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rio dE JaNEiro
2019
Copyright © 2019 by Marcella Mascarenhas Nardelli
Produção Editorial
Livraria e Editora Lumen Juris Ltda.
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
N223p
Nardelli, Marcella Mascarenhas.
A prova no tribunal do júri : uma abordagem racionalista / Marcella
Mascarenhas Nardelli. – Rio de Janeiro : Lumen Juris, 2019.
588 p. ; 23 cm.
Bibliografia : p. 539-571.
ISBN 978-85-519-1215-7
CDD 345
Diogo Malan
Prefácio
Flávio Mirza
SUMÁRIO
Apresentação ............................................................................................................ IX
Prefácio .................................................................................................................... XI
INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1
1. A CONCEPÇÃO RACIONALISTA DA PROVA E A CONCRETIZAÇÃO DA
FUNÇÃO EPISTÊMICA DO PROCESSO ............................................................. 11
1.1. Sobre a concepção racionalista da prova ................................................................. 11
1.2. A verdade como elemento fundante do sistema processual ..................................... 30
1.2.1. A concepção de verdade adequada ao processo ........................................................ 43
1.2.2. A epistemologia cognitivista e os limites ao ideal de verdade como
correspondência ......................................................................................................... 56
1.3. Conceito e funções da prova .................................................................................... 65
1.4. A prova como direito ............................................................................................... 80
2. MOMENTOS DA ATIVIDADE PROBATÓRIA À LUZ DA CONCEPÇÃO
RACIONALISTA: PARÂMETROS PARA UM MODELO PROCESSUAL
ORIENTADO SEGUNDO OS VALORES EPISTÊMICOS ................................... 85
2.1. A formação do conjunto probatório: as limitações probatórias e a produção da
prova em juízo ........................................................................................................... 87
2.1.1. Limitações probatórias fundadas no repúdio a provas consideradas suspeitas ......... 92
2.1.2. Limitações probatórias fundadas no anseio de ordenar o desenvolvimento do
processo ..................................................................................................................... 101
2.1.3. Limitações probatórias fundadas no intuito de preservação de direitos
fundamentais ............................................................................................................. 104
2.1.4. A produção da prova em juízo .................................................................................. 112
2.2. A atividade de valoração: o raciocínio empreendido sobre as hipóteses .................. 129
2.2.1. A valoração das provas segundo o método atomista ................................................ 136
2.2.2. A valoração das provas segundo o método holista ................................................... 157
2.3. A decisão sobre a matéria de fato: os standards probatórios .................................... 174
3. A MOTIVAÇÃO COMO MECANISMO DE CONTROLE DA
RACIONALIDADE DO JUÍZO E A SUPOSTA INCOMPATIBILIDADE COM
A DINÂMICA DO JÚRI . ........................................................................................ 197
3.1. A motivação das decisões como garantia intrínseca ao processo justo .................... 199
3.2. A Garantia da motivação à luz da jurisprudência das Cortes Internacionais de
Direitos Humanos ..................................................................................................... 208
3.2.1. A exigência de fundamentação das decisões judiciais à luz da jurisprudência da
Corte Interamericana de Direitos Humanos .............................................................. 209
3.2.2. O dever de motivação à luz da jurisprudência da Corte Europeia de Direitos
Humanos ................................................................................................................... 212
3.2.3. A Corte Europeia de Direitos Humanos e o Caso Taxquet v. Bélgica ..................... 215
3.3. A motivação das decisões judiciais e sua expressão no contexto processual
brasileiro .................................................................................................................... 221
3.3.1. O reforço do contraditório no novo CPC: o processo cooperativo e o dever do juiz
de promoção do debate .............................................................................................. 225
3.3.2. Pelo fim do decisionismo e pela máxima efetividade da garantia da motivação: O
novo CPC erradicou o “livre convencimento”? ........................................................ 229
3.4. A suposta incompatibilidade entre a instituição do júri e a garantia da motivação
das decisões judiciais ................................................................................................ 234
4. O JÚRI E A APRECIAÇÃO DA PROVA: ANTECEDENTES HISTÓRICOS E
SUAS CONFIGURAÇÕES EM DIFERENTES
CONTEXTOS............................................................................................................ 245
4.1. Os sistemas de apreciação da prova no contexto dos distintos sistemas
processuais................................................................................................................. 246
4.1.1. Os sistemas de apreciação da prova no contexto da civil law ................................... 247
4.1.2. Os sistemas de apreciação da prova no âmbito da common law ............................... 263
4.2. As influências recíprocas entre a instituição do júri e a configuração dos sistemas
probatórios nos contextos da civil law e da common law ......................................... 282
4.3. As desinteligências históricas responsáveis pelo fracasso do transplante do júri
para a civil law .......................................................................................................... 292
4.4. Questões de fato e questões de direito: a divisão das funções entre juiz e jurados
em ambos os contextos ............................................................................................. 299
5. SOBRE O PAPEL DO JÚRI NA ATUALIDADE: UM OLHAR A PARTIR DA
EXPERIÊNCIA ANGLO-AMERICANA ................................................................ 311
5.1. As funções e virtudes do juízo por jurados ............................................................... 312
5.2. É esperado que o júri desempenhe uma função epistêmica? .................................... 321
5.3. Sobre as habilidades dos cidadãos leigos para a decisão racional dos fatos ............. 329
5.4. A configuração do procedimento probatório como fator determinante para a
racionalidade do juízo ............................................................................................... 344
5.4.1. A dinâmica do júri norte-americano e seus aspectos processuais relevantes ............ 345
5.4.2. As instructions do júri estadunidense e o summing-up do procedimento inglês: a
relevante e construtiva interação entre a função do juiz e a dos jurados .................. 356
5.4.3. As inovações processuais nos sistemas de júri da civil law: evidências de uma
mudança de paradigma .............................................................................................. 373
5.4.3.1. A Espanha e sua recente reimplantação do juízo por jurados: questionário
analítico e sucinta explicação do veredicto ............................................................... 377
5.4.3.2. A Argentina rumo ao sistema de júri clássico: o papel central das instruções aos
jurados no modelo processual da província de Buenos Aires ................................... 386
6. O PROCEDIMENTO BRASILEIRO DO JÚRI E SEUS TRAÇOS
CONTRAEPISTÊMICOS ......................................................................................... 393
6.1. Breve retrospectiva histórica do júri em âmbito constitucional e a lógica que
orienta o sistema processual penal brasileiro ............................................................ 394
6.2. Visão geral do procedimento brasileiro de júri ......................................................... 401
6.3. Considerações críticas acerca da atual normativa processual e das perspectivas de
reforma a partir do Projeto de novo Código de Processo
Penal........................................................................................................................... 406
6.3.1. A dinâmica do procedimento bifásico e a função cognitiva do juízo ....................... 411
6.3.2. A valoração das provas e a decisão dos jurados ....................................................... 429
6.3.3. A ausência de motivação e o controle sobre a racionalidade dos veredictos ............ 443
7. PERSPECTIVAS PARA A CONCRETIZAÇÃO DE UMA FUNÇÃO
EPISTÊMICA DO JUÍZO POR JURADOS NO BRASIL À LUZ DA
CONCEPÇÃO RACIONALISTA DA PROVA ...................................................... 455
7.1. Aspectos para o aperfeiçoamento da cognição ......................................................... 460
7.1.1. Por uma necessária reconfiguração do procedimento bifásico ................................. 460
7.1.2. O aprimoramento da etapa preparatória .................................................................... 466
7.1.3. A formação do conjunto probatório .......................................................................... 470
7.1.4. A produção da prova oral em plenário ...................................................................... 474
7.1.5. O contraditório como método epistêmico ................................................................. 478
7.2. Aspectos para uma valoração racional da prova pelos jurados e para uma decisão
em consonância com a verdade ................................................................................. 481
7.2.1. A relevância da atribuição ao juiz de um dever de instrução dos jurados ................ 483
7.2.2. A proposição articulada dos fatos e elementos probatórios ...................................... 488
7.2.3. A definição de um standard probatório em termos objetivos ................................... 495
7.2.4. A previsão de um momento deliberativo entre os membros do conselho de
sentença e a exigência de margem mais segura de votos para a condenação ............ 498
7.3. Mecanismos para possibilitar um controle da racionalidade das decisões dos
jurados ....................................................................................................................... 511
CONCLUSÕES ......................................................................................................... 527
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 539
Introdução
1 FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razão: Teoria do Garantismo Penal. 2ª ed. Trad. Ana Paula Zomer, Fauzi
Hassan Choukr, Juarez Tavares, Luiz Flávio Gomes. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p. 40 e ss.
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Marcella Mascarenhas Nardelli
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A Prova no Tribunal do Júri
4 “... attempting to determine the truth of particular past events by rational means on the basis of evidence
is one central aspiration of any system of adjudication and that it is a ground for criticism if the system
in practice falls far short of or does not accept this as an aspiration. To acknowledge a role for the jury
in frustrating unpopular laws or restraining official zeal in other ways does not involve a denial that its
central task is to try to make accurate determinations of fact.” TWINING, William. Some Scepticism
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Marcella Mascarenhas Nardelli
about some scepticisms. In: _______. Rethinking Evidence: Exploratory Essays. Cambridge: Cambridge
University Press, 2006, p. 124.
5 “For, what is the point at issue in penal law? To decide whether a certain fact, called a crime, be proved
or not; and consequently whether the accused should be subjected to the obligation of suffering the legal
punishment of that fact. In all these questions, the duty of the judge is, to collect all the proofs on both sides,
in the best form possible; to compare them; and to decide according to their proving power. Thus, the art
of procedure is in reality nothing but the art of administering evidence.” BENTHAM, Jeremy. A Treatise
on Judicial Evidence. Extracted from the manuscripts of Jeremy Bentham. Esq. by M. Dumont. London:
Messrs. Baldwin, Cradock, and Joy, Paternoster-Row, 1825, p. 2.
6 Cf. TWINING, William. Taking Facts Seriously. In: _____. Retinking Evidence: exploratory essays.
2. ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2006, p. 14 e ss. Ver também: TWINING, William.
Taking Facts Seriously – Again. In: ROBERTS, Paul; REDMAYNE, Mike. Innovations in Evidence and
Proof: integrating theory, research and teaching. Portland: Hart Publishing, 2009, p. 66 e ss.
7 TWINING, William. Taking Facts Seriously... cit., p. 16–17.
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A Prova no Tribunal do Júri
É possível sustentar como hipótese, com base nesse raciocínio, que os ci-
dadãos leigos chamados a atuar nos sistemas de júri não estão desabilitados a
decidir os fatos a partir de uma apreciação racional das provas. A falta de co-
nhecimentos jurídicos, portanto, não seria capaz de lhes colocar em posição de
desvantagem perante o juiz togado nesse aspecto específico, já que este último,
em sua formação acadêmica, não dispõe de uma preparação específica para o
manejo dos fatos com base nos métodos racionais de investigação. Um corpo
heterogêneo de jurados pode, inclusive, conjugar distintas aptidões úteis à apre-
ciação das questões fáticas concretas.
Por outro lado, o argumento de que os cidadãos possam ser mais susce-
tíveis a juízos subjetivos em virtude de suas fragilidades emocionais não deve
levar que se aceite um juízo fático irracional. Ao contrário, deve ser motivo
para determinar que lhes sejam proporcionadas as condições mínimas para que
exerçam a função adequadamente. O sistema deve equacionar por meio de um
procedimento adequado a correção das eventuais distorções capazes de com-
prometer o ideal de justiça que se espera das decisões judiciais, independente-
mente se estão elas a cargo de um juiz togado ou de um corpo de jurados.
Nesse sentido, sobressai a relevância de se conceber o processo sob uma
dimensão epistêmica, ou seja, como um modelo epistemológico de conhecimento
dos fatos com base nas provas8, o que converge para uma concepção ampla do fe-
nômeno probatório que Twining se refere como Tradição Racionalista da Prova.9
Segundo essa concepção a finalidade essencial do direito processual é a
busca pela retidão da decisão judicial, ou seja, a correta aplicação do direito
material aos fatos estabelecidos conforme a verdade por métodos racionais. Pa-
ralelamente, entende que a prova deve ser desvinculada de uma compreensão
8 Conforme Taruffo, atribuir uma função epistêmica ao processo seria interpretá-lo como um método
eficaz para a descoberta da verdade dos fatos em que se funda a decisão. Com esteio em uma destacada
corrente doutrinária, o autor aponta para uma perspectiva metodológica que concentra a análise no que
define como a dimensão epistêmica do processo, ou seja, o processo como um modelo epistemológico
de conhecimento dos fatos com base nas provas. TARUFFO, Michele. Uma simples verdade: o juiz e a
construção dos fatos. Trad. Vitor de Paula Ramos. São Paulo: Marcial Pons, 2012, p. 159–160.
9 Em referência aos pontos básicos compartilhados de forma incrivelmente homogênea pelos mais
relevantes teóricos do direito probatório na história da common law (ver: TWINING, William. The
Rationalist Tradition of evidence scholarship. In: ____. Rethinking Evidence... cit., p. 35 e ss.), cujas
premissas também podem ser indentificadas nos estudos de destacados processualistas no âmbito da
civil law, conforme se verá no capítulo 1.
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Marcella Mascarenhas Nardelli
estritamente jurídica, já que a busca da verdade sobre fatos pretéritos não é uma
atividade privativa do juiz no âmbito do processo. Assim, prega o retorno aos
métodos naturais de raciocínio, com emprego da epistemologia, do senso co-
mum e da lógica formal. A ideia é que o raciocínio probatório a ser desenvolvido
no processo não se difere daqueles processos lógicos de que se valem os mais
diversos profissionais em suas respectivas áreas de conhecimento, assim como
os utilizados por todas as pessoas em sua experiência cotidiana para buscar a
verdade sobre fatos ocorridos no passado.
Com base nas ideias acima, parece plausível a análise do raciocínio desen-
volvido pelos jurados no processo à luz dos parâmetros racionais compartilha-
dos no âmbito desta concepção. Por tal motivo, a Tradição Racionalista da Pro-
va será adotada como marco teórico do presente trabalho, sob uma perspectiva
que envolve tanto os modelos delineados por Twining como as contribuições
identificadas no âmbito da civil law.
Nesse sentido, pretende-se estabelecer os principais pressupostos para que
o procedimento probatório mostre-se capaz de estimular os cidadãos a decidir os
fatos com base em uma apreciação racional da prova, o que se afigura possível a
partir de um modelo processual epistemologicamente orientado para lhes propor-
cionar uma cognição adequada. Para tanto, é imprescindível que se proporcione
todas as ferramentas necessárias para aprimorar sua compreensão acerca dos di-
versos aspectos da dinâmica processual, a fim de que possam acompanhar e apre-
ender todo o conteúdo das informações disponibilizadas no curso do juízo oral.
A identificação dos mecanismos processuais capazes de promover a devida
consecução dos escopos apontados demanda que se conceba o processo a partir
de seu caráter instrumental. Sem que se pretenda empregar uma visão puramente
tecnicista, descuidando-se das projeções éticas que refletem as exigências sociais
e políticas que atuam nesse contexto, é de se destacar a importância da análise
da técnica empregada à luz da identificação dos fins pretendidos pelo sistema, de
modo que se possa revisitar o modelo vigente em busca de seu aprimoramento.10
A coexistência de objetivos e a convergência dos ditames de cada um so-
bre a metodologia empregada determinam a complexidade de uma estrutura
técnico-processual em que é indispensável harmonizar exigências diferentes e
10 DINAMARCO, Cândido Rangel. A Instrumentalidade do Processo. 15. ed. São Paulo: Malheiros,
2013, p. 264 e ss.
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A Prova no Tribunal do Júri
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Marcella Mascarenhas Nardelli
13 Assim como faz Jordi Ferrer Beltrán. FERRER BELTRÁN, Jordí. La Valoración Racional de la Prueba.
Madrid: Marcial Pons, 2007.
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A Prova no Tribunal do Júri
matizada à luz das orientações do caso Taxquet v. Bélgica14 — por meio do qual
a Corte Europeia de Direitos Humanos se posicionou sobre o tema. Parece rele-
vante, já nesse momento, contextualizar a abordagem da motivação à perspec-
tiva interna, sob o ângulo constitucional e a partir das contribuições recentes
do Código de Processo Civil. Demonstrar o reforço às garantias da motivação
e do contraditório será relevante para sustentar a ideia de que a configuração
atual do procedimento de júri não se conforma às exigências constitucionais, e
de que as reformas processuais nessa área parecem se guiar na direção oposta.
Paralelamente, os capítulos quatro e cinco serão destinados, em grande me-
dida, ao enfrentamento das concepções equivocadas — segundo o entendimento
aqui defendido — sobre a ideia do julgamento por íntima convicção como ine-
rente à essência do juízo popular. Para tanto, o primeiro deles será dedicado à
análise do papel do júri na determinação dos rumos dos sistemas de apreciação da
prova nos contextos da common law e da civil law. Espera-se, nesse sentido, que a
investigação das distintas formas pelas quais as referidas tradições jurídicas desen-
volveram seus sistemas probatórios a partir da superação das ordálias, e de como
o júri foi inserido nesses contextos, possa explicar o motivo de ter a instituição
assumido feições tão distintas em cada uma dessas realidades.
Em seguida, no capítulo subsequente, pretende-se realizar uma aborda-
gem do juízo popular à luz da tradição consolidada por meio da experiência
norte-americana, com vistas a demonstrar a racionalidade subjacente à lógica
que opera o modelo. Buscar-se-á, ainda, responder a algumas questões essen-
ciais como condição para que se possa sustentar a racionalização pretendida
no procedimento brasileiro: em primeiro lugar, se é esperado que os jurados
desempenhem uma função epistêmica; em segundo, se são os mesmos capa-
zes de fazê-lo. As discussões serão apoiadas em pesquisas empíricas levadas a
cabo naquele contexto. Ademais, em sendo positivas as respostas encontradas,
a ideia é verificar se a orientação do procedimento probatório é determinante
para o incremento da racionalidade das decisões dos jurados.
Fixadas as premissas obtidas a partir das investigações precedentes, o sexto
capítulo se destinará à análise crítica do júri brasileiro à luz da dinâmica de seu pro-
cedimento, bem como sob a perspectiva das propostas de reforma por meio do pro-
14 TEDH, Caso Taxquet v. Bélgica, 16 de novembro de 2010, §92. Disponível em: <http://hudoc.echr.
coe.int/sites/eng/pages/search.aspx?i=001-101739>. Acesso em: 17 jan. 2017.
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