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1.

Pacto de preferência - Noção


O PACTO DE PREFERÊNCIA está previsto no art.414º CC que nos diz que é “a
convenção, pela qual alguém assume a obrigação de dar preferência a outrem na venda
de determinada coisa”.
O pacto de preferência não se restringe a vendas, de acordo com o art.423º CC que
admite o instituto para outras obrigações. Quanto à FORMA, o pacto de preferência está
sujeito ao mesmo regime do contrato promessa, de acordo com o art.415º CC.
O pacto de preferência aproxima-se do contrato-promessa, pois se trata de um contrato
preliminar de outro contrato com uma obrigação sobre a criação de facto jurídico
(específica obrigação de fazer).
No pacto de preferência temos 3 SUJEITOS, sendo eles o contraente principal, o
contraente preferido e o contraente terceiro.
Contraente principal : está obrigado a dar preferência, caso decida contratar;
Contraente preferido : tem prioridade, nas mesmas condições;
Contraente terceiro : propôs os termos do negócio;
1.1. Forma do pacto de preferência
O pacto de preferência obedece ao mesmo regime do contrato promessa, de acordo com
oart.415º CC. Se o contrato principal exigir documento, seja autêntico ou particular, o
pacto de preferência só vale se constar de documento assinado pela parte que se vincula
(obrigado a dar preferência).
1.2. Direitos de preferência com eficácia real
Regra geral, os direitos de preferência atribuem ao seu beneficiário um direito de crédito
na forma de uma específica obrigação de fazer. A lei admite, no entanto, que ao direito
de preferência seja atribuída com eficácia real quanto a bens imóveis aos móveis
sujeitos a registo. Assim, como no contrato-promessa, as partes devem estipular
expressamente que atribuem eficácia real ao pacto de preferência.
No art.416º CC, a lei não exige forma específica para a confirmação, mas recomenda-se
a forma escrita e certificada. É fundamental que o “projeto” refira de um pré-contrato
com terceiro, que depende do não exercício da preferência para se poder celebrar;
1.3. A obrigação de preferência
O DIREITO DE PREFERÊNCIA só existe se o obrigado decidir celebrar o contrato em
relação ao qual tenha concebido a preferência. Mesmo que o contrato com terceiro
impossibilite o anterior exercício da preferência, se forem de natureza diferentes, não
haverá incumprimento da preferência. (Ex:. Se alguém se compromete a dar preferência
no ARRENDAMENTO de uma casa e posteriormente decide VENDÊ-LA A
TERCEIRO, não ocorre incumprimento da obrigação de preferência.)
Após a comunicação, se no prazo de oito dias (não havendo convenção de prazo mais
curto), nada acontecer, ambas as partes perdem a liberdade de celebrar ou não o
contrato, sendo o incumprimento de qualquer delas considerado ilícito, pois com a
aceitação, o contrato está formado, segundo a regra geral.
1.4. Violação da obrigação de preferência
1.4.1. Simples eficácia obrigacional:
A obrigação é definitivamente incumprida a partir do momento em que o obrigado
celebra com terceiro um contrato incompatível com a preferência, sem efetuar qualquer
comunicação, ou, tendo-a efetuado, ignorou a resposta atempada do beneficiário.
A solução para esta violação é a indemnização por incumprimento, prevista no art.798º
CC.
Direito das Obrigações - Resumos
CASO PRÁTICO Nº1
Carlos, Diogo e Gonçalo, herdeiros de Fernando, interessados em manter na família os
bens que herdaram deste sem prescindirem da faculdade de os alienar, concedem-se
reciprocamente, por documento particular, direitos de preferência nas alienações que
venham a realizar.
Em setembro de 2019, Carlos pretende alienar gratuitamente a sua quota nos bens
imóveis que recebeu de Fernando. Grava uma mensagem de voz nos telemóveis de
Diogo e Gonçalo, dando conta da sua intenção. Diogo e Gonçalo não respondem e
Carlos doa os referidos bens a
uma instituição da área da saúde que lhe promete em contrapartida a prestação de
serviços
médicos.
Diogo conforma-se e Gonçalo pretende reagir sozinho.
Qual é o Direito?
Pacto de preferência é a “convenção pela qual alguém assume a obrigação de dar
preferência
a outrem na venda de determinada coisa” de acordo com o art.414º do CC. Quanto à
forma, os
pactos de preferência que digam respeito à celebração de contrato para o qual a lei exija
documento autêntico ou particular devem ser celebrados por documento assinado pelas
partes que se vinculam (art.410º, nº 1 do CC, por remissão do art.415º do mesmo
Código).
Como o documento não está sujeito a mais formalidades exigidas pela lei, não se aplica
o nº 3
do art.410º do CC. Aplicadas tais referências ao caso prático, Carlos, Diogo e Gonçalo
ficam
vinculados, por meio de contratos celebrados, a, querendo alienar os bens herdados, dar
preferência aos restantes herdeiros. Em setembro de 2019, Carlos pretende alienar
gratuitamente a sua quota nos bens imóveis que recebeu de Fernando. Sabendo que tem
de
dar preferência a Diogo e Gonçalo, grava uma mensagem de voz nos telemóveis desses,
dando
conta da sua intenção. Ora, querendo Carlos, obrigado à preferência, alienar a sua quota
nos
bens imóveis objeto do pacto, deve comunicar aos titulares do direito, Diogo e Gonçalo,
o
projeto de venda e as cláusulas do respetivo contrato (art.416º, nº1, do CC). Mediante
comunicação feita os termos legais, Diogo e Gonçalo, após o conhecimento da mesma,
teriam
oito dias para exercer o seu direito, sob pena de caducidade (art.416º, nº 2, do CC). No
entanto, a mensagem de voz deixada nos telemóveis de Diogo e Gonçalo não respeita a
forma
legalmente prevista para a comunicação, não se considerando essa efetuada. Carlos,
perante a
falta de resposta de Diogo e Gonçalo, doa a sua quota dos bens a uma instituição da área
de
saúde que lhe promete em contrapartida a prestação de serviços médicos, o que, nos
termos
do art.418º do CC, constitui uma prestação acessória (promessa de uma prestação
acessória
daquela que é a obrigação principal do contrato em relação ao qual se dá preferência).
Quando o obrigado à preferência recebe de terceiro a promessa de uma prestação
acessória
que o titular do direito de preferência não possa satisfazer, será essa prestação
compensada
em dinheiro (art.418º, nº 1, do CC). Diogo conforma-se com a alienação, mas Gonçalo
pretende reagir. O mecanismo legal destinado a fazer valer o direito de preferência é a
ação de
preferência. No entanto, para que se possa fazer uso da ação de preferência, é necessário
que
o pacto de preferência goze de eficácia real (art.421º do CC). Conforme resulta da
hipótese, os
pactos celebrados ente Carlos, Diogo e Gonçalo não foram registados, produzindo
apenas
efeitos entre as partes contratantes (art.421º, nº 1, do CC). Assim, resta a Gonçalo
apenas ser
indemnizado, nos termos gerais do art.798º do CC, pelo incumprimento do pacto de
preferência.
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necessidade de não deixar que este contrato perdure indefinidamente, o art.411º CC
permite
a pessoa vinculada que peça ao tribunal para que este estabeleça um prazo para a outra
parte
dizer se quer ou não a celebração do contrato, sob pena de caducar. Estas promessas
unilaterais têm ainda a característica de serem remuneradas.
3.2. Forma do contrato promessa
De acordo com o art.410º, nº1 CC, onde está consagrado o princípio da equiparação dos
regimes, não havendo nada em contrário, ao contrato-promessa aplicam-se as normas do
contrato prometido. No entanto, este princípio tem exceções, não sendo absoluto. Para
sabermos a forma do contrato-promessa, temos que saber a forma do contrato
prometido.
Primeiro, pesquisar o que a lei exige para o contrato prometido e depois responder à
questão
da forma do contrato de promessa. A simplificação começa nos casos em que o
legislador
exige forma para o contrato-promessa (escritura pública ou documento particular
autenticado). Se for um prédio urbano a construir, há necessidade de reconhecimento de
assinaturas e certificação da existência das licenças que a lei exige, tal como consta no
art.410º, nº3 CC. Assim, se o contrato promessa de compra e venda tem mera eficácia
obrigacional, não se pode aplicar ao contrato de promessa, o contrato de compra e venda
com
eficácia real.
3.3. Transmissão dos Direitos e obrigações
Os Direitos e as obrigações transmitem-se por morte aos sucessores das partes, ficando
a
transmissão por ato entre vivos sujeita ao regime geral, previsto no art.412º, nº1 e 2 CC.
Contudo, no que diz respeito às obrigações exclusivamente pessoais, ficam resolvidas
no caso
da morte do promitente, fazendo assim automaticamente referência ao conteúdo
personalista, que nos diz que tinha de ser aquele indivíduo a realizar a obrigação. (Ex:.
Quando
acaba as obras na minha casa, vou contratar um específico pinto para ma vir pintar.
Entretanto
ele morre. O filho, mesmo já trabalhando há alguns anos no mesmo ramo e empresa que
o pai,
não pode vir fazer o específico trabalho que pedi a seu pai.)
3.4. Execução específica
No contrato promessa, os promitentes vinculam-se a uma prestação de um facto
jurídico. Esta
é incoercível, não podendo o devedor ser coagido pela forma de emitir a declaração
negocial a
que se obrigou. No entanto, a lei admite a execução específica desta obrigação, que
consiste
em o devedor ser substituído no cumprimento, obtendo o credor a satisfação do seu
direito
por via judicial.
O art.830º CC determina que “Se alguém se tiver obrigado a celebrar certo contrato e
não
cumprir a promessa, pode a outra parte, na falta de convenção em contrário, obter
sentença
que produza os efeitos da declaração negocial do faltoso, sempre que isso não se oponha
à
natureza da obrigação assumida”.
A execução específica torna-se impossível se o objeto do contrato definitivo cessar de
existir,
havendo assim a impossibilidade definitiva (Ex:. no caso de o bem que prometemos
vender já
tiver sido alienado a um terceiro – venda de bens alheios, art.892º e ss CC).
A eficácia real da promessa pode fazer toda a diferença no momento da execução
específica,
de acordo com o art.413º CC. O nº1 deste mesmo artigo diz-nos que os bens móveis não
estão
sujeitos a registo, não lhes sendo assim atribuída eficácia real. No entanto, é-lhe
atribuída
eficácia real, caso a coisa móvel seja registada.
3.5. Atribuição do Direito de retenção
O DIREITO DE RETENÇÃO está previsto no art.754º CC. A situação do beneficiário
da promessa
de transmissão ou constituição do Direito real, que obteve a tradição da coisa a que se
refere o
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necessidade de não deixar que este contrato perdure indefinidamente, o art.411º CC
permite
a pessoa vinculada que peça ao tribunal para que este estabeleça um prazo para a outra
parte
dizer se quer ou não a celebração do contrato, sob pena de caducar. Estas promessas
unilaterais têm ainda a característica de serem remuneradas.
3.2. Forma do contrato promessa
De acordo com o art.410º, nº1 CC, onde está consagrado o princípio da equiparação dos
regimes, não havendo nada em contrário, ao contrato-promessa aplicam-se as normas do
contrato prometido. No entanto, este princípio tem exceções, não sendo absoluto. Para
sabermos a forma do contrato-promessa, temos que saber a forma do contrato
prometido.
Primeiro, pesquisar o que a lei exige para o contrato prometido e depois responder à
questão
da forma do contrato de promessa. A simplificação começa nos casos em que o
legislador
exige forma para o contrato-promessa (escritura pública ou documento particular
autenticado). Se for um prédio urbano a construir, há necessidade de reconhecimento de
assinaturas e certificação da existência das licenças que a lei exige, tal como consta no
art.410º, nº3 CC. Assim, se o contrato promessa de compra e venda tem mera eficácia
obrigacional, não se pode aplicar ao contrato de promessa, o contrato de compra e venda
com
eficácia real.
3.3. Transmissão dos Direitos e obrigações
Os Direitos e as obrigações transmitem-se por morte aos sucessores das partes, ficando
a
transmissão por ato entre vivos sujeita ao regime geral, previsto no art.412º, nº1 e 2 CC.
Contudo, no que diz respeito às obrigações exclusivamente pessoais, ficam resolvidas
no caso
da morte do promitente, fazendo assim automaticamente referência ao conteúdo
personalista, que nos diz que tinha de ser aquele indivíduo a realizar a obrigação. (Ex:.
Quando
acaba as obras na minha casa, vou contratar um específico pinto para ma vir pintar.
Entretanto
ele morre. O filho, mesmo já trabalhando há alguns anos no mesmo ramo e empresa que
o pai,
não pode vir fazer o específico trabalho que pedi a seu pai.)
3.4. Execução específica
No contrato promessa, os promitentes vinculam-se a uma prestação de um facto
jurídico. Esta
é incoercível, não podendo o devedor ser coagido pela forma de emitir a declaração
negocial a
que se obrigou. No entanto, a lei admite a execução específica desta obrigação, que
consiste
em o devedor ser substituído no cumprimento, obtendo o credor a satisfação do seu
direito
por via judicial.
O art.830º CC determina que “Se alguém se tiver obrigado a celebrar certo contrato e
não
cumprir a promessa, pode a outra parte, na falta de convenção em contrário, obter
sentença
que produza os efeitos da declaração negocial do faltoso, sempre que isso não se oponha
à
natureza da obrigação assumida”.
A execução específica torna-se impossível se o objeto do contrato definitivo cessar de
existir,
havendo assim a impossibilidade definitiva (Ex:. no caso de o bem que prometemos
vender já
tiver sido alienado a um terceiro – venda de bens alheios, art.892º e ss CC).
A eficácia real da promessa pode fazer toda a diferença no momento da execução
específica,
de acordo com o art.413º CC. O nº1 deste mesmo artigo diz-nos que os bens móveis não
estão
sujeitos a registo, não lhes sendo assim atribuída eficácia real. No entanto, é-lhe
atribuída
eficácia real, caso a coisa móvel seja registada.
3.5. Atribuição do Direito de retenção
O DIREITO DE RETENÇÃO está previsto no art.754º CC. A situação do beneficiário
da promessa
de transmissão ou constituição do Direito real, que obteve a tradição da coisa a que se
refere o
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contrato prometido, é ainda complementada, em termos de garantia, com a atribuição no
art.755º, f) CC de um direito de retenção sobre essa coisa, pelo crédito resultante do não
cumprimento imputável à outra parte, nos termos do art.442º CC. O beneficiário deste
tipo de
promessas, que obteve a tradição da coisa, não tem assim apenas um direito de crédito à
celebração do contrato prometido, mas também um direito real de garantia, que justifica
que
possa conservar a posse da coisa até ver satisfeito o seu crédito. O Direito de retenção
trata-se
de um Direito real de garantia, portanto, com eficácia real. O Direito de retenção está
diretamente ligado à tradição da coisa.
O art.442º CC articulado com o art.755º, f) CC são aplicados quando há a antecipação
da
tradição da coisa. O art.755º CC só se aplica quando há antecipação da tradição da
coisa.
No art.798º CC está prevista a indemnização. Este regime é apenas aplicável aos
créditos por
restituição do sinal em dobro e pelo Direito ao aumento do valor da coisa.
3.6. Eficácia real do contrato-promessa
Caso a promessa respeite a bens imóveis ou móveis sujeitos a registo, a lei permite que
o
contrato tenha eficácia real. Assim sendo, para que isso aconteça, as partes devem
declarar
expressamente a atribuição da eficácia real e proceder ao registo, de acordo com o
art.413º,
nº1 CC.
O legislador, tendo consciência de que o contrato-promessa é frágil, consagrou um
mecanismo
que dá mais segurança ao contrato de promessa, que o torna mais forte, que é aquilo que
se
chama celebração de contrato promessa com eficácia real. Os promitentes, em vez de
celebrar
um vulgar contrato de promessa, celebram um com eficácia real, de acordo com o
art.413º CC.
É um bocado seletivo, pois só o possível relativamente aos bens imóveis ou bens
móveis
sujeitos a registo. Tem de haver escritura pública ou documento autenticado, tendo as
partes
que se declarar expressamente e o contrato tem de ser registado. A vantagem disto, é
que se o
contrato promessa só tiver eficácia obrigacional, o promitente vendedor, antes de
cumprir o
contrato com o promitente-comprador, pode vender a terceiro, o que fará com que o
promitente-comprador nunca venha a ser proprietário, mesmo com o contrato promessa,
porque este não será oponível ao terceiro. Por outro lado, se tiver eficácia real, mesmo
que o
promitente vendedor incumpra o contrato e venda a terceiro, o direito do promitente-
comprador prevalece e este adquire a propriedade.
4. Cláusula da Reserva de Propriedade
Trata-se, portanto de uma convenção entre as partes em que a transmissão da
propriedade
fica diferida para o momento de pagamento integral do preço.
Pode ser objeto da reserva quaisquer bens sujeitos a alienação, observando-se a
necessidade
de constar do registo para ser oponível a terceiros quando o negócio tenha por objeto
bens
imóveis ou sujeitos à referida solenidade (art.409º, nº2 CC).
Isto faz com que o credor tenha uma garantia, ou seja, se o bem não for entregue, se por
algum motivo o devedor não cumprir a sua obrigação, o credor nunca de deixa de ter a
propriedade do bem. No caso de bem imóvel, a Reserva de Propriedade tem de estar
registada.
Os bens imóveis só se transferem com registo.
5. Regime do sinal
O SINAL está previsto no art.442º CC. O sinal é um adiantamento do pagamento que ao
mesmo tempo vai funcionar como garantia (garantir o negócio) ao vendedor. (DUPLO
BENEFÍCIO).
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O sinal é um adiantamento do pagamento, que ao mesmo tempo funciona como uma
garantia
ao vendedor, ele sinaliza que o comprador tem uma intenção séria, é uma garantia do
negócio.
Mas também vai ser uma garantia ao comprador, se o incumprimento for por parte do
vendedor, este terá de restituir o valor do sinal, pelo dobro ao comprador. O sinal tem
uma
função de garantia muito relevante para ambas as partes.
⁻É UMA GARANTIA AO VENDEDOR: o comprador deu o sinal. Caso desista do
negócio, o
vendedor ficará com o valor do sinal.
⁻PODE TAMBÉM SER UMA GARANTIA AO COMPRADOR: se o vendedor não
cumprir o
negócio, tem o comprador o direito de exigir o sinal em dobro.
5.1. Art.442º CC:
1. Regime geral;
2. Regras do comprador e vendedor (as primeiras duas partes é o que estava
antigamente
estipulado SÓ);
DUAS OPÇÕES:
⁻Ou recebe o sinal em dobro;
⁻Ou a diferença entre o valor da coisa HOJE e o que acordaram no contrato;
É O COMPRADOR QUE ESCOLHE
3. »» art.830.º CC - recorrer ao Tribunal para colmatar a falta;
4. Estipulações do regime;
5. Estipulações do regime;
CASO PRÁTICO Nº2
Em 2 de janeiro de 2018 , Timóteo e Carlos compraram um edifício para habitação e
escritórios
(X).
Em 2 de março de 2018 , Timóteo constituiu, por contrato, Luísa como preferente na
alienação
da sua quota do edifício. Luísa registou o seu direito.
Em 2 de abril de 2019 , Carlos contraiu uma divida de 6 000eur junto de Euclides.
Carlos
prometeu a Euclides vender-lhe a sua quota em X por 100 000eur no prazo de 1 ano.
Euclides
registou o seu direito.
Em 2 de dezembro de 2019 , sem dinheiro para pagar a dívida a Euclides, Carlos optou
por
contratar Mário, pintor famoso, para que este pintasse o retrato de Euclides para que
este
perdoasse a dívida. Euclides aderiu à promessa, no entanto, nunca se prontificou a posar
para
que o retrato fosse possível.
Em 2 de março de 2020 , surgiu uma boa oportunidade de negócio para a venda de X
por
200 000eur a Simão. Timóteo notificou Luísa, que aceitou. Conhecedor deste facto,
Simão
subiu a sua oferta para 300 000eur. Em 15 de março de 2020 , Timóteo e Carlos
venderam X a
Simão pelos 300 000eur.
Qual é o Direito?
Relativamente ao incumprimento do pacto de preferência, se este tivesse eficácia
meramente
obrigacional (inter-partes), Luísa teria apenas Direito de exigir uma indemnização a
Timóteo,
por incumprimento da obrigação de preferência, nos termos do art.798º CC. Co entanto,
como
foi anteriormente mencionado, Luísa registou o Direito de crédito, conferindo-lhe
eficácia real.
Assim, Luísa pode reagir através da ação de preferência, de acordo com o art.421º, nº2
CC.
Mediante essa ação, pode o titular do direito lesado haver para si a quota alienada,
contanto
que o requeira dentro do prazo de 6 meses, a contra da data em que teve conhecimento
da
alienação, e deposite o preço devido nos 15 dias seguintes à prepositura da ação, de
acordo
com o art.1410º, nº1 CC.

Cumprimento das obrigações

O cumprimento existe sempre que, o devedor no âmbito da obrigação ou obrigações a


que está vinculado realize a prestação ou prestações contratualmente estipuladas. Dito
de outro modo, o cumprimento é a realização voluntária da prestação debitória. Este
modo de extinção da obrigação está previsto no (artº 762º) onde se pode ler o seguinte:
«o devedor cumpre a obrigação quando realiza a prestação a que está vinculado» (nº 1);
«no cumprimento da obrigação, assim como no exercício do direito correspondente,
devem as partes proceder de boa fé» (nº 2).
Tecnicamente, o termo cumprimento, traduz-se na realização da prestação pelo devedor,
espontânea ou compulsivamente, conforme os arts.º 762º e 817º. Todavia, a lei permite
que aprestação seja efectuada por um terceiro, (artº 768º nº 2).
1O cumprimento, para lá de ser um modo de extinção do vínculo obrigacional, constitui
um meio de actuação juridicamente predisposto para a satisfação do interesse do credor.
Princípios gerais do Cumprimento das Obrigações.

O adimplemento/pagamento, obedece a certos princípios gerais, impostos pela norma


substantiva, sem os quais, como afirma Brandão Proença, poder-se- à questionar a sua
regularidade . Esses princípios são: da boa fé, da pontualidade e da integralidade.
O princípio da boa-fé, é um verdadeiro princípio constitutivo do direito das obrigações.
Ora,esse princípio encontra-se consagrado no (artº 762º nº 2), da qual foi-lhe dado a
seguinte redacção: “no cumprimento da obrigação, assim como no exercício do direito
correspondente, devem as partes proceder de boa fé”. Da norma supra podemos retirar
que, não bastará a realização da prestação devida em termos formais, para que se
verifique o cumprimento da obrigação, é necessário que se observem os múltiplos
deveres acessórios de conduta (de protecção, informação e lealdade), isto é, o respeito
aos ditames da boa-fé, quer por parte de
quem executa, quer por parte de quem exige a obrigação.
Assim, o devedor não pode cingir-se a uma observância puramente literal das cláusulas
do
contrato, se a obrigação tiver natureza contratual. Mais do que o respeito farisaico da
fórmula na
1 Cfr. SERRA, Adriano Paes da Silva VAZ, Do cumprimento como modo de extinção
das obrigações, in BMJ, nº
34, pp.5 e ss.

qual a obrigação ficou condensada, interessa a colaboração leal na satisfação da


necessidade a
que a obrigação se encontra adstrita. Por isso, ele se deve ater, não só à letra, mas
principalmente
ao espírito da relação obrigacional. Também ao credor incumbe não dificultar a
actuação do
devedor, realizando inclusivamente os actos ou removendo as dificuldades que lhe caiba
tomar a
seu cargo, de harmonia com as circunstâncias de cada caso.
Cada parte deve não só cooperar com a contraparte, isto é, o credor receber o
cumprimento e o
devedor entregar em prazo razoável a documentação da coisa vendida, mas deve
igualmente o credor
abster-se da exigência do cumprimento, sempre que as circunstâncias se mostrem
pessoalmente
pungentes para o devedor, o que quer dizer que as partes, devem evitar condutas que
importunem os
custos do cumprimento.
Em termos gerais o princípio da boa fé no cumprimento da obrigação visa apurar dentro
do
contexto da lei ou da convenção donde emerge a obrigação, os critérios gerais
objectivos
decorrentes do dever de lealdade e cooperação das partes, na realização cabal do
interesse do
credor com o menor sacrifício possível dos interesses do devedor, para a resolução de
qualquer
dúvida que fundamentalmente se levante, quer seja acerca dos deveres de prestação,
quer seja a
propósito dos deveres acessórios de conduta de uma ou outra das partes.
Princípio da Pontualidade
Um outro princípio que se deve verificar no cumprimento da obrigação é o princípio da
pontualidade. O princípio da pontualidade vem consagrado no artº 406º nº 1, onde se
estipula
que “o contrato deve ser pontualmente cumprido, e só pode modificar-se ou extinguir-se
por
mútuo consentimento dos contraentes, ou nos casos admitidos por lei”. A prestação
deve ser feita
no tempo, no modo e no lugar resultantes do acordo ou fixados supletivamente pelo
legislador.
Todavia, o devedor tem a obrigação de prestar a coisa ou facto, tal como nos termos em
que se
vinculou, sendo que não pode, por sua vez, o credor ser constrangido a receber do
devedor,
coisa/serviço diferente, ainda que se este tenha valor equivalente ou superior à prestação
devida.
A excepção ao que acabamos de dizer, dá-se nos casos em que o credor, aceita a
prestação de
coisa diversa da que for devida, exonerando assim o devedor, artº 837º, a está situação
(aceitação), dá-se o nome de dação em cumprimento .
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ele exigisse, só teria vantagem nos casos em que o cumprimento lhe foi prejudicial,
como se
pagou antes do vencimento, uma dívida a prazo ou uma dívida alternativa com uma
prestação
inconveniente.
No que tange a capacidade do credor, a lei exige que este seja capaz para receber a
prestação,
conforme inciso no artº 764º nº 2. Assim, tendo sido efectuado o pagamento e não tendo
o credor
a capacidade para o receber, o pagamento será nulo e consequentemente, não se libera o
devedor.
Deste modo, a pedido do representante legal ou do próprio incapaz, o devedor poderá
ser
obrigado a pagar de novo ao representante do credor, o que se traduz no velho brocardo
“quem
paga mal paga duas vezes”.
Contudo, a lei admite excepções a regra. Essas excepções estão previstas no nº 2. A
primeira é a
de que a prestação feita ao incapaz chegar ao poder do seu representante, a segunda é a
de o
património do incapaz ter enriquecido com a prestação 2ª parte do nº 2 do artº 764º, no
entanto,
na primeira hipótese, o cumprimento considera-se eficaz e na segunda hipótese,
considera-se
eficaz o cumprimento, na medida do que se locupletou.
Um outro requisito, indispensável ao cumprimento das obrigações é o poder para dispor
do
objecto da prestação. Desse modo, para que o cumprimento seja efectivamente válido,
isto é, se
consistir num acto de disposição, é necessário que o devedor possa dispor da coisa que
prestou.
Assim, nos termos do nº 1 do artº 765º, se o devedor carece de poder de disposição, a
sua
prestação é nula, ainda que se efectue solvendi causa. Tal falta de disposição acontece
quando: a)
de pertencer a terceiros a coisa prestada; b) de não ter o devedor capacidade para alienar
a coisa;
c) ou ainda de carecer de legitimidade para o fazer.
Desse modo, “ao credor de boa fé, é-lhe dado o direito de impugnar o cumprimento
feito pelo
devedor com coisa de que não podia alhear, ao mesmo tempo confere-lhe o direito a
uma
indemnização”, prevista no artº 765º nº 1. Porém, “o devedor, quer tenha agido de boa
fé, quer de
má fé, prestando assim, coisa de que não lhe é lícito dispor, não pode impugnar o
cumprimento,
salvo nos casos em que esteja disposto a prestar uma nova prestação” com coisa sua
(atrº 765º nº
2), pois não teria sentido, neste caso, permitir ao devedor invocar a ausência da
disponibilidade
da coisa entregue.
ele exigisse, só teria vantagem nos casos em que o cumprimento lhe foi prejudicial,
como se
pagou antes do vencimento, uma dívida a prazo ou uma dívida alternativa com uma
prestação
inconveniente.
No que tange a capacidade do credor, a lei exige que este seja capaz para receber a
prestação,
conforme inciso no artº 764º nº 2. Assim, tendo sido efectuado o pagamento e não tendo
o credor
a capacidade para o receber, o pagamento será nulo e consequentemente, não se libera o
devedor.
Deste modo, a pedido do representante legal ou do próprio incapaz, o devedor poderá
ser
obrigado a pagar de novo ao representante do credor, o que se traduz no velho brocardo
“quem
paga mal paga duas vezes”.
Contudo, a lei admite excepções a regra. Essas excepções estão previstas no nº 2. A
primeira é a
de que a prestação feita ao incapaz chegar ao poder do seu representante, a segunda é a
de o
património do incapaz ter enriquecido com a prestação 2ª parte do nº 2 do artº 764º, no
entanto,
na primeira hipótese, o cumprimento considera-se eficaz e na segunda hipótese,
considera-se
eficaz o cumprimento, na medida do que se locupletou.
Um outro requisito, indispensável ao cumprimento das obrigações é o poder para dispor
do
objecto da prestação. Desse modo, para que o cumprimento seja efectivamente válido,
isto é, se
consistir num acto de disposição, é necessário que o devedor possa dispor da coisa que
prestou.
Assim, nos termos do nº 1 do artº 765º, se o devedor carece de poder de disposição, a
sua
prestação é nula, ainda que se efectue solvendi causa. Tal falta de disposição acontece
quando: a)
de pertencer a terceiros a coisa prestada; b) de não ter o devedor capacidade para alienar
a coisa;
c) ou ainda de carecer de legitimidade para o fazer.
Desse modo, “ao credor de boa fé, é-lhe dado o direito de impugnar o cumprimento
feito pelo
devedor com coisa de que não podia alhear, ao mesmo tempo confere-lhe o direito a
uma
indemnização”, prevista no artº 765º nº 1. Porém, “o devedor, quer tenha agido de boa
fé, quer de
má fé, prestando assim, coisa de que não lhe é lícito dispor, não pode impugnar o
cumprimento,
salvo nos casos em que esteja disposto a prestar uma nova prestação” com coisa sua
(atrº 765º nº
2), pois não teria sentido, neste caso, permitir ao devedor invocar a ausência da
disponibilidade
da coisa entregue.
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D - Cumprimento das obrigações

122. Noção

É a realização voluntária da prestação debitória. É a actuação da relação obrigacional,


no que respeita ao dever de prestar o princípio geral que governa o cumprimento está
regulada no art. 762º[46] CC.

Dentro dos quadros sinópticos da relação jurídica, cumprimento é usualmente tratado


como um dos modos de extinção das obrigações.

Antes, porém, de ser uma causa de extinção do vínculo obrigacional, o cumprimento é a


actuação do meio juridicamente predisposto para a satisfação do interesse do credor. É o
acto culminante da vida da relação creditória, como consumação do sacrifício imposto a
um dos sujeitos para a realização do interesse do outro.

123. O princípio da boa fé

Da boa fé (art. 762º[47] CC), no exercício do direito de crédito e no cumprimento da


obrigação resultam consequências para o conteúdo daquilo que é a prestação devida
pelo obrigado.

Por um lado, da boa fé resultam para o devedor deveres secundários, que podem ser
acessórios ou laterais da prestação devida, deveres instrumentais da realização pontual
da prestação, ou deveres de lealdade, deveres de conduta que ele tem de observar.

Da vinculação à boa fé do credor no exercício do direito resulta, que o direito de crédito


tem de ser exercido em conformidade com a boa fé, isto é, não pode ser exercido
abusivamente sob pena de ineficácia ou até de responsabilidade do credor pelos danos
causados ao devedor no exercício abusivo do direito.

O princípio da boa fé, embora proclamado apenas ao cumprimento dos direitos de


crédito, deve considerar-se extensivo, através do art. 10º/3[48] CC, a todos os outros
domínios onde exista uma relação especial de vinculação entre duas ou mais pessoas.

A lei confere, ao princípio da boa fé, na área do exercício da relação obrigacional, a sua
verdadeira dimensão. A necessidade juridicamente reconhecida e tutelada de agir com
correcção e lisura não se circunscreve ao obrigado; incide de igual modo sobre o credor,
no exercício do seu poder. E tal como sucede com o dever de prestar, também no lado
activo da relação, o dever de boa fé se aplica a todos os credores, seja qual for a fonte
do seu direito, embora isso não exclua a desigual intensidade do dever de cuidado e
diligência que pode recair sobre as parte.

A fonte do dever de agir de boa fé, está assim na relação especial que vincula as pessoas
– relação que é comum a todos os direitos de crédito, mas que pode também verificar-se
nas obrigações reais, nas relações de família e nas relações entre titulares de direitos
reais que tenham por objecto a mesma coisa. O cumprimento é governado por alguns
princípios:

a) Princípio da pontualidade

b) Princípio da integridade do cumprimento.

124. Princípio da pontualidade

Regra que a lei enuncia a propósito dos contratos mas que pelo seu espírito tem de
considerar-se extensiva a todas as obrigações ainda que de matriz na contratual.

A prestação, a obrigação, tem de ser cumprida nos termos exactos em que foi
configurada, tem de ser cumprida ponto por ponto.

Consequência da pontualidade no cumprimento é por um lado a proibição do devedor


prestar coisa diversa da devida, ainda que de montante superior à coisa devida, salvo se
tiver acordo do credor (art. 837º CC).

Do conceito amplo de pontualidade vários corolários se podem deduzir quanto aos


termos do cumprimento:
a) O primeiro é o que o obrigado se não pode desonerar sem consentimento do credor,
mediante prestação diversa da que é devida, ainda que a prestação efectuada seja de
valor equivalente ou até superior a esta. Sem acordo do credor, não poderá liberar-se,
dando aliud pro alio (dação em cumprimento).

b) Beneficium competentiae, não pode exigir a redução da prestação estipulada, com


fundamento na precária situação económica em que o cumprimento o deixaria. Nem
sequer ao Tribunal é lícito facilitar as condições de cumprimento da prestação.

c) A prestação debitória deve ser realizada integralmente e não por partes, não podendo
o credor ser forçada a aceitar o cumprimento parcial (art. 763º CC).

125. Princípio da integridade do cumprimento (art. 763º CC)

O devedor tem de realizar a prestação integralmente, salvo naturalmente nos casos em


que as partes tenham convencionado um cumprimento fraccionado, ou nos casos em
que a própria lei ou os usos o determinam.

A existência da realização integral dá como resultado que, pretendendo o devedor


efectuar uma parte apenas da prestação e recusando-se o credor a recebê-la, não há mora
do credor, mas do devedor, quanto a toda a prestação debitória e não apenas quanto à
parte que o devedor se não propunha a realizar. Nada obsta, porém, a que o credor, em
qualquer caso, receba apenas, se quiser, uma parte da prestação, como nenhuma razão
impede que ele renunciando do benefício, exija só uma parte do crédito (art. 763º/2
CC). A aceitação do credor não evita, entretanto, que o devedor fique em mora quanto à
parte restante da prestação, salvo se houver prorrogação do prazo relativamente ao
cumprimento dessa parte.

126. Requisitos do cumprimento (art. 764º CC)[49]

A) Capacidade do devedor

Não se exige em princípio para a validade do cumprimento, que o devedor tenha


capacidade de exercício no momento em que cumpre a obrigação.
Tal capacidade só exigida no caso do cumprimento constituir um acto dispositivo. Um
acto de disposição é naturalmente um acto de alienação, mas também um acto de
oneração de um direito do devedor.

Se a prestação for efectuada pelo devedor capaz ou pelo representante legal do incapaz,
nenhumas dúvidas se levantam, nesse aspecto, sobre a validade do cumprimento.

Sendo efectuada por incapaz, a prestação continua a ser válida, a não ser que constitua
um acto de disposição[50].

B) Capacidade do credor

Exige-se, que seja capaz (para receber a prestação) o credor perante quem a obrigação
tenha sido cumprida (art. 764º/2 CC).

Se for incapaz e o cumprimento anulado a requerimento do representante legal ou do


próprio incapaz, terá o devedor que efectuar nova prestação ao representante do credor.

Pode o devedor opor-se à anulação da prestação, alegando que ela chegou ao poder do
representante legal do incapaz ou que enriqueceu o património deste, valendo a
prestação como causa de desoneração do devedor na medida em que tenha sido
efectivamente recebida pelo representante ou haja enriquecido o credor incapaz (art.
764º/2 CC).

C) Legitimidade do devedor para dispor do objecto da prestação

O cumprimento, para ser plenamente válido, se constituir num acto de disposição,


necessita ainda de que o devedor possa dispor da coisa que prestou.

A falta do poder de disposição do devedor pode derivar de uma de três circunstâncias:

1. De ser alheia a coisa prestada;

2. De não ter o devedor capacidade para alienar a coisa;

3. De carecer apenas de legitimidade para o fazer.

O devedor, quer tenha agido de boa fé, ou de má fé, não pode impugnar o cumprimento,
salvo se ao mesmo tempo oferecer nova prestação (art. 765º/2 CC).

Quando o cumprimento for declarado nulo, designadamente nos casos do art. 765º CC,
ou for anulado, designadamente nos casos do art. 764º CC, por causa imputável ao
credor não renascem as garantias prestadas por terceiro, salvo se o terceiro conhecia o
vício na data em que soube do cumprimento da obrigação.

127. Quem pode cumprir ou quem tem legitimidade para o cumprimento

A regra geral é a de que tem legitimidade para o cumprimento tanto o devedor como
qualquer terceiro, interessado ou não no cumprimento. Esta é a regra geral
correspondente aos casos em que a obrigação é fungível.

Se a obrigação for infungível, natural ou convencional, só pode cumprir o devedor.

Portanto, nos casos em que, pela própria natureza da prestação, ou por convenção das
partes, é o próprio devedor que tem de realizar o cumprimento, não pode um terceiro
substitui-lo no cumprimento.

Em todos os casos, o terceiro “solvens” tem legitimidade para o cumprimento; em todos


os casos, o credor não tem fundamento para recusar o cumprimento por terceiro
(fundamento na infungibiliade da obrigação) trata-se sempre de hipóteses em que a
prestação pode ser realizada pelo terceiro.

O terceiro pode ser interessado no cumprimento, por ser um garante da obrigação: por
ser fiador; por ser proprietário de um bem hipotecado ou empenhorado.

128. Terceiro, que não é devedor e cumpre a obrigação

O terceiro que cumpre pode estar a cumprir a obrigação do devedor, cumprindo


simultaneamente uma obrigação dele próprio para com o devedor, por ser mandatário
do devedor. Pode ter celebrado um contrato de mandato com o devedor, nos termos do
qual se obrigou a cumprir a obrigação, dele devedor.

Nestes casos, em que o terceiro é mandatário, ou em que o terceiro é promitente num


falso contrato a favor de terceiro, ele cumpre a obrigação ao credor e isso tem duas
consequências:

1º A obrigação extingue-se face ao devedor, o devedor fica exonerado;

2º Ele extingue a sua própria obrigação, ele libera-se, exonera-se da sua própria
obrigação.
E portanto, ele paga, está tudo bem, não há mais consequência nenhuma.

129. Lugar do cumprimento (art. 772º CC)[51]

Nesta matéria, a regra é a de que a prestação deva ser realizada no lugar que as partes
tiverem estipulado ou naquele em que a lei determinar que o cumprimento haja de ser
feito.

- Se houver convenção das partes, é esse o lugar em que a prestação deve ser feita;

- Se houver disposição legal supletiva e não houver convenção diversa, é esse o lugar
em que a prestação deve ser feita;

- Na falta de convenção ou disposição especial da lei, o princípio geral supletivo é o de


que o cumprimento deve ser realizado no domicílio do devedor.

[46] O devedor cumpre a obrigação quando realiza a prestação a que está vinculado.

[47] No cumprimento da obrigação, assim como no exercício do direito


correspondente, devem as partes proceder de boa fé.

[48] Na falta de caso análogo, a situação é resolvida segundo norma que o próprio
intérprete criaria, se houvesse que legislar dentro do espírito do sistema.

[49] Requisitos:

a) Capacidade do devedor;

b) Capacidade do credor;

c) Legitimidade do devedor para dispor do objecto da prestação.

[50] Diz-se acto de disposição, aquele que incide directamente sobre um direito
existente, se destina a transmiti-lo, revogá-lo ou alterar de qualquer modo o seu
conteúdo.

[51] 1. Na falta de estipulação ou disposição especial da lei, a prestação deve ser


efectuada no lugar do domicílio do devedor.
2. Se o devedor mudar de domicílio depois de constituída a obrigação, a prestação será
efectuada no novo domicílio, excepto se a mudança acarretar prejuízo para o credor,
pois, nesse caso, deve ser efectuada no lugar do domicílio primitivo.
 

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