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COMERCIAL
Objectivos
1. Conhecer as principais etapas que atravessou o Direito Comercial, desde a idade média até
a actualidade
2. Compreender a evolução do Direito Comercial em Moçambique tendo como base o Código
Comercial de 1888 e do Empresário o Código Comercial de 2005 com as alterações de 2009
3. Compreender as características das etapas do Direito Comercial em Moçambique
Códigos Comerciais: o primeiro foi elaborado pela França em: 1807. Após, surgiu o Código
Espanhol em: 1829, o Português em: 1833, o Holandês em: 1838, e o Brasileiro em: 1850, que
sofreu forte influência dos códigos que o procederam.
Pode-se dizer que numa primeira fase o Direito Comercial era o direito dos comerciantes, pois
eles que originaram o Direito Comercial com suas leis e costumes, ao longo da evolução histórica
divide esse desenvolvimento em três períodos.
Primeiro: do séc. XII ao séc. XVIII período subjectivo do comerciante, figura do comerciante.
Segundo: do séc. XVIII e o séc. XX Código de Comércio Napoleónico de 1807, como núcleo, os
actos do Comércio.
Terceiro: do séc. XX até os dias de hoje, com a evolução da história, inicia-se com o Código Civil
Italiano de 1942, tem como o foco, a empresa.
Fase objectava;
Fase subjectiva (moderna).
Na fase objectiva do Direito Comercial, há o desdobramento da base da pessoa do comerciante
para outros elementos, mais do que um sujeito (o comerciante), um objecto (actividade, um ato
de comércio).
Justamente essa fase ficou conhecida como a fase dos actos do comércio, por adoptar e definir
a Teoria dos Actos de Comércio, basicamente criada pelos franceses e logo depois abraçada a
Teoria da Empresa, criada pelos italianos.
Com o Código Comercial, Moçambique abandona a Teoria dos Actos do Comércio, põe fim à
fase objectiva dentro do Direito Comercial, inaugura a fase subjectiva mais que moderna, fase
contemporânea que trata do empresário e a sociedade empresária.
Tem-se a empresa como veículo e o empresário que se responsabiliza pela circulação dos bens e
serviços.
A terceira fase do Direito Comercial compreende o século XIX e é marcada pelo liberalismo
económico. Aqui, com a promulgação do Código Napoleónico de 1806, surge o conceito
objectivo de comerciante, que seria todo aquele que praticasse actos de comércio
profissionalmente e de forma habitual. O Direito Comercial deixa de ser dos comerciantes e
passa a ser dos actos de comércio, isto é, perde o carácter subjectivo, pessoal, e adquire um
carácter objectivo ligado às actividades tidas legalmente como comerciais. A Teoria dos
Actos de Comércio será tratada de forma mais detalhada posteriormente.
A quarta e última fase, que é a contemporânea, caracteriza-se por uma nova visão do
Direito Comercial que culmina com a terminologia do direito de empresa, ou
empresarial, a qual foi adoptada inicialmente pelo Código Civil italiano de 1942 e integra
o Livro II do Código Civil brasileiro de 2002. A Teoria da Empresa também será tratada
em tópico específico.
Na visão de Ramos (Brasil), que apresenta uma divisão menos fragmentada, o Direito
Comercial teria três períodos históricos, os quais são a seguir apresentados apenas para
fins de comparação com a caracterização anterior:
Segundo período – abrange a Idade Moderna que, com a formação dos Estados
Nacionais monárquicos e a consequente monopolização jurisdicional, objectiva o Direito
Comercial, que deixa de ser da classe dos comerciantes e passa a valer para qualquer cidadão
que exerça uma actividade comercial; destaque para a Codificação Napoleónica com a
bipartição do direito privado – civil e comercial – e para a teoria dos actos de comércio.
Terceiro período – corresponde à Idade Contemporânea. Tem como marco o Código
Civil Italiano de 1942 e se caracteriza pela unificação formal do direito privado, pela
prevalência da teoria da empresa no regime jurídico-empresarial e pelo papel da empresa
como actividade económica organizada.
Como é possível observar, a opção por uma ou outra divisão não interfere no entendimento da
evolução histórica da disciplina comercial, pois as duas trazem informações similares sobre o
tema, diferindo apenas no corte temporal. O importante a observar em ambas as divisões é o
reflexo imediato dos acontecimentos sociais e políticos de cada época no contexto de criação e
utilização das regras que regulamentam as actividades mercantis.
Isso demonstra que, assim como o comércio se desenvolveu conforme o homem e suas relações,
o direito que o rege tem acompanhado esse desenvolvimento, indo da inexistência de regras ou
das regras direccionadas a um determinado grupo, para ser o regulador de todas as actividades
mercantis, sejam elas comerciais ou empresariais.
No Egipto antigo, cerca de 3000 a. C., o comércio era monopólio do Estado, ou seja, do Faraó e
seus parentes. Não existia o comércio difundido entre os do povo. Entre eles se praticava a troca,
como também ocorria entre os fenícios, troianos, cretenses, sírios, cartagineses, babilónicos.
As primeiras manifestações de uma legislação comercial datam de 1850 e 1750 a. C., com o
Código de Manu, na Índia, e o Código de Hamurabi, na Babilónia. Nos séculos XVI e XV a. C.,
os fenícios eram os responsáveis pela intermediação de produtos entre a Ásia e o Mediterrâneo,
onde estavam os gregos. Em razão desse comércio, surgem as normas costumeiras marítimas
de índole internacional. Temos remanescentes até hoje destas regras, em nosso Código
comercial (art. 621, 764 e 769 - rateio de prejuízos; art. 633 - seguro - empréstimo de risco).
Os romanos, embora não possuíssem uma legislação comercial específica, contribuíram com o
direito empresarial: o costume da escrituração doméstica, difundido em todas as casas, deu
origem aos livros comerciais; as regras sobre contratos e obrigações deram alicerce às
1Dec. Lei nº 2/2009 de 24 de Abril (BR nº 016, I Série, 3º Supl. de 24 de Abril de 2009, pág. 86 – (altera alguns
artigos do Código Comercial de Moçambique - Decreto-Lei nº 2/2005 de 27 de Dezembro de 2005);
transacções mercantis; os institutos da falência (insolvência; o comércio sendo realizado pelos
escravos em nome de seus senhores, o que deu origem à representação comercial.
Com a queda do Império Romano no século V, o centro de interesse deslocou-se para a Ásia e
os árabes cresceram na actividade comercial, estabelecendo a rota da seda
(ChinaMediterrâneo). Com eles nascem algumas formas de sociedade, em que apenas uma das
partes entrava com o capital. Foi uma forma de disfarçar a usura, proibida pelo Corão.
No século IX, já Idade Média, com o domínio muçulmano nos mares, a Europa se vê isolada e o
comércio passa a ser feito internamente, em terra, para garantir sua segurança. Surgem as
grandes feiras, que chegavam a durar seis semanas. Podemos dizer que aqui é que o direito
comercial nasce. Datam daí as corporações de ofício (mercadores, artesãos).
Nessas corporações nasceu um direito mais ligeiro, vivo e dinâmico, que foi o contraponto do
direito romano-canônico, formal, solene e absoluto, até então.
Este período foi fértil no aparecimento de institutos importantes para o nosso ramo de estudo,
como: os títulos de crédito, os bancos, a falência (insolvencia) se restringindo apenas aos
devedores comerciantes, os contratos mercantis como transportem, comissão, e diversos tipos
de sociedade.
As Cruzadas ajudam a alargar os centros comerciais, já que seus participantes, além de lutarem,
também faziam o papel de mercadores.
Naquele tempo, as regras comerciais eram aplicadas somente ao fechado círculo das pessoas
matriculadas nas corporações de mercadores, onde, como já exposto, as pendências eram
solucionadas internamente, por cônsules eleitos, que utilizavam nos seus julgamentos os usos e
costumes, a equidade e o contido em seus estatutos, sem grandes formalidades. São os
ancestrais dos Tribunais de Comércio. Estes cônsules acabavam por actuar legislativamente
também, criando normas com seus julgados. É o chamado período subjectivo - corporativista
(séculos XII a XVIII). É nessa época que surge a burguesia, opondo-se à organização feudal.
No século XVIII, após a grande expansão territorial do período colonialista, dos grandes
descobrimentos e navegações, as corporações são abolidas e é estabelecido o liberalismo no
trabalho e no comércio. Com isso, as regras que instruíam o direito comercial se focam nos actos
de comércio, para se estenderem a todos os que praticassem os referidos actos,
independentemente da profissão. É o período objectivo dos actos de comércio (teoria dos actos
de comércio), no qual floresceram legislações importantes, como o Código comercial da França
(1807) e suas derivações na Espanha (1829), Portugal (1833), Brasil (1850) e Itália (1865).
Modernamente, a tendência é que as regras do direito comercial tenham por base o exercício
profissional e organizado de uma actividade económica - excepto a intelectual e as rurais -, o
que ocorre sempre em uma empresa, por isso este período se denomina período subjectivo da
empresa (teoria da empresa). Empresa, segundo o Dicionário Aurélio, é a organização
económica destinada à produção ou venda de mercadoria ou serviços, tendo como objectivo o
lucro. Por isso, teoria da empresa para delimitar a aplicação deste ramo do direito, já que hoje,
a actividade comercial não abrange só os actos originários de intermediação. Então, passamos
a direito empresarial, regulado, em parte, pelo Código Comercial de 2005.
O surgimento de novo critério para aplicação do direito comercial vai ocorrer em 1942,
ou seja, mas de cem anos após o Código Napoleónico e, em plena Segunda Grande
Guerra Mundial.
O direito comercial teve sua origem na Idade Média e se desenvolveu em face do tráfico
mercantil. Foi com o surgimento das Corporações de Ofício que se foram poderosas e
investiram no direito de regular por si mesmas, seu interesse próprio e o de seus
membros.
A terceira fase da evolução do direito comercial é chamada de fase moderna, é a fase que
se desvincula do sistema francês enquanto o conceito de empresa estava ligado ao
critério dos actos de comércio, passando a adoptar o conceito de empresa como
organização de factores de produção, para a criação ou oferta de bens ou serviços em
massa.
REFERÊNCIAS
Leituras Obrigatórias
A leitura dos textos indicados, a seguir, é de fundamental importância para a compreensão de nossos
estudos e para a realização das actividades propostas para esta primeira unidade de estudo. Portanto, não
deixe de estudá-los.
Legislação
Dec. Lei nº 2/2009 de 24 de Abril (BR nº 016, I Série, 3º Supl. de 24 de Abril de 2009, pág. 86 – (altera
alguns artigos do Código Comercial de Moçambique - Decreto-Lei nº 2/2005 de 27 de Dezembro
de 2005); Decreto 1/2006 de 3 de Maio (Cria o registo de Entidades Legais e aprova o seu
regulamento. BR nº 018, I Série, de 03 de Maio de 2006, pág. 147 a 160. Revoga o Decreto-Lei nº42
42644 e o decreto nº42 645, ambos de 14 de Novembro de 1959);
Lei nº 23/2009 de 28 de Setembro de 2009 (BR nº 038, I Série, Supl. de 28 de Setembro de 2009, pág.
286-(18) a 286-(31) - Aprova a Lei Geral das Cooperativas.
Leituras Complementares
ABREU, JORGE MANUEL COUTINHO DE - Curso de Direito Comercial, Vol. I, Introdução, Actos de
Comércio, Empresas, Sinais Distintivos, 6.ª Edição, Coimbra. Almedina, 2007
Ascensão, J. Oliveira - Direito Comercial, vol. I, II, III, IV Direito Industrial, Lisboa, 1994; vol. III,
Títulos de Crédito, Lisboa, 1992
Cordeiro, António Menezes - Manual de Direito Comercial, Vol. I, Almedina, Coimbra, 2009;
CORREIA, Ferrer – Lições De Direito Comercial, Almedina Editora, 1994, LEX – Edições
Jurídicas.
CUNHA, PAULO OLAVO - Direito das Sociedades Comerciais, 3ª Edição, Almedina, 2007
Martins, Alexandre Soveral, Títulos de crédito e valores mobiliários, vol. I, Almedina, 2008;
OLIVEIRA, Jorge de. Breves Noções de Direito Comercial. Maputo: Edição do Autor, 1998;
Actividades
A seguir, estão as actividades correspondentes a esta primeira unidade. Resolva os exercícios
propostos em cada uma e verifique se acertou, conferindo a sua resposta na Chave de
Correcção no final do presente Guia de Estudo.
1. O Direito Comercial, atravessou por várias etapas, desde a idade média ate a actualidade.
Identifique as principais etapas, deste ramo de direito, e explique as características de cada
uma destas etapas.