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Manual de Protecção
Ambiental
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO MILITAR
2. É uma publicação não classificada e não registada e podem ser feitos extractos desta
publicação sem autorização.
ÍNDICE
CAP. 1 – INTRODUÇÃO ÀS QUESTÕES AMBIENTAIS 5
1 – Conceitos Básicos 7
2 – Qualidade Ambiental e Poluição 8
3 – Controlo da Poluição 9
4 – Ambiente e Desenvolvimento 10
5 – Evolução das Políticas Ambientais 13
6 – Técnicas de Regulamentação Ambiental 17
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
Capítulo
INTRODUÇÃO ÀS QUESTÕES
AMBIENTAIS
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
Capítulo
1
INTRODUÇÃO ÀS QUESTÕES
AMBIENTAIS
“Ninguém comete maior erro que aquele que nada faz por
ser pouco o que pode fazer!”
emas como a Ecologia e Ambiente têm vindo a surgir cada vez mais como um problema actual.
T Havendo quem compreenda este fenómeno e a sua razão de ser, há também quem o apresente
apenas como uma moda passageira, como são todas as modas. O futuro dirá quem tem razão,
mas um observador atento à realidade de muitas zonas do nosso planeta não terá qualquer dúvida
em afirmar que o actual interesse pelas questões ambientais não será passageiro. Pelo contrário.
A nossa sociedade confronta-se com problemas ambientais graves, que afectam quer o nosso modo de
vida quer o próprio equilíbrio ecológico do planeta em que vivemos que é, no fundo, a nossa casa
comum. E se é verdade que quando a nossa habitação entra em ruínas ou nos cansamos dela poderemos
sempre mudar para uma outra, mais ou menos distante, já não é verdade que possamos mudar de planeta
se a Terra, por acção do próprio homem, deixar de lhe oferecer as condições de vida de que necessita.
Infelizmente, para muitos cidadãos comuns, as preocupações ligadas ao ambiente só há pouco tempo
se tornaram familiares ou são pura e simplesmente ignoradas. Há ainda quem delas tenha a ideia de que
são os governantes que tem que actuar, criando legislação ou tomando determinadas medidas, ou então
quem as associe exclusivamente a grupos de visionários e idealistas com pouca credibilidade.
Apesar da sua importância, expressões como “Ecologia” “Ecologismo” e “Ambiente” têm ainda
significados pouco claros, que são frequentemente confundidos. Trata-se, na verdade, de conceitos
bastante diferenciados. Ecologia é uma disciplina científica, um ramo das ciências da vida que estuda as
relações dos organismos vivos entre si e com o seu ambiente físico. O Ecologismo é uma ideologia que
defende um tipo de sociedade na qual o equilíbrio ecológico é a preocupação determinante. O Ambiente
pode definir-se como o conjunto dos sistemas físicos, ecológicos, económicos e socioculturais com efeito
directo ou indirecto sobre a qualidade de vida do homem.
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
1 - Conceitos Básicos
O conjunto dos seres vivos do planeta designa-se por biosfera.
O conjunto dos seres vivos que habita um determinado espaço físico designa-se por comunidade
biótica, ou simplesmente uma comunidade. A comunidade é constituída por diferentes espécies,
designando-se por população o conjunto de animais ou plantas de dada espécie.
Uma comunidade biótica, juntamente com as componentes abióticas (a água, o solo, a atmosfera) e as
relações que entre todos estes componentes se estabelecem, constitui um ecossistema.
De entre estas relações, a que mais elementar se estabelece entre os seres vivos será a relação trófica: os
seres vivos alimentam-se uns dos outros. É com base nesta relação alimentar que frequentemente os seres
vivos de um ecossistema se ordenam numa cadeia trófica, a qual é normalmente representada como uma
pirâmide, designada de pirâmide ecológica.
Para além dos diferentes tipos de ecossistemas que podem ser identificados na Terra, o próprio
planeta, no seu conjunto pode ser considerado e funciona, de facto, como um ecossistema global. Certos
factores ecológicos, como a dinâmica da atmosfera, a disposição dos continentes e a biodiversidade, são
efectivamente comuns a toda a Terra e relacionam-se com todos os tipos de ecossistemas. Pode, portanto,
falar-se de equilíbrio ecológico global como uma realidade, sendo que a alteração de qualquer das suas
componentes tende a produzir efeitos mais ou menos pronunciados no conjunto do sistema ecológico.
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No entanto, são possíveis e existem outras visões da mesma questão. Verifica-se, de facto, que algumas
correntes de pensamento subvalorizam e desprezam mesmo este antropocentrismo com que a
generalidade dos cidadãos vê o ambiente, e apresentam os animais, os vegetais e os minerais, por exemplo,
como seres naturais, com direitos próprios, cuja existência o homem não tem o direito de perturbar.
Por outro lado, mesmo entre as correntes mais moderadas assume cada vez mais importância o
conceito de qualidade do ambiente tendo como referência o valor intrínseco dos ecossistemas,
independentemente do proveito, imediato ou não, que a humanidade deles possa retirar. Considera-se
assim que, do ponto de vista ético, as necessidades das outras formas de vida e o direito que têm à
sobrevivência não são inferiores às do homem. Muitas vezes, o conceito de qualidade ambiental associa-
se, por oposição, ao conceito de poluição: um ambiente poluído tem má qualidade, um ambiente de
qualidade não é poluído.
Uma definição de poluição poderá ser a seguinte: Poluição consiste na descarga para o ambiente de
matéria ou energia originada por actividades humanas, em quantidade tal que altera significativa e
negativamente as qualidades do meio receptor.
Assim, considera-se que ocorre poluição de um determinado meio receptor se as utilizações humanas
forem limitadas pela diminuição de qualidade ambiental provocada por uma descarga poluente.
No entanto, é preciso recordar que poluir não é o único modo de alterar negativamente a qualidade
ambiental. Por exemplo, a erosão dos solos, a eliminação de ecossistemas naturais, a destruição de
património cultural, o crescimento urbano caótico ou a degradação da qualidade do ambiente não se
enquadram no conceito de poluição.
Verifica-se também que algumas matérias consideradas como poluentes podem ter origem natural. É o
caso, por exemplo, de um alto teor de sólidos suspensos nas águas, ocorrência que tanto pode ter origem
num efluente industrial, como na erosão dos solos por efeito das chuvas. É ainda o caso das cinzas que
uma erupção vulcânica pode espalhar por uma floresta ou um lago. Quando a causa natural é
predominante, o problema não é realmente considerado como uma forma de poluição.
Como se constata, os conceitos de qualidade ambiental são bastante simples. O mesmo, no entanto, já
não se verifica quando se trata de os quantificar. Assim, afirmar, por exemplo, que uma água é boa para
consumo humano, significa que ela respeita determinados padrões numéricos, previamente definidos.
Para se averiguar se é assim ou não, trate-se de água, ar ou outro elemento, é necessário fazer análises.
Estas, vão desde a simples medição de temperatura até à análise de compostos químicos perigosos, que
por vezes requerem equipamentos e métodos de análise sofisticados e dispendiosos.
Como desde já se compreende, é fundamental que os referidos padrões, ou seja, os níveis que cada
poluente não pode ultrapassar, estejam definidos em legislação própria.
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3 - Controlo da Poluição
A expressão “controlo da poluição” pode referir-se a uma grande variedade de acções diferentes. As
mais importantes são as seguintes: monitorização, tratamento de efluentes, reciclagem, opção por
tecnologias mais limpas, fiscalização, prevenção ou descontaminação.
3.1 MONITORIZAÇÃO
Trata-se da forma mais clássica de reduzir a poluição e, por definição, tenta reduzir a poluição
depois de ela ser produzida.
3.3 RECICLAGEM
Trata-se de processos tecnológicos que, para a mesma produção, geram menos poluição que os
processos clássicos, consumindo também menos matérias-primas (água, energia). Como exemplo
pode apontar-se a evolução do automóvel.
3.5 FISCALIZAÇÃO
3.6 PREVENÇÃO
3.7 DESCONTAMINAÇÃO
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4 – Ambiente e Desenvolvimento
A Terra ter-se-á formado há cerca de 4600 milhões de anos, em consequência de diversas colisões e
explosões nucleares. A atmosfera consistiria então numa mistura de gases, venenosos para a maior parte
das formas vivas actuais.
A crosta terrestre original estava então em formação e, pelo seu arrefecimento, foi possível ocorrer a
condensação do vapor de água, constituindo-se então os oceanos.
À superfície do planeta, vastos oceanos, então pouco profundos, seriam constantemente atacados por
violenta actividade vulcânica, fortes tempestades eléctricas e bombardeados por radiações ultravioleta.
Teria sido nestas condições que se procedeu à síntese das moléculas fundamentais à criação e
existência de vida, a partir de constituintes inorgânicos. A partir das moléculas orgânicas formaram-se os
primeiros seres, em cujo processo de multiplicação terão ocorrido mutações (transmissíveis por
hereditariedade) e selecção natural (adaptação às condições de vida - ou seja, ao ambiente). Ao fim de
centenas de milhões de anos a mobilidade conduziu a uma progressiva adaptação da cada espécie ao seu
ambiente.
Entretanto, a produção de oxigénio pelas plantas primitivas contribuiu para a formação da atmosfera
tal como a conhecemos hoje.
Formas de vida cada vez mais complexas vão surgindo, entre elas o próprio homem. Este, por sua vez,
foi-se também adaptando às alterações climáticas que sempre foram ocorrendo na Terra ao longo dos
tempos.
Há 10000 anos, o modo de vida humano atingiu a última das fronteiras: graças à sua extraordinária
capacidade de adaptação a ambientes adversos, dispersou-se e estendeu-se a todo o planeta.
Uma revolução estava então para acontecer: os caçadores-pescadores estavam prestes a tornar-se em
agricultores e pastores. Correspondendo à predisposição de todos os organismos vivos para a sua
multiplicação, a produção de alimentos surgiu como solução natural, e com ela toda uma nova sociedade
que surge. Os excedentes criados permitem o aparecimento e desenvolvimento dos artesãos, detentores
de saberes especializados. Desenvolve-se a cerâmica, a tecelagem e a pedra polida. Procuram-se os metais,
cada vez mais utilizados no trabalho e na guerra.
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Semelhante revolução tecnológica só voltaria a acontecer vários milénios mais tarde, no culminar de
um processo que teve início no séc. XV, com o acelerado crescimento da população europeia. Este
fenómeno, motivado pelo desenvolvimento das técnicas agrícolas e industriais, provocou, juntamente
com outros factores históricos e geográficos, o impulso de descobrir e explorar novas terras e recursos,
com o consequente aumento do movimento comercial. Na Europa, a introdução de novas culturas mais
produtivas e as necessidades assim criadas, levaram ao desenvolvimento de equipamentos mecanizados e
de novas técnicas de pecuária e de agricultura, abrindo caminho à revolução industrial. Esta foi assim
designada por ter transformado, pela primeira vez, a economia de base agrícola numa economia industrial.
Foram muito diversas as técnicas e equipamentos então surgidas, mas nenhum teve, só por si, o impacto
da máquina a vapor, a qual forneceu à indústria uma nova fonte de energia, largamente utilizada até ao
aparecimento da electricidade, no final do séc. XIX.
Verifica-se nesta breve história do homem, que este, até determinada altura interagiu com o ambiente
de forma relativamente passiva, adaptando-se, sem com ele interferir significativamente, às condições que
este lhe oferecia. Gradualmente iniciou-se um processo no qual o homem se esforçou por moldar o
ambiente à imagem das suas conveniências e explorá-lo para seu próprio conforto, desconhecendo os
inconvenientes que, a longo prazo, poderiam surgir e acabando por atingi-lo.
Ainda assim, em séculos passados quando as populações eram em pequeno número e largamente
dispersas e as descargas industriais pouco significativas, os problemas da qualidade ambiental não
ocorriam. Quando as pessoas se começaram a congregar em cidades, a produzir grandes quantidades de
águas residuais, a indústria se desenvolveu e surgiram as concentrações industriais, os problemas
começaram a surgir. E tornaram-se especialmente graves durante o séc. XIX, no final do qual finalmente
se estabeleceu uma ligação entre a ocorrência de muitas das doenças de carácter epidémico e, por
exemplo, a utilização de águas contaminadas. Até então, as terríveis epidemias que durante toda a história
conhecida do homem o atingiram eram atribuídas a ares impuros, vapores provenientes de pântanos,
odores de animais, actos de Deus ou a outras causas de origem desconhecida.
O período correspondente ao início do séc. XX marca assim o princípio de uma era em que o homem,
concretamente no caso da água para uso humano, se começou a preocupar com a qualidade do ambiente.
Foi ainda durante este período que o tratamento das águas residuais urbanas começou a apresentar alguma
relevância, tendo-se iniciado a sua implantação em algumas comunidades mais desenvolvidas.
Rapidamente foram perceptíveis os efeitos nefastos que ao ambiente estavam a ser causados e que o
homem começava a sentir. Esta consciência da destruição irreparável do ambiente levou as Nações
Unidas a promover a criação, em 1948, da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos
Recursos Naturais. Paralelamente foram surgindo um pouco por todo o lado, no mundo ocidental,
organizações que chamavam a atenção da opinião pública para a situação que se estava a criar e
pressionavam os poderes constituídos no sentido da resolução dos problemas, nomeadamente através da
criação de regulamentação específica.
Desde então e até aos nossos dias não tem cessado de aumentar a consciência ambiental dos cidadãos,
dado que são cada vez mais visíveis as agressões ao ambiente. Agressões essas cujas consequências mais
cedo ou mais tarde, recairão sobre o próprio homem e que este, de uma forma ou de outra, começa já a
sentir.
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Para este despertar para os problemas do ambiente contribuíram ainda decisivamente uma série de
catástrofes ecológicas nos anos 70 e 80 (marés negras, acidentes nucleares, inundações, desertificações e
fome) que, divulgadas pelos meios de comunicação, tiveram um impacto sem precedentes na opinião
pública. Outros aspectos no entanto, de carácter mais pontual mas bem sensíveis para todos nós, têm
contribuído para uma progressiva consciencialização dos cidadãos para as questões do ambiente: os rios,
em que já não se pode tomar banho, as praias em que é mais seguro apenas apanhar sol; as ruas
movimentadas das cidades em horas de ponta, em que apetecia ser capaz de passar sem respirar; as
nascentes e fontes que outrora forneciam água potável; os bivalves que antes poderíamos saborear
despreocupadamente; as lixeiras que invadem a paisagem que avistamos da nossa janela ou quando
passeamos pelo campo.
Mais longínquas ou apenas menos visíveis surgem ainda outras ameaças cujas consequências não são
ainda bem conhecidas mas que podem apresentar uma dimensão tal que serão sentidas em todo o planeta:
o “buraco” do ozono; o efeito de estufa ou as chuvas ácidas, questões normalmente apresentadas sob a
designação de “problemas globais”.
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Uma forma de acompanharmos a evolução das questões ambientais é analisar as normas jurídicas
internacionais que foram sendo elaboradas e que, se por um lado espelham o aparecimento das
preocupações ambientais nesta ou naquela área, por outro reflectem formas diferentes de tratar problemas
idênticos.
Pode considerar-se que a história do direito do ambiente conhece três períodos distintos. O primeiro
decorre de princípios do séc. XIX até finais da 2ª Guerra Mundial; o segundo dos anos 50 aos anos 70 e o
terceiro desde então.
Aparece também como um instrumento de resolução de alguns conflitos de vizinhança que iam
despontando na sociedade, quer por força dos fenómenos de concentração geográfica quer em virtude de
novas actividades industriais geradoras de poluição.
O segundo período referido coincide com a ocorrência dos primeiros desastres ecológicos de grande
dimensão e caracteriza-se pelo aumento da produção legislativa em matéria de protecção dos recursos
naturais, aparecendo o direito como instrumento de combate à poluição.
O início do terceiro período pode ser assinalado, simbolicamente, pela Conferência das Nações Unidas
sobre o Ambiente Humano, em Estocolmo, em 1972 (em 5 de Junho, dia em que se iniciou, passou a ser
comemorado do Dia Mundial do Ambiente). Como traços essenciais deste período podem referir-se o
aparecimento das lei-quadro do ambiente, também chamadas Leis de Bases, que procuram tratar os
diversos problemas ambientais de uma forma global e integrada, em vez da tradicional abordagem
sectorial; os primeiros passos do Direito Internacional do Ambiente; os primeiros actos legislativos da
Comunidade Europeia.
A conferência das Nações Unidas para o Ambiente Humano já mencionada constitui sem dúvida um
marco na história da tomada de consciência dos problemas ambientais, tendo reunido 1200 delegados de
144 Estados. A análise da sua Declaração Final revela já uma concepção global do ambiente, ligada à ética
do desenvolvimento. Os aspectos seguintes são de sublinhar:
• O ambiente é constituído por elementos naturais e artificiais que o homem criou. O homem é
simultaneamente criatura e criador do seu ambiente.
• A responsabilidade do homem é grande porque ele tem poder para transformar o meio em que
vive. A má utilização deste poder pode implicar destruição, devastação e degradação,
nomeadamente nas seguintes áreas:
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• Os problemas ambientais são distintos nos países em vias de desenvolvimento e nos países
industrializados. Nos primeiros, são causados pelo subdesenvolvimento; nos segundos,
consequência da industrialização.
• Ainda que o homem seja o que de mais precioso existe no mundo, a pressão demográfica coloca
permanentemente novos problemas no que respeita à prevenção ambiental.
Também na União Europeia as questões ambientais têm visto crescer a importância que lhes é
atribuída.
Assim, verifica-se que nos tratados que deram origem à Comunidade Económica Europeia, assinados
em Roma em 1957, não constava qualquer referência explícita ao ambiente. Apenas em 1972 se verificou
uma alteração significativa desta situação. Neste ano os Chefes de Estado e de Governo, reunidos em
Paris, adoptaram a primeira declaração comunitária sobre o ambiente e, na sua sequência, em Novembro
de 1973, os Estados Membros adoptaram o 1º Programa de Acção das Comunidades Europeias em
Matéria de Ambiente, caracterizado predominantemente pela adopção de políticas curativas que
preconizavam, como o nome indica não eliminar a produção de efluentes poluentes mas tratá-los antes de
produzirem efeitos nefastos.
Entretanto, em 1982, 10 anos após a Conferência de Estocolmo, a ONU promoveu uma outra
conferência, em Nairobi, em que se constatou o fraco de empenhamento político dos Estados na
resolução dos problemas ambientais. Os principais pontos abordados foram os seguintes:
• O abastecimento de água (70% dos habitantes dos centros urbanos não dispõem de água potável)
Em 1 de Julho de 1987 entrou em vigor o Acto Único Europeu, que veio cobrir uma lacuna que se
mantinha desde o Tratado de Roma. Naquele, refere-se de forma clara que “é objectivo da Comunidade
para a política de ambiente preservar, proteger e melhorar a qualidade do ambiente, contribuir para a
protecção da saúde humana, assegurar a utilização prudente e racional dos recursos naturais”. A partir
deste momento a Comunidade passou a ter na sua própria constituição a base jurídica que enquadra as
directivas, regulamentos e programas de acção. Desta forma, as questões ambientais foram formalmente
reconhecidas pela Comunidade Europeia. Alguns aspectos se salientam ainda:
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A nível da ONU, uma outra ocorrência foi marcante, no decorrer do mesmo ano: a publicação do
relatório “O Nosso Futuro Comum”, também conhecido por relatório BRUNDTLANT. Em 1983, a
Assembleia-geral das Nações Unidas constituía a Comissão Mundial para o Ambiente e
Desenvolvimento, presidida pela Sra. Brundtlant, a qual se reuniu pela primeira vez em Out84 e cujas
reflexões sobre o ambiente constam precisamente do relatório referido. Neste é feito, de forma muito
clara, um levantamento bastante exaustivo do estado do ambiente a nível mundial, e preconizados os
caminhos a seguir para inverter o rumo dos acontecimentos. Subjacente às recomendações feitas
encontra-se um novo conceito: o desenvolvimento sustentável, de acordo com o qual o desenvolvimento,
como objectivo dos povos, deve responder às necessidades do presente sem comprometer a capacidade
das gerações futuras em satisfazer as suas.
Ainda em 1992, exactamente 20 anos após a Conferência de Estocolmo, teve lugar a Conferência do
Rio, que reuniu 177 Estados membros da ONU. Embora houvesse quem esperasse que desta conferência
resultasse um novo modelo jurídico internacional em matéria de ambiente, tal não se veio a verificar: o seu
produto final, em termos de direito do ambiente, teve uma dimensão relativamente limitada. Há no
entanto aspectos positivos que não podem deixar de ser referidos:
Um dos documentos mais conhecidos aprovados nesta ocasião é a Agenda 21, que contém 800
páginas de propostas concretas no sentido da protecção da atmosfera, de retardar a desflorestação, a
erosão dos solos, a desertificação, da protecção dos oceanos e zonas costeiras, da gestão das reservas da
água doce e dos resíduos de todos os tipos.
Entretanto, também em Angola, e embora com um atraso significativo em relação à generalidade dos
países, fruto a sua independência ser mais recentemente, ter tido um conflito armado interno e também da
menor dimensão dos nossos problemas ambientais, toda esta movimentação internacional em torno do
ambiente teve repercussões que não deixaram de se reflectir na publicação de normas jurídicas.
Como normas de base não pode deixar de se referir a própria Lei da Constituição da República de
Angola (art.º 12º e 24º), e a Lei de Bases do Ambiente (Lei 5/98). É sobretudo a partir desta que se assiste
a um maior incremento da produção legislativa nesta área: de 1998 até 2008 foram publicados diversos
diplomas, de uma forma ou de outra relacionados com a gestão dos recursos naturais e a protecção do
ambiente.
No que respeita a normas jurídicas visando actuar directamente na protecção das componentes
ambientais e na conservação dos recursos naturais, os legisladores dedicaram especial atenção às seguintes
matérias:
Como se pode constatar pela evolução do Direito do Ambiente nos últimos anos, foi grande a
evolução de conceitos e atitude perante as questões ambientais. Resumidamente, essa evolução pode ser
registada da forma que se apresenta na página seguinte:
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CURATIVA
PREVENTIVA
INTEGRAÇÃO DE POLÍTICAS
ABORDAGEM MULTI-MEIOS
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
RESPONSABILIDADE PARTILHADA
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Estabelecem, para os meios receptores (ar, água, solo) os níveis máximos admissíveis de poluição.
Determinam, por exemplo, qual o teor máximo em mercúrio ou poluentes orgânicos num rio ou
teor máximo em dióxido de enxofre no ar. Estas normas podem variar de acordo com a utilização
prevista para o meio receptor. Assim, por exemplo, para a água, distinguem-se as águas potáveis,
águas para rega, para fins recreativos, etc.
• Normas de emissão
Têm por objectivo especificar a quantidade de poluentes, ou a sua concentração, nos efluentes
que podem ser rejeitados por uma determinada fonte num meio receptor.
Este tipo de normas deixa ao potencial poluidor a liberdade de escolha dos meios que lhe
permitam cumprir as normas. Estas podem comportar variações de acordo com zonas específicas,
o número de poluidores, a capacidade de absorção do meio ou mesmo ser função do tempo.
• Normas de procedimento
São normas que comportam um certo número de especificações, que devem ser respeitadas na
própria fase de concepção das instalações fixas.
Desta forma pode ser imposto a uma fábrica um certo modelo de produção ou um certo tipo de
dispositivo de depuração das suas emissões.
• Normas de produto
Tendem a fixar quer dados relativos às propriedades físicas ou químicas de uma substância quer
regras de acondicionamento ou embalagem de um produto, em particular quando se trata de
produtos tóxicos.
Esta categoria de normas pode também limitar as emissões poluentes que os bens de consumo
libertam no decorrer da sua utilização (por exemplo, os gases de escape dos automóveis ou o ruído
dos veículos motorizados) ou proibir a inclusão de determinadas substâncias na composição de
certos produtos (por exemplo, pesticidas contendo mercúrio).
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
controlada com base nos padrões de qualidade ambiental (colocando o ênfase na optimização dos
custos de despoluição) ou com base nas normas de emissão (privilegiando a igualdade de condições
de concorrência).
Hoje em dia reconhece-se que os dois sistemas são complementares e não antagónicos. Por um
lado admite-se que os padrões de qualidade ambiental constituem objectivos autónomos,
prioritários e que têm de ser respeitados. Por outro, há que optimizar os seguintes factores:
É nesta linha de gestão ambiental que funcionam os modernos sistemas de gestão de recursos
hídricos, qualidade do ar e resíduos sólidos.
Tipicamente, estes sistemas integram variados instrumentos de acção, tais como: atribuição de
quotas de poluição para os diferentes poluidores, normas de emissão por sectores, padrões de
qualidade ambiental diferenciados para meios com diferentes usos e sensibilidades, cobrança de
taxas pela produção de poluentes ou consumo de recursos e multas. Alguns destes instrumentos
não foram ainda apresentados. Vejamos o seu significado:
• Quotas
Considera-se que um determinado sistema entendido para efeitos de simplificação, isolado, tem
capacidade para receber a quantidade máxima de um determinado poluente, mantendo-se, nessas
condições e nesse sistema, os padrões de qualidade ambiental previamente estabelecidos. Sendo
assim, o somatório dos poluentes lançados no meio pelas empresas laborando no interior desse
sistema, não pode ultrapassar X (X = X1 + X2 + X3 + Xn).
• Taxas
Trata-se da cobrança, ao agente responsável pela poluição, de uma determinada quantia, tanto
mais alta quanto maior for a quantidade de poluição lançada no meio. Este sistema é normalmente
complementado com o sistema de normas, o que é especialmente justificável quando se pretendem
fixar certos padrões mínimos de qualidade do meio receptor, por razões de saúde pública /
ambientais. Deste modo, o lançamento, por exemplo de efluentes líquidos feito por diversos
utilizadores instalados numa mesma bacia hidrográfica, estaria sujeito à cobrança de taxas
proporcionais à carga poluente lançada e, além disso, haveria normas a respeitar para as cargas de
poluição máximas dos efluentes, ficando as actividades poluidoras sujeitas ao pagamento de multas,
proporcionais à carga poluente lançada além do limite imposto pela norma.
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Capítulo
POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
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Capítulo
2
POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
ar, tal como a água e o solo, é um recurso indispensável à vida na Terra. Através de ciclos
O naturais, os seus constituintes são consumidos e reciclados. A atmosfera tem assim uma certa
capacidade depuradora que, em condições naturais, garante a eliminação dos materiais nela
descarregados pelos seres vivos.
Tem-se assim, por um lado, um sistema natural estável e auto-depurado e por outro um sistema
artificial, porque contem elementos introduzidos em resultado da acção do Homem, o qual é necessário
vigiar e gerir, isto é conservar.
As indústrias de base são normalmente as mais nocivas ao nível da libertação de fumos e gases mais ou
menos tóxicos. As centrais térmicas (imagem seguinte) e as refinarias petrolíferas, as siderurgias e as
fábricas de cimento lançam na atmosfera grandes quantidades de gases (especialmente óxidos de carbono
e de enxofre), fumos e poeiras, que tornam a atmosfera pesada e quase irrespirável. Por sua vez, muitas
indústrias químicas, as de curtumes e de fertilizantes empestam o ar com gases que exalam um cheiro
nauseabundo. As indústrias extractivas, sobretudo a do carvão e a da produção de materiais para a
construção civil (pedreiras), são também altamente poluidoras, além de provocarem profundas alterações
na paisagem. Os veículos motorizados, por seu turno, lançam para a atmosfera, para além dos fumos, uma
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infinidade de gases e outras substâncias químicas, como o monóxido e o dióxido de carbono, o dióxido de
enxofre, o gás sulfuroso e os hidrocarbonetos gasosos, etc., qualquer deles de grande toxicidade.
Claro que a expansão urbana se reflecte no crescimento dos níveis de poluição, dado que esse
crescimento intensifica o tráfego rodoviário, quer no interior das cidades quer nas suas vias de acesso. Em
muitas grandes cidades, as normas de qualidade do ar são correntemente desrespeitadas, os
engarrafamentos são gigantescos e os acidentes frequentes. As áreas citadinas mais atingidas pela poluição
atmosférica são as zonas centrais (devido à concentração dos serviços e, por isso, à grande intensidade do
transito automóvel) e as zonas industriais, em grande parte localizadas na periferia urbana.
Naturalmente que a poluição atmosférica provoca problemas mais ou menos graves de saúde na
população humana. Por exemplo, a bronquite, o enfisema, a asma e o cancro pulmonar são doenças do
aparelho respiratório muitas vezes provocadas pela poluição atmosférica ou por ela agravadas. Mas as
plantas e os animais são também gravemente afectados pela poluição do ar. Os gases tóxicos perturbam o
normal desenvolvimento da vegetação, pois atacando as folhas, estas caem, diminuindo assim a
fotossíntese, a respiração e a transpiração, o que tem como consequência um crescimento mais lento das
plantas. Além disso, estas tornam-se menos resistentes às intempéries, às doenças e aos parasitas. A saúde
dos animais é igualmente bastante afectada não só pelo contacto directo com o ar poluído como pela
ingestão de vegetais mais ou menos envenenados.
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1 - Poeiras
Por "poeira" entendem-se partículas sólidas finamente divididas (= partículas coloidais) de dimensões
que variam entre 100 e 1000 Å. Serão descriminadas as partículas de origem metálica e partículas de
origem não-metálica, pois o modo de actuação é diferente em cada caso.
Agentes típicos de formação de poeiras são, por exemplo, fábricas termoeléctricas alimentadas com
carvão, altos-fornos, siderúrgicas, indústrias de cimento e alguns ramos da indústria química. Além disso,
os veículos automóveis provocam continuamente formação de poeiras e no trânsito urbano faz-se sentir a
abrasão do asbesto dos travões dos veículos. Enquanto estes tipos citados de poeira são observados em
regiões densamente povoadas, merecem destaque, de um ponto de vista global, outros tipos de poeira.
Neste segundo tipo é incluído, por exemplo, o fumo originado pela queima da vegetação de estepes e
regiões desérticas (e mesmo da vegetação de regiões temperadas após longos períodos de seca), ou as
nuvens de poeira levantadas pelo vento em desertos e estepes. A utilização extensiva de pastagens em
regiões de vegetação do tipo estepe na América do Sul, África do Sul e Austrália provoca um
enfraquecimento da cobertura vegetal e a possibilidade de formação de nuvens de poeira.
Paralelamente, a atmosfera é continuamente atingida pela poeira cósmica. Mas a quantidade de poeira
cósmica é muito reduzida quando comparada com a quantidade de poeira antropogénica. De acordo com
as estimativas, penetram anualmente na atmosfera cerca de 100 t de poeira cósmica, ao passo que a poeira
de origem industrial atinge, só na República Federal da Alemanha, quantidades da ordem de 2,5 milhões
de toneladas.
Também a poeira levantada por veículos a motor não se propaga a longas distâncias. Mas, como nas
grandes cidades as vias públicas em que é levantada a poeira são relativamente estreitas, com poucos
metros de largura, a concentração de poeira não pode ser diluída antes de se precipitar e actuar sobre o
homem e os animais.
Com correntes aéreas fortes as partículas de poeira atingem elevadas altitudes e podem formar nuvens
de pó a altitudes de 4 a 8 km. Uma poeira levantada desta maneira pode propagar-se globalmente e
constituir uma ameaça para toda a atmosfera. Sobretudo a partir da década de 1920, observa-se um
aumento contínuo da quantidade de poeira na atmosfera terrestre. No Parque Nacional de Yellowstone,
nos Estados Unidos, o conteúdo de poeira da atmosfera aumenta a cada 5 anos num factor de 10; noutros
locais há um aumento ainda maior. Esta contínua turvação da atmosfera tem inevitavelmente reflexos
sobre o clima.
Não se sabe ainda com certeza quantos factores climáticos são afectados pelo aumento crescente da
quantidade de poeira na atmosfera. Algumas das consequências contudo são certas. De qualquer modo,
diminui a intensidade de radiação do sol sobre a superfície terrestre, em média cerca de 0,4% por ano.
Teremos assim em poucas décadas uma considerável perda de energia na superfície da Terra. Estas perdas
de energia podem ter influência sobre o clima reflectindo-se numa diminuição na velocidade dos ventos,
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mudança da direcção dos ventos, etc. Partículas de poeira também podem agir na atmosfera como
núcleos ou germes de condensação de vapor de água. Principalmente nas zonas temperadas, elas
favorecem a formação de nevoeiros e chuvas. É bastante conhecida, por exemplo, a formação de
nevoeiros no triângulo formado pelos rios Reno e Neckar na região de Mannheim e Ludwigshafen
(Alemanha Federal).
De entre os muitos metais pesados e ligas metálicas encontrados na poeira das indústrias e grandes
cidades, foi escolhido, como exemplo mais marcante, o chumbo. O chumbo inclui-se sem qualquer
dúvida entre os tóxicos metálicos que mais tradicionalmente afectam o homem, pois intoxicações com
chumbo já ocorriam na Antiguidade. Por exemplo, encontraram-se sinais de chumbo em esqueletos de
nobres do antigo Império Romano, e supõe-se que a camada social superior de Roma degenerou pouco a
pouco por contínua contaminação de chumbo proveniente de utensílios domésticos.
Mesmo hoje em dia utensílios domésticos podem desprender traços de chumbo. Isto ocorre, por
exemplo, em recipientes de estanho confeccionados com metal não inteiramente puro, ou em objectos de
cerâmica, cujo esmalte contém frequentemente sais de chumbo, que lhes conferem um brilho especial.
Quantidades bem maiores de chumbo são desprendidas actualmente por fundições de chumbo e por
alguns ramos da indústria química (por ex., fabricação de plastificantes para a indústria de plásticos, como
o palmitato de chumbo). Como o chumbo e seus sais possuem densidade elevada, os gases industriais
com os quais são desprendidos só os transportam por alguns poucos quilómetros, pois rapidamente
ocorre a sedimentação destes compostos. Por exemplo, após um acidente com gases industriais ocorrido
em Nordenham constatou-se a ocorrência certa de chumbo no solo até uma distância de 2,5 km da fonte
emissora. Uma maior propagação do chumbo tem por responsáveis os veículos movidos a motor a
gasolina. Isto porque a gasolina contém tetraetilchumbo como antidetonante. Os motores de combustão
eliminam chumbo finamente dividido e restos não queimados de tetraetilchumbo, o qual é capaz de
permanecer na atmosfera por um razoável intervalo de tempo. Em decorrência, há uma considerável
contaminação do meio ambiente com chumbo.
O chumbo finamente dividido espalha-se facilmente e, apesar dos canos de escape se situarem
próximos do solo, o metal é ainda detectado a 100 m de distância das estradas. Isto tem como grave
consequência a contínua contaminação com chumbo finamente dividido de hortas e outras culturas
situadas à margem das estradas. As plantas sofrem pouco, pois elas praticamente não absorvem o
chumbo. De consequências graves, porém, é a contaminação de frutas e hortaliças consumidas pelo
homem e por animais. Cerca de 90% deste chumbo pode ser removido com soluções de detergentes.
Contudo é pouco provável que o consumidor lave as hortaliças com detergentes, assim como as vinícolas
não lavam com detergentes as uvas antes de as submeter à fermentação.
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2 - Gases e Vapores
O fumo é uma mistura coloidal de partículas sólidas, de líquidos e de gases. Serão entendidos por
gases, aquelas substâncias que nas condições normais (temperatura ambiente, pressão de 1 atmosfera) se
mostram no estado gasoso e não condensam. Entenderemos por vapores aqueles gases que podem
condensar-se nas condições normais, por exemplo, vapor de água. Entre os gases produzidos em grande
quantidade estão o dióxido de carbono ou gás carbónico (CO2) e o monóxido de carbono (CO).
ÓXIDOS DE CARBONO
Formação e ciclo. Na combustão de materiais de origem orgânica, sejam eles derivados do petróleo,
carvão ou madeira, forma-se, em presença de quantidades suficientes de oxigénio, o dióxido de carbono.
O dióxido de carbono é ainda produzido na respiração do homem, animais, plantas e microrganismos.
Contudo, o dióxido de carbono não é só produzido, mas também consumido. As plantas verdes
necessitam continuamente de dióxido de carbono para sintetizarem a glicose, em presença de luz solar, e
com participação de água, num processo chamado de fotossíntese. A partir da glicose as plantas podem
sintetizar, em parte com a participação de elementos provenientes de compostos inorgânicos, todas as
outras substâncias orgânicas vitais para a sua sobrevivência, tais como proteínas, ácidos nucléicos, lipídios,
vitaminas e muitas outras.
Em decorrência deste constante excesso de produção de CO2, observa-se desde o inicio deste século
um aumento da proporção do CO2 no ar atmosférico, de 0,03% em volume. Em áreas metropolitanas a
proporção de CO2 ultrapassa 0,04% em volume.
Nas grandes cidades a concentração de CO pode chegar a 100 ppm (partes por milhão). Para o caso
do monóxido de carbono torna-se muito importante o problema de sua eliminação do ar. O monóxido de
carbono não pode ser aproveitado pelas plantas para a fotossíntese, mas existem algumas possibilidades de
combinação biológica deste gás. Uma série de plantas fanerógamas pode fixar CO e incorporá-lo na
molécula de serina, um aminoácido. Entre os melhores desintoxicantes do CO está o solo.
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OXIDANTES
Serão englobados nos oxidantes todos aqueles gases cuja acção fisiológica principal se baseia numa
reacção de oxidação, como ocorre com os óxidos de nitrogénio (sobretudo monóxido de nitrogénio (NO)
e dióxido de nitrogénio (NO2) e como o ozono (O3)).
Os óxidos de nitrogénio formam-se em indústrias de ácido nítrico e ácido sulfúrico, bem como em
motores de combustão (principal fonte). Os gases expelidos pelos veículos automóveis podem conter até
1.000 ppm de óxidos de nitrogénio. Também o fumo de cigarros contém óxidos de nitrogénio, em
concentrações de até 300 ppm. Estas concentrações são muito elevadas, ainda mais considerando que
gases de escape e fumo de cigarros são produzidos em recintos fechados ou limitados, o que reduz em
muito a possibilidade de diluição destes gases. Pequenas quantidades de óxidos de nitrogénio formam-se
durante as tempestades e na solda eléctrica.
Como este processo fotoquímico é uma das principais fontes produtoras de ozono, os gases de escape
de veículos automóveis incluem-se, indirectamente, entre os principais formadores de ozono. A formação
industrial de ozono (electrólise, ruptura de peróxidos, etc.) assume um papel totalmente secundário.
O ozono também se forma num processo natural, pela acção de raios UV sobre o oxigénio (O2)
atmosférico, em grandes altitudes. Porém, somente uma pequena fracção deste ozono estratosférico
atinge a superfície terrestre, já que é reduzida a troca de gases entre a estratosfera e a troposfera.
Deduz-se facilmente que as maiores concentrações de ozono na superfície terrestre são encontradas
nas áreas urbanas. Na cidade de Los Angeles, por exemplo, bastante ensolarada e com tráfego intenso de
veículos, a concentração de ozono no ar atmosférico pode chegar a 1 ppm.
“SMOG”
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A grande reactividade de oxidantes pode por vezes dar início a reacções em cadeia de moléculas
orgânicas insaturadas, como a que ocorre na formação do “smog”. O termo "smog" vem do inglês e
deriva das palavras smoke = fumaça e fog = neblina, nevoeiro. O “smog” (aerossóis, nitrato de
peroxiacetila (PAN)) é, em decorrência das dimensões de suas partículas, uma solução coloidal, como a
poeira e o fumo. Conhecemos hoje dois tipos quimicamente diferentes de formação de “smog”, o
chamado “smog” de Los Angeles e o “smog” de Londres.
O “smog” do tipo Los Angeles surge por reacção de ozono de origem fotoquímica com
hidrocarbonetos insaturados. Os peroxicompostos formados actuam como iniciadores de polimerizações
em cadeia de hidrocarbonetos insaturados, provenientes essencialmente dos gases de escape de veículos
automotores. Os polímeros (coloidais) formam com minúsculas gotas de líquido, os aerossóis
característicos, responsáveis pela formação de "cúpulas de névoa". Paralelamente há formação de
formaldeído e de grande número de outras substâncias.
Em função das etapas de reacção acima esquematizadas e por causa da acumulação de peróxidos da
nuvem de “smog”, o “smog” do tipo Los Angeles é chamado de “smog” oxidante. Para a formação do
“smog” do tipo Los Angeles são necessárias ainda características climáticas bem determinadas: irradiação
solar intensa, ausência de ventos (observadas em vales e em depressões), além de inversões térmicas e
pressões atmosféricas elevadas, que impedem que os gases desprendidos se propaguem a regiões
atmosféricas superiores.
Ao contrário do “smog” de Los Angeles, o “smog” do tipo londrino tem carácter redutor, uma vez
que se forma na atmosfera contaminada por SO2. Por estar próxima ao litoral, em Londres é possível que,
em dias frios (-3 a + 5C), massas de ar húmido do mar possam formar grandes "nevoeiros" por
condensação em partículas de poeira e fumo suspensas no ar urbano. Por acção da luz solar, o SO,
(abundante nu fumo durante o Inverno, em consequência do aquecimento nas casas) é convertido em
SO2 activado. Ocorre reacção espontânea com o O2 do ar, formando-se a espécie SO4 que se decompõe
imediatamente com liberação de oxigénio. Desta forma o nevoeiro converte-se num autêntico aerossol de
ácido sulfúrico. O “smog” contém sempre uma abundância de substâncias orgânicas e inorgânicas,
emitidas por indústrias, veículos e pelo aquecimento doméstico.
Por causa da acumulação de diferentes tipos de substâncias do “smog” e pela influência de factores
ambientais diversos, observam-se muitas combinações de efeitos, que geralmente não podem ser
previstas.
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3 – Combate da poluição
Reduzir a poluição é hoje uma das principais preocupações da maioria dos países do mundo. Porém,
não obstante a vasta legislação que tem sido publicada visando essa redução, a tarefa não é fácil, pois exige
uma acção internacional concertada (recorde-se que a poluição não conhece fronteiras), enormes
investimentos e a intervenção activa de todos os cidadãos, em geral, e das empresas, em particular. É
evidente que não se podem fechar as fábricas e mandar parar os automóveis e os aviões. Por isso, a
diminuição da poluição tem de passar por um conjunto muito vasto de medidas, de que se dão a seguir
alguns exemplos:
a) Instalação nas fábricas de dispositivos (catalisadores) que retenham os fumos e os gases, podendo
estes ser até reutilizados como fontes energéticas. De acordo com o princípio de que "deve pagar
quem polui", esta medida tem já carácter obrigatório em vários países industrializados,
relativamente a muitas indústrias;
e) Substituição de alguns produtos químicos industriais perigosos, como, por exemplo, os que têm
levado à destruição da camada do ozono.
Sem dúvida que a aplicação de tais medidas, que não se esgotam aqui, contribuiriam, de modo decisivo,
para "uma atmosfera mais limpa" Mas a sua aplicação tem custos elevados, incomportáveis para muitas
empresas. Por exemplo, a substituição das tecnologias tradicionais por tecnologias alternativas (limpas),
nas unidades fabris já em laboração, exige profundas alterações na estrutura dessas unidades e, por
consequência, elevadíssimos investimentos, só ao alcance das grandes empresas. Mas as novas fábricas
poderão adoptar, logo na fase de instalação, essas tecnologias alternativas, como, aliás, acontece com os
automóveis, em que só os que saem agora das fábricas vêm equipados com sistemas antipoluição
(catalisadores) e adaptados ao consumo de "gasolina verde" (sem chumbo).
Também a substituição dos produtos químicos perigosos por outros de menor impacto ambiental
exige aturadas e dispendiosas investigações, o que acarreta também custos elevados. E é exactamente por
isso que têm surgido conflitos entre as instâncias governamentais e muitas empresas produtoras de uma
vasta gama de produtos químicos destruidores da camada de ozono. É, afinal, o confronto entre a
necessidade de preservar o ambiente e a sobrevivência das empresas.
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4 – Aspectos Legislativos
À medida que os efeitos perniciosos causados pelos poluentes lançados na atmosfera têm sido
conhecidos e divulgados, têm crescido as preocupações da população em geral no que respeita a esta
problemática. Deste modo a comunidade internacional sentiu necessidade de definir políticas, objectivos e
meios de gerir o recurso que o ar constitui. Para o efeito vários instrumentos foram criados, os quais,
isolada ou conjuntamente constituem outros tantos métodos ou estratégias de controlo.
NORMAS DE QUALIDADE DO AR
Esta estratégia tem em conta a capacidade finita de auto depuração da atmosfera, baseando-se na
implementação de padrões ou normas para a qualidade do ar. Estas normas não são mais do que
concentrações de poluentes ao nível do solo, as quais não devem ser ultrapassadas.
NORMAS DE EMISSÃO
Nesta modalidade são estabelecidos níveis de emissões para grupos específicos de fontes emissoras,
sendo limitadas as quantidades de cada poluente que podem ser lançadas na atmosfera.
POLUIDOR-PAGADOR
ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO
Trata-se de integrar o planeamento urbano, rural, industrial com o planeamento nacional geral. Desta
forma pode-se por exemplo, optar pela instalação de determinada indústria numa área considerada mais
apropriada, evitando o seu funcionamento numa outra.
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5 – O Ar em Angola
As primeiras medidas destinadas a desenvolver acções relativas à poluição atmosférica em Angola
surgem com a aprovação da Lei de Bases do Ambiente em 1998. As acções levadas a cabo continuam a
ser de carácter fundamentalmente pontual, continuando a não existir um plano nacional estruturado como
tal.
A aprovação da Lei de Bases do Ambiente obriga à definição de uma estratégia global de actuação,
quer a nível dos Órgãos de Soberania, quer da População em geral. Das acções que a partir daí surgiram
destacam-se as seguintes:
GESTÃO DO AR
No entanto há algumas zonas críticas nas quais a qualidade do ar deverá ser vigiada por uma entidade
reguladora de Gestão do Ar.
Trata-se de estruturas que devem procurar relacionar o interesse de todas as entidades que de alguma
forma estão envolvidas na questão. Num sentido lato: todos nós.
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Capítulo
POLUIÇÃO HÍDRICA
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Capítulo
3
POLUIÇÃO HÍDRICA
água constitui um dos recursos vitais para todos os seres vivos, nos quais desempenha múltiplas
A funções de extrema importância. O homem pode suportar mais de uma semana sem comer mas
sem beber água sucumbirá ao fim de 4 a 5 dias. Cada ser humano bebe, em média, de 2 a 3 litros
de água por dia, o que quer dizer que o seu corpo é atravessado por cerca de uma tonelada de
água por ano.
Em média, a água representa entre 80% e 90% do peso dos seres vivos, chegando mesmo a ultrapassar
os 90% em alguns animais marinhos, como é o caso de algumas medusas (95%). No homem, cerca de
65% do seu peso consistem em água.
Regra geral, o consumo de água per capita constitui um dos indicadores de riqueza e qualidade de vida
das populações e aumenta no mesmo sentido que o desenvolvimento económico e social. Por exemplo,
enquanto nos países ricos o consumo ultrapassa os 200 litros/habitante/dia, nas áreas rurais dos países do
Terceiro Mundo é, em média, inferior a 30 litros/habitante/dia.
O consumo de água cresce com a expansão industrial e urbana, o crescimento e aumento do nível de
vida da população e o desenvolvimento da agricultura:
a) O desenvolvimento industrial.
Para o grande acréscimo do consumo de água contribui em primeiro lugar o rápido crescimento da
actividade industrial. Com efeito, sendo a indústria um sector económico grande consumidor de
água, naturalmente que o seu rápido desenvolvimento, particularmente nos países desenvolvidos,
implica um aumento de consumo de recursos hídricos;
b) O crescimento da população.
Em 1900, o mundo não tinha mais de 1633 milhões de habitantes, enquanto hoje alberga cerca de
5500 milhões. Obviamente que a este explosivo crescimento da população mundial corresponde
um extraordinário acréscimo do consumo de água. De resto, o consumo per capita aumentou a um
ritmo ainda maior do que o da população, devido à elevação do nível de vida e aos progressos da
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higiene (crescente uso de casas de banho residenciais, vulgarização de máquinas de lavar roupa e
loiça, maiores cuidados com a higiene pessoal, rega de jardins particulares, lavagem de automóveis,
etc.);
c) O crescimento urbano.
Em 1900, apenas cerca de 13 % da população mundial viviam nas cidades. Actualmente ultrapassa
os 40% e nos países desenvolvidos vai além dos 70% ou mesmo 80%. Ora, este aumento da
população citadina não pode deixar de se reflectir num substancial aumento de consumo de água,
na medida em que nas cidades o consumo médio no sector doméstico per capita é, em regra,
superior ao dos meios rurais;
d) O desenvolvimento da agricultura.
O desenvolvimento e a modernização da agricultura implicam também um aumento do consumo
de recursos hídricos. Com efeito, sabendo-se que a irrigação das terras aumenta o seu rendimento,
compreende-se que se multipliquem as regas periódicas e se amplie a área de regadio.
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1 – Fontes Poluidoras
POLUIÇÃO INDUSTRIAL
A indústria constitui, sem dúvida, o sector de actividade mais poluidor da água. Nos circuitos de
produção, a água é utilizada como dissolvente ou reagente químico, na lavagem (com adição de
detergentes), na tinturaria e no arrefecimento, acabando forçosamente por se poluir, e de frequentemente,
tal maneira que se torna imprópria para quaisquer usos. Com elevadas cargas orgânicas, químicas e
substâncias tóxicas e, por isso extremamente venenosa, essa água é lançada, directa ou indirectamente, nos
rios, ribeiras, lagos e albufeiras, onde provoca graves desequilíbrios ecológicos, com a morte de muitas
espécies aquáticas e anfíbias. Por outro lado, infiltrando-se no solo, vai envenenar as águas subterrâneas,
cujas consequências para a saúde pública são fáceis de adivinhar. Saliente-se ainda que se a poluição de um
rio ou ribeira podem ser combatidos eficazmente em alguns anos, as toalhas subterrâneas, que se renovam
muito lentamente, podem manter-se contaminadas durante dezenas ou mesmo centenas de anos.
Nos países industrializados, como os Estados Unidos, França, Alemanha, Bélgica, Itália, Reino Unido
e outros, muitos rios e lagos e respectivas margens constituem autênticas fossas a céu aberto. Com forte
teor de cianetos, amónio, nitratos e detergentes, tornaram-se biologicamente mortos, já que ali a vida
deixou simplesmente de existir.
POLUIÇÃO AGRO-PECUÁRIA
As águas das chuvas e de irrigação conduzem parte desses produtos para os rios, lagos e albufeiras,
onde provocam graves perturbações ou mesmo a morte dos seres vivos pela ingestão da água
envenenada. Por outro lado, e como também já salientámos, pela infiltração desses produtos no solo eles
podem atingir as toalhas freáticas, degradando assim as águas subterrâneas, com as consequências fáceis
de calcular.
POLUIÇÃO DOMÉSTICA
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SALINIZAÇÃO
Os recursos hídricos utilizáveis podem ser superficiais (rios, lagos, albufeiras de barragens, etc.) ou
subterrâneos (nascentes naturais, minas, poços e furos). Porém, em termos globais, a maior parte da água
potável consumida no mundo é de origem subterrânea.
Ora, é precisamente ao nível dos recursos subterrâneos que se coloca a maior dificuldade de
aprovisionamento de água potável. Com efeito, a intensa exploração da água dos aquíferos provoca uma
excessiva descida das toalhas freáticas de água doce, o que a pode tornar inacessível.
Por outro lado, quando o nível da toalha freática desce para além de certo limite, dá-se a chamada
intrusão salina, ou seja, a entrada de água salgada nas toalhas freáticas, o que a torna imprópria para
consumo. A salinização das toalhas freáticas é particularmente frequente nas zonas baixas do litoral,
embora ocorra também em áreas onde o subsolo é rico em determinados minerais ricos em sódio e cloro,
como é o caso do sal-gema. Refira-se que no nosso país, na região de Setúbal e no litoral algarvio, muitos
aquíferos tornaram-se inúteis devido a intrusões salinas.
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Capítulo
POLUIÇÃO SONORA
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Capítulo
4
POLUIÇÃO SONORA
sociedade moderna tem multiplicado as fontes de Ruído e aumentado o seu nível sonoro. O
A ruído é das formas de poluição encontradas com maior frequência no meio industrial. Em
Portugal, a surdez é a segunda maior doença profissional.
O risco de lesão auditiva aumenta com o nível sonoro e com a duração da exposição, mas depende
também das características do ruído. Além disso, a sensibilidade ao ruído varia segundo os indivíduos -
uns sofrem lesões auditivas após um curto período de exposição; outros podem trabalhar durante muito
tempo, e mesmo por vezes durante toda a sua vida profissional numa atmosfera muito ruidosa, sem
apresentarem a mais pequena redução detectável das suas faculdades auditivas.
Numa pessoa que vá para um local calmo depois de ter sido submetida a um ruído intenso durante um
curto período de tempo, não ouve os sons habituais. Esta forma de hipoacusia chama-se temporária. Se o
ruído não for intenso, nem a exposição muito longa, a pessoa readquire a sua acuidade auditiva normal
após um período de repouso. Mas um ruído intenso não afecta unicamente o ouvido. Pode igualmente
perturbar a circulação sanguínea e provocar efeitos psicológicos como o “stress”.
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1 – Comunicação
A fala é a principal forma de comunicação de que se servem os seres humanos no contacto com os
seus semelhantes. A aquisição da fala recorre a mecanismos complexos nos quais o sistema auditivo
desempenha um papel essencial. Se este sistema for afectado, a percepção e aprendizagem dos sons
complexos que constituem a fala poderão ser afectados, reflectindo-se negativamente em todo o processo
de comunicação.
O ruído reduz consideravelmente a facilidade de conversar directamente ou por telefone. Por exemplo,
duas pessoas só podem conversar a uma distância máxima de 1,5 m se o nível sonoro for de 60 dB. Para
conversarem a 3 m no mesmo ambiente sonoro, têm de gritar. Se o nível sonoro for de 85dB ou mais, é
necessário gritar directamente no ouvido do vizinho.
Se o ouvido é um dos responsáveis pelo complexo processo de comunicação, é também através dele
que recebemos sons indesejáveis - Ruído - susceptíveis de afectar negativamente esse órgão humano. Os
trabalhadores de indústrias com elevados níveis de ruído, estão particularmente expostos, na sua
actividade laboral diária, às agressões provocadas pelo ruído.
2 – O Ouvido Humano
Importa que haja um conhecimento tão profundo quanto possível sobre o mecanismo da audição, a
fim de se poderem avaliar os riscos provocados no ser humano devido a uma exposição excessiva ao
ruído.
A recepção e a análise de estímulos sonoros são processos extremamente complexos e ainda não
totalmente conhecidos, sendo o ouvido um instrumento capaz de fazer uma discriminação numa larga
banda de frequências e de intensidades sonoras que se estendem do limiar de audição aos limiares de
desconforto e de dor, por uma escala extremamente larga.
Uma pessoa jovem otologicamente normal, é capaz de percepcionar sons com frequências
compreendidas entre os 20Hz e os 20000Hz, ou seja, uma relação de 1000 vezes, em termos de
intensidade o ouvido é capaz de detectar níveis de pressão sonoros muito pequenos da ordem dos 20 µ Pa
(0 dB), ou suportar sons da ordem dos 20.000.000µ Pa (120 dB), ou seja uma gama dinâmica de
intensidades de cerca de 1.000.000.
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A análise destes sinais, efectuada pelo sistema auditivo, permite identificar as fontes, quer localizando-
as, quer distinguindo as intensidades e composições espectrais.
O sistema auditivo é normalmente dividido em quatro partes: ouvido externo, ouvido médio, ouvido
interno e sistema nervoso central.
A figura abaixo sumaria a estrutura das três grandes partes em que convencionalmente se divide o
aparelho auditivo:
O ouvido externo capta as constantes variações da pressão acústica que o atingem. É constituído pela
orelha, canal auditivo e tímpano.
Do ponto de vista da transmissão sonora, o pavilhão altera o espectro dos sinais segundo a direcção
que o atinge contribuindo, com a audição bineural, para a localização espacial das fontes. Refira-se ainda
que as dimensões do conjunto formado pelo pavilhão e pelo canal auditivo privilegiam, por efeito de
ressonância, uma dada banda de frequências. Em consequência os níveis de pressão sonora que atingem o
tímpano serão mais elevados nessa banda.
O ouvido médio é uma cavidade cheia de ar (≅ 2cm3) onde se encontram três ossículos (martelo,
bigorna e estribo) cujo papel é transmitir as vibrações do tímpano ao ouvido interno.
O ouvido interno é uma cavidade cheia de líquido que contêm os canais semi-circulares, o vestíbulo e a
colcheia, onde se encontram os terminais nervosos através dos quais a sensação auditiva é detectada e
transmitida ao cérebro para processamento. As três partes que o constituem estão todas localizadas no
osso temporal do crânio.
O mecanismo da audição entra em função quando as ondas sonoras recebidas pelo pavilhão auricular
(orelha) e dirigidas através do canal auditivo externo provocam a vibração do tímpano. Esta provoca a
vibração do martelo e dos outros ossículos. A colcheia no ouvido interno, faz a transdução dos
movimentos mecânicos produzidos pelos ossículos do ouvido médio e transmitidos pela movimentação
do estribo, em impulsos nervosos que acabam por ser processados pelo cérebro, produzindo a sensação
auditiva.
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4 – Sensibilidade Auditiva
Nem todos os aparelhos auditivos humanos têm as mesmas capacidades, no entanto a estatística
demonstrou que em média o ouvido humano capta sons desde os 20 Hz até aos 20 kHz. Existe no
entanto uma faixa para a qual o ouvido é mais sensível que está compreendida entre 500 Hz e 6000Hz, a
que corresponde uma maior inteligibilidade para a fala. O envelhecimento também contribui para a
deformação da sensibilidade auditiva, fazendo-se sentir de forma mais intensa nas altas-frequências
Na sua grande maioria os sons que nos rodeiam não são sons puros de uma só frequência, mas sim
sons complexos, resultantes da combinação de várias frequências.
Não existe uma relação simples entre o nível de pressão sonora medida fisicamente e o nível de
sensação auditiva, que varia não só com a frequência do estímulo sonoro como ainda com a duração desse
mesmo estímulo.
A sensibilidade do ouvido é normalmente descrita em termos do som mínimo que é audível. A isto,
chama-se o LIMIAR DE AUDIÇÃO. As determinações de limiar são normalmente feitas, quer em
campo livre quer com auscultadores.
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5 – Conceitos Básicos
Há vários termos e expressões especializadas que devem ser explicadas antes de se iniciar a discussão
dos métodos da redução do ruído.
Som - é o movimento de uma onda que se produz quando uma fonte sonora põe em oscilação as
partículas de ar mais próximas. O movimento transmite-se gradualmente às partículas de ar
cada vez mais afastadas. No ar, o som propaga-se a uma velocidade de, aproximadamente, 340
metros por segundo; na água a 150 m/s e no aço a 500 m/s.
Ruído - som indesejável. Forma de onda com alterações aleatórias com amplitude instantânea.
Qualquer som que seja perturbador ou cause perdas de audição é indesejado. Geralmente
qualquer ruído que tenha provocado perdas de audição certamente produzido danos
temporários ou mesmo permanentes ao ouvido médio.
O som pode ser um tom puro e simples, mas a maior parte do tempo contém vários tons com
frequências e intensidades diferentes. A perturbação causada por um som não depende unicamente do seu
nível, mas também da frequência. As frequências elevadas são mais perigosas que as frequências baixas.
Para um mesmo nível sonoro, os tons puros perturbam mais que um som complexo composto de vários
tons.
Infra-som e ultra-som - um som cujas frequências sejam inferiores a 20 Hz. É geralmente inaudível.
Um som cujas frequências são superiores a 20000Hz chama-se ultra-som e é igualmente inaudível.
Pressão sonora - as oscilações mecânicas do som provocam uma pressão alternativa sobreposta à
pressão atmosférica chamada pressão sonora.
Nível de pressão sonora Decibel (dB) - o campo de audibilidade do homem cobre um enorme
domínio de pressão sonora, indo do nível de audibilidade
0,00002N/m2 ao nível doloroso de 100N/m2 (100Pa).
Este domínio de sensibilidade, cuja relação entre os extremos é de mais de 1 milhão, calcula-se:
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Atenuação do som com a distância - pode admitir-se a regra empírica segundo a qual numa grande
sala, ou ao ar livre, o nível sonoro diminuía aproximadamente
5 a 6 dB quando a distância duplica. O nível sonoro duma
máquina de dimensões médias permanece, porém, constante
até uma distância de 1,5m, começando depois a diminuir.
Adição dos sons emitidos por várias fontes - quando duas fontes de som de nível de emissão XdB
cada uma se encontram num mesmo local, o nível
resultante da soma dos seus sons é X+3dB. Todas as
vezes que o número de fontes sonoras duplica, o
nível sonoro aumenta de 3dB.
Isto é:
Ltotal = Ln + 10 logn
Quando se instala num local, cujo nível sonoro é conhecido, uma fonte sonora suplementar de
determinado nível de emissão, o nível sonoro resultante pode ser mais elevado. Neste caso, é a relação
entre os dois níveis que é determinante.
Isolamento acústico e coeficiente de redução acústica - quando um som encontra uma parede ou um
tabique, só uma fraca proporção da energia sonora atravessa o obstáculo.
Em geral, o objecto deve ser maior que o comprimento de onda do som para se conseguir um
isolamento significativo.
Ex:
f = 10 Khz λ=3,4 cm; um pequeno objecto perturbará o campo sonoro e, por isso, a absorção e o
isolamento podem ser facilmente realizados.
A capacidade de isolamento acústico dum tabique separando duas salas é chamada índice de atenuação
acústica e exprime-se em dB.
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6 – Medição do Ruído
Quando se pretende levar a efeito acções de limitação do ruído, ou quando se estabelece uma base de
dados com a qual se poderá prever o ruído duma fábrica ainda em projecto, as medições constituem o
ponto de partida mais importante.
Se não se fizeram, ou, se a partir delas, não se fixarem objectivos, é impossível decidir objectivamente
se se deve ou não limitar o ruído e julgar da eficácia das acções consideradas.
O ruído apresenta características muito diversas e existe um grande número de técnicas para as medir.
O nível de pressão sonora lido num sonómetro não fornece sempre informações suficientes para se poder
avaliar o perigo do ruído ou para servir de base a um programa de limitação do ruído.
b. Obter uma base útil para as acções de redução do ruído sobre as máquinas e equipamentos;
c. Determinar de maneira precisa a emissão sonora duma máquina isolada e poder assim compará-la
com os valores consignados na garantia ou no caderno de encargos;
d. Assegurar-se que o nível sonoro não incomoda terceiros, isto é, as zonas residenciais.
Há um certo número de normas que aplicam aos instrumentos e aos métodos de medição.
As mais importantes foram publicadas pela CEI (Comissão Electrotécnica Internacional) e referem-se
à concepção e construção de instrumentos; e pela ISO (International Satandards Organisation) e referem
às técnicas e os parâmetros de medição, condições experimentais e a redução dos valores medidos
relativamente a uma referência comum.
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Pode ser difícil modificar uma máquina ou um processo de fabrico já em serviço, sem perturbar a
produção.
b. Manutenção
Se não for possível prevenir o ruído na origem, pode ser necessário blindar as máquinas
eficazmente.
A vibração nas máquinas resulta frequentemente do desgaste das partes metálicas, ou do aperto
defeituoso das cavilhas e dos parafusos, o que é fácil de remediar, reparando-as. Se a máquina
estiver em bom estado, é preciso evitar que as vibrações das máquinas e das instalações se
propaguem à estrutura do edifício.
Nos locais de trabalho em que os tectos, paredes e pavimentos estão cobertos de materiais duros,
os sons que atingem estas superfícies são quase todos reflectidos para o interior. O nível sonoro
decresce rapidamente quando nos afastamos da máquina, mas a partir dum certo ponto permanece
quase constante. O ruído reverberado, isto é, proveniente de todas as outras fontes, incluindo as
reflexões nas paredes, torna-se mais intenso que o ruído directo da máquina.
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8 – Efeitos do Ruído
Efeito do ruído no ouvido interno:
A quantidade de danos causados no ouvido interno está relacionada com o nível de exposição de
ruído. A exposição a um nível de ruído muito elevado pode levar à destruição completa do ouvido
interno. Níveis extremamente elevados, como explosões, podem também danificar o ouvido médio como
por exemplo levar a membrana do tímpano à ruptura.
O efeito do ruído na audição pode ser temporário ou permanente. Se as células ciliadas ficarem
seriamente danificadas, elas não irão recuperar e não serão substituídas por novas. Como resultado é a
permanente perda de audição. No entanto se os danos forem ligeiros as células podem recuperar a
audição para níveis normais.
b. Duração
c. Espectro de frequências
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• Incomodidade.
11 – Prevenção
Quando nos deparamos com uma situação potencialmente perigosa para a nossa audição temos pelo
menos três tipos diferentes de abordagem.
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12 – Protecção Individual
Sempre que seja inviável a adopção de medidas de prevenção colectivas, ou enquanto não for possível
adoptá-las, teremos de recorrer à protecção individual.
Em casos de ruído particularmente intenso podem ainda utilizar-se, conjuntamente, protectores dos
dois tipos a fim de se obter uma maior atenuação.
Os protectores de inserção (“tampões”), podem ser dois de tipos: de borracha flexível ou de algodão.
A eficácia dos tampões é geralmente inferior à dos protectores que cobrem todo o pavilhão,
designados vulgarmente por protectores de “concha”; dentre os tampões, os mais eficazes sãos de
borracha, apresentando os de algodão algumas vantagens no tocante à higiene. O uso de protectores não
deve impedir a percepção de sinais exteriores necessários à execução do trabalho nem, sobretudo, à
manutenção da segurança do seu utilizador. Por isso, a atenuação não dever ser exagerada, mas adequada.
Após um período de aprendizagem indispensável, a percepção dos sinais exteriores pertinentes pode ser
melhorada.
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Capítulo
SOLO E SUB-SOLO
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Capítulo
5
SOLO E SUB-SOLO
conceito de “solo” tem evoluído ao longo do tempo e ainda hoje são possíveis definições
O diferentes, de acordo com a perspectiva de estudo. Uma definição simples e que se adapta ao
nosso interesse presente é a seguinte: “solo é um corpo complexo de crosta terrestre que resulta
da interacção de vários factores e que tem a possibilidade de manter a vegetação.”
Se bem que frequentemente o solo seja visto unicamente como o resultado da degradação da rocha, a
verdade é que são vários os factores que determinam o seu aparecimento e características:
• Clima
• Organismos
• Relevo
• Rocha mãe
• Tempo
Todos contribuem, com maior ou menor influência em cada situação concreta. Nalguns casos verifica-
se que é a rocha mãe que fundamentalmente determina as características dos solos, sendo esta a situação
que grandemente predomina no nosso país; noutros porém é o clima o elemento preponderante,
ocorrendo esta situação fundamentalmente em regiões com climas agressivos, quentes ou frios.
Uma outra situação corresponde a ser a vegetação que principalmente afecta a formação dos solos: é o
que se verifica por exemplo na região amazónica, em que se pode efectivamente afirmar que a floresta faz
o solo, realidade confirmada pela perda de fertilidade deste que ocorre após o desaparecimento da floresta.
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AR
MATÉRIA MINERAL
25%
45%
25%
H2O 5%
MAT. ORGÂNICA
Embora percentualmente mais diminuta, a matéria orgânica é a grande responsável pela fertilidade de
um solo, desempenhando assim um papel fundamental na satisfação de uma das necessidades básicas do
homem: a alimentação. A utilização dos solos é no entanto muito diversa e não se limita ao uso agrícola:
• Reservatório de água;
Temos portanto muitas razões para utilizar o solo de forma ponderada e racional.
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1 – Principais Problemas
São várias as causas de degradação dos nossos solos. Sendo um recurso fundamental e praticamente
não renovável à escala humana, a conservação do solo reveste-se, assim, de particular importância. Os
fenómenos que degradam os solos são fundamentalmente de dois tipos: a erosão e a contaminação.
A EROSÃO
• Factores antropogénicos
Os factores intrínsecos ao solo relacionam-se com a sua constituição e origem geológica. Neste campo,
uma elevada percentagem dos solos continentais portugueses é caracterizada por uma elevada
erodibilidade natural quer devido a fracos graus de compactação exibidos quer por se tratar de solos
delgados e pedregosos.
Como factores extrínsecos aos solos podem referir-se os aspectos climáticos. Também nesta área o
continente português se pode considerar desfavorecido: o clima mediterrânico que o caracteriza,
apresentando contraste sensível entre a estação húmida e a estação seca, facilita a acção dos agentes
erosivos, particularmente os de origem hídrica.
Face a este panorama seria justificável que o homem desenvolvesse uma acção adequada no sentido de
impedir ou minorar os efeitos da acção dos agentes erosivos naturais. Na verdade, não só esta acção não
tem sido desenvolvida como se verifica frequentemente uma conduta que facilita ainda mais o trabalho
daqueles agentes erosivos.
O tipo de erosão mais frequente em Angola é a erosão hídrica, por motivos que se ligam muito
directamente com os condicionalismos climáticos, principalmente o regime de chuvas, irregular e
concentrado, ocorrendo as primeiras quedas de precipitação mais acentuadas logo a seguir à estação seca,
quando o solo está mais seco e tem menor protecção vegetal.
As regiões mais afectadas são as montanhas, por efeito da erosão vertical, embora noutras regiões de
relevo mais suave, o fenómeno esteja a ganhar progressiva importância, na sequência da implementação
da cultura de cerais de sequeiro, a qual deixa descoberto o solo, no final do Verão, determinando acções
erosivas intensas com as primeiras chuvas.
No caso das áreas de arvoredo, os problemas com a erosão surgem após os grandes incêndios, após os
quais o solo fica seco, desprotegido e mais sensível aos agentes erosivos.
Para as áreas eucaliptadas o problema da erosão é sensivelmente mais grave. Por um lado verifica-se
frequentemente a sua instalação em zonas de fácil erosão e por outro assiste-se à não formação de sub-
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bosque. Estes aspectos são agravados pelas práticas de preparação do terreno de exploração e pelo
elevado consumo de água, as quais expõem o solo aos agentes atmosféricos.
• Diminuição de fertilidade;
• Colmatação do fundo dos vales com inutilização dos seus terrenos agrícolas;
• Assoreamento dos rios, com aumento de frequência das cheias e colmatação de albufeiras.
A CONTAMINAÇÃO
O processo de contaminação do solo é definido pela adição de compostos que podem produzir efeitos
negativos, com a particularidade destes efeitos só serem detectados anos depois de iniciada ou executada a
acção que lhes deu origem. Por outro lado, um solo poluído é aquele que recebeu uma quantidade tão
elevada de contaminantes que os seus efeitos negativos são imediatamente detectáveis.
Na origem de situações de contaminação e poluição dos solos e, por tabela, das águas superficiais e
subterrâneas, encontram-se dois tipos de causas: o uso de adubos e pesticidas na agricultura e os depósitos
de resíduos urbanos e industriais.
Uma alternativa aos adubos e com vantagens em relação a estes tem sido a utilização das lamas
provenientes das Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR): por um lado permite dar um
destino a essas lamas e por outro, face à baixa acidez que normalmente as caracteriza, contribui para a
correcção dos solos em termos de PH. Os ensaios feitos (periodicamente) mostram que essas lamas
apresentam um teor muito baixo em metais pesados, não se colocando assim o problema da
contaminação dos solos.
Em algumas áreas litorais a utilização de algas como adubo constituiu durante muito tempo uma
actividade tradicional. Hoje em dia o aproveitamento deste recurso renovável está bastante desprezado em
favor dos adubos industriais, mais agressivos e com os inconvenientes ecológicos já referidos.
Também os pesticidas utilizados na agricultura podem ser causa da poluição dos solos e de outros
danos ambientais. A sua finalidade é o combate às pragas que assolam as culturas agrícolas, mas os
pesticidas destroem também insectos benéficos que funcionam como predadores naturais, favorecendo-se
assim o aparecimento de novas pragas sucessivamente mais resistentes em termos genéticos, as quais por
sua vez virão a ser combatidas com doses sucessivamente mais fortes de pesticidas.
No que respeita às agro-pecuárias não pode deixar de se referir o caso das suiniculturas, que
apresentam uma taxa muito baixa de tratamento de afluentes, os quais são frequente e simplesmente
lançados nos solos e linhas de água.
No que respeita aos resíduos industriais os efeitos de contaminação provêm de águas contaminadas,
efluentes sólidos e líquidos lançados directamente sobre os solos e da deposição de partículas sólidas.
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As acções preventivas no que respeita, em termos genéricos, à poluição, já foram apresentadas como
preferíveis às acções curativas. Isto mesmo é especialmente verdade no que respeita à poluição dos solos
na medida em que as soluções hoje existentes com vista ao tratamento de solos contaminados são
extremamente dispendiosas, imperfeitas e demoradas.
Desde logo se trata de um problema de análise difícil, quer pela diversidade de produtos poluentes que
o homem não cessa de criar, e que podem ocorrer em simultâneo numa determinada zona, quer pela
avaliação da extensão do volume de solo e subsolo contaminado. Neste particular não podemos deixar de
ter presente que após penetrar no solo, os produtos contaminantes podem percorrer vários caminhos em
direcções que nem sempre serão fáceis de determinar. As possibilidades mais comuns são as seguintes:
A ocupação do solo por construções (betonização) pode ser também considerada como uma forma de
degradação dos solos. Em Portugal, por exemplo, este problema é especialmente preocupante, pela
pequena percentagem de bons solos agrícolas de que dispõe. Curioso é verificar que, historicamente, as
povoações importantes se desenvolveram na dependência dos bons solos agrícolas que as circundavam e
que estes gradualmente vão desaparecendo com o alargamento do espaço urbano. Foi no sentido de
controlar esta questão que, em Portugal, se constituiu a Reserva Agrícola Nacional (RAN) que pretende
consagrar “a importância do solo agrícola como valor de património que a todos interessa e é pertença da
comunidade ao longo de gerações” e garantir a sua conservação.
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Capítulo
PROBLEMAS GLOBAIS
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Capítulo
6
PROBLEMAS GLOBAIS
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1 – Desertificação
A camada arável (produtiva) do solo leva milhares ou milhões de anos para se formar e um ou dois
anos para se destruir. É este processo de destruição que se designa por desertificação.
As causas principais de destruição da camada arável são deixar a terra desnudada em ocasiões de maior
pluviosidade ou vento e a sobre-exploração de terrenos marginais e delgados: qualquer destas situações
facilita a ocorrência da erosão, fenómeno que, sendo natural, é frequentemente muito agravado pela acção
do homem. Num estudo recente concluiu-se que a erosão hídrica e eólica, de longe os maiores causadores
da desertificação dos solos, se deviam ao pastoreio excessivo (34,5%), desflorestação (29,5%), agricultura
(28,1%) e sobre-exploração (7%).
As áreas mais afectadas são as terras secas e é neste caso que verdadeiramente a degradação dos solos
causada pela actividade humana se chama desertificação, termo utilizado para descrever não a expansão
dos desertos mas a sua criação.
Como consequência directa desta situação surge a diminuição de produtividade, a qual por sua vez
origina a fuga dos agricultores para as áreas urbanas - fenómeno mais característico de países do terceiro
mundo mas que em Portugal também se pode constatar.
A adopção de medidas específicas contra o processo de desertificação implica uma investigação caso a
caso para que sejam socialmente aceitáveis e adequadas às condições ecológicas locais.
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2 – Chuvas Ácidas
A libertação de NOx e SO2 pela queima de combustíveis fósseis na indústria e transportes é a principal
responsável pela ocorrência de chuvas ácidas nalgumas regiões do planeta, principalmente na
Escandinávia, na Europa Central e fronteira oriental entre o Canadá e os Estados Unidos. O termo
“chuvas ácidas” não se refere a um fenómeno qualquer , ao qual, por motivos mais ou menos estranhos,
se tenha resolvido dar este nome curioso: trata-se de facto de chuva que contém efectivamente
substâncias ácidas. E é frequente que, nas zonas mais atingidas, as chuvas sejam dez vezes mais ácidas que
o normal. Desta forma, milhares de lagos vêm sendo afectados, principalmente nas regiões referidas, e
nalgumas delas todos os peixes morreram. A vegetação é também sensível a esta pressão sofrendo sérios
danos, como é o caso de algumas grandes manchas florestais na Europa Central.
Mas não só os seres vivos são afectados: também os materiais que utilizamos nas construções sofrem
danos. Neste âmbito são de referir os efeitos corrosivos nalguns monumentos das regiões mais afectadas.
Num caso e noutro o mecanismo é semelhante e consiste na combinação destes poluentes com o
oxigénio e a água da atmosfera. Desta forma o NOx origina ácido nitroso (H2NO2) e ácido nítrico
(H2NO3), e o SO2 origina ácido sulfúrico (H2NO4), São fundamentalmente estes ácidos que conferem à
chuva as características já mencionadas.
Uma particularidade que não pode deixar de ser referida é que, tal como acontece com parte
significativa de toda a poluição atmosférica, estes poluentes podem ser transportados pelos ventos a
centenas de quilómetros de distância, causando danos em regiões tão extensas como distantes da fonte
que os produziu.
Com vista à redução das emissões destes poluentes têm sido feitos alguns acordos internacionais e
alguns países têm-se obrigado igualmente, de forma unilateral, à redução das emissões.
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3 – Buraco do Ozono
O ozono (O3) é um gás azulado da família do oxigénio e resultante da dissociação das moléculas deste
último componente gasoso provocada por certas radiações emanadas do Sol. Cada um dos átomos
resultantes dessa dissociação recombina-se com o oxigénio molecular, originando-se assim o ozono.
Embora em muito pequenas quantidades, o ozono existe também na baixa atmosfera, onde pode ser
produzido por descargas eléctricas da atmosfera (relâmpagos), o que nos é revelado pelo seu cheiro
característico durante as trovoadas. Contudo, ele acumula-se na sua quase totalidade na camada que vai
dos 20 km aos 50 km e que, por isso, é designada por camada de ozono. Mas, a designação de "camada de
ozono" pretende apenas referenciar a zona da atmosfera onde é maior a sua concentração, tendo-se,
portanto, de ter em atenção que, mesmo naquela camada, o ozono ocupa uma parte ínfima do volume do
ar.
Estudos divulgados pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente indicam que a redução
de apenas 1% na espessura da camada de ozono é suficiente para a radiação ultravioleta cegar 100 mil
pessoas por catarata e aumentar os casos de cancro da pele em 3%. Está provado também que a
exposição desmedida aos raios ultravioletas pode afectar as defesas imunológicas do homem e dos
animais, dando sinal verde a doenças infecciosas. Em casos extremos (quantidades muito elevadas),
tornar-se-iam mortais pelas graves queimaduras que por elas seriam provocadas. Todas as células
acabariam por ser então destruídas, o que impossibilitaria a existência das formas de vida actualmente
conhecidas no nosso planeta. De notar, no entanto, que, em quantidades adequadas (muito pequenas), as
radiações ultravioletas são úteis à vida, contribuindo para a produção da vitamina D, indispensável ao
normal desenvolvimento dos ossos.
Em meados da década de 80, confirmou-se que o ozono está a ser progressivamente destruído, com a
consequente rarefacção da camada onde este importante gás se concentra (camada do ozono).
Essa destruição é provocada por produtos químicos libertados pela actividade humana, especialmente
os que contêm cloro e, em particular, os chamados clorofluocarbonetos (CFC), gases constituídos por
cloro, flúor e carbono, muito utilizados em frigoríficos, aparelhos de ar condicionado, indústria
electrónica, produção de espumas sintéticas usadas no combate a incêndios, artigos de limpeza, etc.
Os CFC podem subir até à estratosfera sem se modificar. Mas, chegando ali, a radiação ultravioleta
quebra as suas moléculas e liberta os átomos de cloro, que reagem com o ozono, destruindo-o.
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O chamado "buraco do ozono", que designa a camada de ozono muito fina sobre a Antárctica, surge
com maior nitidez na Primavera e Outono. Porém, o perigo já não se restringe ao inóspito e desabitado
continente antárctico, onde a falha na camada de ozono é maior porque a movimentação dos ventos
acontece em redor do pólo. Em várias outras regiões do planeta, o escudo do ozono também está a ficar
mais fino, permitindo a intensificação nada salutar dos raios ultravioletas e novos buracos poderão surgir
sobre regiões populosas de qualquer latitude
Face a esta ameaça, mais de 60 países assinaram, em 1987, o Protocolo de Montreal, comprometendo-
se a reduzir em 50% o uso de CFC até finais do ano 1999. Mas, em 1990, na Conferência de Londres,
setenta países concordaram em acelerar os processos de eliminação dos CFC, decidindo não a redução
mas a paragem total da produção até ao ano de 2000, tendo sido criado um fundo de ajuda aos países em
desenvolvimento de 200 milhões de dólares de 1991 a 1993. Os Estados Unidos, Canadá, Suécia e Japão
anteciparam essa data para 1995 e a UE decidiu parar com a produção até Janeiro de 1996.
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4 – Desflorestação
As florestas produzem combustíveis, materiais de construção, alimentos, medicamentos, fibras e
proporcionam emprego a milhões de pessoas. Pelo simples facto de existir, a floresta desempenha um
papel muito importante no combate à poluição, reciclando dióxido de carbono e libertando oxigénio.
As florestas desempenham também um papel fundamental na protecção dos solos, impedindo que as
chuvas se abatam directamente sobre eles e reduzindo a velocidade de escoamento das águas. De forma
indirecta, contribuem ainda para dificultar a ocorrência de avalanches e inundações: refere-se a propósito
o caso do Bangladesh, que costumava sofrer uma grande inundação de cinquenta em cinquenta anos,
enquanto que, desde que os Himalaias deixaram de estar cobertos de árvores, a frequência média é de uma
de quatro em quatro anos.
No seio da floresta encontram-se também formas de vida animal a ela adaptadas que contribuem,
juntamente com outros vegetais, para o equilíbrio do conjunto.
Em resumo, pode dizer-se que floresta é um dos ecossistemas mais ricos, pela multiplicidade de
serviços ambientais e económicos que proporciona.
Sendo tantas as vantagens que a floresta disponibiliza quais serão então as razões porque anualmente
desaparecem mais de 15 milhões de hectares de floresta? O abate das árvores a ritmo muito superior aos
ritmos naturais de crescimento, a agricultura de queimada, o desbravar da terra para a agricultura, os
incêndios florestais e a poluição do ar, todos contribuem com a sua quota-parte.
A floresta tropical é no entanto um caso particular, por várias razões. Entre elas avulta o facto de
conterem uma percentagem muito apreciável do número total de espécies vivas da Terra.
Acontece no entanto que a terra, nestas regiões, é muito pouco fértil, porque ao contrário do que se
verifica nas regiões temperadas, a maior parte dos elementos nutritivos encontra-se na matéria orgânica
que as próprias plantas vão produzindo, e não no solo. Desta forma, a destruição de determinada área de
floresta para prática de agricultura não permite que esta actividade se desenvolva por mais que dois ou três
anos: após esse período o solo está pobre e erodido, e não só não tem mais utilidade agrícola como não é
possível reinstalar de novo a floresta dado que a matéria orgânica que a sustentava foi entretanto
consumida. Em termos de longo prazo ou, se quisermos, em termos de desenvolvimento (sustentável) e
em termos ecológicos, este método de exploração/destruição da floresta é por muitos considerado
catastrófico e ruinoso.
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Capítulo
RESÍDUOS SÓLIDOS
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Capítulo
7
RESÍDUOS SÓLIDOS
ostumamos chamar lixo ao que deitamos fora por não sabermos aproveitar. Sempre assim foi: já
C
natureza.
no Paleolítico o homem rejeitava aquilo para que já não encontrava utilidade e esse “lixo” é hoje,
inclusivamente, alvo de estudo pelos arqueólogos. Nessa época no entanto, e até há relativamente
pouco tempo, o lixo não agredia o ambiente, quer pelo seu fraco quantitativo quer pela sua
O tipo de sociedade que fomos construindo assenta em grande parte no consumo e este tem crescido
com a melhoria do nível de vida das populações. E com o aumento do consumo tem crescido, de forma
aparentemente inevitável, a produção de diverso tipo de lixos. Alguém menos avisado ou distraído poderá
ingenuamente defender que o lixo não é problema desde que cada um se preocupe em depositá-lo no
respectivo caixote ou contentor. Na verdade não é assim. Esses actos, que automática e permanentemente
executamos (será que executamos sempre?) constituem apenas um dos aspectos de uma das mais graves
questões ambientais que a humanidade enfrenta: o destino a dar aos resíduos sólidos.
Tal como outros problemas ambientais, a questão dos resíduos sólidos não se manifesta igualmente em
todas as regiões ou países: o volume de lixos produzidos apresenta-se geralmente proporcional ao grau de
desenvolvimento de determinado país ou região.
Também o tipo de lixo produzido indicia o grau de desenvolvimento ou tipo de sociedade de onde
provem: sociedades mais desenvolvidas produzem resíduos menos ricos em matéria orgânica; sociedades
rurais produzem resíduos mais ricos em matéria orgânica que os centros urbanos.
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
O lixo é portanto um produto típico das sociedades modernas e curiosamente, apesar de ser algo
indesejável e que todos querem ver longe ou nem sequer ver, é produzido a um ritmo tanto maior quanto
mais alto é o nível de vida (tal como é normalmente entendido) das populações que o produzem.
Os RSU, também designados por lixos domésticos, são gerados ao nível dos consumidores
individuais e colectivos.
Os RI, como o nome indica, são os provenientes dos processos industriais, salientando-se a
indústria extractiva e transformadora e o sector agro-pecuário.
Os RH, que juntamente com os RI são também por vezes designados por Resíduos Tóxicos e
Perigosos (RTPs) surgem como grupo específico, dadas as características particulares que
geralmente possuem no que respeita à sua carga em agentes patogénicos.
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1 – Principais Problemas
RESIDUOS SÓLIDOS URBANOS
Os RSU constituem um dos grandes problemas dos aglomerados urbanos. Todos os dias são
produzidas toneladas de “lixo”, geralmente não tão inócuos como a maior parte da população pensa. Com
efeito, atrás dos papéis, restos de comida ou papelão, vêm também pilhas, latas de tinta ou cola, que
contêm substâncias poluentes que deviam ser tratadas.
Cerca de 90% da população portuguesa é já servida por sistemas de recolha de lixos. Até há alguns
anos o destino destes lixos, após a sua recolha e transporte, eram as “lixeiras”, termo por todos nós
conhecido e que, ainda hoje e um pouco por todo o lado, proliferam. Embora à primeira vista, e para
muita gente, as lixeiras sejam apenas algo que estraga a paisagem e provoca maus cheiros, há na verdade
outras consequências, mais gravosas para a saúde pública, que não são tão facilmente visíveis. De facto,
quando o lixo é armazenado ao ar livre, a sua combustão, acidental, espontânea ou deliberada provoca a
libertação de fumos e gases tóxicos e/ou corrosivos que poluem o ar que respiramos.
Por outro lado a água das chuvas dissolve ou arrasta consigo parte da matéria orgânica depositada nas
lixeiras a qual vai posteriormente poluir os cursos de água próximos ou contaminar aquíferos com
elementos patogénicos ou tóxicos, constituindo-se assim um problema de poluição hídrica e de solos.
Considera-se ainda como particularmente importante a poluição por metais pesados em solução os quais
possuem, entre outras, a característica de serem bio acumuláveis.
Desta forma, uma lixeira não é apenas algo desagradável à vista ou ao olfacto: uma lixeira é, acima de
tudo, algo perigoso.
RESÍDUOS INDUSTRIAIS
Por exemplo, Portugal, produz mais de 1 milhão de toneladas de resíduos industriais por ano, dos
quais cerca de 75% são pura e simplesmente depositados no solo e no subsolo, provocando situações de
contaminação dos solos e das águas.
RESÍDUOS HOSPITALARES
Pelas suas características (cerca de 50% estão contaminados) este tipo de resíduos necessita um sistema
de tratamento adequado, o que significa que deve ser incinerado em condições particulares (1200ºC).
Actualmente são os hospitais que tratam o seu lixo contaminado em incineradores próprios, geralmente
obsoletos e com equipamentos de purificação de gases muito primitivos. Quando estas incineradoras não
dão vazão aos excedentes hospitalares, por falta de capacidade ou inoperacionalidade, os resíduos acabam
frequentemente por ser integrados nos sistemas camarários de recolha e ir parar às lixeiras comuns.
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Todo este processo conduziu as sociedades ditas modernas a uma cada vez maior produção de lixos,
sem que alguém se preocupasse com o destino a dar-lhe... até começarem a surgir os problemas.
Parece poder afirmar-se então que se o problema é o lixo, a solução está em acabar-se com ele. Ou
pelo menos reduzir a sua produção. Reduzir a produção de resíduos é então, como se pode verificar por
este raciocínio lapalissiano, o início da solução ou pelo menos parte dela. Tal já foi compreendido pelos
países mais desenvolvidos, onde a questão é também mais grave.
Mesmo sendo assim, quando se trata da implementação e concretização de medidas, tudo se complica.
Trata-se de facto de um dos exemplos em que a solução técnica é inimiga, pelo menos parcialmente, da
solução política, o que tem criado aos países desenvolvidos um dilema preocupante: se optarem por
políticas “reducionistas” sofrem a contestação dos industriais e suas associações que ameaçam com o
espectro do desemprego; se optarem por uma política “consumista”, como a que tem sido tradicional,
depauperam os recursos naturais, sobrecarregam economicamente as autoridades municipais
(responsáveis pelos RSU) e ficam com montanhas e montanhas de lixo para dar destino.
Reduzir significa implicitamente que há, ainda assim produção de resíduos. Parece lógico que a
tentativa seguinte seja reutilizar, ou seja, substituir na prática o célebre “usar e deitar fora” por usar e voltar
a usar. Se bem que a adopção deste princípio passe muito pelo tipo de produto que o mercado oferece ao
cidadão, passa também, tal como o primeiro princípio referido, pelas opções do próprio cidadão. Ainda
assim haverá bens ou produtos cujas características (ainda) não se adaptam a este tipo de acção, após uma
primeira utilização. Nesse caso talvez seja possível fazer reentrar determinado produto num ciclo idêntico
ao que lhe deu origem e assim obter um outro semelhante ao inicial. Este processo é designado por
reciclagem e, juntamente com os dois tipos de acção referidos antes, constitui o que normalmente se
designa por “política dos três RR”: Reduzir, reutilizar, reciclar.
Hoje em dia, esta política, desenvolveu-se para um conceito dos quatro RR : Reduzir, Reutilizar,
Recuperar e reciclar. Introduzido o conceito de Recuperar, deu uma maior abrangência às possibilidades
de tratamento dos materiais já usados, sem que seja necessário a sua substituição, podendo ser empregues
como matéria-prima de um outro produto.
Tratando-se de um conceito relativamente recente, não deixa de ser curioso o facto de, em meios
menos desenvolvidos, ser exactamente aplicado no dia-a-dia, sem que se possa dizer que isso resulte
obrigatoriamente de preocupações ambientais ou de qualquer política governamental. Na verdade, em
muitas aglomerados do nosso país não há lixo. Ou pouco mais há que o que constituem as embalagens de
lata, ferro ou plástico, em que vêm embalados alguns bens de consumo. Poucos ou nenhuns restos de
comida se deitam fora. E o que de facto sobra não constitui lixo mas alimentação de cães, gatos, galinhas e
patos que devoram ossos, espinhas e cascas. Tudo o que é caixote de madeira, tábuas ou tabuinhas, ou
fica guardado à espera que sirva ou vai para o lume, onde se faz a comida. Há até quem recupere pregos
usados para reutilizar. As mulheres, quando vão às compras, trazem-nas numa cesta à cabeça ou em sacos
de pano: nunca gostaram de sacos de plástico.
É óbvio que a imagem que acabou de ser transmitida, sendo real, não se adapta aos grandes centros
urbanos.
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
Na sua essência reside no entanto um conjunto de atitudes que os países que seguem na vanguarda das
preocupações ambientais já começaram a implementar (embora as dificuldades, tal como já foi referido,
sejam muitas).
Mesmo aceitando e implementando a política dos três RR, não é possível no entanto eliminar a
produção de lixos. Há então que encontrar saídas para esses excedentes. As hipóteses fundamentais que se
apresentam são normalmente três: compostagem, aterro e incineração.
Vem a propósito referir que a separação de lixos, de acordo com as características que cada tipo de
resíduo apresenta, é considerada hoje em dia indispensável para o bom funcionamento de qualquer
sistema de gestão de resíduos que se pretenda verdadeiramente respeitador do ambiente. Só assim pode
ser dado, a cada tipo de lixo, o destino mais adequado, de entre os que já foram referidos.
O aterro surge como mais uma hipótese para o destino a dar aos resíduos. É, pode dizer-se, a
alternativa actual às tradicionais, malcheirosas e perigosas lixeiras. Um aterro sanitário é então um local em
que se depositam resíduos no solo em condições de segurança física e sanitária, com possibilidade de
recuperação paisagística posterior e exploração económica (produção de gás).
A incineração é mais uma hipótese de solução para os resíduos. Incinerar é, para este efeito, reduzir um
sólido combustível a um resíduo inerte, por combustão a alta temperatura. Logicamente, a incineração
produz resíduos sólidos (que se pretendem inertes) aos quais há que dar um destino, e gases carregados de
poluentes que há que tratar antes de serem libertos na atmosfera.
As soluções referidas apresentam vantagens e inconvenientes e não é seguro que uma determinada
solução global funcionando bem numa região funcione igualmente bem noutra: desde o tipo de lixos
produzidos até aspectos relacionados com o ordenamento do território, diversas são as variáveis a
considerar no sentido da concepção de qualquer sistema local, regional ou nacional de gestão de resíduos
sólidos. Uma “receita” que no entanto, em termos técnicos ambientais, é normalmente aceite como
correcta e universal, corresponde, para o caso dos RSU, a haver uma selecção de resíduos logo na recolha,
fazer reciclagem do que for possível, enviar para uma estação de compostagem a matéria orgânica e
incinerar o restante, pressupondo-se presentes os princípios da Redução e Reutilização, já referidos.
Tal como noutras áreas relativas à protecção ambiental, tem-se verificado nos últimos anos um
aumento sensível das preocupações no âmbito da poluição por resíduos sólidos. Essas preocupações têm
tido os seus reflexos na publicação de legislação específica, que contempla já uma vasta gama de questões
relacionadas com esta problemática.
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Capítulo
REDUÇÃO DO IMPACTO
AMBIENTAL DOS POLUENTES
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
Capítulo
8
REDUÇÃO DO IMPACTO
AMBIENTAL DOS POLUENTES
O conceito de resíduo tem mudado ao longo do tempo sendo o mais aceite na actualidade aquele que
o define como produto gerado na actividade de produção e consumo que não atingem, no contexto em
que são produzidos, qualquer valor económico, o que pode ser devido à falta de tecnologia adequada para
o seu aproveitamento como à inexistência de mercado para produtos recuperados. Portanto, um produto
considerado como resíduo hoje pode-o não ser, ao fim de alguns anos.
• Resíduos sólidos, líquidos, pastosos ou gasosos confinados perigosos para a saúde humana ou
para o ambiente.
Um dos maiores problemas que a sociedade actual tem é precisamente a gestão destes resíduos.
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Até há relativamente pouco tempo, finais dos anos setenta, o destino que se lhes dava era um
tratamento ou simplesmente se vazavam nos mais diversos lugares, com graves riscos para a saúde
humana e para o meio ambiente.
Um tratamento de resíduos, o que faz, é transportar a contaminação de um meio para o outro. Por
exemplo, o tratamento duma água traz consigo a produção de lamas que se têm de eliminar de algum
modo.
A incineração de resíduos sólidos produz gases, partículas e vapores que contaminam o ar se não for
feito um tratamento adequado.
O armazenamento de resíduos sólidos urbanos numa lixeira, pode produzir diversos efeitos sobre o ar,
águas superficiais e subterrâneas se não existir uma saída adequada dos gases que emana e uma boa
recolha dos lesionados líquidos, dando lugar a incêndios e explosões, assim como à contaminação das
águas.
Forma de geri-los:
No modelo tradicional, a empresa e a sociedade não se preocupam com os resíduos gerados, tanto do
processo produtivo como pelos seus produtos, os quais vão parar directamente aos três elementos
básicos: terra, água e ar. Até agora tem sido a atitude mais frequente
Matéria-prima
Energia
Energia Ar Terra Água
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Recuperação
Tratamento
Matéria-prima
Resíduos
Processo de Fabrico
Energia
Ar Terra Água
Produtos para o
Mercado
Uma forma de conseguir este objectivo é “minimizar” a produção de resíduos, assim como diminuir a
sua geração, quer processando-os através duma fase de recuperação e tratamento para obter uma
evacuação inócua para o ambiente e mesmo como matérias-primas.
• Redução na origem.
• Redução de volume.
• Reciclagem e recuperação.
• Tecnologias limpas.
Gestão de inventário - Passa pela gestão de stocks para evitar matérias primas em excesso caducadas
e que teriam de ser eliminadas como resíduos perigosos, emprego de
matérias alternativas menos perigosas ou contaminantes. Aplica-se a todos
os tipos de indústrias, não é cara nem difícil de aplicar.
Modificação dos processos de produção - A redução de resíduos por este processo pode estar
associada à mudança de matérias primas utilizadas,
incrementando a eficiência e pode ser devida a:
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Modificações nos equipamentos de processo. Equipamentos mais eficientes podem reduzir a geração
de resíduos. A modificação do equipamento de produção para que melhore a eficácia da operação requer
uma ampla compreensão tanto do processo produtivo como da geração de resíduos. (Exemplos: Fabrico
de cartão por meio de circuitos hidráulicos fechados; Descasque de legumes por processos mecânicos;
Desoxidação de objectos metálicos por vibração, etc.).
Inclui técnicas que permitem a separação de resíduos e desta forma reduzir os custos de eliminação ou
ainda poder reutilizá-los ou reciclá-los. Uma vez os resíduos concentrados é muito mais fácil recuperar os
materiais, que podem ter valor económico.
• A Concentração reduz o volume dos resíduos mediante um tratamento físico (filtração por
gravidade ou vácuo, ultrafiltração, osmose inversa etc.).
A recuperação baseia-se na utilização do resíduo gerado noutro processo distinto daquele em que é
produzido. Como no caso da reciclagem, este resíduo poderá ser introduzido no novo processo
directamente ou eventualmente sofrer algum tratamento.
• O poder calorífico dos resíduos que podem utilizar-se como fontes de energia pela combustão.
• A recuperação de componentes que podem ser separados e utilizados por outras indústrias, com
fins diferentes dos que geraram o resíduo.
Estas técnicas podem eliminar os custos de deposição, reduzir os custos das matérias-primas e
proporcionar lucros pela venda dos resíduos. A eficácia destas técnicas dependerá da capacidade de
absorção dos resíduos, por parte das entidades receptoras.
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A selecção dependerá do tipo de resíduo, das matérias-primas do processo de produção e dos custos.
A recuperação ou o reciclado fora da fábrica aplica-se quando não existe equipamento disponível,
quando não se produzem resíduos suficientes na fábrica que rentabilizem a instalação dum sistema de
tratamento, ou quando o material recuperado não pode ser reutilizado no processo de produção.
Óleos, dissolventes, lamas de galvanização, banhos de processo, baterias, aparas metálicas e resíduos
plásticos são normalmente enviados para fora da fábrica para recuperação.
Para alguns materiais, como dissolventes ou ácidos, o recuperador pode proporcionar o serviço de
recolha - recuperação - retorno para reutilização.
Às vezes, a reciclagem ou a recuperação não é a solução mais adequada, ainda que tecnicamente
possível, por diversos problemas que se prendem com:
• Dissolventes.
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Estas são algumas das razões porque nos últimos tempos se tende a procurar outros sistemas de
tratamento complementares que incorporem na sua filosofia a recuperação e reutilização dos recursos
contidos nos resíduos.
A vanguarda na gestão dos resíduos urbanos está centrada no tratamento integral com recuperação de
subprodutos e/ou energia. O balanço económico destes processos dá como resultado que existe uma
contrapartida positiva na venda dos valores recuperados.
Este factor, por si mesmo, pode ser suficientemente importante, quiçá não para torná-lo
economicamente rentável, mas que pode apresentar custos semelhantes ou inferiores aos dos sistemas
convencionais. Por outro lado, não há a menor dúvida de que a nível técnico são mais complexos os
métodos tradicionais.
As metas que se procuram atingir com estes sistemas de tratamento podem resumir-se nos seguintes
termos:
• Reintroduzir no ciclo de consumo materiais destinados a desaparecer que têm lugar real no
mercado.
• Encontrar o aproveitamento mais adequado para os valores contidos nos resíduos, abrindo novas
vias de utilização.
Partindo do princípio de que tudo aquilo que se recupera não contamina, tem-se procurado
desenvolver novas fontes de aproveitamento de matérias-primas e energia contidas nos resíduos.
As Nações Unidas definem como tecnologias limpas, ou tecnologias sem resíduos, os processos de
fabrico de produtos nos quais as matérias-primas e energias são utilizadas de forma mais racional e
integrada no ciclo (recursos naturais ou recursos materiais primários ∏ produção ∏ consumo ∏ recursos
materiais secundários), de forma que o impacto sobre o normal funcionamento do meio ambiente seja
mínimo.
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
A aplicação de novas tecnologias trás consigo uma mudança drástica dos processos de produção, e é
precedida duma fase mais ou menos importante de investigação e desenvolvimento. Por isso, esta técnica
é mais facilmente aplicável a fábricas novas
O homem parece agora mais consciente de que a utilização dos recursos do modo como tem vindo a
ser feita, faz perigar a continuação da sua existência e evolução. Não podemos esquecer-nos de que a
Terra não é propriedade nossa. Embora a recebêssemos como herança dos nossos pais teremos que
entregar esse legado aos nossos filhos, e, certamente que não é nosso objectivo entregar esse legado
morto.
Assim o desenvolvimento sustentável passa por um controle harmonioso e equilibrado das actividades
económicas, um crescimento não inflacionista que respeite o ambiente, convergência dos
comportamentos das economias, um elevado nível de emprego e de protecção social, aumento do nível da
qualidade de vida, a coesão económica e social e a solidariedade entre os Estados.
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• Uma descarga acidental (por vezes massiva), podendo ocorrer uma incidência sobre a saúde das
populações ou sobre o ambiente.
Dadas as características do meio de dispersão ar, confinar as descargas de poluentes gasosos é muito
difícil. É no entanto importante recorrer à prevenção, para limitar as consequências de um acidente. A
diluição natural, que automaticamente ocorre neste tipo de meio, permite reduzir os efeitos adversos que a
poluição possa causar.
A lavagem consiste num processo que se baseia no contacto entre o gás e o líquido de lavagem. É
baseado na transferência para o segundo do ou dos constituintes que se encontram na fase gasosa tais
como: CO, SO2, NO, NO2, EF, Cl2, hidrocarbonetos...
Esta absorção gás-líquido é por vezes acelerada por uma reacção química entre o gás dissolvido e um
dos constituintes da fase líquida.
• Lavadores venturi
• Colunas de pulverização
A utilização dos diferentes tipos de lavadoras depende: da natureza dos afluentes gasosos (corrosivos,
% de poeiras); da natureza da absorção em causa (velocidade do processo; das condições de
funcionamento (principalmente das condições de pressão).
Os processos de purificação dos gases por absorção, são baseados nas propriedades físicas de alguns
sólidos porosos, com estruturas ultra-microscópicas que lhes conferem a capacidade de atrair
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selectivamente os gases e de os reter na superfície. Estes materiais são utilizados em concentrações muito
baixas (ppm).
O carvão activado é o absorvente mais usado por tratar os vapores orgânicos. A sua grande superfície
permite-lhe absorver até 50% do seu peso. A sua não polaridade permite-lhe não reter preferencialmente a
água e confere-lhe um largo, domínio de aplicação. A sua capacidade de regeneração permite-lhe ser usado
várias vezes sem perder as suas propriedades.
2.3 – CHEIROS
• A sua intensidade.
A percepção de um cheiro varia em função dos indivíduos (a sua educação, vida quotidiana, local de
residência, etc.). Cada indivíduo reage de modo diferente a um mesmo cheiro.
A quantificação dos maus cheiros é feita com base em cálculos estatísticos (50% da população
incomodada), e não com base em valores regulamentados de concentração.
Não existem regras que permitam prever o cheiro resultante de uma mistura de compostos com
cheiro. É conhecido que o cheiro resultante de uma mistura é na generalidade menos intenso que o
correspondente ao composto que tenha esta característica mais acentuada.
Os odores cuja emissão não possa ser evitada devem ser eliminados ou neutralizados.
Neutralização
A solução ideal consistiria em agir ao nível do cheiro, impedindo que as vizinhanças fossem
incomodadas pelo cheiro. A maior parte das moléculas com odor não são tóxicas até à sua diluição
máxima, sendo o único inconveniente o seu carácter incomodativo. É com base neste princípio que se
desenvolveu o uso das substâncias mascarantes. Estas possuem cheiros agradáveis e têm a capacidade
de mascarar o cheiro que se quer eliminar.
Este processo baseia-se no princípio atrás referido de que a mistura de cheiros é menos intensa que
um cheiro isolado. Este processo é, no entanto, caro e pouco eficaz, obrigando à utilização de um
produto cujo aroma não é agradável para todos os indivíduos.
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• Destruindo-as;
• Capturando-as;
Técnicas de diluição
O objectivo desta técnica consiste em reduzir a concentração do produto até se perder a percepção
do cheiro. A dispersão vertical dos poluentes é quase imediata na troposfera e mais lenta na
estratosfera. Existe nesta última uma estagnação e acumulação importante de partículas.
2.4 - PARTÍCULAS
• Intensidade da emissão.
• Altitude da emissão.
• Emissão.
• Transporte e dispersão.
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• Transformação.
• Deposição atmosférica.
• Efeitos.
2.5.1 - Emissões
Muitos factores meteorológicos intervêm directa ou indirectamente nesta fase, sendo os mais
importantes:
• A turbulência
• O Perfil de temperatura.
2.5.3 - Transformações
Em função da sua reactividade, os poluentes podem ser transportados para maiores ou menores
distâncias. As reacções que ocorrem são muito complexas, sendo função das espécies químicas presentes.
O processo de modelarão destes fenómenos é bastante complexo. Mesmo em doses ínfimas, as reacções
podem ocorrer e originar poluentes secundários por vezes muito tóxicos.
2.5.4 - Deposição
Sob a forma seca: transferência de um aerossol ou gás, entre o ar e outro reservatório (solo,
água, vegetação). Trata-se de um processo de agregação e de coagulação das
partículas finas sobre as mais grossas.
Sob a forma húmida: o gás e os aerossóis contidos nas gotas de água formam "nuvens". A
diluição do gás na água depende da sua solubilidade e do diâmetro das
gotas.
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Modelos de circulação
Global Circulação geral Poços oceânicos e árcticos
atmosférica
• Acumulação na atmosfera.
Um episódio de poluição caracteriza-se por uma enorme descarga de poluente, mas também por
condições meteorológicas desfavoráveis:
Um inventário de emissões é uma lista da quantidade de poluentes de todas as fontes que são enviados
para o ar, numa determinada indústria ou numa determinada área, num dado período de tempo.
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Dum modo geral, começa por se fazer um inventário preliminar, avançando-se depois para um
inventário detalhado.
2.6.1 Metodologia
A fig. abaixo esquematiza uma metodologia possível para a realização de um inventário de emissões.
Condições Processos
M eteorológicas m édias Industriais
A apresentação dos resultados de um inventário de emissões, deverá ser feita de modo a dar a máxima
informação possível. Poderá fazer-se uso de tabelas para cada zona, indicando as fontes e emissões
associadas. Também são frequentemente apresentados gráficos com diferentes cores de acordo com a
densidade de emissões.
O inventário de emissões final pode ser preparado num computador, o qual permite armazenar a
informação numa base de dados rápida e economicamente actualizável, à medida que aparecem novos
dados ou novas fontes.
Um inventário de emissões é um trabalho quase ciclópico. Por isso, é de grande importância fazer a
sua actualização, pelo menos anualmente, introduzindo as alterações ocorridas no número de habitantes e
indústrias, no combustível utilizado, no equipamento de controlo que foi adicionado ou melhorado. É
embaraçante para um dado organismo de controlo de poluição do ar ser solicitado a responder a uma
questão do tipo "na vossa área, qual a percentagem de SO2 emitida pelas indústrias de pasta de papel?" e
os dados de inventário de emissões serem de há uma dúzia de anos!
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O que caracteriza o poluente é o prejuízo que pode causar, o qual depende da sua natureza, mas
principalmente da sua concentração no ambiente. Para o cálculo da concentração de um poluente no
meio onde foi rejeitado é necessário considerar os factores espaço e tempo. O factor espaço prende-se
naturalmente com a localização da poluição, isto é, com a localização das fontes emissoras.
O factor tempo significa que, por exemplo, não se poderá afirmar que a concentração de SO2 em
determinado local, região ou país, é de X ppm (partes por milhão) sem explicitar a que período temporal
corresponde essa concentração: anual, diário, horário, etc.
Outro ponto a considerar é que os poluentes atmosféricos se dispersam no ar segundo leis da física
mais ou menos complexas em que intervêm: a velocidade e direcção do vento, a altura a que o poluente é
emitido, a sua temperatura de emissão e a temperatura ambiente.
Uma massa de ar é estável desde que uma partícula, obrigada a subir, tenda a voltar à sua posição
inicial; caso contrário, diz-se instável. A massa de ar envolvente é indiferente (ou neutra), quando não
interfere no movimento da partícula.
À medida que os efeitos perniciosos causados pelos poluentes lançados na atmosfera têm sido
conhecidos e divulgados, tem crescido enormemente o interesse da população em geral pelos problemas
de poluição atmosférica. Ela passou a ser uma preocupação internacional e o volume limitado do recurso
"ar" passou a ter importância crescente. De facto, a profundidade da troposfera sendo cerca de 10 km e a
maior parte dos poluentes permanecem entre I e 2 km de altitude.
Assim, e face à dimensão da terra, os poluentes dispersam-se numa fina camada de mistura, o que
significa que, para além dos 50 a 100 km de distância das fontes, não há possibilidade de haver uma rápida
diluição dos poluentes por via da dispersão.
Por exemplo, uma emissão diária de SO2 de 140 quilotoneladas só na Europa e um tempo de semi-
vida de 2 dias, conduz a uma concentração média de 10 µg/M3. Por isso, quando a situação atmosférica é
estável, as concentrações sobem 10 a 20 vezes.
A concentração de CO2 por exemplo subiu de 290 para 335 ppm nos últimos 100 anos com o
consequente aumento de temperatura a que poderá conduzir.
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Deste modo, a comunidade internacional sentiu necessidade de definir políticas, objectivos e meios de
gerir o recurso que é o "ar". Iremos ar alguns métodos ou estratégias de controlo.
Estes níveis de emissão podem ser aplicados a qualquer categoria de fonte emissora ou a uma certa
área geográfica. Podem ser associados às normas de qualidade do ar tornando-se um elemento táctico na
estratégia da gestão da qualidade do ar ou podem ser independentes representando os níveis que podem
ser emitidos utilizando a melhor tecnologia disponível para controlar as emissões dessas fontes.
Este tipo de estratégia implica que cada uma das fontes emissoras seja taxada de acordo com uma
escala, que por sua vez está relacionada com a quantidade de poluente emitido.
Estas taxas são usadas como incentivos económicos para reduzir a carga total de poluição por poluente
emitido. Elas deverão ser tais que se torne mais económico, limitar as emissões usando os meios
tecnológicos indispensáveis, do que pagar as taxas. É o princípio do "poluidor-pagador".
A adopção deste tipo de estratégia implica que seja feito o balanço entre o custo dos prejuízos causados pela
poluição à Sociedade e o custo do controle da poluição tendo em vista um mínimo nos custos do controle e dos
prejuízos.
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Integra a legislação ambiental com o planeamento urbano e rural e com o planeamento nacional geral.
Influencia a localização de determinadas indústrias, promovendo a sua instalação em áreas apropriadas,
mesmo que para isso seja necessário criar incentivos à instalação.
As acções de luta contra a poluição atmosférica comportam três vias essenciais que são as acções
propriamente ditas de redução ou de prevenção dos efeitos da poluição atmosférica; as acções de
vigilância da qualidade do ar e acções de investigação científica e técnica.
• Possibilitar o conhecimento dos níveis de poluição, fazendo correlações com, outras actividades
humanas (transporte, industrialização, ordenamento) e com informações sobre a saúde.
Existem dois tipos de redes que são implementadas consoante as necessidades da zona:
• As redes de vigilância são as mais utilizadas e permitem efectuar medidas de carácter permanente
no tempo em estações fixas.
• As redes de vigilância e alerta são utilizadas se os níveis de poluição são elevados com pontas de
poluição acentuadas.
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Em termos legislativos as primeiras referências para a protecção do ambiente surgem-nos logo com a
Lei Constitucional da República de Angola, no nº 2 do art.º 12º, “O Estado promove a defesa e
conservação dos recursos naturais, orientando a sua exploração e aproveitamento em benefício de toda a
comunidade”, e através dos nos 1, 2 e 3 do art.º 24º, “Todos os cidadãos têm o direito de viver num meio
ambiente sadio e não poluído”, “ O Estado adopta as medidas necessárias à protecção do meio ambiente
e das espécies da flora e fauna nacionais em todo o território nacional e à manutenção do equilíbrio
ecológico”, e “A Lei pune os actos que lesem directa ou indirectamente ou ponham em perigo a
preservação do meio ambiente”.
Em matéria exclusiva de ambiente, o quadro legislativo é dado pela Lei de Bases do Ambiente, a Lei
nº 5/98 de 19 de Junho, que enquadra política e juridicamente as acções no campo normativo a
desenvolver no domínio da defesa e protecção do ambiente. Nela estão definidos “os conceitos e
princípios básicos da protecção, preservação e conservação do Ambiente, promoção da Qualidade de
Vida e do uso racional dos Recursos Naturais”.
O Dec-Lei 51/04 de 23 de Julho estabelece um conjunto de procedimentos que devem ser seguidos
na feitura dos Estudos de Impacte Ambiental procedendo à aprovação, pelo órgão competente do
Estado, do projecto sujeito à Avaliação de Impacte Ambiental, bem como as normas para a realização
desta avaliação.
O Dec-Lei 59/07 de 13 de Julho estabelece as normas que regulam o licenciamento ambiental das
actividades que, pela sua natureza, localização ou dimensão sejam susceptíveis de provocar impacte
ambiental e social significativo.
Introdução
Após a utilização nos diversos processos quer humanos quer industriais em que o homem dela se
serve, a água transporta uma grande diversidade de matérias dissolvidas e em suspensão. O crescimento
das populações e as crescentes utilizações a nível industrial originam o consumo de grandes quantidades
de água que os processos normais do ciclo se revelam incapazes de tratar em tempo útil, originando ainda
concentrações de poluentes, com todos os inconvenientes que esse facto acarreta, nos locais onde se
verificam as descargas das águas utilizadas.
O tratamento das águas residuais consiste em retirar-lhe esses materiais, muitos dos quais representam
graves problemas para o ambiente ou para a saúde, ou então provocar a sua alteração por forma a que se
tornem inócuos.
Os grandes volumes de água assim lançados nos solos, cursos de água, lagos, rios e mares
transportando grandes quantidades de matéria orgânica, resíduos tóxicos, metais pesados, etc. têm de ser
tratados por forma a ser possível manter a água com características de qualidade capazes de permitir a sua
utilização continuada pelas populações de seres vivos que dela necessitam para viver.
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• Usos gerais
• Refrigeração
• Lavagem
• Rede hidrográfica:
• Decantador primário.
• Leito percolador.
• Decantador secundário.
• Digestor de lamas.
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O afluente é conduzido para a obra de entrada da estação elevatória de afluente bruto, onde é
submetido a um tratamento preliminar constituído pela retenção de sólidos sobrenadantes, por meio de
grelhas de limpeza mecânica e manual, trituração/dilacerarão, remoção de areias, óleos, gorduras e
tamisação.
Segue-se a fase do tratamento primário em decantador onde tem lugar a sedimentação e a flotação.
Deste órgão obtém-se água residual decantada, lamas e escumas resultantes do processo. Este tratamento
remove cerca de 30/40 % da carga biológica orgânica e cerca de 50/60 % de flotáveis menos densos que
a água.
A água residual decantada passa à fase do tratamento secundário onde é sujeita a tratamentos
biológicos e tratamentos físico-químicos.
• Presença de oxigénio.
• Nutrientes.
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• Domésticas
• Industriais
• Mistas
Digestão aeróbia
Digestão anaeróbia
Gravidade
Flotação
o Leitos de secagem
o Filtragem
O destino final das lamas pode ser de acordo com a sua composição:
• Deposição em aterro.
A maioria dos resíduos são misturas complexas e na prática, é por vezes tecnicamente muito difícil de
determinar a sua composição precisa e características físico-químicas. O conhecimento das propriedades
toxicológicas, físicas e químicas é indispensável por três razões:
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
Em função dos critérios escolhidos obtêm-se diferentes classificações. Os resíduos quanto à origem
classificam-se normalmente em Sólidos Urbanos (RSU), Industriais, Agro-Industriais, Florestais e
Hospitalares.
• Todo o conjunto de substâncias, produtos ou materiais que se apresentem no estado sólido, semi-
sólido ou líquido resultantes da laboração de estabelecimentos industriais que não possam ser
lançados nos sistemas de efluentes nem sejam considerados subprodutos.
• Todos os restos ou bens associados ao funcionamento dos estabelecimentos industriais dos quais
os seus detentores pretendam ou sejam legalmente obrigados a desembaraçar-se.
• Os resíduos provenientes de outras actividades, desde que, dada a sua perigosidade, exijam
tratamento específico.
• Resíduos Banais - com componentes semelhantes aos resíduos sólidos urbanos e que podem
ser tratados do mesmo modo.
• Resíduos Especiais - resultantes da actividade industrial e que representam certos riscos para o
ambiente devido conterem, em reduzida concentração, elementos nocivos.
• Resíduos Minerais Sólidos (areias das fundições, resíduos de incineração e tratamentos físico-
químicos - cinzas, escórias, lamas de hidróxidos colocados em aterro).
Os Resíduos Florestais são constituídos por restos de madeira e ramos de árvores provenientes da
poda ou desbaste e que devem ser retirados das explorações para evitar riscos de incêndios e pragas de
insectos. Também aqui são gerados resíduos tóxicos e perigosos nas campanhas de luta contra as pragas
florestais.
São classificados de Resíduos Hospitalares todos aqueles que são gerados em estabelecimentos ou
serviços onde se desenvolvem actividades relacionadas com a saúde humana:
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• Assistência sanitária.
• Análises e investigação.
• Medicina preventiva.
Nem todos os resíduos produzidos num centro sanitário têm a mesma capacidade contaminadora,
pois que, aquela depende donde são produzidos, existem assim resíduos com maior ou menor
perigosidade.
Este critério de separação permite dar a cada grupo de resíduos um tratamento diferenciado.
• Resíduos radioactivos.
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Tabela nº 3 - Categorias ou tipos genéricos de resíduos perigosos (sob forma líquida, pastosa ou
sólida)
6. Substâncias orgânicas halogenadas não utilizadas como solventes, com exclusão das matérias
polimerizadas inertes.
10. Produtos que contenham "bifenilos policlorados" e ou "terfenilos policlorados" (por exemplo,
fluidos dieléctricos)
11. Materiais à base de alcatrão provenientes de operações de refinação, destilação ou pirólise (por
exemplo, depósitos de destilação)
14. Substâncias químicas não identificados ou novas que provêm de actividades de investigação, de
desenvolvimento e de ensino e cujos efeitos sobre o homem ou o ambiente se desconhecem
(por exemplo, resíduos de laboratório).
17. Qualquer material contaminado por um produto da família dos dibenzofuranos policlorados.
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28. Resíduos do tratamento de despoluição (por ex., poeiras de filtros de ar, excepto 29, 30 e 3 I).
37. Recipientes contaminados (por ex., embalagens, cilindros de gás) que contiveram um ou mais
elementos referidos na tabela nº 4.
40. Objectos provenientes de uma recolha selectiva junto de habitações e que apresentem uma das
características referidas na tabela d 5.
41. Qualquer outro resíduo que contenha qualquer dos elementos referidos na tabela nº 4.
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C2 - Compostos de vanádio.
C4 - Compostos de cobalto.
C5 - Compostos de níquel.
C6 - Compostos de cobre.
C7 - Compostos de zinco.
C22 - Os seguintes metais alcalinos ou alcalinoterrosos: lítio, sódio, potássio, cálcio, magnésio, não
combinados.
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C28 - Peróxidos.
C29 - Cloratos.
C30 - Percloratos.
C31 - Azidas.
C36 - Creosol.
C42 - Compostos organo-halogenados, excepto polimerizados inertes e outros que figuram nesta
tabela.
C46 - Éteres.
C47 - Substâncias explosivas, com exclusão das que figuram noutro ponto desta tabela
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H1 - Explosivos - substâncias e preparações que possam explodir sob o efeito da chama ou que
sejam mais sensíveis aos choques e às fricções que o dinitrobenzeno.
H3 - Inflamáveis.
H4 - Irritantes.
H5 - Nocivos.
H6 - Tóxicos
H7 - Cancerígenos.
H8 - Corrosivos.
H9 - Infecciosos.
H10 - Teratogénicos.
H11 - Mutagénicos.
H12 - Substâncias e preparações que por contacto com o ar ou com um ácido libertem gases
tóxicos.
H13 - Substâncias e preparações susceptíveis, após eliminação de gerarem compostos que possuam
uma das características acima referida.
H14 - Ecotóxicos.
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
Desta lista fazem parte todos os resíduos independentemente da sua perigosidade. A classificação, um
código de 6 dígitos, é atribuída de acordo com o grupo de actividades, actividade e resíduo produzido.
Nesta listagem é possível distinguir os resíduos perigosos.
01 03 01 Gangas.
01 03 02 Poeiras e pós.
etc.
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
Cada industrial é levado a reduzir as perdas, intensificar a reciclagem, reintroduzir os seus resíduos nos
circuitos de fabrico. A solução do problema da poluição não passa obrigatoriamente pela aquisição de
uma estação de tratamento de efluentes, mas pela concepção de um sistema integrado que limite as
perdas, promova a reconversão. Pretende-se prevenir a poluição na fonte e valorizar os produtos.
• Identificação.
• Armazenagem.
2.9.4 Triagem
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2.9.5 Identificação
2.9.6 Armazenagem
A armazenagem dos resíduos antes da sua expedição deve efectuar-se em condições semelhantes à
armazenagem de produtos químicos. A armazenagem de resíduos perigosos, devido às suas características,
necessita de um estudo aprofundado que considere nomeadamente a diversidade dos resíduos e as
características químicas.
Os processos de tratamento dos resíduos distinguem-se, pela sua natureza, em processos físico-
químicos, térmicos e biológicos. Estes processos são usados isoladamente ou de forma combinada, na
indústria ou em unidades destinadas à sua destruição.
São processos de separação de alguns dos componentes dos resíduos, seguindo-se a sua concentração
e redução de volume.
Aplicam-se aos resíduos líquidos e pastosos para os quais a incineração não é adaptada, quer por causa
do poder calorífico (PCI) ser demasiado baixo quer pelo resíduo manifestar reacções fortemente ácidas ou
básicas.
Operações de neutralizarão, floculação, decantação, filtração e desidratação são comuns neste tipo de
tratamentos. A indústria de tratamentos de superfície de metais utiliza normalmente processos físico-
químicos para o tratamento dos seus efluentes (banhos de decapagem, banhos com cianetos, banhos de
electrólise).
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
extracção de cinzas e escórias. Na incineração de resíduos industriais usam-se fomos estáticos, rotativos
ou de leito fluidizado.
Os fumos podem ser depurados recorrendo-se a separadores a seco como os ciclones e multiciclones,
os filtros de mangas e os electrofiltros, ou a separadores por via húmida como é o caso dos lavadores de
gases. A energia da combustão dos resíduos pode ser utilizada internamente na unidade, aquecimento
local, ou mesmo venda de electricidade. Os resíduos da combustão (poeiras, escórias, lamas de lavagem
dos filtros) podem ser colocados em aterro conforme critérios do eluato.
Os resíduos são armazenados em separado tendo em consideração o seu estado físico. Distinguem-se,
devido às imposições no armazenamento, os resíduos líquidos ou gasosos (que é possível bombear),
resíduos sólidos e semi-sólidos (lamas e pastas), resíduos pulverulentos.
A homogeneidade da combustão é fundamental para uma boa operação. Operações preliminares são
frequentemente necessárias para controlar o PCI: triagem para eliminar os inertes e incombustíveis, e
secagem dos sólidos com muita humidade (humidades superiores a 50% põem em risco o interesse da
incineração porque o calor é sobretudo usado na vaporização da água sendo necessário usar um
combustível de suporte).
Baseiam-se na degradação biológica dos componentes de natureza orgânica dos resíduos. A lagunagem
e a compostagem são exemplos deste tipo de tratamentos.
O termo compostagem é normalmente usado para designar o processo de tratamento aeróbio dos
resíduos sólidos com a produção de um produto com interesse agrícola. Recentemente, demonstrou-se o
interesse da utilização deste processo na degradação de certos poluentes orgânicos nomeadamente lamas
contaminadas com hidrocarbonetos.
A compostagem desenrola-se em três fases, que são comuns a maioria dos processos, consoante o
fluxograma abaixo apresentado:
Lixo
Armazenagem
Crivagem
Crivagem
Maturação
Composto
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A compostagem pode ser realizada segundo diversas técnicas e processos, utilizando tecnologia mais
ou menos complexa, obtendo velocidades diferentes consoante o processo é aeróbio ou anaeróbio.
A emanação de cheiros é inevitável, mas pode ser tecnicamente controlada entre limites aceitáveis nos
processos mecanizados (confinados); nos processos naturais não é possível o seu controle originando
assim um problema ambiental adicional.
O aterro controlado consiste na deposição no terreno dos resíduos sólidos, concebida, projectada e
explorada em obediência a especificações adequadas.
Segundo o tipo de resíduos a depositar, os aterros são classificados em aterros para resíduos
perigosos, aterros para resíduos urbanos não perigosos e outros resíduos compatíveis e aterros
para resíduos inertes.
Os ensaios de eluato pretendem fornecer uma informação qualitativa sobre a composição das águas de
percolação e a natureza das substâncias potencialmente tóxicas mobilizadas.
A deposição conjunta de resíduos utiliza as propriedades dos resíduos urbanos para atenuar os efeitos
dos constituintes poluentes e potencialmente perigosos de alguns resíduos, tomando aceitável o seu
impacte no ambiente.
Lamas de tratamento de efluentes industriais, lamas de tratamento biológico, resíduos das indústrias de
peles e curtumes são alguns dos resíduos referidos na proposta de directiva como sendo possível a
admissão conjunta desde que sujeitos a uma análise individual e a restrições da taxa de deposição de modo
a garantir que os processos de atenuação referidos anteriormente não sejam anulados.
Deve ser também definido um programa de medições para controlo do aterro nas fases de exploração
e manutenção, após encerramento.
São resíduos perigosos produzidos de uma forma dispersa e que normalmente são eliminados
juntamente com os resíduos sólidos urbanos e águas residuais urbanas pondo problemas às Câmaras
Municipais.
Produtos de limpeza, tintas e vernizes, medicamentos, óleos usados, pilhas, bactérias, insecticidas são
alguns dos exemplos dos resíduos perigosos produzidos pelos consumidores domésticos, certas
actividades comerciais e indústrias, estabelecimentos de ensino e investigação e determinadas actividades
agrícolas.
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
Para os óleos usados e bactérias já existem circuitos de recolha separada para tratamento posterior. O
envio dos resíduos produzidos em pequenas quantidades para unidades de tratamento ou eliminação não
é -possível por razões económicas (custos de transporte e tratamento).
Estes resíduos são enviados para locais de triagem e agrupamento, de armazenamento e por vezes de
pré-tratamento e só posteriormente são conduzidos para as unidades de tratamento.
Durante os tratamentos, os resíduos sólidos sofrem uma série de alterações físicas, químicas e
biológicas entre as quais as mais importantes são:
• Degradação biológica da matéria orgânica, anaeróbia ou aeróbia com formação duma purga
líquida e duma purga gasosa.
Os problemas mais agudos são postos pelas purgas, líquida e gasosa. Outros aspectos secundários não
devem ser desprezados, cheiros, focos de incêndio e acção de vectores são possíveis de minimizar pela
cobertura diária no caso dos aterros.
Barulho e estética (paisagística) do local podem também ser minimizados por uma localização judiciosa
das estradas de acesso, construção de taludes e redes de protecção. Finalmente a poeira e a poluição
atmosférica associada à operação dos veículos pode ser minimizada por chuveiro de água periódico.
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
Capítulo
AVALIAÇÃO DO IMPACTO
AMBIENTAL
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
Capítulo
9
AVALIAÇÃO DO IMPACTO
AMBIENTAL
um tempo não muito distante qualquer obra idealizada e projectada pelo homem (pontes,
N estradas, fábricas, etc.) presumia-se útil para a sociedade e inofensiva para o ambiente... até
prova em contrário. Nas considerações que levavam à aprovação e execução de qualquer
projecto preponderavam os aspectos imediatos e a perspectiva a curto prazo.
Esta postura levou à concretização de obras do mais diverso tipo que, a longo prazo, se mostraram
inadequadas e geradoras de graves consequências para o ambiente, acabando por causar ao homem mais
prejuízos que benefícios.
Face a esta evolução tornou-se necessário conceber um processo de apreciação das acções com
eventuais implicações ambientais com vista a:
Para cumprir estas finalidades foi criado legalmente um conjunto de acções designadas no seu
conjunto por Avaliação do Impacte Ambiental (AIA), da competência do Ministério do Urbanismo e
Ambiente (MUA), o qual antecede o processo de licenciamento dos projectos:
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
A lei determina quais os projectos que, pela sua natureza, dimensão ou localização, estão sujeitos a um
processo de AIA,
O Dono da Obra (DO) e/ou a entidade especializada que vai elaborar o estudo do projecto do ponto
de vista ambiental definem o âmbito em que esse estudo deve ser levado a cabo. Delimitando o problema,
definindo as suas fronteiras e decidindo quais os factores que devem ser tomados em consideração e quais
devem ser omissos. Essa definição pode consubstanciar-se em directrizes emitidas pela entidade
responsável da administração, proposta de metodologia de trabalho pelos consultores ou caderno de
encargos estabelecido pelo proponente da actividade.
É possível que na sequência imediata da fase anterior sejam rejeitadas algumas das hipóteses
inicialmente consideradas ou que, pelo contrário, surjam modalidades de acção válidas e que inicialmente
não tinham sido consideradas.
Com esta fase tem inicio o processo de AIA, considerado no seu sentido restrito.
a) Descrição do projecto;
e) Definir os limites da área geográfica a ser afectada de forma directa ou indirecta pelos
impactes, denominada área de influência do projecto, considerando, em todos os casos, às
populações humanas, outros seres vivos e a bacia hidrográfica na qual se localiza;
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
Estes elementos devem ser apresentados sob a forma de um relatório técnico e de um “Resumo não
Técnico” de modo a apoiar a fase de consulta do público.
Legalmente, o responsável pela execução de EIA é o Dono da Obra, que o deverá apresentar à
entidade pública competente para a autorização ou licenciamento da acção. Os técnicos especializados que
o elaborarem apenas respondem pelo Estudo no que respeita aos seus aspectos técnicos e éticos.
O EIA não deve apresentar propostas: neste âmbito deve limitar-se a determinar as vantagens e
inconvenientes das hipóteses consideradas.
A apreciação do EIA é feita por uma Comissão de Avaliação (CA) nomeada MUA, a qual elaborará o
parecer respectivo.
A apreciação de estudos de impacte ambiental deve levar em conta os seguintes critérios: resposta aos
requisitos legais, correcção formal, correcção metodológica, correcção técnica e apresentação.
Nas suas conclusões, o parecer elaborado deve incluir aspectos que permitam avaliar a qualidade e
validade do EIA como instrumento de apoio à decisão e recomendações sobre a aprovação do projecto,
em que condições e quais as melhores alternativas.
Paralelamente à analise do EIA pela CA decorre a fase de Consulta Pública. Para este efeito os EIA
estão normalmente disponíveis para consulta nas Câmaras Municipais e MUA.
A consulta pública originará o Relatório de Consulta Pública. Há que referir que, englobado no
conceito “público”, se entende não só o público em geral como as Autarquias, as Organizações
Profissionais, as Associações de Defesa do Ambiente, etc.
A consulta pública é um passo crucial do processo de AIA. Deve ser publicitada pelos meios de
comunicação e os elementos devem estar disponíveis para apreciação pelo menos um mês. Os
interessados mais directos - autarquias envolvidas, moradores, associações de defesa do ambiente,
associações profissionais - podem ser directamente consultados.
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
A decisão ou despacho final compete ao MARN e será enviada à entidade licenciadora. Com esta fase
encerra-se o processo de AIA, considerado no seu sentido restrito.
1.8 – LICENCIAMENTO/AUTORIZAÇÃO/APROVAÇÃO
Como se pode constatar pela sequência de acções que acabou de ser apresentada, a legislação em vigor
confere ao cidadão (e às associações de cidadãos) a possibilidade de se pronunciarem em relação a acções
que, de uma forma ou de outra, interferirão com o seu futuro.
Não participar significa no mínimo perda de autoridade moral para posteriormente criticar e retira às
autoridades com competência para decidir um factor de decisão que pode ser importante ou mesmo
determinante para a opção a tomar.
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
Capítulo
10
A ACTIVIDADE MILITAR E O
AMBIENTE
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
Capítulo
10
A ACTIVIDADE MILITAR E O
AMBIENTE
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
Como elemento das Forças Armadas todo o militar tem um contacto muito estreito com o ar, a água e
o solo durante a sua actividade de treino e instrução. Esta íntima relação traz-lhe especiais
responsabilidades mas dá-lhe ao mesmo tempo a possibilidade de colaborar em tarefas vitais de protecção
do ambiente. Uma verdadeira missão de primeira linha!
Qualquer militar deve ter uma atitude ambiental em todos os momentos da sua actividade pois “A
Terra é uma só mas o mundo não”.
Todos nós dependemos de uma só biosfera para sustentação das nossas vidas. Se a comprometemos,
estamos, numa visão mais extremista, a comprometer a nossa própria existência.
Na sua actividade de treino e instrução o militar deve ter especial cuidado com as cem regras de
conduta que se distribuem pelas seguintes dez áreas:
I. Cobertura vegetal,
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
I. COBERTURA VEGETAL
1. Não destruir vegetação desnecessariamente. Ter presente quanto tempo demora a refazer a
cobertura vegetal especialmente em climas frios.
2. Usar as estradas ou trilhos pavimentados sempre que possível, tanto a pé como de viatura,
especialmente durante chuvadas fortes.
3. Utilizar os caminhos de acesso às propriedades ou trilhos das florestas tanto a pé como de viatura
para evitar danificar a vegetação e suas raízes.
4. Ter especial atenção às áreas protegidas ou reservas naturais. Manter águas e vegetação intactas e
evitar penetrar nessas zonas. Respeite os sinais e distâncias de protecção.
5. Ter cuidados especiais com áreas de viveiros ou de mata jovem procurando contornar estas zonas.
Proteger agora, para mais tarde ser protegido.
6. Não cortar rebentos, ramos ou parte de árvores adultas para fazer camuflagem, aproveitando
ramagens cujo corte não prejudique a cobertura vegetal.
7. Usar sempre que possível redes de camuflagem individuais e colectivas evitando utilizar vegetação
natural para esse fim.
8. Não cortar árvores nem ramos para obter madeira. Evitar pregar pregos ou cavilhas ferindo a casca.
Servir-se delas sem as molestar.
9. Procurar remover a cobertura vegetal antes de escavar, tendo o cuidado de a conservar e repor no
local depois de aterrar a escavação.
10. A cobertura vegetal deve ficar com o menor número possível de sinais da sua passagem ou
permanência! Para isso deve progredir pelos trilhos e caminhos, usar redes de camuflagem e aterrar
o que escavou recobrindo com a vegetação original.
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
11. Não atravessar riachos, lagoas, vales de água e outros leitos aquíferos ou pisar as suas margens sem
ser absolutamente necessário.
12. Ter especial cuidado com as nascentes, poços, reservatórios, depósitos ou condutas de água potável.
Estabelecer distâncias de protecção em relação ao bivaque, latrinas, viaturas e pessoal.
13. Evitar em absoluto que substâncias químicas nocivas sejam derramadas e se infiltrem no solo
contaminando as águas. Muitas formas de poluição perigosas não se vêm. Informe-se.
14. Remediar de imediato qualquer fuga ou perda de POL, tendo em especial atenção as áreas de
parqueamento de viaturas ou locais de manutenção e reabastecimento.
15. Não lavar viaturas no campo nem componentes que estejam sujos com óleo, fazendo-o somente
em áreas preparadas para recolha das águas residuais de lavagem.
16. Controlar em absoluto as águas de lavagem de aeronaves, evitando usar aditivos ou detergentes,
encaminhando-as para estações de tratamento apropriadas.
17. Ter o maior cuidado na utilização de misturas anticongelantes em viaturas e aeronaves, evitando o
seu contacto com as águas superficiais ou subterrâneas.
18. Descontaminar e fazer simulação NBQ em zonas preparadas. Evitar que as águas com agentes
penetrem no solo ou se misturem com as águas superficiais sem tratamento.
19. Não desperdiçar as águas interiores em circunstância alguma pois podem ser essenciais para
agricultura ou ao combate aos fogos nas florestas.
20. A água é um bem essencial à vida. Deve ser preservada a todo o custo. Minimizar os efeitos
negativos durante os exercícios. Evitar em absoluto contaminar as nascentes ou reservas naturais de
água potável.
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
21. Se o solo estiver seco progredir em fila a pé ou de viatura evitando alargar os trilhos.
22. Se o solo estiver húmido progredir de forma dispersa a pé ou de veículo evitando afundar os trilhos.
23. Em zonas de solos sensíveis de dunas, diques, margens, arribas, etc., evitar progredir a pé ou de
veículo. Procurar contornar sempre essas zonas.
24. Conduzir devagar, travar progressivamente, evitar fazer manobras bruscas ou peões com os
veículos de lagartas.
25. Reparar os danos provocados no terreno pelo movimento e progressão da tropa, enchendo os
trilhos ou recompondo as margens dos rios e das valas.
26. Procurar escavar em locais em que os danos sejam mínimos. Evitar cortar raízes de árvores ou
arbustos ou interromper as linhas de água superficiais ou subterrâneas.
27. Nunca escavar em reservas naturais ou próximas de áreas históricas e arqueológicas. Poupar as áreas
cultivadas. Estabelecer distâncias de segurança. Atenção aos sinais.
28. Avaliar o impacto ambiental negativo de escavações de dimensão média antes de tomar a decisão da
sua localização, minimizando na prática os seus efeitos.
29. Repor o terreno natural aterrando no final todas as escavações realizadas para efeitos de instrução.
30. Minimizar os danos no solo provocados pelo movimento de pessoas e viaturas e pela escavação dos
abrigos. Deixar sempre que possível o terreno como o encontrou.
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
31. Programar a rota que vai seguir, tomando conhecimento prévio do cadastro da zona.
32. Evitar atravessar áreas cultivadas ou propriedades privadas. Preparar mapas com os pontos críticos
e áreas protegidas ou interditas.
33. Falar antecipadamente com os proprietários para obter a sua permissão e ouvir os seus conselhos e
recomendações.
34. Utilizar os caminhos das propriedades e os trilhos da floresta que estejam cobertos pelo direito de
passagem.
35. Progredir a pé ou de viatura evitando derrubar sedes, muros ou danificar zonas arbustivas ou de
vinha.
36. Nos campos ou áreas cultivadas, progredir a pé ou de viatura, só depois das colheitas.
37. Evitar fazer fogos, lançar foguetes ou artifícios pirotécnicos em zonas arborizadas ou a menos de
500m destas zonas.
38. Refazer de imediato as valas de irrigação ou escoamento de águas que ficarem danificadas pela sua
passagem.
39. Prover e nomear pessoal para prevenir e reduzir o impacto ambiental negativo provocado pelos
exercícios.
40. Procurar obter a permissão dos proprietários e agricultores e o apoio à sua missão. Evitar danos nas
propriedades e culturas reparando os que ocorrerem. Respeitar e colaborar para deixar uma boa
imagem.
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
41. Evitar fazer ruídos inúteis perturbando tudo e todos. Os homens e os animais precisam de silêncio.
42. Para minimizar o ruído e a poluição, desligar os motores sempre que puder.
44. Respeitar a vida das plantas e animais e os seus habitats. Atenção aos períodos de floração, choco e
nidificação, defesa da caça e à regulamentação em vigor.
45. Evitar entrar nas reservas ou incomodar os animais nos seus habitats ou zonas de pastoreio, tendo
em atenção aos mapas que indicam as áreas protegidas.
46. Evitar capturar animais ou destruir ninhos, tocas ou os seus habitats, bem como bebedouros ou
distribuidores de rações.
47. Respeitar os sinais das zonas protegidas de caça e vida selvagem. Ter em atenção as multas por
infracção.
48. Poupar a vida dos peixes evitando rebentamentos subaquáticos ou qualquer acção que contamine as
águas onde vivem.
49. Sem prejuízo da sua missão pode aproveitar para observar a natureza e descobrir na prática como
pode contribuir para o seu equilíbrio.
50. Respeitar a fauna e a vida selvagem é um acto de inteligência. O equilíbrio da natureza faz parte do
seu próprio equilíbrio.
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
51. Evitar fazer rebentamentos ou provocar vibrações em áreas habitadas ou de património histórico e
arquitectónico.
52. Controlar muito bem as actividades que possam provocar danos em edifícios, partir vidros ou
telhas das coberturas.
53. Se tiver de utilizar edifícios abandonados procure deixá-los em melhores condições do que
encontrou.
54. Evitar aproximar-se de igrejas, locais de culto, cemitérios, zonas de repouso e áreas de prática de
desportos.
55. Não incomodar as pessoas que residem nas áreas habitadas e respeitar os seus costumes.
56. Ter cuidado com as zonas de estábulos, criação de animais e aviários procurando reduzir ao
mínimo os níveis de ruído.
58. Evitar os voos a baixa altitude em zonas habitadas ou em que existam animais. Programar
corredores de voo que reduzam o impacto ambiental.
59. Ter cuidado de minimizar o ruído e problemas de tráfego provocado pelas colunas motorizadas ao
atravessar zonas residenciais e aglomerados urbanos.
60. Tomar medidas práticas para evitar em absoluto danos no património construído em locais de culto
ou de actividade cultural, nos edifícios ou incomodar residentes.
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61. Ter especial cuidado com a utilização, lavagem e manutenção das viaturas e aviões devido aos danos
que podem provocar no ambiente.
62. Controlar o ruído dos veículos e aeronaves, reduzindo ao mínimo necessário o treino e manobras.
Sempre que puder desligar os motores.
63. Evitar instalar as áreas de estacionamento, manutenção e reparação perto de leitos aquíferos,
controlando eventual contaminação.
64. Verificar se existe alguma fuga no equipamento, assinalando o veículo ou equipamento e colocando
um dispositivo que evite o derrame no solo até que seja reparado.
65. Lavar no campo somente o que for essencial à condução (vidros, espelhos, painel de instrumentos)
reservando a operação de lavagem para instalações apropriadas.
66. Estabelecer locais de recolha para componentes e acessórios que forem substituídos, não deixando
no campo qualquer componente abandonado.
67. Recolher os óleos das viaturas e equipamentos em contentores apropriados sem o derramar ou
deixar abandonado no campo em caso algum.
68. Sempre que limpar partes sujas com óleo, usar papel ou trapo e em último caso use água com
detergente.
69. Procure andar sempre preparado para reduzir os efeitos provocados pelas fugas, derrames ou
incêndios nas viaturas.
70. As viaturas e aeronaves podem ser um factor muito gravoso de poluição. Controle em absoluto as
fugas ou derrames de poluentes. Evitar lavar as viaturas no campo e com detergentes nunca.
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71. Não esquecer que um litro de óleo pode tornar um milhão de litros de água imprópria para
consumo.
73. Não fazer trasfega de combustíveis, óleos e lubrificantes perto de leitos aquíferos. Evitar ao máximo
o seu derrame no solo.
74. Procurar transferir PO de um contentor para outro em zonas pavimentadas em betão, fechando os
depósitos e contentores sempre que não estiver a utilizar.
75. Neutralizar de imediato todos os derrames procurando absorvê-los de imediato com substâncias
apropriadas como serradura, areia e turfa.
76. No caso de derrame junto de cursos de água ou captações de água avisar de imediato as autoridades
locais.
77. Não fazer lume quando manusear PO, mantendo os motores parados durante os abastecimentos.
Nunca facilite ou transija.
80. Não derramar PO no solo. Evitar a sua evaporação ou que entrem em contacto com o solo ou com
águas superficiais ou subterrâneas. Controlar prontamente os derrames.
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81. Tentar reduzir a produção de resíduos ao mínimo durante as manobras e exercícios, atribuindo
responsabilidades individuais e colectivas.
82. Estabelecer locais de recolha de lixos e resíduos durante os exercícios, evitando em absoluto que
fiquem abandonados no campo.
83. Distribuir sacos e recipientes. Evitar que materiais perigosos como PO, ou outros produtos
químicos nocivos se evaporem, penetrem no solo ou contaminem as águas.
85. Não abandonar ou enterrar componentes metálicos, munições, garrafas, latas, lixo contendo óleo,
pneus velhos, maços de cigarros, etc.
86. Enterrar se necessário somente lixo que seja biodegradável mas para que não possa ser posto a
descoberto por animais.
87. Não abandonar equipamento inutilizado ou material de construção na zona de exercícios, retirando
todo o entulho.
88. Controlar os líquidos produzidos nos exercícios de descontaminação caso a água utilizada tenha
produtos químicos misturados.
89. Deixar a área de exercícios isenta de lixos e resíduos que possam provocar uma eventual
contaminação de águas.
90. A produção de resíduos resultante da actividade de instrução não pode prejudicar o ambiente. Faça
disso um ponto de honra. Utilize os recipientes do lixo com critério e nunca deixe lixo ou resíduos
abandonados.
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
91. Reduzir o transporte de munições e substâncias perigosas ao estritamente necessário aos exercícios
e manobras.
92. Tentar usar simuladores na maior extensão possível para reduzir os efeitos negativos do tiro.
93. Delimitar as áreas de tiro de forma clara e controlar com rigor os seus efeitos neutralizando
munições que não explodirem.
94. Escolher como áreas de tiro zonas geográficas e geologicamente convenientes de forma a
minimizar os efeitos negativos.
95. Recuperar as munições que não explodirem neutralizando-as, evitando acidentes futuros.
96. Procurar estabelecer paragens de tiro aos fins-de-semana, feriados e horas mortas para reduzir o
efeito negativo do ruído sobre pessoas e animais.
97. Reflorestar as áreas danificadas pelo tiro, ou pelos incêndios ocorridos em sua consequência.
98. Efectuar uma rotação das áreas de treino e de tiro para minimizar os efeitos negativos sobre o
ambiente e possibilitar programas de recuperação.
99. Controlar em absoluto a destruição de munições, agentes químicos, fumígenos e irritantes devido
aos graves danos que podem provocar no ambiente.
100. Minimizar o transporte de munições e explosivos e o ruído do tiro e das explosões. Recuperar as
granadas que não explodiram e controlar o efeito negativo no ambiente, por rotação de áreas.
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2 – Conclusões
Temos que conhecer o Ambiente para o preservar.
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
Capítulo
11
ANEXOS
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
Anexos
A
LEI DE BASES DO AMBIENTE
“Lei nº 5 de 19de Junho de 1998”
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ANGOLA
LEI No 5/98
DE 19 JUNHO 1998
A experiência acumulada nos últimos anos tanto a nível internacional como nacional, tem
produzido uma nova consciência global acerca das implicações ambientais do desenvolvimento
humano, traduzida por uma cada vez maior responsabilização da sociedade como um todo, diante
das referidas implicações.
Entretanto, cabe aos Estados, em primeiro lugar, definir políticas ambientais que correspondam a
essa nova consciência global, com o objectivo não só de renovar ou utilizar correctamente os
recursos naturais disponíveis, garantindo assim o desenvolvimento sustentado de toda a
humanidade, como também de assegurar, permanentemente, a melhoria da qualidade de vida dos
cidadãos. No caso de Angola, tal imperativo está expressamente consagrado na Lei Constitucional
no número 2 do artigo 12oe nos números 1, 2 e 3 artigo 24o.
Ainda no caso do nosso País, a formulação de um quadro jurídico que defina de modo global e
preciso as responsabilidades colectivas e individuais, diante das complexas questões ambientais e
ecológicas que a todos se colocam, mostra-se como o primeiro passo a realizar, a par de outras
medidas, para a concretização da política ambiental que ao Estado cabe estabelecer.
Nestes termos, ao abrigo da alínea h) do artigo 90o da Lei Constitucional, a Assembleia Nacional
aprova a seguinte:
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Artigo 1o
(Âmbito)
Artigo 2o
(Definições)
As definições e conceitos utilizados no articulado são definidos no glossário anexo, que faz parte
integrante da presente Lei.
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Artigo 3o
(Princípios Gerais)
1. Todos os cidadãos têm direito a viver num ambiente sadio e aos benefícios da utilização racional
dos recursos naturais do país, decorrendo daí as obrigações em participar na sua defesa e uso
sustentado, respectivamente.
Artigo 4o
(Princípios Específicos)
Com base nos princípios gerais previstos no artigo 3o da presente Lei devem ser observados os
seguintes princípios específicos:
c) Da prevenção: todas as acções ou actuações com efeitos imediatos ou a longo prazo no ambiente,
devem ser consideradas de forma antecipada, por forma a serem eliminados ou minimizados os
eventuais efeitos nocivos;
e) Da unidade de gestão e acção: deve ser criado e dinamizado um órgão nacional responsabilizado
pela política ambiental, que promova a aplicação dos princípios para a melhoria da qualidade do
ambiente e de vida em todos os sectores da vida nacional, organize e administre uma rede de
áreas de protecção ambiental e incentive a educação ambiental de forma sistemática e
permanente;
g) Da responsabilização: confere responsabilidades a todos os agentes que como resultado das suas
acções provoquem prejuízos ao ambiente, degradação, destruição, ou delapidação de recursos
naturais, atribuindo-lhes a obrigatoriedade da recuperação e ou indemnização dos danos
causados, sendo para os casos anteriores à publicação da presente Lei, aplicado o previsto no
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h) Da valorização dos recursos naturais: atribui um valor contabilizável a todos os recursos naturais
destruídos ou utilizados nas várias acções, tanto como matéria prima ou matéria subsidiária,
valor a ser incorporado no produto final e que deve ser objecto de cobrança a favor de fundos de
gestão ambiental;
i) Da defesa dos recursos genéticos: confere ao Estado a responsabilidade da defesa dos recursos
genéticos nacionais em todas as suas vertentes, incluindo a sua preservação dentro do espaço
nacional.
Artigo 5o
(Objectivos e Medidas)
b) Manter um equilíbrio entre a satisfação das necessidades básicas dos cidadãos e a capacidade de
resposta da natureza;
c) Garantir o menor impacte ambiental das acções necessárias ao desenvolvimento do país através
de um correcto ordenamento do território e aplicação de técnicas e tecnologias adequadas;
d) Prestar a maior atenção à qualidade do ambiente urbano através de uma eficaz aplicação da
administração local e municipal;
e) Constituir, consolidar e reforçar uma rede de Áreas de Protecção Ambiental por forma a garantir
a manutenção da biodiversidade, aproveitando essas áreas para a educação ambiental e recreação
da população;
j) Estabelecer normas claras e aplicáveis na defesa do património natural, cultural e social do país;
l) Articular com países limítrofes acções de defesa ambiental e de aumento da qualidade de vida
das populações fronteiriças.
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CAPÍTULO II
Artigo 6o
(Responsabilidades do Estado)
b) Responsabilidades a todos os agentes não estatais que façam uso de recursos naturais,
influenciem o equilíbrio ambiental e as condições sócio económicas das comunidades;
c) Responsabilidades aos cidadãos pelo uso incorrecto de recursos naturais, emissão de poluentes e
prejuízos à qualidade de vida.
Artigo 7o
(Órgãos Centrais e Locais)
1. O Governo deve criar um órgão central coordenador das actividades do Programa Nacional de
Gestão Ambiental, que se pode fazer representar a níveis regional, provincial, municipal e local.
2. O órgão central coordenador do Programa Nacional de Gestão Ambiental pode ainda criar
organismos especializados em actividades específicas da Gestão Ambiental.
3. O órgão coordenador das actividades do Programa Nacional de Gestão Ambiental tem por
principal missão, realizar e promover junto dos restantes órgãos do aparelho de Estado e
organismos não estatais, as actividades que conduzam ao Desenvolvimento Sustentável em todas
as vertentes da vida nacional.
Artigo 8o
(Participação dos Cidadãos)
Todos os cidadãos têm o direito e a obrigação de participar na Gestão Ambiental, quer através de
organizações associativas, a título individual nas consultas públicas de projectos programados, quer
através da participação a quem de direito, de acções de terceiros que julgue lesarem os princípios do
Desenvolvimento Sustentável ou de legislação em vigor.
Artigo 9o
(Organizações não Governamentais)
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Artigo 10o
(Consultas Públicas)
Todos os projectos de acções cujas actividades impliquem com os interesses das comunidades,
interfiram com o equilíbrio ecológico e utilizem recursos naturais com prejuízo de terceiros, devem
ser sujeitos a processos de Avaliação de Impacte Ambiental e Social, nos quais é obrigatória a
prática de Consultas Públicas.
CAPÍTULO III
Artigo 11o
(Legislação de Gestão Ambiental)
Artigo 12o
(Património Ambiental)
Artigo 13o
(Protecção da Biodiversidade)
2. O Governo deve assegurar que sejam tomadas medidas adequadas com vista à:
a) Protecção especial das espécies vegetais ameaçadas de extinção ou dos exemplares botânicos
isolados ou em grupo que, pelo seu potencial genético, porte, idade, raridade, valor científico e
cultural, o exijam;
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Artigo 14o
(Áreas de Protecção Ambiental)
2. As áreas protegidas podem ter âmbito nacional, regional local ou ainda internacional, consoante
os interesses que procuram salvaguardar e podem abranger áreas terrestres, lacustres, fluviais,
marítimas e outras.
4. As medidas referidas no número anterior devem incluir a indicação das actividades proibidas ou
permitidas no interior das áreas protegidas e nos seus arredores, e assim como a indicação do
papel das comunidades locais na gestão dessas áreas.
5. As áreas de protecção ambiental de âmbito nacional são proclamadas pela Assembleia Nacional
e só a ela compete alterar o seu estatuto.
6. São, pela presente Lei, consideradas áreas de protecção ambiental, as já existentes à data da
independência do país, as quais devem ser sujeitas a estudos de reavaliação, para posterior
reclassificação,
Artigo 15o
(Implantação de Infra-estruturas)
Artigo 16o
(Avaliação de Impacte Ambiental)
3. A Avaliação do Impacte Ambiental tem como base Estudos de Impacte Ambiental adaptados
para cada caso específico e devem conter no mínimo:
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Artigo 17o
(Licenciamento Ambiental)
1. O licenciamento e o registo das actividades que pela sua natureza, localização ou dimensão
sejam susceptíveis de provocar impactos ambientais e social significativos, são feitos de acordo
com o regime a estabelecer pelo governo, por regulamento específico.
Artigo 18o
(Auditorias Ambientais)
1. Todas as actividades que à data da entrada em vigor desta Lei se encontrem em funcionamento e
sem a aplicação de medidas de protecção ambiental e social, resultando disso o conhecimento de
danos no meio, são objecto de auditorias ambientais.
Artigo 19o
(Poluição do Ambiente)
1. A poluição do ambiente é um dos mais graves problemas resultantes da acção do homem no seu
afã de promover o desenvolvimento económico, pelo que devem ser aplicadas medidas rigorosas
para eliminar ou minimizar os seus efeitos.
2. O Governo deve fazer publicar e cumprir legislação de controlo da produção, emissão, depósito,
transporte, importação, e gestão de poluentes gasosos, líquidos e sólidos.
3. O Governo deve estabelecer padrões de qualidade ambiental urbana a não urbana, relativas à
poluição de origem sonora, da queima de combustíveis, industrial, agrícola e doméstica.
4. É expressamente proibida a importação de resíduos ou lixos perigosos, salvo o que vier a ser
estabelecido em legislação específica, a aprovar pela Assembleia Nacional.
Artigo 20o
(Educação Ambiental)
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CAPÍTULO IV
Artigo 21o
(Direito à Informação)
Todos os cidadãos têm o direito de acesso à informação relacionada com a gestão do ambiente do
País, sem prejuízo dos direitos de terceiros legalmente protegidos.
Artigo 22o
(Direito à Educação)
Todas as pessoas têm direito de acesso à Educação Ambiental com vista a assegurar uma eficaz
participação na gestão do ambiente.
Artigo 23o
(Direito de Acesso à Justiça)
1. Qualquer cidadão que considere terem sido violados ou estar em vias de violação os direitos que
lhe são conferidos pela presente Lei, pode recorrer às instâncias judiciais, para pedir, nos termos
gerais do direito, a cessação das causas de violação e a respectiva indemnização.
2. Compete ao Ministério Público a defesa dos valores ambientais protegidos por esta Lei, sem
prejuízo da legitimidade dos lesados para propor as acções referidas na presente Lei.
Artigo 24o
(Embargos)
Aqueles que se julguem ofendidos nos direitos a um ambiente ecologicamente equilibrado, podem
recorrer a suspensão imediata da actividade causadora da ofensa, através dos meios processuais
adequados.
Artigo 25o
(Utilização Responsável dos Recursos)
É dever do cidadão em geral e dos sectores público e privado, utilizar os recursos naturais de forma
responsável e sustentável independentemente do fim a que se destinam e colaborar na melhoria
progressiva da qualidade de vida.
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
Artigo 26o
(Participação de Infracções)
Qualquer pessoa que verifique infracções às disposições desta Lei ou qualquer outra legislação
ambiental, ou ainda que presuma que tais infracções estejam na eminência de ocorrer, tem a
obrigação de informar as autoridades constituídas sobre o facto.
CAPÍTULO V
Artigo 27o
(Seguro de Responsabilidade Civil)
Todas as pessoas singulares ou colectivas, que exerçam actividades que envolvam riscos de
degradação do ambiente, assim classificados pela legislação sobre Avaliação de Impacte Ambiental,
devem ser detentoras de seguro de responsabilidade civil.
Artigo 28o
(Responsabilidade Objectiva)
2. Compete aos tribunais avaliar a gravidade dos danos previstos no número anterior por meio de
peritagem ambiental.
Artigo 29o
(Crimes e Contravenções Ambientais)
As infracções de carácter criminal bem como as contravenções relativas ao ambiente, são objecto de
regulamentação em legislação específica.
CAPÍTULO VI
FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL
Artigo 30o
(Fiscalização Ambiental)
O Governo deve criar nos termos a regulamentar, um sistema de fiscalização ambiental para velar
pela implementação da legislação ambiental.
Artigo 31o
(Dever de Colaboração)
Todas as pessoas independentemente das suas funções e sujeitas à fiscalização ambiental, devem
colaborar com os agentes da fiscalização na realização das suas actividades profissionais.
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Artigo 32o
(Participação das Comunidades)
Com vista a garantir a necessária participação das comunidades locais e a utilizar adequadamente os
seus conhecimentos e capacidades humanas, o Governo deve promover a criação de um corpo de
agentes de fiscalização comunitários.
CAPÍTULO VII
DISPOSIÇÕES FINAIS
Artigo 33o
(Incentivos)
O Governo deve criar incentivos económicos ou de outra natureza com vista a encorajar a utilização
de tecnologias, processos produtivos e recursos naturais de acordo com o espírito do
Desenvolvimento Sustentável.
Artigo 34o
(Revogação de Legislação)
Artigo 35o
(Legislação a Publicar)
A legislação a aprovar como resultado das exigências da presente Lei, deve ser publicada num
prazo máximo de um ano, a partir da entrada em vigor desta Lei.
Artigo 36o
(Duvidas e Omissões)
Artigo 37o
(Entrada em Vigor)
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
Publique-se.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
Para efeitos de interpretação da presente Lei de Bases do Ambiente, são adoptadas as seguintes
definições, para as palavras e conceitos utilizados no seu articulado:
2. Ambiente: é o conjunto dos sistemas físicos, químicos, biológicos e suas relações e dos factores
económicos, sociais e culturais com efeito directo ou indirecto, mediato ou imediato, sobre os
seres vivos e a Qualidade de Vida dos seres humanos.
6. Componentes Ambientais: são os diversos elementos que integram o ambiente e cuja interacção
permite o seu equilíbrio, incluindo o ar, a água, o solo, o subsolo, os seres vivos e todas as
condições socioeconómicas que afectam as comunidades; são também designados correntemente
por recursos naturais.
12. Erosão: é o desprendimento da superfície do solo pela acção natural dos ventos ou das águas,
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
15. Impacte Ambiental: é qualquer mudança do ambiente, para melhor ou para pior, especialmente
com efeitos no ar, na terra, na água, na biodiversidade e na saúde das pessoas, resultante de
actividades humanas.
16. Legislação Ambiental: abrange todo e qualquer diploma legal que rege a gestão do ambiente.
19. Património Genético: inclui qualquer material de origem vegetal, animal, de micro organismos
ou de outra origem, que possuam unidades funcionais de hereditariedade de valor actual ou
potencial.
20. Política Ambiental: é a articulação de ideias e atitudes dos cidadãos, que determinam um rumo
na vida da sociedade humana com vista ao aumento da Qualidade de Vida, sem pôr em risco os
ciclos biogeoquímicos indispensáveis a manutenção da biodiversidade, onde se inclui a
sobrevivência do ser humano.
25. Resíduos ou Lixos Perigosos: são substâncias ou objectos que se eliminam, que se tem a
intenção de eliminar, ou que se é obrigado por lei a eliminar, e que contêm características de
risco por serem inflamáveis, explosivas, corrosivas, tóxicas, infecciosas ou radioactivas, ou por
apresentarem qualquer outra característica que constitua perigo para a vida ou saúde das
pessoas e para a qualidade do ambiente.
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MANUAL DE PROTECÇÃO AMBIENTAL
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
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