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Os Direitos Fundamentais da Criança e do

Adolescente
São os mesmos direitos de qualquer pessoa humana, tais como o direito à vida e à
saúde, à educação, à liberdade, ao respeito e à dignidade, à convivência familiar e
comunitária, à cultura, ao lazer e ao esporte, à profissionalização e à proteção no
trabalho. Esses direitos são garantidos na Constituição Federal (art. 5°) e consignados
no Estatuto.
O Estatuto começa a definir os direitos fundamentais das crianças e dos adolescentes.
Claro que ele começa a tratar do direito à vida e à saúde. Isto porque o direito
fundamental principal é o direito à vida, uma vez que os direitos que vêm depois são
acréscimo.
A criança e o adolescente têm direitos a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação
de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e
harmonioso, em condições dignas de existências (art. 7°). Para isso, a lei assegura,
prevê mecanismos de proteção desde a fase gestacional, por intermédio do SUS, o
atendimento pré e perinatal para a gestante, no sentido de garantir o nascimento
harmonioso daquela criança.
Na articulação desses direitos, o Estatuto da Criança e do Adolescente ainda os vem
enumerando e pontuando de forma clara, de modo a permitir o direito à vida e à saúde
de maneira harmoniosa. O legislador se preocupa com o desenvolvimento da criança.
Desse modo, vem pontuando situações específicas. Mesmo assim, vimos
testemunhando uma situação caótica.
Os hospitais, ao atenderem uma mãe prestes a ter um filho, são obrigados a guardar o
prontuário pelo prazo de 18 anos, porque o legislador estatutário sabe que a primeira
condição de um indivíduo é sua cidadania – a qual começa com seu registro de
nascimento. E, muitas vezes, é comum em nossa cultura deixarmos para registrar os
filhos depois: porque estamos esperando que o pai reconheça, ou esperando para
melhorar a situação financeira; não importa, temos inúmeras razões. E as providências
que devem ser tomadas logo não o são. Ainda por cima, com as enchentes, as
inundações e os problemas de tempo, as mães acabam perdendo a declaração de nascido
vivo e deixam de registrar seus filhos.
Para evitar que as crianças não sejam registradas, a lei garante e obriga que os hospitais
guardem essa documentação por 18 anos. Desse modo, ao atingir essa idade, se a pessoa
ainda não foi registrada e se nasceu em hospital público, basta ir ao local em que nasceu
e requerer uma segunda via da declaração de nascido vivo e, então, poderá se registrar.
A preocupação do legislador vai além quando trata da vida e da saúde: quando do
nascimento, manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato permanência junto à
mãe. Isto porque é muito importante para o desenvolvimento de um bebê a presença da
mãe. Conclui-se que o ECA é uma lei sensível, voltada à saúde da criança.
No art. 11 do ECA também se assegura atendimento médico à criança e ao adolescente,
por meio do Sistema Único de Saúde, garantido o acesso universal e igualitário às ações
e aos serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde.
Não importa que sejam infratores baleados, uma criança pobre ou um infrator de família
rica, todos terão direito ao mesmo tratamento.
O que a lei garante é um direito subjetivo da criança, mas o que vemos na prática é que
isso não existe. Há uma grande falta de interesse de nossos governantes e, podemos
dizer, também da população, que não cobra deles as providências cabíveis.
Suponhamos que a criança necessite de uma meia elástica, uma luva, um medicamento,
porque apresenta alguma doença e os pais não têm como comprar. Tem de haver um
programa junto à Secretaria de Saúde para garantir a essa criança os itens necessários.
Trata-se, como já se disse, de um direito subjetivo da criança ou do adolescente; não de
favor do Poder Público.
No art. 12, está previsto que os estabelecimentos de atendimento à saúde deverão
proporcionar condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou
responsável, nos casos de internação da criança ou adolescente. Não se discute que a
presença dos pais/responsáveis é imprescindível, principalmente no caso de internação,
pois a criança (ou o adolescente) está fragilizada e o Estatuto garante esse direito.
No art. 13 temos que os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança
ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao conselho tutelar da respectiva
localidade, sem prejuízo de outras providencias legais.
A Constituição Federal, ao criar a responsabilidade em relação às crianças e aos
adolescentes, preceitua que o primeiro responsável é a família, depois vem a sociedade
e, por fim, o Estado. Se um médico, ao entrar em contato com uma criança, perceber
que ela está sendo vítima de maus-tratos, não pode omitir-se. Ao contrário. Esse
profissional e o hospital são obrigados a comunicar o fato ao Conselho Tutelar, que é o
órgão criado pelo Estatuto com a função de zelar pelos direitos das crianças e
adolescentes. O Conselho Tutelar, então, vai verificar o que está se passando com
aquela criança ou adolescente.
No art. 14, temos que o Sistema Único de Saúde promoverá, ainda, programas de
assistência médica e odontológica para a prevenção das enfermidades que
ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas de educação sanitária para
pais, educadores e alunos. Na verdade, nesse dispositivo, o único programa que o
governo implantou foi a vacinação infantil, mas com relação à saúde bucal e à
educação, até agora não vimos providências. Para cobrar essas providências, precisamos
de crescimento e conscientização política.
Como prevê o art. 15, o segundo grande direito, depois da vida e da saúde, é à liberdade.
A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como
pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis,
humanos e sociais garantidos na Constituição Federal e nas leis.
Podemos observar que essas garantias de direitos fundamentais são os mesmos de
qualquer pessoa humana. Apenas não se estendia às crianças e aos adolescentes, só
passando a sê-lo com a Constituição Federal. A garantia e a proteção desses direitos
devem ser exercidas ao se assegurar a seus beneficiários, quer pela lei, quer por
qualquer outro meio, todas as facilidades ao desenvolvimento físico, moral, mental,
espiritual e social, com dignidade e liberdade.
Não se pode olvidar, contudo, que a pedra angular dos direitos infanto-juvenis encontra
assento na Declaração dos Direitos da Criança, proclamada pela Assembleia Geral das
Nações Unidas, em 20 de novembro de 1989, contemplando, entre seus 10 princípios, a
base jurídico-social da dignidade.

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