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1.

O fator que especificamente marca a diferença entre os contratos a favor de terceiros


próprios e impróprios é o direito que pelo contrato o terceiro adquire de exigir a prestação
do devedor (ou seja, o terceiro não deve ser um mero destinatário da prestação, mas
antes adquirir pelo contrato um direito de crédito ou um direito real autónomo) – se
considerarmos que é uma compra e venda a favor de terceiro em sentido próprio, tanto
Helga como Fausto são titulares do direito propor ação executiva, visto que têm
legitimidade ativa nos termos do artigo 444.º, n.º2 CC (estamos em casos de legitimidade
aberta), mas como que só F tem direito a executar G, pois creio que não se tratava de
compra e venda a favor de terceiro, mas a intenção de beneficiar H não ficou um elemento
do contrato.

Aqui estaríamos perante uma questão de legitimidade para propor ação executiva. Ora, o
53º/1 CPC refere-nos que a execução tem de ser promovida pela pessoa que no titulo
executivo figure como credor – literalidade do titulo -, indo assim de encontro ao 817º CC que
prevê que o credor tem o direito de exigir judicialmente o seu cumprimento.

Contudo, esta literalidade do titulo não é rígida, havendo situações excecionais em que o
credor pode estar indeterminado em face do título, mas o qual conseguimos, ainda assim,
determinar. São, segundo MTS, as chamadas situações de legitimidade aberta. Ora,
exatamente uma dessas situações é a do contrato a favor de terceiro, pelo que neste caso, se
assim o considerássemos, tanto o credor H, como o promissário F, ao abrigo do 444º/2 CC
teriam legitimidade para propor a ação executiva contra G para a entrega forçada do
automóvel. Contudo, não me parece que este se tratasse de um contrato a favor de terceiro
pois, apesar da intenção do F ser a de entregar o carro a H após a celebração do contrato, esta
informação teria de ser formalizada no contrato, respeitando o 443º/1 CC. Assim, creio que
estaríamos perante um mero contrato de c/v, pelo que apenas o F, ao abrigo do 53º/1 CPC e
do 817º CC teria legitimidade para propor a ação executiva
2. i. Condição suspensiva: caso de falta de exigibilidade, na medida em que, para além da
apresentação do título executivo, incumbe ao credor, ao instaurar a execução, fazer a
demonstração da ocorrência do facto (artigo 715.º, n.º1, CPC), nomeadamente, apresentando
a certidão de casamento de Helga.

ii. Por ser sinalagmático, poder-se-ia opor a exceção de não cumprimento, todavia, como
resulta do caso , F pagou o preço no dia seguinte ao do casamento, pelo que, ao não cumprir a
sua parte do acordado, G entra em mora/incumprimento – ainda assim, quando o credor está
obrigado para com o devedor a uma contraprestação a realizar simultaneamente, incumbe-
lhe, independentemente da invocação, pelo devedor da exceção de não cumprimento, provar
que a efetuou (artigo 715.º, n.º1 a 4 CPC), sob pena de não poder promover a execução.

iii. Escolha do carro: artigo 542.º ex vi artigo 549.º CC (obrigação alternativa) – não se refere
quando a escolha seja feita por terceiro mas aplica-se o artigo 402.º CC (cabe ao juiz decidir).
Martinez – artigo 542.º, n.º2 CC – a escolha passa pelo devedor pelo menos durante o prazo de
oposição do artigo 542.º, n.º2 CPC.

Estamos pente um titulo que é o contrato de compra e venda autenticado onde fazem parte
Gualdino e Fausto, não tendo Helga legitimidade segundo o art. 53 pelo principio da
literalidade.

Já se fosse um contrato a favor de terceiro, em que o destinatário dos efeitos reais seria a
Helga, também pelo art. 53, teria legitimidade como credora, não seria era a única credora.

Segundo art. 10 estamos perante uma ação executiva que tem por base um titulo executivo
que corresponde ao contrato compra e venda entre fausto e Gualdino autenticado por notário,
art. 703/1 b) (a C/V esta nos art. 874 e ss CC).

Este contrato de compra e venda esta sujeita a uma condição suspensiva, art. 270 CC, que só
se concretiza após o casamento de Helga. Temos então um facto constitutivo complementar
que é a tramitação da condição suspensiva, a exigibilidade da condição de precedência do
pedido segundo o 713, que no nosso caso seria o casamento da Helga.

Assim, teríamos dois factos a provar, o casamento e o sinalagma:

- Nos termos do art. 715, o exequente deveria juntar no requerimento executivo,


comoprova complementar, a certidão de casamento da filha ou a revista cor-de-rosa onde
aparece a reportagem do casamento.

- Quanto ao pagamento, pelo fato de se tratar de um contrato sinalagmático,


Gualdinoteria que fazer prova do pagamento utilizando a esposa como testemunha, podia
igualmente juntar o estrato de conta como comprovativo de pagamento.

Estamos perante uma execução de entrega de coisa certa. O 550/4 diz que quando estamos
presente a execução para entrega de coisa certa a forma de processo é única, que digamos
que é a forma ordinária como diz prof. Lebre de Freitas e RP.
A forma única é a forma que resulta do 724 e ss combinada com as regras especiais para
entrega de coisa certa, 859, sendo certo que se o titulo for sentença (que não é o caso)
teríamos que ter em conta o 626/3, é como se fosse forma sumaria, ou seja a citação para
oposição do executado é feita após a entrega da coisa.

Forma única é um mix: não é em bom rigor a forma ordinária, pois é a forma supletiva geral,
724 e ss conjugada com as regras para entrega de coisa certa, com as especialidades do 859 e
ss (como o caso de ser citado após a entrega da coisa).

Tramitação da forma de processo para pagamento de quantia certa na forma ordinária:

Requerimento---recebimento pela secretaria---despacho liminar do juiz---citação previa---


oposição á execução (eventual e paralela)---penhora

O exequente pode pedir para que não seja logo citado o devedor para que não desapareça
com os bens (despensa judicial de citação previa).

Como em principio no processo executivo para entrega de coisa certa se NÃO FOR DE
SENTENÇA CONDENATORIA 626/3, a citação é anterior á execução, é possível aplicamos o 727
dizendo que não se notifique a pessoa senão ela vai desaparecer com o bem.

Tramitação da forma de processo para entrega de coisa certa, 859 e ss:

Requerimento executivo---tramitação complementar caso haja recusa da secretaria nos


termos do 725/1, que é um ato que possibilita o ato de condenação para o juiz, a decisão do
juiz que é irrecorrível, salvo nos termos do art. 725/2---após o recebimento do requerimento
inicial designa-se o AE, quando não for designado pelo exequente, 720/2 e 8---notificado o
exequente--- dá-se a produção de prova complementar (que é o caso), 715---despacho liminar
de citação em que o executado tem 20 dias para entregar a coisa, 859 ou opor-se, 731 que
remete para o 729 (bens a penhorar em termos de garantia patrimonial) e cessa a
possibilidade de entrega da coisa (doutrina da apreensão).

É possível na forma única (tendencialmente ordinária) o juiz só citar, 727 o executado depois
de ser entregue a coisa uma vez que os processo para entrega de coisa certa não terem
penhora?

Com a reforma de 2003 a entrega de coisa certa passou a ter forma única, 550/4. O 727 que
respeita a uma espécie de forma sumaria, falamos de penhora e no caso de processos para
entrega de coisa certa não há uma penhora mas sim uma apreensão do bem. Assim, na
generalidade da doutrina é aceite a entrega de coisa certa anterior à citação, não sendo
incompatível porque mesmo que a execução proceda pode haver a restituição do bem nos
termos do art.8??/5.

Outras justificação para aplicação do 727 nos casos de forma única onde não temos penhora
mas sim apreensão é o facto do art. 861/1 manda aplicar subsidiariamente a regra da penhora.

O prof. LF na aplicação do 727 na entrega de coisa certa acautela o fato de que quando não
houver aceitação previa, o executado é notificado para se opor á apreensão, mas só depois de
decorrido o prazo de oposição é que havia lugar a apreensão numa ideia de ato continuo.

ESTE PROBLEMA NAO SE COLOCA QUANDO O TITULO EXECUTIVO FOR SENTENÇA.


no caso estamos perante uma obrigação que não é certa, falta a escolha ou determinação de
uma formalidade que é exigido no art. 400 CC e à a necessidade de um ato acessório de
especificação da qualidade da prestação, o objeto tem que ser determinado. A indeterminação
qualitativa pode acontecer nos casos das obrigações genéricas, 539 e ss CC ou alternativas, 543
CC. Neste caso falta a determinação do objeto concreto de modo a proceder á transmissão da
propriedade da viatura, 408/2 CC. A cor do carro podia ser roxa, amarela ou rosa, no entanto
nada foi dito por Helga.

Estamos perante uma escolha de terceiro, de uma obrigação alternativa, 549 CC que remete
para 542/2CC (genéricas) se o terceiro não escolhe devolve-se a escolha ao devedor, com
prejuízo do credor.

Quanto ao (i): aqui entraríamos na questão da exequibilidade intrínseca do titulo executivo,


em concreto, na questão da exigibilidade. Ora, esta obrigação estaria sujeita a uma condição
suspensiva (270º, 1ª parte), que seria a celebração do casamento de H, que tendo sido
celebrado, tornaria a obrigação exigível. Aqui a grande questão é que o F, pelo 715º CPC, teria
de alegar e provar no próprio requerimento executivo a celebração do casamento. Contudo,
poder-se-ia aqui questionar se, pelo facto de ela ter casado com um ator conhecido e pelo
casamento ter sido noticiado, se não estaríamos perante um facto notório, pelo que ao abrigo
do 412º/1 CPC a celebração do casamento não teria de ser provada nem alegada pelo F.

Quanto ao (ii): a questão da natureza sinalagmática do contrato relevaria para efeitos de


aplicação do 715º CPC, pelo que o F, para que a ação executiva fosse em frente, teria de alegar
e provar, no requerimento executivo, que já tinha pago ao G, podendo-o fazer quer
documentalmente, pelo /1, podendo, por exemplo, apresentar a fatura ou, não o conseguindo,
poderia fazer com que I testemunhasse e provasse o pagamento, pelo /2, ficando nas mãos do
juiz decidir, como refere o /3.

Quanto ao (iii): a falta de escolha relevaria para efeitos da certeza da obrigação, isto porque
estando aqui perante uma obrigação alternativa (543º CC), na medida em que de 3 cores seria
necessário escolher uma, faltaria perceber em concreto que carro é que seria preciso entregar
para a obrigação se cumprir. Ora, parece pelo enunciado que F e G convencionaram que a
escolha caberia a H, tendo convencionado um prazo que a mesma não respeitou, pelo que,
aplicando o 542º/2 CC, ex vide 549º CC, a escolha passaria para o G, que pelo 714º/1 CPC teria
de declarar, no mesmo prazo para a oposição, por qual das prestações optava, sendo que não
escolhendo, ao abrigo do /3 caberia a escolha ao F.

R: PROF

Legitimidade – contrato em si, se de alguma forma permita estender a legitimidade , ac. 3 nov
2020 – qualificação a favor de 3 depende da interpretação casuísta das cláusulas que atribua
efeitos j, positivos a 3’os,

se não existe nenhuma declaração expressa com o nome, poderá não ser a favor de 3’o.

Condição suspensiva- enquanto o casamento não se verificar, não se exige a obrigação, trata-
se de um problema de prova. Proc Civil anotado – de conhecimento comum, sem recurso a
presunções, nem conhecimento técnico, pericial. A nossa jurisprudência (tribunal rel. lisboa) –
barack obama presidente da america a 2008 não é facto notório; se permitirmos eu as revistas
cor de rosa fossem prova, seriam um meio para aferir factos… outro problema, mais valia a
certidão de casamento para ver se ocorreu

Quando o contrato é sinalagmático, inc. leva a não exigibilidade – se podermos demonstrar


por prova testemunhal que o pagamento tinha sido feito, não e uma testemunha fiável
sobretudo se fosse marido e mulher, mas não deixa de ser um meio de prova

iii) – ver 1º se houve escolha entre as partes; não havendo escolha, aplicamos o artigo 342º -
lebre de freitas critica a solução porque o prazo é muito alargado mais do que o de oposição à
execução

+ obrigação alternativa, necessário determinação

PRESSUPOSTOS POSITIVOS- comuns aos processo declarativo - E PRESSUPOSTOS NEGATIVOS –


não se pode ter exceções de litispendência e casos julgados, tbm temos pressupostos especiais

1º competência internacional, reg 1215/2012

2º situação pluralocalizada

3º posição da regência vs MTS

– competência convencional?

4º hierarquia, materia, valor e território

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