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AULA 3 – DIREITO COMERCIAL

TEMA: SUJEITOS JURÍDICOS-COMERCIAIS

1. O COMERCIANTE
1.1.O COMERCIANTE E O EMPRESÁRIO
2. O COMERCIANTE COMO PESSOA SINGULAR
3. O COMERCIANTE COMO PESSOA COLECTIVA

1. O COMERCIANTE

No nosso dia-a-dia é comum ver, pessoas a negociar produtos ou serviços quer dentro de um
estabelecimento comercial ou não. Portanto, seria correcto chamá-los de comerciantes?

Para responder a questão formulada supra, é imprescindível sabermos quem é um


comerciante, quais são os requisitos fulcrais para o ser e como estão classificados.

O artigo 1º do código comercial dispõe que os actos de comércio podem ser praticados pelos
comerciantes e não comerciantes. Mas a maioria é praticado pelos comerciantes.

Quem são então os comerciantes?

Os comerciantes são o suporte subjetivo do comércio. São os comerciantes que praticam o


comércio, que o exercem profissionalmente. Sem os comerciantes não há comércio.

O legislador não se preocupou com a definição legal de comerciante e em vez disso preferiu
indicar quais são as categorias legais dos comerciantes.

O Código Comercial determina, no seu artigo 13º, quem são comerciantes:

1º as pessoas que, tendo capacidade para praticar actos de comércio, fazem deste profissão.

2º as sociedades comerciais.

Resulta desta disposição que há duas categorias de comerciantes: 1º o comerciante em nome


individual/ 2º as sociedades comerciais.

Quanto aos requisitos para ser considerado comerciante, temos:

Capacidade para prática do Comércio: Aqui se exige a capacidade de exercício seja igual à
capacidade comercial (art 67º do C.civil), por força do artigo 7º do C.Com. Deste modo, os
menores, os inabilitados, os interditos e as pessoas acidentalmente incapazes não podem
adquirir a qualidade de comerciante, a não ser nos seguintes casos:

 No âmbito das excepções do artigo 127º do C.Com.


 Na condição de o comerciante ser exercido pelos seus representantes legais.
 No caso do menor, o suprimento pelo poder paternal, uma vez obtida a prévia
autorização judicial quanto Necessária. (Art 141º C. Fam).
 Ao abrigo do artigo 8º do C. Com.

Fazer do Comércio sua Profissão: para além da prática de actos comerciais, é necessário
que a pessoa em questão faça da prática desses actos de comércio a sua profissão. Exige-
se, pois, a prática regular, habitual e sistemática de actos de comércio, nota-se ainda que à
noção de profissão está subjacente a ideia de que quem exerce o comércio visa dele os
recursos que assegurem a sua subsistência, ou que para ela contribuem.

Exercer o comércio em Nome Próprio: Quer dizer que o exercício do comércio deve ser
pessoal, independente e autónomo (sem subordinação a ninguém). É o comerciante que
organiza os factores de produção em conformidade com os artigos 230º e 463º do código
comercial.

1.1.O COMERCIANTE E O EMPRESÁRIO

A expressão “comerciante” é a fórmula técnica correta para designar o sujeito que actua no
Direito comercial, com os atributos do art. 13º.

Países como Itália, Brasil e Alemanha, não adotam nas suas legislações o termo comerciante,
mas sim empresário, por entenderem que os empresário, são aqueles que têm seu negocio
organizado e legalizado, em contrapartida, consideram como comerciante aqueles que
desempenham actividades intelectuais ou manuais, como: os agricultores, pescadores, o
artista prático, etc.

Quanto a nós, o legislador nada dispõe sobre quem pode ser ou não ser empresário, portanto
na linguagem corrente, a expressão “comerciante” tem sido substituída por “empresário”,
locução prestigiada.

2. O COMERCIANTE COMO PESSOA SINGULAR

Comerciante como pessoa singular ou em nome individual é alguém que constitui uma
empresa da qual o próprio é o único titular. Por norma, estas empresas são mais direcionadas
para pequenos negócios, tendo um investimento reduzido e de baixo risco.

Neste tipo de empresa o nome comercial deverá ser constituído pelo nome civil completo ou
abreviado do comerciante e poderá incluir (ou não) uma expressão relacionada com a
actividade exercida. No caso do empresário ter obtido a empresa por sucessão, pode
acrescentar ao nome “sucessor” ou “herdeiro”. Exemplo: Rafaela Fortunato, Vendas de
Cosméticos; R.F, Vendas de Cosmético; R.F, Vendas de Comércio “Sucessora”.

Vantagens:

1. Simplicidade de Criação

Constituir e encerrar este tipo de empresa é simples e sem grandes burocracias ou papeladas.

2. Possibilidade de Isenção de IVA

Caso esteja no regime simplificado de tributação e não ultrapasse kz. 1.200.500,00 de volume
anual de negócios, o comerciante em nome individual pode usufruir da isenção de IVA, (art. 12
do CIVA).

3. Sem Capital Social Mínimo

Não é obrigatório capital social mínimo para iniciar a atividade como comerciante em nome
individual, dado que o empresário responde sempre pelas dívidas da empresa.

4. Uso do Património da Empresa


Como responde a nível pessoal pelos prejuízos da empresa, também pode utilizar o património
relacionado com a actividade profissional em caso de dívidas pessoais ou do cônjuge.

5. Com Baixo Custo Fiscal

A tributação do empresário em nome individual é realizada segundo o seu rendimento anual,


podendo ser beneficiado, com diversas isenções fiscais.

Desvantagens

A grande desvantagem é o facto de não existir separação do património. O comerciante em


nome individual responde, de forma ilimitada, pelas dívidas contraídas durante o exercício da
actividade.

Isto implica todo o património do comerciante (relacionado com a actividade ou bens pessoais
como casas, veículos ou terrenos) e do seu cônjuge, caso seja casado em regime de comunhão
de bens, ou se a divida foi usada em proveito comum do casal.

Como Constituir

Para o registo do comerciante em nome individual é necessário bilhete de Identidade, número


de telefone e email e pagamento do emolumento devido (21.380.00 Kz), Junto ao Guichê Único
de Empresa.

COMERCIANTES COMO PESSOAS COLECTIVAS

As Sociedades Comerciais

O artº 13 no. 2 refere-se às sociedades comerciais como sendo comerciantes. As sociedades


comerciais constituem, pois, a segunda categoria de comerciantes. A lei de Sociedades
Comerciais estabelece no art 1. N.° 2 “sociedades comerciais são aquelas que têm por objecto
a prática de actos de comércio e se constituem nos termos da presente lei”. Portanto as
sociedades Comerciais têm um objecto que é a prática de actos de comércio, e uma forma, que
consiste na adopção de um dos tipos sociais previstos na lei (principio de tipicidade).

O art.980 do C. Civil, se encontra a noção de sociedade, e dispõe que, “Contrato de sociedade é


aquele em que duas ou mais pessoas se obrigam a contribuir com bens ou serviços para o
exercício em comum de certa actividade económica, que não seja de mera fruição, a fim de
repartirem os lucros resultantes dessa actividade”.

Incompatibilidades Legais para o Exercício de Comércio

A noção de incompatibilidade está associada a impossibilidade de certo sujeito em função da


posição determinada que ocupa, estar impedido de practicar certos actos ou negócios. Não
quer dizer que ele não tenha capacidade e muito menos a possibilidade física de o fazer.

Tem, a impossibilidade de o fazer por força da posição que ocupa nesse dado momento
podendo cessar se tal posição deixar de existir relativamente a pessoa que recaia a
proibição.Exemplo: Artigo 179 No. 5º da CRA. Nesta situação estão os magistrados que por
força da Constituição de modo geral e do seu estatuto não podem ser simultaneamente
magistrados e empresários comerciais. Outros casos de incompatibilidades em que o legislador
visou proteger a dignidade de certas profissões são:

Gerente: art.248 C.Com


Gerente SQ: art. 281º E 287 da LSC

Administradores SA: Art. 419 LSC

Sócios comanditados: Art. 213 LSC

Magistrados: art. 179 N.° 5 CRA.

Militares: Regulado em lei especial

Titulares de órgãos de soberania; outros cargos políticos, altos cargos públicos ou


equiparados.

Outras Pessoas Colectivas que não são Comerciantes

No entanto ha sociedades que não visam o lucro mas adoptam um dos tipos previstos no
código e por isso sujeitas a este mesmo regime.

Se uma sociedade adopta um dos tipos previstos e permitidos para as sociedades comerciais,
aplica-se o C.Com independentemente de ser civil ou comercial.

Existem três casos que merecem ser considerados quanto a questão do âmbito do nº1 do art
13, São eles:

- As sociedades civis sob forma comercial,

- as empresas públicas e,

- os agrupamentos de empresas.

1- Sociedades civis sob forma comercial: As sociedades civis sob forma comercial estão
sujeitas a matrícula, e sendo a matrícula um acto exigível aos comerciantes e as demais
entidades e no art 122º da lei nº 1/97 sobre simplificação e modernização dos registros predial,
comercial e notarial. Esta matricula abala o entendimento de que estas sociedades não são
comerciantes, estão apenas sujeitas por equiparação, como bem refere o nº 3 do art 1 da Lei
de Sociedades comerciais, ao regime das sociedades comerciais, sem que com isso lhe seja
genericamente aplicável o regime dos comerciantes. Ex: Escritório de Advogados.

2- Empresas Públicas: Não devem ser rigorosamente qualificadas como comerciantes, mas no
que respeita à sua capacidade jurídica e às normas aplicáveis aos seus actos, estão pela lei
equiparadas aos comerciantes. E uma dessas normas que lhes é aplicável é precisamente a 2
da parte do artigo 2 do C.Com, considerados e subjetivamente comerciais os actos por elas
praticadas. Exemplo: ELISAL, BDA, BODIVA, etc.

Em face disso se pode concluir que não ha-de ser por força da sua qualificação como
comerciante, mas antes pela sua equiparação expressamente consagrada na lei que as
Empresas públicas gozão do mesmo regime privado dos comerciantes, ressalvadas as
restricções referentes à finalidade do registo comercial e ao regime falimentar(artº59 lei das
empresas públicas). Sendo assim fica descartada a sua inclusão em qualquer dos números do
art 13 do C. Com.

3-Agrupamentos de Empresas (ACE): Pessoas colectivas cujo regime jurídico costa da lei 4/73,
e do D/L 430/73, de 25 de agosto, o objectivo legal desse agrupamento consiste em melhorar
as condições de exercício ou os resultados das actividades económicas das pessoas (singulares
ou colectivas) nelas agrupadas. Podem ter como fim acessório a realização e partilha de lucro,
mais nunca pode ser seu fim principal. Não são necessariamente comerciantes. Exemplos:
Atlas Group, Angoalissar, Nobel Group, Angorayan, Alimenta Angola, Newaco Group,
Africana Discount, Dimassaba, Selmata, Anseba.

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