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Direito da Criança e do Adolescente

Âmbito do direito que regula as relações de proteção infantojuvenil.

 É um microssistema jurídico, independente do direito penal, porém, próximo.

Durante o processo de formação e desenvolvimento biopsicossocial, impõe deveres à família,


sociedade e Poder Público, facilitando o exercício pleno dos direitos fundamentais com
prioridade.

 Neste ponto, percebe-se que a liberdade do desenvolvimento é diferente da vida


adulta. Trata-se de pessoas hiper vulneráveis, sobrepondo-se aos outros direitos
fundamentais.

Há a presença de cláusulas pétreas na CF, promovendo mais direitos a favor de crianças e


adolescentes:

CF, Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado (define os destinatários do


dever de garantir o exercício pleno desses direitos) assegurar à criança, ao adolescente
e ao jovem, com absoluta prioridade (dever de atendimento prioritário), o direito à
vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária (reconhece
direitos fundamentais), além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (proteção especial, cumprir
os deveres e evitar quaisquer tratamento degradantes, etc).

CF, Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às
normas da legislação especial.

O Brasil é signatário de tratados e convenções de direitos humanos, implementando em suas


bases constitucionais a Teoria da Proteção Integral (linha principiológica), presente no art.
277, “caput”, CF.

 São direitos próprios em torno desta vulnerabilidade.


 Maior complexidade: confronto com a lei e ao mesmo tempo, protegido integralmente.
História

No Direito Romano, as crianças não eram titulares de direitos, eram vistas como patrimônio.
Dessa forma, era permitido que o patriarca rejeitasse o filho que nascesse com deficiência.

 Originando a adoção, porque acreditava-se que um filho concedia passagem para o céu
dos deuses. Assim, quando incorporado ao patrimonio, uma criança era “coisificada”
garantido a entrada aos céus.

Durante a Idade Média e o período Moderno (1453 a 1789), manteve-se o pensamento


romano. Após a Revolução Francesa, já na Idade Contemporânea, foi usado como base o
direito romano para refundação do Direito Privado, mantendo-se a objetificação da criança.

 Crianças fora do núcleo familiar, quando os pais faleciam ou eram abandonadas, não
eram alcançadas pelo Direito Privado, porque não titularizavam patrimonio ou
herança, e consequentemente, não havia violação de direitos.
 Quando fora do núcleo, eram considerados delinquentes ou abandono, sendo um
incomodo social. As soluções consistiam em retirar das ruas e postos em prisões,
abrigos ou internações.

Na segunda metade do século XX, com o movimento sindical e trabalhista norte americano,
houve uma percepção da necessidade de alterar o tratamento das crianças, para condições
mais justas.

 Com as Grandes Guerras, originou-se com a ONU, a Declaração Universal dos


Direitos do Homem, Declaração dos Direitos da Criança (DDC) e a Convenção
Internacional dos Direitos da Criança.

No Direito Brasileiro, de 1927 a 1979 foi implementado o código “Mello Mattos”. O menor,
abandonado ou delinquente, menor de 18 anos, seria submetido às medidas de assistência e
proteção, nos termos deste código.

 Segmentação, enquanto estes eram regulados por esse código, aqueles no âmbito
familiar, eram protegidos pelo direito familiar.

No período entre 1979 e 1990, adotou-se o Código de Menores, que dividia e discriminava a
população infantojuvenil. Num período de ditadura, o governo militar comanda um Brasil
signatário de um tratado que preconiza um melhor tratamento universal às crianças, porém,
nega seu cumprimento e sua atualização (crime de lesa-pátria). Dessa, forma sofre ameaças de
intervenção internacional.

Com a CF/88, foi implementada a Teoria da Proteção Integral, no qual o ECA concebe a
criança e o adolescente como titular de direitos específicos, tendo como diretrizes manter a
criança em sua família de origem e impor um tratamento retributivo penal igual aos adultos.

Temos como Base constitucional, a proteção integral com objetivos constitucionais (art. 3°,
CF) e Direitos Sociais (art. 6°, CF)

CF, Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a


moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição.

 Finalidade: redução da desigualdade social e regional no Brasil.


 A Teoria da Proteção Integral à infância e juventude e a menoridade penal são
diretrizes internacionais, derivando de tratados e convenções internacionais sobre
direitos humanos da ONU, no qual o Brasil faz parte.

O Direito adotou o conceito médico de que o ponto da maturidade e raciocínio ocorre por
volta dos 18 anos.

Políticas públicas de infância e juventude

CF, Art. 227, § 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da


criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades não
governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes preceitos:

CF, §3°, VII - programas de prevenção e atendimento especializado à criança, ao


adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes e drogas afins.

o Integração social e preparação para o trabalho do adolescente/jovem portador


de deficiência.

CF, § 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:


VI - Estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e
subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou
adolescente órfão ou abandonado

o Trata-se do acolhimento familiar e não institucional.

Menoridade penal ou complexidade de enfrentamento

Art. 227, §3°, V - Obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e


respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de
qualquer medida privativa da liberdade;

Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às


normas da legislação especial.

a) Princípio da brevidade: período de internação o mais breve possível, não podendo


ultrapassar 3 anos;
b) Princípio da excepcionalidade: medida subsidiária, quando não couber outra medida
socioeducativa.

Medida Socioeducativa

O ato infracional é uma conduta humana, por ação ou omissão, tipificada em legislação penal
como crime ou contravenção.

Como o inimputável não comete crime, e sim, ato infracional, não segue o rito do CPP. Dessa
forma, está sujeito a uma legislação especial, formado por repressão + restauração.

A medida imposta é socioeducativa, de forma impositiva, coercitiva, preventiva geral e


especial, retributiva, restaurativa de direito fundamentais como família, drogas, estudo,
formação profissional, recuperação de saúde, etc.

 Mesmo que breve, consiste em uma intensa recuperação


 Gera uma promoção social pessoal de restauração de direitos
 Há uma necessidade de ver resultados na ressocialização, diferente do que ocorre nas
penas privativas.
prevenção geral restauração de brevidade e
retribuição
e especial direitos intensidade

Como uma área autônoma do direito penal e consequentemente processual penal, não há o
que se falar em ação penal condicionada/incondicionada, por exemplo.

 A finalidade da medida socioeducativa, bem como seu conteúdo e natureza são


diferentes das penas penais.

OBS.: o que normalmente se vê, é a percepção de uma prévia lesão suportada pela pessoa no
exercício dos direitos de desenvolvimento.

Pena MSE

Limites mínimos e máximos Preceito primário para a retribuição e prevenção + resposta


definidos em lei pedagógica-protetiva individualizada pela sentença

Trata-se de uma sanção especial, pois exige soluções individuais, tendo em conjunto a
retribuição e a promoção pessoal. No qual, a persecução será sempre pública incondicionada.

Regras Gerais

Será considerada a idade da data da conduta e não a do resultado, cessando aos 21 anos, pois
perde a eficácia.

 Nos delitos permanentes ou continuados na passagem da adolescência para idade


adulta: primeiro a sanção penal e depois a especial, se houver tempo.

ATENÇÃO! Adolescentes (12 a 18 anos) aplica-se medidas socioeducativas (art. 112), com
um processo persecutório especial, já criança (até 12 anos incompletos), são medidas
protetivas, sem conteúdo preventivo-retributivo (sem processo persecutório formal).

Antes da sentença socioeducativa, poderá ocorrer a privação de liberdade em caso de


flagrante de suposto ato infracional grave, sendo realizada pela autoridade policial, para
delitos de violência ou grave ameaça (hediondo e equiparado), apenados com reclusão.

Ou também, por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente.

São Direitos do adolescente:


 Identificar os responsáveis e informar seus direitos;
 Comunicação à autoridade judiciária competente e à família;
 Analise judicial de imediata liberação em qualquer hipótese.
Tem o prazo de 45 dias, mesmo pendendo de prova da defesa, para apreensão provisória.

Devendo haver necessidade imperiosa da medida, indícios suficientes de autoria e


materialidade para manter ou decretar a apreensão provisória.

Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em


flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade
judiciária competente.

Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos responsáveis


pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de seus direitos.

Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra


recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e
à família do apreendido ou à pessoa por ele indicada.

Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de responsabilidade, a


possibilidade de liberação imediata.

Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo
máximo de quarenta e cinco dias.

Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-se em indícios


suficientes de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da
medida.

Garantias individuais do autor do ato infracional

Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo
legal.

Direito a ampla defesa, regular contraditório, juiz natural e duplo grau de jurisdição.

Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes garantias:

I - Pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante citação ou


meio equivalente;
Notificação e intimação;

II - Igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e


testemunhas e produzir todas as provas necessárias à sua defesa;

Há situações que se aplica o artigo 217 do CPP: videoconferência ou retirada do


réu, quando a presença puder causar humilhação, constrangimento à
testemunha/ofendido.

III - defesa técnica por advogado;

IV - Assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei;

V - Direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente; (autodefesa)

VI - Direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do


procedimento.

É importante para se ter conhecimento da índole do adolescente, de seu


comportamento social e familiar, personalidade, envolvimento com drogas, além da
própria situação do núcleo familiar.

Aplicação da Medida Socioeducativa

Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá


aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
I - Advertência;
II - Obrigação de reparar o dano;
III - prestação de serviços à comunidade;
IV - Liberdade assistida;
V - Inserção em regime de semi-liberdade;
VI - Internação em estabelecimento educacional;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. (medidas de proteção)

É um rol taxativo, porém cumulativo, quando de mesma natureza e/ou medidas protetivas.

§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri-la,


as circunstâncias e a gravidade da infração.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho
forçado.

§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento


individual e especializado, em local adequado às suas condições.

No sistema jurídico-infracional não há a absolvição imprópria ou medida de segurança.


Assim, nesse caso, quando o adolescente infrator for portador de deficiência mental ou
desenvolvimento mental retardado ou incompleto, poderá requisitar o tratamento psiquiátrico
em regime hospital ou ambulatorial (MSE + MProt.)

Durante o cumprimento da MSE, havendo a percepção de transtorno mental, será realizado


um relatório da equipe técnica nos autos da execução, perícia multidisciplinar e, dependendo
da conclusão médica, a medida poderá ser suspensa para o tratamento e após a estabilização,
retorna o cumprimento ou substitui por medida protética. Em casos extremos, pode extingui-
la.

Os objetivos da medida socioeconômica, conforme Lei 12/594/2012 (SINASE):

I - A responsabilização do adolescente quanto às consequências lesivas do ato


infracional, sempre que possível incentivando a sua reparação;

II - A integração social do adolescente e a garantia de seus direitos individuais e


sociais, por meio do cumprimento de seu plano individual de atendimento; e

III - a desaprovação da conduta infracional, efetivando as disposições da sentença


como parâmetro máximo de privação de liberdade ou restrição de direitos, observados
os limites previstos em lei.

Este plano individual de atendimento (PIA) é um documento advindo da analise


multidisciplinar que, junto à responsabilização, identifica os problemas do agente, traçando
metas individuais de promoção.

RETRIBUIÇÃO + RESTAURAÇÃO INDIVIDUALIZADA.

Competência administrativa

 União: coordenar a socioeducação no Brasil, traçar metas com os Estados e


Municípios, e auxiliar os demais entes com verbas;
 Estados: criar, desenvolver e manter programas para a execução das medidas de
semiliberdade e internação;
 Municípios: criar e mante programas de atendimento para a execução das medidas em
meio aberto.

Aplicação de medida socioeducativa

Pode ser acumulada quando compatíveis entre si e substituídas, quando de liberdade assistida,
semiliberdade e internação, para manutenção ou extinção.

Nesse último caso, há fatores obrigatórios para averiguar o desempenho adequado ou


cumprimento insatisfatório, assim haverá:

a) Reavaliação obrigatória a cada 6 meses (sem prejuízo da antecipada);


b) Eventual reavaliação antecipada a pedido da equipe técnica de acompanhamento,
adolescente ou seus responsáveis legais ou a pedido da Defesa ou MP.
c) Substituição mais gravosa com audiência de execução.

Se a medida aplicada por fato novo, sendo da mesma natureza, quando ainda em curso,
poderá ser unificada. Não irá aumentar o tempo e sim, readequar para a fusão das medidas,
com uma maior profundidade.

 Revisão e readequação do PIA.

Caso seja aplicado uma nova medida para fato anterior que gerou internação já cumprida,
haverá a absorção retroativa para fatos anteriores. Ou seja, a nova medida será extinta, poque
o objetivo da primeira (ressocialização) é a mesma da segunda.

§ 2º É vedado à autoridade judiciária aplicar nova medida de internação, por atos


infracionais praticados anteriormente, a adolescente que já tenha concluído
cumprimento de medida socioeducativa dessa natureza, ou que tenha sido transferido
para cumprimento de medida menos rigorosa, sendo tais atos absorvidos por aqueles
aos quais se impôs a medida socioeducativa extrema.

Será extinta quando, do cumprimento de suas finalidades (promoção social e pessoal), gera
aspectos excepcionais admitidos como extintivos:

 Morte do agente;
 Doença gravíssima que impede o cumprimento;
 Extinção da punibilidade especial com 21 anos;
 Advento da condenação criminal;
 Maior de 18, em cumprimento de MSE, vem a responder a processo-crime
(descontando da MSE o tempo de prisão penal cautelar).

Classificação das medidas socioeducativas

 Quanto à severidade:
o Meio aberto: junto à comunidade;
o Meio fechado: permanece institucionalizado;
o Meio semiaberto: um período institucionalizado e outro junto a família.
 Quanto a forma de cumprimento:
o Por tarefa: cumpre quando desempenhar determinada atividade;
o Por desempenho: suprimento de necessidade pedagógicas, podendo ser
redefinido no decorrer do tempo.
 Quanto à duração:
o Instantânea: não se prolonga no tempo;
o Continuada: prolonga-se no tempo.
 Tempo mínimo: determinado ou indeterminado;
 Tempo máximo: legal (fixado por lei) ou judicial (juiz fixa).
 Quanto ao gerenciamento da medida:
o Gerenciamento judicial;
o Gerenciamento pelo Executivo Municipal;
o Gerenciamento pelo Executivo Estadual.

Classificação Subclassificação Exemplo

Por tarefa PSC e ORD


Forma de cumprimento
Por desempenho Liberdade assistida

Duração Instantânea Advertência

Continuada

Determinado Liberdade assistida


Tempo
mínimo Indeterminad
PSC
o

Tempo Legal Internação


máximo
Judicial Internação-sanção

Judicial Obrigação de rep. dano

Gerenciamento Exe. Municipal Liberdade assistida e PSC

Exe. Estadual Internação e semiliberdade

Para aplicar determinada medida, deverá levar em conta três elementos: capacidade do
adolescente de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração.

 Não será admitido a prestação de trabalho forçado;


 O adolescente portador de doença ou deficiência mental terá tratamento individual e
especializado, e em local adequado.

Medidas socioeducativas de meio aberto

Advertência

Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que será reduzida a termo
e assinada.

Para delitos leves.

Deve apurar a autoria e materialidade do ato infracional, não sendo necessário o processo de
execução (dá-se por sentença), ou acompanhamento posterior do adolescente.

Essa admoestação (simples repreensão verbal) feita pelo Juiz da Infância e da Juventude
(pessoalmente), será reduzida a termo da advertência.

Obrigação de reparar o dano

Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade


poderá determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promova o
ressarcimento do dano, ou, por outra forma, compense o prejuízo da vítima.

Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser


substituída por outra adequada.
Para atos infracionais não violentos com reflexo patrimonial, o qual será aplicado somente se
a solução for suficiente conforme a situação pessoal do adolescente.

Visa compensar a vítima pelo dano sofrido por meio de restituição do bem, ressarcimento em
pecúnia, compensação do prejuízo de forma distinta do puro pagamento.

Devendo ter prova de autoria e materialidade, gerenciamento realizado pelo judiciário e


extinção da medida quando efetivada a reparação (medida por tarefa e não desempenho).

OBS.: O controle do cumprimento estará no processo de conhecimento.

Prestação de serviços à comunidade

Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na realização de tarefas


gratuitas de interesse geral, por período não excedente a seis meses, junto a entidades
assistenciais, hospitais, escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em
programas comunitários ou governamentais. (locais de prestação)

Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente,


devendo ser cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos
sábados, domingos e feriados ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a frequência
à escola ou à jornada normal de trabalho.

Prevalece o caráter preventivo-retributivo para delitos que não se enquadrariam aos delitos
mais leves submissos à advertência ou ressarcimento.

Cabimento: delitos apenas com reclusão.

Para período inferior a 6 meses, à 8 horas semanais, preferencialmente em dia não úteis,
para não prejudicar a frequência escolar/laboral. Deve haver a possibilidade física e mental
para a realização das tarefas.

Será expedido um guia de execução, no processo de execução, devendo ser acompanhado por
entidade de atendimento responsável pela execução do programa com realização de relatório.
(guia + PIA)

 Esta entidade de atendimento pode ser governamental ou não.

Liberdade assistida
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais
adequada para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.

§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual poderá


ser recomendada por entidade ou programa de atendimento.

§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a
qualquer tempo ser prorrogada, revogada ou substituída por outra medida, ouvido o
orientador, o Ministério Público e o defensor.

Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da autoridade


competente, a realização dos seguintes encargos, entre outros: (remessa de relatórios:
diretrizes legais a compor PIA e trabalho da equipe técnica)

I - Promover socialmente o adolescente e sua família, fornecendo-lhes orientação e


inserindo-os, se necessário, em programa oficial ou comunitário de auxílio e
assistência social;

II - Supervisionar a frequência e o aproveitamento escolar do adolescente,


promovendo, inclusive, sua matrícula;

III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente e de sua inserção no


mercado de trabalho;

Avanço de profissionalização ou capacitação profissional.

IV - Apresentar relatório do caso.

Caráter preventivo-retributivo, imposto coercitivamente, mas com aspecto mais pedagógico e


ressocializador em meio aberto. Sendo submetido a acompanhamento por equipe técnica
municipal do programa socioeducativo por período não fico (mínimo 6 meses, prorrogáveis,
não podendo ultrapassar 3 anos).

 Terá reavaliação semestral para encerramento ou continuidade

ATENÇÃO! As medidas de meio aberto são aplicadas para diversos tipos penais apenados
com detenção e reclusão, porém, sem violência ou grave ameaça.

(SINASE), Art. 13. Compete à direção do programa de prestação de serviços


à comunidade ou de liberdade assistida:
I - Selecionar e credenciar orientadores, designando-os, caso a caso, para
acompanhar e avaliar o cumprimento da medida;

II - Receber o adolescente e seus pais ou responsável e orientá-los sobre a


finalidade da medida e a organização e funcionamento do programa;

III - encaminhar o adolescente para o orientador credenciado;

IV - Supervisionar o desenvolvimento da medida; e

V - Avaliar, com o orientador, a evolução do cumprimento da medida e, se


necessário, propor à autoridade judiciária sua substituição, suspensão ou
extinção.

O rol de orientadores deverá ser comunicado a cada 6 meses à autoridade judicial e ao MP.
Ademais, compete credenciar entidades assistência, hospitais, escolas, conforme a pessoa do
socioeducando e o ambiente a qual será designado.

 Tanto o MP quando a autoridade judiciária, poderão impugnar o credenciamento,


instaurando incidente de impugnação, aplicando, subsidiariamente, procedimento de
apuração de irregularidade, citando o direito e a direção da entidade ou órgão
credenciado.

Medidas socioeducativas de meio fechado

Semiliberdade

Art. 120. O regime de semiliberdade pode ser determinado desde o início, ou como
forma de transição para o meio aberto, possibilitada a realização de atividades
externas, independentemente de autorização judicial.

§ 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, devendo, sempre que


possível, ser utilizados os recursos existentes na comunidade.

§ 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se, no que couber, as


disposições relativas à internação.

Privação parcial da liberdade, seguindo os princípios da brevidade, excepcionalidade e


respeito a condição de pessoa em desenvolvimento, mas sendo aplicada SOMENTE SE
cabível a medida de internação.
 Será aplicada, ao invés da internação, quando demonstrar que será suficiente,
conforme analise do perfil individual do agente e seu grau de maturidade e
estruturação.

Tal medida não pode ser aplicada em cumulação à remissão, estando sujeito a um prazo
indeterminado, dentro do limite de 3 anos.

Pode ser aplicada com progressão da medida de internação no processo de execução, como
transição para o futuro meio aberto.

Internação

Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade, sujeita aos princípios
de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em
desenvolvimento.

É uma medida excepcional, gravosa, já que restringe a liberdade.

SINASE, Art. 42, § 3º Considera-se mais grave a internação, em relação a todas as


demais medidas, e mais grave a semiliberdade, em relação às medidas de meio aberto.

Será cumprida em unidade de segurança e contenção, com atividade de escolarização, lazer e


profissionalização em ambiente interno, salvo autorização de atividade externa pela equipe
técnica, exceto se houver expressa proibição judicial.

 Diferindo da semiliberdade, que a escolarização e profissionalização ocorrerá em


estabelecido público fora da entidade, obrigatoriamente.

Não possui prazo determinado, devendo ser reavaliado a cada 6 meses, não excedendo a 3
anos. Assim, findo 3 anos, deverá ser libertado, sendo colocado em regime de semiliberdade
ou liberdade assistida.

OBS.: a liberdade é compulsória ao atingir 21 anos.

Modalidades de
Características Prazo Fundamento
internação

Decretada no processo
Internação
de conhecimento pelo Até 45 dias Art. 108 ECA
provisória
juiz, antes da sentença.

Prazo Decretada em sentença Até 3 anos Art. 122, I e II, ECA


no processo de
indeterminado conhecimento, pelo
juiz.

Decretada no processo
Prazo determinado de execução, pelo
ou Internação- descumprimento de Até 3 meses Art. 122, III, ECA
Sanção medida anterior
imposta.

As unidades de internação não podem acolher não infratores, devendo separar por gravidade,
idade e porte físico

Art. 122. A medida de internação SÓ poderá ser aplicada quando:

I - Tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa;

II - Por reiteração no cometimento de outras infrações graves;

Mesmo que cometidos sem violência ou grave ameaça.

Mas se grave, punidos com reclusão em lei penal.

III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta.

Internação-sanção, por decisão interlocutória, não é substituição.

Com prazo de no máximo 3 meses (fixo de 1 a 3 meses), decretada judicialmente após o


devido processo legal – ampla defesa, contraditório, etc (art. 122, §1°), para regime
fechado, e quando retorna, volta a cumprir a medida socioeducativa (suspende a medida
de meio aberto).

OBS.: não se trata de troca, e sim, cumprimento temporário com retorno a medida
socioeducativa.

ATENÇÃO! Não será aplicada se cabível outra medida.

Reavaliação das medidas socioeducativa de liberdade assistida, semiliberdade e internação


A internação poderá ser aplicada em substituição a medida anterior fixada, como regressão da
execução de semiliberdade.

OBS.: não faria sentido a troca de qualquer outra medida, que não semiliberdade, por
internação, uma vez que no processo de conhecimento não era cabível. Só torna a situação do
agente mais difícil. No entanto, não há vedação expressa da lei, cabendo interpretação
extensiva.

Reavaliação obrigatória

Art. 42. As medidas socioeducativas de liberdade assistida, de semiliberdade e de


internação deverão ser reavaliadas no máximo a cada 6 (seis) meses, podendo a
autoridade judiciária, se necessário, designar audiência, no prazo máximo de 10 (dez)
dias, cientificando o defensor, o Ministério Público, a direção do programa de
atendimento, o adolescente e seus pais ou responsável.

§ 1º A audiência será instruída com o relatório da equipe técnica do programa de


atendimento sobre a evolução do plano de que trata o art. 52 desta Lei e com qualquer
outro parecer técnico requerido pelas partes e deferido pela autoridade judiciária.

§ 2º A gravidade do ato infracional, os antecedentes e o tempo de duração da medida


não são fatores que, por si, justifiquem a não substituição da medida por outra menos
grave.

§ 3º Considera-se mais grave a internação, em relação a todas as demais medidas, e


mais grave a semiliberdade, em relação às medidas de meio aberto.

Reavaliação antecipada

Art. 43. A reavaliação da manutenção, da substituição ou da suspensão das medidas


de meio aberto ou de privação da liberdade e do respectivo plano individual pode ser
solicitada a qualquer tempo, a pedido da direção do programa de atendimento, do
defensor, do Ministério Público, do adolescente, de seus pais ou responsável.

§ 1º Justifica o pedido de reavaliação, entre outros motivos:

I - O desempenho adequado do adolescente com base no seu plano de


atendimento individual, antes do prazo da reavaliação obrigatória;
II - A inadaptação do adolescente ao programa e o reiterado descumprimento
das atividades do plano individual; e

III - a necessidade de modificação das atividades do plano individual que


importem em maior restrição da liberdade do adolescente.

§ 2º A autoridade judiciária poderá indeferir o pedido, de pronto, se entender


insuficiente a motivação.

§ 3º Admitido o processamento do pedido, a autoridade judiciária, se necessário,


designará audiência, observando o princípio do § 1º do art. 42 desta Lei.

§ 4º A substituição por medida mais gravosa somente ocorrerá em situações


excepcionais, após o devido processo legal, inclusive na hipótese do inciso III do art.
122 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), e
deve ser:

I - Fundamentada em parecer técnico;

II - Precedida de prévia audiência, e nos termos do § 1º do art. 42 desta Lei.

A substituição in pejus, deverá ser feita por meio de sentença. Caso seja para melhorar, por
meio de decisão interlocutória, da qual cabe agravo.

Medida de socioeducativa de internação no tráfico de drogas

“O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz


obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente”
(STJ – Súmula 492, Terceira Seção, julgado em 08/08/2012, DJe 13/08/2012).

 Não possui grave ameaça ou violência, mas é tido como equiparado a crimes
hediondos.

Anteriormente, poderia aplicar a internação, até mesmo para agente primário, em casos de
tráfico de drogas, porque apesar de não incumbido de violência ou grave ameaça, era visto
como violência social.

Em caso de primariedade, não há previsão no ECA, porém, por reiteração, uma vez que o ato
é grave, é cabível a internação.
Regras da aplicação da internação na sentença ou em substituição na execução

 Não seguirá o prazo fixado ou determinado na sentença;


 Reavaliação obrigatória própria;
 Em entidade exclusiva para adolescente separado do local de acolhimento;
 Programas estaduais devem separar por idade, físico e gravidade dos atos;
 Acompanhamento da execução com guia de internação e peças processuais;
 PIA com homologação judicial, mais acompanhamento e reavaliação semestral ou
antecipada.

Medidas que possuem processo de execução: PSC, LA, semiliberdade e internação.

DIREITOS DO ADOLESCENTE PRIVADO DE LIBERDADE (ART. 124)

Entrevistar-se pessoalmente com o representante do Ministério Público

Peticionar diretamente a qualquer autoridade

Avistar-se reservadamente com seu defensor

Ser informado de sua situação processual, sempre que solicitada

Ser tratado com respeito e dignidade

Permanecer internado na mesma localidade ou naquela mais próxima ao Domicílio de


seus pais ou responsável

Receber visitas, ao menos, semanalmente

Corresponder-se com seus familiares e amigos

Ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pessoal

Habitar alojamento em condições adequadas de higiene e salubridade

Receber escolarização e profissionalização

Realizar atividades culturais, esportivas e de lazer:

Ter acesso aos meios de comunicação social

Receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o deseje

Manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-los,
recebendo comprovante daqueles porventura depositados em poder da entidade

Receber, quando de sua desinternação, os documentos pessoais indispensáveis à vida


em sociedade.

Observações: Nenhum caso haverá incomunicabilidade

A autoridade judiciária poderá suspender temporariamente a visita, inclusive de pais


ou responsável, se existirem motivos sérios e fundados de sua prejudicialidade aos
interesses do adolescente.

É dever do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos, cabendo-lhe
adotar as medidas adequadas de contenção e segurança

Remissão

Para Rogério Sanches, a remissão é a adoção de procedimento diferenciado daquele


ordinariamente previsto para apuração dos atos infracionais. Assim, são mitigados os efeitos
negativos da continuidade do procedimento, que importava no comparecimento do
adolescente e de seus pais a todos os seus atos.

ECA, Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato
infracional, o representante do Ministério Público poderá conceder a remissão, como
forma de exclusão do processo, atendendo às circunstâncias e consequências do fato,
ao contexto social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou menor
participação no ato infracional.

Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da remissão pela autoridade


judiciária importará na suspensão ou extinção do processo.

Pode ser considerada uma renúncia à persecução estatal pelo titular da ação socioeducativa
pública incondicionada ou pela disponibilidade à persecução estatal por esse titular. Ou
também, como natureza jurídica de perdão judicial.

Cabimento: para atos infracionais de menor gravidade, cumulado com a análise do perfil
individual (fato objetivo + subjetivo).

 Circunstancias e consequências do fato;


 Contexto social;
 Personalidade do adolescente;
 Maior ou menor participação;
Este instituto não acarreta registro de antecedentes, ou qualquer responsabilização, porque sua
aceitação não importa reconhecimento de culpa.

Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhecimento ou comprovação


da responsabilidade, nem prevalece para efeito de antecedentes, podendo incluir
eventualmente a aplicação de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a
colocação em regime de semiliberdade e a internação.

Uma vez aplicada a medida, poderá ser revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante
pedido expresso do adolescente, representante legal ou MP.

Há duas espécies de remissão:

 Pré-processual, ou ministerial: ofertada pelo MP e homologada pelo magistrado. Com


consentimento prévio do adolescente e representante legal.
o Aplicação: como forma de exclusão
 Processual ou judicial: a remissão irá implicar na extinção ou suspensão do processo.
o A remissão como forma de extinção é dada por sentença terminativa (não há
análise de mérito), envolvendo contraditório.

Formas de aplicação:

 Exclusão: O MP, comunicado do fato pelo polícia, poderá promover o arquivamento


ou iniciar a persecução em juízo ou avaliar a possibilidade de remissão.
o A remissão, neste caso, é totalmente ministerial, no entanto, pode ser ou não
homologada judicialmente.
o Caso não seja aceita, o juiz remeterá os autos ao PGJ/MP
 Ratificando: o magistrado é obrigado a respeitar a posição do MP e
homologar.
 Não ratificando: indicia outro membro do MP
 Suspensão: MP oferece representação, e aplicada a remissão cumulada ou não com
condições, sempre com contraditório. (remissão simples ou cumulada)
o Cumpriu as condições: extingue;
o Descumpriu: processo retoma na fase que parou.

Rito procedimental de apuração do ato infracional


Liberdade é direito fundamental, sendo que a sua perda pode ocorrer
1) Fase policial
antes (exceção) ou depois da prática infracional.
2) Fase ministerial
3) Fase judicial
4) Fase recursal  Indícios de autoria e materialidade + necessidade da medida
 Em caso de flagrante por ato violento ou com grave ameaça
** ou em reiteração de atos graves; ou ordem judicial (fora
do flagrante)

OBS.: A prisão provisória dura no máximo 45 dias.

**grave ameaça é um elementar de delito, representa violência moral para obrigar a vitima a
se subjugar sob temor a um dano maior (ex.: roubo)

Os atos infracionais não graves poderão ser apreendidos em flagrante, sendo levado
imediatamente à Polícia Civil pelas forças públicas. Assim, será lavrado o boletim de
ocorrência circunstanciado.

 É liberado após assinatura do termo de compromisso e responsabilidade dos


responsáveis legais.
 O expediente policial é encaminhado ao cartório para registro e vista ao MP, com
levantamento de antecedentes.
o Arquivar;
o Pedido de novas diligencias;
É convocado para
o Remissão;
oitiva informal (antes)
o Representação para ação socioeducativa pública.

Arquivamento ou remissão, sendo rejeitado, vista ao PGJ (ainda em parte inquisitiva)

Fase pré-processual de flagrante em atos com violência ou grave ameaça; ou em


reiteração

 Encaminhamento à Polícia Civil pelas forças públicas de segurança;


 Lavratura de auto de apreensão
 Com oitiva do infrator e testemunhas;
 Apreensão dos produtos e instrumento do ato;
 Requisição de perícia e exame para comprovação da materialidade;
 Comunicação a família (convoca primeiro um familiar para acompanhamento
da lavratura).
 Comunica autoridade judiciária, com distribuição do expediente policial (comunicação
e confirmação)
 Registro do expediente, com certidões de antecedentes (se houver) e dar vista ao MP
 Após a lavratura e encerramento do auto, é encaminhado pela autoridade policial ao
MP para oitiva informal na Promotoria.
o Encaminhamento a uma entidade socioeducativa estadual (UAI), se não
houver, será mantido em sala separada (tanto na entidade específica quanto na
delegacia).
 Com apresentação à promotoria no primeiro expediente seguinte
(regular ou plantão)

OBS.: a oitiva informal é importante para a convenção do autor da ação propô-la, uma vez
que não há a presença do contraditório e ampla defesa.

Frase pré-processual sem flagrante decretada judicialmente

 Representação pela autoridade policial Civil ao MP ou direto ao juiz (que ouvirá o


MP), pedindo medida cautelar de apreensão
o Indícios + imperiosidade da medida
 Cumprida a ordem judicial, segue os mesmos requisitos.

ATENÇÃO! Mesmo com a autorização judicial da cautela, após representação e pedido de


manutenção, deverá haver uma nova avaliação sobre a apreensão.

Fase processual

 Autoridade judicial recebe a representação (petição com fato, classificação e rol de


testemunhas)
 Designação de audiência para apresentação do adolescente
o Notificação (para ação socioeducativa pública) e intimação (comparecimento)
 Apreendido provisório: decide sobre a manutenção.
o Requisitado à fundação casa
 Notificação:
o Responsáveis não são encontrados: nomeação de curador especial
o Adolescente não encontrado: mandando de busca e apreensão e suspensão do
processo até representação.
 Foi intimado (ou seja, foi encontrado), mas não compareceu: designação de nova
audiência com consunção coercitiva, se esta for frustrada, determinada mandado de
busca e apreensão.

Na segunda audiência:

 Ouvidas as testemunhas

Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer medida, desde que reconheça na
sentença:

I - Estar provada a inexistência do fato;

II - Não haver prova da existência do fato;

III - não constituir o fato ato infracional;

IV - Não existir prova de ter o adolescente concorrido para o ato infracional.

Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o adolescente internado, será


imediatamente colocado em liberdade.

Das disposições preliminares

Direito de Convivência familiar

Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família e,
excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em
ambiente que garanta seu desenvolvimento integral.

(2ª parte)

Tudo aquilo que esteja fora do consórcio de família original, é família substituta (não é apenas
o adotante).

O poder familiar é o conjunto de poderes e deveres impostos por lei, CC e ECA, relacionada
aos seus filhos e aos bens de seus filhos, sendo prerrogativa exclusiva no primeiro grau de
ascendente e descendente. Assim, é inerente à relação materno-filial e/ou paterno filial. O
poder familiar não é transferido pela guarda.

Deriva do parentesco civil, porém, não de confunde com este. Sendo temporário

1) Igualdade plena e absoluta entre filhos

Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os
mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias
relativas à filiação.

2) Exercício conjunto do poder familiar

Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e pela mãe,
na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em
caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da
divergência.

Anteriormente, denomina-se pátrio-poder, onde o exercício era destinado ao homem e


subsidiariamente a mulher.

3) Conteúdo legal obrigatório do poder familiar

Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores,
cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as
determinações judiciais.

CC, Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o
pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos:
I - Dirigir-lhes a criação e a educação;
II - Exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do art. 1.584;
Em caso de dissolução da convivência sob mesmo teto.
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;
IV - Conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem ao exterior;
V - Conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem sua residência permanente
para outro Município;
VI - Nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não
lhe sobreviver, ou o sobrevivo não puder exercer o poder familiar;
VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos
da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-
lhes o consentimento;
VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;
IX - Exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e
condição

4) Alterações jurídicas do poder familiar (art. 1934 a 1938, CC)

Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas judicialmente, em


procedimento contraditório, nos casos previstos na legislação civil, bem como na hipótese
de descumprimento injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art. 22.

5) Extinção do poder familiar

Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar:

I - Pela morte dos pais ou do filho; (causa de extinção natural)

II - Pela emancipação, nos termos do art. 5°, parágrafo único; (causa ocasional de extinção
voluntária)

III - pela maioridade;(causa de extinção natural)

IV - Pela adoção; (causas que exigem reflexão a seguir)

V - Por decisão judicial, na forma do artigo 1.638. (causas que exigem reflexão a seguir)

A adoção que gera a extinção é a consentida, a outra forma, trata-se de destituição do


poder familiar.

6) Suspensão do poder familiar

Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles
inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o
Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e
seus haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha.
Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe
condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de
prisão.

Poderá ser temporiamente suspenso por decisão judicial, como tutela provisória de
urgência initio litis (antecipatória parcial) no processo de perda ou destituição definitiva,
havendo uma das hipóteses do art. 1638 do CC)

7) Destituição (ou perda) do poder familiar

Ação contenciosa. A ideia é desconstituir para constituir um nova família.

Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: I - castigar
imoderadamente o filho; II - deixar o filho em abandono; III - praticar atos contrários à
moral e aos bons costumes; IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo
antecedente. V - Entregar de forma irregular o filho a terceiros para fins de adoção.

Parágrafo único. Perderá também por ato judicial o poder familiar aquele que: (Incluído
pela Lei nº 13.715, de 2018) I – praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder
familiar: (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018) a) homicídio, feminicídio ou lesão
corporal de natureza grave ou seguida de morte, quando se tratar de crime doloso
envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de
mulher; (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018) b) estupro ou outro crime contra a
dignidade sexual sujeito à pena de reclusão; (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018) II –
praticar contra filho, filha ou outro descendente: (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018) a)
homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte, quando
se tratar de crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou menosprezo ou
discriminação à condição de mulher; (Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018) b) estupro,
estupro de vulnerável ou outro crime contra a dignidade sexual sujeito à pena de reclusão.

8) Miserabilidade dos pais

Família natural

Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e
seus descendentes.
Regras comuns:

a) Opinião/vontade da criança (em estudo psicológico), e do adolescente,


obrigatoriamente de forma expressa e em audiência. (vontade do titular do direito)
b) De ordem subjetiva: (analisa caso a caso, não são pressupostos obrigatórios)
a. Fatores legais:
i. Parentesco
ii. Relações de afinidade e afetividade entre os envolvidos
iii. Compatibilidade pessoal com a natureza da medida
iv. Ambiente familiar adequado.
c) Grupos de irmãos:

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