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FACULDADE DE DIREITO
CURSO DE LICENCIATURA EM DIREITO
Quelimane
2022
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UNIVERSIDADE ABERTA UNICED
FACULDADE DE DIREITO
CURSO DE LICENCIATURA EM DIREITO
Quelimane
2022
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Índice
1. Introdução ................................................................................................................................ 4
1.1. Objectivos......................................................................................................................... 5
3. Conclusão .............................................................................................................................. 11
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1. Introdução
Esses princípios, são defendidos no caso do Estado de Direito Moçambicano, pelo Decreto n.º 47
344, de 25 de Novembro de 1966, e não discrimina em momento algum dos princípios expressos
na constituição refraseada no parágrafo anterior.
Assim, o nosso estudo pretende analisar esses mesmos institutos, que são ainda hoje a resposta
positivada à incapacidade dos adultos, mormente, a interdição e a inabilitação, procurando expor
o seus regimes, para num momento seguinte apreciá-los de forma crítica. Procuraremos assim,
averiguar o quão de autonomia é reconhecida às pessoas que são sujeitas a este tipo de medidas
de protecção, e portanto em que termos o seu direito à autodeterminação se reflecte nestes
institutos no plano patrimonial e pessoal.
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Este trabalho, será apresentado da seguinte forma: Introdução, Desenvolvimento teórico e
Conclusão.
1.1.Objectivos
1.2.Metodologia
Para a realização do trabalho, será necessário considerar que os princípios que possibilitam o
alcance dos objectivos de qualquer pesquisa científica constituem uma bússola na concretização
do mesmo, isso é, os procedimentos metodológicos que tornaram possível a elaboração da
pesquisa, tendo como início a revisão de literatura até à recolha de dados sobre o tema em
análise. Por outra, para o desenvolvimento deste trabalho, contou-se com os seguintes método:
pesquisa bibliográfica que segundo, Fonseca (2002, p.32) "qualquer trabalho científico inicia-se
com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre
o assunto".
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2. Desenvolvimento teórico
2.1.Contextualização
As sociedades estão em permanente mutação e evolução. Cada vez mais exigentes, audazes e
informadas colocam em causa aquilo que em tempos era praticamente dado por adquirido,
levantando o pano a novas questões e provocando o necessário debate sobre elas, acompanhado
do consequente anseio por transformar os padrões vigentes até então, conformando-os às
realidades actuais.
Certo é, também, que este estado de coisas emerge do confronto e da ruptura, ou pelo menos, do
desejo dela, com os paradigmas e concepções ancestrais e da renovação das convicções sociais.
Na visão de Orlando de Carvalho (1973) “ o Direito de hoje, é não apenas o contido nas leis,
como o contido na consciência ético-jurídica ao nível de certo tempo e de certa civilização”
(p.16).
A exemplo disso, tem-se que a mudança notada no paradigma médico no que respeita ao
consentimento do paciente nas terapêuticas. A relação médico-paciente transformou-se de um
paternalismo médico, conduzido por um princípio da beneficência, onde pouca relevância era
dada à vontade autónoma do paciente e, portanto, de uma “relação vertical”, para uma relação
mais “democrática e horizontal”, de “reconhecimento da autonomia da vontade” e de consciência
que cada um tem o direito à “livre autodeterminação sobre o próprio corpo.
É perante as movimentações no sentido de dar respostas a estas novas realidades, que nos
confrontamos com o regime obsoleto que vigora ainda no direito moçambicano em matéria de
suprimento das incapacidades, e que procuraremos analisar de seguida.
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2.2.Personalidade e capacidade
Seguindo os ensinamentos de Carvalho, (1973) “é porque o homem é pessoa” que ele é sujeito
de direito, detentor de uma “personalidade jurídica” que se traduz na sua “subjectividade
jurídica”, isto é, na sua “susceptibilidade abstracta de ser titular de direitos e deveres” (p.32).
Mas àquela suspectibilidade abstracta há-de corresponder uma “susceptibilidade concreta” de ser
titular desses mesmos direitos e deveres. Quer dizer, atendendo a cada sujeito em particular
delimita-se o âmbito da sua “capacidade jurídica”. Por ser pessoa, deveria ser uma “capacidade
jurídica plena”. E de facto é o artigo 67.º do Código Civil, que esclarece que, em princípio, as
pessoas podem ser sujeitos de quaisquer relações jurídicas. Em princípio, porque a lei pode
dispor em sentido diverso.
Também assim, Andrade (2004) “salienta que inerente à subjectividade jurídica, é a capacidade
jurídica, entendida que é, como capacidade de gozo de direitos. Não pode existir uma sem a
outra, “o que pode é ser mais ou menos circunscrita a capacidade jurídica de uma pessoa” (p.65).
Ora, acompanhando de perto Pinto, (2000) se a capacidade de gozo de direitos se traduz naquela
susceptibilidade de ser titular de um conjunto de relações jurídicas, que incluem direitos e
obrigações, a capacidade de exercício de direitos representa a “aptidão para actuar pessoal e
autonomamente” ou através de um “representante voluntário ou procurador”. Ou seja, o facto de
o sujeito não ser incapaz de exercício de direitos, significa que aquele exercício não tem de ser
substituído por um representante legal ou consentido por outra pessoa, de que é exemplo o
assistente (Pinto, 2000, p.43).
Na esteira de Sousa, (2000) a capacidade de exercício não é apenas, a “idoneidade para exercitar
direitos ou cumprir obrigações”, é também a susceptibilidade de os adquirir e de as assumir, “no
âmbito da sua capacidade de gozo”. Ou nas palavras de Andrade, (1999) “esta capacidade vem a
ser, no fim de contas, a susceptibilidade de utilizar ou desenvolver, só por si ou mediante
procurador, a própria capacidade de gozo” (p.24).
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2.3.Capacidade para consentir
Refere Pinto, (2000) que “é no domínio dos negócios jurídicos que assumem particular
importância as noções de capacidade e incapacidade” (p.76). E bem assim, as de capacidade
negocial de gozo e de exercício. Mas porque no presente estudo se visa abordar outras questões
que não só patrimoniais, designadamente, alguns aspectos jurídicos que se predam com os
cuidados da saúde daqueles que por algum motivo relacionado com esta, se encontram incapazes
de gerir determinadas áreas da sua vida, importa-nos também analisar, nas palavras de André
Pereira, (2004) “um ramo da capacidade jurídica, cujo objecto é o de tomar decisões sobre os
cuidados de saúde, isto é, a capacidade para consentir ou recusar um tratamento médico” (p.28),
e que merece ser autonomizado relativamente à capacidade negocial.
A referência à capacidade para consentir ainda se torna mais importante, quando a relação
médico-paciente, é hoje compreendida de uma forma muito diferente do passado, com a
passagem de um paradigma paternalista, assente na filosofia de Hipócrates, para uma “ideia de
autonomia” enquanto “valor central também na ética médica e nos ordenamentos
constitucionais” (Pereira, 2004, p.35)
Nos seus ensinamentos, Pereira, (2004), esclarece-nos que de entre todos os “estados” que
podem fundamentar uma interdição ou uma inabilitação, enquanto meios tradicionais de reacção
à incapacidade negocial, só nos casos em que o paciente padece de anomalia psíquica, poderá
também se verificar uma incapacidade para consentir sobre os seus cuidados de saúde.
Posto isto, concluímos com o Autor, que a questão fulcral em matéria de consentimento para
tratamentos médicos, está na análise concreta do estado de cada paciente, ou seja, em primeira
linha decide-se pela capacidade ou não deste. Uma vez revelando-se incapacitado e tendo já o
paciente representante legal, caberá, em princípio, a este a tomada da decisão sobre aqueles
tratamentos. As maiores dificuldades surgem porém, em relação àqueles que sendo incapazes
não tenham representante legal.
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2.4.Incapacidades (de exercício)
Acompanhando de perto Pedro Pais de Vasconcelos, o “Direito Civil como direito das pessoas
comuns, pressupõe que estas sejam livres e esclarecidas”, todavia, é também este Direito que não
pode ser indiferente ao facto de que para além daqueles que ainda não atingiram aquele nível de
discernimento e esclarecimento pressuposto, como sejam, os menores, há um outro leque vasto
de pessoas que apesar de já serem maiores, por “factores de ordem natural ou adquiridos”, 55,56
se vêm impossibilitados de autonomamente gerir a sua esfera pessoal e/ou patrimonial, (Pinto,
2000, p.67).
Esses mesmos factores podem ser tão vastos como doenças, deficiências, desvios de carácter e de
comportamento ou mesmo a velhice, que pode estar na origem não só da já perda natural das
faculdades mentais, como também do surgimento de doenças próprias ou não de idades mais
avançadas.
Todos estes factores ou todos estes estados afectam a susceptibilidade, daqueles que sofrem
deles, de exercerem pessoal e livremente os seus direitos e obrigações, 58 ou seja, a sua
capacidade de exercício.
2.5.Interdição
Nos termos do n.º1 do art.138.º do CC, “podem ser interditos do exercício dos seus direitos todos
aqueles que por anomalia psíquica, surdez-mudez ou cegueira se mostrem incapazes de governar
suas pessoas e bens.”. Portanto, são três63 os fundamentos da interdição: 1) a anomalia
psíquica64; 2) a surdez-mudez, e 3) a cegueira. Deve pois considerar-se, em nome da liberdade
individual, já suficientemente restringida no instituto da interdição, que o art.138.º do CC prevê
um numerus clausus dos seus fundamentos. O regime da interdição não é, pois, passível de ser
aplicado analogicamente a outras eventuais causas incapacitantes65.
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Acresce, que há quem entenda que as deficiências puramente físicas, como é o caso da surdez-
mudez ou da cegueira, não possam ser justificativas da aplicação do regime da interdição.
2.6.Inabilitações
Nos termos nº 4 do art. 152.º da CC que se refere da Pessoas sujeitas a inabilitação “Podem ser
inabilitados os indivíduos cuja anomalia psíquica, surdez-mudez ou cegueira, embora de carácter
permanente, não seja de tal modo grave que justifique a sua interdição, assim como aqueles que,
pela sua habitual prodigalidade ou pelo abuso de bebidas alcoólicas ou de estupefacientes, se
mostrem incapazes de reger convenientemente o seu património.
Ao passos que o art. 153.º Suprimento da inabilidade, defende que os inabilitados são assistidos
por um curador, a cuja autorização estão sujeitos os actos de disposição de bens entre vivos e
todos os que, em atenção às circunstâncias de cada caso, forem especificados na sentença.
O art. 154.º com ponto focal referente a administração dos bens do inabilitado, enumera que:
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3. Conclusão
Vimos, que é clara a desadequação dos fundamentos físicos e psíquicos que podem dar origem
ao instituto da interdição ou inabilitação, que não têm em conta não só os avanços feitos na
moderna psiquiatria, que assiste agora o paciente a partir de um princípio da reabilitação, como
os desenvolvimentos da medicina, técnicos e farmacológicos que permitem dar às pessoas que
sofram de algum tipo de patologia física uma melhor qualidade de vida, readquirindo a sua total
(ou quase total) autonomia, nada justificando que sejam sujeitas a uma incapacitação legal, tão
severa.
Esta conclusão é particularmente evidente, sobretudo no caso da interdição, que implica uma
incapacitação geral de agir, ainda com importantes reflexos no plano pessoal, embora neste plano
sejam especialmente afectados os que sofrem de anomalia psíquica.
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Referências bibliográficas
Carvalho, O. de. (1973), Os Direitos do Homem no Direito Civil Português, Textos Vértice,
Coimbra.
Sousa, R. C. de. (2000). Lições de Direito da Sucessões, Vol. I, 4.ª edição renovada, Coimbra
Editora.
Decreto
Aprova o Código Civil e regula a sua aplicação - Revoga, a partir da data da entrada em vigor do
novo Código Civil, toda a legislação civil relativa às matérias que o mesmo abrange
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