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Doutrinas Direito Comercial I

Maria Cano Salgado


Leis avulsas que não se autoqualificam como atos de comércio objetivo:

 Coutinho de Abreu: Analogia legis e recusa a analogia iuris para incluir estes
atos
 Guilherme Moreira + Mário de Figueiredo: Recusam esta possibilidade.
o Argumentos: Letra da lei parece ir neste sentido e seria ir contra a
segurança e certeza jurídica permitir a analogia na determinação de atos
mercantis.

Capacidade dos menores para atos de comércio:

1889º CC – Permite que os pais enquanto representantes do filho (ou o tutor ou


administrador de bens) e autorizados pelo MP, adquirir estabelecimento comercial ou
industrial ou continuar a exploração que o filho haja recebido por sucessão ou doação.

 MC: Defende que tendo em vista o 127º CC, os menores têm capacidade para o
exercício e para a prática dos respetivos atos mercantis, quando para isso
autorizados pelos respetivos representantes legais.
 CA: Discorda, dizendo que não parece que a lei tenha querido criar um. risco tão
elevado para terceiros, porque sobre estes atos só responderiam os bens sobre os
quais o menor tivesse livre disposição.

Requisitos do art. 13º:

 Capacidade 7º e 67º CC (cumprida para todos) para a prática de atos de


comércio
 Fazer do comércio profissão
 Exerce em nome próprio

Art. 13º, está aqui capacidade de gozo ou exercício?

 Maioria da doutrina – Acha que é capacidade de exercício


 Mário de Figueiredo – Capacidade de gozo
 MC – Acha que a situação equivale ao direito civil, menores e maiores
acompanhados podem praticas pelos tutores, excepto no caso dos menores que
está no CC.

Art. 13º, quando fala em comércio refere-se à atividade qualificada pela lei como
comercial, e que se traduz em atos, mas não é a prática habitual e sistemática, de
quaisquer atos que permite qualificar como comerciantes
 Não podem ser atos de comércio subjetivo
 Não podem ser atos formalmente comerciais
 E os atos acessórios?
 OA e maioria da doutrina: Não podem ser
 CA: Regra geral não podem ser, mas nem sempre assim sucede.

Pessoas semelhantes a comerciantes, são para MC:

 Mandatário comercial 230º, tem de ter poderes representativos ou será


classificado como comissão comercial
 CA: Não é comerciante, porque os atos por ele praticados produzem
efeitos na esfera do mandante e o mandato comercial não é comércio 13º
 Januário Gomes: São comerciantes, praticam duas categorias de atos
(atos realizados em nome do mandante + exercício do próprio mandato
mercantil). Por esta última, tem de ser considerado comerciante, porque
exerce profissão de comércio e. é um ato de comércio em sentido
objetivo 231º n.2

 Gerentes, auxiliares e cacheiros 248º, 256º e 259º, atos feitos em representação


do comerciante
 José Tavares: São comerciantes
 CA: Não são comerciantes, discorda do preceito do CComercial e
defende que o devemos interpretar de forma atualista. Considerando que
estes são trabalhadores subordinados, e não mandatários porque não
realizam apenas atos jurídicos ou de comércio.

 Comissários
 CA: Só deve ser considerado comerciante quando execute a título
profissional contratos de comissão
 Pinto Coelho: Os comerciantes têm de exercer atos em seu nome e por
sua conta, logo este só seria comerciante quando atendendo às
circunstâncias em que desenvolve a sua atividade, se enquadrar no
conceito do art. 13º n.1

 Também são os profissionais liberais (advogados, farmacêuticos...) que tenham


empresas.
 ML: Discorda desta equiparação.

Pessoas singulares para serem comerciantes têm de ter capacidade para praticar atos de
comércio isto é:
 Mário de Figueiredo: Exigência de capacidade de gozo direitos, aptidão para ser
sujeito de relações jurídicas.
 Maioria + OA + Lobo Xavier: Exigência de capacidade de exercício de direitos,
capacidade para atuar juridicamente por ato próprio ou mediante procurador.
 Coutinho de Abreu: Exige capacidade de exercício de direitos, por conjugação
do artigo 13º do CComercial. Mas diz que há exceções legais, caso contrário
nem os menores nem os menores acompanhados poderiam ser comerciantes
1889º n.1 c) e 145º n.4 e 5 CC.

Artigo 230º refere-se apenas a empresas comerciais?

 José Tavares + Cunha Gonçalves: Empresas aqui previstas significa o mesmo


que comerciantes/empresários. Aqui olha-se para a empresa como uma
organização e não uma atividade.
Contra-argumentos:
 Não faz sentido dizer-se que estamos perante comerciantes
porque já há o artigo 13º, logo por um argumento sistemático não
faria sentido
 O elemento histórico, porque há altura não havia o conceito de
pessoa coletiva

 Coutinho de Abreu + OA + MC: Estas empresas são séries ou complexos de atos


comerciais (objetivos) enquadrados organizativamente.

Artesanato 230º

 Coutinho Abreu – quando há empresa comercial, em que não se exerce


diretamente a sua atividade considera que são comerciantes. Mas se estivermos
perante artesãos que estão diretamente ligados com o trabalho na matéria, não
são comerciantes.
 PPV - Apesar do 230º ter normas que excluem certas empresas como
comerciais, o que releva é a empresabilidade do ato, se aquela atividade se
esgota na fruição do bem, não se aplica o regime comercial. Se se verificar
empresabilidade

Agricultura 230º

 Coutinho de Abreu: Considera que se excluem todas as empresas agrícolas em


sentido amplo, logo abrange também as empresas florestais e pecuárias.
 ML: Ideia secular. Atualmente muita resistência, porque isto está pensado para a
agricultura tradicional, não para casos como a empresa agrícola. A empresa
agrícola tem o mesmo tipo que as empresas comerciais clássicas e por isso parte
da doutrina como PPV acha que se tem de interpretar de forma atualista, e
interpreta restritivamente esta exclusão, para apenas se aplicar à agricultura
tradicional.
As empresas, no direito, revelam-se em duas aceções:

 Sentido subjetivo: Empresas como sujeitos jurídicos que exercem uma atividade
económica
 Sentido objetivo: Empresas com sujeitos ou estrutura produtivo-económicos
objetos de direitos e de negócios

Âmbito do estabelecimento comercial em caso de negócios

O estabelecimento comercial divide-se no ativo (coisas corpóreas e incorpóreas) e no


passivo

Coutinho de Abreu tem dividido os elementos do negócio de trespasse em:

 Âmbito essencial – Elementos necessários e suficientes para a transmissão (para


identificar a empresa).

 Âmbito natural – Elementos que supletivamente são transmitidos com o


estabelecimento. São bens que sendo ou não essenciais contribuem para a
organização e são parte do estabelecimento.

 Âmbito convencional – Elementos que apenas se transmitem por estipulação


expressa ou tácita

Jurisprudência O âmbito necessário ou mínimo do estabelecimento como valor


negociável pressupõe, pois, a presença de um conjunto de elementos adequado a
projetar no público a imagem da empresa, só pode ser determinável no caso concreto.

A entrada em funcionamento de uma dada organização não pode, pois, ser erigida em
critério de reconhecimento dessa organização como estabelecimento comercial ou
industrial.

Para se qualificar como estabelecimento comercial determinada organização, não é


forçoso que estejam presentes todos os elementos que hão de concorrer para o seu eficaz
e perfeito funcionamento. Bastará que se encontrem reunidos os elementos essenciais
que individualizam e dão consistência ao estabelecimento.

Os prédios (imóveis) enquanto parte do âmbito natural:

 Orlando de Carvalho: Considera que não fazem parte do âmbito natural


 Coutinho de Abreu + Ferrer Correia: Fazem parte dos elementos do âmbito
natural. Se nada for dito em contrário ou se poder retirara do negócio a vontade
de o excluir, então este transmite-se com a transmissão do estabelecimento.
Nos casos em que um ou mais elementos exigem forma escrita?

Embora o trespasse não tenha exigência de forma, deve-se considerar uma interpretação
sistemática do 1112º n.3, exigindo-se a forma escrita.

A transmissão da posição do arrendatário 1112º CC, caso este não faça parte do âmbito
essencial:

 Coutinho de Abreu + Mota Pinto: Acha que a transmissão da posição do


arrendatário faz parte do âmbito natural.

Nota: O senhorio tem um direito de preferência no trespasse 1112º n. 4.

1112º, tem 3 requisitos para o trespasse:

 Comunicação
 Transmissão por escrito do âmbito mínimo
 Doutrina costuma acrescentar ainda o envio de um exemplar ao senhorio

A responsabilização ou co-responsabilização do trespassário pelas dívidas relativas ao


estabelecimento anteriores ao trespasse

 Jurisprudência e doutrina maioritária (Vaz Serra): Negam a transferência


automática das dívidas, em harmonia com o 595º.

A transmissão de débitos exige a ratificação dos credores, caso esta inexista

Mota Pinto: Deve-se dar ao trespasse o sentido de uma co-assunção de


dívidas pelo trespassante e pelo trespassário

 Fernando Cardoso: Acha que as dividas exploracionais se transferem


automaticamente.

Obrigação implícita de não concorrência (só se coloca quando as partes não estipulam
expressamente esta obrigação):

 Barbosa de Carvalho +Coutinho de Abreu: Defendem a sua existência. Para o


professor Coutinho de Abreu esta pode vincular outras pessoas para além do
trespassante p.e o cônjuge, os filhos quando tenham colaborado com o
trespassante, e os sócios que tenham conhecimentos quanto à empresa
trespassada. Limitadas pelo limite material, temporal e espacial.

Formas de defesa:
 Pode exigir indeminização por perdas e danos 798º CC
 Resolver o contrato 801º n.2
 Intentar ação de cumprimento 817º
 Requerer sanção pecuniária compulsória 829º- A
 Exigir encerramento do novo estabelecimento 829º n.1

 Pais de Vasconcelos: Nega esta obrigação, argumentando por analogia ao art. 9º


do DL 178/86 de 3 de Julho e com o art. 136º do CT. Fundamenta-se na
autonomia privada das partes, logo o que não está regulado é permitida.

Nota: Se o trespassante já exercia atividade similar noutra ou noutras empresas,


não fica impedido de continuar. Esta obrigação pode ser contratualmente
afastada.

Prazo para a comunicação (jurisprudência diz se deve transmitir exemplar) que o


trespasse:

 Há doutrina que defende que tem prazo de 15 dias 1038ºg)


 Defende que prazo de 31 dias, espírito e ratio legis 1059

Aplicamos ao trespasse o 424 (cessão da posição contratual):

 OA - Não aplica este artigo, porque estamos dentro do direito comercial e


considera que deveríamos de usar respostas dentro do direito comercial, e
aplicando assim o 1112º n.1 a).
 Jurisprudência + Coutinho de Abreu – Aplica, exigindo a vontade do contraente
cedido.

A clientela enquanto elemento, ou não, do estabelecimento comercial

 Coutinho de abreu: Desconsidera a clientela como elemento do estabelecimento


 Oliveira Ascensão: Rejeita a qualificação da clientela como elemento essencial
 Pinto Furtado: Considera a clientela como elemento constitutivo e integrante do
estabelecimento
 Gravato Morais: Considera-a como um elemento natural do estabelecimento
comercial.

Quanto ao aviamento, ou seja, a aptidão lucrativa do estabelecimento comercial:

 Doutrina dominante (Ferrer Castro), o aviamento não seria um elemento, mas


sim uma qualidade do estabelecimento comercial, designando a sua
suscetibilidade de produzir lucros
 Nuno Aureliano: Distingue entre aviamento objetivo e subjetivo, considerando
que só o primeiro é transmissível.

Se for dado um destino distinto ao prédio, segundo o 1112º n.5 pode resolver.

 CA: Esta norma cria um fundamento de resolução autónoma face ao 1083º n.2
c), uma vez que não têm um campo de aplicação necessariamente coincidente,
que são as situações em que embora haja mudança do fim continua a haver
trespasse.
 Pinto Furtado: Não cria um fundamento de resolução autónomo, uma vez que se
apesar da mudança tiver existido trespasse, só há fundamento de resolução se o
contrato de arrendamento não permitia destinar a outro fim, caso este já previsto
no 1083º n.2 c).

112º CCivil

 n.2 b) – olhamos para a intenção de mudar o estabelecimento


 n.5 – alarga a proteção dada ao senhorio, depois do contrato se se mudar a
finalidade do estabelecimento

Locação do estabelecimento 1109º

Forma: Escrita, aplicável o 1112º n.3, sob pena de nulidade

As obras de conservação: Devo aplicar analogicamente o 1111º:

 Coutinho de Abreu: Inaplicável, porque esse artigo versa sobre obras em prédios
e relações entre senhorio e arrendatário.
 Ricardo Costa: Considera aplicável

30º n.3 exige que haja cláusula de transmissão dos sinais. Coutinho de Abreu considera
que deve haver uma redução teleológica no caso de locação, de forma que não se exija a
cláusula específica.

A posição do empregador transmite-se pelo período da locação 285º n.2 CT.

Transmite-se naturalmente o gozo do prédio, quando o estabelecimento funcione em


prédio arrendado.

Nota: Diferente da cessão de exploração porque esta última é uma transferência


temporária do estabelecimento, independente do título, é atípica. Ferreira Gomes diz
que na cessão de exploração podemos ter um comodato ou uma locação

Insolvência
Art.3º n.1, a quem se aplica?

 Jurisprudência + ML: Aplica-se tanto a pessoas coletivas como a pessoas


singulares

Qual a relação existente entre os dois critérios fornecidos para determinação da


existência de uma situação de insolvência?

MC + ML – O 3º n.1 é o critério principal, que é complementado no caso das pessoas


coletivas e dos patrimónios autónomos pelo critério do 3º n.2.

Catarina Serra – Considera que estes critérios são autónomos entre si, não se precisando
de verificar o primeiro para que se esteja perante uma situação de insolvência.

Nota: João Labareda considera que o atraso do pagamento dos salários, mas em que se
continue a cumprir as outras obrigações não nos permite retirar que esta pessoa está
numa situação de insolvência.

Art. 3º n.4 apresenta a possibilidade de insolvência iminente, ou seja, ainda não se


venceram as dívidas, mas através de uma prognose pode supor-se que irá ser incapaz de
cumprir. Mas qual o prazo para verificação dos efeitos dessa prognose?

 ML: Não pode ser fixado em abstrato


 Rosário Epifânio: Fixa um prazo mínimo de um ano.

Art. 2º n.2 a) quem são?

 Pessoas coletivas públicas: Pessoas coletivas de base territorial (Estado, regiões


autónomas e autarquias locais), associações públicas e institutos públicos.
 Entidades públicas empresariais: pessoas coletivas de direito público com
natureza empresarial criadas pelo estado.

A responsabilidade do requerente da insolvência art. 22º

 MC + Paula Costa e Silva: O alcance desta norma deve ser reduzido com
recurso a uma interpretação integrada. MC diz-nos que desta regra podemos
retirar por imperativo de sintaxe que:
o O requerente é responsável pelos danos que cause ao devedor, com o
requerimento indevido – neste caso, o requerente deve agir com o
cuidado requerido ao bom pai de família 487º n.1 CC
o O devedor é responsável por danos que cause aos credores, com a
apresentação indevida – nesta situação, o devedor tem o dever de se
apresentar à insolvência 18º n.1. Contudo, se essa iniciativa prejudicar os
credores regra geral, um bom pai de família não poderia ser penalizado.
Exceção a isto, é se o devedor tiver agido com dolo ou com negligência
grosseira.
Atenção: O pedido infundado com dolo ou mera culpa, responsabiliza
nos termos do 483º n.1 CC

 ML + Carvalho Fernandes: Em ambos os casos exige-se que não haja nem dolo
nem negligência grave.

A massa insolvente é composta pelos bens:

 Todos os bens do devedor suscetíveis de penhora 601º CC


 Os bens dos responsáveis legais das dívidas do insolvente, mesmo que estes
só respondam a título subsidiário art. 6º n.2
o Sócio único 84º CSC
o Sócios em nome coletivo 175º n.1 CSC
o Comanditados 465º n.1 CSC
o Gerentes e administradores de sociedades, quando pela inobservância
culposa de disposições legais ou contratuais, se gere uma situação de
insolvência.
Nota: Não cabem aqui os sócios de responsabilidade limitada
 Se o insolvente for casado no regime da comunhão de bens ou adquiridos,
entram não só os seus bens, mas os bens comuns 1696º CC. Neste caso pode:
o Ambos se encontram numa situação de insolvência – podem se
apresentar simultaneamente à insolvência ou esta ser requerida contra
ambos 264º e ss
o Cônjuge não é parte no processo, então pode separar os bens próprios
e a sua meação nos bens comuns 141º n.1 b), esta separação pode ser
ordenada pelo juiz a requerimento do administrador da insolvência
que tenha sido instruidor com parecer positivo da comissão de
credores 141º n. 3
 Bens que for adquirindo 120º e ss

Não se inclui na massa insolvente:

 Bens absolutamente impenhoráveis 822º


 Bens parcialmente impenhoráveis 824º, excepto se forem apresentados pelo
devedor 46º n.2
 Paula Costa e Silva: Distingue as impenhorabilidades relativas e as
impenhorabilidades parciais. Considerando que nas impenhorabilidades
relativas os bens podem ser apresentados à insolvência, uma vez que a
suscetibilidade de penhora depende da causa do crédito reclamado. Já
nas impenhorabilidades parciais os bens não podem ser oferecidos pelo
devedor à insolvência.
 Bens pertencentes ao devedor que sejam objeto de restrição de responsabilidade
pelas obrigações deste p.e 1184º CC
Satisfação de créditos 172º:

1º Dividas da massa insolvente, créditos que são consequência da própria situação de


insolvência 51º. Estas não estão sujeitas ao processo de verificação e graduação dos
créditos, não tendo por isso de ser reclamadas art. 128º e ss. Assim, os seus credores
podem exigir diretamente o seu pagamento ao administrador da insolvência.

Se insuficiência da massa insolvente para a satisfação das dívidas que tenham


sido constituídas por ato do seu administrador ele é responsável pessoalmente
por estas. Pode elidir a responsabilidade, se demonstrar que a insuficiência da
massa era imprevisível 59º n.2.

2º Créditos sobre a insolvência, créditos de natureza patrimonial sobre o insolvente ou


garantidos por bens integrantes da massa insolvente e cujo fundamento seja anterior à
situação de insolvência ou adquiridos no decurso do processo art. 47º n. e 3.

47º n.4 distingue e ordena o pagamento dos créditos em:

 Créditos garantidos: Beneficiem de uma garantia real, nelas incluem-se privilégios


especiais (despesas de justiça e créditos ao estado relacionados com o IMT,
imposto de selo). Nela compreendendo não só o valor como os juros, até ao valor
do objeto. Consignação de rendimentos, penhor, hipoteca, direito de retenção.
Nota: Nem a penhora nem a hipoteca judicial fazem parte dos créditos
garantidos em termos do processo de insolvência, embora sejam
garantias reais.
Há garantias que se extingue, com a declaração de insolvência, pelo que
os seus titulares deixam de ser credores garantidos art. 97º.
O pagamento ocorre após a liquidação dos bens objeto da garantia real,
uma vez deduzidas as correspondentes despesas 174º n.1.
 Créditos privilegiados: Beneficiem de privilégios creditórios gerais 47º n.4 a)
mobiliários ou imobiliários (dívidas para o estado, impostos, créditos por despesa
do funeral do devedor, doença do devedor), os quais não constituem garantias reais
por não incidirem sobre coisas determinadas. O seu pagamento surge com base nos
bens não afetos a garantias reais prevalecentes, sendo feito com respeito pela
prioridade e proporção
733º e ss CC – privilégios creditórios
 Créditos comuns: Não beneficiam de garantia real nem de privilégio geral e não
são objeto de subordinação. Assim como os que a garantia real ou privilégio geral
se extinga pela declaração de insolvência 97º ou não possa ser atendida no âmbito
desse processo 140º n.3.
O seu pagamento surge depois da satisfação dos créditos privilegiados,
respeitando-se prioridade e proporção dos respetivos montantes se a
massa for insuficiente para o pagamento integral.
Nota: Se estes credores beneficiarem de garantias de natureza distinta
(p.e pessoais), não afetará a sua classificação enquanto credores comuns,
ainda que o seu pagamento possa ficar condicionada ao não recebimento
da garantia 179º
 Créditos subordinados: art. 48º, são pagos pela ordem apresentada neste artigo. E
só são pagos se ainda restar saldo após o pagamento dos créditos comuns 177º.
Apesar de darem legitimidade para requerer a insolvência, regra geral não
conferem direito de voto na assembleia de credores 73º/3 CIRE, nem permitem
que o titular integre a comissão de credores art. 66º/1.
 Créditos detidos por pessoas especialmente relacionadas com o
devedor 49º, bem como aqueles que tenham sido transmitidos por
estas a outrem por:
 Sucessão derivada da morte 2024º CC
 Cessão de créditos 577º CC
 Sub-rogação 589º CC
 Cessão da posição contratual 424º

ML: A enumeração do art. 49º de pessoas especiais é meramente


exemplificativa
Carvalho Fernandes: Defende o caráter taxativo desta
enumeração.
ML + Carvalho Fernandes: O art. 49º apresenta uma presunção
inilidível, ou seja, as pessoas aí enumeradas não podem afastar a
presunção de que têm uma relação especial com o devedor.
Maria José Esteves + Luís Martins: O art. 49º é uma presunção
ilidível.
Nota: A relação especial tinha de existir aquando da aquisição do
crédito e no caso de transmissão esta tem de ter ocorrido nos dois
anos anteriores ao processo 48º a)
 Juros de créditos não subordinados constituídos após a
declaração de insolvência, os juros que se vençam após a
declaração de insolvência podem ser reclamados no processo,
ainda que, sendo considerados créditos subordinados, o seu
pagamento só possa ocorrer depois de satisfeitos os créditos
comuns. Excecionam-se desta classificação:
o Os juros de créditos abrangidos por garantias reais ou
privilégios creditórios gerais até ao valor do bem – estes
são pagos enquanto créditos garantidos 48º b) e 174º e
175º.
o Os juros relativos às dividas da massa, que são pagos
segundo o regime dessa categoria art. 51º e 172º.
 Créditos cuja subordinação tenha sido convencionada pelas
partes 48º c).
Nota: Parece duvidável que esta convenção possa resultar de
cláusulas contratuais gerais de acordo com o. art. 18º c) e 21º h)
LCCG.
 Créditos que tenham por objeto prestações do devedor a título
gratuito, estes créditos podem igualmente ser igualmente
resolvidos em benefício da massa insolvente 121º n.1 b)
 Créditos sobre a insolvência que, como consequência da
resolução em benefício da massa insolvente, resultem para o
terceiro de má-fé, esta classificação funciona como penalização
do terceiro de má-fé que praticou atos onerosos em prejuízo da
massa insolvente, e que por isso tiveram de ser objeto de
resolução em benefício da massa.
o Deve ser conjugado com o art. 126º n.4 e n.5, assim na
parte em que é dívida da massa insolvente 51º n. 1 i) o
crédito não pode subordinado, devendo por isto
interpretar-se o 48º e) de forma restritiva.
o Má-fé – Real ou presumida 120º. Sendo esta dispensada
nos casos de resolução incondicionada 121º n.1, que pela
gravidade dispensam a verificação deste requisito.
Aos casos do 121º também se aplica a presunção de má-fé do
120º n.4
 Juros de créditos subordinados constituídos após a declaração de
insolvência
 Créditos por suprimentos 243º e ss CSC
 Créditos sob condição 50º
 Sob condição constitutiva
Não são abrangidos pelo vencimento antecipado, determinado
pela declaração de insolvência 91º n.1
 Sob condição resolutiva
São tratados como incondicionados até ao momento em que se
preencha a condição, sem prejuízo do dever de restituir os
pagamentos recebidos, assim que a condição se verifique 94º

E os créditos laborais e os da segurança social? Ver

O prazo do 18º n.1 inicia-se com a insolvência iminente, ou apenas com a insolência
atual?

 ML: O artigo remete para o 3º n.1 e a determinação do momento da insolvência


iminente é muito inseguro. Este prazo só se deve iniciar com a insolvência atual
 Luís Carvalho Fernandes: Deve-se aplicar o art.3º e iniciar o prazo com a
insolvência iminente.
158º n.1 – a venda deve ocorrer independentemente da verificação do passivo, significa
que o incidente de verificação dos créditos não suspende a liquidação da massa
insolvente.

 Diz que a decisão tem de ter transitado em julgado, isto significa que:
1. Insuscetível de recurso
2. Não se tenha deduzido oposição
 Conformidade desta sua atuação com as deliberações tomadas em assembleia.
Caso, o administrador venda contra as deliberações da assembleia?
Paula Costa e Silva defende a aplicação conjugada dos artigos 161º e 163º, ou seja,
no plano externo o ato mantém-se excepto se as obrigações assumidas pelo
administrador excederem manifestamente as da contraparte e no plano interno o
administrador pode ser destituído ao abrigo do 56º n.1 e responsável pelos danos
causados nos termos do art. 59º n.1.

Contratos de distribuição

Salvo no que respeita a agência, a intromissão do legislador na regulação destes


contratos é pontual e fragmentária.

Aplicamos as normas do contrato de agência aos demais contratos de distribuição?

 António Pinto Monteiro (posição cautelar e casuística): Considera que se aplica


este regime aos demais contratos de distribuição. Ressalvando, que esta
aplicação não dispensa, que se analise a finalidade da norma (ratio legis), para se
concluir se a analogia é possível. Bem como uma análise casuística.
 MC: Defende que o contrato de agência assume caráter paradigmático, sendo a
figura matriz dos contratos de distribuição

Agência – os seus elementos essenciais

Art.1º Contrato em que:

 A título independente e de forma autónoma


 Onerosamente 15º a 18º
 Age de forma estável: Tendo em vista, não uma operação isolada, mas um
número indefinido de operações. Deve ser uma atividade continuada, e por isso a
relação não se extingue através de ato de cumprimento.
 Promove a celebração de contratos (prestação de serviços material): É um
contrato de gestão de interesses alheios, uma vez que há um dever de o agente
zelar pelos interesses do principal, de forma a realizar o. fim do contrato art.6º.
Tem por base a confiança entre os dois contraentes, bem como uma relação
pessoal e de colaboração.
 Atua por conta do principal: Os efeitos dos atos projetam-se na esfera do
principal. António Pinto Monteiro diz que ele prossegue os interesses do
principal e deve zelar pela defesa dos interesses deste.

Podem ser concedidos poderes para celebrar negócios, contudo essa é a exceção art. 2º,
e tem de ser feita por escrito 22º e 23º
Caso tenham sido concedidos poderes para celebrar contratos, poderá o agente decidir
se conclui ou não o contrato e em que termos, ou se não tem esta competência?
 António Pinto Monteiro: Em princípio não atribuirá esse poder art. 2º n.1 porque
este é um poder de gestão nas relações com terceiros, mas não um poder de
gestão nas relações internas. Contudo depende dos poderes atribuídos pelo
principal ao agente. Se sem poderes de contração (só poderes de estipulação),
atuar como se os tivesse esse negócio é ineficaz.

Podem ser concedidos poderes para cobrar créditos art. 3º n.1. Esta presume se, quando
hajam sido dados poderes de representação art.2º. Neste caso, tem direito a uma
comissão especial 13º f).

Se celebrar contratos ou cobrar créditos sem poderes?


Os negócios são ineficazes em relação ao principal, se não forem ratificados 268º n.1
CC, o silêncio é meio declarativo de ratificação nos termos do 22º n.2.
A cobrança de créditos não autorizada, será vista como uma prestação do cliente a
terceiro, que em princípio não extingue a obrigação face ao principal 770º CC.
Com ressalva em ambos os casos da representação aparente nos termos do 23º e 3º n.3,
esta depende da ocorrência cumulativa de requisitos objetivos e de requisitos subjetivos.

O agente só tem o direito de exclusivo, caso as partes o convencionem em acordo


escrito. Em caso de silêncio o principal não está impedido de utilizar ainda que dentro
da mesma zona ou círculo de clientes, outros agentes para o exercício de atividades
concorrentes art. 4º.
A contrário sensu retira-se que se nada for estipulado o agente não pode praticar
atividades concorrentes. Solução esta que parece a mais em concordância com o art.6º.
Caso ele tenha direito de exclusivo, ele manterá o direito à comissão, mesmo que se
trate de contratos nos quais ele não teve intervenção, desde que concluídos com pessoas
pertencentes à zona ou círculo dos seus clientes. No entanto estes contratos têm de ser
pontuais, caso contrário colocaria em causa o direito de exclusivo art. 16ºn.2. Este
direito não depende que os contratos sejam feitos com clientes angariados pelo agente,
porque nesse caso tanto no agente com direito de exclusivo como o agente sem este
direito têm direito a comissão dos contratos que o principal realize com clientes
angariados pelo agente.
António Pinto Monteiro: Este direito à comissão em contratos em que ele não tenha
intervenção, pode ser alvo de convenção em contrário.
Fernando Ferreira Pinto: Considera que os deveres de se abster de praticar atividades
concorrentes, bem como o dever de reserva e sigilo são extensíveis aos restantes
contratos de distribuição.

O artigo 6º impõe uma obrigação de boa-fé. Apontado diretrizes para o cumprimento


deste dever:
 Zelar pelos interesses da outra parte
 Atuar com vista à realização plena do fim contratual: Mostra a intenção do
legislador abranger toda a relação contratual (sanciona-se o incumprimento de
deveres acessórios)

A obrigação de não concorrência do artigo 9º, produz os seus efeitos após a cessação do
contrato. Esta obrigação tem certas exigências:
 Forma escrita
 Só pode ter prazo máximo de 2 anos
 Só se circunscreve à zona ou círculo confiados ao agente
Se assumir esta obrigação tem compensação nos termos do 13º g)

As partes podem fazer uma convenção “del credere” 10º


O agente assume perante o principal o cumprimento das obrigações de terceiros,
respeitantes a contratos por si negociados. Assim, o principal começa a dispor de ação
contra o agente que fica responsável pelo não cumprimento do contrato e/ou em pela
falta de pagamento das prestações do cliente.
Existem requisitos para o seu preenchimento:
 Constar de documento escrito
 Garantir o cumprimento de obrigações emergentes do contrato negociado ou
concluído pelo agente
 Deve especificar-se o contrato ou individualizarem-se as pessoas garantidas, ou
seja, limita-se a obrigações emergentes de “contrato por si negociado ou
concluído.
Nestes casos o agente tem direito a uma comissão especial 13º f)
É igualmente importante referir que no contrato de agência exige-se sempre um acordo
das partes enquanto na comissão pode resultar dos usos – art. 269º CComercial.
O agente não pode garantir tipo fiador se não estiver delimitado a quem ele vai garantir
– art. 280 CC.
Qual a natureza deste artigo?
 António Pinto Monteiro: Considera que deve qualificar como uma garantia uma
vez que o agente responderá pelo cumprimento das obrigações do cliente
independentemente de culpa na sua angariação. Mas podemos estar perante uma
figura mista se se fixar desde logo a soma a pagar pelo agente.
 Januário Costa Gomes: O agente está a garantir um cumprimento por parte do 3º
das suas obrigações face ao principal. Agente angaria a clientela e garante ao
principal que esse cliente vai pagar. Agente assume risco, logo isso pode ser
remunerado (art. 13º/f).

O artigo 17º

Indeminização pela clientela


Ferreira Pinto: Não se pode aplicar aos outros contratos de distribuição por analogia
porque são demasiadas as diferenças. Pode então haver uma indeminização pelo
investimento, nos casos em que investiram em ativos e em que havia sido criada
expectativa que o vínculo se ia manter e que existam danos causados.

Se a declaração de resolução não cumpriu o prazo. A consequência é a caducidade do


direito de resolução.

Art. 30 a) como se preenche o conceito abstrato:


 Natureza dos deveres violados
 Importância dos interesses atingidos
 Culpa do infrator
 Duração da infração
 ....

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