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COMERCIAL
I - INTRODUÇÃO GERAL
1. Algumas noções sobre o objeto da disciplina
É na Idade Média que o Direito Comercial vai adquirindo expressão própria. Destruída a vida comercial
com as invasões barbaras, ela só renasce com as cruzadas e com o desenvolvimento a partir do seculo XII,
das cidades comerciais na Itália, na Flandres, na Alemanha bem como nas feiras que constituem os polos
comerciais da época. As suas poderosas corporações elaboram regulamentos da profissão, onde se
sedimentam usos mercantis.
Toda esta criação normativa mais se desenvolve com os descobrimentos que a partir sobretudo do seculo
XVI, ativaram enormemente o comércio marítimo, expandindo progressivamente a todos os mares e
continentes, e deste modo contribuíram decisivamente para a evolução das regras e, instituições jurídicas
a ele ligadas.
Surge, ao longo desta evolução, um Direito Comercial cujas fontes são os estatutos das corporações de
mercadores, os costumes mercantis e a jurisprudência dos tribunais consulares e que, longe de ser
uniforme, todavia tende para a consolidação de regras semelhantes. Este ius mercatorum aplica-se a todas
as relações jurídicas dos comerciantes, quer entre eles, quer com elementos de outras classes
(eclesiásticos, nobres, militares, agricultores, estrangeiros) prevalecendo mesmo sobre o Direito Canónico
e o Direito Civil. É pois um direito especial e autónomo do Direito Civil subjetivista, corporativo e
fortemente consuetudinário pelas suas origens e com intenso pendor internacionalista.
I - INTRODUÇÃO GERAL
2. Evolução histórica do Direito Comercial
Na Idade Moderna o fortalecimento progressivo do poder real fez com que as corporações
fossem perdendo a importância que tinham tido como criadoras de normas jurídicas,
sendo Direito Mercantil corporativista medieval pouco a pouco substituído por preceitos
de origem real. No entanto não quer isto dizer que o Direito Comercial não tenha
mantido o seu carater subjetivista, pois ele continua a ter como fulcro as atividades dos
comerciantes, cujas corporações continuam ainda por bastante tempo a desempenhar um
importante papel de organização e defesa da classe. Porém as tendências da época
repercutem-se também no Direito Mercantil: à afirmação crescente do poder real faz com
que a criação das suas normas passe a caber prevalentemente ao Rei: de direito de origem
classista passa a direito de fonte estatal, e atenua-se o seu internacionalismo, tornando-se
um direito de matriz nacional.
I - INTRODUÇÃO GERAL
2. Evolução histórica do Direito Comercial
A Revolução Francesa e os movimentos semelhantes que, na sua esteira eclodiram em outros países,
significaram a tomada do poder pela burguesia e, com ela, a difusão da ideologia igualitária que levou a
extinção das corporações e à proclamação da liberdade do comercio, o que conduziu a uma modificação
essencial na conceção do Direito Comercial. Em vez de direito privativo da classe profissional dos
comerciantes, ele passa a ser concebido e construído como o direito regulador dos atos de comercio. Por
isso a lei comercial passou a aplicar-se não em função da qualidade dos sujeitos das relações jurídicas,
mas sim em razão da natureza destas relações em si mesmas.
Adotou-se uma conceção objetivista, que influenciou alguns países que sob o influxo do Código Comercial
Francês de 1807, codificaram o seu direito comercial, como foram os casos de Espanha (1886) e Itália
(códigos de 1842, 1865, 1882) e, como se vai ver, também em Portugal.
Mas um retorno ao subjetivismo começou a verificar-se no código comercial alemão de 1861 que serviu
de modelo aos de diversos países: nele, o Direito Comercial voltou a ser caracterizado como direito
profissional dos comerciantes. Comerciante, no HGB, é aquele que explora uma empresa mercantil, sendo
enumeradas as atividades que são objeto das empresas mercantis. E os atos de comercio não são
definidos objetivamente, mas sim subjetivamente, ou seja em função da qualidade de comerciante de
quem os pratica: “são todos os atos de um comerciante que pertençam à exploração da sua empresa
mercantil”.
I - INTRODUÇÃO GERAL
2. Evolução histórica do Direito Comercial
Em Portugal a era das codificações do direito mercantil iniciou-se com o código comercial de 1833 devido ao lavor do insígne jurista
Ferreira Borges e que na época em que foi promulgado, desempenhou o relevantíssimo papel de substituir um ornamento disperso,
confuso e obsoleto por um corpo normativo organizado, inovador e elaborado.
Inspirava-o uma conceção objetivista na medida em que apesar de a disciplina por ele instituída ter como destinatários os comerciantes
matriculados e com campo de aplicação “as operações atos e obrigações ativas e passivas do que exerce o comércio”, todavia estabelecia o
“principio de que todo o ato de comércio quem quer que seja o seu agente esta sujeito à lei comercial”.
Não tardou todavia que o surto de desenvolvimento industrial e comercial desencadeado pela revolução tecnológica e económica do séc.
XIX fizesse surgir a necessidade de reforma do Código de 1833. A partir de 1886, o Ministro da Justiça Veiga Beirão deu impulso decisivo à
publicação de uma novo código, reunindo um grupo de juristas que sob a sua coordenação elaboraram o respetivo articulado.
Daí resultou o Código Comercial aprovado pela Carta de Lei de 28.6.1888, entrado em vigor em 1.1.1889 e ainda hoje vigente em boa
parte e, acima de tudo, como cúpula ordenadora do direito comercial positivo português.
É essencialmente, um código que visa regular os atos do comercio, independentemente da profissão dos seus sujeitos, embora nele se
possam detetar relevantes aspetos de subjetivismo.
Nos tempos mais recentes todavia, a evolução do Direito Comercial tem sido marcada por uma tendência para a conceção do direito de
empresa.
Embora não tenha atingido o seu escopo final de produzir um novo código comercial, a comissão nomeada em 1977 e presidida por Ferrer
correia elaborou estudos preliminares que permitiram centrar no conceito estrutural de Direito da empresa a delimitação material do
nosso futuro ordenamento mercantil.
I - INTRODUÇÃO GERAL
2. Evolução histórica do Direito Comercial
O desenvolvimento do Direito Comercial tem manifestado ao longo dos seculos, sobretudo nos dois mais
recentes, um poderoso influxo de conceções que reclamam a liberdade de comércio, nas suas manifestações de
liberdade profissional e de liberdade contratual, a par de reiteradas arremetidas contra o protecionismo e
dirigismo dos Estados.
Daí a tradicional confrontação entre as aspirações de liberdade dos empresários e as tendências
intervencionistas ou estatizantes que, ao longo de todo o passado seculo XX marcaram as tensões cíclicas da
politica económica tanto nacional como internacional, e continuam a constituir um dos seus temas recorrentes
no presente.
A antiga pulsão internacionalista do Direito Comercial vem-se igualmente manifestando sob formas sempre
renovadas, induzindo por ação de entidades internacionais e supra nacionais correntes de pensamento jurídico e
instrumentos de formação e transformação do direito que continuadamente o fazem evoluir no âmbito das
instituições e relação internacionais e induzem significativas correntes de inovação no ordenamento e na pratica
interna dos diversos países.
Esta evolução constante e dinâmica, sob o influxo da tendência liberal que se manifesta na constante atuação do
principio da autonomia da vontade privada, tem conduzido a uma forte tendência uniformizadora do Direito
Comercial superando as diferenças entre os sistemas político-económicos dos diferentes Estados e entre os
sistemas jurídicos em que os ornamentos nacionais se enquadram.
I - INTRODUÇÃO GERAL
3. O presente e o futuro do Direito Comercial tendências uniformizadoras
No mesmo sentido unificador é de registar a decisiva importância do influxo do direito da União Europeia gerado pela
Comunidade Económica Europeia (CEE) hoje denominada União Europeia (UE) criado pelo Tratado de Roma de 1957.
Com a finalidade de estabelecer uma mercado comum, preveem-se no chamado Tratado da Comunidade Europeia
instrumentos normativos que se repercutem de forma muito relevante no ornamento das atividades comerciais, como
são os casos: da concorrência, do direito das sociedades e, de uma modo geral, outros aspetos que se relevem úteis
para o funcionamento do mercado comum.
Através dos diplomas do direito comunitário derivado – diretivas, regulamentos, decisões – que os órgãos da EU
podem emitir, tem sido criada uma progressiva aproximação do Direito Comercial dos diversos Estados-membros:
a. Direito Primário ou Originário : Tratados da UE
b. Direito Derivado ou Secundário:
a. Regulamentos = Leis nacionais. Tem carater obrigatório e vinculatividade geral. Depois de publicados no J.O.U.E. vigoram em todo o território
da União Europeia, vinculando EM’s, pessoas singulares e pessoas coletivas.
b. Diretivas vinculam, um, vários ou todos os EM’s (os que vierem enumerados na diretiva) mas só apontam para a obtenção de um resultado,
ficando ao critério dos EM’s visados a forma para atingir esse resultado
c. Recomendações
d. Decisões
e. Pareceres
I - INTRODUÇÃO GERAL
3. O presente e o futuro do Direito Comercial tendências uniformizadoras
Estes atos tendo em atenção as pessoas que os praticam (comerciantes), tem de preencher dois requisitos:
1º Não serem de natureza exclusivamente civil (casamento, testamento, adoção)
2º parte atos de comércio subjetivos 2º Não resultar do próprio ato contrário: isto é, exigisse que tais atos sejam praticados pelos comerciantes,
no e para, o exercício do seu comércio
II – ATOS DE COMÉRCIO
4. Classificação dos atos de comércio
4.1. Atos de comércio objetivos e atos de comércio subjeticos
Os atos subjetivos pressupõem a qualidade de comerciante de quem os pratica, ao passo que os
atos objetivos são adequados para atribuir aquela qualidade a quem os prática de forma profissional. A
importância desta categoria é, manifesta, face aos artºs 13 e 1º Nº2 do C.S.C.
O credor só pode exigir de cada um dos O credor só pode exigir de qualquer condevedores a
condevedores a sua parte na divida, 200€. totalidade do montante em divida, 800€.
II – ATOS DE COMÉRCIO
5.3. Prescrição
Em Direito Privado (Direito Civil e Comercial) a prescrição consiste numa forma de
extinção (prescrição extintiva) de direitos e obrigações, resultante do não exercício destes pelo
respetivo titular durante determinado lapso de tempo fixado na lei.
5.4. Juros
Os juros dizem-se legais se decorrem de norma legal e
convencionais se resultantes de estipulação das partes.
Por outro lado, à que distinguir entre os juros remuneratórios ou compensatórios que
são o correspetivo pela fruição ou pela indisponibilidade do dinheiro ou de um valor
pecuniariamente avaliável e
Juros moratórios que constituem uma indeminização pelo prejuízo causado ao credor pela
mora do devedor no cumprimento de uma obrigação (artº 806º C.C.)
Juros convencionais artº 102º 1º do C.COM.
Limitações das convenções de juros em negócios comerciais artºs 559ºA 1146º do C.C. –
repressão da usura – o artº 560 C.C. consagra restrições à prática do anatocismo, ou seja, à
contagem de juros sob juros.
III – EMPRESA E EMPRESÁRIOS
O ESTABELECIMENTO COMERCIAL
1. A empresa na lei, na doutrina e na jurisprudência:
a) Pluralidade de definições de empresa
b) Empresas comerciais e empresas não comerciais
- Firma – Nome
2. Tipos de firma - Firma – Denominação
- Firma – Mista
V – OBRIGAÇÕES ESPECIAIS DOS
COMERCIANTES
a) Obrigatoriedade
3. Princípios conformadores b) Unicidade
c) Verdade ou sinceridade
do regime da firma d) Novidade
e) Exclusivismo
Não deve confundir-se a escrituração do comerciante com a sua contabilidade: esta é apenas a
compilação, registo analise e apresentação de valores pecuniários das operações comerciais. É,
pois, uma parte muito importante da escrituração, mas esta abrange, além dela outros registos
e arquivos: atas, contratos correspondência e demais documentação do comerciante.
V – OBRIGAÇÕES ESPECIAIS DOS
COMERCIANTES
6. Balanço
O balanço constitui a síntese da situação patrimonial do comerciante em determinado
momento, através da indicação abreviada dos elementos do ativo, do passivo e da situação
liquida e respetivos valores. A lei impõe a realização de um balanço anual, referido ao último
dia de cada exercício anual, que deve ser elaborado no primeiro trimestre do exercício
imediato (artº 62 C.COM e artº65 nº1 C.S.C.).
O conteúdo do balanço e das demais demostrações financeiras é atualmente regulado pelo
sistema de normalização contabilística (SNC), aprovado pelo decreto de lei nº158/2009 de
13/07 republicado pelo decreto de lei 98/2015, de 2/06.
O decreto de lei nº76-A de 29/03 alterou a epígrafe do título VI do livro I do C.COM para “do
balanço” e revogou o artº63 do mesmo código. Deste modo, foi eliminada a referência neste
título ao dever de prestar contas, o que não significa que este tenha sido suprimido. Na
verdade, ele assume especial relevância nas sociedades, nas quais se concretiza através da
verificação anual da situação da sociedade (artºs 65º a 70º, 263º e 451º a 455º do C.S.C).
Pelo decreto de lei nº8/2007, de 17 de Janeiro, que criou a Informação Empresarial
Simplificada (IES), passou a poder realizar-se a prestação de contas por via eletrónica
conjuntamente com o cumprimento de outras obrigações fiscais e estatísticas
V – OBRIGAÇÕES ESPECIAIS DOS
COMERCIANTES
7. Registo Comercial
A sua finalidade consiste em “dar publicidade à situação jurídica dos comerciantes individuais,
das sociedades comerciais, das sociedades civis sob forma comercial e dos estabelecimentos
individuais de responsabilidade limitada, tendo em vista a segurança do comércio jurídico (art.
1.º, nº 1, do CRC). E a lei sujeita ao registo comercial factos relativos a outras entidades, tais
como as cooperativas, as empresas públicas, os agrupamentos complementares de empresas e
os agrupamentos europeus de interesse económico (art.1º, nº 2, do CRC). Assim, o registo
comercial não é privativo dos comerciantes, antes abrange outras pessoas singulares ou
coletivas cujos escopos ou atividades têm geralmente caracter económico, variando, todavia,
para cada espécie, os actos sujeitos ao registo.
O registo comercial é efetuado por:
a) Transcrição, que consiste na extratação dos elementos que definem a situação das
entidades sujeitas a registo constantes dos documentos apresentados (art.53º-A, nº2, do
CRC) e compreende a matricula das entidades sujeitas a registo, e as inscrições,
averbamentos e anotações dos factos a elas respeitantes (art.55º, nº1, do CRC);
b) Depósito, que consiste no arquivamento dos documentos que titulam factos sujeitos a
registo (art. 53º-A, nº 3 e 4, do CRC).
VI – SOCIEDADES COMERCIAIS
VI – SOCIEDADES COMERCIAIS
1. Noções Fundamentais
Em fase do art.º 980º do CC deparam-se nos quatro elementos do conceito geral de
sociedades:
1. Elemento Pessoal: Pluralidade de sócios;
2. Elemento Patrimonial: obrigação de contribuir com bens ou serviços;
3. Elemento Finalístico: exercício em comum de uma atividade económica que não seja de
mera fruição;
4. Elemento Teleológico: repartição dos lucros resultantes dessa atividade.
O art.º 1º, nº2 do CSC aponta-nos os dois elementos específicos do conceito de sociedade
comercial:
a. Objeto comercial: pratica de atos de comercio
b. Tipo ou forma comercial: adoção de um dos tipos regulados e configurados no CSC.
VI – SOCIEDADES COMERCIAIS
2. As sociedades unipessoais por quotas (artºs 270º a 270º-G)
anónimas
VI – SOCIEDADES COMERCIAIS
VI – SOCIEDADES COMERCIAIS
VI – SOCIEDADES COMERCIAIS
VI – SOCIEDADES COMERCIAIS
VI – SOCIEDADES COMERCIAIS
3. A insolvência iminente
4. A noção de empresa no CIRE – Em conformidade com o artº 5º do CIRE “para efeitos deste
código, considera-se a empresa toda a organização de capital e trabalho destinada ao
exercício de qualquer atividade económica”
VIII – TÍTULOS DE CRÉDITO
MERCANTIS
1. Noções fundamentais
Título de crédito, é, como o nome indica, o documento representativo de um crédito que uma
pessoa (o credor) tem sobre outra (o devedor): e pode transmitir-se facilmente, passando a
qualidade de credor de uma para outra pessoa, em muitos casos pela mera transferência do
documento e, noutros, com mais o preenchimento de formalidades simples.