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Disciplina de Direito Comercial e Empresarial: 2º Ano, 1º Semestre, Data: 08/07/2019

GUIAO DE EXAME DE RECORRENCIA


120 MINUTOS

1. Jonas de Almeida adoptou uma firma com o nome dele, só que, agora que se associou ao Manuel,
juntaram os nomes e querem registar a firma com os seus dois nomes. Que tipo de firma temos,
antes e depois? (2.00 Valores)

R: Quer antes ou depois de se associar ao Manuel, esta firma é uma Firma-nome porque é
formada por um nome ou demais pessoas.

2. Diga quais os tipos de empresários comerciais que conheces? (2.00 Valores)

R: Nos termos do artigo 2 do Código Comercial, são empresários comerciais, designadamente, as


pessoas singulares ou colectivas e as sociedades comerciais.

3. Qual é a diferença existente entre um estabelecimento comercial e uma sociedade


comercial? (2.00 Valores)

R: São vários aspectos que permitem distinguir um estabelecimento comercvial da sociedade


comercial, designadamente, a personalidade e capacidade juridicas, a alienabilidade, entre outros.
Nesse sentido, enquanto a sociedade comercial dispõe de personalidade jurídica, a susceptibilidade
de ser sujeito de direitos e deveres, o estabelecimento comercial é apenas um instrumento que o
empresário comercial utiliza para realizar as suas actividades comerciais. E, como tal, o
estabelecimento comercial só pode pertencer a uma única sociedade comercial, ao contrário desta
que pode ter mais do que um estabelecimento comercial. Para além disso, o estabelecimento
comercial tem a particularidade de ser transmissível, quer entre vivos como mortis causa,
enquanto a uma sociedade comercial, enquanto pessoa jurídica ou empresário comercial, é
insusceptível de alienação a qualquer título. A sociedade comercial tem capacidade jurídica
enquanto o estabelecimento apenas precisa de ter o elemento patrimonial, pessoal, a clientela, o
aviamento para o seu funcionamento.
4. Haniel, de 17 anos de idade tornou-se sócio maioritário da empresa Comida de Qualidade Lda.
pretendendo assumir a liderança da respectiva empresa. Este procura ajuda de um consultor da
área empresarial de forma a orientar para que tudo seja em conformidade com a lei. Suponha que
sejas o consultor que o Haniel necessita. Que conselho a dar? (2.50 Valores)

R: Haniel é menor de idade. Com efeito, enferma de vício de incapacidade para o exercício
profissional da actividade empresarial. Pois, apesar de possuir personalidade jurídica e capacidade
jurídica (de gozo, desde o seu nascimento), portanto, a susceptibilidade de ser sujeito de
relações jurídicas e ser titular de direitos e de obrigações, Haniel só adquirirá capacidade de
exercício – a susceptibilidade de exercer por acto próprio os direitos e obrigações de que é titular -
quando atingir a maioridade (aos 21 anos de idade), pois a lei entende que só aí terá o
discernimento necessário para prosseguir, por si, os seus interesses, nos termos dos artigos 122,
123, 129 e 130, todos, do Código Civil, o que lhe impede, inclusive, de ser um empresário
comercial, nos termos dos artigos 9 e 10, todos, do Código Comercial.
Nesta ordem de ideia, apesar de tratar-se de Sociedade por Quotas, nos termos dispostos no artigo
285 do Código Comercial, e apesar da expressa dispensa legal da autorização ou da emancipação
do menor para participar como sócio, é proibida a participação do menor na administração da
sociedade comercial. Deverá, portanto, Haniel esperar pela sua maioridade para assumir a
liderança da sociedade, nos termos acima expostos.

5. A celebração do matrimónio pelo empresário comercial é um acto de comércio. Verdade?


Comente. (2.50 Valores)

R: É falso afirmar que a celebração do matrimónio pelo empresário comercial é um acto de


comércio, por um lado, porque o casamento não é especialmente regulado pelo Código Comercial
como um acto praticável em atenção às necessidades de empresas comerciais, por outro, porque
em nenhum caso é realizado (praticado) no exercício de uma empresa comercial, conforme dispõe
o no 1 do artigo 4 do Código Comercial. E faz sentido, uma vez que só são actos comerciais os
actos praticados por um empresário comercial no exercício da respectiva empresa, se deles e das
circunstâncias que rodeiam a sua prática não resultar o contrário (n o 2 do artigo 4 do C. Com.).
Assim, o casamento celebrado, embora pelo empresário comercial, seja considerado um acto civil,
portanto, regulado pela lei civil.

6. Após Jonas e Manuel terem registado a sua nova firma, passados 180 dias viram uma
publicação no Boletim da República, publicando mais uma empresa registada com o mesmo
nome.
a) Que princípio podemos chamar à colação a este caso e em que consiste? (2.00 Valores)

R: Estamos no âmbito do princípio da exclusividade. Apesar de o Código Comercial não prever


expressamente, este cinge-se mais à protecção do uso ilegal da firma por parte de terceiros. Este
princípio impõe que a firma deve ser exclusiva do ente a que diz respeito, porém, tal só acontece
após o registo pelo titular e na entidade competente. Por isso, a exclusividade assiste aquele que
regista em primeiro lugar.

b) O que Jonas e Manuel devem fazer? (2.00 Valores)

R: Eles podem requerer a declaração de nulidade ou anulação (art. 24 e 38, todos, do C. Com).

c) Diga qual é a relevância do registo da firma? (2.50 Valores)

Nos termos da conjugação dos artigos 58 e 1, respectivamente, do Código Comercial e


Regulamento de Registo de Entidades Legais (RRL), aprovado pelo Decreto-lei no 1/2006, de 3 de
Maio, a relevância do registo da firma consiste em: dar publicidade à situação jurídica dos
empresários e empresas comerciais, tendo como finalidade a segurança jurídica aos actos
comerciais praticados pelos empresários comerciais, assegurar a protecção jurídica da firma a
nível nacional, atribuindo ao empresário comercial o direito de uso exclusivo da firma adoptada
(nome comercial do empresário comercial) e o direito de agir contra terceiros em caso de violação
dos seus direitos subjectivos e interesses legítimos (artigos 24 e 25, todos, do C. Com.).

7. “Quem não sendo sócio da sociedade se comporte perante terceiros, por qualquer forma, como
se o fosse, responde solidariamente com os sócios perante quem tenha negociado com a sociedade
na convicção de ele ser sócio”. Em que tipo de sociedade encontramos esta característica?
Explica o seu significado. (2.00 Valores)

R: Trata-se de uma sociedade em nome colectivo (artigo 253 C. Com ss). Significa que qualquer
pessoa quer trabalhador ou não, independentemente da sua categoria na empresa, caso faça passar
por uma posição de sócio ou não dissipar perante a quem esteja a negociar de que não faz parte do
pacto societário da firma, em caso de responsabilização perante qualquer acto inerente a esta
negociação, será também chamado a responder juntamente com os sócios.

Fim

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