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Titulo I
Parte geral
1. Evolução histórica do direito comercial
O direito comercial enquanto sistema normativo autónomo regulador da
actividade mercantil, surgiu na época medieval, por volta do século XII, na
Flandres em Itália.
O fraco poder político central e o desenvolvimento do comércio, associado às
corporações de mercadores, que tinham os seus estatutos e tribunais próprios
permitiu que os comerciantes se organizassem, controlando a produção,
distribuição comercial, passando então a ser a classe dominante. O direito
comercial surge assim criado pelos mercadores para regular as suas próprias
actividades.
O direito do comércio – ius mercatorum – surge assim, ajustado à realidade
mercantil adequada às suas características, contrapondo-se ao direito comum
romano-canónico.
O ius mercatorum, tinha como fontes:
- Costumes mercantis;
- Estatutos das corporações de mercadores;
- Jurisprudência dos tribunais consulares;
Pelo que ficou exposto, resulta que o direito comercial nasceu de uma raiz
subjectivista, uma vez que apareceu por iniciativa dos comerciantes para regular
as suas próprias actividades.
Mas o direito comercial pode também ser visto de um teor objectivista, se
atendermos ao acto em si, que será objectivamente comercial, independentemente
da qualidade das pessoas que os pratiquem.
Em Portugal, apesar da proximidade face à Catalunha e à França, nomeadamente
às feiras de Champagne e Lyon, o direito comercial não se autonomizou como
ramo do direito regulador per si, das relações de índole comercial. A actividade
comercial era regulada sobretudo por costumes e por algumas leis constantes nos
forais.
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Direito da actividade comercial
Em 1807 é lançado o code de commerce, que marca o início de uma nova etapa do
direito comercial, acentuando sobretudo o seu carácter objectivo, pondo um pouco
de lado a perspectiva subjectiva com que tinha aparecido, apesar de mais tarde o
código alemão voltar a adoptar uma construção subjectivista do direito comercial.
Com o código francês acentua-se o carácter objectivo do direito comercial, o que
decorre da defesa dos princípios de igualdade, fraternidade e da liberdade, assim o
que passa a interessar é o acto de comércio em si e não a qualidade da pessoa que
pratica o acto.
O primeiro código comercial português nasceu em 1833 pelas mãos de Ferreira
Borges, e o actual redigido por Veiga Beirão, em 1888, adoptam uma perspectiva
objectivista do direito comercial. Assim estabelece o art. 1 CCM “A lei comercial
rege os actos de comércio sejam ou não comerciantes as pessoas que neles
intervém.” Ou seja, para que um acto seja comercial, não é necessário que seja
praticado por um comerciante.
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Direito da actividade comercial
Titulo II
Dos actos de comércio em geral
1. Noção de acto de comércio
Segundo o art. 2 Com “Serão considerados actos de comércio todos aqueles que
se acharem especialmente regulados neste Código, e, além deles, todos os
contratos e obrigações dos comerciantes, que não forem de natureza
exclusivamente civil, se o contrário do próprio acto não resultar”.
A 1.ª parte do artigo refere-se aos actos objectivamente comerciais, isto é,
aqueles que o são independentemente da qualidade da pessoa que os pratica.
A 2.ª parte do artigo refere-se aos actos subjectivamente comercias, isto é,
aqueles qualificados como tal, em virtude de serem praticados por um sujeito que
tem qualidade de comerciante.
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A este propósito cumpre analisar o artigo 230.º CCM, que apresenta uma lista, que
apesar de desactualizada, de actividades consideradas comerciais.
As críticas podem começar logo, aqui, uma vez que, existem empresas que podem
não ser consideradas como comerciais, em virtude da lei, como acontece com o
Estado Autarquias Locais, que ainda que desenvolvam actividades de natureza
comercial, não podem ser considerados comerciais.
Parte da doutrina entende que o termo empresa deve ser entendido como sinónimo
de empresário, contudo, outra parte da doutrina, como Coutinho de Abreu,
entende que o termo empresa é usado como sinónimo de série de actos comerciais
objectivos, porque a lei rege os actos de comércio sejam ou não comerciantes as
pessoas que os praticam.
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Resumo
Requisitos cumulativos para um acto ser subjectivamente comercial
1. O SUJEITO TEM DE SER COMERCIANTE – Artº 13º – O sujeito
adquire a qualidade de comerciante quando pratica reiteradamente, em nome
próprio e profissionalmente actos de comércio;
2. O ACTO NÃO PODE TER NATUREZA EXCLUSIVAMENTE CIVIL –
Os actos que não são exclusivamente civis, são patrimoniais, os actos que são
exclusivamente civis, são pessoais. Actos exclusivamente civis: casamento,
perfilhamento, etc.
3. O QUE RESULTA – Há conexão com a actividade? Não há conexão com a
actividade?. Neste ponto, para averiguar se há ou não conexão, há que apelar à
“teoria da impressão do declaratário” (o homem médio, o bom pai de família).
Pode-se verificar:
Resulta que tem conexão com o acto do comércio;
Resulta que não tem conexão com o acto do comércio;
Não resulta que não haja conexão com o acto do comércio. Dupla negativa,
logo positiva, logo há conexão.
FUNÇÃO DO ARTº 230 – Visa catalogar e qualificar quais as empresas que são
comerciais.
EMPRESAS COMERCIAIS – Organização de factores produtivos com
autonomia técnico-funcional. É uma actividade e é uma massificação de actos,
logo esses actos que decompõem estas actividades estão tipificados na lei – Artº
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230 – embora de forma implícita. Estes actos, dado que estão tipificados na lei (de
forma implícita) são actos objectivos.
Para Vasco Lobo Xavier, os actos têm de ser fundamentais para a actividade do
comércio, ou seja, têm de ter conexão com o próprio sujeito. Caso seja
fundamental teremos de aferir se o referido acto é objectivo implícito, civil ou
subjectivamente comercial.
Para Coutinho de Abreu, os actos têm de ser típicos da actividade do comércio,
ou seja caracterizadores da actividade do comércio. Assim sendo, se o acto é
típico teremos de aferir se o referido acto é objectivo implícito, civil ou
subjectivamente comercial.
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2. SE FOR COMERCIANTE:
a) Ver se o acto é objectivamente comercial de forma explícita, ou seja, se
está tipificado na lei;
b) Se não for, pode ser subjectivamente comercial;
c) Se não for, é civil.
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Desta forma respondem por elas todos os bens comuns do casal e, na insuficiência
deles, solidariamente, os bens próprios de qualquer dos cônjuges – Artº 1695/1.
Só assim não será, de acordo com o Artº 1691/1-d), se se provar que as ditas
dívidas, embora derivadas da actividade comercial do devedor, não foram
contraídas em proveito comum do casal, ou seja é sobre o cônjuge que recai o
ónus da prova.
Por outro lado, segundo o Artº 15º do Código Comercial, “as dívidas comerciais
do cônjuge comerciante presumem-se contraídas no exercício do seu comércio”.
O cônjuge do devedor poderá, ainda, para evitar que os seus bens respondam pela
dívida, ilidir a presunção do Artº 15º do C. Com., provando que a dívida não tem
qualquer conexão com o exercício do comércio do devedor.
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Capítulo I
Os sujeitos
Secção I
Dos comerciantes
1. Sujeitos qualificáveis como comerciantes
Art. 7 CCM “Toda a pessoa, nacional ou estrangeira, que for civilmente capaz de
se obrigar, poderá praticar actos de comércio, em qualquer parte destes reinos e
seus domínios, nos termos e salvas as excepções do presente Código”
Artigo13.º
Quem é comerciante
São comerciantes:
1.º As pessoas, que, tendo capacidade para praticar actos de comércio, fazem
deste profissão;
2.º As sociedades comerciais
1.1 Requisitos essenciais para obtenção da qualidade de comerciante no caso
das pessoas singulares:
1. Quando se fala em capacidade para praticar actos de comércio, estamos a
referir-nos à capacidade de exercício, isto é, à capacidade de agir per si, ou
mediante procurador voluntário. Só em casos excepcionais é que um incapaz pode
ter qualidade de comerciante, nomeadamente se for devidamente representado
pelos representantes legais para o efeito, e estes tenham sido devidamente
autorizados pelo tribunal. O artigo 1889.º n.º 1 al C CC estabelece que “ 1. Como
representantes do filho não podem os pais, sem autorização do tribunal:
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Além das sociedades comercias, há outras pessoas colectivas que podem ser
comerciantes, como empresas públicas, empresas municipais e intermunicipais,
entidades públicas empresariais, agrupamentos complementares de empresas e
agrupamentos europeus de interesses económicos cooperativos. Estas entidades,
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Secção II
A empresa
1. A empresa em sentido jurídico
Saber o que é uma empresa em sentido jurídico, isto é, o que o que ela consiste, o
que a caracteriza e distingue dos restante fenómenos jurídicos, não é fácil,
existindo alguns autores que começam por oferecer um conceito pré-jurídico de
empresa e a caracterizam como produto da vida, contudo, no dizer de Coutinho de
Abreu ser rejeitada tal posição.
Para designar o fenómeno empresarial, empregam-se palavras como “empresa” e
“estabelecimento” sendo que em tese geral, não haverá problemas em utiliza-las
como sinónimos.
Não há nenhum conceito geral e operacional de empresa, Orlando de Carvalho,
todavia, defende que só será empresa aquilo que tiver como fim a produção de
algo destinado à troca, a empresa será assim um centro emissor e receptor de
mensagens produtivas, em constante interacção caracterizando-se pela sua
organização autónoma, do ponto de visa financeiro e funcional.
Coutinho de Abreu define a empresa como uma unidade jurídica fundada em
organização de meios que constitui um instrumento de exercício relativamente
estável e autónomo de uma actividade comercial.
1. Autonomia financeira: as trocas realizadas com exterior têm como
objectivo proporcionar rendimentos suficientes para cobrir custos de exploração e
para conferir margem de lucro, de modo a incentivar a continuação do processo
produtivo;
2. Autonomia funcional: caracteriza-se pelo facto da empresa ter de
sobreviver sem o empresário que a detém, ela poder por isso, ser negociada, não o
sendo a empresa nada vale no mercado.
que estes departamentos possuam valor tranferencial. Note-se que a empresa não
tem personalidade jurídica quem tem é a sociedade comercial.
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Para grande parte da doutrina, estas duas últimas empresas constituem um novo
tipo de sociedades comerciais, porque apesar da sua designação, o seu regime é
semelhante ao das sociedades comerciais, possuindo inclusive, capital social. O
seu regime segue grande parte do direito privado, salvo no que se refere ao
processo de recuperação e insolvência.
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Titulo II
Sinais distintivos de comércio
1. A firma
Como sabemos, nos termos do art. 18.º n.º 1 CCM uma das obrigações especiais
dos comerciantes é a adopção de uma firma. Esta obrigação assume, contudo,
contornos muito diferentes consoante estejamos perante uma pessoa singular, isto
é, uma comerciante em nome individual ou perante uma pessoa colectiva, isto é,
uma sociedade comercial. No que se refere às pessoas singulares a não
constituição de uma firma significa a não obtenção de uma nome comercial, sem
contudo, ser aplicado qualquer sanção ao comerciante. No caso das sociedades
comerciais, a sua constituição implica necessariamente a obtenção do certificado
de admissibilidade da firma, o que significa que a constituição de uma firma no
caso de pessoas colectivas é requisito constitutivo para sua formação.
1.2 Noção
A firma pode ser definida como o nome comercial de um comerciante, servindo
para identificar a sua actividade comercial. A firma tem ainda como função
identificar todas as pessoas colectivas, ainda que não pratiquem actos de
comércio. Qualquer pessoa colectiva tem de possuir uma firma, mesmo que não
seja comerciante, embora a firma se destine por excelência a caracterizar
comerciantes.
1.3 Formas de constituição de uma firma
O mecanismo de constituição de uma firma está regulado pelo Registo Nacional
de Pessoas Colectivas, que estabelece nos artigos 36.º a 38.º as formas pelas quais
podem ser constituídas firmas.
A análise deste artigo permite concluir, que existem três formas pelas quais
podem ser denominadas as firmas das pessoas colectivas:
1. Nome dos sócios que a compõem;
2. Denominação fantasia, mediante expressão alusiva à actividade desenvolvida;
3. Denominação mista, onde conste o nome dos sócios e expressão alusiva à
actividade desenvolvida;
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A firma do comerciante individual por sua vez, nos termos do art. 38.º RNPC
apenas pode ser constituído “O comerciante individual deve optar uma só firma,
composta pelo seu nome, completo ou abreviado, conforme seja necessário para
identificação da pessoa, podendo aditar-lhe alcunha ou expressão alusiva à
actividade””
1. Pelo nome civil do comerciante ou alcunha que é conhecido;
2. Denominação mista, onde conste o nome individual do comerciante e uma
expressão alusiva à actividade desenvolvida;
2. Nome do estabelecimento:
É o sinal nominativo que designa ou individualiza um estabelecimento, visando
essencialmente distingui-lo dos demais.
3. Insígnia do estabelecimento
É o sinal figurativo ou emblemático individualizador de um estabelecimento,
visando essencialmente distingui-lo dos demais.
4. Princípios jurídicos
1. Princípio da verdade: de acordo com este princípio a designação da
firma não pode induzir o público nem quem contrata com o comerciante, em erro,
a firma deve por isso, identificar o comerciante de modo claro e verdadeiro. O
nome de uma firma, pode não dar por si qualquer indicação quando à natureza ou
actividade exercida pela mesma, como sucede no caso das denominações fantasia.
Contudo, quando o nome da firma conter tais informações elas devem ser
fidedignas. No que concerne às sociedades comerciais, quando a sua designação,
conter o nome dos sócios, deverá, na eventualidade de um deles sair, ser alterada.
O sócio que sair poderá sempre autorizar que a sociedade continue a usar o seu
nome, mas neste caso, para não haver violação do principio da verdade, será
responsabilizado pelos prejuízos que causar a terceiro, pelo que continua a
responder com seu património apesar de formalmente não fazer parte da sociedade
2. Principio da novidade: a constituição de uma firma tem de ser
novidade nos sentido desta ser distinguível das demais anteriormente já registadas.
A firma nova é aquela que atendendo às duas características gráficas e fonéticas,
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6. Alteração da firma
Consta do art. 56.º RNPC que a alteração da designação de uma firma deverá ter
lugar sempre que tal se mostre imperativo para dar cumprimento ao princípio da
verdade, o que acontece por exemplo, no caso de saída de um sócio da sociedade
comercial ou no caso do comerciante em nome individual alterar o seu nome civil.
7. Transmissão da firma
O art. 44.º RNPC como sabemos, em cumprimento do princípio da verdade, não
existe uma verdadeira transmissão da firma, quando muito pode verificar-se um
aditamento ao nome de uma firma, fazendo referencia à anterior. 1. O adquirente,
por qualquer título entre vivos, de um estabelecimento comercial pode aditar à
sua própria firma a menção de haver sucedido na firma do anterior titular do
estabelecimento, se esse titular o autorizar, por escrito” 2. Tratando-se de firma
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De acordo com o art. 62.º RNPC “ o uso ilegal de uma firma ou denominação
confere aos interessados o direito de exigir a sua proibição, bem como a
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Secção II
A propriedade industrial
O Código de Propriedade Industrial divide-se em duas partes:
1. Parte geral – Comum a todos os sinais distintivos do comércio;
2. Parte Especial – Composto por normas reguladoras para cada sinal distintivo
do comércio.
Artº 4 e 257 do Código da Propriedade Industrial – Estes dois artigos admitem
explicitamente o direito de propriedade de coisas incorpóreas, ou seja, de sinais
distintivos do comércio. Assim sendo, vamos recorrer ao regime do direito de
propriedade geral – Artº 1302 e 1303 CC, para os sinais distintivos do comércio.
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O nome e a insígnia
1. Noção
O nome e a insígnia são coisas diferentes apesar de se encontrarem associados.
Diferentemente do que se passa com a constituição das firmas, em que a sua
constituição é obrigatória, a constituição de nome e de insígnia é facultativa.
Contudo, normalmente é usual a adopção de um nome, até porque grande parte do
aviamento do estabelecimento está dependente da sua capacidade para se
distinguir dos restantes estabelecimentos concorrentes, sendo que essa distinção
passa em grande parte pelo nome do estabelecimento.
O nome pode ser entendido como o sinal nominativo constituído por palavras,
que designa ou individualiza um estabelecimento enquanto a insígnia diz respeito
a um sinal figurativo ou emblemático, constituído por, desenhos, símbolos, sinais
figurativos que identificam o estabelecimento, assim consta do art. 284.º do
código de propriedade industrial, (CPI). “ Considera-se insígnia de
estabelecimento qualquer sinal externo composto de figuras desenhos, simples
combinações com os nomes ou denominações referidos no artigo anterior, ou com
outras palavras ou divisas desde que o conjunto seja adequado a distinguir o
estabelecimento”.
Quer o nome quer a insígnia estão regulados nos artigos 282.º ss CPI. “ Todos os
que tiverem legítimo interesse, designadamente agricultores, criadores,
industriais, comerciantes e demais empresários, domiciliados ou estabelecidos em
qualquer lugar do território português, têm o direito de adoptar um nome e uma
insígnia para designar, ou tornar conhecido, o seu estabelecimento, nos termos
das disposições seguintes.”
Tal como sucedeu com a firma, relativamente ao nome e insígnia vamos estudar
os princípios que norteiam a sua constituição, bem como a sua garantia. Quanto
aos princípios que se devem observar na constituição do nome insígnia, eles são
os mesmos operados na constituição das firmas, embora devam ser interpretados
em moldes diferenciados precisamente porque agora estamos num âmbito de
protecção diferente.
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3. Princípios jurídicos
1. Princípio da verdade: este princípio não pode ser entendido nos
mesmos moldes em que é visto para a firma, aqui o nome ou insígnia obedecendo
ao princípio da liberdade, pode não revelar qualquer indicação sobre a natureza da
actividade podem ser fantasia, estes podem não ter qualquer tipo de relação com a
actividade desenvolvida pelo estabelecimento. Deste modo, o princípio da verdade
deve ser encarado segundo uma perspectiva em que o nome e a insígnia não
podem conter afirmações ou símbolos que não sejam verdade, por exemplo o
nome do estabelecimento conter o nome civil do seu titular e este ser mal
identificado. O principio da verdade encontra consagração legal, das alíneas a a e
do art. 285.º CPI: “ Não podem fazer parte do nome ou insígnia de
estabelecimento: O nome individual, que não pertença ao requerente, salvo se
provar o consentimento ou legitimidade do seu uso; a frima ou a denominação
social que não pertença ao requerente, ou apenas parte característica das
mesmas, se for susceptível de induzir o consumidor em erro ou confusão, salvo se
se provar o consentimento ou a legitimidade do seu uso; As expressões “antigo
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nulidade constam do art. 33.º CPI, embora o art. A ausência dos requisitos
previstos no art. 284.º CPI geram também a nulidade.
2. Anulação, art. 34.º e 299.º CPI: os casos de anulação do uso de nome
ou insígnia podem reconduzir-se a três casos, sendo que o direito de anulação, tem
de ser proposto em acção para o efeito, nos 10 anos subsequentes à “data do
despacho de concessão do registo,” art. 299.º n.º 2 CPI:
I. Casos do art. 34.º CPI relativos a pedidos efectuados por
quem não tenha legitimidade para tal;
II. Casos do art. 285.º CPI onde constam fundamentos do
direitos recusa de registo de nome ou insígnia;
III. Casos em que se assista a situações de concorrência desleal,
mesmo que esta seja efectuada de modo não intencional.
3. Caducidade: art. 37.º e 300.º CPI. Nestes artigos estão previstas
diferentes situações em que se assiste à caducidade do direito de uso de nome e
insígnia:
I. Caducidade resultante do decurso do tempo, art. 37.º al. a
CPI, pelo que o direito de uso de nome e insígnia, caduca nos 10 anos seguintes
ao registo, embora se admita a sua renovação, art. 293.º CPI “ A duração de
registo é de 10 anos, contados da data da respectiva concessão, podendo ser
indefinidamente renovado por iguais períodos”
II. Caducidade resultante do não pagamento de taxas, art. 37.º
al. b CPI. A previsão das taxas consta do art. 346.º ss CPI.
III. Caducidade em caso de encerramento ou liquidação do
estabelecimento, art. 300.º al. a CPI.
IV. Aquando do registo, o comerciante propõe como nome da
estabelecimento, três designações, sendo escolhendo apenas uma, nas restantes
caducam.
Garantias quando o nome e insígnia se encontram registados:
Secção III
A marca
1. Noção
A marca é um sinal distintivo susceptível de representação gráfica, destinada
sobretudo a distinguir certos produtos de outros produtos idênticos ou afins. Os
princípios orientadores na constituição da marca estão em consonância com o que
se disse em relação à constituição da firma, nome e insígnia, e vêm regulados nos
art. 222.º ss CPI.
2. Espécies de marcas
As marcas podem ser de diferentes espécies atendendo a diversos critérios:
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Direito da actividade comercial
Marcas de prestígio: são macas que embora não sendo registadas no nosso pais,
são aqui conhecidas, a diferença em relação às marcas notórias relaciona-se com o
âmbito de protecção quanto à espécie de produtos, uma vez que já não se exige a
possibilidade de confusão de produtos derivados da sua afinidade, não é
necessário que exista identidade de produtos, passando-se assim sobre o requisito
da possibilidade de confusão. “ Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, o
pedido de registo será igualmente recusado se a marca, ainda que destinada a
produtos ou serviços sem identidade ou afinidade, constituir tradução, ou for
igual ou semelhante, a uma marca anterior que goze de prestígio em Portugal ou
na Comunidade Europeia, se for comunitária, e sempre que o uso da marca
posterior procure tirar partido indevido do carácter distintivo ou do prestígio da
marca, ou possa prejudica-las”
Não se exige aqui a identidade de produtos, mas apenas o risco de associação com
uma marca do mercado português dotada de grande prestígio relativamente aos
seus produtos, aqui protege-se sobretudo a tentativa de usurpação da marca por
associação.
3. Função das marcas
Durante muito tempo a principal função das marcas limitou-se a ser distintiva, a
distinguindo sobretudo produtos afins e a indicar a origem do produto.
Actualmente a marca não é só vista do ponto de vista de finalidade distintiva de
produtos afins, mas também como uma finalidade informativa, pelo que a marca
nos dá a conhecer diferentes características do produto em causa, como a origem.
Paralelamente, a marca tem ainda como função satisfazer interesses do seu
comercializador, uma vez que é um excelente meio de publicidade.
A marca pode ser constituída de modo quase ilimitado, mas terá sempre
subjacentes questões relacionadas com marketing e com a obtenção da maior
clientela possível. Assim, a marca protege sobretudo o seu titular.
Por último a marca tem ainda como função, garantia de qualidade do produto.
Em suma a marca tem como funções: distintiva; publicitária, indicação de origem,
protecção do comercializador; garantia de qualidade.
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Direito da actividade comercial
4. princípios jurídicos
1. Princípio da verdade: o princípio da verdade no que concerne à
constituição das marcas tem de ser entendido com uma certa maleabilidade, até
porque a designação da marca, quase nunca corresponde à designação do produto,
apenas em casos gritantes é que este princípio poderá ser violado.
2. Princípio da novidade: uma marca que é registada tem de ser nova, ou
seja, tem de conferir ao seu titular o seu direito de uso exclusivo. A protecção das
marcas é efectuada em relação às restantes que digam respeito a produtos afins ou
idênticos, assim se houver a possibilidade de confusão ou associação de marcas,
devemos atender ao produto que ela identifica, sendo que se for um produto
semelhante ou afim o registo da marca deve ser recusado, vigora aqui também o
princípio da especialidade: art. 238.º al. m CPI “ É ainda recusado o registo de
marcas que contendam em todo ou alguns dos seus elementos: reprodução ou
imitação, no todo ou em parte, de marca anteriormente registada para produtos
ou serviços idênticos ou afins que possa induzir em erro ou confusão o
consumidor ou que compreenda o risco de associação coma marca registada” a
redacção do artigo é clara, apenas é deixado ao intérprete a análise do que são
produtos afins, é importante esclarecer o que isto seja, sendo que se entende como
produtos afins aqueles que embora sendo diferentes são substitutos entre si. A este
propósito devemos atender ao disposto no art. 245.º CPI que estabelece o que
constitui a imitação ou usurpação da marca. O artigo estabelece requisitos
cumulativos: “ A marca registada considera-se imitada ou usurpada por outra, no
todo ou em parte, quando, cumulativamente: a marca registada tiver prioridade;
sejam ambas destinadas a assinalar produtos idênticos ou afins; tenham tal
semelhança gráfica, figurativa ou fonética ou outra que induza facilmente o
consumidor em erro ou confusão, ou que compreendas um risco de associação
com marca anteriormente registada, de forma que o consumidor não as possa
distinguir senão depois de um exame atento ou confronto. N.º 2 para efeitos da
alínea b do n.º 1: Os produtos que estejam inseridos na mesma classe de
classificação de Nice podem não ser considerados afins; Os produtos e serviços
que não estejam inseridos na mesma classificação de Nice podem ser
considerados afins. N.º 3 Considera-se imitação ou usurpação parcial de marca o
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Direito da actividade comercial
isto é, sinais que pela sua generalidade não são individualizares e sinais que pela
sua apropriação genérica são podem ser usados. art. 222.º CPI. “A marca pode ser
constituída por um sinal ou conjunto de sinais susceptíveis de representação
gráfica, nomeadamente palavras, incluindo nomes de pessoas, desenhos, letras,
números, sons, a forma do produto ou da respectiva embalagem, desde que sejam
adequados a distinguir os produtos ou serviços de uma empresa dos de outras
empresas” “ Não obedecem ao princípio da capacidade distintiva as marcas, art.
223.º CPI “ as marcas desprovidas de qualquer carácter distintivo; os sinais
constituídos exclusivamente, pela forma imposta pela própria natureza do
produto, pela forma do produto necessária à obtenção de um resultado técnico ou
pela forma que confira um valor substancial ao produto; os sinais constitutivos,
exclusivamente por indicações que possam servir no comércio para designar a
espécie, a qualidade, a quantidade, o destino, o valor, a proveniência geográfica,
a época ou meio de produção do produto ou da prestação do serviço, ou outras
características dos mesmos; as marcas constituídas exclusivamente por sinais ou
indicações que se tenham tornado usuais na linguagem corrente ou nos hábitos
leais e constantes do comércio; as cores, salvo se forem combinada entre si ou
com gráficos, dizeres ou outros elementos de forma peculiar e distintiva”. No
caso da marca violar o princípio da capacidade distintiva, o seu registo deve ser
recusado, art. 238.º n.º 1 al. a e b CPI. Assim, não são marcas os sinais
específicos, descritivos, e genéricos. Os específicos são aquele que designam um
produto, como “ovo”. Os sinais descritivos referem-se directamente a
características ou propriedade dos produtos, “lã pura”. Os signos genéricos
designam um género ou categoria de produtos “refresco” para laranjadas. Do
mesmo modo, não podem as marcas ser constituídas por sinais de uso comum.
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seu titular tem o direito de impedir o uso e usurpação da sua marca por parte de
terceiros, nos termos estabelecidos no art. 11.º e 12.º CPI.
5.2 O registo
O registo da marca confere ao seu titular o direito de propriedade sobre a mesma,
assim este pode usar a marca em todos os seus produtos, serviços, podendo
inclusive transmitir a marca, quer de modo definitivo quer mediante
licenciamento, sem a respectiva transmissão da empresa, art. 262.º CPI “ Os
registos de marcas são transmissíveis se tal não for susceptível de induzir o
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Exemplo
Se, por exemplo o Sr. A começa a usar certa marca sem registo, e B
posteriormente começa a usar a mesma marca e requer o respectivo registo ao
INPI, a lei protege o interesse do Sr. A, concedendo-lhe o direito de pedir e obter
para sí o registo da marca em detrimento do Sr. B, mas com uma condição: a de
que o uso de A ainda não tenha excedido a duração de seis meses e ele apresente a
sua reclamação dentro desse prazo. O uso da marca confere, portanto, um direito
de prioridade para o seu registo, embora apenas limitado no tempo.
Pode, no entanto acontecer outra situação, de marcas ainda não registadas, o INPI
pode reconhecer, que sendo uma marca usada pelo Sr. A, e aparecendo o Sr. Ba
requerer o registo, B pretende fazer concorrência desleal a A, ou que esta é
possível independentemente as sua intenção, pode recusar o registo requerido por
B.
O registo da marca confere ao seu titular um direito sobre esta pelo prazo de 10
anos, renováveis (art. 255.º CPI).
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Nota: nos termos do art. 255.º CPI os direitos conferidos pelo registo caducam no
prazo de 10 anos, contudo, a sua renovação é admitida sem qualquer limite
APONTAMENTOS - T.Nogueira
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mas no n.º 4 a marca não consta apesar de constar todos os elementos referidos no
n.º 1. Tem-se entendido que estamos perante um lapso de escrita, pelo que se
devem ter como incluída no n.º 4 a marca.
Assim, a marca pode ser livremente transferida, estando contudo sujeita ao regime
do art. 30.º n.º 2 CPI, ou seja, para que a transmissão produza efeitos para
terceiros é necessário o seu registo, “Os factos referidos no número anterior só
produzem efeitos em relação a terceiros depois da data do respectivo
averbamento.”
A forma que deve ser observada para a transmissão da firma consta do art. 31.º n.º
6 CPI “A transmissão por acto inter vivos deve ser provada por documento
escrito, mas se o averbamento da transmissão for requerido pelo cedente, o
cessionário deve, também, assinar o documento que a comprova ou fazer
declaração de que aceita a transmissão.”
9. Licenciamento da marca
A transmissão da marca como ficou exposta implica a sua transmissão definitiva
por parte do cedente. Não obstante, a marca pode ser alvo de outro tipo de
contratos de transmissão não definitiva da mesma, trata-se de contratos que
permitem transmitir a título meramente temporário, um conjunto total ou parcial
de direitos de uso de certa marca, em todo ou em parte do território português, e
que são conhecidos como licenciamento da marca, o 32.º CPI prevê a
possibilidade de licenciamento para os sinais distintivos em geral e o art. 264.º
estabelece tal possibilidade de modo particular para as marcas. “Os direitos
referidos no n.º 1 do artigo anterior podem ser objecto de licença de exploração,
total ou parcial, a título gratuito ou oneroso, em certa zona ou em todo o
território nacional, por todo o tempo da sua duração ou por prazo inferior”
art. 264.º CPI “O titular do registo de marca pode invocar os direitos conferidos
pelo registo contra o licenciado que infrinja qualquer cláusula, ou disposição, do
contrato de licença, em especial no que respeita ao seu prazo de validade, à
identidade da marca, à natureza dos produtos ou serviços para os quais foi
concedida a licença, à delimitação da zona ou território ou à qualidade dos
produtos fabricados ou dos serviços prestados pelo licenciado.”
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O contrato de licenciamento deverá observar a forma escrita, art. 32.º n.º 3 CPI “O
contrato de licença está sujeito a forma escrita.”
E a licença terá de ser registada para produzir efeitos face a terceiros, art. 31.º n.º
2 CPI “Os factos referidos no número anterior só produzem efeitos em relação a
terceiros depois da data do respectivo averbamento.”
Salvo estipulação em contrário, o licenciado goza, para todos os efeitos legais, das
faculdades conferidas ao titular do direito objecto da licença, salvo as excepções
previstas no art. 32.º CPI:
5 -A licença presume-se não exclusiva.
6 - Entende-se por licença exclusiva aquela em que o titular do direito renuncia à
faculdade de conceder outras licenças para os direitos objecto de licença,
enquanto esta se mantiver em vigor.
7 - A concessão de licença de exploração exclusiva não obsta a que o titular
possa, também, explorar directamente o direito objecto de licença, salvo
estipulação em contrário.
8 - Salvo estipulação em contrário, o direito obtido por meio de licença de
exploração não pode ser alienado sem consentimento escrito do titular do direito.
9 - Se a concessão de sublicenças não estiver prevista no contrato de licença, só
pode ser feita com autorização escrita do titular do direito
Sendo o contrato de licenciamento meramente temporário, será que o cedente
poderá efectuar sobre cessionário alguma espécie de controlo? Entende-se que
sim, que poderá haver um controlo de qualidade do produto associado à marca,
para que seja mantido o grau de qualidade que os consumidores estão habituados a
associar àquela marca. Assim, se houver esta possibilidade a licença caducará, art.
269.º n.º 1 al. b CC “A marca se tornar susceptível de induzir o público em erro,
nomeadamente acerca da natureza, qualidade e origem geográfica desses
produtos ou serviços, no seguimento do uso feito pelo titular da marca, ou por
terceiro com o seu consentimento, para os produtos ou serviços para que foi
registada” Verificando-se algumas das circunstâncias aqui previstas, haverá um
incumprimento do contrato de licenciamento e eventualmente responsabilidade
civil, que poderá levar à sua resolução, por violação do princípio da verdade e da
protecção do público.
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Usurpação:
Imitação – Quando há alguns elementos comuns susceptíveis de
confundibilidade;
Contratação ou reprodução – Alguém está a utilizar uma marca sem sequer
a ter modificado.
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Titulo III
Títulos de crédito
1. Conceito de crédito
CRÉDITO – Troca de prestação presente por prestação futura. Este deferimento
das prestações pode resultar de:
Convenção das partes ou;
O crédito pode fazer parte da própria estrutura do negócio jurídico. Exemplo:
um crédito.
Títulos de crédito (TC): Sendo o crédito a troca de uma prestação presente por
uma prestação futura, pelo que os títulos de crédito são documentos escritos
constitutivos pois os direitos só podem ser exercidos com a sua presença, sendo
direitos cartulares (documentais) ou sejam direitos incorporados no título, cujo
exercício não pode ser efectuado sem a sua presença, sendo por isso eficaz, seguro
e rápido na transmissão dos respectivos créditos, vêm assim facilitar essa troca.
2. Características
- 4 Cumulativas:
- Incorporação ou legitimação
- Circulabilidade
- Literalidade
- Autonomia
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A lei presume que o possuidor é o seu verdadeiro proprietário, pelo que o devedor
terá de cumprir perante o seu portador, e caso o possuidor não coincida com o seu
verdadeiro titular este só poderá exigir o direito de regresso do possuidor.
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Cheque: Ordem de pagamento à vista dada pelo sacador ao Banco (sacado), pode
ser Nominativo, à ordem ou ao portador:
- Nominativo: Quando tem o nome do beneficiário e é cruzado,
tendo a clausula “não à ordem”.
- Ordem: Quando tem o nome do beneficiário, mas não é cruzado
- Portador: Quando não tem nome, está em branco.
Letra: Ordem de pagamento a prazo, dada pelo credor (sacador), sobre o devedor
(sacado), regra geral é um TC à ordem, podendo transformar-se em TC ao
portador pelo endosso em branco.
O endossante é co-responsável solidariamente perante terceiros no pagamento da
letra, só não sendo responsável o último tomador, como é responsável o sacador,
quando o banco lhe antecipa o valor TC
Pelo que sempre que exista falta de pagamento ou falta de aceite, essa recusa deve
ser certificada através de protesto junto do notário, cfr. art.º 44 LULL.
O protesto pode ser dispensado sempre que exista a clausula se “sem protesto” ou
“sem despesas”.
Saque: Acto pelo qual o sacador emite uma ordem de pagamento ao sacado, o
sacador é também solidariamente responsável pelo pagamento da obrigação
pecuniária constante do TC caso haja endossos, caso o sacado não o pague o TC
na data do seu vencimento.
Aceite – Art.º 21 e ss. LULL: Declaração de vontade pela qual o sacado assume a
obrigação cambiária principal, ou seja a de pagar na data do seu vencimento uma
determinada quantia, que está inscrita no TC.
Art.º 22, O sacador também pode proibir na própria letra a sua apresentação a
aceite, caso em que é uma letra pagável à vista, que em caso de não pagamento, a
acção será proposta só contra o sacador e os endossantes, cfr. art.º 44 LULL.
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Desta origem do primeiro dos títulos até ao presente, uma longa evolução decorreu, mas
sempre tendo como base a mesma função: satisfazer de forma eficaz as necessidades da
vida económica no que toca à simplicidade, rapidez e segurança da circulação da riqueza.
Por isso, aos títulos de crédito se chama títulos negociáveis ou circuláveis.
O título garante ao titular do direito que só a ele pertence o direito e não a qualquer outra
pessoa que pretenda arrogar-se tal titularidade. Assim, a emissão do título de crédito
incentiva o credor a conceder o crédito pelo meio próprio de cada espécie de títulos.
Favorece também a posição do devedor: se este paga a quem se mostra legitimado pela
posse do título segundo a respectiva lei de circulação, liberta-se da obrigação, mesmo
que, na realidade, essa pessoa não fosse o verdadeiro titular.
Dá aos terceiros de boa fé, que venham a adquiri-lo, a tranquilidade de que serão, um
após outro, sucessivos titulares de direitos, sem que lhes possam ser opostas pelo devedor
as excepções oponíveis aos anteriores possuidores.
O título de crédito é assim um documento necessário para exercitar o direito liberal e
autónomo nele mencionado.
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- O titular é quem tem o título em seu poder e por isso está habilitado
para exercer o direito nele referido;
- Cada titular poderá com toda a facilidade transmitir esse título, para
realizar o valor dele, sem necessitar de esperar pelo cumprimento da obrigação
correspondente ao direito nele mencionado;
- O teor literal do título corresponde ao direito que ele representa;
- A posição jurídica do actual detentor do título não poderá ser posta
em causa pela invocação de excepções oponíveis aos anteriores detentores do título;
O direito cartular tem a sua origem numa relação jurídica que precede o nascimento do
título de crédito - a relação subjacente ou fundamental - da qual podem resultar, ou
apenas um direito para uma das partes e correlativa obrigação para a outra, ou recíprocas
direitos e obrigações para as duas ou mais partes em confronto.
Incorporação ou legitimação:
por legitimação activa, visto que ela se refere à posição jurídica do sujeito activo do
direito, à sua aptidão jurídica para exercê-lo ou transmiti-lo.
É a posse, ou melhor, a detenção material do título segundo as regras da circulação que
para ele estão definidas, que confere ao seu possuidor a legitimação formal para exercer
ou transmitir o direito que o título refere.
Surgem duas consequências muito importantes: mesmo que o possuidor do título não seja
o verdadeiro titular do direito, ele estará legalmente habilitado a exerce-lo ou transmiti-lo.
O titular do direito estará impossibilitado de exercê-lo ou transmiti-lo se não tiver a posse
do título. Só o possuidor formalmente legítimo do título é que pode exercer o direito
cartular, só ele é que pode transmitir para outrem esse direito.
Isto resulta de uma presunção jurídica de que o possuidor do título está de boa fé e de que
é ele o verdadeiro dono, o titular do direito sobre o próprio título.
O regime jurídico dos títulos de crédito assenta numa presunção de boa fé dos sucessivos
detentores do título.
Ao substituir por essa presunção a regra geral do direito civil, que exige a coincidência da
titularidade do direito com a legitimidade para o seu exercício, o regime dos títulos de
crédito visa reforçar as condições de circulabilidade dos títulos e o desempenho da sua
correlativa função jurídico - económica.
Circulabilidade:
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Literalidade:
O direito cartular é um direito literal, porque para a determinação da sua existência,
conteúdo, limites e modalidades daquele direito é exclusivamente decisivo o teor do
próprio titulo.
E é assim porque a estrita ligação do título com o direito que ele incorpora torna
logicamente indispensável que tal direito valha apenas nos termos que são revelados
pelos dizeres do documento.
Os sucessivos portadores do título podem estar seguros de que só os termos do próprio
título é que os vincula. Nem o possuidor pode exigir ao devedor o que não conste do
título, nem o devedor pode alegar meios de defesa que o documento não mencione.
Os títulos de crédito valem precisamente segundo os termos que a sua letra revela, para
que a sua circulabilidade seja plena.
A letra do título não tem de exprimir todas as regras e condições pertinentes ao direito
cartular.
A literalidade não assume intensidade igual em todos os títulos.
É mais directa e completa nos títulos abstractos, que são aqueles que, além de não terem
uma causa-função típica, são independentes da respectiva causa concreta.
É indispensável que o documento dê a conhecer todos os elementos identificadores dos
termos, limites e modalidades de cada obrigação constante do título.
Já nos títulos causais, cuja causa-função é típica e única, estando o título a ela vinculado,
esta característica surge mais difusa. Não se cogita de incluir senão os elementos
indispensáveis para a identificação da sociedade emitente e a delimitação básica da
situação jurídica do titular.
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Autonomia:
O direito representado pelo título de crédito é autónomo, em dois sentidos:
1 - Existe a autonomia face ao direito subjacente. O direito cartular tem a sua origem
numa relação jurídica logicamente anterior ao surgimento do título - a relação subjacente
ou fundamental. O direito cartular é autónomo do direito subjacente;
2 - Existe a autonomia face aos portadores anteriores. O direito cartular é autónomo,
porque cada possuidor do título, ao adquiri-lo segundo a sua lei de circulação, adquire o
direito nele referido de um modo originário, independentemente da titularidade do seu
antecessor e dos possíveis vícios dessa titularidade. Todo se passa como se o direito
cartular não fosse propriamente transmitido, mas adquirido de forma originária, de cada
vez que o título circula para um novo titular;
6. Títulos impróprios
Habitualmente não são considerados como títulos de crédito certos documentos que,
muito embora tenham, em geral, as mesmas características daqueles, não as têm
geneticamente, também se afastando deles no tocante à sua função jurídico-económica e,
por isso, quanto à característica de circulabilidade, sendo designados como impróprios.
7. Tipologia – Classificações:
Critério da causa-função, ou do nexo com a relação subjacente
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Quer os títulos causais, quer os abstractos, têm sempre uma dada causa: nenhum direito
surge sem uma causa, nenhuma transmissão de direito se opera sem uma causa. O que
pode ocorrer é que o título seja propício a dar guarida apenas ao direito provindo de um
dado tipo de causa - será o tipo causal - ou que ele tenha aptidão de recobrir direitos
oriundos de uma variedade atípica de causas - será um título abstracto.
A maior parte dos títulos de crédito hoje em uso incorporam direitos de crédito em
sentido estrito, geralmente direitos a uma prestação pecuniária, e por isso se designam
como títulos de crédito propriamente ditos. É o que sucede com: as letras e livranças, os
cheques, os extractos de factura, etc...
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seu possuidor, juntamente com o direito de crédito à entrega das mercadorias, também um
direito real sobre estas.
Títulos ao portador: São os que não identificam o seu titular e transmitem-se por mera
tradição manual, por entrega real do documento: o titular é quem for detentor do
documento - art.°483 do C. Com.
O possuidor presumir-se-á sempre o titular do crédito de propriedade do título e, com ele,
do direito cartular, estando por isso legitimado para o exercer.
Títulos à ordem: São os que mencionam o nome do seu titular, tendo este, para transmitir
o título e, com ele, o direito cartular, apenas de nele exarar o endosso: uma declaração
escrita, no verso do título, ordenando ao devedor que cumpra a obrigação para com o
transmissário e / ou manifestando a vontade de transmitir para este o direito incorporado -
art.°483 do C. Com.
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Este endosso que produz o efeito de transmitir a propriedade do título e o direito cartular,
diz-se endosso translativo. Dele importa distinguir, por não terem essa finalidade nem
esse efeito outros tipos de endosso.
O chamado endosso em branco, caracterizado por não mencionar o nome do endossado,
limitando-se o endossante a subscrever o título, o qual passa a partir de então a ser um
título ao portador em vez de um título à ordem, porque ele passará a circular, de pleno
direito, por mera tradição, enquanto não for inserido o nome de detentor no espaço em
branco.
Títulos nominativos: Mencionam também o nome do seu titular e a sua circulação exige
um formalismo complexo, do qual é exemplo modelar o regime da circulação das acções
nominativas: para que a sua transmissão seja válida, deve ser exarada nos próprio título,
pelo transmitente, uma declaração de transmissão, bem como que nele seja lavrado a
quem pertence, isto é, que no local adequado seja inserido o nome do novo titular; além
disso, é ainda necessário o averbamento do acto no livro de registo da acções da
sociedade emitente.
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competentes; ou com as acções, que só podem ser emitidas por sociedades anónimas ou
em comandita por acções; ou os títulos de participação que só podem ser emitidos por
empresas públicas ou sociedades anónimas pertencentes maioritariamente ao Estado.
No escasso terreno de aplicação deixado livre por estas restrições é que poderá conceber-
se a criação de títulos de crédito inominados.
11. Principais títulos de crédito - Os títulos cambiais: Letra, Livrança e
Cheque
A Letra:
A letra é um título de crédito através do qual o emitente do título - sacador dá uma ordem
de pagamento - saque, de uma dada quantia, em dadas circunstâncias de tempo e lugar, a
um devedor - sacado, ordem essa a favor de uma terceira pessoa - tomador. Ex.: o sacador
A (credor) dá ordem de pagamento ao sacado B (devedor) a favor do tomador C (Banco).
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Temos assim uma sucessão de co-obrigados à mesma prestação, que forma a chamada
cadeia cambiária, na qual têm posições diversas apenas na medida em que cada um se
obriga só perante os posteriores titulares, embora todos se obriguem solidariamente
perante o portador.
Resta referir que a eficácia das obrigações cambiárias de garantia depende, em regra, da
comprovação da falta de aceite ou de pagamento pelo sacado, que o portador deve
promover através do protesto no cartório notarial competente.
A Livrança:
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O Cheque:
O cheque exprime uma ordem de pagamento, de determinada quantia, dada por um
sacador a um sacado, que tem a peculiaridade de ser necessariamente um banqueiro, ou
uma instituição de crédito habilitada a receber depósitos de dinheiro mobilizáveis por
essa forma, e a favor de uma pessoa denominada tomador, que pode ser ou não
individualizada. O cheque constitui um meio de pagamento, ao próprio depositante ou a
terceiro, a realizar por força do depósito que o sacador tem na instituição de crédito.
Como o cheque é livremente circulável, ele pode desempenhar a função de transmitir o
crédito, o direito ao pagamento pelo banco da quantia nele mencionada, porque a ordem
de pagamento e os sucessivos actos de transmissão do título não têm uma causa-função
típica, antes podem ter como causa relações subjacentes da mais variada espécie, trata-se
de um título abstracto.
Quanto à forma de circulação, o cheque pode ser título à ordem, quando contém o nome
do beneficiário da ordem de pagamento, que o pode transmitir por endosso; e pode ser
título ao portador, quando não contém o nome do beneficiário da ordem, sendo
transmissível por mera entrega real.
É ainda concebível o cheque pagável a determinada pessoa, mas com a cláusula "não à
ordem", o qual, à semelhança da letra, só é transmissível pela forma e com os efeitos de
uma cessão ordinária de créditos.
O cheque é também um título rigorosamente formal.
No cheque, o sacador e os endossados são solidariamente responsáveis pelo pagamento
do cheque, no caso de falta de cumprimento do sacado, devendo a falta deste, em
princípio, ser comprovada por protesto ou declaração equivalente, a realizar no prazo da
apresentação a pagamento.
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As obrigações dos demais subscritores do cheque podem ser garantidas por terceiro,
mediante aval.
Todos os subscritores do cheque são co-obrigados solidariamente e formando uma cadeia
cambiária, que abrange o sacador, os endossados e os avalistas, como obrigados em
garantia.
O cheque comprado (vulgo cheque bancário), que se caracteriza por ser emitido por um
banco contra si mesmo: ele é ao mesmo tempo o sacador e o sacado. Uma pessoa que
pretenda remeter ou levantar fundos para outra praça compra o cheque ao banco, que o
emite a favor da pessoa indicada pelo comprador.
O cheque viagem, que é uma espécie de cheque comprado, caracterizado por conter a
assinatura do tomador, lançada no cheque no momento da compra, devendo o tomador
nele lançar uma segunda assinatura, para evitar fraudes, quando pretender receber o seu
montante no banco, ou transmiti-lo.
Extracto de factura:
O extracto de factura é um título de crédito em sentido restrito, à ordem, que deve ser
emitido sempre que, no contrato de compra e venda mercantil a prazo entre comerciantes,
a obrigação de pagar o respectivo preço não for titulada por uma letra.
A emissão deste título pressupõe a realização de uma compra e venda de mercadorias
entre comerciantes estabelecidos no território nacional português, na qual o preço deva
ser pago a prazo certo.
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O vendedor deve emitir uma factura, que será acompanhada de um extracto e remetida ao
comprador. Este deverá ficar com a factura e aceitar o extracto, devolvendo-o ao
vendedor dentro do prazo aplicável.
O extracto factura envolve necessariamente a cláusula à ordem, expressão com a qual o
legislador quis claramente caracterizá-lo como um título de crédito, visto ser destinado à
circulação, que pode ser realizada por endosso.
Trata-se de um título rigorosamente formal, visto enumerar com detalhe os elementos que
ele deve mencionar.
Acções:
Denomina-se acção cada uma das fracções, de valor igual, em que se divide o capital
social de uma sociedade anónima, bem como as participações no capital de uma
sociedade em comandita por acções que sejam detidas pelos sócios comanditários.
As acções podem ser representadas por títulos predispostos para a circulação e que
reúnem as características gerais dos títulos de crédito, os quais são igualmente
denominados - acções.
As acções são títulos de participação social que representam uma situação jurídica de
sócio, um feixe de direitos e obrigações de seu titular face à sociedade emitente. As
acções incorporam essa situação jurídica, pois os respectivos titulares só podem exercer
os direitos pertinentes à sua condição de accionistas desde que detenham os títulos. Só
podem transmitir essa situação jurídica através da alienação dos próprios títulos, segundo
as modalidades que a lei consente.
Tais modalidades são apenas duas: acções ao portador e nominativas. A emissão por uma
sociedade de acções de ambas ou apenas de uma destas espécies decorre do que estiver
previsto nos seus estatutos.
As acções escriturais têm necessariamente que ser registadas, uma vez que não são
representadas por títulos.
A par das acções ordinárias, podem ser estatutariamente criadas acções preferenciais que
conferem certos direitos especiais aos accionistas delas detentores. Existem duas
categorias destas acções preferenciais:
- Acções preferenciais sem voto – Art.º 341 a 344 CSC: conferem aos
seus titulares todos os direitos das acções ordinárias, excepto o de voto e ainda o direito a
um dividendo prioritário, não inferior a 5% do seu valor nominal, bem como o direito a
um reembolso prioritário em caso de liquidação da sociedade.
Obrigações:
Consistem em partes, de igual valor, em que se divide o débito colectivo assumido, sob
determinadas formas e condições, pelas sociedades e demais entidades autorizadas a
emiti-las.
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No nosso país, podem emitir obrigações: - sociedades anónimas; - sociedades por quotas;
- outras entidades, mediante autorização por despacho do Ministro das Finanças;
A emissão de obrigações deve ser deliberada pelos sócios, estando também sujeita a
registo comercial.
Outros títulos:
Os títulos de participação são títulos de crédito, que apenas podem ser emitidos por
empresas públicas ou sociedades anónimas de capitais maioritariamente pertencentes ao
Estado, directa ou indirectamente, e que conferem direito a uma remuneração anual
composta de uma parte fixa e de uma variável - esta dependente da actividade ou dos
resultados da empresa apenas podendo ser reembolsados em caso de liquidação da
empresa. Podem ser nominativos ou ao portador.
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A lei não leva tão longe o alcance da característica da incorporação, antes dispõe o meio
técnico-jurídico adequado para assegurar a sobrevivência do direito cartular, através da
chamada reforma dos títulos de crédito.
A reforma consiste na reconstituição do título, através de emissão de um novo
documento, equivalente ao que foi destruído ou extraviado, possibilitando assim a
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Não é igual o regime da reforma dos títulos destruídos e dos perdidos ou desaparecidos.
O legislador teve manifestamente em conta a circunstância de que, quanto aos primeiros,
não existe o risco de virem a reaparecer, que existe quanto aos segundos.
Daí que se preveja a publicação de avisos convidando a pessoa que tiver o título
desaparecido em seu poder a vir apresentá-lo.
A sentença que deferir a reforma deve declarar sem valor o título desaparecido, sem
prejuízo dos direitos que o portador possa exercer contra o requerente.
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entender-se-á pagável à vista. Não pode adoptar-se uma regra de vencimento diferente
daquelas quatro.
5. A indicação do lugar em que se deve efectuar o pagamento - a menção do lugar
do pagamento, se não constar da letra, é suprida, valendo o lugar indicado ao lado do
nome do sacado, como seu domicílio. Caso falte também a menção do domicílio do
sacado, ou haja uma indicação deficiente de um lugar, o documento será insusceptível de
valer como letra.
6. O nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga (tomador) - a
indicação do nome do tomador deve ser feita de modo a possibilitar a sua identificação. A
lei exige a indicação do nome, não sendo lícita uma referência indeterminada, o que a
tornaria nula. Será nula a letra sacada ao sacador. É lícito na letra o endossa ao portador,
mas não o saque ao portador.
7. A indicação da data e do lugar onde a letra é passada - quanto ao lugar do saque,
se ele faltar, vale como tal o lugar indicado ao lado do nome do sacador. Se mesmo esta
menção faltar, a essencialidade do requisito em causa determina que o documento não
produzirá efeito como letra.
8. A assinatura de quem passa a letra (sacador) - o saque é o acto gerador da letra,
que lhe confere valor e identidade próprios e implica o nascimento da obrigação
cambiária do sacado. O sacado tem de assinar a letra.
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3.1 O Saque:
Denomina-se saque o acto pelo qual o emitente - sacador - cria a letra e, pela indicação
dos elementos correspondentes aos respectivos requisitos essenciais, lhe confere a sua
específica identidade como título. Ele é a ordem de pagamento em que a letra
essencialmente consiste.
Por ele o sacador, além de ordenar ao sacado que pague ao tomador a quantia mencionada
na letra, nas demais condições de tempo e lugar desta constantes, exprime também
implicitamente a promessa, para com todos os futuros portadores da letra, de que o
sacado assumirá a obrigação cambiária principal e pagará a dívida no vencimento e, se
não o fizer, o próprio sacador está obrigado a pagá-la.
O beneficiário da ordem contida no saque, à ordem de quem ele é feito, é o tomador que
em regra será um terceiro, mas pode ser e muitas vezes é o próprio sacador.
O saque também pode ser sobre o próprio sacador, sendo, então, este sacado e sacador ao
mesmo tempo (não se vê qual seja actualmente o interesse)
Nada impede que sejam vários os sacadores da letra, desde que a ordem de pagamento
seja uma só.
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Se não for feito o aceite pelo sacado, poderá sê-lo por outra pessoa: é o chamado aceite
por intervenção, que pode ocorrer devido a uma incumbência expressa na própria letra
pelo sacador, ou espontaneamente, sem incumbência, art.º 55
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quando uma delas for inválida por incapacidade, assinatura fictícia ou subscrição inválida
por qualquer outro motivo. Existem algumas restrições: é indispensável que seja
formalmente válida a vinculação do sacador, pois se faltar no saque algum dos requisitos
essenciais da letra, esta será nula art.º 2; se o vício formal se verificar no endosso, ele irá
ocasionar a ilegitimidade formal dos portadores subsequentes da letra art.º 16 e 40; se a
obrigação do avalizado for nula por vício de forma, essa nulidade propaga-se à obrigação
do avalista art.º 32;
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Pode o protesto ser dispensado, através de uma cláusula "sem protesto" ou "sem
despesas" a qual permitirá ao portador exercer plenamente os seus direitos de acção, sem
necessidade de protesto. Se tal cláusula for aposta pelo sacador, produz efeitos quanto a
todos os intervenientes na letra. Se aposta por um endossante ou avalista, só produzirá
efeitos em relação a ele.
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Exercício
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Casos práticos
A, estudante da FDUP comprou uma máquina de café e instalou-se, durante a
época de exames, numa banca num dos corredores onde decorriam orai.,
servindo café. A sua actividade foi contudo, proibida pelo conselho directivo,
pelo que A acabou por vender a sua máquina de café à Associação de
Estudantes, que a passou a usar no bar que tinha instalado nas suas instalações.
Qualifique, do ponto de vista comercial, os sujeitos em causa bem como
os actos por este praticados.
revendas que porventura desses objectos se venham a fazer;” A compra não foi
destinada à revenda, este acto acontece por motivos supervenientes, pelo que
não se trata de uma compra comercial, nos termos do art. 463.º CCM, mas de
uma compra civil.
Temos agora que saber qual o regime que segue compra, porque apesar desta
ser civil, poderá seguir os trâmites do CCM.
O estudante, comprou a máquina numa loja, tudo leva a concluir que a venda
foi comercial, assim, a comercialidade da actividade apenas se verifica em
relação a uma das partes, o acto é deste modo, unilateralmente comercial. Para
estes, estabelece o art. 99.º CCM “Embora o acto seja mercantil só com relação
a uma das partes será regulado pelas disposições da lei comercial quanto a
todos os contratantes, salvo as que só forem aplicáveis àquele ou àqueles por
cujo respeito o acto é mercantil, ficando, porém, todos sujeitos à jurisdição
comercial”
Assim os actos unilateralmente comerciais são regulados pela lei comercial
exceptuando-se as disposições da lei comercial que só forem aplicáveis àquele
ou àqueles por cujo respeito a lei é mercantil. Nestes termos basta que uma das
partes seja comercial para se aplicar o regime do CCM.
Conclui-se portanto, que apesar da compra ser civil, vai estar sujeita ao regime
comercial, por força da lei mandar aplicar ao acto unilateralmente comercial o
regime do CCM. Todavia, apesar disto, não será aplicado à compra o regime
da solidariedade previsto no art. 100.º CCM por tal preceito estabelecer que “
Esta disposição não é extensiva aos não comerciantes quanto aos contratos
que, em relação a estes, não constituírem actos comerciais”
Relativamente ao negócio efectuado com a AE, consideramos que a venda é
civil, porque a máquina não foi adquirida como intuito de revenda, art. 463.º
n.º 3 CCM a contrario. Contudo, a compra é já comercial, porque foi comprada
pela AE com intuito de explorar uma actividade comercial. Assim, temos uma
situação semelhante à acima explicada, um acto unilateralmente comercial, que
leva a que os efeitos comercia se estendam também à venda que é neste caso
civil, por força do art. 99 CCM, salvo a excepção prevista no art. 100 .º do
mesmo diploma.
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por ele explorada e dos géneros em que lhes houverem sido pagas quaisquer
rendas” Daqui se conclui portanto, que as venda realizadas por um produtor
rural para revenda são civis, contudo, a compra de tais produtos será
comercial, nos termos do art. 463.º n.º 1 CCM, pelo que nos termos do art. 99.º
CCM se aplicará quanto à compra e venda no seu todo, o regime do CCM
salvo np que se refere à solidariedade conforme estabelece o art. 100.º CCM.
Mas a questão neste caso é diferente porque C não vende o produto
original, como sucederia com fruta por exemplo, C antes de proceder à venda
do produto tem de transforma-lo, será então considerado comerciante? C só
será considerado comerciante em virtude do exercício de venda de produtos na
loja, se tiver sido considerado comerciante a título transformador dos produtos,
porque neste caso, a actividade principal será a transformação, sendo a venda
do mesmo produto uma espécie de secção da indústria transformadora.
Se C não foi considerado como comerciante, em virtude da sua actividade de
exploração ser meramente acessória à exploração agrícola, então quando
procede à venda dos produtos nua loja também não deve ser considerado
comerciante.
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Por fim Mas nem todos os actos praticados por comerciantes de natureza
patrimonial são subjectivamente comerciais, tal só sucede “se do contrário do
próprio acto não resultar” art. 2 CCM in fine. Assim, um acto patrimonial
praticado por um comerciante, só não é subjectivamente comercial, se da
prática do acto resultar o contrário, isto é desde que haja desconexão com a
actividade praticada pelo comerciante.
Deste modo, se na compra das tintas, C se identificasse como
comerciante do ramo agrícola, resultaria claramente da prática do acto a falta
de conexão com a sua actividade, pelo que o acto não seria subjectivamente
comercial. Se nada fosse, dito, em contrário, o acto seria encarado como sendo
subjectivamente comercial. Contudo esta diferenciação não releva porque em
qualquer dos casos o regime a aplicar seria o do CCM, porque como sabemos
aos actos unilateralmente comercias, se aplica o disposto no art. 99.º CCM
pelo que “Embora o acto seja mercantil só com relação a uma das partes será
regulado pelas disposições da lei comercial quanto a todos os contratantes,
salvo as que só forem aplicáveis àquele ou àqueles por cujo respeito o acto é
mercantil, ficando, porém, todos sujeitos à jurisdição comercial” destacando-se
como excepção o regime da solidariedade previsto no art. 100.º CCM.
Além de ser subjectivamente comercial a compra seria ainda
objectivamente comercial, porque se destina ao exercício de uma actividade
comercial.
Sendo a compra das tintas efectuada por uma associação de
agricultores, o acto não poderia ser qualificado como subjectivamente
comercial. Assim sucede porque como sabemos os actos subjectivamente
comercias, são aqueles que são praticados por comerciantes, e uma associação
deste género não é comerciante, art. 14.º CCM É proibida a profissão do
comércio: 1.º Às associações ou corporações que não tenham por objecto
interesses materiais;” As associações e fundações que não tenham por objecto
interesses materiais, não podem ser comerciantes. Esta norma, não impede
contudo, que tais entidades fiquem impossibilitadas de praticar actos de
comércio desde que respeitem os limites da sua capacidade jurídica, conforme
o estabelecido no art. 160.º CC, contudo, apesar de praticarem actos de
comércio, não podem ser qualificadas como comerciantes.
Nestes termos o que podemos suscitar é se a compra poderá ser objectivamente
comercial, ao que respondemos afirmativamente porque a tinta vai ser usada
no âmbito de uma actividade comercial, a venda de produtos dos agricultores,
logo será objectivamente comercial. Mais uma vez, destacamos que esta
qualificação não é muito importante porque se a compra não fosse comercial
aplicar-se-ia na mesma o regime do CCM, por aplicação do art. 99 CCM,
porque a venda será a priori comercial.
Resta agora analisar a contratação do pintor. Como sabemos este
desempenha uma actividade de prestação de serviços, sendo que em nenhuma
disposição do CCM se qualifica a prestação de serviços como sendo uma
actividade comercial, contudo, tem-se entendido a qualificação desta
actividade como sendo comercial, mediante o recurso à analogia iuris,
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decorre directamente da lei, art. 230.º n.º 5 CCM “Haver-se-ão por comerciais
as empresas, singulares ou colectivas, que se propuserem: Editar, publicar ou
vender obras científicas, literárias ou artísticas”
Relativamente à compra da guitarra, parece que estamos perante uma compra
subjectiva e objectivamente civil, destinando-se o objecto para uso pessoal,
subjectiva porque não é efectuada por um comerciante e objectivamente civil
porque não consta do art. 463.º nem 4634.º nem se destina ao desenvolvimento
de uma actividade empresarial. Quanto à mesa de mistura, destinada para a
gravação dos discos poderá ser uma compra subjectivamente comercial, de
acordo com ao art. 2 CCM, uma vez que, foi praticada por um comerciante,
neste caso a sociedade comercial na pessoa de M, é o acto de natureza
patrimonial, e desde que o contrário do próprio acto não resultar. De qualquer
dos modos, a compra será objectivamente comercial porque de destina ao
desenvolvimento de uma actividade comercial.
De qualquer dos modos na compra da guitarra, apesar da compra ser civil
aplicar-se-á o regime do CCM em virtude da aplicação do art. 99 CCM, salvo
no que concerne à aplicação do regime da solidariedade.
Caso pratico:
Resolução:
O credor pode pedir responsabilidades no pagamento desta divida ao
comerciante e também a sua esposa, isto porque analisando o art. 1691º, a
responsabilidade por uma divida comercial é de ambos os cônjuges se forem
casados num regime de comunhão (o que se verifica pois são casados no
regime de comunhão de adquiridos), se a divida foi contraída no exercício do
comércio (que também acontece, visto A ter comprado mercadoria para
revenda no seu estabelecimento, tendo em conta o art. 15º do código comercial
– presunção) e, finalmente, se houver proveito comum do casal (em principio
existe pois todo o acto comercial gera beneficio para toda a família). E como
os requisitos são cumulativos e visto estarem preenchidos os 3, a
responsabilidade é atribuída a ambos os cônjuges.
Caso pratico:
C é comerciante e é casado desde 1999 no regime de comunhão geral de bens
com D. C possuiu um estabelecimento onde se dedica a venda de vinhos. No
mês passado, organizou uma festa em sua casa e foi a um hipermercado
comprar 30 garrafas de vinho, as quais foram consumidas na referida festa.
APONTAMENTOS - T.Nogueira
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Admitindo que C fica devedor dessa mercadoria, diga quem pode ser
responsabilizado por este pagamento.
Resolução:
O credor vai responsabilizar o casal na medida em que se presume do
art. 15º do código comercial, que todo o acto praticado no exercício do seu
comercio, assim como se presume do art. 1691º, 1, d) que o facto que deu
origem a esta divida gerou proveito comum do casal. Verificando-se estes dois
requisitos, mais o facto do casal estar casado num regime de comunhão, nos
termos do art. 1691º, 1, d) a divida comercial pode ser imputada a ambos os
cônjuges pois estão preenchidos, cumulativamente, os 3 requisitos necessários.
Resolução:
De acordo com o n.º 1 do 1690 A tem legitimidade para contrair dívidas sem o
consentimento do cônjuge.
Quando o facto que deu origem á divida ocorreu, já eram casados, logo
verifica-se o n.º 2 do 1690.
A viatura foi adquirida para o exercício do comércio segundo 15 do C.
Comercial, como esta lei estabelece uma presunção legal, logo verifica-se este
requisito, a compra da viatura, ou seja o negócio subjacente á divida gerou
proveito comum do casal, mesmo que não tenha sido imediatamente evidente a
nível económico, presume-se que gerou bem-estar familiar.
Como são casados em comunhão geral de bens e a alínea d) só fala em
separação de bens, logo neste caso concreto respondem solidariamente os bens
comuns do casal de acordo com1695 C. Civil, ou na falta destes, os bens
próprios de cada um.
Como se verificam os 3 requisitos e são comulativos, logo pode-se aplicar a
alínea d) do n.º 1 do 1691.
Neste caso concreto é difícil ilidir quer a presunção do 15, bem como o
proveito comum do casal. Quanto á presunção do 15 é difícil de ilidir esta
presunção porque o próprio enunciado diz que a viatura foi comprada para o
exercício da actividade comercial de A. Quanto á presunção do proveito
comum do casal, também esta presunção não é ilidivel porque é óbvio que ou
imediatamente ou a curto prazo esta aquisição vai gerar bem-estar familiar, na
medida em que vai permitir uma vivência familiar mais pacifica, mais calma
quer a nível físico de A quer a nível mental e intelectual.
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Resolução:
De acordo com o n.º 1 do 1690 tem A legitimidade para contrair dívidas
sem o consentimento de B
Quanto ao facto que deu origem á divida ocorreu A e B eram casados,
logo verifica-se o n.º 2 do 1690.
As fazendas foram adquiridas em pleno exercício da actividade comercial
de A, logo verifica-se a presunção legal a que se refere o 15 do C.
Comercial, então também se verifica este requisito.
Lógico é que de acordo com o n.º 1 alínea d) do 1691 que houve proveito
comum do casal, porque o proveito que advirá da revenda das fazendas
irá gerar bem-estar á família, logo e de acordo com o referido artigo
verifica-se a presunção legal aí prevista, logo se verifica este requisito.
Como são casados em comunhão geral de bens e alínea só exceptua os
casados em separação de bens, neste caso concreto e de acordo com 1695
respondem solidariamente A e B com os bens comuns do casal.
Verificam-se os três requisitos e como são comulativos, pode o credor sem
duvida alguma interpor uma acção judicial contra A e B.
Neste caso concreto é difícil ilidir quer a presunção do 15, bem como o
proveito comum do casal. Quanto á presunção do 15 não se pode na
medida em que o próprio enunciado nos diz que A comerciante de
fazendas e se as comprou para revender, é óbvio que está no pleno
exercício da sua actividade comercial. Quanto á presunção do proveito
comum do casal, é lógico que o facto que esteve subjacente á divida irá
gerar lucro o que se irá reflectir a vários níveis no que concerne ao bem-
estar familiar.
Admita que em 1999 iniciou um processo de divórcio que transitou em
julgado em Janeiro de 2000.
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Resolução:
De acordo com o n.º 1 do 1690 A tem legitimidade para contrair dívidas
sem o consentimento do seu cônjuge.
Quando o facto que deu origem á divida ocorreu A e B já eram casados,
logo verifica-se o n.o 2 do 1690.
O material escolar foi adquirido para revender em pleno exercício da sua
actividade comercial de A, logo verifica-se a presunção legal a que se
refere o 15, então verifica-se este requisito.
De acordo com o n.º 1, alínea d) do 1691, houve proveito comum do casal,
dado que com o lucro da revenda do material escolar adviria uma mais
valia a nível familiar e toda a família iria beneficiar com isso, logo e de
acordo com este artigo verifica-se a presunção legal aí prevista, logo
verifica-se também este requisito.
Como são casados no regime da comunhão de adquiridos e a alínea d) só
exceptua os casados em separação de bens, logo neste caso e de acordo
com 1695 respondem solidariamente A e B com os bens comuns do casal.
Verificam-se os três requisitos e como são comulativos, pode o credor
exigir o seu pagamento interpondo uma acção judicial contra A e B.
Neste caso concreto não é possível ilidir as presunções legais, ou seja, a 15
e proveito comum do casal.
Caso pratico:
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Caso prático
A é comerciante em nome individual e tem um estabelecimento onde se dedica
ao comércio de vinhos. É casado com B desde 1995 no regime de comunhão
de adquiridos. Têm um apartamento propriedade de ambos, um automóvel
propriedade de A e um terreno propriedade de B. em outubro de 1998, A
adquiriu vinhos para revenda, cujo pagamento não efectuou.
a) Diga se é aplicável o art. 1691º, 1, d).
Neste caso é aplicável o art. Porque:
A e B são casados no regime de comunhão de adquiridos.
A divida foi contraída no exercício do comercio, pois A comprou vinhos para
revenda no seu estabelecimento e não esquecendo também que o art. 15º do
código comercial presume que todas as dividas contraídas pelo comerciante
são contraídas no exercido do seu comercio.
Houve proveito comum do casal (como o próprio art. Presume) uma vez que A
adquiriu os vinhos para desenvolver a sua actividade comercial e, como tal,
gerar beneficio para toda a família.
Como todos os requisitos são cumulativos e visto estarem os 3 preenchidos, a
responsabilidade é de ambos os cônjuges, aplicando-se plenamente o art.
1691º, 1, d).
b) Dos bens constantes do enunciado, quais respondem em 1º lugar?
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Caso prático:
Diz Lobo Xavier que os actos implícitos do Artº. 230º só serão objectivamente
comerciais se forem actos fundamentais e se houver conexão com a actividade
da empresa.
Coutinho de Abreu não fala na fundamentabilidade dos actos porque, para ele,
os actos do elenco implícito do 230º só serão objectivamente comerciais se
forem típicos, ou seja, característicos daquela actividade.
Parece mais defensável esta última posição, o que corresponde a dizer que só
os actos típicos ou caracterizadores das actividades comerciais merecerão a
qualificação de actos de comércio objectivos, embora implicitamente.
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A aquisição do material de escritório e das obras de arte não parece poder ser
qualificada como acto objectivamente comercial, nem explícita nem
implicitamente, pois não se trata nem de compra para revenda (Artº 463), nem
se trata de um acto típico da actividade desenvolvida pela empresa.
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Quanto à aquisição das obras de arte, não resulta que tem conexão, e o acto é
civil.
Tendo em conta o Artº. 15º do C.Com. e o Artº 1691/1-d) do CC, dir-se-á que:
- Existem duas presunções legais ilidíveis que visam facilitar a tarefa do credor
e aumentar a sua garantia.
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Deste modo, responderão pela dívida todos os bens comuns do casal (Artº
1695º) e na falta ou insuficiência deste, solidariamente, os bens de qualquer
dos cônjuges.
Quanto à dívida da aquisição das obras de arte, não sendo comercial, o credor
não beneficiará de qualquer presunção, podendo, no entanto, responsabilizar
ambos os cônjuges pelo Artº 1691/1-c), mas tendo o ónus da prova de proveito
comum.
2 - Caso prático:
António notifica Bento para que este exerça o seu direito de preferência, o que
ele veio a fazer negativamente.
António celebra então o contrato de trespasse do café com Carlos mas antes de
proceder à entrega do estabelecimento, retira todo o mobiliário, bem como as
máquinas que se encontravam no interior do recinto.
Carlos ao deparar com o estado em que lhe foi entregue o pretenso café quer
agora vir a arguir a invalidas do negócio.
Quid Iuris?
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Esta condição foi cumprida e Bento não excedeu o seu direito de preferência,
logo António podia celebrar com Carlos o contrato de trespasse.
Carlos pode arguir a invalidade do contrato de trespasse por via do Artº 115/2-
a) RAU, uma vez que António nunca poderia ter retirado do café nem o
mobiliário nem as máquinas, uma vez que estes utensílios fazem parte do
âmbito mínimo que integram o estabelecimento e que, obrigatoriamente têm
que o acompanhar.
3 - Caso prático:
O empréstimo ascendeu a 10000 contos, tendo até hoje apenas pago 1000
contos.
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Este acto está objectivamente tipificado no Artº 394 C.Com., mas para
este acto ser comercial tem de estar em conexão com a actividade comercial,
ou seja, o empréstimo só será qualificado como acto objectivamente comercial
se tiver conexão com a actividade do comerciante.
Quanto à aquisição do ecrã gigante, há a referir que este acto não está
tipificado na lei comercial, por isso, a ser reputado de comercial, só o poderá
ser subjectivamente.
Daqui temos de aferir o que resulta e no presente caso não resulta que
não tenha conexão com a actividade do comerciante.
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Dado que António é casado com Berta em comunhão geral de bens, importa
agora caracterizar a dívida comercial como comunicável, pois só assim se
responsabilizará ambos nos cônjuges e o credor verá aumentada a garantia
patrimonial.
Tendo em conta o Artº15 C. Com. E o Artº 1691-d) dir-se-á que existem duas
presunções legais ilidíveis que visam facilitar a tarefa do credor e aumentar a
sua garantia.
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marcas
Caso prático relativo a esta matéria:
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QUESTÕES:
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RESPOSTA
A – Sacado (art.º 1.º LULL) , pessoa sobre a qual se emite o saque, a
quem é dada a ordem de pagamento, tornando-se somente obrigado cambiário
quando a mesma lhe seja apresentada e ele a subscreva (aceite) conforme art.º
28º da LULL, sendo que o aceite é escrito na própria letra e exprime-se pela
palavra “aceite”, ou outra equivalente, e é assinada pelo sacado. Como o saque
também o aceite terá de ser puro e simples.
A letra pode ser apresentada ao aceite do sacado até ao vencimento,
pelo portador ou até por um simples portador (nos termos do disposto no art.º
21 da LULL).
Se o sacado recusar o aceite, não se tornará obrigado pelo pagamento da
letra, nem será garante das obrigações cambiárias nelas expressas, sendo
legítimo ao portador fazer lavrar um protesto por falta de aceite (art.º 44º
LULL) e a exercer imediatamente os seus direitos (art.º 43º LULL).
B – Sacador (art.º 1 LULL), pessoa que emite o saque, isto é, que emite
uma ordem incondicional de pagamento de uma determinada soma pecuniária,
a realizar pelo destinatário (sacado), a certa pessoa (tomador) ou à sua ordem o
que acontece neste caso sendo por isso sacador/tomador, prometendo assim o
tomador (e aos sucessivos possuidores da letra)que fará com que o sacado
assuma a responsabilidade cambiária do pagamento (aceite) e pague a letra. De
acordo com o disposto no art.º 3.º da LULL o saque pode fazer-se :
a) à ordem do próprio sacador,
b) contra o próprio sacador,
c) por ordem e conta de terceiro.
2º) Imagine que a primeira letra foi parcialmente paga. Pode o portador
exigir, nesse momento o restante? justifique.
RESPOSTA
O pagamento executa o cumprimento da ordem emitida pelo sacador.
O portador não pode ser obrigado a receber o se pagamento antes do
vencimento da letra (art.º 40 LULL), não pode igualmente recusar o
pagamento parcial, podendo o sacado exigir que o se faça menção da parte
paga na letra e dela lhe seja dada quitação (art.º 39 LULL), podendo
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RESPOSTA
A cláusula “não à ordem” ou equivalente (art.º 11º 2.ª parte, e art.º 77º
da Lei Uniforme) aposta na letra, implica que o direito nela representada só
possa transmitir-se pela forma e com os efeitos da cessão de créditos
disciplinada nos art.º s 577º e 588º do C. Civil, dominando aí o princípio nemo
plus iuris ad alium tranferre potest quam ipse haberet, e a posição do
adquirente é profundamente vulnerável dado que de acordo com as regras da
cessão de créditos (cfr. o disposto no art.º 583º n.º 1 do C. Civil) esta só produz
efeitos desde que seja notificada ao devedor ou que este a aceite, o qual
poderá opor ao cessionário, mesmo que este o ignore (art.º 789º do Código
Civil), todos os meios de defesa que lhe seria lícito invocar contra o cedente,
com ressalva dos que provenham de facto posterior à cessão (cfr. art.º 585º C.
Civil).
Assim, e porque o tomador da letra sacada “não à ordem” pode
endossá-la a terceiro, simplesmente esse endosso está privado da eficácia
normal, os efeitos que surte são os da cessão, daí que o endossante só assuma a
responsabilidade de um cedente de um crédito, respondendo pela sua
existência e legitimidade, já não pelo pagamento do sacado. Pelo que E pode
exigir o pagamento de A aceitante, dado que E é não é um portador autónomo,
é mero cessionário do seu antecessor e independentemente de boa fé podem-
lhe ser opostas todas as excepções relevantes em face dos portadores
anteriores.
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RESPOSTA
Dada a desnecessidade de protesto para accionar o aceitante, para o
exercício da obrigação cambiária principal, bastando a apresentação do título a
pagamento na data de vencimento, o direito de acção do portador da letra de
câmbio contra o avalista do aceitante não depende igualmente de protesto por
falta de pagamento contra o avalista (art.º 53 LULL).
Assim, D pode demandar em primeiro lugar Z.
CONSIDERAÇÕES PERTINENTES
A cláusula “não à ordem” ou equivalente (art.º 11º 2.ª parte, e art.º 77º
da Lei Uniforme) aposta na letra, implica que o direito nela representada só
possa transmitir-se pela forma e com os efeitos da cessão de créditos
disciplinada nos art.º s 577º e 588º do C. Civil, dominando aí o princípio nemo
plus iuris ad alium tranferre potest quam ipse haberet, e a posição do
adquirente é profundamente vulnerável dado que de acordo com as regras da
cessão de créditos (cfr. o disposto no art.º 583º n.º 1 do C. Civil) esta só produz
efeitos desde que seja notificada ao devedor ou que este a aceite, o qual
poderá opor ao cessionário, mesmo que este o ignore, todos os meios de defesa
que lhe seria lícito invocar contra o cedente, com ressalva dos que provenham
de facto posterior à cessão (cfr. art.º 585º C. Civil).
O sacador, um endossante ou um avalista podem, pela cláusula “sem
despesas”, “sem protesto” ou outra equivalente (art.º 46 da Lei Uniforme)
aposta na letra dispensar o portador de fazer o protesto por falta de aceite ou de
pagamento,, para se habilitar a exercer os seus direitos de acção (art.º 46
LULL).
- a) Diga de quem pode o portador exigir o pagamento do título e
porquê ?
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RESPOSTA
Os efeitos restritivos da cláusula “não à ordem” apenas aproveitam ao
endossante que a apôs, sendo que os efeitos da cláusula não se estendem ao
endossado imediato, o endossante que a apôs tem a normal responsabilidade
cambiária, não aproveitando igualmente ao contrário do que acontece quando
inserida pelo sacador, aos demais endossantes (art.º 15 LULL).
A cláusula “sem despesas” quando inscrita pelo sacador estende-se a
todos os signatários da letra produzindo todos os seus efeitos em relação a
todos eles (art.º 46LULL).
Pelo que o portador D pode exigir o pagamento da letra do aceitante.
RESPOSTA
Impende sobre o portador o ònus do protesto, bem como o de avisar da
falta de aceite ou pagamento o seu endossante e o seu sacador - nos termos do
artigo 45 da LULL - terá de o fazer dentro de quatro dias úteis que se seguirem
ao que teria para apresentação do protesto.
Devendo cada um dos endossantes por sua vez, dentro dos dois dias
úteis que se seguirem à recepção do aviso, avisar o endossante do aviso que
recebeu .
A cláusula “sem despesas” quando inscrita pelo sacador estende-se a
todos os signatários da letra produzindo todos os seus efeitos em relação a
todos eles.
Pelo que o portador pode accionar os obrigados de garantia sem a
realização do protesto.
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INDICE
Titulo I......................................................................................................................1
Parte geral................................................................................................................1
1. Evolução histórica do direito comercial...............................................................1
2. Noção de direito comercial português.................................................................2
3. Fontes do direito comercial português.................................................................3
4. A autonomia do direito comercial e a sua relação com o direito civil................3
Titulo II....................................................................................................................5
Dos actos de comércio em geral.............................................................................5
1. Noção de acto de comércio..................................................................................5
2. Actos de comércio objectivos..............................................................................6
3. Qualificação dos actos de comércio por analogia:...............................................7
4. Princípios de direito comercial............................................................................7
5. Actos de comércio subjectivo..............................................................................8
6. Classificação dos actos de comércio..................................................................10
6.1 Actos de comércio autónomos:....................................................................10
6.2 Actos de comércio acessórios:.....................................................................10
6.4 Actos formalmente comerciais.....................................................................11
6.5 Actos substancialmente comercias...............................................................11
6.6 Actos bilateralmente comerciais.................................................................11
6.7 Actos unilateralmente comerciais................................................................11
Capítulo I................................................................................................................17
Secção I..................................................................................................................17
Dos comerciantes...................................................................................................17
1. Sujeitos qualificáveis como comerciantes.........................................................17
1.1 Requisitos essenciais para obtenção da qualidade de comerciante no caso
das pessoas singulares:.......................................................................................17
1.2 As pessoas colectivas como comerciantes:..................................................19
2. Sujeitos não qualificáveis como comerciantes...................................................20
3. Consequências jurídicas da qualificação de um acto como comercial..............22
3. Estatuto dos comerciantes..................................................................................23
Secção II.................................................................................................................23
A empresa..............................................................................................................23
1. A empresa em sentido jurídico...........................................................................23
1.1 A empresa em sentido objectivo e subjectivo..............................................24
1.2 Quando é que temos uma empresa?.............................................................25
2. Tipologia das empresas......................................................................................26
Titulo II..................................................................................................................30
Sinais distintivos de comércio................................................................................30
1. A firma...............................................................................................................30
1.2 Noção...........................................................................................................30
1.3 Formas de constituição de uma firma..........................................................30
2. Nome do estabelecimento:.................................................................................31
3. Insígnia do estabelecimento...............................................................................31
4. Princípios jurídicos............................................................................................31
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