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JUIZ DE GARANTIAS E
DISCRICIONARIEDADE
JUDICIAL
Londrina/PR
2021
Dados Internacionais de Catalogação na
Publicação (CIP)
348 p.
Bibliografias: 337-348
ISBN 978-65-5959-087-2
© Direitos de Publicação Editora Thoth.
Londrina/PR. 1. Direito Penal. 2. Juiz de garantias. 3.
Discricionariedade judicial. 4. Ampla defesa.
www.editorathoth.com.br I. Título.
contato@editorathoth.com.br
CDD 341.5
Ronald Dworkin
AGRADECIMENTOS
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................19
CAPÍTULO 1
O JUIZ DE GARANTIAS ........................................................................................23
1.1 Definindo o conceito.........................................................................................24
1.2 O instituto no direito estrangeiro ....................................................................26
1.2.1 O modelo taliano ..........................................................................................29
1.2.2 O modelo alemão .........................................................................................32
1.2.3 O modelo espanhol ......................................................................................34
1.2.4 O modelo francês .........................................................................................37
1.2.5 O grand jury norte-americano ......................................................................40
1.2.6 O modelo belga.............................................................................................44
1.3 O instituto no direito brasileiro (aspectos da Lei nº 13.964/2019) ............47
1.4 A suspensão cautelar pelo STF em sede de ações diretas de
inconstitucionalidade................................................................................................51
CAPÍTULO 2
COMO O JUIZ JULGA ............................................................................................55
2.1 O julgamento com base no direito natural metafísico e/ou divino ...........58
2.1.1 O juiz de Platão.............................................................................................60
2.1.2 O juiz de Aristóteles ....................................................................................66
2.1.3 O juiz de Santo Agostinho ..........................................................................74
2.1.4 O juiz de Santo Tomás de Aquino .............................................................79
2.2 O julgamento com base no ideário iluminista da separação de funções
estatais ........................................................................................................................84
2.2.1 O juiz de John Locke ...................................................................................86
2.2.2 O juiz de Charles de Secondat (o barão de Montesquieu) .....................94
2.2.3 O juiz de Jean-Jacques Rousseau ............................................................. 103
2.3 O julgamento com base no positivismo jurídico clássico ......................... 111
2.3.1 O juiz de John Austin ............................................................................... 115
2.3.2 O juiz de Herbert Hart ............................................................................. 123
2.3.3 O juiz de Hans Kelsen .............................................................................. 133
2.4 O julgamento com base no positivismo jurídico utilitarista e pragmatista..143
2.4.1 O juiz de Jeremy Bentham ....................................................................... 147
2.4.2 O juiz de Richard Posner.......................................................................... 155
2.5 O julgamento com base no neoconstitucionalismo................................... 169
2.5.1 O juiz de Ronald Dworkin ....................................................................... 175
2.5.2 O juiz de Chaïm Perelman ....................................................................... 187
2.5.3 O juiz de Robert Alexy ............................................................................. 198
2.5.4 O juiz de Luigi Ferrajoli ............................................................................ 211
CAPÍTULO 3
A DISCRICIONARIEDADE E O JUIZ ............................................................ 221
3.1 A ilusão de que o ideário de justiça universal é tangível racionalmente . 227
3.2 A ficção de que o juiz deva ser a boca-da-lei .............................................. 236
3.3 O juiz herói: o mitológico Hércules ............................................................. 245
3.4 O giro ontológico linguístico e sua crítica hermenêutica .......................... 253
3.5 A teoria da dissonância cognitiva: o juiz nunca é tábula rasa ................... 268
CAPÍTULO 4
ARGUMENTOS EM FAVOR DO JUIZ DE GARANTIAS ......................... 279
4.1 A ampla defesa e o contraditório substancial ............................................. 287
4.2 Regras próprias distinguindo investigação e processo .............................. 292
4.3 A iniciativa de lei que é reservada ao parlamento ...................................... 301
4.4 Direitos fundamentais definem prioridades orçamentárias ...................... 308
4.5 O argumento da violação ao princípio da proporcionalidade .................. 313
4.6 Categorias essenciais definem o que é igualdade........................................ 319
4.7 O juiz natural nunca pode ser um inquisidor ............................................. 327
1. A respeito, explica Ferrajoli: “O garantismo, como técnica de limitação e disciplina dos poderes
públicos, voltado a determinar o que estes não devem e o que devem decidir, pode bem ser
concebido como a conotação (não formal mas) estrutural e substancial da democracia: as
garantias, sejam liberais ou sociais exprimem de fato os direitos fundamentais dos cidadãos
contra os poderes do Estado, os interesses dos fracos respectivamente aos dos fortes, a tutela
das minorias marginalizadas ou dissociadas em relação às maiorias integradas, as razões de
baixo relativamente às razões do alto.” (FERRAJOLI, 2002, p. 693).
O juiz de garantias 17
4. BRASIL, 2019.
5. Segundo Ribeiro: “Este modelo apresenta-se sob diversas versões em diferentes ordenamentos:
na Espanha e na França, antes do processo funciona um juiz instrutor, dotado de poderes
investigatórios; na Itália e na Alemanha, onde a titularidade da investigação pertence ao
Ministério Público, há o juiz garante ou de garantias, sem qualquer poder instrutório, mas
encarregado de zelar pelos direitos do investigado, conduzir a audiência preliminar e de
controlar as medidas restritivas de direitos. Em Portugal opera um sistema misto, em que o juiz
da investigação preliminar tanto investiga quanto opera na garantia dos direitos fundamentais.”
(RIBEIRO, 2010, p. 968).
6. Como figura mais próxima do delegado de polícia na esteira do direito estrangeiro tem-se
o ‘Chief Officer’, embora efetivamente a aludida autoridade inglesa não disponha de largos
poderes para imposição de medidas restritivas a direitos fundamentais, cuja incumbência se
situa na esfera da reserva jurisdicional. Nesse sentido, expõe Perazzoni: “Na Inglaterra, ainda
hoje, tanto a abertura como a conclusão e o eventual arquivamento das investigações compete
única e exclusivamente à polícia. Ao ‘Chief Officer’ (equivalente ao nosso delegado de polícia),
além do arquivamento das investigações, compete, ainda, dar início à ação penal, passando a
acusação (‘Crown Prosecutor’) a agir apenas após iniciada a ação penal. Tem-se, portanto, que o
inquérito policial é o nomem juris do modelo investigativo em que, a exemplo do adotado na
20 JUIZ DE GARANTIAS E DISCRICIONARIEDADE JUDICIAL
9. Comentando sobre o tema, Tourinho Filho: “Quanto à entrega da chefia das investigações
preparatórias ao Ministério Público, não se nos afigura de boa política criminal, uma vez
que, daqui a alguns anos, o Promotor de Justiça estará sofrendo as mesmas críticas que se
fazem a alguns Delegados... Se Promotor e Delegado têm a mesma formação universitária,
por que a substituição? Não faz sentido. Observe-se, por outro lado, que a Constituição da
República confere aos membros do Ministério Público a titularidade da ação penal pública, e
inclusive poderes para requisitar diligências investigatórias e a instauração do inquérito policial,
indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais. É como soa o art. 129,
I e VIII, da Magna Carta. Para que possam proceder a investigações, necessária será emenda
constitucional alterando não só aquela disposição como também a do art. 144 do mesmo
diploma. E, se a emenda vier, que se faça a coisa perfeita, transferindo-se as atuais funções
dos Delegados aos membros do Ministério Público. Permitir a estes apenas as investigações
dos crimes de colarinho branco é subestimar e afrontar a atividade daqueles que lutam corpo
a corpo com a criminalidade.” (TOURINHO FILHO, 2013, p. 154).
10. BRASIL, 1941.
11. JUNQUEIRA, Gustavo et al. Lei anticrime: comentada artigo por artigo. São Paulo: Saraiva,
2020. p. 90-94.
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18. GLOECKNER, Ricardo Jacobsen; LOPES JR., Aury. Investigação preliminar no processo penal. 6.
ed. São Paulo: Saraiva, 2014. p. 372.
19. FERRAJOLI, Luigi. Direito e razão: teoria do garantismo penal. Tradução: Ana Paula Zomer
Sica, Fauzi Hassan Choukr, Juarez Tavares e Luiz Flávio Gomes. 3. ed. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2002. p. 590.
20. MENDRONI, Marcelo Batlouni. Crime organizado: aspectos gerais e mecanismos legais. 5. ed.
São Paulo: Atlas, 2015, p. 366-367.
21. Ibid., p. 368.
22. Tratando especificamente sobre o atual papel da polícia na persecução criminal italiana,
Perazzoni: “Por seu turno, o caráter de mero auxiliar atribuído à Polícia Judiciária fica bastante
evidenciado das atribuições que lhe são previstas nos arts. 347 a 357 do mesmo diploma legal,
senão vejamos: a) receber a notícia-crime e transmiti-la ao Ministério Público; b) assegurar as
fontes de prova, conservando o estado de lugares e coisas úteis à reconstrução dos fatos e
individualização do suspeito; c) tomar declarações espontâneas do suspeito, que não poderão
ser utilizadas em juízo (fase de ‘dibattimento’), salvo exceções previstas em lei; d) realizar
busca pessoal ou local, em caso de flagrante delito ou fuga, encaminhando os resultados ao
Ministério Público em quarenta e oito horas, para convalidação; e) apreender correspondências
e documentos e encaminhá-los, intactos, ao Ministério Público; f) elaborar relatório das
atividades desenvolvidas e colocá-lo à disposição do Ministério Público.” (PERAZZONI,
2011, p. 88).
24 JUIZ DE GARANTIAS E DISCRICIONARIEDADE JUDICIAL
23. A propósito, Ferrajoli: “A principal inovação estrutural introduzida foi a separação do juiz
da acusação, mediante a eliminação da velha figura do juiz instrutor, substituída por um juiz
para as investigações preliminares em princípio estranho ao seu desenvolvimento (art. 328),
e do pretor, que agora possui função apenas judicante. Ao Ministério Público, de outra parte,
foram conferidas as funções via de regra postulantes, graças a duas importantes inovações: a
exclusão da instrução sumária e a supressão já antecipada pela Lei 330, de 05.08.1988, do seu
poder de determinar a captura do imputado, podendo agora apenas dispor do mecanismo
denominado fermo, por não mais de 96 horas, em caso de perigo de fuga ou de graves indícios
de culpabilidade dos delitos punidos com penas não superiores no mínimo a 2 e no máximo a
6 anos (art. 384).” (FERRAJOLI, 2002, p. 590).
24. RIBEIRO, 2010, p. 982-983.
O juiz de garantias 25
30. Dissertando a respeito, Andrade: “Foi através desta última reforma - ocorrida em 1974, mas
que entrou em vigor somente em 1975 - que o Ministério Público alemão, que tem sua origem
junto ao direito francês, experimentou uma notável ampliação em suas atribuições. A mais
importante foi a retirada da investigação criminal das mãos do juiz-instrutor, entregando-a ao
Ministério Público, sobre o fundamento de que os juízes deveriam se manter à margem de toda
e qualquer atividade de cunho inquisitivo.” (ANDRADE, 2018, p. 70).
31. MENDRONI, op. cit., p. 349.
32. GLOECKNER; LOPES JR., 2014, p. 381.
33. Ibid., 2014, p. 378.
O juiz de garantias 27
ANDRADE, Mauro Fonseca. Juiz das garantias. 3. ed. Curitiba: Juruá, 2020.
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