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ORIENTAÇÃO JURÍDICA PARA

LÍDERES DOS DESBRAVADORES


Material da UNeB, adaptado e ampliado por
JOÃO MARIA PEREIRA, Oficial de Justiça do TJRN há mais de 20
anos, Coordenador da Central de Cumprimentos de Mandados da
Comarca de Parnamirim há mais de 10 anos, bacharel em Direito pela
UFRN, pós-graduado em Direito Civil e Processo Civil pela
Universidade Gama Filho(RJ), pós-graduado em Processo Civil pela
FIJ – Faculdades Integradas de Jacarepaguá (RJ), pós-graduando
pela FAVENI e FAPRO, ex-presidente do Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente de São José de Mipibu, ex-
membro do Conselho Municipal anti-drogas, membro da Igreja
Adventista do 7º Dia (Central de São José de Mipibu), Líder de
Desbravadores, Diretor do Clube de Desbravadores Valentes do
Mipibu por 13 anos (membro da Diretoria deste Clube há mais de 30
anos). Pai do desbravador João Vítor.
CRIANÇA E ADOLESCENTES (CONCEITO LEGAL)
É considerada Criança todo ser humano que tiver até a 12 anos de idade
incompletos.
É considerado Adolescente todo ser humano que tiver entre 12 anos completos
e 18 anos de idade.

Esta separação é fundada apenas no aspecto idade. Não leva em conta os aspectos
psicológico e social (LIBERATI, 2010, p. 16)

CAPACIDADE
INCAPACIDADE ABSOLUTA
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da
vida civil:
I – os menores de dezesseis anos (Código Civil).
Neste caso eles são representados pelos pais . “o critério é baseado na compreensão da
realidade, entendendo o legislador faltar maturidade suficiente para manifestar vontade a
este grupo de pessoas (ROSENVALD e FARIAS, 2012, p. 321)
INCAPACIDADE RELATIVA

Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira


de os exercer:
I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos (CC).
Neste caso são assistidos pelos pais.
Por isso, em nossas atividades precisamos que os pais assinem o Termo de
Responsabilidade, transferindo para os Líderes a responsabilidade sobre seus
filhos.

Este grupo carece de proteção jurídica, porém, em grau inferior aos


absolutamente incapazes. O sistema jurídico não ignora sua manifestação de
vontade, desde que assistidos, na forma da lei. Os atos por eles praticados
exigem não apenas a presença do assistente, mas por igual, a sua própria
intervenção , como condição de validade. (ROSENVALD e FARIAS, 2012, p.
323 e 324)
Para o Estatuto da Juventude, temos o jovem como sendo a
pessoa que tem entre 15 (quinze) anos completos e 29 (vinte e
nove) anos completos (30 incompletos).

Assim, denomina-se jovem adolescente ou adolescente jovem


a pessoa entre 15 (quinze) anos completos e 18 (dezoito)
incompletos, para os quais há aplicação concomitante do ECA e
do Estatuto da Juventude. Portanto, há uma dupla proteção.
 
Noutro quadrante, quem tem entre 18 (dezoito) anos e 29
(vinte e nove) anos será jovem ou jovem adulto. A partir de 30
(trinta) anos, é só adulto.
(Bruna Daronch)

Alguns psicólogos, por sua vez, entendem que a adolescência


pode ir até os 24 ou 24 anos (idade mental).
Antigamente, o paradigma legislativo que vigorava no
Brasil era o da doutrina da situação irregular. Nesse
paradigma as crianças e adolescentes eram tratados
como objeto de proteção (e não necessariamente
sujeito de direitos). Havia uma centralização das
medidas socioeducativas na figura do Juiz, bem como
discriminação (estigmatização) do “protegido”. O
Estado podia privar a liberdade desses infantes sem
um devido processo legal, fundamentando-se, apenas,
na “situação irregular”.

(Bruna Daronch)
DIREITO DO MENOR DIREITO DA CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
Doutrina da situação irregular Doutrina da proteção integral.

O menor era objeto de proteção A criança e o adolescente são


(recipiente passivo sujeitos de direitos. Têm os mesmos
direitos dos adultos, além de outros
específicos

Pessoas em condição de
desenvolvimento, fazendo jus a uma
prioridade absoluta, necessitando-se
observar em relação a elas o
superior interesse.

 Código de Menores de 1979 Constituição Federal de 1988 e,


posteriormente, a Lei nº 8.069/1990
(ECA).
ECA - Lei nº 8.069 de 13 de Julho de 1990
Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e
dá outras providências.

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à


criança e ao adolescente.

A doutrina da proteção integral é o atual paradigma legislativo


(CF/88 e ECA). Nesse paradigma as crianças e adolescente são
sujeitos de direitos. A doutrina da proteção integral, considerando
a qualidade de pessoas em desenvolvimento, confere prioridade
absoluta à criança e ao adolescente. A regra de ouro é o superior
interesse da criança e do adolescente, que é encarado como um
metaprincípio ou postulado normativo do ECA.
(Bruna Daronch)
Art. 3º A criança e o adolescente
gozam de todos os direitos
fundamentais inerentes à pessoa
humana, sem prejuízo da proteção
integral de que trata esta Lei,
assegurando-se-lhes, por lei ou por
outros meios, todas as oportunidades
e facilidades, a fim de lhes facultar o
desenvolvimento físico, mental, moral,
espiritual e social, em condições de
liberdade e de dignidade.
Art. 4º ECA - É dever da família, da comunidade, da
sociedade em geral e do poder público assegurar, com
absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes
à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte,
ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar e
comunitária.

Art. 227 (CF): É dever da família, da sociedade e do Estado


assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta
prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação,
ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito,
à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de
colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão.
 
Família
CRIANÇAS E Sociedade
ADOLESCENTES
Estado

Em suma, É DEVER DE TODOS


proteger a criança e o adolescente
#IMPORTANTE: A absoluta prioridade tem que refletir nas
decisões judiciais, administrativas e políticas [...] O Estado
deve tratar tais direitos com absoluta prioridade
(prioridade das prioridades).

#VALELEMBRAR: A CF/88 também confere a absoluta


prioridade ao jovem, e, no ano de 2013, foi aprovado o
Estatuto da Juventude (
LEI Nº 12.852, DE 5 DE AGOSTO DE 2013). Jovem é a
pessoa que tenha entre 15 e 29 anos de idade. Portanto,
temos o jovem adolescente (dos 15 aos 18 anos incompletos)
e o jovem adulto (dos 18 aos 29 anos).

(BRUNA DARONCH)
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente
será objeto de qualquer forma de
negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão, punido
na forma da lei qualquer atentado, por
ação ou omissão, aos seus direitos
fundamentais.
Direitos da Criança e do Adolescente Relativos à Saúde e
atendimento médico:
A) Atendimento integral;
B) SUS e assistência odontológica;
C) Vacinação;
D) Medicamentos e próteses;
E) Direito a acompanhante à criança ou adolescente
internado;
F) Que maus tratos sejam comunicados imediatamente
ao Conselho Tutelar.
 Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-
ão em conta os fins sociais a que ela se
dirige, as exigências do bem comum, os
direitos e deveres individuais e coletivos, e a
condição peculiar da criança e do
adolescente como pessoas em
desenvolvimento.

Como o ECA deve ser interpretado?


Consideram-se os fins sociais
Exigências do bem comum
Deveres e Direitos individuas e coletivos
Sobre este artigo, Guilherme Freire de Melo
BARROS. Direito da Criança e do Adolescente.
Bahia: Juspodivm, (2017, p. 117) leciona:

A parte final do dispositivo traz uma expressão-


chave que é a de que a criança ou o adolescente é
pessoa em desenvolvimento, o que significa dizer
que a aplicação de seu conteúdo deve ser diferente
daquela ordinária prevista para adultos. É que a
infância e a adolescência são os períodos de
maiores transformações do ser humano, é o
momento em que se forma seu caráter, se dá a
educação básica, a alfabetização; é o período em
que a saúde é mais frágil (notadamente a criança).
DIREITOS RELATIVOS À SAÚDE (DESTAQUES)
Políticas públicas sociais
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à
saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que
permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso,
em condições dignas de existência.

Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência


(Lei n. 13.798/2019)
Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de Prevenção da
Gravidez na Adolescência, a ser realizada anualmente na semana
que incluir o dia 1º de fevereiro, com o objetivo de disseminar
informações sobre medidas preventivas e educativas que
contribuam para a redução da incidência da gravidez na
adolescência. Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o
disposto no caput deste artigo ficarão a cargo do poder público,
em conjunto com organizações da sociedade civil, e serão
dirigidas prioritariamente ao público adolescente.
Criança e o adolescente com deficiência

Art.  11. É  assegurado acesso integral às linhas de


cuidado voltadas à saúde da criança e do adolescente,
por intermédio do Sistema Único de Saúde, observado
o princípio da equidade no acesso a ações e serviços
para promoção, proteção e recuperação da saúde.

§ 1º A criança e o adolescente com deficiência serão


atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas
necessidades gerais de saúde e específicas de
habilitação e reabilitação
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de
maus-tratos contra criança ou adolescente serão
obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar
da respectiva localidade, sem prejuízo de outras
providências legais.

A inobservância deste artigo implica na infração


administrativa prevista no art. 245 do ECA: Art. 245,
ECA. Deixar o médico, professor ou responsável por
estabelecimento de atenção à saúde e de ensino
fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à
autoridade competente os casos de que tenha
conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de
maus-tratos contra criança ou adolescente: Pena –
multa de três a vinte salários de referência, aplicando-
se o dobro em caso de reincidência.
Além do Conselho Tutelar podemos comunicar problemas envolvendo criança e
adolescente a outras autoridades: Polícia Civil, Ministério Público e Vara da
Infância e Juventude

Máxima prioridade ao atendimento das crianças na faixa etária da primeira infância


com suspeita ou confirmação de violência de qualquer natureza (ART. 13, § 1º)

O ART. 14 prevê: Programas de assistência médica e odontológica

Art. 14, § 1º - Obrigatória a vacinação das crianças


Art. 15. A criança e o adolescente têm direito
à liberdade, ao respeito e à dignidade como
pessoas humanas em processo de
desenvolvimento e como sujeitos de direitos
civis, humanos e sociais garantidos na
Constituição e nas leis.
Art. 16. O direito à liberdade compreende os
seguintes aspectos:
I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e
espaços comunitários, ressalvadas as
restrições legais;
II - opinião e expressão;
III - crença e culto religioso;
IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
V - participar da vida familiar e comunitária,
sem discriminação;
VI - participar da vida política, na forma da
lei;
VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
Art. 17. O direito ao respeito consiste na
inviolabilidade da integridade física,
psíquica e moral da criança e do
adolescente, abrangendo a preservação da
imagem, da identidade, da autonomia, dos
valores, ideias e crenças, dos espaços e
objetos pessoais.
Integridade Física, Psíquica e Moral, com Proteção à Imagem,
Identidade, Autonomia, Valores, Ideias, Crenças, Espaço e Objetos
Pessoais:
 
Essa proteção decorre da previsão do art. 5º da CF/88 que
protege a integridade física, psíquica e moral, a imagem, etc.
 
A) Veiculação de imagem e de nome em meio de comunicação:
 
É vedada, inclusive, a veiculação de iniciais dos adolescentes
que possivelmente cometeram atos infracionais. Além disso, veda-
se a exposição de imagens de crianças e adolescentes que são
vítimas. Quando em colisão com os outros direitos fundamentais,
cabe a ponderação entre os direitos fundamentais, como a
liberdade de informação.

(BRUNA DARONCH)
B) Abuso sexual e pedofilia:
 
Existem várias classificações sobre o que se entende por
abuso sexual.
 
Predomina a classificação segundo a qual o abuso sexual se
subdivide em violência e exploração. A violência sexual é o ato
mediante força física, ou algum artifício ardiloso, implica em um
ato abusivo contra criança ou adolescente. São especialmente os
crimes de natureza sexual (ex: estupro).
 
Na exploração não necessariamente há a violação à
integridade corporal da criança e do adolescente, pois na
exploração o que se tem, na maioria das vezes, é a exploração
da imagem. É o que ocorre quando são tiradas fotografias de
crianças e adolescentes, especialmente o que ocorre no âmbito
da pornografia infantil.
(BRUNA DARONCH)
#OLHAOGANCHO: A pornografia e a pedofilia se distinguem, já
que a pornografia é uma forma de exploração/abuso em face de
criança e adolescente, se traduzindo em prática.

A pedofilia, por sua vez, não necessariamente desencadeia uma


prática abusiva, mas ela é um distúrbio/doença segundo o qual
adultos sentem atração sexual por crianças e adolescentes.

Ocorre que a pedofilia não necessariamente gera o abuso sexual,


pois pode ter alguém que tenha essa doença e jamais pratique
um ato de abuso sexual em face de criança e adolescente. Da
mesma forma pode ser que alguém tenha esse distúrbio e
pratique um ato de violência sexual, um ato de exploração sexual,
um ato de pornografia infantil.

Então, perceba que não há ligação entre a pedofilia e os atos de


abuso, tanto na modalidade de violência quanto na moralidade de
exploração. (BRUNA DARONCH)
C) Bullying (Lei nº 13.185/2015):  
A Lei nº 13.185/2015 institui o programa de combate à intimidação
sistemática. 
As características da prática do bullying são:
 - Ato de violência física ou psíquica: A violência psíquica pode ocorrer, por
exemplo, com o isolamento proposital/intencional da vítima;
 - Intencional e repetitivo: Ninguém pratica bullying sem querer e deve ser
repetitivo.
 - Sem motivo evidente: A violência geralmente ocorre por ter a vítima um
padrão comportamental ou características destoantes da maioria;
 - Por indivíduo ou grupo;
 - Que causa dor ou angústia;
 - Em relação de desequilíbrio de poder entre as partes.
Para caracterizar o bullying tem que haver a conjugação de
todos esses elementos acima. Não basta haver a configuração de
apenas um elemento.
 
“Bullying” vem do inglês, e significa acossar, violentar,
intimidar. A pessoa que realiza a prática é chamada de “bully”.
 
O bullying pode vir a ter repercussões em outras áreas do
direito. Quando, por exemplo, causar uma lesão corporal, pode se
configurar ato infracional se o praticante for menor de idade,
levando à aplicação de uma medida socioeducativa.
 
O objetivo da lei foi trazer à luz essa prática para que, por
meio de políticas públicas direcionadas, se consiga alcançar uma
melhoria no combate ao bullying.

(BRUNA DARONCH)
 
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e
do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento
desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou
constrangedor.
Um aspecto de suma relevância no que tange ao
direito à liberdade, ao respeito e à dignidade é o
direito à educação sem castigo físico, tratamento
cruel ou degradante, que foi incluído

Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de


ser educados e cuidados sem o uso de castigo
físico ou de tratamento cruel ou degradante,
como formas de correção, disciplina, educação
ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos
integrantes da família ampliada, pelos responsáveis,
pelos agentes públicos executores de medidas
socioeducativas ou por qualquer pessoa
encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou
protegê-los. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Art. 18, Parágrafo único.ECA:
Para os fins desta Lei, considera-se: (Incluído pela Lei nº
13.010, de 2014)
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva
aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o
adolescente que resulte em: (Incluído pela Lei nº 13.010, de
2014)
a) sofrimento físico; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de
2014)
b) lesão; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel
de tratamento em relação à criança ou ao adolescente que:
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
a) humilhe; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
b) ameace gravemente; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de
2014)
c) ridicularize. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os
responsáveis, os agentes públicos executores de medidas
socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de
crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que
utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como
formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto
estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às
seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do
caso: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à
família; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; (Incluído
pela Lei nº 13.010, de 2014)
III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; (Incluído
pela Lei nº 13.010, de 2014)
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado;
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
V - advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão aplicadas
pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências legais.
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
A lei veda duas condutas, de forma absoluta: a) Castigo
físico: é toda conduta que gere sofrimento físico ou lesão e b)
Tratamento cruel ou degradante: é toda conduta que humilhe,
ameace gravemente ou ridicularize criança e adolescente.
 
A ideia fundamental dessa Lei é o seguinte: O castigo físico e
o tratamento cruel e degradante não são aceitáveis como
recursos para correção, educação e disciplina de crianças e
adolescentes.
 
Qual é a consequência diante da constatação de um
castigo físico ou tratamento cruel de criança e adolescente?
Os pais podem ser punidos, mas mesmo antes da edição da lei nº
13.010/14 já poderiam. Se praticassem ato de castigo físico que
gerasse lesão corporal, já poderiam ser responsabilizados
criminalmente.
(BRUNA DARONCH)
Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser
criado e educado no seio da sua família e,
excepcionalmente, em família substituta, assegurada a
convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da
presença de pessoas dependentes de substâncias
entorpecentes.
Além da família natural e da família extensa (guarda, tutela e
adoção), as crianças e adolescentes também podem se
encontrar em acolhimento (antigo abrigamento), que pode ser
familiar (família acolhedora) ou institucional. Quando em
acolhimento familiar ou institucional, a situação será reavaliada,
no máximo, a cada 3 (três) meses, devendo a autoridade
judiciária competente, embasada em relatório elaborado por
equipe interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma
fundamentada pela possibilidade de reintegração familiar ou
colocação em família substituta, em quaisquer das modalidades
(guarda, tutela e adoção).
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação
do casamento, ou por adoção, terão os
mesmos direitos e qualificações, proibidas
quaisquer designações discriminatórias
relativas à filiação.

Art. 21. O poder familiar será exercido, em


igualdade de condições, pelo pai e pela mãe,
na forma do que dispuser a legislação civil,
assegurado a qualquer deles o direito de, em
caso de discordância, recorrer à autoridade
judiciária competente para a solução da
divergência.
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de
sustento, guarda e educação dos filhos
menores, cabendo-lhes ainda, no interesse
destes, a obrigação de cumprir e fazer
cumprir as determinações judiciais.

Art. 23. A falta ou a carência de recursos


materiais não constitui motivo suficiente
para a perda ou a suspensão do poder
familiar
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à
educação, visando ao pleno desenvolvimento de
sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania
e qualificação para o trabalho, assegurando-se-
lhes:
I - igualdade de condições para o acesso e
permanência na escola;
II - direito de ser respeitado por seus educadores;
III - direito de contestar critérios avaliativos,
podendo recorrer às instâncias escolares
superiores;
IV - direito de organização e participação em
entidades estudantis;
V - acesso à escola pública e gratuita próxima de
sua residência.
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de
matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de
ensino.

Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de


ensino fundamental comunicarão ao Conselho
Tutelar os casos de:
I - maus-tratos envolvendo seus alunos;
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão
escolar, esgotados os recursos escolares;
III - elevados níveis de repetência.
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de
quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz. 

Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-


profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da
legislação de educação em vigor.

Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos


seguintes princípios:
I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino
regular;
II - atividade compatível com o desenvolvimento do
adolescente;
III - horário especial para o exercício das atividades.
Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é
assegurada bolsa de aprendizagem.

Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos,


são assegurados os direitos trabalhistas e     
previdenciários.

Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime


familiar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em
entidade governamental ou não-governamental, é vedado
trabalho:
I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e
as cinco horas do dia seguinte;
II - perigoso, insalubre ou penoso;
III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu
desenvolvimento físico, psíquico, moral e social;
IV - realizado em horários e locais que não permitam a
frequência à escola.
Menor de 18 anos Menor de 16 anos, a Menor de 14 anos
partir de 14 anos

Proibido trabalho Não pode trabalhar, Não pode


insalubre e salvo como aprendiz. trabalhar, em
noturno. nenhuma
hipótese.
Art. 70. É dever de todos prevenir a
ocorrência de ameaça ou violação dos
direitos da criança e do adolescente.

Art. 71. A criança e o adolescente têm


direito a informação, cultura, lazer,
esportes, diversões, espetáculos e
produtos e serviços que respeitem sua
condição peculiar de pessoa em
desenvolvimento.
DIFERENÇA DE TRATAMENTO ENTRE CRIANÇA E ADOLESCENTE:

1 Colocação em Família Substituta: 


São modalidades de família substituta - guarda, tutela e adoção.
Deve a criança ser ouvida e ter sua opinião considerada. O
adolescente, por sua vez, além de ouvido e ter a opinião
considerada, deve também consentir - forma especial de
capacidade civil concedida ao adolescente para tomada de
decisão acerca da colocação em família substituta;

2 Consequências pela Prática de Atos Infracionais:


 
Quando praticado por adolescente, o ato infracional – conduta
descrita em lei como crime ou contravenção penal – sujeita-se
a regramento especial, podendo haver tanto a aplicação de
medida de proteção quanto de medida socioeducativa.
A prática de ato infracional por criança impõe a aplicação tão
somente de medida de proteção.
AUTORIZAÇÃO PARA VIAGEM
Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de 16 (dezesseis)
anos poderá viajar para fora da comarca onde reside desacompanhado
dos pais ou dos responsáveis sem expressa autorização judicial.

§ 1º A autorização não será exigida quando:

a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança ou do


adolescente menor de 16 (dezesseis) anos, se na mesma unidade
da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana;
b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis) anos estiver
acompanhado:
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado
documentalmente o parentesco;
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou
responsável.
§ 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou responsável,
conceder autorização válida por dois anos.
Com a redação dada pela Lei. 13.812/2019, adolescentes, a
partir dos 16 anos, em viagens domésticas podem circular
livremente dentro do território nacional, desacompanhadas e sem
necessidade de expressa autorização. Porém, os pais podem
proibir que o adolescente viaje, comunicando as autoridades. Isso
faz parte do exercício do poder familiar.

Adolescentes menores de 16 anos, deverão obter


expressa autorização judicial, salvo quando se tratar de
comarca contígua à de sua residência se na mesma unidade da
Federação, ou incluída na mesma região metropolitana ou se
estiver acompanhado Para mais comentários sobre a lei, vide:

https://www.dizerodireito.com.br/2019/03/ola-amigos-do-dizer-o-
direito-foi.html
Viagem NACIONAL
Situação É necessária autorização?

Criança e adolescente menor de 16 anos viajar com o pai e a mãe. NÃO


Criança e adolescente menor de 16 anos viajar só com o pai ou só
NÃO
com a mãe.
Criança e adolescente menor de 16 anos viajar com algum NÃO
ascendente (avô, bisavô). (nem dos pais nem do juiz)
Criança e adolescente menor de 16 anos viajar com algum NÃO
colateral, maior de idade, até 3º grau (irmão, tio e sobrinho). (nem dos pais nem do juiz)

Criança e adolescente menor de 16 anos viajar acompanhada de SIM


uma pessoa maior de idade, mas que não seja nenhum dos Será necessária uma autorização
parentes acima listados (ex: amigo da família, chefe de excursão, expressa do pai, mãe ou responsável (ex:
treinador de time). tutor) pela criança.

SIM
Criança e adolescente menor de 16 anos viajar sem estar
Será necessária uma autorização do juiz
acompanhada por uma pessoa maior de idade.
da infância e juventude.

Criança e adolescente menor de 16 anos viajar desacompanhada


de parentes para comarca vizinha, localizada dentro do mesmo NÃO
Estado, ou para comarca que pertença à mesma região (nem dos pais nem do juiz)
metropolitana.

NÃO Adolescentes maiores de 16 anos


Adolescente maior de 16 anos viajar desacompanhado de pais,
podem viajar pelo Brasil sem
responsável, parente ou qualquer outra pessoa.
autorização.
DIFERENÇAS DE CRIANÇA ADOLESCENTE
TRATAMENTO
Colocação em Ser ouvida e ter Além de ser ouvido e
Família Substituta sua opinião ter a sua opinião
considerada. considerada, deve
haver consentimento.

Consequências pela Sujeita-se a Sujeito à medida de


Prática de Ato medida de proteção e a medida
Infracional proteção. socioeducativa.

Viagens Nacionais Em regra, a Menor de 16 anos não


criança não viaja poderá viajar sozinho.
sozinha.
ANÁLISE DE CASOS:
MEMBRO DO SEXO MASCULINO MAIOR DE IDADE
NAMORANDO COM MENOR DE IDADE DO SEXO
FEMININO DENTRO DO CLUBE.

Nesse caso há perigo? Evidentemente. Nesse


caso, se, porventura, houver contato íntimo, o
rapaz maior de idade PODERÁ responder pelo
crime de estupro, cujo a pena varia entre 8
(oito) a 12 (doze) anos de reclusão (novidade
trazida por modificação legal). 
ESTUPRO
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter
conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro
ato libidinoso:
Pena – reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos.

§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima


é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
Pena – reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§ 2o Se da conduta resulta morte:
Pena – reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

Para que haja estupro é necessário que a vítima não queira o ato sexual.
“Premissa do crime, portanto, é o dissenso da vítima, isto é, que o ato seja
realizado contra sua vontade. Deve, ademais, ser um dissenso sério, que
indique não ter a vítima aderido à conduta do agente”.
“Importantíssima alteração foi trazida pela Lei n. 12.015/2009, que deixou
de fazer distinção entre os crimes de estupro e atentado violento ao pudor,
unindo-os sob a nomenclatura única de estupro”
Pela nova lei haverá estupro, quer tenha havido conjunção carnal, quer
tenha sido praticado qualquer outro tipo de ato sexual..(Vítor E. R.
Gonçalves, 2011, p. 515 e 516)
ASSÉDIO SEXUAL
Art. 216‑A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou
favorecimento sexual, prevalecendo‑se o agente de sua condição de superior
hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou
função.
(...)
Pena – detenção, de um a dois anos.
§ 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito)
anos.

“O núcleo do tipo é o verbo constranger. Este possui dois significados,


dependendo de ser ou não acompanhado de algum complemento. Quando
acompanhado deste, significa coagir, obrigar a vítima a fazer alguma coisa,
pois consiste em constranger alguém a fazer ou deixar de fazer algo.
Quando desacompanhado do complemento, tal como ocorre no crime em
análise, o ato de constranger significa incomodar, importunar, envergonhar,
embaraçar alguém. A própria palavra “assédio” tem o sentido de
importunar, molestar com perguntas ou pretensões”. (Vítor E. R.
Gonçalves, 2011, p. 534)
ASSÉDIO SEXUAL (cont.)

“É necessário que o agente importune a vítima, prevalecendo-se


de sua superioridade hierárquica ou ascendência inerente ao
exercício de emprego (relação laboral de natureza privada), cargo
ou função (relação laboral de cunho público). Na hipótese de
hierarquia, existe um superior e um subalterno, o que não ocorre
no caso de ascendência em que o agente apenas goza de poder
ou influência em relação à vítima (professores ou diretores de
colégio ou de universidades em relação aos estudantes; Prefeito
em relação aos munícipes etc.). Entendemos, também, ser possível
o crime de assédio sexual por líderes espirituais em relação aos
seguidores, por patrão em relação aos empregados, inclusive
domésticos etc.” (Vítor E. R. Gonçalves, 2011, p. 535)
Estupro de vulnerável
Art. 217‑A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com
menor de 14 (catorze) anos:
Pena – reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
§ 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com
alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não
pode oferecer resistência.
§ 2o VETADO. Lei no 12.015, de 7-8-2009.
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
§ 4o Se da conduta resulta morte:
Pena – reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.

Considera-se praticado este crime mesmo que não tenha havido o uso de
violência física ou moral, pois presumida.
“A Lei n. 12.015/2009 abandonou o sistema de presunções de violência (...) e
estabeleceu objetivamente como crime o ato de manter relacionamento
sexual com uma das pessoas vulneráveis elencadas no tipo penal. Assim,
pouco importa que uma moça de 12 anos seja prostituta e já tenha se
relacionado com outros homens. Aquele que for flagrado com ela mantendo
relação sexual, ciente de sua idade, responderá pelo crime.” (Vítor E. R.
Gonçalves, 2011, p. 535)
PEDOFILIA
Art. 240. ECA - Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar
ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou
pornográfica, envolvendo criança ou adolescente: 
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. 

Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro


registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.

Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir,


distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive
por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia,
vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo
explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
“Nos termos dos arts. 240 e 241 da Lei n. 8.069/90, com a
redação que
lhes foi dada pela Lei n. 11.829/2008, constitui crime específico
produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por
qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
criança ou adolescente, bem como oferecer, trocar, disponibilizar,
transmitir, distribuir ou divulgar, por qualquer meio, referidas
imagens.

São também punidos aqueles que agenciarem ou recrutarem o


menor para participar dessas cenas e aqueles que adquirirem,
armazenarem ou possuírem tais fotografias, imagens ou registros.
A pessoa que não tenha se envolvido em um caso concreto, mas
que, genericamente, tenha convencido um menor a se tornar
modelo habitual de fotos pornográficas, poderá incorrer no crime
do art. 218-B porque o induziu a submeter-se à exploração
sexual”. (Vítor E. R. Gonçalves, 2011, p. 544)
FOGOS DE ARTIFÍCIO

Fogos de artifício devem ser manuseados por maiores de idade.


Em qualquer caso, se criança ou adolescente manusear
fogos/explosivos o Líder do Grupo pode ser processado
criminalmente.
Art. 244. ECA - Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de
estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido
potencial, sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em
caso de utilização indevida:
Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.
Objetivo da lei é proteger a saúde e a incolumidade
física da criança e o adolescente, de modo que não
sejam expostos a perigo pelas consequências
causadas pelos fogos de artifício.
ANGARIAR FUNDOS EM SEMÁFORO.

Se o clube precisa de fundos e quer pedir no sinal, que sejam usados nessa
atividade os membros maiores de idade. Isso porque o Líder do Grupo
pode responder pelo seguinte crime:
 

Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade,


guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento:
Pena - detenção de seis meses a dois anos.

Se a criança sofrer acidente provocado por veículo, o Líder do


Grupo poderá responder solidariamente pelos danos sofridos
pela Criança.
AUTORIZAÇÃO PARA VIAGEM
 
O tema é disciplinado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. E lá está disposto
que nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca onde reside,
desacompanhada dos pais ou responsável, sem expressa autorização judicial.

A autorização não será exigida quando:

a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma unidade


da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana;

b) a criança estiver acompanhada:


1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado
documentalmente o parentesco;
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.
Mas, quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é dispensável, se a
criança ou adolescente estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;
viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro através
de documento com firma reconhecida. (Art. 83 do ECA)
 O que ocorre se a criança ou adolescente não tiver autorização
acaso haja blitz policial ou do Conselho Tutelar em conjunto com
o Ministério Público?
 Configurar-se-á crime de rapto (UNeB).

Data vênia, creio ser o crime de subtração de incapaz (art. 249, CP):

Subtração de incapazes
Art. 249. Subtrair menor de dezoito anos ou interdito ao poder de
quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou de ordem
judicial:
Pena – detenção, de dois meses a dois anos, se o fato não constitui
elemento de outro crime.
 
FAZER SEGURO É IMPORTANTE?
 

Além de ser uma salvaguarda, possibilitando o resgate de


quantias utilizadas em tratamento, é condição para provar
que o líder do grupo não foi displicente quanto à organização
da saída e em relação à previsão de possíveis acidentes.
Funciona como argumento, acaso haja processo judicial
conta o líder do grupo, no caso de acidentes.
PARA ACIONAR O SEGURO É NECESSÁRIO:

• Que a Igreja por indicação da comissão vote autorizando


a realização da atividade;
• Que os pais autorizem a ida do filho para o evento;
• Que haja um líder presente na atividade;
• Laudo do médico que atendeu a vítima do sinistro
atestando o que ocorreu;
• Que sejam guardadas as receitas e notas fiscais do
medicamentos indicados pelo médico e adquiridos para
o tratamento.

• OBS.: POSSO TER UMA CÓPIA DA APÓLICE DO


SEGURO? É UM DIREITO SEU. EXIJA!
 OLHAR O LOCAL ANTES DE ACAMPAR É IMPORTANTE SOB O
ASPECTO JURÍDICO?
 

É importantíssimo, pois se pode prever e pré-remediar


situações possíveis. Se houver um acidente e o Líder do
grupo não tiver olhado o local antes, pode responder
alguns delitos a título de culpa (homicídio, lesão corporal)
e, se não tiver uma equipe preparada para primeiros
socorros, pelo crime de omissão de socorro.
 E SE O DESBRAVADOR OU AVENTUREIRO SE MACHUCAR POR DESOBEDIÊNCIA
À ORDEM DO LÍDER DO GRUPO?

Nesse caso, o Diretor do Grupo pode ser processado? Pode


sim. Ele pode responder por crime de lesão corporal culposa
dentre outros crimes.
 
 
 DEVE-SE LEVAR ESPECIALISTA DA ÁREA DA SAÚDE NOS EVENTOS
EXTERNOS?
 É de fundamental importância levar um especialista.
Quando alguém se machuca, e não melhora OU, ainda,
falece no evento, por conta da ausência de um especialista
da saúde, poderá haver crime de omissão de socorro, de
homicídio culposo, ou ainda de crime de lesão corporal
 
 ATIVIDADES QUE EXPÕEM A CRIANÇA E O ADOLESCENTE OU O
ADULTO A ATIVIDADES VEXATÓRIAS
 
Art. 232 - ECA. Submeter criança ou adolescente sob sua
autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
constrangimento:
Pena – detenção de seis meses a dois anos
Talvez muitos clubes de desbravadores ainda se agarram às velhas
manias condenáveis concernentes a castigos vexatórios, a exemplo:
cadeira imaginária, comer ovo cru, etc.
Nesses casos, quando se submete a criança ou o adolescente, que
está sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
constrangimento o líder do grupo ou o malfeitor pode se processado
judicialmente e receber pena de detenção de 06 meses a 02 anos.
Além dos demais crimes decorrentes da ação.
 
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito


Civil: Parte Geral e LINDB. 10 ed. rev., ampl., e atualizada. Salvador:
Jus Podivm, 2012.

GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito penal esquematizado :


parte especial . – São Paulo : Saraiva, 2011.

LIBERATI. Wilson Donizeti. Comentários ao Estatuto da Criança e do


Adolescente. 11. ed. rev., e ampl. São Paulo: Malheiros Editores,
2010.

UNeB. Setor Jurídico

jmpereira75@hotmail.com

84-98884-2379

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