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Por: Turma do IIº ano

Jaime Francisco Direito Comercial


Oficina do Saber Jurídico
DOS ACTOS DE COMÉRCIO.
Segundo o art. 1º, a lei comercial rege os atos de comércio.

CLASSIFICAÇÃO DOS ACTOS DE COMÉRCIO


Actos de comércio absolutos (naturais e independentes).
são atos de comércio absoluto, naturais ou independentes, os que têm por si natureza
comercial, ou seja, aqueles que não dependem da ligação com outro acto de comercio
para serem vistos como comerciais eles tiram a sua natureza comercial da lei comercial.
Exemplo: O contrato de compra e venda comercial, art. 463º do CCom, é um ato de
comércio absoluto porque o legislador atribui essa qualidade em conformidade com a
sua natureza.
Actos de comércio por conexão ou acessórios.
São atos acessórios ou por conexão os que a lei atribui a comercialidade atendendo a
relação especial com o ato comercial principal.
Tal como o próprio nome nos diz, actos por conexão ou acessório, quer isto dizer que
estes só serão actos de comercio quando estiverem ligados a um outro acto de comécio
absoluto. São também chamados de acessórios porque eles dependem da sua ligação
com um acto principal para serem tidos como comerciais.
Exemplo: o contrato de mandato tem outra especificidade na medida em que se dá
mandato quando uma pessoa se encarrega de praticar um ou mais atos de comércio a
mando de outrem, art. 231º do CCom. Resulta desta disposição que o mandato de per
si não tem natureza comercial. A lei atribui a natureza comercial pelo facto de se
destinar a prática de atos de comércioe consequentemente houver uma relação especial
entre o ato de comércio principal e o mandato.
Actos puros
Os atos de comércio puro são os praticados entre comerciantes. Os sujeitos que neles
intervêm são comerciantes. Alguns autores chamam de atos bilaterais por entenderem
que os autores que intervêm na relação mercantil praticam atos de comércio. Não nos
parece correta essa designação porque a génese da terminologia negócios jurídicos
bilaterais tem a ver com as diversas vontades ínsita na relação jurídica e não com o
número de sujeitos ou qualidades e quantidades dos atos praticados.
Actos mistos
Já os atos mistos são aqueles cuja relação jurídica-comercial é demonstrada apenas num
dos sujeitos. Trata-se de uma relação jurídico-comercial em que só um dos sujeitos é
considerado comerciante. De igual modo, alguns autores o chamam de ato de
comércio unilateral, mormente não nos parece curial colher esse entendimento
porque na relação comercial mista podemos ter uma ou mais vontades. Os atos de
comércio puros e mistos estão regulados no art. 99º do CCom.
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Actos de comércio objectivos e subjectivos
Dentre todas as classificações possíveis que se possa fazer de actos de comércio,
podemos assim dizer que esta que classifica ou qualifica o acto de comércio em
objectivo e subjectivo é a mais importante e a que nos interessa de ponto de vista
prático e legal.
Assim ainda podemos dizer que as outas classificações são meramente um critério
doutrinário já esta é com base a um critério legal e é que delimita o regime jurídico dos
actos de comércio nos termos do artigo 2º do Ccm.
Atos de comércio objetivos
São atos de comércio objetivos, nas palavras do art. 2º primeira parte, “(...) todos
aqueles que se acharem especialmente regulados neste Código”. Esta definição,
contudo, coloca dois problemas:
i) São comerciais todos os atos regulados no Código?
R: A resposta é não.
A lei não diz “todos os atos regulados neste Código”, mas todos os que sejam
“especialmente”, isto é, com desvio em relação ao regime geral.
ii) São comerciais apenas os atos nele regulados?
A resposta é igualmente não. Porque Haverá atos comerciais que não estão regulados
no Código Comercial.
Assim: São comerciais os atos regidos por diplomas que vieram substituir normas do
Código Comercial, mantendo se, todavia, como extravagantes (ex: Leis Uniformes ou o
Código das Sociedades Comerciais).
Atos de comércio subjetivos
A referência aos atos de comércio subjetivos encontra-se no art. 2º segunda parte. São
atos subjetivamente comerciais aqueles que são praticados por comerciantes. Este
conceito vem alargar o conceito de ato de comercial, para além da definição dada para
atos objetivamente comerciais. Neste tipo de acto a presença do comerciante é
indispensável para que o acto seja comercial.
Com já mencionado acima, os atos subjetivos de comércio estão regulados na 2ª parte
do art. 2º do CCom e qualifica como comercial o conjunto de atos praticados por
comerciantes. O critério delimitador estabelecido pelo legislador para determinar a
subjetividade dos atos de comércio é a existência do comerciante.
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Não existe um numerus clausus dos atos que devem ser considerados subjetivamente
comerciais, mas um critério genérico cerceado por três requisitos nomeadamente:
1. Prática de contratos e obrigações dos comerciantes;
2. O ato não deve ter natureza exclusivamente civil,
3. do próprio ato não pode resultar o contrário.

 O primeiro requisito nos parece paradoxal na medida em que fala em


contratos e obrigações, mas o preceito começa por dizer que são auma espécie
de cacofonia jurídica no preceito por tratar de atos e contratos de comércio
como se fossem figuras jurídica a distintas. Seria curial se o legislador tivesse
feito uma construção dogmática mais consentânea que visasse atos de
comércio, contratos e obrigações de forma harmoniosa. Nos parece que o
legislador não foi feliz ao construir o art. 2º do CCom.
Porém, vamos nos ater no efeito útil do requisito:

 O comerciante deve cumprir as obrigações resultantes das relações jurídico-


comercial que estabelece.
 Ademais, deve cumprir as obrigações expressas no art. 18º do CCom,
nomeadamente adoção da firma, registo comercial, elaborar balanço, prestar
contas etc. Deve ainda cumprir outras obrigações, designadamente o de
indemnizar em caso de responsabilidade objetiva.

 O segundo requisito tem a ver com a natureza do ato.


Existem atos de comércio que têm natureza puramente civil, nomeadamente o
casamento, perfilhação, adoção e testamento que numa observação primária e
com as caraterísticas que apresentam não é possível relacioná-los com o regime
jurídico da comercialidade. Logo, a prática desses atos não pode ser qualificado de
comercial.
 Por fim, é considerado atos de comércio se do próprio não resultar o contrário.
A interpretação corrente é que do próprio ato de comércio não pode resultar que
não existe ligação entre o ato praticado e a vontade do sujeito. Observe-se que não
devemos ter apenas em conta o ato em si, mas todas as circunstâncias que
concorrem para a sua compreensão. É o caso típico do vício de vontade de uma das
partes. Se for celebrado um contrato que em situação normal teria sido qualificado
de comercial por conter os requisitos da comercialidade, mas umas das partes
representa de forma adversa a sua vontade, aqui claramente não resulta a
existência de uma relação de especialidade entre o ato praticado e a vontade
manifestada pelo sujeito que o praticou porque do próprio ato resulta o contrário.

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