Direitos

Reais -
Usufruto
Profª Flávia Gomes
Usufruto – Art. 1.390 – 1.411

• Para Clóvis Beviláqua, “o usufruto é o direito real, conferido a alguma

pessoa, durante certo tempo, que a autoriza a retirar, de coisa alheia,
frutos e utilidades, que ele produza” (Direito das coisas..., v. 1, p. 309)
– servidão pessoal.
• Direito real de gozo ou fruição por excelência – divisão igualitária dos
atributos da propriedade (GRUD) entre as partes envolvidas.
• Usufrutuário: usar e fruir – posse direta – contato corpóreo imediato;
• Nu-proprietário: reivindicar e dispor – posse indireta;
Atributos

• O nu-proprietário pode locar o bem? G

• O nu-proprietário pode usar a coisa? U
• O usufrutuário pode vender o bem? D
• Quem pode ajuizar ação reivindicatória? R
• Quem pode ajuizar ação possessória? Ambos! Posse direta e
indireta.
Art. 1.390

• O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em

um patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em
parte, os frutos e utilidades.
Usufruto Locação

Direito real Contrato

Efeito erga omnes Inter partes

Extingue-se com a morte Não extingue-se com a morte

Gratuito ou oneroso Onerosa

 Classificações
Ex. Usufruto dos
Legal Norma jurídica pais sobre os bens
dos filhos menores

Por alienação

Testamento ou
Convencional Autonomia privada
contrato
Por retenção –
Origem planejamento
sucessório
Ordinária: JT + BF
+ 10 anos

Misto Usucapião

Extraordinária: 15
anos
Indígenas – Art. 231
Constitucional
§ 2º CF
Usufruto como forma de planejamento
sucessório

• O cônjuge supérstite mantém o usufruto vitalício dos bens

imóveis e, quando do seu falecimento, este é extinto.
• Mitigação de conflitos;

Doação do
sobrevivente
Usufruto
Testamento
do falecido
 Bens
Ex. casa de
infungíveis e
praia
inconsumíveis
Próprio ou
regular
Restitui a coisa
ao final
Objeto
Capital
Fungíveis e
aplicado ou
consumíveis
título de crédito
Impróprio ou
irregular
Substitui ou
indeniza
 Envolve todos os
acessórios
Total ou pleno
Ex. apartamento Exceto se houver
abrange a vaga mat. própria CRI
Extensão na garagem (STJ)

Conteúdo
Parcial ou restrito
delimitado
Ex. Usufruto
parcial

• Se for encontrado um baú

com diamantes por terceiro
de boa fé no imóvel em
usufruto, deve ser dividido
entre o terceiro e o
usufrutuário.
 Prazo
estabelecido
Temporário ou
a termo
Pessoa jurídica:
máx. 30 anos
Duração

Se extingue
Vitalício com a morte do
usufrutuário
Regras fundamentais

• Registro: apenas usucapião e usufruto legal não possuem

necessidade de registro.
• Inalienável: mas pode ser cedido a título gratuito ou oneroso Ex.
comodato ou locação;
• A impenhorabilidade do usufruto abrange a nua propriedade?
• NÃO! Admite constrição! Ressalvado o direito real de usufruto,
inclusive após a arrematação ou a adjudicação, até que haja sua
extinção (STJ).
Direitos do usufrutuário

• a) Direito à posse, uso, administração e percepção dos frutos (art. 1.394

do CC);
• Ex. aluguel.
• Se recair em títulos de crédito pode receber os juros;
• b) Salvo direito adquirido por outrem, o usufrutuário tem direito aos
frutos naturais, pendentes ao começar o usufruto, sem encargo de
pagar as despesas de produção desses frutos (art. 1.396, caput, do CC)
• Ex. frutos e produtos, crias dos animais; os bezerros que nascerem
durante o usufruto servem para compensar os animais que se perderem
durante o usufruto.
• c) O usufrutuário tem o direito de usufruir em pessoa, ou
mediante arrendamento, do prédio objeto do contrato (art. 1.399
do CC):
• Locação ou arrendamento;
• O usufrutuário não pode alterar a destinação econômica do bem,
sem expressa autorização do proprietário.
 Deveres do usufrutuário

• a) O usufrutuário tem o dever de zelar pela coisa – bônus pater famílias;

• b) O usufrutuário, antes de assumir o usufruto, tem o dever de
inventariar, à sua custa, os bens que receber, determinando o estado em
que se acham, e de dar a caução usufrutuária, pessoal ou real, se essa
for exigida pelo dono da coisa (art. 1.400 do CC):
• O usufrutuário não é obrigado a pagar as deteriorações resultantes do
exercício regular do usufruto (art. 1.402 do CC).
• Não há dever de indenização por caso fortuito ou força maior; Exceção:
culpa ou exercício irregular do direito;
• c) O usufrutuário tem o dever de pagar as despesas ordinárias de
conservação dos bens, levando-se em conta o estado em que os recebeu
(art. 1.403, inc. I, do CC):
• Nu-proprietário: reparações extraordinárias da coisa e as reparações
ordinárias não módicas (art. 1.404 do CC - superiores a dois terços do
líquido rendimento em um ano).
• d) O usufrutuário tem o dever de pagar as prestações e os tributos
devidos pela posse ou rendimento da coisa usufruída (art. 1.403, inc. II, do
CC):
• Despesas de condomínio, IPTU.
• e) Se o usufruto recair em patrimônio, ou parte deste, será o usufrutuário
obrigado aos juros da dívida que onerar o patrimônio ou a parte dele (art.
1.405 do CC): dívidas de herança, abrangem os juros;
• f) O usufrutuário é obrigado a dar ciência ao dono de qualquer
lesão produzida contra a posse da coisa, ou os direitos deste (art.
1.406 do CC);
• g) Se a coisa usufrutuária estiver segurada, incumbe ao
usufrutuário pagar, durante o usufruto, as contribuições do
seguro (art. 1.407, caput, do CC)
Da extinção do usufruto

• a) Extinção do usufruto pela renúncia do usufrutuário (art. 1.410,

inc. I, do CC): pelo usufrutuário, podendo ser expressa ou tácita;
• b) Extinção do usufruto por morte do usufrutuário (art. 1.410, inc.
I, do CC);
• c) Extinção do usufruto pelo termo final de sua duração (dies ad
quem) ou vencimento do prazo, em havendo usufruto temporário
(art. 1.410, inc. II, do CC);
• d) Extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi
constituído, ou, se ela perdurar, pelo decurso de 30 anos da data
em que se começou a exercer (art. 1.410, inc. III, do CC);
• e) Extinção do usufruto pela cessação do motivo de que se origina
(art. 1.410, inc. IV, do CC): A título de ilustração, Maria Helena Diniz
cita o usufruto a favor do pai sobre os bens do filho menor sob o
poder familiar, havendo extinção do usufruto com a maioridade do
filho, pois o direito real perde sua razão de ser (DINIZ, Maria Helena.
Código..., 2010, p. 979).
• f) Extinção do usufruto pela destruição da coisa (art. 1.410, inc. V, do
CC): se houver sido pactuado o seguro, se a indenização respectiva for
aplicada à reconstrução do prédio, restabelecer-se-á o usufruto.
• g) Extinção pela consolidação (art. 1.410, inc. VI, do CC): um pai doa
imóvel ao filho com reserva de usufruto. Com o falecimento do pai, o filho,
seu único sucessor, consolida a propriedade plena em seu nome;
• h) Extinção por culpa do usufrutuário (art. 1.410, inc. VII, do CC);
• i) Extinção pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto
recai (art. 1.410, inc. VIII, do CC): prazo de 10 anos?
• 01. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XVII – PRIMEIRA
FASE/2015) Angélica concede a Otávia, pelo prazo de vinte anos,
direito real de usufruto sobre imóvel de que é proprietária. O direito
real é constituído por meio de escritura pública, que é registrada no
competente Cartório do Registro de Imóveis. Cinco anos depois da
constituição do usufruto, Otávia falece,deixando como única herdeira
sua filha Patrícia. Sobre esse caso, assinale a afirmativa correta.
• a) Patrícia herda o direito real de usufruto sobre o imóvel.
• b) Patrícia adquire somente o direito de uso sobre o imóvel
• c) O direito real de usufruto extingue-se com o falecimento de
Otávia.
• d) Patrícia deve ingressar em juízo para obter sentença constitutiva
do seu direito real de usufruto sobre o imóvel.
• Da extinção do usufruto.
• Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no
Cartório de Registro de Imóveis:
• I – pela renúncia ou morte do usufrutuário;
• Letra c.
• 02. (FGV/OAB/EXAME DE ORDEM UNIFICADO XXIX – PRIMEIRA FASE/2019) Arnaldo institui
usufruto de uma casa em favor das irmãs Bruna e Cláudia, que, no intuito de garantir uma fonte
de renda, alugam o imóvel. Dois anos depois da constituição do usufruto, Cláudia falece, e
Bruna, mesmo sem “cláusula de acrescer” expressamente estipulada, passa a receber
integralmente os valores decorrentes da locação. Um ano após o falecimento de Cláudia,
Arnaldo vem a falecer. Seus herdeiros pleiteiam judicialmente uma parcela dos valores
integralmente recebidos por Bruna no intervalo entre o falecimento de Cláudia e de Arnaldo e,
concomitantemente, a extinção do usufruto em função da morte de seu instituidor. Diante do
exposto, assinale a afirmativa correta.
• a) Na ausência da chamada “cláusula de acrescer”, parte do usufruto teria se extinguido com a
morte de Cláudia, mas o usufruto como um todo não se extingue com a morte de Arnaldo.
• b) Bruna tinha direito de receber a integralidade dos aluguéis independentemente de
estipulação expressa, tendo em vista o grau de parentesco com Cláudia, mas o usufruto
automaticamentese extingue com a morte de Arnaldo.
• c) A morte de Arnaldo só extingue a parte do usufruto que caberia a Bruna, mas permanece
em vigor no que tange à parte que cabe a Cláudia, legitimando os herdeiros desta a receberem
metade dos valores decorrentes da locação, caso esta permaneça em vigor.
• d) A morte de Cláudia extingue integralmente o usufruto, pois instituído em caráter simultâneo,
razão pela qual os herdeiros de Arnaldo têm direito de receber a integralidade dos valores
recebidos por Bruna, após o falecimento de sua irmã.
• O art. 1.411 traz a hipótese do usufruto simultâneo ou conjunto.
• Ex.: A é proprietário de um imóvel e transmitiu o usufruto para B e C. No entanto, C
morreu. Nesse caso, o direito do usufruto de B continua somente sobre a sua
parte. Assim, a parte que pertencia a C volta para A. Essa é a regra geral, contudo,
é possível que o proprietário, ao estipular o usufruto em favor de duas pessoas,
estabeleça que no caso da morte de uma, o usufruto ficará integralmente para a
outra. Ou seja, a regra é que, no usufruto, não há o direito de acrescer ao outro
usufrutuário, somente se houver estipulação nesse sentido. Então, no caso acima,
na ausência da chamada “cláusula de acrescer”, parte do usufruto teria se
extinguido com a morte de Cláudia, mas o usufruto como um todo não se extingue
com a morte de Arnaldo.
• Letra a.