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QUINTILIANO; M.

Fábio - Instituições Oratórias – Livro I –


Da eloqüência em geral.
Fichamento.
Rafael Ferraz Marcondes de Moura.

Capítulo I - Definições nascidas das diferentes opiniões sobre a sua qualidade.


Págs. 35 a 39.

Art. I – Definições nascidas das diferentes opiniões sobre a sua qualidade.

I - Diferentes opiniões sobre a sua qualidade. Primeira cláusula

• Uns julgam que os homens maus, se podem chamar oradores, outros, porém (de
cujo sentimento eu sou), querem que esse nome e profissão, só pertençam ao
homem virtuoso.

II – Primeira segunda e terceira definição.

• Uma força de persuadir.


• Artífice da persuasão.
.

III – Refutam-se.

• Porém, também persuade o dinheiro, o valimento, e a autoridade de quem fala, a


dignidade, e enfim, o mesmo aspecto mudo de um réu.

IV – Definições de Geórgias e de Teodetes. Refutam-se.

• Uma faculdade de persuadir por meio do discurso.


• Mover os homens por meio do discurso àquilo que o orador quiser.
• Nessas mesmas definições, não se dá uma idéia justa da eloqüência, Porque a
muitos que persuadem com as palavras, e movem os homens ao que querem,
sem contudo serem oradores.

V - Definição de Aristóteles, que também se refuta.

• A eloqüência é uma arte, de descobrir, tudo que pode persuadir em o discurso.


• Essa definição tem o defeito, de não compreender senão a invenção, a qual sem
elocução, não pode constituir um bom discurso oratório.

Art. II – diferenças das definições nascidas dos diferentes termos.

I - Diferentes termos empregados nas definições: segunda causa da sua variedade,


Definições de Quintiliano.
• A eloqüência é a ciência de falar bem.

Capítulo II – Se há uma arte de eloqüência. Págs. 43 a 48

I – que haja uma arte de eloqüência parece indubitável.

• Não só os oradores tinham interesse em dar merecimento aos seus estudos, mas
ainda os filósofos.

II – Opinião contrária de Antônio, e Lísias.

• Querem alguns que a eloqüência seja um talento natural.


• Os ignorantes e bárbaros, quando se trata de defender-se fazem sua espécie de
exórdio.
• A eloqüência, pois existiu antes da arte, e por conseqüência não depende dela.

III – Refuta-se a esse segundo fundamento.

• Qualquer casta de discurso merece o nome de eloqüência, então é esta anterior à


arte.
• Porém, se nem todos os que falam, podem-se chamar oradores, então devemos
confessar que é a arte a que forma o orador, e que este por conseqüência de
nenhum modo pode existir antes dela.

IV – Refuta-se o primeiro fundamento.

• Ninguém pode ser orador sem ter estudado.


• Dado que fosse bom orador, muito melhor sem dúvidas o haveria de ser com a
arte.

V – Opinião de Quintiliano, e sua prova.

• A arte é uma coleção de conhecimentos certos, e provados pela experiência, para


alcançar algum fim útil à vida.
• Tudo isso se acha na eloqüência.

Capítulo III – Do abuso, e uso da arte – págs. 51 a 55

I - Erro, e abuso de regras.

• As regras variam, segundo os casos, os tempos, a ocasião e a necessidade.


II – Sua extensão, e uso.

• A coisa mais essencial em um orador é prudência.


• As causas nos ensinarão, se há de haver exórdio.

III – Não há regras universais sem exceção, senão duas.

• Que o orador não perca nunca de vista esses dois pontos: que coisa seja decente,
e que coisa seja conveniente.

IV – Todas as mais são falsas, dando-se como universais sem exceção.

• Meu costume foi sempre ligar-me quanto menos, a esses preceitos que chamam
católicos, isto é, universais e sem exceções.

V – Erro e abuso de regras: como se deve usar delas.

• As regras também, lhe servem de muito, mas é, se elas mostram o caminho reto,
e não um rodado estreito.

Capítulo IV – A que classe de artes pertence à retórica pág. 59.

• Havendo três classes de artes.


• Umas que param na especulação e contemplação de seu objeto, as quais os
gregos chamam: teóricas.
• Outras que consistem na ação a qual encaminham, e se chamam: práticas.
• Outras a quais se chamam poéticas, as quais se terminam em certo artefato, ou
obra sensível.
• Podemos dizer que a eloqüência é prática, porque é por meio da ação que
cumpre à sua obrigação.

Capítulo V – qual conduz mais para a eloqüência, o estudo, ou a natureza – pág. 63


a 64

• A natureza é no orador a matéria, e o estudo o feitio.

Capítulo VI – Origem da eloqüência e da retórica – págs. 67 e 68

I – Origem, progressos, e perfeição da eloqüência.


• Eu não acho razão àqueles que atribuem os primeiros ensaios da eloqüência, aos
que a princípio foram acusados em juízo, pela razão.

II – Origem, e progressos da retórica.

• Quem deu pois a primeira origem a eloqüência foi a natureza, e à retórica a


observação.

Capítulo VII –história da Retórica – págs 71 a 76

Art. I – Retórica dos gregos, dividida em três épocas.

I – Primeira e segunda época, ou retórica heróica, e sofística.

• O primeiro de quem se conta, formara alguns projetos a respeito da Retórica, foi


Empédocles.
• Os escritores mais antigos dessa arte foram Córax e Tísias.
• A estes se seguiu Geórgias.
• A estes se sucederam muitos outros, mas o ouvinte mais célebre de Geórgias foi
Isócrates.

II – Terceira época, ou retórica sectária.

• Apolodoro de Pérgamo, mestre que foi de Cézar augusto.

Art. II – Retórica dos Romanos, dividida também em três épocas.


.

I – Primeira época, desde 600 até 700.

• Primeiro Romano a trabalhar algo nessa matéria foi Marco Catão o censor.

II – segunda época, desde 700 até 850.

• Cícero, esse modelo singular e entre nós da prática, e ensino dos preceitos
oratórios, foi quem deu o principal lustre, assim às regras como à eloquência

III – Terceira época, desde o fim do primeiro século até agora.

• Contudo, depois de tantos e tão abalizados escritores, não deixarei de interpor o


meu juízo em algumas matérias.
Capítulo VIII – das partes da eloqüência, e retórica. – págs 79 e 80

• Cinco são as partes da eloqüência; invenção, disposição, elocução, memória e


pronunciação.
• Com efeito, todo o discurso, que faz algum sentido, há de ter necessariamente
duas coisas: pensamentos e palavras.

Capítulo IX – Dos meios de persuadir de que serve a eloqüência. – pág. 83

• A eloqüência faz-se perfeita com três coisas: natureza, arte e exercício.


• Três são os meios que o orador deve por em uso para persuadir: convencer,
mover e atrair.

Capítulo X – Qual seja a matéria da eloqüência – págs. 86 e 87

I – Opinião de Quintiliano, fundada na autoridade de Platão.

• Eu julgo que são matéria da eloqüência, todas as coisas que se propõe o orador
• Eloqüência não consistia nas palavras e sim nas coisas.

II – E na autoridade de Cícero.

• A obrigação do orador é falar de todos e quaisquer assuntos.

III – Objeção contra esta opinião e resposta à mesma

• O Orador não conhece certamente todas as causas, que são infinitas: e, contudo
deve-se achar preparado para falar de todas.

Capítulo XI – Divisão da matéria geral da eloqüência em duas espécies de


questões. – págs. 91 a 93

I – Duas espécies de questões, indeterminadas e determinadas.

• As indeterminadas são as que tratam pró e contra, abstraindo das circunstâncias


particulares das coisas, pessoas, tempos etc.
• Questões determinadas, são as que se compõe do ajuntamento das circunstâncias
particulares das coisas.

II – A hipótese, de todos os três estados dependem, para se tratarem, das teses.

• Tudo que é questão de qualidade se reduz a questão geral.


• Já pelo que pertence a estado de definição, é certo que tudo que nele se
questiona, se reduz a questões gerais.

III – Que ordem guardaremos, no tratar essas questões.

• Não bastará a um orador ter tratado a tese geral, assim nunca poderá chegar a
tratar a hipótese.

Capítulo XII - Subdivisão da hipótese, e teses em três estados – págs. 97 a 100

I – Etimologia do estado.

• No estado está o primeiro conflito da causa.

II – Quantos e quais sejam os estados.

• Os estados eram ou racionais ou legais.


• Muitas ações se transferem, pois em quase todas as causas que se perdem.

III – Como a razão mostra não serem mais nem menos de três.

• Nenhuma demanda há que se possa explicar senão ou pela definição, ou pela


qualidade, ou pela conjectura.

Capítulo XIII – Classes gerais das hipóteses – pág. 103 a 105

I – Há três classes gerais de hipóteses.

• Duvida-se se são três, ou mais gêneros ou classes de causas.

II – Mostra-se isso pela razão.


• As coisas passadas são objetos de louvor ou vitupério, e as futuras de
deliberação.

III – Esses três gêneros de hipótese são o laudativo, deliberativo e judicial.

• Nenhum discurso de poderá assinar, em que não tenhamos de louvar, vituperar,


aconselhar, ou desaconselhar, intentar uma ação em juízo ou defendermo-nos
dela.

IV – Qual é a matéria de cada um.

• Raras vezes se achará causa judicial, em que não se encontre tratada algumas
das matérias ditas acima.

Capítulo XIV – Primeira classe geral das causas ou hipóteses laudativas – págs.
109 a 111

Art. I – Diferentes formas de louvor: Exórdio, e provas deste gênero.

I – O louvor, ou é pragmático.

• Aristóteles e Teofrasto parecem excluir este gênero do número das orações


pragmáticas, que tem por fim algum negócio, e reduzi-lo inteiramente ao deleite
puro dos ouvintes.
• Mas o uso dos romanos introduziu as orações deste gênero, também, nos
negócios civis da república.
• As orações também que Cícero publicou contra seus concorrentes, foram tidas
como discursos suasórios ou epidítico.

II – Exórdio deste gênero.

• Os exórdios deste gênero, julga Aristóteles, são os que o orador tem mais
liberdade.

III – Como devem ser as provas no pragmático ou epidítico.

• O que é epidítico, tem às vezes as suas provas aparentes e especiosas.

Art. II – Objeto de louvor, e lugares próprios dele.


I – Que coisas podem ser objeto de louvor

• O louvor tem especialmente lugar nos deuses e homens.

II – Tempo antecedente ao nascimento.

• Antes do nascimento, podem dar matéria ao louvor do homem, sua pátria, pais e
antepassados

III – Tempo da vida, bens do corpo, e da fortuna.

• O louvor do homem no tempo da vida se tira de três coisas, das qualidades do


espírito, das do corpo, e dos bens extrínsecos.

IV – Qualidades do espírito, seu louvor e métodos de fazê-lo.

• Só o louvor do ânimo é sempre verdadeiro.

V – Tempo depois da morte.

• Quanto ao tempo, que se seguiu à morte do homem, nem sempre dele nos
podemos servir para o louvor.
• Os filhos também dão matéria para o louvor dos pais, as cidades para os seus
fundadores, as leis aos legisladores.

VI – Para vituperar, há os mesmos lugares, e regras que para louvar. Tempo antes do
nascimento.

• A honra ou a ignomínia mostram ser verdadeiro ou o seu louvor, ou o vitupério

VII – Que se deve observar para fazer bem um elogio.

• A mesma diversidade de idéias que há nos povos há também em cada indivíduo.


• Todo o ouvinte favorece mais um orador, cujos sentimentos, vêem em tudo
conforme os seus.

Art. III – Do louvor das coisas inanimadas.


I – Louva-se pelo tempo, que os precedeu.

• A antiguidade assim como nas famílias, concilia aos povos e cidades, veneração
e respeito.

II – Louvor das regiões.

• Da mesma sorte, a lugares comuns para louvar qualquer dito e ação honesta.

III – Que estado tem mais uso no gênero demonstrativo.

• Todo este gênero demonstrativo tem muito parentesco com o deliberativo, pois
as mesmas coisas, que neste se costumam aconselhar, de ordinário se costumam
louvar em aquele outro.

Capítulo XV – Classes gerais das hipóteses – pág. 137 a 141

Art. I – Do exórdio, narração, proposição, e provas deste gênero.

I –Exórdio, não o há nas deliberações particulares.

• O gênero deliberativo chamando também suasório, Server para duas coisas:


suadir e dissuadir.

II – Narração, não a há nas deliberações particulares.

• Pelo que respeita à narração do negócio, precisamente, sobre que se nos pede
nosso parecer, ela é escusada nas deliberações particulares.
• Contudo poderi-se-a fazer narração de muitas coisas, que ainda que extrínsecas,
pertencem a deliberação.

III – Proposição deliberativa. Questões de conjectura.

• Para suadir ou dissuadir, três coisas se deverão primeiro que tudo considerar:
que coisa seja aquela que se delibera? Quem são os que deliberam? E quem é o
que dá conselho?
• Onde as questões de conjetura não tiverem lugar, passaremos a examinar as
questões de qualidade.
• Quanto à ordem com que se devem tratar as questões de discurso, começaremos
sempre por aquela da qual se poderia deliberar.

IV – Confirmação: meios éticos para persuadir.


• No gênero deliberativo especialmente a autoridade, é de sumo peso para
persuadir.

V – Meios lógicos, ou argumentos e seus lugares.

• Toda deliberação, não tem outro objeto, senão as ações humanas.


• Porque toda deliberação cai sempre sobre coisas duvidosas.

VI - Deliberações comparativas entre o honesto e o útil.

• Muitas vezes ocorrendo em uma deliberação, dois expedientes a seguir, um


honesto, e outro útil, devemos que se deve desprezar o útil, e seguir o honesto.

VII – Entre o útil, e o útil.

• Toda suasória, não é verdadeiramente mais que uma comparação entre o útil e o
honesto; entre o honesto, e honesto, e entre o útil, e útil.

Art. II – Do decoro que é necessário guardar nos discursos suasórios.

I – Decoro dos pensamentos, relativamente às pessoas dos que deliberam.

• Contudo, por conta do decoro, importa muito ver, de que pessoas tiramos os
exemplos, e a quem os aplicamos.
• Porque enfim, quem delibera a respeito de uma ação ilícita, o que procura
unicamente, são os pretextos para fazer parecer menos criminosa a sua ação.

II – Decoro dos pensamentos relativamente à pessoa do orador.

• O que em uns é só uma liberdade louvável, em outros é desaforo.


• Esta é a razão porque me parecem sumamente dificultosas, as prosopopéias,
quer dizer, os discursos que fazemos debaixo de pessoas supostas.

III – Decoro do estilo relativamente à matéria, Opinião de Aristóteles e Teofrasto.

• Teofrasto quis que o estilo nesse gênero deliberativo, não tivesse ornato algum
afetado.
• Aristóteles com efeito, julgou que o gênero mais próprio para escrever era o
demonstrativo.

IV – Qualidades do espírito, seu louvor e métodos de fazê-lo.

• Só o louvor do ânimo é sempre verdadeiro.

V – Tempo depois da morte.

• Quanto ao tempo, que se seguiu à morte do homem, nem sempre dele nos
podemos servir para o louvor.
• Os filhos também dão matéria para o louvor dos pais, as cidades para os seus
fundadores, as leis aos legisladores.

VI – Para vituperar, há os mesmos lugares, e regras que para louvar. Tempo antes do
nascimento.

• A honra ou a ignomínia mostram ser verdadeiro ou o seu louvor, ou o vitupério

VII – Que se deve observar para fazer bem um elogio.

• A mesma diversidade de idéias que há nos povos há também em cada indivíduo.


• Todo o ouvinte favorece mais um orador, cujos sentimentos, vêem em tudo
conforme os seus.

Art. III – Do louvor das coisas inanimadas.

I – Louva-se pelo tempo, que os precedeu.

• A antiguidade assim como nas famílias, concilia aos povos e cidades, veneração
e respeito.

II – Louvor das regiões.

• Da mesma sorte, a lugares comuns para louvar qualquer dito e ação honesta.

III – Que estado tem mais uso no gênero demonstrativo.


• Todo este gênero demonstrativo tem muito parentesco com o deliberativo, pois
as mesmas coisas, que neste se costumam aconselhar, de ordinário se costumam
louvar em aquele outro.

Capítulo XVI – Terceira classe geral das hipóteses ou causas judiciais – págs. 145 a
147

I – Fins do gênero judicial, e suas partes.

• Suas partes, segundo o maior número de autores são cinco: proêmio, narração,
prova, refutação e peroração.

II – Alguns aumentaram o seu número.

• Alguns acrescentaram a estas a partição, a proposição e a digressão.

III – Outros o diminuirão.

• Não sou da opinião daqueles que como Aristóteles, excluem dos números das
partes a refutação.

IV – Ordem com que essas partes se devem meditar.

• Estas partes, porém que acima estabeleci não de devem meditarem pela mesma
ordem com que se pronunciam.
QUINTILIANO; M. Fábio - Instituições Oratórias – Livro II
– Da invenção e disposição.
Fichamento.
Rafael Ferraz Marcondes de Moura.

Capítulo I – Do proêmio – págs. 153 a 177

Art. I – Do exórdio, narração, proposição, e provas deste gênero.

I – Da benevolência.

• Para excitar a benevolência, ou tiramos motivos das pessoas, ou os recebemos


das causas.

II – Como se tirará o exórdio da causa.

• Se a causa nos der matéria para conciliar o juiz, desta principalmente se deverão
escolher as coisas mais favoráveis.

III – Como se tira o exórdio das pessoas e das causas.

• As circunstâncias extrínsecas, pertencentes à causa, são a ocasião, donde é


tirado o exórdio.

IV – Um quarto lugar dos exórdios.

• Estes exórdios, que tiram a sua matéria da oração, têm suma graça, por isso mesmo
que, não sendo compostos em casa, e nascidos das circunstâncias que ocorrem,
mostram no advogado que os faz, um grande talento.

Art. II – Da atenção, e docilidade.

• Também conciliam o favor as coisas que apesar de serem comuns a uma ou


outra parte, não é, contudo bom, largar mão delas.

II – Como faremos o juiz dócil.


• Esta mesma atenção contribui a fazer dócil o ouvinte.

Art. III – Quando, e como se empregarão no exórdio esses meios.

I – Em que causas se empregarão, ou não, cada um desses meios.

• Para este fim, a maior parte dos retóricos distingue cinco gêneros de causas:
honestas, baixas, duvidosas, paradoxas e vergonhosas.

II – Dos exórdios insinuativos.

• Distingue os mesmos autores, duas castas de exórdios, um chamado


simplesmente de princípio, e outro, insinuação.

III – Regra geral para as insinuações.

• Fujamos sempre daquelas coisas que nos fazem mal, para as favoráveis.

IV- Resultado de toda doutrina antecedente, e modo fácil para fazer qualquer exórdio.

• Agora, porém tem por proêmio, tudo aquilo por onde principiam, e dão o nome
de exórdio.

Art. IV – Do estilo do exórdio.

I – Que regra deve haver nas sentenças, na colocação, voz, semblante e ornato.

• No exórdio, quase sempre está bem a moderação nas sentenças, na colocação, na


voz, e no semblante.

II – Como deve ser o estilo e o exórdio.

• O estilo, pois dos exórdios, não pode ser como o dos argumentos e da narração.
• Porque esse estilo disfarçado e sem ostentação, é pela maior parte mais
insinuante.

III – Se nele podem entrar as figuras fortes, que faz os exórdios abruptos.
• Pois devemos confessar, é mais natural dirigir os discurso às pessoas que nos
queremos conciliar do que a outras.

IV – Sete espécies de exórdios viciosos.

• Vulgar, comum, comutável, separado, transferido, longo e contra as regras.

V – Quando se escusará o exórdio.

• Muitas vezes será escusado, como quando sem ele o juiz se acha assaz
preparado, ou quando a causa não necessita de preparação.

VI – Como se fará a transição do exórdio para a parte seguinte. Abuso dos


declamadores a esse respeito.

• O ultimo pensamento do proêmio deve ser tal que com ele se possa ligar bem o
princípio da parte seguinte.

Capítulo II – Da Narração – págs. 181 a 211

Art. I – Da necessidade, e lugar da narração.

• Muitos tiveram para si, que sempre se devia fazer narração, o que em muitos
casos se mostra ser falso. Primeiramente, porque a causas de si tão breves, que
antes querem uma proposição que uma narração.

II – Casos, em que o autor só não deve narrar.

• Outras vezes acontece a uma das duas partes, tão somente o deixar de fazer
narração, e as mais das vezes, ao autor por duas razões: ou porque lhe basta
propor a coisa simplesmente, ou porque isso mesmo lhe é mais conveniente.

III – Casos, em que o mesmo deve fazer narração.

• Quando o réu nega-se redondamente o crime, de que é acusado.

IV – Lugar da narração. Porque deve ir depois do exórdio.


• A razão parece pedir, que imediatamente após o exórdio se instrua o juiz no fato.

Art. II – Que coisa seja narração, suas espécies e virtudes.

I – Definição, virtudes, e espécies.

• As maiores partes dos retóricos, principalmente os isocráticos, querem que ela


seja, clara, breve, e verossímil.

II – Espécie de narração. Deve ter as três qualidades.

• Estas qualidades se fazem especialmente necessárias, especialmente nessa parte


do discurso, que é a primeira a instruir o juiz.

III – Regra da clareza.

• Será clara a narração se for exposta com termos próprios.

IV – Regras da brevidade.

• A mesma narração será breve, se começarmos a contar a coisa desde o ponto, em


que o conhecimento dele pertence ao juiz.
• Porque a narrações compridas pela mesma natureza da coisa quê se há de narrar.

Art. III – Da segunda e terceira espécie de narração.

I – Deve-se fazer narração ainda quando é toda contra nós: e como.

• Na verdade não há coisa mais fácil do que deixar inteiramente de advogar a


causa.

II – Nas causas de definição.

• Os mesmos servos desculpam as faltas que confessam.


III – Nas de qualidade.

• Se acaso se tratar do estado de qualidade, que só tem lugar quando o fato é


certo, narraremos as mesmas coisas mas não do mesmo modo.

IV- Nas de conjetura.

• As causas conjeturais, porem, em que a questão é sobre o fato mesmo, essas as


mais das vezes tem narração.

V – Narrações fingidas, suas espécies e regras

• Também no foro a narrações falsas. Umas que se provam com documentos,


outras cuja verossimilhança é um efeito puro do engenho do orador.

VI – Terceira espécie da narração mista e como se deve fazer.

• Se parte da narração for por nós, parte contra nós, à vista da causa veremos qual
nos convém mais, se misturar tudo, ou separá-lo.

Art. IV – Dos vícios da narração.

I – Cinco vícios da narração que alguns contam contrários às suas virtudes.

• A respeito da narração: “que se não faça nela digressão alguma”.

II – Juízo particular sobre as digressões.

• Nenhuma coisa terá menos razão para entrar na narração que a digressão.

III – Sobre as apóstrofes, e prosopopéias.


• A apóstrofe tem a vantagem de indicar a causa com mais precisão e mais força.

IV – Sobre as argumentações.

• Na narração nunca usaremos de argumentação, de argumentos sim, algumas vezes.

V – Sobre as paixões.

• Não devemos nos demorar nelas.

Art. IV – Do estilo da narração.

I – Estilo da narração em geral.

• De todas as partes do discurso, a narração é a que deve ornar com todas as


graças e belezas.

II – Estilo da narração, das causas menores considerado nas palavras, colocação e


figuras.

• A colocação deverá ser sim disfarçada, mas, contudo a mais suave que for
possível.
• As figuras é verdade, não deverão ser poéticas.

III – Estilo da narração nas causas maiores.

• Quando a causa, porém for maior, poderemos narra os casos atrozes.

IV – Cautela, que deve haver nos ornatos da narração.

• Nesta parte se deve evitar toda a suspeita de ardileza.


Capítulo III – Da proposição – págs. 213 a 215

I – Duas espécies de proposição, uma particular, outra geral.

• A proposição é sempre o princípio da prova.

II – A geral, quando será desnecessária.

• Às vezes se dá assaz a ver pela narração mesma o ponto, sobre que se litiga, e
nesse caso não se precisa de proposição.

III – Três casos, em que a mesma se faz precisa.

• A mesma proposição será precisa na causas escuras, e nas complicadas.

IV– De quantos modos é a proposição geral.

• As proposições gerais são símplices ou complexas.

Capítulo IV – Da partição – págs. 219 a 223

Art. I – Quando se deverá usar de partição

I – Definição, e efeitos da partição.

• A partição é uma “enumeração bem ordenada dos nossos pontos, ou dos pontos
do adversário, ou de uns e outros”.

II – Casos em que não convém fazer partição.


• Quando com ela se tira a graça da novidade.
• Quando uma parte prejudica a persuasão da outra.

III – Partições oportunas, e suas utilidades.

• Mas, assim como nem sempre é necessária a partição, antes prejudicial em


alguns casos: assim empregada oportunamente comunica ao discurso muita luz,
e deleite.

Art. II – Como se devem fazer as partições.

I – Regra de partição. Não ter demasiados membros.

• É preciso evitar com muito cuidado as partições, demasiadamente miúdas e


nodosas.

II – Segunda regra. Nem sempre menos do que são precisos.

• Não obstante ser certo que, se a divisão for de demasiadas partes, escapará da
memória do juiz, e perturbará a atenção.

III – Terceira regra. Que seja clara.

• A proposição, ou seja, simples, ou dividida, deve ser clara e distinta.

IV- Quarta regra. Que seja breve.

• Além disso, deve ser breve, isto é, feita de modo que não vá carregada de
palavra alguma supérflua.

V – Quinta regra. Que seja exata.

• Também devemos cuidar em que a mesma seja exata, para que nem falte
membro algum, nem lhe sobeje.
Capítulo V – Dos meios lógicos de persuadir em geral, e da prova inartificial em
particular. – págs. 229 a 239

I – Divisão geral das provas, ou meios lógicos de persuadir.

• Tem merecido a aprovação universal aquela divisão mais geral das provas, de
que Aristóteles é autor foi o autor. Que umas eram que o orador recebia de fora,
e outras que ele por si mesmo tirava das causas, chamando por isso àquelas
inartificiais, e estas artificiais.

II – Primeira espécie. Caso julgados.

• Três espécies há de casos julgados, uns consistem em casos decididos em outro


tempo pelos julgadores.
• Outros consistem nas sentenças, e juízos antecipados relativos à mesma causa.
• Outros enfim são as sentenças já dadas na mesma causa em primeira instância.

III – Segunda espécie. Fama.

• O homem mais inocente pode estar sujeito, querendo um inimigo difamá-lo.

IV – Terceira espécie. Confissão dos réus extorquida pelos tormentos.

• Assim como na tortura, é um lugar comum muito freqüente o chamar-lhe uma das
partes necessidade de confessar a verdade.

V – quarta espécie. Títulos.

• Todos sabem que eles costumam não só refutar mas ainda acusar.

VI – Quinta espécie. Juramento


• O oferecer o seu juramento, sem o exigir da parte contrária, quase sempre é
odioso.

VII – Sexta espécie. Testemunhas.

• O lugar, porém, em que mais faz suar os advogados são as testemunhas.


• Estas ou dão o seu depoimento por escrito, ou de viva voz.

Capítulo VI – Da prova artificial, e sua importância – págs. 239 e 240

I–

• O segundo gênero de provas são as artificiais, que consistem em certas coisas


que o orador descobre próprias para convencer.

II – Os lugares comuns supõem as provas.

• Depois de trazermos para a prova de ação a ira, ou o medo, ou a cobiça,


fazemos um lugar comum, espraiando-nos em mostrar nele qual é a natureza.

III– A amplificação, e noção dos afetos, e o deleite mesmo supõe as primeiras provas.

• Também não nego, que o deleitar de alguma coisa serve, e o mover das paixões
muito mais.

Capítulo VII – Divisão geral das provas artificiais, e dos sinais em particular. –
págs. 243 e 244.

I – Três espécies de prova artificial.

• Toda prova artificial consta ou de sinais ou de argumentos ou de exemplos.


II – Sinais necessários.

• Os primeiros são aqueles, que mostram a coisa de tal sorte, que esta não pode
deixar de existir.

III – Sinais são necessários.

• Os sinais não necessários são aqueles que, não sendo por si só bastantes para
tirar toda a dúvida, contudo juntos com as outras provas tem muita força.

Capítulo VIII – Dos argumentos. – págs. 247 a 252.

I – Argumento: que coisa é, e suas espécies.

• O argumento é “razão que nos dá a prova pela qual de uma verdade concluímos
outra, e provamos o que é duvidoso por meio do que não o é.”

II – Seis lugares dos argumentos certos

• Primeiro: as coisas que percebemos pelos sentidos.


• Segundo: aquelas coisas em que todos universalmente assentam.
• Terceiro: As coisas que se acham estabelecidas por lei ou costume.
• Quarto: As coisas, em que ambas as partes litigantes mutuamente convém.
• Quinto: O que já está provado.
• Sexto: Tudo aquilo que o adversário não contradiz.

III – Três espécies de argumentos críveis.

• Probabilíssimo, mais provável ou possível.

IV – Como Aristóteles tratou desses argumentos.

• Tratou miúda, e exatamente das coisas que de ordinário andam ligadas a outras.

V – Lugares dos argumentos: o que são, e quantos.


• Todos esses lugares dos argumentos, estes se tiram das “pessoas, das causas, dos
lugares do tempo, das comodidades, do modo, da definição do gênero, da
espécie, das diferenças, da propriedade, da enumeração e remoção das partes de
um todo, do princípio meio e fim de qualquer coisa, dos semelhantes, dos
dessemelhantes, dos repugnantes, dos adjuntos das causas, dos efeitos,
contingentes dos termos derivados, e enfim da comparação.

VI – O método dos lugares é embaraçoso.

• O método dos lugares é uma ciência muda.

Capítulo IX – Dos exemplos – págs. 255 a 265.

Art. I – Dos exemplos propriamente ditos.

I – Definição do exemplo, e suas espécies.

• O exemplo é “a lembrança que fazemos de um fato, ou acontecido, ou que podia


acontecer, útil para persuadir o que intentamos.”

II – Uso, que se deve fazer de cada uma dessas espécies.

• No demonstrativo para louvar.


• No deliberativo é muito útil a lembrança de exemplos passados.

III – Segunda divisão dos exemplos.

• Ora os exemplos, assim como algumas vezes em tudo iguais, como o que
acabamos de referir; assim outros são desiguais.

IV – Modo de tratar os exemplos históricos.

• Destes exemplos históricos uns narraremos por inteiro, outros, porém, bastará
somente apontá-los.
V – Modo de tratar os exemplos poéticos.

• Os exemplos tirados das fábulas poéticas tratam-se do mesmo modo que os


históricos.

VI – Fábulas Esópicas.

• Elas costumam atrair os ânimos, principalmente da gente do campo e ignorante.

Art. II – Das semelhanças, e autoridades.

I – Semelhança.

• Depois dos exemplos a prova extrínseca que tem mais força, é a semelhança.

II – Parábola, ou comparação de modos.

• Costumam procurar de mais longes coisas para combinar, nem elas comparam
somente entre si fatos humanos semelhantes.

III – Paridade de direito; suas espécies.

• Nas questões de direito os semelhantes, dessemelhantes, e contrários


subministram um grande número de argumentos.

IV- Analogia.

• Alguns fizeram da analogia uma espécie diferente de semelhança, eu julgo


devê-la incluir na mesma.

V – Autoridade humana.

• A autoridade é também uma das provas extrínsecas.


Capítulo X – Do modo de tratar os argumentos. – págs. 271 a 284

Art. I – Do diferente uso que devemos fazer das provas, segundo a sua diferente
qualidade.

I – Modo de tratar as provas tiradas dos fatos.

• Há certos argumentos, de que nos servimos para prova, os quais mesmos se


devem provar primeiro.

II – Como se deverão tratar os argumentos fortes, e os fracos.

• Se os argumentos forem fortes, deveremos insistir em cada um deles


separadamente.
• Sendo, porém fracos, ajuntá-los-emos.

III – Os argumentos tirados das paixões e costumes devem-se fortificar, com os lugares
comuns e amplificação.

• Por exemplo, se eu trouxer para argumento de delito a avareza, deverei mostrar em


que lugar comum, quanto é à força dessa inclinação.

IV– Quando deveremos empregar todos os argumentos, e quando não.

• Porquanto usar argumentos para provar coisas claras, seria uma loucura.

V– Da ordem, com que se devem tratar no corpo da prova.


• Também se tem questionado, se os argumentos mais fortes deveriam ser
colocados logo no princípio da prova ou depois, qualquer desse arranjamentos se
poderá dar às provas.

Art. II – Das diferentes formas que lhe podemos dar na oração.

I – Que coisa seja entimema, e os diferentes modos dele.

• Chama-se entimema, a razão que trazemos para provar.

II – Epiquirema, segundo Quintiliano.

• O epiquirema consta ao muito de três proposições; intenção, assunção e


conexão.

III – Diferentes formas de epiquirema, nascidas da expressão.

• Umas vezes a conclusão é uma mesma coisa com a intenção, porque estas
mesmas têm ao princípio a proposição do ponto ou pontos que se querem
provar.

IV- Do silogismo, e suas diferenças de entimema.

• Este tem sempre proposição maior, e conclusão.

V – De que modo deverá o orador empregar esses raciocínios.

• Os oradores têm de acomodar os próprios discursos às idéias dos outros, e de


falar as mais das vezes, diante de homens inteiramente ignorantes.
VI – Qual deve ser o estilo do argumento.

• Os argumentos se devem tratar sempre em um estilo puro, claro e distinto, mas


não rico nem ornado.

Capítulo XI – Da refutação – págs. 287 a 299.

Art. I – Sobre o que o adversário disse.

I – Como refutaremos as objeções referentes à causa.

• Quanto ao primeiro ponto, deveremos ver se aquilo, a que temos de responder, é


próprio da causa que se trata.
• Se for próprio refutar-se-á negando-o, defendendo-o ou transferindo-o.

II – Quando havemos de refutar os argumentos juntos.

• Refutaremos muitos juntos, se forem, ou tão fracos que com um impulso se


possa derrubar, ou tão fortes que não nos convenha pelejar em forma.

III – A refutação deve ser diferente, segundo as coisas que se hão de refutar.

• Se a acusação é claramente falsa, basta negá-la.

IV – Lugares comuns para qualquer refutação.

• Para refutar outras quaisquer objeções, a lugares comuns.


• Pois ou se examinam pelo estado de conjetura ou de definição.
V – Modo de refutar as paridades, semelhanças e exemplos.

• Para refutá-las devemos indagar escrupulosamente as diferenças de cada um dos


casos.

Art. II – Do modo, com que o adversário se exprimiu, e vícios da refutação.

I – Quando deveremos servir-nos das mesmas palavras do adversário, e quando não.

• Se ele se exprimiu com pouca força, nos sirvamos das suas mesmas palavras.

II – Argumentos comuns: modos de refutá-los, retorquindo-os.

• O melhor modo de refutar argumentos comuns é lançando mão deles.

III – Dois vícios em que costumam cair os que refutam.

• Vício por defeito.


• Vício por excesso.

IV- Vício por excesso.

• Contra um advogado que defende uma causa, deve haver outro comportamento
em lhe responder.

V – Vício, também de excesso.

• Há ainda outro vício na refutação, que é o de se mostrar demasiadamente


solícito.

VI – lugar da refutação.
• Devemos começar pelas provas, e depois refutar as objeções.

VII – Que a prova, e a refutação devem ser exornadas pela eloqüência do orador.

• Por mais bem escolhidos, e adaptados que sejam os pensamentos para provar o
que pretendemos; serão, contudo fracos, se o orador com seu talento os não
encher de espírito e vigor.

Capítulo XII – Da Peroração – págs. 303 a 319.

Art. I – Da recapitulação das coisas.

I – Utilidades da recapitulação.

• A repetição e o ajuntamento das coisas, chamado pelos gregos de recapitulação,


refaz a memória do juiz.

II – Quando será necessária e quando não.

• Se a causa consta de muitos pontos, ou ainda de um, mas defendido com muitos
argumentos: assim como, sendo a causa simples e breve, ninguém duvida que a
mesma recapitulação seja escusada inteiramente.

Art. II – Do epílogo.

I – Quatro obrigações comuns do epílogo ao acusador, e defensor.

• Inveja, benevolência, ódio e compaixão.

II – Obrigações do acusador, conciliar o juiz, e indispô-lo contra o réu.


• Da mesma sorte tem mais lugar na peroração, o mover com mais profusão a
inveja, o ódio e a indignação do juiz contra o adversário.

III- Obrigação. Excitar as paixões.

• A principal arte que o acusador tem para excitar as paixões consiste em


representar o fato que ele acusa com tais cores, que a coisa pareça ou a mais
atroz, ou a mais lastimosa.

IV – Desfazer as paixões que o réu há de excitar.

• Mas do ofício do acusador não é tanto o de excitar movimentos de compaixão,


quanto os de remover os de que p réu há de servir.

V – Conciliar-se o juiz, e aliená-lo do contrário.

• Muitas coisas o podem conciliar, a dignidade, profissão militar, cicatrizes das


feridas recebidas na guerra, a nobreza, e serviços dos seus antepassados.

VI – Mover a seu favor os afetos de compaixão, pela pessoa do réu e suas relações.

• O meio mais poderoso para isso é sempre a compaixão.

VII – Obrigação do réu, discutir os afetos, que o acusador moveu.

• Não é só próprio de o epílogo mover os afetos de comiseração, mas também o


desfazê-los.

Art. III – Quando, e de que modo se hão de mover esses afetos na peroração.
I – Em que causas se devem fazer esses epílogos patéticos.

• Nas causas crimes é onde principalmente tem lugar as paixões.

II – Epílogos éticos.

• Além dos epílogos veementes, há outros em que se movem os afetos brandos.

III – Em que partes da oração têm mais lugar às paixões.

• Visto reservar-se a maior parte delas para a peroração.

IV – Como se hão de tratar desses afetos na narração, e confirmação.

• Na narração não devem expor friamente os casos atrozes e lastimosos.

Capítulo XIII – Dos meios de persuadir éticos, e patéticos – págs. 323 a 339.

Art. I – Importância desses meios.

I – Porque trata em capítulo à parte dos afetos.

• Ainda que a peroração seja a ultima parte do discurso judicial, e a mesma conste
principalmente de afetos, e assim me visse precisando dizer alguma coisa sobre
esses; contudo não pude, nem devi fazer um tratado especial sobre essa matéria.

II – Importância desses meios éticos e patéticos, em comparação dos lógicos.


• Os afetos têm lugar por todo corpo da oração, sua natureza, não é tão simples
que se possa tratar de passagem.

III – Porque os lógicos tiram-se do fundo da causa; os patéticos tiram-os o orador do seu
fundo.

• Estes afetos são os que verdadeiramente dominam nos tribunais; estes os que
reinam na eloqüência.

IV – Porque os primeiros obram no espírito, os segundos no coração.

• Uma vez que os juízes se deixam possuir da ira, do amor, do ódio, da compaixão,
não julgam já se trata um negócio alheio, mas seu.

V – Os primeiros obram lentamente, os segundos com prontidão.

• Desse modo, só pelo efeito da sentença é que vimos no conhecimento do que


fizeram os argumentos, e as testemunhas.

VI – Os primeiros cansam o espírito; os segundos tocam e deleitam.

• O espírito e alma da eloqüência consistem propriamente nos afetos.

Art. II – Distinção dos afetos em patéticos, e éticos, e destes em particular.

I – Propriedade dos nomes gregos e dos latinos, affectus e mores.

• Destes afetos como os antigos ensinaram, á duas espécies.


• Patéticos, que damos o nome de afetos.
• Éticos, para qual a meu ver não tem nome na língua romana.
II – Diferenças de uns e outros afetos, primeira, segunda e terceira diferenças.

• Disseram, pois, “Que os afetos patéticos eram umas paixões fortes, veementes e
agitadas; os éticos uns sentimentos brandos, pacatos e sossegados: que o modo
de obrar do primeiro, era mandando por império, e por força; e o dos segundos,
persuadindo, e insinuando-se: que enfim, aqueles tendiam a perturbar a alma, e
estes a ganha-la.”

III – Quarta e quinta diferenças.

• Os movimentos patéticos são passageiros.


• Os sentimentos éticos entram em maior número de causas.

IV- Sexta diferença.

• Os afetos éticos e patéticos têm a mesma natureza, mas se diferenciam no grau


de força.

V – Quais devem ser os costumes da primeira pessoa, isto é, do orador.

• Afetos éticos, próprios dos oradores, são todos os costumes, que nós mesmos se
fazem recomendáveis, por um caráter de bondade.

VI – Modo de exprimi-los no discurso.

• A grande arte de exprimir estes mesmos costumes no discurso consiste em que


todos eles pareçam nascer da natureza mesma da matéria e dos homens.

VII – Costumes da segunda pessoa, isto é, aquele diante de quem falamos.

• Com não pouca propriedade chamamos também costumes aos das escolas,
quando tomamos sobre nós diferentes caracteres.
VIII – Costumes da terceira pessoa, isto é, daquela a favor da qual falamos.

• Enfim todo esse caráter ético requer no homem um fundo de bondade, e de


civilidade.

Art. III – Dos afetos patéticos.

I – Paixões. Suas diferenças dos sentimentos éticos, suas espécies, e lugares.

• Diferentes dos sentimentos éticos são os patéticos.


• Aqueles são semelhantes à comédia e estes à tragédia.

II – as paixões ou são ativas, ou passivas.

• As paixões ativas são próprias das pessoas, e as ativas pertencem às coisas.

III – Primeiro meio: a amplificação.

• Por ora contento-me em advertir, que as paixões não servem somente para fazer
parecer atrozes e lastimosas as coisas que verdadeiramente o são.

IV – Que para mover-nos os outros, é preciso mover-nos a nós: o que se prova pela
razão, e pela experiência.

• Pois a imitação exterior da tristeza, por exemplo, da ira, da indignação, feita só com
as palavras, em lugar de mover os outros, excita o riso.

V – Que para nos movermos, é preciso a representação interior.

• A semelhante homem, que se figura ao vivo as ações, as vozes, e os gestos das


pessoas ausentes, chamam alguns, homens de fantasia.
VI – Segundo meio, para mover os outros, é necessária a representação expressada.

• Às fantasias, e comoção interior se seguirão as pinturas.

VII – Para nos movermos a nós é necessário supor os bens, e males próprios.

• Principalmente, quando tivermos de excitar a compaixão, façamos de conta que


aqueles males, que lastimamos nos outros, nos aconteceram a nós.

Capítulo XIV – Da disposição – págs. 343 a 355.

Art. I – Da disposição geral.

I – Que a disposição dos pontos da prova se muda segundo a utilidade.

• E nem sempre ambas as partes tratam do mesmo ponto em primeiro lugar.

II – Ou se dão muitas respostas a um ponto de acusação, ou se refutam muitos.

• A acusação ou é simples ou composta.

III – Ordem que se há de seguir refutando-se muitos pontos da acusação.

• Ao princípio é necessário mover o juiz, e no fim repeli-lo.

IV – Ordem que se deve seguir na resposta a um só ponto de acusação.

• Se a acusação constar de um só ponto, haveremos de ver se o refutaremos com uma


resposta única, ou com muitas.
V – A ordem da composição é ordinariamente inversa da meditação.

• Porque as mais das vezes o que se apresenta primeiro, é justamente o que


convém dizer em último lugar.

Art. II – Da disposição particular ou econômica.

I – Não basta saber a disposição geral, é também necessária a particular.

• Há, porém outras disposições, que se não podem ensinar.

II – Essa ordem particular não se pode ensinar.

• Porque é impossível ensinar tudo que a eloqüência faz.

III – Em que consiste a disposição particular, ou econômica.

• A econômica é a que se não pode determinar senão à vista da mesma causa.

IV- Que esta depende do talento, estudo, e aplicação do orador.

• Ninguém se espera fazer eloqüente somente à custa do trabalho alheio.

V – Disposição particularíssima, e ligação dos pensamentos.

• Há um pensamento que deve ir primeiro outro em segundo lugar, outro em


terceiro.
• Estes pensamentos deverão não só ser colocados por sua ordem, mas vão
ligados e travados entre si.

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