A FIGURA DE UM JUÍZ DE GARANTIAS PURAMENTE PASSIVO
Tendo em conta a importância do juiz de garantias e sendo a matéria
referente a aplicação da medida de coação nuclear no que respeita à intervenção do Juiz de garantias, pela importância que tem quer no devir processual, quer na vida dos intervenientes a elas sujeitos. Do ponto de vista prático atendendo as várias omissões e lacunas deixadas pelo legislador processual penal de 2020, vários tem sido as problemáticas trazidas a luz desta nova figura no seio da tramitação do processo penal angolano.
A PROMOÇÃO E O PRINCÍPIO DO PEDIDO
Acontece que, com a promoção se quer dizer que na fase de instrução o
ministério pública ao apresentar o arguido junto do juiz de garantias, deverá fazer-se acompanhar de uma promoção, o que é nada mais e nada menos senão um pedido que é formulado pelo ministerio publico, requerendo a medida de coação que considera adequada conforme o caso concreto. O princípio do pedido, tal como conhecemos no processo civil, a decisão do juiz é limitada pelo pedido, não decindo para além do lhe for pedido, entretanto, o juiz de garantias não parece estar vinculado a este principio uma vez que as medidas de coação podem ser aplicadas oficiosamente pelo juiz de garantias, não se prendendo ao pedido formulado pelo ministerio publico. Ora do contrário, isso implicaria do ponto de vista prático que o juiz de garantias estaria limitado pelo pedido do Ministério público, uma vez limitado por aquele, não seria as medidas agravadas nem brandas de forma oficiosas. Figueiredo Dias, Por onde vai o Processo Penal português, in “As Conferências do CEJ”, Almedina, 2014, escreveu: Juiz das liberdades significa apenas que o Juiz, no inquérito, só pode intervir em questões que, como é o caso das medidas de coação, contendem diretamente com as liberdades do arguido, não tem de significar que ele não pode dissentir de uma proposta do Ministério Público. Termina dizendo que decidir sobre a liberdade do arguido ou a privação dessa liberdade é a precípua função do Juiz e que não se adequa ao paradigma e ao modelo do nosso processo penal – incluídos todos os incidentes – a figura de um juiz penal puramente passivo. A respeito da intervenção do juiz de instrução criminal, a revisão não prevê qualquer nova disposição no sentido de solucionar um problema que a prática evidencia: o de, por um lado, compatibilizar a necessidade de o juiz de instrução conhecer e avaliar, de um modo tanto quanto possível aprofundado, o material probatório apresentado pelo Ministério Público para sustentar a existência dos indícios ou fortes indícios do crime pressuposto pela medida de coacção requerida e dos pressupostos de natureza cautelar que justifiquem a sua aplicação; com a necessidade, por outro lado, de respeitar o prazo curto de detenção, legal (arts. 141.º-1 e 254.º-1, a)) e constitucionalmente (artigo 28.º-1 da CRP) imposto, sobretudo quando estão em causa processos de especial complexidade e dimensão12 e que envolvam vários arguidos. Pensamos que, em caso de inexistência de perigo na demora, faria sentido impor ao Ministério Público a obrigação de apresentar ao juiz de instrução os autos (ou cópia deles) e o requerimento para aplicação da medida de coacção com uma antecedência, razoável e adequada à complexidade e dimensão do processo, sobre a detenção ou o momento imposto ao arguido para comparecimento.
O JUIZ DE GARANTIAS E O PRINCIPIO DA IMPARCIALIDADE
O juiz que participou da investigação foi o mesmo que interveio no
julgamento oral e proferiu a sentença. A imparcialidade deve ser colocado como um dos pilares do processo penal democratico, porquanto é necessario que se filtre o magistrado assim como o preservem, isto porque apenas deste jeito estaremos a falar de um processo penal garantidor de direitos, pois sem a imparcialidade o processo penal é uma farça é uma mentira, O se pretende é defender um processo limitador do ius punieid do estado, e limitadores dos abusos do magistrado.
REGIME DA INTERVENÇÃO DO JUÍZ DE GARANTIAS
A outra problemática que possivelmente vamos mais lá para frente nos deparar do ponto de vista prático tem que ver com o regime da intervenção escolhido pelo nosso legislador processual penal, isto é, o regime da intervenção isolada. Pois, cremos nós que faria sentido o legislador processual penal prever a possibilidade de nos processos de elevada complexidade e com vários arguidos intervir, em equipa, mais do que um juiz de garantias, pelo menos nos chamados mega-processos. Alguém julgará possível que, no fim de uma maratona de audiencias de julgamento e primeiros interogatórios como juiz da causa e juiz de garantias respectivamente no fim de 5 dias, o juíz tenha tomado uma decisão sobre a liberdade de 33 pessoas com o discernimento e ponderação devidos? A resposta é negativa que a crueza dos factos impõe e a frequência com que os juízes de garantias se depararem com este tipo de situações deveria ter levado à previsão de uma solução, obviamente reservada para casos de especial complexidade e dimensão, que permitisse uma intervenção em equipa de dois ou mais juízes de garantias.
EFEITO PERSEVERANÇA
Diminuir a tenção psíquica gerada pela dissonância cognitiva, entendida
como a forma que seres humanos possuem de reagir com linhas antagónicas de raciocínio que já possuam, e o juiz de garantias viária para evitar que isso aconteça, atuando como garantidor de direitos do acusado no processo penal, acabado por ser um verdadeiro fiscalizador das actividades de investigação realizadas pelo ministério publico
PRIMADO DA HIPOTESE SOBRE OS FACTOS
O juiz elege um caminho, abraça este caminho despreza todo o resto
SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS E O IMPACTO DO JUIZ DE INSTRUÇÃO
CRIMINAL
A figura de juiz de instrução criminal é uma figura que já está
perfeitamente sedimentada em Portugal. O juiz de instrução intervém em várias fases do processo penal, sendo que intervêm de forma limitada na fase de inquérito onde é dirigida pelo ministério publico, tem depois uma fase própria sua que é a fase de instrução.
E depois tem intervenções que não se circunscrevem quer a fase de
inquérito quer a fase de instrução mas que é atribuída ao juiz de instrução criminal competência própria, para decidir questões fundamentais que tendencialmente ocorram na fase de inquérito ou de instrução podem aparecer noutras vazes mais adiantes como é a fase de julgamento v.g. a questão relativamente a reserva de identidade de uma testemunha, que esse competência parte do ministério publico no sentido de proteger a integridade física e a vida da testemunha, em que independentemente da fase que se encontrar o processo a decisão final competira ao juiz