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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – OAB 1ª FASE

1. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: deve ser levado em conta que o ECA foi


possível apenas a partir da CF/88 que trouxe a redemocratização e uma ampla
gama de direitos.

CÓDIGO DE MENORES DE 1979: bastante restrito, em que usava a política


da “situação irregular” para que a criança e adolescente fosse objeto de tutela e
intervenção de adultos (não era sujeito de direito).
Tal código possuía conceitos bastante abrangentes o que gerou na época
atos várias vezes arbitrários.

2. A DOUTRINA DA PROTEÇÃO INTEGRAL: com o advento do ECA,


passou-se a adotar a doutrina da proteção integral que está prevista no art. 1º e
que, consequentemente, atribui ao menor incapaz, em desenvolvimento a figura
de um sujeito de direitos.
Para que ele possa exercer esses direitos, em contrapartida, corresponde a
responsabilidade solidária de todos (pais, Estado e sociedade) exercer os
deveres necessários. Esses deveres não serão de cunho meramente moral, mas
sim exigíveis pelo poder público, inclusive através de ação.
O dever de observar se os deveres estão sendo cumpridos passa a ser da
municipialidade, possibilitando uma maior participação da sociedade civil.

O ECA contém em um único dispositivo assuntos de natureza civil,


administrativa e penal.

DIFERENCIAÇÃO ENTRE A DOUTRINA DO CÓDIGO DE MENOR E


DO ECA:
CM → SITUAÇÃO IRREGULAR: tinha natureza de filantropia (caridade) e
caráter assistencialista, sendo a fiscalização monocrática e centralizadora da
União e Estados;
ECA → PROTEÇÃO INTEGRAL: natureza de política pública, visto que se
trata de um direito subjetivo fundamental, sendo a fiscalização mais
democrática, passando a ser de competência do município e possibilitando que a
sociedade civil participe.

3. DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS REFERENTES AO DIREITO DA


CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: possui disposição entre os art. 227 e 229
e se trata de direitos fundamentais e, consequentemente, cláusulas pétreas os
quais não podem ser alterados sob pena de inconstitucionalidade.
EXCEÇÃO: pode haver alteração do texto legal visando ampliar o espectro de
direitos resguardados.

4. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: PARTE GERAL:


4.1. CRITÉRIO LEGAL PARA DEFINIÇÃO DE CRIAÇÃO E
ADOLESCENTE: art. 2º, ECA
CRIANÇA: até 12 anos de idade incompletos;
ADOLESCENTE: de 12 aos 18 anos. *de 18 a 21 anos nos casos previstos em
lei (adolescente autor de ato infracional que atinja a maioridade será liberado
compulsoriamente).
OBS.: IMPUTABILIDADE PENAL: que é a partir dos 18 anos é um direito
fundamental da criança e do adolescente.

CRITÉRIO OBJETIVO: a diferenciação feita acima é totalmente objetiva e


não admite questionamentos no âmbito prático.

4.2. CRIANÇA E ADOLESCENTE COMO SUJEITOS DE DIREITO (art. 3º):


são consideradas iguais como qualquer pessoa, só que estando em
desenvolvimento, sendo proibida qualquer tipo de discriminação.

Art. 5º - dever de todos proteger os direitos das crianças.

4.3. DIREITO A PRIORIDADE ABSOLUTA: advém da proteção integral e quer


dizer que todos devem garantir a prioridade de tratamento da criança e do
adolescente nos casos do art. 4º, § único, como, por exemplo, receber proteção e
socorro, ser atendido primeiro nos serviços públicos, inclusive deve haver
prioridade de aplicação de recursos para as crianças e adolescentes, etc. Tal
direito decorre do fato que eles não possuem capacidade de gerir por si só a vida.

4.4. INTERPRETAÇÃO DO ECA (art. 6º): ela será teleológica – no caso de


lacuna normativa, a interpretação deverá ser feita de acordo com o fim social a
que se destina (garantir a proteção da criança e do adolescente).

4.5. DIREITO À VIDA E À SAÚDE (arts. 7º ao 14): são vistos como direitos
interdependentes entre si e ligados aos direitos humanos gerais.

DESDE A GESTAÇÃO: este direito abarca desde a gestação, garantindo, assim,


o direito da mãe ao pré-natal, ao parto, ao aleitamento materno, etc.
ASSISTÊNCIA PSICOLÓGICA: também é garantida as mães em fase pré e
pós natal, principalmente as que pretendem entregar o filho para adoção e as que
cumprem penas privativas de liberdade.

4.6. DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE (art. 15 a


18-B): as crianças possuem liberdade de ir e vir, de opinar, de se expressar, de
brincar, de se divertir, de praticar esportes, etc.
Art. 17 – preservar a imagem, a identidade, inviolabilidade da integridade, etc.
Art. 18 – de não expor a criança a situação vexatórias.

ATENÇÃO→ PROIBIÇÃO DA PRÁTICA DE CASTIGOS CRUÉIS: a


criança tem direito de ser educado, sem ser exposto a castigos e tratamentos
cruéis e degradantes.
CASTIGO FÍSICO: aplicação de força física de natureza disciplinar e punitiva
que cause lesão ou sofrimento físico;
TRATAMENTO CRUEL: que o humilhe ou o ridicularize.
PAIS QUE DESCUMPREM: advertência, programas de orientações, passar por
tratamento psicológico e psiquiátrico, etc.
SERVIÇOS DE SAÚDE: são obrigados a informar ao Conselho Tutelar em
caso de suspeita de maus-tratos a criança.

4.7. DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA:


4.7.1. CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: necessário frisar que a CF/88 adota os
laços de consanguinidade (biológica) e afetividade (civil) para determinar
quem são os filhos, não havendo qualquer tipo de discriminação entre eles –
direito personalíssimo indisponível e imprescritível.

4.7.2. ESPÉCIES DE FAMÍLIA:

CF/88 (art. 226) → define como entidade familiar aquela formada pelo
casamento, união estável, bem como qualquer um dos pais ou seus
descendentes.

ECA → há três modalidade de família:


a) Família natural: é aquela formada pelos pais (ou qualquer um deles) e
seus descendentes.
b) Família extensa: são os parentes próximos que a criança convive,
havendo afinidade e afetividade.
c) Família substituta: são os institutos da guarda, tutela e adoção.

 O PODER FAMILIAR: é um direito-função dos pais (sem distinção entre pai


e mãe) e responsáveis consistentes em um complexo de deveres pessoais e
patrimoniais para com o filho menor, sempre buscando o melhor interesse
deste.
Em caso de divergência entre os pais, poderá ser recorrido as vias
judiciárias.

DEVERES:
a) De sustento: é de prestar subsistência ao filho até os 24 anos se estiver
estudando.
b) De guarda: dos filhos terem oportunidade de conviver com os pais e vice-
versa.
c) De educação: é de educação familiar e de educação formal para a instrução
básica.
SANÇÕES: como se trata de uma previsão constitucional e legal, o
descumprimento de tais deveres poderá gerar responsabilização civil e penal
(abandono de incapaz, abandono material e intelectual), bem como causar a
suspensão ou destituição do poder familiar.

PERDA OU SUSPENSÃO DO PODER FAMÍLIAR: necessariamente


precisa ser por processo judicial e passar pelo contraditório.
HIPOTESES:
I – descumprimento dos deveres narrados acima;
II – aplicação de castigo imoderado;
III – abandonar o filho;
IV – pratica de atos contrários a moral e os bons costumes.
V – abuso de autoridade reiterado.

CUIDADO → Não são hipóteses de perda ou suspensão do poder familiar os


casos de presença na família de dependentes de substância entorpecentes, a falta
de recursos (a criança tem que ser incluída em programa de proteção e apoio) e a
condenação a pena privativa de liberdade dos pais ou um deles (exceto pratica
de crime doloso contra filho), visto que a família natural tem preferência sobre
as demais e deve ser mantida ao máximo*.

ACOLHIMENTO: as crianças que tiverem sido destituídas ou afastadas


temporariamente da família serão acolhidas em instituições por prazo máximo
de 2 anos, salvo comprovada necessidade fundamentada pelo juiz, devendo
haver reavaliação semestral sobre a possibilidade de reintegrar a criança na
família ou coloca-la em família substituta.

 FAMÍLIA NATURAL: relacionada com o parentesco biológico (ambos ou um


dos pais), sendo esta a preferência para a criança e adolescente, só sendo
retirada desta em caso de risco para seu desenvolvimento ou de risco a seus
direitos fundamentais*

 FAMÍLIA SUBSTITUTA: será aquela adotada em caráter excepcional de


necessidade e corresponde aos institutos de guarda, tutela (pode ser temporário)
e adoção (sempre definitivo), sempre devendo ser avaliado se a família
substituta oferece ambiente adequado.

OITIVA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE: a opinião da criança deve


ser, sempre que possível, ouvida por profissionais. Já os adolescentes precisam
obrigatoriamente consentir.
PARENTESCO: o grau de parentesco e afetividade sempre serão analisados
nestes casos, sendo prioridade que irmãos fiquem juntos na família substituta,
salvo em caso excepcionais como risco de abuso.

INDIGENAS E QUILOMBOLAS: crianças dessas etnias preferencialmente


serão colocadas em famílias de mesma etnia e serão acompanhados por
antropólogos e agentes da FUNAI.

FAMÍLIA ESTRANGEIRA: é admissível de forma excepcional somente para


adoção.

a) GUARDA: lembrar que é um dos deveres básicos do poder familiar e


preferencialmente serão exercidos pelos pais.
Como família substituta, a guarda será decorrente de decisão
familiar que irá conceder a um dos pais (divórcio ou separação) ou a
terceiros a detenção da guarda da criança, gerando o dever de assistência
moral e educacional ao detentor da guarda, sendo assegurado a condição de
dependente.

PRECÁRIA: pois apesar de poder se opor a terceiros, a guarda não destitui


o poder familiar, havendo ainda direito de visitas e alimentos (salvo
expressa previsão em contrário). Além disso, pode ser revogada a qualquer
tempo pelo juiz, ouvido o MP.

b) TUTELA: poder conferido a um capaz para reger um incapaz e administrar


seus bens na falta dos pais.
HIPÓTESES: será decretada judicialmente no caso de falecimento dos pais
ou perda e suspensão do poder familiar.
SUBSDIÁRIA A FAMÍLIA: decretar a tutela subentende que há
suspensão ou perda do poder familiar e o dever de guarda.
PERDA OU SUSPENSÃO DA TUTELA: mesmas hipóteses da familiar.

LEITURA DOS ARTS. 33 A 38 DO ECA!

c) ADOÇÃO:

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