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Estatuto da Criança

e do Adolescente
Amanda Máximo
AULA 6
Dos Direitos
Fundamentais
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

Os direitos fundamentais são os direitos do homem


juridicamente garantidos e vigentes em uma ordem jurídica
concreta.

Variáveis ao longo dos tempos, estão previstos atualmente


na Declaração Universal dos Direitos do Homem e do
cidadão, presente naqueles estados que garantem a forma
democrática de governo.
Os direitos fundamentais limitam o poder do Estado em
interferir no que é protegido como garantia fundamental,
impedindo o excesso de poder sobre esses direitos e/ou
garantias.

Primeiro vieram os direitos da liberdade, garantindo a


mínima intervenção do Estado na vida dos cidadãos. Depois
veio a liberdade política, com participação direta dos
indivíduos nas decisões políticas. E, por último, as
liberdades sociais, que são mais abrangentes e preocupam-se
com o bem-estar geral.
De forma mais técnica, citamos:

“Os direitos fundamentais podem ser conceituados como a


categoria jurídica instituída com a finalidade de proteger a
dignidade humana em todas as dimensões. Por isso, tal qual
o ser humano, tem natureza polifacética, buscando
resguardar o homem na sua liberdade (direitos individuais),
nas suas necessidades (direitos sociais, econômicos e
culturais) e na sua preservação (direitos relacionados à
fraternidade e à solidariedade)” (ARAUJO, 2005, p.109).
Um dos fundamentos do Estado Democrático Brasileiro é a
proteção dos direitos humanos. Em toda a Constituição
Federal estão elencados diversos direitos e garantias
fundamentais, em especial, no artigo 5º.

Em relação às crianças e aos adolescentes, mostram-se


essenciais os direitos fundamentais em sua formação e
desenvolvimento.
2. DIREITOS FUNDAMENTAIS EM ESPÉCIE

São muitos os direitos fundamentais ligados à criança e ao


adolescente em que o legislador constituinte quis garantir
que este grupo em formação física e psicológica fosse
tratado de forma especial, com maior cuidado e respeito,
pela peculiaridade de seu estado.
DIREITO À VIDA

É o bem maior, que deve ser observado de forma a garantir


que nada possa atentar contra ele.

É indispensável para a exigência dos demais, além de


considerado o mais elementar de todos.

A vida da criança e do adolescente deve ser tratada como


prioridade em qualquer situação, garantido que elas sejam
afastadas de qualquer forma de risco.
DIREITO À SAÚDE

A Organização Mundial da Saúde conceitua o termo saúde


como o estado de plenitude e equilíbrio mental, psíquico,
físico.

O direito fundamental à saúde também deve ser prioritário


para as crianças e os adolescentes, como forma a garantir
que nada possa interferir em sua formação.
Outros pontos importantes concernentes ao direito à saúde
são:

O direito do nascituro e o atendimento à gestante, em que o


Estatuto da Criança e do Adolescente veio a protegê-los em
todas as fases da vida, inclusive a uterina.

A dignidade da pessoa humana deve ser protegida desde a


concepção, segundo as normais jurídicas atuais. O ECA
reconhece direitos mesmo antes do nascimento. Esses
direitos devem ser garantidos e protegidos.
Quanto aos direitos da gestante, cabe lembrar que são
asseguradas as participações em todas as políticas e ações de
acompanhamento da gestação, atendimento médico em todo
o seu curso e ao parto seguro e em perfeitas condições
saudáveis.

Também garante-se à gestante o acesso aos


medicamentos necessários para uma boa gestação, a
participação em todos os programas de atenção básica de
saúde e o acesso prioritário aos atendimentos, inclusive
domiciliar, se necessário for.
O direito à saúde da Criança e do Adolescente está postulado
no artigo 11 do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Por meio do Sistema Único de Saúde – SUS, efetiva-se o


devido atendimento e cuidados, colocando em prática o
respeito ao princípio estudado.
A saúde bucal, tanto para a criança e como para o
adolescente, bem como para a gestante, terá sua atenção
prestada pelo Sistema Único de Saúde - SUS.

A atenção odontológica deve ser prestada antes mesmo de o


bebê nascer, de forma preventiva e educativa, garantindo
que todos saibam como cuidar da saúde bucal e assim
prevenir o aparecimento de doenças.
A saúde deve ser compreendida como uma plenitude física e
mental. Deve ser garantida à criança e ao adolescente uma
formação regular, completa e saudável.

Quando trazemos o princípio da igualdade para a aplicação


da saúde, resguardamos a maior cobertura possível a todos
os sujeitos.
Grande problema social é o uso de drogas e a questão dos
dependentes químicos.

A vulnerabilidade de milhares de crianças e jovens, pela


facilidade ao acesso às drogas e bebidas, leva a mais uma
grande batalha em mantê-los longe de todos os riscos que
atentam contra sua integridade.

Mesmo havendo grande colaboração do poder público e da


sociedade, qualquer política pública aplicada só surtirá
efeitos a médio e longo prazo.
ATENDIMENTO MÉDICO A CRIANÇA E AO ADOLESCENTE
DESACOMPANHADO.

Se houver urgência, o atendimento à criança e o adolescente


deve ser realizado, mesmo que estejam desacompanhados.
Após os procedimentos necessários, devem ser feita as
comunicações aos pais ou responsáveis.

Quanto ao sigilo médico, este é assegurado a todos os


pacientes, independentemente de idade ou condição.
DEFICIENTES

Quando o assunto envolve crianças e adolescentes


deficientes, a lei garante acesso à saúde e tratamento
especial.

As ações e sistemas de saúde devem proporcionar, ao


máximo, a assistência integral, os diagnósticos e tratamentos
para o auxílio nos cuidados necessários nas formas mais
amplas.
DOENTES CRÔNICOS

A regularidade para esse tipo de paciente deve ser integral,


pois o fornecimento de medicamentos, equipamentos e
materiais é essencial para a manutenção da vida, pela
condição de saúde apresentada.

O judiciário tem atendido muito pedidos realizados em face


do poder público que nega o fornecimento necessário,
alegando falta de recursos.
DIREITO A ACOMPANHANTE

Sempre que internados para restabelecimento da saúde ou


para tratamento, a criança e o adolescente devem ser
acompanhados.

Isso influencia no resultado e na qualidade da recuperação,


possibilitando maior confiança e aceitação no tratamento
aplicado.
ADOLESCENTE EM CUMPRIMENTO DE MEDIDA
SOCIOEDUCATIVA

Os adolescentes em conflito com a lei, em cumprimento de


medidas socioeducativas, têm o direito de acesso à saúde,
bem como aos tratamentos de que necessitarem.

A atenção dispensada ao adolescente em conflito com a lei


deve ser mais ampla, garantindo-se uma integridade física e
psicológica para sua reintegração à sociedade.
DIREITO À LIBERDADE

O direito à liberdade, inerente a qualquer indivíduo, deve


observar particularidades no caso da criança e do
adolescente pelos limites impostos em relação aos cuidados
e proteção que se requer.

O direito à liberdade não está restrito ao direito de ir e vir,


mas também ao de estar. A criança e o adolescente deve ter
liberdade, mas com restrições a serem expostas a locais e
situações inapropriadas, prejudiciais a sua formação.
DIREITO AO RESPEITO E À DIGNIDADE

O respeito é a consideração pelo indivíduo e o tratamento


que deve ser dispensado, de acordo com as suas condições
fisiológicas, sociais, etc.

A dignidade está ligada à qualidade moral do indivíduo que


reflete diretamente no respeito a ela dispensada.

A criança e o adolescente devem ter o seu direito ao respeito


e a dignidade colocados como prioridade.
DIREITO À EDUCAÇÃO

O acesso à educação garante o crescimento e a formação


moral, intelectual e física de qualquer ser humano.

Todo o processo de educação tem o condão de possibilitar


que a criança e o adolescente cheguem à vida adulta prontos
para exercer com responsabilidade os atos civis e de
cidadania, sem falhas e sequelas de uma instrução deficiente.
IGUALDADE NA EDUCAÇÃO

Não deve haver, mesmo não sendo a realidade em que


vivemos, uma discriminação ou priorização, quanto à
educação oferecida.

Todas as crianças e os adolescentes devem ter acesso ao


mesmo nível de qualidade no ensino e a integração à cultura,
fundamentais para uma boa formação.
ACESSO E PERMANÊNCIA NA ESCOLA

Não é apenas oferecer vagas o dever do poder público para


garantir que as crianças e os adolescentes tenham acesso à
educação. Faz-se necessária a criação de meios e formas que
garantam esse atendimento, bem como às necessidades
específicas de cada lugar.
Existem outros direitos inerentes ao acesso e ao pleno
desenvolvimento da educação como: os níveis de
modalidades de ensino para o atendimento a cada
necessidade; ensino noturno para quem só dispõe desse
período para estudar; educação de jovens e adultos;
flexibilização do ensino; regime especial para gestantes;
educação das relações étnico-raciais; educação
democratizada, e financiamento da educação básica.
DIREITO À CULTURA, ESPORTE E LAZER

Vários são os estímulos necessários para o desenvolvimento


completo da criança e do adolescente para que possam,
através das diversas experiências, construir a sua
personalidade.

Tendo acesso à cultura, ao lazer e ao esporte, a criança e o


jovem terão condições de evoluir física e mentalmente.
DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO NO
TRABALHO

A profissionalização faz parte do processo de formação e


crescimento do jovem que, através das primeiras
experiências de trabalho, formará a sua percepção de
responsabilidade laboral e relacionamento/comportamento
no ambiente de trabalho.

A legislação brasileira especifica as formas de admissão do


jovem, garantindo direitos diferenciados, como a carga
horária de trabalho reduzida.
O contrato de trabalho de aprendizado, específico ao jovem
que tem suas primeiras experiências de trabalho, deve seguir
o que determina a lei (artigo 428 da CLT).

Garante-se ao maior de 12 e menor de 24 anos, mediante


contrato na forma escrita e por prazo determinado, de no
máximo 2 anos, a inscrição em programa de aprendizagem e
formação técnico-profissional que seja compatível com o seu
desenvolvimento.
TRABALHO RURAL DO JOVEM

O trabalho rural desempenhado pelo jovem está regulado


pela Lei nº 5.889/73 e pela Constituição Federal. Ele é
equiparado ao trabalhando urbano, possuindo as mesmas
garantias.

A idade mínima para o trabalho é de 16 anos, ressalvada a


aprendizagem a partir dos 14, vedado o trabalho noturno,
garantindo-se o salário mínimo-hora e horário compatível ao
horário escolar.
Diversos são os direitos fundamentais inerentes à criança e
ao adolescente, cuja extensão e aplicabilidade são essenciais
para a efetivação dos sistemas e políticas públicas.

Através do exercício e do respeito a todos os direitos


fundamentais estudados é que podemos realmente garantir
proteção e aplicabilidade regular de toda a legislação
infantojuvenil.
REFERÊNCIAS

ARAUJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano.


Curso de Direito Constitucional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p.
109-110.

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