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Manuel Simas Santos Abril, 2023

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CURSO DE
JUIZ DE GARANTIAS
ANGOLA
MANUEL SIMAS SANTOS
Manuel Simas Santos Abril, 2023

INTERVENIENTES E SUJEITOS
PROCESSUAIS
Manuel Simas Santos Abril, 2023

3 INTERVENIENTES PROCESSUAIS

• Ao falar do Juiz de Garantias falamos de um interveniente processual, mas também de


um sujeito processual.
Intervenientes processuais
Sujeitos processuais – juiz
– M.º P.º
– arguido
– defensor
– assistente
Participantes processuais – órgãos de polícia criminal
– funcionários judiciais
– peritos
– intérpretes
– técnicos de reinserção social
– outros
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4 INTERVENIENTES E SUJEITOS PROCESSUAIS

• “Lato sensu”, os intervenientes processuais são todos aqueles que, a qualquer título, têm
intervenção ou participação no processo penal.

• Sujeitos processuais, são, deles, só os que, de uma forma activa, dão andamento ao processo,
impulsionando-o e impondo-lhe um rumo, ou seja, tão só os participantes que podem influenciar a
sua tramitação, exercendo uma função orientadora ou determinante do mesmo.

• Isto é, são sujeitos processuais os sujeitos da jurisdição – tribunais – e os sujeitos da acção


– M.° P.°, arguidos, defensores, assistentes e partes civis.
• Participantes processuais stricto sensu são todos os demais intervenientes que não têm
funções condutoras do processo
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5 SUJEITOS PROCESSUAIS

• Aqueles que têm intervenção decisiva no processo, os que podem de algum modo
interferir no seu andamento e traçar-lhe o rumo ou o seu destino.
• Só os que de algum modo têm intervenção determinante no processo, como o juiz, o M.°
P.° e o arguido.
• Em relação ao juiz, há quem, reconhecendo a sua função fundamental e determinante em
muitos momentos, num sistema de estrutura acusatória, o veja, antes, como um “ente
superior”, uma entidade “super partes”, vigilante da legalidade, a quem cabe declarar o
direito em cada caso concreto.
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• O Juiz de Garantias interage com outros sujeitos, como o defensor e assistente. ASSIM:

• O defensor não é um mero representante dos interesses do mandante. Goza do estatuto de


órgão da administração da justiça em exclusivo benefício do arguido. Pode assistir a
determinados actos consignados na lei (art.° 69.°) e representá-lo quando não esteja presente
em audiência ou em alguns dos seus actos (art.os 380.°, n.° 7, 382.°, n.° 3 e 383.°, n.° 2).

• O assistente, auxiliar do M.° P.° e a ele processualmente subordinado (art.° 58.°, n. os 1 e 2), a
quem a lei conferiu vários poderes: requerer a instrução contraditória por factos pelos quais
o M.° P.° não tenha formulado acusação [art.° 332.°, n.° 4, al. b)] e de interpor recursos,
mesmo ante o silêncio do M.° P.° [art.° 62.°, al. d)].

• Assistente e defensor podem co-determinar, dentro de certos limites e circunstâncias, a decisão


final do processo, o que lhes confere, pois, a qualidade de sujeitos processuais.
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7 O JUIZ

• O Juiz destaca-se entre os sujeitos processuais, a lei atribui-lhe a função de julgar: a jurisdição,
o poder ou faculdade de decidir as causas penais, absolvendo ou condenando os arguidos sujeitos ao seu
julgamento.

• O exercício desse poder cabe exclusivamente aos Tribunais, através dos juízes (art.º 174.º da
CRA e 9.º do CPP), com os limites da lei e do direito (art. os 175.º da CRA e 9.º, n.º 1 do CPP).

• Já a competência é a parcela de jurisdição que cabe a cada tribunal, e é determinada, primeiro, pela
CRA (art.os 176.º e segts), depois pelo CPP e, finalmente, pelas leis de Organização Judiciária
(art.º 9.º do CPP).
• É a actividade de administração da justiça penal exercida pelos Tribunais.
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• A jurisdição é una, mas divide-se por várias categorias de tribunais:


• cada tribunal possui apenas uma certa fatia desses poderes a que se chama competência.

• A jurisdição penal está repartida pelos Tribunais Judiciais de 1.ª Instância pelas Relações e
pelo Tribunal Supremo.

• Os Tribunais Judiciais de 1.ª Instância funcionam, quanto à sua estrutura, como tribunal
colectivo ou como tribunal singular (a instrução contraditória funciona só em singular).
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• – em razão da matéria – a competência do Tribunal quantitativamente (gravidade dos crimes em


função da pena), ou quer qualitativamente (espécie ou categoria de crimes). Determina a espécie de
tribunal que aprecia e julga o caso (tribunal de 1.ª Instância, singular ou colectivo e tribunal
superior);

• – funcional – a competência do tribunal nas fases do processo. Assim se determinam as


competências do juiz de garantias durante a instrução preparatória e contraditória, alteração da Lei
n.º 14/22, de 25 de Maio , as do juiz de julgamento e as dos tribunais superiores na fase de recurso;

• – por conexão – a capacidade de cada tribunal para a apreciação e julgamento de situações


criminosas plurais ligadas entre si (v.g. vários crimes pelo mesmo agente conexão subjectiva – ou
vários crimes por vários agentes – conexão objectiva).

• O CPP estipula a competência dos juízes no art.º 12.º e hoje o art.º 334.º, n.º 1, prescreve que «[a]
instrução contraditória é presidida pelo Juiz de Garantias».
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10 O JUIZ

• Compete-lhe:

• – exercer, na fase de instrução preparatória, todas as funções que lhe são atribuídas pelas
disposições do CPP;

• – proceder à instrução contraditória com os mesmos poderes de direcção, de organização dos


trabalhos e disciplinares conferidos ao juiz na fase de julgamento;

• – proferir despacho de pronúncia ou de não pronúncia do arguido ou despachos equivalentes ;

• – dirigir a fase de julgamento e proferir a sentença;

• – apreciar e decidir sobre o pedido de habeas corpus ;

• – praticar quaisquer outros actos permitidos ou impostos por lei.

• – Executar as decisões condenatórias (não vem mencionado no art.º 12.º)


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11 JUIZ DAS GARANTIAS

• Competência:

• – No âmbito da instrução preparatória


• – funções jurisdicionais relativas à instrução preparatória (art. os 313.° e 314.°);

• – prestação antecipada de depoimentos e declarações em instrução preparatória


(art.os 317.°);
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12 JUIZ DAS GARANTIAS

• Competência:
• No âmbito da instrução contraditória
• – funções jurisdicionais relativas à instrução contraditória (art. os 334.º e segs);

• – abertura da instrução contraditória (art.° 333.º, n.º 7);

• – condução e direcção da instrução contraditória (art.° 334.°, 335.º, n.º 3);

• – pronúncia ou não pronúncia (art.° 352.°);


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13 TEXTO ORIGINÁRIO DO CPP

•Começa, assim, o art.º 12.º por referir os «juízes a exercer, na fase de instrução
preparatória, todas as funções que lhe são atribuídas pelas disposições do presente Código», assim
introduzindo, na sua versão originária, sem o nomear, o juiz de garantias.

•Mas. essa designação só aparece, com alguma clareza, no texto originário, quando o
art.º 313.º enumera os «actos a praticar pelo juiz de garantias», seguida do elenco, elaborado
pelo art.º 314.º, dos actos a autorizar pelo juiz das garantias.
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• Face ao texto originário do Código, nesta primeira aproximação, teriamos, pois, o juiz das
garantias como aquele que, durante a fase da instrução preparatória, exerce a função
jurisidicional: «todas as funções que lhe são atribuídas pelas disposições do Código de Processo
Penal».
• Mas, o juiz de garantias não era, na economia do CPP, então, o único “juiz de garantias”,
no sentido conceptual, pois da noção inicial e provisória avançada resultava a sua
limitação à instrução preparatória, sendo que sempre se imporia, face ao próprio art.º 12.º,
o asseguramento das garantias na instrução contraditória, que era inicialmente atribuído,
não ao juiz de garantias, mas ao juiz que procedesse à instrução contraditória.
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15 NOÇÃO DE JUIZ DAS GARANTIAS

• Na verdade, no texto originário do CPP, o juiz de garantias não foi caracterizado de forma suficiente.
• O CPP refere-se não só à competência dos tribunais, mas também dos juízes e quando se lhes refere juízes entre os
intervenientes processuais (art.º 12.º), só os distingue , em razão da competência, elencando-os nos seguintes termos:
• – Juízes a exercer, na fase de instrução preparatória, as funções atribuídas pelo Código [al. a)];

• – Juízes a proceder à instrução contraditória com os poderes de direcção, de organização dos trabalhos e
disciplinares do juiz na fase de julgamento [al. b)];

• – Juízes a proferir despacho de pronúncia ou de não pronúncia do arguido ou despachos equivalentes [al. c)];

• – Juízes a dirigir a fase de julgamento e proferir a sentença [al. d)];

• – Juízes a apreciar e decidir sobre o pedido de habeas corpus [al. e)];

• – Juízes a praticar quaisquer outros actos permitidos ou impostos por lei [al. f)], no que inclui a execução das
penas, omitida nas alíneas anteriores.
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16 NOMEAÇÃO DO JUIZ DAS GARANTIAS

• Mas quem é, afinal, o juiz de garantias?


•Inicialmente, juiz de garantias era no início, face ao n.º 2 do art.º 313.º, para efeitos do
CPP, o juiz nomeado ou designado para praticar os actos no n.º 1 do mesmo artigo.
Nomeação que não teria lugar em todas as comarcas, cabendo então a prática dos actos
jurisdicionais ao juiz do tribunal territorialmente competente para julgar o arguido, com
excepção dos actos mais relevantes.

•Nestes casos era deferida (n.º 3 do art.º 313.º) ao juiz de garantias da Comarca mais
próxima da mesma província judicial, como também o é quando o nomeado ou designado
estivesse impedido, a prática dos seguintes actos: (– aplicar medidas de coacção e de
garantia patrimonial; – proceder ao primeiro interrogatório judicial de arguido detido; –
ordenar buscas nos estabelecimentos referidos no n.º 2 do art.º 213.º)
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• Como sustentamos em Outubro de 2021, no curso on line sobre o novo CPP organizado pelo
ILDC em colaboração com a AJA que seria desejável que «a nomeação do juiz de garantias
recaísse sobre o juiz de instrução, assim se alcançando uma desejável unificação».
• A alteração do CPP, pela Lei n.º 14/22, de 25 de Maio, ao modificar o art.º 313.º, n.º 1, que
passou a dispor, densificou a noção de Juiz das Garantias: «1. [é] Juiz de Garantias, para efeitos
do presente Código, o Juiz nomeado ou designado para praticar os actos previstos no número seguinte,
bem como para presidir à instrução contraditória e proferir o despacho de pronúncia ou de não
pronúncia». Acrescentando, no agora n.º 2, al. a), à medidas de coacção pessoal, a menção a
medidas de garantia patrimonial, como se fez já menção.

• E, no art.º 334.º, n.º 1, determinou que a instrução contraditória é presidida pelo Juiz de
Garantias.
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18 LEIS DE ORGANIZAÇÃO JUDICIÁRIA

• A Lei n.° 39/20, que aprovou o CPP (art.º 1.º) dispôs, no n.º 1 do art.º 4.º, referente à
transição, que o M.º P.º cessa o exercício das competências atribuídas aos juízes de
garantia pelo Código, logo que estes entrem em funções.

• Entretanto, entrou em vigor a 29-08-2022, da Lei n.º 29/22 (art.º 111.º) – LOFTJC (Lei
Orgânica sobre a Organização e Funcionamento dos Tribunais da Jurisdição Comum), que
revogou a Lei n.º 2/15, de 2 de Fevereiro, e a Lei n.º 4/22, de 17 de Março (Lei das
Secretarias Judiciais e Administrativas) (art.º 109.º) e dispôs sobre o Juiz de Garantias nas
instâncias e no Tribunal Supremo.
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19 COMARCAS

• Art.º 19.º da LOFTJC:


• – as funções de Juiz de Garantias são exercidas por juízes de Direito em exercício de funções nos
Tribunais com jurisdição criminal (*) ou, quando não for possível, por juízes em exercício noutro
Tribunal, por designação do Conselho Superior da Magistratura Judicial (n.º 3);

• – o exercício das funções de Juiz de Garantias, nos Tribunais de Comarca, não deve exceder o
período de 3 anos consecutivos, a não ser que a conveniência de serviço imponha solução diversa
(n.º 4);

• – O quadro de Juízes de Garantia, que integra o Tribunal de Comarca, é definido pelo Conselho
Superior da Magistratura Judicial, em função do volume processual da respectiva Comarca (n.º 5).
• (*) Art.º 61.º da LOFTJC – Compete à Sala Criminal: (a) preparar e julgar os processos-crime não atribuídos a outras Salas;
(b) cumprir as cartas rogatórias e precatórias que lhe sejam dirigidas; (c) exercer as funções jurisdicionais nas fases
anteriores ao julgamento nos processos penais; (d) exercer as demais competências estabelecidas por lei.
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20 COMARCAS

• A mesma lei dedica o Capítulo VII aos Juízes de Garantia, reafirmando a sua competência
(n.º 1 do art.º 74.º):
• – proceder à instrução contraditória no processo-crime;

• – decidir quanto à pronúncia e exercer as funções jurisdicionais relativas à instrução


preparatória no processo-crime a fim de, designadamente, praticar, ordenar ou autorizar, a
requerimento do M.º P.º, actos instrutórios de natureza judicial previstos no CPP.
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21 COMARCAS

• Quanto à competência territorial dos Juízes de Garantia remete para o CPP sobre a matéria, salvo nas
situações, previstas na lei, em que a instrução preparatória no processo-crime compete à Direcção
Nacional de Investigação e Acção Penal (n.º 2 do art.º 74.º). (*)

• E reforça que, quando a urgência da investigação o justifique, os Juízes, em exercício de funções de


Juiz de Garantia, podem intervir, em processos que lhes estejam afectos, fora da sua área territorial de
competência (n.º 3 do art.º 74.º).

• (*) Estatuindo sobre casos especiais de competência, dispõe-se no n.º 1 do art.º 75, da LOFTJC que a competência do n.º 1 do
art.º 74.º, quando o julgamento da causa em primeira instância pertencer ao Tribunal Supremo ou ao Tribunal da Relação,
cabe aos Juízes designados para o exercício de funções de Juiz de Garantia nestes Tribunais, nos termos da Lei Orgânica;
mas, quando a instrução preparatória no processo-crime pertencer à Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal, a
competência a que se refere o n.º 1 do artigo anterior cabe ao Juiz de Garantia que funciona junto desse órgão, o que se nos
afigura um duvidoso entorse do foro especial que assiste ao magistrado visado, quanto à intervenção do juiz de garantias
específico.
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22 COMARCAS

• Serviço de Apoio Processual aos Juízes de Garantia (art.º 76.º), em cada comarca:

• – é assistido, em matéria de expediente e funcionamento, pela Unidade de Apoio Processual


(UAP) (n.º 1), dirigida por um Escrivão de Direito a quem compete: (i) autuar e registar os
processos em livro próprio ou em sistema informático equivalente; (ii) receber e registar a entrada
em livro próprio ou em sistema informático equivalente de requerimentos, documentos, cartas,
fax, correio electrónico ou outro papel dirigido ao Tribunal; (iii) efectuar a entrega de
requerimentos e demais documentos na respectiva Secretaria Judicial do T. de Comarca a que o
Juiz de Garantia pertença para serem distribuídos; (iv) elaborar a conta dos processos e papéis
avulsos; (v) registar as decisões do Juiz de Garantia por ordem cronológica; (vi) organizar o
arquivo do Juiz de Garantia; (vii) passar as certidões requeridas ao Juiz de Garantia; (viii)
executar todo o expediente que não seja da competência da Secretaria Judicial da Comarca a que
o Juiz de Garantia pertença; (ix) exercer as demais competências estabelecidas por lei ou
determinadas superiormente.
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23 COMARCAS

• – a distribuição dos processos aos Juízes de Garantia é feita pela UAP, sob a
presidência de um deles, mediante escala de turnos mensal entre os mesmos (n.º 3);

• – os restantes serviços de secretaria e de natureza administrativa, são assegurados pelas


Secretarias Judicial e Administrativa do T. Comarca do Juiz de Garantias (n.º 4);

• – o quadro dos oficiais de justiça da UAP é estabelecido na Lei das Secretarias Judiciais
e Administrativas, para responder às necessidades (n.º 5).

• – sem prejuízo das competências próprias do Escrivão da UAP, o Secretário Judicial do


T. de Comarca do Juiz de Garantias, coordena a UAP, sob supervisão do Juiz
Presidente.
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24 COMARCAS

• No que se refere à entrada de expediente, saída de processos, livros e arquivo, bem como às
regras para o arquivo de processos aplicam-se as disposições estabelecidas na Lei das
Secretarias Judiciais e Administrativas, devidamente adaptadas (art.º 77.º).
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25 COMARCAS

• PAULO HENRIQUES, (O Juiz de Garantias em Angola, 2.ª ed., págs 176-177) suscita a questão de saber se a
proximidade, em termos de espaço físico (ao nível dos Tribunais de Comarca), não
propicia uma pré-convicção entre o Juiz de Garantias e o futuro juiz da fase de julgamento,
e assim colocar em questão o princípio da imparcialidade e pergunta se não seria mais
adequado o seu funcionamento numa instância separada do Tribunal de Comarca, como
seria o caso, v.g. de um juizado das garantias?
• Compreende-se perfeitamente a questão colocada, embora o sistema de apoio aos Juízes
de Garantias não sendo muito sofisticado, possa garantir a necessária autonomia e eficácia
e a integração destes magistrados judiciais no Tribunal da Comarca, se houver o cuidado
devido na implementação dos Juízes de Garantias: com espaço próprio no tribunal da
Comarca, para si e para o Gabinete de Apoio.
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• Porém, se houver a tentação, para nós impensável, de deslocar o Juiz de


Garantias, em vez de o sedear em instalações próprias condignas, o risco
apontado, não será evitado, pois:
• não só não estarão assegruradas as condições necessárias à implementação do
novo sistema;
• como os juízes não serão percepcionados publicamente como os garantes do
respeito pelas garantias constitucionais.
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27 TRIBUNAL SUPREMO/RELAÇÕES

• Quanto ao Tribunal Supremo, as funções de Juiz de Garantia são exercidas pelos Juízes
Conselheiros da Câmara Criminal (n.º 1 do art.º 19.º):
• – rotativamente, por todos os Juízes da Câmara, por mandatos de um ano, iniciando-se por
aqueles que nela exerçam funções há mais tempo;
• – o Juiz que pratique qualquer acto no processo como Juiz de Garantia não pode intervir na
fase de julgamento do mesmo processo;
• – são designados, em cada ano judicial, pelo menos, dois Juízes de Garantia.
• Nas Relações aplicam-se, com as devidas adaptações, as regras do T. Supremo, mas aqueles
Tribunais não têm competência para julgamento em 1.ª Instância (n.º 2 do art.º 19.º da
LOFTJC), o que torna incompreensivel a norma e desnecessária a sua nomeaçâo
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• Cautelarmente (face a uma hipótese remota em que não se crê) diga-se que os juízes de
garantias no T. Supremo e nas Relações nunca poderá caber o conhecimento de recursos
de decisões de Juízes de Garantias, pois que:
• - a função de juiz de garantias é sempre de primeira instância e não de instância de
recurso;
• - os recursos são decididos em colectivo.
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29 CONFLITOS DE COMPETÊNCIA

• Incompetência é a falta de poder para apreciar e julgar, ou seja, a ausência, por parte de
determinado órgão jurisdicional, daquela parcela de jurisdição indispensável para ajuizar de um concreto
evento criminal.

• É um incidente que assenta em cinco bases: (i) – iniciativa; (ii) – prazo; (iii) – ritologia; (iv) –
decisão; e (v) – efeitos.

• A iniciativa para o desencadear (art.º 27.º), pode decorrer de requerimento feito pelo M.° P.°,
pelo arguido ou pelo assistente (a pedido) (n.º 1), ou partir do próprio tribunal (via oficiosa)
(n.° 2).
• A declaração de incompetência tem um prazo limite: até ao trânsito em julgado da decisão
final (art.° 27.°, n.° 1, parte final).
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30 CONFLITOS DE COMPETÊNCIA

•Se se tratar de incompetência territorial, só pode ser deduzida e declarada até:

• – ao início do debate contraditório, em caso de abertura de instrução contraditória;


ou
• – ao início da audiência de julgamento, tratando-se de tribunal de julgamento (art.°
27.º, n.º 3).
•Entendendo-se que os Tribunais Angolanos não são competentes, o processo é
arquivado (n.º 4 do art.º 27.º).
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31 CONFLITOS DE COMPETÊNCIA

•Não há especiais regras a observar no tocante à ritologia.

•Se se tratar de expediente oficioso de incompetência, o tribunal limita-se a declará-la com


base nos elementos constantes dos autos, em despacho devidamente fundamentado, de
que cabe recurso (art.os 27.º, n.º 2, 460.º e 461.º).
•A declaração da incompetência tem como efeito a remessa do processo ao tribunal
competente, sem prejuízo de o tribunal declarado incompetente ordenar a prática de
actos processuais considerados urgentes (n.º 1 do art.º 28.º).
•No caso de incidente a pedido, devem ser apresentados imediatamente os indispensáveis
meios de prova e a resposta também imediata ou no prazo de 8 dias (art.º 122.º, n.º 1).
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32 CONFLITOS DE COMPETÊNCIA

• A decisão não obedece a formalidades especiais, mas a declaração de incompetência acarreta


consequências jurídico—processuais de diferente natureza, consoante o tribunal respectivo:
• – no tribunal considerado incompetente: (i) – prática dos actos processuais urgentes (art.º 28.º,
n.º 1); (ii) – remessa do processo ao tribunal tido por competente (art.° 28.°, n.° 1) ou
arquivamento se for reconhecida a incompetência dos Tribunais Angolanos para
conhecimento do feito (art.º 27.º, n.º 4).

• – no tribunal considerado competente: – anulação dos actos reputados excessivos e repetição


dos tidos por indispensáveis ao conhecimento da causa (art.º 28.º, n.º 2).

• Não diz a lei o é por acto urgente. Pensamos que é o acto que, se não realizado num
determinado momento, corre o risco se perder oportunidade, com prejuízo óbvio para o bom
conhecimento da causa.
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• 73-75
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34 IMPEDIMENTOS, RECUSAS E ESCUSAS

• Quando a imparcialidade da jurisdição possa ser posta em causa, em razão da ligação do


juiz com o processo ou porque nele já teve intervenção noutra qualidade ou porque tem
qualquer relação com os intervenientes que faça legitimamente suspeitar da sua
imparcialidade, há necessidade de o afastar do processo.
•Há mecanismos cautelares com a função garantir a imparcialidade e a isenção da função
de julgar, não porque o juiz em causa seja de considerar parcial e não isento, mas apenas
porque, face às circunstâncias, é de admitir o receio de que o possa ser.
•Tais mecanismos ou garantias (art.os 35.º a 47.º), revestem três modalidades: (i) –
impedimentos; (ii) – recusas; e (iii) – escusas.
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35 IMPEDIMENTO

• O juiz é inábil para intervir e decidir em determinado processo por força da lei, tendo em vista as suas
relações de proximidade com o próprio caso a resolver – situações enumeradas nos art.os 35.º e 36.º.

• Enumeração taxativa, expressa em 4 vertentes, segundo a proximidade do juiz com o caso


concreto:
• – impedimentos resultantes da ligação familiar ou equiparada (viver em condições análogas às
dos cônjuges) do juiz aos sujeitos ou intervenientes do processo (arguido, ofendido, pessoa com a
faculdade de se constituir assistente ou parte civil) — als. a) e b), do n.º 1 do art.º 35.º;
• – impedimentos resultantes da ligação do juiz ao próprio processo em causa por ter já tido
intervenção— casos das als. c) e d), do n.º 1; /…
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36 IMPEDIMENTO

• – impedimentos com origem na ligação familiar ou equiparada do juiz com outros juízes intervenientes no mesmo processo — caso
da al. d), do n.º 1;

• – impedimentos por participação em processo: o juiz não pode intervir em julgamento, recurso ou pedido de revisão relativos
a processo em que tiver: (i) intervindo como M.° P.°, membro de OPC, perito, testemunha, defensor ou advogado do
assistente ou da parte civil; (ii) procedido a interrogatório do arguido; presidido à instrução contraditória; proferido
despacho de pronúncia ou de não pronúncia ou despacho a rejeitar a acusação ou a ordenar que os autos sejam conclusos
ao juiz da causa para ser designado dia para julgamento; (iii) participado em julgamento, decisão de recurso ou revisão
anteriores; (iv) intervindo nas funções de fiscalização judicial de garantias em instrução preparatória (art.º 36.º).

• Esta hipótese é, em rigor, de incompatibilidade, ocorrendo quando o juiz intervém em tribunais colectivos ou em instância de
recurso.
• Mas pode também suceder quando actua individualmente, como é o caso em que tenha intervindo no processo como juiz de
instrução o seu cônjuge ou pessoa que com ele viva em condições análogas).
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37 IMPEDIMENTO

• – impedimentos com origem na ligação familiar ou equiparada do juiz com outros juízes intervenientes no mesmo
processo — caso da al. d), do n.° 1;

• – impedimentos por participação em processo: não pode o juiz intervir em julgamento, recurso ou pedido de
revisão relativos a processo em que tiver: intervindo como M.° P.°, membro de OPC, perito, testemunha,
defensor ou advogado do assistente ou da parte civil; procedido a interrogatório do arguido; presidido à
instrução contraditória; proferido despacho de pronúncia ou de não pronúncia ou despacho a rejeitar a
acusação ou a ordenar que os autos sejam conclusos ao juiz da causa para ser designado dia para
julgamento; participado em julgamento, decisão de recurso ou revisão anteriores; intervindo nas funções de
fiscalização judicial de garantias em instrução preparatória (art.° 36.°).

• Esta hipótese é, em rigor, de incompatibilidade, ocorrendo quando o juiz intervém em tribunais colectivos ou em
instância de recurso. Mas pode também suceder quando actua individualmente, como é o caso em que tenha
intervindo no processo como juiz de instrução o seu cônjuge ou pessoa que com ele viva em condições análogas).
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38 IMPEDIMENTO

•O juiz fica então obrigatoriamente impedido de intervir no pleito (corpo do n.º 1 do art.º 35.º
e corpo do art.º 36.º), tendo o dever de se declarar impedido (art.º 38.º, n.º 1).

•Isso não impede que o incidente possa também ser suscitado por entidades estranhas ao
juiz (v.g., pelo M.º P.º, pelo arguido, pelo assistente ou pela parte civil), como resulta do n.º
2 do art.º 38.º.

• Se, entretanto, o juiz impedido tiver praticado no processo qualquer acto processual, o
acto será nulo, a não ser que já não possa ser repetido e se verificar que o seu
aproveitamento não interfere com a justiça da decisão que vier a ser proferida ou quando
a repetição for irrelevante (art.º 39.º).
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39 IMPEDIMENTO

• – É irrecorrível o despacho em que o juiz se declara impedido (art.º 40.º, n.º 1);

• – É recorrível o despacho em que o juiz se não declara impedido perante requerimento que nesse sentido
lhe foi formulado (art.º 40.º, n.º 2);

• — no caso de despacho recorrível a decisão cabe ao tribunal imediatamente superior (art.º 40.º, n.º
2); ao TS, sem intervenção do visado, quando o impedimento tiver sido oposto a um juiz desse
Tribunal (art.º 40.º, n.º 3);

• – o recurso tem efeito suspensivo, o que não prejudica a realização dos actos urgentes pelo juiz visado, se
tal for considerado indispensável (art.º 42.º, n.º 4).

• Uma vez declarado ou reconhecido o impedimento, o juiz impedido remete imediatamente o processo ao
juiz que, nos termos da lei em vigor, o substituir.
Manuel Simas Santos Abril, 2023

40 SUSPEIÇÃO

•Há suspeição quando, face às circunstâncias do caso concreto, for de supor que existe
motivo sério e grave susceptível de gerar desconfiança sobre a imparcialidade do juiz se este vier a
intervir no processo, nomeadamente, a sua intervenção em outros processos ou em fases ou actos do
mesmo processo, fora dos casos abrangidos pelos impedimentos previsto no art.º 35.º.

• A suspeição é atacada por dois caminhos, pela:

• – recusa do juiz; ou

• – sua excusa.
Manuel Simas Santos Abril, 2023

41 RECUSA

• Na recusa — aqui nomeada de dedução de suspeição — a imparcialidade do juiz é posta em causa


pela intervenção de terceiros (M.° P.°, arguido, assistente ou parte civil), que são quem o podem solicitar
em requerimento, acompanhado da prova de dispuserem, dirigido ao tribunal imediatamente superior
àquele onde exerce funções o juiz visado — cfr. art.os 40.º e 44.º, n.os 1 e 2.
• É «um expediente que serve para impedir o juiz de funcionar em determinado processo, tendo em
vista um motivo sério e grave que possa gerar desconfiança sobre a sua imparcialidade», sempre da
iniciativa de alguém estranho ao próprio juiz.

• O juiz não se pode declarar voluntária e oficiosamente suspeito, mas não está impedido de lançar
mão do mecanismo previsto no art.º 46.º (n.º 2 do art.º 44.º).

/…
Manuel Simas Santos Abril, 2023

42 SUSPEIÇÃO

• Se o juiz entender que se verificam factos que possam constituir fundamento de recusa
(art.º 43.º), e gerar desconfiança sobre a sua imparcialidade pode declará-los e dá-los a
conhecer, por despacho, notificando o M.° P.°, o arguido, o assistente e a parte civil para em
de 8 dias deduzirem, querendo, contra si, suspeição.
• Se a suspeição for deduzida e oposta ao juiz com fundamento no despacho do juiz,
considera-se reconhecida e declarada a suspeição. Se não o for, não pode ser deduzido
incidente com o mesmo fundamento pelos sujeitos processuais notificados para o efeito.
Antiga provocatio ad agendum ?
• A decisão é sempre de um tribunal superior: imediatamente superior ou o Tribunal
Supremo, se se tratar de juiz pertencente a este tribunal, e assenta em motivo sério e grave que
faça suspeitar de que, a intervir o juiz, possa não actuar com imparcialidade (art.° 43.°, n.° 1).
Manuel Simas Santos Abril, 2023

43

•Motivo sério e grave? Não é qualquer banal motivo, abstractamente avaliado que
pode fazer desencadear os instrumentos de ataque a uma eventual situação de suspeição.
•Unanimemente entende a Jurisprudência portuguesa, «a seriedade e gravidade do
motivo ou motivos causadores do sentimento de desconfiança sobre a imparcialidade do
juiz têm de ser consideradas objectivamente, não bastando um puro convencimento
subjectivo por parte do M.° P.°, arguido, assistente ou parte civil, ou do próprio juiz da
escusa, para que se possa ter por verificada a ocorrência da suspeição». (sublinhado nosso).
•«É a partir do senso e experiência comuns que tais circunstâncias devem ser
ajuizadas», pelo que «a simples e normal amizade com um dos sujeitos processuais não é
causa séria e grave de suspeição que legitime a recusa ou a escusa». /….

• Ac. do STJ de 10.07.96, CJ XIX, 4, pág. 62.


Manuel Simas Santos Abril, 2023

44

• Esta advertência é muito importante para frustrar abusivas tentativas de desviar do


julgamento da causa o juiz natural, práticas que, muito recentemente, e em processos
mediáticos, vêm sendo utilizadas, com prejuízo flagrante da celeridade processual e da
pureza dos princípios.
• Por outro lado, a exigência de um motivo sério e grave adequado a gerar desconfiança
sobre a imparcialidade do juiz não tem impedido o recurso exagerado e injustificado à
recusa de juiz, muitas vezes com intuitos meramente dilatórios, em diversas latitudes e
longitudes.
Manuel Simas Santos Abril, 2023

45

• No caso dos impedimentos, os actos realizados pelo juiz impedido são, em princípio, nulos
(art.° 39.°, n.° 1), o que não é prescrito para o caso das suspeições.
• O pedido de recusa ou de escusa tem que ser formulado em prazos determinados (art.° 45.°) e
esse prazo depende do momento processual em que o pedido é deduzido, no que aqui importa:
— até ao início do debate instrutório — se o processo se encontrar na fase de instrução contraditória
(n.° 1);
• Excepcionalmente o pedido pode ser apresentado em prazos diferentes, isto nas situações
contempladas no n.° 3 do art.° 45.°, podendo requerer-se, no que aqui importa, recusa ou
escusa:
• – até ao despacho de pronúncia ou não pronúncia — quando os factos fundamentadores tiverem
ocorrido ou tiverem sido conhecidos pelo invocante após o início do debate instrutório;
• Na tramitação do incidente e à decisão são de observar as regras constantes do art.° 45.°.
Manuel Simas Santos Abril, 2023

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DEONTOLOGIA
Manuel Simas Santos Abril, 2023

47
PRINCÍPIOS DE
BANGALORE
CONDUTA JUDICIAL
HAIA
2002
PROJETO DE CÓDIGO JUDICIAL EM ÂMBITO GLOBAL, CONSTRUÍDO A
PARTIR DE OUTROS CÓDIGOS E ESTATUTOS, NACIONAIS, REGIONAIS E
INTERNACIONAIS, ENTRE OS QUAIS A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS
DIREITOS HUMANOS, DA ONU, QUE PREVÊ UM JULGAMENTO
IGUALITÁRIO, JUSTO E PÚBLICO, POR TRIBUNAL INDEPENDENTE E
IMPARCIAL, PRINCÍPIO ACEITE PELOS ESTADOS-MEMBROS

Sob os auspícios das Nações Unidas o Grupo de Integridade Judicial iniciou a


elaboração dos Princípios de Conduta Judicial de Bangalore, no ano de 2000, na
Áustria (Viena), que foram formulados em abril de 2001, na Índia (Bangalore) e
aprovados oficialmente na Holanda (Haia) em Novembro de 2002.
VALOR 1
INDEPENDÊNCIA

Princípio
• A independência judicial é um pré-requisito do estado de Direito e uma garantia
fundamental de um julgamento justo.
• Um juiz, consequentemente, deverá apoiar e ser o exemplo da independência
judicial tanto no seu aspecto individual quanto no aspecto institucional.
APLICAÇÃO

• 1.1 Um juiz deve exercer a função judicial de modo independente, com base na
avaliação dos fatos e de acordo com um consciente entendimento da lei, livre de
qualquer influência estranha, induções, pressões, ameaças ou interferência, direta ou
indireta de qualquer organização ou de qualquer razão.
• 1.2 Um juiz deverá ser independente com relação à sociedade em geral e com relação
às partes na disputa que terá de julgar.
• 1.3 Um juiz não só deverá ser isento de conexões inapropriadas e influência dos ramos
executivo e legislativo do governo, mas deve também parecer livre delas, para um
observador sensato.
• 1.4 Ao desempenhar a função judicial, um juiz deverá fazê-lo de modo independente
dos colegas quanto à decisão que é obrigado a tomar independentemente.
• 1.5 Um juiz deve encorajar e garantir proteção para a exoneração das obrigações
judiciais de modo a manter e fortalecer a independência institucional e operacional
do Judiciário.
• 1.6 Um juiz deve exibir e promover altos padrões de conduta judicial de ordem a
reforçar a confiança do público no Judiciário, a qual é fundamental para manutenção
da independência judicial.
VALOR 2
IMPARCIALIDADE

Princípio
• A imparcialidade é essencial para o apropriado cumprimento dos deveres do
cargo de juiz. Aplica-se não somente à decisão, mas também ao processo de
tomada de decisão
APLICAÇÃO

• 2.1 Um juiz deve executar suas obrigações sem favorecimento, parcialidade ou


preconceito.
• 2.2 Um juiz deve se assegurar de que sua conduta, tanto na corte quanto fora
dela, mantém e intensifica a confiança do público, dos profissionais legais e dos
litigantes na imparcialidade do Judiciário.
• 2.3 Um juiz deve, tanto quanto possível, conduzir-se de modo a minimizar as
ocasiões em que será necessário ser desqualificado para ouvir ou decidir casos.
• 2.5 Um juiz deve considerar-se suspeito ou impedido de participar em qualquer caso em
que não é habilitado a decidir o problema imparcialmente ou naqueles em que pode
parecer a um observador sensato como não-habilitado a decidir imparcialmente.
• 2.5.1 o juiz tem real parcialidade ou prejulgamento com respeito a uma parte ou
conhecimento pessoal dos fatos de prova contestados, relativos aos outros;
• 2.5.2 o juiz previamente atuou como advogado ou foi testemunha material no caso em
controvérsia;
• 2.5.3 o juiz, ou um membro da família do juiz, tem um interesse econômico no resultado
do problema em debate;
VALOR 3
INTEGRIDADE

Princípio
• A integridade é essencial para a apropriada desincumbência dos deveres do
ofício judicial
APLICAÇÃO

• 3.1 Um juiz assegurar-se-á de que sua conduta esteja acima de reprimenda do


ponto de vista de um observador sensato.
• 3.2 O comportamento e a conduta de um juiz devem reafirmar a fé das pessoas
na integridade do Judiciário. A justiça não deve meramente ser feita, mas deve
ser vista como tendo sido feita.
VALOR 4
IDONEIDADE

Princípio
• A idoneidade e a aparência de idoneidade são essenciais ao desempenho de
todas as atividades do juiz
APLICAÇÃO

• 4.1 Um juiz deve evitar a falta de idoneidade e a aparência de falta de idoneidade


em todas as suas atividades.
• 4.2 Como objeto de constante observação por parte do público, um juiz deve
aceitar as restrições pessoais que podem parecer limitações para os cidadãos
comuns e deve fazê-lo de modo livre e com disposição. Em particular, um juiz
deve conduzir-se de maneira consistente com a dignidade do ofício judicial.
• 4.3 Um juiz deve, em suas relações pessoais com membros de profissões legais
que atuem regularmente na sua corte, evitar situações que possam razoavelmente
levantar suspeita ou aparência de favoritismo ou parcialidade.
• 4.4 Um juiz não deve participar na resolução de processo em que qualquer membro
da sua família representa um litigante ou é associado de qualquer maneira ao caso.
• 4.5 Um juiz não deve permitir o uso de sua residência por um advogado para
receber clientes ou outros advogados.
• 4.6 Um juiz, como qualquer outro cidadão tem direito à liberdade de expressão,
crença, associação e reunião de pessoas, mas ao exercer tais direitos, deve sempre
conduzir-se de maneira tal que preserve a dignidade do ofício judicante e a
independência do Judiciário.
• 4.7 Um juiz deve se informar sobre os seus interesses pessoais, fiduciários e financeiros e
deve fazer um esforço razoável para ser informado sobre os interesses financeiros dos
membros de sua família.
• 4.8 Um juiz não permitirá que os relacionamentos sociais ou outros relacionamentos de sua
família influenciem impropriamente a conduta judicial e a sua capacidade de julgamento
como um juiz.
• 4.9 Um juiz não deve usar ou pôr à disposição o prestígio do cargo para promover os seus
interesses privados, de um membro de sua família ou quem quer que seja, nem deve
transmitir ou permitir que outros transmitam a impressão de que qualquer um está em
uma posição especial, capaz de indevidamente influenciá-lo no desempenho das obrigações
do ofício.
• 4.10 A informação confidencial adquirida pelo juiz em razão do cargo não deve ser usada
ou revelada pelo juiz para qualquer propósito não relacionado com os deveres do juiz.
• 4.11 Como objeto de um desempenho apropriado dos deveres judiciais, um juiz pode:
• 4.11.1 escrever, dar palestras, ensinar e participar em atividades referentes à lei, ao
sistema legal, à administração da justiça ou matérias relacionadas;
• 4.11.2 comparecer a uma audiência pública, perante um corpo oficial, relacionada às
matérias afetas à lei, ao sistema legal, à administração da justiça ou assuntos interligados;
• 4.11.3 servir como membro em um corpo oficial ou outra comissão governamental, comitê
ou corpo consultivo se essa participação não é inconsistente com a percepção de
imparcialidade e neutralidade política de um juiz;
• 4.11.4 envolvimento com outras atividades, se tais atividades não rebaixarem a dignidade do cargo nem
interferirem de outra maneira com o desempenho dos deveres judiciais;
• 4.12 Um juiz não deve exercer a advocacia enquanto ocupar o cargo.
• 4.13 Um juiz pode formar ou se juntar a associações de juízes ou participar de organizações representado os
interesses da categoria.
• 4.14 Um juiz e os membros de sua família nem pedirão, nem aceitarão, qualquer presente, doação,
empréstimo ou favor com relação a qualquer coisa feita, a ser feita, ou omitida de ter sido feita pelo juiz em
• conexão com o desempenho dos deveres judiciais.
• 4.15 Um juiz não permitirá deliberadamente que um funcionário de sua equipe ou outros, sujeitos a sua
influência, direção ou autoridade, peça, aceite qualquer presente, doação, empréstimo ou favor com relação
a qualquer coisa feita, a ser feita ou omitida de ter sido feita em conexão com seus deveres funcionais.
• 4.16 Sempre sujeitos à lei e a qualquer exigência legal de exposição pública, um
juiz pode receber um presente representativo de uma certa situação, uma
concessão ou um benefício apropriado para ocasião na qual se deu, sob a
condição de que o presente, concessão ou benefício não possa ser percebido, de
acordo com o bom senso, como tendente a influenciar o juiz no desempenho de
seus deveres ou, de outro modo, dar a aparência de parcialidade.
VALOR 5
IGUALDADE

Princípio
• Assegurar a igualdade de tratamento de todos perante os tribunais é essencial
para a devida execução do ofício judicial
APLICAÇÃO

• 5.1 Um juiz deve ser ciente e compreensivo quanto à diversidade na sociedade e às diferenças que
surgem de várias fontes, incluindo (mas não limitadas à) raça, cor, sexo, religião, origem nacional,
casta, deficiência, idade, estado civil, orientação sexual, status social e econômico e outras causas
(“razões indevidas”).
• 5.2 Um juiz não deve, no desempenho dos deveres judiciais, manifestar, por palavras ou conduta,
parcialidade ou preconceito dirigido a qualquer pessoa ou grupo com base em razões indevidas.
• 5.3 Um juiz cumprirá os deveres judiciais com a apropriada consideração para com todos, tais
como as partes, testemunhas, advogados, funcionários da corte e outros juízes, sem fazer distinção
fundada em qualquer motivo irrelevante ou secundário para a devida execução de tais obrigações.
• 5.4 Um juiz não deve deliberadamente permitir que os funcionários do tribunal
ou outros, sujeitos à sua influência, direção ou controle, discriminem, em
qualquer grau, pessoas envolvidas em um problema submetido a seu
julgamento.
• 5.5 Um juiz deve pedir aos advogados de um processo que se abstenham de fazer
manifestações, por palavras ou conduta, de parcialidade ou preconceito baseado
em motivos irrelevantes, exceto se tais motivos são legalmente relevantes para
um assunto em discussão e podem ser objeto de legítima advocacia.
VALOR 6
COMPETÊNCIA E DILIGÊNCIA

Princípio
• Competência e diligência são pré-requisitos da devida execução do ofício
judicante
APLICAÇÃO

• 6.1 Os deveres profissionais de um juiz tem precedência sobre todas as outras atividades.
• 6.2 Um juiz deve devotar sua atividade profissional aos deveres judiciais, os quais incluem não apenas
a execução das funções judiciais e responsabilidades no tribunal e a confecção de decisões, mas
também outras relevantes tarefas para o gabinete judicial ou para as operações do tribunal.
• 6.3 Um juiz deve tomar medidas sensatas para manter e aumentar o seu conhecimento, habilidade e
qualidades pessoais necessárias para a execução apropriada dos deveres judiciais, tomando vantagem,
para esse fim, de treinamentos e outros recursos que possam estar disponíveis, sob controle judicial,
para os juízes.
• 6.4 Um juiz deve manter-se informado sobre acontecimentos relevantes na lei internacional, incluindo
convenções internacionais e outros instrumentos estabelecendo normas sobre direito humanos.
• 6.5 Um juiz deve executar todos os seus deveres, incluindo a entrega de decisões reservadas,
eficientemente, de modo justo e com razoável Pontualidade.
• 6.6 Um juiz deve manter a ordem e o decoro em todos os procedimentos do
tribunal e ser paciente, digno e cortês com relação aos litigantes, jurados,
testemunhas, advogados e outros com os quais deva lidar em sua capacidade
oficial. O juiz deve requerer conduta semelhante dos representantes legais,
funcionários do tribunal e outros sujeitos à sua influência, direção ou controle.
• 6.7 Um juiz não deve se envolver com condutas incompatíveis com o
cumprimento diligente dos deveres judiciais.
COMPROMISSO ÉTICO DOS JUÍZES
E DAS JUÍZAS
ESPAÇO DA COMUNIDADE DOS
PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA
CARTA DE PORTO ALEGRE
NOVEMBRO DE 2018
INDEPENDÊNCIA

• A independência do poder judicial é inerente ao Estado de direito democrático e garantia da


administração, por juízes e juízas, de uma justiça imparcial em nome dos cidadãos. Juízes e
juízas, atuando em nome do cidadão, afirmam e fazem respeitar a sua independência em
todos os domínios e manifestam-na, tanto no exercício das suas funções como fora delas.

• Juízes e juízas respeitam a separação de poderes e a esfera de atribuições dos outros órgãos
constitucionalmente consagrados e exigem o respeito pela independência do poder judicial,
nos termos da Constituição e da lei.
• Juízes e juízas julgam apenas sujeitos ao direito, designadamente à Constituição e à lei, bem
como às decisões dos tribunais superiores proferidas em sede de recurso.

• Juízes e juízas abstêm-se da prática de atividades político-partidárias de caráter público.


IMPARCIALIDADE

• A imparcialidade é o atributo fundamental da função judicial exercida por juízes e juízas


que visa garantir o direito de todos os cidadãos a um processo justo e equitativo.

• No exercício da função judicial, juízes e juízas são imparciais, acionando os mecanismos


de afastamento da causa nas situações que possam gerar fundadas dúvidas sobre a sua
imparcialidade, observando as regras do processo que garantem a igualdade e o
contraditório e repudiando todas as formas de discriminação.

• Juízes e juízas rejeitam a participação em atividades extrajudiciais que ponham em causa a


sua imparcialidade ou que condicionem a confiança do cidadão na sua independência e na
imparcialidade da sua decisão.
INTEGRIDADE

• A integridade profissional, social e pessoal de juízes e juízas é garantia de decisões justas


e imparciais e de confiança pública na qualidade do sistema de justiça.

• Juízes e juízas adotam uma conduta pessoal, social e profissional que aos olhos de uma
pessoa razoável, bem informada, objetiva e de boa fé, seja entendida como íntegra, leal,
ponderada, equilibrada e correta.
• Particular atenção deverá ser dada à utilização das redes sociais, devendo ser seguidas
regras práticas de bom senso, precaução e contenção.

• Juízes e juízas reconhecem a dignidade e importância das funções atribuídas aos outros
atores do sistema judicial, comportando-se sempre, para com todos e para com o público,
com educação, respeito e cortesia.
COMBATE À CORRUPÇÃO

• Corrupção praticada, aceite ou permitida por juízes e juízas é o maior flagelo para a sua
atividade e para a sua função judicial, atacando diretamente os princípios essenciais da
independência, da imparcialidade e da integridade, prejudicando de forma irreversível a
confiança dos cidadãos e da sociedade em geral na justiça e na judicatura.

• Juízes e juízas assumem o compromisso de estabelecer programas gerais de sensibilização,


prevenção e combate a este problema grave, em particular para evitar a sua ocorrência no
próprio judiciário.
HUMANISMO E IGUALDADE

• O exercício do poder judicial vincula-o aos valores da justiça, aos princípios humanistas da
dignidade da pessoa humana e da igualdade e, também, da proteção ambiental.

• Juízes e juízas, no relacionamento com os intervenientes no processo, especialmente naqueles


processos por si julgados, têm sempre presente a sua condição comum de ser humano.

• No exercício das suas funções, juízes e juízas asseguram o efetivo respeito pelos direitos
fundamentais, encarando todas as pessoas como iguais em direitos e deveres, rejeitando
qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência fundada o género, raça, cor, ascendência,
origem nacional ou étnica, credo, orientação sexual, situação económica ou cultural, que tenha
como objetivo ou como efeito destruir ou comprometer o reconhecimento, o gozo ou o
exercício, em condições de igualdade, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais nos
domínios político, económico, social e cultural, ou em qualquer outro domínio da vida pública.
QUALIDADE E EFICÁCIA

• O mérito da função judicial assenta na competência, diligência e excelência do trabalho de juízes e juízas.

• Juízes e juízas empenham-se, ao longo da vida profissional, em adquirir os conhecimentos, competências e


qualidades pessoais necessárias para exercer a sua função com elevado mérito.

• No exercício da sua função, juízes e juízas consagram a sua atividade ao bom funcionamento do tribunal e ao
tratamento célere dos processos, para que os casos submetidos à sua apreciação sejam decididos com
qualidade e prontidão.

• Juízes e juízas têm consciência de que o bom funcionamento do tribunal depende também da adoção de
critérios de gestão organizativa e processual, com vista à simplificação dos procedimentos formais, à
planificação, monitorização e avaliação do serviço e à utilização adequada de ferramentas tecnológicas de
informação e de inteligência artificial.

• Nesse quadro, sem detrimento da independência individual de cada juiz ou juíza, estes cooperam com os
Conselhos Judiciais e com os órgãos competentes para as matérias da governação, gestão dos tribunais e
gestão processual.
RESERVA

• A reserva de juízes e juízas é uma implicação direta da imparcialidade a que estão vinculados/as e
da preservação da confiança pública na integridade judicial.

• Juízes e juízas recusam fazer declarações ou comentários que envolvam uma apreciação
valorativa sobre processos judiciais ou de inquérito e bem assim sobre assuntos que
previsivelmente venham a ser objeto de um processo.

• Nas suas relações com a comunicação social, juízes e juízas asseguram o direito à informação, de
acordo com os princípios da igualdade no acesso às fontes e da transparência nos procedimentos.

• Sem prejuízo das competências atribuídas aos órgãos independentes de governo do judiciário em
matéria de comunicação, sempre que o entendam adequado, juízes e juízas assumem a
responsabilidade de prestar os esclarecimentos que se imponham, por si ou por alguém na sua
dependência, em comunicação oral ou escrita.
COOPERAÇÃO

• Juízes e juízas devem assumir uma conduta cooperante com o funcionamento dos sistemas
judiciais onde exercem as suas atividades, fomentar o espírito de cooperação nas suas
atividades processuais e estabelecer diálogo a nível nacional e internacional, promovendo
a atuação das instituições e das organizações judiciais que concretizam a nível
internacional os valores e princípios aqui indicados.
GOVERNAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA
JUSTIÇA
• Juízes e Juízas assumem a importância de uma boa administração e gestão do sistema judicial.

• Quando juízes ou juízas exercem cargos de administração e gestão dos tribunais,


nomeadamente como membros de conselhos de justiça ou como presidentes de tribunais,
vinculam-se a garantir a efetividade de todos os princípios e valores aqui salientados,
promovendo o exercício independente e imparcial da função jurisdicional em todos os
domínios.

• Para isso juízes e juízas defendem a consagração de regras estatutárias específicas para o
exercício desses cargos, garantindo o cumprimento dos valores e princípios aqui definidos,
mormente o da independência e imparcialidade na atividade jurisdicional.
GARANTIAS E ESTATUTO DOS JUÍZES

• Juízes e juízas devem pugnar pela consagração e efetividade das garantias constitucionais e legais
de um estatuto de juiz condizente com os valores e os princípios aqui assumidos, assim como pela
existência dos respetivos órgãos privativos de gestão e disciplina, pela sua irresponsabilidade
penal, civil e disciplinar nas decisões proferidas, inamovibilidade e não sujeição a quaisquer
ordens ou instruções, salvo o dever de acatamento das decisões proferidas em via de recurso por
tribunais superiores.

• As condições estruturais e organizativas dos tribunais e da profissão de juiz são particularmente


importantes, sendo a componente remuneratória e previdenciária um aspeto decisivo na
salvaguarda da independência e imparcialidade de juízes e juízas.

• Juízes e juízas exigem condições formativas e de capacitação continuada, organizativas e de


gestão que lhes permitam desempenhar a sua atividade com imparcialidade, qualidade e
eficiência.
ASSOCIATIVISMO JUDICIAL

• O associativismo judicial assegura a representação coletiva do corpo de juízes e juízas


perante os cidadãos e perante o Estado.

• O associativismo judicial vincula-se à preservação das condições de independência do


poder judicial e de imparcialidade de juízes e juízas, à defesa dos direitos fundamentais, à
melhoria da justiça e à promoção dos valores da ética judicial.

• O associativismo judicial é independente de quaisquer organizações de natureza política,


social, religiosa ou sindical e assegura o pluralismo democrático interno, permitindo a
juízes e juízas a livre expressão da sua diversidade.
Manuel Simas Santos Abril, 2023

83

• A novidade que constitui a introdução da figura do Juiz de Garantias no sistema angolano, vai certamente
suscitar a atenção da sociedade em geral, mas em especial dos mass media, fenómeno para que devem
estar preparados os titulares do cargo.
• Quer nas relações com os meios de comunicação social, que, ao menos quando ocorrem actos
jurisdicionais em instrução preparatória ou instrução contraditória dos casos mais mediáticos,
contactarão os juízes de garantias, procurando traçar os seus perfis pessoais e dá-los a conhecer, o que
poderá ser um caminho de notoriedade que trará dificuldades ao magistrado e à gestão do processo, a ser
gerido, pois, com distância e cautela.
• O resguardo do Juiz de Garantias e a comunicação oficial, serena e factual, nos casos concretos que o
justifiquem, será um bom contributo para uma boa implantação deste novo modelo, que se quer ver
florescer nas potencialidades que levaram à sua criação.

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