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DIREITO
PROJECTO DE INVESTIGAÇÃO
LUANDA, 2022
CMC&U
DIREITO
Elaborado por:
LUANDA, 2022
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
RESUMO
Do ponto de vista legislativo o sistema financeiro sofreu uma enorme evolução, dado
que, hoje temos o sistema financeiro regulado, as instituições financeiras e a actividade
financeira supervisionada, fruto da aplicação das leis no sistema financeira.
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
ABSTRACT
For the materialisation of the final phase of the contest “CMC and Universities” in this
second edition, the project in question is presented as a requirement for effective participation
in the contest, under the theme: The Applicability of Laws in the Angolan Financial System.
The work in vogue has as its primary objective to escribe the applicability of laws in
the Angolan financial system without neglecting the understanding concerning the financial
system and financial activity. Since the financial system is very broad, a set of laws is applied
to it that we focus on throughout the work and in view of his breadth of law of the financial
system we address it in three aspects: banking law, securities law and insurance law.
From a legislative point of view, the financial system has undergone a huge evolution,
given that today we have the regulated financial system financial institutions and a supervised
financial activity, the result of the application of laws in the financial system.
4
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
BE Banco Económico
5
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
ÍNDICE
Introdução…………………………………………………………………………….…pág.8
Objectivos…………………………………………………………………………...……pág.9
6
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
Caracterização do Problema…………………………………………………………..Pág.43
Justificativa….………………………………………………………………………….Pág.43
Metodologia……………………………………………………………………………..Pág.44
Hipóteses………………………………………………………………………………...Pág.45
Conclusão…...………………………………………………………………………......Pág.46
Bibliografia……………………………………………………………………………...Pág.47
Anexos e Apêndices………………………………………………………………….…Pág.48
7
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
INTRODUÇÃO
8
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
OBJECTIVOS
Geral:
Específicos:
1. Analisar o funcionamento do mercado financeiro angolano;
2. Descrever as leis que regulam o sistema financeiro angolano;
3. Identificar as fontes de rendimento e crescimento para o sistema financeiro
angolano do ponto de vista da aplicação da lei.
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
CAPÍTULO I
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA APLICAÇÃO DAS LEIS NO SISTEMA
FINANCEIRO
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
Importa igualmente não esquecer que a intervenção estadual do sistema financeiro não
se limita à definição de quem integra, em cada momento, tal sistema, mas vai mais além e
define também as próprias regras do exercício da actividade.
É a actividade Financeira que vai ser objecto do nosso Estudo por agora, suas
características e efeitos. Na verdade Trata-se de uma actividade financeira do Estado que
integra um conjunto de fenómenos de natureza heterogénea, que por se situarem todos no
domínio da actuação e emprego de meios económicos adequados a satisfação de necessidades
Públicas, se identificam como fenómenos económicos. Mas, na base da determinação desses
fenómenos existe uma motivação política e administrativa. Além de elementos económicos e
políticos já referidos, a actividade Financeira comporta um talento jurídico que se prende com
a organização dos Institutos Financeiros, na base de Critérios de justiça cuja realização se faz
por meio de uma equitativa distribuição dos encargos e benefícios dos Serviços Públicos entre
os Cidadãos.
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
No que concerne a composição dos sistemas financeiros, eles são constituídos por
várias instituições, em que fazem parte o Banco Central, além dos bancos comerciais e de
investimento, corretoras de valores, fundos de investimento, fundos de pensão, bolsas de
valores, e companhias de seguro. Contudo, a literatura da área apresenta uma certa tendência
ao colocar os bancos como sendo os representantes legítimos do sistema financeiro.
1
Sistemas financeiros centralizados compreendem o orçamento estatal, regional, local e os
fundos extra-orçamentais. A contrario sensu, os sistemas financeiros descentralizados
compreendem as finanças domésticas, finanças das organizações comerciais e não comerciais.
JÚNIOR, Euri, Sistema dinanceiro e o seu impacto na economia
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
Numa segunda fase de desenvolvimento financeiro, é expectável que exista uma maior
abertura do sector ao mercado internacional, a qual terá diversas vertentes. Uma delas está
relacionada com o acesso a novos instrumentos financeiros, os quais passarão a estar
reflectidos no balanço dos Bancos e a ter expressão, à semelhança do crédito a clientes, e das
obrigações de dívida nacional. A este nível já se verificaram os primeiros desenvolvimentos
com a negociação directa e o início de leilões de operações cambiais a prazo e a
perspectivação de entrada em bolsa de algumas empresas. Apesar dos desafios relacionados
com a complexidade destes instrumentos financeiros, os mesmos são uma ferramenta
importante para o processo de gestão de risco, permitindo que as instituições solidifiquem os
seus balanços e se tornem menos expostas a variações de mercado, especialmente cambial e
taxa de juro.
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
adequação das avaliações destas garantias, incluindo toda a documentação de suporte que
deverá comprovar a titularidade dos imóveis por parte dos clientes.2
O sistema financeiro angolano teve a sua origem praticamente em 1865, quando surgiu
o primeiro estabelecimento bancário que começou a funcionar em Agosto do mesmo ano, no
entanto era apenas uma sucursal do Banco Nacional Ultramarino, com o surgimento do
mesmo teve iniciou a actividade bancária. A 14 de Agosto de 1926 foi criado o Banco de
Angola com sede em Lisboa. Até 1957 o banco de Angola deteve o exclusivo comércio
bancário em Angola, até ao surgimento do Banco Comercial de Angola, que era somente de
direito angolano.
Foi através da Lei nº 67/76, pelo qual foi confiscado o activo e passivo do Banco de
Angola, tendo-se cessado todas as funções relativas a sua actividade na República Popular de
Angola assim sendo, aos 10 de Novembro de 1976 foi criado o Banco Nacional de Angola
(BNA) em todos os seus compromissos internos e externos, nesta mesma lei foi igualmente
aprovada a Lei Orgânica do BNA.
Nos termos da referida lei, o BNA tinha por funções fundamentais as do Banco
Central e função de banco comercial, estando sob a supervisão do Ministério das Finanças, só
através da Lei 4/78 de 25 de Fevereiro é que a actividade bancária passou a ser
exclusivamente exercida pelos bancos do Estado. Na sequência das reformas políticas e
económicas iniciadas no fim da década de 80, princípios da década de 90, a comissão
permanente da assembleia do povo faz aprovar a Lei nº4/91 a 20 de Abril em que no seu
preâmbulo dispõem: “o sistema financeiro que vigorava até a publicação da presente da lei,
2
Cf., VASCONCELOS. Francisco,
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
assentava, praticamente num único banco BNA no qual se fundiam o exercício das funções
central, comercial e investimentos.
Foi aprovada a nova lei orgânica do BNA, a mesma surgiu em consequência da nova
filosofia económico-financeira nacional que estava reflectida na primeira lei – quadro
reguladora das instituições financeiras a Lei nº5/91 que foi aprovada a 20 de Abril. Em
consequência da reorganização do sistema financeiro, foi aprovada a 11 de Julho a Lei
nº6/97.O novo quadro jurídico entretanto implementado passou a estabelecer:
Convém destacar que com base no quadro legal aprovado o Banco Nacional de
Angola, passou a ser consagrado como banco emissor e de reserva, banco dos bancos,
banqueiro do estado, autoridade monetária, coordenador, orientador, e controlador da política
monetária e cambial dos respectivos mercados tendo-lhe assim, consequentemente sido
atribuído a função fundamental de assegurar o equilíbrio monetário interno e a solvabilidade
exterior da nossa moeda como objecto basilar da sua actividade.
O sistema bancário nacional passou então a ser composto para além do Banco
Nacional de Angola por dois bancos comerciais angolanos constituídos sobre a forma de
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
sociedades anónimas de capitais públicos, o Banco de Poupança e Crédito (BPC, ex. BPA),
e o Banco de Comércio e Indústria (BCI), e três bancos de capitais estrangeiros. Tudo isso
em 1992.
O SEF foi o primeiro programa de reajustamento da economia e com ele teve início as
primeiras reformas macroeconómicas. O SEF previa o reforço do papel do mercado e da
moeda, a descentralização do poder económico, o redimensionamento do sector empresarial
do Estado e a redução do défice orçamental.
Com o SEF o governo parece ter uma significativa abertura económica e começa a
criar condições para uma recuperação da situação contínua de problemas de balança de
pagamentos e de uma economia desorganizada. Mais tarde, em Agosto de 1990 o governo faz
uma tentativa de reforma complementar do SEF, e cria o Programa de Acção de Governo
(PAG). Ainda na sua obra, Camati afirmou que como consequência, a implantação do
emergente sistema democrático e de economia de mercado foi impedida, o que levou a
“resquícios do antigo sistema de afectação administrativa de recursos, desligado da sua
justificação primeira. A ineficiência de mecanismos de responsabilização, prestação de contas
e de transparência permite a arbitrariedade, e cria dificuldades à gestão eficaz da república”.
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
mercado financeiro nacional como elemento decisivo para alcançar esse objectivo, tendo
deliberado na sua 12ª sessão realizada em 26 de Outubro de 1999, que o Banco Nacional de
Angola definisse uma estratégia para evolução do sistema financeiro angolano, uma vez que a
mesma se encontrava relativamente desactualizada e dispersa. Esta desactualização decorria
essencialmente de dois factores:
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
sistema financeiro de Angola foi instituído o sistema de pagamento de Angola (SPA), com o
intuito de supervisionar e regular o sistema de pagamentos interbancário.
Formulados os conceitos genéricos, é lícito pôr a questão de saber se eles cabem nos
quadros da lei angolana, ou seja, se nela se pode encontrar reflexo das considerações gerais
feitas nos parágrafos supracitados. O sistema financeiro angolano tem manifestado, ao longo
do tempo, um dinamismo digno de nota, ao afirmar-se, cada vez mais, como um importante
factor de evolução económica. O seu contributo para a consolidação do desenvolvimento
sustentado que se deseja para todo o tecido social é inquestionável.
Esse mesmo dinamismo também se tem feito sentir ao nível da produção legislativa,
cujas concretizações não têm deixado de acompanhar as tendências evolutivas que se fazem
sentir no seio da actividade financeira, em especial na estruturação de veículos de
investimento, financiamentos bancários e constituição de garantias (mobiliárias e
imobiliárias). O nosso sistema financeiro é um dos pilares do desenvolvimento
socioeconómico nacional, sendo que de um lado temos as empresas que optam por
determinados projectos de investimento e forma de assegurar o respectivo financiamento e,
por outro, os consumidores que tomam decisões sobre a afectação do seu rendimento
disponível entre poupança e consumo.
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
recursos escassos da economia dos poupadores (os que gastam menos do que ganham) para os
tomadores de empréstimos (pessoas que gastam mais do que ganham). Os poupadores
fornecem os seus recursos ao sistema financeiro com a esperança de que lhes sejam
devolvidos, mais tarde, com juros. Os tomadores recorrem ao sistema financeiro sabendo que
terão de pagar o empréstimo e os juros mais adiante.
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
CAPÍTULO II
CONTEXTO HISTÓRICO DA INTERPRETAÇÃO, INTEGRAÇÃO E
APLICABILIDADE DAS NORMAS FINANCEIRAS
3
Cf., CAMARGO, Margarida Licombe, Interpretação e Argumentação, Editora: Renovar, 1999, p.
20
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
2.1. Interpretação
4
Www.InfoEscola.com
21
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
O sistema jurídico deve ser uno, ter completude e sem contradições. No entanto,
existem situação em que ocorrem conflitos entre as leis. A oposição que ocorre entre duas
normas contraditória, emanadas de autoridades competentes num mesmo âmbito normativo
que colocam o sujeito numa posição insustentável pela ausência ou inconsistência de critérios
aptos a permitir-lhes uma saída nos quadros de ordenamento dado. A questão fundamental
gira em torno da seguinte indagação: Qual a lei aplicável?
Quanto ao critério que se utiliza para que se usa, via de regra são os seguintes critérios:
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
2.5. Integração
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
A analogia desenvolve o princípio lógico ubi eadem ratio ibi eadem legis dispositio
esse debet (onde há a mesma razão, deve-se aplicar a mesma disposição legal), representado o
tratamento de hipótese não prevista pelo legislador, mediante aplicação de solução concebida
para hipótese fundamentalmente semelhante à não prevista, destaca-se que o accionar deste
mecanismo condiz com o exercício desenvolvido pelo intérprete de identificar, no sistema
jurídico a que está adstrito, o cenário exposto pelo legislador cuja estrutura se assemelhe, de
forma fundamental e não acidental, com a hipótese em concreto, tendo como directriz a
profunda percepção e ética do aplicador do direito, afastando um puro acto autómato. Desta
forma, a analogia tem o seu fundamento na necessidade que o legislador possui de dar
harmonia e coerência ao sistema jurídico.
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
O sistema financeiro angolano vem sofrendo uma profunda transformação que implica
não só uma maior operacionalidade do sistema, como também uma maior diversidade das
operações a serem desenvolvidas pela actividade financeira, procurando-se assim satisfazer os
desafios de uma economia em constante mudança. Nestes termos, a noção de “Sistema
Financeiro e Fiscal” encontra-se referida no Constituição da República de Angola (CRA), no
Título III (Organização Económica, Financeira e Fiscal), no Capítulo II (Sistema Financeiro e
Fiscal). Aí, o artigo 99° Estabelece que o “sistema financeiro é organizado de forma a garantir
a formação, a captação, a capitalização e a segurança das poupanças, assim como a
mobilização e a aplicação dos recursos financeiros necessários ao desenvolvimento
económico e sócia. Está aqui iminente o objectivo pragmático e a ideia estrutural da
constituição económica angolana.
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
Ao falar de sistema financeiro o legislador quis abarcar este sistema, tanto do ponto de
vista subjectivo, que compreende as entidades e instituições que intervêm na actividade
financeira, como do ponto de vista objectivo, querendo-se então significar ou aludir o
conjunto de normas, institutos e mecanismos jurídicos reguladores dessa actividade.
O sistema financeiro é regulado por lei que determina como deve organizar-se, quais
os meios, procedimentos e métodos de funcionamento e ainda a sua sujeição a procedimentos
de fiscalização e de supervisão.
A lei que enquadra o sistema financeiro angolano é a Lei de Base das Instituições
Financeiras, Lei n.º 12/15, de 17 de Junho, que dita que o estabelecimento, o exercício da
actividade, a supervisão e o saneamento das instituições financeiras prevendo e estatuindo,
um modelo tripartido de supervisão financeira, a ser exercido pelo Banco Nacional de
Angola (BNA), Organismo de Supervisão do Mercado de Valores Mobiliários, Agência
Angolana de Regulação e Supervisão de Seguro (ARSEG).
Abinitio, para maior compreensão do nosso actual debate, devemos entender o que são
instituições financeiras?
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
Face ao contexto angolano e a luz das leis que regem o sistema financeiro angolano, a
LBIF, limita a expansão das instituições financeiras monetária, albergando, tão-somente, os
bancos e as instituições de microfinanças, qualquer que seja a sua espécie. Portanto, para nós,
as Caixas económicas, cooperativas de crédito e as sociedades de locação financeira, são
instituições financeiras não monetárias, conforme o preceituado no artigo 7.º da Lei de Base
das Instituições Financeiras. As primeiras “são instituições financeiras não monetárias
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
autorizadas a receber depósitos, mas sofrem restrições legais quanto á prática de certos
tipos de operações, em particular as de crédito activo”. Já as cooperativas de crédito, são
instituições financeiras não monetárias e têm essencialmente por objecto a recolha de depósito
dos seus associados e exercício de funções de crédito em favor dos mesmos, tendo quase
sempre e para o funcionarem melhor, âmbito local e as operações que lhes são permitidas
estão sujeitas a certas restrições. As Sociedades de locação financeira, são igualmente
instituições financeiras não monetárias que têm por objecto o exclusivo exercício de
actividade de locação financeira.
Compete ao BNA estabelecer, por aviso, o capital mínimo das instituições financeiras
bancárias e a forma de realização do mesmo, sendo que o seu capital mínimo deve estar
subscrito e realizado. A constituição destas instituições financeiras depende de autorização do
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
Não podendo receber depósitos, estas IF financiam-se por outros meios previstos por
lei (v. gremissão de obrigações, empréstimos, acesso ao mercado monetário interbancário) ou,
em certos casos, por meios possibilitados por autorização do Ministro das Finanças.
Neste sentido, e de acordo com a Lei 12/15, as instituições financeiras não bancárias
por sua vez subdividem-se em instituições ligadas a actividade seguradora e providência
social, as quais estão sujeitas à jurisditio do Instituto de Supervisão de Seguros de Angola,
instituição financeira não bancárias ligadas à moeda e crédito, sujeitas a jurisdição do BNA e
instituições financeiras não bancárias ligadas ao mercado de capitais, sujeitas a jurisditio do
Organismo de Supervisão do Mercado de Valores Mobiliários.
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
CAPÍTULO III
ESFERAS JURÍDICAS ASSOCIADAS AO DIREITO FINANCEIRO
Por razões históricas, Angola sofreu grande influência de Portugal, cuja presença teve
início no século XV, e do qual foi colónia até ao século XX. O Direito financeiro angolano é,
por isso, tributário do Direito financeiro da antiga metrópole. O Direito dos valores
mobiliários em Portugal é um ramo jurídico relativamente recente, no qual é possível
destrinçar três fases: o período de gestação britânica, o norte-americano e o de
harmonização europeia. Este ramo de direito surgiu como resposta à necessidade de
desenvolver a intermediação financeira e a actividade das bolsas e, ainda, à emergência das
sociedades anónimas com uma dispersão de titularidade accionista.
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
A CMC está sediada em Luanda, mas exerce a sua actividade em todo o território
nacional. A CMC é superintendida pelo Presidente da República e tutelada pelo Ministro das
Finanças. Qualquer uma destas relações intersubjectivas está limitada ao que a o ECMC e a
LVM prevêem. No âmbito da superintendência definem-se os objectivos e orienta-se a
actuação da CMC, enquanto a tutela exerce um controlo que pode ser de legalidade ou de
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
3.2.1. Atribuições
É notória a influência exercida pelo sistema bancário sobre a ampla esfera económico-
financeira. Ocupante de lugar de destaque, o sistema bancário dota de arsenal normativo
capaz de vincular diversas instituições, tendo como intenção a permanência de solicitação do
presente sistema. Deste modo, o presente capítulo gravitará em torno da elucidação da
influência legislativa exercida, ao longo do inevitável desenrolar espácio-temporal, pelo vasto
leque de diplomas legais determinantes do papel desempenhado pelo Banco Nacional de
Angola. Considerado a “viga mestra” do sistema bancário, tendo como atribuições a
supervisão e regulação das operações típicas do sistema financeiro e evitar que a economia
acumule um stock de dívidas excessivas e ingeríreis (pensamento apresentado por George
Cooper5) enroupando as vestes de “autoridade de supervisão financeira”6.
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
Ultramarino), em 1865, adoptando natureza híbrida de banco central e comercial, visto que,
emitia notas, recebia depósitos e concedia créditos. Em período embrionário do século XX,
instalou-se uma crise que se verificou na emissão monetária na colónia7, tal facto apresenta-se
na base da constituição da Junta de Moeda que teve como resultado a constituição do Banco
de Angola8, instituição emissora e independente, sediada em Lisboa, augurando uma
fiscalização mais eficaz e directa a ser efectuada pelo Ministro das Colónias da então
República Portuguesa.
Em 1957 emerge, o pioneiro dos bancos de direito angolano na era colonial, o Banco
Comercial de Angola, desbravando o caminho para o acréscimo de quatro bancos comerciais
ao sistema económico-financeiro, designadamente, o Banco de Crédito Comercial e
Industrial, o Banco Totta Standart de Angola, o Banco Pinto & Sotto Mayor e o Banco
Inter Unido. Sequencialmente, constituíram-se quatro instituições de crédito, nomeadamente,
o Instituto de Crédito de Angola, o Banco de Fomento Nacional, a Caixa de Crédito Agro-
Pecuária e o Montepio de Angola9.
7
Em seguimento do “boom” económico internacional pós-guerra, observou-se na primeira República Portuguesa
(1910-1926) crise económica caracterizada pelo catapultar da inflação e especulação, por consequência da crise
internacional entre 1920-1922 ocupando lugar de destaque na queda da República.
8
O século XX apresentou como uma das suas inovações as instituições de bancos centrais, destinadas à
precaução contra crises bancárias. Observemos como exemplo a criação da Reserva Federal dos EUA no
decorrer da crise financeira patente em 1907.
9
Cf. SILVA, Valter Filipe da, in “O Banco Nacional de Angola e a Crise Financeira”, Mayamba Editora, 2012,
Luanda, pág. 19-20
34
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
10
A presente execução do poder legislativo apetrecha-se com a aprovação da Lei Cambial - Lei 5/97, de 11 de
Julho.
11
Vide, Artigo 1.º —Lei n.º 13/05, de 30 de Setembro
35
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
De forma clara o art.º 89º não fugiu ao ritmo, dirigindo-se à garantia dos direitos e
liberdades económicas, disseminação da economia de mercado, protecção da livre iniciativa
empresarial enraizada na coordenação e regulação estatal em prol do objectivo programático
da constituição económica angolana12 munindo, deste modo, o sistema financeiro de ideais
que o aproximam cada vez mais ao desenvolvimento e crescimento económico e sustentável.
12
Cf., Pensamento partilhado pela Constituição da República Portuguesa. In CANOTILHO, J.J.
Gomes/MOREIRA, Vital, Constituição da República Portuguesa Anotada, 3.° Ed., Coimbra, 1993, anotação
II ao art. 104.°, p. 454
13
Cf. JOE, Peek, in “Is Bank Supervision Central to Central Banking? The Quarterly Tournal of
Economies, of Economics”, vol. 114, 1999, p. 67; ELLINGER, E P, Modern Banking Law, Ed., Oxford,
University Press, 2002.
14
Vide, Artigo 66.° da Lei Constitucional Portuguesa (Lei n.° 1/97 de 20 de Setembro)
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
Atenta-se que o ordenamento pátrio, mais concisamente nas linhas da Lei n.º 13/05 de
30 de Setembro, na sua nonagésima disposição legal, configura-se que os “Organismos de
supervisão podem celebrar convénios entre si com o seguinte objectivo: a) consultas prévias
para o aperfeiçoamento das autorizações, supervisão, normalização e fiscalização das
instituições financeiras, b) troca de informações sobre as instituições financeiras, seus
sócios, administradores, directores e membros dos órgãos de fiscalização, consultivo e afins
e c) outros assuntos de interesse comum”, dando passos dirigidos à supervisão cooperada.
O presente ordenamento não se limita a regular tendo como fonte exclusiva a de cariz
nacional, pelo contrário, busca em horizontes além dos limites territoriais pensamentos
desenvolvidos em paradigmas sociais diversos com o fim último de garantir a maior eficácia
da máquina legislativa. Assim, seguindo os passos das instituições enraizadas na filosofia de
economia de mercado, o Banco Nacional de Angola apetrecha as suas vestes por intermédio
da adesão à ideologia disseminada pelo International Convergence of Capital Measurement
and Capital Standards16.
Basileia I, primeiro acordo, assinado nos finais da década de 80, urge da necessidade
de supervisionar o sistema financeiro tendo como pontos de referência “as exigências
mínimas de capital, como precaução contra o risco de crédito”17. Encorpou uma
harmonização de interesses destinada ao combate precavido da insolvência das instituições
financeiras diante da fragilidade existente entre a ligação das figuras capital mínimo e crédito
concedido, acarretando risco susceptível de viciar instituições diferentes e quiçá o círculo
global.
15
Cf. SILVA, Valter Filipe da, in O Banco Nacional de Angola e a Crise Financeira, Mayamba
Editora, 2012, Luanda, pág. 19-20
16
Conhecido também por Acordo de Basileia (fruto da evolução do acordo, hodiernamente se verifica Basileia I
e II)
17
Cf. SILVA, Valter Filipe da, in O Banco Nacional de Angola e a Crise Financeira, Mayamba Editora, 2012,
Luanda
37
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
fazer face aos seus passivos. Assim, foram tecidas três novas linhas orientadoras sobre a
supervisão da actividade bancária, designadamente18:
Neste sentido, solenes se tornaram as ideias que norteiam os citados acordos na esfera
internacional, tendo sido estabelecidos vínculos pelas agências internacionais,
consequentemente robusteceram as práticas internacionais assumidas por vasta gama dos
bancos centrais. Sem fugir ao ritmo, o banco central de bandeira, passou a manusear as
referidas regras no desempenhar das suas funções na missiva de não descurar a protecção do
sistema financeiro internacional.
18
Cf.,www.knoow.net/cienceconempr/economia/acordodebasileia;http://www.lume.ufrgs.br;www.cgd.pt/Empres
as/Informacao-Empresa/Documents/SBS1.pdf
19
Risco: é um evento futuro e incerto, ou de data incerta, cuja ocorrência não depende exclusivamente da
vontade das partes.
20
CF., ROMANO P. Martinez, Direito dos seguros, 2006
38
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
Grandes nações seguiram a trilha da regulação do seguro marítimo, no séc. XII a Itália
concebeu as primeiras legislações do seguro marítimo com o Consulate de Mare e a França
com as Regras de Oliron. Ainda na Itália surgem no séc. XV a Ordenação de Pisa e de
Veneza, ao mesmo tempo a Espanha pronuncia-se e traz ao baile as Ordenações de
Barcelona. Mais a frente no tempo, no decorrer do séc. XVII, a nação de francesa brindou o
mundo com o Guidon de la Mer e a Ordenação de Marinha. Consequentemente, se torna
inadequado afastar a evolução dos seguros do desenvolvimento do comércio marítimo.
21
Cf., MARTINS, João Valente. Contrato de Seguro, Notas práticas, QuidIuris, 2006, págs. 15-18
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
Destarte, a origem da actividade seguradora pode ser entendida tendo como alicerces,
factores económicos e sociais. Os primeiros manifestam a transição de uma economia de tipo
agrícola para uma economia diversificada, acarretando inúmeras situações de risco em virtude
do progresso industrial e respectiva sofisticação, orientando a um aglomerado de riscos. Os
segundos, reflectem fenómenos como a urbanização, no sentido da confluência de habitantes
em vilas e cidades, traz-se à baila o já referido grande incêndio de Londres, e a corporalizarão
portadora do pensamento da união de indivíduos que partilhem, voluntariamente ou não, do
mesmo objectivo, manifestando a solidariedade como aspecto basilar para necessidade de
segurança arrojada.
22
Vide, https://www.arseg.ao/consumidor/mercado/seguros/seguradoras-autorizadas/
40
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
23
Resseguro: é o acordo com carácter contratual por meio do qual uma instituição seguradora transmite para
outra ou outras empresas de seguros denominadas resseguradoras, fracção da responsabilidade acolhida no
âmbito de um ou mais contractos de seguros. Deparar-nos-emos com um contrato e regime de co-seguro quando
diversas empresas partilham a responsabilidade de risco comum, fragmentando entre si as percentagens do
capital seguro e consequentemente, o valor do prémio a receber.
24
Mediação de seguros – actividade de apoio a gestão e execução de contratos de seguros devidamntente
preparados para sua celebração através de aconselhamento e propostas de práticas de actos;
41
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
42
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA
Que impacto a falta de aplicabilidade das leis, bem como sua obediência e
efectivação de forma escrupulosa influenciam no crescimento das reformas no actual
sistema financeiro angolano?
JUSTIFICATIVA
43
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
METODOLOGIA
25
CF., CARVALHO, A. Ensino de ciências sociais, Unindo a pesquisa e a prática. São Paulo, Brasil,
2007.
26
Vide, https://Www.InfoEscola.com
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
HIPÓTESES
H2: Se as leis não existirem, nem um sistema financeiro teremos, pois sem as
leis não existe um sistema financeiro, poderá na melhor das possibilidades existir uma
figura a fim de sistema financeiro e não um sistema financeiro como tal;
H:3 Se as leis existirem, mas todas elas não serem obedecidas, teremos um
sistema no papel, com colapso no que toca a prática;
H:4 Se as leis existirem mas não serem adequadas a realidade social, teremos um sistema
financeiro débil sem grandes sinais de avanço.
45
A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
CONCLUSÃO
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
BIBLIOGRAFIA
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A Aplicabilidade das Leis no Sistema Financeiro Angolano
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