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Objectivos
Os actos de Comércio
Não há possibilidade de se definir, a priori, todos os actos de comércio, devido ao dinamismo das
relações econômicas.
Actos de Comércio:
É todo o acto praticado habitualmente com o objetivo de lucro, para
circulação e intermediação de bens e serviços. É ato jurídico. É composto
de 2 (dois) elementos: Causa e motivo.
Actos de comércio:
Os que estiverem regulados no Código Comercial e em outras leis em razão dos Interesses do
comércio: actos objectivos;
E os que forem praticados por comerciantes – actos subjectivos, presumindo-se que o são no
exercício ou em ligação com o seu comércio; presunção esta que será elidível pela demonstração:
ou de que o acto é de natureza exclusivamente civil, não poder ser praticado em relação com o
comércio; ou de que do próprio acto resulta que é alheio à actividade comercial de quem o
praticou.
OS ACTOS DE COMÉRCIO
3 - O COMERCIANTE
Comerciante é a pessoa que tem como profissão a prática habitual e por conta própria dos atos
de comércio.
O comerciante é, portanto, o profissional que obtém lucros servindo como intermediário entre
a pessoa que produz a mercadoria e aquela que a consome. Os atos que ele pratica, no exercício
de sua profissão, são denominados atos de comércio.
Agora vamos procurar entender melhor os elementos desta definição pelo exemplo
seguinte:
Paulo praticou um ato de comércio ao vender seu relógio a um amigo. Entretanto, com base
apenas neste fato, não podemos afirmar que Paulo é comerciante, pois esta venda pode ser
ocasional, esporádica, não caracterizando a profissão de Paulo. E comerciante, como vimos na
definição, é a pessoa que faz da prática habitual dos atos de comércio sua profissão. Por sua vez,
devemos entender como profissão a actividade econômica que desempenhamos para obter
nossos meios de subsistência. Vejamos agora outro exemplo:
Orlando é empregado de uma loja de calçados, onde ganha a vida realizando, habitualmente, a
venda de inúmeros pares de sapato. Neste caso,
podemos afirmar que Orlando é comerciante? Não, porque ele não pratica atos de comércio por
conta própria, mas sim em nome do dono da loja. Orlando é comerciário, ou seja,
empregado que trabalha no comércio. O dono da loja, este sim é comerciante, porque sua
profissão consiste na prática habitual e por conta própria de atos do comércio: no caso, a venda
de calçados, por um preço superior ao da compra (lucro).
Classificação:
A existência dos actos de comércio é anterior à dos comerciantes pois para ser comerciante
é indispensável a prática profissional dos actos de comércio e estes existem sem que os que
O praticam possam ser considerados comerciantes.
A Compra e venda de bem móvel ou semovente para sua revenda, por atacado/varejo,
industrializado ou não ou para alugar o seu uso;
Artigo 4
(Actos de comércio)
Artigo 5
Embora o acto seja mercantil só com relação a uma das partes, será regulado pelas disposições da lei
comercial quanto a todos os contratantes, salvas as que só forem aplicáveis àquele ou àqueles
por cujo respeito o acto é mercantil, ficando, porém, todos sujeitos à jurisdição comercial.
Ato de comércio: é aquele praticado pelos comerciantes, relativo ao exercício de sua actividade,
e aquele considerado como tal pela lei, em cada ordenamento jurídico.
São actos de comércio objectivos, os que são regulados na lei comercial, em razão do seu
conteúdo ou circunstâncias.
1Dec. Lei nº 2/2009 de 24 de Abril (BR nº 016, I Série, 3º Supl. de 24 de Abril de 2009, pág. 86 – (altera alguns
artigos do Código Comercial de Moçambique - Decreto-Lei nº 2/2005 de 27 de Dezembro de 2005);
São actos de comércio subjectivos, aqueles que a lei atribui comercialidade pela
circunstância de serem tais actos conexos com a actividade comercial dos seus autores.
Os actos de comércio absolutos ou por natureza são comerciais devido à sua natureza
intrínseca, que radica do próprio comércio, na vida mercantil. São actos gerados e tipificados
pelas necessidades da vida comercial.
Uns, – que são a maior parte – são actos absolutos em virtude de serem os actos
caracterizadores, típicos, essencialmente integrantes daquelas actividades que tornam o
objectivo material do Direito Comercial;
Outros são actos absolutos em razão da sua forma, ou do objecto sobre o qual incidem.
Partindo da constatação de que certos actos, civis pelas suas características, podem tornar-se
comerciais por serem praticados em ambiente comercial. Segundo a teoria do acessório, são
actos de comércio acessórios os actos praticados por um comerciante no exercício do seu
comércio, e além disso, os actos ligados a um acto de comércio absoluto.
Assim, para esta teoria há duas categorias de actos de comércio: os que estão ligados à actividade
comercial de um comerciante; e, os que adquirem comercialidade por terem relação com o de
um acto de comércio por natureza.
Noção de Comerciante
Comerciantes: são todas as pessoas que exercem pelo menos uma actividade comercial ou
praticam actos de comércio (objectivos) habitualmente, no entanto, não é necessário ser a única
actividade exercida por o mesmo e as sociedades comerciais.
Caracterização do Comerciante:
Produção é a actividade, por meio da qual os bens são obtidos directamente da natureza
material ou imaterial.
"Pessoa", no seu conceito jurídico, é todo ente capaz de direitos e obrigações. As "Pessoas" podem
ser "físicas ou jurídicas".
Pessoa Física - É a pessoa natural; é todo ser humano, é todo indivíduo (sem qualquer
excepção). A existência da pessoa física termina com a morte. É o próprio ser humano. Sua
personalidade começa com o seu nascimento (artigo ___º do Código Civil moçambicano). No
decorrer da sua vida, a pessoa física constituirá um património, que será afastado, por fim, em
caso de morte, para transferência aos herdeiros.
Pessoa Jurídica - É a existência legal de uma sociedade, associação ou instituição, que aferiu o
direito de ter vida própria e isolada das pessoas físicas que a constituíram. É a união de pessoas
capazes de possuir e exercitar direitos e contrair obrigações, independentemente das pessoas
físicas, que através das quais agem. É, portanto, uma nova pessoa, com personalidade distinta
da de seus membros (da pessoa natural). Sua existência legal dá-se em decorrência de leis e só
nascerá após o devido registo nos órgãos públicos competentes 8 (Conservatória de Registo de
entidades legais).
No actual Código Comercial aprovado em 2005, o legislador não deu uma definição legal de
comerciante.
Personalidade jurídica
DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE
Personalidade
Conceito de pessoa: em consonância a doutrina dita como tradicional, ―pessoa é o ente
físico ou coletivo suscetível de direitos e obrigações, sendo sinônimo de sujeito de direito‖
(Maria Helena Diniz).
Sujeito de direito: é aquele que é ―sujeito de um dever jurídico, de uma pretensão ou
titularidade jurídica, que é o poder de fazer valer, através de uma ação, o não-cumprimento do
dever jurídico, ou melhor, o poder de intervir na produção da decisão judicial‖ (Clóvis
Beviláqua).
Personalidade jurídica: toda pessoa é dotada de personalidade, é conceito básico da ordem
jurídica, que a estende a todos os homens indistintamente, consagrando-a na legislação civil e
nos direito constitucionais de vida, liberdade e igualdade. É a qualidade jurídica que se revela
como condição preliminar de todos os direitos e deveres (Haroldo Valladão in Maria Helena
Diniz).
Para Caio Mário da Silva Pereira, liga-se à pessoa a idéia de personalidade, que exprime a
aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações.
O conceito de personalidade está totalmente relacionado ao conceito de pessoa, pois àquele
que nasce com vida, torna-se uma pessoa, ou seja, adquire personalidade. Ser pessoa e
consequentemente adquirir personalidade, é pressuposto básico para inserção e atuação da
pessoa na ordem jurídica.
O Código Civil reconhece a personalidade para toda pessoa natural (ser humano), bem como
para certas entidades morais, denominadas pessoas jurídicas (agrupamentos humanos), que se
subordinam aos preceitos legais e se associam para melhor atingir seus objetivos sejam de
ordem econômica ou social, como associações e sociedades, ou através de fundações,
constituídas de um patrimônio destinado a um fim determinado.
Capacidade jurídica e legitimação:
8 Decreto 1/2006 de 3 de Maio (Cria o registo de Entidades Legais e aprova o seu regulamento. BR nº 018, I
Série, de 03 de Maio de 2006, pág. 147 a 160. Revoga o Decreto-Lei nº42 42644 e o decreto nº42 645, ambos
de 14 de Novembro de 1959);
Para Sílvio Rodrigues, ―afirmar que o homem tem personalidade é o mesmo que dizer que ele
tem capacidade para ser titular de direitos‖ .
O direito civil encaixou o conceito de capacidade ao de personalidade, assim pode-se dizer que a
capacidade é a medida da personalidade, ou seja, para alguns a capacidade é plena e para outros
é limitada.
Assim sendo ―para ser pessoa basta que o homem exista, e, para ser capaz, o ser humano precisa
preencher os requisitos necessários para agir por si, como sujeito ativo ou passivo de uma
relação jurídica. Eis porque os autores distinguem entre capacidade de direito ou de gozo e
capacidade de exercício ou de fato‖ (Antônio Chaves).
Diferença entre personalidade jurídica e capacidade jurídica
Existe uma diferença entre as expressões personalidade jurídica e capacidade jurídica,
personalidade jurídica é conceito absoluto, ou seja, ela existe ou não existe enquanto
capacidade jurídica é conceito relativo, ou seja, pode ter-se mais capacidade jurídica, ou
menos.
Concluindo, a personalidade jurídica é a potencialidade de adquirir direitos e contrair
obrigações; a capacidade jurídica é o limite dessa potencialidade.
Capacidade de direito ou de gozo: é a que todos têm e adquirem ao nascimento com vida,
não pode ser recusada ao indivíduo, sob pena de se negar sua qualidade de pessoa. Pode ser
chamada também de capacidade de aquisição de direitos.
Todo ser humano possui a capacidade de direito, indistintamente, estendendo-se aos
privados de discernimento e as crianças, independentemente do seu grau de desenvolvimento
mental, podendo assim herdar, receber doações, etc.
Capacidade de fato ou de exercício ou de ação: é a aptidão para exercer por si só, os atos
da vida civil. Por faltarem para algumas pessoas requisitos como a maioridade, saúde,
desenvolvimento mental, a lei no intuito de protegê-las, exige a participação de outra pessoa,
que as represente ou assista.
Por isso os recém nascidos e os doentes mentais possuem apenas a capacidade de direito, mas
não capacidade de fato.
Aquele que possui as duas capacidades tem a chamada capacidade plena, já os que só tem a de
direito, tem a capacidade limitada, necessitando que outra pessoa o substitua ou complete sua
vontade, por essa razão são denominados incapazes.
Legitimação: é uma espécie de capacidade especial exigida em certas situações, é a aptidão para
a prática de determinados atos jurídicos. Ex:
Pessoa natural:
"É o ser humano considerado como sujeito de direitos e obrigações" (Maria Helena Diniz), que
para receber essa denominação de pessoa, basta nascer com vida, e desse modo adquirir
personalidade..
Tem-se então no nascimento com vida, o marco inicial da personalidade, muito embora os
direitos do nascituro são respeitados desde a concepção, considerando-se que a partir deste
momento inicia-se a formação de um novo ser, esse é o entendimento adotado pelo direito
pátrio, ficando sob condição os direitos do nascituro (se com vida ou não).
Ao primeiro sopro de vida após a separação da mãe, ainda que não cortado o cordão umbilical,
cabe-lhe todos os direitos reconhecidos à pessoa humana no plano jurídico. Ainda que venha
falecer em seguida, consideram-se adquiridos seus direitos, para todos os efeitos próprios,
protegendo-se assim, todos os seus direitos.
Dá o nascimento no momento em que a criança é separada do ventre materno, não importante
qual foi o tipo de parto, nem se foi a termo ou não, só se faz necessário desfazer-se a unidade
biológica, separando-se em dois corpos distintos, com vida orgânica própria.
Nascer com vida é respirar, assim, se respirou, viveu, ainda que em seguida venha a falecer. Neste
caso lavra-se dois assentos, um de nascimento e outro de óbito.
Personalidade jurídica é a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações.
Ideia ligada à de pessoa, é reconhecida atualmente a todo ser humano e independe da
consciência ou vontade do indivíduo: recém-nascidos, loucos e doentes inconscientes possuem,
todos, personalidade jurídica. Esta é, portanto, um atributo inseparável da pessoa, à qual o
direito reconhece a possibilidade de ser titular de direitos e obrigações.
Personalidade jurídica: aptidão que toda a pessoa natural e jurídica possui de exercer direitos
e deveres na Ordem Jurídica.
Também é atribuída a entes morais, constituídos por agrupamentos de indivíduos que se
associam para determinado fim (associações e afins) ou por um patrimônio que é destinado a
uma finalidade específica (fundações e congêneres): as chamadas pessoas jurídicas (ou morais),
por oposição aos indivíduos, pessoas naturais (ou físicas).
O direito não concede personalidade a seres vivos que não sejam humanos, nem a seres
inanimados, o que os impede de adquirir direitos.
O instituto da personalidade não deve ser confundido com o da capacidade de fato.
Em geral, entende-se que a personalidade jurídica tem início com o nascimento com vida. A este
binômio, alguns países acrescentam a exigência de que o nascido com vida seja viável (isto é,
esteja apto a continuar a viver), ou que tenha "forma humana". A personalidade das pessoas
jurídicas começa com a sua constituição, geralmente feita mediante registro junto às
autoridades competentes.
A personalidade do indivíduo extingue-se com a morte. A das pessoas jurídicas, com a sua
dissolução.
Constituída a sociedade dentro das formalidades exigidas por lei, esta passa a ter personalidade
jurídica independente da de seus sócios, podendo assumir direitos e obrigações, ou seja, adquire
autonomia patrimonial, pois todo acervo de bens da sociedade não se confunde com o
património particular de cada membro da sociedade.
Assim, sempre que a pessoa jurídica seja utilizada para fins diversos ao objecto para o qual foi
criada, há-de ser desconsiderada sua personalidade com a consequente responsabilidade
pessoal dos respectivos integrantes, por eventuais prejuízos causados a terceiros
Capacidade comercial
A capacidade jurídica constitui a medida dos direitos e obrigações de que uma pessoa é
susceptível de ser sujeito (art. 9º 10º do Código Comercial) e que a doutrina distingue entre a
capacidade de gozo e a capacidade de exercício.
Capacidade civil,
Profissão habitual.
b) Não basta a prática, mesmo que habitual de quaisquer actos de comércio: nem todos estes
actos têm a mesma potencialidade de atribuir a quem os pratique a qualidade de
comerciante;
Portanto, é comerciante quem possui e exerce uma empresa comercial: quem é titular de
uma organização daquelas que a lei qualifica como empresas comerciais para
através dela exercer uma actividade comercial.
REFERÊNCIAS
Leituras Obrigatórias
A leitura dos textos indicados, a seguir, é de fundamental importância para a compreensão de nossos
estudos e para a realização das actividades propostas para esta primeira unidade de estudo. Portanto, não
deixe de estudá-los.
Legislação
Dec. Lei nº 2/2009 de 24 de Abril (BR nº 016, I Série, 3º Supl. de 24 de Abril de 2009, pág. 86 – (altera
alguns artigos do Código Comercial de Moçambique - Decreto-Lei nº 2/2005 de 27 de Dezembro
de 2005); Decreto 1/2006 de 3 de Maio (Cria o registo de Entidades Legais e aprova o seu
regulamento. BR nº 018, I Série, de 03 de Maio de 2006, pág. 147 a 160. Revoga o Decreto-Lei nº42
42644 e o decreto nº42 645, ambos de 14 de Novembro de 1959);
Lei nº 23/2009 de 28 de Setembro de 2009 (BR nº 038, I Série, Supl. de 28 de Setembro de 2009, pág.
286-(18) a 286-(31) - Aprova a Lei Geral das Cooperativas.
Leituras Complementares
ABREU, JORGE MANUEL COUTINHO DE - Curso de Direito Comercial, Vol. I, Introdução, Actos de
Comércio, Empresas, Sinais Distintivos, 6.ª Edição, Coimbra. Almedina, 2007
Ascensão, J. Oliveira - Direito Comercial, vol. I, II, III, IV Direito Industrial, Lisboa, 1994; vol. III,
Títulos de Crédito, Lisboa, 1992
Cordeiro, António Menezes - Manual de Direito Comercial, Vol. I, Almedina, Coimbra, 2009;
CORREIA, Ferrer – Lições De Direito Comercial, Almedina Editora, 1994, LEX – Edições
Jurídicas.
CUNHA, PAULO OLAVO - Direito das Sociedades Comerciais, 3ª Edição, Almedina, 2007
Martins, Alexandre Soveral, Títulos de crédito e valores mobiliários, vol. I, Almedina, 2008;
OLIVEIRA, Jorge de - Breves Noções de Direito Comercial. Maputo: Edição do Autor, 1998;
Actividades
1. Explique o que entende por acto de comércio, segundo a doutrina
2. Identifique as características de um acto de comércio
3. Explique a diferença entre acto de comércio objectivo e subjectivo
4. Explique a diferença entre acto de comércio absolutos e acto de comércio absolutos de
acordo a natureza
5. Explicar a noção de comerciante de acordo a doutrina
6. Explique o que entende por personalidade jurídica do comerciante, de acordo a doutrina.