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FACULDADE DE DIREITO
DIREITO COMPARADO
Grupo n.11
Este trabalho compreende um exercício técnico-jurídico proposto pelo Docente Hernani
Cambinda, o qual foi recebido com muito entusiasmo pelo grupo número 11 que
aguarda ansiosamente pela defesa.
Integrantes:
Gilberto Tomás........16827
Leonísio Santos........13732
Heytor Inácio........18775
Eulalia Panzo........20715
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Índice
Introdução .............................................................................................................................. 3
Desenvolvimento ................................................................................................................... 4
Semelhanças .........................................................................................................12
Diferenças ............................................................................................................ 12
2
Introdução
O presente trabalho comparativo tem por objecto analisar dois temas diversos que, dado
à sua estreita relação, tendem a ser estudados num único escopo: a Eutanásia e a Dignidade da
Pessoa Humana. Num ambiente marcado pelo crescimento dos movimentos liberalistas e com
isto o surgimento de discussões que incidem sobre valores jurídicos cuja tutela sempre esteve
nas mãos do poder público e por isso este sempre deteve a autoridade para limitar estes valores
fundando-se em razões de interesse colectivo, mas hoje com o desabrochar da Autonomia
resultante do desaflorar das liberdades pelas democracias, valores como o Bem Vida vêem-se
cobertos de questões semelhantes às do Existencialismo de Jean-Paul Sartre como “se o homem
busca a felicidade e para isto é livre, não deve por isso decidir sobre qual destino dar à sua vida?
Principalmete quando viver lhe parece mais doloroso do que morrer?”. A Eutanásia é um tema
essencialmente da Ética e Saúde pública mas cabe-nos assentar sobre questões jurídicas por isso
não serão objecto de análise a Morte, a Vida, os Métodos de Realização da Eutanásia nem
tampouco as motivações pessoais – todos estes subtemas poderão ser levantados para
fundamentar questões jurídicas mas não constam do nosso objecto central.
3
A título de elucidação dos conceitos cujos regimes jurídicos são abordados no presente
estudo, refira-se que por “eutanásia” se entende, de um modo geral, a “provocação da morte de
uma pessoa numa fase terminal da vida para evitar o sofrimento inerente a uma doença ou a um
estado de degenerescência”. É a provocação intencional da morte a determinada pessoa que
sofre de enfermidade extremamente degradante e incurável, visando privá-la dos suplícios
decorrentes da doença.
Na sua génese etimológica, a palavra “eutanásia”, oriunda do grego, significa boa morte,
morte piedosa, sem dor, tranquila. É, na perspetiva dos seus defensores, uma maneira digna de
morrer
Tipologias :Eutanásia ativa e eutanásia passiva. Existem duas formas de prática da
eutanásia: ativa e passiva. A eutanásia ativa acontece quando se apela a recursos que podem
findar com a vida do doente (injeção letal, medicamentos em dose excessiva, etc.) Na eutanásia
passiva, a morte do doente ocorre por falta de recursos necessários para manutenção das suas
funções vitais (falta de água, alimentos, fármacos ou cuidados médicos).
Desenvolvimento
Ordem Jurídica Angolana
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Dr. Alfredo José Andrade Santos Orientador: Professor Doutor Fernando Silva
Outubro de 2016 Problemas penais da eutanásia e o suicídio assistido
4
O homicídio é punido nos termos dos artigos 147 , e segs proíbem respectivamente , o
auxilio ao suicídio , e a morte piedosa ou eutanásia. Trata-se de um direito totalmente
indisponível com total irrelevância do consentimento , seja ele viculante , autorizante ou
meramente tolerante
2
Carlos Alberto B. Burity Teoria geral do direito Civil 2 Edição Noção de Direitos humanos .Na ordem
Angola . Código de deontologia médica . EUTANÁSIA EM ANGOLA . Código penal Angolano
Lei 38/20 de 11 de Novembro.1
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exprimem no texto da lei pois que, só assim evitaremos cair no erro da má interpretação do
instituto à luz do regime em apreço. Em Portugal, não se fala da eutanásia como uma figura de
natureza autónoma e indissociada pelo contrário, fala-se da eutanásia como uma subrealidade no
âmbito da morte medicamente assistida, isto é, há um tipo penal mais abstracto do qual a
eutanásia figura como uma subespécie.3
Num conceito doutrinal e mais amplo, morte assistida compreende o auxílio para a
morte de uma pessoa, que pratica pessoalmente o acto que conduz à sua morte (ao seu suicídio):
tomar veneno, por exemplo Entretanto, o regime Português fala em morte medicamente
assistida e conceitua nos termos dos artigos 2° e 3° ambos da lei supracitada, e desta leitura
conjunta entendemos por “morte medicamente assistida não punível” aquela que ocorre por
decisão da própria pessoa, maior de idade, de nacionalidade portuguesa ou a residir legalmente
em território nacional; essa pessoa deve estar em situação do sofrimento de grande intensidade,
com lesão definitiva de gravidade extrema ou doença grave e incurável; e pode praticá-la ou ser
ajudada por profissionais de saúde. O número 4 do art.3° desta lei classifica a morte
medicamente assistida em a) suicídio medicamente assistido e b) eutanásia; onde, nos termos do
número 5 do mesmo artigo “a morte medicamente assistida só pode ocorrer por eutanásia
quando o suicídio medicamente assistido for impossível por incapacidade física do doente”.
Portanto, a eutanásia em Portugal é na verdade, uma alternativa ao suicídio medicamente
assistido somente quando este não puder ser concretizado por incapacidade física do doente.4
Será que isto quer dizer que em regra, Portugal reconhece a todos a faculdade de
cometerem suicídio aleatoriamente com recurso à fármacos? Certamente que não. O suicídio
medicamente assistido a que a lei refere é definido como a autoadministração de fármacos letais
pelo próprio doente, sob supervisão médica (alínea b) do art. 2° da mesma lei) e para tal está
sujeito a procedimento específico tipificado pela lei 22/23 de 25 de Maio de 2023.
Podemos então sublinhar que a distinção assenta no tipo de intervenção que o
profissional médico presta: na eutanásia o médico é que desempenha a atividade necessária para
dar fim ao sofrimento de grande intensidade sentido pelo paciente mediante a interrupção da
vida deste, ao passo que no suicídio medicamente assistido pelo facto de o paceinte ainda
possuir capacidade motora necessária então este próprio desempenha esta atividade e o médico
apenas está ali para prestar a devida informação e assistência como esclarece a alínea g) do art.2
desta lei. [ Lei da eutanásia foi aprovada – Sofia Lima]
O Código Penal Português (Decreto Legilsativo N.º 48/95, de 15 de Março)
criminalizava, nos termos dos arts. 134 º (Homicídio a pedido da vítima) e 135 º (Incitamento
ou ajuda ao suicídio) as condutas cujos elementos enquadram-se no que hoje a lei de alteração
lei N .º 22/23 de 25 de Maio de 2023 define como eutanásia e sancionava com pena de prisão de
2 a 8 anos nos termos da alínea d) do art. 161 do Código Penal Português.
Hoje, a eutanásia em Portugal já não é crime. Contudo, não é tão simples quanto possa
parecer obter uma resposta positiva do pedido de abertura do procedimento clínico de morte
medicamente assistida.
O regime português impõe o cumprimento de requisitos cuja efectuação passa por um
funíl muito estreito, isto é, tenta dificultar o acesso à este mecanismo àquelas pessoas que
padeçam de outras enfermidades que sejam suportáveis ou curáveis e visa por outra, acautelar
3
Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, Portugal - JOSE COELHO/LUSA
Portugal promulga lei que descriminaliza a eutanásia - France Presse
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Lei da eutanásia foi aprovada – Sofia Lima
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os casos de homicídio doloso e negligente por parte dos profissionais de saúde: é necessário que
se formule o pedido pelo doente ou o seu representante legal, este pedido deve ser remetido ao
médico pelo doente como seu orientador, o parecer deste médico carece de confirmação por um
outro médico especialista na área da enfermidade de grande intensidade a que o doente se
encontra a sofrer, carece ainda de confirmação médica por médico especialista em psiquiatria e
por fim o parecer da Comissão de Verificação e Avaliação (artigos 4º, 5º, 6º, 7º e 8º todos da lei
N .º 22/23 de 25 de Maio). É de ressaltar também que, este regime dispõe de diversos
mecanismos para acautelar as questões de vícios de vontade por um lado, por outro não
promove o recurso à morte medicamente assistida como um meio alternativo de punição (n. 4
do art.4 º da lei supracitada).
5
José Manuel Cardoso da Costa, «O Princípio da Dignidade da Pessoa Humana na Constituição e na
Jurisprudência Constitucional Portuguesa», em Direito Constitucional, Estudos em Homenagem a
Manoel Gonçalves Ferreira Filho
5
De igual modo, José Manuel Cardoso da Costa na obra supracitada
PROJETO DE LEI N.º 832/XIII/3.ª, in “Exposição de Motivos”
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Ordem Jurídica Brasileira
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Neste disposição, quem pratica a eutanásia incorrerá criminalmente no artigo 121,
parágrafo primeiro, artigo 122 ou no artigo 135, todos do Código Penal vigente, a depender das
particularidades do caso concreto. Desta forma, embora não haja legislação específica para a
eutanásia no ordenamento pátrio, Tavares (2008, p. 50) entende que a punição do instituto tem
base legal, partindo-se de uma ponderação de princípios onde a inviolabilidade do direito à vida
deve preponderar sobre a dignidade: “
Assim, de um lado, não se pode validamente exigir, do Estado ou de terceiros, a
provocação da morte para atenuar sofrimentos. De outra parte, igualmente não se admite a
cessação do prolongamento artificial (por aparelhos) da vida de alguém, que dele dependa. Em
uma palavra, a eutanásia é considerada homicídio.
É por isso que, ao analisar a legislação existente sobre eutanásia no Brasil, Raquel
Dodge (2009, p. 5) conclui pela ilicitude absoluta da prática, não havendo, no ordenamento
pátrio, dispositivo legal apto a convalidar o instituto, mesmo nos casos em que há
consentimento do paciente: “A eutanásia sempre foi considerada conduta ilícita no Direito
brasileiro.
O Conselho Federal de Medicina, ao aprovar seu novo Código de Ética Médica, por
meio da Resolução nº 1.931/2009, (publicada no D.O.U. de 24 de setembro de 2009, Seção I, p.
90), estabelece, no Capítulo V: É vedado ao médico ``Abreviar a vida do paciente, ainda que a
pedido deste ou de seu representante legal´´ (art. 41).
O CFM, nessa Resolução, continua a tratar práticas como a eutanásia e o suicídio
assistido como inapropriadas à ética médica, mas dá suporte jurídico, mesmo que indiretamente,
à ortotanásia ao prever no parágrafo único do artigo 41 que o médico deve oferecer todos os
cuidados paliativos disponíveis, no caso de uma doença incurável e terminal, ao passo de não
empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis.6
6
Brasil. Princípio da dignidade da pessoa humana Const.da República federativa do Brasil.
Artigo 1 DODGE 2009 Tavares (2008 p.50) entende que a punição do Instituto tem base legal .partido de
uma ponderação de princípios onde á inviolabilidade do direito à vida pode deve preponderar sobre a
dignidade. Conselho Federal de Medicina . Código de Ética médica por meio da Resolução. N-
1 .931/2009 Código penal brasileiro
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3 - Bases da República espanhola, enforma a tutela dos direitos fundamentais e do sistema
democrático, sendo assim um fundamento de limitação à actuação do Estado.
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Espanha - A CRE constitui da República Espanhola A lei 41 /2002
Lei base que regula a autonomia do paciente . A lei que regula Eutanásia foi aprovada no do 18 de março
de 2021 . Com a resolução 122/000020 Código penal espanhol Artigo 143 foi discriminalizado
N-4 punia N- descriminaliza e a tal alteração
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Procurou –se em vez disso, legislar para respeitar a autonomia e a vontade de pôr fim à
vida de quem está numa situação de doença grave e incurável, ou de uma doença grave, crónica
e invalidante, sofrendo insuportávelmente que não pode ser aliviado em condições que
considere aceitáveis, o que denominamos de contexto eutanásico.
Para esse fim, a presente lei regula e descriminaliza a eutanásia em determinados
pressupostos, claramente definidos, a nova lei promoveu alterações do código penal espanhol ,
em seu artigo 143º com a modificação do item 4 que vigora com a seguinte redação (artigo
143º):
1-Quem provocar suicidio de outrem e punido com a pena de prisão de quatro anos a oito anos .
2-A pena de prisão de dois a cinco é para e imposto a quem cooperar com os actos necessários
ao suicídio de uma pessoa .
3-Sera punido com pena de prisão de seis a dez anos se a cooperação chegar a execução da
morte .
Aquele que causa ou colabora activamente com actos necessarios e directos à morte de
pessoa que sofre de doença grave ,crônica e incapacitante ou grave e , relevante a doutrina do
Tribunal Europeu dos Direitos Humanos que, no seu acórdão de 14 de maio de 2013 (caso
Gross vs. Suíça), considerou que não é aceitável que um país que tenha descriminalizado
condutas eutanásicas não tenha elaborado e promulgado um regime legal específico,
especificando as modalidades de prática de tais condutas eutanásicas.
N-º5 sem prejuizo do disposto do número anterior , quem causar ou cooperar
activamente com a morte de outrem não incorre em responsablidade penal com obeservância do
disposto na lei orgânica que regula a autanásia. Demanda-se , portanto , uma interpretação
sistemática da justificante com a nova legislação da eutanásia diante das condutas .em
1-Se tiver consciente , o interessado deve primeiro solicitar a eutanásia duas vezes por escrito
(ou por outro meio que deixe evidências , por exemplo , se a pesssoa souber escrever )
separadas por quinze dias e deixe claro que não e o resultado de qualquer pressão externa
2-Apòs a primeira solicitação , o medico responsável pelo caso deve realizar com o paciente
solicitante um processo deliberativo sobre o seu diagnóstico , possiblidades terapêuticas e
resultados esperados ,bem como sobre os possiveis cuidados paliativos certificando-se de que
ele entendeu as informações fornecidas
3-Depois disso , o paciente deve confirmar sua inteção . além disso , após a segunda solicitação
deve haver uma reunião médico –paciente para garantir que ele sabe o que está pedindo
4-Com isso , já haveria quatro vezes que o paciente deveria confirmar seus desejos , e todos eles
deveriam estar refletidos em sua história médica mas alem disso depois que o comitê de
avaliação aprovar o procedimento , o paciente terá que concordar novamente .
5-O interessado poderá interromper o processo a qualquer momento8
8
Aprobada por las Cortes Generales el 31 de octubre de 1978. • Ratificada por Referéndum Popular el 6
de diciembre de 1978. • Sancionada por su Majestad el Rey Don Juan Carlos I ante las Cortes Generales
el 27 de diciembre de 1978. (B.O.E., n.º 311-1, de 29 de diciembre de 1978). • Reforma del artículo 13,
apartado 2, de la Constitución Española, de 27 de agosto de 1992. (B.O.E., n.º 207, de 28 de agosto de
1992).
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Sintese comparativa (conclusão )
Razão de ordem
A sintese que se segue é resultado da nossa actividade comparativa , que decorreu por
meio do metódo de aproximação funcional sobre o instituto da Eutanásia e a dignidade da
pessoa humana nas ordens juridicas Angolana, portuguesa ,Brasileira , e Espanhola . uma vez
defindas as comparandas e devidamente delimitados os elementos a comparar em sede da fase
integrativa ,cumpre –nos agora proceder à avaliação das diferenças e semelhanças , que tudo
indica o culminar de um longo processo comparativo.
Semelhanças
Angola, Brasil ,portugal ,Espanha têm a dignidade da pesssoa humana como um
atributo intrínseco , da essência da pessoa humana . por essa razão cada uma dessas ordens
juridicas o consagrou na sua constituição e as transformou num valor supremo da ordem
juridica .A dignidade da pessoa humana é centrada na autonomia e no direito de
autodeterminação de cada pessoa. A dignidade da pessoa humana constitui , assim um valor
universal , mesmo que presentes as diversidades sócio culuturais dos provos . as pessoas são
detentoras de igual dignidade apesar das suas diferenças.
Diferenças
Angola não conceitua a eutanásia como tal, o Código de Deontologia médica reprova o
recurso a esta técnica ; o Código Penal angolano não tipifica a eutanásia entretanto consagra
tipos penais com estrutura semelhante o que permite a incorporação destes actos nestes tipos
penais eg. Suicídio assistido. Portugal define na Lei N .º 22/23 de 25 de Maio de 2023; em
Portugal compreende uma modalidade da morte medicamente assisida;
Brasil não prevê a prática da Eutanásia e criminaliza. No Direito brasileiro. É crime, tal
o grau de rejeição à sua prática, em coerência com os valores fundamentais que estruturam o
ordenamento jurídico .Por isso, o consentimento do paciente à prática da eutanásia ou a
motivação piedosa de quem a pratica não retiram a ilicitude do acto, tampouco exoneram de
culpa quem a praticou”.
Em Espanha diferente do Brasil á prática da eutanásia já é uma realidade, com a
regulação dos dispositivos que permitem aos profissionais médicos finalizar o sofrimento de
determinados pacientes com a admnistração de medicamentos letais , bem como permite ao
próprio paciente a autoadmnistração de medicações , disciplinando o suicidio assistido e , desta
forma, delimitando os contornos da causa de justificação para a conduta médica.
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