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V - sinais distintivos do comércio

Direito Comercial (Universidade Catolica Portuguesa)

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V.
Instrumentos jurídicos da atividade comercial
____________________________________________________________

I. Os sinais distintivos do comércio


A firma, a marca, a recompensa, o logótipo e as denominações de origem e indicações
geográficas – estes são os sinais distintivos do comércio. São sinais que permitem individualizar
a empresa no trafego jurídico-económico, há sinais que permitem identificar a empresa, outros
para identificar os produtos e serviços e outros sinais podem servir para várias funções. Estes
sinais quando devidamente registados, a lei faz-lhes corresponder um direito exclusivo e uma
oposição erga omnes –daí serem denominadas como “coletores de clientela”. Todos eles têm
características comuns:
o Natureza absoluta (semelhante ao direito real de propriedade) – dão titular um
usufruto exclusivo. Oponíveis erga omnes
o Essencialmente empresariais – estão interligados a empresa, mas podem não estar.
o Acessórios – identificadores ou individualizadores do empresário e dos seus
produtos não são concebíveis de ter uma identidade acessória por qualificarem
uma realidade subjacente, não são suscetíveis de fruição autónoma e
independente.
o Uso facultativo – tem vantagens mas os empresários podem ou não usá-lo, a não
ser a firma que é obrigatória.

Firma
A firma é identificadora do empresário no exercício da atividade económica – denominação
comercial do empresário, a firma permite identificar uma realidade subjacente. É obrigatória
de natureza nominativa (tem de ser composta por palavras). Ou são adotados pelos
empresários singulares ou coletivos. Seja empresário singular ou coletivo precisa de firma. É
denominação comercial do empresário (nome comercial).
Alem de identificar comerciantes a firma individualiza alguns não-comerciantes: as sociedade
civis de tipo comercial e os ACE com objeto civil e pode ainda individualizar empresários
individuais não comerciantes.
Alguns comerciantes são identificados por “denominação”. Na redação originária do artigo 19º
CCom, denominação contrapunha a firma pois designava as sociedade anónimas sendo
composta por expressões indicando essencialmente o respetivo objeto social e não constituída
por nomes de pessoas.
Em 1931, a redação do artigo passou a fazer equivaler firma e demoniçao. O RRNPC, diploma
que contém o atual regime retoma a distinção - Firma é o vocábulo preferido para designar o
signo individualizador de comerciantes e Denominação designa preferencialmente o sinal
identificador de não comerciantes.

O seu regime está patente no CSC, no RNPC (aprovado pelo DL 129/98) e no art. 18º, 1 - refere
que uma das obrigações é a adoção da firma. Trata-se de um sinal de natureza nominativo por
ter de se compor por palavras, não é figurativo como o caso da marca.

O nosso legislador adotou uma conceção subjetiva da forma por ela identificar o empresário,
mas pode ter caráter objetivo por identificar a empresa (ex. EUA).

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Constituição da firma: o regime pode ser descrito em dois aspetos diferentes, o regime comum
com regras gerais de composição de qualquer firma e ainda regras especiais para a firma de
certos empresários, sejam estes singulares ou coletivos. Quanto ao comum, determina que
elas são constituídas por uma formação verbal, havendo aqui liberdade para o seu
estabelecimento. Há liberdade de composição da firma que se decompõe em 4 modelos
distintos:
o Subjetivas – composta pelo nome de 1 ou mais pessoas, neste caso, de sócios.
o Objetivas – alude ao tipo de atividade económica desenvolvida pelo empresário, sem
que haja menção aos seus sócios.
o Fantasiosas – não fazem menção nem aos sócios nem às atividades, a partir da firma
nem extraímos qual o tipo de atividade desenvolvida. (ex: ZON)
o Mistas – combinam os tipos de elementos objetivo e subjetivo ou ainda integrando
tipos fantasiosos. (ex. Pingo Doce Distribuição Alimentar)

Restrições de caráter geral previstas no art. 32º RNPC. RNPC- aprovado pelo DL 129/98). Art.
32º, nº4: das firmas e denominações não podem fazer parte as expressões aí referidas. O nº4
al.d). há um conjunto de firmas que naturalmente são proibidas (ex: que apelam ao consumo
de drogas).

A firma é um sinal de uso obrigatório, os empresários têm de a adotar (18º, 1 CCom.), mas as
consequências para o não acatamento são distintas.
Quanto aos comerciantes individuais, o incumprimento desta obrigação não acarreta outras
consequências que não sejam a exposição a uma coima e a impossibilidade do comerciante se
prevalecer do índice poderoso da sua qualidade de comerciante, aliás ele só se pode registar se
tiver firma pelo que não pode registar o inicio da atividade. Logo, se alguém que não criou a
firma praticar sistematicamente atos de comércio, ele permanece com o estatuto de
comerciante, mas não estando registado deixa de poder prevalecer uma importante presunção
da sua qualidade de comerciante que resulta do registo.

Nas sociedades comercias, a firma não é a denominação comercial é a identificação da


sociedade por todo – a firma é a identidade da sociedade. O art. 54º, 1 e 55º RNPC, os atos de
constituição da sociedade que omitam a referencia ao certificado de admissibilidade da firma
torna o ato de constituição nulo. Assim, a firma é o pressuposto da própria criação da
sociedade.

Quanto aos empresários individuais rege o art. 38º RNPC a constituição da firma, há uma
limitação à liberdade de composição pois o núcleo da firma tem de ser sempre o nome civil do
empresário, não pode haver uma firma fantasiosa para os empresários individuais (claro que
não se excluem as mistas). A firma de comerciante de comerciante individual tem de ser
composta pelo seu nome, completo ou abreviado, o necessário para a identificação da pessoa,
admitindo a lei que este seja antecedido de expressões correspondentes a títulos académicos,
profissionais, etc.. ou ainda que se adicione ao nome uma alcunha.
Particularidade do EIRL (Estabelecimento Individual de Responsabilidade Limitada): nos termos
do art. 2º, nº3 do DL 129/98 se um empresário individual utilizar o EIRL tem de ter duas firmas,
uma em nome individual e outra igualmente constituída pelo seu nome com o aditamento de
“EIRL”. Porquê a exigência de uma coincidência mínima ou nuclear do nome civil com o nome
da firma? É fundamental que aos olhos de terceiros a firma não seja um sinal criador de
confusão de existência de pessoas diferentes quando só há um empresário. [Nos termos do
art. 2º, 3 DL do eirl se um empresário for titular do eirl, ele tem de ter duas firmas.]

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Quanto aos empresários coletivos, assume relevância o caso das sociedades comerciais, as
regras de composição estão no CSC – remissão do art. 37º RNPC. A firma deve ser constituída
ou exclusivamente ou simultaneamente pelo nome dos socios, ou seja, a firma pode ser
constituida pelo nome de um sócio ou de todos os sócios. Não existe só um tipo de sociedade
comercial, e por isso há regras/regimes aplicáveis a cada especifica sociedade (art, 177º, 467º,
200º, 275º). Agrupamos estes quatro tipos em dois grupos:
Sociedades de pessoas: em nome coletivo (art. 177º) deve ser acompanhada pelo
aditamento final “Lda” em comandita (art. 467º) deve ser acompanhada pela expressão
“e/em comandita”. Sociedades por quotas: art. 200º: aditamento final “ Lda.”. Sociedades
Anónimas: art. 275º: aditamento final “S.A. “.

o Sociedades em nome coletivo ou em comandita – a firma é constituída ou


exclusivamente pelo nome de um sócio ou simultaneamente pelo nome dos sócios,
no caso das sociedades em nome coletivo deve existir a expressão “e companhia”, a
expressão final da firma em comandita é “em comandita”. É possível que um terceiro
não sócio inclua o seu nome na sociedade mas passa a estar sujeito ao mesmo
regime de responsabilidade idêntico ao dos sócios. O professor admite a
admissibilidade de firmas mistas – expressão alusiva à atividade das sociedades. A
exigência da lei que estas firmas sejam constituídas pelo nome dos sócios, isto
justifica-se pelo regime de responsabilidade dos sócios, no primeiro tipo, os terceiros
quando contratam com esta sociedade, sabem que no limite do património social
não chegar podem recorrer ao património dos sócios (firmas de responsabilidade
ilimitada), dái serem nuclearmente firmas nome por ser relevante saber a identidade
dos sócios, enquanto nas segundas, os sócios têm responsabilidade limitada, é em
pp. indiferente para o mercado saber quem são os sócios.
Nas firmas de Responsabilidade Limitada a Liberdade é total no sentido em que as
firmas podem ser objetivas, subjetivas, mistas ou fantaciosas por causa da
responsabilidade dos sócios. Socios tem responsabilidade limitada, credores não
podem atingir seu patrimonio pessoal, pelo que é irrelevante a comunidade saber o
nome dos sócios.

o Sociedades anónimas e por quotas – A firma das sociedades por quotas deve ser
formada, com ou sem sigla, ou pelo nome ou firma de todos ou alguns dos sócios, ou
denominação particular ou reunião de ambos esses elementos (firma mista). O que
dissemos acerca da firma de sociedades por quotas vale quase integralmente para a
firma de sociedades anonimas com o aditamento final de “S.A.” ou “Sociedade
anónima”.
Nas sociedades por quotas, temos o aditamento limitado, nas anónimas vemos S.A.
Uma sociedade pode ter de alterar o objeto da sociedade, pelo que precisam de
alterar os estatutos, o art. 200º, 2 e 3 CSC para as sociedades por quotas, 275º, 2 e 3
para as anónimas, que no caso da firma dessa sociedade figurar uma alusão ao
objeto da sociedade, só é possível alteração dos estatutos mediante previa alteração
da firma. Mais uma vez a finalidade da lei é a tutela do trafego jurídico. A firma deve
ser composta de modo a identificar o empresário ou o seu objeto e não a induzir o
público em erro, se um sócio sair da sociedade por morte ou exclusão ou por venda
das participações, o art. 32º RNPC o nome do sócio só continua a figurar se ele
autorizar, pois se não há prazo máximo de 1 ano para que se altere a firma.

Princípios informadores da composição das firmas e denominações

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Princípio da verdade – Os elementos componentes das firmas e denominações devem ser


verdadeiros e não induzir em erro sobre a identificação, natureza ou atividade do seu titular
(32º, nº1, do RRNPC). Exemplo: a firma dos comerciantes individuais deve conter o nome deles
e não de outrem. Outro exemplo: quando por qualquer causa (voluntária, morte, processo
executivo, exclusão,..) deixe de ser associado ou sócio pessoa singular cujo nome figure na
firma ou denominação de pessoa coletiva, deve tal firma ou denominação ser alterada no
prazo de um ano, a não ser que o associado ou sócio que se retire ou os herdeiros do que
falecer consintam por escrito na continuação da mesma firma ou denominação”
Princípio da novidade ou exclusividade – As firmas e denominações devem ser distintas e não
suscetiveis de confusão ou erro com as registadas ou licenciadas no mesmo âmbito de
exclusividade, mesmo quando a lei permita a inclusão de elementos utilizados por outras já
registadas, ou com designações de instituições notoriamente conhecidas (33º, nº1, do RRNPC),
assim, os titulares de firmas ou denominações validamente constituídas e registadas
definitivamente têm um direito exclusivo sobre elas em determinado âmbito geográfico,
excluindo a licitude de firmas e denominações idênticas ou confundíveis com aquelas nesse
mesmo espaço.
As sociedades comerciais têm direito ao uso exclusivo das suas firmas em todo o território
nacional (37º nº2). Os ACE, as EPE, as cooperativas e os AEIE têm em princípio direito ao uso
exclusivo em todo o território nacional quando o respetivo objeto estatutário não incide sobre
pratica de atividades de caracter essencialmente local ou regional ou âmbito geografico do
exercício das suas atividades estatutárias nos restantes casos (43º n2º remetendo para o
36ºn3º). O significado do principio da novidade ou exclusividade em relação às sociedades
comerciais é algo diverso do enunciado no citado artigo 33º nº1 do RRNPC. Com efeito, o artigo
10º CSC refere-se ao principio: nº2 “quando a firma da sociedade for constituida
exclusivamente por nomes ou firmas de todos, algum ou alguns sócios deve ser
completamente distinta das que já se acharem registadas” nº3 “a firma da sociedade for
constituída por denominação particular ou por denominação e nome ou firma de sócio não
pode ser idêntica à firma registada de outra sociedade, ou por tal forma semelhante que possa
induzir em erro” Contudo a divergência é só aparente sendo que o artigo 10º, 2e3 de CSC deve
ser interpretado de acordo com a norma geral do artigo 33º nº1 do RRNPC (cfr. artigo 9º do
CCiv). Quando é que podemos afirmar que uma firma ou denominação não são “novas”?
(relativamente a outra firma). Dizemos que não é nova quando, atendendo a grafia das
palavras, ao efeito fonético das expressões, ao núcleo caracterizante, á forma “oficiosa” dos
signos, o publico “medio”, … não conseguimos distingui-las, confundimos, tomando uma por
outra e um comerciante por outro ou embora não confundido crer erroneamente referirem-se
a comerciantes distintos mas especialmente relacionados (se encontra em relação de grupo).
Um exemplo de firmas consideradas confundíveis é “ENI – Eletricidade Naval e Industrial” e
“I.A.N.I – Instrumentação Automação Naval e Industrial”. Valerá o principio da novidade ou
exclusividade para comerciantes não concorrentes, que exercem atividades diversas, não
idênticas nem similares, ou vale tão-só para comerciantes concorrentes? Alguns autores têm
entendido não valer o princípio em relação a comerciantes não concorrentes pois o risco de
confusão entre firmas (e denominações) é quase inexistente. Para outros autores o principio
vale também para comerciantes não concorrentes (“com razão, penso” – Jorge Manuel
Coutinho de Abreu). Imaginemos uma firma “SVP- Sociedade de Viaturas e Peças” e “SVP-
Sociedade de Vinhos do Porto” sendo “SVP” a firma oficiosa de ambas. Estamos perante firmas
confundíveis e que induzem em erro. O publico em geral pode tomar uma firma por outra, ou
supor uma relação entre elas, agravando-se o risco com relação a fornecedores, financiadores,
… O artigo 33 nº2 RRNPC não diz que a não identidade ou afinidade das atividades exercidas
pelos comerciantes exclui a suscetibilidade de confusão, diz que se deve atender ao “tipo de
pessoa” e ao seu “domicilio ou sede” – critérios auxiliares na apreciação sobre a
confundibilidade.

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Princípio da capacidade distintiva – as firmas e as denominações enquanto sinais


distintivos de comerciantes hão-de ser constituídas por forma a poderem desempenhar a
função diferenciadora. Parece não haver problema quanto às formas dos comerciantes
individuais, as firmas-nome e firmas mistas das sociedades e dos ACE. Tais sinais, composto por
nomes de pessoas ou por nomes e/ ou firmas de sócios ou associados, tem capacidade
distintiva. Já as firmas-denominação das sociedades por quotas, das sociedades anónimas e
dos ACE, bem como as denominações dos EPE, quando não sejam de fantasia, suscitam mais
cuidados. Com efeito, sob pena de incapacidade distintiva, as denominações não podem
bastar-se com designações genéricas (ex. Sociedade Bancária, S.A.), vocábulos de uso comum
para designar atividades ou produtos (ex. Sociedade Ideal Lda.) topónimos ou indicações de
proveniência (ex. “Sociedade Conimbricense, S.A.) Tais elementos por si não são distintivos
logo tem de ser associados a outros. 33º nº3 RRNPC e também 10º nº4 do CSC.
Princípio da unidade – A doutrina dominante na Alemanha defende a possibilidade de os
comerciantes individuais adotarem varias firmas quando tenham várias empresas. O artigo 12º
nº5 do DL 425/83 consagrou a regra da unidade da firma para empresários individuais. Artigo
38º nº1 RRNPC “o comerciante individual deve adotar uma só firma” e vigora o mesmo
principio para as sociedades (CSC artigo 9, nº1, c) e 71º, nº1) e para as restantes entidades
coletivas que podem ser comerciantes.
Todavia, o principio admite uma exceção: um comerciante individual que exerça atividades
mercantis no quadro de um E.I.RL. e fora dele, terá duas firmas 40º, nº1, do RRNPC.
O comerciante que adquira a firma de outro, mesmo que passe a explorar duas ou mais
empresas não poderá ter mais que uma firma (ou denominação): a originária (alterada) com
aditamento; RRNPC arts. 38º, 1 e 2 e 44º 1 e 3.

Princípio da licitude – as firmas e as denominações não podem conter expressões proibidas


por lei ou ofensivas da moral ou dos bons costumes. Expressões incompatíveis com o respeito
pela liberdade de opção politica, religiosa ou ideológica. Expressões que desrespeitem ou se
apropriem ilegitimamente de símbolos nacionais, personalidades, épocas ou instituições cujo
nome ou significado seja de salvaguardar por motivos históricos, patriotas, científicos,
institucionais, culturais, … 32º, 4, b), c) e d) do RRNPC.

Alteração de firmas e denominações


Respeitados os princípios falamos anteriormente os comerciantes podem livremente alterar as
firmas ou denominações – 56º, nº1 a) e f) RRNPC. Altera-se a firma quando: um comerciante
individual muda de nome 38 nº1 RRNPC; deixa de ser associado ou sócio e não há
consentimento para manter o nome 32º nº5 RRNPC; a aquisição de firma que implica a
alteração da firma originária 44º Nº1 E 4 RRNPC; alterando-se o objeto estatutário (pode
alterar a firma) 54º nº2 RRNPC e 200º nº3 e 275º 3º CSC; a alteração de sociedades, de EPEs
em sociedades anónimas, de ACE em AEIE ou vice-versa exige alteração (ao menos) dos
aditamentos obrigatórios nas firmas ou denominações; a proibição do uso ilegal de uma firma
ou denominação 62º do RRNPC.

Transmissão
Sendo as firmas sinais distintivos de sujeitos, poderia pensar-se serem intransmissíveis. Não é
todavia assim. Normalmente a firma distingue não apenas o comerciante mas também a(s)
respetiva(s) empresa(s), que liga este a esta(s). A firma pode ter considerável valor económico
e interessa ao titular poder realizar esse valor. A livre transmissibilidade das firmas sem
respetivas empresas daria azo a enganos no publico, assim a transmissão de uma dá-se
juntamente com a outra. 44º RRNPC – a transmissão entre vivos de firma obedece a 3
requisitos: a transmissão fazer-se com a do estabelecimento comercial que esta ligada; acordo
das partes por escrito e se necessário a autorização do titular do nome; o adquirente tem de

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aditar à sua própria firma menção de sucessão e a firma adquirida. A transmissão pode dar-se
também por mortis causa. 44º nº3 RRNPC.

Tutela do direito à firma ou denominação


O direito à exclusividade de firma ou denominação constitui-se com o registo definitivo delas
(RRNPC, arts. 3º, 35º nº 1). A sua proteção faz-se por meios preventivos e repressivos. Entre os
primeiros temos os certificados de admissibilidade de firmas e denominações emitidos pelo
Registo Nacional das Pessoas Coletivas, que vela pelo respeito dos requisitos de validade
(RRNPC, artigos 1º 45º e ss. 78º, 1). Sem tais certificados diversos atos relativos a constituição e
alteração de firmas e denominações não podem ser formalizados/registados. Estes certificados
não devem ser emitidos quando as denominações ou firmas escolhidas sejam idênticas ou
suscetíveis de confusão. Como meio repressivo as firmas já registadas que violem o principio
da novidade e exclusividade podem ser objeto de ações judiciais de declaração de nulidade,
anulação ou revogação, e estão sujeitos à declaração de perda de direito do respetivo uso (arts.
35º, 4, 60º). Por outro lado, o uso ilegal de uma firma ou denominação (registada ou não)
“confere aos interessados o direito de exigir a sua proibição, bem como a indemnização pelos
danos daí emergentes, sem prejuízo da correspondente ação criminal, se a ela houve lugar”
62º
Os titulares de firmas ou denominações não registadas não têm direito à exclusividade delas.
Porém, se algum concorrente de um daqueles titulares usar a firma ou denominação
confundível (não registada e posterior, entenda-se), podendo com isso, prejudica-lo ou obter
para si ou para terceiro um beneficio ilegítimo, o referido titular do sinal não registado pode
reagir com base no artigo 317º do CPI (concorrência desleal).

Extinção do direito à firma ou denominação


Se a atividade comercial cessa porque o comerciante falece, extingue-se logo a firma caso ele
não tenha deixado estabelecimento comercial. Caso tenha deixado empresa mercantil temos 3
hipóteses: o estabelecimento comercial é transmitido mas sem firma do autor da sucessão –
ela extingue-se; o estabelecimento comercial é transmitido com a firma do autor da sucessão –
ela extingue-se na medida em que se integra na firma do adquirente; não é transmitido o
estabelecimento – é liquidado – a firma extingue-se.
Se a atividade comercial cessa porque o comerciante assim decide: a pessoa transmite o
estabelecimento com a firma – extingue-se porque incorpora a firma do adquirente; a pessoa
liquida o estabelecimento ou transmiti-o sem firma – o direito a firma perdura a não ser que o
RNPC declare a sua perda, oficiosamente ou a requerimento de qualquer interessado e
mediante prova de que o titular da firma não exerce atividade mercantil há pelo menos dois
anos consecutivos (61º, 1, b)) ou que a firma não foi inscrita no “ficheiro central de pessoas
coletivas” nos prazos indicados no 61º,1,a),2
Cessando as atividades das sociedades comerciais ou outras atividades coletivas-comerciantes
sem que as mesmas se extinguem, as respetivas firmas ou denominações extinguem-se
quando se transmitam com os respetivos estabelecimentos; se os sujeitos se extinguem,
extinguem-se também as firmas ou denominações; as firmas ilegalmente constituídas podem
ser declaradas nulas, anuladas ou revogadas por sentença judicial.

Marca
Marcas são signos suscetíveis de representação gráfica destinados sobretudo a distinguir certos
produtos idênticos ou afins. “produtos” são bens que resultam da atividade produtiva – bens
materiais ou corpóreos e bens imateriais e serviços. A marca é um sinal que identifica os
produtos de um empresário diferenciando-os de produtos idênticos ou afins mas podem
respeitar produtos ou serviços respeitantes a qualquer atividade económica. Pensamos
imediatamente nas ... marcas coletivas por terem como titular obrigatório uma pessoa coletiva,

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ex. aguardente do Minho. Dentro das marcas notórias temos marcas de prestigio (242º e 243º)
que ultrapassam o local onde foram registadas – notoriedade pública de tal ordem que
marcam todos os produtos mesmo os que nada têm que ver com os produtos originários da
marca. Uma marca de direito é um sinal distintivo que ainda não foi registado.
Agrupando algumas espécies de marcas por critérios temos:
Tendo em conta a natureza das atividades: marcas de indústria, de comercio, de agricultura e
de serviços (setor terciário ex. bancos, seguradoras, transportadoras)
Tendo em conta os elementos componentes: marcas nominativas (constituídas por palavras),
figurativas (constituídas por desenhos), marcas constituídas por letras, números, cores, marcas
mistas (juntam vários elementos), auditivas (constituídas por sons), tridimensionais ou de
forma (com 3 dimensões ou volume), simples – 222º, 223º nº1 b) e)
Tendo em conta os titulares dos sinais as marcas podem pertencer a: empresários (sujeitos de
empresas no sentido objetivo) como a não empresários. Tradicionalmente as leis da maior
parte dos países permitia a titularidade de marcas individuais registadas somente a
empresários, hoje é diferente. CPI 224º 225º 226º
Ao lado das marcas individuais encontramos as marcas coletivas (que não pertencem
normalmente a sujeitos empresários). Não significa isto, porém, que a propriedade destas
marcas seja coletiva ou de uma pluralidade de sujeitos. Na verdade, cada marca coletiva
pertence a um só sujeito. Outra nota caracterizadora destas marcas é que são usadas para bens
produzidos, por norma, por diversos e autónomos sujeitos. CPI, artigo 228º e ss. divide marcas
coletivas em marcas de associação (pertencem a associações e podem ser usadas pelos
respetivos associados) e em marcas de garantia ou certificação (pessoas coletivas que
controlam a existência de determinada qualidade em produtos e estabelecem normas técnicas
a que eles ficam sujeitos)
O CPI de 1995 havia introduzido a ideia de “marcas de base” - marca que identifica a origem
comercial ou industrial de uma série de produtos ou serviços produzidos por uma empresa de
atividades múltiplas ou por grupo de empresas 177º. Todavia marca base só poderia ser usada
quando acompanhada pela marca específica relativa a cada produto ou serviço 179º Esta
parelha marca base/marca especifica remete para a tradicional marca geral/marca especial – a
marca geral distingue todos os produtos de uma empresa e a marca especial distingue
produtos de determinados tipo. Contudo, não há coincidência perfeita entre as duas. Tem-se
entendido que a marca especial pode ser usada desacompanhada da marca geral e vice-versa e
levanta-se o problema em relação a empresas de atividades múltiplas quer quanto a grupos de
empresas.
a) Pode uma sociedade de grupo obter o registo de marca para bens produzidos por uma
sociedade de grupo? 225º Pode.
b) Podem diversas sociedades do grupo ser co-titulares de uma marca? Podem.
c) Sendo uma sociedade de grupo titular de uma marca, a que titulo pode esta see usada
por outras sociedades de grupo? Atraves de licenças – 32º, 264º - ou outros acordos
(inclusive informais).
Nenhuma destas respostas exige que se conceba o grupo de empresas como uma empresa.

Quanto ao regime de proteção é necessário distinguir entre marcas registadas e não registadas,
de facto ou livres – 224º 1 - marcas notórias e marcas de prestígio, mesmo quando não
registadas gozam de proteção especial – 241ºe 242º
Marca notórias (art. 241º) : há modalidade particular que é a de prestigio (art. 242º e 243º
C.Prop. Industrial), tem uma notoriedade que ultrapassa o estado onde foi registada.

As marcas tem a função primordial de distinguir produtos mas como? Tradicionalmente a


função distintiva das marcas corresponde a função de indicação da origem dos produtos.
Segundo a conceção tradicional, a função de indicação de origem era a única essencial função
das marcas juridicamente tuteladas (as chamadas funções publicitárias e de garantia de

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qualidade seriam tão-só reflexamente protegidas). Cedo esta conceção foi posta em questão,
pois a marca é muitas vezes um sinal anonimo, sem qualquer menção ao titular ou a empresa e
a mesma pode ser usada por varias empresas de grupo, ou titulares de licença, ect. Esta
conceção tradicional falhar claramente nas marcas coletivas de certificação (230º CPI) bem
como em casos em que é legítimo dois ou mais sujeitos não ligados usarem a mesma marca
para produtos idênticos ou semelhantes – 243º (o titular da primeira registada marca autorize)
267º.
Assim a função de indicação da origem é parte da função da marca – nem sempre presente - e
não a função essencial.
As marcas destinam-se a distinguir os produtos através de mensagens. Assim como qualquer
signo, as marcas comunicam ideias por intermediário de mensagens – comunicam, no mínimo,
que os produtos assinalados com a marca são individualizados e distintos de outros bens da
mesma espécie.
Será a função distintiva a única função jurídica das marcas?
242º nº1 – Vemos uma proteção acrescida das marcas de prestigio. Esta proteção rompe o
principio da especialidade, não se limitado a prevenir ou impedir risco de confusão. Falamos
agora de uma tutela direta e autónoma da função atrativa ou publicitária excecional das
marcas de prestigio. Estas marcas tornam-se símbolos de excelência e são conhecidas por parte
significativa do publico interessado.
Marcas de prestigio é um fenómeno qualitativo e não quantitativo. Não é necessário que sejam
marcas de grande notoriedade nem em te ser super-notorias). Para serem de prestigio, as
marcas alem de notórias, hão-de ter boa reputação assente na boa qualidade de produtos
respetivos e eventualmente na singularidade e originalidade dos signos.
A proteção especial de marcas de prestigio é concedida sempre que o uso da marca posterior
procure tirar partido indevido do caracter distintivo ou de prestigio da marca, ou possa
prejudica-lo. Não haverá aproveitamento ilícito se o titular da marca consentir com o registo.
Outra questão: tem as marcas também uma função de garantia de qualidade direta e
autonomamente tutelada pelo direito? Tradicionalmente a resposta é negativa. Não é uma
função autónoma mas derivada da função distintiva, de indicação da origem.
“Nós respondemos afirmativamente.” Por um lado não se como se pode negar uma função
autónoma de garantia relativamente as marcas coletivas de certificação – 230º e 231º 1, a). Por
outro lado, agora em relação a marcas individuais há que ter em conta a al. b) do nº 2 do 269ª
– são ilícitas as diminuições de qualidade suscetíveis de induzir o publico em erro, isto é,
deteriorações qualitativas sensíveis e ocultas ou não declaradas ao publico. Assim, também as
marcas individuais cumprem função de garantia e qualidade autonomizavel da função
distintiva.
Não se conclua que a tutela dos interesses do consumidor e objetivo principal da legislação
sobre marcas. O direito de marcas serve primordialmente os interesses do respetivo titular.

Regime legal das marcas é informado por vários princípios informadores:


o Autonomia da marca – a marca deve ser um sinal extrínseco, independente ou
autónomo ao próprio produto marcado, isto é, este produto deve já estar acabado ou
completo antes de lhe ser posta a marca. Ou seja, a marca não deve ser elemento
constitutivo do produto ou da forma que desempenha. Possibilidade de registo de
marcas bidimensionais – marcas que se baseiam na forma (223º, 1, b) CPI) – enumera
3 modalidades de marcas sem autonomia por serem constituídas pela forma natural,
funcional ou estética do produto, isto é, pelas formas necessárias ao produto (ex.
aguardente tenta registar uma garrafa). Por vezes, e é aí que aparecem as marcas
tridimensionais, desde que a marca ultrapasse a forma estritamente necessária ao
produto, aqui ela eventualmente já poderá ser objeto de registo (p.ex. carro em que se
pretende registar como marca as rodas, carro sem rodas não anda este é elemento

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constitutivo. O que não quer dizer que no entanto, desde que marca ultrapasse forma
necessária ao produto já pode ser. A marca é um sinal extrínseco ao próprio produto.

o Verdade – A prepósito das marcas não tem o principio da verdade manifestações


positivas e necessárias (o sinal pode ser de mera fantasia); a marca é verdadeira se não
for deceptiva ou enganosa. Tem de ser interpretada com muita habilidade pois os
empresários devem utilizar toda a fantasia quando compõe as suas marcas para induzir
o público, mas a marca não pode induzir em erro ou em confusão o público,
estabelece-se um erro sobre o produtor, o local ou outras características
mercadológicas. Ex. pensa-se que o produto é produzido por X e afinal é produzido por
Y, como acontece com a água. Art. 239º, 1 e 2 a); 238º, 4, d) – irregistabilidade de
marcas com sinais que sejam suscetíveis de induzir o publico em erro.

o Licitude (residual) – Registos recusados 238º e 239º

o Eficácia distintiva – as marcas devem ser compostas pelo empresário de modo a


permitir individualizar os produtos marcados de outros produtos idênticos ou afins,
pelo que não podem ser registadas as marcas desprovidas de qualquer caráter
distintivo – 232º, 1, a), pelo que as marcas sem eficácia distintiva não podem ser
registadas. Por outras palavras, não são marcas os sinais (exclusivamente) específicos
(denotam a espécie do produto – ex. “Ovo” ou a figura de um ovo para marca de
ovos.), descritivos (referem-se as características ou propriedades dos produtos – ex.
“Purã lã” para roupa, “1 Litro” para vinho) ou genéricos (designam um género ou
categoria de produtos onde se incluem os produtos que se pretende marcar – ex.
“Refreco” para laranjadas).
Se forem estrangeiras as denominações já podem valer como marcas?
Se pertencerem a uma das línguas comunitário-europeias parece que a regra deve ser
da inadmissibilidade das mesmas como marcas – Portugal é parte do “mercado
comum” ou “único” onde circulam livremente produtos e pessoas. Por sua vez, se
pertencerem a línguas exoticas ou mortas ou muito pouco conhecidas já poderão ser
marcas.
o Marca genérica – constituída ou pelo nome ou pela imagem do próprio
produto marcado. Ex. constituida ou pelo nome ou pela imagem do proprio
produto marcado- não posso registar como marca de produto de televisão, a
marca TV ou marca de computador o próprio computador porque isto é
descritivo do proprio produto. Um detergente não pode ser identificado pela
imagem do detergente, pois são sinais identificativos do próprio produto. Se a
marca visa distinguir um produto de outro exatamente idêntico, então a marca
não pode ser constituída pelo nome do próprio produto – 223º, 1, d).

o Marcas descritivas (223º, c) – as marcas descritivas são compostas por


sinais nominativos ou figurativos que identificam as próprias características do
produto. Não podemos dar a uma marca de ar condicionado a marca de
“refrigeração” pois esse é o próprio destino do produto – estes são exemplos
de conceitos que não diferenciam os produtos uns dos outros. Incluem-se
também aqui de nomes estrangeiros.

o Marcas usuais (223º, 1, g) – expressões que são de uso corrente e que não
podem ser utilizadas para designar uma marca, ex. “super”.

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o Marcas fracas (223º, 1, e) – é constituída por sinais de tal forma


elementares ou inexpressivos que são insuscetíveis de distinguir o que quer
que seja, ex. “ponto de exclamação”; “cor”; “circunferência”. São marcas
desprovidas de elementos diferenciadores. Entre uma marca fraca e uma já
registada às vezes vai apenas uma pequena nuance por poder haver uma
combinação com outros elementos que criem um sinal distintivo.
Todos estes sinais são irregistáveis como marcas quando, repita-se, apenas eles
estejam em causa, quando se pretenda registar marcas exclusivamente compostas
por tais sinais. Contudo, excecionalmente, são registáveis marcas constituídas
exclusivamente por sinais do registo e depois do uso e publicidade que deles foi
feito, tenham adquirido caracter ou capacidade distintiva – 238º nº3. O signo
adquire através de certo uso em segundo ou “secundário” sentido, passando a
distinguir em termos de marca determinados produtos.
É possível que uma marca seja tridimensional (222º, 1) no entanto, nem todas as
embalagens podem ser marcas. Tem de ser embalagens distintivas.

o Novidade e especialidade (239º, 1, a) – destaca-se neste âmbito a novidade (o


registo é recusado a marcas que sejam reprodução ou imitação, pode não ser uma
identidade total mas parcial que faça surgir esse risco de confusão pelo
consumidor/relação de complementaridade no mercado) e a especialidade (as marcas
só têm de ser novas relativamente a outras marcas registadas quanto a produtos iguais
ou afins (relação de afinidade, ex. águas gaseificadas ou águas naturais), nada impede
que seja usado o mesmo sinal como marca para produtos diferenciados).
Assim as marcas tem de ser novas, distintas ou inconfundíveis e tal novidade só tem de
se afirmar no âmbito de produtos idênticos ou afins.
Produtos afins ou semelhantes são produtos com natureza ou características próximas
e finalidades idênticas ou similares. Deve também entender-se que são afins os
produtos de natureza marcadamente diversa mas com finalidades idênticas ou
semelhantes e bens não intermutáveis ou substituíveis que o publico destinatário crê
razoavelmente terem a mesma origem. A relativização deve atuar não a propósito da
afinidade dos bens mas a propósito do risco de confusão. – 245º 1 c)
Quanto às marcas de prestígio, a lei estabeleceu uma exceção à especialidade dizendo
no art. 242º que esta exigência de especialidade já não se verifica pois sempre que
estivermos perante uma marca destas ela beneficia de uma novidade não dependente
de uma exigência de especialidade. O âmbito da novidade não é só um âmbito intra-
sinais mas também inter-sinais, este juízo de novidade tem de ser feito quanto a
marcas como logótipos (239º, 2, a) – uma marca tem de ser nova quanto aos sinais
distintivos do comércio já registados.

Todos estes conceitos são abstratos mas a operação de determinar se os princípios são
observados é uma operação casuística.

Há marcas tão fortes que se acabam por tornar na própria designação do produto. Art. 269º,
nº2, al. a: fenómeno da vulgarização da marca. Quando marca se torna na designação do
produto a marca caduca. A caducidade não é automática, é preciso ser proposta no tribunal. A
marca é um monopólio muito importante nas sociedades de consumo.

Nada impede que use marca que não está registada. No entanto, isso não impede terceiro de
copiar.

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REGISTO
Titular de marca registada é proprietário de um bem imaterial que é a marca. Para que se
constitua um direito de propriedade sob uma marca é preciso que a mesma seja registada (no
INPI) – 224º do CPI. O processo normal de registo é regulado pelos arts. 233º, ss.

No registo de marca não basta fotografia, mas tem de haver uma descrição especificada.
Quanto mais complexa for a marca mais complexas são as especificações. Como qualquer
proprietário pode usar, fruir e abusar. Pode fazer tudo o que pode fazer com qualquer bem:
usar nos seus produtos, na sua correspondência, incluir os designativos marca registada,
onerar a marca, transmitir a marca, contrato de licença de marca (permite a outros explorar).
Tem todos os poderes de um proprietário mas estes poderes não são absolutos:

1. Limite temporal: art. 255º- prazo de 10 anos de direito de propriedade da marca.

2. Ambito territorial – registo de marca é eficaz em todo o território nacional (Art. 4º,
nº1).

3. Limites comerciais: relacionado com chamado esgotamento do direto de marca (art


259º). Os direitos conferidos por registo não permitem a titular proibir uso de marca
em produtos comercializados pelo próprio ou com seu consentimento no espaço
económico europeu. Se comercializo no espaço da UE, diretamente ou indiretamente,
não posso a impedir a comercialização do mesmo produto em território português. Ao
colocar produto em mercado europeu não posso impedir a sua comercialização neste
território. P.ex. A é titular de uma marca, isto significa que só A pode usar aquele sinal.
Se autorizo terceiro a comercializar esse produto num território de um estado
membro, o risco recai sobre ele e, se ele começar a vender produto em território
português o titular da marca não pode dizer que não deixa que bem seja
comercializado em Portugal porque só ele é que pode comercializar aquela marca. Ele
passa a vender com essa limitação do direito à marca, tenho de admitir que no
mercado há concorrência.

 Registo: O art. 224º define que o direito à marca implica um registo é constitutivo. Há
varios tipos de registo:

1) Registo nacional: temos de ir a instituto nacional da propriedade industrial para


registar e processo está previsto nos arts. 233º e ss.

2) Sistema da marca comunitária: marca protegida, confere monopólio em todo o espaço


da UE (art. 247º- remete para regulamento comunitário em matéria de marca
comunitária). Produzem o mesmo efeito em toda a Comunidade Europeia.

3) Registo internacional de marcas: feito na organização mundial da propriedade


industrial. Confere proteção a todos os signatários do acordo de Madrid (art. 248º e
ss). Basta requerer, por intermedio do INPI, o registo da marca na Secretaria
Internacional da Organização Mundial da Propriedade Intelectual; a partir deste
pedido, a Secretaria notificará as Administrações dos países onde se pretende proteção
da marca e a proteção dela em cada um desses países (que não justificadamente
recusarem) será a mesma que a marca teria se neles tivesse sido registada.

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Tem direito de prioridade para o registo o quem primeiro apresentar regularmente o respetivo
pedido (art. 11º).
O registo é então fundamental porque tem natureza constitutiva mas isto não significa que a
marca de facto, isto é, usada mas não registada não tenha algum valor jurídico. A lei chama
marca livre (quando não registada). Art. 227º): durante 6 meses o proprietário de marca de
facto tem com prioridade o poder de registar a sua marca ainda que terceiro tenha registado
antes.
A marca, tal como os outros sinais distintivos, é livremente transmissível (art. 262º):
onerosa ou gratuitamente; inter-vivos ou mortis causa; definitivamente ou temporariamente
(ex: contrato de licença por determinado período ou numa área geográfica).

A marca identifica produtos ou serviços de determinada empresa. Quais os elementos


que se transmitem com empresa? A marca é um dos elementos que fazem parte do âmbito
natural de entrega da empresa. Sempre que empresa seja transmitida, no silencio das partes a
marca de produtos de empresa transmitem se naturalmente (art. 31º, nº5, à contrario sensu).
Nada impede que marca e empresa sigam caminhos de empresa.

Direitos conferidos pelo registo


O titular de uma (lícita) marca registada, gozando da "propriedade e do exclusivo dela" (art.
224º, 1, do CPI), pode naturalmente usá-la para assinalar os produtos respectivos, utilizá-la na
publicidade, transmiti-la e cedê-la em licença de exploração (arts. 31º, 32º, 262º, 264º), etc.
Por outro lado, pode reclamar contra pedido de registo feito por outrem de marca idêntica ou
semelhante (arts. 236º, 237º) — devendo o INPI, haja ou não reclamação, recusar tal registo se
existir risco de confusão (art. 239º, 1, a)) —, propor ação de anulação de registo concedido
contra o disposto na norma por último citada (art. 266º, 1), requerer judicialmente medidas
inibitórias (cautelares ou definitivas) contra violações do seu direito (arts. 338º-1, 338º-N), bem
como indemnizações (art. 338º-L). Por outro lado ainda, o direito do titular de marca é
protegido criminal e contra-ordenacionalmente (arts. 323º, 324º, 336º; v. também o art. 319º).

Limitações aos direitos conferidos pelo registo


O titular de marca registada não tem direito a impedir que terceiros usem na sua atividade
económica o seu proprio nome e endereço ou indicações relativas à especie, wulidade,
quantidade, detino, valor, proveniência geográfica e outras características dos produtos –
apesar de tais signos serem idênticos ou semenlhantes à marca e respeitarem a produtos
idênticos ou afins. No entanto, isto só é assim quando seja feito em conformidade com normas
e usos honestos em matéria professional – artigo 260º, a) e b) do CPI.
O titular da marca registada não tem também o direito de impedir que terceiros usem na sua
atividade económica essa mesma marca, quando tal uso não viole praticas honestas em
matéria profissional e seja necessário para indicar o destino dos produtos, nomeadamente no
caso de acessórios ou peças sobressalentes – 260º c) CPI. Assim, por exemplo, o produtos de
pecas sobressalentes para automóveis “Ford” pode utilizar esta marca desde que revele ais
consumidores não serem essas peças fabricadas pelo produtor de automóveis nem estar ele
ligado.

Causas de extinção da marca:


• Denuncia: art. 38º

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• Nulidade de registo: p.ex. se violar uma norma imperativa ou princípio (art.

• 265º ss).

• Caducidade: art. 269º. A caducidade de uma marca pode ocorrer por 3 motivos:

a. Falta de uso (nº1): não foi objeto de uso sério durante 5 anos consecutivos salvo com
justo motivo. Para efeitos da lei será o mesmo se o titular não usar a marca ou usar a
marca mas não seriamente, p.ex. faz comercialização não séria de produto, apenas
para manter a marca.

b. Vulgarização da marca ( nº2, al.a): fenómeno de desgenerencia da marca quando ela


passa a ser o próprio nome pelo qual o produto é conhecido.

c. Uso enganoso da marca (nº2, al. b): induzir publico em erro sobre natureza, etc. É uma
espécie de projeção de princípio da verdade mas por causa supervivente ao registo. Se
em momento posterior a registo passa a haver desconformidade total entre marca e
características do produto há um uso enganoso da mesma.

No inicio da matéria definimos que além de firma e marca, são também sinais distintivos do
comercio:

1. Recompensa (art. 271º- 281º): é um sinal consistente numa distinção ou premio


conferido a empresario pela qualidade dos seus serviços ou produtos. O art. 271º dá
alguns exemplos. Dão ao seu titular o direito de uso exclusivo sobre determinados
prémios ou distinções que os seus produtos tiveram, sendo reconhecidos. O facto de
as empresas publicitarem nas suas eriquesas não significa que se tratam de títulos
registados. É duvidoso que fosse preciso proteção para sinal deste tipo porque se
publicitassem algo que não tivessem perderiam credibilidade, no entanto, a lei dá-lhe
importância.

2. Logótipo (art. 304º-A ss): é um sinal distintivo que serve para identificar qualquer tipo
de sujeito jurídico que preste serviços ou comercialize produtos (no fundo que esteja
no mercado) para identificar esse sujeito jurídico e/ou a respetiva organização (p.ex.
um dos estabelecimentos deve sujeito) devendo ser constituído por elementos de
representação gráfica (art. 304º-A). Este é sinal politivante ou multifuncional:

- Tem alguma matriz subjetiva a partir do momento que pode ser adequado a distinguir
uma entidade que preste serviços ou comercialize produtos (nº2) - não é
necessariamente entidade comercial mas distingue-se da Firma porque é sinal
facultativo e pode ser composto com mais liberdade do que a firma.

- À semelhança da marca distingue-se por composição gráfica. Mas a marca distingue o


topo de serviço e produtos, enquanto logotipo distingue as unidades empresariais.

- Pode ter uma matriz objetiva porque o art. 304º-A, nº2 nos diz que pode ser utilizado
em estabelecimentos anúncios ou impressos (a lei faculta esta segunda vertente: em
vez de identificar o empresario pode servir para identificar o estabelecimento desse
empresário). É um sinal que dá continuidade a um sinal revogado chamado nome e
insígnia do estabelecimento (especificamente concebido para identificar as unidades e

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estabelecimento do empresario e não tando os produtos que comercializa como a


marca).

3. Denominações de origem e indicações geográficas (arts. 305º -315º): designam


produtos originários de certa zona geográfica. São sinais nominativos especialmente
designados por nomes, pode ser uma localidade, uma região e mais raramente um
pais. Destina-se a identificar no mercado os produtos originários de uma região ou
local determinado e que satisfaçam as condições previstas na al. b, do nº anterior
(nº2), ou seja, cujas qualidades se devem a este meio geográfico ou socialmente
imputáveis a este. Visa-se tutelar a posição geográfica para relacionar produto com
aquele local. Ex: queijo da Serra, vinho de Porto. Tem de ser sinal nominativo, isto é,
composto por expressão verbal, palavras pelo que a indicação de latitude ou longitude
não é sina de indicação geográfica.

- Denominação de origem: ligação mais intima entre produto e localização geográfica

- Indicação geográfica: basta que qualidades reputacionais daquele produto estejam


relacionados com aquele meio geográfico muito embora possam ai não ser produzidos
ou transformados (não é necessária uma ligação tao intima).

Estes são os sinais típicos, mas agora iremos ver os atípicos: sinais que não estão tutelados ou
regulados na lei portuguesa mas não deixam de ser sinais de comercio de relevo crescente

Nome de domínio: sinal nominativo constituído por direção ou endereço eletrónico, numérico
ou alfanumérico que serve para identificar computadores na rede e aceder a sítios nessa rede.
Ex: WWW é no fundo uma rede de computadores ligados e o que permite isto é o endereço
eletrónico do qual tem de fazer parte o nome de domínio. Os nomes de domínio são
constituídos por pontos diferentes: 1º constituídos por nome de titular; há ainda designação de
pais ao qual esta associado esse nome de domínio (p.ex. .pt; con). O nome de domínio acaba
por ser sinal distintivo do comercio atípico porque não esta consagrado na lei. Estas regras do
nome de domínio é um regime jurídico embrionário feitas pela fundação pelo que ainda não
tem estatuto de regras legais. Art. 1303º CC: só há casos de propriedade sobre bens
incorpóreos nos casos em que a lei o disser- apesar de não ter regime legal é um sinal
importante que no futuro acabara por canabalizar todos os outros sinais. Hoje é difícil existir
empresas com alguma dimensão que não tem ou serviços ou publicidade na internet e para
isso tem nome de domínio. O que hoje se verifica muitas vezes é utilização de nome de
domínio como forma indireta de fazer concorrência a empresas estabelecidas. É possível que
este sinal quando deixe de ser apenas nominativo substitua a marca. Nas regras de registo de
nome de domínio existem princípios muito parecidos (da verdade, eficácia distintiva, etc)
embora não tenha regulação legal. A gestão de nome de domínio compete a uma entidade: já
foram reguladas pela fundação para ciência computacional, no entanto, atualmente é pela
entidade internacional é CFMS. Isso não significa que depois atribua a titular o uso exclusivo.

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