita, Ana Luiza
Alves da Hora Maia, OAB/PE nº 50.236, sob pena de nulidade.

2. DOS FATOS

O Requerente corresponde a pessoa jurídica de direito privado, que atua


no mercado desde XXXXX, cujas atividades desenvolvidas encontram-se no
contrato social anexado a presente exordial. Frise-se que desde a fundação
sempre teve ótimo conceito, crédito e credibilidade no mercado, jamais tendo
um registro, apontamento de inadimplência ou qualquer mácula ao seu bom
nome.

Ademais, o requerente sempre honrou com todos os seus


compromissos fiscais, apontando, declarando e pagando regularmente todos
os tributos decorrentes de suas atividades.

Ocorre que, conforme costumeiramente feito, ao realizar a escrituração


fiscal referente ao mês de fevereiro do ano de 2021, equivocadamente o
demandante declarou que aqueles valores relativos ao ICMS a recolher seriam
relativos a fevereiro de 2020, exercício o qual já possuía todos os tributos
devidamente quitados.

Assim, uma vez identificado tal equívoco, em, 18/07/2021, o requerente


procedeu com a retificação e pagamento da escrituração, demonstrando que o
respectivo recolhimento de ICMS se referia a fevereiro de 2021 e não à 2020
como havia informado anteriormente, conforme recibo de entrega de
escrituração fiscal anexo.

Além disso, em 14 de setembro de 2021, a demandante ingressou


também com o pedido de revisão de notificação de débito automática,
conforme anexo, solicitando que a Secretaria da Fazenda verificasse que a
referida cobrança se mostra indevida, uma vez que a escrituração já havia sido
retificada e paga em 18/07/2021, estando ainda pagos todo o ICMS referente
ao mês de fevereiro/2020.

Surpreendentemente, todavia, o demandante tomou conhecimento, em


17/11/2021, do apontamento para protesto do título relacionado abaixo, sendo
intimado para pagar o valor nele representado, no valor total de R$ 25.081,95
(vinte e cinco mil, oitenta e um reais e noventa e cinco centavos), perante 2º
Tabelionato de Notas e Protesto da Comarca de Santo Antão, assim
discriminado:

Título Valor Base Juros de Multa Encargos Objeto da dívida


Mora
R$15.356,99 R$1.320,6 R$1.642,79 R$2.261,5 ICMS referente ao
9 7 período de 02/2020

Frise-se que ao receber a referida intimação, o requerente mais uma vez


buscou a resolução administrativa da pendência uma vez que já havia
demonstrado e requerido por diversas vezes o reconhecimento de quitação do
supracitado imposto.

A parte ré, entretanto, em claro descaso, se limitou apenas a informar


que em decorrência da pandemia de COVID-19 estava operando em sistema
remoto, não havendo previsão de quando seria avaliado o processo
administrativo.

De outra senda, o demandante encontra-se em claro prejuízo uma vez


que o protesto do título claramente prejudica suas atividades, na medida que
impossibilita de realizar suas operações comerciais, bem como pode sofrer
execução fiscal a qualquer momento, havendo possível constrição dos seus
bens.
Destarte, verificado que se trata de cobrança indevida, estando o
imposto integralmente quitado, outra alternativa não restou ao demandante
senão o ingresso da presente ação, buscando, em caráter de urgência, a
concessão de tutela para suspender o protesto representado pelo título de nº
XXXXX, bem como a anulação do débito fiscal pleiteado e o pagamento de
indenização por danos morais.

3. DO DIREITO
3.1. DA INEXIGIBILIDADE DO TÍTULO LEVADO A PROTESTO

O Código Tributário Nacional, em seu art. 156, dispõe expressamente


sobre as formas de extinção do crédito tributário, dentre elas, o pagamento,
senão veja-se:
Art. 156. Extinguem o crédito tributário:
I - o pagamento;
(...)

Ora, Douto Juízo, conforme dito alhures, tanto o ICMS referente a


fevereiro de 2020, quanto o do exercício de fevereiro de 2021 foram
devidamente quitados, conforme comprovantes anexos, não havendo qualquer
pendência, ao contrário do protesto eivado pelo demandado.

O único equívoco cometido pela demandante foi relativo a declarar em


março de 2021, a escrituração que seria de fevereiro de 2021 como fevereiro
de 2020. Tal fato, por outro lado, não causou absolutamente nenhum prejuízo a
demandada, uma vez que em 18/07/2021, antes de sequer ter sido elaborado a
Certidão de Dívida Ativa – emitida em 14/09/2021 – o demandante
prontamente enviou a retificação da declaração por meio do RECIBO DE
ESCRITURAÇÃO FISCAL – SPED.
Logo, é inadmissível que um mero erro material altere o fato que o
pagamento foi devidamente realizado, tendo, como consequência, a extinção
do crédito tributário.

O autor não ignora a necessidade do cumprimento de certos


formalismos quanto ao pagamento de tributos, porém a ocorrência de mero
erro no preenchimento da escrituração, acrescido de total boa-fé ao tentar
sanar tal situação, bem como do recolhimento integral do imposto, não pode
gerar a exigência de pagamento em duplicidade, sob pena de configuração de
claro bis in idem e ilícito enriquecimento da parte ré.

Coadunando-se com o respectivo entendimento, os Tribunais Pátrios


entendem que no caso de mero erro de preenchimento não afasta o fato de
que houve a quitação do tributo, veja-se:

REMESSA OFICIAL E APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO TRIBUTÁRIO E


PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. ICMS – SUBSTITUIÇÃO
TRIBUTÁRIA. EQUÍVOCO NO PREENCHIMENTO DA GUIA DE
RECOLHIMENTO DE TRIBUTO. CÓDIGO DE RECEITA. ERRO
MATERIAL.QUITAÇÃO DO TRIBUTO. FATO INCONTROVERSO. CDA.
CERTEZA E LIQUIDEZ AFASTAS. EXECUÇÃO FISCAL. EXTINÇÃO.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. NORMA VIGENTE À ÉPOCA DA
PROLAÇÃO DA SENTENÇA. CRITÉRIOS LEGAIS. MAJORAÇÃO. REFORMA
DA SENTENÇA. 1. Tratando-se de tributo sujeito a lançamento por
homologação, o obrigado antecipa o pagamento sem prévio exame da
autoridade fiscal, que, por sua vez, ao tomar conhecimento da atividade por ele
exercida, expressamente a homologa (ou não) (artigo 150 CTN)

Nesta diapasão, necessário observar que uma vez tendo sido a parte ré
informada do equívoco no preenchimento por meio da escrituração retificada e
do pedido de revisão administrativo, ambos antes da inscrição em dívida
ativa,ao ao optar por não apreciar os pedidos e de pronto realizar o protesto do
título, claramente deu causa à presente ação, motivo pelo qual deve ser
condenada ao pagamento das custas e honorários sucumbenciais.
Neste sentido é que se posicionam os Tribunais Pátrios:

Por todo exposto, faz-se imprescindível a anulação do referido débito fiscal,


uma vez que se trata de título inexigível.

5.3. DA CONFIGURAÇÃO DO DANO MORAL


O Código Civil de 2002 prevê, no seu art. 927, que, para haver a obrigação de
reparar o dano, é imperiosa, em regra, a configuração de ato ilícito. Este, por sua vez,
encontra-se previsto nos arts. 186 e 187 da mesma norma. Por ora, será analisado o
primeiro dispositivo, in verbis:
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

Depreende-se, desta senda, que necessariamente precisa haver a presença de


quatro pressupostos gerais no caso em comento, tais quais sejam: conduta do agente,
culpa lato sensu, dano e nexo de causalidade.
Destarte, no momento em que a Parte Ré nega a uma pessoa idosa e
diabética a realização de um exame de baixa complexidade, que se encontra no rol
da ANS como de cobertura obrigatória, produz consequências ilegais no âmbito
jurídico, possuindo ainda a culpa por se tratar de um caso em que ele
conscientemente tem a obrigação de agir em decorrência legal, mas
voluntariamente prefere se negar a realizar o procedimento.
Ademais, de tal conduta ilegal e culposa, gerou-se na Autora um dano de
cunho que abala profundamente seu psicológico e, consequentemente, sua própria
dignidade, uma vez que se encontra angustiada e extremamente nervosa por não
saber se toda a debilidade de saúde está sendo agravada por a possibilidade de
possuir fibrose hepática, fator que pode se encaminhar para uma cirrose e
posteriormente um possível câncer no fígado.
Por tudo exposto, faz-se imprescindível condenar a parte Ré ao pagamento de
indenização em decorrência da prática de danos morais, uma vez que de sua conduta
ilícita e culposa derivou um dano psíquico irreparável na figura da Requerente.

4. DA TUTELA DE URGÊNCIA

De acordo com o art. 300 do Código de Processo Civil sempre que for
evidenciado a probabilidade do direito e o perigo de dano, deverá ser
concedida tutela de urgência a fim de evitar danos irreparáveis a parte autora.
No caso em epígrafe, restou cabalmente comprovada a probabilidade do direito
no caso em epígrafe por meio dos comprovantes de pagamento dos impostos
referentes aos exercícios de fev/20 e fev/21, além da escrituração de
retificação e pedido administrativo de revisão, os quais demonstram que o
imposto cobrado foi devidamente quitado e, consequentemente, o crédito
tributário foi extinto.

Inquestionável também o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do


processo, uma vez que a empresa já possui XXX anos no mercado e o protesto
do título indevido vem acarretando diversos prejuízos a empresa perante o
mercado comercial por estar com restrições de crédito, além de possuir risco
iminente de sofrer execução fiscal e, consequentemente, penhora dos seus
bens.

Por todo exposto, faz-se imprescindível que haja a suspensão do protesto de


nº, uma vez que o título é evidentemente ilegal, além de vir causando diversos
prejuízos à imagem e às atividades do demandante.

5. DOS PEDIDOS

Por todo exposto, requer-se que o Douto Juízo se digne a:

(a) Conceder a tutela de urgência, inaudita altera pars, a fim de suspender o


protesto de nº perante o 2º Tabelionato de Notas e Protesto da Comarca
de Santo Antão, uma vez que o título é evidentemente ilegal, além de vir
causando diversos prejuízos irreparáveis à imagem e às atividades do
demandante;
(b) Citar a parte ré, para que, querendo, oferte contestação no prazo legal,
sob pena de revelia;
(c) Ao final, confirmar a tutela de urgência, sendo reconhecido o pagamento
integral do ICMS referente ao mês de fevereiro de 2020, com a
consequente extinção do crédito tributário e da CDA nº, declarando a
inexistência do débito tributário;
(d) Condenar o requerido ao pagamento de indenização por danos morais
no montante de R$ 8.000,00 (oito mil reais), visto que o protesto do título
indevido maculou a imagem da empresa perante suas atividades e
restringiu a aquisição de créditos, devendo ainda ser definido o índice de
correção monetária, seu termo inicial, os juros moratórios e seu termo
inicial, conforme súmulas 43 e 54 do Superior Tribunal de Justiça;
(e) Condenar a demandada em custas e honorários sucumbências, estes
no patamar de 20% sobre o valor da causa, conforme art. 85, §3º, I,
CPC;

Protesta provar o alegado por todos os meios de provas admitidos, em especial


por meio das provas documentais.

Dá-se a causa o valor de R$15.356,99

Nestes termos,
Pede deferimento.

Recife, 21 de janeiro de 2022.

Ana Luiza Alves da Hora Maia


OAB-PE Nº 50.236

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