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A lei civil não é fonte de direito comercial, mas sim, como direito subsidiário, um
elemento de integração do regime jurídico das relações comerciais
19-10
Ato de comercio
Empresas comerciais
Art.230º CCom neste artigo temos 2 situações que o legislador entende que nestas
circunstâncias que estão no art.230º, paragrafo 1 e 2 se ocorrer uma situação dessas,
não se considera comerciais e, no entanto, elas podem visar o lucro, a especulação e a
produção para consumo, mas afastou.
Por outro lado, as actividades ou actos mercantis que têm fins lucrativos, muitas vezes
também podem não ser consideradas actividades comerciais como por ex: o Estado
compra madeiras queimadas numa mata para vender ao preço de mercado ou abaixo
do custo, também aí se considera como empresa comercial, porque ai também o escopo
não é o lucro, não é a especulação, no entanto há ai uma actividade de compra e venda
e não se considera haver lucro.
Por outro lado, há também situações em que no art.17º e 463º CCom, que pode haver
a venda do produto a preço inferior ao custo.
C.Ramos 1
Por outro lado, temos as cooperativas que desenvolvem actividades e que não têm uma
actividade que pode ter um caracter continuo, duradouro, também tem os seus
trabalhadores assalariados, mas não tem os fins lucrativos.
Há situações que temos entidades que podem ter uma actividade de produção visando
o consumo ou não, mas praticam actos que não se pode considerar com posição de
trocas, ex: se tiver perante uma situação de fiança, não há aqui qualquer interposição
de trocas, não há aqui questões de lucro e no entanto esse acto é um acto de comercio,
não é obrigatório haver interposição de trocas para podermos também tornar comercio.
Iremos analisar metade do art.2º que diz respeito aos actos de comercio objectivos.
Existem também actos de comercio subjectivos que já é a 2º parte do art.2º.
Subjectivos são todos aqueles praticados por alguém que tenha a qualidade de
comerciante.
Para o prof, os actos naturais, não são actos de comercio, só os actos voluntários.
Um acto natural não depende da minha vontade.
C.Ramos 2
Temos figuras que estão previstas no código civil( direito comum) e no código comercial
Figuras que temos que estão reguladas nos dois: fiança; compra e venda; mandato
(advogado); aluguer; deposito; etc...
Actos que só estão previsto no código comercial serão por exemplo o que está previsto
no art.334º que tem a ver com a conta corrente, art.425 seguro, trespasse art.366º, são
actos que só estão previsto na lei comercial.
Ainda existem actos que estão em lei extravagante, é a lei que foi criada após o código
comercial ter sido elaborado. Ex: as que regulam os cheques, são também vistas como
actos de comercio objectivos.
Acto de comercio é qualquer acto que pode surgir no desenvolvimento de uma actividade
mercantil Ex: fiança, penhor, mandato, cheque.
Estão inerentes à actividade comercial no sentido objetivo no sentido em que a lei remete
para elas.
É objetivo porque a lei remete para lá, está previsto.
Uma liderança é um acto de comercio porque a lei remete para lá, está previsto, porque
depois pode haver que é o que está a faltar a 2º parte do art.2º é a subjetividade, porque
se eu fizer isso enquanto pessoa singular e não como comerciante esse acto pode ser
considerado um acto de comercio, só que é considera um acto de comercio objetivo, como
me falta a qualidade de comerciante, aplica-se a lei comum, não se vai aplicar a lei
comercial.
O acto de comercio será objetivo, mas depois também terá que ser subjectivo, ou seja,
está previsto em disposições da lei, mas depois também tem que haver aqui a qualidade
de comerciante.
Eu possuo uma sociedade, compro um carro para oferecer à minha mulher, a compra e
venda é um acto de comercio que está previsto na lei comercial, mas está sujeito à lei
comercial?
Eu quando fiz, fiz na qualidade de comerciante ou não?
E pratiquei esse acto para o desenvolvimento da actividade ou não?
É que se não, ele é uma acto privado. Eu pratiquei um acto de comercio objetivo e falta a
parte subjectiva a qualidade de comerciante, praticar o acto enquanto comerciante, essa é
a 2º parte do art.2º.
Art.2º estes actos de comercio que estão na 1º parte do art.2º são actos de comercio
objectivos que estão previstos ou na lei comercial ou na lei extravagante, são
objectivamente actos de comercio.
Quando no art.2º diz que “ estão regulados neste código” temos que fazer uma
interpretação extensiva, isto é, temos que ir às leis extravagantes .
Os actos de comercio seriam os que estão ao abrigo da lei comercial seriam todos aqueles
que são praticados e estão na lei comercial e interpretados extensivamente e praticados
como comerciante.
C.Ramos 3
• Actos de comercio objectivos - serão os que cabem dentro da 1º parte do art.2º
e serão aqueles que também estarão previstos no art.230º.
Estes são os 2 artigos chave para falarmos de actos de comercio objetivo.
Quando o acto está afastado como objetivo, está afastado como subjectivo.
Art.463º também é importante para conjugar, porque ele trata também de compra e
vendas comerciais.
Quando num caso pratico apareça um contrato de compra e venda tem que ser
praticado de acordo com o 463º, são consideradas comerciais coisa moveis para
revender.
Ex: tenho um acto de comercio que é de compra e vende, está previsto na lei civil como
na lei comercial. Vou ao art.230º e foi praticado pelas empresas que não estão afastadas
da classificação objectiva de empresas comerciais, ela é uma empresa comercial, no
entanto quando eu vou analisar o contrato de compra e venda, vejo que aquela compra
e venda não foi para revenda, logo à partida aquele compra e venda é um acto de
comercio objetivo, até foi praticado no âmbito de uma empresa prevista no 230º, mas
não preenche aquele requisito da revenda, ela terá que ser vista ao abrigo da lei civil e
não da lei especial.
C.Ramos 4
Vejamos o art.463º
“São consideradas comerciais:
1.º As compras de cousas móveis para revender, em bruto ou trabalhadas, ou
simplesmente para lhes alugar o uso;
2.º As compras, para revenda, de fundos públicos ou de quaisquer títulos de crédito
negociáveis;
3.º A venda de cousas móveis, em bruto ou trabalhadas, e as de fundos públicos e de
quaisquer títulos de crédito negociáveis, quando a aquisição houvesse sido feita no
intuito de as revender;
4.º As compras e revendas de bens imóveis ou de direitos a eles inerentes, quando
aquelas, para estas, houverem sido feitas;
5.º As compras e vendas de partes ou de acções de sociedades comerciais
Vejamos o nº1, se for a compra de uma coisa móvel que não seja para revender, não é
considerada comercial, então aplica-se a lei civil e não a comercial, no entanto o acto
em si, seria objectivamente um acto de comercio, porque é a compra e venda, porque
está previsto a compra e venda na lei comercial, só que a compra e venda não foi para
revenda, então não é considerada comercial, então aplica-se a lei civil e não a lei
comercial.
Ex: comprou carro para dar à mulher, compra e venda está previsto na lei comercial,
segundo a teoria do acto de comercio (TAC) é um acto de comercio objectivo, mas
depois de saber que a compra foi feita não para revender( visa o lucro), mas para
oferece, então o art.464º diz que, se a compra for para familiares, então é para esquecer
porque elas não são comerciais, se não são comerciais a compra e venda é regida pelo
direito civil. A importância disto é, suponhamos que ele não paga o carro e tem uma
divida, quem paga a divida não é a sociedade porque o acto não é comercial e no então
objectivamente é um acto de comercio, só que foi automaticamente afastado pelo
art.464º.
C.Ramos 5
“ A lei comercial rege os atos de comércio (…)”
✓ Qualquer facto jurídico verificado na esfera das atividades mercantis:
▪ Factos jurídicos naturais ou involuntários; (não seguido pelo Professor Coutinho
de Abreu)
▪ Factos jurídicos voluntários, quer lícitos, quer ilícitos;
▪ Negócios jurídicos voluntários (contratos);
▪ Atos resultantes de atividades comerciais ocasionais ou isoladas;
A importância dos artigos 2.º e 230.º do Código comercial para a delimitação da
matéria comercial:
❖ TEORIA DO ATO DE COMÉRCIO (TAC)
➢ Artigo 2.º Código Comercial
a) Como qualifica os atos praticados por Cristiano, de acordo com a teoria dos atos
de comércio (TAC)?
b) E de acordo com a teoria jurídica da empresa (TJE)?
Tendo em conta ambas as teorias, será importante ter em conta dois momentos:
1. Cristiano, num primeiro momento, exerce uma atividade agrícola, nos termos do art.º
464º §2º do C.Com.
a. Teoria dos atos de comércio (TAC) - O art.º 1.º do Ccom diz que “a lei comercial rege
os atos de comércio, sejam ou não comerciantes as pessoas que nele intervêm”, e
segundo o art.º 2.º, 1.ª parte, “serão considerados atos de comércio todos aqueles que
se acharem especialmente regulados neste código”. Ora, o código comercial contem
C.Ramos 6
uma disposição legal que rege a venda que o proprietário ou explorador rural faça dos
produtos de propriedade sua ou por ele explorada (…), mas como se pode verificar pela
epígrafe do art.º 464.º, mais concretamente no n.º 2 do Ccom, não a considera
comercial. Deste modo, não estaríamos perante um ato de comércio em sentido
objetivo, desde logo, porque não é considerada uma venda comercial.
b. Teoria Jurídica da Empresa (TJE) - No que toca à TJE, a empresa de Cristiano seria
uma empresa agrícola, e mesmo quando transporta cereais para Lisboa, a sua empresa
é uma empresa acessória da empresa agrícola, sendo dominante o risco do fator terra,
e não o risco de capital, não sendo por isso, para efeitos do §2 art.º 230º, uma empresa
comercial, mas sim civil.
2. Num segundo momento, quando a sua atividade principal passa a ser a compra e
revenda de bolos, estaremos para efeitos da teoria dos atos de comércio, no âmbito do
art.º 463º §1, comprando Cristiano os bolos para revenda. Deste modo, estaríamos
perante um ato de comércio em sentido objetivo, regulado pelo direito comercial.
22-10
Prof.
- É um conjunto de bens materiais ou não, organizados por um sujeito ( pessoa), para
prática de uma determinada actividade designadamente económica para a produção de
bens e prestações de serviços, cuja o objetivo não é meramente solidário nem
meramente humanitário, mas sim, na obtenção de lucros.
C.Ramos 7
- O gerente que desvie património da empresa não há desconsideração da pessoa
jurídica, ele penaliza as sociedades que são os donos das empresas. Se fosse um sócio a
o fazer, aí sim, aplicar-se-ia a desconsideração da pessoa jurídica.
Podem pessoas coletivas que não são sociedades comerciais serem consideradas
comerciantes?
- Sim podem. Se praticar actos de comercio art.2º C.Com, a norma diz que são
considerados actos de comercio especialmente as que estejam no código .
“Art.º 2.º Actos de comércio : Serão considerados actos de comércio todos aqueles que
se acharem especialmente regulados neste Código, e, além deles, todos os contratos e
obrigações dos comerciantes, que não forem de natureza exclusivamente civil, se o
contrário do próprio acto não resultar.”
“art.º13.ºQuem é comerciante
São comerciantes:
1. As pessoas, que, tendo capacidade para praticar actos de comércio, fazem deste
profissão;
2. As sociedades comerciais “
C.Ramos 8
§ 2.º Não se haverá como compreendido no n.º 2.º o proprietário ou explorador
rural que fizer fornecimento de produtos da respectiva propriedade.
§ 3.º Não se haverá como compreendido no n.º 5.º o próprio autor que editar,
publicar ou vender as suas obras. “
Determinamos quem é comerciante, tem que fazer daquilo profissão, quando se pratique
aquela actividade regularmente, ( não significa que tem que ser todas as semanas, nem
todos os meses), com o objetivo que faça ser o meio de vida, que não tem que ser a única
nem exclusiva, não quer dizer que obtenha lucro (até pode ter prejuízo).
Ex: o “A” vendeu um computador e ganhou dinheiro com essa venda, volta a vender
outro computador. É comerciante? Não, faz vendas isoladas.
Passado 1 ano voltei a falar com ele e já tinha uma faturação de 100 e tal mil euros (
faturação não é lucro).
Ex: castanhas, o produtor não pode ser considerado um comerciante ao abrigo do art.230º
C.Com, mas o produtor quando vende para alguém revender esse revendedor é que é um
comerciante, o produtor só pratica actos de comercio não sendo comerciante.
Um comerciante que nunca tenha tido exercido actividade, nunca fez nada, é comerciante,
porque é comerciante por natureza, é a natureza dele.
C.Ramos 9
Um contrato de compra e venda é um ato de comercio acessório.
Juros
• Juros civis – são pagos pela dividas civis
• Juros comerciais – são pagos pelas dividas comerciais
Atos absolutos e actos acessórios – (são típicos do trato civil jurídico, mas podem se
tornar comerciais de forma acessória quando os praticam o comerciante)
Prescrição
- Tem a ver com o prazo, é a perda do exercício de um direito, para os comerciantes o
prazo é mais curto.
O regime geral é art.309º CC (20 anos),
regime especial art.310º CC (5 anos),
prescrição presuntiva art.317º,
Aqui quando envolve comerciante nem é de 5 nem de 20 anos, são 2 anos.
Solidariedade
- A regra é que no civil a regra não é a solidariedade, 1º pede-se a um depois ao outro. No
comercio, são considerados comerciantes a regra é a solidariedade.
11-02
Art2º.
1º parte, trata-se actos de comercio objectivos.
O que é que esses atos de comercio objectivos fazem?
- Atribuem a qualidade de comerciante
2º parte do art.2º, não lhe atribui a qualidade de comerciante, mas prossupõe que ele é
um comerciante, ou seja, desde que esteja preenchido aqueles 3 requisitos (uma prática
regular, habitual e sistemática de atos de comercio) do art.2º que nós já sabemos, à partida
estamos perante um comerciante.
C.Ramos 10
Como resolver um caso prático
• Se estão ali atos de comercio ou não
• Se estão atos de comercio em sentido objectivo ou subjectivo ( porque consoante
isso no próprio regime de dividas vai depender da classificação do ato, porque se
não estivermos perante um ato que não seja um ato de comercio, se houver uma
divida resultante de uma determinada compra, o regime aplicar do CC ou a
inversão do ónus da prova pelo CCom, a inversão do art.342º , vai tudo resultar
do facto de estarmos perante um ato de comercio ou não.
• Que ato é que está ali
• Se aquele ato está previsto no CCom ex: a compra e venda. Se estiver previsto,
automaticamente é um ato de comercio, ao mesmo tempo pode haver aquela teoria
jurídica da empresa que encaixamos logo aquela actividade numa daquelas
empresas e à partida são atos de comercio praticado por um comerciante.
• Se estivermos a falar nas dividas, temos que falar qual é o regime comum de
direito civil. Saber bem do art.1690º para a frente, o art.15º CCom no caso de
dividas.
Pode haver situações em que os contratos podem ser unilaterais, em que para uma das
partes ele é um ato de comercio e ele funciona como comerciante e a outra parte não é ato
de comercio ficando ao abrigo do direito civil.
Caso prático
David fotografo vende todos os fins de semana fotografias por si captadas. Nas feiras
da região.
Cansado das longas deslocações propõe a Elvira, que se dedique à venda de produtos
biológicos por si cultivados e que comprem em conjunto uma carrinha para
chegarem às feiras, assim fizeram, no entanto Elvira arrepende-se e não quer pagar
o preço acordado.
Pode a sociedade automóveis AS, demandar apenas David?
C.Ramos 11
Se dissesse no caso que eles comprarem a carrinha para depois a usarem e a revenderem,
já cabia aí, mas não é o caso, foi utilizado para a actividade deles.
Para sabermos se é um ato de comercio subjectivo, teríamos que primeiro ver, David é
comerciante ou não é comerciante?
A actividade que o David desenvolve é uma actividade que se possa considerar como uma
actividade própria de uma empresa comercial?
- Não, porque a actividade dele não cabe em nenhuma das alíneas do art.230º que é a
história da TJE, ou seja, a actividade dele de fotografo está excluída das actividades
comerciais, pelo art.230º, paragrafo 3.
Ele não seria comerciante, porque aquela actividade não encaixa no art.230º.
Aqui ele para ser comerciante, no art.2º que diz que “ contratos e obrigações do
comerciante”, podíamos afastar este ato de comercio subjectivo, considerando que,
aquela prática não seria uma prática regular, habitual e sistemática de atos de comercio,
ou seja, ele não faz daquilo uma prática regular, sistemática, continua de atos de comercio,
ele só faz aquilo ao fim de semana e portanto afastava-lhe a qualidade de comerciante ,ao
afastar a qualidade de comerciante, afasta a 2º parte do art.2º, porque exige um requisito
“contratos e obrigações do comerciante”.
Ato de comercio objectivo não é, nem pelo TAC, nem pelo TJE,
Na 2º parte trata-se de um contrato de comerciantes, para sabermos se é comerciante,
tem que ser uma prática regular, habitual e sistemática, essa que se traduza numa
prática habitual para o seu sustento, um modo de vida e que seja em nome individual,
independente e autónomo.
Então não estamos aqui perante um contrato de comerciante porque ele pela definição de
comerciante, não é comerciante então também não cabe na 2º parte.
C.Ramos 12
Se não cabe na 1º parte e se não cabe na 2º parte, então nunca poderemos estar perante
um ato de comercio, e se assim é não se palica a legislação comercial.
A este contrato de compra e venda aplica-se as regras do código civil.
Mas o facto de David pagar a divida fica com um crédito sobre ela de metade do valor,
que é o direito de regresso, mas isto é ao abrigo do direito civil.
Caso prático
Quanto a António, não é porque não cabe no art.230º, a actividade dele é agrícola e está
afastada dos acto de comercio.
Pela teoria do acto comercio (TAC) não seria acto objectivo porque não era para revenda
Pela teoria jurídica da empresa (TJE) art.230º, aqui já cabe, assim sendo o acto que o
Bento pratica é um acto de comercio objectivo pela 1º parte do art.2º, porque a 1º parte
do art.2º inclui quer a TAC quer a TJE que é do art.230º.
Estaríamos aqui perante um contrato de compra e venda unilateral, uma vez que era
comercial para um e não para outro. Art.99º, só se aplica ao comerciante neste caso o
Bento.
Para Bento, Bento está ao abrigo da lei comercial, para António está fora da lei comercial.
C.Ramos 13
Para António rege-se pelo direito civil, mas a compra de Bento como foi feito no âmbito
da sua actividade que está prevista pelo art.230º tem caracter comercial.
Será que estamos aqui perante um acto de comercio subjectivo, isto é, será que esta
aquisição do prédio rustico pelo Bento caberia num acto de comercio subjectivo?
- a compra de Bento foi realizada no âmbito da sua actividade, do próprio ato resulta a
sua conexão com actividade ou com comercio e que preenche assim os requisitos da 2º
parte do art.2º.
Também nunca seria subjectivo para o António, porque o que ele fez não tem nada a ver
com actividade que ele desenvolve, ele vendeu um prédio rustico e a sua actividade é a
agricultura, não há conexão.
09-11
Resolução
David, fotógrafo, vende, todos os fins-de-semana, fotografias por si captadas nas feiras
da região. Cansado das longas deslocações, propõe a Elvira, que se dedica à venda de
produtos biológicos por si cultivados, que comprem em conjunto uma carrinha para
chegarem às feiras. Assim fizeram. No entanto, Elvira arrepende-se e não quer pagar o
preço acordado.
C.Ramos 14
Caso prático n.º 3
Resolução:
Relativamente ao primeiro computador, estamos perante um ato objetivamente comercial,
porque está previsto no código comercial, porque foi comprado, tendo em vista a
atividade económica de António, à luz do artigo 2º 1.ª parte do Código Comercial, “Serão
considerados atos de comércio todos aqueles que se acharem especialmente regulados
neste código (…)”. O ato é, ainda, subjetivamente comercial, pois foi praticado por
comerciantes e não tem natureza exclusivamente civil (tem causa mercantil), e do próprio
ato não resulta a sua não conexão com o comércio, preenchendo assim os três requisitos
constantes no artigo 2º, 2ª parte do Código Comercial. É um ato substancialmente
comercial, pois tem a ver com o comércio em sentido jurídico, pois trata-se de um ato
cuja comercialidade lhe advém de natureza própria, porque é praticado por um
comerciante, tendo em vista a sua atividade económica. Por fim, trata-se de um ato
bilateralmente comercial, pois tem carácter comercial para ambas as partes.
Já a compra do segundo computador é objetivamente comercial, uma vez que foi
inicialmente comprado para revenda, previsto no artigo 463º nº 1 do Código Comercial,
no entanto, não é um ato subjetivamente comercial, porque ao ser oferecido a um amigo,
foi um ato meramente civil, não tendo a ver com a atividade.
C.Ramos 15
Como qualifica a aquisição do imóvel rústico?
A compra é objetivamente comercial, à luz do artigo 2º 1.ª parte do Código Comercial,
porque se encontra prevista no código comercial. É, ainda, subjetivamente comercial,
uma vez que a compra foi realizada tendo em vista a atividade de Bento, e do próprio ato
não resulta a sua não conexão com o comércio, preenchendo assim os três requisitos
constantes no artigo 2º, 2ª parte do Código Comercial. É uma compra substancialmente
comercial, pois tem a ver com o comércio em sentido jurídico, pois trata-se de um ato
cuja comercialidade lhe advém de natureza própria porque é praticado por um
comerciante, tendo em vista a sua atividade económica. Por fim, é unilateralmente
comercial, pois só tem comercialidade para uma das partes (Bento).
António é comerciante?
António não é comerciante, à luz do artigo 230º, parágrafo 1 e 2, “não se haverá como
compreendido (…) o proprietário ou o explorador rural (…)”, e 464º nº 2 e 4, “Não são
consideradas comerciais: (…) as vendas que o proprietário ou explorador rural faça dos
produtos de propriedade sua (…) “. A agricultura foi excluída do elenco comercial. C)
Bento é comerciante?
Bento é comerciante, porque preenche todos os requisitos para ser considerado
comerciante: sobre ele não recai qualquer incapacidade do exercício de direito, tem
profissionalidade uma vez que tem uma indústria de transporte e, exerce o comércio em
seu nome, a título pessoal, independente e autónomo
C.Ramos 16
2. A compra do automóvel tem carácter objetivamente comercial, segundo o artigo
2º 1ª parte do código comercial, porque se encontra prevista neste código. É
igualmente subjetivamente comercial, uma vez que a compra foi realizada tendo
em vista a atividade de António e do próprio ato não resulta a sua não conexão
com o comércio, preenchendo assim os três requisitos constantes no artigo 2º, 2ª
parte do Código Comercial. É uma compra substancialmente comercial, pois tem
a ver com o comércio em sentido jurídico, pois trata-se de um ato cuja
comercialidade lhe advém de natureza própria porque é praticado por um
comerciante, tendo em vista a sua atividade económica. Por fim, é bilateralmente
comercial, porque tem carácter comercial para ambas as partes, uma vez que
ambos são comerciantes.
Ana é comerciante, uma vez que sobre ela não recai qualquer incapacidade de exercício,
tem profissionalidade porque é proprietária de um estabelecimento de fabrico e venda de
produtos de pastelaria e exerce o comércio em nome próprio, a título individual,
independente e autónomo. Apesar de não estar matriculada como comerciante, a
matrícula para comerciantes individuais, não é condição necessária e suficiente para
adquirir a qualidade de comerciante.
C.Ramos 17
CASO PRÁTICO 7
António, casado com Beatriz, e Carlos, solteiro, donos de uma pastelaria na Avenida
de Roma, compraram à sociedade Fruta, Lda. um carregamento de mangas para
fazerem os seus conhecidos sumos, que atraem multidões. Pode a Frutas, Lda.
demandar apenas António, exigindo-lhe o pagamento do preço total?
QUESTÕES A ESCLARECER:
Como sempre, primeiramente há que dar resposta à pergunta: «É este um acto de
comércio?»
➢ Pode a Frutas, Lda., demandar apenas António, quando a dívida é plural?
➢ Pode a Frutas, Lda., executar o direito de crédito, executando bens comuns de
António e Beatriz?
R: se queremos saber se é um ato de comercio temos que ir para o art.2, vamos pela TAC
que é a 1º parte do art.2º, que te a ver com o facto de saber-se o negocio ali em causa se
está previsto ou não no código comercial.
O ato em causa é um contrato de compra e venda e está previsto no código comercial
como contrato de compra e venda.
Se estamos perante um contrato de compra e venda, vamos ao art.463º, nº1 e tentamos
encaixar lá este ato. Chegamos à conclusão que estamos perante um ato de comercio
objectivo.
Não nos podemos esquecer que a 1º parte do art.2º aplica-se a comerciantes e não
comerciantes por isso veremos onde eles encaixam.
Temos uma compra feita por parte António e Carlos que é um ato de comercio objectivo
e temos como conclusão, que eles fazem desta atividade a sua profissão porque eles têm
uma pastelaria e vendem sumos, pelo art.13º eles fazem desta atividade profissão, mas
não nos basta ficar pelo art.13º é preciso ir à 2º parte do art.2º verificar se está preenchido
os requisitos que lá estão que são (profissionalmente, não ser exclusivamente civil e não
resultar o contrario do próprio ato), não é um ato exclusivamente civil e não resulta o
contrario do próprio ato, ou seja, não resulta dali que não é um ato que não tenha conexão
com a sua atividade.
Não podemos ficar só no art.13º porque se fosse um ato exclusivamente civil já não se
aplicava a legislação comercial.
Como vimos não é um ato exclusivamente civil uma vez que o contrato de compra e
venda está previsto no CCOM e também não resulta o contrario, resulta é que há conexão
do ato com a atividade que eles desenvolvem (parte 2º do art.2º)
Para ficar mais completo poderíamos falar das obrigações dos comerciantes art.18º as
obrigações especiais a que eles se obrigam.
C.Ramos 18
consentimento dos pais é válido, mas não pode administrar os seus bens (art.66º, 67º do,
capacidade jurídica CC)
Imaginemos que ainda no âmbito do direito civil, António pagava a totalidade da divida,
assistia o direito de regresso contra Carlos com a parte que pagou e lhe corresponderia a
ele.
Teríamos que ir neste caso para o regime de comunhão de adquiridos e teríamos que ir ao
art.15º, “presume-se que as dividas comerciais são do casal”.
No caso , o credor só tem que provar que eles são comerciais e que o ato foi praticado no
exercício da actividade deles para aplicar o art.15.
Imaginemos que Beatriz considera que não foi para proveito comum do casal, nem foi no
exercício da atividade daquele ato, ela aí teria que fazer a inversão do ónus da prova,
porque a regra é que o credor só tenho que fazer prova que eles são comerciantes e o ato
foi praticado no exercício da atividade. logo respondem os 2 pela dívida, tanto o António
como a Beatriz, porque eles são casados em regime de comunhão de adquiridos.
só não responderia a Beatriz se ela provasse que aquele ato praticado (aquela compra)
não foi para proveito comum do casal nem foi no âmbito do exercício da atividade do
marido.
Na falta dos bens comuns do casal pode executar os bens de cada um.
Para a primeira questão, encontramos duas respostas, consoante se aplique, ou não, o
regime geral dos atos de comércio.
• Caso seja aplicável o regime geral civil, já conhecemos o regime supletivo
aplicável a uma situação de pluralidade passiva, no vínculo obrigacional: do
art.513.º resulta a qualificação como obrigações parciárias, quando a
solidariedade não resulte da lei ou da vontade das partes. Assim, caso o regime
aplicável seja o civil, a Frutas Lda. não pode demandar apenas António pela
totalidade da dívida, já que apenas lhe pode exigir um esforço que se presume
igual ao de Carlos (i.e. ½), nos termos do art.534.º.
C.Ramos 19
• Caso seja aplicável o regime geral dos atos de comércio, a solução é a inversa: o
art.100.º do CCOM estabelece que nas obrigações comerciais, os coobrigados
são solidários, salva estipulação contrária [atenção que o regime é o da
solidariedade passiva, e não, necessariamente, o da solidariedade ativa]
• Caso seja aplicável o regime geral dos atos de comércio, a solução é a inversa:
salvo se for provado que a dívida não foi contraída em proveito comum do casal
(ou se vigorar o regime da separação de bens), as dívidas contraídas por um dos
cônjuges no exercício do comércio são da responsabilidade de ambos os cônjuges
(artigo 1691, nº1, al.d). Assim sendo, responderiam os bens comuns do casal
(artigo 1695º, nº1) e, na sua falta, os bens próprios de cada um dos cônjuges;
temos ainda a este propósito a presunção do artigo 15.º CCOM, que estabelece
que as dívidas comerciais do cônjuge comerciante presumem-se contraídas no
exercício do seu comércio.
C.Ramos 20
Atos de comércio objetivos: Art.2º , 1.ª parte: são atos de comércio todos aqueles que
se acharem especialmente regulados neste Código.
(Resolução: ver art.º 2.º 1.ª parte e art.º 463, n.º 1) – É um ato de comércio objetivo!
A primeira dúvida nasce com a análise do pronome todos: basta que o ato apareça referido
no CCOM, ou é necessário que este lhe dê uma regulação especial em relação a outro
regime jurídico?
Os Autores convergem mais do que à primeira vista poderia parecer: se não há qualquer
desvio à lei civil – como no antigo 49.º/2 que sujeitava a registo comercial a convenção
antenupcial -, o acto não é objectivamente comercial.
A segunda dúvida nasce com a última parte do preceito em apreço: só são comerciais os
actos regulados no Código? A resposta é negativa, unanimemente: são comerciais
também os actos regidos por diplomas que tenham substituído partes do Código
Comercial (até por virtude do artigo 4.º da Carta de Lei de 28 de Junho de 1888), como é
o caso do CSC, das Leis Uniformes, do CMVM; mas também actos tratados em normas
extravagantes que se assumam como comerciais (veja-se as normas que regulam o
arrendamento para fins comerciais, ainda que não refiram expressamente este
qualificativo)
Atos de comércio subjetivos: art.2.º, 2.ª parte: além deles, todos os contratos e
obrigações dos comerciantes, se não forem de natureza exclusivamente civil, se o
contrário do próprio acto não resultar. Metodologia: identificar um comerciante [sem um
comerciante, a segunda parte da norma constante do artigo 2.º CCOM nunca se aplica!]
• O ato tem natureza exclusivamente civil? [É regulado no Código Civil? Não pode
ser regulado pelo Código Comercial? Não é conexionável com o exercício do
comércio? MC: no momento considerado, não sejam regulados pelo Direito
Comercial; casos óbvios – casamento, divórcio, perfilhação, designação de tutor
pelos pais; casos menos óbvios – doações feitas por comerciantes; gratificações a
empregados, etc.
C.Ramos 21
Concluindo: o contrato de compra e venda em apreço é comercial em sentido objetivo
(art. 2.º, 1.ª parte e 463.º/1 CCOM), e em sentido subjetivo (quer A, quer C, são
comerciantes, uma vez que fazem da prática de atos de comércio a sua profissão [compra
de coisas para revenda – artigo 463.º], o ato não tem natureza exclusivamente civil e o
contrário não resulta do próprio ato).
Caso prático 8
“A” quando compra a máquina de café não está a exercer uma profissão, no máximo está
a exercer uma prestação de serviços.
Quando comprar máquina é para prestar um serviço.
a prestação de serviços é uma atividade que cai no art.230º?
- não.
é uma prestação de caráter individual porque nós tem inserida numa empresa, se não era
diferente.
portanto a compra dele é uma compra civil.
é comerciante ou não?
-o artigo 13º diz-nos que ele não é comerciante por que não faz deste profissão, e o ato
que ele pratica não é um ato de comércio uma vez que ele comprou a máquina não para
revenda mas para ele.
A prestação que ele está a fazer não é no âmbito de uma empresa de prestação de serviços
(ex: limpeza, máquinas de vending, etc).
Não é ato objetivo porque o que ele faz não é para revenda.
Não é comerciante por que não faz aquilo profissão, ele é estudante.
A compra que ele faz da máquina não é um ato de comércio objetivo, não é comerciante
porque ele não exerce aquela atividade como profissional ou como profissão, logo se ele
não é comerciante já não tínhamos que ir para a 2º parte do artigo segundo, porque o art.2º
pressupõe que é comerciante.
C.Ramos 22
Como estamos perante ato civil e ato civil nunca aplicaríamos a lei comercial, mas sim a
lei civil.
Reformular a resposta: acresce que quando o “A” faz a compra a uma empresa ou uma
sociedade que venda máquinas e, em relação à sociedade que vende máquinas a venda
que ela faz ao “A” é um ato de comércio.
diz o artigo 99º embora o ato seja mercantil relativamente a uma das partes será regulado
pelas disposições da lei comercial, ISTO é, embora uma das partes não seja comerciante
aplica-se a lei comercial às 2, só não se aplica o artigo 100 das obrigações solidárias
Para podermos classificar os sujeitos em causa temos de analisar se eles são ou não
comerciantes. Como sabemos com base no art.º 13. CCM são comerciantes “As pessoas,
que, tendo capacidade para praticar atos de comércio, fazem deste profissão” Assim é
necessário além da capacidade, que o indivíduo faça da prática de comércio profissão e o
exerça em nome próprio. Contudo, a nossa lei é muito lacunosa, na qualificação de
atividades como comerciais, por isso, existem determinados princípios de direito
comercial basilares que são essenciais, para qualificar certas atividades, que de outra
forma não seriam qualificáveis como comerciais.
Quanto à Associação de Estudantes, sendo uma entidade que não tem por objeto fins
lucrativos, não pode ser classificada como comerciante. Isto não impede contudo que as
entidades sem fins lucrativos não possam exercer atos de comércio, desde que tal respeite
o princípio da especialidade do fim consagrado no art. 160.º CC, nada impede a
associação de explorar um bar, isso não a torna, todavia, um comerciante, porque tal
atividade é exercida não a título principal, mas a título meramente instrumental.
C.Ramos 23
Uma vez concluído que os sujeitos em causa não são comerciais segue-se a qualificação
dos atos praticados, a compra da máquina e a sua posterior revenda.
A compra efetuada pelo estudante é uma compra civil, por interpretação a contrario dos
artigos art.º 463.º e 464.º n.º 1 CCM, pelo que estabelece este artigo que “Não são
consideradas comerciais: As compras de quaisquer cousas móveis destinadas ao uso ou
consumo do comprador ou da sua família, e as revendas que porventura desses objetos se
venham a fazer;
A compra não foi destinada à revenda, este ato acontece por motivos supervenientes, pelo
que não se trata de uma compra comercial, nos termos do art. 463.º CCM, mas de uma
compra civil.
Temos agora que saber qual o regime que segue compra, porque apesar desta ser civil,
poderá seguir os trâmites do CCM.
O estudante, comprou a máquina numa loja, tudo leva a concluir que a venda foi
comercial, assim, a comercialidade da atividade apenas se verifica em relação a uma das
partes, o ato é deste modo, unilateralmente comercial. Para estes, estabelece o art. 99.º
CCM “Embora o ato seja mercantil só com relação a uma das partes será regulado pelas
disposições da lei comercial quanto a todos os contratantes, salvo as que só forem
aplicáveis àquele ou àqueles por cujo respeito o ato é mercantil, ficando, porém, todos
sujeitos à jurisdição comercial”
Assim os atos unilateralmente comerciais são regulados pela lei comercial excetuando-se
as disposições da lei comercial que só forem aplicáveis àquele ou àqueles por cujo
respeito a lei é mercantil. Nestes termos basta que uma das partes seja comercial para se
aplicar o regime do CCM.
Conclui-se, portanto, que apesar da compra ser civil, vai estar sujeita ao regime comercial,
por força da lei mandar aplicar ao ato unilateralmente comercial o regime do CCM.
Todavia, apesar disto, não será aplicado à compra o regime da solidariedade previsto no
art.100.º CCM por tal preceito estabelecer que “Esta disposição não é extensiva aos não
comerciantes quanto aos contratos que, em relação a estes, não constituírem atos
comerciais”
Relativamente ao negócio efetuado com a AE, consideramos que a venda é civil, porque
a máquina não foi adquirida como intuito de revenda, art.463.º n.º 3 CCM contrario.
Contudo, a compra já é comercial, porque foi comprada pela AE com intuito de explorar
uma atividade comercial. Assim, temos uma situação semelhante à acima explicada, um
ato unilateralmente comercial, que leva a que os efeitos comerciais se estendam também
à venda que é neste caso civil, por força do art.99 CCM, salvo a exceção prevista no
art.100. º do mesmo diploma.
Caso prático 9
C.Ramos 24
Jeremias, comerciante de arte, mostrou-se logo interessado e a venda realizou-se.
Ficou, no entanto, combinado que Frederico guardaria os quadros durante 15 dias,
pelo que este contratou o depósito dos quadros com a galeria de arte onde os
comprara, por aquele período. Para garantir a segurança dos quadros, Frederico
contratou ainda um guarda para vigiar as pinturas.
Resolução:
Compra dos quadros por F: natureza civil. Não é AC objetivo (não é compra para revenda:
463.º, nº1) nem subjetivo (F não é comerciante, nos termos do artigo 13.º.) Coloca-se
aqui a problemática tradicional das pessoas semelhantes a comerciantes e dos
profissionais liberais: Chegamos, assim, à ideia de ‘pessoa semelhante a comerciante’:
uma entidade que não sendo comerciante em si, suscita, não obstante, a aplicação das
diversas regras do Direito Comercial.
Seria necessária a reunião de três critérios para estarmos perante uma pessoa semelhante
a comerciante:
(a) autonomia [i.e. ausência de sujeição a direção e subordinação];
(b) prática de atos lucrativos, a título regular;
(c) organização mínima, comparável a uma empresa.
Menezes Cordeiro, Manual de Direito Comercial (2009), 246.
Perante cada figura – assim como perante profissionais liberais que disponham de
verdadeiras empresas – haverá que ponderar. Uma resposta unívoca, baseada em
raciocínios conceptuais e abstratos, é impossível.
⎯ Venda dos quadros por F: natureza civil: revenda de quadro que não foi comprado com
intuito de revenda (intenção + cognoscibilidade mínima desta), logo 463.º/3 não se aplica
e não temos AC objetivo; não é AC subjetivo porque F não é comerciante.
⎯ Compra dos quadros por J: AC objetivo (compra para revenda 463.º/1 e 2.º/ 1.ª parte) e
AC subjetivo (2.º/2 parte + 13.º CCom.). AC unilateral (apenas a compra é comercial)
⎯ Contrato de depósito: 403.º CCom (exemplo de AC por acessoriedade ou conexão;
outros exemplos). Não é depósito de bens destinados ao comércio. Natureza civil. Não é
AC subjetivo (F não é comerciante)
Pode um determinado ato ser qualificado comercial por analogia (i.e. considerarmos
comerciais atos que não recebam regulação especial no Código Comercial ou em
legislação comercial extravagante?).
Segundo o Prof. Menezes Cordeiro, este debate corresponde a uma verdadeira inversão
metodológica: perante determinado ato ou facto jurídico, que não encontra regulação no
Código Comercial ou em legislação extravagante, haverá que indagar do regime
aplicável, como primeiro passo corretamente dado (metodologicamente).
C.Ramos 25
Se o regime aplicável (não qualificação) for encontrado por analogia, então o ato será
objetivamente comercial. Pode duvidar-se da possibilidade de aplicar analogicamente o
regime comercial, mas sem muito fundamento, uma vez que não estamos perante regras
excecionais, mas, na grande parte, perante regras especiais (artigo 11.º CCIV). Assim,
perante um ato não especialmente regulado, o intérprete recorrerá aos critérios
hermenêuticos estabelecidos no artigo 10.º CCIV: o regime pode ser encontrado através
de aplicação analógica - leges ou iuris –, ou através da norma que o intérprete criaria; se
estas forem comerciais, o ato é comercial.
Um exemplo deste percurso, mas percorrido com ordem metodológica, é-nos dado pelo
Prof. Menezes Cordeiro: as obrigações resultantes da culpa in contrahendo, verificada
aquando da preparação de um contrato comercial devem reger-se por regras comercias,
próprias do contrato definitivo.
O artigo 3.º do CCOM não pode colocar obstáculos a este percurso hermenêutico, na
medida em que leva a um ciclo vicioso: “Não sabendo qual o regime de uma questão,
como decidir se ela é comercial ou não?”
CASO N.º 10
(16.11.2021-
A 10 de agosto de 2006, Fernando, proprietário do prédio sito na Rua Faria de
Oliveira, no qual administra um estabelecimento de comércio de pneus, efetuou, a
Carlos, o trespasse do mesmo, cedendo, igualmente, o gozo temporário e oneroso do
local. Convencionou-se que o contrato vigoraria por dois anos e que quaisquer obras
de conservação ordinária ou extraordinária ficariam a cargo do
locatário/trespassário.
Em outubro de 2006, Carlos trespassou a Rita o estabelecimento comercial referido,
transmitindo, igualmente, a sua posição de arrendatário, sem, porém, comunicar ao
senhorio. A latere, o contrato foi acompanhado das instalações e de alguns utensílios,
pese embora o facto de muitas ferramentas e maquinaria terem ficado na posse de
Carlos. Tendo em conta:
C.Ramos 26
b) Resolver o contrato de trespasse de Rita por força de estar a ser exercida, no
estabelecimento, atividade diferente daquela que para o qual o mesmo foi
delineado.
4- Rita faleceu em 2 de novembro de 2006 e o seu filho, Ricardo, que nunca havia
trabalhado com ela, assumiu, após o seu decesso, a exploração do estabelecimento.
Enquanto Pedro explorava o EC, abriu nova atividade concorrente com a que
exercia, na área geográfica onde se situava o EC locado. Assim, que José soube do
sucedido acusou Pedro de violar a obrigação de não concorrência. Pedro ripostou
dizendo que José é que estava obrigado a não exercer atividade concorrente com a
dele, pois tirar-lhe-ia a clientela.
C.Ramos 27
2 – Que regime se aplica ao penhor da tabacaria?
2 – Sublinhar que para além da locação (1109.º do CC) o EC pode ser objeto de
diversos negócios jurídicos atípicos ou com tipicidade social (usufruto – artigo
1439.º e extensão a usufruto de direitos nos artigos 1463.º a 1467.º; penhor de
estabelecimento – quem pode o mais (transmissão definitiva ou temporária),
parece poder o menos (oneração para fins de garantia). Será um penhor mercantil,
nos termos do artigo 397.º CCOM, pelo que o desapossamento pode ser simbólico
(artigo 398.º/§ único).
CASO N.º 13
Francisco arrendou uma loja sita na Rua do Alecrim por € 500,00. Fez obras e
montou uma pastelaria com todo o equipamento necessário, pronta a funcionar.
C.Ramos 28
Acordou de seguida com Gustavo que este passaria a explorar a pastelaria e que, em
troca, lhe pagaria a quantia mensal de €3.500,00. Gustavo contratou trabalhadores,
fornecedores, etc., e dois meses depois iniciou a exploração do estabelecimento.
No dia da inauguração, o senhorio foi tomar café à nova pastelaria e deu-se conta
que, afinal, quem explorava a pastelaria era Gustavo e não Francisco.
Dias depois, Gustavo recebeu uma carta com o seguinte teor: “Informa-se V.Exa.
que o presente subarrendamento não foi autorizado pelo senhorio e que, ainda que
houvesse sido, o valor da sublocação excede o disposto no art.1062.º do CC.”.
➢ Discutir se uma loja totalmente montada, mas sem estar em funcionamento é um EC.
– Se se disser que não por falta de aptidão funcional, de aviamento e clientela, etc., trata-
se de uma sublocação e não de uma locação de EC: o senhorio terá razão.
– Se se disser que sim, que ainda assim é um EC, trata-se de uma locação de EC
(art.1109.º), e devia ter sido comunicada ao senhorio no prazo de 1 mês (n.º2). Mas de
resto não se aplica a necessidade de consentimento, nem o limite da sublocação (as regras
da subsecção VIII não incluem limitações à sublocação;
Estabelecimento Comercial
É a organização do empresário mercantil, o conjunto de elementos reunido e organizado
pelo empresário para através dele exercer a sua atividade comercial, de produção ou
circulação de bens ou prestação de serviços.
► Uma organização: os seus elementos não são meramente reunidos, mas sim entre si
conjugados, interrelacionados, hierarquizados, segundo as suas especificas naturezas e
funções especificas, por forma que do seu conjunto possa emergir um resultado global:
a atividade mercantil visada.
C.Ramos 29
► Uma organização funcional: a sua estrutura e configuração, a sua identidade própria
advém-lhe de um determinado objecto, que é uma atividade de determinado ramo da
economia; atividade que, entretanto, será́ necessariamente uma atividade de fim
lucrativo das que cabem na matéria mercantil, ou seja, no âmbito material do direito
comercial. Só́ assim se pode falar de um estabelecimento comercial (sem embargo de,
com aquela, se poderem conjugar atividades de outra ordem).
Não existe um único e rigoroso conceito de estabelecimento comercial, válido para todos
os efeitos legais, sendo que o que está em 1º lugar é o mais abrangente e adequado em
termos técnico-jurídicos.
Um comerciante pode não ter um estabelecimento comercial visto que, uma sociedade
comercial, são comerciantes natos e não carecem, para adquirirem essa qualidade, de
exercer efectivamente o comércio.
Já os comerciantes em nome individual necessitam de ter um estabelecimento , porque só
é comerciante individual quem exerça profissionalmente o comércio, se cessa de o
exercer, perde a qualidade de comerciante.
C.Ramos 30
Trespasse:
Trespasse - é todo o negócio pelo qual seja transmitido definitivamente e inter vivos um
estabelecimento comercial, como unidade. Ficam excluídas do conceito os casos de
transmissão mortis causa.
Para que haja trespasse, o estabelecimento tem que ser alienado como um todo unitário,
isto é, abrangendo a globalidade dos elementos que o integram art.1112º, nº2, al.a) do
CC.
No entanto antes de outro espaço e com a concordância da outra parte, alguns elementos
podem ser retirados e subtraídos à Transmissão, mas como foi dito precisa da
concordância da outra parte.
2. Não há trespasse:
O primeiro aspecto do regime do trespasse é forma, deve ser celebrado por escrito
art.1112º, nº3 do CC.
O segundo aspecto é o direito de preferência que é atribuído ao senhorio do prédio
arrendado art.1112º, nº4, aplica-se também ao direito de preferência os arts.416º a 418º
e 1410º do CC.
C.Ramos 31
No trespasse no caso do direito ao arrendamento e conforme o art.1112º, nº1 dispensa a
autorização ao senhorio quando a transmissão daquele direito ocorrer no âmbito de
trespasse de estabelecimento ao qual se achar adstrito o imóvel arrendado, mas para que
a transmissão da posição de arrendatário produza efeito em relação ao senhorio, é
indispensável a comunicação do trespasse seja feita dentro de 15 dias a contar da
celebração da respectiva escritura art.1038º, nº1, al.g).
Ação jurídica de empregador transmite para o adquirente, por qualquer título, em caso de
alineação da empresa ou estabelecimento, ou parte delas art.285º CTrab.
Com o trespasse faz nascer para o trespassante, obrigação de não-concorrência ao
trespassário, não podendo exercer uma atividade análoga, em condições do local, tempo
e outras, de forma ao não retorno a clientela do estabelecimento alienado.
As consequências da violação da não-concorrência é ilícita e constituirá indemnização
pelos danos causados, comportando sansões de responsabilidade pecuniária, enquanto
persistir na conduta ao abrigo do art.829º-A do CC.
C.Ramos 32
A locação de estabelecimento à semelhança do trespasse, está sujeita a exigência de forma
escrita, por força da redação dada pela lei nº6/2006, de 27 de fevereiro ao art.1109, nº1
do CC, que remete para o art.1112º, nº3 do CC.
Observe-se, no entanto, que, a eficácia para com o senhorio da cedência temporária da
posição de arrendatário inerente à cessação de exploração dependerá sempre de esta lhe
ter sido tempestivamente comunicado, no prazo de 15 dias, previsto no art.1038º, nº1,
al.g) do CC
O trespasse não deixará de o ser até ao limite de o conjunto transmitido ficar de tal
modo descaracterizado que já não possa considerar-se um “estabelecimento” em
condições de funcionar.
Forma: por escrito particular e não já por escritura publica – Art.1112º, nº3 do Código
Civil «Transmissão da posição do arrendatário», “acompanhado da comunicação ao
senhorio”.
O conceito de empresa
Empresa como sujeito – Pessoa que exerce uma atividade de produção ou distribuição
de bens ou serviços.
C.Ramos 33
Empresário
Comerciante:
Noção
Incompatibilidades e impedimentos
C.Ramos 34
• Agricultores: o art.230 no §§1º e 2º e o art.464º, nº2 C.Com exclui a agricultura
do elenco das actividades comerciais.
Considera-se como não-comerciais as compras e vendas de animais feitas pelos
criadores e engordadores art.464º C.Com. Além disso, a agricultura envolve
também, seguramente, a exploração florestal e a criação de animais aparece
hoje em certas modalidades não tradicionais, tais como a piscicultura, a
ostreicultura, etc.
• Artesões: o art.230 no §§1º considera como atividades não comerciais as que
integram o artesanato.
Trabalhador que exerce uma actividade artesanal, por conta própria ou por
conta de outrem, inserido em unidade produtiva artesanal reconhecida, o
exercício da actividade artesanal supõe o domínio dos saberes e técnicas que lhe
são inerentes, bem como um apurado sentido estético e perícia manual.
• Profissionais liberais: Quando são exercidas por conta própria e de modo
individualizado, as actividades dos advogados, jurisconsultos, médicos,
engenheiros, economistas, professores, etc., não têm natureza mercantil.
Não obstante, pode ocorrer que um profissional liberal se torne comerciante se praticar
com habitualidade actos de comércio. Será́ o caso, por ex., de um médico que explore
uma clínica.
É no art.18º do C.Com que vem a definição das chamadas obrigações especiais dos
comerciantes.
Sem esgotarem os deveres profissionais dos comerciantes, todavia têm a peculiar
importância de definirem um estatuto jurídico- comercial de profissão mercantil.
Firma
• Constituição da firma
C.Ramos 35
Consoante os casos, pode ser formada com o nome de uma ou mais pessoas (firma-nome),
com uma expressão relativa aos ramos de atividade, aditada ou não de elementos de
fantasia ( firma-denominação ou simplesmente denominação), ou englobar uns e outros
desses elementos (firma mista).
Em todo o caso, ele será um sinal nominativo e nunca emblemático: sempre uma
expressão verbal, com exclusão de qualquer elemento figurativo.
• Princípios
Princípio da obrigatoriedade- este princípio aparece por força do qual é dever de todo
o comerciante adoptar uma firma, consagrando-se, no art.18º, nº1 do C.Com, e no art.9,
nº1, al.c), do CSC.
Princípio da verdade- como o próprio nome indica, a firma deve de corresponder a uma
situação real do comerciante a quem pertence, isto é, não pode conter elementos
susceptíveis de a falsear ou de provocar confusão, seja quanto à identidade do
comerciante em nome individual e ao objecto do seu comércio, quer, no tocante à
sociedade, quanto à identidade dos sócios, ao tipo e natureza da sociedade, à actividade
objecto do seu comércio e outros aspectos a ele relativos.
Como mecanismo de salvaguarda deste princípio o art.32º, n º4, al.a) e art.10, nº5, al. a
nº4 e 5 do CSC proíbem o uso de elementos e expressões de uso corrente capazes de
induzir em erro nas firmas.
Este princípio apresenta consagração diversa conforme se refere à firma originária ou à
firma adquirida.
Princípio da licitude- é um princípio que se encontra consagrado no art.32º, nº4, als. b),
c) e d) do Reg-RNPC e do art.10º, nº5, al.b) CSC.
Este princípio diz-nos que é proibido a inclusão nas firmas de expressões, como:
ofensivas da moral ou dos bons costumes; expressões incompatíveis com a liberdade
política, religiosa ou ideológica; e desrespeitadoras ou apropriadas de símbolos e
designações dignas de salvaguardar por razões de interesse geral atendíveis.
Princípio da unidade- este é um princípio que embora tenha sido omitido pelo art.3º do
Reg-RNPC, a verdade é que o art.38º do mesmo diploma refeira que “o comerciante
individual deve adoptar uma só firme...”, bem como o art.9º, nº1, al.c) do CSC, alude a:
“a firma da sociedade”.
C.Ramos 36
• Direito à firma
• Extinção da firma
b) Quanto às sociedades:
- Se se dissolverem e liquidarem e não for transmitida a sua firma com o
estabelecimento (na fase de liquidação, à firma deve acrescentar-se a expressão “
sociedade em liquidação” ou “ em liquidação”, art.146º, nº3 do CSC
• Escritura mercantil
• Balanço
• Registo Comercial
C.Ramos 37
É publico, podendo qualquer pessoa pedir certidões dos actos de registo e dos documentos
arquivados, podendo também pedir informações verbais ou escritas sobre o conteúdo de
uns e de outros, incluindo cópias não certificadas dos registos e documentos art.73º e 74º
do CRC.
No tocante às dívidas contraídas pelos cônjuges, é aquele princípio que tem como
corolário o disposto no nº1 do art.1690º do CC (princípio da igualdade de direitos e
deveres), qualquer dos cônjuges tem legitimidade para contrair dívidas sem
consentimento do outro.
O art.1691º enuncia quais são as dívidas que são da responsabilidade de ambos os
cônjuges, pelas quais respondem os bens comuns do casal e, na falta ou insuficiência
deles, solidariamente, os bens próprios de ambos os com art.1695º n.1
O art.1692º e numera as dívidas da exclusiva responsabilidade do cônjuge a que dizem
respeito, sendo que por estas dívidas respondem os bens próprios do cônjuge devedor e,
solidariamente, a sua meação nos bens com uns art.1696º, n.1
C.Ramos 38
As dívidas contraídas por um do cônjuge podem ser da responsabilidade dos 2 se o credor
provar que elas foram contraídas em proveito comum do casal e nos limites dos poderes
de administração do cônjuge que as contraiu al. c), do nº1 do art.1691º
Sociedades comercias
C.Ramos 39
– Sociedades que não têm por objeto a prática de atos de comércio (art.13º C. Com.),
objeto civil, mas têm forma comercial.
Cooperativas
14-12
C.Ramos 40
C.Ramos 41
Títulos de crédito
C.Ramos 42
• letra de câmbio
O saque, é o ato gerador da letra, que lhe confere valor, identidade própria e implica
o nascimento da obrigação cambiária do sacador.
A letra é um título de crédito através do qual o emitente do título (sacador), dá uma
ordem de pagamento (saque) de uma quantia, em dadas circunstâncias de tempo e
lugar, a um devedor (sacado), ordem essa a favor de uma terceira pessoa (tomador),
ou à ordem deste, uma determinada quantia em dinheiro.
C.Ramos 43
O aval constitui um negócio cambiário unilateral, pelo qual um terceiro ou mesmo
um signatário da letra se obriga ao seu pagamento, como garante de um dos
coobrigados combinários art.30º e 31º.
O aval pode respeitar à totalidade ou apenas a parte do montante da obrigação do
avalizado art.30º
Ex: o António (sacador) vem-me comprar um livro por 50€, mas não tem dinheiro,
faz uma letra de cambio para me (tomador) pagar, porque o seu irmão (sacado) lhe
deve dinheiro 50€. Então o seu irmão irá me pagar a mim, mas para isso o seu irmão
terá de aceitar, se aceitar a divida dos 50€ passa a ser dele e não do António. Caso
o seu irmão não pague, o António será responsável de me pagar os 50€.
1º A palavra “letra”
4º Época do pagamento
A letra pode ser sacada art.33º da LULL
-À Vista, ou seja, pagável no ato de apresentação ao sacado art.33º
-A um certo termo de vista, isto é, vence-se decorrido um certo prazo sobre o aceite ou
o protesto por falta de aceite art.35º
C.Ramos 44
-A um certo termo de data, quer dizer, decorrido um certo prazo sobre a data do saque
-Como pagável no dia fixado na própria letra para esse efeito.
Se não houver qualquer menção da época do pagamento o art.2º determinas
supletivamente que a letra se entendera pagável à vista.
• livrança
• Cheque
C.Ramos 45
Todavia, ele apresenta especialidades: incorpora uma ordem de pagamento
necessariamente dirigida a um determinado sacado, a instituição de crédito ou
bancária onde o emitente possui uma provisão de fundos; pode circular à ordem,
mas também ao portador, podendo ser emitido sem identificação do seu
titular e ser transmitido por mera tradição ou entrega real; e, enquanto a letra e a
livrança são instrumentos de crédito, desempenha uma função primordial de
instrumento de pagamento.
O cheque é, assim, um meio ou instrumento de pagamento; a sua função
económica primordial consiste em ser um meio de execução e extinção de
dívidas pecuniárias, representando assim um sucedâneo da moeda legal (notas e
moeda metálica).
O cheque desempenha ainda outras importantes funções conexas. É um
instrumento de levantamento de fundos, isto é, um meio de dispor das
importâncias pecuniárias depositadas ou creditadas na conta bancária do
sacador, nas condições convencionadas; e um instrumento de compensação,
isto é, um mecanismo destinado a permitir liquidações recíprocas de cheques, e
correspetivas ordens de pagamento, através das câmaras de compensação.
Requisitos
O cheque é um título de crédito que deve conter um conjunto de menções
obrigatórias do art.1º da LUC, sob pena de não poder valer como tal.
A inobservância dos requisitos previstos no art.1º da LUC é sancionada com o vício
mais grave, a inexistência.
Regime
À semelhança dos demais títulos, o cheque é objeto de negócios jurídicos
fundamentais vocacionados à sua emissão (saque), transmissão (endosso e
entrega) ou garantia (aval), bem como de um conjunto variado de relações
(relação de cobertura, relação de valuta), de operações (apresentação,
pagamento, ação cambiária, revogação, prescrição, rescisão) e até de modalidades
(cheque cruzado, visado, para depositar em conta, etc.).
C.Ramos 46
Forma de circulação
O cheque pode ser:
Título à ordem, quando tem um nome do beneficiário está à ordem de pagamento, que
o pode transmitir por endosso art.14º da LUC, denominando-se de cheque nominativo.
Título ao portador art.5º da LUC, Quando não contém o nome do beneficiário da ordem,
sendo transmissível por mera entrega real.
É ainda concebível o cheque pagável a determinada pessoa, mas com a cláusula não à
ordem, ou qual, à semelhança da letra, só é transmissível pela forma e com os efeitos
de uma cessão ordinária de créditos art.14º da LUC
Apenas os cheques nominais que não tenham a expressão “não à ordem” podem ser
endossados.
Para endossar um cheque, é necessário assinar o verso do papel e escrever o nome do
novo beneficiário do valor ali discriminado. Mas, reafirmando, endossa-lo só será
possível caso seja um cheque nominal à ordem.
Modalidades
O cheque pode revestir determinados tipos ou modalidades especiais.
O cheque para depositar em conta art.39º da LUC é aquele que, mediante aposição
de cláusula “para levar em conta” ou equivalente na face do título, deve ser
necessariamente depositado na conta bancária do portador, não admitindo o
pagamento em numerário.
O cheque bancário (circular) é aquele que é sacado por um banco sobre si próprio,
sendo usualmente emitido a pedido de um cliente do banco (mediante débito em
conta) e visando, tal como o cheque visado (mas com custos inferiores a este),
assegurar o respetivo pagamento ao portador art.6º/3 da LUC.
Existem ainda outras modalidades especiais de cheque, que foram perdendo
importância prática – ex.: cheque de viagem e eurocheque – e que apenas
impropriamente se podem designar como tal
– ex.: cheques postais, cheques-restaurante, cheques-brinde, cheques de gasolina.
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