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CMC&U

UNIVERSIDADE INDEPENDENTE DE ANGOLA

FACULDADE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

DIREITO

A APLICABILIDADE DAS LEIS NO SISTEMA FINANCEIRO


ANGOLANO

PROJECTO DE INVESTIGAÇÃO

LUANDA, 2022
CMC&U

UNIVERSIDADE INDEPENDENTE DE ANGOLA

FACULDADE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

DIREITO

A APLICABILIDADE DAS LEIS NO SISTEMA FINANCEIRO


ANGOLANO

Elaborado por:

Boaventura Passi Timóteo Vanda – B.I N.º: 005737928LA049

Estefânio De Andrade Bravo – B.I N.º: 007215419LA049

Lúcio Anderson Ramos Liebaut – B.I N.º: 003178846LA032

Projecto apresentado à CMC como requisito


para participação efectiva do concurso da II
edição denominado “CMC e as
Universidades” (CMC&U).

LUANDA, 2022
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

RESUMO

Para a materialização da fase final do concurso “CMC e as Universidades” na sua


segunda edição, é apresentado o projecto em questão como requisito para a participação
efectiva no concurso, sob o tema: A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano.

O labor em voga, tem como objectivo primordial descrever a respeito da aplicabilidade


das leis no sistema financeiro angolano sem descurar a compreensão concernente ao sistema
financeiro e a actividade financeira. Sendo o sistema financeiro bastante amplo, a ele é
aplicável um conjunto de leis sobre as quais debruçamos ao longo do trabalho e tendo em
vista essa amplitude do direito do sistema financeira abordamos a respeito do mesmo nas suas
três vertentes: Direito bancário, direito dos valores mobiliários e o direito dos seguros.

Do ponto de vista legislativo o sistema financeiro sofreu uma enorme evolução, dado
que, hoje temos o sistema financeiro regulado, as instituições financeiras e a actividade
financeira supervisionada, fruto da aplicação das leis no sistema financeira.

Palavras-chave: aplicabilidade, leis, sistema financeiro.

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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

ABSTRACT

For the materialisation of the final phase of the contest “CMC and Universities” in this
second edition, the project in question is presented as a requirement for effective participation
in the contest, under the theme: The Applicability of Laws in the Angolan Financial System.

The work in vogue has as its primary objective to escribe the applicability of laws in
the Angolan financial system without neglecting the understanding concerning the financial
system and financial activity. Since the financial system is very broad, a set of laws is applied
to it that we focus on throughout the work and in view of his breadth of law of the financial
system we address it in three aspects: banking law, securities law and insurance law.

From a legislative point of view, the financial system has undergone a huge evolution,
given that today we have the regulated financial system financial institutions and a supervised
financial activity, the result of the application of laws in the financial system.

Key-words: applicability, laws, financial system.

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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

BCA Banco Comércio Angola;

BMF Banco BAI MICROFINANÇAS;

BNI Banco de Negócios Internacional;

BDA Banco de Desenvolvimento de Angola;

BCS Banco de Crédito do Sul, S.A;

BCH Banco Comercial do Huambo;

SBA Standard Bank Angola;

BVB Banco Valor;

FNB First National Bank;

BPG Banco Prestígio;

BOCLB Banco da China Limitada;

BE Banco Económico

BCGA Banco Caixa Geral Angola;

BCI Banco de Comércio e Indústria;

BFA Banco de Fomento Angola;

BMA Banco Millenium Atlântico;

BPC Banco de Poupança e Crédito

CRA Constituição da República de Angola

C.C. Código Civil

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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

ÍNDICE

Introdução…………………………………………………………………………….…pág.8

Objectivos…………………………………………………………………………...……pág.9

Capitulo I – Fundamentação Teórica da Aplicação das Leis no Sistema


Financeiro.pág……………………………………………………………………………….10

1.1.Sistema Financeiro e Actividade Financeira – Breves Considerações…………..… pág.11


1.1.1. Caracterização dos Sistemas Financeiros………………………………….…… pág.12
1.1.2. Sistema Financeiro Angolano……………………………………………….….. pág.13
1.1.2.1. Origem do Sistema Financeiro Angolano……………………………………… pág.14
a) Primeira Fase (1976 – 1997)………………………………………...……… pág.14
b) Segunda Fase (1998 – 2000)………………………………………...……… pág.16
c) Terceira Fase (2000 – 2009)……………………………………...………… pág.17
1.1.2.2. Caracterização do Sistema Financeiro Angolano……………………………… pág.18

Capitulo II – Contexto Histórico da Interpretação, Integração e Aplicação das Normas


Financeiras…………………………………………………………………………… pág.20

2.1. Interpretação……………………………………………………………………… pág.21


2.2. Aplicação da Lei no Tempo……………………………………………………… pág.22
2.3.Conflitos de Leis………………………………………………………………… pág.22
2.4. Lacunas de Leis…………………………………………………………………… pág.22
2.5. Integração………………………………………………………………………… pág.23
2.6. Delimitação Legal do Sistema Financeiro Angolano……………………………… pág.25
2.6.1. Disposições Constitucionais…………………………………………………… pág.25
2.6.2. Sistema Financeiro e a Lei de Base das Instituições Financeiras……………… pág.26

Capitulo III – Esferas Jurídicas Associadas ao Direito Financeiro………...……… pág.31

3.1. Breve História do Direito dos Valores Imobiliários……………………………...…pág.31


3.1.1. Fontes do Direito dos Valores Imobiliários…………………………………….. pág.31
3.1.2. Conceito de Valor Imobiliário e Mercado dos Valores Imobiliários…………… pág.32
3.1.3. Supervisão e Regulação do Mercado dos Valores Imobiliários………...……… pág.32
3.2. A Comissão de Mercado de Capitais……………………………………….……… pág.32
3.2.1. Atribuições……………………………………………………………………… pág.32

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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

3.3. Direito Bancário………………………………………………………………….….pág.33


3.3.1. Círculo Bancário Angolano…………………………………………………….. pág.33
3.3.2. Breve Historial do Direito Bancário Angolano………………………………… pág.37
3.3.3. Sistema de Supervisão Cooperada……………………………………………… pág.36
3.4. Direitos dos Seguros………………………………………………………………...Pág.38
3.4.1. Conceito e Breves Elucidações…………………………………………………..Pág.38
3.4.2. Origem e Evolução do Direito dos Seguros……………………………………..Pág.39
3.4.3. Actividade Seguradora em Angola…………………………………………...… Pág.40
3.5. Regime Jurídico da Actividade Seguradora……………………………………...…Pág.40

Caracterização do Problema…………………………………………………………..Pág.43

Justificativa….………………………………………………………………………….Pág.43

Metodologia……………………………………………………………………………..Pág.44

Hipóteses………………………………………………………………………………...Pág.45

Conclusão…...………………………………………………………………………......Pág.46

Bibliografia……………………………………………………………………………...Pág.47

Anexos e Apêndices………………………………………………………………….…Pág.48

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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

INTRODUÇÃO

O Direito através do conjunto ou sistema de normas, regula diversas áreas da


vida em sociedade, tais como, no âmbito familiar, laboral, ambiental, entre outras e o
mesmo sucede com o sistema financeiro dada a sua importância, bem como, pelos
agentes intervenientes nela, o que nos levou a temática que nos propusemos a abordar.

No presente labor nos propusemos a debruçar concernente A Aplicabilidade


das Leis no Sistema Financeiro Angolano, sistema este que pela sua amplitude exige
do legislador a regulação do mesmo através de um leque bastante diversificado de
normas mas todas elas harmonizadas no seu objectivo de regular o sistema, os agentes e
a actividade financeira. O labor em apreço tem como objectivo, ab initio, elucidar a
respeito do sistema financeiro desde o ponto de vista conceitual e histórico,
compreender a influência portuguesa no sistema financeiro angolano, sem descurar um
breve estudo comparativo com os demais sistemas.

A aplicação das leis obedece a um conjunto de regras que nos permite


compreender o modo de interpretação, integração de lacunas e resolução de conflito
entre as normas e as mesmas regras se aplicam as normas reguladoras do sistema
financeiro. O trabalho desenvolvido orienta-se, a posterior, à diversidade de leis
aplicáveis ao sistema financeiro, onde será destacada a regulação do sistema financeiro
a nível das normas constitucionais e permite desta forma a regulação específica por
meio de diversas leis ordinárias dedicadas ao tema objecto de investigação sem
descurar, sobre os sectores de maior destaque, referidamente o sector bancário, valores
mobiliários e os seguros, onde verifica-se estrutura composta por vasto leque de normas
que regulam as instituições, as actividades, bem como a supervisão de cada sector,
materializada por instituições competentes.

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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

OBJECTIVOS

Geral:

1. Compreender o modo de feitura, aplicação e o cumprimento das leis que


regulam o sistema financeiro angolano;

Específicos:
1. Analisar o funcionamento do mercado financeiro angolano;
2. Descrever as leis que regulam o sistema financeiro angolano;
3. Identificar as fontes de rendimento e crescimento para o sistema financeiro
angolano do ponto de vista da aplicação da lei.

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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

CAPÍTULO I
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA APLICAÇÃO DAS LEIS NO SISTEMA
FINANCEIRO

Quando se fala de aplicação de Leis, se fala de Direito, e quando se fala de Direito, se


fala de uma sociedade composta por instituições e não só, que precisa de orientação, baseada
em regras, princípios para influenciar positivamente no comportamento da mesma. E isto não
é só de modo Geral mas também usa-se de modo específico quando falamos de um sistema
Financeiro Angolano.

Ao aplicar-se uma lei, verifica-se a existência de uma sociedade, mais precisamente


um espaço. Neste caso, é imperioso aqui dizer que o fenómeno de aplicação de Leis não só
deve se preocupar com o espaço, mas também com o tempo, que é um elemento
importantíssimo nessa empreitada da aplicação da lei no Sistema Financeiro. Devido esse
importância cabe-nos falar da aplicação da lei nos dois segmentos. Neste caso Aplicação da
Lei no Tempo, e Aplicação da Lei no tempo.

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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

1.1. Sistema Financeiro e Actividade Financeira – Breves Considerações

A noção de sistema financeiro vem sendo abordada segundo a dicotomia estabelecida


entre o sistema financeiro material e o sistema financeiro formal. O primeiro traduziria uma
perspectiva muito ampla que se limitaria a agregar e a traduzir os elementos de natureza
económica e sociais subjacentes ao conceito, justificando-o num plano antecedente a qual
quer intervenção legislativa; o segundo salientaria a ideia de ser através da intervenção
legislativa que o Estado iria desenhando, no uso das competências reguladoras que lhe são
próprias, a organização que em cada momento pretendesse imprimir no sistema.

Importa igualmente não esquecer que a intervenção estadual do sistema financeiro não
se limita à definição de quem integra, em cada momento, tal sistema, mas vai mais além e
define também as próprias regras do exercício da actividade.

Afigura-se, pois, da maior utilidade a abordagem deste conceito segundo um sentido


objectivo e um sentido subjectivo. Entende-se por sistema financeiro em sentido objectivo o
conjunto de normas, instituições e mecanismos jurídicos que regem a actividade financeira em
geral e em sentido subjectivo o conjunto de instituições, empresas e organizações com
intervenção directa na actividade financeira. A nós interessa-nos abordar a cerca do sistema
financeiro no seu sentido objectivo.

É a actividade Financeira que vai ser objecto do nosso Estudo por agora, suas
características e efeitos. Na verdade Trata-se de uma actividade financeira do Estado que
integra um conjunto de fenómenos de natureza heterogénea, que por se situarem todos no
domínio da actuação e emprego de meios económicos adequados a satisfação de necessidades
Públicas, se identificam como fenómenos económicos. Mas, na base da determinação desses
fenómenos existe uma motivação política e administrativa. Além de elementos económicos e
políticos já referidos, a actividade Financeira comporta um talento jurídico que se prende com
a organização dos Institutos Financeiros, na base de Critérios de justiça cuja realização se faz
por meio de uma equitativa distribuição dos encargos e benefícios dos Serviços Públicos entre
os Cidadãos.

A actividade financeira se caracteriza com as exigências de satisfação das


necessidades económicas de carácter Público e de obtenção de meios indispensáveis à
respectiva cobertura impõem ao Estado, uma actividade económica com características
próprias, a actividade financeira. Destinada a assegurar a satisfação das necessidades

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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

Públicas, a actividade financeira abrange a aquisição de meios económicos, o emprego desses


meios e a coordenação dos meios obtidos e das utilidades a realizar. Possui também 3
dimensões, a citar:

 Dimensão Politica: porque a actividade financeira é desenvolvida no quadro de


uma comunidade politicamente organizada, é o poder político que hierarquiza as
actividades financeiras que podem ser feitas.
 Dimensão Económica: para satisfazer as necessidades públicas o Estado necessita
de poderio económico para poder realizar os seus fins.
 Dimensão Jurídica: Os institutos financeiros, que através dos quais se realizam a
actividade financeira, são estruturados tendo em conta critérios de justiça e de
igualdade.
Caracterização dos Sistemas Financeiros

Os sistemas financeiros compreendem um agrupamento de instituições financeiras que


garantem, fundamentalmente, a transladação dos fundos de poupança para o investimento, por
intermédio da disponibilização dos produtos financeiros no mercado. Estas instituições
desempenham o papel de intermediação entre aforradores e investidores.

Neste sentido, os sistemas financeiros podem ser classificados em sistemas


financeiros centralizados e sistemas financeiros descentralizados1. Podemos ainda distinguir
os sistemas financeiros entre aqueles assentes no sistema bancário, os casos da Alemanha e
França, e os sistemas financeiros dependentes dos mercados de capitais, como os Estados
Unidos da América e o Reino Unido.

No que concerne a composição dos sistemas financeiros, eles são constituídos por
várias instituições, em que fazem parte o Banco Central, além dos bancos comerciais e de
investimento, corretoras de valores, fundos de investimento, fundos de pensão, bolsas de
valores, e companhias de seguro. Contudo, a literatura da área apresenta uma certa tendência
ao colocar os bancos como sendo os representantes legítimos do sistema financeiro.

1
Sistemas financeiros centralizados compreendem o orçamento estatal, regional, local e os
fundos extra-orçamentais. A contrario sensu, os sistemas financeiros descentralizados
compreendem as finanças domésticas, finanças das organizações comerciais e não comerciais.
JÚNIOR, Euri, Sistema dinanceiro e o seu impacto na economia

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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

Sistema Financeiro Angolano

Nos últimos tempos, a República de Angola tem caminhado no sentido de convergir


para a realidade vivida em sociedades económica e socialmente mais maduras. Ao nível do
sector financeiro, esta evolução tem contado com o apoio de uma interveniente chave, o
Fundo Monetário Internacional, que tem vindo a dar continuidade à implementação do
“Programa de Estabilização Macroeconómica” definido em 2018.

Nesta primeira fase o foco está ao nível da regulamentação do sistema financeiro, no


qual o Banco Nacional de Angola (BNA) e a Comissão de Mercado de Capitais (CMC)
desempenham um papel fundamental. Não obstante, os diversos desafios na adaptação à nova
regulamentação, que são acrescidos pelos desafios económicos que o país atravessa, obrigam
a que sejam dados passos de forma gradual.

O principal objectivo destas iniciativas é introduzir as melhores práticas internacionais


em diversas matérias, sendo que ao longo do último ano verificaram-se alterações estruturais
e de extrema relevância. Destaca-se a aprovação da Lei do Regime Geral das Instituições
Financeiras, a qual foi actualizada com as políticas normativas instituídas recentemente,
focados na solvabilidade das instituições e na eficácia do sistema de controlo interno.

Numa segunda fase de desenvolvimento financeiro, é expectável que exista uma maior
abertura do sector ao mercado internacional, a qual terá diversas vertentes. Uma delas está
relacionada com o acesso a novos instrumentos financeiros, os quais passarão a estar
reflectidos no balanço dos Bancos e a ter expressão, à semelhança do crédito a clientes, e das
obrigações de dívida nacional. A este nível já se verificaram os primeiros desenvolvimentos
com a negociação directa e o início de leilões de operações cambiais a prazo e a
perspectivação de entrada em bolsa de algumas empresas. Apesar dos desafios relacionados
com a complexidade destes instrumentos financeiros, os mesmos são uma ferramenta
importante para o processo de gestão de risco, permitindo que as instituições solidifiquem os
seus balanços e se tornem menos expostas a variações de mercado, especialmente cambial e
taxa de juro.

Actualmente, as Instituições apresentam na sua esfera de gestão de risco um peso


significativo associado às hipotecas de imóveis recebidas como garantias nos créditos
concedidos. A lei estabelece os aspectos que deverão ser considerados para a análise da

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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

adequação das avaliações destas garantias, incluindo toda a documentação de suporte que
deverá comprovar a titularidade dos imóveis por parte dos clientes.2

1.1.1.1. Origem e Evolução do Sistema Financeiro Angolano

O sistema financeiro angolano teve a sua origem praticamente em 1865, quando surgiu
o primeiro estabelecimento bancário que começou a funcionar em Agosto do mesmo ano, no
entanto era apenas uma sucursal do Banco Nacional Ultramarino, com o surgimento do
mesmo teve iniciou a actividade bancária. A 14 de Agosto de 1926 foi criado o Banco de
Angola com sede em Lisboa. Até 1957 o banco de Angola deteve o exclusivo comércio
bancário em Angola, até ao surgimento do Banco Comercial de Angola, que era somente de
direito angolano.

Para melhor entendimento da evolução do sistema financeiro os pontos essenciais


foram organizados em três fases:

 Primeira fase de 1976- 1997


 Segunda fase de 1998- 2000
 Terceira fase de 2000- 2009
a) Primeira Fase (1976-1997)

Foi através da Lei nº 67/76, pelo qual foi confiscado o activo e passivo do Banco de
Angola, tendo-se cessado todas as funções relativas a sua actividade na República Popular de
Angola assim sendo, aos 10 de Novembro de 1976 foi criado o Banco Nacional de Angola
(BNA) em todos os seus compromissos internos e externos, nesta mesma lei foi igualmente
aprovada a Lei Orgânica do BNA.

Nos termos da referida lei, o BNA tinha por funções fundamentais as do Banco
Central e função de banco comercial, estando sob a supervisão do Ministério das Finanças, só
através da Lei 4/78 de 25 de Fevereiro é que a actividade bancária passou a ser
exclusivamente exercida pelos bancos do Estado. Na sequência das reformas políticas e
económicas iniciadas no fim da década de 80, princípios da década de 90, a comissão
permanente da assembleia do povo faz aprovar a Lei nº4/91 a 20 de Abril em que no seu
preâmbulo dispõem: “o sistema financeiro que vigorava até a publicação da presente da lei,

2
Cf., VASCONCELOS. Francisco,

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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

assentava, praticamente num único banco BNA no qual se fundiam o exercício das funções
central, comercial e investimentos.

Foi aprovada a nova lei orgânica do BNA, a mesma surgiu em consequência da nova
filosofia económico-financeira nacional que estava reflectida na primeira lei – quadro
reguladora das instituições financeiras a Lei nº5/91 que foi aprovada a 20 de Abril. Em
consequência da reorganização do sistema financeiro, foi aprovada a 11 de Julho a Lei
nº6/97.O novo quadro jurídico entretanto implementado passou a estabelecer:

 A diferença clara entre os mercados monetários, financeiro e cambial, definindo as


suas fronteiras mediante a utilização de meios e instrumentos de pagamentos para o
efeito.
 A instauração no mercado monetário de dois níveis de pagamento: o circuito
primário entre os bancos comerciais (ou agências de BNA em regime de transição)
e os agentes económicos no mercado dos bens e serviços, circuito secundário, isto é
circuito interbancário entre as agências do BNA, em regime de transição.

Neste contexto o quadro legal para a materialização de um sistema financeiro de dois


níveis, passou a apresentar a seguinte estrutura:

 Órgãos de supervisão do sistema: Banco Nacional de Angola (BNA);


 Instituições bancárias: estas abrangiam os bancos comerciais e os bancos de
investimentos e/ ou desenvolvimento;
 Instituições especiais de crédito: cooperativas e caixas de crédito e instituições de
poupança e de crédito imobiliário;
 Instituições para bancárias: Sociedades de investimento, sociedades de capital de
risco, sociedade de locação financeira, sociedades de factoring.

Convém destacar que com base no quadro legal aprovado o Banco Nacional de
Angola, passou a ser consagrado como banco emissor e de reserva, banco dos bancos,
banqueiro do estado, autoridade monetária, coordenador, orientador, e controlador da política
monetária e cambial dos respectivos mercados tendo-lhe assim, consequentemente sido
atribuído a função fundamental de assegurar o equilíbrio monetário interno e a solvabilidade
exterior da nossa moeda como objecto basilar da sua actividade.

O sistema bancário nacional passou então a ser composto para além do Banco
Nacional de Angola por dois bancos comerciais angolanos constituídos sobre a forma de

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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

sociedades anónimas de capitais públicos, o Banco de Poupança e Crédito (BPC, ex. BPA),
e o Banco de Comércio e Indústria (BCI), e três bancos de capitais estrangeiros. Tudo isso
em 1992.

Importa ainda destacar que em 1988 as tentativas de reformas económicas e


institucionais culminaram com a aprovação e implementação do Programa de Saneamento
Económico e Financeiro (SEF).

O SEF foi o primeiro programa de reajustamento da economia e com ele teve início as
primeiras reformas macroeconómicas. O SEF previa o reforço do papel do mercado e da
moeda, a descentralização do poder económico, o redimensionamento do sector empresarial
do Estado e a redução do défice orçamental.

Na perspectiva de reordenar a economia, publicou-se um conjunto de leis, com


objectivo de fazer face as tensões económicas geradas pelo sistema não vigente, que
implantou o SEF, de onde se destaca as seguintes leis:

 Lei n.º 8/88 – Lei sobre os Títulos de Tesouro


 Lei n.º 9/88 – Lei Cambial
 Lei n.º 10/88 – Lei das Privatizações
 Lei n.º 11/88 – Lei das Empresas Púbicas
 Lei n.º 12/88 – Lei da Planificação
 Lei n.º 13/88 – Lei dos Investimentos Estrangeiros

Com o SEF o governo parece ter uma significativa abertura económica e começa a
criar condições para uma recuperação da situação contínua de problemas de balança de
pagamentos e de uma economia desorganizada. Mais tarde, em Agosto de 1990 o governo faz
uma tentativa de reforma complementar do SEF, e cria o Programa de Acção de Governo
(PAG). Ainda na sua obra, Camati afirmou que como consequência, a implantação do
emergente sistema democrático e de economia de mercado foi impedida, o que levou a
“resquícios do antigo sistema de afectação administrativa de recursos, desligado da sua
justificação primeira. A ineficiência de mecanismos de responsabilização, prestação de contas
e de transparência permite a arbitrariedade, e cria dificuldades à gestão eficaz da república”.

b) Segunda Fase (1998-2000)

De 1997-1999 o governo situando-se no percurso das reformas estruturais para o


alcance da construção e estabilidade da economia, colocou mais uma vez a eficiência do

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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

mercado financeiro nacional como elemento decisivo para alcançar esse objectivo, tendo
deliberado na sua 12ª sessão realizada em 26 de Outubro de 1999, que o Banco Nacional de
Angola definisse uma estratégia para evolução do sistema financeiro angolano, uma vez que a
mesma se encontrava relativamente desactualizada e dispersa. Esta desactualização decorria
essencialmente de dois factores:

 A evolução dos mercados monetários, financeiro e cambial e dos respectivos


agentes;
 Os direitos e garantias fundamentais consignados na constituição revista em 1992.

Paralelamente e como consequência das reformas legislativas o Banco Nacional de


Angola submeteu em 1999, um novo quadro legal, para o conjunto de instituições financeiras
que regulasse-se de forma mais sólida o processo de estabelecimento, o exercício da
actividade, a supervisão, o saneamento e aplicações de sanções, as instituições de crédito e
sociedades financeiras, tendo sido aprovada a Lei nº 1/99 aos 23 de Abril. Deste modo, o
quadro legal para o sistema financeiro e sua transparência passou a apresentar a seguinte
estrutura:

 Órgãos de supervisão do Sistema financeiro: Banco Nacional de Angola e


Instituto de Seguros de Angola;
 Instituições de Crédito: Bancos, Cooperativas de Crédito e Sociedades de
Locação Financeira;
 Sociedades Financeiras: Sociedades de Investimento, de capital de risco, de
factoring, de gestoras de património imobiliário, de fundos de investimento, fundos
de pensões, financeiras de corretagem, sociedades imobiliárias, seguradoras e casas
de câmbio.

A actividade seguradora embora seja parte integrante do sistema financeiro e devido a


sua especificidade é regulada por lei própria e tutelada pelo Ministério das Finanças.

c) Terceira Fase (2000-2009)

Neste período, o desenvolvimento do mercado financeiro angolano registou


consecutivas alterações com vista a sua modernização e adequação aos padrões financeiros
internacionais e também a necessidade de dar respostas as exigências que caracterizam o
dinamismo da economia de mercado. No âmbito da evolução dos diversos mercados do

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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

sistema financeiro de Angola foi instituído o sistema de pagamento de Angola (SPA), com o
intuito de supervisionar e regular o sistema de pagamentos interbancário.

Para além da harmonização do sector financeiro nacional com os padrões


internacionais de referência do sector, tem sido mobilizados um conjunto de acções
multissectoriais com vista a integração regional nos vários domínios do sector financeiro em
particular do domínio da modernização do sistema financeiro nomeadamente o bancário,
resultante da integração do estado angolano não só na organização da SADC mas como em
outras organizações.

No domínio dos mercados esteve em curso um conjunto de acções tendentes a criação


do quadro legal específico para instituições financeiras, com vista a adequá-los aos princípios
actualmente consagrados. Assim como também abertura da Bolsa de Valores de Angola. É
importante no entanto ressaltar que este panorama actual do sistema financeiro angolano
continua em mutação constante.

1.1.1.2. Caracterização do Sistema Financeiro Angolano.

Formulados os conceitos genéricos, é lícito pôr a questão de saber se eles cabem nos
quadros da lei angolana, ou seja, se nela se pode encontrar reflexo das considerações gerais
feitas nos parágrafos supracitados. O sistema financeiro angolano tem manifestado, ao longo
do tempo, um dinamismo digno de nota, ao afirmar-se, cada vez mais, como um importante
factor de evolução económica. O seu contributo para a consolidação do desenvolvimento
sustentado que se deseja para todo o tecido social é inquestionável.

Esse mesmo dinamismo também se tem feito sentir ao nível da produção legislativa,
cujas concretizações não têm deixado de acompanhar as tendências evolutivas que se fazem
sentir no seio da actividade financeira, em especial na estruturação de veículos de
investimento, financiamentos bancários e constituição de garantias (mobiliárias e
imobiliárias). O nosso sistema financeiro é um dos pilares do desenvolvimento
socioeconómico nacional, sendo que de um lado temos as empresas que optam por
determinados projectos de investimento e forma de assegurar o respectivo financiamento e,
por outro, os consumidores que tomam decisões sobre a afectação do seu rendimento
disponível entre poupança e consumo.

No nível mais amplo, o sistema financeiro é composto por diversas instituições


financeiras que ajudam a coordenar poupadores e tomadores de empréstimos, transferindo os

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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

recursos escassos da economia dos poupadores (os que gastam menos do que ganham) para os
tomadores de empréstimos (pessoas que gastam mais do que ganham). Os poupadores
fornecem os seus recursos ao sistema financeiro com a esperança de que lhes sejam
devolvidos, mais tarde, com juros. Os tomadores recorrem ao sistema financeiro sabendo que
terão de pagar o empréstimo e os juros mais adiante.

O actual sistema financeiro angolano é conhecido como um sistema de dois níveis, em


que o primeiro é preenchido pelo Banco Nacional de Angola enquanto Banco Central, e o
segundo por uma série de instituições que desempenham a sua actividade no domínio
comercial e de investimentos. Destarte, faces as suas características, podemos identificar três
seguimentos, o bancário (que aceita depósitos e concede empréstimos), o segurador (que
garante um pagamento em caso de ocorrência de uma determinada contingência) e o
financeiro (permite o acesso directo ao mercado).

Todavia, os limites entre estes seguimentos estão a fechar-se devido a o processo de


integração de natureza tecnológica, funcional e geográfica. No entanto, o sistema financeiro
angolano ainda é bastante fraco, embora haja importantes reformas e acomodações que foram
sendo introduzidas, com a intenção de fortificar as suas bases de funcionamento. No entanto,
o quadro macroeconómico tem ficado marcado por importantes progressos e retrocessos no
domínio da estabilidade económica manifestado pela desaceleração do nível geral dos preços
e pela estabilização da moeda nacional.

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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

CAPÍTULO II
CONTEXTO HISTÓRICO DA INTERPRETAÇÃO, INTEGRAÇÃO E
APLICABILIDADE DAS NORMAS FINANCEIRAS

A partir do século XVIII, sob a protecção de Direito Natural, o pensamento jurídico


encaminhou-se no sentido da total positivação do Direito. Entretanto, somente no século XIX
o estabelecimento do Direito, mediante legislação, tornou-se uma rotina dos Estados, e isso
foi algo inédito no momento que se manifestou a modificação do Direito. A matéria do antigo
Direito foi reelaborada, codificada e colocada na forma de leis escritas, e isso não só devido a
prática do seu uso já nos tribunais, e a facilidade de sua aplicação, mas também para
caracteriza-la como estatuída, modificável e de vigência condicionada.

O Desenvolvimento social em direcção a complexidade mais elevada provocou, no


âmbito do Direito, a ocorrência de três fenómenos a saber:

a) A positivação do Direito e a sua transformação em instrumento de gestão social;


b) A expansão dos conteúdos de Direitos pelo aumento constante do volume de
instrumentos normativos: Leis, Decretos, princípios, entre outros;
c) A intensa Mutabilidade do Direito, pelas rápidas transformações sofridas pelo
conteúdo dos instrumentos normativos.

Estes Fenómenos intensificaram a criação de mecanismos de interpretação mais


sofisticados, capazes de uma elasticidade conceitual e interpretativa para:

a) Abranger situações não previstas pelas normas;


b) Captar o real sentido e alcance do texto normativo em sintonia com a política
global do Estado;
c) Elaborar a subsunção do facto a norma tendo em vista a decisão do conflito com
um mínimo de perturbação social.

Assim, a positividade do Direito e a preocupação em fundar uma teoria de


interpretação são fenómenos relacionados que surgem no seculo XIX.Neste período a
Interpretação deixa de ser apenas uma questão técnica da actividade do jurista, passando a ser
objecto de reflexão, tendo em vista construção de uma teoria de interpretação contraposta a
teoria do Direito natural.3

3
Cf., CAMARGO, Margarida Licombe, Interpretação e Argumentação, Editora: Renovar, 1999, p.

20
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

2.1. Interpretação

A palavra interpretar possui amplo alcance, não se limitando a dogmática jurídica, ou


seja é o acto de explicar o sentido de alguma coisa, é nada mais do que revelar o significado
de uma expressão verbal artística ou constituída por um objecto, atitude ou gesto. Em síntese,
de modo geral a interpretação é usar todos recursos necessários para descodificar algo
codificado.

Como objecto geral cultural, o Direito encerra significados, interpretar o Direito


representa revelar o seu sentido e alcance. A lei que concede férias anuais ao trabalhar
pretende alcançar a finalidade de proteger e de beneficiar a sua saúde Física e mental,
outrossim é fixar o alcance das normas jurídicas: significa delimitar o seu campo de
incidências.

Interpretação é uma ciência que consiste em estabelecer simultânea ou


consecutivamente uma comunicação verbal ou não verbal entre duas partes. É um termo
ambíguo, tanto podendo referir-se ao processo quanto ao seu resultado; concretamente
interpretar, é desmitificar, clarificar, facilitar o entendimento de algo que carece de uma
interpretação.

Juridicamente diz-se que interpretação é o processo de atribuição de sentido aos


enunciados de texto, leis ou normas jurídicas visando a resolução de um caso em concreto.
Elas obedecem as seguintes formas:

 Literal ou gramatical: Verifica-se o pensamento da lei e não do legislador, faz-se


uma interpretação ao PÉ da letra;
 Histórico Sociólogo: Verifica-se as razões que inspiram a sua edição isto é, os
motivos, históricos e sociais que levaram a criação das leis;
 Teleológico: Verifica-se a finalidade da lei;
 Extensiva: Verifica-se quando o legislador diz menos do que queria dizer;
 Restrita: Verifica-se quando o legislador diz menos do que queria dizer;4

Em suma, a Interpretação das leis para o sistema Financeiro, obedece o princípio da


interpretação de modo geral do Direito. Isto é obedecer aos ditames que o Código Civil no seu
artigo 9.º consagra.

4
Www.InfoEscola.com

21
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

2.2. Aplicação da lei no tempo

A lei começa a envelhecer desde o instante do seu nascimento. Durante a sua


existência, por critérios hermenêuticos, a doutrina concilia o texto com os novos factos,
aspirações colectivas. Chega um momento, porém, em que a lei se revela inadequada para
adaptar as novas realidades e torna-se um imperativo a substituição de uma lei por outra.

O acto legislativo nasce em um dado momento e, naturalmente ambiciona reger


situações de facto que venham a ocorrer depois da sua génese. Numa perspectiva muito
simplista, pode, pois dizer-se que toda lei dispõe para o futuro, não podendo nem devendo ser
aplicada a realidades materiais anteriores a sua feitura.

2.3. Conflito de leis

O sistema jurídico deve ser uno, ter completude e sem contradições. No entanto,
existem situação em que ocorrem conflitos entre as leis. A oposição que ocorre entre duas
normas contraditória, emanadas de autoridades competentes num mesmo âmbito normativo
que colocam o sujeito numa posição insustentável pela ausência ou inconsistência de critérios
aptos a permitir-lhes uma saída nos quadros de ordenamento dado. A questão fundamental
gira em torno da seguinte indagação: Qual a lei aplicável?

Quanto ao critério que se utiliza para que se usa, via de regra são os seguintes critérios:

 Critério hierárquico (norma superior revoga norma inferior),


 Critério cronológico (lei posterior revoga lei anterior),
 Critério da especialidade (norma especial revoga norma geral),
2.4. Lacunas de Lei

Compreende-se a presente figura como sendo a carência de disposição normativa, por


parte do ordenamento jurídico, susceptível de dar resposta a uma situação da vida social que
observa por solução jurídica. É um dado fornecido pela experiência que as leis, por mais bem
planejadas, não logram disciplinar toda a grande variedade de acontecimentos sociais, visto
que, a dinâmica da vida cria sempre novas situações, estabelece outros rumos e improvisa
circunstâncias, reflectindo a grande ligação entre o carácter estático do direito e a natureza
dinâmica da sociedade.

A despeito, para averiguação da presença de lacuna no instrumento regulador, atenta-


se à determinação de se tratar de uma situação cujo vazio reside no ordenamento ou jurídico

22
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

ou se o caso a ser regulado demanda de intervenção de esfera diferente: moral, religiosa ou de


trato social.

As lacunas, podem reflectir-se no ordenamento jurídico encorpando diversas espécies,


num polo poderão ser voluntárias, onde a inexistência de disciplina jurídica é desejada pelo
legislador produzindo um silêncio eloquente da lei, ou involuntárias, onde o legislador não
previu o caso que reclama solução jurídica e, por isso, não elaborou a correspondência lei ao
passo que, num diferente polo poder-se-á verificar lacunas da lei derivadas do direito
legislado e podendo contorcer-se em manifestas ou patentes em que a lei não contem
nenhuma norma jurídica, embora, segundo a sua própria teologia, a devesse possuir, ocultas
ou latentes na qual a lei contem uma norma jurídica aplicável a uma certa categoria de casos,
mas não considerou situações especiais que constituem uma “subcategoria” a que não deve
aplicar-se ou, quiçá, de colisão, notórias quando várias normas jurídicas contraditórias
disciplinam uma determinada situação e, na falta de um critério que afaste o conflito,
nenhuma se aplica tornando desocupado aquele espaço jurídico à primeira vista duplamente
ocupado. Ainda neste último polo, o ordenamento arrisca-se a apresentar lacunas oriundas do
direito emergentes no âmbito mais alargado do ordenamento jurídico que, não constituindo
um sistema fechado, mas aberto e sujeito a uma evolução contínua, é susceptível de ser
lacunoso.

Quanto ao tempo, as lacunas podem compor-se nas seguintes:

 Iniciais: podem ser conhecidas ou lacunas voluntárias, ou ignoradas lacunas


involuntárias pelo legislador. Nas primeiras, este não quis resolver a questão e
preferiu abandonar a sua solução à jurisprudência. Nas segundas, legislador não
teve conhecimento da situação ou pensou erradamente que já estava disciplinada;
 Posteriores: resultam de novas questões que, surgindo em consequência da
evolução técnica ou económica, determinam a não aplicação duma lei que, e se
tornou inadequada.

No que concerne à estrutura da norma jurídica apresentar-se-ão resultantes de


previsão: traduzindo a ausência de previsão de uma determinada situação de facto ou,
também, de estatuição verificadas na ausência de consequências que o direito atribui à
verificação duma situação de facto.

2.5. Integração

23
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

Diante do indubitável risco de surgimento da figura acima exposta, o ordenamento


apresenta na sua robusta estrutura mecanismo apto ao certame às lacunas. Desta forma, é
necessário trazer-se à baila o artifício da integração.

A integração reflecte um processo de preenchimento de lacunas patentes na lei por


intermédio de elementos fornecidos por princípios jurídicos ou pela própria legislação,
executando lógicos juízos de valor praticados pela actividade intelectual destinada a encontrar
a solução jurídica para uma lacuna. Fazendo uso dos pensamentos instruídos pela complexa
doutrina, a integração distingue-se em duas vertentes distintas, designadamente: a auto-
integração¸ manifestada por meio do aproveitamento de elementos do próprio ordenamento e
a hétero-integração que praticada com o recurso de normas alheias à estrutura apresentada
pela legislação, como é a hipótese, por exemplo, do uso de regras estrangeiras.

O ordenamento pátrio apresenta-se dotado de mecanismos aptos ao procedimento de


integração, expondo entrelinhas do artigo 10º do Código Civil: a analogia e a norma ad hoc.

A analogia desenvolve o princípio lógico ubi eadem ratio ibi eadem legis dispositio
esse debet (onde há a mesma razão, deve-se aplicar a mesma disposição legal), representado o
tratamento de hipótese não prevista pelo legislador, mediante aplicação de solução concebida
para hipótese fundamentalmente semelhante à não prevista, destaca-se que o accionar deste
mecanismo condiz com o exercício desenvolvido pelo intérprete de identificar, no sistema
jurídico a que está adstrito, o cenário exposto pelo legislador cuja estrutura se assemelhe, de
forma fundamental e não acidental, com a hipótese em concreto, tendo como directriz a
profunda percepção e ética do aplicador do direito, afastando um puro acto autómato. Desta
forma, a analogia tem o seu fundamento na necessidade que o legislador possui de dar
harmonia e coerência ao sistema jurídico.

Dentro da analogia constatam-se duas espécies, notadamente: analogia de legis,


enraizada no zarpar de uma norma jurídica concreta, purificando a sua ideia fundamental
através do saneamento de elementos não essenciais incapazes de viciar a essência da norma, e
posterior acostar, aos casos lacunosos. É considerada por boa parte da doutrina como sendo a
analogia propriamente dita, e a analogia iuris, concebida pela aplicação de um princípio geral
de direito induzido por um vasto aglomerado de normas jurídicas, que após dedução recaíra
sobre o caso lacunoso, compondo para muitos a analogia na sua forma mais ampla ou geral.

24
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

No tocante às lacunas em que o recurso à analogia apresenta-se condicionado pela


incapacidade de ampliação da norma, gerando insuficiência para descobrir e fundamentar a
decisão procurada, o Código Civil do ordenamento pátrio determina no seu artigo 10º n.º3
que, a sua integração se observe mediante preceito normativo fruto da criatividade do
intérprete embebido pela essência do sistema, norma ad hoc.

A referida essência enraizada nesta figura orienta a um balanceamento da sensibilidade


do intérprete e dos valores jurídicos patentes na comunidade em prol, de um acerado limite da
sua liberdade impedindo, assim, o sentimento jurídico e arbítrio. Com efeito, a essência do
sistema é definida pelos princípios gerais do direito que, assim, guiam o intérprete na sua
função de completar, harmónica e coercivamente, a obra legislativa.

Destarte, a norma resultante da criação do intérprete se vai aplicar e findar no caso


concreto, ou seja, não se mostra possuidora de força vinculativa para casos ainda não
ocorridos e, consequentemente para manuseamento por parte de diferentes julgadores.

2.6. Delimitação Legal do Sistema Financeiro Angolano


2.6.1. Disposições Constitucionais

O sistema financeiro angolano vem sofrendo uma profunda transformação que implica
não só uma maior operacionalidade do sistema, como também uma maior diversidade das
operações a serem desenvolvidas pela actividade financeira, procurando-se assim satisfazer os
desafios de uma economia em constante mudança. Nestes termos, a noção de “Sistema
Financeiro e Fiscal” encontra-se referida no Constituição da República de Angola (CRA), no
Título III (Organização Económica, Financeira e Fiscal), no Capítulo II (Sistema Financeiro e
Fiscal). Aí, o artigo 99° Estabelece que o “sistema financeiro é organizado de forma a garantir
a formação, a captação, a capitalização e a segurança das poupanças, assim como a
mobilização e a aplicação dos recursos financeiros necessários ao desenvolvimento
económico e sócia. Está aqui iminente o objectivo pragmático e a ideia estrutural da
constituição económica angolana.

Este novo entendimento constitucional vem confirmar o sistema financeiro como


motor do crescimento económico e desenvolvimento sustentável, assente na economia de
mercado, na livre iniciativa económica e empresarial e no papel coordenador do Estado na
economia, nos termos do artigo 89° da CRA. Todavia, a disposição do artigo 99° da CRA, do
ponto de vista do Dr. Euri Júnior parece insatisfatória, (por defeito ou laconismo...), o

25
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

mesmo, refere-se, ao que se denomina “sector financeiro” e abrange todas as instituições e


mercados relevantes para a vida financeira. A Constituição Económica andou mal pois, é
necessário distinguir, sector financeiro da economia e sistema financeiro, que corresponderá
ao âmbito de aplicação da Lei das Instituições Financeiras, para além do órgão da
Administração Pública, competentes para a supervisão e regulação.

Face ao Direito escrito angolano actual, afigura-se-nos, todavia, legítimo e útil


reservar a denominação de sistema financeiro, para, em sentido mais restrito, designar o
conjunto de entidades reguladas hoje pela Lei de Base das Instituições Financeiras (LBIF), e
os órgãos da Administração Pública que sobre elas exercem autoridade, tutela, controle e
supervisão. Dada importância do sistema financeiro, desde o ponto de vista da protecção
geral, existem instituições e mecanismos legais que visam “cuidar de que a actividade
bancária e financeira no geral constitua um verdadeiro motor de desenvolvimento económico
e um factor de credibilidade externa dos países, para além de salvaguardar as condições
adequadas de funcionamento dos mercados monetário, financeiro e cambial, bem como
proteger os interesses dos depositantes, investidores e demais credores”.

Ao falar de sistema financeiro o legislador quis abarcar este sistema, tanto do ponto de
vista subjectivo, que compreende as entidades e instituições que intervêm na actividade
financeira, como do ponto de vista objectivo, querendo-se então significar ou aludir o
conjunto de normas, institutos e mecanismos jurídicos reguladores dessa actividade.

2.6.2. Sistema Financeiro e a Lei de Base das Instituições Financeiras

O sistema financeiro é regulado por lei que determina como deve organizar-se, quais
os meios, procedimentos e métodos de funcionamento e ainda a sua sujeição a procedimentos
de fiscalização e de supervisão.

A lei que enquadra o sistema financeiro angolano é a Lei de Base das Instituições
Financeiras, Lei n.º 12/15, de 17 de Junho, que dita que o estabelecimento, o exercício da
actividade, a supervisão e o saneamento das instituições financeiras prevendo e estatuindo,
um modelo tripartido de supervisão financeira, a ser exercido pelo Banco Nacional de
Angola (BNA), Organismo de Supervisão do Mercado de Valores Mobiliários, Agência
Angolana de Regulação e Supervisão de Seguro (ARSEG).

Abinitio, para maior compreensão do nosso actual debate, devemos entender o que são
instituições financeiras?

26
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

São instituições financeiras os intermediários financeiros monetários, isto é, as


instituições cuja actividade profissional nuclear e típica, tal como resulta da lei e dos
estatutos, consiste em receber do público depósitos ou outros fundos reembolsáveis
(numerário, valores para cobrança), a fim de os aplicarem por conta própria mediante a
concessão de crédito, tendo em vista um fim globalmente lucrativo. A lei angolana optou,
pois, pela aplicação cumulativa dos créditos, da recepção de depósitos e da concessão de
crédito, sendo o primeiro exclusivo da banca, Instituições Financeiras (IF) por excelência.

Neste apanágio, o sistema financeiro é constituído por instituições financeiras


bancárias e instituições financeiras não bancarias. Nos termos do número 2 do artigo 4° da
Lei 12/15 de 17 de Junho, Lei de Base das Instituições Financeiras (LBIF) são instituições
Financeiras Bancárias: os bancos e as instituições de microfinanças. Destarte, entenda-se
como bancos nos termos desta lei como sendo “empresas cuja actividade principal consiste
em receber do público depósitos ou outros fundos reembolsáveis, a fim de aplicar por conta
própria, mediante concessão de crédito”.

Assim, só as instituições financeiras bancárias cabem o exercício da actividade de


recepção do público, de depósitos ou outros fundos reembolsáveis. Tais entidades
desenvolvem uma actividade de intermediação que consiste tradicionalmente na captação de
poupanças monetárias do público em geral, “maxime” as famílias (sob forma de depósitos ou
outros fundos reembolsáveis), e na respectiva transferência por conta própria para outros
agentes económicos, “maxime” as empresas (sob forma de concessão de crédito,
financiamento, garantias, ou outros instrumentos), dito de outra forma, uma função de
intermediação creditícia, caracterizada pela interposição entre os agentes excedentários
(depositantes) e agentes deficitários (empresas carecidas de crédito).

Já as instituições de microfinanças são instituições financeiras bancárias cujo objecto


principal é a captação de pequenos depósitos e concessão de microcrédito, nos termos do
número 15 do artigo 2° da LBIF.

Face ao contexto angolano e a luz das leis que regem o sistema financeiro angolano, a
LBIF, limita a expansão das instituições financeiras monetária, albergando, tão-somente, os
bancos e as instituições de microfinanças, qualquer que seja a sua espécie. Portanto, para nós,
as Caixas económicas, cooperativas de crédito e as sociedades de locação financeira, são
instituições financeiras não monetárias, conforme o preceituado no artigo 7.º da Lei de Base
das Instituições Financeiras. As primeiras “são instituições financeiras não monetárias

27
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

autorizadas a receber depósitos, mas sofrem restrições legais quanto á prática de certos
tipos de operações, em particular as de crédito activo”. Já as cooperativas de crédito, são
instituições financeiras não monetárias e têm essencialmente por objecto a recolha de depósito
dos seus associados e exercício de funções de crédito em favor dos mesmos, tendo quase
sempre e para o funcionarem melhor, âmbito local e as operações que lhes são permitidas
estão sujeitas a certas restrições. As Sociedades de locação financeira, são igualmente
instituições financeiras não monetárias que têm por objecto o exclusivo exercício de
actividade de locação financeira.

Voltando às instituições financeiras bancárias ou monetárias, as mesmas podem


efectuar as seguintes operações:

a) Receber do público depósitos ou outros fundos reembolsáveis;


b) Compromissos, bem como locação financeira e cessão financeira ou factoring;
c) Serviços de pagamento;
d) Emissão e gestão de outros meios de pagamento, tais como cheques em suporte de
papel, cheques de viagem em suporte de papel e cartas de credito;
e) Realizar serviços e actividades de investimentos em valores mobiliários e
instrumentos derivados;
f) Actuação no mercado intercambiário;
g) Consultoria das empresas em matéria de estrutura de capital, estratégia de
empresas e questões conexas;
h) Operações de pedras e metais preciosos;
i) Tomada de participações no capital da sociedade;
j) Mediação de seguros;
k) Prestação de informações comerciais;
l) Aluguer de cofres e guarda de valores;
m) Locação de bens móveis, nos termos permitidos às sociedades de locação
financeira;
n) Emissão de moedas electrónicas;
o) Outras operações análogas e que a lei não proíba.

Compete ao BNA estabelecer, por aviso, o capital mínimo das instituições financeiras
bancárias e a forma de realização do mesmo, sendo que o seu capital mínimo deve estar
subscrito e realizado. A constituição destas instituições financeiras depende de autorização do

28
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

BNA que estabelece os critérios e procedimentos para a constituição das instituições


bancárias, nos termos do número 1 do artigo 18° da LBIF.

No que diz respeito a supervisão e orientação do mercado monetário e cambial, cabe


de igual modo ao BNA. Noutro polo, a LBIF qualifica ainda de IF certas entidades
qualificadas como para bancárias ou não bancárias, que não enquadram no conceito legal de
IF, uma vez que estamos perante instituições às quais está vedada a recepção de depósitos por
parte do público.

Neste particular, tais entidades, sendo intermediários financeiros não monetários,


aproximar-se-iam mais das sociedades financeiras. A sua tipificação formal como IF, mesmo
se não respeitam todos os requisitos destas, advém de um certo pragmatismo: visa-se deste
modo que estas entidades beneficiem, sem mais delongas, do passaporte financeiro
internacional, invocando a sua qualidade de IF.

Não podendo receber depósitos, estas IF financiam-se por outros meios previstos por
lei (v. gremissão de obrigações, empréstimos, acesso ao mercado monetário interbancário) ou,
em certos casos, por meios possibilitados por autorização do Ministro das Finanças.

Nos termos do número 14 do artigo 2° da LBIF, instituições financeiras não


bancárias são as empresas que não sejam instituições financeiras bancárias, cuja actividade
consista em exercer uma ou mais actividades.

Neste sentido, e de acordo com a Lei 12/15, as instituições financeiras não bancárias
por sua vez subdividem-se em instituições ligadas a actividade seguradora e providência
social, as quais estão sujeitas à jurisditio do Instituto de Supervisão de Seguros de Angola,
instituição financeira não bancárias ligadas à moeda e crédito, sujeitas a jurisdição do BNA e
instituições financeiras não bancárias ligadas ao mercado de capitais, sujeitas a jurisditio do
Organismo de Supervisão do Mercado de Valores Mobiliários.

Nos termos do número 1 do artigo 7° da LBIF, as entidades sujeitas a supervisão e


regulação.

Cabe aos organismos de supervisão estabelecer o capital mínimo das instituições


financeiras não bancárias e a natureza dos bens com que o mesmo pode ser realizado. A
constituição das mesmas, depende da autorização a conceder, caso a caso, pelo organismo de
supervisão competente.

29
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

No que respeita a regulação do sistema financeiro, continua a se impor um esforço do


Banco Central no sentido de continuar a efectivar a estabilidade de um sector com muito peso
na economia, sendo a necessidade de um conjunto actualizado de normas de regulamentação
relativa ao sistema de pagamentos, governação corporativa, controlo interno e auditoria
externa, que visam exactamente o desenvolvimento regulamentar do sistema financeiro.

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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

CAPÍTULO III
ESFERAS JURÍDICAS ASSOCIADAS AO DIREITO FINANCEIRO

3.1. Breve História do Direito dos Valores Mobiliários

Por razões históricas, Angola sofreu grande influência de Portugal, cuja presença teve
início no século XV, e do qual foi colónia até ao século XX. O Direito financeiro angolano é,
por isso, tributário do Direito financeiro da antiga metrópole. O Direito dos valores
mobiliários em Portugal é um ramo jurídico relativamente recente, no qual é possível
destrinçar três fases: o período de gestação britânica, o norte-americano e o de
harmonização europeia. Este ramo de direito surgiu como resposta à necessidade de
desenvolver a intermediação financeira e a actividade das bolsas e, ainda, à emergência das
sociedades anónimas com uma dispersão de titularidade accionista.

Angola recebeu uma importante influência portuguesa em vários sectores, entre os


quais no domínio jurídico. O quadro legal angolano no que respeita aos valores mobiliários é,
também ele, muito recente, sendo possível assinalar o ano de 2005 em que surgiram as Leis
n.º 12/05, de 23 de Setembro (LVM), revogada pela Lei nº 22/15 de 31 de Agosto que Aprova
o Código dos Valores Mobiliários e a n.º 13/05, de 30 de Setembro, Lei das Instituições
Financeiras (LIF) revogadas pela nº 12/2015 de 17 de Junho (Lei de Bases das Instituições
Financeiras). Em 2013 veio à luz do dia o Decreto Presidencial n.º 54/13, de 6 de Junho, que
aprova o Estatuto Orgânico da Comissão de Mercados de Capitais (ECMC), sendo o marco
muito importante na história da regulação e supervisão do mercado dos valores mobiliários
em Angola.

3.1.1. Fontes do Direito dos Valores Mobiliários

São fontes do Direito dos valores mobiliários a Constituição da República de Angola,


em especial os artigos 89º, n.º 1, 93º, n.º 2 e 99º. A nível internacional regem os protocolos e
outros acordos bilaterais ou plurilaterais celebrados ou subscritos por Angola. Ao nível infra
Constitucional, encontra-se a LBIF, o CODVM (Lei 22/15), o ECMC, e a Carta dos
Princípios Sobre Regulação e a nível infra legal, refiram-se ainda os actos quase normativos,
ou Soft Law, caracterizados por se tratar de actos não normativos que, consequentemente, não
são vinculativos, mas representam recomendações ou interpretações que influenciam a
conduta dos operadores no mercado. São ainda fontes de direito a doutrina e a jurisprudência,
embora quanto a esta última ainda não se conheçam decisões.

31
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

3.1.2. Conceito de Valor Mobiliário e Mercado dos Valores Mobiliários

O CODVM define valores mobiliários como sendo acções, obrigações, unidades de


participação em organismos de investimento colectivo debêntures, títulos de participação,
quotas em instituições de investimento colectivo e direito à subscrição de todos eles, ou outros
emitidos em forma massiva e livremente negociáveis que conferem aos seus titulares direitos
creditícios, patrimoniais, ou direitos de participação no capital, património ou benefícios do
emissor. Prevê-se ainda a equiparação a valores mobiliários dos instrumentos ou activos
financeiros derivados, bem como os contractos futuros, opções e outros derivativos.

Supervisão e Regulação do Mercado dos Valores Mobiliários

Em Angola, tendo em conta o Programa de Modernização das Finanças Públicas, no


qual se definiu a necessidade de introdução, regulação e desenvolvimento do mercado de
capitais, que o mercado de valores mobiliários, enquanto mecanismo de canalização directa
de recursos constitui uma alternativa de financiamento adicional às actividades de
intermediação financeira e que a crescente internacionalização e globalização da economia
exige que se reforce o princípio da transparência na informação e nas operações empresariais
que se realizam no país, foi aprovada em 2005 a LVM, que visa regular os actos e operações
com valores mobiliários, promover o desenvolvimento ordenado e a transparência do mercado
de capitais, assim como a adequada protecção do investidor, com aplicação no território
nacional angolano

3.2. A Comissão do Mercado de Capitais

A CMC é uma pessoa colectiva de direito público, com autonomia patrimonial,


administrativa e financeira, e actua de forma independente na prossecução das suas
atribuições, sem prejuízo dos mecanismos de controlo previstos na lei. Enquanto pessoa
colectiva de direito público integra a Administração indirecta do Estado. Apesar de a CMC
não ser uma pessoa jurídica independente, é uma pessoa jurídica autónoma, quer
funcionalmente, quer patrimonial, administrativa e financeiramente.

A CMC está sediada em Luanda, mas exerce a sua actividade em todo o território
nacional. A CMC é superintendida pelo Presidente da República e tutelada pelo Ministro das
Finanças. Qualquer uma destas relações intersubjectivas está limitada ao que a o ECMC e a
LVM prevêem. No âmbito da superintendência definem-se os objectivos e orienta-se a
actuação da CMC, enquanto a tutela exerce um controlo que pode ser de legalidade ou de

32
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

mérito. O regime jurídico da CMC consta do ECMC, Do CODVM e do seu regulamento


interno, sendo subsidiariamente aplicável o regime jurídico e financeiro das entidades
pertencentes ao sector empresarial público, desde que compatível com aqueles regimes.

3.2.1. Atribuições

A CMC tem como atribuições a regulação, a supervisão, a fiscalização e a promoção


do mercado de capitais, bem como das actividades de todos os operadores que, directa ou
indirectamente, ali intervenham, com o intuito de proteger os investidores, assegurar a
eficiência, o funcionamento regular e a transparência do mercado de capitais e evitar o risco
sistémico. Complementarmente, a CMC tem ainda o dever de assessorar o Executivo e o
Ministro das Finanças em todas as matérias relacionadas com o mercado de capitais.

3.3. Direito Bancário


3.3.1. Círculo Bancário Angolano

É notória a influência exercida pelo sistema bancário sobre a ampla esfera económico-
financeira. Ocupante de lugar de destaque, o sistema bancário dota de arsenal normativo
capaz de vincular diversas instituições, tendo como intenção a permanência de solicitação do
presente sistema. Deste modo, o presente capítulo gravitará em torno da elucidação da
influência legislativa exercida, ao longo do inevitável desenrolar espácio-temporal, pelo vasto
leque de diplomas legais determinantes do papel desempenhado pelo Banco Nacional de
Angola. Considerado a “viga mestra” do sistema bancário, tendo como atribuições a
supervisão e regulação das operações típicas do sistema financeiro e evitar que a economia
acumule um stock de dívidas excessivas e ingeríreis (pensamento apresentado por George
Cooper5) enroupando as vestes de “autoridade de supervisão financeira”6.

3.3.2. Breve Historial do Direito Bancário Angolano

Angola, em tempos remoto demonstrou relações mercantis por intermédio de


equivalência de moeda como o zimbo e diversos bens, cujo valor pecuniário foi atribuído pela
sociedade, servindo de elemento de troca na relação mercantil e monetária. Resultante do
vínculo colonial estabelecido com Império Português, outrora administrador dos recursos
pátrios, institucionalizou-se o primeiro Banco em Angola (sucursal do Banco Nacional
5
Cf., COOPER, George, in Origem das Crises Financeiras, Bancos Centrais, Bolhas de Crédito e o Mito do
Mercado Eficiente”, Lua de Papel, Alfragide, 2009, p. 274
6
Cf. SILVA, Valter Filipe da, in O Banco Nacional de Angola e a Crise Financeira, Mayamba Editora, 2012,
Luanda,

33
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

Ultramarino), em 1865, adoptando natureza híbrida de banco central e comercial, visto que,
emitia notas, recebia depósitos e concedia créditos. Em período embrionário do século XX,
instalou-se uma crise que se verificou na emissão monetária na colónia7, tal facto apresenta-se
na base da constituição da Junta de Moeda que teve como resultado a constituição do Banco
de Angola8, instituição emissora e independente, sediada em Lisboa, augurando uma
fiscalização mais eficaz e directa a ser efectuada pelo Ministro das Colónias da então
República Portuguesa.

Em 1957 emerge, o pioneiro dos bancos de direito angolano na era colonial, o Banco
Comercial de Angola, desbravando o caminho para o acréscimo de quatro bancos comerciais
ao sistema económico-financeiro, designadamente, o Banco de Crédito Comercial e
Industrial, o Banco Totta Standart de Angola, o Banco Pinto & Sotto Mayor e o Banco
Inter Unido. Sequencialmente, constituíram-se quatro instituições de crédito, nomeadamente,
o Instituto de Crédito de Angola, o Banco de Fomento Nacional, a Caixa de Crédito Agro-
Pecuária e o Montepio de Angola9.

Em 1978, através da Lei n,° 4/78 de 25 de Fevereiro, a actividade bancária


passou a ser exclusivamente exercida pelos bancos públicos, assim, a actividade bancária
privada foi proibida e manifestou-se o encerramento dos bancos privados, paradigma
contraposto ao verificado hodiernamente devido à irrefutável evolução do mercado bancário,
sendo composto por vasto conjunto de instituições financeiras bancárias (Anexo2).
Decorridos 11 anos, o mercado económico mundial é avassalado por novos pensamentos
normativos urgindo a necessidade de o Governo angolano orientar esforços à adequação da
economia angolana ao padrão internacional navegando, assim, da economia planificada para a
economia de mercado. Assomou-se ao sistema financeiro um conjunto de reformas
institucionais, com o Programa Saneamento Económico e Financeiro (SEF), abrindo caminho
à iniciativa privada e a intervenção de instituições financeiras privadas. No entanto, somente
com a aprovação da Lei das Instituições Financeiras (Lei n.º 5/91 de 20 de Abril) se

7
Em seguimento do “boom” económico internacional pós-guerra, observou-se na primeira República Portuguesa
(1910-1926) crise económica caracterizada pelo catapultar da inflação e especulação, por consequência da crise
internacional entre 1920-1922 ocupando lugar de destaque na queda da República.
8
O século XX apresentou como uma das suas inovações as instituições de bancos centrais, destinadas à
precaução contra crises bancárias. Observemos como exemplo a criação da Reserva Federal dos EUA no
decorrer da crise financeira patente em 1907.
9
Cf. SILVA, Valter Filipe da, in “O Banco Nacional de Angola e a Crise Financeira”, Mayamba Editora, 2012,
Luanda, pág. 19-20

34
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

verificou a adaptação do sistema financeiro ao sistema de economia de mercado, consagrado


na Lei Constitucional de 1991 (Lei n.° 12/91).

O sistema económico-financeiro dominado pela carência de investimento na


actividade industrial, na actividade agro-pecuária, bem como, na actividade comercial (nesta
fase as chamadas “lojas do povo” já se encontravam extintas), resultantes das reformas
aplicadas, observou-se a constituição de três bancos comerciais de cariz público, o Banco de
Poupança e Crédito (BPC), o Banco de Comércio e Indústria (BCI) e a Caixa de Crédito
Agro-Pecuária e Pescas (CAP), nesta vertente, no ano de 1993 foi autorizada a constituição
de sucursais de bancos portugueses como o Banco Totta e Açores (BTA), o Banco de
Fomento Exterior (BFE) e o Banco Português do Atlântico (BPA).

Em Julho de 1997, desejando a atribuição de poder na condução e execução da política


financeira e maior autonomia ao BNA de forma clarividente, a Assembleia Nacional,
portadora exclusiva do poder legiferante, aprova a Lei Orgânica do BNA (Lei n.º 6/97, de 11
de Julho)10, accionando mecanismo indispensável à expansão do sistema bancário
reflectindo-se no aflorar de vários bancos de direito angolano. Fruto do carácter dinâmico da
sociedade e novas exigências do sistema económico-financeiro, foi aprovada em 2005 lei
reguladora do “processo de estabelecimento, o exercício de actividade, a supervisão e o
saneamento das instituições financeiras”11, neste sentido, manifesta-se na sociedade a Lei
n.º 13/05, de 30 de Setembro (revisão da Lei n.º 1/99, de 23 de Abril).

O sistema jurídico angolano, liderado pela Constituição da República de Angola,


movido pela emersão de um paradigma social, jurídico e económico caracterizado pelo
combate a ausência de regulação, supervisão e gestão atenuada das reservas internacionais
líquidas acrescidas da crise financeira internacional, deu azo à criação da Lei n.°16/10, de 15
de Julho, tendo como objectivo adequar a natureza jurídica e operacional do BNA aos novos
desafios da realidade bancária angolana, assim, o art.º 99° da carta magna passou a defender
um sistema financeiro “organizado de forma a garantir a formação, a captação, a
capitalização e a segurança das poupanças, assim como a mobilização e a aplicação dos
recursos financeiros necessários ao desenvolvimento económico e social”.

10
A presente execução do poder legislativo apetrecha-se com a aprovação da Lei Cambial - Lei 5/97, de 11 de
Julho.
11
Vide, Artigo 1.º —Lei n.º 13/05, de 30 de Setembro

35
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

De forma clara o art.º 89º não fugiu ao ritmo, dirigindo-se à garantia dos direitos e
liberdades económicas, disseminação da economia de mercado, protecção da livre iniciativa
empresarial enraizada na coordenação e regulação estatal em prol do objectivo programático
da constituição económica angolana12 munindo, deste modo, o sistema financeiro de ideais
que o aproximam cada vez mais ao desenvolvimento e crescimento económico e sustentável.

O novo diploma constitucional passa a dispor, assim, de um escudo aguçado do


sistema financeiro, definindo o Banco Nacional de Angola como instituição central disposta à
protecção do sistema em voga dos empecilhos e barreiras naturais da actividade bancária.
Neste sentido, tipifica no seu centésimo artigo o Banco Nacional de Angola como instituição
emissora, responsável pela preservação do valor da moeda pátria. Sendo o personagem
principal do sistema bancário, o banco central13, inevitavelmente participará na determinação
das políticas financeiras, monetárias e cambiais14 e supervisionará o funcionamento das
instituições financeiras.

3.3.3. Sistema de Supervisão Cooperada

O ordenamento jurídico angolano, fazendo jus ao sistema de normas, regras e


princípios que o compõem, traça caminho para a verdadeira constatação de um sistema
normativo harmonioso permitindo a interligação de agentes diferentes tendo como núcleo dos
seus vínculos a garantia da integridade do sistema bancário. Neste diapasão, considerada
característica própria da actividade adstrita ao círculo bancário, a sua envergadura e
consequente complexidade, verificando-se nas esferas individuais, bem como, nos
aglomerados de bancos. Decorrente de tal particularidade, a supervisão da estrutura, modus
operandi e operações componentes da actividade referida acarreta é intervenção de órgãos
dotados de autoridade dirigidos à manutenção de ambiente bancário atractivo.

Desta forma, materializam as suas actividades augurando a prestação de auxílio ao


santo graal das instituições financeiras nacionais, em prol de supervisão eficaz, instituições
cujos nomes repercutem pelo círculo analisado, nomeadamente: a Comissão de Mercado de

12
Cf., Pensamento partilhado pela Constituição da República Portuguesa. In CANOTILHO, J.J.
Gomes/MOREIRA, Vital, Constituição da República Portuguesa Anotada, 3.° Ed., Coimbra, 1993, anotação
II ao art. 104.°, p. 454
13
Cf. JOE, Peek, in “Is Bank Supervision Central to Central Banking? The Quarterly Tournal of
Economies, of Economics”, vol. 114, 1999, p. 67; ELLINGER, E P, Modern Banking Law, Ed., Oxford,
University Press, 2002.
14
Vide, Artigo 66.° da Lei Constitucional Portuguesa (Lei n.° 1/97 de 20 de Setembro)

36
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

Valores Mobiliários, o Instituto de Supervisão de Seguros, as Autoridades intervenientes


em processos de liquidação, as autoridades de supervisão de outros Estados, os Bancos
Centrais entre outros organismos de vocação similar15.

Atenta-se que o ordenamento pátrio, mais concisamente nas linhas da Lei n.º 13/05 de
30 de Setembro, na sua nonagésima disposição legal, configura-se que os “Organismos de
supervisão podem celebrar convénios entre si com o seguinte objectivo: a) consultas prévias
para o aperfeiçoamento das autorizações, supervisão, normalização e fiscalização das
instituições financeiras, b) troca de informações sobre as instituições financeiras, seus
sócios, administradores, directores e membros dos órgãos de fiscalização, consultivo e afins
e c) outros assuntos de interesse comum”, dando passos dirigidos à supervisão cooperada.

O presente ordenamento não se limita a regular tendo como fonte exclusiva a de cariz
nacional, pelo contrário, busca em horizontes além dos limites territoriais pensamentos
desenvolvidos em paradigmas sociais diversos com o fim último de garantir a maior eficácia
da máquina legislativa. Assim, seguindo os passos das instituições enraizadas na filosofia de
economia de mercado, o Banco Nacional de Angola apetrecha as suas vestes por intermédio
da adesão à ideologia disseminada pelo International Convergence of Capital Measurement
and Capital Standards16.

Basileia I, primeiro acordo, assinado nos finais da década de 80, urge da necessidade
de supervisionar o sistema financeiro tendo como pontos de referência “as exigências
mínimas de capital, como precaução contra o risco de crédito”17. Encorpou uma
harmonização de interesses destinada ao combate precavido da insolvência das instituições
financeiras diante da fragilidade existente entre a ligação das figuras capital mínimo e crédito
concedido, acarretando risco susceptível de viciar instituições diferentes e quiçá o círculo
global.

Já na primeira parte do actual milénio, Basileia II materializou-se movido pelos


empecilhos oriundos da impossibilidade de alguns bancos não possuírem envergadura para

15
Cf. SILVA, Valter Filipe da, in O Banco Nacional de Angola e a Crise Financeira, Mayamba
Editora, 2012, Luanda, pág. 19-20
16
Conhecido também por Acordo de Basileia (fruto da evolução do acordo, hodiernamente se verifica Basileia I
e II)
17
Cf. SILVA, Valter Filipe da, in O Banco Nacional de Angola e a Crise Financeira, Mayamba Editora, 2012,
Luanda

37
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

fazer face aos seus passivos. Assim, foram tecidas três novas linhas orientadoras sobre a
supervisão da actividade bancária, designadamente18:

 Capitais mínimos requeridos: visa aumentar a sensibilidade dos requisitos


mínimos de fundos próprios aos riscos de crédito e cobrir, pela primeira vez, o
risco operacional;
 Supervisão do Sistema Bancário: vem reforçar o processo de supervisão
bancária, agora mais focada em processos e modelos definidos;
 Disciplina de Mercado e Transparência: visa implementar uma disciplina de
mercado com vista a contribuir para práticas bancárias mais saudáveis e seguras.

Neste sentido, solenes se tornaram as ideias que norteiam os citados acordos na esfera
internacional, tendo sido estabelecidos vínculos pelas agências internacionais,
consequentemente robusteceram as práticas internacionais assumidas por vasta gama dos
bancos centrais. Sem fugir ao ritmo, o banco central de bandeira, passou a manusear as
referidas regras no desempenhar das suas funções na missiva de não descurar a protecção do
sistema financeiro internacional.

3.4. Direito dos Seguros


3.4.1. Conceito e Breves Elucidações
A actividade humana manifesta-se de forma clarividente de mãos dadas ao risco19
comportando, assim, a carência de gerenciamento dos possíveis efeitos indesejados da
mesma. Seguindo as linhas mestras do conceito de Direito aplicadas em todo e qualquer ramo
da ciência jurídica, o Direito dos Seguros compõe o conjunto de normas jurídicas que
regulam a materialização da actividade seguradora reflectindo o seguro enquanto fenómeno
social e económico, ou de forma semelhante, o conjunto de normas que regem a actividade
seguradora e o contrato de seguro20. O seguro cumpre uma relevantíssima função económica
de gestão do risco, ao lado de outras de cariz diverso: Ex.: garantias bancárias autónomas,
cláusula de exclusão e de limitação da responsabilidade, etc.

18
Cf.,www.knoow.net/cienceconempr/economia/acordodebasileia;http://www.lume.ufrgs.br;www.cgd.pt/Empres
as/Informacao-Empresa/Documents/SBS1.pdf

19
Risco: é um evento futuro e incerto, ou de data incerta, cuja ocorrência não depende exclusivamente da
vontade das partes.
20
CF., ROMANO P. Martinez, Direito dos seguros, 2006

38
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

3.4.2. Origem e Evolução do Direito dos Seguros 21

Grandes nações seguiram a trilha da regulação do seguro marítimo, no séc. XII a Itália
concebeu as primeiras legislações do seguro marítimo com o Consulate de Mare e a França
com as Regras de Oliron. Ainda na Itália surgem no séc. XV a Ordenação de Pisa e de
Veneza, ao mesmo tempo a Espanha pronuncia-se e traz ao baile as Ordenações de
Barcelona. Mais a frente no tempo, no decorrer do séc. XVII, a nação de francesa brindou o
mundo com o Guidon de la Mer e a Ordenação de Marinha. Consequentemente, se torna
inadequado afastar a evolução dos seguros do desenvolvimento do comércio marítimo.

No comércio praticado em terra firme, após o grande incêndio de Londres no ano de


1666 palco da incineração de oitenta igrejas e treze mil e duzentas casas, emerge o seguro
contra incêndio em prol da precaução ao risco de incêndio, abarcando um leque de
sociedades de seguro marítimo, à vista disso, acolheram-se os bens móveis.

A linha temporal do séc. XVIII, apresentou de forma exordial o seguro destinado à


protecção do considerado “bem supremo”, isto é, o seguro de vida capaz de garantir a
recomposição de prejuízos oriundos de actos de pirataria (ex.: pagamento de resgate), através
do seguro de vida do capitão e da equipagem, de passageiros transportados ou de determinado
tipo de mercadorias (ex.: escravos).

Com o eclodir da revolução industrial e o liberalismo provindo da Revolução


Francesa, floresceram nas economias europeias diversas companhias de seguros fomentando,
assim, o desenvolvimento da actividade seguradora privada. Estas grandes mudanças de
paradigmas socioeconómicos trouxeram formas de seguro nunca antes vistas, nomeadamente:
a cobertura de acidentes causados por veículos de transporte e os acidentes de trabalho.

A manutenção de cariz legislativo da actividade seguradora verifica-se, na Europa dos


séculos XIX e XX, no caso mais próximo à Angola, em Portugal com o Código Comercial de
1888e o Decreto de 21 de Outubro de 1907. Ainda no horizonte do séc. XX, ergue-se o pente
de seguros de transportes, roubo, seguros aéreos, animais, responsabilidade civil, entre
outras formas de seguros, atenta-se que o expandir desta esfera não se apresenta estagnado
mostrando-se cada vez mais robusto.

21
Cf., MARTINS, João Valente. Contrato de Seguro, Notas práticas, QuidIuris, 2006, págs. 15-18

39
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

Destarte, a origem da actividade seguradora pode ser entendida tendo como alicerces,
factores económicos e sociais. Os primeiros manifestam a transição de uma economia de tipo
agrícola para uma economia diversificada, acarretando inúmeras situações de risco em virtude
do progresso industrial e respectiva sofisticação, orientando a um aglomerado de riscos. Os
segundos, reflectem fenómenos como a urbanização, no sentido da confluência de habitantes
em vilas e cidades, traz-se à baila o já referido grande incêndio de Londres, e a corporalizarão
portadora do pensamento da união de indivíduos que partilhem, voluntariamente ou não, do
mesmo objectivo, manifestando a solidariedade como aspecto basilar para necessidade de
segurança arrojada.

3.4.3. Actividade Seguradora em Angola

Com início em 1022, verificou-se a constituição de uma filial da Companhia de


Seguros Ultramarina, já em 1948, observou-se a criação dos Serviços de Fiscalização
Técnica da Indústria de Seguros em Angola que mais tarde encorparam a Inspecção de
Crédito e Seguros. Na fase final do colonialismo constatou-se no território angolano
estruturas de vinte e seis companhias de seguro componentes de um leque de vinte e duas
companhias de seguros portuguesas; quatro companhias de seguros não portuguesas onde do
aglomerado de companhias de seguros de bandeira portuguesa, oito estavam sediadas em
Angola.
Nesta mesma fase, fez-se publicar o Despacho nº. 68/75, do Ministério do
Planeamento e Finanças, por intermédio do governo de transição, plantando as raízes da
Comissão de Coordenação da Indústria Seguradora em Angola. Na mesma década da
declaração de independência nacional, 1978, constituiu-se a Empresa Nacional de Seguros
de Angola (ENSA), instalando a monopolização desta actividade por parte do Estado.

Não obstante, resultantes dos preceitos naturais da economia de mercado, enraizada na


concorrência, adoptada pelo Estado, fundaram-se novas instituições dirigidas à actividade em
apreço, nomeadamente22: (Anexo 3)

3.5. Regime Jurídico da Actividade Seguradora

Obedecendo as directrizes típicas do conceito de Direito como sendo um sistema


normativo disposto a regular um conjunto de fenómenos susceptíveis de produzir efeitos

22
Vide, https://www.arseg.ao/consumidor/mercado/seguros/seguradoras-autorizadas/

40
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

jurídicos, a actividade seguradora apresenta-se sob o olhar e intervenção de um corpulento


arsenal legislativo, sobre o qual nos debruçaremos nos próximos parágrafos.

A actividade em apreço, encontra-se em todo o território aquém-fronteiras, regulada


pela Lei Geral da Actividade Seguradora - Lei n.º 1/00 de 3 de Fevereiro. De forma auxiliar,
o Decreto nº 6/01 de 2 Março garante o resseguro23 e o co-seguro, bem como, as entidades
que podem proceder ao exercício da referida actividade em Angola.

Sobre a matéria dos contractos de seguros, as entidades legiferante pronunciam-se por


meio do Decreto nº 2/02 de 11 de Fevereiro, no que concerne a regulação das garantias
financeiras de cumprimento obrigatório para as instituições seguradoras, observa-se o Decreto
executivo nº 6/03 24 de Janeiro.

Dirigindo-se às empresas de seguros e os seus planos de contas, o ordenamento pátrio


executa a regulação por intermédio do Decreto 79-A/02 de 5 de Dezembro, semelhantemente,
em virtude do Decreto executivo nº 58/02 de 5 Dezembro reflecte-se a aprovação das normas
sobre sistema de tarifas de seguros.

A actividade legislativa não mediu esforços ao preenchimento de mecanismos sobre as


regras e procedimentos do pedido de autorização para a constituição e funcionamento das
seguradoras: sobre o Capital Social e Reservas; sobre as Aplicações Financeiras das
Seguradoras; sobre a entrega de valores ao Instituto de Supervisão de Seguros; sobre a
obrigação de se efectuar o seguro nas seguradoras autorizadas em Angola e sobre a anulação
e/ou suspensão das garantias de seguro, emanando assim o Decreto executivo nº 5/03 24 de
Janeiro. No que diz respeito à mediação e corretagem de seguros24, manifesta-se Decreto
executivo n.º 7/03 24 de Janeiro.

Entre o vasto leque de diplomas normativos destacam-se:

 Decreto nº 53/05, de 15 de Agosto - Sobre o regime jurídico dos acidentes de


trabalho e doenças profissionais;

23
Resseguro: é o acordo com carácter contratual por meio do qual uma instituição seguradora transmite para
outra ou outras empresas de seguros denominadas resseguradoras, fracção da responsabilidade acolhida no
âmbito de um ou mais contractos de seguros. Deparar-nos-emos com um contrato e regime de co-seguro quando
diversas empresas partilham a responsabilidade de risco comum, fragmentando entre si as percentagens do
capital seguro e consequentemente, o valor do prémio a receber.
24
Mediação de seguros – actividade de apoio a gestão e execução de contratos de seguros devidamntente
preparados para sua celebração através de aconselhamento e propostas de práticas de actos;

41
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

 Decreto Executivo nº 70/06, 7 de Julho - Regula os montantes do capital social


mínimo para o funcionamento das empresas seguradoras;
 Decreto nº 9/09, 3 de Julho – Estabelece as regras que regulam direitos,
obrigações e procedimentos aplicáveis ao transporte aéreo de passageiros, bagagens
e cargas, incluindo nesta, animais, no quadro do seguro obrigatório de
responsabilidade civil de aviação civil;
 Decreto nº 35/09, 11 de Agosto – Procede à regulamentação do Seguro
Obrigatório de Responsabilidade Civil Automóvel;
 Decreto nº 141/13, de 27 de Setembro - Aprova o Estatuto da Agência Angolana
de Regulação Supervisão de Seguros – ARSEG;
 Decreto Executivo nº 464/16, de 1 de Dezembro – Actualiza os valores das
multas relativas às transgressões às normas do sector segurador;
 Decreto Executivo nº 465/16, de 1 de Dezembro – Actualiza os valores das
multas relativas às mediação e corretagem de seguros.
Fazendo jus ao sistema harmónico e interdependente de normas e preceitos jurídicos,
verificam-se na regulação da actividade seguradora o auxílio dos diplomas:
 Lei n° 5/97 – Lei Cambial;
 Lei Nº 11/03 - Lei de Bases do Investimento Privado;
 Lei n.º 12/15 - Lei de Bases das Instituições Financeiras;
 Decreto-Lei n.º 5/08 – Código de estrada.

42
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA

A falta de leis robustas adequadas a realidade e aos modos operacionais, bem


como seu cumprimento de forma rigorosa por parte do sistema financeiro angolano,
constitui um problema nacional pelo facto da praticidade aplicada desde os primórdios
de algumas instituições financeiras estar estagnada. E com a realidade mundial
económica não sendo das melhores devido suas implicações, por essa, razão o executivo
tem vindo a buscar soluções para se efectuar reformas, e dessa maneira o sistema
financeiro nacional desenvolver como o de outras potências mundiais. Nesse entretanto
surge em aberto uma questão crucial.

Que impacto a falta de aplicabilidade das leis, bem como sua obediência e
efectivação de forma escrupulosa influenciam no crescimento das reformas no actual
sistema financeiro angolano?

JUSTIFICATIVA

É sabido que o mundo tem vivenciado momentos fortes de tensão económica, e


nos últimos anos com maior evidência, muito por causa da existência da situação
pandémica vivida com a Covid-19.

Olhando para a realidade angolana e a estagnação da praticidade aplicada desde


os primórdios de algumas instituições financeiras, e com a actual estrutura económico-
financeira que o nosso país apresenta, a falta de êxitos no exercício e função do sistema
financeiro angolano no seu todo é notório, por isso, há necessidade de se efectuar
reformas para se adequar a novas realidades que as grandes potências mundiais em
matéria financeira apresentam, por conseguinte a aplicabilidade das leis no sistema
financeiro, bem como sua fiscalização e efectivação concreta, surgem como um
elemento primordial para que se alcance o tão esperado desenvolvimento económico-
financeiro. Por esse mesmo motivo resolveu-se unir as forças de estudantes da
Universidade Independente de Angola (UnIA), e cumprir com do desafio que a grande
Comissão de Mercados de Capitais (CMC) lança, para versar sobre o tema em questão
no sentido de ajudar a solucionar os imbróglios supracitados.

43
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

METODOLOGIA

De acordo com a metodologia de investigação científica, falar de método é delimitar


todos os passos e métodos usados na elaboração da obra científica. Quanto à pesquisa
utilizamos uma pesquisa Mista em que procuramos enquadrar a quantitativa e a qualitativa,
usamos uma metodologia bibliográfica, documental e explicativa, no campo investigativo, na
compilação de várias obras consultadas que nos levaram à realização do mesmo trabalho.
Alguns textos constituintes são perfeitas cópias, sem alterar uma palavra sequer, outros
merecendo certas mudanças para facilitar a compreensão, sem adestrar o nosso ponto de vista.

A metodologia é uma disciplina que permite ou que ajuda o investigador realizar


as suas investigações sem quaisquer problemas, ou seja, o ajuda a chegar a uma
terminada solução de um problema qualquer, desde que este seja científico.25

Metodologia é também o campo em que se estuda os melhores métodos


praticados em determinada área para a produção do conhecimento.
A metodologia consiste em uma meditação em relação aos métodos lógicos e
científicos.26

25
CF., CARVALHO, A. Ensino de ciências sociais, Unindo a pesquisa e a prática. São Paulo, Brasil,
2007.
26
Vide, https://Www.InfoEscola.com

44
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

HIPÓTESES

H0: Se as leis existirem, serem adequadas a realidade da dinâmica da sociedade,


e serem efectivamente obedecidas, teremos um sistema coeso com grandes sinais de
melhorias e capaz de trazer as melhores soluções para um Estado no que toca a matérias
financeiras;

H1: Se as leis só existirem e não serem cumpridas escrupulosamente, teremos


um sistema financeiro medíocre;

H2: Se as leis não existirem, nem um sistema financeiro teremos, pois sem as
leis não existe um sistema financeiro, poderá na melhor das possibilidades existir uma
figura a fim de sistema financeiro e não um sistema financeiro como tal;

H:3 Se as leis existirem, mas todas elas não serem obedecidas, teremos um
sistema no papel, com colapso no que toca a prática;

H:4 Se as leis existirem mas não serem adequadas a realidade social, teremos um sistema
financeiro débil sem grandes sinais de avanço.

45
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

CONCLUSÃO

Por conseguinte, constatada a relevância do sistema financeiro, desde a sua


estrutura mais ampla dotada de protecção geral, é verificada a materialização de
actividades por intermédio de instituições e preceitos legais acolhedores da actividade
financeira e seus mais diversos componentes em prol da contínua garantia de
desenvolvimento económico apto para gerar credibilidade além e aquém-fronteiras
tendo em vista a salvaguarda do mercado financeiro e os seus fieis agentes.

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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

BIBLIOGRAFIA

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Portuguesa Anotada,3.° ed., Coimbra, 1993;
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 DO AMARAL, Diogo Freitas., Manual de Introdução ao Direito, Vol. I, Almedina,
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 www.knoow.net/cienceconempr/economia/acordodebasileia;http://www.lume.ufrgs.br
 PEDRO FERREIRA, António, Legislação do sistema financeiro angolano, 2ª
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 CARDOSO DE ALMEID, Nádia, Sistema financeiro angolano, uma análise ao
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 CAIELO MARTELA, Suzana Violeta, Supervisão do mercado financeiro angolano,
2016
 JÚNIOR, Euri, Sistema dinanceiro e o seu impacto na economia

47
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

Anexo A: Instituições concretizadoras de actividade seguradora no mercado angolano:

 1978-2000 - ENSA SEGUROS DE ANGOLA;


 2001 – AAA SEGUROS;
 2005 – NOSSA SEGUROS;
 2005 – SAHAM ANGOLA SEGUROS;
 2006 – MUNDIAL SEGUROS;
 2006 – GLOBAL SEGUROS;
 2008 – GARANTIA SEGUROS;
 2010 – UNIVERSAL SEGUROS;
 2010 – CONFIANÇA SEGUROS;
 2010 – TRANQUILIDADE;
 2011 – TRIUNFAL SEGUROS;
 2012 – MANDUME SEGUROS;
 2012 – PROTTEJA SEGUROS;
 2012 – SUPER SEGUROS;
 2013 – PRUDENCIAL SEGUROS;
 2014 – BONWS SEGUROS;
 2014 – BIC SEGUROS;
 2015 – LIBERTY & TREVO (ANGOLA);
 2016 – PROVIDÊNCIA ROYAL SEGUROS;
 2016 – FORTALEZA SEGURA;
 2016 – GLINN SEGUROS;
 2016 – STAS SEGUROS;
 2016 – MASTER SEGUROS;
 2016 – SOL SEGUROS;
 2017 – ALIANÇA SEGUROS;
 2018 – GIANT MAGIC SEGUROS;
 2018 – INTERNACIONAL SEGUROS.

48
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

Anexo B: Diplomas Legais associados à regulação do sistema objecto de estudo


 Constituição da República Angolana (CRA)
 Código Civil Angolano (C.C)
 Legislação Fiscal
 Lei nº 67/76-Lei Orgânica do BNA
 Lei 4/78 de 25 de Fevereiro
 Lei nº4/91 a 20 de Abril
 Lei nº5/91 20 de Abril
 Lei nº6/97 de 11 de Julho
 Lei n.º 8/88 – Lei sobre os Títulos de Tesouro
 Lei n.º 9/88 – Lei Cambial
 Lei n.º 10/88 – Lei das Privatizações
 Lei n.º 11/88 – Lei das Empresas Púbicas
 Lei n.º 12/88 – Lei da Planificação
 Lei n.º 13/88 – Lei dos Investimentos Estrangeiros
 Lei nº 1/99de 23 de Abril
 Lei n.º 12/15, de 17 de Junho
 Leis n.º 12/05, de 23 de Setembro (LVM), revogada pela Lei nº 22/15 de 31 de
Agosto que Aprova o Código dos Valores Mobiliários
 Lei n.º 13/05, de 30 de Setembro, Lei das Instituições Financeiras (LIF)
revogadas pela Lei nº 12/2015 de 17 de Junho (Lei de Bases das Instituições
Financeiras).
 Decreto Presidencial n.º 54/13, de 6 de Junho, que aprova o Estatuto Orgânico
da Comissão de Mercados de Capitais
 Lei n° 69/76, de 10 de Novembro Diário da República N° 266 - 1.ª Série
 Lei n° 70/76
 Lei n,° 4/78 de 25 de Fevereiro

 Lei Cambial - Lei 5/97, de 11 de Julho.


 Lei n.º 13/05, de 30 de Setembro (revisão da Lei n.º 1/99, de 23 de Abril
 Lei n.°16/10, de 15 de Julho
 Despacho nº. 68/75, do Ministério do Planeamento e Finanças,
 Lei n.º 1/00 de 3 de Fevereiro - Lei Geral da Actividade Seguradora

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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano

 Decreto nº 6/01 de 2 Março Define o resseguro e o co-seguro assim como as


entidades que podem exercer esta actividade em Angola
 Decreto nº 2/02 de 11 de Fevereiro - Sobre o contrato de seguros
 Decreto executivo nº 6/03 24 de Janeiro - Aprova o regulamento sobre as
garantias financeiras de cumprimento obrigatório para as instituições seguradora
 Decreto 79-A/02 de 5 de Dez - Aprova o Plano de Contas para as empresas de
seguros.
 Decreto executivo nº 58/02 de 5 Dez - Aprova as normas sobre o sistema de
tarifas de seguros.
 Decreto executivo nº 5/03 24 de Jan - Aprova o regulamento sobre as regras e
procedimentos do pedido de autorização para a constituição e funcionamento das
seguradoras: sobre o Capital Social e Reservas; sobre as Aplicações Financeiras
das Seguradoras; sobre a entrega de valores ao Instituto de Supervisão de
Seguros; sobre a obrigação de se efectuar o seguro nas seguradoras autorizadas
em Angola e sobre a anulação e/ou suspensão das garantias de seguro.
 Decreto executivo n.º 7/03 24 de Janeiro - Aprova o regulamento sobre a
mediação e corretagem de seguros. OBS. Há uma proposta de lei da mediação
de seguros do Ministério das Finanças, que poderá revogar este decreto
executivo
 Decreto nº 53/05, de 15 de Agosto - Sobre o regime jurídico dos acidentes de
trabalho e doenças profissionais.
 Decreto Executivo nº 70/06, 7 de Julho - Regula os montantes do capital social
mínimo para o funcionamento das empresas seguradoras.
 Decreto nº 9/09, 3 de Julho – Estabelece as regras que regulam direitos,
obrigações e procedimentos aplicáveis ao transporte aéreo de passageiros,
bagagens e cargas, incluindo nesta, animais, no quadro do seguro obrigatório de
responsabilidade civil de aviação civil.
 Decreto nº 35/09, 11 de Agosto – Procede à regulamentação do Seguro
Obrigatório de Responsabilidade Civil Automóvel.
 Decreto nº 141/13, de 27 de Setembro - Aprova o Estatuto da Agência
Angolana de Regulação Supervisão de Seguros – ARSEG.
 Decreto Executivo nº 464/16, de 1 de Dezembro – Actualiza os valores das
multas relativas às transgressões às normas do sector segurador.

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