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ÍNDICE

A – NOÇÕES GERAIS

1 – Função Notarial e Respetivos Órgãos

2 – Princípios da Atividade Notarial

3 – Documentos Notariais

4 – Requisitos dos instrumentos notariais


a – Menções relativas aos outorgantes e documentos idóneos para proceder à identificação
b – Menções relativas à matriz e ao registo predial
c – Representação: Legal, voluntária e orgânica
d – Testemunhas instrumentárias e intervenientes acidentais

5- Escritura Pública

B – Atos e contratos notariais (Documentos e Formalidades)

6 – Habilitação Notarial

7 – Justificação de Direitos

8 – Testamentos

9 – Compra e Venda

10 – Doação

11 – Partilha

12 - Permuta

13 – Vícios dos atos


1 – Função Notarial e Respetivos Órgãos

A função notarial consiste:


- Em dar forma legal, conferir autenticidade e fé pública nos atos jurídicos extrajudiciais;
- Na elaboração de documentos de acordo com a vontade das partes e em cumprimento das
normais legais aplicáveis, assegurando força probatória e executiva.
- Conservação dos atos lavrados nos livros de notas (O notário é fiel depositário dos
documentos arquivados, documentos que por lei devam ficar no arquivo notarial e os que lhe
forem confiados com esse fim (Artigo 4.º do Código do Notariado e 4.º do Estatuto do
Notariado)

- Enquadra-se no campo da jurisdição voluntária


- Tem natureza pública pois confere autenticidade aos documentos e privada pois o notário é
um profissional liberal (Artigo 1.º do CN e 1.º do EN).
- O ato notarial deve ser perfeito e de improvável questionabilidade.
- A fé pública atribuída ao notário, só deve exercer-se pelo seu ajustamento à lei e à vontade
individual, produzindo efeitos jurídicos com eficácia constitutiva, erga omnes e inatacáveis.

ORGÃOS NOTARIAIS

- Notário – Profissional liberal dotado de fé pública que exerce a sua profissão no estrito
cumprimento da lei e da vontade das partes; São profissionais de direito habilitados para, de
forma isenta e imparcial, redigir documentos e dar autenticidade aos atos e contratos,
conferindo-lhe segurança jurídica, assim como assessorar as partes da melhor forma a ajustar a
sua vontade às exigências legais, de forma a obter os efeitos jurídicos pretendidos (Artigo 2.º
do CN e 1.º do EN).

- Colaboradores de Notário – Apenas podem praticar os atos previstos no artigo 8.º do EN,
desde que devidamente autorizados pelo Notário, cuja autorização deverá ser publicitada,
afixada no cartório e publicada no sítio da Ordem dos Notários.

- Agentes Consulares – Notários privativos das Câmaras e da Caixa Geral de Depósitos,


Conservadores, Advogados e Solicitadores, exercem também funções notariais, aplicando-se o
Código do Notariado.
2 – Princípios da Atividade Notarial

- O notário exerce as suas funções em nome próprio, sob a sua responsabilidade (por se tratar
de um profissional liberal), em cumprimento do respeito pelos princípios da Legalidade,
Autonomia, Imparcialidade, Exclusividade e Livre Escolha (Artigo 10.º do EN e artigos 77.º e
78.º do EON)

- Está sujeito ao sigilo profissional (Artigo 32.º do CN, alínea d) do número 1 do artigo 23.º e
número 2 do EN e artigo 81 do EON).

- Não pode praticar atos sujeitos a obrigações fiscais sem que as mesmas se mostrem
asseguradas (Artigo 157.º/4 e 190.º do CN, alínea e) do número 1 do Artigo 23.º do EN e artigo
72.º/1 do CRPredial).

PRINCÍPIOS

Princípio da Legalidade - Para a prática de qualquer ato, o Notário tem que aferir a vontade
das partes face às disposições legais aplicáveis, aos documentos apresentados, à sua
regularidade formal e substancial, à legitimidade das partes/interessados e à legalidade do ato
a praticar. Não pode praticar atos nulos, atos que não sejam da sua competência ou estejam
impedidos de os praticar e tenham dúvidas quanto às capacidades intelectuais dos
intervenientes (artigo 11.º do EN)

Princípio da Autonomia – O notário exerce funções com autonomia em relação às partes e em


relação aos interesses, quer particulares quer do Estado (Artigo 12.º do EN)

Princípio da Exclusividade – Exerce a sua atividade em regime de exclusividade, não podendo


desempenhar qualquer função pública ou privada, com exceção de função docente,
devidamente autorizada pela Ordem dos Notários (Artigo 15.º do EN e artigos 72.º do EON)

Princípio da Imparcialidade – O notário tem a obrigação de manter equidistância


relativamente aos interesses particulares suscetíveis de conflituar, abstendo-se,
designadamente, de assessorar apenas uma das partes interessados num negócio ou
favorecendo uma parte em detrimento da outra, causando desigualdades entre eles (Artigo
13.º do EN).
No âmbito deste princípio, têm lugar os impedimentos previstos no artigo 5.º do CN, 13.º e
14.º do EN e 75.º e 76.º do EON (aplicam-se aos Notários e demais tituladores).

Princípio da Livre Escolha – O notário tem competência territorial, ou seja, só pode exercer
funções no concelho onde o cartório tem sede, mas pode praticar atos da sua competência
mesmo que respeitem a pessoas e bens de outros concelhos (Artigo 71.º/3 do CN e 7.º do EN).
- O Notário é de livre escolha dos interessados, são as pessoas que escolhem o Notário para
praticarem os atos que pretendem (Artigo 16.º do EN);
- O Notário não pode fazer publicidade da sua atividade (Artigos 78.º/2 alíneas l) e m) e 82.º,
ambos do EON, com exceção do número 1 deste último artigo), logo não é permitido que o
Notário angarie clientes, são os clientes que devem procurar o Notário.

3 – DOCUMENTOS NOTARIAIS

Espécie de documentos: (Os documentos lavrados pelo notário podem ser: Artigo 35.º do
Código do Notariado e 363.º do Código Civil)

a) Autênticos
b) Autenticados
c) Com reconhecimento notarial

a) Documentos Autênticos

Documentos feitos de acordo com o Código do Notariado, pelo notário, a quem foi delegada fé
pública – Artigo 35.º, n.º 1 do CN e 369.º e 370.º do Código Civil.
São:
a) Testamentos públicos e escritura de revogação de testamentos;
b) Escrituras públicas;
c) Procurações;
d) Atas dos órgãos sociais;
e) Outros instrumentos Avulsos;
f) Certificados, certidões, públicas-formas;

c) Reconhecimento Notarial

1) Simples
1.1 – De letra e assinatura
1.2 – Só assinatura
2) Com menções especiais

- Os reconhecimentos estão regulados no artigo 153.º do CN;


- O reconhecimento de assinatura é a certificação feita pelo notário de que a letra e a
assinatura ou só a assinatura são semelhantes ao do seu documento de identificação ou foi
feito na presença do notário;
- Os reconhecimentos são simples ou com menções especiais (Artigo 153.º do CN);
- Os simples podem ser presenciais ou por semelhança (Artigo 153.º/4 2ª parte do CN);
- Podem ser simples ou são sempre presenciais (Artigo 153.º, n.º4, 1ª parte do CN e podem
ser:

 Letra e assinatura (1.1) – Quando o interessado assina ou escreve e assina o


documento na presença do notário ou confirma que a letra e a assinatura são
da sua autoria (Artigo 153.º/2 do CN)
 Assinatura (1.2) – Assina na presença do notário no momento em que é feito o
reconhecimento ou confirma que a assinatura é da sua autoria (Artigo 153.º/2
do CN);

- Os reconhecimentos com menções especiais (2) consistem no confronto da assinatura do


subscritor do documento com a assinatura do seu documento de identificação ou passaporte
que deverá ser sempre apresentado ou pública-forma do mesmo ou documento equivalente
emitido pela União Europeia;
Segundo o artigo 155.º número 3 do CN:

 Reconhecimentos em documentos em que são intervenientes pessoas


coletivas – Sociedades comerciais, associações e fundações, tem sempre que
constar a menção da qualidade em que assina (gerente, administrador, diretor,
etc) e os poderes para o ato, qualidade e poderes que terão de ser confirmados
pelo notário mediante a consulta de certidão permanente, pelos estatutos, por
atas, etc;
 Reconhecimentos em documentos em que são intervenientes particulares mas
quem assina o documento não é o interessado mas sim o seu procurador – a
menção da qualidade de procurador e os poderes mediante a exibição da
procuração;
 No caso dos representantes legais (pais ou acompanhantes dos maiores
acompanhados), a menção da qualidade e poderes mediante a exibição das
certidões judiciais – a qualidade de pais verifica-se pela exibição dos cartões de
cidadão dos pais e filhos
 O reconhecimento de assinaturas nos contratos de promessa de compra e
venda de prédios ou fração autónoma, têm que ter a menção na exibição da
licença de utilização ou licença de construção, ou a menção que a mesma não
foi exibida (Artigo 410.º/3 do CC) e se houver tradição da coisa, a menção do
pagamento do IMT e DUC.
 Nos reconhecimentos de assinatura nos contratos de locação financeira, a
menção da exibição da licença de utilização e do certificado energético (Artigo
3.º do DL 149/95 de 24 de junho, com as alterações entretanto introduzidas;
 Reconhecimentos em contratos ou documentos em que, pela sua natureza,
possam estar relacionados com a tentativa ou o exercício de atividade
financeira não autorizada (Artigo 4.º da Lei 78/2021 de 24/11), a menção da
consulta do registo de entidades autorizadas disponível no sítio do Banco de
Portugal;

Reconhecimento de assinatura a rogo


– A assinatura a rogo tem que ser presencial e tem lugar quando o interessado/rogante não
sabe ou não pode assinar (Artigo 154.º/1 do CN)
- O rogo deve ser dado ou confirmado perante o notário, no próprio ato do reconhecimento da
assinatura e depois de lido o documento ao rogante (Artigo 154.º do CN)
- O documento particular em que vai ser reconhecida a assinatura é assinado pelo rogado, isto
é, aquele que assina o pedido do interessado.
- Este reconhecimento é também um reconhecimento com menções especiais uma vez que
terá que ser mencionada a razão pela qual é feito o reconhecimento – não assina por declarar
que não o pode fazer ou que não o sabe fazer (artigo 155.º/4 do CN)
- Os documentos e o reconhecimento devem ser lidos ao rogante e fazer constar no
reconhecimento essa circunstância;
- Nos reconhecimentos tem que ser mencionada sempre a forma como foi verificada a
identidade (Artigo 155.º/2 do CN)
- A verificação da identidade pode ser pelo conhecimento pessoal do notário; pela declaração
de dois abonadores; pela exibição do cartão de cidadão, de documentos equivalentes ou da
carta de condução, se tiverem sido emitidos pela autoridade competente de um dos países da
União Europeia; ou pela exibição do passaporte;
- Os documentos têm que ter a indicação do número, data e serviço emitente (Artigo 48.º do
CN);
- Os reconhecimentos simples devem mencionar o nome completo do signatário e referir a
forma como se verificou a sua identidade;
- Se a identidade for verificada por declaração dos abonadores ou no ato intervier um
interprete, leitor, etc, também assinam o reconhecimento, antes do notário assinar e é
verificada a sua identidade nos ermos dos artigos 48.º/1 e 155.º/5 do CN;
- Não podem ser reconhecidas assinaturas em documentos que não são facultados ao notário
ou em branco, ou numa língua que o notário não domine. Também não podem ser
reconhecidas assinaturas em documentos escritos a lápis (artigo 157.º/1 do CN);
- Os documentos cuja assinatura se pretende reconhecer têm que ser redigidos com materiais
que garantam a sua fixidez e durabilidade e não podem ter linhas ou espaços em branco
inutilizados (Artigo 157.º/3 do CN);
- Não se pode reconhecer assinaturas em documentos que implicam obrigações fiscais sem
que as mesmas se encontrem asseguradas (Artigo 157.º/4 do CN);

- Exemplos:
a) Reconhecimento de assinatura em contratos de confissão de dívida
b) De mútuos particulares
c) No reconhecimento de assinaturas num contrato promessa em que há tradição da coisa, isto
é, se constar do contrato que o promitente comprador tem a posse do bem (utilizar o bem
objeto do contrato, tomar posse dele, tem que estar assegurado o pagamento de IMT;
d) Contratos de incentivos ou apoio financeiro em que parte do apoio é reembolsável – nesta
parte está sujeita a Imposto Selo;

- Nos reconhecimentos, o notário pode inserir menções especiais a pedido das partes e
certificar qualquer facto e qualidade, desde que lhe seja apresentado comprovativo.
Exemplo: Exercer um cargo, profissão, etc.;
- O reconhecimento é feito no próprio documento ou em folha anexa e as folhas do documento
devem ser todas numeradas e rubricadas pelo interessado (com exceção da folha assinada) e
por quem faz o reconhecimento e os espaços em branco devem ser inutilizados (Artigo 36.º/4 e
40.º/4 do CN);
b) DOCUMENTOS AUTENTICADOS OU TERMOS DE AUTENTICAÇÃO

- Os documentos particulares são documentos autenticados quando os interessados


confirmam o seu conteúdo perante o notário, nos termos prescritos nas leis notariais (Artigo
150.º, n.º 1 do CN e Artigo 363.º/3 do CC;
- Apresentado o documento para fins de autenticação, o notário deve lavrar o termo (Artigo
150.º/2 do CN);
- As partes declaram que já leram o documento e que estão perfeitamente inteirados do seu
conteúdo, e que o mesmo exprime a sua vontade. É esta circunstância que é certificada pelo
notário (Artigo 151.º/1/a) do CN);
- O termo de autenticação obedece aos requisitos do artigo 46.º, alínea a) do CN;
- Designação do dia, mês, ano e lugar em que foi lavrado; O funcionário que interveio (nome
completo e se for colaborador, a respetiva autorização e registo), a menção da respetiva
qualidade e a designação do cartório a que pertence;
- Nome completo, NIF, estado civil, naturalidade e residência das pessoas singulares, e se o
documento se referir a imóveis ou móveis sujeitos a registo, nome do cônjuge e regime de
bens;
- Nas pessoas coletivas/sociedades – NIPC, sede, capital social; Outras pessoas coletivas –
Denominação, NIPC e sede;
- Verificação da identidade (Artigo 48.º/1 do CN);
- Verificação da qualidade e dos poderes (nas procurações, atas, certidões permanentes…);
- A ressalva das emendas, entrelinhas, rasuras ou traços contidos no documento e que neste
não estejam devidamente ressalvados (Artigo 151.º/1 alínea b) do CN);
- Os Documentos Particulares devem ser assinados pelo seu autor, ou por outrem a seu rogo,
se o rogante não souber ou não puder assinar (Artigo 373.º/1 do CC);
Quando este não assina, a menção que não assina e o motivo: Não sabe ou não pode assinar,
apondo à margem do instrumento, segundo a ordem por que nele foram mencionados, a
impressão digital do indicador da mão direita (Artigo 151.º/1 do CN);
Quando o documento esteja assinado a rogo, é lido pelo notário e tem de constar do termo a
menção de que o rogante confirmou o rogo no ato da autenticação (Artigo 373.º/4 do CC);
Deverá conter ainda o nome completo, naturalidade, estado civil e Residência do Rogado
(Artigo 152.º do CN);
O rogado assina o termo e é verificada a sua identidade nos termos do artigo 48.º/1 do CN;
- Os termos de autenticação devem ser lavrados no próprio documento ou em folha anexa e os
espaços em branco devem ser inutilizados (Artigo 36.º/4 e 40.º/4 do CN);
- Quando for termo em contratos ou documentos que, pela sua natureza, possam estar
relacionados com a tentativa ou exercício de atividade financeira não autorizada (Artigo 4.º da
Lei 78/2021 de 24/11), a menção da consulta do registo de entidades autorizadas disponível no
sítio do Banco de Portugal em www.bportugal.pt/entidades-autorizadas
- O notário pode, sob sua responsabilidade, autorizar um ou vários trabalhadores com
formação adequada a praticar determinados atos ou certas categorias de atos, nomeadamente
termos de autenticação (Artigo 8.º do EN e 2.º da portaria 55/2011); Nestes atos praticados no
uso das competências atribuídas, o colaborador deve identificar-se, mencionar a sua
qualidade, o nome do notário e a situação do cartório e o n.º de registo da autorização (Artigo
6.º da Portaria);
- A autorização deve ser expressa e o respetivo texto afixado no cartório notarial em local
acessível ao público, art.º 2.º da citada portaria;
4 – REQUISITOS DOS INTRUMENTOS NOTARIAIS

- A atividade notarial tem por base a manifestação da vontade, livre, clara, esclarecida, de
quem tem capacidade de querer e entender, e que, ouvida a leitura e a explicação do conteúdo
do documento o aprova e assina. É o império de vontade.

- Se os outorgantes sofrerem de limitações sensoriais (audição, fala ou visão) ou não entendem


a língua portuguesa, deverá intervir no ato um interprete ou leitor. Surdos ou mudos, que não
ouçam, que não saibam ler ou não possam ler ou escrever, deverá intervir no ato um intérprete
de língua gestual, ou leitor por ele designado, que faça a leitura e explique o conteúdo do ato
ao interessado. Caso seja invisual, alguém que faça a leitura e explicação (Artigo 66.º do CN –
Intervenientes acidentais);

- Sendo os atos notariais redigidos e lidos em língua portuguesa, se intervier no ato um


outorgante que não entenda a língua portuguesa deverá indicar um interprete que lhe faça
verbalmente a tradução no ato (Artigo 65.º CN)

a) Elementos de identificação dos outorgantes (Artigo 46.º n.º1 alíneas c) e e))

i) Pessoas singulares
Os outorgantes são identificados pelo nome completo, NIF, naturalidade, nacionalidade
se for estrangeiro, residência e estado civil – nos atos sujeitos a registo, se o outorgante
for casado, o nome do cônjuge, o regime de bens e se for estrangeiro, o regime de
bens de acordo com o ordenamento jurídico do seu país – Se for português casado no
estrangeiro ou tiver alterado o regime de bens, o regime de bens de acordo com o
ordenamento jurídico desse país

ii) Pessoas Coletivas


Identificação das sociedades nos termos da lei comercial, pela denominação, sede,
capital social e número de identificação de pessoa coletiva (NIPC). As demais pessoas
coletivas pela denominação, sede e NIPC.

b) Verificação da Identidade (Artigos 46.º/1 alínea d) e 48.º do CN)


i) Pelo conhecimento pessoal do notário;
ii) Pela declaração de dois abonadores;
iii) Pela exibição do Cartão de cidadão ou B.I, ou documento equivalente;
iv) Pela exibição da carta de condução;
(estes documentos têm de ser emitidos pela autoridade competente de um dos países
da União Europeia)
v) Pela exibição do passaporte

Os documentos de identificação têm que ter a indicação do número, data e serviço


emitente – Artigo 48.º/1 do CN
Atenção aos artigos 4.º alínea f), 11.º, 23.º/1 alínea b) e i), 24.º a 29.º da LEI 83/2017
de 18 de Agosto (Lei do Branqueamento de Capitais);
Além da verificação da identidade dos outorgantes também tem que se verificar e
comprovar os poderes de quem outorga em representação de outem (procurações,
certidões permanentes, atas, estatutos, certidões judiciais, etc).

REPRESENTAÇÃO
A representação consiste em alguém atuar em nome de outrem e no seu interesse,
com poderes representativos. O negócio jurídico realizado pelo representante em
nome do representado, nos limites dos poderes que lhe competem, produz os seus
efeitos na esfera jurídica deste último (Artigos 39.º, 258.º, 262.º e seguintes do CC)

i) REPRESENTAÇÃO VOLUNTÁRIA
- Quando esses poderes derivam da vontade do representado há lugar à representação
voluntária.
- As procurações são documentos em que uma pessoa, voluntariamente, concede
autorização formal, poderes, para que outra pessoa pratique atos em seu nome e no
seu interesse (poderes de representação – Artigo 262.º/1 do CC).
- O procurador agirá sempre em nome de quem lhe conferiu os poderes;
- As procurações são atos unilaterais (Não carecem de aceitação) e são livremente
revogáveis (exceto as irrevogáveis);
- A procuração pode estabelecer um prazo de validade ou pode ser por prazo
indeterminado;
- Pode ser para a prática de certos e determinados atos ou ser genérica, mas neste caso
os poderes têm que ser determinados
Exemplos: Concede poderes para comprar o imóvel X ou poderes para comprar
quaisquer imóveis, não pode conceder poderes para o procurador praticar todos os
atos ou fazer o que entender.

Formas e formalidades (Artigo 46.º/1)


Podem passar procurações ou serem representantes todas as pessoas com capacidade
jurídica, isto é, sujeitos de quaisquer relações jurídicas (Artigo 67.º do CC)
- Os menores e incapazes (Maiores acompanhados) não podem passar procurações
nem serem procuradores;
- A procuração feita pelo notário é um documento autêntico porque é elaborada por
um profissional dotado de fé pública (Artigo 369.º do CC e artigo 35.º/2 do CN) e fazem
prova plena do facto (Artigo 371.º do CC);
- As procurações devem revestir a forma do ato a realizar (Artigo 262.º/2 CC e artigo
116.º CN);
- As procurações para a prática de atos notariais devem obedecer a três formas (Artigo
116.º/1 do CN):
1 – Instrumento público, apenas feito pelo notário;
2 – Documentos autenticados;
3 – Documento escrito e assinado pelo mandante/representado, com
reconhecimento presencial da letra e assinatura;
Procurações Específicas

a) As procurações entre cônjuges têm que especificar ou determinar os poderes


(exceto para aquisição) – Artigos 1682.º e 1684.º/1 do CC;
b) O consentimento conjugal tem que obedecer às mesmas regras da procuração e tal
como a procuração é especial para cada ato – Artigos 117.º CN e 1684/1 e 2 do CC;
c) As procurações para consultar ou levantar testamentos têm que ter poderes
especiais – Artigo 32.º/2 do CN;
d) Nas procurações para doação tem que se identificar e ficar a constar o donatário e
especificar os bens que são doados e se é com ou sem reservas e quais as reservas.
e) Nas procurações para doações de pais a filhos também se deve especificar se é por
conta da quota disponível, se é por conta da legítima ou em substituição da
legítima (Artigo 949.º do CC);
f) Procurações para casamento – Tem que constar o nome do outo nubente, data de
nascimento e filiação, a modalidade de casamento e o regime de bens que vigorará
na constância do casamento.
Importante – Só um dos nubentes pode ser representado por procuração (Artigos
1620.º do CC e 44.º do CRCivil);
g) Procuração para justificações – Identificar o bem a justificar, forma de aquisição e
caraterísticas da posse;

SUBSTABELECIMENTOS

- Instrumento pelo qual o procurador outorga/passa a outem os poderes recebidos por


procuração;
- O procurador pode fazer-se substituir na execução da procuração mas só se essa hipótese
estiver prevista na procuração (Artigo 264.º/1 do CC);
- O substabelecimento tem que ter a mesma forma da procuração (Artigo 116.º/3 do CN);
- O substabelecimento pode ser com ou sem reserva, isto é, o procurador substabelece todos
os poderes da procuração (e nesta situação o procurador deixa de exercer tais poderes) ou só
substabelece para prática de um certo e determinado tipo de ato ou atos, e, neste caso, o
procurador mantém os seus poderes;

Procurações Irrevogáveis

- São procurações que são conferidas no interesse do interesse do procurador/mandatário ou


de terceiro (Artigos 1170.º/2 e 1175.º/1 do CC);
- Apesar de serem chamados procurações irrevogáveis são revogáveis desde que tenha o
consentimento do procurador ou existindo uma justa causa;
- Só podem ser feitas por instrumento público notarial (Artigo 116.º/2 do CN);
- Não caducam com a morte ou interdição do mandante ou dissolução ou liquidação da
sociedade (Artigos 265.º/3, 1170.º/2 e 1175.º do CC);
- As procurações irrevogáveis ficam arquivadas no cartório, no maço de documentos a que diz
respeito o artigo 28.º/2 alínea f), nos termos dos artigos 104.º/2 e 116.º/2 do CN;
- A regra dos instrumentos avulsos é de serem entregues aos interessados, artigo 104.º/1 do
CN, ao contrario das procurações irrevogáveis;
- Nas procurações irrevogáveis em que são conferidos poderes para a alienação de bens
imóveis ou de partes sociais (estas nas condições do artigo 2.º alínea d) do CIMIT) tem que:
1 – Ser previamente pago o IMT, nos termos do artigo 2.º n.º3 alínea c) do CIMT e
proceder-se ao seu arquivamento, junto com a procuração, e a menção na procuração do DUC
de liquidação e,
2 – Serem participadas às finanças mediante envio de cópia da procuração, nos termos
do artigo 49.º n.º4 alíneas a) e c) do CIMT;
3 – Registadas no portal procurações online
https://www.procuracoesonline.pt/procuracoesonline/

ii) REPRESENTAÇÃO LEGAL

- A representação legal não resulta da vontade das partes mas de disposição legal, os poderes
do representante não resultam da autonomia da vontade do representado e não pode o
representante, por regra, renunciar a estes poderes (Artigos 144.º e 1934.º do CC);
- É a lei que determina quem deve ser representado, quem é o representante e quais os
poderes de representação;
- Estão sujeitos à representação legal os menores e maiores acompanhados (Artigos 123.º e
138.º do CC)
- Os menores são representados pelos seus progenitores, cabendo a ambos o exercício das
respetivas responsabilidades parentais (Artigos 124.º, 1901.º e 1911.º do CC);
- Em regra, as responsabilidades parentais são exercidas por ambos os progenitores, com as
exceções dos artigos 1902.º e 1903.º do CC, atos praticados por apenas um dos progenitores.
Pode haver situações em que os menores estão sujeitos a tutela, artigos 1921.º do CC, ou ser
acompanhado por Administrador de Bens nos termos do artigo 1922.º e seguintes do CC;
- Há atos em que os pais não podem praticar sem autorização do tribunal (Artigo 1889.º do CC)
e só nessas situações é que a representação tem que ser comprovada documentalmente,
através da certidão do tribunal. Nos restantes casos, não é exigível ou necessária prova
documental (Artigo 46.º/5 do CN);
- O Regime do Maior Acompanhado foi aprovado pela Lei n.º 49/2018 de 14/08, permite que
qualquer pessoa que, por razões de saúde, deficiência ou pelo seu comportamento se encontre
impossibilitada de exercer pessoal, plena e conscientemente os seus direitos ou de cumprir os
seus deveres, possa requerer junto do Tribunal as necessárias medidas de acompanhamento,
medidas que também pode ser requeridas pelo Ministério Público, pelo cônjuge, pelo unido de
facto ou por qualquer parente sucessível da pessoa que carece daquelas medidas (Artigo 138.º
do CC);
- O regime do maior acompanhado eliminou o regime da interdição e inabilitação; Será sempre
por decisão judicial que se determinará o regime do maior acompanhado, e quais os direitos e
obrigações que o acompanhado poderá exercer livremente. Exemplo: efetuar testamento,
casar, passar procurações para certos atos, votar… e quais os que serão praticados pelo
acompanhante (Artigo 139.º do CC); O objetivo da lei é privilegiar a autonomia das pessoas
com capacidade diminuída, que os atos praticados se limitem ao estritamente necessário para
salvaguarda dos interesses do acompanhado (Artigo 145.º do CC);
- Os atos de disposição de imóveis carecem sempre de autorização prévia e específica do
tribunal (Artigo 145.º/5 e 1938.º do CC);
- Para a prática de atos que seja necessária autorização, o acompanhante tem que provar a sua
qualidade e poderes mediante apresentação da certidão do tribunal;

c) REPRESENTAÇÃO ORGÂNICA
- As pessoas coletivas são representadas pelos seus órgãos sociais (Artigos 38.º e 163.º
do CC)
- Os titulares de órgãos, pessoas singulares, eleitas pela Assembleia Geral, atuam em
nome e interesse da pessoa coletiva e no âmbito dos poderes que lhe são atribuídos
pelos estatutos;
- A capacidade das pessoas coletivas abrange todos os direitos e obrigações
necessários à prossecução dos seus fins (Artigo 160.º do CC);
- Os atos praticados no âmbito do objeto social, por quem obriga a pessoa coletiva,
vinculam-na;
- Para atos fora do objeto social é necessária deliberação da Assembleia Geral, com
exceção das Sociedades Anónimas em que a maioria dos atos são da competência do
conselho de administração ou administrador único (Artigo 406.º - Código Sociedades
Comerciais);
- Também pode haver representação voluntária na representação orgânica. A
procuração é emitida a quem tem poderes de representação, nos termos previstos nos
estatutos, agindo os procuradores nos limites dos poderes conferidos;
- Na representação orgânica, tal como na voluntária, a qualidade e poderes invocados
têm que ser provados documentalmente (Artigo 46.º/1/e do CN) – Certidão
permanente nas sociedades comerciais, atas, estatutos, credenciais, etc.;

d) TESTEMUNHAS INSTRUMENTÁRIAS
- Apenas nos testamentos, instrumentos de aprovação ou abertura de testamentos
cerrados ou internacionais e escrituras de revogação de testamentos e para substituir a
impressão digital quando o outorgante não puder apor nenhuma impressão digital-
artigo 51º CN ou quando as partes ou notário requeiram essa intervenção, nº 1, alínea
c) artigo 67º CN
São duas e podem também ser abonadoras da identidade do testador– artigo 48º, nº
4 CN.

INTERVENIENTES ACIDENTAIS
1) -Intérprete - outorgantes que não entendem a língua portuguesa e o notário não
domine a sua língua-artigo 65º CN
2) -Leitor e intérprete de língua gestual- Surdos, mudos ou surdos mudos que não
saibam ler ou escrever ou saibam mas não possam ler ou escrever- leitor que faça a
leitura e explique o conteúdo do ato ao interessado ou um intérprete de língua gestual.
Invisual alguém que faça a leitura e explicação - artigo 66º CN.
3) -Peritos médicos para abonar a sanidade mental dos outorgantes, quer a pedido das
partes quer do Notário, sempre que tenha dúvidas quanto à sua capacidade - artigo
67º do CN

- Os intervenientes acidentais são sempre por indicação e escolha das partes.


- A sua identificação e verificação da identidade faz-se nos mesmos termos da
verificação da identidade dos outorgantes, com exceção do nome do cônjuge e o
regime de bens.
- Não podem ser testemunhas, intérpretes, abonadores, leitores, quem não entenda a
língua portuguesa, quem não tiver 18 anos de idade, quem não estiver no uso das suas
faculdades mentais, colaboradores dos cartórios e o cônjuge de outorgantes ou do
Notário, ou parentes e afins em linha reta ou 2º grau da linha colateral, o marido e a
mulher e quem não saiba ou não possa assinar – artigo 68º CN.
- Os interpretes, peritos e leitores devem prestar juramento perante o Notário, menção
esta que deve constar do instrumento- artigo 69º CN

5 – ESCRITURAS PÚBLICAS

5-A – A escritura pública


- A escritura pública é um documento autêntico, exarado de acordo com as
formalidades legais, por um profissional licenciado em direito, dotado de fé pública,
dentro dos limites da sua competência. Notário.
- Documento onde se formaliza a vontade de uma ou mais pessoas de acordo com a lei
e com vista à obtenção e produção de efeitos jurídicos, com eficácia constitutiva, que
geram direitos e obrigações, com força probatória, executiva e segurança jurídica –
Negócios jurídicos.
- Documento exarado em livros próprios, livros de notas (Artigos 7.º/1 alíneas a) e b),
11.º e 12.º do CN)
- A escritura pública é um documento dotado de fé pública, autenticidade, segurança
jurídica, força probatória e executiva da competência exclusiva dos Notários.

5-B – Atos e Contratos Notariais – Documentos e Formalidades

Negócio Jurídico – Declaração de vontade de um ou mais sujeitos de direito, com vista


à produção dos efeitos jurídicos pretendidos, com base na lei e que geram direitos e
obrigações.

Negócios Unilaterais – Onde existe uma só declaração de vontade, ou várias


declarações de vontade mas paralelas, formando uma só parte.
Exemplo: Testamento, procuração, repúdio de herança. Aqui não há necessidade de
aceitação para produzir efeitos.

Negócios Bilaterais – Duas ou mais declarações de vontade, de conteúdo oposto mas


convergente, com a pretensão de produzir um resultado jurídico – bilaterais ou
sinalagmáticos – geram obrigações para ambas as partes, ligadas entre si por nexo de
causalidade.
Exemplos: Compra e venda, permuta, dação em cumprimento, contrato de locação
financeira.

Elementos dos negócios jurídicos:


- Liberdade contratual e princípio da autonomia da vontade – Artigo 405.º e 398.º do
CC.

As partes manifestam a sua vontade em vista de um resultado prático, mas querem


realizá-lo por via jurídica, e com esse escopo fixam livremente o conteúdo do seu
contrato.
Podem ser:
- Contrato típicos – Compra e venda, doação, etc.
- contratos atípicos – com princípios de outros negócios jurídicos com as cláusulas que
pretendem, mas sempre dentro dos limites legais permitidos (Artigos 280.º a 282.º do
CC). Exemplos: Permuta de bens por prestação de serviços.

Elementos essenciais:
- Capacidade jurídica das partes – sujeitos de relações jurídicas (artigo 67.º e para as
pessoas coletivas artigo 160.º do CC) e a sua legitimidade (Artigo 54.º/2 do CN e Artigo
9.º do CRPredial);
- A declaração de vontade (o sujeito tem que manifestar de forma clara e consciente a
sua vontade);
- A idoneidade do ato a praticar – Não se podem praticar atos legalmente impossíveis,
contrários à lei, à ordem pública ou ofensivo dos bons costumes (Artigo 280.º do CC);

Elementos acidentais:
- Cláusulas acessórias ao negócio (Artigos 270.º a 279.º do CC e DL 446/85 de 25 de
outubro).
Exemplos:
1) Cláusulas modais – na venda a retro, nas doações com encargos;
2) Condições suspensivas ou resolutivas - condicionar / sujeitar os efeitos do negócio a
um evento futuro e incerto; produção de efeitos do negócio jurídico ou da sua
resolução;
3) Estipular o lugar e o tempo para cumprimento da obrigação;
6 – HABILITAÇÃO NOTARIAL (Artigo 82.º do CN)
- Declarações prestadas por três declarantes, considerados idóneos por parte do
Notário – Artigo 83.º/1 do CN ou pelo cabeça de casal (Artigo 2080.º do CC e 83.º/2 do
CN)
- A habilitação é a declaração de que as pessoas habilitadas são os únicos herdeiros da
pessoa falecida e de que não há quem prefira aos habilitados ou que com eles concorra
na sucessão do falecido – Artigo 83.º CN
- Quando a herança for toda distribuída em legados há lugar à habilitação de legatários
(Artigo 88.º CN)
- Os declarantes têm as limitações do artigo 68.º e 84.º do CN;

- Os documentos necessários para a Habilitação de Herdeiros estão no artigo 86.º


a) Sucessão legal – Artigos 2027.º e 21556.º do CC – Título em que se baseia é a lei.
- Certidão dos assentos de óbito e casamento do falecido e certidões dos assentos de
nascimento dos descendentes. Na sucessão legal há sempre lugar ao direito de
representação, quer na linha reta, quer na linha colateral (Artigos 2039.º, 2040.º e
2042.º do CC).
- Certidão do assento de casamento – Só é exigível quando o autor da herança faleceu
após 1 de abril de 1978 (data em que o cônjuge passou a ser herdeiro legitimário e
legítimo).
- Temos de ter em atenção o Artigo 1707.º-A do CC, em que há renúncia à qualidade de
herdeiro legitimário, mas não à qualidade de herdeiro legítimo (quota disponível). Para
afastar o cônjuge à sucessão da legítima tem que fazer testamento a instruir herdeiros
da quota disponível a outras pessoas.
- Na sucessão da linha colateral é também necessária certidão do assento de
nascimento do falecido;
- Certidão de testamento (mesmo que não produza efeitos) e escritura de doação por
morte.
Todos estes documentos são arquivados e instruem a escritura.

- Nas habilitações é aconselhável fazer a advertência do artigo 97.º do CN.


Quando não há certeza de que o falecido fez testamento ou escritura de doação por
morte, pode sempre fazer consulta à conservatória dos Registos Centrais, com
apresentação da certidão de óbito.

b) Sucessão testamentária (Artigo 2179.º e seguintes do CC)


Documentos – O testamento e eventuais certidões de assentos de nascimento.
- Também há direito de representação na sucessão testamentária (Artigo 2041.º/1 do
CC mas pode ser afastada por vontade do testador (Artigo 2041.º/2 do CC)
- O testamento, se não pertencer ao cartório onde foi feita a habilitação de herdeiros é
arquivado a instruir a escritura.
- Sempre que há testamento, o mesmo deve fazer parte da certidão da escritura de
habilitação de herdeiros.
Lei aplicável à sucessão
- Para óbitos ocorridos após 17/08/2015 – Aplica-se o Regulamento do Conselho da
Europa – EU 250/2012 – Artigos 21.º e 22.º e 83.º do Regulamento.
- A regra geral é a do artigo 21.º, ou seja, é de aplicar à sucessão a lei do estado/país
onde o falecido teve a última residência. Ao aplicar a lei desse estado ou país, ter em
atenção a lei do reenvio – Direito Internacional Privado (Artigo 34.º RGT)
- Se o falecido fez escolha de lei aplicável da nacionalidade, por testamento ou
documento equiparado, aplica-se a lei escolhida (artigo 22.º RGT) ou quando resulte de
elementos fornecidos pelos interessados que o falecido tinha uma relação
manifestamente mais estreita com o seu país, aplica-se a lei da nacionalidade.
- Se a lei aplicável à sucessão for estrangeira, a Habilitação de Herdeiros deverá ser
instruída com a documentação necessária para determinar a qualidade de herdeiros e
que comprovem a lei aplicável ou através da consulta dos sítios na internet:
www.sucessions_europa.eu , www.leguifrance.gov.fr , documentos esses que podem
ser certificados, emitidos pelas entidades oficiais do país ou jurista com competência
para fazer essa certificação.
- Os autores da herança e habilitados devem ser identificados nos termos da alínea c)
do n.º1 do artigo 46-º e alínea a) do número 1 e n.º 2 do artigo 47.º, ambos do Código
do Notariado (Nome, Naturalidade, Nacionalidade, Residência, Estado Civil e se
casado, nome do cônjuge e regime de bens).
Atenção ao regime de bens – Regulamentos do Concelho de Europa (UE) 2016/1103 DE
24/06 E (UE) 2016/1104 de 24/06.

- Se um herdeiro repudiar a herança, pode haver lugar à habilitação dos descendentes


do repudiante.
-Nas habilitações de herdeiros da linha colateral, deve ser mencionado a categoria de
irmãos-germanos, consanguíneos ou uterinos, ou se houver direito de representação, a
menção que é filho de um irmão germano, consanguíneo ou uterino.
- As habilitações de Herdeiros devem ser comunicadas à conservatória do registo civil.
- A habilitação de herdeiros é titulo bastante para transmissão de bens que fazem parte
da herança; Partilha de bens da herança; Registo de imóveis, quotas e automóveis
(Conservatórias do registo predial, automóvel e comercial); Averbamentos nos títulos
de crédito; Levantamento de dinheiro ou outros valores, transmissões do direito de
propriedade literária, artística, científica ou industrial.
7 – JUSTIFICAÇÃO NOTARIAL
- A justificação notarial não é um ato translativo e tem por fim conformar a realidade
jurídica com a realidade registral, possibilitando o registo dos bens ou participações
sociais a favor do interessado que não dispõe de título válido para o registo.
- É a declaração feita pelo interessado, confirmado por três declarantes, em que se
afirma, com exclusão de outrem, titular do direito que invoca, especificando as causas
de aquisição do referido direito e as circunstâncias que o impossibilitam de comprovar
esta aquisição ou esse direito pelos meios normais (Artigo 89.º/1 do CN) ou seja, o
interessado tem que:
- Afirmar-se com exclusão de outro titular do direito que se arroga;
- Especificar a causa da aquisição, compra e venda, doação, partilha, inventário,
etc;
- Referir as razões que o impossibilitam de comprovar a sua aquisição / o seu
direito;
- Na maioria das justificações a forma da aquisição é a usucapião (Artigos 1287.º e
seguintes do CC). É uma aquisição originária que se baseia na prática reiterada, por um
período de tempo (Artigos 1294.º a 1296.º do CC de atos materiais de posse – Artigo
1263.º do CC).

- Nas justificações em que são justificantes pessoas casadas é determinante


saber o estado civil à data do início da posse para determinar a natureza do bem
justificado.
- Se a posse se iniciou já no estado de casado, independentemente da forma de
aquisição (Ex: doação ou partilha verbal), o bem justificado tem a natureza de bem
comum – Artigo 1722.º n.º 2 b) do CC
- Se o bem for comum justifica o casal – Ato de administração extraordinária –
Artigo 1678.º/3 2ª parte do CC. Se o bem for próprio, o cônjuge apenas confirma que o
bem é próprio do justificante.

USUCAPIÃO (Artigo 1287.º CC)


Corresponde a um modo de aquisição originária do direito de propriedade de bens
imóveis e móveis, pela posse desse bem, durante um lapso de tempo, previsto na lei.
- A posse de direito de propriedade ou de outros direitos reais de gozo por
determinado lapso de tempo, permite a aquisição do direito e têm que constar na
escritura as caraterísticas e circunstâncias que caraterizam a posse que permite invocar
a usucapião (Artigo 1251.º CC e Artigo 89.º/2 do CN).
- Para invocar a usucapião tem que haver posse (Artigo 1251.º CC) e esta tem de ter as
seguintes caraterísticas:
1 – Corpus – Material – Atos materiais praticados sobre o bem e detenção
material.
2 – Animus – Intenção – Traduz-se na intenção de se comportar como titular
do direito correspondente aos atos materiais praticados.
- Só há posse se se verificarem, cumulativamente, os dois requisitos, isto é, a situação
material do exercício de um poder de facto sobre o bem e a manifestação da vontade
inequívoca de se comportar como verdadeiro titular do direito que se arroga.
Caraterísticas da posse
– Artigo 1258.º do CC – Posse titulada ou não titulada
– Artigo 1259.º CC - em que existe título legítimo de aquisição.
– Artigo 1261.º do CC - Pacífica, adquirida sem violência
– Artigo 1260.º CC - boa-fé, o adquirente não sabia ou ignorava que lesava direito
alheio
– Artigo 1262.º CC - Pública - Exercida de modo a poder ser conhecida por quem tiver
interesse

- São estas as caraterísticas que permitem invocar a usucapião – Artigo 1294.º a 1297.º
do CC. Não podem ser usucapíveis as servidões prediais não aparentes e o direito de
uso e habitação – Artigo 1293.º

a) Justificação para estabelecimento de trato sucessivo (Artigo 89.º CN e 116.º/1


CRPredial)

- Primeira inscrição – Quando o prédio não se encontra descrito na conservatória


do registo Predial ou descrito mas sem inscrição em vigor, o interessado (ou
justificante) declara que é o único dono e legítimo possuidor, com exclusão de
outro, do imóvel;
- A forma como o adquiriu, como veio à sua posse;
- A data provável dessa aquisição, quando iniciou a posse, isto é, o
tempo que está na detenção e fruição do imóvel;
- Os atos materiais dessa detenção e fruição – Cultivar, habitar, fazer
obras, pagamento de impostos, etc.
- Os factos que caraterizam e permitem a aquisição por usucapião – se
a posse é de boa ou má fé, com ou sem violência, com ou sem oposição ou
ocultação, com ou sem interrupção.

b) Justificação para estabelecimento de NOVO trato sucessivo (Artigo 91.º CN e


116.º/3 CRPredial)
- Quando há título ou títulos mas há uma quebra nas cadeias de transmissão. Pode
faltar o título do titular inscrito ou outros titulares para o atual
possuidor/proprietário ou o próprio justificante não ter título válido.
- O interessado tem que aduzir as circunstâncias que baseiam a sua aquisição, que
passa a ser uma aquisição originária, indicando as transmissões que antecederam a
sua, as causas de transmissão, os sujeitos e titulares de quem adquiriram e a razão
da impossibilidade de obtenção de título válido para registar o seu direito, título
esse que não existiu ou que desconhece que existiu.
- O interessado alega todas as circunstâncias de facto que determinam o início da
sua posse e dos anteriores possuidores, se houver acessão ou sucessão na posse, e
as suas caraterísticas que permitem a aquisição por usucapião, que invocam;
- Acessão da posse – Quando o atual possuidor juntar à sua posse a posse do seu
antecessor, desde que sejam posses sucessivas e da mesma natureza e não seja
sucessão hereditária. Essa posse acresce à posse do atual possuidor (Artigo 1256.º
do CC);

- Sucessão na posse – A posse do possuidor falecido continua nos seus sucessores,


independentemente de posse material do imóvel (Artigo 1255.º do CC)

c) Justificação para REATAMENTO do trato sucessivo (Artigo 90.º CN e 116.º/2


CRPredial)
- Quando o imóvel que se pretende registar está descrito e com inscrição em vigor
e o interessado não dispõe de título ou títulos, desde o titular inscrito até ao atual
possuidor ou proprietário. Há uma sequência de aquisições derivadas que não se
interrompem desde o proprietário inscrito até ao atual proprietário (justificante),
mas que, em relação a uma ou algumas transmissões, os interessados não dispõem
do respetivo documento que as permita comprovar, pese embora tenham sido
tituladas em conformidade com a lei.
- Esses títulos existiram mas foram destruídos, danificados, extraviados ou
simplesmente não se conseguem localizar. Têm que se indicar as razões da
impossibilidade de obter tais títulos. Exemplo: Inventário que correu termos em
tribunal destruído por incêndio, título de arrematação que se perdeu, escritura
lavrada em cartório que se desconhece, etc.
- é necessário fazer a reconstituição de todos os atos até ao interessado justificante
(trato sucessivo) e proceder a todos esses registos intermédios até ao atual.
- Neste tipo de justificação a causa de aquisição não é a usucapião, pelo que não é
invocada.
- Também não há lugar ao pagamento de Imposto Selo da verba 1.1 da TGIS – ficha
doutrinária da AT – Processo 2012002958 – IUE N.º 3959 / Despacho de
09/10/2012.

- Nas justificações para estabelecimento de novo trato sucessivo e de reatamento


de trato sucessivo é sempre necessário proceder à notificação do titular inscrito, a
requerimento verbal ou escrito do titular do direito que se pretende justificar,
salvo se o mesmo interveio num título válido (Artigo 99.º do CN).
Exp (é apresentado inventário por óbito do titular inscrito, não é necessária a
notificação pessoal dele ou edital dos seus herdeiros).

- O pedido verbal da notificação, requerimento, é reduzido a escrito e é


acompanhado dos documentos que o instruem, em duplicado.
- As notificações são pessoais dos titulares inscritos para o endereço fornecido pelo
justificante ou para o que consta da inscrição registral e editais, do titular inscrito
para a situação de ausência em parte incerta ou dos seus herdeiros – situação de
falecimento do titular inscrito.
- Os editais são afixados na conservatória do registo predial e na sede da junta de
freguesia do concelho da situação dos bens.
- Nas justificações de direitos que devam constar da matriz, só se podem justificar
esses direitos desde que os mesmos estejam nela inscritos (ao contrário da
conservatória que permite a justificação de prédios omissos).
- Tem legitimidade para justificar não só o titular inscrito, mas quem demonstre
interesse legítimo no facto aquisitivo e no seu registo (ao contrário da redação do
artigo inicial em que só o titular inscrito ou de quem ele adquirisse por sucessão ou
ato entre vivos é que tinha legitimidade para justificar – Artigo 92.º do CN).
- A justificação para estabelecimento de trato sucessivo ou de novo trato sucessivo
paga imposto selo do artigo 1.2 da Tabela Geral do Imposto Selo.
- Cabe ao notário apreciar e decidir sobre as razões invocadas pelos justificantes e
os motivos que impossibilitam a obtenção do título para registar o ato invocado –
Artigo 95.º do Código do Notariado.

- Na justificação de prédios rústicos deve-se fazer a menção do fracionamento


(Artigo 48.º da Lei 111/2015 de 27/08) [Regime Jurídico da Estruturação Fundiária)
e Artigo 1376.º e seguintes do CC e (do ato de aquisição verbal da posse que em
consequência tem vindo a exercer no imóvel, não decorre qualquer fracionamento
proibido por lei, porquanto o antepossuidor, de quem o justificante adquiriu o
imóvel, não possuía outros prédios rústicos contíguos ao agora justificado.)
- As justificações de parcelas de terreno para construção urbana ou lotes de
terreno deve obedecer aos condicionalismos legais do loteamento em vigor à data
do início da posse e não o da consumação da usucapião;
- As escrituras de justificação têm que ser publicadas, por extrato, num jornal do
concelho da situação do bem, ou se não houver, num dos mais lidos da região
(Artigo 100.º do CN);
- A publicação tem que ser averbada à escritura de justificação (Artigo 131.º/1
alínea d) do CN), decorridos que sejam 30 dias da data da publicação do extrato
(Artigo 101.º/2 do CN);
- Com exceção da emissão de certidão para efeitos de impugnação, menção que
deve constar da certidão emitida, não se pode emitir certidão antes do
averbamento da publicação;

Documentos
1) A escritura deve ser instruída, ficando arquivados:
a) Prédio descrito – Certidão do registo predial, do teor da descrição de
todas as inscrições em vigor;
b) Prédio não descrito – Certidão de omissão ou não descrição;
c) Certidão de teor matricial;
(ESTES DOCUMENTOS TÊM A VALIDADE DE 3 MESES).
d) As notificações editais e pessoais;
e) Documentos comprovativos da dispensa da licença de utilização dos
prédio urbanos (A dra. Aida arquiva)

2) Exibição:
a) Caderneta Predial Urbana ou Rústica – Artigo 98.º/2 (Dra. também
arquiva);
b) Licença de utilização nos prédios urbanos;
c) Documentos comprovativos das transmissões referidas nas escrituras de
estabelecimento de novo trato sucessivo e reatamento de trato sucessivo
(Artigo 98.º do CN)
d) Representação gráfica georreferenciada para os prédios rústicos ou mistos
(não é requisito para a escritura mas é necessário para o registo).

Justificações para fins do registo comercial (Artigo 94.º do CN)


- Para efetuar um registo de transmissão de propriedade ou usufruto de quotas
(sociedades comerciais) ou partes de capital (sociedades civis sob a forma
comercial) de divisão ou unificação, deduzindo o trato sucessivo da última
inscrição ou estabelecimento de novo trato sucessivo.
- Declarações prestadas pelos gerentes ou titulares dos direitos, fazendo a
reconstituição de todos os atos até ao interessado justificante.
- Também pode ser justificada a dissolução da sociedade nos termos do artigo
141.º CSC.
- Aplica-se a estas justificações os artigos 89.º/2 e 90.º/2 e 3 do CN, quando for o
caso.
Documentos:
a) Certidão do registo comercial da matrícula (atualmente corresponde ao
NIPC) e todas as inscrições em vigor e os documentos.
b) Documentos comprovativos das transmissões invocadas

Justificação de barcos (Artigo 8.º do DL 43/2018 de 18 de junho)


- Aplicam-se as disposições do Código do Registo Predial, com as adaptações
necessárias.
- Deve-se fazer a advertência de que os outorgantes, justificantes e declarantes,
incorrem no crime de falsas declarações se dolosamente e em prejuízo de outrem
prestarem declarações falsas artigo 97.º do CN.
(Este artigo que foi considerado inconstitucional pelo Acórdão de 17/12/2011 – PR –
68/08/5JAPOL 3º secção (A Dra. faz advertência sem a menção de oficial público).

Justificação automóvel (Artigo 29.º do Código Registo Automóvel – DL 54/75)


- Aplicam-se as disposições do Registo Predial com as respetivas adaptações
8 – TESTAMENTOS
- O testamento é um ato formal (Artigo 220.º do CC), unilateral, individual e singular,
livremente revogável, pelo qual alguém dispõe de bens ou direitos para depois da sua
morte. Este é o conteúdo típico do testamento;
- Este pode ser utilizado pelo testador para fazer disposições de última vontade que
não tenham caráter patrimonial (Artigo 2179.º/2 do CC) – Exemplos: O testador pode
fazer disposições relativas ao seu cadáver; pode nomear tutor (Artigo 1928.º/3 do CC);
legados pios ou disposições a favor da alma (missas); Escolha de lei aplicável à
sucessão, etc.;
- O testamento é um negócio jurídico mortis causa – Artigo 2179.º do CC – Que é da
exclusiva competência do notário.

Formas do Testamento (comuns e especiais)

1 – Testamento Público – Feito pelo Notário, exarado no livro de notas específico para
testamentos públicos e escrituras de revogação de testamentos (Artigos 2204.º e
2205.º do CC)

2 – Testamento Cerrado – Testamento escrito e assinado pelo testador, por outra


pessoa a seu rogo (pedido) e assinado pelo testador. O testador só não assina se não
puder ou não souber, menção essa que tem de constar no testamento. Quem assina o
testamento tem que rubricar todas as folhas que não tenham a sua assinatura.
- O testamento cerrado tem que ser aprovado pelo notário para ter validade, sendo
que o notário só lê o testamento se o testador o solicitar (Artigo 106.º e seguintes do
CN e 2206.º/5 e 2207.º do CC). A data do instrumento de aprovação será a data do
testamento.
- O testador também pode optar pelo depósito (guardar) do testamento no cartório
notarial, sendo lavrado o instrumento de depósito, em dois exemplares, sendo um
arquivado no cartório e o outro entregue ao testador (Artigo 103.º/2 e 104.º/3).
- O testamento cerrado só produz efeitos jurídicos depois de lavrado o instrumento de
abertura (Artigo 114.º do CN), que compreende os seguintes atos:
a) Se estiver cozido e lacrado, é feita a abertura material;
b) A verificação de vícios que possa conter – rasuras, entrelinhas, borrões,
palavras emendadas, sem serem devidamente ressalvadas;
c) A leitura do testamento pelo notário, em voz alta e na presença do
apresentante e testemunhas;
d) Após a leitura o testamento é rubricado em todas as folhas pelo
apresentante, testemunhas e notário, e seguidamente arquivado (Artigo 114.º do CN);

- O testamento é um ato pessoal, não pode ser por intermédio de representante


(Artigo 2182.º do CC) – O testador tem que expressar a sua vontade de forma precisa e
clara; Não pode ser através de sinais, monossílabas ou apenas respondendo a
perguntas que lhe sejam feitas (Artigo 2180.º do CC);
- Não pode a sua vontade ficar dependente da vontade de terceiro, isto é, encarregar
outrem de escolher os seus herdeiros, legatários ou os bens a distribuir. Pode sim,
encarregar alguém, testamenteiro, para distribuir os bens, vender os bens e distribuir o
produto da venda pelos beneficiários.
- O testamento só produz efeitos depois do averbamento do óbito do testador (Artigo
131.º/1 alínea a) e 135.º/1 do CN.)

- Não são permitidos testamentos de mão comum (Artigo 2181.º do CC) – isto é, no
mesmo testamento dois ou mais testadores manifestam a sua vontade, a favor do
outro ou de terceiro;
- Não confundir testamentos com disposições de bens comuns do casal, em que o
cônjuge intervém no ato para consentir com testamentos de mão comum.
- Só podem fazer testamentos maiores, menores emancipados e maiores
acompanhados quando a sentença que decretou o acompanhamento o determine –
Artigo 2188.º do CC e 2191.º do CC;
- O artigo 2180.º do CC, na sua parte final, não limita ou proíbe os surdos mudos de
fazer testamentos. Estes podem fazer testamento devendo intervir um intérprete de
língua gestual para transmitir ao notário a vontade do testador e ao testador a leitura e
explicação feitas pelo notário.

3 – Testamento Internacional – Elaborado de acordo com a convenção de Washington


de 26/10/1973 que uniformiza procedimentos ao testamento internacional e permite o
reconhecimento do mesmo nos países aderentes.

Requisitos do testamento: (artigo 2207.º e seguintes do CC):


- O testador será identificado pelo nome, estado civil, naturalidade, residência, data de
nascimento e filiação (Artigo 47.º/4 CN);
- São necessárias duas testemunhas instrumentárias com as limitações do artigo 68.º
do CN, que também podem ser abonadores da identidade do testador.
- As testemunhas podem ser dispensadas nos termos do artigo 67.º/1/a e número 2 e 3
do CN, ficando esse facto mencionado no testamento. Cabe ao notário aferir a sua
capacidade e dar forma legal à sua vontade, de forma clara, de modo a evitar
dificuldades na interpretação e aplicação do testamento, quando o mesmo produzir
efeitos;
- Na redação do testamento tem que se ter em atenção os possíveis vícios da vontade
do testador, esclarecendo-o sobre os mesmos e evitando disposições contrárias à lei, à
ordem pública e ofensivas dos bons costumes (Artigo 2186.º do CC) – Disposições a
favor de pessoas como acompanhantes, enfermeiros, médicos, o próprio, o notário ou
pessoa com quem o testador cometeu adultério (Artigo 2192.º);
- Quando o testador tiver herdeiros legitimários, filhos ou outos descendentes, cônjuge
e ascendentes – artigo 2157.º do CC – só pode dispor da sua quota disponível, não
pode ofender a legítima dos herdeiros (Artigo 2156.º do CC) sendo a quota disponível
calculada nos termos dos artigos 2158.º a 2161.º (ATENÇÃO AO ARTIGO 1707-A do CC);
- Havendo renúncia do cônjuge à condição de herdeiro legitimário não afasta a
sucessão legítima, o cônjuge é herdeiro legítimo (Artigo 2133.º/1 alíneas a) e b) na sua
quota disponível do testador. Para afastar o cônjuge à sucessão terá que fazer
testamento a dispor da sua quota disponível;
- Os testamentos são lavrados no livro específico só para testamentos e escrituras de
revogação de testamentos (Artigo 7.º/1/a e d) e Artigo 11.º e artigo 15.º do CN.);
- Tudo o que se relacione com testamentos está sujeito ao sigilo profissional (Artigo
32.º/2 do CN e 23.º/1 alínea d) do EN);
- Tem um ficheiro pessoal privativo também sujeito ao sigilo profissional;
- Aos testamentos aplica-se as regras da liberdade contratual e princípios da declaração
de vontade e da autonomia da vontade – Artigo 405.º e 280.º do CC;
- Nos testamentos, quando há disposições sobre imóveis não tem que se dar
cumprimento aos artigos 54.º, 57.º e 58.º do CN e 9.º do Código do Registo Predial;
- Os testamentos especiais são os previstos no artigo 2210.º a 2220.º do CC;
- O testamento é livremente revogável – Artigo 2311.º do CC;

- A revogação pode ser expressa – o testador declara expressamente que


revoga no todo ou em parte o testamento anterior, ou outros anteriormente feitos –
Artigo 2312.º do CC;

- A revogação também pode ser tácita – quando no testamento não conste


expressamente a revogação mas as disposições nele contidas são contrárias ou
incompatíveis com outro ou outros testamentos anteriormente feitos – Artigo 2313.º
do CC;

- A revogação de um testamento que tenha revogado um anterior, expressa ou


tacitamente, não faz reviver as disposições do testamento anteriormente revogado,
salvo se o testador declarar expressamente essa vontade (Artigo 2314.º do CC);
- O notário tem que comunicar mensalmente à Conservatória dos Registos Centrais,
nos termos do artigo 187.º e 188.º do CN, acompanhada das respetivas fichas –
testamentos públicos: escrituras de revogação de testamento; instrumentos de
aprovação, depósito ou abertura de testamentos cerrados e de testamentos
internacionais; escrituras de renúncia ou repúdio de herança ou legado que hajam sido
lavrados no mês anterior, bem como a identificação dos respetivos testadores ou
outorgantes e comunicação de óbito averbado ao testamento.

TESTAMENTO DE

No dia no meu cartório, sito na rua drº Justino Cruz, nº. 154, 2º andar, cidade de Braga,
perante mim Notária, Aida Manuela Rocha De Sousa, compareceu como testador: A
solteiro, maior, nascido no dia , na freguesia de , concelho de , residente na deste
concelho, filho de e de Verifiquei a sua identidade por exibição do cc Pelo Testador Foi
Dito:Que não tem herdeiros legitimários pelo que usando da faculdade que a lei lhe
concede, faz o seu testamento, que é o primeiro, pela forma que se segue, distribuindo
toda a sua herança em legados:1) – Lega ao seu sobrinho, , um oitavo indiviso dos
seguintes imóveis: 2) - Lega ao seu irmão, os seguintes imóveis, sitos no mesmo lugar
de Lega ao seu irmão, , o seguinte imóvel:Que todos os saldos das contas bancárias,
quer em numerário, quer investido em depósitos bancários, ações, obrigações, seguros
ou quaisquer outras aplicações financeiras, no banco e , onde também constam como
titulares os seus identificados irmãos, , é todo seu e não dos seus irmãos.Lega aos em
comum e partes iguais aos mesmos irmãos, todos os saldos das referidas contas
bancárias. Que assim termina esta disposição de última vontade. foi feita ao testador a
leitura e explicação do conteúdo deste ato e às testemunhas

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TESTAMENTO DE

No dia , no meu cartório, sito na rua drº Justino Cruz, nº. 154, 2º andar, cidade
de Braga, perante mim Notária, Aida Manuela Rocha De Sousa, compareceu como
testador: A, casado, nascido no dia de julho de mil , na freguesia de onde reside na
rua , n. , filho de e de . Verifiquei a sua identidade por exibição do cc Pelo
Testador Foi Dito: Que faz o seu testamento, que é o primeiro, pela forma que se
segue: Lega à sua mulher, , consigo residente, os seguintes imóveis, seus bens próprios:
Que este legado é em substituição da legítima da legatária, (isto é, a legatária ou
escolhe o legado, as frações supra identificadas e nada mais tem a haver da herança do
testador ou, escolhe a legítima, e as frações revertem para a herança).Institui como
única e universal herdeira da sua quota disponível, a sua filha, , NIF 274 019 620,
solteira, consigo residente. Que assim termina esta disposição de última vontade. Foi
feito ao testador a leitura e explicação do conteúdo deste ato e às testemunhas,.

A Notária,

Conta: Fac 2021001/

_______________________________________________________________________

TESTAMENTO DE

No dia, no meu cartório, sito na rua drº Justino Cruz, nº. 154, 2º andar, cidade
de Braga, perante mim notária, AIDA MANUELA ROCHA DE SOUSA, compareceu como
testador: A, divorciado, nascido no dia , na freguesia de , residente freguesia ambas
deste concelho, filho de e de Verifiquei a sua identidade por conhecimento pessoal
PELO TESTADOR FOI DITO: Que, em virtude do casamento que vai celebrar, com
convenção antenupcial em que vai ser estipulada a renúncia recíproca à condição de
herdeiro legitimário do outro cônjuge, faz o seu testamento, que é o primeiro, pela
forma que se segue: Institui como únicos e universais herdeiros da sua quota
disponível, em comum, os seus filhos B E C.

Que assim termina esta disposição de última vontade.

Foi feita ao testador a leitura e explicação do conteúdo deste testamento e às


testemunhas,

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TESTAMENTO DE

No dia, no meu cartório, sito na rua drº Justino Cruz, nº. 154, 2º andar, cidade
de Braga, perante mim Notária, Aida Manuela Rocha De Sousa, compareceu como
testadora A viúva, nascida no dia, na freguesia de, concelho de, residente na rua deste
concelho, filha de e de Verifiquei a sua identidade por exibição do cc Pela Testadora Foi
Dito:Que faz o seu testamento pela forma que se segue: Lega, por conta da sua quota
disponível, à sua filha, B, o Usufruto do prédio urbano, composto de casa de habitação,
anexo e quintal, sito na , que é a sua casa de morada, com todo o seu respetivo
recheio, nele se devendo compreender, nos termos da lei, o mobiliário, objetos de
decoração, roupas e enxoval e todos os demais utensílios e apetrechos da casa. Lega,
também por conta da sua quota disponível, a raiz ou nua propriedade do identificado
imóvel, ao seu filho ,C e nora, D. Que o seu filho e nora, ficam com o encargo e
obrigação de cuidar dela testadora e da sua filha legatária, B, com carinho e
dedicação, na saúde e na doença, prestando-lhe, ou mandando prestar, todos os
cuidados de que elas necessites, nomeadamente, alimentação, alojamento, medicação,
higiene e hospitalização, mesmo se acamadas ou imobilizadas numa cadeira de rodas e
demais atos necessários para a sua assistência e bem estar em geral e especial Que,
após a sua morte e nos termos do artigo mil novecentos e vinte e oito e seguintes, do
Código Civil, nomeia TUTORES da sua identificada filha, B, os seus referidos filho e sua
nora, Que os tutor instituídos, ficam com o encargo e obrigação de administrar os bens
da tutelada e tratar de todos os seus assuntos fiscais, exercendo o seu cargo como o
“bónus pater familiae, devendo prestar contas ao Conselho de Família, se existir e de
cuidar da tutelada, na saúde e na doença, prestando-lhe, ou mando prestar, todos os
cuidados de que ela necessite, nomeadamente, alojamento, alimentação, vestuário,
higiene, medicação e hospitalização, cuja assistência será suportada pelos bens da
tutelada, não podendo os tutores invocar falta de meios para uma assistência
condigna, tal com a que tinha em vida da testadora. Se os tutores cumprirem as
obrigações e encargos acima referidos, tal como o estipulado pela testadora, nos
termos do artigo dois mil duzentos e noventa e oito do mesmo Civil, institui como
únicos e universais herdeiros da sua filha, B, os seus identificados filho e nora, C e D. Se
os legados não poderem produzir efeitos, então institui como únicos e universais
herdeiros da sua quota disponível, em comum, os seus já identificados filhos, B e C com
os mesmos encargos e obrigação para o seu filho, em relação à irmã. Que assim
termina esta disposição de última vontade, revogando qualquer testamento que já
tenha feito, nomeadamente o testamento outorgado no dia dez, exarado , Foi feita à
testadora a leitura e explicação do conteúdo deste ato e às testemunhas,

A Notária
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TESTAMENTO DE

No dia , no meu cartório, sito na rua drº Justino Cruz, nº. 154, 2º andar, cidade
de Braga, perante mim notária, Aida Manuela Rocha De Sousa, compareceu como
testadora: A nascida no dia um de , em residente em , Toulouse, França, filha de e de
Verifiquei a sua identidade por exibição do CC Pela Testadora Foi Dito:Que faz o seu
testamento, que é o primeiro, pela forma que se segue: Da sua quota disponível,
institui B e C, D solteiros, residentes em França, filhos do seu marido, herdeiros do
quinhão hereditário que for necessário e suficiente para igualar o quinhão hereditário
de cada um dos seus três filhos, , Isto é, Quer que o seu património seja partilhado em
comum e partes iguais pelos seus três filhos e pelos seus três enteados, todos já
identificados, recebendo cada um quinhão igual. Que, escolhe, ao abrigo do
Regulamento número seiscentos e cinquenta do Parlamento Europeu e do Conselho,
de quatro de julho dois mil e doze, a lei portuguesa como lei aplicável para regular a
sua sucessão, bem como escolhe a competência dos Tribunais Portugueses para os
mesmos efeitos. Que assim termina esta disposição de última vontade. Foi feita à
testadora a leitura e explicação do conteúdo deste ato e às testemunhas,
A Notária,

9 – COMPRA E VENDA

Noção: A compra e venda é o negócio oneroso por excelência, o contrato mais


frequente na atividade notarial e quiçá, nos negócios jurídicos.
É um contrato pelo qual se transmite um direito de propriedade sobre coisas ou
direitos, mediante o pagamento de um preço.
Contrato típico (Artigo 874.º do CC).
Transmissão correspetiva de duas prestações – por um lado o direito de propriedade
ou outro direito e por outro lado o preço.

Efeitos:
a) Transmissão do Direito de Propriedade da coisa – Transferência de direitos reais por
mero efeito do contrato (Princípio da consensualidade, artigo 408.º/1 do CC)
1 – A transferência do direito real só se dá quando a coisa for adquirida–
Princípio da atualidade – Artigo 408.º/2 do CC;
2 – A transmissão do direito real só acontece quando o objeto do negócio seja
determinado (partes componentes ou frutos naturais) – parte final do n.º2 do artigo
408.º do CC – Princípio da especificidade;

b) Oneroso – Obrigação da entrega do preço por uma parte, como contrapartida da


entrega da coisa pela outra parte.

c) Contrato Sinalagmático ou bilateral – Implica obrigações para ambas as partes

d) É um contrato real quoad effectum – na medida em que determina a produção


imediata do efeito real de transmissão do direito de propriedade (Artigo 408.º/1 alínea a) e
artigo 1317.º do CC);

O efeito imediato do contrato de compra e venda é a transmissão da propriedade da coisa


ou direito para o comprador, mediante a entrega do preço convencionado. No entanto,
pode acontecer que a transmissão da propriedade não se dê por mero efeito do contrato.
1) Exemplos: Reserva do direito de propriedade até integral pagamento ou verificação de
algum acontecimento futuro (Artigo 409.º do CC). Se o objeto do contrato for imóvel ou
móvel sujeito a registo, a reserva de propriedade tem que ser registada para ser oponível a
terceiros.
2) Venda de bens futuros ou indeterminados (a transmissão só se opera quando se verificar
a existência dos bens e a sua determinação – Artigo 408.º/2 do CC);

Forma:
-O contrato de compra e venda de imóveis só é válido se for celebrado por escritura
pública, título de transmissão feito na conservatória do registo predial ou documento
particular autenticado – Artigo 875.º do CC – formalidade externa, requisito substancial do
negócio.
- A violação deste preceito acarreta a nulidade do negócio – é nulo o contrato de compra e
venda que não obedeça à forma legal, isto é, se não for feito por escritura pública ou
documento particular autenticado – Artigo 220.º do CC;
- NB – Os notários podem praticar atos anuláveis, não nulos (Artigo 173.º e 174.º do CN e
artigos 286.º, 287.º, 288.º e 289.º do CC;

Tipos de Contratos:

- Compra e Venda de Pais a Filhos ou Netos – é necessário o consentimento dos restantes


filhos ou netos (no caso dos netos é apenas necessário o consentimento dos irmãos do
neto comprador) – Artigo 877.º do CC – é também necessário o consentimento dos
cônjuges dos filhos ou netos casados num regime de comunhão).
- Na alienação ou oneração de bens próprios ou comuns, ou, venda da casa da morada de
família quando casados no regime da separação de bens – Artigo 1682.º-A do CC – É
necessário o consentimento do outro cônjuge.

- Compra e Venda entre cônjuges – Não é permitida (Artigo 1714.º/2 do CC). É o princípio
da imutabilidade das convenções antenupciais e do regime de bens – Artigo 1698.º do CC;

- Compra de bens do representado pelo representante – Negócio consigo mesmo –


Anulável se tal não for consentido pelo representado ou o negócio pela sua natureza,
exclua a possibilidade de conflito de interesses (Artigo 261.º do CC)

- Aquisição de bens dos incapazes – (menores, maiores acompanhados) pelos seus


representantes legais (- pais artigo 1892.º) (- tutores (artigo 1937.º b) do CC);

- Aquisição de bens em processo executivo ou de insolvência – Nestas transmissões não


se aplica o principio da legitimação dos direitos, podendo ser alienado o imóvel sem que o
mesmo se encontre registado em nome do insolvente ou executado, sendo apenas
necessário o registo da insolvência ou da execução – Artigo 9.º do CRPredial. Neste tipo de
contratos, os ónus que incidam sobre imóveis são cancelados oficiosamente, sem custos,
nos termos do artigo 101.º/5 do CRPredial.

- Venda de bens alheios – É nula sempre que o vendedor careça de legitimidade para a
realizar – Artigo 892.º e 286.º do CC

- Venda de bens onerados – Se os ónus ou limitações excederem os limites normais


inerentes aos direitos da mesma categoria o contrato é anulável (não nulo) – anulabilidade
que pode ser sanada – Artigos 905.º 906.º e 1035.º do CC.
Na transmissão de imóvel onerado com hipoteca em que o comprador assume o
pagamento do montante em dívida da hipoteca – esse montante soma-se ao valor do
preço e é sobre esse valor que incide o IMT – Art. 12.º n.º5 alínea h) do CIMT;
- Venda de imóveis do património cultural – Lei 107/2011 – Artigo 36.º ou situados em
áreas de reconversão urbanística – DL 286/76 de 22/12 – Artigos 1.º e 13.º;

- Venda a Reto – É reconhecida ao vendedor a faculdade de resolver o contrato (Artigo


927.º do CC);
- O prazo máximo para a resolução do contrato é de 5 anos, se o objeto do contrato for
bens imóveis ou 2 anos se forem bens móveis. As partes podem estipular prazo inferior –
Artigo 929.º do cc.
- Este contrato funciona como uma forma de financiamento sem o comprador recorrer a
crédito, com os encargos inerentes e sem o vendedor se desfazer do bem.
- Esta cláusula está sujeita a registo predial se o contrato incidir sobre bens imóveis ou
móveis sujeitos a registo.

Pactos de preferência – Consiste na convenção pela qual alguém assume a obrigação de


dar preferência a outrem na venda de determinada coisa – Artigo 414.º do CC – Preferência
convencional;
As partes podem, no mesmo contrato, atribuir eficácia real ao direito de preferência, se
respeitar à transmissão ou constituição de direito real sobre bens imóveis ou móveis
sujeitos a registo, desde que obedeça à forma exigida por lei e está sujeito a registo predial
– Artigo 421.º do CC;

a) Elementos de identificação dos sujeitos/interessados


- Nome;
- NIF;
- Naturalidade e residência;
- Estado civil, e se casado, o regime de bens (Artigo 46.º do CN);
- Se estrangeiro, o ordenamento jurídico e o regime de acordo com esse ordenamento
jurídico;
- Se português residente no estrangeiro, se casou ou alterou o regime de bens, o
regime de casamento de acordo com o ordenamento jurídico desse país
- Verificação de identidade (Artigo 46/1/d e 48.º do CN + artigo 4.º alínea f), artigo 11.º
e 24.º a 29.º da Lei 87/2007 de 18 de Agosto (Lei do branqueamento de capitais);
- Cartão de cidadão, Bilhete de identidade ou passaporte;
1) - Representação orgânica – a verificação dos poderes dos representantes
(Artigo 49.º e 46.º alínea c) e ??? do CN – Certidão do registo comercial,
atas das assembleias gerais ou do conselho de administração, procuração
com poderes para o ato, etc.
2) – Representação voluntário – procuração com poderes para o ato;
3) – Representação Legal – Certidão do tribunal quando forem menores ou
maiores acompanhados para atos em que é necessária autorização;
4) Nas pessoas coletivas também tem que se consultar RCBE e fazer essa
menção na escritura;
b) Elementos de identificação do imóvel:
1) Natureza – Rústico, Urbano ou Misto;
2) Situação – Rua, Lugar, Freguesia e Concelho;
3) Número da descrição predial – Artigo 54.º/1 CN;
4) Artigo Matricial – Artigo 57.º CN;
5) Inscrição do imóvel em nome de quem aliena – Artigos 54.º/2 e 3 do CN e 9.º do
CRPredial

- ÁREA – Harmonização entre a que consta da descrição predial e a que consta da


inscrição matricial – Artigo 58.º CN e artigos 28.º, 28.º-A do CRPredial;
Conjugar com a Representação Gráfica Georreferenciada (RGG) – Instrução de serviço 40092 – Série
I, de 21/12/2022 da Subdiretora Geral da área dos impostos sobre o património – Veio estabelecer procedimentos relativos à
área dos prédios rústicos na matriz e no registo predial, nela se incluindo a orientação técnica número 2/BUPI/AT/EBUPI/IRN,
também subscrita pela presidente do Instituto dos Registos e do Notariado, IP.

- Certidão de registo predial e caderneta predial ou certidão de teor matricial

- Nos prédios situados em concelho onde não tenha vigorado o registo obrigatório e que
titulem o primeiro ato de transmissão ocorrido após 01/10/1984 – É necessário
documento comprovativo da titularidade de quem aliena, com a menção de que é a
primeira transmissão após essa data – 01/10/1984 artigos 55.º alínea b) do CN e 9.º/3 do
CRPredial

Ou

- Feita justificação simultânea do direito da pessoa de quem se adquire e aliena.

Estando perante Prédios não descritos na conservatória do registo predial

1) Menção à sua não descrição na conservatória;


2) Artigo Matricial;
3) A área, composição e confrontações;
4) Título que documente a titularidade ou legitimidade de quem aliena;
5) Correspondência dos artigos da anterior matriz ou da antiga freguesia;

Prédios Rústicos – A alienação de prédios rústicos está sujeita à lei do fracionamento


(Artigos 1376.º, 1377.º, 1379.º do CC e Artigo 48.º da Lei 111/2015). Tendo os
proprietários dos prédios confinantes, com área inferior à unidade mínima de cultura,
direito de preferência na sua aquisição (Artigo 1380.º do CC);

1) Deve-se mencionar sempre na escritura que o ato não implica o fracionamento ou


que não possuem outros prédios da mesma natureza contíguos. Se implicar
fracionamento não pode realizar-se a escritura uma vez que o negócio é nulo (Artigo
1379.º do CC e artigo 173.º do CN). Não viola este artigo o fracionamento de terrenos
para arredondamento de estremas de prédios rústicos ou para constituir ou ampliar o
logradouro de prédios urbanos.
2) Não podem ser alienados prédios rústicos em compropriedade ou que aumente a
compropriedade existente, sem autorização camarária – Artigo 54.º da Lei 64/2003 de
23 de Agosto
3) Representação Gráfica Georreferenciada (RGG)

Quando se tratar da PRIMEIRA TRANSMISSÃO de imóvel construído em prédio objeto de


loteamento – exibição da certidão das infraestruturas – Artigo 49.º do DL 555/99 de 16/12;

Na Transmissão de imóvel para habitação cuja licença de utilização seja emitida depois de
25/03/2004 – Deve ser entregue ao comprador a Ficha Técnica de habitação – DL 68/2004
de 28/03 (Exceção – quem aliena não é promotor imobiliário e para que ao imóvel nunca tenha sido elaborada ficha
técnica – pareceres do IRN n.º 77/04 e PRP-67/2016-STJCC).
Transmissão de imóveis para habitação, comércio ou serviços: Certificado Energético – DL
118/2013 de 20/08 – Artigos 3.º e 4.º

Licença de utilização – Exigida a partir de 07/08/1951 para todos os imóveis urbanos


(exceto parcelas de terreno para construção) – DL 281/99 de 26/07 – com as exceções do
artigo 2.º, em que é exibida a licença de construção com as advertências que nele constam;

Prédios inscritos na matriz antes de 07/08/1951 (data em que entrou em vigor o


regulamento geral das edificações urbanas) – Estão dispensados da licença de utilização
desde que seja feita prova desse facto (caderneta predial onde conste a data da inscrição
na matriz, certidão camarária ou certidão do registo e o prédio não tenha sofrido
alterações que impliquem licenciamentos);

Direito de preferência na transmissão de imóveis para habitação – Artigo 6.º do DL


89/2021 de 03/11

Declaração de condomínio (Artigo 54.º/3 do CN) – Necessário para transmissões de


frações autónomas – Artigo 1424-A, n.º 1 do CC ou então menção, por parte do adquirente
que prescinde da declaração, assumindo, em consequência, as dívidas do condomínio –
Artigo 1424.º/3

Aquisição no âmbito de processo de insolvência ou processo executivo – Está dispensada


da exibição dessas certidões e licenças (Artigo 833.º do CPC, por remissão do artigo
164.º/6 do CIRE e Parecer do IRN n.º CP74/2013-STJCC);

Menção de intervenção (ou não) de mediação imobiliária – Advertência de falsas


declarações previstas no artigo 348.º do Código Penal;

Liquidação de Impostos – IMT e Imposto Selo


A aquisição de imóvel para habitação até 97.064,00€, está isenta de IMT (artigo 9.º do
CIMT), mas o notário não reconhece nenhuma isenção – são apenas reconhecidas pelo
serviço de finanças – tem que se arquivar comprovativos, mesmo impostos liquidados a
zero.

A data (dia, mês e ano) e o local onde é lida a escritura (início do ato)
A leitura e explicação do conteúdo do ato e a menção dos outorgantes que não sabem ou
não podem assinar.

A assinatura por todos os intervenientes e a aposição da impressão digital dos que não
sabem ou não podem assinar.

As regras do contrato de compra e venda aplicam-se a outos contratos onerosos pelos


quais se alienem bens ou estabeleçam encargos sobre eles – Artigo 939.º do CC;
Exemplo: Hipoteca de pais para garantia de dívidas de filhos ou netos – Aplicam-se as
regras do Artigo 877.º do CC – é preciso o consentimento dos outros filhos ou netos.

DIREITOS DE PREFERÊNCIA LEGAIS


1 – Venda de imóveis do património cultural – Lei 107/2011 – Artigo 36.º;
2 – Venda de imóveis situados em áreas de reconversão urbanística – DL 286/76 de 22/12
– artigos 1.º e 13.º;
3 – Comproprietários – Artigos 1409.º e 141.º do CC;
4 – Arrendatários – Artigo 1091.º e 1117.º do CC e 31.º do DL 294/07 de 13/10;
5 – Venda de quinhão hereditário – Artigo 2130.º CC;
6 – Direito de Superfície – Artigo 1535.º do CC;
7 – Proprietários de prédios rústicos confinantes – Artigo 1380.º do CC;
8 – Direito de Preferência na Transmissão de imóveis para habitação – Artigo 6.º do DL
89/2021 de 03/11

10 – DOAÇÃO
- Contrato pelo qual uma pessoa, por espírito de liberalidade, e à custa do seu património,
dispõe gratuitamente de uma coisa ou de um direito, ou assume uma obrigação em
benefício de outo contraente (Artigo 940.º CC).
- Daqui resulta que a doação não é só a transmissão de bens ou direitos (doações reais),
mas também é doação a assunção de uma obrigação ao donatário. Em ambas as situações,
há um aumento do património do donatário à custa do património do doador.
- A renúncia a direitos ou repúdios de herança ou legado ou donativos, conforme os usos
sociais, não são consideradas doações – Artigo 940.º/2 do CC. No entanto, para efeitos
fiscais, a renúncia é considerada doação (Exemplo: Renuncia de usufruto e direito de uso e
habitação);

Requisitos (artigo 940.º do CC):


1 – Disposição gratuita de bens ou direitos ou assunção de uma obrigação do donatário –
atribuição patrimonial sem correspetivo;
2 – Espírito de liberalidade do património do doador;
3 – Para haver doação tem que existir, atribuição patrimonial gratuita, feita à custa do
património do doador, sem contrapartida patrimonial (isso não impede a oneração da
doação com encargos ou obrigações);

Efeitos (Artigo 954.º do CC):


1 – Transmissão da propriedade da coisa ou da titularidade do direito;
2 – A obrigação de entregar a coisa;
3 – Ou assunção da obrigação;

- Sendo um contrato, a doação para ser perfeita, tem de ser aceite pelo donatário e em
vida do doador (Artigos 945.º e 969.º do CC)
- O doador pode fazer proposta de doação mas o donatário terá que aceitá-la e em vida do
doador, senão a doação caduca, ou, nesse espaço temporal, o doador pode a todo o tempo
revogá-la.

Exceções:
- Doações a incapazes não carecem de aceitação, produzem efeitos independentemente da
aceitação (Artigo 951.º do CC); No entanto, se esta doação tiver encargos, só podem ser
aceites com autorização do tribunal – Artigos 1889.º/1 e 1938.º/1/a) e c).
Não confundir encargos com doação com encargos sobre imóveis objetos de doação
(exemplo: hipoteca, penhora, arresto)

- Na doação a menores, a falta de autorização não impede a doação, uma vez que a doação
é apenas anulável, fica é com advertência da anulabilidade – Artigo 1893.º do CC;

- Na doação a incapazes sujeitos a tutela, a falta de autorização implica a nulidade (Artigo


1939.º/1 do CC) sendo a nulidade sanável mediante confirmação pelo pupilo depois de
maior ou emancipado (Artigo 1929.º/2) trata-se de uma invalidade mista.

- A tradição de coisa móvel implica a sua aceitação, a tradição de bem imóvel não implica a
aceitação, esta deve obedecer à forma legal para as doações.

- Caracter pessoal da doação – só o doador é que tem a faculdade de escolher / indicar o


donatário e determinar o objeto da doação – Artigo 949.º CC.
No mandato, para doações, o mandante tem que indicar os bens ou direitos objeto da
doação e identificar o donatário sob pena da procuração ser nula.
Não pode o mandante pura e simplesmente fazer remissões ou conceder poderes
genéricos (Exemplo: conceder poderes para doar a quem o mandatário entender ou os
bens que ele quiser.)

Forma:
A doação de coisas imóveis só é válida se for celebrada por escritura pública, documento
particular autenticado ou título de transmissão na conservatória – Artigo 947.º, n.º1 do
CC e a doação de coisas móveis não depende de forma se for acompanhada da tradição
(entrega) de coisa. Não havendo entrega só pode ser feita por documento escrito – Artigo
947.º/2 e 373.º/1 e 4 do CC.
A exceção a este n.º2 é a doação entre casados em que, mesmo havendo tradição, deve
constar de documento escrito – Artigo 1763.º/1 CC;

Capacidade:

Capacidade ativa – Têm capacidade para fazer doações, todas as pessoas individuais e
coletivas que podem contratar e dispor dos seus bens – Artigo 948.º/1 do CC. A capacidade
é aferida à data da realização do ato – Artigo 948.º/2
- Quanto às pessoas coletivas (artigo 160.º CC) consagra-se o princípio da especialidade.
- Tem que se aferir se a doação está fora da sua capacidade – a capacidade das pessoas
coletivas compreende os direitos e as obrigações necessários ou convenientes à
persecução do seu fim-objeto. Sociedades (artigo 6.º/1 do CSC) e restantes pessoas
coletivas (980.º do CC);
- Nem sempre as liberdades podem ser contrárias ao fim da sociedade (Artigo 6.º/2 CSC);

Capacidade passiva (Artigo 950.º do CC) – Podem receber doações todos aqueles que não
estão especialmente inibidos de as aceitar por disposição legal, aferindo-se a capacidade
no momento em que a doação é aceite.
- Os artigos distinguem inibição de aceitar de incapacidade para contratar – isto porque,
pode estar impossibilitado de contratar mas não estar inibido de aceitar doações.
Exemplo: Incapazes – não podem contratar mas não estão inibidos de aceitar (Artigo 951.º
do CC).
Possibilitados de contratar mas inibidos de aceitar – casos de indisponibilidade relativa –
são nulas – Artigos 2192.º a 2198.º do CC;
- O nosso ordenamento jurídico permite doações a nascituros, concebidos ou não
concebidos, desde que sejam filhos de pessoa determinada e viva ao tempo da doação
(data da manifestação de vontade do doador) – Artigo 952.º/1 do CC.
Nestas doações a lei presume que o doador reserve para ele o usufruto dos bens doados
até ao nascimento do donatário – Artigo 952.º/2 do CC, mas esta regra é supletiva,
podendo ser afastada pelo doador.

Limites às doações
- Não podem ser doados bens que não existam na esfera jurídica do doador (bens alheios –
artigo 956.º; bens futuros – artigo 942.º; bens que não podem ser alienados – direitos
pessoais e intransmissíveis - Exemplo: Direitos de personalidade, direito ao nome, imagem,
reputação, grau académico).

- Doações entre casados, só podem ser doados bens próprios do doador (Artigo 1764.º) e
desde que não vigore entre eles o regime imperativo da separação de bens (Artigo 1762.º)
– estas doações são livremente revogáveis (Artigo 1765.º) e caducam nos termos do artigo
1766.º do CC. As doações para casamento só podem ser feitas na convenção antenupcial –
Artigos 1756.º e 1754.º do CC;

- Casos de indisponibilidade relativa (Artigos 2192.º a 2198.º do CC, por remissão do


artigo 953.º)
1 – Doações a favor de tutor, curador, administrador legal de bens e protutor
(Artigo 2192.º do CC); Médicos, enfermeiros e sacerdotes que tratarem do doador (Artigo
2194.º do CC), com exceção das doações remuneratórias de serviços recebidos pelo
doador ou se forem cônjuge, descendente, ascendente, colaterais até 3.º grau (Artigo
2195.º);

2 – Doações a favor de pessoas com quem o doador casado cometeu adultério


(Artigo 2196.º/1 do CC com exceção do número 2 do mesmo artigo)

3 – Doações a favor de notário que interveio no ato, testemunhas, abonadores


ou intérpretes – Artigo 2197.º do CC

4 – Doações feitas por meio de interposta pessoa – Artigo 2198.º do CC;

DOAÇÕES COM VIOLAÇÃO DESTAS NORMAS SÃO FERIDAS DE NULIDADE

Modalidades:

- A doação pode ser feita a uma ou várias pessoas conjuntamente.

- Doações puras: são doações em que o doador não impõe encargos, reservas ou estipula
cláusulas.

- Doações com reserva: O doador pode reservar para si ou para terceiro o direito de
usufruto ou de uso ou de habitação (Artigos 958.º, 1439.º, 1484.º do CC). A reserva a favor
de terceiro é outra doação que terá que ser aceite em vida do doador, senão caduca. A
reserva de usufruto, quando constituído a favor de uma ou mais pessoas, pode ser
simultâneo e sucessivo (Artigo 1441.º do CC) e se no contrato nada disser a propriedade só
se consolida com a morte do último, acrescendo à do anterior (Artigo 1442.º do CC). No
entanto o doador pode estipular que não seja assim.

- Doação com cláusula de reversão – O doador pode estipular a reversão da coisa doada –
Artigo 960.º/1 do CC – A reversão dá-se se o doador não sobreviver ao donatário, ou a este
e aos seus descendentes. Se o doador nada disser, entende-se que a reversão só se verifica
quando o doador sobreviver aos descendentes do donatário (Artigo 960.º/2 do CC) mas é
uma norma supletiva que pode ser afastada pelo doador.

- Doação com substituição fideicomissária (Artigo 962.º do CC) - O doador tanto pode
impor ao donatário (fiduciário) o encargo de preservar a coisa doada para que esta, por sua
morte, reverta a favor de outem (fideicomissário) – Fideicomisso regular (Artigo 2286.º) –
Assim como pode, o doador, proibir o donatário de alienar por ato entre vivos, ou ato de
última vontade, os bens doados – fideicomisso irregular (Artigo 2295.º);

- Doação com reserva do direito de dispor (Artigo 959.º) – O doador pode reservar para si
o direito de dispor de alguma ou algumas coisas objeto da doação.
- NB – Nas doações com reserva de usufruto, com cláusula de reversão, com cláusulas
fideicomissárias e reserva do direito de dispor, se tiverem por objeto bens imóveis, estas
reservas e cláusulas estão sujeitas a registo predial.

- Doações Modais (Artigo 963.º CC) ou Doações com Encargos – Apesar do encargo, a
doação continua a ser uma liberalidade. O doador impõe ao donatário um encargo
(Exemplo: cuidador do doador ou terceiro até à sua morte).
- Pagamento de uma dívida – Artigo 964.º do CC
- O encargo terá de ser suportado pelo património do doador e não pelo rendimento
dos bens doados – neste caso já é uma reserva. O donatário só é obrigado a cumprir o
encargo dentro dos limites do valor do bem doado (Artigo 963.º/2 do CC). Certos encargos
podem dar lugar além do pagamento do Imposto de Selo também ao pagamento de IMT
(Exemplo: Pagar pensões a favor do doador ou terceiro, pagamento de dívidas do doador
ou terceiro – Artigo 3.º do CIMT).

- Doação remuneratória (Artigo 941.º do CC) – São aquelas em que o doador remunera o
donatário por um serviço por ele prestado, sem que esse serviço tenha natureza de dívida
exigível.

- Doações para casados (Artigos 1753.º/1, 1754.º, 1757.º e 1761.º e ss do CC) – O doador
pode estipular a cláusula de incomunicabilidade para o cônjuge do donatário se este for ou
vier a ser casado sob o regime da comunhão geral de bens.
1) Instituição de herdeiro ou legatário a favor de qualquer dos esposados feito pelo
outro esposado ou terceiro (Artigo 1700.º/1/a do CC)
2) Instituição de herdeiro ou legatário em favor de terceiro, feita por qualquer dos
esposados (Artigo 1700.º/1/b do CC);

- Doações por morte (Artigo 946,º e 1755.º/2 do CC – São proibidas, exceto nos casos
previstos na lei.
- As doações que produzem efeitos por morte do doador são consideradas como
disposição testamentária e devem obedecer às formalidades do testamento (Artigo
946.º/2 do CC) – Escritura pública, duas testemunhas, data de nascimento do doador e
filiação (Artigos 47.º/4 e 67.º/1/a) do CN);
- O doador pode excluir dos bens doados a responsabilidade por dívidas do donatário,
existentes à data da doação, nos termos do artigo 603.º do CC. Esta cláusula apenas
permite uma não exclusão absoluta da responsabilidade por dívidas do donatário já
existentes, não as dívidas provenientes de responsabilidades futuras.
O credor pode sempre lançar mão de bens doados para se fazer pagar por dívidas
posteriores à doação.
Esta cláusula está sujeita a registo se a doação versar sobre imóveis.

- Doações a herdeiros legitimários (Artigo 2104.º do CC) – Filhos e netos – podem ser
feitas:

a) Por conta da legítima do donatário – Será uma antecipação de que o herdeiro irá
receber à data da morte do doador (Artigos 2104.º e 2105.º do CC). O doador não quer
beneficiar o donatário, não será uma verdadeira liberalidade – terá que ser feita a colação
– Artigo 2108.º do CC – Imputa-se o valor da doação na quota hereditária do donatário,
valor que será o que o bem terá à data da abertura da sucessão (Artigo 2109.º e 2118.º do
CC).
- A colação é um ónus real e é objeto de registo predial quando incida sobre
imóveis ou móveis sujeitos a registo.
b) Por conta da quota disponível do doador – Aqui é uma verdadeira liberalidade, o
doador quis beneficiar o donatário com o bem doado (Artigo 2113.º do CC). Dispensa de
colação tem que ser expressa no ato da doação ou em ato posterior (neste caso há quem
entenda que a dispensa de colação não necessita de aceitação do donatário mas é mais
seguro o donatário intervir no ato para aceitar).
- Se na escritura nada disser, a doação é considerada como feita por conta da legítima do
donatário – à contrario Artigo 2113.º/1 do CC – Só se presume que é pela quota disponível
nas doações manuais e remuneratórias (Artigo 2113.º/3 do CC)

- As doações mesmo sendo feitas pela quota disponível podem ter que ser
reduzidas por inoficiosidade por violarem a legítima dos herdeiros legitimários – Artigos
2168.º a 2178.º do CC.
- A conferência de bens doados, só se efetua à data da morte do donatário
(Artigos 2104.º/1 e 2117.º do CC) – em vida dele só pode haver dispensa da colação (Artigo
2113.º do CC);

COLAÇÃO:

- Os descendentes que pretendam entrar na sucessão do ascendente devem restituir à


massa da herança, para igualação da partilha, os bens ou valores que lhes foram doados
por este: esta restituição tem o nome de colação (Artigo 2104.º/1 do CC);
- Este princípio tem uma exceção – A colação presume-se dispensada nas doações
manuais e doações remuneratórias (Artigo 2113.º/3 do CC). A colação assenta na
presunção de que o falecido, fazendo em vida liberalidade a um presuntivo herdeiro
legitimário, filho, não quis beneficiá-lo em relação aos restantes, mas tão só antecipar a
transferência da legítima que viria competir-lhe.
Esta é uma presunção iuris tantum, pode ser afastada. Essa hipótese está expressamente
prevista ao estabelecer que a colação pode ser dispensada pelo doador no ato de doação
ou posteriormente (Artigo 2113.º/1 do CC);

- A dispensa de colação deve observar a mesma forma da doação (Escritura Pública,


DPA ou título da conservatória) ou por testamento (Artigo 2113.º/2 do CC).
Este requisito da forma para a dispensa de colação não é apenas o da solenidade exigida
por lei para a doação mas o da formalidade que tenha acompanhado, de facto, a realização
da doação.

- O instituto da colação visa a igualação dos descendentes na partilha do de cujus,


mediante a restituição fictícia à herança dos bens que foram doados em vida por este a um
deles, sempre que haja pluralidade de descendentes que pretendam entrar na sucessão e
sejam sucessíveis legitimários.

- O instituto da colação é supletivo uma vez que pode ser dispensada.

- Só estão sujeitos à colação os descendentes do falecido e não o cônjuge do


presuntivo herdeiro (Artigo 2107.º do CC). Se a doação for conjunta, só está sujeita à
colação a parte do presuntivo herdeiro.

REVOGAÇÃO:
- As doações enquanto não forem aceites, podem ser livremente revogáveis (Artigo
969.º do CC) ou então por ingratidão (Artigo 974.º do CC) e as doações entre cônjuges
(Artigo 1765.º do CC);

- As doações para casamento feitas pelos esposados um ao outro são irrevogáveis por
mútuo consentimento e estão sujeitas à redução por inoficiosidade (Artigos 1758.º e
1759.º do CC);

- Nas doações feitas por terceiros aos cônjuges, com o divórcio ou separação de bens,
os bens revertem a favor dos doadores, salvo se os doadores determinarem que o
benefício reverta para os filhos do casamento dos donatários (Artigo 1791.º/2 do CC);

- As liberalidades a favor do cônjuge sobrevivo que tenha renunciado à herança, nos


termos da alínea c) do n.º1 do artigo 1700.º do CC não são inoficiosas, até à parte da
herança correspondente à legítima do cônjuge caso a renúncia não existisse (no mínimo o
cônjuge tem direito a um quarto da herança (Artigo 2139.º do CC) se tiver 3 ou mais filhos.

DOCUMENTOS E MENÇÕES
- Respeitam a mesma documentação do contrato de compra, com a exceção da ficha
técnica, certificado energético e direito de preferência.

- Menções: Artigo 46.º e seguintes do CN


- Elementos de identificação dos sujeitos (pessoas individuais e coletivas).
- Elementos de identificação do imóvel
- Imóveis sujeitos ao regime da propriedade horizontal
- Imóveis objeto de loteamento
- Prédios não descritos na conservatória do Registo Predial
- Se existem ónus sobre o imóvel
- Prédios Rústicos – Fracionamento e aumento da compropriedade
- Representação Gráfica Georreferenciada
- Certidão das infra estruturas
- Licença de habitabilidade
- Declaração do condomínio
- Local e data
- Leitura e explicação
- Asssinatura
ALGUMAS NOTAS:

- Quando a doação for feita a herdeiros legitimários, deve constar se é por conta da quota
disponível do doador ou legítima do donatário.

- Após a escritura deve ser instaurado o processo de liquidação do imposto selo – Artigo 1.º do
CIS e se a donatária for pessoa coletiva será liquidado previamente à escritura.

- As doações previstas no artigo 6.º do CIS feitas a cônjuges, unidos de facto, descendentes e
ascendentes estão isentas de imposto de selo da verba 1.2

- Da aceitação da doação tem quer ser dada conhecimento ao doador sob pena de não
produzir efeitos (Artigo 945.º/3 do CC)

- A dispensa de colação tem que ser aceite pelo donatário.

11 – PARTILHA
Noção: A partilha é o ato jurídico pelo que se põe fim à comunhão hereditária (herança) ou
conjugal (divórcio ou separação de bens).
- O direito de exigir a partilha pertence a qualquer herdeiro ou cônjuge meeiro – ou o
adquirente de quinhão hereditário (Artigo 2101.º/1 do CC) e esse direito é irrenunciável (Artigo
2101.º/2 do CC) podendo no entanto ser estipulado um prazo para que o património se
mantenha indiviso, prazo esse que pode ser renovado.

- Todos os bens que compõe o acervo hereditário do falecido (universalidade da herança) são
distribuídos a cada herdeiro (ato pelo qual se põe termo à indivisão – comunhão do
património) mediante os bens que acordam ficar.

Forma da partilha:

- A partilha pode ser extrajudicial – Acordo dos interessados, realizada por escritura pública,
procedimento simplificado (conservatórias) ou DPA (Advogados e solicitadores).

- A partilha pode ser judicial, através de inventário – Quando há falta de acordo dos
interessados, interessados ausentes, menores ou maiores acompanhados (Artigo 2102.º do
CC);

- Os inventários podem correr nos cartórios ou nos tribunais. É sempre nos tribunais quando
houverem menores, ausentes ou maiores acompanhados (Lei 21/2013 de 05/03, alterada pela
Lei n.º 117/2019 de 13/09.
Partilha entre:

1) Cônjuge e descendentes (artigos 2139.º e 2140.º do CC) – Faz-se por cabeça mas o
cônjuge tem sempre direito ao mínimo de um quarto da herança.
a) - Na partilha é necessário saber o regime de casamento e natureza
dos bens a partilhar.
- No regime da comunhão geral, a herança é constituída por
metade do património.
- No regime da comunhão de adquiridos só são partilhados os bens
próprios do falecido e a meação dos bens comuns.
b) Ter atenção aos regulamentos sobre regimes matrimoniais e
parcerias registadas.

- Importante: No regime da comunhão geral todos os bens entram


na sua totalidade na partilha da herança, a meação entra no
cálculo das contas.

2) Cônjuge e ascendentes (Artigos 2142.º e 2143.º do CC) – O cônjuge tem direito a dois
terços e os ascendentes a um terço.

3) Cônjuge sem descendentes e ascendentes (Artigos 2141.º e 2144.º do CC) – A


totalidade da herança.

4) Irmãos e seus descendentes (Artigos 2145.º e 2146.º do CC). Na partilha tem que ter
em especial atenção ao tipo de irmãos: germanos, consanguíneos e uterinos, os
primeiros recebem o dobro dos restantes.

5) Outros colaterais até ao 4.º grau (Artigos 2147.º e 2148.º do CC) – Preferem sempre os
mais próximos e a partilha faz-se por cabeça, não há direito de representação.

Atenção à data do óbito do falecido e à data do casamento porque:

1) O cônjuge só é herdeiro a partir de 01 de Abril de 1978;


2) O regime supletivo da comunhão de adquiridos só é a partir de 01 de Junho de
1967.

Antes dessas datas, aplica-se o Código de Seabra.


Ter atenção aos artigos 1108.º, 1109.º 1235.º 1784.º e 1785.º, 1969.º, 1985.º a 1991.º.

- No pagamento das tornas tem que ser mencionada a data e a forma de pagamento
(Artigo 47.º/5 e 6 do CN e artigo 44.º/1 alínea g) do CRPredial.;
- Na partilha por óbito, não havendo pagamento de tornas, há lugar a hipoteca legal de
tornas (Artigo 705.º/c);
Partilha em vida (Artigo 2029.º do CC)

- O que carateriza esta partilha é que são dois negócios jurídicos – doações por conta
da legítima, seguido da conferência dos bens doados. Na doação os restantes
presumíveis herdeiros (legitimários) prestam consentimento aos pais para as doações
restantes.

Importante: Estas regras têm aplicação na sucessão de portugueses falecidos antes de


17 de agosto de 2015. Após 17 de agosto de 2015, todos os falecidos em Portugal,
mesmo estrangeiros, salvo se escolheram outra lei aplicável (nacionalidade) –
Regulamento (EU) do Parlamento Europeu e do Conselho n.º 650/2012 de 04/07/2012

Artigos 20.º e seguintes, atenção ao n.º 2 do artigo 21.º - elemento de conexão-


circunstâncias que indiquem que o falecido tinha relação mais estreita com outro
Estado e o considerando (25).

Quadro dos regimes patrimoniais ao longo do tempo

1) – casamentos celebrados de 01 de julho de 1867 a 01 de janeiro de 1931 ( Código de


Seabra).

a) – Regime supletivo -comunhão geral de bens – artigo 1108º CS

b) –Regime imperativo- varão ou mulher que contraírem segundas núpcias tendo filhos ou
outros descendentes de anterior casamento não poderá comunicar nem doar mais do que um
terço dos bens que tiver à data do casamento ou que venha adquirir por doação ou herança.-
artigo 1235º CS

c)-regimes convencionais- comunhão de adquiridos, separação de bens ou dotal

2) –casamentos celebrados de 01 de janeiro de 1931 a 01 de junho de 1967.

a) - Regime supletivo -comunhão geral de bens.

b) -Regime imperativo- são excetuados da comunhão a metade dos bens que o cônjuge,
que passar a segundas núpcias, com filhos ou outros descendentes do anterior casamento, que
possuir ou venha adquirir por doação ou herança

c)-regimes convencionais- comunhão de adquiridos, separação de bens ou dotal


3) – casamentos celebrados de 01 de junho de 1967 a 01 de abril de 1978.

a) – Regime supletivo -comunhão de adquiridos

b) –Regime imperativo- separação de bens

 Artigo 1720º CC- (vigente à data)- Consideram-se sempre contraídos sob o regime da
separação de bens:

a) O casamento celebrado sem precedência do processo de publicações;

b) O casamento celebrado por quem tenha completado sessenta anos de idade, sendo
do sexo masculino, ou cinquenta sendo do sexo feminino.

 4) –O casamento celebrado por quem tenha filhos legítimos, ainda que maiores ou
emancipados.

Regimes convencionais- comunhão de adquiridos, separação de bens ou dotal

 5) –casamentos celebrados de 01 de abril de 1978 até à presente data.

a) – Regime supletivo -comunhão de adquiridos

b) –Regime imperativo- separação de bens- artigo 1720º , 1, al a ) e b) CC

c)-regimes convencionais- comunhão geral e separação de bens ou dotal

Artigo1699/2 CC- Não pode ser adotado o regime da comunhão geral de bens por
quem tenha filhos.
CONVENÇÕES ANTENUPCIAIS (Artigo 1698.º do CC)
- Liberdade de escolha do regime de casamento;

- Exceção à liberalidade da escolha do regime (Artigo 1699.º do CC) – Não pode ser
escolhido o regime da comunhão geral nem estipulada a comunicabilidade dos bens referidos
no n.º1 do artigo 1722.º do CC, se qualquer dos nubentes tenha filhos.

- Caducidade das convenções – Um ano após a sua celebração (Artigo 1716.º do CC)

- Norma imperativa (Artigo 1714.º do CC) – Não é permitido alterar, depois da


celebração do casamento, nem as convenções antenupciais nem os regimes de bens
legalmente fixados.

Regimes:
a) Típico – Regime da comunhão geral, regime da separação de bens.

b) Híbrido – Quando na convenção estipulam regras de um ou mais do que um regime


de bens.

Exemplos:
1) Convencionam o regime da separação de bens mas convencionam que o imóvel X,
propriedade de “A” seja bem comum do futuro casal.

2) Convencionam o regime da comunhão de adquiridos mas se houver filhos do casamento,


aplica-se o regime da comunhão geral de bens.

- É nas convenções antenupciais que é admissível a sucessão contratual ou pactos sucessórios.


Estão ligados ao casamento e são de três tipos, previsos nos artigos 1700.º, 1754.º e 1755.º do
CC:

a) Instituição de herdeiro ou a nomeação de legatário em favor de qualquer dos


esposados, feita pelo outro esposado ou por terceiro no termos prescritos na lei.

b) A instituição de herdeiro ou a nomeação de legatário em favor de terceiro, feita por


qualquer dos esposados.

c) As doações para casamento feitas por um dos esposados ao outo, pelos dois
reciprocamente, ou por terceiro a um ou a ambos os esposados.

- ATENÇÃO ao já referido artigo 1707.º/1/c – a Renúncia recíproca à condição de herdeiro


legitimário ou do outro cônjuge, se casados no regime de bens, convencional ou imperativo, da
separação de bens.

- Devido às relações transfronteiriças cada vez mais generalizadas, existe, além do regulamento
sucessório, mais dois Regulamentos a ter em conta:
a) Regulamento (EU) 2016/ 1103 do Conselho de 24/06/2016 ( regimes matrimoniais)
b) Regulamento (EU) 2016/ 1104 do Conselho de 24/06/2016 ( efeitos patrimoniais das
parcerias registadas)

- Os cônjuges ou futuros cônjuges podem escolher a lei aplicável ao seu regime matrimonial
(Artigos 22.º e seguintes e considerandos 44.º e 45.º)

- Em Portugal depois de casados, não podem alterar o regime de casamento (Princípio da


imutabilidade das convenções e regime de bens – Artigo 1714.º do CC) mas se resideirem
noutro país (como a França), já podem.

SEPARAÇÃO E DIVÓRCIO (artigos 1788.º e seguintes)


Efeitos patrimoniais – Partilha

- O divórcio e a separação de bens fazem cessar as relações patrimoniais entre os cônjuges.

- Os efeitos do divórcio, quanto às relações patrimoniais entre os cônjuges, retroagem à data


da propositura da ação, e, se estiverem separados de facto, desde que provado, retroajam a
essa data.

- No entanto, os efeitos patrimoniais do divórcio só podem ser opostos a terceiros a partir da


data do registo da sentença.

- Na partilha, nenhum dos cônjuges pode receber mais do que receberia se fosse casado no
regime da comunhão de adquiridos (Artigo 1790.º do CC) mas tem que haver partilha, as
contas é que têm que cumprir esta regra.

- Com o divórcio, cada cônjuge perde todos os benefícios recebidos ou que haja de receber do
outro cônjuge ou de terceiro, em vista do casamento ou em consideração do estado de casado,
quer a estipulação seja anterior quer posterior à celebração do casamento (Artigo 1791.º do
CC);
12 – PERMUTA
Noção: troca – é um contrato oneroso através do qual se transfere a propriedade de uma coisa
ou direito, e em troca recebe outra coisa ou direito. Há uma transferência bilateral, recíproca,
de direito de propriedade sobre bens ou direitos, bens que podem ter a mesma natureza ou
natureza diferente.

- As duas prestações são bens ou direitos, podendo no entanto, uma das prestações ser
complementada com numerário

- A permuta não está regulada no atual Código Civil, aplicando-se-lhe as regras da compra e
venda - artigo 939.º C.C.

- Ao contrário da compra e venda, em que uma das prestações é o preço, na permuta pode ser:

a)- Típico, ( bens da mesma natureza) imóveis por imóveis.

b)- Atípico, bens imóveis por outros bens ou direitos- imóveis por quinhão hereditário,
por quotas, por prestação de serviços( bens de natureza diferente).

c) –Há permuta de bens em que o valor dos bens permutados é diferente, havendo
lugar à entrega de numerário – contrato misto de permuta e compra e venda.

- A permuta de bens futuros é usada com alguma frequência, permuta de um imóvel por
futuras frações autónomas do imóvel a construir no prédio permutado.

- A transmissão do direito de propriedade do bem presente opera-se imediatamente na data


do contrato, e por efeito dele, enquanto que a transmissão do direito de propriedade dos bens
futuros só se dá quando os bens se tornarem presentes, constituição do regime da propriedade
horizontal-( principio da atualidade artigo 408, nº CC)

- Nas escrituras de permuta por futuras frações autónomas quando estas ficam bem
identificadas e individualizadas , para o registo das mesmas, são suficientes a escritura de
permuta e a escritura de constituição propriedade horizontal. Exp: permuta do lote X, pela
fração A, correspondente ao 1.º andar direito, tipo-t-, para habitação.

- Se as frações forem identificadas genericamente - fração tipo t- ? ,-para o registo delas, além
das escrituras de permuta e constituição de propriedade horizontal é também necessária
escritura de determinação de prestação – artigo 408.º, nº 2, 2ª parte C.C-(principio da
especificidade).

- Permuta de direito de propriedade por figuras parcelares do direito de propriedade- Exemplo:


imóvel por usufruto, direito de uso e habitação, por direito de superfície de outro imóvel.

- O contrato de permuta é um contrato muito utilizado para pôr termo à compropriedade entre
as mesmas partes e com vários imóveis.
Caraterísticas e efeitos:

Os mesmos do contrato de compra e venda.

• Onerosidade

• Contrato real quoad effectum

• As mesmas limitações à compra e venda (filhos, incapazes, entre cônjuges, de bens


alheios, bens onerados, etc)

Forma:

- Aplicando-se à permuta as mesmas regras da compra e venda, o contrato, quando tenha por
objeto bens imóveis ou móveis sujeitos a registo, tem que ser celebrado por escritura pública,
documento particular autenticado ou título de transmissão na conservatória - artigo 875.º C.C.

- A permuta também está sujeita à proibição do fracionamento do artigoss. 1376.º e 1379.ºdo


C.C, sendo admissível a troca de terrenos aptos para cultura nos termos do artigo 1378.º C.C.
Assim como é de exigir a certidão de compropriedade – artigo 54.º DL 64/2003 de 23 /08
quando a permuta implique aumento de compropriedade.

Documentos e menções:

- São de exigir os mesmos documentos e feitas as mesmas menções que nos contratos de
compra e venda.

- A permuta está sujeita a IS e IMT, pela diferença de valores declarados ou matriciais,


conforme o que for mais alto – artigo 2º, 1- CIMT.

- Se for permuta de bens sujeitos a IMT por bens não sujeitos a IMT – paga IMT como compra e
venda pelo valor do imóvel.

- Nas permutas de bens imóveis para habitação e revenda também há lugar à isenção dos
artigos 7º e 9.º do CIMT. A isenção não é reconhecida pelo notário, tem que ter documento de
liquidação a zero.
13 – VÍCIOS DOS ATOS NOTARIAIS (artigos 70.º e 71.º do CN)
O ato notarial é nulo, por vício de forma, apenas quando falte algum dos seguintes requisitos:

• A menção do dia, mês e ano ou do lugar onde foi feito;

• A falta de menção da intervenção de intérprete quando os outorgantes não


compreendem a língua portuguesa e de que o mesmo transmitiu, verbalmente, a
tradução do instrumento ao outorgante e a declaração de vontade deste ao notário;

• No caso dos surdos, mudos e surdos mudos- a declaração feito pelos próprios, no ato,
de que o leu e o reconhece conforme a sua vontade, ou que manifestou a sua vontade
por gestos que os intervenientes e notário percebem, ou a falta da menção da
intervenção de leitor , que procede à segunda leitura ou intérprete de língua gestual e
que transmitiu o conteúdo do instrumento ao outorgante e a declaração de vontade
deste ao notário;

• A falta de assinatura de quem interveio no ato, interessados, testemunhas, intérpretes,


leitor, notário;

• A falta de menção da natureza dos o exibidos, com a data de emissão e entidade


emitente e, quanto à certidão do registo predial, o código da certidão ou número da
certidão ou número da requisição;

• É também nulo o ato realizado por quem não tem competência para a prática ou que
esteja impedido para o praticar (incapacidade ou inabilidade dos intervenientes
acidentais e impedimentos do artigo 5º CN);

Há ainda as nulidades previstas no Código Civil, nomeadamente:

a)- Quanto à forma da declaração -artigo 36º e 65º do CC;

b)- Quanto aos negócios simulados – artigo 240º e 241º do CC;

c)- Quanto aos negócios jurídicos – artigo 285º, 286º e 289º CC;

d)- Quanto à forma da declaração – artigo 35º, 36º, 288º e 291º CC;

e)- Venda de bens alheios – artigo 892º CC;

f)- Doação de bens alheios – artigo 956º CC;

g)- Falta de requisitos legais do regime da propriedade horizontal – artigos1416º, 1418º e


1419º CC;

h)- Atos praticados pelo tutor – artigo 1939º CC;


- A falta de menção da data e lugar onde foi realizado o ato pode ser sanada, oficiosamente,
mediante averbamento, desde que se consiga pelo texto do ato, pelos atos anteriores ou
posteriormente realizados ou pelos documentos arquivados, determinar os dados em falta.-
artigo132º nº 7 CN.

- Quanto à falta das menções dos intérpretes nas escrituras de quem não entenda a língua
portuguesa ou nos casos de surdos, mudos ou surdos e mudos, são sanados mediante a
declaração dos outorgantes que foram cumpridas essas formalidades artigo 70º, nº 2,
declaração essa que tem que revestir a forma autêntica – artigos 35º e 151 º CN.

- Quanto à falta de assinatura dos outorgantes, intervenientes acidentais ou notário, é sanada


mediante a declaração, também de forma autêntica, que estiverem presentes no ato,
presenciaram a leitura, a explicação e ainda que o ato exprime a sua vontade e que não se
recusaram a assinar.

- No que diz respeito à falta da menção dos documentos exibidos, exemplo das certidões
prediais, pode ser sanada mediante averbamento, com a indicação do número da certidão ou
código de acesso, mas, estes têm que existir e serem válidos à data da outorga do ato.

- As nulidades por violação das regras de competência em razão do lugar, por decisão do
notário, mas só mediante a apresentação de uma declaração do notário competente
comprovativa da sua ausência na data em que foi lavrado o ato e as partes justificarem a
urgência na elaboração do mesmo.

- Nulidade por falta das ressalvas – As partes declararem, sempre de forma autêntica, que as
palavras inutilizadas não alteram os elementos essenciais do conteúdo do ato nem a sua
vontade .

- Nulidade por inabilidade ou incapacidade de intervenientes acidentais- abonadores ou


testemunhas -se o notário entender que a sua idoneidade é suprida pelo idoneidade do outro
abonador ou testemunha.

- Nos atos em que haja disposições nulas, disposições a favor das pessoas elencadas no artigo
5º do CN ou intervenientes acidentais, a nulidade só abrange essas disposições e não todo o
ato – artigo 72º CN.

Quando haja violação das regras de competência territorial, por falta dos requisitos do artigo
70º nº1 alíneas a) a f), que não são suscetíveis de sanação nos termos dos artigos 70º nº 2 e
71º do CN, podem os atos ser revalidados, a requerimento dos interessados-artigo 73º CN.

a)- Por decisão do notário que exerce funções no cartório em que o ato foi lavrado
quando se verifique e comprove que o notário estava ausente e que o ato era urgente,

b) -Que foram cumpridas todas as formalidades exigidas;

c)-Que as palavras eliminadas não alteram os elementos essenciais ao conteúdo


substancial do ato ou vontade dos interessados;

d) -Que os intervenientes acidentais e outorgantes assistiram à leitura e explicação do


ato e não se recusaram a assiná-lo;
e) - Que o ato não assinado pelo notário é legal e exprime a vontade real das partes e
foi presidido pelo notário que não são se recusou a assiná-lo.

- O requerimento é apresentado por qualquer interessado ao notário competente,


especificando o ato a sanar, o que deve ser sanado, as circunstâncias da identidade dos
outorgantes, acompanho de todos os meios de prova – artigos 74º e 75º CN.

- O notário notifica os interessados para no prazo de 10 dias deduzirem oposição e oferecerem


os meios de prova.

- O notário, se tiver prova documental suficiente decide de imediato, sendo a prova


apresentada insuficiente e for indicada prova testemunhal, procede à inquirição das
testemunhas, lavrando a escrito o auto da inquirição – artigo 76º CN.

- Proferida a decisão pelo notário, são notificados os interessados da mesma e é-lhes


concedido o prazo de 10 dias para interporem recurso, que será para o tribunal de 1º
instância.

- Não havendo recurso, a decisão é averbada ao ato que diz respeito, revalidando-o – artigo
77º

- Qualquer interessado pode recorrer da decisão do notário - artigo 78º CN.

- As restantes nulidades e as previstas no Código Civil, são decididas nos tribunais judiciais.
IMPOSTOS
Os impostos a que estão sujeitos os atos notariais são:

A) -Imposto Municipal de Transmissões Onerosas-artigos 2º e 3º do CIMIT:

1)-Compra e venda;

2) -Dação em Pagamento:

3) –Permutas;

4) -Constituição do direito de superfície ou servidões.

5) –Procurações lavradas nos termos do nº 2, do artigo 116º CN, quando confiram


poderes para alienar bens imóveis.

6) –Contrato promessa de imóvel quando haja tradição da coisa ou com cláusula


expressa de cessão da posição contratual do promitente adquirente.

7) -Excesso nas partilhas por óbito ou partilha em vida e divisão de coisa comum.

8)-A aquisição de partes sociais ou de quotas nas sociedades em nome coletivo, em


comandita simples, por quotas ou anónimas, quando se verificarem cumulativamente
as situações previstas nº artigo 2º, Nº 2, alínea d) do CIMIT ( quando as sociedades
tiverem bens imóveis).

9) -Distrate de negócios onerosos ( no distrate a autoridade tributária aplica as regras


da transmissão).

10)-Doações com encargo de pagamento de dividas do donatário ou terceiro ou com


entradas ou pensões a favor do doador.

- O IMT precede o ato ou facto-artigo 22º CIMIT ( com exceção das partilhas e divisão de coisa
comum).

B) -Imposto de Selo

1) Todas as aquisições de bens imóveis, a qualquer título(oneroso ou gratuito)estão


sujeitas ao selo da verba1.1-TGIS.

2) Aquisição gratuita de bens ( acresce ao selo da verba 1.1) e aquisição por usucapião
–verba 1.2.

3) Arrendamento-verba 2.

4) Garantia das obrigações ( hipoteca, fiança, aval, penhor, etc) -verba 10.
5) Operações financeiras (utilização de crédito sob a forma de empréstimos / mútuos,
etc)-verba 17.

6) Trespasse de estabelecimento comercial -verba 27.1

7) Distrate de atos gratuitos -verba1.1.

8) Renuncia de direitos ( usufruto, direito de uso e ou habitação) verba 1.1

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