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Didaticamente

Cursos e concursos
Carreira Educacional

Prof.ª Maria Rocha

ESTATUTO DA
CRIANÇA E DO
ADOLESCENTE
COMENTADO

Licensed to Dayane Borges dos Santos - dayaneborges2112@yahoo.com - 114.368.646-23


ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
LEI Nº 8 .069, de 13 de julho de 1990
Das Disposições Preliminares

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.

O Estatuto da Criança e do Adolescente busca a efetivação de políticas públicas destinadas às crianças e


adolescentes de modo a torná-los efetivamente sujeitos de direito gozando de absoluta prioridade, contrapondo ao
modo que foram vistas por muito tempo: como “objetos” de intervenção do Estado e da família.

Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente
aquela entre doze e dezoito anos de idade.

O artigo 2º conceitua, de forma objetiva, quem é considerado adolescente e quem é considerado criança.

Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e
vinte e um anos de idade.

Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo
da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e
facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de
liberdade e de dignidade.

Apesar de dizer o que é aparentemente óbvio, esse artigo traz uma importante inovação em relação à sistemática
anterior ao ECA, ao reconhecer que a criança e o adolescente são sujeitos de direitos, e não meros “objetos” da
intervenção estatal.

Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação
de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de
desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra
condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem. (incluído pela Lei nº 13.257, de
2016)

Trata-se de mais uma referência que reforça o princípio da isonomia (igualdade). Evidencia uma nova forma de
ver, compreender e atender crianças, adolescentes e famílias que se encontram em aparente situação de
vulnerabilidade.

Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta
prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.

A defesa/promoção dos direitos fundamentais assegurados à criança e ao adolescente, não é tarefa de apenas um
órgão ou entidade. Deve ocorrer a partir de uma ação conjunta e articulada entre família, sociedade/comunidade e
poder público, em todas as esferas de governo. Há a determinação de que crianças e adolescentes não apenas
recebam atenção e tratamento prioritários, mas que também sejam prioridade absoluta no âmbito das políticas
públicas.

Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:

a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;

Em caso de acidentes e catástrofes naturais, os primeiros a serem socorridos e receberem cuidados médicos
devem ser as crianças e os adolescentes, inclusive, devido à presunção legal de que, sozinhos, estes não têm
condições de se proteger.

b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;

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Os serviços públicos ou de relevância pública devem atender, em regime de prioridade absoluta, a crianças e
adolescentes. Portanto, serviços públicos como os prestados pelos Centro de Referência Especializado em
Assistência Social (CREAS), os Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) e Centro de Atenção
Psicossocial (CAPS) devem disponibilizar um atendimento diferenciado e prioritário para crianças e
adolescentes.
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;

As políticas públicas devem proteger integralmente e prioritariamente todas as crianças e adolescentes, a


começar pela oferta de políticas sociais básicas: saúde, educação, habitação, saneamento.

d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.

Destinação de orçamentos dos diversos entes federados às necessidades específicas da população


infantojuvenil, através da previsão dos recursos indispensáveis à implementação de políticas.

ART. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos
seus direitos fundamentais.

Todos devem velar pelos direitos assegurados às crianças e aos adolescentes, auxiliando no combate às formas de
violência, negligência e opressão.

Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem
comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como
pessoas em desenvolvimento.

O Estatuto da Criança e do Adolescente há de ser interpretado dando ênfase ao objetivo visado, ou seja, a
proteção e a integração do menor no convívio familiar e comunitário, preservando a liberdade e entendendo-a
como sujeito de direitos em pleno desenvolvimento.

Dos Direitos Fundamentais

Do Direito à Vida e à Saúde

ART . 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas
sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de
existência.

O Poder Público, em todos os níveis: municipal, estadual e federal tem o dever de desenvolver políticas públicas
voltadas à proteção integral da saúde de crianças e adolescentes garantindo os recursos necessários junto aos
órgãos públicos encarregados da saúde.

Do Artigo 8º até 10º, o Estatuto da Criança e do Adolescente dá garantias de atendimento às mulheres por meio
de acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e, às gestantes,
nutrição adequada no Sistema Único de Saúde. Especifica, inclusive, diretrizes para as mães que estão privadas
de liberdade.

ART . 11 . É assegurado acesso integral às linhas de cuidado voltadas à saúde da criança e do adolescente, por
intermédio do Sistema Único de Saúde, observado o princípio da equidade no acesso a ações e serviços para
promoção, proteção e recuperação da saúde. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016).

§ 1º A criança e o adolescente com deficiência serão atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas
necessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e reabilitação. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de
2016).

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Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).no art. 2º,
caput, da Lei nº 13.146/2015, considera-se pessoa com deficiência como “aquela que tem impedimento de longo
prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”.

§ 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e
outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes, de
acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas necessidades específicas. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de
2016).

Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência ou
com mobilidade reduzida.

ART . 13 . Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-
tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva
localidade, sem prejuízo de outras providências legais. (Redação dada pela Lei nº 13.010, de 2014).

A suspeita de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante, de maus-tratos (violência em todas as suas
formas, a violência psicológica, negligência, além do abuso sexual) já torna a comunicação obrigatória. A
escola tem um importante papel na garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes.

§ 2º Os serviços de saúde em suas diferentes portas de entrada, os serviços de assistência social em seu componente
especializado, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e os demais órgãos do Sistema
de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente deverão conferir máxima prioridade ao atendimento das
crianças na faixa etária da primeira infância com suspeita ou confirmação de violência de qualquer natureza,
formulando projeto terapêutico singular que inclua intervenção em rede e, se necessário, acompanhamento
domiciliar. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016).

Os serviços públicos devem planejar ações para prestar atendimento adequado às crianças, sobretudo na primeira
infância, garantindo a urgência necessária, como forma de evitar prejuízos decorrentes de demora.

Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade

ART . 15 . A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em
processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas
leis.

O princípio da dignidade da pessoa humana é universalmente consagrado, sendo inerente a todo ser humano,
independentemente da idade. A violação dos direitos das crianças e dos adolescentes, assim como ocorre em
relação aos demais, é passível de reparação, inclusive, a título de danos morais, ainda que os agentes sejam os
próprios pais da criança ou adolescente.

ART . 16 . O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos:


I – ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais;
II – opinião e expressão;
III – crença e culto religioso;
IV – brincar, praticar esportes e divertir-se;
V – participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;
VI – participar da vida política, na forma da lei;
VII – buscar refúgio, auxílio e orientação.

ART . 17 . O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do
adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos
espaços e objetos pessoais.

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ART . 18 . É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer
tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.

ART . 18- A . A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de
tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos
pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas
socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. (Incluído
pela Lei nº 13.010, de 2014).

A inovação legislativa promovida pela Lei nº 13.010/2014 procurou deixar ainda mais explícito o direito de a
criança e do adolescente serem cuidados e educados de uma forma não violenta, não apenas por parte dos pais
ou responsáveis, mas por qualquer pessoa encarregada cuidá-los, tratá-los, educá-los e protegê-los, o que inclui
profissionais de saúde, educação, assistência social, que atuem em programas e serviços de atendimento e
mesmo autoridades públicas, como membros do Conselho Tutelar, Ministério Público, Poder Judiciário etc.

Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se:

I – castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o
adolescente que resulte em:
a) sofrimento físico; ou
b) lesão;

II – tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente
que:
a) humilhe; ou
b) ameace gravemente; ou
c) ridicularize.

Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária

ART . 19 . É direito da criança e do adolescente ser criado e educado no seio de sua família e, excepcionalmente,
em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu
desenvolvimento integral.

Trata-se de um dos direitos fundamentais a serem assegurados a todas as crianças e adolescentes com a mais
absoluta prioridade. Na medida do possível, busca-se manter e o fortalecer os vínculos com a família natural (ou
de origem). No entanto, quando isso não for possível, deve-se possibilitar a inserção em família substituta de
forma criteriosa e responsável. Na forma da lei, busca-se garantir o pleno e regular exercício do direito à
convivência familiar por todas as crianças e adolescentes.

ART. 22 - Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no
interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.

Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direitos iguais e deveres e responsabilidades
compartilhados no cuidado e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de
suas crenças e culturas, assegurados os direitos da criança estabelecidos nesta Lei.

ART . 23 . A falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão
do poder familiar.

Dificuldade financeira, pobreza não pode ser pretexto para afastar a criança ou adolescente do convívio familiar.

Guarda, tutela e adoção

Art. 28 até 52

ART . 33 . A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente,
conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.

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Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer

ART 53 - A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa,
preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:

O dispositivo traz alguns dos princípios que devem nortear a educação, reproduzindo em parte o enunciado do
art. 205, da CF e o artigo 2º da LDB. A educação não pode ser meramente sinônimo de transmissão de
conhecimentos disciplinares. A educação deve ter como função o preparo para o exercício da cidadania,
inclusive para o trabalho qualificado, por meio da aprendizagem/profissionalização e o ensino de seus direitos
fundamentais. Essa tarefa não é somente da escola, mas também deve ser desempenhada pelo Estado de forma
mais ampla, pela família e pela comunidade, e, para isso, precisam se integrar e articular.

I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

O direito à permanência na escola é assegurado aos estudantes. Legalmente, não é admissível a aplicação de
medidas como a “expulsão” como sanção disciplinar. Isso não significa, logicamente, que crianças e adolescentes
que cometam atos de indisciplina não possam ser responsabilizados pelos seus atos. Isso deve ocorrer na forma
prevista no regimento escolar, em observância às normas e princípios expressos no ECA, na LDB e na CF, sem
prejuízo à frequência e ao acesso irrestrito aos conteúdos pedagógicos ministrados. Quando a lei fala em
igualdade de condições para o acesso e permanência, está também implícita a necessidade de uma “adaptação” da
metodologia de ensino de modo que a educação atenda as “necessidades pedagógicas” específicas dos estudantes.

II – direito de ser respeitado por seus educadores;

A lei enfatiza que toda e qualquer intervenção pedagógica realizada junto a crianças e adolescentes, por qualquer
que seja o agente ou educador, deve ser centrada na ideia do respeito: respeito aos direitos fundamentais
assegurados pela lei e pela Constituição Federal, respeito à individualidade de cada educando e às diferenças
encontradas e, é claro, respeito à peculiar condição da criança e do adolescente como pessoas em
desenvolvimento, que precisam ser adequadamente orientadas, amparadas e preparadas para que possam alcançar
e exercer, em toda plenitude, sua cidadania. A violação deste direito pode importar na prática, por parte do
educador, do crime previsto no art. 232, do ECA e/ou resultar na aplicação das medidas relacionadas no art. 18-
B, do ECA.

III – direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;

Os regimentos escolares devem estabelecer como esse direito será exercido, de preferência com a orientação e
assistência dos pais ou responsável.

IV – direito de organização e participação em entidades estudantis;

Ao se preparar para o exercício da cidadania, deve-se garantir a formação e a conscientização política da criança
e do adolescente. Desse modo, os sistemas de ensino devem estimular a criação de entidades estudantis, por
meio das quais os jovens aprenderão a se organizar e reivindicar seus direitos, inclusive o de uma educação de
qualidade para todos.

V – acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua residência, garantindo-se vagas no mesmo estabelecimento a
irmãos que frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da educação básica. (Redação dada pela Lei nº 13.845, de
2019)

Deve-se garantir o fornecimento do transporte escolar gratuito àqueles que tiverem de ser matriculados longe
de suas residências. Note que a redação foi alterada recentemente.

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Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da
definição das propostas educacionais.

Regra decorrente dos arts. 205 e 227 da Constituição Federal, que estabelecem o papel da família no processo
de educação, formação e preparo para cidadania de crianças e adolescentes. O dever de educar é também
responsabilidade da família. Os pais ou responsáveis devem participar da definição das propostas educacionais,
o que abrange o processo de elaboração do próprio regimento escolar. É válido lembrar que o princípio da gestão
democrática reforça a necessidade de participação dos pais ou responsável na vivência escolar dos filhos.

ART . 53-A . É dever da instituição de ensino, clubes e agremiações recreativas e de estabelecimentos congêneres
assegurar medidas de conscientização, prevenção e enfrentamento ao uso ou dependência de drogas ilícitas.
(Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)

ART . 54 . É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:

I – Ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;

Com a nova redação dada aos arts. 4º, 5º, 6º, 29 a 31 e 87, §3º, inciso I, da LDB, pela Lei nº 12.796/2013, de
04/04/2013, a educação básica passou a ser obrigatória a partir dos 04 (quatro) anos de idade, devendo crianças
entre 04 (quatro) e 05 (cinco) anos ser matriculadas na pré-escola. A obrigação imposta aos pais para matrícula
de seus filhos no sistema de ensino passa a abranger a pré-escola (primeira etapa da educação básica) e o ensino
médio, cabendo ao Poder Público, se adequar para atender esta exigência oferecendo um número de vagas
compatível com a demanda. A Resolução nº 03/2005, do Conselho Nacional de Educação, antecipou a
obrigatoriedade de matrícula no Ensino Fundamental para os (06) seis anos de idade, o que implicou na
ampliação da duração do Ensino Fundamental para (9) nove anos. Adota-se a nomenclatura de Educação
Infantil para a faixa etária até cinco (05) anos, Ensino Fundamental, para a faixa etária de 06 a 14 anos (vale
lembrar que não existe idade-limite para conclusão do ensino fundamental). O acesso à educação básica é
considerado um direito público subjetivo, e o Estado tem o dever de assegurá-lo a todos garantindo a
inserção/reinserção escolar de crianças e adolescentes em qualquer fase do período letivo.

II – progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;

Com as alterações promovidas na LDB pela Lei nº 12.796/2013, o ensino médio passou a ser considerado uma
das etapas da educação básica e, portanto, também obrigatório, em especial, a adolescentes de até 17 anos de
idade - inclusive sob pena de responsabilidade dos pais, cabendo ao Poder Público assegurar o número de vagas
compatível com a demanda.

III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de
ensino;

Observe que o termo é preferencialmente, e não obrigatoriamente. Ainda há escolas que atendem somente
crianças com deficiências. É importante lembrar também que a Lei nº 12.796/2013 englobou no atendimento
educacional especializado os estudantes que possuem transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades
ou superdotação. O Decreto nº 6.571/2008, de 17/09/2008, dispõe sobre o atendimento educacional especializado
aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,
matriculados na rede pública de ensino regular.

IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº
13.306, de 2016);

Como dito anteriormente, com as alterações promovidas pela Lei nº 12.796/2013 na LDB, a creche passou a ser
destinada a crianças de 0 (zero) a 3 (três) anos de idade e a pré-escola (agora como primeira etapa da educação
básica) passou a ser obrigatória para crianças entre 4 (quatro) e 5 (cinco) anos de idade, tendo o ensino
fundamental início aos 6 (seis) anos de idade. A creche e a pré-escola são modalidades da educação infantil, que
como todos os demais níveis de ensino, na forma do art. 205, caput, da CF, constituem-se num “direito de
todos”.

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Assim sendo, embora não haja a obrigatoriedade de os pais matricularem seus filhos em creches, conforme ocorre
com a pré-escola e o ensino fundamental, é dever do Poder Público oferecer vagas para os que assim desejarem,
inclusive, na forma da Lei (art. 208, inciso III, do ECA), sob pena de responsabilidade.

V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;

VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador;

Deve-se evitar a matrícula dos adolescentes no ensino noturno, o que somente deverá ocorrer caso comprovada a
necessidade, em razão do trabalho, na condição de aprendiz, a partir dos 14 (quatorze) anos, ou trabalho regular,
a partir dos 16 (dezesseis) anos de idade. Importante também destacar que a proposta pedagógica oferecida aos
adolescentes que trabalham, assim como aos jovens que apresentam defasagem idade-série, deve ser diferenciada
de modo a atender suas necessidades pedagógicas específicas, respeitando as peculiaridades desses sujeitos. Os
professores encarregados de ministrar as aulas também deverão ser adequadamente selecionados e capacitados
devendo ser dada ênfase ao desenvolvimento de novas propostas relativas à metodologia, didática e avaliação.

VII – atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar,


transporte, alimentação e assistência à saúde.

§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.

Conforme destaca o art. 205, da CF, que estabelece ser a educação “...direito de todos e dever do Estado...”, é de
se considerar que o acesso a todos os níveis de ensino é um direito público subjetivo. Como visto acima, com o
advento da Lei nº 12.796/2013 e da alteração por esta promovida ao art. 5º, da LDB, até mesmo o acesso à pré-
escola - que se constitui na primeira etapa da educação básica - passou a ser expressamente considerado “direito
público subjetivo”, o mesmo ocorrendo com o ensino médio.

§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa responsabilidade
da autoridade competente.

O não oferecimento ou a oferta irregular dos demais níveis de ensino, notadamente a educação infantil e o ensino
médio, também pode (e deve) gerar a responsabilidade do agente público omisso, dada amplitude do contido no
art. 205, da CF e arts. 5º e 208, incisos III, IV e par. único, do ECA.

§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto
aos pais ou responsável, pela frequência à escola.

O art. 5º, §1º da LDB, torna obrigatório o recenseamento não apenas dos alunos do ensino fundamental, mas de
toda educação básica (englobando a pré-escola, o ensino fundamental e o ensino médio).

ART . 55 . Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino.

Com a redação dada aos arts. 4º e 6º da LDB pela Lei nº 12.796/2013, a matrícula de crianças na educação
básica passou a ser obrigatória a partir dos 04 (quatro) anos de idade, persistindo enquanto não concluído o
ensino médio e não atingidos os 18 (dezoito) anos de idade. A falta de matrícula do filho ou pupilo, enquanto
criança ou adolescente, na educação básica, da pré-escola até a conclusão do ensino médio, configura, em tese, o
crime de abandono intelectual, previsto no art. 246, do CP. Por determinação do Conselho Tutelar ou autoridade
judiciária, no entanto, pais ou responsável podem ser obrigados a matricular seus filhos ou pupilos e acompanhar
sua frequência e aproveitamento escolar também na creche, sob pena da prática da infração administrativa
prevista no art. 249, do ECA (cf. art. 129, inciso V, do ECA).

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ART . 56 . Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:
I – maus-tratos envolvendo seus alunos;

A suspeita de que a criança ou adolescente foi vítima de maus-tratos, violência e/ou o abuso sexual, já torna a
comunicação obrigatória, sob pena da prática da infração administrativa prevista no art. 245, do ECA. É
interessante observar também que o art. 245 do ECA não se refere apenas ao Conselho Tutelar, mas sim à
“autoridade competente”, que no caso para apuração da prática de infração penal contra criança ou adolescente,
será o Ministério Público. Os gestores responsáveis pela educação devem orientar e conscientizar os
profissionais da área, bem como fornecer mecanismos destinados a facilitar as denúncias, por meio de “fichas de
notificação obrigatória” ou similares, por exemplo. As denúncias de abuso ou violência sexual contra crianças e
adolescentes podem ser também efetuadas através do telefone “100” (que é o número do “Disque-denúncia
Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes”, mantido pela Secretaria
Especial dos Direitos Humanos - SEDH.

II – reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares;

O Inciso VIII, do artigo 12 do ECA, por meio da Redação dada pela Lei nº 13.803, de 2019) atribui às
instituições escolares a obrigatoriedade de notificar ao Conselho Tutelar do Município a relação dos alunos
que apresentem quantidade de faltas acima de 30% (trinta por cento) do percentual permitido em lei.
Importante destacar que, como está expresso na lei, a comunicação ao Conselho Tutelar não desobriga a
escola de esgotar os recursos disponíveis no próprio sistema de ensino na tentativa de retorno da criança ou
adolescente à escola. Desta forma, cada sistema de ensino deve desenvolver uma política própria de combate
à evasão escolar, devendo prever ações a serem desencadeadas no âmbito da escola e do próprio Sistema, se
necessário com a colaboração de outros órgãos públicos (como é o caso das Secretarias de Assistência Social,
Saúde, Cultura, Esporte e Lazer - de acordo com a estrutura administrativa de cada Ente Federado), com
ações a serem deflagradas desde o momento em que são registradas as primeiras faltas reiteradas e/ou
injustificadas. A comunicação ao Conselho Tutelar deve ocorrer, portanto, após constatado que tais iniciativas
não surtiram o efeito desejado, devendo ser o relato efetuado a tempo de permitir o retorno à escola, ainda
com aproveitamento do ano letivo, com a informação acerca de todas as ações desencadeadas junto à criança
ou adolescente e também junto a seus pais ou responsável.

III – elevados níveis de repetência.

Deve-se comunicar ao Conselho Tutelar as altas taxas de repetência.

ART . 57 . O poder público estimulará pesquisas, experiências e novas propostas relativas a calendário, seriação,
currículo, metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças e adolescentes excluídos do ensino
fundamental obrigatório.

A Lei nº 9.394/1996 e Decreto nº 6.755/2009, de 29/01/2009, institui a Política Nacional de Formação de


Profissionais do Magistério da Educação Básica. A escola deve corresponder às expectativas dos alunos,
trazendo-lhes perspectivas concretas de uma vida melhor não apenas no futuro, mas também no presente.

ART. 58 . No processo educacional respeitar-se-ão os valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto
social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura.

ART . 59 . Os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e
espaços para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude.

Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho

ART . 60 . É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze anos de idade, salvo na condição de aprendiz.

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Interessante observar que não se fala em “direito ao trabalho”, mas sim em “direito à profissionalização” de
adolescentes, pois a preocupação é assegurar que os adolescentes maiores de 14 (quatorze) anos sejam
devidamente “qualificados para o trabalho”, o que é diferente de pura e simplesmente autorizar os adolescentes
a exercer uma atividade laborativa qualquer, de maneira desqualificada.

ART . 61 . A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada por legislação especial, sem prejuízo do disposto
nesta Lei.

Art. 62.Considera-se aprendizagem a formação técnico-profissional ministrada segundo as diretrizes e bases da


legislação de educação em vigor.

Art. 63.A formação técnico-profissional obedecerá aos seguintes princípios:

I - garantia de acesso e frequência obrigatória ao ensino regular.

O adolescente aprendiz deve estar matriculado ou já ter concluído o ensino fundamental. A “ausência
injustificada à escola que implique perda do ano letivo” é inclusive considerada justa causa para a rescisão do
contrato de aprendizagem (cf. art. 433, inciso III, da CLT).

II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescente;


III - horário especial para o exercício das atividades

DA PREVENÇÃO

Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente.

A lei impõe a todos a obrigação de agir diante de qualquer ameaça ou violação dos direitos infanto-juvenis. A
inércia, em tais casos, pode mesmo levar à responsabilização daquele que se omitiu. Nesse sentido, vale observar
o disposto no art. 5° que exige de toda pessoa que toma conhecimento de ameaça ou violação ao direito de uma
ou mais crianças e/ou adolescentes, no mínimo, a comunicação do fato (ainda que se trate de suspeita), aos
órgãos e autoridades competentes.

ART . 70-A . A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão atuar de forma articulada na
elaboração de políticas públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo físico ou de tratamento
cruel ou degradante e difundir formas não violentas de educação de crianças e de adolescentes, tendo como
principais ações: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014).

Ressalta a necessidade do desenvolvimento de políticas públicas intersetoriais, nos mais diversos níveis de
governo, destinadas a prevenir e coibir o uso de métodos violentos usados como justificativas para a educação
de crianças e adolescentes. A ideia básica é não apenas atuar na repressão ao uso da violência, mas também
mostrar as alternativas as quais pais, responsáveis, cuidadores e educadores em geral devem se valer para, de um
lado, estabelecer os necessários limites que toda criança ou adolescente necessita (como parte de seu processo
educacional, em toda amplitude preconizada pelo art. 205, da CF) e, de outro, manter íntegros todos os seus
demais direitos fundamentais, inclusive o de não ser submetido a qualquer tratamento cruel, humilhante,
degradante ou a situações vexatórias e constrangedoras.

I – a promoção de campanhas educativas permanentes para a divulgação do direito da criança e do adolescente de


serem educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante e dos instrumentos de
proteção aos direitos humanos; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014).

II – a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública, com o
Conselho Tutelar, com os Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente e com as entidades não
governamentais que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente; (Incluído pela
Lei nº 13.010, de 2014).

III – a formação continuada e a capacitação dos profissionais de saúde, educação e assistência social e dos demais
agentes que atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adolescente para o desenvolvimento
das competências necessárias à prevenção, à identificação de evidências, ao diagnóstico e ao enfrentamento de
todas as formas de violência contra a criança e o adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)

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RT . 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem nas áreas a que se refere o art. 71, dentre outras, devem
contar, em seus quadros, com pessoas capacitadas a reconhecer e comunicar ao Conselho Tutelar suspeitas ou casos
de maus-tratos praticados contra crianças e adolescentes. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014).

Esse dispositivo tem a perspectiva de assegurar o devido preparo daqueles que lidam com crianças e
adolescentes para identificar possíveis sinais de violência de que estas tenham sido vítimas.

Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela comunicação de que trata este artigo, as pessoas encarregadas,
por razão de cargo, função, ofício, ministério, profissão ou ocupação, do cuidado, assistência ou guarda de crianças
e adolescentes, punível, na forma deste Estatuto, o injustificado retardamento ou omissão, culposos ou dolosos.
(Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014).

O dispositivo visa atingir a todos os profissionais que prestam atendimento a crianças e adolescentes, de modo
que recebam a já mencionada qualificação técnica e, em caso de omissão, sejam devidamente responsabilizados
por sua conduta.

ART . 71 . A criança e o adolescente têm direito a informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e
produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

PARTE ESPECIAL

Da Política de Atendimento

ART . 86 . A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto
articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos
municípios.

A “Articulação” é uma das palavras-chave da política de atendimento à criança e ao adolescente a ser


implementada com base no ECA, na medida em que, para obtenção da almejada proteção integral aos direitos
e interesses infantojuvenis, faz-se necessária uma ação conjunta - e coordenada - tanto do poder público
quanto da sociedade civil organizada e entidades que a representem. A coordenação de tais ações e
iniciativas, bem como a construção de uma verdadeira “rede de proteção” aos direitos de todas as crianças e
adolescentes, é tarefa que cabe, primordialmente, aos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente,
cuja principal característica é a composição paritária entre governo e sociedade. Assim sendo, sob a
coordenação dos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente (notadamente em nível municipal, haja
vista que a municipalização do atendimento é a diretriz primeira da política idealizada pela Lei nº 8.069/1990
para proteção integral dos direitos infantojuvenis), os mais diversos serviços públicos (a exemplo dos
prestados pelos CREAS, CRAS, CAPS etc.). Assim como programas de atendimento executados por órgãos
e entidades governamentais e não governamentais, devem se articular, estabelecendo “protocolos” de
atendimento interinstitucional, definindo fluxos e “referenciais”, que permitam a rápida identificação dos
setores e profissionais que deverão ser acionados sempre que surgir determinada situação de ameaça ou
violação de direitos de crianças e adolescentes, que deverão agir de forma integrada, na perspectiva de que o
problema seja solucionado da forma mais rápida e eficaz possível. Fundamental, também, o
compartilhamento de informações entre os diversos integrantes da “rede de proteção” à criança e ao
adolescente local, preferencialmente por intermédio de um sistema informatizado que permita o registro e a
visualização das ações/intervenções efetuadas por todos os agentes corresponsáveis pelo atendimento. A
política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente a ser implementada pela União, Estados,
Distrito Federal e Municípios visa proporcionar a todas as crianças e adolescentes, de maneira concreta, o
direito a um nível de vida adequado, capaz de permitir o seu pleno desenvolvimento físico, mental, espiritual,
moral e social, atendendo ao princípio elementar da dignidade da pessoa humana. Embora o atendimento a
ser prestado à criança e ao adolescente deva ser municipalizado, cabe à União e aos Estados prestarem o
apoio técnico e financeiro para que os municípios possam construir suas “redes de proteção” infantojuvenis.
De uma forma ou de outra, a responsabilidade de todos os entes federados é comum e solidária, podendo, se
necessário, qualquer deles ser demandado para que os direitos fundamentais assegurados à criança e ao
adolescente sejam efetivados.

ART . 87 . São linhas de ação da política de atendimento: (Vide Lei nº 12.010, de 2009).

I – políticas sociais básicas;

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O dispositivo demonstra claramente que a prioridade absoluta à criança e ao adolescente deve ser assegurada
ao se planejar as ações, e consequentemente, garantido orçamentos para áreas como a saúde e a educação que
devem, adequar serviços e criar programas para o atendimento prioritário da população infantojuvenil, sem
prejuízo da articulação de esforços com outros órgãos estatais e da sociedade civil.

II – serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social de garantia de proteção social e de prevenção e
redução de violações de direitos, seus agravamentos ou reincidências; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016).
III – serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos,
exploração, abuso, crueldade e opressão;

A implementação de programas e serviços especializados destinados a prevenir e atender crianças e


adolescentes vítimas de violência, inclusive sexual, é dever de todo município. A omissão pode levar à
responsabilização dos agentes públicos aos quais se atribui a conduta lesiva aos direitos infantojuvenis. A Lei
nº 13.431/2017 reforçou esse entendimento, com a previsão de uma série de mecanismos a serem
obrigatoriamente instituídos pelo Poder Público para prevenção e atendimento de crianças e adolescentes
vítimas de violência, com a criação de um Sistema de Garantia de direitos de crianças e adolescentes vítimas e
testemunhas de violência, de modo a assegurar um atendimento especializado/qualificado e não revitimizante.

IV – serviço de identificação e localização de pais, responsável, crianças e adolescentes desaparecidos;


V – proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos da criança e do adolescente.
VI – políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o período de afastamento do convívio familiar e a
garantir o efetivo exercício do direito à convivência familiar de crianças e adolescentes; (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009).
VII – campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio
familiar e à adoção, especificamente inter-racial, de crianças maiores ou de adolescentes, com necessidades
específicas de saúde ou com deficiências e de grupos de irmãos.

Art. 88 – diretrizes da política de atendimento


VIII – especialização e formação continuada dos profissionais que trabalham nas diferentes áreas da atenção à
primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre direitos da criança e sobre desenvolvimento infantil; (Incluído
pela Lei nº 13.257, de 2016).

A qualificação técnica e a formação continuada dos profissionais das diversas áreas que prestam atendimento a
crianças e adolescentes é fundamental, sendo também prevista em outros artigos do ECA. Cabe ao Poder
Público oferecer e/ou estimular a frequência dos técnicos e demais servidores que atuam na “rede de proteção”
à criança e ao adolescente local a cursos de especialização, de modo que todos compreendam exatamente qual
o seu papel (assim como o papel dos demais) e saibam exatamente o que fazer (e como proceder) diante das
situações de ameaça/violação de direitos infantojuvenis que surgirem.

Das Medidas de Proteção

ART . 98 . As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos
nesta Lei forem ameaçados ou violados

A simples ameaça de violação de direitos já autoriza a intervenção da Justiça da Infância e da Juventude, que
deve ocorrer tanto no plano individual quanto coletivo. O dispositivo relaciona as hipóteses em que se considera
que uma criança ou adolescente se encontra em situação de risco, ou seja, em condição de maior
vulnerabilidade, demandando uma atenção especial por parte da rede de proteção e dos órgãos de defesa dos
direitos infantojuvenis.

I – por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;


II – por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;

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Por responsável, entende-se apenas o responsável legal, que além dos pais será o guardião ou o tutor, regular e
formalmente nomeado pela autoridade judiciária, ou ainda o dirigente da entidade de acolhimento institucional.
A retirada da criança ou do adolescente de sua família de origem, no entanto, ainda que constatada omissão ou
abuso dos pais ou responsável, somente deve ocorrer em situações extremas, sendo a família, por força de lei e
do art. 226, da CF, destinatária de “especial proteção”, que compreende orientação e assistência, por parte do
Poder Público.

III – em razão de sua conduta

Não apenas a prática de ato infracional, mas outros comportamentos podem colocar a criança ou o adolescente
em situação de risco. A exata dimensão e, acima de tudo, a origem de tais problemas devem ser, antes de mais
nada, devidamente apuradas, através da intervenção de profissionais das áreas da pedagogia, pediatria e
psicologia, cujos serviços podem ser requisitados pelo Conselho Tutelar ou autoridade judiciária (que a rigor já
deveria contar com os serviços uma equipe multiprofissional. Importante não perder de vista que as medidas de
proteção relacionadas no art. 101, do ECA, assim como as socioeducativas, devem ser aplicadas de acordo com
as necessidades pedagógicas específicas da criança ou do adolescente.

ART . 99 . As medidas previstas neste Capítulo poderão ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como
substituídas a qualquer tempo.

Pode ser aplicada apenas uma medida de proteção ou várias, simultaneamente, sempre de acordo com as
necessidades específicas de seu destinatário. É importante observar que as medidas de proteção devem, em
regra, ser aplicadas em conjunto com as medidas destinadas aos pais ou responsável pela criança ou
adolescente, previstas no art. 129, do ECA.

ART . 100 . Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que
visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.

Parágrafo único. São também princípios que regem a aplicação das medidas:

IX – responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada de modo que os pais assumam os seus deveres para
com a criança e o adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009).

ART . 101 . Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a autoridade competente poderá determinar,
dentre outras, as seguintes medidas:

I – encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade;


II – orientação, apoio e acompanhamento temporários;
III – matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental;
IV – inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio e pro-moção da família, da
criança e do adolescente; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016).
V – requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
VI – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos;
VII – acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009).
VIII – inclusão em programa de acolhimento familiar; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009).
IX – colocação em família substituta. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009). § 1º O acolhimento institucional e o
acolhimento familiar são medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de transição para reintegração
familiar ou, não sendo esta possível, para colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade.
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009).

A “autoridade competente” para aplicação de medidas de proteção será a autoridade judiciária ou o Conselho
Tutelar, a depender do nível de intervenção. O rol de medidas do art. 101, do ECA, é meramente
exemplificativo, podendo ser aplicadas medidas outras que se mostrem adequadas às necessidades pedagógicas
da criança ou adolescente, conforme art. 100, caput, do ECA.

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Em qualquer caso, a aplicação de medidas de proteção deve ser precedida de um “diagnóstico”, ou seja, de
uma avaliação técnica, de preferência realizada por diversos profissionais de áreas distintas, observando,
dentre outros, os princípios relacionados no art. 100 do ECA, bem como outras normativas técnicas porventura
existentes. Deve-se observar os programas e serviços especializados, que possam atender o caso de forma
individualizada, com o máximo de profissionalismo.

Da Prática de Ato Infracional

ART . 103 . Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal.

ART . 104 . São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada a idade do adolescente à data do fato.

ART . 105 . Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas previstas no art. 101.

Dos Direitos Individuais


ART . 106 . Nenhum adolescente será privado de sua liberdade senão em flagrante de ato infracional ou por ordem
escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.

Das Medidas SocioEducativas

ART . 112 . Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as
seguintes medidas:

I – advertência;
II – obrigação de reparar o dano;
III – prestação de serviços à comunidade;
IV – liberdade assistida;
V – inserção em regime de semiliberdade;
VI – internação em estabelecimento educacional;
VII – qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. § 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua
capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração.

3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e especializado, em


local adequado às suas condições.

Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável

ART . 129 . São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:

V – obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua freqüência e aproveitamento escolar;


VI – obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado;

Do Conselho Tutelar

ART . 131 . O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de
zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.

Das Atribuições do Conselho

ART . 136 . São atribuições do Conselho Tutelar:

I – atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no
art. 101, I a VII;
II – atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII;
III – promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:

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a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança;
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberações.
IV – encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra os
direitos da criança ou adolescente;
V – encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;
VI – providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o
adolescente autor de ato infracional;
VII – expedir notificações;
VIII – requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente quando necessário;

Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar entender necessário o afastamento do
convívio familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe informações sobre os motivos
de tal entendimento e as providências tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da família. (Incluído
pela Lei nº 12.010, de 2009).

Da Competência

ART . 208 . Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à
criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta irregular: (Vide Lei nº 12.010, de 2009).
I – do ensino obrigatório;
II – de atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência;
III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº
13.306, de 2016);
IV – de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
V – de programas suplementares de oferta de material didático-escolar, transporte e assistência à saúde do educando
do ensino fundamental;
VI – de serviço de assistência social visando à proteção à família, à maternidade, à infância e à adolescência, bem
como ao amparo às crianças e adolescentes que dele necessitem;
VII – de acesso às ações e serviços de saúde;
VIII – de escolarização e profissionalização dos adolescentes privados de liberdade.
IX – de ações, serviços e programas de orientação, apoio e promoção social de famílias e destinados ao pleno
exercício do direito à convivência familiar por crianças e adoles-centes. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009);
X – de programas de atendimento para a execução das medidas socioeducativas e aplicação de medidas de proteção.
(Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012).
XI – de políticas e programas integrados de atendimento à criança e ao adolescente vítima ou testemunha de
violência. (Incluído pela Lei nº 13.431, de 4 de abril de 2017).

§ 1º As hipóteses previstas neste artigo não excluem da proteção judicial outros interesses individuais, difusos ou
coletivos, próprios da infância e da adolescência, protegidos pela Constituição e pela Lei. (Renumerado do Parágrafo
único pela Lei nº 11.259, de 2005).

§ 2º A investigação do desaparecimento de crianças ou adolescentes será realizada imediatamente após notificação


aos órgãos competentes, que deverão comunicar o fato aos portos, aeroportos, Polícia Rodoviária e companhias de
transporte interestaduais e internacionais, fornecendo-lhes todos os dados necessários à identificação do desaparecido.
(Incluído pela Lei nº 11.259, de 2005).

Dos Crimes em Espécie

ART . 229 . Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de
identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames
referidos no art. 10 desta Lei: Pena – detenção de seis meses a dois anos.
Parágrafo único. Se o crime é culposo: Pena – detenção de dois a seis meses, ou multa.

ART . 232 . Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a
constrangimento:

Pena – detenção de seis meses a dois anos.

§ 2º As penas previstas no caput deste artigo são aumentadas de um terço no caso de a infração cometida ou
induzida estar incluída no rol do art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990. (Incluído pela Lei nº 12.015, de
2009).

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Das Infrações Administrativas

ART . 245 . Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino
fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento,
envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente:

Embora não cheguem a caracterizar crimes, certas condutas que acarretam a violação de direitos infantojuvenis
devem ser alvo da repressão estatal, através do processo e julgamento perante a Justiça da Infância e da
Juventude (cf. art. 148, inciso VI, do ECA) e a subsequente aplicação de multas e outras sanções
administrativas. As multas podem ser aplicadas usando os parâmetros mínimo e máximo fixados pela lei,
tomando por base o último salário-de-referência, devidamente corrigido.

Pena – multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência.

Referências

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