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Direito Comercial

(Casos Exemplificativos

Enviado por Bruno Monteiro

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Direito Comercial: alguns documento “
casos exemplificativos Actos de comércio e comerciantes . ”

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Casos práticos

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A, estudante da UN comprou uma máquina de café e instalou-se, durante a época de exames,
numa banca num dos corredores onde decorriam orai., servindo café. A sua actividade foi
contudo, proibida pelo conselho directivo, pelo que A acabou por vender a sua máquina de café
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à Associação de Estudantes, que a passou a usar no bar que tinha instalado nas suas instalações.
Qualifique, do ponto de vista comercial, os sujeitos em causa bem como os actos por
este praticados.

! Para podermos classificar os sujeitos em causa temos de analisar se eles são ou não

%
comerciantes. Como sabemos com base no art. 13. CCM são comerciantes “As pessoas, que,
tendo capacidade para praticar actos de comércio, fazem deste profissão” Assim é necessário
além da capacidade, que o indivíduo faça da prática de comércio profissão e o exerça em nome
próprio. Contudo, a nossa lei é muito lacunosa, na qualificação de actividades como comerciais,
por isso, existem determinados princípios de direito comercial basilares que são essenciais, para
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qualificar certas actividades, que de outra forma não seriam qualificáveis como comerciais.
Nestes termos para enquadrarmos certas actividades teremos de nos socorrer de um mecanismo
conhecido como analogia iuris, trata-se da analogia feita a partir de princípios jurídicos gerais
de direito comercial, mas que não possuem consagração legal.
Extrai-se assim um princípio geral de direito comercial, segundo o qual qualquer actividade de
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prestação de serviços documento
exercida por uma empresaútil?
transforma-a em empresa comercial, assim as
empresas de prestação de serviços são em regra comerciais. Contudo, a prestação de serviços
para ser encarada como actividade comercial, tem de ser feita no âmbito de uma empresa. Neste
caso, A apesar de exercer uma prestação de serviços, não a presta integrado numa organização
empresarial, não existe na sua actividade vectores de organização e exploração que possam ser
negociados, por isso, A não pode se qualificado como comerciante. Temos assim uma prestação
de serviços civil, que não se rege pelo direito comercial.
Quanto à Associação de Estudantes, sendo uma entidade que não tem por objecto fins
lucrativos, não pode ser classificada como comerciante. Isto não impede contudo que as
entidades sem fins lucrativos não possam exercer actos de comércio desde que tal respeite o
princípio da especialidade do fim consagrado no art. 160.º CC, nada impede a associação de
explorar um bar, isso não a torna, todavia, um comerciante, porque tal actividade é exercida não
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Uma vez concluído que os sujeitos em causa não são comerciais segue-se a qualificação
dos actos praticados, a compra da máquina e a sua posterior revenda.
A compra efectuada pelo estudante é uma compra civil, por interpretação a contraio dos artigo
do art. 463.º e 464.º n.º 1 CCM, pelo que estabelece este artigo que “Não são consideradas
comerciais: As compras de quaisquer cousas móveis destinadas ao uso ou consumo do
comprador ou da sua família, e as revendas que porventura desses objectos se venham a fazer;”
A compra não foi destinada à revenda, este acto acontece por motivos supervenientes, pelo que
não se trata de uma compra comercial, nos termos do art. 463.º CCM, mas de uma compra civil.
Temos agora que saber qual o regime que segue compra, porque apesar desta ser civil, poderá
seguir os trâmites do CCM.
O estudante, comprou a máquina numa loja, tudo leva a concluir que a venda foi comercial,
assim, a comercialidade da actividade apenas se verifica em relação a uma das partes, o acto é
deste modo, unilateralmente comercial. Para estes, estabelece o art. 99.º CCM “Embora o acto
seja mercantil só com relação a uma das partes será regulado pelas disposições da lei comercial
quanto a todos os contratantes, salvo as que só forem aplicáveis àquele ou àqueles por cujo
respeito o acto é mercantil, ficando, porém, todos sujeitos à jurisdição comercial”
Assim os actos unilateralmente comerciais são regulados pela lei comercial exceptuando-se as
disposições da lei comercial que só forem aplicáveis àquele ou àqueles por cujo respeito a lei é

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mercantil. Nestes termos basta que uma das partes seja comercial para se aplicar o regime do
CCM.
Conclui-se portanto, que apesar da compra ser civil, vai estar sujeita ao regime comercial, por
força da lei mandar aplicar ao acto unilateralmente comercial o regime do CCM. Todavia,
apesar disto, não será aplicado à compra o regime da solidariedade previsto no art. 100.º CCM
por tal preceito estabelecer que “ Esta disposição não é extensiva aos não comerciantes quanto
aos contratos que, em relação a estes, não constituírem actos comerciais”
Relativamente ao negócio efectuado com a AE, consideramos que a venda é civil, porque a
máquina não foi adquirida como intuito de revenda, art. 463.º n.º 3 CCM a contrario. Contudo, a
compra é já comercial, porque foi comprada pela AE com intuito de explorar uma actividade
comercial. Assim, temos uma situação semelhante à acima explicada, um acto unilateralmente
comercial, que leva a que os efeitos comercia se estendam também à venda que é neste caso
civil, por força do art. 99 CCM, salvo a excepção prevista no art. 100 .º do mesmo diploma.

" B, com 17 anos, organiza periodicamente actividades radicais no rio Paiva, sendo que
para dar continuidade ao negócio, adquire dois novos barcos de borracha contraindo para tal um
empréstimo de 2.500 € junto de um tio C, que explora uma pensão.
Admita ainda que C tinha emprestado a D serralheiro3.000 € para que este pagasse a última
prestação do seu carro.
Classifique do ponto de vista comercial, os sujeitos em causa bem como os actos por este
praticados.

! Para podermos classificar os sujeitos em causa temos de analisar se eles são ou


não comerciantes. Como sabemos com base no art. 13. CCM são comerciantes “As pessoas,
que, tendo capacidade para praticar actos de comércio, fazem deste profissão” Assim é
necessário além da capacidade, que o indivíduo faça da prática de comércio profissão e o exerça
em nome próprio. Contudo, a nossa lei é muito lacunosa, na qualificação de actividades como
comerciais, por isso, existem determinados princípios de direito comercial basilares que são
essenciais, para qualificar certas actividades, que de outra forma não seriam qualificáveis como
comerciais. Nestes termos para enquadrarmos certas actividades teremos de nos socorrer de um
mecanismo conhecido como analogia iuris, trata-se da analogia feita a partir de princípios
jurídicos gerais de direito comercial, mas que não possuem consagração legal.
Extrai-se assim um princípio geral de direito comercial, segundo o qual qualquer actividade de
prestação de serviços exercida por uma empresa transforma-a em empresa comercial, assim as
empresas de prestação de serviços são em regra comerciais. Contudo, a prestação de serviços
para ser encarada como actividade comercial, tem de ser feita no âmbito de uma empresa. Neste
caso, B, exerce uma prestação de serviços integrada numa empresa, uma vez que nos
encontramos perante uma organização de valores e meios com valia autónoma que pode ser
autonomamente transferível. Além disso, B pode desde logo ser qualificado como comerciante
porque exerce a profissão nos termos exigidos pelo art. 13.º CCM. Contudo, levante-se neste
caso um problema de capacidade, uma vez que B tem apenas 17 anos, não podendo per si,
realizar actos de comércio. Só em casos excepcionais é que um incapaz pode ter qualidade de
comerciante, nomeadamente se for devidamente representado pelos representantes legais para o
efeito, e estes tenham sido devidamente autorizados pelo tribunal. O artigo 1889.º n.º 1 al C CC
estabelece que “ 1. Como representantes do filho não podem os pais, sem autorização do
tribunal:
Adquirir estabelecimento comercial ou industrial ou continuar a exploração do que o filho haja
recebido por sucessão ou doação;”
Assim, apesar da exploração ficar a cargo dos representantes legais do incapaz, estes últimos
mediante autorização do tribunal, podem adquirir ou continuar a exploração de estabelecimento
comercial, mas quem adquire a qualidade de comerciante é o incapaz e não os representantes.

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Uma vez enquadrado a qualificação de B como comerciante, vamos proceder à análise dos actos
por ele praticados:
Relativamente aos empréstimos, sabemos que ele é um acto acessoriamente comercial, ou seja,
deve a sua comercialidade ao facto de se ligar a um acto mercantil, podendo ser considerado
como acto comercial, quando se destine a cobrir uma actividade comercial, art. 394.º CCM
“Para que o contrato de empréstimo seja havido por comercial é mister que a cousa cedida seja
destinada a qualquer acto mercantil” Nestes termos se conclui que o empréstimo é um acto
objectivamente comercial, porque ainda que B não fosse comerciante, o acto não perderia sua
comercialidade, porque este é devido ao facto dele se destinar a financiar uma actividade
comercial. Refira-se apenas que o empréstimo comercial não carece de ser realizado
formalmente, a lei não exige forma específica, art. 396.º CCM “O empréstimo mercantil entre
comerciantes admite, seja qual for o seu valor, todo o género de prova”
Quanto à compra dos barcos, sendo esta praticada no âmbito de uma empresa comercial,
estamos perante um acto objectivamente comercial, art. 463.º n.º 1 CCM.
Não podemos esquecer que C tinha emprestado D serralheiro 3.000 € para que este pagasse a
prestação do carro.
C é sem dúvida à luz do art. 13.º CCM um comerciante, D contudo, não o é, porque, de acordo
com os princípios gerais de direito comerciais, uma actividade de prestação de serviços só é
considerada comercial se for realizada no âmbito de uma empresa, o que não é o caso.
Quanto ao empréstimo enquanto acto acessoriamente comercial, não é aqui, objectivamente
comercial, conforme o disposto no art. 394.º CCM porque não se destina a financiar uma
actividade comercial, mas antes particular. Questiona-se agora saber se o empréstimo poderá ser
subjectivamente comercial.
Para que um acto seja considerado subjectivamente comercial é necessário que estejam
preenchidos três requisitos, art. 2 CCM.
1. Que o sujeito seja um comerciante # porque como vimos C é comerciante,
2. Que o acto tenha natureza patrimonial # porque se destina pagamento de uma prestação
pecuniária;
3. “Se do contrário do próprio acto não resultar” Assim, um acto patrimonial praticado por um
comerciante, só não é subjectivamente comercial, se da prática do acto resultar o contrário, isto
é desde que haja desconexão com a actividade praticada pelo comerciante. Ora é precisamente
isto que resulta desta caso, não há qualquer ligação entre o empréstimo e a actividade
desenvolvida por D, pelo que o empréstimo segue os trâmites do CC e não do CCM.

" C, alemão, residente em Portugal explora no Alentejo uma propriedade agrícola onde
cria porcos e cultiva oliveiras. Paralelamente possui uma pequena loja em Beja, a funcionar num
prédio arrendado, onde vende o azeite que produz bem como os enchidos resultantes da criação
de porcos.
A) Quid iuris?
B) Em Dezembro no ano passado C comprou tintas para pintar a sua loja e contratou um
pintor, supondo que C é considerado comerciante será o seu acto considerado subjectivamente
comercial? Quid iuris se quem comprasse as tintas fosse uma associação de agricultores que tem
como fim ajudar os agricultores a escoar seus produtos?

A) Antes de mais, temos de saber se C é ou não considerado comerciante, sendo que se


destaca logo, o facto de C ser cidadão alemão a residir em Portugal. Relativamente a esta
questão, o nosso CCM resolve no art. 7.º ao estabelecer que “Toda a pessoa, nacional ou
estrangeira, que for civilmente capaz de se obrigar, poderá praticar actos de comércio, em
qualquer parte destes reinos e seus domínios, nos termos e salvas as excepções do presente
Código.” Assim, em termos de relações comerciais os cidadãos estrangeiros estão em pé de
igualdade com os portugueses.
Temos agora que analisar se C exerce ou não uma actividade comercial, sendo que
conforme decorre do art. 230.º parágrafo único, não se consideram comerciantes “proprietário

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ou o explorador rural que apenas fabrica ou manufactura os produtos do terreno que agriculta
acessoriamente à sua exploração agrícola, nem o artista industrial, mestre ou oficial de ofício
mecânico que exerce directamente a sua arte, indústria ou ofício, embora empregue para isso, ou
só operários, ou operários e máquinas.” Assim, na eventualidade de C apenas se dedicar à
criação de porcos e oliveiras, não exerceria uma actividade industrial, até porque como sabemos
o CCM exclui da qualidade de comerciantes o sector agrícola, conforme decorre do art. 230.º
CCM.
Contudo, neste caso, C não se dedica apenas à criação de porcos e oliveiras, mas
também à venda de azeite e dos enchidos resultantes da exploração, deste modo, paralelamente
à actividade agrícola C possui uma actividade de transformação e de venda ao público dos seus
produtos. Será que pelo desempenho destas actividades C já pode se considerado comerciante?
Mais uma vez temos de analisar o que dispõe o art. 230.º parágrafo único nesta matéria que
refere que não serão comerciantes “proprietário ou o explorador rural que apenas fabrica ou
manufactura os produtos do terreno que agriculta acessoriamente à sua exploração agrícola, nem
o artista industrial, mestre ou oficial de ofício mecânico que exerce directamente a sua arte,
indústria ou ofício, embora empregue para isso, ou só operários, ou operários e máquinas.” Pelo
que decorre deste artigo conclui-se que aquilo que releva é a actividade transformadora, se esta
for uma actividade acessória relativamente à exploração agrícola então, C não é considerado
comerciante. Se por outro lado, a actividade de transformação for uma actividade principal
paralelamente à exploração agrícola, C é considerado comerciante. O critério que de deve usar
para qualificar uma entidade de exploração agrícola que se ocupa também de transformação e
venda do produto, será então o da acessoriedade, mediante análise nomeadamente do tempo
dispendido na actividade, no investimento, o trabalho desenvolvido. Se se concluir que a
actividade principal é actividade de transformação, então C deverá ser considerado comercial.
Mas, C além da actividade agrícola e transformadora dedica-se ainda à venda dos seus
produtos numa loja, assim, ele vende directamente sem intermediário fornecedor os seus
produtos por si transformados. Conforme decorre do art. 464.º n.º 2 CC “Não são consideradas
comerciais: As vendas que o proprietário ou explorador rural faça dos produtos de propriedade
sua ou por ele explorada e dos géneros em que lhes houverem sido pagas quaisquer rendas”
Daqui se conclui portanto, que as venda realizadas por um produtor rural para revenda são civis,
contudo, a compra de tais produtos será comercial, nos termos do art. 463.º n.º 1 CCM, pelo que
nos termos do art. 99.º CCM se aplicará quanto à compra e venda no seu todo, o regime do
CCM salvo np que se refere à solidariedade conforme estabelece o art. 100.º CCM.
Mas a questão neste caso é diferente porque C não vende o produto original, como
sucederia com fruta por exemplo, C antes de proceder à venda do produto tem de transforma-lo,
será então considerado comerciante? C só será considerado comerciante em virtude do exercício
de venda de produtos na loja, se tiver sido considerado comerciante a título transformador dos
produtos, porque neste caso, a actividade principal será a transformação, sendo a venda do
mesmo produto uma espécie de secção da indústria transformadora.
Se C não foi considerado como comerciante, em virtude da sua actividade de exploração ser
meramente acessória à exploração agrícola, então quando procede à venda dos produtos nua loja
também não deve ser considerado comerciante.

Resta apenas concluir que C preenche os requisitos do art. 13.º CC uma vez que
tendo capacidade para o exercício de direito, porque em nada resulta o contrário, faz deste
profissão e pratica os actos de comercio em nome próprio.
É ainda dito que a loja de C a funcionar em Beja, se encontra instalada num prédio
arrendado, pelo que aqui importa descortinar se se trata ou não de um arrendamento comercial,
nos termos do art. 110.º RAU “ considera-se realizado para comércio ou indústria o
arrendamento de prédios ou parte de prédios urbanos ou rústicos tomados para fins directamente
relacionados com uma actividade comercial ou industrial.” Neste caso a actividade
desempenhada no prédio é uma actividade comercial, logo, o arrendamento tem-se como
comercial. Assim, apesar do arrendamento constar de lei civil, o acto será objectivamente
comercial.

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B) Considerando C um comerciante, por preenchimento dos requisitos do art. 13.º CCM,


o acto de compra de tintas será subjectivamente comercial, se se encontrarem preenchidos os
respectivos requisitos, do art. 2 CCM. É primeiramente necessário que o acto seja praticado por
um comerciante, pelo que este requisito se encontra preenchido porque como vimos C é
considerado comerciante.
Além disso, os actos para serem subjectivamente comerciais, não podem ser de natureza
exclusivamente civil. Sendo que só são de natureza exclusivamente civil os actos de natureza
extra-patrimonial, como actos familiares e sucessórios. Assim só são actos de comércio aqueles
de natureza patrimonial, aqui não se suscita problemas uma vez que tratando-se de uma compra
o acto não é de natureza exclusivamente civil.
Por fim Mas nem todos os actos praticados por comerciantes de natureza patrimonial são
subjectivamente comerciais, tal só sucede “se do contrário do próprio acto não resultar” art. 2
CCM in fine. Assim, um acto patrimonial praticado por um comerciante, só não é
subjectivamente comercial, se da prática do acto resultar o contrário, isto é desde que haja
desconexão com a actividade praticada pelo comerciante.
Deste modo, se na compra das tintas, C se identificasse como comerciante do ramo
agrícola, resultaria claramente da prática do acto a falta de conexão com a sua actividade, pelo
que o acto não seria subjectivamente comercial. Se nada fosse, dito, em contrário, o acto seria
encarado como sendo subjectivamente comercial. Contudo esta diferenciação não releva porque
em qualquer dos casos o regime a aplicar seria o do CCM, porque como sabemos aos actos
unilateralmente comercias, se aplica o disposto no art. 99.º CCM pelo que “Embora o acto seja
mercantil só com relação a uma das partes será regulado pelas disposições da lei comercial
quanto a todos os contratantes, salvo as que só forem aplicáveis àquele ou àqueles por cujo
respeito o acto é mercantil, ficando, porém, todos sujeitos à jurisdição comercial” destacando-se
como excepção o regime da solidariedade previsto no art. 100.º CCM.
Além de ser subjectivamente comercial a compra seria ainda objectivamente comercial,
porque se destina ao exercício de uma actividade comercial.
Sendo a compra das tintas efectuada por uma associação de agricultores, o acto não
poderia ser qualificado como subjectivamente comercial. Assim sucede porque como sabemos
os actos subjectivamente comercias, são aqueles que são praticados por comerciantes, e uma
associação deste género não é comerciante, art. 14.º CCM É proibida a profissão do comércio:
1.º Às associações ou corporações que não tenham por objecto interesses materiais;” As
associações e fundações que não tenham por objecto interesses materiais, não podem ser
comerciantes. Esta norma, não impede contudo, que tais entidades fiquem impossibilitadas de
praticar actos de comércio desde que respeitem os limites da sua capacidade jurídica, conforme
o estabelecido no art. 160.º CC, contudo, apesar de praticarem actos de comércio, não podem
ser qualificadas como comerciantes.
Nestes termos o que podemos suscitar é se a compra poderá ser objectivamente comercial, ao
que respondemos afirmativamente porque a tinta vai ser usada no âmbito de uma actividade
comercial, a venda de produtos dos agricultores, logo será objectivamente comercial. Mais uma
vez, destacamos que esta qualificação não é muito importante porque se a compra não fosse
comercial aplicar-se-ia na mesma o regime do CCM, por aplicação do art. 99 CCM, porque a
venda será a priori comercial.
Resta agora analisar a contratação do pintor. Como sabemos este desempenha uma
actividade de prestação de serviços, sendo que em nenhuma disposição do CCM se qualifica a
prestação de serviços como sendo uma actividade comercial, contudo, tem-se entendido a
qualificação desta actividade como sendo comercial, mediante o recurso à analogia iuris,
permitindo a partir de princípios de direito comercial, qualificar certas actividades como
comercias. Contudo, note-se que a actividade de prestação de serviços apenas é considerada de
índole comercial no caso de ser exercida no âmbito empresarial, pelo que o pinto que trabalha
por conta própria não possuindo qualquer organização empresarial por de trás da sua actividade
não poderá ser considerado como comercial.
Contudo, ainda que o pintor não pratique uma actividade comercial, por não possuir uma
empresa, a prestação de serviços por ele desempenhada será de âmbito comercial, por se

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destinar a uma empresa, assim o regime jurídico a aplicar será o do CCM, em virtude do art.
99.º CCM.

" M, Guitarrista, possui uma banda de Rock “M&M sound” sendo sócio único de uma
sociedade comercial, conhecida como “Rock&Rock” que se destina à gravação e emissão de
discos. M comprou recentemente uma guitarra e uma mesa de mistura para o estúdio da editora.
C é considerado comerciante?

! Vamos começar por analisar a actividade de M enquanto músico, pelo que se conclui
do art. 464.º n.º 3 CCM “Não são consideradas comerciais: As compras que os artistas,
industriais, mestres e oficiais de ofícios mecânicos que exercerem directamente a sua arte,
indústria ou ofício, fizerem de objectos para transformarem ou aperfeiçoarem nos seus
estabelecimentos, e as vendas de tais objectos que fizerem depois de assim transformados ou
aperfeiçoados” Assim, em regra o nosso ordenamento jurídico exclui da actividade industrial o
exercício de actividades intelectuais, entre as quais de inclui a música. Assim, por esta via, M
não pode ser considerado comerciante.
E ainda referido que M é sócio unitário de uma sociedade comercial, sendo que nos
termos do art. 13.º n.º 2 as sociedades comerciais são consideradas comerciantes. Assim, além
das pessoas singulares também as sociedades comercias podem ser comerciantes, sendo que de
acordo com o art. 1.º Código das Sociedades Comerciais (CSC) são sociedades comercias:
1. Requisito substancia: Aquelas que tenham por objecto a prática de actos de comércio;”
2. Requisito formal: E adoptem o tipo de sociedade em nome colectivo, de sociedade por quotas,
de sociedade anónima, de sociedades em comandita simples ou de sociedade em comandita por
acções”
Contudo, apesar de M ser sócio único da sociedade, quem adquire a qualidade de comerciante é
a sociedade e não o sócio, deste modo, se conclui que por esta via M também não pode ser
considerado comerciante.
Note-se que para que a própria sociedade seja considerada comercial é necessário que além do
preenchimento do requisito formal, enumerado acima, tenha por objecto a prática de actos de
comércio. Aqui não temos qualquer dúvida em afirmar que esta sociedade pratica actos de
comércio, porque tal decorre directamente da lei, art. 230.º n.º 5 CCM “Haver-se-ão por
comerciais as empresas, singulares ou colectivas, que se propuserem: Editar, publicar ou vender
obras científicas, literárias ou artísticas”
Relativamente à compra da guitarra, parece que estamos perante uma compra subjectiva e
objectivamente civil, destinando-se o objecto para uso pessoal, subjectiva porque não é
efectuada por um comerciante e objectivamente civil porque não consta do art. 463.º nem 4634.º
nem se destina ao desenvolvimento de uma actividade empresarial. Quanto à mesa de mistura,
destinada para a gravação dos discos poderá ser uma compra subjectivamente comercial, de
acordo com ao art. 2 CCM, uma vez que, foi praticada por um comerciante, neste caso a
sociedade comercial na pessoa de M, é o acto de natureza patrimonial, e desde que o contrário
do próprio acto não resultar. De qualquer dos modos, a compra será objectivamente comercial
porque de destina ao desenvolvimento de uma actividade comercial.
De qualquer dos modos na compra da guitarra, apesar da compra ser civil aplicar-se-á o regime
do CCM em virtude da aplicação do art. 99 CCM, salvo no que concerne à aplicação do regime
da solidariedade.

Caso pratico:

A é comerciante em nome individual. É casado com B no regime de comunhão de adquiridos.


Têm dois filhos menores. Há 5 meses A comprou mercadoria diversa para revenda no seu
estabelecimento, cujo pagamento devia ser efectuado nos 30 dias seguintes, o que nunca
aconteceu.

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