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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Ciências Sociais e Politicas


Departamento de Direito

1. Introdução ao Direito Comercial I

1.1.Evolução histórica do Direito Comercial


Há notícias de que a atividade comercial já era praticada desde a Antiguidade por vários povos,
principalmente pelos fenícios. No entanto, neste período, esta atividade ainda não se encontrava
bem difundida e organizada, posto que a mesma ainda não era submetida a normas e princípios
específicos, mas sim a um direito comum dos cidadãos e aos usos e costumes vigentes em cada
região. Portanto, apesar da constatação da existência de legislação na idade antiga que abarcava
as relações comerciais, como por exemplo o Código de Manu na Índia, o Código de Hammurabi
da Babilônia, e ainda o influente direito civil romano compilado no tão famoso Corpus Juris
Civile de Justiniano, tais sistemas jurídicos primitivos não são suficientes para considerar a
existência de um direito comercial autônomo nesta época.

Neste sentido, são elucidativas as palavras do Autor Fran Martins (MARTINS, 2001, p. 03):“Não
se pode, com segurança, dizer que houve um direito comercial na mais remota antiguidade. Os
fenícios, que, são considerados um povo que praticou o comércio em larga escala, não possuíam
regras especiais aplicáveis às relações comerciais.”

Portanto, o direito comercial como um sistema autônomo só veio a desencadear-se na idade


média, na medida em que o fomento das relações comerciais se encontrava tão consolidado na
sociedade, que os comerciantes passaram a organizar-se em corporações, com o intuito de definir
as regras e diretrizes que deveriam balizar o desenvolvimento do comércio.

A partir de então, através de uma estrutura de classe organizada, os comerciantes passam a


elaborar as normas que iriam regular a sua atividade quotidiana, e que deveriam ser aplicadas por
eles mesmos, já que era designado um julgador, denominado de cônsul, necessariamente
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membro da corporação, para com base nas normas estabelecidas mediar os conflitos que por
ventura aparecessem. Logo, nota-se que os comerciantes na idade média não só elaboravam suas
próprias leis, como também estavam sujeitos à jurisdição própria.

O direito comercial, na sua origem autônoma, surgiu como um direito corporativo o qual deveria
ser aplicado apenas aos comerciantes matriculados nas corporações, característica esta que
culminou na construção da teoria subjetiva, marcando o estudo deste ramo do direito.

Com o passar do tempo, a concepção do direito comercial como o direito dos comerciantes
matriculados nas corporações foi perdendo sentido, pois paralelamente a esta realidade, o
comércio também era praticado por pessoas que não faziam parte dessas organizações de classe,
e que inclusive se utilizavam de institutos, como a letra de câmbio, que foi criada na época para
facilitar a circulação de mercadorias. Situação curiosa era quando um comerciante inscrito numa
corporação mantinha negociação com um comerciante que não fazia parte de nenhuma
corporação. Neste caso a competência do juízo consular deveria estender-se ao comerciante não
matriculado. Por outro lado, com a ascensão do mercantilismo e o consequente enfraquecimento
do sistema feudal, o Estado passou por um processo de consolidação que exerceu grande
influência na elaboração de legislações comerciais que possuíam aplicabilidade ampla a todos os
cidadãos que exercessem o comércio, através da jurisdição do Estado, sobrepondo, desta maneira
as normas editadas pelas corporações. Como exemplo podemos citar a França que em 1673
editou as Ordenações Francesas que ficou conhecida como Código de Savary, servindo de base
para a elaboração do Código Napoleônico de 1807.

Tais documentos legislativos, sobretudo o famoso Código Napoleônico, baseavam-se na teoria


objetiva dos atos de comércio. Segundo esta teoria, um sujeito passa a ser considerado
comerciante se praticar os atos de comércio elencados na lei. Portanto, a condição subjetiva da
matrícula numa corporação de comércio deixou de ser requisito para a qualificação de
comerciante, passando esta a ser definida pela prática habitual dos atos referentes à exploração de
uma atividade econômica determinados na lei.
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Nota-se que a teoria objetiva foi influenciada pelos ideais de liberdade, igualdade, e fraternidade,
fomentados pela Revolução Francesa, que procurou excluir o privilégio de classe ampliando a
tutela do direito comercial a todos os sujeitos que exercessem o comércio, independentemente de
estarem matriculados em corporações.

Apesar desta teoria ter influenciado na elaboração de legislações de outros países, como o
Código Comercial Espanhol de 1829, o Código Comercial Italiano de 1882, o Código Comercial
Português de 1833 e o Código Comercial Brasileiro de 1850, a mesma incorreu numa grande
lacuna, pois não conceituou cientificamente os atos de comércio, gerando, muitas vezes,
dificuldades para definir um critério a partir do qual determinada atividade desempenhada
passaria a ser classificada como ato de comércio.

Em vários países influenciados pelo Código francês, os códigos primitivos foram grandemente
modificados e alguns, mesmo, substituídos por outros, contendo normas mais atualizadas para a
solução das questões comerciais. A Espanha substituiu o Código de 1829 pelo de 1885; em
Portugal, o de 1833 foi substituído pelo de 1888. Na Itália, o Código de 1865 foi revogado, em
1882, por um outro, e este, em 1942, substituído pelo Código Civil. Em muitos outros países
também os códigos foram revogados ou alterados de tal modo que dos primitivos pouco resta.
Nesse panorama de mudanças e reflexões, surge na Itália uma teoria que superou a teoria objetiva
em virtude da sua capacidade de reestruturar a amplitude do direito comercial em consonância
com o desenvolvimento das atividades econômicas. Essa teoria, que surgiu sob a nomenclatura
de teoria da empresa, substituiu, portanto, a teoria dos atos de comércio, através do seu enfoque
no instituto da empresa como a atividade econômica organizada para a produção ou circulação de
bens ou serviços, que culminou na unificação legislativa do direito privado através da edição do
Código Civil italiano de 1942.

Nesse novo contexto jurídico, surge a figura do empresário, em detrimento da do comerciante, na


medida em que a teoria da empresa se desvia da importância do gênero da atividade econômica
desenvolvida (rol dos atos de comércio), passando a considerar a forma organizada pela qual
qualquer atividade de produção ou circulação de bens ou serviços é implementada, através da
reunião dos quatros elementos básicos de produção: capital, trabalho, bens, serviços e tecnologia.

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Esta nova visão do direito comercial passou a exercer influência sob todo o mundo, sendo
considerada, atualmente, por muitos juristas, como a sistemática mais coerente e adequada para a
regulamentação do desenvolvimento das atividades econômicas.

Diante desta abordagem evolutiva do direito comercial, podemos concluir que a história deste
ramo da ciência jurídica pode ser compreendida em três fases. A primeira seria traduzida na
idade antiga, pela introdução da teoria subjetiva corporativista; a segunda traduzida na idade
média, marcada pela adoção da teoria objetiva dos atos de comércio; e a terceira, na idade
moderna à contemporânea, marcada pela teoria da empresa.

1.2.Definições de Direito Comercial


O direito comercial (ou mercantil) é um ramo do direito que se encarrega da regulamentação
das relações vinculadas às pessoas, aos actos, aos locais e aos contratos do comércio. O direito
comercial é um ramo do direito privado e abarca o conjunto de normas relativas aos
comerciantes no exercício da sua profissão. A nível geral, pode-se dizer que é o ramo do direito
que regula o exercício da actividade comercial.

Pode-se fazer a distinção entre dois critérios dentro do direito comercial. O critério objectivo é
aquele que diz respeito aos actos de comércio em si mesmos. Em contrapartida, o critério
subjectivo relaciona-se com a pessoa que desempenha a função de comerciante.

O direito comercial não é estático, uma vez que se adapta às necessidades mutáveis das
empresas, do mercado e da sociedade em geral. Porém, são sempre respeitados cinco princípios
básicos: trata-se de um direito profissional (na medida em que resolve conflitos próprios dos
empresários), individualista (faz parte do direito privado e regula relações entre particulares),
consuetudinário (tem por base os costumes dos comerciantes), progressivo (evolui ao longo do
tempo) e internacionalizado (adapta-se ao fenómeno da globalização).
Por fim, o direito comercial visa estruturar a organização empresarial moderna e regular o
estatuto jurídico do empresário, entendendo-se como tal a pessoa que realiza actos de comércio.

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Por outro lado, os actos de comércio são aqueles que são levados a cabo com a finalidade da
pratica do comercio.

Assim, de uma forma mais simples, o direito comercial, é um corpo de normas, conceitos e
príncipios juridicos que, no dominio do direito privado regem os factos e as relações juridicas
comerciais. E é um ramo de direito privado especial, já que estabelece uma disciplina para as
relações jurídicas que se constituem no campo do comércio, a qual globalmente se afasta da que
o direito civil, como ramo comum, estabelece para a generalidade das relações jurídicas privadas.
O Direito Comercial é um ramo do direito privado, que cuida das relações do comerciantes e
empresários.

1.3.O direito comercial como um direito privado especial


A noção do direito comercial é o direito privado especial do comércio, no qual surge a noção de
comércio- atividade de medição entre a produção e o consumo dos bens que consiste na compra
e revenda das mercadorias, com o objetivo na obtenção de lucro. O direito comercial aplica-se
tanto ao comércio como à indústria, como às outras atividades de prestação de serviços.

O direito comercial regula relações que derivam do exercício do comércio e atividades, tratando
se de um direito privado especial, pois, afasta- se das regras gerais do direito civil. O direito
comercial estabelece um regime próprio para certas classes de pessoas e de relações jurídicas.
Esse regime pode entrar em contradição com os princípios e regras do direito civil no qual
apresenta pontos de divergência. No art 7º C.Com diz “ se as questões sobre direitos e obrigações
comerciais não puderem ser resolvidas, nem pelo texto da lei comercial, nem pelo seu espirito,
nem pelos casos análogos nela prevenidos, serão decididas pelo direito civil”.

A interpretação das normas do direito comercial não coloca nenhum problema específico, já a
questão da integração das lacunas da lei mercantil necessita de algum esclarecimento. No art 7º
C.Com permite o recurso às normas do direito civil para preencher as lacunas do direito
comercial, isto porque, o direito civil é direito subsidiário em relação ao comercial. O
procedimento correto a adotar para definir uma relação jurídica de direito comercial é dois

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aspetos: primeiro se a relação jurídica é ou não comercial, objetiva ou subjetiva e o segundo se
um dado acto é comercial e definir- lhe o regime.

1.4.Fontes de direito comercial


· Fontes Externas:
- Convenções Internacionais (Art. 18 da Constituição da República de Moc. «Direito
Internacional, “As normas constantes de convenções internacionais regularmente ratificadas ou
aprovadas vigoram na ordem interna após a sua ratificacao e enquanto vincularem
internacionalmente no Estado Moc. ”).

· Fontes Internas:
- Leis (leis, decretos-lei, decretos legislativos);
- Regulamentos (governo, autarquias locais, etc.).
As principais fontes do direito comercial são as leis ordinárias (da Assembleia da República,
decretos-lei do governo);
Outras fontes são, também, a jurisprudência e a doutrina. As decisões judiciais participam na
criação ou constituição do direito;
A doutrina é o resultado do estudo que é feito a respeito do direito;
Pode-se, também, considerar os usos e costumes (Códigos
Deontológicos): ● Regras morais;
● Regras de formalidade;
● Regras de etiqueta.
E principios gerais de Direito - de boa fe, pacta sunt servanda etc.

1.5.Actos de Comércio:
Considerando o artº 4º do Código Comercial “Serão considerados actos de comércio todos
aqueles que se encontrarem especialmente regulados neste Código e, além deles, todos os
contratos e obrigações dos comerciantes, que não forem de natureza exclusivamente civil, se o
contrário do próprio acto não resultar”.

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Neste âmbito os actos a que o legislador se refere devem ser entendidos num sentido amplo,
alargado, e não no sentido restrito genericamente utilizado no código de conduta humana, pois
abrange qualquer facto jurídico que se verifique no contexto das actividades comerciais (exº
contratos, negócios unilaterais), sejam involuntários (exº expirar determinado prazo pelo decorrer
do tempo) ou voluntários (quer lícitos quer ilícitos), e negócios jurídicos.

Os actos de comércio podem ser:


· Objetivo e Subjetivo: os objetivos são regulados pela lei comercial, os subjetivos são aqueles
que a lei atribui comercialidade pela circunstância de serem praticados por comerciantes. Estes
actos pressupõe a qualidade de comerciante de quem os pratica, ao passo que os actos objetivos
são adequados para atribuir qualidade a quem os pratica de forma profissional (art 4º do C. Com).

· Absoluto e Acessórios: os absolutos são comerciais devido à sua natureza intrínseca que radica
do próprio comércio, ou seja, são actos gerados pelas necessidades da vida comercial. Existem
duas espécies de actos, uns (a maior parte) que são actos caraterizados por atividades que tornam
o objetivo do Direito Comercial e os outros são os actos em razão da sua forma, ou seja, do
objeto sobre o qual incidem.

· Substancialmente e Formalmente comerciais: os actos formalmente comerciais são regulados


na lei comercial que permanece aberto para dar cobertura a qualquer conteúdo, mas abstraem no
seu regime do objecto, como por exemplo: letras, livranças e cheques. Os atos substancialmente
comerciais são aqueles que representam atos próprios de atividades materialmente mercantis.
Contudo, no art 4º do C.Com só adquire a qualidade de comerciante quem pratica actos
substancialmente comerciais, sendo irrelevante a prática de actos formalmente mercantis.
· Causais e Abstratos: o acto causal é todo o acto que a lei regula a realizar uma determinada
causa função jurídico económica, ao passo que os actos abstratos revelam uma multiplicidade de
causas funções que dele resulta uma vida independente, como por exemplo: a

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letra de câmbio em que pode estar subjacente uma compra e venda. Contudo, o acto abstrato tem
sempre subjacente um outro ato jurídico que é a causa mediata.

· Bilateralmente comerciais e Unilateralmente comerciais: os bilaterais têm carater comercial


em relação a duas partes. Os unilaterais são atos que apenas são comerciais em relação a uma das
partes e civis em relação à outra. O regime jurídico dos actos bilateralmente comerciais são
diferentes pois não suscitam dúvidas, enquanto os actos unilateralmente que por vezes suscita
dúvidas em saber se serão sujeito ao regime da lei civil ou da lei comercial.

Regras dos actos comerciais:


Os actos de comércio implicam a tomada de conhecimento de regras gerais aplicáveis a estes
actos jurídicos e às obrigações comerciais. Regras essas que se manifestam em valores e
necessidades que conferem autonomia e especialidade ao direito comercial.

1.6.Conceito de empresa:
O conceito de empresa tem vindo a evoluir onde eram consideradas empresas as actividades
produtivas, como a indústria e os serviços baseadas na especulação sobre o trabalho. O
empresário era aquele que prestava determinados bens ou serviços usando como principal factor
produtivo o trabalho de outrem. A evolução da ciência económica levou à conceção da
importância da empresa para a criação e a circulação da riqueza.

A empresa é vista sob varias perspectivas: objecto constituída pelos bens dispostos pelo
empresário para o exercício da atividade, contrapõe se a empresa como sujeito com direitos e
obrigações próprios. Segundo, Ferrer Correia “ a visão da empresa como um todo é uma visão
interdisciplinar e o seu estudo global é entendido ao jeito tradicional”.
Deste modo, o estudo da empresa no direito comercial determina o seu conteúdo, a sua
composição, a sua natureza jurídica mercantil, a análise dos negócios jurídicos que tem por
objecto a tutela de cada empresa.

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Vários sentidos jurídicos da empresa:

Empresa como sujeito: refere- se a empresa sob o perfil da pessoa que exerce uma atividade
económica de produção de bens ou serviços. Ou seja, à própria pessoa que organiza e conduz a
atividade suportando o risco.
Empresa como actividade: é exercida pelo próprio empresário de forma profissional e
organizada, com vista à realização de fins de produção ou troca de bens e serviços. Empresa
como objecto: refere- se a organização do conjunto de fatores de produção e de outros elementos
pelo empresário com vista no exercício da sua atividade. É neste contexto que podemos dizer que
a empresa e o estabelecimento comercial são sinónimos. Teoria adoptada pelo C. Comercial
no seu art. 3.
Empresa como conjunto activo de elementos: a empresa é vista como um circulo de atividades
regidas pelo empresário fazendo apelo aos factores e elementos de natureza heterogénea
actuando sobre um património de coisas que da origem a relações jurídicas económicas sociais.

Classificação das empresas:


As empresas classificam-se segundo:
O seu objecto económico: as empresas agrícolas e as empresas comerciais. Estas abrangem
todos os que desempenham uma das atividades qualificadas na lei. Aparece, assim, a dimensão
das empresas classificadas em pequenas, médias e grandes que foi fixado um critério legal pela
Lei de Trabalho, que classifica as empresas em microempresas consoante o número de
trabalhadores.

A sua Dimensão: Pequenas, Médias e Grandes empresas, vide na Lei de trabalho.


Outras classificações:
Empresa privada – sao aquelas exercidas exclusivamente pelos agentes económicos, que pode
ser singular ou colectivo.

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Empresas publico - privadas ou sociedades de economia mista
O Estado intervém na vida económica a partir da 1ª Guerra mundial, onde assume um papel
importante no desempenho social surgindo, assim, os organismos administrativos empresariais
com objetivos de produzir o fornecimento a terceiros de bens e serviços. Foi aí que apareceram
as sociedades comerciais em que o Estado assume participações sociais. Portanto, sao empresas
ou sociedades comerciais nas quais o Estado e outros organismos públicos assumem
participações sociais em parceria com os investidores privados.

Empresas públicas
Tem como objecto a producao de bens ou prestação de serviços de carácter económico,
participando no mercado em pé de igualidade com os empresários privados. Surgem as primeiras
empresas públicas durante o Estado Novo, em 1975, com estrutura empresarial e tendo por
objeto a produção de bens ou serviços participando no mercado em paridade com os empresários
privados.
Desta forma, surgem empresas públicas: sociedades constituídas nos termos da lei comercial em
que o Estado exerce uma influência dominante e em termos empresariais as pessoas coletivas de
direito público que tem por objectivo exercer atividades económicas, nomeadamente, a produção
ou comercialização de bens ou serviços criadas pelo Estado. As empresas participadas são as
organizações empresariais, em que o Estado detém de forma direta ou indirecta uma participação
permanente.

1.7. Empresário comercial


Pessoa singular ou colectiva, que em seu nome, por si ou por intermédio de terceiros, exercem a
empresa comercial. E as sociedades comerciais, nos termos do art. 2 do C.com.

No direito empresarial, empresário é o sujeito de direito que exerce a empresa, ou seja, aquele
que exerce profissionalmente (com habitualidade) uma atividade econômica (que busca gerar
lucro) organizada (que articula os fatores de produção) para a produção ou a circulação de bens
ou de serviços. O empresário pode ser pessoa física (empresário em nome individual) ou jurídica
(sociedade comercial). Os sócios de uma sociedade comercial (sejam eles empreendedores,

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sejam eles investidores) não são empresários; o empresário é a própria sociedade, sujeito de
direito com personalidade autônoma em relação aos sócios.

Obrigações dos empresários – art. 16 do C.Com.

Tipos de empresários comerciais


∙ Pequeno empresário - sempre será o empresário individual, caracterizado como
microempresário, e com receita ínfima. Nos termos no nr. 17 do C. Com, os pequenos
empresarios podem ser despensados no todo ou em parte das obrigações referidas no
artigo anterior e a qualificação deste efectuar – se – á com base em critérios fixados por
Decreto.
∙ Empresário individual - anteriormente conhecido como firma individual, é um tipo de
empreendedor que actua como o único titular de seu negócio, sendo este uma pessoa
física e sem a presença de outros sócios, ou seja, é o empresário que exerce em nome
próprio uma atividade empresarial como titular do negócio.
∙ Empresário colectivo - é a pessoa jurídica, também chamada de sociedade comercial, vide
art. 980 do C.Civil.

Requisitos
∙ Sujeito – pessoa singular ou colectiva, que em seu nome, por si ou por intermédio de
terceiros, exercem a empresa comercial. E as sociedades comerciais.
∙ Capacidade – podem exercer o comércio todos os que se acharem livre a administração de
suas pessoas e bens, de acordo com as regras do C. Civ. Conj. Com os arts. 9 e 10 ambos
do C. Com.
∙ Exercer actos de comércio destinados a produção de troca sistematica e vantojosa. ∙ A
atuação no próprio nome: para que uma pessoa possa adquirir a qualidade de comerciante,
é necessário que seja exercida pelo próprio comerciante.
∙ A intermediação: em que o comerciante é colocado entre o produtor e o consumidor. ∙
A especulação do lucro: em que é preciso estar presente.
∙ A profissionalidade: o exercício efectivo, fazer do comércio a sua profissão habitual.

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A situação do falido sob ponto de vista da possibilidade de prática de actos de comércio

Falência vs Insolvência.
A falência é, em nosso entender, a solução judicial da situação jurídica do devedor-comerciante
que não paga no vencimento obrigação líquida. (Rubens Requião);

Segundo Rocco (jurista italiano) "é o efeito do anormal funcionamento do crédito, tendo em
vista que crédito é a base de expectativa de um pagamento futuro comprometido pelo devedor.
Assim sendo, falência é a condição daquele que, havendo recebido uma prestação à crédito não
tenha à disposição para a execução da contra prestação, a que se obrigou, um valor suficiente,
realizável para cumprir sua parte”.

A insolvência se dá no momento em que das dívidas excedem o patrimônio do devedor. Ou seja,


ainda que o devedor liquidasse todo o seu patrimônio não teria como quitar a totalidade dos seus
credores. Trata-se de um desequilibro por excesso de dívidas. Ela aplica-se aos devedores civis,
reservando-se o outro instituto aos devedores que são pessoa jurídica.

Já a falência, ocorre quando o devedor empresarial não possui condições econômicas para honrar
com o pagamento de todas as suas dívidas. É, portanto, um processo de execução colectiva, que
só pode ser decretado judicialmente, e por meio do qual os credores buscam ter o seu crédito
quitado de maneira satisfatória.
Assim, não é possível que um devedor civil decrete falência, bem como é igualmente impossível
que o empresário ou sociedade empresária decrete insolvência civil. Para que essa segunda seja
declarada é necessário um processo judicial com esse fim, não podendo ser feita de ofício. Ela
pode ser requerida pelo próprio devedor, por algum credor ou, ainda, pelo inventariante de seu
espólio.

Para J. C. Sampaio De Lacerda: “Falência é, pois, a condição daquele que, havendo recebido
uma prestação a crédito, não tenha à disposição, para execução da contraprestação, um valor

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suficiente, realizável no momento da contraprestação. A falência é por isso um estado de
desequilíbrio entre os valores realizáveis e as prestações exigidas.”

Para Spencer Vampré: “É uma execução coletiva dos bens do devedor comerciante, à qual
concorrem todos os credores para o fim de arrecadar o patrimônio disponível, verificar os
créditos, liquidar o ativo resolver o passivo, em rateio, observadas as preferências legais”.

Desta feita, podemos conceituar a falência como o facto jurídico que atinge o comerciante,
submetendo-o a um processo judicial, para arrecadar meios de pagamentos devidos ao(s)
credor(es), e que não foram pagos pela impossibilidade material de fazê-lo, já que o patrimônio
disponível era menor do que o devido.

Portanto, falência é uma situação jurídica decorrente de uma sentença decretatória proferida por
um magistrado onde uma empresa ou sociedade comercial se omite quanto ao cumprimento de
determinada obrigação patrimonial e então tem seus bens alienados para satisfazer seus credores.

Também é chamada de falência a reunião de credores. Quando vários processos judiciais de


cobrança de dividas são reunidos em torno de um processo principal, para serem decididos por
um único juiz, que decretou a falência. Assim, evita-se que um único credor receba sozinho o
suficiente para pagar uma única divida e dividem-se os bens, créditos e direitos do devedor entre
todos os seus credores, que serão pagos na proporção de seus respectivos créditos e de acordo
com o montante em poder do falido e a natureza do crédito.

Tanto na insolvência quanto na falência os credores serão cientificados da instauração do


processo, para que possam se habilitar como forma de garantir o seu crédito. O devedor também
não poderá administrar seus bens enquanto o processo tramita em juízo, sendo nomeado
administrador específico para isso. É uma tentativa de evitar possíveis fraudes.

As definições de falência diferem no campo econômico e jurídico. Para


além destes campos, falência é também um termo associado ao acto de decretar a fim de algo: o

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fim de uma atividade, de um império, dos órgãos do corpo humano, como no caso de falência
múltipla dos órgãos.

A falência distingue-se da insolvência, que é um estado em que o devedor tem prestações a


cumprir que são superiores aos rendimentos que aufere. Uma empresa insolvente não está
automaticamente ou obrigatoriamente falida. Ela poderá ou não, ao final de um processo,
recuperar-se, ser declarada falida ou em recuperação judicial.

1.8. Estabelecimento Comercial:


Conjunto de elementos reunidos e organizados pelo empresário, para através dele para exercer a
sua actividade comercial. vide art. 69 do C.Com. Este pressupõe um conjunto activo de
elementos corpóreos e incorpóreos.

Elementos corpóreos: Nesta categoria devem considerar-se as mercadorias, que são bens móveis
destinados a ser vendidos, compreendendo as matérias-primas, os produtos semi acabados e os
produtos acabados. Incluem-se também as máquinas e utensílios, ou seja, a maquinaria, os
veículos.Abrangem-se, ainda, outros bens móveis (bem fungível e indispensável por excelência:
o dinheiro em caixa) e imóvel onde se situem as instalações, quando o seu dono seja o
comerciante, pois, se o não for, apenas integrará o estabelecimento o direito ao respectivo uso.

· Elementos Incorpóreos: Aqui deveremos considerar os direitos, resultantes de contrato ou de


outras fontes, que dizem respeito à vida do estabelecimento. São nomeadamente, os casos: - do
direito ao arrendamento;
- dos direitos reais de gozo;
- dos créditos resultantes de vendas, empréstimos, locações, etc.;
- dos direitos resultantes de certos contratos estritamente relacionados com a esfera de actividade
mercantil, como o de agência, o de distribuição, o de concessão, os contratos de edição; - dos
direitos emergentes dos contratos de trabalho e de prestação de serviços com os colaboradores do
comerciante no estabelecimento;

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- em especial, dos direitos de propriedade industrial, que têm em comum a característica de
terem sido instituídos e regulados na lei especificamente com vista à protecção da empresa e quer
destes direitos seja directamente titular o comerciante, quer a fruição deles advenha de contratos
de transmissão ou de licença.

E, evidentemente, são também elementos incorpóreos do estabelecimento as obrigações do


comerciante a ele relativas, quer o seu passivo, ou seja, as dividas resultantes da sua actividade
comercial, quer as demais obrigações que formam o correspectivo ou a face oposta dos direitos
dos tipos acima mencionados.

O que pressupõe um estabelecimento comercial:


Um titular: ele é um conjunto de meios predestinados por um empresário, titular de um
determinado direito sobre ele, para exercer a sua actividade.

Um acervo patrimonial: engloba um conjunto de bens e direitos, das mais variadas categorias e
naturezas, que têm em comum a afectação à finalidade coerente a que o comerciante os destina.

Um conjunto de pessoas: pode reduzir-se à pessoa do empresário o seu suporte humano, nas
formas mais embrionárias de estrutura empresarial; mas normalmente engloba uma pluralidade
de pessoas, congregadas por diversos vínculos jurídicos, para actuarem com vista à prossecução
da finalidade comum da empresa.

Uma organização: os seus elementos não são meramente reunidos, mas sim entre si conjugados,
interrelacionados, hierarquizados, segundo as suas especificas naturezas e funções especificas,
por forma que do seu conjunto possa emergir um resultado global: a actividade mercantil visada.

Uma organização funcional: a sua estrutura e configuração, a sua identidade própria advém-lhe
de um determinado objecto, que é uma actividade de determinado ramo da economia; actividade
que, entretanto, será necessariamente uma actividade de fim lucrativo das que cabem na matéria
mercantil, ou seja, no âmbito material do direito comercial. Só assim se pode falar de um

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estabelecimento comercial (sem embargo de, com aquela, se poder conjugar actividades de outra
ordem).

Estabelecimento principal, sucursais, filiais e agencias – art. 70 do C. Com.

NOTA: recomendo aos estudantes a leitura sobre a distrinça entre estabelecimento principal,
sucursais, filiais e agências. – De caracter obrigatório

Disposicao do Estabelecimento comercial – art. 71 do C. com;


Apuramento do valor do estabelecimento comercial – art. 72 do C. Com;
Forma – art. 73 do C.com;
Locação de EC – art. 74, 75, 77, 78 ambos do C. com;
Desvio de Clientela – art. 76 do C.com;
Penhora e execução – art. 81 do C. com.

A clientela: é fiel a determinado estabelecimento comercial, por estar a ele ligada por noções
subjetivas de qualidade. Existe um direito à clientela quando assenta em contratos de
fornecimento, ou quando resulta de cláusulas de protecção específica (cláusulas de não
estabelecimento ou de não-concorrência), consagradas em contratos de trespasse ou cessão de
exploração, bem como em contratos de trabalho, de concessão comercial, etc. A clientela
constitui um elemento juridicamente distinto e relevante do estabelecimento. O cliente procura o
empresário ou a sociedade empresária em razão de sua qualificação.

· O aviamento: Distinto da clientela é o aviamento do estabelecimento, ou seja, a capacidade


lucrativa da empresa, a aptidão para gerar lucros resultantes do conjunto de factores nela
reunidos.

O aviamento resulta do conjunto de elementos da empresa, mas também de certas situações de


factos que lhe potenciam a lucratividade, como são as relações com os fornecedores de
mercadorias e de crédito, as relações com os clientes, a eficiência da organização, a reputação
comercial, a posição mais ou menos forte no mercado, etc. O aviamento exprime, pois, uma

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capacidade lucrativa e este confere ao estabelecimento uma mais-valia em relação aos elementos
patrimoniais que o integram, a qual é tida em conta na determinação do montante do respectivo
valor global.
Note-se, porém, que as situações de facto acima referidas são elementos do estabelecimento, mas
o aviamento não é em geral considerado propriamente como um elemento, mas sim como uma
qualidade do estabelecimento, à imagem do que acontece com a fertilidade de um terreno. Não se
confunda, pois, o aviamento com a clientela, já que esta é um elemento do estabelecimento e
pode, quando muito, ser utilizada pragmaticamente como índice significativo do aviamento.

A Freguesia compra os bens ou serviços por questões de conveniência, passageiras, geográficas.


É o caso do freguês que sempre toma o desjejum no mesmo bar da esquina, situado próximo a
sua casa ou local de trabalho. Tem-se, portanto, a idéia de um núcleo transeunte, passageiro, de
pessoas. Ou por outra, o freguês procura o empresário ou a sociedade empresária em razão de
sua localização.

Insignias de estabelecimento
Insígnia (do latim insignia) é um sinal ou marca que identifica uma instituição, um cargo ou o
estatuto social de uma determinada pessoa. As insígnias são, normalmente, usadas sob a forma
de emblemas ou distintivos. Em termos de registo de propriedade industrial, são denominadas,
insígnias, as marcas identificativas de um estabelecimento que contenham sinais figurativos.

Ou por outra, a insígnia de estabelecimento é constituida por qualquer sinal externo composto de
figuras ou desenhos, simples ou combinados com nomes ou denominações; pode também
consistir na ornamentação de fachadas e da parte das lojas, armazéns ou fábrica expostas ao
público, bem como as cores de uma bandeira desde individualize perfeitamente o respectivo
estabelecimento.

Nome Comercial
O nome comercial é a firma ou denominação social, nome ou expressão que identifica a pessoa
colectiva ou singular.

Docente: LLM. Nhauza Boazinha 17 Lições de Direito Comercial


Podem constituir nome de estabelecimento (comercial): as denominações de fantasia ou
específicas, os nomes históricos, nome da propriedade ou local de estabelecimento, nome, firma
ou denominação social, pseudónimo ou alcunha do proprietário.

Logotipo
O logotipo é a composição constituída por letras associadas ou não a desenhos, desde que o
conjunto daí resultante apresente uma configuração específica como elemento distintivo e
característico adequado a referenciar qualquer entidade que ofereça produtos ou serviços.

1.9. Sociedades Comerciais


O conceito de sociedades comerciais nasce da dicotomia do conceito de Sociedade (art. 980 do
Codigo Civil), da qual se decanta por interpretação ao contrariu sensu, o conceito de sociedade
civil. E determina – se que o contrato de Sociedade é aquele em que duas ou mais pessoas se
obrigam a contribuir com bens ou serviços para o exercício em comum de certa actividade
económica, que não seja de mera fruição, a fim de repartirem os lucros resultantes dessa
actividade.

Esta noção é concretizada no art. 83 do C.com, que determina as sociedades comerciais como
aquelas que tenham por objecto a prática dos actos do comércio e se constituem nos termos da
presente Lei.

Tipos de Sociedades em Moçambique – art. 82 do C.com

Sociedades em Nome Colectivo – Art. 253 á 269 c. com


A sociedade em nome coletivo é uma modalidade social da qual somente pessoas físicas podem
participar, respondendo todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais.

No entanto, sem prejuízo da responsabilidade perante terceiros, podem os sócios, no ato


constitutivo, ou por unânime convenção posterior, limitar entre si a responsabilidade de cada um.

Docente: LLM. Nhauza Boazinha 18 Lições de Direito Comercial


A sociedade em nome coletivo é um tipo societário onde todos os sócios são solidários e todos
respondem ilimitadamente pelas dívidas da sociedade, ou seja, a dívida da sociedade pode atingir
os bens dos sócios. essa sociedade é constituída, necessariamente, por pessoas físicas.

A administração desta sociedade cabe exclusivamente aos sócios, não podendo um terceiro
exercer este papel administrativo. Por fim, esta sociedade deve adotar a firma social.

Sociedade em comandita, simples e por acções – 270 a 277 c. com


A sociedade em comandita simples é composta por dois tipos de sócios: os comanditários e os
comanditados. Os sócios comanditários são aqueles que respondem de forma limitada (apenas
até o valor de suas quotas) pelas obrigações da sociedade, e podem ser pessoas físicas ou
jurídicas que contribuem apenas com capital subscrito.
Por outro lado, tem-se os sócios comanditados, que são pessoas físicas que respondem
solidariamente e de forma ilimitada pelas obrigações sociais, podendo contribuir com capital e
trabalho. A administração desta sociedade pode ser exercida somente pelos sócios
comanditados.

Sócios comanditários – respondem apenas pelas suas entradas (igual às SA). Sócios afastados
da administração
Sócios comanditados – respondem subsidiária, solidária e ilimitadamente pelas dívidas da
sociedade (como SENC). Administram a sociedade. Podem entrar com indústria.

Sociedade de Capital e indústria – 278 a 282 c. com


Sociedade de Capital e Indústria é constituída por duas ou mais pessoas, sendo um ou mais
sócios os que contribuem com dinheiro, bens e ou direitos para a formação do patrimônio, e
outro ou outros sócios, com seu trabalho ou aptidão técnica.

Docente: LLM. Nhauza Boazinha 19 Lições de Direito Comercial


Os sócios capitalistas equiparam-se aos sócios solidários, responsáveis por todas as obrigações
assumidas pela empresa, enquanto que os sócios industriais contribuem com seu trabalho
especializado e experiência na atividade, e participam dos lucros da sociedade.

Os sócios industriais, por não contribuírem com uma parte do Capital Social, não respondem
pelas obrigações da empresa, nem assumem o risco de prejuízos eventuais.

Sociedades por quotas – 283 a 327 c.com, e Sociedade por quotas unipessoal – 328 a 330 c.
com.
A sociedade por quotas é o estatuto jurídico de uma empresa composta por dois ou mais sócios
cujo capital se encontra dividido por quotas.

Sócios e responsabilidade
Um sociedade por quotas deve ser então constituída por um número mínimo de dois sócios. Os
sócios das sociedades por quotas possuemresponsabilidade limitada (a nível externo) ao valor
da quota subscrita, mas os sócios podem ser solidariamente responsáveis por todas as entradas
acordadas no contrato social no caso do capital não estar integralmente realizado. Esta é uma das
vantagens da sociedade por quotas.
Todos os sócios têm a obrigação de entrada (na sociedade, com bens suscetíveis de penhora
como o dinheiro) e de quinhoar nas perdas (em caso de perda a mesma terá de ser partilhada),
não sendo admitidas contribuições de indústria. Encontra-se aqui uma das desvantagens das
sociedades por quotas.

Com a criação desta sociedade estabelece-se uma nova entidade jurídica, diferentes dos seus
sócios, que fica sujeita a direitos e deveres, sendo o património da sociedade a responder perante
os credores pelas dívidas da mesma.

Sociedade anônima – 331 a 454 c. com

Docente: LLM. Nhauza Boazinha 20 Lições de Direito Comercial


A Sociedade Anônima, também chamada de companhia ou sociedade por ações, é nome dado a
uma empresa com fins lucrativos que tem seu capital dividido em ações e a responsabilidade de
seus sócios (acionistas) limitada ao preço da emissão das ações subscritas (lançadas para
aumento de capital) ou adquiridas. Os sócios são chamados de acionistas e têm responsabilidade
limitada ao preço das ações adquiridas.
Docente: LLM. Nhauza Boazinha 21 Lições de Direito Comercial

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