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CF, Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às
normas da legislação especial.
No Direito Romano, as crianças não eram titulares de direitos, eram vistas como patrimônio.
Dessa forma, era permitido que o patriarca rejeitasse o filho que nascesse com deficiência.
Originando a adoção, porque acreditava-se que um filho concedia passagem para o céu
dos deuses. Assim, quando incorporado ao patrimonio, uma criança era “coisificada”
garantido a entrada aos céus.
Crianças fora do núcleo familiar, quando os pais faleciam ou eram abandonadas, não
eram alcançadas pelo Direito Privado, porque não titularizavam patrimonio ou
herança, e consequentemente, não havia violação de direitos.
Quando fora do núcleo, eram considerados delinquentes ou abandono, sendo um
incomodo social. As soluções consistiam em retirar das ruas e postos em prisões,
abrigos ou internações.
Na segunda metade do século XX, com o movimento sindical e trabalhista norte americano,
houve uma percepção da necessidade de alterar o tratamento das crianças, para condições
mais justas.
No Direito Brasileiro, de 1927 a 1979 foi implementado o código “Mello Mattos”. O menor,
abandonado ou delinquente, menor de 18 anos, seria submetido às medidas de assistência e
proteção, nos termos deste código.
Segmentação, enquanto estes eram regulados por esse código, aqueles no âmbito
familiar, eram protegidos pelo direito familiar.
No período entre 1979 e 1990, adotou-se o Código de Menores, que dividia e discriminava a
população infantojuvenil. Num período de ditadura, o governo militar comanda um Brasil
signatário de um tratado que preconiza um melhor tratamento universal às crianças, porém,
nega seu cumprimento e sua atualização (crime de lesa-pátria). Dessa, forma sofre ameaças de
intervenção internacional.
Com a CF/88, foi implementada a Teoria da Proteção Integral, no qual o ECA concebe a
criança e o adolescente como titular de direitos específicos, tendo como diretrizes manter a
criança em sua família de origem e impor um tratamento retributivo penal igual aos adultos.
Temos como Base constitucional, a proteção integral com objetivos constitucionais (art. 3°,
CF) e Direitos Sociais (art. 6°, CF)
O Direito adotou o conceito médico de que o ponto da maturidade e raciocínio ocorre por
volta dos 18 anos.
Medida Socioeducativa
O ato infracional é uma conduta humana, por ação ou omissão, tipificada em legislação penal
como crime ou contravenção.
Como o inimputável não comete crime, e sim, ato infracional, não segue o rito do CPP. Dessa
forma, está sujeito a uma legislação especial, formado por repressão + restauração.
Como uma área autônoma do direito penal e consequentemente processual penal, não há o
que se falar em ação penal condicionada/incondicionada, por exemplo.
OBS.: o que normalmente se vê, é a percepção de uma prévia lesão suportada pela pessoa no
exercício dos direitos de desenvolvimento.
Pena MSE
Trata-se de uma sanção especial, pois exige soluções individuais, tendo em conjunto a
retribuição e a promoção pessoal. No qual, a persecução será sempre pública incondicionada.
Regras Gerais
Será considerada a idade da data da conduta e não a do resultado, cessando aos 21 anos, pois
perde a eficácia.
ATENÇÃO! Adolescentes (12 a 18 anos) aplica-se medidas socioeducativas (art. 112), com
um processo persecutório especial, já criança (até 12 anos incompletos), são medidas
protetivas, sem conteúdo preventivo-retributivo (sem processo persecutório formal).
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo
máximo de quarenta e cinco dias.
Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo
legal.
Direito a ampla defesa, regular contraditório, juiz natural e duplo grau de jurisdição.
É um rol taxativo, porém cumulativo, quando de mesma natureza e/ou medidas protetivas.
Competência administrativa
Pode ser acumulada quando compatíveis entre si e substituídas, quando de liberdade assistida,
semiliberdade e internação, para manutenção ou extinção.
Se a medida aplicada por fato novo, sendo da mesma natureza, quando ainda em curso,
poderá ser unificada. Não irá aumentar o tempo e sim, readequar para a fusão das medidas,
com uma maior profundidade.
Caso seja aplicado uma nova medida para fato anterior que gerou internação já cumprida,
haverá a absorção retroativa para fatos anteriores. Ou seja, a nova medida será extinta, poque
o objetivo da primeira (ressocialização) é a mesma da segunda.
Será extinta quando, do cumprimento de suas finalidades (promoção social e pessoal), gera
aspectos excepcionais admitidos como extintivos:
Morte do agente;
Doença gravíssima que impede o cumprimento;
Extinção da punibilidade especial com 21 anos;
Advento da condenação criminal;
Maior de 18, em cumprimento de MSE, vem a responder a processo-crime
(descontando da MSE o tempo de prisão penal cautelar).
Quanto à severidade:
o Meio aberto: junto à comunidade;
o Meio fechado: permanece institucionalizado;
o Meio semiaberto: um período institucionalizado e outro junto a família.
Quanto a forma de cumprimento:
o Por tarefa: cumpre quando desempenhar determinada atividade;
o Por desempenho: suprimento de necessidade pedagógicas, podendo ser
redefinido no decorrer do tempo.
Quanto à duração:
o Instantânea: não se prolonga no tempo;
o Continuada: prolonga-se no tempo.
Tempo mínimo: determinado ou indeterminado;
Tempo máximo: legal (fixado por lei) ou judicial (juiz fixa).
Quanto ao gerenciamento da medida:
o Gerenciamento judicial;
o Gerenciamento pelo Executivo Municipal;
o Gerenciamento pelo Executivo Estadual.
Continuada
Para aplicar determinada medida, deverá levar em conta três elementos: capacidade do
adolescente de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração.
Advertência
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a termo
e assinada.
Deve apurar a autoria e materialidade do ato infracional, não sendo necessário o processo de
execução (dá-se por sentença), ou acompanhamento posterior do adolescente.
Essa admoestação (simples repreensão verbal) feita pelo Juiz da Infância e da Juventude
(pessoalmente), será reduzida a termo da advertência.
Visa compensar a vítima pelo dano sofrido por meio de restituição do bem, ressarcimento em
pecúnia, compensação do prejuízo de forma distinta do puro pagamento.
Prevalece o caráter preventivo-retributivo para delitos que não se enquadrariam aos delitos
mais leves submissos à advertência ou ressarcimento.
Para período inferior a 6 meses, à 8 horas semanais, preferencialmente em dia não úteis,
para não prejudicar a frequência escolar/laboral. Deve haver a possibilidade física e mental
para a realização das tarefas.
Será expedido um guia de execução, no processo de execução, devendo ser acompanhado por
entidade de atendimento responsável pela execução do programa com realização de relatório.
(guia + PIA)
Liberdade assistida
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais
adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a
qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o
orientador, o Ministério Público e o defensor.
ATENÇÃO! As medidas de meio aberto são aplicadas para diversos tipos penais apenados
com detenção e reclusão, porém, sem violência ou grave ameaça.
O rol de orientadores deverá ser comunicado a cada 6 meses à autoridade judicial e ao MP.
Ademais, compete credenciar entidades assistência, hospitais, escolas, conforme a pessoa do
socioeducando e o ambiente a qual será designado.
Semiliberdade
Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determinado desde o início, ou como
forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades
externas, independentemente de autorização judicial.
Tal medida não pode ser aplicada em cumulação à remissão, estando sujeito a um prazo
indeterminado, dentro do limite de 3 anos.
Pode ser aplicada com progressão da medida de internação no processo de execução, como
transição para o futuro meio aberto.
Internação
Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios
de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em
desenvolvimento.
Não possui prazo determinado, devendo ser reavaliado a cada 6 meses, não excedendo a 3
anos. Assim, findo 3 anos, deverá ser libertado, sendo colocado em regime de semiliberdade
ou liberdade assistida.
Modalidades de
Características Prazo Fundamento
internação
Decretada no processo
Internação
de conhecimento pelo Até 45 dias Art. 108 ECA
provisória
juiz, antes da sentença.
Decretada no processo
Prazo determinado de execução, pelo
ou Internação- descumprimento de Até 3 meses Art. 122, III, ECA
Sanção medida anterior
imposta.
As unidades de internação não podem acolher não infratores, devendo separar por gravidade,
idade e porte físico
OBS.: não se trata de troca, e sim, cumprimento temporário com retorno a medida
socioeducativa.
OBS.: não faria sentido a troca de qualquer outra medida, que não semiliberdade, por
internação, uma vez que no processo de conhecimento não era cabível. Só torna a situação do
agente mais difícil. No entanto, não há vedação expressa da lei, cabendo interpretação
extensiva.
Reavaliação obrigatória
Reavaliação antecipada
A substituição in pejus, deverá ser feita por meio de sentença. Caso seja para melhorar, por
meio de decisão interlocutória, da qual cabe agravo.
Não possui grave ameaça ou violência, mas é tido como equiparado a crimes
hediondos.
Anteriormente, poderia aplicar a internação, até mesmo para agente primário, em casos de
tráfico de drogas, porque apesar de não incumbido de violência ou grave ameaça, era visto
como violência social.
Em caso de primariedade, não há previsão no ECA, porém, por reiteração, uma vez que o ato
é grave, é cabível a internação.
Regras da aplicação da internação na sentença ou em substituição na execução
Receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o deseje
Manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-los,
recebendo comprovante daqueles porventura depositados em poder da entidade
É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos, cabendo-lhe
adotar as medidas adequadas de contenção e segurança
Remissão
ECA, Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato
infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder a remissão, como
forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e consequências do fato,
ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor
participação no ato infracional.
Pode ser considerada uma renúncia à persecução estatal pelo titular da ação socioeducativa
pública incondicionada ou pela disponibilidade à persecução estatal por esse titular. Ou
também, como natureza jurídica de perdão judicial.
Cabimento: para atos infracionais de menor gravidade, cumulado com a análise do perfil
individual (fato objetivo + subjetivo).
Uma vez aplicada a medida, poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante
pedido expresso do adolescente, representante legal ou MP.
Formas de aplicação:
**grave ameaça é um elementar de delito, representa violência moral para obrigar a vitima a
se subjugar sob temor a um dano maior (ex.: roubo)
Os atos infracionais não graves poderão ser apreendidos em flagrante, sendo levado
imediatamente à Polícia Civil pelas forças públicas. Assim, será lavrado o boletim de
ocorrência circunstanciado.
OBS.: a oitiva informal é importante para a convenção do autor da ação propô-la, uma vez
que não há a presença do contraditório e ampla defesa.
Fase processual
Na segunda audiência:
Ouvidas as testemunhas
Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer medida, desde que reconheça na
sentença:
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família e,
excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em
ambiente que garanta seu desenvolvimento integral.
(2ª parte)
Tudo aquilo que esteja fora do consórcio de família original, é família substituta (não é apenas
o adotante).
O poder familiar é o conjunto de poderes e deveres impostos por lei, CC e ECA, relacionada
aos seus filhos e aos bens de seus filhos, sendo prerrogativa exclusiva no primeiro grau de
ascendente e descendente. Assim, é inerente à relação materno-filial e/ou paterno filial. O
poder familiar não é transferido pela guarda.
Deriva do parentesco civil, porém, não de confunde com este. Sendo temporário
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os
mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias
relativas à filiação.
Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe,
na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em
caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da
divergência.
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores,
cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as
determinações judiciais.
CC, Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o
pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos:
I - Dirigir-lhes a criação e a educação;
II - Exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584;
Em caso de dissolução da convivência sob mesmo teto.
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;
IV - Conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior;
V - Conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência permanente
para outro Município;
VI - Nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não
lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar;
VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos
da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-
lhes o consentimento;
VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
IX - Exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e
condição
II - Pela emancipação, nos termos do art. 5°, parágrafo único; (causa ocasional de extinção
voluntária)
V - Por decisão judicial, na forma do artigo 1.638. (causas que exigem reflexão a seguir)
Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles
inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o
Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e
seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha.
Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe
condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de
prisão.
Poderá ser temporiamente suspenso por decisão judicial, como tutela provisória de
urgência initio litis (antecipatória parcial) no processo de perda ou destituição definitiva,
havendo uma das hipóteses do art. 1638 do CC)
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: I - castigar
imoderadamente o filho; II - deixar o filho em abandono; III - praticar atos contrários à
moral e aos bons costumes; IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo
antecedente. V - Entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção.
Parágrafo único. Perderá também por ato judicial o poder familiar aquele que: (Incluído
pela Lei nº 13.715, de 2018) I – praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder
familiar: (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018) a) homicídio, feminicídio ou lesão
corporal de natureza grave ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso
envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de
mulher; (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018) b) estupro ou outro crime contra a
dignidade sexual sujeito à pena de reclusão; (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018) II –
praticar contra filho, filha ou outro descendente: (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018) a)
homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte, quando
se tratar de crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou
discriminação à condição de mulher; (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018) b) estupro,
estupro de vulnerável ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão.
Família natural
Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e
seus descendentes.
Regras comuns: