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Bibliografia: António Menezes Cordeiro, Direito Europeu das Sociedades


Comerciais, Coimbra, Almedina, 2005; Carlos Alberto da Mota Pinto, Teoria Geral
do Direito Civil, 3 edição actualizada, Coimbra Editora, Coimbra, 1999; Jorge
Coutinho Manuel de Abreu, Curso Comercial, UMBB, Maputo, 2009; José Oliveira
de Ascensão, na sua obra Direito Comercial, vol. IV, Das Sociedades Comerciais,
Lisboa, 1993; Luís Brito Correia, Direito Comercial, sociedade comercial vol.ll, 3
Tiragem AAFDL, 1989; Miguel Pupo Correia, Direito Comercial, 4 edição revista e
aumentada, Universidade Lusíada, Lisboa, 1996.

1 .Actos de Comércio
A determinação dos actos do comércio acha-se prevista nos artigos 4 e 5 do Código
Comercial.
Retira-se destes artigos, a ideia de que determinados actos jurídicos, os
acontecimentos jurídicos relevantes são classificados como comerciais. E no artigo
4 do C. Comercial, a expressão acto de comércio, é usada em sentido amplo. Isto é,
abarcando vários acontecimentos que consubstanciam actividades comerciais e por
isso assinalada mente efeitos jurídicos comerciais. Nomeadamente, os factos
jurídicos voluntários lícitos ou ilícitos ou ainda simples negócios jurídicos. No
entanto, nem todas as disposições do código comercial refletem -se na ideia
essencial dos actos de comércio strictu sensu, embora se assuma que o nosso
Direito Comercial é um Direito dos actos de comércio e da empresa.
Nos termos da alínea b) n.1 do artigo 4 do Código Comercial, são actos de
Comércio os actos praticados no exercício de uma empresa comercial de onde
resulta que não são apenas actos de comércio os contatos, mas também todos os
actos praticados no exercício da empresa comercial das quais emanam obrigações
comerciais.
Isto é, está disposição tanto abarca praticados de forma isolada ou ocasional, quer
por empresário comercial, quer por empresário comercial, como também todos
actos associados à organização da empresa comercial tendentes a obtenção de
lucro.
No entanto, excluem -se do artigo 4 Código Comercial, os factos jurídicos naturais
ou involuntários porque, aqueles que ocorrem sem verificação da vontade humana.
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1.2. Classificação dos actos de Comércio

a) Actos de comércio subjectivo, são aqueles classificados como tal em


função do sujeito que os pratica, isto é, a qualificação do acto como sendo do
comércio terá como base, a pessoa que à luz do artigo 3 do Código
Comercial, pratica uma daquelas actividades previstas. Deste modo, os actos
praticados pelo empresário comercial se presumem de comércio, salvo se
das circunstâncias que rodearam a sua prática, resulte o contrário. Ter-se-á
assim, de verificar não só o acto em si mas as circunstâncias que rodearam o
acto.
b) Actos de Comércio objectivo, é todo aquele acto que independentemente
do sujeito ou da qualidade de sujeito, encontra-se previsto no Código
Comercial ou Código civil ou ainda em qualquer legislação extravagante que
qualifica o tal acto como sendo de comércio, vide artigo n. 1 do artigo 4 do
Código Comercial.
c) Acto Unilateral, quando uma das partes intervenientes é empresário
comercial e a outra não é. Nos termos do artigo 5 do Código Comercial, esse
acto é regulado pela lei comercial relativamente aos dois sujeitos salvo no
que só se deva aplicar ao empresário comercial de acordo com a sua
qualidade.
d) Acto bilateral, quando os dois são empresários comerciais e realizam um
acto de comércio, ou seja, o acto é comercial para as duas partes. Uma
compra realizada por um empresário num armazém de outro empresário
comercial com a finalidade de revenda.
e) Actos de Comércio absolutos, os actos que têm de per si, a natureza
comercial, isto é, os actos que devem a sua comercialidade à sua natureza
intrínseca, ou, ainda dada a sua natureza funda-se no próprio comércio, na
vida empresarial.
f) Actos de Comércio por conexão, os actos cuja comercialidade a lei outorga
tendo em consideração a sua especial relação com certo acto de comércio,
ou com o comércio, ou seja, são actos comerciais em razão da sua peculiar
ligação a um acto de comércio absoluto ou uma actividade classificada como
comercial. Portanto, tudo depende da sua relação de conexão ou
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acessoriedade, quer com um acto de comércio fundamental, quer com a


exploração de uma empresa mercantil.
g) Actos de comércio causais, os actos relativamente aos quais a lei os
contempla e os regula de forma a preencher ou a realizar uma determinada
causa-função jurídico económica;
Exemplo: compra e venda têm por causa a alienação de um bem mediante a
aquisição de um preço.

h) Actos de Comércio abstractos, os que se manifestam com vista a


preencher uma diversidade de causas/funções, podendo as relações jurídicas
que deles emanam ter uma vida autónoma das relações que lhe deram
origem. Na verdade o acto de comércio abstracto tem também uma causa.
No entanto, esta causa não é típica, podendo integrar- se numa das
diferentes relações jurídicas integradas ao acto
i) Actos de Comércio puro, os actos comerciais relativamente a todos os
sujeitos, são também designados unilateralmente comerciais são - no
relativamente a uma das partes e no termos do artigo 5 Código Comercial,
são regulados à luz do código comercial, em relação a todos os contratantes
com excepção daqueles que são aplicáveis aos comerciantes pela natureza
de ser empresário comercial.
j) Actos de Comércio formalmente comerciais, os que são regulados na lei
comercial como um esquema formal que permanece aberto para dar
cobertura a qualquer conteúdo e abstraem no seu regime de objecto ou fim
para que são utilizados.
k) Actos substancialmente comerciais, os que têm a comercialidade em
razão da própria natureza, isto é, por representar em si mesmos actos
próprios da actividade materialmente mercantil.

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