Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
COACHING
CANAL CARREIRAS POLICIAIS
PROCESSO PENAL
PRINCÍPIOS, SISTEMAS, FONTES DO PROCESSO PENAL E INQUÉRITO POLICIAL
O Processo Penal não pode mais ser visto como um simples instrumento a
serviço do poder punitivo (Direito Penal), senão que desempenha o papel
de limitador do poder e garantidos do individuo a ele submetido. Há que se
compreender que o respeito as garantias fundamentais não se confunde
com impunidade, e jamais se defendeu isso. O processo penal é um
caminho necessário para se chegar, legitimamente, à pena. Daí porque
somente se admite sua existência quando ao longo desse caminho forem
rigorosamente observada as regras e garantias constitucionalmente
asseguradas, conforme assinala Aury Lopes Jr.
CARACTERÍSTICAS:
1- Autonomia: O direito processual não é submisso ao direito material,
tem princípios e regras próprias (ex: prazos)
2- Instrumentalidade: faz a atuação do direito material penal,
PROCESSO PENAL |
1
A trilogia de Norberto Avena:
Poder Direito Processo
O 4-Estado é O exercício do Jus O direito Processual institui o
Puniendi pelo Estado é Processo Criminal como
5- do Jus
titular limitado pelo Direito instrumento por meio do qual o
Processual Estado exerce o jus puniendi.
Puniendi
(regido por conjunto de normas,
preceitos e princípios)
Subdivide-se em:
1- Defesa técnica: efetuada por profissional habilitado.
1.1- Sempre obrigatória. Súmula n. 523 do STF, art. 396, §2º do CPP e art. 55, §3º da
Lei. 11.343/06.
Diferenças:
2
Ampla Defesa Plenitude de Defesa
Processo Criminal (qualquer acusado) Procedimento do Júri
A parte oferece provas e argumentos A defesa atua de forma completa, utiliza
técnicos, pois, o Juiz decide de acordo
argumentos técnicos, de natureza
com o livre convencimento motivado sentimental, social e política criminal. O
Jurado decide de acordo com a intima
convicção.
Alegações finais sem previsão de Possibilidade de réplica e tréplica.
réplica e tréplica. (art. 403 do CPP) (art. 477 do CPP).
Desdobramentos:
A parte acusadora tem o ônus de demonstrar a culpabilidade do acusado,
e não este demonstrar a sua inocência; Para ser considerado culpado é
necessário o transito em julgado.
O réu pode optar em manter o silêncio e a testemunha apenas nos fatos que
PROCESSO PENAL |
possam imputar algum crime. Porém, se quiser pode dizer toda a verdade.
3
7. JUIZ NATURAL: Art. 5, LIII e XXXVII da CF. O juiz deve ser anteriormente
designado pela lei, não pode ser criados tribunais ou determinar juízes
específicos para julgar um caso pós-fato.
9. PUBLICIDADE: Determinada nos artigos 5º, LX, XXXIII, 93, IX da CF, art. 201,
§6º do CPP. A regra é que os atos processuais sejam públicos, com exceção
as determinações legais quanto ao sigilo. (preservação da intimidade e
interesse social).
11. Verdade real, material, substancial (art. 566 do CPP): o magistrado pauta
seu trabalho na reconstrução dos fatos com objetivo de aproximar-se ao
máximo da verdade plena, apurando os fatos até onde for possível elucidá-
los para proferir sentença que esteja de acordo com elementos concretos e
não ficções ou presunções. Ex: art. 156, 201, 209, 234, 242 e 404 do CPP.
4
1. Ilícitas contrárias às normas materiais. Deve-se averiguar não
somente se a prática caracteriza crime, mas também se a prática
infringe alguma das garantias constitucionais.
2. Ilegítimas contrárias às normas processuais.
Obs.:A prova ilícita agride mais a justiça do que as provas ilegítimas.
A L. 11690/08 alterou o art. 157 do CPP, porém não diferenciou bem o que
seria prova ilícita das provas ilegítimas. Nucci, dentre outros, afirma que, a
partir da referida alteração não existe mais diferença entre prova ilícita de
prova ilegítima, acarretando, assim, a mitigação da distinção. Porém, há
quem argumente que a diferenciação de prova ilícita e ilegítima encontra-
se albergada na exegese da própria constituição brasileira, conforme art. 5.º,
LVI.
ATENÇÃO 1.: Sem prévia autorização judicial, são nulas as provas obtidas
pela polícia por meio da extração de dados e de conversas registradas no
whatsapp presentes no celular do suposto autor de fato delituoso, ainda que
o aparelho tenha sido apreendido no momento da prisão em flagrante.
Assim, é ilícita a devassa de dados, bem como das conversas de whatsapp,
obtidos diretamente pela polícia em celular apreendido no flagrante, sem
prévia autorização judicial. STJ. 6ª Turma. RHC 51.531-RO, julgado em
19/4/2016 (Info 583).
5
conteúdo. STJ. 5ª Turma. RHC 75.800-PR, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em
15/9/2016 (Info 590).
6
quanto à inutilização, sendo guarnecida em apartado para posterior
utilização, caso seja favorável ao réu.
7
materialidade do crime do investigado - dono da residência - é prova ilícita
por derivação em relação à vitima do roubo.
B) Teoria da Proporcionalidade
A teoria da proporcionalidade deve ser vista sob duas óticas: pro reo e pro
societate. No Brasil, a doutrina e a jurisprudência majoritárias há longo tempo
têm considerado possível a utilização das provas ilícitas em favor do réu
quando se tratar da única forma de absolvê-lo ou de comprovar um fato
importante à sua defesa. Para tanto, é aplicado o princípio da
proporcionalidade, também chamado de princípio do sopesamento, sob a
alegação de que o bem jurídico de maior relevância é a liberdade e não
seria possível garantir os direitos da sociedade sem preservar o direito
individual de cada um de seus membros.
8
Ocorre quando a prova ilícita produzida pela própria vítima na salvaguarda
de direitos próprios. Neste caso, há forte posição, adotada, inclusive, no
âmbito dos Tribunais Superiores (STF e STJ) no sentido de que poderá a prova
ser utilizada desde que se caracterize hipótese de evidente legítima defesa
ou estado de necessidade. Não se estaria, enfim, diante de uma prova
ilícita, mas sim de prova lícita, visto que tanto a legítima defesa como o
estado de necessidade caracterizam-se como excludentes de ilicitude,
afastando, portanto, eventual ilicitude da prova obtida com violação a
regras de direito material.
D) Teoria da Boa-fé:
Objetiva evitar o reconhecimento da ilicitude da prova caso os agentes de
policia ou da persecução penal como um todo tenham atuado destituídos
do dolo de infringir a lei, pautados verdadeiramente em situação de erro. A
boa-fé, como se abstrai, não pode sozinha retirar a ilicitude da prova que foi
produzida. A ausência de dolo por parte do agente não elide a
contaminação, posto que se exige não só a boa-fé subjetiva, mas também a
objetiva, que é o atendimento à lei na produção do conjunto probatório. O
Brasil não adota a teoria da boa-fé.
9
realizada a busca e apreensão no local e certamente o corpo da criança
seria encontrado nesta busca, descaracterizando, assim, a contaminação
desta prova.
Art. 157, §2º, CPP - Considera-se fonte independente aquela que por si só, seguindo os
trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de
conduzir ao fato objeto da prova.
10
SERENDIPIDADE: Conexão e Encontro Fortuito de Provas
O termo vem do inglês “serendipidy”, que significa “descobrir coisas por
acaso”. A Teoria do Encontro Fortuito de Provas deve ser utilizada nos casos
em que, no cumprimento de uma diligência relacionada a um delito, a
autoridade casualmente encontra provas ou elementos informativos
relacionados a outra infração penal, que não estava na linha de
desdobramento normal da investigação. Ex. mandado de busca e
apreensão minucioso e ao ingressar na residência é encontrado objeto que
não se encontra descrito no mandado, mas que tem vínculo com o crime
objeto da persecução penal. Segundo a doutrina, sendo conexo, é possível
que o objeto seja considerado para fins probatórios. O que não se permite é
que seja colhido material probatório que tenha relação com outro tipo de
delito, que não aquele objeto da investigação. Caso não haja conexão
entre os delitos, as informações obtidas através da interceptação podem
funcionar como notícia criminis para o início de novas investigações (HC
83515 – STF).
11
Agora, passaremos a estudar as fontes do Direito processual penal...
FONTE MATERIAL: são aquelas que criam o direito. Tal papel fica a cargo do
Estado. Por se tratar de normas de direito processual penal, a competência é
privativa da União, nos termos do art. 22, I, da Constituição Federal. Registre-
se, entretanto, que a União, os Estados e o Distrito Federal têm competência
concorrente para legislar sobre a criação, o funcionamento e o processo dos
juizados de pequenas causas (art. 24, X, CF/88); o direito penitenciário (art.
24, I, CF/88) e sobre procedimentos em matéria processual (art. 24, XI, CF/88);
SISTEMAS PROCESSUAIS:
Caros concurseiros, no exato instante em que há a prática concreta do
delito, surge para o Estado o direito de punir (jus puniendi). Este, entretanto,
12
não pode impor imediata e arbitrariamente uma pena, sem conferir ao
acusado as devidas oportunidades de defesa. Ao contrário, é necessário
que os órgãos estatais incumbidos da persecução penal obtenham provas
da prática do crime e de sua autoria e que as demonstrem perante o Poder
Judiciário, que, só ao final, poderá declarar o réu culpado e condená--lo a
determinada espécie de pena.
13
provas que alegam, o juiz produzir provas. produção das
pode buscar provas de provas que alegam.
forma complementar; O juiz possui a
mesma liberdade
Prisão e Presume-se a inocência Presume-se a culpa Não se presume
liberdade do réu, a prisão é do réu, a liberdade culpa nem
provisória exceção. provisória é exceção. inocência.
14
a) Interpretação declarativa ou declaratória → a letra da lei corresponde a
exatamente aquilo que o legislador quis dizer, nada suprimindo, nada adicionando.
b) Interpretação restritiva → reduz o alcance das palavras para que corresponda à
vontade do texto.
c) Interpretação extensiva → amplia-se o alcance das palavras da lei para que
corresponda à vontade do texto.
este processo.
2º Sistema das Fases Processuais: A lei acompanha o processo até o final de
sua fase (postulatória, instrutória, decisória).
15
3º Sistema do isolamento dos atos processuais: a lei nova não atinge os atos
processuais praticados sob a vigência da lei anterior, porém será aplicável
aos atos processuais que ainda não foram praticados, pouco importando a
fase em que o feito se encontrar. Adotado por nosso ordenamento jurídico:
Tempus Regit Actum. STJ HC 123.492.
16
amanhã vem nova lei que admite Prisão Temporária no Furto. Pelo sistema
do CPP poderia ser aplicada a temporária no caso, porém pela doutrina
representada por Aury Lopes Jr, não seria possível a prisão temporária do
indivíduo nesse caso, pois estamos diante de norma de garantia.
INQUÉRITO POLICIAL
Nesse momento, iniciaremos o estudo do pilar básico do estudo para o
concurso de Delegado de Polícia. Certamente você já deve possuir uma
base sobre o tema. Aqui trabalharemos o que realmente cai!
Posições minoritárias: Há quem diga, por seu turno, que o inquérito policial é
processo, não procedimento. Há também quem diga que não é processo
nem procedimento. Somente mencionar as minoritárias em prova subjetiva.
17
necessariamente o Delegado de Polícia, mas sim o agente público estatal
designado para exercer as funções de autoridade policial, podendo ser um
policial civil ou militar, por exemplo. É a tese defendida por alguns para que
os policiais militares possam lavrar termo circunstanciado de ocorrência no
caso de infrações de menor potencial ofensivo (art. 69 da Lei n.° 9.099/95).
Feita a ressalva quanto à existência desta discussão, deve-se deixar claro
que a posição amplamente majoritária é no sentido de que a autoridade
policial é, realmente, apenas o Delegado de Polícia, sendo importante que
assim o seja, pois as atividades por ele desempenhadas exigem
conhecimentos jurídicos e responsabilidade proporcional a este cargo.
18
X - colher informações sobre a existência de filhos, respectivas idades e
se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual
responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa
presa. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
19
Em sede de inquérito, não há contraditório. Doutrina majoritária afirma que o
Inquérito Policial tem força probatória relativa, pois os elementos de
informação produzidos não foram submetidos ao contraditório e ampla
defesa. Numa prova objetiva dever-se-á marcar como verdadeira a
alternativa de que no inquérito não há contraditório e ampla defesa. Alguns
doutrinadores (minoritários) sustentam a possibilidade de ampla defesa no IP.
Dizem que esse direito de defesa pode se dar de forma exógena e
endógena:
20
de um advogado no ato, sem que isso acarrete nulidade. O que mudou é que
agora a legislação é expressa ao reconhecer o direito do advogado de, se quiser,
participar do ato, não podendo haver embaraço da autoridade que conduz a
investigação.
3. O advogado deve apresentar procuração para participar da investigação,
postulando, conforme o art. 5 do EOAB.
4. O advogado poderá fazer perguntas ao investigado e demais pessoas
envolvidas nos depoimentos e requerer diligências. No entanto, o Delegado
poderá indeferir determinadas perguntas e diligências. Desta forma, à semelhança
do que ocorre no processo penal, o Delegado ou a autoridade que conduz a
investigação (ex: Promotor de Justiça) também poderão indeferir perguntas do
advogado nas seguintes hipóteses extraídas, por analogia, do art. 212 do CPP:
• quando a pergunta formulada puder induzir a resposta (“perguntas sugestivas”);
• quando o questionamento não tiver relação com a causa; ou
• quando a perguntar importar na repetição de outra já respondida.
Como sabemos, o inquérito policial possui como característica o fato de ser um
procedimento discricionário, ou seja, o Delegado de Polícia tem liberdade de
atuação para definir qual é a melhor estratégia para a apuração do delito.
Justamente por conta disso, a legislação previu que a autoridade policial pode
indeferir diligências requeridas pelo indiciado ou pela vítima (art. 14 do CPP).
21
Logicamente, se a prova no inquérito tiver sido colhida sob violação das
normas de direito material, há de ser reconhecida a sua nulidade durante a
fase processual, com o seu consequente desentranhamento dos autos, além
das que foram derivadas dessas provas ilícitas. Isso, todavia, não significa
dizer que todo inquérito será considerado nulo, pois é possível que existam
elementos informativos colhidos no IP que não estejam contaminados.
Vale ressaltar que o inquérito policial não pode ser o único elemento na
formação de convicção do JUIZ para fins condenatórios. No entanto, as
provas não-repetíveis poderão ser elementos formadores de convicção do
magistrado, o que chamamos de prova diferida.
22
O inquérito é indisponível ao Delegado, ou seja, ele NÃO pode mandar
arquivar os autos de inquérito. Art. 17 CPP. Mas é dispensável ao MP, visto
que ele pode arquivá-lo ou ainda oferecer a denúncia com base em outras
peças de informação, dispensando-o.
23
A incomunicabilidade do preso, presente no art. 21, não foi recepcionada
pela nova constituição frente ao Estado Democrático de Direito (Posição
Majoritária). O raciocínio é que o Estado de defesa é um estado de
exceção, um estado de crise. Então, se num estado de crise não se pode
manter o preso incomunicável, muito menos num estado de normalidade.
Afranio Silva Jardim – em sentido contrário - sustenta a recepção constitucional
do art. 21 do CPP porque se o constituinte expressamente vetou a
incomunicabilidade na vigência do Estado de defesa é porque subliminarmente
a admitiu em caráter excepcional na vigência regular de um Estado
Democrático de Direito. (citar a segunda corrente apenas em subjetiva e oral).
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e
no art. 159 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal), e no art. 239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
Criança e do Adolescente), o membro do Ministério Público ou o delegado
de polícia poderá requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de
empresas da iniciativa privada, dados e informações cadastrais da vítima ou
de suspeitos.
24
Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados
ao tráfico de pessoas, o membro do Ministério Público ou o delegado de
polícia poderão requisitar, mediante autorização judicial, às empresas
prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que
disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados – como sinais,
informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos
suspeitos do delito em curso.
III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a
apresentação de ordem judicial.
25
com o advento da CF/88, o juiz tem que saber qual é a opinio delicti do MP
quanto ao que fora apurado pela policia judiciária. Assim, recebido o
inquérito pelo juiz, ele abre vista ao MP, podendo este adotar três medidas:
1.oferecer a denúncia;
2.devolver os autos para delegacia; ou
3. mandar arquivar o inquérito.
Existe alguma providência processual que a vítima possa adotar para evitar
o arquivamento do IP? Ela pode, por exemplo, impetrar um mandado de
segurança com o objetivo de impedir que isso ocorra? NÃO. A vítima de
crime de ação penal pública não tem direito líquido e certo de impedir o
arquivamento do inquérito ou das peças de informação. STJ. Corte Especial.
MS 21.081-DF, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 17/6/2015 (Info 565).
26
nela denunciados, em ordem a promover, então, em caso positivo, a formal
instauração do inquérito policial. (STF, HC – 97197)
27
aqueles que diferenciam, polícia judiciária é a polícia que auxilia o Poder
Judiciário no cumprimento de suas ordens. Ex.: cumprimento de mandado
de busca e apreensão. Já a Polícia investigava é a polícia atuante na
apuração de infrações penais e de sua autoria.
NOTITIA CRIMINIS:
É o conhecimento espontâneo ou provocado por parte da autoridade
policial acerca de um fato delituoso. É o exato momento em que a
autoridade policial toma conhecimento de um fato. É vulgarmente
conhecida como “queixa” ou “denúncia”. Mas o correto é falar em notitia
criminis.
28
Ademais, se a vítima faz um requerimento para o Delegado instaurar um
inquérito e o delegado o indefere, caberá um recurso inominado para o
Chefe de Polícia (art. 5, § 2º, CPP), que hoje pode ser o Secretário de
Segurança Pública ou o Delegado Geral. Outra possibilidade que a vítima
teria, seria fazer o requerimento ao MP.
29
3. Exame de corpo de delito, quando o crime deixar vestígio, deve ser
obrigatoriamente realizado.
30
representação inicial da vitima, existe a possibilidade de ser sanado o vicio,
se a vitima fizer a representação antes de oferecida a denúncia.
31
típica, ilícita e culpável, logo se vislumbrar alguma excludente se limita a
registrar a ocorrência, sem instaurar inquérito policial encaminhando-o ao
MP, titular da ação penal pública. O delegado só não pode deixar de
documentar a noticia, já que o procedimento é escrito (art. 9º do CPP).
Assim pode o delegado, por exemplo, aplicar o princípio da insignificância.
32
diante do indiciado solto, devendo ser aplicado o prazo da lei genérica, ou
seja, de 30 dias. Importante destacar que, mesmo não havendo atribuição,
a policia civil poderia presidir inquérito de crime federal, entretanto, o
conhecimento do inquérito deve ser feito por Juiz Federal, não acarretando
nulidade.
33
na medida em que se justifica na imprescindibilidade para as investigações
policiais, não pode ser mantida após o término do inquérito. Na tentativa de
compatibilizar essas regras, surgiram três correntes:
34
polícia investigativa, decorrente de cooperação internacional exclusiva da
Polícia Federal, e sobre a qual haja acordo de sigilo, o acesso do Ministério
Público não será vedado, mas realizado a posteriori. STJ. 1ª Turma. REsp
1.439.193-RJ, julgado em 14/6/2016 (Info 587).
CONTRA PRÓ
O Art. 144 da CF/88 confere O Art. 144 da CF/88 não confere
exclusividade à polícia judiciária. exclusividade.
Viola o sistema acusatório. Teoria dos Poderes Implícitos.
Falta previsão legal. Lei 8.625/1993; LC 75/93; Res. 13/06 do
CNMP.
35
1) Devem ser respeitados os direitos e garantias fundamentais dos
investigados;
2) Os atos investigatórios devem ser necessariamente documentados e
praticados por membros do MP;
3) Devem ser observadas as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição,
ou seja, determinadas diligências somente podem ser autorizadas pelo
Poder Judiciário nos casos em que a CF/88 assim exigir (ex: interceptação
telefônica, quebra de sigilo bancário etc);
4) Devem ser respeitadas as prerrogativas profissionais asseguradas por lei
aos advogados;
5) Deve ser assegurada a garantia prevista na Súmula vinculante 14 do STF
(“É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito
ao exercício do direito de defesa”);
6) A investigação deve ser realizada dentro de prazo razoável;
7) Os atos de investigação conduzidos pelo MP estão sujeitos ao permanente
controle do Poder Judiciário. A tese fixada em repercussão geral foi a
seguinte: “O Ministério Público dispõe de competência para promover, por
autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal,
desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer
indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas,
sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição
e, também, as prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em
nosso País, os advogados (Lei 8.906/1994, art. 7º, notadamente os incisos I, II,
III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade – sempre presente no
Estado democrático de Direito – do permanente controle jurisdicional dos
atos, necessariamente documentados (Enunciado 14 da Súmula Vinculante),
praticados pelos membros dessa Instituição.” STF. Plenário. RE 593727/MG, rel.
orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em
14/5/2015 (repercussão geral) (Info 785).
MP, embora não tenha exitado em lhe dar poderes para promover o
Inquérito Civil Público. E tanto o silêncio fora eloquente que o Poder
Constituinte não pestanejou em dar poderes de investigação, por exemplo,
às CPI’s. Na realidade, estabeleceu-se uma divisão de tarefas: A
investigação direta a cargo da Polícia Judiciária e o controle externo a
36
cargo do MP, para que pudesse conservar a isenção necessária ao
desempenho do seu múnus primordial, que é a defesa da ordem jurídica. Por
fim, partindo do pressuposto de silêncio eloquente, não podemos falar em
emprego de analogia ao Inquérito Civil Público, pois não haveria lacuna
para seu emprego.
2. O MP é parte em posterior processo e permitir a sua investigação
caracteriza flagrante afronta aos Princípios do Contraditório e Ampla defesa.
3. O MP pode até requisitar diligências e a instauração de inquéritos policiais,
mas não pode PRESIDIR os inquéritos policiais.
4. Quanto ao Direito Comparado, estes afirmam que descabe a sua análise,
pois nas legislações, a exemplo da Italiana e Portuguesa, a investigação é
constitucionalmente originária do MP, de maneira que as respectivas policias
até investigam, mas por delegação, o que afasta a afinidade legislativa de
modo a aplicação da técnica do Direito Comparado.
5. O art. 4º, parágrafo único do CPP não foi recepcionado pela CF/88.
6. A permissão de investigação direta pelo MP viola o Princípio Constitucional
da Justeza ou Conformidade Funcional, pois subverte o esquema
organizatório funcional e compromete estado democrático do direito e a
supremacia da constituição.
QUESTIONAMENTOS IMPORTANTES:
37
1. O detetive particular pode colaborar formalmente com a investigação
conduzida pelo Delegado no inquérito policial? Sim! O detetive
particular pode colaborar com investigação policial em curso, desde
que expressamente autorizado pelo contratante e desde que haja
autorização por parte da autoridade policial – art. 5.
2. O detetive pode participar de diligências policiais? Não! É vedado
expressamente, conforme art. 10, IV.
ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO
Se o MP entender que não estão presentes as condições da ação, indícios
de autoria e materialidade, deve requerer o arquivamento. Frise-se que o
fato do MP requerer o arquivamento não fere o princípio da obrigatoriedade
uma vez que podem não estar presentes as condições para ação.
38
ARQUIVAMENTO NO ÂMBITO FEDERAL: No âmbito da Justiça Federal, se o juiz
não concordar com o pedido de arquivamento, ele deverá remeter os autos
à CCR (Câmara de Coordenação e Revisão) do MPF. Essa CCR só existe na
estrutura do MP da União. Existem várias CCRs. A Câmara que trata de
matéria criminal é a 2ª Câmara. Segundo a doutrina, a manifestação da
CCR é OPINATIVA. A decisão não é da Câmara. Após a CCR, os autos vão
ao PGR, a quem compete a decisão final. Segundo a doutrina, essa
competência do PGR pode ser delegada à CCR do MPF (é o que acaba
acontecendo na prática – o PGR acaba deixando com que a manifestação
da CCR seja a manifestação final sobre o assunto).
39
denúncia se o inquérito policial havia sido arquivado com base em
excludente de ilicitude?
STJ: NÃO. Para o STJ, o arquivamento do inquérito policial com base na
existência de causa excludente da ilicitude faz coisa julgada material e
impede a rediscussão do caso penal. O mencionado art. 18 do CPP e a
Súmula 524 do STF realmente permitem o desarquivamento do inquérito caso
surjam provas novas. No entanto, essa possibilidade só existe na hipótese em
que o arquivamento ocorreu por falta de provas, ou seja, por falta de
suporte probatório mínimo (inexistência de indícios de autoria e certeza de
materialidade). STJ. 6ª Turma. REsp 791.471/RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado
em 25/11/2014 (Info 554) - STJ. 6ª Turma. RHC 46.666/MS, Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior, julgado em 05/02/2015..
STF: SIM. Para o STF, o arquivamento de inquérito policial em razão do
reconhecimento de excludente de ilicitude não faz coisa julgada material.
Logo, surgindo novas provas seria possível reabrir o inquérito policial, com
base no art. 18 do CPP e na Súmula 524 do STF. STF. 1ª Turma. HC 95211, Rel.
Min. Cármen Lúcia, julgado em 10/03/2009. STF. 2ª Turma. HC 125101/SP, rel.
orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em
25/8/2015 (Info 796) - STF. Plenário. HC 87395/PR, Rel. Min. Ricardo
Lewandowski, julgado em 23/3/2017.
mandar para outro órgão do MP). Porém, nos casos em que a decisão de
arquivamento for capaz de fazer coisa julgada material, é indispensável a
análise do órgão jurisdicional competente. Nesse sentido, INQ 1.443 e INQ
2.341.
40
TRANCAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL: Trata-se de medida excepcional
instrumentalizada através de habeas corpus, diante de inquérito
manifestamente abusivo e que cause flagrante constrangimento a
determinado indivíduo, nas seguintes hipóteses: (Renato Brasileiro)
41
a) Prova formalmente nova → é aquela que já era conhecida, mas ganhou
nova versão após o arquivamento. Ex. Testemunha que muda o seu
depoimento.
b) Prova materialmente/ substancialmente nova → é aquela prova que
estava oculta por ocasião do arquivamento. É uma prova inédita,
desconhecida. Ex. uma arma do crime encontrada depois do arquivamento.
42
requerido pelo MP ao juiz e este despachando pelo arquivamento. OS
TRIBUNAIS SUPERIORES (STF E STJ) SÓ ACEITAM O ARQUIVAMENTO EXPLICITO.
Para quem não admite o arquivamento implícito, é possível o aditamento da
denúncia para incluir fato ou sujeito sem a necessidade de novas provas.
Ademais, caso não ocorra o arquivamento explícito, entende-se em aberto
as investigações, podendo vir a ensejar em ação penal privada subsidiária
da pública.
INDICIAMENTO:
Indiciar é apontar alguém como provável autor do delito, quando presentes
indícios de autoria e prova de materialidade. Trata-se de ato privativo da
43
autoridade policial, geralmente feito ao final do inquérito. O indiciamento é
próprio da fase investigatória e não pode ser feito depois que o processo
judicial estiver em andamento .O indiciamento não possui previsão legal expressa,
sendo caracterizado como uma construção pretoriana com base no art. 6º
V do CPP que lista as etapas investigatórias a serem cumpridas pela
autoridade policial. Trata-se de um ato privativo do Delegado sem momento
procedimental específico para ocorrer no inquérito, que pode ser dar, por
exemplo, já na instauração ou mesmo após, em um dos relatórios
apresentados pelo Delegado ao longo do inquérito. (art. 10 § 1º a 3º do CPP
c/c art. 16 do CPP). Portanto, se a atribuição para efetuar o indiciamento é
privativa da autoridade policial, não se afigura possível que o juiz, o Ministério
Público ou uma Comissão Parlamentar de Inquérito requisitem ao delegado
de polícia o indiciamento de determinada pessoa". Na mesma linha, eis o
teor do novel art. 2, §6, da Lei n. 12.830/13: "O indiciamento, privativo do
delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise
técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas
circunstâncias".
Quem pode ser indiciado? A regra é que qualquer pessoa pode ser
indiciada. Mas existem exceções. Atenção! Pessoas que não podem ser
indiciadas: Acusados com foro por prerrogativa de função: apesar de não
haver previsão legal expressa, o Supremo entendeu que é necessária
autorização do Ministro ou Desembargador Relator, não só para instauração
das investigações, como também para o indiciamento de tais investigados.
STF – Inquérito 2411 – QO - MT
CONCLUSÃO DO INQUÉRITO:
44
A conclusão do inquérito policial se dá inicialmente com a elaboração de
um RELATÓRIO da autoridade policial. Relatório é uma peça de caráter
descritivo, que aponta as principais diligências realizadas ao longo do
inquérito. Não deve ser feito juízo de valor – deve apontar quem foi ouvido,
as provas que foram feitas etc. Na hipótese de drogas a autoridade,
EXCEPCIONALMENTE, deve emitir juízo de valor sobre o caso – art. 52 da Lei
11.343/06.
ATENÇÃO: Não é ilegal a portaria editada por Juiz Federal que, fundada na
Res. CJF n. 63/2009, estabelece a tramitação direta de inquérito policial
entre a Polícia Federal e o Ministério Público Federal. O inquérito policial
“qualifica-se como procedimento administrativo, de caráter pré-processual,
ordinariamente vocacionado a subsidiar, nos casos de infrações perseguíveis
mediante ação penal de iniciativa pública, a atuação persecutória do
Ministério Público, que é o verdadeiro destinatário dos elementos que
compõem a ‘informatio delicti'”. A tramitação direta de inquéritos entre a
Polícia Judiciária e o órgão de persecução criminal traduz expediente que,
longe de violar preceitos constitucionais, atende à garantia da duração
razoável do processo, bem como aos postulados da economia processual e
da eficiência. Em relação ao respeito ao contraditório e amapla defesa
típicos da fase de investigação, registre-se que o art. 5º da Res. CJF n.
63/2009 prevê expressamente que “os advogados e os estagiários de Direito
regularmente inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil terão direito de
examinar os autos do inquérito, devendo, no caso de extração de cópias,
apresentar o seu requerimento por escrito à autoridade competente“. É
verdade, porém, que a referida Resolução do CJF ser objeto, no STF, de
ação direta de inconstitucionalidade – ADI 4.305 -, o feito, proposto em 2009
PROCESSO PENAL |
45
do inquérito policial entre o Ministério Público e a Polícia Judiciária, por
entender padecer a legislação de vício formal, mas alertou que esse
julgamento se arrastou desde 2005 e vários Ministros que votaram para tal
conclusão não mais se encontram na composição atual do STF, razão pela
qual não haveria como afirmar como certa a possível declaração da
inconstitucionalidade da Resolução do CJF objeto da ADI 4.305. (STJ RMS
46.165-SP)
PROCESSO PENAL | 0
46