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A Linguagem do Advogado
(Compilação de Textos sobre a
Arte de bem Falar e Escrever)
2021
São Paulo, Brasil
O Autor
A Linguagem do Advogado
(Compilação de Textos sobre a
Arte de bem Falar e Escrever)
2021
São Paulo, Brasil
Índice
1. Preâmbulo.................................................................................11
2. A Linguagem do Advogado......................................................13
7. Coletânea de Exórdios..............................................................55
Notas
Notas
Na Tribuna Forense:
1º) Certa feita, depois de longa arenga com o promotor
público, o advogado e poeta cearense José Quintino da
Cunha ouviu dele uma frase comprometedora: “Senhores do
conselho de sentença, eu estou montado no Código Penal”. E,
fulminante, Quintino da Cunha rebateu: “Pois V. Exa. faz
muito mal em montar em animal que não conhece!”(14)
Na Tribuna Parlamentar:
2º) O sogro de Hermes da Fonseca, o velho Almirante
Teffé, senador pelo Amazonas, teria dito: “Não houveram
muitas vítimas. Foram pouquíssimas”. E Rui, prontamente:
39
Notas
Notas
Notas
12. “A mais dura cousa que tem a vida é chegar a pedir e, depois
de chegar a pedir, ouvir um não: vede o que será!” (Vieira,
Sermões, 1682, t. II, p. 87);
13. “A defesa não quer o panegírico da culpa, ou do culpado. Sua
função consiste em ser, ao lado do acusado, inocente ou
criminoso, a voz dos seus direitos legais” (Rui, Obras
Completas, vol. XXXVIII, t. II, p. 10);
14. “Jamais devemos apagar de nossa memória três princípios
centrais da processualística tradicional: Reus res sacra;
nemo tenetur se detegere; satius esse impunitum relinqui
facinus nocentis quam innocentem damnare. (O réu é coisa
sagrada; ninguém é obrigado a depor contra si mesmo; é
preferível deixar impune um culpado a condenar um
inocente)” (Nélson Hungria, in Revista Forense, vol.
138, p. 339);
15. “Quanto mais abominável é o crime, tanto mais imperiosa,
para os guardas da ordem social, a obrigação de não
aventurar inferências, de não revelar prevenções, de não se
extraviar em conjecturas, de seguir passo a passo as
circunstâncias, deixando a elas a palavra, abstendo-se
rigorosamente de impressões subjetivas, e não antecipando
nada” (Rui, Novos Discursos e Conferências, 1933, p. 75);
16. “A possibilidade de ocorrência de erro judiciário justifica
supremos cuidados” (Roberto Lyra, Como Julgar, como
Defender, como Acusar, p. 11);
17. “É melhor absolver um culpado do que condenar um
inocente” (Idem, ibidem, p. 14);
59
Notas
Ainda:
— “Juntou-se” documentos (por juntaram-se documentos);
— Se você “ver” o Dr. Zanoide, cumprimente-o. (Corrija-
-se a linguagem: Se você vir o Dr. Zanoide,
cumprimente-o pela feliz gestão na OAB);
— Vossa Excelência “fostes” demasiado rigoroso. (Forma
correta: Vossa Excelência foi. Os pronomes de
tratamento obrigam o verbo à terceira pessoa).
Nótula
A respeito do famoso drama judiciário de que foi
protagonista certa mãe, acusada de homicídio – matara o
próprio filho, no dia 24 de abril de 1931, por haver furtado
um chapéu(13) – e, afinal, julgada e absolvida pelo júri, em
veredicto unânime, tendo-se encarregado de sua defesa o
renomado criminalista Antônio Covello (Antônio Augusto
de Covello Jr.), escreveu Humberto de Campos uma página
imortal. Não posso menos de reproduzi-la aqui (adaptado o
texto à ortografia oficial), numa como simples e justa
homenagem a esses dois supremos artistas da palavra.
Mãe
O Tribunal do Júri absolveu ontem, por unanimidade,
em São Paulo, uma senhora que matou, com um tiro de
revólver, o próprio filho. Aglomerado à porta do templo
da Justiça humana, o povo prestou uma grande e ruidosa
homenagem à criminosa, conduzindo-a pelas ruas da
cidade, entre aclamações entusiásticas. O assassinado era
menor, e havia furtado um chapéu num clube de regatas. A
mãe, temendo que seu filho se tornasse, pela vida adiante,
um ladrão, correu a uma casa de armas, comprou uma
“Smith & Wesson”, e meteu-lhe uma bala na cabeça. Presa e
julgada, foi absolvida. Absolvida, foi ovacionada, carregada
em charola, glorificada pela multidão.
Eu não sei se, entre as pessoas que percorreram as
ruas paulistas, justificando publicamente essa criminosa,
havia mulheres, e se, entre as mulheres que lhe batiam
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Notas
(1) “Nessun maggior dolore che ricordarsi del tempo felice nella
miseria” (Dante Alighieri, Inferno, canto V, v. 121).
(2) Júlio de Castilho, Os Dois Plínios, p. 195.
(3) In A Oração da Coroa, de Demóstenes, 1877, p. IX.
(4) Sílvio Romero, História da Literatura Brasileira, 1949,
t. V, p. 448.
(5) Gazeta de Notícias, 2.3.23 (cf. Revista de Língua
Portuguesa, nº 23, p. 7).
(6) Heitor Pinto, Imagem da Vida Cristã, vol. I, p. 31.
(7) Do Museu do Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo é Coordenador o eminente Des. Emeric Lévay,
jurista e historiador de nobre estirpe, a quem muito
82
Notas
Notas
Notas
Senhor Diretor:
I - Atraído pela excelência do debate suscitado por dúvida
de um leitor de Migalhas – a forma correta qual seria:
“Subsume ou Subsome?” –, cuja resposta saiu à luz em
2.2.2017, na página virtual Gramaticalhas, sob os auspícios
de José Maria da Costa, insigne jurista e mestre em
linguagem, peço vênia para, terceiro de boa-fé e interessado,
aduzir breves razões acerca do ponto controverso.
Faço-o também num como preito de gratidão e
homenagem àquele benemérito cultor e paladino das boas
letras, com quem contraímos (os que lidamos na esfera
judicial) dívida insolúvel, bem que imprescritível.
A substância da questão que pareceu inquietar o
espírito do aplicado consulente era se, de par com subsume,
tinha foros de cidade na língua portuguesa o emprego de
“subsome”, como forma verbal de subsumir, na terceira
pessoa do singular do presente do indicativo.
A lição do abalizado Professor – que se ocupara
já do tema em sua prestantíssima obra Manual de Redação
Profissional (3a. ed., p. 1151; Millennium Editora) –
desatou pontualmente a dúvida. Advertiu, contudo, que,
no tocante à conjugação do verbo subsumir, não se
encontravam “grandes subsídios”.
100
Cordialmente,
Carlos Biasotti
1. (“Zero à esquerda”?!)
Notas
II - Brocardos Jurídicos
Bibliografia
Notas
I. Preâmbulo
Notas
(*) Eis outra vez Crispim. Frase de Juvenal que se emprega, as mais das
vezes, para anunciar a volta de um importuno (André Rezende, Frases e
Curiosidades Latinas, 1955, p. 183). Assim denominou Camilo Castelo
Branco a um dos capítulos (o XV) de seu notável romance A Queda dum
Anjo.
136
Querido Mestre:
No intento de celebrar condignamente a efeméride
natalícia de Rui Barbosa, que se comemora aos cinco dias
do mês de novembro, lembrou a esta Associação dos
Advogados Criminalistas do Estado de São Paulo
(Acrimesp) promover um ciclo de palestras acerca da vida e
obra daquele egrégio varão.
Que foi Rui dos maiores cultores (se não o maior),
entre nós, assim do Direito como do Idioma, não há quem
o não saiba.
Daqui veio o pretender esta entidade figurasse entre
os conferencistas aquele, a quem, no geral consenso dos
que falam a língua de Camões, foi conferida a palma de o
mais importante gramático da atualidade: Prof. Napoleão
Mendes de Almeida.
A adesão ao convite que lhe fazemos para que, no dia
8 de novembro vindouro, às 18h30, venha discorrer em
nosso grêmio sobre pontos de linguagem, deparar-nos-á
ensejo não somente de ouvi-lo, como a extremado
vernaculista, senão também de nos desempenharmos da
142
Carlos Biasotti
Presidente
143
16. Questões Vernáculas(*)
Notas
(3) Uma Rosa é uma Rosa, é uma Rosa, 2a. ed., p. 77.
(4) Cf. Edmundo Dantès Nascimento, Linguagem
Forense, 1980, p. 222.
(5) Cf. Magalhães Lima, Episódios da Minha Vida, 2a. ed.,
p. 17; Livraria Universal; Lisboa.
(6) “Há no semblante austero dos grandes advogados
criminais uma discreta sombra que atesta a convivência
diuturna com a angústia alheia” (Romeiro Neto, o Último
Romântico da Advocacia Criminal, 1984, p. 21).
(7) “Eis a missão do advogado criminal em três palavras:
humanizar a Justiça” (Fora do Júri, p. 101).
(8) “Tratou do tema, em famosa carta escrita aos filhos, o
maior dos advogados criminais que o Brasil produziu:
Evaristo de Moraes” (A Beca Surrada, 1a. ed., p. 90).
(9) In Folha de S. Paulo, 6.3.77.
160
Anexo I
________________________
Carlos Biasotti
Presidente
162
Excelentíssimo Senhor
Professor Doutor Napoleão Mendes de Almeida
Rua Senador Paulo Egídio, 72, conj. 1.111
Nesta
Cordialmente,
Carlos Biasotti
Presidente
166
17. Palavra, Arma do Advogado(*)
Bibliografia:
(1) Obras Completas de Rui Barbosa, vol. I, t. II, p. 236.
(2) Ibidem, p. 251.
(3) Ibidem, p. 227.
(4) Elogios Acadêmicos e Orações de Paraninfo, 1924, p. 352.
(5) Rui Barbosa e o Código Civil, 1949, p. 33.
(6) Obras Completas de Rui Barbosa, vol. XXVI, t. IV,
p. 93.
(7) Réplica, nº 424.
(8) Ibidem, nº 22.
(9) Estêvão Cruz, História Universal da Literatura, p. 40.
(10) Georges Raeders, Rui Barbosa et la France, 1949, p. 10.
186
187
Excelentíssimo Senhor
Professor Napoleão Mendes de Almeida
Rua Senador Paulo Egídio, 72, conj. 1.111
Capital
Atenciosamente,
Carlos Biasotti
Fórmulas substitutivas:
18. “(…) tinha (Catão) uma máxima que ficou célebre: Domina
bem o assunto, e as palavras brotarão por si mesmas” (Hélio
Sodré, História Universal da Eloquência, vol. I, p. 131;
Editora Forense).
24. “(…) nisto de bem falar e escrever ainda o bom peca sete
vezes por dia” (José de Sá Nunes, Aprendei a Língua
Nacional, 1938, p. 126).
33. “Há três cousas neste mundo que o homem não pode ter
completamente puras: a consciência, a boca e a gramática”
(Tobias Barreto, Obras Completas, 1926, vol. II, p. 173).
34. “(…) quem fala muito não pode ser verdadeiro em tudo”
(Pe. Antônio Vieira, Cartas, 1971, t. I, p. 110: Imprensa
Nacional; Lisboa).
Trabalhos Jurídicos e Literários de
Carlos Biasotti