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DIREITO COMERCIAL

Docente: Ana Paula Cabral


O QUE É O DIREITO COMERCIAL
O QUE CONSTITUI FONTE DE DIREITO COMERCIAL

NOÇÃO DE ATO DE COMÉRCIO


CLASSIFICAÇÕES DE ATOS DE COMÉRCIO
REGIME JURÍDICO ESPECIAL DOS ATOS E OBRIGAÇÕES COMERCIAIS
COMERCIAIS
Noção e fontes do Direito Comercial 3

Direito Comercial - direito que regula as relações de comércio.


Comércio em sentido: económico e jurídico.

Conjunto de normas jurídicas que regula o comércio em sentido económico


ou o comércio em sentido jurídico.
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De forma simplista, o Direito Comercial é o conjunto de normas jurídicas que regula


os atos e as atividades jurídico-mercantis.

Ramo de direito privado: regula as relações entre os particulares, bem como as


relações entre os particulares e entidades públicas, que atuam como particulares
(critério da posição dos sujeitos).
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Dentro do Direito Privado, por comparação com o Direito Civil (direito privado
comum aplicável a todas as pessoas e relações entre particulares), o Direito
Comercial

Ramo de direito privado especial: com regras diferentes das do direito comum,
aplicáveis apenas a determinados sujeitos, objetos ou relações.
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Em resumo, o Direito Comercial abrange:

- comércio propriamente dito;


- outras atividades (indústrias transformadoras, transportes, seguros, hotelaria, pesca).

“Sub-ramos” do Direito Comercial com relevante autonomia:

- Direito das Sociedades Comerciais; - Direito Marítimo;


- Direito dos Seguros; - Direito dos Transportes;
- Direito da Concorrência; - Direito Bancário;
- Direito da Insolvência e da Recuperação de Empresas.
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Direito Comercial como conjunto de normas jurídicas autónomas para regular


a atividade mercantil, é um ramo de formação medieval (séc. XII) e cresceu
nos séculos seguintes em cidades italianas.

Idade Média - nascimento do Direito Comercial como ramo autónomo,


independente do Direito Civil.
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Principal razão:

Explosão do comércio: surgem as corporações profissionais de mercadores


(associações de comerciantes que se organizaram para defender os seus interesses e
que aos poucos foram começando a reger-se por normas próprias).

O Direito Comercial italiano medieval era um “direito de classe” criado pelos


mercadores para regular a sua atividade profissional.
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Com a Idade Moderna (Séc. XVI, XVII e XVIII):

O Direito Comercial deixou de ser o direito privativo de uma classe


(comerciantes), para passar a ser um direito geral dos atos de comércio,
independentemente de quem os praticasse (comerciantes ou simples
particulares).
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Principais caraterísticas fundamentais do Direito Comercial atual:

- Progressiva intervenção dos poderes públicos na atividade económica;


- Generalização dos institutos jurídico-mercantis (p. ex., as letras de câmbio são
de uso corrente entre comerciantes e particulares; as sociedades civis podem
adotar a forma de sociedades comerciais).
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Em Portugal:
- Na Idade Média não se formou um ramo jurídico autónomo regulador das
relações comerciais, uma vez que foram poucas e pouco significativas as
regras jurídicas especialmente destinadas ao comércio.
- Na Idade Moderna, “o desenvolvimento do comércio externo provocado pelas
descobertas marítimas e ultramarinas não foi acompanhado por significativo
movimento legislativo-comercial”.
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O início da etapa contemporânea do Direito Comercial, em Portugal, no séc. XIX,


foi marcado pela aprovação dos seguintes códigos:

- Código Comercial de 1833 (redigido por Ferreira Borges);


- Código Comercial de 1888: iniciativa de Veiga Beirão, hoje ainda em vigor.

O Direito Comercial teve notáveis desenvolvimentos no séc. XX: tendência para a


sua internacionalização e uniformização (diversas convenções de âmbito universal
unificam os regimes jurídico-mercantis, em variados setores).
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Quais as razões para que o Direito Civil se tornasse insuficiente para regular
eficazmente os atos da vida comercial?

Porquê a necessidade da autonomia do Direito Comercial?


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Função específica do comércio – intermediação nas trocas:

- O comerciante não adquire as mercadorias para si, mas para as colocar onde se manifeste a sua
necessidade

Indispensável a maior rapidez na conclusão dos negócios;

- O comerciante não adquire as mercadorias para si, mas para terceiros; compra para revenda

Indispensável a facilidade de crédito.


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O Direito Civil não satisfazia estes dois requisitos.

O Direito Comercial mereceu autonomia, tendo em conta as características


seguintes:

1 – Simplicidade: a necessidade de celeridade das transações comerciais implica


uma simplicidade de formas (comparar o art.º 1143.º CC com o art.º 396.º C.Com.)
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Art.º 1143.º CC:


Sem prejuízo do disposto em lei especial, o contrato de mútuo de valor superior a € 25 000
só é válido se for celebrado por escritura pública ou por documento particular autenticado
e o de valor superior a € 2500 se o for por documento assinado pelo mutuário.

Art.º 396.º C. Com.:


O empréstimo mercantil entre comerciantes admite, seja qual for o seu valor, todo o género
de prova.
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2 – Defesa e facilidade do crédito: o recurso ao crédito constitui um elemento


fundamental da vida comercial, uma vez que permite realizar o movimento
contínuo de bens e serviços.

O Direito Comercial tem a função de proteger o crédito através dos títulos de


crédito e das operações bancárias em geral.
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3 – Universalidade e uniformidade

A função primacial do comércio é a mesma em todo o mundo. Por isso, o Direito


Comercial tem uma vocação universalista.

Muitos setores do Direito Comercial são regulados por convenções internacionais


(matérias de direito bancário, propriedade industrial, títulos de crédito, transportes, etc.).

Muitas semelhanças nas leis de vários países – uniformidade.


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Fontes Internacionais (ou Externas):

a) Convenções Internacionais de que o Estado Português é signatário em matérias


de Direito Comercial.
Art.º 8.º n.º 2 CRP: “As normas constantes de convenções regularmente ratificadas ou aprovadas
vigoram na ordem interna após a sua publicação oficial e enquanto vincularem internacionalmente o
Estado Português”.

Exemplo: A Lei Uniforme relativa às Letras e Livranças (LULL) foi estabelecida pela
Convenção Internacional assinada em Genebra em 7 de junho de 1930, aprovada em
Portugal pelo Decreto-Lei n.º 23 721, de 29 de março de 1934.
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Fontes Internacionais (ou Externas):

b) Costume Internacional

Sobretudo as normas elaboradas pelas Associações Internacionais de Comércio,


Direito para o qual as partes podem remeter as suas relações (Pex. Códigos de
Conduta).
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Fontes Internacionais (ou Externas):

c) Doutrina e Jurisprudência Internacional

d) Regulamentos e Diretivas (União Europeia)

Regulamentos: diretamente aplicáveis no ordenamento jurídico;


Diretivas: exigem a sua transposição para a ordem jurídica, dando ao legislador português
uma certa liberdade quantos aos meios e formas dessa transposição.
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Fontes Internas:

a) Lei

b) Costume

c) Doutrina e Jurisprudência:
A doutrina tem muito impacto quer nos tribunais, quer na construção do Direito Comercial.
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Lei:

1) Lei Constitucional:

- Art.º 61.º (iniciativa económica privada);


- Art.º 81.º f) (incumbência do Estado: assegurar o funcionamento eficiente dos mercados, de
modo a garantir a equilibrada concorrência entre as empresas, a contrariar as formas de organização
monopolistas e a reprimir os abusos de posição dominante e outras práticas lesivas do interesse geral);

- Art.º 82.º (setores de propriedade dos meios de produção);


- Art.º 85.º (cooperativas).
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Lei:

1) Lei Constitucional (continuação):

- Art.º 86.º (empresas privadas);


- Art.º 99.º (objetivos da política comercial);
- Art.º 100.º (objetivos da política industrial).
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Lei Ordinária (enumeração exemplificativa):

i) Código Comercial:

- De 1888, designado com frequência por Código de Veiga Beirão;


- Grande parte das suas disposições estão alteradas ou revogadas;
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i) Código Comercial - composto basicamente por quatro livros:

I- Comércio em geral
II – Contratos Especiais de Comércio: o contrato mais importante é o contrato de sociedade. O Decreto-lei
n.º 262/86, de 02.09, aprovou o Código das Sociedades Comerciais e revogou os artigos 21.º a 23.º e os artigos 104.º a
206.º C.Com.

III – Comércio Marítimo


IV – Falência: este livro foi revogado logo em 1889 pelo Código das Falências; hoje esta matéria está regulada no
Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas
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i) Código Comercial:
- Está dividido em livros, cada um dos livros está dividido em capítulos, estes
em secções (não há subsecções); as secções em artigos. É frequente
encontrarmos o seguinte símbolo: § (significa parágrafo).

ii) Código das Sociedades Comerciais – aprovado pelo Decreto-Lei n.º 262/86, de
02.09 (uv)
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iii) Decreto-Lei n.º 248/86, de 25.08 - Criou o estabelecimento mercantil


individual de responsabilidade limitada (uv)

iv) Código do Registo Comercial


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v) Regime do Registo Nacional das Pessoas Coletivas (uv)

vi) Regime Especial de Constituição Imediata de Sociedades (uv)


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vii) Decreto-Lei n.º 125/2006, de 29.06 - Criou a Empresa on-line (uv)

viii) Código da Propriedade Industrial


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ix) Contrato de Agência

x) Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas (uv)


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xi) LULL: estabelecida pela Convenção Internacional assinada em Genebra em 7 de

junho de 1930, aprovada em Portugal pelo Decreto-Lei n.º 23 721, de 29 de março de

1934 e ratificada pela Carta de Confirmação e Ratificação, no suplemento do "Diário do

Governo", n.º 144, de 21 de junho de 1934.

xii) LUC: estabelecida pela Convenção internacional assinada em Genebra em 19 de

março de 1931, aprovada em Portugal pelo Decreto-Lei n.º 23 721, de 29 de março de

1934, e confirmada e ratificada pela Carta de 10 de maio de 1934, publicado no

suplemento do "Diário do Governo", n.º 144, de 21 de junho de 1934.


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 Obrigada

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