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A atividade racional e suas modalidades A Filosofia distingue duas grandes

modalidades da atividade racional, realizadas pela razão subjetiva ou pelo


sujeito do conhecimento: a intuição (ou razão intuitiva) e o raciocínio (ou razão
discursiva).
atividade racional discursiva, como a própria palavra indica, discorre, percorre
uma realidade ou um objeto para chegar a conhecê-lo, isto é, realiza vários
atos de conhecimento até conseguir captá-lo.
A razão discursiva ou o pensamento discursivo chega ao objeto passando por
etapas sucessivas de conhecimento, realizando esforços sucessivos de
aproximação para chegar ao conceito ou à definição do objeto.
Os psicólogos se referem à intuição usando o termo insight, para referirem-se
ao momento em que temos uma compreensão total, direta e imediata de
alguma coisa, ou o momento em que percebemos, num só lance, um caminho
para a solução de um problema científico, filosófico ou vital.
De uma só vez, num só lance, Riobaldo compreende tudo o que sentia, todos
os fatos acontecidos entre eles, todas as conversas que haviam tido, todos os
gestos estranhos de Diadorim e compreende, instantaneamente, a verdade:
estivera apaixonado por Diadorim.
Num só ato, por exemplo, capto que isto é uma flor: vejo sua cor e suas
pétalas, sinto a maciez de sua textura, aspiro seu perfume, tenho-a por inteiro e
de uma só vez diante de mim.
intuição sensível ou empírica é psicológica, isto é, refere-se aos estados do
sujeito do conhecimento enquanto um ser corporal e psíquico individual -
sensações, lembranças, imagens, sentimentos, desejos e percepções são
exclusivamente pessoais.
Assim, a marca da intuição empírica é sua singularidade: por um lado, está
ligada à singularidade do objeto intuído (ao “isto” oferecido à sensação e à
percepção) e, por outro, está ligada à singularidade do sujeito que intui (aos
“meus” estados psíquicos, às “minhas” experiências).
A intuição intelectual é o conhecimento direto e imediato dos princípios da
razão (identidade, contradição, terceiro excluído, razão suficiente), das
relações necessárias entre os seres ou entre as idéias, da verdade de uma
idéia ou de um ser.
Por exemplo, diz Husserl, quando quero pensar em alguém, como Napoleão,
posso representá-lo ganhando a batalha de Waterloo, prisioneiro na ilha de
Elba e na ilha de Santa Helena, montado em seu cavalo branco, usando o
chapéu de três pontas e com a mão direita enfiada na túnica.
Cada uma dessas representações é singular: por um lado, cada uma delas é
um ato psicológico singular que eu realizo (um ato de lembrar, um ato de ver a
imagem de Napoleão num quadro, um ato de ler sobre ele num livro, etc.) e,
por outro, cada uma delas possui um representante singular (Napoleão a
cavalo, Napoleão na batalha de Waterloo, Napoleão fugindo de Elba, etc.).
É assim que tenho intuição intelectual da essência ou significação “triângulo”,
“imaginação ”, “memória”, “natureza”, “cor”, “diferença”, “Europa”, “pintura”,
“literatura”, “tempo”, “espaço”, “coisa”, “quantidade ”, “qualidade”, etc.
Trata-se daquela intuição na qual, juntamente com o sentido ou significação de
alguma coisa, captamos também seu valor, isto é, com a idéia intuímos
também se a coisa ou essência é verdadeira ou falsa, bela ou feia, boa ou má,
justa ou injusta, possível ou impossível, etc.
O caçador pode ainda estar sem muita certeza se há ou não uma onça nos
arredores e, nesse caso, tomará uma série de atitudes para verificar a
presença ou ausência do felino: pode percorrer trilhas que sabem serem
próprias de onças;
Temos aí um exercício de raciocínio empírico e prático (isto é, um pensamento
que visa a uma ação) e que se assemelha à intuição sensível ou empírica, isto
é, caracteriza-se pela singularidade ou individualidade do sujeito e do objeto do
conhecimento.
dedução consiste em partir de uma verdade já conhecida (seja por intuição,
seja por uma demonstração anterior) e que funciona como um princípio geral
ao qual se subordinam todos os casos que serão demonstrados a partir dela.
Por exemplo, se definirmos o triângulo como uma figura geométrica cujos lados
somados são iguais à soma de dois ângulos retos, dela deduziremos todas as
propriedades de todos os triângulos possíveis.
Por exemplo, estabelecida a verdade da teoria física de Newton, sabemos que:
1) as leis da física são relações dinâmicas de tipo mecânico, isto é, se referem
à relações de força (ação e reação) entre corpos dotados de figura, massa e
grandeza;
Assim, se eu quiser conhecer um ato físico particular - por exemplo, o que
acontecerá com o corpo lançado no espaço por uma nave espacial, ou qual a
velocidade de um projétil lançado de um submarino para atingir um alvo num
tempo determinado, ou qual é o tempo e a velocidade para um certo astro
realizar um movimento de rotação em torno de seu eixo -, aplicarei a esses
casos particulares as leis gerais da física newtoniana e saberei com certeza a
resposta verdadeira.
Com a indução, partimos de casos particulares iguais ou semelhantes e
procuramos a lei geral, a definição geral ou a teoria geral que explica e
subordina todos esses casos particulares.
Com essas duas séries de fatos (vapor e congelamento), descobrimos que os
estados dos líquidos variam (evaporação e solidificação) em decorrência da
temperatura ambiente (calor e frio) e que cada líquido atinge o ponto de
evaporação ou de solidificação em temperaturas diferentes.
Com esses dados podemos formular uma teoria da relação entre os estados da
matéria - sólido, líquido e gasoso - e as variações de temperatura,
estabelecendo uma relação necessária entre o estado de um corpo e a
temperatura ambiente.
abdução O filósofo inglês Peirce considera que, além da dedução e da indução,
a razão discursiva ou raciocínio também se realiza numa terceira modalidade
de inferência, embora esta não seja propriamente demonstrativa.
Chama-se realismo a posição filosófica que afirma a existência objetiva ou em
si da realidade externa como uma realidade racional em si e por si mesma e,
portanto, que afirma a existência da razão objetiva.

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