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UNIDADE TEMÁTICA 5: ACTOS DE COMÉRCIO, COMERCIANTE

(EMPRESÁRIO) E ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS

Objectivos

No fim desta unidade voce deverá ser capaz de:

1. Compreender a noção de acto de comércio segundo a doutrina e segundo a legislação


comercial (artigo 4º)

2. Conhecer as características de um acto de comércio

3. Compreender a diferença entre os actos de comércio objectivos e subjectivos

4. Compreender o sentido do acto de comércio absoluto e acto de de comércio de acordo


a natureza.

5. Conhecer a noção de comerciante de acordo a doutrina

6. Compreender as características do comerciante de acordo a doutrina

7. Compreender a noção de personalidade jurídica de um comerciante ou empresário

8. Estabelecer a diferença entre a personalidade jurídica de um comerciante/empresário e


a personalidade jurídica de uma sociedade comercial (empresarial)

Os actos de Comércio
Não há possibilidade de se definir, a priori, todos os actos de comércio, devido ao dinamismo das
relações econômicas.

Actos de Comércio:
É todo o acto praticado habitualmente com o objetivo de lucro, para
circulação e intermediação de bens e serviços. É ato jurídico. É composto
de 2 (dois) elementos: Causa e motivo.

Actos de comércio:
Os que estiverem regulados no Código Comercial e em outras leis em razão dos Interesses do
comércio: actos objectivos;

E os que forem praticados por comerciantes – actos subjectivos, presumindo-se que o são no
exercício ou em ligação com o seu comércio; presunção esta que será elidível pela demonstração:
ou de que o acto é de natureza exclusivamente civil, não poder ser praticado em relação com o
comércio; ou de que do próprio acto resulta que é alheio à actividade comercial de quem o
praticou.

OS ACTOS DE COMÉRCIO

Assim, basicamente, podemos conceituar atos de comércio como uma intermediação na


circulação de bens, com o fim de lucro. O exemplo típico de atos de comércio é a compra
destinada à revenda por melhor preço.
O conceito anterior não abrange todos os atos de comércio em seu sentido amplo. Para abrangê-
los, o ilustre jurista Carvalho de Mendonça propôs a seguinte classificação:
a) Actos de comércio por natureza ou profissionais: são aqueles em que há
intermediação, com o fim de lucro. É o conceito anteriormente apresentado. Exemplo: a compra
ou troca de coisas para a revenda lucrativa.
b) Actos de comércio por dependência ou conexão: são aqueles em que não há
intermediação, mas o comerciante os pratica em virtude de sua profissão. Exemplo: a compra
de balcões ou vitrinas para o estabelecimento comercial. O comerciante não compra esses
objetos para revende-los. Balcões ou vitrinas são instalações necessárias ao exercício de sua
profissão. Por isso, estes atos são considerados atos de comércio por dependência ou conexão,
porque estão diretamente ligados à atividade do comerciante.
c) Atos de comércio por força ou autoridade da lei: são aqueles em que a própria lei
é quem declara sua natureza de ato de comércio, independentemente de ser praticado ou não
por comerciante. Exemplo: operações com letras de câmbio, cheques, notas promissórias,
seguros etc. são considerados atos de comércio por força ou autoridade da lei.

3 - O COMERCIANTE
Comerciante é a pessoa que tem como profissão a prática habitual e por conta própria dos atos
de comércio.
O comerciante é, portanto, o profissional que obtém lucros servindo como intermediário entre
a pessoa que produz a mercadoria e aquela que a consome. Os atos que ele pratica, no exercício
de sua profissão, são denominados atos de comércio.

Agora vamos procurar entender melhor os elementos desta definição pelo exemplo
seguinte:
Paulo praticou um ato de comércio ao vender seu relógio a um amigo. Entretanto, com base
apenas neste fato, não podemos afirmar que Paulo é comerciante, pois esta venda pode ser
ocasional, esporádica, não caracterizando a profissão de Paulo. E comerciante, como vimos na
definição, é a pessoa que faz da prática habitual dos atos de comércio sua profissão. Por sua vez,
devemos entender como profissão a actividade econômica que desempenhamos para obter
nossos meios de subsistência. Vejamos agora outro exemplo:
Orlando é empregado de uma loja de calçados, onde ganha a vida realizando, habitualmente, a
venda de inúmeros pares de sapato. Neste caso,
podemos afirmar que Orlando é comerciante? Não, porque ele não pratica atos de comércio por
conta própria, mas sim em nome do dono da loja. Orlando é comerciário, ou seja,
empregado que trabalha no comércio. O dono da loja, este sim é comerciante, porque sua
profissão consiste na prática habitual e por conta própria de atos do comércio: no caso, a venda
de calçados, por um preço superior ao da compra (lucro).

Características de Actos de Comércio:

 são actos de intermediação mercantil;


 visam lucros para os agentes que os realizam;
 são praticados habitualmente;
 são realizados em função da profissão

Classificação:

A existência dos actos de comércio é anterior à dos comerciantes pois para ser comerciante
é indispensável a prática profissional dos actos de comércio e estes existem sem que os que
O praticam possam ser considerados comerciantes.

Os atos de comércio são divididos em:

 Actos de Comércio por Natureza :

Decorrem da ação de um comerciante.


São praticados pelo comerciante no exercício de sua profissão.

São atos de intermediação praticados com habitualidade e com


finalidade de lucro.

 Enquadram-se nesta classificação:

 A Compra e venda de bem móvel ou semovente para sua revenda, por atacado/varejo,
industrializado ou não ou para alugar o seu uso;

 Operações de câmbio, banco e corretagem

 as empresas de fábricas, de comissões, de depósitos, de expedição, de consignação e


transporte de mercadorias;

 Os seguros, fretamentos e riscos;


 Quaisquer contratos relativos ao comércio marítimo comércio, armação e expedição de
navios.

 Actos de Comércio Absolutos


Actos de Comércio Absolutos : são reputados comerciais por disposição legal; são actos
comerciais mesmo quando praticados por um não-comerciante, portanto, submetem-se às
regras do Direito Comercial.

Os actos de comércio em Mocambique1

Artigo 4

(Actos de comércio)

1. São considerados actos de comércio:

a) os actos especialmente regulados na lei em atenção às necessidades da empresa comercial,


designadamente os previstos neste Código, e os actos análogos;

b) Os actos praticados no exercício de uma empresa comercial.

2. Os actos praticados por um empresário comercial consideram-se tê-lo sido no exercício da


respectiva empresa, se deles e das circunstâncias que rodearam a sua prática não resultar o
contrário.

Artigo 5

(Regime dos actos de comércio unilaterais)

Embora o acto seja mercantil só com relação a uma das partes, será regulado pelas disposições da lei
comercial quanto a todos os contratantes, salvas as que só forem aplicáveis àquele ou àqueles
por cujo respeito o acto é mercantil, ficando, porém, todos sujeitos à jurisdição comercial.

Classificação dos actos de comércio

Actos de Comércio subjectivos e objectivos

Ato de comércio: é aquele praticado pelos comerciantes, relativo ao exercício de sua actividade,
e aquele considerado como tal pela lei, em cada ordenamento jurídico.

São actos de comércio objectivos, os que são regulados na lei comercial, em razão do seu
conteúdo ou circunstâncias.

1Dec. Lei nº 2/2009 de 24 de Abril (BR nº 016, I Série, 3º Supl. de 24 de Abril de 2009, pág. 86 – (altera alguns
artigos do Código Comercial de Moçambique - Decreto-Lei nº 2/2005 de 27 de Dezembro de 2005);
São actos de comércio subjectivos, aqueles que a lei atribui comercialidade pela
circunstância de serem tais actos conexos com a actividade comercial dos seus autores.

Actos de comércio absoluto e por conexão ou acessórios

Os actos de comércio absolutos ou por natureza são comerciais devido à sua natureza
intrínseca, que radica do próprio comércio, na vida mercantil. São actos gerados e tipificados
pelas necessidades da vida comercial.

Podem-se distinguir duas espécies de actos dentro desta categoria:

 Uns, – que são a maior parte – são actos absolutos em virtude de serem os actos
caracterizadores, típicos, essencialmente integrantes daquelas actividades que tornam o
objectivo material do Direito Comercial;
 Outros são actos absolutos em razão da sua forma, ou do objecto sobre o qual incidem.

 Os actos de comércio por conexão ou acessórios são comerciais apenas em virtude


da sua especial ligação a um acto de comércio absoluto ou a uma actividade qualificada de
comercial.

Actos simultaneamente regulados na lei civil e na lei comercial: em princípio, estes


actos serão civis; no entanto, serão comerciais quando neles se verificarem aquelas
características específicas que a lei comercial estabelece como atributivas da comercialidade.

Teoria acessória sobre actos de comércio

Partindo da constatação de que certos actos, civis pelas suas características, podem tornar-se
comerciais por serem praticados em ambiente comercial. Segundo a teoria do acessório, são
actos de comércio acessórios os actos praticados por um comerciante no exercício do seu
comércio, e além disso, os actos ligados a um acto de comércio absoluto.

Assim, para esta teoria há duas categorias de actos de comércio: os que estão ligados à actividade
comercial de um comerciante; e, os que adquirem comercialidade por terem relação com o de
um acto de comércio por natureza.

O ato e comércio como critério para a aplicação de normas de Direito Comercial


Modernamente, o acto de comércio já não é critério dominante para a aplicação de normas de
Direito Comercial considera se a empresa como centro de comercialidade, deslocando os
critérios subjectivos (qualidade de comerciante) e objectivo (prática de actos de comércio) como
determinantes para a aplicação de normas de Direito Comercial. A doutrina actual centraliza
toda a problemática do Direito Comercial moderno no conceito de actividade económica.

Noção de comerciante e a sua importância

Noção de Comerciante
Comerciantes: são todas as pessoas que exercem pelo menos uma actividade comercial ou
praticam actos de comércio (objectivos) habitualmente, no entanto, não é necessário ser a única
actividade exercida por o mesmo e as sociedades comerciais.

Comerciante ―toda a pessoa civilmente capaz de se obrigar pode praticar actos de


comércio‖ . Mas nem toda a pessoa que pratica actos objectivamente comerciais é comerciante;
aliás, a maioria das pessoas não possui essa qualificação.

Comerciante: é toda pessoa capaz que pratica, profissionalmente, actos de intermediação ou


prestação de serviços, com intuito de lucro; o comerciante deve ter capacidade civil, isto é, deve
poder dispor livremente de sua pessoa e de seus bens; deve ser intermediário, isto é, situar-se
entre o produtor e o consumidor; deve ter a intenção de lucrar; deve exercer sua actividade de
forma não esporádica, isto é, habitual e profissionalmente; e deve actuar no próprio nome e por
conta própria.
O comerciante é, portanto, o profissional que obtém lucros servindo como intermediário entre
a pessoa que produz a mercadoria e aquela que a consome. Os atos que ele pratica, no exercício
de sua profissão, são denominados atos de comércio.

 Caracterização do Comerciante:

 Produção é a actividade, por meio da qual os bens são obtidos directamente da natureza
material ou imaterial.

 Intermediação é a actividade que se desenvolve por meio da distribuição, com ou sem


transformação da produção originária. É o elemento caracterizador da actividade
mercantil.

 Especulação ou intuito de lucro o comerciante busca sempre, nas operações que


realiza, auferir vantagens.

 Profissionalidade Consiste na prática habitual e reiterada da actividade de


intermediação com intuito lucrativo.

Sujeitos do Direito Comercial

"Pessoa", no seu conceito jurídico, é todo ente capaz de direitos e obrigações. As "Pessoas" podem
ser "físicas ou jurídicas".

Pessoa Física - É a pessoa natural; é todo ser humano, é todo indivíduo (sem qualquer
excepção). A existência da pessoa física termina com a morte. É o próprio ser humano. Sua
personalidade começa com o seu nascimento (artigo ___º do Código Civil moçambicano). No
decorrer da sua vida, a pessoa física constituirá um património, que será afastado, por fim, em
caso de morte, para transferência aos herdeiros.

Pessoa Jurídica - É a existência legal de uma sociedade, associação ou instituição, que aferiu o
direito de ter vida própria e isolada das pessoas físicas que a constituíram. É a união de pessoas
capazes de possuir e exercitar direitos e contrair obrigações, independentemente das pessoas
físicas, que através das quais agem. É, portanto, uma nova pessoa, com personalidade distinta
da de seus membros (da pessoa natural). Sua existência legal dá-se em decorrência de leis e só
nascerá após o devido registo nos órgãos públicos competentes 8 (Conservatória de Registo de
entidades legais).

SOCIEDADE EMPRESARIA:Pessoa jurídica constituída por intermédio de contrato de


sociedade celebrado entre no mínimo, duas ou mais pessoas que recebem a denominação de
sócios.

No actual Código Comercial aprovado em 2005, o legislador não deu uma definição legal de
comerciante.

Requisitos de acesso à qualidade de comerciante

 Personalidade jurídica

A personalidade jurídica do (comerciante) empresário

DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE
Personalidade
Conceito de pessoa: em consonância a doutrina dita como tradicional, ―pessoa é o ente
físico ou coletivo suscetível de direitos e obrigações, sendo sinônimo de sujeito de direito‖
(Maria Helena Diniz).
Sujeito de direito: é aquele que é ―sujeito de um dever jurídico, de uma pretensão ou
titularidade jurídica, que é o poder de fazer valer, através de uma ação, o não-cumprimento do
dever jurídico, ou melhor, o poder de intervir na produção da decisão judicial‖ (Clóvis
Beviláqua).
Personalidade jurídica: toda pessoa é dotada de personalidade, é conceito básico da ordem
jurídica, que a estende a todos os homens indistintamente, consagrando-a na legislação civil e
nos direito constitucionais de vida, liberdade e igualdade. É a qualidade jurídica que se revela
como condição preliminar de todos os direitos e deveres (Haroldo Valladão in Maria Helena
Diniz).
Para Caio Mário da Silva Pereira, liga-se à pessoa a idéia de personalidade, que exprime a
aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações.
O conceito de personalidade está totalmente relacionado ao conceito de pessoa, pois àquele
que nasce com vida, torna-se uma pessoa, ou seja, adquire personalidade. Ser pessoa e
consequentemente adquirir personalidade, é pressuposto básico para inserção e atuação da
pessoa na ordem jurídica.
O Código Civil reconhece a personalidade para toda pessoa natural (ser humano), bem como
para certas entidades morais, denominadas pessoas jurídicas (agrupamentos humanos), que se
subordinam aos preceitos legais e se associam para melhor atingir seus objetivos sejam de
ordem econômica ou social, como associações e sociedades, ou através de fundações,
constituídas de um patrimônio destinado a um fim determinado.
Capacidade jurídica e legitimação:
 8 Decreto 1/2006 de 3 de Maio (Cria o registo de Entidades Legais e aprova o seu regulamento. BR nº 018, I
Série, de 03 de Maio de 2006, pág. 147 a 160. Revoga o Decreto-Lei nº42 42644 e o decreto nº42 645, ambos
de 14 de Novembro de 1959);

Para Sílvio Rodrigues, ―afirmar que o homem tem personalidade é o mesmo que dizer que ele
tem capacidade para ser titular de direitos‖ .
O direito civil encaixou o conceito de capacidade ao de personalidade, assim pode-se dizer que a
capacidade é a medida da personalidade, ou seja, para alguns a capacidade é plena e para outros
é limitada.
Assim sendo ―para ser pessoa basta que o homem exista, e, para ser capaz, o ser humano precisa
preencher os requisitos necessários para agir por si, como sujeito ativo ou passivo de uma
relação jurídica. Eis porque os autores distinguem entre capacidade de direito ou de gozo e
capacidade de exercício ou de fato‖ (Antônio Chaves).
Diferença entre personalidade jurídica e capacidade jurídica
Existe uma diferença entre as expressões personalidade jurídica e capacidade jurídica,
personalidade jurídica é conceito absoluto, ou seja, ela existe ou não existe enquanto
capacidade jurídica é conceito relativo, ou seja, pode ter-se mais capacidade jurídica, ou
menos.
Concluindo, a personalidade jurídica é a potencialidade de adquirir direitos e contrair
obrigações; a capacidade jurídica é o limite dessa potencialidade.
Capacidade de direito ou de gozo: é a que todos têm e adquirem ao nascimento com vida,
não pode ser recusada ao indivíduo, sob pena de se negar sua qualidade de pessoa. Pode ser
chamada também de capacidade de aquisição de direitos.
Todo ser humano possui a capacidade de direito, indistintamente, estendendo-se aos
privados de discernimento e as crianças, independentemente do seu grau de desenvolvimento
mental, podendo assim herdar, receber doações, etc.
Capacidade de fato ou de exercício ou de ação: é a aptidão para exercer por si só, os atos
da vida civil. Por faltarem para algumas pessoas requisitos como a maioridade, saúde,
desenvolvimento mental, a lei no intuito de protegê-las, exige a participação de outra pessoa,
que as represente ou assista.
Por isso os recém nascidos e os doentes mentais possuem apenas a capacidade de direito, mas
não capacidade de fato.
Aquele que possui as duas capacidades tem a chamada capacidade plena, já os que só tem a de
direito, tem a capacidade limitada, necessitando que outra pessoa o substitua ou complete sua
vontade, por essa razão são denominados incapazes.
Legitimação: é uma espécie de capacidade especial exigida em certas situações, é a aptidão para
a prática de determinados atos jurídicos. Ex:

Sujeitos da relação jurídica:


O estudo do direito civil, inicia-se com as pessoas que são sujeitos das relações jurídicas.
O direito subjetivo, “consiste na relação jurídica que se estabelece entre um sujeito ativo,
titular desse direito, e um sujeito passivo, ou vários sujeitos passivos, gerando uma prerrogativa
para o primeiro, em face destes‖ (Sílvio Rodrigues).
Relação jurídica: ―é toda relação da vida social regulada pelo direito‖ (José Tavares in
Carlos Roberto Gonçalves). O sujeito da relação jurídica é sempre o ser humano, enquanto um
ser que vive em sociedade.
Juridicamente, reconhecem-se dois tipos de pessoas, a natural que é o ser humano ou também
chamado de pessoa física e a pessoa jurídica que é um agrupamento de pessoas naturais,
visando alcançar fins de interesse comum, também chamada de pessoa moral e pessoa coletiva.

Pessoa natural:
"É o ser humano considerado como sujeito de direitos e obrigações" (Maria Helena Diniz), que
para receber essa denominação de pessoa, basta nascer com vida, e desse modo adquirir
personalidade..

Tem-se então no nascimento com vida, o marco inicial da personalidade, muito embora os
direitos do nascituro são respeitados desde a concepção, considerando-se que a partir deste
momento inicia-se a formação de um novo ser, esse é o entendimento adotado pelo direito
pátrio, ficando sob condição os direitos do nascituro (se com vida ou não).
Ao primeiro sopro de vida após a separação da mãe, ainda que não cortado o cordão umbilical,
cabe-lhe todos os direitos reconhecidos à pessoa humana no plano jurídico. Ainda que venha
falecer em seguida, consideram-se adquiridos seus direitos, para todos os efeitos próprios,
protegendo-se assim, todos os seus direitos.
Dá o nascimento no momento em que a criança é separada do ventre materno, não importante
qual foi o tipo de parto, nem se foi a termo ou não, só se faz necessário desfazer-se a unidade
biológica, separando-se em dois corpos distintos, com vida orgânica própria.
Nascer com vida é respirar, assim, se respirou, viveu, ainda que em seguida venha a falecer. Neste
caso lavra-se dois assentos, um de nascimento e outro de óbito.
Personalidade jurídica é a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações.
Ideia ligada à de pessoa, é reconhecida atualmente a todo ser humano e independe da
consciência ou vontade do indivíduo: recém-nascidos, loucos e doentes inconscientes possuem,
todos, personalidade jurídica. Esta é, portanto, um atributo inseparável da pessoa, à qual o
direito reconhece a possibilidade de ser titular de direitos e obrigações.

Personalidade jurídica: aptidão que toda a pessoa natural e jurídica possui de exercer direitos
e deveres na Ordem Jurídica.
Também é atribuída a entes morais, constituídos por agrupamentos de indivíduos que se
associam para determinado fim (associações e afins) ou por um patrimônio que é destinado a
uma finalidade específica (fundações e congêneres): as chamadas pessoas jurídicas (ou morais),
por oposição aos indivíduos, pessoas naturais (ou físicas).
O direito não concede personalidade a seres vivos que não sejam humanos, nem a seres
inanimados, o que os impede de adquirir direitos.
O instituto da personalidade não deve ser confundido com o da capacidade de fato.
Em geral, entende-se que a personalidade jurídica tem início com o nascimento com vida. A este
binômio, alguns países acrescentam a exigência de que o nascido com vida seja viável (isto é,
esteja apto a continuar a viver), ou que tenha "forma humana". A personalidade das pessoas
jurídicas começa com a sua constituição, geralmente feita mediante registro junto às
autoridades competentes.
A personalidade do indivíduo extingue-se com a morte. A das pessoas jurídicas, com a sua
dissolução.

Constituída a sociedade dentro das formalidades exigidas por lei, esta passa a ter personalidade
jurídica independente da de seus sócios, podendo assumir direitos e obrigações, ou seja, adquire
autonomia patrimonial, pois todo acervo de bens da sociedade não se confunde com o
património particular de cada membro da sociedade.

A personalidade jurídica confere à sociedade empresária vida própria, no tocante à


responsabilidade por seus actos, ainda que materializados, evidentemente, através da pessoa
humana.

Consequência da aquisição de personalidade jurídica: a sociedade passa a constituir


um sujeito, capaz de direito e de obrigações; não adquirem os sócios a qualidade de
comerciantes, mantendo a sociedade sua própria individualidade; a sociedade passa a gozar de
autonomia patrimonial, que responde ilimitadamente por seu passivo; a sociedade passa a
dispor de poderes para alterar sua estrutura, tanto no plano jurídico quanto no económico.

A personalidade jurídica da sociedade empresária

Teoria da desconsideração da personalidade jurídica:

Consiste em considerar a personalidade jurídica da sociedade comercial (empresarial) ineficaz,


relativamente a determinados actos, com o objectivo de impedir a concretização de fraudes e
abusos de direitos cometidos em nome da personalidade da sociedade comercial; o origem da
teoria é jurisprudencial; há limites bastante definidos à aplicação da doutrina, que consistem do
ponto de vista do sujeito activo, no comportamento em fraude à legislação, ao contrato ou aos
credores da sociedade, ou, ainda, na utilização abusiva do poder, empregando a pessoa jurídica
para tais actos; do ponto de vista do sujeito passivo, a protecção do interesse de uma
colectividade, prejudicado pelo ato abusivo ou fraudulento.

A Desconsideração da Personalidade Jurídica.

A desconsideração da personalidade jurídica é uma prática no direito civil de, em certos


casos, desconsiderar a separação patrimonial existente entre o capital de uma empresa e o
património de seus sócios para os efeitos de determinadas obrigações, com a finalidade de evitar
sua utilização de forma indevida.

É Imperioso notar que as sociedades empresárias adquirem direitos, contraem obrigações e


actuam judicialmente, ainda que por meio de administradores, gerando assim um conjunto de
relações entrelaçado com sua personalidade jurídica. Para prevenir o abuso por parte dos
administradores e daqueles que agem em nome da personalidade jurídica é que o Instituto da
Desconsideração da Pessoa Jurídica se faz necessário.
São inúmeras as formas utilizadas pelos administradores e sócios das sociedades para realizar
as fraudes contra seus credores, bem como o abuso de direito praticado por seus
empreendedores, desviando, assim, a sua finalidade. Dessa forma, nascem as necessidades da
aplicação do instituto da desconsideração da personalidade jurídica, nas mais variadas
situações, sejam nas relações comerciais, de consumo ou até mesmo nas relações de trabalho.

A aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica é instrumento necessário


para proteger as sociedades, que passam a sofrer as consequências da má gestão exercida por
seus empreendedores/investidores, que praticam actos impróprios aos objectivos sociais,
desviando a finalidade da sociedade, a teoria em referência é um recurso que deve ser aplicado
sempre que a pessoa jurídica for utilizada a fins estranhos ao seu interesse social e colectivo

Assim, sempre que a pessoa jurídica seja utilizada para fins diversos ao objecto para o qual foi
criada, há-de ser desconsiderada sua personalidade com a consequente responsabilidade
pessoal dos respectivos integrantes, por eventuais prejuízos causados a terceiros

Em muitas situações os sócios ou accionistas administradores das sociedades, sejam elas de


capital ou pessoas, acabam agindo com excesso de poder ou má-fé, contrariam o contrato e
estatuto social da sociedade, ou até mesmo as leis. Nestas situações seria justa a utilização da
desconsideração da personalidade, para alcançar os bens particulares dos representantes da
pessoa judicial

 Capacidade comercial

A capacidade jurídica constitui a medida dos direitos e obrigações de que uma pessoa é
susceptível de ser sujeito (art. 9º 10º do Código Comercial) e que a doutrina distingue entre a
capacidade de gozo e a capacidade de exercício.

Requisitos para o exercício da actividade comercial

 Capacidade civil,

 Exercício de actos de comércio e

 Profissão habitual.

Capacidade plena para o exercício da actividade comercial em Moçambique - Com a


idade de 21 anos.

Podem os menores e os demais incapazes ser comerciantes?

Ao exigir capacidade para a prática de actos de comércio, pretende referir-se à capacidade


jurídica de exercício, tanto mais que alude ao carácter profissional do comércio, o que pressupõe
uma prática habitual de actos geradores, mediadores ou extintivos de direitos e obrigações.

Exercício profissional do comércio


Pressupõe e concretiza-se através da prática de actos de comércio. Mas não qualquer prática: só
a prática em termos de profissão.

a) Não basta a prática de actos de comércio isolados ou ocasionais: para se adquirir a


qualidade de comerciante é indispensável a prática regular, habitual, sistemática, de actos
de comércio;

b) Não basta a prática, mesmo que habitual de quaisquer actos de comércio: nem todos estes
actos têm a mesma potencialidade de atribuir a quem os pratique a qualidade de
comerciante;

c) É indispensável para que haja profissionalidade que o indivíduo pratique os actos de


comércio de forma a exercer como modo de vida uma das actividades económicas que a
lei enquadra no âmbito do direito mercantil;

d) Deve entender-se como indispensável que a profissão de comerciante seja exercida de


modo pessoal, independente e autónomo, isto é, em nome próprio, sem subordinação a
outrem;

e) É indispensável que o comerciante organize factores de produção com vista à produção


das utilidades económicas resultantes de uma daquelas utilidades económicas que a lei
considera como comerciais.

Portanto, é comerciante quem possui e exerce uma empresa comercial: quem é titular de
uma organização daquelas que a lei qualifica como empresas comerciais para
através dela exercer uma actividade comercial.

REFERÊNCIAS

Leituras Obrigatórias

A leitura dos textos indicados, a seguir, é de fundamental importância para a compreensão de nossos
estudos e para a realização das actividades propostas para esta primeira unidade de estudo. Portanto, não
deixe de estudá-los.

 CORREIA, Miguel J. A. Pupo, Direito Comercial (Direito da Empresa), 9ª Edição, refundida e


actualizada, Editora Jurídica, Lisboa, 2005.

 Legislação

 Dec. Lei nº 2/2009 de 24 de Abril (BR nº 016, I Série, 3º Supl. de 24 de Abril de 2009, pág. 86 – (altera
alguns artigos do Código Comercial de Moçambique - Decreto-Lei nº 2/2005 de 27 de Dezembro
de 2005);  Decreto 1/2006 de 3 de Maio (Cria o registo de Entidades Legais e aprova o seu
regulamento. BR nº 018, I Série, de 03 de Maio de 2006, pág. 147 a 160. Revoga o Decreto-Lei nº42
42644 e o decreto nº42 645, ambos de 14 de Novembro de 1959);

 Lei nº 23/2009 de 28 de Setembro de 2009 (BR nº 038, I Série, Supl. de 28 de Setembro de 2009, pág.
286-(18) a 286-(31) - Aprova a Lei Geral das Cooperativas.

 Código Civil Português, aprovado pelo Decreto - Lei nº 47344, de 26/11/1966.

 Decreto-lei 3/2006, de 23 de Agosto (Estabelece o regime para a constituição, alteração e dissolução


das pessoas colectivas e altera os artigos 168, 185, 1143, 1232 e 1239 do Código civil)

Leituras Complementares

 ABREU, JORGE MANUEL COUTINHO DE - Da Empresarialidade. As Empresas no Direito,


Coimbra, Livraria Almedina, 1996

 ABREU, JORGE MANUEL COUTINHO DE - Curso de Direito Comercial, Vol. I, Introdução, Actos de
Comércio, Empresas, Sinais Distintivos, 6.ª Edição, Coimbra. Almedina, 2007

 Ascensão, J. Oliveira - Direito Comercial, vol. I, II, III, IV Direito Industrial, Lisboa, 1994; vol. III,
Títulos de Crédito, Lisboa, 1992
 Cordeiro, António Menezes - Manual de Direito Comercial, Vol. I, Almedina, Coimbra, 2009;

 CORREIA, L. Brito. Direito Comercial, 2º Volume, Sociedades Comerciais, Lisboa, 1989.

 CORREIA, Ferrer – Lições De Direito Comercial, Almedina Editora, 1994, LEX – Edições
Jurídicas.

 CUNHA, PAULO OLAVO - Direito das Sociedades Comerciais, 3ª Edição, Almedina, 2007

 Martins, Alexandre Soveral, Títulos de crédito e valores mobiliários, vol. I, Almedina, 2008;

 OLIVEIRA, Jorge de - Breves Noções de Direito Comercial. Maputo: Edição do Autor, 1998;

Actividades
1. Explique o que entende por acto de comércio, segundo a doutrina
2. Identifique as características de um acto de comércio
3. Explique a diferença entre acto de comércio objectivo e subjectivo
4. Explique a diferença entre acto de comércio absolutos e acto de comércio absolutos de
acordo a natureza
5. Explicar a noção de comerciante de acordo a doutrina
6. Explique o que entende por personalidade jurídica do comerciante, de acordo a doutrina.

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