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CASO 4 EXECUTIVO

Em 2021, ano pandémico, Beatriz, hipocondríaca, redigiu, levando-o posteriormente a


aprovação do notário, um testamento nos seguintes termos:
“i) Deixo à Carolina a minha mansão em Vilamoura, a qual se encontra hipotecada a favor de
João.
ii) Todos os meus restantes bens deverão ficar para a minha única herdeira, a minha filha Eva.
iii) Reconheço que a hipoteca que recai sobre a mansão em Vilamoura a favor de João é
garantia dos € 500.000,00 que lhe devo a título de pagamento do preço de uma empreitada
que executou.”
Beatriz vem a morrer em janeiro de 2022, tendo Carolina e Eva, aceitado o legado e a herança,
respetivamente. Já após a partilha da herança e atribuição dos legados, com receio de perder
as suas garantias, João decide intentar uma ação executiva para obter o pagamento nos €
500.000,00 que Beatriz lhe devia.

1. Imagine que, exatamente por conhecer da aceitação do legado e da herança por Carolina e
Eva, João intentou ação executiva apenas contra Eva apresentando como título executivo o
testamento. Eva veio defender-se dizendo que sempre a ação executiva deve iniciar-se pelo
bem hipotecado, a mansão em Vilamoura. Quid iuris?

R: Primeiramente, é necessário fazer alusão ao facto de a Beatriz ter redigido o próprio


testamento, o que o qualifica como testamento cerrado, nos termos do artigo 2206º/1 CC - e
que deve ser aprovado pelo notário, sob pena de nulidade do testamento - 2206/4 e 5 -.
Relativamente a este aspeto, não se levantam problemas, visto que Beatriz o levou para ser
aprovado pelo notário.

Assim sendo, temos um título executivo nos termos do artigo 703º/1 b) + 708º.

Logo, a questão agora é a de saber contra quem João deve intentar a ação executiva, o que
nos leva a aplicação do artigo 54º (que representa um desvio à regra geral do artigo 53º). À
lusz do artigo 54º/1, temos a regulação específica nos casos de sucessão, devendo a execução
correr entre os sucessores (Carolina e Eva).

Já que ambas aceitara, o legado e a herança, respetivamente, elas passam a ter legitimidade
passiva para a execução - que neste caso se trata de uma sucessão na obrigação) - devendo J,
no próprio requerimento executivo deduzir os factos constitutivos da sucessão.

E se não existir aceitação? A herança jacente (não aceite) tem personalidade judiciária, o
credor pode executar a dívida na mesma. Legatário não responde pelas dívidas, o herdeiro sim.
O devedor é o herdeiro, o legaário nao é devedor mas será chamado pois tem o caso
hipotecado.

Relativamente a esta questão da Eva de dizer que a execução deveria começar pelo bem
hipotecado, devemos analisar se estamos diante de um situação do 752º CPC (consta também
do 697 CC), neste artigo, é concedido este benefício da excussão real quando a garantia real
onere bens pertencente ao devedor - ora, a hipoteca incide sobre a mansão de Villamoura,
que pertence à Carolina, logo, quem poderia se beneficiar deste benefício seria ela e não a
Eva.
Leopoldo não tem razão quando afirma que a execução deve iniciar-se pelo bem hipotecado
(697 CC).

Efetivamente o credor pode executar quem quiser.

Se o bem fosse do devedor (fosse mesmo dele) aí sim, mas o bem não é dele. Neste caso o
credor tanto pode executar a garantia logo, como pode executar o Leopoldo, não tendo este
uma exceção material como a do 697 – mas não se pode executar o Leopoldo e o bem
hipotecado ao mesmo tempo.

2. Já na pendência da ação executiva, João constata que os bens herdados por Eva serão
insuficientes para cobrir e satisfazer o valor total da obrigação exequenda, pretendendo agora
demandar também Carolina que se defende dizendo que ao ter executado apenas Eva, João
renunciou tacitamente à hipoteca. Terá Carolina razão?

 A execução por dívida provida de garantia real sobre bens de terceiro LOGO CAROLINA
conhece as regras do artigo 54.º, n.º2 e 3 CPC. O artigo 54.º, n.º2 CPC é uma norma de
legitimação passiva do terceiro e não uma previsão de litisconsórcio necessário desse
terceiro com o devedor. Estes, só se aplicam aos casos de garantias reais. O título é uma
sentença (o terceiro garante deverá também nela ter sido condenado pois por força do
artigo 635.º, n.º1, 1.ª parte CC – hipoteca ex vi artigo 717.º, n.º2 CC). Se não tiver sido
condenado, o caso julgado entre credor e devedor não é oponível ao terceiro garante,
salvo se os bens lhe forem transmitidos pelo devedor já onerados.

635º/1 - O caso julgado entre credor e devedor não é oponível ao fiador, mas a este é lícito
invocá-lo em seu benefício; + 717º/2 - O caso julgado proferido em relação ao devedor produz
efeitos relativamente a terceiro que haja constituído a hipoteca, nos termos em que os produz
em relação ao fiador.
[ OU O exequente também pode demandar unicamente o terceiro sem sequer demandar o devedor
(artigo 54.º, n.º2). Isto permite que a dívida se extinga sem que o devedor chegue a ir ao processo. Deve
entender-se que o devedor que queira pagar voluntariamente deverá poder fazê-lo (artigo 846.º CC). ]

 Segundo o prof. Rui Pinto, os bens de terceiro podem estar vinculados à garantia do
crédito: o crédito do exequente pode estar garantido por hipoteca ou outra garantia real
sobre bens de terceiro à divida, o qual não irá ser o devedor principal, originário, mas o
garante do cumprimento da obrigação. Tal é admitido pelos artigos 686º/1 e
818º/1ªparte CC, em articulação com o artigo 735º/2 CPC.

686º/1 CC - A hipoteca confere ao credor o direito de ser pago pelo valor de certas coisas
imóveis, ou equiparadas, pertencentes ao devedor ou a terceiro, com preferência sobre os
demais credores que não gozem de privilégio especial ou de prioridade de registo.

818º CC - O direito de execução pode incidir sobre bens de terceiro, quando estejam
vinculados à garantia do crédito, ou quando sejam objeto de ato praticado em prejuízo do
credor, que este haja procedentemente impugnado.

735º/2 CPC - Nos casos especialmente previstos na lei, podem ser penhorados bens de
terceiro, desde que a execução tenha sido movida contra ele.
Nesta situação, verifica-se que Carolina não era a executada original na ação, o que suscita um
problema de intervenção de terceiros - os incidentes de intervenção de terceiros estão
“desenhados” para a ação declarativa (311 ss). São incidentes para produzir uma sentença e
não para a executar. A ação executiva é rígida e, por isso, só nos casos expressamente
previstos na lei é que se pode modificar subjetivamente a instância – 54º/3. Possibilidade de
aplicação analógica do 54º/2 porque o nº3 só se refere a situações em que se começa contra
o terceiro e depois se chama o devedor, aqui ocorreu o contrário.

Caso se reconheça a insuficiência dos bens onerados com a garantia real, o que só pode
ocorrer após a distribuição do produto da venda, pode o exequente requerer, no mesmo
processo, o prosseguimento da ação executiva contra o devedor, que será demandado para a
completa satisfação do crédito exequendo (artigo 54.º, n.º3 CPC). Trata-se de uma intervenção
principal compondo um litisconsórcio superveniente. Embora haja uma diferente posição dos
executados perante a dívida (um é devedor – deve cumprir – e o outro é garante real – deve
responder pelo incumprimento), a obrigação exequenda é a mesma. Não pode permanecer
extinta em face de um e não extinta em face do outro. Querendo, o exequente poderá acionar
em litisconsórcio voluntário o terceiro garante e o devedor desde início (artigo 54.º, n.º2, 2.ª
parte CPC). Aquilo que não é possível é demandar apenas o devedor e, ao mesmo tempo,
executar a garantia. Tal geraria ilegalidade subjetiva da penhora que seria impugnável em
embargos de terceiro e em ação de reivindicação. O artigo 54.º, n.º2 CPC dá legitimidade ao
terceiro, mas não a retira ao devedor.

54º/2 CPC - A execução por dívida provida de garantia real sobre bens de terceiro segue
diretamente contra este se o exequente pretender fazer valer a garantia, sem prejuízo de
poder desde logo ser também demandado o devedor.

NUMERO 3 - Quando a execução tenha sido movida apenas contra o terceiro e se reconheça a
insuficiência dos bens onerados com a garantia real, pode o exequente requerer, no mesmo
processo, o prosseguimento da ação executiva contra o devedor, que é demandado para
completa satisfação do crédito exequendo.

 Quanto à afirmação de que Miquelino renunciou à hipoteca, RUI PINTO entende que o
mero não exercício da hipoteca não é uma renúncia à execução da hipoteca. Primeiro
porque para renunciar tinha que seguir a mesma forma da hipoteca – a forma escrita – e
depois a renúncia tinha que ser expressa. De acordo com o 730º/d) CC “a hipoteca
extingue-se por renuncia do credor”, a hipoteca pode extinguir-se mediante renúncia do
credor; acresce que o 731º/1 exige que a renúncia seja expressa e escrita em documento
que contenha a assinatura do renunciante, reconhecida presencialmente - se o credor
exequente não quiser fazer a garantia vai intentar a ação apenas para o devedor, ao não
indicar o bem onerado à penhora nem a garantia real. A renuncia para ser valida ou é feita
antes da execução ou já no ato processual dentro do requerimento executivo.

731º CC /1 - A renúncia à hipoteca deve ser expressa e escrita em documento que contenha a
assinatura do renunciante reconhecida presencialmente, salvo se esta for feita na presença
de funcionário da conservatória competente para o registo, não carecendo de aceitação do
devedor ou do autor da hipoteca para produzir os seus efeitos.

Conclusão: não há renúncia e pode demandar a Nandinha, o facto de não o ter feito antes não
é impeditivo.

 Em conformidade, na execução deduzida tão só contra o devedor, apenas os bens deste


podem ser penhorados, não podendo o mesmo opor ao executado a subsistência da
garantia que o credor não tenha querido renunciar, nem a necessidade de previamente ser
reconhecido, nos termos do já aludido art.º 835, a insuficiência dos bens dados como
garantia, como decorre a contrario do disposto no art.º 697, do CC - O devedor que for
dono da coisa hipotecada tem o direito de se opor não só a que outros bens sejam
penhorados na execução enquanto se não reconhecer a insuficiência da garantia…

835º CC - O devedor só fica liberado em face dos credores a partir do recebimento da parte que
a estes compete no produto da liquidação, e na medida do que receberam.

 Saliente-se, assim, que a propositura da ação executiva apenas contra o devedor não
impõe, nem significa a renúncia do exequente à garantia real, sendo certo que tal
renúncia, necessariamente expressa, está de modo geral sujeita à forma exigida para a sua
constituição. —>> Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa de 19-12-2013

3. Aproveitando a circunstância, João pretende agora executar Eva, numa única ação, por uma
sua dívida própria por uma empreitada no valor de € 100.000,00 que nunca pagou e pela qual
até já foi devidamente condenada por sentença em ação declarativa, bem como pela dívida de
Beatriz nos termos já descritos. Pode?

 Trata-se de um problema de Cumulação de Pedidos, na base de uma pluralidade de


Objetos Processuais como consta do art. 709º, 710º e 711º- A ação executiva está
tendencialmente feita para se executar cada dívida de cada vez mas autoriza que se
executem várias dívidas ao mesmo tempo. A pergunta é: em que condições é que o
mesmo credor, se tiver vários créditos contra o mesmo devedor pode juntar tudo num só
processo. A resposta é – depende. Se o título executivo for sentença temos que invocar o
art. 710º CPC, se for cumulação de títulos diferentes é o 709º.

Exequente pode deduzir, num mesmo processo, uma pluralidade de pedidos executivos contra
o devedor ou grupo litisconsorcial pretendendo que todos sejam contemporaneamente
procedentes. RUI PINTO diz que é um regime de cumulação simples de execuções, exige a
compatibilidade substancial e processual entre as execuções, assim como a conexão entre as
várias execuções cumuladas.

Cumulação Inicial – verifica-se desde o início da ação executiva, aplicamos o 709º pois neste
caso estamos perante títulos extra judiciais logo:

 COMO SE TRATA DE TITULOS DIFERENTES CUMULADOS, temos que ver os pressupostos


estão enunciados nos artigos 709.º, n.º1 CC e 186.º, n.º2, alínea c) e 555.º, n.º1 CPC.: Tem
de haver compatibilidade substantiva, se não há ineptidão do requerimento executivo
(art. 726º/2/c) – um dos pedidos da execucao não pode esvaziar o cnteudo do outro; Não
é admitida a cumulação de execuções com fins diversos pelo que nunca poderia um
pedido executivo esvaziar o efeito útil de outro pedido com ele cumulado. Para além de
que um pedido de execução para pagamento de quantia certa é sempre compatível com
outro da mesma finalidade. A insuficiência do património para pagar mais do que uma
dívida não é, em si, uma incompatibilidade substantiva.

555º/1 CPC - Pode o autor deduzir cumulativamente contra o mesmo réu, num só processo,
vários pedidos que sejam compatíveis, se não se verificarem as circunstâncias que impedem a
coligação.

 NÃO PARECE EXISTIR NENHUMA DAS SITUAÇOES DE INCOMPATIBILIDADE SUSBTANTIVA


– 1) Executar dois créditos de entrega de uma mesma coisa ou de coisas diversas mas
interdependentes; 2) Executar um crédito de entrega incompatível com uma prestação de
facto; 3) Executar duas prestações de facto incompatíveis entre si. É irrelevante se o título
executivo é um só ou se se trata da execução de vários títulos. PODE SE CUMULAR 2
AÇOES PARA PAGAMENTOS DE QUANTIA CERTA!!
 Compatibilidade processual (art. 709º/1/a) e c) – se uma das execuções tiver um processo
especial já não é possivel; tanto quanto à competência absoluta, como quanto à forma do
processo. A compatibilidade quanto à competência absoluta é exigida no artigo 709.º,
n.º1, alínea a) CPC. O tribunal competente exige a compatibilidade processual quanto à
forma do processo. São ressalvadas as situações do artigo 37.º, n.º2 e 3 CPC.
 O artigo 709.º, n.º1, alínea b) CPC exige uma identidade funcional entre as execuções,
pelo que elas não podem ter fins diferentes (10º/6). 6 - O fim da execução, para o efeito
do processo aplicável, pode consistir no pagamento de quantia certa, na entrega de coisa
certa ou na prestação de um facto, quer positivo quer negativo.
 Não se exige a competência relativa – art 709º/3, 4 e 5 são formas de estender a
competência territorial.
 Compatibilidade procedimental (art. 709º/d): Deve existir uma identidade abstrata entre
os objetos das prestações realizadas coativamente. Não pode ser cumulada a execução da
decisão judicial que corra nos próprios autos. Compreende-se a restrição pois se a
sentença é executada nos próprios autos da ação declarativa tal levantaria dificuldades
perante a execução dos demais títulos que têm a sua autonomia procedimental.

1 - É permitido ao credor, ou a vários credores litisconsortes, cumular execuções, ainda que


fundadas em títulos diferentes, contra o mesmo devedor, ou contra vários devedores
litisconsortes, salvo quando:
a) Ocorrer incompetência absoluta do tribunal para alguma das execuções;
b) As execuções tiverem fins diferentes;
c) A alguma das execuções corresponder processo especial diferente do processo que deva ser
empregado quanto às outras, sem prejuízo do disposto nos n.os 2 e 3 do artigo 37.º;
d) A execução da decisão judicial corra nos próprios autos.

4. Ainda na pendência da ação executiva, o Agente de Execução informa que os bens herdados
indicados à penhora não foram encontrados, até porque Eva terá, de má fé, alienado os
mesmos a Marta pelo valor irrisório de € 20,00. João executa, por isso, Marta que se arroga
parte ilegítima. Quid iuris?

R:

Impugnação pauliana: 1. é uma ação declarativa que produz ineficácia do ato de alineação
logo q determina que o bem nunca tenha saído do património do executado, é como se nunca
tivesse havido transmissão do direito para um terceiro. Assim, quando se intenta uma ação
executiva, o bem objeto do direito pertence ao executado mas está no poder de terceiro.

2. Artigo 616.º CC: além de ineficácia, o credor (JOAO) passa a ter o direito de atacar o
património do terceiro adquirente uma vez julgada procedente a impugnação (mas não de
propor ação executiva sobre esse terceiro para entrega de coisa certa, porque esse terceiro
não está obrigado a entregar nenhum bem, nem sequer ao executado devedor) - não existe
um dever de restituição + 601º + 817º CC – serão executados todos os bens do devedor
suscetíveis de penhora pelo que não sendo a obrigação voluntariamente cumprida, tem o
credor o direito de exigir judicialmente o cumprimento e execução do património;

 a sentença de impugnação pauliana é considerada um título executivo nos termos do artigo


703º/1 a) CPC. --- ainda que conjugada com o título que documenta a dívida, segundo rui
pinto.

Nos termos do artigo 818º/2ªparte CC, o direito de execução pode incidir diretamente sobre
bens de terceiro (Marta) quando seja objeto de ato praticado em prejuízo do credor (no caso,
o ato prejudicial foi a venda por valor irrisório) - sendo necessário que haja impugnação
pauliana (610º ss CC). Trata se de um terceiro contra quem tenha sido obtida com sucesso
sentença de impugnação pauliana (porque houve um ato praticado em prejuízo do credor).
Este é um caso de legitimidade que não está claramente expresso no CPC e por isso há
divergências quanto ao suporte legal e justificação. Dá-se legitimidade passiva ao garante real,
e essa legitimidade é singular, porque se pode colocar ação apenas/diretamente contra o
terceiro, apesar de se permitir que este possa ser acompanhado pelo devedor (litisconsórcio
voluntário conveniente:

Conforme refere Lebre de Freitas, «Enquanto na ação declarativa há que indagar da


posição das partes em função da pretensão, na ação executiva a indagação a fazer resolve-
se no confronto entre as partes e o título executivo: têm legitimidade como exequente e
executado quem no título figura, respetivamente, como credor e como devedor.», segundo
resulta da aplicação do artigo 53º/1 CPC. LEBRE DE FREITAS considera que o adquirente é
já um verdadeiro devedor, mercê da sentença proferida na impugnação pauliana VS
AMÂNCIO FERREIRA reclama a aplicação analógica do art. 54º/2 CPC mantendo-o na
qualidade processual de terceiro titular de bens que respondem pela dívida, LOGO a
sentença de impugnação não é, per se, título executivo – serve apenas para aferir a
legitimidade, não a exequibilidade, pois o terceiro não é o executado.

Rui Pinto concorda, conjugação do artigo 817º com o art. 818.º CC determina que o direito de
execução pode incidir sobre bens de terceiro à dívida, quando estejam vinculados à garantia
do crédito ou quando sejam objeto de ato praticado em prejuízo do credor, que este haja
procedentemente impugnado. Isto significa que, excecionalmente, no plano da legitimidade
passiva pode ser parte passiva quem não é devedor, logo apenas e diretamente o 3º contra
quem tenha sido obtida sentença de impugnação pauliana -MARTA. Justamente o artigo
616.º, n.º 1 CC autoriza que o credor, julgada procedente a impugnação, possa executar esses
bens no património do terceiro, sem necessidade de prévia restituição ao património do
executado (artº 616º, n.ºs 1 4, CC). + MTS - o credor impugnante pode executar o terceiro
adquirente dos bens, servindo de título executivo a sentença obtida na acção de impugnação.»
(Acção Executiva Singular, Lex, 1998)

Trata-se aplicar analogicamente o art. 54.º, n.º 2, do C.P.C., segundo o qual «a execução por
dívida provida de garantia real sobre bens de terceiro segue diretamente contra este, se o
exequente pretender fazer valer a garantia, sem prejuízo de poder desde logo ser também
demandado o devedor.» **11-12-2018 TRIBUNAL DA REL. DE LISBOA

*OS BENS NÃO FORAM ENCONTRADOS: Como essa dissipação ocorre na pendência da ação e
como não houve penhora, pois os bens não foram encontrados, a ação executiva é suspensa
enquanto a ação de impugnação pauliana ocorre.

Não é por existir uma sentença de procedência de impugnação pauliana que temos imediatamente um
título executivo contra o devedor, é um título integrado, não basta a impugnação pauliana: esta apenas
releva para a legitimidade (não sendo relevante para a exequibilidade). E quando não se tem nenhum
(nem título executivo nem integrado): coligação de impugnação pauliana e condenação do devedor no
pagamento daquilo que deve e, assim, com a mesma sentença pode-se demandar os dois.

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