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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Ciências Sociais e Políticas

Curso: Licenciatura em Direito

Cadeira: Sociologia

1ºAno-Laboral

Tema

Os sistemas Normativos de Resolução de Conflitos em Vigor na Ordem Jurídica


Moçambicana

Discentes:

Felomena Joana

Ussene Amussa

Savira Meque Bras

Quelimane, Abril de 2022


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Os sistemas Normativos de Resolução de Conflitos em Vigor na Ordem Jurídica
Moçambicana

Trabalho de Carácter avaliativo a ser entregue na


faculdade de ciências sociais e politicas na cadeira
de Sociologia leccionada por:

Dr: Rui Mulieca

Quelimane, Abril de 2022

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Índice
1.0.Introdução..................................................................................................................................3
1.1.1.Delimitação de Objectivos......................................................................................................3
1.1.2.Geral:......................................................................................................................................3
1.1.3.Específicos:.............................................................................................................................3
1.1.4.Metodologia............................................................................................................................3
1.1.5.Conceptualização....................................................................................................................4
1.1.6.Sistemas Normativos..............................................................................................................4
2.0.Tipos de mecanismos plurais de resolução de conflitos:...........................................................5
2.1.1.Resolução normativa..............................................................................................................5
2.1.2.Resolução procedimental........................................................................................................5
2.1.3.Resolução institucional...........................................................................................................5
2.1.4.Governação do sistema judicial..............................................................................................6
2.1.5.Funções dos tribunais.............................................................................................................8
2.1.6.Função jurisdicional................................................................................................................8
3.0.Função educativa.......................................................................................................................9
3.1.1.Caracterização do sistema jurídico resolução de conflitos no país.........................................9
3.1.2.Lei fundamental ̸ Constituição e a data do respectivo texto..................................................9
3.1.3.O poder ou a autoridade dos tribunais na constituição Artigo 212 da CRM..........................9
3.1.4.Período pós-Independência (1990 – 2004)...........................................................................10
3.1.5.Garantia de independência dos tribunais e dos juízes..........................................................10
3.1.6.O Parlamento Moçambicano................................................................................................10
3.2.0.Processo Legislativo.............................................................................................................11
3.2.1.O sistema Governativo de Moçambique...............................................................................12
3.2.2.Papel da Presidência da República.......................................................................................12
3.2.3.Papel do Governo.................................................................................................................12
3.2.4.Códigos existentes em Moçambique....................................................................................12
3.2.5.Papel desempenhado pela lei e pela jurisprudência na actividade jurídica..........................13
3.2.6.Conclusão.............................................................................................................................14
3.2.7.Referencias Bibliográficas....................................................................................................15

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1.0.Introdução
O tema do presente estudo é pertinente pelo facto do legislador constitucional se aperceber que
as decisões judiciais se mostram insuficientes para resolver os litígios apresentados ao Judiciário.
E deste modo abre espaços para outras formas alternativas para resolução de litígios. No âmbito
da Administração da Justiça, o presente estudo revela-se importante por que no actual contexto
de resolução de conflitos possibilitará diagnosticar anomalias possíveis e lições úteis no processo
da administração da justiça moçambicana.

1.1.1.Delimitação de Objectivos

Segundo Andrade (1997:26), “toda pesquisa deve ter objectivos claros e definidos, pois assim
torna mais fácil conduzir a investigação”. Os objectivos podem ser gerais e específicos. Dessa
forma, o estudo resultante deste trabalho vai ser guiado pelos seguintes objectivos:

1.1.2.Geral:

 Conhecer os sistemas normativos em vigor na resolução de conflitos em Moçambique

1.1.3.Específicos:

 Identificar os sistemas normativos;

 Explicar os tipos de mecanismos de resolução de conflitos;

 Descrever a composição dos tribunais judiciais, administrativos e seu funcionamento.

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1.1.4.Metodologia
Segundo OLIVEIRA (2013): a metodologia é o conjunto de técnicas e métodos usados num
trabalho científico. Neste contexto, no presente capítulo destaca-se de forma clara os
procedimentos usados para o alcance dos objectivos da pesquisa, no entanto, alguns autores
entendem a metodologia como sendo: a explicação dos passos que o pesquisador seguirá para
atingir seu objectivo (p.102).

1.1.5.Conceptualização
1.1.6.Sistemas Normativos
O sistema jurídico é normativo na medida em que se dispõe a regular os comportamentos sociais
através de dois tipos fundamentais de normas: as regras e os princípios.

O Pluralismo jurídico no âmbito de conflitos de normas e seu reconhecimento na comunidade


jurídica moçambicana

SANTOS (1997) diz que o pluralismo jurídico pode ser considerado uma forma complementar
de elaboração de normas do Estado, mas em alguns casos vai se mostrar contrárias a esse
objectivo, fazendo surgir diversas críticas quanto à sua aplicação, principalmente quando essas
críticas envolvem aqueles que defendem que só o Estado é quem pode ditar as leis (monistas
jurídicos). Segundo exposto entendemos que o surgimento de um conflito plural parte
necessariamente quando cada uma das ordens pretender regular comportamentos e,
consequentemente, responder a demanda de tutela de forma a abranger a totalidade do espaço
social para o qual foi concebida.

Essa tendência pode criar conflitos, de certa forma, de natura positiva, onde ambas as ordens
reivindicam legitimidade para regular ou resolver a situação da vida que se lhe coloca. Há
situações últimas em que o conflito pode extravasar a ordem normativa e ter os seus efeitos ao
nível, onde os corpos sociais rejeitam a autoridade de uma das ordens (SERRA, 2002).

Baseando-se na visão do CARLOS FEIJÓ (1997), entendemos que tratando -se do Direito do
Estado, será o recurso à força para repor, senão mesmo impor, a normalidade ou regularidade da
unidade do Estado.

É nessa perspectiva que Boaventura de Sousa Santos diz que


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No Estado moderno, compete ao Estado ditar o critério da definição. E
esse critério tem sido, na esmagadora maioria dos casos, o próprio Estado.
Ou seja, é oficial o que é estadual, no caso, o direito e a justiça produzidos
e/ou controlados pelo Estado. A redução do direito ao Estado é a matriz
política do Estado moderno e a sua consciência teórica jurídica é o
positivismo. Nesta dicotomia o não oficial é tudo o que não é reconhecido
como estadual. Pode ser proibido ou tolerado; na maior parte das vezes e
ignorado. A variável formal/informal diz respeito aos aspectos estruturais
dos direitos em presença.

2.0.Tipos de mecanismos plurais de resolução de conflitos:


Resolução normativa; Resolução procedimental e Resolução institucional.

2.1.1.Resolução normativa
WOLKMER (2001) em conformidade com O.M. Hinz a fórmula de reconhecimento é também
uma norma de conflitos, na medida em que ao definir positiva e negativamente o pressuposto de
reconhecimento ou de eficácia da autoridade tradicional, ao estipular o campo positivo de
actuação normativa do costume e das instituições consuetudinárias, o preceito opera também um
recorte negativo, impondo limites à atendibilidade do Direito consuetudinário. Dessa forma, a
fórmula de reconhecimento funciona, simultaneamente, como norma de resolução de conflitos e
como cláusula de ordem pública.

2.1.2.Resolução procedimental
A resolução procedimental é um mecanismo que se preocupa mais em como se
encontra a solução, o que, naturalmente, pressupõe uma aproximação cognitiva: o conhecimento
e colaboração recíprocos. Nessa perspectiva pode-se recorrer ao art. 348º do Código Civil
moçambicano, que impõe ao juiz, quando haja de discutir de acordo com o Direito
Consuetudinário, a realização das diligências adequadas ao conhecimento do Direito aplicável.
Nessa senda, idêntico dever de conhecimento do Direito aplicável está pressuposto nas normas
de conflito quando, em função da norma aplicável, o juiz nacional deve aplicar Direito
estrangeiro: nesses casos, o conhecimento do outro Direito não é apenas matéria de prova cujo
ónus recai sobre as partes ( MORAIS, 2010).

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2.1.3.Resolução institucional
PRATA (2008), a mútua acomodação, como mecanismo de resolução de conflitos normativos no
âmbito do pluralismo jurídico, pressupõe, como vimos na abordagem anterior, relações de
coordenação e de harmonização. Esse mecanismo de acomodação mútua pode configurar-se
como um mecanismo institucional de resolução ou gestão de média intensidade. Nesse corolário
podem ser considerados mecanismos alternativos paritários de resolução de conflitos entre a
norma estadual e o Direito tradicional, que visem assegurar que a acomodação se faça através de
uma interpretação multicultural dos casos e do Direito, de modo a garantir o respectivo mútuo e
a operacionalidade efectiva das regras de reconhecimento.

2.1.4.Governação do sistema judicial


Em Moçambique existem os tribunais judiciais administrativos.

A Lei Orgânica dos Tribunais Judiciais de 1992 fornece a base legal para a organização dos
tribunais judiciais. Os tribunais judiciais formam a espinha dorsal do sistema judiciário: a sua
jurisdição cobre tanto matérias civis e criminais como todas as matérias não atribuídas a outros
tribunais. Territorialmente, os tribunais judiciais são organizados de acordo com a estrutura
administrativa do país (BUCHILLI, 1997).

Ou por outras os tribunais são qualificados, pela lei fundamental como órgãos de soberania. Os
tribunais são órgãos constitucionais aos quais é especialmente confiada a função jurisdicional
exercida pelos juízes. Do ponto de vista de organização e funcionamento, o poder judicial é,
Separado dos outros poderes (TRINDADE, 2002).

A função judicial é exercida pelos seguintes tribunais:

 Tribunal Supremo
 Tribunais superiores de recurso
 Tribunais judiciais da província
 Tribunais judiciais de distrito (de 1 ª e 2ª classe).

Foram criados dois tribunais de competência especializada, o tribunal de menores e o tribunal de


polícia (estes existem apenas um em cada e funcionam na capital do pais). O maior tribunal
judicial é o tribunal judicial da cidade de Maputo e localiza se na capital, Maputo. Na cidade de

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Maputo todos os tribunais distritais são da 1ª classe, com competências para, em matéria
criminal, julgar as infracções criminais que correspondam a pena não superior a 12 anos de
prisão maior, e, em matéria civil, julgar acções cujo valor não exceda cem vezes o salário
mínimo nacional (FREGAPANI, 1997).

Segundo GUILHERME (2008), a constituição de 2004 prevê a possibilidade de um nível


intermédio de tribunais entre o nível provincial e o Tribunal Supremo (art. 223). Muito embora
nenhumas disposições adicionais tenham sido incluídas, esta disposição tem sido largamente
interpretada como abrindo espaço para tribunais que iriam lidar especificamente com recursos
dos tribunais judiciais de província. Muitos profissionais do judiciário são favoráveis à
implementação destes tribunais, pois isso iria ajudar a descongestionar o Tribunal Supremo e a
melhorar o acesso aos cidadãos que vivem fora de Maputo.

Segundo ANTÓNIO PINTO (2001), a segurança jurídica é um dos valores imanentes ao


Direito e indispensável, pois cada um deve saber com o quê pode esperar da prática de certo acto
por qualquer cidadão. Diz ele que, “a vida jurídica pressupõe, assim, um certo grau não só de
estabilidade, como de previsibilidade.

A função administrativa é exercida pelos tribunais administrativos. Existia apenas um a


funcionar na capital do pais, e, actualmente, foram instalados 3 tribunais nas províncias da
Zambézia, Nampula e Sofala.

Existem duas espécies e tribunais administrativos de competência especializada, os tribunais


fiscais e os tribunais aduaneiros, nas províncias da Zambézia, Sofala, Nampula e Maputo. O
tribunal administrativo é o órgão superior dos tribunais administrativos, fiscais e aduaneiros. O
tribunal administrativo tem uma secção de contas. Assim, não existe em Moçambique um
tribunal de contas. Embora o Tribunal Supremo e os tribunais judiciais estejam listados em
categorias diferentes, o Supremo é um tribunal judicial e não uma categoria à parte. Por outro
lado, o Conselho Constitucional não está listado no artigo 223, (BARBOSA, 2012).

SERRA (2006), a hierarquia entre os tribunais não é cabalmente clara, pois o Tribunal Supremo
não tem poder sobre todos os outros tribunais – apenas sobre os judiciais e os do trabalho (ainda
não implementados). O tribunal aduaneiro e os (ainda por implementar) tribunais
administrativos, marítimo e fiscal recorrerão para o Tribunal Administrativo. De facto, em

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versões anteriores da actual Constituição, o Tribunal Supremo era denominado “Tribunal
Supremo de Justiça” e o Tribunal Administrativo, “Tribunal Supremo Administrativo”, tal como
na Constituição Portuguesa. Por razões não conhecidas, os nomes foram alterados para “Tribunal
Supremo” e “Tribunal Administrativo” antes da aprovação da versão final da Constituição, em
Novembro de 2004.

A estrutura dos tribunais tal como estabelecida na Constituição pode ser conceptualizada da
seguinte forma:

Exemplo da Estrutura dos tribunais em Moçambique

Nos termos do artigo 224º da constituição república de Moçambique, os tribunais militares só


poderão ser criados durante a vigência do estado de guerra, com competência para o julgamento
de crimes de natureza estritamente militar.

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2.1.5.Funções dos tribunais
Os tribunais como órgãos de soberania, desempenham duas funções: “Jurisdicional e
Educativa.

2.1.6.Função jurisdicional

Na função jurisdicional, “os tribunais tem como objectivo garantir e reforçar a legalidade como
factor da estabilidade jurídica, garantir o respeito pelas leis, assegurar os direitos e liberdades dos
cidadãos, assim como os interesses jurídicos dos diferentes órgãos e entidades com existência
legal”. Pode-se entender nesta norma que garantir a liberdade, no âmbito da prestação
jurisdicional, é uma função muito importante, pois não há liberdade quando existir a
concentração ou confusão entre quem faz as leis, quem as aplica e quem julga. Por isso é
fundamental que haja garantias na independência da magistratura, pois só magistrados
independentes podem assegurar a justiça em liberdade (JOÃO CARLOS, 2002).

3.0.Função educativa

AZEVEDO (1999), Na função educativa, “os tribunais educam os cidadãos e a administração


pública no cumprimento voluntário e consciente das leis, estabelecendo uma justa e harmoniosa
convivência social” . Desta norma podemos ilidir que, efectivamente, educar o cidadão implica
muni-lo de instrumentos de defesa de direitos juridicamente protegidos. Por outro lado, ter
acesso às informações jurídicas constitui uma crucial necessidade para o cidadão, na medida em
que lhe permite a um exercício da cidadania plena e para a consciencialização justa da prática
dos seus actos. Certamente a instrução jurídica é imprescindível para o exercício da cidadania,
para nortear as mais diversas condutas de ordem prática, já que o direito faz parte da vida de todo
o cidadão. Sendo o direito o meio a se chegar à justiça, é de vital necessidade que o cidadão
tenha acesso às informações jurídicas, para que não permite invocar o desconhecimento da lei ou
do próprio direito perante ao juiz.

3.1.1.Caracterização do sistema jurídico resolução de conflitos no país


3.1.2.Lei fundamental ̸ Constituição e a data do respectivo texto
A Lei fundamental de Moçambique é a constituição da república de Moçambique, aprovado pela
Assembleia da república em 16 de Novembro de 2004.

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3.1.3.O poder ou a autoridade dos tribunais na constituição Artigo 212 da CRM

 “Os tribunais têm como objectivo garantir e reforçar a legalidade como factor da
estabilidade jurídica, garantir o respeito pelas leis, assegurar os direitos e liberdade
dos cidadãos, assim como os interesses jurídicos dos diferentes órgãos e entidades
com existência legal.
 Os tribunais penalizam as violações da legalidade e decidem pleitos e acordo com o
estabelecido na lei. “ Artigo 215º da CRM” As decisões dos tribunais são de
cumprimento obrigatório para todos os cidadãos e demais pessoas jurídicas e
prevalecem as de outras autoridades.”

3.1.4.Período pós-Independência (1990 – 2004)

A lei da Organização Judiciária, Lei nº 10/92, de 6 de Maio, prevê ainda que a direcção e gestão
do aparelho judicial ficam a cargo do Tribunal Supremo e do Conselho Judicial, como órgãos
centrais do sistema judicial. Contudo, com a entrada em vigor da Constituição de 2004, é
resgatado o pluralismo jurídico no sistema legislativo, como se pode depreender do art. 4º do
referido textual constitucional que prescreve o seguinte:

“O estado reconhece os vários sistemas normativos e de resolução de conflitos que coexistem na


sociedade moçambicana, na medida em que não contrariem os valores e os princípios
fundamentais da Constituição”. A Constituição de 2004 enfatiza que a promoção de uma
sociedade de pluralismo, tolerância e cultura de paz, e enfatiza, que o “ Estado reconhece e
valoriza a autoridade tradicional legitimada pelas populações e segundo o direito
consuetudinário”(ALMEDINA, 2008).

ANA (2008), define o relacionamento da autoridade tradicional com as demais instituições e


enquadra a sua participação na vida económica, social e cultural do País, nos termos da lei”.
Tendo em consideração a presente norma, deve-se ter em conta que a autoridade tradicional pelo
papel que desempenha nas comunidades há uma necessidade de encoraja-los, sempre que forem
consentidas pelas partes e as suas decisões não violarem os princípios e as normas
constitucionais em vigor.

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3.1.5.Garantia de independência dos tribunais e dos juízes
Artigo 217º da CRM

 “ No exercício das suas funções, os juízes são independentes e apenas devem


obediência a lei.
 Os juízes tem igualmente as garantias de imparcialidade e irresponsabilidade.
 Os juízes são inamovíveis, não podendo ser transferidos, suspensos, aposentados ou
demitidos, senão nos casos previstos na lei.”

3.1.6.O Parlamento Moçambicano

Moçambique tem uma assembleia da república, actualmente com bancadas parlamentares


(Frelimo-Frente de libertação de Moçambique, Renamo-Movimento de Resistência de
Moçambique, e MDM-Movimento Democrático de Moçambique) Assembleia da república é o
órgão legislativo do país.

3.2.0.Processo Legislativo

Os actos legislativos da assembleia da república assumem a forma de lei e as demais


deliberações revestem a forma de resolução e são publicadas no Boletim da república.

O sistema moçambicano inclui vários tipos de normas jurídicas:

 A constituição, que prevalece sobre toda a legislação restante;


 Normas de direito internacional, que são consideradas como automaticamente
aplicáveis em qualquer tribunal nacional;
 E leis aprovadas pela Assembleia da República.

OLIVEIRA (1997), os decretos-lei aprovados pelo Conselho de Ministros, através de uma


autorização da Assembleia da República, também têm força legislativa, embora inferior ao
estatuto das leis aprovadas pela Assembleia da República. Existem também actos regulatórios do
Presidente da República ou do Governo sob a forma de decretos, e actos regulatórios ao nível
municipal (posturas e regulamentos camarários).

A iniciativa da lei pertence:

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 Aos deputados
 As bancadas parlamentar
 As comissões da assembleia da república
 Ao presidente da república
 Ao Governo.

A discussão das propostas e projectos de lei e de referendo compreende um debate na


generalidade e outro na especialidade. A votação compreende uma votação na generalidade, uma
votação na especialidade e uma votação final global. Se a assembleia assim o deliberar, os textos
aprovados na generalidade serão votados na especialidade pelas comissões, sem prejuízo o poder
de avocação pelo plenário e do voto final deste para a provação global.( BOAVENTURA, 2004).

3.2.1.O sistema Governativo de Moçambique

Moçambique é um país democrático baseado num sistema político multipartidário. A


constituição da república consagra, entre outros, o princípio da liberdade de associação e
organização política dos cidadãos, o princípio da separação dos poderes legislativo, executivo, e
judiciário, e a realização de eleições livres (ARAUJO, 2002).

O país possui dezenas de formações políticas sendo, contudo, as principais a FRELIMO (Frente
de libertação de Moçambique -no poder), a RENAMO (Resistência Nacional de Moçambique), e
o recente, o MDM (Movimento Democrático de Moçambique), surgido no fim do 1º semestre de
2009. O Sistema de Governação é Presidencialista tendo o Presidente da República como Chefe
do Estado, do Governo e Comandante-chefe das Forcas Armadas (ANDRÉ, 2007).

ABRAHAMSSON H (2009), O presidente de Moçambique, de acordo com a constituição, é


eleito por sufrágio directo e universal. O governo é formado e dirigido pelo presidente da
república, com ajuda do primeiro-ministro também por ele nomeado.

O poder legislativo é exercido pela assembleia da república composto por 250 deputados, eleito
por sufrágio directo e universal. A duração dos mandatos, tanto do presidente da república como
da assembleia da república é de cinco (5) anos (VARELA, 1987).

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3.2.2.Papel da Presidência da República
O presidente da república é o chefe do estado, simboliza a unidade nacional, representa a nação
no plano interno e internacional e zela pelo funcionamento correcto dos órgãos do estado.

3.2.3.Papel do Governo
O Governo da República de Moçambique é o conselho de ministros, que assegura a
administração do pais, garante a integridade territorial, zela pela ordem pública e pela segurança
e estabilidade dos cidadãos, promove o desenvolvimento económico, implementa a acção social
do estado, desenvolve e consolida a legalidade e realiza a política do país (SERRA, 2002).

3.2.4.Códigos existentes em Moçambique


FERNANDES (2006), Existem códigos para regulamentar os aspectos fundamentais dos
negócios jurídicos e da matéria criminal ̸ penal, só não existem códigos para regulamentarem
matéria administrativa.

Os códigos fundamentais são:

 Código de processo penal;


 Código de processo civil;
 Código de processo de trabalho;
 Código civil;
 Código penal;
 Código Comercial;
 Código das custas;
 Código da Estrada.

3.2.5.Papel desempenhado pela lei e pela jurisprudência na actividade jurídica

Temos uma jurisprudência escassa e guiamo-nos mais pela jurisprudência portuguesa (do
período colonial).

A principal fonte é a lei.

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A legislação e o direito estrangeiro que mais influenciam a ordem jurídica moçambicana é a
portuguesa um dos pais dos membros da UIJLP, Moçambique tem mais relações de cooperação
internacional com Angola, Brasil, Portugal e Timor Leste (ARAÚJO, 2019).

Em Moçambique existem faculdades de direito, e as que se consideram de maior prestigio são:

 Faculdade de Direito da Universidade Eduardo Mondlane (Universidade Publica);


 Faculdade de Direito da Universidade Católica de Moçambique;
 Faculdade de Direito da A politécnica
 Faculdade de Direito do Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique; e
 Faculdade de Direito da UDM.

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3.2.6.Conclusão

Nessa amplitude percebemos que umas das funções do direito é a resolução de conflitos
resultantes da sociedade, onde nela encontramos uma diversidade de normas a vigorar de forma
simultânea, pelo facto de ser considerada como questão social e em parte como antagonismo ao
monismo jurídico, que é o monopólio das normas jurídicas exercidas pelo Estado.
Hoje, o peso das autoridades tradicionais, dos tribunais comunitários, bem como das restantes
instâncias de resolução de conflitos, previstas ou não na lei, varia consideravelmente.

Dessa forma se pode ilidir que o papel da autoridade tradicional no processo de resolução de
conflitos na base do direito costumeiro não é muito destacado. Por isso mesmo, o
reconhecimento constitucional da autoridade tradicional só viria a acontecer em 2004, na
sequência do processo de revisão constitucional que conduziu à aprovação da nova Constituição
da República, a 16 de Novembro de 2004, concretamente no seu art. 118º.

Com efeito, o art. 118º da Constituição de 2004 estabelece que “o Estado reconhece e valoriza a
autoridade tradicional legitimada pelas populações e segundo o direito costumeiro. O estado
define a relação entre a autoridade tradicional e as outras instituições e enquadra a sua
participação na vida económica, social e cultural do País nos termos da lei”.

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3.2.7.Referencias Bibliográficas

MORAIS, Barbosa, Os Desafios do Cidadão no Acesso aos Tribunais Comunitários, Caso da


Província de Nampula. Cidade de Nampula, Lalaua, Mecuburi, Meconta, Moma, Mossuril e
Nacaroa, CEPKA - UCM CIEDIMA, Maputo, 2010.

PRATA, Ana. Dicionário Jurídico – Direito Civil, Direito Processual Civil, Organização
Judiciária. Vol. I. 5ª ed., Almedina, Porto, 2008.

FREGAPANI, Guilherme Silva Barbosa, Formas Alternativas de Resolução de Conflitos e a Lei


dos Juizados especiais civis. Revista de Informação Legislação. Brasília. V.31. Nº 133. 1997.

SANTOS, Boaventura de Sousa, O Estado Heterogéneo e o Pluralismo Jurídico, ob., cit., p.70.

WOLKMER. Pluralismo… apud BUCHILI,, Beatriz, ob., cit., p.66.

NEGRÃO, José; TRINDADE, João Carlos. 2002, p.45. apud SERRA, Carlos Manuel

AZEVEDO, Rodrigo de, Informalização da Justiça e Controle Social, São Paulo, p.1999.

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