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Aula 01
DIREITO CONSTITUCIONAL
Sumário
Sumário .................................................................................................. 1
1 – Teoria dos direitos fundamentais ........................................................... 4
2 – Classificação dos direitos fundamentais .................................................. 6
2.1 – Gerações ou dimensões dos direitos fundamentais ............................. 6
2.2 – Características dos direitos fundamentais ......................................... 9
2.3 – Diferença entre direitos e garantias fundamentais ............................ 12
2.4. – Dupla fundamentalidade dos direitos fundamentais ......................... 13
2.4.1 – Dimensões objetiva e subjetiva dos direitos fundamentais ............. 16
2.5 – Titularidade dos direitos fundamentais ........................................... 18
2.6 – A teoria dos Status de Jellinek ....................................................... 21
2.7 – Limites aos direitos fundamentais e a tese dos limites dos limites ...... 23
2.8 – Eficácia dos direitos fundamentais nas relações privadas (Eficácia
horizontal) .......................................................................................... 26
3 - Direitos Fundamentais em espécie ....................................................... 31
3.1 - Direito à vida ............................................................................... 31
3.2 - Direito à igualdade ....................................................................... 38
3.3 - Direito à liberdade ........................................................................ 47
3.4 – Liberdade de ação........................................................................ 48
3.5 – Liberdade de manifestação do pensamento e expressão (intelectual,
artística, científica e de comunicação)..................................................... 49
3.6 – Liberdade de consciência e liberdade religiosa ................................ 54
3.7 - Direito à intimidade e vida privada, honra e imagem ........................ 56
3.8 Inviolabilidade de domiciliar ............................................................. 63
3.9 – Inviolabilidade do sigilo da correspondência, das comunicações de dados
telegráficas e telefônicas ....................................................................... 67
A Doutrina aponta como marco da teoria geracional uma palestra proferida por
Karel Vasak em conferência de 1979, evento em que o celebrado autor
subdividiu e classificou os direitos humanos em três gerações com
características específicas, sendo cada qual associada ao lema da Revolução
Francesa:
2ª geração
"igualdade"
Universalidade
Relatividade
CARACTERÍSTICAS DOS
Irrenunciabilidade
Historicidade
Inalienabilidade
Inviolabilidade
Complementaridade
Efetividade
Aplicabilidade
imediata
Enumeração aberta
Indivisibilidade
Mais adiante, o mesmo autor argumenta que também deve ser aplicável aos
direitos fundamentais sociais a proteção contra o poder de reforma
constitucional e contra intervenções restritivas por parte dos órgãos
estatais, já que na esfera dos direitos fundamentais sociais, passou a ganhar
espaço a tese da proibição do retrocesso (efeito cliquet) como “garantia
implícita” dessas mesmas prerrogativas, corroborando a percepção de que
mesmo essa espécie de direitos fundamentas encontra guarida contra
mudanças que busquem afetar seu núcleo essencial (entricheiramento ou
preservação do mínimo já concretizado dos direitos fundamentais).
Para o celebrado autor, os direitos de natureza social também apresentam uma
dimensão subjetiva e objetiva (dupla dimensão). Como decorrência da
primeira, como visto, os direitos fundamentais são posições jurídicas
passíveis de exigência por parte de seus titulares, a despeito de alguma
dificuldade ou objeção, como atentamos na parte em que comentamos o
princípio da reserva do possível. A doutrina e jurisprudência brasileiras possuem
uma forte percepção de que argumentos de natureza econômico-pragmáticas
não podem afetar a esfera do mínimo existencial dessa espécie de direito,
concebendo essa premissa como uma garantia das condições materiais mínimas
para uma vida com dignidade, especialmente no tratamento jurisprudencial do
direito à saúde e educação.
Na perspectiva objetiva, ainda levando em conta a lição de Sarlet, a tutela dos
direitos sociais “reflete o estreito liame desses direitos com o sistema de
fins e valores constitucionais a serem respeitados e concretizados por
toda a sociedade (princípio da dignidade da pessoa humana, superação das
desigualdades sociais e regionais, construção de uma sociedade livre, justa e
solidária). Nessa esfera (...) também as normas de direitos sociais (sendo
normas de direitos fundamentais) possuem uma eficácia dirigente ou
irradiante, decorrente da perspectiva objetiva, que impõe ao Estado o dever
de permanente realização dos direitos sociais, além de permitir às normas de
direitos sociais operarem como parâmetro, tanto para a aplicação e
interpretação do direito constitucional, quanto para a criação e o
desenvolvimento de instituições, organizações e procedimentos voltados à
proteção e promoção dos direitos sociais”.
Enfoque recente tanto sob o viés doutrinário quanto jurisprudencial, diz respeito
à faculdade de gozo de direitos e garantias fundamentais, ou seja,
A pessoa jurídica de direito público não tem direito à indenização por danos
morais relacionados à violação da honra ou da imagem. A reparação integral do
dano moral, a qual transitava de forma hesitante na doutrina e jurisprudência,
somente foi acolhida expressamente no ordenamento jurídico brasileiro com a
CF/1988, que alçou ao catálogo dos direitos fundamentais aquele relativo à
indenização pelo dano moral decorrente de ofensa à honra, imagem, violação da vida
privada e intimidade das pessoas (art. 5º, V e X). Por essa abordagem, no atual
de locomoção:
É inquestionável o direito de súditos estrangeiros ajuizarem, em
causa própria, a ação de ‘habeas corpus’, eis que esse remédio
constitucional – por qualificar-se como verdadeira ação popular – pode ser
utilizado por qualquer pessoa, independentemente da condição jurídica
resultante de sua origem nacional. (RTJ 164/193-194, Rel. Min. CELSO DE
MELLO).
imanentes. Daí por que, no campo da teoria interna, não há lugar para a
ponderação (sopesamento) de princípios através da aplicação do postulado da
proporcionalidade, eis que os direitos fundamentais são definitivos quando
interpretados corretamente.
BVERFGE 7, 198
(LÜTH-URTEIL)
RECLAMAÇÃO CONSTITUCIONAL CONTRA DECISÃO JUDICIAL
15/01/1958
MATÉRIA:
O cidadão alemão Erich Lüth, conclamou, no início da década de cinqüenta (à
época crítico de cinema e diretor do Clube da Imprensa da Cidade Livre e
Hanseática de Hamburgo), todos os distribuidores de filmes cinematográficos,
bem como o público em geral, ao boicote do filme lançado à época por Veit
Harlan, uma antiga celebridade do filme nazista e coresponsável pelo
incitamento à violência praticada contra o povo judeu (principalmente por meio
de seu filme “Jud Süß”, de 1941). Harlan e os parceiros comerciais do seu novo
filme (produtora e distribuidora) ajuizaram uma ação cominatória contra Lüth,
com base no § 826 BGB. O referido dispositivo da lei civil alemã obriga todo
aquele que, por ação imoral, causar dano a outrem, a uma prestação negativa
(deixar de fazer algo, no caso, a conclamação ao boicote), sob cominação de
uma pena pecuniária. Esta ação foi julgada procedente pelo Tribunal Estadual
de Hamburgo. Contra ela, ele interpôs um recurso de apelação junto ao
Tribunal Superior de Hamburgo e, ao mesmo tempo, sua Reclamação
Constitucional, alegando violação do seu direito fundamental à liberdade de
expressão do pensamento, garantida pelo Art. 5 I 1 GG.
O TCF julgou a Reclamação procedente e revogou a decisão do Tribunal
Estadual. Trata-se, talvez, da decisão mais conhecida e citada da
jurisprudência do TCF. Nela, foram lançadas as bases, não somente da
dogmática do direito fundamental da liberdade de expressão e seus limites,
como também de uma dogmática geral (Parte Geral) dos direitos
fundamentais. Nela, por exemplo, os direitos fundamentais foram, pela
primeira vez, claramente apresentados, ao mesmo tempo, como direitos
públicos subjetivos de resistência, direcionados contra o Estado e como ordem
ou ordenamento axiológico objetivo. Também foram lançadas as bases
dogmáticas das figuras da Drittwirkung e Ausstrahlungswirkung (eficácia
horizontal) dos direitos fundamentais, do efeito limitador dos direitos
fundamentais em face de seus limites (Wechselwirkung), da exigência de
ponderação no caso concreto e da questão processual do alcance da
competência do TCF no julgamento de uma Reclamação Constitucional contra
uma decisão judicial civil.
1. Os direitos fundamentais são, em primeira linha, direitos de
resistência do cidadão contra o Estado. Não obstante, às normas de
direito fundamental incorpora-se também um ordenamento axiológico
objetivo, que vale para todas as áreas do direito como uma
fundamental decisão constitucional.
2. No direito civil, o conteúdo jurídico dos direitos fundamentais
desenvolve-se de modo mediato, por intermédio das normas de direito
privado. Ele interfere, sobretudo, nas prescrições de caráter cogente e
é realizável pelo juiz, sobretudo pela via das cláusulas gerais.
3. O juiz de varas cíveis pode, por meio de sua decisão, violar direitos
fundamentais (§ 90 BVerfGG), quando ignorar a influência dos direitos
fundamentais sobre o direito civil. O Tribunal Constitucional Federal
revisa decisões cíveis somente no que tange a tais violações de direitos
fundamentais, mas não no que tange a erros jurídicos em geral.
4. As normas do direito civil também podem ser “leis gerais” na
acepção do Art. 5 II GG e, destarte, limitar o direito fundamental à
liberdade de expressão do pensamento.
5. As “leis gerais” têm que ser interpretadas à luz do significado
especial do direito fundamental à livre expressão do pensamento para
o Estado livre e democrático.
6. O Direito fundamental do Art. 5 GG não protege somente a
expressão de uma opinião enquanto tal, mas também o efeito
intelectual a ser alcançado por sua expressão.
7. Uma expressão do pensamento que contenha uma convocação ao
boicote não viola necessariamente os bons costumes na acepção do §
https://direitosfundamentais.net/2008/05/13/50-anos-do-caso-luth-o-caso-
mais-importante-da-historia-do-constitucionalismo-alemao-pos-guerra/
e que o emprego das células-tronco embrionárias para os fins a que ela se destina não
implicaria aborto. Afirmou que haveria base constitucional para um casal de adultos
recorrer a técnicas de reprodução assistida que incluísse a fertilização in vitro, que os
artigos 226 e seguintes da Constituição Federal disporiam que o homem e a mulher
são as células formadoras da família e que, nesse conjunto normativo, estabelecer-se-
ia a figura do planejamento familiar, fruto da livre decisão do casal e fundado nos
princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável (art. 226, §
7º), inexistindo, entretanto, o dever jurídico desse casal de aproveitar todos os
embriões eventualmente formados e que se revelassem geneticamente viáveis,
porque não imposto por lei (CF, art. 5º, II) e incompatível com o próprio planejamento
familiar.
Ainda sobre o tema da tipificação penal do aborto, Pedro Lenza aponta que,
recentemente, no HC 124.306, a 1ª Turma do STF, por 4X1, conferiu
interpretação conforme à Constituição aos artigos 124 e 126 do Código Penal
para “excluir do seu âmbito de incidência a interrupção voluntária da gestação
efetivada no primeiro trimestre. Na ocasião, conforma ilustra o voto do Min.
Barroso, a Turma entendeu que a criminalização, na espécie, violaria os
direitos sexuais e reprodutivos da mulher, sua autonomia e integridade
física, bem como afrontaria o princípio da proporcionalidade.
Voto-vista
No exame da questão, o ministro Barroso assinalou que, conforme já havia assinalado
o relator, o decreto de prisão preventiva não apontou elementos individualizados que
demonstrem a necessidade da custódia cautelar ou de risco de reiteração delitiva
pelos pacientes e corréus, limitando-se a invocar genericamente a gravidade abstrata
do delito de “provocar aborto com o consentimento da gestante”. Ressaltou, porém,
outra razão que o levou à concessão da ordem.
Barroso destacou que é preciso examinar a própria constitucionalidade do tipo penal
imputado aos envolvidos. “No caso aqui analisado, está em discussão a tipificação
penal do crime de aborto voluntário nos artigos 124 e 126 do Código Penal, que
punem tanto o aborto provocado pela gestante quanto por terceiros com o
consentimento da gestante”, observou.
Para o ministro, o bem jurídico protegido (a vida potencial do feto) é “evidentemente
relevante”, mas a criminalização do aborto antes de concluído o primeiro
trimestre de gestação viola diversos direitos fundamentais da mulher, além
de não observar suficientemente o princípio da proporcionalidade. Entre os
bens jurídicos violados, apontou a autonomia da mulher, o direito à
integridade física e psíquica, os direitos sexuais e reprodutivos da mulher, a
igualdade de gênero – além da discriminação social e o impacto
desproporcional da criminalização sobre as mulheres pobres.
Advertiu, porém, que não se trata de fazer a defesa da disseminação do procedimento
– “pelo contrário, o que se pretende é que ele seja raro e seguro”, afirmou. “O aborto
é uma prática que se deve procurar evitar, pelas complexidades físicas, psíquicas e
morais que envolve. Por isso mesmo, é papel do Estado e da sociedade atuar nesse
sentido, mediante oferta de educação sexual, distribuição de meios contraceptivos e
amparo à mulher que deseje ter o filho e se encontre em circunstâncias adversas”.
Para o ministro, é preciso conferir interpretação conforme a Constituição aos artigos
124 a 126 do Código Penal – que tipificam o crime de aborto – para excluir do seu
âmbito de incidência a interrupção voluntária da gestação efetivada no primeiro
trimestre. Como o Código Penal é de 1940 – anterior à Constituição, de 1988 – e a
jurisprudência do STF não admite a declaração de inconstitucionalidade de lei anterior
à Constituição, o ministro Barroso entende que a hipótese é de não recepção. “Como
consequência, em razão da não incidência do tipo penal imputado aos pacientes e
Súmula 683 do STF: "O limite de idade para inscrição em concurso público só
se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser
justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser pretendido".
ADI 4.277 e ADPF 132 – Interpretação conforme do art. 1723 de modo a contemplar a
União Homoafetiva no conceito de família.
O sexo das pessoas, salvo disposição constitucional expressa ou implícita em sentido
contrário, não se presta como fator de desigualação jurídica. Proibição de preconceito,
à luz do inciso IV do art. 3º da CF, por colidir frontalmente com o objetivo
constitucional de “promover o bem de todos”. Silêncio normativo da Carta Magna a
respeito do concreto uso do sexo dos indivíduos como saque da kelseniana “norma
geral negativa”, segundo a qual “o que não estiver juridicamente proibido, ou
obrigado, está juridicamente permitido”. (...) Ante a possibilidade de interpretação em
sentido preconceituoso ou discriminatório do art. 1.723 do CC, não resolúvel à luz dele
próprio, faz-se necessária a utilização da técnica de “interpretação conforme à
Constituição”. Isso para excluir do dispositivo em causa qualquer significado que
impeça o reconhecimento da união contínua, pública e duradoura entre pessoas do
mesmo sexo como família. Reconhecimento que é de ser feito segundo as mesmas
regras e com as mesmas consequências da união estável heteroafetiva (ADI 4.277 e
ADPF 132, rel. min. Ayres Britto, j. 05/05/2011).
realização de sua prova física uma segunda oportunidade para cumpri-la. Benefício
não estendido aos demais candidatos. Criação de situação anti-isonômica (RE
351.142, rel. min. Ellen Gracie, j. 31/05/2005).
ADC 19 e ADI 4424 (Constitucionalidade dos dispositivos da Lei Maria da Penha que
vedam a aplicação dos institutos despenalizadores da lei 9099/95 e que atribuem
natureza pública incondicionada aos crimes de lesão corporal no contexto de violência
doméstica).
No tocante à violência doméstica, há de considerar-se a necessidade da intervenção
estatal. (...) No caso presente, não bastasse a situação de notória desigualdade
considerada da mulher, aspecto suficiente a legitimar o necessário tratamento
normativo desigual, tem-se como base para assim se proceder a dignidade da pessoa
humana – art. 1º, III –, o direito fundamental de igualdade – art. 5º, I – e a previsão
pedagógica segundo a qual a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos
e liberdades fundamentais – art. 5º, XLI. A legislação ordinária protetiva está em fina
sintonia com a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra
a Mulher, no que revela a exigência de os Estados adotarem medidas especiais
destinadas a acelerar o processo de construção de um ambiente onde haja real
igualdade entre os gêneros. Há também de se ressaltar a harmonia dos preceitos com
a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a
Mulher – a Convenção de Belém do Pará –, no que mostra ser a violência contra a
mulher uma ofensa aos direitos humanos e a conseqüência de relações de poder
historicamente desiguais entre os sexos. (...) Procede às inteiras o pedido formulado
pelo PGR, buscando-se o empréstimo de concretude maior à CF. Deve-se dar
interpretação conforme à Carta da República aos arts. 12, I; 16; e 41 da Lei
11.340/2006 – Lei Maria da Penha – no sentido de não se aplicar a Lei 9.099/1995 aos
crimes glosados pela lei ora discutida, assentando-se que, em se tratando de lesões
corporais, mesmo que consideradas de natureza leve, praticadas contra a mulher em
âmbito doméstico, atua-se mediante ação penal pública incondicionada. (...)
Representa a Lei Maria da Penha elevada expressão da busca das mulheres brasileiras
por igual consideração e respeito. Protege a dignidade da mulher, nos múltiplos
aspectos, não somente como um atributo inato, mas como fruto da construção
realmente livre da própria personalidade. Contribui com passos largos no contínuo
caminhar destinado a assegurar condições mínimas para o amplo desenvolvimento da
identidade do gênero feminino (ADI 4.424, voto do rel. min. Marco Aurélio, j.
09/02/2012).
parece mais correta a inversão dos critérios ora estabelecidos, afirmando que o
termo “liberdade de crença” é mais abrangente e acertado que “liberdade
religiosa”, porquanto a constituição protege a defesa do ateísmo e o direito à
apostasia, situação em que o indivíduo nega ou renuncia a sua fé anterior de
forma deliberada e definitiva.
É preciso ter em mente que a invocação da liberdade religiosa não pode servir
de escudo a práticas ilícitas, tendo o STF já decidido que a prática do
curandeirismo não está abarcada pela proteção à liberdade religiosa,
sendo tipificada penalmente (RHC 62.240). Questão controversa é a
possibilidade de transfusão de sangue nas denominadas “testemunhas de
Jeová”.
Para Luís Roberto Barroso,
“a liberdade de religião é um direito fundamental, uma das
liberdades básicas do indivíduo, constituindo escolha existencial
que deve ser respeitada pelo Estado e pela sociedade, sendo a
recusa em se submeter a procedimento médico, por motivo de
crença religiosa, autêntica manifestação da autonomia do paciente,
derivada da dignidade da pessoa humana. No entanto, a gravidade
da recusa de tratamento, sobretudo quando presente o risco de
morte ou de grave lesão, exige que o consentimento seja genuíno,
o que significa dizer: válido, inequívoco, livre e informado”.
“não há falar em tipicidade da conduta dos pais que, tendo levado sua filha para o
hospital, mostrando que com ela se preocupavam, por convicção religiosa, não
ofereceram consentimento para transfusão de sangue - pois, tal manifestação era
indiferente para os médicos, que, nesse cenário, tinham o dever de salvar a vida.
Contudo, os médicos do hospital, crendo que se tratava de medida indispensável para
se evitar a morte, não poderiam privar a adolescente de qualquer procedimento, mas,
antes, a eles cumpria avançar no cumprimento de seu dever profissional” (HC 268459
/ SP, rel. Min. Thereza Assis Moura, 28/10/2014).
Para José Afonso Silva, a privacidade em sentido amplo – nesse sentido, para o
autor, a privacidade engloba a intimidade e vida privada - é o “conjunto de
informação acerca do indivíduo que ele pode decidir manter sob o seu exclusivo
controle, ou comunicar, decidindo a quem, quando, onde e em que condições,
sem a isso poder ser legalmente sujeito”.
Assim, o direito à privacidade é uma prerrogativa fundamental que faculta
ao seu titular obstar que as informações a respeito de sua vida sejam
divulgadas contra a sua vontade, inclusive tutelando o que a doutrina
convencionou chamar de “o direito de estar só”.
Para melhor analisar o entendimento sobre a proteção da privacidade, Heinrich
Henkel, na década de 50, formulou a teoria das esferas da personalidade,
também denominada de teoria dos círculos concêntricos da
personalidade. Para essa formulação, a privacidade ou vida privada em
sentido amplo abarca três círculos concêntricos: a vida privada em sentido
estrito, a intimidade e o círculo do segredo. Ao analisar a suscitada teoria,
André Carvalho Ramos enuncia que:
a) O círculo da vida privada em sentido estrito consiste no conjunto de
relações entre o titular e os demais indivíduos, contendo informações de
conteúdo material (por exemplo, dados sobre a riqueza de alguém) e
também sentimentos, porém de caráter superficial e de menor impacto
sobre a intimidade, como, por exemplo, as amizades comuns. No círculo
da vida privada em sentido estrito são contidos os sigilos de âmbito
patrimonial (fiscal, bancário) e de dados das mais diversas ordens
(registros telefônicos, dados telemáticos, entre outros).
b) O círculo da intimidade é composto pelo conjunto de manifestações
(informações, imagens, gestos, entre outros), só compartilhados com
familiares e amigos próximos e, no máximo, com profissionais submetidos
ao sigilo profissional. Nesse círculo encontra-se a previsão da proibição da
intrusão de terceiros no domicílio (inviolabilidade do domicílio prevista no
art. 5º, IX, da CF/88) e ainda a proteção do acesso indevido e
publicização do conteúdo das comunicações pelos mais diversos meios,
“(...) algema - uma palavra originária do idioma arábico, aljamaa e ali significando
pulseira, é, na atualidade, um instrumento empregado para impedir reações indevidas,
agressivas ou incontroláveis por presos em relação aos policiais, contra si mesmo ou
contra outras pessoa (...). A Constituição da República, em seu art. 5º, inc.III, em sua
parte final, assegura que ninguém será submetido a tratamento degradante, e, no
inciso X daquele mesmo dispositivo, protege o direito à intimidade, à imagem e à
honra. O uso de algemas somente é legítimo quando demonstrada a sua necessidade
(STJ, 5ª T, HC n. 35.540, rel. min. José Arnaldo, j. 5.8.2005), mas sempre
considerando-o excepcional e nunca admitindo seu emprego com finalidade infamante
ou para expor o detido à execração pública (STJ, 6ª T., RHC 5.663/SP, rel. Min.
William Patterson, DJU, 23 set. 1996, p. 33157).Ante o exposto, e considerando não
Não obstante, como afirma a doutrina, mesmo as figuras públicas devem ter
sua privacidade respeitada, principalmente no círculo de sua intimidade ou
segredo quando estiverem em locais não abertos ao público, merecendo
proteção do Estado quando frequentarem ambientes fechados ou reservados.
Com dito anteriormente, é curial conhecermos razoavelmente a jurisprudência
sobre cada direito fundamental discutido, de maneira que essa será sempre a
nossa exposição final de cada tópico:
Direito ao Esquecimento.
Gera dano moral a veiculação de programa televisivo sobre fatos ocorridos há
longa data, com ostensiva identificação de pessoa que tenha sido
investigada, denunciada e, posteriormente, inocentada em processo criminal.
O direito ao esquecimento surge na discussão acerca da possibilidade de alguém
impedir a divulgação de informações que, apesar de verídicas, não sejam
contemporâneas e lhe causem transtornos das mais diversas ordens. Sobre o tema, o
Enunciado 531 da VI Jornada de Direito Civil do CJF preconiza que a tutela da
dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao
esquecimento. O interesse público que orbita o fenômeno criminal tende a
desaparecer na medida em que também se esgota a resposta penal conferida ao fato
criminoso, a qual, certamente, encontra seu último suspiro com a extinção da pena ou
com a absolvição, ambas irreversivelmente consumadas. Se os condenados que já
cumpriram a pena têm direito ao sigilo da folha de antecedentes – assim também a
exclusão dos registros da condenação no Instituto de Identificação –, por maiores e
melhores razões aqueles que foram absolvidos não podem permanecer com esse
estigma, conferindo-lhes a lei o mesmo direito de serem esquecidos. Cabe destacar
que, embora a notícia inverídica seja um obstáculo à liberdade de informação, a
veracidade da notícia não confere a ela inquestionável licitude, nem transforma a
“Para os fins da proteção jurídica a que se refere o art. 5º, XI, da Constituição da
República, o conceito normativo de “casa” revela-se abrangente e, por estender-se
a qualquer aposento da habitação coletiva, desde que ocupado (CP, art.150,
§4º,II), compreende, observada essa específica limitação espacial, os quartos de
hotel”. (RHC 90.376/RJ, 18/05/2007).
“(...)para os fins da proteção jurídica a que se refere o art. 5º, XI, da Constituição da
República, o conceito normativo de “casa” revela-se abrangente e, por estender-se a
qualquer compartimento privado não aberto ao público, onde alguém exerce profissão
ou atividade (CP, art. 150, § 4º, III), compreende, observada essa específica limitação
espacial (área interna não acessível ao público), os escritórios profissionais,
inclusive os de contabilidade, “embora sem conexão com a casa de moradia
propriamente dita” (Nelson Hungria).(...)Sem que ocorra qualquer das situações
direito à privacidade, já que o inciso XII do art 5º da Carta cobre as hipóteses de sigilo
de comunicação de dados – situação menos abrangente do que a que se está
debatendo (sigilo bancário/fiscal)”.
“(...) O inciso XII do artigo 5º da Carta Federal não tem o sentido de tutela do sigilo
de dados, para conferir inviolabilidade aos dados bancários e, de resto, a qualquer
dado, exatamente porque esta interpretação estaria em confronto com idéias básicas
da organização da vida social. A interpretação constitucionalmente adequada situa a
tutela no sigilo da comunicação de dados, na segurança do sistema de informação, de
modo a coibir a interferência abusiva na transmissão dos dados, e não diretamente
impedir o conhecimento dos dados em si, que podem, ou não, ser acessados por
outrem, em grau de publicidade variável – de nenhuma a alguma, ou sem qualquer
restrição -, a depender do quanto isto afete uma outra garantia da individualidade,
tutelada, em tese, não pelo inciso XII, mas pelo X do artigo 5º da Constituição Federal
(...)Por evidente, deve-se mencionar que a quebra do sigilo bancário foi admitida, na
jurisprudência, como possível apenas por autoridade judicial e mediante processo
judicial, mas cabe destacar, igualmente, que a legislação, à época, contemplava e
legitimava tal solução, ao contrário da atual que é clara e inequívoca no sentido de
prever casos específicos de iniciativa administrativa, sem que com isto se possa, ao
que parece, ser invocada a lesão a direito de dimensão constitucional. Não se trata,
“A quebra do sigilo bancário sem prévia autorização judicial, para fins de constituição
de crédito tributário não extinto, é autorizada pela Lei 8.021/90 e pela Lei
Complementar 105/2001, normas procedimentais, cuja aplicação é imediata, à luz do
disposto no artigo 144, § 1º do CTN. (...) A Constituição da Republica Federativa do
Brasil de 1988 facultou à Administração Tributária, nos termos da lei, a criação de
instrumentos/mecanismos que lhe possibilitassem identificar o patrimônio, os
rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte, respeitados os direitos
individuais, especialmente com o escopo de conferir efetividade aos princípios da
pessoalidade e da capacidade contributiva (artigo 145, § 1º). 13. Destarte, o sigilo
bancário, como cediço, não tem caráter absoluto, devendo ceder ao princípio da
moralidade aplicável de forma absoluta às relações de direito público e privado,
devendo ser mitigado nas hipóteses em que as transações bancárias são denotadoras
de ilicitude, porquanto não pode o cidadão, sob o alegado manto de garantias
fundamentais, cometer ilícitos. Isto porque, conquanto o sigilo bancário seja garantido
pela Constituição Federal como direito fundamental, não o é para preservar a
intimidade das pessoas no afã de encobrir ilícitos” (REsp 1.134.665/SP, rel. Min. Luiz
Fux, 25/11/2009).
(...) O teor das comunicações efetuadas pelo telefone e os dados transmitidos por via
telefônica são abrangidos pela inviolabilidade do sigilo - artigo 5.º, inciso XII, da
Constituição Federal -, sendo indispensável a prévia autorização judicial para a sua
quebra, o que não ocorre no que tange aos dados cadastrais, externos ao conteúdo
das transmissões telemáticas (...). Não se constata ilegalidade no proceder policial,
que requereu à operadora de telefonia móvel responsável pela Estação Rádio-Base o
registro dos telefones que utilizaram o serviço na localidade, em dia e hora da prática
do crime (HC 247.331/RS, rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 21/08/2014).
De acordo com a lei 9296/96 que enuncia as regras para a decretação judicial
de interceptação das comunicações telefônicas, só cabe essa medida: a) na
ocorrência de indícios razoáveis de autoria ou participação em infração penal;
b) inexistência de outro meio de produção da prova pretendida; c) no caso de
infração penal punida com reclusão. No caso de informação anônima obtida,
principalmente, por meio dos denominados “disque-denúncia”, cabe a
autoridade policial, conforme já decidido pelo STF, realizar diligências
preliminares para, só então, diante de novos indícios, solicitar a interceptação
telefônica. Ainda segundo a lei em epígrafe, o juiz deve fundamentar a
decisão de interceptação no prazo de 24h, devendo o período de
interceptação não exceder o prazo de 15 dias, renovável pelo mesmo período
desde que se revele indispensável à produção da prova.
Ainda que não fique suficientemente claro a partir de uma interpretação literal
do texto, o STF entende possível sucessivas prorrogações do prazo inicial
de interceptação determinado pelo juiz, definindo ser ”lícita a prorrogação do
prazo para interceptação telefônica, ainda que de modo sucessivo, quando o
fato seja complexo e o imponha a sua investigação” (Inq. 2424, Rel. Min. Cezar
Peluso, 26.11.2008).
Sobre a necessidade de transcrição integral do conteúdo gravado nas
conversas, a mesma corte decidiu que “é desnecessária a juntada do
conteúdo integral das degravações das escutas telefônicas realizadas nos
autos do inquérito no qual são investigados os ora Pacientes, pois bastam que
se tenham degravados os excertos necessários ao embasamento da denúncia
oferecida, não configurando, essa restrição, ofensa ao princípio do devido
processo legal (art. 5º, inc. LV, da Constituição da República)”. (HC 91.207-MC,
rel. p/o ac. Min. Carmen Lúcia, 11.6.2007).
Ainda nessa vereda, é preciso diferenciar, conceitualmente, interceptação
telefônica de escuta e gravação telefônicas. Interceptação telefônica é a
captação de conversa feita por um terceiro, sem o conhecimento dos
interlocutores, sendo imprescindível a autorização judicial para efeito de sua
ocorrência, porquanto contida na esfera de proteção do inciso XII do art. 5º da
CF. Escuta telefônica, por sua vez, é a captação de conversa feita por um
terceiro, com o conhecimento de apenas um dos interlocutores. Gravação
telefônica é aquela feita diretamente por um dos interlocutores do diálogo,
sem o consentimento ou ciência de outro. Deve ser salientado que apenas a
primeira situação se enquadra na proteção do inciso XII, considerando o STF
lícita, para efeito de prova, a gravação de conversa telefônica por um dos
envolvidos, salvo a existência de causa legal de sigilo ou reserva. Analisando a
jurisprudência , podemos encontrar diferentes situações comumente abordadas
em concursos públicos:
Coleta de material biológico da placenta, com propósito de fazer exame de DNA, para
averiguação de paternidade do nascituro, embora a oposição da extraditanda. (...)
Bens jurídicos constitucionais como “moralidade administrativa”, “persecução penal
pública” e “segurança pública” que se acrescem – como bens da comunidade, na
expressão de Canotilho – ao direito fundamental à honra (CF, art. 5º, X), bem assim
direito à honra e à imagem de policiais federais acusados de estupro da extraditanda,
nas dependências da Polícia Federal, e direito à imagem da própria instituição, em
confronto com o alegado direito da reclamante à intimidade e a preservar a identidade
do pai de seu filho. (Rcl 2.040 QO, rel. min. Néri da Silveira, j. 21-2-2002, P, DJ de
27-6-2003).
O sigilo bancário, o sigilo fiscal e o sigilo telefônico (sigilo este que incide sobre os
dados/registros telefônicos e que não se identifica com a inviolabilidade das
comunicações telefônicas) – ainda que representem projeções específicas do direito à
intimidade, fundado no art. 5º, X, da Carta Política – não se revelam oponíveis, em
nosso sistema jurídico, às CPIs, eis que o ato que lhes decreta a quebra traduz natural
derivação dos poderes de investigação que foram conferidos, pela própria Constituição
da República, aos órgãos de investigação parlamentar. As CPIs, no entanto, para
decretarem, legitimamente, por autoridade própria, a quebra do sigilo bancário, do
sigilo fiscal e/ou do sigilo telefônico, relativamente a pessoas por elas investigadas,
devem demonstrar, a partir de meros indícios, a existência concreta de causa provável
que legitime a medida excepcional (ruptura da esfera de intimidade de quem se acha
sob investigação), justificando a necessidade de sua efetivação no procedimento de
ampla investigação dos fatos determinados que deram causa à instauração do
inquérito parlamentar, sem prejuízo de ulterior controle jurisdicional dos atos em
referência (CF, art. 5º, XXXV). As deliberações de qualquer CPI, à semelhança do que
também ocorre com as decisões judiciais (RTJ 140/514), quando destituídas de
motivação, mostram-se írritas e despojadas de eficácia jurídica, pois nenhuma medida
restritiva de direitos pode ser adotada pelo Poder Público, sem que o ato que a decreta
seja adequadamente fundamentado pela autoridade estatal. [MS 23.452, rel. min.
Celso de Mello, j. 16-9-1999, P, DJ de 12-5-2000.] vide HC 96.056, rel. min. Gilmar
Mendes, j. 28-6-2011, 2ª T, DJE de 08/05/2012).
Encontro fortuito de prova da prática de crime punido com detenção. (...) O STF, como
intérprete maior da Constituição da República, considerou compatível com o art. 5º,
XII e LVI, o uso de prova obtida fortuitamente através de interceptação telefônica
licitamente conduzida, ainda que o crime descoberto, conexo ao que foi objeto da
interceptação, seja punido com detenção. [AI 626.214 AgR, rel. min. Joaquim
Barbosa, j. 21-9-2010, 2ª T, DJE de 8-10-2010].
A Lei 9.296/1996 nada mais fez do que estabelecer as diretrizes para a resolução de
conflitos entre a privacidade e o dever do Estado de aplicar as leis criminais. Em que
pese ao caráter excepcional da medida, o inciso XII possibilita, expressamente, uma
vez preenchidos os requisitos constitucionais, a interceptação das comunicações
telefônicas. E tal permissão existe pelo simples fato de que os direitos e garantias
constitucionais não podem servir de manto protetor a práticas ilícitas. (...) Nesse
diapasão, não pode vingar a tese da impetração de que o fato de a autoridade
judiciária competente ter determinado a interceptação telefônica dos pacientes,
envolvidos em investigação criminal, fere o direito constitucional ao silêncio, a não
autoincriminação. [HC 103.236, voto do rel. min. Gilmar Mendes, j. 14-6-2010, 2ª T,
DJE de 3-9-2010].
Alegação de ofensa ao art. 5º, XII, LIV e LVI, da CF. Recurso extraordinário que
afirma a existência de interceptação telefônica ilícita porque efetivada por terceiros.
Conversa gravada por um dos interlocutores. Precedentes do STF. Agravo regimental
improvido. Alegação de existência de prova ilícita, porquanto a interceptação
telefônica teria sido realizada sem autorização judicial. Não há interceptação telefônica
quando a conversa é gravada por um dos interlocutores, ainda que com a ajuda de um
repórter. [RE 453.562 AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 23-9-2008, 2ª T, DJE de 28-
11-2008].
Na lição de José Afonso Silva, o art. 5º, inc. XIV, ressalva o direito do jornalista
e do comunicador social de não declinar a fonte onde obteve a informação
divulgada. Em tal situação, eles ou o meio de comunicação utilizado respondem
pelos abusos e prejuízos ao bom nome, à reputação e à imagem do ofendido
(art. 5º, X). Quanto à possibilidade de controle prévio pelo Judiciário do
exercício dessa liberdade fundamental, o STF já decidiu que:
STM. Cópia de processos e dos áudios de sessões. Fonte histórica para obra literária.
Âmbito de proteção do direito à informação (art. 5º, XIV, da CF). Não se cogita da
violação de direitos previstos no Estatuto da OAB (art. 7º, XIII, XIV e XV, da Lei
8.906/1996), uma vez que os impetrantes não requisitaram acesso às fontes documen
tais e fonográficas no exercício da função advocatícia, mas como pesquisadores.
A publicidade e o direito à informação não podem ser restringidos com base em atos
de natureza discricionária, salvo quando justificados, em casos excepcionais, para a
defesa da honra, da imagem e da intimidade de terceiros ou quando a medida for
essencial para a proteção do interesse público. A coleta de dados históricos a partir de
não mais prevalece em nosso sistema de direito positivo, desde a revogação, pelo
DL 941/1969 (art. 95, § 1º), do art. 9º do DL 394/1938, sob cuja égide foi editada a
formulação sumular em questão. [Ext 1.121 AgR, rel. min. Celso de Mello, j.
04/09/2008).
A CF assegura aos presos o direito ao silêncio (inciso LXIII do art. 5º). Nessa mesma
linha de orientação, o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (Pacto de São
José da Costa Rica) institucionaliza o princípio da “não autoincriminação” (nemo
tenetur se detegere). Esse direito subjetivo de não se autoincriminar constitui uma das
mais eminentes formas de densificação da garantia do devido processo penal e do
direito à presunção de não culpabilidade (inciso LVII do art. 5º da CF). A revelar,
primeiro, que o processo penal é o espaço de atuação apropriada para o órgão de
acusação demonstrar por modo robusto a autoria e a materialidade do delito. Órgão
que não pode se esquivar da incumbência de fazer da instrução criminal a sua
estratégia oportunidade de produzir material probatório substancialmente sólido em
termos de comprovação da existência de fato típico e ilícito, além da culpabilidade do
acusado. (HC 101.909, rel. min. Ayres Britto, j. 28/02/2012).
(...) não pode vingar a tese da impetração de que o fato de a autoridade judiciária
competente ter determinado a interceptação telefônica dos pacientes, envolvidos em
investigação criminal, fere o direito constitucional ao silêncio, a não autoincriminação.
(HC 103.236, voto do rel. min. Gilmar Mendes, j. 14/06/2010).
Diante do princípio nemo tenetur se detegere, que informa o nosso direito de punir, é
fora de dúvida que o dispositivo do inciso IV do art. 174 do CPP há de ser interpretado
no sentido de não poder ser o indiciado compelido a fornecer padrões gráficos do
próprio punho, para os exames periciais, cabendo apenas ser intimado para fazê-lo a
seu alvedrio. (HC 77.135, rel. min. Ilmar Galvão, j. 08/09/1998).
“a liberdade de reunião e de associação para fins lícitos constitui uma das mais
importantes conquistas da civilização, enquanto fundamento das modernas
democracias políticas. A restrição ao direito de reunião estabelecida pelo Decreto
distrital 20.098/1999, a toda evidência, mostra-se inadequada, desnecessária e
desproporcional quando confrontada com a vontade da Constituição (Wille zur
Verfassung). (ADI 1.969, rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 28/06/2007).
19/09/2014).
Cabe enfatizar, neste ponto, que as normas inscritas no art. 5º, XVII a XXI, da atual
CF protegem as associações, inclusive as sociedades, da atuação eventualmente
arbitrária do legislador e do administrador, eis que somente o Poder Judiciário, por
meio de processo regular, poderá decretar a suspensão ou a dissolução compulsórias
das associações. Mesmo a atuação judicial encontra uma limitação constitucional:
apenas as associações que persigam fins ilícitos poderão ser compulsoriamente
dissolvidas ou suspensas. Atos emanados do Executivo ou do Legislativo, que
provoquem a compulsória suspensão ou dissolução de associações, mesmo as que
possuam fins ilícitos, serão inconstitucionais. [ADI 3.045, voto do rel. min. Celso de
Mello, j. 10/08/2005].
Cesar Fiuza assevera que a propriedade pode ser definida como a situação
jurídica consistente em uma relação dinâmica e complexa entre uma pessoa,
o dono, e a coletividade, em virtude da qual são assegurados àquele os direitos
exclusivos de usar, fruir, dispor e reivindicar uma coisa, respeitados os direitos
da coletividade.
Como já salientado, o direito de propriedade, como qualquer outro, não se
reveste de caráter absoluto, encontrando limites expressos na própria
Constituição, porquanto sua plena fruição encontra resistência na função social
que deve sempre estar presente.
Com efeito, o art. 182, §4º, faculta ao Poder Público municipal, mediante lei
específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal,
do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado,
que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
a) parcelamento ou edificação compulsórios; b) imposto sobre a propriedade
predial e territorial urbana progressivo no tempo; c) desapropriação com
pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e
os juros legais.
Observa-se, portanto, uma gradação dos mecanismos de combate à
negligência do proprietário no atendimento à funcionalidade social do imóvel
urbano, devendo sempre ser derradeira a adoção da denominada
desapropriação-sanção, com consequente pagamento em títulos da dívida
pública.
No que tange à regra da progressividade do IPTU no tempo, cabe ressaltar o
enunciado da súmula 668 do STF, afirmando que
“É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da
Emenda Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o
IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumprimento da função
social da propriedade urbana”.
O direito de propriedade não se reveste de caráter absoluto, eis que, sobre ele, pesa
grave hipoteca social, a significar que, descumprida a função social que lhe é inerente
(CF, art. 5º, XXIII), legitimar-se-á a intervenção estatal na esfera dominial privada,
observados, contudo, para esse efeito, os limites, as formas e os procedimentos
fixados na própria Constituição da República. O acesso à terra, a solução dos conflitos
sociais, o aproveitamento racional e adequado do imóvel rural, a utilização apropriada
dos recursos naturais disponíveis e a preservação do meio ambiente constituem
elementos de realização da função social da propriedade. (ADI 2.213 MC, rel. min.
Celso de Mello, j. 04/04/2002).
Por fim, o inciso XXXI contém uma garantia cujo âmbito de proteção assegura
ao indivíduo o exercício de um direito subjetivo que assegura o benefício da
lei mais favorável ao cônjuge e aos filhos de estrangeiro que, domiciliado
fora do Brasil, tenha deixado bens localizados em território brasileiro.
“As instituições financeiras estão, todas elas, alcançadas pela incidência das normas
veiculadas pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC). “Consumidor”, para os efeitos
do CDC, é toda pessoa física ou jurídica que utiliza, como destinatário final, atividade
bancária, financeira e de crédito. (ADI 2.591 ED, rel. min. Eros Grau, j. 14-12-2006).
Corroborando esse entendimento, a súmula 297 do STJ afirma que “O Código de
Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras”. Em situação de conflito
entre o CDC e as regras de indenização tarifada presentes no Código Brasileiro de
Aeronáutica e na Convenção de Varsóvia para a unificação de certas regras relativas
ao transporte aéreo internacional, a corte decidiu que “O princípio da defesa do
consumidor se aplica a todo o capítulo constitucional da atividade econômica.
Afastam-se as normas especiais do Código Brasileiro da Aeronáutica e da Convenção
de Varsóvia quando implicarem retrocesso social ou vilipêndio aos direitos
assegurados pelo Código de Defesa do Consumidor. (RE 351.750, rel. p/ o ac. min.
Ayres Britto, j. 17/03/2009).
“não cabe, no caso, falar de intimidade ou de vida privada, pois os dados objeto da
divulgação em causa dizem respeito a agentes públicos enquanto agentes públicos
mesmos; ou, na linguagem da própria Constituição, agentes estatais agindo “nessa
qualidade” (§ 6º do art. 37) (...) No mais, é o preço que se paga pela opção por uma
carreira pública no seio de um Estado republicano. (...) A negativa de prevalência do
Quanto ao direito de petição aos órgãos públicos, André Carvalho Ramos define
como sendo a faculdade de provocar as autoridades competentes para que
adotem determinadas condutas comissivas ou omissivas na defesa de
direito próprio ou coletivo, abarcando, inclusive, as chamadas reclamações ou
representações dirigidas ao Poder Público, para expor reivindicações,
exigindo que este se pronuncie sobre determinada questão fática ou de direito,
de índole individual ou mesmo coletiva. Como já afirmado pelo STF, “a natureza
jurídica da reclamação não é a de um recurso, de uma ação e nem de um
incidente processual. Situa-se ela no âmbito do direito constitucional de petição
previsto no art. 5º, XXXIV, da CF. (ADI 2.212, rel. min. Ellen Gracie, j.
02/10/2003).
Nesse sentido, a súmula vinculante 21 assevera ser inconstitucional a
exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para
admissibilidade de recurso administrativo. Nesse mesmo contexto, a súmula
373 do STJ enuncia que “é ilegítima a exigência de depósito prévio para a
admissibilidade de recurso administrativo”. O direito de petição, no entanto,
não se reveste de caráter absoluto, encontrando limitações nas demais
regras de natureza material ou processual. Essa prerrogativa de extração
constitucional não permite, por exemplo, a possibilidade de o interessado – que
não dispõe de capacidade postulatória – ingressar em juízo, para,
independentemente de advogado, litigar em nome próprio ou como
representante de terceiros. (AR 1.354 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 21-10-
1994).
Assim, podemos concluir que o direito de petição reclama, para o seu exercício,
a observância do preceituado no âmbito do direito processual e
material, não constituindo sua mera ilação uma oportunidade de gozo irrestrito
do direito fundamental.
Violação da Súmula Vinculante 14. Inocorrência. (...) Não há como conceder vista do
inquérito policial (...) pela simples razão de o agravante não figurar como indiciado,
além é claro de o feito tramitar sob a etiqueta do segredo de justiça. (Rcl 9.789 AgR,
rel. min. Ellen Gracie, j. 18/08/2010).
Lei 6.683/1979, a chamada “Lei de Anistia”. Art. 5º, caput, III e XXXIII, da
Constituição do Brasil (...). Circunstâncias históricas. (...) Acesso a documentos
históricos como forma de exercício do direito fundamental à verdade. (...) Impõe-se o
desembaraço dos mecanismos que ainda dificultam o conhecimento do quanto ocorreu
no Brasil durante as décadas sombrias da ditadura. (ADPF 153, rel. min. Eros Grau, j.
29/4/2010).
TCU: direito de acesso a documentos de processo administrativo. CF, art. 5º, XXXIII,
XXXIV, b, e LXXII; e art. 37. Processo de representação instaurado para apurar
eventual desvio dos recursos arrecadados com a exploração provisória do Complexo
Pousada Esmeralda, situado no arquipélago de Fernando de Noronha/PE: direito da
empresa impetrante, permissionária de uso, ter vista dos autos da representação
mencionada, a fim de obter elementos que sirvam para a sua defesa em processos
judiciais nos quais figura como parte. Não incidência, no caso, de qualquer limitação
às garantias constitucionais (incisos X e XXXIII, respectivamente, do art. 5º da CF).
Ressalva da conveniência de se determinar que a vista pretendida se restrinja ao local
da repartição, ou, quando permitida a retirada dos autos, seja fixado prazo para tanto.
O direito de petição, fundado no art. 5º, XXXIV, a, da Constituição, não pode ser
invocado, genericamente, para exonerar qualquer dos sujeitos processuais do dever
de observar as exigências que condicionam o exercício do direito de ação, pois,
tratando-se de controvérsia judicial, cumpre respeitar os pressupostos e os requisitos
fixados pela legislação processual comum. A mera invocação do direito de petição, por
si só, não basta para assegurar à parte interessada o acolhimento da pretensão que
deduziu em sede recursal. (AI 258.867 AgR, rel. min. Celso de Mello, j. 26/09/2000).
O rito dos juizados especiais é talhado para ampliar o acesso à justiça (art. 5º, XXXV,
da CRFB) mediante redução das formalidades e aceleração da marcha processual, não
sendo outra a exegese do art. 98, I, da Carta Magna, que determina sejam adotados
nos aludidos juizados “os procedimentos oral e sumariíssimo”, devendo, portanto, ser
apreciadas cum grano salis as interpretações que pugnem pela aplicação “subsidiária”
de normas alheias ao microssistema dos juizados especiais que importem delongas ou
A Lei 4.468/1984 do Estado de São Paulo – que autoriza a não inscrição em dívida
ativa e o não ajuizamento de débitos de pequeno valor – não pode ser aplicada a
Município, não servindo de fundamento para a extinção das execuções fiscais que
promova, sob pena de violação à sua competência tributária. Não é dado aos entes
políticos valerem-se de sanções políticas contra os contribuintes inadimplentes,
cabendo-lhes, isso sim, proceder ao lançamento, inscrição e cobrança judicial de seus
créditos, de modo que o interesse processual para o ajuizamento de execução está
presente. Negar ao Município a possibilidade de executar seus créditos de pequeno
valor sob o fundamento da falta de interesse econômico viola o direito de acesso à
Justiça. (RE 591.033, rel. min. Ellen Gracie, j. 17/11/2010).
Por esse fundamento, inexiste direito adquirido a regime jurídico, tendo o STF,
por exemplo, consubstanciado que é possível a modificação das parcelas que
compõem a estrutura remuneratória de servidores inativos, desde que
observada a irredutibilidade salarial.
De forma sumulada, o já decidiu que:
Súmula Vinculante 35 - A homologação da transação penal prevista no
art. 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas
cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público
a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou
requisição de inquérito policial.
Súmula Vinculante 9 - O disposto no art. 127 da Lei 7.210/1984 (LEP) foi
recebido pela ordem constitucional vigente, e não se lhe aplica o limite temporal
previsto no caput do art. 58.
Súmula Vinculante 1 - Ofende a garantia constitucional do ato jurídico
perfeito a decisão que, sem ponderar as circunstâncias do caso concreto,
desconsidera a validez e a eficácia de acordo constante de termo de adesão
instituído pela LC 110/2001.
Súmula 725 do STF - É constitucional o § 2º do art. 6º da Lei 8.024/1990,
resultante da conversão da MP 168/1990, que fixou o BTN Fiscal como índice de
correção monetária aplicável aos depósitos bloqueados pelo Plano Collor I. [.].
Súmula 678 do STF - São inconstitucionais os incisos I e III do art. 7º da Lei
8.162/1991, que afastam, para efeito de anuênio e de licença-prêmio, a
contagem do tempo de serviço regido pela CLT dos servidores que passaram a
submeter-se ao regime jurídico único.
Súmula 654 do STF - A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5º,
XXXVI, da CF, não é invocável pela entidade estatal que a tenha editado.
Nesse diapasão, Figueiredo Dias ao discorrer sobre o processo penal afirma que
a ideia de um juízo natural fundamenta-se em três premissas: i) somente são
órgãos jurisdicionais os instituídos pela Constituição; ii) ninguém pode ser
julgado por órgão constituído após a ocorrência do fato; iii) entre os juízes pré-
constituídos vigora uma ordem taxativa de competências que exclui qualquer
alternativa deferida à discricionariedade de quem quer que seja”.
Por ser um tema caro ao processo penal, importante destacar o teor da
Súmula 704 do STF enunciando que “não viola as garantias do juiz natural, da
(...) Tema do juiz natural assume relevo inegável no contexto da extradição, uma vez
que o pleito somente poderá ser deferido se o Estado requerente dispuser de
condições para assegurar julgamento com base nos princípios básicos do Estado de
Direito, garantindo que o extraditando não será submetido a qualquer jurisdição
excepcional. Precedentes (...). Em juízo tópico, o Plenário entendeu que os requisitos
do devido processo legal estavam presentes, tendo em vista a notícia superveniente
de nomeação de novos ministros para a Corte Suprema de Justiça da Bolívia, e que
deveriam ser reconhecidos os esforços de consolidação do Estado Democrático de
Direito naquele país. (Ext 986, rel. min. Eros Grau, j. 15/08/2007).
A garantia do juiz natural, prevista nos incisos LIII e XXXVII do art. 5º da CF, é
plenamente atendida quando se delegam o interrogatório dos réus e outros atos da
instrução processual a juízes federais das respectivas Seções Judiciárias, escolhidos
mediante sorteio. (AP 470 QO, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 06/12/2007).
imposta ante tráfico de drogas mostra-se afinado com a Lei 8.072/1990 e com o
disposto no inciso XLIII do art. 5º da CF (HC 101.919, rel. min. Marco Aurélio, j.
06/09/2011).
“as limitações jurídicas que derivam da inscrição, no Cauc, das autarquias, das
empresas governamentais ou das entidades paraestatais não podem atingir os
Estados-membros ou o Distrito Federal, projetando, sobre estes, consequências
jurídicas desfavoráveis e gravosas, pois o inadimplemento obrigacional – por revelar-
se unicamente imputável aos entes menores integrantes da administração
descentralizada – só a estes pode afetar” (AC 1.033 AgR QO, rel. min. Celso de
Mello, j. 25/05/2006).
subjetivas favoráveis, o regime prisional, à luz do art. 33, § 2º, alínea b, deve ser o
semiaberto” (HC 111.840/ES).
3.26 – Extradição
Do texto constitucional:
Proporcionalidade
Adequação Necessidade
em sentido estrito
Sistematizando, temos:
a) Adequação ou idoneidade: a medida adotada pelo Poder Público deve ser
apta para, pelo menos, contribuir para o atingimento dos objetivos almejados,
bem como demonstrar legitimidade;
Súmula 704 do STF - Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa
e do devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do
corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados.
Súmula Vinculante 3 - Nos processos perante o Tribunal de Contas da União
asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder
resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o
interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial
de aposentadoria, reforma e pensão.
Súmula Vinculante 5 - A falta de defesa técnica por advogado no processo
administrativo não ofende a Constituição.
Súmula Vinculante 14 - É direito do defensor, no interesse do representado,
ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em
procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia
judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
Súmula Vinculante 21 - É inconstitucional a exigência de depósito ou
arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso
administrativo.
Súmula Vinculante 28 - É inconstitucional a exigência de depósito prévio
como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a
exigibilidade de crédito tributário.
(...) a decisão prolatada por esta Corte nos autos da ADC 4/DF não veda toda e
qualquer antecipação de tutela contra a Fazenda Pública, mas tão somente as
hipóteses taxativamente previstas no art. 1º da Lei 9.494/1997. A preocupação do
Plenário deste Tribunal no julgamento da ADC 4 MC/DF foi justamente a de preservar
a Fazenda Pública contra o deferimento generalizado de tutelas antecipatórias, em
sede de cognição sumária, sem a observância do contraditório e da ampla defesa. (Rcl
6.327 AgR, voto do rel. min. Ricardo Lewandowski, j. 02/03/2011).
Não há, no processo penal, nulidade ainda que absoluta, quando do vício alegado não
haja decorrido prejuízo algum ao réu. (HC 82.899, rel. min. Cezar Peluso, j.
02/06/2009).
No entanto, como afirma André Carvalho Ramos, não se pode invocar o direito
fundamental à prova de modo ilimitado ou incondicionado, razão pela qual a
constituição determina que são inadmissíveis, em qualquer espécie de
processo, as provas obtidas por meios ilícitos. No magistério de Alexandre
de Moraes,
“as provas ilícitas não se confundem com as provas ilegais e as
ilegítimas. Enquanto as provas ilícitas são aquelas obtidas com
infringência ao direito material, as provas ilegítimas são as obtidas
com desrespeito ao direito processual. Por sua vez, as provas
ilegais seriam o gênero do qual as espécies são as provas ilícitas e
as ilegítimas, pois se configuram pela obtenção com violação de
natureza material ou processual ao ordenamento jurídico”.
Ação penal. Prova. Gravação ambiental. Realização por um dos interlocutores sem
conhecimento do outro. Validade. Jurisprudência reafirmada. Repercussão geral
reconhecida. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC. É lícita a prova consistente em
gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem o conhecimento do outro.
(RE 583.937 QO-RG, rel. min. Cezar Peluso, j. 19/11/2009).
(...). A doutrina da ilicitude por derivação (teoria dos “frutos da árvore envenenada”)
repudia, por constitucionalmente inadmissíveis, os meios probatórios, que, não
obstante produzidos, validamente, em momento ulterior, acham-se afetados, no
entanto, pelo vício (gravíssimo) da ilicitude originária, que a eles se transmite,
contaminando-os, por efeito de repercussão causal. Hipótese em que os novos dados
probatórios somente foram conhecidos, pelo Poder Público, em razão de anterior
transgressão praticada, originariamente, pelos agentes estatais, que desrespeitaram a
garantia constitucional da inviolabilidade domiciliar. Revelam-se inadmissíveis, desse
modo, em decorrência da ilicitude por derivação, os elementos probatórios a que os
órgãos estatais somente tiveram acesso em razão da prova originariamente ilícita,
obtida como resultado da transgressão, por agentes públicos, de direitos e garantias
constitucionais e legais, cuja eficácia condicionante, no plano do ordenamento positivo
brasileiro, traduz significativa limitação de ordem jurídica ao poder do Estado em face
dos cidadãos. Se, no entanto, o órgão da persecução penal demonstrar que obteve,
legitimamente, novos elementos de informação a partir de uma fonte autônoma de
prova – que não guarde qualquer relação de dependência nem decorra da prova
originariamente ilícita, com esta não mantendo vinculação causal –, tais dados
probatórios revelar-se-ão plenamente admissíveis, porque não contaminados pela
mácula da ilicitude originária. A questão da fonte autônoma de prova (an independent
source) e a sua desvinculação causal da prova ilicitamente obtida. Doutrina.
Precedentes do STF (RHC 90.376/RJ, rel. min. Celso de Mello, v.g.).
9.296/1996, que regulamentou o inciso XII do art. 5º da CF. Nulidade da ação penal,
por fun dar-se exclusivamente em conversas obtidas mediante quebra dos sigilos
telefônicos dos pacientes. (HC 81.154, rel. min. Maurício Corrêa, j. 02/10/2001).
A prova ilícita (...), não sendo a única mencionada na denúncia, não compromete a
validade das demais provas que, por ela não contaminadas e dela não decorrentes,
integram o conjunto probatório. [RHC 74.807, rel. min. Maurício Corrêa, j.
22/04/1997.
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/RHC135683.PDF
Constitucionalmente,
LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado
de sentença penal condenatória;
Como bem aponta o voto do Min. Teori a respeito dessa evolução interpretativa,
“a mudança da tradicional jurisprudência – que afirmava a legitimidade da
execução da pena como efeito de decisão condenatória recorrível – veio
somente, no julgamento, pelo Plenário, do HC 84.078/MG, realizado em
5/2/2009, oportunidade em que, por sete votos a quatro, definiu-se que o
princípio da presunção de inocência (inciso LVII do art. 5º da CF) se revela
incompatível com a execução da sentença antes do trânsito em julgado da
condenação. Portanto, apenas a partir de 2009, a jurisprudência do STF
Da leitura dos votos que indeferiram a medida cautelar nas ADC´s 43 e 44,
podemos perceber que a corrente novamente vencedora (a possibilidade de
execução provisória foi assentada em um apertadíssimo 6 a 5) defendeu uma
visão utilitarista/pragmatista do princípio da não culpabilidade, como
depreendemos do voto do Min. Barroso, ao afirmar:
“O sistema penal brasileiro não tem funcionado adequadamente.
A possibilidade de os réus aguardarem o trânsito em julgado dos
recursos dos recursos especial e extraordinário em liberdade para
então iniciar a execução da pena enfraquece demasiadamente a
tutela de bens jurídicos resguardados pelo direito penal e a
própria confiança da sociedade na Justiça criminal. Ao se permitir
que a punição seja retardada por anos e mesmo décadas, cria-se
um sentimento social de ineficácia da lei penal e permite-se que a
morosidade processual possa conduzir à prescrição dos delitos”.
Na análise da conduta social, não poderia ter sido considerado como desfavorável o
fato de responder o paciente a uma ação penal sem trânsito em julgado. (RHC 99.293,
rel. min. Cármen Lúcia, j. 31/08/2010).
Em outra assentada, o tribunal definiu que CPI não pode determinar a quebra
de sigilo em processo submetido a segredo de justiça:
Inteligência dos arts. 5º, X e LX, e 58, § 3º, da CF, art. 325 do CP, e art. 10, c/c
art. 1º da Lei federal 9.296/1996. CPI não tem poder jurídico de, mediante requisição,
a operadoras de telefonia, de cópias de decisão nem de mandado judicial de
interceptação telefônica, quebrar sigilo imposto a processo sujeito a segredo de
justiça. Este é oponível a CPI, representando expressiva limitação aos seus poderes
constitucionais. [MS 27.483 MC-REF, rel. min. Cezar Peluso, j. 14/08/2008.
“o tamanho do direito à razoável duração do processo é ainda maior. Mais forte a sua
compleição. Ele é a prioridade das prioridades ou o primus inter pares procedimental.
A plenificar, por consequência, o correlato dever estatal da não negação de justiça”.
(HC 106.518, rel. min. Ayres Britto, j. 05/04/2011).
4 – Questões
E) direito ao sigilo
Comentários:
Questão “dada” pelo examinador. Trata-se claramente do princípio da reserva da
jurisdição. Gabarito: letra b.
Comentários:
Questão bem simples, porquanto diferencia, como visto nas aulas, o princípio da
legalidade (leis em sentido amplo) do princípio da reserva legal (leis em sentido
estrito). Gabarito: letra B.
Comentários:
Como reiteradamente dito em nossas aulas, esse é o “exemplo clássico” de norma de
eficácia contida. Gabarito: letra a
Comentário:
Comentário:
Como visto, no julgamento da ADC 41 (rel. min. Roberto Barroso, j. 8-6-2017, P, DJE
de 17-8-2017), o STF teve a oportunidade de assentar que:
É constitucional a Lei n° 12.990/2014, que reserva a pessoas negras 20% das vagas
oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos
públicos no âmbito da administração pública federal direta e indireta, no âmbito dos
Três Poderes (...).
a) O direito fundamental à isonomia não é ferido pelos certames públicos para cargos
de carreira policial, de escrivão, de agente de segurança e de carcereiro, entre outros,
que exigem altura mínima de I metro e 60 cm como condição para o ingresso.
b) A proteção constitucional à liberdade de consciência e de crença assegura o direito
de não ter religião, e impede que o Poder Público embarace o funcionamento de
qualquer culto, sendo inconstitucional exigência de que instituições religiosas se
submetam a limites sonoros em suas reuniões.
c) Todos os brasileiros têm assegurado o direito de receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse ou interesse geral, salvo nos casos em que decretado o
segredo de justiça.
d) O direito constitucional de petição pode ser condicionado ao pagamento de custas
módicas ou no máximo razoáveis, daí ser inconstitucional, como já decidiu o STF, o
estabelecimento de taxa judiciária cobrada sobre o valor da causa, sem limitação
expressa.
e) O fato de ser livre a expressão de atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação não impede que tal direito seja limitado pelo legislador, permitindo-se,
por exemplo, a proteção da reputação das demais pessoas, da segurança nacional, da
ordem pública e da saúde.
Comentário:
Tese de RG: "O estabelecimento de limite de idade para inscrição em concurso público
apenas é legítimo quando justificado pela natureza das atribuições do cargo a ser
preenchido." (ARE 678112 RG, Relator Ministro Luiz Fux, Tribunal Pleno, meio
eletrônico, julgamento em 25.4.2013, DJe de 17.5.2013, com repercussão geral -
tema 646)
Súmula 686/STF: "Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de
Item e) Como afirmado, não existem direitos fundamentais absolutos, de maneira que
é possível a limitação, respeitada sempre a proporcionalidade, do direito de expressão.
Item correto.
Comentários:
Segundo Gilmar Mendes, “tem-se uma reserva legal ou restrição legal qualificada
quando a Constituição não se limita a exigir que eventual restrição ao âmbito de
proteção de determinado direito seja prevista em lei, estabelecendo, também, as
condições especiais, os fins a serem perseguidos ou os meios a serem utilizados”.
Adiante, utilizando como exemplo de reserva legal qualificada a norma que trata da
inviolabilidade das comunicações telefônicas, o mesmo autor afirma: consagra-se, no
art. 5º, XII, ser “inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal”. Vê-se aqui que a restrição à
inviolabilidade do sigilo das comunicações telefônicas somente poderá concretizar-se
mediante ordem judicial, para fins de investigação criminal ou instrução processual
penal, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer. Questão incorreta.
(CESPE / DPU – 2016) O direito fundamental à vida também se manifesta por meio
da garantia de condições para uma existência digna.
Comentários:
O direito à vida encampa uma dupla acepção, porquanto a simples existência biológica
não é suficiente para a satisfação integral desse direito fundamental. Nesse sentido, é
curial que o Estado assegure aos indivíduos o direito a uma existência digna, com a
possibilidade de realização de seus diferentes projetos de vida. Questão correta.
Comentário:
Como visto na aula anterior, sob o ponto de vista democrático o titular do Poder
Constituinte é o povo, o que torna o item I incorreto. Quanto ao item II, é
majoritariamente correta a tese de que o advento de uma nova constituição revoga o
ordenamento constitucional anterior, ainda que silente o novel texto, sendo correto,
portanto, o item. Aos estrangeiros em trânsito no País também são estendidos alguns
direitos e garantias fundamentais, como, por exemplo, o habeas corpus. Embora
tecnicamente mal formulado, podemos dizer que o item está correto. O conceito de
“casa” para fins de inviolabilidade atinge, por exemplo, o compartimento não aberto
ao público, conforme reiterada jurisprudência, admitindo, portanto, uma interpretação
elastecida. Correto o item IV. Associações de caráter paramilitar não podem existir no
país nos termos do art. 5º, XVII, CF: é plena a liberdade de associação para fins
lícitos, vedada a de caráter paramilitar; item incorreto. Dessa forma, correta é a letra
d.
Comentários:
II) O estatuto da igualdade racial (lei 12288 de 2010) aduz que “ações
afirmativas são os programas e medidas especiais adotados pelo
Estado e pela iniciativa privada para a correção das desigualdades
raciais e para a promoção da igualdade de oportunidades”.Elas, por
seu turno, podem ser aplicadas para diferentes grupos dotados de
discriminação ou estigma social, como portadores de deficiência,
mulheres, indígenas, negros, etc., nos campos mais variados, como
acesso ao ensino superior, a empregos privados e cargos públicos,
bem como no campo da representação política ou nas relações
contratuais. Com esteio na lição de Daniel Sarmento, são quatro os
fundamentos frequentemente invocados para justificar as medidas de
ação afirmativa: justiça compensatória, justiça distributiva, promoção
do pluralismo e fortalecimento da identidade e autoestima do grupo
favorecido. Para o autor, o argumento da justiça compensatória leva
em conta o histórico de discriminações no passado, usadas como
argumento, por exemplo, da aplicação de política de cotas para
indivíduos de ascendência negra. Entendendo que o argumento é
deveras problemático, Sarmento afirma que mesmos adeptos
fervorosos da ação afirmativa, como Dworkin, defendem que o
principal fundamento das ações afirmativas deve ser prospectivo e
III) Na ADPF 186, o STF afirmou que “as políticas de ação afirmativa
fundadas na discriminação reversa apenas são legítimas se a sua
manutenção estiver condicionada à persistência, no tempo, do quadro
de exclusão social que lhes deu origem. Caso contrário, tais políticas
poderiam converter-se benesses permanentes, instituídas em prol de
determinado grupo social, mas em detrimento da coletividade como
um todo, situação – é escusado dizer – incompatível com o espírito de
qualquer Constituição que se pretenda democrática, devendo,
outrossim, respeitar a proporcionalidade entre os meios empregados e
os fins perseguidos”. Dessa forma, a Corte entende que a
transitoriedade dessas políticas é Constitucional. Item incorreto.
IV) Como aponta André Carvalho Ramos, “na discussão sobre a Emenda
Constitucional n. 20/98 (ADI 1946/DF), que limitou os benefícios
previdenciários a R$ 1.200,00, discutiu-se a quem caberia pagar a
licença-maternidade no caso da mulher trabalhadora receber salário
superior a tal valor. Caso a interpretação concluísse que o excedente
seria pago pelo empregador, a regra aparentemente neutra (limite a
todos os benefícios) teria um efeito discriminatório no mercado de
trabalho e um impacto desproporcional sobre a empregabilidade da
mulher, pois aumentariam os custos do patrão. Com isso, a regra teria
um efeito de discriminação indireta, contrariando a regra
constitucional proibitiva da discriminação, em matéria de emprego,
por motivo de sexo”. Após relembrar o caso Griggs v. Duke Power Co.,
afirmou o Min. Nelson Jobim no seu voto: “A regra da EC. 20/98,
aparentemente neutra, produz discriminação não desejada pelo
próprio legislador. As práticas de mercado passarão a responder com
Comentários:
Gabarito: letra a.
III Lei que proíba manifestações anônimas deverá ser declarada inconstitucional por
violação à liberdade de expressão.
Comentário:
Comentário:
(FCC – PCAP – Delegado - 2017) O sigilo bancário e o sigilo fiscal não podem ser
afastados por ato de comissões parlamentares de inquérito, mas apenas por atos
praticados por autoridades judiciais.
Comentários:
A jurisprudência reiterada do STF, com fundamento no § 3º do art. 58, que confere às
CPI´s poderes investigatórios típicos das autoridades judiciárias. Nesse sentido:
A autonomia das Comissões Parlamentares de Inquérito não subtrai os direitos e
garantias individuais assegurados na Constituição Federal. Poder instrutório ao qual
são oponíveis idênticos limites formais e substanciais impostos ao Poder Judiciário. No
caso concreto, a decisão de quebra de sigilo encontra-se razoavelmente
fundamentada, com observância do figurino exigido pelo artigo 93, IX, da CF. (MS
33.751/DF, Rel. Min. Edson Fachin, 30/09/2016). Deve ser observado, no entanto,
que o Supremo Tribunal Federal chancelou o entendimento de que esse órgão
parlamentar, ao exercer a competência investigatória prevista no citado texto
constitucional está sujeito às limitações constitucionais que incidem sobre as
autoridades judiciárias, devendo, dessa forma, fundamentar as suas decisões, o que
não foi cobrado pelo examinador, mas é de suma importância. Questão, portanto,
incorreta.
Comentários:
Segundo o Supremo Tribunal Federal, CPI não pode determinar a escuta
telefônica, competência exclusiva de autoridade judiciária, sujeita, portanto, ao
princípio da reserva jurisdicional. Esquematicamente, podemos subdividir as
atribuições da CPI nos seguintes termos (retirado do sítio da Câmara dos Deputados):
condenar;
determinar medida cautelar, como prisões, indisponibilidade de bens, arresto,
sequestro;
determinar interceptação telefônica e quebra de sigilo de correspondência;
impedir que o cidadão deixe o território nacional e determinar apreensão de
passaporte;;
expedir mandado de busca e apreensão domiciliar; e
impedir a presença de advogado do depoente na reunião (advogado pode: ter
acesso a documentos da CPI; falar para esclarecer equívoco ou dúvida; opor a ato
arbitrário ou abusivo; ter manifestações analisadas pela CPI até para impugnar
prova ilícita).
Item incorreto.
Comentários:
Comentários:
O STJ, acompanhando posição consolidada no Supremo Tribunal Federal, firmou o
entendimento de que eventual irregularidade na informação acerca do direito de
permanecer em silêncio é causa de nulidade relativa, cujo reconhecimento depende da
comprovação do prejuízo. Dessa forma, o dever de informação a respeito do direito ao
silêncio é causa de nulidade e não mera irregularidade. Incorreta a questão.
Gabarito: letra C.
Comentário:
Como podemos extrair do texto constitucional:
XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso
à autoridade competente;
A exigência de comunicação, portanto, tem fundamento constitucional.
Questão incorreta.
Comentário:
A questão possui uma abordagem eminentemente jurisprudencial, mas, na verdade,
trata da ponderação entre o regime especial de sujeição a que estão submetidos os
servidores e o seu direito à privacidade. O valor de suas remunerações deveria ser
mantido em sigilo por razões de privacidade? E o interesse da coletividade em saber
como os valores públicos são administrados deve ceder em relação à privacidade?
Para o STF, a regra deve ser a publicidade:
(...) É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração
Pública, dos nomes dos seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e
vantagens pecuniárias. (ARE 652777 / SP, rel. Min. Teori Zavascki, 23/04/2015).
Questão incorreta.
(CESPE-PROCURADORIA-MUNICIPAL-SALVADOR-2015)
Seria inconstitucional lei que estabelecesse limite de idade para o acesso a cargos
públicos da administração pública, ainda que essa limitação fosse justificada pela
Comentário:
Como vimos na parte geral, não existem direitos absolutos, mas as possíveis
restrições devem sempre obedecer a regra da proporcionalidade no caso concreto,
bem como serem reguladas por lei e não por norma editalícia. No mesmo sentido a
jurisprudência do STF:
(...) o STF entende que a restrição da admissão a cargos públicos a partir da idade
somente se justifica se previsto em lei e quando situações concretas exigem um limite
razoável, tendo em conta o grau de esforço a ser desenvolvido pelo ocupante do cargo
ou função. No caso, se mostra desarrazoada a exigência de teste de esforço físico com
critérios diferenciados em razão da faixa etária. (RE 523.737 AgR, rel. min. Ellen
Gracie, j. 22-6-2010).
“Os pronunciamentos do Supremo são reiterados no sentido de não se poder erigir
como critério de admissão não haver o candidato ultrapassado determinada idade,
correndo à conta de exceção situações concretas em que o cargo a ser exercido
engloba atividade a exigir a observância de certo limite – precedentes: RMS 21.033-
8/DF, Plenário, rel. min. Carlos Velloso, DJ de 11-10-1991; RMS 21.046-0/RJ,
Plenário, rel. min. Sepúlveda Pertence, DJ de 14-11-1991; RE 209.714-4/RS, Plenário,
rel. min. Ilmar Galvão, DJ de 20-3-1998; e RE 217.226-1/RS, Segunda Turma, por
mim relatado, DJ de 27-11-1998. Mostra-se pouco razoável a fixação, contida em
edital, de idade máxima – 28 anos –, a alcançar ambos os sexos, para ingresso como
soldado policial militar. (RE 345.598 AgR, rel. min. Marco Aurélio, j. 29-6-2005).
Sobre a restrição de altura em concurso, o mesmo fundamento:
Razoabilidade da exigência de altura mínima para ingresso na carreira de delegado de
polícia, dada a natureza do cargo a ser exercido. Violação ao princípio da isonomia.
Inexistência. (RE 140.889, rel. p/ o ac. min. Maurício Corrêa, j. 30-5-2000).
Sobre se o mero exercício de função pública pode ser usado na contagem de títulos:
Concurso público. (...) Prova de títulos: exercício de funções públicas. Viola o princípio
constitucional da isonomia norma que estabelece como título o mero exercício de
função pública. (ADI 3.443, rel. min. Carlos Velloso, j. 8-9-2005).
Sobre a impossibilidade de remarcação de teste de aptidão física
Isonomia. Concurso público. Prova de aptidão física. Lesão temporária. Nova data para
o teste. Inadmissibilidade. Mandado de segurança impetrado para que candidata
acometida de lesão muscular durante o teste de corrida pudesse realizar as demais
provas físicas em outra data. Pretensão deferida com fundamento no princípio da
isonomia. Decisão que, na prática, conferiu a uma candidata que falhou durante a
realização de sua prova física uma segunda oportunidade para cumpri-la. Benefício
não estendido aos demais candidatos. Criação de situação anti-isonômica.
(RE 351.142, rel. min. Ellen Gracie, j. 31-5-2005).
Recurso extraordinário. 2. Remarcação de teste de aptidão física em concurso público
em razão de problema temporário de saúde. 3. Vedação expressa em edital.
Constitucionalidade. 4. Violação ao princípio da isonomia. Não ocorrência. Postulado
do qual não decorre, de plano, a possibilidade de realização de segunda chamada em
etapa de concurso público em virtude de situações pessoais do candidato. Cláusula
Comentários:
O estudo de súmulas é também importante, principalmente, as vinculantes. Nessa
questão foi cobrado o conhecimento da súmula vinculante 11, que afirma:
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou
de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros,
(CESPE-PROCURADORIA-MUNICIPAL/SALVADOR-2015)
Conforme jurisprudência do STF, desde que esteja prevista em lei nacional, será
constitucional a exigência do diploma de jornalismo para o exercício dessa profissão.
Comentários:
Como verificado na parte geral, o STF entendeu dispensável a obtenção de diploma
para o exercício da profissão de jornalista:
O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, no julgamento do Recurso
Extraordinário (RE) 511961, que é inconstitucional a exigência do diploma de
jornalismo e registro profissional no Ministério do Trabalho como condição para o
exercício da profissão de jornalista. Para o Min. Gilmar Mendes, “o jornalismo é uma
profissão diferenciada por sua estreita vinculação ao pleno exercício das liberdades de
expressão e de informação. O jornalismo é a própria manifestação e difusão do
pensamento e da informação de forma contínua, profissional e remunerada.
Os jornalistas são aquelas pessoas que se dedicam profissionalmente ao exercício
pleno da liberdade de expressão. O jornalismo e a liberdade de expressão, portanto,
são atividades que estão imbricadas por sua própria natureza e não podem ser
pensadas e tratadas de forma separada. Isso implica, logicamente, que a
interpretação do art. 5º, XIII, da Constituição, na hipótese da profissão de jornalista,
se faça, impreterivelmente, em conjunto com os preceitos do art. 5º, IV, IX, XIV, e do
art. 220 da Constituição, que asseguram as liberdades de expressão, de informação e
de comunicação em geral. (...) No campo da profissão de jornalista, não há espaço
para a regulação estatal quanto às qualificações profissionais”. Incorreta a assertiva.
Comentários:
Questão extraída, também, da jurisprudência do STF:
A competência do Tribunal do Júri não é absoluta. Afasta-a a própria CF, no que
prevê, em face da dignidade de certos cargos e da relevância destes para o Estado, a
competência de tribunais – arts. 29, VIII; 96, III; 108, I, a; 105, I, a; e 102, I, b e c.
(HC 70.581, rel. min. Marco Aurélio, j. 21-9-1993).
Assertiva correta.
O aluno não deve esquecer o conteúdo da súmula vinculante 45, também muito
cobrada:
Súmula vinculante 45
A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por
prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual.
Comentários:
O conteúdo da súmula vinculante 21 regula que:
É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens
para admissibilidade de recurso administrativo.
Assertiva incorreta.
Por seu turno, é bom lembrar que a súmula vinculante 28 ao tratar do mesmo tema
no âmbito do processo tributário aduz que:
É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de
ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário.
(CESPE-PROCURADORIA-MUNICIPAL-SALVADOR-2015) O princípio da
inafastabilidade da jurisdição impede o estabelecimento, no ordenamento jurídico
brasileiro, de cláusulas compromissórias de arbitragem em contratos, ainda que estes
sejam relativos a direito disponível.
Comentários:
A jurisprudência do STF admite o estabelecimento de cláusulas de arbitragem,
declarando constitucional a lei 9307/96 que regula o tema:
Lei de Arbitragem (Lei 9.307/1996): constitucionalidade, em tese, do juízo arbitral;
discussão incidental da constitucionalidade de vários dos tópicos da nova lei,
especialmente acerca da compatibilidade, ou não, entre a execução judicial específica
para a solução de futuros conflitos da cláusula compromissória e a garantia
constitucional da universalidade da jurisdição do Poder Judiciário (CF, art. 5º, XXXV).
Constitucionalidade declarada pelo Plenário, considerando o Tribunal, por maioria de
votos, que a manifestação de vontade da parte na cláusula compromissória, quando
da celebração do contrato, e a permissão legal dada ao juiz para que substitua a
vontade da parte recalcitrante em firmar o compromisso não ofendem o art. 5º, XXXV,
da CF. (SE 5.206 AgR, rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 12-12-2001).
O STJ já permitiu, inclusive, na esfera administrativa, a adoção desse meio de
resolução de conflitos:
PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. LICITAÇAO. ARBITRAGEM. VINCULAÇAO AO
EDITAL. CLÁUSULA DE FORO. COMPROMISSO ARBITRAL. EQUILÍBRIO ECONÔMICO
FINANCEIRO DO CONTRATO. POSSIBILIDADE.
1. A fundamentação deficiente quanto à alegada violação de dispositivo legal impede
o conhecimento do recurso. Incidência da Súmula 284/STF.
Comentários:
Mais uma vez na jurisprudência do STF encontramos a resposta da questão:
Controle judicial do impeachment: possibilidade, desde que se alegue lesão ou ameaça
a direito. (MS 21.689, rel. min. Carlos Velloso, j. 16-12-1993).
Questão incorreta.
Comentários:
Nos MI 670/ES e o MI 708/DF, o STF fixou parâmetros de controle judicial do exercício
do direito de greve, determinando a aplicação, no que couber, das Lei 7.701/1988 e
7.783/1989 aos conflitos e às ações judiciais que envolvam a interpretação do direito
de greve dos servidores públicos civis. Nesses julgados ficou definido que:
Em razão dos imperativos da continuidade dos serviços públicos, contudo,
não se pode afastar que, de acordo com as peculiaridades de cada caso
concreto e mediante solicitação de entidade ou órgão legítimo, seja facultado
ao tribunal competente impor a observância a regime de greve mais severo
em razão de tratar-se de 'serviços ou atividades essenciais', nos termos do regime
fixado pelos arts. 9o a 11 da Lei no 7.783/1989. Isso ocorre porque não se pode
deixar de cogitar dos riscos decorrentes das possibilidades de que a regulação dos
serviços públicos que tenham características afins a esses 'serviços ou atividades
essenciais' seja menos severa que a disciplina dispensada aos serviços privados ditos
'essenciais'.
O sistema de judicialização do direito de greve dos servidores públicos civis está
aberto para que outras atividades sejam submetidas a idêntico regime. Pela
complexidade e variedade dos serviços públicos e atividades estratégicas
típicas do Estado, há outros serviços públicos, cuja essencialidade não está
contemplada pelo rol dos arts. 9o a 11 da Lei no 7.783/1989. Para os fins
desta decisão, a enunciação do regime fixado pelos arts. 9o a 11 da Lei no
7.783/1989 é apenas exemplificativa (numerus apertus).
Questão correta.
Comentários:
Como visto na jurisprudência da parte geral, o STF entende constitucional a exigência
de prévio requerimento administrativo como condição do exercício regular da ação no
Comentários:
Com efeito, o princípio da legalidade, sob a perspectiva doutrinária, caracteriza-se por
ser mais amplo do que o princípio da reserva legal. A esse último estão sujeitas as
matérias que devem ser objeto de lei em seu sentido formal, como ato emanado
apenas pelo poder legislativo. De outro lado, estão sujeitas ao princípio da legalidade
todas aquelas matérias que devem ser objeto de lei ou outro ato normativo infralegal.
Questão correta.
Comentários:
Diversamente do afirmado, o STF entende que o conceito normativo de casa é
abrangente:
Fiscalização tributária. Apreensão de livros contábeis e documentos fiscais realizada,
em escritório de contabilidade, por agentes fazendários e policiais federais, sem
mandado judicial. Inadmissibilidade. (...) Para os fins da proteção jurídica a que se
refere o art. 5º, XI, da Constituição da República, o conceito normativo de “casa”
revela-se abrangente e, por estender-se a qualquer compartimento privado não aberto
ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade (CP, art. 150, § 4º, III),
compreende, observada essa específica limitação espacial (área interna não acessível
ao público), os escritórios profissionais, inclusive os de contabilidade, “embora sem
conexão com a casa de moradia propriamente dita” (Nelson Hungria). (HC 93.050, rel.
min. Celso de Mello, j. 10-6-2008)
Para os fins da proteção jurídica a que se refere o art. 5º, XI, da CF, o conceito
normativo de “casa” revela-se abrangente e, por estender-se a qualquer aposento de
habitação coletiva, desde que ocupado (CP, art. 150, § 4º, II), compreende,
observada essa específica limitação espacial, os quartos de hotel. Doutrina.
Precedentes. Sem que ocorra qualquer das situações excepcionais taxativamente
previstas no texto constitucional (art. 5º, XI), nenhum agente público poderá, contra a
vontade de quem de direito (invito domino), ingressar, durante o dia, sem mandado
judicial, em aposento ocupado de habitação coletiva, sob pena de a prova resultante
dessa diligência de busca e apreensão reputar-se inadmissível, porque impregnada de
ilicitude originária. (RHC 90.376, rel. min. Celso de Mello, j. 3-4-2007).
(CESPE / STJ – 2015) A defesa, em espaços públicos, da legalização das drogas foi
considerada pelo STF como manifestação pública compatível com o direito à liberdade
de pensamento.
Comentários:
Comentários:
Na ADI nº 4815, o STF entendeu prescindível a necessidade de autorização prévia
para a publicação de biografias. Como bem ressaltado pelo Min. Luís Barroso, “as
sociedades contemporâneas são abertas, complexas e plurais. Como consequência, as
Constituições modernas abrigam valores e interesses diversos, por vezes
contrapostos, que muitas vezes entram em tensão, quando não em rota de colisão
(...) Quando isso ocorre – isto é, quando há uma colisão entre direitos fundamentais –
, a técnica jurídica mais utilizada para construir-se argumentativamente uma solução
é a ponderação (...) Os dispositivos do Código Civil impugnados na presente ação
cuidam de fazer uma ponderação entre a liberdade de expressão e os direitos da
personalidade (...) Primazia prima facie da liberdade de expressão no processo
de ponderação. Seu afastamento há de ser a exceção e o ônus argumentativo é de
quem sustenta o direito oposto. Dessa forma, a partir desse julgado passou-se a
entender compatível com a constituição a publicação de biografias não-autorizadas.
Questão incorreta.
Comentários:
Como é sabido, não existe necessidade de observância do contraditório nos
procedimentos de natureza administrativa, devendo essa prerrogativa ser exigida
apenas no plano judicial. Assim, não se revela indispensável a obediência ao
contraditório em inquéritos civis ou até mesmo criminais. Nesse sentido:
“INQUÉRITO. AGRAVO REGIMENTAL. SIGILO BANCÁRIO. QUEBRA. AFRONTA AO
ARTIGO 5º, X E XII, DA CF: INEXISTÊNCIA. INVESTIGAÇÃO CRIMINAL.
Comentários:
Embora não esteja idêntica ao previsto no texto constitucional, a questão, ainda
assim, está em consonância parcial com o previsto no art. 5º, inc. XXI:
Comentários:
O STF já decidiu que “reconhecida a prescrição da pretensão punitiva, há impedimento
absoluto de ato decisório condenatório ou de formação de culpa definitiva por atos
imputados ao investigado no período abrangido pelo PAD”. O status de inocência deixa
de ser presumido somente após decisão definitiva na seara administrativa, ou seja,
não é possível que qualquer consequência desabonadora da conduta do servidor
decorra tão só da instauração de procedimento apuratório ou de decisão que
reconheça a incidência da prescrição antes de deliberação definitiva de culpabilidade.
6. Segurança concedida, com a declaração de inconstitucionalidade incidental do art.
170 da Lei nº 8.112/1990. (MS 23.262/DF, Rel. Dias Toffoli, j. em 23/04/2014).
Assertiva correta.
Comentários:
Questão semelhante àquela resolvida anteriormente, onde ficou claro que a
possibilidade de restrição de idade para o acesso a cargos públicos é excepcional, mas
não absoluta; deve sempre obedecer à regra da proporcionalidade. Questão incorreta.
Comentários:
Segundo o §1º do artigo 5º, “As normas definidoras dos direitos e garantias
fundamentais têm aplicação imediata”. Conquanto seja essa a regra dos direitos
fundamentais, extraímos da lição de Paulo Gustavo Gonet Branco que:
“A Constituição não é um código, nem pretende tudo resolver nas suas disposições,
como se fosse um sistema cerrado e bastante em si. Percebe-se no Texto
Constitucional, entretanto, que essa abertura à ação complementar e integradora do
legislador não ocorre de modo sempre idêntico. Há, no conjunto das normas
constitucionais, variações de grau de abertura às mediações do legislador. Há normas
densas, em que a disciplina disposta pelo constituinte é extensa e abrangente,
dispensando ou pouco deixando para a interferência do legislador no processo de
concretização da norma (...) Essa diferença de abertura e densidade das normas
constitucionais afeta o grau da sua exequibilidade por si mesmas e dá ensejo a uma
classificação que toma como critério o grau de autoaplicabilidade das normas”. A
seguir, o autor cita a classificação quanto à aplicabilidade das normas consoante José
Afonso da Silva, quais sejam, normas de eficácia plena, contida e limitada, detalhadas
na aula 00 desse curso. Assim, embora a constituição afirme que os direitos
fundamentais tenham aplicação imediata, não é razoável afirmar que todos
prescindam da atividade do legislador, conforme depreendemos da lição acima.
Assertiva incorreta.
Comentários:
Nos termos do §3º do art. 5º:
“Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos
dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais”.
Assertiva incorreta.
(CESPE - TCU 2015 – Procurador) Sob o pretexto de que as normas que tratam de
regime monetário têm natureza institucional e estatutária, não é possível admitir a
incidência imediata de novo índice de correção monetária sobre contratos ainda em
curso, visto que estes estão protegidos pela cláusula do ato jurídico perfeito.
Comentários:
No RE 211304 / RJ, o STF decidiu que “segundo reiterada jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal, as normas que tratam do regime monetário - inclusive, portanto, as
de correção monetária -, têm natureza institucional e estatutária, insuscetíveis de
disposição por ato de vontade, razão pela qual sua incidência é imediata, alcançando
as situações jurídicas em curso de formação ou de execução”. Assertiva incorreta.
(CESPE - TCU 2015 – Procurador) Não existe direito adquirido em face da CF, nem
mesmo diante de norma constitucional derivada.
Comentários:
No AI 742.070 / AM, o STF entendeu ser “cabível a invocação de direito adquirido em
face de Emenda Constitucional, garantia individual que não pode ser ignorada, por
compreender cláusula pétrea, insuscetível, por esse aspecto, de novas reformulações”.
A propósito, o art. 60, § 4°, IV, da Constituição da República, não admite que seja
objeto de deliberação proposta de emenda tendente a abolir os direitos e garantias
individuais. Nesse sentido, a garantia constitucional impede que o legislador
constituinte derivado edite norma desconsiderando o direito adquirido (...). Questão
incorreta.
Comentários:
Embora a jurisprudência reiterada do STF reconheça a impossibilidade de invocação do
direito adquirido em razão de mudanças no regime jurídico de servidores públicos, as
alterações produzidas não podem acarretar a diminuição da remuneração desse
agentes, conforme podemos observar na seguinte decisão:
“Direito adquirido: não o tem o servidor público à permanência de determinado regime
jurídico atinente à composição de vencimentos ou proventos, desde que mantida a
irredutibilidade da remuneração total” (RE nº 210.455/DF, Primeira Turma,
Redator para o acórdão Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 18/8/2000).
Assertiva incorreta.
Comentários:
A vedação à existência de tribunais de exceção tem por objetivo assegurar a todos os
indivíduos um julgamento imparcial, não somente em uma perspectiva formal. Com
efeito, o foro por prerrogativa, embora seja assunto extremamente controvertido,
encontra fundamento na relevância constitucional de determinado cargos, razão pela
qual seus ocupantes necessitam de uma maior segurança para que possam exercer
suas atribuições com liberdade. Desse modo, poder-se-ia dizer que essa maior
proteção desses agentes quanto às injunções políticas são um reflexo do princípio da
isonomia. Questão correta.
Comentários:
Nos termos da Súmula Vinculante nº 45, “a competência constitucional do Tribunal do
Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente
pela Constituição estadual”. Questão errada.
Comentários:
O examinador não teve muita criatividade, pois já vimos que uma questão semelhante
foi cobrada na prova da Prefeitura de Salvador. Assertiva incorreta.
Comentários:
A CF/88 admite, excepcionalmente, a pena de morte no caso de guerra declarada:
XLVII - não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
termos do art. 84, XIX. Questão incorreta.
Comentários:
Mais uma questão fundamentalmente idêntica que encontra reflexos no texto da
(CESPE / STJ – 2015) O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua
prisão, somente havendo sigilo em caso de necessidade de proteção da segurança dos
agentes públicos envolvidos no caso.
Comentários:
Na dicção do inciso LXIV do art. 5º, “o preso tem direito à identificação dos
responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial”. Não existe a
condicionante suscitada. Questão errada.
Comentários:
Nos termos da Súmula Vinculante nº 14, o defensor tem a prerrogativa de acessar os
autos de inquérito já documentados, a despeito do sigilo que o caso possa demandar.
Diferente é a situação das diligências sigilosas, como, por exemplo, a necessidade no
curso da investigação de uma interceptação telefônica, que, por óbvio não deverá ser
informada ao causídico. Na redação da súmula, temos que "é direito do defensor, no
interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já
documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência
de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa". Questão
correta.
Comentários:
O art. 5º, XXXVI, CF/88, prevê que a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
jurídico perfeito e a coisa julgada. Dessa forma, lei posterior não poderá prejudicar o
direito adquirido do indivíduo. Questão correta.
Comentários:
Questão facilmente respondida a partir da própria redação do texto constitucional:
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
segurança da sociedade e do Estado. Questão incorreta.
Comentários:
O STF entende que os tratados internacionais de direitos humanos não submetidos ao
rito especial das emendas constitucionais preconizado pela EC 45 – caso daqueles
firmados antes da promulgação da referida emenda – possuem caráter supralegal,
posição hierárquica intermediária entre as leis e as normas constitucionais:
"Esse caráter supralegal do tratado devidamente ratificado e internalizado na ordem
jurídica brasileira - porém não submetido ao processo legislativo estipulado pelo artigo
5º, § 3º, da Constituição Federal - foi reafirmado pela edição da Súmula Vinculante
25, segundo a qual 'é ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a
modalidade do depósito'. Tal verbete sumular consolidou o entendimento deste
tribunal de que o artigo 7º, item 7, da Convenção Americana de Direitos Humanos
teria ingressado no sistema jurídico nacional com status supralegal, inferior à
Constituição Federal, mas superior à legislação interna, a qual não mais produziria
qualquer efeito naquilo que conflitasse com a sua disposição de vedar a prisão civil do
depositário infiel. Tratados e convenções internacionais com conteúdo de direitos
humanos, uma vez ratificados e internalizados, ao mesmo passo em que criam
diretamente direitos para os indivíduos, operam a supressão de efeitos de outros atos
estatais infraconstitucionais que se contrapõem à sua plena efetivação." (ADI 5240,
Relator Ministro Luiz Fux, Tribunal Pleno, julgamento em 20.8.2015, DJe de 1.2.2016).
Questão incorreta.
Comentários:
Na lição de Gilmar Mendes, “a ordem constitucional brasileira não contemplou
qualquer disciplina direta e expressa sobre a proteção do núcleo essencial de direitos
fundamentais”. Ao comentar as teorias absoluta e relativa, o mesmo autor afirma que:
Os adeptos da chamada teoria absoluta (absolute Theorie) entendem o núcleo
essencial dos direitos fundamentais (Wesensgehalt) como unidade substancial
autônoma (substantieller Wesenskern) que, independentemente de qualquer situação
concreta, estaria a salvo de eventual decisão legislativa. Essa concepção adota uma
Comentários:
A redação do artigo 5º, diferentemente do afirmado, não faz a ressalva da efetiva
residência aos brasileiros, mas sim aos estrangeiros:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade
(...).
Comentários:
Como vimos, na redação da súmula vinculante 14 "é direito do defensor, no interesse
do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados
em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia
judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa". Questão incorreta.
Comentários:
No RE 565048/RS, o STF entendeu que “consubstancia sanção política visando o
recolhimento de tributo condicionar a expedição de notas fiscais a fiança, garantia real
ou fidejussória por parte do contribuinte”. Nesse contexto, na ação direta de
Inconstitucionalidade nº 173, o Supremo , por unanimidade, confirmou jurisprudência
histórica quanto à inconstitucionalidade das sanções políticas por afronta ao “direito ao
exercício de atividades econômicas e profissionais lícitas (artigo, 170, parágrafo único,
da Constituição)” e “violação ao devido processo legal substantivo (falta de
proporcionalidade e razoabilidade de medidas gravosas que se predispõem a substituir
os mecanismos de cobrança de créditos tributários)”. Importante ainda ressaltar a
redação das súmulas 70, 323 e 547 que asseveram:
Súmula 70: É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para
cobrança de tributo.
Súmula 323: É inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para
pagamento de tributos
Súmula 547: Não é lícito à autoridade proibir que o contribuinte em débito adquira
estampilhas, despache mercadorias nas alfândegas e exerça suas atividades
profissionais.
Dessa forma, a questão é correta.
Comentários:
Já vimos, anteriormente, que “é legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico
mantido pela Administração Pública, dos nomes dos seus servidores e do valor dos
correspondentes vencimentos e vantagens pecuniárias”. (ARE 652777 / SP, rel. Min.
Teori Zavascki, 23/04/2015).
Questão incorreta.
Comentários:
Diversamente do afirmado, o STF entende que a redistribuição de processos com a
criação de novas varas não ofende o princípio do juiz natural nem a regra processual
da “perpetuatio jurisdictionis”:
Comentários:
Vejamos o texto constitucional:
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena
de reclusão, nos termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores
e os que, podendo evitá-los, se omitirem.
Dessa forma, o crime de racismo, pelo texto constitucional, não é insuscetível de
graça ou anistia. Por outro lado, a tortura e o tráfico de drogas são infrações
prescritíveis. Questão incorreta.
Comentários:
Questão incorreta, pois a constituição não faz a ressalva de que, para fins de
informação, as sociedades de economia mista e empresas públicas não são
consideradas órgãos de natureza pública. O sentido aplicado pela constituição é
genérico, não devendo o intérprete restringir o conceito.
(CESPE / Juiz TRF 3ª Região - 2011) O texto constitucional determina que a lei
não pode excluir da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito, seja ela
proveniente de ação ou omissão de organizações públicas, seja originada de conflitos
privados; como corolário do princípio da inafastabilidade do controle judicial, a CF
garante, de modo expresso, o direito ao duplo grau de jurisdição em todos os feitos e
instâncias.
Comentários:
Embora haja controvérsia entre os processualistas, a maior parte da doutrina entende
não haver a obrigatoriedade do duplo grau de jurisdição no texto constitucional.
Questão incorreta.
Comentários:
A imparcialidade do Poder Judiciário e a segurança do povo contra o arbítrio do Estado
manifestadas pelo princípio do juiz natural são atribuíveis a todas as pessoas físicas
(brasileiras ou estrangeiras) e jurídicas. Questão correta.
Comentários:
A competência do tribunal do júri é apenas para julgamento dos crimes dolosos contra
a vida. Questão incorreta.
Comentários:
Vimos na parte geral que o STF considerou inconstitucional, por afronta ao princípio da
individualização da pena, a vedação à progressão de regime prevista na lei dos crimes
hediondos. Questão incorreta.
Comentários:
O art. 5º, inciso LXIV, da Constituição, aduz que o preso tem direito à identificação
dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial. Questão incorreta.
Comentários:
O relaxamento da prisão ilegal independe da ilicitude de qualquer prova produzida,
nos termos do art. 5º, LXV: “a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela
autoridade judiciária”. Questão incorreta.
Comentários:
É possível o ajuizamento da denominada ação penal privada subsidiária da pública nas
situações em que o Ministério Público atua de forma desidiosa. O inciso LIX do art. 5º
da Carta Magna regula que “será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se
esta não for intentada no prazo legal”. Questão incorreta.
Comentários:
Mais uma vez é objetivado o conhecimento da Súmula Vinculante nº 14, segundo a
qual “é direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado
por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito
de defesa". Questão correta.
Comentários:
A redação da súmula vinculante 5 do STF prevê que “a falta de defesa técnica por
advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição”. Questão
correta.
(CESPE / MPU - 2013) Nenhum brasileiro nato será extraditado, salvo em caso de
comprovado envolvimento em tráfico internacional de entorpecentes e drogas afins,
na forma da lei.
Comentários:
A vedação à extradição de brasileiros natos é absoluta. Posteriormente, veremos que
há discussão referente à possibilidade de entrega no plano do direito internacional. No
entanto, pelo texto constitucional somente o brasileiro naturalizado pode ser
extraditado, caso tenha cometido crime comum antes da naturalização ou tenha
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins. Questão
incorreta.
Comentários:
Algumas garantias são extensíveis aos estrangeiros, como, por exemplo, a
possibilidade de impetração de Habeas Corpus. Questão incorreta.
Comentários:
Do inciso XIX do art. 5º extraímos que:
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas
atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em
julgado. Assertiva correta.
Comentários:
Como falamos de maneira exaustiva, não existem direitos absolutos na Constituição
brasileira. Assertiva incorreta.
Comentários:
Endossando a visão contrária a seguinte decisão:
O STF fixou entendimento no sentido de que a lei nova não pode revogar vantagem
pessoal já incorporada ao patrimônio do servidor sob pena de ofensa ao direito
adquirido. (AI 762.863 AgR, rel. min. Eros Grau, j. 20-10-2009). Questão incorreta.
SEM COMENTÁRIOS
3. (FCC – PCAP – Delegado - 2017) O sigilo bancário e o sigilo fiscal não podem ser
afastados por ato de comissões parlamentares de inquérito, mas apenas por atos
praticados por autoridades judiciais.
a) O direito fundamental à isonomia não é ferido pelos certames públicos para cargos
de carreira policial, de escrivão, de agente de segurança e de carcereiro, entre outros,
que exigem altura mínima de I metro e 60 cm como condição para o ingresso.
b) A proteção constitucional à liberdade de consciência e de crença assegura o direito
de não ter religião, e impede que o Poder Público embarace o funcionamento de
qualquer culto, sendo inconstitucional exigência de que instituições religiosas se
submetam a limites sonoros em suas reuniões.
c) Todos os brasileiros têm assegurado o direito de receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse ou interesse geral, salvo nos casos em que decretado o
segredo de justiça.
d) O direito constitucional de petição pode ser condicionado ao pagamento de custas
módicas ou no máximo razoáveis, daí ser inconstitucional, como já decidiu o STF, o
estabelecimento de taxa judiciária cobrada sobre o valor da causa, sem limitação
expressa.
e) O fato de ser livre a expressão de atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação não impede que tal direito seja limitado pelo legislador, permitindo-se,
III Lei que proíba manifestações anônimas deverá ser declarada inconstitucional por
violação à liberdade de expressão.
GABARITO
1 E 2 E
3 E 4 E
5 C 6 E
7 B 8 E
9 D 10 B
11 A
3.(CESPE-PROCURADORIA-MUNICIPAL-SALVADOR-2015)
Seria inconstitucional lei que estabelecesse limite de idade para o acesso a cargos
públicos da administração pública, ainda que essa limitação fosse justificada pela
natureza das atribuições do cargo.
5.(CESPE-PROCURADORIA-MUNICIPAL/SALVADOR-2015)
Conforme jurisprudência do STF, desde que esteja prevista em lei nacional, será
constitucional a exigência do diploma de jornalismo para o exercício dessa profissão.
8.(CESPE-PROCURADORIA-MUNICIPAL-SALVADOR-2015) O princípio da
inafastabilidade da jurisdição impede o estabelecimento, no ordenamento jurídico
brasileiro, de cláusulas compromissórias de arbitragem em contratos, ainda que estes
sejam relativos a direito disponível.
assentamentos funcionais do servidor público, fatos que não forem apurados devido à
prescrição da pretensão punitiva administrativa antes da instauração do processo
disciplinar.
25.(CESPE - TCU 2015 – Procurador) Sob o pretexto de que as normas que tratam
de regime monetário têm natureza institucional e estatutária, não é possível admitir a
incidência imediata de novo índice de correção monetária sobre contratos ainda em
curso, visto que estes estão protegidos pela cláusula do ato jurídico perfeito.
26.(CESPE - TCU 2015 – Procurador) Não existe direito adquirido em face da CF,
nem mesmo diante de norma constitucional derivada.
34.(CESPE / STJ – 2015) O preso tem direito à identificação dos responsáveis por
sua prisão, somente havendo sigilo em caso de necessidade de proteção da segurança
dos agentes públicos envolvidos no caso.
48.(CESPE / Juiz TRF 3ª Região - 2011) O texto constitucional determina que a lei
não pode excluir da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito, seja ela
proveniente de ação ou omissão de organizações públicas, seja originada de conflitos
privados; como corolário do princípio da inafastabilidade do controle judicial, a CF
garante, de modo expresso, o direito ao duplo grau de jurisdição em todos os feitos e
instâncias.
58.(CESPE / MPU - 2013) Nenhum brasileiro nato será extraditado, salvo em caso
de comprovado envolvimento em tráfico internacional de entorpecentes e drogas
afins, na forma da lei.
GABARITO
1 ERRADO 2 ERRADO
3 ERRADO 4 CERTO
5 ERRADO 6 CERTO
7 ERRADO 8 ERRADO
9 ERRADO 10 ERRADO
11 CERTO 12 CERTO
13 CERTO 14 CERTO
15 ERRADO 16 CERTO
17 ERRADO 18 ERRADO
19 CERTO 20 CERTO
21 ERRADO 22 ERRADO
23 ERRADO 24 ERRADO
25 ERRADO 26 ERRADO
27 ERRADO 28 CERTO
29 ERRADO 30 ERRADO
31 ERRADO 32 CERTO
33 ERRADO 34 ERRADO
35 CERTO 36 CERTO
37 ERRADO 38 ERRADO
39 ERRADO 40 ERRADO
41 ERRADO 42 ERRADO
43 CERTO 44 ERRADO
45 ERRADO 46 ERRADO
47 ERRADO 48 ERRADO
49 ERRADO 50 CERTO
51 ERRADO 52 ERRADO
53 ERRADO 54 ERRADO
55 ERRADO 56 CERTO
57 CERTO 58 ERRADO
59 ERRADO 60 CERTO
61 ERRADO 62 ERRADO
5 – Antecipando a discursiva
Resposta da Banca:
do tráfico de drogas.
2) É possível a busca e apreensão no período noturno, sem mandado judicial,
quando há situação de flagrante delito, conforme disposto no art. 5º, inciso XI,
da CF. Destarte, em Repercussão Geral, o STF já asseverou, in casu, quanto à
necessidade de controle judicial posterior à execução da medida, ocasião em
que os agentes estatais demonstrarão a existência dos elementos mínimos a
caracterizar as fundadas razões (justa causa) da referida medida.
3) Se a ação for considerada ilícita, o agente ou autoridade poderá ser
responsabilizado disciplinar, civil e penalmente. Ademais, ressalta-se, ainda, a
possibilidade de nulidade de todos os atos praticados pelo agente e eventual
responsabilização cível do Estado pelos danos causados por seus agentes.
Inviolabilidade de domicílio – art. 5.º, XI, da CF. Busca e apreensão
domiciliar sem mandado judicial em caso de crime permanente. (...)
Fixada a interpretação de que a entrada forçada em domicílio sem
mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando
amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori,
que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito,
sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da
autoridade e de nulidade dos atos praticados. (RE 603.616, relator
ministro Gilmar Mendes, j. 5/11/2015, P, DJe de 10/5/2016, com
repercussão geral.)