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Índice

1. Introdução.................................................................................................................................1

1.2. Objectivos gerais......................................................................................................................1

1.3.Objectivo específico..................................................................................................................1

2. Retorica jurídica na Idade moderna..........................................................................................2

2.1. Origem e Conceito da Retorica.............................................................................................2

2.2. As características da retorica jurídica na idade moderna......................................................2

2.3. Os aspectos necessários para o estudo da argumentação jurídica........................................6

2.4. As conexões entre retórica e direito na Modernidade..........................................................9

3. Conclusão..................................................................................................................................11

4. Referencia Bibliográfica.........................................................................................................12

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1. Introdução
O presente trabalho de pesquisa científica visa a debruçar sobre a Retorica jurídica na idade
moderna. De realçar que no decurso ou desenrolar deste trabalho, servir-nos-emos da doutrina
como base de orientação.

Ademais, com vista, a melhor a compreensão do trabalho, procuramos em primeiro lugar, expor,
os conceitos menos complexos ate aos mais complexos.

1.2. Objectivos gerais


 Compreender e assimilar a temática da Retorica jurídica na idade moderna

1.3.Objectivo específico
 Caracterizar a retórica jurídica na idade moderna

1
2. Retorica jurídica na Idade moderna

2.1. Origem e Conceito da Retorica


Em primeiro dizer que, os mais recentes estudos indicam que a retorica e surgiu na antiga Grécia,
tendo sua origem conectada ao discurso judiciário. Por volta de 465 a.C., Córax e Tísis teriam
publicado uma compilação de seus preceitos básicos, denominada Arte Retórica (Tekhné
Rhetoriké). Tal obra era destinada as pessoas envolvidas em conflitos judiciários, oferecendo-
lhes preceitos práticos, numa época em que a figura do advogado ainda não existia.

A Retórica é a arte do discurso, do bem falar, como indica a própria etimologia da palavra. Mas,
além disso, é também a teoria acerca dos recursos verbais, sejam orais ou escritos, que são
capazes de tornar um argumento persuasivo1.

Os mais recentes estudos indicam que essa arte surgiu na antiga Grécia, tendo sua origem
conectada ao discurso judiciário. Por volta de 465 a.C., Córax e Tísis teriam publicado uma
compilação de seus preceitos básicos, denominada Arte Retórica (Tekhné Rhetoriké). Tal obra
era destinada as pessoas envolvidas em conflitos judiciários, oferecendo-lhes preceitos práticos,
numa época em que a figura do advogado ainda não existia.

É importante salientar que, o Aristóteles define a retórica não apenas como uma arte de
persuadir, mas também como o estudo que permite determinar qual a forma argumentativa a ser
utilizada pelo interlocutor em cada caso específico. Entendemos por retórica a capacidade de
descobrir o que é adequado a cada caso com o fim de persuadir. Esta não é seguramente a função
de outra arte; pois cada uma das outras é apenas instrutiva e persuasiva nas áreas da sua
competência. A retórica parece ter, por assim dizer a faculdade de descobrir os meios de
persuasão sobre quaisquer meios de persuasão sobre qualquer questão dada. E por isso
afirmamos que, como arte, as regras se não aplicam a qualquer género específico de coisas.

2.2. As características da retorica jurídica na idade moderna


A doutrina pressupõe modernamente que o conceito da retorica jurídica pressupõe usos
discursivos em vários contextos, nos quais circulam discursos sociais. Assim, passou-se a

1
BARRETO, Vicente de Paulo. Dicionário de Filosofia do Direito. Rio de Janeiro: Renovar, 2006, p. 724.

2
reconhecer uma diferenciação entre conceitos científicos, que se submetem aos rigores de
metodologia científica, sobretudo nos campos das ciências ditas exactas e os valores
intrinsecamente controversos, como ciências humanas, que permitem a discussão e
argumentação na valoração de seus conceitos e usos, nestes casos, a retórica revela uma forte
aliada, e é neste sentido que se consolida esta arte contemporaneamente. Assim, os estudos têm
sido realizados no sentido de retomar e ao mesmo tempo renovar a retórica dos gregos e dos
romanos, concebida como arte de bem falar, ou seja, a arte de falar de modo a persuadir e a
convencer e retomar a dialéctica e a tópica, artes de diálogo e da controvérsia.

Perelman2 considerando o seu conceito moderno, vê a retórica como a lógica do discurso não
formalizável, tendo suas origens conceituais em Aristóteles. O autor denomina a sua teoria da
argumentação da nova retórica, tendo como objecto de estudo o discurso sob a égide política da
ética e do direito.

Sua teoria passou, então, a ser analisada pelos estudiosos modernos, que foram elaborando outras
teorias da argumentação com base nos estudos de Parelman, muitas delas aplicadas a discursos
específicos, como é o caso de discurso jurídico. O uso da retórica e argumentação nos discursos
jurídicos na era moderna, era intrinsecamente retórico, isso porque tratava-se da elaboração de
teses argumentativas dialécticas, nas quais as partes buscavam provar estar com razão.

O problema central da dialéctica jurídica é então proferir o justo e o direito na decisão judicial, e
isso realizado através da análise das estratégicas utilizadas para a construção textual e dos
argumentos jurídicos por meios das técnicas retóricas e dialécticas dos enunciadores. O juiz do
direito, no seu papel de auditório, ira fundamentar a sentença, utilizando as premissas
desenvolvidas, e se essas foram verosímeis ou não, somente neste ponto irá determinar quem
venceu a batalha.

Até o século xx, imperou no pensamento do Direito a teoria jusnaturalista filosófica


jusnaturalista, que consiste numa ideia de direito universal, em que os fenómenos são regidos por
leis naturais, sendo assim, todas as pessoas se submetem a uma norma transcendente, anterior a
própria existência da humanidade

2
PERELMAN, Chaïm. Lógica Jurídica. São Paulo: Martins Fontes, 2004, p. 101

3
Actualmente é pouco provável que uma nova metafísica possa afastar de novo a retórica e fazer
reviver a necessidade matemática enquanto modelo de discurso e de pensamento. Uma das
características do pensamento contemporâneo e o reconhecimento da dimensão problemática da
existência e dos valores, a própria ciência deixou de ser analisada como uma série de resultados
que se acumulam de maneira progressiva. Assim para Popper, ela assemelha-se mais uma
diligência conjectural cuja falsificabilidade intrínseca torna problemático o próprio resultado
aparentemente mais certo. De facto, todo o campo da reflexão revela-se atravessado pela
problematicidade.

A derrocada de um certo tipo de racionalidade no século passado afectou a totalidade da tradição


ocidental muito para além das críticas dirigidas a Descartes e ao primado da consciência, porque
as ideias da necessidade, de verdade unívoca, de demonstração, de clareza ou de formalização
nascem com a filosofia grega. Na época moderna, estas ideias deslocaram somente no sujeito e
na consciência de si. Esta deslocação é certamente importante mas não cria uma verdadeira
ruptura relativamente ao modelo milenar de uma razão que afirma a sua necessidade
precisamente no culto da necessidade que a fortalece.

Com surgimento da ciência moderna e a consolidação do método científico as técnicas retóricas


iniciam um período de declínio, visto que a ciência se apresenta com a verdade real a ser
considerada, dando lugar ao positivismo científico.

Na Idade Moderna, a retórica como arte argumentativa começou a ser completamente


desacreditada, principalmente após Descartes, que reafirma o primado das evidências sobre os
argumentos verossímeis. Se desenvolve o discurso científico, para o qual não se trata de
convencer ninguém, mas de demonstrar com "fatos", "dados", "provas" da Verdade, que passa a
ser considerada única e irrefutável. É importante realçar que, quando a retorica estava a ser
desacreditada esta conseguiu sobreviver no ensino da oratória, na prática literária e nos discursos
jurídicos.

Chaïm Perelman afirma que3 Descartes e os racionalistas puderam deixar de lado a retórica na
medida em que a verdade das premissas era garantida pela evidência, resultante do fato de se
referirem a ideias claras e distintas, a respeito das quais nenhuma discussão era possível.

3
PERELMAN, (Ob.cit. pp 142)

4
Pressupondo a evidência do ponto de partida, os racionalistas desinteressaram-se de todos os
problemas levantados pelo manejo de uma linguagem”

No século XX, a Retórica é retomada, como consequência da generalização das teses relativistas
e do descrédito das ideologias.

Atienza explica que o que é hoje entendido como teoria da argumentação jurídica, surgiu por
volta da década de 50, em uma série de obras que “compartilham entre si a rejeição da lógica
formal como instrumento para analisar os raciocínios jurídicos” 4. Dentre essa série de obras,
destacam-se três concepções mais relevantes: a tópica de Viehweg, a nova retórica de Perelman e
a lógica informal de Toulmin

É importante realçar que, Perelman prefere, para sua teoria, o termo retórica ao vocábulo
dialética. Isso ocorre pela importância que atribui ao auditório, elemento essencial de sua tese, já
que toda argumentação visa à adesão dos indivíduos5.

O conceito de auditório é, dessa forma, de vital importância para a correta compreensão da


Teoria de Perelman. Para ele, auditório é “o conjunto daqueles a quem o orador quer influenciar
com sua argumentação”. Juntamente com o auditório, Perelman distingue mais dois elementos da
argumentação:

 O discurso; e
 Orador.

O filósofo acredita que os elementos da argumentação não podem ser considerados


individualmente, mas no todo, no conjunto, sendo que " considera que a estrutura do discurso
argumentativo se assemelha à de um tecido: a solidez deste é muito superior à de cada fio que
constitui a trama. Uma consequência disso é a impossibilidade de separar radicalmente cada um
dos elementos que compõe a argumentação"6

Segundo o autor rectro citado, os auditórios, classificação se em virtude da distinção da


argumentação perante o auditório universal. Ou seja, temos aquela que é feita para um único

4
ATIENZA, Manuel. As Razões do Direito - Teorias da Argumentação Jurídica. São Paulo: Landy, 2000, p. 81
5
PERELMAN, Chaïm. Tratado da Argumentação – A Nova Retórica. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 5

6
ATIENZA, Manuel, (Ob. Cit. pp. 85).

5
ouvinte (diálogo) e a deliberação consigo mesmo. Note-se que o conceito de auditório universal
é também nuclear em sua teoria.

A necessidade de se adaptar ao auditório implica a possibilidade de superestimar grupos que não


são de fato representativos. A consequência são paradoxos e contradições ante a contra-
argumentação alheia. É para isso que se cria uma imagem de um auditório que englobe a
totalidade dos seres. Dado que é uma construção imaginária, este auditório universal se conforma
em função dos indivíduos que o criam.

2.3. Os aspectos necessários para o estudo da argumentação jurídica


PERELMAN, propõem três aspectos iniciais e necessários para o estudo da argumentação:

 Acordo;
 Escolha; e
 Apresentação das premissas.

O acordo

O acordo pode ser definido como aquilo que é admitido desde o início da argumentação. Seus
objetos podem ser relativos ao real (fatos verdades e presunções) ou ao preferível (valores,
hierarquias e lugares do preferível), sendo que se diferem, pois os primeiros querem ser válidos
para o auditório universal, enquanto os segundos teriam sua validade admitida apenas em
auditórios particulares.

A escolha

A escolha dos dados e sua adaptação com vistas à argumentação é justamente a opção por
utilizar, ou não, certa premissa em determinada argumentação, é uma “seleção prévia dos
elementos que servirão de ponto de partida para a argumentação e da adaptação deles aos
objetivos desta última”. Para Perelman, seu papel é evidente, já que o simples fato de optar-se
por um dado e apresentá-lo ao auditório já demonstra sua importância e pertinência no debate.

Apresentação das premissas.

6
Perelman afirma que “antes mesmo de argumentar a partir de certas premissas, é essencial que o
conteúdo delas se destaque contra o fundo indistinto dos elementos de acordo disponíveis”.
Explica que a apresentação dos dados muitas vezes se confunde com a escolha dos mesmos, mas
destaca a importância de uma apresentação eficaz, que pode impressionar os ouvintes e orientar
seus espíritos em uma dada direção.

Existem autores que alegam que, o objetivo de uma argumentação não é deduzir as
conseqüências de certas premissas, mas provocar e reforçar a adesão de um auditório às teses que
são apresentadas ao seu assentimento”(1996, p.23). Isto significa que seu objetivo principal é
construir os princípios de uma racionalidade dos assuntos humanos que se distancie quer da
evidência demonstrativa, que pouco se lhes adequa, quer da irracionalidade do recurso às paixões

Como vimos a retórica que renasce no Séc. XX e se afirma em pleno séc.XXI que já não é
exactamente a mesma técnica retórica que herdámos da antiguidade clássica. É verdade que
ainda está ao serviço da persuasão, no entanto, persuadir na época da comunicação de massas, é
bastante diferente da persuasão que o orador clássico mobilizava face-a-face com o seu auditório.
A Retórica, hoje, é completamente distinta7.

Em primeiro lugar, numa época de intensa mediatização, os três géneros oratórios sofrem uma
abertura que os remodela ao mesmo tempo que a Retórica vai anexando todas as formas
modernas do discurso persuasivo. A Retórica deixa de ser encarada somente persuasão
discursiva verbal para reivindicar o estudo da persuasão para lá da palavra (como a imagem ou o
cinema), e incluir a comunicação não-verbal (para-linguística, proxémica e quinésica). Com
efeito, a Retórica adquire, na contemporaneidade, faces muito diversas, desde a Retórica da
Publicidade, passando pela Retórica da Imagem até, por exemplo, à Retórica da Comunicação
Política, entre muitas outras.

Em segundo lugar, a Retórica moderna é uma Retórica completamente estilhaçada, dividida em


múltiplos horizontes de aplicação, e fragmentada em campos de estudo distintos. Assim, a
Retórica actual apresenta-se estilhaçada em vários sentidos: estilhaçada nos contextos de usos, os
quais ultrapassam o discurso do orador perante uma assembleia. Mas também estilhaçada quanto
ao foco persuasivo: a Retórica comporta agora a prática persuasiva em geral, desde o discurso e

7
MATEUS, Samuel. Introdução a Retorica no Seculo XXI. Editora LabCom.IFP. Covilhã, 2018. Pp 158

7
comportamento do vendedor, passando pelos palestrantes e conferencistas até, por exemplo, ao
discurso familiar.

Atenieza ressalta o fato de que a força de um argumento depende também do contexto. Isso se
torna claro na medida em que se pensa que certo argumento pode ser extremamente convincente
a certa época, e não ter tanta força em outro contexto: “o que, em certa situação, pôde convencer,
parecerá convincente numa situação semelhante ou análoga. Assim, a força dos argumentos
depende, em grande parte, de um contexto tradicional. Portanto, a força do argumento depende
do auditório e da ocasião.

"A força de um argumento dependeria de diversos fatores, como a intensidade da aceitação por
um auditório, a relevância do argumento para os propósitos do orador e do auditório, a
possibilidade de ele ser refutado (quer dizer, até que ponto o auditório aceita certas crenças que
permitiriam refutar o argumento) e as reações de um auditório considerado hierarquicamente
superior (um argumento é mais forte que outro se um auditório crê que esse argumento teria mais
força para um auditório que ele considera hierarquicamente superior)”

Actualmente, a Retórica é também, e sem sombra de dúvidas, uma Retórica Mediatizada, isto é,
uma técnica da persuasão que não se limita à oratória nem ao orador frente ao seu auditório mas
que engloba a persuasão realizada (e potenciada) por intermédio dos Media. “Retoricamente, os
meios não potenciam apenas o alcance do discurso, não se limitam a levar o discurso a mais
ouvintes ou a adicionar-lhes imagens mas alteram as próprias formas da persuasão”. Dada a
centralidade em todos os processos comunicacionais, os meios de comunicação tornaram-se
também parte integrante do desenvolvimento moderno da persuasão, pelo que a apreciação
contemporânea da Retórica é indissociável da mediatização.

Repare-se que não se trata da “retórica mediática” considerada como o tipo discursivo
característico dos médios durante o seu normal funcionamento (por exemplo, a retórica da
informação e do entretenimento, de acordo com os seus respectivos regimes de objectividade e
de imediatez). Referimo-nos aqui mais exactamente à Retórica Mediatizada, isto é, às
modificações que os meios de comunicação introduzem nos processos de persuasão.

O interesse pela mediatização da Retórica é devido, não apenas, à quantidade de interacções


persuasivas que são agilizadas pelos meios de comunicação de massa, como também, porque é a

8
própria organização persuasiva que se transforma assim que sofre a influência dos Media. Dito
por outras palavras, a mediatização da Retórica é, hoje, incontornável, quer pela intensificação
da persuasão permitida pelos meios de comunicação, quer pelas mutações que estes introduzem
nas próprias formas da persuasão e argumentação. Em terceiro lugar, a Retórica é, actualmente,
absolutamente singular porque a entrada dos meios de comunicação de massa altera a natureza e
configuração clássica da Retórica. Tornou-se imprescindível estudar a Retórica, não apenas
como dispositivo literário ou ferramenta da persuasão, mas como a própria natureza da
comunicação persuasiva, seja ela não-mediatizada – como na antiguidade clássica – ou
mediatizada. Dito por outras palavras, é necessário examinar a persuasão na altura em que sofre
uma ampliação em termos tecnológicos e uma multiplicação dos meios de comunicação
disponíveis

2.4. As conexões entre retórica e direito na Modernidade.

Uma crítica que chega até a segunda metade do século XX e permanece até hoje, mesmo que um
tanto enfraquecida, se refere ao pequeno número de trabalhos publicados que se dedicaram ao
estudo das conexões entre retórica e direito8.

A retomada de interesse pela retórica jurídica, pois, pode ser vista como uma ironia diante do
longo período em que a tradição retórica clássica foi rejeitada na epistemologia jurídica. De fato,
a retórica clássica não era entendida como algo estranho ao direito, pelo contrário, ambas as artes
formavam um todo orgânico. A ligação entre retórica e direito era tal, que não havia espaço
sequer para se pensar em interdisciplinaridade. A formação jurídica de alguém era antes uma
formação retórica. Consequentemente, a rejeição da tradição retórica clássica acarretou uma
igual rejeição de possíveis conexões entre retórica e racionalidade.

Mesmo os defensores da retórica, eventualmente, opuseram-na a ideia de razão, como se a


retórica fosse somente uma saída alternativa para a esterilidade da lógica no trato dos problemas
jurídicos. Tanto os que se opıem a retórica, como aqueles que a defendem, mas colocam-na em
um plano inferior, não aceitam que a retórica tem, além de sua função estilística, uma dimensão
substantiva.

8
DE LIMA, Pedro Parine Marques. RETÓRICA COMO MÉTODO NO DIREITO. O ENTIMEMA E O
PARADIGMA COMO BASES DE UMA RETÓRICA JUDICIAL ANALÍTICA. Recife, janeiro de 2007.

9
Ademais, Como se pode ver, pelos exemplos da Antiguidade, da idade média e do renascimento,
por vários séculos, foram muitos os elementos de comum interesse aos estudantes de direito e
aos estudantes de retórica.

No século XX, contudo, estes dois grupos passaram a se desenvolver com quase nenhuma
interação. Dois fenómenos podem ser elucidativos para a compreensão dessa divergência entre
os dois campos de estudo. Enquanto os pesquisadores da área de comunicação utilizam ainda
Cícero para explicar o direito, os juristas creem na importância de uma lógica analítica para
entender o raciocínio jurídico. Assim, pois, as criticas dos juristas ontólogos da atualidade a
retórica são do mesmo tipo das críticas formuladas por Platão á sofistas. Segundo aqueles, a
retórica só serviria para distorcer e confundir, fazendo com que o mau parecesse bom. Esses
juristas ontólogos podem estar divididos em duas categorias:

 Os que defendem um direito natural superior ao direito positivo;


 Os que acreditam na necessidade das deduções dos procedimentos guiados por regras
lógicas (racionais).

Quando se pensa nas conexões entre retórica e democracia, a primeira lembrança parece advir
dos livros sobre retórica antiga quando tratam do nascimento da retórica. O ambiente político
descrito é sempre da queda dos tiranos na Sicília e a retomada das terras pelos antigos senhores
que passam a reivindica-las em foro público. A então, inexistência de advogados profissionais
obrigou os cidadãos gregos a se tornarem mais Íntimos com o uso da palavra como instrumento
de obtenção dos direitos patrimoniais que alegavam ter. Daí uma maior atenção passou a ser
dedicada a argumentação persuasiva.

Tal facto histórico não é, no entanto, garantia suficiente para se provar qualquer relação de
necessidade de coexistência entre a retórica e a democracia. Para se ser democrático não é
necessário ser antes retórico. Ou mais ainda, como afirmam teóricos como Habermas, a acção
estratégica, tipicamente retórica, não teria lugar num ambiente verdadeiramente democrítico.

O que se observa claramente é que, nos Estados que se declaram democráticos, há um forte apelo
aos instrumentos retóricos para a defesa de ideologias particulares.

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3. Conclusão
Em detrimento dos factos expostos nesta temática (A retorica jurídica na idade moderna),
concluímos que, a retórica jurídica na idade moderna é vista como instrumento de argumentação
que vem sendo estudada nos mais diversos discursos ao longo da história. O seu uso no Direito e
na política se consolidou com o advento de uma nova postura estatal em julgar nos tribunais os
seus cidadãos rompendo assim com a autoridade com a autotutela do Direito. De salientar que, a
retórica como a lógica do discurso não formalizável, tendo suas origens conceituadas em
Aristóteles.

O uso da retórica e argumentação nos discursos jurídicos na era moderna, era intrinsecamente
retórico, isso porque tratava-se da elaboração de teses argumentativas dialécticas, nas quais as
partes buscam provar estar com razão.

Na Idade Moderna, a retórica como arte argumentativa foi completamente desacreditada,


principalmente após Descartes, que reafirmava que o primado das evidências sobre os
argumentos verossímeis se desenvolve o discurso científico, para o qual não se trata de
convencer ninguém, mas de demonstrar com "fatos", "dados", "provas" da Verdade, que passa a
ser considerada única e irrefutável. Bom, quando a retorica estava a ser desacreditada esta
conseguiu sobreviver no ensino da oratória, na prática literária e nos discursos jurídicos.

Importa salientar também, que no acto da exploração do tema, o grupo assimilou que, alguns
autores preferem o uso do termo retórico ao vocábulo dialética. Isso por causa da importância
que se atribui ao auditório, pelo que, entende se como auditório como o conjunto daqueles a
quem o orador quer influenciar com sua argumentação,

Ademais, explica a Doutrina que, a necessidade de se adaptar ao auditório implica a


possibilidade de superestimar grupos que não são de fato representativos. As consequências são
paradoxos e contradições ante a contra-argumentação alheia. É para isso que se cria uma imagem
de um auditório que englobe a totalidade dos seres. Dado que é uma construção imaginária, este
auditório universal se conforma em função dos indivíduos que o criam.

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4. Referencia Bibliográfica
BARRETO, Vicente de Paulo. Dicionário de Filosofia do Direito. Rio de Janeiro: Renovar,
2006;

PERELMAN, Chaïm. Lógica Jurídica. São Paulo: Martins Fontes, 2004;

ATIENZA, Manuel. As Razões do Direito - Teorias da Argumentação Jurídica. São Paulo:


Landy, 2000;

PERELMAN, Chaïm. Tratado da Argumentação – A Nova Retórica. São Paulo: Martins


Fontes, 1996;

MATEUS, Samuel. Introdução a Retorica no Seculo XXI. Editora LabCom.IFP. Covilhã,


2018;

DE LIMA, Pedro Parine Marques. RETÓRICA COMO MÉTODO NO DIREITO. O


ENTIMEMA E O PARADIGMA COMO BASES DE UMA RETÓRICA JUDICIAL
ANALÍTICA. Recife, janeiro de 2007.

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