Você está na página 1de 13

UNIVERSIDADE ZAMBEZE

FACULDADE DE DIREITO

Direito Fundamentais

Tema:

Concorrência e Colisão dos Direitos Fundamentais

2° Ano/ pós-Laboral

Discente:
Catucha Alexandre Fumeno

Gerson Fernando Colar

Maria Beatriz Magaia

Nádia Mairoce Nuvunga

Nelo Rafael Faife

Docente: MSC. Stela Santos

Beira, Maio, 2023

0
1
Concorrência e Colisão dos Direitos Fundamentais

Trabalho de pesquisa submetido


a Faculdade de Direito, para
efeitos de avaliação

Beira, Maio,2023

2
Índice
1. Introdução ................................................................................................................................ 4

1.2. Objectivos gerais .................................................................................................................. 4

1.3. Objectivo específico............................................................................................................. 4

1.4. Metodologia ............................................................................................................................. 4

2. Concorrência e colisão dos direitos fundamentais. ................................................................. 5

2.1. Direitos Fundamentais. ............................................................................................................ 5

2.1.1. Historia. ................................................................................................................................. 5

2.1.2. Noção dos direitos fundamentais .......................................................................................... 6

3. Concorrência e colisão dos direitos fundamentais. ................................................................. 7

3.1. Concorrência de direitos .......................................................................................................... 7

3.2. Colisão de Direitos ............................................................................................................... 8

3.2.1. Colisão de direitos entre vários titulares de direitos fundamentais .................................. 9

3.2.2. A colisão dos direitos fundamentais e bens jurídicos da comunidade e do Estado. ...... 10

4. Conclusão .............................................................................................................................. 11

5. Referencia bibliográfica ........................................................................................................ 12

3
1. Introdução

Neste presente trabalho iremos debruçar sobre a concorrência e colisão dos Direitos Fundamentais.
Teremos como foco e observância a doutrina e a legislação moçambicana no que tange a análise
das obrigações.

Assim, apresentamos as abordagens feitas, partindo dos conceitos menos complexos aos mais
complexos, numa ordem crescente, não só como forma de consolidar o saber gradualmente
adquirido, mas também para desanuviar dúvidas na apreensão e na interpretação que advierem
desse saber.

1.2.Objectivos gerais
Desenvolver e compreender os aspectos atenientes a concorrência e colisão dos Direitos
Fundamentais.

1.3.Objectivo específico
 Aperfeiçoar o nosso conhecimento relativo ao tema em debate.

1.4. Metodologia

No processo da elaboração do nosso trabalho recorreu se aos aspectos relevantes, que são
mormente:
 Consulta da lei.
 Manuais.

4
2. Concorrência e colisão dos direitos fundamentais.

2.1. Direitos Fundamentais.

2.1.1. Historia.

Somente há direitos fundamentais, insistimos, quando o Estado e pessoa, a autoridade e a liberdade


se distinguem e ate, em maior ou menor medida, se contrapõem. Mas, por isso mesmo não podem
apreender-se senão como realidades que se postulam reciprocamente, se condicionam, interferem
uma com a outra.

Os fins do Estado, a organização do Estado, o exercício do poder, a limitação do poder são função
do modo de encarar a pessoa a sua liberdade, as suas necessidades; assim como as aspirações e
pretensões individuais, institucionais ou colectivas conhecidas, os direitos e deveres da pessoa, a
sua posição perante a sociedade e estado são função do sentido que ele confere a sua autoridade,
das normas que regulam, dos meios que dispõem.

São conhecidas quatro grandes diferenciações de sentido e alcance dos direitos das pessoas, as
quais revertem em sucessivos períodos de formação.

A primeira consiste na distinção entre liberdade dos antigos e liberdade dos modernos, na distinção
entre a maneira de encarar a partir do cristianismo. Para os antigos, a liberdade é, antes de mais,
participação na vida da cidade, para os modernos, antes de mais, realização da vida pessoal.

A segunda refere-se a tutela dos direitos própria da idade media e do estado estamental e a tutela
dos direitos própria do estado moderno, mais particularmente do estado constitucional. Ali, direitos
(ou melhor, privilégios, imunidades regalias) de grupos, de corporações, de ordens, de categorias;
aqui direitos comuns, ou universais, ligados a uma relação imediata com o estado, direitos do
homem e do cidadão (ainda que sem excluir alguns direitos de categorias particular).

A terceira contraposição, dá-se nas grandes clivagens politicas ideológicas e sociais do seculo XIX
e XX. Se o estado liberal se oferece relativamente homogéneo. Já o estado social recolhe
concretizações e regimes completamente diferentes

Quarta e ultima distinção, prende se com a proteção interna e proteção internacional dos direitos
do homem. Ate há cerca de cinquenta anos, os direitos fundamentais, concebidos contra, diante ou

5
através do estado, só por este podiam ser assegurados, agora também podem ser assegurados por
meio instancias internacionais.

2.1.2. Noção dos direitos fundamentais.

Os Direitos Fundamentais se referem ao conjunto de garantias e proteções produzidas pela


evolução social, traduzindo-se nestes as necessidades de dignidade, liberdade, igualdade e
segurança humanas de cada momento histórico1.

Segundo Stela Santos e António Leão Os direitos fundamentais são todos aqueles direitos
subjectivos que correspondem universalmente a todos os seres humanos, doptados de status de
pessoas, cidadãos ou pessoas de capacidade jurídica (conceito formal)2.

O professor Jorge Miranda, define os direitos fundamentais, como sendo posições jurídicas activas
das pessoas enquanto tais, individual ou institucionalmente consideradas, assentes na constituição,
seja na constituição formal, seja na constituição material, donde os direitos fundamentais em
sentido formal e direitos fundamentais em sentido material3.

Para Jorge Bacelar Gouveia, os Direitos Fundamentais correspondem a situações jurídicas activas
da pessoa integrada no Estado-comunidade, pelas quais se permite o aproveitamento dos bens
protegidos, posições constantes do Direito constitucional, numa formulação que parte de três
elementos constitutivos: elemento subjectivo; material e formal.

Jorge Reis Novais, os direitos fundamentais são posições jurídicas individuais face ao estado, ter
um direito fundamental significara então ter um triunfo contra o estado, contra o governo
democraticamente legitimado, o que em regime politico baseado no principio da maioria, deve
significar em ultima analise, que ter direito fundamental é ter trunfo contra a maioria que governa,
mesmo quando esta decide segundo os procedimentos democráticos instituídos e dispõe do apoio
de uma maioria social4

1
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 12. ed. São Paulo: Malheiros, 2002. pág. 515.
2
SANTOS, Stela e LEÃO, António. Lições de DIREITOS FUNDAMENTAIS. Fundza Editora. 2022. pág. 17.
3
MIRANDA. Jorge. MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL. TOMO IV. 3ª Edição, Revista e
Actualizada. Coimbra. 2000. Pág. 9
4
NOVAIS, Jorge Reis. Direitos Fundamentais e Justiça constitucional em Estado de Direito democrático.
Coimbra Editora. Coimbra. 2012. Pág. 18.

6
Em síntese, Direitos Fundamentais são normas que garantem proteção ao indivíduo frente ao
Estado e mesmo à própria sociedade, são preceitos que recebem do ordenamento jurídico maior
prestígio perante o seu caráter de essencialidade à vida em sociedade; este prestígio se materializa
na positivação constitucional de tais direitos.

Gomes Canotilho, os Direitos fundamentais são os direitos do homem, jurídico-institucionalmente


garantidos e limitado espácio-temporalmente5.

3. Concorrência e colisão dos direitos fundamentais.

3.1. Concorrência de direitos

Segundo Stela Santos e António Leão há concorrência de direitos fundamentais quando um


comportamento do mesmo titular preenche os pressupostos de facto de vários direitos
fundamentais6.

Uma das formas possíveis de concorrência de direito é o " cruzamento de direitos fundamentais"
ou, noutros termos, o concurso (aparente) de normas de direitos fundamentais: um determinado
comportamento pode ser subsumido no âmbito de vários direitos fundamentais que se entrecruzam
entre si (por exemplo, o direito de expressão e informação (artigo 48, numero 1 da CRM) está em
contacto com a liberdade da imprensa (artigo 48, numero 3 da CRM), com o direito antena ( artigo
49, da CRM) e com o direito da reunião e manifestação ( artigo 51 da CRM). Da mesma forma, o
direito de formação de partidos políticos (artigo 53, numero 1 da CRM) está em contacto com a
liberdade de associação (artigo 52, numero 1 da CRM) e com a liberdade de expressão e
informação (artigo 48, numero 1 da CRM).

Outro modo de concorrência verifica-se com a cumulação de direito: já não há possibilidade de


subsunção do comportamento a diversas normas consagradas de direitos fundamentais, mas e
determinado bem jurídico, que leva a acumulação, na mesma pessoa, de vários direitos
fundamentais (por exemplo, para se obter eficaz protecção do direito a uma permanente
participação democrática dos cidadãos na vida da nação ( artigo 73, da CRM) é necessário
acumular no cidadão o conjunto diversificado de direitos que vão do direito de sufrágio (artigo 73

5
CANOTILHO. J.J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da constituição. 7ª Edição. 7ª Reimp. Almedina.
Coimbra. 2003. Pág. 393
6
SANTOS, Stela e LEÃO, António (Ob.cit. Pág. 120)

7
da CRM), a liberdade partidária ( artigo 53, da CRM), ao direito de reunião e manifestação (artigo
51 da CRM) e aos direitos de petição ( artigo 79 da CRM) e acção popular ( artigo 81 da CRM).

O problema da concorrência de direitos oferece dificuldades quando vários direitos concorrentes


estão sujeitos divergentes, devendo determinar-se qual, entre os vários direitos concorrentes,
assume relevo decisivo.

Ora Stela Santos e António Leão, a resolução dos problemas da concorrência de direitos passa,
essencialmente, pelos seguintes tópicos de resolução: (a) existem normas especiais? Nestes casos,
em que temos varias normas aparentemente aplicáveis a um mesmo facto, a concorrência de
direitos é meramente parcial ou aparente.

Rege aqui, sobretudo, o principio da especialidade-lex specials derogat legi generali- por exemplo,
o principio geral da igualdade (artigo 35 da CRM) não colide com a protecção acrescida a mulher
(artigo 36 da CRM); (b) nos casos de concorrência de direitos com limites divergentes, mas sem
existir entre eles uma relação de especialidade, há que dar prevalência aos direitos fundamentais
menos limitados ou que reúnam em maior grau elementos estruturantes de um dos direitos.

3.2.Colisão de Direitos

José Carlos Viera De Andrade Apud Stela Santos e António Leão Haverá colisão ou conflito de
direitos sempre que se deva entender que a CRM protege simultaneamente dois valores ou bens
em contradição numa determinada situação concreta (real hipotética)7.

colisão de Direitos Fundamentais existe quando no exercício de um Direito Fundamental um titular


adota determinada conduta (omissiva ou omissiva) que “invade” a esfera de proteção de um
segundo Direito Fundamental de titularidade de outro sujeito, ou seja, fala-se em colisão entre
direitos individuais quando se identifica conflito decorrente do exercício de direitos individuais
por diferentes titulares. A colisão pode decorrer igualmente de conflito entre direitos individuais
do titular e bens jurídicos da comunidade. Assinale-se que a ideia de conflito ou de colisão de
direitos individuais comporta temperamentos. É que nem tudo que se pratica no suposto exercício
de determinado direito encontra abrigo no seu âmbito de proteção8"

7
SANTOS, Stela e LEÃO, António. (ob. Cit. pág. 121)
8
MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007.

8
Gomes Canotilho ensina que, considera-se existir uma colisão autêntica de direitos fundamentais
quando o exercício de um direito fundamental por parte do seu titular colide com o exercício do
direito fundamental por parte de outro titular. Aqui não estamos perante um cruzamento ou
acumulação de direitos (como na concorrência de direitos), mas perante um “choque”, um
autêntico conflito de direitos. A colisão de direitos em sentido impróprio tem lugar quando o
exercício de um direito fundamental colide com outros bens constitucionalmente protegidos. A
colisão ou conflito de direitos fundamentais encerra, por vezes, realidades diversas nem sempre
diferenciadas com clareza9

A articulação dos diferentes direitos fundamentais que se tem vindo a estudar, bem como o
conjunto de outros bens jurídicos, constitucionalmente tutelados, coloca, naturalmente, algumas
dificuldades que se conduzem, segundo a doutrina constitucional, ao problema da colisão (ou
conflito) de direitos fundamentais, quando a esfera de protecção de um certo direito
constitucionalmente protegido em termos de intersectar a esfera de outro direito ou de colidir uma
norma ou principio constitucional. Por outras palavras, quando a constituição protege
simultaneamente dois valores ou bens em contradição directa.

A este propósito, a doutrina constitucional distingue entre: (a) Colisão autentica (a colisão de
direitos entre vários titulares de direitos fundamentais); e (b) colisão não autentica (a colisão entre
direitos fundamentais e bens jurídicos da comunidade e do Estado, aos quais tenha sido
constitucionalmente o caracter de bens da comunidade).

3.2.1. Colisão de direitos entre vários titulares de direitos fundamentais.

Isso dá-se quando verifica a colisão de direitos entre vários titulares de direitos fundamentais. É,
por exemplo, o caso de direito de liberdade de expressão e comunicação e liberdade de imprensa
(artigo 48/1 da CRM), quando exercido dentro dos seus limites (dos limites imanentes, para uns,
ou dentro de âmbito de proteção de norma, para outros), poder conflituar com o direito a intimidade
da vida privada, ao bom-nome e reputação (artigo 46 da CRM).

9
CANOTILHO. J.J. Gomes (Ob.cit. pág.1270)

9
3.2.2. A colisão dos direitos fundamentais e bens jurídicos da comunidade e do Estado.

Isso, traduz-se na colisão de direitos fundamentais e bens jurídicos da comunidade ou do Estado,


rectius, bens jurídicos aos quais tenham sido constitucionalmente conferidos o caracter de bens da
comunidade e não todo e qualquer bem que o legislador declare como tal. Exemplos disso podem
ser bens como a saúde publica artigo 89 da CRM, os recursos naturais (artigo 90 da CRM), a defesa
nacional (artigo 261, ss) a integridade territorial (artigos 6/1 e 17.1 da CRM).

A possibilidade de conflitos entre os direitos fundamentais e bens da comunidade e do estado pode


passar por algumas dessas situações: o bem da saúde publica, pode conflituar em determinadas
circunstâncias com o direito a integridade física (artigo 40 da CRM, por exemplo, em caso de
vacinação obrigatória por concorrência de varias epidemias), ou com o direito de deslocação (
artigo 55, da CRM, por exemplo, também em caso de epidemia); o bem jurídico " defesa nacional"
pode colidir com determinados momentos com o direito a objeção de consciência ( artigo 54/5 e
263/3 da CRM); a correcta " administração da justiça e/ ou a necessidade de assegurar a ordem e
segurança publicas, podem colidir e, por sua vez, legitimar que, em terminadas circunstancias, se
possa restringir o direito a liberdade ( artigo 59/1 da CRM) ou direito da presunção de inocência (
artigo 59/ 2 da CRM), nomeadamente através da imposição de medidas de coação ( artigo 64 da
CRM).

10
4. Conclusão

Após observar que a ideia de Direitos Fundamentais se refere ao conjunto de garantias e proteções
produzidas pela evolução social, verificou-se, inclusive, que são os Direitos Fundamentais normas
que garantem proteção ao indivíduo frente ao Estado e mesmo à própria sociedade, mais ainda,
são preceitos que recebem do ordenamento jurídico maior prestígio diante do seu caráter de
essencialidade à vida em sociedade e que tal prestígio se materializa na positivação constitucional
de tais Direitos.

Ora, entendemos que esses direitos fundamentais podem entrar em concorrência e colisão, sendo
mormente, a ideia de a concorrência ser analisada quando um comportamento do mesmo titular
preenche os pressupostos de facto de vários direitos fundamentais, ou seja, a concorrência de
direitos fundamentais é o cruzamento de direitos fundamentais ou, noutros termos, o concurso
(aparente) de normas de direitos fundamentais.

Aquando da colisão de Direitos fundamentais, pudemos assimilar que consiste na proteção


simultânea de dois valores ou bens em contradição numa determinada situação concreta, ou seja,
exercício de um direito fundamental por parte do seu titular colide com o exercício do direito
fundamental por parte de outro titular.

11
5. Referencia bibliográfica

SANTOS, Stela e LEÃO, António. Lições de DIREITOS FUNDAMENTAIS. Fundza Editora.


2022;

BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 12. ed. São Paulo: Malheiros, 2002;

MIRANDA. Jorge. MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL. TOMO IV. 3ª Edição,


Revista e Actualizada. Coimbra. 2000;

NOVAIS, Jorge Reis. Direitos Fundamentais e Justiça constitucional em Estado de Direito


democrático. Coimbra Editora. Coimbra. 2012;

CANOTILHO. J.J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da constituição. 7ª Edição. 7ª


Reimp. Almedina. Coimbra. 2003; e

MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007.

Legislação
CRM- Constituição da Republica de Moçambique (2018)

12

Você também pode gostar