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FACULDADE DE DIREITO
Direito Fundamentais
Tema:
2° Ano/ pós-Laboral
Discente:
Catucha Alexandre Fumeno
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Concorrência e Colisão dos Direitos Fundamentais
Beira, Maio,2023
2
Índice
1. Introdução ................................................................................................................................ 4
3.2.2. A colisão dos direitos fundamentais e bens jurídicos da comunidade e do Estado. ...... 10
4. Conclusão .............................................................................................................................. 11
3
1. Introdução
Neste presente trabalho iremos debruçar sobre a concorrência e colisão dos Direitos Fundamentais.
Teremos como foco e observância a doutrina e a legislação moçambicana no que tange a análise
das obrigações.
Assim, apresentamos as abordagens feitas, partindo dos conceitos menos complexos aos mais
complexos, numa ordem crescente, não só como forma de consolidar o saber gradualmente
adquirido, mas também para desanuviar dúvidas na apreensão e na interpretação que advierem
desse saber.
1.2.Objectivos gerais
Desenvolver e compreender os aspectos atenientes a concorrência e colisão dos Direitos
Fundamentais.
1.3.Objectivo específico
Aperfeiçoar o nosso conhecimento relativo ao tema em debate.
1.4. Metodologia
No processo da elaboração do nosso trabalho recorreu se aos aspectos relevantes, que são
mormente:
Consulta da lei.
Manuais.
4
2. Concorrência e colisão dos direitos fundamentais.
2.1.1. Historia.
Os fins do Estado, a organização do Estado, o exercício do poder, a limitação do poder são função
do modo de encarar a pessoa a sua liberdade, as suas necessidades; assim como as aspirações e
pretensões individuais, institucionais ou colectivas conhecidas, os direitos e deveres da pessoa, a
sua posição perante a sociedade e estado são função do sentido que ele confere a sua autoridade,
das normas que regulam, dos meios que dispõem.
São conhecidas quatro grandes diferenciações de sentido e alcance dos direitos das pessoas, as
quais revertem em sucessivos períodos de formação.
A primeira consiste na distinção entre liberdade dos antigos e liberdade dos modernos, na distinção
entre a maneira de encarar a partir do cristianismo. Para os antigos, a liberdade é, antes de mais,
participação na vida da cidade, para os modernos, antes de mais, realização da vida pessoal.
A segunda refere-se a tutela dos direitos própria da idade media e do estado estamental e a tutela
dos direitos própria do estado moderno, mais particularmente do estado constitucional. Ali, direitos
(ou melhor, privilégios, imunidades regalias) de grupos, de corporações, de ordens, de categorias;
aqui direitos comuns, ou universais, ligados a uma relação imediata com o estado, direitos do
homem e do cidadão (ainda que sem excluir alguns direitos de categorias particular).
A terceira contraposição, dá-se nas grandes clivagens politicas ideológicas e sociais do seculo XIX
e XX. Se o estado liberal se oferece relativamente homogéneo. Já o estado social recolhe
concretizações e regimes completamente diferentes
Quarta e ultima distinção, prende se com a proteção interna e proteção internacional dos direitos
do homem. Ate há cerca de cinquenta anos, os direitos fundamentais, concebidos contra, diante ou
5
através do estado, só por este podiam ser assegurados, agora também podem ser assegurados por
meio instancias internacionais.
Segundo Stela Santos e António Leão Os direitos fundamentais são todos aqueles direitos
subjectivos que correspondem universalmente a todos os seres humanos, doptados de status de
pessoas, cidadãos ou pessoas de capacidade jurídica (conceito formal)2.
O professor Jorge Miranda, define os direitos fundamentais, como sendo posições jurídicas activas
das pessoas enquanto tais, individual ou institucionalmente consideradas, assentes na constituição,
seja na constituição formal, seja na constituição material, donde os direitos fundamentais em
sentido formal e direitos fundamentais em sentido material3.
Para Jorge Bacelar Gouveia, os Direitos Fundamentais correspondem a situações jurídicas activas
da pessoa integrada no Estado-comunidade, pelas quais se permite o aproveitamento dos bens
protegidos, posições constantes do Direito constitucional, numa formulação que parte de três
elementos constitutivos: elemento subjectivo; material e formal.
Jorge Reis Novais, os direitos fundamentais são posições jurídicas individuais face ao estado, ter
um direito fundamental significara então ter um triunfo contra o estado, contra o governo
democraticamente legitimado, o que em regime politico baseado no principio da maioria, deve
significar em ultima analise, que ter direito fundamental é ter trunfo contra a maioria que governa,
mesmo quando esta decide segundo os procedimentos democráticos instituídos e dispõe do apoio
de uma maioria social4
1
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 12. ed. São Paulo: Malheiros, 2002. pág. 515.
2
SANTOS, Stela e LEÃO, António. Lições de DIREITOS FUNDAMENTAIS. Fundza Editora. 2022. pág. 17.
3
MIRANDA. Jorge. MANUAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL. TOMO IV. 3ª Edição, Revista e
Actualizada. Coimbra. 2000. Pág. 9
4
NOVAIS, Jorge Reis. Direitos Fundamentais e Justiça constitucional em Estado de Direito democrático.
Coimbra Editora. Coimbra. 2012. Pág. 18.
6
Em síntese, Direitos Fundamentais são normas que garantem proteção ao indivíduo frente ao
Estado e mesmo à própria sociedade, são preceitos que recebem do ordenamento jurídico maior
prestígio perante o seu caráter de essencialidade à vida em sociedade; este prestígio se materializa
na positivação constitucional de tais direitos.
Uma das formas possíveis de concorrência de direito é o " cruzamento de direitos fundamentais"
ou, noutros termos, o concurso (aparente) de normas de direitos fundamentais: um determinado
comportamento pode ser subsumido no âmbito de vários direitos fundamentais que se entrecruzam
entre si (por exemplo, o direito de expressão e informação (artigo 48, numero 1 da CRM) está em
contacto com a liberdade da imprensa (artigo 48, numero 3 da CRM), com o direito antena ( artigo
49, da CRM) e com o direito da reunião e manifestação ( artigo 51 da CRM). Da mesma forma, o
direito de formação de partidos políticos (artigo 53, numero 1 da CRM) está em contacto com a
liberdade de associação (artigo 52, numero 1 da CRM) e com a liberdade de expressão e
informação (artigo 48, numero 1 da CRM).
5
CANOTILHO. J.J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da constituição. 7ª Edição. 7ª Reimp. Almedina.
Coimbra. 2003. Pág. 393
6
SANTOS, Stela e LEÃO, António (Ob.cit. Pág. 120)
7
da CRM), a liberdade partidária ( artigo 53, da CRM), ao direito de reunião e manifestação (artigo
51 da CRM) e aos direitos de petição ( artigo 79 da CRM) e acção popular ( artigo 81 da CRM).
Ora Stela Santos e António Leão, a resolução dos problemas da concorrência de direitos passa,
essencialmente, pelos seguintes tópicos de resolução: (a) existem normas especiais? Nestes casos,
em que temos varias normas aparentemente aplicáveis a um mesmo facto, a concorrência de
direitos é meramente parcial ou aparente.
Rege aqui, sobretudo, o principio da especialidade-lex specials derogat legi generali- por exemplo,
o principio geral da igualdade (artigo 35 da CRM) não colide com a protecção acrescida a mulher
(artigo 36 da CRM); (b) nos casos de concorrência de direitos com limites divergentes, mas sem
existir entre eles uma relação de especialidade, há que dar prevalência aos direitos fundamentais
menos limitados ou que reúnam em maior grau elementos estruturantes de um dos direitos.
3.2.Colisão de Direitos
José Carlos Viera De Andrade Apud Stela Santos e António Leão Haverá colisão ou conflito de
direitos sempre que se deva entender que a CRM protege simultaneamente dois valores ou bens
em contradição numa determinada situação concreta (real hipotética)7.
7
SANTOS, Stela e LEÃO, António. (ob. Cit. pág. 121)
8
MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007.
8
Gomes Canotilho ensina que, considera-se existir uma colisão autêntica de direitos fundamentais
quando o exercício de um direito fundamental por parte do seu titular colide com o exercício do
direito fundamental por parte de outro titular. Aqui não estamos perante um cruzamento ou
acumulação de direitos (como na concorrência de direitos), mas perante um “choque”, um
autêntico conflito de direitos. A colisão de direitos em sentido impróprio tem lugar quando o
exercício de um direito fundamental colide com outros bens constitucionalmente protegidos. A
colisão ou conflito de direitos fundamentais encerra, por vezes, realidades diversas nem sempre
diferenciadas com clareza9
A articulação dos diferentes direitos fundamentais que se tem vindo a estudar, bem como o
conjunto de outros bens jurídicos, constitucionalmente tutelados, coloca, naturalmente, algumas
dificuldades que se conduzem, segundo a doutrina constitucional, ao problema da colisão (ou
conflito) de direitos fundamentais, quando a esfera de protecção de um certo direito
constitucionalmente protegido em termos de intersectar a esfera de outro direito ou de colidir uma
norma ou principio constitucional. Por outras palavras, quando a constituição protege
simultaneamente dois valores ou bens em contradição directa.
A este propósito, a doutrina constitucional distingue entre: (a) Colisão autentica (a colisão de
direitos entre vários titulares de direitos fundamentais); e (b) colisão não autentica (a colisão entre
direitos fundamentais e bens jurídicos da comunidade e do Estado, aos quais tenha sido
constitucionalmente o caracter de bens da comunidade).
Isso dá-se quando verifica a colisão de direitos entre vários titulares de direitos fundamentais. É,
por exemplo, o caso de direito de liberdade de expressão e comunicação e liberdade de imprensa
(artigo 48/1 da CRM), quando exercido dentro dos seus limites (dos limites imanentes, para uns,
ou dentro de âmbito de proteção de norma, para outros), poder conflituar com o direito a intimidade
da vida privada, ao bom-nome e reputação (artigo 46 da CRM).
9
CANOTILHO. J.J. Gomes (Ob.cit. pág.1270)
9
3.2.2. A colisão dos direitos fundamentais e bens jurídicos da comunidade e do Estado.
10
4. Conclusão
Após observar que a ideia de Direitos Fundamentais se refere ao conjunto de garantias e proteções
produzidas pela evolução social, verificou-se, inclusive, que são os Direitos Fundamentais normas
que garantem proteção ao indivíduo frente ao Estado e mesmo à própria sociedade, mais ainda,
são preceitos que recebem do ordenamento jurídico maior prestígio diante do seu caráter de
essencialidade à vida em sociedade e que tal prestígio se materializa na positivação constitucional
de tais Direitos.
Ora, entendemos que esses direitos fundamentais podem entrar em concorrência e colisão, sendo
mormente, a ideia de a concorrência ser analisada quando um comportamento do mesmo titular
preenche os pressupostos de facto de vários direitos fundamentais, ou seja, a concorrência de
direitos fundamentais é o cruzamento de direitos fundamentais ou, noutros termos, o concurso
(aparente) de normas de direitos fundamentais.
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5. Referencia bibliográfica
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 12. ed. São Paulo: Malheiros, 2002;
MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007.
Legislação
CRM- Constituição da Republica de Moçambique (2018)
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